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4040404040 Arquivos Catarinenses de Medicina Vol. 37, no. 4, de 2008
Comparação entre de abdominoplastia convencional e
lipoabdominoplastiaBins-Ely, Jorge1, Duarte, Felipe Oliveira2, Vieira, Vilberto José3, Accioli de Vasconcellos, Zulmar
Antonio4, D’eça Neves Rodrigo5
Resumo
Introdução: Desde sua primeira publicação em 2001
por Saldanha, a técnica de lipoabdominoplastia possibili-
tou a associação das técnicas de lipoaspiração e abdo-
minoplastia com indicação ampla.
Objetivo: Comparar a técnica de abdominoplastia
clássica e lipoabdominoplastia.
Método: Foram comparados, quanto a complicações
cirúrgicas, duas séries de casos ( 10 pacientes cada gru-
po ) operados pela técnica de abdominoplastia clássica
e lipoabdominoplastia.
Resultados: No grupo da abdominoplastia clássica
observou-se 2 casos de seroma e um caso de necrose
da porção distal do retalho, e no grupo da lipoabdomino-
plastia, 2 casos de seroma.
Conclusão: Não foi observado maior número de
complicações cirúrgicas na lipoabdominoplastia comven-
cional se comparado com a abdominoplastia clássica.
Descritores: 1. Gordura abdominal;
2. Parede abdominal.
Abstract
Background: Since its first publication in 2001 by
Saldanha, the technique of lipoabdominoplasty enabled
the association of the techniques of liposuction and ab-
dominoplasty with wide surgical indication.
Objective: To compare the techniques of classical
abdominoplasty winth lipoabdominoplastia.
Methods: We compared, for surgical complicati-
ons, two sets of cases (10 patients each group) opera-
ted by the classical abdominoplasty and lipoabdomino-
plasty.
Results: In the classic abdominoplasty group was
observed 2 cases of seroma and one case of necrosis of
the distal portion of the flap, and, in the lipoabdomino-
plastia group, 2 cases of seroma.
Conclusion: There was no greater number of surgi-
cal complications in lipoabdominoplasty compared to the
classic abdominoplasty.
Key-words: 1. Abdominal fat;
2. Abdominal wall.
1Ph.D. – Professor Associado da UFSC.2M.D. – Residente de 3º do Serviço de Cirurgia Plástica HU/UFSC.3M.D. – Professor Voluntário da UFSC.4Ph.D. – Professor Adjunto da UFSC.5M.D. – Professor Titular da UFSC.
1806-4280/08/37 - 04/40
Arquivos Catarinenses de Medicina
ARTIGO ORIGINAL
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Arquivos Catarinenses de Medicina Vol. 37, no. 4, de 2008 4141414141
Introdução
Entre muitos trabalhos estudados, os que mais influ-
enciaram a lipoabdominoplastia foram os de Ian Taylor
e Hamdy (1), em que concluem que 80% do suprimento
sanguíneo da parede abdominal provêm das perfuran-
tes. Dentro da evolução da técnica, foi fundamental o
trabalho realizado por Ruth Graf, que estudou o fluxo
das perfurantes abdominais no pré e pós-operatórios de
20 pacientes submetidas a lipoabdominoplastias, confir-
mando a perfusão desses vasos no 15ª dia de pós-ope-
ratório. Avelar, em 1999, publicou a abdominoplastia in-
ferior com lipoaspiração. Em 2001, Saldanha publica o
primeiro trabalho sobre lipoaspiração completa do abdo-
me associada à abdominoplastia clássica, com desco-
lamento seletivo do retalho abdominal e transposição do
umbigo. A partir daí, ficou padronizada a forma segura da
associação das duas técnicas, com indicação ampla (2).
Objetivo
Comparar a técnica de abdominoplastia clássica e
lipoabdominoplastia.
