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UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE FACULDADE DE LETRAS E CIÊNCIAS SOCIAIS DEPARTAMENTO DE ARQUEOLOGIA E ANTROPOLOGIA CURSO DE LICENCIATURA EM ANTROPOLOGIA Práticas e Representações do acto de comer na rua: Um olhar sobre os usuários dos “Restaurantes” Ambulantes na baixa da cidade de Maputo. Candidato: Ntikama Domingos Malapende Supervisor: Danúbio Lihahe Maputo, Novembro de 2014

Comida de Rua - Carros

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  • UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE

    FACULDADE DE LETRAS E CINCIAS SOCIAIS

    DEPARTAMENTO DE ARQUEOLOGIA E ANTROPOLOGIA

    CURSO DE LICENCIATURA EM ANTROPOLOGIA

    Prticas e Representaes do acto de comer na rua: Um olhar sobre os

    usurios dos Restaurantes Ambulantes na baixa da cidade de Maputo.

    Candidato: Ntikama Domingos Malapende

    Supervisor: Danbio Lihahe

    Maputo, Novembro de 2014

  • UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE

    FACULDADE DE LETRAS E CINCIAS SOCIAIS

    DEPARTAMENTO DE ARQUEOLOGIA E ANTROPOLOGIA

    CURSO DE LICENCIATURA EM ANTROPOLOGIA

    Prticas e Representaes do acto de comer na rua: Um olhar sobre os

    usurios dos Restaurantes Ambulantes na baixa da cidade de Maputo.

    Candidato: Ntikama Domingos Malapende

    Supervisor: Danbio Lihahe

    Maputo, Novembro de 2014

  • i

    Ntikama Domingos Malapende

    _________________________________________

    Prticas e Representaes do acto de comer na rua: Um olhar sobre os

    usurios dos Restaurantes Ambulantes na baixa da cidade de Maputo

    Trabalho de culminao de curso para obteno de grau de Licenciatura em Antropologia pela

    Faculdade de Letras e Cincias Sociais da Universidade Eduardo Mondlane.

    O Supervisor O Presidente O Oponente

    _____________ ______________ _______________

    Maputo, Novembro de 2014

  • ii

    DECLARAO DE HONRA

    Declaro por minha honra que, este trabalho nunca foi apresentado para obteno de qualquer

    grau acadmico, e o mesmo constitui o fruto/ resultado da minha investigao pessoal, estando

    indicados no texto e na bibliografia, as fontes por mim utilizadas.

    ____________________________________________

    Ntikama Domingos Malapende

  • iii

    DEDICATRIA

    Dedico este trabalho do fim do curso aos meus pais, Domingos Malapende e Consolata

    Filipe Muidumbe.

  • iv

    AGRADECIMENTOS

    Agradeo imensamente ao meu supervisor dr. Danbio Lihahe, pelo encorajamento ao longo do

    meu percurso acadmico.

    A todos os docentes do Departamento de Arqueologia e Antropologia, pelo apoio,

    aconselhamento e pela orientao, sobretudo dos materiais de l-los durante a realizao deste

    trabalho.

    A todos os colegas de licenciatura, principalmente os da turma de 2010.

    Aos meus irmos Rosalina D. Malapende, Glria D. Malapende, Binora D. Malapende, Charles

    D. Malapende e Filipe D. Malapende, que durante a minha vida lutaram para me verem a

    frequentar o ensino superior.

    Aos meus sobrinhos Domingas Antnio Abo, Antnio Abo, Tchednma J. Duro, Ogechi J. Duro e

    Yuvy Filipe.

    As palavras no cabem para descrever os feitos dos meus pais, Domingos Malapende e

    Consolata Filipe que sempre lutaro para ver os filhos irem escola, pese embora, eles no terem

    estudado. Mas, hoje, eles sentem-se vitoriosos porque conseguiram encaminhar os seus filhos

    escola para uma formao acadmica.

    Por fim, um agradecimento especial a Universidade Eduardo Mondlane, por ter concedido uma

    bolsa de estudo para que o meu sonho se tornasse uma realidade.

  • v

    LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

    ACI- Associao dos Comerciantes Informais

    AHM - Arquivo Histrico de Moambique

    A POLITCNICA- Universidade Politcnica de Moambique

    ASM- Aco Social e da Mulher

    BM- Banco Mundial

    BN- Biblioteca Nacional

    CMCM- Conselho Municipal da Cidade de Maputo

    MISAU- Ministrio da Sade

    OTM- Organizao dos Trabalhadores Moambicanos

    PNUD- Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento

    UEM- Universidade Eduardo Mondlane

    UP- Universidade Pedaggica

  • vi

    RESUMO

    O presente trabalho procura compreender as vrias formas atravs das quais os indivduos

    constroem diferentes realidades no contexto do mundo da rua na cidade de Maputo, a partir das

    prticas e representaes sociais do acto de comer na rua. Este trabalho incide sobre os actores

    sociais, as relaes e interaces sociais existentes, suas prticas e representaes, em torno da

    comida e do acto de comer nesses lugares de rua.

    Os "Restaurantes ambulantes" so estabelecimentos mveis, nos quais comercializada a

    comida. Estes Restaurantes ambulantes so as viaturas que carregam a comida para a

    comercializao na zona baixa da cidade de Maputo. Essa comida preparada a partir da

    residncia domstica e, depois, transportada para rua com a finalidade de ser comercializada.

    Assim, o trabalho tem por objectivo compreender as Prticas e Representaes do acto de comer

    na rua, nos restaurantes ambulantes, na baixa da cidade de Maputo.

    A antropologia se interessou pelas crenas e pelos costumes alimentares dos povos primitivos,

    pelos aspectos religiosos em torno dos tabus e pelas preferncias alimentares, pelos rituais

    sagrados ou profanos que acompanham a comensalidade e o simbolismo da comida (Canesqui,

    2005).

    Compreendemos que, os indivduos no seu quotidiano constroem as suas identidades sociais de

    forma diferente, atravs da interaco que vo tendo no seu dia-a-dia.

    O nosso estudo assenta-se no quadro terico de Representao Social, como forma de explicar os

    processos de interaces entre indivduos no meio urbano com os outros. Neste caso, o estudo

    procurou conciliar a metodologia de abordagem qualitativa e o mtodo etnogrfico, que nos

    permitiu descrever e interpretar os fenmenos sociais naquele contexto.

    Palavras-Chave: Representao social, Comida e Interveno Social.

  • vii

    ndice

    DECLARAO DE HONRA ii

    DEDICATRIA. iii

    AGRADECIMENTOSiv

    LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS.. v

    RESUMO vi

    CAPTULO 1...1

    1. INTRODUO... 1

    1.1. OBJECTIVOS 3

    1.2. JUSTIFICATIVA 4

    CAPTULO 2.. 6

    2. REVISO DE LITERATURA E CONCEPTUALIZAO. 6

    2.1. REVISO DA LITERATURA. 6

    2.2. CONCEPTUALIZAO 10

    CAPTULO 3.13

    3. METODOLGIA.. 13

    3.1. TCNICAS DE TRATAMENTO DAS ENTREVISTAS 13

    3.2. MTODO 14

    3.3. TCNICAS DE RECOLHA DE DADOS. 16

    3.4. ETAPAS DA REALIZAO DO TRABALHO. 17

    CAPTULO 4.....18

    4. RESULTADOS DA PESQUISA.. 18

    4.1. LOCAL DO ESTUDO. 19

    4.2. PERFIL DOS ENTREVISTADOS.. 20

    4.3. DISCUSSO DOS RESULTADOS.. 21

    5. CONSIDERAES FINAIS.... 32

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS.. 35

  • Ntikama D. Malapende 1

    CAPTULO 1

    1. INTRODUO

    O presente trabalho tem como o tema: Prticas e representaes do acto de comer na rua: Um

    olhar sobre os usurios dos Restaurantes Ambulantes na baixa da cidade de Maputo.

    Existem vrias abordagens que discutem sobre a comida de rua, como por exemplo a

    nutricionista, economicista e social. Essas abordagens discutem sobre prticas e representaes

    da comida, especificamente no contexto do mundo da rua. Contudo, essas abordagens reflectem

    os comportamentos, atitudes dos consumidores e das vendedeiras, face ao consumo da comida de

    rua. Aqui, a comida de rua um termo que foi usado para designar as refeies que so

    preparadas nas residncias domsticas com a finalidade de ser vendida na rua.

    A problemtica da venda e do consumo de comida na rua tm sido abordadas em vrios fruns

    de carcter social. Porm, o consumo de comida de rua deriva sobretudo da distncia que os

    consumidores percorrem entre o local de trabalho e as suas residncias. A maior parte deles usam

    este servio, como sendo a nica alternativa disponvel para se alimentar naquele momento, pois

    trabalham longe de casa e tm de almoar prximo do local de trabalho, no centro da cidade. Na

    maioria dos casos, uma maneira de optimizar tempo e economizar dinheiro (Cascudo, 2011 e

    Fraga, 2013).

