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JV – Quando e por que você escolheu Engenharia como carreira? Lucas – Quando eu tinha 14, 15 anos, começaram a me falar para fazer um curso técnico. Entrei no Senai, gostei da aula de Elétrica e tudo mais, viram que me dava bem com Cálculo e me aconselharam a seguir Engenharia. Pensei durante todo o Ensino Médio e decidi por Engenharia mesmo. Se não estivesse na Poli, um curso que eu faria seria Matemática Aplicada no IME ou Ciência da Computação. Você fez Ensino Médio junto com o curso técnico? Eu trabalhava de manhã, fazia à tarde o curso técnico em Eletroeletrônica no Senai, em São Bernardo do Campo, e à noite o Ensino Médio na Escola Estadual Caramuru. Quando terminei o Ensino Médio, prestei vestibular direto, a Fuvest e a Fatec. Não fui para a 2ª fase da Fuvest, mas entrei na Fatec, no curso de Tecnologia Eletrônica. Só que meu sonho era entrar na USP. Você começou o curso na Fatec. Como você resolveu fazer o Etapa? Conheci o Etapa por ser um dos centros de Iniciação Científica para os estudantes premiados na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas. Como ganhei medalha nessa olimpíada, participei durante três anos desse programa de Iniciação Científica aqui, que é um aprofundamento em Matemática. Conheci os métodos de ensino do Etapa e gostei, vim fazer o cursinho aqui. Entrei no final de março. No começo do ano você achava que tinha condição de passar? Tive de ralar demais, senão teria largado uma faculdade à toa. Ao longo do ano você ficou confiante? No meio do ano eu comecei a ficar preocupado. Meu desempenho em Humanas não era aquelas coisas. Veio a Revisão, comecei a estudar Humanas e Biológicas, lia as apostilas, ia ao Plantão. Foi correria total estudando o que eu não sabia. Como era seu método de estudo? Nunca tive um método de estudo assim regrado, todo dia. Eu estudava bastante durante as aulas, fazia anotações, perguntava sobre o que tinha dúvida e ficava um pouco depois do horário estudando. Não estudava em casa nem no ônibus. Depois de um dia inteiro estudando Exatas, chegava em casa totalmente cansado. E no ônibus eu não consigo. Sento, começo a ler, já dá sono. E no fim de semana? No sábado tinha Plantão. Só que eu estava fazendo a Iniciação Científica e ficava o dia inteiro assistindo às aulas de Matemática. A quais matérias você tinha de se dedicar mais? Eu sabia que tinha de me dedicar mais a Humanas e Biológicas. Só que me empolguei com a parte de Exatas – Física e Química. Química eu não tive muito na escola estadual, e adorei o conhecimento que estavam passando no cursinho. Em quais matérias você usava mais o Plantão de Dúvidas? Geralmente, Redação. Também Física, Química e Matemática. Inglês, perguntava mais ao professor durante a aula. Inglês nunca foi meu forte. Como você treinava redação? Fiz o programa especial de redação do IT [Imersão Total]. Tem todo um estudo específico sobre redação. Meu negócio é Exatas mesmo e meu desempenho em Redação nunca foi muito bom. E foi complicado: “Nossa, não sei fazer uma redação, e agora?” Mas melhorei bastante. Você treinava redação só quando sobrava um tempo? Não praticava muito redação. Só as que pediam. Treinava durante as aulas mesmo. E levava ao Plantão.

Como você treinava redação? - etapa.com.br técnico. Entrei no Senai, gostei da aula de Elétrica e tudo mais, ... Li Auto da barca do inferno e Dom Casmurro. Dom Casmurro sempre

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Page 1: Como você treinava redação? - etapa.com.br técnico. Entrei no Senai, gostei da aula de Elétrica e tudo mais, ... Li Auto da barca do inferno e Dom Casmurro. Dom Casmurro sempre

JV – Quando e por que você escolheuEngenharia como carreira?Lucas – Quando eu tinha 14, 15 anos,começaram a me falar para fazer um cursotécnico. Entrei no Senai, gostei da aula deElétrica e tudo mais, viram que me dava bemcom Cálculo e me aconselharam a seguirEngenharia. Pensei durante todo o EnsinoMédio e decidi por Engenharia mesmo. Senão estivesse na Poli, um curso que eu fariaseria Matemática Aplicada no IME ou Ciênciada Computação.

Você fez Ensino Médio junto com o cursotécnico?Eu trabalhava de manhã, fazia à tarde o cursotécnico em Eletroeletrônica no Senai, em SãoBernardo do Campo, e à noite o EnsinoMédio na Escola Estadual Caramuru. Quandoterminei o Ensino Médio, prestei vestibulardireto, a Fuvest e a Fatec. Não fui para a2ª fase da Fuvest, mas entrei na Fatec, nocurso de Tecnologia Eletrônica. Só que meusonho era entrar na USP.

