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Márcia Antonia Guedes Molina Comunicação e Expressão Adaptada/Revisada por Márcia Antonia Guedes Molina

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Márcia Antonia Guedes Molina

Comunicação e Expressão

Adaptada/Revisada por Márcia Antonia Guedes Molina

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É com satisfação que a Unisa Digital oferece a você, aluno(a), esta apostila de Comunicação e Expressão, parte integrante de um conjunto de materiais de pesquisa voltado ao aprendizado dinâmico e autônomo que a educação a distância exige. O principal objetivo desta apostila é propiciar aos(às) alunos(as) uma apre-sentação do conteúdo básico da disciplina.

A Unisa Digital oferece outras formas de solidificar seu aprendizado, por meio de recursos multidis-ciplinares, como chats, fóruns, aulas web, material de apoio e e-mail.

Para enriquecer o seu aprendizado, você ainda pode contar com a Biblioteca Virtual: www.unisa.br, a Biblioteca Central da Unisa, juntamente às bibliotecas setoriais, que fornecem acervo digital e impresso, bem como acesso a redes de informação e documentação.

Nesse contexto, os recursos disponíveis e necessários para apoiá-lo(a) no seu estudo são o suple-mento que a Unisa Digital oferece, tornando seu aprendizado eficiente e prazeroso, concorrendo para uma formação completa, na qual o conteúdo aprendido influencia sua vida profissional e pessoal.

A Unisa Digital é assim para você: Universidade a qualquer hora e em qualquer lugar!

Unisa Digital

APRESENTAÇÃO

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................... 5

1 COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM .................................................................................................. 71.1 Processo de Comunicação ...........................................................................................................................................7 1.2 Elementos da Comunicação ........................................................................................................................................81.3 As Funções da Linguagem ...........................................................................................................................................91.4 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................111.5 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................11

2 TEXTO E TEXTUALIDADE ................................................................................................................ 132.1 Coesão ..............................................................................................................................................................................152.2 Coerência .........................................................................................................................................................................172.3 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................182.4 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................18

3 AS SUPERESTRUTURAS TEXTUAIS .......................................................................................... 193.1 O Texto Descritivo .........................................................................................................................................................193.2 O Texto Narrativo ..........................................................................................................................................................213.3 O Texto Dissertativo .....................................................................................................................................................233.4 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................273.5 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................27

4 CONSTITUIÇÃO DO TEXTO ........................................................................................................... 294.1 Intertextualidade ..........................................................................................................................................................304.2 Paródia ..............................................................................................................................................................................304.3 Paráfrase ...........................................................................................................................................................................324.4 Estilização ........................................................................................................................................................................344.5 Apropriação ....................................................................................................................................................................354.6 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................364.7 Atividade Proposta .......................................................................................................................................................36

5 O TEXTO ACADÊMICO ...................................................................................................................... 375.1 Fichamento .....................................................................................................................................................................375.2 Resumo .............................................................................................................................................................................405.3 A Resenha ........................................................................................................................................................................425.4 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................435.5 Atividade Proposta .......................................................................................................................................................43

6 O TEXTO COMERCIAL ....................................................................................................................... 456.1 As Cartas Comerciais ...................................................................................................................................................456.2 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................476.3 Atividade Proposta .......................................................................................................................................................47

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7 E-MAILS ......................................................................................................................................................497.1 Internet .............................................................................................................................................................................497.2 O E-mail Propriamente Dito ......................................................................................................................................49 7.3 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................517.4 Atividade Proposta .......................................................................................................................................................51

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................................... 53

RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS ..................................... 55

REFERÊNCIAS ............................................................................................................................................. 59

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INTRODUÇÃO

Uma língua é um lugar donde se vê o mundo e em que se traçam os limites do nosso pensar e sentir.

Vergílio Ferreira

Caro(a) aluno(a),

Nosso objetivo, neste trabalho, é sintetizar alguns conceitos de textos relevantes para auxiliar o processo de produção escrita dos ingressantes no curso superior, favorecendo-lhes, também, uma orientação de como elaborar determinadas superestruturas textuais, por meio de técnicas de escritura e leitura de textos modelares, bem como a competência para a produção de textos acadêmicos, possi-bilitando-lhes, ainda, uma orientação de como elaborar determinados textos técnicos.

O trabalho embasa-se em obras dos mais renomados estudiosos da Linguística, como Jakobson (2001) e Vanoye (1998); dos mais importantes estudiosos da Linguística de Texto, como Fávero (1999), Kock (1997), Guimarães (2004) e Fiorin (2003); e em trabalhos de metodologia do trabalho científico, de autores de reconhecida competência, como Severino (2001) e Lakatos e Marconi (1992).

Os conteúdos estão assim organizados: primeiramente, discutiremos a questão de língua e lin-guagem; depois, os elementos da comunicação e, embasados neles, as funções da linguagem. Parti-mos, depois, para as noções de texto, textualidade, coesão e coerência, para, em seguida, apresentar as superestruturas textuais tradicionalmente reconhecidas: descrição, narração e dissertação. Num outro capítulo, depois de uma revisão de texto e textualidade, apresentamos a noção de intertextualidade, compreendendo a paródia, paráfrase, estilização e apropriação, para, então, fazer a discussão de ficha-mento, resumo e resenha. Na sequência, apresentamos a redação comercial e finalizamos a apostila com orientações de como escrever e-mails.

A seleção desses conteúdos deve-se à sua relevância como ponto de partida para os demais tex-tos, embora urge salientarmos que, numa obra simples como a nossa, não temos a pretensão de traçar todas as diretrizes possíveis para o bom desenvolvimento de sua competência escrita. Pelo contrário, apresentamos aqui apenas um roteiro, um caminho inicial que deverá ser percorrido pelo(a) próprio(a) aluno(a), desvendado e ampliado à medida que seu conhecimento sobre a língua e a produção textual for ampliado.

Fruto de nossa experiência docente, as lições aqui apresentadas resultam do que foi possível co-letar do prazeroso convívio com nossos(as) alunos(as) e da observação do brilhante trabalho de muitos colegas com quem tivemos o prazer de cruzar durante nossa jornada, especialmente, das atividades

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docentes da minha orientadora de doutorado, Profa. Dra. Leonor Lopes Fávero, umas das maiores estu-diosas de Linguística Textual no Brasil; do meu querido professor Hildebrando A. André, com quem tive o prazer de aprender a ensinar redação, e das lições subliminares a mim fornecidas pelo meu amigo, Prof. Leo Rícino, brilhante professor de Língua Portuguesa.

Espero que aproveite o conteúdo, que se dedique na leitura dos pontos e que faça as atividades aqui propostas com muito empenho.

Um abraço cordial e bom trabalho!!!

Profa. Márcia A. G. Molina

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1 COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM

Caro(a) aluno(a),

Neste capítulo trataremos da comunicação verbal e aspectos da linguagem. Vamos lá?

Muitos autores costumam definir comunica-ção como “transmissão voluntária de informação” (RIEGEL, 1981, p. 21), então, responda-me: como se procede, então, essa transmissão? Claro que por meio da linguagem. Émile Benveniste (1977) asse-vera que a linguagem é um sistema de signos so-cializados, remetendo-nos à sua função de comu-nicação.

Vale salientar que, para que exista comunica-ção, as pessoas envolvidas no processo precisam fazer uso de um código comum, quer dizer, devem

“falar a mesma língua”. Isso significa que só há co-municação quando um entende o outro.

AtençãoAtenção

As línguas são, de acordo com Vanoye (1998, p. 21), “casos particulares de um fenômeno geral”, ou seja, a linguagem é o todo, todas as formas de comunicação, e comporta vários códigos, como cores, signos, assobios, código Morse etc., já as línguas são um tipo específico de linguagem.

1.1 Processo de Comunicação

E agora, o que é comunicação?

A comunicação pressupõe sempre a existên-cia de dois polos: aquele que emite a informação e aquele que a recebe – emissor/receptor, locutor/alocutário, ouvinte/leitor etc. O veículo utilizado para a comunicação pode fazer com que esses pa-

péis sejam intercambiáveis ou não. No entanto, é importante frisarmos que, para que haja comuni-cação, deve haver, pelo menos, dois seres envolvi-dos, fazendo uso dos elementos da comunicação.

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1.2 Elementos da Comunicação

Código e Mensagem

O emissor e o receptor, como já foi dito, de-vem dispor do mesmo código, ou seja, do mesmo sistema de signos, a fim de que a informação possa ser recebida e decodificada pelo receptor. Essa in-formação decodificada, caro(a) aluno(a), é a men-sagem.

Referente

Riegel (1981, p. 22) assevera que

os signos do código remetem à realidade tal qual é percebida pelo emissor e pelo re-ceptor. O aspecto específico dessa realida-de, que é evocada por um signo do código, é o referente desse signo. O universo refe-rencial, exterior ao código, compreende tudo aquilo que pode ser designado pelos signos e suas combinações: seres, coisas, estados, acontecimentos, idéias, etc.

Canal de Comunicação

É necessário um meio físico para que a men-sagem possa ser veiculada para o interlocutor, ao qual damos o nome de canal de comunicação. Constituem canais de comunicação o ar, um CD, um cabo, um telefone etc.

Esquema da Comunicação

Preste atenção, agora:

A somatória desses elementos resulta no se-guinte esquema, que apresenta os elementos in-dispensáveis para a comunicação:

DicionárioDicionário

Referente é aquilo a que se refere no texto.

Figura 1 – Esquema da comunicação.

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Agora, vamos ver o que são e quais são as funções da linguagem.

A linguagem, de acordo com Jakobson (2001), tem toda a variedade de suas funções. Antes, porém, propõe que recordemos que o re-metente envia uma mensagem a um destinatá-rio. Para que possa ser transmitida, a mensagem

requer um contexto (ou referente), apreensível pelo destinatário, e que seja verbal ou passível de verbalização, um código comum (parcial ou total-mente) a ambos – remetente e destinatário –, e, fi-nalmente, um contato, ou seja, um canal físico por meio do qual possa ser veiculada. Cada um desses seis elementos encerra uma função da linguagem diferente, como vemos a seguir:

1.3 As Funções da Linguagem

CONTEXTO

1) FUNÇÃO REFERENCIAL

CANAL

2) FUNÇÃO FÁTICA

EMISSOR MENSAGEM RECEPTOR

3) FUNÇÃO EMOTIVA 4) FUNÇÃO POÉTICA 5) FUNÇÃO CONATIVA

CÓDIGO

6) METALINGUAGEM

Figura 2 – Funções da linguagem.

Apesar de serem seis elementos e, portan-to, seis funções da linguagem, normalmente as mensagens comportam mais de uma função, havendo uma predominante, mas não exclusiva.

Deve-se ressaltar que a estrutura da mensa-gem depende dessa função predominante. Assim, a função referencial (também chamada denota-

tiva) está centrada no contexto (referente). Tudo o que se refere aos contextos situacionais ou textuais pertencem a esta função.

Ex.: Prefeitura libera a pista expressa da Mar-ginal Pinheiros (Folha de São Paulo, 16 de janeiro de 2007).

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Quando a mensagem está centrada no canal, falamos da função fática. Temos, nesse caso, tudo o que serve para, numa comunicação, estabelecer, manter ou encerrar o contato.

Ex.: Alô, alô, responde...

Responde...

Já quando a mensagem prioriza o emissor, revelando sua personalidade, estamos à frente da função emotiva (ou expressiva).

Ex.:

Não serei o poeta de um mundo caduco.

Também não cantarei o mundo futuro.

Estou preso à vida e olho meus companheiros.

Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.

Entre eles considero a enorme realidade.

O presente é tão grande, não nos afastemos.

Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.

(Carlos Drummond de Andrade)

A função poética é aquela em que a prio-ridade está na própria mensagem, colocando em destaque o lado palpável dos signos (JAKOBSON, 2001).

Ex.:

Vozes veladas, veludosas vozes,

Volúpias dos violões, vozes veladas,

Vagam nos velhos vórtices velozes

Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.

(Cruz e Souza)

Quando ocorre a orientação para o receptor (destinatário), temos a função conativa. Por isso, nessa função, é comum observamos o emprego de verbos no modo imperativo, vocativos e ponto de exclamação.

Ex.: Assine uma TV a cabo agora e comece a pagar somente depois do Carnaval.

Finalmente, quando é dada especial relevân-cia ao código, estamos à frente da função meta-linguística.

Ex.: Quando falamos de funções da lingua-gem, queremos dizer, da possibilidade que tem a língua de dar, de acordo com a intenção do falante, especial destaque a determinados elementos da comunicação.

Nesse caso, usamos a língua para explicar a própria língua.

Saiba maisSaiba mais

A função referencial é muito usada em classificados.

A metalinguística é a de que se valem os dicionários.

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Caro(a) aluno(a),

Neste capítulo estudamos a Comunicação Humana e as Funções da Linguagem. Em relação à pri-meira, vimos que ela pressupõe sempre a existência de dois polos: aquele que emite a informação e aquele que a recebe – emissor/receptor, locutor/alocutário, ouvinte/leitor etc. Quanto às funções da lin-guagem, vimos que elas são relacionadas aos elementos da comunicação e podem ser classificadas em: função referencial, função fática, função emotiva, função poética, função conativa e função metalinguís-tica. O importante é lembrar que, muitas vezes, encontramos mais de uma função num mesmo texto.

Agora, querido(a) aluno(a), responda às questões abaixo:

1. Quais são os elementos da comunicação?

2. Quais são as funções da linguagem?

a) Quando a prioridade da mensagem está na própria mensagem, temos a função _____________________.

b) Quando a mensagem dirige-se a um receptor, enfatizando-o, temos a função _____________________.

