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INTRODUÇÃO Os fenômenos terrestres vêm sendo, a cada dia, mais bem compreendidos com a adoção de uma abordagem multi e interdisciplinar, por meio da integração do estudo das diversas variáveis que controlam os sistemas naturais, mesmo que modificados em relação aos originais, como, por exemplo, os ecossistemas agrícolas. Nesse contexto, quanto mais atributos e fenômenos ocorrentes na pedosfera forem enfocados, melhor será o entendimento da origem, evolução, constituição, propriedades, qualidades e distribuição espacial dos solos. CONCEITOS E APLICAÇÕES DAS RELAÇÕES PEDOLOGIA-GEOMOROLOGIA EM REGIÕES TROPICAIS ÚMIDAS Pablo Vidal-Torrado (1) , Igo ernando Lepsch (2) & Selma Simões de Castro (3) Introdução ................................................................................................................................ 145 Evolução do Conhecimento sobre as Relações Solo-Paisagem ................................... 152 Trabalhos pioneiros no exterior .................................................................................................. 152 Estudos de relações solo-paisagem no Brasil ......................................................................... 154 Modelos de Processos e Evolução do Relevo ..................................................................... 158 Superfícies Geomórficas e suas Aplicações na Pedologia ................................................ 167 Relações entre os Compartimentos de Vertentes e os Solos ............................................ 170 Métodos de compartimentação de vertentes ........................................................................... 170 Funcionamento hídrico do solo em função do relevo ............................................................ 174 Considerações Finais ............................................................................................................. 178 Agradecimentos ...................................................................................................................... 182 Literatura Citada ...................................................................................................................... 182 (1) Professor Associado do Departamento de Solos e Nutrição de Plantas, Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” – ESALQ/USP. Caixa Postal 09, CEP 13418-900 Piracicaba (SP). Bolsista do CNPq. E-mail:[email protected] (2) Pesquisador Visitante do Departamento de Solos e Nutrição, ESALQ-USP. E-mail: [email protected] (3) Professora Titular do Instituto de Estudos Socioambientais, Universidade Federal de Goiás – UFG. Caixa Postal 131, CEP 74001-970. Goiânia (GO). E-mail: [email protected]

Conceitos e Aplicações das Relações Pedologia

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Os fenômenos terrestres vêm sendo, a cada dia, mais bem compreendidoscom a adoção de uma abordagem multi e interdisciplinar, por meio daintegração do estudo das diversas variáveis que controlam os sistemasnaturais, mesmo que modificados em relação aos originais, como, porexemplo, os ecossistemas agrícolas. Nesse contexto, quanto mais atributose fenômenos ocorrentes na pedosfera forem enfocados, melhor será oentendimento da origem, evolução, constituição, propriedades, qualidadese distribuição espacial dos solos.

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Introdução ................................................................................................................................ 145

Evolução do Conhecimento sobre as Relações Solo-Paisagem ................................... 152

Trabalhos pioneiros no exterior .................................................................................................. 152

Estudos de relações solo-paisagem no Brasil ......................................................................... 154

Modelos de Processos e Evolução do Relevo ..................................................................... 158

Superfícies Geomórficas e suas Aplicações na Pedologia ................................................ 167

Relações entre os Compartimentos de Vertentes e os Solos ............................................ 170

Métodos de compartimentação de vertentes ........................................................................... 170

Funcionamento hídrico do solo em função do relevo ............................................................ 174

Considerações Finais ............................................................................................................. 178

Agradecimentos ...................................................................................................................... 182

Literatura Citada ...................................................................................................................... 182

(1) Professor Associado do Departamento de Solos e Nutrição de Plantas, Escola Superior deAgricultura “Luiz de Queiroz” – ESALQ/USP. Caixa Postal 09, CEP 13418-900 Piracicaba(SP). Bolsista do CNPq. E-mail:[email protected]

(2) Pesquisador Visitante do Departamento de Solos e Nutrição, ESALQ-USP. E-mail:[email protected]

(3) Professora Titular do Instituto de Estudos Socioambientais, Universidade Federal de Goiás– UFG. Caixa Postal 131, CEP 74001-970. Goiânia (GO). E-mail: [email protected]

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Os fatores de formação dos solos (clima, organismos, relevo, materialde origem e tempo), por exemplo, são igualmente estudados de per si pordisciplinas específicas, como climatologia, biologia, geomorfologia, geologiae paleoecologia. Considere-se ainda a importante aplicação desseconhecimento integrado a outras disciplinas, como a ecologia, a agronomia,a economia, a geografia, a arqueologia e a engenharia, principalmente nasabordagens ambientais, nas quais o solo é entendido como a delgadacamada mais superficial da litosfera que é responsável pela maior partedas formas de vida de nosso planeta, constituindo ainda matéria-prima paraprodução de muitos bens e suporte às construções e dejetos urbanos.

Há algum tempo os estudiosos da Ciência do Solo, em especial ospedólogos, discutem os conhecimentos acumulados, incluindo a utilizaçãode métodos específicos de diferentes disciplinas afins. Embora essasabordagens interdisciplinares possam ser consideradas ainda insuficientes,já são vários os exemplos dessa visão nas pesquisas sobre os solos. Emfísica, química, biologia, mineralogia, fertilidade, manejo e conservação dosolo, por exemplo, a importância dessa abordagem multidisciplinar écomumente reconhecida, principalmente quando se procura obter melhoresrespostas às muitas indagações do dia-a-dia no examinar, entender edescobrir algo novo sobre os solos e suas relações com os demaiscomponentes das paisagens. Contudo, no âmbito da pedologia, ainda éconstatada carência de trabalhos desse tipo, principalmente quando se tentadesvendar episódios do passado geológico-geomorfológico e das variáveisque os produzem, a fim de melhor entender o presente e, assim, fazeravançar as descobertas sobre os atuais atributos e qualidades dos solos e,conseqüentemente, as perspectivas de seu melhor uso.

A necessidade de compreensão da distribuição espacial dos solos e dasua dinâmica interna requer a integração dos estudos pedológicos comoutros ramos do conhecimento, principalmente dos relacionados às Ciênciasda Terra, sendo importante considerar, no entanto, o significado das váriasescalas de abordagem da pedopaisagem(4). Nesse sentido, destacam-se ageologia, em particular a estratigrafia (principalmente dos depósitos superficiais

(4) Pedopaisagem (em inglês = soilscape), segundo o Vocabulário de Ciência do Solo, da SBCS(Curi et al., 1993), é aquela porção da superfície terrestre que um observador pode enxergarem um determinado momento, incluindo toda as suas características naturais, em especial asqualidades pedológicas desse terreno, pressupondo entendimento de fatores e processos denatureza física, abiótica e biótica. Assim, as paisagens, tal como aqui tratadas, referem-sebasicamente àquelas que são vistas como expressão das relações entre relevo, solos e substratogeológico.

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mais recentes), a geomorfologia (quanto à morfogênese e morfografia) e ahidrologia (referente aos fluxos hídricos superficiais e subsuperficiais).

A análise dos fenômenos estudados por essas disciplinas e de seusresultados pode ajudar muito nas investigações pedológicas, pois, além deindicar os melhores locais e a intensidade de amostragem, contribui parauma melhor interpretação dos resultados das análises laboratoriaisefetuadas nas amostras retiradas dos horizontes dos solos (Daniels et al.,1971; Boulet et al., 1982a).

Como Boulet (1988), há mesmo quem afirme só ser possível manejar econservar o solo adequadamente se entendermos como todos os seushorizontes pedogenéticos se formaram e em que estádio de evolução elesse encontram. Sobre esse tema, Daniels & Nelson (1987) declaram:

“Devemos abandonar a idéia de que os solos são entidades independentesocorrendo em pontos específicos e considerar que todas as partes dapaisagem estão inter-relacionadas. Cada uma dessas partes é afetadae afeta partes adjacentes, especialmente aquelas de uma vertente emdireção a um gradiente hidráulico. É necessário um melhor entendimentodas relações ambientais solo-planta, incluindo as bases físicas davariabilidade dos solos bem como as mudanças temporais nas condiçõesexistentes em uma determinada paisagem. Uma vez entendidos osprocessos que conduzem à variabilidade dos solos, e seu efeito naprodutividade, nós estaremos numa melhor posição para predizer ascondições do solo e sua produtividade em um dado conjunto decondições ambientais”.

De fato, a maior par te das pesquisas pedológicas só consegueadequadamente elucidar questões relacionadas à distribuição espacial dossolos, às condições de sua formação e evolução e à sua produtividadeagrícola ou florestal, ou mesmo de obras em geral, a partir de uma préviacompreensão da paisagem como um todo, considerando os materiaisgeológicos de origem, as superfícies geomórficas e suas morfocronologiassob os diversos fatores paleoambientais que lhes deram origem.

Uma revisão de diversos trabalhos sobre a história da pedologia(5) revelaque os conhecimentos iniciados com a descoberta do solo como objeto de

(5) Mais sobre a história da Pedologia em Geoderma (1974), No. Especial, Fifty years Progressin Soil Science, p. 12(4)264-385; Livre Jubilaire du cinquantenaire de l’Association pour l’Étudedes Sols (A.F.E.S., Varsailles, 1984, 349 p.); Soil Science Society of American Journal, 41:221-265, 1977; e Boulaine, J., Histoire de la science du sol et de la notion de sol. In: Annales deGéographie, 524:513-533, 1985.

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estudo por si mesmo foram motivados tanto pelas demandas da agriculturacomo pela necessidade de identificar e entender seus fatores de formaçãono contexto dos fenômenos da natureza. Revela igualmente que oentendimento sobre as relações solo-paisagem se iniciou, em escala maisgenérica, pelo estudo de grandes zonas bioclimáticas do planeta, queconduziram a uma primeira interpretação do solo como produto dessazonalidade, ao mesmo tempo que se reconhecia a ocorrência de solos cujaexplicação estava em fatores locais, especialmente o relevo; contudo, foiassim que, de certo modo, chegou-se a um inventário básico dos solos domundo, ponto de partida para reflexões e sistematização das escalas edos métodos de observação e mapeamento. Foi assim que se começou aidentificar, medir e entender melhor os efeitos do relevo sobre os processospedogenéticos (Daniels et al., 1971; Boulaine, 1989; Marcos, 1982).

