8
Março/abril de 2008 - Ano 4 - Número 17 Confirmado foco de mosca negra em pomares de laranja de São Paulo Associtrus alerta, há tempos, para a falta de barreiras fitossanitárias e fiscalização nos carregamentos de frutas de outros estados. A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo confirma oficialmen- te, com laudo do Instituto Bio- lógico da Pasta (IB), a ocor- rência da mosca negra dos citros em São Paulo. Levantamento constatou a presença da praga em Arthur Nogueira, Cosmópolis, Enge- nheiro Coelho e Holambra. Não é de hoje que a Associtrus se preocupa e aler- ta as autoridades competen- tes sobre os perigos do trânsi- Tarde de palestras atualiza citricultores A Associtrus reuniu produtores em Bebedouro com o objeti- vo de difundir novas tecnologias e informações. Com a presen- ça de consultores com experiências na área citrícola, os produ- tores tiveram a oportunidade de se atualizarem nas áreas de gerenciamento de custos, irrigação, controle de pragas, mane- jo do mato sem herbicidas e diferenças entre a adubação mine- ral e a organomineral. (Pág. 6) Safra da Flórida está ameaçada por doenças Doenças como o cancro cítrico e o greening são as grandes responsáveis pela queda de produção dos po- mares da Flórida, cuja safra não deve ultrapassar 168 mi- lhões de caixas, volume bai- xo, se considerarmos uma safra de 242 milhões de to- neladas em 2004. A previsão é do consultor Carlos Cogo. to livre de frutas de outros es- tados, principalmente do nor- te do Brasil, para São Paulo, maior estado produtor de laran- ja do mundo. A mosca negra dos citros é originária da Ásia e foi en- contrada no Brasil pela pri- meira vez, em 2001, na re- gião norte do país. A praga pode interferir na formação dos frutos, prejudicando a produção e diminuindo o va- lor comercial. (Pág. 7) Associados aprovam o balanço de 2007 Suspensas as importações de frutas do Chile (Pág. 7) Indústria aposta no mercado de suco fresco (Pág. 8) Agrônomo discorre sobre os desafios da citricultura (Pág.5) (Pág. 6) (Pág. 3) Atenção - Reunidos na Credicitrus, produtores recebem orientações. Praga - Mosca suga a seiva das plantas, provocando vários danos.

Confirmado foco de mosca negra em pomares de laranja de ... · confuso, pois, embora haja sinais de que o preço do suco de laranja está prestes a aumentar devido à quebra da safra

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Confirmado foco de mosca negra em pomares de laranja de ... · confuso, pois, embora haja sinais de que o preço do suco de laranja está prestes a aumentar devido à quebra da safra

Março/abril de 2008 - Ano 4 - Número 17

Confirmado foco de mosca negra empomares de laranja de São Paulo

Associtrus alerta, há tempos, para a falta de barreiras fitossanitárias efiscalização nos carregamentos de frutas de outros estados.

A Secretaria de Agriculturae Abastecimento do Estado deSão Paulo confirma oficialmen-te, com laudo do Instituto Bio-lógico da Pasta (IB), a ocor-rência da mosca negra doscitros em São Paulo.

Levantamento constatou apresença da praga em ArthurNogueira, Cosmópolis, Enge-nheiro Coelho e Holambra.

Não é de hoje que aAssocitrus se preocupa e aler-ta as autoridades competen-tes sobre os perigos do trânsi-

Tarde de palestrasatualiza citricultores

A Associtrus reuniu produtores em Bebedouro com o objeti-vo de difundir novas tecnologias e informações. Com a presen-ça de consultores com experiências na área citrícola, os produ-tores tiveram a oportunidade de se atualizarem nas áreas degerenciamento de custos, irrigação, controle de pragas, mane-jo do mato sem herbicidas e diferenças entre a adubação mine-ral e a organomineral. (Pág. 6)

Safra da Flórida estáameaçada por doenças

Doenças como o cancrocítrico e o greening são asgrandes responsáveis pelaqueda de produção dos po-mares da Flórida, cuja safranão deve ultrapassar 168 mi-

lhões de caixas, volume bai-xo, se considerarmos umasafra de 242 milhões de to-neladas em 2004. A previsãoé do consultor Carlos Cogo.

to livre de frutas de outros es-tados, principalmente do nor-te do Brasil, para São Paulo,maior estado produtor de laran-ja do mundo.

A mosca negra dos citrosé originária da Ásia e foi en-contrada no Brasil pela pri-meira vez, em 2001, na re-gião norte do país. A pragapode interferir na formaçãodos frutos, prejudicando aprodução e diminuindo o va-lor comercial.

