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OWP EDUCAÇÃO TÉCNICO EM ÓPTICA TÉCNICO EM ÓPTICA: COMPETÊNCIAS E HABILIDADES TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO - TCC Henrique Yoshio Shimabukuro

Competencias e Habilidades

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Trabalho sobre Optica abordando o tema, Competencias e Habilidades com o intuito de melhorar a qualidade dos profissionais de optica de hoje, que deixam muito a desejar, enfim, no começo tem um pouco de embromation sobre a anatomia ocular, mas o restante é tudo muito util....espero que aproveitem...Japa

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OWP EDUCAÇÃO

TÉCNICO EM ÓPTICA

TÉCNICO EM ÓPTICA: COMPETÊNCIAS E HABILIDADES

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO - TCC

Henrique Yoshio Shimabukuro

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TÉCNICO EM ÓPTICA: COMPETÊNCIAS E HABILIDADES

Trabalho obrigatório desenvolvido ao término do Curso de Óptica, como requisito final à obtenção do título.

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AGRADECIMENTOS Agradeço aos professores pela compreensão e carinho com que tratou a todos os alunos, auxiliando a todos com dedicação, simplicidade e sempre que possível sanando dúvidas. Agradeço especialmente ao professor Waldir pelo curso e pela paciência prestada durante o curso.

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SUMÁRIO

RESUMO..........................................................................................................05 1 INTRODUÇÃO...............................................................................................06 2 ANATOMIA DO OLHO E SEU FUNCIONAMENTO......................................07 2.1 ÓRBITAS....................................................................................................08 2.2 GLOBO OCULAR.......................................................................................09 2.3 AS PÁLPEBRAS.........................................................................................10 2.4 TÚNICA EXTERNA: CÓRNEA E ESCLERA..............................................10 2.4.1 Córnea.....................................................................................................10 2.4.2 Esclera.....................................................................................................10 2.5 TÚNICA MÉDIA: CORÓIDE, CORPO CILIAR E ÍRIS................................10 2.5.1 Coróide...................................................................................................11 2.5.2 Corpo ciliar..............................................................................................11 2.5.3 Íris e a pupila: o diafragma do olho.........................................................11 2.6 TÚNICA INTERNA: RETINA......................................................................11 2.6.1 Retina......................................................................................................11 3 SAÚDE: UMA BREVE CONCEITUAÇÃO.....................................................13 3.1 SAÚDE OCULAR.......................................................................................13 3.1.1 Miopia......................................................................................................15 3.1.2 Hipermetropia..........................................................................................16 3.1.3 Astigmatismo............................................................................................17 3.1.4 Presbiopia................................................................................................18 4 NA ÓPTICA....................................................................................................20 4.1 RECEITA OFTÁLMICAS: INTERPRETAÇÃO.............................................20 4.2 ESCOLHENDO ARMAÇÕES......................................................................23 4.3 TIPOS DE LENTES....................................................................................27 4.3.1 Lentes monofocais...................................................................................28 4.3.2 Lentes bifocais.........................................................................................28 4.3.3 Lentes multifocais....................................................................................31 4.3.4 Tipos de desenhos de lentes progressivas..............................................32 4.3.4.1 Desenho duro.......................................................................................33 4.3.4.2 Desenho suave.....................................................................................33 4.3.4.3 Desenho simétrico e assimétrico..........................................................34 4.3.4.4 desenho dissimétrico............................................................................34 4.3.4.5 Desenho assimétrico............................................................................35 4.3.4.6 As lentes asféricas...............................................................................35 4.4 MEDIDAS...................................................................................................36 4.4.1 Medidas da altura da película de bifocal.................................................37 4.4.2 Altura dos multifocais progressivos.........................................................37 5 NO LAORATÓRIO.........................................................................................40 5.1 SURFASSAGEM DE LENTES OFTÁLMICAS...........................................40 5.1.1 Lensômetro.............................................................................................41 5.2 MONTAGEM..............................................................................................42 5.2.1 Montagem: visão simples........................................................................42 5.2.2 Montagem: lentes esféricas e cilíndricas.................................................43 5.2.2.1 Transpoisição.......................................................................................44 5.2.3 Montagem: bifocal...................................................................................44 5.2.4 Montagem: lente mutifocal.......................................................................45 6 AJUSTES FINAIS DOS ÓCULOS.................................................................47 7 CONCLUSÃO................................................................................................49 8 REFERENCIA................................................................................................50

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RESUMO

A presente pesquisa constitui-se numa reflexão sobre as competências e habilidades que um estudante no ramo óptico precisa saber e ter para assim conquistar a concessão do título de Técnico em Óptica. Busca-se compreender, interpretar e explicar esses aspectos, baseando-se em uma fundamentação teórica com o intuito de averiguar os quesitos básicos da formação do profissional em óptica, compreendidos desde conhecimentos gerais em preventiva da saúde ocular, anatomia do olho humano até a fabricação de lentes oftálmicas e montagem de óculos, atividades estas realizadas em laboratório óptico.

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1 INTRODUÇÃO

Um Técnico em óptica é um profissional que está capacitado para realizar a venda e posteriormente a confecção de óculos de correção visual. A partir da receita prescrita pelo oftalmologista é sua a responsabilidade oferecer a melhor solução visual possível, agregando conforto e comodidade ao usuário de óculos.

Para tanto, o Técnico precisa estar comercial, emocional e tecnicamente preparado para atender esse tipo de consumidor, ou seja, estar apto para vender e confeccionar óculos. Para isso, o Técnico em Óptica tem determinadas tarefas das quais é impossível ignora-las como, por exemplo, a interpretação de receita oftálmica e a tomada de medidas.

Este trabalho tem por intuito realizar uma abordagem em relação às competências e habilidades designadas a um Técnico em Óptica. Para tanto, leva-se em consideração os estudos de anatomia ocular, bem como os processos produtivos para a confecção de um óculos. Enfim, busca-se conhecer e obter informações precisas das atividades desempenhadas pelo profissional óptico e sua competência em proporcionar uma melhor acuidade visual ao usuário de óculos.

Antes, porém, de descrever essas atividades desenvolvidas na Óptica e posteriormente em um laboratório, faz-se necessário realizar uma pequena abordagem sobre a anatomia do olho. Bem como também, apresentar sucintamente algo referente à saúde em uma conceituação generalizada seguida de uma abordagem sobre saúde ocular e erros refrativos, o ponto de correção visual prescrita nas receitas pelos oftalmologistas. Para isso, obtêm-se informações contidas na internet, em páginas de órgãos públicos, e entidades de classe e empresas ligadas ao setor óptico, e em referências bibliográficas, que documentam os processos ligados a confecção de um óculos. Enfim, busca-se compreender melhor o trabalho a ser desempenhado pelo Técnico em Óptica. Uma profissão fantástica capaz de oferecer ao consumidor uma solução visual através dos óculos de correção. Além de proporcionar a autoestima e uma melhor qualidade de vida das pessoas que os procuram porque o verbo “ver” a ação “enxergar” é indispensável ao ser humano. Se não tiver visão natural, os ópticos estão aptos a proporcionar artificialmente, através dos óculos de correção, uma melhor visão para os indivíduos.

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2 ANATOMIA DO OLHO E SEU FUNCIONAMENTO

O Olho é uma espécie de globo, é um pequeno planeta com pinturas do lado de fora. Muitas pinturas: azuis, verdes e amarelas. É um globo brilhante: parece cristal, é como um aquário com plantas finamente desenhadas: algas, sargaços, miniaturas marinhas, areias, rochas, naufrágios e peixes de ouro. Mas por dentro há outras pinturas, que não se veem: umas são imagens do mundo, outras são inventadas. O olho é um teatro por dentro. E às vezes, sejam atores, sejam cenas e às vezes sejam imagens sejam ausências, formam, no Olho, lágrimas. Cecília Meireles.

O olho é um dos órgãos mais incrível do corpo humano por isso é alvo de

especulações devido à complexidade do seu sistema. A sua formação e principalmente seu funcionamento fascinam os estudiosos devido à capacidade de proporcionar ao homem enxergar o mundo a sua volta.

Enxergar o mundo através de um globo brilhante - como diz Cecília Meireles – subdividido em pequenas partículas é algo excepcional e um grande mistério para a Ciência. Mistério, porque apesar de comprovado o seu funcionamento e formação, o verbo “ver”, ainda parece inexplicável.

O olho humano apresenta estruturas externas e internas com funções distintas. Pode-se mencionar que o olho possui uma carga de responsabilidade e apresenta funções extremamente difíceis e incríveis, porque tudo o que está a nossa volta pode ser visto, pensado, observado e criticado através de um olhar.

Dada à complexidade da formação do olho humano faz-se necessário mostrar ilustrativamente o olho na sua formação externa e interna, para que se possa compreender melhor a sua formação. Até porque, todas as partes do olho humano são ao mesmo tempo subdivididas e interligadas entre si, tanto nas partes externas como nas partes internas, em função da visão, nutrição e proteção do olho. Juntas podem realizar sua atividade fundamental: fazer com que a imagem recebida do meio externo chegue até a retina e posteriormente repassada ao cérebro que é revertida em um conceito ao objeto externo visto e detectado pela retina.

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Figura 2: Anatomia Externa do Olho Humano

Imagem retirada de http://luizmeira.com/anatomia.htm

Figura 2: Anatomia Interna do Olho Humano

Imagem retirada de www.laboratoriorigor.com.br/anatonmia.html

Diante das figuras apresentadas anteriormente pode-se perceber que o olho

encontra-se exposto dentro de dois espaços. Esses espaços merecem serem caracterizados como órbitas.

2.1 Órbitas

Conforme (Vaughan et al, 1998), de cada lado da linha média da face e simetricamente dispostas, encontra-se duas cavidades ósseas, denominadas órbitas, que acomodam os globos oculares e seus acessórios. O globo ocular de um adulto assemelha-se a uma esfera, com diâmetro anteroposterior em média de 24,5 mm

Para Trotter (1985), a cavidade óssea do olho é como seu nome indica “um abrigo de ossos para o globo ocular”, em que proporcionam a proteção do globo ocular contra as ações externas. A natureza biológica é magnífica porque as órbitas, além de abrigar o olho e protegê-lo do meio externo, proporciona uma boa estética ao rosto do ser humano, caso contrário, o globo ocular ficaria exposto e salientado fora da estrutura craniana. O

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que se quer dizer é que, se o crânio humano não tivesse essa cavidade óssea para alojar o globo ocular, a face ficaria esteticamente deformada, e consequentemente o globo ocular sem proteção. Então, basicamente a função das órbitas é proteger os globos do meio externo. Essa proteção é realizada com a ajuda das pálpebras e dos cílios ( T R O T T E R , 1985).

