Comparação entre as éticas de kant e de mill

Embed Size (px)

DESCRIPTION

 

Citation preview

  • 1. A QUESTO DA FUNDAMENTAO DAMORAL:COMO DISTINGUIR O CERTO DO ERRADO.COMPARAO ENTRE A TICA DEKANT E A TICA DE STUART - MILL

2. COMPARAO ENTRE A TICA DE KANT E ATICA DE STUART - MILLESTRATGIA 1.ESTUDO DE DOIS CASOS CONCRETOS. 2.CLARIFICAO DOS PRESSSUPOSTOSTERICOS INDISPENSVEIS COMPREENSODA POSIO DOS DOIS FILSOFOS SOBRE OSCASOS REFERIDOS. 3. COMPARAO ENTRE A TICA DE KANT E ATICA DE STUART - MILLOS CASOS1.TRUMAN E A BOMBA ATMICA.Harry Truman decidiu lanar a primeira bomba atmicasobre a cidade japonesa de Hiroxima, matando de uma vezs mais de cem mil pessoas (civis inocentes). Cometeu ouno um atentado contra a moral? Truman queria pr fim guerra o mais depressa possvel e obrigar o governojapons a render-se. Quis evitar a perda de muitos milharesde soldados e civis que teria lugar se a guerra seprolongasse. 4. COMPARAO ENTRE A TICA DE KANT E ATICA DE STUART - MILLOS CASOS2.OS PESCADORES HOLANDESES E OS NAZISDurante a Segunda Guerra Mundial, os pescadores holandesestransportavam, secretamente nos seus barcos, refugiados judeuspara Inglaterra, e os barcos de pesca com refugiados a bordo erampor vezes interceptados por barcos patrulha nazis. O capito naziperguntava ento ao capito holands qual o seu destino, quemestava a bordo, e assim por diante. Os pescadores mentiam eobtinham permisso de passagem. Ora, claro que os pescadorestinham apenas duas alternativas, mentir ou permitir que os seuspassageiros (e eles mesmos) fossem apanhados e executados. Nohavia terceira alternativa. Os pescadores holandeses encontravam-seento na seguinte situao: ou mentimos ou permitimos ohomicdio de pessoas inocentes. Os pescadores teriam de escolheruma dessas opes. 5. COMPARAO ENTRE A TICA DE KANT E ATICA DE STUART - MILLO que se entende por necessidade defundamentao da moral? Entende se estabelecer um critrio, uma baseque distinga uma aco boa ou moralmentecorrecta de uma aco m ou moralmenteincorrecta. A necessidade de fundamentar amoral a necessidade de encontrar essecritrio, essa forma de distinguir o que certodo que moralmente errado. 6. COMPARAO ENTRE A TICA DE KANT E ATICA DE STUART - MILLO problema da fundamentao da moralcostuma colocar se mediante as seguintesquestes:1.Como distinguir o bem do mal?2. Como distinguir o moralmente correcto domoralmente incorrecto?3.Em que consiste o valor moral de uma aco? 7. COMPARAO ENTRE A TICA DE KANT E ATICA DE STUART - MILLOs dois critrios mais frequentementeapresentados para distinguir o correcto doincorrecto:1.A inteno.2.As consequncias ou resultados da aco.As duas teorias que vamos estudar (a teoriadeontolgica de Kant e a teoria utilitarista deMill) distinguem se pelo valor que atribuem acada um dos critrios. 8. A TEORIA TICA DE KANTMOMENTO 1 - UMA DISTINO IMPORTANTEACES CONFORMES AO DEVER VERSUS ACES FEITAS PORDEVER.Objectivo desta distinoDefender que o valor moral das aces depende unicamente da intenocom que so praticadas.Mostrar que duas aces podem ter consequncias igualmente boas e umadelas no ter valor moral. 