(Pág. 7)

Associados aprovam o balanço de 2007

Suspensas as importações de frutas do Chile (Pág. 7)

Indústria aposta no mercado de suco fresco (Pág. 8)

Agrônomo discorre sobre os desafios da citricultura(Pág.5)(Pág. 6)

(Pág. 3)

Atenção - Reunidos na Credicitrus, produtores recebem orientações.

Praga - Mosca suga a seiva das plantas, provocando vários danos.

Page 2: Confirmado foco de mosca negra em pomares de laranja de ... · confuso, pois, embora haja sinais de que o preço do suco de laranja está prestes a aumentar devido à quebra da safra

2Março/abril de 2008

Editorial

IMPORTANTE!Identifique e confirme a sua contribuição.

Solicite sua ficha de cadastro de sócio na sede da Associtrus,na rua Prudente de Moraes, 514 (estacionamento da Credicitrus)ou pelo site www.associtrus.com.br

A contribuição quadrimestral é obtida multiplicando-se aestimativa de caixas a serem colhidas por U$$ 0,01 (um centavode dólar). O valor resultante pode ser pago em três parcelas.

Não deixe de participar! Associe-se

EXPEDIENTEEXPEDIENTEPublicação bimestral da Associtrus(Associação Brasileira de Citricultores)

Conselho Editorial: DiretoriaProdução, edição e fotos: Iha Comunicação

Tiragem: 6 mil exemplaresDivisão de jornalismo: Eduardo Iha e Carolina Iha

Diagramação: Juliana Iha

Associtrus - Associação Brasileira de CitricultoresRua Cel. Conrado Caldeira, 391, Centro, CEP: 14.700-120 - Bebedouro - SP

Fone: (17) 3345-3719/3343-5180 - E-mail: [email protected] Page: www.associtrus.com.br

DIRETORIAFlávio Pinto Viegas, Douglas Eric Kowarick,Lenita Arruda Boechat e Charles Teixeira.

Para anunciar ligue (17) 3343-5180

Expectativas para a próxima safraEmbora haja sinais de que o preço do suco está prestes a aumentar, as indús-trias reduzem seus preços, simulando uma disputa por um grande cliente.

O mercado internacional de suco de la-ranja está, mais uma vez, extremamenteconfuso, pois, embora haja sinais de que opreço do suco de laranja está prestes aaumentar devido à quebra da safra brasilei-ra, que deve superar 20%, as indústrias bra-sileiras reduzem seus preços, simulandouma disputa por um grande cliente. O mer-cado acredita que, como ocorreu anterior-mente, a baixa dos preços está relacionadacom a entrada dos pequenosprocessadores que se aproveitam dos bonspreços e retornam ao mercado. Mesmo sen-do os volumes pouco significativos, as em-presas investigadas por cartel não podemadmitir que ninguém ouse entrar no seumercado.

Qualquer pessoa com um mínimo deconhecimento do nosso setor estranha tam-bém o pequeno interesse das indústriasem disputar os produtores que estão livresde contrato. Esse fato é comprovado por umaenquete feita pela Associtrus, que indica queapenas 16% dos produtores receberamuma oferta que foi considerada boa, enquan-to mais de 50% não foram sequer procura-dos pela indústria. No dia 17 de março to-das as indústrias começaram, simultanea-mente, a procurar os produtores com amesma oferta de R$ 14,00.

O preço, embora ainda não cubra oscustos de produção, que continuam cres-cendo com os impactos dos custos do pe-tróleo, da mão-de-obra, das pragas edoenças, da valoriza-ção do real, entre ou-tros, reflete a preocu-pação com a quebraabrupta e não planejada de produção.

Como entender a redução do preço dosuco concentrado do patamar de US$ 2500/t, que o mercado já havia absorvido, paraum patamar inferior a US$ 2000, quandosomente a matéria-prima a US$ 14corresponde a um custo de US$ 2000. Ocartel voltará a praticar o dumping?

Em outubro, durante a feira ANUGA, oscompradores de suco manifestaram-se

preocupados com apossibilidade dequeda dos preçosdo suco, pois diziamque haviam repas-sado os preços aossupermercados ehavia o risco de queos compradores ten-tassem renegociaros contratos ou quealgum concorrentese aproveitasse daoportunidade e, ad-quirindo matéria-pri-ma mais barata, en-

trasse no mercado e provocasse grandesprejuízos aos concorrentes, que teriam quereajustar seus preços. Várias vezes os cli-entes queixaram-se das oscilações nos pre-ços provocadas pela manipulação das em-presas brasileiras, que são muito mais da-nosas do que o nível de preço em si. Umcomprador disse que poderia viver com pre-ços altos mas temia as variações de preço,pois ao assinar um contrato, corria o riscode que um concorrente que contratasse nosdias seguintes obtivesse preços menores,com as conseqüências óbvias.

