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CMG Nilo Moacyr Penha Ribeiro TEMA: A COMUNICAÇÃO SOCIAL E AS OPERAÇÕES PSICOLÓGICAS NAS OPERAÇÕES MILITARES TÍTULO: A COMUNICAÇÃO SOCIAL E AS OPERAÇÕES PSICOLÓGICAS: A arte de influenciar aplicada às operações militares e uma proposta de modelo de estrutura operacional para a Marinha do Brasil (MB) Rio de Janeiro Marinha do Brasil Escola de Guerra Naval 2006

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CMG Nilo Moacyr Penha Ribeiro

TEMA: A COMUNICAÇÃO SOCIAL E AS OPERAÇÕES PSICOLÓGICASNAS OPERAÇÕES MILITARES

TÍTULO: A COMUNICAÇÃO SOCIAL E AS OPERAÇÕES PSICOLÓGICAS:A arte de influenciar aplicada às operações militares e uma proposta demodelo de estrutura operacional para a Marinha do Brasil (MB)

Rio de Janeiro

Marinha do BrasilEscola de Guerra Naval

2006

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CMG Nilo Moacyr Penha Ribeiro

A COMUNICAÇÃO SOCIAL E AS OPERAÇÕES PSICOLÓGICAS: A arte de influenciar

aplicada às operações militares e uma proposta de modelo de estrutura operacional para a

Marinha do Brasil (MB)

Monografia apresentada à Escola de GuerraNaval, como requisito parcial para aconclusão do Curso de Política e EstratégiaMarítimas.

Orientador: CMG (FN- Ref.) Newton Prado

Rio de Janeiro

Marinha do BrasilEscola de Guerra Naval

2006

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RESUMO

A arte de persuadir e influenciar tem sido exercida a partir do instante que o ser

humano começou a se comunicar. Inicialmente, se resumia no contato direto, no qual o

homem pré-histórico buscava alterar o comportamento do outro por meio de gestos e ações

intimidatórias e persuasivas. Com o desenvolvimento dos meios de comunicação, reforçado

pelas novas teorias de comunicação, houve um aperfeiçoamento das técnicas de influenciar o

comportamento de grupos sociais. É nesse contexto, que se inserem as “armas” invisíveis de

influência nas operações militares, como a comunicação social e as operações psicológicas

utilizadas desde a 1ª Guerra Mundial (1914-1918). Assim, devido à experiência do autor em

uma operação combinada realizada no final de 2005, constatou-se a necessidade de propor, à

Marinha do Brasil, pensar e praticar a comunicação social e as operações psicológicas nas

suas operações militares, de forma a desenvolver uma capacidade nos militares da instituição

para esse tipo específico de atividades.

Nesse sentido, analisar-se-ão essas atividades que, atualmente, são potencializadas

pelas novas tecnologias de comunicação de massa, que tornaram desprezíveis as distâncias

entre sociedades; a importância de separar as atividades das seções de um Estado-Maior

Combinado de comunicação social e de operações psicológicas; e finalmente sugerir um

ajuste no modelo da estrutura do setor operativo da Marinha do Brasil.

Este trabalho está fundamentado em uma pesquisa bibliográfica de natureza

qualitativa, que incluiu obras publicadas, trabalhos acadêmicos, periódicos, entrevistas e

internet. Houve, ainda, o recurso esporádico às técnicas quantitativas, particularmente, na

avaliação em conflitos armados históricos e recentes. Também contribuiu para o

desenvolvimento do trabalho a experiência adquirida pelo autor como assessor de

planejamento em comunicação social do Gabinete do Comandante da Marinha e na

participação em uma operação combinada realizada pelo Ministério da Defesa. Tais

experiências constituíram fatores determinantes para a escolha do tema para esse trabalho.

Palavras-chave: comunicação social. opinião pública. operações psicológicas.

propaganda.

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ABSTRACT

The art of persuasion and influence has been carried out from the moment man

first started to communicate, which initially can be resumed as a direct contact, where pre-

historic man tried to change the behaviour of others through intimidating gestures and actions.

With the development of the means of communication, bolstered by new theories of

communication, there was an improvement in the techniques to influence the group social

behaviour, when applied opportunely. It is in this context that invisible “weapons” of

influence can be inserted, in support of Military Operations, since the First World War (1914-

1918), as social communication (public affairs) and psychological operations. As a result, due

to the author’s experience, in a joint operation carried out at the end of 2005, it was found that

a need existed to propose to the Brazilian Navy, to think about and carry out public affairs as

well as the psychological operations used in military operations, in such a way as to develop a

capacity in the military institutions, for this type of specific activity.

For this, it is necessary to analyse these activities that are actual potentials for

these new technologies in mass communication. It is important to separate the activities of

parts of the Joint Staff between social communication and psychological operatinos to

produce an adjustment in the model structure in the operating sector of the Brazilian Navy.

Finally, it is worth mentioning that this article is based on a bibliographic research

in a quantifying nature, which includes published works, other academic works, periodicals,

interviews and the Internet. There were also other sporadic resources as regards to the

technical quantifying, particularly in the statistical evaluation of historical and more recent

armed conflicts. What also contributed to the development of this work, was the author’s own

experience as planning adjutant in public affairs to the Naval Commandant’s office and in the

participation of a joint operation which until the present moment has been performed by the

Ministry of Defence, having experienced both functions, constituting as determining factors in

the choice of the subject for this work.

Key words: public affairs. publicity. opinion public. psychological operations.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ACISO - Ação Cívico-Social

CComDef - Centro de Comunicação Social de Defesa

CCOMSEX - Centro de Comunicação Social do Exército

CCSM - Centro de Comunicação Social da Marinha

CECOMSAER - Centro de Comunicação Social da Aeronáutica

CGCFN - Comando-Geral do Corpo de Fuzileiros Navais

ComOpNav - Comando de Operações Navais

Com Soc - Comunicação Social

CON - Comandante de Operações Navais

DAerM - Diretoria de Aeronáutica da Marinha

DEnsM - Diretoria de Ensino da Marinha

DGPM - Diretoria-Geral do Pessoal da Marinha

DN - Distritos Navais

EB - Exército Brasileiro

EM - - Estado-Maior

EMC - Estado-Maior Combinado

EMFA - Estado-Maior das Forças Armadas

FA - Forças Armadas

FAB - Força Aérea Brasileira

FFE - Força de Fuzileiros da Esquadra

GCM - Gabinete do Comandante da Marinha

MB - Marinha do Brasil

MD - Ministério da Defesa

OM - Organização Militar

OMOT - Organização Militar Orientadora Técnica

Op Psc - Operações Psicológicas

Op Cbn - Operações Combinadas

PCO - Plano Corrente de Oficiais

PDN - Política de Defesa Nacional

PoCS - Política de Comunicação Social

SASM - Serviço de Assistência Social da Marinha

SisComDef - Sistema de Comunicação Social de Defesa

SIPM - Serviço de Inativo e Pensionista da Marinha

SRPM - Serviço de Relações Públicas da Marinha

TL - Tabela de Lotação

TV - Televisão

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SUMÁRIO

6

1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................7

2 A COMUNICAÇÃO SOCIAL.............................................................................................102.1 COMUNICAÇÃO..................................................................................................................................................10

2.2 A TEORIA DA COMUNICAÇÃO............................................................................................................................11

2.3 CLASSIFICAÇÃO DA COMUNICAÇÃO..................................................................................................................11

2.4 MODELOS TEÓRICOS DE COMUNICAÇÃO...........................................................................................................11

2.5 O QUE É COMUNICAÇÃO SOCIAL? COMO É O COMUNICADOR SOCIAL CONTEMPORÂNEO?...............................13

2.6 O PROCESSO DE INFLUENCIAR...........................................................................................................................16

2.7 A COMUNICAÇÃO SOCIAL EM OPERAÇÕES MILITARES.......................................................................................19

2.8 A COMUNICAÇÃO SOCIAL EM OPERAÇÕES MILITARES NAS FORÇAS ARMADAS DO BRASIL ............................20

3 OPERAÇÕES PSICOLÓGICAS..........................................................................................283.1 GENERALIDADES................................................................................................................................................28

3.2 ANTECEDENTES HISTÓRICOS ............................................................................................................................29

3.3 PROPAGANDA....................................................................................................................................................31

3.4 CLASSIFICAÇÃO DA PROPAGANDA ....................................................................................................................33

3.5 INSTRUMENTOS DOS NÍVEIS ESTRATÉGICO, OPERACIONAL E TÁTICO................................................................35

3.6 OPERAÇÕES PSICOLÓGICAS MILITARES NAS FORÇAS ARMADAS DO BRASIL....................................................37

3.7 UM TIPO DE OPERAÇÃO MILITAR EM UM AMBIENTE DE INCERTEZA INTERNACIONAL......................................39

3.8 DISTINÇÃO ENTRE AS ATIVIDADES DE COMUNICAÇÃO SOCIAL E AS DE OPERAÇÕES PSICOLÓGICAS...............40

4 UMA EXPERIÊNCIA EM UM PLANEJAMENTO DE UMA OPERAÇÃOCOMBINADA..........................................................................................................................42

5 UMA PROPOSTA DE ESTRUTURA OPERACIONAL PARA A MB.............................465.1 GENERALIDADES................................................................................................................................................46

5.2 OS ELOS AUSENTES DA COMUNICAÇÃO SOCIAL E DE OPERAÇÕES PSICOLÓGICAS NA MARINHA DO BRASIL. . .47

6 CONCLUSÃO......................................................................................................................53

REFERÊNCIAS......................................................................................................................56

7 ANEXO A – TEORIAS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL...................................................60

ANEXO B – CONVERGÊNCIA DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO...............................63

ANEXO C – LEGISLAÇÕES QUE ENVOLVEM ASPECTOS DE COMUNICAÇÃOSOCIAL E UMA RELAÇÃO DE INSTRUMENTOS NORMATIVOS DA SECRETARIADE COMUNICAÇÃO DE GOVERNO E GESTÃO ESTRATÉGICA

64

ANEXO D – CAPA DO CAPÍTULO IV DO EMA-214 – MANUAL DE RELAÇÕESPÚBLICAS EM SITUAÇÕES ESPECIAIS (FORA DE VIGOR)..........................................68

ANEXO E – PESQUISA DE OPINIÃO (CONFIANÇA NAS INSTITUIÇÕES)................69

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ANEXO F – EXEMPLOS DE AÇÕES DE COMUNICAÇÃO SOCIAL EM OPERAÇÕESMILITARES.............................................................................................................................77

ANEXO G – AERONAVE “COMMANDO SOLO”............................................................79

ANEXO H - TÉCNICAS DE GERAÇÃO DE PROPAGANDA..........................................88

ANEXO I – ESTUDO DO GABINETE DO COMANDANTE DA MARINHA................100

ANEXO J – ORGANIZAÇÃO DO ESTADO-MAIOR EXISTENTE NO COMANDO DEOPERAÇÕES NAVAIS (COMOPNAV)...............................................................................103

ANEXO L – ORGANIZAÇÃO DO DEPARTAMENTO DE DEFESA DOS ESTADOSUNIDOS DA AMÉRICA (E.U.A.)........................................................................................105

ANEXO M – ORIENTAÇÕES PARA A US NAVY APOIAR OPERAÇÕESPSICOLÓGICAS COMBINADAS (OPNAV INSTRUCTION 3434.1)...............................114

ANEXO N - PROPOSTA DE AJUSTE NA ESTRUTURA DE ESTADO-MAIOR PARAOS COMANDOS QUE CONDUZEM OPERAÇÕES COMBINADAS..............................122

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1 INTRODUÇÃO

Não falamos para dizer alguma coisa, mas sim para obter um determinado efeito.GOEBBELS

A mídia1 em geral condiciona a liberdade de um governo a uma maior

transparência nas ações governamentais. O processo da comunicação, nos dias atuais, assumiu

dimensões em escala cada vez mais global. As notícias são transmitidas a grandes distâncias

com relativa facilidade, atingindo um maior número de pessoas e ampliando o diálogo entre a

sociedade e as instituições. São as evoluções tecnológicas que possibilitam a difusão das

informações em tempo real, gerando a percepção de que as distâncias encurtaram, e

acelerando consideravelmente o processo de tomada de decisão.

Nesse contexto, o papel da comunicação social (Com Soc) ocupa uma posição de

grande evidência e importância. Isso se dá principalmente na maneira como uma instituição a

utiliza, não só para relacionar-se com a sua sociedade, outrora relegada a um plano inferior,

mas como fator ponderável para as tomadas de decisões na esfera governamental e

empresarial. Por outro lado, a opinião pública vem ampliando a sua interferência na ação do

Estado democrático, com reflexos sobre as Forças Armadas (FA), no cumprimento de suas

destinações constitucionais. A Com Soc no meio militar, desponta como fator da expressão

psicossocial do Poder Nacional2, que requer estudos, aperfeiçoamento e pessoal preparado em

técnicas especiais para influenciar e persuadir, permitindo, particularmente à Marinha do

Brasil (MB), um maior conhecimento desse processo, uma vez que as operações militares,

especialmente as urbanas, têm reflexos extremamente danosos sobre o complexo sistema de

infra-estrutura social de uma cidade.

O processo de comunicação também possui um componente psicológico quando

visa a influenciar o comportamento. O convencimento obtido por meio da persuasão se

apresenta como um processo bem mais eficaz do que o emprego da força. Assim, sob o ritmo

acelerado dessas transformações descritas acima, as sociedades são constantemente

modificadas pela comunicação, que agrega sofisticadas tecnologias. É nesse panorama que

surgem as operações psicológicas (Op Psc) como elemento de apoio ao combate. Tais

operações sempre tiveram importância nas atividades militares, principalmente, na forma de

propaganda, cujo propósito é convencer uma audiência.

1 Significado retirado do Dicionário Aurélio: meios de comunicação social, como jornais, revistas, cinema, rádio, etc.

2 Significado retirado do Dicionário Aurélio: o conjunto de condições políticas e psicossociais, e de recursos econômicos e militares, de que uma nação dispõe para alcançar e manter, tanto no

âmbito interno quanto no campo internacional, seus objetivos nacionais, a despeito dos antagonismos que se lhe oponham.

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No campo comercial, as decisões de compra de um produto podem ser tomadas

por mentes inconscientes; já no campo militar, a propaganda também almeja modificar o

inconsciente coletivo de um público-alvo. Atualmente, por meio de análises científicas de

comportamento, motivações humanas e dos novos meios de comunicação, as formas de

interferir no pensamento e nas atitudes de uma audiência se multiplicaram e se tornaram mais

eficientes. Observa-se que tanto os profissionais que realizam as atividades de Op Psc, como

os de Com Soc, também precisam ter habilitação, adestramento e aperfeiçoamento, para

conhecer as técnicas especiais de persuasão, tais como a mensagem subliminar.

À relevância do assunto, sobrevêm algumas indagações. A Com Soc nas

operações militares sofreu mudanças com os novos recursos de comunicação? Nesse novo

contexto, ainda há espaço para realizar Op Psc em operações militares? Como a MB vem

executando essas atividades? A MB vem conduzindo adequadamente a Com Soc e as Op Psc

nos exercícios internos e naqueles determinados pelo Ministério da Defesa? Nesse panorama,

a MB está preparada tecnicamente para conduzir Com Soc e Op Psc militares? Este trabalho

se propõe a responder estes questionamentos.

O conteúdo desta monografia está estruturado em quatro capítulos. No primeiro

capítulo, será exposta a influência dos novos meios de comunicação como fator decisivo para

surgimento de novas teorias de Com Soc; quais as características do comunicador social

contemporâneo e a técnica de influenciar; e como está organizada a Com Soc nas FA e sua

importância nas operações militares. O segundo capítulo focalizará aspectos de Op Psc, com

alguns exemplos de fatos históricos e contemporâneos em que a utilização desse tipo de

atividade contribuiu para o resultado do conflito; a importância da propaganda e de como essa

atividade vem sendo exercida pelas FA; e os diferentes modos por que devem ser conduzidas

por Seções distintas em um Estado-Maior (EM). O terceiro capítulo será dedicado ao relato de

experiência pessoal, resultado da observação deste autor como subchefe do Estado-Maior

Combinado em uma operação realizada em 2005, sendo ressaltados apenas os aspectos de

Com Soc e Op Psc executados. Abordará, também, a percepção deste autor na forma como a

MB tem pautado sua participação nas operações combinadas (Op Cbn) conduzidas pelo

Ministério da Defesa (MD), nas áreas de atuação de Com Soc e na área de Op Psc,

identificando os reflexos dessa participação. No quarto capítulo, depois de enunciar uma

tarefa explícita na Política de Defesa Nacional (PDN) que poderá ser desenvolvida por uma

Op Cbn com o comando da MB - semelhante ao exercício descrito no capítulo 3 -, será

discutido como a Com Soc e Op Psc são essenciais nesse tipo de tarefa, além do entendimento

deste autor referente ao desempenho da MB nas atividades de Com Soc, em comparação as

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demais Forças participantes. Em seguida, serão apresentadas sugestões de ajustes de ordem

prática na estrutura operativa dos EM de Comandos da MB que participam de Op Cbn, para

que possam conduzir as atividades de Com Soc e Op Psc nas operações militares,

contribuindo assim, para aumentar a eficiência da MB em combate.

Na conclusão, os aspectos mais relevantes serão sintetizados e formalizados nas

respostas às indagações que orientaram o desenvolvimento desta monografia.

Por fim, cumpre mencionar que para o desenvolvimento do presente trabalho foi

fundamental a experiência adquirida por este autor como assessor de planejamento em

comunicação social do Gabinete do Comandante da Marinha (GCM), e na participação efetiva

na maior Op Cbn realizada até o presente momento pelo MD, tendo as experiências vividas

nessas duas funções constituindo-se em fatores determinantes para a escolha do tema, para

este trabalho.

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2 A COMUNICAÇÃO SOCIAL

O que há de mais terrível na comunicação é o inconsciente da comunicação. PIERRE BOURDIEU

2.1 Comunicação

A comunicação compõe o processo básico para a prática das relações humanas e

para o desenvolvimento da personalidade individual e do perfil coletivo (POLISTCHUK,

2003, p.62). Assim, é ela que torna possível a evolução da vida em sociedade.

Na Grécia Antiga, o estudo da Retórica, a arte de discursar e persuadir3, era um

assunto vital para os estudantes (COMUNICAÇÃO, 2006). Os sofistas, mestres da retórica e

da oratória, percorriam as cidades-estados transmitindo ensinamentos, técnicas e habilidades

aos governantes e políticos em geral (MARCONDES, 2005, p.42). Sócrates criticava os

sofistas porque achava que eles não transmitiam o verdadeiro conhecimento. O filósofo

acrescentava que as habilidades daqueles se resumiam a técnicas argumentativas que tinham o

propósito de convencer, obtendo uma “verdade consensual”, resultado da persuasão

(MARCONDES, 2005, p.48).

Desde aquela época, a comunicação é usada com o intuito de influenciar o

comportamento de uma audiência, alterando suas opiniões, idéias, atitudes e emoções.

À medida que a sociedade foi desenvolvendo-se, a comunicação se tornou mais

complexa e deixou de ser uma simples transmissão de mensagens, para transformar-se em um

instrumento de convivência e de influência. A comunicação é um campo de pesquisa que

mobiliza nada menos do que dez disciplinas (WOLTON, 2004, p.99). Devido a esse papel,

vários aspectos da comunicação têm sido objetos de estudo, como: lingüística, psicologia,

filosofia, antropologia social e propaganda.4

Ademais, nota-se que a comunicação pode modificar o comportamento humano

sob o aspecto psicológico. Quanto melhor a comunicação, maior interesse e influência

desperta na opinião pública.

3 Significado retirado do Dicionário Aurélio: levar a crer ou a aceitar; convencer; induzir; aconselhar; levar o convencimento ao ânimo de alguém.

4 Significado retirado do Dicionário Aurélio: um estímulo que não é suficientemente intenso para que o indivíduo tome consciência dele, mas que, quando repetido, atua no sentido de alcançar

um efeito desejado empregado principalmente na propaganda subliminar.

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2.2 A Teoria da comunicação

Para Aristóteles (384-322 a.C.), as pessoas que sabiam empregar a retórica eram

“completas” (VIANA, 2001, p.37). Na visão desse filósofo grego, o sentido de teorizar

(acerca de alguma coisa) correspondia a retirar algo do ambiente real, para em seguida

realizar um exercício de raciocínio lógico. A sua obra Ética à Nicômano revela que theoria

tem, por significado primário, “a ação de contemplar”. Pela theoria, o ser humano se

aproxima de Theorus (Deus), ao qual ama contemplativamente e contempla amorosamente

(POLISTCHUK, 2003, p.17). Logo, teoria representa a reflexão, embrião da construção de

uma idéia que pode unir a experiência ao pensamento crítico. A teoria aprimora a prática com

um conceito e esta aperfeiçoa a teoria com a sua experiência. Em outras palavras, a prática

fortalece a teoria e vice-versa.

2.3 Classificação da comunicação

A natureza do emissor e do receptor identifica os gêneros de comunicação:

homem-homem, homem-máquina (PEREIRA, 2005, p.15), etc. Alguns Autores, entretanto,

não concordam com a teoria de que exista a comunicação homem-máquina, homem-animal,

pois consideram que a comunicação se constitui, por essência, em um fenômeno social. A

comunicação de interesse neste trabalho, e pela qual vamos discorrer, é a que relaciona às

formas pelas quais as pessoas interagem.

A comunicação persuasiva pode ser representada pela propaganda,5 pelo discurso

do político e pela mensagem subliminar. Seu propósito é persuadir, convencer, vender uma

idéia ou um produto (PEREIRA, 2005, p.16). Porém, há outros campos de estudos, além da

comunicação, que permitem influenciar o comportamento e são associados à comunicação

persuasiva, como os mecanismos descritos por Freud, cujo funcionamento explorava o

inconsciente e não o consciente (BROWN, 1971, p.68) empregando cores, sons, repetição de

mensagens, etc. Para Aristóteles, teoricamente, a comunicação persuasiva estava vinculada a

três características. A primeira dependia do caráter de quem falava. A segunda, da forma de

pensar da audiência, e a terceira, da escolha das palavras pelo orador (VIANA, 2001, p.37).

Essas características ainda permanecem válidas como forma de influenciar, sendo

potencializadas, no entanto, pelos meios de comunicação.

2.4 Modelos teóricos de comunicação

5 Será considerado no trabalho o mesmo significado para os termos propaganda e publicidade.

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No estudo da teoria da comunicação, o modelo mais geral e simples que define

uma unidade de comunicação é o esquema emissor-mensagem-receptor (PEREIRA, 2005,

p.14). Alguns estudiosos propõem a unidade de comunicação com sete componentes: fonte-

transmissor-canal-mensagem-destinatário-retorno (RÜDIGER, 2004, p.21). Tal esquema,

além de enfatizar o aspecto material da comunicação como o canal, também valoriza a

mensagem, que é o elemento-chave do processo da comunicação, porque permite influenciar

uma audiência. A maior capacidade de processar e a velocidade da informação, causada pelo

desenvolvimento tecnológico, permitem aumentar a sinergia dos meios de comunicação,

amplificando o efeito da mensagem no receptor.

Com relação ao ambiente, o processo de comunicação sofre interferência do

ruído6 e da interpretação (decodificação da mensagem). Logo, a compreensão da mensagem

está vinculada, principalmente, às unidades da comunicação, ao código7 e ao ruído que podem

alterar o processo do entendimento da mensagem. Assim, a leitura, quer seja de um livro ou

jornal, é um ato interpretativo e sempre varia de pessoa para pessoa, ou seja, dependendo da

história pessoal, dos conhecimentos e das experiências de cada um, tornando-se um ato

subjetivo.

O livro de Llana Polistchuk e Aluízio Trinta Teorias da Comunicação: o

pensamento e a prática da Com Soc descreve diversas teorias de Com Soc. O anexo A

apresenta uma revisão bibliográfica das principais teorias de comunicação constantes no livro.

Para esses Autores, as novas teorias que surgiram no período da modernidade e da

pós-modernidade8 nortearam seus estudos pelo impacto da tecnologia sobre o processo de

comunicação. Teorias como da virtualização do Professor Pierre Levy (POLISTCHUK, 2003,

p.161) ou a do modelo teórico-crítico da fissura tecnológica de Lucien Sfez (POLISTCHUK,

2003, p.164) consideraram que a tecnologia de informática (internet, e-mail etc.), dos

audiovisuais e das telecomunicações alteraram as formas de produção, difusão e recepção de

mensagens. Ressalta-se que essas tecnologias são responsáveis pela percepção de que o tempo

da comunicação pareça reduzido à instantaneidade, o que se convencionou chamar de “tempo

real”.

Atualmente, pode-se “navegar” em espaços virtuais que apresentam oportunidades

6 Significado retirado do Dicionário Aurélio: toda fonte de erro, distúrbio ou deformação de fidelidade na transmissão de uma mensagem; sinal indesejável que não pertence à mensagem

intencionalmente transmitida.

7 Significado retirado do Dicionário: vocabulário ou sistema de sinais convencionais ou secretos utilizados em comunicação. Por exemplo a linguagem.

8 O livro de Llana Polistchuk conceitua pós-modernismo, como um conjunto de fenômenos sociais, culturais, artísticos e políticos que têm lugar em sociedades pós-industriais, nas últimas

décadas do século XX (POLISTCHUK, 2003, p. 143-145).

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para a prática de novas formas de comunicação, principalmente, porque a informação alcança

lugares remotos rapidamente, sem a necessidade de grande infra-estrutura. Como decorrência

deste fato, é primordial para as pessoas que trabalham na atividade de comunicação, estarem

constantemente atualizando-se com estes novos instrumentos e com as novas teorias. São

estas atualizações que capacitarão o pessoal nos processos de persuadir e influenciar o

comportamento e a atitude de uma audiência envolvida nesse novo ambiente. Sobre esse

contexto, Toffler diz que “[...] colocar o “efeito” certo nas notícias sobre a guerra pode, às

vezes, ser tão importante quanto devastar os tanques do inimigo[...]” (TOFFLER, 1993, p.

195). As antigas teorias valorizavam diferentemente cada um dos elementos da comunicação.

As teorias modernas consideram que a tecnologia passou a fazer parte da comunicação,

proporcionando assim maior escala da transmissão da informação, e exaltando os sistemas de

mediação (TV, Internet, etc) que permitem alterar o modo de pensar.

Desse modo, a articulação e a combinação de meios técnicos de comunicação,

como telefone, TV e computador, dão origem a uma nova máquina de comunicação,

interativa e baseada nas facilidades de programas de tratamento digital. No anexo B, consta

uma figura que mostra a convergência dos meios de comunicação e como será o modelo dessa

nova máquina interativa. Destaca-se que este aparelho reunirá as vantagens, capacidades de

cada meio técnico de comunicação, com a diversidade de mídia e a internet, acarretando uma

ruptura nas antigas teorias de comunicação. Com a evolução dos recursos tecnológicos que

permitem a simulação, será cada vez mais difícil identificar por onde passa a linha

demarcatória entre a realidade e a ficção. Um exemplo disso foi o programa apresentado pelo

“Fantástico” na TV Globo, em 2005, sobre a viagem de humanos por planetas do sistema

solar. A sofisticação dos meios empregados fez com que as imagens veiculadas parecessem

reais.

