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“COMO ATINGIR A META DE 70% DE VALORIZAÇÃO DE RCD EM 2020?”

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Documento de suporte base (DSB) para o workshop a realizar sob o tema:

“COMO ATINGIR A META DE 70% DE VALORIZAÇÃO DE RCD EM 2020?”

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Índice 1 – Enquadramento e objetivos do DSB………………………………………………………..………1

2 – Caracterização da Produção e Gestão dos RCD e Cálculo da Taxa …...1

de Valorização

2.1 Enquadramento…………………………………………………………………………………………..…………….……………...1

2.2 Produção de RCD…………………………………………………………………………………………………………………..…..2

2.3 Gestão de RCD……………………………………………………………………………………………………………………...……4

2.4 Cálculo da taxa de valorização de RCD…………………………………………………………………….….…..…6

2.5 Ótica dos Municípios…………………………………………………………………………………………………………….….7

3 – Fatores críticos para a valorização dos RCD………………………………………….…..…9

Anexo

Metodologia………………………………………………………………………………………………………………….………..………23

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1 – Enquadramento e objetivos do DSB

A política de resíduos da União Europeia visa garantir a preservação dos recursos naturais e a

minimização dos impactes negativos sobre a saúde pública e o ambiente. Com o objetivo de se

avançar rumo a uma sociedade europeia da reciclagem, a atual Diretiva-Quadro “Resíduos”

(2008/98/CE) estabeleceu, para os resíduos de construção e demolição (RCD), a meta de 70%

para a sua valorização, a atingir em 2020. Com efeito, os RCD foram considerados um fluxo

prioritário pela União Europeia, o que se reflete nas estratégias emanadas para a

competitividade sustentável do setor da construção e seus resíduos. Esta Diretiva encontra-se

transposta para a legislação nacional pelo Decreto-Lei n.º 73/2011, de 17 de junho.

A meta determinada pela União Europeia é, de facto, bastante ambiciosa pelo que urge tomar

medidas para garantir o seu cumprimento em 2020. A Agência Portuguesa do Ambiente (APA),

enquanto Autoridade Nacional de Resíduos, pretende delinear um Plano de Ação que integre

estratégias concertadas que possam conduzir a um aumento da taxa de valorização dos RCD e

que reflitam o contributo das várias entidades com responsabilidades na matéria.

Neste sentido, a APA vai promover um workshop intitulado “Como atingir a meta de 70% de

valorização de RCD em 2020?”, onde será importante que se possam avaliar medidas, a

integrar o Plano de Ação para os RCD, que resultem de uma reflexão prévia que se propõe seja

feita por cada participante.

Este documento foi preparado para servir de suporte ao referido workshop, para que cada

participante possa ter a mesma situação de referência, apresentando-se, sumariamente, a

caracterização da produção e gestão dos RCD em Portugal, com base no diagnóstico efetuado

pela Agência Portuguesa do Ambiente em 2010/2011, assim como os principais

constrangimentos para a concretização da meta e oportunidades de melhoria identificados

pelos vários stakeholders auscultados.

2 – Caracterização da Produção e Gestão dos RCD e Cálculo da Taxa de

Valorização

2.1 Enquadramento

O principal objetivo do Decreto-Lei n.º 46/2008, de 12 de março, que estabelece o regime das

operações de gestão de RCD, assentou na criação de condições legais para a correta gestão

destes resíduos que privilegiasse a prevenção da produção e da perigosidade, o recurso à

triagem na origem, à reciclagem e a outras formas de valorização, diminuindo-se a utilização

de recursos naturais e minimizando o recurso à deposição em aterro.

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Com efeito, no que respeita ao potencial de valorização, é amplamente reconhecido que os

RCD contêm percentagens elevadas de frações reutilizáveis e recicláveis, apresentando um

potencial de valorização significativo que atinge, em alguns Estados-Membros, níveis

superiores a 80%.

Com vista a avaliar o ponto de situação de Portugal relativamente à meta estabelecida pela

Diretiva 2008/98/CE, procedeu-se à análise da produção e gestão dos RCD.

A metodologia utilizada para o diagnóstico apresentado encontra-se em anexo.

2.2 Produção de RCD

No fim da década de 2000 a produção de resíduos de construção e demolição em Portugal

rondou 1.700 mil toneladas, de acordo com os dados reportados, sendo que cerca de 94%

foram produzidos em Portugal Continental.

A figura seguinte ilustra a representatividade do setor da construção nas quantidades

produzidas.

Percentagem de RCD produzidos pelo sector da construção e pelos restantes sectores de atividade.

Do total de produção de resíduos reportada, verifica-se que 7% correspondem a resíduos

perigosos.

Percentagem de RCD produzidos por perigosidade do resíduo.

