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OLIVEIRA VIANNA – VIDA E OBRA Oliveira Viana (Francisco José de O. V.), jurista, professor, etnólogo, historiador e sociólogo, nasceu na localidade fluminense do Rio Seco de Saquarema, em 20 de junho de 1883, e faleceu em Niterói, RJ, em 28 de março de 1951. Eleito em 27 de maio de 1937 para a Cadeira n. 8, sucedendo a Alberto de Oliveira, foi recebido em 20 de julho de 1940, pelo acadêmico Afonso Taunay. Filho de Francisco José de Oliveira Viana e Balbina Rosa de Azeredo Viana, de tradicionais famílias. Estudou no colégio Carlos Alberto, em Niterói. Bacharelou-se pela Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, em 1906. Dedicou-se ao magistério, tornando-se professor de Direito Criminal da Faculdade de Direito do Estado do Rio, em Niterói, em 1916. Foi, sucessivamente, diretor do Instituto do Fomento do Estado do Rio de Janeiro (1926); membro do Conselho Consultivo do Estado; consultor jurídico do Ministério do Trabalho; membro da Comissão Especial de Revisão da Constituição; membro da Comissão Revisora das Leis do Ministério da Justiça e Negócios Interiores e, finalmente, a partir de 1940, ministro do Tribunal de Contas da República. Depois de estudar e investigar, durante anos, as questões da formação brasileira, publicou Populações meridionais do Brasil, em 1922, que logo obteve êxito extraordinário, tornando-se uma obra básica de nossa cultura. E Oliveira Viana ascendeu à situação de mestre e um dos líderes mentais da geração. Os livros subseqüentes, Pequenos estudos de psicologia social (1921) e Evolução do povo brasileiro (1923), confirmaram essa posição. Uma de suas obras mais

Compilação seminário Oliveira Vianna e Alberto torres

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OLIVEIRA VIANNA – VIDA E OBRA

Oliveira Viana (Francisco José de O. V.), jurista, professor, etnólogo, historiador e sociólogo, nasceu na localidade fluminense do Rio Seco de Saquarema, em 20 de junho de 1883, e faleceu em Niterói, RJ, em 28 de março de 1951. Eleito em 27 de maio de 1937 para a Cadeira n. 8, sucedendo a Alberto de Oliveira, foi recebido em 20 de julho de 1940, pelo acadêmico Afonso Taunay.

Filho de Francisco José de Oliveira Viana e Balbina Rosa de Azeredo Viana, de tradicionais famílias. Estudou no colégio Carlos Alberto, em Niterói. Bacharelou-se pela Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, em 1906. Dedicou-se ao magistério, tornando-se professor de Direito Criminal da Faculdade de Direito do Estado do Rio, em Niterói, em 1916. Foi, sucessivamente, diretor do Instituto do Fomento do Estado do Rio de Janeiro (1926); membro do Conselho Consultivo do Estado; consultor jurídico do Ministério do Trabalho; membro da Comissão Especial de Revisão da Constituição; membro da Comissão Revisora das Leis do Ministério da Justiça e Negócios Interiores e, finalmente, a partir de 1940, ministro do Tribunal de Contas da República.

Depois de estudar e investigar, durante anos, as questões da formação brasileira, publicou Populações meridionais do Brasil, em 1922, que logo obteve êxito extraordinário, tornando-se uma obra básica de nossa cultura. E Oliveira Viana ascendeu à situação de mestre e um dos líderes mentais da geração.

Os livros subseqüentes, Pequenos estudos de psicologia social (1921) e Evolução do povo brasileiro (1923), confirmaram essa posição. Uma de suas obras mais conceituadas, Raça e assimilação (1932), teve imensa repercussão, principalmente porque, defendendo a necessidade do caldeamento da raça negra, que julgava indispensável à integração do negro na sociedade universal, estabeleceu razões para longas e eruditas polêmicas. Alcançou exatamente a finalidade que pretendeu atingir: chamar a atenção para o problema e determinar a manifestação dos estudiosos. Dois outros livros de Oliveira Viana vieram provar, em segundas edições, o prestígio do mestre: O ocaso do Império (1925) e O idealismo na Constituição (1927).

Especializado em questões trabalhistas, por força da função que exercia no Ministério do Trabalho, logo no início desse importante órgão da vida nacional, Oliveira Viana colaborou eficientemente na organização da legislação especial, cujo conjunto, embora incompleto, constitui uma base respeitável para a atual legislação trabalhista. Foi, com vários outros estudiosos das

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questões sociais, organizador da lei relativa ao imposto sindical e da qual fixou normas para o quadro das atividades e profissões.

