64
Consumidores e empresas poderão exigir indemnizações elevadas Comissão Europeia trava abusos da distribuição As empresas de distribuição poderão pagar indemnizações pe- sadas aos lesados por práticas an- ticoncorrenciais. A medida consta do Livro Branco da Comissão Eu- ropeia e é uma novidade jurídica em Portugal. No sistema actual, os infractores limitam-se a pagar coimas fixadas pela Autoridade da Concorrência, até 10% do volume de negócios do último ano. No modelo proposto pela Comissão Europeia, prevê-se uma indemnização única dos pre- juízos sofridos por empresas e con- sumidores, que poderão valer-se da decisão da AdC como elemento de prova junto dos tribunais. Os juristas contactados pela “Vida Económica” aplaudem as recomendações da Comissão, mas alertam para o facto de, enquanto não forem assumidas pelo direito interno, os lesados terem de con- tinuar a recorrer ao Tribunal Eu- ropeu. Lacticínios, cereais e panifica- ção, combustíveis, telecomunica- ções e outros sectores estão sob a mira da Comissão Europeia. Cerealis, Ordem dos Médicos Dentistas, Nestlé Portugal, PT Co- municações, Abbot-Bayer-Menari- ni-Johnson&Jhonson-Rche Farma- cêuticas, SIC/PT/Multimédia/TV Cabo, Agepor, Vatel, Aeronorte e Rebonave já foram condenados pela AdC por práticas restritivas. No caso da PT Comunicações, a coima atin- giu os 38 milhões de euros. Outros processos, que envolve- ram empresas da distribuição de bebidas e refrigerantes, cosmé- ticos e leite, entre outros, foram arquivados. Mas há ainda muitas queixas relativamente às quais se aguarda decisão. Pág. 4 QREN alterado a meio das candidaturas MÁRIO FROTA “Lacticínios, cereais e panificação, combustíveis e telecomunicações estarão na mira da Comissão” PAULINO BRILHANTE “Valor a pagar pelas empresas infractoras poderá ser muito elevado” EDUARDO DE PROFT CARDOSO ”A possibilidade actual de se obter uma compensação é extremamente reduzida” EMPRESAS FACILIDADE NOS DESPEDIMENTOS PODE MELHORAR MERCADO DE TRABALHO Pág. 7 O QREN foi alterado, com as candidaturas ao SI Qualificação ainda em aberto. Há cerca de um mês e meio atrás, as não PME não podiam apresentar projectos conjuntos e agora podem, a uma semana de encerrar a segunda fase de candidaturas. A suspeição de beneficiar alguém paira no ar. Pág. 13 Nº 1244 / 11 Abril de 2008 / Semanal / Portugal Continental 2,20www.vidaeconomica.pt DIRECTOR João Peixoto de Sousa 9 720972 000037 01244 NORTE E CENTRO “PUXAM” PELO PAíS SUPLEMENTO PME PORTUGAL AUTOMÓVEL MODELOS HíBRIDOS SUSTENTAM CRESCIMENTO DA LEXUS EM PORTUGAL Pág. 46 Controlo das dívidas permite poupança Cerca de 42% dos portugueses conseguem que os créditos não representem mais de 15% do seu rendimento mensal. Por outro lado, 68% conseguem poupar, pelo menos, 15% do seu salário. O planeamento do rendimento familiar possibilita a poupança, apesar dos créditos contratados. Pág. 37 TURISMO Empresários e operadores do sector querem marca única GASTRONOMIA, VINHOS E TURISMO UNEM ALTO MINHO E GALIZA Pág. 23 TELECOMUNICAÇÕES APRITEL RECLAMA INVESTIMENTO NAS REDES DE NOVA GERAÇãO Pág. 28 Só em 2007 a SPGM apoiou quase três mil operações GARANTIA MúTUA JÁ VIABILIZOU 2,3 MILHÕES PARA PME Com uma carteira de cinco mil operações activas e quase três mil operações aprovadas no ano passado, a Sociedade Portuguesa de Garantia Mú- tua (SPGM) soma já oito mil garantias prestadas em 13 anos de existência. A administra- ção considera que o sistema já atingiu a maturidade em Portugal e procura agora novas abordagens, como aquela que permite já apoiar os estudantes do ensino superior. As mulhe- res empresárias poderão estar nos horizontes da SPGM já para este ano. (Continua na página 5)

Comissão Europeia trava - Vida Económica | economia ...ve_ed1244... · do Livro Branco da Comissão Eu- ... LISBOA Campo Pequeno, 50 ... receitas fiscais sobre o tabaco no primeiro

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Page 1: Comissão Europeia trava - Vida Económica | economia ...ve_ed1244... · do Livro Branco da Comissão Eu- ... LISBOA Campo Pequeno, 50 ... receitas fiscais sobre o tabaco no primeiro

Consumidores e empresas poderão exigir indemnizações elevadas

Comissão Europeia trava abusos da distribuição

As empresas de distribuição poderão pagar indemnizações pe-sadas aos lesados por práticas an-ticoncorrenciais. A medida consta do Livro Branco da Comissão Eu-ropeia e é uma novidade jurídica em Portugal.

No sistema actual, os infractores limitam-se a pagar coimas fixadas pela Autoridade da Concorrência, até 10% do volume de negócios do último ano. No modelo proposto

pela Comissão Europeia, prevê-se uma indemnização única dos pre-juízos sofridos por empresas e con-sumidores, que poderão valer-se da decisão da AdC como elemento de prova junto dos tribunais.

Os juristas contactados pela “Vida Económica” aplaudem as recomendações da Comissão, mas alertam para o facto de, enquanto não forem assumidas pelo direito interno, os lesados terem de con-

tinuar a recorrer ao Tribunal Eu-ropeu.

Lacticínios, cereais e panifica-ção, combustíveis, telecomunica-ções e outros sectores estão sob a mira da Comissão Europeia.

Cerealis, Ordem dos Médicos Dentistas, Nestlé Portugal, PT Co-municações, Abbot-Bayer-Menari-ni-Johnson&Jhonson-Rche Farma-cêuticas, SIC/PT/Multimédia/TV Cabo, Agepor, Vatel, Aeronorte e

Rebonave já foram condenados pela AdC por práticas restritivas. No caso da PT Comunicações, a coima atin-giu os 38 milhões de euros.

Outros processos, que envolve-ram empresas da distribuição de bebidas e refrigerantes, cosmé-ticos e leite, entre outros, foram arquivados. Mas há ainda muitas queixas relativamente às quais se aguarda decisão.

Pág. 4

QrEn alterado a meio das candidaturas

MÁrIO FrOTA“Lacticínios, cereais e panificação, combustíveis e telecomunicações estarão na mira da Comissão”

PAULInO BrILHAnTE“Valor a pagar pelas empresas infractoras poderá ser muito elevado”

EDUArDO DE PrOFT CArDOSO ”A possibilidade actual de se obter uma compensação é extremamente reduzida”

EMPrESAS

FACILIDADE nOS DESPEDIMEnTOS PODE MELHOrAr MErCADO DE TrABALHO

Pág. 7

O QREN foi alterado, com as candidaturas ao SI Qualificação ainda em aberto. Há cerca de um mês e meio atrás, as não PME não podiam apresentar projectos

conjuntos e agora podem, a uma semana de encerrar a segunda fase de candidaturas. A suspeição de beneficiar alguém paira no ar.

Pág. 13

Nº 1244 / 11 Abril de 2008 / Semanal / Portugal Continental 2,20€

www.vidaeconomica.pt

DIrECTOrJoão Peixoto de Sousa

9 720972 000037

0 1 2 4 4

nOrTE E CEnTrO “PUxAM” PELO PAíS

SUPLEMEnTO PME POrTUgAL

AUTOMÓVEL

MODELOS HíBrIDOS SUSTEnTAM CrESCIMEnTO DA LExUS EM POrTUgAL

Pág. 46

Controlo das dívidas permite poupança

Cerca de 42% dos portugueses conseguem que os créditos não representem mais de 15% do seu rendimento mensal. Por outro lado, 68% conseguem poupar,

pelo menos, 15% do seu salário. O planeamento do rendimento familiar possibilita a poupança, apesar dos créditos contratados.

Pág. 37

TUrISMOEmpresários e operadores do sector querem marca única

gASTrOnOMIA, VInHOS E TUrISMO UnEM ALTO MInHO E gALIzA

Pág. 23

TELECOMUnICAÇÕESAPrITEL rECLAMA InVESTIMEnTO nAS rEDES DE nOVA gErAÇãO

Pág. 28

Só em 2007 a SPGM apoiou quase três mil operações

gArAnTIA MúTUA jÁ VIABILIzOU 2,3 MILHÕES PArA PME

Com uma carteira de cinco mil operações activas e quase três mil operações aprovadas no ano passado, a Sociedade Portuguesa de Garantia Mú-tua (SPGM) soma já oito mil garantias prestadas em 13 anos de existência. A administra-ção considera que o sistema já atingiu a maturidade em Portugal e procura agora novas abordagens, como aquela que permite já apoiar os estudantes do ensino superior. As mulhe-res empresárias poderão estar nos horizontes da SPGM já para este ano.

(Continua na página 5)

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EMPRESAS CITADAS

EDP .....................................03

Ernst & Young .......................08

BPI ......................................11

Pescanova .............................11

Sonae Distribuição .................11

Crédito Agrícola .....................11

DBK .....................................19

Quimitécnica .........................19

Sonalur .................................19

Auto-Vila ...............................19

Caemona ..............................19

Ambimed ..............................19

DST......................................19

Auto Sueco ...........................24

Kia .......................................24

Renault Portugal ....................24

GM Portugal ..........................24

Alphalink ..............................25

Eisai .....................................25

McDonald´s Portugal ..............26

Engel & Voelkers ....................27

Grupo Auchan .......................27

Siemens ...............................28

Optimus................................28

Multi Development ................29

Grupo Lena ...........................29

Comsa ..................................30

CB Richard Ellis ....................30

Triumph ................................31

Santander Totta .....................31

Screenvision Portugal .............31

Vila Sol .................................31

SingStar ...............................31

Império Bonança ...................31

Synovate ...............................32

Axa ......................................32

Inducci .................................32

Lexus ...................................46

Fiat ......................................47

Seat .....................................47

ACTUALIDADE

NESTA EDIÇÃO

Abertura

HUMOR ECONÓMICO

sexta-feira, 11 Abril de 2008ACTUALIDADE2

Pág. 28Pág. 7 Pág. 23

CUSTO DOS EQUIPAMENTOS LIMITA UTILIZAÇÃO DAS RENOVÁVEIS

O preço é invocado como a princi-pal razão por aqueles que hesitam na aquisição dos equipamentos para produção de energia renová-vel. Um estudo da Cetelem con-clui que os principais obstáculos à compra são de carácter fi nanceiro.Na população que não tenciona adquirir estes equipamentos, mais de um terço acha que são dema-siados caros e outro terço afi rma que não tem as necessárias con-dições fi nanceiras para investir na sua aquisição. Cerca de 20% dos entrevistados adiantaram que as habitações não possuem condi-ções para a respectiva instalação. Apenas um décimo não tenciona comprá-los porque já tem alguns desses equipamentos.O estudo dá a conhecer a realida-de do consumo na Europa e a sua evolução, fornecendo também da-dos específi cos sobre a situação nacional. Analisa os mercados pa-ra melhor os compreender e poder antecipar as expectativas dos con-sumidores europeus. Apresenta ainda as intenções de consumo e de poupança de diversos países.

NEGÓCIOS E EMPRESAS

EDITOR E PROPRIETÁRIO Vida Económica Editorial, SA DIRECTOR João Peixoto de Sousa COOR-DENADORES EDIÇÃO João Luís de Sousa e Albano Melo REDACÇÃO Virgílio Ferreira (Chefe de Redacção), Adérito Bandeira, Alexandra Costa, Ana Santos Gomes, Aquiles Pinto, Fátima Ferrão, Guilherme Osswald, Martim Porto, Rute Barreira, Sandra Ribeiro e Susana Marvão; E-mail [email protected]; PAGINAÇÃO Célia César, Flávia Leitão, José Barbosa e Mário Almeida; PUBLICIDADE PORTO Rua Gonçalo Cristóvão, 111, 6º Esq 4049-037 Porto - Tel 223 399 400 • Fax 222 058 098 • E-mail: [email protected]; PUBLICIDADE LISBOA Campo Pequeno, 50 - 4º Esq 1000-081 Lisboa • Tel 217 815 410 • Fax 217 815 415 E-mail [email protected]; ASSINATURAS Tel 223 399 456 E-mail [email protected]; IMPRESSÃO Naveprinter, SA - Porto DISTRIBUIÇÃO VASP, SA - Cacém E-mail [email protected] • Tel 214 337 000 - Fax 214 326 009

EMPRESA CERTIFICADA

TIRAGEM CONTROLADA PELA:

TIRAGEM DESTA EDIÇÃO: 21.200

4000 Município (Porto) TAXA PAGARegisto na D G C S nº 109 477 • Depósito Legal nº 33 445/89 • ISSN 0871-4320 • Registo do ICS nº 109 477

MEMBRO DA EUROPEAN BUSINESS PRESS

PORTUGAL COM UM DOS PIORES DESEMPENHOS DA OCDE NA PRODUTIVIDADE

Portugal foi um dos países da OCDE em que a produtividade do trabalho mais abrandou no período de 2001 a 2006. A riqueza produzida por tra-balhador registou um crescimento inferior a um ponto percentual, de acor-do com dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Eco-nómicos.Verifi cou-se uma situação muito semelhante em países como a Itália, a No-va Zelância ou o México. Já os países com melhores desempenhos nesta área, com aumentos superiores a 4% ao ano, foram a Eslováquia, a Hun-gria e a Coreia do Sul. De salientar que a produtividade do trabalho pos-sibilita medir indicadores como o crescimento económico e a competiti-vidade.

“FACILIDADE NOS DESPEDIMENTOS PODE MELHORAR MERCADO DE TRABALHO”Não se trata de “despedir por despedir”, mas de garantir facilidade para colocar ponto fi nal num contrato em caso de “incompatibi-lidade” com um trabalhador. Esta a perspectiva do presidente da Associação de Restauração e Similares de Portugal (ARESP), Mário Pereira Gonçalves, que defende a maior fl exibilização do mercado laboral.

GASTRONOMIA, VINHOS E TURISMO UNEM ALTO MINHO E GALIZAA gastronomia, os vinhos e o turismo poderão representar os três pilares de desenvolvimento e cooperação entre o Alto Minho e a Ga-liza. Os empresários das duas regiões acreditam que o lançamento de uma marca turística única poderia ajudar à promoção desta zona muito ampla. Todavia, acham que é essencial uma maior implicação por parte das autoridades nacionais dos dois países envolvidos.

APRITEL RECLAMA DO GOVERNO INVESTIMENTO NAS REDES DE NOVA GERAÇÃOA Apritel, associação que agrega os operadores de telecomunica-ções, considera que as redes de telecomunicações são uma matéria estrutural para o desenvolvimento das comunicações electrónicas em Portugal. Os poderes públicos devem actuar, no sentido de colo-carem o país na linha da frente das telecomunicações.

BREVE

TELECOMUNICAÇÕES

TRABALHO

O Inov-Jovem e o Inov Con-tacto, dois programas de inser-ção de jovens licenciados no mercado de trabalho, têm agora uma nova edição. Uma decisão que acaba de ser determinada pela Resolução do Conselho de Ministros 63/2008 e que traz

como principal novidade, como se pode ler neste diploma, um reforço substancial dos benefi ci-ários atingidos.

O Inov-Jovem poderá vir a abranger, em termos anuais, cin-co mil jovens. O Inov Contacto abrangerá 550 jovens por ano.

Inov-Jovem e Inov Contacto alargam inserção de jovens

Depois do sucesso do Inov-Jo-vem e do Inov Contacto, há que alargar a ideia a outras esferas de acção e pessoas. Foi o que pensou o Governo e melhor o fez ao lan-çar, através da resolução 63/2008, dois novos programas: o Inov-Art e o Inov Vasco da Gama.

O primeiro, como o próprio nome indica, pretende ser uma porta de entrada para jovens com reconhecidas aptidões nas áre-as das artes e cultura – 200 por ano –, enquanto o segundo sur-ge para promover os jovens, 150

anualmente, com qualifi cações superiores, fl uentes em línguas estrangeiras. A diferença face ao que já existe consiste no facto de este Inov Vasco da Gama se diri-gir a empresários ou quadros de empresas com potencial de inter-nacionalização comprovado e ou com projecto de internacionaliza-ção delineado. Em relação ao Inov Vasco da Gama, a preferência vai para as empresas e organização de referência internacional em mer-cados tidos como prioritários para a economia portuguesa.

Governo cria Inov-Art e Inov Vasco da Gama

A Comissão Europeia vai ar-recadar 83 milhões de euros dos Estados-membros por má utiliza-ção das verbas da Política Agrícola Comum (PAC).

Um montante que já tem um fi m: este dinheiro vai reintegrar o orçamento comunitário. Em ter-mos de infractores, no nosso caso,

atingiu 270 mil euros e fi cou a dever-se à superação dos limites fi nanceiros.

Os valores mais elevados per-tencem à Espanha e França. O primeiro país vai ter que devolver 54,9 milhões de euros por planta-ção não autorizada de vinha, em 2003 e 2004.

Comissão reembolsa 83 milhões da PAC

A Finaccount, rede nacional em regime de franchising de contabilidade e consultoria fi nan-ceira, vai abrir um escritório na cidade de Coimbra. Isto porque a rapidez na tomada de decisão e na acção se tornou indispensável no

crescimento sustentado de qual-quer negócio. Daí a necessidade de estar mais próximo do cliente. A empresa assume a contabilidade como uma ferramenta de apoio à gestão, apoiada sempre nas novas tecnologias.

Finaccount expande actividade para Coimbra

Page 3: Comissão Europeia trava - Vida Económica | economia ...ve_ed1244... · do Livro Branco da Comissão Eu- ... LISBOA Campo Pequeno, 50 ... receitas fiscais sobre o tabaco no primeiro

Fonte: INE

Fonte: Ministério das Finanças

2 mil milhões de euros“Cash-flow” anual gerado pela EDP

42%Quebra nas

receitas fiscaissobre o tabaco

no primeirotrimestre

40 milNúmero

de funcionários que deixouo Estado

em três anos

Financial TimesGrandes projectos europeus estão em risco

Os 30 maiores projectos europeus, na área dos transportes, terão custos muito superiores aos previstos. Há fortes incertezas que alguns governos encontrem financiamento para os mesmos, de acordo com um estudo da PwC. Os custos serão cerca de 40 mil milhões de euros superiores ao esti-mado anteriormente (...).A consultora identificou 30 grandes projectos, com fortes críticas à gestão, às dificuldades de planeamento, às alterações nas especificações, às ques-tões legislativas e à falta de financiamento. No tal, os custos estão avaliados em cerca de 379 mil milhões de euros, quase mais 12% do que estava calculado.

expansiónUe liberaliza tarifas das centrais de bilhetes electrónicos

A União Europeia aprovou a liberalização das tarifas que as centrais de re-servas electrónicas de bilhetes de avião cobram às companhias aéreas pelos serviços de intermediação junto das agências de viagens. A medida beneficiará as companhias que recorrem a estes seviços e que têm peso suficiente no mercado para negociarem as tarifas. Nesta situação estarão companhias como a Iberia, a Air France-KLM e a Lufthansa. E é aberto cami-nho para que outras companhias participem nalguma central de reservas (...).

tendências

João FigueiredoPasso a passo, o secretário de Estado da Administração Pública vai levando a bom porto a reforma do sector público. Numa área extre-mamente sensível até tem conseguido acordos com os sindicatos, o que revela que o processo está a ser conduzido com inteligência. A realidade é que a função pública está a emagrecer. A nova medida das pré-reformas terá, por certo, um impacto considerável nesse sentido.

Maria de Lurdes rodriguesA ministra da Educação sofreu mais uma derrota pesada. O Tribunal Constitucional considerou inconstitucional a norma que impediu os professores dispensados de darem aulas de concorrerem à categoria de professor titular. Entretanto, nas escolas reina a confusão quanto à avaliação dos professores. Isto numa altura em que já estão a decorrer os concursos para os docentes para o próximo ano lectivo. O próprio sistema informático para concorrer está mais complicado, sobretudo em termos legislativos. O Simplex não terá chegado à Educação.

Mário LinoO LNEC apresentou o seu relatório e o ministro não teve dúvidas em afirmar que a decisão da nova travessia sobre o Tejo estava tomada. Mário Lino corre o risco de se precipitar, tal como sucedeu aquando do aeroporto. As questões técnicas do estudo não são colocadas em causa, mas há aspectos ainda pouco claros, como o impacte am-biental ou o desvio do trânsito das outras duas pontes. Os Portugue-ses também se interrogam se não será um investimento descabido, num momento de grandes dificuldades orçamentais.

ana JorgeA ministra da Saúde tem uma postura oposta ao seu antecessor. Pouco aparece para explicar o que está a ser feito. Quando o faz, re-vela alguma dificuldade na comunicação. Uma coisa é certa, cerca de 800 médicos abandonaram o SNS, prova evidente que o serviço público está a ser descredibilizado, já que a maioria dos técnicos da Saúde está a ir para o sector privado. Ainda que, há pouco tempo no cargo, a ministra tem que começar a dar provas que alguma coisa está a mudar.

econÓMetro

Factos reLeVantes

adMinistração púbLicatem que requalificar quadros

e promover pelo méritoA administração pública tem necessidade de

requalificar os recursos humanos, implementar sistemas de avaliação e de recompensa por mé-rito e desenvolver uma comunicação eficaz dos objectivos das reformas entre as pessoas e os or-ganismos. Estas as principais conclusões retira-das de um relatório da Deloitte sob a designação “A mudança na administração pública”.

A maior parte dos inquiridos considera que os organismos e as chefias estão comprometi-dos na implementação do Programa de Rees-truturação da Administração Central do Estado (PRACE). Também a maioria vadmite conhecer os seus objectivos ao nível da centralização das compras. E uma elevada percentagem revela-se conhecedora dos objectivos de serviços partilha-

dos, identificando a eficiência e a redução de custos como critérios.

É interessante verificar neste estudo que a falta de recursos humanos qualificados é um dos pontos negativos apontados pelos inquiri-dos. Quanto ao sistema de avaliação, a falta de qualificações torna a assumir uma importância acrescida. A capacidade da entidade promoto-ra de implementação da avaliação é outro dos aspectos negativos mencionados. Finalmente, o relatório revela que existe uma elevada partici-pação dos organismos nas diversas vertentes da reforma da administração pública. De salientar que se têm registado melhorias nos serviços pú-blicos, através da adopção de práticas de cultu-ra empresarial.

Volume de negócios melhora no comércioa retalho (variação homóloga em %)

reclamações graciosas mais rápidasna Justiça tributária (tempo médio em meses)

reVista de iMprensa

Fevereiro 07 Fevereiro 08

sexta-feira, 11 abril de 2008 3actuaLidade

puB

2002 2003 2004 2005 2006 20070

2

4

6

8

10

12

11.21

9.91 10.129.69

6.175.66

-2

-1

0

1

2

3

4

Page 4: Comissão Europeia trava - Vida Económica | economia ...ve_ed1244... · do Livro Branco da Comissão Eu- ... LISBOA Campo Pequeno, 50 ... receitas fiscais sobre o tabaco no primeiro

Consumidores e empresas poderão exigir indemnizações elevadas

Comissão trava abusos da distribuição

A Comissão Europeia publicou um Livro Branco que propõe um novo modelo para assegurar a compensação dos consumidores e das empresas que foram vítimas de infrac-ções às regras no domínio “antitrust” (in-fracções às regras do Tratado CE relativas às práticas comerciais restritivas e aos abusos de posição dominante).

Actualmente, existem, na maior parte dos Estados-Membros, nomeadamente Portu-gal, obstáculos que dissuadem os consumi-dores e as empresas de intentarem acções de indemnização nos tribunais por infracções às regras no domínio “antitrust”.

O Livro Branco apresenta propostas des-tinadas a aumentar a eficácia dos pedidos de indemnização das vítimas. O modelo propos-to pela Comissão assenta no princípio de uma indemnização única dos prejuízos sofridos.

As outras recomendações essenciais do Livro Branco dizem respeito aos mecanis-mos colectivos de reparação, à divulgação dos elementos de prova – efectuada sob o

controlo do tribunal, de modo a garantir a equidade processual em que as duas partes beneficiem de um acesso equivalente às pro-vas - e aos efeitos das decisões definitivas das autoridades de concorrência em acções de indemnização posteriores. Aqui, a Comis-são recomenda que as decisões definitivas das Autoridades de Concorrência em ma-téria de infracções sejam consideradas como prova suficiente da infracção nas acções de indemnização posteriores.

Juristas aplaudem orientações

“Estas orientações irão permitir que, para além da punição dos infractores, também os consumidores lesados com tais práticas pos-sam ser indemnizados pelos prejuízos sofri-dos com as mesmas. Penso que este direito à indemnização em benefício dos consumido-res é um aspecto inovador deste regime que poderá contribuir para dissuadir as empresas de recorrerem a estas práticas anticompetiti-vas, já que este direito à indemnização, penso eu, será exercido em acções colectivas abran-gendo um número muito vasto de consu-midores, pelo que o valor global das indem-nizações a pagar pelas empresas infractoras poderá vir a ser muito elevado. Nesta medi-da, entendo que os consumidores irão ficar bastante mais protegidos contra estas más práticas anti-concorrência”, afirma à “Vida Económica” Paulino Brilhante Santos, ad-vogado da Miranda Correia Amendoeira & Associados.

Questionado quanto à aplicabilidade da-quelas medidas em Portugal, Paulino Brilhan-te acrescenta: “Estas orientações da Comissão Europeia, se convertidas num normativo de direito europeu, terão decerto consequências sobre as práticas anticompetitivas, que, como é bem sabido, aliás, abundam em Portugal”.

Sobre este assunto, Eduardo de Proft Car-doso, advogado especialista em direito co-munitário, afirma que, uma vez “transpostas as recomendações do Livro Branco na or-dem jurídica nacional, poderíamos ver uma enxurrada de acções contra a indústria, que com práticas de concertação de preços, acaba por explorar os dois pólos da cadeia produti-va, de um lado os pequenos produtores, e de outro os consumidores, ali, pressionando a redução do preço de compra, e aqui aumen-

tando o preço de venda de forma a garantir uma maior margem de ganho”.

Sectores leiteiro e combustíveis abrangidos

Uma dessas situações é a prática concertada de preços no sector leiteiro e dos combustíveis. Quanto a isto, Paulino Brilhante esclarece que “a fixação concertada de preços, ou seja, preços fixados previamente por acordo entre as empresas de modo a eliminar o efeito con-correncial, aquilo a que se chama por vezes um

conluio de mercado, seguramente que estará abrangido por estas orientações da Comissão”.

Eduardo de Proft Cardoso aponta para o facto de a Autoridade da Concorrência estar a estudar e a analisar denúncias nesse sector específico. “Creio que em breve poderá ha-ver conclusões sobre este estudo, que, dada a complexidade da análise económica envol-vida, tardam um bocado. Com acções colec-tivas talvez fique facilitado o acesso à justiça, mas ainda há muito caminho a percorrer”.

VIRGÍLIO [email protected]

Justiça é lenta e dolorosa

As recomendações da Comissão propõem uma solução alternativa equilibrada face aos sistemas de indemnização actuais, frequentemente ineficazes, evitando ao mesmo tempo incentivos exagerados sus-ceptíveis de conduzir a um excesso de liti-gação, tal como acontece em Portugal.“A complexidade dos processos por infrac-ções às regras concorrenciais exigem es-tudos aprofundados no âmbito económico, e a justiça acaba por ser lenta e dolorosa para os lesados, que num processo de ca-rácter internacional se arriscam a ter de enfrentar soluções muitas vezes contradi-tórias impostas pelas diferentes autorida-des da concorrência envolvidas.”“Toda essa complexidade, acaba por tor-nar reduzidas as acções de indemnizações intentadas no âmbito europeu, face ao ele-vado número de casos de violações detec-tados, o que denota um entrave efectivo à obtenção de reparações civis pelo incum-primento das regras ‘antitrust’, que não vêem na maioria das legislações nacionais em matéria de responsabilidade civil um mecanismo eficaz para se poder reclamar uma plena compensação pelos danos sofri-dos com as práticas anti concorrenciais”, reconhece Eduardo de Proft Cardoso.

Neelie Kroes, comissária responsável pela concorrência, afirma que os consumidores e as empresas perdem actualmente milha-res de milhões de euros por ano por danos decorrentes de infracções às regras da UE no domínio “antitrust”, cometidas pelas empresas. “Estas vítimas têm o direito a serem indemnizadas através de um siste-ma eficaz que complemente a acção dos poderes públicos, evitando os eventuais excessos do sistema existente nos Estados Unidos”, diz.

Sobre a eficácia das recomendações da Comissão no direito nacional, Eduardo de Proft Cardoso diz que “é prematuro prever impactos na legislação nacional, já que o estádio actual é de consulta pública, o que de certeza será ainda objecto de melhora-mento e aprofundamento de vários pontos sugeridos pela Comissão nesse ‘draft”.

No entanto, diz que a intenção da Comis-são é boa, já que “a possibilidade actual-de se obter uma compensação por danos sofridos com práticas anticoncorrenciais

na maioria dos Estados-membros é extre-mamente reduzida, senão nula, principal-mente no que tange aos consumidores, os principais lesados em última instância, e actualmente marginalizados no acesso a uma tutela jurisdicional efectiva nessa ma-téria”.

Em termos concretos, não existem dispo-sições ditadas pela Comissão, ou seja, ne-nhuma norma foi imposta, havendo apenas, para já , recomendações. Por conseguinte, “os particulares têm de continuar a recor-rer aos mecanismo previstos nos arts. 81.º e 82.º CE para tutelar os seus direitos. Cabe à ordem juridica nacional prever mecanismos que dêem abrigo a estas recomendações, mas nem sequer existem prazos fixados, etc., apenas intenções”.

Portugal e outros Estados-membros po-derão apresentar as suas opiniões sobre as recomendações até 15 de Julho de 2008. A Comissão estudará em seguida as medidas concretas a tomar à luz das reacções susci-tadas pelo Livro Branco.

IndemnIzaçõeS podem atIngIr mIlhõeS de euroS

sexta-feira, 11 Abril de 2008aCtualIdade4

A Comissão apresentou um documento que prevê a indemnização dos consumidores e empresas vítimas de infracções às regras de concorrência.O modelo proposto pela Comissão assenta no princípio de uma indemnização única dos prejuízos sofridos. A Comissão recomenda que as decisões definitivas das Autoridades de Concorrência em matéria de infracções sejam consideradas como prova suficiente da infracção nas acções de indemnização posteriores.

“Os consumidores e as empresas perdem actualmente milhares de milhões de euros por ano por danos decor-rentes de infracções às regras da UE no domínio ‘antitrust’” - afirma Neelie Kroes, comissária responsável pela concorrência.

Vida Económica - que consequências poderá ter esta orientação da Comissão sobre algumas práticas anticoncorrên-cias praticadas em Portugal?

Mário Frota - Em bom rigor, não haverá consequências sensíveis. Portugal, ao invés do que ocorre com parte apreciável dos Es-tados-membros, dispõe já de instrumentos processuais – episodicamente brandidos – susceptíveis de assegurar também a tute-la de interesses colectivos em sentido lato, quer se trate de individuais homogéneos, colectivos ou difusos.

É tanto da acção popular como da acção inibitória que se trata.

E, no entanto, por escassez de recursos, desimportamento ou distracção as institui-ções de consumidores, o Instituto do Con-sumidor (hoje Direcção-Geral do Consu-

midor) e o Ministério Público, que detêm legitimidade processual para moverem acções contra os prevaricadores, têm guar-dado de Conrado o “prudente silêncio”, como sói dizer-se. Na verdade, a despeito das violações, não têm sido instauradas ac-ções indemnizatórias.

VE - A concertação e fixação de preços de venda ao público por parte da indús-tria, nomeadamente pelas produtoras de leite e lacticínios (prática anticoncorrên-cial - art. 4º, al. a), da Lei nº 18/2003 - Regime Jurídico da Concorrência) po-derá cair no âmbito destas disposições?

MF - É óbvio que sim. Todas as práti-cas do estilo, desde que contrárias a uma salutar concorrência, prefiguram ilícitos de tal jaez susceptíveis de importar a repara-

ção dos consumidores vítimas de atropelos quejandos.

VE - Que outras situações poderão também ser abrangidas?

MF - Desde que comprovadamente (pon-to é que a AdC actue e apure à exaustão os ilícitos que neste passo se configuram) haja lesão dos interesses dos consumidores mer-cê de práticas anticoncorrenciais estarão reunidas as condições de acção.

Casos como os dos cereais e panificação, combustíveis, telecomunicações e os mais, de que o mercado padece limitações ou cerceamentos a uma concorrência liberta de constrangimentos, estarão na mira da Comissão Europeia, no quadro do Mer-cado Interno e de cada um dos mercados segmentares dos Estados-membros.

Consumidores estão à mercê das práticas anticoncorrenciais

Mário Frota, presidente da APDC – Associação Por-tuguesa de Direito do Consumo.

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Os sindicatos desempenham um papel importante na actividade económica – afirmou Manuel Carvalho da Silva, no Clube dos Pensadores, em Vila Nova de Gaia. O secretário-geral da CGTP destacou a perspectiva de economistas liberais como Paul Krugman sobre a contribuição dos sindicatos para o crescimento. “Não é um caminho de futuro diabolizar os sindicatos e os trabalhadores” – referiu.

Carvalho da Silva no Clube dos Pensadores

Crescimento económico também depende dos sindicatos

As desigualdades sociais, a corrupção e a fragilização do poder político são os

maiores problemas que Portugal enfrenta – disse Carvalho da Silva aos convidados do Clube dos Pen-sadores. As dificuldades fazem-se sentir com particular incidência no Porto e na região Norte, onde o clima actual é de regressão econó-mica quando no passado recente a região se destacava pela positiva como dentro de desenvolvimento.

As políticas monetaristas e fi-nanceiras criam um ambiente propício à alteração das normas laborais, com ameaça de perda de direitos e garantias dos trabalha-dores. Mas, perante a globalização e a entrada crescente de produtos com origem nos países de mão-de-obra barata Carvalho da Silva considera que os trabalhadores dos países desenvolvidos não de-vem abdicar dos direitos actuais. O trabalho tem um lugar central na sociedade, com incorporação de diversas dimensões. “Além da vertente económica, há a conside-rar a dimensão social e a dimensão política” – salientou Carvalho da Silva.

Código da Contratação Pública reduz garantias

As alterações ás leis laborais

Garantia Mútua já viabilizou2,3 MilhõeS Para PMe

sexta-feira, 11 abril de 2008 5ACtuAlidAde

Universidadedo Porto recebeu presidentedo Santander

A Universidade do Porto, no âmbito do seu 97º aniversário, convidou Emilio Botín, presiden-te do banco espanhol Santander, a intervir como orador principal na sessão solene comemorativa. O banqueiro deixou claro que a política de responsabilidade so-cial deve ser uma parte integrante da gestão empresarial.

Na sua óptica, não falta muito para que se deixe falar de empre-sas socialmente responsáveis, mas apenas de empresas, na medida em que a falta de compromisso implicará a sua rejeição por parte da sociedade. O Santander tem apoiado o ensino universitário em vários dos países onde está presen-te. Também tem orientado a sua actuação para o meio ambiente.

Carvalho da Silva, Joaquim Jorge e José Carvalho no Clube dos Pensadores.

(Cont. da primeira página)

Em 13 anos, o sistema de garan-tia mútua prestou perto de oito mil garantias, num valor global que ultrapassa já os mil milhões de euros. Desde 1994 foi garan-tido o financiamento de 1,7 mil milhões de euros, viabilizando in-vestimentos na ordem dos 2,3 mil milhões de euros em pequenas e médias empresas (PME). De acor-do com as contas da Sociedade Portuguesa de Garantia Mútua (SPGM), os investimentos viabili-zados conseguiram criar ou man-ter 57 mil postos de trabalho.Só no ano passado, foram apro-vadas quase três mil operações no seio das quatro sociedades de garantia mútua a operar em Portugal. Em 2006, o núme-ro de operações tinha chegado às duas mil, o que revela o for-te incremento da procura deste sistema em 2007. De acordo com a SPGM, foram emitidos no ano passado garantias no valor de 966 milhões de euros, mais 48,4% que no ano anterior. No final de 2007, o sistema de ga-rantia mútua português integra-va cerca de cinco mil operações activas provenientes de projectos de investimento de quase três mil PME. Ao beneficiarem deste tipo de apoio, estas PME tornam-se automaticamente accionistas das sociedades de garantia mú-tua contratadas.Graças a esta carteira, a SPGM, holding do sistema de garantia mútua português, alcançou em 2007 proveitos na ordem dos 4,7 milhões de euros, o que represen-ta um crescimento de 21% rela-tivamente ao ano anterior. O re-sultado líquido da SPGM no ano passado foi de 652,3 mil euros, ou seja, 13,8% dos proveitos.O ano 2007 ficou marcado pelo alargamento do âmbito de activi-

dade das participadas do sistema português de garantia mútua, o que permitiu a consolidação da presença deste sistema na eco-nomia nacional. Uma alteração no quadro legal das sociedades de garantia mútua permite des-de Setembro que as participadas da SPGM possam prestar garan-tias a favor de pessoas individu-ais. Antes, estas garantias apenas podiam sem prestadas a favor de micro, pequenas e médias empre-sas. Mas 2007 foi também o ano do lançamento da primeira linha de crédito para estudantes do en-sino superior com garantia mú-tua. O Ministério da Ciência, Tec-nologia e Ensino Superior aderiu ao sistema e três sociedades de garantia mútua – a Norgarante, a Lisgarante e a Garval – emitiram garantias associadas a emprés-timos bancários a favor de estu-dantes do ensino superior. Até ao final do ano passado, já haviam sido concedidos dois mil emprés-timos no âmbito deste projecto. Ao mesmo tempo, o lançamento da linha de crédito para estudan-tes do ensino superior permitiu reforçar o Fundo de Contragaran-tia Mútua em 1,75 milhões de euros. Gerido pela SPGM, este fundo conta actualmente com 146 milhões de euros.Para 2008, a SPGM prevê o crescimento da procura da linha de crédito para estudantes do ensino superior, mas estuda já a possibilidade de lançar novas li-nhas para segmentos específicos do mercado empresarial. A apos-ta poderá passar pela criação de uma linha para mulheres empre-sárias ou ainda por linhas voca-cionadas para alguns sectores do comércio e serviços, perspectiva o Conselho de Administração da SPGM.

ANA SANTOS [email protected]

não se resumem ao sector pri-vado. O Governo pretende efec-tuar até Junho a discussão sobre o novo Código da Contratação Pública, introduzindo alterações significativas às normas que re-gulam a função pública. Trata-se de um Código com 800 artigos que, segundo Carvalho da Sil-va, o Governo pretende discu-tir em apenas 10 horas, tempo considerado insuficiente para a análise e avaliação do impacto. Já Joaquim Jorge considera que “Portugal assenta o seu desen-volvimento no definhamento de quem trabalha e no enrique-cimento dos grupos dominan-tes”.

O biólogo e fundador do Clu-

be dos Pensadores alertou para “o preconceito contra os fun-cionários públicos, sendo o bra-ço visível das políticas públicas, onde se repercute o peso e lenti-dão da burocracia” e a “ mobili-dade especial com a criação de quadros excedentários cria mui-ta ansiedade e tensões”. Segun-do referiu, as mudanças que se preparam na função pública são uma ameaça muito séria, mas as pessoas só se preocupam quan-do se vêem confrontadas com a aplicação efectiva. Como forma de atenuar a contestação pública às alterações, Joaquim Jorge su-geriu a possibilidade de ser cria-da a figura da rescisão por mú-tuo acordo na função pública.

Tribunal do Comércio de Lisboaentrou em ruptura

O Tribunal de Comércio de Lisboa entrou em ruptura total. A afirmação é da própria juíza presidente da instituição, que la-menta a falta de meios, a par de um aumento dos processos. Ten-do em conta que se trata de uma das entidades mais importantes para a actividade das empresas, a

situação pode ser encarada com bastante preocupação.

De facto, aquela responsável ad-mite que há várias dezenas de pro-cessos em risco de prescrição. Nes-te momento, o tribunal limita-se a tentar resolver providências cau-telares, recursos de contra-ordena-ção e processos de insolvência.

OPEX gere o primeiro sistema de negociação multilateralem Portugal

Na sequência da entrada em vi-gor da nova directiva dos merca-dos financeiros , e por deliberação do Conselho Directivo do Mer-cado de Valores Mobiliários, a OPEX é a sociedade que vai gerir o primeiro sistema de negociação multilateral (MTF) em Portugal.

À luz desta nova directiva, as várias plataformas de negociação – mercado regulamentado, siste-ma de negociação multilateral e internalizador sistemático- passam a ter a mesma valência contratual e contabilística. A partir de agora não é exigido o consentimento do emitente de valores mobiliá-rios para efeitos de negociação no MTF, desde que tais valores este-jam admitidos à negociação.

Teixeira dos Santos acredita quecortes orçamentais vão impulsionara confiança

O ministro das Finanças, Tei-xeira dos Santos, acredita que os cortes orçamentais terão um im-pacto positivo no sentimento de confiança e na credibilidade da nossa economia. As afirmações foram feitas numa entrevista ao “Financial Times”, publicada esta semana. E deixou claro que vai manter-se a actual política orça-mental, no sentido da sua con-tenção.

Refere ainda que Portugal está em condições para fazer face à interteza internacional, já que o crescimento da economia assen-ta em bases sólidas. Teixeira dos Santos acha que a confiança pode ser afectada pelo que está a suce-der nos Estados Unidos.

ASAE prepara fiscalização a escritórios de advogadosA Autoridade de Segurança Alimentar e Económi-

ca (ASAE) vai iniciar visitas a escritórios de advoga-dos. O que está em causa é saber se são respeitadas as regras relacionadas com a afixação da tabela de pre-

ços cobrados pelos serviços prestados por estes pro-fissionais. Também será verificado se existem livros de reclamações, já que não existem excepções para os advogados quanto a estas obrigações.

ACT inspecciona centros comerciaisA Autoridade para as Condições

do Trabalho (ACT) inspeccionou, nos primeiros 3 meses de 2008, todos os grandes centros comer-ciais do país, num total de 704 estabelecimentos e de 1657 tra-balhadores. Foram detectadas 828 irregularidades, sendo que mais de metade (493) eram relativas ao

incumprimento das normas sobre horários de trabalho. A ACT en-tende que esta situação “confirma que o desrespeito dos limites má-ximos dos períodos de trabalho diários e semanais constitui não só um problema tradicional do comércio retalhista mas também destas superfícies comerciais”.

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Vida Económica – Anunciou no con-gresso da ARESP um pacote financeiro para o turismo no valor de 100 milhões de euros. Do que é que se trata?

Luís Patrão – É dinheiro nacional, do Turismo de Portugal, que está disponibiliza-do para apoiar investimento público, feito por entidades públicas, a favor da melhoria do espaço público de interesse turístico. Há muitas zonas nas nossas cidades, vilas e al-deias que, tendo interesse urbano, também têm interesse turístico. É o caso dos centros e as aldeias históricas, as localidades com in-teresse patrimonial. Nós entendemos que é essencial gastar dinheiro, pôr dinheiro públi-co ao dispor das autarquias e de outras enti-dades que queiram esforçar-se por melhorar as condições de acolhimento dessas infra-es-truturas e para que esse espaço público seja devidamente sinalizado, seja esteticamente agradável, limpo e arrumado e que seja uma mais-valia para o nosso turismo.

VE – Esses 100 milhões irão ser dis-tribuídos ao longo da legislatura?

LP – Não, o orçamento é para três anos. O programa começou em 2007 e é para 2008 e 2009, embora vá acabar por coinci-dir com os 3 anos finais da legislatura. Mas ainda há muito trabalho a fazer em termos de apresentação de candidaturas, porque esse dinheiro pode servir de contrapartida nacional de financiamentos comunitários que entretanto sejam obtidos, o que pode facilitar a realização de projectos que não tinham ainda ido buscar a componente na-cional. Quisemos suprir esta lacuna e dizer que essa componente nacional pode ser for-necida através desse programa.

VE – Quando diz que há muito a fa-zer, quer dizer que tem havido um nú-mero escasso de candidaturas?

LP – Bem, o número relativamente pe-queno de candidaturas deriva do facto de não estar em vigor, até há pouco tempo, o QREN e como grande parte deste projecto, embora não limitado à componente nacio-nal do QREN, se assumiu com a vocação de servir de contrapartida nacional do QREN e como o QREN só agora entrou em vigor é natural agora este maior recurso a projec-tos nesta área. Seja como for, o dinheiro está disponível e a nossa vontade de examinar e colaborar na elaboração dos projectos é pa-tente.

VE – Quem pode candidatar-se a essas verbas? As câmaras munici-pais?

LP – Sim, as câ-maras, as juntas de turismo ou outras entidades de inte-resse público em quem as câmaras de-positem o trabalho de realização dessas tarefas. Às vezes são empresas municipais, outras vezes são em-presas intermunicipais, são associações de municípios, etc.

VE – E as empresas, individualmen-te, também podem aceder aos apoios?

LP – As empresas só podem candida-

tar-se a uma linha deste programa que é a organização de eventos de relevância e de dimensão nacional ou internacional, para a qual canalizámos 20% do orçamento dis-ponível. É destinada a financiar eventos que possam servir para que se fale do nosso país no exterior de uma maneira mais eficiente. É um pretexto para mencionarmos o nome do nosso país no estrangeiro. E aí quem se pode candidatar são as entidades que têm os direitos de realização do evento.

VE – Tem havido muitas candidatu-ras dentro desta linha?

LP – Sim, tem havido. Aliás, aceitámos muitas candidaturas no final do ano passa-do, entre Setembro e Outubro, para eventos que se vão realizar durante este ano e que foram financiadas por esta via. Este concur-so mundial de jovens pasteleiros [que decor-reu paralelamente ao congresso da ARESP, na FIL, em Lisboa] foi um dos programas candidatado pela ARESP e que está a ser fi-nanciado por este programa.

VE – Sabemos que não há nenhuma

dotação específica para o sector do tu-rismo no âmbito do QREN. Ainda as-sim, qual é a disponibilidade da parte do Governo para eleger candidaturas nesta área?

LP – A disponi-bilidade acho que é total, é a que re-sulta dos próprios regulamentos e da configuração que têm. Ainda anteon-tem [domingo, dia 30 de Março] foram atribuídos os contra-tos do concurso do empreendedorismo, no qual foram apre-sentados projectos de quase 50 milhões

de euros de investimento e que tiveram 19 milhões, de euros de incentivo. Desses 19 milhões, 10,5 foram da área do turismo. Isto é para se perceber bem do impacto que o tu-rismo tem na nossa actividade. Parte do di-nheiro que foi disponibilizado pelo QREN para esse fim é para aplicar em projectos de

raiz turística. Agora o que achamos é que isso não é suficiente. Pusemos o turismo a competir com outras actividades económi-cas, mas isso não é suficiente para salvaguar-dar adequadamente os interesses do turismo. E para atrair as prioridades estratégicas que nós vamos antecipadamente ditar e combi-nar com as associações empresariais.

VE – E quais são essas prioridades estratégicas?

LP – A prioridade é trabalhar para ajudar a consolidar os melhores projectos, os que ver-dadeiramente fazem a diferença, que apos-tam na inovação, que completam o nosso produto turístico, os que se situam em zonas prioritárias do ponto de vista turístico. É que senão acabamos a dar dinheiro, do QREN sim e afectos a actividades turísticas, mas a projectos que têm uma dimensão e um inte-resse turístico relativamente pequeno. É essa selectividade que não é possível fazer com regulamentos que tanto se aplicam a pada-rias como a fábricas de parafusos, com todo o respeito por essas actividades económicas. Nós preferíamos ter estratégias especifica-

mente dirigidas para o sector do turismo, embora não necessariamente uma dotação financeira pré-estabilizada. Acreditamos que se houver concursos dirigidos priorita-riamente ao sector do turismo, é nesta área e entre projectos similares que vamos con-seguir ter uma comparação mais justa entre projectos e seleccionar os melhores.

VE – Mas ao dar privilégio aos projec-tos com maior relevância não se está a canalizar os apoios do QREN para as grandes empresas?

LP – Não. Alguns destes projectos de que estamos a falar são destinados justamente às PME, porque nem sequer as grandes empresas podem candidatar-se. Também há-de haver certo tipo de incentivos para empresas com maior fôlego e maior dimensão e outra capa-cidade económica. Esses projectos são muito importantes para nós em termos de criação de emprego e de valor acrescentado para a nossa economia turísticas. Agora também sabemos que o dinheiro europeu, e obedecendo até a critérios que são europeus, deve ser usado para incentivar os projectos das PME.

TERESA [email protected]

Presidente do Instituto de Turismo de Portugal crítico em relação ao QREN

“Preferíamos ter estratégias específicas para o sector do turismo”

Presidente do IEFP questiona

capacidade do país

para aproveitar fundos do QREN

O sector da restauração e bebidas emprega mais de 350 mil traba-lhadores, distribuídos por mais

de 85 mil estabelecimentos, representan-do, no âmbito do turismo, 90,9% das empresas, 75,6% dos postos de trabalho e 54,7% do volume de negócios. Repre-senta ainda 85% do PIB turístico e 6,7% do PIB nacional.

Os empresários e as associações do sec-tor sabem, como refere a ARESP, que só é possível obter ganhos significativos de produtividade “através da evolução das qualificações e do reconhecimento, pela via da certificação profissional, das com-petências dos trabalhadores”.

Uma ideia partilhada por Francis-co Madelino, presidente do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), que, em declarações à “Vida Económica” à margem do congresso da ARESP, referiu a importância da forma-ção, os apoios e as diferentes vertentes em que a mesma é colocada à disposi-ção e a evolução havida nesta matéria nos últimos anos.

“É preciso ter em conta os próprios nú-meros do sector e ver que as coisas me-lhoraram muito nos últimos anos com formação de qualidade”, referiu Francisco Madelino. Isto, embora “o país continue a ter de fazer um esforço de investimen-to enorme, quer por aquilo que são as exigências dos consumidores quer ten-do em conta os investimentos que estão programados para o país neste segmento e que são muitos e variados e onde cada vez mais a qualidade que se exige é uma qualidade maior”.

Questionado sobre os apoios do QREN (Quadro de Referência Estratégica Na-

cional) nesta área, Francisco Madelino confirmou-os, focando que os há tam-bém “do Estado através dos apoios que entram directamente pelo IEFP através do turismo”.

O presidente do IEFP referiu, aliás, que “na região não elegível de Lisboa e do Algarve os fundos são fundamentalmen-te públicos” e que “fora destas regiões os fundos são fundamentalmente comu-nitários”. E embora não haja “nenhuma demarcação de montantes financeiros” no âmbito do QREN, “as empresas e as entidades que fazem formação nesta área concorrem em pé de igualdade”.

O presidente do IEFP disse até que “não há problemas no que toca a apoios financeiros para estas entidades que fa-zem formação” e que no todo do quadro comunitário há “cerca de 6,6 mil mi-lhões de euros até 2013 neste segmento para todas as candidaturas”. O problema está na capacidade de absorver e de ren-tabilizar esses apoios, explica Francisco Madelino.É que, “embora na qualificação dos jovens possa haver alguma limitação orçamental, na qualificação dos activos o grande problema do país é ter capacidade de aproveitar todos estes fundos”, disse o presidente do IEFP à “Vida Económica”.

TERESA [email protected]

“Pusemos o turismo a competir com outras

actividades económicas, mas isso não é suficiente

para salvaguardar os interesses do turismo”

sexta-feira, 11 Abril de 2008ACTUALIDADE6

“Na qualificação dos activos, o grande

problema do país é ter capacidade

de aproveitar todos estes fundos”

“Estamos convencidos de que ainda há muito trabalho a fazer em termos de apresentação de candidaturas, porque esse dinheiro [100 milhões de euros] pode servir de contrapartida nacional de financiamentos comunitários que entretanto sejam obtidos”, disse Luís Patrão à VE.

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sexta-feira, 11 Abril de 2008 7actualidade

Presidente da ARESP em entrevista à “Vida Económica”

“Facilidade nos despedimentos pode melhorar o mercado de trabalho”Não se trata de “despedir por despedir”, mas de ter a “facilidade” de, “indemnizando”, poder pôr fim a um contrato em caso de “incompatibilidade” com um trabalhador, “da mesma maneira” que ele pode dizer “‘amanhã vou--me embora’”. Esta é a ideia de flexibilização que, aliada à adaptabilidade dos horários, o presidente da ARESP (Associação da Restauração e Similares de Portugal) quer ver adoptada pelo Código do Trabalho. Em entrevista à “Vida Económica” à margem do congresso da Associação, Mário Pereira Gonçalves foi claro: “Queremos uma legislação mais flexível, que sirva um lado e outro”.

Vida Económica – A ARESP tem pugnado por uma redução do IVA e pela harmonização das taxas com as praticadas em Espanha (5%). Que-riam, inclusive, que o primeiro-minis-tro viesse ao congresso anunciar essa boa notícia para sector…

Mário Pereira Gonçalves – Não queríamos propriamente que ele viesse anunciar… Nós entendemos é que os impostos e todas as taxas sejam harmoni-zadas com Espanha. É uma pretensão de há décadas e que já vem de trás, porque, sendo a Espanha o país que mais concor-re connosco em termo turísticos, é lógico que em termos das taxas do IVA — e se nós estamos no mesmo barco que é a mes-ma Europa – não é aconselhável e é pre-judicial para os empresários portugueses ter taxas diferentes, nomeadamente mais 5% do IVA que em Espanha. E agora é a altura ideal para começarmos a preparar esta situação, não para pedir ao Gover-no para nos dar já essa redução (se der já melhor), mas para que no futuro venha a considerar-se essa harmonização. En-quanto isso não acontecer, nós não des-cansamos. Estivemos três anos calados, o Governo também estava a fazer um esfor-ço e teve de aumentar o IVA normal de 19 para 21% e não seria lógico estarmos a pedir para baixar o nosso IVA quando na taxa normal a incidência é mais flagrante em todos os produtos.

VE – Mais para o final da legislatura a descida do IVA pode já ser possível?

MPG – É a altura. A prova é que o Go-verno endireitou as contas públicas, neste momento baixou num ponto percentual na taxa do IVA normal e pensamos que esta é a altura ideal para começar a pre-parar no próximo Orçamento do Estado

uma descida do IVA, o seja, a harmoniza-ção com Espanha.

VE – Num comunicado de imprensa recente diziam que muitos empresá-rios deslocalizaram a actividade para Espanha por causa do diferencial de IVA. É assim?

MPG – É verdade. Há restaurantes se-diados em localidades, vilas e aldeias na raia com Espanha que, dado que os pro-dutos em Portugal, além de serem mais caros têm essa diferença do IVA, vão a Espanha abastecer-se, não só de produtos alimentares como também de combustí-vel. Ora, isso prejudica o país e a melhor maneira de afastar essa situação era har-monizar os impostos com Espanha.

VE – Um dos pontos em que também têm insistido é na reforma laboral. De-fendem, inclusive, um ‘embaratecimen-to’ dos despedimentos, de forma a po-derem aumentar mais os salários. Qual é a vossa exigência em concreto?

MPG – Não, nós pensamos é que a legislação laboral tem de ser mais flexível porque não compreendo como é que um trabalhador que se incompatibiliza com a empresa ou com os patrões ou gerentes pode continuar ao serviço dessa empresa. Isso não é bom para a empresa nem para o trabalhador. Penso que havendo uma maior possibilidade de despedimento – não que-rendo com isto dizer que vamos despedir – o trabalho nas empresas e o mercado é capaz de melhorar. O problema que se põe é que muitas empresas talvez até necessi-tassem de ter mais funcionários e não têm precisamente por causa dessas…

VE – Dessa dificuldade em despe-dir?

“Esta é a altura ideal para começar a preparar no próximo Orçamento do Esta-do uma descida do IVA”, lembra o presidente da ARESP, em entrevista à “Vida Económica”.

MPG – Não é por causa da dificul-dade em despedir. É que se houver uma incompatibilidade entre a empresa e um trabalhador…

VE – Incompatibilidade a nível pes-soal ou profissional?

MPG – Olhe, por vezes, as incom-patibilidades nem são com as entidades patronais, são entre trabalhadores. Agora nós não queremos despedir, nós quere-mos é ter condições para que as empresas funcionem. Porque é que o trabalhador tem a facilidade de chegar à beira da enti-dade patronal e dizer ‘eu amanhã vou-me embora’ e a empresa não pode fazer da mesma maneira, indemnizando o que ti-

ver de indemnizar e dentro do que forem as condições a lei?

