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LabGrid / CEPED UFSC dezembro de 2014 COMPARAÇÃO DE PRODUTOS E METODOLOGIAS PARA MAPEAMENTO DE VULNERABILIDADE A DESASTRES

COMPARAÇÃO DE PRODUTOS E METODOLOGIAS PARA MAPEAMENTO DE ... · 3 Lavell A. Desastres urbanos: una visión global. Panamá: ... breve pesquisa nas bases de dados da Capes4, por

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LabGrid / CEPED UFSC

dezembro de 2014

COMPARAÇÃO DE PRODUTOS E

METODOLOGIAS PARA MAPEAMENTO DE

VULNERABILIDADE A DESASTRES

Universidade Federal de Santa Catarina

Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres

Laboratório de Gestão de Riscos de Desastre - LabGrid

COMPARAÇÃO DE PRODUTOS E METODOLOGIAS

PARA MAPEAMENTO DE VULNERABILIDADE A

DESASTRES

CEPED UFSC

Florianópolis, 2014

PRESIDENTE DA REPÚBLICA Dilma Vana Rousseff MINISTRO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL Francisco José Coelho Teixeira SECRETÁRIO NACIONAL DE PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL Adriano Pereira Júnior

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA Reitora da Universidade Federal de Santa Catarina Professora Roselane Neckel, Drª. Diretor do Centro Tecnológico Professor Sebastião Roberto Soares, Dr. CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ESTUDOS E PESQUISAS SOBRE DESASTRES Diretor Geral Professor Antônio Edesio Jungles, Dr. Diretor Técnico e de Ensino Professor Marcos Baptista Lopez Dalmau, Dr. LABORATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS DE DESASTRE Diretor Geral Professor Antônio Edesio Jungles, Dr. Coordenador Executivo Professor Rafael Higashi, Dr. FUNDAÇÃO DE AMPARO À PESQUISA E EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA Superintendente Geral Professor Gilberto Vieira Ângelo, Esp.

Catalogação na publicação por Graziela Bonin – CRB14/1191.

Esta obra é distribuída por meio da Licença Creative Commons 3.0 Atribuição/Uso Não Comercial/Vedada a Criação de Obras Derivadas / 3.0 / Brasil.

Universidade Federal de Santa Catarina. Centro Universitário de Pesquisa e

Estudos sobre Desastres. Laboratório de Gestão de Riscos de Desastre -

LabGrid.

Comparação de produtos e metodologias para mapeamento de

vulnerabilidade a desastres. - Florianópolis: CEPED UFSC, 2014.

115 p.

1. Desastres - vulnerabilidade. 2. Mapeamento. 3. CEPED UFSC - metodologia. I. Universidade Federal de Santa Catarina. II. Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres. III. Laboratório de Gestão de Riscos e Desastres - LabGrid.

CDU 504.4

APRESENTAÇÃO

Em agosto de 2012 o Governo Federal lançou o Plano Nacional de Gestão de Riscos e

Resposta a Desastres Naturais, que de forma articulada entre diversos órgãos de governo

prevê a produção de mapas de vulnerabilidade e cartas geotécnicas; a execução de obras de

prevenção; a instalação de equipamentos de monitoramento e alerta a desastres; entre outras

ações. Destas iniciativas resultaram um conjunto produtos a serem entregues aos municípios

até o final de 2014, os quais deverão servir de subsídio para a gestão local de riscos.

Ao Ministério da Integração Nacional (MI), via Centro Nacional de Gerenciamento de

Riscos e Desastres (CENAD), coube a execução do projeto Mapeamento de Riscos de

Desastres, aplicado a 821 municípios brasileiros. Quatro empresas participaram dos primeiros

editais de contratação para o mapeamento e os produtos entregues pelas mesmas estão

relacionados à identificação das principais áreas de risco e suas vulnerabilidades dos

municípios a elas designados, além das indicações de intervenções estruturais e ações não

estruturais, com estimativas de custos, e avaliação da capacidade de proteção e resposta

municipal.

Em 2013, o CENAD, por meio de acordo de cooperação com a Universidade Federal de

Santa Catarina, criou em parceria com o CEPED UFSC, o Laboratório de Gestão de Riscos de

Desastres, com o intuito de desenvolver pesquisas relacionadas ao mapeamento de riscos.

Com o objetivo de auxiliar o CENAD na análise dos produtos recebidos das empresas, e por

solicitação do mesmo, o LabGrid realizou a etapa "Comparação de produtos e metodologias de

mapeamento de vulnerabilidade a desastres".

Objetivo

Comparar os produtos e metodologias apresentados pelas empresas que realizaram o

mapeamento de vulnerabilidade a desastres com a metodologia elaborada pelo CEPED

UFSC.

EXECUÇÃO DO PROJETO

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ESTUDOS E PESQUISAS SOBRE DESASTRES

LABORATÓRIO DE GESTÃO DE RISCOS DE DESASTRES Coordenação Geral

Professor Antonio Edésio Jungles, Dr.

Coordenação Executiva

Professor Rafael Augusto dos Reis Higashi

Corpo Técnico e Conteúdo

Cleyton Vilpert

Djennifer Zoboli de Almeida

Janaína Rocha Furtado

Rafael Augusto dos Reis Higashi

Elaboração de Mapas e Krigagem

Antônio Guarda

Cleyton Vilpert

Higor Hugo Batista

Colaboração

Michely Martins

Regiane Sbroglia

Rosana Mariah

5

INTRODUÇÃO

Os impactos decorrentes dos desastres naturais e número de ocorrências têm

aumentado nos últimos anos, como consequência, entre outros aspectos, da combinação de

efeitos relacionados a fatores econômicos, sociais, demográficos, tecnológicos e ideológicos.

De acordo com Mendonça e Leitão (2008)1, os processos de produção que caracterizam a

Modernidade, principalmente a agropecuária e a indústria, associados aos processos de

urbanização e de metropolização cada vez mais intensos, têm potencializado os desastres, as

catástrofes, os riscos e as vulnerabilidades.

Além do aumento da frequência e da intensidade das ameaças, estes fatores estão

implicados no processo de vulnerabilização das populações e ambientes que estão expostos a

estas ameaças. De modo geral, vulnerabilidade expressa o grau das possíveis perdas ou os

possíveis danos a pessoas, bens, instalações e em meio ambiente que podem transcorrer da

ameaça de um determinado fenômeno. Em situação de desastres, implica também na

capacidade de proteger-se e de recuperar-se das suas consequências sem ajuda externa.

Relaciona-se a um conjunto de fatores, entre eles: sociais, econômicos, físicos e ambientais.

O estudo da vulnerabilidade aos desastres é um aspecto da avaliação do risco, pois o

risco é produto da suscetibilidade a um fenômeno perigoso (ameaça) específico atrelado à

vulnerabilidade local. Em se tratando de ambientes urbanos, ressalta-se que as

vulnerabilidades se encontram territorializadas, ou seja, cada local da cidade possui suas

próprias características, que vão determinar sua vulnerabilidade e guiar as respostas de

prevenção em face dos perigos (Mendonça e Leitão, 2008). Assim sendo, a avaliação deve ser

realizada in loco a partir da aplicação de instrumentos de pesquisa.

Com relação a uma perspectiva ampliada sobre a vulnerabilidade a desastre, tanto

Cardona2 (2008) como Lavell3 (2000) teceram o debate sobre a vulnerabilidade a desastre no

cerne da discussão sobre os modelos de desenvolvimento econômico e social. Muito

1 Mendonça, F.; Leitão, S. Riscos e vulnerabilidade socioambiental urbana: uma perspectiva a partir dos recursos hídricos. In: GeoTextos, vol. 4, n. 1 e 2, 2008, p. 145-163. 2 Cardona OD. The need for rethinking the concepts of vulnerability and risk from a holistic perspective: a necessary review and criticism for effective risk management. Mapping vulnerability: disaster, development & people. Bankof G, Frerks G, Hilhorst D (Eds). Nova York: Earthscan; 2008. 3 Lavell A. Desastres urbanos: una visión global. Panamá: Facultad Latinoamericana de Ciencias Sociales; 2000 [acessado em 2013 Nov 27]; 11 p. Disponível em: http://bases.bireme.br/cgi-bin/wxislind.exe/iah/online/?IsisScript=iah/iah.xis&src=google&base=REPIDISCA&lang=p&nextAction=lnk&exprSearch=25122&indexSearch=ID.

6

recentemente foi possível observar a mudança de paradigma, analisada por Cardona (2008):

de um enfoque, dado pelas ciências naturais, para a ameaça para um enfoque centrado na

vulnerabilidade.

Os estudos sobre vulnerabilidade a desastres têm sido desenvolvidos desde a década

de 80, mais amplamente adotados na década de 90, a partir da análise de desenvolvimento

dos países e da crítica à ênfase tecnocentrista que vigorava nos estudos sobre “hazards”.

Trazia-se para a reflexão, o entendimento dos diferentes fatores e aspectos sociais

relacionados à produção do risco de desastres e a necessidade de capacitar pessoas para fazer

o enfrentamento aos mesmos.

Percebia-se que buscar intervir sobre as ameaças se apresentava pouco eficaz,

mesmo com o avanço tecnológico disponível. As estratégias de redução de riscos de desastres

centraram seus esforços, então, na minimização das vulnerabilidades, estimulando projetos

com em ampliar as capacidades de enfrentamento dos grupos e comunidades. Como

apresentado acima, a vulnerabilidade é produzida a partir de condições insatisfatórias no que

concerne à relação entre aos aspectos físicos, ambientais, sociais, econômicos, políticos,

culturais, entre outros, e a ocorrência de determinado evento adverso.

No Brasil, o estudo da vulnerabilidade a desastres ainda é bastante incipiente. Uma

breve pesquisa nas bases de dados da Capes4, por exemplo, utilizando os descritores

vulnerabilidade e desastres, resulta em apenas 42 publicações, entre teses, dissertações e

artigos científicos. Destas publicações, nenhuma apresenta metodologias de avaliação de

vulnerabilidade a desastres. Em pesquisa na base de dados Scielo5, nenhuma publicação

aparece com os descritores desastres e vulnerabilidade.

Assim sendo, o desenvolvimento de metodologias na área, especificamente para

identificação e avaliação da vulnerabilidade a desastres, é uma iniciativa benéfica para a

comunidade científica e para os agentes de proteção e defesa ou outros técnicos que atuam

junto às comunidades expostas ao riscos de desastres. Todas as propostas neste relatório

contribuem, a sua maneira, no longo caminho para consolidar uma metodologia que abranja

os inúmeros aspectos e complexos processos envolvidos na vulnerabilidade aos riscos e

desastres.

4 Portal de periódicos da Capes, disponível em: http://www.periodicos.capes.gov.br 5 Portal da biblioteca eletrônica Scielo, disponível em: www.scielo.br

7

Por demanda da SEDEC, este relatório apresenta a análise comparativa das

metodologias para avaliação de vulnerabilidade, desenvolvidas pelas empresas, para atender

ao edital da SEDEC e pela UFSC, fruto do acordo de cooperação técnica entre as Instituições

Federais. Desde já, se considera que o principal objetivo deste estudo não é definir quais

metodologias são adequadas ou não, mas refletir sobre as propostas apresentadas e

resultados alcançados, de modo a contribuir as pesquisas na área.

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METODOLOGIA

A comparação das metodologias apresentadas neste relatório refere-se, estritamente,

à produção dos mapas de risco e/ou mapas de vulnerabilidade elaborados pelas empresas, a

partir do Termo de Referência publicado pela SEDEC (2012 a 2014). Não estava prevista a

avaliação metodológica dos demais produtos solicitados no Termo. No entanto, para facilitar a

comparação das metodologias utilizadas pelas empresas, foi necessário realizar uma breve

análise dos produtos entres pelas mesmas, apresentada no primeiro capítulo dos resultados.

Para executar a análise comparativa foram necessárias as seguintes etapas:

Etapa 1 - Seleção dos setores de risco investigados pelas empresas

Tendo em vista que as empresas foram contratadas para elaborar os mapas de risco e

de vulnerabilidade de todos os setores identificados pelo CPRM nos municípios especificados

em contrato, caracterizando uma demanda grande e variável, a análise das metodologias foi

realizada apenas em dois setores de um município trabalhado por cada empresa, sendo um

setor de deslizamento e outro de inundação. Os municípios foram selecionados pela SEDEC,

que encaminhou os produtos das empresas diretamente ao CEPED UFSC. O CEPED UFSC

selecionou dois setores de cada município, priorizando aqueles que tinham em torno de 50

edificações, tanto para as áreas suscetíveis a inundações como a deslizamentos.

As informações específicas dos setores selecionados para análise de compatibilidade

serão apresentadas ao longo do relatório, após a descrição do contexto de contratação das

empresas e dos produtos a serem entregues.

Etapa 2 - Adequação de informações dos setores

Em um segundo momento, as informações coletadas nos setores foram adequadas às

variáveis e pesos utilizadas pela metodologia do CEPED UFSC. Como a metodologia elaborada

pela Universidade utiliza variáveis indisponíveis na coleta de informações das empresas, um

conjunto de variáveis foi desconsiderado. Outro conjunto de variáveis foi adaptado conforme a

qualidade da informação coletada. Para tanto, todas as informações coletadas pelas empresas,

disponíveis nas planilhas vinculadas aos shapes file dos mapas de risco ou nos mapas de

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vulnerabilidade, foram organizadas conjuntamente com as variáveis coletadas pela UFSC,

formando uma planilha única (anexo A) na qual pode-se observar as informações coletadas e

utilizadas em comum por todas as empresas e as informações divergentes. Posteriormente,

foram selecionadas as variáveis compatíveis com a metodologia da UFSC, descartando aquelas

que não eram adequadas.

Etapa 3 - Geração de mapas

Posteriormente, aplicou-se a fórmula de vulnerabilidade a desastres desenvolvida pela

UFSC e, utilizando o modelo de krigagem, produziu-se mapas de vulnerabilidade dos setores

trabalhados pelas empresas com a metodologia do CEPED UFSC, afim de verificar as

semelhanças e diferenças entre as subsetorizações de vulnerabilidade elaboradas pelas

empresas e as subsetorizações produzidas com a metodologia da Universidade.

Etapa 4 - Análise compatibilidade

Na análise de compatibilidade foram avaliados os seguintes aspectos:

Os subsetores de vulnerabilidade de acordo com o grau indicado, detalhando número

de setores compatíveis entre as metodologias;

Indicadores utilizados pelas empresas, detalhando número de indicadores compatíveis

entre as metodologias;

A comparação das metodologias de vulnerabilidade foi realizada a partir dos mapas

entregues pelas empresas. Desta forma, foi desenvolvida uma análise entre os produtos e de

sua compatibilidade, conforme indicado acima. Não foi possível analisar detalhadamente

especificidades das metodologias empregadas, tais como: pesos e indicadores, modelos de

espacialização ou métodos de interpolação, entre outros aspectos, pois nem todas as

empresas descreveram a metodologia utilizada para classificar a vulnerabilidade do setor de

risco, por meio da qual o setor foi subdividido em graus de vulnerabilidade (classes). Na

análise dos produtos entregues pelas empresas, no capítulo dos resultados deste relatório, é

possível observar as diferenças dos produtos entregues com relação às classes utilizadas,

mapas apresentados e formato de relatórios, shapes e planilhas, dificultando a análise das

metodologias de vulnerabilidade utilizadas e a consequente compatibilização entre estas.

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Etapa 5 - Aplicação de metodologia amostral

O projeto piloto da metodologia do CEPED UFSC partiu de amostras coletadas nos

setores de risco para elaborar os mapas de vulnerabilidade. Sugeriu-se a aplicação de amostra

sobre os setores trabalhados pelas empresas com o objetivo de verificar a viabilidade dos

resultados, a partir da comparação dos mapas e subsetores decorrentes.

Foram selecionados dois setores para elaboração de mapas a partir de amostras,

sendo um setor suscetível a deslizamentos e outro a inundações, sendo eles:

Setor 09, de Cachoeiro de Itapemirim/CE - deslizamento, com 21 pontos mapeados

pela empresa Thalweg.

setor 46, de Gaspar/SC - inundação, com 139 pontos mapeados pela empresa Geonvi.

Para definição de amostras foi criado um reticulado de 10x10 metros sobre o setor de

risco selecionado, marcando quadros que possuíam edificações e quantas edificações

apresentavam (excluindo edículas ou complementos de edificações percebíveis). A este total

de edificações espacializadas, aplicou-se o método de amostra planejada a partir dos seguintes

critérios:

Até 15 quadriculas 100% de edificações selecionadas

De 16 a 50 quadriculas 50% de edificações selecionadas, sendo o máximo de 25

edificações

De 51 a 150 quadriculas 33% de edificações selecionadas, sendo o máximo de 50

edificações

De 151 a 500 quadriculas 20% de edificações selecionadas, sendo o máximo de 100

edificações

De 501 a 1500 quadriculas 10% de edificações selecionadas, sendo o máximo de 150

edificações

Mais de 1500 quadriculas 5% de edificações selecionadas.

Foi necessário contar o número de quadrículas que possuem edificações e aplicar o

seguinte critério: Iniciou-se a contagem para aplicação da amostra da primeira quadrícula

marcada a mais ao norte e oeste do grid. Na contagem do quadriculado total, elegeu-se o

primeiro decimal e contar esta como a primeira amostra, as subsequentes foram o percentual

aplicado. Com isso obteve-se as seguintes amostras:

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Quadro 01: Setores e número de pontos selecionados para amostra Setor Município/ Estado Empresa Número de pontos

mapeados Número de pontos

para amostra

Setor 09 Cachoeiro de Itapemirim/CE

Thalweg 21 pontos mapeados 11 pontos

Setor 46 Gaspar/ SC Geoenvi 139 pontos mapeados 46 pontos

Fonte: CEPED UFSC, 2014.

No caso do setor 46 de Gaspar, por exemplo, no qual foi aplicada a metodologia por

amostras, das 139 edificações identificadas, foram selecionadas para aplicação dos formulários

apenas 46 edificações do setor (em torno de 33%), distribuídas conforme ilustra a figura 01, a

seguir.

Figura 01: Imagem do setor 46 de Gaspar com a definição de amostra

Fonte: CEPED UFSC, 2014.

Já no setor 09 de Cachoeiro de Itapemirim, ao aplicar a metodologia de amostra, das

21 edificações existentes, foram selecionadas 11 edificações para a amostra (50%) das

edificações.

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Apresentação Do Objeto De Estudo - As Empresas, o Edital e os Municípios

Para a realização do Mapeamento de Áreas de Riscos a Desastres o governo federal

por meio do Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (CENAD) elaborou o

Termo de Referência com as diretrizes a serem seguidas pelas empresas durante a execução

dos trabalhos. Nesse consta que as empresas deveriam realizar as seguintes de etapas:

ETAPA I – Mobilização e Relatório de Programação;

ETAPA II – Levantamento, mapeamento e espacialização de informações nos setores de risco

de interesse, através do preenchimento de formulários anexados ao Termo de Referencia; e

ETAPA III – Identificação das capacidades de proteção a desastres.

Segundo o Termo de Referência devem ser entregues os seguintes produtos:

Planilha de dados tabulados sobre elementos de interesse;

Mapas das áreas com a identificação geográfica dos elementos de interesse em escala

1: 2.000 e 1: 10.000;

Relatório de identificação de área mapeada;

Planilha de dados tabulados sobre fatores físicos e ambientais de vulnerabilidade a

inundações e movimentos de massa;

Mapa de classificação de vulnerabilidade à inundação e à movimento de massa, com

respectivos subsetores, em escala 1:2.000;

Mapa de risco de inundação e movimento de massa, por setor e subsetor de risco, em

escala 1: 2.000;

Relatório consolidado sobre fatores físicos e ambientais de vulnerabilidade a

inundações e movimentos de massa;

Planilha de dados tabulados sobre as ações estruturais e propostas de intervenções

para mitigação de riscos;

Mapa temático com a indicação da proposta de intervenção por setor de risco;

Relatório consolidado sobre as propostas de intervenção por município;

Planilha de dados tabulados sobre a capacidade de prevenção e resposta por

município; e

Relatório consolidado sobre a capacidade local de proteção a desastres por município.

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O Ministério da Integração Nacional (MI) por meio de licitações realizou a contratação

de empresas especializadas para o levantamento de dados e análise de vulnerabilidade a

desastres naturais para elaboração de mapas de risco e apresentação de propostas de

intervenção para a prevenção de desastres. Dessas licitações quatro empresas foram

contratadas, as quais são:

Acquatool Consultoria S/S LTDA;

Thalweg Consultoria e Projetos Geológicos;

Pangea Geologia e Estudos Ambientais; e

GeoEnvi Geologia e Meio Ambiente.

A Acquatool Consultoria S/S Ltda é uma empresa fundada em 1997,localizada em

Fortaleza – CE, atua na área de Engenharia em Recursos Hídricos e Meio Ambiente

principalmente na região nordeste do Brasil. Presta serviços de planejamento e gestão em

recursos hídricos, obras hidráulicas, hidrologia e hidráulica computacional, estudos ambientais

e cartografia, dentre muitos trabalhos realizados se destaca o da Transposição de Águas do Rio

São Francisco, sob responsabilidade do Ministério de Integração Nacional6.

A Pangea Geologia e Estudos Ambientais LTDA, localizada em São Paulo – SP, é uma

empresa de consultoria capacitada para atender projetos ambientais multidisciplinares, possui

mais de 10 anos no mercado e presta serviços nas áreas gerenciamento de áreas

contaminadas e investigação de passivos ambientais; soluções em geotecnologias; gestão de

recursos hídricos; soluções geotécnicas e apoio a obras civis; e planejamento e licenciamento

ambiental. Principais Clientes: Petrobras, Furnas, CPTM, Eletropaulo, ANA, Prefeitura

Municipal de São Paulo7.

A empresa GeoEnvi Geologia e Meio Ambiente, situada em Florianópolis – SC, foi

fundada em 2005, atende em todo território brasileiro e atua nas áreas de geologia e

geotecnia, geofísica, meio ambiente, hidrogeologia. Alguns de seus clientes são: Angeloni,

Busscar, Casan, Ministério da Integração Nacional, Prosul, Univalli, Hidropel, Engevix e

Boering8.

6 http://www.acquatool.com.br 7 http://www.regea.com.br 8 http://www.geoenvi.com.br

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A Thalweg Consultoria e Projetos Geológicos Ltda é uma empresa situada no

município de Niterói-RJ. Não foi encontrado site da empresa ou outras informações confiáveis

disponíveis na internet para descrever suas atividades e objetivos.

Para cada empresa foi selecionado um município para realizar a comparação e

selecionados dois setores para o estudo, conforme apresentado no quadro 02 a seguir:

Quadro 02: Descrição dos municípios, setores de risco e empresas contratadas Empresa Município Estado Número de

setores CPRM

Processos Perigosos

Setor selecionado

para o estudo

Setores Selecionados

para Metodologia

Amostral Acquatool

Consultoria S/S Ltda Mossoró Rio

Grande Norte

11 setores Inundação 09 Setor 09 de

Cachoeiro de Itapemirim -

(deslizamento)

Setor 46 de Gaspar -

(Inundação)

Thalweg Consultoria e Projetos

Geológicos Ltda

Cachoeiro de Itapemirim

Espírito Santo

20 setores Inundação e Deslizamento

09 e 11

Pangea Geologia e Estudos Ambientais

LTDA

Santa Cruz Cabrália

Bahia 07 setores Inundação e Deslizamento

05 e 06

GeoEnvi Geologia e Meio Ambiente

Gaspar Santa Catarina

58 setores Inundação e Deslizamento

40 e 46

Fonte: CEPED UFSC, 2014.

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17

RESULTADOS

A apresentação e análise dos resultados compreende três momentos distintos, sendo,

primeiramente, fornecido a descrição dos produtos entregues pelas empresas e uma breve

análise do banco de dados fornecidos pelas mesmas e, também, dos produtos cartográficos

solicitados no TR da SEDEC. Em um segundo momento, apresenta-se os produtos gerados para

a compatibilização das empresas, a análise dos indicadores e dos mapas e a seleção de

amostras. Por fim, apresenta-se produtos derivados do mapeamento de vulnerabilidade,

elaborados pela UFSC para agregar os estudos realizados na área e prover mais informações

aos municípios de interesse.

Apresentação, Organização E Entrega Dos Produtos Pelas Empresas

Foi necessário realizar, inicialmente, um levantamento dos produtos entregues pelas

empresas e da forma de apresentação dos mesmos, uma vez que os relatórios e arquivos

disponibilizados não eram similares entre si. Segue uma breve análise dos produtos entregues

por empresa, a partir da descrição dos produtos do Termo de Referência (TR).

Acquatool Consultoria S/S Ltda

A Empresa Acquatool Consultoria S/S Ltda apresenta um relatório para cada etapa,

sendo esses: Etapa 1.1- Identificação da Área Mapeada; Etapa 1.2- Tomo I – Identificação dos

Fatores Físicos e Ambientais; Etapa 1.2- Tomo II - Identificação dos Fatores Físicos e

Ambientais; Etapa 1.4 – Propostas de Intervenções e Etapa 2 – Identificação capacidades de

prevenção e resposta.

Dentre os materiais entregues ao CEPED UFSC relativos à empresa Acquatool consta os

relatórios com os resultados de estudos e a metodologia utilizada para análise da inundação,

formulários e mapas em formato PDF, e, também, os formulários em formato SHP para leitura

em SIG. Esclarece-se, entretanto, que consta no banco de dados somente os dados em SHP. A

visualização dos mapas só é possível em PDF, pois os shapes não apresentam os dados

vetorizados da mesma forma. Não foram entregues as planilhas em Excel, apenas em formato

compatível ArcGis. De acordo com o TR, os mapas deveriam ser confeccionados utilizando o

18

DATUM WGS84, no entanto, a Acquatool utilizou o SIRGAS 2000, o que não configura uma

discordância ao TR uma vez que os parâmetros são os mesmos e a legislação cartográfica,

desde 2014, indica a entrega dos mapas em SIRGAS 2000.

