36
ECONOMIA: Os desdobramentos da estiagem no agronegócio revistaconexaorural.com.br ENTREVISTA: Leonardo Sologuren, co-fundador do Comitê Estratégico Soja Brasil NEGÓCIOS: Aurantiaca investe na produção de água de coco diretamente da caixinha Sustentabilidade: Produção pecuária sem desmatamento e com produção agrícola Ano 1 - Edição 2 - Março/2015

Conexão Rural Ed. 02 - Março de 2015

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Revista Conexão Rural – A conexão no campo (www.revistaconexaorural.com.br) A publicação da VP GROUP traz para o setor que mais cresce no País as principais tendências do agronegócio nas áreas de economia, tecnologia, análise de mercado, artigos técnicos e entrevistas. Tudo para auxiliar os profissionais e empresários do campo, na era da inovação e da conectividade.

Citation preview

Page 1: Conexão Rural Ed. 02 - Março de 2015

ECONOMIA: Os desdobramentos da

estiagem no agronegócio

revistaconexaorural.com.br

ENTREVISTA: Leonardo Sologuren, co-fundador do Comitê Estratégico Soja Brasil

NEGÓCIOS: Aurantiaca investe na produção de 

água de coco diretamente da caixinha

Sustentabilidade:Produção pecuária sem desmatamento

e com produção agrícola

revistaconexaorural.com.br

Ano

1 -

Ediç

ão 2

- M

arço

/20

15

Page 2: Conexão Rural Ed. 02 - Março de 2015

Aplique somente as doses recomendadas. Descarte corretamente as embalagens e restos de produtos. Incluir outros métodos de controle dentro do programa do Manejo Integrado de Pragas (MIP) quando disponíveis e apropriados. Uso exclusivamente agrícola. Registro MAPA: Nomolt® 150 nº 01393, Pirate® nº 5898 e Fastac® Duo nº 10913.

Três aliados, uma missão: o controle das principais pragas da sua lavoura.

Comando Antipragas

A eficiência dos inseticidas Nomolt® 150 , Pirate® e Fastac® Duo contra as principais pragas da sua lavoura.

Page 3: Conexão Rural Ed. 02 - Março de 2015

Janeiro 2015 | 3

DiretoriaPresidência e CEO

Victor Hugo [email protected]

RedaçãoEditora

Fátima [email protected]

ColaboradoresAlf Ribeiro (Fotos), Béth Melo (texto),

Ricardo Maia (texto)Articulistas

Luiz Jarró (Mosaic),Murilo Marchesi Salin (Nutreco/Bellman),

Nelson Harger (Emater)

ArteFlávio Bissolotti

fl [email protected] Eduardo Costa

[email protected] Dalmas

[email protected]

Web DesignRobson Moulin

[email protected]

Comercial Diretor ComercialChristian Visval

[email protected] de Contas

Viviane Romãoviviane.romã[email protected]

Ismael [email protected]

MarketingGerente de Marketing

Tomás [email protected]

AnalistaThiago Guedes

[email protected]

Michelle [email protected]

SistemasFernanda Perdigão

[email protected] Martins

[email protected]

FinanceiroRodrigo Oliveira

[email protected]

CONEXÃO RURALwww.revistaconexaorural.com.br

Tiragem: 10.000 exemplaresImpressão: duograf

Al. Madeira, 53, cj 92 - 9º andar - Alphaville 06454-010 - Barueri – SP – Brasil

+55 11 4197-7500 www.vpgroup.com.br

Ano 1 • N° 2 • Março de 2015

EDITORIAL

Segunda Safra

H á um mês, em entrevista à BBC Brasil, o diretor-geral da agência da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), José Graziano da Silva, disse que o Brasil terá de ampliar seus estoques de alimentos e privilegiar culturas mais resistentes à secas, fenômeno

que deverá ser mais frequente por causa das mudanças climáticas. Segundo Silva, a crise hídrica que o País atravessa coloca em risco não só o abastecimento de suas cidades, mas também a oferta de alimentos nos mercados do Brasil. Há tempos o USDA [Departamento de Agricultura dos Estados Unidos] alerta quan-to à seca também nos Estados Unidos. Recentemente, cientistas divulgaram que as “megassecas” castigarão o sudoeste americano, a região das grandes planícies, que corta o país de Norte a Sul e é uma grande produtora de alimentos. Entretanto, o estudo alerta que uma megasseca não signi� ca não ter água – signi� ca apenas ter muito menos água do que se está acostumado. A situação já cria um desa� o inédito para a agricultura. Por aqui, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geogra� a e Estatística (IBGE) divulgados em fevereiro, o Brasil deverá colher 201,3 milhões de toneladas, mesmo diante a grave seca e da crise hídrica. A soja continuará sendo destaque. Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apontavam que deste janeiro a expectativa da produção da oleaginosa fosse estimada em 95,92 mi-lhões de toneladas, ante 86,12 milhões de toneladas em 2013/2014. No entan-to, já se estabeleceu algo em torno de 94,5 milhões de toneladas, mesmo assim, um recorde. A região Centro-Oeste, maior produtora de soja no País, sofreu com o clima e o estresse hídrico que causou “forte impacto” no desenvolvimento da lavoura e na sua produtividade. Já a produção de milho (segundo IBGE), sofrerá queda em relação à safra pas-sada, que foi de 2,9%, totalizando 76,5 milhões de toneladas. Os baixos preços praticados tanto no mercado nacional quanto internacional, em 2014, e a falta de perspectiva de recuperação no momento da tomada de decisão do plantio � zeram com que a estimativa de área plantada fosse reduzida em 2,7%. Espe-cialistas alertam que a queda na produção de milho segunda safra se deve a uma tendência do agricultor: investir em outras culturas mais rentáveis. Nesse novo cenário, a Revista Conexão Rural dedica nesta edição atenção espe-cial aos novos investimentos nordeste afora e a absorção de tecnologias. Além disso, a edição de número 2 traz debates, informações sobre a expansão da pe-cuária sustentável e do assunto do momento: a crise hídrica, que tanto permeia os pastos e as culturas.

Boa leitura.

Fátima CostaEditora

Foto

de

capa

: Alf

Rib

eiro

Page 4: Conexão Rural Ed. 02 - Março de 2015

4 | Março 2015

05 14 28 30

2926

12

SUMÁRIO

Entrevista Economia Artigo Agronegócio

Artigo

Artigo

Tecnologia

Capa

Leonardo Sologuren, co-fundador do Comitê Estratégico Soja Brasil

Estiagem, mais um item na cesta de problemas do setor

Luiz Jarró: Minimizando riscos em propriedades rurais

Grupo Aurantiaca promete inovar no mercado da água de coco

Nelson Harger: Tecnologia de aplicação: serviço ou tecnologia de produção?

Murilo Marchesi Salin: Suplementação pré-confi namento

Histórias de fi bra, uma websérie da Monsanto

Pecuaristas desenvolvem modelo de criação sustentável e mostram que é possível produzir, obter lucros e sem prejudicar a natureza20

Page 5: Conexão Rural Ed. 02 - Março de 2015

Março 2015 | 5

ENTREVISTA | Leonardo Sologuren, co-fundador do Comitê Estratégico Soja Brasil (Cesb)ENTREVISTA

Texto: Ricardo Maia | Fotos: Alf Ribeiro

Elevar o desempenho das lavouras é um dos mecanismos queproporciona aos produtores se manterem na atividade

Produzir sem fronteiras

Produzir mais e melhor é um desa� o que mui-tos agricultores têm conseguido fazer em di-versas regiões do País, graças à melhoria no sistema de manejo e também pela adoção de

novas cultivares, com alto potencial produtivo. Na cultura da soja, por exemplo, os índices de produ-tividade no Brasil vêm crescendo safra após safra. No atual ciclo de verão, a expectativa é que sejam colhidas 94,5 milhões de toneladas da oleaginosa em todo o território nacional, representando um recorde de produção. De acordo com dados da Com-panhia Nacional do Abastecimento (Conab) há 10 anos a produção nacional não chegava a 56 milhões de toneladas. Todo esse desenvolvimento na lavoura brasileira chamou à atenção do Comitê Estratégico Soja Brasil (Cesb) que, com o objetivo de incentivar ainda mais o aumento na produção e produtividade da oleaginosa, criou o Desa� o Nacional de Máxima Produtividade. A ação visa reconhecer aqueles agri-cultores que conseguiram alcançar níveis de produ-tividade acima da média nacional. Na edição deste ano, o Cesb premiará o campeão nacional de soja ir-rigada e os quatro vencedores regionais de soja não irrigada. Em entrevista à Revista Conexão Rural, o membro co-fundador do Cesb, Leonardo Sologuren, explica a importância do programa, as inscrições re-cordes � nalizadas em janeiro e detalha mais sobre os desa� os que o sojicultor brasileiro tem enfrenta-do a cada safra.

Revista Conexão Rural – Como está o andamento da safra 2014/15 em todo o País? Leonardo Sologuren – A safra 2014/15 de soja no Brasil iniciou um novo crescimento de área. Esti-ma-se que a área plantada tenha crescido 5,3%, totalizando 31,5 milhões de hectares. No entanto, as lavouras sofreram muito com a estiagem que as-solou boa parte do País. Havia uma expectativa de superar 95 milhões de toneladas, atualmente, esti-mada em 94,5 milhões de toneladas, podendo ainda sofrer novos reajustes negativos.

Conexão Rural – A estiagem em algumas regiões do Brasil pode prejudicar a produtividade das próximas safras? Sologuren – O clima é uma preocupação global. Nos últimos anos, observamos com certa frequência per-das de produção em importantes países produtores de grãos no mundo. É difícil a� rmar se teremos algum problema climático no Brasil nas próximas safras, mas é importante ter em mente que o clima tem se tornado algo muito preocupante.

Conexão Rural – Como está a implantação das varie-dades de soja tolerante ao dé� cit hídrico? Sologuren – Anualmente, uma signi� cativa parte das novas cultivares a serem lançadas já trazem um pequeno, mas importante, incremento na tolerância ao dé� cit hídrico. As cultivares de soja de hoje, por

Foto

: D

ivul

gaçã

o/ A

sses

soria

Ces

b

Page 6: Conexão Rural Ed. 02 - Março de 2015

6 | Março 2015

ENTREVISTA | Leonardo Sologuren, co-fundador do Comitê Estratégico Soja Brasil (Cesb)

“ANO A ANO, O DESAFIO CONQUISTA MAIOR

ABRANGÊNCIA , EM TODAS AS ÁREAS DO PAÍS”

exemplo, são bem mais tolerantes à seca que as do passado. Entretanto, isso é conseguido por meio do melhoramento convencional. Se falarmos em cul-tivares com tolerância à seca obtidas por meio da transgenia acreditamos que estamos ainda muito distantes, ou seja, teremos ainda pelo menos uns sete a oito anos de espera.

Conexão Rural – Até onde pode chegar à produtivi-dade da soja? Sologuren – O Desa� o Nacional de Máxima Produtiv-idade de Soja – concurso promovido pelo Cesb – tem comprovado que ainda conhecemos pouco sobre o potencial produtivo do grão. A produtividade média da soja no Brasil é de cerca de 3.000 kg/ha. Mas, os resultados dos vencedores do Desa� o mostram que é possível superar a barreira dos 6.000 kg/ha, exploran-do apenas a tecnologia atualmente disponível. Novos avanços ainda estão por vir e, portanto, estamos apenas começando a vencer novas barreiras de produtividade.

Conexão Rural – Qual o pacote tecnológico para ter uma média de produção de 80 sacas por hectare?Sologuren – Para o cultivo da soja não existe uma “receita de bolo” especí� ca, pois cada região tem suas particularidades, assim como o mesmo acon-tece em cada propriedade, onde cada uma tem suas diferenças marcantes de solo, declividade, tempo de cultivo, nível de fertilidade, ocorrência de doenças, cultura anterior variada, entre outros fatores. Por-tanto, é importante para o produtor conhecer bem as condições agronômicas da área que pretende utilizar e seguir, se possível com a ajuda de um bom pro� s-sional da área, as várias recomendações disponíveis no mercado. Por exemplo, o Cesb tem observado que os produtores que alcançam produtividades muito elevadas, acima de 80 sacas por hectare, seguem al-guns princípios. Eles utilizam cultivares de grande adaptabilidade e elevado potencial genético, por ex-emplo, entre outras ações.