A trajetória de Oliveira Viana recomendava-o plenamente para a Academia Brasileira. Após o seu ingresso, publicou mais três livros fundamentais, entre os quais Instituições políticas brasileiras, em dois volumes, obra considerada, até hoje, um dos trabalhos mais sérios, no Brasil, no capítulo desses altos estudos.

Tornou-se membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e dos seus congêneres do Pará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Ceará; da Academia Fluminense de Letras; da Société des Américanistes, de Paris; do Instituto Internacional de Antropologia; da Academia de História de Portugal; da Academia Dominicana de História e da Sociedade de Antropologia e Etnologia do Porto.

Obras: Populações meridionais do Brasil (1920); Pequenos estudos de psicologia social (1921); O idealismo na evolução política do Império e da República (1922); Evolução do povo brasileiro (1923); O ocaso do Império (1925); O idealismo na Constituição (1927); Problemas de política objetiva (1930); Raça e assimilação (1932); Formation ethnique du Brésil coloniel (1932); Problemas do Direito corporativo (1938); As novas diretrizes da política social (1939); Os grandes problemas sociais (1942); Instituições políticas brasileiras, 2 vols. (1949); Introdução à história social da economia pré-capitalista no Brasil (1958).

Referência

Disponível em www.academia.org.br, acessado em 29 de Maio, 2010 às 21:00hs

ALBERTO TORRES – VIDA E OBRA

Nasceu em 26 de novembro de 1865 na Fazenda Rio Seco, Porto de Caxias, RJ Brasil. Foi político, jornalista e bacharel em direito. Também foi um pensador social brasileiro preocupado com questões da unidade nacional e da organização social brasileira.

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Depois de completar os estudos secundários no Rio de Janeiro, Alberto de Seixas Martins Torres cursou, inicialmente, Medicina, optando, pouco tempo depois, pelo Direito, primeiro em São Paulo e, em 1885, no Recife, onde se forma.

Passa, então, a trabalhar como advogado no Rio de Janeiro, onde também atua como político e jornalista. Torres foi deputado à Assembleia Constituinte do Estado do Rio de Janeiro (1892), deputado federal, ministro da Justiça e Negócios Interiores, presidente do Estado do Rio de Janeiro e ministro do Supremo Tribunal Federal, onde se aposentou, em 1909, por motivos de saúde.

Foi abolicionista e republicano convicto desde os tempos de juventude. Mais tarde, seus ideais concentraram-se no pacifismo internacional, voltando-se, finalmente, para uma concepção nacionalista da história, despertada, durante sua segunda legislatura federal, quando da discussão de projetos sobre seguros e remessa de lucros para o exterior.

Sempre escrevendo na imprensa, suas principais obras - A organização nacional e O problema nacional - nasceram de artigos publicados no Diário de Notícias e no Jornal do Comércio. Nesses dois livros, Torres defende suas ideias nacionalistas.

Da constante preocupação de Alberto Torres com a realidade brasileira, nasceu sua proposta de reforma da Constituição de 1891, na qual ele propunha um legislativo que também representasse as classes profissionais e a criação de um Poder Coordenador, espécie de Poder Moderador e Conselho de Estado republicanos.

Em sua obra refutava as teses tanto do socialismo como do individualismos como incompatíveis à realidade brasileira e responsáveis por sua desagregação. Cumpria, ao seu entender, conhecer objetivamente a sociedade brasileira para que se pudesse propor mudanças pragmáticas e soluções aos problemas encontrados. Isto só se faria com o entendimento da realidade social enquanto unidade nacional tendo um Estado forte a sua frente que conduzisse tais mudanças necessárias.

Faleceu em 26 de Março de 1917 na cidade do Rio de Janeiro.

Referência

Disponível em www.academia.org.br, acessado em 29 de Maio, 2010 às 23:00hs

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OLIVEIRA VIANNA

Influências recebidas

Engenheiro católico Francês Pierre Guillaume-Frederic Le Play – Escola sociológica Le Play – método na construção de tipos regionais com base em fatos sociais;

Psicologia Social de Gustave Le Bon – idéia da existência de alma da raça ou caráter nacional ( as raças se distinguem não tanto pelas características físicas, mas peos traços psicológicos, havendo assim hierarquia entre elas)

Antropologia Física de G. Vacher de Lapouge – protagonismo da raça ariana

Brasileiros

Silvio Romero – O.V. teve acesso às obras de Le Play

Euclides da Cunha – Os sertões – a existência de dois brasis, o país legal e o país real

Alberto Torres – Pensamento autoritário sobre a organização política nacional. Escritores críticos da República Velha, forma uma Escola crítica sobre a Constituição Republicana alegando que o texto proposto desconhece as reais condições brasileiras.

Capristano de Abreu – Reveladora da diversidade, descontinuidade e fraturas da unidade nacional como proposta pelo voluntarismo unitarista, compreendido como forma de se evitar o conflito social e ou político que se poderia manejar da mais apropriada diversidade.