9. A TEORIA TICA DE KANTACES CONFORMES AO DEVER VERSUS ACES FEITAS POR DEVER.EX: dois comerciantes praticam preos justos e no enganam os clientes. Esto a agirbem? Esto a cumprir o seu dever? Aparentemente sim.Suponhamos que um deles - Joo - no aumenta os preos apenas porque tem receio deperder clientes. O seu motivo egosta: o receio de perder clientes que o impede depraticar preos injustos. A sua aco conforme ao dever mas no feita por dever .Suponhamos agora que o outro comerciante Vicente - no aumenta os preos por julgarque a sua obrigao moral consiste em agir de forma justa. A sua aco feita pordever.As duas aces exteriormente semelhantes tm a mesma consequncia nenhumdeles perde clientes mas no tm o mesmo valor moral. 10. A TEORIA TICA DE KANTACES CONFORMES AO DEVER VERSUS ACES FEITAS PORDEVER.ACES CONFORMES AO DEVERAces que cumprem o dever no porque em si mesmo correcto faz lo mas porque se evita uma m consequncia perder dinheiro, reputao ou porque da resulta umaboa consequncia - a satisfao de um interesse. Joo noage por dever.Ex: No roubar por receio de ser castigado ou praticar preosjustos para manter ou aumentar a clientela. 11. A TEORIA TICA DE KANTACES CONFORMES AO DEVER VERSUS ACES FEITAS PORDEVER.ACES FEITAS POR DEVERAces que cumprem o dever porque correcto faz lo. Ocumprimento do dever o nico motivo em que a aco sebaseia. Vicente age por dever.Ex: No roubar porque esse acto errado em si mesmo oupraticar preos justos simplesmente porque assim quedeve ser. 12. A TEORIA TICA DE KANTQuando que a inteno tem valor moral ou boa?Quando o propsito do agente cumprir o deverpelo dever.O cumprimento do dever o nico motivo em quea aco se baseia. No h segundas intenes.Ex: No roubar porque esse acto errado e noporque posso ser castigado. 13. A TEORIA TICA DE KANTCONCLUSO MAIS IMPORTANTE DO MOMENTO 1UMA ACO S TEM VALOR MORAL SE FOR BOA EM SIMESMA.Considera se que a tica kantiana deontolgica porquedefende que o valor moral de uma aco reside em simesma e no nas suas consequncias. inteno de cumprir o dever de forma imparcial edesinteressada que a aco deve o seu valor moral. 14. A TEORIA TICA DE KANTMOMENTO 2 A DISTINO ENTRE IMPERATIVOSCATEGRICOS E IMPERATIVOS HIPOTTICOS.Objectivos da distino1. MOSTRAR QUE AS OBRIGAES MORAIS SO DEVERESABSOLUTOS2. MOSTRAR POR QUE RAZO O CUMPRIMENTO DO DEVER AS NOSSAS OBRIGAES MORAIS UMA OBRIGAOABSOLUTA OU CATEGRICA. 15. A TEORIA TICA DE KANTO CUMPRIMENTO DO DEVER COMOIMPERATIVO CATEGRICO.O CUMPRIMENTO DO DEVER COMOIMPERATIVO HIPOTTICO.1. O cumprimento do dever uma ordem nocondicionada pelo que desatisfatrio ou proveitosopode resultar do seucumprimento.2. A palavra imperativo querdizer obrigao. Com apalavra categrico, Kantest a referir-se aobrigaes absolutas - quetemos sempre.1. O cumprimento do dever uma ordem condicionada peloque de satisfatrio ouproveitoso pode resultar doseu cumprimento.2. A palavra imperativo querdizer obrigao. Com a palavrahipottico, Kant est areferir-se s obrigaes queadquirimos apenas nacondio ou hiptese determos um certo desejo ouprojecto, mas no sempre. 16. A TEORIA TICA DE KANTO CUMPRIMENTO DO DEVER COMOIMPERATIVO CATEGRICOO CUMPRIMENTO DO DEVER COMOIMPERATIVO HIPOTTICO3. A obrigao de salvar uma pessoa doafogamento, se estiver ao nosso alcancefaz-lo, no hipottica. No dependede termos certos desejos, projectos ousentimentos particulares. O mesmoacontece com a obrigao de no trataros outros apenas como meios e simcomo pessoas.4.Praticar preos justos uma obrigaoabsoluta.3.S tenho a obrigao de estudarmedicina na condio de querer sermdico. Caso mude de ideias e abandoneo projecto de vir a ser mdico, tambm aobrigao de estudar medicinadesaparece. Apenas adquiro a obrigaode saber o cdigo da estrada se quisertirar a carta de conduo. Se no for esseo meu projecto (ou no for esse o meudesejo), esta obrigao deixa de existir.4. Praticar preos justos um dever se fordo meu interesse. 