VE – Mas o despedimento é possível, através de procedimento disciplinar.

MPG – Desculpe lá, não há ninguém que consiga despedir com processo dis-ciplinar, porque é preciso testemunhas e as testemunhas dificilmente se arranjam. Há casos de roubos de dinheiros que, não sendo confirmados, não se conseguiu despedir o trabalhador. Nós não quere-mos despedir por despedir. Queremos é uma legislação mais flexível, que sirva um lado e outro.

TERESA [email protected]

A revisão do Código do Trabalho que se avizinha – o ministro Vieira da Silva deverá apresentar aos parceiros sociais, nos próximos dias, uma proposta de revisão do diploma – gera expectativas em vários quadrantes. A ARESP, que reuniu em congresso a semana passada, não ignorou o tema e, além de facilida-des nos despedimentos quer mais adap-tabilidade nos horários de trabalho.

Em entrevista à “Vida Económica” à margem do congresso, Mário Pereira Gonçalves defende os “bancos de ho-ras”, de maneira a poder “ter um tra-balhador que em três ou quatro dias trabalha 10 horas e depois é compen-sado em tempo nos dias seguintes, por exemplo”. Uma proposta já avançada pela Comissão do Livro Branco das Relações Laborais, mas que “vamos ver se vai ser materializada”, diz, céptico,

o presidente da ARESP. À parte da re-visão laboral, a concessão de apoios fi-nanceiros à restauração e bebidas está na ordem do dia, embora Mário Perei-ra Gonçalves não veja que eles sejam possíveis de obter através do QREN (Quadro de Referência Estratégica Na-cional). “Tal qual está, dificilmente as empresas que não estão devidamente organizadas têm de possibilidades de aceder ao QREN”, disse à “Vida Eco-nómica”. A alternativa é trabalhar com o Instituto de Turismo de Portugal no sentido de “negociar um programa do tipo PROREST”, com “bonificação de juros”. “Nós não queremos dinheiro dado. Queremos é dinheiro emprestado em boas condições e com juros baixos”, diz o presidente da ARESP.

TERESA [email protected]

aReSP quer apoios do turismo de Portugal

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Os grandes bancos mun-diais receiam cada vez mais o aumento norma-

tivo e a legislação cada vez mais complexa. O seu cumprimento torna-se cada vez mais difícil, à medida que as entidades crescem e os mercados se tornam mais sofis-ticados. Os bancos estimam que o controlo deste custo será cada vez mais dispendioso, de acordo com um estudo da Ernst & Young.

Com uma agravante, muitos bancos nem sequer conseguem calcular o gasto total nesta maté-ria. Aos custos directos que gera o cumprimento normativo há que juntar os custos indirectos, os quais são difíceis de calcular. Cer-

to é que a melhoria desta variável é uma das principais preocupa-

ções para o futuro do negócio. To-davia, há sempre que ter em conta

que toda a estrutura regulamentar tem um incidência directa na efi-ciência do sector financeiro.

Os bancos reconhecem, por seu lado, que o rápido crescimento do negócio nos últimos anos e a sua expansão global deu lugar a estru-turas pouco eficientes, a sistemas e processos redundantes, o que faz com que os custos aumentem para estas entidades. Uma coisa é certa: parecem não existir receitas gerais, aplicáveis a todas as entidades, para fazer face às matérias regula-mentares. O que significa que cada banco deverá estabelecer os seus objectivos e elaborar as metodolo-gias adequadas.

As recentes medidas dos Esta-

dos Unidos poderão representar um exemplo a seguir. Foi realiza-da a maior reforma na arquitec-tura do sector financeiro desde os anos trinta. Não é reforçada a regulação sobre as entidades fi-nanceiras, limitando-se a dividir as competências actuais entre os organismos já existentes e outros de nova criação. O objectivo da reforma é actualizar o funcio-namento dos supervisores, os quais são liderados pela Reserva Federal e pela SEC. O principal objectivo passa por evitar crises como aquela desencadeada pelo mercado hipotecário de alto ris-co. Talvez seja uma das soluções possíveis.

Políticos europeus pedem contenção nos salários

A inflação está a suscitar pre-ocupações crescentes entre os políticos da União Euro-

peia. Há fortes receios que os pre-ços subam substancialmente nos próximos tempos. Face a este ce-nário, os governos, os patrões e os sindicatos foram avisados para não negociarem aumentos salariais.

A realidade é que se corre o ris-co de impulsionar a inflação para níveis recordes e afectar as pessoas com menos capacidade de com-pra da sociedade. Esta a perspec-tiva manifestada pelos ministros das Finanças da União Europeia e dos próprios bancos centrais. A Alemanha poderá ser uma excep-ção, já que se justificam aumentos salariais, depois de muito tempo de grandes esforços por parte dos trabalhadores. Naturalmente, os sindicatos não encaram com bons olhos esta posição assumida pelos políticos, pelo é que de esperar manifestações e contestação um pouco por toda a Europa.

A inflação anual, na zona euro, terá registado um agravamento para 3,5%, no mês passado, na-quele que foi o valor mais alto em 16 anos e muito acima do li-mite de 2% imposto pelo Banco Central Europeu. Ora, foi acon-selhado que não fosse seguido o rumo alemão. Os salários têm sido aumentados, através de acordos salariais, mas esta economia está em boa florma e os salários foram congelados durante três anos con-secutivos.

Existe ainda um outro problema que os ministros das Finanças fa-zem questão de salientar: um mui-to provável abrandamento da taxa de crescimento. Ainda que não seja esperada uma recessão efectiva, o BCE recomenda muita prudência aos agentes económicos. O turbi-lhão financeiro ainda se faz sentir e a economia dos Estados Unidos atravessa sérias dificuldades.

FMI apela a intervenção governamental para combater a crise

O Fundo Monetário Inter-nacional considera ne-cessária uma intervenção

governamental a um nível global para colocar um travão à crise do crédito. Deixou ainda o aviso que o turbilhão no mercado financei-ro terá fortes consequências no crescimento da economia mun-dial. O FMI acha que se tornou evidente a importância de uma intervenção pública.

Para aquela instituição, seja no mercado imobiliário ou no sec-tor bancário, a intervenção dos governos funcionaria como uma espécie de “terceira linha de defe-sa”, por via de um apoio efectivo às políticas monetária e fiscal. A intervenção e as medidas pedidas pelo fundo, naturalmente, não deixam de levantar polémica, já que implicam um maior envol-vimento dos governos nacionais, numa altura em que tanto se fala de globalização e de mais merca-do e menos Estado.

Os argumentos usados não dei-xam de fazer pensar. Até agora, as autoridades, especialmente nos Estados Unidos, limitaram-se a avançar com medidas mais drás-ticas para suportarem a liquidez do mercado, mas nada fizeram ao nível de uma intervenção efectiva no sistema financeiro. Entretanto, os políticos, na sua grande maio-ria, marcam passo e consideram que ainda não é necessária uma intervenção pública mais ampla. Para já, tal hipótese apenas tem sido referida, mas parece ainda estar longe o momento de ser co-locada em prática.

O FMI, como lhe cabe, deve-rá começar a pressionar cada vez mais para que os ministros das Finanças e os bancos centrais pas-sem a acção. Até porque avisa que a crise é global e nem sequer os países emergentes, como a Índia e a China, vão ficar de fora. Ora, a intervenção pública teria efeitos directos no crédito e na própria

crise. Terá que haver esforços para reestruturar os empréstimos. Ou seja, se o sector privado não está em condições de fazer face ao problema, então a intervenção dos dinheiros públicos poderá ser uma possibilidade.

A realidade é que a instituição reviu em baixa o crescimento mundial. Muitos dos problemas previstos anteriormente começa-ram a materializar-se. Além disso, uma outra preocupação a que é preciso dar atenção prende-se com os preços das matérias-pri-mas. Os bancos centrais estarão algo contrangidos a fazerem face aos riscos decorrentes dos preços cada vez mais elevados. Considera o Fundo que os Estados Unidos e outros países têm capacidade para baixarem os impostos, se necessá-rio, o que já não se passa com a maior parte das nações da União Europeia. As estratégias podem ser adequadas país a país, de acor-do com a sua situação actual.

sexta-feira, 11 Abril de 2008InternacIonal8

Vida Económica Editorial, SA R. Gonçalo Cristóvão, 111 - 6º Esq. 4049-037 PortoInf: Ana Maria Vieira Telf. 223 399 457/00 Fx. 222 058 098 [email protected]

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Grandes bancos receiam regulamentação excessiva

O rápido crescimento do negócio

nos últimos anos e a sua expansão global deu lugar

a estruturas pouco eficientes

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O fio dos diasA. mAgAlhães pintoEconomista

[email protected]://poliscopio.blogspot.com

Diz-se que há dois sinais iniludí-veis de que estamos a ficar ve-lhos. O primeiro é a perda de

memória. E o segundo é… bolas, já não me lembro! Por isso e também por ra-zões de sanidade mental, vou anotando os meus pensamentos no fio dos dias. É confrontar-me a mim próprio com a coerência daquilo que penso. Ao fim de algum tempo, ficam-nos na mão os sinais evidentes dos tempos atribulados que vivemos. E as palavras e os gestos dos políticos não caem no atoleiro do esque-cimento. Quer um exemplo, meu Caro Leitor? No dia 23 de Janeiro de 2007, José Sócrates, o nosso Primeiro-Ministro, afirmou na Assembleia da República:

- Para combater a corrupção, não é pre-ciso fazer nenhuma asneira.

Não foi preciso muito tempo. Como verá abaixo, por mais de uma vez, o Es-tado não pára de perder processos em tri-bunal por asneiras que fez – e continua a fazer – em nome desse combate.

Hoje, decidi rever, para o meu Leitor, o que mais me impressionou durante o último mês de Março. Chega-se ao fim com a noção de que, realmente, o mundo português en-doideceu. Venha daí co-migo, meu Caro Leitor.

***

Março/1O Presidente da Repú-

blica denunciou a parti-darização da luta dos pro-fessores, argumentando que não se podia pronunciar sobre essa luta pelo dever de ser imparcial. Esquecendo que a parcia-lidade tanto pode resultar do que se diz como do que se não diz. Além de que pa-rece desconhecer o que se passa.

Março/2A vida de Luís Filipe Meneses dentro

do Partido tenderá a ser tanto mais difí-cil quanto a popularidade do Primeiro-Ministro, cá fora, esteja mais degradada. Uma questão de “disponíveis”.

Março/3Vão acabar os segredos do Estado. A

Assembleia da República vai ter acesso aos documentos classificados. Uma vez que todos sabemos como se comportam os políticos em matéria de segredos, não é difícil reconhecer que chegou a tão recla-mada transparência pública.

Março/4“O PSD está desorientado. O seu Pre-

sidente de bancada na AR desautorizou o porta-voz para a Educação nomeado por Luís Filipe Meneses.”

Augusto sAntos silvA, Ministro“PÚBLICO”

“O PS preza a pluralidade de opini-ões.”Augusto sAntos silvA, Ministro (a propósito da desautorização que fez do secretário de Estado válter

lemos, no conflito deste com Ana Benavente, também socialista)

“PÚBLICO”

O ridículo levado aos extremos. Augus-to Santos Silva é apenas mais um vende-dor de banha da cobra, desonesto, que aplica um olhar vesgo à mesma situação em sua casa e na casa do vizinho.

Março/5Como Santana, Carrilho analisa na sua

crónica de hoje, no “PÚBLICO”, que o Governo incendiou a sociedade com a re-forma da Educação. Pelos vistos, com a solidariedade institucional da Presidência da República. A qual parece excluir o Go-verno da necessidade de serenidade nego-cial e política. Sente-se a falta de alguém como Mário Soares, defendendo o direito à indignação. Se o incêndio não for ime-diatamente atalhado, corremos o risco de ter, no final, a Educação reduzida a cinzas. E, com a Educação, o futuro.

Março/6O Primeiro-Ministro quis ter uma ma-

nifestação a seu favor no dia em que os professores se manifestam contra ele. No Porto. Primeiro, no Pavilhão Rosa Mota. Depois na Praça D. João I. Passou agora para o pavilhão do Académico e para a se-mana seguinte. Ainda vai acabar por ter o comício nalgum café de bairro.

Março/7O que me espanta é que todos os de-

partamentos deste Governo nunca se en-ganam e raramente têm dúvidas. Deve ser con-tágio da Presidência da República. Há cavaqui-nhos por todo o lado!...

Março/8Face à esmagadora

manifestação dos profes-sores, tornou-se patética a entrevista da Ministra à SIC, ao fim da tar-de. Já não havia prazos

para a avaliação, já não havia modelo de avaliação, diálogo há o que os sindicatos quiserem. A mulher arrogante que tem encarado os professores como a plebe da sua coutada parecia o maior dos seus ser-vidores.

Março/9Os barões do PSD não aceitam Luís

Filipe Meneses como líder do Partido. Preferem José Sócrates como líder de Por-tugal. É o que se chama uma Oposição de peso!...

Março/10“Com a maioria absoluta, não é preci-

so que as reformas sejam boas, basta dizer que elas são impopulares e que quem se lhes opõe é contra as reformas.”

rui tAvArEs“PÚBLICO”

Março/11Quando um aluno, reconhecidamente

estudioso e trabalhador, recusa a avaliação dos professores pelas notas que recebe, es-tamos na presença do melhor certificado de incompetência da Ministra da Educação.

Março/12A FENPROF diz que viu uma luz ao

fundo do túnel, ontem, no Ministério da Educação. Esperemos que não seja o ve-lório da Ministra. (A luz viria a apagar-se mais depressa que um pavio em cemité-rio.)

Março/13Quando, no tempo de Guterres, os pro-

testos em Lisboa levaram à abolição de al-gumas portagens naquela região, também se aboliram algumas no Porto. Sabe-se agora que foi tudo para “inglês” ver. Com tudo calmo, reintroduzem-se as portagens no Porto e deixa-se ficar tudo igual em

Lisboa. É preciso dar a independência a Lisboa. Urgentemente. Se possível, quan-do todos os governantes estiverem ali reu-nidos em plenário.

Março/14Com os professores mobilizados para o

comício do PS de amanhã, no Porto, o melhor é os socialistas mudarem o local da congregação para o Estádio do Dra-gão.

Março/15No CDS/PP há inúmeros descontentes

com a liderança. No PSD, há inúmeros descontentes com a liderança. Começa a tomar forma o novo Partido da direita portuguesa. Até já podia ter nome: PPSD - Partido Popular Social-Democrata.

Março/16Pinto Monteiro, o Procurador-Geral da

República, afirmou que há muita coisa em segredo de justiça que não precisa de estar. Uma novidade. Até agora sempre pensei que não havia essa figura da fanta-sia chamada “segredo de justiça”.

Março/17Mais um processo judicial colocado

contra o Estado e ganho no Supremo Tri-bunal Administrativo. Desta vez na área fiscal. Já não têm conta os processos per-didos, em diferentes áreas da governação. Este Governo colocou o Estado fora de lei...

Março/18Dava mil contos só para saber onde

foram parar os mil contos que ANEL Pinheiro afirma ter entregado a Pacheco Pereira.

Março/19O Governo anunciou, em 2007 e com

pompa e circunstância, que ia baixar os preços de muitos medicamentos, “o que era muito bom para os Portugueses”. Si-lenciosamente, baixou, ao mesmo tempo, o va-lor das comparticipações do Estado nesses medi-camentos. Resultado: os doentes tiveram que pa-gar ainda mais caro. De um só golpe, José Sócra-tes transformou muitos medicamentos em pura banha da cobra.

Março/20Nunca nenhum Governo ofendeu tan-

to como este os direitos dos cidadãos. Prova? As dezenas (centenas? milhares?) de processos perdidos pelo Estado em tribunal.

Março/21O pior pecado da actual Ministra da

Educação é o de estragar a presente gera-ção escolar de Portugal.

Março/22Em 2006, o Estado tinha 235 milhões

de dólares aplicados em paraísos fiscais. Pudera! Com a sanha cobradora de im-postos do Ministro das Finanças, nem o Estado está a salvo cá.

Março/23Pelo que vemos, o enterro da Ministra

da Educação só acontecerá nas próximas eleições gerais. Em caixão duplo. Para que

caiba também quem a mantém no Minis-tério quando já é cadáver.

Março/24Há novos fiscais das Finanças Portugue-

sas: os noivos. Esforçados e sacrificados: em vez de irem para lua-de-mel, passam os quinze dias de férias sacramentais a in-vestigar e a denunciar ao Fisco mais infor-mação do que tiveram que arranjar para o padre. Eis como, em nome de um bom princípio – o combate à evasão fiscal – se pode ser tão ridiculamente tonto. O Esta-do Português ensandeceu e não sei onde encontraremos hospício para ele.

Março/25Mais de cem mil famílias portuguesas

encontram-se no limiar da insolvência. E o número não pára de aumentar. É o paraíso socrático a começar a abrir as suas portas.

Março/26A visita do casal Cavaco Silva a Moçam-

bique não podia correr melhor. Desde Vas-co da Gama que a saudade dos Portugueses não se desvanece na terra da boa gente.

Março/27Fui às compras ontem, depois do anún-

cio do Governo sobre a redução do IVA. E cheguei a esta conclusão: para a genera-lidade dos preços, a redução não paga o trabalho de substituição das etiquetas dos preços.

Março/28É assim com a maioria dos impostos

sobre o consumo: quando aumentam, o consumidor paga; quando baixam, o pro-dutor embolsa. Mais uma medida estú-pida do Governo, a descida do IVA. Se queria realmente beneficiar quem paga, baixava os impostos sobre o património ou sobre o rendimento. Felizmente, foi uma estupidez pequenina, só de 1%.

Março/29Nasceu a polémica

sobre a nova ponte de Lisboa. Reacendeu-se a polémica sobre o Novo Aeroporto de Lisboa. O melhor mesmo é acabar com os dois projectos e não se fala mais nisso.

Março/30Primeiro foram os “bu-

fos”. Depois a avaliação dos funcionários públi-

cos em função das suas atitudes pró ou contra governamentais. Agora, uma inad-missível vingança contra alguém a quem o país deve alguma coisa e deverá muito mais no futuro, seguramente, só porque esse alguém afirma ser oposição ao Gover-no. A Democracia – que Sócrates tanto defendeu no tempo dos Gregos – aperfei-çoa-se com outro Sócrates.

Março/31O Presidente da República está com

gripe. Oxalá o Governo não aproveite para um golpe de estado palaciano. (Não houve. Mas não deve ter sido por falta de vontade.)

***

Um mês das nossas vidas. Vazio. No qual, as más notícias superaram as boas. Já começamos a ficar habituados.

sexta-feira, 11 Abril de 2008 9OPINIÃO

O Estado Português ensandeceu e não sei onde encontraremos hospício para ele

O pior pecado da actual Ministra da Educação é o de estragar a presente geração escolar de Portugal

“O Estado não pára de perder processos em tribunal por asneiras que fez – e continua a fazer – em nome desse combate.

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Estamos num país e numa época em que vale tudo na venda de uma ideia, de um conceito ou de uma

posição profissional – há a generalizada e notória consciência que falta rigor na exposição mas o fundamental é preservar ou conquistar audiências, quaisquer que elas sejam ou de onde venham. É lasti-mável mas é assim que tudo funciona, porque também há a consciência de que o tempo de vida da ideia ou da palavra é curtíssimo, assassinadas pela outra que vem logo a seguir, igualmente bizarra, es-drúxula ou mal concebida.

Li há poucos dias uma longuíssima entrevista com um dos mais conhecidos responsáveis pela “cultura da inovação” empresarial em Portugal – e fiquei, pri-meiro, siderado perante as principais ideias defendidas e, depois, renovada-mente preocupado pela prevalência com que elas passam para o público, sem con-testação nem contraditório.

Assim, a inovação seria o acto produ-tivo do gerar valor económico e social, para além do conhecimento propriamen-te dito, não exclusivamente aplicável aos bens e serviços mas também aos proces-sos, à organização e ao mercado.

A cola universal utilizada na generali-zada aplicação da inovação chamar-se-ia empreendedorismo, de que teremos imensa falta e necessita de ser incentiva-do, apesar de muito mais difícil nos sec-tores tradicionais que nos de ponta.

É fundamental que se diga que este conceito de inovação não merece ter va-limento nem difusão na arte da gestão de empresas – e é curiosa a coincidência de

ele só ser difundido por quem tem pou-ca ou nenhuma experiência do “sujar as botas e as mãos” nas realidades empresa-riais.

Comecemos exactamente por aqui,Para este tipo de profissionais profun-

damente elitistas, produtos do tipo “Jor-nal de Notícias” e Mateus Rosé ou mar-cas como Continente ou Impala não têm ponta de qualidade e inovação. O mes-mo que, ao nível internacional, se pas-saria com a McDonald’s, a “Hola” ou as “low costs”. Para eles, a difusão do conheci-mento, as novas tecno-logias e os ditos exce-lentes produtos delas derivados constituem a razão de ser exclusiva da inovação.

O que acontece é que a inovação, hoje, já deixou de existir per si, pela razão simples de ter passado a ser o único factor de viabi-lidade, diferenciação e última vitória no mercado – e, se eles soubessem, deveriam estudar profundamente o último “case study” da alternativa entre o excelente produto (o HD DVD da Toshiba) e o ar-rasador e vencedor produto de excelência (o Blu-Ray da Sony).

Defender que a inovação também é aplicável aos processos, à organização e ao mercado é uma inaceitável e incom-petente redundância, pela razão simples de, sem eles, não haver produto nem em-

presa nem projecto – não há inovações “abre chaveta” mas sim e exclusivamente produtos e serviços que, sempre atentos e eficazes na defesa das suas vantagens com-petitivas, fazem da inovação 360 graus a única forma de viver e actuar.

Não há uma “cultura da inovação”, como defendem; deve haver, isso sim!, uma visão e cultura empresariais que fa-çam da inovação a sua razão de ser – mas isto com uma condição nuclear básica: o desenho, produção e implementação no

mercado de produtos e serviços concebidos di-recta e exclusivamente para cobrir, gerar ou inventar uma necessi-dade de mercado.

O Professor Pardal, na indústria foi a ideia e a profissão que mais rapidamente passou à história empresarial, depois de ter derretido milhões e levado à fa-lência o que pareciam ser belíssimos projec-tos de investimento.

Por isso, também, aqueles burocratas da inovação fingem não conhecer ou depre-ciam o papel do capital de risco (infeliz e praticamente inexistente no investimento português) na análise e selecção dos pro-jectos merecedores da aposta na qualifica-ção de produto de excelência. O tal em-preendedorismo nasceu, viveu e singrou nas economias mais evoluídas a ouvir sucessivos e redundantes não! dos investi-dores e assim se fez a selecção natural en-

tre projectos tendencialmente vencedores e os lirismos pardalescos.

O pior é quando esses responsáveis defendem o “innovation scoring” e a necessidade de existência de um corpo normativo como pressuposto da melhor e mais eficaz gestão da inovação, fora do enquadramento puro e duro da avaliação do mercado e do desempenho da empre-sa. É fatal – os burocratas não estão ex-clusivamente na administração pública e têm todos uma característica em comum: o sonho irrealizado mas sempre prosse-guido de controlar e substituir o mercado e o consumidor.

Lamento e deploro algumas das opções do mercado a que assisti – não são racio-nais nem economicamente justificáveis. Só que, apesar de o cliente não ser sempre a última e única referência, é o mercado que viabiliza, garante e sustenta os pro-jectos de sucesso e, portanto, intrinseca-mente inovadores. Se o não forem, siste-mática e constantemente, sabem que só têm um destino – a sua exclusão. Quem julga que é de fora, por fora e com os de fora que se consegue definir o brilhantis-mo dos seus produtos e serviços engana- -se redondamente.

A inovação faz hoje parte do processo de sustentação permanente do produto e serviço – não é a mera soma do brilhan-tismo da sua concepção com a clarividên-cia do consultor que propôs os processos, a competência do fornecedor que vendeu os respectivos equipamentos e a formação aturada dos recursos humanos contrata-dos. O resto é inovação em powerpoint para venda em formação de incautos.

sexta-feira, 11 Abril de 2008OPINIÃO10

A correcção no conceito de inovaçãoM. J. CArvAlho

Economista (oE 1613)

[email protected]

Não há uma “cultura da inovação”, como defendem; deve haver, isso sim!, uma visão e cultura empresariais que façam da inovação a sua razão de ser

O Governo português anunciou uma redução da taxa do IVA em um ponto percentual, de 21%

para 20%.Aparentemente, estamos perante uma

medida positiva. Por várias razões, das quais me atrevo a destacar duas.

A primeira resulta do facto de enten-dermos que qualquer alívio da carga fiscal contribui necessariamente para uma maior dinamização da economia.

A segunda é consubstanciada pela cir-cunstância de poder concluir-se que a redução terá subjacente o facto de o Go-verno entender que a situação das finanças públicas portugue-sas melhorou. O que, sendo um sinal com uma carga psicológica importante, poderá igualmente contribuir para uma maior con-fiança dos agentes eco-nómicos.

Não podemos, pois ,concordar com aque-les que se apressaram a desvalorizar esta decisão. Como não podemos igualmente subscrever a posição dos que nela apenas vêem objectivos eleitoralistas, até porque, se assim fosse, todas as críticas que num passado recente foram efectuadas aos su-cessivos aumentos do IVA perderiam todo o sentido.

Não obstante, devo dizer que, enquan-to Presidente da Direcção da AIMMAP – Associação dos Industriais Metalúrgicos,

Metalomecânicos e Afins de Portugal, não estou minimamente disposto a embandei-rar em arco. É caso para dizer que nem oito,nem oitenta.

Com efeito, embora positiva, esta des-cida da taxa do IVA não resolve por si só problema algum.

Para que possa ter verdadeiro impacto na economia nacional, terá de ser acompa-nhada rapidamente por outras medidas de natureza fiscal.

Aliás, todos queremos reconhecer que o actual Governo tem uma estratégia de-finida em sede de política fiscal. Mas não

será menos certo que jamais se poderá qua-lificar como estraté-gica – ou enquadra-da numa estratégia - uma medida que passe pela redução da taxa de um impos-to num mero ponto percentual.

Fico, pois, expec-tante no sentido de assistir agora, no ti-ming que o Governo entender o mais ade-quado mas necessa-riamente no decurso

da actual legislatura, ao anúncio de novas medidas que complementem a da redução do IVA.

Medidas que dêem consistência e um sentido verdadeiramente estratégico ao que agora foi anunciado.

A esse propósito, entendo pois que é tempo de insistirmos numa sugestão que a AIMMAP apresentou publicamente há

pouco mais de um ano: a redução do IRC.

Estamos convencidos de que essa seria a me-lhor solução possível para dar sequência a alguns esforços já efectuados no sentido de se dinamizar a economia portuguesa.

Acresce que, como te-mos vindo a sustentar – no que somos por mui-tos acompanhados -, essa seria uma forma eficaz de fazer aproximar a nossa tributação nesse âmbito com as que, relativamen-te a esse mesmo imposto, estão em vigor na genera-lidade dos países cuja ade-são à União Europeia foi mais recente — os quais são inequivocamente os principais concorrentes da economia nacional aos mais variados níveis.

Esses países têm políticas agressivas em sede de IRC, tendo em vista não só uma maior competitividade das suas economias como igualmente um reforço da sua capa-cidade de atracção de investimento estran-geiro.

Correremos, pois, o risco de perder esse combate com os nossos concorrentes direc-tos se não formos capazes de implementar políticas semelhantes.

Independentemente do exposto, há uma outra questão que nos deve fazer reflectir neste contexto.

De facto, conforme acima sublinho,

como entendo neces-sariamente que somos governados por pessoas sérias, qualificadas e res-ponsáveis, associo esta decisão de se proceder à redução do IVA ao fac-to de, seguramente, ter havido uma evolução positiva no estado das finanças públicas portu-guesas.

Parece, pois, que esta-mos a atingir um ponto de viragem em Portugal, onde, finalmente, po-derá passar a haver vida para além do défice.

Depois de sucessivos anos de sujeição impie-dosa da economia às finanças, vislumbra-se enfim um pequeno sinal de liberdade.

O que me obriga necessariamente a con-cluir que estão prestes a ser criadas todas as condições para que sejam dados novos passos importantes e coerentes no sentido de se estimular verdadeiramente a nossa economia.

Pelo que, se há condições para isso, nin-guém entenderá que continue a ser adiada a adopção da medida que a própria econo-mia mais reclama para prossecução de tal objectivo: a redução do IRC.

Essa será seguramente a única forma de conseguirmos assegurar que as nossas em-presas serão competitivas no contexto da economia global. Haja, pois, coragem e responsabilidade para tanto.

António SaraivaPresidente da Direcção

da AIMMAP

“Não podemos igualmente subscrever a posição

dos que nela apenas vêem objectivos eleitoralistas”

A descida do IVA

Jamais se poderá qualificar como estratégica uma medida que passe pela redução da taxa de um imposto num mero ponto percentual

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MatosinhosRui Moreira, presidente da Associação

Comercial do Porto, poderá envolver-se nas próximas eleições autárquicas. Amigo de Luís Filipe Menezes, o seu nome circu-la no mercado partidário como provável candidato a Matosinhos. Com o eleito-rado socialista a dividir-se entre Narciso

Miranda e o candidato oficial, Guilherme Pinto, o PSD tem uma oportunidade his-tórica de conquistar o município, sempre gerido pelos socialistas. O PSD pretende assim apresentar uma candidatura medi-ática, forte e abrangente. E Rui Moreira cumpre esse perfil.

Tropeçar nos próprios pés é uma das vocações pre-feridas dos portugueses. Há excepções, é evidente, como Cristiano Ronaldo que nem nos pés dos ad-

versários tropeça e consegue marcar golos de fazer inveja a artistas e estilistas. Mas a verdade é que ainda recente-mente no Porto, Basílio Horta invocou a tendência lusa para tropeçar nos próprios pés. No caso, o presidente da AICEP referia-se às contestações e intrigas que logo sur-

gem quando alguém comete uma proeza. A ex-API esfor-çou-se e conseguiu uma saborosa vitória ao desviar para Mira uma fábrica da Pescanova que seguia a caminho do Chile? Logo, os grupos ambientalistas apresentaram provi-dências cautelares, questionaram a localização e os efeitos ambientais. Todos estes aspectos tinham sido avaliados e ponderados, antes da assinatura do contrato de investi-mento. Mas o processo atrasa, não se cumprem os prazos,

é preciso aguardar que os tribunais decidam. No litoral alentejano, um projecto estava encalha-

do há 12 anos, sem motivos plausíveis e a equipa de Basílio desencravou-o? Mais uma vez, uns grupos am-bientalistas contestam a decisão, protestam e atrasam o lançamento do projecto.

Basílio não citou, mas nesta linha de raciocínio po-demos invocar, por exemplo, as iniciativas do verea-dor lisboeta Sá Fernandes, que “atrasou” obras, como o túnel do Marquês, que afinal, não sofriam de qual-quer irregularidade nem induziam efeitos nefastos e foram realizadas de acordo com o projecto inicial. Todas estas iniciativas, de ambientalistas ou políticas, são legítimas, embora por vezes se revelem, em nome do bem público, despropositadas, ilógicas e nocivas. Mas há um reverso nesta medalha. Reparem o que sucedeu na Ota.

Toda a gente dizia que era a melhor localização e só depois de um coro de críticas e contestações é que, afinal, se verificou que havia uma solução melhor. Ou seja, esta tendência para tropeçarmos nos próprios pés talvez decorra da falta de confiança que nós te-mos nos pés que nos conduzem.

anti-regionalização

&ÓcioNegócios

A AICEP concentra os seus serviços num novo num novonum novo

edifício no Portono Porto

Letras & tretastropeçar

o QUE sE DiZ

MaDriDA Sonae Distribuição estará a encarar a

hipótese de entrar em Espanha com o seu formato de maior sucesso em Portugal, o Continente.

Há outras marcas do seu universo que apostaram no mercado espanhol, mas a hipótese da ofensiva espanhola envolver o Continente não se tinha colocado. Apa-rentemente, há estudos e planos internos que contemplam essa possibilidade.

A intenção seria entrar nas principais cidades espanholas, a começar pela capi-tal.

saLárioCom o presidente e vice-presidente em dedicação plena e

tarefas executivas, Couto dos Santos fica com uma margem de manobra reduzida na AEP. Couto, cada vez mais envolvi-do na política partidária, é o principal executivo e na prática dirigia a associação.

O que sucederá no futuro, depois das eleições de Maio? O exercício da previsão é sempre ingrato, mas a verdade é que o seu salário e o estatuto de que desfruta parecem constituir logo à partida um problema. Há quem considere o salário exorbitante e desproporcionado. Se o futuro presidente vai dedicar-se em exclusivo e ganhar menos do que o actual vice-presidente executivo, como poderá aceitar que Couto dos Santos se desdobre em actividades?

Sinais dos tempos. Antigamente, o formato do es-cândalo era sexo, mentiras & vídeo. Na época do You Tube a fórmula passou a ser escola, violência e

telemóvel. A moda é reduzir as mensagens importantes a sound bytes de efeito garantido.

A nova variante é o recurso a uma letra para indicar atributos ou atitudes essenciais Um exemplo. Na po-lítica, passou a ser moda dizer que os dirigentes parti-dários têm de passar no crivo dos três Cês: Confiança, Credibilidade e Carácter. Ora, a trilogia aplica-se, afi-nal, a todos os dirigentes em geral. Outra trilogia que entrou na moda é que, segundo os sábios, impulsiona o endividamento das famílias.

Neste caso, a culpa é de um dos Dês — Divórcio, De-semprego ou Doença. Os três juntos então é uma catás-trofe.

Quando se fala de seguros ou banca, entram em acção não três mais quatro Pês - Produto, Preço, Publicidade e “Place (canais de distribuição). Há mesmo quem lhe acrescente um quinto, de Produtividade.

Os industriais costumam poupar nos Pês – Produto, Processo e Preço. A letra Pê é, por sinal uma das mais requisitadas nestes concursos de síntese. Um livro sobre liderança editado recentemente fala nos cinco Pês decisi-vos – Prestar (atenção ao que é importante),

Premiar (o que quer manter), Punir (o que não pode deixar de acontecer), Pagar (pelos resultados obtidos) e Promover (quem lhe garanta os resultados). A letra I também tem potencialidades porque gera conceitos como Inovar, Imaginar ou Instruir. Instruir? É melhor ficar por aqui.

Na AEP, o salário (e estatuto) de Couto dos Santos

vai tornar-se num problema

sexta-feira, 11 Abril de 2008 11

À revelia das suas origens históricas, os gran-des bancos portugueses concentraram em Lisboa os seus centros de decisão. É fatal,

num país com tradição centralista e com espaço para um único centro financeiro, que o bilhar bancário descaia para o buraco da capital. Ainda assim, o BPI conserva na sua sede, no Porto, 40% da sua estrutura directiva de topo. Artur Santos Silva, o banqueiro que esteve no lançamento do banco, costuma relevar, junto dos adeptos da re-gionalização, este factor distintivo e diferenciador pela capacidade de gerar emprego e pela interven-ção em acções de apoio a projectos da Região.

Mas, ao contrário de empresários e gestores que se têm convertido às virtudes da regionalização, Artur Santos Silva não é favorável à divisão polí-tica do país.

O banqueiro costuma resumir, numa frase cur-ta, o seu pensamento: “Não acredito na regiona-lização”. Santos Silva não compra a ideia de que a regionalização induziria uma melhor governação. Num país muito pequeno e sem tradição de re-gionalismo, a solução adequada, segundo Santos Silva, seria a descentralização e desconcentração de funções e serviços públicos, a todos os níveis. À imagem do que o BPI pratica.

Costa LiMaEx-presidente executivo da API, é apon-

tado como um dos nomes para reforçar a administração ou mesmo presidir à Caixa Central de Crédito Agrícola.

O seu nome já teria sido invocado na altura em que o quadro do BPI se com-prometeu com Miguel Cadilhe e rumou

para a agência. Costa Lima está a finali-zar a empreitada que o BPI lhe confiou de montar uma Bolsa de Valores em Lu-anda.

O projecto está concluído, falta apenas fazer o mercado, isto é, encontrar empre-sas que aceitem estar cotadas.

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O Grupo Axis Hotéis & Golfe inova no sector hoteleiro. As novas uni-dades são equipadas com novas va-lências destinadas ao relaxamento e bem-estar físico.

O primeiro espaço Axis Wellness será integrado no Axis Viana, unida-

de hoteleira de quatro estrelas, cuja abertura está prevista para Agosto deste ano.

A marca Axis Welness foi criada pelo Grupo Axis Hotéis & Golfe, em-bora o espaço seja concessionado a uma entidade exploradora.

Em Viana do Castelo, o Axis Well-ness possui, nos seus 2600 metros

quadrados, três áreas distintas: dois estúdios amplos para diversas acti-vidades em grupo; uma área desti-nada a musculação e cardio-fitness e uma piscina para aulas e banhos livres.

Já a zona de SPA integra uma pis-

cina dinâmica, banho turco, sauna e cinco salas para massagem, envol-vimentos e tratamentos, sendo que uma das salas é de casal. Ideal para usufruir de inúmeras soluções em ter-mos de vida saudável, o Axis Wellness permitirá ainda a realização de trata-mentos fora do espaço, contemplando a deslocação ao domicílio.

A Sonae Sierra entregou o I Prémio PERSONÆ, que visa distinguir,

anualmente, as lojas dos cen-tros comerciais e de lazer do Grupo que adoptaram as me-lhores medidas de prevenção em Segurança & Saúde. Neste primeira edição, os vencedo-res, em Portugal, foram a loja H&M do LoureShopping e o hipermercado Continente do AlgarveShopping.

Este Prémio foi criado como uma forma de reconhecer as melhores práticas desenvolvidas pelos lojistas no sentido de in-corporar e assimilar as normas de prevenção e antecipação de acidentes promovidas no âm-bito do programa PERSONÆ, com o objectivo de proteger os colaboradores, lojistas e visitan-tes dos centros comerciais e de lazer da Sonae Sierra. O Prémio PERSONÆ pretende, desta forma, incentivar os lojistas a adoptarem as medidas neces-sárias para atingir a meta “zero acidentes”.

“O envolvimento de cada loja e o comportamento responsável de cada pessoa é muito mais eficaz que a mera actuação de profissio-nais de segurança no trabalho. O feedback recebido por parte dos lojistas deixou-nos muito mo-tivados e esperamos continuar

a contar com a sua empenhada participação neste programa”, assinala Pedro Soveral Rodrigues, responsável de Segurança & Saú-de da Sonae Sierra.

Lançado em 2004, o projecto PERSONÆ centra-se na consoli-dação de uma cultura de preven-ção e antecipação de acidentes que proteja tanto os colaborado-res como todas as pessoas que in-teragem com a Sonae Sierra, com enfoque no comportamento res-ponsável de cada indivíduo atra-vés de valores comuns adoptados por toda a organização e com o

objectivo de atingir a meta “zero acidentes”.

O projecto, que representou um investimento de seis milhões de euros, integra os centros co-merciais da empresa em Portugal, Espanha, Itália, Alemanha, Gré-cia e Brasil e desenvolveu-se em três fases ao longo de quatro anos (desde 2004 até 2008). Nos três primeiros anos, envolveu mais de 70 mil pessoas, entre funcio-nários, lojistas, fornecedores e prestadores de serviços da Sonae Sierra em diversas acções de for-mação.

INCENTIVOS QREN

E

FINANCIAMENTO DE PME’S16 de Abril de 2008, Auditório NERSANT - Torres Novas

E-mail: Tel.: Fax: Internet:Inscrições Gratuitas: [email protected] | 249 889 121 | 249 889 126 | www.risa.pt

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Risawww.risa.pt

SEMINÁRIO

ACREDITADO POR ENAC

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Certificação no âmbito daelaboração de candidaturasa fundos comunitários eestudos de viabilidadeeconómica e financeira.

14h00 - 14h15 Recepção dos Participantes

Programa:

Sessão de Abertura

Dr. José Eduardo Carvalho

Presidente da NERSANT, A.E.

Boas Vindas e Apresentação

João Artur Rosa

Presidente da RISA

“QREN – Objectivos e Impactos na Economia Portuguesa”

Dr. Luis Filipe Costa

Presidente do IAPMEI

“Financiamento das PME’s – Utilização de Instrumentos

de Garantia de Dívida”

Engº Ferreira Barros

Presidente do CA da GARVAL – Sociedade de Garantia Mútua, S.A.

16h00 - 16h30 Coffe-Break

“Business Angels e Empreendorismo”

Dr. Francisco Banha

Presidente da FNABA – Federação Nacional das Assoc. de Business Angels

“Capital de Risco”

Dr. João Andrade Fernandes

Administrador

INOVCAPITAL – IAPMEI

“Incentivos QREN – Uma Visão Prática”

Dr. Pedro Nunes

Director Executivo – RISA

Debate

Sessão de Encerramento

Dr. Paulo Fonseca

Governador Civil do Distrito de Santarém

Sonae Sierra premeia melhores práticas dos seus lojistas

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sexta-feira, 11 Abril de 2008Ócio & negÓcios12

Vinho verde em degustação nos EUA

A Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV) desenvolveu no iní-cio desta semana acções de de-gustação nos Estados Unidos da América.

O objectivo foi dar continui-dade à política de promoção internacional.

O sabor dos vinhos verdes che-gou assim às cidades de Dallas e Houston, respectivamente, com um programa diversificado e abrangente que permitiu uma aproximação com os profissio-nais do sector.

Envolvendo um seminário, várias provas de vinhos, uma delas guiada pelo “sommelier” Charlie Arturaola, estas acções de promoção foram direccio-nadas a profissionais do sector, nomeadamente agentes econó-micos, importadores, distribui-dores, restauração, hotelaria, “sommeliers”, clubes de vinhos e líderes de opinião.

Os Estados Unidos da Amé-rica são um dos principais mer-cados de exportação do Vinho Verde. Entre 2005 e 2006, as vendas em litros resultaram num crescimento de 18,8%, ou seja, no final de 2006, os EUA adquiriam quase dois milhões de litros de vinho verde, o que representa mais 4052 mil eu-ros.

ISEP distinguido

O Instituto Superior de En-genharia do Porto (ISEP) foi o vencedor português da edição 2008 do Prémio internacional Greenlight, tornando-se assim a primeira instituição de ensino superior do país a obter este ga-lardão. O prémio, atribuído pela Comissão Europeia, distingue organizações que se destacam na área da eficiência energética dos edifícios. A cerimónia de entrega relizou-se ontem em Frankfurt, no decorrer da Feira Light+Building.

O ISEP viu reconhecido inter-nacionalmente o investimento feito no edifício I, onde aplicou um sistema de elevado rendi-mento, em que o controlo e a economia são optimizados e as condições de iluminação subs-tancialmente melhoradas, com base num projecto do próprio ISEP. Este sistema permite a poupança energética de cerca de 55 MW/ano, o que ronda 7500 euros/ano, prevendo-se o retor-no no investimento em cerca de sete anos.

O programa Greenlight dis-tingue todos os anos iniciativas inovadoras e exemplares, medi-das de eficiência energética nos sistemas de iluminação, cons-tando no seu histórico de galar-doados em edições anteriores o Futebol Clube do Porto, com o Estádio do Dragão, a EDP e a Vodafone Portugal.

Primeiro ginásio Axis Wellness Abre no Verão

DUAl lAnçA cUrso De AtenDimento Ao cliente

Um atendimento profissional poten-cia o sucesso de uma empresa. É com esta convicção que a DUAL - Serviço de Qualificação Profissional da CCILA - promove um curso de atendimento

ao cliente a partir de 21 de Abril.Durante um mês, as empresas po-

dem investir na qualificação dos seus recursos humanos. O curso tem lugar em Lisboa, no Porto e em Portimão.

(Esq. para dta.) Pedro Soveral Rodrigues (Sonae Sierra), responsável pela condução do Projecto PERSONAE, Joaquim Pereira (H&M), Manuel Fontoura (Continente), Álvaro Portela (Sonae Sierra).

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SI Qualificação modificado para beneficiar não PME

QREN alterado a meio das candidaturas

O Governo, através do ministérios do Am-biente e da Economia, alterou o regime regulamentar do Sistema de Incentivos à

Qualificação de PME (SI Qualificação de PME), com candidaturas ainda em curso.

A Portaria nº 250, de 4 de Abril de 2008, alte-ra assim a Portaria nº 1463, de 15 de Novembro de 2007, que concretizou a estratégia definida pelo DL nº 287, de 17 de Agosto de 2007. Ou seja, em pouco mais de quatro meses, e com as candidaturas da segunda fase (Projectos Conjun-tos) ainda em aberto, altera-se o regulamento de base. O Governo diz que os ajustamentos agora introduzidos no SI Qualificação de PME “visam apenas clarificar o teor das regras neles previstas sem alterar as soluções de fundo adoptadas”, conforme se pode ler no preâmbulo da portaria recentemente publi-cada no Diário da República. Mas as alterações introduzidas estão longe de serem apenas clari-ficações de regime. O que o Governo agora faz é abrir o SI Qualificação a não PME. Trata-se, isso é notório, de uma alteração à essência do diploma, ou seja, à substância do diploma e não

à mera forma do documento. O facto de o mesmo diploma baixar o limite máximo de incentivo reembolsável de um milhão por PME para 540 mil euros por PME está também longe de ser uma simples clarificação, conforme pretende fazer crer o Governo.

Para além destas alterações, corri-gem-se também alguns lapsos do ante-rior diploma. Ainda assim, o “grosso” das alterações diz respeito aos projectos conjuntos e de cooperação.

Independentemente do impacto que estas medidas possam vir a ter, sobretu-do ao nível das candidaturas já apresen-tadas, levanta-se a questão da retroacti-vidade das normas jurídicas. Conforme afirma à “Vida Económica” Arsénio Leite, consultor da Medeia Consulting (Sibec), “a lei devia ser o mais estável no tempo, e em Portugal assiste-se, nos últimos tempos, a uma profusão legislativa impressionante.Quando o legislador entende que deve introduzir alterações, deve ser para a frente e nun-

ca para trás! Isto é, a lei nunca deveria ter efeitos retroactivos. Muito menos alterar regras ‘a meio do jogo’, como é o presente caso”.

Acrescenta ainda o mesmo responsável, que “a não retroactividade da lei era uma ‘máxima’ que se aprendia logo no princípio de qualquer cadeira de Direito e que cada vez é mais ultra-passada, não só neste sector específico mas pra-ticamente em todos os sectores da governação

(vide concurso p/ professores titu-lares, etc...)”.

Seja como for, neste caso concre-to, a questão é ligeiramente atenua-da, conforme estipula o nº 2 do art. 1º da portaria - “mediante acordo expresso dos promotores”, mas, tal como nos diz Arsénio Leite, “é sem-pre um mau procedimento! Quan-do um promotor concorreu ou não concorreu, foi de acordo com as

regras que existiam na altura e não com outras quaisquer, que na altura não existiam, nem em princípio se supunham viriam a existir. Até se pode desconfiar que há alterações que aparecem para beneficiar alguém”, conclui.

VIRGÍLIO [email protected]

Envelope de 5,7 milhões devido à ViniPortugal em falta desde início de 2007

Atrasos no QREN comprometem promoção dos vinhos portuguesesA promoção internacional dos

vinhos portugueses pode sofrer um sério revés caso

não sejam desbloqueadas as ver-bas prometidas à ViniPortugal no âmbito do QREN. Segundo Vasco d’Avilles, presidente da ViniPortu-gal, são 5,7 milhões de euros devi-dos a esta entidade que deveriam ter sido pagos a partir de Janeiro de 2007. “Foi-nos dito que estas verbas, destinadas a promoção e sobre as quais já temos vindo a tra-balhar, serão pagas com cobertura e retroactivos, pois estão presas por ‘tecnicalidades’ ainda por desblo-quear”. Segundo aquele responsá-vel, todo o processo deverá estar concluído, “para o bem ou para o mal”, até final de Abril. Trata-se de um importante subsídio à acti-vidade de promoção internacional da ViniPortugal, a juntar ao orça-

mento anual de 2,85 milhões de que aquela entidade dispõe, mas cuja falta poderá colocar em risco toda a sua estratégia: “Se essas ver-bas não chegarem, não ficaremos a dever a ninguém, mas teremos que parar com toda a nossa promo-ção”, desmantelando assim anos de trabalho, alerta Vasco d’Avillez.

Este responsável sublinha que nada está ainda contratualizado, recordando o que se vem passan-do com a taxa de promoção que os produtores de vinho pagam ao Instituto da Vinha e do Vinho (IVV): “Desse montante, que de-veria reverter na totalidade para a actividade de promoção da Vini-Portugal, estornam apenas 30%”, sendo que os restantes 70% ficam no IVV. “Como não ficou nada escrito, aguardamos ainda que seja cumprido o que nos prometeram

há 10 anos, quando essa taxa foi criada”. Por outro lado, Vasco d’Avillez sublinha que os valo-res disponíveis são insuficientes: “Bordéus apenas conta com um orçamento para promoção de 50 milhões de euros e Espanha com 70 milhões”. Não obstante, diz, “podemos fazer mais, mas tere-mos que alargar o nosso quadro de pessoal, actualmente com 10 colaboradores, escolhê-los e for-má-los. Isso demora tempo e não podemos trabalhar com base em pressupostos”. Assim também se explica a urgência no pagamento das verbas prometidas no âmbito do QREN. A ViniPortugal surge como aglutinadora de pequenas empresas, cujos projectos são ele-gíveis no âmbito do sistema de incentivos à qualificação e inter-nacionalização.

Falta de associativismo leva ao desperdício de recursos

Para além destas fontes de recei-ta, a ViniPortugal aguarda as deter-minações ministeriais quanto à uti-lização do envelope financeiro que resulta da reforma da Organização Comum do Mercado, que come-çará a vigorar depois de Agosto de 2008 até 2013. Recorde-se que este envelope, no valor de 62 mi-lhões de euros, é uma compensa-ção dada pela determinação do fim dos apoios à destilação de vinho e ao arranque da vinha, que em Portugal deverá rondar os 20 mil hectares em cinco anos. A verba é também aplicável à promoção nos países exteriores à UE.

À margem do debate organiza-do pela ViniPortugal sobre o esta-do da promoção do sector, Vasco

d’Avillez faz um balanço positivo da implementação da estratégia recomendada no relatório Porter, apontando os mercados britânico e norte-americano como prioritário, “onde temos vindo a crescer nas vendas todos os anos”. Segundo o IVV, as exportações globais de vi-nhos com denominação de origem cresceram 22% em volume e 26% em valor no ano transacto, sendo que o vinho representa 15% do to-tal da produção agrícola do país, re-presentando um volume de 1,3 mil milhões de euros. Aquele respon-sável lamenta ainda “o desperdício de recursos provocado pela falta de associativismo”, com empresas que prosseguem as suas acções de pro-moção de forma independente e sem qualquer interligação.

MARc [email protected]

sexta-feira, 11 Abril de 2008 13QREN

INvEstImENtos tuRístIcosGostaria de saber qual é o enquadramento no QREN para uma empresa

que se vai constituir e que terá a actividade de turismo rural, em Vila Nova de Ourém, e a actividade de restauração, em Ponte de Sôr.

Prevêem-se os seguintes investimentos:− turismo rural: obras na quinta; mobiliário; acessos, etc.- 400.000 G− restaurante: obras de remodelação; equipamentos; licenças, etc. – 70.000 G

RESPOSTAAs actividades de restauração e de turismo rural – CAE 55…(Rev. 2)

enquadram-se directamente no QREN, não sendo exigida previamente declaração de interesse para o turismo.

Como vai haver uma só empresa, embora com duas actividades, é suficiente e aconselhável uma só candidatura. De facto, trata-se de um só projecto, promovido pela mesma empresa, embora com duas activi-dades turísticas. Aliás, o projecto de restauração, por si só, não permite uma candidatura autónoma porque não atinge o mínimo de investimento elegível (150.000 G).

Vila Nova de Ourém, nos QCA anteriores, integrava a NUT II Lisboa e Vale do Tejo, que, entretanto, foi objecto de reestruturação. Actualmente, a Região Lisboa só engloba as NUT III Grande Lisboa e Península de Setúbal, tendo as restantes NUT III e respectivos concelhos, que anteriormente faziam parte de Lisboa e Vale do Tejo, transitado para as Regiões Centro e Alentejo, isto é, passaram a fazer parte do Objectivo I do FEDER.

O concelho de Vila Nova de Ourém pertence à NUT III Médio Tejo e o concelho de Ponte de SÔr pertence à NUT III Alto Alentejo e, assim, ambos os concelhos não apresentam quaisquer restrições no que respeita às despesas elegíveis e taxas de apoio.

Uma vez que o projecto de investimento contém obras e equipamentos, só pode ser candidato ao Sistema de Incentivos à Inovação, do Progra-ma Operacional Factores de Competitividade, do QREN, onde, a par de outras condições de elegibilidade, é exigido o mínimo de 150.000 G de despesas elegíveis.

É de referir que o Sistema de Incentivos à Qualificação e Internaciona-lização de PME só apoia investimentos incorpóreos, ou seja, investimentos em factores dinâmicos de competitividade. Pretende dinamizar áreas como: propriedade industrial, criação, moda e design, desenvolvimento e engenharia de produtos, serviços e processos, organização e gestão e tecno-logias de informação e comunicação (TIC), qualidade, ambiente, inovação, diversificação e eficiência energética, economia digital, comercialização e marketing, internacionalização, responsabilidade social e segurança e saúde no trabalho e igualdade de oportunidades.

Quanto aos apoios, prevê-se a atribuição de um subsídio reembolsável, sem juros:

− Investimento – 470.000 G− Despesas elegíveis – 470.000 G− Subsídio reembolsável (pequena empresa) – 258.000 J (55%)− Conversão posterior em fundo perdido – máximo de 75% do SR, com

o limite máximo de 40% do investimento elegível = 188.000 G.A conversão “à posteriori” do subsídio reembolsável em fundo perdido

depende da avaliação de desempenho (D), definida como o quociente entre o “Mérito do projecto” medido no ano pós-projecto e o “Mérito do projec-to” do ano pós-projecto previsto no contrato de concessão de incentivos. Entende-se que pós-projecto é o terceiro exercício económico completo após a conclusão do investimento.

Por último, o projecto deve ser inovador. No Turismo, e para a 2ª fase de candidaturas ao SI Inovação, actualmente a decorrer, considera-se um projecto inovador a criação de empreendimentos, equipamentos ou serviços com carácter de inovação, com elevado perfil diferenciador ou por via da aplicação, no contexto do sector do Turismo, das mais modernas tecnologias.

coNsultóRIo dE FuNdos comuNItáRIos

colaboração:[email protected].: 228348500

Regulamentação muda em menos de cinco meses de vigência

Manuel Pinho, ministro da Economia.

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José Figueiredo, administrador da Inova, fala do sistema de apoio à modernização administrativa e de como este pode beneficiar as empresas

“QREN pode ser a última oportunidade de modernização da administração pública”Para José Figueiredo, administrador da Inova – uma consultora do universo Sinfic que actua em áreas ligadas à administração pública, gestão ambiental e da qualidade –, não há margem para dúvidas: o QREN poderá ser a última oportunidade que o país tem para modernizar a sua administração pública. Este responsável fala, em particular, do SAMA (Sistema de Apoio à Modernização Administrativa) e das vantagens que este traz: simplificação do atendimento nos serviços públicos ou racionalização dos modelos de gestão, através de processos de reengenharia e utilização das tecnologias de informação e comunicação. Quem ganha com tudo isto? O próprio Estado, mas também as empresas e os cidadãos, com serviços mais céleres e eficazes.

Vida Económica - A Inova faz um ape-lo dirigido às entidades da administra-ção pública para que estas apresentem candidaturas ao SAMA (Sistema de Apoio à Modernização Administrativa). Eu pergunto: que áreas do sector pú-blico considera que necessitam de uma maior intervenção?

José Figueiredo - A Inova não faz propriamente apelo às entidades da admi-nistração pública para que estas apresen-tem candidaturas. Entendemos, contudo, que a modernização deste sector é um im-

perativo nacional, sendo que este quadro comunitário de apoio é, provavelmente, a última oportunidade de financiamento destes projectos de modernização.

Na actualidade, as teorias de gestão ape-lam para uma abordagem da gestão por processos, os quais são, na sua maioria, transversais às diferentes áreas da adminis-tração pública (local, regional ou central). Neste contexto, não se deverá dar priorida-de a determinadas áreas do sector público, mas sim a processos cuja simplificação e desburocratização contribuam para dimi-

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nuir os custos de contexto. Mas não só. Estamos ainda a falar de coisas como a me-lhoria da eficiência, eficácia ou da transpa-rência dos serviços prestados aos cidadãos e às empresas.