Visconde do Uruguai – afirma que os liberais desejam adotar instituições estrangeiras sem adequá-las ás condições do país, O.V denomina de “idealismo utópico ou constitucional”

PRINCIPAIS ABORDAGENS NO LIVRO POPULAÇÕES MERIDIONAIS

Livro composto por dois volumes: o primeiro dedicado às populações rurais do centro-sul (paulistas, fluminenses e mineiros); o segundo ao “campeador rio-grandense”. Foi desenvolvido com o objetivo de elucidar as instituições e a psicologia política das populações rurais do norte, do centro-sul e do extremo sul do país.

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Ressalta a originalidade das condições do povo brasileiro, como sendo desconsiderada por nossas elites dirigentes (políticos e intelectuais) que sempre se guiavam pelas turbulências dos países europeus e americanos.

Crítica o método adotado por Rui Barbosa para definir as instituições políticas

Utiliza metodologia sociológica defendendo que o estudo do Estado precisa apreender as condições da vida social e cultural do seu povo.

Ao estudar o direito público brasileiro, o autor parte do que ele denomina de direito público costumeiro existente na dinâmica da vida cotidiana do povo-massa e não do direito lei outorgado pelas elites.

Como Le Play, o autor acredita que o meio social interfere na conformação dos grupos sociais, influenciando-os de forma determinante. Nessa perspectiva, defende ele que os grupos tipo urbanos são variantes dos grupos rurais e por isso, o interior seria mais importante num estudo sobre nacionalidade.

Defende a existência de Três diferentes sociedades: a dos sertões (sertanejo), a das matas (o matuto), a dos pampas (gaúcho). Preponderou sua narrativa sobre o matuto, habitante do centro-sul, cujo foco geográfico centralizava, desde antes da independência, o governo central – compreende a região de montanhosas do Rio, maciço continental de Minas e platô agrícola de São Paulo.

Tese de que a extensão territorial do país colonizado por Portugal, tornariam instáveis as relações sociais, surgindo a escravidão como uma forma de disciplinar a força de trabalho e também como resposta à escassa mão de obras frente à abundância da terra.

A estrutura da sociedade colonial se dividia entra latifundiários e escravos, aparecendo entre esse dois, a plebe rural. Pressuposto da seleção racial termina sendo o critério de divisão desses grupos. O primeiro, advinha da raça superiores de imigrantes; os mestiços, resultantes da miscigenação dos nativos com os primeiros, ajudavam na civilização do país, mas sem ascender à classe superiores; os negros, aos escravos.

Defende a supremacia da raça ariana sobre as demais e simpatiza com a teoria do branqueamento.

Autor deteve imagem de racista e autoritário, reacionista da classe dominante brasileira, sendo muito criticado por Astrogildo Pereira,Gilberto Freire e Sergio Buarque de Hollanda.

Busca explicar nas raízes coloniais de miscigenação a ausência de unidade nacional. Acreditando na ciência, identifica-se como idealista orgânico por reconhecer a realidade histórica do país, contrapondo-se aos idealistas

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utópicos que insistem em importar para o Brasil, os modelos de organização social e política de outros países.

PRINCIPAIS ABORDAGENS NO LIVRO O SONHO DE UMA NAÇÃO SOLIDÁRIA

FATORES QUE PARTICULARIZAM A HISTÓRIA DO POVO BRASILEIRO

1. Dispersão geográfica

2. Defectiva de nossas classe sociais – não temos classe populares organizadas, não temos classe média, não temos uma aristocracia;

3. Diferenças de mentalidades entre as diversas regiões do país.

Atendendo a essas particularidades da história nacional, se impõe que o Estado assuma a obrigação de organizar a sociedade compreendendo-a como uma “força centrífuga, sempre pronta a obstaculizar e destruir o idealismo utópico pensa ser o melhor por ser importado e que o idealismo orgânico deve estar sempre atento para impor-lhe uma força centrífuga contrária e ainda mais poderosa”

Projeto educacional deve reforçar o poder centrípeto do Estado, pela criação de uma consciência dos direitos da coletividade em detrimento dos direitos particulares e particularistas.

TRÊS PRINCÍPIOS QUE CONFORMAM A VISÃO POLÍTICA DE OLIVEIRA VIANNA

1. Espaço geográfico brasileiro – Caracterizado pela imensa extensão territorial guarda uma diversidade de acidentes geográficos que obstacula a ação do homem criando nichos habitados por populações com culturas próprias. Esses trechos territoriais delimitados, são latifúndios que permitem não só a apropriação demográfica, como também a apropriação econômica, social, política, cultural e familiar. Esse mundo do latifúndio atual como agente simplificador das relações sociais, por que tornam-se auto-suficientes, impedindo assim o surgimento nele de outras atividades comerciais e em conseqüência, de novas classes sociais como burguesia comercial.