    Neste caso, o nosso estudo foi conduzido em duas perspectivas: Nutricionista e Economicista.

    Para os nutricionistas, como por exemplo (Abreu et al, 2003), explicam que a comida de rua

    representa um perigo para a sade do indivduo, perante erros alimentares repetidos. Se nada for

    feito no sentido de dar ao homem o alimento necessrio, em quantidade e qualidade. Ser pelos

    princpios bsicos da alimentao racional e equilibrada, nas famlias e colectividades, que se

    realizar, com segurana, uma profunda melhoria da nutrio em nvel de sade pblica.

  • Ntikama D. Malapende 2

    Contudo, os nutricionistas defendem que preciso que haja um profissional para fazer um

    acompanhamento do consumo da comida de rua de forma a avaliar a qualidade das refeies.

    Deve haver uma colaborao entre as vendedeiras e os nutricionistas na preparao da comida

    (Abreu et al, 2003).

    Para os economicistas, o consumo de comida de rua uma estratgia da poupana da economia,

    ou seja, o uso racional da economia, de modo que as pessoas faam as suas prprias poupanas,

    devido ao ritmo de nvel de vida que, o centro urbano proporciona para as pessoas. A perspectiva

    economicista explica que, a comida de rua est associada ao preo que comercializada. Porm,

    os preos nesses locais de venda variam entre 50 a 80 meticais por cada refeio.

    Nesta linha de abordagem, encontramos por exemplo Sahlins (1988), que considera que o preo

    natural ao qual a receita corresponde mdia dos nveis de tais factores da sociedade. Para

    Sahlins as condies econmicas esto em constante mudana, e cada gerao encara os

    problemas de seu tempo de uma forma diferente. E a comida de rua proporciona um bom preo

    para o consumo humano.

    Os economicistas defendem a ideia de que preciso fazer-se uma racionalidade econmica no

    consumo da comida de rua. Porm, as pessoas devem racionalizar as suas economias, quanto

    maior for acessibilidade no consumo, menor o seu custo de compra.

    De acordo com Cardoso et al, (2009), a comida de rua constitui um reflexo da condio

    econmica e social, na medida em que delineia uma alternativa alimentar e nutricional de fcil

    aquisio, tanto pela acessibilidade fsica como social, devido ao seu menor custo.

    Das duas abordagens apresentadas, nomeadamente a nutricionista e a economicista, procuramos

    abraar a teoria de representao social, pelo facto de se adequar com a nossa pesquisa e, porque

    vai nos permitir a compreender os processos de interaco entre indivduos e o meio social.

    Este o resultado do modo de vida urbano contemporneo, que caracteriza a comida pela

    escassez de tempo para preparo e consumo de alimentos, pelo deslocamento das refeies de

    casa para alimentao fora deste ambiente, pelo uso de alimentos prontos e diversificados para o

  • Ntikama D. Malapende 3

    consumo e, ainda, pela flexibilizao nos horrios das refeies, a comida de rua compreendida

    como opo mais vivel para grande parte da populao (Garcia, 1994).

    Numa primeira instncia o trabalho traz um resumo geral do assunto em anlise/discusso.

    O trabalho est organizado em (4) captulos: No primeiro captulo iremos apresentar uma nota

    introdutria do trabalho, onde tambm faz parte: o problema da pesquisa, Justificativa e a

    motivao e os objectivos da pesquisa dentre os quais: Objectivo Geral: Compreender as Prticas

    e Representaes do acto de comer na rua nos restaurantes ambulantes. Objectivos especficos:

    Descrever as prticas e representaes da comida de rua entre os consumidores e as vendedeiras;

    Identificar as relaes que so estabelecidas no quotidiano entre os usurios de restaurantes

    ambulantes e os utentes; Interpretar os discursos e percepes que as pessoas tm a cerca da

    comida de rua nos restaurantes ambulantes.

    No segundo captulo, esta inserido a Reviso de Literatura e conceptual, onde vamos encontrar

    os conceitos-chaves, contexto e teoria de abordagem.

    No terceiro captulo, iremos apresentar a Metodologia, onde vamos encontrar: tcnicas de

    tratamento das entrevistas, tcnicas de recolha de dados, Etapas da realizao do trabalho e o

    mtodo de abordagem.

    No quarto captulo, iremos apresentar os Resultados da pesquisa, onde vamos encontrar

    discusso dos resultados, perfil dos entrevistados e local de estudo. Por ltimo, so as

    Consideraes Finais e referncias bibliogrficas.

    1.1. OBJECTIVOS

    Objectivo Geral

    Compreender as Prticas e Representaes do acto de comer na rua nos restaurantes

    ambulantes.

  • Ntikama D. Malapende 4

    Objectivos Especficos

    Descrever as prticas e representaes da comida de rua entre os consumidores e as

    vendedeiras;

    Identificar as relaes que so estabelecidas no quotidiano entre os usurios de

    restaurantes ambulantes e os utentes;

    Interpretar os discursos e percepes que as pessoas tm a cerca da comida de rua nos

    restaurantes ambulantes.

    1.2. JUSTIFICATIVA

    Para chegar a este nvel de escolha do assunto que pretendamos analisar, tudo comeou numa

    conversa com minha colega do curso na sala de aulas da faculdade. Nesta conversa, falamos

    acerca do tema do fim do curso. , nesse contexto que, abordamos sobre o acto de comer na rua,

    partindo daquelas senhoras que vendem comida nas viaturas. Em seguida, achamos que o

    assunto era interessante e que se poderia pensar mais para chegar a um tema coeso de carcter

    investigativo.

    Considera-se inicialmente a presena do tema alimentao nos estudos das Cincias Sociais.

    Entretanto, a alimentao no algo novo para Antropologia, essa relao, j existia desde os

    tempos remotos no campo de Antropologia. Ao compreender o fenmeno alimentar e o seu

    consumo, em uma abordagem mais qualitativa, pode-se avanar na construo das Cincias

    nutricionais, privilegiando-se uma abordagem compreensiva sobre o alimento e a alimentao

    nos dias actuais (Fonseca et al, s/d).

    As Cincias Sociais estudam as relaes sociais, que so estabelecidas entre indivduos e,

    tambm, consideradas como (relaes inter-individuais), para procurar explicar os processos

    sociais e interpretar sobre uma determinada realidade em que nela construda (Nunes, 1987).

    A antropologia tem tratado a alimentao vinculado a diversidade dos costumes, mostrando o

    carcter simblico que envolve as actividades humanas. Pese embora, a alimentao no

  • Ntikama D. Malapende 5

    constitua uma coisa nova para Antropologia, ela depara-se com outro fenmeno, neste caso, a

    transposio da comida de casa para rua (Romanelli, 2006).

    A motivao subjacente a este projecto de pesquisa, foi o interesse pessoal, pois j vinha

    apreciando questes ligadas alimentao dentro da Antropologia. Segundo, foi pelo carcter

    antropolgico de abordar os fenmenos sociais, de uma forma particular, de modo a perceber o

    geral.

    O nosso estudo prosseguiu com a seguinte pergunta de partida: Como que os usurios de

    restaurantes ambulantes na cidade de Maputo representam a comida de rua?

  • Ntikama D. Malapende 6

    CAPTULO 2

    2. REVISO DE LITERATURA E CONCEPTUALIZAO

    2.1. REVISO DA LITERATURA

    A reviso de literatura mostra que, o processo de interaco entre os consumidores e as

    vendedeiras da comida de rua, tem sido contnua a cada dia que passa. Por um lado, a reviso de

    literatura mostra que, a comida de rua rpida e os preos so acessveis para o consumo. Por

    outro lado, o consumo da comida de rua constitui um perigo na manuteno da sade pblica do

    indivduo.

    No Brasil, por exemplo, desde o comeo do sculo XIX que os alimentos nas ruas ganharam

    corpo com a chegada de D. Joo VI e a corte portuguesa, que se estabelecendo na Baa de

    Guanabara no Brasil, estimulou o desenvolvimento do comrcio e do urbanismo na regio. Aps

    o trmino do comrcio de escravos e a abolio da escravatura em 1888, os negros eram os

    nicos a cozinharem nas ruas, fugindo da pobreza e do desemprego em geral. Foi assim, que a

    comida de rua passou a ser vista como comrcio para os pobres (Cascudo, 2011 e Fraga, 2013).

    Para os ambulantes, neste caso, a venda de comida de rua uma alternativa de trabalho, ou seja,

    uma fonte de rendimento para sustentar as suas famlias. Ao passo que, para os consumidores a

    comida de rua a mais rpida e os preos so mais acessveis para o consumo (Santana, 2007).

    Segundo Oliveira (1997), a rua um espao definido precisamente ao inverso. A rua o local

    perigoso. Porm, a ideia de comer na rua remete-nos, primeiro a necessidade da pessoa sentir a

    fome. Segundo, que esse consumo dos alimentos torna-se como uma prtica material e

    simblica que expressa pertena social.