Conexão Rural – Por que ainda temos tantas diferenças produtivas entre as regiões? Sabemos, claro, que as condições climáticas in uenciam, mas há outros fatores para tantas divergências? Sologuren – Os principais fatores que contribuem para diferenças de produtividades no País são vári-os, com destaque para: o clima, principalmente no que tange às diferenças de precipitação plu-viométrica; a latitude, pois cada cultivar tem sua faixa de latitude [fotoperíodo ou comprimento do dia] e onde melhor se adapta para produzir; tipo de cultivar, pois em função da adaptação, ciclo, data de semeadura e carga genética como um todo, podem produzir mais ou menos em determinadas regiões. Entretanto, o nível de uso da tecnologia disponível, indicado para cada cultivar, em um determinado local, é sempre decisivo para que a cultivar possa externar o seu máximo potencial genético para aquela região.

Conexão Rural – Nesta edição, o Estado do Paraná se destacou como maior número de escritos no Desa� o. Qual a razão? Sologuren – A razão precisa ainda não foi descoberta, mas o Cesb acredita que vários fatores contribuem para isso, dentre eles, pelo Estado ser um dos mais antigos e tradicionais nessa cultura e sempre com elevadas pro-dutividades no contexto do Brasil. Também nota-se que os paranaenses são em geral altamente tecni� cados e ávidos por tecnologias inovadoras para obterem altas produtividades.

Conexão Rural – De modo geral, o Cesb registrou re-corde de inscritos no Desa� o da Safra 2014/2015...Sologuren – O concurso contabilizou em janeiro 2.900 produtores participantes, representando 600 municípios de 26 Estados brasileiros, registrando um recorde nas inscrições desde a criação do con-curso, em 2008, comprovando a credibilidade da premiação junto aos produtores do País. Ano a ano, o Desa� o conquista maior abrangência em todas as áreas do País. Considerando apenas os campeonatos municipais, conseguimos atrair 180 cidades, que es-tão concorrendo com cinco ou mais inscritos no con-curso. O Desa� o anunciará e divulgará os Campeões [sempre a dupla: produtor e consultor técnico] em junho. As categorias de Campeões são: Estaduais, Municipais, Regionais de soja de sequeiro [Norte/Nordeste, Centro Oeste, Sudeste e Sul] e Nacionais de soja de sequeiro e de soja irrigada.

Page 7: Conexão Rural Ed. 02 - Março de 2015

Março 2015 | 7

“COM O DESAFIO NACIONAL DE MÁXIMA PRODUTIVIDADE DE SOJA, A ENTIDADE PRETENDE

MOTIVAR PRODUTORES E TÉCNICOS A UTILIZAREM AS MELHORES PRÁTICAS DE CULTIVO, AS

RECOMENDAÇÕES DE PESQUISAS E AS CULTIVARES MAIS ADEQUADAS PARA CADA REGIÃO”

Conexão Rural – Por que criar um desa� o de máxi-ma produtividade? Sologuren – Com o Desa� o Nacional de Máxima Pro-dutividade de Soja, a entidade pretende motivar pro-dutores e técnicos a utilizarem as melhores práticas de cultivo, as recomendações de pesquisas e as culti-vares mais adequadas para cada região. Essas ações visam contribuir com o aumento da produtividade, sustentabilidade e economia da sojicultura no Brasil. Por meio desta iniciativa, o Comitê busca analisar o que os produtores eleitos campeões estão realizando de forma diferente. O banco de dados que está sen-do gerado é riquíssimo e apesar de não haver uma “receita” de produtividade, já é possível identi� car alguns manejos que estão possibilitando ganhos ex-pressivos de produtividade, a exemplo de uma nova arquitetura de produção, como o plantio cruzado.

Conexão Rural – Qual é o per� l dos produtores que par-ticipam do Desa� o Nacional da Máxima Produtividade?Sologuren – Não conseguimos até o presente momen-to distinguir um per� l especí� co, pois participam os mais variados per� s em termos de região, tamanho da propriedade ou do negócio. Grandes empresários e pequenos produtores, de grãos e de sementes.

Conexão Rural – Quantos membros e empresas par-ticipam do Comitê e de que forma podem ajudar?Sologuren – O Cesb é uma entidade sem � ns lucra-tivos, formada por 17 membros, reunindo pro� s-sionais e pesquisadores de diversas áreas, que se juntaram para trabalhar estrategicamente e utilizar os conhecimentos adquiridos nas suas respectiv-as carreiras e experiências, em prol da sojicultura brasileira. Os principais objetivos e estratégias da entidade são: criar um ambiente para a difusão e uso da tecnologia aos agricultores, elevar a média de produtividade nacional da soja e desenvolver uma plataforma tecnológica como referência de alta produtividade com sustentabilidade. Atualmente, o Comitê conta com o apoio de dez patrocinadores.

Conexão Rural – De certa forma, o concurso vem conseguindo estimular a produtividade da soja? Sologuren – Temos certeza que estamos conseguindo estimular o aumento da produtividade da soja e de grãos como um todo a cada safra. Se observarmos espe-ci� camente a média de produtividade da cultura, ver-emos que ela continua estável devido principalmente à crescente chegada do sistema de safrinha, o qual precisa utilizar cultivares precoces, em sua maioria ainda de menor produtividade que as de ciclo médio e tardio. Por outro lado, quando observamos o nosso crescimento anual de grãos, principalmente soja mais milho safrinha, é bastante signi� cativo o incremento resultante da somatória das duas culturas.

Conexão Rural – Como equacionar o avanço de área versus a produtividade?Sologuren – Esta ainda é uma equação sem resposta. Além de a terra ser um recurso � nito, há também a pressão ambiental sobre a abertura de novas áreas. Ao mesmo tempo, a terra está se tornando um ativo muito caro e cada vez mais difícil de ter retorno so-bre o investimento apenas com a atividade agríco-la. Por esta razão, o aumento da produtividade por hectare torna-se crucial, tanto por uma questão de segurança alimentar quanto para a atratividade do investimento rural.

Page 8: Conexão Rural Ed. 02 - Março de 2015

8 | Março 2015

PROTESTO

A paralisação dos caminhoneiros, que teve início no dia 18 de fevereiro, prejudicou os produtores de aves e suínos. A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) recebeu diversos relatos, incluindo das agroindústrias, sobre os problemas causados pela paralisação no País. Eles enfrentaram di� culdades no abastecimento de insumos e liberação de cargas perecíveis, em meio aos vários piquetes armados nas importantes rodovias de escoamento de insumos e da produção, como é o caso da BR 282 (Santa Catarina) e da BR 153 (Rio Grande do Sul). Mais de 60 plantas frigorí� cas apresentaram redução da produção ou paralisação total. A BRF informou que suas fábricas de Francisco Beltão e Dois Vizinhos (ambas no Paraná) interromperam a produção de aves por falta de matéria-prima. Segundo dados de entidades ligadas à agricultura, a cadeia produtiva do leite e granjeiros registraram um prejuízo de R$ 10 milhões/dia.

Considerado como um dos principais eventos da cafeicultura brasileira, a Feira de Máquinas, Implementos e Insumos Agrícolas (Femagri), promovida pela Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), deve atrair neste ano 25 mil participantes. Posicionada como uma importante ferramenta de troca de informações e atualização para o cafeicultor, a feira – que acontece entre os dias 18 a 20 de março, na cidade de Guaxupé (MG) – traz nesta edição a temática “Viabilizando o futuro da cafeicultura sustentável”. O foco é alinhar sustentabilidade com a mecanização para trazer ao produtor a importância de novos processos que permitam um plantio de qualidade, baixo custo, produtivo e sem agressões ao meio ambiente. De acordo com o presidente da Cooxupé,

Greve causa prejuízos

Foto

: Alf

Rib

eiro

FEIRA

Vem aí:Femagri 2015

MERCADO

Abisolo traçaprojeções ampliada

Carlos Alberto Paulino da Costa, para que o agricultor possa ser competitivo tem de inovar uma série de processos na lavoura. E a mecanização hoje permite que não só uma melhoria neste sentido (maior produtividade), mas também promove a sustentabilidade em diversos procedimentos. Em 2014, perto de 23 mil visitantes de 232 municípios, 13 Estados brasileiros e de outros cinco países passaram pelo evento.

Segundo estimativas da Associação Brasileira da Indústria de Tecnologia de Nutrição Vegetal (Abisolo), o setor apresentará um crescimento de 6% em 2015. O mercado brasileiro de fertilizantes especiais, cuja movimentação em 2014 girou em torno de R$ 3,5 bilhões, � cará abaixo da média anual de crescimento dos últimos cinco anos, que chegou a 12%. “Essa projeção menor se deve aos problemas enfrentados por toda a cadeia agrícola, que sofre com a incerteza política, o fraco desempenho da economia do País e a severa crise hídrica, que contribuirá para uma redução signi� cativa na safrinha do milho”, a� rmou Clorialdo Roberto Levrero, presidente da entidade. O balanço setorial foi apresentado, no dia 10 de fevereiro, durante uma coletiva de imprensa, realizada em São Paulo. Na oportunidade, os executivos da entidade falaram também quanto ao uso dos “adubos especiais” e sua contribuição para melhorar a produtividade da agricultura brasileira. A Abisolo é composta por empresas fabricantes de fertilizantes orgânicos, organominerais, minerais, biofertilizantes, condicionadores de solo e substratos para plantas. No Brasil, há 70 empresas de pequeno e grande porte instaladas em 12 Estados. Atualmente, 2/3 das empresas do setor possuem faturamento de até R$ 50 milhões.

NEWSFo

to: A

lf R

ibei

ro

Foto

: Alf

Rib

eiro

Page 9: Conexão Rural Ed. 02 - Março de 2015

Março 2015 | 9

O governo brasileiro recebeu, no último dia 26, a decisão das autoridades sanitárias da África do Sul de reabrir o mercado daquele país às exportações brasileiras de carne bovina desossada, bem como o recebimento da con� rmação dos estabelecimentos brasileiros produtores de carne suína in natura para processamento que poderão exportar àquele país. A África do Sul havia embargado a entrada desses produtos em 2005, pela ocorrência de febre a© osa e em 2012, pelo caso atípico de encefalopatia espongiforme bovina (EEB) no Brasil. A decisão é importante para os interesses dos exportadores brasileiros de carnes, e con� rma a e� cácia dos controles sanitários nacionais e a qualidade e a sanidade do produto brasileiro, já reconhecida por outros parceiros comerciais. Com a abertura do mercado sul-africano para esses produtos, o Mapa espera que o Brasil consiga exportar US$ 7 milhões anuais em carne suína e US$ 12 milhões em carne bovina. A abertura desse mercado é considerada uma importante oportunidade para diversi� car os destinos dos produtos em questão, em especial para a carne suína, setor em que as exportações brasileiras são concentradas em poucos mercados. Foto: Alf Ribeiro

PECUÁRIA

África do Sul abre as portas

A safra brasileira de grãos deve atingir 200,08 milhões de toneladas, de acordo com o quinto levantamento divulgado, em fevereiro, pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Apesar dos problemas climáticos reduzirem a expectativa de produtividade no Sudeste, parte do Centro-Oeste e no Matopiba, os números registram uma ampliação de 3,4% - em comparação à safra 2013/2014 – quando atingiu 193,55 milhões de toneladas. A soja deverá ter uma produção 94,58 milhões de toneladas, quase metade do total. No levantamento anterior, a entidade previa que a safra atingiria 202,18 milhões de toneladas. Para o Instituto Brasileiro de Geogra� a e Estatística (IBGE), em sua primeira estimativa do ano, a projeção da safra deverá ser de 201,3 milhões de toneladas. As previsões também indicam que a área a ser colhida será de 57,2 milhões de hectares, ou 1,6% maior do que a de 2014. A diferença entre as projeções ocorre porque a Conab calcula o ano/safra. Já o IBGE calcula a safra do ano civil, ou seja, quanto será produzido naquele ano.