Dentre os autores pioneiros na interpretação da relação solo x relevoem escalas de detalhe, destaca-se Milne (1935), que ressaltou a importânciados movimentos de matéria ao longo da topografia, levando à formação desolos, cuja sucessão lateral ele denominou catena. Suas idéias muitoinfluenciaram os pesquisadores de toda uma geração que se seguiuprincipalmente na década de 1970 e que trabalhou, sobretudo, em regiõestropicais africanas.

Tornavam-se prática crescente, entre os estudiosos da pedogênese, asobservações multiescalares – da paisagem ao microscópio –, favorecidaspelo avanço laboratorial nos estudos geoquímicos, pela sistematização dasobservações na escala microscópica óptica (micromorfologia) e eletrônicae pelo sensoriamento remoto que se disseminava, sobretudo as fotos aéreas.Paralelamente, a Geomorfologia se afirmava definitivamente em sua faseconhecida inicialmente como climática e se dedicava mais e mais ao estudodos processos dinâmicos da formação e evolução de ver tentes; osmapeamentos de solos proliferavam, a experimentação agronômica erapotencializada e os conhecimentos iam retroalimentando revisões profundasnas classificações taxonômicas e nas interpretações dos processospedogenéticos.

Como saldo, hoje se pode afirmar como óbvio que as investigaçõespedológicas produzem resultados melhores e mais rápidos quandoprecedidas de uma boa análise de documentos cartográficos de referênciapreexistentes e de interpretação prévia de produtos de sensoriamentoremoto (como fotos aéreas e imagens de satélite) para a seleção de áreaspara estudos das relações solo x paisagem; igualmente, quando em campose procede a uma boa descrição e amostragem do solo, considerando-se a

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seqüência morfológica lateral dos diferentes horizontes do solo em encostas,as toposseqüências, ou parte destas (Daniels et al., 1971, 1984; Buol et al.,1980; Boulet, 1988). Todavia, é fato consumado o reconhecimento de que éem escalas de semidetalhe e detalhe que as unidades de paisagem sãomais facilmente percebidas e mais bem distinguidas (sobretudo em umaou em conjunto de vertentes) nas microbacias hidrográficas.

Convém ainda ressaltar que esses estudos são enriquecidos quando,com base na análise desses documentos, o reconhecimento em campo e ainterpretação de seus dados quantitativos levam em conta o histórico local,as superfícies geomórficas e a posição do solo em relação a estas e aoperfil geológico, como a coluna estratigráfica, acompanhados de deduçõessobre a hidrologia de superfície e subsuperfície, como fizeram, por exemplo,Daniels et al. (1971), Daniels & Hammer, 1992), Boulet et al. (1979) e Moniz& Buol (1982), além de aparecer em outros livros-texto para o estudo dossolos, como os de Gerrard (1992), Ruellan & Dosso (1993), Duchaufour(1998) e Baize & Jabiol (1995), entre outros.

Isso se justifica pelo fato de que esses conhecimentos já demonstraramque as superfícies geomórficas são produtos de uma história geológico-geomorfológica que guarda testemunhos de sua evolução, incluindo ospróprios solos, que podem estar sendo sustentados por um ou maissubstratos geológicos, consolidados ou não, na dependência de suaevolução pós-deposicional. Além disso, diferentes inclinações, formas ecomprimentos de encostas (vertentes ou rampas) e extensões dessassuperfícies, aliadas à natureza e estruturação dos seus constituintes sólidos(macro e microagregados ou mesmo mater iais sem agregação),condicionam f luxos hídr icos e processos pedogenéticos, comodemonstraram Humbel (1978) e Boulet et al. (1979) em áreas tropicaisúmidas, entre outros.

Tais abordagens, mesmo considerando uma determinada classe de soloem si, além de facilitarem o seu entendimento, podem melhorar acompreensão de suas relações com os que lhe são adjacentes, quer sesituem numa mesma paisagem ou dispostos contínua ou descontinuamente,desde que em locais similares.

Uma consideração importante a lembrar é o fato de a evolução dapaisagem ser episódica, resultante quase sempre de uma série deremanescentes advindos da alternância de períodos longos de relativaestabilidade e curtos de instabilidade, como chamaram a atenção Bennemaet al. (1962), Tricart (1968, 1977) e, mais recentemente, Gerrard (1993).

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Entretanto, essas considerações se confirmariam somente para as regiõesgeologicamente mais estáveis e que não sofreram glaciações desde oCretáceo, como na grande parte dos trópicos úmidos. Os períodos de maiorou menor estabilidade da crosta terrestre dependem, assim, tanto do tipode material rochoso como de fenômenos geológicos e da intensidade eduração dos períodos climáticos pretéritos e de suas oscilações em fasesúmidas e semiáridas, como sintetizou Coltrinari (1992).

Ab’Sáber (1970), ao tratar dos grandes domínios paisagísticos tropicaise subtropicais brasi leiros, ressaltava que par t icular idades dacompartimentação, de depósitos de valor paleoclimático e documentospaleontológicos e paleobotânicos ”garantem-nos o fato de que nem sempre,no decorrer do Quaternário, tais domínios paisagísticos tiveram as mesmasfeições e a mesma distribuição do que aquela apresentada ao início dacolonização portuguesa no Brasil”.

Com as recentes pesquisas a respeito de paleoclimas e flutuações donível do mar e neotectônica, há sinais de que tais condições podem ter variadoconsideravelmente durante os últimos 1,5 milhão de anos do períodoQuaternário e, mais ainda, em superfícies mais antigas do Brasil Central,que supostamente datam do Terciário – uma vez que é uma região dedivisores continentais de águas (rios Amazonas, Prata e São Francisco)das mais tectonicamente estáveis, como ressaltado por Lepsch & Buol(1986), entre outros.

Queiroz Neto (2000) lembra que a associação entre as idades dassuperfícies geomórficas e idades dos solos, com base nas noções deestabilidade/instabilidade das superfícies, nos tipos de depósitos correlativose nos métodos analíticos utilizados na demonstração (seqüências deintemperismo, graus de perdas de bases ou aumentos nos teores de argilaou C), levou ao princípio de antagonismo entre morfogênese e pedogênese,o que influenciou e influencia até hoje as interpretações relativas àscronosseqüências (solos escalonados em superfícies de idades diferentes).

Exemplos ilustrativos que relacionam as mudanças ambientaisdiacrônicas às formações e transformações de aspectos do relevo regionale local foram reunidos por Tardy (1993), com base na síntese sobre apetrologia das lateritas e seus regolitos. Em outro exemplo interessante,Dosso (1990) ilustra a evolução temporal dos solos em relação às do climae da vegetação (comparando regiões tropicais com as temperadas); váriosoutros exemplos, reunidos por Boulet (1988, 1992), interpretam a evoluçãodo próprio relevo a partir da transformação (autodesenvolvimento) dospróprios solos, onde os fluxos hídricos desempenham papel fundamental.

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Portanto, há ainda muito a se entender sobre essa relação solo e relevo,o que justifica um dos principais objetivos dos estudos que buscam integrara geomorfologia, a estratigrafia e a hidrologia, que é o de compreendermelhor os atributos e a distribuição dos solos na paisagem (Birkeland, 1990),proporcionando elementos para predizer as ocorrências destes ou permitiro desenvolvimento de boas hipóteses de trabalho, principalmente em áreaspouco visitadas, mas semelhantes a outras já estudadas.

Daniels & Hammer (1992) sustentam que a predição é um dos propósitosfinais da ciência e que os cientistas devem fazê-lo, mesmo que poucainformação esteja disponível – o que é muito freqüente –, mas que mesmoassim os autores poderão fazer predições razoáveis se abordarem os problemasde forma multidisciplinar e quando precedidas de uma boa observação daestratigrafia, da geomorfologia e da hidrologia local. Sem as observaçõesde aspectos ligados à morfogênese do relevo, os estudos de pedogênesecorrem o risco de serem considerados uma mera caracterização einterpretação demasiadamente hipotética e isolada de pedons ou, comoexpressa Boulet (1988), todo o continuum do solo deve ser considerado enão somente coleções de perfis ou simples mosaicos isolados destes.

Para a hidrologia, hoje muito mais estudada e compreendida como umadas mais importantes forças ativas da pedogênese, é muito útil oconhecimento de aspectos da posição e características dos diferentesestratos que compõem o regolito, porque sempre será possível estimar asdireções e vazões dos seus fluxos d’água.

Em síntese, como concluira Ab’Sáber (1969c):

“Geomorfólogos, pedólogos, sedimentólogos e biogeógrafos têm quebeber da mesma fonte quando quiserem ter uma noção integrada dosepisódios que agitaram a morfogênese, a pedogênese e a paleoecologiade enormes áreas tropicais e subtropicais do Brasil”.

É oportuno acrescentar que esse comentário é ainda bastante atual eque os níveis de organização hierarquizadamente embutidos uns nos outrosdas paisagens naturais, de modo que a escala desses episódios, em suaabrangência espaço-temporal, deve ser o princípio fundamental paraidentificar e entender as marcas dos produtos das interações solo-água-substrato-relevo.

Recentemente, Ab’Sáber (1998) apresentou a proposta de subdivisõesde compartimentos regionais com base em reflexões acumuladas em suavasta obra, considerando as influências estruturais e paleoclimáticas doQuaternário na “megageomorfologia” do Brasil.

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Neste trabalho é discutido e enfatizado o princípio de que estudospedológicos (quando envolvem métodos da geomorfologia, estratigrafia ehidrologia) muito auxil iam no entendimento da pedogênese, nosmapeamentos de solos e na interpretação dos atributos indicadores dasqualidades dos solos. Desse modo, são destacadas as identificações deelementos da paisagem que estão relacionados aos processos que atuamno solo e, ou, em eventos, sobretudo quaternários, conhecidos e de amplodomínio no âmbito geológico-geomorfológico. Nesse sentido, ressalta-setambém a importância do reconhecimento detalhado das superfíciesgeomórficas e de seus segmentos, assim como suas relações com fluxosinternos e externos d’água no solo e com alguns modelos de evolução devertentes, sem a pretensão de esgotar o assunto.

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Trabalhos pioneiros no exterior

Apesar de a Pedologia, como ciência moderna, ter surgido no final doséculo XIX com os estudos do russo Vasilli V. Dockuchaev e seus discípulos,é interessante lembrar que ele iniciou suas pesquisas no campo dageomorfologia e só depois elaborou os conceitos de solo, de perfil, dehorizontes e de formação do solo (enfatizando rocha e relevo) no contextode interdependência de fenômenos naturais, idéia esta precursora originalda abordagem ecológica e integrada (Boulaine, 1989; Kuprenikov,1992)(6).

