trabalho de pedologia

Embed Size (px)

Citation preview

INSTITUTO DE ARTE E PROJETO.

DEGRADAO DO SOLO

PROFESSOR: RONALDO

ALUNOS (AS): CLAUDINEI DANIELA DANUSA EDUARDO LEONARDO LUCIANA MARIA CARMEM RAPHAEL RAQUEL

BELO HORIZONTE, 12 DE MAIO DE 2012.

2

SUMRIO:

1- Poluio do Solo............................................................................................................. 3

2- Salinizao do Solo........................................................................................................ 7

3- Eroso do Solo.............................................................................................................. 24

4- Controle da Eroso do Solo.......................................................................................... 30

5- Contaminao do Solo................................................................................................. 32

6- Controle da Contaminao do Solo.............................................................................. 37

7- Referncias Bibliogrficas............................................................................................ 39

3

1- Poluio do Solo: O solo parte integrante dos ecossistemas, pela sua participao nos ciclos biogeoqumicos. A utilizao de gua e nutrientes cclica (ocorrem numa ordem determinada) desde que, retirados do solo, tais elementos retornam ao mesmo atravs dos ciclos biogeoqumicos. Um dos problemas ecolgicos atuais a despreocupao humana em relao a essa reciclagem, especialmente no que concerne aos nutrientes de vegetais e condicionadores de solos agricultveis. Uso excessivo de adubos sintticos A fim de atender crescente necessidade de alimentos, acarretada pelo crescimento populacional, a produo e o uso de adubos sintticos, que normalmente contm impurezas que podem contaminar os solos, vm sendo intensificados progressivamente. Para a produo desses adubos a indstria de fertilizantes retira elevadas quantidades de nitrognio do ar e fosfato das rochas. O emprego excessivo de fertilizantes gera um desequilbrio ecolgico. Os agentes decompositores no conseguem recicl-la na mesma proporo em que so adicionados ao solo provocando eutrofizao, bem como alteraes caracterizadas pelo decrscimo de matrias orgnicas e reteno de gua. Uso de Praguicidas Praguicidas ou defensivos agrcolas so substncias venenosas utilizadas no combate s pragas, organismos considerados nocivos ao homem. Os principais praguicidas so: Herbicidas, usados para matar ervas daninhas (parasitas). Fungicidas, utilizados no combate de fungos parasitas. Inseticidas, usados contra insetos. Neumatcidos, que controlam nematcidos parasitas. Acontece que os defensivos qumicos empregados no controle de pragas so muito pouco especficos, destruindo indiferentemente espcies nocivas e teis. Outro problema reside no acmulo ao longo das cadeias alimentares. Assim, por exemplo, as minhocas, alimentando- se de grandes quantidades de folhas mortas e ingerindo partculas do solo, acumulam no seu organismo grandes quantidades de inseticidas clorados; as aves que se alimentam de minhocas, como as galinhas, passam a ingerir altas concentraes de veneno. Soluo: O controle biolgico O chamado controle biolgico consiste no combate s pragas atravs de seus inimigos naturais, predadores ou parasitas, como por exemplo, a criao de vrus transgnicos,

4

desenvolvidos para que, ao serem fumigados (expostos a fumaa, gases) sobe culturas, ataquem exclusivamente certas larvas ou insetos. Os vrus, inofensivos para outras espcies, se autodestruiriam quando seu trabalho txico estivesse terminado. Outros enfoques incluem a sntese de ferormnios naturais (mensagens qumicas que afetam o comportamento dos animais) gerados pelos insetos para advertir seus congneres do perigo e, desse modo afastlos das colheitas. Tambm seria possvel fumigar nematdeos sobre os campos para combater pragas como as lesmas. Problema do lixo

Fig. 1: Lixo urbano. O lixo urbano constitudo predominantemente por matria orgnica e como tal sofre intensa decomposio, permitindo a reciclagem. Sofrem quatro processos: Lixes, aterros sanitrios, compostagem e incinerao. No caso dos "Lixes", o lixo simplesmente levado para terrenos baldios onde fica exposto e aproveitado pelos "catadores de lixo" que correm o risco de contrair doenas. Por outro lado o lixo provoca intensa proliferao de moscas e outros insetos. Outro inconveniente o "chorume", lquido que resulta da decomposio do Lixo e que polui o solo e os lenis d'gua. O aterro sanitrio o modo mais barato de eliminar resduos, mas depende da existncia de locais adequados. Esse mtodo consiste em armazenar resduos, dispostos em camadas, em locais escavados. Uma incoerncia do mesmo a possibilidade de contaminao das guas subterrneas, alm da no reciclagem dos materiais para os locais de origem. Os incineradores convencionais so fornos nos quais se queimam resduos. Alm de calor, a incinerao gera dixido de carbono, xidos de enxofre e nitrognio, dioxinas e outros contaminantes gasosos, cinzas volteis que podem ser utilizadas na fabricao de fertilizantes.

5

No processo de compostagem, o material orgnico do lixo sofre um tratamento biolgico do qual resulta o chamado "composto", material utilizado na fertilizao e recondicionamento do solo. possvel controlar a emisso de poluentes mediante processos adequados de limpeza dos gases. Em alguns processos de eliminao de resduos possvel gerar energia. Alguns incineradores aproveitam para gerar vapor e produzir eletricidade. A pirlise um processo de decomposio qumica de resduos slidos por meio do calor em uma atmosfera com pouco oxignio. A reduo de lixo produzido, por meio da reciclagem - processo de transformao de materiais usados em novas matrias- primas ou produtos, com o objetivo de recuperar parte do lixo. Alm de permitir a reduo do volume do lixo, colabora para a diminuio da poluio do solo, do ar e da gua. Alm disso, economiza gua e energia na produo.

Danos ao homem Inseticidas (DDT e BHC) - cncer, danos ao fgado, etc. Herbicidas, incinerao do lixo (Dioxina) - cncer, defeitos congnitos, doenas de pele. Plsticos (cloro vinil) - cncer do fgado e do pulmo; atinge o Sistema Nervoso Central. Solventes, produtos farmacuticos e detergentes (Benzina) - dores de cabea, nusea, perda de coordenao dos msculos, leucemia. Poluio do Solo O solo, tambm chamado de terra, fundamental para a vida de todos os seres vivos do nosso planeta. Ele o resultado da ao conjunta de agentes externos: chuva, vento, umidade, etc., enriquecidos com matria orgnica (restos de animais e plantas). O solo a camada mais fina da crosta terrestre e se localiza na superfcie externa. Para que os alimentos dele retirados sejam de qualidade e em quantidade suficiente para atender as necessidades da populao, o solo deve ser frtil, ou seja, deve ser um solo saudvel e produtivo. Quando o solo poludo, os alimentos nele cultivados ficam contaminados.

6

Fig. 2: Solo. Poluio A poluio do solo tem como principal causa o uso de produtos qumicos na agricultura chamados de agrotxicos. Eles so usados para destruir pragas e at ajudam na produo, mas causam muitos danos ao meio ambiente, alterando o equilbrio do solo e contaminando os animais atravs das cadeias alimentares. , mas no so apenas os agrotxicos que poluem os solos. Existem outros responsveis que causam muitos problemas ao solo. So eles:

Fig. 3: Lixo. Aterros Os aterros so terrenos com buracos cavados no cho forrados com plstico ou argila onde o lixo recolhido na cidade depositado. A decomposio da matria orgnica existente no lixo gera um lquido altamente poluidor, o chorume, que mesmo com a proteo da argila e do plstico nos aterros, no suficiente e o liquido vaza e contamina o solo. Lixo Txico

7

outro problema decorrente dos aterros. Como no h um processo de seleo do lixo, alguns produtos perigosos so aterrados juntamente com o lixo comum, o que causa muitos danos ao lenol fretico, uma camada do solo onde os espaos porosos so preenchidos por gua. Lixos Radioativos Este lixo produzido pelas usinas nucleares e causam srios problemas sade. O solo ou terra composto por quatro partes: ar, gua, matria orgnica e mineral. Estes minerais se misturam uns com os outros. A matria orgnica se mistura com a gua e a parte mineral e o ar fica guardado em buraquinhos que chamamos de poros do solo, onde tambm fica a gua. So destes poros que as razes das plantas retiram o ar e a gua que necessitam. Por isso to importante que no tenha poluio no solo. como um ciclo: ns plantamos, cuidamos e colhemos os vegetais que por sua vez, sero utilizados em nossa alimentao. Se o solo estiver poludo, os vegetais sero contaminados, portanto no podemos comer. Se ns comermos, tambm seremos contaminados, o que pode trazer muitos riscos para a nossa sade. preciso nos conscientizar. Para sermos saudveis, temos que comear pela sade do meio ambiente. Vamos cuidar bem dele. 2- Salinizao do Solo: O termo salinidade se refere presena, no solo, de sais solveis. Quando a concentrao de sais se eleva ao ponto de prejudicar o rendimento econmico das culturas, diz-se que tal solo est salinizado. A salinizao do solo afeta a germinao e a densidade das culturas, bem como seu desenvolvimento vegetativo, reduzindo sua produtividade e, nos casos mais srios, levando morte generalizada das plantas. O processo de salinizao (concentrao de sais na soluo do solo) ocorre, de maneira geral, em solos situados em regio de baixa precipitao pluviomtrica e que possuam lenol fretico prximo da superfcie. De um modo geral, os solos situados em regies ridas, quando submetidos prtica da irrigao, apresentam grandes possibilidades de se tornarem salinos, principalmente caso no possuam um sistema de drenagem adequado. Estima-se que de 20% a 30% das reas irrigadas em regies ridas necessitam de drenagem subterrnea para manter sua produtividade, sendo a irrigao e a drenagem aes afins. Estimativas da FAO informam que, dos 250 milhes de ha irrigados no mundo aproximadamente, 50% j apresentam problemas de salinizao e de saturao do solo e que 10 milhes de ha so abandonados, anualmente, em virtude desses problemas.