2.5 O que é comunicação social? Como é o comunicador social contemporâneo?

A Com Soc é um campo de conhecimento acadêmico que estuda a comunicação

humana em sociedade e que corresponde às atividades profissionais a serem exercidas no

âmbito do jornalismo, da propaganda e das relações públicas (POLISTCHUK, 2003, p.17).

O Dicionário de Comunicação, dos professores Carlos Alberto e Gustavo

Guimarães Barbosa, quando trata da Com Soc, esclarece que a expressão é empregada no

Brasil geralmente para designar o objeto da interação de determinadas fontes organizadas de

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informação com a comunidade. Dessa forma, a comunicação, como um fenômeno social,

envolve disciplinas de ciências sociais, como filosofia, sociologia, psicologia social e

antropologia social, que contribuem com suas teorias para o estudo da teoria da comunicação

(COMUNICAÇÃO, Teoria da comunicação, 2006). Sendo assim, a Com Soc permite,

também, compreender, informar e emocionar um público-alvo. A forma como esta atividade é

praticada varia de acordo com a cultura, educação e pelos meios de comunicação.

A Com Soc é um campo de conhecimento acadêmico que estuda a comunicação

humana e questões que envolvem a interação entre os sujeitos em uma sociedade

(COMUNICAÇÃO SOCIAL, 2006). A Com Soc tem, as seguintes finalidades: favorecer os

pontos de vista e os interesses de uma instituição; evitar ataques ou saber lidar com os

desferidos pela imprensa ou pela opinião pública; obter apoio de grupos; e ajudar as

organizações e instituições a se adaptarem a seus públicos.

Observa-se que a Com Soc não só se apresenta imune às influências externas,

como também o pessoal envolvido nessa atividade tem que manter-se atualizado com as

técnicas de transmissão da informação, e, principalmente, deve ter consciência das

conseqüências do impacto da notícia sobre a sociedade. Lêem-se, vêem-se e ouvem-se

notícias, acreditando que os profissionais não irão transgredir a fronteira entre o real e a

ficção. Desse modo, se supõe a existência de uma espécie de acordo ético entre o jornalista e

o receptor. Entretanto, os Autores Llana Polistchuk e Aluisio Ramos Trinta (2003) transmitem

a idéia de que a nossa sociedade privilegia o pensamento visualmente expresso, contrapondo-

o à cultura letrada, e isso promove o que é superficial em prejuízo do que exige maior e mais

profunda reflexão sobre o que é Com Soc.

A Guerra do Golfo (1991), transmitida ao vivo pela TV, nos fez perceber que o

governo dos EUA tinha idéia de que a informação pode cumprir um papel tão decisivo quanto

suas estratégias militares. O fato é que essa Guerra foi também cuidadosamente planejada no

campo da comunicação, ou seja, na forma e no conteúdo de veicular as informações oriundas

do conflito. Nessa Guerra, falou-se de uma firma americana batizada de Hill & Knowlton,

especializada na fabricação de imagens positivas ou negativas em benefício dos regimes

“autoritários” pró-norte-americanos (VALLE, 2003, p.196). Logo, tudo é muito rápido, fácil e

desprovido de densidade (POLISTCHUK, 2003, p.36), e, nesse sentido, a mídia,

principalmente a TV, produz imagens, notícias e símbolos9 capazes de atingir corações e

mentes de uma sociedade.

9 Significado retirado Dicionário Aurélio: Elemento gráfico ou objeto que representa e indica de forma convencional um elemento importante para o esclarecimento ou a realização de

alguma coisa; sinal, signo.

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15

Nesse panorama, com o desenvolvimento de novas teorias de comunicação,

surgem outras áreas para o profissional de Com Soc, entre elas, estão àquelas atinentes à

promoção (comercial, institucional, etc), à prestação de serviços comunicacionais vinculados

à telemática10 e à elaboração de páginas da internet. O profissional que exerce as atividades de

Com Soc, nessa “sociedade da informação”, deverá estar sempre capacitado e possuir a

desejada flexibilidade para absorver o rápido desenvolvimento tecnológico e para adaptar-se a

novos cenários socioculturais que surgirem.

Além disso, o bom desempenho do profissional de comunicação se assinala por

um compromisso ético (POLISTCHUK, 2003, p.25). O preparo do comunicador social se

encontra vinculado a uma orientação profissional, que se tem, como eticamente responsável,

teoricamente conseqüente e tecnicamente apropriada (POLISTCHUK, 2003, p.26), para não

causar desconfiança e descrença nos sentimentos dos cidadãos em relação à informação

veiculada. Vimos isso ocorrer durante as guerras do Golfo, quando a imprensa publicou

manchetes como “O Iraque, quarto exército do mundo”, “a maré negra do século”, “as

intervenções cirúrgicas”.

Tradicionalmente, jornalistas e militares têm visões diferentes sobre o papel a

cumprir durante as operações militares. Para os primeiros, a sociedade tem o direito de saber o

que ocorre com os soldados em combate. Quanto aos militares, consideram o sigilo

fundamental para o sucesso de suas atividades, bem diverso dos jornalistas, pouco propensos

a guardá-lo, mesmo havendo riscos à vida de concidadãos. Apesar dessa diferença de

enfoques, é preciso minimizar essas divergências entre ambos no cumprimento das

respectivas tarefas e harmonizar a consecução dos objetivos militares (com a segurança

necessária para ter-se as menores perdas possíveis). Entretanto, é necessário que a mídia

obtenha o material necessário para informar a sociedade.

A capacitação do profissional de Com Soc para conduzir essa intermediação e,

assim, realizar a cobertura de operações militares, deve incluir sua conscientização de que o

“furo” de reportagem estará sempre subordinado aos interesses militares. Para isso, a censura

do Comandante Operacional responsável pela condução da guerra é perfeitamente aceitável,

de modo a evitar que a imprensa local forneça informações úteis ao inimigo.

10 Significado retirado do Dicionário Aurélio: ciência que trata da manipulação da informação por meio do uso combinado de computador e meios de telecomunicação.

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16

2.6 O processo de influenciar

A comunicação voltada à intenção de influenciar o comportamento pode ser

considerada um processo, por meio do qual um emissor transmite estímulos para modificar a

atitude de um receptor. O comunicador é um dos profissionais que exerce essa influência ao

emitir sinais emocionais capazes de conduzir uma audiência. Diante disto, esse profissional,

que presencia os acontecimentos ou os fatos apresentados pelos meios de comunicação, faz

representações e construções intelectuais da realidade com o propósito de apresentar notícias.

Com o desenvolvimento dos meios de comunicação, a aproximação entre o

acontecimento e a sua exibição na TV se tornou uma evidência indiscutível. Entretanto, o

público que normalmente assiste à TV não tem consciência de como se dá esse processo de

construção da realidade, acreditando que a notícia realmente existiu, pois não considera que

foi realizado um recorte de um contexto. Em outras palavras, os indivíduos pressupõem a

existência de um “real” que acreditam ter sido o fato. A produção televisiva (imagens, sons,

movimento) constitui o quadro mais próximo da “realidade”, ou seja, de como as coisas

realmente aconteceram. Mas isso é apenas aparente, pois o que a TV produz são construções

que podem conter posicionamento político, ideológico, emocional ou de interesse de quem

editou aquela imagem transmitida.

Considera-se influenciar como a ação capaz de utilizar instrumentos eficazes de

persuasão, como técnicas de propaganda para atrair, modificar ou alterar o comportamento e

atitude de uma audiência; de usar técnicas complexas para obter consenso e apoio de um

determinado público-alvo; e de combinar ações espetaculares ou não para atingir eficazmente

a emoção de uma determinada audiência. Essa aptidão de manipular as emoções alheias se

manifesta em diversas competências. Uma delas é a do comunicador social que deve possuir

conhecimentos específicos na percepção de reações de um público-alvo no campo das

ciências sociais, como sociologia, psicologia, e filosofia (WOLTON, 2004, p.99).

A sociologia pertence ao campo das ciências humanas que permite ao

comunicador social entender o mundo em que vive. Compreendendo o que existe no

ambiente, poderá formular um conceito do que deveria ser esse mundo. A sociologia procura

estudar, imparcialmente, o homem e suas instituições. Esse estudo científico permitirá ao

comunicador social adquirir conhecimentos e estabelecer princípios que o habilitarão a

aperfeiçoar as condições da vida social (RUMNEY, [1957], p.10-11). O estudo sociológico

procura também avaliar as crenças, os sentimentos e as atitudes do “público” sobre qualquer

tópico determinado. Assim, a sociologia permite que o comunicador social adquira

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conhecimentos sobre o comportamento da opinião de um determinado público-alvo.

O estudo da psicologia social permite compreender os indivíduos, e o

relacionamento entre eles tomados em grupo na sociedade. Em muitas áreas da atividade

humana, as descobertas provenientes da pesquisa na psicologia social têm algumas aplicações

práticas diretas, tais como: na política, em que os fatores de personalidade têm relação com a

maneira segundo a qual alguém vota em eleições nacionais; e na propaganda, quando o

conteúdo de um anúncio, a pessoa que o faz e a maneira de produzi-lo podem influir sobre o

resultado, levando o público a adquirir um produto, apoiar medidas, assumir determinada

atitude. (MCDAVID, 1980, p.5).

Nos EUA, muito tempo e esforço são aplicados no aperfeiçoamento de métodos

de classificação da população para padronizar a opinião pública e as atitudes coletivas, por

meio de técnicas de avaliação como: não disfarçada, quando usa o processo de abordagem

direta e comum para medir atitudes; e a disfarçada, adotada quando usa o processo em que as

pessoas relutam em exprimir juízos simples e sem distorção. Em alguns casos, é necessário

desviar a atenção de quem responde para medir a sua atitude (MCDAVID, 1980, p.49 e 50).

A propaganda é o instrumento que, empregando ciências sociais, permite alterar o

comportamento e manipular as atitudes de uma audiência.11 A palavra deriva da instituição

criada, no século XVII, pelo Papa Urbano VIII, o College of Propaganda, que se destinava à

formação de sacerdotes missionários selecionados para a propagação da fé cristã

(MCDAVID, 1980, p.93). A palavra propaganda pode envolver a conivência com falsidades e

meias-verdades. Logo, toda tentativa feita para influenciar o desenvolvimento ou a mudança

de atitudes pode ser chamada de propaganda. A própria educação é uma espécie de

propaganda, bem como os anúncios comerciais, as notícias sobre o andamento de uma guerra

ou as campanhas políticas (MCDAVID, 1980, p.94).

Todavia, o termo “propaganda” é aplicado habitualmente à comunicação queprocura persuadir o ouvinte. Lazarsfeld Berelson e Gaudet (1944) descrevem afunção básica da propaganda como uma ativação, ao se formar uma atitude latente etransformá-la em comportamento manifesto, como o de compra, de votação ou deescolha. Os efeitos da propaganda, nesse processo de ativação, incluem quatrooperações: o despertar do interesse e da atenção da audiência para a questão daatitude que se tem em vista, o oferecimento à audiência de novas informações eidéias à condução seletiva da atenção dos ouvintes para um certo tipo de dadosinformativos e a cristalização da ação que se relaciona com a atitude visada(MCDAVID, 1980, p.94).

Dessa forma, na chamada “lavagem cerebral”, do impacto da propaganda no gosto

popular, a manipulação das massas realizada pelos que trabalham na “indústria da opinião

11 Audiência terá o mesmo significado que público-alvo, segundo o dicionário Aurélio significa: segmento do público ao qual se destina uma mensagem específica.

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pública” se reveste do aspecto do controle seletivo de informações, a fim de favorecer

determinado ponto de vista (BROWN, 1976, p. 17). Uma fase importante do processo de

realizar propaganda é o despertar da atenção do público-alvo, em que são usadas técnicas que

se aplicam sobre a razão, a emoção ou ambas simultaneamente. Para Harold Lasswell,12 a

propaganda se baseia nos símbolos para chegar a seu fim: a manipulação das atitudes

coletivas (PINHO, 1990, p.22). Já na propaganda institucional da MB voltada para a

sociedade brasileira, deve-se pautar pela verdade. Procurar harmonizar o relacionamento da

MB com a sociedade ou alterar o comportamento de um grupo que possui posições

antagônicas em relação à instituição e ressaltar a sua importância para a sociedade.

Por outro lado, na propaganda institucional, para o público interno13 ou externo,

não deverá existir armadilha de comunicação com o propósito de manipular ou desinformar,

por exemplo, utilizar-se da propaganda subliminar (MCDAVID, 1980, p.94), isto é, com

técnicas para induzir mudanças de atitudes e comportamento do público-alvo em nível do

subconsciente. O risco de utilizar-se esses tipos de técnicas na própria sociedade é de causar o

efeito bumerangue, isto é, uma reação na direção oposta daquela imaginada durante a

concepção da campanha publicitária, ocasionando perda de credibilidade na instituição, a

partir do momento em que a audiência identificar a intenção de manipulação ou uso incorreto

de qualquer técnica de convencimento (MCDAVID, 1980, p.103).

O comunicador social deverá ter ainda conhecimento sobre a antropologia social,

cujo propósito é chegar ao estudo das sociedades do passado, procurando descobrir a cultura

dessa sociedade e como ela foi formada, abrangendo valores distintos relativos à outra

sociedade (GEERTZ, 1989, p.14).

No plano cultural, a antropologia social permite identificar como se modificou o

homem na sociedade através do tempo, não por razões de natureza genética ou biológica, mas

pelas novas regras sociais que foram sendo inseridas em uma determinada sociedade. Desse

modo, o estudo da antropologia é fundamental para a Com Soc, pois ajuda a entender como

uma determinada cultura foi transformada ao longo de sua história, de forma a permitir que o

comunicador social identifique quais serão as melhores técnicas para reforçar os valores, e

costumes e influenciar comportamentos e emoções de um público-alvo.

Nesse sentido, o estudo da filosofia também é essencial, porque não se pode

imaginar o homem dissociado da reflexão e da ação. Isso significa que todo homem tem (ou

deveria ter) uma concepção de mundo, uma linha de conduta moral e política, e deveria atuar

12 Desenvolveu a Teoria Estrutural Funcionalista que falava do poder dos meios de comunicação frente ao público (TEORIA FUNCIONALISTA, 2006).

13 O público interno da Marinha é composto de: militares na ativa da MB; militares na inatividade da MB; servidores civis da MB; e dependentes (EMA-860, 2006, p. 5-1).

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no sentido de manter ou modificar as maneiras de pensar e agir no seu tempo (ARANHA,

1999, p. apresentação). A filosofia oferece condições teóricas para a superação da consciência

ingênua e o desenvolvimento da consciência crítica.

Dessa maneira, pode-se identificar as características especiais e as áreas de

conhecimento necessárias para que o comunicador social possa exercer sua atividade de

forma plena. Além disso, essas atividades são condicionadas por aspectos legais, de acordo

com uma relação constante do anexo C; pelo Conselho de Comunicação Social, criado pelo

Decreto-Lei nº 8.389, de 30 de dezembro de 1991, em cumprimento ao artigo 224 da

Constituição Federal, para auxiliar o Congresso Nacional na elaboração de estudos, pareceres,

recomendações e outras solicitações a respeito da comunicação social; e pelo Código

Brasileiro de auto-regulamentação publicitária, que complementa as diretrizes estabelecidas

na Lei nº 4680, de 18 de junho de 1965. O comportamento ético do militar está prescrito no

Estatuto dos Militares.

2.7 A comunicação social em operações militares

Aqueles que se ocupam do estudo dos conflitos armados do futuro, vêem nos

meios de comunicação o ponto crucial a preocupar os atores dos campos de batalha de

amanhã (TOFFLER, 1994, p.195). Como exemplo, pode-se citar as coberturas realizadas

sobre as guerras da Coréia (1950-1953) e do Vietnã (1960-1975) que tiveram na TV a

principal mudança tecnológica para a imprensa. Na Guerra da Coréia, ela estava começando a

influenciar a imprensa escrita, ainda que timidamente; já na Guerra do Vietnã sua influência

foi decisiva (BIAGI, 2004, p.30). Nessa guerra, a TV invadia, diariamente, as salas de estar

dos lares norte-americanos, levando a eles os horrores das ações de seus filhos em terras

distantes, contribuindo para modificar a opinião pública, que passou a exigir seu fim.

No Vietnã, tiveram que lutar vendo a mídia fazer o jogo do inimigo e umaartista popular norte-americana levar solidariedade aos vietcongs. Aprendida a lição,somente iniciaram as hostilidades na Guerra do Golfo após garantir total apoio, nãoapenas da opinião pública interna, mas de todo o mundo ocidental e de assegurar aneutralidade da Comunidade dos Estados Independentes (EMA-860, 2006, p. 3-1).

Para o poder político, apresenta-se como de suma importância o apoio de uma

opinião pública favorável ao desenvolvimento das operações militares, pois além de sintetizar

a vontade nacional, envolverá todo o país no esforço despendido. Desse modo, como a

opinião pública se torna um fator decisivo a ser considerado na tomada de uma decisão e,

como a mídia, por sua vez, atua de modo a influenciar a formação dessa opinião, o trabalho da

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área de Com Soc se constitui em um elemento indispensável para alcançar-se os objetivos

militares, como se pode verificar nos conflitos abaixo mencionados:

• no conflito das Malvinas, não foram bem definidos os mecanismos, nem as

regras, sobre assuntos de Com Soc. Por sua vez, a mídia inglesa reclamou de impedimento ao

direito democrático de informar.14 Nesta Guerra, muitas ações de Com Soc interferiram

favoravelmente aos ingleses, no campo tático, como no dia 7 de abril de 1981, em que os

britânicos divulgaram a Zona Marítima de Exclusão de 200 milhas náuticas em torno das

Falklands e que esta se tornaria efetiva a partir de 12 de abril. Outra ação foi divulgar que

submarinos nucleares britânicos se encontravam na área das Falklands, culminando com o

afundamento do cruzador “Belgrano”, acarretando o regresso da Força Naval Argentina para

o porto, onde permaneceu até o final das operações (VIDIGAL,1985, p.18-19). No entanto,

interferiu negativamente, quando uma aeronave argentina lançou, com êxito, um míssil exocet

sobre um navio inglês. A avaliação de danos chegou aos argentinos pelos meios de

comunicação em Londres, ao noticiarem o acerto. A partir desse episódio, os ingleses

elaboraram o “Green Book”15 que estabelece normas de relacionamento entre o comando

militar e a mídia; e

• no Haiti, antes da intervenção, em setembro de 1994, os norte-americanos

desenvolveram uma agressiva e habilidosa operação para convencer o regime militar haitiano

a devolver o poder, de forma pacífica, ao governo legítimo.16

Para Toffler, as políticas relativas à regulação, controle ou manipulação dos meios

de comunicação iriam constituir componente chave nas estratégias do conhecimento do futuro

e determinariam a sorte de diferentes Estados, grupos não nacionais e seus exércitos, nos

conflitos no século XXI (TOFFLER, 1994, p. 206).

2.8 A comunicação social em operações militares nas Forças Armadas do Brasil

Na guerra da Tríplice Aliança, a fotografia documental e a ilustração tiveram

impulso e motivaram o aumento na circulação dos periódicos. A revista A Semana Ilustrada

teve Joaquim José Inácio e Alfredo d’Escragnolle Taunay como correspondentes na Guerra da

Tríplice Aliança. Esse conflito mereceu destaque17 em jornais como a Opinião Liberal, que

14 FERRAREZI, Renato Joaquim. Manobra de Mídia – Uma necessidade para a Força Terrestre. Rio de Janeiro. Escola de Comando do Estado-Maior do Exército. Monografia. 1997, p. 23.

15 United Kingdom Ministry of Defence MOD),

<http://www.mod.uk/DefenceInternet/AboutDefence/CorporatePublications/Reports/OtherPublications/GreenBook/TheGreenBook.htm> Acesso em 15 jun. 2006.

16 GRANGE, David L. A vitória através do domínio da Informação. US Army. Military Review. 4º Tri. 1998, p. 3-7.

17 Desde o início, a guerra da Tríplice Aliança não contou com “boa imprensa”. SODRÉ, Nelson Werneck. História da Imprensa no Brasil. 3ª edição. S. Paulo: Martins Fontes, 1983. p. 202.

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assim discutia o problema em 28 de fevereiro de 1868: “Paz, Paz! É o brado de um povo [...].

O capricho imperial improvisou uma série de desatinos [...]. E há quatro anos que essa guerra

de inércia devora a população brasileira, vítima de um recrutamento feroz! [...]. Continuar a

guerra é matar barbaramente o país.” Havia também tentativa de propaganda oficial em

revista, como o Paraguai Ilustrado que circulou entre julho e outubro de 1865, visando a

atingir negativamente Solano Lopez e suas forças18. Naquela época, para os militares, a

opinião pública não era um fator preponderante na decisão política como é atualmente.

A situação atual nas FA é que o MD não herdou a estrutura de Com Soc do antigo

Estado-Maior das Forças Armadas (EMFA). O Ministério possui uma assessoria de Com Soc

diretamente subordinada ao ministro. Recentemente, foi aprovada a Política de Com Soc

(PoCS) do MD, por meio da Portaria nº 1359, de 12 de dezembro de 2005. Essa Política

representa o passo inicial no estabelecimento do Sistema de Comunicação Social de Defesa

(SisComDef), ferramenta para a articulação de ações e iniciativas comuns que resultem em

melhoria de gestão das informações públicas, com redução de custos e aumento da eficiência

desta atividade. A PoCS ressalta a criação do Centro de Comunicação Social de Defesa

(CComDef), núcleo do SisComDef e elemento articulador de ações comuns, em que estejam

envolvidas mais de uma Força Armada. Essa Política procura também a convergência de

objetivos e diretrizes das organizações envolvidas em Com Soc das FA (Ministério da Defesa,

Política de Comunicação Social, 2005).

Entretanto, ainda não há publicação em âmbito operacional que contemple a

integração dos sistemas de Com Soc das FA para a realização de operações militares. Aliás,

não há nem normas estabelecidas para regular o relacionamento entre os interesses militares e

os da mídia durante um conflito armado, nos moldes do “Green Book” inglês. Assim, seria

uma boa medida concluir o estabelecimento do SisComDef e a rápida implementação do

CComDef, a fim de aumentar a sinergia entre os sistemas de Com Soc das FA no que se

refere a aspectos em operações militares e a formulação de uma doutrina comum de Com Soc

para Op Cbn. Esse esforço coordenado permitirá persuadir a mídia que ela não é neutra, mas

sim uma “arma” em um conflito. Esse convencimento é uma tarefa árdua, na medida em que,

para determinados jornalistas, obter uma notícia relevante está acima de valores como

patriotismo.

Além disso, essa atuação facilitaria a articulação de ações e iniciativas,

melhorando a gestão das atividades de Com Soc e, conseqüentemente, reduzindo custos e

aumentando a eficiência dessa atividade. Isso evitaria a duplicidade de esforços das FA,

18 Id., Ibid., p. 214.

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contribuindo para harmonizar as atividades de Com Soc no planejamento e execução das Op

Cbn. Contudo, deverão ser respeitadas a identidade e a especificidade de cada um dos

sistemas comunicacionais das FA.

As Forças Armadas norte-americanas, assim como todas as grandesorganizações do país, demonstram uma grande preocupação com orelacionamento com a imprensa, pois sabem da sua importância na condução dasatividades militares. A preocupação se justifica pela crescente presença dosrepórteres nos teatros de operações. Enquanto cerca de trinta cobriram odesembarque na Normandia, em 1944, as invasões de Granada (1983) e Panamá(1989) foram acompanhadas por mais de quinhentos. A operação Tempestade doDeserto (1991) e as ações na Bósnia (1996) receberam a atenção de cerca de 1700jornalistas, apenas no setor norte-americano. Em conseqüência, as ForçasArmadas se organizaram para atender às necessidades da imprensa. Tambémdesenvolveram estruturas destinadas a treinar os líderes militares na condução desuas tarefas em um ambiente dominado pela mídia.19

A Doutrina Básica de Comando Combinado (MD33-M-03, 2001) estabelece os

fundamentos e diretrizes que regulam a organização de um Estado-Maior Combinado (EMC),

e as atribuições de um comando combinado. Nos princípios de organização e funcionamento

desse EM, inclui-se a homogeneidade, entendida como a organização dos integrantes do

comando combinado, de acordo com a natureza de sua função. As seções do EMC deverão ser

constituídas de oficiais pertencentes a cada Força Armada envolvida na operação, o que

caracteriza a heterogeneidade dos processos. Para alcançar esse sucesso, é conveniente

observar os princípios básicos de uniformidade doutrinária, coordenação e conhecimento

recíproco entre as Forças componentes. Uma das atribuições prevista para a Seção de

Comunicação Social de um EMC, na publicação MD33-M-03, prescreve que essa seção

deverá planejar e coordenar as operações psicológicas em apoio às operações militares. Na

opinião deste autor, considera-se que, para uma perfeita uniformidade, devem ser retiradas as

tarefas de Op Psc daquela seção do EMC, porque possuem públicos-alvos distintos da seção

de comunicação social.

Em seguida, verificar-se-á se há homogeneidade doutrinária dos documentos que

orientam as atividades de Com Soc de cada Força Armada em operações militares.

Os Planos de Comunicação Social do Exército Brasileiro (EB) e da Força Aérea

Brasileira (FAB) contemplam objetivos específicos, cujo propósito é o aperfeiçoamento da

Com Soc durante as operações militares, constituindo-se em fator multiplicador do poder de

combate, assim como a especialização de recursos humanos nessa área. Os respectivos

Centros de Comunicação Social do EB (CCOMSEX) e da FAB (CECOMSAER) também

apóiam com pessoal e material técnico quando necessário. A FAB fixa na sua Política de

19 ABREU, Guilherme, M. A mídia e o continente americano. Revista Marítima Brasileira, Rio de janeiro, v.122, n.7/9, p.148, jul/set. 2002.

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Comunicação Social (DCA142-1, [2001]) uma concepção geral de recurso às atividades de

propaganda, usando as Op Psc no emprego da FAB, para quando for necessário influenciar

emoções, atitudes e opiniões, objetivando a obtenção de ajustamentos pré-estabelecidos. A

Estratégia de Comunicação Social da FAB (DCA142-2, [2001]) prescreve as ações para a

execução de cursos e estágios voltados para a Com Soc em Combate, e para adequar os elos

do Sistema de Comunicação Social da Aeronáutica (SISCOMSAE), de modo a dar suporte ao

preparo e emprego daquela Força na implantação da atividade de Com Soc em Combate, nos

exercícios simulados das escolas militares, além de definir as Op Psc como uma das

atividades de Com Soc no Comando da Aeronáutica.

A FAB possui um “Manual de Comunicação Social em Campanha”, provisório,

em avaliação, que orienta a preparação e a execução das atividades de relações públicas,

jornalismo e publicidade relacionadas àquela Força Armada em operações reais ou exercício.

Constata-se que o EB e a FAB possuem uma estrutura adequada de pessoal e material, e de

diretrizes para orientar e conduzir as atividades de Com Soc nas operações militares e nos

exercícios. Além disso, seus Centros participam dessas operações com suas respectivas

estruturas e, assim, mantêm o Sistema de Comunicação Social de cada Força em freqüente

adestramento. Os objetivos específicos relacionados ao público interno nos documentos do

EB e da FAB prevêem o desenvolvimento de uma mentalidade de comunicação social em

todos os níveis de comando, e uma uniformidade doutrinária, quanto ao preparo de seu

pessoal em Com Soc e Op Psc em operações militares.