17. A TEORIA TICA DE KANTSe cumprir o dever dependesse dos nossos interessesou sentimentos, teramos a obrigao, por exemplo,de cumprir a palavra dada apenas em certascondies, mas no sempre. Esta obrigaodependeria, digamos, do desejo de ficarmos bemvistos aos olhos de Deus ou aos olhos dos outros, dodesejo de agradar a algum, etc. Se agradar a Deus ouaos outros deixasse de nos preocupar, a obrigao decumprir a palavra dada simplesmente desapareceria.Ora, no isso que acontece. Continuamos a ter odever de cumprir a palavra dada quer isso nos agradequer no. 18. A TEORIA TICA DE KANTCONCLUSES IMPORTANTES DO MOMENTO 21.H OBRIGAES MORAIS ABSOLUTAS.Deveres como no matar inocentes indefesos, no roubarou no mentir devem ser cumpridos porque no os respeitar absolutamente errado. 19. A TEORIA TICA DE KANTCONCLUSES IMPORTANTES DO MOMENTO 22.O CUMPRIMENTO DO DEVER NO PODE DEPENDER DOSNOSSOS INTERESSES, SENTIMENTOS, NEM DOSPREVISVEIS RESULTADOS DA ACO.Se cumprir o dever dependesse dos nossos interesses ousentimentos, teramos a obrigao, por exemplo, de cumprir apalavra dada apenas em certas condies, mas no sempre. Estaobrigao dependeria, digamos, do desejo de ficarmos bem vistosaos olhos de Deus ou aos olhos dos outros, do desejo de agradar aalgum, etc. Se agradar a Deus ou aos outros deixasse de nospreocupar, a obrigao de cumprir a palavra dada simplesmentedesapareceria. Ora, no isso que acontece. Continuamos a ter odever de cumprir a palavra dada quer isso nos agrade quer no. 20. A TEORIA TICA DE KANTMOMENTO 3 ANLISE DA SEGUNDA FRMULA DOIMPERATIVO CATEGRICO.OBJECTIVO DESTA FORMULAO DO IMPERATIVOCATEGRICOMostrar que a tica kantiana a tica do respeito absolutopelos direitos da pessoa humana e no simplesmente umatica do dever. 21. A TEORIA TICA DE KANTANLISE DA SEGUNDA FRMULAAge de tal maneira que uses a humanidade, tanto na tuapessoa como na pessoa de outrem, sempre esimultaneamente como fim e nunca apenas como meio.Segundo esta frmula, cada ser humano um fim em si e noum simples meio. Por isso, ser moralmente erradoinstrumentalizar um ser humano, us-lo como simples meiopara alcanar um objectivo. Os seres humanos tm valorintrnseco, absoluto, isto , dignidade. 22. A TEORIA TICA DE KANTANLISE DA SEGUNDA FRMULAPense no modo como quem pede dinheiro emprestadosem inteno de o devolver est a tratar a pessoa quelhe empresta dinheiro. evidente que est a trat-lacomo um meio para resolver um problema e no comoalgum que merece respeito, considerao. Pensaunicamente em utiliz-la para resolver uma situaofinanceira grave sem ter qualquer considerao pelosinteresses prprios de quem se dispe a ajud-lo. Viola se assim a primeira e tambm a segunda frmula. 23. A TEORIA TICA DE KANTANLISE DA SEGUNDA FRMULAPara Kant, a pessoa tem de ser tratada sempre como um fimem si mesma e nunca somente como um meio, porque onico ser de entre as vrias espcies de seres vivos que podeagir moralmente. Se no existissem os seres humanos, nopoderia haver bondade moral no mundo e, nesse sentido, ovalor da pessoa absoluto.Assim, a frmula da humanidade, tambm conhecida porfrmula do respeito pelas pessoas, exprime a obrigaomoral bsica da tica kantiana. 