8

As principais causas da salinizao nas reas irrigadas so os sais provenientes de gua de irrigao e/ou do lenol fretico, quando este se eleva at prximo superfcie do solo. Pode-se afirmar que a salinizao subproduto da irrigao: uma lmina de 100 mm de gua, com concentrao de sais de 0,5 g/l, aplicada a 1 ha deposita, naquela rea, 500 kg de sal. Quanto maior for a eficincia do sistema de irrigao, menor ser a lmina de gua aplicada e, como consequncia, menor ser a quantidade de sal conduzida para a rea irrigada, bem como o volume de gua percolado e drenado. O requerimento bsico para o controle da salinidade nas reas irrigadas a existncia da percolao e da drenagem natural ou artificial, garantindo o fluxo da gua e do sal para baixo da zona radicular das culturas. Nessa situao, no haver salinizao do solo. No local onde o dreno efetuar sua descarga, entretanto, haver aumento na concentrao de sais. Aproximadamente 30% das reas irrigadas dos projetos pblicos no Nordeste apresentam problemas de salinizao; algumas dessas reas j no produzem e os custos de sua recuperao podem ser considerados limitantes. SALINIZAO DE SOLOS EM REAS COM IRRIGAO POR SUPERFCIE: A escolha do mtodo de irrigao a ser usado em cada rea deve ser baseada na viabilidade tcnica e econmica do projeto e nos seus benefcios sociais. Em geral, os sistemas de irrigao por superfcie so os de menor custo por unidade de rea, os de asperso de custo mdio e os de gotejamento de maior custo, (BERNARDO, 1995). Deve se considerar o tipo de solo da rea a ser irrigada. Solos com baixa capacidade de reteno de gua exigem irrigaes leves e frequentes, as quais so de difcil manejo na irrigao por superfcie e de fcil manejo na irrigao por asperso e gotejamento, (BERNARDO, 1995). A quantidade, qualidade e o custo da gua tambm influem na escolha do mtodo de irrigao, (BERNARDO, 1995). guas com concentraes mais elevadas de cloreto de sdio, quando usadas na irrigao, devem ser utilizadas pelo mtodo de superfcie ou em alguns casos por gotejamento, mas nunca por asperso, isto porque haver corroso das tubulaes, diminuindo sua vida til, e queima da parte area dos vegetais, (BERNARDO, 1995). A irrigao por superfcie compreende os mtodos de irrigao nos quais a conduo da gua do sistema de distribuio (canais ou tubulaes) at qualquer ponto de infiltrao, dentro da parcela a ser irrigada, feita diretamente sobre a superfcie do solo.

9

Existem vrios tipos de sistemas de irrigao por superfcie e h condies de que eles podem ser usados. Estes sistemas so combinaes dos seguintes mtodos de irrigao por superfcie: Irrigao por sulco; Irrigao por faixa; Irrigao por inundao. A irrigao por sulco, em solos salinos ou com gua salina, pode trazer graves problemas quando o manejo no for apropriado para estas condies. Os sais solveis movimentam-se com a frente de umedecimento e tendem a se concentrar nos pontos mais elevados da superfcie do solo. A concentrao de sais na superfcie do solo inibe a germinao de sementes e causa prejuzo s plantas sensveis salinidade. Para estas condies, os sulcos devem ser construdos com os bordos pouco inclinados e formando um pequeno dique, no meio do canteiro, entre dois sulcos adjacentes. O sal se concentrar neste dique, e o plantio deve ser feito na face lateral do sulco, prximo gua, conforme na figura:

Fig. 4: Manejo de irrigao em sulco para controle de salinidade.

SALINIDADE A principal consequncia do aumento da concentrao total de sais solveis de um solo a elevao do seu potencial osmtico, prejudicando as plantas em razo do decrscimo da disponibilidade de gua daquele solo. A salinizao de um solo depende da qualidade da gua usada na irrigao, da existncia e do nvel de drenagem natural e, ou, artificial do solo, da profundidade do lenol fretico e da concentrao original de sais no perfil do solo.

10

A concentrao total de sais da gua pode ser expressa em partes por milho (ppm) ou em relao sua condutividade eltrica (CE). Em razo da facilidade e rapidez de determinao, a condutividade eltrica (CE) tornou-se o procedimento-padro, a fim de expressar a concentrao total de sais para classificao e diagnose das guas destinadas irrigao. O decrscimo da capacidade de infiltrao de um solo torna difcil a aplicao da lmina de irrigao necessria, num tempo apropriado, de modo a atender a demanda evapotranspiromtrica da cultura. A capacidade de infiltrao de um solo cresce com o aumento de sua salinidade e decresce com o aumento da razo de adsoro de sdio (RAS) e, ou, decrscimo de sua salinidade. Sendo assim, os dois parmetros, RAS e salinidade, devem ser analisados conjuntamente para se poder avaliar corretamente o efeito da gua de irrigao na reduo da capacidade de infiltrao de um solo.

A proporo relativa de sdio, em relao a outros sais, pode ser expressa adequadamente, em termos da razo de adsoro de sdio (RAS), e pode ser assim calculada:

Com as concentraes de Na, Ca e Mg, em miliequivalente por litro.

A salinizao costuma ocorrer em certos solos localizados em regies onde chove pouco e o calor forte (o que faz a planta transpirar muito e o solo perder gua por evaporao). Nessas regies, existem terrenos que no deixam parte da gua da chuva ou da irrigao penetrar fundo, em direo ao lenol fretico, carregando consigo os sais aplicados na rega. No Brasil, em quase todo o Sudeste e nas regies Norte, Sul e Centro-Oeste, os solos so muito pouco sujeitos salinizao. Porque nessas regies chove muito e a gua da chuva lava os sais que por ventura tenham se acumulado com a irrigao feita no perodo seco. O mesmo no acontece no Nordeste e parte do Norte de Minas Gerais, porque o clima favorece a salinizao dos solos quando irrigados (BATISTA, 1990). A existncia de sais em guas utilizadas na irrigao do Nordeste, sem sombra de dvidas, est relacionada com as caractersticas do substrato (natureza e tipo de solo) com o qual elas tm contato, ficando suas concentraes na dependncia da evaporao existente em sua forma de jazimento. WALTER, 1968 (citado por SUASSUNA, 2000), relaciona algumas teorias que explicam, de certa forma, as origens desses sais no solo:

11

1) Sal de rochas formadas por sedimentao marinha. Esse sal pode ser lixiviado pela gua da chuva e transportado para as depresses. Nos desertos que possuem rochas sedimentares marinhas do Jurssico, Cretceo ou da Era Terciria (por exemplo, o norte do Saara e o deserto egpcio), os solos salinos so comuns, ao passo que, nas regies ridas com rochas magmticas subjacentes ou arenito, muito dificilmente se encontra algum solo salino. 2) Salinidade em reas que, no mais recente passo geolgico, eram leitos lacustres ou marinhos. So exemplos as reas que cercam o Great Salt Lake, no Utah, em volta dos mares Cspio e de Aral na sia Mdia, em volta do lago do Chad no centro norte da frica e o Tuz Gl, na Anatlia Central. 3) gua do mar finamente vaporizada pela fora da arrebentao ao longo de costas ridas. As pequenas gotas secam e formam um p salgado que pode ser soprado terra adentro. Esse sal, ento, levado para dentro do solo pela chuva ou simplesmente nele depositado. Um processo similar acontece tambm nas regies midas, mas em tais regies o sal est sendo continuamente lixiviado e devolvido ao mar via rios (sal cclico). Nas regies ridas sem escoamento, entretanto, o sal concentra-se e, por esse meio, origina uma salinidade igual encontrada na parte mais externa do deserto da Nambia e nas partes ridas do oeste da Austrlia. 4) gua salgada vinda tona nas nascentes, como acontece no norte das Terras Baixas Casparianas. Nesse caso, o sal origina-se em leitos marinhos que secaram em tempos geolgicos anteriores e formaram grandes depsitos de sal a considervel profundidade. Em nosso meio, podemos considerar a origem dos sais sobre trs aspectos: atravs da dissoluo ou intemperizao (hidrlise hidratao, soluo, oxidao e carbonatao) dos minerais primrios existentes nas rochas e no solo (substrato), tornando-os mais solveis; da concentrao dos sais pela ao do clima e atravs do fenmeno do endorreismo que no facilita a drenagem, (SUASSUNA, 2000). Ao nvel das plantas, os sais tm efeito significativo em sua fisiologia. Normalmente elas extraem a gua do solo quando as foras de embebio dos tecidos das razes so superiores s foras de reteno da gua exercida pelo solo. medida que a gua extrada do solo, as foras que retm a gua restante tornam-se maiores. Quando a gua do solo retida com fora superior s foras de extrao, inicia-se o estado de escassez de gua na planta. A presena de sais na soluo do solo faz com que aumentem as foras de reteno por seu efeito de osmose e, portanto, a magnitude de escassez de gua na planta. (AYRES e WESTCOT, 1991).