Os setores não foram subdivididos apesar do TR solicitar a subsetorização de acordo

com as características similares das edificações e seu entorno, não ultrapassando o número de

25 edificações. Os mapas com os elementos de interesse estão em escalas que variam em

1:2000, 1: 5000 e 1:10000, de acordo com o número de setores identificados em cada mapa.

Thalweg Consultoria e Projetos Geológicos Ltda

A empresa Thalweg apresenta o produto organizado em módulos sendo um

introdutório, explicando todo trabalho realizado, e quatro módulos, um para cada etapa

conforme os formulários. Os produtos foram apresentados em formato editável e não

editável. Na pasta de anexos constam os formulários aplicados, mapas em PDF e planilhas com

dados tabulados. Também foi entregue uma pasta de Geoprocessamento contendo os shapes,

referentes aos arquivos utilizados em SIG.

A empresa entregou todos os produtos solicitados, porém os mapas das áreas com a

identificação geográfica dos elementos de interesse foram apresentados em escala 1:10000.

Além do solicitado pelo TR, foi entregue um mapa regional identificando todos os setores na

área estudada com escala 1:50000. Não constam, porém, os mapas com escala de 1:2000.

Importante enfatizar que não consta a entrega dos mapas de classificação de vulnerabilidade à

inundação e a movimento de massa, com respectivos subsetores, em escala 1:2000.

Pangea Geologia e Estudos Ambientais

A empresa Pangea Geologia e Estudos Ambientais entregou todos os produtos

solicitados, porém, a forma de apresentar esses produtos foi de maneira compilada.

Apresentaram um relatório geral, em formato PDF e Word, contendo todos os relatórios

solicitados, especificaram e descreveram toda a metodologia utilizada. Com anexos, em

formato PDF, apresentam todos os formulários aplicados, os mapas e um anexo com diretrizes

para estudos de inundação. Um arquivo com nome de “cadastro” em formato MDB e IDB

(banco de dados) com as informações levantadas e trabalhadas.

19

GeoEnvi Geologia e Meio Ambiente

O mapeamento realizado pela empresa GeoEnvi Geologia e Meio Ambiente apresenta

o produto organizado em pastas, sendo: uma para formulários, onde constam os formulários

tabulados no Excel; uma com as imagens utilizadas para as cartas; uma pasta de relatórios

contendo os quatro relatórios referentes aos formulários; uma pasta com os shapefiles; e uma

pasta por setor, onde dentro de cada uma constam subpastas com: os formulários utilizados,

pontos de GPS, imagens utilizadas para realização das cartas, e mapas, uma em formato MXD

e outra em PDF. A Geoenvi também entregou o banco de dados em formato MDB. A empresa

realizou a entrega de todos os produtos, conforme solicitado no TR.

No quadro 3, a seguir, é possível visualizar a síntese do levantamento dos produtos

entregues pelas empresas e sua apresentação.

Quadro 03: Levantamentos dos Produtos Entregues pelas empresas Contratadas Município Gaspar - SC Cachoeiro de

Itapemirim - ES Santa Cruz Cabrália - BA

Mossoró - RN

Empresa Geo Envi Thalweg Pangea Acquatool Consultoria

Processos Investigados

Deslizamento e Inundação Deslizamento e Inundação

Deslizamento e Inundação

Inundação

Apresentação dos produtos

4 Relatórios solicitados no TR

em pdf e Word

Formulários: 4

formulários, com os

dados tabulados em

Excel;

Imagens: imagens

georreferenciadas

utilizadas na carta

imagem.

Shapefiles: todos os

overlays utilizados na

produção dos mapas

(espacialização de feições

(pontos, linhas, polígonos)

Cadastro (dados dos

formulários tabulados)

em mdf

Pasta para cada setor de risco,

sendo 58 setores, dentro

dessas constam as seguintes

subdivisões:

Formulário 1: croqui;

planilha em Excel; fotos;

formulários aplicados em

Modulo Introdutório - relatório explicando o trabalho geral, em pdf e Word.

Módulo I: Relatório –

Identificação da área mapeada.

Anexos: formulários pdf e mdb

Mapas pdf elementos de interesse

Planilhas excel

Módulo II:

Relatório - Fatores

Físicos e Ambientais

de Vulnerabilidade a

Inundações e

Deslizamentos

Anexos: formulários

pdf e mdb ;

Mapas pdf mapa de

risco

Planilhas excel

Módulo III:

Relatório Geral, em seu conteúdo constam compiladas as informações dos 4 relatórios solicitados no TR.

Anexos:

Mapas elementos

de interesse, em

pdf;

Mapas de

vulnerabilidade, em

pdf;

Mapas de risco, em

pdf;

Medidas para

mitigação

estruturais e não

estruturais com

mapas e tabelas de

custos, em pdf;

Diretrizes para

projetos de

inundação, em pdf;

Cadastro

4 Relatórios consolidados, dentro desses constam: Relatório,

formulários e mapas, em formato pdf.

4 formulários em formato dbf, prj, sbn, sbx, shp,shx.

20

pdf

Formulário 2:

formulários aplicados em

pdf ; formulário, dados

tabulados, em Excel

Formulário 3: formulários

aplicados em pdf;

formulário, dados

tabulados, em Excel

GPS: pontos coordenadas

coletadas

Imagens: imagens

georeferenciadas

utilizadas na carta imagem

escala 1:10000 e 1:2000

Mapas em mxd: mapas

com o projetos,

compilando todos os

shapes, pronto de cada

mapa

Mapas em pdf : 4 mapas

solicitados no TR. Exceto

vulnerabilidade, consta

um de suscetibilidade,

vulnerabilidade somente

das edificações.

Relatório – Propostas

de Intervenção

Anexos: formulários

pdf e mdb

Mapas pdf proposta

de intervenções

Módulo IV:

Relatório -

Capacidade Local de

Proteção a Desastres

Naturais

Anexos: formulários

pdf e mdb

Geoprocessamento

(shapes diversos

utilizados para gerar os

mapas):

Elementos de

interesse

Risco e intervenções

Setores de risco

Vias

(informações dos

formulários

tabuladas) em mbd;

Formulários

aplicados, em pdf;

Imagens - várias

fotografias tiradas

em campo;

Mapas Entregues

Mapa de Elementos de

Interesse

Mapa de Risco

Mapa de Suscetibilidade

Mapa de Propostas de

Intervenções Estruturais

Mapa de Propostas de

Intervenções Não

Estruturais

Mapa de Elementos

de Interesse

Mapa de Risco

Mapa de Propostas

de Intervenções

Mapa de Elementos

de Interesse

Mapa de Risco

Mapa de

Vulnerabilidade

Mapa de Propostas

de Intervenções

(apresentado

dentro do

formulário com

planilha de custos)

Mapa de Elementos

de Interesse

Mapa de Risco

Mapa de

Vulnerabilidade

Mapa de Propostas

de Intervenções

Fonte: CEPED UFSC, 2014.

Breve Análise Dos Shapes E Banco De Dados Apresentados Pelas Empresas

Antes de avaliar os mapas e as metodologias de vulnerabilidade elaborados pelas

empresas foi realizada uma breve análise dos shapes e planilhas apresentados pelas empresas

e que, provavelmente, foram encaminhados aos municípios. Entende-se que estas

considerações podem contribuir para uma padronização futura dos produtos deste TR pela

SEDEC ou mesmo na disponibilização destes produtos e informações à população. Importante

relatar que foram analisados os shapes de duas empresas: Geoenvi e Thalweg.

21

Não foi possível analisar os shapes entregues pela Acquatool e Pangea, pois, conforme

já colocado, não estão disponíveis as visualizações dos mapas elaborados pela Acquatool,

apenas dos pontos investigados. No caso da Pangea, encontrou-se os shapes com as tabelas,

mas sem os shapes com a classificação de vulnerabilidade e/ ou risco. De modo geral, não foi

possível reproduzir os mapas das empresas, somente visualizar os pontos (Acquatool) ou

polígonos com identificação inespecífica de tabelas. Provavelmente, faltam arquivos em shape

com os polígonos, espacialização das feições e demais imagens das áreas de risco.

Tendo em vista que o TR não indicou os critérios para que as planilhas, shapes e mapas

fossem entregues pelas empresas, verificou-se que os produtos elaborados pelas mesmas são

diferentes entre si e não padronizados. Desta forma, cada empresa organizou e disponibilizou

as informações a sua maneira, nem sempre de fácil acesso e entendimento pelo município.

Para facilitar a análise dos shapes e planilhas, partiu-se dos seguintes aspectos:

Apresentação das Planilhas (variáveis/ indicadores)

De modo geral, observou-se que as tabelas enviadas pelas empresas possuíam

caracteres especiais, assim como a data, dificultando o trabalho de compatibilização. Entende-

se que deve ser padronizado o idioma e conjunto de caracteres disponíveis na planilha, sendo

necessário constar assim padronizado no projeto digital dentro do software de SIG. O ideal

seria trabalhar com o database original enviado pela SEDEC. Se for convertido em shape deve

ser construído o arquivo projetos com todas as informações agregadas.

Em algumas planilhas analisadas falta o código identificador das edificações

investigadas, o que também dificultou a compatibilização das metodologias. Com relação às

variáveis verificou-se, que as tabelas das empresas têm variáveis que não condizem com as

variáveis da SEDEC, seja apresentando variáveis a mais (como a Pangea) ou não contemplando

todas as variáveis solicitadas na planilha da SEDEC (todas as empresas). Interessante notar que

a empresa Pangea apresentou os produtos por meio de tabelas, sendo tabelas dos setores

e tabelas dos subsetores.

Com relação ao recebimento destas planilhas pelo município, acredita-se que não é de

fácil compreensão pelos mesmos o tipo de informação que estão recebendo. Seria

interessante confeccionar um dicionário de variáveis, de modo que as planilhas apresentassem

as informações de acordo com o dicionário. Assim, o município ganha autonomia para

visualizar no SIG as edificações conforme seus próprios interesses, por exemplo, ver somente

22

as edificações que apresentam patologias estruturais ou cujos terrenos apresentam evidências

de movimentação, entre outros aspectos.

Vetorização de feições e Informações topográficas: curvas de nível, hidrografia,

arruamento e outros

Identificou-se que as empresas não entregaram os shapes com uma representação

padronizada ou mesmo completa das feições (pontos, linhas e polígonos). A empresa

Acquatool e Pangea, por exemplo, entregaram apenas tabelas ou os pontos equivalentes às

residências, sem arruamento, polígono do setor com a localização e as classificações de risco e

vulnerabilidade, hidrografia e demais vetorizações.

Um aspecto positivo nos shapes apresentados pela empresa Geoenvi, com relação

à topografia especificamente, foi a representação das curvas de nível de em 5 metros nos

setores identificados. As imagens foram vetorizadas a partir da imagem Bing9,

disponibilizando, assim, o nome dos arruamentos. A vetorização da hidrografia estava

incompleta, sem continuidade. A Thalweg também não apresentou drenagem ou topografia,

mas as vias possuem o nome do arruamento (logradouro).

O adequado seria que todas as empresas encaminhassem as informações e a

espacialização de todas as feições compiladas em um projeto, composto por um conjunto

de shapes específicos. Entende-se que os shapes básicos deveriam ser: arruamento;

hidrografia; vias; pontos das edificações; curva de nível; delimitação dos setores de risco

CPRM; polígono com a classificação de risco; polígono com a classificação de

vulnerabilidade; polígono com a classificação de suscetibilidade (no caso da Geonvi);

elementos de interesse; e sugestões estruturais. Além dos shapes, o projeto deve conter

os demais arquivos raster das imagens.

Shapes com a classificação do risco e/ou vulnerabilidade

Observou-se que nem todas as empresas apresentaram os shapes com a classificação

de risco e/ou vulnerabilidade das edificações de forma espacializada. A Acquatool, como

informado, não apresenta os shapes com a classificação de risco e a respectiva tabela de

9 O serviço Bing fornece imagens de aerolevantamento/satélite que podem ser vinculados aos softwares SIG.

23

atributos com a classificação das edificações. Já a Thalweg e a Pangea apresentam a

classificação das edificações na tabela de atributos, mas não as espacializam em shape

(somente o polígono) e, consequentemente, a classificação das edificações não é visualizada

nos produtos cartográficos (mapas de risco). Assim sendo, a única empresa que apresenta os

shapes com a espaciliazação da classificação de vulnerabilidade e/ou risco é a Geoenvi.

DATUM utilizado

Todas as empresas entregaram os arquivos com DATUM compatível ao requisitado no

TR.

Breve Análise dos Produtos Cartográfico Apresentados pelas Empresas

Da mesma forma que as empresas entregaram os bancos de dados sem um padrão

definido pela SEDEC, também ocorreu com os produtos cartográficos. Acredita-se que esta

padronização deveria estar solicitada no TR. Como os produtos possuem diferentes

formatações, realizou-se uma breve análise dos mesmos a partir das seguintes categorias:

Layout (Título, Legenda, Cores, Norte, Escalas, Grade de coordenadas)

Informações de risco, vulnerabilidade, edificação e setor

Escalas

Os modelos de mapas elaborados pelas empresas são apresentados após a análise.

Foram disponibilizadas, no próximo capítulo, orientações gerais para elaboração de produtos

cartográficos. É importante salientar que, com relação à produção de mapas temáticos, não há

critérios e normas específicas para a sua confecção (Nogueira, 2008)10. A análise e orientações

visam, portanto, aperfeiçoar a disseminação de informações de risco e vulnerabilidade a

desastres para os municípios, facilitando a visualização e compreensão das mesmas.

Layout (Título, Legenda, Cores, Orientação Geográfica, Escalas, Grade de coordenadas)

Com relação ao Layout dos mapas apresentados pelas empresas, observou-se certa

dificuldade para visualizar informações, especialmente títulos e orientação geográfica, sendo

predominante esta percepção nos mapas das empresas Acquatool e Pangea, que localizam os

10 NOGUEIRA, R. E. Cartografia: representação, comunicação e visualização de dados espaciais.

Florianópolis:Ed da UFSC, 2008. 314 p.

24

títulos na parte inferior do mapa, com letras pequenas. A Geonvi e a Thalweg localizam o

título na lateral esquerda do mapa, com melhor visualização, porém ainda sem possibilitar a

identificação imediata pelo leitor.

As legendas não estão padronizadas e, em alguns casos, não facilitam a compreensão

do leitor, principalmente se for uma pessoa leiga no assunto. A empresa Thalweg centraliza a

legenda na parte esquerda do mapa, porém a legenda tem melhor visualização que o título do

mesmo. A Pangea localiza as legendas na parte inferior do mapa e utiliza conjunto de cores

que, sobreposto às imagens, dificulta a visualização, o que pode confundir o leitor. Já a

Acquatool apresenta legendas situadas na parte inferior do mapa, porém muito confusas, pois

cita graus de risco na legenda sem identificá-los no mapa e na própria legenda. E nos mapas de

vulnerabilidade, as legendas apresentam graus referindo-se a risco e vulnerabilidade, sem

diferenciar um do outro.

Duas empresas (Pangea e Acquatool) não aplicaram os logotipos do Governo nos

mapas. A empresa Acquatool aplica o logotipo do Ministério da Integração Nacional sem o

logotipo do Governo. Como se trata de um produto do Governo Federal e da Secretaria

Nacional de Proteção e Defesa Civil, sendo de sua responsabilidade, o ideal é que os logotipos

estejam visíveis no mapa.

As escalas e grades de coordenadas estão bem apresentadas nos mapas. Pode-se

especificar apenas que a empresa Acquatool não utiliza a escala gráfica.

Com relação ao layout, notou-se, ainda, que a empresa Thalweg apresenta um quadro

nos mapas sem a identificação precisa da informação. Não foi possível compreender do que se

trata o quadro dentro do mapa.

Por fim, verificou-se que todas as empresas apresentaram as informações necessárias

referentes à confecção dos mapas, como DATUM, origem das imagens, elaboração técnica,

coordenadas, entre outros.

Informações de risco, vulnerabilidade, edificação e setor

É importante salientar que, apesar de o TR especificar os produtos oriundos do

contrato, as empresas elaboraram mapas distintos. Referindo-se apenas aos mapas de risco e

vulnerabilidade, excluindo a análise dos mapas de intervenções e mapa de elementos de

interesse, notou-se que a empresa Geonvi produziu mapas de risco e suscetibilidade,

identificando os graus de vulnerabilidade das edificações nos setores mapeados. Assim,

apresenta o polígono do risco e de suscetibilidade, com os pontos de vulnerabilidade das

edificações.

25

Já a empresa Thalweg apresenta apenas mapa de risco, sem identificar as edificações

ou o grau de vulnerabilidade das mesmas. Também não produziu o mapa de vulnerabilidade.

Assim, não trabalhou com pontos, somente com o polígono de risco do setor. A Pangea, por

sua vez, apresenta mapas de risco e mapas de vulnerabilidade, porém não identifica as

edificações. Interessante que a empresa subssetoriza a área mesmo quando não há diferença

de graus de vulnerabilidade ou risco, o que não seria necessário. Por fim, a empresa Acquatool

apresenta mapas de risco e de vulnerabilidade, vetorizando as edificações situados no setor,

com o seu respectivo grau de vulnerabilidade. Porém, a espacialização do risco não está muito

clara, uma vez que não apresenta o grau de risco e não classifica todo o setor, identificando

somente a faixa suscetível a alagamentos frequentes.

Outra característica relevante refere-se à distinção gráfica entre setores suscetíveis a

deslizamentos e inundações. A única empresa que distingui os setores com diferentes cores

para cada processo perigoso é a Pangea. As demais empresas utilizam o vermelho ou outra cor

para identificar o setor de risco, independentemente da suscetibilidade.

Escalas

Para os mapas de risco, vulnerabilidade e suscetibilidade, percebeu-se que todas as

empresas seguiram a solicitação do TR com relação à escala a ser utilizada, 1:2000.

Apresentam-se, a seguir, os mapas de risco, vulnerabilidade ou suscetibilidade (carta-

imagem) entregues pelas empresas.

Figura 02: Mapa de risco de inundação do setor 09 de Mossoró elaborado pela Empresa Acquatool

Fonte: Relatório de Identificação dos Fatores Físicos e Ambientais de Vulnerabilidade - Tomo 2 -

Mossoró – Rio Grande do Norte, Empresa Acquatool Consultoria, janeiro 2014.

26

Figura 03: Mapa de vulnerabilidade a inundação do setor 09 de Mossoró, elaborado pela Empresa Acquatool

Fonte: Relatório de Identificação dos Fatores Físicos e Ambientais de Vulnerabilidade - Tomo 2 -

Mossoró – Rio Grande do Norte, Empresa Acquatool Consultoria, janeiro 2014.

Figura 04: Mapa de risco a deslizamento do setor 09 de Cachoeiro de Itapemirim, elaborado pela Empresa Thalweg

Fonte: Relatório Fatores Físicos e Ambientais de Vulnerabilidade a Inundações e Deslizamentos do

Município de Cachoeiro de Itapemirim – ES, Anexos, Empresa Thalweg, 2014.

27

Figura 05: Mapa de risco a inundação do setor 11 de Cachoeiro de Itapemirim, elaborado pela Empresa Thalweg

Fonte: Relatório Fatores Físicos e Ambientais de Vulnerabilidade a Inundações e Deslizamentos do

Município de Cachoeiro de Itapemirim – ES, Anexos, Empresa Thalweg, 2014.

Figura 06: Mapa de risco a deslizamento do setor 5 de Santa Cruz de Cabrália, elaborado pela Empresa Pangea

Fonte: Relatório 1729-R2-14: Município de Santa Cruz Cabrália, BA - Lote 9, Anexo D, 2014.

28

Figura 07: Mapa de vulnerabilidade a inundação do setor 6 de Santa Cruz de Cabrália, elaborado pela Empresa Pangea

Fonte: Relatório 1729-R2-14: Município de Santa Cruz Cabrália, BA - Lote 9, Anexo C, 2014.

Figura 08: Mapa de suscetibilidade a deslizamento dos setores 39,40e 41 de Gaspar, elaborado pela Empresa Geoenvi

Fonte: Relatório consolidado sobre fatores físicos e ambientais de vulnerabilidade a inundações e

deslizamentos - Gaspar-sc, Empresa GeoEnvi, Anexo SR- 40, 2013.

29

Figura 09: Mapa de risco a inundação do setor 46 de Gaspar, elaborado pela Empresa Geoenvi

Fonte: Relatório consolidado sobre fatores físicos e ambientais de vulnerabilidade a inundações e

deslizamentos - Gaspar-sc, Empresa GeoEnvi, Anexo SR- 46, 2013.

Orientações para Elaboração dos Produtos Cartográficos - Mapas Temáticos

Um mapa é a representação da superfície da Terra e seus fenômenos em um plano, e

para isso é utilizado uma série de simbolismos. Segundo Nogueira (2008, p.27)11 “a função de

um mapa quando disponível ao público é a de comunicar o conhecimento de poucos para

muitos, por conseguinte, ele deve ser elaborado de forma a realmente comunicar”. Com isso,

na concepção de um mapa é necessário pensar no público alvo que irá utilizar esse produto, e

apresentá-lo de forma clara e objetiva para proporcionar ao usuário uma leitura, análise e

interpretação da informação que se deseja transmitir.

Para a cartografia de base existe uma serie de padronizações a serem seguidas,

inclusive quanto às semiologias utilizadas, o mesmo não acontece com a cartografia temática,

na qual a simbologia a ser utilizada fica a cargo da pessoa que confeccionar o mapa. Sendo

assim, apesar de algumas regras pré-estabelecidas da cartografia de base aplicadas na

temática, os mapas temáticos se diferenciam muito uns dos outros quanto os elementos e a

abordagem utilizada. A falta de padrão e, consequentemente, a diversificação na apresentação

11 NOGUEIRA, R. E. Cartografia: representação, comunicação e visualização de dados espaciais.

Florianópolis:Ed da UFSC, 2008. 314 p.

30

dos mapas gera uma dificuldade na análise dos mesmos. Segundo Silva “mapas temáticos que

não seguem padrões e normas dificultam a análise, já que o leitor precisa observar cada um

(mesmo que represente o mesmo tema) de forma diferenciada” (SILVA, 2014, pg. 20)12.

Observado uma série de questões nos mapas entregues pelas empresas, como a falta

de padronização de elementos diversos, entre esses: título, legenda, escala, indicação do

Norte, coordenadas, nomenclaturas, cores; recomenda-se uma padronização quanto à forma

de apresentar o mapa com o intuito de facilitar a análise dos mesmos. Dentro dos padrões

cartográficos navegáveis, pode-se admitir algumas normas que devem ser seguidas para o

melhor entendimento dos mapas, cartas e etc.

Raramente o simbolismo de um mapa pode permanecer sozinho e ser autoexplicativo.

Portanto, componentes como título, legenda, escala, indicador de direção e suplementos

fazem parte da composição de qualquer mapa e devem estar visíveis ou adequadamente

apresentados. Desta forma, seguem algumas sugestões:

Título: Geralmente é o que se utiliza para indicar o que, onde e quando. Na escolha do

título deve-se usar o bom senso para não estendê-lo mais que o necessário. Muitas vezes

a parte explicativa ficará na legenda. O título deve ser o primeiro elemento a ser

visualizado pelo leitor, o indicado é que ele esteja posicionado no alto da folha em cima

do mapa.

Legenda: A legenda é indispensável para a maior parte dos mapas. Ela contém a chave

que propiciará ao usuário do mapa decodificar os símbolos utilizados na representação

cartográfica. Os símbolos do mapa têm que aparecer iguais na legenda, com o mesmo

tamanho, forma ou cor. Indica-se que a legenda deve estar posiciona ao lado direito do

mapa.

Orientação Geográfica: A inserção da orientação geográfica varia de um mapa para

outro. A regra geral ou convencional é que um mapa deve ser desenhado de forma que a

indicação do Norte deve estar, de preferência, do meio para baixo da folha de papel ou

da tela de vídeo, com boa visualização.

12

Silva, Guilherme Cardoso. Proposta de padronização cartográfica para carta imagem emergencial de inundação. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Santa Maria, 2014.

31

Escala: A escala é um fator importante não apenas para fazer o mapa, mas também para

o seu uso. Muitos mapas mostram feições ou relações entre fenômenos que envolvem

conceitos de distância. O tipo de escala a ser inserida varia muito conforme o tipo de

mapa. Algumas vezes uma escala numérica é suficiente, principalmente em mapas de

escala grande. Nos mapas de escala pequena, é mais comum usar escala gráfica que dá a

relação direta das medidas gráficas e reais. O indicado é que ela esteja posicionada na

parte inferior da folha e no lado direito.

Inserções: As inserções cartográficas são quadros pequenos contendo outros mapas ou

detalhes de uma área, adicionados ao mapa temático, para dar uma visão mais

abrangente ou detalhar uma área geográfica especifica. Este artifício cartográfico auxilia

no entendimento do usuário sobre a área geográfica mapeada ou, então, a observar

como se insere essa área numa determinada região geográfica. Algumas vezes essa

inserção pode conter algum gráfico ou tabela.

O mapa inserido deve ajudar e não confundir o usuário. Portanto, uma distinção gráfica é

necessária entre ele e o mapa temático principal. As inserções cartográficas podem

conter escala e orientações, ou não; isto vai depender dos objetivos a que se destinam.

Algumas vezes, as inserções são imagens aéreas ou terrestres, ou mesmo, orbitais. Nesse

caso, é preciso se estar atento para a resolução necessária e suficiente para a imagem ser

visualizada.

Coordenadas: As coordenadas são fundamentais para identificar a localização precisa da

área de estudo. Portanto, todos os mapas devem conter uma grade de coordenadas,

geralmente, situada nas bordas da imagem. Importante que esta grade tenha um

intervalo adequado entre as representações numéricas de modo a facilitar a visualização.