2.2 Globo ocular

O globo ocular na idéia de Trotter (1985) é comparado a uma cebola estratificada e não como uma esfera já que a córnea forma uma saliência na parte anterior extrema do olho e as partes superiores e inferiores do globo ocular encontram-se achatadas. Tem aproximadamente 25 milímetros de diâmetro sendo de sua responsabilidade captar a luz refletida pelos objetos a nossa volta.

Ou seja, tudo que está no mundo externo é inconscientemente absorvido pelo globo ocular em forma de alguma função e conceito que tem esse objeto de acordo com a convenção social. O que isso quer dizer: que não é o olho que atribui conceitos e funções aos objetos expostos pelo mundo, mas sim a sociedade que os caracteriza e os conceitua conforme as suas necessidades e convencionalismo social. Figura 2.2: Globo ocular

Imagem retirada de http://luizmeira.com/anatomia.htm

De acordo com Alves & Kara-José (1996), cada globo ocular é constituído por três túnicas concêntricas: túnica externa ou fibrosa, que compreende a córnea e a esclera ou esclerótica; túnica média ou vascular que corresponde à coróide, corpo ciliar e íris; túnica interna ou sensorial que formam a retina.

Figura 2.2: Divisão das túnicas do globo ocular

Imagem retira de http://luizmeira.com/anatomia.htm

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Para que se possam descrever as túnicas e suas partículas faz-se necessário mostrar uma parte do olho, que embora pareça simples, é extremamente necessária e importante, pois protege, assim como as órbitas, o globo ocular: as pálpebras.

2.3 As pálpebras

De acordo com (S M E L T Z E R & B A R E , 1996, p. 1356), as pálpebras, são duas dobras móveis musculo-fibrosas que se abrem e fecham para proteger e distribuir as lágrimas sobre o olho e controlar a quantidade de luz que entra. As pálpebras são feitas com pele sem tecido adiposo subcutâneo.

Trotter (1985) contribui afirmando que as pálpebras, fecham a órbita pelo lado externo e recobrem o olho. [...] são, segundo sua natureza, um prolapso da pele, podendo definir-se ao título justo, como pregas da pele que descansam no bulbo e se encontram separados pela fenda palpebral.

Ainda nos dizeres de Trotter (1985), a parte que liga a pálpebra ao globo ocular é a conjuntiva. A conjuntiva é uma película que recobre a esclera na porção visível até a córnea.

2.4 Túnica externa: córnea e esclera

Conforme Trotter (1985), a túnica externa do globo ocular é formada pela esclera e a córnea. A junção da esclera e da córnea forma o sistema trabeculado e o sistema de drenagem do humor aquoso.

2.4.1 Córnea

Segundo Pereira (1995), a córnea... “é a parte protuberante do olho que fica visível e que está situada em frente às íris.”

É composta de uma camada extremamente lisa e completamente incolor. Sua propriedade é convergir as imagens vistas para que se focalizem na retina.”

Trotter (1985) conceitua a córnea como sendo... “uma abertura transparente que permite a entrada dos raios luminosos no interior do olho”.

A córnea com sua curva acentuada faz com que os raios paralelos, que vem do infinito, se convirjam e cheguem juntos à fóvea central.

2.4.2 Esclera

Baseando-se nos dizeres de Trotter (1985) a esclera é a parte externa protetora que cobre o olho. Sua parte anterior é conhecida popularmente como o branco do olho. Nela se inserem os músculos extra-oculares, responsáveis pelos movimentos dos olhos.

2.5 Túnica média: coróide, corpo ciliar e íris.

A túnica média ou úvea é também denominada túnica vascular. A irrigação da túnica média é feita através de duas artérias ciliares longas e várias ciliares anteriores e

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posteriores curtas. As artérias ciliares anteriores e posteriores longas formam na periferia da íris o círculo arterial maior da íris que vão nutrir o corpo ciliar. O sangue é drenado pelas veias vorticosas ciliares posteriores e anteriores ( T R O T T E R , 1985).

2.5.1 Coróide

De acordo com Gonçalves (1975) a coróide está situada “entre a esclerótica e a retina”. E, inicia na ora serrata, encontrando-se intimamente ligada a esclera, que se superpõe a mesma.

2.5.2 Corpo ciliar

De acordo com Miranda (1989), o corpo ciliar forma o humor aquoso que preenche o espaço entre a córnea e a íris (câmara interior) e entre a íris e o cristalino (câmara posterior).

Para Trotter (1985), o corpo ciliar tem como função, além de formar o humor aquoso,

“proporcionar as modificações da curvatura do cristalino, indispensáveis para por em foco o olho.“

2.5.3 Íris e a pupila: o diafragma do olho

A íris é a parte colorida do olho, estando ausente na parte central, formando a pupila. Funciona como um diafragma que regula a quantidade de luz que deve ultrapassar e chegar à retina. A íris pode variar de tamanho.

Fonte: (http://www.guiaoptico.com.br/palavra/heliopenha/bifocal.asp).

Além de controlar a quantidade de luz que deve chegar à retina, a íris tem também como função diminuir as aberrações esféricas e cromáticas – quando a pupila está em seu diâmetro mínimo.

2.6 Túnica interna: retina

A túnica interna do olho recobre todo o interior do mesmo, a exceção do cristalino que é composta pela retina com várias camadas e pelo epitélio de uma única camada ( T R O T T E R , 1985).

2.6.1 Retina

Conforme Pereira (1995), a retina “envolve internamente ¾ partes do olho. É composta de milhares de células sensíveis à luz chamadas „cones‟ e „bastonetes‟”.

Os cones, então, são destinados à visão fotópica (fóton = luz), isto é, visão de cores e detalhes. Os bastonetes são destinados à visão escotópica (scotos = manchas), isto é, a visão de claro/escuro associado. Estas células captam as imagens que devem

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chegar nitidamente e ela e transmitem-na ao cérebro. No centro da retina está a fóvea. De acordo com (Pereira, 1995) é sobre a fóvea que é formada as imagens mais fortes. Perto da fóvea tem-se o ponto cego.

Figura 2.6.1: Ilustração do ponto cego.

Imagem retirada de www.laboratoriorigor.com.br/anatomia.html

O olho humano ainda apresenta partículas internas e externas das quais não foram mencionadas nessa pesquisa por não haver necessidade. Trata-se de partes mais aprofundadas das quais não se faz necessário um Técnico em Óptica saber e sim um oftalmologista.

Além da anatomia básica do olho humano, cabe a um Técnico em Óptica ter conhecimento sobre saúde ocular e erros refrativos já que são esses erros refrativos (miopia, hipermetropia, astigmatismo e presbiopia) que fundamentalmente determinam à fabricação das lentes oftálmicas e montagem de óculos: habilidades básicas de um óptico.

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3 SAÚDE: UMA BREVE CONCEITUAÇÃO

O ser humano vive em função de sua saúde. Previne-se constantemente com o intuito de conservar seu corpo e assim prolongar sua vida. Para isso recorre a especialistas de distintas áreas do conhecimento científico capazes de fornecer recursos suficientes na prevenção de futuras doenças dos mais diversos gêneros.

Inevitavelmente, então, diariamente fala-se em saúde como se fosse do consenso de todos, a exatidão de seu significado. A tendência popular e também, de certo modo científica, é rotular, em muitos casos, saúde como a simples ausência de doenças.

Porém, é satisfatório resumi-la, apenas a ausência de doenças? De acordo com o dicionário Aurélio (1999), o termo saúde significa: “Estado do indivíduo cujas funções orgânicas e mentais se acham em situação normal.” Sendo assim, saúde representa muito mais que simples ausência de doenças refere-se ao funcionamento normal de todo sistema corporal.

Para complementar a idéia de saúde como um todo, Demócrito Moura (1989) apresenta outra proposta para o conceito de saúde, segundo a teoria de Galeno (131 – 201 d. C), como sendo “o equilíbrio integro dos princípios da natureza, ou dos humores em nós existentes, ou a atuação sem nenhum obstáculo das forças naturais, ou também, a cômoda harmonia dos elementos”. Então, com o equilíbrio íntegro do sistema humano, baseando-se nas boas condições de vida, pode-se mencionar que saúde engloba, também, todos os aspectos físicos e ambientais pertinentes a existência humana.

Ainda de acordo com Moura (1989), a partir de 1946 a Organização Mundial da Saúde (OMS), com o intuito de desmistificar a idéia negativa do conceito de saúde, apresenta um novo panorama para o termo saúde como sendo “um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausências de distúrbios e doenças”, colocando saúde como um estado positivo de higidez, na qual contribuem as condições biológicas, psíquicas e sociais oferecidas às pessoas.

Pode-se dizer que, talvez, um pouco dessa modificação de conceito se deu em função de novas descobertas científicas, sociais e culturais que nortearam e continuam norteando os seres humanos e seus aspectos biológicos, em que saúde passa a ser resultante das condições de vida. Ou seja, dependendo das condições sociais e ambientais o estado de saúde é regularizada ou detentora de doenças bacterianas ou virais.

Pelo que foi descrito até então, saúde refere-se a todos os aspectos biológicos e artificiais que proporcionam o equilíbrio normal e satisfatório do organismo humano. Em se tratando de totalidade tem-se como parte integrante desse equilíbrio a saúde ocular, já que a visão faz parte do corpo humano e também adere doenças oculares que precisam de prevenções e tratamentos. E para prevenir e tratar a medicina oftálmica dedica-se a atender os anseios da sociedade para manter controlado os distúrbios oculares que o meio externo pode provocar.

3.1Saúde ocular

Prevenir é fundamental em se tratando de saúde ocular, pois a prevenção pode evitar e solucionar problemas visuais acometidos no decorrer da vida do ser humano. Diga-se de passagem, que a preventiva em saúde ocular é extremamente necessária, já que o relacionamento do homem com o mundo exterior é feito através dos olhos. Sem, uma visão normal ou normalizada por algum tipo de tratamento, toda e qualquer comunicação das pessoas com o externo torna-se prejudicada ou até mesmo impossibilitada.