12

Fig. 5: Localizao das Bacias Sedimentares e do Escudo Cristalino. Os sais tambm causam reduo na velocidade de infiltrao da gua no solo. Esta reduo pode alcanar tal magnitude, que as razes das plantas podem no receber gua em quantidade suficiente entre os turnos de rega. Outro fator importante da salinizao a toxidez de ons especficos (principalmente sdio, cloreto e boro) contidos no solo ou na gua, os quais, acumulados nas plantas em concentraes suficientemente altas, podem causar danos e reduzir os rendimentos das culturas sensveis. Estes sais tambm propiciam a corroso excessiva dos equipamentos, aumentando os custos de manuteno e reparos (AYERS e WESTCOT, 1991). LEPRUN (1983) destaca que a qualidade das guas superficiais no Nordeste brasileiro (composio qumica e, sobretudo, nvel de concentrao), est claramente relacionada, de um lado, com a natureza do substrato local, especificamente a natureza da rocha e tipo de solo e, de outro, com o seu modo de jazimento, sendo as guas dos lenis notadamente mais concentradas do que as de superfcie (rios e audes, ainda que, para estes ltimos observa-se uma grande diversidade de comportamento). O autor afirma que o tipo de solo e do subsolo um dos principais fatores que explicam as variaes de qualidade das guas dos riachos. Mostra, atravs do quadro 1, como varia a condutividade eltrica mdia da gua escoada superficialmente, em funo dos principais tipos de solos, permitindo orden-los e comparlos para se chegar queles de maior perigo salinizao da gua. MOLINIER et al (1989), trabalhando em parcela de solo Bruno no Clcico Vrtico, na regio de Sum (PB), situado nos Cariris Velhos da Paraba, observaram que a gua da chuva aps escorrimento superficial, tem um acrscimo na concentrao salina de at 4 vezes.

13

No mesmo solo, aps infiltrao de 0,80 m, esta concentrao pode alcanar nveis superiores a 50 vezes (quadro 2). Quadro 1 - Condutividade eltrica (mdia) no riacho em funo do solo da bacia.

Tipo de Solo

Condutividade mdia (micro Siemens/cm)

Areia Quartzosa Latossolos Podzlicos Regosolos Podzlicos Eutrficos Bruno no Clcico Vertissolos Litlicos Eutrficos Solonetz Planossolos

98 188 226 329 484 621 2817 4596

Quadro 2: Concentrao salina da gua de chuva, aps passar por diversos nveis do solo.

Obs.: CTD = Carga Total Dissolvida em g/kg. FATOR DE CONCENTRAO = Em ordem de grandeza. Fonte: SUASSUNA, 2000. Estas observaes se revestem de vital importncia e mostram a necessidade de se conhecer melhor a dinmica dos mananciais que iro ser utilizados em futuras irrigaes. Isto nos leva a crer, no caso especfico de pequenos audes, por exemplo, que a forma de como eles recebem gua da chuva ir influir sobremaneira na qualidade da gua a ser utilizada. Se

14

no perodo das chuvas um aude recebe gua atravs de escorrimentos superficiais, a gua represada, provavelmente, apresenta-se com baixos teores salinos, ao passo que se ele recebe a gua atravs de uma drenagem natural do solo, aps ter passado por camadas mais profundas do substrato, a situao torna-se completamente diferente da anterior, com uma maior probabilidade de carreamento de sais e consequentemente maior risco de salinizao, conforme observado por MOLINIER et al (1989). A demanda evaporativa no Semirido nordestino atinge patamares mdios anuais da ordem de 2000 mm. Isto significa dizer que diariamente so evaporados em torno de 6 mm de gua, correspondendo por sua vez a 500 mm ou 0,5 m em 3 meses. Se fizermos uma reflexo, levando em considerao os efeitos da evaporao em um pequeno aude com lminas de gua (distncia do espelho d'gua ao fundo do reservatrio) variando de 10; 2,5 e 1,6 m iremos chegar a seguinte concluso: - Considerando "p" o peso inicial de sal existente na gua dos pequenos audes igual a 1 (unidade), "Vi" como sendo a situao do volume inicial do aude, "v" como sendo a situao do volume aps 3, 6, 9 e 12 meses de evaporao e "F" como sendo o fator de concentrao, observa-se que no primeiro caso, ou seja, um aude com 10 m de lmina d'gua, ao final de um ano, a concentrao salina pode chegar a 25%. Isto fcil de entender porquanto, na evaporao, o que subtrado do aude a gua, aumentando, portanto, paulatinamente a concentrao dos sais. - No segundo caso, ou seja, um aude com 2,5 m de lmina d'gua, a concentrao salina pode atingir 400% ao final de um ano, chegando a 1500% no terceiro caso, com a sua total exausto. Este, por sinal, um exemplo bem caracterstico no Nordeste, no sendo difcil serem observados, em perodos secos, leitos de audes completamente desprovidos de gua, com a lama endurecida, rachada e tendo em sua parte mais profunda, uma mancha branca, que nada mais do que a deposio dos sais da gua naquele local (MOLLE e CADIER, 1992).

15

Fig. 6: Casos hipotticos de aude sob o regime de evaporao, evidenciando o aumento da concentrao salina. Efeitos de sais no solo e na planta

Efeitos dos sais no solo

Os efeitos dos sais sobre o solo ocorrem basicamente pela interao eletroqumica existente entre os sais e a argila. A intensidade deste fenmeno depende da natureza da argila e do ction presente. A caracterstica principal deste efeito a expanso da argila quando umedecida e a concentrao quando a gua evaporada ou retirada pelas plantas. Se a expanso for exagerada pode ocorrer a fragmentao das partculas provocando a disperso da argila. De modo generalizado, altera-se o volume ocupado pela argila, reduzindo o tamanho dos poros e modificando a estrutura do solo, afetando significativamente suas propriedades fsicas, (LIMA, 1997). Os efeitos dos sais sobre as plantas podem ser causados pelas dificuldades de absoro de gua pela planta, pela interferncia dos sais nos processos fisiolgicos, ou mesmo por toxidez similares quelas de adubaes excessivas, (LIMA, 1997). A concentrao das partculas de argila, com a reduo da umidade do solo pode ser caracterizada pela curva de encolhimento que relaciona o volume ocupado pelo solo com a umidade. LIMA & GRISMER, 1990 (citado por LIMA, 1997), observaram que solos sdicos encolhem mais acentuadamente com a reduo da umidade do que solos normais, apresentando densidade aparente maior, provavelmente como consequncia da desestruturao do solo que elimina os poros. As diferenas notadas no encolhimento dos solos permitiram observar, atravs de anlise computadorizada de imagens, que solos normais apresentaram, quando secos, cerca de

16

8% de sua superfcie aberta na forma de fendas, enquanto nos solos sdicos esta rea varia de 15 a 20% (LIMA & GRISMER, 1992, 1994, citado por LIMA, 1997). Os solos cuja estrutura foi modificada pela sodicidade ou ausncia de ons em soluo tendem a armazenar mais gua quando expostos aos mesmos nveis de potencial matricial (RUSSO & BRESLER, 1980, citado por LIMA, 1997). As alteraes na curva caracterstica de gua do solo so maiores para nveis de umidade prximos da saturao, podendo ocorrer mesmo sob baixos nveis de potencial como 1,5 Mpa.