NOVO PRESIDENTE

Mosaicsob nova direção

Floris Bielders será o novo presidente das operações da Mosaic Fertilizantes no Brasil. De nacionalidade holandesa e na empresa desde 2004, Bielders ocupava o cargo de vice-presidente de distribuição internacional, na sede da Mosaic, em Minneapolis (EUA), sendo responsável pela distribuição de fertilizantes no Brasil, Argentina, Chile, China e Índia. Como parte de seus desa� os para a nova função, ele conduzirá os projetos de investimento e expansão programados pela empresa e comunicados em 2013. No último ano, a companhia, uma das maiores produtoras global de fosfatados e potássio combinados, anunciou a conclusão de diversos projetos que faziam parte desta estratégia, entre eles, a aquisição da unidade de fertilizantes da ADM no Brasil e Paraguai.

SAFRA

Retração, mas nem tanto

Foto

: Div

ulga

ção

200,08 milhões de toneladas total

94,58 milhões de toneladas (soja)

Page 10: Conexão Rural Ed. 02 - Março de 2015

10 | Março 2015

NEWS

LEITEENTREVISTA

Projeto à vista

Foto

: A

lf R

ibei

ro

Os produtores do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Goiás, Minas Gerais e Paraná — responsáveis por 73% de toda a produção de leite no País — serão beneficiados por um novo programa do Ministério da Agricultura. Atualmente, o volume de leite produzido no Brasil vem crescendo a cada ano. Foram 34,4 bilhões de litros em 2013 e, de acordo estimativas do IBGE, 36 bilhões em 2014. No ano passado, o país teve o segundo melhor desempenho da história no valor das exportações de lácteos, com US$ 345,4 milhões, o que correspondeu a um volume de 86 mil toneladas. O programa, que visa contemplar pequenos e grandes produtores desses Estados e tem por objetivo aumentar a produtividade e as exportações, começará a ser discutido com representantes do setor e o governo. Neste mês, a ministra Kátia Abreu fará uma nova reunião de apresentação do pré-projeto, que está sendo elaborado com a ajuda do SENAR, FAEMG, CNA, Viva Lácteos, CBCL, Itambé, OCB e Confepar. Serão convidadas outras entidades interessadas na área, como a Embrapa e o Sistema S.

Caroline Dihl ProloNo dia 06 de maio, encerra-se o prazo legal para inscrição do Cadastro Ambiental Rural (CAR). Trata-se de um registro eletrônico obrigatório para todos os imóveis rurais, que deve ser feito por meio do Sistema de Cadastro Ambiental Rural. Segundo Caroline Prolo, advogada especialista em Direito Ambiental – do escritório de advocacia Silveiro Advogados – a sua � nalidade é combater ao desmatamento de forma associada a um planejamento econômico das propriedades rurais, integrando as informações ambientais referentes à situação das APPs, das áreas de Reserva Legal, das ² orestas e dos remanescentes de vegetação nativa e das áreas de Uso Restrito.

Qual é a importância do CAR?O Cadastro Ambiental Rural (CAR) servirá como um banco de dados ambientais de todos os imóveis rurais do Brasil. O CAR será uma ferramenta para o Poder Público fazer um melhor planejamento econômico e ambiental da zona rural no Brasil, primeiro juntando dados e conhecendo a situação do campo e da cobertura vegetal existente, para assim poder tomar medidas mais adequadas à realidade e às necessidades do uso da terra junto com a preservação do meio ambiente.

Alguns produtores temem “confessar” as áreas de desmatamento. Isso pode prejudicar o andamento do cadastro?Há um desconhecimento e descon� ança por parte dos produtores sobre os reais efeitos do CAR. A legislação ambiental ² orestal mudou várias vezes em pouco tempo, o que prejudicou a regularização por parte dos produtores. Na verdade, o CAR tem que ser visto como oportunidade de regularização, uma vez que ele é previsto no Novo Código Florestal [Lei nº 12.651, criado em 2012, que estabelece que todos os imóveis rurais sejam cadastrados no CAR]. Além disso, o CAR será uma exigência de toda a cadeia.

Os bancos começarão a exigi-lo para liberar crédito?Esse é o movimento que talvez seja o mais importante na regulamentação

dos ambientais dos imóveis. Além disso, a partir de maio de 2017, os bancos não poderão conceder crédito agrícola para proprietários ou possuidores de imóveis que não estejam cadastrados no CAR. Algumas instituições já estão fazendo esta exigência desde já, e outras estão até � nanciando a inscrição no CAR para seus clientes, tamanha a importância disso para que os bancos possam continuar ofertando crédito para o agronegócio. O prazo do CAR poderá se estender?A verdade é que própria lei já previa a possibilidade de uma prorrogação, por mais 01 ano, mas apenas por uma única vez. Essa possibilidade é grande, uma vez que os números de adesão ainda são baixos. Conforme dados do Ministério do Meio Ambiente e da Agricultura em 05/02, apenas 35% das áreas estão cadastradas. O território brasileiro é muito grande, necessita de técnicos no campo e uma divulgação melhor, no que consiste o cadastro, as suas vantagens e desvantagens. E esse é um processo claramente mais demorado do que a previsão inicial de 01 ano.

Como se resolve a questão das propriedades rurais sem escrituras?Ao mencionar cadastro de propriedades rurais, já se pensam no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária [INCRA]. O intuito do CAR é a regularização. ambiental, e não a regularização fundiária. Sendo assim, o cadastro pode ser feito pelo produto ou possuidor do imóvel rural.

Foto

: D

ivul

gaçã

o

Page 11: Conexão Rural Ed. 02 - Março de 2015

Visite o portal revistaconexaorural.com.br

e fi que por dentro das informações e novidades

sobre o agronegócio, setor que mais cresce no Brasil

www.revistaconexaorural.com.br

+55 11 4197-7500www.vpgroup.com.br

[email protected]

Page 12: Conexão Rural Ed. 02 - Março de 2015

12 | Março 2015

TECNOLOGIA TECNOLOGIA

A Monsanto traz a websérie “Histórias de � bra” para contar em seis episódios os desa� os da cotonicultura brasileira

Os caminhos do algodão

E ra uma vez, um grupo de cotonicultores que reunidos no campo começaram a contar suas experiências, expectativas e os principais desa-� os diante da cultura, que hoje abrange mais

de 1 milhão de hectares, em 15 Estados brasileiros. As histórias dos personagens Rômulo Oliveira, Ademilson Macedo, Ricardo Atarasi, Wilson Horita, pro� ssionais que atuam diretamente no plantio, no trato do algodão, resultaram em uma websérie inédita, lançada em de-zembro, pela multinacional Monsanto.

Com seis vídeos produzidos durante a última safra, as “Histórias de Fibra”, como a série foi batizada, tem por objetivo acompanhar o dia a dia daqueles que es-tão na lida com essa cultura. Podemos dizer que tem, pois a websérie terá outros episódios, além daqueles produzidos. O conteúdo dos primeiros capítulos é fruto de um trabalho do Clube de Excelência, um programa de serviços da Monsanto, oferecido especialmente aos cotonicultores. “Uma iniciativa de relacionamento da companhia que visa promover a troca de experiências

entre diferentes elos da cadeia produtiva. A ferramen-ta criada foi de encontro à estratégia da empresa para poder auxiliá-los em seus principais desa� os”, diz Erica Franco, coordenadora de marketing da Monsanto.

“O período, o ciclo longo, isso demanda muita atenção. Ela é uma cultura mais complexa”, avalia o cotonicultor Wilson Horita. “Do meu ponto de vista, a maior di� culdade na lavoura de algodão ainda é a capacitação de mão de obra”, diz Rômulo Oliveira, do Grupo Bom Jesus (MT). “No ano passado, o maior pro-blema aqui, aquele que tirou o sono dos produtores do oeste da Bahia foi essa tal lagarta Helicoverpa”, a� rma Ricardo Atarasi, gerente técnico na Fazenda Sete Po-vos (BA). “O maior desa� o é conseguir incorporar as novas tecnologias com produtividade”, � naliza Ade-milson Macedo, do grupo Cantagalo.

Esses foram alguns dos depoimentos que a Monsan-to compilou em vídeo, durante as visitas em algumas propriedades. “Apostamos na websérie para facilitar o acesso às informações. Estamos focados em atingir as

Foto

: Alf

Rib

eiro

Texto: Fátima Costa | Fotos: Divulgação

Page 13: Conexão Rural Ed. 02 - Março de 2015

Março 2015 | 13

demandas e as necessidades dos cotonicultores brasi-leiros. O canal é uma ferramenta para aqueles que es-tão investindo cada vez mais. E por que não contar suas história e mostrar o quanto é difícil produzir? O quanto ele supera os desa� os desta atividade e como as ferra-mentas tecnológicas podem ajudá-lo”, diz Erica.

Se no primeiro capítulo ocorre a apresentação da websérie, no terceiro capítulo, por exemplo, há uma ação educativa sobre a importância da área de refúgio. “A falta dela acaba provocando a seleção de insetos-praga cada vez mais resistentes. Nós, já sabemos de sua importância. Há dois anos, com os preços baixos, alguns produtores ignoraram o uso do refúgio para usar mais área para o plantio. O que vai contra as ade-quações necessárias de manejo”, conta Tahishi Nitta, diretor agrícola da Xinguagri, divisão agrícola da Mit-sui. Para as áreas de refúgio, a empresa recomenda es-tar presente em 5% da área produtora onde houver a tecnologia. “Deve ser feito com material não Bt [sem a tecnologia de proteção contra insetos], com distância máxima de 800 metros”, diz Anderson Pereira, geren-te técnico de algodão da Monsanto.

Desde 2013, a companhia vive um novo momento nesta cultura, quando lançou no mercado a combina-ção da segunda geração do algodão Bollgard II Roundup Ready Flex, que promete trazer maior e� ciência. A tec-nologia re¬ ete em um menor número de aplicação de inseticida para o controle de pragas e ganhos em produ-tividade. Na safra 2013/14, a tecnologia conquistou 5% do mercado do algodão, porém, a própria multinacional promete uma parcela maior na edição 2014/15.

A aposta é que da área nacional a ser plantada no próximo ano, entre 15% e 20%. “E com a chegada desta tecnologia, entendemos que existia a possibilidade de criar uma interação com o produtor”, a� rma Erica. A in-tenção além de facilitar o contato com os cotonicultores serviu de ferramenta para também eles relatarem suas experiências com a primeira safra comercial do algodão Bollgard II Roundup Ready Flex. “A� nal, uma nova tec-nologia acaba por promover mudanças no manejo”, diz.

A tecnologia Bollgard confere proteção contra o curuquerê do algodoeiro (Alabama argilácea), a lagar-ta rosada (Pectinophora gossypiella) e a lagarta da maçã (Heliothis virescens). “Com a Bollgard II Roundup Ready Flex, a Monsanto fortalece a sua presença no mercado algodoeiro e amplia o espectro de proteção das lavouras. A nova tecnologia também confere proteção contra a la-garta falsa medideira [Chrysodeixis includens], lagartas do complexo Spodoptera [Spodoptera spp.] e as lagartas da espiga ou da maçã [Helicoverpa spp.] é tolerante ain-da ao herbicida glifosato, facilitando o controle e mane-jo de plantas daninhas”, a� rma Pereira.

Para quem não se lembra, a espécie exótica � cou conhecida pela destruição que provocou na safra 2013/2014: prejuízos na soja no Mato Grosso, que foram estimados em mais de R$ 1 bilhão, conforme o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea). Dados da Agência Estadual de Defesa Agro-pecuária da Bahia (Adab) a� rmou que a lagarta pro-vocou danos que chegaram a R$ 10 bilhões em todo País. “Na época, sem controle, perdemos cerca de 30% a 40% da produção”, revela Nitta.

