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DEZEMBRO DE 2008 - Nº20 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA. REVISTA E MAIS... QUAL O ESPAÇO DA CULTURA NEGRA HOJE? FEIRA PRETA: SÃO PAULO VOLTA A SER PALCO DE UMA DAS MAIS TRADICIONAIS FESTAS DA CULTURA NEGRA BRASILEIRA “ENFIM”: Artigo de ANA CAROLINA DREYFUS CONEXÕES URBANAS ÚLTIMO SHOW DE 2008 NO COMPLEXO DO ALEMÃO UNAS UNIÃO DE NÚCLEOS E ASSOCIAÇÕES DE HELIÓPOLIS E SÃO JOÃO CLÍMACO HOSPEDARIA JUVENIL HUMANIZAÇÃO DO TRATAMENTO DE ADOLESCENTESNO HEMORIO PRESENTES DE NATAL NA COLUNA CONECTANDO ESTILOS

Conexoes Dezembro (teste)

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Page 1: Conexoes Dezembro (teste)

DEZEMBRO DE 2008 - Nº20 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA.

REVISTA

E MAIS...

QUAL O ESPAÇO DA CULTURA NEGRA HOJE?FEIRA PRETA: SÃO PAULO VOLTA A SER PALCO DE UMA DAS MAIS TRADICIONAIS FESTAS DA CULTURA NEGRA BRASILEIRA

“ENFIM”: Artigo de ANA CAROLINA DREYFUS

CONEXÕES URBANAS ÚLTIMO SHOW DE 2008

NO COMPLEXO DO ALEMÃO

UNAS UNIÃO DE NÚCLEOS E ASSOCIAÇÕES DE HELIÓPOLIS E SÃO

JOÃO CLÍMACO

HOSPEDARIA JUVENIL HUMANIZAÇÃO DO TRATAMENTO DE

ADOLESCENTESNO HEMORIO

PRESENTES DE NATAL

NA COLUNA

CONECTANDO

ESTILOS

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EDITORIAL.2

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.2016.

FEIRA PRETACONEXÕES URBANAS NO COMPLEXO DO ALEMÃO

HOSPEDARIA JUVENIL

INSTITUTO ENDEAVOR

CONEXÕES URBANAS NO MULTISHOW

VALE DO RIO DOCE VISITA NÚCLEOS DO AFROREGGAE

UNAS

CONECTANDO ESTILOS

VISITA À PENITENCIÁRIA DE CARUARU

ENFIMPOR AÍ

Mais um ano chega ao fim. É hora de olhar para trás e fazer uma análise crítica do que foi realizado ao longo dos últimos doze meses. Dar prosseguimento aos projetos de sucesso e ter coragem e atitude para mudar o que não vai bem. Antes que 2008 termine, o Grupo Cultural AfroReggae encerra as comemorações de seus 15 anos com chave de ouro e realiza a última edição do ano do Conexões Urbanas, circuito de shows gratuitos em favelas do Rio de janeiro. No dia 20 de dezembro, em parceria com a Tim, a instituição leva para o Campo do Canitá, no Complexo do Alemão, os Natiruts, Banda AfroReggae e uma verdadeira seleção de MCs da Furacão 2000, como Os Hawaianos, Leandro e as Abusadas, Rael, Copinho, Menor do Chapa, Márcio G, David Bolado e Juliana e as Fogosas. Ainda em ritmo de fim de ano, a coluna Conectando Estilos entra no clima natalino e apresenta sugestões de presentes ecologicamente corretos produzidos de maneira sustentável, obtidos através de parcerias entre estilistas e cooperativas ou cuja renda é revertida para ONGs e projetos do Terceiro Setor. É comprar e ajudar! Em dezembro, a cidade de São Paulo volta a ser palco de uma das mais tradicionais festas da cultura negra brasileira. No Palácio das Convenções do Anhembi, a 7ª edição da Feira Cultural Preta reúne música, dança, moda, culinária, literatura e cinema. O tema deste ano é “Qual o espaço da cultura negra hoje?”, com especial participação feminina na programação, em homenagem à mulher negra. Teatro, rodas de dança interativa e de samba e oficinas de reciclagem, de máscaras africanas, tambores e de hip hop são algumas das atrações. Também em São Paulo, há quase 20 anos, a Unas - União de Núcleos e Associações de Heliópolis e São João Clímaco - desenvolve projetos para a melhoria da qualidade de vida dos 125 mil moradores dessa região, na zona sul da capital. No total, 3,5 mil pessoas são atendidas diretamente em 36 projetos, entre eles, uma rádio comunitária, uma biblioteca, uma escola de moda, um curso de produção audiovisual, creches e Centros para a Criança e o Adolescente. No Rio, a Hospedaria Juvenil foi inaugurada, no Hemorio, com a proposta de contribuir para o aperfeiçoamento e a ampliação das práticas de humanização da assistência ao câncer infanto-juvenil. O projeto foi concebido pelo Instituto Desiderata, através do programa Ampliando o Acolher, em parceria com a Posto 9 Produções e a escola Instituto Gaylussac. O espaço ganhou vida e forma pelas mãos do cenógrafo e multimídia Gringo Cardia, antigo colaborador de causas sociais. Saudações AfroReggaeanas, Dani Rotti

PATROCINADORES INSTITUCIONAIS DO AFROREGGAE

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SUMÁRIO

A ÚLTIMA EDIÇÃO DO ANO

Este ano, a fase de inscrição para os alunos que irão cursar o 6º ano do ensino fundamental ou a 1ª série do ensino médio, em 2009, vai do dia 15/10/2008 ao dia 21/12/2008. Os estudantes poderão escolher até 5 opções de escola de acordo com a sua ordem de preferência. Não perca este prazo e façaa sua inscrição agora mesmo. Matrícula fácil.Uma maneira rápida e transparente de garantir a sua vaga.

matriculafacil.rj.gov.brMATRÍCULA FÁCIL.

COM UM DEDO, VOCÊ FAZ.

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Buscando aprofundar a reflexão e discussão sobre o empreendedorismo da comunidade e a juventude negra, pela primeira vez a Feira Preta traz uma série de palestras sobre o tema. A idéia é dar subsídios no que diz respeito a técnicas de produção, venda e administração e ao aprimoramento do trabalho de empreendedores negros ou que trabalham com produtos voltados para esse segmento étnico, além de criar uma ponte com grandes empresários. Joyce Venâncio é proprietária da Preta Pretinha, loja de bonecas étnicas há oito anos no mercado paulistano e participante da Feira Preta desde sua primeira edição. Para ela, o espaço tem ajudado a fixar a marca e o produto dos expositores.