  • Ntikama D. Malapende 7

    Num outro estudo feito no norte de Moambique entre os Macondes, o alimento nunca

    preparado para a famlia de cada casa, mas para todos que compartilham o mesmo espao.

    Contudo, cada mulher, quando cozinha, envia a metade da refeio para a casa dos homens.

    Aqui, a comida que vem para a chitala1 no para os homens da sua famlia, mas para todos os

    que l estiverem. Sendo assim, a comida uma prova que pode determinar a relao de amizade

    entre os Macondes, como documenta os autores (Dias & Dias, 1964).

    Num outro estudo realizado no sul de Moambique sobre os Tsongas, sustenta-se que essas

    sociedades dedicam-se grandes cuidados cozinha. Cada prato, cada processo de cozinhar tem o

    seu nome particular em que a prpria sociedade atribui esses significados (Junod, 1912).

    A comida de rua surgiu como um trabalho dos negros escravos e, estes, que tinham experincia

    em cozinhar vendiam alimentos nas ruas. No entanto, era uma forma de escala social, e que

    poderia levar at mesmo liberdade, caso fosse possvel economizar dinheiro e comprar a sua

    liberdade (Cascudo, 2011 e Fraga, 2013).

    De acordo com Latham (2001-2003), Food and Agriculture Organization of the United Nations,

    afirmam que, o estudo sobre os consumidores de comida de rua estima-se entre 2,5 bilhes de

    pessoas em todo o mundo que consomem comida de rua diariamente, porque ela proporciona

    bons preos e, de fcil aquisio para o consumo humano.

    Um estudo realizado na Amrica Latina, estima que cerca de 25 a 30% do gasto familiar nos

    grandes centros urbanos destinam-se ao consumo de comida de rua. As enfermidades

    transmitidas por alimentos so consideradas um problema de sade pblica, segundo a

    Organizao Mundial de Sade (s/d), uma vez que atinge grande parcela da populao das

    diversas partes do mundo, causando prejuzos no apenas sade do consumidor como tambm

    incapacidade laboral temporria.

    1Chitala um alpendre que feita dentro do quintal, atravs de bambu, pau e capim, em formato circular. Que serve

    serve como um stio de lazer familiar, descanso e um stio onde pode se resolver problemas familiares. um lugar

    reservado para tomar-se as refeies com os amigos e famlias.

  • Ntikama D. Malapende 8

    Ao estudarmos as prticas e representaes sociais entre as vendedeiras e os consumidores,

    estaremos abordando os significados e a representao da comida de rua nos centros urbanos.

    Mais, concretamente percebermos o padro alimentar idealizado em suas representaes e quais

    os recursos explicativos utilizados para defini-lo em termos de significados e seu valor

    simblico, que a comida representa na vida das pessoas, visto que a comida quando preparada

    para o consumo caseiro torna-se sagrada e quando vai rua profana (Cndido, 1987).

    Com base nessas prticas e representaes sociais podemos construir o nosso quotidiano e

    atribuir significados, os seus valores simblicos e culturais da alimentao na sociedade, embora

    ela tenha outra dimenso dessa socializao. No simblico, o homem procura dar os significados

    e sentimentos que, ele prprio vivencia no seu quotidiano (Poulin, 2004).

    Os estudos aqui apresentados por vrios autores sobre a venda e o consumo de comida de rua,

    permite-nos captar dois factores que esto ligados venda e o consumo da comida na rua:

    Primeiro aspecto, est relacionado com a falta de tempo dos consumidores regressarem s suas

    casas para passarem as suas refeies, como sabido, eles saem das zonas perifricas. Segundo

    aspecto, a venda de comida na rua uma alternativa de trabalho e de estratgia para sustentar as

    famlias das vendedeiras.

    A perspectiva nutricionista olha a comida de rua sob ponto de vista de risco para a sade pblica.

    Para esta perspectiva a comida de rua deveria ter um acompanhamento de um profissional

    nutricionista para avaliar a qualidade da comida para o consumo.

    Enquanto a perspectiva economicista procura quantificar a quantidade do consumo e do preo da

    comercializao que acessvel para o seu consumo. Quanto maior for a preparao da comida

    de rua, menor o seu custo de venda.

    Essas duas abordagens mostram-se limitadas, porque no conseguem explicar e interpretar os

    significados, os seus valores simblicos e a representatividade que os consumidores atribuem a

    comida de rua. Por outras palavras, o que representa a comida de rua na vida das pessoas,

    enquanto, actores sociais.

  • Ntikama D. Malapende 9

    A regulao da venda de comida nas ruas se configura como um dos maiores avanos entre as

    estratgias propostas para o sector, tanto no que se refere ao uso ordenado do espao pblico

    quanto no que trata do controle sanitrio, tendo em vista a complexidade dos aspectos

    relacionados conformao e continuidade do segmento.

    Para a anlise dos discursos dos nossos entrevistados, optamos pelo uso do conceito de

    Representao Social que foi iniciado por Durkheim e depois foi desenvolvido por Moscovici. A

    escolha dessa teoria, deveu-se na possibilidade de explicar compreendendo as relaes entre os

    consumidores e as vendedeiras, que so estabelecidas no seu quotidiano sobre a comida de rua.

    a partir dessa representao que vamos procurar compreender as formas de convvio entre esses

    consumidores da comida de rua.

    A problemtica deste estudo era de compreender de que forma estes actores sociais os

    consumidores e as vendedeiras de comida de rua, olham esses aspectos de comer no contexto da

    rua. Porm, tendo em considerao que a maior parte dos consumidores passam as suas refeies

    na rua.

    Um dos pontos levantado aqui, que com a falta de postos de trabalhos formais, baixo poder

    aquisitivo da populao, acesso limitado educao e ao mercado de trabalho formal, alm das

    migraes das zonas rurais para as zonas urbanas, em virtude da degradao das condies de

    vida no campo as pessoas so foradas a abandonar as zonas de origem para os centros urbanos

    como refgio de melhoria do seu auto-emprego (Cardoso et al, 2009).

    Segundo Loforte (s/d), os perodos da guerra e desestabilizao militar, econmica e poltica em

    Moambique, numerosas famlias foram foradas a abandonar as suas aldeias e a procuram as

    zonas urbanas em busca de refgio e de melhores condies de vida. Essas pessoas refugiaram

    para os centros urbanos a procura de oportunidade de vida.

  • Ntikama D. Malapende 10

    2.2.CONCEPTUALIZAO

    Nesta seco vamos apresentar os conceitos por ns usados como a Representao social,

    Comida e Interveno social.

    Representao Social

    Esta teoria, primeiramente, foi da iniciativa de Durkheim, a qual tinha designado por

    representaes colectivas, mais tarde, foi transformada ou desenvolvida pelo Moscovici (1978).

    Entretanto, Moscovici para chegar teoria Social partiu do conceito de representao colectiva

    iniciada por Durkheim, para construir sua prpria teoria, na qual esse conceito serviria para

    caracterizar as aces dos actores sociais.

    Segundo Moscovici (1978), uma representao social um fenmeno do quotidiano, que se

    produz num determinado contexto social. Ou seja, o indivduo actor participante da

    colectividade e se apropria da produo colectiva acerca de determinados valores sobre os quais

    a colectividade criou uma ideia comum que deve ser partilhada.

    De facto, cada contexto um contexto, a que vale dizer que, as representaes sociais vo de

    acordo com o meio, onde est sendo desenvolvida para dar o seu prprio sentido.

    Uma representao pode ser classificada como social porque produzida colectivamente, no

    entanto, para se apreender o sentido do qualificativo social prefervel enfatizar mais a funo a

    que ele corresponde do que as circunstncias e as entidades que reflecte (Moscovici, 1978).

    Representao social, como as formas de conhecimento, do senso comum ao pensamento

    cientfico, ou as ideias produzidas socialmente e que no podem ser explicadas como fenmenos

    da vida individual, pouco podem ser explicados pelos fenmenos psicolgicos. Contudo, as

    representaes sociais/colectivas so as formas de pensamento que a sociedade elabora para

    expressar sua realidade. Essas formas so incorporadas e interiorizadas pelos indivduos atravs

    da vida em sociedade e das normas, regras que formam a estrutura social (Durkheim, 1975).

    As representaes sociais podem ser definidas como imagens construdas sobre real Minayo

    (1994). Elas so elaboradas na relao dos indivduos em seu grupo social, na aco no espao

  • Ntikama D. Malapende 11

    colectivo comum a todos, sendo assim, diferente da aco individual. O espao pblico o lugar

    onde o grupo social pode desenvolver e sustentar saberes sobre si prprio, saberes consensuais,

    isto , representaes sociais.