A título de exemplo, um qualquer pro-cesso de licenciamento solicitado por uma empresa começa, muitas vezes, na adminis-tração local e requer contributos de entida-des publicas regionais e/ou centrais. Assim sendo, basta que uma delas não seja tão eficaz quanto necessário para inviabilizar a eficiência e a eficácia global do processo.

VE - Este programa poderá vir a in-fluenciar a relação que existe entre a administração pública e as empresas? De que forma?

JF - O SAMA contém, nas suas princi-pais linhas de orientação, os vectores que consideramos essenciais para a implemen-tação de projectos de modernização da ad-ministração pública. Estou não só a falar da simplificação do atendimento nos serviços públicos, mas também da racionalização dos modelos de gestão. Algo que poderá ser feito através da reengenharia e da utili-zação das TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação) como suporte das activi-dades de modernização, mas, acrescento, não como fim em si mesma.

Com este programa, se bem utilizado pe-las organizações da administração pública, as empresas e os cidadãos poderão usufruir de serviços mais eficientes e eficazes. Algo que, a acontecer, poderá, por via da dimi-nuição dos custos correntes da administra-ção pública, ser também responsável pela diminuição dos impostos directos.

VE - Esta acção de modernização da administração pública, porventura, en-globa as empresas por via do estabele-cimento de parcerias?

JF - Somos de opinião que, em alguns casos, a existência de parcerias público/privadas poderão agilizar alguns processos considerados prioritários para o desenvol-vimento socioeconómico do país. As em-presas sempre foram actores fundamentais quando se trata de introduzir a inovação, a energia, a competência ou os conheci-mentos necessários à mudança, algo que é essencial à própria sustentabilidade econó-mica do Estado.

SAMA muito focado na reengenharia de processos

VE - Este não será o primeiro programa direccionado a esta área. Que tipo de ba-lanço se pode fazer do que está para trás?

JF - Em relação a isso, devo dizer que consideramos que algumas medidas do passado, de anteriores quadros, apesar

de não terem as características do actual SAMA, acabaram por não ser suficiente-mente aproveitadas.

E isto ou porque se fez uma abordagem meramente tecnológica, sem ter em linha de conta a necessidade da gestão da mudança e da transversalidade dos processos intra e interorganizações, e/ou porque não foram diagnosticadas as prioridades das empresas e cidadãos, mas, apenas, aquelas que estão ligadas às organizações beneficiárias.

Devo acrescentar que esta é a primeira vez que estamos perante um projecto que tem um foco claro: a reengenharia de pro-cessos e a adopção de modelos de gestão orientados para os mesmos. Aliás, a grande evolução do QREN/SAMA é, precisamen-te, ao nível da gestão. Nota-se, a este nível, uma maior maturidade.

VE - Que tipo de dificuldades encon-traram ao lidarem com os anteriores quadros e programas?

JF - No que diz respeito às maiores dificuldades encontradas, em anteriores quadros e programas, destacamos aspectos como a instabilidade dos quadros de refe-rência ou a falta de coerência entre medi-das que se complementavam. Mas não só. Estou ainda a falar do incumprimento de prazos de apreciação e decisão de candida-turas, bem como da falta de uniformidade dos critérios de decisão entre as diversas entidades decisoras.

“QREN é, em termos conceptuais, um bom programa”

VE - O que pensam sobre este QREN e que balanço fazem do que já foi rea-lizado até ao momento? Que avaliação fazem dos programas já lançados?

JF - Parece-nos, conceptualmente, um bom programa. Caberá, no entanto, às organizações da administração pública, de uma forma concertada, diagnosticarem correctamente as necessidades dos seus “clientes”, procedendo, de seguida, ao es-tabelecimento das prioridades.

É claro que este esforço de modernização terá resultados tanto mais elevados quanto mais integrada for a abordagem que se fi-zer de sistemas, processos e pessoas. Ora é esta abordagem integrada que a INOVA e a SINFIC oferecem e proporcionam ao mer-cado há já mais de cinco anos. Os resultados são positivos, com inúmeras referências de sucesso à aplicação da respectiva metodolo-gia de modernização administrativa. Afinal, estamos a falar da indução de práticas de melhoria contínua que sustentam a nossa visão de fazermos mais e melhor adminis-tração pública com menos recursos.

SANDRA RIBEIRO [email protected]

“O SAMA contém, nas suas principais linhas de orientação, os vectores que consideramos essenciais para a implementação de projectos de modernização da administração pública”, destaca José Figueiredo, administrador da Inova.

sexta-feira, 11 Abril de 2008pME14

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“Levanto-me para o que penso ser um Domingo de descanso. Um dia de recuperação, um mo-mento de descontracção, a pausa merecida, o relaxe esperado. O primeiro momento alto devia ser um banho quente e retempera-dor, mas uma falha de gás obri-ga-me a um duche rápido e gelado, aparen-temente por-que ninguém está no pique-te da empresa fornecedora, o que considero lamentável e incompreen-sível. Cons-ciente que a lei de Murphy me aumenta as probabilidades de mais “mo-mentums horribilus” como este, procuro tranquilizar-me com a excelência das ideias para pro-grama que tinha mentalmente anotado antes de adormecer, criadoras de uma expectativa de um Domingo único.

O pequeno-almoço em casa torna-se impossível sem gás, pelo

que – sem dramas – me decido por seguir para o Molhe, pen-sando em como um problema se pode tornar numa saudável oportunidade de melhoria. Des-ço a escadaria já preocupado, ao ver as esplanadas vazias. O sol já vai alto e o dia está perfeito,

pelo que só há uma razão para o que pu-pilas focam e o cérebro con-firma: os cafés estão fechados, as portadas de madeira en-velhecida pela humidade do mar, e eu pen-so porquê. Um velho de bigo-de e cana de

pesca murmura que é Domingo, ninguém trabalha e também não haveria pão fresco. “Uma ver-gonha”, remata, virando-se de novo para a imensidão do azul. Não penso em nada, reparo no lixo da praia e lentamente aceno a cabeça negativamente, surpre-endido com o estado das coisas. Sei que o Parque da Cidade e

Serralves estão fechados ao Do-mingo para descanso do pessoal e que não havia recolha de lixos no dia santo. Mas que a situação era dramática, ainda não tinha percebido.

Ligo o Ipod, e passeio pela marginal até ao quiosque, onde pretendo comprar o “Expres-so” de ontem. Fechado. Volto a casa, entro no carro e sigo até ao hipermercado, mas o cenário é igual. No parque de estaciona-mento, um minigangue parte o vidro de um carro e eu recordo-me que o sindicato das empresas de vigilância negociou com o MAI a proibição total de traba-lhar ao Domingo. Sem jornal, ligo à minha irmã para combinar o almoço, feliz pela operadora não ter tido avarias irreparáveis ao Domingo.

Reparo quase em pânico que o gasóleo está nas últimas, e sei que só amanhã poderei resolver esta situação. Encosto o carro junto a um passeio e sigo pela marechal a pé. Procuro imaginar o resto do dia, sem grandes soluções. Cine-ma? Fechado. Teatro ao Domin-go? Impossível. Subir o rio de barco? Não há cruzeiros ao Do-

mingo e não me atrevo àquelas zonas sem segurança a este dia da semana onde tudo parece não funcionar… nada parece mais descanso ou descontracção. Te-lefona-me o Jorge, furioso por-que vai chegar atrasado. Desde que fecharam as auto-estradas ao Domingo para descanso obriga-tório dos portageiros e restante pessoal técnico, viajar tornou-se um pesadelo.

Um pesadelo de Domingo é isto que anteve-jo de repente, zangado comi-go e com todos. Sento-me num banco em Cris-to Rei e percebo lentamente que há apenas uma coisa que ainda não fechou ao Domingo. Per-gunto-me se é por ela que deve-mos todos abdicar de um dia de lazer, com acesso a tudo que nos faz falta para poder realmente usufruir. Fará sentido um Do-mingo assim?”

O único argumento que hoje

os que defendem as restrições para funcionamento do comér-cio ao Domingo têm é o do des-canso dos trabalhadores, provada que está a importância da libera-lização na competitividade, no emprego e na conveniência dos consumidores. Trata-se, contu-do, de um argumento que perdeu validade. Não hoje, nem ontem, mas há décadas. A vida numa

sociedade civi-lizada não per-mite descanso e recuperação sem a existên-cia continuada de serviços de suporte, garan-tidos por parte da população, que descansa-rá noutro dia. Esta realidade não tem nada de novo, de

tão óbvia até parece redundante. É por tal razão que, na falta de argumentos, os arautos da defesa cega do proteccionismo bradam, ralham e gritam em desespero por saber que não têm a razão do seu lado.

sexta-feira, 11 Abril de 2008 15pme

“O único argumento que hoje os que defendem as restrições para funcionamento do comércio ao Domingo – o descanso dos trabalhadores – perdeu validade”

“Sunday, Bloody Sunday”pedro bArbosADirector do Parque Nascente e Docente do IPAM

[email protected]

“A vida numa sociedade civilizada não permite descanso e recuperação sem a existência continuada de serviços de suporte”

O grupo editorial Vida Económica apresenta, no dia 17 de Abril, a obra “Po-deres concorrenciais – Tribunais arbi-trais”, da autoria de Gonçalo Malheiro. A sessão de apresen-tação tem lugar pelas 18 horas, no auditó-

rio da sociedade de advogados Azevedo Neves, Benjamim Mendes, Bessa Mon-teiro, Cardigos & Associados.

“Vida económica” apresenta obra sobre tribunais arbitrais

Mais de 80% das empresas nacionais tencionam manter ou aumentar o seu qua-dro de pessoal durante o primeiro semes-tre. O sector das tecnologias da informação e da comunicação lidera nas intenções de criação de postos de trabalho e é também a actividade em que se prevêem menos cor-tes na dimensão das equipas, refere o últi-mo estudo da MRI sobre as tendências de emprego.

Das empresas inquiridas, importa notar que 42% prevê aumentar o número de efectivos do seu quadro de pessoal, sendo que 41% vão manter o número de cola-boradores. Mas há aspectos que levantam alguma preocupação, tendo em conta o se-gundo semestre do ano passado. De facto, cerca de 17% das empresas tenciona redu-zir o pessoal no primeiro semestre, quando esse valor era de apenas 4% no semestre anterior. Portanto, há o engrossar da co-luna das empresas que pretende reduzir os seus quadros.

sector das tic lidera intenções de recrutamento

Os sectores das tecnologias da infor-mação e da comunicação e farmacêuticos aparecem como aqueles em que há maior propensão para aumentar o número de co-laboradores.

Ainda que na construção e obras públi-cas a tendência seja para a manutenção dos actuais trabalhadores, a realidade é que é preocupante a tendência para dimi-nuir os postos de trabalho. Mais de um terço manifesta essa intenção, um valor muito afastado dos restantes sectores de actividade.

O que se passa é que o mercado está em processo de polarização, apresentando-se com mais empresas de boa saúde, mas, por outro lado, ainda que em menor número, com empresas com maiores dificuldades e a enveredarem pelo despedimento. Existem sentimentos contraditórios, de optimismo e preocupação. Além disso, também susci-ta alguma preocupação o facto de existirem dificuldades na contratação.

miranda interVém em conferência em angola

Agostinho Pereira de Miranda, sócio pre-sidente da sociedade de advogados Miranda, participou na I Conferência Internacional “Liderança e Gestão do Risco no Corpora-te Governance”. Segundo o advogado, “os temas objecto desta conferência revestem-se de grande importância para o futuro de Angola, particularmente à luz da criação da Comissão de Mercado de Capitais e a futura abertura da Bolsa de Valores”.

O evento decorreu no passado dia 27 de Março, em Luanda, Angola. Agostinho Pe-reira de Miranda fez uma intervenção so-bre “Novos modelos jurídicos de governo societário”.

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Cerveja Pedras quer reforçar presença em África

Os objectivos da Cerveja Pe-dras, marca da Natural Signs, para o mercado africano são re-veladores: vender ainda este ano para Angola e a Guiné-Bissau 10 milhões de garrafas.

Um número elevado que não surge, contudo, por acaso e faz parte de uma es-tratégia de expansão da marca já iniciada em Se-tembro do ano pas-sado. De lá para cá, a Pedras conseguiu já vender para este mercado, com destaque para An-gola, nada mais nada menos do que dois milhões de cervejas.

A ideia é uma só: exportar, todos os meses, duas dezenas de contentores e, ao mesmo tempo, apostar na promoção local da be-bida. Algo que, como explica a Cerveja Pedras em comunicado, pretendem levar a cabo através de ferramentas como o merchandi-sing, a publicidade e em conjunto com parceiros locais. O ‘trabalho de casa’, esse, já começou, com a marca a dar conta, no sentido de melhor atender às necessidades africanas, de uma alteração na produção: aumento do teor alco-ólico da sua cerveja de 4,8 para 5,2 graus.

Neste momento, a empresa en-contra-se ainda a preparar a nova cerveja Pedras na variante preta, a qual deverá chegar ao merca-do como Cerveja Pedras Black. Lembramos ainda que esta bebi-da é produzida, em Portugal e na Bélgica, claro está, pela Natural Signs, destacando-se, como afir-mam os seus autores, pela sua le-veza e fácil digestão.

Satisfação no trabalho regista evolução positiva

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Quem o diz é o Observatório Nacional de Recursos Hu-manos (ONRH): em todas

as dimensões da relação de trabalho – envolvimento, lealdade, política e estratégia, reconhecimento e re-compensa são alguns dos exemplos –, registou-se, em 2007, em Portu-gal, uma evolução positiva.

Na sessão de apresentação dos resultados nacionais do trabalho levado a cabo por este observató-rio – este é constituído pela APQ, APG, Qual e Qmetrics e todos os anos, desde 2002, realizam este trabalho de avaliação da satisfação dos colaboradores das entidades aderentes – ficou ainda patente que isto poderá ser, particular-mente, verdade no caso das rela-ções com as chefias. Afinal, estas beneficiaram de um aumento de 1,9 pontos face a 2006, logo se-guidas pela dimensão reconheci-mento e recompensa, com mais 1,6 pontos. A pontuação mais elevada pertence, contudo, à di-

mensão dedicação e empenho no trabalho, com uma pontuação de 8,4 pontos, numa escala de 1 a 10. Já a satisfação com as activi-dades desportivas, culturais e de convívio, com uma pontuação de 4,3 pontos, está no lado oposto da barricada ao registar o valor médio mais baixo.

Ao analisarmos ao pormenor estes parâmetros, verificamos que, ao nível da dimensão satisfação, são os jovens dos 18 aos 25 anos aqueles que apresentam os níveis mais elevados. Já os colaboradores com mais de 45 anos, podemos ler na informação que nos chegou às mãos “são os que apresentam um valor médio mais baixo”. Curioso é ainda verificar que, por habili-tações literárias, os vencedores, ou seja, os mais satisfeitos, são os co-laboradores com o segundo ciclo do ensino básico por oposição aos colaboradores com o ensino su-perior. Estes ainda apresentam o valor médio mais baixo.

Quando se olha para um outro critério, o da lealdade, as conclu-sões são óbvias: os colaboradores mais satisfeitos serão os mais leais às organizações onde trabalham com as expectativas e contexto organizacional a desempenharem, aqui, um papel importante, já que são os dois aspectos com impactos mais elevados no que diz respeito à lealdade. Este critério obteve, em 2007, os valores mais elevados deste que este estudo é realizado.

O mesmo se pode dizer de outra dimensão, o envolvimento. Afinal, no ano transacto, foi ultrapassado o anterior máximo, este registado, em 2006.

Os dados deste observatório são reveladores: os colaboradores mais satisfeitos e mais envolvidos pertencem ao sector privado. Por oposição, temos o público com as pessoas menos satisfeitas e menos envolvidas.

SANDRA RIBEIRO [email protected]

sexta-feira, 11 Abril de 2008pme16

Colaboradores satisfeitos são também os mais leais nas empresas.

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sexta-feira, 11 Abril de 2008 17PME

Práticas ilícitas restritivas da concorrência– concorrentes que se apresentam a concurso sem competir entre si

Quando uma entidade pública abre concurso para a adjudicação de determi-nada obra, para o fornecimento de um certo bem ou serviço, fá-lo de forma a en-contrar o melhor concorrente e a escolher a proposta mais apta à satisfação do inte-resse público que visa prosseguir.

Assim, a Administração procurará sem-pre a proposta que lhe for mais vantajosa, seja do ponto de vista económico seja, também, do aspecto técnico, de conhe-cimento ou de experiência comprovada, entre outros.

Refira-se, aliás, que, nesse sentido, a entidade adjudicante dispõe-se a contra-tar e constitui-se, regra geral, no dever de adjudicar. Contudo, ficam salvaguarda-dos determinados casos previstos na lei — tais como o poder ou a proibição de adjudicar (por exemplo, quando as pro-postas oferecem um preço consideravel-mente superior ao preço base do concurso ou são inaceitáveis, se existem indícios de conluio entre os concorrentes, etc).

De entre os princípios e regras gerais a considerar nos concursos públicos, sa-lienta-se, pela sua particular relevância, o princípio da concorrência, que se encon-tra plasmado em diversos diplomas.

Nesse contexto, o Regime Jurídico

das Aquisições de Bens e Serviços na Administração Pública ( Decreto-Lei nº 197/99, de 8 de Junho) dispõe que “Na formação dos contratos deve garantir-se o mais amplo acesso aos procedimetnos dos interessados em contratar (…) “– cfr. art. 10º.

O referido diploma estabelece, ainda, que as propostas resul-tantes de práticas res-tritivas da concorrência ilícitas devem ser excluí-das e, em consequência, não deve haver adjudi-cação. (cfr. art. 53º).

Caso esta já tenha ocorrido, deve a mesma ser suspensa até à con-clusão do processo de contra-ordenação a ser instaurado de acordo com o disposto no Re-gime Jurídico da Concorrência (Lei nº 18/2003, de 11 de Junho).

Assim, no caso de, por exemplo, exis-tirem concorrentes que façam parte de mais do que um agrupamento ou consór-cio candidatos a um mesmo concurso ou em que os consórcios sejam formados por diferentes sociedades mas com um sócio

gerente comum, é certo que entre as mes-mas propostas não pode haver concor-rência, pois, na realidade, os concorrentes não são opositores entre si.

Pelo exposto, em tais casos impõe-se a não adjudicação a qualquer dos concor-rentes indicados. Bastando, para o efeito, que exista “ forte presunção de conluio

entre os concorrentes”, designadamente quan-do as propostas apre-sentadas resultem de “práticas restritivas da concorrência ilícitas”.

O Regime Jurídico das Empreitadas de Obras Públicas tam-bém contempla o prin-cípio da concorrência, estabelecendo que os actos ou acordos passí-veis de falsear as regras

da concorrência são proibidos, sendo nu-las as propostas apresentadas. E, em con-sequência, os concorrentes que se encon-trem em tal situação devem ser excluídos. (cfr. art. 58º).

No caso de se verificarem os pressupos-tos indicados e a empreitada já tiver sido adjudicada, o dono de obra deve revogar

a adjudicação e rescindir o contrato, po-dendo, nestes casos, tomar posse admi-nistrativa da obra.

Por sua vez, o novo Código dos Con-tratos Públicos ( Decreto-Lei nº 18/2008, de 29 de Janeiro), que entrará em vigor no próximo mês de Julho e revoga os re-gimes acima indicados, também contem-pla o princípio da concorrência na verten-te em análise.

No capítulo referente às regras de par-ticipação, dispõe que os membros de um agrupamento candidato ou de um agrupamento concorrente não podem ser candidatos ou concorrentes no mesmo procedimento. nem integrar outro agru-pamento candidato ou outro agrupamen-to concorrente

Em conclusão, é clara a consagração do princípio da concorrência como um dos pilares da contratação pública, sendo afastadas todas as práticas ilícitas restriti-vas da concorrência. Não existe, portanto, qualquer dúvida de que os concorrentes devem disputar a celebração do contrato, sendo necessário que os mesmos efectiva-mente compitam entre si.

AnA [email protected]

Gabinete de AdvogadosAntonioVilar&Associados

Notas sobrE coNtratos Públicos

ana medeirosAdvogada

É clara a consagraçãodo princípio da concorrência como um dos pilares da contratação pública

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As primeiras conclusões associadas à im-plementação do Projecto “Cidades e Regiões Digitais”, a decorrer um pouco

por todo o país, envolvendo “redes integradas de cooperação territorial” (Municípios, Uni-versidades, centros I&D, empresas, sociedade civil), são a melhor demonstração de que em 2008, apesar de todas as políticas públicas e estratégias tendo em vista a modernização do território português, o país teima em não conseguir assumir uma dinâmica de “salto em frente” para o futuro tendo por base os facto-res dinâmicos da inovação e competitividade.

Um novo paradigma

Numa Europa das Cidades e Regiões, onde a aposta na inovação e conhecimentose confi-gura como a grande plataforma de aumento da competitividade à escala global, os núme-ros sobre a coesão territorial e social traduzem uma evolução completamente distinta do pa-radigma desejado. A excessiva concentração de activos empresariais e de talentos nas grandes metrópoles, como é o caso da Grande Lisboa, uma aterradora desertificação das zonas mais interiores, na maioria dos casos divergentes nos indicadores acumulados de capital social

básico, suscitam muitas questões quanto à verdadeira dimensão estruturante de muitas das apostas feitas em matéria de investimentos destinados a corrigir esta “dualidade” de de-senvolvimento do país ao longo dos últimos anos.

Apesar da relativa reduzida dimensão do país, não restam dúvidas de que a aposta numa política integrada e sistemática de cida-des médias, tendo por base o paradigma da inovação e do conhecimento, com conciliação operativa entre a fixação de estruturas empre-sariais criadoras de riqueza e talentos humanos

indutores de criatividade, é o único caminho possível para controlar este fenómeno da me-tropolização da capital que parece não ter fim. O papel das Universidades e Institutos Poli-técnicos que nos últimos 20 anos foram res-ponsáveis pela animação de uma importante parte das cidades do interior, com o aumento da população permanente e a aposta em no-vos factores de afirmação local, está esgotado.

É por isso fundamental que a aposta con-creta em projectos de fixação de riqueza e ta-lentos nas cidades médias portuguesas tenha resultado. É um objectivo que não se concre-tiza meramente por decreto. É fundamental

que a sociedade civil agarre de forma convicta este desígnio e faça da criação destas “Novas Plataformas de Competitividade” a verdadeira aposta estratégica colectiva para os próximos anos. O aumento dos fluxos migratórios do interior para as grandes cidades, por um lado, e para o estrangeiro, por outro, envolvendo tanto talentos como segmentos indiferencia-dos da população afectados pela onda crescen-te de desemprego, tem que ter uma resposta cabal. Só assim se conseguirá evitar que Por-tugal se torne um país “dual”, incapaz de con-solidar uma coesão territorial e social essencial

na estratégica de afirmação colectiva como um país de-senvolvido no novo mundo global.

As novas bandeiras

Desta forma, o compro-misso entre aposta, através da ciência, inovação e tecno-logia, em Competitividade estruturante na criação de valor empresarial, e atenção especial à coesão social, do ponto de vista de equidade e justiça, é o grande desafio a não perder. A sociedade do conhecimento tem nes-ta matéria um papel muito especial a desempenhar e numa época onde se assiste à crescente metropolização do país em torno do Porto e Lisboa, a aposta em projectos de coesão territorial como as “Cidades e Regiões Digitais” pode fazer a diferença, com os seguintes elementos de distinção:

- Identidade - No quadro da evolução global de Habermas, há cada vez mais espaço para a identidade dos territórios e das organizações. A força estratégica da Históriae de “marcas centrais” como os Oceanos para a marketiza-ção internacional do país é um activo consoli-dado e através da viagem em algumas “regiões digitais” (caso da Algarve) isso aparece-nos reforçado. Trata-se de fazer da identidade um factor de diferenciação qualitativa estratégica numa rede global que valoriza cada vez mais estes novos activos.

- Integração – Portugal tem que passar a integrar efectivamente as redes internacionais

de excelência e competitividade. Só sobrevi-ve ao desafio global quem souber consolidar mecanismos de sustentabilidade estratégica de valor e aqui os actores do conhecimento no nosso território têm que apresentar dinâmicas de posicionamento. Também nesta matéria ao longo do mapa as cidades e regiões digitais têm sido visíveis, de forma concreta, vonta-des de afirmação (casos das TIC em Aveiro e Braga e dos Moldes na Marinha Grande) que para além do efeito directo regional acabam por alavancar outras dinâmicas em rede.

- Informação – Estar em rede é dominar o paradigma da informação. Na sociedade aber-ta do conhecimento, o jogo da informação é central na consolidação de plataformas de competitividade e na melhoria dos padrões de coesão social; desta forma, ao longo das cidades e regiões digitais de Portugal a lógi-ca integrada de rede permite reforçar níveis de acessibilidade, diminuir o “digital divide”, qualificar segmentos carenciados e socialmen-te desintegrados, dar oportunidade aos desfa-vorecidos. Nos projectos do interior, como é o caso do Trás-os-Montes Digital , a sociedade do conhecimento desempenha um papel cen-tral de colocar os actores da região “em rede” com os seus interfaces mais directos.

- Investimento - O investimento é a por-ta do futuro. Não o investimento a qualquer preço. O investimento no conhecimento, nas pessoas, na diferença. Um acto de qualificação positiva, mas de clara universalização. É essa a mensagem da aposta no terreno. Quando se consolida o trabalho das cidades e regiões digitais, envolvendo tudo e todos, está-se cla-ramente a fazer investimento no futuro do país. A fazer das pessoas verdadeiros actores do conhecimento capazes de agarrar o complexo desafiodas Redes do Futuro.

- Inovação – Projectar o futuro é um acto de Inovação. Construir plataformas de ex-celência e competitividade ao longo do país é dar um sinal positivo em Portugal 2005. Não a qualquer preço. Com as pessoas. Para as pessoas. A competitividade não pode ser construída a qualquer preço. Te que saber consolidar níveis efectivos de participação, cooperação, coesão social. Só assim faz senti-do. Por isso, as “Cidades e Regiões Digitais” são uma “estrada de inovação” onde o dia-a-dia das pessoas é a base da construção duma rede de sucesso.

Portugal (ainda) não é plano. Talvez ainda haja uma última oportunidade. É esse o nos-so desafio colectivo.

Do digital à inovação e competitividade

Portugal (ainda) não é planoFrancisco Jaime QuesaDo

Gestor do Programa Operacional Sociedade do Conhecimento

PuB

serviços e prodUtos pArA empresAs

sexta-feira, 11 abril de 2008pme18

CidAdes e regiões digitAis – diAgnóstiCo de Um projeCto pArA o território

FORÇAS FRAQUEZAS

• A colocação da problemática da sociedade do conhecimento na agenda política local/regional. • O esforço de infra-estruturação dos territórios. • A significativa cobertura das regiões com postos públicos que permitem o acesso físico às TIC. • O mapeamento de recursos institucionais existentes e os passos conducentes ao fomento do diálogo inter-actores locais e o maior conhecimento mútuo. • A emergência de lideranças com estratégia e capacidade de arrastamento. • Projectos de CRD e sub-projectos passíveis de transferibilidade e de processos de aprendizagem social noutras regiões.• Os ganhos de escala conseguidos com a nova geração de projectos que passaram maioritariamente a ser de abrangência regional. • Os avanços conseguidos nalguns segmentos do governo electrónico. • A modernização tecnológica das autarquias. • A indução da procura de competências especializadas na área das TIC por parte das Câmaras Municipais.

• O défice de conhecimento teórico sobre a sociedade do conhecimento enquadrador da acção. • A debilidade dos diagnósticos e a falta de planos estratégicos de intervenção. • As abordagens redutoramente tecnocêntricas e o excessivo auto-centramento dos projectos• A escassez de uma cultura de avaliação nas regiões.• O défice de cultura relacional e de criação de dinâmicas colectivas de aprendizagem• A dificuldade de passagem de um paradigma de egovernment para um de egovernance.• A escassez de projectos que atenuem ou contribuam para não aprofundar formas de info-exclusão pós acesso físico às TIC. • A fraca inclusão nos projectos de actores das esfera empresarial, científica e socio-cultural. • A inexpressiva orientação dos projectos para a esfera empresarial. • O défice em matéria de formação de recursos humanos especializados. • O reduzido impacto em termos do emprego directo e indirecto gerado.• A dificuldade encontrada em garantir a sustentabilidade de diversos projectos.

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Gestão de resíduos perigosos ganha peso em PortugalMercado vale mais de 180 milhões

O mercado nacional de gestão de resí-duos perigosos está a ganhar peso. No ano passado, o valor foi superior a 130

milhões de euros, num acréscimo de 20%, face ao exercício anterior. Apesar do elevado núme-ro de operadores, a oferta está bastante concen-trada. As cinco maiores empresas reúnem cerca de 55% da quota de mer-cado total, refere o estudo da DBK.

A entrada em vigor de no-vas normas, no sentido de impulsionarem o tratamento dos resíduos, a catalogação como perigosos de novos ti-pos de resíduos e a limitação das exportações deste tipo de produtos representam importantes oportunidades para os gestores de resídu-os perigosos a operarem no mercado português. Por outro lado, importa no-tar que as empresas industriais e de serviços es-tão cada vez mais conscientes da necessidade de proteger o ambiente e a certificação neste âmbito. Mais uma vez, este facto vai contribuir também para potenciar o crescimento da actividade.

Face a este cenário, as previsões de curto e médio prazos apontam para a manutenção da tendência de crescimento do volume de negócio da gestão de resíduos perigosos. Para este e o próximo anos, estão previstos crescimentos anuais superiores a

15%, até alcançar, em 2009, um valor na ordem dos 180 milhões de euros.

Neste sector estão, neste momento, a operar cerca de 100 empresas devidamente autorizadas, sendo que mais de 20% estão concentradas no distrito de Lisboa. Destaque ainda para as em-presas localizadas em Setúbal e Porto, com quotas

de 18% e 15%, respectivamente. Todavia, esta oferta apresenta uma elevada concentração num reduzi-do número de operadores. Os cinco maiores – Quimitécnica Ambien-te, Sonalur, Auto-Vila, Caemona e Ambimed – garantem cerca de 54% de quota, valor este que au-menta para cerca de 70%, quando se trata das dez maiores empresas deste sector de actividade.

A produção de resíduos perigo-sos ronda as 900 mil toneladas, excluindo aqueles resultantes

da indústria extractiva. Mais de metade deste volume respeita a lodos, águas contaminadas, depósitos e resíduos químicos. Destaque ainda para os óleos usados, um produto que detém uma quota de 10%, com tendência para crescer nos próximos tempos. O volume tratado ainda não é sequer metade daquele produzido. Por sua vez, cerca de 45% destina-se a reciclagem, enquanto que entre os processos de eliminação a incineração abrange 20% do total, com desta-que para aquela com valorização energética.

Grupo DST cheGa ao mercado das TelecomunicaçõeS

O grupo DST entrou no mercado das telecomunicaçõers. Foi criada a empresa DSTelecom, num investi-mento inicial de 20 milhões de euros, para implementação de redes tecno-logicamente evoluídas. As operações deverão ter início no próximo ano.

Os principais sectores visados são os operadores de telecomunicações e os fornecedores de serviços electrónicos de dados, com base na integração dos tradicionais serviços de telecomunica-ções com tecnologias mais baratas e padronizadas. A entrada da empresa nesta área de actividade incide, ini-cialmente, na região do Minho, tendo como parceiros de negócio as comuni-dades intermunicipais dos vales do Mi-

nho e do Lima, as quais fizeram com a DST uma parceria público-privada para a construção e a gestão das redes comunitárias de telecomunicações nos 11 municípios abrangidos. Para o efei-to foram criadas duas novas empresas, a MinhoCom e a ValiCom.

O Grupo DST conta ainda com o apoio estratégico e tecnológico da Cellcraft International e pretende constituir uma empresa para operar ao nível do retalho, sobretudo para dina-mizar a rede construída. A opção pela entrada neste mercado prende-se com o facto de o mercado nacional não ter acompanhado a média dos inves-timentos realizados em redes de fibra óptica noutros países.

Portos de setúbal e sesimbra com melhores resultados de sempre

A Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra (APSS) obteve os melhores resultados de sempre. Foram movimentadas, no ano passado, cerca de 6,8

milhões de toneladas de mercadorias, com o volume de negócios a cifrar-se em 22,1 milhões de euros. Os resulta-dos líquidos ascenderam a três milhões e os operacionais a 900 mil euros.

Os bons resultados reflectiram-se no crescimento dos meios libertos líquidos, nos meios libertos operacionais e no valor acrescentado. Quanto a investimentos, estes tota-lizaram 2,2 milhões de euros, relacionados com projectos em curso, designadamente estudos de natureza específica para melhoria da actividade operacional e desenvolvimen-to de novas áreas de negócio. A APSS pretende garantir a manutenção de um crescimento equilibrado e sustentado.

Em termos globais, a estrutura de capitais próprios e alheios resultou num decréscimo, mercê da redução consi-derável dos segundos. De facto, a par da redução dos custos e da maximização dos proveitos, a política da empresa tem passado por reduzir a dívida face a instituições bancárias. A empresa procedeu à amortização antecipada de 6,2 mi-lhões de euros. Assim, a redução de capitais alheios, o re-forço dos capitais próprios e a obtenção de bons resultados líquidos foram essenciais para a melhoria da maior parte dos indicadores económico-financeiros do ano transacto.

De salientar que a actividade portuária tem passado por alterações importantes. Estão a decorrer vários investimen-tos, em termos de acessibilidades, melhoria das operações e mais eficácia na gestão, que começam a dar resultados. A par destes investimentos, a área da logística está em franco desenvolvimento, sendo que se trata de uma actividade, pela sua complementariedade, essencial para o sector por-tuário. É evidente que ainda há uma grande margem, no sentido de garantir resultados superiores.

obras na saúde com regime excePcional

As empreitadas de obras públicas para instalação de unidades de saúde familiar e requalificação de serviços de urgência podem ser con-tratadas sem necessidade de concurso público. Pretende-se permitir a contratação, por parte das administrações regionais de saúde e dos hos-pitais, de obras e a aquisição ou locação de bens e serviços pelos mesmos, por via da ne-gociação, da consulta prévia ou do ajuste directo.

A legislação limita, no en-tanto, esta excepção aos con-cursos públicos nos casos em que o custo total do contrato, sem IVA, seja inferior aos li-miares previstos para aplica-ção das directivas comunitá-rias, ou seja, 5,150 milhões de euros. São também con-templados os cuidados conti-nuados e o Instituto Nacional de Emergência Médica. O objectivo é tornar a resposta mais célere neste tipo de situ-ações.

Fileira da construção procura entrar na rússiaA Associação Portuguesa de

Cortiça (Apcor), no âmbito de um projecto de investimento do Sistema de Incentivos à Quali-ficação e Internacionalização de PME, levou 11 empresas nacio-nais de diversos sectores à feira Mosbuild, em Moscovo. A par-ticipação conjunta viabiliza a en-trada naquele mercado de entida-des ligadas à cortiça, à cerâmica, ao metal e às rochas ornamentais, sob a imagem de Portugal.

A presença nesta feira repetiu-se pelo terceiro ano consecutivo, já que a Apcor tem organizado o evento enquanto entidade parcei-ra no programa de promoção da fileira dos materiais de construção. “O novo quadro comunitário não prevê a candidatura de projectos que englobem a parceria entre associações e, deste modo, as en-tidades envolvidas no anterior programa realizaram candidaturas separadas, mas tendo em conta a

cooperação estabelecida e que teve resultados assináveis, quer ao nível da promoção do país, quer em ter-mos de aumento das exportações dos sectores representados”, adian-ta aquela associação.

Importa ainda referir que esta feira revela o enorme potencial que o mercado russo assume, ac-tualmente, no panorama da cons-trução internacional. De facto, é considerada a principal feira de construção e interiores da Rús-

sia e da Europa de Leste. “Deste modo, tornou-se imprescindível a actuação e a presença das empre-sas nacionais naquele mercado, no que se refere a todos os pro-dutos da fileira dos materiais de construção.” Tendo em conta a situação da construção no merca-do nacional, é mais uma oportu-nidade quese abre no sentido da internacionalização das empresas do sector.

As empresas portuguesas pre-

sentes em dois espaços foram a Mespiral Linkstone (no sector das rochas ornamentais), as Do-minó, Goldcer, Grestejo, Labicer, Primus Vitória e Topcer (cerâmi-ca), Marques e Tupai (metalome-cânica) e Amorim Cork e Manuel Joaquim Orvalho (na cortiça). A Apcor desenvolveu a iniciativa em parceria com outras associações sectoriais, nomeadamente AIM-MAP, AIMMP, Apicer, Assimagra e ANEMM.

porTuGal não cumpre disPosições sociais no TranSporTe roDoviário

A Comissão Europeia vai levar Por-tugal ao Tribunal de Justiça, já que não comunicou as medidas nacionais de transposição da directiva relativa à aplicação das disposições sociais no domínio das actividades de transporte rodoviário. A medida deveria ter sido adoptada em Abril do ano passado.

A transposição daquela directiva implica que o número de controlos de aplicação das disposições relativas ao tempo de condução e aos perío-dos de repouso passe progressiva-

mente de 1% dos dias de trabalho, em 2007, para 2%, em 2008, e para 3% em 2010. Exige também um mínimo de seis controlos anuais a efectuar simultaneamente pelas au-toridades nacionais, bem como uma maior coordenação e cooperação entre as autoridades de fiscalização. Isto mediante programas conjuntos de formação, níveis de equipamento normalizados e o estabelecimento de sistemas electrónicos de troca de in-formações.

sexta-feira, 11 abril de 2008 19PME

Limitação das exportações destes produtos impulsiona o sector de gestão de resíduos perigososos

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zx Somos quatro sócios de uma empresa fornecedora do sector naval. Conseguimos alcançar uma dimensão importante, temos 70 colaboradores e o resultado depois de impostos ultrapassa o milhão de euros. Isto faz com que a nossa política de dividendos gere divergências frequentes entre os sócios. Será que um Protocolo seria a solução?

zx A distribuição de dividendos é responsabilidade do conselho de administração da empresa, órgão de representação da propriedade (e logo dos seus interesses), responsável por tomar as melhores decisões para a empresa (aquelas que maximizam o valor para o accionista). Esta é a teoria económica. Desconheço qual a composição do conselho de administração no seu caso; talvez o facto de serem quatro sócios possa dar lugar a bloqueios nas decisões por as posições poderem ser confrontadas dois a dois. Quando os confrontos resultam de um sócio minoritário não aceitar as decisões maioritárias, talvez a situação não seja tão grave. Comprendo que na sua empresa seja necessário elaborar um Protocolo, o carácter familiar da mesma torna-a sensível às “influências” de cariz emocional por parte da família, tanto para o positivo como para o negativo.As decisões relacionadas com a administração da empresa, o acordo de sucessão do principal director, a definição das normas que regem a relação entre a família e a empresa (no que se refere a distribuição de dividendos, trabalho na mesma, avaliação do desempenho dos familiares que trabalham na empresa, etc.) devem ser tomadas através de um acordo consensual entre todas as famílias proprietárias dentro do processo de conhecemos como Protocolo Familiar.Num plano mais próximo da problemática em concreto que nos coloca, talvez fosse necessário um acordo de composição do conselho de administração que permitisse eliminar esta situação de potencial bloqueio, por exemplo mediante a incorporação de conselheiros independentes. Se estas questões se colocam é porque a sua empresa enfrenta uma nova etapa no seu crescimento. É necessário e imprescindível o apoio e envolvimento das famílias proprietárias nas mudanças. O protocolo será certamente a solução.

Abel Maia

sexta-feira, 11 Abril de 2008EMPRESAS FAMILIARES20

Consultório da empresa familiar

Envie-nos as suas questões [email protected]

Estamos, provavelmente, perante uma das questões que mais polémica e problemas suscitam no seio das famílias empresariais e das suas respectivas em-

presas. Uma empresa não perde clientes porque o seu di-rector seja filho do presidente, mas perderá se o director comercial não desempenhar o seu trabalho de forma eficaz e profissional.

Todavia, muitas são as empresas de propriedade fami-liar que contam entre os seus membros com trabalhadores com baixas qualificações profissionais para as responsabili-

dades que lhe são atribuídas. Mais ainda, a nossa opinião e avaliação sobre estas pessoas acaba por ser parcial, pois não queremos ver os problemas existentes. Completaremos o círculo dos despropósitos se contarmos com familiares competentes e responsáveis que rendem ao máximo e com outros incompetentes de baixo rendimento, e o nosso sis-tema de direcção não premiar nem castigar, de forma a evitar conflitos pessoais dentro da família.

Temos que tomar decisões sobre pessoas concretas às quais nos sentimos emocionalmente ligados e os senti-mentos turvam o processo racional que deve sustentar a gestão do pessoal, ainda que se trate dos nossos filhos ou sobrinhos.

Tentemos esclarecer esta questão e mostrar-lhe as chaves para conseguir gerir a situação de forma adequada.

Quais são as necessidades da empresa familiar?A empresa precisa de pessoal que lhe permita concorrer

com êxito nos mercados, pessoal que deve desempenhar o seu trabalho com eficácia e contribuir para que a organi-zação alcance os seus objectivos estratégicos. O sistema de direcção deve avaliar o rendimento do seu pessoal e actuar em consonância: é necessário premiar a excelência e pena-lizar a mediocridade, apenas desta forma conseguiremos ter uma equipa de primeiro nível e garantir, a longo prazo, a nossa sobrevivência nos mercados.

Como é que a família vê a empresa familiar?Para a família em geral, a empresa é uma fonte patrimo-

nial e de receitas via lucros que indubitavelmente é neces-sário conservar e fazer crescer.

Mas é também vista por determinados membros como um lugar para trabalhar, seja de uma forma responsá-vel e altamente envolvida com o projecto profissional e empresarial, seja da perspectiva de considerar a empre-sa familiar como um sítio onde se consegue emprego fácil (não é necessário passar pelos filtros da empresa externa), onde se pode render a um nível inferior ou onde se consegue receber um salário superior à media do mercado.

Podemos contar com membros da família nos nossos quadros?

Claro que sim; a empresa enfrenta importantes limita-ções na altura de escolher pessoal qualificado nos merca-dos laborais, pelo que fechar logo à partida as portas a um bom profissional pelo simples facto de pertencer à empre-sa é um erro. Podemos – e inclusive em algumas situações devemos – contratar membros da família.

Então, o que fazer?Tal como noutras questões que afectam a empresa fami-

liar, a chave está em fazer as coisas de forma organizada e planeada, pensando no benefício da empresa a longo pra-zo. A incorporação de membros da família deve dar res-posta a uma reflexão prévia sobre porquê, quem e como. A regulação é conseguida com o Protocolo Familiar, tema que será aprofundado na próxima semana.

O trabalho dos familiares na empresa familiar

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Grupo Frasa aposta em novos sectoresO Grupo Frasa comemorou recentemente o seu 18º aniversário. Durante este evento, a empresa anunciou o investimento de um milhão de euros no desenvolvimento de novos negócios e na remodelação e ampliação dos novos “showrooms” dedicados aos principais negócios e projectos das empresas do grupo.

As empresas do Grupo Frasa actuam em áreas bastante di-versificadas, que vão desde os

equipamentos de cozinha, às novas energias e recursos naturais até a uma herdade vocacionada para o turismo de habitação e produtos alimentares tipicamente alentejanos.

Francisco Santos, presidente do Grupo, falou com a “Vida Econó-mica” e salientou que o objectivo do grupo é “elevar o actual peso dos no-vos negócios, como as energias alter-nativas, turismo, saúde e construção, na facturação do grupo, que depende ainda em cerca de 70% da venda de equipamentos de cozinha pela Frasa Ibérica”, o negócio central do grupo.

A Frasa pretende até 2010 aumentar o volume de exportações, passando de 20 para 40 por cento. Pretende para isso apostar em novos mercados como Angola, Cabo Verde, Moçambique, Polónia, Dubai e Rússia, onde a em-presa tem já procurado atingir ”uma posição de relevo”.

No novo “showroom” inaugurado é possível ver uma colecção de equipa-mentos modernos, de design exclusi-vo, incluindo algumas novidades mais recentes ainda não lançadas no mer-cado, como, por exemplo, uma mesa com frigorifico incorporado.

Para Francisco Santos, “a nossa mis-são é viver e renovar o prazer da cozi-nha, facilitando a vida quotidiana e a sua confraternização”.

Neste evento tivemos ainda opor-tunidade de contactar com outras

empresas do grupo como, é o caso da ELANOTEC – Recursos Naturais & Energias Alternativas, S.A., duas áreas que se complementam.

Criada em 2006, esta é uma empre-sa dedicada ao aproveitamento e reuti-lização de água pluvial, tratamento da água residual doméstica e industrial e planeamento e instalação de unidades independentes de pequena e média produção de biodiesel com recurso a óleos alimentares usados, óleos novos ou gorduras animais. Paralelamen-te, a Elanotec actua ainda na área da microgeração, com especial destaque para a energia solar e eólica.

Já a Macfrasa Projectos Especiais é a empresa do grupo que desde 2006 se dedica ao desenvolvimento de projec-tos na área de construção, sobretudo

em aço inox e aplicados em revesti-mentos exteriores e interiores, entre outros.

Por sua vez, a Frageti actua no ne-gócio da construção e da gestão imo-biliária através da compra, venda e aluguer de terrenos e edifícios.

A ter em conta é o projecto a de-senvolver pela Cutaneous, um centro médico onde irão funcionar diversas especialidades relacionadas com a der-matologia.

Não menos importante é a Herdade do Charito, com produtos alimentares típicos do Alentejo, como os vinhos, queijos, enchidos e presuntos, na qual se pretende lançar, ainda este ano, uma estalagem com sete alojamentos em S. Vicente de Elvas, no Alentejo.

Fernanda Silva Teixeira

Jesus e Francisco Negreira del Rio.Professores da Escuela de Negocios Caixanova

Novo “showroom” revela as novidades mais recentes.

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Aquiles Barros, administrador da CastelBel, considera

“Exportação do país é a soma das pequenas empresas”Os sabonetes da Zara Home são fabricados em Portugal pela CastelBel. A empresa portuguesa foi criada há poucos anos por Aquiles Barros, professor da Faculdade de Engenharia do Porto. Apostando na exportação de sabonetes tradicionais, a empresa começou por colocar toda a sua produção nos Estados Unidos. Actualmente, a empresa tem um accionista britânico e vem diversificando a sua linha de produtos. Aquiles Barros considera que muitas das pequenas empresas portuguesas têm potencial para crescer e enfrentar a concorrência vinda da Ásia. O gestor da CastelBel continua a ser professor universitário e admite que uma grande parte dos académicos não encara de forma positiva a iniciativa empresarial.

Vida Económica – Como é que surgiu a ideia de criar uma nova indústria num sector tradicional?

Aquiles Barros – A indústria de sabonetes está em de-cadência. Embora nós agora estejamos a falar mais de cos-méticos porque procuramos associar outros produtos para além dos sabonetes. Sou funcionário público e nunca pen-sei na minha vida ser empresário. Em 1999, o importador americano, que é o actual, disse-me que eu tinha de fazer uma fábrica para ele. Foi mesmo assim. E conseguiu-me convencer. Arranjei um amigo que financiou o projecto e tínhamos a garantia de colocação no mercado externo através da empresa americana que comprava o produto. Aliás também seria sócio em 33%. Foi assim que nasceu a CastelBel de uma maneira imprevista.

VE – A vocação da empresa é o mercado exter-no?

AB – O único cliente era americano. Eu fiz a fábrica apenas para os produtos deles. Quando a empresa nasceu a vocação exportadora já estava praticamente criada. Nós tivemos de juntar todas as peças de um puzzle e criar uma fábrica desde a base, o que não é fácil, sobretudo numa indústria onde há muitas empregas antigas com tradição. Na minha óptica, não havia um risco conside-rável porque este cliente americano, com quem trabalhei oito anos na Ach. Brito, me garantiu que ia comprar os produtos todos.

VE – Actualmente, face à evolução do dólar, é menos aliciante exportar para os EUA?

AB – É menos aliciante e mais difícil. Neste momen-to, a comercialização dos produtos é tratada pelo sócio maioritário que é inglês. Olho para os números e vejo que o escoamento dos produtos está complicado. Temos linhas novas e designers a fazer novas concepções de pro-dutos, mas o que está acontecer é que há muita concor-rência e também as empresas que compram estão cada

vez mais exigentes. Estas pedem constantemente altera-ções de produto, o que cria muitas dificuldades e, natu-ralmente, a questão do dólar tem sido muito complicada. Claro que há algumas matérias-primas que compramos em dólares. Temos assistido a uma subida dos preços das matérias-primas que nos preocupa.

VE – Quais são os principais clientes da Castel-Bel?

AB – O principal cliente é a Zara. É um cliente ex-tremamente interessante, que começou há quatro anos de uma forma ocasional. Nessa altura, tivemos uma crise muito grande porque este americano meu amigo ligou-me e disse: “Fecha a fábrica.” Perdemos o único cliente que tínhamos, tornando-se necessário encontrar alternativas no mercado. Na altura em que, contactámos, a Inditex, empresa detentora da Zara, procurava um fabricante de sabonetes para a Zara Home e nós fomos escolhidos. O negócio está a correr muito bem para ambas as partes.

VE – Quais são os factores que têm contribuído para o crescimento da empresa?

AB – Acho que o nosso país é fantástico. Acho que tem uma quantidade enorme de pequenas e médias empresas fabulosas, em que as pessoas dão o máximo. Um dos pro-blemas que existe nas pequenas empresas é a falta de co-nhecimentos das pessoas. Isto está mudar drasticamente. A CastelBel tem necessidade de recorrer a um sem-núme-ro de serviços desse género, desde o homem que faz os cunhos até ao que faz as caixas. Corremos o país todo e temos uma resposta dessas empresas absolutamente fabu-losa. É um erro deste país pensar que ser pequeno é mau. A exportação que o país tem é muitas vezes a soma de pequenas empresas.

VE – Como é que os seus colegas académicos olham para si desde que se tornou empresário?

AB – Há colegas que me admiram e outros que não gostam daquilo que eu faço. Há pessoas que acham que a universidade, que é o sítio onde trabalho, nos devia con-sumir completamente. Penso que termos uma projecção cá fora, uma ligação ao exterior poderia ser uma maneira de fazer com que as barreiras que ainda existem, que se-param o ensino universitário das empresas, pudessem ser ultrapassadas. Tenho tido muito boas experiências, mas creio que a maior parte dos colegas acha negativo o que tenho feito.

VE – O mundo das universidades convive mal com as empresas?

AB – A falta de ligação das empresas ao meio uni-versitário é mais culpa das empresas do que das uni-versidades. As empresas querem que as universidades dêem respostas rápidas, rotineiras e para isso existem empresas privadas. Muitas vezes, as universidades fazem uma concorrência desleal às empresas privadas. As uni-versidades o que fazem é trabalhos especializados, no sentido de inventar coisas. Inventar uma coisa é muito complicado e pode demorar anos. Actualmente, o siste-ma de avaliação dos professores universitários baseia-se quase que em exclusivo no número de publicações de artigos científicos.

É evidente que, se eu tenho um artigo científico, que é um trabalho que é feito dentro da universidade, é muito mais fácil publicar. Se eu tenho um trabalho que está projectado para o exterior, no exterior temos de ter re-sultados. Portanto, muito dificilmente podemos publi-car, porque uma coisa é dizer que se inventou, outra é mostrar que aquilo tem utilidade. Enquanto o sistema de avaliação das universidades se centrar em 90% no núme-ro de artigos que os professores publicam, nenhum pro-fessor que seja sensato vai querer trabalhar com o mundo exterior porque isso não dá publicações.

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SAG rende 40 milhões

O resultado líquido de 2007 da SAG SGPS atingiu os 40 milhões de euros, o que corresponde a um acréscimo de 66,1% face ao resul-tado obtido no ano anterior. O relatório apresentado pela Admi-nistração do Grupo aponta os 739 milhões de euros como o volume de negócios consolidado. Já o EBI-TDA, que ascendeu a 66,4 milhões de euros, teve uma subida face ao ano transacto de 19,5 milhões de euros, representando um aumento de 27,1%. No mercado ligeiro de passageiros, a SIVA recuperou a posição de liderança ao reforçar a sua quota de mercado para 11,3%. Em ascensão está também a área dos Serviços Automóvel, registando crescimento da actividade em todos os mercados onde a SAG está pre-sente: Portugal, Espanha e Brasil.

Perante os resultados registados, a SAG anunciou que irá propor a distribuição de dividendos de 0,1649 euros por acção, o que cor-responde a um “pay out” de 70%.

CândidA [email protected]

“Neste momento é menos aliciante e mais difícil exportar para o mercado americano” – afirma Aquiles Barros.

sexta-feira, 11 Abril de 2008 21negócios e empresas

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Ekon Builder e Ekon Domus

Novas ferramentas de gestão para o sector imobiliárioDesafios de monta, mas também novas e prometedoras oportunidades no sector, fazem crescer a necessidade de novas soluções.

Tanto a Ekon Builder como a Ekon Do-mus foram desenvolvidas na Península Ibé-rica e já estão disponíveis há algum tempo no mercado espanhol. Agora, a Agresso Por-tugal, filial do Grupo Unit 4 Agresso, espe-cialista em soluções de gestão para empresas e organismos públicos, trouxe estas duas ferramentas informáticas para este lado da fronteira. A Ekon Builder e a Ekon Domus propõem-se ajudar as empresas de constru-ção e promoção imobiliária a responder aos novos desafios colocados pelo sector.

As empresas de construção e promoção imobiliária sofrem, actualmente, com as alterações do mercado e uma certa pressão para baixar os preços, além de legislação mais exigente, conforme enumera Francis-co Jiménez, busines development manager da CCS Agresso (filial espanhola da Unit 4 Agresso), que apresentou as duas soluções, no mês de Março, em Lisboa. De acordo com o mesmo responsável, dadas as recen-tes dificuldades do sector, as empresas têm--se visto obrigadas a diversificar as áreas de actividade – uma promotora dedica-se também já à construção e uma construto-ra faz, simultaneamente e cada vez mais, a promoção e venda dos empreendimentos que ela própria ergue.

Ainda assim nem tudo é mau: Francisco Jiménez acrescenta que estamos também perante um sector pejado de novas opor-tunidades. Cada vez há mais estrangeiros a procurar o Sul da Europa, nomeadamen-te Portugal, para uma segunda habitação destinada a férias ou para viver os anos de reforma.

Além disso, regista-se um alargamento do investimento e da procura imobiliária a novas zonas, incluindo regiões do interior,

e avistam-se novos mercados para as em-presas portuguesas, como o Leste Europeu ou Angola. A perspectiva da construção do novo Aeroporto Internacional de Lis-boa deve também trazer um incremento ao sector, num futuro próximo.

Ora, é no bom e no mau, que é como quem diz nos desafios e oportunidades, que a Agresso identifica a necessidade crescente de ferramentas de gestão para as empresas do sector. Assim, a Ekon Builder abarca todas as áreas do negócio de uma construtora, desde os estudos prévios, à execução de obras e facturação, incluindo a orçamentação e o planeamento.

Com a Ekon Builder, as empresas de cons-trução têm acesso, em tempo real, a dados como o estado da obra, os recursos huma-

nos em laboração e os gastos. Uma gestão ao minuto, que ajuda a prevenir derrapa-gens financeiras, facilita o cumprimento de prazos e mesmo riscos laborais, uma vez que também permite gerir a formação, a reali-zação de exames médicos e a atribuição de equipamento de trabalho, como capacetes, coletes reflectores ou botas especiais.

Já a Ekon Domus mostra-se mais vo-cacionada para promotoras imobiliárias, abarcando todas as áreas funcionais das empresas, desde a gestão da promoção, ao pós-venda, incluindo também a constru-ção e o acompanhamento de obras.

Tanto a Ekon Domus como a Ekon Builder são aplicáveis a qualquer hardwa-re e sistema informático e nenhuma im-plica qualquer aquisição de equipamento

adicional ou de administração por parte do cliente. A gestão é feita via Internet e a informação fica disponível através do com-putador, mas também do PDA ou mesmo do telemóvel.

Manuela Micaelredacçã[email protected]

Inovação e empreendedorismo não acontecem apenas nos grandes centros urbanos

Alto Minho assume posição de vanguarda

A par da iniciativa “Minho-Lima: a construção de uma região de excelência”, o Conselho Empresarial dos Vales do Lima e Minho (CEVAL), promoveu o debate à volta da região do Alto Minho. A segunda edição do Congresso Empresarial do Alto Minho “O Futuro Hoje? Gerir, Inovar e Globalizar” realizou-se em Viana do Cas-telo recentemente e contou com diversos nomes ligados à região e com a presença do secretário de Estado Adjunto da In-dústria e da Inovação.

O congresso reforçou a necessidade de a região do Alto Minho apostar numa ima-gem de marca que possa ser levada até ao exterior e contribuir para a internaciona-lização da economia. A presença de vários empresários do Alto Minho nesta iniciati-va permitiu um debate alargado, com vista à construção de projectos que potenciem o crescimento da região.