Histórias de fi bra: “Uma iniciativa de relacionamento da companhia que visa promover a troca de experiências entre diferentes elos da cadeia produtiva. A ferramenta criada foi de encontro à estratégia da empresa para poder auxiliá-los em seus principais desafi os”, diz Erica Franco, coordenadora de marketing da Monsanto

“Com a Bollgard II Roundup Ready Flex, a Monsanto fortalece a sua presença no mercado algodoeiro e amplia o espectro de proteção das lavouras”, afi rma Anderson Pereira, gerente técnico de algodão da Monsanto

Para Pereira, embora toda nova tecnologia seja bem-vinda, sozinha, não garantirá o sucesso da lavoura. De acordo com ele, houve um intenso trabalho para defen-der o algodão brasileiro, o que levou pesquisadores até a Austrália para conhecer de perto como os produtores de lá atuam, já que a Helicoverpa armigera, nome cien-tí� co da lagarta, é uma velha conhecida naquele país. “O algodão bt tem excelente desempenho, como já foi comprovado em outros países, mas as boas práticas no campo são essenciais para garantir a sua longevidade”, a� rma Pereira. Por aqui, os primeiros resultados dessa nova tecnologia começam ser mensurados.

Ao longo desta trajetória, as “Histórias de � bra” pro-metem ser mais uma ferramenta. As informações se encontram em uma página do Facebook, no website da empresa e no You Tube. “Com essa interação, temos obtidos bons resultados. A nossa divulgação também funciona por meio de eventos, Dias de Campo, nas ati-vidades ligadas ao algodão, durante o ano, como é o Congresso Brasileiro, por exemplo. E outros capítulos e histórias ainda estão por vir”, a� rma Erica.

Page 14: Conexão Rural Ed. 02 - Março de 2015

14 | Março 2015

A vez da terra seca

ECONOMIAECONOMIA

Texto: Béth Melo

Lavouras de ciclo curto, como hortaliças e algumas frutas, foram as mais afetadas pelo dé cit hídrico, além de grãos e da pecuária, em especial em Goiás, oeste da Bahia e Minas Gerais

Os impactos da seca acenam com mais um ano de grande preocupação, até porque nos dois anos anteriores também ocorreram períodos de estiagem prolongada em algumas regiões

do Brasil. Para agravar ainda mais, 2015 começou com aumento nos custos de produção, nos impostos e nos in-sumos básicos (combustível e energia elétrica), além de queda nos preços dos grãos nos menores patamares dos últimos três anos, gerando mais prejuízos nanceiros aos produtores. A análise é de José Mário Schreiner, presiden-te da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg).

Na interpretação de Schreiner, essa conjunção de fatores afeta a renda do setor como um todo, e a saída, segundo ele, é conseguir boa produtividade. “Também será um ano com menores investimentos, uma vez que os produtores terão que se proteger, por se tratar de um período de maior risco nanceiro”, antecipa.

Nelson Ananias Filho, assessor técnico Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), concorda que a estiagem deve afetar a produção, mas não de forma que gere uma quebra de safra nas culturas de verão (soja e milho), por exemplo. Ele a rma que as culturas de ciclo mais curto, como frutas e hortaliças (verduras e legu-mes), foram as mais atingidas pela seca e estima quebra de 20% a 50% na produção. Também prevê redução de 30% na cana-de-açúcar e de 20% a 30% no café.

Mesmo com a estiagem, a safra brasileira de grãos 2014/2015 deverá alcançar 200,08 milhões de toneladas, 3,4% acima da anterior, que foi de 193,55 milhões de t, se-gundo levantamento da Companhia Nacional de Abaste-cimento (Conab), divulgado dia 12 de fevereiro. Dentre os grãos, os mais afetados pelo dé cit hídrico, foram o feijão, o milho primeira safra e a soja (veja infográ co).

As regiões mais críticasA estiagem de janeiro, aliada às altas temperaturas,

resultou em queda na produtividade de grãos em Goi-ás, em especial o milho e a soja, segundo Schreiner, da Faeg. “Até meados de fevereiro, estimava-se quebra de 15% a 20% em relação à expectativa inicial, o equiva-lente a 2 milhões de t a menos na safra, um prejuízo avaliado em R$ 2,2 bilhões”, contabiliza.

Milton Nunes, diretor técnico da Empresa de Assis-tência Técnica e Expansão Rural de Minas Gerais (Ema-ter/MG) considera preocupante o impacto da estiagem sobre o agronegócio mineiro, cujas lavouras mais afeta-das foram as de café. “Apenas o Cerrado mineiro possui irrigação de café, de forma signi cativa. Nas outras três regiões produtoras, a quase totalidade é na modalidade

Page 15: Conexão Rural Ed. 02 - Março de 2015

Março 2015 | 15

sequeiro, e estamos vivenciando um dé cit hídrico pelo terceiro ano consecutivo”, diz. Em função da estiagem, a Emater/MG calcula que o Estado deverá colher 3,7 mi-lhões de t de soja (perda de 25%, ou 960,6 mil t); 6,3 milhões de t milho 1º safra (quebra de 26%, ou 1,6 mi-lhão de t); 244 mil t de feijão 1ª safra (redução de 34% ou 82 mil t); 67,4 mil t e algodão (queda de 6%, ou 3,9 mil t); 69,7 milhões de t (perda de 10%, ou 7 milhões de t); 23 milhões de sacas de café arábica (13% a menos ou 3 milhões de sacas); e 489,9 mil t de mandioca (retração de 33% ou 162,2 mil t).

Depois de cerca de 30 dias de estiagem em grande parte do oeste da Bahia, as chuvas de fevereiro normalizaram o nível de umidade no solo. Segundo Ivanir Maia, diretor de Relações Institucionais da Associação de Agricultores e Irri-

gantes da Bahia (Aiba), a irregularidade nas chuvas não foi generalizada, mas atingiu de modo pontual todo polo pro-dutor de grãos do Estado, resultando em lavouras prejudi-cadas e lavouras sem impacto, em distâncias muito curtas.

A estimativa de produtividade foi revista para baixo, sendo 50 sacas/ha para a soja (redução de 11%, ou 6 sacas/ha) e 135 sacas/ha para o milho (queda de 17%, o equivalente a 18 sacas/ha). “Isso signi ca quebra apro-ximada de 600 mil t de soja e 400 mil t de milho”.

Comprometimento da pecuáriaO mesmo vale para o leite. “As pastagens não se re-

novam e as que estão em formação foram comprometi-das, o que obriga o produtor a complementar a alimen-tação com volumoso, cuja produtividade está reduzida

RS (C); leste e sul de GO (M/C); DF (M/C); centro-norte e sudeste do PI (DV/F); sudoeste do PI (FR); leste e sul de GO (FR); DF (FR); todo Estado da BA (FR) e de MG (FR)

Regiões pontuais do leste do TO (DV/F)*, do oeste e sul do MA (DV/F)* e do PR (FR)*; sudoeste do PI (DV/F); oeste da BA (DV/F); DF (FR) e todo Estado de CE (P), de MG (DV/F), de SP (F/FR) e de GO (FR)

Regiões pontuais do sul do MA (F)**, do centro norte e sudoeste do MS (FR)*, do MT (F/FR)*, do TO (F)** e do PR (F/FR)*; leste do MA (F); sudoeste do PI (F); oeste da BA (F); leste de MS (FR); oeste de MG (F); sul e norte de SP (FR); todo Estado de GO (FR) e DF (FR).

Todo Estado do CE

Sudoeste do PI (PP) e oeste da BA (PP)

FEIJÃO

MILHO

SOJA

1ª safra

1ª safra

2ª safra

2ª safra

Legenda: *(PP) pré-plantio (P) plantio; (G) germinação;(DV) desenvolvimento vegetativo; (F) fl oração; (FR) frutifi cação; (M) maturação; (C) colheita.Fonte: Conab/IBGE

Impacto da estiagem nas lavouras

Page 16: Conexão Rural Ed. 02 - Março de 2015

16 | Março 2015

ECONOMIA

devido ao mau tempo, aumentando o custo de produ-ção”, explica Nunes, da Emater/MG. Com a escassez de chuvas, a renovação das pastagens, que ocorre entre outubro e dezembro, não aconteceu. Em algumas regi-ões, haverá a necessidade de replantio dos pastos. Da mesma forma, explica, as lavouras para silagem, para alimentar o gado na seca, também foram prejudicadas.

Na opinião de Nunes, outra consequência é a venda de animais de regiões mais comprometidas para outras me-nos afetadas, além da alta do preço de alguns insumos e a redução no volume produzido, que poderá no médio pra-zo, contribuir para elevar o preço do produto ao consumi-dor nal. “Alguns produtores deixando a atividade”, diz.

O presidente da Faeg concorda que as perdas na agricultura (soja, milho) contribuem para o aumento dos preços das rações, que representam boa parte da composição nos custos da pecuária (de corte, leite, aves, suínos) na entressafra. Nesse sentido, ele diz que

as consequências também são sentidas nas lavouras de milho para silagem, resultando em volume e qualidade nutricional menor. “A baixa qualidade das pastagens, associada à diminuição do volume de pastos, exige a suplementação com rações à base de grãos, o que au-menta os custos”.

Outro problema decorrente do dé cit hídrico, apon-tado por Nunes, da Emater/MG, é o comprometimento no fornecimento da energia elétrica, usada no bene -ciamento de café, milho, soja e outros grãos; na ordenha e resfriamento de leite, lavagem e desinfecção de está-bulos e equipamentos; na irrigação, além de danos em máquinas e equipamentos, resultantes da oscilação. “No caso do leite, as quedas e oscilações de energia causam grande prejuízos, uma vez que a própria legislação fede-ral (IN 62) exige que o leite ordenhado vá imediatamente para tanques de resfriamento. O risco de perda do produ-to signi ca prejuízos para produtores e indústria”, alerta.

Nelson Ananias Filho, assessor técnico Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), concorda que a estiagem deve afetar a produção, mas não de forma que gere uma quebra de safra nas culturas de verão (soja e milho)

“As novas tecnologias inteligentes irrigam a planta ao invés do solo. O gotejamento, técnica desenvolvida pela empresa em Israel, pode gerar uma economia de até 50% de água, além de aumentar a produtividade”, diz Carlos Sanches, gerente agronômico da Netafi m

Na avaliação de Demetrios Christofi dis, do Mapa, a estiagem mostra a necessidade de aprimoramento dos instrumentos de política agrícola, de trabalhar em cooperação com as entidades responsáveis pela implementação das políticas, de meio ambiente, de recursos hídricos e de irrigação

“Também será um ano com menores investimentos, uma vez que os produtores terão que se proteger, por se tratar de um período de maior risco fi nanceiro”, antecipa José Mário Schreiner, presidente da Faeg

“Apenas o Cerrado mineiro possui irrigação de café, de forma signifi cativa. Nas outras três regiões produtoras, a quase totalidade é na modalidade sequeiro, e estamos vivenciando um défi cit hídrico pelo terceiro ano consecutivo”, diz Milton Nunes, diretor técnico da Emater/MG

Foto

: Gus

tavo

Frö

ner

Foto

: Lar

issa

Mel

o

Foto

: Pér

icle

s B

arre

to/M

apa

Foto

: Fla

vio

Fial

ho

Foto

: Ale

xand

re S

oare

s/Em

ater

-MG

Foto

s: F

redo

x C

arva

lho

Lavouras que sofreram com a seca em Goiás.