Espero que tenha entendido bem essa questão. Então, passemos para outro tópico importante.

1.4 Resumo do Capítulo

1.5 Atividades Propostas

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2 TEXTO E TEXTUALIDADE

Querido(a) aluno(a),

Texto, etimologicamente, quer dizer tecido, ou seja, trata-se de uma trama na qual se devem enredar as palavras.

Já a Linguística do Discurso procura estudar os textos como manifestações linguísticas produ-zidas por indivíduos concretos em situações con-cretas, sob determinadas condições de produção (KOCK, 1997), entendendo-os numa situação inte-racionista.

Para que melhor possamos compreendê-los nessa perspectiva, analisemos as sequências a se-guir:

Para calar a boca: RícinoPra lavar a roupa: Omo

Para viagem longa: JatoPara difíceis contas: Calculadora

Para o pneu na lona: JacaréPara a pantalona: NesgaPara pular a onda: Litoral

Para lápis ter ponta: ApontadorPara o Pará e o Amazonas: Látex

Para parar na pamplona: AssisPara trazer à tona: Homem - RãPara a melhor azeitona: Ibéria

Para o presente da noiva: Marzipã

Para Adidas o Conga: NacionalPara o outono a folha: Exclusão

Para embaixo da sombra: Guarda-SolPara todas as coisas: Dicionário

Para que fiquem prontas: PaciênciaPara dormir a fronha: MadrigalPara brincar na gangorra: Dois

Para fazer uma toca: BobsPara beber uma coca: DropsPara ferver uma sopa: Graus

Para a luz lá na roça: 220 voltsPara vigias em ronda: Café

Para limpar a lousa: ApagadorPara o beijo da moça: Paladar

Para uma voz muito rouca: HortelãPara a cor roxa: AtaúdePara a galocha: Verlon

Para ser moda: MelanciaPara abrir a rosa: Temporada

Para aumentar a vitrola: SábadoPara a cama de mola: Hóspede

Para trancar bem a porta: CadeadoPara que serve a calota: Volkswagen

Para quem não acorda: BaldePara a letra torta: Pauta

Para parecer mais nova: AvonPara os dias de prova: Amnésia

Pra estourar pipoca: BarulhoPara quem se afoga: Isopor

Para levar na escola: ConduçãoPara os dias de folga: Namorado

Para o automóvel que capota: GuinchoPara fechar uma aposta: Paraninfo

Para quem se comporta: BrindePara a mulher que aborta: Repouso

Para saber a resposta: Vide - o - VersoPara escolher a compota: Jundiaí

Para a menina que engorda: HipofagiPara a comida das orcas: Krill

Para o telefone que tocaPara a água lá na poça

Para a mesa que vai ser postaPara você o que você gosta

Diariamente(REIS, 1991).

DicionárioDicionário

Hoje, o termo ‘texto’ tem a seguinte definição:

“s.m. 1. Conjunto de palavras, frases escritas; 2. Trecho ou fragmento de obra de um autor; 3. Qualquer material escrito destinado a ser fala-do ou lido em voz alta [...].”

(HOUAISS, 2003. p. 508)

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Quando lemos esse texto, num primeiro mo-mento, temos a impressão de que se trata de um amontoado de frases pouco significativas. Contu-do, se a inserirmos em seu contexto, passamos a entendê-la como texto. Então, vamos lá: a sequên-cia é uma composição de Nando Reis, gravada por Marisa Monte, intitulada Diariamente. O texto rela-ta os fatos do cotidiano de uma pessoa que vive numa região urbana, possivelmente, na cidade de São Paulo.

O mesmo ocorre com a seguinte sequência:

Por que você é Flamengo?E meu pai Botafogo?

O que significa “Impávido Colosso”?Por que os ossos doem?

Enquanto a gente dorme?Por que os dentes caem?Por onde os filhos saem?

Por que os dedos murcham?Quando estou no banho?Por que as ruas enchem?Quando está chovendo?

Quanto é mil trilhões?Vezes infinito?

Quem é Jesus Cristo?Onde estão meus primos?

Well, well, well Gabriel?Well, well, well?

Por que o fogo queima?Por que a lua é branca?

Por que a Terra roda?Por que deitar agora?

Por que as cobras matam?Por que o vidro embaça?

Por que você se pinta?Por que o tempo passa?

Por que que a gente espirra?Por que as unhas crescem?

Por que o sangue corre?Por que que a gente morre?

Do qué é feita a nuvem?Do que é feita a neve?Como é que se escreve

Reveillon?Well, well, well, Gabriel.(DUNGA; TOLLER, 2004).

Se não reconhecermos a sequência, inad-vertidamente, podemos julgá-la um amontoado de perguntas sem nexo e, portanto, um não texto. Contudo, novamente, temos aqui a letra de uma

composição que Paula Toller dedicou a seu filho Gabriel, com as perguntas que ele, costumeira-mente, lhe fazia. A música chama-se Oito anos e foi gravada por Adriana Calcanhoto.

Agora, preste atenção a este segmento:

LA VARIÉTÉ ET LA FANTAISIE DE MA VIE DE TOUS LES JOURS Tous les jours de la semaine, je ne me lève jamais a la même heure et ce n’est jamais la même chose. Mes jours sont fous, fous, fous! Lorsque je me lève, je ne suis pas pressé... Je vois et je choisis, c’est ça? Qu’il faut faire... Je déjeune chaque jour à un restaurant différent. L’après-midi je vais au cinéma, ou pour les courses, ou jouer le bowling, au bien aux shoppings... Je fais de promenade, promenade, pro-menade... Naturellement, je ne peux pas travailler! Les soirs je m’amuse à quelque show, ou théâtre, ou rendez-vous chez un ami... Les personnes ne me retrouvent jamais! (GIRAFAMANIA, 2010).

Essa sequência só será texto àqueles que dominam a língua em que foi escrita, o francês; os demais reconhecerão a sequência, mas, como não interagem com ela, não conseguindo depreender--lhe um sentido, será um não texto.

Nesse sentido, seguindo os passos de Kock e Travaglia (1990), podemos compreender texto como:

AtençãoAtenção

Texto = uma unidade linguística concreta (perceptível pela visão ou audição), que é tomada pelos usuários da língua (falante, escritor/ouvinte, leitor), em uma situação de interação comunicativa, como uma uni-dade de sentido e preenchendo uma fun-ção comunicativa reconhecível e reconhe-cida, independentemente da sua extensão.

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Vejamos agora, brevemente, o que é coesão e coerência.

2.1 Coesão

Leia com atenção:

Fávero (1999, p. 10) assim define coesão: “A coesão, manifestada no nível microtextual, refere--se aos modos como os componentes do universo textual, isto é, as palavras que ouvimos ou vemos, estão ligados entre si dentro de uma sequência.”

Podemos dizer, portanto, que coesão é o nome com que designamos as estratégias de li-gação utilizadas num texto para torná-lo todo, ou seja, o uso de elementos capazes de estabelecer elos, os quais podem “amarrar” elementos mencio-nados anteriormente no texto, ocorrendo, então, o que os estudiosos chamam de anáfora.

Ex.: Fiz todos os exercícios indicados pela professora, mas minha amiga Carla não os fez (isto é, não fez os exercícios).

Podem, também, “amarrar” elementos que serão ainda mencionados no texto, ocorrendo, en-tão, a chamada catáfora.

Ex.: Fui ao mercado e comprei todos os itens de que precisava, menos estes: arroz, batata e azei-te.

Bem utilizar esses elementos auxilia bastante na boa escritura de uma sequência, mas não é só isso. Vejamos, agora, outro elemento responsável pela textualidade, capaz de ajudar na produção textual.

Vamos ver outros exemplos de textos coesos para você entender bem essa questão:

Saiba maisSaiba mais

O texto deve ter textualidade.

Textualidade: aquilo que converte uma sequência lin-guística em texto (KOCK; TRAVAGLIA, 1990), isto é, ser todo, coeso e coerente para seus usuários.

Mais de um milhão de jovens estão “presos” no ensino fundamental

Dados do Censo Escolar da Educação Básica de 2011 apontam que mais de um milhão de jovens estão “presos” no ensino fundamental. Os jovens têm mais de 14 anos e encontram-se nessa posição por conta de reprovações ou outros fatores que impedem o ingresso no ensino médio. O número de mais de um milhão de alunos estacionados no ensino fundamental é a diferença entre a população com mais de 14 anos e o número de matriculados no ensino fundamental, que atende justamente o público entre 6 e 14.

Fonte: Alberti (2012).

Texto 1

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Mais de 60.000.000 de adultos não tem o Ensino MédioSegundo dados do IBGE e MEC, na realidade o número é ainda maior do que esses 60 milhões, pois não foram aqui con-

tabilizados os analfabetos (15 milhões) e os com menos de 3 anos de estudo, considerados analfabetos funcionais (outros 15 milhões).

Podemos imaginar o que isso significa para essas pessoas e para o país como um todo. Apagão de mão de obra, meno-res e piores oportunidades de empregos, gargalo no Ensino Superior com sobra de vagas e consequentemente uma grande redução no potencial de crescimento do PIB nacional. Mas uma possível solução está surgindo, como veremos mais adiante.

Vemos que as estatísticas e as autoridades educacionais no País são exclusivamente focadas nas crianças e jovens. O índice principal a ser acompanhado é a taxa de escolarização, que significa verificar quantas pessoas estão no nível escolar correto em relação à sua idade.

Mas, e aqueles que por um motivo qualquer abandonaram os estudos e não completaram o Ensino Médio? São solene-mente ignorados.

Mesmo a iniciativa privada, representada pelo belo programa “TODOS PELA EDUCAÇÃO” que estabeleceu 5 metas para acompanhar a situação da Educação no Brasil, passou ao largo desse problema ao estabelecer como uma das suas 5 boas metas para 2022:

“Meta 4 - Todo jovem com o Ensino Médio concluído até os 19 anos”.

Certamente essa meta pode ser integralmente cumprida sem que um único daqueles 60.000.000 de brasileiros conclua o Ensino Médio.

Esse é um grande desafio: Permitir que milhões de brasileiros deem um salto na sua escolaridade e se incorporem ao mercado de trabalho em um novo patamar.

Em 2009 o MEC tomou uma decisão importantíssima e que ainda não foi suficientemente divulgada. O ENEM vale para certificação do Ensino Médio, como se fosse um exame Supletivo. Isso está estabelecido na Portaria 109 de 27/03/2009, significando um direcionamento claro na linha da certificação de conhecimento.

“Art 2o. Constituem objetivos do ENEM... V- Promover a certificação de Jovens e Adultos no nível de conclusão do Ensino Médio nos termos do artigo 38, parágrafos 1o. e 2o. da Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB)”.

A regra vale para os maiores de 18 anos e não depende de nenhum outro pré-requisito. Os alunos precisam atingir 400 pontos nas provas objetivas e 500 na redação (Não é um índice qualquer. É a média do Ensino Médio).

Claramente, esse é um enorme problema para um país que pretende aumentar a escolaridade da sua população, e ainda aumentar bastante o percentual de pessoas com Nível Superior concluído. Isso sem considerar que são poucos os empregos que aceitam pessoas com escolaridade menor que o Ensino Médio completo.

Hoje menos de 9.000.000 de estudantes estão cursando o Ensino Médio regular em todo o Brasil, chegando a 10,5 mi-lhões se somados aos que estão fazendo o EJA (Educação de Jovens e Adultos). Esse é o contingente total administrado por todas as Secretarias de Educação de todos os estados. Comparando esse número com os 60 milhões anteriormente citados, vemos que a sala de aula convencional não será solução para esse problema.

Tudo que aqui foi dito, parece não constar das preocupações dos nossos governantes federais, estaduais ou munici-pais; atuais, passados ou futuros; nem de qualquer partido político.

Está aberto um potencial enorme de preparação de pessoas para fazer o ENEM com o objetivo de certificação do Ensino Médio. No início, provavelmente de maneira tímida, mas, assim que uma boa parte desses 60.000.000 ainda com disposição e idade para aprender, perceber que duas vezes por ano poderá fazer os exames de certificação e em pouco tempo concluir seus estudos de Ensino Médio e até mesmo ingressar em uma Faculdade, essa demanda vai explodir.

Nos dois últimos anos, cerca de 1 milhão de pessoas já fizeram o exame com essa finalidade (Basta assinalar essa opção na hora da inscrição). E mais de 200 mil passaram.

Acredito que essa demanda, caracterizada como sendo de Educação para adultos, é para ser atendida por meio da Educação à Distancia (EAD), com cursos preparatórios livres, desenvolvidos com métodos baseados mais na andragogia do que na pedagogia.

O formato das questões do ENEM, muito inteligente, privilegia o raciocínio em detrimento do “decoreba”. Isso é essencial para o adulto que abandonou os estudos, mas que vive, produz, trabalha e convive com esse nosso mundo de informações.

Assim, esse cidadão vai poder se preparar na base do auto-estudo, de qualquer lugar, a qualquer momento e no seu próprio ritmo, podendo conciliar os estudos com o lar e o trabalho.

Fonte: Milet (2012).

Texto 2

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2.2 Coerência

Veja: em ambos os textos, os elementos coe-sivos (grifados) foram adequadamente emprega-dos. A pontuação, os elementos referenciais, todos estão corroborando para que o texto adquira uni-dade.

AtençãoAtenção

Coerência diz respeito ao sentido do texto.

AtençãoAtenção

Quando falamos em UNIDADE, em AMARRAS, portanto, referimo-nos à COE-SÃO!