Na conferência estiveram também al-guns membros da comitiva do CEVAL presente em países como Brasil, China,

Argentina ou EUA, que reflectiram so-bre as potencialidades de internacionali-zação das empresas da região do Minho para estes mercados.

Na análise feita ao mercado do Chile, destaque para o efeito “novidade” num mercado habituado a fornecedores tradi-cionais. A facilidade proveniente da proxi-midade da língua e da cultura é particular-mente relevante.

Sérgio Espadas, da AICEP, acredita que é necessário fazer um maior acompanha-mento a clientes de portugueses.

O Chile tem que contar com a concor-rência, sobretudo asiática e americana, mas tem a mais-valia de viver, neste momento, em estabilidade política e económica.

No que concerne ao mercado argentino, falou-se de alguns sectores em que Portu-gal exporta muito pouco e que tem grande potencial. Destaque para caldeiras, fornos, máquinas, aparelhos e material eléctrico, auto componentes, produtos químicos or-gânicos e produtos farmaceuticos.

As empresas nacionais Sogrape, Efacec, Faiart e Pereira Coutinho são as principais investidoras no mercado argentino.

O Brasil é sempre visto como um mer-cado natural, muito pela proximidade linguística. As principais áreas em que os portugueses actuam são a indústria, co-mércio e serviços. Actualmente, Portugal é já o segundo maior investidor turístico no Brasil.

O Brasil é um importante destino de in-vestimento directo português no exterior (IDPE) e é nesta área que Portugal mais se tem evidenciado.

Os investidores e os cientistas consti-tuem-se como grandes impulsionadores do crescimento. Para se assumir no merca-do dos EUA, Luís Avides, da AICEP, de-finiu o acompanhamento e conhecimento profundo do mercado como estratégia es-sencial.

Gerir, inovar e globalizar: são estas as palavras-chave para colocar a região do Minho no trilho da inovação e do empre-endedorismo.

A Confederação Internacional de Ou-rense (CEO) destacou a necessidade de uma responsabilização social das empresas. Como motores de riqueza e contribuido-res do desenvolvimento das comunidades,

as empresas assumem já o papel de respon-sabilização, mas é preciso ir mais longe. O mercado deve ser capaz de reconhecer a trancendência das acções das empresas, e a responsabilidade social é um elemento de diferenciação, uma estratégia comercial e uma vantagem competitiva.

A CEO concebe a internacionalização como uma estratégia para aumentar a competitividade das empresas e entende a inovação como um elemento essencial para identificar os factores que permitem alcançar o êxito.

Os presidentes das Comunidades dos Vales do Minho e Lima, Rui Solheiro e Francisco Araújo, destacaram a função inovadora das iniciativas promovidas pela CEVAL neste projecto, em especial as ac-ções de “benchmarking” realizadas a países de economias emergentes, enquanto Cas-tro Guerra centrou a sua intervenção no QREN e nos projectos para as pequenas e médias empresas. O secretário de Estado acabou, no entanto, por admitir que, apesar de estas iniciativas serem uma boa ala-vanca para o crescimento português, são insuficientes quando compara-das com o investimento privado que existe em Portugal.

Mariana Pinto

“Portugal está a mudar”. É esta a convicção do ecretário de Estado Adjunto da Indústria e da Inovação, António Castro Guerra, que acredita que “as regiões estão a assumir a vanguarda da inovação e do empreendedorismo em Portugal”.

As empresas de construção têm acesso, em tempo real, a dados como o estado da obra, os recursos humanos em laboração e os gastos.

sexta-feira, 11 Abril de 2008negócios e empresas22

A Agresso desenvolve soluções de gestão que se destinam ao sector públi-co e a empresas de serviços e comércio. A empresa comemora este mês de Abril dois anos de presença em Portugal. Os escritórios em terras lusas trabalham com 15 colaboradores, depois de duas aquisições recentes. Entre os clien-tes presentes no nosso País está, por exemplo, a cadeia de ginásios Holmes Place.

Se, lá fora, a principal carteira de clientes está mesmo no sector público (entre eles, autarquias e escolas), em Portugal, ainda não há qualquer imple-mentação de ferramentas Agresso em organismos públicos nacionais. Essa, assegura João Capitolino, director ge-ral da Agresso Portugal, também não é, para já, uma prioridade. A justificação reside na crise financeira que, alega o responsável, atravessa o sector público português e também na forma como os municípios encaram este tipo de solu-ções. «As autarquias portuguesas enca-ram as ferramentas informáticas como um mal necessário e não como uma for-ma de servir os munícipes», analisa.

agresso portugal comemora segundo

aniversário

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A gastronomia, os vinhos e o turismo poderão afirmar-se como três pilares de desenvolvimento e cooperação transfronteiriça entre o Alto Minho e a Galiza? Esta foi a questão abordada em mais uma edição dos pequenos-almoços / debate organizados pela Vida Económica.No final, e como conclusão consensual deste encontro de trabalho, resultou a ideia de que “há que passar do sentimento à articulação de ideias concretas que facilitem os negócios na euro-região”e de que o lançamento de uma marca turística única poderia “ajudar à promoção desta ampla zona”, sendo que, para levar por diante este trabalho, uma “maior implicação das autoridades nacionais” seria necessária.

“Gastronomia, Vinhos e Tu-rismo: três pilares de desen-volvimento e cooperação

transfronteiriça entre o Alto Mi-nho e a Galiza” foi o tema do último pequeno-almoço/debate. Visando proporcionar uma co-bertura do evento nos dois países, a “Vida Económica” convidou adicionalmente o jornal espanhol “Hostelaria Galega & Turismo” (HG&T), o meio especializa-do para a área de gastronomia, vinhos, hotelaria e turismo da Galiza, e o seu director, Guiller-mo Campos, para moderador da sessão. Por tudo isto, os convites foram repartidos entre ambas as publicações e direccionados a personalidades de ambos os lados da fronteira.

Deste modo, foram convida-dos pela VE Francisco Sampaio, presidente da Região de Turis-mo do Minho, Maria José Silva, administradora da agência de Representação de Agências de Viagens e Formação em Turismo (RAVT), José Miguel Brás, pro-fessor da Universidade de Aveiro, Jorge Cabral, jornalista, André de Quiroga, director executivo da Agência de Comunicação Força Motriz, e Manuel Alves, empre-sário do sector da restauração.

Pela HG&T foram convidados Ricardo Rivas Barros, subdirec-tor-geral de Industrias e Quali-dade Agro-Alimentar (Xunta de Galicia), Jesús Pereira, director da “Sociedade de Imagem e Promo-ção Turística da Galicia – Turga-licia” (Dirección Xeral de Turis-mo), Francisco García-Bobadilla Prósper, ex-presidente dos “Pa-radores de España”, empresário hoteleiro de Lugo e promotor do “Gremio de Hoteles en Galicia”, José Posada, ex-deputado euro-peu e fundador da “Irmandade dos Viños Galegos”, e Ignacio Franco, director financeiro do grupo Sogevinus (Caixanova).

Para além da partilha de um inato sentimento afectivo co-mum a ambas as regiões e da

constatação de uma desconexão pragmática geral, a generalidade das intervenções foi concordan-te com a ideia de lançamento de uma marca turística única.

Acções conjuntas permitiriam melhores resultados

Para Francisco Sampaio, esta ideia não é nova, pois Manuel Fraga, antigo presidente da Xunta de Galicia, “já propusera a ideia de trabalhar conjuntamente no sector do turismo galego e do Norte de Portugal, todavia foi impossível concretizar esta ideia, devido às diferenças e divergên-cias que existiam”.

“Agora, eu proponho uma reunião de agências de viagens, hotéis e administrações públicas para oferecer pacotes turísticos conjuntos, a preços acessíveis”, de modo a que o turista possa percorrer a Galiza e o Norte de Portugal. Ainda segundo o presi-dente da região de turismo, esta oferta deveria “incluir a dieta atlântica”, reconhecendo que, “além de captar visitantes, esta proposta ajudaria a melhorar a ocupação dos hotéis e a manter os postos de trabalho”.

Esta mesma ideia foi partilha-da por Maria José Silva, que re-velou uma “genuína vontade de trabalhar conjuntamente” com a região da Galiza por parte da grande maioria dos associados da sua organização. “As agências estão ávidas para promover no-vos produtos e seria muito inte-ressante poder conciliar cultura, gastronomia, vinho, turismo, desportos de aventura e mesmo o golfe”. “É necessário apostar sem-pre na qualidade, na certificação e na diferenciação dos produtos”, reforçou.

Na verdade, para a adminis-tradora da agência RAVT, há que, “primeiramente, criar uma marca única para poder vender o produto que queremos promover

no exterior”, sendo que “o passo seguinte seria desenhar circuitos para vender em Portugal e na Ga-liza”, que, uma vez aperfeiçoados, seriam promovidos no estran-geiro. “Poderíamos aproveitar o mercado low cost, sem esquecer as sinergias que existem já nesta euro-região, e apostar nas feiras de turismo”, concluiu.

Ainda segundo José Miguel Brás, é necessário começar por “conhecer e identificar os recur-sos turísticos, seleccionando os que irão ser promovidos, e estru-turar uma marca inter-regional única que permitirá criar dinâmi-cas interessantes e possibilitar o aumento do número de acções de promoção”.

Contudo, para José Posada, “o que falta aos galaico-portugueses é saber vender a nossa região no

mundo”. “A dieta atlântica, que além da gastronomia e dos vi-nhos, é, sobretudo, um estilo de vida tranquila e repousada”, e esta pode, por si só, “ser um elemento importante para potenciar a ima-gem geral da Galiza e de Portu-gal”. “Temos elementos comuns, a mesma gastronomia, as mesmas matérias-primas”, e como tal de-vemos encarar o desafio de “avan-çar juntos para fazer corpo e criar massa crítica. Há que colocar sen-timento”, rematou.

De certa forma, esta tem sido já a aposta da Turgalicia. Para o seu responsável, a “Turgalicia já destaca nas suas campanhas os valores da costa atlântica”, a sua

cultura, as suas tradições, os seus costumes e a sua gastronomia. “Essa é a aposta da Xunta de Ga-licia”, referiu Jesús Pereira.

No entanto, para Francisco Sampaio, é essencial “definir à partida que tipo de turismo é o mais adequado para esta região, para que seja possível criar uma zona de trabalho e negócio”. “Há que questionar o que se pretende vender e a quem, será preciso co-nhecer bem o produto e desenhar o perfil do potencial cliente a que estaria dirigida a oferta”, interce-deu Ignacio Franco. “As pessoas que se movem neste campo têm uma grande responsabilidade, por isso entendo que têm de es-tar bem apoiadas” através de um bom trabalho de análise, reforçou o director da Turgalicia.

Desafio é criar riqueza e dinâmica

Para todos os presentes nesta iniciativa, e para José Posada, “o desafio deve ser criar riqueza e di-nâmica, pois os sentimentos são já óbvios. A aposta deverá recair na cooperação e na criação de siner-gias”. “Cada qual tem as suas espe-cialidades, o seu conhecimento da terra, e por isso apenas é necessá-rio aprender a trabalhar conjunta-mente para criar empresas dinami-zadoras da região”, reforçou.

No entanto, e conforme re-feriu Jorge Cabral, na realidade actual “o Produto Interno Bruto (PIB) da Galiza representa cerca de 60% do PIB nacional de Por-tugal”. Por esta razão, a Galiza “é uma região com uma capacidade financeira muito superior à por-tuguesa, o que, obviamente, lhes permite uma dinâmica de expan-são também maior”, disse. Ainda segundo este jornalista, “não é apenas uma questão financeira, mas sim de agressividade. Ainda que os portugueses se comparem economicamente à Galiza, não possuímos a dinâmica que os galegos imprimem aos seus pro-

jectos, pois têm uma mentalidade criada nas novas gerações, e nós ainda estamos a caminhar”, fina-lizou. Invocando a sua experiên-cia de vida transfronteiriça, Igna-cio Franco reforçou esta mesma ideia, referindo que entende que ”os galegos deveriam fazer mais negócios neste país e Portugal de-veria abrir-se mais à Galiza. Nes-tas condições as possibilidades seriam muitas”, visto que “dis-pomos de um mercado potencial de 12,3 milhões de clientes, se à esta euro-região lhe adicionarmos os vizinhos geográficos, como são os casos das Astúrias e Castela- -Leão”.

Outra das possibilidades para a criação desta dinâmica económi-ca transfronteiriça seria, segundo Fernando Sampaio, “a criação de um cluster” neste sector, “tal como o realizado na área dos vi-nhos”.

Nesta área, “seria interessante associar o vinho a determina-dos valores culturais e turísticos, porque o seu cultivo supõe uma relevante intervenção do homem na paisagem”, afirmou Ricardo Rivas Barros

Todavia, tal como alertou Jor-ge Cabral, “existem disparidades que são absolutamente brutais”. Pois, se os vinhos galegos “apenas se limitam a ser consumidos na sua região originária, o proble-ma em Portugal é de não serem consumidos os vinhos que aqui se produzem”. Outro dos inimigos comuns nesta área seria a varieda-de dos vinhos existentes nas duas regiões. Seria importante “decidir se mantemos as Denominações de Origem ou se procuramos sair das catacumbas e, através da va-riedade, criar um nome comum”, defendeu José Posada.

No essencial, foi veiculada uma mensagem de optimismo que pode facilitar uma boa colabo-ração conjunta, ainda que tendo em conta as diferenças existentes.

FERNANDA SILVA TEIXEIRA

Empresários e operadores do sector querem marca turística única

Gastronomia, vinhos e turismo unem Alto Minho e Galiza

sexta-feira, 11 Abril de 2008 23negócios e empresAs

O mercado “low cost” e a aposta nas feiras de turismo são dois vectores de cooperação transfronteiriça

A oferta de pacotes turísticos conjuntos, a preços acessíveis, foi uma das sugestões propos-tas no pequeno-almoço/debate promovido em conjunto pela VE e HG&T.

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Auto Sueco Automóveis reforça retalho da HondaAs previsões passam por vender, nas quatro cidades em que representa a Honda, uma média anual de 800 viaturas, o que vai tornar o grupo num dos maiores concessionários portugueses da marca.

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A Madeira Auto-Car foi nomeada concessio-nário da Kia, substituin-do, desta forma, a CVP Funchal que cessou a sua actividade de dis-tribuidor da marca no arquipélago. As instala-ções do novo represen-tante da marca coreana na Madeira situam-se no Funchal, concretamente na rua Conde Canavial, o stand, e no Ca-minho do Rege-dor (Nazaré, São Martinho), o ser-viço de pós-venda e peças.Esta nomeação surge na sequên-cia da reestruturação da rede de concessioná-rios levada a cabo pela Kia Portugal nos últi-mos dois anos. De acor-do com o grupo Bergé, importador do constru-tor coreano, a renovação “visou, essencialmente, a requalificação e adap-tação” da força de ven-

das da Kia “aos grandes desafios e oportunida-des da marca no presen-te e futuro”.Segundo o importador marca, o seu novo dis-tribuidor, que faz parte do Grupo Leacock, “tem no curriculum um vasto conhecimento e expe-riência do mercado au-tomóvel”, já que tam-bém representa a Ford.

“A comercialização da marca Kia constitui, pois, um importante de-safio comercial para a empresa, mas também uma forte aposta desta na distribuição da mar-ca que mais cresceu no último ano na Europa e em Portugal”, conclui a Bergé em comunicado.

KiA sUBlinHA PresençA nA MAdeirA

A Auto Sueco Automó-veis reforçou a sua posição no retalho da

Honda através da aquisição da Ondimeta à Fernando Simão e da nomeação para a zona de Santa Maria da Feira. A fun-cionar desde o início de Mar-ço, a nova concessão utiliza a designação de Autovip Norte e tem duas instalações, na rua Manuel Pinto de Azevedo, no Porto, e na Zona Industrial de Espargo, em Santa Maria da Feira. A empresa do grupo Auto Sueco passa, com esta nova realidade, a representar

a marca japonesa Honda em quatro localidades. São es-tas Almada, Odivelas, Santa Maria da Feira e Porto, aqui partilhando a zona com outro concessionário, a Neumotor. O administrador-delegado da empresa, Jorge Guimarães, adiantou, em declarações à “Vida Económica”, que estas localizações deverão vender um volume anual médio “na ordem das 800 unidades”, o qual permitirá à Auto Sueco Automóveis “posicionar-se como um dos principais par-ceiros da marca em Portugal”.

No ano passado, a Honda vendeu no mercado nacional perto de seis mil automóveis.

De referir que a Autovip Norte integra a estrutura da Auto Sueco Automóveis na Área Metropolitana do Porto, que passa, assim, a contar com três marcas, a Volvo, a Mazda e a Honda.

Após o fim da importação dos automóveis ligeiros da Vol-vo para Portugal, o grupo Auto Sueco reforçou a sua posição multimarca, acelerando um processo em que já estava apos-tado nos últimos anos. E tem

demonstrado bastante dinâmi-ca. As novidades mais recentes, para a Autovip Norte, são a abertura de uma concessão Fiat e Fiat Professional em Lisboa, o arranque da operação da empresa de usados multimar-ca Go Automóveis no Porto e a abertura de um novo stand da Volvo em Queluz. Quanto a novidades, Jorge Guimarães reconhece que “há, com certe-za”, mais projectos em estudo. “Mas não é ainda oportuno fa-lar neles”, remata o executivo.

Aquiles [email protected]

A General Motors Portugal (GM) vai arrancar este mês com uma campanha de reflorestação para compensar as emissões de CO2. O programa daquela que é, segun-do a empresa, “a maior campanha de florestação jamais realizada por uma empresa privada no nosso país” contempla a plantação de

um total superior a 127 mil árvores numa área de 120 hectares que faz parte da Rede Natura 2000, localizada no concelho de Ansião, no distrito de Leiria. A iniciativa da GM, que será implementada através da marca Opel, assume o princípio do sequestro de CO2 e de compensação de emissões, sem esquecer os efeitos positivos em matérias como a gestão florestal e a prevenção de incêndios.De acordo com os responsáveis pela filial portuguesa do constru-tor de automóveis, este projecto de arborização, efectuado pela GM em parceria com a Carbono Verde, a Federação dos Produ-tores Florestais de Portugal e a Associação Florestal de Ansião,

distingue-se por constituir uma acção de florestação sustentável “que engloba um plano rigoroso de selecção de espécies a plantar, bem como um calendário de ve-rificação e manutenção”, o qual se estende por um período de 25 anos. O director-geral da GM Portugal,

Guillermo Sarmiento, referiu, na apresentação do projecto, que os construtores de automóveis devem juntar o avanço técnico à consciência ambiental. “O cami-nho para neutralizar o automóvel em termos de emissões é, neces-sariamente, um caminho longo. À medida que fazemos progressos no campo tecnológico, temos vin-do a desenvolver variadas acções com as quais transmitimos a nos-sa consciência ambiental. Com essas acções, sublinhamos o nos-so empenhamento real em reduzir o impacte da nossa actividade no meio ambiente, através de medi-das que vão muito para além de apenas palavras”, afirmou Sar-miento.

GM Portugal promove campanha de florestação em leiria

As frotas representam cer-ca de 40% das vendas da Renault em Portugal,

pelo que, no ano passado, à volta de 14 mil automóveis da marca francesa foram entregues à em-presa, sobretudo comerciais li-geiros e os modelos Clio, Méga-ne (na foto a carrinha) e Laguna. “Este tipo de cliente tem uma grande importância para a mar-ca, pela percentagem de mercado que representa, e pela especifici-dade dos clientes profissionais, completamente distinta da do cliente particular”, disse à “Vida Económica” o responsável pela direcção de frotas do importa-dor, José Pedro Neves.

Para este ano, o objectivo do departamento, criado em 1987, passa por acompanhar o cresci-mento global que a Renault tem previsto para o mercado portu-guês. “A Renault vai lançar no mercado quase um novo mode-lo por mês e com isto contamos crescer em volume neste tipo de mercado, contribuindo para o crescimento global de 10% que a marca pretende para 2008”, vaticina a mesma fonte.

Relativamente ao crescente ga-nho de importância das empresas de aluguer operacional no merca-do, José Pedro Neves refere que “é sempre positivo ver que cada vez mais as empresas nesta acti-

vidade estão a profissionalizar-se em parceria com as marcas, pres-tando assim um melhor serviço aos nossos clientes profissionais”.

Questionado pelo nosso jor-nal se o canal das “rent-a-car” não poderá ser uma “faca de dois gumes”, isto é, por um lado per-mitir ganhar quota de mercado, mas, por outro, mantê-la de for-ma artificial, já que, muitas ve-zes estes negócios têm margens muito baixas e pressupõem a re-compra poucos meses depois, o entrevistado deu um resposta di-plomática. “As ‘rent-a-car’ para a

Renault são clientes importantes e, como tal, o volume é adequa-do às respectivas necessidades, tendo em conta também o nosso potencial no mercado de usados. Para tal, desenvolvemos a marca Usado Aprovado Renault, re-ferência do mercado de usados de marca, com cerca de 20 mil vendas por ano, através da rede de concessionários, oferendo aos nossos clientes um produto qua-se novo, com garantia de marca”, esclarece José Pedro Neves.

Aquiles [email protected]

Frotas significam 40% das vendas da Renault Portugal

sexta-feira, 11 Abril de 2008 NEGÓCIOS E EMPRESAS24

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Eisai está compradora de empresas e produtos Empresa irá concentrar a sua actividade de desenvolvimento de novos fármacos na área neurológica e oncológica

A Eisai, empresa que ocupa a 20ª posição do ranking mundial de empresas farmacêuticas, iniciou recentemente a sua actividade em Por-

tugal e apresentou o seu plano de investimentos para o país. Além da introdução e desenvolvimento de novos medicamentos, entre eles drogas órfãs, a Eisai pretende a duplicação da sua facturação mundial até 2011. Para atingir os objectivos a que se propõe, a estratégia da Eisai Portugal passará pela aquisição de empresas e produtos em áreas estratégicas, bem como pelo desenvolvimento de novas moléculas. Segundo Miguel Marcão, director-geral da empresa em Portu-gal, depois da aquisição, em 2006, da linha de pro-dutos oncológicos da Ligand Pharmaceuticals e, seis meses depois, da Morphotek Inc., uma empresa de biotecnologia com um vasto pipeline de anticorpos terapêuticos, o crescimento disparou. Actualmente, e de acordo com os responsáveis da empresa, está a de-correr o processo de aquisição de mais uma empresa - a MGI Pharma -, uma biofarmacêutica americana especializada na área da oncologia.

Outra das apostas da Eisai é o desenvolvi-mento de novas moléculas, tendo assinado um acordo de licenciamento com a BioArctic neu-rosciences, no final de 2007, para investigar, desen-volver, produzir e fabricar o anticorpo BAN2401 para o tratamento da doença de Alzheimer. Em Portugal, a Eisai Farmacêutica irá iniciar a sua actividade comercial no segundo trimestre de 2008

com a promoção, em colaboração com a Pfizer, da substância donepezil, líder mundial no tratamen-to sintomático da doença de Alzheimer ligeira e moderadamente grave. Este medicamento foi in-vestigado pela Eisai e licenciado à Pfizer em 1996. A entrada da empresa no mercado hospitalar dá-se com a aquisição dos direitos de comercialização de uma toxina botulínica do tipo B com indicação no tratamento da distonia cervical. Dos produtos Eisai já aprovados pela EMEA, a substância activa zonisa-mida, antiepiléptico com indicação para o tratamento de doentes adultos com crises epilépticas parciais, é o que se encontra mais próximo do lançamento no mercado de ambulatório.

A empresa possui também a aprovação recen-te por parte da EMEA de dois fármacos com es-tatuto de droga órfã. As substâncias activas são a rufinamida, com indicação para a síndrome de Lennox-Gastaux e a ziconotida com indi-cação para o tratamento da dor crónica severa.

Duplicar facturação até 2011

Com aproximadamente nove mil colaboradores es-palhados por todo o mundo, a japonesa Eisai obtém mais de 55% da sua facturação além fronteiras, con-forme explicou Miguel Marcão.

Em Portugal, a EF - Eisai Farmacêutica foi criada em Novembro de 2006 e iniciou a sua actividade em

Abril de 2007, contando com uma equipa de dez colaboradores e um capital de quatro milhões de euros.

A Eisai Farmacêutica é uma das 17 subsidiárias da Eisai Europe Limi-ted, que recentemente iniciou um projecto de investimento no valor de cem milhões de libras. Situada nos arredores de Londres, em Hatfield, a obra visa a construção do European Knowledge Center, que albergará um centro de investigação e desenvolvimento, uma fábrica e ainda a sede das actividades comerciais da Europa, num investimento de cem milhões de libras.

De acordo com Soichi Matsuno, CEO da Eisai Co., a empresa irá concentrar a sua actividade de desenvolvimento de novos fármacos na área neurológica e oncológica. A estratégia de investir apenas em duas áreas é justificada pelo dirigente da empresa com o objectivo de “serem os melhores”, pelo que será nelas que será concentrada 75% da verba disponível para I&D.

Actualmente, nas palavras de Soichi Matsuno, a Eisai cobre 80% do mercado mundial de vendas de medicamentos e pretende “ser a número um, ao providenciar soluções de saúde para doentes em todo o mundo”. Entre os seus objectivos, em cinco anos, encontra-se a duplicação da fac-turação para atingir o objectivo estipulado para 2011. Recorde-se que, em 2007, o volume de negócios previsto rondou os sete mil milhões de dólares.

AnA [email protected]

Jaime Quintas, sócio e gestor de projectos da Alphalink, considera

Gestão de projectos valoriza empreendimentos imobiliários“A gestão de projectos é uma ferramenta fundamental na indústria da construção, nomeadamente na portuguesa, considerada, frequentemente, insuficiente”, afirma Jaime Quintas, sócio e gestor de projectos da Alphalink, uma recente empresa de gestão de projectos, situada em Lisboa. Desenvolver métodos de planeamento, organização e gestão, que tenham impacto na valorização de empreendimentos imobiliários, industriais e turísticos, é a finalidade desta organização – uma práti-ca que, segundo o engenheiro, poderá apresentar um crescimento notório já nos próximos anos.

Vida económica – Com que finalidade surgiu a Al-phalink?

Jaime Quintas – A Alphalink surge com o intuito de apoiar e acompanhar promotores, investidores e, princi-palmente, donos de obra no desenvolvimento e na gestão dos seus projectos de construção civil, mais concretamen-te, no estabelecimento de métodos de planeamento, orga-nização, concepção e gestão, que tenham, posteriormente, forte impacto na valorização de empreendimentos imobi-liários, industriais e turísticos.

Ve – Visa, então, a optimização de todo um processo com vista a um aumento da eficiência dos recursos aplicados…

JQ – Exactamente. Valorização e optimização são, com certeza, as palavras-chave que movem a empresa: a nossa actividade tem que conferir, necessariamente, um acrésci-mo de valor aos projectos em que está envolvida.

Ve – Assim sendo, poderá afirmar-se que a gestão de projectos é uma componente fundamental do ramo imobiliário?

JQ – Sem dúvida. A gestão de projectos é, de facto, uma ferramenta fundamental na indústria da construção, nomeadamente na portuguesa, considerada, frequente-mente, insuficiente, face às constantes derrapagens orça-mentais, ao incumprimento de prazos e às expectativas goradas. Quem está envolvido num projecto desta ordem pode constatar isso com relativa facilidade, não fosse a construção um processo extremamente complexo, que envolve inúmeros participantes das mais diversas áreas

profissionais e que implica procedimentos longos e mo-rosos, que, por sua vez, originam constantes alterações. A esta complexidade juntam-se os investimentos eleva-dos, tornando-se a gestão, deste modo, uma componente – sublinho – fundamental.

Ve – As empresas de construção já se mostram conscientes desta importância que evoca?

JQ – A gestão de projectos está numa fase inicial, haven-do, ainda, muitos profissionais e empresas que desconhe-cem o conceito e as suas vantagens. Também há os cépticos, que recusam mudar as formas de trabalhar já instituídas, mesmo que estas se revelem, comprovadamente, ineficien-tes. A construção é um meio conservador, logo a inovação leva tempo a chegar. No entanto, adivinho uma mudança rápida deste panorama: a cada dia que passa, verifico que cada vez mais gente reconhece a nossa actividade, a sua utilidade e interesse.

Ve – Perspectiva, portanto, um notório crescimento da gestão de projectos na área da construção, a curto prazo?

JQ – Poderá parecer um paradoxo, uma vez que a in-dústria da construção se encontra, actualmente, estag-nada, mas, exactamente por isso, será cada vez mais im-portante assegurar uma boa performance dos projectos a desenvolver, o que me leva a acreditar num crescimento já nos próximos anos. Considero a gestão de projectos uma ferramenta essencial para o aumento da produtividade de qualquer organização: são muitos os sectores da economia cuja actividade é feita à base de projectos, e em todos eles

as ferramentas da gestão de projectos poderão ter um im-pacto muito positivo.

Ve – Quais os principais projectos com que a Alpha-link está, actualmente, a colaborar?

JQ – Na área de turismo, a Alphalink está a acompanhar a ampliação do Convento do Espinheiro Heritage Hotel & Spa e a construção do Royal Évora, ambos nesta região do Alentejo. Encontra-se, também, a trabalhar no “fit-out” dos novos escritórios da Cisco, em Lisboa e na remodelação dos escritórios da mesma empresa, em Madrid. Destaco, igual-mente, um projecto em Angola – o CLOD de Malanje –, cuja função será abastecer a cidade em questão. Todos os refe-ridos tratam-se, evidentemente, de projectos com uma eleva-da responsabilidade, não só pelos valores neles investidos, mas também pelo impacto que terão, não apenas nas empresas que os desenvolvem, mas também na sociedade em geral.

Ve – Que novos projectos serão desenvolvidos pela Alphalink, em 2008?

JQ – 2008 será um ano de consolidação. Em 2007 cres-cemos muito – não só ao nível da carteira de encomendas, mas também na equipa que constitui, agora, a nossa em-presa. Pretendemos este ano, por isso, consolidar esta equi-pa, com vista a lançarmo-nos, então, a novos projectos, com a garantia de oferecer um serviço de qualidade. Posso, contudo, adiantar que será lançada a Área Alphalink – uma plataforma de gestão “on-line”, à qual os participantes de determinado projecto poderão aceder, permitindo uma muito mais eficiente gestão da informação envolvida.

SArA nOVAIS

“Muitos profissionais e empresas desconhecem o conceito da gestão de projectos e as suas vantagens”, afirma Jaime Quintas.

sexta-feira, 11 Abril de 2008 25negócios e empresas

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Parece uma promessa difícil de cumprir, na área da saú-de, mas poderá estar ao nos-

so alcance se adoptarmos novas técnicas de gestão que integrem os custos, o tempo e a qualidade dos serviços que prestamos aos doentes, de forma harmoniosa, para criarmos mais valor.

A actual organização dos ser-viços de saúde reproduz o para-digma industrial, com estruturas funcionais rígidas e muito hierar-quizadas. A tal ponto que alguns autores se referem a estas institui-ções como os hospitais-fábrica. Sem ideias preconcebidas, será este o tipo de organização ideal para a saúde?

Os serviços de saúde não po-dem ser produzidos em massa ou em lotes, como ocorre nas estru-turas industriais. Porquê? Porque têm um carácter único e tempo-rário. Ao adoptarmos um método de produção inadequado, surgem problemas de produtividade e torna-se impossível diminuir ou

controlar os custos. Penso que ca-ímos neste cenário.

O método adequado para a produção de serviços de saúde terá de ser a produção por pro-jectos e as ferramentas a utilizar terão de ser as da gestão de pro-jectos (GP).

A gestão de projectos é uma dis-ciplina que tem pouco mais de 50 anos e que tem sido utilizada em larga escala na construção civil, na indústria farmacêutica e ainda, por exemplo, nas tecnologias da informação (TI). Em que consis-te? De um modo muito simplifi-cado, consiste na decomposição do trabalho a realizar em peque-nos pacotes ou actividades. Para cada actividade são estabelecidos os requisitos de qualidade, o preço e a data de início e fim da activi-dade. Por fim todas as actividades do projecto são articuladas de um modo lógico e estimado o prazo de conclusão do projecto, o seu preço e a concordância com os requisitos do caderno de encargos.

Enquanto na produção em massa não é necessário gerir indi-vidualmente a produção de cada produto, serviço ou resultado, na produção por projectos ocorre o contrário e portanto é necessário designar um gestor de projectos para cada caso concreto. Nos ser-

viços de saúde, normalmente, são os médicos a desempenhar estas funções de coordenação. Chame-mos-lhe gestão clínica, por opo-sição à gestão administrativa das unidades de saúde.

Com a GP conseguimos forma-lizar esta informalidade. O médi-co passa a coordenar a execução de todas as actividades necessárias ao resultado que o doente procu-ra e, em consequência, passa tam-bém a poder ser responsabilizado. Será possível proceder a “bench-marking” e eleger as organizações que oferecem mais valor para os clientes e restantes “stakeholders”. Um processo que se tem revelado extremamente difícil de executar no actual modelo de produção.

As organizações que adoptaram a GP conseguiram reduções de custos na ordem dos 30%, conse-guiram passar a respeitar prazos, e melhoraram a qualidade. É de realçar que a questão do cumpri-mento de prazos também permi-te poupanças, não só directas mas

também em “oportunity costs” e que o mesmo se passa com a qua-lidade. Na saúde, a qualidade de-termina custos que recaem sobre os financiadores e prejuízos para os doentes que não se podem tra-duzir por qualquer cifra.

As principais dificuldades en-contradas na adopção da GP re-sultam das mudanças culturais que é necessário introduzir. As estruturas muito hierarquizadas têm de evoluir para estruturas mais flexíveis, de tipo matricial.

Estas mudanças levam tempo e há diferentes métodos e modelos para as implementar. Os mode-los mais populares são faseados, como o “Project Management Maturity Model”. Implicam for-mação e o empenho da liderança executiva, ao mais alto nível.

É, contudo, um esforço que vale a pena, porque estamos a fa-lar de reduzir custos e, em simul-tâneo, de aumentar a qualidade na saúde. Um bem que tem tanto valor para todos.

Joaquim Sá Couto, DireCtor-Geral

CorriDa ConSultinGPublicado pelo Fórum

Hospital do Futuro

Mário Barbosa, director-geral da marca, diz que o sucesso se deve à inovação continuada e adaptação local

McDonald’s Portugal cresce acima da média europeiaEm 2007, os resultados da McDonald’s Portugal cresceram 13%, comparativamen-te ao ano anterior. “A relação de parceria e alinhamento conseguido entre a com-panhia e os franquiados tem permitido à McDonald’s Portugal apostar na inovação continuada e na adaptação local da marca, solidificando os seus resultados compa-rativamente com a Europa”, explica Mário Barbosa, director-geral da McDonald’s Portugal. Em 2008, a marca prevê abrir cinco novos restaurantes em território na-cional e remodelar 20 restaurantes existentes, num investimento global de cerca de 15 milhões de euros.

Vida Económica - Os resultados da McDonald’s em Portugal cresceram 13% no último ano. Como explica este crescimento?

Mário Barbosa - O crescimento sustentado das ven-das nos restaurantes McDonald’s em Portugal advém de uma maior atractividade da marca e dos seus produtos jun-to dos consumidores portugueses, bem como da melhoria da experiência no restaurante, resultando numa cada vez maior proximidade e confiança na marca.

VE - Surpreende-o o facto de este crescimento es-

tar acima da média da Europa?MB - O ano de 2007 foi um ano de sucesso para a

McDonald’s Portugal, consolidando a tendência positiva de crescimento nos últimos quatro anos no nosso país. Es-tes excelentes resultados reflectem a relação de parceria e alinhamento conseguido pela McDonald’s Portugal entre a companhia e os franquiados, que tem permitido apostar na inovação continuada e na adaptação local da marca, so-lidificando os nossos resultados comparativamente com a Europa.

VE - Isso corresponde a uma mudança nos hábitos de consumo dos portugueses ou é por ir de encontro às tendências do consumidor português?

MB - Ouvir atentamente o consumidor e ir de encontro às suas necessidades e preferências é uma das principais pre-ocupações da nossa marca. Pretende-se, consistentemente, melhorar a experiência de quem visita os nossos restauran-tes, quer do ponto de vista de oferta, quer de serviço.

Para tal, procuramos acompanhar as actuais tendências introduzindo serviços adaptados aos novos ritmos de vida, alargando os horários de funcionamento dos restaurantes, apostando no McDrive ou na disponibilização de acesso gratuito à Internet em todos os nossos restaurantes me-

diante tecnologia Wi-Fi. Estamos, igualmente, a remodelar a imagem dos nossos restaurantes, transformando-os em espaços mais apelativos, contemporâneos e adaptados ao perfil dos nossos consumidores.

VE - Uma razão explicativa para este sucesso é certamente o investimento da marca nos seus fran-quiados. Em concreto, o que é feito a este nível?

MB - Os nossos franquiados são um dos principais pi-lares do nosso sucesso enquanto marca. Consideramo-nos como uma marca global, cada um dos nossos 48 franquia-dos é o rosto local da McDonald’s na comunidade onde se insere.

Mantemos uma estreita parceria com os nossos franquia-dos, que têm um papel determinante no sucesso da marca, devido ao trabalho que desenvolvem no dia-a-dia a nível local, bem como a participação activa no processo de cres-cimento da McDonald’s Portugal.

São disso exemplos os fóruns de participação ao nível da definição de planos estratégicos, Marketing, Recursos Hu-manos, entre outros.

McDonald’s encara a responsabilidade social como filosofia

VE - A McDonald’s é também uma das marcas que mais se associam a eventos desportivos e de cariz cultural. Corresponde esta atitude ao reforço da res-ponsabilidade social da marca?

MB - A McDonald’s encara a responsabilidade social como filosofia, prosseguindo o lema do nosso fundador, Ray Kroc, de “retribuir à comunidade parte daquilo que ela nos dá”. Acreditamos que temos o dever de ser socialmen-te responsáveis e, nesse sentido, procuramos associar-nos e promover iniciativas de carácter local e nacional que vão ao

encontro dos valores da marca e que visem contribuir para o bem-estar das comunidades onde estamos inseridos.

Segundo essa filosofia, estamos associados a um projecto que envolve toda a comunidade de franquiados, na cons-trução de uma casa de apoio a familiares de crianças hos-pitalizadas, a Casa Ronald McDonald. O grande projecto da Fundação Infantil Ronald McDonald, cuja inauguração deverá ocorrer no 1º semestre deste ano, junto ao Hospital D. Estefânia.

VE - Perspectiva-se a abertura de novas lojas em Portugal em 2008?

MB - Em 2007, abrimos dois restaurantes em Centros Comerciais – ArenaShopping (T.Vedras) e Alegro Alfragide (Lisboa). Em 2008, prevemos abrir cinco novos restauran-tes em território nacional e remodelar 20 restaurantes exis-tentes, o que representa um investimento global de cerca de 15 milhões de euros.

VE - Que mensagem gostaria de deixar ao merca-do, quer na perspectiva das empresas e fornecedo-res, quer de clientes e consumidores?

MB - Uma aposta mais forte e contínua na inovação. Para a McDonald’s Portugal, este tem sido um claro factor de sucesso e acredito que será o mais importante factor de competitividades das empresas portuguesas, valorizando todos os “stakeholders”. A McDonald’s Portugal tem vindo a distinguir-se na Europa pelas suas competências acres-cidas em áreas cruciais da companhia, como a produção dos produtos, a aplicação das novas tecnologias, o teste de futuros sistemas de produção, em si visionários e que, es-tamos certos, estarão presentes no restaurante McDonald’s do futuro.

VIRGÍLIO [email protected]

mais e melhor com menos

sexta-feira, 11 abril de 2008NEGÓCIOS E EMPRESAS26

“Ouvir atentamente o consumidor e ir de encontro às suas necessida-des e preferência, é uma das principais preocupações da nossa marca”, afirma Mário Barbosa.

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Grupo Auchan abre óptica em Alfragide

Depois do espaço de Saúde e Bem Es-tar, chegou a vez de

o grupo Auchan inaugurar uma área dedicada à optica na grande destribuição. O Jumbo de Alfragide foi escolhido. Mas a ideia é gradualmente abrir espaços semelhantes nas várias super-fícies da marca.

Gonçalo Gandra, responsável pela área de negócio da Óptica no grupo Auchan, afirmou mesmo à “Vida Económica”, que o objectivo é ter mais três lojas até ao final do ano e toda a rede coberta até 2010.

Trata-se de um serviço “que faz todo o sentido para o cliente”, afirma Gonçalo Gandra. O factor conveniência, com horário alargado, aliado à equipa técnica presente - três optometristas licenciados e acreditados pela APLO (Associação de Profissionais Licenciados em Optometria)

– são os pontos fortes do novo espaço. Aliás, o maior investi-mento incidiu na equipa e na adquisição de equipamentos necessários ao diagnóstico.

Para já o consumidor vai ter ao seu dispor consultas de optometria e oftalmologia. Estando inserido na cadeia Auchan, foram criadas condições especiais aos portadores do cartão Jumbo. Logo à partida há um desconto de 10% nas compras efectuadas.

Neste momento, a Óptica trabalha com marcas nacionais e internacionais, não colocando de parte, no futuro, ter marca própria. Como refere Gonçalo Gandra, “é algo que está a ser discutido, mas, a ser re-alidade, será mais para a frente”. Mesmo porque a qualidade dos produtos, diga-se das armações, tem de estar garantida à par-tida.

AlexAndrA [email protected]

Engel & Völkers expande negócio em Portugal Em 2008, a Engek & Völkers espera atingir na Península Ibérica um volume de comissões de 11 milhões de euros, revela David Scheffler, director-geral da Engel & Völkers para Portugal e Espanha. “No mercado português, o nosso objectivo é liderar o segmento residencial alto”, acrescenta.Na Península Ibérica, o volume de vendas em 2007 ultrapassou os 6,5 milhões de euros, um valor que duplicou os 3,1 milhões euros alcançados em 2006. Aproximadamente 10% deste valor é proveniente das vendas feitas em Portugal.

A imobiliária alemã Engel & Völkers obteve em 2007 o melhor valor de sempre em 30 anos, a nível mun-

dial, com um volume de comissões de 160,7 milhões de euros, ou seja, mais 30% do que no ano anterior. Negociou imóveis num valor superior a cinco mil milhões de euros, mais de dois mil milhões de euros do que em 2006. O número de colabora-dores aumentou de 1700 para 2600.

Para os próximos cinco anos, “a empresa pretende continuar a duplicar anualmen-te o seu crescimento em Portugal”, afirma David Scheffler. Em Espanha, nos últimos quatro anos, tem alcançado esse objectivo, tendo 60 lojas abertas e 38 novas licenças de franchising vendidas.

O negócio do franchising implica a com-pra da licença que ronda os 40 mil euros e a compra ou construção da loja, bem como o capital de investimento para suportar o primeiro ano, o que pode atingir um valor entre os 120 e os 180 mil euros, indica Da-vid Scheffler. Em Portugal os parceiros na área do crédito têm sido o Millennium e a Caixa Geral de Depósitos.

A nível mundial, a Engel & Völkers ope-ra com mais de 300 escritórios para imó-veis residenciais. Em território nacional conta actualmente com sete escritórios. No

primeiro trimestre deste ano abriram três em Penafiel, Marco de Canaveses e Torres Vedras, que se juntaram aos de Lagos, Cas-cais, Albufeira e Albufeira Marina. “Muitos parceiros de licença já conseguiram estabe-lecer contratos com os mais conceituados resorts, como o Bom Sucesso”, sublinha o CEO para a Península Ibérica. Ainda para este ano estão previstas mais sete inaugurações de escritó-rios, nomeadamente para a Quinta do Lago, Alvor, Fer-ragudo, Carvoeiro, Vilamou-ra, Setúbal e Estoril.

Em fase de negociação es-tão escritórios para as zonas de Tavira e Olhão. Em Lisboa a área do Parque das Nações e de Belém. E ainda Matosi-nhos e Esposende.

Os espaços comerciais são separados dos imóveis residenciais na Engel & Völkers. A imobiliária alemã tem 29 escritórios co-merciais distribuídos por 35 países dos cin-co continentes. Sendo que para Portugal o grupo conta ter um parceiro português ainda este ano.

A imobiliária alemã é parceira exclusiva da Sonae Turismo na promoção do Troia-resort na Alemanha, Áustria e Suíça. “Este

resort de luxo português foi aceite de forma muito positiva nos três mercados de língua alemã e a divulgação está a ser bem-sucedi-da”, revela David Scheffler. Deste resort só em Portugal já foram vendidos terrenos no valor de quatro milhões de euros.

No global, a empresa tem no seu leque de oferta 230 produtos imobiliários por-

tugueses. O mais caro é uma vivenda na Quinta do Lago, que custa 6,3 milhões de eu-ros. Para David Scheffler, o balanço após um ano e meio de actividade em Portugal é positivo, já que apresenta um bom ritmo de crescimento, tanto na venda de licenças como na facturação.

Novas divisões de negócio

Será também criado em Portugal, no decurso deste ano, o “Private Office”, um

escritório com atendimento personalizado e discreto, vocacionado para o atendimen-to dos clientes do topo da classe A. Este serviço foi lançado no Verão passado em Londres, com a abertura do primeiro escri-tório. Neste espaço os clientes podem ter acesso aos produtos imobiliários dos mais de 300 escritórios distribuídos por 35 pa-íses, assim como ao crédito em condições especiais.

Em território nacional ou em qualquer parte do mundo, os interessados podem também comprar ou vender iates, através da mais recente divisão do grupo sedeada em Londres. A venda de iates de grande porte surgiu pela manifestação do interes-se dos clientes, mas a empresa justifica o negócio pelo volume do investimento que é semelhante ao valor dos negócios imobi-liários realizados no segmento residencial alto.

CândidA [email protected]

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André Liz, Bettina Wittgenstein, David Scheffler e Silke Dittrich formam a equipa da Engel & Volkers.

sexta-feira, 11 Abril de 2008 27Negócios e empresas

Imobiliária cresceu 100% em 2007 na Península Ibérica

150 mil euros para a Óptica do Jumbo

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Este, como dizem, vai “aferir em que medida os concursos do Estado respeitam as boas práticas definidas pelo sector”.

A separação vertical do cobre: outra das prioridades da Apritel

Há algo mais que se pode fa-zer em prol das telecomunica-ções em Portugal? A resposta da Apritel é afirmativa. Afinal, esta associação fala ainda da separa-ção vertical da rede de cobre, do aumento da eficiência da Anacom por via da promoção de uma maior eficiência opera-cional. A isto, a Apritel acres-centa a melhoria das condições associadas às ofertas grossistas existentes, a clarificação sobre os contornos definitivos da taxa municipal de direitos de passagem, bem como a revisão do serviço universal de comu-nicações.

Um estudoque visa analisaro grau de satisfaçãodos portugueses

Mais uma iniciativa da Apri-tel, mais um estudo, desta fei-ta, criado para comparar o grau de satisfação dos portugueses em relação aos seus congéneres europeus. “Este estudo realiza-do pela primeira vez durante 2007 será, novamente, execu-tado na Alemanha, Dinamar-ca, Espanha, França, Grécia, Holanda, Itália, Reino Unido e Portugal, em 2008, e avalia-rá a satisfação face ao telefone fixo, móvel, acesso à internet em banda larga e televisão por subscrição”, podemos ler no comunicado enviado pela Apritel às redacções.

SANDRA RIBEIRO [email protected]

Siemens cria soluçãode comunicaçõesa pensar nas PMEMais uma empresa que lança uma solução a pensar nas PME. Desta feita, estamos a falar da Siemens e de uma das suas últimas novidades: a HiPath OpenOffice ME. O que traz de novo? Aqui, a empresa de origem alemã explica que esta solução foi “cria-da para melhorar a produtividade e reduzir os custos de comunicação verificados nas PME, nas comunica-ções entre colegas de trabalho e no serviço a clientes”. Com um preço competitivo – este pode oscilar en-tre os 200 e os 300 euros por utilizador de acordo com o conjunto de aplicações implementadas –, dizem ainda, esta aplicação foi criada para ser instalada em, apenas, algumas horas, sem servido-res adicionais, aplicações ou acessórios. A “aplicação HiPath OpenOffice ME unifica a comunicação e cola-boração empresarial num conceito simples e permite que as PME integrem as comunicações de forma mais completa e fácil nos processos de negócio”, podemos ler ainda em comunicado de im-prensa.

Optimus lança serviço multiplataforma dirigido aos mais jovens Um conceito revolucionário e inovador dirigido aos jovens. É desta forma que a Optimus fala de uma das suas mais recentes novida-des, o chamado TAG. Este, explicam, é uma oferta única que se materializa em comunicações ilimitadas, disponíveis numa verten-te multiplataforma. Para o leitor perceber melhor, estamos a falar de uma solução de comunicações integrada que, para além da voz, inclui ainda de vídeo, SMS, MMS e messenger. Isto sem qualquer limite de tráfego para aqueles que optarem por este serviço e, apenas, por 10 euros/mês. A condição? Que a adesão ao TAG se realize, até ao final do mês de Maio.Mas, esta novidade da Optimus não fica por aqui e permite ain-da que os serviços – algo que é possível graças ao webphone ou telemóvel digital –, até agora disponíveis no telemóvel, possam também ser alvo de utilização no computador pessoal e vice-versa. Com a TAG, revela a Optimus, é possível ter a mesma identida-de (MSISDN), mesma caixa postal e voice mail. A isto soma-se o serviço de instant messaging. Estamos não só a falar do Windows Live Messenger, mas também de um serviço próprio de messenger que surge com a chancela da Optimus. Adiantamos ainda que a sua utilização vai ser gratuita para os clientes TAG. E porque os jovens gostam muito de comunicar em comunidade, a Optimus optou, através deste serviço, por criar um espaço virtual que vai dar aos mais novos a oportunidade de partilhar fotografias, blogs, comentários, entre outras coisas.

PT reforça apostano segmento da televisão A aposta dos operadores no segmento televisão é cada vez mais uma realidade. Veja-se o caso da Portugal Telecom, que, como já referimos na edição passada, acaba de apresentar uma nova estra-tégia ligada a este segmento. A ideia é simples: levar o serviço te-levisivo às várias plataformas de comunicação e fazê-lo, através de uma única marca: a meo. Aquilo que se pode ler, no comunicado de imprensa do operador, é revelador: “Meo será a marca agrega-dora de toda a oferta de televisão da PT quer estejamos em casa (através de IPTV ou satélite), no telemóvel (com o Meo Mobile) ou num computador”. Assim sendo, comecemos pela plataforma IPTV ou televisão digi-tal. Esta, segundo a PT, redefiniu o serviço de televisão por subs-crição e inclui coisas como a gravação digital, vídeo-on-demand, canais em alta definição e, não menos importante flexibilidade na escolha dos canais pretendidos. O Meo satélite, esse, chega ao mercado com mais de 70 canais, serviço triple play em zonas com cobertura de banda larga e, claro está, canais em alta definição. A televisão no telemóvel, neste caso, o Meo Mobile dispõe de mais de 30 canais, estes organizados de acordo com sete categorias. Lembramos ainda que esta novidade apresenta quatro opções de pacotes de subscrição, sendo que a maior parte dos telemóveis TMN já permite o acesso à mesma. A tudo isto, a PT soma o Meo no computador. O Sapo Web TV, assim se denomina esta plataforma de acesso, destaca-se, dizem, pelos seus conteúdos transversais e por se apresentar como uma experiência próxima da televisão no computador.

“As redes de nova geração são um tema estrutural para o desenvolvimento

das comunicações electrónicas, em Portugal e na Europa, dos próximos anos”. Com esta afirmação, Luís Reis, presidente da Apritel (associação dos operadores de telecomunicações), como já o fez, há algum tempo atrás, numa entrevista concedida à VE, pretende alertar os poderes públicos para aquilo que consideram ser uma questão chave do sector.

Numa conferência de imprensa re-alizada, recentemente, para dar conta das prioridades da Apritel para este ano, Luís Reis diz que a associação que representa “quer chamar a aten-ção do Governo e da Anacom para a resolução deste problema, porque acreditam ter aqui a possibilidade de voltar a colocar Portugal na linha da frente das telecomunicações”. E quando a Apritel fala em redes de nova geração, refere-se, em particu-lar, às redes de fibra óptica e ao seu alargamento até a casa do consumi-dor português. Ora, a associação dos operadores de telecomunicações, podemos dizê-lo, está a fazer a parte que lhe cabe.

É o que podemos deduzir daqui-lo que foi anunciado em mais esta conferência da Apritel. Ou seja, o lançamento de um estudo de nível europeu – este lançado em con-junto com a associação europeia do sector, a ECTA – que, como o leitor já terá adivinhado, surge com um único propósito: identificar o enquadramento regulatório que melhor promova a implementação das redes de fibra óptica.

Apritel defende revisão do serviço universal de comunicaçõese aumento da eficiência da Anacom

Apritel quer vera administração públicaa adquirir serviçosde telecomunicações

Mas as preocupações da Apri-tel não ficam por aqui, com esta organização a reclamar, de novo, a aquisição de serviços de teleco-municações por parte da admi-nistração pública. Os motivos de tal reclamação são vários. A Apri-tel destaca a “desmaterialização e modernização de processos que é permitida, hoje, pelas novas tec-nologias”. Mas a associação dos operadores vai mais longe e diz que “é prioritário para o país que a administração pública proceda à renovação dos seus contratos de prestação de serviços de tele-comunicações mediante o lança-mento de concursos públicos”. Afinal, estes, como afirmam, não só estimulam a concorrência entre operadores como também melhoram o serviço público e a factura que é apresentada aos contribuintes.

Algo que, pelas palavras de Luís Reis, não está a acontecer no mo-mento. “Não podemos continuar a permitir que o Estado continue a lançar concursos públicos com especificações talhadas para um ou outro concorrente como está a acontecer, actualmente, com o concurso lançado pelo Ministério da Educação”. E, uma vez mais, a Apritel não vai ficar, apenas, pelas palavras ao anunciar o lançamen-to para breve de um observatório.

sexta-feira, 11 Abril de 2008 telecomUnicAções28

Associação dos operadores mostra-se bastante reivindicativa

Apritel reclama do Governo investimento nas redesde nova geração

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Para além do centro comercial, os ven-cedores terão de desenvolver um con-junto de outros projectos de infra-es-

truturas e equipamentos que dizem respeito às contrapartidas pedidas pela autarquia, e que incluem a construção do pavilhão mul-tiusos, patinódromo, novo mercado, asso-ciações cívicas, topo norte do estádio, entre outros. No total, o Fórum Leiria terá um custo de 170 milhões de euros, dos quais 72 milhões correspondem às contrapartidas para a autarquia. A zona de intervenção do Fórum Leiria ascende aos 195 061 m², dos quais 174 mil m² correspondem à área em que o projecto intervém.

Com uma área de construção de 50.324 m², o centro comercial do Fórum Leiria oferecerá uma ABL de 45 mil m², e está

desenhado como um prolongamento do tecido comercial que se desenvolve ao lon-go da Avenida Heróis de Angola. O hi-permercado e respectivos armazéns e cais de abastecimento situar-se-ão no piso -2, 6 metros abaixo da cota de soleira, resul-tando num edifi cado com a altura domi-nante de apenas 12 metros. Este projecto pretende reforçar a centralidade da Baixa de Leiria, requalifi cando uma zona central da cidade, assumindo o prolongamento da malha urbana da cidade e criando um novo parque verde.

Reforçar a centralidade da Baixa da cidade

O Forum Leiria é um projecto da auto-

ria do Atelier Risco, liderado por Manuel Salgado, e tem como objectivo reforçar a centralidade da Baixa de Leiria na região, revitalizando e reforçando o comércio tradi-cional desta cidade. A facilitação de acessos e o incentivo à mobilidade pedonal estão na base da defi nição de todo o projecto, uma vez que prevê, entre muitas outras infra-estruturas, uma ligação pedonal entre o centro da cidade e o parque desportivo. Para tal, será eli-minado todo o tipo de barrei-ras, nomeadamente as viárias, de forma a obter um espaço público de excelência em que são oferecidas ao peão condi-ções de conforto.

Benno van Veggel, Director Geral da Multi Development em Portugal, manifestou a sua “enorme satisfação” pela vitória do Fo-rum Leiria. Este responsável enfatizou o facto de o projecto Forum Leiria represen-tar “um importante marco de revitalização urbana, em que a Multi é especialista, sen-do bom exemplo disso o amplo reconhe-cimento internacional conquistado pela Multi ao ganhar uma série de importantes

prémios internacionais (Mipim, ICSC, Mapic, ULI) com projectos desta nature-za, dos quais se destacam, em Portugal, o Forum Aveiro e os Armazéns do Chiado”. “Esperamos poder continuar a contribuir da melhor forma, e dentro dos parâmetros da nossa política de sustentabilidade, para a revitalização e regeneração de centros ur-banos em Portugal e em toda a Europa”,

acrescentou Benno van Veggel.Também António Barroca Rodrigues,

presidente do Conselho Geral do Grupo Lena, manifestou “grande contentamento” pela vitória do consórcio que integra a Lena Construções, e frisou o carácter inovador, ambientalmente sustentável e requalifi ca-dor do projecto.