Adriana conta que o número de expositores dobrou desde o primeiro ano e que a Feira, além de reunir pessoas de diversas regiões do Brasil, já é replicada em outras cidades, como Campinas e Itu, no interior de São Paulo. - São sete anos de luta, resistência e a vontade de empreender cada vez mais. Começamos em uma praça pública, fomos tirados de lá e hoje estamos no Anhembi, um dos principais centros de exposições da América Latina. Ainda há muito a ser feito, mas olho para traz e vejo que já construímos uma história, com base, tijolo por tijolo – relembra orgulhosa.

Texto: Monica Herculano, de São Paulo Fotos: Moisés Moraes

FEIRA PRETA: INTERATIVIDADE,

EMPREENDEDORISMO E CULTURA

- A estrutura da família afro-brasileira é matriarcal. São elas que sustentam a maioria dos oito milhões de afro-descendentes que estão na classe média. Acreditamos que a identidade da mulher negra passa por um processo de redefinição, rompendo barreiras que a limitam a determinados espaços e se redescobrindo como cidadã, contra todos os paradigmas pré-estabelecidos - afirma Adriana Barbosa, idealizadora da Feira Preta, que acontece nos dias 13 e 14 de dezembro no Palácio das Convenções do Anhembi.

Teatro, rodas de dança interativa e de samba e oficinas de reciclagem, de máscaras africanas,

tambores e de hip hop são algumas das atrações dessa edição. Há ainda exposições, sarau literário, mostra de filmes, aula de samba-rock e discotecagem com os DJs Hum e Puff. No palco principal, shows da banda colombiana Chocquibtown, do cantor Walmir Borges e de Dona Ivone Lara.

Interatividade é uma das palavras-chave nesse ano. Na Passarela do Povo, os visitantes é que ditam as tendências da moda, desfilando com roupas e estilos de penteado próprios. No Palco Alternativo, o espaço é livre para experiências sonoras e artistas independentes. E no Púlpito da Preta, o microfone fica aberto para expressão de idéias do público.

Freqüentador assíduo do evento, o músico e DJ Fernando Orpheu acompanhou o desenvolvimento da Feira Preta e entende que essa é uma iniciativa que não só valoriza a história e a cultura negra, como traz a público alguns aspectos pouco explorados pela mídia, como as artes plásticas, os costumes, ritos religiosos e a moda.

- PERCEBO QUE O PÚBLICO SE SENTE VALORIZADO

A CADA EVENTO E VÊ A OPORTUNIDADE PARA

APOSTAR NO SEU PRÓPRIO NEGÓCIO - DIZ,

ENTUSIASMADA.

- HOJE, A FEIRA JÁ FAZ PARTE DA AGENDA OBRIGATÓRIA DE TODA A COMUNIDADE NEGRA, MAS AINDA ACHO QUE MERECE ATINGIR UMA VISIBILIDADE MAIS AMPLA - COMENTA.

MAIS INFORMAÇÕES: www.feirapreta.com.br

EM DEZEMBRO, A CIDADE DE SÃO PAULO VOLTA A SER PALCO DE UMA DAS MAIS TRADICIONAIS FESTAS DA CULTURA NEGRA BRASILEIRA. NO PALÁCIO DAS CONVENÇÕES DO ANHEMBI, A 7ª EDIÇÃO DA FEIRA CULTURAL PRETA REÚNE MÚSICA, DANÇA, MODA, CULINÁRIA, LITERATURA E CINEMA. O TEMA DESTE ANO É “QUAL O ESPAÇO DA CULTURA NEGRA HOJE?”, COM ESPECIAL PARTICIPAÇÃO FEMININA NA PROGRAMAÇÃO, EM HOMENAGEM À MULHER NEGRA.

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ANUNCIO SHOW

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Com patrocínio da Tim, o Grupo Cultural AfroReggae realiza a 52ª edição do Conexões Urbanas, dia 20 de dezembro, no Campo do Sargento, no Complexo do Alemão. Com shows de Natiruts, Banda AfroReggae e uma seleção de MC’s da Furacão 2000, como Os Hawaianos, Leandro e as Abusadas, Rael, Copinho, Menor do Chapa, Márcio G, David Bolado e Juliana e as Fogosas, o evento gratuito encerra a série de comemorações dos 15 anos da instituição. As apresentações acontecem a partir das 20h.

A Furacão 2000 abre a noite com alguns dos mais badalados artistas do funk carioca. Em seguida, a Banda AfroReggae sobe ao palco e recebe como convidado especial o sambista Leandro Sapucahy. O embalo continua com Natiruts, que levará para o maior complexo de favelas do Rio de Janeiro toda a estrutura de seu último show, que deu origem ao

recém lançado DVD “Reggae Power”. No repertório, hits como “Natiruts Reggae Power”, “Naticongo”, “Quero ser feliz também”, “Leve com você”, “Eu e ela”, além das antigas “Presente de um beija-flor” e “Liberdade pra dentro da cabeça”.

Criado há sete anos, o Conexões Urbanas é um projeto do AfroReggae que tem como proposta eliminar barreiras invisíveis construídas pelo preconceito e pela intolerância. Em maio, o evento reuniu mais de 20 mil pessoas na Vila Vintém, em Padre Miguel, na Zona Norte do Rio, no show da Xuxa. Atualmente, Conexões Urbanas é uma marca que dá nome a cinco programas de rádio e a um programa de televisão, exibido às segundas-feiras, no canal Multishow.

NATIRUTS, BANDA AFROREGGAE E FURACÃO 2000 SE APRESENTAM NA ÚLTIMA EDIÇÃO DE 2008

- DESENVOLVI O PROJETO PENSANDO

COMO ADOLESCENTE: O QUE EU

GOSTARIA DE TER NO MEU QUARTO

SE TIVESSE QUE PASSAR NELE UM

PERÍODO RELATIVAMENTE LONGO

PARA TRATAMENTO? CRIEI UM LUGAR

AGRADÁVEL, COLORIDO, ALEGRE E

ANTENADO COM O MUNDO INTEIRO -

EXPLICA GRINGO, QUE RECEBEU A

COLABORAÇÃO DE ARTISTAS AMIGOS

PARA A REALIZAÇÃO DA EMPREITADA.