A alegação de que a redução de preço éconseqüência da queda da demanda nãose sustenta. Nos EUA a demanda está ca-

indo desde 2000, quandoos preços do FCOJ esta-vam em patamares histo-ricamente muito baixos,mas os preços ao consu-midor vinham crescendo

continuamente desde o início da década de90. Ë importante notar que embora os volu-mes vendidos estejam em queda osfaturamentos batem recordes ano a ano!

Na Europa a situação é diferente, pois adesvalorização do dólar reduz o impacto nospreços finais do produto comercializado emeuros.

O que fica claro é a atuação das empre-sas investigadas por cartel no sentido de res-tringir a oferta para aumentar suas margens,pois, devido às suas parcerias estratégicascom as grandes engarrafadoras participamdas generosas margens de venda ao consu-midor final.

Dessa forma, é fácil entender a insistên-cia da indústria em obrigar o produtor a cum-prir um contrato que ela sabe ser lesivo e queimplicará em redução da produção. Assim, aindústria lucra duplamente, aumentandoseus lucros que financiam a ampliação e re-novação de seus próprios pomares, a ampli-ação das instalações industriais e da logística.Os produtores expulsos estão transferindoseu patrimônio para as indústrias sob a atitu-de complacente das autoridades e da mídia.

Setor estranha o pequenointeresse das indústrias peloprodutor livre de contrato.

Page 3: Confirmado foco de mosca negra em pomares de laranja de ... · confuso, pois, embora haja sinais de que o preço do suco de laranja está prestes a aumentar devido à quebra da safra

3Março/abril de 2008

Fitossanidade

Secretaria confirma ocorrência damosca negra dos citros em S. PauloFalta de controle e de barreiras fitossanitárias colocam em risco acitricultura paulista. Praga interfere na formação dos frutos.

A Secretaria de Agricultura e Abas-tecimento do Estado de São Pauloconfirma oficialmente, com laudo doInstituto Biológico da Pasta (IB), a ocor-rência da mosca negra dos citros emSão Paulo. A suspeita foi formulada porum produtor de Arthur Nogueira àCoordenadoria de DefesaAgropecuária (CDA), que através de le-vantamento constatou a presença damosca negra em quatro municípios –Arthur Nogueira, Cosmópolis, Enge-nheiro Coelho e Holambra. Tambémsão investigadas propriedades dosEDAs de Campinas e Limeira.

O diretor da Defesa Sanitária Ve-getal da CDA, Mário Tomazela, atenta que“para a continuidade do comércio para ou-tros Estados é necessária a lavagem dosfrutos. A legislação também determina a pul-verização nas áreas afetadas com produ-tos registrados. Além dessas exigências, énecessária a Permissão de Trânsito Vege-tal (PTV), só emitida com a apresentaçãodo Certificado Fitossanitário de Origem(CFO) sob responsabilidade de um enge-nheiro agrônomo habilitado pela CDA”.

Para atender à demanda, está em es-tudo novo credenciamento de engenhei-ros agrônomos da iniciativa privada parahabilitação de responsáveis técnicos naemissão de CFO.

Não é de hoje que a Associtrus se pre-ocupa e alerta as autoridades competen-tes sobre os perigos do trânsito livre defrutas de outros estados, principalmentedo norte do Brasil, para São Paulo.

A falta de fiscalização permite que aindústria transite, sem problemas, comfrutas contaminadas por doenças e pra-gas e coloque em risco uma das princi-pais atividades agrícolas do estado, mai-or produtor brasileiro de laranja.

A praga - A mosca negra dos citros éoriginária da Ásia e foi encontrada no Bra-sil pela primeira vez, em 2001, na regiãonorte do país. É um inseto sugador que selocaliza na parte inferior das folhas, sugan-do a seiva da planta, provocando váriosdanos. A fumagina que se desenvolve so-bre as excreções da mosca negra poderevestir totalmente a folha, acarretando aredução dafotossíntese, dimi-nuição do nível denitrogênio das fo-lhas e impedir a res-piração da planta.Em altas concentra-ções, a fumagina interfere na formaçãodos frutos, prejudicando a produção e di-minuindo o valor comercial. A frutificaçãopode ser reduzida em até 80%.