Escritórios novos dominam transacções no Corredor Oeste

Imobiliário

Lisbon Prime index

O Lisbon Prime Index continuou no mês de Fevereiro a regis-tar mais negociação em edifícios novos do que usados no cor-redor Mirafl ores - Porto Salvo, contrariando a tendência que se verifi ca dentro da cidade de Lisboa.

Somando apenas o movimento mensal de Fevereiro, em es-critórios novos nesta zona, foram contratados 2,5 mil m2 de espaços para instalação de empresas.

A intensa actividade no mercado de escritórios de Lisboa tem direccionado a procura para diferentes tipos de edifícios conso-ante se trata da localização dentro ou fora de Lisboa.

Na cidade de Lisboa a intensa actividade está a ter um impacto importante na redução da Vacancy Rate, a diminuição desta taxa está a ter repercussões mais graves no segmento novo onde a es-

cassez de projectos recentes é cada vez mais notória, direccionan-do a procura de escritórios por parte das empresas para edifícios usados qualifi cados ou com remodelações feitas à medida das suas necessidades.

Na zona exterior da cidade são os novos parques de escritórios que têm tido um papel fundamental neste mercado. A oferta de escritórios neste corredor, especialmente por via destes com-plexos, tem respondido à procura das empresas mais exigentes, sobretudo quando está em causa espaços com grandes áreas.

Com rendas mais atractivas em relação a Lisboa, torna-se uma opção que só o pipeline em desenvolvimento no Parque das Na-ções poderá competir, embora com um nível superior de rendas praticadas.

Proibidaa reprodução

do

LISBON PRIME INDEX

Zona de intervenção do Fórum Leiria ascende

aos 195 mil m²

Projecto terá um custo total de 170 milhões

O projecto do Fórum Leiria, promovido pelo consórcio Multi Development – Grupo Lena, foi o vencedor do Concurso Internacional para a Concepção, Financiamento, Construção e Exploração de uma Unidade Comercial de Dimensão Relevante no Município de Leiria, lançado pela autarquia local. Recorde-se que a concurso estavam também outros dois projectos, lançados pela Chamartín Imobiliária e pela Immochan.

No concurso promovido pela autarquia

Consórcio Multi Development/Grupo Lena ganha centro comercial em Leiria

Assine já!

JAN2005

MAR2005

MAI2005

JUL2005

SET2005

NOV2005

JAN2006

MAR2006

MAI2006

JUL2006

Índice Confidencial Imobiliário (2005=100)

Taxa de variação média dos últimos 12 meses

Conheça a nova Confidencial Imobiliário Peça um exemplar gratuito em:

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sexta-feira, 11 Abril de 2008 29

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A IOSA Inmuebles, que lidera a actividade imobiliária do Grupo COMSA, vai investir 23 milhões de euros num edifício de escritó-rios no Parque das Nações, em Lisboa, através da sua filial por-tuguesa, Monsanto Investment. Localizado na av. D. João II, jun-to ao centro comercial Vasco da Gama e à Estação do Oriente, o Edifício Atlantis contará com uma área total construída de 19 000 m². Distribuídos por oito pisos, os escritórios ocuparão 8500 m². Existirão também 400 m² para áreas comerciais, e um parque de

estacionamento subterrâneo com 10 100 m², para 300 viaturas.

O edifício está em fase de cons-trução, que arrancou em De-zembro de 2007. Os promotores prevêem que o empreendimento possa estar concluído no último trimestre de 2009. O projecto de arquitectura é da responsabilida-de de Ricardo Hartmann.

Em Portugal, a ISOA já detém o Edifício Europa, O localizado junto à Praça de Espanha, em Lis-boa. Inaugurado em 2004, desti-na-se a uso de escritórios e conta com uma área de 14 165 m².

sabemos se, no caso, será invocá-vel, dado que não nos foi forne-cida a necessária informação, é a idade do inquilino, se a mesma for igual ou superior a 65 anos, ou se, ainda que tenha idade inferior, se encontrar em situação de reforma por invalidez absoluta ou se for portador de alguma deficiência a que corresponda incapacidade su-perior a dois terços.

Outra das limitações legalmen-te previstas, que não é aplicável ao contrato celebrado pelo leitor cujo contrato foi celebrado há 16 anos, opera quando o arrendatário se mantiver no local arrendado há 30 anos, ou mais, nessa qualida-de, ou por um período de tempo mais curto previsto em lei anterior e decorrido na vigência desta.

Pelo exposto e se, no caso em análise, não se verificar a limitação referida no penúltimo parágrafo, o leitor poderá instaurar acção judi-cial para a denúncia do contrato de arrendamento, o que sempre deve-rá ser feito com uma antecedência não inferior a seis meses sobre a data pretendida para a desocupa-ção. De referir que, se a acção de despejo proceder, o senhorio fica obrigado a dar ao local a utilização

invocada, no prazo de seis meses, depois da entrega do imóvel e por um período mínimo de três anos.

O direito de denúncia para habi-tação do senhorio depende, ainda, do pagamento do montante equi-valente a um ano de renda. Aten-dendo à data em que o contrato de arrendamento foi celebrado, neste caso, a renda atendível deve-rá ser, não a que o inquilino paga efectivamente, mas a que resultar da actualização extraordinária pre-vista no NRAU (Novo Regime do Arrendamento Urbano), ou seja, deverá corresponder a um má-ximo de 4% do valor do locado, que é determinado pelo produto do valor da avaliação realizada, há menos de três anos, nos termos do Código do Imposto Municipal sobre Imóveis, multiplicado pelo coeficiente de conservação que, a requerimento do leitor, a Comis-são Arbitral Municipal (CAM) do concelho, vier a fixar.

O Novo Regime do Arrenda-mento Urbano (NRAU), à se-melhança do que acontecia na vigência do anterior regime legal de arrendamento, dispõe que o senhorio pode denunciar o con-trato de arrendamento quando, entre outros motivos, necessite do prédio para sua habitação ou para habitação dos seus descendentes em 1.º grau. Para que o senhorio possa exercer o referido direito de denúncia deverá ser proprietário, comproprietário ou usufrutuário do prédio há mais de cinco anos, ou, independentemente deste prazo, se o tiver adquirido por su-cessão. Acresce que, se o senhorio pretender exercer o direito de de-núncia para habitação de descen-dente, como é o caso, é, também, requisito essencial, para que o con-trato possa ser denunciado, que o

descendente não tenha, há mais de um ano, na área das comarcas de Lisboa ou do Porto e suas limí-trofes, ou na respectiva localidade, quanto ao resto do país, casa pró-pria ou arrendada que satisfaça as respectivas necessidades de habita-ção. De referir que o senhorio que tiver diversos prédios arrendados só pode denunciar o contrato rela-tivamente àquele que, satisfazendo as necessidades de habitação pró-pria e da família, esteja arrendado há menos tempo.

Pelo exposto, e porque, pelo que o leitor refere, no caso em análise, se verificam os requisitos supra, quer o relativo ao senhorio quer o que se refere ao seu filho, tudo indica que a acção de des-pejo para denunciar o contrato de arrendamento do imóvel com a finalidade de o mesmo passar a

Grupo COMSA investe 23 milhões no Parque das Nações

Legal & ImobiliárioArrendamento urbano

Denúncia do contrato para habitação de descendente em 1º grau“A empresa onde o meu filho trabalha acabou de lhe comunicar que, até ao fim do ano, irá ser transferido para uma localidade onde ainda tenho uma casa na qual já vivi, muito embora a tenha arrendado quando me mudei daquela localidade.No início, o meu filho vai viver para uma residencial mas pretende mandar ir a família logo que arranje casa.Será que posso pedir ao inquilino que me entregue a casa que lhe arrendei em 1992, mas que, afinal, é minha, para o meu filho habitar?”

sexta-feira, 11 Abril de 2008imobiliário30

C&W comercializa Aquapura Douro Valley no estrangeiro

A Cushman & Wakefield (C&W) foi seleccionada para proceder, em regime de exclusi-vidade, à comercialização inter-nacional da componente residen-cial do projecto Aquapura Douro Valley. Situado no Alto Douro, o empreendimento conta com um hotel de luxo com 50 quartos e 21 moradias, e disponibiliza três restaurantes, dois bares, piscina exterior aquecida, court de ténis,

biblioteca, business centre com cinco salas para reuniões e even-tos, um wine room e o maior spa em Portugal, com cerca de 2200 m².

Nas moradias, existem dois ti-pos distintos de oferta: as Villas do Douro, de design contempo-râneo, com vista para o Rio Dou-ro e que contam com terraços e pequenas piscinas privativas, e as Villas da Vinha, com design rús-

tico, jardins privados com vista para as vinhas, usufruindo de pis-cina comum.

Segundo o modelo de comer-cialização previsto, denominado por “buy to let”, os proprietários poderão ocupar a propriedade até oito semanas por ano, ficando o restante período entregue para exploração turística. O retorno será partilhado entre o proprietá-rio e a Aquapura.

Mercado de escritórios com “performance recorde”

No seu último relatório de Mercado de Escritórios de Lis-boa e Porto, a CB Richard Ellis conclui que 2007 foi um ano de recordes para este segmento em Portugal. À semelhança do que se verificou na primeira metade do ano, os níveis de absorção continuaram em alta ao longo do segundo semestre, conduzin-do a uma nova descida na taxa de disponibilidade e uma subida consecutiva do valor da renda prime.

Ao longo do segundo semestre de 2007, os níveis de absorção totalizaram os 93 000 m² em Lis-boa, traduzindo um decréscimo de 14% face ao semestre anterior, o que não impediu que a absor-ção bruta do sector tenha fechado o ano com um montante recorde,

a ultrapassar os 200 000 m² de área ocupada, mais 24% do que em 2006. A taxa de disponibili-dade na capital evidenciou uma tendência decrescente ao longo dos 12 meses, caindo dos 9,4 % para os 7,2% no final do período em análise. Tudo isto conduziu a um ligeiro aumento do valor da renda prime (cerca de 0,25 J / m²/mês), fixando-se nos 20,50 J/m²/mês.

Do lado da oferta, no total do ano de 2007 foram colocados no mercado aproximadamen-te 74.000 m² de novos espaços empresariais. A CB Richard Ellis estima que ao longo de 2008 se verifique um aumento significa-tivo de novos edifícios, estando previstos 95.000 m² de nova ABL para este ano.

Retornos do imobiliário português voltaram a crescer

O retorno total do investi-mento imobiliário ascen-deu a 12,4 % no ano pas-

sado, num crescimento face aos 12% de 2006, e exibindo o valor mais alto desde 2002, conclui o Índice IPD / Imométrica relativos a 2007. Ao longo do ano passa-do, o retorno total devolvido pelo imobiliário registou uma perfor-mance superior às obrigações, cujo retorno foi de 2,4 %, embora bas-tante inferior ao das acções, cujos retornos se cifraram em 19,8%. A componente de valorização do ca-pital cresceu para os 6% em 2007, contra de os 5,4% de 2006. Já a componente do retorno das ren-das caiu dos 6,3% de 2006 para os 6,1% em 2007.

À semelhança de anos anteriores, o segmento de retalho foi o sector com

a melhor performance, devolvendo aos investidores um retorno total de 14,9%, seguido dos imóveis de uso in-dustrial (10,5%) e dos escritórios (8,2%).

S e g u n d o Luís Francis-co, Country Manager para os serviços IPD em Por-tugal, “o Índi-ce Imobiliário IPD / Imomé-trica devolveu um retorno de dois dígi-tos em 2007, confirmando a tendência de cres-cimento sustentável e a atractiva-mente do mercado português de

investimento imobiliário. A per-formance registada a curto e lon-go prazo confirma o imobiliário

como uma das classes de activos mais bem sucedidas em Portugal, em termos de retornos”.

MARIA DOS ANJOS GUERRA

[email protected]

ser a residência do descendente em 1.º grau do senhorio, pode ser instaurada mas, como o contrato foi celebrado durante a vigência do anterior Regime do Arrenda-mento Urbano (RAU) ainda se lhe aplicam as limitações que esse diploma previa para esta possibi-lidade de denúncia e que são in-vocáveis sempre com referência á data em que a denuncia deva pro-duzir efeitos.

Uma de tais limitações, que não

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O Santander Totta lançou uma nova campanha multimédia, baseado no conceito do programa Operação Triunfo (OT), que visa a divulgação de uma nova oferta do banco.

O anúncio é protagonizado pela vencedora do OT e repre-sentante de Portugal no Festival da Eurovisão deste ano, Vânia Fernandes, que canta um tema dos Rádio Macau, com letra adaptada à campanha. Mas não estará sozinha, a acompanhá-la está um coro formado por colaboradores do Totta, selec-cionados através de um casting interno.

A campanha, que envolveu um investimento total de 1,8 milhões de euros, irá decorrer até ao dia 27 de Abril e envolverá televisão, imprensa, rádio e outdoors. “Existe a possibilidade de haver um follow-up da campanha, no segundo semestre,

com a mesma essência e com os mesmos protago-nistas”, adiantou Rui Colaço, director de marke-ting do Totta.

Através desta campanha, os clientes que domiciliam o seu ordenado no Totta beneficiam de uma taxa de juro de 10% (TANB) nas poupanças que acu-mularem ao longo de um ano, com entregas mensais de até 300 euros. Ao aderir, estes benefi-ciam ainda de uma taxa de juro de 0% no primeiro ano sobre o Descoberto Autorizado, não pa-gando assim quaisquer juros.

Com esta acção o Totta espera captar novos clientes, fidelizar os existentes e reforçar a notorieda-

de da marca. “O sucesso da OT e a associação do Totta ao concurso foi uma aposta ganha, na me-dida que concede uma imagem forte e jovem ao banco”, confessa Rui Colaço.

A Super Bock é a primeira marca a investir na produção de um anúncio em formato digital 3D&Marcas

MarketingPublicidade

Totta promete uma conta ordenado mais em contaCampanha envolveu um investimento total de 1,8 milhões de euros.

Império Bonança lança campanha do seguro automóvel AU-TO-IBFamília de Duplos protagoniza o filme

A Império Bonança acaba de apresentar a campa-nha publicitária Duplos: Uma família normal, que foi lançada dia 4 de Abril, para promover o AU-TO-IB, o novo seguro automóvel que permite segurar vários veículos numa mesma apólice.

Com um investimento global de 2750 milhões de euros, a campanha utilizará como meios os canais de televisão generalistas e os temáticos SIC Notícias e AXN. Será também difundida através da rádio e no exterior, designadamente em mupis e traseiras inte-grais de autocarros em Lisboa, Porto e Braga. Nos balcões em todas as montras será colocada uma faixa do AU-TO-IB e disponibilizada comunicação im-pressa e na sede será colocado um mupi.

A agência Lowe & Partners Portugal foi a agência responsável pela criação de toda a campanha. A pro-dução do filme publicitário ficou a cargo da Minis-tério Filmes, sendo a realização da responsabilidade de Miguel Coimbra.

A produção envolveu dois dias de filmagens no ae-ródromo de Santa Cruz, 65 pessoas e duas semanas

de trabalho até ao produto final. O filme apresen-ta uma Família de Duplos profissionais de cinema, com seis actores, que realiza as maiores proezas de carro e de mota, sem correr riscos desnecessários. Nestes inclui-se o actor Remy Julienne, duplo que em Portugal vimos em cartaz no filme de James Bond “Licença para matar”, sendo na campanha o avô da família.

A seguradora espera, com este investimento, “ob-ter 10 mil novos contratos mês de seguros, o equiva-lente a 35 milhões de euros anuais, com o objectivo último de manter a quota de 8,2% do mercado do Ramo Não Vida”, refere Cristina Rodrigues, direc-tora de marketing da Império Bonança.

A mensagem inclui ainda a ideia de que se trata de um seguro assente no conceito de comodidade, com cobertura de danos superiores aos de responsabilida-de obrigatória e que inclui a protecção do condutor, integrando num só seguro todos os veículos auto-móveis da família.

Cândida [email protected]

Screenvision vira 3D com spot da Superbock

A Screenvision Portugal exi-biu a primeira campanha publi-citária de cinema que recorre a tecnologia digital 3D. A aposta foi da Super Bock, a primeira marca que investiu na produção de um anúncio em formato di-gital 3D e que concebeu um spot publicitário exclusivamente para as salas de cinema. Da responsa-bilidade de produtora portuguesa Kontentor Films, o spot Super Bock 3D vai ser exibido em 15 salas Zon Lusomundo equipa-das com o sistema digital 3D. Seis pessoas estiveram envolvidas no desenvolvimento e produção deste anúncio num processo que demorou cerca de 2 meses.

O investimento na tecnologia digital 3D implica a utilização de um projector digital de alta definição, com uma resolução quatro vezes superior a um LCD, e a utilização de uns óculos espe-ciais entregues à entrada da sala de cinema. O projector projecta a imagem com um maior nú-mero de frames (144 frames por segundo) do que um filme em duas dimensões. Esses frames são divididos entre o olho direito e o olho esquerdo, com o auxílio de um ecrã de cristal líquido coloca-do no equipamento que polariza as imagens. O espectador que está a utilizar óculos com lentes polarizadas consegue visualizar as imagens diferentes no olho direi-to e no olho esquerdo, criando a ilusão de profundidade. O resul-tado é uma imagem em três di-mensões que parece ganhar vida e volume.

Portugal conta com 16 das 85 salas RealD da Europa, conferin-do-lhe o 2º lugar no ranking euro-peu. Estas salas contam com uma projecção digital com uma resolu-ção dois mil pixels num ecrã com uma área aproximada de 50 me-tros quadrados e uma sala 100% digital com tecnologia 3D.

A arte como forma de comunicação

O grupo Vila Sol tem, desde a sua génese, uma política de res-ponsabilidade social e de comu-nicação muito especial: o apoiar da arte e utilizá-la como forma de comunicar. Quem visitar o empreendimento em Vilamou-ra vai deparar-se com diversas obras espalhadas pelo empreen-dimento. Uma espécie de galeria de arte ao ar livre.

Os concursos de arte são outra forma de apoiar os pintores e es-cultores nacionais. Este ano, Gil Manuel Gomes Maia, da Maia, venceu o prémio de pintura, e Firmo da Silva, de Queijas (Lis-boa), conquistou o segundo lugar do concurso de escultura (não foi atribuído um vencedor).

Triumph lança “Mulheres Reais”

A actriz Cláudia Vieira é, mais uma vez, a cara da marca de lin-gerie, desta feita numa campanha que pretende mostrar que todas as mulheres podem ser rainhas.

A acção, desenvolvida pela TBWA, pretende falar, em dis-curso directo, com todas as por-tuguesas, que desempenham di-versos papéis e inúmeras tarefas no seu quotidiano diário. Como refere a marca, a “Mulher Real” é uma mulher portuguesa, flexí-vel e dinâmica, que cumpre, com sucesso, uma série de funções. A pegar nesta ideia, a campanha

apresenta Cláudia Vieira, quer na cozinha a preparar umas torradas, na sua rotina de beleza (com uma máscara no rosto), sensualmente reclinada no sofá a jogar às car-tas, ou divertida a dançar. Com isto a Triumph pretende passar a ideia de que a lingerie tem de ser cómoda e que a mulher se sinta bem com o seu corpo todos os dias, independentemente da si-tuação.

Campanha do SingStar da próxima geração já está nas ruas

O novo SingStar para a Plays-tation 3 já chegou aos escaparates e com ele uma campanha trans-versal nos media, com anúncios na televisão e imprensa, como noutros meios. Para além desta campanha, terá lugar uma outra mais visceral, nomeadamente com sessões de demonstração e presença nos festivais de música. A Sony não revelou o valor do in-vestimento na campanha de pro-moção do jogo.

A série SingStar é uma das mais de mais sucesso da Sony, tendo vendido só em Portugal, desde a introdução do jogo no nosso país, mais de 150 mil unidades.

Neste jogo, várias pessoas com-petem com o objectivo de serem o melhor cantor de karaoke. Nes-ta nova versão para PS3, os pro-gramadores elevaram a fasquia ao permitir que a competição se estenda a nível mundial.

sexta-feira, 11 Abril de 2008 31

Império Bonançainveste 2,7 milhões de euros em nova campanha publicitária

Existe a possibilidade de haver um “follow-up” da campanha, no segundo semestre, com a mesma essência e com os mesmos protagonistas

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Estudos de mercado adoptam metodologia etnográfica

Conhecer bem o consumidor para saber vender o produtoDefinir o valor da marca, o posicionamento correcto, avaliar a concorrência, perceber o que leva à compra, estes são apenas alguns dos pontos onde esta ferramenta pode ajudar. E se antes o que contavam eram os números, hoje em dia, os dados qualitativos, que explicam comportamentos, são cada vez mais pedidos e ganham importância no momento de decisão. João Bento, director-geral da Synovate, aponta a sua evolução e a vantagem da utilização dos mesmos.

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O banco Best e a Wine o’Clock juntaram esforços para uma acção promocional con-junta, designada “Best World Wine Travel”, cujo objectivo é associar o conjunto dos serviços e soluções financeiras daquela instituição bancária ao mundo dos vinhos.

No âmbito deste projecto, os produtos e serviços financeiros oferecidos pelo banco Best vão estar, nos próximos meses, as-

sociados à temática do vinho, numa autêntica viagem à volta do mundo. Já a partir de Abril, os novos clientes do banco po-derão receber uma caixa com

uma criteriosa selecção de três vinhos da África do Sul.

A escolha deste país para a primeira acção deste projecto prende-se com o facto de o mer-cado africano representar uma aposta estratégica do Best, que, recorde-se, introduziu recente-mente em Portugal fundos da Stanlib, a maior sociedade ges-tora do grupo Standard Bank e que está sediada em Joanesbur-go.

Best e Wine o’Clock lançam “Best World Wine Travel”

No lançamento de qualquer campanha de publicida-de, no reposicionamento de um produto,... os estudos de mercado proporcionam informação valiosa. Mas es-tes têm de estar enquadrados na realidade do país, do sector onde estão integrados, da cultura do cliente e do perfil do consumidor.

O mundo mudou. Evoluiu. E o mesmo aconteceu com as marcas e, consequentemente com os estudos de mercado. Embora os dados quantitativos continuem a serem importantes, a informação qualitativa ganha destaque a cada dia que passa. A “Vida Económica” conversou com João Bento, director geral da Synova-te, empresa de “market intelligence”, inserida no grupo Aegis.

A multinacional orgulha-se de ser a única empresa de estudos de marketing sócia da APAN – Associação Portuguesa de Anunciantes. Isto porque a ligação en-tre o marketing e a publicidade é constante e deve ser tida em conta. Hoje em dia o consumidor, mais do que atitudes de compra, tem comportamentos. Pode variar os perfis consoante a situação. E é aqui que os estudos qualitativos, como o Sensidium, entram. O objectivo é o mesmo, mas a abordagem é efectuada pela vertente da psique humana. “Incide sobre a parte emocional e inconsciente da pessoa”, refere João Bento.

Isto é feito porque se adopta uma metodologia et-nográfica. Esta permite conhecer o comportamento do consumidor junto do local onde consome. Regra geral, os relatórios são entregues em formato vídeo, e podem ser de, por exemplo, um acompanhamento de compra. Este tipo de estudo é extremamente útil para compre-ender os motivos de compra do consumidor e a for-ma como reage às marcas. O que não significa que as empresas o devam utilizar como única fonte de infor-

mação na tomada de decisão. Na realidade, trata-se de um estudo que serve muitas vezes “de complemento a outras pesquisas mais aprofundadas”, afirma João Ben-to. Um exemplo frequente é a complemento dos dados obtidos pelo estudo etnográfico com as informações de desk research (tendências). O certo é que os estudos de mercado, independentemente da área abordada ou da metodologia seguida fornecem pistas importantes aquando da tomada de decisão dos gestores.

Evolução de mercado

Portugal é um país pequeno. E isso traz vantagens e desvantagens. Em termos dos estudos de mercado, a tendência aponta para uma diminuição, por parte das multinacionais, de estudos de mercados locais. Por ou-tras palavras, antes as empresas testavam os produtos em (quase) todos os mercados onde estavam presentes. Hoje em dia, fruto da globalização e da contenção de custos, a maioria das organizações opta por realizar um estudo ao nível europeu ou abarcando os mercados latinos (tipica-mente Portugal, Espanha, Itália, e, por vezes, Grécia).

Esta situação faz com que as empresas de estudo de mercado tenham de ser mais criativas e proactivas. Quer no desenvolvimento de novas abordagens, como na conquista de sectores que anteriormente não presta-vam muita importância a esta ferramenta. Tipicamente as pequenas e médias empresas. Sobre este tema João Bento acredita que o que acontece é que estas desconhe-cem as vantagens dos estudos de mercado. O que levou a Synovate a tentar uma abordagem diferente, através das várias associações. O objectivo, mais do que fazer negócio, é dar a conhecer as ferramentas existentes e as suas vantagens.

E que melhor forma de o fazer do que realizar workshops com clientes, onde estes podem dizer de sua justiça? “A ideia é explicar como os estudos podem tra-zer retorno para a marca”, afirma o director-geral da Synovate. Porque nada confere mais credibilidade do que o testemunho de clientes, que utilizaram os serviços e têm provas dados dos seus resultados.

Algumas ferramentas Synovate

Market Quest, trata-se de uma ferramenta para a identificação das possibilidades que um novo produto tem de ser lançado num determinado mercado. É um instrumento de simulação, que permite aos “markete-ers” fazerem experiências com a dinâmica de marketing e características dos produtos, o que permite a explora-ção de uma série de cenários e a avaliação de seu impac-to imediato, em tempo real.

Braind Value Creator é ideal para o posicionamento ou o fortalecimento da marca no segmento em que ac-tua. Consiste num conjunto de parâmetros de marcas que prevê o que as pessoas vão comprar. Trata-se de um conjunto de instrumentos que possibilitam que as mar-cas entendam os factores que impulsionam as vendas, e, com isso, possam desenvolver estratégias de marketing para optimizar a criação de valor de marca a longo pra-zo.

O modelo Censydiam é um modelo psicanalítico de análise do mercado que permite compreender e diag-nosticar a razão e a forma como as pessoas desenvolvem determinados comportamentos. Investigamos tudo des-de o tipo de desporto de que gostam às marcas de roupa que escolhem.

AlexAndrA [email protected]

sexta-feira, 11 Abril de 2008mArkEting, mArcAS E publicidAdE32

Numa campanha integrada de comunicação, cuja estratégia as-senta na divulgação em rádio, im-prensa escrita e online, a Inducci reforça a ligação entre os cinco lo-tes de café em pastilhas - Mattina, Giorno, Eventto, Notte e Decaffe – e os cinco diferentes momentos do dia. O trabalho foi desenvolvi-do pela agência Draft FCB e teve como director criativo Duarte Pi-nheiro Melo.

A Inducci posiciona-se como uma marca de prestígio, “tipo italiana”, associada à Nicola, com

cinco lotes de café em pastilhas, para diferentes momentos do dia: um café mais forte para a ma-nhã, outro mais equilibrado para beber durante o dia, um para os momentos especiais, um lote mais suave com metade da cafe-ína e todo o sabor do café para a noite e um descafeinado.

As máquinas estão disponíveis em três versões Passione para a casa, Piacere para casa e escritó-rios e Finezza destinada a escritó-rios. Podem também ser persona-lizadas com quatro motivos.

Inducci lança campanha integrada assente em cinco momentos do dia

Mercado africano representa uma aposta estratégica do Best

João Bento, director-geral da Synovate.

229 404 025Porto • Lisboa

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A requalificação dos quadros, a im-plementação de sistemas de ava-liação e de recompensa por mérito

e uma comunicação eficaz dos objectivos da reforma da Administração Pública são os principais “conselhos” que a consultora Deloitte deixa no relatório “A Mudança na Administração Pública”. O documento identifica problemas e respectivas soluções com vista à me-lhoria dos serviços da ad-ministração pública, ten-do para o efeito elaborado um inquérito em parceria com o INA. Deste, resul-ta que 85% dos inquiridos considera que organismos e chefias estão comprome-tidos na implementação do Programa de Reestruturação da Administração Central do Estado (PRACE). A falta de recur-sos humanos qualificados é um dos pon-tos negativos apontados pelos inquiridos (45,9%), enquanto 15% dos colabora-dores sugerem a formação para resolução

deste problema. Os sistemas de informa-ção voltam a ser referidos como uma difi-culdade a ser ultrapassada (19,2%). Para solucionar esta questão, 18,8% dos in-quiridos sugerem um reforço dos siste-mas de comunicação. Quanto à finalida-de do novo sistema de avaliação, 77,1%

dos inquiridos mostraram conhecê-lo. Esta percen-tagem diminui (71,7%) quando se refere o envol-vimento da gestão dos or-ganismos neste processo. Aliás, 16,7% dos inquiri-dos sugere o envolvimen-to de todos os colabora-dores e 12,5% sublinha a vontade em serem envol-vidos. Os objectivos mais

identificados no sistema de avaliação são o desempenho, o aumento da eficiência e a meritocracia; porém, quase 20% dos inquiridos indicou que não existe preocu-pação por parte das chefias em envolver os colaboradores na implementação do novo sistema de avaliação.

Europain & Intersuc é o salão favorito dos profissionais do sectorDecorreu em Paris, França, entre 29 de Março e 2 de Abril, mais uma edição do Europain & Intersuc, que contou com 86 367 visitantes e 644 expositores. A organização do certame afirma que o salão continua a ser o favorito dos profissionais do sector.

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Os 644 expositores expuseram os seus produtos e equipamentos ao longo de 80 mil metros qua-

drados de superfície de exposição, sendo que, durante os 5 dias de certame, os in-vestidores no sector da padaria e pastela-ria mostraram à Europa que “acreditam no futuro da profissão, na capacidade de inovação e que desejam aumentar a per-formance das suas empresas, indepen-dentemente da sua dimensão”.

Em termos de visitantes, é de notar que 64% eram franceses, ou seja, mais 6000 em relação à edição de 2005. Registou-se ainda mais 36% de visitantes estrangei-ros, de 140 países, ou seja, mais 1900 que em 2005. O ano de 2008 foi até consi-derado pela organziação como “o ano do sucesso” daquele evento.

O certame registou ainda a presença de 32 inovações, tendo sido atribuídos 10 troféus Europain e 8 “Rubans Bleus” Intersuc. O presidente da Comissão dos Salões EKIP, Patrice Mora, anunciou, in-clusive, o lançamento do Campeonato Internacional da Padaria, já a partir da próxima edição do salão Europain 2010, informando que a Taça do Mundo da Pa-nificação continuará a decorrer de 4 em 4 anos. Entretanto, faz já parte das agendas dos profissionais do sector a próxima edi-ção do Europain & Intersuc, que decor-rerá entre 6 e 10 de Março de 2010, bem como o próximo Salão Nacional da Pani-ficação e Pastelaria, que se realiza entre 8 e 10 de Março do próximo ano.

TERESA [email protected]

sexta-feira, 11 Abril de 2008 33Em foco

Breves

A COTEC e a Unicer lança-ram um prémio que preten-de incentivar a cultura de inovação empresarial. As duas entidades assinaram um protocolo para a atri-buição anual do “Prémio Produto Inovação: COTEC – Unicer”.Materializado numa peça de arte com o valor de dez mil euros, o prémio desti-na-se a distinguir produtos inovadores (sejam bens ou serviços) ou famílias desses mesmos produtos. Estes devem dirigir-se aos mer-cados globais e desenvol-vidos por empresas nacio-nais ou estrangeiras, desde que estejam a operar no pa-ís. Os promotores conside-ram que é fundamental os empresários investirem em inovação, de forma a que os

produtos nacionais se des-taquem nos mercados inter-nacionais.Um exemplo disso mesmo é a própria Unicer. O valor da inovação é evidente na em-presa cervejeira, que se tem traduzido no lançamento de produtos diferenciadores e de valor acrescentado. Além disso, destaque para o investimento em projec-tos estruturantes e em no-vas infra-estruturas indus-triais. As candidaturas serão apreciadas por um ijúri pre-sidido pelo presidente da COTEC, Artur Santos Silva, coadjuvado por António Pi-res de Lima da Unicer. In-tegra ainda um conjunto de individualidades em repre-sentação de instituições do sistema nacional de inova-ção.

COTEC e Unicer lançam prémio de inovação empresarial

O BIC-Minho promoveu o encontro anual da Rede de Empreendedorismo do Mi-nho (REM), uma rede re-gional no país que se des-tina a promover localmente o empreendedorismo e a inovação. Com 15 mem-bros, a REM é um conceito cria-do pela Ofici-na da Inovação e tem como prin-cipal objectivo criar relações de proximidade com os empreendedo-res, numa lógica de maior proximidade. No encon-tro, os membros, entre os quais se contam universi-dades, institutos politécni-cos, escolas profissionais e associações, apresentaram as principais linhas de in-tervenção que se propõem desenvolver no ano de 2008. Estas passam por estimular uma cultura em-preendedora e um espírito

de inovação junto dos pú-blicos-alvo. A abertura à comunidade e o estabelecimento de re-lações internacionais co-mo forma de se abrir à glo-balização e alargar novos horizontes foram também

algumas metas estabele-cidas: criar e desenvolver competências empreende-doras junto de alunos e for-mandos e, ao mesmo tem-po, desenvolver o espírito de iniciativa. Os membros da rede assumem um pa-pel de front Office na iden-tificação e na selecção de potenciais projectos, que são depois avaliados pelo BIC-Minho.

BIC Minho promove encontro de empreendedores

A Junta da Galiza vai finan-ciar em 400 mil euros as obras de adaptação da no-va sede do Eixo Atlântico no Noroeste Peninsular, em Vi-go. O crescimento e a inten-sificação da sua actividade justificam a criação de uma sede mais ampla. Será ain-da criado um sistema de in-

formação urbana transfron-teiriço e a implementação progressiva da Agenda Local Digital72010 nos concelhos membros do Eixo Atlântico. Será ainda estabelecido um protocolo de colaboração com a Caixanova, no âmbito da obra social da instituição financeira galega.

Junta da Galiza financia nova sede do Eixo Atântico

Institutoptico coloca cartão de crédito sem encargos

A Institutoptico colocou no mer-cado um cartão de crédito sem cus-tos de adesão, anuidades ou cobran-ça de juros. O objectivo é facilitar as compras dos clientes, os quais dispõem de um “plafond” mínimo de 250 euros. O produto resulta de uma parceria com o banco Pastor.

O cartão não tem custos de aber-tura do processo e possibilita o cré-dito até 12 meses sem juros. O fi-nanciamento é imediato, à medida das necessidades do cliente e os pagamentos são debitados da sua conta habitual, não havendo qual-quer necessidade de mudar de en-tidade bancária. Poderá verificar-se um período eventual de carência, no caso de campanhas.

CAP critica política do Governo sobre recursos hídricos

A Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) está desconten-te pela forma como soube da fixa-ção, pelo Governo, das taxas de uti-lização de recursos hídricos que os grandes utilizadores desses recursos vão ter de começar a pagar já em 2008 pelo seu uso. O diploma que regulamenta o novo regime econó-mico e financeiro da água foi apro-vado em conselho de ministros a semana passada, mas a CAP desco-nhece oficialmente os seus termos, uma vez que foi informada pela im-prensa do seu teor. De acordo com o diploma, todos os grandes utili-zadores dos recursos hídricos, prin-cipalmente a indústria, a agricultu-ra e os sistemas de abastecimento de água, vão pagar uma taxa pelo seu uso. A CAP (Confederação dos Agricultores de Portugal) lamenta ter sido informada pela imprensa dos valores dessas taxas.

“Apesar de os agricultores serem os principais visados pela taxa de recursos hídricos, foi pela impren-sa que a CAP foi informada da en-trada em vigor dessa mesma taxa e do seu valor, pesem embora os inú-meros pedidos de esclarecimento apresentados ao Ministério do Am-biente, Ordenamento do Território e Desenvolvimento Regional”, afir-ma a CAP em comunicado. Recor-de-se que o decreto-lei agora apro-vado complementa a Lei da Água, que transpôs para o direito nacio-nal há mais de dois anos a Direc-tiva-Quadro da Água e que aplica o princípio do poluidor-pagador e do utilizador pagador, fazendo re-flectir no preço da água o seu re-al custo.

Falta de quadros qualificados persiste na administração pública

Avaliação considerada essencial na administração pública

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A Comunicarte, agência de comunica-ção que recentemente se fi liou na APE-COM, é a empresa escolhida para desen-volver a assessoria de imprensa dos novos centros comerciais Guimarães Plaza e Ria Shopping, a nascer em Guimarães e Olhão pela promotora Sans Frontières, multinacional especializada na promoção de centros comerciais a operar na Chi-na, Turquia e Índia, entre outros países. A agência aprofunda assim a sua ligação ao sector dos centros comerciais, depois de ter ganho recentemente as contas do Glicínias e do Foz Plaza – em Aveiro e na Figueira da Foz – e do Shopping Cidade do Porto, que integra a carteira da Comu-nicarte desde 2006.

A Comunicarte viu ainda renovada a li-gação para 2008 com a Gamm Vert, mar-ca francesa que abriu o primeiro “garden

center”, em Matosinhos, e que actua no segmento jardinagem, animais, decoração e gourmet.

Simultaneamente, a agência está a pre-

parar o seu segundo projecto editorial, no caso a publicação Mestria, que assinala os 50 anos da construtora Casais e cliente da Comunicarte há mais de cinco.

Espanha anuncia medidas para a construção e reduz custos das empresas

O Governo espanhol anunciou que vai avançar com medidas de recurso para fazer face à crise económica. A Espanha é um dos países da União Europeia que está mais vulnerável ao turbilhão fi nanceiro interna-cional que está a ter impacto no crescimen-to económico global. Zapatero pretende aplicar medidas específi cas no sector da construção.

Nesta área de actividade, a Espanha vai dar corpo à construção de habitações pro-tegidas, desenvolver políticas mais atrac-tivas para o arrendamento e acelerar os processos de reabilitação e requalifi cação imobiliários. Por outro lado, está prevista a descida de 30% dos custos administrati-vos para as empresas. A luta contra a fraude também será incentivada, para além de se prespectivarem novas reformas no âmbito da criação de postos de trabalho. O traba-lho feminino é particularmente visado nas medidas.

Existem três vertentes que vão merecer especial atenção por parte do primeiro-mi-nistro reeleito. A política fi scal será desen-volvida num quadro de cautelas. A política

económica terá como principal preocu-pação o eventual agravamento da taxa de infl ação. O Governo socialista pretende ainda garantir um diálogo permanente e

construtivo com as restantes forças políti-cas e com os agentes sociais.

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A Associação Portuguesa das Indústrias Gráfi cas, de Comunicação Visual e Trans-formadoras do Papel (Apigraf ) quer cha-mar a atenção para a relevância dos secto-res que representa, responsáveis por uma facturação de mais de 1,3 mil milhões de euros e 25 mil postos de trabalho.

Assim, decidiu colocar dois fi lmes sob o tema “Indústria gráfi ca: um mundo de oportunidades”. Numa primeira fase serão enviados a entidades públicas e privadas, instituições fi nanceiras e seguradoras. O segundo fi lme é orientado sobretudo para alunos do terceiro ciclo do ensino básico.

Apigraf lança fi lmes de promoção da indústria gráfi ca

sexta-feira, 11 Abril 2008EMPRESAS34

Comunicarte aprofunda ligação ao segmento de retalho imobiliário

A AmiGaia marca presença no SIMA - Salão Imobiliário de Madrid, no âmbito da internacionalização das oportunidades de investimento no concelho. O município está representado no SIMACITIES, um espaço profi ssional para a promoção do ur-banismo, crescimento e oportunidades de investimentos. A Amigaia aposta na divul-gação das oportunidades de investimento no concelho com uma presença mais forte no programa profi ssional e na dinamização do stand. O Parque de Ciência e Tecno-logia de S. Félix da Marinha e o Centro de Incubação de Base Tecnológica, os par-ques empresariais de Perosinho e Sandim, o Masterplan para o Centro Histórico e as

Quintas do Douro são algumas das opor-tunidades de investimento no concelho que Gaia pretende projectar.

Gaia presente no Salão Imobiliário de Madrid

A empresa produtora de pneus Goodyear foi considerada a mais admirada do mundo, enquanto fornecedora dos veículos motorizados. A marca lidera a lista da revista “Fortune” em quatro aspec-tos determinantes, inova-ção, gestão do pessoal, uso dos activos e orientação global.

A distinção surge na se-quência do reconhecimen-to dado pelo “Wall Street

Journal” como líder na retribuição aos ac-cionistas no sector automóvel, nos

últimos cinco anos. Também se verifi cou a constatação de a Goodyear estar entre os “100 maiores cidadãos corporati-vos”, lista elaborada pela revista “Corporate Res-ponsability Offi cer”. São aspectos encarados como determinantes no que res-peita à carta de apresenta-

ção de qualquer empresa.

Goodyear entre as marcas mais admiradas da “Fortune”

O grupo Barbosa e Almeida vai comprar a vidreira Sotancro. A operação está apenas dependente das autorizações das autorida-des de concorrência de Portugal e Espanha. As duas empresas possuem unidades pro-dutivas em ambos os países.

Com este negócio, a Barbosa e Almeida pretende reforçar a sua posição no mercado

ibérico, sobretudo porque complementa a oferta no que respeita ao vidro de emba-lagem.

A Sotancro tem uma fábrica na Amado-ra e outra na Galiza. A BE tem duas em Portugal, em Gaia e na Marinha Grande, e duas em Espanha, na Extremadura e em Leon.

Barbosa e Almeida compra vidreira Sotancro

O grupo Intrum Justitia, multinacio-nal sueca de gestão de serviços de crédito, aumentou a facturação, em Portugal, em 14,3%, para perto de 54,2 milhões de eu-ros, no ano passado. A nível global, o au-mento foi de 10%, para 348,8 milhões de euros.

“Os resultados de Portugal, Espanha e França foram muito positivos, tendo em

conta os crescimentos de dois dígitos pelo terceiro ano consecutivo. Para o presente exercício, as previsões são de manutenção desses bons resultados”, de acordo com Luís Salvaterra, director-geral da Intrum Justitia Ibérica. Na base dos resultados alcançados foi importante a coordenação entre as diferentes regiões, bem como a criação de um centro de dados comum.

Intrum Justitia aumenta facturação em dois dígitos

O Casino de Espinho apresenta, a 17 de Maio, o cantor britânico Bryan Ferry, com o seu mais recente trabalho, “Dylanesque”. O álbum foi lançado em 2007 e presta ho-menagem a Bob Dylan, através da reinter-pretação de 11 canções, a que o ex-vocalis-

ta dos Roxy Music dá voz num concerto único em Portugal. Também não faltarão alguns dos principais êxitos que celebriza-ram banda inesquecível Roxy Music, a re-cordar o visual “glitter” dos anos oitenta e de foi um dos expoentes máximos.

Bryan Ferry com “Dylanesque” no Casino de Espinho

José Luis Zapatero

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Joaquim da Cunha Guima-rães, revisor oficial de con-tas e docente de Contabili-

dade, esclarece que as empresas cotadas já adoptam as NIC desde Janeiro de 2005. E é de opinião que a administração fiscal quer manter a receita fis-cal em sedes de IRC e IRS, sen-do que as alterações resultantes das normas não deverão ter re-flexos significativos na mesma.

Lembra ainda que a denomi-nada “simplificação contabilís-tica” está prevista no Sistema de Normalização Contabilís-tica, divulgado em Junho pas-sado. Estão definidos os dois níveis de adaptação das NIC e das NIRF (Normas Interna-cionais de Relato Financeiro), em função da dimensão das empresas e das suas maiores ou menores necessidades de relato financeiro, aguardando-se a sua aprovação governamental.

Uma dúvida que se coloca aos operadores é que, neste momento, há empresas que são obrigadas a ter duas contabili-dades, uma de acordo com as NIC e outra segundo o POC. Refere Joaquim da Cunha Gui-

marães a este propósito: “Na verdade, a legislação estabelece que as entidades que elaboram as contas individuais de acordo com as normas internacionais de contabilidade (como referi-do, as empresas com negocia-ção em bolsa) deverão, para efeitos fiscais, mais concreta-mente no que respeita ao apu-ramento do lucro tributável em sede de IRC, manter a conta-bilidade organi-zada, segundo o normativo con-tabilístico na-cional – POC, d i r e c t r i z e s contabilísticas, interpretações técnicas e di-plomas legais complementa-res ao POC –, o que, em certa medida, poderá dar azo a tal interpretação.”

Exigências não podem ser desproporcionadas

Tendo em conta a harmoni-zação contabilística, coloca-se a

questão de saber se as empresas de menores dimensões podem esperar regimes mais simples e menos custos no cumprimento das suas obrigações. Aquele do-cente explica sobre esta matéria: “É um assunto que está em de-bate público na União Euro-peia. E que não parece estar a ser bem aceite, nomeadamente em Portugal, como se pode ve-

rificar pelas enti-dades regulado-ras dos técnicos e dos revisores oficiais de con-tas. Na verdade, os custos com o cumprimento das obrigações contabilísticas e fiscais nas micro e PME, desig-nadamente os

honorários dos profissionais (TOC e ROC), não são consi-derados significativos para justi-ficar e implementar um regime de quase dispensa da contabili-dade e da revisão/auditoria.”

Questão bem diferente é a não exigência a essas empresas de obrigações contabilísticas e

fiscais desproporcionadas à sua dimensão e necessidades de re-lato financeiro, tendo em conta, designadamente, que não se co-loca em questão a utilidade da informação para os sócios/ac-cionistas numa perspectiva de mercado.

É nesta conformidade que a legislação que aprovou o POC prevê demonstrações financeiras abreviadas (isto é, menos desen-volvidas) para as empresas que não tenham ultrapassado dois dos três limites do arts. 262º do Código das Sociedades Co-merciais, da mesma forma que os códigos de IRC e IRS con-templam o designado “regime simplificado de tributação. O futuro SNC prevê também uma única norma contabilística para as microempresas, sendo previ-sível que o impacto fiscal não seja significativo”.

Neste contexto, é previsível que o SNC entre em vigor no próximo exercício, ou até 2010, pelo que, também neste âmbi-to, já nos atrasámos em relação a Espanha, cujo novo sistema contabilístico entrou em vigor no início deste ano.”

Guilherme Osswald

FiscalidadeO futuro SNC

prevê também uma única norma contabilística

para as microempresas

aBrilaté ao dia 10• IVA - Imposto sobre o valor acrescentado– Periodicidade Mensal – Envio obrigatório via Internet da declaração periódica relativa às operações realizadas no mês de Feverei-ro. O pagamento pode ser efectuado através das caixas automáticas Multibanco, nas Tesoura-rias de Finanças informatizadas e nos balcões dos CTT. O pagamento pode ainda ser efectuado via Internet. Conjuntamente com a declaração periódica deve ser enviado o Anexo Recapi-tulativo, referente às transmissões intraco-munitárias isentas, efectuadas no mês de Fevereiro.

• IRS - Imposto sobre o rendimento das pessoas singulares– Os notários, conservadores, secretários ju-diciais e secretários técnicos de justiça de-vem entregar à Direcção-Geral dos Impostos a relação dos actos praticados no mês anterior susceptíveis de produzir rendimentos sujeitos a IRS.

até ao dia 15• IRS - Imposto sobre o rendimento das pessoas singulares– Entrega da declaração de rendimentos Mo-delo 3, por transmissão electrónica de dados (internet), pelos sujeitos passivos com rendi-mentos da Categoria A (trabalho dependente) e H (pensões).

até ao dia 20• IRC - Imposto sobre o rendimento das pessoas colectivas− Entrega das importâncias retidas no mês de Março sobre os rendimentos sujeitos a reten-ção na fonte de IRC.

• IRS - Imposto sobre o rendimento das pessoas singulares– Entrega, pelas entidades obrigadas a efec-tuar retenção, do imposto deduzido em Março pela aplicação das taxas liberatórias previstas no artº 71º do CIRS. – Entrega, pelas entidades que disponham ou devam dispor de contabilidade organizada, das importâncias deduzidas em Março sobre rendimentos de capitais e prediais e rendi-mentos de propriedade intelectual ou indus-trial e prestações de serviços (Categoria B).− Entrega do imposto deduzido em Março so-bre os rendimentos do trabalho dependente e de pensões, com excepção das de alimentos • Imposto de Selo− Entrega, por meio de guia, nas tesourarias da Fazenda Pública, do imposto cobrado em Marçoo, pelas entidades a quem incumbe essa obrigação.

até dia 30• IMI – Imposto Municipal sobre Imóveis− Pagamento da totalidade do Imposto refe-rente ao ano de 2007, se igual ou inferior a J 250 ou da 1ª prestação se superior.

• IRS - Imposto sobre o rendimento das pessoas singulares

− Entrega da declaração modelo 3, em su-porte de papel, com anexos, pelos sujeitos passivos com rendimentos das Categoria A (trabalho dependente), B (empresariais e pro-fissionais), E (capitais), F (prediais), G (mais--valias) e H (pensões).

• IRC - Imposto sobre o rendimento das pessoas colectivas– Entrega da declaração de alterações pelos sujeitos passivos de IRC que, tendo anterior-mente optado pelo regime geral de determi-nação do lucro tributável, queiram renovar a opção, bem como por todos os que, reunindo os pressupostos de inclusão no regime sim-plificado, estejam em condições de exercer a opção. – Entrega da declaração de opção ou da de-claração de alterações relativa ao regime especial de tributação de grupos de socieda-des.

• IVA - Imposto sobre o valor acrescentado – Entrega da Declaração Modelo 1074, em triplicado, donde constarão as aquisições efectuadas durante o ano anterior pelos reta-lhistas sujeitos ao regime de tributação pre-visto no art. 60º do CIVA.

até ao dia 31• IRS - Imposto sobre o rendimento das pessoas singulares− Entrega da declaração de alterações, pe-los sujeitos passivos de IRS, que, tendo anteriormente optado por utilizar a conta-bilidade organizada como forma de deter-minação do rendimento, queiram renovar a opção, bem como todos os que, reunindo os pressupostos de inclusão no regime sim-plificado, estejam em condições de exercer a opção.

• IRC - Imposto sobre o rendimento das pessoas colectivas– Entrega da declaração de alterações pelos sujeitos passivos de IRC que, tendo anterior-mente optado pelo regime geral de determi-nação do lucro tributável, queiram renovar a opção, bem como por todos os que, reunindo os pressupostos de inclusão no regime sim-plificado, estejam em condições de exercer a opção. – Entrega da declaração de opção ou da declaração de alterações relativa ao regime especial de tributação de grupos de socie-dades.

AGENDA FISCAL

DUPLA TRIBUTAÇÃO

Convenção Portugal/indonésiaDe acordo com Aviso nº 42/2008, de 4.4, publicado na I série do Diário da República, vigora desde o passado dia 11 de Maio de 2007 a Convenção entre Portugal e a Indonésia para Evitar a Dupla Tributação e Prevenir a Evasão Fiscal em Matéria de Impostos sobre o Rendimento, assinada em Lisboa, em 9 de Julho de 2003, e aprovada pela Resol. da Assembleia República nº 64/2006, de 6.12.

O SNCV vai arrancar atrasado em relação a Espanha

sexta-feira, 11 Abril de 2008 35

“Simplificação contabilística”

está prevista no Sistema de Normalização

Contabilística

IVA – inversão (particulares)em referência à nova regra de in-versão do iVa, caso se trate de um cliente não sujeito a iVa, ou seja, um particular, é obrigatória a men-ção de ParTiCular no campo do número de contribuinte?

resposta do assessor FiscalPara que haja inversão do su-jeito passivo, é necessário que, cumulativamente:a) se esteja na presença de aquisi-ção de serviços de construção civil; e que,b) o adquirente seja sujeito passivo do IVA em Portugal e aqui pratique ope-rações que confiram, total ou parcial-mente, o direito à dedução do IVA.Tratando-se de um adquirente parti-cular não há lugar à inversão do su-jeito passivo, por falta do requisito mencionado na alínea b). Neste ca-so, compete ao prestador do servi-ço facturar o serviço prestado e li-quidar o IVA na respectiva factura, a qual deve conter os elementos soli-citados pelo n.º 5 do artigo 35.º do CIVA, designadamente, «os números de identificação fiscal dos sujeitos passivos de imposto», como refere a alínea a).Não sendo o adquirente das presta-ções de serviço de construção sujeito passivo de imposto, relativamente a ele apenas deverão constar na factu-ra «o nome e domicílio», se não tiver número de contribuinte, mas, tendo, deve o mesmo ser referido como ele-mento adicional de identificação.

Normas internacionais de contabilidadenão terão reflexos na receita fiscalAs Normas Internacionais de Contabilidade (NIC) estão na ordem do dia. Para o tecido económico é fundamental saber se as novas regras terão impacto ao nível da receita fiscal. A receita fiscal não será afectada pelas normas. A própria simplificação contabilística aponta nesse sentido.

PRÁTICA FISCAL

Informação elaborada pela APOTEC - Associação Portuguesa de Técnicos de Contabilidade

[email protected]

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Uma empresa está em vias de adqui-rir instalações próprias, tendo para o efeito celebrado já o respectivo con-trato de promessa de compra e venda com a empresa que as tem para venda. O citado contrato refere, nos conside-randos que antecedem o clausulado, o seguinte:“A) A primeira outorgante (promitente vendedora) é possuidora e legítima lo-catária de um armazém industrial, que constitui a fracção C do prédio...”.“B) A propriedade do prédio supra identificado é pertença da sociedade comercial sob a forma anónima deno-minada X, SA, matriculada na...”.A cláusula 2.ª, que trata do preço e das condições, tem um ponto 5 do seguin-te teor:

“5 - A escritura pública poderá ser substituída por Contrato de Locação Financeira com a X, SA Imobiliária, ou outra forma contratual, caso seja von-tade expressa da segunda outorgante (promitente compradora) e consenti-mento da primeira.”Acresce informar que a promitente vendedora tem a decorrer um contra-to de leasing imobiliário com a X, SA, que abrange o empreendimento de que faz parte a fracção que a empresa pre-tende adquirir. Neste contexto, e com o objectivo de conseguir assegurar o financiamento da prometida transac-ção, sugere a X, SA que a mesma se faça por cedência de posição contra-tual do leasing imobiliário vigente (da promitente vendedora par a promitente

compradora) usando como argumento a não incidência de IMT na operação, nem no acto da cessão de posição con-tratual nem no final do contrato quan-do a propriedade jurídica transita em definitivo para a compradora.Qual a legislação que suporta este en-tendimento, visto que este não parece linear à luz do artigo 2.º do Código do IMT?

A cedência da posição contratual, num contrato de locação financeira, não se en-contra sujeita a IMT, por não se estar em presença de uma transmissão do direito real de propriedade, o qual continua a pertencer à locadora.

Com a cedência da posição contratual da locatária/cedente para a esfera jurídica da cessionária, verifica-se a transferência de um direito de natureza obrigacional e não do pleno direito de propriedade. Esta cedência de posição contratual, pressupõe o acordo prévio da locadora.

A opção de compra do imóvel no fi-nal do contrato por parte da locatária

está sujeita a IMT, nos termos gerais do Código (artigo 2.º n.º 1). Contudo, esta transmissão por compra e venda a favor da locatária, no termo da vigência do con-trato de locação financeira e realizada nas condições nele estabelecidas, estava isenta de Imposto de Sisa nos termos do artigo 3.º do Decreto-Lei n.º 311/82, de 4 de Agosto.

Esta isenção mantém-se, passando ago-ra a ser reportada ao IMT, dado o dispos-to no n.º 6 do artigo 31.º do Decreto-Lei n.º 287/2003, de 12 de Novembro.

De referir finalmente que, a cedência de posição contratual, para efeitos de IVA, é havida como uma prestação de serviços sujeita a imposto à taxa normal (21%) in-dependentemente da natureza móvel ou imóvel do objecto do contrato de locação. Este IVA deve ser liquidado pelo cedente e repercutido ao cessionário que o poderá deduzir se for sujeito passivo do regime normal.

(INFOrMAçãO eLABOrAdA peLA CâMArA dOS TéCNICOS OFICIAIS de CONTAS)

Cedência de posição em contrato de locação financeira isenta de IMT

A nossa sociedade está em perma-nente mutação. Se, por um lado, é raro, nos nossos dias, encontrar-

mos, por exemplo, amoladores de tesou-ras e facas, ou dactilógrafas, por outro lado, deparamo-nos constantemente com novos modos de ganhar a vida. Não vamos falar de negócios que operam via Internet, nem vamos tratar de novos sis-temas de informação, mas sim de um ne-gócio bem mais simples – a publicidade nos veículos auto-móveis.