    Enquanto Lefebvre (1983) traz uma viso diferente que apresentada por Minayo, na qual

    considera que, a representao social uma presena na ausncia. Signos, crenas, vises de

    mundo que se representam so, na maioria das vezes, algo ausente. Contudo, o indivduo exerce

    duas funes quer no contexto da rua e em casa. Os papis que o indivduo exerce aqui so

    diferentes, pois no mundo da rua o indivduo pblico, mas em casa privado com seus valores

    e significados.

    Assim, para Moscovici, Durkheim e Minayo, as representaes sociais so construdas no nosso

    quotidiano para explicar as aces individuais de um real concreto. Esses autores tm a mesma

    viso inerente a representao social. Porm, foi atravs desse debate que Geertz (1973) sentiu a

    necessidade de entrar nesse debate para mostrar que, a realidade constituda como tal pela

    significao que lhe conferida ao ser interpretada. Atravs da linguagem, a interpretao o

    instrumento que constri a realidade a partir de actividades simblicas.

    Interveno Social

    Os psiclogos, como por exemplo, Casa (s/d), explica que preciso pensarmos na necessidade

    de mudana das representaes sociais nos grupos sociais, de seus problemas sociais e da forma

    como cada um dos problemas enfrentado.

    preciso ter em conta que a interveno social tem a ver com a forma como o indivduo

    pertencente a um grupo social pode intervir nesse processo (Mouro e Simes, 2001). Nesta

    perspectiva Almeida e Calmo (2002), aliam-se em considerar que a comida de rua ganhou uma

    nova dinmica que a sociedade e os centros urbanos enfrentam.

  • Ntikama D. Malapende 12

    Tanto para a interveno social e abordagem nutricionista partem do princpio que deve haver

    uma colaborao entre os actores sociais na mitigao desse fenmeno. Porm, a colaborao

    deve residir a partir do momento em que os nutricionistas fazem uma interveno para avaliar a

    qualidade do consumo da comida (Abreu et al, 2003).

    Comida

    De acordo com Montanari (1998-2004), Comida cultura quando consumida, porque o homem,

    embora podendo comer de tudo, ou talvez justamente por isso, na verdade no come qualquer

    coisa, mas escolhe a prpria comida, com critrios ligados tanto s dimenses econmicas e

    nutricionais quanto aos valores simblicos de que a prpria comida se reveste. Por meio de tais

    percursos, a comida se apresenta como um dos elementos de uma identidade cultural de um

    determinado povo. , tambm, um dos mais eficazes instrumentos para comunic-la. Isto , a

    comida faz com que os homens troquem impresses no seu quotidiano.

    Harris e Ross (1987) aliam-se com fio de pensamento trazido por Montanari, da seguinte

    maneira: a comida tem que satisfazer, em primeiro lugar, o estmago e depois a mente humana:

    se o alimento bom para comer, ento bom para pensar. Os mesmos autores acrescentam que,

    as preferncias ou averses alimentares explicar-se-iam em termos materialistas (econmicos ou

    nutricionais). Os comportamentos alimentares so optimizados (bom) segundo a relao de

    custos e benefcios. preciso ter em conta que, a alimentao fundamental na vida de um

    indivduo.

    Simmel (1994-1910) entra neste debate para explicar que a refeio concebida como uma

    circunstncia de partilha na qual pessoas sem ter nada em comum, alm da necessidade de

    comer, podem se agrupar e partilhar a mesa e a comida. Neste caso, a comida torna-se individual

    a partir do momento da sua ingesto.

  • Ntikama D. Malapende 13

    CAPTULO 3

    3. METODOLGIA

    Neste captulo, iremos apresentar os procedimentos metodolgicos que permitiram a elaborao

    do presente trabalho. A metodologia o fio condutor para qualquer tipo de pesquisa. Aqui

    descrevo os mtodos, as tcnicas e os instrumentos usados, bem como as etapas da pesquisa e os

    constrangimentos encontrados.

    Por razes de tica e de confidencialidade, no foi possvel de apresentar os nomes dos meus

    entrevistados, de modo a garantir a segurana e a privacidade dos nossos informantes. E,

    tambm, entrevistamos um grupo de mulheres que forneceram alguns dados.

    3.1. TCNICAS DE TRATAMENTO DAS ENTREVISTAS

    Ao logo da nossa pesquisa no terreno, procuramos seleccionar o nosso grupos alvo, com

    expectativa de fornecer-nos informaes teis para o nosso estudo. Entretanto, durante esse

    tempo que estivemos no campo a recolher dados trabalhamos com os consumidores da comida

    de rua e as prprias vendedeiras.

    Nesta pesquisa, fazem partem dos consumidores com os comerciantes da rua e os funcionrios

    do sector pblico e privado.

    Nos primeiros dias, foi um pouco difcil trabalhar com este tipo de pessoas, porque era

    considerado como um estranho no seio deles. Graas a simpatia que uma das vendedeiras teve

    com o pesquisador, foi possvel criar um lao de amizade com ela e essa foi uma das portas de

    entrada para recolher a informao que se pretendia. Da em diante, a vendedeira encaminhou-

    nos para outras vendedeiras para poder ter mais informao. Foi assim, como iniciou.

    As vendedeiras de comida de rua trabalham em equipa com suas funcionrias aprendizes coma

    perspectiva de um dia continuarem com esta prtica de vender a comida na rua.

  • Ntikama D. Malapende 14

    3.2. MTODO

    Mtodo um procedimento/ caminho o qual usa-se para alcanar-se um determinado objectivo

    de pesquisa.

    Segundo Moscovici (1995), o objectivo do mtodo dar os caminhos/ pistas para um

    determinado estudo, onde o pesquisador vai se conduzir para compreender e observar os

    fenmenos sociais. de discernir qual dos mtodos pode ser mantido com plena

    responsabilidade e, qual deve ser abandonado, numa poca de mudanas, tanto intelectual como

    social, sem precedentes.

    Na primeira fase, o nosso estudo baseou-se numa pesquisa bibliogrfica, que consistiu na leitura

    de livros, teses e artigos que versam sobre o assunto de pesquisa de forma a estarmos a par sobre

    o estado actual do tema, tais obras de certa forma conduzem a nossa pesquisa. Aps termos feito

    a pesquisa bibliogrfica, o segundo passo do nosso estudo, foi a realizao de uma pesquisa

    exploratria.

    O levantamento de dados primrios consiste em inteirar-nos directamente com os indivduos na

    expectativa de conhecer o seu comportamento e os dados secundrios so capturados por meio

    da pesquisa bibliogrfica ao consultar referncias tericas publicadas por meios escritos e

    electrnicos, permitindo ao pesquisador conhecer o que j se estudou sobre o assunto em anlise

    (Gil, 2002).

    Para a nossa pesquisa, escolhemos a abordagem qualitativa, porque partimos do pressuposto que

    a natureza do nosso estudo, requer manter um contacto entre o pesquisador e o pesquisado.

    De acordo com Bauer & Gaskell (2002), a pesquisa qualitativa um processo social construdo

    por pessoas em suas vidas quotidianas. Essa abordagem oferece condies para se ampliar e

    compreender o mundo da vida dos pesquisados, buscando narrativas e comportamentos dos

    sujeitos sociais, atravs das suas atitudes e valores em um contexto social.

  • Ntikama D. Malapende 15

    Um dos pontos fundamentais dessa pesquisa reside em estabelecer um contacto com objecto de

    estudo, de modo que o pesquisador procure fazer o maior possvel de compreender os

    fenmenos, que esto a ocorrer naquele contexto (Trivios, 1987).

    Depois, fez-se uma recolha de dados etnogrficos no terreno. Porm, como recolha de dados, o

    nosso estudo foi conduzido numa entrevista semi-estruturada e uma observao directa dos

    nossos informantes. Na qual, realizamos a nossa pesquisa com os consumidores da comida de

    rua, onde foram entrevistadas (10) pessoas que passam as suas refeies naquele stio, (5) foram

    do sexo masculino com uma idade que varia entre os 25 a 54 anos e, 5 do sexo feminino com

    uma idade compreendida entre os 27 a 40 anos.

    Fazer uma observao participante tem a sua vantagem, porque o pesquisador conhece bem o seu

    objecto de pesquisa e, os seus valores culturais, prticas e as suas aces que so praticadas no

    seu quotidiano. Neste caso, como explica Malinowski (ano), o pesquisador no vai emitir os

    juzos de valor sobre aquela sociedade, ele vai revelar os factos que esto acontecer naquele

    momento.

    Malinowski (1976 numa das passagens na sua obra sobre os Argonautas do Pacfico, frisa que

    para compreender as lgicas de cada sociedade preciso que se faa uma observao no terreno,

    manter um contacto com o seu objecto de estudo.

    Com efeito, nesta pesquisa, foram entrevistados (10) participantes dos quais, cinco (5) foram as

    vendedeiras e os outros cincos (5) foram os usurios dos restaurantes ambulantes. Contudo, o

    nosso estudo foi realizado na zona baixa da cidade de Maputo, onde fizemos entrevistas em

    diferentes locais.