No Manual de Operações – Planejamento (EMA-30A) da MB, que estabelece

normas para a resolução de problemas militares, não trata especificamente de Com Soc. Além

disso, não possui uma estrutura semelhante às do EB e da FAB, no que se refere a material e

pessoal nos respectivos Centros de Comunicação Social, que possibilite o exercício dessas

atividades com relativo sucesso.

A MB alterou recentemente o nome do Serviço de Relações Públicas da Marinha

(SRPM) para Centro de Comunicação Social da Marinha (CCSM). O CCSM tem como

tarefas assistir o Comandante da Marinha e o Chefe do Gabinete nas atividades de Com Soc,

de modo a manter ligação com a imprensa e apresentar a posição oficial da Marinha.

Constatou-se, em nossa pesquisa, que o CCSM não possui a tarefa, nem condições estruturais

de apoiar os Distritos Navais ou o Comando-em-Chefe da Esquadra, quando estes estiverem

engajados em uma Op Cbn ou em operações da própria Força, em face do reduzido efetivo20.

20 Estudo realizado pelo autor no GCM em 2003, mostra que o efetivo do CCOMSEX (104 militares), CECOMSAER (54 militares), SRPM (24 militares, inluindo os militares da

assessoria de comunicação social do GCM).

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O CCSM possui apenas um oficial superior, cuja atividade principal é gerir os trabalhos

cotidianos de Com Soc na MB. A instituição substituiu o Manual de Relações Públicas da

Marinha (EMA-850) pelo Manual de Comunicação Social da Marinha (EMA-860). Esta nova

publicação também não aborda o assunto Com Soc em ação de combate. O EMA-860, assim

como o anterior, faz uma única menção a essa atividade em operação militar, explicitada no

capítulo 3 (A Comunicação Social em Tempo de Crise), enfatizando a importância do assunto

junto à opinião pública na Guerra do Vietnã e na Segunda Guerra Mundial. No item 3.2.1,

menciona que: “o processo de planejamento militar deve estabelecer, em anexo próprio, as

regras para a comunicação social em cada fase das operações, explicitando o efeito desejado a

ser alcançado por meio de ações específicas, as limitações à divulgação de informações, os

procedimentos a serem observados em relação à mídia e a coordenação com as equipes do

CCSM”. A MB não possui nenhuma publicação que oriente a condução da Com Soc em

operações singulares ou combinadas similares às existentes no EB e na FAB. Mas, a MB já

possuiu uma publicação conhecida como Manual de Relações Públicas em Situações

Especiais (EMA-214A - Capítulo IV), aprovada em 30 de dezembro de 1958, cuja capa

consta do anexo D. Essa publicação continha orientações para conduzir atividades de Com

Soc em operações militares. A publicação foi cancelada pela Circular nº 35, de 05 de

dezembro de 1997.

Em entrevista realizada com o contra-almirante (RM121) Wellington Liberatti,22

ele explicou que o principal motivo da substituição do EMA-214, foi a identificação de uma

falta de mentalidade de Com Soc na MB, e, que na sua percepção, a principal causa dessa

carência, era o fato do então Manual de Relações Públicas (EMA-214, a parte ostensiva e

reservada), não era lido pela maioria dos oficiais, por ficar guardado em cofre de publicações.

Portanto, na opinião do contra-almirante Wellington, a substituição do EMA-214 pelo EMA-

850, publicação ostensiva e simples, contribuiria para aumentar a mentalidade de Com Soc na

MB.

Em entrevista realizada com o professor Edson Schettine de Aguiar,23 ele nos

informa que a MB foi pioneira na área de Relações Públicas no Brasil, e que o antigo Manual

de Relações Públicas (EMA-214 – Manual de Relações Públicas – parte ostensiva) foi o livro

didático do primeiro estágio de Relações Públicas no Brasil, realizado em 1961. Entretanto, a

MB, de pioneira, foi se afastando dessa área de atividade ao longo do tempo, sendo hoje

21 RM1-Oficial da reserva remunerada da Marinha.

22 Ex-Diretor do Serviço de Relações Públicas da Marinha. Entrevista realizada em 26 de junho de 2006.

23 Diretor do Departamento de Relações Públicas da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra. Entrevista realizada no dia 28 de junho de 2006.

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ultrapassada pelas outras Forças. Para Aguiar, a substituição do EMA-214, pelo EMA-850

não foi uma boa ação, porque o primeiro possuía muitos conceitos ainda válidos e a

publicação merecia, apenas, uma atualização em face das novas teorias e das novas técnicas

dos meios de comunicação. Acrescenta que o EMA-850 perdeu muito conteúdo importante

existente no EMA-214, transformando-se em um guia muito sucinto de Com Soc.

O Comando de Operações Navais (ComOpNav) é a organização militar (OM) de

mais alto nível na estrutura operativa da MB, responsável por conduzir a atividade de Com

Soc em Op Cbn. Na Subchefia de Operações desse Comando, a Divisão de Planejamento está

estruturada nas Seções de um EMC, sendo uma delas a de Com Soc. Esse EM assessora o

Comandante de Operações Navais (CON) nas operações, nos exercícios e Jogos de Guerra

originados na própria MB ou no MD. O regimento interno do ComOpNav prevê que quando o

CON for designado Comandante Operacional de um Comando Combinado, o núcleo de seu

Estado Maior Combinado (EMC) será formado pelas seções da Divisão de Planejamento,

acrescido de pessoal das Forças Componentes. Nessa ocasião, cumprirão as atribuições

previstas na Doutrina Básica de Comando Combinado (MD33-M-03). Embora esta seção de

Com Soc esteja incluída no Regimento Interno do ComOpNav, só é realmente ativada por

ocasião de algum exercício em que seja estabelecido um EMC.

Desse modo, se verifica que não há o contínuo aperfeiçoamento e o adestramento

desta seção durante os exercícios específicos da MB, possivelmente porque não há um manual

da MB e nem do MD que oriente a forma de conduzir esta atividade no campo operacional

como existiu na época em que vigorava a publicação EMA-214. Assim, o oficial desta seção

é forçado a adotar os procedimentos previstos nos manuais do EB e da FAB, que foram

elaborados pautando-se pelas especificidades daquelas Forças, para ser aplicado pelos meios

da MB, por ocasião das Op Cbn. Quando há exercícios conduzidos pelo MD, que prevê a

estrutura de EMC, os oficiais designados para compor a Seção de Com Soc não têm a

requerida habilitação para o exercício de tal atividade. Esses militares atuam de maneira

improvisada, embora com entusiasmo e boa vontade, o que não é suficiente para torná-los

aptos a desempenharem essa função.

O comunicador social no meio civil está subordinado às Leis. O comunicador

social militar também deve estar subordinado a essas mesmas legislações e às normas

militares como, o Estatuto dos Militares, quando tratar de aspecto ético nas suas atividades,

observando o que prescreve o artigo 28, na Seção II (Da Ética Militar) do referido Estatuto.

Estas ações devem primar por uma conduta moral e profissional irrepreensível, observando os

preceitos da ética como: amar a verdade, respeitar a dignidade da pessoa humana e zelar pelo

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bom nome das FA e de seus integrantes. Portanto, se considera que qualquer forma de

manipulação de comportamento, emoção e atitude de grupos na população brasileira pode não

ser bem interpretada, e assim comprometer a imagem da instituição, que hoje tem um alto

índice de credibilidade junto à opinião pública nacional. As últimas pesquisas de opinião

publicadas e veiculadas na imprensa conforme consta do anexo E, comprovam esta assertiva.

Na opinião deste autor, a verdade deve ser sempre o lema da instituição no diálogo com a

sociedade.

Ademais, observa-se que os propósitos da Com Soc podem contribuir para as

operações militares, elevando o moral da nossa população e das forças, bem como auxiliando

as ações táticas. Assim, para que o resultado das ações de Com Soc seja bem sucedido neste

campo de atividade, é preciso, além de dispor de militares conhecedores de teorias e técnicas

atualizadas, deter a prática necessária que as adapte às atividades militares, assim como uma

coordenação com outros órgãos governamentais responsáveis pelo controle da informação.

Esta adaptação exige uma orientação normativa para o adestramento e a qualificação dos

militares envolvidos em Com Soc, complementada pela assimilação da experiência prática em

contínuos exercícios. O anexo F apresenta exemplos de ações de Com Soc em proveito das

operações militares em tempo de paz e em tempo de conflito24. Na opinião deste autor, o

sucesso do comunicador social em uma operação militar traduz-se na maneira pela qual a

operação deve ser vista pelo público e por nossas Forças. Portanto, para exercer esta atividade

com competência, a MB deve possuir especialistas na área de Com Soc, desde o tempo de

paz, capacitados a identificar pontos sensíveis e as ações a realizar, no caso de atuação das

unidades militares em conflitos armados.

O United States Joint Forces Command (USJFC) mantém em Sufolk,Virgínia, o Joint Warfight Center (JWFC), um centro de treinamento ondeoficiais-generais, estados-maiores e outros componentes se exercitam nogerenciamento de crises, nas quais o processo decisório é conduzido sob pressãodos meios de comunicação de massa, ou seja, sob intenso escrutínio de umaopinião pública motivada por uma mídia de notícias agressivas, onipresente e comacesso instantâneo a uma audiência de amplitude mundial.25

Outro aspecto a ser considerado nas atividades de Com Soc, diz respeito à virtude

de seu arraigado culto à verdade26, pois os militares têm dificuldade em aceitar versões

diferenciadas sobre assuntos que os envolvem. Quando essas versões lhes são desfavoráveis,

pode consubstanciar-se seu repúdio à mídia, gerando aversão à imprensa ou o isolamento

militar. Logo, se apresenta como necessário, tentar entender que o relacionamento entre

24 As ações constantes do anexo foram compiladas de páginas sobre o assunto na Internet e de experiência do autor na Operação Leão II.

25 ABREU, Guilherme, M. A mídia e o continente americano. Revista Marítima Brasileira, Rio de janeiro, v.122, n.7/9, p.148, jul/set. 2002.

26 Faltar à verdade fere um dos princípios éticos universais do soldado. Assim, este não admite nem a mentira, nem a distorção intencional dos fatos.

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jornalistas e militares sempre será conflituoso. Os profissionais de ambas as instituições

devem compreender as raízes desse conflito e procurar a convivência harmoniosa e o respeito

mútuo. Por conseguinte, se torna indispensável, que haja, na Força, militares especializados a

gerenciar essa relação com a imprensa. Esse pessoal deve ser capaz de intermediar esses

conflitos por meio do conhecimento das características destes dois profissionais (militares e

jornalistas).

Finalmente, pode-se dizer que a Com Soc é um assunto que deve estimular

militares e civis a participarem ativamente dos esforços de guerra e contribuir para que a

população civil compreenda a razão de ser das FA e a necessidade do seu preparo para a

defesa do Estado. É a Com Soc que irá fortalecer os laços de interação das FA com o restante

da sociedade, criar e sustentar a desejada mobilização psicossocial e proporcionar a

indispensável unidade nacional em um eventual conflito armado.

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28

3 OPERAÇÕES PSICOLÓGICAS

Os anúncios não são endereçados ao consumo consciente. São como pílulassubliminares para o subconsciente, com o fito de exercer um feitiço hipnótico.

MCLUHAN

3.1 Generalidades

O homem, desde quando aprendeu a se comunicar, vem utilizando esta técnica

como uma forma de influenciar, modificar emoções, atitudes e comportamentos de pessoas.

O desenvolvimento científico-tecnológico colocado à disposição da comunicação

humana, como TV, rádio, telefone celular, satélites de comunicação, computadores e os

recursos da internet como: o e-mail, possibilitam utilizá-los com o propósito de obter

comportamentos e atitudes favoráveis à conquista de objetivos de quem as promove, ou seja,

de natureza psicológica.

As formas de convencimento de natureza psicológica, denominadas Op Psc,

podem ser entendidas como ações de qualquer natureza (política, econômica, psicossocial e

militar) destinadas a influir nas emoções, atitudes e opiniões de uma audiência (seja ela do

inimigo, de neutro ou de um Estado amigo) estrangeira visando a obter comportamentos

favoráveis aos objetivos propostos. Assim, como sugestão deste autor, a definição para Op

Psc militares pode se apresentar como: atividades destinadas a influenciar emoções, atitudes

de um determinado público-alvo estrangeiro,27 com o propósito de obter comportamentos

predeterminados e favoráveis ao propósito militar. Nesse sentido, as Op Psc poderiam

desmoralizar o adversário, produzindo uma sensação de insegurança e de impotência,

levando-o à rendição, por meio de técnicas, como propaganda e contrapropaganda. Por outro

lado, se tais ações fossem conduzidas com competência e habilidade, poderiam contribuir

para poupar vidas em um conflito armado. Em tempo de paz, o emprego criterioso de métodos

e conceitos desse tipo de ação é de suma importância para impedir a eclosão de um conflito

armado ou uma audiência28 ter um determinado comportamento ou atitude inesperada.

Entretanto, se usados sem a devida cautela, poderão agravar latentes tensões internacionais,

pondo em risco a coexistência pacífica entre os Estados.

27 Grifo do autor.

28 Audiência possuirá o mesmo significado que público-alvo. De acordo com o Dicionário Aurélio significa: segmento do público ao qual se destina uma mensagem .

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3.2 Antecedentes históricos

Alguns casos históricos podem ser citados como exemplo de aplicações de Op

Psc. O caso mais antigo foi registrado no livro Guerra Psicológica de Paul Linebarger, no

qual consta o emprego do pânico por Gedeão29 no combate contra os midianitas. Gedeão usou

técnicas de Op Psc para suscitar o pânico nos inimigos. Os midianitas superavam em número

a tropa de Gedeão, e os processos comuns de combate não podiam resolver a situação. Ao

avaliar a circunstância, ele escolheu trezentos dos seus melhores homens, equipando-os com

tochas, archotes30, cântaros31 e uma trombeta que produzia um efeito de trinta mil homens

(LINEBARGER, 1962, p.40), provocando pânico nos midianitas e conduzindo-o à vitória.

As Op Psc foram empregadas em grande escala na II Guerra Mundial. Isto foi

facilitado pelo aperfeiçoamento das transmissões de rádio, que exerceram profunda influência

e provocaram grandes transformações em certos aspectos da estratégia e da tática,

principalmente pelas possibilidades de seu uso para influenciar grandes audiências

(LINEBARGER, 1962, p.168-208). Muitos horizontes foram abertos pelas possibilidades do

uso da radiofonia no campo psico-militar. Os norte-americanos não demoraram a interessar-se

pelas vantagens práticas do rádio, como auxilio nas comunicações tático-militares, instalando,

com grande proveito, aparelhos receptores e transmissores em viaturas pequenas, caminhões,

carros de combate, aviões, helicópteros e até mesmo nas costas dos soldados. A principal

diferença entre a propaganda durante I e a II Guerra Mundial foi a capacidade de empregar o

rádio (BROWN, 1971, p.98). Utilizaram também a nova arma radiofônica na propaganda

subversiva32 realizada por uma emissora secreta, denominada "negra" (LINEBARGER, 1962,

p.105).

Na Operação Iraqi Freedom (2003)33, o tenente-coronel Steven Collins, descreve

que as Op Psc, aplicadas ao campo militar, no nível militar operacional e tático, obtiveram

mais sucesso que no nível estratégico, porque além da utilização dos meios de comunicação

de massa, como o rádio e folhetos, foram também empregados e-mails contra personalidades

importantes iraquianas, bem como alto-falantes, o que parece ter tido um impacto decisivo

sobre a vontade de lutar das tropas iraquianas. Os panfletos lançados por aeronaves

29 Gedeão foi o juiz que libertou os israelitas dos Midianitas. O relato dessa história aparece no livro de Juízes (Bíblia) capítulos sexto a oitavo. Os Midianitas eram povos nômades árabes dos

desertos da Síria e da Arábia. Eles tinham invadido a parte central da Palestina. Texto obtido no endereço: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Gede%C3%A3ol>, acesso em 10 jun 2006.

30 Dicionário Aurélio, archote é um verbete que significa: facho com breu que se acende para iluminar, em geral ao ar livre.

31 Dicionário Aurélio, cântaro, verbete que significa: vaso grande e bojudo, com uma ou duas asas, de barro ou de folha, para líquidos.

32 Verbete retirado do Dicionário Aurélio que significa: aquele que pretende destruir ou transformar a ordem política, social e econômica estabelecida.

33 Iraqi Freedom – Operação militar conduzida pelos países que compunham a Coalizão na segunda Guerra do Golfo, para retirar do poder do Iraque Saddam Hussein.

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informavam que qualquer formação militar que resistisse e combatesse as tropas da coalizão

seriam destruídas, enquanto outros encorajavam a população e os militares iraquianos a

ignorarem as ordens dos dirigentes do Partido Baath34. Mais de 40 milhões de panfletos foram

lançados sobre o Iraque antes do primeiro ataque, iniciado em 20 de março de 2003 e outros

40 milhões durante a campanha. Parecem ter obtido o efeito desejado (COLLINS, 2006).

Além do emprego de panfletos, foram utilizados outros meios adequados à manipulação de

grandes audiências, como emissões-rádio empregadas tanto a partir de estações terrestres

fixas ou de aeronaves. Essas aeronaves, conhecidas como Commando Solo EC-130E, são

aviões Hércules C-130, com antenas direcionais que abrigam em seu compartimento estúdios

de rádio-televisão, possibilitando transmitir matérias pré-gravadas. Os operadores embarcados

difundiam na área de operações mensagens elaboradas pelo Departamento de Op Psc do Fort

Bragg (VALLE, 2003, p.195). Maiores detalhes sobre essa aeronave constam do anexo G.

Os EUA, além de usar o espectro eletromagnético para suas transmissões,

interferia eletronicamente nas estações de rádio iraquianas, a fim de estabelecer o monopólio

da informação e, assim, controlar a população do Iraque através deste meio. Foram

empregadas pelos EUA, as rádios como Op Psc “brancas”, ou seja, aquelas que declaravam

ostensivamente o patrocinador do produto. Adicionalmente, foram utilizadas as chamadas Op

Psc “negras”, que aparentemente são produzidas por uma entidade, mas na realidade são

criadas por outra. A Radio Tikrit foi uma destas estações que tentou estabelecer a sua

credibilidade, pretendendo ser operada por iraquianos leais a Saddam Hussein, na área de

Tikrit. Mantinha uma linha editorial que apoiava aquele ditador. Entretanto, depois de

algumas semanas, o tom mudou, e a estação passou a criticar o líder iraquiano (COLLINS,

2006). Nota-se que para ter sucesso nas Op Psc “negras”, é fundamental que o público-alvo

não descubra o ardil e acredite na autenticidade da informação. Evidentemente, o risco é que

se esta manipulação for descoberta, a credibilidade de todo o esforço das Op Psc, tanto

“brancas” como “negras”, fica prejudicada. Um dos meios mais inovadores usados pelas Op

Psc da Coligação na preparação da Operação Iraqi Freedom, foi a utilização de e-mails

enviados diretamente para decisores essenciais do regime iraquiano.

Por outro lado, os responsáveis pelo planejamento das Op Psc na operação Iraqi

Freedom dispensaram pouca atenção à necessidade de desenvolver ações psicológicas depois

do conflito. Em conseqüência, os iraquianos, especialmente no sul do Iraque, puderam, em

alguns casos, ocupar o vazio de informação. Porém, logo que os norte-americanos perceberam

esta falha, contrataram empresas de rádio, para pôr rapidamente no ar uma programação de

34 Partido Baath – partido político oficial do Iraque, ao qual pertencia Saddam Hussein.

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forma a disputar este espaço com as rádios iraquianas. Constata-se, nessa operação, que houve

uma interação da operação psicológica com o campo de guerra eletrônica, por ocasião do

emprego de transmissões de rádio ou televisão nas Op Psc. Logo, se observa que há

necessidade de uma perfeita integração e sincronização nas atividades de Op Psc e de guerra

eletrônica no uso do espectro eletromagnético no campo de batalha.

3.3 Propaganda

Para Toffler, as novas tecnologias de simulação possibilitam montar falsos

eventos de propaganda, com os quais os indivíduos interagem, e que são intensamente vívidos

e “reais” (TOFFLER, 1994, p.205). Os recursos técnicos dominam a produção das imagens,

grandes parte voltada para a propaganda. Essas tecnologias dos meios de comunicação e de

computação permitem atingir uma população gigantesca, e que vêm valorizando mais o

mostrar do que o viver, numa espécie de “jogo de aparências”.

Desse modo, se observa que a propaganda pode valer-se da manipulação da

informação para atingir seus propósitos.

Em face do grande número de ações que afetam psicologicamente um público-

alvo, será enfatizada apenas a propaganda, uma vez que essa é a atividade que deve ser

exercida por especialistas com experiência, para evitar o efeito bumerangue, ou seja, um

impacto de reação na direção oposta daquela imaginada pela publicidade conduzida

(MCDAVID, 1980, p.103), ocasionando perda de credibilidade no público-alvo e podendo até

comprometer uma operação militar.

A propaganda é uma técnica de Com Soc, que pode ser aplicada nas Op Psc com

propósitos políticos e militar.

Linebarger conceitua propaganda como o emprego planejado de qualquer forma

de comunicação pública, destinada a afetar as idéias e emoções de um dado grupo e com uma

determinada finalidade, seja ela militar, econômica ou política (LINEBARGER, 1962, p.96).

A palavra propaganda é habitualmente aplicada à comunicação de caráter

comercial que procura persuadir um determinado público-alvo. Essa persuasão é realizada por

meio do uso dos sentidos, em que a propaganda utiliza símbolos como gestos, sons, imagens.

A propaganda não pode mudar a realidade objetiva, mas consegue alterar a realidade

perceptiva. As palavras certas podem modificar e ajustar o que os receptores pensam de um

determinado produto ou de uma instituição. A persuasão humana nada mais é do que a

introdução bem-sucedida de uma série de imagens mentais, artisticamente apresentadas, para

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criar uma realidade.

Hitler deu um grande significado à propaganda. Com seus comícios, símbolos,

uniformes e as adaptações da propaganda aos diferentes setores da população, conseguiu

conquistar o apoio, não só dos seus eleitores, como de todo o povo alemão. Em Mein Kampf,

resumiu o papel ideal da propaganda, a qual deveria ser tão popular, de modo a ser entendida

até pelo mais ignorante, e fazer com que as pessoas percebessem o paraíso como o inferno e,

no sentido oposto, que considerassem a mais vil das formas de vida, como o paraíso (KEY,

1996, p.250). A atuação de seu ministro da Informação, Joseph Goebbels, foi decisiva para a

conquista dos corações e mentes do povo alemão.

Ademais, observa-se que para modificar o comportamento do homem é necessário

conhecer o ambiente do público-alvo, a fim de realizar a técnica de persuasão pretendida.

Exemplos disso são dois acontecimentos históricos da atualidade que têm em comum a

manipulação do ambiente físico: primeiro, na primeira Guerra do Golfo, quando a mídia

norte-americana levou imagens aos lares de milhões de telespectadores, exaltando o seu

poderio científico e tecnológico; segundo, nos ataques terroristas de 11 de setembro ao World

Trade Center, com a exibição de imagens do que Bin Laden é capaz de realizar. O ponto em

comum nesses dois fatos foi o efeito psicológico proporcionado pelas imagens fantásticas, que

utilizou a TV como instrumento de divulgação e influência. Diante de uma cultura ocidental

que é fortemente influenciada por imagens, esses fatos causaram um impacto profundo, que

foi suficiente para abalar emocionalmente aquela sociedade.

Assim, cumpre considerar que além da habilidade com a palavra para convencer

alguém ou fazê-lo aliado, é importante conhecer as motivações, os interesses, os gostos, a

história, as expectativas, os sonhos e a cultura do público-alvo. Conhecer a audiência tornará

as mensagens mais persuasivas, se o foco de atenção for o receptor, e não o emissor, como às

vezes é valorizado por alguma teoria de comunicação. Na atividade de Op Psc, é no receptor

que residem as mais valiosas informações para a formulação de técnicas de persuasão.

A propaganda em Op Psc militares possibilita a manipulação planejada da

comunicação, influindo psicologicamente em públicos-alvos pela persuasão, a fim de obter

comportamentos pré-determinados, favoráveis à conquista dos objetivos das operações

militares. As novas tecnologias associadas aos meios de comunicação e um número cada vez

maior de agências de notícias conectadas à internet tornam possível aos espectadores lerem as

notícias ou verem as cenas que podem reforçar ou modificar suas idéias ou os preconceitos.

As características psicossociais35 do homem contemporâneo se tornam a cada dia mais

35 Verbete retirado do Dicionário Aurélio que significa: atividade, estudo, etc., relacionados com os aspectos psicológicos conjuntamente com os aspectos sociais da nação, considerados

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complexas. Antigamente, os gregos persuadiam um grupo social pelo dom da retórica.36 Hoje,

o grupo social ao qual é dirigida uma mensagem é enorme e disperso, incluindo indivíduos

imunes a uma dada forma de propaganda para proteger sua individualidade. Isso exige

habilidade do pessoal envolvido no planejamento de uma Op Psc, para identificar a ocasião

em que o público-alvo está se protegendo ou sendo protegido, e criar uma forma ainda mais

sofisticada e eficiente que, por sua vez, defrontar-se-á em breve com uma nova barreira a ser

superada por outra forma de mensagem neutralizadora desse novo escudo. Devido às

oportunidades oferecidas pelos recursos da internet, existem várias opções para empregar esse

meio sem violar nenhum aspecto legal. As FA, por exemplo, poderiam empregá-lo de forma

ofensiva para alcançar um objetivo militar, bem como para identificar e contra-atacar a

propaganda adversária, a desinformação e a informação neutra.

Key, adverte, também, que as populações do mundo consideradas livres, cultas,

inteligentes e civilizadas constituem hoje o maior perigo para a sobrevivência mundial, pois,

em geral, não têm consciência da extensão com que são manipuladas, manobradas e

condicionadas pela mídia, pelos governos, pelos líderes e pelas instituições, a serviço dos

interesses financeiros e econômicos (KEY, 1996, p.250). Dentro desse quadro de permanente

evolução da propaganda, há uma constante preocupação com a preparação e a dedicação dos

profissionais desse tipo de atividade, para que sejam capazes de utilizar os meios de

comunicação com novas técnicas de persuasão. A rigor, o processo para elaborar uma

propaganda estará, cada vez mais, desenvolvido e altamente especializado, exigindo técnica,

experiência, exclusividade e, principalmente, criatividade, para aumentar a probabilidade de

êxito em uma Op Psc. Exemplos de aplicação dessas novas técnicas são encontrados nas

propagandas da Coca-Cola e da Pepsi-Cola, em que há efeitos visuais produzidos por

computação gráfica. Ações psicológicas bem sucedidas são capazes de captar ou mesmo de

antever a reação do público-alvo à sua mensagem e conseguem, de modo eficaz, conduzir este

grupo na direção de um determinado propósito pré-estabelecido. Caso contrário, as

conseqüências poderiam ser desastrosas.