Muito tempo decorreu até que o avanço dos estudos pedológicos noséculo XX tornasse mais evidente a necessidade de integração dasabordagens dos geólogos quaternaristas com a dos pedólogos, arqueólogose geomorfólogos, como pode ser verificado nos trabalhos de Thorp e Ruhe(Courty et al., 1989; Tandarich, 2002). Como um dos precursores dessaabordagem de solos justapostos em uma paisagem destaca-se Milne (1935),que descreveu as catenas de solos em sucessões contínuas nas vertentes,por ele usadas como unidade de mapeamento, enfatizando os múltiplosfatores estratigráficos envolvidos na pedogênese.

(6) Segundo relato de Kuprenikov (1992, p.158), as primeiras pesquisas de Dokuchaev foramdevotadas ao estudo da gênese de depósitos superficiais, formas de relevo, cursos dos rios epântanos do norte da Rússia, culminando, em 1878, com a publicação do livro “Modos deFormação dos Vales dos Rios da Rússia Européia”.

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Daniels et al. (1971) indicam também, como pioneiros nesse tipo deabordagem, vários trabalhos efetuados por volta dos anos de 1940-50 – porexemplo, Nye (1955) e Ollier (1959) na África e Butler & Hutton (1956), Butler(1959) e Stephens (1961) na Austrália. Nos EUA, foi a partir dos anos 60 quemais se destacaram os estudos sobre as relações pedologia-geomorfologiaefetuados principalmente em regiões onde predominam os depósitos deidade quaternária e superfícies de erosão-deposição complexas. Desde osprimeiros relatórios de levantamentos detalhados de solos, efetuados nosEUA no início do século passado, era comum a apresentação de desenhos deblocos-diagramas de vertentes, os quais mostravam a disposição dos diferenteshorizontes dos solos. Essa técnica era muito útil para visualizar padrõesde segmentos de encosta, suas relações com as séries de solos e deduçõessobre fluxos hídricos (Gerrard, 1981). Contudo, aquelas ilustrações visualizavamperfis bidimensionais de encostas e não se baseavam em dadostridimensionais do continuum da pedosfera (Gessler et al., 1996).

Nesse mesmo sentido, após Delvigne (1965), que desvendara osmecanismos e meios que levavam à gênese dos minerais secundários nocontexto do processo de perda (topo), transferência ou passagem (vertente)e acumulação (base da ver tente) ao longo da topografia, outrospesquisadores conseguiram avançar ainda mais, como Bocquier (1973),ao afirmar que as perdas se davam de montante para jusante, reconhecendoque a acumulação se fazia ao contrário, remontantemente, e desenvolvendoa teoria biogeodinâmica; Chauvel (1977), ao enfatizar mudanças sobretudodos estados do Fe no contexto das transformações laterais de um solo emoutro, descobria que o indutor das transformações era o aprofundamentodo nível de base, controlado por causas tectônicas e, ou, climáticas; e Boulet(1976), ao demonstrar, claramente, as evidências de desequilíbrio atual desolos, idéia essa que o levou logo depois a propor a concepção de sistemasde transformação pedológica lateral e seus respectivos tipos conhecidos atéentão (Boulet et al., 1984), logo após ter publicado três artigos sucessivosque ensinavam a metodologia, dos quais dois tratam especificamente detodos os pressupostos e métodos (Boulet et al., 1982a,b).

Assim, aos diversos corpos de solos que normalmente se sucedem,podendo justapor-se uns aos outros, Daniels et al. (1984) e Brabant (1989)denominaram de “sistemas - solo” (em inglês: soil systems)(7); Baize (1986),

(7) Daniels et al. (1984) definem “soil systems” como “um grupamento recorrente de solos queocupam a paisagem desde o divisor de águas até o curso d’água”, acrescentando que “os solosque compõem estes sistemas usualmente ocupam posições específicas na paisagem, comoresultado do ambiente interno do solo produzido por interações estratigráficas, geomorfológicas,climatológicas e hidrológicas”.

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com base na escola russa, chamou de cobertura pedológica(8) (em francês:couverture pédologique); e Soubiés & Chauvel (1984) chamaram de sistemaspedológicos.

Em artigo de revisão sobre pedologia e geomorfologia, Hall (1985)sustenta que os estudos pedogenéticos evoluíram mais quando foi deixadode lado o conceito puramente bidimensional de perfis (de encostas e, ou,solos), com grande enfoque nos materiais geológicos de origem, no conceitotridimensional de corpos de solo e nas interpretações dos menores volumespossíveis, os “pedons”, afetados por ganhos, perdas, transformações etranslocações, conforme proposto por Simonson (1959).

Apesar de esses estudos bidimensionais terem sido úteis, admitiu-se pro-gressivamente que há limitações no seu uso, uma vez que o solo se desenvol-ve em resposta à integração de muitos processos controlados por fatores quenão operam de forma independente, existindo sempre influência deecossistemas próximos, incluindo diferentes solos adjacentes (Buol et al., 1980).

Seguindo esses princípios, Boulet e colaboradores (Boulet et al., 1982a,b;Ruellan et al., 1984; Boulet, 1988; Queiroz Neto, 1988) sistematizaram umaproposta de trabalho para estudos pedológicos de ultradetalhe com forteintegração das relações pedologia-topografia-estratigrafia-hidrologia e adenominaram análise estrutural da cobertura pedológica, implementada emduas fases: análise bidimensional (levantamento em contínuo dos sistemaspedológicos ao longo dos eixos topográficos, perpendicularmente às curvasde nível) e tridimensional (representação cartográfica no plano por meiode curvas de isodiferenciação que marcam os aparecimentos edesaparecimentos de horizontes nos sistemas pedológicos de uma dada área),adotando a bacia hidrográfica de Primeira Ordem como unidade de paisagem.

Estudos de relações solo-paisagem no Brasil

No Brasil, os primeiros trabalhos (principalmente até a década de 1960)relacionavam os solos com suas grandes paisagens, com ênfase emaspectos geológicos ou geomorfológicos, fazendo ocasionalmentereferência aos que ocorrem nos diferentes compartimentos geomórficos(Bigarella & Mousinho, 1965a; Penteado, 1969; Ab’Sáber, 1969a,b; Carvalho

(8) Resumindo Ruellan et al. (1984), uma “coverture pédologique” é o manto de solo que cobrea superfície emersa da crosta terrestre, organizada no seu interior em forma de horizontespedológicos, cujo arranjo resulta de diferenciações verticais e laterais internas, as quais sãovariáveis no tempo e no espaço, dependendo dos fatores que controlam sua origem e evolução.

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et al., 1967). Estudos generalizados, quase todos em escala relativamentegrande, foram feitos por Felder (1956), Bennema et al. (1962), Penteado &Ranzani (1971) e Queiroz Neto (1969). A antiga Comissão de Solos, do entãoServiço Nacional de Levantamento e Conservação dos Solos (Brasil, 1960,1962), hoje Embrapa-Solos, já mencionava relações implícitas e explícitas entresolo e relevo, propondo cronosseqüências evolutivas; em levantamentoultradetalhado de fazenda experimental do IAC, Valadares et al. (1971)apresentavam blocos-diagramas para ilustrar relações das unidades de solo(mapeadas ao nível de fases de séries) com o relevo e os substratosgeológicos (Figura 1).

Na década de 1960, Queiroz Neto (1964), analisando a evolução daspesquisas mais relevantes sobre a distribuição e gênese dos solos no Brasil,entre a década de 1950 e 60, ressalta os fecundos trabalhos de Benema etal. (1962), indicando:

Figura 1. Bloco-diagrama, de uma fazenda experimental de aproximadamente100 ha, em uma zona tropical úmida no sudeste do Brasil, ilustrando asrelações entre solos, feições do relevo e substratos (rochosas do Pré-Cambriano, depósitos de encosta (colúvios) e materiais detríticosaduzidos mais espessos ou pedissedimento, D1 = Latossolo Vermelho-Amarelo A moderado; D2 = Latossolo Vermelho-Amarelo A húmico; A eB1 = Cambissolo Háplico Tb distrófico, substrato quartzoxistos/unidades;E = Argissolo Amarelo distrófico abrúptico plíntico. Valadares et al. (1971),pioneiramente, usaram este método para ilustrar as relações solo-relevo-estratigrafia, inspirados nos primeiros relatórios de levantamentos desolos efetuados pelo Soil Survey Staff do USDA/SCS.

Fonte: Valadares et al. (1971).

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”a dificuldade de generalização dos conhecimentos dos solos pelaexistência, ao lado das formas jovens de relevo, de superfícies de erosãoantigas, remanescentes, cortando indiferentemente rochas variadas,apresentando uma cobertura de material detrítico retrabalhado e semrelação direta com a geologia local”.

Esse mesmo autor (Queiroz Neto,1976) ressalta que, apesar dessa idéia,a maioria dos autores daquela década se baseava numa concepção delinearidade dos fenômenos de alteração, esquecendo-se da importânciado relevo, como destacara Milne (1935). Pode-se pensar que a razão dissoera a necessidade de inventariar e mapear os solos em escalasrelativamente pequenas, tarefa inicial premente para um país comdimensões continentais e com muitas áreas de difícil acesso. Somente nadécada de 1970, com a intensificação desses e outros mapeamentos eestudos pedológicos no Brasil, é que os questionamentos sobre apedogênese e, conseqüentemente, sobre as relações pedologia-geomorfologia se aprofundaram. Surgem, assim, trabalhos baseados emações de erosão e deposição, com variações no tempo e no espaço.

Entretanto, numerosos estudos detalhados foram feitos nas décadas de1970 em diante, como, por exemplo, os que abrangem as áreas do PlanaltoCentral brasileiro, como os de Cavalcante (1977), Rodrigues & Klamt (1978) eCarmo et al. (1984); do sul do país, de Uberti & Klamt (1984), Curi et al. (1984)e mais recentemente Klamt & Dalmolin (1997); do sudeste do Brasil, comoPenteado & Ranzani (1971), Queiroz Neto et al. (1973), Demattê &Hollowaychuck (1977), Lepsch & Buol (1974), Lepsch (1977), Lepsch et al.(1977a,b), Carvalho (1976), Moniz et al. (1982), Curi & Franzmeyer, (1984),Curi et al. (1990), Vidal-Torrado (1994), Coelho et al. (1994), entre outros; eOliveira et al. (1991) no sudeste e Schaefer & Darlymple (1995) no extremonorte do Brasil (Figura 2), que, juntamente com o trabalho anterior, são exemplosdos que já incorporam a importância da hidrologia nos estudos de solos.