E do que será que trata a noção de coerência?

A coerência [...], manisfetada em grande parte macrotextualmente, refere-se aos modos como os componentes do univer-so textual, isto é, os conceitos e as rela-ções subjacentes ao texto de superfície, se unem numa configuração, de maneira reciprocamente acessível e relevante. As-sim a coerência é o resultado de processos cognitivos operantes entre os usuários e não mero traço dos textos. (FÁVERO, 1999, p. 10).

Então, a sequência a seguir constituirá texto para quem a entender como um classificado, con-corda?

Vários são os elementos responsáveis pela coerência. Kock e Travaglia (1990) apontam os se-guintes:

a) conhecimentos: linguístico, de mundo, parti-lhado, do mundo em que o texto se inscreve;

b) inferências;

c) fatores pragmáticos;

d) situacionalidade;

e) intencionalidade;

f ) aceitabilidade;

g) informatividade;

h) focalização;

i) intertextualidade;

j) relevância.

Resta-nos, ainda, especificar que os textos or-ganizam-se numa hierarquia de tipos de subtipos. Guimarães (2004) ensina que, se a intenção se volta fundamentalmente para as estruturas internas do texto, fica estabelecida uma tipologia de acordo com a forma de estruturação, sua superestrutura, ou o mundo em que o texto se inscreve.

Os textos citados como exemplos de textos coesos também são exemplos de textos com coe-rência, porque têm sentido.

Vamos ver um exemplo de um texto em que falta coerência:

Entendeu? Espero que sim!

VENDE-SE

Apartamento. 3 dorms. 2 sls. coz. Área serv. Moema. R$210.000. Tratar com o

proprietário: (33) 3333-3333.

Saí ao meio dia e chovia. Como estava com fome, resolvi jantar. Depois disso, saí e fui tomar sol...

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2.3 Resumo do Capítulo

Neste capítulo estudamos o que é texto (uma unidade de sentido) e quais são os fatores responsá-veis pela textualidade: coesão, que diz respeito às conexões dentro do texto; e coerências, as relações de sentido do texto.

Vamos ver se você entendeu o que acabamos de explicar.

2.4 Atividades Propostas

1. Leia a sequência a seguir e responda: é um texto? Justifique sua resposta.

2. Quais elementos são responsáveis pela textualidade?

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3 AS SUPERESTRUTURAS TEXTUAIS

Caro(a) aluno(a),

A noção de superestrutura, emprestada de Van Dijk (1983), diz respeito às estruturas globais que caracterizam alguns tipos de textos, indepen-dentemente de seu conteúdo.

Dessa forma, relativamente ao aspecto estru-tural, podemos inscrever os textos em: descritivos, narrativos e dissertativos. Essas superestruturas têm, como afirma Guimarães (2004, p. 65), caráter convencional e são conhecidas e reconhecidas pe-los falantes da língua, ou seja, “uma superestrutura é um tipo de esquema abstrato que estabelece a

ordem global do texto, e que se compõe de uma série de categorias, cujas possibilidades de combi-nação se baseiam em regras convencionais.”

A autora informa, também, que, embora haja sempre uma estrutura dominante, o texto pode apresentar outras. Por exemplo, um texto predo-minantemente narrativo pode apresentar trechos descritivos; o predominantemente dissertativo pode trazer, em alguns momentos, trechos que caracterizam a narração e/ou a descrição. O impor-tante para um estudante do curso de Letras é saber identificar no todo trechos dessa ou daquela estru-tura, cujas características agora apresentamos.

3.1 O Texto Descritivo

O que você entende por descrição?

Descrever é caracterizar com detalhes obje-tos, locais, pessoas e situações, apresentando as características deles percebidas por meio dos cin-co sentidos. Como é através dos sentidos que es-tabelecemos contato com o mundo à nossa volta, podemos dizer que essa estrutura textual é a mais primeva, constituindo elementos vitais de nossa sensibilidade.

“Visão, tato, audição, paladar, olfato são os sentidos com que percebemos as coisas do mundo que se traduzem em formas, cores, texturas, chei-ros, sonoridades a serem descobertas.” (AMARAL; ANTÔNIO, 1991, p. 19).

Observemos agora as seguintes sequências:

Era um dia abafadiço e aborrecido. A po-bre cidade de São Luís do Maranhão pa-recia entorpecida pelo calor. Quase que se não podia sair à rua: as pedras escalda-vam, as vidraças e os lampiões faiscavam ao sol como enormes diamantes, as pare-des tinham reverberações de prata polida; as folhas das árvores nem se mexiam; as carroças d’água passavam ruidosamente a todo o instante, abalando os prédios, e os aguadeiros, em mangas de camisa e per-nas arregaçadas, invadiam sem cerimônia as casas para encher as banheiras e os po-tes. Em certos pontos não se encontrava viva alma na rua; tudo estava concentrado, adormecido; só os pretos faziam as com-pras para o jantar ou andavam no ganho. (AZEVEDO, 1997).

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Trem das Cores

A franja na encosta Cor de laranja

Capim rosa chá O mel desses olhos luz

Mel de cor ímpar O ouro ainda não bem verde da serra

A prata do trem A lua e a estrela

Anel de turquesa Os átomos todos dançam

Madruga Reluz neblina

Crianças cor de romã Entram no vagão

O oliva da nuvem chumbo Ficando

Pra trás da manhã E a seda azul do papel Que envolve a maçã

As casas tão verde e rosa Que vão passando ao nos ver passar

Os dois lados da janela E aquela num tom de azul

Quase inexistente, azul que não há Azul que é pura memória de algum lugar

Teu cabelo preto Explícito objeto

Castanhos lábios Ou pra ser exato

Lábios cor de açaí E aqui, trem das cores

Sábios projetos: Tocar na central

E o céu de um azul Celeste celestial

(VELOSO, 1990).

A primeira sequência, como se pode obser-var, é um trecho do romance O mulato, de Aluísio Azevedo. Podemos perceber com que precisão o autor descreve a cidade de São Luís do Maranhão; trechos com sinestesias, como “pedras escaldavam, as vidraças e os lampiões faiscavam ao sol como enormes diamantes, as paredes tinham reverbera-ções de prata polida”, favorecem não só a leitura, como também a percepção sensorial do texto.

O mesmo acontece com a letra da música Trem das cores, de Caetano Veloso. Em “O mel des-ses olhos luz/E a seda azul do papel/Que envolve a maçã”, temos a impressão de sentir o gosto tanto do mel, quanto da maçã; de ver o brilho dos olhos e de sentir a maciez do papel de seda.

Vejamos então, pormenorizadamente, o que compreende um texto descritivo.

Características do Texto Descritivo

Leia o seguinte fragmento (1) da obra Irace-ma, de José de Alencar:

Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna e mais longos que seu talhe de pal-meira. O favo da jati não era doce como seu sor-riso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado. Mais rápida que a ema selvagem, a mo-rena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas. (ALENCAR, 1990).

Agora, atente para o seguinte fragmento (2):

Iracema saiu do banho; o aljôfar d’água ainda a roreja, como à doce mangaba que corou em manhã de chuva. Enquanto re-pousa, empluma das penas do gará as fle-chas de seu arco, e concerta com o sabiá da mata, pousado no galho próximo, o canto agreste. (ALENCAR, 1990).

O primeiro fragmento é descritivo e o segun-do, narrativo. Como identificar a descrição?

O texto descritivo é predominantemente fi-gurativo, ou seja, construído com termos essen-cialmente concretos, evocando uma figura, um

AtençãoAtenção

Um texto descritivo estará bem produzi-do quando possibilitar essas sensações; quando o leitor, ao proceder à sua leitura, tiver a sensação de estar vendo, presen-ciando, sentindo o que se está descre-vendo.

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efeito de realidade. “Os textos figurativos produ-zem um efeito de realidade e, por isso, represen-tam o mundo, com seus seres, seus acontecimen-tos.” (PLATÃO; FIORIN, 1997, p. 89).

No fragmento 1, temos como exemplos de termos concretos: a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tri-bo, da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando etc.

Outra característica do texto descritivo é que ele não traz mudança de situação. É estático, repre-senta o mundo num determinado momento, é re-corte. Além disso, naquela instância em que se efe-tua a descrição, vários fatos simultâneos podem ser apresentados. Assim, Iracema, quando apreendida pelo narrador, apresentava simultaneamente as se-guintes características: era virgem, tinha lábios de mel; seus cabelos eram mais negros que a asa da graúna e mais longos que o talhe de palmeira; seu sorriso era doce como o favo da jati; seu hálito era perfumado, era ainda mais rápida que a ema etc.

Essas características coocorriam, estavam todas presentes na mesma instância, podendo, in-clusive, ser invertidas no texto; por exemplo: seu sorriso era doce como o favo da jati; seu hálito era perfumado, era ainda mais rápida que a ema; era virgem, tinha lábios de mel; seus cabelos eram mais negros que a asa da graúna e mais longos que o talhe de palmeira... Isso porque não existe relação de anterioridade, nem de posterioridade no frag-mento.

Para que se estabeleça a comparação, reto-memos o segundo fragmento:

Iracema saiu do banho; o aljôfar d’água ainda a roreja, como à doce mangaba que corou em manhã de chuva. Enquanto re-pousa, empluma das penas do gará as fle-chas de seu arco, e concerta com o sabiá da mata, pousado no galho próximo, o canto agreste. (ALENCAR, 1990).

Esse é um fragmento narrativo, pois existe nele uma relação de anterioridade e posteriorida-de: primeiro a índia saiu do banho, depois se pôs a repousar. A inversão dos fatos prejudicaria a se-quenciação do texto.

Podemos perceber também, em ambos os textos, uma diferença no emprego dos tempos ver-bais: no primeiro, predomina o pretérito imperfeito e, no segundo, o pretérito perfeito. Como a simul-taneidade é a característica do texto descritivo, os tempos verbais mais empregados são o presente do indicativo e o pretérito imperfeito do indicativo.

Quanto à organização, podemos afirmar que se deve elaborar o texto descritivo espacialmente, isto é, os elementos devem ser descritos de baixo para cima, da esquerda para a direita, de dentro para fora etc., para que o leitor possa, paulatina-mente, ir construindo a imagem daquilo que se está tratando.

3.2 O Texto Narrativo

Parafraseando Humberto Eco (1985), no Pós--escrito a O nome da rosa, destacamos:

DicionárioDicionário

Narração: s.f. [é] exposição oral ou escrita de um fato.”

(HOUIAISS, 2003, p. 364)

AtençãoAtenção

Narrar é representar um acontecimento ou uma série de acontecimentos reais ou fictícios num texto.

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Afirma Eco (1985, p. 21):

[...] para contar é necessário primeiramen-te construir um mundo, o mais mobiliado possível, até os últimos pormenores. Cons-trói-se um rio, duas margens, e na margem esquerda coloca-se um pescador, e se esse pescador possui um temperamento agres-sivo e uma folha penal pouco limpa, pron-to: pode-se começar a escrever, traduzin-do em palavras o que não pode deixar de acontecer.

Essa citação de Eco, mesmo que indireta-mente, permite-nos depreender que são cinco os elementos da narração: narrador, personagens, ações, tempo e espaço.

Leia, agora, o texto a seguir, de Marina Colas-santi:

Nunca descuidando do deverJamais permitiria que seu marido fosse para o trabalho com a roupa mal passada, não dissessem os colegas que era espo-sa descuidada. Debruçada sobre a tábua, com o olho vigilante, dava caça às dobras, desfazia pregas, aplainando punhos e pei-tos, afiando o vinco das calças. E a poder de ferro e goma, envolta em vapores, al-cançava o ponto máximo de sua arte ao arrancar dos colarinhos liso brilho de ce-lulóide.Impecável, transitava o marido pelo tem-po. Que, embora respeitando ternos e ca-misas, começou subrepticiamente a mar-car seu avanço na pele e no rosto. Um dia notou a mulher um leve afrouxar-se das pálpebras. Semanas depois percebeu que, no sorriso, franziam-se fundos os cantos dos olhos.Mas foi só muitos meses mais tarde que a presença de duas fortes pregas descen-do dos lados do nariz tornou-se inegável. Sem dizer nada, ela esperou a noite. Tendo finalmente certeza de que o homem dor-mia o mais pesado dos sonos, pegou um paninho úmido e, silenciosa, ligou o ferro.

Observemos que, nesse texto, vislumbramos os seguintes elementos da narração:

a) narrador: onisciente – de 3ª pessoa: “Jamais permitiria que seu marido fosse para o trabalho...”;

b) personagens:

protagonista: a esposa – “Não dissessem os colegas que era esposa descuidada...”;

antagonista: o marido – “Impecável transitava o marido pelo tempo”;

c) ações: debruçada sobre a tábua; dava caça às dobras;

d) tempo: jamais permitiria; um dia notou a mulher; muitos meses mais tarde;

e) espaço: na sua casa, em uma determinada cidade.

Além desses elementos, a narração apresen-ta, diferentemente da descrição, transformação.

Características do Texto Narrativo

No texto Nunca descuidando do dever, pode-mos perceber, entre outras, as seguintes caracterís-ticas:

a) as camisas amassadas ficavam muito bem passadas: “[...] alcançava o ponto máximo de sua arte ao arrancar dos cola-rinhos liso brilho de celulóide.”;

b) o marido foi adquirindo rugas no rosto: “[...] transitava o marido pelo tempo. Que, embora respeitando ternos e camisas, começou subrepticiamente a marcar seu avanço na pele e no rosto.”