Você começou o curso na Fatec. Comovocê resolveu fazer o Etapa?Conheci o Etapa por ser um dos centros deIniciação Científica para os estudantespremiados na Olimpíada Brasileira deMatemática das Escolas Públicas. Comoganhei medalha nessa olimpíada, participeidurante três anos desse programa de IniciaçãoCientífica aqui, que é um aprofundamento emMatemática. Conheci os métodos de ensinodo Etapa e gostei, vim fazer o cursinho aqui.Entrei no final de março.

No começo do ano você achava que tinhacondição de passar?Tive de ralar demais, senão teria largado

uma faculdade à toa.

Ao longo do ano você ficou confiante?No meio do ano eu comecei a ficarpreocupado. Meu desempenho em Humanasnão era aquelas coisas. Veio a Revisão,comecei a estudar Humanas e Biológicas, liaas apostilas, ia ao Plantão. Foi correria totalestudando o que eu não sabia.

Como era seu método de estudo?Nunca tive um método de estudo assimregrado, todo dia. Eu estudava bastantedurante as aulas, fazia anotações,perguntava sobre o que tinha dúvida eficava um pouco depois do horárioestudando. Não estudava em casa nem noônibus. Depois de um dia inteiroestudando Exatas, chegava em casatotalmente cansado. E no ônibus eu nãoconsigo. Sento, começo a ler, já dá sono.

E no fim de semana?No sábado tinha Plantão. Só que eu estavafazendo a Iniciação Científica e ficava o diainteiro assistindo às aulas de Matemática.

A quais matérias você tinha de sededicar mais?Eu sabia que tinha de me dedicar mais aHumanas e Biológicas. Só que me empolgueicom a parte de Exatas – Física e Química.Química eu não tive muito na escolaestadual, e adorei o conhecimento queestavam passando no cursinho.

Em quais matérias você usava mais oPlantão de Dúvidas?Geralmente, Redação. Também Física,Química e Matemática. Inglês, perguntavamais ao professor durante a aula. Inglês nuncafoi meu forte.

Como você treinava redação?Fiz o programa especial de redação do IT[Imersão Total]. Tem todo um estudoespecífico sobre redação. Meu negócio éExatas mesmo e meu desempenho emRedação nunca foi muito bom. E foicomplicado: “Nossa, não sei fazer umaredação, e agora?” Mas melhorei bastante.

Você treinava redação só quando sobravaum tempo?Não praticava muito redação. Só as quepediam. Treinava durante as aulas mesmo. Elevava ao Plantão.

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Seu gosto pelas matérias mudou nocursinho? Passou a ver de forma diferentealguma matéria de que antes não gostava?Química. Foi fantástico. Na escola pública, elespassam o mínimo do mínimo. Aqui foiapresentada uma Química diferente para mim. Éa mesma Química, só que é um outro olhar.Incrível. Geografia, que sempre achei maçante,vi que ajuda a entender o que se passa hoje nomundo. Geografia e História foram fabulosas.

Nas férias de julho, o que você fez?Peguei as apostilas atrasadas e estudei. EmFísica eu estava com dificuldade em algumascoisas e passei a limpo minhas dúvidas.

Você assistiu às palestras sobre as obrasliterárias indicadas pela Fuvest comoleitura obrigatória? Leu os livros?Li Auto da barca do inferno e Dom

Casmurro. Dom Casmurro sempre cai. Dasoutras, li os resumos, que já me deram ideiasobre os livros. Sei que sou mau exemplo,porque não li as obras. Mas com o queensinavam no cursinho dava para tirar deletra as questões. Em relação às palestras,fui às que eram mais cedo. Não ia às queeram mais tarde, porque eu demorava duashoras para chegar em casa e no outro diatinha de acordar às 5 horas.

Quais as principais dificuldades que vocêenfrentou no ano passado?Transporte e falta de tempo. Eu tinha de sairbem cedo de casa, demorava 1 hora e40 minutos, às vezes mais, para chegar nocursinho. Era bem cansativo. Na volta pegavamais trânsito, demorava 2 horas, por aí.

Quantos pontos você fez na 1ª fase daFuvest?Com os bônus, minha pontuação ficou em 72.

Para a 2ª fase, você mudou alguma coisano seu método de estudo?Peguei Português, fiz algumas redações emcasa e estudei Gramática. Literatura também,um pouco. E dei uma boa revisada em Exatas,para garantir. Revisei Física e Química, fizbastante exercícios do Extensivo. Na últimasemana parei de estudar: “Vou tranquilo paraa prova, o que eu sei eu sei, o que não seideixa para lá.”

Quais foram suas notas na 2ª faseda Fuvest?Fiz 21 pontos em Português, 27 emMatemática, 39 em Química e 40 em Física.Eu sempre me dei bem melhor emMatemática e até hoje não acredito no queaconteceu em Física. Eu estava fazendo aprova, olhava a questão e simplesmente mevinha a resposta. Acabei 10 minutos antes dotempo mínimo.

Antes do tempo mínimo para sair da sala?Isso. Nem me toquei na hora e entreguei aprova. E o cara que cuidava da sala: “Jáacabou”? “Acabei.” Ele estranhou, olhou orelógio, “Está quase na hora, pode ir.”