3.4 Classificação da propaganda

distintos dos aspectos políticos (condução e administração da coisa pública), dos aspectos econômicos (aumento e distribuição da riqueza nacional) e dos aspectos militares (salvaguarda dos

interesses, da riqueza e dos valores culturais da nação).

36 Verbete retirado do Dicionário Aurélio que significa: eloqüência;oratória, discurso de forma primorosa, porém vazio de conteúdo.

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Paul Linebarger classifica a propaganda em três tipos:

1. A propaganda “branca” é a difundida por uma fonte declarada, normalmente,

um governo ou instituição, inclusive comandos militares de vários escalões. Este tipo de

propaganda está associado às Op Psc ostensivas (LINEBARGER, 1962, p.105). Sua principal

característica, portanto, é ter origem em uma fonte perfeitamente identificada.

2. A propaganda “cinzenta” é a que não identifica claramente a fonte

(LINEBARGER, 1962, p.105). Assim, por exemplo, os sinais podem parecer ter origem em

uma fonte neutra, mas, na verdade, é de um adversário ou do inimigo.

3. A propaganda “negra” é a que dá indícios de provir de uma fonte que não a

verdadeira (LINEBARGER, 1962, p.105). Esse tipo de propaganda induz o público-alvo a

acreditar que ela procede de uma fonte amigável, mas origina-se realmente, de um adversário.

O emprego da rádio Tikrit na Operação Iraqi Freedom, como citado, ilustra bem esse tipo de

propaganda.

Pelo exposto, pode-se dizer que as pessoas são constantemente pressionadas a

mudar de atitude por meio de uma eficiente propaganda, usando formas de persuasão que

podem ser abertas e perceptíveis, mas também sutis e invisíveis até mesmo para uma mente

consciente. McLuhan37 afirma que os anúncios são pílulas subliminares a persuadir,

homeopaticamente, uma audiência. Portanto, convencimento ou manipulação podem ser

comunicados subliminarmente, tal qual uma neblina, suave e dissimulada, “bombardeando” o

receptor com mensagens por todos os canais sensoriais. Essas mensagens, que pouco a pouco

levam à adesão, constituem a propaganda subliminar (CALAZANS, 1992, p.17). No anexo H,

constam algumas técnicas de geração de propaganda utilizadas para criar mensagens

persuasivas e exemplos de mensagem subliminar como forma de propaganda silenciosa. Dois

exemplos, constantes do anexo H, apresentam a prática de propagandas subliminares do

Presidente Bush38 e da Disney39, sendo aplicada pela mídia comercial e realizada contra o

indefeso consumidor, eleitor e cidadão. Nesse sentido, tal qual no ambiente comercial, a

propaganda, quando empregada por especialista nessa técnica, como exemplo de mensagem

subliminar, é um instrumento de Op Psc que, associada a outras ações de caráter militar ou de

37 McLuhan, previra que os meios de comunicação iriam aos poucos se tornar parte integrante de um ambiente, uma rede invisível estendida sobre o planeta. Sobretudo no último decênio do

século XX, o que ele chamou da “cultura massiva” uma denominação genérica para a mescla de formas culturais que a mídia difunde. Tamanho reconhecimento deve-se, entre outros

fatores, ao pioneirismo no estudo das tecnologias e seus impactos na construção da sociedade humana em suas diferentes fases, ou nas palavras do próprio, "galáxias". Ele deu o necessário

impulso ao grande debate sobre o que está a acontecer ao Homem nesta idade de rápida aceleração tecnológica". Disponível em WIKIPEDIA - < http://pt.wikipedia.org/wiki/Mcluhan.

>Acesso em 15 abr .2006.

38 Notícia publicada nos jornais "O Estado de São Paulo" (“Bush é acusado de usar propaganda subliminar” 13 de setembro de 2000, A15) e na "Folha de São Paulo" (“Bush é acusado de

propaganda subliminar” 13 de setembro de 2000). As matérias foram distribuídas pela agência de notícias Reuters (anexo G).

39 Outro caso com destaque na mídia foi a inserção de dois fotogramas com fotos de uma mulher com os seios nus no desenho animado da Disney “Bernardo e Bianca”, conforme a Folha de

São Paulo de 15 de janeiro de 1999, “Pela primeira vez na história da companhia, a Disney admitiu ter encontrado imagens subliminares num de seus filmes de animação” (anexo G).

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natureza diversa, irá contribuir para que o Comandante conquiste seus objetivos militares.

3.5 Instrumentos dos níveis estratégico, operacional e tático

As Op Psc podem ser conduzidas pelo nível estratégico, incluindo os propósitos

de explorar as vulnerabilidades de governos, das FA e de populações estrangeiras. Portanto,

visam a alcançar os objetivos políticos e operacionais, criando ambiente psicológico favorável

para as operações táticas. No nível operacional, as atividades de Op Psc são desenvolvidas no

sentido de apoiar as ações militares em uma área de operações, direcionando suas ações para

os públicos-alvos ali existentes. Pode, no entanto, criar condições para influenciar audiências

fora daquela área, o que deverá ser feito a partir de órgãos com responsabilidades no nível

estratégico. No nível tático, têm o propósito de apoiar os comandantes táticos no cumprimento

de tarefas específicas, objetivando abalar o moral e a vontade de lutar das tropas inimigas

(BARNETT, 1989, p.45).

Observa-se que ao longo da história, políticos e militares têm utilizado, quer na

paz, quer na guerra, instrumentos de operações psicológicas. Trata-se de uma forma de ação

que pode estar sendo travada sob um aparente manto de paz, posto que em geral não mata,

não aleija, não machuca fisicamente (LESSA, 2002, p. 98). Esta assertiva é demonstrada pela

figura abaixo, do espectro do conflito, retirada do texto Information-Age - Psychological

Operations40 do Commander Randall G. Bowdish da US Navy.

40 BOWDISH, Commander Randall G. US Navy, publicado na revista trimestral Military Review de dezembro de 1998 a fevereiro de 1999”, p. 28-29.

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Fig. A guerra moderna e a diplomacia oferecem vários caminhos para os Estadosresolverem suas diferenças. As figuras acima exemplificam alternativas militares,diplomáticas e econômicas que são apresentadas no diagrama do espectro deconflito. Esse espectro é dividido em opções de paz, conflito e guerra.

Nos dias atuais, a importância desse tipo de operação tem aumentado em função

da evolução dos métodos de atuação sobre a motivação humana, e do desenvolvimento dos

meios de comunicação com novos recursos tecnológicos. Assim, há um interesse renovado no

emprego de programas coordenados de informação, em especial nas Op Psc militares, por três

razões primordiais: primeiro há um esforço, desenvolvido pelo nível político, para evitar a

escalada, por parte de um inimigo em potencial, que busque a resolução das divergências de

forma pacífica; segundo, por força da internet e de outras novas formas de comunicação,

sendo quase impossível para os governos controlarem o fluxo de informação através de suas

fronteiras, tornando os públicos-alvos mais vulneráveis às mensagens de Op Psc dos

opositores; e terceiro, a tendência de crescimento da guerra urbana faz com que o emprego de

um poder de fogo subjugante, em um campo de batalha repleto de não combatentes, seja

menos aceitável. Portanto, o emprego de instrumento não letal, como as Op Psc, deve ser

prioritário em um ambiente urbano, pois a violência de um combate pode acarretar danos

colaterais inaceitáveis à população civil.

As Op Psc que podem afetar um adversário estrangeiro são: propaganda; política e

ações diplomáticas; depoimento dos principais líderes políticos; negociação de alianças;

rompimento de relações diplomáticas; ações subversivas; medidas persuasivas ou coercitivas;

ações econômicas; imposição de sanções econômicas; imposição de tarifas; ações militares;

demonstração de força; ações em teatros de operações envolvendo diversas audiências;

operações de combate limitadas; assistência militar a nações amigas e participação militar nos

programas de ajuda a civis; imposição de medidas restritivas dentro de uma área de conflito;

aplicação real ou ameaça de emprego de força militar ou de um tipo de arma; outras ações

militares; e contrapropaganda.

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37

3.6 Operações Psicológicas militares nas Forças Armadas do Brasil

Como dito anteriormente, a propaganda é uma das grandes ferramentas das Op

Psc, fato este comprovado por Goebbls, ministro de Hitler, que a conduziu, competentemente,

durante a II Guerra Mundial (1939-1945). É bem verdade que essa tarefa fica extremamente

facilitada quando a sociedade se encontra sob o jugo de um regime de força, no qual a

imprensa fica impedida de exercer seu papel crítico, restando para o povo apenas a palavra

oficial do governo dominante. Nesses casos, usam-se técnicas de propaganda que

transformam um líder em um agente do mal, como os EUA apresentaram Saddam Hussein,

criando uma falsa imagem na mente de uma audiência. Com outro tipo de técnica, estimula-se

o ódio de um grupo em relação aquele indivíduo estrangeiro. Isso pode ser feito, por exemplo,

usando palavras especiais, edição de imagens, ou culpando o inimigo por certas atrocidades.

As ações psicológicas podem ainda empregar a propaganda visando uma determinada

audiência que se sinta injustiçada ou prejudicada por fatos reais.

Assim, analisaremos como estão os setores de Op Psc em operações militares nas

FA. Após entrevista realizada no EB, respectivamente nos dias 3 de março e 4 de abril de

2006, com o major Djalma Abrantes da Cruz, chefe da Seção de Comunicação Social do

Centro de Estudos de Pessoal, e com o capitão Rogério Fonseca Figueiredo, chefe da Segunda

Seção do Destacamento de Operações Psicológicas da Brigada de Operações Especiais, pode-

se observar que o EB está capacitado em pessoal e mantém cursos de Op Psc para seus

militares na Brigada de Operações Especiais e no Centro de Estudo de Pessoal. Nesse sentido,

mantém ainda o contínuo desenvolvimento e capacitação do pessoal envolvido nesse tipo de

atividade, por meio de cursos no exterior, estágios de atualização e o emprego desse pessoal

nos seus exercícios internos.

Com relação à FAB, o tenente-coronel Jorge Antonio Araújo Amaral, encarregado

da Divisão de Emprego Operacional do CECOMSAER, diz que as Op Psc estão sendo

estudadas com mais detalhes, após a análise do resultado do 1º Seminário de Op Psc,

conduzido pelo MD em Goiânia no período de 3 a 7 de abril de 2006. Mas, há militares da

FAB com curso de Op Psc nos EUA e, no seu curso de Com Soc, há módulos de Op Psc que

fazem com que seu pessoal de Com Soc possua noções de Op Psc. O tenente-coronel Amaral

disse também que nos exercícios internos da FAB há eventos de Op Psc. Pode-se observar

que o EB e a FAB são as FA que possuem áreas mais desenvolvidas em OP Psc.

O MD, percebendo a relevância do assunto, realizou um 1º Seminário de Op Psc

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com os seguintes propósitos: estabelecer parâmetros básicos para o desenvolvimento da

doutrina das Op Psc para aplicação nas Operações Combinadas; apresentar as experiências

adquiridas, possibilidades e limitações das Op Psc nas Operações Combinadas de 2004 e

2005; apresentar os fundamentos do emprego das Op Psc nos conflitos da atualidade; e

identificar as necessidades, possibilidades e limitações para integração sistêmica entre as

atividades de Assuntos Civis, Comunicação Social, Inteligência e Op Psc41.

A partir disso, fica clara, portanto, a vontade de estabelecer uma doutrina comum

para conduzir estas atividades nas Op Cbn no âmbito do MD.

A MB possuiu o Manual de Relações Públicas em Situações Especiais (EMA-

214-Capítulo IV), capa constante do anexo D, no qual apresentava aspectos que tratavam

sobre a Guerra Psicológica. Entretanto, atualmente não há publicação na MB que trate do

assunto e regule essa atividade em operações militares. A MB não possui militares

habilitados42 que possam contribuir com o MD no estabelecimento de critérios para a doutrina

que se pretende elaborar sobre esta atividade naquele ministério. Nesse panorama, seria

conveniente aos Comandos envolvidos em operações combinadas ajustar a estrutura

operacional, de forma a adequar-se às novas exigências que vêm surgindo desses exercícios,

levando em consideração as especificidades de Com Soc e Op Psc. Para tanto, é necessário

estabelecer uma estrutura inicial de Estado-Maior (EM) em condições de pronto emprego,

ajustando-o à medida que as tarefas da missão forem entendidas e analisadas por este EM.

As seções de Com Soc e de Op Psc de um EM devem possuir pessoal com

conhecimento nas técnicas de seus setores, atualizadas continuamente pelas teorias

ministradas nas áreas acadêmicas e também na parte prática de uma operação militar, de

modo a ter condições de ajustar a teoria assimilada nas universidades às especificidades dessa

operação. Principalmente, porque à seção de Com Soc caberia influenciar as próprias Forças e

a sociedade, enquanto a seção de Op Psc, por sua vez, atuaria de forma a manipular,

desinformar, além de planejar outras ações sobre o adversário.

Nos EUA, há restrições legais estabelecidas pela Lei Smith-Mundt43, de 1948, que

limita a aplicação de Op Psc visando à opinião pública norte-americana. No Brasil, não foi

identificada durante as pesquisas, nenhuma lei que faça menção à realização de Op Psc na

nossa sociedade como nos moldes existentes nos EUA. Entretanto, a seção de Ética Militar no

Estatuto dos Militares, pode ser considerada uma condicionante para que essa atividade seja

41 CARRARA, Walter Loureiro, I Simpósio de Operações Psicológicas, 2006, Goiânia. Apresentação da Subchefia de Operações do Ministério da Defesa em 3 de abril de 2006.

42 Informação baseada na consulta realizada a FFE para indicar oficiais para compor o EMC na Opreação Leão II.

43 Publicação Conjunta 3-61, 1997, Doctrine for Public Affairs in Joint Operations , p. III-18 e Artigo Guerra.Com, Major Ângela Maria Lungu, Exército dos EUA, Miltary Review. 1 Trim

2003, 42-43p.

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aplicada nos cidadãos brasileiros.

As Op Psc do EB e da FAB estão mais desenvolvidas do que a da MB. Isto se

deve, provavelmente, ao fato de que até o advento da criação do MD, a MB ter realizado seus

exercícios de forma isolada e longe do contato direto com a população. Este fato pode ter

dissimulado a necessidade da MB aprender a se relacionar com a sociedade para justificar a

razão de sua existência.

3.7 Um tipo de operação militar em um ambiente de incerteza internacional

Nos dias atuais, o ambiente internacional se apresenta permeado de cenários

prospectivos incertos, pelo fato das novas ameaças não serem representadas por Estados, mas

por grupos que adotam técnicas de guerra não convencionais, de modo a terem seus direitos

reconhecidos pela comunidade internacional. Nessa sociedade complexa, há países em que as

condições de segurança são precárias, o que poderá se transformar em uma ameaça aos

nacionais,44 devido a expansão dos interesses brasileiros no exterior, proporcionando uma

crescente presença de empresas e representações brasileiras em outros Estados. Então, a

salvaguarda das pessoas, dos bens e dos recursos brasileiros ou sob jurisdição brasileira em

território estrangeiro é um objetivo estabelecido na Política de Defesa Nacional (PDN). Nesse

contexto, um acontecimento de alta probabilidade de ocorrência, em que a MB poderá estar

envolvida nessa tarefa, é a necessidade de resgate de nacionais brasileiros, como aconteceu

recentemente, no Oriente Médio (2006). Diante desse quadro, quando a ordem em um

determinado país estrangeiro estiver ameaçada, pode se configurar a necessidade da retirada

dos nacionais do referido país. Nesses casos, poderão ocorrer situações no qual a infra-

estrutura local fique comprometida, inviabilizando a saída dos cidadãos brasileiros por meio

de transportes comerciais. Dessa forma, poderá ser necessário o emprego de força militar para

garantir, com a máxima segurança, a saída dos não combatentes residentes naquela região,

bem como de outras pessoas que o governo brasileiro tenha interesse em retirar. Um exemplo

dessa tarefa, aconteceu nos recentes confrontos entre Israel e o grupo terrorista libanês

Hezbollah, em que os EUA utilizou navios da US Navy para o resgate dos nacionais norte-

americanos do Líbano. O Brasil empregou ônibus, aviões da FAB e comerciais e navios

fretados pelo Canadá para a remoção dos brasileiros.

O Manual “Joint Tactics, Techniques, and Procedures for Noncombatant

Evacuation Operations” (Joint Pub 3-07.5) prevê que esta operação poderá ocorrer em três

44 As palavras nacionais e não-combatentes serão usadas com o mesmo significado.

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ambientes operacionais: permissivo, incerto e hostil. No permissivo, se caracteriza por ser

aquele em que não é esperada nenhuma resistência. O arranjo de uma força militar pode ser

pequeno ou nenhum. Já no incerto, é caracterizado pelo fato de que o governo anfitrião não

possui o controle total sobre o seu território. Assim, a composição do arranjo de uma força de

resgate deverá possuir elementos adicionais para segurança dos nacionais e de reação. Por

fim, no hostil, a evacuação dar-se-á sob condições que poderão abranger distúrbios civis, atos

terroristas, combates entre forças organizadas ou oposição à operação de qualquer natureza.

Esse tipo de resgate deverá ser realizado sob forte resistência, devendo a força ser

dimensionada proporcionalmente à reação esperada, para garantir a segurança dos nacionais e

dos meios envolvidos no resgate (JOINT ELECTRONIC LIBRARY, 1997, p.I-3 e I-4).

Ao incluir esses conceitos no tema deste trabalho, considerou-se que os ambientes

de incerteza e de hostilidade são exemplos de acontecimentos que podem gerar uma operação

militar semelhante ao que está previsto na PDN, no qual as atividades de Com Soc, bem como

Op Psc, serão muito úteis, como apresentado no próximo capítulo.

3.8 Distinção entre as atividades de comunicação social e as de operações psicológicas

A seção de Op Psc deveria ser distinta da seção de Com Soc, pelas razões abaixo

descritas:

• as seções de EM deverão trabalhar com públicos-alvos distintos, portanto o

conhecimento destas audiências requer diferentes conhecimentos das áreas de ciências

humanas. A seção de Com Soc terá como público-alvo as nossas FA e a opinião pública

brasileira, e a de Op Psc trabalhará como audiência a sociedade e as forças estrangeiras;

• é preciso pessoal com conhecimento das técnicas de ações psicológicas para

realizar uma avaliação crítica do meio ambiente, e assim contrapor-se às possíveis Op Psc

desencadeadas pelo adversário;

• as Op Psc devem ser usadas, como na Segunda Guerra Mundial,

cuidadosamente, unindo objetivos militares e políticos, administrando as informações nos

níveis estratégico, operacional e tático. Na primeira Guerra do Iraque, panfletos foram

lançados por aeronaves, com o propósito de obter informações da população local, participar

aos iraquianos a razão da operação e desumanizar Saddam Hussein. Utilizou-se, também, de

transmissão por rádio para reforçar a mensagem dos panfletos e fazer com que o público-alvo

adotasse um comportamento favorável e esperado pelos norte-americanos (COLLINS, 2006);

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• as Op Psc empregam técnicas específicas visando a influenciar as audiências

estrangeiras. De forma diversa, as atividades de Com Soc não têm por objetivo desinformar

ou manipular as ações da opinião pública doméstica, mas sim informar e levantar o moral da

população e das próprias Forças. Por isso, devem ser dissociadas e diferenciadas das Op Psc;

• a Op Psc pode levar a intenção de um comandante para os líderes políticos e a

população civil adversária estrangeira, bem como para as fontes de apoio estrangeiro, para

influenciar suas emoções e causas, comunicar intenções e afetar o comportamento;

• é essencial que cada tema e propósito de Op Psc estejam de acordo com os

objetivos políticos, e que os programas informativos sejam integrados com outros programas

de informação internacionais para assegurar mensagens complementares consistentes, e

assim, garantir a uniformidade de discursos nos níveis político, operacional e tático;

• com os novos recursos de comunicação, como a internet, é quase impossível

para os governos controlarem o fluxo de informação através de suas fronteiras, tornando os

públicos-alvos mais vulneráveis às mensagens de Op Psc, sendo necessário pessoal

especialmente dedicado e com um continuado aperfeiçoamento; e

• por fim, nas Op Psc, a informação é selecionada, depois de um conhecimento

minucioso do público-alvo, o que possibilita influenciar emoções, raciocínio e até mesmo o

comportamento das organizações, dos grupos e dos indivíduos. É uma ferramenta cuja

eficácia pode ser ilimitada se bem utilizada.

Todas essas lições que já foram aprendidas e empregadas em operações militares

no passado, estão sendo empregadas em operações no presente, e serão, cada vez mais,

aplicadas no futuro em tempo de paz ou em conflito, por adversários em potencial ou não. A

capacidade das FA brasileiras se comunicarem e influenciarem, de forma eficiente e

convincente, os líderes locais estrangeiros, será a chave para alcançar-se os objetivos militares

e conseqüentemente contribuir para a conquista dos objetivos políticos. Em muitos casos, as

Op Psc, são úteis para preencher a lacuna entre a diplomacia e a força. Esta versatilidade e a

flexibilidade das Op Psc durante toda a ação militar fazem dela um multiplicador de forças e

um sistema de “armas” que se encontram disponíveis a um Comandante.

Em síntese, por todas as razões expostas acima, acredita-se que, em um EMC, a

seção de Op Psc deva ser dissociada da de Com Soc, para que possa se preocupar

exclusivamente, com a audiência estrangeira.

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42

4 UMA EXPERIÊNCIA EM UM PLANEJAMENTO DE UMA OPERAÇÃO

COMBINADA

Aprendi por minha pouca experiência que a arte da guerra é inesgotável e que,pesquisando, encontram-se nela sempre coisas novas.

FREDERICO, O GRANDE

O presente capítulo não apresentará aspectos sigilosos sobre a operação, apenas

relataremos a experiência de uma Op Cbn realizada em 2005 que, pela missão imposta,

impunha o desenvolvimento de ações de Com Soc e de Op Psc.

Essa operação tinha o intuito de multiplicar a força das operações militares em

território estrangeiro, conhecida como uma operação militar de não-guerra45, com o propósito

de que as tropas na área de operações não sofressem hostilidades por parte da população local.

Na função de subchefe de um EMC, este autor teve dificuldade em estruturá-lo

como preconiza a Doutrina Básica de Comando Combinado. Como se sabe, o EMC é uma

estrutura composta por pessoal militar qualificado, pertencente às forças componentes, que

tem por finalidade assessorar o Comandante do Comando Combinado.

O planejamento de uma Operação Combinada, embora semelhante ao de qualquer

outra operação, se diferencia pela heterogeneidade dos processos de emprego e pelas

peculiaridades técnico-profissionais das forças componentes. Na operação em questão, não

havia uma uniformidade doutrinária para as atividades de Com Soc e Op Psc, embora a

identificação de ausência de doutrina comum fosse um dos propósitos do exercício. Além

disso, o conhecimento recíproco das técnicas de cada força foi prejudicado, pois não havia um

oficial na MB com experiência nas atividades de Com Soc e Op Psc. Tal fato limitou a

estrutura e o funcionamento do EMC como preconiza a publicação MD33-M-03.

Na fase de planejamento, decidiu-se considerar as lições adquiridas na Operação

Atlântida46, quando se constatou a necessidade de uma seção de Op Psc, não prevista na

MD33-M-03, distinta da seção de Com Soc (MD33-M-03, 2001, p. 21-22). Isso, porém, não

se constituiu em empecilho, uma vez que a referida publicação prevê a possibilidade de criar-

se outras seções em razão da necessidade e da complexidade da missão.

Tratava-se, pois, de um exercício de grande envergadura, exigindo o emprego

ponderável de meios relativos às três FA, sendo a maior parcela pertencente à MB. Assim, as

Forças somaram esforços para compatibilizar procedimentos e integrar as ações, de forma a

45 Joint Doctrine for Military Other Operations Other Than War, 1995, p.2

46 Operação realizada no Centro de Jogos da EGN possuindo a missão semelhante ao exercício realizado.

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obter-se maior eficiência na execução das Op Cbn. Entretanto, as fases de planejamento e

execução para a estruturação das seções de Com Soc e de Op Psc foram prejudicadas pela

falta de pessoal qualificado da MB em ambas as atividades, comprometendo o princípio da

homogeneidade do EMC. A FAB, embora possuísse pessoal qualificado, não enviou um

representante. O oficial do EB, experiente na atividade, assumiu a função de encarregado da

seção, e um oficial Fuzileiro Naval participou como oficial observador.

Na operação, as atividades de Com Soc e Op Psc foram realizadas em diferentes

seções de EM, consideradas como a melhor forma de planejar e executar o trabalho, pois

havia públicos-alvos distintos. Desse modo, não foi possível obedecer a estrutura como

prescreve a publicação MD-33-M-03.

As atividades foram conduzidas pelo Comando de Operações Navais, afastado da

área de operações escolhida para o exercício. As ações da seção de Com Soc se limitaram ao

envio de fotografias e de matérias para a sede do Comando Combinado em terra. As matérias

dependiam das comunicações por satélites da área de operações para o Centro de Comando. O

desenvolvimento das ações realizadas pelo Comando de Operações Navais se limitou à

divulgação do exercício em um sítio na internet, para a mídia em geral, à produção de cartazes

e outdoors, com o apoio de estudantes de uma universidade do Rio de Janeiro, e matérias

jornalísticas para o sítio na internet. Essas matérias incluíam entrevistas com os Comandantes

das Forças Componentes da Operação, contribuindo para a divulgação do papel das FA junto

à sociedade. O resultado foi bem aceito pela população local, que não reclamou das atividades

militares realizadas em uma área que envolvia dois estados brasileiros, a ocupação de um

porto privado, interdição de aeroportos, bloqueios de rodovias, congestionamentos

rodoviários causados pelas viaturas militares. O sítio da operação na internet demonstrou ser

um excelente instrumento de divulgação, pois permitiu a consulta e o acompanhamento pelo

público em geral das atividades relacionadas à operação, com o acesso significativo de

internautas.