Mas a transformação mais significativa é a que não está explicitada, ou seja, ao perceber o ros-to enrugado do marido, a esposa, como um autô-mato, tem a intenção de passá-lo: “Tendo finalmen-te certeza de que o homem dormia o mais pesado dos sonos, pegou um paninho úmido e, silenciosa, ligou o ferro.”

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Além disso, tanto quanto o texto descritivo, o narrativo é figurativo. Lembremo-nos de que esse tipo de texto é construído com palavras concretas, cuja função é representar o mundo. Por meio das figuras empregadas, podemos depreender o real sentido do texto. No caso de Nunca descuidando do dever, figuras como:

[...] Jamais permitiria que seu marido fos-se para o trabalho com a roupa mal pas-sada, não dissessem os colegas que era esposa descuidada. Debruçada sobre a tábua, com o olho vigilante, dava caça às dobras, desfazia pregas [...].

Permitindo-nos depreender, sublinearmente, uma crítica às mulheres que, nas décadas de 1960 e 1970, viviam apenas e tão somente para o lar, reali-zando robotizadamente as atividades domésticas.

Além da figurativização, na narração, a orde-nação é temporal. O texto deve ter uma sequencia-ção para que o leitor possa acompanhar o desenro-lar das ações. Assim, vejamos:

Jamais permitiria que seu marido fosse para o trabalho com a roupa mal passada, não dissessem os colegas que era espo-

sa descuidada. Debruçada sobre a tábua, com o olho vigilante, dava caça às dobras, desfazia pregas, aplainando punhos e pei-tos [...] Um dia notou a mulher um leve afrouxar-se das pálpebras. Semanas de-pois percebeu que, no sorriso, franziam-se fundos os cantos dos olhos. [...]Mas foi só muitos meses mais tarde que a presença de duas fortes pregas descen-do dos lados do nariz tornou-se inegável. Sem dizer nada, ela esperou a noite. Ten-do finalmente certeza de que o homem dormia o mais pesado dos sonos, pegou um paninho úmido e, silenciosa, ligou o ferro.Fonte: www.pensador.uol.com.br.

A ordenação temporal, nesse texto, ajuda o leitor a ir acompanhando as ações da esposa até o inesperado desfecho e, diferentemente do texto descritivo, a disposição dessas ações não pode ser alterada.

Como a ordenação temporal é de extrema re-levância no texto narrativo, os tempos verbais bá-sicos são os do subsistema do passado: pretéritos perfeito, mais que perfeito e imperfeito.1

3.3 O Texto Dissertativo

Mas será que, como superestrutura textual, dissertação é só isso? Vamos ver o que dizem al-guns estudiosos do assunto.

Magalhães (1980, p. 7) assevera que a disser-tação ocorre no plano das ideias, do conhecimen-to, das abstrações. Trata-se de um trabalho refle-

xivo que consiste, de maneira geral, em organizar as ideias numa linha de raciocínio. Assim, ensina o autor, “todas as vezes em que nos valemos da lin-guagem verbal para expor, defender ou contestar idéias, estaremos utilizando o chamado discurso dissertativo.”

Platão e Fiorin (1997, p. 252) afirmam que “dissertação é o tipo de texto que analisa interpre-ta, explica e avalia os dados da realidade” e relacio-nam algumas de suas características, revisadas a seguir.

DicionárioDicionário

Dissertação: “s.f. 1. Exposição oral ou escrita; 2. Monografia. Ensaio [...]”.

(HOUAISS, 2003, p. 174)

1 Geralmente, mas não exclusivamente. Pode-se usar, por exemplo, o presente do indicativo, com valor atemporal, instaurando proximidade e verossimilhança ao texto.

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Características da Dissertação

a) É um texto temático, ou seja, discute um tema, operando, predominantemente, com termos abstratos;

b) Mostra mudança de situação, tanto quanto a narração;

c) Sua ordenação é lógica;d) O tempo básico empregado na

dissertação é o presente do indicativo com valor atemporal, embora se admita o uso do pretérito perfeito e do futuro do presente.

Importa esclarecer que há autores que ins-crevem os textos dissertativos em dois tipos: expo-sitivos e argumentativos, os quais veremos a seguir.

Dissertação Expositiva

É aquela cujo propósito é discorrer sobre o assunto num sentido meramente informativo. As-sim, pode-se dissertar sobre a pena de morte, a juventude brasileira etc., sem que haja posiciona-mento sobre o tema.

A importância de Música Popular Brasi-leiraA importância da Música Popular Brasileira no cenário de nossa cultura é inegável. Pode-se constatar que a MPB, além de sua relevância como manifestação estética tradutora de nos-sas múltiplas identidades culturais, apresenta--se como uma das mais poderosas formas de preservação da memória coletiva e como um espaço social privilegiado para as leituras e in-terpretações do Brasil. (ICCA, 2011).

Dissertação Argumentativa

Diferentemente da anterior, na dissertação argumentativa revelam-se reflexões sobre o assun-to, a fim de persuadir o receptor, acompanhando a linha de raciocínio do que é exposto, a verificar se o raciocínio verbalizado é correto e, nesse sentido, passível ou não de aceitação.

Uma escolha contra a mulherO aborto é freqüentemente apresentado como um problema de ‘direito das mulhe-res’. É visto como algo desejável para as mulheres, e como um benefício ao qual elas deveriam ter tanto acesso quanto possível. Na verdade, ser ‘pró-vida’ é visto como sendo ‘contra os direitos da mulher’. Se você às vezes pensa desta forma, exa-mine os fatos apresentados aqui. Verá que, na verdade, o aborto prejudica a mulher, ignora os seus direitos, e as abusa e degra-da. Qualquer um que se preocupa com a mulher fará bem em conhecer estes fatos. Estudos de mulheres que fizeram abor-to, (veja, por exemplo, o livro do Dr. Da-vid Reardon, Aborted Women, Silent No More), mostram que o aborto não é uma questão de dar à mulher uma ‘escolha’. É, tragicamente, uma situação em que as mulheres sentiram que não tinham NE-NHUMA ESCOLHA, sentiram que ninguém se importava com elas e com seu bebê, dando-lhes alternativa alguma a não ser o aborto. A mulher sente-se rejeitada, con-fusa, com medo, sozinha, incapaz de lidar com a gravidez - e, no meio disto tudo, a sociedade diz-lhe, ‘Nós eliminaremos o seu problema eliminando o seu bebê. Faça um aborto. É seguro, fácil, e uma solução legal’. O fato é que embora o aborto seja legal (nos Estados Unidos), ele NÃO é seguro e fácil, nem respeita a mulher. [...].” (CASTE-LÕES, 2002, grifo nosso).

Podemos perceber, nesse texto, que, por exemplo, no trecho: “na verdade, o aborto preju-dica a mulher, ignora os seus direitos, e as abusa e degrada” está expressa a opinião do autor e, para que ela seja mesmo aceita, passa ele a relacionar os motivos que o fazem pensar assim.

AtençãoAtenção

Dissertar é, de toda forma e de forma su-cinta, defender um ponto de vista, uma opinião.

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Em ambos os tipos de dissertação, atente para a sua organização, que veremos a seguir.

Organização do Texto Dissertativo

Prezado(a) aluno(a),

Como esse tipo de texto deve mostrar uma organização lógica, deve-se apresentar com bas-tante clareza:

a) o assunto;

b) a delimitação do assunto;

c) o objetivo;

d) o tópico frasal;

e) o desenvolvimento;

f ) a conclusão.

Já falamos, anteriormente, que a dissertação é um texto temático, portanto, deve discutir um tema. Para que o autor do texto não se perca em informações redundantes ou desnecessárias, é im-portante que proceda à delimitação dele.

Por exemplo: Dissertação

Tema: NAMORO

Possíveis delimitações do tema: Namoro na adolescência;

Namoro na melhor idade;

Namoro na escola.

Escolhida uma delimitação, deve-se propor um objetivo, para que não ocorra fuga do tema. Se resolvêssemos escrever sobre namoro na escola, poderíamos estabelecer como objetivo, por exem-plo, mostrar ao leitor que, como a escola é o espaço onde os jovens mais se encontram e se relacionam, é normal e saudável que ali comecem sua vida afe-tiva.

O tópico frasal é aquele sobre o qual incide a essência da informação. Na delimitação anterior, poderíamos estabelecer como possível tópico-fra-sal: É na adolescência que se começa a conhecer o mundo, a fazer amigos, a descobrir as verdades e

a escola é um dos ambientes mais propícios para isso. Então, nada mais comum que ocorram flertes, o “ficar” e até mesmo namoros nesse ambiente.

Tendo em mente tanto a delimitação quan-to os objetivos e o tópico frasal, cabe ao autor, então, elaborar seu texto dissertativo. Se o seu de-sejo for produzir um texto argumentativo, esses ar-gumentos podem ser apresentados de diferentes maneiras. Seguindo Platão e Fiorin (1997), relacio-namos três deles:

a) argumento de autoridade: citam-se autores ou pessoas de prestígio que te-nham reconhecido domínio sobre aque-le saber. No caso da delimitação acima (namoro na escola), poderíamos citar, por exemplo, o psicanalista Içami Tiba, autor de várias obras que tratam da ado-lescência;

b) argumento baseado no consenso: nes-te caso, valer-nos-íamos de opiniões já aceitas pela maioria da população.

c) argumento baseado em provas con-cretas: poderíamos, no caso de nossa proposta, fazer uso de pesquisas que comprovassem que a maioria dos jovens namora na escola e que tal fato tem au-xiliado seu desenvolvimento emocional.

Para que possamos entender melhor, leiamos Magalhães (1980, p. 16-17), que assim exemplifica o texto dissertativo:

Muitas normas, antes apenas do âmbito da Moral, passaram ao campo do Direito pelo fato de o legislador, num momento dado, julgar conveniente atribuir-lhes for-ça coercitiva, impondo uma sanção para sua desobediência. Assim, por exemplo, no passado era altamente meritório o fato de o patrão socorrer seu empregado acidentado. Mas a desobediência a essa regra de moral não provocava qualquer sanção por parte do Estado. Este, entre-tanto, observando a conveniência de se impor ao patrão a obrigação de socorrer seu serviçal infortunado, criou a norma de Direito, impondo como obrigação ju-rídica aquilo que não passava de mero

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dever moral. Outro exemplo: no passado agia com humanidade o patrão que, antes de despedir seu empregado, lhe dava um prazo para procurar nova colocação, e ao romper o contrato de trabalho lhe ofere-cia uma indenização pelos anos de servi-ços prestados. Talvez isso constituísse um dever moral ditado pela preocupação de justiça. Mas o descumprimento de tal de-ver não provocava qualquer sanção por parte do Estado. Parecendo ao legislador conveniente transformar tal preceito de Moral em regra de Direito, impõe ao pa-trão o dever de dar aviso prévio e de pres-tar indenização ao empregado despedido. O descumprimento de tal obrigação, hoje, provoca uma sanção por parte do Estado. A regra de Moral transformou-se em regra de Direito.

Neste texto, temos, portanto:

a) assunto: Direito;

b) delimitação: Direito e moral;

c) objetivo: mostrar que muitas normas morais transformaram-se em normas ju-rídicas por razão de conveniência social;

d) tópico frasal: “Muitas normas, antes apenas do âmbito da Moral, passaram ao campo do Direito pelo fato de o legis-lador, num momento dado, julgar con-veniente atribuir-lhes força coercitiva, impondo uma sanção para sua desobe-diência”;

e) desenvolvimento (argumentos basea-dos em provas concretas):1. o socorro patronal obrigatório ao

empregado acidentado; 2. a obrigação jurídica de dar aviso

prévio e de prestar indenização ao empregado despedido;

f) conclusão: “A regra de Moral transfor-mou-se em regra de Direito.”

Além disso, podemos perceber que o texto dissertativo tem algumas características que lhe são peculiares. Vejamos quais são.

Primeiramente, como pudemos perceber,

trata-se de um texto temático, ou seja, o nosso exemplo discute uma questão jurídica, operando, predominantemente, termos abstratos:

Muitas normas, antes apenas do âmbito da Moral, passaram ao campo do Direito pelo fato de o legislador, num momento dado, julgar conveniente atribuir-lhes for-ça coercitiva, impondo uma sanção para sua desobediência. Assim, por exemplo, no passado era altamente meritório o fato de o patrão socorrer seu empregado aci-dentado. [...] (MAGALHÃES, 1980, p. 16-17, grifo nosso).

Mostra, tanto quanto a narração, mudança de situação; neste texto, o autor aponta para fatos que passaram de atitudes morais para deveres im-postos pelo Direito:

[...] Este, entretanto, observando a conve-niência de se impor ao patrão a obrigação de socorrer seu serviçal infortunado, criou a norma de Direito, impondo como obri-gação jurídica aquilo que não passava de mero dever moral.[...] O descumprimento de tal obrigação, hoje, provoca uma sanção por parte do Estado. A regra de Moral transformou-se em regra de Direito. (MAGALHÃES, 1980, p. 16-17).

Sua ordenação é lógica e, como já apontado, há no texto um tópico frasal, o desenvolvimento e a conclusão.

Os tempos verbais empregados nessa disser-tação são: pretéritos perfeito e imperfeito do indi-cativo, quando o autor remete o leitor ao passado, e presente, quando aponta para o resultado da ação pretérita:

[...] Outro exemplo: no passado agia com humanidade o patrão que, antes de des-pedir seu empregado, lhe dava um prazo para procurar nova colocação, e ao romper o contrato de trabalho lhe oferecia uma indenização pelos anos de serviços pres-tados. Talvez isso constituísse um dever moral ditado pela preocupação de justiça. Mas o descumprimento de tal dever não provocava qualquer sanção por parte do

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Estado. Parecendo ao legislador conve-niente transformar tal preceito de Moral em regra de Direito, impõe ao patrão o dever de dar aviso prévio e de prestar in-denização ao empregado despedido. O descumprimento de tal obrigação, hoje, provoca uma sanção por parte do Estado. A regra de Moral transformou-se em re-gra de Direito. (MAGALHÃES, 1980, p. 16-17, grifo nosso).