Page 17: Conexão Rural Ed. 02 - Março de 2015

Março 2015 | 17

Faltam soluções para melhor uso da água

Boaz Albaranes, cônsul para Assuntos Econômicos de Israel em São Paulo, considera a crise hídrica que o Brasil atravessa um momento bastante delicado. “A água sempre foi um recurso natural muito abundante por aqui e seria difícil, até pouco tempo, imaginar que esse cenário poderia se instalar”, diz. Ele acrescenta que a questão essencial não é a falta de água. “Ela existe, o ponto crucial é como aplicar medidas apropriadas para melhor uso do que se tem, adotar ações emergenciais, além de buscar soluções a médio e longo prazo”, a� rma.Albernaz lembra que em Israel, diferente do Brasil, sempre houve total escassez de água. “Desde a criação do Estado de Israel, políticas hídricas rigorosas foram estabelecidas e soluções inovadoras tiveram que ser criadas”, diz. Ele lembra que a irrigação inteligente é uma aliada no uso racional da água. “A irrigação por gotejamento e a agricultura de precisão evitam desperdícios, liberando somente a água necessária para cada ciclo de produção, o que representa de 70% a 80% de e� ciência no uso desse recurso natural”, diz. Outra forma de irrigação inteligente é a dessalinização. “Atualmente, 70% da água potável que abastece os israelenses passam de processo de dessalinização, a um custo muito baixo, (US$ 0,60 por metro cúbico), e nossa expectativa é atingir 100% dentro de poucos anos”, exempli� ca. “Considerando a extensa faixa litorânea do Brasil, essa é uma solução a ser pensada para o longo prazo”, recomenda.Carlos Sanches, gerente agronômico da Neta� m, empresa especializada em irrigação, a� rma que o gotejamento e a microaspersão, que apresentam 95% de e� ciência na aplicação de água e nutrientes, resultariam em uma reserva de água que ajudaria em situações de estresse hídrico. “As novas tecnologias inteligentes irrigam a planta ao invés do solo. O gotejamento, técnica desenvolvida pela empresa em Israel, pode gerar uma economia de até 50% de agua, além de aumentar a produtividade em até 200%, com a fertirrigação.” Conforme explica, essa tecnologia é viável para o pequeno produtor e para projetos mais so� sticados, com alto nível automação. “Atuamos inclusive em irrigação familiar, que não precisa nem de energia elétrica”, diz. “Criamos a técnica de irrigação por gotejamento subterrâneo, especialmente para diminuir custos de manutenção do cafezal e evitar riscos de danos durante a capina e a colheita”, diz.

Helio Sirimiarco, diretor da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), lembra que a Federação de Agricul-tura do Estado de Minas Gerais (Faemg) calcula a que-da da produção mineira de leite em 20%, dependendo da região. “No ano passado, as vacas não entraram no cio, o que reduziu a quantidade de bezerros nascidos vivos. Além disso, a baixa reserva hídrica comprometeu a formação das pastagens e do milho para silagem e, ao longo do ano, pode haver redução no ganho de peso dos animais e na produção de leite”.

Ainda segundo o diretor da SNA, no centro-oeste de Minas, em São Sebastião do Oeste, cerca de dez mil aves morreram no m de janeiro. “Com a falta de chuva e de energia elétrica, a temperatura das granjas alcançou 39 graus, causando a mortandade”, diz. Ele também men-ciona a morte de 1 milhão de cabeças de gado, no norte do Estado, no Vale do Jequitinhonha, em razão da estia-gem que já dura três anos.

Faltam políticas públicasSegundo Ananias Filho, da CNA, a água serve a todos

os usos e, em situação de crise, as prioridades são o abas-tecimento público é a dessedentação animal, conforme a lei, mas não existem políticas de produção e armazena-mento desse recurso natural. “A atividade agropecuária não usa esse tanto de água que se comenta. Os 70% que são utilizados representam a sobra, ou seja, a parte que não é guardada”, explica. “Precisamos de uma legisla-ção, inclusive com a de nição de normas para interven-ções pontuais em áreas de preservação permanente.”

Na avaliação de Demetrios Christo dis, especia-lista em Infraestrutura - Recursos Hídricos do Mapa, a estiagem mostra a necessidade de aprimoramento dos instrumentos de política agrícola, de trabalhar em cooperação com as entidades responsáveis pela imple-mentação das políticas, de meio ambiente, de recursos hídricos e de irrigação.

Helio Sirimiarco, diretor da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), lembra que a Federação de Agricultura do Estado de Minas Gerais (Faemg) calcula a queda da produção mineira de leite em 20%, dependendo da região

“Desde a criação do Estado de Israel, políticas hídricas rigorosas foram estabelecidas e soluções inovadoras tiveram que ser criadas”, diz Boaz Albaranes, cônsul para Assuntos Econômicos de Israel em São Paulo

Foto

: Div

ulga

ção

Page 18: Conexão Rural Ed. 02 - Março de 2015

A carboxamida da BASF para o controle eficiente de importantes doenças da soja: • Ferrugem-asiática • Antracnose • Mancha-alvo • Oídio • Mela • Crestamento-foliar • Septoriose

OrkestraTM

SCO fungicida ideal contra a Ferrugem-asiática.

O fungicida ideal contra o complexo de doenças.

O fungicida ideal para a sua produtividade.

Aplique somente as doses recomendadas. Descarte corretamente as embalagens e restos de produtos. Incluir outros métodos de controle dentro do programa do Manejo Integrado de Pragas (MIP) quando disponíveis e apropriados. Uso exclusivamente agrícola. Registro MAPA: nº 08813.

0800 0192 500www.agro.basf.com.br

Page 19: Conexão Rural Ed. 02 - Março de 2015

A carboxamida da BASF para o controle eficiente de importantes doenças da soja: • Ferrugem-asiática • Antracnose • Mancha-alvo • Oídio • Mela • Crestamento-foliar • Septoriose

OrkestraTM

SCO fungicida ideal contra a Ferrugem-asiática.

O fungicida ideal contra o complexo de doenças.

O fungicida ideal para a sua produtividade.

Aplique somente as doses recomendadas. Descarte corretamente as embalagens e restos de produtos. Incluir outros métodos de controle dentro do programa do Manejo Integrado de Pragas (MIP) quando disponíveis e apropriados. Uso exclusivamente agrícola. Registro MAPA: nº 08813.

0800 0192 500www.agro.basf.com.br

Page 20: Conexão Rural Ed. 02 - Março de 2015

20 | Março 2015

CAPACAPA

Texto: Fátima Costa

Produzir preservando,preservando e produzindoNos últimos anos, há uma expressão que os

pecuaristas ouvem repetitivamente: para ser sustentável é preciso ser ecologicamente correto, economicamente viável e socialmen-

te justo. Não é de hoje que o Brasil tem um dos maio-res rebanhos de bovino do mundo. Conforme os dados da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne (Abiec), a pecuária brasileira ocupa uma área de 169 milhões de hectares de pasto e abrange um rebanho de 210 milhões de cabeças de gado, com uma média de 1,24 cabeça por hectare. Assim como não é de hoje que é apontada como a vilã do desmatamento no País durante décadas, aos poucos a pecuária mostra que produção e preservação caminham juntas. E de mãos dadas.

Um ótimo exemplo disso está na cidade de Tailândia, vizinha de Paragominas (PA), o tão famoso município

incrustado na Amazônia que foi durante muito tempo um dos maiores símbolos desmatamento, desde a aber-tura da Rodovia Belém-Brasília, na década de 1970. Na Fazenda Marupiara, situada na cidade, do pecuarista Mauro Lúcio de Castro Costa, dos 4.356 hectares de propriedade, apenas 880 são utilizados. A área pre-servada, ou seja, cerca de 80% são mantidos intactos. “Neste ano, serão 460 hectares destinados para a recria e engorda de boi a pasto. O restante é para o plantio de milho e para a produção de silagem, com a ¡ nalidade de alimentar o gado em período de seca”, diz Costa.

Fazendeiro de terceira geração, ele chegou há 18 anos em Paragominas – a 300 quilômetros de Belém – com a determinação de transformar terras devastadas da região, em meio ao emaranhado de ¤ oresta, em pasto. Em uma clareira no meio das árvores, surgiram os bem recortados

Page 21: Conexão Rural Ed. 02 - Março de 2015

Março 2015 | 21

A ¡ m de melhorar a pecuária brasileira e minimizar os impactos da atividade, produtores investem em tecnologia e integração e mostram que rentabilidade também é sinônimo de sustentabilidade

piquetes, as Áreas de Preservação Permanentes (APPs), os re¤ orestamentos e a estrada. “A minha propriedade está localizada em uma área de difícil acesso, no meio da ¤ o-resta. São 90 quilômetros de terra batida quando saímos da malha rodoviária vindo de Paragominas”, conta.

Nesta época do ano, pastando em suas terras estão duas mil cabeças de gado nelore e cruzado, animais criados em sistema de rodízio. Na região, segundo des-creve o pecuarista, a média das fazendas (assim de todo o Brasil) é igualmente baixa, de 1 UA/ha (um animal por hectare) com peso médio de 450 quilos “Mas algu-

“Sofremos nos últimos anos, passamos por muitas difi culdades. Mas, graças a uma série de

medidas, a situação atual da pecuária é outra”, diz o pecuarista Mauro Lúcio de Castro Costa.

Foto

: Joã

o Ra

mid

Foto

: Alf

Rib

eiro

Page 22: Conexão Rural Ed. 02 - Março de 2015

22 | Março 2015

CAPA

mas propriedades já trabalham com 3 UA/ha”, explica. Tailândia, Paragominas e Marabá, entre outros mu-

nicípios circunvizinhos, estão divididos entre ativida-de da cultura da soja, ¤ oresta, gado e a implantação de sistemas agrossilvipastoris, que integram as atividades agrícolas, pecuárias e silviculturais (re¤ orestamento e o cultivo de eucalipto) em áreas antes degradadas. “Só Paragominas conta com 1,9 milhão em hectares. Atual-mente 600 mil são de áreas abertas, sendo 120 mil com a agricultura, 100 mil com a silvicultura e o restante com a pecuária”, a¡ rma Costa.

Uma diferente realidade de uma terra que foi devas-tada. O pecuarista e também ex-presidente do Sindica-to dos Produtores Rurais de Paragominas, explica que, com o município na temida “lista negra” do Ministério do Meio Ambiente, os criadores ¡ caram sem crédito em bancos. A ¡ scalização apertou, e as fazendas de gado foram multadas. Além disso, propriedades e frigorí¡ cos enfrentaram barreiras para vender os seus produtos, principalmente para o mercado internacional. “Sofre-mos nos últimos anos, passamos por muitas di¡ cul-dades. Mas, graças a uma série de medidas, a situação atual da pecuária é outra”.

Costa lembra que a alternativa encontrada foi reu-nir aqueles produtores interessados em implantar um novo modelo de pecuária na região. Para o desenvolvi-mento da iniciativa, foram selecionadas seis fazendas da região, incluindo a Marupiara, que mantinham di-ferentes características em relação à produção pecuá-ria. “Trouxemos a ciência e a pesquisa para criar um modelo de recuperação. Para fazer isso, tivemos de mudar o processo produtivo e fazer um incremento de tecnologias. Foi um trabalho longo e demorado, sempre buscando mecanismos de como fazer que as atividades fossem produtivas e lucrativas sem desmatar”.

Pecuária Verde: uma nova forma Os esforços foram reconhecidos. Paragominas foi o

primeiro município da Amazônia a ganhar a “liberda-de” e, em 2012, nasceu o projeto de “Pecuária Verde” capitaneado pelo Sindicato dos Produtores Rurais de Paragominas. No ¡ nal de 2014, o projeto chegou ao ¡ m após três anos. Segundo o pecuarista, o próximo desa-¡ o, porém, é continuar o aumento da lotação das pasta-gens, com melhoria nas forrageiras e no desempenho animal com genética.

O projeto desenvolvido em Paragominas (PA), a par-tir de 2011, surgiu da parceria entre o Sindicato Rural de Paragominas, a organização de conservação ambien-tal The Nature Conservancy (TNC) e o instituto de pes-quisa Imazon. Com a participação das fazendas, ¡ nan-ciamento do Fundo Vale e Dow AgroSciences o projeto apoiado pelo Grupo de Trabalho da Pecuária Susten-

“Em média, a taxa de intensifi cação inicial foi de 10% por meio do trabalho nas áreas de não produção com a regeneração e enriquecimento da vegetação e nas áreas de produção no controle e manejo de plantas invasoras e a limpeza dos pastos”, explica Eduardo Bastos, presidente do Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável (GTPS).

“O produtor otimiza e intensifi ca a produção pecuária, evitando a abertura de novas áreas de pastagem e, ao mesmo tempo, proporciona acondicionar maior quantidade de animais por hectare, promovendo o aumento da sua produtividade e da lucratividade”, afi rma Roberto Risolia, líder de sustentabilidade e desenvolvimento de Negócios da Dow AgroSciences.

Foto

: Mar

co F

lávi

o

“Temos a legislação ambiental mais rígida do mundo. Preservação e manutenção de Áreas de Preservação

Permanente e Reserva Legal em taxas não exigidas em nenhum outro País. Em termos de preservação, associada

à produção, de fato, somos referência mundial”, avalia Gustavo Aguiar, consultor da Scot Consultoria e membro da Associação de Profi ssionais de Pecuária Sustentável (APPS).