Com relação às Op Psc, as atividades se limitaram a ações nas fases preparatória e

de resgate e, finalmente, após a retirada das tropas da área de operação. Essas ações visaram a

preparar a população do Estado (país fictício) onde a operação militar de resgate seria

desencadeada, com os seguintes procedimentos: facilitar a ação de evacuação dos nacionais,

favorecendo ou evitando a interferência da população local ou de forças adversas; e manter o

status quo das relações diplomáticas entre os países envolvidos na operação. O planejamento

dessas ações coube aos oficiais do EB, auxiliados pelos oficiais da FAB. A participação do

oficial da MB se limitou à função de observador. A Direção do Exercício conduzida pelos

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oficiais do MD gerou situações com o intuito de forçar o destacamento de Op Psc do EB a

planejar, elaborar e disseminar os produtos de Op Psc, tais como propaganda,

contrapropaganda e desinformação. Isto possibilitou o adestramento de parcela de uma tropa

especializada do EB neste tipo de atividade, cujo propósito é manter um ambiente favorável à

atuação das próprias forças na região. Se o nível de insatisfação da população aumentasse a

ponto de se tornar hostil à operação, a tarefa de resgatar os nacionais poderia ser

comprometida. A qualidade dos produtos gerados pelo destacamento do EB foi de bom nível,

demonstrando que estavam preparados para esse tipo de operação, pois identificaram

adequadamente a audiência, o que se constitui em um dos elementos fundamentais para

iniciar o trabalho de planejamento de uma Op Psc. A vivência nesse tipo de operação se

traduziu em experiência para os setores envolvidos na atividade, assim como revelaram várias

carências relacionadas às áreas de Com Soc e Op Psc, para a MB, tais como:

• aumentar a quantidade de especialistas na área de Com Soc, selecionando

e preparando uma parte do grupo para conduzir a Com Soc em operações militares;

• aperfeiçoar o pessoal existente, formado em Com Soc, nas universidades civis,

por meio de cursos de extensão e pós-graduação;

• formar oficiais e praças da MB em Op Psc no EB, entre aqueles que já

possuem o curso específico nesse tipo de atividade;

• criar um manual de campanha de Com Soc e Op Psc para a MB, a partir

dos manuais existentes do EB e da FAB, adaptando-os às especificidades da MB,

similarmente ao então EMA-214 cancelado pelo EMA-850;

• não integrar, em um EMC, a seção de Com Soc com a de Op Psc, por

possuírem públicos-alvos distintos, como mostrado nos itens anteriores;

• enviar observadores da MB para acompanhar os exercícios do EB e da

FAB, e assim comporem os Estados-Maiores daquelas Forças, de forma a desenvolver uma

massa crítica de pessoal na MB nesses tipos de atividades; e

• as operações militares específicas da MB ou operações de adestramento

devem considerar o planejamento e execução de Com Soc e Op Psc. Por exemplo, pode-se

atentar durante os exercícios de maior envergadura da Esquadra, a tarefa de coordenar um

Centro de informações para a imprensa. Convidar repórteres para cobrir os exercícios e

divulgá-los por meio de comunicações por satélite para emissora de TV que disponha de

coberturas ao vivo. Essas ações podem vir a contribuir para um melhor relacionamento da MB

com a mídia, além de uma excelente fonte de divulgação da instituição, tendo em vista que os

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maiores exercícios do Poder Naval brasileiro se realizam fora do alcance visual da sociedade

brasileira.

Ainda com referência ao exercício relatado, nas áreas de Com Soc e Op Psc o

trabalho de coleta de informações foi facilitado, porque o país fictício possuía uma população

com os mesmos traços culturais e o mesmo idioma das tropas brasileiras. Isso tornou mais

fácil o estudo e o levantamento de inteligência, necessário para conduzir as atividades de Com

Soc e Op Psc, pelo pessoal envolvido na operação. Entretanto, se algum dia esta tarefa se

tornar realidade, como é previsto na PDN (a defesa dos interesses nacionais e das pessoas, dos

bens e dos recursos brasileiros no exterior), algumas deficiências na MB deverão ser pensadas

e ajustadas. Entre elas, pode-se citar:

• inexistência de uma organização da MB que interaja com especialistas nas

atividades de Op Psc das outras Forças para compor o EMC;

• inexistência de especialistas nos campos de Com Soc e Op Psc em

operações militares;

• desconhecimento por parte dos oficiais do EB e da FAB das capacidades e

possibilidades da MB para executar atividades de Op Psc, como, transportar equipamentos

necessários a tais atividades;

• inexistência de um manual de Com Soc e Op Psc, nos moldes do que

existia na época em que vigorava a publicação EMA-214, adequando-o à realidade dos

tempos atuais; e

• inexistência de uma orientação de como estabelecer um Centro de controle

responsável, na área de operações, pela informação. Este Centro permitirá aprimorar as

medidas para evitar fornecer dados valiosos ao inimigo e conseguir informações sobre o

inimigo para as próprias Forças. A falta de controle da informação pode também criar um

ambiente permissivo para a mídia, com conseqüências negativas para execução da missão.

Pelo exposto, resta-nos constatar que a Com Soc e as Op Psc não admitem

improvisações. Para isso, a MB precisa preparar um grupo de especialistas que saiba conduzir

essas atividades, de modo a poder operar em igualdade de condições com as outras Forças e

de usufruir suas vantagens quando aplicadas às operações militares.

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46

5 UMA PROPOSTA DE ESTRUTURA OPERACIONAL PARA A MB

A execução de uma operação militar é um ato físico, a direção é um atomental. Tanto antes como durante o desenrolar das operações, as ações que influemna atitude mental do inimigo e no comportamento das populações constituem muitasvezes a base da melhor estratégia.

LIDELL HART

5.1 Generalidades

Ao longo da história da humanidade, a comunicação vem sendo utilizada como

forma de persuasão ou, para modificar emoções, opiniões, atitudes e comportamentos de

grupos ou pessoas. A guerra sempre foi o confronto entre vontades. O convencimento obtido

por meio da persuasão, empregando atividades de Com Soc e de Op Psc contribui para

aumentar a sinergia das operações militares.

Os comandantes têm utilizado a Com Soc e as Op Psc, quer na paz, quer nos

conflitos armados, como forma de persuasão, a fim de atuar no componente psicológico das

operações militares durante um confronto de forças. O propósito principal é manter o elevado

moral das próprias tropas e abater o moral do adversário, por meio de ações que sejam

capazes de fortalecer e desequilibrar emocionalmente os contendores.

O aspecto psicológico no conflito armado aumentou sobremaneira, nos dias

atuais, como conseqüência natural da sofisticação dos meios de comunicação. Assim, a

importância dessas atividades, fruto do desenvolvimento de teorias sobre a motivação e sobre

o comportamento humano, combinado com o emprego de novas tecnologias nos meios de

comunicação, já tornaram desprezíveis as distâncias, as barreiras geográficas e os oceanos,

transportando, quase que instantaneamente, a palavra e a imagem, a todos os recantos do

mundo, onde se consiga colocar uma antena. Portanto, esta combinação potencializa a

capacidade de influenciar uma audiência quando as ações são realizadas com competência por

pessoal habilitado a aplicar as técnicas de persuasão. Nesse panorama, a propaganda constitui

um instrumento poderoso para influenciar atitudes em um público-alvo, tanto nas Com Soc

como em Op Psc.

Cumpre destacar que a Com Soc e as Op Psc são instrumentos poderosos para,

respectivamente, elevar o moral das próprias tropas e contribuir para anular o esforço de

defesa do adversário. Os Estados Unidos da América identificaram a relevância deste assunto

há algum tempo e criaram órgãos especiais para planejar e coordenar estas atividades, como o

Escritório de Influência Estratégica (OSI, em inglês), que desenvolve planos para fornecer

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informações, possivelmente algumas falsas, a organizações de comunicação “estrangeiras"

num esforço para influenciar o sentimento público e os formuladores de políticas, tanto em

países amigos e aliados como em inimigos.47 Portanto, a Com Soc e as Op Psc devem ser

planejadas desde os tempos de paz e, continuamente, realimentadas a partir de constantes

avaliações, antecipando-se ao estado de beligerância formalmente declarado.

O EB e FAB quando criaram estruturas especiais nas áreas de Com Soc e Op Psc,

vislumbraram, possivelmente, a necessidade de desenvolver essas atividades a partir de novas

teorias e técnicas, por meio de constantes avaliações dos resultados alcançados nos exercícios

conduzidos.

Como já mencionado, a MB, em 1959, possuía um manual, no qual era ressaltada

a importância do preparo dessas atividades em operações militares. Por algum motivo, não se

deu continuidade ao aperfeiçoamento dessas atividades e o manual foi cancelado em 1997,

entrando em vigor o EMA-850. Espera-se que este trabalho contribua para alertar a MB sobre

a importância das atividades de Com Soc e Op Psc serem conduzidas por pessoal capacitado,

orientado por um manual específico a operações militares e para ajustar sua estrutura de EM,

de modo a conduzir ambas as atividades distintamente.

5.2 Os elos ausentes da comunicação social e de operações psicológicas na Marinha do

Brasil

O EB e a FAB se preocuparam, primeiramente, na formação de pessoal. Estas

Forças possuem uma estrutura de ensino para capacitar recursos humanos das suas respectivas

Forças em Com Soc e Op Psc nas operações militares. A MB deve aproveitar essa estrutura,

já existente, e começar a formar seu pessoal nesses estabelecimentos de ensino. Esses

especialistas, por sua vez, devem ser concentrados em uma organização militar (OM), a fim

de elaborarem um manual de campanha de Com Soc e Op Psc para a MB. Sugere-se, que esse

grupo seja concentrado no ComOpNav, pelos seguintes motivos: por ser a OM de mais alto

nível do setor operativo, com um regimento interno que prevê o cumprimento das atribuições

previstas na Doutrina Básica de Comando Combinado; e pelo fato de ter um estado-maior

estabelecido para condução de exercícios e de Op Cbn. O pessoal selecionado para formar

47 Fonte:Observatório da Imprensa (http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/) no endereço:

<http://72.14.207.104/search?q=cache:a29cJulrsEwJ:www.rizoma.net/interna.php%3Fid%3D198%26secao%3Dconspirologia+psyops&hl=pt-BR&gl=br&ct=clnk&cd=10&lr=lang_pt>

Acesso em 12 fev 2006.

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essa massa crítica deverá ter, em princípio, habilidade em técnica de redação; senso crítico;

experiência no uso de técnicas para transmitir informações ao público; e possuir uma cultura

geral, bem como um sólido conhecimento, por meio de informações, sobre a cultura do

público-alvo envolvido. Estes militares desenvolverão matérias diversas que envolvem

sentimento, opiniões, preconceito, além de assuntos relativos ao sistema da compreensão

humana, tais como: psicologia social, economia, linguagem, jornalismo, comunicações

audiovisuais, propaganda, psiquiatria, antropologia social e filosofia. O ideal seria que estes

militares fossem formados em Com Soc, cujo currículo inclua técnicas de propaganda,

podendo trabalhar tanto na área de Com Soc como na de Op Psc.

Vale destacar que o planejamento de uma operação militar compreende levantar

todas as informações essenciais para que se estabeleça o fundamento da análise criteriosa e,

com isso, formular um diagnóstico das necessidades e determinar objetivos e ações que

comporão as atividades de Com Soc e de Op Psc. Nas fases de planejamento e na de

execução, deve-se conhecer e identificar a audiência sobre a qual as ações de Com Soc e Op

Psc serão aplicadas. A análise de público-alvo estrangeiro para orientar o planejamento de Op

Psc é mais complicada por força do afastamento físico, e pelas maiores dificuldades em

conhecer sua cultura. Normalmente, essas atividades de inteligência, se iniciam antes da

operação militar principal ser executada e podem ser previstas outras de Op Psc, após a

conclusão da ação militar propriamente dita, como visto nas figuras das páginas 35 e 36.

O emprego da internet como fonte de consulta não está limitada apenas à nossa

instituição. A rede mundial tem funcionado como um importante instrumento para ampliar e

manter relacionamentos, possibilitando que idéias e informações circulem livremente.

Entretanto, a quantidade de material existente na internet exige uma capacidade seletiva num

primeiro momento, de forma a separar aquilo que é pertinente à solução do problema. Cabe,

portanto, ao especialista estar atento à qualidade da informação, ao buscar fontes com

credibilidade com esta nova tecnologia, no emprego do processo de influenciar. O pessoal

envolvido em Com Soc e Op Psc trabalhará em atividades semelhantes, porém com

audiências distintas, ou seja, os profissionais de Com Soc trabalharão sempre tendo a verdade

como princípio fundamental, enquanto os das Op Psc trabalharão com o propósito de

manipular, persuadir, desinformar o público-alvo.

Para a MB conduzir as operações de forma eficiente com as exigências

estabelecidas pela Doutrina Básica de Comando Combinado, é necessário que ela altere sua

estrutura operacional nos setores que conduzem as Op Cbn, por exemplo, o Comando de

Operações Navais, Comando-em-Chefe da Esquadra e os Comandos dos Distritos Navais.

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49

Como dito anteriormente, o CCOMSEX e CECOMSAER apóiam os Comandos

das suas respectivas Forças envolvidas em uma Op Cbn. A MB ainda não possui uma

estrutura com pessoal qualificado, além do antigo SRPM e o atual CCSM também não

possuírem condições de apoiar essas atividades. Assim, uma solução para este hiato, em curto

prazo, é estruturar a Subchefia de Operações do Comando de Operações Navais (ComOpNav)

com um subsistema de Com Soc e Op Psc. O CCSM teria que aumentar a sua estrutura de

pessoal, tanto de oficial, como de praça48, para prestar apoio técnico, como, a criação e

produção de material de divulgação (informativos, panfletos, spot rádio, etc) de Com Soc e

Op Psc para os Comandos envolvidos no planejamento e execução de Op Cbn.

Os Distritos Navais (DN), anualmente, realizam exercícios nas suas respectivas

áreas de responsabilidade como uma Força Componente nos exercícios combinados. Este é o

caso da operação Timbó49, em que o Comandante do 9º Distrito Naval normalmente exerce a

função de comandante do componente naval, subordinado ao Comandante Operacional

atribuído ao Comandante Militar da Amazônia. Também, se faz necessário estruturar os

estados-maiores dos DN com uma equipe que se adapte rapidamente à estrutura de guerra, a

partir da estrutura de paz, criando duas seções de estado-maior, a de Com Soc e a de Op Psc.

Dessa forma, se sugere que a Subchefia de Operações do Comando de Operações Navais

elabore um manual de campanha, além de estudos visando a orientar os oficiais no

planejamento e na execução destas atividades em uma Op Cbn e em operações singulares

navais.

Conforme o estudo da Assessoria de Planejamento de Comunicação Social do

Gabinete do Comandante da Marinha (GCM) realizado em 2006, constante do anexo I, os

Distritos Navais possuem oficiais com formação em Com Soc. Nesse estudo, também se

observa que a maioria dos Distritos solicitou oficiais RM250 para exercer essa atividade.

A baixa prioridade que a MB tem atribuído ao tema pode ser conseqüência da

pequena massa crítica já formada. Atualmente, existem apenas 20 oficiais cursados em Com

Soc na MB. Um deles está aguardando transferência para a reserva, o que também pode ser

verificado na planilha constante do anexo I. O efetivo, em 2005, era de 22 oficiais. Segundo

informações da Diretoria-Geral do Pessoal Militar da Marinha (DGPM), a tabela de lotação

(TL) da MB contempla apenas 9 oficiais especializados no assunto, sendo 1 para o Gabinete

do Comandante da Marinha (GCM), 1 para o Serviço de Inativo e Pensionista da Marinha

48 Militar no posto de suboficial, sargento, cabo ou marinheiro

49 Operação combinada realoizada na região amazônica.

50 Oficiais admitidos em caráter temporário na MB pertencentes ao quadro de oficiais da Reserva não remunerada da MB após deixar o serviço ativo.

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(SIPM), 1 para o Serviço de Assistência Social da Marinha (SASM), 1 para a Casa do

Marinheiro, 1 para a Diretoria de Ensino da Marinha (DEnsM), 1 para a Diretora de

Aeronáutica da Marinha (DAerM), 1 para o Comando-Geral do Corpo de Fuzileiros Navais

(CGCFN) e 2 para o Comando do 1ºDN. Não há previsão de concurso de admissão de oficiais

no ano de 2006 e 2007 (Capítulo 1 do Plano Corrente de Oficiais - PCO). Em 2008, está

previsto concurso com duas vagas; em 2009, não haverá vagas; em 2010, haverá duas vagas;

em 2011, uma vaga; e em 2012, uma (Capítulo 2 do Plano de Carreira de Oficiais). Assim, o

estudo do GCM julgou fundamental, para melhorar a divulgação da MB e incrementar a

atividade de Com Soc na Instituição, a existência de pessoal qualificado, exercendo a função

de oficial de Com Soc nos DN. Para isso, propôs as seguintes linhas de ação: a) sugerir a

redistribuição do pessoal que não exerce função relacionada com a especialidade para os

Comandos de Distrito Naval; e b) solicitar a admissão de oficiais RM2 para suprir essa

carência.

Na visão deste autor, torna-se imperativo que haja um aumento no número de

oficiais formados em Com Soc, sob pena de, a longo prazo, o quantitativo, hoje, de 20 oficiais

ser reduzido para apenas nove, conforme determina a TL da MB. É importante, que neste caso

a Assessoria de Planejamento de Com Soc do GCM deva propor o remanejamento do pessoal

cursado em Com Soc para os Comandos de DN que não possuem militares qualificados,

assim como alterações na TL da MB. Isto auxiliaria os Distritos Navais a cumprirem a

estruturação de suas seções de Com Soc e Op Psc nas Op Cbn.

No entanto, o estudo do GCM contempla apenas as atividades de caráter

administrativo de Com Soc, pois não beneficia o Comando de Operações Navais, o Comando-

em-Chefe da Esquadra e a Força de Fuzileiros da Esquadra (FFE) com pessoal qualificado

para as atividades operacionais de Com Soc e de Op Psc. Outra lacuna do estudo é não

detalhar a qualificação de praças para este tipo de atividade, que também é fundamental para

trabalhos técnicos, semelhante ao EB e à FAB. Assim, a Diretoria Geral do Pessoal da

Marinha poderia realizar estudos para aumentar o efetivo dos recursos humanos (oficiais e

praças) especializados na área de Com Soc e Op Psc, para servirem nas OMs que participam

em Op Cbn, por exemplo: o ComOpNav, DN, Comando-em-Chefe da Esquadra e a FFE. O

aperfeiçoamento do pessoal (oficiais e praças) poderá ser realizado nas OMs do EB e da FAB,

que já possuem uma estrutura de ensino especializada para estas atividades. Por exemplo, o

EB possui curso de Com Soc e de Op Psc no Centro de Estudo de Pessoal (CEP) e a FAB na

Academia da Força Aérea.

Os oficiais especializados em Com Soc, ao ingressarem na MB, deverão exercer a

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função relacionada com a sua qualificação até o final do tempo de serviço, ou seja, não deverá

ser permitido que o oficial exerça funções dissociadas da Com Soc para as quais a MB não o

selecionou, dada a importância crescente dessa atividade.

Assim, a MB poderá abandonar o “amadorismo”, participando profissionalmente

nas atividades de Com Soc e de Op Psc dos exercícios de grandes Comandos e de Comando

Combinado.

Quanto ao aspecto organizacional, o Comando de Operações Navais é a OM

adequada para que a estrutura de um Estado-Maior, já existente, seja incrementada com a

seção de Op Psc. Logo após a implementação dessa estrutura, as seções de Com Soc e de Op

Psc deverão ter as seguintes tarefas:

• estabelecer, por meio da Organização Militar Orientadora Técnica (OMOT) na

área de Com Soc da MB que é o CCSM, a necessidade de pessoal para atender às OMs

operativas com oficiais e praças para exercerem essas atividades; e

• elaborar uma doutrina de Com Soc e Op Psc para a MB, que contemple essas

atividades nos exercícios específicos da MB e de Op Cbn.

As razões para que a MB repense o modo de conduzir essas atividades de Com

Soc e Op Psc como existiu no passado são:

• possuir um Estado-Maior permanentemente estruturado de acordo com a

Doutrina Básica de Comando Combinado, de forma a reduzir o tempo de transição da

estrutura de paz para uma estrutura de defesa em caso de conflito, e manter essa estrutura para

conduzir as Op Cbn em que o CON seja designado o Comandante Operacional;

• mobiliar, quando necessário, o estado-maior da força naval componente por

ocasião das operações combinadas;

• criar a seção de Op Psc na Subchefia de Operações do ComOpNav; e

• quando o CON for designado Comandante Operacional de um Comando

Combinado, o núcleo de seu Estado Maior Combinado (EMC) será formado pelas Seções da

Divisão de Planejamento, que receberão os acréscimos de pessoal das Forças Componentes e,

nessa ocasião, cumprirão as atribuições previstas na Doutrina Básica de Comando

Combinado.

No anexo J, observa-se a atual estrutura do Estado-Maior existente no Comando

de Operações Navais.

O anexo L apresenta a Organização do Departamento de Defesa dos Estados

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Unidos da América. Nessa organização, observa-se a “Special Forces Command,”51segundo o

capitão-de-fragata Valter Citavicius Filho, oficial de ligação da MB junto à US Navy - Fleet

Forces Command nos EUA, esse é o Comando Combatente responsável por conduzir, dentro

desta estrutura, as Op Psc nas operações militares dos EUA.

No anexo M, apresenta-se a OPNAV INSTRUCTION 3434.1, que tem como

propósito orientar o apoio da marinha norte-americana (USNAVY) em Op Psc combinadas. De

acordo com esta publicação, a USNAVY possui responsabilidade de coordenar e adestrar o

pessoal da força para programas de treinamento de Op Psc em operações combinadas no

Unified Comman, dentre eles a Special Forces Command.

Em entrevista realizada com o capitão-de-fragata (FN) Renato Ferreira, em 5 de

julho de 2006, oficial de ligação do Corpo de Fuzileiros Navais com os Fuzileiros Navais

norte-americanos nos EUA, disse que a US Navy apóia a atividade de Op Psc do US Army,

com os navios sendo utilizados como plataforma de transporte para equipamentos de rádio-

difusão de mensagens e produção e disseminação de panfletos, por ocasião em que os meios

navais aproximam do litoral, como é mostrado em uma foto dessa ação no anexo G.

Por último, o anexo N apresenta a proposta de estrutura para o Estado-Maior no

Comando de Operações Navais sugerida pelo autor.

51 Special Forces Command < http://www.soc.mil/SF/SF_default.htm>. Acesso em 28 abr. 2006.

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6 CONCLUSÃO

Ao concluir esta monografia, torna-se relevante abordar que a comunicação é um

campo das ciências humanas que mobiliza diversas disciplinas. Somado a isso, está o fato de

que o progresso técnico tem sido considerável no campo da comunicação, permitindo maior

facilidade para produzir, transmitir e trocar palavras, fotos e imagens. Esse processo acontece

com tamanha facilidade e rapidez que muitos acreditam estarem resolvendo, pela técnica, os

problemas na comunicação entre os homens. Entretanto, a tecnologia dificultou a distinção

entre realidade e ficção.

Estudiosos de comunicação, como os Professores Pierre Levy ou Lucien Sfez,

desenvolveram novas teorias de comunicação, considerando os aspectos tecnológicos nesse

processo que tornaram a comunicação quase instantânea, sem a necessidade de grande infra-

estrutura, provocando a “morte da distância”.

As sociedades são seguidamente influenciadas pelo fenômeno da comunicação. É

nesse panorama que surgem a Com Soc e as Op Psc como elemento de apoio às operações

militares. Atualmente, os modernos meios de comunicação combinados com as técnicas e

análises de estudos do comportamento humano se multiplicaram de tal forma, que a

manipulação pode acontecer homeopaticamente enquanto o subconsciente vai construindo

uma nova realidade.

A conectividade e a velocidade com que as notícias se propagam permitem uma

comunicação quase contínua, como se constatou na surpreendente história da forma com que

as notícias foram veiculadas na primeira Guerra do Golfo (1991). Este fato muda a percepção

das pessoas. Hoje, se espera uma capacidade de resposta e de decisão em tempo real. Essa

valorização da capacidade de resposta a qualquer tempo e em qualquer lugar é apenas um dos

exemplos da importância da comunicação no processo de decisão.

Como a opinião pública é um fator de peso nessa tomada de decisão e,

considerando que a mídia atua de modo a influenciar a formação de opinião, a Com Soc e a

Op Psc se tornaram fatores de muita relevância na consecução dos objetivos militares. As

informações passadas para a sociedade devem ser fidedignas e oportunas, contribuindo para o

estabelecimento de uma relação de confiança entre a instituição e os concidadãos. Pode-se

dizer que, também, será por meio da Com Soc que os líderes poderão obter parte das

informações que os auxiliarão na tomada de decisão, assim como estarão capacitados a

planejar e a utilizar a mídia em apoio às suas forças.

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Nesse contexto é que a MB e as demais FA estão inseridas. Sendo assim, torna-se

fundamental aprimorar as áreas de Com Soc e de Op Psc das FA, particularmente, na MB,

aplicada nas operações de combate. Nesse sentido, identifica-se a necessidade do

comunicador social militar estar em contínuo aperfeiçoamento, de modo a compreender e

lidar com esse novo ambiente que envolve o público-alvo. Como a teoria fortalece a prática,

esses militares devem estar em permanente adestramento tanto nas Op Cbn, como nos

exercícios realizados pela sua respectiva Força, além de serem apoiados por uma

uniformidade doutrinária.

Além disso, é importante ressaltar que as ações de Com Soc e de Op Psc são

integradas com outros campos do combate, por exemplo: a guerra eletrônica, quando se usa o

espectro eletromagnético para a transmissão de mensagens; e a área de inteligência durante o

levantamento de informações sobre as características do público-alvo, como cultura, hábitos e

atitudes.

Como o alcance da Com Soc vai além das fronteiras nacionais ou da área de

operações, isso requer uma direção e coordenação em nível governamental. No campo militar,

a ação integrada da Com Soc com as outras FA e dentro de um EM com as outras seções,

permite identificar oportunidades, estabelecer ações de propaganda ou alterar o formato das

que não estejam atingindo o efeito desejado. Nesse sentido, seria uma boa medida concluir o

estabelecimento do SisComDef e a rápida implementação do CComDef, a fim de aumentar a

sinergia entre os sistemas de Com Soc das FA no que se refere a aspectos em operações

militares e à formulação de uma doutrina comum de Com Soc e de Op Psc para Op Cbn.

Assim, uma importante ação da Com Soc durante as operações militares é o

acompanhamento do que é veiculado pela mídia, do comportamento do público e das próprias

Forças. Esse comportamento poderá ser mensurado pelas pesquisas de opinião, índices de

audiência, pelo espaço em noticiários da imprensa escrita, falada, televisiva e nas páginas da

internet. Será importante também que se adotem relacionamentos de confiança com a mídia,

de forma a utilizá-la em favor das manobras militares, ao invés de tentar reduzi-la ou

controlá-la.

Em um conflito de maior duração, deve-se procurar manter o interesse da mídia,

de modo a não deixar que o volume de matérias jornalísticas diminua, arrefecendo o interesse

do público pelo assunto. Assim, a Com Soc e a Op Psc assumem um papel preponderante na

conquista da opinião pública internacional, no enfraquecimento do apoio ao oponente, bem

como na obtenção de um maior prestígio na própria população.

Observou-se que as principais diferenças entre a Com Soc e a Op Psc no processo

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de influenciar, estão na audiência e nos propósitos. A Com Soc possui como público-alvo as

próprias Forças e a sociedade, e, como princípio, informar e esclarecer a verdade. As Op Psc,

por sua vez, terão o propósito de manipular e desinformar uma audiência estrangeira.

Diante do exposto, este trabalho pretendeu apresentar algumas sugestões relativas

às atividades de Com Soc e Op Psc para a MB, fazendo uma retrospectiva de acontecimentos

do passado, mostrando a atual situação dessas atividades na MB e nas demais FA.

Nesse panorama, constatou-se que a MB não possui nem pessoal nem estrutura

para conduzir com eficiência a Com Soc e Op Psc em operações militares. Torna-se, portanto,

primordial desenvolver uma mentalidade na MB sobre a importância dessas atividades. Isso

implica que a MB precisará criar uma massa crítica de pessoal especializado e dedicado em

Com Soc e Op Psc, que poderá ser adquirida com um maior intercâmbio com as outras FA,

principalmente no EB. Será importante a permanência desse especialista de Com Soc e Op

Psc na função, porque esse militar será um combatente que usará a palavra como “arma”.