EFEITOS DOS SAIS SOBRE AS PLANTAS

As plantas tolerantes salinidade so designadas como plantas halfitas e sua tolerncia pode atingir at cerca de 15 g.L-1 de NaCl, equivalente metade da concentrao da gua do mar. Essas plantas absorvem, por exemplo, o cloreto de sdio em altas taxas e o acumulam em suas folhas para estabelecer um equilbrio osmtico com o baixo potencial da gua presente no solo. Este ajuste osmtico se d com o acmulo dos ons absorvidos nos vacolos das clulas das folhas, mantendo a concentrao salina no citoplasma em baixos nveis de modo que no haja interferncia com os mecanismos enzimticos e metablicos e com a hidratao de protenas das clulas. Este compartimento de sal que permite s plantas halfitas viverem em ambiente salino. Para esse ajuste osmtico, na membrana que separa o citoplasma e o vacolo no h fluxo de um compartimento para outro, mesmo que haja elevado gradiente de concentrao. O ajuste osmtico obtido por substncias compatveis com as enzimas e os metablitos ali presentes. Esses solutos so, na maioria, orgnicos como compostos nitrognicos e, em algumas plantas, acares como o sorbitol (LAUCHI & EPSTEIN, 1984). As plantas sensveis salinidade tendem, em geral, a excluir os sais na absoro da soluo do solo, mas no so capazes de realizar o ajuste osmtico descrito e sofrem com decrscimo de turgor, levando as plantas ao estresse hdrico por osmose. Embora o crescimento da parte area das plantas se reduza com o acentuado potencial osmtico do substrato onde vivem a reduo da absoro de gua no necessariamente a causa principal do reduzido crescimento das plantas em ambientes salinos. De fato, KRAMER (1983) aponta que plantas que crescem em substratos salinos mantm seu turgor e chama ateno pelo fato de que suculncia uma caracterstica comum entre as halfitas. Este fato sugere que essas plantas no percam gua por salinidade como se estivessem em solos secos e tambm no se recuperam como fazem as plantas estressadas por falta de gua, ao receberem gua

17

novamente. Assim, parece que o efeito no crescimento, de nveis similares de potencial osmtico e mtrico, diferente. Esta inferncia permite questionar o emprego da soma algbrica com a mesma ponderao para potencial gravitacional, matricial e osmtico ao calcular o potencial total da gua no solo (LIMA, 1997). Plantas muito sensveis salinidade tambm absorvem gua do solo juntamente com os sais permitindo que haja toxidez na planta por excesso de sal absorvido. Este excesso promove desbalanceamentos e danos ao citoplasma resultando em danos principalmente na bordadura e no pice das folhas, a partir de onde a planta perde, por transpirao, quase que to somente gua, havendo nestas regies acmulo do sal translocado do solo para a planta, e obviamente intensa toxidez de sais. As plantas extraem a gua do solo quando as foras de embebio dos tecidos das razes so superiores s foras de reteno da gua exercida pelo solo. medida que a gua extrada do solo, as foras que retm a gua restante tornam-se maiores. Quando a gua do solo retida com fora superior s foras de extrao, inicia-se o estado de escassez de gua na planta. A presena de sais na soluo do solo faz com que aumentem as foras de reteno por seu efeito de osmose e, portanto, a magnitude do problema de escassez de gua na planta. Por exemplo, tendo-se dois solos idnticos e com o mesmo teor de gua, onde um est isento dos sais e outro no, exatamente do primeiro que a planta extrair e consumir mais gua. A explicao cientfica deste fenmeno complicada. Em geral pode-se dizer que, devido afinidade dos sais com a gua, as plantas tm que exercer maior fora de embebio para extrair do solo uma unidade de gua com sais, que para extrair outra que seja isenta deles, (AYERS & WESTCOT, 1991).

SOLUES DOS PROBLEMAS DE SALINIDADE

A finalidade mais importante do controle da salinidade manter os rendimentos das culturas em nveis aceitveis. No controle da salinidade existem vrias alternativas que podem ser utilizadas separadamente ou em combinao, (AYERS & WESTCOT, 1991). O manejo adequado dos solos afetados por sais essencial para uma agricultura irrigada eficiente e sustentvel. Compreende a recuperao de solos afetados por sais, geralmente causado por uma irrigao inadequada, e a manuteno ou preveno dos solos irrigados no afetados e os recuperados. Envolve as aplicaes das teorias e conhecimentos existentes da fsica e qumica do solo, como tambm das relaes irrigao-salinidade e produo-salinidade, (SANTOS & HERNADEZ, 1997).

18

TCNICAS PARA RECUPERAO DE SOLOS COM PROBLEMAS DE SALINIDADE

Lavagem Consiste na eliminao dos sais solveis atravs da passagem pelo solo de certa quantidade de gua que arrasta consigo os sais solveis. A lavagem de sais pode se realizar com duas finalidades: 1) reduzir a alta salinidade inicial do solo at nveis tolerveis pelas culturas, denominado lavagem de recuperao; 2) impedir a ressalinizao de solos recuperados ou prevenir a salinizao de solos irrigados no afetados, que comumente chamada de lavagem de manuteno (PIZARRO, 1978). Esta prtica necessria na recuperao tanto de solos salinos como de solos sdicos, (SANTOS & HERNADEZ, 1997).

Melhoramento qumico O emprego de melhoradores ou corretivos qumicos se faz necessrio nos solos sdicos, nos quais, sua capacidade de transmisso de gua fortemente afetada pelos teores elevados de sdio trocvel. O uso de corretivos tem como finalidade fornecer clcio ou liberlo, quando presente no solo, para substituir o sdio trocvel do solo. So vrias as opes existentes para a seleo do corretivo adequado, assim como, para sua aplicao no solo. Drenagem A drenagem do solo um fator crtico para que a lixiviao dos solos seja efetiva. A drenagem inadequada, natural ou construda artificialmente, pode inviabilizar a lavagem, que, contrariamente, pode resultar numa elevao do lenol fretico e consequentemente aumentar a salinizao do solo e reduzir a aerao. Diversas observaes de campo realizadas na ndia, Paquisto e nos Estados Unidos indicam que para prevenir os efeitos adversos sobre os rendimentos nas culturas de sorgo, milho, algodo, repolho e outras, necessrio que a profundidade do lenol fretico esteja entre 0,6 e 1,0 m. O principal critrio para estabelecer a profundidade adequada do lenol fretico manter a zona radicular bem arejada, geralmente, para mant-la a 1,0 m, recomenda-se a instalao do sistema de drenagem entre 1,0 e 1,5 m. No entanto, algumas evidncias sugerem que a localizao dos drenos a profundidades maiores que 1,1 a 1,5 m, pode drenar os aquferos mais do que necessrio. Nos solos aluviais do Nordeste, onde se situa a maioria dos projetos de irrigao, a instalao dos drenos subterrneos limitada pelo pequeno desnvel existente entre a superfcie natural do terreno e seu desaguadouro.

19

Sistematizao e nivelamento A uniformidade de distribuio da gua de irrigao favorece a lixiviao de sais no solo. Assim, a sistematizao e nivelamento constituem prticas para uma boa distribuio da gua, principalmente quando as lavagens so realizadas por inundao. A sistematizao compreende cortes e aterros, transportando-se o solo das partes altas para as mais baixas do campo, com o objetivo de modificar e uniformizar as declividades. No nivelamento, a superfcie do terreno aplainada sem produzir mudanas de declividade. O nivelamento comumente se realiza anualmente ou nos perodos de mudana de culturas anuais, enquanto, a sistematizao se realiza somente uma vez, na incorporao de terras agricultura e ou instalao de sistemas de irrigao.

Lavras superficiais As escarificaes superficiais comumente realizadas para a eliminao de ervas daninhas, tambm quebram as crostas, soltam os primeiros centmetros do solo e aumentam sua rugosidade, que favorece a penetrao da gua, pelo retardamento de seu deslocamento e aumento do tempo de oportunidade de infiltrao. Os efeitos destas prticas so de curta durao, mantendo-se durante uma ou duas irrigaes, aps as quais pode ser necessrio repeti-las.

Arao profunda Prtica frequente que se realiza antes da implantao das culturas e no caso de culturas perenes durante os perodos de repouso das mesmas, quando causam menos danos s razes. A ruptura do solo e a formao de torres favorecem a infiltrao da gua durante uma ou duas irrigaes, diminuindo a salinidade na zona de semeadura, o que pode melhorar a germinao e desenvolvimento inicial das culturas, perodo em que geralmente so mais sensveis salinidade.

Subsolagem uma operao que tem como objetivo quebrar camadas de solo impermeveis sem inverter as camadas, e reduz ou elimina os efeitos nocivos de camadas compactadas e adensadas que se encontram a mais de 30 cm de profundidade, aumentando a permeabilidade do solo. Seu efeito temporrio, permanecendo de um a dois anos.

Misturas com areia

20

Consiste na adio e mistura de areia a camadas de solos de textura fina com o objetivo de melhorar a permeabilidade e penetrao das razes no solo. Em consequncia da melhoria das propriedades transmissoras da gua, a lixiviao de sais facilitada. Seu emprego limitado pelas grandes doses requeridas (700 a 1000 Kg.ha-1).