59,2%

40,8%

Sector construção Outros

6,8%

93,2%

Perigosos Não perigosos

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Na figura seguinte apresenta-se a produção de RCD reportada, agrupando os resíduos por

categoria de acordo com a tabela 1 apresentada no anexo.

Percentagem de RCD produzidos por categoria.

- O sector da construção é responsável por cerca de 60% da quantidade de resíduos produzida. Os restantes 40% podem ser explicados pelo facto de algumas entidades desenvolverem obras de construção civil no âmbito da sua atividade, apesar de esta não constituir a sua atividade principal ou, ainda, eventualmente, a situações de uma incorreta codificação dos resíduos por parte de alguns produtores. Como exemplo refira-se os municípios, empresas municipais, ou empresas do sector do gás, cuja atividade principal não se enquadra no sector da construção, mas que contudo realizam obras com alguma dimensão.

- A categoria com maior expressão a nível da produção, correspondendo a 47% dos resíduos declarados, é a relativa a Mistura de RCD, situação que confirma a necessidade de um maior esforço na triagem destes resíduos.

- A segunda categoria com maior expressão surge nos Metais e cabos não contendo substâncias perigosas. Contudo, na análise por setor de produção, verifica-se que o maior contributo para esta categoria não provém do setor da construção o que indicia uma incorreta codificação dos resíduos como sendo RCD por parte de alguns produtores de outros setores.

- Para o setor da construção, a maior produção de resíduos corresponde à categoria da Mistura de resíduos, seguida dos Solos e rochas e, em terceiro lugar, a categoria que engloba os resíduos de betão, tijolos, ladrilhos, telhas e materiais cerâmicos.

- Relativamente aos outros setores, a categoria com maior expressão, como referido, é a dos Metais e cabos não contendo substâncias perigosas, seguida das Misturas de RCD e dos Solos e rochas.

Betão, tijolos, ladrilhos, telhas e

mat.cerâmicos; 6,8%

Madeira, vidro e plástico; 2,0%

Misturas betuminosas e alcatrão; 3,7%

Metais e cabos ; 22,0%

Solos, rochas e lamas de dragagem; 16,8%

Materiais de isolamento e

amianto; 1,1%

Materiais de construção à base de

gesso; 0,1%

Misturas de RCD; 47,5%

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2.3 Gestão de RCD

No fim da década de 2000 foram reportadas cerca de 1.300 mil toneladas de resíduos de

construção e demolição pelos operadores de gestão de resíduos em Portugal.

A figura seguinte mostra a representatividade dos operadores de gestão de resíduos do sector

da construção nas quantidades reportadas.

Percentagem de RCD tratados pelos operadores do sector da construção e dos restantes sectores de atividade.

Do total de resíduos reportados verifica-se que os resíduos perigosos rondam os 6%.

Percentagem de RCD tratados por perigosidade do resíduo.

Na figura seguinte apresenta-se a representatividade de cada categoria de resíduos, de acordo

com a tabela 1 apresentada no anexo, na quantidade total de resíduos declarada a nível da sua

gestão.

8,6%

91,4%

Sector da construção Outros

5,6%

94,4%

Perigosos Não perigosos

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Percentagem de RCD tratados por categoria.

A figura seguinte mostra as percentagens das operações de eliminação e de valorização

efetuadas para a totalidade dos resíduos tratados, fazendo a distinção entre os resíduos

perigosos e os não perigosos.

Percentagem de eliminação e de valorização no tratamento dos RCD perigosos e não perigosos.

Betão, tijolos, ladrilhos, telhas e mat.cerâmicos;

8,5%

Madeira, vidro e plástico; 2,0%

Misturas betuminosas e alcatrão; 5,3%

Metais e cabos ; 4,6%

Solos, rochas e lamas de dragagem; 9,3%

Materiais de isolamento e amianto; 1,1%

Materiais de construção à base de gesso; 0,1%

Misturas de RCD; 69,0%

7,3%

92,7%

Resíduos perigosos

Valorização Eliminação

66,0%

34,0%

Resíduos não perigosos

Valorização Eliminação

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- Relativamente ao tratamento de RCD não perigosos, 66% são sujeitos a uma operação de valorização, sendo que, destes, cerca de 70% são encaminhados para a operação de armazenagem (R13), o que pode indiciar que estejam a ser mal codificados a nível da operação de tratamento.

- A seguir à operação de armazenagem R13, a operação de valorização mais frequente é a reciclagem de materiais inorgânicos (R5).

- No que se refere aos resíduos perigosos apenas 7% do seu total surge registado como objeto de valorização. Apesar de se tratar de quantidades reduzidas, pode significar que alguns resíduos perigosos não estejam a ter o tratamento adequado e/ou indiciar má codificação da operação efetuada.