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Nação é o que se chama de solidariedade social, ou seja o interesse coletivo impedido pelos limites impostos pelos acidentes geográficos da imensa terra brasileira.

O latifúndio se constitui no centro da miscigenação através do cruzamento das três raças de nossa formação étnica, sendo assim um dos modeladores de nossa identidade e também o que nos diferencia de outros povos. Como conseqüência do isolamento dos latifúndios, desenvolve-se um forte sentimento de individualismo para sustentação do clã, sendo esta uma força poderosa que se opõe aos ideais democráticos e se organiza em torno do proprietário rural e nessa predominância, a solidariedade que se cria é tão apenas a solidariedade parental, defendendo-se contra outros poderosos e até o próprio Estado. A essa desorganização, ele chama de “anarquia branca”

Para conseguir os ideais democráticos de uma nação solidária é preciso corrigir os incovenientes da amplitude geográfica e aumentando a circulação política.

Idealismo utópico associado aos liberais

Idealismo orgânico, associado aos conservadores, corrente defendida pelo autor

É então no campo que se forma a nossa raça e se elaboram as forças íntimas de nossa civilização no clã e no homem rural, temos nossa identidade original. O comportamento das elites na república se modifica e ao se modificar, vivemos uma degenerescência do caráter nacional.

Na apropriação da terra temos a origem dos males que nos assolam em razão da dispersão e da vastidão do nosso território, mas daí também nascem nossas melhores qualidades e tributos que conformam o caráter nacional.

2. Estado

Tratando do período colonial, o autor defende que nessa fase, o Estado soube se manter a serviço de preservar os interesse da Coroa portuguesa através da descentralização administrativa, não obstante fosse a dispersão territorial, contudo, após a independência, uma política descentralizada não poderia ser aplicada, pois o Estado deixa de ser mero agente arrecadador e se reveste da missão de operar as condições para se encontrar o caminho de construção da

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nova nação. Para tanto, deve utilizar-se de uma unidade territorial e política que sujeite o clã regional ao interesse coletivo.

Para ele, é preciso impor uma ação integradora devendo o Estado se fazer presente em todo o vasto território nacional, mas não se sujeitando às condições locais e sim, como uma força integradora e de unidade. A serviço desse propósito, segundo ele, nasceu dos políticos conservadores do império, o golpe da maioridade do imperador que finaliza o período de regências e ainda por meio da interpretação do Ato Adicional de 1840.

Concebendo o Estado como uma realidade social, entende ele que este é o instrumento mais adequado para intervir e modificar a realidade, ou seja, pelo conhecimento positivo da realidade, o estado detém as condições para sua ação. Três aspectos se derivam desta tese:

uma leitura fundante de nossa história,

o conceito pragmático do Estado que o transforma num instrumento privilegiado para a constituição da nação,

um programa de reformas baseado nos dois anteriores.

Sua proposta para organizar a sociedade de classe até então inexistente no país, é primeiro, fazer com que os organismos políticos sejam expressão destas classes para que estas se formem e tenham consciência de sua força e poder (Direitos políticos), depois, criar um Poder executivo forte e uno capaz de governar acima dos homens e dos clãs, fundamentando-se no interesse da nação.Com direitos absolutos reservados a Nação, cabe aos Estados apenas as funções por ela delegados.

União, Poder Executivo e Poder Judiciário, cabendo a este último o papel de conter o primeiro nos seus excessos, como também, reforçar o seu papel na organização da justiça federal em detrimento das justiças dos estados e dos municípios, pois que estas sempre estarão mais abertas às influências locais e regionais.

Três princípios são necessários párea consolidar a integração da nacionalidade: o princípio da unidade política, o da continuidade administrativa e por último, o da supremacia da autoridade central.

O Poder judiciário nesse contexto garante a liberdade civil que confiando poder judiciário forte e centralizado, deve ser criada e

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incentivada como conseqüência de uma organização mais forte da justiça.

Executivo e Judiciário se colocam como poderes independentes e afastados para que se preserve a realização de suas respectivas funções.

Ao insucesso da Constituição de 1891, o autor atribui suas causas às condições econômicas precárias no período pós abolição, mas sobretudo, à ausência de uma opinião pública no país, pois entende ele que a opinião pública organizada num país, é o meio de cultura adequado a manter vivo o organismo estatal que por sua vez, é seu próprio criador, colocando-a assim no centro de uma sociedade democrática.

3. Educação

Impõe urgência de reformas socioeconômicas para estabelecer as diferenciações entre as classe sociais, definindo-se assim o que cabe ao Estado ensinar a cada uma delas, a fim de manter o interesse coletivo na unidade nacional.