Inverso de perfis Consiste em enterrar o horizonte superficial, de caractersticas indesejveis, com material proveniente de horizontes mais profundos que possuem melhores caractersticas fsicoqumicas.

Aplicao de resduos orgnicos A adio de estercos, resduos de colheitas e resduos industriais orgnicos no solo favorecem a estruturao do solo e melhoram a infiltrao da gua. Os resduos podem ser deixados como cobertura na superfcie ou incorporados no solo. Quando aplicados na superfcie (mulch), reduzem a ascenso de gua e movimento de si nos solos salinos e facilitam a lixiviao pelas chuvas de inverno em regies semi-ridas. Para que as incorporaes sejam eficientes, so necessrias adies de grandes quantidades de resduos nos primeiros 15 cm do solo (10 a 30% em volume), de maneira que controlem a quantidade de gua infiltrada em um tempo determinado (AYERS & WESTCOT, 1991). Os resduos fibrosos de difcil decomposio (casca de arroz, palha de arroz, trigo, cevada, milho etc.) so mais eficazes que os resduos de rpida decomposio e requerem incorporaes peridicas nos cultivos.

Cultivos de elevada evapotranspirao Estes cultivos provocam o abaixamento do lenol fretico, facilitando a lixiviao de sais, alm do que, a sombra produzida pelos cultivos reduz a evaporao pela superfcie do solo. Se as condies de salinidade do solo permitem, podem ser usadas culturas como alfafa ou outras forrageiras, cana de acar, eucalipto, etc., que possibilitem algum retorno econmico.

RECUPERAO DE SOLOS SALINOS

21

O processo de recuperao de solos salinos consiste basicamente da adio ao solo de gua em quantidade suficiente para lavar o excesso de sais solveis do perfil. Compreende a dissoluo dos sais presentes no solo e o transporte dos ons resultantes, atravs da zona radicular, em profundidade, fora da rea de influncia das razes das plantas. Desta forma, possvel reduzir a alta concentrao de sais da soluo do solo, caracterstica dos solos salinos, para nveis suficientemente baixos que permitam eliminar ou minimizar as redues de produo nas culturas pelo fator salinidade. A lavagem de recuperao normalmente requer grandes quantidades de gua e, quando a salinidade do solo muito alta (CEes>10-15 dS. m-1), se realiza sem utilizao agrcola do solo por um determinado perodo de tempo (semanas a meses). Quando a salinidade do solo no muito elevada (CEes< 10-15 dS. m-1), a lixiviao de recuperao pode ser feita com gua extra, aplicada na irrigao de culturas tolerantes (AYERS & WESTCOT, 1991). A quantidade de gua a ser usada, assim como, o tempo de recuperao de solos salinos, depende da salinidade inicial do solo, da qualidade da gua de irrigao, da profundidade do solo a ser recuperada, das tcnicas de irrigao utilizadas, etc. Frequentemente, o movimento da gua atravs do solo apresenta problemas relacionados com a textura do solo (solos argilosos), drenagem interna (camadas impermeveis e lenis freticos superficiais) que dificultam a capacidade de lixiviao dos sais pelas lavagens.

FUNDAMENTOS DA LAVAGEM

A necessidade de lavagem pode ser explicada conceitualmente atravs do balano da gua e de sais na zona radicular, os quais so baseados no ciclo agrohidrolgico que descreve os fluxos de gua no solo que afetam direta ou indiretamente os cultivos. O ciclo agrohidrolgico de um solo irrigado considera cinco subsistemas: a atmosfera, a superfcie do solo, a gua superficial, a zona radicular e a gua subterrnea. A atmosfera influencia atravs da demanda de evapotranspirao dos cultivos. A superfcie do solo recebe a gua da chuva e de irrigao, descarregando os excessos por escoamento superficial, para os cursos dgua, lagos e finalmente o mar. A zona radicular, zona de absoro de gua pelas culturas, recebe gua infiltrada, a gua que se eleva por capilaridade do lenol fretico e descarrega por percolao profunda a gua que excede sua capacidade de reteno. O lenol fretico recarregado pela gua que percola no perfil do solo e por infiltraes laterais de aquferos confinados. Na presena de drenagem natural, a gua se movimenta at aflorar na superfcie

22

do solo e juntar-se gua superficial. Os diferentes fluxos de gua nesses subsistemas so ilustrados esquematicamente na figura abaixo:

Fig. 7: Ciclo agrohidrolgico de um solo irrigado (adaptado de MARTINEZ, 1986). MTODOS DE IRRIGAO E A DISTRIBUIO DE SAIS NO PERFIL DO SOLO

A propagao da frente de molhamento no solo, proveniente da irrigao, pode diferir bastante de um sistema de irrigao para outro. Sistemas de irrigao por asperso, inundao e faixa promovem uma infiltrao quase uniformemente distribuda na superfcie do solo e, consequentemente, uma propagao da frente de molhamento no perfil, caracterizada por um escoamento unidimensional para baixo, resultando uma distribuio de gua relativamente uniforme em todo o perfil. Sistemas de irrigao que no aplicam gua uniformemente superfcie do solo, como a irrigao por sulco e localizada, induzem propagao da frente de molhamento no plano (duas dimenses), como o caso do sulco, e no espao (trs dimenses) como no caso do gotejamento. Como as frentes de molhamento provenientes destes sistemas propagam-se se modo no uniforme e, para onde propaga, a gua leva os sais, estes sistemas promovem uma distribuio de sais no perfil do solo completamente heterognea.

23

Fig. 8: Acumulao de sais nos pontos onde ocorre intensa evaporao da gua aplicada por sulco e leito de plantio plano, e controle de salinidade com leitos de plantio inclinados. A figura 8 apresenta estes tipos de perfis de salinidade para sistemas de irrigao por asperso, inundao, faixa, sulco e gotejamento. Na figura 8 observa-se que, na irrigao por sulco, a salinidade aumenta com a profundidade e, ainda, acumula-se nas regies onde termina a frente de molhamento. Tambm, uma parte dos sais desloca-se com a gua capilar para a superfcie do solo onde se concentra medida que a gua evapora. A uniformidade da lmina de irrigao aplicada pelos sistemas de irrigao por superfcie funo da velocidade e do tempo de infiltrao. Dentro da mesma rea, a velocidade de infiltrao varia com as diferenas de textura e estrutura do solo, como tambm com as diferenas em compactao e composio qumica. O tempo de infiltrao, por outro lado, afetado pela distncia entre o ponto em considerao e a fonte de gua, pelos aspectos fsicos que retardam seu deslocamento superficial, como por exemplo, densidade de plantio e outros, e pelo prprio projeto do sistema. Em geral, o tempo de infiltrao na cabeceira das reas irrigadas por estes mtodos maior que na parte baixa onde, consequentemente, a lmina aplicada tambm menor. A distribuio superficial da gua afetada pelas irregularidades do terreno, sendo os pontos altos os que recebem menos gua (AYERS & ESTCOT, 1991). Os sistemas convencionais de irrigao por superfcie so mais apropriados para aplicar lminas grandes, apresentando maior dificuldade e menor eficincia na aplicao de lminas menores (80 a 100 mm). Devido a isso, as irrigaes frequentes, necessrias para reduzir os possveis estados de escassez da gua nas plantas, tendem a ser menos eficientes e criam problemas de drenagem. Ao contrrio, os sistemas de irrigao por asperso e

24

gotejamento prestam-se melhor prtica de irrigaes frequentes (AYERS & ESTCOT, 1991).

Fig. 9: Perfil de acumulao de sais para irrigao por inundao, faixa, sulco e asperso.

Fig. 10: As sementes germinam onde no h acumulao de sais.