Método
Foram operadas, no Hospital Universitário (HU) da
Universidade Federal (UFSC) de Santa Catarina, duas
séries de casos de abdominoplastia convencional e lipo-
abdominoplastia e comparado os dois grupos em rela-
ção às complicações cirúrgicas. Foram operadas 10 pa-
cientes no período de 01/03/07 a 30/01/08 pela técnica
de abdominoplastia convencional e foram operadas 10
pacientes no período de 30/01/08 a 01/04/08 pela técni-
ca de lipoabdominoplastia. A técnica de abdominoplastia
clássica utilizada foi de descolamento do retalho abdo-
minal até o apêndice xifóide e arcos costais, plicatura
dos músculos retos abdominais, ressecção do excesso
retalho abdominal na sua porção inferior, transposição
umbigo, pontos de Baroude, colocação drenos portovak
, sutura retalho por planos. A técnica de lipoabdomino-
plastia utilizada foi a descrita por Saldanha, sendo inicia-
da com lipoaspiração superficial e profunda do retalho
abdominal (Figura 1 ), descolamento do túnel respeitan-
do a vascularização (Figura 2 ), preservação da fáscia
de Scarpa, ressecção de fuso infraumbilical envolvendo
a fáscia de Scarpa e tecido conjuntivo (Figura 3 ), plica-
tura xifopubiana dos músculos retos abdominais trans-
posição do umbigo, pontos de Baroude, colocação dreno
portovak e sutura do retalho por planos.
Resultados
A média de idade das pacientes operadas de abdo-
minoplastia convencional foi de 29 anos (variação 25 –
34 anos) e das pacientes do grupo da lipoabdominoplas-
tia 36 anos (variação 28 – 41 anos). Em relação as com-
plicações observadas nas pacientes do grupo da abdo-
minoplastia convencional observamos a presença um
caso de seroma um caso de seroma e epidermólise da
junção do retalho abdominal com a região pubiana em 1
paciente, e uma caso de necrose da porção distal do
retalho no seu terço médio inferior em uma paciente fu-
mante (Figura 4). No grupo da lipoabdominoplastia ob-
servaram-se dois casos de seroma. Em relação ao re-
sultado estético não se observou diferença nas pacien-
tes com peso ideal, mas nas pacientes acima do peso ou
nas que apresentavam uma verdadeira lipodistrofia da
região abdominal a técnica de lipoabdominoplastia apre-
sentou superioridade, com melhor contorno corporal e
sem apresentar degrau na junção do retalho na sua por-
ção inferior com o púbis ou excesso gordura em epigás-
trio, problemas encontrados na abdominoplastia clássi-
ca. Isto pode ser observado nas figuras 5,6,7 e 8 que
mostram o pré e pós operatório da lipoabdomninoplastia,
e nas figuras 9,10,11,12,13 e 14 que mostram o pré e
pós-operatório da abdominoplastia clássica. Acreditamos
que a paciente das figuras 11,12,13 e 14 é um caso ideal
para a técnica de abdominoplastia clássica, e a paciente
das figuras 5,6,7e 8 é um caso ideal para a lipoabdomi-
noplastia.