Criada para acolher adolescentes, de 12 a 17 anos e seis meses, internados no Instituto Estadual de Hematologia Arthur Siqueira Cavalcante (Hemorio), a Hospedaria Juvenil tem como proposta contribuir para o aperfeiçoamento e a ampliação das práticas de humanização da assistência ao câncer infanto-juvenil no Rio de Janeiro. Inaugurado no dia 19 de novembro, o projeto foi concebido pelo Instituto Desiderata, através do programa Ampliando o Acolher, em parceria com a Posto 9 Produções e a escola Instituto Gaylussac. O espaço ganhou vida e forma pelas mãos do cenógrafo e multimídia Gringo Cardia. A enfermaria foi reformada e decorada de forma a legitimar a identidade jovem do local e oferecer ao adolescente incentivo e oportunidade para exercer sua criatividade e a interação com o grupo. - Tais características têm grande influência na vida e na evolução do tratamento médico do jovem. Com isso, o Hemorio espera atenuar a dor e o sofrimento do paciente, bem como incentivar a sua adesão ao processo – explica Clarisse Lobo, diretora do hospital. A iniciativa foi concretizada pelo Instituto Desiderata, ONG que trabalha com campanhas de humanização do tratamento ao câncer, o Instituto Gay-Lussac, que realiza ações voltadas à cidadania, e Gringo Cardia, responsável pela execução do plano de ambientação, com longa experiência no quesito causas sociais. O designer Eduardo Portilho, brasileiro radicado na Holanda, contribuiu com a pintura de painéis, enquanto o artista carioca de street art Rafo criou personagens espalhado pelas paredes e mobiliário. O Hemorio é o hemocentro coordenador do estado, responsável pela distribuição de sangue e derivados para cerca de 180 unidades de saúde conveniadas ao SUS. É um centro de referência para o tratamento de doenças hematológicas, com mais de dez mil pacientes em tratamento regular. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, o câncer infanto-juvenil é a quinta causa de óbito entre crianças de 1 a 4 anos e a segunda entre pessoas de 5 e 19 anos no Rio de Janeiro. São cerca de mil novos casos por ano no Estado do Rio.

HOSPEDARIA JUVENILNOVO ESPAÇO PARA A HUMANIZAÇÃO DO

TRATAMENTO DE ADOLESCENTES COM CÂNCERCONEXÕES URBANAS NO COMPLEXO DO ALEMÃOFotos: Divulgação

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52ª Conexões Urbanas – Complexo do Alemão | Natiruts, Banda AfroReggae e Furacão 2000 | Rua Canitá – Campo do Sargento - Complexo do Alemão | 20 de dezembro | Sábado | A partir das 21h | Entrada Gratuita

Ala dos meninos

O cenógrafo Gringo Cardia ladeado por Clarisse Lobo,

Diretora do Hemorio, Beatriz Azeredo, Diretora do Instituto

Desiderata, A. Coser e Glória

Ala das meninas

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No dia 28 de novembro, os núcleos de cultura do AfroReggae em Vigário Geral e Parada de Lucas

receberam a visita da gerente de Responsabilidade Social da Vale, Olinta Cardoso. Este ano, a executiva

foi homenageada no Prêmio Orilaxé como uma das pessoas que contribuíram para o crescimento da

instituição ao longo de seus 15 anos de trajetória. A mineradora é um dos quatro patrocinadores

institucionais do AfroReggae.

Foi uma visita de rotina, para acompanhar o andamento dos projetos. Em Vigário, além de ver de

perto as instalações do Centro Cultural Waly Salomão, que deverá ser inaugurado no início de 2009, Olinta

assistiu a apresentações de oito grupos artísticos formados por jovens da favela de Vigário Geral: Afro

Lata, Trupe de Teatro, Kitôto, Akoni, Afro Mangue, Makala, Afro Samba e Tribo Negra.

No total, 91 jovens estiveram envolvidos nas

apresentações. Em Lucas, conheceu o estúdio da radioweb digiital do AfroReggae.

- SAÍ DE LÁ COM A CERTEZA DE QUE É

POSSÍVEL TRANSFORMAR REALIDADES

POR MEIO DE PESSOAS QUE NOS

CONTAGIAM PELA FORÇA DE SEUS

VALORES. FOI NESSE MUNDO DE PELEJAS

QUE VI A COERÊNCIA, A INTEGRIDADE E

A CORAGEM. ACOMPANHAR DE PERTO O

TRABALHO DO AFROREGGAE EM VIGÁRIO

GERAL E PARADA DE LUCAS AMPLIOU

EM MIM O SENTIDO DA MINHA PRÓPRIA

HUMANIDADE – DECLARA OLINTA

DIRETORA DE RESPONSABILIDADE SOCIAL DA VALE VISITA DOIS NÚCLEOS DO AFROREGGAE

CONEXÕES URBANAS MULTISHOW

Fotos: Mariana Rangel/Divulgação AfroReggae

Mais do que um programa de TV, o Conexões Urbanas é o braço televisivo de um movimento social. É o coroamento de uma trajetória que finalmente chega à tela de televisão. Ao completar 15 anos, o Grupo Cultural AfroReggae invade o terreno do áudio-visual, aplicando o mesmo conceito e objetivo que historicamente regem a sua ação: acabar com o apartheid social. Com direção de Rafael Dragaud, produção de Jose Junior e Casé Filmes, e direção de fotografia de Maritza Caneca, o Conexões Urbanas vai ao ar toda segunda-feira, às 21he45min, no canal Multishow. Acompanhe quais serão os temas das próximas semanas:

15 DEZ 22 DEZ 5 JAN 12 JAN29 DEZFrancisco José Pereira. O nome é comum, mas o homem é singular. Mais conhecido como Preto Zezé, este cearense de 32 anos, ex-lavador de carros, mudou o panorama da periferia de Fortaleza com ações socioculturais. Tomou um prédio abandonado, montou a sede do seu projeto e, como uma espécie de flautista de Hamelin do Hip Hop, arrastou uma multidão de gente marginalizada para uma vida melhor. O programa acompanha Preto Zezé numa madrugada mapeando o consumo de crack na capital cearense. Junior entrevista viciados consumindo a droga e aproveita para ampliar a discussão sobre o tema levantando questões como legalização em conversas com MV Bill e Fernando Gabeira.