Sendo assim, o controle das ametropias e doenças oculares, necessitam, assim como qualquer outro sintoma degenerativo do corpo humano, ser diagnosticado e

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posteriormente tratado. E esse controle precisa ser realizado desde criança ou quando for percebido algo diferente nos aspectos físicos e visuais do olho. Segundo o Ministério da Saúde (1989)

é recomendável que todas as crianças sejam submetidas à verificação de acuidade visual, já que se deve levar em conta que a criança que não enxerga bem não apresenta queixas, pois não sabe exatamente como deveria enxergar ou como os outros na realidade enxergam. Só a correta verificação da acuidade visual, feita em tempo hábil, poderá detectar problemas oculares assintomáticos.

Para o Ministério da Saúde (1989), os sinais e sintomas que estão relacionados

com possíveis problemas visuais e que devem ser observados são os lacrimejamentos, olho vermelho, secreção, purgação, crostas nos cílios, visão embaraçada, sensibilidade excessiva à luz, dores de cabeça, visão dupla desvio ocular e alterações pupilares. Ignorar esses sintomas, tanto nos adultos como nas crianças, podem trazer consequências desastrosas, pois as pessoas correm o risco de perder total ou parcialmente sua visão.

De acordo com Gonçalves (1975), num ponto de vista geral existem dois grupos de enfermos oculares a considerar,

os que ostentam alterações diretamente percebidas pelo observador desarmado e, pacientes com manifestações oculares evidenciáveis à simples inspeção direta, sem o emprego de qualquer meio auxiliar de exame; e os que apresentam manifestações patológicas localizadas por detrás do plano iridocristaliniano e que somente são diagnosticáveis com o auxílio de instrumental apropriado.

Gonçalves (1975) acrescenta, ainda, que para diferenciar e perceber esses pacientes é preciso realizar três etapas, o interrogatório, um exame objetivo e por fim o exame subjetivo. Esses, digamos assim, passos, auxiliam o profissional a perceber e ou diagnosticar algum problema no olho e com isso poder ter a possibilidade de tratar desse paciente desde que possuía equipamentos ópticos para abordar a situação exata das condições visuais do paciente.

Muito poderia se dizer sobre exames oftálmicos: procedimentos, técnicas etc... Mas, como a intenção dessa pesquisa não são os exames oftalmológicos, e sim o que resultam deles, já que deles o técnico pode diagnosticar e realizar a confecção, se necessário, de óculos corretivo, não convém discutir mais sobre o assunto. Basta apenas ressaltar que são fundamentais em se tratando de saúde ocular, pois se fazem importantes tanto em nível de detecção como no tratamento precoce de distúrbios visuais que podem surgir ao longo da vida do homem. E, que sem os exames, que resultam na prescrição refrativa, não há como fabricar as lentes.

Vale acrescentar, ainda, que assim como qualquer outra doença, as variações anatômicas do globo ocular, provocam danos irreparáveis se não forem diagnosticadas e tratadas corretamente.

O olho humano é um dos órgãos mais sensíveis do corpo humano por estar mais exposto ao ambiente externo.

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Qualquer sintoma estranho pode prejudicar a visão, se não forem tomadas medidas necessárias para solucionar os problemas como é o caso dos erros refrativos: miopia, hipermetropia, presbiopia e astigmatismo. Se, não corrigidos com lentes oftálmicas ou cirurgias, as pessoas provavelmente ficarão sem uma visão normal.

Esses erros refrativos englobam todos os distúrbios da refração que impedem os raios luminosos convergirem sobre a retina, e que são tecnicamente conhecidos como “ametropias”. Porém, quando não ocorre nenhum erro refrativo, isto é, o raio luminoso forma o foco sobre a retina, temos a “emetropia”, que é a ausência do erro refrativo. De acordo com Grosvenor (1996, p. 17):

Emetropia é a normal condição refrativa do olho. No olho emétrope com acomodação relaxada, paralelos raios de luz convergem para um único foco da retina. Um indivíduo que é emétrope se espera que tenha boa acuidade visual (6\6, ou melhor) ao teste de 6 metros de distância e, se a amplitude de acomodação esteja adequada, e igualmente boa acuidade visual com teste de perto a 40 cm. Ametropia é o termo geral para qualquer outra condição refrativa que não a emetropia, ou a condição na qual exista um erro refrativo ou anomalia refrativa. Em um olho amétrope com acomodação relaxada, raios paralelos de luz não convergem para um único foco na retina. Categorias de ametropias são miopia, hipermetropia e astigmatismo.

3.1.1 Miopia

Para Pereira (1995, p. 29) a miopia “é a impossibilidade de a pessoa ver nitidamente objetos ou letras colocadas à longa distância.”

A miopia, assim como as outras ametropias, não é uma doença e sim uma variação anatômica do olho que pode ser corrigida através de lentes oftálmicas fornecidas pelos laboratórios ópticos, desde que seja apresentada na receita designada previamente por um médico oftálmico.

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Figura 3.1.1: miopia

Imagem retirada de http://www.laboratoriorigor.com.br/deficiencias.html

Conforme, ainda, Pereira (1995), as lentes que corrigem as miopias são as

negativas, representadas nas receitas pelo sinal negativo. Sinal que deve ser rigorosamente respeitado pelo Técnico, caso contrário, problemas de distúrbios oculares podem acontecer. E, provavelmente a pessoa não vai enxergar absolutamente nada com o óculos de sinal trocado.

De acordo com Alves e Kara-José (1996, p. 30) miopia “é a condição na qual os objetos podem ser vistos, havendo dificuldade ou incapacidade de focar objetos à distância”.

O míope - dependendo de sua dioptria - por não definir com exatidão objetos e pessoas à distância se retrai para não cometer nenhuma inconveniência.

3.1.2 Hipermetropia

Hipermetropia “ocorre quando o globo ocular é mais curto que o normal (ou a córnea tem curvatura muito plana) e as imagens são focadas atrás da retina ( P E R E I R A , 1995).”.

O hipermétrope tem boa visão para longe e dificuldade para ver de perto. A criança com hipermetropia pode não apresentar qualquer alteração visual, pois

possui grande capacidade de acomodação, trazendo os raios para formar seu foco sobre a retina.

Figura 3.1.2: hipermetropia

Imagem retirada de http://www.laboratoriorigor.com.br/deficiencias.html

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Ao contrário da miopia as pessoas que são hipermétropes precisam de lentes positivas que são designadas pelo sinal positivo. Eis porque a troca do sinal + pelo – ou vice versa podem acarretar sérios problemas, porque representam erros refrativos distintos. O mínimo que pode acontecer é não enxergar, como deseja.

A hipermetropia é o erro refrativo mais comum na infância e, em 50 % dos casos, persiste toda a vida.

Ao nascer, temos um globo ocular relativamente curto no diâmetro antero-posterior, o que justifica a hipermetropia. No entanto, com o desenvolvimento, há a tendência do crescimento do diâmetro antero-posterior e a redução no valor da hipermetropia, podendo tornar-se nula ( E S T E V E S , et al, 1995).

3.1.3 Astigmatismo Astigmatismo é “quando a imagem é formada por dois focos e não somente por um, fazendo com que a imagem fique alongada e turva” ( P E R E I R A , 1995).

Grosvenor (1996) cita:

Astigmatismo é a condição refrativa na qual o sistema óptico do olho é incapaz de formar um ponto imagem de um ponto objeto.

Isto ocorre porque o poder de refração do sistema óptico varia de um meridiano para outro. No astigmatismo regular (onde se incluem a grande maioria dos casos), o meridiano de maior refração e o meridiano de menor refração estão 90º separados. O valor do astigmatismo é igual à diferença do poder de refração dos dois principais meridianos.

A imagem não se focaliza precisamente em um ponto somente da retina ocorre principalmente porque a córnea ou o cristalino não são esféricos, isto é, tem maior poder de refração em um dos meridianos.

O astigmatismo marcante causa dificuldade em visão de perto e de longe. Figura 3.1.3: astigmatismo

Imagem retirada de http://www.laboratoriorigor.com.br/deficiencias.html

De acordo com Esteves et al (1995): Os astigmatismos podem ser classificados em verticais ou oblíquos, conforme o eixo do meridiano principal.

Nos astigmatismos verticais, quando o meridiano mais refringente é o vertical, chama-se a favor da regra ou com a regra (eixo a 0º ou 180º); se o meridiano horizontal tem o maior poder de refração o astigmatismo é dito contrário ou contra a regra (eixo a 90º). Em relação aos astigmatismos oblíquos, os meridianos principais não são o vertical ou o horizontal.

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Ainda segundo Esteves et al (1995), pode-se também classificar os astigmatismos conforme a posição das linhas focais em relação à retina. Assim, os astigmatismos podem ser de ordem simples – quando uma das linhas focais encontra-se sobre a retina, e a outra à frente (miópico) ou atrás (hipermetrópico) da mesma; compostos – quando as duas linhas focais encontram-se à frente ou atrás da retina; mistos – quando uma das linhas focais encontra-se à frente, e a outra atrás da retina.

Um paciente que tem astigmatismo costuma ter dificuldade ou equivocar-se muito durante a leitura, resultando na confusão entre letras, números fechados e saltos de linhas.

3.1.4 Presbiopia

De acordo Pereira (1995), a presbiopia é a mais acometida das ametropias chegando a contribuir com 60 % das pessoas que usam óculos. Ela acontece geralmente em pessoas acima dos 42 anos de idade.

Ainda sob o parecer de Pereira (1995), a presbiopia “também é corrigida com lentes esféricas positivas ou convergentes, designadas pelo sinal (+)”, já que a presbiopia é um tipo de hipermetropia.

Conforme Trotter (1985), a presbiopia, ao contrário dos outros erros refrativos, não é um defeito anatômico do olho, mas sim uma anomalia de acomodação dióptrica.

Figura 3.1.4: presbiopia

Imagem retirada de http://www.laboratoriorigor.com.br/deficiencias.html

A presbiopia, assim como a miopia e a hipermetropia são erros refrativos que

aparecem nas receitas médicas prescritas pelos oftálmicos, que são repassadas para as ópticas para que estas possam solucionar o problema dos pacientes através dos óculos de correção visual.

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Sendo assim, os profissionais que trabalham em uma Óptica precisam apresentar certas competências e habilidades tais como, atendimento, interpretação de receitas, medidas e um vasto conhecimento de lentes e armações.