O engenheiro agrônomo e chefe daCasa da Agricultura de Bebedouro,Walkmar Brasil de Souza Pinto, observa anecessidade de haver maior controlefitossanitário, mas ressalta que não há mo-tivos para que o citricultor se apavore. “EmBelém, primeiro estado a registrar a presen-

ça do inseto, há um controle rígido paraque as frutas não saiam do estado conta-minadas, por isso, dificilmente, o insetotenha sido trazido por frutas de lá. Em com-pensação há estados com baixo controlefitossanitário, caso do Maranhão, ondetambém há registros da mosca negra. Nãohá motivos para preocupação exagerada,porque há várias maneiras eficazes de secombater o inseto e garantir a sanidadedos pomares”, diz o agrônomo que, por 12anos, prestou consultoria em Belém.

O controle biológico da mosca negraapresenta bons resultados. O produtorpode utilizar inimigos naturais da praga e/ou o controle químico, onde são utilizados

óleos, sabões e produtos químicosregistrados no Ministério da Agricultura.

Outras doenças – Vale lembrar que a fal-ta de barreiras fitossanitárias e o transporteinadequado feito pelas indústrias é respon-sável, em grande parte, pela maioria das do-enças que afetam os pomares paulistas. AClorose Variegada dos Citros (CVC), conhe-cida como Amarelinho, foi identificada no

Brasil em 1987, em po-mares do Triângulo Mi-neiro; a Morte Súbitados Citros foiidentificada em 2001,em Comendador Go-mes (MG); a Pinta Pre-

ta surgiu em 1980, no Rio de Janeiro; aTristeza dos Citros é originária da Ásia echegou em S.Paulo em 1937, no Vale doParaíba; o Greening, é originário da China.

Diante de tantos dados que compro-vam a falta de controle sanitário, que osórgãos competentes estejam mais aten-tos para que a citricultura paulista, princi-palmente o produtor, não seja, mais uma vez,obrigado a amargar sozinho os prejuízos tra-zidos por pragas e doenças.

Indústrias são as maioresresponsáveis pela disseminaçãode doenças trazidas em frutas deoutros estados do Brasil

Page 4: Confirmado foco de mosca negra em pomares de laranja de ... · confuso, pois, embora haja sinais de que o preço do suco de laranja está prestes a aumentar devido à quebra da safra

4Março/abril de 2008

Page 5: Confirmado foco de mosca negra em pomares de laranja de ... · confuso, pois, embora haja sinais de que o preço do suco de laranja está prestes a aumentar devido à quebra da safra

5Março/abril de 2008

Entrevista

Os obstáculos da citricultura brasileiraAltos custos com insumos e falta de organização são desafios aserem vencidos por quem pretende continuar a produzir laranja.

O entrevistado da 17ª edição do Informati-vo Associtrus é o engenheiro agrônomo,Ronaldo Cabrera. Formado pela UFLA (Uni-versidade Federal de Lavras – MG), Ronaldoé mestre e doutor em agronomia pela Cena-Esalq/USP (Piracicaba) e atua como consul-tor de empresas com enfoque em manejo dafertilidade do solo, citrus, cana-de-açúcar, cafée eucalipto.

Os altos custos de produção da laranja, afalta de organização dos citricultores, os erroscometidos na implantação e nos cuidadoscom o pomar são alguns dos temas aborda-dos.

Associtrus - Como o senhor vê acitricultura? É uma atividade economicamen-te viável?

Ronaldo - A citricultura está passando poruma fase bastante difícil, em detrimento doelevado custo de produção, de pragas e dedoenças e da baixa organização. Oscitricultores participam muito pouco da remu-neração oferecida pela verticalização (vendadireta ao consumidor).

O Brasil é grande exportador de produtosagrícolas, porém importa muitos insumos,como fertilizantes e defensivos, o que subme-te o custo de produção a fatores pouco contro-lados. Como as empresas fornecedoras deinsumos e as compradoras de laranja sãopoucas e organizadas, somente um sistemaorganizacional forte poderá romper estas bar-reiras. A partir destas considerações, dificil-mente o citricultor irá ganhar dinheiro, pois todoganho tecnológico com redução do custo deprodução será repassado para as indústriasprocessadoras e para as fornecedoras deinsumos. Um exemplo claro são os fertilizan-tes, onde o preço histórico médio era de US$200,00/t e, hoje, o valor médio é de US$ 500,00/t. No passado a pressão de pragas e doen-ças era menor e a colheita era de responsabi-lidade da indústria. Hoje, os custos foram ab-sorvidos pelo citricultor e o preço da fruta alte-rou muito pouco. Somente os citricultores al-tamente eficazes, produtivos e com um bomplanejamento estratégico terão condições desobreviver neste mercado.