- A operação deposição no solo (D1) é a operação de eliminação mais utilizada, tanto para os resíduos perigosos como para os não perigosos.

- As elevadas quantidades de resíduos não perigosos que são encaminhadas para aterro mostra que há ainda um longo caminho a percorrer para atingir as metas comunitárias sobretudo a nível da taxa de valorização.

- Da análise efetuada foi ainda possível verificar uma clara assimetria entre o litoral do País, onde se concentra o maior número de operadores, e o interior. Tal situação é especialmente evidente para os distritos de Viana do Castelo, Bragança, Guarda, Portalegre e Évora onde, para a maioria das categorias não há qualquer operador habilitado ao tratamento

- Para a maioria das categorias de resíduos, há maior número de operadores a efetuar operações de valorização do que de eliminação, o que leva a crer que outros fatores estejam a influenciar a opção das operações de eliminação em detrimento das de valorização, devendo este aspeto ser objeto de análise mais aprofundada.

2.4 Cálculo da taxa de valorização de RCD

Considerando os valores de produção e gestão apurados, determinou-se a taxa de valorização

de RCD em Portugal Continental para o ano de 2009.

A análise apresentada teve por base apenas os dados de produção e de gestão relativos ao

capítulo 17 da LER pelo que os resultados apurados estão subestimados por não considerarem

os resíduos do capítulo 19.

A taxa de valorização apurada, tendo por base a fórmula prevista no anexo metodológico, foi

de 34%.

Os pressupostos assumidos para a determinação das quantidades de RCD encaminhadas para

valorização foram os seguintes:

- Apenas foram considerados os dados referentes a resíduos não perigosos;

- Não foram considerados os solos e rochas não perigosos (LER 170504), nem as lamas de

dragagem (LER 170506);

- Consideraram-se todas as operações de valorização efetuadas, com exceção do

armazenamento temporário (R13);

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- Foram considerados os valores referentes às operações de backfilling reportados (tendo sido

excluídos os valores referentes ao LER 170504).

2.5 Ótica dos Municípios

No final de 2010, e em face das responsabilidades acometidas aos municípios no contexto da

gestão dos RCD produzidos em obras particulares isentas de licença e não submetidas a

comunicação prévia, a APA remeteu aos 308 municípios um inquérito relativo à produção e

gestão de RCD, tendo-se obtido uma taxa de resposta de 34%.

De entre as matérias em avaliação estiveram a caracterização da situação relativamente à

gestão dos RCD, os constrangimentos na aplicação do Decreto-Lei n.º 46/2008, a criticidade da

deposição ilegal de RCD e identificação das razões que contribuem para tal, as ações

desenvolvidas no âmbito da fiscalização, assim como a identificação de boas práticas de gestão

dos RCD.

No que se refere à gestão dos RCD, dos municípios que responderam ao inquérito, cerca de

1/3 declarou não dispor de nenhum tipo de solução para a gestão destes resíduos.

Outro terço dos municípios declarou já efetuar a gestão dos RCD anteriormente à publicação

do DL 46/2008, 15% gerindo os resíduos produzidos pelos cidadãos e pequenos empreiteiros e

6% gerindo todos os RCD produzidos na sua área territorial de abrangência. Estes municípios

distribuem-se geograficamente da seguinte forma:

Distribuição geográfica dos municípios que já geriam RCD anteriormente à publicação do DL 46/2008.

Das soluções disponibilizadas para a gestão dos RCD dos munícipes, as medidas mais

assinaladas foram o aluguer de contentores e/ou big-bags e serviço de recolha direta. Alguns

municípios referiram igualmente a disponibilização de locais de armazenagem temporária, por

exemplo, em ecocentros.

12%

13%

25% 29%

13%

8%

CCDRNorte CCDRCentro CCDRLVT

CCDRAlentejo CCDRAlgarve RAAçores

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Relativamente à aplicação de taxas para a gestão dos RCD, dos municípios que disponibilizam

este serviço 65% não cobra pelos serviços prestados.

À data, 70 municípios, no exercício do seu poder regulamentar próprio, referiram possuir

regulamentos de urbanização e edificação, sendo que apenas 36% integravam a gestão dos

RCD, pese embora alguns municípios abordem a questão dos RCD nos regulamentos de gestão

de resíduos urbanos.

Alguns municípios já integram boas práticas relativamente à gestão dos RCD nos seus

regulamentos, como seja a obrigatoriedade de apresentação, quando do pedido de

licenciamento de operações urbanísticas, de um plano de gestão dos resíduos que se estima

produzir, acompanhado das autorizações dos operadores de gestão a contratar, mencionando

meios e equipamentos a utilizar.