Educação paulatinamente programada para os interesses da nação.

Desenvolvida no sentido de criar no povo a consciência dos direitos de cidadão e dos deveres cívicos em relação ao outro e à Nação.

Educação deve ser monopólio do governo federal para imprimir as diretrizes nacionais ao problema da cultura e da educação do povo, ou seja, seu objetivo é precipuamente a formação de um cidadão nacionalista, cônscio de seu papel na sociedade solidária.

Com isso, ele defende a idéia de que o projeto de nação solidária, ou seja, o bem comum, somente se fazia possível se estas idéias fossem ensinadas e difundidas entre o povo.

PRINCIPAIS ABORDAGENS NO LIVRO INSTITUIÇÕES POLÍTICAS BRASILEIRAS

Resulta do movimento de idéias antiliberais no Ocidente no período entre 1920 e 1930;

Crítica dos desacertos de nossa organização política e um grande ensaio sobre os fundamentos históricos e sociais da política brasileira;

O tema central é a distância entre o país legal (registrado nas leis e códigos) e o país real (comportamentos e tradições do povo rural). O primeiro é o país das

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elites cosmopolitas e metropolitanas, o segundo, é a terra do povo eminentemente rural com suas crenças, tradições e costumes. O país idealizado na constituição de 1981 se opõe ao Brasil profundo.

Direito-lei e Direito-costume – o primeiro obra das elites de juristas liberais materializa-se nas leis, códigos e constituições. O segundo, é criado pelo povo-massa e sua mais autêntica expressão é constituído por sistemas orgânicos de normas fluidas nos grupos sociais e não sistematizadas;

O desencontro desses dois direitos no Brasil é a oposição entre duas culturas políticas diversas: a das elites metropolitanas e a da massa de população rural, o povo massa.

As reformas políticas portanto, não podem resumir-se a mudanças nas leis, elas requerem alteração no comportamento coletivo e, portanto, na cultura política.

A colonização portuguesa na América foi essencialmente antiurbana, privatista e antiigualitária, favorecendo a dispersão no amplo território brasileiro e o centro da gravidade do poder era a propriedade rural, o latifúndio, autosuficiente, o qual, produziu o clã parental e o clã feudal.

Clã feudal – autosuficiente, brota da grande propriedade rural com estrutura complexa e hierarquizada, onde está no topo o senhor do feudo e sua família.

Clã parental – Organização aristocrática moldada pelo complexo da família senhoral, um dos principais agentes de formação do direito público costumeiro.

Estes dois definem as feições da vida pública do Brasil colonial, deixando o legado de uma cultura política privatista, particularista, localista e paternalista autoritária e sobre esse terreno, as elites que fizeram a independência, quiseram edificar a democracia.

A instituição do sufrágio universal transformou os dois clãs em clãs eleitorais de base municipal.

A ruptura do estatuto colonial ocorreu no plano político, mas não alterou a essência das verdadeiras instituições políticas brasileiras;

A república colocou no centro da vida política o mecanismo eleitoral fazendo o país prisioneiro de seu passado, pois que abriu as portas para o povo massa com o direito costumeiro se instalar.

Resultado do idealismo utópico as constituições brasileiras de 1824, 1891, 1934 e 1946, as elites tratam os fatos da política do ponto de vista meramente jurídico, da lei escrita utilizando metodologia dialética importando apenas a coerência com o sistema de regras abstratas e não sua adequação às

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realidades da vida, à sociedade e seus costumes. É a expressão de um fenômeno social típico dos países atrasados: o marginalismo das elites.

Rui Barbosa com seu formalismo jurisdicista é a expressão mais elevada do idealismo utópico e do marginalismo, desconhecendo o Brasil real, utilizava-se da metodologia clássica ou dialética do direito público, à qual o autor, contrapunha a metodologia objetiva e realista de Alberto Torres e seu próprio método sociológico.

Faltaram a Torres, segundo propõe Oliveira Vianna, os instrumentos das ciências sócias para, partir do método sociológico, desvendar a verdadeira íntimas das instituições políticas do direito costumeiro do povo.

Para ele, a verdadeira reforma precisava partir desse princípio do direito costumeiro.

Defende que a base de reforma precisa partir do princípio de mudanças exógenas, resultantes da decisão consciente de mudar e que se materializa num plano de reformas de uma elite. No modelo autoritário, o Estado usa da coação para obrigar o povo a mudar de conduta, partindo do que ele denomina de realidade social.

Desafio da reforma política no país é desenhar instituições capazes de neutralizar ou ao menos reduzir, a influência adversa do espírito de clã e por isso não se deve confiar na técnica liberal, é preciso recorrer a certa dose de coação.