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4 NA ÓPTICA A Óptica não é um estabelecimento comercial qualquer. As pessoas que nela

trabalham, independente da função que exercem, precisam estar preparadas técnica e emocionalmente. No departamento de vendas, por exemplo, existem certos rituais, ou melhor, passos indispensáveis ao andamento desse tipo de venda.

O vendedor em óptica precisa muito mais que vender seu produto precisa conhecer o cliente, compreender as suas necessidades.

Estar à frente de um balcão, então, em uma Óptica, não é uma tarefa muito fácil, há necessidade de saber lidar com o público, ter conhecimento de vendas, produtos e ter sempre em mente preços, custos e lucros para agregar descontos satisfatórios tanto para o cliente quanto para a Óptica, para que esta última não fique no prejuízo. Ser vendedor, nesse ramo, é ser um guerreiro na conquista do cliente.

O consumidor nesse ramo é muito relativo, há aqueles que desejam apenas a correção visual, outros que valorizam o resultado estético. Têm aqueles que são mais esclarecidos, outros mais leigos que querem apenas resolver seu problema de visão e ir embora o mais rápido possível.

O profissional em óptica precisa então, estar preparado para atender sua clientela com sabedoria, competência, paciência e muita técnica.

Primeiramente sente-se a necessidade da apresentação pessoal do vendedor. Feito isso, seguem-se, automaticamente, as explicações iniciais sobre o erro refrativo apresentado na receita e posteriormente às explicações referentes a armações e lentes oferecidas pelo mercado óptico, que devem ser disponibilizadas conforme o gosto, necessidade visual e condições econômicas do cliente.

A experiência é um ponto a favor do profissional, pois possibilita ter maior conhecimento de produtos e tecnologias disponíveis no mercado. Mas, isso não é tudo, precisam estar sempre atualizado com tendências, novidades em armações e lentes. Porque quem define o mercado é o cliente com suas exigências, seus modismos e suas condições econômicas. Cabem as Ópticas estarem preparadas para atenderem essas demandas.

Outro ponto a ressaltar é que vender óculos não é somente oferecer determinado modelo de armação e lente. Isso é apenas tirar pedido. É preciso orientar e conhecer o perfil do cliente, captar suas necessidades, conforto antes, durante e depois da venda. É fundamental que o profissional preste atenção no comportamento do cliente durante o atendimento. Pois, a expressão dele pode indicar o nível de compreensão e aceitabilidade das propostas apresentadas pelo vendedor.

Nesse ramo de venda é fundamental que o Técnico seja sincero, honesto, paciente, educado e cordial com cada pessoa que entra na loja, mesmo que só esteja dando aquela famosa “olhadinha”. A princípio pode ser só uma olhadinha e posteriormente, dependendo da recepção recebida, pode se transformar em clientes assíduos.

Enfim, ter em mente que atende pessoas, seres humanos que, como ele próprio, tem razão e emoção. Alguns dias estão mais equilibrados emocionalmente e outros não, o importante é reconhecer sentimentos e emoções no outro e interagir positivamente com esses sentimentos e emoções, de ser humano para ser humano. A partir da aquisição da receita apresentada pelo cliente essa relação passa a ser mais estreita.

4.1 Receita oftálmica: interpretação

Conquistada a confiança do cliente com seus argumentos de venda, o Técnico precisa saber seguramente interpretar a receita apresentada pelo mesmo, caso contrário à confiança conquistada até então, corre o risco de “desabar” fazendo com que o

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consumidor desista de fazer seus óculos por não estar convencido da competência do profissional óptico. Portanto, segurança e certeza de suas palavras são quesitos fundamentais a um óptico.

De acordo com Pereira (1995)... “a receita ótica cuja abreviação é conhecida como RX é um documento onde o médico oftalmologista anota as graduações de lentes que corrigirão as deficiências de visão, chamadas ametropias.”

O RX, então, é o comprovante do erro refrativo apresentado pelo paciente que deve ser corrigido com lentes oftálmicas.

Por isso, a primeira atitude do cliente ao entrar na Óptica é apresentar ao Técnico ou (o) a balconista o RX receitado pelo médico oftálmico. E, se o óptico ou a atendente não souber interpretar corretamente essa receita óptica, todo e qualquer conhecimento nesse ramo torna-se vão, já que não há outro recurso para a fabricação e montagem das lentes oftálmicas.

Conforme, ainda, Pereira (1995)... “normalmente uma receita tem espaços para o médico anotar o grau de longe, o de perto, o grau esférico, o grau cilíndrico os eixos de longe e perto, a DP ou DNP.”

A DNP conforme Meggyesy (1985) é à distância naso pupilar, ou seja, a distância da metade da ponte do óculos até o centro da pupila do usuário. E a distância de uma pupila a outra é chamada de DP. Esses espaços correspondem ao tipo de erro refrativo, ou ametropia, que o paciente apresenta. Se apresentar sinal + necessita-se corrigir uma hipermetropia; tendo sinal - precisa corrigir a miopia que pode aparecer associada a um astigmatismo se tiver eixos. E, ainda se for o caso de uma lente de longe e perto, ou seja, apresentar adição trata-se de uma presbiopia.

Há outros aspectos que precisam ser observados no RX pelo profissional óptico como, por exemplo, o nome do médico oftalmologista ou optômetrista, bem como o número do registro profissional, endereço telefone. O nome do cliente também é essencial o vendedor observar, pois o cliente fica mais confiante se for chamado pelo nome durante o atendimento.

Um ponto importante seria observar o espaço destinado às observações porque, às vezes, o médico faz sugestões de lentes ou tratamentos. Outro quesito que precisa ser do conhecimento do Técnico são as abreviaturas. Se não souber interpreta-las erros de fabricação podem acontecer porque às vezes os médicos colocam algumas abreviaturas para não perder muito tempo ou por habito mesmo.

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Figura 4.1: Modelo de receita oftálmica

Imagem fornecida pelo Sindiotica

Figura 4.1: abreviaturas

1) OD = OLHO DIREITO 15) AP = ALTURA PUPILAR

2) OE = OLHO ESQUERDO 16) L.C. = LENTES DE CONTATO

3) AO = AMBOS OS OLHOS 17) AV = ACUIDADE VISUAL

4) DP = DISTÂNCIA PUPILAR 18) BN = prisma base nasal

5) DNPL – DISTÂNCIA NASO 19) BT = prisma base

6) PUPILAR DE LONGE 20) T = Temporal

7) DNPP – DISTÂNCIA NASO 21) BS = prisma base superior

8) PUPILAR DE PERTO 22) BI = prisma base inferior

9) ESF – DIOPTRIA ESFÉRICA 23) - = negativo

10) CIL – DIOPTRIA CILÍNDRICA 24) + = positivo

11) L = LONGE 25) ADD = ADIÇÃO

12) P – PERTO 26) V = Vertical

13) CC = COM CORREÇÃO 27) RX = RECEITA

14) SC = SEM CORREÇÃO

Além de saber que as dioptrias indicadas na receita possuem valores dióptricos

diferentes classificados em: lentes convergentes ou positivas (+) e lentes divergentes ou negativas (-), o fabricante de óculos precisa saber definir o foco da lente. Ou seja, compreender quando as lentes são monofocais (um só campo de visão); bifocais (dois campos de visão); trifocais três campos de visão; e multifocais ou progressivas (vários campos de visão). Identificando esses pontos mencionados anteriormente (o sinal + e -), o Técnico passa para a leitura da receita: primeiro faz a leitura do esférico; depois do

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cilíndrico e por fim o eixo. Porém, é fundamental que saiba distinguir o que o esférico e o cilíndrico representam.

Conforme Meggyesy (1985)...

as lentes esféricas são “as que têm ambas as superfícies – a interna e a externa – esférica, ou seja, cada uma dessas duas superfícies possui um só raio de curvatura para todas as direções (eixos). ”Já as lentes plano-cilíndricas, segundo o mesmo autor, são “as que têm uma superfície esférica e uma tórica igual aquele da superfície esférica e o outro diferente com o eixo a 90º do primeiro.”

Quando essas lentes são combinadas elas possuem uma superfície esférica e uma tórica, mas nenhum dos raios tóricos são iguais à superfície esférica. Por isso são combinadas, para que possam ser corrigidas deixando as duas superfícies iguais.

PEREIRA, Ney Dias. Óptica oftálmica básica. Porto Alegre: Nova Optica, 1995.

Inevitavelmente: interpretada a receita, e diagnosticada a necessidade visual, o atendente da Óptica passa para a escolha da armação e da lente a ser adotada conforme o gosto, bolso e necessidade do cliente.

4.2 Escolhendo armações

A escolha da armação é uma das partes fundamentais no processo de montagem além de comandar a estética do usuário de óculos. As armações evoluíram com o tempo, de pesadas e desconfortáveis passaram a serem leves, confortáveis e de maior aceitabilidade pelo público, dada a grande variedade colocada pelo mercado à disposição dos mais variados gostos e rostos.

Com essa vasta quantidade de modelagens de armações, passou-se a pensar não somente na necessidade, mas também na estética já que é ela que impulsiona os seres humanos a buscarem sua auto-estima e assim consumirem mais.

Os fabricantes aderiram à idéia de necessidade e consumo e criaram diversos modelos com materiais dos mais variados com o intuito de proporcionar satisfação e aceitação às pessoas que precisam de óculos e garantir um bom capital de giro com o produto. E literalmente funcionou...Pode-se dizer que basicamente as armações resumem-se em metal ou zilo, acetato ou outra matéria plástica variadas em cores, formas e tamanhos. É claro que existe uma infinidade de modelos, cabe ao atendente observar a armação que melhor se adapta ao cliente a partir da fisionomia e necessidades dióptricas de cada um apresentadas no RX. As armações de metal são as mais usadas, devido talvez a sua resistência e tradicionalismo.

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Figura 4.2: armações de metal

Outro modele de armação, colocado pelo mercado óptico é a N U M O N T , uma armação composta de ponte, um semi aro superior e duas hastes, todas metálicas, tendo as lentes presas por dois ou quatro parafusos, ficando suas bordas inferiores desprovidas de aros. Figura 4.2: armações Numont

Imagem retirada de opticanet.com.br

Já as armações Três Peças, são conhecidas como sem aros. Nelas as lentes são

presas por meio de 4 ou 8 parafusos e comporta modelos diversos e criativos. São armações mais leves, ideal para pessoas que se sentem incomodadas com o peso da armação no rosto.