3- Eroso do Solo: Eroso a destruio do solo e das rochas e seu transporte, em geral feito pela gua da chuva, pelo vento ou, ainda, pela ao do gelo, quando expande o material no qual se infiltra a

25

gua congelada. A eroso destri as estruturas (areias, argilas, xidos e hmus) que compem o solo. Estas so transportados para as partes mais baixas dos relevos e em geral vo assorear cursos d'gua. A eroso um problema muito srio, devem ser adaptadas prticas de conservao de solo para minimizar o problema. Em solos cobertos pela vegetao a eroso muito pequena e quase inexistente, mas um processo natural sempre presente e importante para a formao dos relevos. O problema ocorre quando o homem destri as vegetaes, para uso agrcola e deixa o solo exposto, porque a eroso torna-se severa, e pode levar a desertificao. A superfcie da Terra como a conhecemos formada tanto por processos geolgicos que formam as rochas, como por processos naturais da degradao e tambm de eroso. Uma vez que a rocha quebrada por causa da degradao, os pequenos pedaos podem ser movidos pela gua, gelo, vento, ou gravidade. Tudo o que acontece para fazer com que as rochas sejam transportadas chama-se eroso. A superfcie do solo, no castigado, naturalmente coberta por uma camada de terra rica em nutrientes inorgnicos e materiais orgnicos que permitem o crescimento da vegetao; se essa camada retirada, esses materiais desaparecem e o solo perde a propriedade de fazer crescer vegetao e pode-se dizer que, no caso, o terreno ficou rido ou que houve uma desertificao. As guas da chuva quando arrastam o solo, quer ele seja rico em nutrientes e materiais orgnicos, quer ele seja rido, provocam o enchimento dos leitos dos rios e lagos com esses materiais e esse fenmeno de enchimento chama-se assoreamento. O arrastamento do solo causa no terreno a eroso. Na superfcie do terreno e no subsolo, as guas correntes so as principais causas da eroso. Anlise do efeito das guas que fazem a eroso superficial de terrenos: A eroso depende fundamentalmente da chuva, da infiltrao da gua, da topografia (declive mais acentuado ou no), do tipo de solo e da quantidade de vegetao existente. A chuva , sem dvida, a principal causa para que ocorra a eroso e evidente que quanto maior a sua quantidade e frequncia, mais ir influenciar o fenmeno. Se o terreno tem pouco declive, a gua da chuva ir "correr" menos e erodir menos. Se o terreno tem muita vegetao, o impacto da chuva ser atenuado porque a velocidade da gua escorrendo no solo ser diminuda devido aos obstculos (a prpria vegetao "em p e cada") que agiro como pequenos degraus que evitam a eroso. A eroso ser diminuda tambm com as razes daro sustentao mecnica ao solo; alm disso, as razes mortas propiciaro existirem canais para dentro do solo onde a gua pode penetrar e com isso, sobrar menos gua para correr na superfcie. Outro fator

26

importante que, se as chuvas so frequentes e o terreno j est saturado de gua, a tendncia que o solo nada mais absorva e com isso, toda a gua da chuva que cair, correr pela superfcie. Se o solo arenoso o arrastamento ser maior do que se ele fosse argiloso. Fatores que contribuem Muitas aes devidas ao homem apressam o processo de eroso, como por exemplo: os desmatamentos (desflorestamentos) desprotegem os solos das chuvas. o avano imobilirio em encostas que, alm de desflorestar, provocam a eroso

acelerada devido ao declive do terreno. as tcnicas agrcolas inadequadas, quando se promovem desflorestaes

extensivas para dar lugar a reas plantadas. a ocupao do solo, impedindo grandes reas de terrenos de cumprirem o seu

papel de absorvedor de guas e aumentando, com isso, a potencialidade do transporte de materiais, devido ao escoamento superficial.

Tipos de eroso: Eroso por gravidade

Fig. 11: Eroso por gravidade: Deslize numa montanha, a gua debilitou o solo.

27

Fig. 12: Consiste no movimento de rochas e sedimentos montanha abaixo principalmente devido fora da gravidade. Eroso pluvial A eroso pluvial provocada pela retirada de material da parte superficial do solo pelas guas da chuva. Esta ao acelerada quando a gua encontra o solo desprotegido de vegetao. A primeira ao da chuva se d atravs do impacto das gotas d'gua sobre o solo. Este capaz de provocar a desagregao dos torres e agregados do solo, lanando o material mais fino para cima e para longe, fenmeno conhecido como salpicamento. A fora do impacto tambm fora o material mais fino para abaixo da superfcie, o que provoca a obstruo da porosidade (selagem) do solo, aumentando o fluxo superficial e a eroso. Necessrio se faz em separar claramente as ravinas formadas somente por eroso superficial das formadas pelo processo de eroso remontante. A ao da eroso pluvial aumenta medida que mais gua da chuva se acumula no terreno, isto , a retirada do solo se d de cima para baixo. Na eroso remontante acontece exatamente o contrrio: a retirada do material se d de baixo para cima, como o caso das boorocas. Uma ravina de origem pluvial pode progredir em direo a uma booroca, mas no necessariamente. Da mesma forma podemos ter a progresso de boorocas independente da eroso pluvial, pois esta depende do fluxo subterrneo e no do fluxo superficial. Muitos autores e textos didticos tm erroneamente confundido estes fenmenos. Separ-los, no entanto, no somente uma questo de rigor cientfico, mas uma necessidade prtica, pois as formas de se combater um processo erosivo depender de que tipo de eroso estamos enfrentando. Muitos processos indicados para evitar ou combater eroso pluvial, no funcionam quando se trata de combater eroso remontante, principalmente nos casos em que amplas boorocas j esto instaladas na paisagem.

28

As principais formas de eroso pluvial so: a) eroso laminar: quando a gua corre uniformemente pela superfcie como um todo, transportando as partculas sem formar canais definidos. Apesar de ser uma forma mais amena de eroso, responsvel por grande prejuzo s terras agrcolas e por fornecer grande quantidade de sedimento que vai assorear rios, lagos e represas. Eroso elica

Fig. 13: Eroso elica, rochas metamrficas nos arredores de Puno.

Ocorre quando o vento transporta partculas diminutas que se chocam contra rochas e se dividem em mais partculas que se chocam contra outras rochas. Podem ser vistas nos desertos na forma de dunas e de montanhas retangulares ou tambm em zonas relativamente secas. Eroso marinha

Fig. 14: O quebrar das ondas causa eroso com o tempo.

A eroso marinha um longo processo de atrito da gua do mar com as rochas que acabam cedendo transformando-se em gros, esse trabalho constante atua sobre o litoral transformando os relevos em plancie e deve-se praticamente ao de um fator presente na

29

termodinmica: a conveco dos ventos, responsveis pelo surgimento das ondas, correntes e mars. Tanto ocorre nas costas rochosas bem como nas praias arenosas. Nas primeiras a ao erosiva do mar forma as falsias, nas segundas ocorre o recuo da praia, onde o sedimento removido pelas ondas transportado lateralmente pelas correntes de deriva litoral. Nas praias arenosas a eroso constitui um grave problema para as populaes costeiras. Os danos causados podem ir desde a destruio das habitaes e infraestrutura humanas, at a graves problemas ambientais. Para retardar ou solucionar o problema, podem ser tomadas diversas medidas de proteo, sendo as principais as construes pesadas de defesa costeira (enroscamentos e espores) e a realimentao de praias. Em Portugal, na regio de Aveiro, vive-se atualmente uma situao preocupante. A estreita faixa costeira que separa o mar da laguna est perigosamente perto da ruptura. Se esta se verificar para alm de vrias populaes serem afetadas, ir ocorrer uma drstica mudana na salinidade da laguna, afetando todo o ecossistema. No Brasil, no Arpoador este fenmeno tem sido responsvel pela variao cclica da largura da faixa de areia da praia. Eroso qumica Envolve todos os processos qumicos que ocorrem nas rochas. H interveno de fatores como calor, frio, gua, compostos biolgicos e reaes qumicas da gua nas rochas. Este tipo de eroso depende do clima, em climas polares e secos, as rochas se destroem pela troca de temperatura; e em climas tropicais quentes e temperados, a humidade, a gua e os dejetos orgnicos reagem com as rochas e as destroem. Eroso glacial As geleiras (glaciares) deslocam-se lentamente, no sentido descendente, provocando eroso e sedimentao glacial. Ao longo dos anos, o gelo pode desaparecer das geleiras, deixando um vale em forma de U ou um fiorde, se junto ao mar. Pode tambm ocorrer devido susceptibilidade das glaciaes em locais com predominncia de rochas porosas. No vero, a gua acumula-se nas cavidades dessas rochas. No inverno, essa gua congela e sofre dilatao, pressionando as paredes dos poros. Terminado o inverno, o gelo funde, e congela novamente no inverno seguinte. Esse processo ocorrendo sucessivamente desagregar, aos poucos, a rocha, aps certo tempo, causando o desmoronamento de parte da rocha, e consequentemente, levando formao dos grandes paredes ou fiordes. Eroso fluvial