Outro exemplo de trabalhos feitos no Brasil com maior detalhe no estudodas relações solo-relevo-hidrologia é o de Salomão (1994), inspirado nasetapas de pesquisa geomorfológica propostas por Ab’Sáber (1969c) e nasconcepções de Tricart & Kilian (1978), que procede à compartimentaçãomorfopedológica na escala de detalhe, em que cada compartimentocorresponde aos desdobramentos evolutivos de uma paisagem referentesa uma determinada etapa do processo morfogenético regional, antesdominado basicamente por cobertura latossólica inicial em colinas amplas,que depois evolui para argissólica à medida que o relevo também evoluipara colinas médias e se caracteriza pela presença, em geral, de um sistema

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pedológico predominante associado à forma de relevo presente, expressopor toposseqüências e identificação dos fluxos hídricos.

Recentemente, ao que tudo indica, algumas das tendências atuaismostram, primeiramente, que a preocupação não recai mais sobre a relaçãosolo x relevo em grandes unidades de paisagem, mas em certas de suasparticularidades, como mostra a relação entre solos e evolução dascabeceiras de drenagem concavizadas nos topos de interflúvios convexose, ou, de depressões no sudeste do país (Filizola & Boulet, 1996; Castro &Coelho Neto, 2002; Coelho Netto, 2004); na necessidade de incorporarmétodos de monitoramento piezométrico do nível freático (Marinho & Castro(2003) e geofísico para detectar níveis freáticos em toposseqüências nocentro-oeste (Shiraiwa & Moura, 2002); na necessidade de realizar umaespécie de balanço a partir de vasta revisão crítica de literatura, como o deMotta et al. (2002); no uso de métodos geoestatísticos, como o de Cunhaet al. (2005), e suas aplicações em agricultura de precisão, como o deMarques Jr. et al. (2001), este concluindo que zonas específicas de manejo,base para aplicação de preceitos desse tipo de agricultura, podem sercaracterizadas e mapeadas utilizando os limites das formas de relevo, aliás,princípio este universal de mapeamento de solos por fotointerpretação desdeo final da primeira metade do século passado.

Isso decorre do fato de esses limites influenciarem o caminhamento e aintensidade dos fluxos de água superficiais e subsuperficiais dos solos

Figura 2. Ilustração de uma seqüência de solos afetados por sódio e magnésio(Na/Mg) com estrutura colunar em uma bacia hidrográfica no Estado deRoraima. As características morfológicas, químicas e mineralógicasvariam lateralmente em função da estratigrafia e da hidrologia da vertenteque está controlada pelo relevo local e pelo substrato.

Fonte: Schaeffer & Darlymple (1995).

Fluxo de Na/Mg em águas de escorrimento e subsuperficiaisExportação de Na/Mg

Erosão de Na/MgLixiviaçào de Na/Mg

Zona ácida descolorida

Barro de Diatomáceas

Mosqueados

Linha de pedras

Deposição de Na/Mg

Granito/Adamellito

Rochas vulcânicas ácidas

Alteração de plagioclásio e minerais máficos

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(Souza et al., 2003), interferindo, assim, na distribuição espacial dos seusatributos físicos e químicos, como quantificado por Souza et al. (2004) eMontanari et al. (2005). Já foi verificado também que o padrão de variaçãodo relevo e sua dependência aos atributos do solo influenciam ocomportamento espacial de qualidade da colheita das plantas cultivadas(Figura 3) (Leão, 2004).

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Tema fundamental e bastante discutido entre geomorfólogos, a evoluçãode um determinado tipo de relevo pode ser explicada de diferentes formas,razão pela qual foram elaboradas diversas hipóteses de como se formaram asextensas superfícies de nivelamento mais elevadas (ou “cimeiras”) e tambémas dos patamares situados nos níveis inferiores aos destas. As primeirassão consideradas remanescentes das fases mais antigas do relevo.

A maioria dos trabalhos clássicos, explicando os processos de evoluçãodessas formas do relevo, se baseia nas transformações das vertentes pelaerosão, atuando mais em etapas distintas do que numa ação contínua econstante. Nisso se inserem várias teorias, como as de Davis (1899), Penck(1953), King (1956) Hack (1960) e Ruhe (1956). Young (1972) comentaque esses trabalhos estão fundamentados na observação dos processoserosivos atuais, o que está de acordo com um dos preceitos básicos dageomorfologia definidos por Hutton: “O presente é a chave do passado”(Thornbury, 1969).

W.M. Davis, precursor da teoria geomorfológica, desenvolveu uma técnicadenominada “descrição explanatória” de paisagens. Seu princípio maiorera o de que a história da evolução da paisagem poderia ser descrita sobtrês fatores: estrutura, processo e tempo. Com isso, a descrição estariacompleta, mas poucos estudos experimentais foram por ele feitos porqueesse sistema descritivo mostrava-se “iludidamente adequado” (Bloom, 1969).Além disso, a experimentação e a quantificação foram abandonadas, umavez que sua aplicação aos processos de evolução da paisagem érelativamente difícil. Segundo as teorias intuitivamente lançadas por Davis,nos processos evolutivos do relevo, a erosão atuaria em toda a extensãode uma determinada área, iniciando pelo rejuvenescimento, fase em queocorreria o soerguimento relativo continental e a conseqüente incisão dos

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Topo Meia encosta Encosta inferior

Figura 3. Modelo de elevação digital (MED) com vetores representando ocaminhamento superficial (setas) e intensidade do fluxo de água(tamanho da seta) e marcação dos locais das trincheiras ( - 1, 2, 3 e 4).No topo está indicada a área suavemente côncava (linha contínua). Mapasde krigagem das variáveis argila (g kg-1); CTC (mmolc dm-3), V(%); sólidos-solúveis (oBrix); rendimento (caixas t-1 de suco-1); produção (kg amostra-1).Nessa área, o levantamento de solos indica a presença de uma únicaclasse de solo (Argissolo Vermelho-Amarelo) e o mesmo histórico demanejo de plantas cítricas. A direção e a intensidade do fluxo de águaseguem as formas da paisagem, conforme indicado pelas setas do MED.O comportamento dos atributos do solo, plantas e frutas cítricas, indicadopelas isolinhas, mostra dependência espacial dos atributos estudadoscom o relevo e correlação espacial entre eles.

Fonte: Leão (2004).

V (%) (0-0,2 m)

Produção (2002)Rendimento (2002)

Sólidos solúveis (2002)

Argila (0-0,2 m) CTC (0-0,2 m)

49

52,5

56

59,5

63

10,6

11,15

11,7

12,25

12,8

1.500

1.375

1.250

1.125

1.000

30

37

44

51

58

195

212

229

246

263

200

225

250

275

300

575

565

555

545

535

525

Distância (m)Altitude (m)

Altitude (m)

400

0

800

1.200

1.600

400

0

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vales com taludes pronunciados. A partir de então, a regressão das encostasse daria pela diminuição das inclinações do terreno, independentementede suas formas originais, formando um perfil convexo no topo e côncavo nabase. Esse é o chamado ciclo geográfico, que engloba a seguinte seqüênciade etapas: juventude, maturidade e senilidade (Figura 4).

À medida que esse ciclo iria evoluindo, o relevo seria gradativamenteaplainado, de cima para baixo, e condicionado por um nível de base local(Figura 4a,b). Se esse processo se mantém contínuo, a paisagem alcançao estado de senilidade, correspondendo a um mínimo relevo com cursosde água meandrantes (Figura 4b: feições H e K) (King, 1963; Young, 1972;Young & Young, 1974). Nessa teoria estaria implícita a remoção por erosãocontínua em toda a superfície até a formação de uma grande planície oupeneplano, levando à dedução de que a erosão atuaria em toda a extensãode todas as encostas e em quase todas as épocas. Assim, não existiriam,em nenhum momento, superfícies remanescentes de ciclos anteriores, umavez que elas somente podem ter, por definição, duas dimensões (Daniels &Hammer, 1992).

Figura 4. Diagramas de evolução da paisagem elaborados por Davis em 1912e 1932, adaptado por Young (1972). Em (a) e (b), A-B-C-D indicaseqüências das feições de rejuvenescimento e F-G-H-K, feições dematuridade. Esquema (c): rebaixamento com atenuação progressiva dainclinação da vertente.

Fonte: Young (1972).

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Após a morte de Davis, outros geomorfólogos (como Penck, Davis eHack) se dedicaram a descrever outras paisagens (dentro do esquema porele proposto) e, ou, a estabelecer esquemas descritivos alternativos. Penckdefiniu, assim, um modelo alternativo, segundo o qual no início também seformariam encostas pronunciadas, com retrocesso paralelo das vertentes,que passariam a ter perfis côncavos por reposições sucessivas do processoerosivo a partir de suas bases, tendo por fim uma superfície de aplainamentoformada de baixo para cima (King, 1963; Young, 1972). Segundo essemodelo (Figura 5b), algumas superfícies reliquiais permaneciam inalteradasna paisagem antes de serem consumidas a partir de suas bases.

Nos anos 50 e 60, King (1963) apontou para uma visão eclética dediversos modos de formação de vertentes, estabelecendo um padrãoalternativo de sua evolução. Nele, os diferentes segmentos sofreriamerosão, porém o mais inclinado (escarpa) manteria seu ângulo; ocomprimento dos demais segmentos se manteria relativamente uniforme,exceto a concavidade do perfil, que aumentaria gradativamente, dando lugara um retrocesso paralelo em toda a extensão da vertente (Figura 5c) (Young,1972; Young & Young, 1974). No Brasil, King (1956) utilizou sua interpretaçãomorfogenética misturando os conceitos de Davis e de Penck: o modelo deDavis está implicitamente relacionado a uma extensa peneplanação naAmérica do Sul, que teria gerado uma vasta superfície, conhecida comoSul Americana. As teorias de Penck são usadas por King quando este serefere à pediplanação dos patamares inferiores, fazendo uso então doconceito de retrocesso paralelo das superfícies de idade mais recente quea da superfície Sul Americana (Ross, 1991).