Uma oferta boa fica em torno de 350 mi-lhões de caixas/ano, supondo que o mercadointerno absorva 50 milhões e a indústria pro-duza 100 milhões, restam apenas 200 mi-lhões de caixas, que poderão ser representa-da por 1000 citricultores de 200 mil caixas; ou500 produtores de 400 mil caixas; ou 200 pro-dutores de 1 milhão de caixas.

Associtrus - Destaque os pontos fortes efracos da citricultura?

Ronaldo - Pontos fortes: condiçõesedafoclimáticas, terras disponíveis, mão deobra especializada e dinamismo.

Pontos fracos: desorganização, concen-

tração da produção na mão da indústria, fal-ta de planejamento estratégico e lentidãona tomada de decisão. O citricultor trabalhano prejuízo, disponibiliza fruta barata e utili-za práticas de manejo pouco sustentáveis.

Associtrus - Como corrigir os pontos fracos?

Ronaldo - Fortalecimento doassociativismo, conhecimento do custo deprodução, necessidade de erradicar áreas im-produtivas com alto custo de produção,verticalização da produção, produtividade mé-dia de 1000 caixas/há, uso de práticas agríco-las sustentáveis com menor dependência deinsumos agrícolas.

Associtrus - Quais os maiores erros co-metidos na implantação e condução dopomar?

Ronaldo - Em minhas palestras digo oseguinte: “O agricultor não pode errar emtrês coisas: espaçamento, material gené-tico e manejo da fertilidade”. Isto é regrapara todas as culturas e a laranja não é di-ferente. Precisamos trabalhar comespaçamentos mais apertados - o Drº Joa-quim T. Sobrinho já demonstrou isto há maisde trinta anos - empregar materiais genéti-cos superiores, mais resistentes ou tole-rantes às pragas e doenças, e fazer o ma-nejo da fertilidade do solo baseado na ma-téria orgânica, construindo perfil de solo,interagindo com pragas e doenças, comopreconiza o Drº Yamada e sua equipe.

Associtrus - Como o senhor analisa autilização do Glifosato e qual seu impactono sistema produtivo?

Ronaldo - Plagiando Paracelcius, médicoalemão que viveu no final do século XIII e iníciodo século XIV, “A dose faz o veneno ou o re-médio”. Então, quando mal empregado podetrazer vários problemas, como já foi relatadopela literatura. Porém, quem faz um manejo demato bem feito não tem necessidade de usode qualquer tipo de herbicida.

Associtrus - Há variedades de laranjasmais resistentes às doenças e pragas? Sehá, quais são?

Ronaldo – Sim. ODrº Francisco Laranjei-ra já demonstrou a su-perioridade da varieda-de Lue Gin Gong emrelação à tolerância aoCVC. Existe uma plan-ta (“Escape”) que foicapa da revista doFundecitrus, que traba-lhei em minha disser-tação de Mestrado etambém têm boa tole-rância ao CVC, assimcomo a Valência Ame-ricana e outras.

Estudos - Ronaldo Cabrera alerta para anecessidade da divulgação de pesquisas queobjetivam a diminuição da dependência dacitricultura dos insumos agrícolas.

Associtrus - O produtor tem acesso àsinformações a respeito das variedadesmais resistentes? Como o senhor vê opapel do Fundecitrus na divulgação dis-so?

Ronaldo - O produtor não tem acesso,pois estes materiais não estão disponíveispara multiplicação. A pesquisa deve canali-zar esforços neste sentido, porque uma vezdetectado o material cria-se uma tecnologiade não dependência de insumos agrícolas.

Um exemplo clássico foi o trabalho doDrº Sylvio Moreira, que resolveu o proble-ma da Tristeza com a mudança de mate-rial genético. Precisamos trabalhar forte-mente neste sentido, assim como fazemo pessoal da cana-de-açúcar, da soja, dashortaliças etc. É preciso trabalhar melhor oque já tem disponível e seguir o exem-plo de outras culturas, como a cana deaçúcar que resolveu grande parte deseus problemas com controle biológi-co e variedades resistentes.

Page 6: Confirmado foco de mosca negra em pomares de laranja de ... · confuso, pois, embora haja sinais de que o preço do suco de laranja está prestes a aumentar devido à quebra da safra

6Março/abril de 2008

Atuação

Associtrus promove tarde de palestrasEncontro coloca em discussão temas de interesse do produtor. Empauta: gerenciamento de custos, irrigação, controle de pragas, manejodo mato e diferenças entre a adubação mineral e a organomineral.