Semiologia: Quanto às semiologias (variáveis visuais) utilizadas é necessário usar o bom

senso, criando um conjunto harmonioso entre as cores e os símbolos, e aplicá-las de

forma com que atendam os objetivos de comunicação ou a fazer mapas capazes de

transmitir a sensação condizente com as características dos dados (NOGUEIRA, 2008, pg.

128).

Para fazer a representação do risco, indica-se a utilização das cores semafóricas, pois

estas remetem ao leitor a percepção do risco pela analogia do semáforo. Para a

representação da vulnerabilidade, indica-se a utilização de croma, em cor magenta, indo

32

do claro ao escuro conforme as classes utilizadas. Para a vulnerabilidade das edificações,

indica-se que sejam representadas por pontos ou um símbolo, aplicando as cores

utilizadas na representação da vulnerabilidade espacial.

É interessante que os mapas de risco apresentem informações topográficas, tais como

arruamento, hidrografia e curvas de nível, desde que não sobrecarreguem visualmente a

imagem. Além disso, aperfeiçoa-se a utilização dos mapas de risco ou vulnerabilidade

quando estes apresentam imagens de fundo com boa resolução.

Metodologias de Vulnerabilidade utilizadas pelas Empresas

Neste capítulo apresentam-se as metodologias elaboradas pelas empresas, as quais

constam nos relatórios entregues a SEDEC e encaminhados para a UFSC. Informa-se que a

análise das metodologias foi realizada somente a partir dessa descrição apresentada pela

empresa e não de outros produtos ou relatórios fornecidos pelas mesmas.

Antes de apresentar as metodologias utilizadas pelas empresas é relevante apresentar

a orientações metodológicas previstas no Termo de Referência,a partir do qual as empresas

foram contratadas. O Termo de Referencia traz em seu conteúdo uma metodologia geral a ser

seguida para todas as etapas do trabalho a ser realizado pelas contratadas. Referente às

metodologias de mapeamento de vulnerabilidade a desastres, consta as seguintes diretrizes:

O levantamento, mapeamento e espacialização de informações serão por meio de

atividade de campo nos setores de interesse, via preenchimento de formulários. O

preenchimento dos formulários não exclui o estudo e/ou descrição de qualquer outro

fator importante ao desenvolvimento dos estudos.

Os setores identificados foram previamente analisados e classificados como de alta e

muito alta suscetibilidade a ocorrência de deslizamentos e/ou inundação, situadas nos

setores de risco (determinados pela CPRM) compreende as edificações e demais

elementos que seriam impactados quando da ocorrência de movimento de massa no

local e/ou inundação.

Deverá ser realizada análise das edificações situadas nos setores de risco de interesse,

por meio do preenchimento do Formulário 01 - Identificação dos Fatores Físicos e

Ambientais de Vulnerabilidade e do Formulário 02 – Relatório de Identificação de Área

Mapeada.

33

As informações constantes do Formulário 01 e do Formulário 2, servirão como

parâmetros para a definição da Vulnerabilidade de Ocupação de cada subsetor de

risco do setor de interesse.

Para os setores de inundação deve-se subsetorizar os setores com no máximo 25

edificações, quando a envoltória de edificações que formam uma área com

características similares quanto ao padrão construtivo. E para os setores com

movimentos de massa deve-se definir subsetores pela envoltória de edificações que

formam uma área com características similares quanto às condicionantes do terreno,

processos tipológicos associados e/ou grau de vulnerabilidade. A subsetorização deve

ser determinada pela CONTRATADA através de ferramentas de geoprocessamento e

convalidada por técnicos da Sedec.

A Vulnerabilidade da Ocupação, quanto aos processos de inundação, é determinada

analisando a vulnerabilidade de cada edificação, em função de suas características,

sendo esta definida segundo os seguintes parâmetros:

A. Alta Vulnerabilidade (IA): baixo padrão construtivo, predominantemente composto

por madeira e materiais de baixa capacidade de resistir ao impacto dos processos

hidrológicos, com acesso precário, caracterizado por servidão, escadaria, ladeira,

travessia, entre outros semelhantes;

B. Média Vulnerabilidade (IB): regular a bom padrão construtivo, predominantemente

composto por alvenaria e materiais com boa capacidade de resistir ao impacto dos

processos hidrológicos, com acesso precário, caracterizado por servidão, escadaria,

ladeira, travessia, entre outros semelhantes; e

C. Baixa Vulnerabilidade (IC): regular a bom padrão construtivo, predominantemente

composto por alvenaria e materiais com boa capacidade de resistir ao impacto dos

processos hidrológicos, com acesso adequado, caracterizado por vias de médio a bom

estado de conservação.

A Vulnerabilidade Ocupacional do subsetor de risco é determinada em função da

maior representatividade das classificações acima, seguindo a mesma descrição,

levando em consideração que a presença significativa de edificações identificadas

como de baixo padrão construtivo devem refletir uma classificação compatível com

Alta Vulnerabilidade. A classificação deve ser determinada pela CONTRATADA e

convalidada pela Sedec.

34

A Vulnerabilidade de Ocupação, quanto aos processos de movimentos de massa, é

determinada analisando a localização de cada edificação, em função das características

e condições do terreno, tipologia do processo e em consonância com as informações

contidas nos Formulários 1 e 2, sendo esta definida segundo os seguintes parâmetros:

A. Alta Vulnerabilidade (MA): Terrenos com alta declividade onde a edificação e o

entorno apresentam histórico de ocorrências frequentes e/ou sinais evidentes de

instabilidade, estão localizadas imediatamente próximas à distância provável de

alcance do processo (variável em função de sua tipologia) e onde mantidas as

condições existentes a possibilidade da edificação ser atingida por movimento de

massa é inequívoca;

B. Média Vulnerabilidade (MM): Terrenos com média ou alta declividade onde a

edificação e o entorno apresentam histórico pouco frequentes de ocorrências e/ou

poucos sinais evidentes de instabilidade, estão localizadas em área de alcance relativo

do processo (variável em função de sua tipologia) e onde mantidas as condições

existentes é provável que a edificação seja atingida por um movimento de massa; e

C. Baixa Vulnerabilidade (MB): Terrenos com baixa ou nenhuma declividade onde a

edificação e o entorno não apresentam histórico de ocorrência, não apresentam sinais

evidentes de instabilidade, estão localizadas em área de alcance restrito do processo

(variável em função de sua tipologia) e, onde mantidas as condições existentes a

possibilidade da edificação ser atingida por um movimento de massa é relativamente

baixa.

A associação das condições (evidências de instabilidade) que determinarão a

vulnerabilidade, por tipologia, será determinada pela Contratada, a partir dos

parâmetros acima apresentados e convalidada pela Sedec de acordo com o município

piloto.

A Vulnerabilidade de Ocupação do subsetor de risco é determinada em função da

maior representatividade das classificações acima, seguindo a mesma descrição,

levando em consideração que a presença significativa de edificações situadas em

terrenos onde se observem sinais evidentes de instabilidade devem refletir uma

classificação compatível com Alta Vulnerabilidade. A classificação deve ser

determinada pela CONTRATADA e convalidada pela Sedec.

O mapa de risco à inundação e/ou movimentos de massa compreende o cruzamento

das informações da setorização anexada e levantamento por meio dos formulários em

35

anexo e a classificação de vulnerabilidade encontrada. O grau de risco deverá ser

determinado pela CONTRATADA e convalidado pela Sedec.

Segue a apresentação das metodologias utilizadas pelas empresas:

Acquatool Consultoria S/S Ltda13

No município de Mossoró, atendido pela empresa Acquatool, foi identificado apenas o

processo de inundação, onde para gerar os mapas de risco a empresa realizou um estudo das

cheias na área. A empresa apresenta os formulários aplicados, porém não descreve a respeito

dos procedimentos utilizados para a realização dos mapas. Supõe-se que a empresa tenha

considerado apenas as orientações disponíveis no TR. Em seus relatórios a empresa apresenta

a metodologia referente ao estudo realizado para as inundações, e esses são descritos, em

tópicos, como se segue:

Os Dados Fluviométricos Rio Apodi/Mossoró, a partir de 3 postos existentes na região,

enviam os dados para a ANA, que disponibiliza para consulta em um banco de dados on-line,

através do HIDROWEB. O estudo foi baseado nas séries históricas, onde se determinam as

recorrências dos eventos. O processo é feito a partir de ajustes de distribuições teóricas de

probabilidades à série de máximos diários.

Foram testadas as principais distribuições recomendadas na literatura para o

tratamento de máximos de séries fluviométricas: Normal truncada, Lognormal 2P, Lognormal

3P, Extremo Tipo I, Pearson Tipo III e Log Pearson Tipo III, tendo-se utilizado para isso o teste

de aderência Chi-quadrado.

Realizou-se um levantamento topográfico de campo onde foram identificados junto à

comunidade local, os pontos atingidos pelas águas decorrentes destas cheias. O estudo

apresenta cotas topográficas para definição dos terrenos dentro dos setores de risco de

Mossoró para definição das faixas de áreas sujeitas ao alto grau de vulnerabilidade em resistir

ao impacto dos processos hidrológicos. A série pluviométrica utilizada neste estudo é

originária do posto existente na sede municipal de Mossoró.

13 Descrição Disponível no Relatório de identificação dos Fatores Físicos e Ambientais – Mossoró –Rio Grande do Norte- Tomo II, Acquatool Consultoria, 2014.

36

A determinação das chuvas intensas é feita partindo-se das séries de valores máximos

anuais, aos quais são ajustadas distribuições teóricas de probabilidades. Mesmos

procedimentos estatísticos, distribuição ajustada LOG PERSON TYPE III.

Para a desagregação das chuvas, utilizou-se a Metodologia de Taborga Torrico. Os

registros de postos pluviométricos apresentam valores de precipitações de duração diária,

utilizou-se o Método das Isozonas desenvolvido por Taborga Torrico (1974) para discretização

em intervalos de tempo menores que um dia. Esse método estabelece Isozonas no Brasil para

as quais são definidos coeficientes a serem aplicados para desagregação de chuva diária em

intervalos sub-diários.

Utilizando os coeficientes recomendados, e através de interpolação, foram obtidos os

valores de precipitação, para o posto pluviométrico estudado, para os intervalos de 5, 15, 30 e

45 minutos, 1, 2, 3, 6, 12 e 24 horas para os períodos de retorno considerados. Como o

método de Taborda Torrico (1974) obtém valores extremos, e devido à variabilidade espaço-

temporal das precipitações, visando considerar o efeito de atenuação da precipitação com o

aumento da área, utilizou-se o método proposto pelo National Weather Service, dos EUA

(1961), para a correção da precipitação associada a um posto pluviométrico, representativa de

uma área de até 25 km², para uma precipitação média sobre uma bacia hidrográfica extensa.

Para as bacias hidrográficas dos riachos do Junco (onde se encontra a área de risco 11),

dos Pintos (onde se encontra a área de risco 08) e do Bonsucesso (onde se encontra o açude

do Saco, cuja análise hidráulica da capacidade de vertimento é importante para a segurança

das áreas de risco de Mossoró), o estudo de cheias realizado constituiu-se na geração de

eventos extremos de vazão nesta bacia, adotando para tanto uma recorrência de 50 anos para

a estimativa destes eventos extremos, a partir da precipitação incidente na respectiva bacia de

contribuição.

Para as simulações do processo de transformação chuva-deflúvio, utilizou-se tanto a

metodologia conhecida como Método Racional, como o modelo hidrológico HEC-HMS –

Hydrologic Engineering Center / Hydrologic Modeling System, na versão 3.5. As bacias

hidrográficas dos riachos do Bonsucesso, do Junco e dos Pintos foram consideradas, cada uma,

como uma única unidade, delimitada a partir dos reservatórios presentes nestas áreas.

37

Thalweg Consultoria e Projetos Geológicos Ltda14

No município de Cachoeiro de Itapemirim são identificados dois processos,

deslizamento e inundação, atuantes nos cenários de perigo. Para produzir os mapas de risco

foi necessário definir parâmetros para a classificação do Risco de Escorregamento e/ou

Inundação. A metodologia utilizada pela empresa é a especificada pelo TR, juntamente com a

do Ministério das Cidades: Instituto de Pesquisas Tecnológicas –IPT 2007. Apresenta os

indicadores, mas não estão evidentes os pesos utilizados para cada um no momento de

classificar o grau de risco. Na sequência, apresentamos o estudo e metodologia descritos pela

empresa Thalweg:

De acordo com o relato da empresa, realizou-se, inicialmente, um prévio planejamento

de coleta, organização, tratamento e preparação de materiais diversos, tais como fotos aéreas,

imagens de satélites, cartas geotécnicas e pesquisas, visando identificar tipologias de

movimentação de massa e inundações, sua frequência de ocorrência na área de estudo, bem

como o reconhecimento da magnitude de danos e consequências desses eventos. O acervo de

informações adquiridas nessa etapa foi associado aos arquivos disponibilizados pelo Ministério

da Integração Nacional. Tais arquivos correspondem aos setores classificados como de alta

suscetibilidade a ocorrência de deslizamentos e/ou inundação, onde cada edificação e

elemento que possa ser impactado por um desastre é analisado.

Para a determinação do grau de risco a desastres naturais dos setores indicados pelo

Ministério da Integração Nacional foi estabelecida a partir do seguinte postulado: Risco =

Perigo X Vulnerabilidade. A coleta das informações no campo proporciona a correlação das

características de um cenário com potencial de perigo, sendo composta por indícios de

instabilização do terreno, alteração da declividade natural da encosta, concentração da água

pluvial, presença de feições erosivas, fragmentos rochosos instáveis, saturação do terreno,

perfil de intemperismo do solo, litologia da encosta, com o grau de vulnerabilidade da área em

estudo.

Adicionalmente, foi determinada a vulnerabilidade da ocupação e do terreno. Tal

processo envolveu a distinção do padrão construtivo das edificações, analisando, em

conseguinte, a tipologia das moradias, qualidade do acesso, material utilizado na cobertura,

posição relativa das moradias e a respectiva distribuição.

14 Descrição disponível no Relatório Técnico, Nº RL-0496.01-006-MIN-LT06/CI-02 - Relatório Fatores Físicos e Ambientais de Vulnerabilidade a Inundações e Deslizamentos do Município de Cachoeiro de Itapemirim – ES, Empresa Thalweg, 2014.

38

Os dados foram quantificados, de maneira a ratificar a classificação do grau de risco do

setor ou respectivos subsetores, de acordo com o processo atuante, inundação e/ou

deslizamento. A correlação dos dados do Formulário 01 (Identificação dos Fatores Físicos e

Ambientais de Vulnerabilidade) indica as características determinantes do Perigo e

Vulnerabilidade, elementos que compõem o postulado R=PxV, citado anteriormente.

Os aspectos geológico-geotécnicos que envolvem a declividade padrão do terreno, a

contribuição da água pluvial nos processos erosivos, o histórico de escorregamentos, a

porcentagem de área desmatada e depósitos detríticos antropogênicos, caracterizam, assim, o

fator Perigo.

As informações relativas à distribuição espacial das edificações, tais como o material

predominante das moradias; a distância em relação ao eixo do fluxo de água; a porcentagem

das residências posicionadas a uma distância inferior a 3 m do talude; a qualidade do acesso e

resistência a possíveis impactos, caracterizam o fator Vulnerabilidade.

Tais fatores analisados proporcionam a classificação do setor como “Risco Baixo”,

“Risco Médio”, “Risco Alto” e “Risco Muito Alto”. Cada classificação apresenta um padrão de

características e combinações de acordo com os parâmetros descritos anteriormente.

Para o processo de Deslizamento foram identificadas características similares quanto

ao terreno e suas evidências de movimentação. O conjunto desses padrões para cada região

determina a necessidade de dividir a área em subsetores. A classificação da vulnerabilidade do

terreno varia de Alta, Média e Baixa, sendo estas determinadas através da combinação da

declividade do talude, estabilidade da região e a probabilidade de ser impactada por um

deslizamento. O quadro a seguir apresenta a correlação dos critérios adotados e as respectivas

classificações:

39

Quadro 04: Correlação de Critérios para a Classificações de Risco GRAU DE RISCO

DESCRIÇÃO DO CENÁRIO

R1 - Risco Baixo Terreno de baixa ou nula declividade, nula ou baixa relevância de indícios de

instabilização, distância talude-casa >3 m, baixa vulnerabilidade do terreno e

nula ou baixa probabilidade de deslizamento.

R2 - Risco Médio

Terreno de média declividade, média relevância de indícios de instabilização,

predominância de edificações situadas a 3 m ou mais do talude, média

vulnerabilidade do terreno e potencial em desenvolvimento a ocorrências de

escorregamentos.

R3 - Risco Alto

Terreno de alta declividade, alta relevância de indícios de instabilização,

predominância de edificações situadas em distância < 3 m, alta porcentagem de

edificações posicionadas em talude, média ou alta vulnerabilidade do terreno,

possível redução do avanço do processo de instabilização através de

intervenções estruturais e não estruturais.

R4 - Risco Muito Alto

Terreno de alta declividade, contribuição da água pluvial para ocorrência de

desastres, alta relevância de indícios de instabilização, alta relevância de

ocorrência de escorregamentos, alta porcentagem de desmatamento, sistema

de drenagem ineficiente, predominância de edificações situadas em distância <

3 m, alta porcentagem de edificações posicionadas em talude, alta

vulnerabilidade do terreno, alta porcentagem de edificações posicionadas em

talude. E impossível o monitoramento do avanço do processo.

Fonte: Thalweg, 2014. Folha 6/220

Para o processo de Inundação foram identificadas características similares quanto ao

padrão construtivo das edificações. O conjunto desses padrões para cada região determina a

necessidade de dividir a área em subsetores, atendendo sempre ao limite de 25 edificações

por domínio. A classificação da vulnerabilidade da ocupação varia de Alta, Média e Baixa,

sendo estas determinadas através da combinação do padrão construtivo, qualidade do acesso

e capacidade de resistir ao impacto oriundo de uma inundação.

No que se refere à determinação da tipologia do processo hidrológico atuante nas

regiões de alta suscetibilidade a risco a inundação e enxurradas, foram adotadas como

parâmetros definidores do risco as influências de fenômenos hidrológicos. O quadro a seguir

demonstra os conceitos para cada processo:

40

Quadro 05: Conceitos dos processos perigosos

PROCESSO CONCEITO

Enchente Elevação temporária do nível de água em um canal de drenagem devido ao aumento da vazão ou descarga.

Inundação Processo de extravasamento das águas do canal de drenagem para as áreas marginais quando a enchente atinge cota acima do nível máximo da calha do rio.

Alagamento Acúmulo momentâneo de água em uma dada área decorrente de deficiência do sistema de drenagem.

Enxurrada Escoamento superficial concentrado e com alta energia de transporte.

Erosão Marginal Remoção e transporte de solo dos taludes marginais dos rios, provocados pela ação erosiva das águas no canal de drenagem.

Solapamento Ruptura de taludes marginais do rio por erosão e ação instabilizadora das águas, durante ou logo após processos de enchentes e inundações.

Fonte: Thalweg, 2014. Folha 7/220

O estudo realizado pela empresa apresenta, ainda, as relações dos processos em

detrimento aos critérios utilizados durante a classificação do risco (processo hidrológico,

vulnerabilidade da ocupação e periculosidade):

Quadro 06: Relações dos processos hidrológicos para a classificação dos riscos

TIPO DE PROCESSO CARACTERIZAÇÃO

Processo Hidrológico 01 (Ph01) Enchente e inundação lenta de planícies fluviais.

Processo Hidrológico 02 (Ph02) Enchente e inundação com alta energia cinética.

Processo Hidrológico 03 (Ph03) Enchente e inundação com alta energia de escoamento e capacidade

de transporte de material sólido.

Fonte: Thalweg, 2014. Folha 8/220

A vulnerabilidade da ocupação, referente ao setor de risco, basicamente é

determinada em relação ao padrão construtivo das edificações, de acordo com duas tipologias

construtivas. O quadro a seguir descreve tais relações, adotada pelo estudo da empresa

Thalweg.

41

Quadro 07: Caracterização da vulnerabilidade a desastres

VULNERABILIDADE CARACTERIZAÇÃO

Alta Vulnerabilidade de Acidentes (V01)

Baixo padrão construtivo, onde predominam moradias construídas

com madeira, madeirite e restos de material, com baixa capacidade

de resistir ao impacto de processos hidrológicos.

Baixa Vulnerabilidade de Acidentes (V02)

Médio a bom padrão construtivo, onde predominam moradias

construídas em alvenaria, com boa capacidade de resistir ao

impacto de processos hidrológicos.

Fonte: Thalweg, 2014. Folha 8/220

Associado aos critérios citados anteriormente, a avaliação do risco envolve a

identificação exata do processo, de maneira com que seja possível estabelecer o alcance

máximo do fenômeno hidrológico. Essa informação, obtida durante o preenchimento do

Formulário 01, juntamente com a distância das edificações em relação ao eixo da drenagem,

caracterizam o grau de periculosidade do setor. Nessa avaliação foi considerada a atuação do

agente deflagrador, como as chuvas.

Quadro 08: Caracterização da periculosidade

PERICULOSIDADE CARACTERIZAÇÃO

Alta Periculosidade (P01) Alta possibilidade de impacto direto, considerando o raio de alcance

do processo.

Baixa Periculosidade (P02) Baixa possibilidade de impacto direto, considerando o raio de alcance

do processo.

Fonte: Thalweg, 2014. Folha 9/220

A definição do risco é determinada a partir do arranjo estabelecido entre os critérios

adotados nesse projeto. No quadro a seguir, é possível identificar as correlações entre os

processos hidrológicos e vulnerabilidade da ocupação das áreas em risco.

Quadro 09: Correlações entre os processos hidrológicos e vulnerabilidade da ocupação das áreas em risco

PH01 PH02 PH03

VO1 R2 R3 R4

VO2 R1 R2 R3

Fonte: Thalweg, 2014. Folha 9/220

É a partir do arranjo estabelecido entre os critérios aqui adotados pelo projeto que se

mostra, em conseguinte, a definição do risco. Portanto, no quadro a seguir, é possível obter a

42

identificação das correlações entre os processos hidrológicos, vulnerabilidade da ocupação e

periculosidade das áreas em risco.

Quadro 10: correlações entre os processos hidrológicos, vulnerabilidade da ocupação e periculosidade das áreas em risco

P01 P02

Ph01 x VO1 R2 R1

Ph01 x VO2 R1 R1

Ph02 x VO1 R3 R2

Ph02 x VO2 R2 R1

Ph03 x VO1 R4 R3

Ph03 x VO2 R3 R2

Fonte: Thalweg, 2014. Folha 10/220

Com a finalidade de estabelecer claramente os conceitos utilizados para a

determinação do grau de risco a processos hidrológicos, foi adotada a correlação dos arranjos

evidenciados nos quadros anteriores, conforme pode ser observado a seguir:

Quadro 11: Caracterização do grau de risco a inundação

GRAU DE RISCO CARACTERIZAÇÃO DO CENÁRIO

R1 - BAIXO

a) Enchentes e inundações com Baixa Energia Cinética e Baixo Poder Destrutivo (Ph01), atingindo Moradias de Alta Vulnerabilidade (VO1), situadas em área com Baixa Possibilidade de impacto direto do processo (P02).

b) Enchentes e inundações com Baixa Energia Cinética e Baixo Poder Destrutivo (Ph01), atingindo Moradias de Baixa Vulnerabilidade (VO2), situadas em área com Alta Possibilidade de impacto direto do processo (P01).

c) Enchentes e inundações com Baixa Energia Cinética e Baixo Poder Destrutivo (Ph01), atingindo Moradias de Baixa Vulnerabilidade (VO2), situadas em área com Baixa Possibilidade de impacto direto do processo (P02).

d) Enchentes e inundações com Alta Energia Cinética e Alto Poder Destrutivo (Ph02), atingindo Moradias de Baixa Vulnerabilidade (VO2), situadas em área com Baixa Possibilidade de impacto direto do processo (P02).

R2 - MÉDIO

a) Enchentes e inundações com Baixa Energia Cinética e Baixo Poder Destrutivo (Ph01), atingindo Moradias de Alta Vulnerabilidade (VO1), situadas em área com Alta Possibilidade de impacto direto do processo (P01).

b) Enchentes e inundações com Alta Energia Cinética e Alto Poder Destrutivo (Ph02), atingindo Moradias de Baixa Vulnerabilidade (VO2), situadas em área com Alta Possibilidade de impacto direto do processo (P01).

c) Enchentes e inundações com Alta Energia Cinética e Alto Poder Destrutivo (Ph02), atingindo Moradias de Alta Vulnerabilidade (VO1), situadas em área com Baixa Possibilidade de impacto direto do processo (P02).

43

GRAU DE RISCO CARACTERIZAÇÃO DO CENÁRIO

d) Enchentes e inundações com Alta Energia Cinética e Alta Capacidade de Transporte de Material Sólido e Elevado Poder Destrutivo (Ph03), atingindo Moradias de Baixa Vulnerabilidade (VO2), situadas em área com Baixa Possibilidade de impacto direto do processo (P02).

R3 - ALTO

a) Enchentes e inundações com Alta Energia Cinética e Alto Poder Destrutivo (Ph02), atingindo Moradias de Alta Vulnerabilidade (VO1), situadas em área com Alta Possibilidade de impacto direto do processo (P01).

b) Enchentes e inundações com Alta Energia Cinética e Alta Capacidade de Transporte de Material Sólido e Elevado Poder Destrutivo (Ph03), atingindo Moradias de Alta Vulnerabilidade (VO1), situadas em área com Baixa Possibilidade de impacto direto do processo (P02).

c) Enchentes e inundações com Alta Energia Cinética e Alta Capacidade de Transporte de Material Sólido e Elevado Poder Destrutivo (Ph03), atingindo Moradias de Baixa Vulnerabilidade (VO2), situadas em área com Alta Possibilidade de impacto direto do processo (P01).