Discussão
A técnica de abdominoplastia clássica, particularmente
nos casos de excesso de gordura acima do ponto plane-
jado de excisão cutânea, apresenta limitações estéticas
consideráveis. Observa-se nesta técnica adiposidade
residual supra umbilical, diferença de volume na transi-
ção do retalho cutâneo com a região abdominal inferior
e pouca definição do contorno abdominal (3). Estes acha-
dos podem ser observados na paciente das fotos núme-
ro 5 e 6 que foi submetida a uma abdominoplastia con-
vencional, mas teria se beneficiado mais com uma lipo-
abdominoplastia. Foi exatamente a lipoaspiração (prin-
cipalmente a superficial) que sempre foi contra-indica-
da no mesmo tempo da abdominoplastia, que tornou pos-
sível o desenvolvimento da técnica, pois é a responsável
Comparação entre de abdominoplastia convencional e lipoabdominoplastia
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pela liberação e deslizamento do retalho abdominal até o
púbis, e o abdome superior torna-se um retalho de desli-
zamento com pedículo subcutâneo. Por este motivo,
pode-se associar a lipoaspiração à abdominoplastia clás-
sica de forma segura, pois há a preservação de quase
toda a circulação sanguínea, vinda das perfurantes, além
dos linfáticos e nervos. A evolução desta técnica e sua
segurança deu início princalmente com Avelar em 1985,
que descreveu a associação de lipoaspiração à abdomi-
noplastia para pacientes com abdome protuso, gordura
localizada supra e infraumbilical e flacidez muscular, e,
em 2000, abdominoplastia sem descolamento e com re-
moção da camada gordurosa de todo o abdome, resse-
cando-se cirugicamente somente pele até a derme na
região infra umbilical. Matarasso decreveu a associa-
ção de lipoaspiração à abdominoplastia como forma de
preservação do suprimento sanguíneo do retalho abdo-
minal ( 4 ). Estudos recentes de Avelar (5), Illouz (6) e
Saldanha (7) têm mostrado que a técnica de lipoabdomi-
noplastia é uma técnica segura, o que foi também obser-
vado neste trabalho, pois não houve uma incidência de
complicações maior que na técnica de abdominoplastia
convencional (8).
Conclusão
Observou-se neste estudo não haver incidência au-
mentada de complicações da lipoabdominoplastia em
relação à abdominoplastia convencional.
Referências Bibliográficas
1. Taylor GI. The superiorly based rectus abdominalis
flap: predicting and enhancing its blood supply ba-
sed on an anatomic and clinical study. Plast Re-
constr Surg 1988; 81:721.
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1995;95:829-36.
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ty and suction-assisted lipectomy. Aesth Plast Surg
1991;15:111.
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th Plast Surg. 1985;9:265-76.
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suction abdominoplasty. Aesthetic Plast Sur.
1992;16:237.
7. Saldanha OR, De Souza Pinto EB, Mattos WN Jr,
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undermining. Aesthetic Plast Surg. 2003;27:322-7.
8. DUARTE, Felipe Oliveira; VIEIRA, Vilberto José;
BINS-ELY, Jorge; d’EÇA NEVES, Rodrigo. Com-
paração entre as técnicas de abdominoplastia con-
vencional e lipoabdominoplastia. Anais em CD do
XVII Congresso Catarinense de Medicina, 2008.
Florianópolis SC.
Figura 1: Descolamento do retalho abdominal após lipo-
aspiração superficial e profunda.
Comparação entre de abdominoplastia convencional e lipoabdominoplastia
Figura 2: Descolamento do túnel supra umbilical res-
peitando a vascularização do retalho pelas perfurantes
do músculo reto abdominal.
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Arquivos Catarinenses de Medicina Vol. 37, no. 4, de 2008 4343434343Comparação entre de abdominoplastia convencional e lipoabdominoplastia
Figura 3: Ressecção de fuso infraumbilical envolvendo
a fáscia de Scarpa e tecido conjuntivo.
Figura 4: Necrose da porção distal do retalho no seu
terço médio inferior em uma paciente fumante.
Figura 5: Pré operatório de lipoabdominoplastia.
Figura 6: Pós operatório de lipoabdominoplastia.
Figura 7: Pré-operatório de lipoabdominoplastia.
Figura 8: Pós-operatório lipoabdominoplastia.
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4444444444 Arquivos Catarinenses de Medicina Vol. 37, no. 4, de 2008
Figura 9: Pré-operatório de abdominoplastia clássica.
Figura 10: Pós-operatório de abdominoplastia clássica.
Figura 11: Pré-operatório de abdominoplastia clássica.
Figura 12: Pós-operatório de abdominoplastia clássica
Figura 13: Pré-operatório de abdominoplastia clássica.
Figura 14: Pós-operatório de abdominoplastia clássica.
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Arquivos Catarinenses de Medicina Vol. 37, no. 4, de 2008 4545454545Comparação entre de abdominoplastia convencional e lipoabdominoplastia
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