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Figura 4.2: armações Três Peças

Imagem fornecida pelo Sindiotica

Atualmente as armações de fio de Nylon são as mais procuradas devido a sua leveza e estética. Até porque há uma vasta modelagem nesse tipo de armação. O mercado óptico investiu consideravelmente nessa linha dada à aceitabilidade que teve. Nessa linha as famosas hastes largas estão liderando as vendas.

Figura 4.2: armações de fio de nylon

Imagem retirada de http://comprar.todaoferta.uol.com.br/39-modelos-armacao-p-oculos-de-graumontblanc-

preco-unico-OKPLLLJTYM#rmcl

O mercado óptico dispõe ainda, de vários materiais de armações como, por

exemplo, as armações de nitrato de celulose, popularmente conhecida como armações de zilo. Hoje não é mais utilizado pela sua natureza explosiva e pela sucessão de materiais modernos.

Em compensação as armações de acetato de celulose, que também são produzidas a partir da celulose de algodão, são muito usadas atualmente.

Trata-se de um material de excepcional qualidade e permite belíssimas combinações de cores e é facilmente adaptável ao rosto.

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Figura 4.2: armações de zilo

Imagem retirada de http://jeycore.wordpress.com/page/12/

Enfim há várias modelagens de armações, dos materiais mais diversos cada qual com suas especialidades e qualidade basta escolher a que melhor se adapta ao cliente. Ou seja, deve-se levar em consideração o rosto de cada pessoa. Figura 4.2: tipos de rostos

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Imagem retirada de http://www.guiaoptico.com.br/palavra/pedrocarllos/pedrocarllos.asp

Além de saber auxiliar o cliente na escolha da armação, o Técnico precisa conhecer os tipos de lentes que existem, tanto as de visão simples como as de bifocal e multifocal.

4.3 Tipos de lentes

É essencialmente importante que o profissional óptico saiba, em primeiro lugar, identificar a que tipo de lente pertence às forças dióptricas apresentadas nas receitas, ou seja, saber identificar se está se tratando de uma visão simples ou presbiopia - que pode ser utilizada uma lente bifocal ou multifocal dependendo da situação de cada pessoa.

A partir dessa identificação, então, ele parte para a escolha da lente, conforme o foco da lente (monofocal, bifocal e multifocal), esclarecendo ao cliente suas vantagens ou desvantagens seguidas de seus preços.

Figura 4.3: Modelos de lentes

Imagem retirada de www.opticanet.com.br

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4.3.1 Lentes monofocais

As lentes de visão simples, ou monofocais são lentes designadas para as pessoas que necessitam de correção tanto para perto como para longe. As para perto são marcadas pelo sinal + sendo somente esféricas. Já as lentes para longe podem ser tanto + como – tendo combinação: de esférico com cilíndrico de sinais iguais ou diferentes.

Para facilitar a montagem o mercado oferece soluções em lentes com material em cristal, resina orgânica em diversos índices de refração (1.5;1.54;1.56;1.60;1.67;1.70), trivex e policarbonato. Diversos tratamentos: anti-reflexo, coloração, fotossensível, proteção anti-abrasivo, proteção ultravioleta...e quanto à disponibilidade vai depender do produto, mas geralmente acima de 2di, a ultra-fina 1.67 por exemplo tem disponível de -4di a -10di esférica combinada com cilíndrico -2di) É importante ressaltar que, apesar das lentes policarbonatos serem as mais utilizadas em altas dioptrias, às lentes Trivex 1.53 apresentam mais vantagens tais como:

P O L I C A R B O N A T O TRIVEX

n= 1.59 n= 1.53

ABBE= 32 ABBE= 43

UV= 380 nm UV= 400 nm

Não tingível aceita coloração

Baixa resistência Maior resistência

Maior dispersão cromática Menor dispersão cromática

Pode-se perceber pelo quadro estatístico acima, que as lentes Trivex são mais

transparentes, mais leves, mais resistentes a impactos e químicas proporcionando mais conforto e uma melhor estética ao cliente. Todavia, são lentes mais espessas (dependendo do caso) e mais caras.

Porém, independente da lente adotada, o importante é proporcionar ao cliente o maior conforto possível, é claro que nem todas as pessoas possuem condições econômicas para isso. Cabe ao Técnico saber diferenciar seu cliente.

Mas, isso não significa que o profissional esteja livre para colocar qualquer tipo de lente, ele precisa agregar conforto, necessidade e preço deixando assim, o cliente satisfeito com seu óculos.

4.3.2 Lentes bifocais

De acordo com Pereira (1995)... as lentes bifocais são “constituídas de dois focos, um para longe e outro para perto. O setor de perto é conhecido como película.“ Essa película pode ser de várias formas, sendo que cada qual apresenta suas particularidades.

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Figura 4.3.2: modelos de lentes bifocais

Imagem fornecida dos slides do Sindiotica.

Segundo, ainda, Pereira (1995), a lente Ultex – Balux Base Prisma Inferior são

indicadas para hipermetropia em que a adição é menor do que o grau positivo de longe. É contra indicado para miopias.

As lentes Kriptok são “indicadas quando a adição é aproximadamente igual ao grau positivo de longe”. Já as lentes Panoptik Flap – Top são indicadas para miopia e baixas hipermetropias, sendo contra indicadas para altas hipermetropias.

Sucintamente pode-se dizer, então, baseado na figura acima que existem algumas regras básicas na venda de um bifocal. Essas regras devem ser do conhecimento do Técnico, caso contrário, acidentes indesejáveis com o cliente podem acontecer, como por exemplo, cair, tropeçar, salto de imagens, deslocamento de objetos etc. Figura 4.3.2: óculos com lentes bifocais

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As lentes bifocais têm disponibilidade nas seguintes tipologias:

Imagens fornecida dos slides do Sindiotica.

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4.3.3. Lentes multifocais

As lentes multifocais são lentes de múltiplos campos de visão, isto é, para longe,

perto e também média distância, porém não apresentam nenhuma linha divisória proporcionando um ganho estético aos presbitas em comparação as lentes bifocais. Mas, na adaptação as lentes bifocais são mais simples, pois só há dois campos de visão, o longe e o perto, ao passo que as lentes multifocais apresentam três campos de visão: o longe, o intermediário e o perto. Figura 4.3.3: marcações de uma lente multifocal

imagem retirada de http://www.hoya.pt/index.php?SID=47dd6e7e84297580906831&page_id=3306

Existem dois tipos de multifocais: os progressivos e os regressivos. Os

progressivos são os multifocais tradicionais, que oferecem visão de longe, intermediária e perto. Já os regressivos oferecem visão de perto e intermediária, mas não chega à visão de longe. É o multifocal chamado profissional que pode ser utilizado em ambientes fechados por não ter o grau de longe.

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Figura 4.3.3: modelo de multifocal progressivo e regressivo

Imagem fornecida dos slides do Sindiotica.

Uma curiosidade a acrescentar em relação aos multifocais, e, é um aspecto interessante o Técnico ter conhecimento caso aconteça inconvenientes de adaptação: quanto mais alta a adição mais estreito é o corredor progressivo e mais cheio de ondulações indesejadas será a lente. Portanto o profissional óptico precisa observar esse quesito na escolha da lente progressiva a ser adotada.

Pensando nisso os fabricantes pesquisaram e desenvolveram vários desenhos de superfície distintos para diminuir as zonas de aberrações e com isso tornar as lentes progressivas mais confortáveis de serem usadas, reduzindo os movimentos de cabeça e olhos para encontrar o foco.

4.3.4 Tipos de desenhos das lentes progressivas

As lentes progressivas são lentes esteticamente mais bonitas e também apresentam mais variedades de tipologias de marcas e desenhos a fim de atender a demanda do publico alvo.

É fundamental que um Técnico tenha conhecimento dos progressivos existentes no mercado, pois dependendo da necessidade do cliente há lentes que podem possibilitar uma visão melhor, ou seja, cada tipo de lente progressiva possui um desenho próprio com características distintas para facilitar a adaptação do usuário. Uns tem abertura do campo de visão mais para perto, outras mais para longe. Cabe ao Técnico avaliar a necessidade, de acordo com a receita, de cada um, para saber qual multifocal adotar neste ou naquele cliente.

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4.3.4.1 Desenho Duro

Amplia o campo de visão de longe. Estreita o canal progressivo e de perto. Bom para baixas correções de longe. Logo, esse tipo de lente multifocal é ideal para pessoas que apresentarem o grau de longe mais alto que o de perto, ou seja, precisarem de visão de longe mais do que a de perto (Sindiótica). Figura 4.3.4.1: modelo de multifocal de desenho duro

Imagem fornecida pelos slides da Sindiotica

4.3.4.2 Desenho suave

Privilegia o canal progressivo, deixando este mais largo. E aumenta o astigmatismo na zona de longe. Sendo assim, são indicadas para presbitas, pois facilita a leitura deixando uma maior abertura (Sindiótica)

Figura 4.3.4.2: modelo de multifocal de desenho suave

Imagem fornecida pelos slides da Sindiotica

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4.3.4.3 Desenho simétrico e assimétrico

Simétrico são aqueles que apresentam um bloco para qualquer olho individualizando por rotação e sem binocularidade. Já os assimétricos são blocos individuais com astigmatismo equivalente nos (AO) (Sindiótica). Figura 4.3.4.3: modelo de uma lente simétrica e assimétrica

Imagem fornecida pelos slides da Sindiotica

4.3.4.4 Desenho dissimétrico

Blocos individuais, porém os astigmatismos não são correspondentes. Sem binocularidade (Sindiótica). Figura 4.3.4.4 modelo de multifocal de desenho dissimétrico

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4.3.4.5 Desenho assimétrico

Blocos individuais com astigmatismo equivalente em (AO). Proporciona

binocularidade (Sindiótica). Figura 3.3.4.5: modelo de multifocal de desenho assimétrico

Imagem fornecida pelos slides da Sindiotica

4.3.4.6 As lente asféricas

Reduz a espessura da lente e apresenta melhor campo de visão com melhor definição de imagem. Não apresenta aberrações na parte periférica da lente permitindo a visão nítida em todos os pontos da lente. E deixa os objetos mais próximos do tamanho real, quando forem positivas (Sindiótica). Figura 4.3.4.6: modelo de lentes asféricas

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Imagem fornecida pelos slides da Sindiotica

Resumidamente o Técnico em Óptica precisa saber as marcas das lentes, como

funciona a adaptação tanto dos bifocais como dos multifocais, a finalidade do uso, materiais e tratamentos disponíveis, altura mínima de montagem, adições disponíveis, medidas de DNP, curvatura, distância vértice, gabarito de conferência e por fim saber fazer os ajustes finais.