R4 - MUITO ALTO

Enchentes e inundações com Alta Energia Cinética e Alta Capacidade de Transporte de Material Sólido e Elevado Poder Destrutivo (Ph03), Atingindo Moradias de Alta Vulnerabilidade (VO1), situadas em área com Alta Possibilidade de impacto direto do processo (P01).

Fonte: Thalweg, 2014. Folha 11/220

Pangea Geologia e Estudos Ambientais LTDA15

No município de Santa Cruz Cabrália foram identificados nos setores de risco dois

processos atuantes, deslizamento e inundação. Para produzir os mapas de risco e

vulnerabilidade foi necessário definir parâmetros para a classificação do Risco. A metodologia

utilizada pela empresa é a especificada pelo TR, juntamente com a do Ministério das Cidades:

Instituto de Pesquisas Tecnológicas - IPT 2007, as quais nortearam os trabalhos realizados.

Dessa forma, os aspectos da condicionante da geometria e características geológico-

geotécnicas do terreno, foram associados ao processo ocorrido ou esperado, às evidencias de

que o processo esteja instalado, aos condicionantes antrópicos e por fim à vulnerabilidade das

construções.

A empresa Pangea Geologia e Estudos Ambientais apresenta todos os indicadores com

a definição dos intervalos utilizados para cada um no momento de classificar o grau de risco.

Na sequência, apresenta-se o estudo e metodologia descritos pela empresa.

15 Descrição disponível no Relatório 1729-R2-14: Município de Santa Cruz Cabrália, BA - Lote 9, Pangea, 2014.

44

Identificação dos Fatores Físicos e Ambientais de Vulnerabilidade em Setores

de Risco Existentes no Município

Essa identificação é realizada por meio da coleta de dados direcionada pelo Formulário

1, (Identificação dos fatores físicos e ambientais de vulnerabilidade), os quais foram coletados

por unidade habitacional. Esses dados caracterizam as edificações existentes no setor de risco;

o terreno no entorno imediato de cada edificação; e identifica as evidências de movimentação.

Os setores de risco foram, quando necessário, divididos em subsetores. O subsetor de risco foi

definido pela envoltória de edificações que formam uma área com características similares

quanto ao padrão construtivo, não envolvendo um número superior a 25.

Determinação do grau de risco

O risco pode ser expresso em uma equação onde o risco (R) é a Probabilidade (P) de

ocorrência de um acidente associado a um determinado perigo ou Ameaça (A) e que pode

resultar em Consequências (C) danosas às pessoas ou bens, em função da Vulnerabilidade (V)

do meio exposto ao perigo e que pode ter seus efeitos reduzidos pelo grau de Gerenciamento

(G) colocado em prática pelo poder público e/ou pela comunidade. Dessa forma o risco é

classificado como: R1 – Baixo; R2 – Médio; R3 – Alto; ou R4 – Muito Alto.

Determinação da vulnerabilidade da ocupação A vulnerabilidade da ocupação a desastres naturais depende do risco existente e da

capacidade de prevenção e resposta do Poder Público e da própria população. Assim, a

vulnerabilidade da ocupação à ocorrência de desastres naturais foi determinada, em cada

subsetor de risco, por meio da análise dos dados extraídos dos dados dos formulários 01, 02 e

04. Tais dados abrangem os seguintes aspectos:

- Fragilidade das edificações;

- Precariedade dos acessos;

- Edificações situadas em taludes com altura maior que 6 m;

- Edificações próximas da borda de taludes;

- Edificações em terrenos com declividade maior ou igual a 30°;

- Edificações próximas à margem de cursos d’água;

- Edificações com indícios de instabilização;

- Edificações situadas em terrenos com feições de instabilização;

- Presença de lixo e entulho engendrando situação de risco;

45

- Presença de água e/ou esgoto engendrando situação de risco;

- Quantidade de edificações expostas a risco;

- Quantidade de pessoas expostas a risco;

- Capacidade de o Município identificar, analisar e monitorar riscos;

- Capacidade de o Município prevenir e mitigar desastres; e

- Capacidade de o Município planejar e se preparar para emergências.

A análise dos dados obtidos para classificação dos setores quanto à vulnerabilidade à

ocorrência de inundação e movimentos de massa foi realizada com base em indicadores.

O grau de vulnerabilidade foi definido conforme análise dos indicadores relativos aos fatores

de vulnerabilidade (quadro 12) associados aos indicadores referentes aos fatores de risco

(quadro 13). Nos quadros, apresentados na sequencia, constam as descrições do que foi

definido, conforme estudo realizado.

Quadro 12: Fatores de vulnerabilidade da ocupação, tipo de desastre e indicadores Fatores de

vulnerabilidade Desastre Indicadores vulnerabilidade (IV)

Características da

edificação

Deslizamento

Enxurrada/inundação

IV.1 – Quantidade de edificações não de alvenaria

IV.2 – Porcentagem de edificações com acesso precário

Capacidade de

prevenção e

resposta

Deslizamento

Enxurrada/inundação

IV.3 – Diversidade e importância das instituições existentes num raio de 3

km

IV.4 – Classificação da capacidade de identificação, análise e

monitoramento de riscos

IV.5 – Porcentagem de fatores de prevenção e mitigação de desastres

classificados como Insuficiência e/ou Insuficiência grave

IV.6 - Porcentagem de fatores de planejamento classificados como

Insuficiência

Fonte: Relatório 1729-R2-14: Município de Santa Cruz Cabrália, BA - Lote 9, P. 7, Pangea, 2014.

Quadro 13: Fatores de risco, tipo de desastre e indicadores Fator de risco Desastre Indicadores de risco (IR)

Exposição ao

perigo

Deslizamento

IR.1 – Porcentagem de edificações em taludes com altura superior a 6 m

IR.2 – Porcentagem de edificações em taludes ou próximas a taludes com

declividade igual ou maior que 30°

IR.3 – Distância média das edificações ao talude

Enxurrada/inundação IR.4 – Distância média das edificações à margem do curso d’água

Presença de

evidências

Deslizamento

Enxurrada/inundação

IR.5 – Porcentagem de edificações com indícios de instabilização situadas

em local com feições de instabilização

Presença de

agentes

indutores/

deflagradores

Deslizamento

Enxurrada/inundação

IR.6 – Possibilidade de lixo e/ou entulho contribuir coma ocorrência de

desastres

Deslizamento IR.7 – Possibilidade de água pluvial e/ou esgoto contribuir com a

ocorrência de desastres

Presença de

pessoas,

edificações e

outros bens

materiais

Deslizamento

Enxurrada/inundação

IR.8 – Quantidade de edificações

IR.9 – Quantidade de moradores

Fonte: Relatório 1729-R2-14: Município de Santa Cruz Cabrália, BA - Lote 9, P. 7, Pangea, 2014.

46

Os critérios de análise dos indicadores de vulnerabilidade e de risco estão descritos no

quadro 14 e quadro 15, e os critérios de hierarquização da vulnerabilidade da ocupação

encontram-se no quadro 16.

Quadro 14: Critérios de análise dos indicadores de vulnerabilidade da ocupação Indicador Intervalos Significância Classe Justificativa

IV.01 - Quantidade de

edificações não de alvenaria

IV.01 ≤ 5 Pequena 1 Em caso de desastres, a existência de uma

quantidade grande de imóveis não de

alvenaria tende a aumentar a severidade

de suas consequências.

5 <IV.01 ≤ 10 Média 2

IV.01> 10 Grande 3

IV.02 - Porcentagem de

edificações com acesso

precário

IV.02 ≤ 10% Pequena 1 Em caso de alerta de desastres, acessos

precários dificultam a remoção das

pessoas e bens; e, em caso de desastres,

acessos precários prejudicam o resgate de

pessoas.

10% <IV.02 ≤ 25% Média 2

IV.02> 25% Grande 3

IV.03 - Diversidade e

importância das instituições

existentes num raio de 3 km

Total Pequena 1 Com toda a estrutura institucional

próxima (hospital, bombeiros, PM,

Nudecs, ginásios/abrigo, etc.) mais efetivo

o apoio em caso de desastres.

Parcial Média 2

Nula Grande 3

IV.04 – Classificação da

capacidade de identificação,

análise e monitoramento de

riscos

Suficiência Pequena 1 A carta geotécnica, o PMRR, o cadastro

dos moradores em área de risco e o plano

de monitoramento de áreas de risco

compõem a base da gestão de risco.

Suficiência parcial Média 2

Insuficiência Grande 3

IV.05 – Porcentagem de

fatores de prevenção e

mitigação de desastres

classificados como

Insuficiência

IV.05 ≤ 25% Pequena 1 As atividades de prevenção e mitigação

devem ter prioridade segundo o art. 4º, III

da Lei Federal nº 12.608/2012, que

estabelece a Política Nacional de Proteção

e Defesa Civil.

25% <IV.05 ≤ 50% Média 2

IV.05> 50% Grande 3

IV.06 - Porcentagem de

fatores de planejamento

classificados como

Insuficiência

IV.06 ≤ 25% Pequena 1 Para o enfrentamento de situações

potencialmente adversas, devem ser

planejadas antecipadamente as ações

logísticas para o atendimento a

emergências.

25% <IV.06 ≤ 50% Média 2

IV.6> 50% Grande 3

Fonte: Relatório 1729-R2-14: Município de Santa Cruz Cabrália, BA - Lote 9, P. 7 e 8, Pangea, 2014.

Quadro 15: Critérios de análise dos indicadores de risco

Indicador Intervalos Significância Classe Justificativa

IR.01 - Porcentagem de

edificações em talude com

altura maior que 6 m

IR.01 ≤ 10% Pequena 1 Em caso de desastres, taludes mais

altos tendem a causar danos mais

sérios.

10% <I.9≤ 25% Média 2

IR.02> 25% Grande 3

IR.02 - Porcentagem de

edificações em talude ou

próximos a taludes com

declividade maior ou igual

a 30o

IR.02 ≤ 10% Pequena 1

Quanto maior a área com declividade

igual ou superior a 30º, maior a área

sujeita a deslizamento.

10% <IR.02 ≤ 25% Média 2

IR.02> 25% Grande 3

IR.03 - Distância média das

edificações ao talude

IR.03 ≥ 10 m Pequena 1 Quanto mais próximas ao pé do talude,

maior a probabilidade de edificações

serem atingidas.

3 m ≤IR.03< 10 m Média 2

IR.03< 3 m Grande 3

IR.04 - Distância média das

edificações à margem do

curso d’água

IR.04> 30 m Pequena 1 Quanto mais próximas da margem de

cursos d’água, maior a probabilidade de

edificações serem atingidas.

10 m <IR.04 ≤ 30 m Média 2

IR.04 ≤ 10 m Grande 3

47

Indicador Intervalos Significância Classe Justificativa

IR.05 - Porcentagem de

edificações com indícios

de instabilização situadas

em local com feições de

instabilização

IR.05< 10% Pequena 1 Quanto maior a quantidade de

edificações com indícios de

instabilização ou situadas em terreno

com feições de instabilização, maior a

possibilidade de ocorrer deslizamentos.

10% ≤ IR.05< 25% Média 2

IR.05 ≥ 25% Grande 3

IR.06 - Possibilidade de

lixo e/ou entulho

contribuir com a

ocorrência de desastres

Imperceptível Pequena 1 Quanto mais presente em taludes,

maior a possibilidade do lixo/entulho

contribuir com a ocorrência de

deslizamentos.

Pouco evidente Média 2

Evidente Grande 3

IR.07 - Possibilidade de

água pluvial e/ou esgoto

contribuir com a

ocorrência de desastres

Imperceptível Pequena 1 Quanto maior a presença de água

pluvial e esgoto escoando em superfície

por deficiência nos sistemas de

drenagem e coleta de esgoto, maior a

possibilidade de contribuírem com a

ocorrência de deslizamentos.

Pouco evidente Média 2

Evidente Grande 3

IR.08 - Quantidade de

edificações

IR.08 ≤ 5 Pequena 1 Em caso de desastres com danos a

edificação, quanto menor o número de

imóveis maior a facilidade para

realização de reparos ou construção de

novas edificações.

5 <IR.08 ≤ 10 Média 2

IR.08> 10 Grande 3

IR.09 - Quantidade de

moradores

IR.09 ≤ 25 Pequena 1 Em caso de alerta de desastres, quanto

menor o numero de pessoas maior a

facilidade para realizar a remoção e

fornecer abrigo, água e alimentação.

25 <IR.09 ≤ 50 Média 2

IR.09> 50 Grande 3

Fonte: Relatório 1729-R2-14: Município de Santa Cruz Cabrália, BA - Lote 9, P. 8 e 9, Pangea, 2014.

Quadro 16: Critérios de hierarquização da vulnerabilidade da ocupação a inundação e movimentos de massa

Porcentagem de indicadores de vulnerabilidade e risco enquadrados

na classe 3 – PIVR (%) Vulnerabilidade da ocupação

PIVR ≤ 25 Baixa

25 <PIVR< 50 Média

PIVR≥ 50 Alta

Fonte: Relatório 1729-R2-14: Município de Santa Cruz Cabrália, BA - Lote 9, P. 9, Pangea, 2014.

Após a definição da metodologia e levantamento de dados, foram processadas as

informações e gerados os mapas solicitados no TR.

48

GeoEnvi Geologia e Meio Ambiente16

No município de Gaspar o mapeamento foi realizado pela empresa GeoEnvi Geologia e

Meio Ambiente, onde foram identificados dois processos atuantes, deslizamento e inundação.

A metodologia utilizada pela empresa é a especificada no TR. Na sequência, apresenta-se o

estudo e metodologia descritos pela empresa GeoEnvi:

A aquisição dados vieram da aplicação dos formulários 1, 2, 3 e 4, a baixo apresentamos ao

que se refere cada um:

O formulário 1 serviu de base para a determinação da vulnerabilidade das edificações

e avaliação de áreas com edificações em risco. Após a realização dos cadastros, os

dados constantes deste formulário serviram para elaboração de banco dados

georreferenciados que serviram de base para confecção dos mapas de vulnerabilidade,

suscetibilidade e risco.

No formulário 2 foram observados os aspectos naturais e antrópicos de cada um dos

setores. Para a identificação e localização de elementos de interesse foram feitas

pesquisas junto à Prefeitura Municipal, Defesa Civil e internet; pesquisa de imagens e

vistoria de campo. A determinação das porcentagens de vegetação existentes foi

baseada tanto nos dados de campo como no uso de imagens dos setores. A

determinação das porcentagens dos sistemas de esgoto existentes em cada setor foi

feita a partir dos dados do Formulário 1, o qual inclui os dados sobre esgotos de cada

edificação.

Após a realização do cadastramento e avaliação geológica-geotécnica de cada setor

foram elaborados os mapas de suscetibilidade e de risco. Com base nas informações

constantes do Banco de Dados, levantamentos de campo, levantamentos da CPRM e

mapas de suscetibilidade e de risco, a equipe de geologia retornou a campo para

definir as intervenções necessárias para cada setor. Nesta ida a campo, para definição

das intervenções, foram marcados nos mapas dos setores os locais e os tipos de

intervenção. Após esta determinação, elaborou-se o memorial quantitativo a partir do

uso de imagens com topografia do setor.

O formulário 4 foi respondido pelo Coordenador da Defesa Civil do Município de

Gaspar. Este formulário foi preenchido em entrevista específica, conduzida pela

geóloga Germaine Aline Bernhardt Fuchs. O preenchimento deste formulário

16 Descrição disponível em Relatório consolidado sobre fatores físicos e ambientais de vulnerabilidade a inundações e deslizamentos - Gaspar-sc, Empresa GeoEnvi, 2013.

49

associado ao conhecimento da realidade do município resultou na elaboração de um

panorama da capacidade de resposta do município.

Mapeamento de suscetibilidade dos setores a deslizamentos, enxurradas e inundações

Para o mapeamento das encostas e taludes em termos de risco de ocorrência de

desastres naturais, nos setores delimitados pelo CPRM, são utilizados três critérios,

combinados entre si:

I) Suscetibilidade a Movimentos de Massa e/ou processos hidrológicos;

II) Vulnerabilidade da edificação;

III) Distância da moradia do processo de movimento de massa.

Suscetibilidade a Movimentos de Massa e/ou Processos Hidrológicos

Entende-se como suscetibilidade como a probabilidade maior ou menor de ocorrência

de processo de movimento de massa (deslizamentos de encosta, queda de taludes, corrida de

lamas, etc.) ou de processo hidrológico (enxurrada, inundação ou alagamento) em uma

determinada área.

Para os movimentos de massa são considerados 4 graus de suscetibilidade: Baixa ou

Sem Suscetibilidade (S1); Média Suscetibilidade (S2); Alta Suscetibilidade (S3); Muito Alta

Suscetibilidade (S4).

Fatores determinantes dos Graus de Suscetibilidade a Ocorrência de Movimentos de Massa

A) Inclinação do terreno: maior que 45º; maior que 30º e menor que 45º; menor que 30º.

B) Presença de água: Sim; Não.

C) Indícios de movimentação de solo ou rocha: Sim; Não.

D) Presença de Vegetação: Sim; Não.

E) Grau de Intervenção Antrópica: Expressiva; Mediana; Pouco Expressiva.

F) Altura de encosta: Muito Alta, Média, Baixa.

Essa combinação dos fatores determina o Grau de Suscetibilidade a Movimentos de

Massa:

50

Baixa ou Sem Suscetibilidade (S1):

Inclinação do terreno <30º;

A presença ou não de água não interfere no processo;

Não há indícios de movimentação de massa anteriores;

Não há intervenção antrópica que leve a instabilização da área;

Média Suscetibilidade (S2):

Inclinação do terreno <30º ou entre 30º e 45º;

Não há presença de água;

Ocorrem poucos indícios de movimentação de massa anteriores;

Não há intervenção antrópica que pode levar a instabilização da área;

Alta Suscetibilidade (S3):

Inclinação do terreno entre 30º e 45º;

Pode ou não haver presença de água;

Ocorrem indícios de movimentação de massa anteriores;

Há intervenção antrópica que pode levar a instabilização da área;

Muito Alta Suscetibilidade (S3):

Alta inclinação do terreno > 45º;

Ocorre presença de água;

Ocorrem indícios de movimentação de massa anteriores;

Pode ou não haver intervenção antrópica que leve a instabilização da área;

Pode ou não haver vegetação.

Outros fatores, tais como espessura de solo, ações antrópicas, presença de blocos ou

matacões rolados devem fazer parte da análise e são verificados em campo.

Para o mapeamento das áreas de suscetibilidade a movimentos de massa,

primeiramente é avaliado o tipo de fenômeno ao qual o local (encosta ou talude) está

submetido. A partir daí são utilizados os critérios combinados entre si para classificação das

áreas como S1, S2, S3 e S4. O trabalho, também, é baseado nas descrições de campo coletadas

pelo geólogo. Para os processos hidrológicos é avaliado o tipo de processo ao qual o terreno

51

está sujeito, e para definição do tipo de processo hidrológico avaliam-se as características

geomorfológicas e hidrológicas, além da presença ou não de vegetação.

A vulnerabilidade da edificação é definida por checagem de campo, a caracterização

de cada foi realizada conforme TR.

Distância da moradia do processo de movimento de massa e/ou hidrológico

A distância da moradia é considerada de forma conjunta com o tipo de processo de

movimento de massa e/ou hidrológico e a localização deste. Em relação aos movimentos

hidrológicos é preciso considerar o tipo do processo e também as características

geomorfológicas, presença ou não de vegetação e as interferências antrópicas. Em relação aos

movimentos de massa são considerados dois tipos básicos para a delimitação da distância da

moradia:

Movimentos por solifluxão: Fluxos de lama e detritos (“debris flow”): Movimentos que

atingem grandes distâncias sob a forma de fluxo de material argiloso, viscoso

altamente saturado. É um fenômeno altamente destrutivo, abrangendo grandes

áreas.

Movimentos por Deslizamentos (rotacionais e translacionais) e quedas de blocos: São

movimentos localizados e repentinos, de grande poder destrutivo, abrangendo áreas

localizadas.

Em relação aos processos hidrológicos considera-se que processos do tipo enxurrada

são processos rápidos e altamente destrutivos, porém sua abrangência limita-se

principalmente às áreas próximas dos canais de drenagem. As inundações são processos mais

lentos, com menor poder destrutivos, porém sua abrangência é grande, podendo

comprometer toda a área da planície de inundação e de várzea e, áreas limítrofes à planície de

inundação. Os alagamentos costumam ser processos mais rápidos, porém menos destrutivos

que as enxurradas e com abrangência média à montante do ponto de estrangulamento da

drenagem. Desta forma, a distância a ser considerada como área de abrangência do processo

decorre da conjunção das variáveis que são analisadas para definir a suscetibilidade.

52

Definição de Área de Risco

A definição dos polígonos ou mapeamento das áreas de risco foram feitas a partir do

cruzamento dos polígonos com as áreas de suscetibilidade com as edificações

(vulnerabilidade). Segue o quadro com as combinações de suscetibilidade e vulnerabilidade

gerando o grau de risco.

Figura 09: Combinações de suscetibilidade e vulnerabilidade gerando o grau de risco

Fonte: Relatório consolidado sobre fatores físicos e ambientais de vulnerabilidade a inundações e

deslizamentos - Gaspar-sc, Empresa GeoEnvi, P. 15, 2013.

Os polígonos com as áreas de risco alta e/ou muito alta são definidos pelo cruzamento

das áreas S3 com as residências de alta vulnerabilidade (DA) e as áreas S4 com todas as

residências (DA, DB e DC). Após definição da metodologia e aquisição de dados foram

produzidos os mapas.

53

Metodologia de Vulnerabilidade do CEPED UFSC

A metodologia foi desenvolvida para avaliar e classificar a vulnerabilidade a desastres

em setores de risco previamente identificados. Sendo assim, foi aplicada nos setores de risco

indicadas pelo CPRM, cuja identificação e classificação de riscos seguiu os critérios e

metodologia definidas pela instituição.

Ameaça e vulnerabilidade são processos indissociáveis na configuração de risco a

desastres. Neste sentido, o projeto não se propôs realizar um mapeamento de risco dos

municípios. Centrou-se na identificação e análise de indicadores de vulnerabilidade em áreas

suscetíveis a inundações e deslizamentos, com o objetivo de caracterizar os setores:

população, infraestrutura e ocupação; de modo a ampliar os fatores de vulnerabilidade

empiricamente adotados pela setorização do CPRM.

Enquanto a setorização do CPRM possibilitou a localização dos riscos e uma descrição

geral das áreas e do tipo de evento a que está suscetível, o presente projeto visou ampliar a

caracterização destes setores com foco em 6 fatores principais: 1) fator socioeconômico; 2)

fator físico-ambiental; 3) fator saúde; 4) fator educação; 5) fator percepção de risco; 6) fator

infraestrutura e ocupação do solo.

Definição de fatores e variáveis de vulnerabilidade

De acordo com os objetivos e produtos esperados, a primeira etapa da elaboração da

metodologia se referiu à definição dos fatores e variáveis de vulnerabilidade. A partir do

estudo realizado por Dutra (2011)17 e demais metodologias existentes (CENAPRED18 e

Alemanha19), o projeto definiu os seguintes fatores de vulnerabilidade a desastres:

1) Fatores Socioeconômicos: indica características sociais, de gênero, idade, renda e

outras variáveis domiciliares da população que habita áreas suscetíveis a inundações e

deslizamentos.

17 Dutra, Rita de Cássia. Indicadores de vulnerabilidade no contexto da habitação Precária em área sujeita a deslizamento. Dissertação de Engenharia Civil, Universidade Federal de Santa Catarina, Santa Catarina – Brasil. 2011. 178pgs. 18 Guia Básica para la Elaboración de Atlas Estatales y Municipales de Peligros y Riesgos – Evaluación de la Vulnerabilidad Física y Social, noviembre de 2006. Centro Nacional de Prevención de Desastres. 19 El análises de riesgo – uma base para La gestion de riesgo de desastres naturales. Eschborn, junio de 2004. Deutsche Gesellschaft für Technische Zuzsammenarbe it (GTZ).

54

2) Fator Físico-ambiental: indica as características físicas das edificações, vegetação,

preservação ambiental, proximidade ao agente desencadeador do evento e outras

variáveis que evidenciam a vulnerabilidade a deslizamentos ou inundações sob o

ponto e vista da localização, qualidade e condições dos materiais das estruturas físicas.

3) Fator saúde: indica o acesso aos serviços de saúde, pessoas com doenças crônicas ou

deficiências, entre outros aspectos, nas áreas investigadas.

4) Fator Educação: indica o nível de formação e escolaridade das pessoas residentes nas

áreas investigadas.

5) Percepção de Risco: indica o conhecimento, a relação da população local com os

riscos de desastres a que estão sujeitas.

6) Infraestrutura Urbana e Ocupação do Solo: indica as condições de infraestrutura e

urbanização da área ocupada.

Sabe-se que a vulnerabilidade a desastres possui um caráter multifacetado, abarcando

diferentes dimensões, a partir das quais se podem identificar condições de vulnerabilidade dos

indivíduos, famílias ou comunidades. Estas condições estão ligadas tanto às características

próprias dos indivíduos ou grupos, como relativas ao meio social nas quais estão inseridos.

O projeto não teve a pretensão de compreender todas as dimensões e aspectos

citados pelos autores reconhecidos na área. A seleção dos fatores e variáveis decorreu dos

dados disponíveis em bases de dados do IBGE e de algumas informações possíveis de serem

coletadas em campo. As tabelas a seguir apresentam as variáveis selecionadas, onde se pode

obervar que foi dada ênfase as variáveis que expressam maior vulnerabilidade (alta e muito

alta).