Foi o primeiro a sair da sala?Fui o primeiro. Todo mundo me olhou

estranho. Geralmente quem sai primeiro, notempo mínimo, é quem não sabe nada. Saí,olhei o relógio, nem tinha dado o tempomínimo direito. “Pronto, devo ter errado tudo.Não é possível.” A última questão eu respondicomo se fosse uma coisa muito trivial. Fiz emtrês linhas a questão. E muita gente com queconversei depois disse que fez meio longa.Comecei a entrar em desespero: “Acho quezerei Física.” Veio o resultado, 40 pontos em40. Aí, só alegria.

Alguma surpresa em suas notas na Fuvest?Na 1ª fase, eu fui bem em Biologia, errei só duasquestões, não esperava isso. Agora, o quesurpreendeu mesmo foi a 2ª fase, não esperava irtão bem em Física e Química. Gabaritei Física equase gabaritei Química também.

Como ficou sabendo de sua aprovação naFuvest?Eu estava em casa e minha prima, que prestouFuvest também, viu a lista e ligou: “Lucas,você passou.” Ela não passou. Na hora nãotive reação. Não caiu a ficha. Minha mãechorou, meus irmãos vieram dar parabéns, opessoal já ligando, dando parabéns. Só queaté hoje não caiu muito a ficha.

Como foi o primeiro contato com a Poli?Nunca tinha ido à USP, não sabia onde era aPoli, nada. Não sabia que a USP era tãogrande. No dia da matrícula, o ônibus que eupeguei ia até a Faculdade de Odontologia,dava uma volta lá em cima: “Gente, a Polinão vai chegar?” Chegou a Poli, enorme,fiquei maravilhado, árvores, ambiente legal,pessoas legais. Não participei do trote. Nãoquis participar porque morava longe, teria depegar um monte de ônibus todo sujo. Nãoquis. Fui sozinho, meus pais não puderam ir,mas foi bastante legal.

Que matérias você tem neste semestre?Tenho Cálculo 2, Álgebra Linear 2, Física 2,Ciências Materiais, Mecânica A eRepresentação Gráfica para Engenharia. E temLaboratório de Física, que é uma matéria àparte, Física Experimental.

Qual é a matéria mais difícil?Quanto ao conteúdo, acho que a que estásendo mais puxada é Física 2. É difícil, àsvezes eles cobram coisas de Cálculo que vocêainda não teve. Fica meio difícil acompanhar,mas a gente vai levando.

De qual matéria você está gostando mais?Eu adoro Cálculo, acho maravilhoso.

Do que você mais gostou na Poli, atéagora?Eu gosto do ambiente, as pessoas sãobacanas, os professores são muito bons,atenciosos, por mais que tenham coisas parafazer – pesquisas, tem uns que trabalham emempresas – sempre dão atenção a você, tiramsua dúvida. Acho isso bacana pra caramba,muito legal.

Dentro da Engenharia, qual área vocêpretende seguir?Dentro da Engenharia Elétrica, pretendoseguir Automação e Controle.

Primeiro é a Grande Área Elétrica e depoisa especialidade?Isso, você escolhe a ênfase.

Quais são seus planos profissionais?Eu pretendo trabalhar em empresa e, aomesmo tempo, fazer mestrado e doutorado,para depois dar aula na Poli e serpesquisador.

Você está mais propenso à áreaacadêmica?Isso. Gosto bastante.

O que você diria a quem já estácomeçando a Revisão e entrando na retafinal para os vestibulares deste ano?Aproveitar ao máximo e não faltar à Revisão,que é uma parte muito importante. Melhoraro que você sabe e revisar aquilo que vocênão conseguiu aprender durante o ano.

Como fica marcado para você o anopassado?No ano passado, eu vi que todas as matériassão importantes, todas têm sua importânciano contexto. O cursinho, a abordagem que osprofessores dão – “Vocês não têm de saberisso só para o vestibular, é importante para avida” – foi marcante, mudou meu modo dever a ciência, o conhecimento em geral.

Hoje você acha que está diferente dequando começou no cursinho?Com certeza. Totalmente. Mas não seiexplicar, faltam palavras.

Mais experiente?Eu tenho um lado periferia. Dependendo dolugar aonde você vai, as pessoas te olhamdiferente. E no cursinho eu vi que todomundo é gente boa, não tem nada disso.Pessoas muito amigáveis, na hora de estudartodo mundo estuda junto. Na Poli também,no fim todo mundo se entende, estuda junto,busca o mesmo objetivo. Achei isso bastantelegal, o trabalho em equipe em buscade um objetivo.

O que você tira de lição do ano passado?Tive essa lição com relação a pessoas e sobreas disciplinas, tudo é importante. Outra liçãoé que todo mundo pode atingir suas metas. Sequer entrar no ITA, na USP, na Unesp, épossível. É só se dedicar como deve, seguirtudo. O Etapa foi sensacional.

Você quer dizer mais alguma coisa?Acreditem em vocês.