Hack (1960), citado por Bigarella et al. (1965a), desenvolveu um modelono qual o relevo evolui num equilíbrio dinâmico, em que pelo menos partede todos os elementos topográficos da paisagem se mantém tanto na formacomo no tempo. As taxas equivalentes de rebaixamento poderiam variarno espaço, dependendo sempre da maior ou menor resistência do substrato(Figura 5d). As formas e os processos estariam então em um equilíbrioestável e seriam independentes do tempo nas paisagens, onde as forçasexógenas e endógenas se equivaleriam em intensidade.

Progressos maiores a respeito das formas de evolução do relevo foramalcançados após 1930, com a aplicação da geomorfologia aos estudos desolos, utilizando-se uso de quantificações e verificações experimentais nostrabalhos que procuravam explicar os processos de evolução das vertentes.Nesse aspecto, destacam-se as pesquisas de Ruhe et al. (1967), que, combase experimental de muitas descrições de campo e quantificações em

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laboratório, estabeleceram um modelo de retrocesso das vertentes, não deforma rigidamente paralela, como proposto por King e Penck (Figura 5),mas com perdas desiguais de material nos diferentes segmentos dasencostas. Assim, a parte mais elevada das superfícies mais recentesperderia mais material que a mais próxima do canal de drenagem (Figura 6).Da mesma forma que nos modelos de Penck e King, o de Ruhe admite apermanência de remanescentes de superfícies antigas. Outros importantesprogressos nos estudos de relação solo-geomorfologia surgiram logo apósa Segunda Guerra Mundial, que criou demandas para novos equipamentose técnicas, como, por exemplo, a interpretação de fotos aéreas e imagensde satélites (Bloom, 1969).

Bigarella et al. (1965 a) discutiram vários modelos de evolução do relevo(incluindo os de Davis, King e Hack) com base em eventos ocorridos noSudeste do Brasil no neocenozóico (fim do Terciário e Quaternário) econcluíram que suas observações de campo se adaptam melhor a umesquema de alternâncias climáticas ocorridas no Brasil durante oQuaternário (Suguio, 1991). Basicamente, esses autores propõem terhavido fases de retrocessos progressivos das vertentes por forte erosão,nos períodos semi-áridos, alterados por processos de morfogênesemecânica, nos períodos úmidos. Essas alternâncias explicariam a formaçãodos espessos mantos regolíticos (nas fases úmidas) e sua posterior erosãoe deposição próxima dos materiais-fonte (nas fases semi-áridas), formandoos patamares pedimentados com seus espessos depósitos correlativos(Quadro 1 e Figura 7).

Figura 5. Esquema das principais teorias de evolução das vertentes. (a)rebaixamento com atenuação progressiva da inclinação da vertente(Davis); (b) retrocesso paralelo com suavização da declividade (Penck);(c) retrocesso paralelo mantendo a inclinação dos sucessivos segmentosda vertente (King); d) equilíbrio dinâmico da paisagem – evolução dasformas iniciais, com rebaixamento uniforme das superfícies (Hack).

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A perspectiva morfoclimática de Bigarella e seus colaboradores (Bigarellaet al., 1965a,b; Bigarella & Mousinho, 1965a,b), adotada depois por Penteado(1968), muito contribuiu para as interpretações da morfogênese do relevodo Brasil Sudeste: proporcionou uma oportuna interação estratigráfica-geomorfológica (Moura, 1994) e uma melhor compreensão da distribuição

Figura 6. Blocos-diagramas mostrando elevações digitais e perfisesquemáticos de três fases de evolução de uma paisagem segundo omodelo de Ruhe. (a) superfície plana e elevada, com incisões iniciais etênues de pequenos canais; (b) com um primeiro rebaixamento do nívelde base local, ocorreria também uma maior incisão e a conseqüenteformação da superfície II, às expensas da erosão da superfície original I;(c) em outra etapa, com um outro rebaixamento do nível de base, umasegunda incisão provocaria a formação da superfície III, em fase deentalhamento na superfície II. Dessa forma, remanescentes da superfícieoriginal (I) e da segunda superfície (II) poderiam ser conservados durantebastante tempo.

Fonte: Daniels & Hammer (1992).

III Distância (Hm)

Distância (Hm)

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na paisagem dos espessos mantos latossólicos (Lepsch et al., 1982; Vidal-Torrado et al., 1999). Entretanto, como o modelo se baseia em relações dedepósitos sedimentares com superfícies de erosão, tem sido difícilestabelecer uma boa correlação cronogeológica e identificar os depósitoscorrelativos em todas as fases (Ross, 1991). Por outro lado, esse modelopressupõe a estabilidade tectônica durante todo o Quaternário, o que hojenão é mais aceito plenamente: cer tas superfícies podem ter sido

Figura 7. Representação semi-esquemática de uma bacia hidrográfica sobreo embasamento cristalino do Brasil Sudeste, ilustrando três épocassucessivas do desenvolvimento da paisagem: (a) fase úmida (em umperíodo interglacial), havendo intenso intemperismo químico,aprofundamento do saprolito e dissecação característica de enxurradasfreqüentes e contínuas; (b) fase semi-árida (em um período glacial) ondedominaria a morfogênese mecânica: chuvas escassas, mas torrenciais,e escassez de vegetação protetora atuariam sobre o espesso mantointemperizado formado na fase anterior - devido ao elevado volume decarga de sedimentos e à baixa competência e freqüência ocasional destescursos d’água, a maior parte do material se depositaria na base dasmontanhas, formando um espesso e poroso manto pedimentar (ou“glacis”); (c) numa fase mais recente, úmida, o espesso manto pré-intemperizado e depositado na base sofreria novas incisões de cursosd’água, mas, por sua elevada porosidade e resistência à erosão, tomariaa forma de baixas colinas, suavemente onduladas, ondepreferencialmente se localizam os Latossolos.

Fonte: Lepsch & Buol (1986), adaptado de Suguio & Bigarella (1979).

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reescalonadas por movimentos tectônicos durante o Quaternário (Hasui etal., 1995; Da Silva et al., 1997; Silva, 1997), especialmente em zonas comsubstrato rochoso muito fraturado, onde estas reativações tectônicas sãocomuns e evidentes.

A partir dos anos 90 ganham grande impulso no Brasil os estudos da tectônicamais recente, ou neotectônica ou, ainda, “tectônica ressurgente” (Hasui,1990a,b; 1995), pois passam a ser considerados nas relações solo-paisagem– como nos trabalhos de Marques Jr. et al. (1997) e de Silva et al. (2002).

Possivelmente, boa parte dos estudos que não consideraram essa novaabordagem neotectônica da geomorfologia estrutural poderia serreformulada, permitindo, assim, conclusões mais atualizadas. Um exemplodisso é a interpretação de Da Silva et al. (1997), que contrasta com a dePenteado (1968), em relação à origem dos diferentes níveis planálticosque existem na Depressão Periférica Paulista. Penteado (1968) atribuiu aorigem desses níveis a diferentes eventos de pedimentação, originadosdurante o Quaternário, e como conseqüência única de fenômenos induzidospor alternâncias climáticas. Da Silva et al. (1997) sugerem que algunsdesses distintos níveis são resultados exclusivos de movimentos tectônicosquaternários; dessa forma, propõem estar a superfície planáltica,provavelmente a terciária Sul Americana, primeiro identificada por King(1956), atualmente distribuída em diferentes níveis topográficos, que tem

Quadro 1. Variações climáticas quaternárias na zona tropical brasileira e suainfluência na evolução da paisagem

Tempo/período Glacial/interglacial Clima Processopredominante

Feições geomórficasresultantes

Holoceno Úmido com fasessecas

Dissecaçãodos vales esedimentação

Baixos terraços

Pleistoceno Wisconsin (Würm) Semi-árido Morfogênesemecânica

Paleopavimentodetrítico

Sangamon Illinoian(Riss)

Úmido semi-árido DissecaçãoMorfogênesemecânica

Pedimento P1

Yarmouth Kansan(Mindel)

Úmido semi-árido DissecaçãoMorfogênesemecânica

Pedimento P2

AftonianNebraskan (Gunz)

Úmido semi-árido DissecaçãoMorfogênesemecânica

Pediplano Pd1

Fonte: Bigarella & Andrade (1965).

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sua expressão máxima no Planalto Central do Brasil (Figura 8). Estes níveis(P2, P1) poderiam não ter sido interpretados por Penteado (1968) comodiferentes superfícies interplanálticas, mas como uma mesma superfícierebaixada ou alçada a diferentes níveis topográficos durante o Quaternário.

A ênfase que se tem dado às informações sobre diferentes eventosocorridos no Quaternário se justifica pelo paradigma geomorfológico deque “muito pouco do relevo terrestre é mais antigo que o Terciário e a maiorparte do mesmo não supera em idade o Pleistoceno” (Thornbury, 1969).Enquanto nas regiões tropicais não-desérticas, e fora das faixas de tectônicamais ativa, existem os mais extensos e antigos vestígios e remanescentesde ciclos pretéritos de erosão, nas regiões temperadas, ao contrário, apenasse conservam feições e materiais relativos a ciclos contemporâneos devidosprincipalmente ao efeito arrasador das geleiras ocorridas nos ciclos glaciais.

É muito provável que, em algumas paisagens, a relação causa-efeito(com a qual freqüentemente estamos mais acostumados), que interpreta osolo como resultado do relevo, seja inversa: o relevo pode ser resultado daevolução do solo, uma vez que as remoções por dissolução intempéricatambém constituem um importante processo indutor da erosão (Tardy, 1990).Sínteses de trabalhos com enfoque na dissolução intempérica, ou açãogeoquímica, foram apresentadas por Millot (1977), Bocquier et al. (1977),Boulet et al. (1977), Chauvel (1977) e Nahon & Millot (1977).

Nessa linha estão os trabalhos que propõem a transformação, pelointemperismo diferencial, de Latossolos em Espodossolos (Lucas et al.,1984) ou ainda em Planossolos e silcretes (Nascimento, 1996), bem comodas couraças ferruginosas (ferricretes) em Latossolo e deste em Argissolo(Nascimento & Perez, 2003). Lucas et al. (1984) e Lucas (1989) afirmaram queo intemperismo e a pedogênese seriam os únicos responsáveis pela evoluçãodos Latossolos mais argilosos da Amazônia para Espodossolos arenosos,

Figura 8. Perfil diagramático das principais superfícies de aplainamento doBrasil Central.

Fonte: Adaptado de King (1968) e Bigarella & Andrade (1965).