30

Eroso fluvial o desgaste do leito e das margens dos rios pelas suas guas. Este processo pode levar a alteraes no curso do rio. O relevo resultante da sedimentao das rochas no processo de eroso denominado Colvio. A eroso das rochas pode gerar ravinas, voorocas e deslizamentos de terra, no qual estes sedimentos so escoados para as partes mais baixas, formando Colvio e depsitos de encosta. Consequncias da eroso: Efeitos poluidores da ao de arraste Os arrastamentos podem encobrir pores de terrenos frteis e sepult-los com

materiais ridos. Morte da fauna e flora do fundo dos rios e lagos por soterramento. Turbidez nas guas, dificultando a ao da luz solar na realizao da

fotossntese, importante para a purificao e oxigenao das guas. Arraste de biocidas e adubos at os corpos d'gua e causarem, com isso,

desequilbrio na fauna e flora nesses corpos d'gua (causando eutrofizao, por exemplo). Outros danos Assoreamento: que preenche o volume original dos rios e lagos e como consequncia, vindas as grandes chuvas, esses corpos dgua extravasam, causando as enchentes. Instabilidade causada nas partes mais elevadas pode levar a deslocamentos

repentinos de grandes massas de terra e rochas que desabam talude abaixo, causando, no geral, grandes tragdias (ver deslizamento de terra). 4- Controle da Eroso do Solo: Controle de eroso do solo um processo comumente empregado na construo, no paisagismo e em outros campos destinados a impedir que o solo, rochas, plantas, materiais orgnicos e outros elementos ambientais sejam removidos pelo vento ou por intermdio da chuva. Controlar a eroso pode ser muito importante, j que a remoo de certas caractersticas da paisagem prejudica gravemente o valor esttico ou funcional de um determinado pedao de terra. Em alguns casos, como quando estruturas so construdas sobre ou perto de reas de mata, a eroso pode at mesmo representar riscos para a integridade das prprias estruturas das construes. Engenheiros civis, paisagistas, ambientalistas, engenheiros florestais e outros profissionais ligados ao meio ambiente utilizam inmeras tcnicas, que vo desde o plantio generalizado de plantas com razes fibrosas at o desenvolvimento de sistemas de drenagem elaborados, com a finalidade de controle de eroso do solo.

31

Alguns mtodos de controle de eroso visam simplesmente a desviar as foras que causam a eroso da superfcie de interesse. As chuvas, por exemplo, tendem a derrubar encostas pela fora das guas e, atravs de aberturas no solo, levam os detritos slidos com elas. Uma possvel tcnica de controle de eroso simplesmente instalar um sistema de drenagem para retirar o excesso de gua que se acumula na terra durante o perodo de chuvas intensas. Esse mtodo no pode sanar completamente ou prevenir o problema, mas consegue manter a maioria do fluxo de gua para longe da superfcie em questo. Em muitos casos, o desenvolvimento de tal sistema de drenagem significa apenas cavar um caminho para a gua, um processo que pode ser feito com pouco ou nenhum custo. Contudo, os sistemas de drenagem eficazes nem sempre so os melhores mtodos para controle de eroso. Eles podem, por exemplo, diminuir o valor esttico de uma rea, ou a eroso em si pode ser provocado por algo que no seja a gua. Em tais casos, geralmente necessrio reforar a superfcie em eroso de alguma forma. Algumas plantas, por exemplo, so teis, porque as suas razes fornecem um tipo de "rede" de proteo para sustentar o solo e impedir que ele seja varrido ou desintegrado. Mtodos mais drsticos de controle da eroso so, por vezes, necessrios, especialmente em solos ngremes, pistas de areia, com pouca sustentao natural. Algumas pessoas, por exemplo, optam por colocar esteiras fibrosas em cima ou embaixo de uma camada de solo para evitar a eroso. Outras opes incluem muros de conteno, que, quando bem instalados, fornecem reas de forte apoio para o solo, evitando a eroso em larga escala.

Fig. 15: Forma de sustentar o solo atravs de revegetao.

32

Fig. 16: Muros de conteno para firmar o solo. 5- Contaminao do Solo: Os Contaminadores do solo podem classificar-se em dois tipos: endgenos, ou prprios ao mesmo solo, e exgenos, ou de origem exterior ao solo. Os poluentes mais problemticos so os que resultam da poluio exgena causada pela ao humana. Os principais poluentes do solo podem ser classificados em trs grandes grupos: 1) Derrames de origem antropognica resultantes de atividades industriais, de atividades mineiras, do trfego automvel, e da construo civil.

Fig. 17: Tipos de contaminantes do solo.

33

2) Substncias qumicas que so adicionadas aos solos, como os biocidas e os fertilizantes.

Fig. 2: Biocidas. Biocidas

Os biocidas so substncias que matam organismos vivos e que so utilizados, sobretudo na agricultura para combater pragas de fungos, ervas daninhas, ou insetos. Distinguem-se trs tipos: fungicidas, herbicidas e inseticidas. Os fungicidas so utilizados para prevenir a infeco por fungos das colheitas, em especial de produtos agrcolas armazenados. Estes compostos contm metais como o cobre e o mercrio, e no so bem conhecidos os seus efeitos no ser humano. Herbicidas

Os herbicidas so substncias qumicas que so utilizadas para evitar o crescimento de ervas daninhas nos campos agrcolas ou nas bermas das estradas. Alguns so especficos para determinadas plantas, enquanto que outros podem afetar plantas de ecossistemas vizinhos, uma vez que no tem qualquer tipo de especificidade. Os inseticidas tm entre os seus componentes fsforo e cloro. So utilizados para eliminar insetos prejudicais para as culturas, quando que, na maioria dos casos, no sejam especficos e matem tambm insetos considerados benficos. Estas substncias podem permanecer muito tempo no solo, resultando na sua contaminao. A disperso destas substncias por meio de fumigao aplicada por avies facilita a contaminao de outros ecossistemas. Exemplos: A fumigao dos campos agrcolas para combater pragas provoca a acumulao de

substncias qumicas no solo que contribuem para a sua poluio. As escrias provenientes de fundies contaminam o solo com metais pesados,

alterando a sua composio mineral.

34

Fertilizantes

Os fertilizantes so substncias qumicas que o homem utiliza para aumentar o crescimento das culturas agrcolas. Inicialmente, utilizavam-se fertilizantes naturais, estrume e guano, que ajudavam a melhorar o solo. Mas a crescente procura deste tipo de produtos levou produo de fertilizantes qumicos compostos por azoto, fsforo ou potssio, que se acumulam no solo e que podem contaminar as guas subterrneas por infiltrao associada escorreria de gua da chuva. Na utilizao de fertilizantes deve ter-se em conta que nem sempre uma maior quantidade leva obteno de solos mais produtivos, pois a partir de uma determinada concentrao, no se obtm quaisquer efeitos. Um excesso de nutrientes podem at tornar-se prejudicial para a produo agrcola. Exemplos: Os adubos industriais substituram os adubos tradicionais, como o estrume, devido ao

seu elevado rendimento, embora sejam muito mais poluentes. As substncias qumicas adicionadas aos solos agrcolas poluem os rios ao serem

arrastados pela gua da chuva. 3) Derrame de compostos orgnicos, muitas vezes acidentais. Ex: Lixes e esgotos jogados diretamente no solo. Nas reas urbanas o lixo jogado sobre a superfcie, sem o devido tratamento, so uma das principais causas dessa poluio. A preocupao com a contaminao do solo deriva necessariamente dos riscos que proporciona sade e manuteno de todo organismo vivente na rea, bem como o possvel contato humano diretamente com o meio, com os vapores do agente contaminante e contaminao dos caminhos e lenis de gua presentes naquela rea. Em vrias ocasies o ser humano est merc de um contato com a poluio infiltrada no solo, permitindo a propagao de doenas como:

Ttano

Essa doena produzida por uma bactria, o bacilo do ttano (Clostridium tetani), e caracteriza-se por contraes e espasmos dos msculos do rosto, da nuca, da parede do abdome e dos membros. Esses espasmos so consequncia da ao da toxina produzida pelo bacilo sobre o sistema nervoso. O bacilo do ttano pode ser encontrado sob a forma de esporo (uma forma resistente do micrbio) nos mais variados ambiente: poeira, pregos enferrujados,

35

latas, gua suja, galhos, espinhos e no solo, principalmente quando tratado com adubo animal, pois esse bacilo est presente nas fezes dos animais domsticos e do homem.

Esquistossomose - Barriga-d'gua

o nome popular para uma doena que deixa a pessoa com uma barriga enorme. Esquistossomose a outra denominao para esse mal. No Brasil, a barriga-d'gua provocada pelo Schistosoma mansoni. Os prejuzos causados pelo verme no se limitam a sua espoliativa, isto , a sua capacidade de desviar os nutrientes do indivduo doente para seu prprio consumo. Complicaes hepticas e intestinais so muito frequentes, ocasionando diarrias, dores abdominais e rpido emagrecimento. Para controlar e combater essa doena, de fundamental importncia melhoria das condies socioeconmicas da populao. Moradias de melhor qualidade, dotadas de instalaes sanitrias adequadas, evitam que as fezes com os ovos atinjam os rios, impedindo a propagao do verme.

Amarelo

uma doena tpica de regies de solo quente e mido. Entre outros sintomas, provoca uma forte anemia, que diminui a capacidade de trabalho dos indivduos afetados. O amarelo - nome popular mais comum da ancilostomose - ocorre frequentemente em indivduos portadores de outras verminoses, fato que, somado s condies sociais precrias, contribui para a baixa produtividade do homem rural brasileiro. Os indivduos doentes libertam nas fezes os ovos resultantes da reproduo dos vermes. Esses ovos contaminam o solo e do origem s larvas, que penetraro pelos ps de outros indivduos, infestando-os. Desse modo, a doena vai passando de uma pessoa para outra. O tratamento dos doentes deve ser feito com vermfugos, associados a uma dieta rica e mesmo a antianmicos, j que a perda de ferro muito expressiva.