Actualmente, é com bastante fre-quência que nos deparamos com pequenas viatu-ras – os “Smart´s” – todas decoradas com publicidade desta ou daquela empresa. Não pen-sem os mais de-satentos que estas viaturas são apenas conduzidas por funcionários das empresas, pois não são. Qualquer um de nós, enquanto proprietário de uma viatura que reúna as condições exigidas, pode dirigir-se a uma empresa de publicidade e mediante o re-cebimento de uma contraprestação, fazer publicidade a diferentes entidades.

Para quem pretende ter uns rendi-mentos extra e até acha uma certa piada a conduzir um “Smart” todo colorido, aqui se indicam os cuidados fiscais a ter perante essa actividade.

A partir do momento em que alguém participa num destes negócios, enquanto pessoa singular prestadora de serviços,

deverá estar devidamente inscrita em sede de IRS e IVA porque está a praticar ope-rações comerciais. O rendimento assim auferido, a contraprestação por circular na cidade com a viatura decorada com publicidade de terceiros, consubstancia-se num rendimento da categoria B – ren-dimentos empresariais e profissionais.

Em sede de IRS, importará, aquando da inscrição, optar pelo regime de tribu-tação que lhe for mais favorável: regime

simplificado de tributação ou com base nas regras da contabilidade or-ganizada. Neste âmbito, mediante a previsão de vo-lume de negócios que espera atingir, o tipo de custos e o seu valor, deverá simular o apura-mento do resulta-do e respectivo im-posto, de modo a aferir qual a opção mais vantajosa.

Tratando-se de um rendimento proveniente de

prestação de serviços, está o mesmo su-jeito a retenção na fonte (sem prejuízo da dispensa existente caso o volume de ne-gócios anual não ultrapasse os 10 000,00 euros). A entidade pagadora dos rendi-mentos, caso possua contabilidade orga-nizada, deverá reter o imposto aquando do pagamento.

No que respeita ao IVA, estando en-quadrado no regime simplificado de tri-butação e desde que o volume de negó-cios anual não seja superior a 10 000,00 euros, estará isento de imposto ao abrigo

do art. 53.º do CIVA. O sujeito passivo poderá, por opção, não beneficiar do re-gime de isenção.

Ainda no âmbito do IVA e caso tenha optado em sede de IRS pelo regime de tributação com base nas regras da con-tabilidade organizada, ou, ainda que enquadrado no regime simplificado de tributação, ultrapasse o valor anual de 10 000,00 euros, será sujeito passivo de IVA, isto é, aquando do débito da sua prestação de ser-viços deverá pro-ceder à liquidação de imposto e cum-prir com as demais obrigações decor-rentes do Código.

Deste modo, pra-ticando operações sujeitas a imposto e dele não isentas, o sujeito passivo está em condições de exercer o direi-to à dedução do imposto suporta-do nas aquisições de bens e serviços necessários ao de-senvolvimento da sua actividade, atentos às regras para esse efeito.

A dúvida que frequentemente se coloca é acerca do exercício do direito à dedu-ção do IVA suportado com a aquisição da viatura e demais encargos a ela inerentes. Esta viatura é classificada como ligeira de passageiros, logo, importa analisar o disposto no art. 21.º do Código do IVA.

Regra geral, esta norma afasta o direi-to à dedução do imposto suportado com viaturas ligeiras de passageiros, quando as mesmas não têm mais de 9 lugares, a

excepção à norma verifica-se quando a mesma constitui o objecto de actividade ou exploração do sujeito passivo.

Em suma, o IVA suportado com a aqui-sição, conservação e reparação de viatu-ras ligeiras de passageiros, por exemplo os “Smart’s”, utilizados com fins publi-citários, é dedutível, desde que as mes-mas sejam utilizadas unicamente com fins publicitários e desde que se trate de publicidade de terceiros e a estes seja fac-

turada, ou seja, a exploração destas viaturas constitui objecto da acti-vidade do sujeito passivo.

No que respeita aos combustíveis, o IVA suportado com a aquisição de gasolina não é dedutível, o IVA suportado com o gasóleo e GPL é dedutível em 50 por cento do seu valor.

Além da obriga-ção de liquidação do imposto e res-

pectiva emissão do documento, o sujeito passivo deve também entregar a declara-ção periódica de IVA (e demais elemen-tos anuais) e proceder ao pagamento do respectivo imposto, caso seja este o ce-nário.

Esperamos com este texto contribuir para um melhor esclarecimento desta matéria e alertar para a necessidade de planeamento fiscal, pois nem todo o rendimento auferido é lucro, existe uma parte que tem que ser entregue ao Estado a título de impostos.

Os novos negócios e os impostos

Contas & Impostos

Elsa MarvanEjo da CostaConsultora da Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas

Com a cedência da posição contratual da locatária/cedente para a esfera jurídica da cessionária, verifica-se a transferência de um direito de natureza obrigacional e não do pleno direito de propriedade.

sexta-feira, 11 abril de 2008FISCALIDADE36

“Qualquer um de nós, enquanto proprietário de uma viatura que reúna as condições exigidas, pode dirigir-se a uma empresa de publicidade e, mediante o recebimento de uma contraprestação, fazer publicidade a diferentes entidades”

“O IVA suportado com a aquisição, conservação e reparação de viaturas ligeiras de passageiros, por exemplo os Smart, utilizados com fins publicitários, é dedutível, desde que as mesmas sejam utilizadas unicamente com fins publicitários”

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MercadosBES:

-18%desde

o início do ano

BCP:

-30%desde

o início do ano

Eurodólar (Fecho) (09/04) 1,5802Var. Semana 0,78%Var. 2008 7,34%

EuroLibra (Fecho) (09/04) 0,8010Var. Semana 1,46%Var. 2008 9,22%

EuroIene (Fecho) (09/04) 161,00Var. Semana 0,40%Var. 2008 -2,38%

ÍndIcEs

PsI20 (Fecho) (09/04) 11010,61Var. Semana 1,28%Var. 2008 -15,43%

dowJones (Fecho) (09/04) 12503,49Var. Semana -0,81%Var. 2008 -5,74%

nasdaq (Fecho) (09/04) 1822,3Var. Semana -1,43%Var. 2008 -12,60%

Ibex (Fecho) (09/04) 13599Var. Semana -1,73%Var. 2008 -10,43%

dax (Fecho) (09/04) 6721,36Var. Semana -0,83%Var. 2008 -16,68%

cAc40 (Fecho) (09/04) 4874,97Var. Semana -0,75%

Var. 2008 -13,37%

PsI20

cAmbIALEurodóLAr

Euribor6m (Fecho) (09/04) 4,7470Var. Abs. Semana 0,0100%Var. Abs. 2008 0,0380%

Euribor3m (Fecho) (09/04) 4,7440Var. Abs. Semana 0,0080%Var. Abs. 2008 0,0540%

Euribor1Y (Fecho) (09/04) 4,7490Var. Abs. Semana 0,0060%Var. Abs. 2008 -0,0050%

monEtárIoEurIbor6m

Petróleo (Brent) (09/04) 107,53Var. Semana 8,68%Var.2008 13,99%

ouro (Fecho) (09/04) 926,10Var. Semana 1,45%Var. 2008 11,15%

Prata (Fecho) (09/04) 18,17Var. Semana 4,91%Var. 2008 23,02%

mErcAdorIAsPEtróLEo

BES:Plano Estratégico até 2010 bem acolhido pelo mercado

sexta-feira, 11 Abril de 2008 37

Apesar dos créditos contratados, portugueses ainda conseguem poupar

Portugueses gastam 25% do salário a pagar créditos

Em média um quarto do salá-rio dos portugueses é gasto men-salmente com o pagamento de prestações referentes a emprésti-mos contratados, mas há quem tenha de despender de uma fatia maior do seu ordenado para fazer face aos compromissos assumi-dos. Pelo menos 15% dos portu-gueses têm de gastar entre 46% a 60% do seu vencimento para pagar créditos. Estas são algu-mas das conclusões apresentadas num estudo sobre a relação dos portugueses com o dinheiro e o crédito, promovido pela Associa-ção de Instituições de Crédito Es-pecializado (ASFAC). O estudo foi realizado pela Netsonda junto de 835 inquiridos e concluiu que a maior parte dos portugueses (42%) consegue que os créditos não representem mais de 15% do seu rendimento mensal. Sem surpresas, o crédito à habitação é aquele que consome mais dinhei-ro no rendimento mensal dos portugueses (54%). Segue-se o crédito pessoal (36%) e o crédito automóvel (23%).

Na hora de contratar um crédi-to, a preocupação dos portugue-ses centra-se sobretudo no valor da mensalidade a pagar durante a vigência do contrato, constata o estudo promovido pela AS-FAC. Outros indicadores, como o custo total do empréstimo, so-mando todos os juros cobrados, ou ainda o prazo de duração do empréstimo não assumem tanta importância para os inquiridos. De resto, os portugueses enca-ram o crédito com naturalidade. Metade alega que esta é a melhor forma de resolver situações im-previstas (50,3%) e muitos reco-nhecem que é graças ao crédito que conseguem ter acesso a bens que de outra forma não era possí-vel ter (45,1%).

Crescente é também o relacio-namento dos portugueses com o cartão de crédito, revela o estudo da ASFAC, segundo o qual 78% dos portugueses já têm cartão de crédito. Ainda que a maioria te-nha apenas um cartão (45%), são cada vez mais as famílias com vá-rios cartões.

Gastosplaneados

Mas nem só com o cumpri-mento de prestações associadas ao crédito vêem os portugueses escapar boa parte do seu dinhei-ro. Aos empréstimos juntam-se

outras despesas fixas, que levam quase metade do salário dos por-tugueses. Em média, 48% do ren-dimento mensal dos portugueses está reservado para o pagamento de despesas fixas, revela também o estudo da Netsonda realizado para a ASFAC.

Com tantas despesas e para que a situação não fuja do controlo, são cada vez mais as famílias que optam por elaborar um plano mensal de gastos. Fazer uma lista de compras antes de ir ao super-mercado é o primeiro passo e esse é já dado actualmente por 77% dos inquiridos. Mas, segundo a ASFAC, realizar um planeamen-to da gestão do rendimento fa-miliar, de modo mais ou menos sofisticado, é a opção tomada já por 61% dos inquiridos, que ge-ralmente envolvem toda a família nesta operação, para que todos tenham consciência da dimen-são das despesas a que é preciso fazer face e para decidam entre todos a melhor forma de gerir o rendimento disponível. Aliás, há muito que esta matéria deixou de estar exclusivamente a cargo do

chefe de família e envolve cada vez mais o agregado. Revela o estudo da ASFAC que 62% dos casais discutem entre si as finan-ças domésticas, mas evitam falar do assunto com filhos ainda me-nores. Até porque a generalidade dos inquiridos garante que a edu-cação financeira que as crianças recebem na escola é quase nula e que o grau de preparação dos mais novos para lidar com este tipo de assuntos é muito baixo. Para 74% dos inquiridos faz efectivamente falta uma maior e melhor educa-ção financeira nas escolas.

Mas se os mais novos nem sem-pre ouvem falar de pagamentos, poupanças e créditos, pelo menos habituam-se a gerir dinheiro, o seu próprio dinheiro. Revela o estudo da ASFAV que são cada vez mais os pais que optam por dar uma verba regularmente aos filhos, incutindo-lhes a responsa-bilidade de fazer “esticar” esse di-nheiro até à data de receber nova remessa, numa correspondência ao esforço que também eles, pais, têm de fazer para “esticar” o di-nheiro do salário até ao fim do

mês. Em média, diz o estudo, os pais dão mensalmente 119 euros aos seus filhos, mas a maioria dos pais inquiridos dá menos de 30 euros por mês aos seus filhos. Al-guns optam pelo sistema da me-sada (25%), outros da semanada (17%) e outros ainda preferem não assumir qualquer regulari-dade na entrega de quantias aos filhos, optando por cobrir even-tuais despesas apenas quando elas surgem. No topo das despesas dos filhos estão as actividades escola-res, a alimentação, os transportes, o telemóvel e a roupa.

Pouparéganhar

Mais ou menos endividados, com maior ou menor controlo dos rendimentos familiares, os portugueses têm consciência de que só poupando é que conse-guem juntar dinheiro para fazer face a despesas futuras, previstas ou imprevistas, e manifestam cada vez mais preocupação com o “dia de amanhã”. É por isso que poupar, por menor que seja a quantia, é quase um ponto de honra para muitos portugueses. Ninguém gosta de chegar ao fim do mês com a carteira vazia e muito menos de ser apanhado desprevenido com uma despe-sa inesperada, por isso 73% dos portugueses assume que faz al-gum tipo de poupança. Segundo revela o estudo da ASFAC, 44% dos inquiridos que dizem poupar algum dinheiro consegue tomar essa atitude mensalmente. Ou-tros não o conseguem fazer em intervalos de tempo tão curtos e optam por colocar dinheiro de parte trimestralmente (7%) ou até mesmo anualmente (5%). Depois, há quem só consiga en-gordar o seu mealheiro ocasional-mente e há também aqueles que não conseguem fazer qualquer poupança.

Em média, os portugueses que conseguem poupar estão a alocar 14% do seu rendimento familiar para esse fim, seja através de en-tregas programadas em planos de poupança, seja através de reservas criadas pelo próprio, sob as mais variadas formas. Ainda assim, em 68% dos inquiridos, a poupan-ça representa menos de 15% do seu rendimento e há apenas 6% da população a conseguir poupar mais de metade do seu salário.

ANA SANTOS [email protected]

Rendimento endividAdo é Alto

O eixo vertical representa a percentagem de inquiridosFonte: Netsonda / ASFAC

0-15 15-30 30-45 45-60 60-75 75-1000

5

10

15

20

25

30

35

40

45

Percentagem do rendimento endividado

Média 25%

CApACidAde de poupAnçA é limitAdA

O eixo vertical representa a percentagem de inquiridosFonte: Netsonda / ASFAC

0-15 15-30 30-45 45-60 60-75 75-1000

10

20

30

40

50

60

70

Percentagem do rendimento poupado

Média 14%

10 800

10 950

11 100

3-04 4-04 7-04 8-04 9-04

1.5600

1.5750

1.5900

3-04 4-04 7-04 8-04 9-04

4.7400

4.7450

4.7500

3-04 4-04 7-04 8-04 9-04

100.00

105.00

110.00

3-04 4-04 7-04 8-04 9-04

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http://caldeiraodebolsa.jornal-denegocios.pt/

O “Caldeirão de Bolsa” é um fórum de debate sobre os mercados que nasceu há cerca de cinco anos e que tem crescido velozmente, quer ao nível dos seus membros, quer ao nível das participações nesse mesmo fórum. Caracteriza-se por uma moderação muito activa, de forma a que se possa discutir os mercados de uma forma descontraída mas sempre civilizada. A dinâmica do “Caldeirão de Bolsa” é enorme, com centenas de mensagens diárias, análises mais simples, mais elaboradas, técnicas, fundamentais, todas elas no Caldeirão. O espírito de solidariedade e entreaju-da entre os participantes tornam este espaço único e uma fonte de aprendizagem inesgotável. Ou seja, para quem gosta de Bolsa, é o espaço privilegiado de debate em PortugalO Fórum está aberto à leitura a todos os visitantes do site, não sendo necessário login ou registo para tal, no

entanto, para participar activamente, os utilizadores devem-se “logar”, introduzindo o respectivo “userna-me” e “password”. Todos os registados no “Canal de Negócios” ou no “Caldeirão de Bolsa” possuem já um registo de login nesta nova versão do Fórum, mas, caso não possua registo, poderá criar um no site do “Canal de Negócios” (www.jornaldenegócios.pt).Recorde-se que os sites “Canal de Negócios” e o “Caldeirão de Bolsa” uniram as suas forças no final do ano passado para criarem a maior comunidade de investidores “on-line”. Trata-se da união de dois líde-res de mercado, que passaram a fundir os serviços de Fórum num único, disponível em www.negocios.pt e gerido pelo “Caldeirão de Bolsa”.

net.investidor

ricardo arroja

Pedro arroja Gestão de Patrimónios S.a.www.pedroarroja.com

Mercados a recuperarDepois de fortes quedas nos três primeiros meses do

ano, os mercados accionistas estão agora a tentar recuperar do fosso. O dólar norte-americano, de

forma tímida, também. Pelo contrário, as matérias-primas – tão apregoadas nos últimos tempos – iniciaram uma bre-ve correcção. A derradeira hecatombe no mercado accio-nista e no dólar, que muitos analistas – eu próprio incluído – antecipavam, não se concretizou. Assim, a normalidade parece ter regressado, o que premeia aqueles que defen-deram que se devia comprar quando toda a gente parecia apenas querer vender. A sorte protegeu os audazes. Con-tudo, a ideia que se começa a enraizar entre a generalida-de dos investidores, ou seja, que nunca mais ocorrerá ne-nhum “crash” e que é nestas circunstâncias que vale a pena comprar a sério, é bastante perigosa. Porque, qualquer dia, há mesmo um “crash”. Mas, por agora, a maioria parece acreditar que o pior já passou.

Desde o mínimo de Março até ao final da primeira se-mana de Abril, de fecho a fecho, os principais mercados accionistas recuperaram em média 10%. O PSI20 não foi excepção. Entre os índices mais relevantes, o Nikkei no Japão foi aquele que mais valorizou, cerca de 13%, mas

também tinha sido aquele que mais tinha caído. O que menos subiu foi o S&P500, nos Estados Unidos – ainda assim registou uma mais-valia de 8% desde os mínimos. Na Europa, o Eurostoxx 50 valorizou 11% desde meados de Março. Nos últimos doze meses até final de Março des-te ano, os três índices estão todos negativos. O Nikkei re-gista uma incrível desvalorização de quase 30%. O Euros-toxx 50 está a cair 14%. Por fim, o S&P500 está a perder apenas 7%, apesar de a América ser a fonte de todos os problemas actuais. Extraordinário. E revelador do esforço das autoridades norte-americanas em amenizar a tradução financeira deste ciclo económico.

Quanto ao dólar, avaliado através do Dollar Index, nos últimos doze meses registou uma desvalorização de 14%. O seu comportamento foi especialmente mau contra o euro e contra o iene japonês – perdas de 17%. Em relação à libra, desvalorizou apenas de forma residual, o que pa-rece confirmar que também a economia do Reino Unido atravessa um mau momento. Por fim, as matérias-primas. Em Fevereiro, o índice CRB – a referência no sector – ti-nha valorizado 11%, um ganho extraordinário e superior ao intervalo de confiança a 99% dos últimos dez anos,

que é de 10%. Significa que, de acordo com a volatilida-de histórica, em cada 100 meses de actividade do índice, apenas em 1 se registará uma valorização superior a 10%. Aconteceu em Fevereiro, o que fez com que Março fosse potencialmente um mês perigoso para este segmento de mercado. E confirmou-se – em Março, o CRB registou uma desvalorização de 6%.

Neste momento, a questão relevante é saber se o pior efectivamente já passou ou não. Se os mínimos de Março no mercado accionista e no dólar foram ou não os pontos de inversão. Em relação ao mercado accionista, o compor-tamento que agora tivemos no S&P500 foi idêntico ao de Março de 2003 – altura em que se iniciou o anterior “bull market” nas acções. Por este prisma, a resposta seria afir-mativa. Contudo, no que diz respeito ao dólar, continuo convencido que ainda não saímos da zona de perigo. Até pode ser que surja uma recuperação do dólar nas próxi-mas semanas, mas não vejo, para já, qualquer indicação de que tenha existido uma inversão de tendência. Nas matérias-primas, em geral correlacionadas negativamente com o dólar, também não vislumbro qualquer quebra de estrutura apesar da correcção de Março. Assim, dada a mi-nha premissa de base – que o mercado de acções tenderá a acompanhar o dólar –, considero que a alta recente das bolsas mundiais foi apenas uma oportunidade de curto prazo, pouco propícia a investidores de longo prazo. Julgo que estes deverão esperar mais um pouco pela inversão de-finitiva do dólar. Porque, como diz o provérbio, “há mais marés que marinheiros”.

sexta-feira, 11 abril de 2008MerCAdos38

Título: Guia de Negócios no Brasil

Autores: António Vilar & Associados - Advogados

Págs.: 232 (15,5 x 23 cm) Preço: A 20

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Morada C. Postal

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❏ SIM. Solicito o envio dos guias abaixo indicados:

Quantidade Guia

Guia de Negócios na Polónia

Guia de Negócios em Angola

Guia de Negócios no Brasil

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❒ Debitem A , no meu cartão com o nº

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❒ Solicito o envio à cobrança. (Acrescem A 4 para despesas de envio e cobrança).

ASSINATURA

✃✃✃✃✃

Pedidos para:

Vida Económica - R. Gonçalo Cristóvão,

111, 6º esq. 4049-037 PORTO

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GUIA DE NEGÓCIOS NA POLÓNIA

O Guia de Negócios na Polónia representa

o primeiro de vários guias que o Grupo

Editorial Vida Económica se propôs lançar,

com o objectivo de apoiar a internacionali-

zação das empresas nacionais.

Este guia, da responsabilidade de António

Vilar & Associados, inclui textos e documen-

tação que se entende serem relevantes, no

âmbito de uma perspectiva de negócios na

Polónia promovidos por empresas portu-

guesas.

Destaque para temas como a mobilidade

internacional de trabalhadores, as questões

laborais que se colocam, a segurança social

e os problemas de carácter fiscal. Esta obra

assume especial importância numa altura

em que muitas empresas estão a desenvol-

ver esforços para iniciarem – ou reforçarem

– a sua presença nos mercados externos.

Com uma linguagem simples e objectiva, o

guia caracteriza-se, essencialmente, pela

sua vertente prática.

Título: Guia de Negócios em Angola

Autores: António Vilar & Associados - Advogados

Págs.: 308 (15,5 x 23 cm) Preço: A 22

GUIA DE NEGÓCIOS EM ANGOLA

Angola e Portugal caminham, hoje, em

diversificados e largos modos, numa rota

de inegável cooperação estratégica em

que sobreleva a importância da iniciativa

empresarial privada.

O “Guia de Negócios em Angola” foi

concebido para acompanhar essa via-

gem, providenciando informação útil aos

que quiserem empreendê-la. Não é, de-

certo, obra acabada, mas um arrimo no

esforço de quantos tiverem o grande país

angolano na sua trajectória de negócios.

Depois, com o saber de experiência feita,

cada leitor há-de enriquecer o conheci-

mento inicial aqui vertido com a maior

eficácia na acção. Se este livro se destina,

em primeiro lugar, aos empresários por-

tugueses tocados pelo chamamento de

Angola, esperamos que também possa

ter alguma singela utilidade no acalentar

do espírito da lusofonia que, afinal, se há-

de entretecer, também, de pequenos con-

tributos, como este.

GUIA DE NEGÓCIOS NO BRASIL

Este livro foi concebido para quantos qui-

serem aproveitar as enormes possibilida-

des de exportar e de investir no imenso

mercado brasileiro - um país que apre-

senta vantagens comparativas de enorme

importância para os empresários portu-

gueses: desde a língua comum a uma

cultura partilhada há séculos e interesses

noutros espaços de língua portuguesa

(PALOP).

O que é preciso saber para exportar para

o Brasil?

E para investir?

Como se desenvolve a “cultura dos negó-

cios” no Brasil?

Valerá a pena criar uma empresa, ou,

apenas, uma parceria (jointventure)?

E quais são os dados essenciais da regu-

lamentação fiscal e jurídica brasileiras e o

respectivo contexto institucional?

Guias de Negócios

GUIAS DE NEGÓCIOS - CUPÃO DE ENCOMENDA

VANTAGEM ASSINANTE

10% DESCONTO

Informação especializada para si ou para a sua empresa

Título: Guia de Negócios na Polónia

Autores: António Vilar & Associados - Advogados

Págs.: 251 (15,5 x 23 cm) Preço: A 20

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Soluções de investimento

O sentimento de que a econo-mia norte-americana está efecti-vamente em contracção conso-lidou-se na sequência do corte de 75 pontos base por parte da Reserva Federal, onde foi tam-bém afirmado que a economia registou, nos primeiros meses do ano, um arrefecimento mais pronunciado do que o esperado anteriormente e admitiu-se a possibilidade de que o ciclo de enfraquecimento da actividade se prolongue por mais algum tempo. Deste modo, ficou igual-mente em aberto a possibilidade de novos cortes das taxas direc-toras por parte da autoridade monetária norte-americana.

O emprego, por sua vez, tem contraído, em grande parte de-vido ao enfraquecimento do sector da construção, mas com o abrandamento da economia espera-se que a deterioração das condições no mercado de traba-lho se reflictam noutros sectores conduzindo a um aumento da taxa de desemprego. A situação das famílias é, pois, adversa, e o

crescimento do rendimento dis-ponível e da despesa do consu-midor – que constitui cerca de dois terços do PIB norte-ameri-cano – abrandaram. O estímulo fiscal já aprovado pelo Congres-so poderá constituir um factor de suporte ao crescimento da despesa, mas os efeitos deverão concentrar-se no segundo se-mestre de 2008.

Face a estes problemas, a Re-serva Federal espera, como refe-rido anteriormente, que o PIB no primeiro semestre cresça li-geiramente, existindo a possibi-lidade de contracção e antecipa uma recuperação na segunda metade do ano em parte devi-do aos estímulos fiscais e mo-netários. Em 2009, espera que o PIB evolua próximo do ritmo potencial induzido pela estabili-zação dos mercados financeiro e imobiliário.

Consubstanciando as preocu-pações destacam-se uma série de indicadores económicos saídos ao longo das últimas semanas. A venda de casas novas voltou

a cair, em Fevereiro, 1,8%, en-quanto a venda de casas usa-das subiu, no mesmo período, 2,9%. O sinal dado pela venda de casas usadas poderá indicar que a procura estará a começar a reagir à descida dos preços, embora ainda seja precoce para confirmarmos esta tendência.

Indicadores em queda contínua

A confiança do consumidor desceu de 76,4 para 64,5, o ní-vel mais baixo dos últimos cin-co anos, confirmando os receios da Reserva Federal quanto a um abrandamento do consumo. Mais ainda, as encomendas de bens duradouros continuaram a descer, em Fevereiro, devido a uma diminuição significativa das encomendas de máquinas bem como das encomendas às fábricas que desceram 1,3%, em Fevereiro, depois de uma descida de 2,3%, em Janeiro, denotando um abrandamento da actividade económica nos Estados Unidos.

Foram ainda divulgados os gastos na construção de Feverei-ro que diminuíram 0,3%, quan-do as expectativas apontavam para um decréscimo de 1%. O ISM das manufacturas também surpreendeu os analistas apre-sentando uma melhoria em Mar-ço relativamente a Fevereiro, no entanto este índice situou-se em 48,6, o que é ainda um número preocupante indicando que a ac-tividade no sector tenha sofrido uma contracção em Março. Por

sua vez, as encomendas às fábri-cas caíram mais do que o espe-rado em Fevereiro, diminuindo 1,3% – a principal queda adveio das encomendas de máquinas ,que caíram 12,3%.

Eixo franco-alemão melhor que Sul da Europa

Na União Europeia destaque-se a divergência das principais economias europeias, na medi-da em que os PMI na Alemanha e França continuam a apontar para a expansão, ao contrário do que acontece em Espanha e Itá-lia. Na Alemanha, o mercado de trabalho continua a dar sinais positivos, na medida em que o número de desempregados di-minuiu em 55 mil no mês de Março e a taxa de desemprego ajustada ao ciclo diminuiu de 8%, em Fevereiro, para 7,8%.

O PMI dos serviços de Março diminuiu de 52,3, em Fevereiro, para 51,6, em Março, o que, em

conjunto com a queda no PMI das manufacturas, levou a que o índice compósito ficasse abaixo das estimativas que apontavam para uma ligeira queda, situan-do-se nos 51,8, menos 1 ponto do que em Fevereiro. Os dados mais preocupantes foram di-vulgados em Espanha, onde a queda face a Fevereiro no PMI dos serviços foi de 5,2 (a queda mais elevada desde que o índi-ce começou a ser calculado), apontando agora inequivoca-mente para uma contracção da actividade neste sector (40,9). As vendas a retalho de Feve-reiro não trouxeram melhores notícias para a zona euro, tendo diminuído 0,5% face a Janeiro e 0,2% em termos homólogos, estes valores contrariam a ten-dência de crescimento que se tinha verificado em Janeiro e re-flectem quedas substanciais nes-te indicador tanto na Alemanha como em Espanha.

MartiM Porto

FMI revê crescimento em baixa

Estados Unidos crescerão 1,5% em 2008O FMI diminuiu as previsões de crescimento para as principais economias mundiais, apontando para um crescimento nos Estados Unidos de apenas 1,5% em 2008, enquanto para a Europa (zona euro) a estimativa é de 1,6% este ano. Num discurso perante o Congresso, Ben Bernanke admitiu a possibilidade de uma contracção da economia dos Estados Unidos na primeira metade deste ano, mas continua a apontar para a aceleração do crescimento já no segundo semestre de 2008.

sexta-feira, 11 Abril de 2008 39mErcadoS

“aplicação 6% + 10%” do Banco BIG– até 11,5% num ano

O banco BIG comercializa até dia 14 de Abril a “Aplicação 6% + 10%”, um investimento que associa um cupão fixo de 6% (TANB – taxa anual nominal bruta) pelo prazo de 3 meses, com um cupão adicional de 10%, associado à per-formance de 3 dos maiores índices mundiais. Esta aplicação é acessível por um mínimo de 2500 euros, tem um prazo de 12 meses e total garantia de capital na maturidade. Estamos perante um investimento que garante uma remune-ração fixa, correspondente a cerca de 1,5% (ou seja, a taxa de 6% aplicada por 91 dias), que será paga a 17 de Julho de 2008. A componente variável depende do comportamento dos índices DJ EuroStoxx50, Nikkei 225 e S&P 500. Se, na maturidade, ou seja, a 16 de Abril de 2009, o valor dos três índices for superior ao seu valor inicial, será pago um cupão adicional de 10%. Caso um índice (ou mais que um) esteja num valor inferior ao registado no início do investimento, não haverá direito a qualquer rentabilidade adicional. O prazo do investimento é relativamente curto (1 ano), garante uma re-muneração mínima de 1,5% e ainda fornece a possibilidade de se obter uma rentabilidade muito acima da média, caso se verifique um comportamento positivo dos índices escolhidos.

BaIxo rISco médIo rISco

“mercadorias agrícolas 2008-2011” do BPI – aposta na subida do milho, trigo e soja

O BPI encontra-se a promover um investimento estruturado indexado a “commoditties”. Neste particular, a aplicação que beneficia com a valorização dos preços de três “commoditties” agrícolas, designadamente o trigo, o milho e a soja. O BPI Mercadorias Agrícolas 2008-2011 é uma emissão em euros, com uma maturidade de 3 anos e está indexado aos contratos futuros (com prazo mais próximo, transaccionados na Chicago Board of Trade) das mercadorias acima descritas. Este produto de capital garantido no vencimento reembolsa o capital inicialmente investido somado de 60% da variação mé-dia do cabaz, sendo que, para cada mercadoria agrícola, o Valor Inicial é dado pelo preço do contrato em 7 de Maio de 2008 e o Valor Final pela média do preço do contrato nos últimos 12 meses. O Período de Subscrição decorrerá até 2 de Maio de 2008 (liquidação a 7 de Maio) e está acessível por um montan-te mínimo de 1.000 euros.A possibilidade poder acompanhar a alta dos preços das merca-dorias é uma situação apelativa, especialmente devido a existir capital garantido na maturidade. Existe, contudo, um risco evi-dente de uma rentabilidade nula ao fim de três anos, devendo ser esta uma preocupação óbvia ao analisar esta aplicação.

“Euro/dólar maio 2009” da cGd– aposta na valorização do euro face ao dólar

A Caixa Geral de Depósitos (CGD) está a promover uma aplicação por um prazo de um ano, cuja rentabilidade está indexada à evo-lução do cross euro/dólar. Esta aplicação tem capital garantido e poderá ser subscrita por um mínimo de 1000 euros até 2 de Maio de 2008.A remuneração é bastante simples, pois este depósito a prazo paga uma remuneração igual a 100% da apreciação do euro face ao dó-lar, com um mínimo de 0% e um máximo de 18%. O depósito não é passível de ser liquidado antecipadamente, mas a CGD fornece um conjunto de mecanismos para quem considere a liquidez um factor relevante neste produto.O potencial máximo de rentabilidade desta aplicação é 18%, mas dificilmente será conseguido considerando as variações históricas do cross euro/dólar. Desde 2006, o euro apreciou cerca de 10% ao ano e em 2008 já apresenta uma apreciação superior a 8%. A moeda única encontra-se muito próxima do seu máximo histórico face à divisa norte-americana (estabelecido a 17 de Março de 2008 a 1,59 dólares) e a cotação actual já desconta uma nova descida nos juros pelo banco central norte-americano, o Reserva Federal. Não obstante, desde 2002 que o euro tem apreciações consistentes face ao dólar e apenas em 2005 teve uma depreciação.

BaIxo/médIo rISco

rEvISão daS PrEvISõES Para o crEScImEnto mundIal

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O básico sobre “hedge funds”AlexAndre MotAConsultor e Gestor de Carteirasda Golden Assets

Quando um gestor, corretor, jornalista ou investidor se propõe escrever um arti-go sobre “hedge funds”, a pior forma de o fazer é abordando estes veículos de investi-mento como fazendo parte do seu clube ou do clube adversário. Este procedimento, por vezes mal disfarçado, adensa a falta de informação e os mitos. Não cabendo nes-te artigo tudo o que haveria a dizer sobre “hedge funds”, surge a necessidade de nos centrarmos nos aspectos básicos: o que são e o que fazem?

O QUE SÃO?Não é fácil formular um conceito de “hed-

ge fund”, pois há especificidades históricas e geográficas que os tornam pouco homogé-neos. Tentemos a seguinte definição:

“Um hedge fund é um veículo de inves-timento, geralmente sob o formato de um fundo especializado, não regulado e acessí-vel a um conjunto restrito de investidores.”

“… sob o formato de um fundo especia-lizado…”

Tipicamente, os “hedge funds” divulgam um NAV (“Net Asset Value”) periódico que decorre do cálculo, pela entidade de custó-dia, do valor de mercado dos activos menos os passivos. A periodicidade de divulgação poderá variar de diária (menos usual) até plurimensal. A liquidez destes veículos está obviamente relacionada com a periodicida-de de cálculo do NAV. São fundos especia-lizados que utilizam técnicas sofisticadas de análise de risco e de detecção de oportuni-dades de investimento, buscando maximi-zar uma boa perfomance ajustada ao risco. Este aspecto é muito importante porque geralmente estes fundos cobram “fees” de performance, distinguindo-se dos fundos de investimento tradicionais que apenas co-bram um “fee” fixo independentemente da performance.

Esta característica (busca obsessiva de

performance) torna a indústria de “hedge funds” muito concorrencial, atractiva, so-fisticada, mas também arriscada, exigindo diligências de controlo de procedimentos bastante exigentes já que se trata de …

“…fundos… não regulados…” A regulação é objecto de aceso debate na

comunidade financeira. A recente crise fi-nanceira, provocada pela gula dos grandes investidores e das casas de investimento, terá consequências inevitáveis que passarão por mais regulação e exigência por parte das entidades supervisoras. Não obstante esse facto, é seguro dizer-se que os “hedge funds” serão sempre veículos de investimen-to menos regulados, menos transparentes, mais parcos em informação aos investidores e mais sofisticados do que os veículos de in-vestimento tradicionais.

“…acessível a um conjunto restrito de in-vestidores.”

O crescimento da indústria de “hedge funds” tornou-os um instrumento mais de-mocrático, o que constitui um desafio para os seus gestores ao nível da divulgação da informação e das práticas. Contudo, conti-nua a ser verdade que os “hedge funds” se dirigem a investidores profissionais e pú-blicos com capacidade e dinheiro que lhes permita praticarem as diligências necessárias ao controle de risco. Para além disso, os me-lhores “hedge funds” têm valores mínimos de subscrição inacessíveis ao comum dos mortais.

O QUE FAZEM?Os “hedge funds” não são um tipo de in-

vestimento homogéneo. Originalmente, os “hedge funds” usavam os mercados deriva-dos para cobrir o risco de posições no mer-cado à vista, obtendo um lucro sem risco. Este “hedge” deu o nome ao tipo de fundos, designação que foi ficando até aos dias de hoje, embora, neste caso concreto, o nome

desvirtue a sua verdadeira natureza: especu-lativa e alavancada.

Vejamos alguns tipos de “hedge funds”:1) Global Macro. Procuram tirar partido

de uma abordagem macroeconómica, actu-ando em quase todos os mercados (câmbios, acções, obrigações, matérias-primas, etc). O processo de gestão pode ser discricionário, ou seja, baseado nas decisões dos gestores; sistemático, isto é, assente na aplicação de modelos matemáticos (aqui se incluem al-guns “Commodity Trading Advisors”); ou misto, em que há uma distribuição diversi-ficada por estratégia de gestão (daí o nome, Multistrategy).

2) Directional. Procuram apostar numa determinada direcção do mercado, com ou sem cobertura de risco. Neste grupo in-cluem-se: os “equity long short” que com-pram acções e fazem cobertura com índices; os “sector funds” especializados em deter-minados nichos ou sectores; os “short bias”, que procuram beneficiar da queda do mer-cado, através da tomada de posições curtas em índices e acções.

3) Event Driven. Exploram ineficiências causadas por determinados eventos, prin-cipalmente ao nível das empresas. Neste grupo incluem-se, entre outros, os fundos “distressed” que se especializam em empre-sas que transaccionam a desconto devido ao risco de falência e os “merger arbitrage” que exploram ineficiências ao nível de empresas em processo de fusão.

4) Relative Value. Exploram ineficiências entre activos relacionados. Incluem-se neste grupo, obrigações, acções e obrigações con-vertíveis.

ALGUMAS CURIOSIDADESNo universo dos “hedge funds” há verda-

deiras lendas e histórias infindáveis de gran-des sucessos e insucessos. Jogadas de mestria e arte financeira ao mais alto nível. Ao leitor

mais curioso recomendo que investigue al-gumas personagens verdadeiramente notá-veis:

George Soros, fundador do Quantum Fund, actual filantropo e filósofo dos mer-cados. Ainda hoje, parece-me impossível fa-lar de fundos macro e não referir aquele que foi o maior de todos os grandes financeiros desta área, quer pelos seus conhecimentos, quer pela sua ousadia, frieza e lucidez.

Stanley Druckenmiller, responsável ope-racional pelo Quantum Fund de Soros, na altura em que o fundo passou para o conhe-cimento do grande público: a saída da libra do sistema monetário europeu. Um caso de aplicação da “Arte da Guerra” de Sun Tzu à alta finança. Vítimas: o Banco de Inglaterra e a libra esterlina.

Richard Dennis, denominado o “prínci-pe do pit”. Pediu emprestados poucos mi-lhares de dólares e transformou-os em 200 milhões em apenas 10 anos. Foi um dos mentores dos primeiros “sistemas de tra-ding” sistemáticos seguidores de tendências de longo prazo. O seu escritório quase de-crépito é o espelho de uma mente brilhante, muito longe do “glamour” dos fatos às riscas de “Wall Street”, mas milhões de vezes mais interessante do que eles. Duzentos milhões, para ser mais exacto!!

CONCLUSÃOA indústria de “hedge funds” acolhe a ex-

celência, a criatividade, a audácia, a discipli-na, como se de um campeonato financeiro de elite se tratasse. Talvez por isso, à primei-ra oportunidade, seja responsabilizada por crises que não provocou, mas de que bene-ficiou de forma amoral (muito diferente de imoral). Provavelmente terá de haver mais controlo e regulação nesta indústria, prin-cipalmente auto-regulação, mas, tal como dizem os apreciadores de futebol criativo, “let the artists play…”.

sexta-feira, 11 Abril de 2008MERCADOS40

O governador do Banco de Portugal admite uma revisa em baixa do crescimento económico em Portugal, depois de as últimas previsões do Banco de Portugal

apontarem para um crescimento na ordem dos 2%. Esta semana, num almoço organizado pela Câ-mara do Comércio Luso-Britânica, Vítor Constâncio confirmou uma revisão em baixa, embora se trate

de “uma revisão que não deverá ser muito significativa”, até porque Constância garante que “a econo-mia nacional deverá crescer acima da média da Zona Euro”. Ora, ten-do em conta que a actual previsão do Banco Central Europeu para a Zona Euro é de 1,7%, é natural que o crescimento económico nacional seja revisto para 1,8% ou 1,9%.

Internacionalmente, “estamos em processo de desalavancagem”, constatou Constâncio, destacando o facto de alguns bancos estarem a reduzir as taxas de crescimen-to do crédito concedido e até a reduzir o volume de crédito con-cedido. “A Europa está a ir bem, incluindo Portugal. Mas Portugal não está imune à desaceleração do crescimento, que tem impacto na economia real”, anunciou Vítor Constâncio. Apesar da crise inter-nacional dos empréstimos “sub-prime”, o responsável máximo do

banco central lembra que o crédito continua a crescer na Europa, em-bora sujeito a uma ligeira desacele-ração. “Mas não haverá recessão na Europa”, concluiu.

Por cá, o bom desempenho das exportações tem sido importante para Portugal continuar a resistir à crise, analisou Vítor Constâncio. A este factor juntam-se outros, como o forte aumento da produtividade ou as taxas de inflação inferiores à media europeia. O governador do Banco de Portugal referiu ainda a “notável” consolidação orçamen-tal do país, que deverá ter custado ao país pelo menos 0,5% em cada ano, segundo Vítor Constâncio. Também a redução do desequi-líbrio nas finanças públicas e do défice da balança de pagamentos contribuíram de forma significati-va para a performance da econo-mia nacional, refere o governador.

“Mas Portugal precisa de conti-nuar com as reformas estruturais”, adianta desde logo Vítor Cons-tâncio, referindo concretamente a consolidação das finanças públicas, onde “há ainda um longo caminho a percorrer até 2010” e a competiti-vidade em alguns sectores, como as telecomunicações e a electricidade.

ANA SANTOS [email protected]

Vítor Constâncio reitera crescimento acima da Zona euro

“Portugal não está imune à crise”A crise internacional dos mercados financeiros não provocará uma recessão na Europa, mas sim uma desaceleração, a que Portugal também não está imune, garante Vítor Constâncio. O governador do Banco de Portugal admite uma revisão em baixa do crescimento económico, que, ainda assim, ficará acima do crescimento da Zona Euro.

eleição decorreu a 2 de Abril

Pedro Seixas Vale é o novo presidente da APS

O antigo administrador-dele-gado da Allianz Portugal, Pedro Seixas Vale, foi eleito presidente da Associação Portuguesa de Se-guradores (APS) na assembleia geral de 2 de Abril. Aos 60 anos, Seixas Vale passa a comandar a associação que representa 99% das companhias de seguros que operam no mercado nacional, sucedendo a Jaime d’Almeida.

Pedro Seixas Vale é licenciado em Economia pela Universida-de do Porto. A sua carreira no mercado segurador começou na Mundial Confiança, onde ingres-sou em 1974 como responsável pelo Departamento de Controlo Orçamental. Entre 1976 e 1982 foi membro do Conselho de Administração da Bonança e da Mundial Confiança. Em 1982 assumiu o cargo de assessor do Conselho de Administração da Companhia de Seguros Mundial Confiança para os assuntos eco-nómicos e financeiros. A partir de 1984 tornou-se presidente do Conselho de Gestão da Mundial Confiança e foi eleito Gestor Português do Ano em 1988.

Foi em 1989 que Pedro Seixas Vale integrou a Portugal Previ-

dente, que viria mais tarde a fu-sionar-se com A Social, a Scotish Union e a SPS. Nasceu assim a Allianz Portugal, onde Seixas Vale foi administrador-delegado e onde era actualmente presiden-te do Conselho de Administra-ção.

Seixas Vale sempre esteve li-gado à APS, onde foi membro

dos Conselhos Consultivo e de Direcção e presidente das Co-missões Técnicas de Acidentes e Assuntos Financeiros e Fiscais. É agora o quatro presidente da associação, com mandato até 2012.

ANA SANTOS [email protected]

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“Accumulator” é o novo pro-duto lançado em Portugal pela AXA que conjuga investimento e poupança. Enquanto contrato de seguro ligado a fundos de investi-mento, o “Accumulator” não tem limites de rentabilidade, mas ofere-ce total garantia do capital aplicado a cada cinco anos e também em caso de morte. O produto está de-senhado para responder a três perfis diferentes de investidor: o conserva-dor, o moderado e o agressivo. Em todos os casos, o capital é garantido pela AXA de cinco em cinco anos. Se os fundos dos cabazes tiverem, entretanto, evoluído positivamen-te, o cliente tem garantido o capital investido e a rentabilidade corres-pondente à valorização obtida. Se a performance dos fundos for ne-gativa, a AXA assegura o capital investido inicialmente, anulando qualquer risco de investimento para o cliente.

Para já, a AXA disponibiliza o “Accumulator” em cinco opções de investimento, mas antecipa a possibilidade de evolução do produto no futuro. O montante mínimo de subscrição é de 2500 euros. A qualquer momento, o cliente poderá solicitar o resgate total, sem estar sujeito a qualquer penalização. Se o resgate ocorrer antes da conclusão de um perío-do de cinco anos, o valor resgata-do deverá corresponder ao valor de mercado dos cabazes à data do resgate. Em caso de morte do in-vestidor, os seus beneficiários re-

cebem o valor dos cabazes, estando sempre garantido o capital investido inicial-mente.

Luís Cervantes, direc-tor-geral da AXA Portugal, apresentou o “Accumula-tor” como “produto que vai auxiliar os consumidores a fazer poupanças de médio-prazo, com rentabilidade e com a máxima segurança”. Por isso, a AXA aposta na associação deste produto à poupança para a reforma, tendo em conta o seu baixo risco e a boa rentabilidade expectável. “A preocupação com a reforma tem aumen-tado entre os portugueses e a AXA tem assumido a sua vo-cação para dar respostas a esta preocupação. Apresentamos anual-mente o AXA Barómetro Reforma, com as tendências dos consumido-res em matéria de poupança para a velhice, e investimos na certificação de mediadores especializados em reforma. Mas faltava um pilar nesta construção, que chega agora com o “Accumulator”, anuncia Luís Cervantes. Para o director-geral da AXA Portugal, este produto não será concorrencial para os planos poupança reforma. “O Accumula-tor será um complemento ao PPR. Actualmente os PPR são atractivos pelos benefícios fiscais associados e não são tão atractivos enquanto investimento”, justifica Luís Cer-vantes.

Para este ano, o objectivo da AXA é colocar o “Accumulator” em 5000 clientes. O produto está disponível em todos os canais de distribuição da AXA, com des-taque para o canal de mediação. No ar está já a campanha promo-cional, protagonizada pelo casal Paulo Pires e Astrid Werdnig. Sem qualquer referência a taxas, os “spots” publicitários recorrem a conceitos de cosmética, comu-nicando a juventude e o rejuve-nescimento do rendimento, com clientes despreocupados com o futuro. A campanha está presente na televisão, rádio e imprensa.

ANA SANTOS GOMES

[email protected]

Império Bonança prepara novo seguro de acidentes de trabalho

Até ao final do primeiro semes-tre, a Império Bonança vai lançar um novo seguro de acidentes de trabalho, revelou Cristina Rodri-gues, directora de Marketing da seguradora, no final da apresenta-ção da campanha de lançamento do novo seguro automóvel. Este é o ano escolhido pela Império Bonança para lançamento e pro-moção de novos produtos, tendo começado com o lançamento do AU-TO-IB, novo seguro auto-móvel, no início de Março, altura em que também foi renovada a oferta do seguro de saúde Multi-care e lançado um novo cartão de descontos em serviços de saúde – o BasicCare.

Todos estes produtos são trans-versais no seio do grupo Caixa Geral de Depósitos, sendo co-mercializados também pela Fide-lidade Mundial, seguradora que integra igualmente o grupo. No

entanto, o seguro automóvel está a ser comercializado pela Fideli-dade Mundial com a designação Liber 3G.

Com o lançamento do novo seguro automóvel, a Império Bonança espera celebrar 10 mil novos contratos mensais, numa receita estimada de cinco mi-lhões de euros até ao final deste ano, revelou Cristina Rodrigues. De acordo com a directora de Marketing da Império Bonan-ça, manter a quota de mercado no Ramo Não Vida é um dos objectivos prioritários da com-panhia para este ano. No final de 2007, a quota de mercado da Império Bonança no Ramo Não Vida era de 8,2%. No ramo au-tomóvel, a Império Bonança tem numa quota de mercado de 10,6%.

ANA SANTOS [email protected]

AXA lança “Accumulator” para poupar e investir em simultâneo

AIG Europe criou soluções para cumprir requisitos legais de responsabilidade civil

Administradores mais seguros

Dois anos depois da publica-ção do Código das Sociedades Comerciais, que impôs novas regras de responsabilidade civil para administradores e membros de conselhos fiscais de empresas, a AIG Europa lançou uma nova apólice que integra a sua solução para directores e administradores, designada internacionalmente como D&O (Directors & Offi-cers). Por força do decreto-lei n.º 76-A/2006, de 29 de Março, os administradores e membros do conselho fiscal das empresas estão obrigados ao caucionamento da responsabilidade em favor de ti-tulares de indemnização de forma genérica, podendo, no entanto, substituir esse caucionamento por um seguro. Apesar de o diploma não indicar qual o tipo de seguro que poderá substituir o cauciona-mento, fica desde logo eliminada a possibilidade de subscrição de um seguro de caução, uma vez que este tipo de apólice obriga à identificação concreta do benefici-ário. Também a prestigiada apóli-ce D&O não servia para este fim,

pelas exclusões aplicáveis a tercei-ros e por se tratar de uma apólice assumida pela sociedade. É neste contexto que a AIG Europe lan-ça exclusivamente para o mercado português o seguro RC Adminis-tradores e Membros de Conselho Fiscal, destinada a cumprir os re-quisitos legais nesta matéria.

A nova apólice de responsabili-dade civil cobre o pagamento de eventuais indemnizações até ao

limite de 250 mil euros por segu-rado, a que é adicionado um limi-te de 50 mil euros para despesas legais. O seguro tem cobertura mundial e retroactividade ilimita-da, cobrindo todas as indemniza-ções que o segurado seja obrigado a pagar depois de ter contratado a apólice, independentemente da data em que tenha ocorrido o facto que originou a reclamação e consequente pagamento de in-

demnização. Embora a sociedade seja o tomador de seguro, o cus-to da apólice é obrigatoriamente suportado por cada um dos ad-ministradores cobertos, devendo a empresa fazer prova de que fez repercutir esse custo sobre os segu-rados.

A apólice prevê apenas duas exclusões: uma referente a danos próprios e outra referente a actos praticados pela pessoa coberta no desempenho de outras funções que não as de administrador ou mem-bro de conselho fiscal. Sem fran-quias, o seguro prevê, no entanto, o direito de regresso da seguradora quando a indemnização tiver sido provocada por acções criminosas, dolosas ou fraudulentas do segu-rado, quando ficar provado que o segurado tinha conhecimento dos factos que originaram a reclama-ção ou ainda em casos de ofensas à integridade física e danos à pro-priedade. Após a cessação de fun-ções, o segurado beneficia de uma extensão automática da cobertura até ao final do ano civil seguinte.

“Os administradores podem

arriscar mais pelo lucro se soube-rem que têm esta protecção, pois a apólice protege o seu património pessoal”, sugere Pedro Penalva, director-geral da AIG Europe em Portugal.

O novo seguro só estará dispo-nível para os clientes da apólice D&O da seguradora e o preço varia consoante o sector de acti-vidade e a situação financeira da empresa. A AIG Europe prevê ain-da captar 100 novos clientes com esta apólice, “sobretudo entre as PME com vocação exportadora”, antecipa Pedro Penalva. “É precisa maior consciencialização dos ope-radores para o aumento da com-petitividade das empresas perante concorrentes internacionais que já têm a apólice D&O, que em Portugal ainda é vista como uma apólice para empresas de grande dimensão”, explica o director-ge-ral da AIG Europe. Pedro Penalva congratula-se, pelo menos, pelo facto de “esta alteração legislativa ter trazido luz sobre uma discussão que era rara e que traz modernida-de ao tecido empresarial”.

ANA SANTOS [email protected]

A AIG Europe já está a comercializar o novo seguro de responsabilidade civil para administradores e membros do conselho fiscal. Integrado na solução Directores & Administradores (D&O), o novo pro-duto vem responder às exigências do Código das Sociedades Comerciais, substituindo a prestação de caução.

sexta-feira, 11 Abril de 2008 41mercados

seguros

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A nossa análise

“BES Conta Poupança Crescente” com TANB média de 4,21%O BES lançou mais uma campanha com base na imagem de Cristiano Ronaldo, sustentada numa taxa atractiva (12%), sendo esta no entanto apenas aplicada para o último mês. O “BES Conta Poupança Crescente” tem efectivamente uma TANB média de 4,21%. Curiosamente o produto congénere do BCP (“Aforro Crescente”) só cresce até aos 10%, mas garante uma TANB superior (4,77%), ainda que o prazo seja 3 meses superior.

A distribuição de rendimentos mensal é um ponto forte da “Conta Poupança Crescente”, sobretudo para quem privilegia rendimentos regulares e a última remuneração mensal é atractiva, mas no cômputo geral a TANB média acaba por não se diferenciar muito de outros produtos de aforro que existem no mercado e que se posicionam para prazos inferiores (12 meses).

CoNselho

MARTIM [email protected]

O primeiro “desejo” é a taxa de juro

Com os “três desejos do génio da bola” o BES pretende captar e reforçar as poupanças dos seus clientes, promovendo para tal a subscrição da “Conta Poupança Crescente”, um produto com uma taxa promocional que cresce até atingir os 12% no 12º mês. A Conta Poupança Crescente é um depósito a prazo com garantia de capital e rendimento, apresentando taxas crescentes conforme os meses vão decorrendo ao longo de um ano e reembolso integral do valor nominal no final do prazo. A distribuição de juros é mensal e como se deduz do nome do produto de aforro a sua taxa de remuneração é crescente ao longo da maturidade: começa com 3% até ao terceiro mês, passa para 3,25% até ao sexto mês, para 3,75% até ao nono mês, 4,25% no décimo e décimo primeiro mês e 12% no último período mensal do depósito.

Como sempre estes produtos de médio prazo são particularmente, penalizadores para quem decide mobilizar antecipadamente os fundos. o “Conta Poupança Crescente” permite a mobilização antecipada, parcial ou total, mas atribui juro 0 euros (penalização de 100%) no respectivo mês sobre o montante liquidado.

CoNselho

Não se trata de um produto novo, mas de uma campanha promo-cional de Crédito à Habitação, a

que o Barclays chamou “Campanha Pri-mavera”. “Trata-se de uma campanha que oferece uma taxa promocional ao cliente durante os primeiros 12 meses do emprés-timo, em condições muito atractivas, sem sofrer qualquer alteração durante este pe-ríodo, independentemente das flutuações de taxas do mercado”, ex-plicou à “Vida Económica” fonte do Departamento de Comunicação do Barclays. Nos períodos seguintes, o crédito terá uma taxa vari-ável, indexada à Euribor a três ou seis meses, conforme escolha do cliente, acrescida do respectivo spread.

Esta campanha promo-cional está disponível para clientes residentes, para as várias moda-lidades de Crédito Habitação que o Bar-clays comercializa, com especial enfoque nas transferências. É neste segmento, ali-ás, que reside o maior enfoque da campa-nha. Para torná-la ainda mais atractiva, o Barclays oferece todas as despesas ineren-tes ao processo de transferência. “O Bar-

clays não cobra qualquer comissão nos processos de transferência e ainda oferece o serviço completo de solicitadoria, para que o cliente não tenha quaisquer preo-cupações”, explicou a fonte do banco.

Como benefícios, a nova campanha, cujo slogan é “prestação baixa, mais baixa não há”, tem ainda o factor poupança. Ou seja, durante o primeiro ano, o cliente amea-lha, em média, mensalmente cerca de 100

euros, graças às condições especiais propostas. A taxa promocional (Taxa Anual Nominal) para os primeiros 12 meses do empréstimo é de 4,250%, o que significa que se situa cerca de 41pon-tos base abaixo do valor do indexante Euribor deste mês de Abril. Com base nesse pressuposto, o Bar-clays dá como exemplo um

caso concreto em que se compararmos as condições da actual campanha com a op-ção taxa variável com indexação à Euribor a seis meses, teremos uma poupança de cerca de J100 por mês ou, mais concretamente, de J102,05. Isto refere-se a uma situação de financiamento de 200 mil euros à Taxa Anual Nominal (TAN) de 4,25% duran-

te o 1.º ano, e de uma TAN de 4,947% nos períodos seguintes (Taxa resultante do Indexante – média aritmética simples das cotações diárias da Euribor a 6 meses, do mês de Março de 2008, na base 365 dias, arredondada à milésima - 4,947% - acres-cido do “spread” de 0,29%, pelo prazo de 50 anos, com valor residual de 30%, uma relação financiamento/garantia de 80%, Seguro Multirriscos e Seguro de Vida para um cliente com 30 anos). O valor da comissão de re-embolso parcial ou total é de 2% durante o primeiro ano e de 0,5%, após este período. Estas condições são válidas para contratos celebrados entre 31 de Março e 30 de Junho de 2008.