Foto

: Div

ulga

ção

Foto

: Div

ulga

ção

Page 23: Conexão Rural Ed. 02 - Março de 2015

Março 2015 | 23

tável (GTPS) rendeu bons resultados, que poderão ser replicados já que a produção das fazendas passou de 7 arrobas por hectare para 30 arrobas por hectare dentro das áreas intensi¡ cadas (10%). E a melhoria na renta-bilidade foi de 78%. “Em média, a taxa de intensi¡ ca-ção inicial foi de 10% por meio do trabalho nas áreas de não produção com a regeneração e enriquecimento da vegetação e nas áreas de produção no controle e mane-jo de plantas invasoras e a limpeza dos pastos”, explica Eduardo Bastos, presidente do Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável (GTPS), formado por representan-tes de diferentes segmentos que integram a cadeia de valor da pecuária bovina brasileira.

Bastos a¡ rma que até agora os resultados alcançados também mostram a melhoria de margem de 0,8 arroba por hectare para 1,44 arroba por hectare nas fazendas como um todo. Portanto, com 90% da área, a produti-vidade teve um aumento de 33% e a rentabilidade em 78%. Com a intensi¡ cação de 20% da área, os resultados estimados são a melhoria de margem de 0,8 arroba por hectare para 2,07 arrobas por hectare. “Isso mostra que a pecuária é uma atividade única e capaz de aumentar a sua produção, reduzindo sua área e assim cedendo espaço para re¤ orestamento e produção de outras culturas”.

Com a bandeira da sustentabilidade nas mãos, para este ano, o GTPS terá a conclusão do Programa Pecuária Sustentável na Prática, que conta com ¡ nanciamento da Fundação Solidaridad, por meio do Farmer Support Programme (FSP), fundo do governo holandês. A pro-posta é produzir um Guia de Boas Práticas, voltado à prática de pecuária, com critérios e indicadores para uma pecuária mais sustentável, envolvendo e compro-metendo toda a cadeia de valor. “O foco do conteúdo deste material deverá ser no ‘como fazer’ e não apenas em ‘o que fazer’”, explica.

Atualmente o grupo mantém sete projetos do Progra-

ma Pecuária Sustentável na Prática espalhados em cinco Estados brasileiros: MT, MS (com dois projetos), RO, PA (também com dois projetos) e BA, que reúnem aproxi-madamente 900 produtores em 800 mil ha. “Eles ser-vem de laboratório para que o programa desenvolvido possa implantar unidades demonstrativas, treinar técni-cos e testar indicadores de melhoria contínua”.

A cadeia produtiva articula-se em busca de alterna-tivas para garantir a alta produtividade do rebanho bra-sileiro, reduzindo ao máximo os impactos ambientais. Uma das alternativas discutidas são as áreas degrada-das que passaram por intervenções como a fertilização das pastagens, utilização de espécies forrageiras mais produtivas, o controle de ervas daninhas e boas práti-cas de gestão, como as da região de Paragominas. Na opinião de Roberto Risolia, líder de sustentabilidade e desenvolvimento de negócios da Dow AgroSciences, a

O projeto apoiado pelo Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável (GTPS) rendeu bons resultados, que poderão ser replicados já que a produção das fazendas passou de 7 arrobas por hectare para 30 arrobas por hectare dentro das áreas intensifi cadas (10%). E a melhoria na rentabilidade foi de 78%.

Bruno Pedreira, pesquisador de forragicultura e pastagens da Embrapa Agrossilvipastoril explica que a iLPF busca a melhoria de fertilidade do solo, da produtividade e reduz a abertura de novas áreas para pecuária.

Foto

: Gab

riel F

aria

Foto

: Mur

illo

Mai

one

Page 24: Conexão Rural Ed. 02 - Março de 2015

24 | Março 2015

CAPA

qualidade do pasto é uma das bases da produção deste projeto. No Brasil, aproximadamente, 90% dos animais são criados, recriados e engordados a pasto, sendo 3,5 a média de duração da produção.

Ao melhorar as pastagens, explica ele, o pecuarista produz mais alimentos. “O produtor otimiza e intensi-¡ ca a produção pecuária, evitando a abertura de novas áreas de pastagem e, ao mesmo tempo, proporciona acondicionar maior quantidade de animais por hecta-re, promovendo o aumento da sua produtividade e da lucratividade”, a¡ rma. Ele lembra também que está surgindo uma série de novas variedades de capim. Há tecnologias e processos como integração lavoura-pecu-ária, que é uma tendência forte, entre outras ferramen-tas. Porém, Risolia acrescenta que não é só. “Quando se fala em pecuária sustentável, fala-se da grande oportu-nidade de toda cadeia envolvida ultrapassar os desa¡ os em conjunto”.

Integração é opção sustentávelDe acordo com as estimativas da Organização das

Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), o mundo terá de aumentar em 70% sua produção agrí-cola nos próximos 40 anos para alimentar uma popula-ção de 9 bilhões de pessoas em 2050. Isso coloca o Bra-sil no centro das atenções pela capacidade de produção “Temos a legislação ambiental mais rígida do mundo,

preservação e manutenção de Áreas de Preservação Permanente e Reserva Legal em taxas não exigidas em nenhum outro país. Em termos de preservação asso-ciada à produção, de fato, somos referência mundial”, avalia Gustavo Aguiar, consultor da Scot Consultoria e membro da Associação de Pro¡ ssionais de Pecuária Sustentável (APPS).

Na opinião de Aguiar, ainda podemos ser bem mais e¡ cientes, em média, em uma comparação com outros países e até mesmo com produtores especí¡ cos dentro do Brasil. “Esse é um trabalho lento e gradual, mas que tem sido feito. Temos ótimos exemplos de proprieda-des tecni¡ cadas e com excelentes índices técnicos e econômicos aqui no Brasil, e são essas operações que saem na frente em termos de resultado”, a¡ rma. Ele ainda aponta que é preciso ampliar o investimento e intensi¡ car a utilização dos recursos disponíveis (ca-pital, infraestrutura, conhecimento) para aumentar a produção por hectare e reduzir o custo por unidade produzida. Dentre as ferramentas usadas estão as van-tagens da Integração entre Lavoura-Pecuária Floresta (iLPF). Sessenta milhões de hectares de áreas desma-tadas podem ser recuperados com esse sistema. A ideia é da Embrapa. Para os especialistas, a diversi¡ cação e a integração da produção agrícola, pecuária e ¤ orestal em uma mesma propriedade, em rotação ou em cultivo consorciado, são a fronteira do aumento da competiti-vidade no campo e uma opção sustentável. No sistema ILPF, o solo pode ser explorado durante todo o ano, o que favorece o aumento da oferta de grãos, de carne e de leite a um custo mais baixo, devido a ligação que se cria entre lavoura e pastagem. Os pesquisadores da en-tidade orientam a iniciar o trabalho fazendo o plantio do capim consorciado com alguma outra cultura.

Bruno Pedreira, pesquisador de forragicultura e pas-tagens da Embrapa Agrossilvipastoril, situada em Sinop (MT), explica que a ILPF busca a melhoria de fertilidade do solo e de produtividade e reduz a abertura de novas áreas para pecuária. “Além de permitir a diversi¡ cação das atividades econômicas e minimizar os riscos por con-dições adversas”, explica. De acordo com ele, no Estado de Mato Grosso, por exemplo, há pecuaristas extremamente pro¡ ssionais. Muitos deles usam o sistema integrado de produção, no qual mantêm 1/4 de sua propriedade com a cultura da soja. “O grão é utilizado na alimentação do gado. E ainda, se o pecuarista tem con¡ namento, ele ace-lera o término do ciclo, gera ganhos na fazenda”.

O engenheiro agrônomo, pós-graduado em pastagem e consultor sócio- fundador da Associação de Pro¡ ssio-nais pela Pecuária Sustentável Wagner Pires explica que o pecuarista precisa enxergar a sua pastagem como uma cultura. “O sistema integração foi muito bem acei-to, mas existem paradigmas a ser quebrados”, conta. Pires explica que muitos entendem que têm que usar lavoura na renovação da pecuária. O pecuarista utiliza a área degradada e planta a lavoura. Depois de dois a três anos, volta com a pastagem novamente toda revita-lizada, mas há o conceito que é trabalhar com pecuária e com agricultura em uma fazenda, o que gera bons re-sultados. “Isso cria uma sustentabilidade de negócios”.

Na opinião de Sebastião Faria Junior, gerente de ca-pacitação técnica da MSD Saúde Animal, uma das pri-

“O sistema integração ele foi muito bem

aceito, mas existem paradigmas a ser

quebrados. Existem alguns conceitos errôneos”, conta

Wagner Pires, engenheiro agrônomo,

pós-graduado em Pastagem e consultor

sócio- fundador da Associação de Profi ssionais pela

Pecuária Sustentável.

Foto

: Div

ulga

ção

“Planejamos atuar mais em parceria

com cooperativas e empresas de nutrição

e de pastagens, para chegar mais perto de

produtores pequenos e médios. Intensifi car

a capacitação e certifi cação de

pessoas e a adoção de tecnologias é um

objetivo permanente”, afi rma Sebastião Faria

Junior, gerente de capacitação técnica da

MSD Saúde Animal.

Foto

: Div

ulga

ção

Page 25: Conexão Rural Ed. 02 - Março de 2015

Março 2015 | 25

“Apesar de nossos bois só enxergarem lavoura em sua vizinhança, produzimos em um sistema exclusivamente a pasto e utilizamos a integração lavoura-pecuária e o confi namento, como ferramenta estratégica”, diz André Bartocci.

Na fazenda Nossa Senhora das Graças, situada em Caarapó (MS), há mais de 20 anos, o sistema de recria e engorda transformou-se para se adequar ao mercado e foi além da porteira.

Foto

: Mar

co A

nton

io A

nkos

qui

meiras empresas de saúde animal a entrar para o GTPS. “A legislação ambiental que limita a expansão das áreas de pastagens e o avanço da agricultura já tornaram a otimização da terra um imperativo”, diz. Na avaliação dele, nas últimas décadas, o crescimento da produção pecuária foi muito superior ao crescimento da área uti-lizada. A cadeia como um todo tem fomentado a multi-plicação das experiências de sucesso por meio do GTPS. “Planejamos atuar mais em parceria com cooperativas e empresas de nutrição e de pastagens para chegar mais perto de produtores. Intensi¡ car a capacitação e certi¡ -cação de pessoas e a adoção de tecnologias é um objeti-vo permanente”, a¡ rma.

Produzindo CertoDentro dessa realidade, o melhor mesmo é encon-

trar formas de lucrar com a mata em pé. Algo possível com a adoção de práticas de manejo e implantação de gestão, que muitas vezes vão além do ambiental, passa também pelo sociocultural, como é o caso do pecuarista André Bartocci.

Na fazenda Nossa Senhora das Graças, situada em Caarapó (MS), há mais de 20 anos, o sistema de recria e engorda transformou-se para se adequar ao mercado e foi além da porteira. “Apesar de nos-sos bois só enxergarem lavoura em sua vizinhança, produzimos em um sistema exclusivamente a pasto e utilizamos a integração lavoura-pecuária e o con-finamento, como ferramenta estratégica”, diz Bar-tocci. Ali, o gado é criado em um espaço de seis a sete animais por hectares. Entre lavoura e pecuária, a fazenda possui 2.700 hectares. São 4.500 animais para a exportação da Cota Hilton, uma parcela de ex-portação de carne bovina sem osso, de alta qualidade e valor, que a União Europeia outorga anualmente a países produtores e exportadores. “O Brasil produz uma proteína animal sustentável. Ela é baseada no produto que é o boi. Devemos pensar em sustentabi-lidade pensando no animal”, diz. Mas, para se pensar em uma pecuária sustentável como na fazenda de Bartocci, o pecuarista precisa de mão de obra quali-ficada, essencial para produzir e proporcionar o bem-estar animal, por meio do manejo racional. Além de produzir um animal criado a pasto.