Os pesos foram dados de acordo com a relevância da variável e sua expressão no

conjunto de variáveis, em relação ao fator de vulnerabilidade a que corresponde. Os pesos

foram atribuídos considerando, também, as ameaças específicas determinadas pelo CPRM

para as áreas estudadas. Além disso, foram dados pesos aos fatores para elaboração dos

mapas finais, considerando a relevância do fator e a condição do conjunto de variáveis de

expressar e diferenciar as edificações investigadas. Para determinação dos valores dos pesos

utilizou-se a lógica de Fibonacci20, onde o número inicial é 0,123581321 e os subsequentes

20 A lógica ou sequência de Fibonacci é uma sequência de números inteiros, começando normalmente por 0 e

1, na qual cada termo subsequente corresponde a soma dos dois anteriores. Na matemática, a sequência é

definida pela fórmula abaixo, sendo o primeiro termo F1= 1: F_n = F_{n-1} + F_{n-2}. Ao transformar esses

números em quadrados e dispô-los de maneira geométrica é possível traçar uma espiral perfeita. Atualmente,

55

0,247162643; 0,370743964; 0,617906607; 0,988650571. Para obter a classificação, em uma

escala de 0 a 1, foi utilizado o numero inicial da sequência de Fibonacci de 0,123581321, e

assim sucessivamente até obter cinco classes distintas.

Esclarece-se que a atribuição dos pesos às variáveis está em processo de

aperfeiçoamento. Há pouca disponibilidade de informação na literatura sobre indicadores de

vulnerabilidade a desastres. Assim sendo, a equipe pretende detalhar o conceito e as

qualidades de cada variável ao longo de outros projetos.

A classificação de vulnerabilidade dos mapas foi realizada em 5 níveis, de acordo com a

tabela a seguir:

Tabela 01: Pesos e graus de vulnerabilidade determinados

Grau de Vulnerabilidade da Variável Peso

Muito Alta Vulnerabilidade 0,988650571

Alta Vulnerabilidade 0,617906607

Moderada Vulnerabilidade 0,370743964

Baixa Vulnerabilidade 0,247162643

Muito Baixa Vulnerabilidade 0,123581321

Fonte: CEPED UFSC, 2014.

Pesos dados aos fatores de vulnerabilidade

Apresenta-se a seguir os pesos determinados aos fatores de vulnerabilidade elegidos.

Tabela 02: Pesos dos fatores de vulnerabilidade selecionados

Fatores de Vulnerabilidade Pesos

Fator Socioeconômico 0,247162643

Fator Saúde 0.370743964

Fator Educação 0,123581321

Fator Físico ambiental 0.988650571

Fator Infraestrutura urbana e ocupação 0,617906607

Fator Percepção de Risco 0.370743964

Fonte: CEPED UFSC, 2014.

esta sequencia é utilizada em estudos de algoritmos para aplicações na análise de mercados financeiros, na

ciência da computação e na teoria dos jogos. Também aparece em configurações biológicas, como, por exemplo,

na disposição dos galhos das árvores ou das folhas em uma haste no arranjo do cone da alcachofra, do abacaxi,

no desenrolar da samambaia.

56

Peso das Variáveis de Cada Fator de Vulnerabilidade

Apresenta-se a seguir as tabelas das variáveis e graus de vulnerabilidade respectivos, de cada

fator de vulnerabilidade selecionados, de acordo com os pesos identificados acima.

1) Fator Socioeconômico

Pode-se observar que este fator corresponde ao gênero, idade e renda das pessoas residentes

das áreas de risco investigadas. Os dados destas variáveis foram coletados em campo para os

mapas confeccionados por setor de risco. As informações sobre as mesmas variáveis foram

retiradas do Censo IBGE 2010 para a elaboração dos mapas de âmbito municipal, por setor

censitário.

Quadro 17: Variáveis e graus de vulnerabilidade do fator socioeconômico

Variável Fator Socioeconômico Grau de Vulnerabilidade Suscetibilidade

Quantidade de Homens residentes em domicílios particulares permanentes

Baixa Vulnerabilidade Inundações e Deslizamentos

Mulheres em domicílios particulares permanentes

Moderada Vulnerabilidade Inundações e

Deslizamentos

Quantidade de Pessoas com menos de 1 a 6 anos de idade

Muito Alta Vulnerabilidade Inundações e

Deslizamentos

Pessoas com 7 a 12 anos de idade

Moderada Vulnerabilidade Inundações e

Deslizamentos

Pessoas com 13 a 18 anos de idade

Baixa Vulnerabilidade Inundações e

Deslizamentos

Pessoas com 19 a 64 anos de idade

Muito Baixa Vulnerabilidade

Inundações e

Deslizamentos

Pessoas com 65 anos ou mais de idade

Alta Vulnerabilidade Inundações e

Deslizamentos

Quantidade de pessoas desempregadas:

Pessoa sem trabalho ou desempregado

Muito Alta Vulnerabilidade Inundações e

Deslizamentos

A Renda domiciliar (soma da renda de todos os moradores) é

Domicílios particulares com rendimento nominal mensal domiciliar per capita de até 1 salário mínimo

Muito Alta Vulnerabilidade Inundações e

Deslizamentos

A Renda domiciliar (soma da renda de todos os moradores) é

Domicílios particulares com rendimento nominal mensal domiciliar per capita de mais de 1 a 2 salários mínimos

Alta Vulnerabilidade Inundações e

Deslizamentos

A Renda domiciliar (soma da renda de todos os moradores) é

Domicílios particulares com rendimento nominal mensal domiciliar per capita de mais de 2 a 3 salários mínimos

Moderada Vulnerabilidade Inundações e

Deslizamentos

A Renda domiciliar (soma da renda de todos os moradores) é

Domicílios particulares sem rendimento nominal mensal domiciliar per capita

Muito Alta Vulnerabilidade Inundações e

Deslizamentos

Fonte: CEPED UFSC, 2014.

57

2) Fator Físico-ambiental

As variáveis referentes ao fator físico ambiental abrangem aspectos relativos ao

padrão construtivo da casa, presença de materiais no solo, evidências de movimentação e

outras patologias estruturais. Apesar de algumas variáveis correspondem às condições de

suscetibilidade do terreno, elas foram consideradas neste fator uma vez que havia o

entendimento de que a coleta do dado edificação por edificação permitiria evidenciar aquelas

que já apresentavam impacto da ameaça. Foram selecionadas variáveis específicas para a

suscetibilidade a deslizamentos e para a suscetibilidade a inundações, apresentadas cada qual

nas tabelas a seguir.

O fator físico ambiental foi utilizado somente para a confecção dos mapas por setor,

pois não havia estas informações disponíveis no Censo IBGE para a elaboração dos mapas de

âmbito municipal.

Quadro 18: Variáveis e graus do fator físico ambiental para suscetibilidade a deslizamentos

Variável Fator Físico-ambiental

Grau de Vulnerabilidade

Suscetibilidade

No logradouro; quadra face ou face confrontante do imóvel:

Existe lixo acumulado nos logradouros

Muito Alta Vulnerabilidade Deslizamentos

Existe esgoto a céu aberto Alta Vulnerabilidade Deslizamentos

Não Existe bueiro/boca-de-lobo

Muito Alta Vulnerabilidade Deslizamentos

Tipo do Solo do imóvel Terreno sob aterro sanitário

Muito Alta Vulnerabilidade Deslizamentos

Presença de material no solo Presença materiais no solo - Bananeira

Alta Vulnerabilidade Deslizamentos

Presença materiais no solo – Entulho

Alta Vulnerabilidade Deslizamentos

Presença materiais no solo - Matacões

Alta Vulnerabilidade Deslizamentos

Presença materiais no solo - Bloco de rocha

Muito Alta Vulnerabilidade Deslizamentos

Presença materiais no solo - Paredão de rocha

Alta Vulnerabilidade Deslizamentos

Tempo em que o solo leva para secar Concentração da água de chuva em superfície

Muito Alta Vulnerabilidade Deslizamentos

A edificação Área plana Moderada Vulnerabilidade Deslizamentos

Talude Muito Alta Vulnerabilidade Deslizamentos

Topo de morro Moderada Vulnerabilidade Deslizamentos

Qual a inclinação do solo em que se encontra a edificação e/ou corte do talude

Declividade - Mais de 45 graus

Muito Alta Vulnerabilidade Deslizamentos

Declividade - De 22,5 graus a 45 graus

Alta Vulnerabilidade Deslizamentos

Existe próximo a edificação ou na edificação (considere ate 100m de distancia)

Inclinação muros Muito Alta Vulnerabilidade Deslizamentos

Inclinação de árvores Muito Alta Vulnerabilidade Deslizamentos

Inclinação de postes Alta Vulnerabilidade Deslizamentos

Embarrigamento de Muros de contenção

Muito Alta Vulnerabilidade Deslizamentos

Embarrigamento de Muros de edifzicação

Alta Vulnerabilidade Deslizamentos

Trincas na moradia Muito Alta Vulnerabilidade Deslizamentos

Cicatrizes de escorregamento

Muito Alta Vulnerabilidade Deslizamentos

Degraus de abatimento Muito Alta Vulnerabilidade Deslizamentos

Feições erosivas - Linear Alta Vulnerabilidade Deslizamentos

Feições erosivas - Ravina Muito Alta Vulnerabilidade Deslizamentos

Feições erosivas - Sulco Alta Vulnerabilidade Deslizamentos

Feições erosivas - Voçoroca

Muito Alta Vulnerabilidade Deslizamentos

58

Minas d’água no talude ou aterro - No meio

Alta Vulnerabilidade Deslizamentos

Minas d’água no talude ou aterro - No sopé

Moderada Vulnerabilidade Deslizamentos

Minas d’água no talude ou aterro - No topo

Muito Alta Vulnerabilidade Deslizamentos

Tipo de Talude - Corte

Muito Alta Vulnerabilidade Deslizamentos

Tipo de Talude - Extração mineral

Moderada Vulnerabilidade Deslizamentos

Material da cobertura do solo ao redor da edificação (considere ate 10m de distancia)

Drenagem superficial - Precário

Alta Vulnerabilidade Deslizamentos

Drenagem superficial – Inexistente

Muito Alta Vulnerabilidade Deslizamentos

A edificação possui calha, dutos e caixa

pluvial (águas da chuva)

Lançamento de água da chuva em superfície - A céu aberto

Muito Alta Vulnerabilidade Deslizamentos

Distância da edificação, em metros, ao agente desencadeador de possível evento

2 a 5 m; 5 a 10m; 10 a 25m; 25 a 50m; 50 a 100m. mais de 100m.

Muito Alta Vulnerabilidade

(o inverso da distância X

peso)

Deslizamentos

A moradia foi afetada por deslizamentos

Muito Alta Vulnerabilidade Deslizamentos

Fonte: CEPED UFSC, 2014.

Quadro 19: Variáveis e graus do fator físico ambiental para suscetibilidade a inundações

Variável Fator Socioeconômico

Grau de Vulnerabilidade Suscetibilidade

No logradouro; quadra face ou face confrontante do imóvel:

Existe lixo acumulado nos logradouros

Muito Alta Vulnerabilidade Inundações

Existe esgoto a céu aberto Alta Vulnerabilidade Inundações

Não Existe bueiro/boca-de-lobo

Muito Alta Vulnerabilidade Inundações

Tipo do Solo do imóvel Terreno sob aterro sanitário

Moderada Vulnerabilidade Inundações

Presença de material no solo Presença materiais no solo - Entulho

Muito Alta Vulnerabilidade Inundações

Tempo em que o solo leva para secar Concentração da água de chuva em superfície

Muito Alta Vulnerabilidade Inundações

A edificação Terreno - Área plana Alta Vulnerabilidade Inundações

Qual a inclinação do solo em que se encontra a edificação e/ou corte do talude

Declividade - Menos de 22,5 graus

Alta Vulnerabilidade Inundações

Existe próximo a edificação ou na edificação

(considere ate 100m de distancia) Trincas na moradia

Muito Alta Vulnerabilidade Inundações

Minas d’água no talude ou aterro - No meio

Alta Vulnerabilidade Inundações

Material da cobertura do solo ao redor da edificação (considere ate 10m de distancia)

Drenagem superficial - Precário

Alta Vulnerabilidade Inundações

Drenagem superficial – Inexistente

Muito Alta Vulnerabilidade Inundações

A edificação possui calha, dutos e caixa pluvial (águas da chuva)

Lançamento de água da chuva em superfície - A céu aberto

Muito Alta Vulnerabilidade Inundações

Distância da edificação, em metros, ao agente desencadeador de possível evento

2 a 5 m; 5 a 10m; 10 a 25m; 25 a 50m; 50 a 100m. mais de 100m.

Muito Alta Vulnerabilidade (o

inverso da distância x o peso)

Inundações

A moradia foi afetada por inundação sim

Muito Alta Vulnerabilidade Inundações

Altura da inundação

Muito Alta Vulnerabilidade (distância x peso)

Inundações

Fonte: CEPED UFSC, 2014.

59

3) Fator Saúde

O fator saúde corresponde à existência de pessoas com doenças crônicas e pessoas

com deficiência nas áreas de risco. Variáveis relativas ao acesso aos serviços de saúde foram

inicialmente selecionadas, mas não agregadas neste momento porque a setorização feita pelo

CPRM restringiu-se às áreas urbanizadas conforme acordado com o Ministério da Integração

Nacional, as quais são cobertas pelas unidades de saúde da família. Assim sendo, quando

aplicávamos esta pergunta no questionário, as respostas eram todas sim.

As variáveis do fator saúde foram utilizadas para a elaboração dos mapas por setor e

de âmbito municipal.

Quadro 20: Variáveis e graus do Fator Saúde

Variável Fator Saúde

Grau de Vulnerabilidade Suscetibilidade

Pessoa com doença ou agravo de saúde na moradia

Doentes crônicos Muito Alta Vulnerabilidade Inundações e

Deslizamentos

Pessoa com deficiência visual na moradia

Muito Alta Vulnerabilidade Inundações e

Deslizamentos

Pessoa com deficiência auditiva na moradia

Dificuldade Permanente De Ouvir

Muito Alta Vulnerabilidade Inundações e

Deslizamentos

Pessoa com deficiência física na moradia Dificuldade Permanente De Caminhar ou Subir Degraus

Muito Alta Vulnerabilidade Inundações e

Deslizamentos

Pessoa com deficiência mental na moradia Deficiência Mental/Intelectual Permanente

Muito Alta Vulnerabilidade Inundações e

Deslizamentos

Fonte: CEPED UFSC, 2014.

4) Fator Educação

O fator educação se refere à alfabetização e nível de escolarização das pessoas

residentes nas áreas de risco investigadas. As mesmas variáveis foram utilizadas para a

elaboração dos mapas de âmbito municipal e mapas por setor de risco.

Quadro 21: Variáveis e graus do fator educação

Variável Fator Educação

Grau de Vulnerabilidade Suscetibilidade

Quantidade de pessoas (alfabetização) Não alfabetizadas (não sabe escrever um bilhete ou assinar o nome)

Muito Alta Vulnerabilidade Inundações e

Deslizamentos

Quantidade de pessoas com escolaridade:

NÍVEL DE INSTRUÇÃO: Sem instrução e fundamental incompleto

Muito Alta Vulnerabilidade Inundações e

Deslizamentos

Quantidade de pessoas com escolaridade:

NÍVEL DE INSTRUÇÃO: Sem instrução e fundamental incompleto

Muito Alta Vulnerabilidade Inundações e

Deslizamentos

Quantidade de pessoas com escolaridade:

NÍVEL DE INSTRUÇÃO: Fundamental completo e médio incompleto

Alta Vulnerabilidade

Inundações e

Deslizamentos

Fonte: CEPED UFSC, 2014.

60

5) Fator Percepção de Risco

As variáveis do fator percepção de risco objetivam identificar se os moradores

conhecem os riscos a que estão expostos, se acreditam que estão preparados para enfrentá-

los, se conhecem a defesa civil e se já vivenciaram situações de emergência e seus impactos.

Estas variáveis foram utilizadas somente para a elaboração dos mapas por setor de risco.

Quadro 22: Variáveis e graus do fator percepção de risco

Variável Fator Percepção de Risco

Grau de Vulnerabilidade Suscetibilidade

A comunidade já foi afetado por alguma emergência ou desastres (alagamento, deslizamento, ou outro risco)?

Sim Baixa Vulnerabilidade

Inundações e Deslizamentos

Considera que sua casa está localizada em uma área suscetível a ameaças?

Não e Não sei Alta Vulnerabilidade

Inundações e

Deslizamentos

Você ou algum morador já enfrentou situações de emergência ou desastre?

Não Muito Alta Vulnerabilidade

Inundações e

Deslizamentos

Você ou algum morador já foi removido de casa (deste domicilio ou de outro)?

Sim Baixa Vulnerabilidade Inundações e

Deslizamentos

Você ou algum morador participa de organizações locais?

Não Muito Alta Vulnerabilidade

Inundações e

Deslizamentos

Você ou algum morador já sofreu perdas ou bens por causa de um desastre?

Sim Baixa Vulnerabilidade

Inundações e

Deslizamentos

Você ou algum morador se considera preparado para enfrentar situações de

emergência ou desastre?

Não ou Não sei Alta Vulnerabilidade

Inundações e

Deslizamentos

Você conhece a Defesa Civil? Não ou Não sei Alta Vulnerabilidade

Inundações e

Deslizamentos

Fonte: CEPED UFSC, 2014.

6) Fator Infraestrutura urbana e ocupação do solo

O fator infraestrutura urbana e ocupação do solo se refere às condições de

urbanização do setor de risco, próximo (no logradouro) às moradias investigadas. As variáveis

foram utilizadas para a elaboração dos mapas de âmbito municipal e por setor de risco.

61

Quadro 23: Variáveis e graus do fator Infraestrutura urbana e ocupação do solo

Variável Fator Infraestrutura urbana e ocupação do solo

Grau de Vulnerabilidade Suscetibilidade

No logradouro, quadra face ou face confrontante do imóvel:

Não Existe bueiro/boca-de-lobo

Muito Alta Vulnerabilidade

Inundações e

Deslizamentos

Não Existe pavimentação Alta Vulnerabilidade

Inundações e

Deslizamentos

Não Existe calçada Moderada Vulnerabilidade

Inundações e

Deslizamentos

Não Existe meio-fio/guia Alta Vulnerabilidade

Inundações e Deslizamentos

Acesso a moradia: Caminho Moderada Vulnerabilidade Inundações e

Deslizamentos

Escadaria Alta Vulnerabilidade

Inundações e

Deslizamentos

Ponte Muito Alta Vulnerabilidade

Inundações e

Deslizamentos

Tipo de esgotamento sanitário Sem esgotamento sanitário via rede geral de esgoto ou pluvial

Muito Alta Vulnerabilidade Inundações e

Deslizamentos

Tipos Abastecimento de água Sem abastecimento de água da rede geral

Muito Alta Vulnerabilidade Inundações e

Deslizamentos

Destinos do Lixo Sem lixo coletado Muito Alta Vulnerabilidade Inundações e

Deslizamentos

Existência de energia elétrica Sem energia elétrica Muito Alta Vulnerabilidade Inundações e

Deslizamentos

Fonte: CEPED UFSC, 2014.

As variáveis retiradas da base de dados do IBGE e as variáveis coletadas em campo

foram utilizadas para produzir mapas de âmbitos diferentes. É importante enfatizar que os

dados retirados do IBGE são relativos aos setores censitários, os quais não correspondem

estreitamente aos setores de risco do CPRM. Foram utilizados os dados referentes ao ano de

2010, sendo este o mais recente até o momento (IBGE, 2010)21, relativas aos fatores:

socioeconômico, saúde, educação, e infraestrutura urbana e ocupação do solo.

Com relação a estes fatores e variáveis, foram produzidos mapas de abrangência

municipal para análise destes aspectos. Os mapas indicam as diferenças socioeconômicas e de

infraestrutura urbana entre os diferentes setores censitários de Alfredo Wagner. Salienta-se

que algumas informações disponíveis na base de dados do IBGE são apenas nas áreas

urbanizadas do município.

Sendo assim, foi elaborado um mapa temático de vulnerabilidade a desastres, de

âmbito municipal, agregando todas as variáveis dos diferentes fatores de vulnerabilidade

citados. Este mapa indica quais os setores censitários mais vulneráveis, tendo em vista as

21 IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo demográfico: resultados preliminares - São Paulo. Rio de Janeiro; 2010 (Recenseamento Geral do Brasil).

62

variáveis selecionadas. Todos os aspectos analisados em cada fator de vulnerabilidade estão

apresentados na tabela de variáveis apresentadas acima. Com relação à infraestrutura urbana

e ocupação foram levantados os setores censitários que apresentam calçada, pavimentação,

energia elétrica, rede de abastecimento de água, entre outros aspectos.

Sabe-se que os aspectos relativos à infraestrutura urbana e ocupação são

fundamentais para caracterizar a vulnerabilidade dos setores suscetíveis a desastres, tanto do

ponto de vista social como físico ambiental. Optou-se por organizar as variáveis neste fator

para melhor direcionar investimento público local nas áreas mais precárias. Ainda de âmbito

municipal, produziu-se um mapa sobrepondo os setores de risco levantados pelo CPRM ao

mapa de densidade demográfica do município. A densidade demográfica foi estabelecida por

setor censitário também, permitindo que o gestor de defesa civil verifique quais os setores de

risco estão localizadas em áreas mais densas ou menos densas.

Outros mapas foram produzidos para os fatores e variáveis que correspondem

estreitamente aos setores de risco indicados pelo CPRM. Nestes mapas a análise é pontual,

referente a cada setor específico, não possibilitando comparação destes aspectos nas

diferentes regiões do município sem a devida coleta das informações nestes locais. Para estes

mapas foram analisados os fatores: físico-ambiental, socioeconômico, percepção de risco,

saúde, educação e infraestrutura urbana e ocupação. Pode-se observar que diferente dos

mapas de âmbito municipal, agregou-se os fatores físico ambiental e percepção de risco, cujas

variáveis só poderiam ser coletadas mediante atividade de campo.

Variáveis utilizadas a partir da base de dados do IBGE para produção de mapas de abrangência

municipal

A análise decorrente das variáveis referentes aos fatores socioeconômico, saúde,

educação e infraestrutura urbana e ocupação possibilitou a produção de mapas de

abrangência municipal, com predominâncias nas áreas urbanizadas em função dos dados

disponíveis. Estes resultados indicam os setores censitários mais vulneráveis relativos aos

aspectos apresentados na tabela, ou seja, as variáveis de cada fator. Assim, foram produzidos

os seguintes mapas de abrangência municipal, com base nas informações disponíveis pelo

Censo IBGE 2010, por setor censitário:

Mapa Temático de Vulnerabilidade Socioeconômica e de infraestrutura urbana e

ocupação;

63

Mapa Temático de Densidade Populacional por Setor Censitário;

Variáveis utilizadas a partir da coleta de campo para produção de mapas pontuais de

vulnerabilidade, por setor de risco do CPRM

A análise decorrente dos fatores de vulnerabilidade possibilitou a produção de mapas

pontuais dos setores de risco de indicados pelo CPRM, indicando quais as áreas do setor são

mais vulneráveis relativas aos aspectos apresentados na tabela. Sendo assim, foram

produzidos a partir da confluência de todos os fatores utilizados:

Mapas finais de vulnerabilidade a desastre, por setor de risco;

Mapas de vulnerabilidade de infraestrutura urbana e ocupação, por setor de risco de

desastre.

Todos os mapas de vulnerabilidade foram elaborados por meio de análises geoestatísticas,

pelo modelo computacional de Krikagem. A seguir, ainda nos resultados deste relatório,

apresentam-se os diferentes métodos de interpolação para elaboração de mapas e as razões

pelas quais a UFSC optou por utilizar a Krigagem.

Instrumento de Coleta de Dados

Como dito anteriormente, as variáveis e fatores receberam pesos e foram utilizadas na

confecção dos mapas de vulnerabilidade dos setores de risco e do município de forma mais

ampla. A partir destas variáveis, foi elaborado um instrumento de coleta de dados, por meio

de formulário aplicado pelas equipes em campo. Segue:

Formulário A: Identificação dos Fatores de Vulnerabilidade, aplicado por

edificação (anexo B).

Os formulários abordam grande número de informações as quais não foram utilizadas

integralmente na metodologia aqui apresentada. Tais informações foram levantadas para

estudos posteriores, evitando os custos de saídas de campo e deslocamentos aos municípios

pesquisados.

64

Modelos de Mapas de Vulnerabilidade Elaborados pelo CEPED UFSC

Apresenta-se, a seguir, modelos de mapas elaborados pela UFSC para o mapeamento

de vulnerabilidade a desastres.

Figura 10: Mapa de vulnerabilidade a desastres do município de Itajaí, elaborado pela UFSC.

Fonte: CEPED UFSC, 2014.

Figura 11: Mapa de vulnerabilidade a desastres do setor 03 de Itajaí, elaborado pela UFSC

Fonte: CEPED UFSC, 2014.

65

Figura 12: Mapa de intervenções estruturais do setor 03 de Itajaí, elaborado pela UFSC

Fonte: CEPED UFSC, 2014.

66

COMPATIBILIZAÇÃO DE METODOLOGIAS Etapa 1- Setores Selecionados

Como foi descrito na metodologia do estudo, foram selecionados dois setores de risco

trabalhados por cada empresa, sendo um setor com suscetibilidade a inundação e outro com

suscetibilidade a deslizamento, exceto a empresa Acquatool Consultoria S/S Ltda que mapeou

apenas setores suscetíveis à inundação.

No quadro a seguir, apresentam-se os setores selecionados e a qual município e

empresa eles pertencem. Reafirma-se que para as empresas que não elaboraram mapas de

vulnerabilidade, analisaram-se os mapas de risco.

Quadro 24: Resumo dos setores selecionados para compatibilização

Empresa Município Setores selecionados

Mapa analisado na Compatibilidade

Acquatool Consultoria S/S Ltda

Mossoró 09 Mapa de Vulnerabilidade

Thalweg Consultoria e Projetos Geológicos Ltda

Cachoeiro de Itapemirim

09 e 11 Mapa de Risco

Pangea Geologia e Estudos Ambientais LTDA

Santa Cruz Cabrália 05 e 06 Mapa de Vulnerabilidade

GeoEnvi Geologia e Meio Ambiente

Gaspar 40 e 46 Mapa de Risco

Fonte: Organizadores deste material, 2014.