Com o objetivo de difundir novastecnologias e informações, a Associtrusreuniu citricultores para uma tarde de pa-lestras, dia 12 de março, no auditório daCredicitrus, em Bebedouro.

Operação e apuração de custosgerenciais foi o tema abordado pelo en-genheiro agrônomo Leandro Fukudaque, dentre outras explicações, falou daimportância do produtor ter um bom con-trole para poder gerenciar sua proprie-dade. “Não se gerencia o que não se fazcontrole”, ressaltou.

O consultor e agrônomo, Valter Bonezi

Júnior, destacou a eta-pa agronômica na irri-gação localizada, seusmitos e métodos de apli-cação. “A irrigação sefaz necessária por con-ta de uma lista de fato-res, dentre os quais,destaca-se a incertezaclimática e a introduçãode novas variedades”.

O agrônomo e es-p e c i a l i s t a e m b r o c ados ramos dos citrus,Alexandre de Moraes,trouxe para os produ-tores a realidade dosp o m a r e s a t a c a d o spela broca. Ele desta-

cou o poder de destrui-ção do inse to , como op rodu to r p rec i sa es ta ratento para a identif ica-ção dos s in tomas e asferramentas de controleda praga. “Uma única fê-mea pode reproduzir, em três anos,720 mil insetos, ou seja, é suficientepara destruir um pomar. Precisamosestar atentos aos primeiros sintomas,como ramos muchos e secos, para queo controle seja eficaz e exija pouca dis-ponibilidade de recursos”, alerta.

O ciclo de palestras foi encerradopelo também agrônomo e consultor,Marcos Rosolen, que falou sobre “Ma-nejo do mato sem herbicida e aduba-ção o rganom ine ra l . Os e fe i t os doGlifosato, as diferenças entre a adu-bação mineral e a organomineral esuas inter ferências no metabol ismodas plantas e no solo constaram daexplanação. “Com esta tarde de pales-tras, a Associtrus cumpre o seu papelde informar o produtor. Ficamos muitosatisfeitos com a participação de pro-dutores e com a qualidade dos temasabordados pelos profissionais”, diz opresidente do Conselho da Associtrus,Renato Queiroz.

O c i t r i cu l t o r Joaqu im Augus toCarlos Christiano, de Barretos, frisou

a i m p o r t â n c i ad a d i v u l g a ç ã ode assuntos deinteresse do se-t o r p r o d u t i v o ,pr inc ipa lmente,d o p e q u e n o

citricultor. “Muitas vezes ficamos dis-tantes das novidades referentes à nu-trição, por exemplo. Foi uma excelen-te oportunidade para nos informarmose termos uma nova consciência a res-peito dos produtos que aplicamos nospomares”.

Produtores prestigiampalestra da Associtrus

Orientações – Capacitação objetiva melhorar o dia-a-dia doprodutor no campo a partir da aplicação de novas técnicas.

um único comprador e,principalmente, à con-tratos com a indústria.Apresentamos as pers-pectivas e os resultadosde estudos referentes asafra 2008/09”, observaFlávio.

Produtores semcontrato e/ou com con-tratos a vencer e interes-sados em obter maio-res informações quan-to às estratégias decomercialização daAssocitrus devem entrarem contato com a asso-ciação pelo telefone(17) 3343-5180.

Assuntos despertampara a importância daatualização profissional.

Reunidos no auditório do Sindicato Ru-ral de Ibitinga, um grupo representativo deprodutores de Ibitinga prestigiaram, dia 25de fevereiro, a palestra proferida pelo pre-sidente da Associtrus, Flávio Viegas.

As propostas referentes às novas es-tratégias de comercialização da fruta e ori-entações referentes ao mercado citrícolaconstaram das discussões. “Recomenda-mos ao produtor que ele não fique preso a

Assembléia geral ordinária

Os associados da Associtrus aprovaram, dia 26 de mar-ço, em assembléia geral ordinária, o balanço geral de 2007e a previsão orçamentária de 2008.

Reunidos no auditório da Credicitrus, em Bebedouro,os associados também discutiram novas estratégias decomercialização da safra 2008/2009.

Page 7: Confirmado foco de mosca negra em pomares de laranja de ... · confuso, pois, embora haja sinais de que o preço do suco de laranja está prestes a aumentar devido à quebra da safra

7Março/abril de 2008

Mercado externo

Greening ameaça citricultura da FlóridaO greening, relatado em 2005 nos Esta-

dos Unidos apenas em pomares domésti-cos do litoral da Flórida, se espalhou rapida-mente até atingir regiões de citricultura co-mercial no centro e no sul do Estado. Os pro-dutores americanos não conseguem fazervistorias nos pomares por causa da mão-de-obra escassa e cara.