Saiba maisSaiba mais

Conhecer as superestruturas textuais é muito importante, porque orienta a lei-tura do texto!

3.4 Resumo do Capítulo

Caro(a) aluno(a),

Neste capítulo vimos as superestruturas textuais. Aprendemos primeiramente que temos três su-perestruturas básicas de organização textual: descrição, narração e dissertação. A primeira, a descri-ção, refere-se à capacidade de fornecer ao leitor um retrato da situação, pessoa, lugar etc. que se deseja descrever. Para isso o texto deve ter, principalmente, uma organização espacial; a segunda, a narração, refere-se à capacidade de fornecer ao leitor um evento, uma história e, nesse sentido, o texto deve ter, predominantemente, organização temporal. Por último, vimos a dissertação. Esse é um texto objetivo cuja organização deve ser lógica. Será que você compreendeu bem esse assunto? Vamos treiná-lo, então.

3.5 Atividades Propostas

1. Reúna todas as informações dadas anteriormente a respeito do texto descritivo e leia a seguin-te poesia de Manoel Bandeira, observando os traços da descrição e explicitando-as a seguir:

Segunda canção do beco

Teu corpo moreno É da cor da praia. Deve ter o cheiro Da areia da praia.

Deve ter o cheiro

Que tem ao mormaço A areia da praia.

Teu corpo moreno Deve ter o gosto De fruta de praia. Deve ter o travo, Deve ter a cica

Dos cajus da praia. Não sei, não sei, mas

Uma coisa me diz Que o teu corpo magro

Nunca foi feliz.

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2. Leia atentamente o seguinte texto, buscando visualizar nele os elementos da narração já dis-cutidos. Explique-os a seguir:

DESTA ÁGUA NÃO BEBERÁS Carlos Drummond de Andrade

- Por que Demétrio não se casa? Era a indagação geral! Demétrio namorava, noivava, não casava. Sete dias antes do casamento, olha aí Demétrio fugindo. As versões eram múltiplas. A noiva é que o despedira. Tiveram uma briga feia. Gênios incompatíveis. Mal secreto. Intrigas.Demétrio continuava a namorar, noivar e não casar. Não lhe faltavam noivas, pois era agradável, tinha status. Quanto mais se desmanchavam seus projetos de casamento, mais apareciam mulheres dispostas ao desafio, exclamando: - A mim ele não deixa na porta do Mosteiro de São Bento.Deixava. E quanto mais deixava, mais seu prestígio crescia. Concluiu-se que era sua maneira de afir-mar-se.Então Livaniuska decidiu enfrentá-lo. Noivou com ele e, uma semana antes do casamento, deu-lhe o fora solene. Demétrio quis reagir, explicou à repórter social que ele é que tomara a iniciativa, mas a mentira foi patente. Livaniuska foi contratada como atriz por uma emissora de TV e ficou célebre.Daí por diante ela repetiu a carreira de Demétrio, noivando e desmanchando com inúmeros cava-lheiros. No fim de cinco anos, Livaniuska e Demétrio casaram-se para sempre, como era fácil de pre-ver, mas ninguém previu.

3. Leia atentamente o texto a seguir, buscando visualizar nele os elementos da dissertação já discutidos. Complete o proposto na sequência:

Uso de álcool na gravidez traz riscos ao bebê

A ingestão de álcool durante a gravidez pode acarretar uma série de problemas na formação do feto. A manifestação mais severa é a Síndrome Alcoólica Fetal (SAF) que causa desde malformações craniofaciais, retardamento no crescimento até a incapacidade de desenvolvimento mental.

O fato de um grande número de mulheres beberem socialmente e a maioria das gestações não serem planejadas aumentam o risco de ocorrer a SAF. “Pode haver um desconhecimento do estado gestacional nos primeiros meses. Isso implica muitas vezes a exposição do embrião ao etanol, princi-palmente no período mais crítico e sensível da gestação”, explica Cristiana Corrêa, professora da Facul-dade de Ciências Farmacêuticas, da Pontifícia Universidade Católica de Campinas.

Geralmente, a incidência da SAF oscila entre 0,4 a 3,1 casos por 1000 nascimentos. Entre os filhos de mães alcoólatras estima-se que 30% a 40% dos recém nascidos venham a apresentar a doença. Ainda não foi definida a quantidade mínima de álcool ingerida capaz de afetar o feto.

As maiores conseqüências da SAF são: restrição no crescimento, com decréscimo inferior a 10% no peso e no comprimento; envolvimento do Sistema Nervoso Central, apresentando, entre outros problemas, disfunção comportamental, hiperatividade, dificuldade de adaptação social, e anomalias faciais.

A prevenção da SAF, na opinião de Corrêa, só será possível através de um sistema articulado de intervenção terapêutica na mãe alcoólatra, programas educacionais nas comunidades, identificação precoce da doença e acompanhamento das crianças afetadas pela síndrome. (CASTELÕES, 2002).

Assunto: ___________________________________________________Delimitação: ________________________________________________Objetivo: __________________________________________________Tópico frasal: ______________________________________________

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4 CONSTITUIÇÃO DO TEXTO

Relembrando a Noção de Texto

Caro(a) aluno(a),

Para que acompanhe bem o conteúdo daqui para frente, vamos nos lembrar das noções de texto e textualidade aprendidas no início deste material.

Texto e Textualidade

Como vimos, texto, etimologicamente, quer dizer tecido, ou seja, trata-se de uma trama na qual se devem enredar as palavras.

Já a Linguística do Discurso procura estudar os textos como “manifestações linguísticas produ-zidas por indivíduos concretos em situações con-cretas, sob determinadas condições de produção” (KOCK, 1997, p. 11), entendendo-os numa situação interacionista.

Para Val (1999, p. 3), texto (escrito ou falado) é a “unidade linguística comunicativa básica” utiliza-da pelos falantes de uma língua para se comunicar e será bem compreendido quando comportar três aspectos fundamentais: o pragmático (atuação in-formacional e comunicativa), o semântico-concei-tual (relacionado à compreensão, à cognição, por-tanto, da coerência) e o formal (de sua organização, ou seja, de sua coesão).

Por outro lado, discurso é mais abrangente e, de acordo com a Análise do Discurso de linha francesa, ele é entendido como o espaço em que emergem as significações (BRANDÃO, 2002). Mas, o que comporta essa significação? Primeiramente, temos de entender que o discurso de que tratamos se faz na e pela língua, ou seja, as significações se-rão observadas em sua formação discursiva, soma-da às suas condições de produção, norteadas pela sua formação ideológica.

Dessa forma, a noção de discurso pode ser vista como múltipla e analisá-lo é, de acordo com Foucault (1990, p. 187), “fazer desaparecer e reapa-recer as contradições é mostrar o jogo que jogam entre si; é manifestar como pode exprimi-las, dar--lhes corpo, ou emprestar-lhes uma fugidia apa-rência.” Isso quer dizer que analisar um discurso é buscar esses elementos de dispersão, os diversos discursos que comporta, os textos que com ele dia-logam.

E há várias maneiras de os textos conversa-rem entre si e com os discursos, como veremos a seguir.

DicionárioDicionário

Linguística é a ciência da linguagem.

AtençãoAtenção

Texto pode ser compreendido como uma unidade de sentido que depende de uma série de fatores, ligados tanto à coerência quanto à coesão.

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De acordo com Kristeva (1974, p. 64) “todo texto se constrói como um mosaico de citações. Todo texto é absorção e transformação de um ou-tro texto” , ou seja, como fala Bakhtin (1988), ne-nhum discurso é neutro, mas sempre formado por outros que lhe foram anteriores no tempo, pois é produzido por um sujeito descentrado, assumindo diferentes vozes sociais, que o tornam um sujeito histórico e ideológico.

Fiorin (2003, p. 32) ensina que “a intertextuali-dade é o processo de incorporação de um texto em outro, seja para reproduzir o sentido incorporado, seja para transformá-lo.” Já Brandão (2002, p. 76) aponta dois tipos de intertextualidade: uma inter-na, na qual um “discurso se define por sua relação com o discurso do mesmo campo, podendo diver-gir ou apresentar enunciados semanticamente vi-zinhos aos que autoriza sua formação discursiva”; e uma externa, “na qual o discurso define uma certa relação com outros campos”.

Kock (1986) também aponta a possibilidade de se observar a intertextualidade de duas manei-ras: em sentido amplo, que ocorre implicitamen-te, ou seja, a identificação dos textos em diálogo

é conseguida por meio de atenta observação por parte do leitor, porque o novo texto mantém al-guns aspectos, tanto formais quanto de sentido, dos originais; em sentido estrito, que pode apare-cer tanto implicitamente – por meio da divulga-ção de sua ideologia e retórica – quanto explicita-mente – por meio da revelação direta do texto do qual se origina.

Paulino, Walty e Cury (1997) indicam oito possibilidades de a intertextualidade se revelar, isto é, por meio de epígrafe, citação, referência, alu-são, paráfrase, paródia, pastiche e tradução. Esses autores entendem a sociedade como uma grande rede intertextual e dão ao espaço cultural um lugar de relevância, pois cada produção dialoga necessa-riamente com outras.

Fiorin (2003) e Sant’Anna (1988) apontam di-ferentes maneiras de a intertextualidade ocorrer. O primeiro identifica três processos: a citação, a alu-são e a estilização; o segundo, quatro: a paródia, a paráfrase, a estilização e a apropriação. Como é a proposta de Sant’Anna que mais atende aos nossos propósitos, estudá-la-emos pormenorizadamente a seguir.

4.1 Intertextualidade

4.2 Paródia

Todo mundo sabe o que é paródia? Vamos ver o que dizem os estudiosos da Linguística Tex-tual.

Fávero (2003, p. 49) vai à etimologia para con-ceituar o termo: “Paródia significa canto paralelo (de para = ao lado de e ode = canto), incorporan-do a idéia de uma canção, cantada ao lado de ou-tra, como uma espécie de contracanto.” Sant’Anna (1988) completa, asseverando que ela tem uma função catártica, funcionando como contraponto com os momentos de muita dramaticidade. Além disso, a paródia faz uma reapresentação daquilo que havia sido recalcado, sendo uma nova e diferente

maneira de ler o convencional, ou seja, é um processo de liberação do discurso, uma tomada de consciência crítica.

Parodia-se um texto para negá-lo, já que a linguagem, nesse tipo de produção, é dupla: as vozes que dialogam nos dois discursos se cruzam tanto horizontal (produtor x receptor) quanto ver-ticalmente (texto x contexto) (FÁVERO, 1999).

Temos, em nossa literatura, muitos exem-plos de paródia. Jô Soares, na época de cassação do então presidente Fernando Collor de Melo, uti-lizando-se da mesma estrutura da nossa Canção do exílio, escreveu:

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Canção do Exílio às Avessas

Jô Soares

Minha Dinda tem cascatas Onde canta o curió

Não permita Deus que eu tenha De voltar pra Maceió.

Minha Dinda tem coqueiros Da Ilha de Marajó

As aves, aqui, gorjeiam Não fazem cocoricó.

  O meu céu tem mais estrelas Minha várzea tem mais cores.

Este bosque reduzido deve ter custado horrores. E depois de tanta planta,

Orquídea, fruta e cipó, Não permita Deus que eu tenha

De voltar pra Maceió.  [...] 

No meio daquelas plantas Eu jamais me sinto só.

Não permita Deus que eu tenha De voltar pra Maceió.

Pois no meu jardim tem lagos Onde canta o curió

E as aves que lá gorjeiam São tão pobres que dão dó.

  Minha Dinda tem primores

De floresta tropical. Tudo ali foi transplantado,

Nem parece natural. Olho a jabuticabeira

dos tempos da minha avó. Não permita Deus que eu tenha

De voltar pra Maceió.  

Até os lagos das carpas São de água mineral.

Da janela do meu quarto Redescubro o Pantanal.

Também adoro as palmeiras Onde canta o curió.

Não permita Deus que eu tenha De voltar pra Maceió.

  Finalmente, aqui na Dinda,

Sou tratado a pão-de-ló. Só faltava envolver tudo

Numa nuvem de ouro em pó. E depois de ser cuidado

Pelo PC, com xodó, Não permita Deus que eu tenha

De acabar no xilindró.

Recordemo-nos do original, de Gonçalves Dias:

Canção do Exílio

Gonçalves Dias

Minha terra tem palmeiras, Onde canta o sabiá;

As aves, que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá.

  Nosso céu tem mais estrelas,

Nossas várzeas têm mais flores, Nossos bosques têm mais vida,

Nossa vida mais amores.  

Em cismar, sozinho, à noite, Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras,

Onde canta o sabiá.  

Minha terra tem primores, Que tais não encontro eu cá;

Em cismar – sozinho, à noite – Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras,

Onde canta o sabiá.  

Não permita Deus que eu morra, Sem que eu volte para lá;

Sem que desfrute os primores Que não encontro por cá;

Sem qu’inda aviste as palmeiras, Onde canta o sabiá.

O dialogismo entre os textos é inquestioná-vel, revelando, também, a característica primordial da paródia: temos aqui cantos paralelos aos de Gonçalves Dias, mas, ao mesmo tempo em que fa-zem com que nossa memória textual retome o ori-ginal, seu lado humorístico faz com que eles nunca se encontrem, como imagens invertidas num espe-lho (SANT’ANNA, 1988).