Somando a esse quadro, enfatizou-se o nível de sofisticação dessas ações como

apoio às operações militares e o grau de adestramento que o EB apresentou durante o

exercício referido no capítulo 4. Diante disso, vale dizer, que quanto mais a MB retardar a

adoção das Op Psc e da Com Soc nas operações em que participa, mais distante estará das

outras Forças, e mais dependente nos exercícios de Op Cbn conduzidos pelo MD.

Também se observou que a MB possuía, em 1959, um manual que tratava de

Com Soc e Op Psc, o qual foi retirado de vigor, em 1997, pela publicação EMA-850. Por

último, identificaram-se as ações que a MB deverá tomar para reduzir o hiato existente em

relação às outras Forças, considerando suas especificidades na aplicação desse tipo de

atividade.

Finalmente, o preparo do Poder Naval brasileiro decorre também, em somar

esforços, compatibilizar procedimentos e integrar ações nas áreas de Com Soc e Op Psc com

as demais FA, para obter maior eficiência na execução das Op Cbn. Para isto, é necessário

implementar alguns ajustes, como os sugeridos no presente trabalho. O nível de sofisticação

das atividades de Com Soc e Op Psc como “arma” requer um lento processo de preparação.

Elas são ferramentas poderosas de apoio ao combate.

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59

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7 ANEXO A – TEORIAS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

Dentre os modelos teóricos da comunicação, sobressaem-se o funcionalismo,

primeira corrente teórica, a Escola de Frankfurt e a Escola de Palo Alto52.

O funcionalismo pode ser definido como uma corrente de fundamentação

sociológica para a qual os processos de ação social se estruturam em sistemas, que procuram

reduzir as tensões do mundo e manter equilibrado o funcionamento da sociedade.

Associada a esta corrente, há a teoria do funcionalismo, em que a comunicação

deve ser revista como fundamento do processo de interação social, ou seja, promover a

cooperação social entre os homens (RÜDIGER, 2004, p. 54). Assim, para haver esta

cooperação, tudo o que o emissor dissesse seria aceito pelo receptor.

Em contraposição, surge a teoria crítica da Escola de Frankfurt que tem sido

tratada como uma escola de pensamento social contemporânea, que contribuiu de forma

decisiva para o desenvolvimento do estudo da comunicação. Os estudiosos Horkheimer,

Marcuse, Adorno, entre outros, costumam ser designados como teóricos da comunicação pelos

especialistas deste campo de conhecimento (RÜDIGER, 2004, p. 89). Trabalham com a análise

da transmissão e a dominação ideológica na comunicação de massa.53

Os estudiosos de Palo Alto, por sua vez, passaram a criticar o modelo da Escola de

Frankfurt ao afirmarem que o receptor tem consciência e só aceita o que deseja.

A comunicação pode desenvolver-se em campos diferentes, dos quais podemos

destacar dois enfoques distintos: a comunicação em pequena escala, e a comunicação em larga

escala ou comunicação de massa. Em ambos os casos, o ser humano começou a utilizar novos

instrumentos que passaram a auxiliar a potencialização do processo de produção, envio e

recepção das mensagens. Desta forma, a tecnologia passou a fazer parte da comunicação.

Nesse contexto, nasceram novos modelos teóricos de comunicação, considerados

por alguns autores a marca definitiva da contemporaneidade, com a criação de máquinas,

dispositivos técnicos e mecanismos comunicacionais que possibilitam a generalização dos

processos de emprego da mídia (POLISTCHUK, 2003, p. 146). Dentre eles, temos o modelo

teórico-mediativo, da teoria de Jesús Martín-Barbero, teórico colombiano, considerado um dos

expoentes nos estudos culturais contemporâneos. Sob o ponto de vista de Barbero, o que o

52 Cidade localizada no Estado americano de Califórnia, no Condado de Santa Clara. A cidade é a sede da Escola de Palo Alto que é uma universidade que constitui um dos núcleos de

investigação mais prestigiado no âmbito psicoterapeutico e psiquiátrico. WIKIPEDIA -http://pt.wikipedia.org/wiki/Escola_de_Palo_Alto. Acesso em 15/4/2006.

53 Comunicação de massa é a comunicação dirigida a um público de massas heterogêneos e anônimo, por intermediários técnicos e a partir de uma fonte organizada (geralmente ampla e

complexa). A caracterização dessa fonte (sistema, organização, instituição ou indivíduo do qual provém a mensagem) é importante para delimitar as fronteiras que separam a comunicação de

massa (ou de massas) da que não é de massa. WIKIPEDIA - <http://pt.wikipedia.org/wiki/Comunica%C3%A7%C3%A3o_de_massa>. Acesso em 14 abr 2006.

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receptor compreende varia conforme sua cultura, no sentido mais amplo da palavra.54

Na época do pós-modernismo que o livro de Llana Polistchuk conceitua como um

conjunto de fenômenos sociais, culturais, artísticos e políticos que têm lugar em sociedades

pós-industriais, nas últimas décadas do século XX (POLISTCHUK, 2003, p. 143-145). Assim,

nesta época, surge o modelo teórico-recepcional que realça o ato de receber alguma coisa, ou o

resultado dessa mesma ação, indica uma coleta, uma acolhida e um aceite. Àquilo que se

recebe, atribui-se algum significado, faz-se algum sentido (POLISTCHUK, 2003, p.150).

Então, a comunicação tem que ter sentido, ou seja, a efetividade da comunicação dependerá da

consistência e da repetição de trocas sociais, da cultura. A principal escola desta teoria é a

Escola de Constança (Alemanha), dos estudiosos Hans-Robert Jauss (1921-1997) e Wolfgang

Iser (POLISTCHUK, 2003, p. 151).

O modelo teórico da época pós modernista é o da virtualização do Professor Pierre

Levy da Universidade de Paris, que se dedica à reflexão sistemática sobre as especificidades

das mudanças tecnológicas ocorridas no final do século XX (POLISTCHUK, 2003, p.161),

rende uma homenagem a Marshall McLuhan55, ressaltando que a sociedade da informação

promove uma mudança radical nas formas de pensar e de comunicar, pondo em questão

conceitos como “memória”, “realidade” e “verdade”. A informatização tornou o tempo

acelerado, imediatista e mutante. A sedimentação do conhecimento e a aprendizagem

disciplinada vão ficando para trás. A informação disponível está em permanente processo de

adaptação, mudança, recomposição e atualização, podendo ser multiplicada, difundida e

armazenada, ao sabor de toda espécie de interesses ou de motivações. Assim, quer se crer que

não há mais um pressuposto da verdade a lhe dar sustento, a garantir-lhe a estabilidade;

importa sim, o modo de lidar operativamente em tempo real (POLISTCHUK, 2003, p. 164). O

professor Pierre Levy mostra que a tecnologia moderna promoveu a comunicação em tamanha

escala e força que, merecedora de distintos juízos de valor, em que tudo se faz visível e

imediato. O processo perdeu todo sentido fora dessa mídia que pode gerar uma outra realidade,

merecedora de distintos juízos de valor, em que tudo se faz visível e imediato. Pode-se

concluir, então, que para Pierre Levy, a informação possui hoje caráter pouco consistente e

bastante transitório.

Por último, descreve-se o modelo teórico-crítico da fissura tecnológica de Lucien

Sfez, Professor de Ciências Políticas na Universidade de Paris-Dauphine, nascido em 1945, o

qual, defende a tese de que a comunicação mudou ao desdobrar-se em áreas tão variadas

54 Jesús Martín-Barbero , Disponível em WIKIPEDIA - < http://pt.wikipedia.org/wiki/ Jes%C3%BAs_Mart%C3%ADn-Barbero>. Acesso em 15/ abr 2006.

55 Ver nota de rodapé 36.

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quanto a mídia, a informática, o marketing, a psicoterapia analítica e as ciências cognitivas56,

que está comprometida pelo excesso de comunicação em sociedades, como a nossa, que

tomam a realidade representada pela realidade expressa. O professor Lucien Sfez afirma que

essas sociedades confundem a representação da realidade com a própria realidade, como se

tratasse de uma criação cenográfica. Os processos de simulação constituem uma sinopse da

“inteligência artificial”, assim como dão vida ao “monstro” cuja aparência descreve bem o que

significam as novas tecnologias da comunicação (POLISTCHUK, 2003, p. 165). Então, esta

teoria nos diz que a comunicação se torna o resultado de exercícios de simulação, no qual a

nossa própria figura passou a ser gerada de forma anônima e automática. Portanto, este

processo separa as pessoas e as converte em uma espécie de terminal dos sistemas de contato

(terminal de computadores, televisões, caixas eletrônicos), uma superfície de absorção e

reabsorção das redes de influência e de persuasão criadas pela tecnologia.

Este anexo apresentou uma revisão bibliográfica das principais teorias de

comunicação social do livro de Llana Polistchuk e Aluisio Ramos Trinta, Teorias da

Comunicação: o pensamento e a prática da comunicação social.

56 Significado retirado do Dicionário Aurélio: aquisição de um conhecimento; conhecimento, percepção.

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ANEXO B – CONVERGÊNCIA DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO

Slide da aula do professor Ricardo Nogueira de MBA (COPPEAD) da disciplina GestãoEstratégica da Tecnologia da Informação, no dia 26 de abril. (SCHOEMAKER, P.J.Profiting from uncertainty. New York, NY, Free Press, 2002)

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ANEXO C – LEGISLAÇÕES QUE ENVOLVEM ASPECTOS DE

COMUNICAÇÃO SOCIAL E UMA RELAÇÃO DE INSTRUMENTOS

NORMATIVOS DA SECRETARIA DE COMUNICAÇÃO DE GOVERNO E

GESTÃO ESTRATÉGICA

1.Constituição FederalA Constituição Federal (CF) presta um tratamento especial sobre assunto Comunicação

Social nos artigos 220 a 224, especificado no Capítulo V do Título VIII, sendo que no artigo

224 determina que o Congresso Nacional crie um órgão auxiliar, o Conselho de

Comunicação Social.2. Decreto Nº 6.880, 9 de Dezembro de 1980, Estatuto dos Militares3. Decreto-Lei número 8.398, de 30 de dezembro de 1991A lei número 8.389, de 30/12/1991 instituiu o Conselho de Comunicação Social, na forma

do artigo 224 da CF.4. Normas da Publicidade Governamental

Normativa Instrução nº 02, de 20.02.06 - Secretaria-Geral

Classificação, conceituação, execução, análise e aprovação de ações publicitárias

Instrução Normativa nº 31, de 10.09.03 - Marcas e Assinaturas Publicitárias do Governo

Federal

Instrução Normativa nº 21, de 27.07.01 - Remuneração de Agências de PropagandaInstrução Normativa nº 16, de 13.07.99

Prorrogação de Contratos com Agências de PropagandaInstrução Normativa nº 8, de 05.11.96 - Publicidade LegalInstrução Normativa nº 7, de 13.11.95 - Licitação de Serviços Publicitários Instrução Normativa nº 2, de 27.04.93 -BriefingInstrução Normativa nº 1, de 27.04.93

Planejamento de Comunicação Medida Provisória nº 103, de 01.01.03

Dispõe sobre a organização da Presidência da República e dos Ministérios Acordo SECOM - CENP, de 29.05.02

Classificação da Publicidade do Governo FederalPortaria nº 1 de 10.02.2006 Manual de Procedimento das Ações de Comunicação da

PR/SECOMPortaria nº 13, de 29.08.02

Banco de Dados de Recursos Humano de Comunicação de Governo. Portaria nº 4, de 03.02.00 Comitês de Patrocínios Culturais e Esportivos

Decreto nº 4.799, de 4.8.2003

Comunicação Social do Poder Executivo Federal

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Lei nº 10.683, de 28.5.2003

Competência da SECOM 5. Normas da Propaganda Lei nº 4.680, de 18.06.65

"Lei da Propaganda"Decreto nº 4.563 , de 31.12.02

Alterações do Regulamento da Lei nº 4.680Decreto nº 57.690, de 01.02.66

Regulamento da Lei nº 4.680Código de Ética dos Profissionais da Propaganda Código Brasileiro de Auto-Regulamentação Publicitária

CONSELHO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

O decreto-lei n.º 8.389, de 30/12/1991, institui o conselho de comunicação social,

na forma do artigo 224 da Constituição Federal, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º - É instituído o Conselho de Comunicação Social, como órgão auxiliar do

Congresso Nacional, na forma do artigo 224 da Constituição Federal.

Art. 2º - O Conselho de Comunicação Social terá como atribuição a realização de

estudos, pareceres, recomendações e outras solicitações que lhe forem encaminhadas pelo

Congresso Nacional, a respeito do Título VIII, Capítulo V, da Constituição Federal, em

especial sobre:

a) liberdade de manifestação do pensamento, da criação, da expressão e da

informação;

b) propaganda comercial de tabaco, bebidas alcoólicas, agrotóxicos, medicamentos

e terapias nos meios de comunicação social;

c) diversões e espetáculos públicos;

d) produção e programação das emissoras de rádio e TV;

e) monopólio ou oligopólio dos meios de comunicação social;

f) finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas da programação das

emissoras de rádio e TV;

g) promoção da cultura nacional e regional, e estímulo à produção independente e à

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regionalização da produção cultural, artística e jornalística;

h) complementaridade dos sistemas privado, público e estatal de radiodifusão;

i) defesa da pessoa e da família de programas ou programações de rádio e TV que

contrariem o disposto na Constituição Federal;

j) propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e

imagens;

l) outorga a renovação de concessão, permissão e autorização de serviços de

radiodifusão sonora e de sons e imagens;

m) legislação complementar quanto aos dispositivos constitucionais que se referem

à comunicação social.

Art. 3º Compete ao Conselho de Comunicação Social elaborar seu regimento

interno que, para entrar em vigor, deverá ser aprovado pela Mesa do Senado Federal.

Art. 4º - O Conselho de Comunicação Social se compõe de:

I - um representante das empresas de rádio;

II - um representante das empresas de TV;

III - um representante de empresas da imprensa escrita;

IV - um engenheiro com notórios conhecimentos na área de comunicação social;

V - um representante da categoria profissional dos jornalistas;

VI - um representante da categoria profissional dos radialistas;

VII - um representante da categoria profissional dos artistas;

VIII - um representante das categorias profissionais de cinema e vídeo;

IX - cinco membros representantes da sociedade civil.

§ 1º - Cada membro do Conselho terá um suplente exclusivo.

§ 2º - Os membros do Conselho e seus respectivos suplentes serão eleitos em

sessão conjunta do Congresso Nacional, podendo as entidades representativas dos setores

mencionados nos incisos I a IX deste artigo sugerir nomes à Mesa do Congresso Nacional.

§ 3º - Os membros do Conselho deverão ser brasileiros, maiores de idade e de

reputação ilibada.

§ 4º - A duração do mandato dos membros do Conselho será de dois anos,

permitida uma recondução.

§ 5º - Os membros do Conselho terão estabilidade no emprego durante o período

de seus mandatos.

Art. 5º - O Presidente e Vice-Presidente serão eleitos pelo Conselho dentre os

cinco membros a que se refere o inciso IX do artigo anterior.

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Parágrafo único - O Presidente será substituído, em seus impedimentos, pelo Vice-

Presidente.

Art.6º - O Conselho, presente a maioria absoluta dos seus membros, reunir-se-á,

ordinariamente, na periodicidade prevista em seu Regimento Interno, na sede do Congresso

Nacional.

Parágrafo único - A convocação extraordinária do Conselho far-se-á:

I - pelo Presidente do Senado Federal; ou

II - pelo seu Presidente, ex-ofício, ou a requerimento de cinco de seus membros.

Art. 7º - As despesas com a instalação e funcionamento do Conselho de

Comunicação Social ocorrerão à conta do Orçamento do Senado Federal.

Art. 8º - O Conselho de Comunicação Social será eleito em até sessenta dias após

a publicação da presente Lei e instalado em até trinta dias após a sua eleição.

Art. 9º - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 10 - Revogam-se as disposições em contrário.

Brasília, 30 de dezembro de 1991.

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ANEXO D – CAPA DO CAPÍTULO IV DO EMA-214 – MANUAL DE

RELAÇÕES PÚBLICAS EM SITUAÇÕES ESPECIAIS (FORA DE VIGOR)

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ANEXO E – PESQUISA DE OPINIÃO (CONFIANÇA NAS INSTITUIÇÕES)

(FONTE IBOPE 2005)

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ANEXO F – EXEMPLOS DE AÇÕES DE COMUNICAÇÃO SOCIAL EM

OPERAÇÕES MILITARES

1. Em tempo de Paz:

• aproveitar toda oportunidade para que o pessoal da imprensa realize a cobertura dos

exercícios militares, de forma a contribuir para aumentar o conhecimento do papel

constitucional das FA pela sociedade e aumente o relacionamento com a mídia pelas FA;

• realizar visita da mídia e de autoridades locais à área de operações, para que seja

estabelecida uma confiança mútua e o estreitamento de relações;

• estar em condições de prestar esclarecimento de qualquer dano que uma operação

militar cause durante um exercício;

• alertar a população de uma localidade que ocorra uma operação militar, porque esta

poderá de alguma forma, afetar a vida dessa população;

• publicar as atividades subsidiárias das FA que contribuem para o desenvolvimento

nacional ou para programas sociais como a ação cívico-social (ACISO);

• ativar um sítio na internet para acompanhamento da operação militar para permitir uma

maior interatividade entre a instituição e o público-alvo;

• publicar antecipadamente a chegada de um navio a uma determinada localidade e

realizar visitação pública, de forma a contribuir para a aproximação e o conhecimento da

sociedade local com a MB. Providenciar material para divulgação como press release ou press

kit com o propósito da visita; fotografias e história do navio, fotografias e biografias do

Comandante e Oficiais Superiores do navio; fatos históricos e biografias que interessem ao

nome do navio. Estas informações devem ser enviadas com antecedência ao Adido Naval,

representante diplomático ou à imprensa local, para divulgação no país ou local a ser visitado

para divulgação nos Jornais locais, sobre a futura visita;

• para muitas pessoas em muitos países em todo o mundo, uma visita de um navio da MB

constitui um contato direto de nosso Estado com outro Estado. Assim, publicar na imprensa

nacional e internacional essa visita ou uma operação militar significa divulgar o Poder

Nacional, porque o navio de guerra representa uma pequena parcela do desenvolvimento

tecnológico, da qualidade profissional de uma população por meio de sua tripulação;

• convidar parlamentares e representantes do governo federal a participar como

observadores de operações militares, para permitir incrementar o conhecimento das atividades

de exercícios da Esquadra que normalmente, se realizam fora do alcance visual da maioria da

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sociedade brasileira;

• criar uma cultura de defesa e a importância de continuar a manter as FA fortes e

eficientes;

• valorizar as atividades das Organizações Militares por meio de divulgação na mídia;

• manter o público interno bem informado, guardadas as restrições impostas pelo sigilo

das operações, para aumentar a confiança, a moral e a credibilidade das tropas envolvidas no

exercício, etc

2. Em tempo de conflito:

• concentrar a informação em um centro de informações públicas;

• publicação de matérias que auxiliarão na mobilização nacional;

• divulgação de matérias sobre as operações militares para obter o apoio público, dentro

do sigilo necessário para a operação;

• divulgação de combates entre nossas forças e a força hostil;

• matérias que fortaleçam o moral da nossa Força;

• fazer pesquisa de opinião de modo que, permanentemente, seja conhecida a moral e a

opinião de nossa sociedade, assim como das nossa Forças;

• exercer o controle e a seleção da informação para que a publicação de determinada

matéria não comprometa uma operação;

• realizar a função de porta-voz com a mídia nacional e internacional;

• estar em condições de esclarecer qualquer dano colateral que uma operação militar

cause a uma determinada população civil;

• produzir imagem das operações militares para divulgação na mídia; e

• prestar esclarecimento quanto às mortes, acidentes e prisioneiros, etc.

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ANEXO G – AERONAVE “COMMANDO SOLO”

EC-130E Commando Solo The EC-130E ABCCC consists of

seven aircraft that are used as an Airborne Battlefield Command and

Control Center. The EC-130E is a modified C-130 "Hercules"; aircraft

designed to carry the USC-48 Airborne Battlefield Command and Control

Center Capsules (ABCCC III). These one-of-a kind aircraft include the

addition of external antennae to accommodate the vast number of radios in the capsule, heat

exchanger pods for additional air conditioning, an aerial refueling system and special mounted

rails for uploading and downloading the USC-48 capsule. The ABCCC has distinctive air

conditioner intakes fore of the engines ("Mickey Mouse ears"), two HF radio probes-towards

the tips of both wings, and three mushroom-shaped antennas on the top of the aircraft - and, of

course, numerous antennas on the belly.

As an Air Combat Command asset, ABCCC (A-B-Triple-C) is an integral part of

the Tactical Air Control System. While functioning as a direct extension of ground-based

command and control authorities, the primary mission is providing flexibility in the overall

control of tactical air resources. In addition, to maintain positive control of air operations,

ABCCC can provide communications to higher headquarters, including national command

authorities, in both peace and wartime environments.

The USC-48 ABCCC III capsule, which fits into the aircraft cargo compartment,

measures 40 feet long, weighs approximately 20,000 pounds and costs $9 million each. The

ABCCC provides unified and theater commanders an Airborne Battlefield Command and

Control Center (ABCCC), with the capability for combat operations during war, contingencies,

exercises, and special classified missions. A highly trained force of mission ready crew

members and specially equipped EC-130E aircraft to support worldwide combat operations.

Mission roles include airborne extensions of the Air Operations Center (AOC) and Airborne

Air Support Operations Center (ASOC) for command and control of Offensive Air Support

(OAS) operations; and airborne on-scene command for special operations such as airdrops or

evacuations.

The ABCCC system is a high-tech automated airborne command and control

facility featuring computer generated color displays, digitally controlled communications, and

rapid data retrieval. The platform's 23 fully securable radios, secure teletype, and 15 automatic

fully computerized consoles, allow the battlestaff to quickly analyze current combat situations

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and direct offensive air support towards fast-developing targets. ABCCC, is equipped with its

most recent upgrade the Joint Tactical Information Distribution System, allows real-time

accountability of airborne tracks to capsule displays through data links with AWACS E-3

"Sentry" aircraft.

EC-130E Commando Solo / Rivet Rider

The EC-130E Commando Solo (initially known as Volant Solo) is available to

commanders for localized targeting of specific avenues of communication. The EC-130E

exists in Comfy Levi and Rivet Rider versions. Senior Hunter aircraft flying the SENIOR

SCOUT mission support Commando Solo aircraft. This weapon system is the mainstay

information operations aircraft for peacekeeping and peacemaking operations and

humanitarian efforts which comprise a large percentage of today's military missions.

Commando Solo conducts psychological operations and civil affairs broadcast missions in the

standard AM, FM, HF, TV, and military communications bands. Missions are flown at the

maximum altitudes possible to ensure optimum propagation patterns. The EC-130 flies either

day or night scenarios with equal success, and is air refuelable. A typical mission consists of a

single-ship orbit which is offset from the desired target audience. The targets may be either

military or civilian personnel. Secondary missions include command and control

communications countermeasures (C3CM) and limited intelligence gathering. With the

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capability to control the electronic spectrum of radio, television, and military communication

bands in a focused area, the Commando Solo aircraft can prepare the battlefield through

psychological operations and civil affairs broadcasts. These modified C-130Es provide

broadcasting capabilities primarily for psychological operations missions; support disaster

relief operations; and perform communications jamming in military spectrum and intelligence

gathering. One oversized blade antenna is under each wing with a third extending forward

from the vertical fin. A retractable wire antenna is released from the modified beavertail, with

a second extending from the belly and held vertical by a 500 pound weight.

Capabilities include:

1. Reception, analysis, and transmission of various electronic signals to exploit

electromagnetic spectrum for maximum battlefield advantage

2. Secondary capabilities include jamming, deception, and manipulation techniques

Unrefueled range 2800 NM

3. Broadcasts in frequency spectrums including AM/FM radio, short-wave, television, and

military command, control and communications channels

Rivet Rider modification includes:

• VHF and UHF Worldwide format color TV Infrared countermeasures [chaff/flare

dispensers plus infrared jammers]

• Vertical trailing wire antenna

• Fire suppressant foam in fuel tank

• Radar warning receiver

• Self-contained navigation system

The modification added a pair of underwing pylon mounted 23X6 foot equipment

pods, along with X-antennae mounted on both sides of the vertical fin. Six aircraft have been

modified to the Rivet Rider configuration by the contractor, Lockheed Martin; Ontario,

California.

Commando Solo and Senior Scout operations may be long or short range missions

with extended orbit delays planned at the aircraft operating ceiling, and may require one or

multiple air refuelings. Some missions may require a combat profile, with a low altitude profile

enroute to the mission orbit area. The electronic environment may be hostile, with enemy

ability to jam all communications radios and electronic transmission systems; to intercept and

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use intelligence information transmitted over nonsecure electronic systems and radios; and to

pinpoint the position of the aircraft emitting any electronic transmission or signal. Commando

Solo supported the operation JOINT GUARD mission by shutting down anti-SFOR

propaganda through radio and TV broadcasts over Bosnia-Herzegovina in support of SFOR

operations.

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EC-130H Compass Call / Rivet Fire

Compass Call is the designation for a modified version of Lockheed corporation's

C-130 Hercules aircraft configured to perform tactical command, control and communications

countermeasures or C3CM. Targeting command and control systems provides commanders

with an immense advantage before and during the air campaign. COMPASS CALL provides a

non-lethal means of denying and disrupting enemy command and control, degrading his

combat capability and reducing losses to friendly forces.

The EC-130H Compass Call is the only US wide-area offensive information

warfare platform, Compass Call provides disruptive communications jamming and other

unique capabilities to support the Joint Force Commander across the spectrum of conflict.

Specifically, the modified aircraft uses noise jamming to prevent communication or degrade

the transfer of information essential to command and control of weapon systems and other

resources. It primarily supports tactical air operations but also can provide jamming support to

ground force operations. Modifications to the aircraft include an electronic countermeasures

system (Rivet Fire), and air refueling capability and associated navigation and communications

systems. The upgrade of the fleet to Block 30 is underway to improve system reliability and

currency, however a two year funding gap exists between first squadron completion and

second squadron start. This gap and other funding reductions have forced the SPO to stretch

out Blk 30 completion to FY04, causing both fiscal inefficiencies and issues of technical

obsolescence. Although some funding has been cut, limiting COMPASS CALL response to

new threat systems, with the software reprogrammability of the new Block 30 aircraft, analysis

and development of countermeasures to threats can be further leveraged by being more timely

and effective. The Block 35 initiative will inject new technology required to improve reliability

and increase COMPASS CALL's Offensive Counterinformation (OCI) capability against

modern C2 systems. Major advantages are an update of receiver subsystem to satisfy current

operational shortfalls and address immediate supportability problems. Procurement funding

will subsequently modify/convert seven Block 30 COMPASS CALL aircraft to Block 40.