Etapa 2 - Adequação de indicadores

Conforme apresentado na metodologia deste estudo, as informações coletadas nos

setores foram adequadas às variáveis e pesos utilizadas pela metodologia do CEPED UFSC.

Todas as informações coletadas pelas empresas, disponíveis nas planilhas vinculadas aos

shapes file dos mapas de risco ou nos mapas de vulnerabilidade, foram organizadas

conjuntamente com as variáveis coletadas pela UFSC, formando uma planilha única (anexo A)

na qual é possível observar as informações coletadas e utilizadas em comum por todas as

empresas e as informações divergentes. Posteriormente, foram selecionadas as variáveis

compatíveis com a metodologia da UFSC, descartando aquelas que não eram adequadas

(Anexo C).

67

Apresenta-se, a seguir, a tabela com as variáveis utilizadas pelas empresas, encontradas

nos shapes e /ou tabelas nos produtos dos municípios, encaminhados pela SEDEC ao CEPED

UFSC. Nesta tabela, é possível verificar o número de variáveis utilizadas por cada empresa,

sendo que a Pangea se sobressai com a identificação de 115 variáveis. É importante esclarecer

que existe a possibilidade de as outras empresas utilizarem, ainda, outras variáveis as quais

não foram identificadas nos shapes ou planilhas encaminhados.

Nesta tabela, é possível observar, também, as variáveis que são compatíveis entre as

empresas investigadas, sendo, aproximadamente, de 35 a 40 variáveis compatíveis. Os nomes

das variáveis foram mantidos conforme apresentados nas tabelas. Por não serem

autoexplicativos, sugeriu-se neste relatório que fosse entregue aos municípios um dicionário

de variáveis para análise das informações.

Tabela 03: Variáveis utilizadas pelas empresas para o mapeamento de risco e/ou vulnerabilidade dos

municípios citados, conforme produtos encaminhados pela SEDEC.

Thalweg Consultoria e Projetos Geológicos Ltda

GeoEnvi Geologia e Meio Ambiente

Pangea Geologia e Estudos Ambientais

LTDA

Acquatool

Consultoria S/S Ltda

Pontos_Cachoeiro_Itapemirim Pontos_Gaspar Pontos_Sta_Cruz_Cabralia Pontos_Mossoro

V001 - CD_SETOR V001 - OBJECTID V001 - OBJECTID V001 - Profission

V002 - CD_SUBSETO V002 - PROFISSION V002 - PROFISSION V002 - Data

V003 - PROFISSION V003 - DATA V003 - DATA V003 - UF

V004 - DATA V004 - UF V004 - ESTADO V004 - MunicÃpio

V005 - CD_UND_HAB V005 - MUNICÍPIO V005 - MUNICIPIO V005 - COD_IBGE

V006 - ENDERECO V006 - COD_IBGE V006 - COD_SETOR V006 - COD_SETOR

V007 - NUMERO__HA V007 - COD_SETOR V007 - COD_SUBSET V007 - COD_SUBSET

V008 - BAIRRO V008 - COD_SUBSET V008 - COD_UNI_HA V008 - COD_UN_HAB

V009 - COMPLEMENT V009 - COD_UN_HAB V009 - ENDERECO V009 - ENDEREÃ!O

V010 - MUNICIPIO V010 - ENDERECO V010 - NUMERO V010 - NUMERO

V011 - ESTADO V011 - NUMERO V011 - COMPLE V011 - BAIRRO

V012 - LAT V012 - BAIRRO V012 - BAIRRO V012 - COMPLEMENT

V013 - LONG V013 - COMPLEMENT V013 - TIPO_USO V013 - TIPO_MORAD

V014 - TP_MORADIA V014 - TIPO_MORAD V014 - OUTRO_USO V014 - TIPO_MOR_1

V015 - QTD_MORADO V015 - TIPO_MOR_1 V015 - NUM_PAV V015 - QUANT_MORA

V016 - MATERIAL V016 - PAVIMENTOS V016 - PAV_M2 V016 - MATERIAL

V017 - COBERTURA V017 - AREA_CONST V017 - MORADOR_QT V017 - MATERIAL_O

V018 - ACESSO_MOR V018 - QUANT_MORA V018 - TIPO_MATER V018 - COBERTURA

V019 - QLD_ACESSO V019 - MATERIAL V019 - OUTRO_MATE V019 - COBERTURA_

V020 - MRG_CORREG V020 - MATERIAL_O V020 - TIPO_COBER V020 - ACESSO_MOR

V021 - DIST_MARG_ V021 - COBERTURA V021 - OUTRO_COBE V021 - QUALIDADE_

V022 - H_CHEIA V022 - COBERTURA_ V022 - TIPO_ACESS V022 - MARGENS_CO

V023 - TERRENO V023 - ACESSO_MOR V023 - SITUACAO_A V023 - DIST_MARGE

V024 - TP_TALUDE V024 - QUALIDADE_ V024 - CONDICAO_A V024 - ALTURA__CH

V025 - H_TALUDE V025 - MARGENS_CO V025 - COORD_LAT V025 - CARACT_TER

V026 - DECLIVE V026 - DIST_MARGE V026 - COORD_LONG V026 - TIPO_TALUD

68

V027 - TRINCA_MOR V027 - ALTURA_CHE V027 - CARAC_EDIF V027 - ALT_TALUDE

V028 - TRINCA_ATE V028 - CARACT_TER V028 - CROQUI V028 - DECL_APROX

V029 - INCLINACAO V029 - TIPO_TALUD V029 - PERFIL V029 - TRINCAS_MO

V030 - DEGRAUS_AB V030 - ALT_TALUDE V030 - RISCO V030 - TRINCAS_AT

V031 - CICATRIZ_E V031 - DECL_APROX V031 - PROCESSO V031 - INCLIN_ARV

V032 - FEICOES_ER V032 - TRINCAS_MO V032 - CORREG_NAT V032 - DEGRAUS_AB

V033 - EMBARRIG_M V033 - TRINCAS_AT V033 - CORREG_SIN V033 - CICATRIZ_E

V034 - COLT_LIXO V034 - INCLIN_ARV V034 - CORREG_RET V034 - FEICOES_ER

V035 - F_COLT_LIX V035 - DEGRAUS_AB V035 - DIST_MARGE V035 - EMBARRIGAM

V036 - LOCAL_DESC V036 - CICATRIZ_E V036 - H_CHEIAS V036 - COORD_LAT

V037 - DREN_URB V037 - FEICOES_ER V037 - H_TAL_MARG V037 - COORD_LONG

V038 - F_LIMPEZA V038 - EMBARRIGAM V038 - FONTE V038 - X

V039 - REDE_TRAT_ V039 - OBSERVAÃ V039 - MARG_N_APL V039 - Y

V040 - FOSSA V040 - COORD_LAT V040 - TERREN_PLA V040 - Long

V041 - SUMIDOURO V041 - COORD_LONG V041 - TERREN_MOR V041 - Lat

V042 - CANALIZADO V042 - VULNERABIL V042 - TERREN_TAL

V043 - TIPO_VEG

V043 - TERREN_MIS

V044 - PORC_DESMA

V044 - TALUD_NAT

V045 - VULNERABIL

V045 - TALUD_CORT

V046 - TALUD_ATER

V047 - TALUD_EXT_

V048 - H_TALUDE

V049 - DECLIV_APR

V050 - DISTANCIA_

V051 - DISTANCIA1

V052 - TALUD_N_AP

V053 - TIPO_MAT_S

V054 - TIPO_MAT_1

V055 - TIPO_MAT_2

V056 - TIPO_ROCHA

V057 - TIPO_OUTRO

V058 - MAT_BLOCO_

V059 - MAT_MATACA

V060 - MAT_PARED_

V061 - MAT_OUTROS

V062 - TRINCAS_TE

V063 - TRINCAS_ED

V064 - TRINCAS_NA

V065 - INCLINACAO

V066 - INCLINAC_1

V067 - INCLINAC_2

V068 - INCLINAC_3

V069 - EMBAR_MURO

V070 - EMBAR_MU_1

V071 - EMBAR_NAO

V072 - DEGRAU_SIM

V073 - DEGRAU_NAO

69

V074 - CICAT_MOV_

V075 - CICAT_MOV1

V076 - CICAT_MO_1

V077 - DEPOSITOS_

V078 - DEPOSITOS1

V079 - FEIC_EROSI

V080 - FEIC_ERO_1

V081 - FEIC_ERO_2

V082 - FEIC_ERO_3

V083 - FEIC_ERO_4

V084 - FEIC_ERO_5

V085 - FEIC_ERO_6

V086 - CONCENTR_A

V087 - CONCENTR_1

V088 - LANC_AGUA_

V089 - LANC_AGUA1

V090 - LANC_AGU_1

V091 - SIST_DRENA

V092 - SIST_DRE_1

V093 - SIST_DRE_2

V094 - ESGOTO_RED

V095 - ESGOTO_FOS

V096 - ESGOTO_CAN

V097 - ESGOTO_C_1

V098 - ESGOTO_LAN

V099 - ESGOTO_SUM

V100 - ESGOTO_NAO

V101 - VAZAM_TUB_

V102 - VAZAM_TUB1

V103 - VAZAM_TU_1

V104 - MINAS_DAGU

V105 - MINAS_DA_1

V106 - MINAS_DA_2

V107 - MINAS_DA_3

V108 - LIXO_EVIDE

V109 - LIXO_POUCO

V110 - LIXO_IMPER

V111 - OBS_1

V112 - CONTROLE

V113 - SHAPE_Leng

V114 - SHAPE_Area

V115 - ORIG_FID

Fonte: Organizadores deste material, 2014.

70

Como a SEDEC havia encaminhado uma planilha para preenchimento das informações

de campo da empresas, a ser implementada via database, o estudo fez uma comparação entre

as variáveis das empresas e as variáveis da SEDEC. Esta comparação está disponível em excel,

no anexo A. No anexo também está disponível as variáveis utilizadas para realizar a

compatibilização das metodologias, considerando as variáveis utilizadas pela UFSC conforme

apresentado em capítulo anterior.

Etapa 3 - Geração de Mapas dos Setores Selecionados com a Metodologia da UFSC

Apresenta-se, a seguir, os mapas de vulnerabilidade gerados pela metodologia da UFSC

no setores de risco trabalhados pelas empresas e com as informações coletadas por elas. Para

facilitar a visualização entre os produtos, serão apresentado conjuntamente os dois mapas: da

empresa e da UFSC para o mesmo setor e, ao final, as porcentagens das áreas de acordo com o

grau de risco ou grau de vulnerabilidade.

ACQUATOOL LTDA

Figura 13: Mapa A de vulnerabilidade a inundação do setor 09 de Mossoró, elaborado pela Empresa Acquatool

Fonte:Relatório de identificação dos Fatores Físicos e Ambientais – Mossoró –Rio Grande do Norte-

Tomo II, Acquatool Consultoria, 2014.

71

Figura 14: Mapa B de vulnerabilidade a inundação do setor 09 de Mossoró, elaborado pela Empresa Acquatool

Fonte: Relatório de identificação dos Fatores Físicos e Ambientais – Mossoró –Rio Grande do Norte-

Tomo II, Acquatool Consultoria, 2014.

Figura 15: Mapa de vulnerabilidade a inundação do setor 09 de Mossoró, elaborado pela UFSC

Fonte: Organizadores deste material, 2014.

72

THALWEG LTDA

Figura 16: Mapa de risco a deslizamento do setor 09 de Cachoeiro de Itapemirim, elaborado pela Empresa Thalweg

Fonte: Relatório Fatores Físicos e Ambientais de Vulnerabilidade a Inundações e Deslizamentos do

Município de Cachoeiro de Itapemirim – ES, Anexos, Empresa Thalweg, 2014.

Figura 17: Mapa de vulnerabilidade a deslizamento do setor 09 de Cachoeiro de Itapemirim, elaborado pela UFSC

Fonte: Organizadores deste material, 2014.

73

Figura 18: Mapa de risco a inundação do setor 11 de Cachoeiro de Itapemirim, elaborado pela Empresa Thalweg

Fonte: Relatório Fatores Físicos e Ambientais de Vulnerabilidade a Inundações e Deslizamentos do

Município de Cachoeiro de Itapemirim – ES, Anexos, Empresa Thalweg, 2014.

Figura 19: Mapa de vulnerabilidade a inundação do setor 11 de Cachoeiro de Itapemirim, elaborado pela UFSC

Fonte: Organizadores deste material, 2014.

74

PANGEA LTDA Figura 20: Mapa de vulnerabilidade a deslizamento do setor 5 de Santa Cruz de Cabrália, elaborado pela

Empresa Pangea

Fonte: Relatório 1729-R2-14: Município de Santa Cruz Cabrália, BA - Lote 9, Anexo C, 2014.

Figura 21: Mapa de vulnerabilidade a deslizamento do setor 5 de Santa Cruz de Cabrália, elaborado pela

Empresa Pangea

Fonte: Relatório 1729-R2-14: Município de Santa Cruz Cabrália, BA - Lote 9, Anexo C, 2014.

75

Figura 22: Mapa de vulnerabilidade a deslizamento do setor 5 de Santa Cruz de Cabrália, elaborado pela UFSC

Fonte: Organizadores deste material, 2014.

Figura 23: Mapa de vulnerabilidade a inundação do setor 6 de Santa Cruz de Cabrália, elaborado pela Empresa Pangea

Fonte: Relatório 1729-R2-14: Município de Santa Cruz Cabrália, BA - Lote 9, Anexo C, 2014.

76

Figura 24: Mapa de vulnerabilidade a inundação do setor 6 de Santa Cruz de Cabrália, elaborado pela UFSC

Fonte: Organizadores deste material, 2014.

GEOENVI LTDA

Figura 25: Mapa de risco a deslizamento do setor 40 de Gaspar, elaborado pela empresa Geonvi

Fonte:Relatório consolidado sobre fatores físicos e ambientais de vulnerabilidade a inundações e

deslizamentos - Gaspar-sc, Anexo SR 40 – Mapas PDF, Empresa GeoEnvi, 2013.

77

Figura 26: Mapa de vulnerabilidade a deslizamento do setor 40 de Gaspar, elaborado pela UFSC

Fonte: Organizadores deste material, 2014.

Figura 27: Mapa de risco a inundação do setor 46 de Gaspar, elaborado pela empresa Geonvi

Fonte: Relatório consolidado sobre fatores físicos e ambientais de vulnerabilidade a inundações e

deslizamentos - Gaspar-sc, Anexo SR 46 – Mapas PDF, Empresa GeoEnvi, 2013.

78

Figura 28: Mapa de vulnerabilidade a inundação do setor 46 de Gaspar, elaborado pela UFSC

Fonte: Organizadores deste material, 2014.

No quadro a seguir, pode-se visualizar a percentagem de compatibilidade entre a

metodologia da empresa e a da UFSC para cada classe utilizada. É necessário esclarecer dois

aspectos principais: 1) para as empresas que não apresentaram mapas de vulnerabilidade, a

comparação foi realizada a partir dos mapas de risco, o que pode suscitar um conjunto de

debates específicos dentro área de mapeamento de risco, posto que o resultado pode ser

bastante distinto a depender da metodologia adotados por cada instituição; 2) A metodologia

da UFSC adota 5 classes de vulnerabilidade, o que distingue das empresas, que utilizem 3

classes conforme o TR. Assim sendo, para poder realizar a compatibilização entre as áreas

conforme os graus de vulnerabilidade, considerou-se muito baixa e baixa vulnerabilidade

como baixa e muito alta e alta vulnerabilidade como alta.

79

Quadro 25: Comparação entre as áreas de vulnerabilidade apresentadas pelas empresas e pela UFSC, em percentual.

Empresa/Município

Setor de risco/suscetibi

lidade

Quantidade, em percentual, de áreas para cada classe definidas pela empresa

CEPED UFSC

Acquatool/ Mossoró

Setor 09/ Inundação

64,80 % Alta vulnerabilidade 35,20%Média Vulnerabilidade

100% Alta vulnerabilidade

Thalweg/ Cachoeiro

de Itapemirim

Setor 09/ Deslizamento

100% Alto Risco 27,09% Alta vulnerabilidade 59,65% Média vulnerabilidade 13,06 % Baixa vulnerabilidade

Setor 11/ Inundação

16,6 % Alto Risco 83,04% sem classificação

5,92 % Alta vulnerabilidade 20,39% Média vulnerabilidade 73,69% Baixa vulnerabilidade

Pangea/Santa Cruz cabrália

Setor 05/ Deslizamento

100% Alta vulnerabilidade 24,35% Alta vulnerabilidade

19,31% Média vulnerabilidade 56,34% Baixa vulnerabilidade

Setor 06/ Inundação

87,5 % Alta vulnerabilidade 12,5% Média Vulnerabilidade

51,16% Alta vulnerabilidade 26,67% Média vulnerabilidade 22,18% Baixa vulnerabilidade

GeoEnvi/ Gaspar

Setor 40/ Deslizamento

37,8 % Alto e Muito Alto 3,14% Médio Risco 3,42% Baixo Risco 55,58% Área não Classificada

10,19% Alta vulnerabilidade 74,61% Média vulnerabilidade 15,20% Baixa vulnerabilidade

Setor 46/ Inundação

9,17% Alto Risco 8,13 % Médio Risco 28,6 % Baixo Risco 54,1% Área não Classificada

55,61% Alta vulnerabilidade 32,74% Média vulnerabilidade 11,66% Baixa vulnerabilidade

Fonte: organizadores deste material, 2014.

80

Etapa 4 - Análise dos Mapas e Metodologias

Qualquer análise que se empenhe em apresentar neste momento deve ser

considerada com intuito de viabilizar a reflexão sobre este processo de construção de

metodologia para análise da vulnerabilidade a desastres, especificamente em áreas suscetíveis

a inundações e a deslizamentos. Como apontado anteriormente, não existe extensa

bibliografia na área no Brasil, apenas alguns estudos específicos. As instituições que elaboram

mapeamentos de área de risco e abordam o eixo da vulnerabilidade restringem as suas

análises a descrições amplas dos setores de risco, com ênfase aos padrões construtivos e

demais informações físicas do setor de risco.

O objetivo de avançar no desenvolvimento de metodologias de vulnerabilidade, com a

aplicação de fórmulas, pesos e indicadores é poder estabelecer parâmetros para avaliação e

acompanhamento destas áreas, bem como sobrepor as condições de suscetibilidade a demais

aspectos sociais, econômicos, institucionais e fiscos das áreas, de modo a prevenir a ocorrência

de eventos adversos e/ou minimizar significativamente os seus danos à população.

Um desafio posto nesta compatibilidade se refere à, obviamente, diferença de

metodologias e, portanto, diferenças com relação às informações coletadas em campo. A

metodologia da UFSC utiliza fatores socioeconômicos, saúde, educação e de percepção de

risco, além dos fatores físicos e de infraestrutura urbana, cujas informações não estavam

disponíveis e não foram utilizadas neste processo de adequação uma vez que não cabiam às

atribuições das empresas. Ganharam maior peso as variáveis físicas e de entorno, o que

influenciará, inevitavelmente, nos resultados obtidos.

Ao considerar estas dificuldades na compatibilização das metodologias, especialmente

com relação à deficiência de informações para que a metodologia da UFSC fosse aplicada

integralmente, apresenta-se em capítulo posterior dos resultados, uma breve análise do uso

de interpoladores para elaboração dos mapas, especialmente krigagem utilizada pela

metodologia da UFSC.

Acquatool Ltda

Os produtos da empresa entregues pela SEDEC abordam somente suscetibilidade à

inundação. Neste sentido, a ênfase dada pela metodologia elaborada pela empresa é bastante

técnica, priorizando as características da ameaça a inundação, sem abranger aspectos

específicos relacionados à vulnerabilidade a desastres, conforme aponta a escassa bibliografia

81

na área. Como não apresenta indicadores e descrições sobre a caracterização do local, supôs-

se que a empresa elaborou os mapas a partir orientações apresentadas no TR.

No mapa de espacialização da vulnerabilidade da empresa, apresentado na etapa

anterior, pode-se observar a subsetorização da área em alta e média vulnerabilidade. Esta

divisão é bastante coerente com a distância das edificações ao agente "detonador" do

desastre, no caso, o eixo de drenagem. Não é possível afirmar que esta tenha sido a principal

variável na divisão das duas classes apresentadas no mapa. Na vetorização das edificações não

é possível observar diferenças do grau de vulnerabilidade das mesmas.

Com relação à compatibilidade entre as metodologias, verifica-se que a metodologia

da UFSC se apresenta mais conservadora, definindo toda a área do setor (100%) como alta

vulnerabilidade, considerando aspectos relacionados ao padrão construtivo das casas,

infraestrutura urbana e ocupação e aspectos físicos, enquanto a empresa definiu 64,80 % Alta

vulnerabilidade e 35,20% Média Vulnerabilidade. Pela metodologia da UFSC todas as

edificações seriam classificadas como alta vulnerabilidade ou muito alta vulnerabilidade, sendo

a compatibilidade de área de 64,80%.

A empresa utiliza variáveis bem específicas e técnicas para avaliação da ameaça à

inundação, uma vez que analisam a precipitação, tempo de retorno, áreas atingidas, entre

outros aspectos. Esta competência pode contribuir para análises mais específicas do processo

perigoso e sua suscetibilidade, mas não apresentam contribuições no que se refere à

caracterização das populações que ocupam estas áreas e sua condição de enfrentar os eventos

adversos.

Thalweg Ltda

A metodologia apresentada pela empresa Talweg é bastante semelhante à

metodologia para mapeamento de risco utilizado pelo IPT e Ministérios das Cidades, conforme

citado pelo relatório da empresa. Sendo assim, não apresentam na análise da vulnerabilidade

especificamente os pesos dados às variáveis coletadas em campo. Desta forma, não há como

identificar quais as variáveis são mais relevantes ou de que forma foram tratadas para que as

áreas fossem divididas em subsetores e classificadas.

Como a empresa também não apresenta mapas de vulnerabilidade ou a classificação

das edificações dentro do setor de risco, somente mapas de risco, não há subsídios suficientes

para compreender os critérios ou de que maneira a empresa classifica o setor. No quadro de

vulnerabilidade apresentado pela empresa, a vulnerabilidade é classificada a partir de um

critério: padrão construtivo avaliado a partir do material das paredes da edificação, sendo

82

madeira para baixa capacidade de resistência e alvenaria para alta capacidade de resistência.

A princípio, pela descrição apresentada, não utilizou outras variáveis para a classificação de

vulnerabilidade.

O mapa de risco, por sua vez, foi elaborado a partir da fórmula: processos hidrológicos

X vulnerabilidade da ocupação X periculosidade. Não há informações disponíveis de como a

fórmula foi utilizada para espacializar a classificação de risco.

Uma vez esclarecendo a dificuldade em comparar metodologias e, ainda mais,

comparar produtos diferentes: mapas de risco elaborado pela empresa e os mapas de

vulnerabilidade elaborados com a metodologia da UFSC, na compatibilidade entre os produtos

verifica-se diferenças significativas no modo como os dois setores selecionados foram

classificados e subsetorizados entre as instituições.

No mapa de risco a deslizamento fornecido pela empresa (figura 16), todo polígono

setorizado pelo CPRM como Alto Risco foi novamente classificado pela empresa como Alto

risco (100%). Sendo assim, o mapa apresentado pela empresa não contribui com outras

informações sobre o setor, provavelmente coletadas em campo e utilizadas pela empresa em

seus relatórios conforme solicitado pelo TR. Seria mais interessante se apresentasse o grau de

vulnerabilidade das edificações, tornando o mapa mais funcional para os municípios. Com a

compatibilidade, a partir da metodologia da UFSC, obteve-se 27,09% Alta vulnerabilidade,

59,65% Média vulnerabilidade e 13,06 % Baixa vulnerabilidade, sendo a compatibilidade de

área de 27,09%.

No mapa de risco à inundação (figura 17), observa-se que a empresa classificou com

alto risco uma parte do setor (16,6 %) e não classificou o restante (83,4%), sendo que deste

último não se encontrou, inclusive, os dados coletados daquelas edificações. Sendo assim, a

aplicação da metodologia da UFSC expressa mais fidedignamente as classificações aonde há

disponibilidade de dados. Nesta classificação, o setor foi subsetorizado em todas as classes,

sendo 5,92 % Alta vulnerabilidade, 20,39% Média vulnerabilidade e 73,69% Baixa

vulnerabilidade. Não se observou muita similaridade entre as áreas mais vulneráveis

identificadas pela UFSC com as áreas de mais alto risco apresentado pela empresa. A

compatibilidade entre as áreas é de apenas 16,6 %.

Entende-se que a descrição dos processos, e a relação dos mesmos com a

vulnerabilidade e a periculosidade podem contribuir com uma análise mais aprofundada dos

setores de risco. Provavelmente, na análise da periculosidade a empresa utilizou indicadores

semelhantes aos indicadores de vulnerabilidade apresentados pela UFSC. Com relação

83

especificamente à inundação, à área definida pela empresa como de alto risco deve estar

associada à curva do rio e à distância das edificações ao eixo de drenagem.

Pangea Ltda

A empresa Pangea apresenta uma metodologia de mapeamento de risco baseada no

IPT e Ministério das Cidades (2007). No entanto, especifica e delineia os critérios de avaliação

e classificação da vulnerabilidade a desastres de forma mais consistente na fórmula de

composição do risco. De modo geral, suas contribuições estão relacionadas à definição de

indicadores específicos de vulnerabilidade, de forma mais abrangente, o que não foi possível

observar nas metodologias das demais empresas. Além disso, a cada indicador é vinculado um

intervalo e uma justificativa para atribuição da classe, o que é bastante inovador em virtude da

escassa literatura científica na área. Assim sendo, as justificativas e atribuição de valor derivam

muito mais da experiência dos profissionais envolvidos na elaboração da metodologia.