Num texto acadêmico, podemos fazer uso da paródia quando, especialmente, partindo de um texto original, inauguramos outro paradigma, uma evolução do primeiro, numa oposição, numa crítica tecida com humor e ironia, expondo sua contrai-deologia.

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Ex.: (1) Texto fonte:

Salários têm melhores reajustes em 10 anosBalanço divulgado pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos) mostra que, em 2005, 72% dos reajustes salariais foram maiores do que a inflação, melhor desempenho já constatado.

Fonte: Adaptado de www.pt.org.br.

(2) Texto derivado:

Eles conseguem fazer com que seus salários tenham melhores reajustes em 10 anos. Balanço divulgado pelo Dieese (Departamento de Infâmias, Enrolação e Embuste Sem Escrúpulos) mostra que, em 2005, 72% dos reajustes salariais dos políticos foram maiores do que a inflação, maior roubalheira e sem-vergonhice já constatada.

Como se pode perceber, embora os dois textos mantenham um diálogo entre si, a paródia subverte o sentido do primeiro, retoma-o para o negar, para o ironizar, caminhando ao seu lado como se fosse sua imagem invertida. Diferente é a paráfrase, como veremos a seguir.

Sant’Anna (1988) afirma que o termo ‘para--phrasis’ (que já no grego significava continuidade ou repetição de uma sentença) pode ser conside-rado, grosso modo, uma reafirmação, por meio de outras palavras, do mesmo sentido de uma obra escrita, ou seja, pode-se considerar a paráfrase a tradução ou a transcrição de um texto primitivo.

Nesse sentido, Derrida (2002) ensina que o tradutor deve resgatar, absolver, resolver o tex-to original e quando “cria” é como um pintor que “copia” seu “modelo”. Por sua vez, Benjamin (1996, p. 108) diz que “a natureza engendra semelhanças”, bastando, para entender isso, pensar-se na mímica.

Portanto, diferentemente da paródia, a pará-frase é a frase paralela, ou seja, uma releitura do original. Se, na primeira, temos a ruptura, a crítica sutil; na segunda, ficamos à frente de uma releitura, de uma reprodução.

Para que possamos compreendê-la melhor, tomemos como exemplo a mesma Canção do exílio e vamos ver algumas paráfrases elaboradas a partir dela:

I – Canção do Exílio (Casimiro de Abreu)

Se eu tenho de morrer na flor dos anosMeu Deus! não seja já;

Eu quero ouvir na laranjeira, à tarde,Cantar o sabiá!

Dá-me os sítios gentis onde eu brincava.Lá na quadra infantil;

Dá que eu veja uma vez o céu da pátria,O céu do meu Brasil!

Se eu tenho de morrer na flor dos anosMeu Deus! não seja já!

Eu quero ouvir na laranjeira, à tarde,Cantar o sabiá!

Quero ver esse céu da minha terraTão lindo e tão azul!

E a nuvem cor-de-rosa que passavaCorrendo lá do sul!

4.3 Paráfrase

DicionárioDicionário

Paráfrase: “(1) sf. interpretação ou tradução em que o autor procura seguir mais o sentido do texto que sua letra: metafrase; (2) interpretação, explicação ou nova apresentação de um texto que visa torná-lo mais inteligível ou que sugere novo enfoque para o seu sentido.”

(HOUAISS, 2001, p. 2127)

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Quero dormir à sombra dos coqueiros,As folhas por dossel;

E ver se apanho a borboleta branca,Que voa no vergel!

Quero sentar-me à beira do riachoDas tardes ao cair,

E sozinho cismando no crepúsculoOs sonhos do porvir!

Se eu tenho de morrer na flor dos anos,Meu Deus! não seja já;

Eu quero ouvir na laranjeira, à tarde,A voz do sabiá!

Quero morrer cercado dos perfumesDum clima tropical,

E sentir, expirando, as harmoniasDo meu berço natal!

As cachoeiras chorarão sentidasPorque cedo morri,

E eu sonho no sepulcro os meus amoresNa terra onde nasci!

Se eu tenho de morrer na flor dos anos,Meu Deus! não seja já;

Eu quero ouvir na laranjeira, à tarde,Cantar o sabiá!

II – Canção do Exílio (Mário Quintana)

Minha terra não tem palmeirasMinha terra não tem palmeiras...

E em vez de um mero sabiá,Cantam aves invisíveis

Nas palmeiras que não há.

III - Canção do Exílio (Mário de Andrade)

Não permita Deus que eu morraSem que volte pra São Paulo

Sem que veja a Rua 15E o progresso de São Paulo

André (1988) assevera que muitas são as for-mas como utilizamos a paráfrase no texto acadê-mico:

a) podemos reproduzir, com outras pala-vras, o mesmo pensamento do texto, se-guindo a ordem do discurso original;

b) podemos reproduzir o texto, com outras palavras, mas buscando esclarecer, para os leitores de outro nível (nesse caso, portanto, motivado pelos objetivos), vo-cábulos ou expressões que julgamos im-portante elucidar;

c) podemos, ao reproduzir o texto, ampliar as informações sobre ele, seu autor, a obra, o estilo etc., na medida em que es-sas informações sejam cabíveis e relevan-tes para sua melhor compreensão;

d) podemos, finalmente, fazer um decal-que, ou seja, seguindo a estrutura do texto original, substituir a ideia inicial por outra que com ela esteja associada.

Assim, podem ser produzidos diversos tipos de textos acadêmicos, como fichamentos, resumos e resenhas de textos, como veremos adiante.

Vamos agora para outra forma como pode se dar a intertextualidade.

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A palavra ‘estilização’ deriva de estilo que, de acordo com Houaiss (2001, p. 1254) significa “o modo pelo qual um indivíduo usa os recursos da língua para expressar, verbalmente ou por escrito, pensamentos, sentimentos, ou para fazer declara-ções, pronunciamentos etc.”

Então, Sant’Anna (1988) define estilização como uma forma de tomar aquele estilo de outrem, estabelecendo um desvio tolerável e produzindo um meio do caminho entre a paródia e a paráfrase. Já para Fiorin (2003),

a estilização é a reprodução do conjunto dos procedimentos do ‘discurso de ou-trem’, isto é, do estilo de outrem. Estilos de-vem ser entendidos aqui como o conjunto das recorrências formais tanto no plano da expressão quanto no plano do conteúdo (manifestado, é claro) que produzem um efeito de sentido de individualização.

Esclarece, ainda, Fiorin que a estilização pode ser polêmica ou contratual. Entendemos que a esti-lização, em sentido estrito, pode ser uma forma de alusão, já que, ao citar, temos uma menção ao dis-curso de outrem, de maneira indireta, ou seja, por meio da utilização do estilo do texto de origem.

Vamos ver, agora, a estilização que Murilo Mendes elaborou a partir da Canção de Exílio de Gonçalves Dias:

Canção do Exílio

Minha terra tem macieiras das Califórnia onde cantam gaturamos de Veneza.

Os poetas da minha terra são pretos que vivem em torres de ametista,

os sargentos do exército são monistas, cubistas, os filósofos são polacos vendendo a prestações.

A gente não pode dormir com os oradores e os pernilongos.

Os sururus em família têm por testemunha a Gioconda. Eu morro sufocado em terra estrangeira.

Nossas flores são mais bonitas nossas frutas mais gostosas

mas custam cem mil réis a dúzia. Ai quem me dera chupar uma carambola de verdade

e ouvir um sabiá com certidão de idade!

Quais elementos, no texto acima, nos indi-cam tratar-se de uma estilização? Ao aludir ao tex-to de Gonçalves Dias, o autor manteve, em vários momentos, a mesma construção sintática do texto de origem.

Ex.: sujeito + verbo transitivo direto + obje-to direto (oração principal):

Minha terra tem palmeiras

Minha terra tem macieiras da Califórnia.

Oração subordinada adjetiva:

Onde canta o sabiá

Onde cantam gaturamos de Veneza.

Além disso, é mantido o presente do indicati-vo e, quanto ao léxico, observamos que o texto de Murilo Mendes insere o cotidiano no esquema da nostalgia e que o efeito poético de distanciamento do modelo que obtém não elide, contudo, a reve-rência – irônica é verdade – à matriz da saudade nacional, tornando-se, ao mesmo tempo, polêmico e contratual.

4.4 Estilização

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4.5 Apropriação

Sant’Anna (1988) ensina que essa forma de intertexto é bastante recente na crítica literária e chegou à Literatura por meio das Artes Plásticas, especialmente pelas experiências dadaístas. Tam-bém conhecida como assemplage (reunião, agru-pamento), é muito próxima da colagem, ou seja, trata-se da reunião de materiais diversos para a composição de algo.

Embora recente seu estudo, essa técnica é, de acordo com o autor, antiquíssima, pois usa de um artifício muito conhecido na elaboração artística: o deslocamento, que, por meio do desvio, provoca um estranhamento.

A apropriação pode ser de dois tipos:

a) de primeiro grau: quando é o próprio objeto que entra em cena;

b) de segundo grau: quando ele é repre-sentado, traduzido para outro código.

O chargista e humorista Caulus fez o sabiá voar dos versos saudosistas para a denúncia eco-lógica, no grafismo leve e tocante do exílio de sua própria palmeira:

Em outras palavras, o artista apropriou-se do original e o transpôs para outro código, fazendo surgir, como disse Maserani (1995) um novo texto. Nesse sentido, podemos dizer que, ao fazer uso da apropriação, “o artista está querendo desarrumar, inverter, interromper a normalidade cotidiana e

chamar a atenção para alguma coisa.” (SANT’ANNA, 1988, p. 45).

José Paulo Paes, no melhor estilo do sinte-tismo antidiscursivo das grandes vanguardas mo-dernistas, fez o resumo da poesia, despojando-a de acessórios:

Fonte: www.comcienci0a.br/carta/migracoes.

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Lá ?

Ah !

Sabiá...

Papá...

Maná...

Sofá...

Sinhá...

Cá ?

Bah !

Estudando os quatro elementos revistos, Sant’Anna (1988) uniu-os em dois conjuntos, che-gando à seguinte correlação:

Paráfrase Paródia

Estilização Apropriação

(conjunto das similaridades) (conjunto das diferenças)

Saiba maisSaiba mais

Paráfrase é um texto paralelo é paródia é um contracanto!

4.6 Resumo do Capítulo

Caro(a) aluno(a),

Neste capítulo estudamos o que é intertextualidade, avaliando as definições de vários estudiosos sobre o assunto. Depois, ancorados em Sant’anna (1988), adotamos sua proposta. Esse autor, diz que intertextualidade pode manifestar-se de quatro maneiras distintas: por paráfrase, por paródia, por estili-zação e por apropriação.

Vamos retomar agora essas noções, para que você fixe bem o conteúdo.

4.7 Atividade Proposta

1. Responda:

a) O que é intertextualidade?

b) Compare: paródia x paráfrase.

Agora, veremos como esses elementos interagem na construção do texto acadêmico.

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5 O TEXTO ACADÊMICO

Caro(a) aluno(a),

Os textos produzidos no mundo acadêmico podem ser feitos ora por meio da similaridade, ora

da diferença. Veremos como se comportam e como produzir: o fichamento, o resumo e a resenha. Va-mos ver, agora, o que compreende cada um deles.

5.1 Fichamento

Observe:

Para que fichemos qualquer obra, é necessá-ria, antes de tudo, uma leitura atenta daquilo que se deseja fichar. Ruiz (1980, p. 70) aconselha:

Então, para que façamos um bom fichamen-to, é preciso seguir algumas etapas:

a) ler atentamente uma primeira vez o tex-to na íntegra, grifando as palavras desco-nhecidas e procurando-as no dicionário;

b) ler uma segunda vez, munidos com lápis, para sublinhar os trechos mais importan-tes.

Andrade e Henriques (1992) informam que é importante sublinhar um texto, para:

a) assimilá-lo melhor;

b) memorizá-lo;

c) preparar uma revisão rápida do assunto;

d) aplicar em citações;

e) resumir, esquematizar ou fichar.

De acordo com esses autores, a técnica de sublinhar compreende, depois das leituras sugeri-das:

a) identificação da ideia-núcleo de cada pa-rágrafo;

b) indicação, com uma linha vertical colo-cada à margem, dos tópicos mais impor-tantes;

c) colocação de um ponto de interrogação à margem do texto, para indicar casos de discordância e passagens obscuras;

d) leitura do que foi sublinhado para ver se há sentido;

e) reconstrução do texto, tomando os tre-chos sublinhados como base.

Os autores também recomendam que: [...] há de se sublinhar o estritamente necessário, evitan-do-se argumentações, exemplificações, citações etc. (ANDRADE; HENRIQUES, 1992).

“Não basta ir às aulas para garantir pleno êxito nos estudos. É preciso ler e, principalmente, ler bem. Quem não sabe ler, não saberá resumir, não saberá tomar apontamentos e, final-mente, não saberá estudar.”

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Depois desse primeiro passo, procede-se, en-tão, ao fichamento.

Hoje, com a facilidade do computador, pode-mos utilizar uma pasta especialmente aberta para salvar esse tipo de documento. Quem não dispõe desse recurso, deve usar fichas, vendidas em pape-laria em três formatos: 7,5 x 12,5; 10,5 x 15,5 e 12,5 x 20,5. A de tamanho médio, no nosso ponto de vis-ta, é a ideal, porque cabe numa caixa de sapatos, por exemplo, se a quisermos arquivar.