24. A TEORIA TICA DE KANTCONLUSO IMPORTANTE DO MOMENTO 3Como pessoa o ser humano tem direitos que,em circunstncia alguma podem ser violadosou infringidos. A tica kantiana parece atica de um fantico do dever mas mais doque isso a tica dos direitos da pessoahumana. 25. A TEORIA TICA UTILITARISTA DE MILLA ideia central do utilitarismoDevemos agir de modo a que da nossa acoresulte a maior felicidade ou bem - estarpossvel para as pessoas por ela afectadas.Uma aco boa a que mais til, ou seja, aque produz mais felicidade global ou, dadasas circunstncias, menos infelicidade.Quando no possvel produzir felicidade ouprazer devemos tentar reduzir a infelicidade. 26. A TEORIA TICA UTILITARISTA DE MILLO PRINCPIO DE UTILIDADEO critrio da moralidade de um acto o princpio de utilidade.Uma aco deve ser realizada somente se dela resultar amxima felicidade possvel para as pessoas ou as partes quepor ela so afectadas. O princpio de utilidade por issoconhecido tambm como princpio da maior felicidade. 27. A TEORIA TICA UTILITARISTA DE MILLFELICIDADE GERAL E FELICIDADE INDIVIDUALA felicidade de que fala o utilitarismo no simplesmente a felicidade individual. Mas tambmno a felicidade geral custa da felicidade doagente. A minha felicidade to importante como ados outros envolvidos, nem mais nem menos.A minha felicidade no conta mais do que a felicidadedos outros. 28. A TEORIA TICA UTILITARISTA DE MILL O PRINCPIODE UTILIDADE E AS NORMAS MORAIS COMUNSNormas morais comunsQue valor tm normas moraiscomo as que probem oroubo, o assassinato ou amentira para um utilitaristacomo Mill? Umas vezesvalem outras vezes no?Princpio de utilidadeNas nossas decises moraisdevemos ser guiados peloprincpio de utilidade e nosimplesmente pelasnormas morais da nossasociedade. Diz nos comodevemos agir para que dasnossas aces resultem asmelhores consequnciaspossveis em termosglobais. 29. A TEORIA TICA UTILITARISTA DE MILL O PRINCPIODE UTILIDADE E AS NORMAS MORAIS COMUNSNormas morais comunsNo devem ser seguidascegamente. H situaes emque no seguir umadeterminada norma moralter melhores consequnciasglobais do que respeit-la.O PRINCPIO DE UTILIDADE ABASE EM QUE NOS DEVEMOSAPOIAR PARA RESOLVERPROBLEMAS MORAIS.Princpio de utilidade1 - Reduz a diversidade dasnormas morais concretas aum princpio geral,denominado fundamento,que nos diz como devemosagir .2 Procura orientar nos emcasos de conflito moralretirando s normassocialmente aprovadas o seucarcter inviolvel.3 A melhor aco a mais til. 30. A TEORIA TICA UTILITARISTA DE MILL O PRINCPIODE UTILIDADE E AS NORMAS MORAIS COMUNSAs normas morais comuns esto em vigor em muitas sociedades poralguma razo. Resistiram prova do tempo e em muitas situaesfazemos bem em segui-las nas nossas decises.Nas nossas decises morais devemos ser guiados pelo princpio deutilidade e no pelas normas ou convenes socialmenteestabelecidas. Dizer a verdade um acto normalmente mais tildo que prejudicial e por isso a norma No deves mentirsobreviveu ao teste do tempo. Segui - la respeitar a experinciade sculos da humanidade.Mas h situaes como em que no respeitar absolutamente umadeterminada norma moral e seguir o princpio de utilidade termelhores consequncias globais do que respeit la. 31. A TEORIA TICA UTILITARISTA DE MILL OS FINS E OSMEIOSPara Mill, o fim a felicidade geral justificafrequentemente os meios. Na teoria utilitarista, h umprimado dos fins da aco em relao aos meios.Para Mill, suficiente que a felicidade produzida com aaco seja superior ao sofrimento eventualmenteprovocado com a sua realizao para que a aco tenhavalor moral. neste sentido que h um primado dos fins da aco (damaximizao da felicidade para o maior nmero) sobreos meios (mesmo que a aco produza sofrimento aalgumas pessoas). 