A questão da saúde vai muito além dos limites da medicina. O Conexões mostra iniciativas como a da médica carioca Vera Cordeiro, que cansou de tratar crianças para depois vê-las morrer por falta de condições básicas de vida. Vera arregaçou as mangas e fundou a ONG Saúde Criança Renascer, que reforma casas, coloca os pais no mercado de trabalho e capacita as famílias para uma vida digna, aumentando as chances de sobrevivência dos pequenos pacientes. O programa mostra também o trabalho de Wellington Nogueira com os Doutores da Alegria, atores e palhaços que se apresentam em hospitais para alegrar crianças doentes, ajudando na sua recuperação.

O Conexões embarca na virada do ano para uma oportuna viagem à Índia. O programa mostra a realidade de um país profundamente espiritualizado e terrivelmente castigado pela miséria e formas de violência impensáveis até para nós brasileiros, tão calejados neste assunto. Numa cultura onde é comum uma mãe aleijar um filho para que ele seja um bom pedinte nas ruas, Junior vai em busca de histórias de vida e experiências sociais que deram certo, como o Tara Projects, uma organização que garante condições justas de comércio para artesãos indianos e luta para preencher o vácuo social em que vivem estas pessoas.

Nos arredores da maior cidade do Brasil, um lugar esquecido pela sociedade. No mapa consta como uma reserva ambiental, mas ao vivo é um antro de pobreza. Foi lá que aterrissou um gringo vindo dos fiordes noruegueses, um empreendedor que se emocionou com uma sessão de “Pixote” e embarcou disposto a resgatar as vidas perdidas de Diadema. Com o filme na cabeça e um projeto social na mão, Gregory Smith montou a Rede Cultural Beija-Flor, organização que juntou lideranças e talentos das próprias comunidades para criar novas perspectivas no meio da miséria.

Nos arredores da maior cidade do Brasil, um lugar esquecido pela sociedade. No mapa consta como uma reserva ambiental, mas ao vivo é um antro de pobreza. Foi lá que aterrissou um gringo vindo dos fiordes noruegueses, um empreendedor que se emocionou com uma sessão de “Pixote” e embarcou disposto a resgatar as vidas perdidas de Diadema. Com o filme na cabeça e um projeto social na mão, Gregory Smith montou a Rede Cultural Beija-Flor, organização que juntou lideranças e talentos das próprias comunidades para criar novas perspectivas no meio da miséria.

LOMBRA & CONSCIÊNCIA SAÚDE ÍNDIA ESPAÇO BEIJA-FLOR OLEO RECICLADO

Fotos: Divulgação / AfroReggae

Promover o desenvolvimento sustentável do Brasil por meio do apoio a pessoas com capacidade de inovação e do incentivo à cultura empreendedora. Esta é a missão do Instituto Endeavor, organização sem fins lucrativos que atua como facilitador de acesso ao capital, à informação especializada, a mecanismos de suporte e a uma considerável rede de contatos. Esse conjunto de ações integradas estimula o crescimento das empresas e amplia a sua área de atuação. A Endeavor acredita no potencial destes líderes como exemplos que terão efeito multiplicador na sociedade ao inspirar e educar futuras gerações de empreendedores. Atualmente, 74 executivos de 41 empresas de diversos setores recebem o apoio da organização. Em 2006, elas geraram R$ 1,6 bilhão em receita e criaram mais de 15 mil novos empregos.

A Endeavor absorve e replica as experiências adquiridas com o trabalho personalizado para o público em geral. Seu portal na internet oferece conteúdo gratuito para empresários, profissionais e estudantes que buscam o aprimoramento de suas competências. São mais de 300 vídeos e 11.500 artigos sobre temas como gente, finanças, vendas, estratégia e histórias de empreendedores.

No dia 18 de novembro, a Endeavor realizou o CEO Summit, evento anual voltado para o seu corpo de voluntários executivos, composto por fundadores e diretores das maiores empresas do país. Cerca de 480 deles assistiram e participaram, com perguntas, de debates sobre temas relacionados aos desafios e oportunidades que o país apresenta para empreendedores e líderes empresariais. O encontro, realizado no Hotel Unique, em São Paulo, também discutiu práticas adequadas para organizações inovadoras. Os debates serão utilizados como conteúdo educativo para empreendedores e estão disponíveis no Portal Endeavor.

Um dos painéis teve como tema “Oportunidades de um Brasil que você ainda não conhece”. Paulo Veras foi o mediador do encontro que reuniu José Junior, fundador e coordenador-executivo do AfroReggae, e o empresário Paulo Ferraz. Entre os assuntos, os nichos de mercado existentes nas periferias das grandes cidades, ainda pouco explorados. - Falando do Rio de janeiro, a Zona Sul se resume a uma pequena região para onde estão voltadas todas as atenções. As empresas precisam aprender a enxergar os consumidores das classes C e D, comumente esquecidos – alertou Ferraz, ao apresentar dados do censo realizado recentemente em Vigário Geral e Parada de Lucas. - O trabalho do AfroReggae representa a essência do empreendedorismo: um sonho grande realizado com poucos recursos. Enquanto um monte de gente fica reclamando que não dá pra fazer e gasta tempo explicando porque não dá, o Junior gastou o tempo dele construindo um projeto fantástico que melhorou muito a vida de milhares de pessoas em diversas comunidades – enaltece o diretor-geral da Endeavor.

INSTITUTO ENDEAVOR: ESTÍMULO AO EMPREENDEDORISMO

- OS EMPREENDEDORES SÃO OS GRANDES RESPONSÁVEIS POR SOLUCIONAR PROBLEMAS DA SOCIEDADE, GERANDO RIQUEZA, RENDA E OPORTUNIDADES PARA MILHARES DE PESSOAS – ATESTA PAULO VERAS, DIRETOR-GERAL DA ENDEAVOR.

CEO SUMMIT 2008

MAIS INFORMAÇÕES: www.endeavor.org.br

Foto: Daniel Gutierrez

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Música para combater a violência.

Arte para transformar a realidade.

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Texto: Monica Herculano, de São Paulo Fotos: Simão Salomão

MAIS INFORMAÇÕES: www.unas.org.br

- DAQUI A QUATRO, CINCO ANOS, TEREMOS ENGENHEIROS, PEDAGOGOS, ENFERMEIROS... ISSO É DESENVOLVIMENTO DE VERDADE, PORQUE SE TEM UMA COISA QUE NINGUÉM PODE TIRAR DA GENTE É O CONHECIMENTO - DIZ MIRANDA.