Na Flórida, o custo de manejo dos po-mares aumentou até 50% após o surgimentoda doença, o que levou alguns produtores aoptarem pela não reposição de plantaserradicadas ou pela substituição por outrasculturas, como palmeiras, pinho ou eucalipto.

Safra - A quebra de produção da Flóridaresultou na melhora dos preços no Brasil.

O consultor Carlos Cogo observa que “nasafra 2007/2008 a produção da Flórida seráde 168 milhões de caixas, um volume bai-xo, se considerarmos uma safra de 242 mi-lhões de toneladas em 2004”. A redução daprodução americana, que já dura, pelo me-nos, duas safras, foi provocada por doen-ças e pelo encarecimento da mão-de-obra.

Ministério da Agricultura suspende importação do ChileVigilância Agropecuária Internacional alerta para presença de praga

em carregamentos de frutas, incluindo as cítricas.O Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento (Mapa) decidiu suspender,desde 27 de março, a importação de frutashospedeiras do ácaro Brevipalpus chilensis,oriundas do Chile. Desde o ano passado, aVigilância Agropecuária Internacional(Vigiagro) do Mapa vem detectando a pre-sença da praga em carregamentos de fru-tas daquele país.

Para solucionar o impasse, o Chile as-sinou entendimento bilateral com o Brasil

se comprometendo a não exportar frutas in-festadas pelo ácaro, o que não ocorreu con-forme demonstram as análiseslaboratoriais realizadas.

O Brevipalpus chilensis é uma praga queafeta a produtividade e a qualidade das fru-tas causando prejuízos aos produtores. Emvideira é uma das pragas mais nocivas, cau-sando a morte dos brotos pela desidrata-ção dos tecidos vegetais. O controle é feitogeralmente com agrotóxicos que podem

também deixar resíduos em frutas além dedanos ao meio ambiente e aumento de cus-tos de produção.

A suspensão tem o intuito de proteger afruticultura brasileira e cumprir as obriga-ções legais de proteção da agropecuárianacional. Estão suspensas as importaçõesde diversas frutas, incluindo as cítricas.

O Brasil é um dos três maiores produto-res mundiais de frutas, com uma produçãoque supera os 34 milhões de toneladas.

Atividades da diretoria

Negociação

Nova estratégia de comercialização de laranja

Embora em algumas áreas oscitricultores já venham comercializando suasafra de maneira criativa, a maioria da la-ranja é comercializada com a indústria e emcontratos de longo prazo e dando exclusivi-dade a uma única indústria.

Essa estratégia de comercialização fun-cionou enquanto havia concorrência entreas indústrias, isto é, até o início da décadade 90. A partir de então os citricultores foramdivididos entre as indústrias e forçados aassinar contratos de adesão nos quaissão submetidos à vontade da indústriaque, atuando de forma cartelizada, temimposto preços e condições aviltantes e

fraudado os contratos impunemente.A Associ t rus propõe que os

citricultores repensem a sua estratégiade comercialização. Nossa proposta éque o produtor não venda toda sua pro-dução a um único comprador, mas di-versifique, vendendo parte de sua frutano mercado “spot” (no portão), parte nomercado de fru-ta fresca (quan-do poss íve l ) ,parte em contra-to de uma safrae ainda parte daprodução pode

ser processada em um contrato de“toll”, o que vai restabelecer a concor-rência no setor e permitir que o produ-tor conheça melhor o mercado.

A Associtrus coloca-se à disposiçãodos citr icultores para a formação degrupos, que unidos ganharão poder denegociação.

Citricultor deve diversificar venda da fruta para restabelecer aconcorrência e conhecer melhor o mercado onde atua.

11/2 – Reunião do Conselho Superior do Agronegócio, em São Paulo.12/2 – Palestra sobre o uso do GPS na gestão agropecuária, nasede da SRB, em S.Paulo.13/2 - Reunião de conselho da Associtrus, em Bebedouro.16/2 – Presença na 1ª Conferência macrorregional do meio ambi-ente, em Bebedouro.19/2 – Workshop sobre a cadeia produtiva de produtos cítricos, nasede da Fiesp, em S.Paulo.20/2 – Presença na homenagem ao ex-ministro da Agricultura,Roberto Rodrigues, em S.Paulo.29/2 – Às 13h30, presença na inauguração da duplicação da rodo-via Armando de Sales Oliveira.4/3 – Presença na inauguração da sede da Embrapa, em Campinas.7/3 – Participação no “Dia do Greening”, em Cordeirópolis; reuniãodo Comitê da Bacia Hidrográfica, em Bebedouro.31/3 – Reunião da Câmara Setorial da Citricultura, em Brasília.