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com influência na evolução do relevo, contra a tese de que estes solosteriam inicialmente se desenvolvido em materiais diferentes. Contudo,Bravard & Righi (1990) criticaram este trabalho, afirmando que ageomorfologia e a complexa estratigrafia da Formação Barreiras não foramconsideradas.

Dessa forma, poder-se-ia considerar como sendo um ponto de vistarelativamente novo para os estudiosos das Ciências da Terra nos trópicosúmidos, tal como postulado por Ross (1991), considerar em que condiçõeso que poderia ser mais significativo nas remoções que esculpem o relevo:a erosão química ou a erosão física, ambas promovidas essencialmentepela água. Tantas idéias, propostas e modelos podem confundir e, ou,mesmo provocar reações céticas dos pedólogos e geomorfólogos, emparticular daqueles que costumam raciocinar com padrões únicos epredeterminados de evolução da paisagem. Contudo, como ressaltado pormuitos, entre eles, Daniels & Hammer (1992):

“Suspeitamos que paisagens dentro de um determinado ambiente fossemdesenvolvidas por vários processos e que, também, a expressãomorfológica dos mesmos pudesse variar consideravelmente. Sendoassim, há necessidade de se ter uma idéia ou modelo explicando comoa paisagem evolui, mas cometeríamos um grave erro se abraçássemosum único deles”.

Em outras palavras, é necessário sempre estar pronto a assimilar novasidéias sem abandonar as antigas, uma vez que todas elas podem auxiliar amultiplicar as induções e deduções científicas. Chamberlin (1897) preconizaque o método de investigação usando hipóteses múltiplas seria o maisadequado ao equacionamento de nossas pesquisas.

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Conforme ressaltado anteriormente, os primeiros trabalhos sobrerelações solo-relevo eram freqüentemente baseados no contexto da catenade Milne (1935). No entanto, esse modelo não era bastante preciso, poisincluía tanto materiais uniformes como materiais de origem múltipla. Algunsdos trabalhos que o aplicavam, em particular aqueles que falhavam emreconhecer a natureza dinâmica das relações solo-formas do terreno, eraminconsistentes e inapropriados. Ruhe (1956) expandiu e refinou esse modelo,

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descrevendo relações entre superfícies geomórficas, materiais sobrepostose solos. Esse autor relacionou determinados solos a determinadassuperfícies em áreas sobre sedimentos com muitos estratos diferentes.

Em sua revisão sobre Pedologia e Geomorfologia, Hall (1983) apresentaresumidamente os princípios básicos para a utilização da metodologiadescrita por Daniels et al. (1971) e faz uso das propostas de Ruhe (1956)(Figura 9), da seguinte forma:

a) Uma superfície é mais jovem que qualquer outra superfície ou materialque secciona.

b) É mais velha ou, pelo menos, contemporânea aos depósitos de fundode vale inferior e próximo.

c) É mais jovem que as superfícies adjacentes situadas em posição superiore, conseqüentemente, mais velha que as posicionadas inferiormente.

d) É mais velha ou pelo menos contemporânea aos depósitos existentessobre ela.

e) É mais jovem que qualquer estrutura que ela seccionar.

Com base nesses critérios, uma superfície geomórfica pode serconsiderada uma parcela da face de terra que é definida no espaço e notempo, com limites geográficos e formada por um ou mais agentes em umdeterminado período de tempo (Daniels et al., 1971). É importante ressaltarque, em trabalhos de pedologia, somente critérios topográficos eestratigráficos devem ser usados quando da identificação e delimitaçãodas superfícies geomórficas. Se atributos dos solos forem usados para as

Figura 9. Ilustração de um vale numa bacia sedimentar, com seus depósitose superfícies geomórficas. A idade diminui de 1 para 5 (nos estratossedimentares) e a de A para D (nas superfícies geomórficas).

Fonte: Daniels et al. (1971).

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suas identificações, o trabalho ficará comprometido, pois futuramente não serápossível usar critérios geomórficos para correlacionar os dos solos, sobpena de se cair num círculo vicioso. Diversos autores relacionam solos com orelevo, mapeando inicialmente superfícies geomórficas segundo essescritérios e sem primeiro se preocupar em examinar e identificar os seusrespectivos solos. Usando unicamente critérios geomórficos e estratigráficos,é possível identificar e datar as superfícies, tanto relativa como absolutamente,para, de forma adequada, correlacioná-las depois com os atributos do solo,como, por exemplo, com os indicativos de gradientes de intemperismo.

Ruhe (1956), pioneiramente, estabeleceu um modelo conceitual devariabilidade dos solos, segundo o qual os processos responsáveis pelaformação do interior destes e das suas respectivas superfícies interagem,resultando numa associação solo-feição geomórfica. Assim, determinadossolos estariam sempre associados a formas de relevo específicas, e osseus padrões de distribuição espacial seriam repetitivos e predizíveis. Emuma seqüência de superfícies, de diferentes idades, comumente se verificaque o grau de desenvolvimento dos solos concorda com as superfíciesgeomórficas: o grau de intemperização e o de desenvolvimento doshorizontes pedogenéticos aumentam da superfície mais jovem para a maisantiga. Daniels et al. (1970) quantificaram assim várias dessas relações,como as relativas ao grau de desenvolvimento da plintita, ao conteúdo degibbsita e à espessura do solum. Da mesma forma, Tyler et al. (1978)encontraram correlações positivas entre os valores de pH, saturação porbases e conteúdo de minerais primários intemperizáveis e as diferentesidades das superfícies geomórficas em terraços fluviais da Amazônia.

Vários são os exemplos de estudos brasileiros em que se aplicam osconceitos de Ruhe (1956) nos trabalhos que relacionam morfogênese compedogênese. No Sudeste brasileiro, particularmente na zona do PlanaltoOcidental Paulista, Lepsch (1977) e Lepsch et al. (1977a,b) identificaram cincosuperfícies sobre arenitos cretáceos ou sedimentos modernos deles diretamentederivados. A maior parte, mas não todas, das unidades de mapeamento desolos se correlacionaram com uma das cinco superfícies geomórficaspreviamente mapeadas, havendo coincidência, ainda que não completamenteexata, dos limites dos solos com os das superfícies. Esses autoresconcluíram também que os atributos que representam o grau deintemperismo dos solos estavam bem correlacionados com a idade relativadas superfícies. No entanto, observaram que as taxas de iluviação de argila,saturação por bases e o conteúdo de C do solo não eram dependentes daidade dessas superfícies.

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Rodrigues & Klamt (1978) estudaram as relações solo-paisagem noPlanalto Central do Brasil (Distrito Federal) e conseguiram estabelecercompartimentos do relevo onde o conteúdo de gibbsita dos solos diminuiudas superfícies mais antigas para as mais recentes. Em outros estudosmais recentes no Estado de São Paulo, realizados com esse mesmo métodode separação de superfícies geomórficas, também foram observadas boascorrelações entre superfícies e atributos dos solos, proporcionando boasbases de predição úteis para auxiliar em futuros mapeamentos pedológicosdetalhados (Vidal-Torrado, 1994; Marques Jr. et al., 1997; Cooper et al.,2002).

Há de se ressaltar que as superfícies geomórficas, conforme conceituadaspor Ruhe (1956), muitas vezes não coincidem com as chamadas superfíciesde erosão, identificadas e mapeadas em escalas pequenas pela maior partedos geomorfólogos. Sobre isso, Buttler (1959) comentou:

“Para os geomorfólogos, as superfícies são definidas em termos deerosão relativa, formato, agente de formação e, ou, de outras maneirasque não tomam como o critério a superfície original do solo. Obviamente,nestes casos será pouco possível, ou mesmo improvável, que as definiçõesdo geólogo e a do geomorfólogo mantenham uma relação constante”.

No entanto, Daniels et al. (1971), de certa forma, discordam de Buttler(1959) quando afirmam:

“Se o trabalho geomorfológico é detalhado e preciso, então a superfíciede interesse do pedólogo e a do geomorfólogo será a mesma”.

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Métodos de compartimentação de vertentes

Desde o princípio dos estudos geomorfológicos a compreensão doscomponentes das vertentes vem ganhando importância. Isso resultou numaampla nomenclatura para a designação de col inas, encostas ecompartimentos das vertentes (Daniels & Hammer, 1992). A nomenclaturade Ruhe (Ruhe & Walker, 1968) tem sido muito utilizada em diversos estudosdas relações solo-paisagem em todo o mundo, devido a seu fácilentendimento. Para esses autores, a maioria das vertentes com sistemasde drenagem aberta deve apresentar as seguintes formas (Figura 10):

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interflúvio (interfluve), esporão (nose-slope), cabeceiras (head-slope) emeia-encosta (side-slope), ocorrendo, nos fundos de vales de primeiraordem, os relevos alúvio-coluvionares (aluvial fill). As cabeceiras dedrenagem na forma de anfiteatro representam zonas côncavas deconcentração e escoamento superficial e de fluxos subsuperficiais. Osesporões correspondem às partes rebaixadas dos interflúvios cujas curvasde nível se apresentam convexas, o que provoca a dispersão radial daságuas de percolação e de escoamento superficial. Para o perfil dasvertentes, esses autores definiram os segmentos: topo (summit), ombro ouombreira (shoulder), encosta retilínea (side-slope), encosta côncava(cabeceira em anfiteatro), esporão (nose-slope), meia-encosta (backslope),sopé coluvial (footslope) e sopé colúvio-aluvial (toeslope).

Outras formas de compartimentação das ver tentes para estudodetalhado do relevo e, assim, melhor relacioná-lo com os solos podem seradotadas, adaptadas e inclusive deduzidas. Isso dependerá do objetivofinal do trabalho e da disponibilidade de recursos para executá-lo. Ross(1996) propõe, por exemplo, um modelo de compartimentação de vertentesvoltado para a cartografia geomorfológica detalhada do Brasil tropical paraaplicações em estudos ambientais (escala de 1:25.000 ou maior), a partirda qual muitas informações podem ser obtidas pelo pedólogo, pois nessenível de detalhe existe um forte relacionamento funcional entre os mapasde solos e os mapas geomorfológicos (Arnold, 1997). É uma proposiçãoaberta, sem uma definição rígida do número de segmentos de vertente.

Figura 10. Diferentes segmentos de uma vertente. i: interflúvio, cimeira outopo (“summit”); o: convexidade ou ombro da vertente (“shoulder”); dc:declive côncavo ou cabeceira em anfiteatro (“headslope”); dl: decliveretilíneo ou meia-encosta retilínea (“backslope”); e: declive convexo ouesporão (“nose”); s: talude de colúvios ou sopé (“footslope”); c+a:colúvios e alúvios.