32. A TEORIA TICA UTILITARISTA DE MILLUMA TICA CONSEQUENCIALISTAConsidera se que a tica de Mill consequencialista porque defende que o valormoral de uma aco depende das suasconsequncias. boa a aco que tem boas consequncias oudadas as circunstncias melhores consequnciasdo que aces alternativas. 33. A TEORIA TICA UTILITARISTA DE MILLCONSEQUNCIAS E INTENESA aco avaliada pelas suas consequncias eo motivo ou a inteno no so decisivosporque se referem ao carcter do agente eno aco em si mesma. 34. A TEORIA TICA UTILITARISTA DE MILLACO COM BOASCONSEQUNCIAS Aco cujos resultadoscontribuem para umaumento da felicidade(bem estar) oudiminuio da infelicidadedo maior nmero possvelde pessoas por elaafectadas. Aco subordinada aoprincpio de utilidade.ACO COM MSCONSEQUNCIAS Aco cujos resultados nocontribuem para um aumentoda felicidade (bem estar) oudiminuio da infelicidade domaior nmero possvel depessoas por ela afectadas. Aco egosta em que afelicidade do maior nmerono tida em conta ou emque s o meu bem estar ousatisfao procurado. Aco que no se subordinaao princpio de utilidade. 35. A TEORIA TICA UTILITARISTA DE MILLNo h aces intrinsecamente boas.Para o utilitarista, as aces so moralmente correctasou incorrectas conforme as consequncias: sepromovem imparcialmente o bem-estar, so boas.S as consequncias as tornam boas ou ms. Assimsendo, no h, para o utilitarista, deveres quedevam ser respeitados em todas as circunstncias.No h deveres morais absolutos. 36. ANLISE DO CASO TRUMAN DE ACORDO COMAS DUAS PERSPECTIVAS Quando o presidente americano Harry Truman decidiulanar a primeira bomba atmica sobre a cidadejaponesa de Hiroxima, matando de uma vez s mais decem mil pessoas (civis inocentes), cometeu ou no umatentado contra a moral? Truman queria pr fim guerra o mais depressa possvel e obrigar o governojapons a render-se. Quis evitar a perda de muitosmilhares de soldados e civis que teria lugar se a guerrase prolongasse. Lanar a bomba sobre Hiroxima tinhaprevisivelmente melhores consequncias do que no ofazer. Se o valor moral das aces depender apenasdas consequncias, Truman no cometeu qualquercrime. A sua aco foi a correcta. 37. ANLISE DO CASO TRUMAN DE ACORDO COMAS DUAS PERSPECTIVAS - KANT Para salvar a vida de muitos milhares de pessoas, Truman sacrificou a vidade outras pessoas inocentes. Ser que moralmente aceitvel usar aspessoas como se fossem apenas coisas de que podemos dispor vontadepara os nossos fins como se fossem instrumentos ou objectos? Sepensarmos que no so apenas as consequncias que contam, sepensarmos que tratar as pessoas como pessoas e no como simplesmeios a nossa obrigao moral bsica, Truman agiu mal. Immanuel Kant, um filsofo alemo do sculo XVIII, um defensorfamoso de uma moral deontolgica. Kant defendia que o valor moral dasaces depende unicamente da inteno com que so praticadas. Almdisso, pensava que a nica inteno capaz de dar valor moral a uma aco a de cumprir o dever pelo dever. O nosso dever nunca tratar aspessoas como simples instrumentos. E este dever que necessrio terem mente quando escolhemos as nossas aces. Kant teria pensado que Truman no reconheceu populao deHiroxima a dignidade de pessoas; em vez disso, usou-as como um simplesmeio para obter o fim da guerra, e, portanto, agiu erradamente. 