Page 8: Confirmado foco de mosca negra em pomares de laranja de ... · confuso, pois, embora haja sinais de que o preço do suco de laranja está prestes a aumentar devido à quebra da safra

8Março/abril de 2008

Associtrus consegue manter modelode contribuição ao Fundecitrus

Representantes da associação participaram do Rally da Citricultura eexpuseram posição contrária às alterações sugeridas pelo novo estatuto.

Graças ao trabalho daAssocitrus, que participou de prati-camente todas as reuniões do“Rally da Citricultura” promovidaspelo Pensa/USP, o modelo de con-tribuição ao Fundecitrus, baseadono número de caixas de 40,8 kg enão de pés de laranja, será manti-do, pelo menos, nos próximos doisanos. “A presença da Associtrusnesta discussão foi fundamentalpara que a vontade do produtor pre-valecesse, ou seja, para que o mo-delo de contribuição não fosse alte-rado, em benefício exclusivo daindústria”, observa o presidentedo Conselho da Associtrus, RenatoQueiroz.

Os citricultores colaboram com R$

Mercado

LD exportará suco de laranja frescoO grupo Louis Dreyfus Commodities vai

estrear no mercado de suco de laranja frescoe não concentrado (NFC , na sigla em in-glês). Com demanda crescente no merca-do internacional e considerado de maiorvalor agregado em comparação com o sucoconcentrado e congelado, o NFC vai con-sumir investimentos adicionais do grupono Brasil.

Com o aporte de R$ 50 milhões, a LDcontará com um terminal próprio no portode Santos, que terá como função principalo escoamento da produção para o merca-do externo.

O mercado do NFC aumenta 35% aoano e pode atingir 1 bilhão de litros até 2010,volume que corresponde às vendas atuaisde suco de laranja concentrado e congela-do, conforme Kenneth Geld, presidente dacompanhia. O terminal já está em constru-ção e as obras devem terminar até o fim de

Resultado

Participação – Representantes da Associtrus se fizerampresentes nas reuniões realizadas nos diversos municípioscitrícolas e lutaram para que vontade do produtor prevalecesse.

Cutrale produzirá etanol do bagaço de laranja

2008. A União Européia, com 70% do totaldos embarques, será o principal destino.

Na área de suco de laranja, o cronogramade investimentos Louis Dreyfus no Brasil en-tre 2008 e 2012 é de R$ 550 milhões. Dessemontante, cerca de R$ 430 milhões serãodestinados a ajustes na logística que o NFCexigirá da empresa.

Os R$ 120 milhões adicionais serão dis-tribuídos entre adaptações nas fábricas eampliação dos pomares. A companhia fe-chou o ano passado com faturamento de US$2,5 bilhões, ou pouco mais de 10% dofaturamento total do grupo, que foi de US$20 bilhões. A meta para este ano é chegar aaté US$ 3 bilhões.

A norte-americana Southeast Biofuels che-ga ao País de mãos dadas com a Cutrale,maior exportadora de suco de laranja do mun-do. As duas empresas vão replicar no Brasil,em escala maior, a parceria recém-criada nosEstados Unidos para a produção de etanol.

A dupla acertou a construção de uma usi-na em São Paulo para a produção do com-bustível a partir de resíduos da fabricação de

suco de laranja. A capacidade ficará em tornode 50 milhões de litros de etanol, obtidos pormeio do processamento de aproximadamen-te 1,5 milhão de toneladas de bagaço e cas-ca de laranja.

A Southeast Biofuels já anunciou investi-mentos de US$ 150 milhões na produção deetanol. Metade deste valor será aportada noBrasil, em parceria com a Cutrale.

0,09 por caixa e as indústrias, como ou-tros R$ 0,09. Quem recolhe a parte do pro-

dutor é a indústria, que depois repassaa soma (R$ 0,18) ao Fundecitrus.

A única coisa que permanece comosempre foi é o modelo de contribuição. Onovo estatuto entrou em vigor em março econtinua a privar os produtores da gestãoda instituição. “Infelizmente, nossa luta pormaior transparência na gestão do Fundoe para que o produtor tenha assento noconselho do Fundecitrus ainda não foiatendida. Não concordamos com a formacom que o novo estatuto foi aprovado emuito menos com o poder que ele conce-de à indústria, através de seus represen-tantes. A escolha da nova diretoriainviabiliza qualquer possibilidade do pro-

dutor estar representado”, lamenta Renato.Em 2008 o Fundecitrus deverá trabalhar

com orçamento de R$ 45 milhões.