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During Operation Desert Storm EC-130H Compass Call electronic warfare aircraft,

operating outside Iraqi airspace, safe from Iraqi defenses, jammed communications, hindering

the effectiveness of Iraq's integrated air defense network. Rivet Fire has demonstrated its

powerful effect on enemy command and control networks in Panama and Iraq. Compass Call

integrates into tactical air operation at any level. Although Compass Call primarily supports

interdiction and offensive counter-air campaigns, the truly versatile and flexible nature of the

aircraft and its crew enable the power of EC-130H to be brought to bear on virtually any

combat situations.

The EC-130H aircraft carries a combat crew of 13 people. Four members are

responsible for aircraft flight and navigation, while nine members operate and maintain the

Rivet Fire equipment. The mission crew consists of an electronic warfare officer, who is the

mission crew commander (MCC), and experienced cryptologic linguist is the mission crew

supervisor (MCS), six analysis operators and an airborne maintenance technician (AMT).

Aided by the automated system, the crew analyze the signal environment,

designate targets and ensure the system is operating effectively. Targets can be designated

before the mission takes off, acquired in flight or the MCC/MCS can receive additional tasking

at any time from outside agencies (i.e. Airborne Warning and Control System, RC-135 and

Airborne Command and Control System.) A radio frequency signal runs from the beginning of

the received path through the system and is analyzed at different points along the way. In a war

situation, a signal may be received and linguists on board the plane analyze it to determine if it

is an enemy signal. If the system decides there is a threat, communications would be jammed

by the officer on board pressing the red buttons. On the back of the plane is microwave

powered equipment which sends out high energy radio frequency output or interference.

The latest technologies, referred to as the Block 30 system, update the fleet and

keep the 41st Electronic Combat Squadron’s Combat Systems Flight busy ironing out the bugs.

The flight’s 25 computer and electronic warfare troops perform organizational level

maintenance on EC-130H weapons systems. Block 30 totally rearranges the equipment on the

EC-130H and incorporates fiber optics. There are more fiber optic terminations on this plane

than any other plane flying, commercial or military today. Block 30 improvements include

faster and more powerful computers and integrated work stations which enable the fleet to

accomplish its primary mission of denying enemy commanders the ability to command their

troops in the battlefield. Unlike Block 20, which operates through a mainframe, Block 30 is

broken down into different components which communicate with each other.

The conversion to the Block 30 system, designed by Lockheed and several other

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contractors, has been a time-consuming project. Each plane requires approximately 16 months

for modification at the Lockheed Martin Skunk Works plant in Palmdale. Unlike other

weapons systems which are tested before they are bought, Block 30 was purchased before

being tested. All new hardware and a five-fold increase in the amount of software, which

includes over one million lines of computer code, have produced the usual minor bugs that

always seem to appear with new technology improvements. One common problem is the

failure of a built-in self test. The main hardware issue has been getting spares. The spare issue

is a problem of manufacturers not making the number of parts and components needed. Budget

cuts and appropriations have caused some of this. Compass Call is tasked by all the unified

commands and therefore subject to worldwide deployment in support of tactical air/ground

forces on very short notice. The Compass Call EC-130H is flown by the 355th Wing's 41st and

43rd Electronic Combat Squadrons, at Davis-Monthan Air Force Base, Ariz. The COMPASS

CALL fleet is comprised of 13 aircraft (10PAA/ 2BAI/ 1 attrition reserve) in two squadrons

(41ECS and 43ECS).

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Observação: Disponível em: <http://www.fas.org/man/dod-101/sys/ac/ec-

130e.htm.> Acesso em: 10 maio 2006.

EMPREGO DE NAVIOS DA US NAVY EM TRANSMISSÕES DE

MATÉRIAS PARA OPERAÇÕES PSICOLÓGICAS

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PSYOP capabilities vary among the services, with the majority of the expertise

residing in the Army RC. Principally at the tactical level, Army equipment includes 10- and

50-kW radio andTV broadcast transmitters, print systems, loudspeakers and mobile

audiovisual vans. The Air Force™s radio and TV broadcast capability resides primarily in four

EC-130 Commando Solo aircraft. . . . The Navy can produce audiovisual products from a host

of imaging commands, but its broadcast capability is limited to a van-configured 10.6 kW AM

radio transmitter. Marine Corps PSYOP support consists of shore-based loudspeaker

broadcasting, aerial and artillery leaflet dissemination and audiovisual equipment.

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ANEXO H - TÉCNICAS DE GERAÇÃO DE PROPAGANDA

Há várias técnicas que são utilizadas para criar mensagens que sejam persuasivas,

porém falsas. Muitas dessas técnicas podem ser baseadas em falácias lógicas, já que os

propagandistas usam argumentos que, embora às vezes convincentes, não são necessariamente

válidos.

Algum tempo tem-se dedicado para analisar os meios pelos quais as mensagens de

propaganda são transmitidas, e este trabalho é importante, mas é claro que estratégias de

disseminação da informação só se tornam estratégias de propaganda quando associadas a

mensagens propagandísticas. Identificar estas mensagens de propaganda é um pré-requisito

necessário para estudar os métodos utilizados para divulgação destas mensagens. Por isso, é

essencial ter algum conhecimento das seguintes técnicas de geração de propaganda:

1. Argumentum ad nauseam

Repetição incansável (ou ainda repetição nauseante). Uma idéia repetida

suficientemente se torna verdade. Esta técnica funciona melhor quando o acesso à mídia é

controlado pelo propagandista.

2. Apelo à autoridade

É a citação de uma figura proeminente para apoiar um posicionamento, idéia,

argumento ou alguma ação em desenvolvimento.

3. Apelo ao medo

É a busca de apoio a uma idéia ou causa ou pessoa, instigando o medo na

população em geral. Por exemplo, Joseph Goebbels explorou o livro Os Alemães devem

Morrer, de Theodore Kaufman, para afirmar que os Aliados procuravam o extermínio do povo

alemão e, com isso, obter o apoio da população.

4. Bode Expiatório

Atribuir culpa a um indivíduo ou grupo que não seja efetivamente responsável,

aliviando sentimentos de culpa de partes responsáveis ou desviando a atenção da necessidade

de resolver um problema cuja culpa foi atribuída àquele que está emitindo a propaganda.

5. Desaprovação

Essa é a técnica usada para desaprovar uma ação ou idéia, sugerindo que ela é

popular entre grupos odiados, ameaçadores ou que estejam em conflito com o público-alvo.

Assim, se um grupo que apóia uma idéia é levado a crer que pessoas indesejáveis, subversivas

ou conflitantes também a apóiam, os membros do grupo podem decidir mudar sua posição.

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6. Efeito dominó

Efeito dominó e vitória inevitável: tenta convencer a audiência a colaborar com

uma ação "com a qual todos estão colaborando" ou "junte-se a nós". Essa técnica reforça o

desejo natural das pessoas de estar no lado vitorioso e visa a convencer a audiência que um

programa é a expressão de um movimento de massa irresistível e que é de seu interesse, se

juntar a ele. A "vitória inevitável" incita aqueles que ainda não aderiram a um projeto a fazê-lo,

pois a vitória é certa. Os que já aderiram se sentem confortados com a idéia de que tomaram a

decisão correta e apropriada.

7. Estereotipificação ou Rotulagem

Essa técnica busca provocar a rejeição em uma audiência, rotulando o objeto da

campanha de propaganda como algo que o público-alvo teme, desgosta, tem aversão ou

considera indesejável.

8. Homem comum

O "homem do povo" ou "homem comum" é uma tentativa de convencer a

audiência de que a posição do propagandista reflete o senso comum das pessoas. É utilizada

para obter a confiança do público, comunicando-se da maneira comum e no estilo da

audiência. Propagandistas usam a linguagem e modos comuns (e até as roupas, quando em

comunicações audiovisuais presenciais) numa busca de identificar seus pontos de vista com

aqueles da "pessoa média".

9. Palavras Virtuosas

São palavras tiradas do sistema de valores do público-alvo, que tendem a produzir

uma imagem positiva quando associadas a uma pessoa ou causa. Exemplos são paz, felicidade,

segurança, liderança, liberdade, etc.

10. Racionalização

Indivíduos ou grupos podem usar afirmações genéricas favoráveis para racionalizar

e justificar atos e crenças questionáveis. Frases genéricas e agradáveis são freqüentemente

usadas para justificar essas ações ou crenças.

11. Slogan

Um slogan é uma frase curta e impactante que pode incluir rotulação e

esteriotipação. Se slogans podem ser criados a respeito de determinada idéia, devem sê-lo,

pois, bons slogans são idéias autoperpetuáveis.

12. Super-simplificação

Afirmações vagas, favoráveis, são usadas para prover respostas simples para

complexos problemas sociais, políticos, econômicos ou militares.

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13. Termos de Efeito

Termos de efeito são palavras de intenso apelo emocional, associadas a conceitos

e crenças muito valorizados que convencem sem a necessidade de informação ou razões que as

apóiem. Elas apelam para emoções como o amor à pátria, lar, desejo de paz, liberdade, glória,

honra, etc. Solicitam o apoio sem o exame da razão. Embora as palavras e frases sejam vagas e

sugiram coisas diferentes para pessoas diferentes, sua conotação é sempre favorável: "Os

conceitos e programas dos propagandistas são sempre bons, desejáveis e virtuosos".

14. Testemunho

Testemunhos são citações, dentro ou fora de contexto, efetuadas especialmente

para apoiar ou rejeitar uma idéia, ação, programa ou personalidade. Explora-se a reputação ou

papel (especialista, figura pública respeitada, etc.) daquele que é citado. O testemunho dá uma

sanção oficial de uma pessoa ou autoridade respeitada à mensagem de propaganda. Isso é feito

num esforço de causar no público-alvo uma identificação com a autoridade ou para que aceite

a opinião da autoridade como sua própria.

15. Transferência

Essa é a técnica de projetar qualidades positivas ou negativas (elogios ou censuras)

de uma pessoa, entidade, objetivo ou valor (de um indivíduo, grupo, organização, nação, raça,

etc.) para outro, para tornar esse segundo mais aceitável ou desacreditá-lo. Essa técnica é

geralmente usada para transferir culpa de uma parte em conflito para outra. Ela evoca uma

resposta emocional, que estimula o público-alvo a identificar-se com autoridades reconhecidas.

16. Vagueidade intencional

Afirmações deliberadamente vagas de tal forma que a audiência pode interpretá-las

livremente. A intenção é mobilizar a audiência pelo uso de frases indefinidas, sem que se

analise sua validade ou determine sua razoabilidade ou aplicação.

Métodos para transmitir mensagens publicitárias

Métodos comuns para transmitir mensagens de propaganda incluem noticiários,

comunicações oficiais, revistas, comerciais, livros, folhetos, filmes de propaganda, rádio, TV e

pôsteres, que relacionem o produto ou serviço oferecido quanto as suas características e

benefícios. No caso da divulgação de uma idéia ou conceito, o meio utilizado deve

corresponder ao público-alvo da campanha e acompanhado à linha de pensamento do seu

criador, a fim de instigar no público o interesse e a aderência à idéia.

Observação: Disponível em: WIKIPEDIA

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-http://pt.wikipedia.org/wiki/Propaganda#T.C3.A9cnicas_de_Gera.C3.A7.C3.A3o_de_Propag

anda. Acesso em: 10 maio 2006.

Exemplos de Mensagens Subliminares

Mensagem Subliminar é a arte da persuasão inconsciente. Ela trabalha com o

subconsciente das pessoas. Dá-se o nome de mensagem ou propaganda subliminar toda aquela

mensagem que é transmitida em um baixo nível de percepção, tanto auditiva quanto visual.

Embora não possamos identificar esta absorção da informação, o nosso subconsciente capta-a e

ela é assimilada sem nenhuma barreira consciente, e a aceitamos como se tivéssemos sido

hipnotizados.

O propósito deste artigo é mostrar como funciona a Propaganda Subliminar nas Op

Psic.

Exemplos:

a) Propaganda subliminar eleitoral nos Estados Unidos (EUA):

Em setembro de 2000, no decorrer da campanha presidencial norte-americana, o

candidato republicano à eleição, George Bush, em um filme de televisão, realizou críticas ao

programa do candidato democrata Al Gore por veicular mensagem sublminar. A equipe de

publicitários de Bush (chefiada por Alex Castellano, que anteriormente já tinha empregado

subliminares para o candidato Bob Dole em outra eleição presidencial) inseriu, em um “frame”

(uma divisão de tempo de varredura da tela da TV equivalente a uma parte entre trinta divisões

de um segundo, 1/30 de segundo) a palavra “RATS” (ratos) sobreposta à frase “bureaucrats

decide”. Alex Castellano declarou ao jornal NEW YORK TIMES que a inserção em um frame

foi “acidental”. O filme foi veiculado 4.400 vezes em cobertura nacional antes de ser

denunciado e cancelado, e teve um custo aproximado de US$ 2,5 milhões, muito caro para ser

deixado ao acaso e ter este tipo de “acidente” tão polêmico em uma campanha presidencial na

qual até bonés de eleitores, contendo logotipos de times de basebol são digitalizados e

apagados para evitar antipatias. Tal expediente foi empregado objetivando recuperar a queda

de Bush nas pesquisas, à época, empatado com Gore.

Segundo Osmar Freitas, correspondente em Nova York, na revista ISTO É, nº 1616

de 20 de setembro de 2000, página 118: “Caracterizava-se, assim, um dos mais clamorosos

exemplos de propaganda subliminar jamais descobertos”. Este fato foi amplamente noticiado e

documentado em rádio e TV brasileira, incluindo matérias em jornais conceituados como O

ESTADO DE SÃO PAULO (“Bush é acusado de usar propaganda subliminar” 13 de setembro

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de 2000, A15) e FOLHA DE SÃO PAULO (“Bush é acusado de propaganda subliminar”

13/9/2000), ambas matérias distribuídas pela renomada e fidedigna agência de notícias

Reuters.

b) DISNEY Admitiu ter subliminares em desenho

Outro caso com muito destaque na mídia foi a inserção de dois fotogramas com

fotos de uma mulher com os seios nus no desenho animado da Disney “Bernardo e Bianca”,

conforme a Folha de São Paulo de 15 de janeiro de 1999, “Pela primeira vez na história da

companhia, a Disney admitiu ter encontrado imagens subliminares num de seus filmes de

animação”. A cena acontece aos 28 minutos do filme e é imperceptível sem que se pare no

quadro a quadro, em um “frame” (uma divisão de tempo de varredura da tela da TV

equivalente a uma parte entre trinta divisões de um segundo, 1/30 de segundo). Dois sítios da

internet iniciaram a polêmica: http://www.entertainium.com/francais/video/rescuers2.html,

graças a eles, a Disney foi obrigada a recolher 3,4 milhões de fitas em locadoras de vídeo nos

USA.

Texto retirado no endereço em 12 de maio de 2006: MENSAGEM SUBLIMINAR-

<http://www.subliminar.hpg.ig.com.br/>

A Mensagem subliminar é uma informação que nos é enviada de modo oculto e

dissimulado, abaixo dos limites da nossa percepção consciente. Esta mensagem influencia

nossas atitudes, porque são exibidas de modo a não permitir que o nosso consciente as perceba

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e as critique. Entram direto pelas portas do subconsciente. A percepção subliminar ocorre

sempre que um estímulo apresentado abaixo dos limites da percepção consciente é reconhecido

como influenciando nossos pensamentos, sentimentos ou ações. São utilizadas nos meios de

comunicação na forma de propaganda subliminar na tv, rádio, jornais e revistas. Símbolos de

significados importantes são disfarçadamente incluídos em locais insuspeitos e de modo a não

podermos conscientemente reconhecer suas presenças. Nosso subconsciente, no entanto,

captam os seus significados e os associa ao que estamos vendo. O subconsciente é capaz de

perceber uma mensagem exibida até mesmo com a duração de apenas 1/ 3.000 de segundo

uma frase dita ou escrita de trás para frente ou um desenho perdido no meio de um fundo

confuso. Desta forma, é possível fazer com que consumidores passem a sentir atração por este

ou aquele produto mediante a inclusão dissimulada de palavras como "sexo", "amor" e outras

mais nas imagens de propaganda do produto. Há notícias de supermercados que possuem

equipamento para inserir frases no meio de músicas que são tocadas no ambiente para

sugestionar os clientes. Uma mensagem subliminar sonora ou escrita pode ser apresentada em

altíssima velocidade e não ser percebida pela mente consciente de quem se expõe a ela, mas as

pessoas a percebem pelas vias do subconsciente. No Brasil, temos uma lei que proíbe o uso de

mensagens subliminares em comerciais, tamanhos foram os abusos cometidos pelas agências

de propaganda usando esta técnica de persuasão. Mas o que aprendemos disto tudo? Se os

publicitários descobriram como influenciar nossas mentes com apenas algumas poucas

exposições à propaganda subliminar, imagine o que não pode a exposição contínua de nossas

mentes a mensagens criadas para sugestionar-nos conforme nossos próprios interesses. Uma

imagem é capaz de levar consigo muito mais significados do que uma simples frase. Foram

feitas algumas experiências com um grupo de voluntários submetendo as mensagens que

passavam informações sobre eventos que, em verdade, não se realizariam, mas as pessoas

pensavam que sim. Depois de dois dias de exposição às mensagens, as pessoas foram

submetidas a um teste de múltipla escolha em que lhes eram pedidas informações sobre os

eventos. As respostas coincidiram em setenta por cento com as mensagens passadas

subliminarmente. A mensagem subliminar provoca reação a estímulos que estão dentro da

nossa capacidade fisiológica de percepção, mas abaixo da nossa capacidade de ter consciência

desta percepção. Por exemplo: se você alguma vez pensou ter ouvido o telefone tocar,

enquanto estava usando um liquidificador e então desligou o aparelho para ouvir e descobriu

que o telefone estava de fato tocando, você experimentou a mensagem subliminar. O som do

liquidificador encobriu o som do telefone, forçando-o para baixo dos limites da sua capacidade

de percepção consciente, mas o telefone tocando ainda assim despertou em você o desejo de

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tomar uma atitude. Há muitas formas de criar-se mensagens subliminares, incluindo palavras e

imagens impressas, filmes e gravações de sons. Na verdade, a mensagem subliminar pode ser

criada usando-se quaisquer dos nossos recursos de recepção sensorial. Para entendermos

melhor como funciona a mensagem subliminar, apresentaremos alguns exemplos para ver

como funciona nosso cérebro, no inconsciente e no consciente. Observe com atenção as ilusões

criadas na série de desenhos a seguir. O propósito é mostrar como funciona nosso consciente e

a ilusão formada pelas ilustrações nos exemplos abaixo:

1) O que você vê... Demônios ou Anjos?

2) Qual das figuras as bolas internas são maiores? Na verdade, as duas são do

mesmo tamanho.

3) Você enxerga um músico tocando? E o rosto de uma mulher?

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4) Quantas patas têm o elefante?

5) Você consegue enxergar uma taça? E dois rostos, um de frente para o outro?

6) Qual das duas retas é maior? Na verdade, ambas têm o mesmo tamanho.

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7) Qual dos dois cones é o maior? Na verdade, os dois são do mesmo tamanho.

8) Que bicho você consegue enxergar? Um sapo ou um cavalo? Os dois podem ser

visto dependendo do ângulo em que são vistos...

9) Veja a Gravura abaixo o que você vê nela? Atenha-se aos detalhes.

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Repare: a gravura que parece somente algumas flores, esconde por trás a palavra SEX.

Este exercício tem por finalidade mostrar como o nosso cérebro interpreta certas

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figuras e imagens. São ilusões que ele cria.

O interesse dos psicólogos pela subliminaridade teve início já no final do século dezenove e

começo do século vinte. Nos primeiros estudos, as pessoas simplesmente eram questionadas

sobre o que elas eram ou não, capazes de perceber. Por exemplo, estímulos visuais tais como

letras, dígitos ou figuras geométricas eram apresentados a uma distância que os observadores

afirmavam não ver nada ou nada mais do que pontos manchados. Da mesma forma, estímulos

auditivos, tais como nomes e sílabas eram pronunciados num volume tão baixo que os

observadores alegavam não ter sido capazes de ouvir som algum. Para testar se estes estímulos

visuais e auditivos podiam ter sido percebidos, apesar das declarações em contrário dos

observadores, foi solicitado aos observadores que arriscassem palpites sobre os estímulos. Por

exemplo, se metade dos estímulos eram letras e metade dígitos, era perguntado se o que estava

sendo apresentado era uma letra ou um número. O resultado obtido destes primeiros

experimentos demonstrou que os palpites dos observadores se mostravam muito mais

acertados do que se poderia esperar das probabilidades meramente aleatórias de acerto. Em

outras palavras, apesar das declarações dos observadores de que eles não conseguiam perceber

os estímulos, seus palpites indicavam que eles de fato haviam percebido informação suficiente

para dar palpites acurados sobre os estímulos. Nos anos 70, Wilson Bryan Key escreveu seus

livros Subliminal Seduction e Media Sexploitation+ nos quais o autor afirma que símbolos e

objetos sexuais são freqüentemente usados de modo subliminar para induzir consumidores a

comprar ou usar vários produtos e serviços.Uma de suas mais famosas denúncias é a de que a

palavra "sexo" em inglês “sex” é freqüentemente embutida em comerciais e anúncios. Por

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exemplo, ele afirma que a palavra sexo foi embutida na imagem dos cubos de gelo de um

bebida mostrado num famoso anúncio do gin Gilbey's

Veja a palavra S E X na vertical,no meio do copo

Disponível em: SOBRENATURAL.ORG

<http://www.sobrenatural.org/Site/Subliminar/Materias/Calazans_04/Introducao.asp.> e

<http://www.sobrenatural.org/Site/Subliminar/Materias/Calazans_01/Introducao.asp.> Acesso

em 10 maio 2006.

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ANEXO I – ESTUDO DO GABINETE DO COMANDANTE DA MARINHA

Como determinado, participo a V. Sª. que foi efetuado contato telefônico com os

oficiais de Comunicação Social dos nove Distritos Navais (DN) para verificar a necessidade de

pessoal qualificado no assunto, especificamente RM2.

Conforme se nota na tabela abaixo, apenas o 1º, 2º e 3º DN possuem oficial

cursado em Comunicação Social, sendo que o do 3º DN não exerce função relacionada com a

sua qualificação. Verifica-se, ainda, que apenas o oficial de Comunicação Social do 5º DN

informou não existir a necessidade de oficial RM2 para exercer a função, e que o oficial do 6º

DN registrou a necessidade de que este oficial exercesse, cumulativamente, a função de

Ajudante de Ordens.

Cabe ressaltar que, atualmente, existem apenas 20 oficiais cursados em

Comunicação Social na MB, sendo que um deles está aguardando inatividade, como também

pode ser verificado, na planilha ao lado. O efetivo, em 2005, era de 22 oficiais.

Segundo informações da DGPM, a TL da MB contempla apenas 9 oficiais

cursados no assunto, sendo 1 para o GCM, 1 para o SIPM, 1 para o SASM, 1 para a Casa do

Marinheiro, 1 para a DEnsM, 1 para a DAerM, 1 para o CGCFN e 2 para o Com1ºDN. Não há

previsão de concursos de admissão de oficiais no ano de 2006 e 2007 (Capítulo 1 do Plano

Corrente de Oficiais - PCO). Em 2008, está previsto concurso com 2 vagas; em 2009, não

haverá vagas; em 2010, haverá duas vagas; em 2011, uma; e em 2012, uma (Capítulo 2 do

PCO).

Esta Assessoria julga ser fundamental, para melhorar a divulgação da MB e

incrementar a atividade de Comunicação Social na Instituição, a existência de pessoal

qualificado exercendo a função de Oficial de Comunicação Social nos DN.

Para suprir esta necessidade, há duas linhas de ação:

1ª) Sugerir a redistribuição do pessoal que não exerce função relacionada com a

especialidade para os Comandos de Distrito Naval; e

2ª) Solicitar a admissão de oficiais RM2 para suprir essa necessidade.

Em paralelo, é imperativo que haja uma mudança na lotação de oficiais formados

em Comunicação Social, sob a pena de, a longo prazo, o quantitativo de oficiais ser reduzido

para nove oficiais, cumprindo a TL da MB.

Tendo em vista o exposto, esta Assessoria propõe que seja prestado

assessoramento ao Sistema de Planejamento de Pessoal (SPP) – tarefa da OMOT – a respeito

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da necessidade de remanejamento do pessoal cursado em Comunicação Social para os

Comandos de DN que não possuem pessoal qualificado e da necessidade de mudança na TL da

MB.

OFICIAIS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DOS DISTRITOS NAVAIS E

NECESSIDADES DE CURSADOS

* A Oficial de Comunicação social é cursada em informática, porém existe no Comando do 3º

DN uma CF(T), cursada em Comunicação Social, que exerce a função de Encarregada do N-

SAIPM.

** A sugestão é que o oficial exerça, cumulativamente, a função de Ajudante de Ordens.

*** Existem, na ativa, 20 oficiais cursados em Comunicação Social, porém um deles está

aguardando inatividade.

RELAÇÃO DE OFICIAIS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL NA MB

DN OFICIAL DE COM SOC QUANTIDADE DE

CURSADOS

NECESSIDADE

RM2

CC MACEDO JUNIOR

CT (T) CARLA (C)

CT (T) CELSON (C)

2 -

2º FCNS ANGELA

CT (T) LIZ (C) (AjOrd)

1 -

3º CC (T) PAULA 1 (*) 14º CC MARCOS SILVA (AjOrd) - 15º 1T (T) PARÁBOA - -6º CC (T) MAXIMIRA - 1 (**)7º 2T (AA) ERIKA SANJAD - 18º 1T (AA) ANA DADORIAN - 19º 1T (FN) VANDERLI (C) (AjOrd) - 1

101

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NOME COMPLETO OM Função1 Rogerio Rangel SIM Aguard/Inatividade2 Marcia Maria Ribeiro Murad COM3DN Enc. Núcleo3 Maria de Fatima Martins da Costa EGN Adjunto de Curso4 Silvina Souza Almeida TM Assistente5 Carmen Nadir Oliveira da Silva Bank SASM Chefe Departamento6 Maria das Gracas Mury SIPM Chefe Departamento7 Ester Homsani DPHCM Assessor8 Ana Regina Cyrillo Gomes Vianna CIABA Chefe Departamento9 Celson Amorim da Encarnacao COM1DN Adjunto Seção10 Flavio Francisco Barbosa Almeida AGJUAZEIRO Agente11 Carla C Daniel Bastos de Pointis COM1DN Adjunto Seção12 Maria Emilia de Moura Estevao Padilha SASM Enc. Divisão13 Liz Bomfim Nunes Almeida COM2DN Aj.Ordens14 Simone Silveira Martins Dantas GCM-BSB Assessor Adjunto15 Henrique Afonso Lima CPRN Aj. De Capitania16 Luciana C Kwiatkoski Baumann

Mendes GCM-BSB Assessor Adjunto17 Rivanilson Costa Amaral SASM DESIG-CPPI18 Rosa Nair Medeiros Ribeiro DPHCM Assessor19 Felipe Picco Paes Leme DENSM Ajudante Divisão20 Josiane Souza de Carvalho Brito DAERM Enc. Divisão

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ANEXO J – ORGANIZAÇÃO DO ESTADO-MAIOR EXISTENTE NO

COMANDO DE OPERAÇÕES NAVAIS (ComOpNav)

EXTRATO DO REGIMENTO DO COMANDO DE OPERAÇÕES NAVAIS

COM AS TAREFAS DAS SEÇÕES DO ESTADO-MAIOR

[...]