Fonte: Ruhe & Walker (1968).

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O usuário desse sistema pode identificar as diferentes formas quepossam existir em um determinado local, sendo possível ainda fazersubdivisões dentro de um mesmo segmento. Podem ser identificados, porexemplo, segmentos de vertente do tipo escarpado (Ve), convexo (Vc),retilíneo (Vr), côncavo (Vcc), em patamares planos (Vpp), em patamaresinclinados (Vpi), topos convexos (Tc), topos planos (Tp) e outros mais. Porlevar em consideração no relevo as formas básicas e suas subdivisões emsubformas, é muito provável que, usando uma compar timentaçãorelativamente detalhada como esta, um pedólogo possa chegar a bonsresultados em estudos detalhados que visam entender as relações do solocom o relevo.

Darlymple et al. (1968) apresentaram um modelo de vertente hipotéticocom nove unidades ou segmentos, com base na intensidade dos processospedogenéticos e de erosão que possam ocorrer em cada um deles(Figura 11). Mesmo sendo desenvolvido mais para compreender paisagensde clima temperado e úmido, ele tem sido muito aceito e aplicado em outrosambientes, inclusive tropicais (Christofoletti, 1982; Gerrard, 1981). Nestemodelo, uma vertente poderá conter todos os nove elementos hipotetizados,ou alguns poderão estar ausentes ou mesmo repetidos. Entretanto, porconsiderar não somente a forma, mas também os processos intrínsecos acada segmento, ele é muito útil para auxiliar na compreensão da dinâmicada vertente e da respectiva pedogênese.

Esse método de compartimentação de vertentes, que não é propriamenteum modelo evolutivo, mas sim uma subdivisão da vertente com ênfase nosprocessos atuantes em cada segmento, foi considerado por Daniels &Hammer (1992) como muito útil quando usado como complemento ao estudodas superfícies geomórficas. Um exemplo da aplicação do modelo dasnove unidades hipotéticas de Darlymple et al. (1968) é apresentado nafigura 12. No segmento 1, o solo é profundo e com taxas de erosão mínimas,predominando a pedogênese. O segmento 3 se caracteriza por sofrer maiserosão que os demais, exceto quando se compara com a escarpa 4, etambém por não permitir acúmulo de materiais na superfície. A rochaconsolidada favorece o surgimento de rupturas bruscas de declividade nasencostas, surgindo assim a escarpa (segmento 4), a qual apresenta solosrasos e, ou, afloramentos rochosos. Esse processo – quando menos intensoe quando não forma uma escarpa – contribui para formação de áreascôncavas, as quais fazem reincidir o segmento 3, dividindo o sopé detransporte (segmento 5) e provocando o surgimento de uma zona deacumulação (sopé de deposição, segmento 6) e faixa de transição entre 3

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Figura 12. Exemplo hipotético da aplicação do modelo de vertentes com asnove unidades de Darlymple et al. (1968).

Fonte: Adaptado de Christofolleti (1982).

Figura 11. Classificação dos segmentos de vertente. 1: interflúvio ou topo;domínio de fluxo vertical de água e pedogênese. 2: declive de infiltração;eluviação por fluxo lateral e vertical. 3: declive convexo de creeping(rastejamento), fluxo lateral superficial intenso com eluviação por fluxolateral interno. 4: escarpa; dominância de processos erosivos e quedade material. 5: talude de transporte; início do sopé com material emtransporte por movimentos de massa e creeping e retomada do fluxovertical da água que favorece a pedogênese. 6: sopé coluvial; parteposterior do sopé com acúmulo de material e pedogênese influenciadapelo lençol freático; 7: sopé aluvial; depósitos estratificados recentes epedogênese influenciada por águas subsuperficiais. 8: talude do canalfluvial; fenômenos de desbarrancamento e corrasão (desgaste por atrito).9: fundo do canal fluvial; transporte, deposição e erosão por águasfluviais, causando alternâncias de erosão e agradação.

Fonte: Darlymple et al. (1968).

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e 5. Novas zonas de acumulação podem ocorrer na parte basal da vertente,com conseqüente espessamento do solum e retomada de fluxos verticaisde água, favorecendo os processos de eluviação e lixiviação.

Funcionamento hídrico do solo em função do relevo

Para estudos detalhados da influência do relevo na hidrologia de umavertente, torna-se necessária a caracterização detalhada das formas dossegmentos da encosta como um todo e de como os solos nela seposicionam. Como visto até aqui, existem muitas maneiras de descrever aforma da vertente ou os segmentos desta e também de quantificar os seusatributos e dos solos a ela relacionados. Os métodos variam desde aidentificação e descrição das superfícies geomórficas, propostas por Ruhe(1975), até as compartimentações dessas superfícies em segmentos devertentes (Darlymple et al., 1968) ou equações adaptadas a mapasplanialtimétricos detalhados (Troeh, 1967). A escolha dependerá dosobjetivos do trabalho e dos meios e conhecimentos disponíveis.

Atualmente, com o desenvolvimento dos métodos de cartografia digital,é possível a representação da superfície terrestre na forma numérica, comosão denominados os modelos de elevação digital do terreno (DEM), osquais permitem uma rápida e útil análise topográfica de uma zona deinteresse, assim como o cálculo automatizado de uma série de variáveisrelacionadas, como aquelas ligadas à altitude (vertentes, orientações, limitesde bacias hidrográficas, dinâmica do fluxo de água, etc.). A sobreposiçãode mapas digitalizados a partir de uma cartografia topográfica e pedológicatambém pode ser de grande utilidade e praticidade quando das análisesem diferentes escalas das relações entre relevo e solos de uma determinadaregião. Para isso, os sistemas de informação geográfica (SIG) sãoferramentas versáteis e cada vez mais acessíveis (Burrough, 1986; Maguireet al., 1991). Os SIGs permitem elaborar com rapidez mapas temáticosque têm a vantagem de ordenar dados com relativamente pouco trabalho,permitindo uma visão geral das relações solo-relevo. Essas aproximaçõessão especialmente importantes para indicar tendências que possam serverificadas nos estudos detalhados de vertentes, além de permitiremquantificar facilmente as relações que possam existir entre superfíciesgeomórficas, solos e substratos geológicos.

Trabalhar com formas de vertentes de maneira detalhada ajudará oentendimento dos tipos e intensidades dos fluxos de água superficiais esubsuperficiais que ocorrem nos solos (Figura 13).

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Hugget (1975) considerou ser de grande importância o estabelecimentode modelos ideais de fluxos de água em conformidade com as feições dasencostas e das bacias de drenagem de primeira ordem. Com base naconvergência e divergência das linhas de fluxos d’água, em conformidade,respectivamente, com a concavidade e convexidade da superfície, esseautor propôs padrões ideais para indicações das direções dos fluxos, deacordo com a forma dos diferentes tipos dos segmentos de vertentes(Figuras 14 e 15).

As formas do relevo com fluxos de água diferenciados induzemdiferenciações espaciais de vários atributos, tanto dos solos como doscultivos que neles são estabelecidos. Trabalhos recentes têm demonstradoque nas áreas côncavas há maior variabilidade espacial dos atributosquímicos, físicos e de produtividade da cultura de cana-de-açúcar (Marqueset al., 2001; Montanari et al., 2005). As maiores taxas de erosão ocorremnormalmente nas formas lineares; na região de Jaboticabal (São Paulo),mostraram estar relacionadas com as maiores taxas de erosão nas formaslineares, que provoca uma maior taxa de renovação do solo desenvolvidode material basáltico (Souza et al., 2003).

Figura 13. Caminhos que a água pode percorrer ao longo de uma vertente.As setas indicam a direção e a intensidade relativa (tamanho da seta)que cada fluxo pode ter de acordo com a posição do solo na vertente.

Fonte: Adaptado de Gerrard (1981).

Precipitação

D: Deflúvio superficial

I: Infiltração

Fns: Fluxo subsuperficial não saturado

Fs: Fluxo subsuperficial saturado

P: Percolação profunda

-

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Figura 14. Relações entre linhas de fluxo de água e a forma das vertentes.Fonte: Hugget (1975).

Figura 15. Linhas de fluxo de água no solo convergentes, paralelas oudivergentes de acordo com a superfície e perfil dos diferentes tipos devertentes ou segmentos de vertente. A primeira letra indica a forma dasuperfície, e a segunda, a conformação do perfil da vertente (L = retilíneo;V = convexo; C = côncavo).

Fonte: Hugget (1975).

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O conhecimento do sistema de fluxos de água de uma determinada

área, derivado do entendimento das relações geomorfologia-estratigrafia-

pedologia, é muito útil para a compreensão dos processos genéticos e do

comportamento dos solos (Figuras 1 e 2). Esses aspectos também são de

grande importância para os pesquisadores das áreas de erosão, poluiçãode solos e física de solos, para os geoquímicos e também para os

geomorfólogos, aos quais muito interessa conhecer todos os processos

que atuam ao longo das vertentes. Esse tipo de informação poderá assim

ser usado para aumentar a exatidão dos diagnósticos agrícolas e, ou,

ambientais, ajustando-os melhor à realidade.

Estudos recentes sobre o comportamento hidrológico dos solos nas

vertentes têm revelado padrões contrastantes. Salomão (1999), por

exemplo, demonstrou que no topo de colinas amplas (platô de Bauru-SP),

cobertas por Latossolos Vermelhos, os fluxos hídricos predominam nos

padrões verticais. Ao contrário, nas chamadas colinas médias, convexas,mais curtas e inclinadas, com Latossolos no topo e Argissolos nos terços

superiores e médio, os fluxos hídricos situam-se em padrões verticais no

Latossolo e mais laterais no Argissolo, no qual se forma um lençol suspenso

logo acima do horizonte Bt, havendo assim favorecimento à formação de

piping (circulação de água por tubos naturais internos – figura 13), o que

induz à erosão de voçorocas (Figura 16). Salomão (1999) interpretou aindaos solos dessas colinas médias como um sistema de transformação lateral

do tipo eluvial-iluvial. Situação similar foi identificada por Castro (1989) em

Marília - SP.