Há dois anos, a fazenda recebeu o reconhecimento de um prêmio e na categoria Destaque Social/Cultu-ral, promovido pela Aliança da Terra, uma organiza-ção que tem como objetivo provar que há lugar para a sustentabilidade de resultados no agronegócio, mediante a combinação de lucratividade e respeito à natureza. “A Aliança da Terra desenvolveu uma fer-ramenta e processos que permitem aos produtores rurais medir e monitorar seu progresso de susten-tabilidade, para que eles possam ser transparentes sobre seu desempenho com toda a cadeia, até o con-sumidor final”, diz Aline Maldonado Locks, gerente-geral da Aliança da Terra.

“A Aliança da Terra desenvolveu uma ferramenta e processos que permitem aos produtores rurais medir e monitorar seu progresso de sustentabilidade, para que eles possam ser transparentes sobre seu desempenho com toda a cadeia, até o consumidor fi nal”, diz Aline Maldonado Locks, gerente-geral da Aliança da Terra

Foto

: Mur

illo

Mai

one

Foto

: Mur

illo

Mai

one

Page 26: Conexão Rural Ed. 02 - Março de 2015

26 | Março 2015

Suplementaçãopré-con� namentoTexto Murilo Marchesi Salin*

* Murilo Marchesi Salin, zootecnista pela Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA/USP), especialista em Produção de Ruminantes pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) da Universidade de São Paulo (USP) e supervisor técnico da Trouw Nutrition (Nutreco/Bellman)

ARTIGO | PECUÁRIAARTIGO

“PARA 2015, O MERCADOINDICA FIRMEZA NOSPREÇOS PAGOS PELA

@ DO BOI GORDO”

Se olharmos para o ano de 2014, o cenário si-nalizava que teríamos um ano favorável para a pecuária brasileira, principalmente a de corte. Isso se con� rmou, quando, no segundo semes-

tre, os preços da @ do boi gordo dispararam, superan-do as expectativas de qualquer pecuarista, batendo recordes de preço nunca visto antes no Brasil. Para 2015, o mercado indica � rmeza nos preços pagos pela @ do boi gordo e, consequentemente, um cenário bom para a pecuária de corte, independente da caracteriza-ção do sistema, seja cria ou recria e engorda.

Com essas valorizações, os sistemas de produção devem se tornar mais intensivos e a suplementa-ção é uma das principais ferramentas necessárias a esse processo. Os modelos de sistemas de produção caracterizados como intensivos têm se mostrado mais lucrativos.

A suplementação de animais candidatos a entra-rem no confinamento é mais conhecida como suple-mentação “pré-confinamento”, feita durante a fase de transição (águas-seca), período em que ainda se tem disponibilidade de forragem com qualidade sa-

tisfatória. Pode ser iniciada por volta de 90 a 120 dias antes da data prevista para a entrada dos ani-mais no confinamento e consiste no fornecimento de suplementos minerais protéicos-energéticos a níveis de 3 a 5 g/ kg de PV.

Essa estratégia de suplementação, quando utilizada de forma correta, traz inúmeros benefícios não só para o pecuarista, mas também aos animais. Para o pecua-rista, aumentar o peso de entrada dos animais no con� -namento signi� ca redução de diárias e, portanto, redu-ção dos custos com a terminação. Um segundo ponto é a diminuição da área destinada à produção de volumo-so, que será utilizada no con� namento.

Para os animais, do ponto de vista comporta-mental, a suplementação os ensina a comer em cochos, consumir maiores quantidades de concen-trados, além de adaptá-los a novos alimentos e/ou suplementos (aroma e aspectos físicos). Todos esses fatores contribuem para a aceleração do pro-cesso de adaptação ao confinamento. Do ponto de vista de manejo, permite a realização de manejos sanitários e específicos.

Em geral no Brasil, o ganho médio diário com su-plementação mineral convencional no período das águas é em torno de 500 g/cab/dia. A utilização de suplementos minerais protéicos energéticos, como o BellPeso SV, proporciona desempenhos adicionais da ordem de 300 g/cab/dia (800 g/cab/dia). Se a suple-mentação for de 100 dias, os animais entrariam no confinamento com até 1@ a mais no confinamento.

Um animal entrando 30 kg mais pesado significa 22 dias a menos no confinamento (GPD= 1,35kg/cab/dia). Considerando que um boi consumiria 12,5 kg de silagem de milho/dia (+ ou – 4 kg de MS), estaríamos economizando o equivalente a 275 kg por animal confinado, portanto, 275 toneladas de volumoso para um rebanho de 1.000 cabeças. Isso representa uma redução de 24,5% da área plantada e que poderia ser utilizada para a formação de pastagens.

Foto

: Div

ulga

ção

Page 27: Conexão Rural Ed. 02 - Março de 2015
Page 28: Conexão Rural Ed. 02 - Março de 2015

28 | Março 2015

Minimizando riscos em propriedades ruraisTexto Luiz Jarró *

*Luiz Jarró,formado em Gestão Ambiental pelo Centro Universitário Monte Serrat. Há dez anos, atua na Mosaic como Coordenador de EHS (Enviroment, Health and Safety)

ARTIGO | SEGURANÇAARTIGO

É estatisticamente comprovado que cerca de 80% dos acidentes de trabalho ocorrem por ações des-cuidadas do próprio trabalhador. Essa estatística também é válida quando nos referimos às pro-

priedades rurais. Atualmente, até mesmo por questões jurídicas, todos os equipamentos e ferramentas para ma-nuseio, transporte e utilização no campo vêm com rígi-das indicações de uso e cuidados, porém, ainda lidamos com acidentes corriqueiramente.

Para ajudar os produtores rurais nessa importante missão, algumas dicas são essenciais. Um dos maiores riscos nas propriedades rurais está associado à falta de proteção de partes móveis em maquinários, o que pode provocar acidentes graves. Partes móveis de máquinas e implementos agrícolas desprotegidas podem entrar em contato com várias partes do corpo, incluindo a roupa e o cabelo, o que, na maioria das vezes, causa acidentes fatais. É importante lembrar que as proteções, disposi-tivos e sistemas de segurança estão previstos na Norma Regulamentadora 31 - Segurança e saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária, Silvicultura, Exploração Florestal e Aquicultura – e na NR 12 – Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos, do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), e estes devem integrar as máquinas e implementos desde a sua fabricação, não podendo ser considerados itens opcionais.

Os conhecidos “big bags”, comumente encontrados nas propriedades rurais, quando armazenados e manu-seados de maneira incorreta, apresentam risco de queda sobre os trabalhadores – o que pode ser fatal, já que al-guns possuem capacidade de até uma tonelada e meia. Algumas medidas simples podem minimizar signi� ca-tivamente os riscos, como levantar os big bags sempre pelas quatro alças – garantindo a distribuição do peso

na movimentação. No caso de fertilizantes, ao realizar o empilhamento dos mesmos, utilize sempre a forma pi-ramidal para evitar desmoronamentos e não ultrapasse o limite de dois big bags, o que evita também a compac-tação do produto. Para realizar a abertura dos big bags descartáveis, já existem no mercado ferramentas de cor-te com lâmina oculta. Além disso, o trabalhador nunca deve realizar qualquer atividade ou permanecer em bai-xo de um big bag enquanto o mesmo estiver suspenso.

Outros cuidados gerais também são importantes para evitar acidentes numa propriedade rural. No caso da armazenagem de produtos, produtos químicos nun-ca devem ser mantidos num mesmo galpão que alimen-tos, rações ou remédios, por exemplo. Além disso, os trabalhadores devem estar sempre munidos dos devi-dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI) ao re-alizarem suas atividades, a � m de minimizar possíveis riscos. Vale lembrar que alguns insumos possuem uma Ficha de Informação de Segurança de Produto Químico (FISPQ), na qual constam alguns dados sobre armaze-namento, controle de vazamento/derramamento, me-didas de primeiros socorros, combate a incêndios e ou-tros esclarecimentos relevantes. Em caso de acidente, o atendimento médico pode não ser tão rápido quanto o esperado, e o conhecimento de prevenção e instruções pode fazer a diferença.

Dar atenção ao tema da segurança no trabalho, signi� -ca garantir o bom funcionamento dos negócios e da pro-dução, e o mais importante, a valorização de vidas huma-nas. A melhor maneira de incentivar a atenção às normas de segurança é por meio da realização de treinamentos frequentes de conscientização junto aos trabalhadores, despertando uma cultura de prevenção, na qual cada um é responsável pela segurança de todos.

Foto

: Div

ulga

ção

Page 29: Conexão Rural Ed. 02 - Março de 2015

Março 2015 | 29

Tecnologia de Aplicação: serviço ou tecnologia de produção?Texto Nelson Harger * | Fotos Divulgação

*Nelson Harger, coordenador estadual de Grãos pelo Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) e parceiro da Iniciativa 2,4-D, grupo formado pelas empresas ADAMA, Atanor, Dow AgroSciences e Nufarm para gerar informação técnica sobre o uso correto e seguro de defensivos agrícolas

A qualidade das aplicações de defensivos agrí-colas ganha mais importância a cada dia. Quando se usa herbicidas, inseticidas ou fun-gicidas, espera-se que o produto atinja o alvo,

que pode ser um fungo, um inseto ou um erva daninha. Para que isso aconteça, precisamos utilizar conheci-mento técnico e cada vez mais a tecnologia de aplicação passa a ter papel relevante no sistema de produção. É tão importante quanto adquirir uma boa semente ou ter uma máquina e  ciente nas operações agrícolas.

Os bons resultados nos controles desejados com a qualidade das aplicações podem de  nir maiores ganhos econômicos, em produção e produtividade. O pulveri-zador é o equipamento mais utilizado nas propriedades agrícolas. Uma das limitações que se observa é a falta de conhecimento sobre as técnicas de aplicação, tanto por parte da assistência técnica como do agricultor. Aplicar bem é o pulo do gato, aquele conhecimento a mais, que parece ser ainda um grande desa  o na região.

Na prática, o agricultor tem regulado sua máquina para fazer aplicações iguais para quase todas as situ-ações. Ajusta a máquina na mesma pressão, taxa de

aplicação e bicos em situações que exigem tecnologias diferenciadas. Tem sido observado que também exis-tem problemas nas máquinas, tais como vazamentos, braçadeiras e barras tortas, bicos desgastados e a falta de manômetros para o ajuste da pressão. Trabalhar com pressões altas e falta de um bom sistema de   ltragem, chegando resíduos na ponta dos bicos, são problemas comuns observados.

Bicos antigos, desgastados e sem tecnologias anti-deriva e associados à pressão alta acabam promovendo a perda de parte das aplicações pela ação dos ventos. Chamamos isso de DERIVA.

Podemos interferir para termos maior sucesso nas aplicações. Máquinas em boas condições é o primeiro ponto. Devemos trabalhar com água limpa e um sistema de   ltragem e  ciente, além de ajustar a pressão e o vo-lume de aplicação de acordo com a necessidade de cada aplicação. Como exemplo, no uso de inseticidas e fungi-cidas o volume da água pode ser um pouco maior e no caso dos herbicidas sistêmicos um pouco menor. Evite o uso de bicos padronizados para todas as situações. Exis-tem bicos no mercado com ótimos resultados no controle da deriva e que devem ser utilizados quando necessário.

Precisamos pensar numa visão mais ampla, não apenas distribuir os produtos nas lavouras, mas aplicá-los com qua-lidade para que tenham e  ciência, bons resultados e menor dano possível ao ambiente e riscos ao produtor.

Os serviços de assistência técnica devem estar real-mente preocupados em levar a informação com quali-dade para o agricultor, que é muito receptivo. Produtor nenhum quer aplicar mal e com isso ter a necessidade de reaplicar com maiores custos no controle e mão de obra. É preciso haver um esforço conjunto na busca pela qualidade das aplicações desde a indústria até o agricultor, passando pela assistência técnica e reven-da de máquinas.