Devemos utilizar uma ficha (ou uma página de computador) para cada tópico ou assunto, cui-dadosamente anotado. Deve-se, também, evitar escrever no verso das fichas, por uma questão de praticidade.

A estrutura da ficha deve ser a seguinte:

a) cabeçalho, com a identificação do assun-to (título geral, título específico, número do título etc.);

b) indicação da fonte da qual se extrai o fi-chamento, de acordo com as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT);

c) corpo da ficha, compreendendo anota-ções ou comentários.

Exemplo:

Título geral (da obra) Título específico (do capítulo) Nº (da ficha)

Fonte bibliográfica: (de acordo com a ABNT)

Corpo: (ASSUNTO)

De acordo com os propósitos, a ficha pode ser:

1. bibliográfica: a que contém, além da bibliografia, um pequeno comentário da obra ou de parte da obra;

Exemplo:

A inter-ação pela linguagemIntrodução:

As diferentes concepções de linguagemN° 1.0

KOCK, Ingedore Villaça. A inter-ação pela linguagem. São Paulo: Contexto, 1997.

No capítulo introdutório desta obra, a autora discorre a respeito das várias concepções de lin-guagem, apondo a Linguística do Sistema com a Linguística do Discurso.

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2. de citação: a que contém a transcrição fiel de trechos ou frases da obra consultada, normal-mente, aquelas grifadas como as mais importantes na instância da leitura. Na citação, deve-se observar:

a) o uso de aspas;

b) a referência da página da qual foi retirada a citação;

c) o uso de [...] para marcar que o trecho foi recortado.

Exemplo:

A inter-ação pela linguagemIntrodução:

As diferentes concepções de linguagemN° 1.0

KOCK, Ingedore Villaça. A inter-ação pela linguagem. São Paulo: Contexto, 1997.

“A linguagem humana tem sido concebida, no curso da História, de maneiras bastante diversas, que podem ser sintetizadas em três principais:

a) como representação [...]

b) como instrumento [...]

c) como forma [...].”

(p. 9)

3. de resumo: é a que contém uma paráfrase do trecho lido. O resumo pode ser apresentado como esboço ou como sumário:

a) como esboço: apresenta a mesma estrutura do texto citado, com as palavras-chave, títulos e subtítulos, procedendo-se a um resumo dele;

b) como sumário: topicalizam-se os itens julgados mais relevantes.

Exemplos:

a) Como esboço:

A inter-ação pela linguagemIntrodução:

As diferentes concepções de linguagemN° 1.0

KOCK, Ingedore Villaça. A inter-ação pela linguagem. São Paulo: Contexto, 1997.

A autora, nesta Introdução, apresenta, sintetizadas, três das principais maneiras como vem sendo concebida a linguagem humana, na História, ou seja, como representação, como instrumento e como forma.

(p. 9)

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b) Como sumário:

A inter-ação pela linguagemIntrodução:

As diferentes concepções de linguagemN° 1.0

KOCK, Ingedore Villaça. A inter-ação pela linguagem. São Paulo: Contexto, 1997.

Linguagem humana: História: concepção de três maneiras bastante diversas:

a) como representação...

b) como instrumento...

c) como forma...

(p. 9)

Você sabe o que é resumir?

Resumir um texto ensina a relacionar as ideias, entender com clareza o assunto e perceber o sentido próprio do figurado que os vocábulos podem adquirir numa produção textual.

Para se realizar um resumo, seguem-se os mesmos passos do fichamento, isto é, antes de tudo:

a) ler atentamente uma primeira vez o tex-to na íntegra, grifando as palavras desco-nhecidas e procurando-as no dicionário;

b) ler uma segunda vez, munidos com lápis, para sublinhar os trechos mais importan-tes.

E mais:

c) ficar atento para as palavras de ligação que organizam de forma lógica o racio-cínio, tais como: assim sendo, além do mais, pois, em decorrência etc.; e as que modificam os ficar atento enunciados: mais que tudo, não, nunca etc.

Quando temos de resumir um texto, por exemplo, o ideal é que o façamos por partes, ou seja, que elaboremos o resumo de cada capítulo.

AtençãoAtenção

De toda maneira, quando fazemos um fi-chamento, estamos fazendo uma peque-na paráfrase do texto.

5.2 Resumo

AtençãoAtenção

Resumir é, de acordo com André (1988, p. 105) “reproduzir em poucas palavras o que o autor expressou amplamente”. Tra-ta-se de um treinamento essencial para quem deseja comunicar-se de forma or-ganizada, pois quem resume um texto é levado a depreender o que lhe é essen-cial e o que lhe é secundário.

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O bom resumo deve, de acordo com André (1988, p. 106), “conservar os traços do estilo do tex-to original, como por exemplo, nível de linguagem, ironia, humor, vivacidade, etc.” Por outro lado, não devemos opinar ou criticar: o procedimento é de resumo e não de resenha ou de interpretação.

Quanto à extensão, normalmente esta é esta-belecida por quem o faz ou por quem o solicita, de-pendendo dos objetivos visados, mas, normalmen-te, um bom resumo contém de 10 a 15 por cento do texto original.

A escola e sua finalidade

A finalidade da escola é educar e ensinar. Ensinar é ministrar conhecimento e experiências. “A educação é ação formadora da personalidade humana, que fa-culta ao indivíduo alcançar, com sua atividade, a meta de sua vida”.

A educação e o ensino devem ter um escopo: formar integralmente o ho-mem (no espírito e no corpo) a fim de que consiga, na luta de todos os dias, viver feliz e satisfeito por saber que trilha o melhor caminho com os melhores recursos, dentro do bem-estar da comunidade.

Embora a função específica da escola seja ensinar, cumpre-lhe também, e por lei, educar. A escola que não educa é perniciosa (ANDRÉ, 1988).

Vamos agora, proceder ao resumo, seguindo as etapas especificadas:

1. Leitura atenta e a técnica de sublinhar as palavras-chave:

A finalidade da escola é educar e ensinar. En-sinar é ministrar conhecimento e experiências. “A educação é ação formadora da personalidade hu-mana, que faculta ao indivíduo alcançar, com sua atividade, a meta de sua vida”.

A educação e o ensino devem ter um esco-po: formar integralmente o homem (no espírito e no corpo) a fim de que consiga, na luta de todos os dias, viver feliz e satisfeito por saber que trilha o melhor caminho com os melhores recursos, dentro do bem-estar da comunidade.

Embora a função específica da escola seja ensinar, cumpre-lhe também, e por lei, educar. A escola que não educa é perniciosa.

2. Resumo por parágrafos:

1º a finalidade da escola é educar: au-xiliar o indivíduo a alcançar seus ob-jetivos; e ensinar: ministrar conheci-mento e experiências;

2º a educação e o ensino: formar inte-gralmente o homem;

3º embora a função da escola seja, an-tes de tudo, ensinar, tem também (por lei), de educar. A escola que as-sim não age é perniciosa.

3. Redação final:

A finalidade da escola é educar, ou seja, auxi-liar o indivíduo a alcançar seus objetivos; e ensinar, isto é, ministrar conhecimentos e experiências. A educação e o ensino devem formar integralmente

Exemplo de resumo:

a) Texto:

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o homem. Embora a função da escola seja, antes de tudo, ensinar, tem ela também, e por lei, de educar. A escola que assim não age é perniciosa.

Quem desejar, pode colocar introduções no resumo:

No texto A escola e sua finalidade, de Hilde-brando A. André, publicado no livro Curso de reda-ção, o autor discute a finalidade da escola. Nele, o autor afirma que...

Como já dissemos, resumir um texto é fazer, também, uma pequena paráfrase dele, entendeu? Esperamos que sim!

5.3 A Resenha

O que é resenha?

Várias são as definições dadas a essa ativida-de: “É uma síntese geral, informativa e avaliativa sobre livros, capítulos, artigos das mais diferentes áreas do conhecimento e que serve, por conse-guinte, para orientar as opções e o interesse do leitor [...].” (BARROS; LEHFELD, 2000, p. 22); “[...] é uma descrição minuciosa que compreende certo número de fatos: é a apresentação do conteúdo de uma obra. Consiste na leitura, no resumo, na crítica e na formulação de um conceito de valor do livro feitos pelo resenhista.” (LAKATOS; MARCONI, 1992, p. 89); “[...] é uma síntese ou um comentário dos livros publicados feitos em revistas especializadas das várias áreas da ciência, das artes e da filosofia.” (SEVERINO, 2001, p. 131).

Entre as citadas, depreendemos em comum o fato de esse tipo de trabalho tratar-se de uma síntese, ou resumo avaliativo, não importando o nome que se dê a ela: resenha crítica (que nos pa-rece redundante), resenha descritiva ou, simples-mente, resenha.

Saiba, prezado(a) aluno(a), que saber fazer uma boa resenha é bastante importante na vida acadêmica, pois é através dela que se tem o primei-ro contato com um livro, um texto, um filme etc. Uma resenha bem elaborada pode fazer o leitor comprar uma determinada obra ou assistir a um filme específico.

Severino (2001) informa que há dois tipos de resenha: a informativa, aquela que apenas expõe o conteúdo do texto; e a crítica, aquela por meio da qual manifestamos nosso critério de valor. Já men-

cionamos alhures que, em vista do que foi concei-tuado relativamente ao termo, julgamos ser a re-senha eminentemente crítica, podendo, isso sim, somar-se uma descrição, resultando a resenha descritiva. Vamos ver uma de cada vez.

Resenha Crítica

Como também já mencionamos, não julga-mos ser necessário o uso de crítica à resenha, pois lhe cabe por definição esse papel, chamemo-la simplesmente resenha. Então, vejamos.

Sua organização é lógica: começa-se com um cabeçalho, no qual são transcritos os dados bi-bliográficos da obra; segue-se um parágrafo com uma breve informação sobre o autor do texto; na sequência, deve-se introduzir o texto, com um pa-rágrafo que sintetize a obra, escrito de forma bas-tante objetiva e contendo seus pontos principais e forma de organização. Nos parágrafos subsequen-tes, far-se-á uma síntese de cada capítulo da obra (ou parágrafo do texto), parte por parte, destacan-do-se “o assunto, os objetivos, a idéia central, os principais passos do raciocínio do autor.” (SEVERI-NO, 2001, p. 132).

O texto deve ser finalizado com um comentá-rio crítico elaborado pelo resenhista, contendo os aspectos positivos e negativos do objeto resenha-do. Também é possível que, durante a apresenta-ção da síntese, já se façam comentários críticos.

Como o objetivo da resenha é apontar, de maneira direta e cortês, o assunto discutido no texto, como assunto, forma de abordagem, teoria, profundidade teórica etc., mostrando qualidades e

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falhas de informação, não se deve tecer comentá-rios sobre o autor do texto.

Para um estudante de curso superior, a ela-boração de resenhas favorece uma melhor com-preensão da matéria e é um exercício de síntese de muito valor, por isso, exercite-se!!!

Resenha Descritiva

Além do já visto, na resenha descritiva, de-ve-se somar um parágrafo descritivo da obra, infor-mando, por exemplo:

a) editora;

b) número de edição;

c) páginas;

d) se obra traduzida, o nome dos traduto-res;

e) organização.

Requisitos básicos para se resenhar

Para a elaboração de um texto valoroso, de-ve-se:

a) ter conhecimento da obra;

b) ter poder de síntese;

c) imprimir um olhar crítico sobre ele;

d) manter-se fiel ao pensamento do autor.

5.4 Resumo do Capítulo

Caro(a) aluno(a),

Neste capítulo, verificamos os mais recorrentes tipos de textos produzidos no mundo acadêmico: o resumo, o fichamento e a resenha. Vimos que o primeiro é tão somente uma paráfrase do texto, reduzido em, mais ou menos, trinta por cento. O segundo, o fichamento, é uma sinopse do texto e pode ser efe-tuado de variadas formas (bibliográfico, de citação e de resumo). O último é uma paráfrase comentada, ou seja, crítica.

Agora, vamos checar sua aprendizagem.

5.5 Atividade Proposta

1. Leia o texto a seguir e o resuma com muita atenção, seguindo todos os passos propostos.

EDUCAÇÃO AMBIENTAL – CONCEITONo ambiente urbano das médias e grandes cidades, a escola, além de outros meios de comunicação é responsável pela educação do indivíduo e conseqüentemente da sociedade, uma vez que há o repas-se de informações, isso gera um sistema dinâmico e abrangente a todos.A população está cada vez mais envolvida com as novas tecnologias e com cenários urbanos perden-do desta maneira, a relação natural que tinham com a terra e suas culturas. Os cenários, tipo shopping center, passam a ser normais na vida dos jovens e os valores relacionados com a natureza não tem mais pontos de referência na atual sociedade moderna.A educação ambiental se constitui numa forma abrangente de educação, que se propõe atingir todos os cidadãos, através de um processo pedagógico participativo permanente que procura incutir no educando uma consciência crítica sobre a problemática ambiental, compreendendo-se como crítica a capacidade de captar a gênese e a evolução de problemas ambientais. (AMBIENTE BRASIL, 2011).

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Vamos, agora, entender um pouquinho como é a produção de texto no mundo comercial. Leia com atenção.

Como todo texto, o texto comercial é o veícu-lo de comunicação no mundo dos negócios. É atra-vés dele que uma empresa veicula suas ideias, suas ideologias, sua forma de contatar os clientes. Ele reflete, portanto, a imagem daquele que dele faz

uso, para um público determinado e previamente conhecido. Seu campo de ação, portanto, é restrito, mas, se bem elaborado, é um veículo de comunica-ção bastante eficaz.