Agende de mudanças propostas envolve três dimensões:

Estruturas do Estado e sua relação com os partidos;

Os mecanismos de escolha dos governantes;

Formas de garantia das liberdades civis

Dentre estas, acredita ele que o grande problema da democracia brasileira está na garantia das liberdades individuais e civis, por isso, as reformas do sistema judiciário e da estrutura de polícia são colocadas no centro das mudanças institucionais necessárias, defendendo a existência de uma justiça federal e uma polícia também federal subtraindo-as do controle político dos detentores locais;

Pensamento autoritário ou autoritarismo instrumental do autor nessa obra foram fundamentais para a construção de uma visão peculiar dos problemas brasileiros e suas soluções, bem como para fornecer a rationale da experiência autocrática inaugurada com a Revolução de 30 e encerrada com a queda do Estado Novo em 1945;

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Seu nucleio é a intervenção deliberada do Estado como condição indispensável à transformação do país, o qual, numa ação modernizadora, concentraria a capacidade decisória no Poder executivo, única instância apta a representar a idéia de nação a construir.

O legislativo seria o território dos interesses particularistas, portanto, conservadores, do mesmo modo que os partidos seriam o veículo privilegiado de sua expressão.

CONCLUSÃO

“idealismo orgânico” e “idealismo constitucional”, formulados originalmente por Oliveira Vianna em O Idealismo da Constituição, seriam capazes – desde que criticamente reelaborados – de descrever e analisar as principais “formas de pensamento” que do último quartel do século XIX para cá dominaram o pensamento político e social brasileiro (Brandão, 2007, p.29).

Paulino José Soares de Souza, o Visconde de Uruguai, os costumes teriam precedência sobre as leis. A precedência das leis sobre os costumes seria característica do pensamento liberal.

Objetivo analisar o pensamento conservador no Brasil entre os anos 1870 e 1930,buscando compreender de que forma alguns dos seus principais representantesanalisaram a relação entre Estado e Sociedade. Propomo-nos a estudar esta linhagem que se aproxima do que Oliveira Vianna, chamou de “idealismo orgânico”, e que remontaria aos conservadores do Império, em grande parte ao Visconde de Uruguai, o “patriarca" da linhagem conservadora, conforme nos apontam Carvalho (1993), Brandão (2007) e Ferreira (2009). Por isso o recorte temporal proposto, iniciando nas últimas décadas do período monárquico e estendendo-se até 1930. Nesse período teriam sido plantadas algumas das principais bases do pensamento conservador no Brasil, bem como determinadas visões da Sociedade e do Estado e da relação entre ambos.Para tanto, a fim de delimitarmos o nosso objeto de pesquisa, nos detemos aqui emdois representantes emblemáticos desta “linhagem”: Alberto Torres e Oliveira Vianna. O primeiro, visto como antecessor do segundo – Vianna, por diversas vezes, chamara Alberto Torres de seu “mestre e precursor” – escreveu e publicou suas obras na década de 10, falecendo em 1917, portanto, antes de assistir à crise final da Primeira República. Oliveira Vianna, que tem obra tardia, foi bastante influenciado por Torres e é considerado um idealizador do novo regime varguista. Ambos, admitimos isto como hipótese, fazem parte de uma “linhagem” de caráter conservador, esta, por sua vez, configurada e delineada em grande parte pelo próprio Vianna.Alberto Torres e Oliveira Vianna escrevem suas principais obras no contexto da Primeira República, ou da “República Velha” de Vargas. O primeiro ainda impactado pela transição da Monarquia para a República, do trabalho escravo para o trabalho assalariado, e o segundo num momento de crítica e crise das instituições políticas da I República. Nosso objetivo, a partir da leitura de algumas

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de suas principais obras, é entender como esses autores pensaram o Brasil, sobretudo, quanto às relações entre Estado e Sociedade, encontrando as conexões e afastamentos entre eles, bem como os situando no debate político-social mais amplo do período. Buscamos elementos para compreender de que modo esses autores, enfrentaram questões como:

Para deixar as coisas um pouco mais claras e delineadas, a nossa problemática depesquisa resume-se a investigar: Se é possível configurar uma “identidade depensamento” entre Alberto Torres e Oliveira Vianna, a partir dos “diagnósticos” e propostas de “profilaxia” que ambos os autores fazem do Brasil – promovendo as aproximações e os distanciamentos necessários –, a qual nos permita considerá-los parte de uma mesma linhagem do pensamento político brasileiro, no caso, a conservadora, que, seguindo os argumentos de Carvalho (1993) e Brandão (2007), remontaria em boa parte ao Visconde de Uruguai e ao próprio Vianna?