Outros estudos mais recentes em área ocupada por NeossolosQuartzarênicos (Areias Quartzosas) em São Pedro (SP), rapor Oliveira et

al. (1998), e na alta bacia do rio Araguaia, em Mineiros (GO), por Marinho

& Castro (2003), para colinas amplas, revelaram padrões de fluxos aquosos

verticais na maior parte da vertente, similares aos padrões identificados

nas colinas amplas estudadas por Salomão (1999), diferindo apenas quanto

à energia constatada no fundo de vale, onde há risco de ascensão rápidado freático e sua junção com o escoamento superficial, de grande energia

também morfogenética.

Esses casos revelam que, independentemente dos tipos de solo, a

topografia condiciona a direção e a intensidade dos fluxos hídricos, sendomotor tanto da pedogênese como da morfogênese.

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A revisão de diversos estudos que relacionam pedologia comgeomorfologia dos trópicos evidencia que poucos deles abordam este tema

Figura 16. Caracterização pedológica e comportamento hidrológico de umatoposseqüência Latossolo-Argissolo-Gleissolo, desenvolvidos sobrearenitos cretáceos do Grupo Bauru, no Planalto Ocidental paulista. Atopografia e a elevada permeabilidade do B latossólico (condutividadehidráulica K = 89 a 95 mm h-1) determinam a predominância do fluxovertical na circulação subsuperficial da água no Latossolo (topo e ombroda vertente). A partir da meia-encosta surge o horizonte B textural (Bt)do Argissolo, com permeabilidade reduzida (K= 8 mm h-1), situado logoabaixo dos horizontes A arenosos e muito permeáveis (K = 80 a117 mm h-1), o que, aliado ao declive, impõe a dominância do escoamentolateral tanto superficial como subsuperficial, este último muito maisintenso logo acima do Bt e através dos horizontes arenosos.

Fonte: Salomão (1999).

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ALTERAÇÃO DE ROCHA

CARACTERÍSTICAS HIDRÁULICAS

POROSIDADEHORIZONTES CARACTERÍSTICAS PEDOLÓGICAS

KPT

P > 30

PT

P < 30

PT

1 ARENOSO COM BANDAS ONDULADAS (A) 117 35 0,5 0,5

2 ARENOSO (A) 82 38 0,5 0,5

3 ARENO-ARGILOSO COM ESTRUTURA MACIÇA POROSO (BI) 95 36 0,5 0,5

4 ARENO-ARGILOSO COM ESTRUTURA MACIÇO-POROSA (BL) 89 37 0,5 0,5

5 FRANCO-ARGILOSO COM ESTRUTURA POLIÉDRICA (BT) 8 36 0,2 0,8

6 ARGILOSO (C) 2 36 0,1 0,9

K = CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA (mm/h)

PT = POROSIDADE TOTAL (%)

P > 0 = POROSIDADE ACIMA DE 30 µm DE RAIO (%)

P < 0 = POROSIDADE ABAIXO DE 30 µm DE RAIO(%)

T1 TRINCHEIRAS

AMOSTRAS ENSAIADAS

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de forma inter ou multidisciplinar, usando critérios estratigráficos,geomórficos e hidrológicos e trabalhando com metodologia de hipótesesmúltiplas bem definidas, como preconizado por Chamberlin (1897).Trabalhos sobre pedogênese e os diversos tipos de levantamento de solos(mormente os mais detalhados) produzem resultados melhores e maisaplicáveis quando se faz o melhor uso possível de trabalho de campo,incluindo métodos geomorfológicos em adição à descrição dos perfis dossolos e à caracterização de amostras de seus horizontes em laboratório.Assim, é de grande utilidade verificar as variações verticais e laterais dasseqüências de solos e suas posições em relação à coluna estratigráfica,levando-se em conta as superfícies geomórficas, bem como deduçõesacerca da hidrologia local. Essa integração é muito impor tante,especialmente no que diz respeito ao relacionamento das variações dosolo com as dos eventos do Quaternário.

Nesse sentido, um método de natureza cartográfica desejável em termosdas relações solo-paisagem, adotado em estudos regionais (p.e., ummunicípio) e que considera um conjunto de escalas, por aproximaçõessucessivas (desde a visão da paisagem maior até o microscópio), poderiaobedecer às seguintes etapas:

1. Análise prévia dos documentos cartográficos e de sensoriamentoremoto, bem como levantamentos pedológicos preexistentes em todas asescalas disponíveis. Revisão de literatura de trabalhos anteriores sobreclima, geologia, geomorfologia, geografia e vegetação efetuados na mesmaregião ou em áreas fisiograficamente similares.

2. Elaboração de cartas de unidades de paisagem (ou compartimentosmorfopedológicos, Castro & Salomão, 2000) a partir das relações espaciaisentre o relevo e o substrato.

3. Escolha de transições, formando faixas de “áreas de estudo”,abrangendo as principais unidades de paisagem regionais, desde divisoresd’água até canais adjacentes.

4. Nessas faixas deve-se proceder ao estudo detalhado da estratigrafia,procurando estar atento também para possíveis feições estruturais quepossam indicar tectônica ressurgente. Esse trabalho poderá ser iniciadopor meio de prospecções com o trado (até 6–12 m de profundidade) e, ou,observações em cortes profundos de estradas.

5. Delimitação, no campo e em fotos aéreas, das superfícies geomórficasseguindo critérios estabelecidos por Ruhe (1956), considerando os possíveiscontroles estruturais do relevo.

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6. Identificação e delimitação da(s) sucessão (ões) lateral (is) de solosna encosta, procedendo ao seu levantamento detalhado na área da faixa,em um continuum com a descrição e coleta de amostras representativasdos horizontes pedológicos. Amostras de solos em posições de malha fixapoderão ser também coletadas para fins de análises geoestatísticas, mastendo por base o padrão morfopedológico.

7. Análise no laboratório das amostras de solo para caracterizaçõesfísicas, químicas, mineralógicas e micromorfológicas.

8. Identificação dos atributos responsáveis pela distribuição, constituiçãoe funcionamento pretérito e, ou, atual dos sistemas de solos constatados ecomparação com os vizinhos.

9. Determinação das relações gerais entre os solos e os elementos dapaisagem.

10. Estabelecimento de correlações estatísticas entre atributos do relevoque puderem ser numericamente expressos e dos solos e, ou, de dadosreferentes à sua produtividade agrícola. Daí por diante, de acordo com afinalidade do trabalho, vários outros aspectos poderão ser enfocados, como:(a) desenvolvimento de hipóteses acerca da gênese dos solos e de suaocorrência espacial e teste dessas hipóteses em áreas adjacentes às faixasestudadas em detalhe; (b) estabelecimento de legenda preliminar (para casode mapeamento pedológico detalhado) e critérios de fotointerpretação paraauxílio ao delineamento das unidades de solo e (c) elaboração do prognósticoobjetivo, em relação ao planejamento do uso e, ou, manejo das terras.

A interpretação do presente, sem esquecer o que pode ter acontecidono passado, é um dos principais lemas dos trabalhos interdisciplinares depedologia/geomorfologia. A sua observação fará com que os pedólogosrelacionem melhor a morfologia do solo com as explicações sobrepedogênese, conseguindo assim uma interpretação mais adequada dasanálises de laboratório, bem como uma extrapolação de dados mais segurapara área cujos solos não são conhecidos, embora apresentem grandesimilaridade no que diz respeito aos seus fatores de formação. Dessa forma,poderão ser desvendadas importantes questões relativas à diversidade dossolos, que subsidiarão e aperfeiçoarão, por exemplo, os levantamentos desolos e esquemas de amostragem para as novas técnicas da agriculturade precisão.

Conforme uma vez afirmou o já referido pedólogo norte-americano (S.W.Buol):

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“Se fizermos uma analogia entre a metodologia exper imentalfreqüentemente empregada nos experimentos agronômicos relacionadosà fertilidade do solo e as pesquisas em pedogênese, poderíamosimaginar um determinando solo como se fosse certo experimentoagrícola de campo, pronto para ser descrito, coletado e analisado paradele tirarmos conclusões. Contudo, ao contrário do elaborado peloestudioso da fertilidade do solo, não sabemos como esse experimentofora inicialmente delineado, quais foram os tratamentos aplicados e porquanto tempo esteve ali e, mais ainda, se esse é o momento maisadequado para se fazer a amostragem.”

Isso pode parecer uma tarefa pouco possível. Contudo, se são obtidasboas observações de campo, dentro do contexto da geomorfologia,estratigrafia e hidrologia e, claro, dos conhecimentos pedológicosdisponibilizados, poder-se-á descobrir, pouco a pouco, evidências quepermitam melhor entender o solo em questão e os que lhe são próximos.Poder-se-á então descrevê-los, amostrá-los e depois, no laboratório, analisá-los o mais objetivamente possível para chegar a interpretações razoáveise aplicáveis.

Tal forma interdisciplinar de trabalho poderá fazer com que os estudiososdo solo possam, de forma mais eficaz, relacionar as características destecom as teorias da Ciência do Solo que conhecem, a fim de aperfeiçoarsuas amostragens e facilitar as interpretações das análises laboratoriais.Isso levará também a uma obtenção de explicações mais fáceis e segurasdos dados e servirá para que futuramente essas relações possam seraplicadas a novas áreas, onde, embora ainda não haja conhecimento dossolos, sabe-se que pode haver similaridade de seus fatores de formação.

Deve-se sempre lembrar que, como se está lidando com uma disciplinarelativamente jovem, muitos aspectos podem ficar por ser desvendados,principalmente aqueles ainda menos estudados, como é o caso dos solosdas regiões tropicais. Todavia, se isso for feito a partir do pressuposto deque a natureza guarda fenômenos possíveis de ser racionalmentedesvendados e dissecados pelo homem e com intenso trabalho de campo,tendo sempre em mente os conceitos e ferramentas da geomorfologia, daestratigrafia e da hidrologia, poder-se-á contribuir para desvendar segredosguardados pelo solo. Dessa forma, será possível contribuir para o progressoda Pedologia, que certamente necessita interpretar o presente, mas semdeixar de levar em conta deduções sobre o que possa ter acontecido nopassado.

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Ao Professor José Marques Júnior, da FCAV-UNESP, pelas sugestõesenviadas. À Professora Ivana Quintão de Andrade, do Depto. de Letras eAdministração de Empresas da FAP – Faculdade Paraíso (RJ), pela revisãodo vernáculo, e aos revisores deste texto. Ao Professor Dr. Stanley W.Buol, do “Soil Science Department of North Carolina State University”.

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