Outro aspecto interessante é que a metodologia agrega informações dos diferentes

formulários aplicados em campo, de modo a associar informações relacionadas aos fatores

físicos das edificações com a capacidade de prevenção e proteção do município. Desta forma,

propõe a combinação de variáveis de âmbito local, setorial, com variáveis de âmbito

municipal, como infraestrutura dos municípios e elementos de interesse. Trata-se de uma

proposta realmente bem diversa em relação aos poucos estudos existentes na área.

Particularmente, o modo como classificam a capacidade do município em graus de suficiência

e insuficiência pode contribuir para uma avaliação em âmbito nacional da capacidade de

proteção e resposta dos municípios e uma possível hierarquização entre eles, com foco nas

ações de gestão do Governo Federal e Estadual.

A empresa optou por uma metodologia que avalia e classifica setores de risco e não

edificações em risco, isso quer dizer, que ela trabalha com concentração de características,

porcentagens de edificações com tais e tais condições. Por isso, não apresenta mapas com a

classificação das edificações e sim com a classificação dos subsetores.

Os mapas apresentados pela empresa mostram que ela opta por manter a

subsetorização mesmo quando não há divisão classes de vulnerabilidade, provavelmente para

manter a solicitação do edital. Observa-se nos mapas de vulnerabilidade apresentados pela

empresa que sua metodologia, comparada a da UFSC, é mais conservadora, pois classifica com

alta vulnerabilidade áreas que, pela metodologia da UFSC, em função das características das

edificações e do entorno, seriam de média e baixa vulnerabilidade. No mapa de

vulnerabilidade a deslizamento da Pangea (figura 20 e 21) toda a área (100%) é classificada

84

como alta vulnerabilidade, já para a UFSC (figura 22), seria 24,35% Alta vulnerabilidade,

19,31% Média vulnerabilidade, e 56,34% Baixa vulnerabilidade, sendo a compatibilidade de

áreas de 24,35%. Já no mapa de vulnerabilidade à inundação da Pangea (figura 23) 87,5 % Alta

vulnerabilidade e 12,5% Média Vulnerabilidade, e para UFSC as áreas seriam classificadas

51,16% Alta vulnerabilidade, 26,67% Média vulnerabilidade e 22,18% Baixa vulnerabilidade,

sendo a compatibilidade de áreas de 63,66%.

Geonvi

A empresa Geonvi não elabora mapas de vulnerabilidade, mas mapas de

suscetibilidade e mapas de risco. No entanto, os mapas apresentam a classificação de

vulnerabilidade das edificações, por meia da qual foi realizada a compatibilidade entre as

metodologias. A empresa define os aspectos relacionados à suscetibilidade e a

composição dos mapas de risco a partir da convergência ou sobreposição entre os mapas

de suscetibilidade e a vulnerabilidade das edificações. Não foi possível compreender como

a empresa espacializa a vulnerabilidade ou a suscetibilidade, já que não apresentou

fórmula ou pesos aos fatores relatados. Para a classificação da vulnerabilidade, a empresa

diz seguir as orientações do TR. Não foi possível identificar de que maneira a empresa

classificou, então, as edificações em graus de risco, uma vez que o TR não apresenta estas

especificações.

Também não foi possível identificar de que maneira a empresa classifica as

diferenças distâncias entre as edificações e aos agentes “detonadores” do processo

perigoso para compor os mapas de risco. No que se refere especificamente à

suscetibilidade, a empresa utiliza variáveis, mesmo sem atribuir-lhes pesos ou intervalos,

compatíveis a variáveis que na metodologia da UFSC compuseram a fórmula de

vulnerabilidade, em fatores físicos. Acredita-se que é necessário aprofundar o debate

sobre os critérios de suscetibilidade e vulnerabilidade, quando se trata de áreas já

ocupadas, posto que é bastante difícil definir parâmetros precisos entre o que é ação

antrópica e o que é natural do terreno.

Outra questão que se coloca se refere ao fato de o CPRM já ter feito a análise de

suscetibilidade destas áreas, classificando-as de alto ou muito alto risco; como apresentar

novos mapas que subsetorizam uma área de alto ou muito alto risco em suscetibilidade

baixa, média e alta. Desta forma, os mapas apresentam polígonos de risco, manchas de

85

sucestibilidade e pontos de vulnerabilidade, podendo dificultar a análise por pare dos

municípios. Por outra via, entende-se que pode ser uma boa contribuição estabelecer

critérios precisos para elaboração de mapas de suscetibilidade em áreas ocupadas,

diferenciando as variáveis de suscetibilidade e de vulnerabilidade, possibilitando análises

diferenciadas dos processos de risco. O ideal é que os municípios sejam capacitados para

realizar suas próprias análises, separando em diferentes camadas de visualização as

informações coletadas em campo.

Os mapas foram bem elaborados pela empresa, disponibilizando um conjunto de

informações, de fácil percepção, sobre os setores de risco. Nos mapas analisados,

verificou-se que a empresa subsetorizou os setores utilizando as três classes de

vulnerabilidade, identificando, inclusive, as moradias demolidas, o que não foi observado

em outras metodologias e que pode servir para a análise local pelo município.

Com relação à compatibilidade entre as metodologias, realizada a partir da classificação

das edificações, observou-se que no mapa de vulnerabilidade a deslizamento da Geonvi

(figura 25) em 37,8 % Alto e Muito Alto, 3,14% Médio Risco e 3,42% Baixo Risco. Nota-se que

55,58% da área não é classificada por não haver habitações. Para a mesma área, pela

metodologia da UFSC (figura 26), em 10,19% Alta vulnerabilidade, 74,61% Média

vulnerabilidade e 15,20% Baixa vulnerabilidade, sendo a compatibilidade 37,70% para a

mesma área, desconsiderando a área não classificada. Já para os mapas de vulnerabilidade à

inundação, no produto da Geonvi (figura 27) em 9,17% Alto Risco, 8,13 % Médio Risco e 28,6 %

Baixo Risco. Nota-se que 54,1% da área não é classificada por não haver moradias. Para a

mesma área, pela metodologia da UFSC (figura 28), em 55,61% Alta vulnerabilidade, 32,74%

Média vulnerabilidade e 11,66% Baixa vulnerabilidade, sendo a compatibilidade 62,96% para a

mesma área, desconsiderando a área não classificada.

Concluindo o capítulo...

De modo geral, verificou-se que a compatibilidade entre as metodologias foi

expressivamente maior para as áreas suscetíveis à inundação, com média de 60% de

compatibilidade entre a metodologia da UFSC e das empresas Acquatool, Pangea e Geoenvi.

Em relação à empresa Thalweg a compatibilidade foi de apenas 16,6% para área de inundação.

Acredita-se que esse resultado é consequência das características do processo perigoso

86

inundação e sua relação com as informações levantadas em campo, tratadas por meio da

krigagem no caso da metodologia da UFSC.

Tendo em vista que nos setores de inundação, localizados em áreas planas, a coleta de

informações das edificações e de infraestrutura urbana, especialmente com relação à distância

ao agente "detonador" do evento, eixo de drenagem, e altura das cheias nas edificações

afetadas são bastante significativas para verificar as edificações mais vulneráveis do ponto de

vista físico. Além disso, os padrões de áreas suscetíveis a inundações são mais regulares que

nas áreas suscetíveis a deslizamento cujos processos se diversificam ponto a ponto, em função

das características das edificações, do entorno, da localização da edificação em relação ao

talude, entre outras variáveis dominantes.

Já no que se refere à compatibilidade das áreas suscetíveis a deslizamento, verificou-se

que a maior compatibilidade foi 37,70% da área entre a metodologia da Geonvi e da UFSC. Em

relação a Pangea e Thalweg a compatibilidade foi de 24,35% e 27,09% respectivamente.

87

Etapa 5 - Aplicação de Metodologia Amostral

Neste último capítulo da análise dos resultados, objetivou-se analisar comparar os

resultados da metodologia elaborada pela UFSC a partir da seleção de amostras. A proposta é

refletir sobre a viabilidade de realizar o mapeamento de vulnerabilidade de setores de risco

sem, necessariamente, coletar dados de todas as edificações disponíveis no local, o que

poderia otimizar o processo de mapeamento e reduzir, consideravelmente, custos, caso seja

uma opção válida.

Como relatado anteriormente, foram selecionados dois setores para elaboração de

mapas a partir de amostras, sendo um setor suscetível a deslizamentos e outro a inundações,

sendo eles:

Setor 09, de Cachoeiro de Itapemirim/CE - deslizamento, com 21 pontos

mapeados pela empresa Thalweg.

setor 46, de Gaspar/SC - inundação, com 139 pontos mapeados pela empresa

Geonvi.

Optou-se por dois setores cujas informações foram coletadas por empresas diferentes,

mas sem a preocupação de comparar a metodologia por amostra com a metodologia da

empresa . A finalidade está em comparar dois mapas em que foi aplicada a metodologia da

UFSC.

Para definição de amostras criou-se um reticulado de 10x10 metros sobe o setor de

risco selecionado, marcando quadros possuíam edificações e quantas edificações

apresentavam (excluindo edículas ou complementos de edificações percebíveis). A este total

de edificações espacializadas, aplicou-se o método de amostra planejada.

No caso do setor 46 de Gaspar, por exemplo, no qual aplicou-se a metodologia por

amostras, das 139 edificações identificadas deveriam ser selecionadas para aplicação dos

formulários apenas 46 edificações do setor (em torno de 33%), distribuídas conforme ilustra a

figura 01 deste relatório. Já no setor 09 de Cachoeiro de Itapemirim, ao aplicar a metodologia

de amostra, das 21 edificações existentes, deveriam ser selecionadas 11 edificações para a

amostra (50%) das edificações, distribuídas conforme a ilustra a figura 02 deste relatório.

Na figura 29, a seguir, observa-se a classificação de vulnerabilidade a deslizamento do

setor 09 de Cachoeiro de Itapemirim a partir de dados de todos os 21 pontos existentes no

setor.

88

Figura 29: Classificação de vulnerabilidade a deslizamento do setor 09 de Cachoeiro de Itapemirim, a partir de dados de todos os 21 pontos existentes no setor, utilizando-se a metodologia da UFSC

Fonte: Organizadores deste material, 2014.

Na figura 30, a seguir, observa-se a classificação de vulnerabilidade a deslizamento do

setor 09 de Cachoeiro de Itapemirim, a partir de 11 pontos selecionados para compor a

amostra do setor, utilizando-se a metodologia da UFSC.

Figura 30: Classificação de vulnerabilidade a deslizamento do setor 09 de Cachoeiro de Itapemirim, a partir de 11 pontos selecionados para a compor a amostra do setor, utilizando-se a metodologia da

UFSC

Fonte: Organizadores deste material, 2014.

89

Na figura 31, a seguir, observa-se a classificação de vulnerabilidade à inundação do

setor 46 de Gaspar a partir de dados de todos os 139 pontos existentes no setor, utilizando-se

a metodologia da UFSC.

Figura 31: Classificação de vulnerabilidade à inundação do setor 46 de Gaspar, a partir de dados de todos os 136 pontos existentes no setor, utilizando-se a metodologia da UFSC

Fonte: Organizadores deste material, 2014.

Na figura 32, a seguir, observa-se a classificação de vulnerabilidade à inundação do

setor 46 de Gaspar, a partir de 46 pontos selecionados para compor a amostra do setor,

utilizando-se a metodologia da UFSC.

90

Figura 32: Classificação de vulnerabilidade à inundação do setor 46 de Gaspar, a partir de46 pontos selecionados para a compor a amostra do setor, utilizando-se a metodologia da UFSC

Fonte: Organizadores deste material, 2014.

No quadro a seguir é possível verificar as porcentagens de área definida para cada

classificação de vulnerabilidade dos setores selecionados para aplicação da metodologia por

amostras.

Quadro 26: Comparação entre as áreas de vulnerabilidade apresentadas aplicando-se a metodologia da UFSC por amostra, em percentual.

Setor de risco/suscetibilida

de

Classificação de Vulnerabilidade com todos os

pontos

Classificação de Vulnerabilidade com pontos da amostra

Setor 09/ Deslizamento

27,09 % Alta vulnerabilidade 59,65 % Média vulnerabilidade 13,06 % Baixa vulnerabilidade

34,43% Alta vulnerabilidade 46,69% Média vulnerabilidade 18,89% Baixa vulnerabilidade

Setor 46/ Inundação

55,61 % Alta vulnerabilidade 32,74 % Média vulnerabilidade 11,66 % Baixa vulnerabilidade

40,78% Alta vulnerabilidade 16,89% Média vulnerabilidade 42,34% Baixa vulnerabilidade

Fonte: organizadores deste material, 2014.

A krigagem, como método interpolador utilizado para gerar e espacializar a

classificação de vulnerabilidade, apresenta-se bastante confiável, como pode ser verificado no

capítulo posterior deste relatório. No entanto, é sempre preciso considerar que o produto é

mais fidedigno à realidade quanto mais informações são disponibilizadas para confeccionar a

91

classificação, posto que os dados de cada edificação influenciam diretamente na expressão da

determinada classe a que ele está compatível.

A partir do resultados gerados, acredita-se que a utilização de amostras para classificar

a vulnerabilidade a cenários de riscos diversos pode contribuir com o processo de gestão local

e mapeamento de riscos, a depender dos níveis de decisão que se queira adotar a partir do

produto. A amostra, pode indicar áreas onde determinada condição se expressa com maior

significância, pode, assim, orientar por onde deve-se iniciar trabalhos de campo mais

aprofundados; aonde dentro do setor de risco se concentra evidências de precária

infraestrutura urbana ou mesmo evidências de movimentação do terrenos. Ou seja, a amostra

favorece um refinamento da percepção de vulnerabilidade dentro do setor, mas não se

acredita que há condições de, a partir dela, classificar precisamente a condição de

vulnerabilidade de cada moradia localizada em setor de risco. Especialmente quando se refere

à suscetibilidade a deslizamentos, em áreas densificadas, cujos processos perigosos se

configuram por influência de um conjunto complexo de fatores naturais e antrópicos, de uma

edificação em relação à outra, e se diversificam significativamente dentro de um mesmo setor.

A compatibilidade entre os mapas sem aplicação de amostra e com aplicação de

amostra pode-se observar, entretanto, maior compatibilidade na área suscetível a

deslizamento (86,84%)que à inundação (69,33%). É preciso esclarecer que não foi realizada

uma compatibilidade focada na área, mas nos dados gerais da amostra. Entende-se, mesmo

assim, que a diferença de valores não seria tão significativa. A expressão de maior

compatibilidade na área suscetível a deslizamento se deve, justamente, pelo fato da amostra

ter incidindo sobre as edificações de alto risco, as quais estabelecem zonas de influência

significas na espacialização da vulnerabilidade, por meio da Krigagem.

Sendo assim, verificou-se que, no mapa com aplicação de amostra do setor 09,

suscetível a deslizamentos (figura 30), por exemplo, casualmente, as únicas três edificações de

alto risco do setor foram selecionadas para compor a amostra. Caso elas não tivesse sido

selecionadas o mapa expressaria maior digressão ainda com relação às classificações de mais

alta vulnerabilidade, obviamente. Percebeu-se esta tendência entre os mapas com amostra e

sem amostra, uma vez que no mapa sem amostra as porcentagens foram de 27,09 % Alto

Risco, 59,65 % Médio Risco, e 13,06 % Baixo Risco; enquanto no mapa com amostra foram de

34,43% Alta vulnerabilidade, 46,69% Média vulnerabilidade e 18,89% Baixa vulnerabilidade. A

compatibilidade total das classes foi expressa com 86,84%. Não foi possível verificar a

porcentagem de compatibilidade para a mesma área, mas acredita-se que não seja muito

diferente.

92

Com relação ao setor suscetível à inundação,o setor 46 de Gaspar, as porcentagens

foram de 55,61 % Alta vulnerabilidade, 32,74 % Média vulnerabilidade e 11,66 % Baixa

vulnerabilidade para o setor sem amostra. Para o setor com amostra os valores foram de

40,78% Alta vulnerabilidade, 16,89% Média vulnerabilidade, 42,34% Baixa vulnerabilidade. A

compatibilidade entre os mapas foi de 69,33%

Neste sentido, conclui-se que a aplicação da amostra planejada pode sim expressar

com fidedignidade de, aproximadamente, 60% uma classificação de vulnerabilidade

compatível à classificação de vulnerabilidade do mesmo setor ou área sem a aplicação da

amostra, com a coleta de todos os pontos. Reitera-se, contudo, que este procedimento pode

ser melhor para determinadas decisões, planejamento de ações, e orientações de estudos

aprofundados. Ao entender que o estudo da vulnerabilidade deve considerar os processos e

características locais da população com relação a fatores físicos, sociais, econômicos, de saúde,

de educação, entre outros; e que o levantamento destas informações inloco podem ser

utilizadas diretamente para a preparação para a resposta e para ação pontual casa a casa,

família a família; a identificação das características de vulnerabilidade pontualmente pode ser

muito mais interessante para um trabalho efetivo de proteção e de defesa civil.

93

Métodos de Interpolação – Por que utilizar a Krigagem? Matematicamente e estatisticamente a interpolação é um método que permite

construir um novo conjunto de dados a partir de um conjunto de dados pontuais previamente

conhecidos. A interpolação espacial, assim, diz respeito a um conjunto de técnicas que visam à

criação de superfícies continuas a partir de amostras pontuais. “A interpolação é a arte de ler

entre os valores de uma tabela” (Sadosky, 1980). A principal utilidade da interpolação é apoiar

processos de decisão espacial.

Os Interpoladores são classificados de três maneiras:

Locais/Globais: Interpoladores locais levam em consideração uma zona

próxima aos pontos que estão sendo interpolados (aplicam algoritmos

repetidamente a subconjuntos dos pontos de amostragem). Os Interpoladores

globais levam em consideração toda a população de pontos que estão sendo

interpolados (usam uma única função para toda a área de estudo).

Determinísticos/Estocásticos: Interpoladores Determinísticos não permitem a

avaliação de erros associados aos valores previstos. Os Interpoladores

Estocásticos permitem a avaliação de erros de previsão com base na

estimativa das variâncias (incorporam conceitos de aleatoriedade).

Exatos/Inexatos: Interpoladores exatos respeitam os dados existem (prevê

valores idênticos aos medidos), os Interpoladores inexatos assumem

incertezas (erros) nos dados existentes (predizem um valor diferente do

medido).

Tipos:

Vizinho mais próximo: Neste Método o valor estimado será o mesmo do ponto

amostrado mais próximo, atribui assim o valor do ponto mais próximo para cada nó.

Mostra-se útil para o preenchimento de lacunas de dados, sendo o mais simples

interpolador.

Inverso ponderado da distância (IDW): Neste Método a influência de cada ponto é

inversamente proporcional a distancia do nó da malha, este modelo baseia-se na

dependência espacial, ou seja, quanto mais próximo um ponto está do outro mais seus

valores se aproximam (maior será sua correlação espacial). Dessa forma se atribui

pesos maiores para pontos (observações) mais próximos do que para pontos mais

distantes.

94

Krigagem: É um método geoestatístico que leva em consideração as características

espaciais de autocorrelação (o quanto uma variável aleatória pode influenciar seus

vizinhos) de variáveis regionalizadas. Trata-se de um processo de estimativa por

médias móveis, de valores de variáveis distribuídas no espaço a partir de valores

adjacentes, enquanto considerados como interdependentes por uma função

denominada variograma. Como no cálculo dessa função a somatória de diferenças ao

quadrado é dividida por número de pares de valores o termo correto seria semi-

variograma, porém é usual o emprego do termo variograma, mais sintético.

Nas variáveis regionalizadas deve existir uma continuidade espacial.

Permite a determinação das melhores estimativas sem tendenciosidade.

Deve se atribuir pesos para as amostras (Pesos entre 0.0 e 1.0), quanto mais

perto um dado estiver de um nó (ponto) do grid, maior será seu peso.

Curvatura Mínima ou Spline: O método Spline não utiliza apenas um polinômio

de grande ordem para interpolação de todo o conjunto de dados, mas sim divide a

série de dados em subconjuntos e utiliza polinômios de pequenas ordens para cada

subconjunto. A soma ou junção deles é que forma a interpolação sobre todo o

domínio. Muito utilizado em geociências, este método gera curvas mais suaves ao

mesmo tempo tentando honrar ao máximo os dados, entretanto não é um

interpolador exato. Outras vantagens do Spline são a boa convergência, aproximações

precisas das derivações, e boa estabilidade na presença de erros de aproximação.

Vizinho Natural: Técnica que utiliza polígonos Thiessen, considerando que em um

plano, existem pontos que estão mais próximos de uma fonte geradora do que de

outra fonte, o resultado é um polígono de cujas distâncias entre a fonte e ponto são as

menores possíveis. Desse modo é possível responder com precisão variadas questões

que dizem respeito à proximidade, como por exemplo, qual é a maior região

desocupada; qual é o local mais próximo de um dado ponto; qual é o vizinho mais

próximo de um local, entre outros. Este método faz a interpolação através da média

ponderada dos pontos vizinhos, onde os pesos são proporcionais às áreas

proporcionais.

Médias Móveis: Este método atribui valores aos pontos desconhecidos através das

médias dos dados que estão no domínio da elipse de busca do nó. A elipse (situa-se no

95

centro do nó) e o numero mínimo de pontos utilizados pelos usuários são

determinados pelo usuário no software.

Médias Locais: Estima os valores dos pontos apenas calculando a média de pontos

selecionados ao redor de cada nó. Os pontos são selecionados pelo usuário em função

do numero de vizinhos ou raio da busca.

Polinômio Global: A interpolação polinomial global ajusta uma superfície suavizada

definida por uma função matemática (polinomial) aos pontos observados. O método

Polinomial Global é um interpolador determinístico rápido que não é exato (não

apresenta certo grau de exatidão). Pouquíssimas decisões são tomadas acerca dos

parâmetros do modelo. É mais adequado para superfícies que apresentem mudanças

graduais, ou seja, transformações gradativas.

Polinômio local: O Polinomial Local é um método de interpolação determinístico

moderadamente rápido que não apresenta exatidão, pois suaviza os dados de maneira

geral. Este método atribui valores aos nós da malha utilizando o método dos mínimos

quadrados a partir dos dados de dentro da elipse de busca do nó, sendo que os dados

observados mais próximos do nó obtêm maior peso nos cálculos, e os mais distantes,

menores pesos.

Kernel com Barreiras: Um kernel estimator é um estimador cujos parâmetros básicos

são: (a) um raio de influência que define a vizinhança do ponto a ser interpolado; (b)

uma função de estimação com propriedades “convenientes” de suavização do

fenômeno. Para toda posição zi cujo valor queremos estimar, o estimador de

intensidade será computado a partir dos valores das amostras {z1,...zn} contidos num

raio de tamanho τ, e da distância euclidiana. As desvantagens destes estimadores são

a forte dependência no raio de busca e a excessiva suavização da superfície, que pode

em alguns casos esconder variações locais importantes.

Em diversos estudos, sobre os melhores métodos de interpolação, tem-se observado

que, para cada região, um determinado método torna-se o mais apropriado, principalmente,

pela variabilidade espacial. A figura a seguir mostra uma comparação entre alguns algoritmos

utilizados em determinados métodos, classificando de 1 (melhor) a 5 (pior), quanto a algumas

características.

96

Figura 33: Comparação entre Algoritmos

Fonte: Krajewski e Gibbs, 1996. Citado por: LANDIM, Paulo; STURARO, José.

Para demonstrar a viabilidade de utilizar a krigagem para gerar os mapas de risco e de

vulnerabilidade, realizou-se uma comparação entre diferentes interpoladores. Para tanto,

selecionou-se um setor de risco definido pelo CPRM, Setor 10 do município de Anitápolis,

mapeado pelo CEPED UFSC, onde foram testados vários tipos de interpoladores para o

respectivo setor, utilizando a Plataforma ArcGis 10.2.2. Segue o quadro demonstrando a

espacialização das classes, juntamente com o quantitativo das áreas geradas para cada uma, a

partir de cada método aplicado.

Quadro 27: Espacialização das classes de vulnerabilidade com diferentes métodos de interpolação

Inverso Ponderado da Distância (IDW): Área por Classe: Muito Baixo – 42.115,71 m² Baixo – 111.281,81 m² Moderado – 154.603,59 m² Alto – 27.225,65 m² Muito Alto – 3.980,91 m²

Krigagem: Área por Classe: Muito Baixo – 6.380,91 m² Baixo – 138.012, 98 m² Moderado – 171.555, 85 m² Alto – 20.735,78 m² Muito Alto – 2.150,08 m²

97

Vizinho Natural:

Área por Classe: Muito Baixo – 50.148,82 m² Baixo – 48.740,31 m² Moderado – 59.387,13 m² Alto – 24.660,65 m² Muito Alto – 3480,14 m²

Spline:

Área por Classe: Muito Baixo – 5.247,59 m² Baixo – 12.319,45 m² Moderado – 43.419,52 m² Alto – 134.128,54 m² Muito Alto – 144.416,22 m²

Polinômio Global:

Área por Classe: Muito Baixo – 59.581,60 m² Baixo – 83.333,47 m² Moderado – 52.284,66 m² Alto – 83.811,35 m² Muito Alto – 60.087,64 m²

Polinômio Local:

Área por Classe: Muito Baixo – 76.149,93 m² Baixo – 82.424,037 m² Moderado – 11.481,47 m² Alto – 97.035,48 m² Muito Alto – 72.245,73 m²

98

Fonte: Organizadores este material, 2014.

O quadro a seguir mostra um comparativo em porcentagem (%) de cada método de

interpolação e as diferenças geradas nas áreas das classes de cada um dos métodos.

Quadro 28: Comparativo em porcentagem (%) de cada método de interpolação e as diferenças geradas nas áreas das classes

Fonte: organizadores deste material, 2014.