São vários os gêneros de texto comercial: car-tas, relatórios, informes, comunicados etc. Devido à especificidade deste trabalho, trataremos do pri-meiro: cartas comerciais.

6 O TEXTO COMERCIAL

6.1 As Cartas Comerciais

Apesar do grande desenvolvimento tecno-lógico que temos assistido recentemente, a carta comercial continua sendo um importante veículo de comunicação entre empresas.

A carta surtirá grande efeito a quem se dirigir, se ela,

sem desprezar os seus aspectos imedia-tistas, for vazada em linguagem precisa e adequada, dotada de ritmo frasal, isenta dos bolorentos lugares-comuns, criativa, distante de estereótipos ou dos modelos pré-fabricados, dispostas suas frases de modo tal que o clímax da mensagem se coloque dentro do ângulo de visão do lei-tor. (MARTINS DE BARROS, 1977, p. 17).

Uma carta comercial estará bem escrita, se:

a) não for verborrágica;

b) não for rastejante;

c) não for vazada em vocabulário difícil ou frases arrevesadas;

d) não estiver em linguagem descuidada;

e) não estiver com aspecto descuidado.

Martins de Barros (1977, p. 25) ensina que “o bom redator de empresa tem de fixar esses as-pectos [...] Uma carta bem escrita, bem apresenta-da, inovada, não é só testemunho de finesse, mas (também e sobretudo) um extraordinário agente de fixação da imagem da empresa emissora.”

AtençãoAtenção

Uma boa carta comercial deve ter como características:

a) originalidade;b) persuasão;c) afabilidade;d) boa apresentação;e) precisão de linguagem e redação.

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A composição da Carta Comercial

São as seguintes as partes que compõem, normalmente, uma carta comercial:

a) data;

b) destinatário (completo: nome, endereço, CEP, cidade, estado);

c) evocação;

d) assunto;

e) despedida;

f ) assinatura.

Exemplo:

São Paulo, 11 de fevereiro de 2007.

Ilmo. Sr. José Roberto da Silva

Diretor-Gerente das

Indústrias Silva Ltda.

Rua Roberto, 32

São Paulo – Capital

CEP 00000-010

Prezado senhor,

De acordo com a proposta apresentada por V.Sª à nossa empresa, solicitamos enviar, com a máxima urgência, os produtos a seguir relacionados, de acordo com o catálogo de janei-ro de 2007, conforme o especificado:

Informamos que o pagamento dessa mercadoria será feito contra entrega, em nosso escritório, Rua Antonia, 22 – São Paulo, Capital.

Atenciosamente,

Márcia A. G. Molina

Diretora do Departamento de Compras

Código Quantidade Especificações

232 20 Azul celeste

922 15 Preto46 90 Amarelo

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6.2 Resumo do Capítulo

Neste capítulo abordamos o texto comercial. Vimos o quão importante é mantermos sua especifi-cidade e atendermos às exigências do gênero. Além disso, destacamos que a formalidade deve ser man-tida. Vimos os elementos que contém uma carta, a saber: data, destinatário (completo: nome, endereço, cep, cidade, estado), evocação, assunto, despedida, assinatura.

6.3 Atividade Proposta

1. Escreva uma carta comercial, solicitando ao seu “distribuidor” a mercadoria que estava em falta.

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7 E-MAILS

Lembrando: quando falamos em internet, estamos nos referindo à maior rede de computa-dores do mundo. Melhor, não só uma rede, de uma das redes, a responsável pela troca de mensagens, aulas virtuais, comércio, informações diversas etc.

Para que possamos acessá-la, são necessários os provedores, isto é, o meio que permite a comu-

nicação entre computadores do mundo todo. En-tre eles, há os gratuitos (iG, Yahoo etc.) e os pagos (UOL, Globo, Terra etc.).

Entra-se na rede por meio de login e senha, sendo que cada usuário cria os seus. Entre os ser-viços oferecidos por esses provedores, há o correio eletrônico (electronic-mail e-mail).

7.1 Internet

7.2 O E-mail Propriamente Dito

O e-mail é um texto que une características tanto do escrito quanto do oral. Como texto escri-to, pode apresentar as seguintes características:

ser descontextualizado;

autônomo;

explícito;

condensado;

planejado;

preciso;

normatizado;

completo.

Devido à rapidez com que ocorre a comuni-cação, pode apresentar, em algumas circunstân-cias, as seguintes características do texto oral:

ser contextualizado;

dependente;

implícito

redundante;

não planejado;

impreciso;

não normatizado;

fragmentado.

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Então, como dissemos, embora pareça um texto oral, trata-se de um texto escrito, ou seja, há sempre nele a possibilidade de planejamento e de refazimento. Devemos nos lembrar sempre de que, como qualquer texto, traça a imagem de quem o produz, portanto, ao escrever e-mails, garanta:

que o interlocutor entenda a mensagem da maneira como você deseja;

evite uso não convencional de abreviatu-ras;

evite uso de letras maiúsculas, a não ser que deseje expressar gritos.

Atente para:

a) que tipo de e-mail estou passando?

b) para quem o estou enviando?

c) que variante linguística utilizar?

Veja um exemplo de e-mail pessoal de difícil leitura (embora emissor e receptor conheçam o as-sunto de que estão tratando, a falta de acentos e a não utilização de pontuação, dificulta a decodifica-ção da mensagem):

E aiii Nana ohhh aki ta o trabalho antes que eu me esqueça sinceramente nao manda pra aquelas folgadas hahahah ok?1 tao folgando muito agora em relacao ao outro folgado coloca o nome dele so mais desta vez mas nem fala deixa ele pq ele viu qdo eu e o Thiago estavamos fazendo ok?! e vai ficar chato pro meu lado pq ele ate disse que tava no trabalho lembra que ele ate ia digitar mas a gente que nao confia entao hahaha entao os integrantes do grupo sao eu vc thi, lu, roger, e o mansa as demais tem o jorge q e bobao e faz pra elas!!!! ha-haha ok?! bjokas se cuida T+ vê se melhora ta?!

E-mails Comerciais

Ao escrever esse tipo de e-mail, deve-se atentar para as seguintes questões:

quem sou eu (qual posição ocupo na em-presa)?

quem é meu interlocutor (qual posição ocupada por ele)?

que tipo de correspondência esse e-mail veiculará (carta, relatório, informativo etc.)?

Sempre, nesse caso, deverá se primar pela:

formalidade; correção gramatical; padrão culto; seguir o modelo do gênero específico

(ou seja, as propriedades do relatório, da carta, do informativo etc.).

Por exemplo, se se tratar de uma carta comer-cial, o e-mail terá as mesmas partes de que ela se compõe: evocação, desenvolvimento, conclusão e assinatura.

Exemplo:

Profa. Marcia Molina,2

 Estamos novamente em contato, agora com o livro Lingua(gem), texto, discurso: entre a reflexão e a prática – vol.1 organi-zado pela Profa. ... Para dar continuidade ao livro, precisamos de sua assinatura no Contrato de Cessão de Direitos Patrimoniais de autor à comis-são organizadora. Em anexo, segue o contrato que deverá ser assinado em 3 (três) vias e devolvido à Editora para o endereço abaixo: Editora YH Lucerna Ltda.A/C ...Rua Colina nº 60 sala 209Jardim GuanabaraCEP 21931-380 Rio de Janeiro - RJ Qualquer dúvida ou esclarecimento, favor entrar em contato.Grata,Luzia 

2 Observar que não há a data, porque os e-mails já vêm datados.

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Para garantir o envio e a recepção do e-mail, é sempre prudente salvar uma cópia em Itens En-viados, pedir Confirmação de Leitura e mandar có-pias a quem de direito.

E-mails Pessoais

Ao escrevermos e-mails pessoais, devemos nos lembrar sempre de que, por mais amigos que sejamos do destinatário, as palavras são frias, por isso, podem ser mal compreendidas. Cuidado, en-tão, ao escrever; o texto sempre traça nossa ima-gem, como já dissemos anteriormente, assim, usar uma linguagem clara, com correção gramatical e abreviações convencionais, é o mais prudente. A formatação agora não é tão rígida.

Exemplo de troca de correspondência entre dois amigos:

1° Contato

muié, kd vc?? tudo bem? estou com saudade

Resposta

E donde cê tá???? Cheguei. Interessante a camiseta. Pintura estranha. Quem a fez? ADOOOOOOOOOOOOOOOREIIIIIIIIIIII a pimenta. Ontem já fiz risoto com ela. Beijo.

AtençãoAtenção

Você revela sua face quando escreve, portanto polidez sempre!!!

7.3 Resumo do Capítulo

Neste capítulo, repassamos as especificidades dos e-mails. Em primeiro lugar, repassamos os pes-soais, reforçando que, como texto escrito, sempre revela nossa imagem. Vimos que esse tipo de texto situa-se entre o texto escrito e o verbal, por isso, possui algumas formatações específicas. Importante lembrar que, ao usarmos abreviações, as mesmas devem ser de conhecimento partilhado pelos interlo-cutores. Na sequência, estudamos os e-mails comerciais. Lembramos que eles devem manter as especifi-cações do gênero e que a formalidade deve ser mantida.

Vamos, agora, checar sua aprendizagem.

7.4 Atividade Proposta

1. Que cuidados devemos ter ao escrever um e-mail comercial?

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8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Prezado(a) aluno(a),

Como se pode perceber, a atividade de escritura – em qualquer de suas modalidades – exige cuida-do e atenção. Quanto mais atento o escritor, mais eficácia terá em sua produção.

Você, estudante universitário(a), procure ler bastante, ler tudo, ler o mundo que está à sua volta, para que tenha repertório e, atentando para a escritura de textos modelares, atinja correção gramatical.

Um bom trabalho e conte comigo para o que se fizer necessário.

Um abraço,

Márcia A. G. Molina

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CAPíTULO 1

1. Espera-se que você tenha respondido: código, mensagem, referente, canal e contexto.

2. As funções da linguagem, como foi visto, apoiam-se nos elementos de comunicação: código, mensagem, referente, canal e contexto. De acordo, com a tabelinha proposta, temos:

3.

a) Quando a prioridade da mensagem está na própria mensagem, temos a função poética.

b) Quando a mensagem dirige-se a um receptor, enfatizando-o, temos a função conativa.

RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS

CONTEXTO

1) FUNÇÃO REFERENCIAL

CANAL

2) FUNÇÃO FÁTICA

EMISSOR MENSAGEM RECEPTOR

3) FUNÇÃO EMOTIVA 4) FUNÇÃO POÉTICA 5) FUNÇÃO CONATIVA

CÓDIGO

6) METALINGUAGEM

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CAPíTULO 2

1. Caro(a) aluno(a), compreendendo texto, numa abordagem interativa, esta sequência será tex-to apenas para quem conhece grego. Caso contrário, não o será, porque não há interação leitor-texto.

CAPíTULO 3

1. Caro(a) aluno(a), este é um texto descritivo porque tem uma organização espacial, centrado em palavras concretas; há figuras de linguagem, como sinestesias e comparação. Os verbos estão no presente do indicativo.

2. Este é um texto narrativo, porque está centrado em palavras concretas. O tempo básico é o pretérito perfeito do indicativo. A organização é temporal (antes/durante/depois) e há os ele-mentos da narração: personagem, tempo, espaço e voz da narrativa.

3. As partes são:

Assunto: Tema: Uso do álcool.

Delimitação: Uso do álcool na gravidez.

Objetivo: mostrar as consequências do uso do álcool durante a gravidez.

Tópico frasal: A ingestão de álcool durante a gravidez pode acarretar uma série de problemas na formação do feto.

CAPíTULO 4

1. De acordo com o que aprendemos:

a) Paráfrase é o fenômeno em que um texto é retomado por outro.

b) A paródia é o contracanto, a paráfrase é o canto paralelo.

CAPíTULO 5

1. Espera-se que você siga todos os passos informados, a saber:

1º passo: leitura atenta;

2º passo: grifar as ideias principais;

3º passo: reescritura com as próprias palavras.

Para depois, proceder à redação do texto definitivo.

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Resumo definitivo - Educação Ambiental - Conceito

No ambiente urbano das cidades de porte grande e médio, a escola, além de outros meios de comunicação, é a responsável pela educação do homem, já que há a divulgação de informação, num processo bastante dinâmico.

Como a população está muito envolvida com as novas tecnologias, acaba perdendo sua relação com nossos recursos naturais. Assim, a educação ambiental aponta como uma forma de educação para todos, por meio de um processo educacional educativo.

CAPíTULO 6

1. Como sugestão de carta, segue:

São Paulo, 18 de setembro de 2011.

À Central Distribuidora de Balas Certinhas

Rua do Regime, 23

São Paulo – Capital

CEP 0000-00

Prezados senhores,

Informamos que o pedido feito por nós, anteriormente, não veio completo. Solicitamos que o reveja e nos envie os 200 pacotes de balas de hortelã, visto ser essa a mais solicitada por nossa clientela.

Contando com sua habitual presteza, desde já agradecemos.

Atenciosamente,

_____________________________

Márcia A G Molina

Departamento de Compras

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CAPíTULO 7

1. Ao escrever esse tipo de e-mail, deve-se atentar para as seguintes questões:

quem sou eu (qual posição ocupo na empresa)?

quem é meu interlocutor (qual posição ocupada por ele)?

que tipo de correspondência que esse e-mail veiculará (carta, relatório, informativo etc.)?

Sempre, nesse caso, deverá se primar pela:

formalidade;

correção gramatical;

padrão culto;

seguir o modelo do gênero específico (ou seja, as propriedades do relatório, da carta, do informativo etc.).

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