À questão colocada sobre se os municípios consideravam promover boas práticas para a

gestão dos RCD, 52% responderam afirmativamente, enquanto 42% responderam

negativamente. As boas práticas mencionadas foram as seguintes:

- Workshops/seminários/sessões de esclarecimento;

- Formação/sensibilização direta;

- Disponibilização de panfletos/brochuras;

- Disponibilização de conteúdos na página de internet;

- Prestação de apoio no contacto com operadores;

-Disseminação de informação junto das Juntas de Freguesia a informar que o aterro

intermunicipal aceita resíduos de construção civil;

- Disponibilização de locais onde os cidadãos podem depositar RCD;

- Disponibilização de equipamentos (aluguer de contentores e big-bags);

- Produção de manual de gestão de RCD em obra;

- Apoio técnico na procura de soluções e preenchimento de documentos;

- Prestação de informação sempre que solicitada dos locais licenciados para aceitar os RCD.

No que respeita ao nível de criticidade da deposição ilegal de RCD na área do município apenas

15% consideram esta situação muito crítica.

Metade dos municípios referiram não se ter verificado uma diminuição dos RCD

abandonados/depósitos ilegais após a publicação do diploma específico, enquanto 38%

observaram melhorias.

Em relação às condicionantes que se colocam aos municípios para a concretização do

preconizado no Decreto-Lei n.º 46/2008 no que diz respeito à gestão dos RCD produzidos em

obras particulares isentas de licença e não submetidas a comunicação prévia, 57% identificou

os custos associados à recolha e tratamento dos RCD como a situação mais crítica, enquanto a

disponibilidade de infraestruturas físicas foi referida por 45% dos municípios. Outros

constrangimentos que ainda se destacaram foram, a ausência de operadores de gestão de RCD

na proximidade e a escassez de recursos humanos para ações de fiscalização.

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3 – Fatores críticos para a valorização dos RCD

Como resultado da auscultação efetuada em 2010/2011 e mais recentemente em 2014 a

vários intervenientes do setor, como sejam, municípios, sistemas de gestão de resíduos

urbanos, associações de operadores de gestão de resíduos, representantes da indústria da

construção e dos fabricantes de materiais, Ordem dos Engenheiros, entidades inspetivas e de

fiscalização, entre outros, apresenta-se, de seguida, os principais constrangimentos e as

oportunidades de melhoria identificados pelas diversas entidades como fatores críticos para a

concretização da meta.

Nos quadros infra, propõe-se que cada participante, no espaço denominado “Ideias com

valor”, identifique as medidas que considera poder implementar na sua área de atuação que

contribuam para a concretização da meta de valorização dos RCD, assim como ações que

considere importante serem desenvolvidas por outras entidades, identificando as várias

dimensões do desenvolvimento dessas ações, como sejam, de quem é a responsabilidade,

quem financia, quem colabora, etc., de modo que a discussão das questões associadas ao

tema tenha uma base de reflexão alargada.

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Decreto-Lei 46/2008 – âmbito e interpretação

Constrangimentos Oportunidades de melhoria

Incumprimento do diploma.

Clarificação de conceitos e de interpretação do diploma.

Ideias com valor:

Solos e rochas

Constrangimentos Oportunidades de melhoria

A restrição de destinos para a reutilização dos solos e rochas limita potenciais recetores como, por exemplo, a recuperação/execução de jardins.

Dispensa de licenciamento de terrenos para armazenagem temporária de solos e

rochas não contaminados.

Ideias com valor:

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Aspetos regulatórios

Constrangimentos Oportunidades de melhoria

Processos de aditamentos a licenciamentos onerosos, que impedem, em algumas situações, a melhoria das instalações de reciclagem e a adaptação a novos mercados e negócios;

Reduzida taxa para a deposição de RCD em aterro comparativamente à taxa existente para a deposição de outros inertes.

Apresentação dos registos do SILIAmb na renovação dos alvarás InCI - Instituto da

Construção e do Imobiliário (número de inscrição SILIAmb e quantidade de resíduos entregue face ao volume de negócios);

Imposto específico para a extração de agregados naturais;

Aplicação da TGR (Taxa de Gestão de Resíduos) aos resíduos inertes de RCD depositados ao abrigo da recuperação paisagística de pedreiras;

Taxas de deposição em aterro mais elevadas, especialmente para os RCD com possibilidade de reciclagem;

Avaliação e revisão das taxas aplicadas a processos de aditamentos a licenciamentos de instalações de reciclagem.