De posse desses conhecimentos mencionados anteriormente o técnico precisa estar apto para realizar uma das tarefas, digamos assim, fundamentais na fabricação de óculos corretivos, a tomada de medidas. A tomada de medida vai determinar o grau de aceitabilidade do cliente do produto óptico oferecido pelo profissional.

4.4 Medidas

De acordo com Pereira (1995), “o especialista em vendas de óculos deve compreender que as medições são um ponto importantíssimo de sua função. Quando ele não executa corretamente estas medições, os óculos ficam mal feitos e representam problemas.”

Pode-se mencionar que a tomada de medidas representa 50% dos óculos. Para isso precisa saber o que é medido e como é feito isso. Não pode ser realizada de qualquer jeito. Deixar o paciente relaxado e confiante no seu serviço é um ponto a favor.

Primeiramente o vendedor deve se preocupar em estar perfeitamente alinhando com o cliente, obedecendo à mesma altura. Como diz Pereira (1995), “no momento da medição, quanto mais longe puder ficar, mais precisa será a medida da altura.” O interessante é pedir para um colega verificar se cliente e vendedor estão na mesma altura.

A tomada das medidas para os óculos deve ser, realizada acompanhada de certo ritual, com muita técnica, de modo a valorizar a venda. O cliente deve sentir a importância que o especialista dá às medições.

Basicamente precisa-se medir as DNPs e a altura da película, quando essa for necessária (no caso dos bifocais) e quanto aos multifocais é tomada a medida conforme altura das armações variadas entre 14 e 22 mm. Há alguns cuidados específicos que precisam ser respeitados, que serão descritos abaixo.

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4.4.1 Medidas da altura da película de bifocal.

De acordo com Pereira (1995), “a altura da película do bifocal deve ser tal que um objeto colocado no chão plano, numa distância de 10 metros, deve ser visto sem a interferência do grau de perto. “

Conforme, então, Pereira (1995), para que não haja essa interferência, o ideal é que a película seja montada na armação passando 1mm abaixo da borda inferior da íris. Ou seja, na pálpebra. Figura 4.4.1: altura dos bifocais

Imagem fornecida pelos slides do Sindiotica.

Sucintamente, aproveitando ainda os dizeres de Pereira (1995), para medir a

película do bifocal, mede-se a distância da borda inferior da íris até o aro inferiormente da armação e subtraia 1 mm. Em seguida mede-se a distância da pálpebra inferior para as bordas da armação.

O técnico deve ter cuidado com os casos em que o cliente tem a pálpebra caída, pois nesse caso, a altura pode ficar baixa já que o cliente tem a tendência a olhar pela abertura central da íris e não pela pálpebra.

Quando o cliente é novo e vai usar bifocal pela primeira vez, pode-se baixar ligeiramente a posição da película. Ao invés de 1mm abaixo da íris, desça 2 milímetros. Quando já estiver acostumado e for trocar os óculos, adota-se a posição normal que é de 1 mm abaixo da íris (P E R E I R A , 1995).

Outro detalhe a observar é não mandar o cliente olhar para a ponta do dedo do vendedor, salvo se este deseja tomar a D.P. de perto. Se cometer este erro, estará contribuindo para a formação de um efeito prismático para longe pela má posição do centro óptico ( P E R E I R A , 1995).

Com este erro, também, a D.P. fica menor do que a correta, porque quando se olha para perto há uma convergência dos olhos e consequentemente a D.P. fica menor. Deve-se sim, mandar o cliente olhar para um objeto colocado a mais de cinco metros de distância e então, fazer as medições.

4.4.2 Altura dos multifocais progressivos

As lentes multifocais são uma das criações mais recentes no ramo óptico. Oferecem ao usuário uma transição contínua da parte de cima da lente – para ver ao longe – até a parte inferior da lente – para ver nitidamente ao perto.

São lentes providas de múltiplas graduações, distribuídas de modo progressivo, partindo da porção de longe, até o apogeu do grau de perto.

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Grosso modo as lentes multifocais oferecem visão nítida para longe, para distâncias intermediárias e para perto. A grande vantagem das lentes multifocais é que não apresentam traços divisórios, separando os campos de visão, como nos bifocais. Figura 4.4.2: Imagem de lente multifocal

Imagem retirada de www.laboratoriorigor.com.br

São lentes mais modernas, mas que requerem mais cuidado na tomada de

medidas por causa do corredor progressivo, que pode variar, conforme a marca da lente. Como tudo muda e evolui, a forma de tirar as medidas nas lentes multifocais também mudaram devido a problemas de adaptação.

Passou-se a pensar uma nova forma de tomada de medidas que solucionasse esses problemas de falta de nitidez. Conforme Pereira (1995), o método convencional da tomada de medidas dos multifocais tornou-se problemático, devido à falta de visão nítida para intermediária e perto. Passou a ser sugerido tirar primeiramente a D.P. de perto e deixar a de longe como resultante.

A explicação apresentada pelo teórico é que o campo de longe das lentes progressivas é maior do que o intermediário e perto. Então, para evitar problemas de falta de nitidez, deve-se inicialmente tomar as medidas de perto, e em seguida, acrescentar os 5 mm (2.5 mm para cada olho) que representam a diferença entre longe e perto, indicada pelos fabricantes da maioria das lentes progressivas ( P E R E I R A , 1995). Figura 4.4.2: altura dos multifocais

Imagem retirada de www.revistaview.com.br/.../1107/img/eric1.jpg

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Se o cliente possuir uma diferença entre a DNp de longe e perto superior a 2.5 mm, deve-se indicar uma lente que apresenta a área de visão de perto maior, evitando que o mesmo, ao tentar observar um objeto em uma distância menor, coincida com a área de astigmatismos indesejada ( P E R E I R A , 1995).

Porém, há outro detalhe a observar, as medições devem ser realizadas com o auxilio do pupilômetro, caso não disponha de um, as medições podem ser realizadas com a escala milimétrica ou caneta retroprojetor. Porém, nos dizeres de Pereira (1995), só pode ser medida com escala milimétrica após certa experiência.

Conforme Meggyesy (1985), as medidas de DNp devem ser tiradas com pupilômetro e a altura da pupila deve ser medida com as escalas milimétricas fornecidas pelos fabricantes, cuja altura deve ter da base da armação até a pupila acima de 22mm.

Portanto, a escala milimétrica é um forte companheiro para medir película e também a altura dos multifocais e visão simples, mas é o pupilômetro quem apresenta a segurança e exatidão das medidas para o profissional óptico. Figura 4.4.2: pupilômetro

Imagem retirada de www.multfoco.com.br/portal/index.php?option=c...

Para Meggyesy (1985)...

“a utilização do pupilômetro deveria ser frequente mesmo para lentes simples, pois a posição dos centros ópticos devem sempre coincidir com os centros pupilares.”

Caso contrário, a posição do centro óptico pode não coincidir com o centro pupilar. Muito se pode mencionar quanto às competências e habilidades necessárias a um Técnico na atuação em um estabelecimento comercial óptico.

Porém, devido à abrangência que esse ramo obtém, não tem como estender-se com maiores explicações. Pois a Óptica requer muito conhecimento técnico (tipos de armações, tipos de lentes, maquinário óptico, etc...) além do que já foi explanado.

Desse modo partir-se-á para as competências e habilidades de um profissional óptico no laboratório óptico, já que fabricar lentes e montar os óculos são suas principais atividades. Grosso modo essa é a finalidade de sua formação.

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5. NO LABORATÓRIO

Se uma Óptica requer atenção, conhecimento técnico e responsabilidade, um laboratório óptico exige do profissional tudo isso e muito mais. Além, de um detalhe importantíssimo, não aceita de forma alguma erros, seja ele qual for.

Porém, os passos desenvolvidos para a confecção correta de um óculos não acontecem isoladamente. Ou seja, há uma corrente nas atividades, desde a escolha da armação, escolha da lente, tomadas de medidas até a fabricação das lentes e por fim a montagem. Se por ventura alguns desses passos não são realizados corretamente, certamente o óculos apresentará defeito. Isso quer dizer que, se a armação não está de acordo com o rosto do cliente ou a tomada de medidas não for realizada corretamente, certamente a fabricação das lentes não sairá de acordo com as necessidades do cliente, assim, reclamações de adaptação surgiram.

A partir dessas considerações iniciais, pode-se mencionar que um Técnico precisa estar preparado comercial, emocional, mas acima de tudo, é tecnicamente que ele precisa estar habilitado.

Dessa maneira parte-se para o trabalho que um profissional óptico precisa competentemente desenvolver no laboratório óptico: surfaçagem e montagem. Manusear os maquinários é parte essencial nesse setor.

5.1 Surfaçagem de lentes oftálmicas

Meggyesy (1985) define surfaçagem como... “usinagem de uma lâmina de vidro em suas duas faces. Em uma das faces uma curva e na outra uma curva diferente. A diferença de uma curva para outra cria o grau da lente.”

Ou seja, a surfaçagem é a transformação de um bloco bruto em uma lente oftálmica que se transforma em dioptrias diferentes conforme cada necessidade apresentada nas receitas oftálmicas.

Antes de continuar convém esclarecer sobre a definição de dioptria, já que é a dioptria o ponto base da fabricação das lentes, ou seja, a lente é surf assada até chegar a dioptria necessária.

Então, dioptria segundo Pereira (1995), refere-se ao poder de refração das lentes, assim

como o valor das suas curvaturas. [...] A dioptria também é utilizada para medir as curvas côncavas (internas) ou convexas (externas) das lentes. As curvas côncavas são designadas pelo sinal – e as curvas convexas pelo sinal +. [...] A unidade dióptrica foi baseada numa distância focal de 1.000 mm, que é igual a 1 metro.

Antes de ser fabricada a lente precisa saber analisar a receita e comparar com a ordem de serviço. Essa parte é fundamental. Deve-se também levar em consideração a marcação do centro óptico e eixo se tiver.

A partir dessa análise pode-se iniciar o processo de surfaçagem e posteriormente a montagem da lente. Se as lentes são acabadas, recorta-se a lente conforme o gabarito da armação, levando em consideração a marcação (centro óptico) apresentada nas medições e as dioptrias apresentadas nas receitas.