“OS SERVIÇOS DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA DEVEM ESTAR

REALMENTE PREOCUPADOS EM LEVAR A INFORMAÇÃO COM

QUALIDADE PARA O AGRICULTOR, QUE É MUITO RECEPTIVO”

ARTIGO | AGRICULTURA ARTIGO

Page 30: Conexão Rural Ed. 02 - Março de 2015

30 | Março 2015

e a água de coco é na caixinha

AGRONEGÓCIOAGRONEGÓCIO

Texto: Fátima Costa, de Conde (BA) | Fotos: Alf Ribeiro

O Grupo Aurantiaca, empresa 100% brasileira, promete inovar o mercado de bebidas saudáveis. Sua missão: aproveitar todo o potencial da fruta, ser reconhecido nas gôndolas dos supermercados e conquistar uma legião de fãs (consumidores).

Em quatro propriedades situadas no município de Conde, cerca de 200 quilômetros de Salva-dor (BA), a célebre frase atribuída à profecia de Antônio Conselheiro, que o sertão vai virar

mar e o mar vai virar sertão, quase se faz jus, se não fosse uma exceção: o sertão por lá, se transformou em mar de coqueirais a perder de vista. O responsável pela mudança no cenário da região foi o Grupo Aurantiaca. Composto por uma divisão agrícola e outra industrial, batizada de Frysk – localizada na entrada da cidade de Conde – a companhia chegou em meados de 2011, com um projeto bastante ousado: investir fortemente na fabricação de produtos a partir do coco, aproveitando 100% de sua matéria.

A empresa, 100% brasileira e com investidores es-trangeiros, decidiu ampliar a produção de cocos no li-toral norte da Bahia (Estado, líder do ranking nacional – com produção anual superior a 500 milhões de frutos – em uma área que se espalha por 80 mil hectares, em cinco municípios). “Optamos por nos instalar próximos, para garantir o abastecimento, contribuir com o fomento da atividade e, consequentemente, ajudar a melhorar as condições em que vivem a maioria dos agricultores”, ex-plica Roberto Lessa, vice-presidente da Aurantiaca.

Em 2013, o grupo inaugurou sua primeira fábrica e deu a largada para a produção de biomantas e biorro-los, que levam a marca Fibraztech, produto da indústria Frysk. Os produtos, ainda pouco conhecidos no Brasil, são utilizados em larga escala na Europa e têm como matéria-prima a � bra do coco seco. “Sua utilização é para a recomposição de áreas degradadas e de encos-tas. Esses são utilizados, principalmente, por empresas de mineração e construção civil”, diz Douglas Cotrim, diretor de marketing da Aurantiaca. Entre os primeiros clientes do grupo estão nomes de peso, como o EcoRo-dovias (Ecovias) e mineradoras.

Com uma tecnologia inédita no mundo,

que preserva 100% da qualidade e características

do fruto, a produção é realizada por um

equipamento (guardado a sete chaves) para que a água de coco saia do fruto e chegue até a caixinha sem contato com o ar, luz e sem a manipulação humana

e a água de coco So

rria

: Voc

ê está na Bahia

Page 31: Conexão Rural Ed. 02 - Março de 2015
Page 32: Conexão Rural Ed. 02 - Março de 2015

32 | Março 2015

AGRONEGÓCIO

Com o condomínio industrial pronto, a expectativa da Aurantiaca é chegar em 2022 com um faturamento de cerca de R$ 500 milhões. “E com produtos que cada vez mais encantem. Nós não estamos atrás de consu-midores, mas atrás de fãs”, a� rma Lessa. Não foi à toa que a empresa implantou tecnologias inovadoras, com equipamentos de última geração e adotou uma gestão diferenciada. Em números, ao todo, foram aplicados mais de R$ 450 milhões na área, entre fazendas e fábri-ca, o que permitiu ao grupo investir pesado em um mo-delo de extração e envasamento de sua água de coco, que chegou ao mercado, em novembro do ano passado, com o nome da marca Obrigado.

A intenção da Aurantiaca é ultrapassar as concorren-tes como PepsiCo, (dona das marcas Kero Coco e Trop Coco) e a Sococo. A companhia tem como desa� o am-pliar sua presença nas gôndolas brasileiras e também aparecer nas prateleiras estrangeiras. Até 2016, serão incluídas ações de marketing, um centro de distribui-ção em São Paulo e novos produtos como leite de coco, farinha e óleo, entre outros. “Faremos a diferença. Ofe-

receremos aos clientes um produto de alto padrão”, a� rma Cotrim. Lessa explica que a proposta foi sair do processo normal, ou seja, quando o líquido extraído cai diretamente em um cocho. “O que ocorre é a própria contaminação do produto. Com isso, é necessário a uti-lização de conservantes e adicionais, tais como a saca-rose. Resultando, em uma água de baixa qualidade e sem o ‘100% natural’”.

Com uma tecnologia inédita no mundo, que preserva 100% da qualidade e características do fruto, a produ-ção é realizada por um equipamento (guardado a sete chaves) para que a água de coco saia do fruto e chegue até a caixinha sem contato com o ar, luz e sem a mani-pulação humana. Resultado: “Isso faz com que não seja necessário usar conservantes para aumentar a durabi-lidade e o sabor do produto”, diz.

O produto chegou às gôndolas dos grandes super-mercados como Grupo Pão de Açúcar, St. Marche, D’avó Supermercados, Carrefour e Walmart, entre ou-tros, como água de coco 100% natural, integral, sem conservantes e sem adição de açúcar. Recentemente, a novidade que a Aurantiaca trouxe foram as águas de coco com frutas, capim-santo e gengibre e chá-verde. “E mais surpresas vêm por aí”, a� rma Cotrim. Além das embalagens cartonadas Tetra Pak, a água de coco tam-bém será comercializada em embalagens pet.

Em uma área, a plantação de cocos da Aurantiaca Agrícola ocupa 2.226 hectares de plantio. Por outro lado, são 3,9 mil hectares de áreas preservadas. Atu-almente são cultivados 230 mil coqueiros e até o � nal deste ano a meta é de 450 mil. Cerca de 200 mil frutos são processados por dia e são produzidos seis milhões de litros de água de coco por mês. Boa parte da matéria-prima vem dos produtores da região, num sistema de integração. Segundo Lessa, somente no município de Conde há 15 mil hectares plantados. E com a chegada da empresa, criaram-se oportunidades para a agricultu-ra familiar. “A atividade do coco era para ser a principal, mas os preços oscilantes foram os principais obstáculos para a cultura não progredir”.

“Optamos por nos instalar próximos,

para garantir o abastecimento,

contribuir com o fomento da atividade

e, consequentemente, ajudar a melhorar

as condições em que vivem a maioria

dos agricultores”, explica Roberto Lessa,

vice-presidente da Aurantiaca

Fazenda São Bento da Barra

Page 33: Conexão Rural Ed. 02 - Março de 2015

Março 2015 | 33

Em 2013, o grupo inaugurou sua primeira fábrica e deu a largada para a produção de biomantas e biorrolos, que levam a marca Fibraztech, produto da indústria Frysk. Os produtos, ainda pouco conhecidos no Brasil, são utilizados em larga escala na Europa e têm como matéria-prima a fi bra do coco seco

“E o trabalho do Instituto não termina na escola, estendendo-se para as famílias dos alunos, com o apoio de assistentes sociais da prefeitura”, explica a secretaria executiva do Instituto Gente, Mónica Morais

Cada arista é responsável por sua área, Fabiano Nascimento é um deles. Há um ano e seis meses ele atua na Fazenda São Bento da Barra, propriedade em que o cultivo está mais avançado

coco. Além disso, a variedade também favorece que os cocos sejam apanhados, uma vez que trabalhadores � -cam com os pés � rmes no chão. A Aurantiaca possui também um programa de rastreabilidade inédito em suas fazendas. “Ao ‘nascer’, o coqueiro recebe um có-digo de barra, uma espécie de RG [Registro Geral]. O arista [responsável pelo cultivo, manejo e produção de uma área] registra todas as informações referentes a cada coqueiro de sua gleba por meio de um “palm top”, equipado com leitor óptico. Dessa forma tem-se o con-trole completo da fazenda, planta por planta”, explica Vagner de Oliveira Barbosa, também técnico agrícola da Aurantiaca. As áreas plantadas são divididas em unida-des de resultados de até 25 hectares, chamados de gleba (com 4.100 plantas). Cada arista se torna responsável pela área. Fabiano Nascimento é um deles. Há um ano e seis meses ele atua na Fazenda São Bento da Barra, propriedade em que o cultivo está mais avançado. “Ago-ra, tenho carteira assinada, salário � xo. Antigamente, aqui se costumava trabalhar na informalidade, seja na produção de coco ou no cultivo do eucalipto”, a� rma.

O grupo também transformou a realidade da comuni-dade rural de Pedra Grande, entre os municípios de Con-de e Esplanada. Antes mesmo da inauguração da unida-de fabril, a empresa criou uma ONG chamada Instituto Gente, para atuar junto às famílias de trabalhadores ru-rais e com um forte viés na educação. O primeiro projeto realizado (por meio de parcerias públicas) foi manuten-ção da escola Castro Alves, localizada na Fazenda Bu, de propriedade da Aurantiaca. A antiga instalação – que era um pequeno alojamento feito de pau a pique, também co-nhecido como taipa de mão – deu lugar a uma nova sede, composta de cinco salas de aula, sala de informática e de leitura, área de lazer, cozinha e refeitório. “E o trabalho do Instituto não termina na escola, estendendo-se para as famílias dos alunos, com o apoio de assistentes sociais da prefeitura”, explica a secretaria executiva do Instituto Gente, Mónica Morais. Atualmente, 100 crianças da co-munidade são atendidas. “Queremos que essas crianças sonhem. A proposta é fazer com que elas queiram ir mais além de ‘roçar’ terra. Uma realidade difícil, se pensarmos que estamos bem próximos a uma das principais capitais do País”, conta.

Além da águaOs investimentos na produção de água de coco re-

etem o bom desempenho das vendas desse segmento dentro e fora do Brasil. De acordo com o Sindicato Na-cional dos Produtores de Coco com um apelo saudável, o consumo de água de coco tem crescido no Brasil entre 10% e 20% ao ano. Dados da entidade revelam que o País produz anualmente 1 bilhão de cocos verdes (de onde é extraída a água). Do coco, a indústria queria ape-nas a polpa da fruta, para a fabricação de doces, biscoi-tos e sorvetes. Quem quisesse beber água de coco tinha de recorrer aos ambulantes espalhados pelas praias, ruas e parques das cidades. “Hoje, o coco in natura é o nosso principal concorrente”, brinca Lessa.

Segundo Clóvis Alves, técnico agrícola do grupo, nas fazendas as variedades híbridas (obtidas do cruza-mento entre as variedades gigante e anão) e o coqueiro anão, possuem melhor aptidão para produzir água de

Page 34: Conexão Rural Ed. 02 - Março de 2015

O DNA do Agronegócio

22ª Fe i ra In te rnac iona l de Tecno log ia Agr íco la em Ação

De 27 de Abril a 01º de Maio Das 8h às 18h - Ribeirão Preto - São Paulo

www.agrishow.com.br /agrishow

22ª Fe i ra In te rnac iona l de Tecno log ia Agr íco la em Ação

De Das 8h às 18h -

www.agrishow.com.br

Page 35: Conexão Rural Ed. 02 - Março de 2015

O DNA do Agronegócio

22ª Fe i ra In te rnac iona l de Tecno log ia Agr íco la em Ação

De 27 de Abril a 01º de Maio Das 8h às 18h - Ribeirão Preto - São Paulo

www.agrishow.com.br /agrishow

Page 36: Conexão Rural Ed. 02 - Março de 2015

Deixe as doenças e as preocupações do lado de fora: proteja sua lavoura com Fox.

Fox - De primeira, sem dúvida.

Acione o QR Codedo seu smartphoneou tablet e façao download do App.

www.deprimeirasemduvida.com.br 0800 011 5560

Com mais de 70 milhões de hectares, Fox não dá chance para as principais doenças entrarem na lavoura, como a ferrugem, a antracnose, o oídio e a mancha-alvo. É por essas e outras que somos o fungicida que mais cresce em uso no Brasil: é a proteção que barra as doençase libera seu potencial produtivo. Con�ra ao vivono projeto www.deprimeirasemduvida.com.br

AF_An_Fox_230x310cm.indd 1 2/23/15 7:24 PM