Ideias com valor:

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Obras particulares não sujeitas a licenciamento ou comunicação prévia

Constrangimentos Oportunidades de melhoria

Falta de capacidade técnica e financeira de alguns municípios para tornar exequível a responsabilidade pela gestão dos RCD provenientes de obras não sujeitas a controlo prévio;

Os preços praticados no mercado para transporte e encaminhamento a destino final adequado dos RCD são elevados, pelo que se as Autarquias imputarem esse custo aos munícipes, haverá com certeza uma desistência do recurso ao serviço prestado e consequentemente abandono dos resíduos;

A inexistência de planos multimunicipais, intermunicipais e municipais de ação, além da escassa informação sobre procedimentos de gestão, compromete a articulação da gestão dos RCD provenientes de obras particulares isentas de licença com outros fluxos e fileiras de resíduos não perigosos.

No âmbito dos contratos celebrados entre os municípios e os sistemas

intermunicipais ou multimunicipais, de entrega e receção de resíduos urbanos, deveria ser assegurado, igualmente, a receção e encaminhamento dos RCD produzidos na área de intervenção dos sistemas;

Criação de uma “garantia patrimonial” a atribuir aos municípios, por parte dos promotores de obras isentas de licenciamento e que recorram aos municípios para a gestão dos RCD produzidos;

Obrigação dos municípios disporem de planos de gestão de RCD de obras particulares. O plano deve ser público, acessível e informar sobre os procedimentos a adotar;

Criação de condições para que os ecocentros possam receber maiores quantidades e diversidade de RCD, nomeadamente de particulares;

Sensibilização junto dos ecocentros para a importância do encaminhamento dos RCD para valorização em detrimento da eliminação.

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Obras particulares sujeitas a controlo prévio e obras públicas

Constrangimentos Oportunidades de melhoria

A não avaliação dos elementos constantes do registo de dados de RCD conjuntamente com o livro de obra encerrado.

Importante papel dos municípios no que diz respeito às obras particulares

sujeitas a licenciamento, exigindo os elementos como quantificação/estimativas de produção RCD, identificação dos operadores (alvarás) e alerta/aconselhamento na escolha de materiais vs ciclo de vida e valorização, sugestão de métodos de construção/demolição/desconstrução;

Projeto de construção obrigatório com cálculo e descrição dos resíduos gerados;

Projeto de demolição obrigatório com participação de técnico de gestão de resíduos;

Importa incluir nas especificações técnicas dos projetos, cadernos de encargos e eventualmente nos próprios mapas de quantidades de trabalhos, as metas de valorização de RCD e de obrigatoriedade da incorporação de materiais reciclados, de 70% e 5%, respetivamente;

Em todas as fases de desenvolvimento do projeto, desde a conceção em estudo prévio até à fase de projeto de execução, devem ser desenvolvidas soluções construtivas que permitam a construção de edifícios duráveis, adaptáveis e seguros, com materiais de menor impacte ambiental e grande potencial de reutilização e com recurso a materiais reciclados e processos de desconstrução ou demolição seletiva de modo a possibilitar a recuperação de materiais e componentes da construção, promovendo a sua reutilização e valorização.

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Transporte

Constrangimentos Oportunidades de melhoria

Desconhecimento/incumprimento por parte de pequenos empreiteiros quanto à obrigatoriedade de fazer acompanhar o transporte de RCD pelas respetivas guias. Representam uma grande quantidade de RCD a nível nacional que não estão a ser controlados;

Substituição da GAR modelo A pela GARCD.

Entrada em funcionamento das e-gar para fortalecer a rastreabilidade dos RCD;

Numeração das GARCD à semelhança das Guias modelo A ou, em alternativa, a sua inserção em plataforma eletrónica, permitindo o seu preenchimento via internet e consequente registo na plataforma.

Ideias com valor:

Resíduos perigosos

Constrangimentos Oportunidades de melhoria

A obrigatoriedade dos resíduos perigosos só poderem permanecer em obra 3 meses, implica um aumento de custos na gestão dos resíduos já que, em muitos casos, são residuais.

Os critérios de gestão de resíduos perigosos nos RCD devem focar-se nas

condições de armazenamento em detrimento do tempo de permanência em obra;

Definição de normas de acondicionamento de resíduos perigosos.

Ideias com valor:

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Materiais reciclados

Constrangimentos Oportunidades de melhoria

Competitividade dos materiais reciclados face aos materiais naturais, que apresentam custos inferiores, além da sua utilização não ser prevista pelos donos de obra;

Existência de situações em que os próprios PPGRCD condicionam a utilização dos materiais reciclados;

Desconfiança relativamente aos agregados reciclados pela sua heterogeneidade, pela dificuldade em se obter um fluxo constante e pela possível contaminação com outros resíduos;

Inexistência de uma política efetiva de utilização de materiais reciclados, sugerindo-se uma maior intervenção e integração com o trabalho da CT154;

Atualmente, a quantidade de material inerte com potencial para reciclagem que chega às unidades de valorização é muito diminuta, uma vez que as obras de construção são escassas, além de que a diversidade de misturas de resíduos inertes que é encaminhada para os centros de triagem é elevada, o que dificulta a sua separação por “categorias”, pelo que a produção de agregado reciclado com a qualidade exigida pelas Normas Europeias e sujeitos a controlo de produção (Marcação CE), a apreços praticáveis, é muito difícil.