- QUEM NÃO GOSTA DA UNAS É PORQUE

PENSA QUE TEMOS QUE DAR EMPREGO PARA

TODOS. MAS CONHEÇO GENTE QUE VOLTA

PRA BOCA SE OS PROJETOS NÃO TIVEREM

CONTINUIDADE - ALERTA.

estrutura e dos equipamentos e explica que todos os locutores, técnicos e produção são voluntários. - As pessoas reconhecem nosso trabalho, mas poucos entendem que a rádio comunitária, diferente da comercial, não visa lucro. Divulgamos reuniões, assembléias de moradores, tocamos músicas que o povo quer ouvir. Além disso, temos o projeto Jovens Conscientes, que envolve aulas de dança, DJ e rádio. Para Gil Félix, há oito anos fotógrafo oficial da Unas e responsável por nos acompanhar na visita a Heliópolis, os projetos são fundamentais para tirar os jovens do caminho do tráfico.

João Miranda acredita que é fundamental promover a reflexão sobre empoderamento. - Comunidade pra mim é quando as pessoas se organizam em torno de algum benefício em comum. Se não for assim, não é comunidade, é um bairro como qualquer outro. Não temos 100% das pessoas que a gente gostaria que participasse, mas existe uma representatividade forte e tivemos um avanço no sentido de fazer entender que a gente quer fazer parte da cidade, e que pra isso temos que reivindicar pelo direito de ter tudo que tem na cidade.

HÁ QUASE 20 ANOS, A UNAS – UNIÃO DE NÚCLEOS E ASSOCIAÇÕES DE HELIÓPOLIS E SÃO JOÃO CLÍMACO - DESENVOLVE PROJETOS PARA A MELHORIA DA QUALIDADE DE VIDA NESSA REGIÃO DA ZONA SUL DE SÃO PAULO, EM PARCERIA COM EMPRESAS, PESSOAS FÍSICAS E ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL. PORÉM, SEGUNDO OS PRÓPRIOS RESPONSÁVEIS PELAS AÇÕES, AINDA FALTA MUITO A SER FEITO.

UNAS - UNINDO FORÇAS EM BUSCA DA CIDADANIA

São 125 mil habitantes e 3,5 mil pessoas atendidas diretamente em 36 projetos. Entre eles, uma rádio comunitária, uma biblioteca, uma escola de moda, um curso de produção audiovisual, creches e Centros para a Criança e o Adolescente. A Unas nasceu a partir de uma comissão de moradores. - Quando vim morar aqui, no começo dos anos 80, não tinha asfalto, tivemos conflitos com os grileiros, então criamos a comissão. Na época, a população era menor, cerca de 2,5 mil famílias. Não queríamos criar uma associação para não ter um líder, porque essa pessoa podia ter problemas, já que havia manifestações e a polícia sempre perguntava quem era o líder. Mas começamos a perceber que o desenvolvimento da nossa comunidade dependia de parcerias e, pra isso, a gente precisava de uma entidade legalizada - explica o presidente da organização, João Miranda.

A partir daí, começaram a surgir os apoiadores, tanto pessoas físicas quanto jurídicas. O arquiteto Ruy Othake, por exemplo, tornou-se um grande parceiro. Primeiro com um projeto de pintura das casas de uma das ruas do bairro e agora com o desenho do Pólo Educacional e Cultural de Heliópolis, que deve ser inaugurado no início de 2009. Outro grande apoiador é a Universidade São Marcos, que neste ano cedeu mil bolsas de estudo integral para os moradores da comunidade. Foram mais de quatro mil inscritos.

No projeto de moda, mantido com o apoio da Petrobras, cerca de 30 jovens passam por aulas teóricas e práticas de desenho, corte, costura e silk. Daí saem encomendas que já garantem uma pequena remuneração a essas meninas e meninos. “Aqui aprendemos também os conceitos de cidadania, direitos e deveres, conhecemos outras organizações e trocamos informações. Na escola ainda não se trabalha a questão do empreendedorismo como aqui”, diz a jovem Cristina Lins, de 19 anos. Existem ações da Unas, no entanto, que ainda requerem suporte financeiro e técnico, como o jornal Unas, que está sem periodicidade fixa por falta de verba, e a rádio comunitária, primeira a ser legalizada no Estado de São Paulo. O coordenador geral da rádio, Reginaldo Gonçalves, mostra a precariedade da

João Miranda

Sala de Informática

Internet / Inclusão Digital

Projeto Moda Jovem

Reginaldo Gonçalves,

coordenador da rádio comunitária

Casas coloridas de Ruy Otake

Page 8: Conexoes Dezembro (teste)

Evandro João é coordenador social do Grupo Cultural AfroReggae

DOIS INTEGRANTES DO AFROREGGAE VÃO AO INTERIOR DE PERNAMBUCO PARA CONHECER A EXPERIÊNCIA BEM-SUCEDIDA DA PENITENCIÁRIA DE CARUARU

Fotos: Divulgação / AfroReggae

A convite de Cirlene Rocha, diretora da Penitenciária Juiz Plácido de Souza, Evandro João, coordenador social do AfroReggae, e Norton Guimarães, responsável pelo encaminhamento de jovens envolvidos com o crime e egressos do sistema prisional para o mercado de trabalho, foram a Caruaru, a 130 quilômetros de Recife, para trocar experiências com os detentos, ou reeducando, como são chamados pela diretora mão-de-ferro e coração de ouro. Durante toda a visita, Norton foi a sensação, tanto pelos depoimentos sobre os onze anos em que esteve preso, como pelo trabalho desenvolvido no AfroReggae. Norton divide o seu tempo entre palestras em escolas e a triagem de jovens envolvidos com a criminalidade e ex-detentos para serem empregados em empresas parceiras que absorvem essa mão-de-obra ao mesmo tempo em que lhes dão oportunidade para uma nova vida. Cirlene Rocha está na gestão da penitenciária há seis anos. Tem o respeito da equipe de funcionários e dos detentos, tanto que circula sem seguranças pelos quatro cantos do presídio. A diretora estimula não só eventos culturais e a comemoração de datas festivas, como a diminuição da burocracia característica do sistema carcerário de todo o país. Entre as suas vitórias está a determinação de que os julgamentos sejam feitos no próprio presídio, otimizando o tempo dos profissionais envolvidos. Fiquei muito impressionado com o poder que a Dra. Cirlene tem e sua capacidade de liderança, sem