Outra vantagem asso-ciada à nova campanha do Barclays é o facto de a taxa promocional referida não estar condicionada à subscrição de outros produtos na instituição.

Apesar de não revelar dados muito concretos, o Barclays tem, para 2008, um objectivo de crescimento no crédito habi-tação em “conformidade com a sua estra-tégia de expansão no mercado nacional”. Ou seja, aquela instituição continuará a apostar em campanhas de atracção e re-tenção de clientes não perdendo de vista as metas de crescimento. Isto não implica,

contudo, que haja uma facilitação na atribuição de crédito. “O Banco mantém, como sempre, os rigorosos critérios de concessão de crédito”, assegurou fonte da ins-tituição. Até porque, como é do conhecimen-to geral, o impacto da crise económica tem sido grande neste segmento de negócio dos bancos, o

que obriga a um maior controlo.

Fátima Ferrã[email protected]

Campanha “Prestação baixa, mais baixa não há” até 30 de Junho

Barclays promove taxa fixa

sexta-feira, 11 Abril de 2008merCAdos42

geral a TANB é menos atractiva para a totalidade dos 12 meses. O mínimo de subscrição da “Conta Poupança Crescente” é de mil euros, um valor algo elevado para um depósito a prazo. Não são permitidos reforços desta aplicação, pelo que qualquer investimento adicional pressupõe a constituição de uma nova aplicação. Finalmente, importa sublinhar que é permitida a mobilização antecipada dos fundos, parcial ou total, mas com penalização de 100% sobre os juros corridos no respectivo mês sobre o montante liquidado.

Os dois outros “desejos” são prémios de futebol

A campanha da “Conta Poupança Crescente” tem ainda associada a atribuição de prémios, que constituem os outros dois “desejos” que o Cristiano Ronaldo concede. A saber: para subscrições a partir de dois mil euros o BES oferece uma bola autografada pelo Cristiano Ronaldo (limitado ao stock existente) e para subscrições até ao dia 2 de Maio, existe um sorteio de bilhetes de avião para o Europeu de Futebol 2008, com a oferta de uma viagem por dia de subscrição (isto é, por cada dois mil euros de investimento é atribuído um número para o sorteio).Finalmente, importa fazer um termo de comparação entre a “Conta Poupança Crescente” e um seu concorrente directo chamado “BCP Aforro Crescente”. Ambos os produtos estruturam-se da mesma forma, sendo que o depósito do BCP a 15 meses prima por ter uma TANB superior à da “Conta Poupança Crescente” do BES: 4,77% “versus” 4,21%, apesar de a taxa promocional do BES ser de 12% e a do BCP ser de 10%.

Contas feitas, a taxa anual nominal bruta (TANB) para os 12 meses do depósito a prazo fica-se pelos 4,21%. Ou seja, a distribuição de rendimentos é um ponto forte do “Conta Poupança Crescente”, sobretudo para quem privilegia rendimentos regulares e a última remuneração mensal é atractiva, mas no cômputo

Numa altura em que a subida das taxas de juros indexadas ao crédito à habitação não pára, os bancos voltam a apostar em produtos de taxa fixa ou mistos. O objectivo é acalmar o consumidor e aumentar a quota de mercado no segmento

Descrição Valor TAN (Indexante + Spread)

Prestação Mensal

Poupança Mensal no ano

Taxa Barclays durante o 1º Ano 4,250% J 775,87 -

Indexante Euribor a 3 meses (Abril) 4,660% 4,950% J 878,37 J 102,50

Indexante Euribor a 6 meses (Abril) 4,657% 4,947% J 877,92 J 102,05

exemPlo de BeNefíCio

Durante o primeiro ano o cliente poupa mensalmente em média cerca de 100 euros

Esta campanha está disponível para clientes residentes, com especial enfoque nas transferências

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xetra dax

Esta foi uma semana de poucas alte-

rações. O mercado monetário estabi-lizou, ainda que a níveis bastante ele-vados, com as Eu-ribor a 3 e 6 meses ainda muito per-to dos 4,75%. O BCE avançou com

o anunciado leilão de cedência de liquidez a 6 meses, mas os 25 mil milhões de euros oferecidos foram escassos para uma procura total de J103 mil milhões! Esta semana, o

BCE reuniu e o dilema em que se encon-tra não pára de piorar. A inflação continua a acelerar e bem acima dos objectivos do banco (inflação em Março de 3,5%). Si-multaneamente, a função pública alemã conseguiu o maior aumento anual dos últi-mos 16 anos e o “Outlook” económico co-meça a deteriorar-se nalguns países-mem-bros da UEM.

Observando a curva “forward”, verifica-se que nem para o final do ano está completa-mente descontado um corte de 0,25%. Os dados económicos e os índices de confian-ça na Alemanha e em França também não têm saído negativos. Ainda ontem foi reve-lada a produção industrial alemã, que subiu

0,4% no mês e 6,1% em termos anuais. O presidente do Bundesbank, Axel Weber, co-mentou ontem que a actual turbulência dos mercados financeiros continua a constituir uma ameaça à economia global. Weber re-forçou a ideia de que o importante nesta fase é o Banco Central assegurar a liquidez ao sistema, de forma a travar a subida das Euribor face à taxa de referência, e não tan-to descer a taxa de referência. Outro aspec-to importante é a evolução do euro face ao dólar. O facto de o presidente dos ministros da UE, Juncker, ter referido que amanhã irá falar sobre este assunto com George Bush demonstra que a preocupação sobre os fu-turos efeitos negativos desta situação é real.

As obrigações tiveram uma semana rela-tivamente calma. O rendimento dos títu-los a 10 anos subiu um pouco, dada a re-dução da aversão ao risco, que levou a que alguns investidores regressassem aos mer-cados accionistas. A curva de rendimentos voltou a alisar, com o diferencial entre 2 e 10 anos a cair para os 15 bps. No que respeita a risco de crédito, há que realçar a diminuição do diferencial dos outros paí-ses europeus face à Alemanha. Os actuais níveis de swap não nos parecem atractivos nem para fixações nem para o regresso à taxa variável.

Análise de mercAdos produzidA A 09-Abr-2008

Filipe [email protected]

eur/Usd em consolidação

Mercado Monetário interbancário

Mercado cambial

Yield curve euro e dólar euribor - 3 m, 6 m e 1 ano Yield 10 anos euro benchmark

EUR/USD - Como se pode ve-rificar no gráfico, o Eur/Usd vol-tou a testar a zona de máximos históricos, mas sem a ultrapassar. Houve uma forte e rápida rejeição dos valores perto de 1,59 dólares e neste momento há o risco de estar-mos perante de um “duplo-topo” nesses níveis. O facto de o “duplo-topo” se confirmar numa eventual

quebra de 1,5340 – que também é o 1º nível de correcção fibonacci – suporta a necessidade de obser-var esta figura atentamente. Em caso de quebra há que equacionar a hipótese de voltar a observar o Eur/Usd abaixo de 1,50 dólares em poucas semanas. Assim sen-do, temos 1,5340 e 1,5905 como suporte e resistências mais rele-

vantes, respectivamente. Podemos ainda desenhar uma consolidação triangular, que ganha especial im-portância no caso de se verificar uma quebra em alta.

EUR/JPY - Durante esta se-mana, o Eur/Jpy foi registan-do máximos de forma marginal, mas sem partir verdadeiramente a resistência mais relevante nos 161,50 ienes. Todavia é de espe-rar que surjam novos testes em alta nos próximos dias. Se partir com sucesso as barreiras a 161,50 e 162,30 ienes, o “cross” fica com caminho aberto para 165 ienes a seguir. No entanto, para já o pa-norama de médio prazo do Eur/Jpy continua bastante indefinido.

Há suporte nos 152 ienes e re-sistências nos 159,60, 161,50 e 162,30 ienes.

EUR/GBP - O “cross” conti-nua a registar novos máximos se-

análise técnica - psi-20 - xetra dax

EUR/USD 1.5726 0.60% -0.54% 6.83%

EUR/JPY 161.36 1.23% 2.54% -2.16%

EUR/GBP 0.7977 1.17% 0.24% 8.77%

EUR/CHF 1.5935 0.77% 1.25% -3.70%

EUR/NOK 7.9410 -1.54% -1.37% -0.21%

EUR/SEK 9.3622 -0.08% -0.37% -0.84%

EUR/DKK 7.4602 0.03% 0.05% 0.03%

EUR/PLN 3.4551 -1.09% -1.90% -3.85%

EUR/AUD 1.6941 -1.19% -2.27% 1.10%

EUR/NZD 1.9766 0.04% -1.56% 3.90%

EUR/CAD 1.6022 0.79% -1.26% 10.89%

EUR/ZAR 12.3024 -0.06% -3.98% 22.66%

EUR/BRL 2.6645 -1.76% -3.30% 2.63%

Taxas MMIT/N 3,961W 4,182W 4,201M 4,252M 4,453M 4,646M 4,629M 4,641Y 4,57

condIções dos bancos cenTraIs daTa

EuroRefinancingRate 4,00% 26/06/07bce EuroMarginalLending 5,00% 26/06/07 EuroDepositFacility 3,00% 26/06/07

eUa FEDFunds 2,25% 18/03/08r.UnidoGBPrimeRate 5,25% 07/02/08suíça TargetLibor3M 2,75% 13/09/07Japão RepoBoJ 0,50% 21/02/07

eUro fra’sForwardRateAgreementsTipo* bid Ask1X4 4,680 4,7003X6 4,518 4,5481X7 4,654 4,6743X9 4,500 4,5206X12 4,206 4,22612x24 3,877 4,907*1x4-Períodoterminaa4meses,cominícioa1M

eUro IrsInterestSwapsvsEuribor6Mprazo bid Ask2Y 4,293 4,3133Y 4,221 4,2295Y 4,216 4,2248Y 4,365 4,37310Y 4,484 4,49220Y 4,761 4,76930Y 4,730 4,738

evolução euribor (em basis points) n/a 12.set.07 03.out.07

1M 4.353% 4.444% -0.091 4.371% -0.0183M 4.744% 4.744% 0.000 4.786% -0.0431Y 4.751% 4.720% 0.031 4.709% 0.042leIlões bce LastTender 08.Abr.08MiniumBid 4,00%MarginalRate 4,23%

psi-20 -Oíndicecontinuaarecuperardepoisdavisitaligeira-menteabaixodos10milpontos.Nomomentoemqueestamosaescrever,oPSI20encontra-seaindaabaixoemcimados11000pontos,níveisqueseriamimportanteserrecuperadosparaafastarocenáriodenovotesteaosmínimosdoano,oquepare-ceviraacontecer.Ficariaassimemabertoavaloresumpoucobaixodos11500pontos(verzonasombreadanográfico).Níveisareterparaocurtoprazo:Suportes-10470e10750pontos;Resistências-11240e11450/11500pontos.Analisandooíndicenumaperspectivademédio/longoprazo,verifica-sequearecentecorrecçãodoPSI20veiodeencontroaumalinhadetendênciarelevante.Essalinha,quenascenoprimeirotrimestrede2003,jáfoivisitadaporalgumasvezesevoltouafornecersu-porteaoíndice.Enquantoacotaçãoestiveracimadalinha,hojecercade10000pontos,pode-seconsiderarqueoPSI20estáemtendênciadealtademédioprazo.

XeTrA dAX - Aoultrapassara resistência que existia nos6650pontos,oDAXconseguiualiviargrandepartedapressãovendedora. O índice encontra-se agora numa zona bastantemais neutral, podendo variarentre6375/6400e7050pon-tossemquedaísepossamti-rarconclusõesmuitorelevantesparaomédioprazo.Paraocur-toprazodeverãoserobservadoscomosuportesos6200,6375,6400,6415e6650pontosecomo resistências os 6845 /6900e7000/7100pontos.

FiXinG Variação Variação Variação 09.Abr.08 semanal (%) no mês (%) desde 1 Jan. (%)

O dilema continua a piorar

psi-20

mana após semana, evidenciando a debilidade da libra. A quebra 0,7680/90 foi, como se esperava, um evento técnico bastante nega-tivo para a moeda.

A libra ameaça agora quebrar

os 0.8000 e se é certo que existe uma divergência negativa a li-mitar a permanência deste rit-mo de perda, a verdade é que ainda não está à vista o “fundo” na moeda.

sexta-feira, 11 abril de 2008 43mercados

eur/dólar

sexta-feira, 04 abril de 2008mercados42

4.550

4.650

4.750

4.850

04-Jan 03-Feb 04-Mar 03-Apr

3.7

3.8

3.9

4.0

4.1

4.2

4.3

4.4

Sep Oct Nov Dec Jan Feb Mar Apr2.00

2.50

3.00

3.50

4.00

4.50

5.00

1 W 1 M 2 M 3 M 6 M 9 M 1 Y 1 Y 2 Y 5 Y 10 Y 30 Y

EUR

USD

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consultório financeiro

A que se deveu a inversão da tendência de queda das acções do BES?As acções do BES, ainda que numa menor dimensão relativamente às congéneres do BCP e do Banco BPI, registam um saldo negativo na performance de 2008. Na ver-dade, os títulos do BES acumulam uma queda de cerca de 17% desde o início do ano. Todavia, na semana passada as acções conheceram uma inversão fulgurante, valo-rizando-se mais de 10%, depois de ter di-vulgado as metas para 2010, numa confe-rência sobre banca promovida pela Morgan Stanley em Londres, prevendo aí chegar com resultados líquidos superiores a 850 milhões de euros. Os investidores gostaram e premiaram um plano de objectivos que prevê um aumen-to anual de 20% dos lucros, entre 2006 e 2010, o que implica passar de resultados de 420,7 milhões no primeiro ano deste programa para níveis acima dos referidos 850 milhões no último exercício daquele período. Face aos resultados correntes de 2007, superar os 850 milhões significará uma progressão anual de 16%. As metas do BES apontam ainda para que, em 2010, a rendibilidade dos capitais próprios esteja nos 19%, que a quota de mercado global seja de 22%, que o rácio de eficiência caia para menos de 45% e que, no período, o rácio de capital “core tier one” nunca seja inferior a 6%.

E os analistas como abordam a acção do BES?Os analistas também gostam da acção BES. Apesar de reverem em baixa o seu “price-target”, estão todos uníssonos em volta desta acção do sector bancário. A Lisbon Brokers, que em relação ao BES considera que se trata do banco que pare-ce o melhor no papel, reduziu o preço-alvo de 18 euros para 16 euros por acção, para um horizonte de 12 meses, mas manten-do a recomendação de “forte compra”. A redução da avaliação é explicada com a incerteza quanto à evolução da economia agravada pelo aumento das restrições no crédito e não tanto com a estratégia do

banco em particular.Por outro lado, o Citigroup baixou o preço-alvo do BES de 19 para 17,50 euros, mas continua a classificar o banco de Ricardo Salgado como o preferido na Península Ibérica, devido ao historial de criação de valor, excesso e capital e fontes diversi-ficadas de geração de resultados. Numa nota de investimento da semana passada, o Citigroup classifica o BES como uma ac-ção defensiva, sustentando que tem um excesso de capital, alavancagem limitada, geração de resultados diversificada e uma estrutura accionista defensiva.Ainda assim o Citigroup reduziu a avalia-ção das acções do BES de 19,50 euros,

depois de rever em baixa as expectativas de resultados para o banco de Ricardo Sal-gado, e também para reflectir o custo de capital mais elevado. Em 2008 o BES de-verá ter lucros de 616,6 milhões de euros, menos 3% que o previsto anteriormente. Em 2009, os lucros os lucros devem subir para 719 milhões de euros, um corte de 2% face à anterior previsão.

E a Morgan Stanley que patrocinou a apre-sentação do plano estratégico do BES, o que tem a dizer sobre o banco liderado por Ricardo Salgado?A Morgan Stanley continua a afirmar que desde o aumento de capital em Maio do ano passado, o BES tem superado a per-formance do sector da banca europeia em cerca de 10%. O banco de investimento norte-americano afirma assim que o BES é o seu preferido no sector nacional, uma vez que demonstra uma maior consistência de resultados em virtude de um forte cres-cimento de créditos às pequenas e médias empresas e à sua forte posição de capital, acrescentando que, no segundo trimestre, o BES conseguiu margens acima do espe-rado em Portugal e um forte aumento das comissões a nível internacional.Apesar deste potencial de valorização, a Morgan Stanley justifica a manutenção da recomendação de “equal-weight”, dado que a recomendação de “overweight” para a banca europeia tem um potencial de va-lorização de 25% face aos preços-alvo.

Martim Porto

Investidores gostam do plano estratégico do BES até 2010

O BES continua a ser uma das acções prefe-ridas dos investidores e dos analistas, pela sua solidez. Ou seja, os analistas continuam a classificar o BES como uma acção sobretudo defensiva, sustentando que tem um excesso de capital, alavancagem limitada, geração

de resultados diversificada e uma estrutura accionista defensiva. O plano estratégico até 2010, recentemente anunciado, veio cimentar essa ideia de crescimento sustentado, que muito agradou ao mercado nestes tempos de turbulência.

Crédito Agrícola com solução mista

de investimentoA CA Agro Valorização é a mais recente

solução de investimento do Crédito Agrí-cola. Uma solução mista constituída por um depósito a prazo a 90 dias e um fundo especial de investimento fechado, com a duração de três anos.

Com um montante mínimo de inves-timento de 7500 euros, este produto tem uma taxa anual nominal bruta de 7% a um terço do investimento total no depósito a prazo a 90 dias. Os restantes dois terços do investimento são aplicados no fundo espe-cial de investimento fechado a três anos. Este último assegura uma rentabilidade lí-quida correspondente a 80% da valorização de um cabaz de contratos a futuro sobre trigo, milho, soja e açúcar, com idêntico peso. Cada mercadoria poderá contribuir com uma valorização máxima de 30%.

De acordo com a entidade financeira, o referido fundo poderá proporcionar uma rentabilidade líquida máxima de 24% no final do prazo de três anos, sobretudo ten-do em conta a valorização dos produtos agrícolas. A campanha do Crédito Agrícola decorre até ao próximo dia 23 de Maio.

ActivoBank7 lança depósito com taxas

crescentesO ActivoBank7 lançou o Depósito Acti-

vo Taxa Crescente. É um depósito a prazo a três meses, que duplica a taxa de juro de um mês para o outro até 10%. Beneficia de uma taxa de rendibilidade média anual bruta de 5,83% para a totalidade do prazo.

O depósito proporciona total garantia de capital e taxas, liquidez imediata, de acor-do com os seus promotores, não obrigando à subscrição de outros produtos. Com um montante máximo de 100 mil euros, esta aplicação a 90 dias está disponível apenas para novos clientes.

EDP Renováveis pode avançar com

dispersão de capital em Junho

A EDP fez a pré-apresentação a analistas de mercado sobre a dispersão inicial (IPO) da EDP Renováveis em bolsa. A operação poderá ocorrer já no mês de Junho, depen-dendo das condições do mercado.

Caso a eléctrica não considere a situação propícia, tem em perspectiva uma outra possibilidade. Trata-se da venda directa a investidores de uma fatia da empresa. Um grupo de investidores arábes posiciona-se como eventual parceiro na EDP Renová-veis. No entanto, a empresa liderada por António Mexia está mais interessada no IPO. A decisão de avançar com a opera-ção de dispersão até 25% do capital será tomada em Maio, por via de um aumento de capital da EDP Renováveis. Só no caso de não existirem as condições de mercado é que a empresa avançará para a segunda possibilidade, que respeita à sua venda di-recta a investidores.

sexta-feira, 11 Abril de 2008mercados44

Fonte: BES – Plano Estratégico 2006/10

BES lIDERA “tOP 5” IBéRICO quAntO AO RáCIO “CORE tIER 1”

1-2-2008 4-9-200810.5

11

11.5

12

12.5

13

13.5

14

14.5

15

ACçãO BES AInDA ACumulA umA PERDA SuPERIOR A 15% Em 2008

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Os resultados das empresas cotadas estão a definir prioridades para os investidores, enquanto as operações em curso em algu-mas companhias, caso de aumentos de ca-pital e/ou perspectivas de aquisições, com-plementam as análises.

No mercado nacional tem sido re-levante a aposta no Millenium bcp. O HSBC ajustou a avaliação dos títulos para 1,55 euros, mantendo a recomen-dação de “underweight”, em resultado do aumento de capital.

Esta operação vai ser feita com um desconto de 45%, sendo cada nova ac-ção subscrita a 1,20 euros. Os analistas acreditam num desconto entre 10% e 25%, mas este desconto vem potenciar a adesão de mais accionistas, até porque quem não acompanhar o reforço de fun-dos sairá prejudicado na distribuição de dividendos, considerando a elevada di-luição. Informações surgidas na comu-

nicação social dão conta de uma perda de 23% no dividendo para quem não acompanhe o aumento de capital.

As acções do BCP têm superado os 1,90 euros por título, num cenário de boa opor-tunidade de entrada no capital. Alguns investidores de peso, caso de Stanley Ho, estarão a reforçar posições, enquanto no mercado foram afastados rumores, no-meadamente do Santander. O presidente Emílio Botin disse, esta semana, no Porto, que está fora de causa qualquer “take-over” sobre o BCP.

Outro título em grande destaque conti-nua a ser a Mota-Engil, que anunciou uma nova grande obra em Angola, aumentando a exposição a este mercado em fortíssimo crescimento e onde grandes empresas na-cionais estão a actuar. No volume global de resultados, Angola deverá assumir um papel crucial, muito embora a companhia esteja a posicionar-se para vencer grandes

obras públicas em Portugal nos próximos anos.

O BES sublinhou os objectivos em Londres para o seu programa até 2010 e os investidores reagiram de forma muito positiva, embora o mercado interno deva continuar difícil durante o corrente exer-cício.

Externamente, os analistas desaconse-lham a banca espanhola, que afirma estar sobrevalorizada entre 10 e 30%. O banco JP Morgan afirma que a banca espanho-la tem ignorado os riscos macroeconó-micos e de financiamento. Indica que o maior potencial de desvalorização pertence ao Bankinter e o mais baixo ao Banesto. Avança ainda que, em termos de liquidez, o Pastor é a instituição em melhores condi-ções para o exercício de 2008/2009.

No resto da Europa, a preocupação man-tém-se sobre os bancos e as suas eventuais dificuldades se a crise de crédito se prolon-

gar. Malo de Molina, do Banco de Espa-nha, revelou forte preocupação para com os bancos do país e com a redução do cres-cimento económico. O gabinete de estudos do BBVA é ainda mais pessimista do que o banco central espanhol, prevendo um cres-cimento do PIB em 2008 de apenas 1,9%, o que, a acontecer, representa uma queda para menos de metade do registado na mé-dia dos últimos anos naquele país.

Os analistas esperam a manutenção da actual política de taxa de juro na zona Euro, enquanto a recessão quase assumida nos EUA pode levar a FED e o Governo a adoptar políticas menos convencionais para ajudar a recuperar a situação econó-mica. O custo global da crise “subprime” poderá chegar, este ano, aos 945 mil mi-lhões de dólares, segundo o FMI, e o seu impacto poderá continuar até meados de 2009, segundo um relatório do princípio do mês da Morgan Stanley.

Investidores pensam nos resultados das empresas

VÍTOR [email protected]

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Título ÚltimaCotação VariaçãoSemanal Máximo52Sem Mínimo52Sem EPSEstAct EPSEstFut PEREstAct PEREstFut Div.YieldInd Div.YieldEst DataAct HoraActALTRI SGPS 4.58 2.58% 7.41 3.45 0.28 0.39 16.18 11.84 1.09% 1.44% 02-04-2008 16:36:48B. COM. PORT. 2.20 9.75% 4.30 1.68 0.19 0.20 11.68 10.98 3.87% 3.88% 02-04-2008 16:38:13B.ESP. SANTO 11.58 5.27% 17.98 10.62 1.23 1.40 9.40 8.30 3.45% 4.81% 02-04-2008 16:35:01BANIF-SGPS 3.04 10.15% 6.75 2.62 0.45 0.53 6.74 5.69 3.95% 5.93% 02-04-2008 16:35:01B. POP. ESP. 11.99 1.27% 16.04 6.72 1.14 1.21 10.56 9.91 3.88% 4.50% 02-04-2008 11:30:03BANCO BPI 3.47 5.96% 6.96 3.00 0.46 0.53 7.53 6.51 5.40% 5.68% 02-04-2008 16:35:01BRISA 9.16 1.10% 10.46 8.91 0.33 0.36 28.01 25.16 3.06% 3.40% 02-04-2008 16:35:01COFINA,SGPS 1.38 6.15% 2.07 1.20 0.01 0.11 14.38 13.02 2.54% 2.72% 02-04-2008 16:37:12CORT. AMORIM 1.55 2.65% 2.19 1.28 0.17 0.20 9.12 7.75 3.55% 3.87% 02-04-2008 16:35:01CIMPOR,SGPS 5.80 2.66% 7.72 4.75 0.47 0.51 12.33 11.27 3.71% 3.96% 02-04-2008 16:35:02EDP 3.95 2.20% 5.00 3.54 0.26 0.29 15.08 13.72 2.78% 3.32% 02-04-2008 16:35:00MOTA ENGIL 4.99 8.48% 8.35 3.53 0.24 0.24 21.05 20.54 2.20% 2.56% 02-04-2008 16:35:01FINIBANCO 3.43 22.50% 5.10 2.74 -- -- -- -- 2.19% -- 02-04-2008 16:35:01GALP ENERGIA 15.48 3.34% 19.50 7.40 0.65 0.67 23.82 23.07 0.98% 2.22% 02-04-2008 16:35:01IMPRESA,SGPS 1.59 6.71% 3.23 1.29 0.14 0.18 11.52 8.98 0.00% 0.52% 02-04-2008 16:35:00J. MARTINS 5.10 2.51% 5.73 3.71 0.22 0.27 22.77 18.68 1.88% 2.02% 02-04-2008 16:36:27MARTIFER 8.55 7.01% 12.00 5.40 0.14 0.19 59.79 45.48 0.00% 0.00% 02-04-2008 16:35:01NOVABASE 3.45 7.14% 5.28 2.01 0.25 0.31 13.75 11.20 0.00% 0.00% 02-04-2008 16:35:01PARAREDE 0.19 5.56% 0.26 0.10 -- -- -- -- 0.00% -- 02-04-2008 16:35:00P. TELECOM 7.85 6.01% 9.67 6.90 0.63 0.72 12.37 10.93 7.33% 7.36% 02-04-2008 16:35:00PORTUCEL 2.19 0.92% 3.18 1.63 0.20 0.18 10.90 12.37 1.60% 4.32% 02-04-2008 16:39:45REDES E. NAC. 3.50 0.29% 4.08 2.75 0.21 0.21 16.67 16.43 0.00% 3.29% 02-04-2008 16:35:00S. COSTA 1.62 11.72% 2.89 0.91 0.14 0.16 11.57 10.45 0.00% -- 02-04-2008 16:37:30SEMAPA 8.56 5.16% 13.70 7.31 1.08 1.14 7.90 7.51 2.98% 2.81% 02-04-2008 16:35:00SONAECOM 2.19 -0.23% 5.24 2.07 0.04 0.10 49.66 21.85 0.00% 0.48% 02-04-2008 16:37:43SONAE,SGPS 1.17 -0.43% 1.98 1.05 0.08 0.11 14.44 10.64 2.56% 3.05% 02-04-2008 16:39:16SONAE IND. 4.56 6.79% 11.04 4.14 0.58 0.73 7.81 6.24 0.00% 3.03% 02-04-2008 16:35:01SAG GEST 2.25 -2.17% 3.10 1.67 0.17 0.21 13.64 10.98 1.40% 4.67% 02-04-2008 16:35:00TEIX. DUARTE 1.65 17.02% 4.23 1.10 0.37 0.40 4.46 4.18 1.03% 1.52% 02-04-2008 16:35:01Z. MULTIMEDIA 7.62 4.53% 12.74 6.76 0.32 0.39 24.04 19.64 2.62% 3.38% 02-04-2008 16:35:01

PAINEL BANCO POPULARTÍTULOS EURONEXT LISBOA

PAINEL BANCO POPULARTÍTULOS MERCADOS EUROPEUSTítulo ÚltimaCotação VariaçãoSemanal Máximo52Sem Mínimo52Sem EPSEstAct EPSEstFut PEREstAct PEREstFut Div.YieldInd Div.YieldEst DataAct HoraActB.POPULAR 12.18 3.48% 16.07 8.51 1.14 1.21 10.73 10.07 3.88% 4.50% 02-04-2008 16:36:02INDITEX 38.07 5.75% 53.90 31.00 2.26 2.59 16.88 14.73 2.76% 3.06% 02-04-2008 16:36:02REPSOL YPF 23.49 4.73% 30.59 18.27 2.44 2.46 9.63 9.56 4.26% 4.56% 02-04-2008 16:36:02TELEFONICA 19.06 3.14% 23.48 16.04 1.63 1.86 11.72 10.23 3.93% 5.25% 02-04-2008 16:36:03FRA. TELECOM 22.12 4.74% 27.33 19.22 1.99 2.15 11.11 10.31 5.88% 6.17% 02-04-2008 16:37:39LVMH 73.59 5.58% 89.36 61.95 4.71 5.19 15.63 14.17 2.17% 2.40% 02-04-2008 16:35:00BAYER AG O.N. 51.59 3.57% 66.45 45.60 3.75 4.34 13.78 11.91 2.63% 2.68% 02-04-2008 16:35:09DEUTSCHE BK 76.32 5.93% 118.51 64.62 9.39 10.55 8.15 7.25 5.88% 5.88% 02-04-2008 16:35:22DT. TELEKOM 11.13 4.02% 15.87 9.92 0.76 0.87 14.59 12.82 7.02% 7.13% 02-04-2008 16:35:02VOLKSWAGEN 178.48 -4.32% 199.70 104.24 12.03 13.51 14.81 13.19 1.01% 1.14% 02-04-2008 16:35:25ING GROEP 25.54 10.47% 34.74 18.77 3.51 3.71 7.28 6.88 5.79% 6.02% 02-04-2008 16:38:46

Este relatório foi elaborado pelo Centro de Corretagem do Banco Popular, telf 210071800, email: [email protected], com base em informação disponível ao público e considerada fidedigna, no entanto, a sua exactidão não é totalmente garantida. Este relatório é apenas para informação, não constituindo qualquer proposta de compra ou venda em qualquer dos títulos mencionados.

sexta-feira, 11 Abril de 2008 45MERCADOS

Page 46: Comissão Europeia trava - Vida Económica | economia ...ve_ed1244... · do Livro Branco da Comissão Eu- ... LISBOA Campo Pequeno, 50 ... receitas fiscais sobre o tabaco no primeiro

Vida Económica- A Lexus cresceu no ano passado 21,1%, para 442 unidades. O balanço é positivo?

Nuno Braga- O balanço de 2007 é bastante positivo porque a marca consolidou o crescimento que vem a registar desde 2005, em linha com a estratégia definida a nível portu-guês e internacional.

VE- Em 2008, o cenário, contudo, é inverso, tendo a marca perdido 36,2%, até Fevereiro [dados a mais re-centes à data da realização da entrevista]. Porquê?

NB- Estamos a crer que tem como uma das justificações o impacto do ganho de importância das emissões de CO2 na fórmula de cálculo do Imposto Sobre Veículos, o qual, nos primeiros dois meses do ano, teve algum reflexo a nível do nosso modelo com motorização diesel, o IS 220d. Durante o mês de Março já tomámos medidas para contrariar esse facto, através da mudança da política de preços para o modelo, para ir de encontro às exigências do mercado. Acreditamos que estas medidas vão ter reflexos ao longo dos próximos meses e compensar a perda que registámos nos primeiros dois meses do ano.

VE- Como perspectiva este ano para a Lexus?NB- O nosso objectivo é crescer face a 2007 e atingir um

volume de cerca de 480 unidades. Este crescimento vai ser suportado nos nossos modelos híbridos e no IS com motor diesel, o nosso modelo de maior volume.

VE- Nos Estados Unidos, mercado para que foi criada “à medida” pela Toyota, em 1989, a imagem da Lexus está cimentada. Como está a imagem da marca na Eu-ropa e, concretamente, em Portugal, onde está há dez anos?

NB- Estamos a falar de dois mercados, o americano e o eu-ropeu, bastante distintos. A Lexus foi criada com o intuito de satisfazer as necessidades dos clientes “premium” do mercado americano. Na Europa, vimos também a seguir essa linha de servir o segmento “premium”, mercado em que, no entanto, não pretendemos vir a ser líderes de mercado. O nosso in-teresse é distinguirmo-nos da concorrência por um simples factor: o serviço. Isto tanto no que se refere à venda como no após-venda. O nosso objectivo não é atingir grandes vo-lumes, mas antes evoluir gradualmente em termos de marca. Queremos, assim, cimentar essa evolução para que a marca tenha um crescimento natural e não artificial. É que, muitas vezes, os crescimentos bruscos que acontecem noutras marcas põem a nu a ausência de alicerces para “aguentar” essa subida rápida nas vendas. Em suma, queremos cimentar a marca e a rede de concessionários no mercado “premium”, mostran-do argumentos válidos face às três principais concorrentes [as germânicas Audi, BMW e Mercedes], embora os volumes de vendas sejam diferentes.

VE- Até que ponto o desportivo IS-F, recém-lançado entre nós, pode contribuir para a construção da ima-gem?

NB- O IS-F é um complemento à gama da Lexus. É, de facto, um modelo que ajuda a construir a imagem de marca. Isto não só por sublinhar-lhe o carácter de exclusividade, mas

também por lhe conferir um carácter desportivo e por ser um produto que consolida os valores da Lexus.

VE- Valores estes que estão, também, creio, assentes nos produtos híbridos?

NB- A tecnologia Lexus Hybrid Drive tem sido um dos pilares do sucesso da marca na Europa. 2005 foi o ano em que chegou o primeiro SUV híbrido de elevadas performances do mundo, o RX 400h. Em 2006, chegou o GS 450h, o pri-meiro “sedan” híbrido de elevadas performances do mundo e no passado chegou o LS 600h, o primeiro topo-de-gama híbrido do mundo com tracção integral. Julgo que esta tec-nologia permitiu não só crescer em termos de vendas como dar mais visibilidade à marca na Europa, porque, de alguma forma, responde melhor às necessidades do consumidor do Velho Continente. O que verificávamos nos anos anteriores a termos esta gama híbrida é que o leque de produtos estava desajustado ao mercado europeu, que é muito “dieselizado”. A Lexus procurou colmatar as necessidades de um nicho de mercado híbrido que estava por explorar.

VE- O crescimento da marca a nível europeu em 2007 foi, de resto, maior na tecnologia híbrida do que nos res-tantes segmentos.

NB- E, no futuro, a estratégia passa por continuar a crescer fortemente nos híbridos. Aliás, prevíamos que as vendas do LS 600h viessem a ser diminutas, mas têm-se revelado exac-tamente o contrário. De facto, no mercado português temos verificado um crescimento nas vendas do modelo superiores às expectativas que tínhamos aquando do lançamento. Neste momento, o período de espera do LS 600h está entre os qua-tro e os seis meses. De resto, no ano passado, os modelos com tecnologia Lexus Hybrid Drive representaram 18,1% das vendas da marca em Portugal com cerca de 80 unidades, o que significa que esta tecnologia é cada vez mais significativa. Se olharmos para os números dos anos anteriores, verificamos que há um crescimento gradual e sustentado dos modelos com esta tecnologia.

VE- No que se refere aos custos de utilização, esta tecnologia também começa a ser uma opção, devido ao preço dos combustíveis?

NB- Na Lexus e na marca-mãe Toyota acreditamos que sim, que a tecnologia híbrida é, tendencialmente, uma alter-nativa real ao diesel no capítulo dos custos de utilização.

VE- A rede de retalho da Lexus tem vindo a acom-panhar o crescimento que a marca regista em Portugal desde que lançou o IS 220d?

NB- Sim. Até ao ano passado tínhamos dois concessio-nários, um no Porto e outro em Lisboa, e dois reparadores autorizados, um em Braga e outro em Faro. Entretanto, já abrimos um novo concessionário em Coimbra, estando a ofi-cina já em funcionamento e o stand vai abrir até meados do ano. A nossa intenção é manter este crescimento sustentado, procurando que os três centros e os reparadores autorizados sejam capazes de prestar o elevado nível de serviço que a rede Lexus oferece ao cliente português. Estando estes projectos cimentados, e também em função do volume de vendas e dos novos produtos que vamos lançar, a nossa estratégia passa por continuar a desenvolver a rede de retalho em todo o país.

VE- Têm algum objectivo definido a médio prazo?NB- O nosso objectivo, em função, como eu disse, das

vendas e dos lançamentos, é ter mais dois concessionários até 2015. Isso permitir-nos-á cobrir perto de 90% do território nacional.

VE- Pretendem manter o aproveitamento das sinergias dos concessionários Toyota?

NB- Sim, o objectivo é aproveitar as sinergias do grupo Salvador Caetano. Embora estejamos abertos a propostas de outros empresários que se habilitem a cumprir os requisitos da marca para serem reparadores autorizados ou concessio-nários.

AqUILES [email protected]

Informa o director-geral da marca no nosso país

Lexus rejeita crescimentos bruscos em PortugalOs objectivos da Lexus, a marca “premium” da Toyota, passam por manter um crescimento gradual em Portugal, recusando crescimentos bruscos. “O nosso objectivo não é atingir grandes volumes, mas antes evoluir gradualmente em termos de marca. Queremos, assim, cimentar essa evolução para que a marca tenha um crescimento natural e não artificial. É que muitas vezes os crescimentos bruscos que acontecem noutras marcas põem a nu a ausência de alicerces para ‘aguentar’ essa subida rápida nas vendas”, defende, em entrevista à “Vida Económica”, o director-geral da Lexus em Portugal, Nuno Braga.

AutomóvelMarca consolidou crescimento,

no ano passado, no mercado nacional

A tecnologia híbrida tem sido um dos pilares do sucesso em termos

de vendas

No seguimento da estratégia de consolidação da rede Lexus, a marca “premium” japonesa inaugurou um novo espaço em Lisboa, no Parque das Nações. Na inauguração estiveram presentes vários responsáveis pela empresa, en-tre os quais o vice-presidente do grupo Salvador Caetano, José Ramos, e o vice-presidente da Lexus Europa, Karl Schlicht.

Recorde-se que a marca cresceu 21,1%, para 442 unida-des, no ano passado. Apesar de, como Nuno Braga na en-trevista, a tecnologia híbrida ser cada vez mais importante nas vendas, o modelo com mais matrículas da marca é o IS 220d, com 342 unidades comercializadas. Na lista das vendas seguem-se o modelo do segmento alto GS (40), o SUV RX (35) e o topo-de-gama LS (5 unidades).

Localizado na avenida D. João II, o novo espaço lisbo-eta da Lexus é composto por três áreas distintas. Uma é o

“lounge”, para receber os clientes, outra é o stand e outra é a zona de escolha, onde o cliente poderá decidir que cores, revestimentos e outros pormenores quer adoptar para o seu automóvel.

Marca iNaugurou espaço No parque das Nações

sexta-feira, 11 Abril de 200846

Nuno Braga sublinha que o nosso interesse da marca é distinguir-se pelo serviço e que “o objectivo não é atingir grandes volumes”.

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O valor acrescentado de uma pro-posta de “outsourcing” completo no aluguer operacional de viaturas

(AOV) constrói-se com base num mode-lo de gestão assente nos seguintes pilares: gestão operacional, táctica e estratégica (OTE). Para uma empresa exigir a apli-cação deste modelo de gestão é necessário que a gestora de frota possua a capacidade de criar um programa de parceria, compos-to pelas três premissas seguintes:

1º. “Total Cost of Ownership” (TCO) – análise do custo da gestão da frota.

2º. “Company Car Policy” (CCP) – po-lítica de frota interna.

3º. “Service Level Agreement” (SLA) – é vital para a saúde da parceria este acordo ao nível do serviço a prestar.

Depois de termos falado sobre o TCO, um processo que simplifica a escolha das viaturas e ajuda na definição da CCP, e desta última como sendo um acordo entre a entidade em-pregadora e os colaboradores relativamente aos veículos da empresa, formalizando todos os direitos e deveres entre ambas as partes, é importante agora a definição do contrato ajustado ao cliente para criar um compromis-so mútuo entre a empresa e o seu parceiro de AOV – criação do SLA.

Este será o tema abordado neste artigo.O contrato quadro é o principal do-

cumento legal, que especifica a relação cliente/gestora de frota, devendo existir,

no entanto, um outro documento muito importante: o acordo ao nível do serviço prestado, o SLA.

O que é um SLA?O SLA explica:• O que a Gestora de Frota faz (especifi-

cidades do serviço prestado);• Como a Gestora de Frota faz (acordo

ao nível do desempenho);• Dentro de que pe-

ríodo (indicadores de desempenho).

Exemplo:• Serviço: resolução

de uma reclamação;• Desempenho: Re-

solução da reclamação (tempo necessário);

• Indicador: 5 dias úteis (caso necessite de informação de tercei-ros).

O SLA é uma garan-tia na medida em que:

A gestora compromete-se a prestar ao nível de serviços o que estipula no SLA. A gestora controla o sucesso e/ou falha dos serviços que está a prestar, podendo implementar acções correctivas. Na ópti-ca do cliente, este sabe o que vai esperar do serviço a ser prestado. O cliente possui indicadores concretos de controlo da per-

formance da gestora. O cliente sabe que a gestora irá apresentar alternativas (acções preventivas/correctivas).

Qual o conteúdo de um SLA?• Informação geral, garantias e processo

de comunicação;• Forma como devem ser elaborada as

cotações e tempo de envio;• Gestão da encomenda e entrega das

viaturas;• Os contactos in-

ternos da gestora e dos utilizadores para a ges-tão operacional do dia-a-dia;

• Gestão das reclama-ções;

• Processos adminis-trativos;

• Gestão de coimas;• Definição dos servi-

ços a serem prestados;• Avarias – como

agir;• Processos de fim do

contrato (como entregar as viaturas);• Gestão de Sinistros;• Relatórios (quais os indicadores e a sua

frequência);• Reajustamentos sobre contratos desa-

justados;• Etc. Estes conteúdos são sobretudo operacio-

nais, quanto mais estratégicos forem os as-suntos mais difícil é a sua padronização.

Um SLA, para ter sucesso como docu-mento operacional e de consulta, deve ex-plicitar todos os serviços e assegurar a forma correcta de verificar o nível de desempenho (quem faz o quê, como e quando).

Este documento deve ser periodicamente revisto, sendo um instrumento de trabalho não só da gestora que dá as garantias, mas, também, do Cliente que se compromete em ajudar internamente na Company Car Policy adequada para que os utilizadores prossigam com os procedimentos esta-belecidos, por forma a que o serviço seja prestado de forma eficiente. Assim, pode-mos dizer que é uma excelente ferramenta de gestão para controlar a performance da gestora ao nível do serviço inicialmente acordado entre as partes.

O SLA é crucial na fase de implementa-ção de uma parceria de AOV, permitindo dar corpo à estrutura do serviço a criar, bem como no controlo por parte do clien-te. Por vezes, pode-se pensar que o mais importante na criação da relação com o cliente é o contrato quadro, mas deve-se ter em consideração a fase de implemen-tação, caso contrário, podem existir desen-tendimentos quanto à forma ou conteúdo do serviço prestado, surgindo surpresas de-sagradáveis – e ninguém gosta de surpresas desagradáveis.

sexta-feira, 11 Abril de 2008 47AutOmóveL

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Vendas de ligeiros de passageiros continuam a crescer

As vendas de veículos ligeiros de pas-sageiros, em Março, tornaram a registar um desempenho positivo.

O aumento foi de 5,2%, pelo que, em termos acumulados, o aumento foi de 11,6%, para 55 162 unidades. No entan-to, os operadores de mercado continuam a manifestar preocupações, sobretudo tendo em conta a a quebra, no mês pas-sado, de 22,3% nos veículos comerciais ligeiros.

Para o sector, a subida nos ligeiros de passageiros ainda é pouco consistente, ten-do em conta que o exercício passado foi dos piores de sempre, pelo que os opera-dores chamam a atenção para o facto de este acréscimo se caracterizar pela incerte-za. Por outro lado, a Associação Nacional do Ramo Automóvel (ARAN) explica a subida pelos resultados, basicamente de duas marcas, a Seat e a Fiat. Neste últi-mo caso, verificou-se a entrega de várias unidades encomendadas do modelo 500, uma situação que não deverá tornar-se

a repetir. Resta esperar o que vai suceder nos próximos meses, face ao anúncio da redução do IVA, o que deverá resultar num abranda-mento das vendas. A situação mais preocupante é aquela que respeita aos comerciais ligeiros, desta feita decorrente do agravamento fiscal. Em três meses, a baixa foi superior a 18%, o que também reflecte a situação em que se encontram as empresas nacionais, o que faz com que o ciclo de renovação das frotas seja substancialmente alargado. Por marcas, como já referido, a Fiat deu cartas no primeiro tri-mestre, por via do 500, com um acréscimo de 59,5% no ranking nacional dos ligeiros de passagei-ros. Entretanto, a Mercedes dei-

xou de fazer parte da tabela das dez marcas mais vendidas, enquanto a BMW continua em alta, sobretudo devido ao facto de estar a garantir preços competitivos, em resul-tado dos motores “amigos” do ambiente. Entretanto, a Renault conseguiu “descolar” ligeiramente da Opel, já que esta última perdeu embalagem. Também a Peugeot, depois de meses sucessivos em perda, está novamente a recuperar.

Importa ainda notar que há, novamen-te, uma certa tendência para a aquisição de veículos de topo de gama, como foram os casos da Jaguar e da Lexus. Isto a par da circunstância dos veículos sul-coreanos e japoneses continuarem a ganhar quota de mercado, à semelhança do que se passa nos restantes países europeus e nos Esta-dos Unidos. É interessante verificar que o maior construtor mundial, a Toyota, consegue manter uma continuidade em termos de crescimento, ao mesmo tempo que a sua marca de Luxo, a Lexus, capta cada vez mais utilizadores.

MarcasUnidades Variação % no mercado

2008 2007 % 2008 2007

Renault 6366 6546 -2,7 11,5 13,2

Opel 5198 5412 -4 9,4 10,9

Peugeot 4458 4691 -5 8 9,5

Ford 4342 3420 27 7,9 6,9

VW 4103 4131 -0,7 7,4 8,4

Citroën 3575 3729 -4,1 6,5 7,5

Seat 3280 2061 59,1 5,9 4,2

Toyota 3101 2634 17,7 5,6 5,3

BMW 2805 2122 32,2 5 4,3

Fiat 2694 1689 59,5 4,9 3,4

Fonte: ACAP

FiAt e SeAt SãO eStreLAS dO primeirO trimeStre

Óscar MendesDirector comercial da Arval Portugal

O SLA é crucial na fase de implementação de uma parceria de AOV permitindo dar corpo à estrutura do serviço a criar

A criação de valor acrescentado no aluguer operacional de viaturas

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Nº 1244 / 11 Abril 2008 Semanal J 2,20 Portugal Continental

NOTA DE FECHO

Uma ameaça com várias oportunidades

Dentro de 20 a 25 anos a Chi-na será a maior economia do Mundo, ultrapassando os Estados Unidos em valor total de riqueza criada. Esta expectativa surpreen-dente explica-se quer pelo ritmo de crescimento da China, quase quatro vezes superior ao dos Es-tados Unidos, quer pelo diferen-cial de população, cerca de 1300 milhões, contra cerca de 300 mi-lhões.

Quando o PIB total da China ultrapassar o dos Estados Unidos,

não estaremos perante um facto inédito.Historicamente, a China foi quase sempre a maior eco-

nomia do globo. No início do século XIX, a Ásia repre-sentava 60% a 70% de toda a riqueza criada no mundo. O que tivemos nos últimos 200 anos foi uma excepção histórica, com a população de um lado do planeta e a ri-queza do outro lado.

O facto inédito está na forma como a China cresce ao rit-mo actual de 10% ao ano, combinando um regime comu-nista de partido único com um modelo de desenvolvimento capitalista baseado na exploração da mão-de-obra barata. Com remunerações de J 0,60 por hora pagas a operários que trabalham 12 horas por dia sem protecção social, os mercados são invadidos por produtos com preços abaixo do seu valor objectivo, porque assentam em custos salariais in-justos e insustentáveis e na quase inexistência de regras de protecção ambiental.

Este processo de expansão acelerada da China, assente na oferta de trabalho abundante e barato, está na origem dos movimentos de deslocalização da produção industrial para o continente asiático, explicando alguns dos proble-mas que os países desenvolvidos enfrentam.

Os resultados são negativos para uns e positivos para outros. Umas empresas deixam de ser competitivas e en-cerram. Há postos de trabalho que se extinguem. Mas também há operadores que conseguem aumentar as suas margens, obtendo a tal mais-valia que não seria possível em condições normais.

Para os consumidores, o saldo é positivo, na medida em que têm acesso a produtos industriais com preços baixos, obtendo mais valor pelo dinheiro que se dispõem a gastar.

As enormes diferenças de custos que actualmente exis-tem entre as economias emergentes e os países desenvol-vidos não vão durar sempre. Portugal já foi, num passado não muito distante, um país de mão-de-obra barata, onde a generalidade dos serviços e produtos eram baratos, mas hoje tem preços semelhantes aos dos países vizinhos e sa-lários que, sendo inferiores à média europeia, são altos em termos de média internacional.

Tal como referia esta semana Carvalho da Silva, no Clu-be dos Pensadores, há uma tentativa para ser criado um Código do Trabalho na China que garanta um conjunto de direitos mínimos a quem trabalha. Com ou sem garan-tias mínimas é inevitável uma subida imparável dos custos salariais, acompanhando o desenvolvimento do próprio país, o que irá reduzir as actuais diferenças.

Na sociedade industrial, o valor criado dependia essen-cialmente do trabalho físico. Na era pós-industrial em que vivemos, baseada no conhecimento, a criação de valor de-pende cada vez mais do trabalho intelectual.

A expansão dos países asiáticos assente nos salários baixos vai acelerar a valorização do trabalho intelectual. A organiza-ção do trabalho nas empresas tem que ser feita de forma mais flexível, com menos hierarquias e de forma mais participada, estimulando a participação nos processos produtivos.

A separação entre aqueles que nas empresas pensavam e controlavam e aqueles que se limitavam a obedecer e a executar deixou de fazer sentido, criando um grande cam-po de oportunidades de inovação num ambiente de maior liberdade.

Na era pós-industrial em que vivemos, baseada

no conhecimento, a criação de valor depende cada vez mais

do trabalho intelectual.

EDP compra activos eólicos em França

A EDP adquiriu os ac-tivos eólicos das empresas franceses EOLE 76 e Eu-rocape, num valor de 51,3 milhões de euros. A eléctrica nacional torna-se no tercei-ro operador eólico em Fran-ça, em termos de capacidade instalada.

O negócio foi realizado através da EDP Renováveis, sendo que assume 43,3 mi-lhões de dívida financeira em “project finance”. Em causa estão três parques eó-licos em operação na Nor-mandia e diversos projec-tos de desenvolvimento de parques eólicos, sobretudo nas regiões da Normandia e Rhônes-Alpes.

Fundos de investimento perdem sete mil milhões

São os reflexos da crise financeira. Há uma deban-dada geral nos fundos de investimento nacionais. Em apenas nove meses, os por-tugueses retiraram sete mil milhões de euros dos fundos de investimento, com des-taque para os fundos de te-souraria e obrigações de taxa variável. As rentabilidades atingidas têm sido negativas, há a preocupação crescente de liquidação dos produtos e os bancos estão a colocar no mercado depósitos a pra-zo com retornos mais atrac-tivos do que os fundos de investimento.

João Luís de SousaDirector Adjunto

A corrupção, além de fazer um travesti da liberdade, é um imposto sobre o desenvolvimento económico. No index de transparência, Portugal está em 28º lugar (a Europa tem 27 países). E os países menos corruptos do mundo (Dinamarca, Finlândia, Nova Zelândia, Singapura, Suécia) são os mais ricos do mundo. Quando um hospital ou uma escola custa duas vezes mais (do que devia) em vez de dois (hospitais ou escolas) tem-se só um... Comentário?

A tendênciA(?)

Jorge A. VAsconcellos e sá

Mestre Drucker SchoolPhD Columbia University

Professor Catedrático

Vasconcellos e Sá Associados, S.A.

[email protected]

Fontes:

Corruption Perceptions Index, 2007, Transparência Interna-cional

INDEx DE TrANSPArêNCIA (1º = mElhor), 2007

0

1

2

3

4

5

6

7

Nova ZelândiaDinamarcaFinlândia

média UE-15 Portugal Somáliamyanmar(últimos)

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NORTEE CENTROA “PUXAR”

PELO PAÍS?!

Director: Joaquim Rocha da Cunha | Abril de 2008 | Ano V | Número 27 | Mensal | 1,50 euros

PROGRAMAMILIONÁRIOPARA COOPERAR

Mercado Ibérico Pág. 3

EXPORTAÇÕESPORTUGUESASAUMENTAM

Angola Pág. 8

HÉLDER OLIVEIRAAPRESENTA SOFID

Exclusivo Págs. 12 e 13

A região de Lisboa e Vale do Tejo apresenta um défi-

ce anual de 11% do Produto Interno Bruto (PIB) portu-

guês, segundo os dados referentes a 2005, publicados pe-

lo Instituto Nacional de Estatística no Anuário Estatístico da

região de Lisboa. No mesmo documento podemos verificar que

as regiões Norte e Centro são as únicas que apresentam uma

balança comercial equilibrada, contrariamente à região de Lisboa,

cujo peso no défice comercial português é de 81% do total do

défice nacional. E, sozinha, a região de Lisboa representa quatro

quintos do défice comercial externo português. Páginas 10 e 11

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ficha técnicaPropriedade: Associação PME-Portugal (nc:504266616) | Director: Joaquim Rocha da Cunha | Edição, Redacção e Departamento Comercial: Avalanche d’Ideias - Rua André Soares

Nº 755, 1º Esq., Sala 7, 4715-035 Braga | Telefone: 253 609 988 | Fax: 253 206 432 | email: [email protected]| Grafismo e Produção: Cunh@ | Impressão: Naveprinter

Tiragem: 40000 exemplares| Depósito Legal 225578/05 | Registo ICS: 124583 | Distribuição gratuíta aos associados da PME-Portugal | Preço de capa: 1,50 euros

JORNAL DAS PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS

ABERTURA

Página 2 | Abril de 2008

JOAQUIM ROCHA DA CUNHA, DIRECTOR DO JORNAL DAS PME

OJORNAL DAS PME está cadavez mais orientado para os mer-cados externos. Perante as pers-

pectivas do mercado interno e dos merca-dos tradicionais, que não são boas, estejornal tem procurado informar sobre opor-tunidades e contexto de países emergen-tes, neste caso sendo abordados Angola eBulgária.

Quanto à economia portuguesa, ela ba-lança ao som da crise internacional. Nãovale a pena fazer de conta, não vale enter-rar a cabeça na areia. A actual crise finan-ceira mundial que afectará o crescimentoe a desaceleração enorme de Espanha sãofactores que não se podem negligenciar.Até porque não se conhece ainda a ampli-tude destas crises, sabendo-se apenas quetêm em comum um factor: o imobiliário. Eisto não é bom para a nossa economia.Porque Espanha é nosso principal clientee vinha crescendo enquanto cliente. Por-que a mesma Espanha absorvia muita damão-de-obra do sector construção e em-presas da área que não encontravam mer-cado em Portugal. E porque a crise deconfiança nos mercados financeiros inter-nacionais, não apenas gerará diminuiçãode liquidez, mas falta de confiança. Claroque há alguns sectores que podem estartranquilos em Portugal, mas são funda-mentalmente aqueles ligados às conces-sões públicas, às parcerias público priva-das e às energias. E convenhamos, repre-sentam um número ínfimo de empresas ede trabalhadores.

O grosso das PME estão entregues aum mercado interno estagnado ou a umaferoz competição global. E neste número,revelamos algumas notícias interessantessobre mercados externos, sobre mecanis-mos de acesso e, sobretudo, sobre quemde facto cria riqueza em Portugal e gerasuperávite externo.