O “conservantismo brasileiro”, uma destas “famílias intelectuais” que, segundo Gildo Brandão, “estruturam historicamente o pensamento político, e por essa via, a luta ideológica e política no Brasil” (Brandão, 2007, p.15). Por meio da análise do pensamento de seus principais expoentes, objetivamos localizar o “lugar comum” (ou melhor, os “lugares comuns”), promovendo as aproximações possíveis e os distanciamentos necessários, de onde esses autores, “pensando o Brasil”, procuraram responder aos problemas postos pelo desenvolvimento sócio-histórico do país. Buscamos como – circunscrevendo a “filiação das idéias” com suas “permanências” e “clivagens” – é possível configurar uma “identidade de pensamento”, aparente e/ou latente, dos autores analisados, a fim de nos permitir inseri-los numa mesma linhagem, no caso, a conservadora.Objetivo de nossas elites políticas e intelectuais desde a nossa Independência sempre foi implantar aqui uma “ordem liberal burguesa”. Liberais e conservadores difeririam apenas em meios e não em fins. Em uma vertente, teríamos os “liberais doutrinários”, nos quais se incluem Tavares Bastos, Ruy Barbosa e Joaquim Nabuco, para os quais teríamos edificar uma sociedade liberal por meio de um Estado liberal, com base nos pressupostos da democracia liberal clássica representativa. Noutra corrente, teríamos os “autoritários instrumentais”, onde se insere Oliveira Vianna (e de certo modo Alberto Torres e até mesmo Visconde de Uruguai), aos quais, segundo Santos, o exercício autoritário do poder seria apenas um instrumento para se edificar uma sociedade liberal no Brasil; o “autoritarismo de Estado” seria um “meio” para chegarmos a uma sociedade liberal burguesa, com a neutralização da ação nociva do poder privado e a construção de uma verdadeira ordem pública, capaz de assegurar os direitos civis a todos os cidadãos e abrir caminho para uma democracia liberal. O Estado autoritário seria apenas um momento de “transição” a uma sociedade democrática. E por fim, teríamos os “autoritários puros”, tendo Azevedo Amaral, Francisco Campos e os integralistas como seus representantes, “autoritários puros” que teriam, estes sim, por fim, de acordo com W.G.dos Santos, um Estado autoritário permanente, tutor da Sociedade disruptiva e centrífuga brasileira.

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Aproximação entre os dois

Não é a toa que o próprio Oliveira Vianna reconhecia Alberto Torres como seu “mestre e precursor”. Os dois, inclusive, se conheceram e conviveram em vida (o “jovem” Oliveira Vianna era um dos freqüentadores assíduos da casa de Alberto Torres). Reconhecimento este que, por parte de Vianna, duraria até mesmo após a morte do seu “mestre” em 1917, sendo o “aprendiz” um dos membros fundadores da Sociedade dos Amigos de Alberto Torres, em 1932, na cidade do Rio de Janeiro (que teve filiais em outros Estados), a qual tinha por objetivo estudar a sua obra e os problemas do país.

Tanto para Alberto Torres como para Oliveira Vianna teríamos no Brasil duas sociedades justapostas: de um lado e em embaixo, uma massa de miseráveis, ignaros e pobres, carentes de assistência social e econômica – a “nossa gente” de Alberto Torres ou o “povo-massa” de Oliveira Vianna –; de outro e acima, uma elite “intelectualizada” e 25 letrada, de cultura “livresca”, dirigente da nossa política, mas alheia aos fatos da nossa vida social, “esnobe” ou envergonhada das nossas classes menos abastadas.

As nossas leis não seriam derivadas dos nossos costumes, transubstanciações dos comportamentos e práticas do nosso povo. Seriam antes meras abstrações, frutos do “diletantismo” e “intelectualismo” das nossas elites e do seu apego às belas formas.

As nossas constituições, as quais deveriam ser as expressões máximas das normas de conduta da nossa vida social e política embasadas nesta própria conduta, não seriam “leis orgânicas”, mas apenas “leis teóricas”, como assevera Alberto Torres.

Obras rebuscadas de juridicatura, mosaicos da transplantação das idéias mais “avançadas”, muitas vezes contraditórias, dos grandes centros. Assim teria sido com a nossa Constituição Monárquica de 1824, assim como com a Constituição Republicana de 1891. O resultado dessas “idéias fora do lugar” e da “alienação” de nossas elites acerca da nossa “realidade” nacional seria a separação, no Brasil, da política e da vida social, nos dizeres de Torres:

Ou, se preferirmos, a distância entre o “país real” e o “país legal”, nas palavras de Vianna. Haveria aqui, portanto, um “divórcio” entre Estado e Sociedade. Nossas instituições políticas, instâncias de organização da vida coletiva, não teriam uma base social própria. Pelo contrário, o aparelhamento político-administrativo (o Estado) estaria em pleno desacordo e em oposição a esta. O Estado não seria fruto do “pacto social”, emanado da própria Sociedade.