Agora se as lentes precisam ser fabricadas realiza-se o processo de fabricação que se desencadeia nas seguintes partes: cálculo, blocagem, desbaste e polimento. Na etapa destinada ao cálculo de fabricação de uma lente, o operador irá conferir o bloco em relação ao que está sendo solicitado, verificar a dioptria a ser feita, a base do bloco,

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se está de acordo com a dioptria solicitada. Se o material do bloco está certo, se não existe nenhum defeito na superfície do bloco parte-se para outra etapa do processo que é o cálculo das curvas necessárias para que a lente tenha a força dióptrica desejada.

Após a etapa de cálculo, o bloco passa para o setor de blocagem: que é o processo de fixar o bloco da lente em uma chapa para se trabalhar com ela nos demais equipamentos. Em lentes de cristal, aplica-se óleo sobre a superfície da lente, depois com o equipamento que armazena o alloy (que é uma liga metálica, para o cristal seu ponto de fusão é 68 Cº) e se faz a colagem da lente na chapa. Após a colagem, recomenda-se resfriar a lente para não ocorrer choque térmico nessas lentes.

No desbaste, em lentes de cristal, o esmeril varia conforme a necessidade de desbaste: usa-se primeiramente o esmeril 60, 180, 500 e 1.000. Em seguida, parte-se para o polimento, sendo que, nessa etapa é realizado o acabamento de superfície da lente, abrindo o brilho. Polida a lente, será realizada a descolagem da chapa, se cristal será colocada em uma geladeira para que o alloy desprenda a lente da chapa.

Convém acrescentar, para proporcionar lentes mais finas o ideal é que o centro óptico da lente coincida com o centro geométrico do arco da armação, a fim de equilibrar as espessuras. Em relação às espessuras Pereira (1995) nos diz que “as lentes de alto-índice deveriam ser fabricadas com espessura central não superior a 1,3mm”.

Para assegurar uma lente com espessura reduzida, outro aspecto importante, seria a redução de diâmetro. Sendo que para definir o diâmetro reduzido da lente é preciso determinar o maior raio entre o centro óptico da lente e a borda da armação, multiplicá-lo por dois e adicionar mais dois milímetros de margem de segurança. Realizado isso basta realizar a marcação na lente e partir para a fabricação propriamente dita.

Realizado todo esse processo, segue-se para a última parte: que é a limpeza. A lente será limpa com álcool ou acetona. Para finalizar, faz-se a conferência das dioptrias por meio do equipamento chamado lensômetro.

5.1.1 Lensômetro

O lensômetro é um instrumento extremamente importante, pois ele possibilita ao Técnico ler os valores dióptricos de uma lente, ou seja, é através do lensometro que se faz a leitura das lentes tanto antes de ser montada na armação como depois de montada.

Conforme Miranda (1989), o lensômetro... “é o instrumento mais exato para aferição da força dióptrica de uma lente. [...] o lensômetro afere também a qualidade de suas superfícies, posição do centro óptico, força prismática e diferença astigmática bem como seus respectivos eixos.”

De acordo com os dizeres de Meggyesy (1985), pode-se...

“dividir o, lensômetro em 6 (seis) principais e objetivas peças de manuseio.”

Essas 6 peças são: ocular, tambor, transferidor, mesa, fixador e marcador. Cada

uma dessas partes apresenta funções específicas que devem ser do conhecimento do Técnico.

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Figura 5.1.2: lensômetro

Imagem retirada de www.multifoco.com.br

5.2 Montagem

A montagem consiste na marcação, desenho do gabarito, riscagem, trituração e lapidação da lente baseados no tipo de montagem (visão simples, bifocal ou multifocal), ou seja, cada lente possui alguns passos particularizados que precisam ser respeitados.

5.2.1 Montagem: visão simples Se for, então, uma lente de visão simples, como por exemplo, somente esférica, sendo AO + 2.50. Por ser lente acabada faz-se a leitura no lensômetro para conferir a graduação e marcar o centro óptico. Depois se faz o modelo do desenho da armação marcando no modelo a distância naso-pupilar do usuário do óculos.

Isso feito é colocado o modelo confeccionado de papelão na parte interna da lente centralizando as medidas de DNP - altura na marcação feita na lente do centro óptico. Em seguida é riscada a lente utilizando o riscador na extremidade do modelo do papelão para dar à lente a mesma forma do modelo que serve de guia. Após, é triturada a lente de acordo com o risco feito com o riscador.

Por fim é realizada a lapidação em lixadeira manual utilizando o modelo junto com a lente para dar a forma desejada. Quando a lente estiver no formato desejado faz-se o acabamento da faceta. Depois é encaixada a lente na armação.

Se a armação é de metal, fecha-se o elo com parafuso, mas se for uma armação de acetato é necessário aquecer na caixa de areia para encaixar a lente. Porém, se for uma armação de friso, faz-se o friso na frizadeira e depois a encaixe na armação de fio de nylon. Para finalizar é realizada a conferência no lensômetro das dioptrias. E as Dnps são conferidas com o auxilio da régua milimétrica.

Feito esse processo o óculos está pronto para ser entregue ao cliente. Lembrando que estes são alguns exemplos de montagem, mas há outros tipos de montagem, como por exemplo, três peças sendo que esta montagem só pode ser realizada com lentes policarbonato e trivex.

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Figura 5.1.1: medidas de DNPs

Imagem retirada de www.laboratoriorigor.com.br

5.2.2 Montagem: lente esférica e cilíndrica

No caso de uma lente esférica e cilíndrica acabada, tendo como exemplo as seguintes dioptrias: Esf. -2, 00 cil.-1,00 eixo 10º. Primeiramente faz-se a avaliação das dioptrias desejadas no lensômetro, posicionando a lente a fim de obter como resultado: -2,00 esférico e -3,00 cilíndrico, com o eixo posicionado a 10º. Como se trata de uma miopia com astigmatismo, o sinal da leitura mais negativa será a marcação do eixo. A partir disso é feito a marcação na lente, com o auxilio do marcador do lensômetro, uma linha horizontal que será o eixo e o centro óptico.

Tendo esses resultados passa-se para a montagem da lente. Faz-se o modelo do desenho da armação, marcando no modelo: a DNP do usuário do óculos e a altura. Após, traça-se uma linha horizontal que coincida com a linha pontilhada da lente. Em seguida coloca-se o modelo feito com papelão na parte interna da lente centralizando as marcações do modelo com as da lente.

Risca-se a lente na parte interna utilizando o riscador centralizando as marcações referentes às medidas. Após, tritura-se a lente de acordo com o risco feito na extremidade e realiza a lapidação em lixadeira manual utilizando o modelo junto com a lente para dar a forma desejada.

Quando a lente estiver pronta, na forma desejada, é realizado o acabamento e encaixada a lente na armação. Pronta, segue-se para a conferência no lensômetro: dioptrias e eixo cuidando para que a lente coincida com as medidas solicitadas.

Um detalhe a ressaltar, se na receita a lente indicada para a correção do astigmatismo tiver sinal positivo, então, faz-se a transposição e transforma valores cilíndricos positivos em negativos. Como é o caso que será descrito no tópico a seguir.

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5.2.2.1 Transposição Conforme Pereira (1995), transposição...

“é a mudança das curvas ou designações de uma lente sem alterar seu verdadeiro valor de refração.“ Eis como é realizada essa transposição...

exemplo ESF CIL EIXO AO + 1 , 0 0 + 0 , 5 0 1 8 0 ° + 1 , 5 0 - 0 , 5 0 9 0 °

Para realizar essa transposição, então, utiliza-se a seguinte regra:1º Efetua-se a soma algébrica do ESF com o Cil (+1,00 +0,50 = + 1 , 5 0 ) ; 2° Muda-se o sinal do CIL (+0,50 = -0,50); e 3º Muda-se o eixo em 90° (180°-90° = 90°). Se o eixo for superior a 90º, subtrai-se 90º (-). Agora se inferior a 90º, soma-se 90º (+).

Há certos detalhes que um óptico não pode esquecer na transposição: sinais iguais somam-se mantendo o sinal; sinais diferentes subtraem-se mantendo o sinal de maior valor. Logo, sinais de Esf. E Cil. Iguais – soma-se o valor do Esf. com o Cil, baseando no exemplo tem-se: + 1,00 + 0,50 x 180º que transposto fica: + 1,50 – 0,50 x 90º.

No caso em que o sinal do esférico é diferente do cilíndrico calcula-se a diferença modular entre os dois, mantendo o sinal do que tiver maior poder. Ex: + 1,25 – 2,75 x 45º transposto fica: -1,50 +2,75 x 135º.

Feito a transposição faz-se a montagem que é realizada da mesma forma de uma lente visão simples, no caso de lentes acabadas. Porém, se a lente tiver que ser fabricada, faz-se a surfaçagem e depois a montagem.

5.2.3 Montagem: bifocal

Ao realizar a montagem de um bifocal Ultex tendo como exemplo uma hipermetropia com presbiopia (o bifocal é utilizada para a correção da presbiopia em combinação com qualquer ametropia) o profissional óptico segue os seguintes passos: seguem-se as medidas tiradas na Óptica, marcando a DNP de longe e a DNP de perto e a altura da película que irá dividir a lente em longe e perto, já que a altura da película tem que coincidir com a altura da pálpebra do usuário, sendo que, o centro óptico e a película tem que ter uma distância de 5mm.

Segundo Pereira (1995), devem-se respeitar algumas regras básicas na montagem dos bifocais. Portanto, quando o grau de longe é 0,00 o de perto será obrigatoriamente positivo; quando o grau de perto é 0,00 o de longe será obrigatoriamente negativo; quando o grau de longe é positivo, o de perto será obrigatoriamente positivo e mais forte; quando o grau de perto é negativo, o de longe será obrigatoriamente negativo e mais forte; quando o grau de longe é negativo, o de perto poderá ser negativo e mais fraco, plano ou positivo; quando no grau de longe temos cilíndrico, o de perto também o terá com o mesmo valor e com o mesmo sinal, o mesmo ocorrendo com o eixo que será igual para longe e perto.

Além dessas regras básicas para a fabricação de lentes bifocais o Técnico precisa saber como calcular a adição, ou seja, o grau de perto que corrigirá a presbiopia do cliente. Primeira coisa que o profissional precisa saber é que a adição será sempre positiva, embora os médicos não coloquem o sinal nas receitas.

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O valor da adição será acrescido no grau esférico de longe, e esse acréscimo será sempre positivo. A adição é uma espécie de soma algébrica sobre o grau de longe, ou seja, a adição é a diferença entre o grau de longe e perto ( P E R E I R A , 1995).