Identificação dos resíduos que podem ser “desclassificados”, bem como a

definição das características técnicas necessárias para esse efeito, de modo a permitir uma padronização pelas entidades operadoras no mercado de resíduos, dos critérios de aceitação dos RCD produzidos e sua transformação em “produto” comerciável;

Registo das propostas para a incorporação de materiais reciclados em empreitadas públicas, no âmbito do Decreto-Lei n.º 73/2011, de 17 de junho, no “Portal BASE” do InCI – Instituto da Construção e do Imobiliário;

Criação de uma base de dados/plataforma que, devidamente atualizada, faça referência aos materiais de construção com componentes recicladas, para auxílio dos projetistas na definição dos materiais. Uso dessa mesma ferramenta para disponibilizar “resíduos” para outras obras [www.salvo.co.uk] e criar enquadramento legal para este uso;

Criação de um verdadeiro mercado de produtos provenientes de RCD (produtos certificados e preços competitivos);

Criação de um modelo de caderno de encargos para lançamento de obras públicas onde esteja prevista a aplicação de agregados reciclados para determinado tipo de obras.

Ideias com valor:

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Plano de Prevenção e Gestão de RCD

Constrangimentos Oportunidades de melhoria

Deficiente elaboração dos PPGRCD. O âmbito, metas e ações previstas na fase de projeto, revelam pouca adequação à realidade na fase de execução;

Custo da gestão de resíduos não é orçamentado nas propostas orçamentais das obras. O PPGRCD não é devidamente elaborado e os mapas de quantidades (de trabalhos), base da orçamentação de uma obra de construção, não quantificam a produção de resíduos.

Necessidade de intervenção no sentido de fomentar o aprofundamento desta

ferramenta, pelos projetistas, garantindo a definição de soluções técnicas a implementar na gestão de RCD, em fase de projeto.

Ideias com valor:

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Gestão de RCD

Constrangimentos Oportunidades de melhoria

Falta de triagem devido à dificuldade de caracterização dos resíduos;

A não separação dos resíduos na origem acarreta que o custo da triagem das misturas seja superior ao da eliminação;

Ausência de suporte técnico que sustente a utilização dos resíduos não abrangidos pelas Especificações Técnicas do LNEC, o que reduz o enorme potencial de incorporação de RCD;

Na maior parte dos casos as misturas de RCD que vem das obras não são triadas pelos gestores, indo diretas para aterro. Resíduos como plásticos (rígidos e filme), sacos de cimento, ou argamassas, não adianta triar e separar. Os OGR alegam que estão sujos e enviam diretamente para aterro. O valor cobrado não é para triar, mas para pagar o aterro, procedimento que não parece estar controlado;

Exemplo aplicável a uma série de outros resíduos que não são separados porque não há soluções de reciclagem, nomeadamente, gesso cartonado, lã de rocha ou outros materiais de isolamento, painéis sandwich, geotêxtil, telas de impermeabilização, e outros materiais compósitos. Mesmo sendo viável a sua separação em obra, são depois encaminhados para aterro;

Falta de operadores de tratamento de RCD, nomeadamente de resíduos perigosos;

O mercado de operadores que efetivamente realizam a valorização dos RCD é limitado, sendo os resíduos depositados maioritariamente em aterros, o que se deve à reduzida taxa para a deposição de RCD em aterro, e à dificuldade em colocar novamente no mercado estes materiais com qualidade e a preços competitivos em relação aos materiais virgens;

Elevado custo das soluções existentes e conhecidas para tratamento de RCD, em particular no caso de RCD perigosos.