    Na avenida Zediquias Manganhele, com o cruzamento da Avenida Guerra Popular, perto das

    Bombas Engel, foram entrevistadas (3) pessoas, duas do sexo masculino e uma do sexo

    feminino.

  • Ntikama D. Malapende 16

    Enquanto, na Avenida Samora Machel, com o cruzamento com Avenida Zediquias Manganhele

    prximo do Jardim Tunduro, foram entrevistadas (4) pessoas, das quais (3) do sexo masculino e

    (1) do sexo feminino.

    O estudo enquadra-se numa abordagem de carcter qualitativa, trata-se de uma pesquisa de

    carcter exploratrio e descritivo. Porm, os dados qualitativos so suportes para qualquer

    explicao de um estudo realizado.

    3.3.TCNICAS DE RECOLHA DE DADOS

    Como forma de recolha de dados, usamos um bloco de notas, uma caneta e telefone celular. O

    bloco de notas permitiu-nos registar todos fenmenos que ocorriam no terreno, incluindo as

    conversas que tnhamos com os nossos informantes.

    O telefone celular, permitiu-nos gravar os contactos dos informantes chaves de modo a obtermos

    informaes com mais clareza.

    Desta feita, procuramos ministrar usar as entrevistas semi-estruturadas. Locais aos consumidores

    de comida de rua, nomeadamente os funcionrios de diferentes instituies do sector pblico,

    privado e vendedores.

    Cada um desses funcionrios exerce diferentes funes. Com base nas histrias de vida dos

    nossos entrevistados foi possvel percebermos as razes que as pessoas levam a comerem a

    comida de rua. Pois, ao longo desse processo de entrevista vai se estabelecer um dilogo com os

    entrevistados de modo que tenhamos um contacto permanente com o nosso objecto de pesquisa.

    A tcnica de observao participante precisou de um contacto com pessoas que no estavam

    familiarizadas e procuramos estabelecer um contacto com as mesmas, por meio da amizade.

    A tcnica de recolha de dados um procedimento, no qual se faz por meio de entrevistas e de

    observaes com os informantes, de modo a obter-se informaes com o objecto de estudo.

    Essas tcnicas de recolha de dados, no tm uma nica linha de orientao, na recolha de dados,

    depende muito mais da estratgia que o pesquisador vai usar, para ter as informaes. Por outras

    palavras, depende da criatividade do pesquisador traar as formas como ter os dados no terreno.

  • Ntikama D. Malapende 17

    Com base na tcnica de observao, entrevistas semi-estruturadas e conversas informais,

    permitiu-nos recolher os dados sobre os consumidores e as vendedeiras de comida de rua, na

    qual vamos compreender as suas prticas e representaes da comida no seu quotidiano.

    3.4.ETAPAS DA REALIZAO DO TRABALHO

    Importa referir que, o nosso estudo foi realizado em seis (6) etapas a compreender: Na primeira

    fase, foi realizada a recolha de material em suporte fsico e electrnico, na Biblioteca do

    Departamento de Arqueologia e Antropologia (DAA), Biblioteca do Departamento de

    Sociologia, Centros de Estudos Africano, Biblioteca Brazo Mazula, Biblioteca Central da

    Politcnica, Biblioteca Nacional e Biblioteca da Aco Social e da Mulher.

    As entrevistas exploratrias, foram efectuadas na baixa da cidade de Maputo, onde se encontram

    os restaurantes ambulantes e, por ser o local onde h maior concentrao das vendedeiras e dos

    consumidores. Como sabido, a zona baixa um lugar com maior nmero dos comerciantes

    nesta parcela da cidade.

    O trabalho foi realizado durante trs meses (3) a saber: Julho, Agosto e Setembro de (2013), e

    participaram nesta pesquisa mulheres com uma idade compreendida entre 27-40 anos e com uma

    idade entre 25 a 54 anos de idade, todos residentes na periferia da cidade de Maputo.

  • Ntikama D. Malapende 18

    CAPTULO 4

    4. RESULTADOS DA PESQUISA

    Neste captulo apresentam-se e analisam-se os resultados da pesquisa.

    Nesta pesquisa constatamos que, tanto para os consumidores como para as vendedeiras, as

    relaes de amizade e afinidade so fundamentais, na medida em que contribuem para a prtica

    deste tipo de comrcio informal.

    Com base nas conversas que amos tendo com os nossos entrevistados, achamos conveniente

    fazer uma entrevista isolada com cada um dos nossos informantes, de modo a facilitar-nos a ter

    acesso a informao que, eles iam disponibilizando durante a entrevista. Essa entrevista isolada

    permitiu-nos perceber o que cada um dos entrevistados pensa a cerca da comida de rua.

    Entre os consumidores e as vendedeiras de comida de rua existe uma diferenciao

    socioeconmica. Esta diferenciao verificou-se no terreno e com as conversas que mantivemos

    com as vendedeiras.

    Existem algumas vendedeiras que possuem dois carros de venda de comida naqueles locais.

    Assim, elas reservam um espao para levarem a comida em algumas instituies, onde solicitam

    os seus servios. Contudo, as vendedeiras consideram que quem tem mais de dois carros, facilita

    a expanso de venda de comida para outros locais na cidade.

    Entre as pessoas entrevistadas, algumas consideram que, a comida de rua boa para ser

    consumida e acessvel aquisio (compra). Embora, no garanta em termos dos nutrientes

    compostos, a comida de rua, tambm no garante uma mxima segurana, para o consumo

    humano, pois provocar vrias doenas na sade pblica do indivduo.

    Praticamente, os consumidores da comida de rua passam as suas refeies com os seus colegas

    de trabalho, amigos e mais outras pessoas que tm a mesma afinidade com esses consumidores.

  • Ntikama D. Malapende 19

    Os nutricionistas advogam que a comida de rua deve ser comercializada com base numa

    interveno prvia de um profissional, nutricionista para poder avaliar a qualidade do consumo

    da comida de rua. Enquanto os economicistas associam o consumo da comida de rua ao baixo

    preo da comercializao da mesma. Outrossim, os resultados aqui apresentados apontam que a

    cada dia que passa aumentam o nmero de pessoas que consome a comida de rua, por ela ser boa

    para o seu consumo ou por ser acessvel em termo de custo e rapidez.

    4.1.LOCAL DO ESTUDO

    Neste estudo, os restaurantes ambulantes aqui abordados, situam-se nos arredores da zona da

    Baixa da Cidade de Maputo, especificamente nas Avenidas Karl Marx, Samora Machel,

    Zedequias Manganhela e Ferno Magalhes. O presente trabalho procura estudar as relaes e

    interaces sociais existentes, suas prticas e representaes, em torno da comida de rua e do

    acto de comer nesses lugares.

    A escolha desses locais foi motivada pelas seguintes razes: primeiro, esses locais mostram

    maior frequncia dos restaurantes ambulantes na cidade de Maputo. Segundo, pelo modo como

    essas vendedeiras preparam a comida e pela simpatia, amizade criada com os consumidores.

    Segundo Burgess (2006), os locais podem ser escolhidos onde haja pessoas que querem

    cooperar, onde a situao conveniente para o investigador e onde ele tenha alguns contactos j

    estabelecidos. de extrema importncia que a colaborao das pessoas na pesquisa facilita o

    andamento do trabalho em curso.

    Contudo, a investigao no terreno tem lugar em situaes sociais nas quais o investigador

    participa. Entretanto, a tarefa de um investigador observar e registar a vida das pessoas tal

    como ela ocorre, onde define o seu campo de estudo e reduz o mbito do seu trabalho.

    Acreditamos, que certas prticas so delineadas pela prpria dinmica da vida urbana, tal como

    encontramos no centro da cidade de Maputo. Ao pensar sobre representaes sociais no meio

  • Ntikama D. Malapende 20

    urbano, levou-se em conta as noes de tempo/espao e a diversidade contida nos centros

    urbanos.

    4.2. PERFIL DOS ENTREVISTADOS

    Nesta sesso, irei apresentar o perfil dos entrevistados. Nos Restaurantes ambulantes

    frequentam todo tipo de pessoas, no h restrio para o consumo da comida, independentemente

    da posio social do indivduo. Contudo, alguns consumidores da comida de rua, por exemplo os

    que fazem os seus negcios prximos dos locais de venda de comida, passam as suas refeies

    ali. So pessoas que praticam seus negcios no seu dia-a-dia. Para esse grupo de pessoas, a

    forma de pagamento tem sido pr-pago.

    Enquanto outros consumidores da comida de rua so pessoas que trabalham nos sectores

    pblicos e privados. Esses tm um tratamento especial por parte das vendedeiras, quando chega a

    hora de almoo. Eles possuem o privilgio de assinar um livro de notas e fazem o pagamento no

    final do ms. Tambm, fazem parte desse grupo, os transportadores semi-colectivos, vulgo chapa

    cem e os taxistas mais conhecidos por Txopela.