Para calcular a adição conforme Pereira (1995) segue-se os seguintes passos: despreza-se o sinal do cilíndrico; quando os sinais dos esféricos de longe e perto são iguais, subtrai-se aritmeticamente; quando os sinais de longe e perto são diferentes, soma-se aritmeticamente; quando o grau de longe é plano, a adição será o grau de perto; quando o grau de perto é plano, a adição será o grau de longe (sem sinal);

Se tratar-se de lente acabada, faz-se a leitura da lente no lensômetro marcando primeiro a DNP de longe e depois a de perto. Feito isso se segue para a montagem fazendo o modelo do desenho da armação, marcando no modelo a DNP de perto e posicionando a película de perto com a altura deixando 2mm de diferença dada a convergência que o usuário faz quando olha de perto. Em seguida traça-se uma linha horizontal rente a película e dá-se dois milímetros de descontração nasal para convergência. Após coloca-se o modelo feito com papelão na parte interna da lente centralizando as marcações do modelo com as da lente.

Risca-se a lente na parte interna utilizando o riscador centralizando as marcações referentes às medidas. Após tritura a lente de acordo com o risco feito na extremidade e faz-se a lapidação em lixadeira manual utilizando o modelo junto com a lente para dar a forma desejada. Quando a lente estiver pronta, na forma desejada, é realizado o acabamento e encaixada a lente na armação. Assim feito, passa-se para a conferência no lensômetro para certificar-se que as medidas e dioptrias da lente surf assada corresponderam às medidas e dioptrias desejadas.

5.2.4 Montagem: lente multifocal

Outro tipo de lente que deve ser do conhecimento do Técnico, sua fabricação e montagem, é a lente multifocal. Até porque são as que mais são procuradas atualmente. Tendo posse das medidas parte-se para a fabricação da lente e montagem que se dá respeitando os mesmos quesitos das outras lentes como o processo de cópia do gabarito, recortes da lente e conferência das medidas e dioptrias no lensômetro.

Como as lentes bifocais, as lentes multifocais possuem certas regras que precisam ser respeitadas como, por exemplo, nas lentes bifocais tem-se um centro óptico para longe e para perto, já nas lentes progressivas temos um único centro óptico. A montagem parte das medidas da DNP e altura do centro da pupila até a parte interna da armação.

Como as lentes multifocais já possuem gravadas na parte externa a cruz central, o ponto de referencia mais importante da lente progressiva, a montagem fica mais fácil. Depois de surf assada deve-se verificar a precisão do eixo. Caso não verificado a coincidência na horizontalidade da lente progressiva com a linha horizontal de montagem, um dos dois pode ficar prejudicado.

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Figura 5.2.4: montagem de multifocal

Imagem fornecida pelos slides da Sindiotica

Enfim, muito poderia dizer sobre surfaçagem e montagem de óculos, porém devido à complexidade de informações que esse departamento detêm não se estenderá mais, apenas complementar que é um trabalho que merece atenção e exatidão em todas as atividades, vale lembrar, erros não são permitidos.

Ressalta-se também que cada momento, cada experiência registrada pelo um Técnico tanto em um laboratório como em uma Óptica, reforça seus conhecimentos, suas habilidades e competências. A experiência é sua melhor arma contra as inconveniências. Falta ainda, esclarecer outra competência de um, Técnico em Óptica, saber fazer os ajustes finais dos óculos para que o cliente tenha uma melhor adaptação.

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6 AJUSTES FINAIS DOS ÓCULOS

Para que a venda de um óculos seja completa é necessário realizar os ajustes finais para proporcionar a satisfação do cliente. Não adianta escolher a melhor armação e realizar a surfaçagem e montagem da lente perfeitamente se não souber ou, por desleixo, não realizar os ajustamentos necessários para o conforto do usuário de óculos.

É importante que armação fique anatômica ao rosto do usuário, isso já deve ter sido percebido na escolha da armação. A abertura das hastes deve ser perfeita de modo a não apertar as frontes do cliente, assim como também não devem ficar frouxas, passando a sensação de que os óculos estão largos.

Nesta parte, a simetria da abertura das hastes deve ser perfeita (Sindiótica). O fechamento das hastes também deve ser perfeito, pois obrigatoriamente deve haver a sobreposição das hastes, evitando o comprometimento da parte estética do óculos.

Outro ponto a observar é a simetria facial, neste ajuste, deve-se respeitar a altura das orelhas, pois acontece com frequência a necessidade de deixarmos uma haste mais alta (ou vice-versa) que a outra para quando o cliente colocar o óculos no rosto ou mesmo ficar perfeitamente horizontal. Não esquecer que jamais devemos tomar como parâmetro de linhas horizontais as sobrancelhas, que normalmente mostram a falta de simetria acima citada ( M E G G Y E S Y , 1985).

As plaquetas devem ser ajustadas com alicates especiais de modo a ficarem apoiadas totalmente por sobre o septo nasal. Se não realizado este ajuste o óculos pode ficar alevantado, sem apoio do nariz provocando, além do desconforto, uma má qualidade de visão.

Para as crianças que por ventura venham a escolher aros com plaquetas, deixar estas plaquetas com o tamanho proporcional ao rosto da criança, ou seja, nem muito pequena nem muito grande.

As ponteiras devem ser ajustadas de maneira individual, pois podem apresentar diferenças de simetria no rosto do cliente. A melhor maneira de se ajustá-las é deixar a curva sempre com 45 graus de inclinação e jamais como "L" (Sindiótica ) .

A maioria das queixas de ajustes mal feitos provém das ponteiras, onde o cliente reclama estar machucando porque a curva do ajuste ficou apertando a parte posterior da orelha do cliente. Sempre aquecer as ponteiras para ajustá-las, evitando assim a quebra das mesmas.

A distância do vértice da córnea precisa ser ajustada entre 12 e 16 mm e o ângulo pantoscópico ajustado entre 8° e 12° (Sindiótica).

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Figura 6: ângulo pantoscópico

Imagem retirada de http://www.guiaoptico.com.br

Quando vista de frente, verificar a horizontalidade e a altura (afastando-se um pouco do cliente), a centragem da ponte e as plaquetas da armação. (Sindiótica). Figura 6: distância vértice

Imagem retirada de http://www.guiaoptico.com.br

Quando vista de cima, checar o paralelismo da armação e das hastes com as

têmporas, a estabilidade da armação (fazendo leves pressões em cada charneira e puxando levemente a armação contra si). Quando vista de perfil, observar a inclinação do frontal da armação (observando se as bochechas não tocam a armação quando o cliente sorri), à distância ao vértice e o ajuste das ponteiras ( M E G G Y E S Y , 1985).

Realizada e observada todas as regras básicas exigidas no ramo óptico um Técnico certamente terá seu trabalho reconhecido profissionalmente. Fazer com que o cliente fique satisfeito com seu trabalho é sua principal meta, para isso precisa estar apto técnica, comercial e emocionalmente.

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7 CONCLUSÃO

O mundo da óptica apresenta-se atualmente muito extenso, e sem dúvida vem

sendo um dos campos profissionais mais fundamentais na área da saúde. Porém, como toda área de trabalho requer aquisição de conhecimento e profissionalização, o campo óptico não poderia ser diferente. Pois, a visão é um dos sentidos humanos que merecem, digamos assim, um cuidado todo especializado.

Os profissionais precisam estar preparados e bem instrumentalizados, e acima de tudo, cientes dos seus deveres para com aqueles que dependem do seu trabalho: as pessoas com necessidades visuais e que colocam nesse profissional toda uma confiança e esperam que estes solucionem o seu problema refrativo.

Nesse ramo a prática fornece a concretização da teoria apresentada tanto bibliograficamente como nos cursos instrumentalizadores. Sendo assim, é participando ativamente que se adquire conhecimento e prática dessas teorizações, caso contrário, elas ficam no esquecimento. Sem experimentá-las não há como questiona-las ou aprová-las.

Porém, as coisas não são tão simples como parece, pois o trabalho em uma Óptica e um laboratório óptico requer dedicação, conhecimento técnico e principalmente perfeição. Não é admissível erros de cálculos, medidas e muito menos de montagem.

Além de conhecimento técnico, o profissional precisa ter habilidades para poder lidar com os produtos ópticos, já que se trata de um material extremamente minucioso (parafusos, plaquetas, lentes etc.). Além, é claro, saber manusear os maquinários, bem como saber sobre armações, tipos de lentes (funções, características e qualidades), medidas, fórmulas de montagem e principalmente interpretar receitas, já que são elas que determinam o que terá que ser fabricado e quais as necessidades visuais dos clientes.

Portanto, faz-se necessário ter um bom conhecimento no ramo óptico para ter autonomia profissional suficiente para realizar um bom trabalho, tanto na venda como na fabricação dos óculos. Bem como ter habilidade em lidar com imprevistos, ter “jinga”, principalmente na venda porque o consumidor atual explora as potencialidades do profissional – questiona, critica e principalmente exige perfeição e qualidade com bom preço.

A maioria da clientela busca preço e esquece-se de valorizar a qualidade tanto das armações quanto das lentes, cabe aos responsáveis da Óptica esclarecer esse quesito. Mas, não basta vender produtos qualificados, a montagem do óculos, também, tem que ser de qualidade, sem erros de montagem. O erro técnico prejudica o usuário e principalmente a Óptica, pois seu profissionalismo passa a ser criticado, questionado e excluído no mercado competitivo, já que este valoriza não só o que é bom e qualitativo, mas também o que é correto, ou seja, perfeito.

Vale lembrar a teoria é importante, diga-se de passagem, que é fundamental na formação do profissional óptico, mas são as práticas que proporcionam a realização profissional e a compreensão exata do desenvolvimento e funcionamento de uma Óptica e posteriormente de um laboratório.

As habilidades e competências de um Técnico em Óptica são muitas e cada qual com sua especialidade e finalidade ignorar alguma é perder o controle da perfeição. Ou seja, ele precisa ser eficiente desde a venda da armação, escolha da lente, interpretação da receita até a fabricação das lentes e montagem final dos óculos.

Cada momento presente em uma Óptica ou laboratório proporciona realizar novas descobertas, novas técnicas, e digamos assim, jeitos mais práticos e simplificados de realizar o trabalho cabível a um Técnico. Basta ter a oportunidade de trabalhar nesses ambientes.

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