precisar ser autoritária e mesmo assim conseguir dialogar de igual para igual. Este é o seu princípio, um verdadeiro exemplo de gestão democrática. Embora a penitenciária tenha sido projetada para comportar 98 presos, abriga exatos 735. As celas ficam abertas e os detentos circulam normalmente. Ao contrário de outros estados, como Rio e São Paulo, não existem facções, nem grupos rivais. O espaço tem quadra de esporte, sinuca, televisões em diversos locais, inclusive com games, música ambiente, através da rádio comunitária coordenada pelos próprios presos e capela ecumênica, onde acontecem as apresentações artísticas. O grupo de capoeira “Esquiva Moleque” existe há três anos e é coordenado por um detento, o professor Sombra. Há também um grupo de Hip Hop e um laboratório de criação de arte no barro, iniciativas dos próprios reeducandos apoiadas pela direção. São quatro salas de aulas e uma biblioteca. Uma pedagoga organiza a parte educacional. Os internos têm a disposição atendimento odontológico, clínico geral, serviço social, departamento jurídico e psicológico. Os presos mantêm padaria, carpintaria e serralheria, mas o que chama a atenção é a facção de roupas diversas, com grande potencial de indústria, cuja

produção é destinada a encomendas de grandes magazines, como as Lojas Marisa. Eles desenvolveram o Liberta Moda, com a proposta de mostrar a sua linha de produção com um desfile de moda. Vale salientar que a cada três dias de trabalho equivalem a um dia a menos na prisão. Tivemos uma reunião com alguns empresários bem conceituados e formadores de opinião de Caruaru, que se interessaram pelo projeto de empregabilidade dos ex-detentos, sabendo que, após o cumprimento de sua pena, eles acabam entrando em outro tipo de “prisão”, que é a ociosidade por falta de oportunidade no mercado de trabalho e, assim, retornam para vida criminal. O reflexo desse encontro culminou numa reunião na Câmara de Diretores e Lojistas, onde a idéia foi colocada em pauta para vários empresários. Na mesma semana eles voltaram a se reunir para tratar dos módulos operacionais da capacitação gratuita dos detentos. As empresas estão empenhadas em agilizar a realização dos cursos. O próximo passo é traçar as metas da operacionalização e definir a responsabilidade de cada instituição no projeto, que tem tudo para dar certo.

VISITA `A PENITENCIÁRIA DE CARUARU

Norton Guimarães entre os “reeducandos” do presídio

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NA TVmultishow.com.brNA WEB

horários alternativos:terça 16hquarta 13h / quinta 5h30sexta 17h30 / domingo 8h30

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JULIA VIDAL BUSCA

EM NOSSAS ORIGENS

AFRICANAS A INSPIRAÇÃO PARA SUAS

CRIAÇÕES. ADICIONANDO TRAÇOS DE

NOSSAS PECULIARIDADES BRASILEIRAS,

ELA CONSTRÓI SUAS COLEÇÕES, COMO

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UTILIZAM RETALHOS E TODO TIPO DE MATERIAL RECICLÁVEL PARA CRIAR PEÇAS CUSTOMIZADAS COM MUITA PERSONALIDADE.

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A coluna entra no clima natalino e apresenta sugestões de presentes ecologicamente corretos produzidos de maneira sustentável ou que fazem parte de redes de comércio

justo ou solidário. Tem também produtos obtidos como resultado de parcerias entre estilistas e cooperativas ou cuja renda é revertida para organizações não

governamentais e projetos do Terceiro Setor. É presentear neste Natal tendo em vista o futuro das próximas gerações.

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BICICLETA CALOI

COSMÉTICOS NATURA

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TRABALHOS AMBIENTAIS E SOCIAIS PARA

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AS PEÇAS SÃO CONFECCIONADAS POR INTEGRANTES

DO PROJETO NOVOS CAMINHOS, COMPOSTO POR

FAMILIARES DE PACIENTES DO INSTITUTO FERNANDES

FIGUEIRA, QUE RECEBEM UM SALÁRIO FIXO MENSAL

PARA PRODUZIR AS PEÇAS DA DESIGNER, FEITAS COM

RESÍDUOS NATURAIS.

A MARCA CRIOU CAMISETAS QUE ALÉM DE DIVULGAR ALGUNS DOS DIREITOS DOS

CIDADÃOS, AJUDA ENTIDADES FILANTRÓPICAS COMO AMICCA E RETIRO DOS ARTISTAS, JÁ QUE 5% DE CADA BLUSA VENDIDA É REVERTIDO PARA

AS INSTITUIÇÕES.

ANINHA STRUMPF E DESIGNERS CONVIDADOS REAPROVEITAM COM MUITA CRIATIVIDADE

TECIDOS DA TRADICIONAL MARCA DE DECORAÇÃO FORMATEX, E OUTROS MATERIAIS

PARA CRIAR OBJETOS DE DECORAÇÃO QUE DÃO UM TOQUE A MAIS A QUALQUER AMBIENTE.

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DE GIRASSOL E REUTILIZA MATERIAIS DE DIFÍCIL DECOMPOSIÇÃO, COMO BORRACHAS DE PNEU E

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A REDE FOI PIONEIRA EM UTILIZAR MADEIRA DE DEMOLIÇÃO NA CONFECÇÃO DE SEUS PRODUTOS,

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MADEIRA EM NOVAS PEÇAS DE MOBILIÁRIO.

BOLSA MARIA OITICICA

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Foto “Red Bull”: Red Bull Photofiles Foto “Machado 3 x 4”: Arthur Sherman

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FRANCÊS SE TORNA O PRIMEIRO CAMPEÃO

MUNDIAL DE FUTEBOL ESTILO LIVRE

MACHADO A 3X4 REESTRÉIA EM JANEIRO NO CENTRO DO RIO

O francês Arnaud Garnier, ou “Seán”, se tornou o primeiro campeão mundial de futebol estilo livre. Com a incontestável vitória por cinco votos a zero na final do Red Bull Street Style sobre o japonês Yosuke Yokota, o atleta da França foi coroado o jogador mais habilidoso do mundo, dia 18 de novembro, no Complexo Esportivo do Pacaembu, em São Paulo. O brasileiro Murilo Pitol terminou

a competição em terceiro. O capixaba de Cariacica (ES) chegou a vencer dois duelos, contra o sueco Rickard “Palle” e o bósnio Nedzad Barjic, mas não conseguiu superar o inspirado Seán na semifinal. Na decisão de terceiro lugar, Pitol venceu o húngaro

Roland Karászi e garantiu a medalha de bronze. Com um estilo urbano diferenciado, de jaqueta branca, calça jeans e tranças nos cabelos, Séan levantou os 1,5 mil espectadores presentes, combinando passos de breakdance com surpreendentes truques com bola. Para a final contra o irreverente Yosuke Yokota, o campeão tinha uma carta na manga: ao receber a bola do adversário, nos

seus últimos vinte segundos, a fez rodar sobre a ponta de uma caneta presa aos seus dentes, levando a arena ao delírio.