    Este cenrio corrobora com o posicionamento de Oliveira et al, (2007), segundo o qual os

    consumidores desse tipo de alimento diversificado, incluindo vrios sectores da sociedade que

    procuram uma refeio melhor, de baixo custo e rapidez no preparo, preocupados inicialmente

    com o preo, a convenincia e o sabor.

    Os estudos sobre a venda e o consumo de comida de rua, sustentam que, (i) a falta de tempo dos

    consumidores em regressarem para casa e passar as suas refeies, pois, muitos consumidores da

    comida de rua, so provenientes das nas zonas perifricas; (ii), a venda de comida na rua, uma

    alternativa de trabalho e de estratgia para sustentar as famlias.

  • Ntikama D. Malapende 21

    4.3.DISCUSSO DOS RESULTADOS

    Nesta seco, apresenta-se e discute-se os resultados, os quais a pesquisa chegou. A anlise de

    dados permitiu-nos a construo de uma nova realidade no nosso campo de pesquisa onde

    realizamos o nosso trabalho, atravs das observaes, discursos e entrevistas que tivemos com os

    nossos informantes.

    Como sabido, na Antropologia usa-se o mtodo etnogrfico como forma de descrever os factos

    socioculturais, que se manifestam num determinado contexto, para explicar uma realidade

    vivida. Pautamos em usar esse mtodo como forma de recolha de dados, para dar sentido

    pesquisa levada a cabo nesse estudo, ou seja, para dar coerncia pesquisa.

    Para compreender as formas como cada sociedade interpreta, explica e analisa os fenmenos

    sociais, preciso que o etnlogo tenha um contacto com o seu pesquisado, de modo a inteirar-se

    com eles. Deste modo, permite que o etnlogo explique as lgicas, cdigos e os sentidos, que os

    nativos usam no seu quotidiano, como forma de explicar a sua realidade vivida (Malinowski,

    1997).

    No processo de recolha de dados foram usadas tcnicas, mtodos, entrevistas e as observaes,

    que nos permitiram verificar as vrias formas como os fenmenos sociais se manifestavam no

    local, principalmente quando chega a hora de almoo, e, as conversas que so produzidas com os

    nossos informantes, como forma de interagir com os mesmos.

    Com base nas tcnicas acima referidas, percebemos que, para alm das formas como as

    vendedeiras servem a comida, tambm, entendemos que entre os consumidores assumem este

    papel que a refeio traz consigo uma representao simblica na vida quotidiana.

    Assim, foi possvel observar as vrias formas de interaces entre os indivduos que se fazem

    presentes quando chega a hora de almoo. Neste mbito, foi possvel observar que, quando chega

    a hora de almoo, principalmente aqueles que comem naquele stio de venda de comida, verifica-

    se uma separao entre pessoas do sexo masculino e pessoas do sexo feminino.

  • Ntikama D. Malapende 22

    Algumas pessoas do sexo feminino, no se sentem confortveis, quando esto no mesmo stio

    com certas pessoas do sexo masculino. Isso, porque as pessoas do sexo feminino gostam muito

    de estar ao lado daqueles que tm dinheiro, de modo a lhes pagar a conta quando necessitarem de

    comer naqueles locais restaurantes ambulantes.

    Enquanto para as pessoas do sexo masculino partem do princpio de que a comida faz o homem a

    conviver com os outros. Tambm, foi possvel verificar que entre os consumidores existem um

    complexo de inferioridade entre eles, porque segundo a entrevista que tivemos com essas

    mulheres (consumidoras) relatam que:

    [Ns no gostamos de comer no mesmo stio com pessoas que no so do nosso nvel , por isso

    que no gostamos de nos juntar com eles para almoar. Primeiro, gostamos de homens que

    pagam as refeies para ns. Segundo, que devem ser homens que no tm dificuldades

    financeiras, mesmo que sejam casados, o que ns queremos que eles paguem as refeies para

    ns [grupos de mulheres dos 35 anos de idade].

    Durante as conversas que tivemos com as vendedeiras de comida de rua, foi possvel captar que,

    existem algumas vendedeiras que tm uma idade superior a 40 anos. E, tambm, existem aquelas

    vendedeiras que tm uma idade inferior a 30 anos. E, durante as conversas que tivemos com os

    nossos informantes, constatou-se que, este um comrcio rentvel para essas pessoas, uma

    forma de garantir a sustentabilidade das suas famlias, ou seja, fonte de rendimento para as

    famlias.

    Eu passo as minhas refeies todos os dias aqui na rua. Existem outros factores que me

    levam a comer aqui na rua, um dos factores que me leva a comer esta relacionado com a

    distncia entre a minha casa e a cidade. Eu vivo na Matola, sair daqui para l, envolve

    transporte de chapa, para no gastar com chapa, prefiro ficar aqui, a passar as minhas

    refeies todas, porque sei que os preos so acessveis para o consumo, diferente

    daquela comida que vendida nos restaurantes modernos. Eu no me arriscaria a ir

    comer nesse restaurante sabendo que, tenho famlia para sustentar.

  • Ntikama D. Malapende 23

    Esta explicao enquadra-se na perspectiva economicista. A segunda est inserida na escolha do

    espao para o consumo. Nesta perspectiva percebe-se que, as pessoas vo comer nos

    ''restaurantes'' ambulantes para poupar as suas economias, com vista a garantir a sustentabilidade

    das suas famlias. A escolha de espao de consumo, deve ser feita de acordo com as economias

    pessoais para garantir a sustentabilidade, porque no adianta fazer muitos gastos sabendo que

    deve sustentar a famlia.

    Em geral, as pessoas j se familiarizaram com as senhoras que vendem a comida de rua. Esta

    confiana reside da forma como essas senhoras preparam a comida.

    Entretanto, a maior parte dos consumidores de comida de rua, so pessoas que saem das zonas

    perifricas dos centros urbanos da cidade de Maputo. Como sabido, o centro urbano um

    espao onde atrai os indivduos de modo a procurarem as melhores condies de vida.

    Discurso e Percepes que as pessoas tm a cerca de comer na rua nos restaurantes

    ambulantes.

    [A comida que preparam essas senhoras boa, no h diferena com aquela que agente

    come em casa. Hoje em dia, para ter um emprego difcil, talvez essa seja uma das

    formas que essas senhoras optaram em fazer este tipo de comrcio de vender a comida

    na rua. Uma das senhoras que vende conheo, uma vizinha l no bairro, onde agente

    vive. Praticamente, ela cozinha uma boa comida e, eu como com gosto. Ela cozinha um

    pouco de tudo, como a Xiguinha e kakana, um prato tpico da minha terra de origem].

    Com esta declarao percebe-se que, com a falta de um emprego melhor nos centros urbanos, as

    pessoas so obrigadas a praticarem este comrcio de venda de comida na rua, como uma

    estratgia de sobrevivncia e sustentabilidade das suas famlias.

  • Ntikama D. Malapende 24

    [Passo as minhas refeies aqui na rua, todos os dias, por que gosto a maneira como

    essas senhoras preparam a comida, mas existem algumas pessoas que estranham essa

    comida. O importante comer, para satisfazer as nossas necessidades. A nica diferena

    que posso encontrar entre a comida da rua e de casa o prprio espao que esta

    servida].

    Comparando a comida que essas senhoras preparam aqui na rua e quela que

    preparam nos restaurantes luxuosos, eu vejo que no h diferena em termos de valores

    nutritivos. A nica diferena que podemos encontrar o espao, em que um

    reconhecido pelo Estado e outro no reconhecido pelo Estado, neste caso os

    ambulantes.

    Com esta afirmao entende-se que, este tipo de comrcio ainda no reconhecido pelo Estado,

    para legitimar como um comrcio formal.

    Este comrcio veio facilitar-nos a ns, os consumidores, porque no era possvel

    deslocarmo-nos casa para almoar. Mas, este negcio veio minimizar os nossos custos,

    pois ao invs de irmos comer nos restaurantes luxuosos, onde a comida muito cara,

    com o nvel de vida que agente leva, difcil comermos nesses stios, comemos a comida

    de rua, pois o nosso financiamento suporta a penas a uma certa quantia, de comermos a

    comida de rua. As nossas condies financeiras no suportam os gastos para ir nesses

    estabelecimentos .

    De acordo com Polanyi (s/d), a economia um processo institudo de interaco entre o homem

    e o ambiente natural e o social que o rodeia, o qual resulta em contnua oferta de meios para

    satisfazer as necessidades humanas.

    Com o nvel de vida que se verifica nos centros urbanos, as pessoas procuram forma de

    minimizar as suas economias, de modo a suportar outras despesas. A vinda deste negcio de

    venda de comida de rua, as pessoas procuram formas de fazer o uso racional das suas economias.

  • Ntikama D. Malapende 25

    Quanto mais for a comida confeccionada para o consumo, menos o seu valor de venda, em que

    no mercado de comercializao dos alimentos uma estratgia de sobrevivncia, na qual o

    consumidor actor activo e a vendedeira actriz passiva, no acto da reciprocidade de compra e

    venda (Sahlins, 1988).