36

Fig. 18: Agentes contaminantes que se encontram no solo.

Importante lembrar que o grau de concentrao de cada agente danoso sade dos organismos vivos um ponto importante na contaminao do solo. A presena dos agentes contaminantes em determinado solo reflete de forma direta na presena de vida naquela rea, ocasionando sua degradao, reduo do nmero de espcies presentes no terreno e a acumulao de agentes txicos na vegetao. Assim, indiretamente, por meio da cadeia trfica, a ocorrncia de um solo com agentes contaminadores pode assumir um aspecto bastante relevante, pois tais agentes, absorvidos e acumulados pela vegetao sero transmitidos fauna em doses muito superiores s que estes teriam por contato direto com o solo.

Tabela 1: Mostra de quanto tempo aproximadamente o lixo demora a se decompor.

Material Ao Alumnio Cermica Chicletes Cordas de nylon Embalagens Longa Vida Embalagens PET Esponjas Filtros de cigarros Isopor Louas Luvas de borracha Papel e papelo Plsticos (embalagens, equipamentos). Metais (componentes de equipamentos)

Tempo de Degradao Mais de 100 anos 200 a 500 anos Indeterminado 5 anos 30 anos At 100 anos (alumnio) Mais de 100 anos Indeterminado 5 anos Indeterminado Indeterminado Indeterminado Cerca de 6 meses At 450 anos Cerca de 450 anos

37

Material Pneus Sacos e sacolas plsticas Vidros

Tempo de Degradao Indeterminado Mais de 100 anos Indeterminado

Fig. 19: Contaminao do Solo.

6- Controle da Contaminao do Solo: Resoluo CONAMA n 420 novo instrumento para preveno, punio e referncia sobre qualidade de solos no pas. Gesto das reas contaminadas no Estado de So Paulo, como exemplo, foi fundamental na elaborao, que demandou sete anos de estudos e discusses. Uma resoluo indita foi aprovada no pas. Publicada no dia 28 de dezembro de 2009, a resoluo do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) de nmero 420 dispe sobre os critrios e valores orientadores da qualidade do solo quanto presena de substncias qumicas e estabelece diretrizes para o gerenciamento ambiental de reas contaminadas por essas substncias em decorrncia de atividades antrpicas. Em outras palavras, estabelece o gerenciamento do solo para uso e remediao em todo o territrio nacional. A resoluo, segundo especialistas da rea, um grande avano, tanto para o reconhecimento das cincias do solo, como tambm para a gesto ambiental dos recursos naturais do Brasil. A proposta, que demandou sete anos de trabalho para atingir o formato final at sua aprovao, ajudar no cadastro, preveno e tratamento da degradao qumica e consequncias dos impactos ambientais no solo. Vale lembrar que, ao poluir o solo, todo o restante do meio ambiente afetado: lenis freticos, rochas, rios, lagos, e, consequentemente, vegetao e fauna. A interao do homem com o solo se d de diversas

38

maneiras. Seja no uso de tubulaes e outras utilidades enterradas para fins industriais e domsticos; na construo e utilizao de garagens subterrneas, tneis e metrs; para a produo de minrios em geral; na agricultura, entre muitas outras formas. Uma lista imensa, que traz consigo os problemas decorrentes destes usos tambm. Esse controle obtido evitando-se a disposio de forma incorreta sobre o mesmo de produtos qumicos e de resduos slidos e lquidos. Tem-se como principais medidas de controle de contaminao do solo a utilizao controlada de fertilizantes, aplicando-os nas quantidades certas, sem excesso, e usando-se os tipos adequados, em funo das caractersticas do solo; incrementando o uso da adubao orgnica e a adoo das medidas de controle da eroso, de modo a garantir-se a fertilidade do solo, reduzindo-se a necessidade da utilizao de fertilizantes; controle da aplicao de pesticidas observando-se: a utilizao do receiturio agronmico, obrigatrio no uso de pesticidas persistentes e menos txicos; vigilncia toxicolgica, com acompanhamento permanente, efetuando-se anlises dos alimentos e do meio ambiente; conscientizao da populao sobre os riscos do uso indiscriminado de agrotxicos, educando-a sobre as prticas adequadas de aplicao. importante o manejo integrado de pragas de forma a evitar ou reduzir o uso de defensivos agrcolas. Devem-se adotar prticas agrcolas que evitem ou dificultem o surgimento e a sobrevivncia de pragas e doenas, aumentando a resistncia das plantas e que melhorem as condies do solo. Entre as medidas de manejo ecolgico e integrado de pragas e doenas tem-se o emprego de variedades de plantas resistentes; o uso de sementes e mudas de boa qualidade; a adubao orgnica; a cobertura morta e adubao verde; rotao e consorciao de culturas, evitando, sempre que possvel s monoculturas; destruio de plantas hospedeiras; cultivo de plantas txicas para determinados insetos e de plantas-armadilha; emprego de inimigos naturais das pragas (agentes biolgicos); utilizao de produtos naturais no combate s pragas (exemplos: fumo, folha de arruda: manipueira, alho, pimenta...). Destino adequado para os resduos slidos, evitando-se o seu lanamento a cu aberto e adotando-se medidas de controle, quando da utilizao de aterros sanitrios. Sistemas adequados de esgotamento sanitrio, evitando-se o lanamento no controlado de esgotos no solo.

39

7- REFERNCIAS BIBLI OGRFICAS:

Disponvel em www.geografia.fcsh.unl.pt em 21/05/2012. Disponvel em www.codevasf.gov.br em 21/05/2012. Disponvel em www.fiocruz.br em 21/05/2012. Disponvel em www.geocities.com.br em 21/05/2012. Disponvel em www.amazonia.org.br em 17/05/2012. Disponvel em www.sobiologia.com.br em 17/05/2012. Disponvel em www.cesec.ufpr.br em 16/05/2012. Disponvel em www.todabiologia.com em 16/05/2012. Disponvel em www.portalsaofrancisco.com.br em 16/05/2012. GOMIDES, Clcio Eustquio. Hidrologia e Pedologia. Edio: agosto de 2002. Pg. 95 a 106. INAP. Revista gua e meio ambiente subterrneo, por Daniela Mattiaso. Nova fase para gesto de solos contaminados. Ano 3- n 14, fevereiro/ maro- 2010- www.abas.org AYERS, R. S. & WESTCOT, D. W. A qualidade da gua na agricultura. Trad. Gheyi, H. R.; BATISTA, M. de J. Manual de Irrigao-Guia Rural-gua. So Paulo, 1991. 170p. BERNARDO, S., Manual de Irrigao. 6 ed. Viosa: UFV, Impr. Univ., 1995. 657p. FERREIRA, P. A., Manejo de gua-planta em solos salinos. Curso de Ps-Graduao em Engenharia Agrcola. Viosa: UFV, 1998. 93p. LEPRUN, J. C. - Primeira Avaliao das guas Superficiais do Nordeste: Relatrio de fim de convnio de manejo e conservao do solo do Nordeste brasileiro, Recife, SUDENE-DRN, 1983, Pg. 91-141, Convnio SUDENE/ORSTOM. LIMA, L. A., Efeitos de sais no solo e na planta. Anais do XXVI Congresso Brasileiro de Engenharia Agrcola Manejo e Controle da Salinidade na Agricultura Irrigada, Campina Grande: UFPB, 1997. Pg. 113 133. MEDEIROS de, J. F. & Damasceno, F. V. A., Campina Grande: UFPB, 1991. 218p. Estudos FAO: Irrigao e Drenagem, 29. Revisado 1. MOLINIER, M; AUDRY, P; DESCONNETS, J.C.; LEPRUN, J.C. - Dinmica da gua e das Matrias num Ecossistema Representativo do Nordeste Brasileiro: Condies de Extrapolao Espacial Escala Regional, ORSTOM, Recife, 1989. MOLLE, Franois; CADIER, Eric - Manual do Pequeno Aude: construir, conservar e aproveitar pequenos audes, SUDENE/ORSTOM/TAPI, Recife, 1992.

40

SANTOS, R. V. dos & HERNANDEZ, F. F. F., Recuperao de solos afetados por sais. Anais do XXVI Congresso Brasileiro de Engenharia Agrcola Manejo e Controle da Salinidade na Agricultura Irrigada, Campina Grande: UFPB, 1997. pg. 319 356. SUASSUNA, J. O processo de salinizao das guas superficiais e subterrneas no Nordeste Brasileiro. Fundao Joaquim Nabuco.