Criação de indicadores de produção de RCD;

Elaboração de normas nacionais facilitadoras da utilização/valorização de RCD (as especificações existentes são limitadas e muito rigorosas);

Elevado desempenho ambiental da valorização dos RCD no setor cimenteiro desde que convenientemente triados;

Diminuir a limitação de reciclagem que ainda existe em alguns tipos de material;

Proibição do aterro de materiais recicláveis como os plásticos, papel/cartão, metais, que estão presentes nos RCD;

Maior rapidez e simplicidade no licenciamento de instalações de gestão de RCD;

Desenvolvimento de regras claras para a separação dos resíduos na origem, nomeadamente classificando-os em dois tipos:

Classe 1 – Resíduos passíveis de valorização direta, sem necessidade de triagem subsequente (e.g. perfis de alumínio, inertes)

Classe 2 – Resíduos que necessitam de posterior triagem em unidades dedicadas (e.g. betão armado, para separação de agregados e metais ferrosos);

Introdução de obrigatoriedade de segregação do aço de construção do betão nas unidades de triagem de RCD;

Validação técnica da possibilidade de utilização de frações inertes de RCD como agregados para produção de betão;

Validação técnica da utilização das frações inertes de RCD como compostos minoritários de aditivação ao cimento;

Obrigação para o licenciamento da atividade de gestão de resíduos de aquisição de equipamentos que permitam a limpeza/lavagem dos resíduos;

Controlo de peso obrigatório dos veículos de recolha e de encaminhamento para

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valorização nas unidades de triagem de RCD;

Criação da etiqueta de resíduo (todo o material teria o seu código LER, o potencial de reciclagem, bem como a operação de valorização associada);

Dinamização do mercado de resíduos;

Desenvolvimento de ferramentas de certificação da operação de valorização das frações de RCD (Auto de Valorização).

Ideias com valor:

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Mecanismos de controlo e fiscalização

Constrangimentos Oportunidades de melhoria

Reduzida inspeção e controlo aos operadores ilegais, em oposição ao excessivo controlo e fiscalização de unidades licenciadas;

Processos de contraordenação muito demorados e, na maioria dos casos, sem resolução que suspenda de imediato a realização das operações ilegais;

Pouco “poder” das autoridades fiscalizadoras (SPENA, GNR, PSP) no que respeita ao “encerramento imediato” das instalações e operadores ilegais;

Pequenos subempreiteiros não estão registados no SIRAPA. Perde-se o controlo da produção de RCD, pois é com estas pequenas empresas que se fazem a maioria das obras de construção;

Ausência de controlo da obrigatoriedade de incorporação mínima de 5% de materiais reciclados em empreitadas públicas, no âmbito do Decreto-Lei n.º 73/2011, de 17 de junho.

Constituição de uma entidade responsável pela gestão dos RCD;

Reporte anual público do sistema de gestão de RCD com identificação de quantidades e intervenientes;

Nomeação de um gestor ambiental da obra com deveres e responsabilidades atribuídos legalmente, o que permitirá responsabilizar nominalmente pelo cumprimento dos objetivos ambientais da obra pública;

Reforço das ações de fiscalização pelas entidades competentes, sempre que possível em articulação com as autoridades locais, para verificação das boas práticas em obra e correto encaminhamento dos RCD;

Maior poder de atuação das autoridades fiscalizadoras para a suspensão imediata das operações ilegais (encerramento de instalações e confiscação de equipamentos, atuando as câmaras municipais como fiel depositárias dos mesmos);

Estabelecimento de um mecanismo de controlo, vinculado à obtenção de licenças de construção, para as obras particulares sujeitas a licença ou comunicação prévia, nos termos do RJUE, no qual o produtor, através de uma caução, garante o cumprimento das exigências de gestão dos RCD;

Indexar a emissão de licença de utilização ao cumprimento das exigências de gestão dos RCD;

Introdução de obrigatoriedade da rastreabilidade e respetiva apresentação de quadro de controlo do processamento de RCD por parte dos operadores de gestão de resíduos.

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Mecanismos de incentivo

Constrangimentos Oportunidades de melhoria

Incentivos financeiros à gestão de RCD de âmbito municipal (recolha, transporte, construção de parques para depósito e envio para tratamento);

Incentivos à investigação e inovação quanto às soluções técnicas para triagem e tratamento dos RCD, em particular no caso de RCD perigosos;

Promoção de incentivos fiscais/financeiros a nível nacional para criação de empresas para a reciclagem de RCD, tendo em conta as vantagens económicas, sociais e ambientais;

Reduções fiscais e outros incentivos para as empresas que promovam a reutilização e incorporação de materiais reciclados em obra;

Introdução de mecanismos de incentivo à separação de fluxos valorizáveis como por exemplo o gesso;

Separação na origem de resíduos de embalagem (madeira, papel e cartão) e encaminhamento para valorização com o respetivo reporte à entidade gestora enquadrado no mecanismo de valor de informação e motivação;

Assegurar que a TGR em revisão no âmbito da fiscalidade verde se constitui como um instrumento efetivo de incentivo à valorização de resíduos, evitando que os RCD sejam colocados em aterro na sua maior parte.