    A alimentao permite ao actor social construir representaes culturais, instrumentalizar

    memrias, exercitar prticas, trocar e negociar produtos e produzir discursos de pertena que

    articulam as noes de local e global (Arajo, 2009:53).

    Uma outra entrevistada diz tambm que:

    Este negcio muito bom, ajuda-nos muito para resolvermos os nossos problemas na famlia.

    Eu no tenho marido para ajudar-me a resolver as outras despesas de casa, tenho filhos que

    esto a estudar e eles precisam de dinheiro para custear os estudos. Este o nosso quotidiano

    como forma de ganhar o po, para sustentar as nossas famlias.

    Para as vendedeiras, este um negcio que lhes facilita a resolver algumas despesas de casa.

    Essa foi uma das formas, que elas encontraram para fazer assistncia das suas famlias,

    automaticamente elas tm um emprego e so empreendedoras.

    As pessoas olham para este comrcio de venda de comida de rua, como forma de renda para

    sustentar as suas famlias e os preos so acessveis para o consumo humano.

    Um outro entrevistado referiu-se da seguinte maneira:

    Meu filho, eu gosto da comida que essas senhoras preparam, quando consumo, sinto-me como

    se estivesse a comer a comida que a minha esposa prepara em casa. Os preos so acessveis

    para o consumo. Mas, para alm dos preos que agente tem associado o comer na rua, eu gosto

    a maneira como essas senhoras preparam a comida. E at uma delas minha tia.

    De acordo com estas declaraes, percebemos que, para alm dos preos da comida serem

    acessveis para o consumo, as pessoas vo comer nos restaurantes ambulantes, por meio de

  • Ntikama D. Malapende 26

    afinidade com as vendedeiras, uma forma de incentivar as pessoas para continuar com este

    negcio.

    De acordo com Araujo (2009), para os consumidores a comida de rua rpida e os preos so

    acessveis para o consumo.

    As pessoas devem comer, porque gostam da maneira como preparada a comida, e no

    devem associar com questes de amizade, por que, a comida pode no estar boa. A

    comida de rua proporciona um preo acessvel para o consumo humano.

    Com este depoimento colocado pelo nosso entrevistado, deixa claro que, para alm das questes

    das amizades que as pessoas tm no seu quotidiano sobre a comida de rua, as pessoas devem

    comer por gosto e no pela essa particularidade (de amizade).

    S para tu veres, as pessoas que comem aqui so pessoas que vm da periferia da

    cidade, que vm para trabalhar, mas com a falta de tempo para irmos casa para

    almoar, porque o tempo no nos permite para irmos. Primeiro, envolve a questo de

    transporte. Segundo, o tempo no suficiente para fazer essa trajectria.

    A comida de rua no garante uma segurana alimentar para o consumo humano, pode se

    manifestar de diversas formas, como doenas associadas m alimentao, fome e ao consumo

    de alimentos que no so seguros e, portanto, prejudiciais sade. Ainda, o autor afirma que, a

    comida saudvel aquela em que o nutricionista recomenda para o consumo (Silva, 2010).

    As Relaes entre os usurios os restaurantes ambulante e as vendedeiras

    [Existe uma boa relao com os meus clientes, antes deles serem os meus clientes alguns,

    j estabelecamos uma relao de amizade, h longas datas, praticamente, os considero

    como filhos de casa, so clientes que sempre comem a comida que eu preparo. Aqui tem

    um caderno onde, eles assinam para e pagar no final do ms. Cada vez mais eu ganho

    clientes para fornecer a comida].

  • Ntikama D. Malapende 27

    Nem todos consumidores tm o mesmo privilgio de serem tratados da mesma forma nos

    restaurantes ambulantes. Por exemplo, os que trabalham nas instituies pblicas e privadas

    tm o privilgio de assinar um caderno de notas para pagarem no final do ms. Enquanto, os

    outros consumidores ambulantes no tm esse privilgio, devido a confiana que no tm com as

    vendedeiras de comida de rua.

    Um outro entrevistado teceu a seguinte considerao:

    Quando chega a hora de almoo, tenho convidado meus colegas de servio para irmos almoar

    a comida que prepara minha prima. Ela cozinha com muito gosto e sabe conquistar clientes para

    comprarem a comida que ela prepara. Eu fao a questo de lhe trazer, cada vez mais, pessoas

    para virem comer aqui.

    Este depoimento deixa claro que, as relaes de amizade e afinidade so fundamentais em algum

    momento, entre os consumidores e as vendedeiras de comida de rua. Alguns consumidores

    fazem a questo de convidarem os seus amigos, para irem tomar as refeies que as vendedeiras

    preparam. A maior parte dos consumidores passam as suas refeies aqui nos restaurantes

    ambulantes por indicaes de algum. Por exemplo, se X come a comida que preparada por

    essas vendedeiras, faz a questo de convidar Y a comer no mesmo stio, assim, como as coisas

    funcionam nesses lugares, nos restaurantes ambulantes.

    Uma outra entrevistada diz que:

    Existe uma boa relao com os nossos clientes, j vnhamos tendo um contacto h

    bastante tempo com eles. Praticamente, eles j depositaram um voto de confiana na

    comida que ns preparamos. atravs dessa confiana que incentiva-nos a continuar

    com o nosso negcio.

    Com esta declarao concedida pela nossa entrevistada, percebemos que, este negcio est tendo

    muita aderncia das pessoas, como o resultado de amizade entre as vendedeiras e os

    consumidores. Entre os consumidores e as vendedeiras existe um intercmbio de ambas partes.

  • Ntikama D. Malapende 28

    Se existe este negcio at hoje, porque as pessoas gostam da forma como as vendedeiras

    preparam a comida de rua.

    Durante as conversas que tivemos com os nossos informantes, os consumidores, foi possvel

    captar que, alguns passam as suas refeies na rua, atravs das relaes de amizade e de

    afinidade:

    Eu comecei a gostar a comida de rua, atravs da minha me. Ela tem uma amiga que vende e a

    comida que ela prepara muito boa e sinto-me bem, quando vou almoar l. Sinto-me segura,

    porque estou a comer uma comida boa e de segurana, por que conheo a senhora que prepara.

    Ela cozinha muito bem e tem muita higiene e, sabe conversar com os clientes para garantir a

    compra da comida dela

    A conversa aqui apresentada mostra que, para alm do preo e da rapidez na preparao da

    comida, algumas pessoas vo comer nesses stios por que conhecem a vendedeira, atravs de

    vrios locais de interaces que essas pessoas tiveram atravs das convivncias familiares,

    amizades e afinidades.

    A comida de rua participa da trajectria social, cultural, nutricional e comercial de uma

    determinada sociedade, tanto para os comerciantes ambulantes, assim como para os

    consumidores que se beneficiam (Santana, 2007).

    Um outro entrevistado disse:

    Eu como aqui por que conheo a pessoa, foi amiga da minha tia e sempre vinha na casa dos

    meus pais. Eu no sabia que faz esse negcio, mas quando a minha tia me convidou para irmos

    almoar no estabelecimento da amiga que havia me apresentado, foi ai que passei a conhecer o

    tipo de negcio que ela faz. Mas, no inicio, estranhava a comida que essas senhoras preparam.

    Aqui verifica-se que, para alm dos preos e do gosto da comida, as pessoas comem na rua,

    atravs das relaes de amizade que j foi construda h bastante tempo.

  • Ntikama D. Malapende 29

    Eu gosto a comida que essas senhoras preparam e os preos so acessveis para se consumir.

    Hoje em dia, parece que, j no h necessidade de ir nos restaurantes luxuosos, sabendo que

    temos senhoras que preparam bem a comida e com bons preos para todos.

    Praticas e Representaes da comida entre os usurios de restaurantes ambulantes.

    No incio, meu marido no aceitava que eu fizesse este negcio, pensava que poderia gastar

    muito dinheiro. Nos primeiros dias, o negcio no tinha sada porque eram poucas as pessoas

    que comiam aqui nas ruas. Eu no parei por a, insisti pratic-lo e, at agora, consigo ajudar os

    meus filhos em necessidades da universidade e, comprei um carro que tem ajudado a transportar

    a comida de casa para rua.

    Com a fora e vontade fazem com que as pessoas concretizem os seus sonhos a tornarem-se em

    realidade. Com este posicionamento, ela demonstra o seu orgulho em ter superado as

    dificuldades que teve no princpio do seu negcio.

    As prticas alimentares podem representar maneiras de expresso dos indivduos, contribuir na

    afirmao das suas identidades culturais dos indivduos e no processo de construo dessas

    identidades (Poulin, 2004). A partir do momento em que o indivduo se auto-identifica, atravs

    do tipo de comida que a pessoa pretende comer. Porm, as vendedeiras de comida de rua

    preparam quase todo tipo de comida das regies de Moambique.