Uma respeitável comissão de jurados elegeu o vencedor de cada batalha. O jogador holandês Edgar Davids, o tetracampeão Bebeto, o dançarino de break americano Crazy Legs e o melhor jogador de futsal do mundo, Falcão, decidiam os melhores de cada embate.

Um quinto voto era definido pelos 28 jogadores não-classificados para as finais. - Foi duro votar contra um brasileiro a favor da França. O Murilo esteve muito bem, mas o francês foi sensacional – justificou Bebeto. Falcão também se impressionou com o potencial dos

artistas da bola: - Eu achava que era habilidoso, mas, depois de ver esses caras, sei que tenho muito a aprender. Vou assistir a esses vídeos e depois tentar algumas coisas – declarou a estrela da seleção de futsal, responsável por julgar a criatividade dos jogadores. O Red Bull Street Style reuniu pela primeira vez os mais talentosos jogadores do mundo em uma competição

esportiva envolvendo controle, criatividade e estilo. O mundial de futebol estilo livre retorna no ano de 2010, na África do Sul.

IMBATÍVEL EM TODAS AS BATALHAS, ARNAUD “SEÁN”

DERROTOU O BRASILEIRO MURILO PITOL NA SEMIFINAL

E GARANTIU O TROFÉU DO RED BULL STREET STYLE. O

JAPONÊS YOSUKE YOKOTA FOI VICE.

Após temporada de sucesso neste ano, adaptação do Nós do Morro para o conto O Alienista volta aos palcos cariocas em 2009

- Eu amo futebol, e ganhar um campeonato no Brasil é muito especial

- declarou o campeão do Red Bull Street Style.

Depois de cumprir temporada de sucesso no Rio de Janeiro e excursionar por São Paulo, a peça Machado a 3x4 – livre adaptação do conto O Alienista, de Machado de Assis, feita pelo Grupo Nós do Morro – reestréia nos palcos cariocas. De 9 de janeiro a 15 de fevereiro, o público poderá conferir a peça com toques de musical que conta a trajetória do médico Simão Bacamarte. Dirigida por Guti Fraga e Fátima Domingues, o espetáculo traz revelações como os atores Babu Santana e Roberta Santiago e tem roteiro de Luiz Paulo Correia e Castro. As apresentações acontecem de quinta-feira a domingo, às 19h30, no Teatro Sesi, no Centro do Rio de Janeiro. Indicada ao Prêmio Contigo de Teatro 2008 como melhor espetáculo musical, a montagem privilegia a música como elemento essencial da linguagem teatral. Os próprios atores executam a trilha, ao vivo, com instrumentos de percussão e sopro. A direção musical é assinada pelo ex-Farofa Carioca Gabriel Moura.

- Música, movimento, figurino, cenário, luz e personagens falam sobre emoções que circulam na alma e engendram a efêmera e ilusória harmonia humana - explica Guti Fraga, acrescentando que a peça trabalha com a experimentação de contrastes de situações limítrofes para abordar a fronteira entre a razão e a loucura. O elenco é composto por um coro de atores que se vestem – e vestem aos outros – com ironia e humor, recriando diante da platéia a riqueza do universo machadiano. A peça utiliza ainda um cenário com elementos mínimos, onde pequenos móveis e objetos são manipulados no decorrer do espetáculo para

compor os ambientes das cenas sobre os quais a história acontece. Além de Babu Santana (Maré - Nossa História de Amor / Estômago) e Roberta Santiago, estão no elenco outros talentos descobertos na sede do Vidigal como Jonathan Haagensen, Pierre Santos, Rosana Barros e Sabrina Rosa, e a revelação Flávia Coutinho. A direção de movimento é assinada por Johayne Hildefonso (indicado ao Prêmio Shell na categoria Especial pela direção de movimento de Os Dois Cavalheiros de Verona, também do Nós do Morro, e diretor artístico do AfroReggae); iluminação de Fred Pinheiro; a cenografia, por Beli Araújo; e o figurino, por Tita Nunes e Pedro Sayad. A direção de produção fica por conta de Zezé Silva, apoiada pela produção executiva de Martha Avelar e Alexandre Barreto. O espetáculo é patrocinado pela Petrobras, empresa mantenedora do Nós do Morro desde 2001.

Teatro Sesi - Av. Graça Aranha, 1 - Centro - RJ | 09 de jan. a 15 de fev. | Quinta a Domingo | 19h30 | 90 minutos Ingressos: R$20,00 (inteira) / R$10, 00 (meia) | Classificação Etária: 14 anos

Todos os dias, sem se dar conta, você produz aproximadamente 1,5 kg de lixo. A cidade do Rio de Janeiro gera, sozinha, 7.500 toneladas a cada 24 horas. Descartado incorretamente, o lixo entope bueiros, polui rios, mata animais e peixes, cria focos de dengue. Cuide bem do seu lixo. Ele sempre volta para você. Reciclado ou não.