Os resultados demonstram que para uma melhor reprodução do fenômeno espacial

baseado em pontos amostrais deve haver uma coerência com os pesos amostrais de cada

residência e o resultado espacial gerado através da interpolação. Assim, observou-se que os

melhores métodos utilizados para classificar o risco do setor 10 foram os métodos: IDW e

Krigagem. Porém, a interpolação utilizando IDW para o setor 10 não demonstrou bom

resultado, o que justifica o uso do método da Krigagem em todos os setores, pelo fato de que

melhor se adéqua a todos os setores interpolados. Os demais métodos não obtiveram sucesso

para classificar a vulnerabilidade do setor, pois alguns destes métodos realizaram uma

,000%

10,000%

20,000%

30,000%

40,000%

50,000%

60,000%

Spline Polinômio Global

IDW Vizinho Natural

Krigagem Polinômio Local

Kernel

Muito Baixo Baixo

Moderado Alto

Comparativo de Interpoladores

Kernel com Barreiras:

Área por Classe: Muito Baixo – 53.917,96 m² Baixo – 90.571,59m² Moderado – 69.400,72 m² Alto – 45771,58 m² Muito Alto – 79.802,06 m²

99

interpolação por meio de algoritmos globais o que resultou em uma quebra abrupta entre uma

classe e outra, ou a classe gerada através do interpolador não se adéqua ao peso da amostra.

A análise espacial demonstrou que a Krigagem é o interpolador mais confiável para

classificar as áreas de risco, pois mantém uma maior fidelidade a realidade do setor.

100

Demais Produtos que Podem ser Elaborados a partir dos Dados Coletados com o Termo de

Referência

Apresenta-se, neste capítulo, algumas sugestões de produtos que podem ser

elaborados pela SEDEC para utilizar os dados do mapeamento, conforme o TR publicado.

COMPATIBILIZAR OS SETORES DE RISCO COM INFORMAÇÕES DE OUTROS BANCOS /

ELABORAÇÃO DE MAPAS DE ÂMBITO MUNICIPAL COM FOCO NA PREVENÇÃO DE

ÁREAS AINDA NÃO SETORIZADAS

No estudo de vulnerabilidade realizado pela UFSC, parcialmente apresentado neste

relatório e entregue para a SEDEC um piloto em dezembro de 2013 e todos os 5 municípios

investigados em setembro de 2014, foram apresentados mapas elaborados a partir de dados

do IBGE. Como se sabe, tais bancos de dados possibilitam estabelecer indicadores e variáveis

em âmbito municipal e, também, por setor censitário. Este último não é totalmente

compatível com os setores de risco, uma vez que há setores de risco que compreendem até

três setores censitários do IBGE. No entanto, a proposta é viabilizar e fomentar a análise de

vulnerabilidade socioambiental a riscos de desastres em diferentes escalas para uma gestão

integrada do município e, também, para uma gestão em âmbito estadual e federal. Ao

sobrepor os setores de riscos nos mapas de âmbito municipal elaborados pode-se verificar,

ainda, o conjunto de características e aspectos que se expressam no setor de risco e a sua

relação com os demais locais do município.

Além disso, estes bancos de dados possibilitam selecionar a característica e sobrepor

camadas conforme a necessidade de análise de uma determinada área. Neste sentido, podem

ser elaborados mapas de densidade populacional por setor censitário e sobrepor os setores de

risco, verificando quais setores estão em áreas mais populosas, o que pode ser um indicador

importante de priorização de áreas em situações de emergência. Pode-se, também, sobrepor

mapas com indicadores de infraestrutura urbana, dados domiciliares de saúde, educação,

socioeconômicos e, a partir de indicadores selecionados, elaborar mapas de vulnerabilidade

e/ou simplesmente sobrepor mapas em diferentes camadas e verificar aonde se concentram

áreas de maior precariedade.

Os dados do IBGE ainda permitem avançar em mapas sobrepondo setores de risco ou

mapas de suscetibilidade com mapas de expansão urbana. Enfim, há uma extensa gama de

possibilidades de cruzamentos dedados para desenvolver graus de análise do território, a

partir dos dados disponível neste banco e que devem ser considerados para e no processo de

101

gestão local de riscos. Recentemente, inclusive, neste ano de 2014, o IBGE lançou em sua

pesquisa MUNIC de âmbito municipal o resultado da coleta de dados relacionados a desastres,

no qual, pela primeira vez, foi perguntado ao município sobre ocorrências de desastres,

instrumentos e ferramentas para a gestão de riscos, como planos e programas, entre outras

informações.

Outras bases de dados, além do IBGE, podem ser utilizadas para elaborar mapas de

risco/ vulnerabilidade em diferentes escalas. Parte dessa integração de dados está em

processo de configuração no S2ID, onde convergem dados da ANA, do CPRM e outros. O ideal

seria que as informações, uma vez regionalizadas/territorializadas e organizadas em

plataformas específicas de acesso, pudessem servir ao município para auxiliá-lo no processo de

gestão de riscos.

Apresenta-se, a seguir, somente algumas variáveis (informações) que podem ser

utilizadas a partir do banco de dados do IBGE:

relativos ao entorno

relativos à saúde

102

relativos à educação

relativos às características físicas dos domicílios

103

relativos à renda

Com o objetivo de demonstrar alguns dos produtos feitos pelo CEPED UFSC, junto aos

seus Laboratórios: Laboratório de Tecnologias Sociais em Gestão de Riscos e Desastres -

LabTec e Laboratório de Gestão de Riscos de Desastres - LabGrid, apresenta-se alguns mapas

de âmbito municipal elaborados:

Mapa de Vulnerabilidade Socioeconômica e infraestrutura urbana: para confeccionar

este mapas foram dados pesos a variáveis socioeconômicas e de infraestrutura urbana

retirada do IBGE.

104

Mapa de Vulnerabilidade Socioeconômica e infraestrutura urbana (Itajaí): sem sobreposição de setores de risco

Mapa de Vulnerabilidade Socioeconômica e infraestrutura urbana (Itajaí): com sobreposição de setores de risco

105

Mapa de Densidade Populacional por Setor Censitário (Balneário Camboriú): sem sobreposição de setores de risco

Mapa de Densidade Populacional por Setor Censitário (Balneário Camboriú): com sobreposição de setores de risco

106

CLASSIFICAÇÃO DA CAPACIDADE DE PROTEÇÃO E RESPOSTA DOS MUNICÍPIOS COM

FOCO NO PLANEJAMENTO DE AÇÕES DO GOVERNO FEDERAL E ESTADUAL

A capacidade de proteção e resposta, em nível municipal, consiste em um dos fatores

considerados neste projeto para avaliação e classificação da vulnerabilidade a desastres em

áreas suscetíveis a inundações e deslizamentos. De acordo com a Estratégia Internacional para

Redução de Desastres (UNISDR, 2004), capacidade se refere à "combinação de todas as forças

e recursos disponíveis dentro de uma comunidade, sociedade ou organização que pode reduzir

o nível de risco ou os efeitos de um evento ou desastre. O conceito de capacidade pode incluir

meios físicos, institucionais, sociais ou coletivas tais como liderança e gestão".

A metodologia para avaliação da Capacidade de proteção e Resposta a Desastres

(CPRD) foi elaborada a partir da parceria entre o Laboratório de Gestão de Riscos de Desastre

LabGrid/ CEPED UFSC e o LabTeC/ CEPED UFSC. Estabeleceu-se um instrumento, questionário,

para levantar as informações relacionadas à disponibilidade de ferramentas para gestão local

dos riscos e para o gerenciamento de desastres, em âmbito municipal, a ser respondido pelo

órgão de proteção e defesa civil. As perguntas, semelhantes ao do formulário 4 do TR, foram

elaboradas a partir de uma metodologia existente no CENAPRED (Centro Nacional de

Prevenção a Desastres do México), como consta no termo de cooperação técnica realizado

coma UFSC.

A partir do questionário foram dados pesos às respostas, conforme o quadro a seguir

Variáveis e pesos para avaliação da capacidade de proteção e resposta a desastre no município

Variável Respostas e Pesos O município possui Coordenadoria Municipal de Proteção e Defesa Civil (COMPDEC)?

Sim – Peso 2 Não – Peso 1

O município possui Núcleos Comunitários de Proteção e Defesa Civil?

Sim – Peso 2 Não – Peso 1

O município possui Conselhos ou Cômites locais de Defesa Civil ou outra forma de organização local para a gestão de riscos?

Sim – Peso 2 Não – Peso 1

O município desenvolve ações de prevenção e mitigação de riscos de desastres? Frequência

Frequentemente – Peso 4 Eventualmente - Peso 3 Raramente - Peso 2 Não desenvolve - Peso1

Eventualmente

Raramente

Não desenvolve

O município possui PMRR (Plano Municipal de Redução de Riscos?)

Sim – Peso 2 Não – Peso 1

O município possui legislação específica de proteção civil? Sim – Peso 2 Não – Peso 1

O município conta com Plano de contingência de Proteção e Defesa Civil ou emergência para inundações e/ou deslizamentos?

Sim – Peso 2 Não – Peso 1

O município tem estabelecido abrigos para serem utilizados em situação de emergência?

Sim – Peso 2 Não – Peso 1

As autoridades do município participam das ações em situações de emergência? Com que frequência?

Frequentemente – Peso 4 Eventualmente – Peso 3

107

Raramente – Peso 2 Não participa – Peso 1

Existem normativas em âmbito municipal que regulem as funções da COMPDEC?

Sim – Peso 2 Não – Peso 1

A COMPDEC possui recursos humanos e materiais adequados para sua atuação de prevenção e resposta a desastres?

Satisfatório – Peso 2 Insatisfatório – Peso 1

A COMPDEC está articulada a outras organizações locais para atuar em situação de emergência?

Sim – Peso 2 Não – Peso 1

Conhece os programas federais de apoio a prevenção, mitigação e resposta a desastres?

Sim – Peso 2 Não – Peso 1

O município possui fundos para utilizar em situações de emergência?

Sim – Peso 2 Não – Peso 1

O município possui sistema de monitoramento e alerta prévio a desastres?

Sim – Peso 2 Não – Peso 1

Realiza simulados de preparação para responder aos desastres junto às comunidades, escolas, e outras agências de proteção? Frequência?

Frequentemente – Peso 4 Eventualmente – Peso 3 Raramente – Peso 2 Não realiza – Peso 1

O município possui o cadastro das pessoas que estão em áreas de risco?

Sim – Peso 2 Não – Peso 1

O município possui canais de Comunicação com estas pessoas?

Sim – Peso 2 Não – Peso 1

As instituições de saúde municipal estão capacitadas para atender a população em situação de desastre?

Satisfatório – Peso 2 Insatisfatório – Peso 1

O município possui estoque de alimentos, cobertores, colchonetes para situações de emergência?

Satisfatório – Peso 2 Insatisfatório – Peso 1

Tem estabelecido vínculos com os centros de assistência social para a operacionalização dos abrigos, distribuição de recursos e atendimento a população?

Sim – Peso 2 Não – Peso 1

O município conta com acervos de informação e históricos de ocorrências de desastres anteriores e as ações adotadas?

Sim – Peso 2 Não – Peso 1

De que forma a população está informada sobre o que fazer em situação de emergência?

Satisfatório – Peso 2 Insatisfatório – Peso 1

O município conta com Sistema de informação Geográfica (SIG) para processar e analisar informações cartográficas para mapear os pontos críticos em sua localidade?

Sim – Peso 2 Não – Peso 1

O município possui Plano Diretor Municipal? Sim – Peso 2 Não – Peso 1

108

No quadro a seguir apresenta-se as possibilidades de classificação do CPRD:

Categoria de Capacidade de

Proteção e Resposta a Desastres (CPRD)

Pesos Descrição

ALTA CPRD De 0,70 a 1 Municípios que atendem no mínimo 70% das ações relacionadas à: instrumentos, normas e planos para atuação para gestão de riscos e gerenciamento de desastres. Executam ações de prevenção, preparação e resposta. Destinam recursos para ações de prevenção. Desenvolvem ações articuladas entre diferentes setores. As comunidades estão informadas e preparadas para enfrentar os eventos adversos.

MODERADA CPRD De 0,40 a

0,70

Municípios que atendem no mínimo 50% das ações relacionadas à: instrumentos, normas e planos para atuação para gestão de riscos e gerenciamento de desastres. Executam ações de prevenção, preparação e resposta. Destinam recursos para ações de prevenção. Desenvolvem ações articuladas entre diferentes setores. As comunidades estão informadas e preparadas para enfrentar os eventos adversos.

BAIXA CPRD De 0 a 0, 40 Municípios que atendem no mínimo 40% das ações relacionadas à: instrumentos, normas e planos para atuação para gestão de riscos e gerenciamento de desastres. Executam ações de prevenção, preparação e resposta. Destinam recursos para ações de prevenção. Desenvolvem ações articuladas entre diferentes setores. As comunidades estão informadas e preparadas para enfrentar os eventos adversos.

Por fim, foi classificada a capacidade de Proteção e Resposta aos Desastres dos

Municípios (CPRD). Esta metodologia ou mesmo a apresentada pela Pangea pode ser aplicada

a todos os municípios mapeados, estabelecendo um ranking entre os que possuem mais

capacidade ou não, o que pode facilitar e orientar o planejamento de ações em diferentes

níveis de Governo. Outrossim, a possibilidade de visualizar de forma informatizada as

informações coletadas neste formulário, o que o IBGE procurou apresentar via relatório

MUNIC, pode ser bastante interessante aos pesquisadores e planejadores na área, por

exemplo, disponibilizar a informação de quantos por cento dos municípios investigados

possuem planos de contingência, PMRR, e outras informações coletadas. O relatório MUNIC

(IBGE) tentou justamente apresentar panorama , mas com muita dificuldade pois vários

municípios omitiram informações durante a coleta. Neste sentido, os dados coletados pelo

mapeamento são muito mais consistentes e válidos.

109

MAPAS DE SUSCETIBILIDADE E OUTRAS CAMADAS PELAS QUAIS O GESTOR DE

PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL PODE ANALISAR AS ÁREAS DE RISCO

Existe um conjunto de variáveis coletadas em campo pelo projeto mapeamento que,

se isoladas e espacializadas, podem prover ao município diferentes tipos de análises. O

formulário 1, por exemplo, levanta informações específicas sobre patologias estruturais das

edificações e evidências de movimentação que, a grosso modo, podem evidenciar graus de

suscetibilidade do local em áreas ocupadas. Sendo assim, é possível criar camadas de

visualização apenas com essas variáveis, por meio das quais pode-se verificar as edificações

que apresentam tais indícios.

Ainda no que se refere, particularmente, à suscetibilidade a deslizamentos, ou seja, à

predisposição da ocorrência do fenômeno em determinada área, o LabGrid desenvolveu

alguns modelos de mapas de suscetibilidade a deslizamento por meio do SHALSTAB, de âmbito

municipal. Apresenta-se, a seguir, alguns exemplos: 1) o mapa geotécnico elaborado para a

Bacia Hidrográfica Ribeirão Curral de Minas- Gaspar; 2) Mapa de estabilidade da Bacia

Hidrográfica Ribeirão Curral de Minas- Gaspar, Sc, com profundidade de 2m; 3) Mapa de

estabilidade do setor de risco 40 de Gaspar com profundidade de 2m; 4) Mapa de estabilidade

da Bacia Hidrográfica Ribeirão Curral de Minas- Gaspar/ SC, com profundidade de 9m; 5) Mapa

de estabilidade do setor de risco 40 de Gaspar/SC, com profundidade de 9m.

1) Mapa Geotécnico BH Ribeirão Curral de Minas, Gaspar, SC

110

2) Mapa de estabilidade da Bacia Hidrográfica Ribeirão Curral de Minas- Gaspar/ SC, com profundidade de 2m

3) Mapa de estabilidade do setor de risco 40 de Gaspar/SC, com profundidade de 2m

111

4) Mapa de estabilidade da Bacia Hidrográfica Ribeirão Curral de Minas- Gaspar/ SC, com profundidade de 9m

5) Mapa de estabilidade do setor de risco 40 de Gaspar/SC, com profundidade de 9m

O modelo de estabilidade SHALSTAB utilizado é um modelo matemático e

determinístico de previsão e simulação de áreas suscetíveis a escorregamentos translacionais e

sua maior aplicação se dá em áreas onde não ocorrem intervenções antrópicas. Os

deslizamentos translacionais apresentam um plano de ruptura planar bem definido e que o

112

mesmo ocorre de forma rápida geralmente em locais que apresentam a camada de solo de

pequena espessura em contato direto com o leito rochoso.

A fundamentação matemática deste modelo é composta por dois módulos: um

hidrológico e outro de estabilidade de encosta. O módulo hidrológico tem o objetivo de

identificar as zonas de saturação no relevo e o módulo de estabilidade de encostas procede da

teoria da estabilidade de taludes infinitos, considerando o critério de ruptura de Mohr-

Coulomb. Os dados de entrada para a modelagem incorporam parâmetros topográficos e

propriedades do solo. O SHALSTAB calcula o grau de suscetibilidade à movimentos de massa

de cada célula (pixel) dentro de uma malha (grid), obtida a partir de um Modelo digital de

elevação (MDE).

Higashi e Michel (2010) utilizaram este modelo no Estado de Santa Catarina, onde os

parâmetros do solo foram determinados por meio e ensaios de laboratório. Os resultados da

avaliação do relevo por este modelo são apresentados em forma de oito classes em que

variam de Incondicionalmente estável a Incondicionalmente instável.

Acredita-se que os mapas de suscetibilidade podem ser instrumentos relevantes aos

municípios, especialmente àqueles que não recebem cartas geotécnicas do Governo Federal.

Estudos podem ser aprofundados com a sobreposição dos setores mapeados pelo CPRM aos

mapas de suscetibilidade como apresentados no modelo.

PRIORIZAÇÃO DOS SETORES DE RISCO CPRM

O Laboratório não desenvolveu uma metodologia de priorização das áreas setorizadas

pelo CPRM para atuação do órgão municipal de proteção e defesa civil, mas acredita que seria

interessante a seleção de critérios para a priorização de intervenção nas áreas. Algumas

sugestões de critérios de priorização são:

• Grau de risco (cprm)

• Grau de vulnerabilidade

• Custo de obras

• Número de moradores

• Número de elementos de interesse em risco.

Pesos podem ser dados a essas variáveis, entre outras relevantes, para determinar por

onde o trabalho deve começar dentro do município.

113

CONCLUSÕES

O presente relatório teve o objetivo de analisar as metodologias de vulnerabilidade

e/ou risco elaboradas pelas empresas que participaram do TR lançado pela SEDEC em

2012/2014, e compatibilizar as metodologias com a metodologia elaborada pelo CEPED UFSC.

Para dar prosseguimento as análises estudos demandados foi realizada uma breve análise dos

shapes, planilhas e produtos cartográficos apresentados pelas empresas e que,

provavelmente, foram encaminhados aos municípios.

Observou-se que estes produtos não seguiam um padrão definido e que, em alguns

casos, o modo como eram apresentados poderia dificultar a análise dos produtos por parte

dos municípios. Elaborou-se, por conseguinte, a partir desta verificação, orientações com foco

em contribuir para uma padronização futura dos produtos deste TR pela SEDEC ou mesmo na

disponibilização destes produtos e informações à população. Uma vez que não há normas

específicas para a confecção de mapas temáticos, as orientações visaram, portanto, a

aperfeiçoar a disseminação de informações de risco e vulnerabilidade a desastres para os

municípios, facilitando a visualização e compreensão das mesmas.

Há de se levar em conta que os órgãos municipais de proteção e defesa civil no Brasil

não possuem profissionais capacitados e equipamentos adequados para a utilização plenas das

informações disponibilizadas pela SEDEC, o que torna fundamental duas perspectivas:

disponibilizar produtos claros e suficientemente objetivos com ênfase na demanda local; e a

necessidade de preparar os municípios, especialmente os órgãos de proteção e defesa civil,

para receber os materiais e saber utilizá-los.

Com relação à compatibilização das metodologias é importante enfatizar todas as

dificuldades encontradas em utilizar os produtos das empresas encaminhados pela SEDEC. O

CEPED UFSC não conseguiu abrir os shapes com os mapeamentos das empresas por falta de

arquivos nas pastas encaminhadas. Provavelmente, os municípios também não conseguirão

fazê-l o. Pergunta-se, portanto, como irão utilizar estas ferramentas e atualizá-las?

Além desta dificuldade imediata, outros desafios foram encontrados, como comparar

mapas de risco com mapas de vulnerabilidade ou comparar produtos elaborados a partir de

tão diferentes perspectivas. O maior desafio neste aspecto se refere à incompatibilidade entre

as variáveis utilizadas, pois as tabelas das empresas possuíam variáveis que não condiziam com

as variáveis do SEDEC e/ou com as variáveis utilizadas pela metodologia UFSC.

As variáveis, por sua vez, devem ser padronizadas ou idênticas para todas as empresas

possibilitando criar um indicador comum. Sugere-se a criação de um questionário eletrônico,

possibilitando a recolha das informações diretamente ao banco de dados. Assim como o

114

gerador de mapas deve ser automático. Desta forma, os municípios também poderiam

acrescentar novos setores de risco e gerar mapas de vulnerabilidade a desastres de forma

autônoma. Devem ser selecionadas variáveis que caracterizem a tipologia de risco ao desastre,

assim como foi feito para movimentos de massas (deslizamento) e inundações, possibilitando

indicadores melhores.

Acredita-se, também, que devem ser separadas as variáveis que caracterizam a

dimensão social, econômica, urbanística, educação, saúde, física e/ou ambiental, de modo que

o resultado, as informações e os mapas possam ser melhor aproveitados pelo gestor local, ou

seja, ele saiba onde há maior deficiência, onde se concentram os problemas e o que deve ser

feito para minimizar o processo de vulnerabilidade local. Para utilizar a metodologia da UFSC o

aconselhável é construir um buffer ao redor do setor com a devida coleta das unidades,

representando melhor as subáreas de risco.

De modo geral, verificou-se que a compatibilidade entre as metodologias foi

expressivamente maior para as áreas suscetíveis à inundação, com média de 60% de

compatibilidade entre a metodologia da UFSC e das empresas Acquatool, Pangea e Geoenvi.

Em relação à empresa Thalweg a compatibilidade foi de apenas 16,6% para área de inundação.

Acredita-se que esse resultado é consequência das características do processo perigoso

inundação e sua relação com as informações levantadas em campo, tratadas por meio da

krigagem no caso da metodologia da UFSC.

Tendo em vista que nos setores de inundação, localizados em áreas planas, a coleta de

informações das edificações e de infraestrutura urbana, especialmente com relação à distância

ao agente "detonador" do evento, eixo de drenagem, e altura das cheias nas edificações

afetadas são bastante significativas para verificar as edificações mais vulneráveis do ponto de

vista físico. Além disso, os padrões de áreas suscetíveis a inundações são mais regulares que

nas áreas suscetíveis a deslizamento cujos processos se diversificam ponto a ponto, em função

das características das edificações, do entorno, da localização da edificação em relação ao

talude, entre outras variáveis dominantes.

Já no que se refere à compatibilidade das áreas suscetíveis a deslizamento, verificou-se

que a maior compatibilidade foi 37,70% da área entre a metodologia da Geonvi e da UFSC. Em

relação a Pangea e Thalweg a compatibilidade foi de 24,35% e 27,09% respectivamente.

Com relação à aplicação da amostra, conclui-se que a aplicação da amostra planejada

pode sim expressar com fidedignidade de, aproximadamente, 60% uma classificação de

vulnerabilidade compatível à classificação de vulnerabilidade do mesmo setor ou área sem a

aplicação da amostra, coma coleta de todos os pontos. Reitera-se, contudo, que este

procedimento pode ser melhor para determinadas decisões, planejamento de ações, e

115

orientações de estudos aprofundados. Ao entender que o estudo da vulnerabilidade deve

considerar os processos e características locais da população com relação a fatores físicos,

sociais, econômicos, de saúde, de educação, entre outros; e que o levantamento destas

informações inloco podem ser utilizadas diretamente para a preparação para a resposta e para

ação pontual casa a casa, família a família; a identificação das características de

vulnerabilidade pontualmente pode ser muito mais interessante para um trabalho efetivo de

proteção e de defesa civil.

Considera-se que a análise da vulnerabilidade possibilita, particularmente,

compreender processos sociais, políticos, econômicos, entre outros, que tornam uma

determinada população com menos condições de enfrentar um desastre, além das

características físicas propriamente. A questão que se coloca é como ofertar este tipo de

informação, e, mais do que isso, como favorecer e estimular esse tipo de análise para os

municípios. A análise da vulnerabilidade vai além do mapa, que tem um foco mais focado na

tomada de decisão, para uma análise de dados e de processos, que deve ser continuada.

Sendo assim, o mapa de vulnerabilidade pode expressar apenas algumas características

coletadas dose setores de risco, mais dentro da perspectiva física e infraestrutural, sem

contudo, serem estes aspectos os únicos a serem considerados numa análise mais

aprofundada sobre a questão. O ideal é que os municípios sejam capacitados para realizar

suas próprias análises, separando em diferentes camadas de visualização as informações

coletadas em campo.

Um caminho a seguir é construir um mapa final elaborado por meio de

mapeamento por grade estatística (mapa parecido com o dasimétrico), gerado por mapas de

ocorrência pluviométrica, geopedológico, urbanístico e o mapa de subsetorização criado pelos

indicadores utilizados e integrando dados disponíveis em outras bases de dados disponíveis,

possibilitando a confecção de mapas em diferentes escalas de análise.

Por fim, apresentou-se algumas sugestões de estudos ou produtos que podem ser

disponibilizados e elaborados a partir do levantamento de informações coletadas via TR para o

mapeamento de vulnerabilidade. No decorrer das devolutivas realizadas aos municípios

mapeados pela UFSC, verificou-se que a grande maioria deles não está apta para desenvolver

ações, a partir dos produtos gerados pelo TR. O que torna importante considerar o fato de

que os municípios precisam ser melhor capacitados para poderem utilizar as informações,

ferramentas e mapas a eles disponibilizados.