Para Torres e Vianna teríamos de superar essa situação de dependência e reprodução de idéias exóticas, a “situação colonial” das nossas idéias – as quais seriam próprias e funcionais nos seus contextos de origem – para produzir idéias nossas, originais, advindas das nossas especificidades, próprias do nosso contexto.

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De antemão, é possível afirmar que, para ambos os autores (Alberto Torres e Oliveira Vianna), os mais de quatro séculos em que “fomos” colônia de Portugal constituiriam a nossa “marca de nascença”, período no qual teria se configurado boa parte do que “somos”. A forma como teria se dado a adaptação do colonizador ao nosso meio e os seus efeitos colaterais adquire importância fundamental na análise que Torres e Vianna fazem da nossa “formação nacional”

Pois, para eles, que poderiam ser situados numa longa linhagem, como sugere Brandão (2007), que remonta à Montesquieu,“o espaço geográfico é uma dimensão essencial da forma pela qual as sociedades se organizam”. A noção de “Nação”, para Torres e Vianna, estaria intimamente ligada com a noção de “território”.

Apesar de Oliveira Vianna ainda compartilhar de uma visão tradicional da questãoracial no Brasil – e é neste ponto que mais se distancia de Alberto Torres –, de umahierarquia biológica entre as raças, tendo o branco, o “ariano”, ainda que aclimatado”, por elemento superior, como demonstram argumentos presentes, sobretudo, em Raça e Assimilação (1932), com o seu elogio ao “dolicocéfalo louro”, e a tese de que a aristocracia rural teria sido “o centro de polarização dos elementos arianos da sociedade”, para Torres e Vianna, o “meio” seria fator mais determinante na formação nacional do que a “raça”. A origem dos nossos problemas enquanto Nação, para eles, não estaria (ou exclusivamente) no “caldeamento” das raças que compuseram o nosso povo (o branco, o negro e o indio), tal como queriam as famigeradas teorias raciais sobre o Brasil – ainda que Oliveira Vianna tenha traços da “ideologia do branqueamento”, mas sim na forma como se deu historicamente a adaptação do homem brasileiro ao meio “centrífugo” americano.

Torres, Para ele, aproximando-se de argumentos já presentes em Manoel Bomfim desde 1905, as teorias raciais seriam “ideologias dos povos dominantes”disfarçadas de “ciência”. Surgidas em meados do século XIX e predominantes até, pelo menos, o início do século XX, seriam uma reação ao princípio de igualdade humana proclamado no fim do século XVIII, principalmente, pós-Revolução Francesa. Ao ver de Alberto Torres, não haveria uma diferença inata entre os seres humanos.

Oliveira Vianna também revê, ao longo de sua trajetória intelectual, o problemadas “raças” no Brasil. Seja pela árdua crítica que recebeu sobre isso, seja pelo impacto em sua obra dos grandes acontecimentos da primeira metade do século XX, sobretudo, a Segunda Grande Guerra e o Holocausto em nome da “raça ariana”, em Instituições Políticas Brasileiras (1949), publicada pouco tempo antes de sua morte em 1951, a questão racial nem sequer aparece problematizada na análise. O fator “raça”, deste modo, adquire para Torres e Vianna, um papel secundário em seus “retratos do Brasil”. Mesmo quando ganha destaque em Oliveira Vianna, o “meio” aparece como um fator mais preponderante. Isto se dá pelo fato de que para eles a forma como se deu historicamente a adaptação do homem ao seu meio físico e social não só determina a sua organização social, mas também a sua “cultura”, a sua psicologia, a sua “mentalidade política”, em suma, as nossas “idiossincrasias” que teríamos de considerar na edificação dos nossos regimes políticos “orgânicos” e “racionais”.

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Como se vê, para Torres e Vianna, o nosso maior problema seria justamente a “falta da Nação” que os mais de quatro séculos de colonização não foram capazes de gerar. A Nação só existiria de direito, nas letras refinadas das Constituições “soberbas” dos nossos reformadores políticos. A nação, de fato, seria uma obra ainda a ser feita. Não pela própria sociedade, que pela sua inorganicidade seria incapaz de formar ela mesma a Nação, mas uma “obra de arquitetura política”.

Pois bem, para Torres e Vianna, só um Estado orgânico, racional e consciente dasnossas debilidades seria dotado de força suficiente para dar forma à sociedade informe, capaz de transformar o “povo-massa” – e este adjetivo substantivado não é usado aleatoriamente por Oliveira Vianna – em uma “comunidade”, base da constituição da nossa “nacionalidade”.