Ideias com valor:

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Sensibilização e (in)formação

Constrangimentos Oportunidades de melhoria Desenvolvimento da plataforma eletrónica SILOGR – Sistema de Informação do

Licenciamento de Operações de Gestão de Resíduos, georreferenciada, que considere a totalidade dos operadores de gestão de resíduos a nível nacional, incluindo Regiões Autónomas, permitindo aos utilizadores aceder facilmente a toda a informação associada a cada operador;

Desenvolvimento de uma estratégia de comunicação e formação de modo a, promover os RCD como um recurso, divulgar boas práticas, incentivar a incorporação de materiais reciclados e a separação seletiva dos resíduos, através de análises comparativas que evidenciem a viabilidade económica destas opções, e promover as melhores tecnologias disponíveis para tratamento dos RCD;

Ações de (in)formação junto das entidades públicas e gabinetes projetistas no sentido da inclusão, nos cadernos de encargos das empreitadas, de cláusulas relativas à utilização de materiais provenientes da valorização de RCD;

Sensibilização para os responsáveis pelas obras públicas das vias de comunicação para considerarem a utilização de RCD como uma “inovação” nos cadernos de encargos das obras de remodelação das vias (novas diretivas da contratação pública);

Os cursos ministrados nas instituições de ensino superior e que sejam afetos à área de construção podem ter um importante papel na divulgação de práticas mais sustentáveis e mais vantajosas comparativamente às tradicionais;

Parceria entre APA/CCDR e o Centro de Formação Profissional da Indústria da Construção Civil e Obras Públicas para colaboração nos cursos de técnicos da construção civil, introduzindo o tema “RCD”;

Fomentar a formação descentralizada, por ex., municípios ou associações empresariais, a todos os intervenientes e responsáveis pela gestão de RCD;

Elaboração de um manual de boas práticas entregue ao construtor no ato do licenciamento da obra.

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Ideias com valor:

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Anexo

Metodologia

Com base nos dados reportados no Mapa Integrado de Registo de Resíduos (MIRR) do SIRAPA

para o ano de 2009, nomeadamente nos formulários relativos aos produtores de resíduos e

operadores de gestão de resíduos, procedeu-se à caracterização da gestão dos RCD a nível da

produção e das operações de tratamento efetuadas.

Em complemento foi ainda considerada a informação registada no Mapa de Registo de

Resíduos Urbanos (MRRU), no que respeita a operações de backfilling.

A avaliação foi realizada tendo como base o agrupamento dos resíduos do capítulo 17 da Lista

Europeia de Resíduos (LER) em 13 categorias diferentes, consoante a sua natureza.

Tabela 1 - Categorias criadas no âmbito da análise da gestão de RCD.

Categoria Código LER

Betão, tijolos e ladrilhos 170101

170102

170103

Madeira, plástico e vidro

170201

170202

170203

170204*

Misturas betuminosas e alcatrão 170301*

170302

170303*

Metais e cabos não contendo substâncias perigosas

170401

170402

170403

170404

170405

170406

170407

170411

Resíduos metálicos e cabos contaminados 170409*

170410*

Solos e rochas 170503*

170504

Lamas de dragagem 170505*

170506

Balastros 170507*

170508

Materiais de isolamento perigosos e amianto 170601*

170603*

170605*

Materiais de isolamento não perigosos 170604

Gesso 170801*

170802

Outros RCD perigosos 170901*

170902*

170903*

Misturas de RCD 170106*

170107

170904

* Resíduo perigoso

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O apuramento apresentado baseou-se apenas nos resíduos classificados no capítulo 17 da LER, pelo que não segue na íntegra a metodologia proposta pela Comissão para o cálculo da meta dos RCD contudo permite avaliar o esforço que tem de ser feito para que, em 2020, Portugal venha a concretizar a meta estabelecida de um aumento mínimo para 70%, em peso, relativamente à preparação para reutilização, reciclagem e outras formas de valorização material, incluindo operações de enchimento que utilizem resíduos como substituto de outros materiais, de resíduos de construção e demolição não perigosos, com exclusão dos materiais naturais definidos na categoria 17 05 04 da LER.

A taxa de valorização foi apurada tendo por base a seguinte fórmula:

𝑇𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟𝑖𝑧𝑎çã𝑜 (%) =𝑄𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠 𝑑𝑒 𝑅𝐶𝐷 𝑒𝑛𝑐𝑎𝑚𝑖𝑛ℎ𝑎𝑑𝑎𝑠 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟𝑖𝑧𝑎çã𝑜 (𝑡)

𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑅𝐶𝐷 𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑧𝑖𝑑𝑜𝑠 (𝑡)× 100

Nota: Posteriormente à realização deste diagnóstico foi publicada a Decisão da Comissão 2011/753/EU, de 18 de novembro, onde ficaram estabelecidas as regras e métodos de cálculo para verificação do cumprimento da meta.

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