Page 11: Conexoes Dezembro (teste)

TRÊS DIAS DE SURF COM FERAS DAS ONDAS EM FERNANDO DE NORONHAParece sonho: surfar em Fernando de Noronha ao lado de três dos surfistas brasileiros mais renomados do mundo. Em novembro, os universitários paulistas Luara Diamante, Paulo Klein, Aluísio D’Amico, Marcelo Pepe e Bruno Tavares viveram essa experiência inesquecível acompanhados do surfista de ondas grandes Carlos Burle, o melhor brasileiro no circuito mundial Adriano de Souza “Mineirinho” e o paranaense Peterson Crisanto. Para tanto, os jovens se inscreveram no Red Bull Surf Dream e enviaram fotos, vídeos e links que comprovassem que eram praticantes de surf, além de um texto relatando a “trip” mais irada de suas vidas. O único pré-requisito era ser universitário. - Na primeira noite eu só consegui dormir às três da manhã. As imagens daquele fim de tarde clássico na Praia do Boldró não saíam da minha cabeça. Fiquei

elétrico - declarou Paulo Klein enquanto presenciava, junto com os “dreamers”, o sol se pôr entre os Dois Irmãos, a famosa formação rochosa da Praia da Cacimba do Padre, cartão postal da ilha. Na água, os campeões Adriano de Souza e Peterson Crisanto dividiam as ondas perfeitas. O número um do mundo em ondas gigantes Carlos Burle fugiu da rotina e encarou ondulações bem menos assustadoras que as de costume. Entre as sessões de surfe, uma palestra, visitas aos mirantes da ilha, banquetes e uma saborosa peixada sob o céu estrelado da Praia da Conceição complementaram a programação, recheada de bate-papos sobre o surfe como esporte e filosofia de vida. A estudante de engenharia ambiental Luara Diamante, de 22 anos, era a única representante feminina e também mais empolgada da turma: - Vou me lembrar desses dias pelo resto da minha vida. Esses meninos viraram meus irmãos. Não vamos perder o contato e, sim, combinar outras trips. Conhecer o Burle, o Mineiro e o Petersinho também foi incrível. Pessoas humildes que tem muito a ensinar

para a gente - disse Luara, que soube do Red Bull Surf Dream quando competia em uma etapa do circuito de surfe universitário. O pernambucano Carlos Burle ministrou uma palestra na sede do Projeto Tamar. O público assistiu a vídeos de tirar o fôlego e ouviu histórias de sua trajetória no esporte, desde a época em que o surfe ainda sofria preconceitos até a realização do sonho de surfar as maiores ondas do mundo.

- SEMPRE IDEALIZEI QUALIDADE DE

VIDA E O SURFE FOI O CANAL QUE ME

LEVOU A ESSE OBJETIVO – REVELOU

BURLE NA INTRODUÇÃO DA PALESTRA

PARA CERCA DE CEM PESSOAS ENTRE

MORADORES, TURISTAS E SURFISTAS

DE TODAS AS IDADES.

RED BULL SURF DREAM

LUARA DIAMANTE, PAULO KLEIN, ALUÍSIO D’AMICO, MARCELO PEPE E BRUNO TAVARES

Mais informações: http://www.redbull.com.br/surfdream

Fotos: Rick Werneck

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Ilustração: Gabriela Mattos

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ENFIM

JOVEM DA PERIFERIA: FATOR DE AMEAÇA

OU POTENCIAL DE TRANSFORMAÇÃO?ANA CAROLINA DREYFUS

ANA CAROLINA DREYFUS É ASSISTENTE DE PESQUISA DO CENTRO DE ESTUDOS DE SEGURANÇA E CIDADANIA

DA UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES (CESeC)

A juventude está na moda. Ela é vendida em farmácias, livros e academias. Há um discurso elogioso dessa fase da vida, que o mercado rapidamente percebeu e acabou por fomentar ainda mais. É nesse momento que ocorrem as primeiras experiências sexuais e amorosas. É quando se tem permissão para aproveitar a vida, sem a exigência do trabalho, o peso de certas responsabilidades nas costas. Daí talvez se entenda a enorme dificuldade de muitos em ultrapassar essa fase. A juventude é aquele momento a que se quer chegar cada vez mais cedo e que se quer deixar cada vez mais tarde. Talvez por isso, a frase abaixo que ouvi de uma moça de 21 anos residente de uma comunidade pobre do Rio de Janeiro soe particularmente preocupante: “Porque por tudo que eu já passei, por tudo que eu já vi, eu já não me acho jovem, não me acho jovem”. Essa é uma frase de alguém que se vê sem a possibilidade de vivenciar a própria condição juvenil plenamente. Uma realidade que ela compartilha com milhões de jovens hoje no Brasil, moradores de favelas. Esses jovens estão expostos a uma série de

vulnerabilidades que criam uma rede desvantajosa bastante complexa. As dificuldades no âmbito do mercado de trabalho, as mudanças no papel da família e o quadro alarmante da qualidade do ensino público no Brasil recaem sobre os jovens da periferia com mais força. Além disso, nesses espaços, cresceram e se fortaleceram, sob as vistas de um Estado inoperante e ineficiente, grupos armados com controle do território que impõem aos moradores um código de conduta autoritário. A proximidade territorial com os grupos armados expõe os moradores a experiências de violência praticadas tanto pelos “donos” da área, face às disputas das diferentes facções, quanto pela Polícia. Essa situação exige ainda um código de silêncio que interfere negativamente nas formas de sociabilidade tanto dentro das próprias comunidades, quanto na relação com o conjunto da cidade. Como se não bastasse, sofrem de um forte estigma social que os classifica em diversas situações como suspeitos, percebidos e tratados como em permanente risco de aderir à criminalidade.

Não sabemos quantos jovens hoje estão no tráfico, mas é perceptível para qualquer pessoa que conheça e freqüente as comunidades que a opção pelo crime é feita por uma parcela pequena da população juvenil dessas localidades. Há um número considerável de jovens que, apesar das condições adversas, conseguiu criar para si outras alternativas. Na grande maioria das vezes, com o apoio de organizações locais, como o AfroReggae. Esses jovens que chegam à universidade atuam em movimentos sociais e ONGs, fazem parte de grupos musicais têm importância na medida em que fixam uma imagem positiva do jovem e da comunidade, veiculando um forte capital simbólico tanto para dentro dessas localidades, quanto para fora delas. Considerar esses jovens e o capital de conhecimento e de experiências que possuem na formulação de políticas públicas e projetos sociais para a juventude seria de enorme valia e representaria uma mudança significativa na forma como a juventude pobre vem sendo vista. É a isso que chamamos protagonismo juvenil, como um método de educação para a cidadania que se preocupa com o desenvolvimento de atividades em que o jovem ocupa uma posição de centralidade, e sua opinião e participação são valorizadas. É importante ouvir como esses jovens analisam e interpretam as situações “problemáticas” ou de “risco” enfrentam diariamente. Eles podem ajudar a enfrentar muitos dos dilemas da sociedade hoje, como a crescente tendência ao individualismo, a cisão entre as classes sociais, a violência. Há muito tempo que os jovens da periferia reivindicam o direito de dizer quem são e o que querem, está na hora de ouvi-los com mais atenção.

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