    Os alimentos comercializados nas ruas so produtos prontos para o consumo, preparados no

    prprio local de comercializao, situado prioritariamente, em regies de grande afluncia do

    pblico como: mercados, escolas, jardins, praas e feiras (Oliveira et al, 2007).

    A praa de alimentao e os restaurantes oferecem um comer rpido, a um preo acessvel, com

    pratos considerados de boa qualidade ou, pelo menos, razovel. Essa avaliao reconhecida e,

    comum entre os consumidores destas refeies. Embora, no tenham laos sociais mais

    profundos, partilham uma leitura expressa nesse hbito (Collao, 2003).

  • Ntikama D. Malapende 30

    Um outro entrevistado diz:

    Essas senhoras preparam bem a comida e os preos so acessveis para o consumo, apesar de

    corrermos os riscos de apanharmos vrias doenas, mas comemos para mantermos a energia no

    corpo. Sabemos que estes stios frequentam vrias pessoas e no sabemos o que cada um traz em

    termo de higiene. E, tambm, o espao no permite muita segurana para o consumo, porque a

    rua esta sujeita de muita poluio.

    De acordo com esta explanao do nosso entrevistado, verifica-se para alm dos preos que os

    consumidores consideram serem razoveis, associam um outro factor ao consumo, que tem a ver

    com os riscos de contrarem vrias doenas. Como sabido, a rua um espao na qual no

    garante boa segurana, um local perigoso, principalmente quando a questo est relacionada

    com o consumo da comida de rua.

    De acordo com Abreu et al, (2003), consideram que, essas tendncias podem representar um

    perigo na manuteno da sade do indivduo perante erros alimentares repetidos, poder

    comprometer a perpetuao da espcie, se nada for feito no sentido de dar ao homem o alimento

    necessrio, em quantidade e qualidade.

    Ainda um outro entrevistado diz o seguinte:

    Meu filho, eu gosto da comida que essas senhoras preparam, quando como, sinto-me como se

    estivesse a tomar as refeies que a minha esposa prepara l em casa. O que mais me incentiva

    a maneira como elas atendem os clientes. Elas sabem acarinhar um cliente para estar a comprar

    cada vez mais naquele local.

    Nas prticas alimentares, que vo dos procedimentos relacionados preparao do alimento ao

    seu consumo propriamente dito, a subjectividade veiculada inclui a identidade cultural, a

    condio social, a religio, a memria familiar, a poca, que passa por esta experincia diria,

    (Garcia, 1994).

    sobre as prticas alimentares, vitalmente essenciais e quotidianas, que se constri o sentimento

    de incluso ou de diferena social. pela alimentao que se tecem e se mantm os vnculos

    sociais (Poulin, 2004).

  • Ntikama D. Malapende 31

    Os nutricionistas consideram que preciso ter em conta que, a alimentao de hoje

    profundamente diferente daquela praticada por nossos antepassados, que viviam em contacto

    com a natureza, alimentavam-se de tudo quanto ela lhes oferecia. Mas, na actualidade, o cenrio

    outro, os alimentos so produzidos e transformados segundo tcnicas modernas, que algumas

    vezes alteram seu valor nutritivo (Abreu et al, 2003).

    Nesta exposio inicial estaremos propondo o uso do conceito de representaes sociais para

    entendermos o convvio das pessoas nos restaurantes ambulantes e as suas prticas

    alimentares. Nas prticas alimentares, que vo dos procedimentos relacionados preparao do

    alimento ao seu consumo propriamente dito, a subjectividade veiculada inclui a identidade

    cultural e a condio social (Garcia, 1994).

  • Ntikama D. Malapende 32

    5. CONSIDERAES FINAIS

    O presente trabalho pretendia compreender as Prticas e Representaes do acto de comer na rua

    nos restaurantes ambulantes, na zona baixa da cidade de Maputo.

    Partindo da dinmica que o centro urbano enfrenta hoje, coloca aos indivduos numa situao em

    que alteram o ritmo e o consumo dos alimentos nesses centros urbanos, tomem um outro rumo

    da sua sobrevivncia. Porm, as relaes sociais que so construdas no seu quotidiano entre as

    vendedeiras e os consumidores, possibilitam que, as vendedeiras fiquem, cada vez mais

    motivadas a praticarem este tipo de negcio.

    Nesta situao, como que elas conseguem sobreviver a partir desse negcio, alimentar as suas

    famlias, tendo em conta que dependem desse negcio? Aqui, procuramos clarificar que, no

    processo de interaces com os consumidores, este processo contribui para que as vendedeiras

    continuem a praticar este negcio.

    De facto, a maior parte dos consumidores saem das zonas perifricas da cidade de Maputo. Esses

    passam as refeies de rua, devido falta de tempo de irem passar as refeies nas suas

    residncias quando chega a hora de almoo.

    No cmputo geral, esses consumidores, familiarizaram-se com as vendedeiras de forma como

    elas preparam a comida. Ora, elas preparam bem a comida e os consumidores gostam de forma

    como elas confeccionam as refeies. Outrossim, alguns consumidores possuem algum grau de

    parentesco as vendedeiras e, isso permiti-lhes, consumirem as refeies em forma de crdito.

    Alguns consumidores alegam dois factores que os levam a comer na rua: primeiro, falta de

    tempo para se deslocarem s suas casas; segundo, que a comida de rua tem bons preos

    acessveis e rpida para o consumo.

    Quando chega hora de almoo, todos os consumidores ficam numa fila, de modo a obedecer a

    regra de consumo. No entanto, em termos de funcionamento da parte das vendedeiras, prestam

    bons servios para os seus clientes. Desde o momento que estvamos no terreno, no verificamos

  • Ntikama D. Malapende 33

    nenhuma anomalia ou irregularidade, tanto por parte dos consumidores, assim como por parte

    das vendedeiras, o que se presume que haja uma boa relao de ambas partes.

    Tambm constatou-se que, quando a comida de uma das vendedeiras acaba, ela faz a questo de

    indicar os seus clientes para uma outra mais prxima. Este cenrio mostra que, entre as

    vendedeiras existe uma rede de comercializao dos seus produtos, pois sempre que uma delas

    termina as suas refeies, remete os seus clientes vendedeira prxima dela.

    A maior parte dos consumidores vai almoar nesses locais por convite de um amigo ou por laos

    de afinidades criadas.

    um pouco problemtico considerar-se que, as pessoas que vendem a comida na rua, sejam

    pobres. Porque, o que pobreza para uns, pode no ser pobreza para os outros. preciso que

    haja uma compreenso das diversidades dos fenmenos sociais, se no podemos cair no erro da

    abordagem da teoria evolucionista, que consideravam como uns civilizados e os outros no

    civilizados, enquanto uns avanam os outros so atrasados. a partir dessa diversidade que,

    podemos aceitar o outro com os seus traos e diferenas culturais.

    O nosso estudo deixa algumas recomendaes, tendo em conta que passar as refeies na rua

    seja um fenmeno novo. O Estado moambicano deveria reconhecer este tipo de negcio de

    venda de comida na rua, na cidade de Maputo, como forma de subsistncia das famlias. E, as

    vendedeiras devem garantir uma boa higiene dos alimentos para os consumidores. Tambm, os

    consumidores deveriam estar um pouco distante do local, onde se vende a comida logo aps a

    sua compra, de modo a evitar a transmisso e as infeces dos alimentos.

    Ser que a venda e o consumido de comida de rua esto ligados com a pobreza ou status social?

    As preferncias dos alimentos entre os indivduos tm a ver com o processo de vnculo que so

    estabelecidas no seu quotidiano. O indivduo enquanto ser racional tem essa capacidade de

    integrar-se no meio social com os outros, como forma de trocar impresses.

    Em termos de preos, a comida de rua proporciona um valor razovel para o consumo. Mas, no

    tem nenhuma recomendao nutricionista, facto que constitui um risco para a sade pblica. O

  • Ntikama D. Malapende 34

    nosso estudo teve algumas limitaes olhando para a abordagem nutricionista e economicista por

    no ter conseguido captar os significados que as pessoas atribuem a comida de rua.

    Durante a pesquisa, o nosso estudo encontrou algumas limitaes a cerca da comida de rua,

    especificamente o significado e o que representa a comida na vida das pessoas. As mais comuns,

    que verificamos do nosso estudo foram o perigo a sade pblica para as pessoas. Segundo, que

    as pessoas que vendem a comida na rua serem consideradas, como pobres. Terceiro e ltimo, as

    pessoas comem na rua por falta de opes e os preos de venda serem razovel.

    Em relao ao preo o estudo constatou que cada refeio custa no intervalo de 50 a 80 meticais.

    Esses preos variam mediante a refeio que cada cliente pede para consumir. No que respeita

    as motivaes de comer na rua, alguns consumidores alegam a distncia de regressarem as suas

    casas para almoar. Outros associam os preos, amizade e afinidade, os preos so acessveis

    para se consumir. As motivaes so subjectivas.

  • Ntikama D. Malapende 35

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