Assim, apesar das ameaças latentescontinuam a existir oportunidades no ex-terior: a Espanha, mesmo diminuindo o

crescimento, continua ser um cliente fiel ea Galiza, aqui tão perto, um mercado quepodia ser muito mais aproveitado. Angolacontinua imparável e mesmo não tendo aslinhas de crédito da China, Espanha ou Is-rael, as empresas portuguesas podem fazera diferença, porque têm know-how, domi-nam a língua e cultura comum. E a criaçãoda SOFID, cuja apresentação e entrevistaem primeira-mão com o seu Presidente,Hélder Oliveira, profundo conhecedor dosPALOP’s e de Angola, pode ser um instru-mento fundamental para financiar investi-mentos nos países lusófonos.

Porque uma coisa é certa: na exactamedida em que os EUA declinam por op-ções estratégicas externas e internas erra-das, na medida em que a Europa continuaenredada em contradições, foram nos últi-mos três anos as bolsas da América Latinaque mais se valorizaram (cerca de40%/ano), o centro económico desloca-separa a Ásia (Índia-China), e África ressur-ge com um enorme centro de recursos mi-nerais e agrícolas, que podem despoletar oseu desenvolvimento, exista estabilidade ematuridade.

Portanto, é para mercados emergentesque se devem virar as empresas portugue-sas, pois a não ser com produtos altamenteinovadores e sofisticados, EUA e os paísesdesenvolvidos da Europa são mercadosmaduros, exigentes e em risco de crise.Podem ser Angola, Brasil, México, Marro-cos ou Argélia, mas não tem que ser sem-pre para a Alemanha.

ANGOLAPavilhão de Portugal na FILDA 2008Feira Internacional de Luanda15 a 20 Julho 2008

No âmbito do QREN – Quadro de Referên-cia Estratégica Nacional, a AICEP Portugal Glo-bal propõe-se dinamizar a presença portu-guesa na FILDA 2008, assumindo para tal aorganização do Pavilhão de Portugal naqueleque é já considerado o mais importante even-to económico que se realiza no mercado deAngola.

A Feira Internacional de Luanda constitui-se

como o principalacontecimento empre-sarial, com dimensãointernacional, em An-gola, em que na últi-ma edição estiverampresentes cerca de600 expositores prove-nientes de países co-mo o Brasil, a África doSul, Espanha e China.Portugal tem sido des-de sempre a presença mais expressiva, fazen-do-se representar com um pavilhão próprio.

De modo a poten-ciar a presença nacio-nal neste certame, aAICEP, além da organi-zação do Pavilhão dePortugal, dinamizaráainda um conjunto deacções paralelas, no-meadamente umaconferência de Impren-sa "Portugal em Foco"e o destaque no Pavi-

lhão de Portugal para duas áreas temáticas,este ano dedicadas aos sectores das TIE -

Tecnologias de Informação e Electrónica, Ser-viços e Bens de Equipamento.

A AICEP sublinha o facto de que, tendo emconta as limitações de espaço, esta acção,que se destina a empresas portuguesas pro-dutoras e comercializadoras de bens e servi-ços nacionais, serão sujeitas a um processode selecção.

Para mais informações e inscrições no Pa-vilhão de Portugal, os interessados deverãoentrar em contacto com a AICEP (Dra. MarizaCôrte-Real, telefone 217 909 663, e-mail [email protected])

AGENDA

NOTA DE REDACÇÃO

Este suplemento Jornal das PME encartado no se-

manário Vida Económica é uma edição que destaca al-

guns dos principais temas publicados na edição de Abril

de 2008. Para terem acesso à edição completa do Jornal

das PME, os interessados podem fazer chegar o seu pe-

dido através do e-mail [email protected]

Na edição completa, os leitores podem encontrar

ainda mais e variada informação económica nacional e

internacional.

Esta edição é suplemento ao Vida Económica nº 1244, de 11 de Abril de 2008, não podendo ser vendido separadamente

Quanto à economia portuguesa, ela balança ao som da crise in-ternacional. Não vale a pena fazer de conta, não vale enterrar acabeça na areia. A actual crise financeira mundial que afectará ocrescimento e a desaceleração enorme de Espanha são factoresque não se podem negligenciar. Até porque não se conhece ain-da a amplitude destas crises, sabendo-se apenas que têm emcomum um factor: o imobiliário.

Investir nos mercados emergentes

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Oplano reforçará as relações económicase as redes de cooperação existentes emcinco áreas: Galiza – Norte de Portu-

gal, Norte de Portugal-Castilha e Leon, Centro-Castilha e Leon, Alentejo-Centro-Extremadurae Alentejo-Algarve-Andaluzia.

Os eixos prioritários desta cooperação trans-fronteiriça resumem-se em quatro pontos: o fo-mento da competitividade e promoção do em-prego; meio ambiente, património e ambientenatural; acessibilidade e ordenação territorial; efomento da cooperação e integração económicae social.

Na apresentação deste programa comunitá-rio, o secretário de Estado de DesenvolvimentoRegional do governo português, Rui Nuno Ba-leiras, sublinhou o grande desafio com que de-vem deparar-se as autoridades locais, regionais ecentrais de ambos os países, de quem se esperaque “saibam estar à altura das expectativas daspovoações vizinhas”.

Rui Baleiras destacou que esta nova iniciati-va supõe uma oportunidade renovada para aseurocidades, em concreto para Badajoz-Elvas.Na opinião do secretário de Estado luso, os go-vernos das cidades têm vindo a explorar novassoluções de gestão em comum e métodos deplanificação para o uso partilhado de recursos.Prova desta cooperação transfronteiriça é a futu-ra criação da estação internacional Elvas-Bada-joz ’Rio Caia’, pertencente à Rede Ferroviáriade Alta Velocidade (RAVE) que unirá Madrid eLisboa.

Por outro lado, o conselheiro das Adminis-trações Públicas da Junta da Extremadura, An-gel Franco, fez referência às oportunidades que

oferece o rio Guadiana para empreender planoscomuns, e destacou as vantagens que, para a re-gião, têm aproveitamento conjunto dos recursosprovenientes da Barragem do Alqueva. Em rela-ção à interconexão das linhas ferroviárias e dasestradas, o conselheiro assegurou que os projec-tos já estão “definidos e canalizados”.

JORNAL DAS PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS

MERCADO IBÉRICO

Abril de 2008 | Página 3

EUROREGIÃO GALIZA – NORTE DE PORTUGAL APRESENTA PROJECTO

Bilhete transfronteiriçoestá a chegar

GRUPO ESPANHOL PREVÊ ALCANÇAR QUOTA RELEVANTE EM 2012

Gás Naturalentra no mercado luso

PLANO REFORÇARÁ RELAÇÕES ECONÓMICAS TRANSFRONTEIRIÇAS

Programa milionáriopara cooperarSucessor do Interreg, já está em marcha o Programa de Coope-ração Transfronteiriça 2007/2013. Trata-se de um novo marco,criado pela Comissão Europeia, para alcançar a coesão das re-giões limítrofes de Espanha e Portugal. Dotado com 354 milhõesde euros, o programa foi apresentado em Badajoz que será a se-de do Secretariado Técnico Conjunto – o organismo encarregadode gerir e tratar dos trâmites relacionados com os planos acolhi-dos pelo programa.

A euroregião Galiza-Norte de Portu-gal prepara-se para apresentar o primeiroprojecto de ordenação territorial conjuntoentre dois países europeus. Uma iniciati-va que, segundo o presidente da Junta daGaliza, Emílio Pérez Touriño, “impulsio-nará a mobilidade e o transporte” entre34 cidades de ambos os lados da frontei-ra.

Impulsionado pela organização trans-fronteiriça Eixo Atlântico, o plano prevêcoordenar os serviços ferroviários e deautocarros com a criação de um consór-cio de transportes transfronteiriço quedesenvolverá bilhetes combinados com

bonificação. A este projecto juntar-se-á aconstrução do RAVE (Rede Ferroviáriade Alta Velocidade) entre Vigo e Porto.Uma ligação prevista para 2013 que con-ta com um orçamento comunitário de 244milhões de euros.

Além disso, a euroregião estuda acriação de uma agência que servirá de fó-rum sobre ecologia urbana e questõesambientais, agenda local digital e siste-mas de colaboração entre as universida-des de ambos os países. Sem esquecer acolocação em marcha do AgrupamentoEuropeu de Cooperação Transfronteiriço,com sede em Vigo.

O grupo espanhol Gás Natural obtevelicença como empresa comercializadoradeste fluido em Portugal, depois de soli-citar o seu registo à Direcção Geral deEnergia e Geologia, convertendo-se, as-sim, numa das primeiras empresas es-trangeiras a aceder ao mercado de gásportuguês, desde que em Janeiro se ini-ciou o processo de liberalização.

Além disso, a companhia espanhola éa primeira operadora de gás relevante anível europeu a conseguir esta licença.

Actualmente, encontram-se libera-lizados 85% do volume total de gás do mercado português (grandes clientes e centros de geração de electricidade), o que significa 3,75 mil milhões de metros cúbicos. No entanto, há que esperar até 2010 para que todos os consumidores tenham acesso ao mercadolivre.

A Gás Natural prevê alcançar umaquota de mercado de comercialização re-levante em Portugal em 2012.

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JORNAL DAS PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS

MERCADO IBÉRICO

Página 4 | Abril de 2008

GOVERNOS IBÉRICOS APROVAM PROCEDIMENTOS PARA AS DECLARAÇÕES DE IMPACTO AMBIENTAL

Rios hispano-lusossão ponto de encontro

AMBOS OS TERRITÓRIOS REPRESENTAM UM MERCADO NATURAL

Galiza e Portugal: turismo de proximidade

Até agora, Espanha garantia um caudalmínimo anual que podia sofrer gran-des oscilações consoante a época do

ano. Com o novo acordo cada trimestre fixaráum caudal mínimo em função das chuvas eacrescentará, em alguns casos, outro semanalde carácter fixo para evitar danos ambientais.Além disso, o convénio preenche todas as ne-cessidades das centrais hidroeléctricas lusas.

Por outro lado, numa decisão sem prece-dentes, a barragem portuguesa de Alqueva (amaior da Europa) transferirá até 30 hectóme-tros cúbicos de água a Espanha para a rega de500 hectares na Extremadura. O governo lusojá aceitou uma primeira solicitação de 6 hectó-metros cúbicos.

É a primeira vez que Portugal cede águapara regadio em Espanha, sem contar com ascompensações que receberão os agricultoresda Extremadura pela expropriação de terrenospara a construção da Barragem do Alqueva.“Portugal deve compreender os problemas deEspanha onde a seca é mais grave”, afirmouFrancisco Nunes.

Os governos aprovaram também a criaçãode um secretariado técnico permanente paraassegurar a eficiência da Comissão da Apli-cação e Desenvolvimento do Convénio(CADC), cuja sede se alternará, a cada doisanos, entre Lisboa e Madrid, sendo constituí-

da por dois funcionários espanhóis e doisportugueses.

Ainda assim, ambos os países estabelece-rão procedimentos para ter em conta o outro nas declarações de impacto ambien-tal que se realizam sobre os projectos

que afectam as bacias hidrográficas comuns.Todos os acordos e a informação sobre os

caudais mínimos poderão ser consultados napágina www.cadc-albufeira.org, que acolhe to-da a informação da Comissão do Convénio deAlbufeira.

Portugal é o principal país emissor deturistas estrangeiros para a Galiza e,além disso, os visitantes lusos são os

que mais dinheiro gastam na comunidadeespanhola.

Neste momento, ninguém duvida queambos os territórios representam um mer-cado natural, tanto para o intercâmbio depessoas como de produtos. Bom exemplo

disso foi a participação de Portugal, a títulode país convidado, na nona edição do “Sa-lão Galego de Gastronomia e Turismo,Xantar”.

A participação de Portugal realizou-seatravés da cooperação transfronteiriça quea Fundação de Feiras e Exposições de Ou-rense mantém com diferentes associaçõesde empresários lusos do Norte.

Dar a conhecer os numerosos atracti-vos e recursos de Portugal, com a inten-ção de promover o turismo de proximidadee estabelecer redes de cooperação entre as pequenas e médias empresas his-pano-lusas, foi o principal objectivo do en-contro.

Para fomentar as viagens entre paísesvizinhos, a Direcção-Geral de Turismo

do Conselho de Inovação e Indústria, da Xunta de Galicia, trabalha na promoçãode destinos conjuntos com diversas linhastemáticas. Por exemplo, uma relativa ao eixo Fátima-Braga-Santiago de Composte-la, e outra relacionada com a gastronomia:eixo interior Ourense-Verín-Chaves-Lame-go-Vila Real e eixo costeiro Vigo-Baiona-Porto.

Espanha garantiu a Portugalque os rios hispano-lusos(Douro, Tejo, Minho e Gua-diana) chegarão ao seu terri-tório com os caudais míni-mos trimestrais (inclusive se-manais) de forma aassegurar o bom estado eco-lógico das bacias hidrográfi-cas lusas. Deste modo, é reco-nhecido o Convénio de Albu-feira, assinado recentementepela ministra do Meio Am-biente, Cristina Narbona, e oseu homólogo português,Francisco Nunes.

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JORNAL DAS PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS

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Abril de 2008 | Página 5

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11.. CCaarraacctteerriizzaaççããooddoo mmeerrccaaddooSegundo dados do Banco Africano de De-

senvolvimento, Angola é a terceira maioreconomia da África subsaariana (depoisda África do Sul e Nigéria) e a sétima de to-do o continente africano. É também o se-gundo maior produtor de petróleo daque-la região (depois da Nigéria) e o quartomaior produtor mundial de diamantes.

Considera-se que Angola ocupa a 19ª po-sição entre os maiores produtores mundiaisde petróleo cujas receitas representam cercade 90% das exportações de bens e serviços e55% do PIB do país. Aderiu no início de2007 à Organização dos Países Exportadoresde Petróleo (OPEP) e foi a economia quemais rápido cresceu nesse ano, com umcrescimento do PIB de 17%, o qual teráatingido, segundo dados das autoridades an-golanas, 48 mil milhões de USD. Já em2006 Angola estava no topo dos países quemais cresceram no mundo com um cresci-mento de 14.9%.

Com uma população que rondará os 14milhões de habitantes (dados do The Econo-mist Intelligence Unit), Angola é rica em re-cursos naturais (território, sol e água) metais(diamantes, ferro, ouro, urânio) recursosagrícolas (banana, açúcar, algodão, café, mi-lho, tabaco, legumes) para além de usufruirde extraordinários recursos em pesca, cria-ção de gado e produtos florestais.

Angola é para Portugal um mercado decada vez maior importância. Segundo dadosda AICEP, as exportações nacionais paraaquele país terão registado em 2007 umcrescimento de 39% face ao ano anterior,atingindo uma quota de 4,4% do total das ex-portações. Isto significa um valor de vendasna ordem dos 1,37 mil milhões de euros.

Segundo ainda a AICEP, Angola é já osexto mercado de destino externo das ex-portações portuguesas e muito perto de setornar o quinto mercado, ultrapassando mes-mo os EUA.

Entre os produtos mais exportados encon-tram-se as máquinas e aparelhos, produtosalimentares, bebidas e tabaco, metais co-muns, material de transporte e produtos quí-micos. Depois dos EUA (com 15,3%) Portu-gal surge como o segundo maior fornecedorde Angola com 15%.

Também o investimento das empresas

portuguesas em Angola registou, segundo oBanco de Portugal, um crescimento de 20%face aos valores do ano anterior fixando-seem 395 milhões de euros (dados de Novem-bro).

22.. PPrriinncciippaaiiss sseeccttoorreess ddee aaccttiivviiddaaddee eemm AAnnggoollaaA economia angolana é dominada essen-

cialmente pelo sector petrolífero, este de ca-pital-intensivo, representando cerca de 55%do PIB nacional como já foi dito.

Existem no entanto uma variedade de sec-tores de actividade com enorme potencial decrescimento como os que, resumidamente, seindicam a seguir:

• Agricultura – Angola é um dos paísesmais ricos da África subsaariana. Possui umavastidão de terra arável, grande extensão deáreas de pasto e muitos recursos hídricos quefortalecem este sector.

• Cereais – tem potencial para alimentartoda a sua população.

• Café – Angola era em 1975 o 4º maiorprodutor do Mundo.

• Pecuária – grande potencial de criaçãode bovinos, ovinos, caprinos, suínos e aves.

• Silvicultura – país com importantes re-cursos florestais com enorme potencial paraa plantação de eucaliptos, pinheiros para aprodução de toros de madeira, para além daproliferação de espécies tropicais.

• Pesca – uma das costas mais ricas deÁfrica, com especial destaque para os recur-sos em cavala, sardinha, atum e marisco.

• Indústrias extractivas – o território érico em diversos minerais como o ouro, fer-ro, cobre, chumbo, zinco, o quartzo e algunsoutros. Depois existem ainda grandes recur-sos em mármores e granitos.

• Diamantes – Angola é uma das maisimportantes fontes de gemas de diamante doMundo. Depois do petróleo, o sector dia-mantífero é o mais importante do país emtermos de actividade económica exportado-ra.

• Energia – Angola tem recursos energé-ticos muito assinaláveis e por isso grande po-tencial para o desenvolvimento desta indús-tria. Para além dos depósitos de petróleo,possui ainda grandes reservas de gás naturale um potencial de recursos hidroeléctricosmuito significativos.

33.. OOppoorrttuunniiddaaddeessppaarraa aass eemmpprreessaass nnaacciioonnaaiissAngola apresenta necessidades prioritá-

rias na reabilitação das infra-estruturas rodo-viárias, como estradas e pontes bem comodas estruturas ferroviárias. A construção ourecuperação de portos, aeroportos e o desen-volvimento de projectos nas áreas da saúdeou educação são igualmente prioridades.

Decorrem também esforços de investi-mento ao nível do bem-estar social, melhoriadas condições de habitação, saneamento bá-sico e educação. O país revela a necessidadede criar de forma acelerada muitos milharesde postos de trabalho, em todos os sectores

da actividade económica, tendo para isso queinvestir no sistema de ensino.

As empresas portuguesas inseridas emsectores de actividade como por exemplo aagro-indústria, agricultura, pescas ou conser-vas, podem ver oportunidades de investi-mento em Angola, país que, apresentandoum elevado potencial de crescimento apre-senta uma vasta costa marítima rica em pes-cado mas também qualquer coisa entre os 5 a8 milhões de hectares de terra arável (segun-do o The Economist Intelligence Unit).

Investimentos em áreas como a explora-ção florestal (produção de toros, de eucaliptoe de pinheiro) e produtos frutícolas (ondePortugal tem alguma tradição e experiência)são outras actividades com boas oportunida-des para as empresas nacionais.

Também as empresas inseridas em secto-res como as telecomunicações, águas, sanea-mento básico, materiais de construção oumetalurgia ligeira, têm em Angola excelentesoportunidades para o desenvolvimento denegócios e novos projectos.

No entanto dada a dimensão de algunsprojectos em Angola, as empresas de menordimensão, terão que equacionar como solu-ção, a cooperação e associação empresarialde modo a desenvolverem uma abordagemao país de forma sustentada e organizada,pois o financiamento a estas operações (emconsórcio ou agrupamento de empresas)comportará menor risco para as entidadesfinanciadoras e logo tornar-se-á mais aces-sível.

MMáárriioo ddee JJeessuussConselheiro Nacional

da Associação PME-Portugal

FRES – Fórum de Reflexão Económica e Social

É JÁ O SEXTO MERCADO DE DESTINO EXTERNO DAS EXPORTAÇÕES PORTUGUESAS

Angola – Oportunidadesde investimento

O sector da construção é uma das necessidades prioritárias para Angola

JORNAL DAS PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS

MERCADO IBÉRICO

Página 6 | Abril de 2008

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Abril de 2008 | Página 7

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ANGOLA

Página 8 | Abril de 2008

LAÇOS HISTÓRICOS E AFINIDADES CULTURAIS SÃO VANTAGEM COMPARATIVA PARA EMPRESAS PORTUGUESAS

Aumentam as exportaçõesportuguesas para AngolaFora da União Europeia, Angola é já o segundo mercado das exportações portuguesas, a seguir aos Estados Unidos da América, o quetraduz o rápido crescimento que as mesmas estão a registar. Segundo avançou Basílio Horta, presidente da AICEP – Agência para oInvestimento e Comércio Externo de Portugal, em declarações à imprensa, Portugal terá registado em 2007 um aumento de 39% nassuas exportações para Angola, tendo este mercado atingido uma quota recorde de 4% no total das exportações nacionais. Uma posi-ção que corresponde a cerca de 1,37 mil milhões de euros em vendas.

Angola surge, assim, como um des-tino natural para as exportaçõesportuguesas. Um mercado onde os

laços históricos e as afinidades culturais re-presentam uma vantagem comparativa paraas empresas portuguesas. Índices de cresci-mento económico invejáveis fazem de An-gola uma opção obrigatória para as empre-sas que queiram aumentar as suas exporta-ções, até porque, entre 2006 e 2007, asvendas portuguesas para Angola cresceram19%.

Localizado em Luanda, o Centro de Ne-gócios da AICEP pode prestar apoio ao ní-vel da informação económica sobre estemercado, informação sobre a procura (ba-ses de dados), informação sectorial, infor-mação comercial sobre compradores, apoiona organização de visitas de empresas por-tuguesas, informação sobre as feiras que serealizam em Luanda, bem como aspectosregulamentares mais importantes.

Também o Governo português consideraAngola como parceiro económico estraté-gico, pelo que é tarefa desta Agência con-cretizar essa visão, dia-a-dia, apoiando osinteresses portugueses neste mercado e “aambição das empresas que querem ganhar econsolidar presença nos mercados interna-cionais”.

IIDDPP eemm AAnnggoollaaiinntteennssiiffiiccaa--ssee

A intensificação do Investimento Direc-to Português (IDP) em Angola tem vindo aamplificar a posição relativa da economiaangolana como destino de investimentoportuguês, com particular destaque para osdois últimos anos.

O volume de investimento das empresas

portuguesas em território angolano atingiuos seus pontos máximos durante o final dadécada anterior (1999/2000) e no biénio2005/2006. Na última década, e em valoresacumulados, o IDP em Angola representou1,8% do total do Investimento Directo dePortugal no Estrangeiro.

Entre 1996 e 2006, o IDP concentrou-seem quatro sectores de actividade: activida-

des financeiras (41% do investimento bru-to), actividades imobiliárias e serviçosprestados às empresas (26% do investimen-to bruto), construção (17% do investimentobruto) e indústrias transformadoras (13%do investimento bruto). Em conjunto, estesquatro sectores de actividade representam95,7% do total do investimento bruto acu-mulado no período analisado.

É ainda de salientar que as actividadesfinanceiras têm vindo a registar um aumen-to sustentado, à excepção do ano de 2002.Na globalidade, o investimento efectuadoneste sector tem sido financiado atravésdos lucros obtidos nas actividades das fi-liais ou participadas angolanas. Apenas em1996, o repatriamento tinha sido superiorao reinvestimento dos lucros.

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Abril de 2008 | Página 9

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ANGOLA

Página 10 | Abril de 2008

DADOS DO INE REVELAM QUE SÃO AS DUAS ÚNICAS REGIÕES COM A BALANÇA COMERCIAL EQUILIBRADA

Norte e Centro “a puxar” pelo país?!A região de Lisboa e Vale do Tejo apresenta um défice anual de 11% do Produto Interno Bruto(PIB) português, segundo os dados referentes a 2005, publicados pelo Instituto Nacional deEstatística no Anuário Estatístico da região de Lisboa. No mesmo documento podemosverificar que as regiões Norte e Centro são as únicas que apresentam uma balança co-mercial equilibrada, contrariamente à região de Lisboa, cujo peso no défice comercialportuguês é de 81% do total do défice nacional. E, sozinha, a região de Lisboa repre-senta quatro quintos do défice comercial externo português.

OJornal das PME fez uma breve rondapor alguns empresários, cujas opiniõesparecem corroborar a ideia de que são

de facto as regiões do Norte e do Centro que têm“trabalhado” e obtido os resultados necessários a“fazer mexer” Portugal.

Relativamente aos dados divulgados peloINE, Carlos Alberto Silva, da empresa Hidrofer,afirma que “é claro que os cidadãos menos dis-traídos vêem facilmente que as empresas doNorte e Centro, principalmente as PME, é quefazem andar este país. Entretanto, os investi-mentos e o carinho vão para a região de Lisboa”.Quando questionado sobre quais as potenciali-dades do Norte, já que a Hidrofer encontra-se se-deada nesta região, o empresário responde que“tem potencialidades únicas, tanto na indústria,como no turismo”. Embora só tenha “um pro-blema muito grande: fica longe de Lisboa”.

Por seu turno, Joaquim Moreira, da empresaMarsil, contrapõe, sublinhando que “tenho difi-culdade em comentar estes dados, face a outrosque dizem ser a região de Lisboa a criar mais ri-queza do que as regiões Norte e Centro”. E dei-xa ficar no ar duas questões: “Será que esta ri-queza é criada à custa do endividamento das em-presas e das famílias? Desde quando é que ariqueza se mede pelo endividamento?”.

De salientar ainda outros dados revelados pe-lo INE e que merecem reflexão:

• PIB regional: 38% do PIB português;• Taxa de cobertura da Balança Comercial:

31% (défice de 69%);• Saldo da Balança Comercial de Lisboa so-

bre o PIB regional: -29% do PIB regional;

• Saldo da Balança Comercial de Lisboasobre o PIB nacional: -11,1% do PIB nacio-nal;

• Saldo da Balança Comercial portu-guesa: -13% do PIB nacional;

• Saldo da Balança Comercial portu-guesa, exceptuando Lisboa: -2,7% do PIBnacional.

Sendo Portugal um dos países com maior dé-fice externo do mundo, será que, sem Lisboa,Portugal seria excedentário? Até porque cercade 29% do PIB de Lisboa sai todos os anos dopaís. É uma questão que aqui deixamos.

Jornal das PME – Que comentário é possível fazer a estes dados publica-dos pelo INE? São de facto as regiõesNorte e Centro, em particular as suasempresas, que estão a “puxar” pelopaís?

Reis Campos – Esses dados vêm, dealguma forma confirmar o que se sabia,isto é, que as empresas exportadoras estãosobretudo localizadas a Norte e Centro.Em 2005, a região Norte foi a mais expor-tadora do país, representando um total de44,8% do valor declarado de exportações.Nesse ano, o Norte de Portugal era a 14ª

região mais industrializada da União Eu-ropeia a 15 e a quinta se for também con-siderado o sector da Construção.

Estes números revelam que, apesar dacrise que o país tem vivido, as regiõesNorte e Centro possuem ainda um tecidoempresarial muito dinâmico e capaz deenfrentar as dificuldades.

Esta constatação deveria fazer reflectiros poderes públicos e provocar uma alte-ração na distribuição dos investimentos,de forma a garantir um maior equilíbrioterritorial e a criar melhores condiçõespara as empresas que geram riqueza e tra-

balho. O país não pode continuar tão cen-tralizado em Lisboa

JPME – Qual deverá ser o contributodos empresários, em particular dos pe-quenos e médios empresários do sectorda construção, para o crescimento e de-senvolvimento do país?

Reis Campos – Mais de 90% das empre-sas portuguesas são PME, uma realidadeque é também a do sector da Construção.São essas empresas que garantem a maioriados postos de trabalho e uma boa parte dacriação de riqueza do país.

O sector da Construção, pelo peso quetem no PIB, cerca de 5,6%, e no emprego,onde representa aproximadamente 11%,num total de 587 700 postos de trabalho, écrucial para uma nova dinâmica para o país.Mas, para isso, é necessário apostar no in-vestimento.

Para Portugal voltar a crescer a níveisque lhe permitam aproximar-se dos paísesmais desenvolvidos da Europa é crucial umnovo ciclo de crescimento da construção.As empresas do sector já demonstraram quesão capazes de responder aos desafios maisexigentes.

“O país não pode continuar tão centralizado em Lisboa”

PRESIDENTE DA AICCOPN SUBLINHA A NECESSIDADE DE ALTERAÇÃO NA DISTRIBUIÇÃO DOS INVESTIMENTOS

Também no Portal PME (www.pme-portugal.pt) a Associação PME-Portugalcolocou no seu barómetro semanal, nosdias 13 a 19 de Março, esta questão de se-rem as regiões Norte e Centro a estarem “apuxar” pelo país. De acordo com os resul-tados obtidos neste questionário on-line,77% dos votantes disseram que sim, 18%não concordaram e 5% mostraram-se in-decisos ao optarem pela opção “Talvez”.

Votação on-line revela77% de concordantes

BARÓMETRO PME

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PORTUGAL

Abril de 2008 | Página 11

Segundo Nelson de Souza, gestor do Programa Operacional Factoresde Competitividade, em declarações

à imprensa, perante o número de candidatu-ras apresentadas, “a resposta do tecido industrial foi clara”. Considerando que as críticas que têm sido lançadas ao QREN“são legítimas”, designadamente no que respeita à capacidade de avaliação dos projectos por parte dos técnicos”,acrescentou que há que sublinhar o facto dese tratar de um modelo complexo e que asequipas de análise das várias entidades queestão a fazer a avaliação foram alvo de ac-ções de formação e de especialização detécnicos.

As 1529 candidaturas apresentadas, en-volvem mais de 2953 milhões de euros deinvestimento, não estando ainda incluídosos resultados dos projectos de I&DT emco-promoção que, até ao fecho desta ediçãodo Jornal das PME, ainda não tinham sidodivulgados pelo QREN.

Tendo presente os condicionalismos

a que estão sujeitas as regiões de Lisboa e Algarve, no que toca à distribuição regional do total de candidaturas apresenta-das, a NUTS II Norte foi a responsável pelo maior número de candidaturas (698 projectos – 46% do total). No entanto, as intenções de investimento na NUTS II Centro foi superior com 1531milhões de euros (52% do total de investi-mento).

A Indústria foi o sector de actividadeque apresentou mais candidaturas (48% do total dos projectos e 77% do investi-mento). Os responsáveis do QREN realçamo maior peso, neste sector e no do Turismo,das candidaturas ao SI Inovação, ao passo que nos Serviços e Comércio é o SIQualificação PME que assume maior rele-vância.

De destacar, igualmente, a elevada ade-são das pequenas e médias empresas(PME) que apresentaram 89% do total dascandidaturas, 73% das quais da responsabi-lidade das unidades de menor dimensão –

as micro e pequenas empresas. No entanto,são as grandes empresas que, com 11% dosprojectos, envolvem um montante de inves-timento considerável, na ordem dos 1661milhões de euros.

SI Qualificação PMEDe acordo com os dados apresenta-

dos pelo QREN, dos 1529 projectos apresentados, cerca de metade (758 candi-daturas) concorreram ao SI Qualifi-cação PME – um sistema de incentivosorientado especificamente para o apoio às PME, com uma tipologia de investimen-tos bastante diversificada que abrangeáreas que vão da propriedade industrial àdiversificação e eficiência energética, pas-sando pela moda e design, economia digi-tal, internacionalização, qualidade, entreoutros.

Destes 758 projectos, 725 são projectosindividuais apresentados por empresas e osrestantes 33 são projectos conjuntos.

SI InovaçãoEmbora o SI Qualificação PME

assuma a liderança em termos de númerode candidaturas, é o SI Inovação que detém clara vantagem em termos de inves-timento, com 80% do valor total – cerca de2377 milhões de euros. Dos 568 projectosque concorreram ao SI Inovação, mais detrês quartos candidataram-se no âmbito doconcurso geral (novos bem e serviços, no-vos processos e expansão). Os projectos deempreendedorismo qualificado, onde se in-clui a criação de empresas, somam 113 can-didaturas com o valor de 113 milhões deeuros.

SI I&DTAo SI I&DT foram apresentadas 203

candidaturas, envolvendo cerca de 276 mi-lhões de euros, das quais 35 visam a cria-ção de núcleos dedicados ao desenvolvi-mento de actividades de I&DT dentro dasempresas, representando um investimentode mais de 23 milhões de euros.

ARegião Centro localiza-se entre as duasmaiores áreas metropolitanas de Portu-gal, ocupando actualmente 31,3% do

território de Portugal Continental, com a inclu-são do Oeste e do Médio Tejo, apresentandouma situação de centralidade geográfica no con-texto nacional que lhe confere um posiciona-mento estratégico incontornável, bem como aonível da ligação a Espanha e aos restantes paísesda União Europeia.

Analisando a Intensidade Exportadora daRegião é constatável a capacidade de inserção

do nosso território na competição internacional,que vem apresentando uma tendência de melho-ria constante, sobretudo desde a segunda metadeda década de 90, o que traduz uma boa capacida-de de resposta das empresas do Centro às exi-gências dos mercados externos e à globalizaçãodas economias.

Para esta posição destaca-se o contributo ex-pressivo de sectores com uma elevada capacida-de de criação de valor acrescentado, nomeada-mente os sustentados por um perfil de diferencia-ção de produto, e que, em algumas sub-regiõesassumem uma representatividade considerável.São cada vez mais emblemáticos os percursos demuitos grupos empresariais da nossa Região.

Não obstante, é também constatável algumaheterogeneidade e diversidade intra-regional aonível da estrutura produtiva, onde podemos lo-calizar as denominadas especializações produti-

vas tradicionais, também muito responsáveis pe-las exportações, a par de cachos de actividadescom elevado potencial de desenvolvimento emimportantes clusters territoriais.

Implementar políticas que garantam a eleva-ção na cadeia de valor dos primeiros, por um la-do, e garantir a emergência e consolidação dossegundos, por outro, será fundamental paramanter esta atitude e estes indicadores para oCentro de Portugal.

A incorporação da inovação, nos seus dife-rentes formatos, de tecnologia nos produtos eprocessos produtivos e nos métodos de organi-zação e comercialização, instrumentos financei-ros adequados, a diversificação de mercados ex-ternos, entre outros aspectos, assumem-se en-quanto áreas fundamentais para garantir acompetitividade das nossas empresas no panora-ma internacional.

A capacidade de criar e dar sustentabilida-de às redes dos actores na envolvente empre-sarial, onde se incluem os Centros de Saber,Tecnológicos, Associações Empresariais, In-cubadoras, constituirá igualmente um factordecisivo para criar o ambiente favorávelàqueles desafios, matéria onde a Câmara deComércio e Indústria se tem empenhado es-pecialmente.

A constituição da primeira sociedade de ca-pital de risco regional, Centro Venture, daCentro Business Angels, da Rede de Empreen-dedorismo e Incubação, da Rede de Inovação eCompetitividade, o acolhimento do EEN (En-terprise Europe Network), a organização demissões empresariais, são disso alguns exem-plos, que estamos seguros constituirão pilarespara uma região inovadora que sustentaráaquela a capacidade exportadora já instalada.

MAIS DE 1500 CANDIDATURAS APRESENTADAS NA PRIMEIRA FASE DE ABERTURA DOS CONCURSOS

Indústria apresenta maior número de projectos

SÃO CADA VEZ MAIS EMBLEMÁTICOS OS PERCURSOS DE GRUPOS EMPRESARIAIS DA REGIÃO

“Empresas do Centro têm boa capacidadede resposta às exigências dos mercados”

Até à meia-noite de 1 Fevereiro de 2008, o QREN – Quadro de Referência Estratégico Nacional recebeu, durante a primeira fase de abertura, 1529 candidaturas de projectos. Consoante o tipo de projecto ou o sector de actividade, as candidaturas encontram-se agora a ser analisadas pelos organismos competentes – AICEP, IAPMEI e Turismode Portugal.

AAnnttóónniioo AAllmmeeiiddaa HHeennrriiqquueessPresidente da Direcção do CEC

- Conselho Empresarial do Centro / CCIC

- Câmara de Comércio e Indústria do Centro

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JORNAL DAS PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS

PORTUGAL

Página 12 | Abril de 2008

Estrutura accionista

Estado português …………….….. 59,99%BCP …………………………..….…. 10%BES ………………………….….….. 10%BPI ……………………….…….…... 10%CGD …………………….…….….… 10%Associação Empresarial ELO ……. 0.01%

Beneficiários

Empresas privadas e empresas do sector pú-blico, desde que geridas numa óptica comer-cial:• Empresários locais e internacionais;• Grandes empresas;• PME.

Projectos elegíveis

• Investimentos de raiz, ampliações, reabili-tações, modernização ou aquisição de acti-vos;• Programas sectoriais que satisfaçam os cri-térios exigidos pela SOFID (PPPs, projectosregionais e parcerias entre empresas / empre-sários europeus e de outros continentes).

Fonte: SOFID

SOFID GARANTE APOIO FINANCEIRO ÀS EMPRESAS PORTUGUESAS QUE ACTUAM NOS MERCADOS EMERGENTES

Portugal tem nova sociedade financeiraNo final do mês de Março, o Governo concluiu o processo de criação da SOFID – Sociedade para o Financiamento do Desenvolvimen-to, Instituição Financeira de Crédito, S.A. que, com capitais próprios de 12,5 milhões de euros, visa garantir apoio financeiro às em-presas portuguesas que actuam nos mercados emergentes e que estejam em processo de internacionalização direccionado para o de-senvolvimento desses países. Era um dado adquirido que as empresas portuguesas vinham a enfrentar grandes dificuldades por nãohaver em Portugal uma instituição financeira de crédito de apoio a essas actividades, contrariamente ao que já acontece na genera-lidade dos países europeus. Agora, parece que essa lacuna vai ser finalmente colmatada com o surgimento da SOFID.

Em comunicado de imprensa do Gabi-nete de Estado e das Finanças podeler-se que é missão da SOFID “a di-

namização dos sectores empresariais dos paí-ses menos desenvolvidos”, bem como o“apoio às empresas portuguesas, que no seuprocesso de internacionalização, isoladas ouem parceria com investidores locais, contri-buam para o desenvolvimento sustentadodesses países, nomeadamente os que são be-neficiários da Ajuda Pública ao Desenvolvi-mento (APD) portuguesa.

Em declarações ao Jornal das PME, Hél-der Oliveira, presidente executivo da SOFID,sublinha que esta entidade está apta a “inter-vir na concessão de empréstimos, garantias,participações de carácter temporário no capi-tal social de empresas, prestação de serviçosde consultoria e outras operações e acçõesúteis às suas iniciativas”. Sendo o principalobjectivo “contribuir para o desenvolvimentosustentável de países em desenvolvimento,em articulação com os objectivos e estratégiado Estado português em matéria de politicaseconómica, de cooperação e de ajuda públicaao desenvolvimento”.

Assim sendo, as operações poderão con-substanciar-se e, concessão de prémios, con-cessão de garantias, empréstimos subordina-dos e participação de carácter temporário nocapital social de empresas.

A SOFID, que se insere na categoria dasdenominadas EDFI – European DevelopmentFinancial Institution, vai de encontro à situa-ção existente na maioria dos Estados-mem-bros da União Europeia, com particular des-taque para a Espanha e a Alemanha, paísesonde este tipo de entidades é uma aposta cla-ra em termos de política de cooperação.

Assim, e ao integrar também a Associaçãodas EDFIs, a SOFID é ainda, no entender dossues responsáveis, “um interlocutor privile-giado junto das várias instituições da Comis-são Europeia e dos fundos por elas disponibi-lizados e participará no acesso, gestão e naprópria concepção dos apoios comunitários.

É de salientar que a SOFID disponibilizará“um conjunto alargado de produtos e serviçosque proporcionem um apoio financeiro e deconsultoria, especializado e complementar e,sempre que possível, em regime de sindicação”,através de concessão de empréstimos / opera-ções de crédito; acesso a linhas de crédito; parti-

cipações de capital de risco e “equity loan”;“project finance”; prestação de garantias; entreoutros instrumentos financeiros “Taylor made”.

Para concluir, importa sublinhar aindaque, recentemente, o Estado português nomeou a Sofid como a instituição finan-

ceira elegível para a utilização do “Trust-fund EU/África para as Infra-estruturas”. O papel da SOFID, enquanto gestora deste fundo, prender-se-á com a identifica-ção de projectos e respectiva solicitação de apoios e o acompanhamento dos projectos que vierem a ser aprovados pelo Trust-fund, bem como a promoção,gestão e acompanhamento do próprio fundo na proporção da participação portu-guesa.

ACTUAÇÃO DA SOFID- Mobilizar fundos públicos nacionais disponíveis no quadro da articulação entre a

ajuda pública ao desenvolvimento e o processo de internacionalização da economia portu-guesa;

- Acordar com o Estado Português a gestão de Fundos Técnicos para a Cooperação e Pro-gramas de eventuais aplicações de fundos acessíveis no quadro do reembolso de dívidasexternas de que aquele seja titular;

- Celebrar protocolos com organismos públicos nacionais – IPAD, AICEP e outros – comvista a obter a complementaridade de serviços e a racionalização de meios, gerindo ou co-gerindo, designadamente, empréstimos concessionais e fundos da capital risco;

- Participar em outros fundos geridos por cada uma das EDFIs ou pelos seus accionistasou promovendo, por sua iniciativa, fundos a serem participados pelas demais EDFIs e por ins-tituições de cooperação multilateral;

- Estabelecer relações privilegiadas com as IFIs – BM – Banco Mundial (via SFI/IFC – So-ciedade Financeira Internacional), BEI – Banco Europeu de Investimentos, BERD – Banco Eu-ropeu para a Reconstrução e Desenvolvimento, BAD – Banco Africano de Desenvolvimento,BAD – Banco Asiático de Desenvolvimento, BID – Banco Inter Americano de Desenvolvimen-to, com vista a utilizar fundos ou condições especiais oferecidas por estas instituições paracerto tipo de projectos ou clientes apoiados pela SOFID.

COMO CONTACTAR A SOFID?

Os empresários poderão dirigir-se di-rectamente à actual sede social da SO-FID, em Lisboa:

Praça do Município, nº 31 - 3º

Ou entrar em contacto, através de:Telefone 213226624Fax 213226981

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JORNAL DAS PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS

PORTUGAL

Abril de 2008 | Página 13

Jornal das PME – De que forma esta so-ciedade de financiamento poderá ajudaros empresários portugueses que queiraminvestir no mercado dos PALOP, em parti-cular Angola?

Hélder Oliveira – A SOFID tem por voca-ção, no âmbito e prossecução da sua missão,assumir um papel, perante as empresas na-cionais, de “one stop shop”, verdadeiro cata-lizador de esforços, informações, fontes definanciamento, de minimização de risco e,ainda, de “know how” especializado na mon-tagem de operações de carácter financeiro,dentro de uma lógica de complementaridadecom as demais instituições financeiras nacio-nais e internacionais, adensando a malha ins-titucional portuguesa de apoio à internacio-nalização e ao desenvolvimento, evitandouma lógica de sobreposição ou duplicação deesforços.

Na concepção da sua estratégia e subse-quente plano de actividades a SOFID preten-de actuar no sentido de alavancar a sua capa-cidade de intervenção e consolidar o seugrau de diferenciação, por via da captação defundos e subscrição de acordos de coopera-ção com instituições nacionais e internacio-nais. [Ver caixa “Actuação da SOFID”]

JPME – Neste contexto, o que pretende,então, a SOFID com as operações que irárealizar?

Hélder Oliveira – A SOFID pretende pri-vilegiar na colocação, directa ou indirecta,das operações a realizar:

- Os interesses portugueses em articula-ção com os interesses locais e os de países ouinstituições terceiras;

- Os países de língua portuguesa (PALOP,Brasil, Timor) onde as relações históricas in-contornáveis construíram vantagens compa-rativas para as empresas portuguesas, os paí-ses do Magreb onde, igualmente, se detec-tam oportunidades que têm a ver com ahistória mas que derivam, essencialmente, deuma conjuntura favorável, a China e a Índiaenquanto países onde se detectam oportuni-dades que podem corresponder a interessesestratégicos de empresas portugueses noquadro do actual estádio de desenvolvimentoda economia portuguesa. A opção nominalpor estes países não deve fazer esquecer ou-tras oportunidades que se revelem através deuma análise mais aprofundada do mercado,em outros países fora da OCDE;

- Os sectores considerados como relevan-tes para o desenvolvimento sustentado, es-truturantes das economias de destino e quecorrespondam aos interesses objectivos daeconomia e das empresas portuguesas de-vendo, na medida do possível, enquadrar-seas respectivas oportunidades no âmbito dasiniciativas do Milénio, NEPAD e, em parti-cular, dos clusters da cooperação portuguesa.Em qualquer circunstância, a SOFID consi-derará como sectores a apoiar a agro -indús-tria, a indústria transformadora, as infra-es-truturas e o sector financeiro;

- Os projectos contributivos para o desen-volvimento sustentado dos países onde se-

jam implementados e que sejam: economica-mente viáveis, socialmente equilibrados, am-bientalmente amistosos e financeiramenterentáveis.

JPME – Como vê as relações económi-cas Portugal/PALOP?

Hélder Oliveira – Os países da lusofonia,ou seja, o conjunto dos países que têm comolíngua oficial o português, que é, não esque-çamos, a primeira língua falada a sul doEquador, devem ser considerados de umaforma particular quando se trata de definirobjectivos estratégicos não apenas para anossa diplomacia, mas, em especial, para ainternacionalização da economia e das em-presas portuguesas.

Há razões fundadas para os Países Africa-nos de Língua Oficial Portuguesa, para alémdo Brasil, devam ser tidos em especial contano quadro destes objectivos. Entre outras po-demos citar: a existência de uma história co-mum que, independentemente dos conflitosque marcaram essa história, criou uma rela-ção de proximidade indiscutível que podealimentar um clima favorável à realização denegócios e à concretização de projectos; oconhecimento, designadamente, técnico,científico, geográfico, histórico, cultural quePortugal possui sobre esses países e que sepode considerar um instrumento poderosopara o planeamento e realização de progra-mas de cooperação de interesse mútuo, querna área pública, quer privada; e as perspecti-vas que, neste momento, se abrem, em parti-

cular, às economias de Cabo Verde, Angola eMoçambique que, depois de terem passadopor reestruturações muito significativas e deterem adoptado politicas económicas viradaspara o desenvolvimento, sublinham nessaspolíticas a importância que atribuem ao mer-cado e à presença da iniciativa privada.

JPME – E, em particular, como vê as re-lações económicas Portugal/Angola?

Hélder Oliveira – Como vimos afirmandodesde há vários anos, Angola tem sido e con-tinuará a ser uma nova oportunidade para asempresas portuguesas. Com efeito a econo-mia angolana cresce a taxas extremamentesignificativas, concretizou reformas estrutu-rais profundasm, no que concerne a aberturaà iniciativa privada, e muitos técnicos e em-presários portugueses têm da realidade ango-lana um conhecimento profundo.

É muito significativo que, passados maisde trinta anos sobre a independência, Portu-gal continue a ser o principal fornecedor deAngola. E seja também um dos primeiros in-vestidores naquele país. Isto significa queexistem laços entre os agentes económicosque resistiram à passagem do tempo e quesão o melhor indicador para que o futuro sepossa apresentar prometedor.

Julgo que a existência desses laços e asvantagens mútuas que têm sido retiradas dasrelações existentes explicam o êxito havido eprenunciam um futuro de grande sucesso pa-ra as relações, designadamente, as de carác-ter económico entre os dois países.

HÉLDER OLIVEIRA, PRESIDENTE EXECUTIVO DA SOCIEDADE PARA O FINANCIAMENTO DO DESENVOLVIMENTO

“SOFID assume-se como catalizador de esforços”

HÉLDER OLIVEIRA APONTA ALGUMAS ORIENTAÇÕES AOS EMPRESÁRIOS PORTUGUESES

“Internacionalizar em Angola é tarefa árdua”

Em entrevista ao Jornal das PME, Hélder Oliveira, presidente executivo da SOFID – Sociedade para o Financiamento do Desenvolvi-mento, Instituição Financeira de Crédito, S.A., explica-nos de que forma esta nova sociedade financeira poderá apoiar os empresáriosportugueses a investirem nos mercados externos. Quando questionado sobre as relações Portugal/PALOP, Hélder Oliveira sublinhaque os países da lusofonia devem ser considerados de uma forma particular quando se trata de definir objectivos estratégicos, princi-palmente ao nível da internacionalização da economia e das empresas portuguesas.

Jornal das PME – Segundo dados doFMI, Angola apresenta-se como o país quevai registar a maior taxa de crescimento domundo. Sendo um mercado apetecível, queconselhos daria aos empresários portugue-ses que desejam apostar e investir no mer-cado angolano?

Hélder Oliveira – Angola é, reconhecida-mente, um dos países da África Austral commaior potencial de desenvolvimento. A esta-bilização do quadro político-militar veio abrirrenovadas perspectivas aos potenciais inves-tidores privados, sejam eles estrangeiros ounacionais.

Por razões históricas à classe empresarialportuguesa estará, certamente, reservado oseu papel no processo de reconstrução e de-

senvolvimento da República de Angola. Im-porta posicionar, com realismo, o investimen-to português em Angola, estabelecer parce-rias adequadas, susceptíveis de aportar os ele-mentos estruturantes do sucesso empresarial.

Internacionalizar e, em particular, interna-cionalizar em Angola, é uma tarefa árdua, jámarcada por forte concorrência que se iráagravar no futuro próximo e por um quadroinstitucional e um ambiente de negócios, demomento, ainda muito difíceis.

Tendo presente estas realidades importasublinhar que a decisão de investimento deveser devidamente enquadrada, sendo para issofundamental;

- O conhecimento das grandes prioridadesde desenvolvimento económico traçadas pelo

governo no horizonte do curto, longo e médioprazos;

- O conhecimento do mercado e suas par-ticularidades quer em termos genéricos, querem termos sectoriais, tendo em conta o ramoem que pretendem investir;

- Visitar Angola, dado que só dessa formaé possível tomar consciência clara de todosos aspectos relacionados com o mercado an-golano e percepcionar eventuais dificuldadesou obstáculos a ultrapassar;

- Conhecer a legislação angolana sobre in-vestimento estrangeiro, nomeadamente a Leide Bases do Investimento Privado (Lei 11/03,de 13 de Maio) e todo o processo ligado àconstituição de empresas de direito angolanobem como à formalização do investimento

junto da Agência Nacional para o Investi-mento Privado (ANIP);

- Conhecer e analisar todo o tipo de incen-tivos e benefícios possíveis de obter em An-gola (Lei dos Incentivos Fiscais e Aduaneirosao Investimento Privado -Lei 17/03, de 25 deJulho) ou que possam ser disponibilizadosem Portugal

- Ter em conta todo um conjunto de outrosfactores, nomeadamente os relacionados coma instalação de estabelecimento permanente,eventual escolha de parceiro local, regime depropriedade, sistema fiscal vigente e custosde instalação e operação, limitações à transfe-rência de fundos decorrentes de operações deinvisíveis correntes, mesmo que de naturezacomercial, etc.

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INICIATIVA INÉDITA NA REGIÃO PROMETE DESENVOLVER CAPACIDADES DE LIDERANÇA EM QUALQUER PESSOA

IDEIA Atlântico lança Braga Toastmasters

JOÃO MENDONÇA, REPRESENTANTE DA TOASTMASTERS PARA A ÁREA SUL DE ESPANHA E PORTUGAL

“Toastmaters desenvove competências de comunicação e liderança”

Numa iniciativa inédita na região de Braga, o Instituto IDEIA Atlântico organizou a primeira sessão do Braga Toastmasters. EmPortugal desde 2006, depois de Lisboa e Porto, a cidade de Braga bem poderá ser a próxima cidade a acolher um Clube Toas-tmasters, cujo principal objectivo é ajudar as pessoas a tornarem-se mais confiantes e persuasivas, de forma a enfrentarem o pú-blico, bem como melhorarem os seus relacionamentos interpessoais.

Porventura, poderá nunca ter ouvido fa-lar em Toastmasters, mas esta poderáser a solução que procurava para apren-

der a formular e expressar as suas ideias efi-cazmente, perante uma audiência. Isto porque,divididas em três blocos (Bloco dos Discursos,Table Topics e Bloco de Avaliações), cada reu-nião Toastmasters apresenta-se, segundo osseus promotores, como “a forma mais eficien-te, agradável e menos dispendiosa de desen-volver capacidades de comunicação, organiza-ção e liderança”.

Seja empresário, professor, estudante oudesempenhe qualquer outra profissão ou acti-vidade, os Toastmasters garantem que cadamembro que frequente o Clube “será mais per-suasivo e terá mais impacto nas suas apresen-tações e melhorará o seu relacionamento pes-soal com os outros”.

O Jornal das PME assistiu à sessão que ser-viu de apresentação deste conceito à cidade deBraga e encontrou um ambiente de grandeamizade e inter-ajuda entre os que já perten-cem aos Toastmasters portugueses, como norelacionamento destes para com os convidados

que pela primeira vez participaram numaactividade deste género. Mesmo o bloco das

avaliações (construtivas, claro está!), onde sãoanalisados os discursos dos oradores, identifi-cadas falhas e apontadas sugestões e correc-ções, tornou-se num dos momentos mais pro-dutivos da sessão.

O resultado não poderia ter sido melhor, oClube Braga Toastmasters conta já com oitomembros que no próximo dia 21 de Abril irãoparticipar numa das reuniões quinzenais reali-zadas pelo Oporto Toastmasters Club. O passo

seguinte é atingir os 20 inscritos para, então, oBraga Toastmasters passar a ser uma realida-de. O Braga Toastmasters, logo que for criado,passará a reunir-se no edifício do IDEIAAtlântico, cuja inauguração está prevista parao próximo mês de Maio.

Actualmente com mais de 200 mil mem-bros em 90 países, o Toastmasters Interna-

cional é uma organização sem fins lucrati-vos que tem espalhado pelo mundo mais de10 mil clubes, cujos membros aprendem afalar, ouvir e pensar – “capacidades vitaispara promover a aprendizagem contínua, opotencial de liderança e a compreensão mú-tua, contribuindo para o enriquecimentopessoal e humano”.

Jornal das PME – Como surgiu o Toas-tmasters?

João Mendonça – Em termos de histó-ria, e de uma forma resumida, posso realçarque o Toastmasters nasceu em Chicago, em 1924, por ideia de um grupo de homensque, no final de uma refeição, faziam discursos. Com o desenvolvimento do con-ceito Toastmasters o objectivo desse mes-mo grupo foi o de melhorar os seus discur-sos.

Já em Portugal, o Toastmasters nasceuem 2006, através de um grupo de pessoasligadas ao MBA da Universidade Católica,entre outras, que trouxeram para o nossopaís este conceito. Posso acrescentar que,em Lisboa, reunimos no Hotel Embaixadore, no Porto, na Escola de Gestão.

Jornal das PME – Em que consiste oToastmasters?

João Mendonça – A ideia dos Toastmas-ters é, exactamente, focar-nos nos seus mem-bros, desenvolvendo as suas competências decomunicação e de liderança.

Para formarmos um clube são necessárias20 pessoas. Normalmente, os novos membrosinscrevem-se após terem recebido um convitepessoal de outros membros ou acedido aonosso site e participado numa primeira sessão.Este é, sem dúvida, o nosso primeiro meio depromoção e divulgação. Embora, a comunica-ção social seja, obviamente, também um dosmeios de divulgação do nosso conceito.

Cada reunião encontra-se dividida em trêsblocos: um de discursos; outro de “table to-pics” onde todos participam, mesmo quem se-

ja apenas convidado; e outro reservado aosmembros que é a avaliação dos discursos.

De salientar que em cada reunião tentamosfazer as coisas formais para transmitir umaideia de evolução ou pelo menos de transmitiros pontos a melhorar, mas, em simultâneo, deuma forma divertida para que estejamos pe-rante um momento que também se pretenderelaxante.

Jornal das PME – O que gostaria de dizeraos potenciais membros do futuro BragaToastmasters?

João Mendonça – O mesmo que digo emqualquer parte de Portugal. É um facto quenós, portugueses, tivemos e temos um sistemade ensino que não nos dá este tipo de forma-ção. Há coisas que nós não temos incorpora-

das na nossa educação, contrariamente aosnorte-americanos que, efectivamente, têm es-te conceito entrosado na sua educação. Nor-malmente, eles fazem apresentação de traba-lhos ao longo da sua escolaridade e têm muitamais apetência para fazerem apresentaçõescom impacto. Um facto que eu posso compro-var profissionalmente já que lido com ameri-canos.

Mas não é por não termos essa característi-ca que somos inferiores. Considero que temostécnicos muito bons, pessoas a falarem muitobem. Mas, se estruturarmos melhor ainda po-demos ir mais além. Por isso é que queremosdivulgar este conceito, para termos melhoresoradores e melhores líderes em Portugal.

Se em Braga pudermos criar mais um clu-be seria fantástico.

Braga ToastmastersContactos para mais informações e inscrições:

Ideia AtlânticoE-mail: [email protected].: 253 609 985

Conheça melhor os Clubes Toastmasters:www.linbontoastmasters.comwww.oportotoastmasters.com