Art. 71 À Seção de Pessoal (CON-32.1) compete:

I – participar da elaboração e atualização das diretivas de competência do

CON/DGN para as

operações, os exercícios e os Jogos de Guerra originados na própria MB ou MD,

no que se refere aos assuntos afetos a esta Seção; [...]

[...]

Art. 72 À Seção de Inteligência (CON-32.2) compete:

I - participar da elaboração e atualização das diretivas de competência do

CON/DGN para as

operações, os exercícios e os Jogos de Guerra originados na própria MB ou MD,

no que se refere aos assuntos afetos a esta Seção; [...]

II - coordenar a elaboração e atualização dos PNSI e as ações relacionadas à

Defesa Civil;

[...]

Art. 73 À Seção de Operações (CON-32.3) compete:

I - participar da elaboração e atualização das diretivas de competência do

CON/DGN para as

operações, os exercícios e os Jogos de Guerra originados na própria MB ou MD,

no que se refere aos assuntos afetos a esta Seção; [...]

[...]

Art. 74 À Seção de Logística (CON-32.4) compete:

I - participar da elaboração e atualização das diretivas de competência do

CON/DGN para as

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operações, os exercícios e os Jogos de Guerra originados na própria MB ou MD,

no que se refere aos assuntos afetos a esta Seção; [...]

[...]

Art. 75 À Seção de Planejamento (CON-32.5) compete:

I - participar da elaboração e atualização das diretivas de competência do

CON/DGN para as

operações, os exercícios e os Jogos de Guerra originados na própria MB ou MD,

no que se refere aos assuntos afetos a esta Seção; [...]

[...]

Art. 76 Á Seção de Comando e Controle (CON-32.6) compete:

I - participar da elaboração e atualização das diretivas de competência do

CON/DGN para as

operações, os exercícios e os Jogos de Guerra originados na própria MB ou MD,

no que se refere aos assuntos afetos a esta Seção; [...]

[...]

Art. 77 À Seção de Comunicação Social (CON – 32.7) compete:

I - participar da elaboração e atualização das diretivas de competência do

CON/DGN para as

operações, os exercícios e os Jogos de Guerra originados na própria MB ou MD,

no que se refere aos assuntos afetos a esta Seção; [...]

[...]

104

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ANEXO L – ORGANIZAÇÃO DO DEPARTAMENTO DE DEFESA DOS

ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA (E.U.A.)

The Department of Defense (DoD) (DoD Directive 5100.1) is responsible

for providing the military forces needed to deter war and protect the security of the United

States. The major elements of these forces are the Army, Navy, Air Force, and Marine Corps.

Under the President, who is also Commander-in-Chief, the Secretary of Defense exercises

authority, direction, and control over the Department which includes the Office of the

Secretary of Defense, the Chairman of the Joint Chiefs of Staff, three Military Departments,

nine Unified Combatant Commands, the DoD Inspector General, fifteen Defense Agencies,

and seven DoD Field Activities. (See DoD chart.)

The Secretary of Defense is the principal defense policy advisor to the President

and is responsible for the formulation of general defense policy and policy related to all

matters of direct and primary concern to the DoD, and for the execution of approved policy.

Under the direction of the President, the Secretary exercises authority, direction, and control

over the Department of Defense.

105

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The Deputy Secretary of Defense (DoD Directive 5105.2) is delegated full power

and authority to act for the Secretary of Defense and to exercise the powers of the Secretary

on any and all matters for which the Secretary is authorized to act pursuant to law

The Office of the Secretary of Defense (OSD) is the principal staff element of the

Secretary in the exercise of policy development, planning, resource management, fiscal, and

program evaluation responsibilities. OSD includes the immediate offices of the Secretary and

Deputy Secretary of Defense, Under Secretary of Defense for Acquisition, Technology and

Logistics, Under Secretary of Defense for Policy, Under Secretary of Defense for Personnel

and Readiness, Under Secretary of Defense (Comptroller), Director of Defense Research and

Engineering, Assistant Secretaries of Defense, General Counsel, Director of Operational Test

and Evaluation, Assistants to the Secretary of Defense, Director of Administration and

Management, and such other staff offices as the Secretary establishes to assist in carrying out

assigned responsibilities. (See OSD Chart)

The Military Departments (DoD Directive 5100.1) are the Departments of the

Army, Navy, and Air Force (the Marine Corps is a part of the Department of the Navy). Each

Military Department is separately organized under its own Secretary and functions under the

authority, direction, and control of the Secretary of Defense. The Military Departments are

responsible for organizing, training, and equipping forces for assignment to Unified

Combatant Commands. (See Military Departments Chart)

The Chairman of the Joint Chiefs of Staff (DoD Directive 5100.1). The

Chairman of the Joint Chiefs of Staff is the principal military advisor to the President, the

National Security Council, and the Secretary of Defense. The Joint Chiefs of Staff, headed by

the Chairman of the Joint Chiefs of Staff, consists of the Chairman; the Vice Chairman, JCS;

the Chief of Staff, U.S. Army; the Chief of Naval Operations; the Chief of Staff, U.S. Air

Force; and the Commandant of the Marine Corps, and supported, subject to the authority,

direction, and control of the Chairman, by the Joint Staff, constitute the immediate military

staff of the Secretary of Defense. The Chiefs of Service are the senior military officers of

their respective Services and are responsible for keeping the Secretaries of the Military

Departments fully informed on matters considered or acted upon by the JCS, and are military

advisers to the President, the National Security Council, and the Secretary of Defense. The

106

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Vice Chairman of the JCS performs such duties as may be prescribed by the Chairman with

the approval of the Secretary of Defense. When there is a vacancy in the Office of the

Chairman or in the absence or disability of the Chairman, the Vice Chairman acts as

Chairman and performs the duties of the Chairman until a successor is appointed or the

absence or disability ceases. (See JCS Chart.)

The Unified Combatant Commands (DoD Directive 5100.1) are responsible to

the President and the Secretary of Defense for accomplishing the military missions assigned

to them. Commanders of the Unified Combatant Commands exercise command authority over

forces assigned to them as directed by the Secretary of Defense. The operational chain of

command runs from the President to the Secretary of Defense to the Commanders of the

Unified Combatant Commands. The Chairman of the Joint Chiefs of Staff functions within

the chain of command by transmitting to the Commanders of the Unified Combatant

Commands the orders of the President or the Secretary of Defense. Unified Combatant

Commands include the European Command, Pacific Command, Joint Forces Command,

Southern Command, Special Operations Command, Strategic Command, Central Command,

Transportation Command, and Space Command. (See Unified Combatant Commands Chart.)

The Inspector General of the Department of Defense (DoD Directive 5106.1),

under the provisions set forth by Public Law 95-452, serves as an independent and objective

official in the Department of Defense who is responsible for conducting, supervising,

monitoring, and initiating audits, investigations, and inspections relating to programs and

operations of the Department of Defense. The Inspector General provides leadership and

coordination and recommends policies for activities designed to promote economy,

efficiency, and effectiveness in the administration of, and to prevent and detect fraud and

abuse in, such programs and operations. The Inspector General is also responsible for

keeping the Secretary of Defense and the Congress fully and currently informed about

problems and deficiencies relating to the administration of such programs and operations and

the necessity for, and progress of, corrective action.

The Defense Agencies, authorized by the Secretary of Defense pursuant to the

provisions of Title 10, United States Code, perform selected consolidated support and service

functions on a Department-wide basis; Defense Agencies that are assigned wartime support

107

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missions are designated as Combat Support Agencies (See Defense Agencies Chart).

The DoD Field Activities are established by the Secretary of Defense, under the

provisions of Title 10, United States Code, to perform selected consolidated support and

service functions of a more limited scope than Defense Agencies (See Field Activities Chart).

Mission of the Navy - The mission of the Navy is to maintain, train and equip

combat-ready Naval forces capable of winning wars, deterring aggression and maintaining

freedom of the seas.

AN OVERVIEW

The following chart presents an overview of the organization of the Department of the Navy.

The U.S. Navy was founded on 13 October 1775, and the Department of the Navy was

established on 30 April 1798. The Department of the Navy has three principal components:

The Navy Department, consisting of executive offices mostly in Washington, D.C.; the

operating forces, including the Marine Corps, the reserve components, and, in time of war, the

U.S. Coast Guard (in peace, a component of the Department of Homeland Security); and the

shore establishment. The blocks below are hyperlinked to more information.

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THE SHORE STABLISHMENT

The shore establishment provides support to the operating forces (known as "the

fleet") in the form of: facilities for the repair of machinery and electronics; communications

centers; training areas and simulators; ship and aircraft repair; intelligence and meteorological

support; storage areas for repair parts, fuel, and munitions; medical and dental facilities; and

air bases. You can learn more about the commands shown here by selecting the appropriate

block which is hyperlinked to that command's web site.

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THE OPERATING FORCES

The operating forces commanders and fleet commanders have a dual chain of

command. Administratively, they report to the Chief of Naval Operations and provide, train,

and equip naval forces. Operationally, they provide naval forces and report to the appropriate

Unified Combatant Commanders. The Fleet Forces Commander — who has additional duty

as Commander, U.S. Atlantic Fleet — controls LANTFLT and PACFLT assets for

interdeployment training cycle purposes. As units of the Navy enter the area of responsibility

for a particular Navy area commander, they are operationally assigned to the appropriate

numbered fleet. All Navy units also have an administrative chain of command with the

various ships reporting to the appropriate Type Commander. You can learn more about some

110

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of the commands shown here by selecting those blocks hyperlinked to the command's web

site.

OFFICE OF THE CHIEF OF NAVAL OPERATIONS

The Chief of Naval Operations (CNO) is the senior military officer in the Navy.

The CNO is a four-star admiral and is responsible to the Secretary of the Navy for the

command, utilization of resources and operating efficiency of the operating forces of the

Navy and of the Navy shore activities assigned by the Secretary.

A member of the Joint Chiefs of Staff, the CNO is the principal naval advisor to

the President and to the Secretary of the Navy on the conduct of war, and is the principal

advisor and naval executive to the Secretary on the conduct of naval activities of the

Department of the Navy. Assistants are the Vice Chief of Naval Operations (VCNO), the

Deputy Chiefs of Naval Operations (DCNOs) and a number of other ranking officers. These

officers and their staffs are collectively known as the Office of the Chief of Naval Operations

(OpNav). Some of the blocks in this diagram are hyperlinked to the web site of that OpNav

directorate.

111

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THE SECRETAY OF THE NAVY

The Secretary of the Navy (SECNAV) is responsible for, and has the authority

under Title 10 of the United States Code, to conduct all the affairs of the Department of the

Navy, including: recruiting, organizing, supplying, equipping, training, mobilizing, and

demobilizing. The Secretary also oversees the construction, outfitting, and repair of naval

ships, equipment and facilities. SECNAV is responsible for the formulation and

implementation of policies and programs that are consistent with the national security policies

and objectives established by the President and the Secretary of Defense. The Department of

the Navy consists of two uniformed Services: the United States Navy and the United States

Marine Corps. More information is available on some of these organizations by selecting the

appropriate block, which is hyperlinked to that organization's web site.

112

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U.S. FLEET FORCES COMMAND

Mission - Organize, man, train, and equip Naval Forces for assignment to

Combatant Commanders; Deter, detect, and defend against homeland maritime threats;

Articulate Fleet warfighting and readiness requirements to the Chief of Naval Operations.

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ANEXO M – ORIENTAÇÕES PARA A US NAVY APOIAR OPERAÇÕES

PSICOLÓGICAS COMBINADAS (OPNAV INSTRUCTION 3434.1)

DEPARTMENT OF THE NAVY

OFFICE OF THE CHIEF OF NAVAL OPERATIONS

2000 NAVY PENTAGON

WASHINGTON. D.C. 203 S0-2000

IN REPLY REFER TO

OPNAVINST 3434.1

N515

OPNAV INSTRUCTION 3434.1

From: Chief of Naval Operations

Subj : PSYCHOLOGICAL OPERATIONS

DODI s-3600.1, 9 Dec 96, Information Operations (U)

CJCSI 3210.01, 2 Jan 96, Joint Information Warfare Policy (NOTAL)

Joint Pub 3-53, 30 July 93, Doctrine for Joint Psychological Operations

OPNAVINST 3430.26, 18 Jan 95, Implementing

Instruction for Command and Control Warfare

OPNAVINST S3433 .1, 4 Aug 95, Military Deception

OPNAVINST 3432.1, 29 Aug 95, Operations SecuritY

SECNAVINST 5720.44A, 3 June 87, Public Affairs Policy and Regulations

CJCSI 3110.05, 1 May 96, Joint psychological

Operations to the Joint Strategic Capabilities Plan (JSCP FY 96) (NOTAL)

DoD Directive S-3321.1, 26 Jul 84, Overt Psychological Operations Conducted by the

Military

Senices in Peacetime and Contingencies Short of Declared War (U) (NOTAL)

1. Purpose. To issue guidance for U.S. Navy support to joint Psychological

Operations (PSYOP).

2. This instruction sets forth guidance on the conduct of support to joint PSYOP

by U.S. Navy commands, in compliance with references (a) and (b).

3. Background

a. PSYOP are operations planned to convey selected information and indicators to

foreign governments, organizations, groups and individuals in order to influence their

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emotions, motives, objective reasoning, and behavior. The purpose of PSYOP is to induce or

reinforce foreign attitudes and behavior favorable to the originator’s objectives.

(1) PSYOP are an integral part of military operations and, as such, are an inherent

responsibility of all military commanders. PSYOP are applicable across the operational

continuum from peacetime presence to conflict. Nations may multiply the OPNAVINST

3434.1 effects of their military capabilities by communicating directly to their intended

targets. Messages may include promises, threats, conditions of surrender, safe passage for

deserters, and so forth. The effectiveness of these messages depends on the originator’s

credibility and perceived capability to carry out the promised or threatened actions.

(2) It is important not to confuse psychological impact with PSYOP. Actions such

as shows of force may have a psychological impact, but they are not PSYOP unless their

primary purpose is to influence the emotions, motives, objective reasoning, or behavior of a

targeted audience.

b. Military PSYOP are divided by reference (c) into four categories : strategic

PSYOP, operational PSYOP, tactical PSYOP, and consolidation PSYOP.

(1) Strategic PSYOP are international information activities conducted by U.S.

Government agencies. These programs are conducted primarily outside of the military arena

but can utilize Department of Defense (DoD) assets and be supported by military PSYOP.

Military PSYOP with potential strategic impact must be coordinated with national efforts.

(2) Operational PSYOP are conducted prior to or during war or conflict, and at the

conclusion of open hostilities in a defined geographic area to promote the effectiveness of the

area commander’s campaigns and strategies.

(3) Tactical PSYOP are conducted in the area assigned a tactical commander

during conflict and war to support the tactical mission against opposing forces.

(4) Consolidation PSYOP are conducted in foreign areas that are inhabited by an

enemy or potentially hostile populace and occupied by U.S. Forces, or in which U.S. Forces

are based, to produce behaviors by the foreign populace that support U.S. objectives in the

area.

c. PSYOP in Information Operations (IO)

(1) As defined in reference (a), Information Operations are actions taken to affect

adversary information and information systems while defending one’s own information and

information systems. Information Warfare (IW) is IO conducted during time of crisis or

conflict to achieve or promote specific objectives over a specific adversary or adversaries.

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Both IO and IW involve the integrated use of PSYOP, operations security (OPSEC), military

deception (MILDEC), Electronic Warfare (EW), Computer Network Attack (CNA), physical

destruction, and other appropriate measures, supported by intelligence, to deny information to,

influence, degrade, or destroy adversary information capabilities while protecting friendly

information capabilities against such actions.

(2) IW is a supporting strategy to the overall military strategy. IW takes advantage

of the synergistic effects achievable through the integrated use of all IW elements. Each IW

element can be employed independently, but their integrated use gives a commander the

ability to neutralize or exploit the adversary’s information system in a coordinated manner.

Each element can be used to enhance the effectiveness of the other tools.

(3) Joint policy guidance for the integration of these elements into an IW strategy

is provided in reference (b) under the title “Command and Control Warfare (C2W).“ Joint

doctrine on PSYOP is provided by reference (c). U.S. Navy implementation guidance for IW

and C2W is provided by reference (d).

d. PSYOP, MILDEC, and OPSEC. PSYOP actions convey information not only

to intended PSYOP target audiences but also to foreign intelligence systems. Therefore,

PSYOP must be coordinated with counterintelligence, MILDEC, and OPSEC to ensure that

essential secrecy is realized, counterintelligence operations are not compromised, and

messages reinforce the desired target perceptions of the counterintelligence and deception

plans as well as PSYOP plans. PSYOP actions can also be executed to support MILDEC

actions or vice versa. Navy policyon MILDEC and OPSEC is set forth in references (e) and

(f), respectively.

e. PSYOP, Truth Projection, and Public Affairs (PA) (1) PSYOP techniques can

be used to plan and execute truth projection activities, which are intended to inform foreign

groups and populations in a persuasive manner. The purpose of such use is to ensure that

intended targets receive and consider the information being disseminated.

(2) Military PA are the public information and community relations activities

directed toward the general U.S. public, including U.S. military and DoD civilian personnel,

by the various elements of the DoD. PA provides objective reporting, without the intent to

propagandize. PA does not use PSYOP techniques.

4. Policy

Reference (g) sets forth Department of the Navy and regulations for PA.

a. In accordance with reference (h), it is the policy of the DoN to support the

116

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conduct of joint PSYOP whenever practical. In order to maximize U.S. Navy support to joint

PSYOP, the Navy shall:

(1) Coordinate and deconflict Navy peacetime forward presence operations with

the Overt Peacetime PSYOP Programs (OP3) of the Unified Commanders in Chief (CinCs) in

accordance with reference (i). Whenever possible, Navy peacetime forward presence

operations shall be integrated into the Unified CinCs’ 0P3S .

(2) Ensure Unified CinCs are notified of the capability of deploying naval forces

to support joint PSYOP.

(3) Develop and maintain the capability to transport via sealift and airlift joint

PSYOP assets (personnel and equipment) into theater.

(4) Integrate PSYOP into its training and exercises where appropriate.

Specifically, the Navy shall:

(a) Incorporate PSYOP training into Navy IW/C2W training.

(b) Incorporate exercises with joint PSYOP forces into pre-deployment exercises

for Naval Expeditionary Forces (NEFS), Carrier Battle Groups (C~Gs)~ and ‘phibious ‘eady

Groups (ARGs).

(5) Establish appropriately trained PSYOP liaison officers on the command staffs

of Fleet CinCs, Numbered Fleet Commanders, NEF Commanders, CVBG Commanders,

ARG Commanders, and Joint Task Force Naval Component Commanders.

b. The Navy shall undertake a periodic review of exlstin9 Navy systems to

determine their capability to support joint PSYOP . As part of this review, the Navy shall:

(1) Identify unmet joint PSYOP requirements and ascertain if those requirements

can be met by using or modifying existin9 Navy assets, or by procuring new Navy assets.

(2) Interact with U.S. Special Operations Command (USSOCOM) and the other

Unified CinCs to determine if there are joint operational needs not codified in a validated joint

requirement. If such operational needs exist and could be met using naval assets, the Navy

shall coordinate with USSOCOM to formalize the needs in a requirement, and the Navy shall

endeavor to meet that requirement.

5. Responsibilities

a. Chief of Naval Operations (CNO) will advise the ChairYLan of the Joint Chiefs

of Staff concerning U.S. Navy support to joint PSYOP matters. Specifically, in accordance

with references (d), (h) and (i):

(1) The Deputy CNO (Plans, Policy and Operations) (N3/N5) will:

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(a) Have overall responsibility for development of service PSYOP policy.

(b) Act as the Navy representative to the Office cf the Secretary of Defense

(OSD), the Joint Chiefs of Staff (JCS)/Joint Staff, the other Services, and other agencies

regarding PSYOP matters.

(c) Assign the Information Operations Policy Branch (CNO (NS15)) as the

Navy’s Office of Primary Responsibility (OPR) for PSYOP matters.

(2) The Director of Space, Information Warfare, Commend and Control (CNO

(N6)) will:

(a) Determine the required periodicity for the review of existing Navy systems for

capability to support PSYOP, and direct such reviews.

(b) Monitor and review Navy PSYOP-related activities and programs, doctrine,

missions, and concepts of employment.

(c) Evaluate Navy PSYOP capabilities and provide implementation guidance as

required.

(d) Ensure Navy PSyOp capabilities are adequate to support Unified Command

requirements for PSYOP from naval platforms.

(e) Coordinate with USSOCOM to ensure adequate funding for Navy PSYOP

programs.

(f) In conjunction with CNO (N3/N5), keep the Joint Staff, Navy Commanders in

Chief (CinCs), and other Service components informed of Navy actions to develop PSYOP

capabilities or correct PSYOP deficiencies.

(g) Serve as resource sponsor for all Navy cross platform PSYOP systems

programs.

(h) Coordinate with CNO (N8) to ensure Navy PSYOP systems programs meet

Navy and joint operational requirements or required operational capabilities.

(3) The Deputy CNO (Resources, Warfare Requirements and; assessments) (N8)I

in coordination with CNO (N6) will;

(a) Review PSYOP or PSYOP-related operational requirements and required

operational capabilities.

(b) Ensure appropriate capabilities are designed into or added to Navy systems to

meet Navy PSYOP and PSYOP-related operational requirements.

(c) Serve as the resource sponsor for all Navy single platform (platform unique)

PSYOP systems programs.

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(4) The Director of Naval Intelligence (CNO (N2)) will:

(a) Act as focal point for intelligence support to all aspects of Navy PSYOP

planning, execution, and feedback. His responsibility as focal point includes coordinating and

directing Office of Naval Intelligence support to Navy PSYOP, and coordinating national

intelligence community support for Navy PSYOP .

(b) Ensure that intelligence collected by naval forces that is useful to joint PSYOP

planners is forwarded to appropriate national or DoD intelligence agencies for dissemination

to joint PSYOP planners.

b. Fleet CinCs will:

(1) Ensure that peacetime forward presence activities within their Fleet are

coordinated and deconflicted with the 0P3of the Unified CinC(s) in whose Area of

Responsibility (AOR) the Fleet forces are operating.

(2) Integrate peacetime forward presence activities within their Fleets into the

Unified CinC’s OP3 when feasible.

(3) Strive to incorporate PSYOP activities and interoperability with joint PSYOP

forces into fleet exercises.

(4) Designate a member of their staff as a PSYOP liaison officer, to be

responsible for:

(a) Coordination with theater CinC and USSOCOM PSYOP planning elements

for PSYOP liaison officers in their chain of command.

(b) Acting as primary point-of-contact for joint PSYOP forces regarding support

to joint PSYOP.

(5) Provide the staff PSYOP liaison officers appropriate training to ensure

familiarity with joint PSYOP doctrine, policy, organization, and conduct.

(6) Require subordinate Numbered Fleet Commanders, NEF Commanders, CVBG

Commanders, ARG Commanders, and Joint Task Force Naval Component Commanders to

likewise designate trained staff PSYOP liaison officers.

(7) Require deploying NEFs, CVBGS, and ARGs to identify their capabilities to

support production or dissemination of joint PSYOP materials, as well as any ships or aircraft

configured to accept joint PSYOP assets. Provide a list of PSYOP support assets to the

PSYOP planning element of the Unified CinC(s) in whose AOR the NEF/CVBG/ARG will

be operating.

c. The Chief of Naval Education and Training (CNET) will:

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(1) Ensure that Navy 10/IW/C2W training incorporates appropriate PSYOP

training modules.

(2) Coordinate training of designated Navy personnel with PSYOP

responsibilities in joint PSYOP training programs.

d. The Naval Systems Command(s) (NAVSYSCOMS) will:

(1) Modify applicable existing Navy systems when possible to fulfill validated

Navy or joint operational requirements.

(2) Develop and procure applicable Navy PSYOP systems when necessary to

fulfill validated Navy or joint operational requirements.

e. Commander, Naval Security Group Command (COMNAVSECGRU], in his

capacity as the CNO’S technical agent for 10/IW/C2W training, manpower, and equipment, in

coordination with the CNO and the Naval Component Commanders, will ensure service

IW/C2W training, manpower, and equipment appropriately incorporate PSYOP and PSYOP

capabilities to support this policy.

f. ommander, Naval Doctrine Command (COMNAVDOCCOM), in coordination

with the CNO, COMNAVSECGRU, and the Naval Component Commanders, is assigned

responsibility for development of Service doctrine and concepts for PSYOP that are

consistent with this policy and joint PSYOP doctrine, and that meet the requirements of the

Naval Component Commanders.

9. Fleet Information Warfare Center (FLTINFOWARCEN), as the Navy’s IW

Center of Excellence per reference (d), will:

(1) Act as the Fleet CinCs’ principal agent for development of Navy PSYOP

tactics, procedures, and training.

(2) Coordinate Navy PSYOP tactics, procedures, and training with joint PSYOP

organizations and the other Services’ PSYOP elements.

(3) Incorporate PSYOP training into battle group tactical training exercises.

(4) Augment operational staffs, as required for specific missions, with C2W

officers/enlisted personnel trained in PSYOP.

(5) Provide tailored PSYOP training, advice, and assistance to Naval Component

Commanders that are planning, executing, or supporting joint PSYOP.

(6) Assist commanders in PSYOP exercise and operational planning.

(7) Maintain and deploy specialized PSYOP equipment and systems not

permanently installed on Navy units.

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(8) Coordinate with USSOCOM and other Services’ psyop organizations to

ensure Navy PSYOP tactics, procedures, training, exercises, requirements, and procurement

are consistent with those of the other organizations.

(9) Coordinate with USSOCOM and USASOC to determine PSYOP transport

space and handling requirements and to ensure that, insofar as possible, the Navy can

accommodate joint PSYOP equipment sea and air lift requirements.

h. The Naval Information Warfare Activity (NAVINFOWARACT), in its

capacity as the CNO’S principal IW technical agent, will:

(1) Act as technical agent for development and acquisition of Navy special

technical capabilities supporting PSYOP systems.

(2) Conduct and/or manage all technical partnerships activities with national level

agencies for technology development and applications to support Navy PSYOP capabilities.

(3) Act as principal technical interface with FLTINFOWARCEN for the transition

of PSYOP special technical capabilities for naval and Navy-supported PSYOP.

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ANEXO N - PROPOSTA DE AJUSTE NA ESTRUTURA DE ESTADO-MAIOR

PARA OS COMANDOS QUE CONDUZEM OPERAÇÕES COMBINADAS

122

CCoommaannddaannttee ddee OOppeerraaççõõeess NNaavvaaiiss

((CCoommaannddaannttee))

SSeeççããoo ddee PPeessssooaall

SSeeççããoo ddee IInntteelliiggêênncciiaa

..

SSeeççããoo ddee OOppeerraaççõõeess

SSeeççããoo ddee LLooggííssttiiccaa

SSeeççããoo ddee PPaanneejjaammeenn..

Seção de Com. Cont

Seção de Com. Soc.

CChheeffee ddoo EEssttaaddoo--MMaaiioorr

SSeeççããoo ddee OOpp PPsscc..