38. ANLISE DO CASO TRUMAN DE ACORDO COMAS DUAS PERSPECTIVAS - MILLJohn Stuart - Mill, um filsofo ingls do sculo XIX, foium crtico severo de Kant e um dos mais famososdefensores de uma moral consequencialista. Millpensava que o que conta so as consequncias dasaces e que temos a obrigao moral de optarsempre pela aco que melhores consequncias tenhapara todos os envolvidos, ou que evite a maiorquantidade de sofrimento possvel. Ora, foiprecisamente esta exigncia que a deciso de Trumanparece ter tido em conta.Se forem as consequncias de uma aco quecontam, poderemos condenar Truman por ter feito oque fez? 39. ANLISE DO CASO OS PESCADORESHOLANDESES E OS NAZIS(1)Os pescadores holandeses encontravam-se ento na seguinte situao: oumentimos ou permitimos o homicdio de pessoas inocentes. Ospescadores teriam de escolher uma dessas opes. De acordo com Kant,qualquer uma delas seria errada, na medida em que as regras moraisNo devemos mentir e No devemos matar (ou permitir o assassniode inocentes) so absolutas. O que fazer ento?A teoria tica de Kant nosaberia responder a esta situao de caso-conflito, porque probe ambasas possibilidades de aco por estas se revelarem moralmenteincorrectas. Mas a verdade que, perante uma situao destas teramosde optar por uma dessas duas possibilidades. Se a teoria de Kant nosprobe de optar por uma delas, mas na realidade somos forados a optarpor uma, ela revela-se incoerente porque aquilo que conclumos (existemcasos em que temos de mentir) contradiz aquilo que Kant defende (nodevemos mentir nunca - para Kant as regras morais so absolutas). 40. ANLISE DO CASO OS PESCADORESHOLANDESES E OS NAZIS(2)A grande diferena na resoluo desta situao entre ateoria tica de Kant e a de Mill que em Kant as regrasmorais so absolutas (so para serem cumpridas emtodas as circunstncias da nossa existncia), enquantoem Mill no existem regras morais absolutas.Emrelao ao problema dos casos-conflito, dos casos emque estamos perante uma situao em que temosduas possibilidades de aco e qualquer uma dessasduas alternativas moralmente incorrecta, outilitarista escolheria aquela que promovesse amxima felicidade para o maior nmero de pessoas. 41. ANLISE DO CASO OS PESCADORESHOLANDESES E OS NAZIS(3) Os pescadores holandeses apenas tinham duas opes: ou mentiam aochefe do barco patrulha nazi e salvavam a vida dos tripulantes judeus e adeles mesmos ou diziam a verdade e originavam a morte dos tripulantesjudeus e at a sua prpria morte. Perante esta situao, o defensor dateoria tica de Kant no sabia por qual das duas possibilidades de aco sedecidir, porque qualquer uma das duas opes mentir ou matar(deixar morrer mais precisamente) so moralmente incorrectas;concretamente, da perspectiva tica de Kant, so aces quedesrespeitam as ordens da nossa razo.O utilitarista resolvia esteimbrglio ou enredo em que tinha cado o defensor da tica kantiana,optando por mentir ao chefe do barco patrulha nazi. Entre mentir e salvara vida dos tripulantes judeus e dizer a verdade e causar a mais do quecerta morte de todos os tripulantes do barco, aquela opo que causauma menor dor ou sofrimento ao maior nmero de pessoas certamentea primeira, a de mentir e salvar a vida dos tripulantes.