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Um rumo para Portugal CONGRESSO CIP CIP Plano de Actividades 2012 8ª Conferência de Ministros da OMC Nova Lei do Arrendamento Criada Comissão para a Eficácia das Execuções Revista de Empresários e Negócios Bimestral • Novembro / Dezembro 2011 • N.º 90 • 3,5€

Congresso CIP Um rumo para Portugalcom 3 modalidades de eurobonds, que a Alemanha rejeita como solução para a crise. Já em dezembro, no dia 9 realizou-se mais um Conselho Europeu,

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Page 1: Congresso CIP Um rumo para Portugalcom 3 modalidades de eurobonds, que a Alemanha rejeita como solução para a crise. Já em dezembro, no dia 9 realizou-se mais um Conselho Europeu,

Um rumo para Portugal

Congresso CIP

CIP

Plano de Actividades

2012

8ª Conferência de Ministros da OMC

Nova Lei do Arrendamento

Criada Comissão para a Eficácia das Execuções

Revista de Empresários e NegóciosBimestral • Novembro / Dezembro 2011 • N.º 90 • 3,5€

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António Saraiva Presidente da CiP

Tal como concluímos no nosso Congresso, é essencial que, no mais curto prazo, sejam adotadas medidas que per-mitam:• normalizar o financiamento das empre-sas,• melhorar a sua competitividade, através de reformas estruturais,• estimular a internacionalização, através de uma agenda alargada para o cresci-mento,• flexibilizar o mercado do trabalho e as relações laborais.Tem sido neste contexto que a CIP tem avaliado as propostas quer sobre a redu-ção da TSU quer sobre a expansão do ho-rário de trabalho.O Governo decidiu substituir a medida prevista no Memorando de Entendimento relativamente à “Desvalorização Fiscal” pelo aumento excecional do tempo de trabalho (a vulgarmente designada “ex-pansão do horário de trabalho em meia hora”).A CIP considerou que a redução da TSU era uma medida positiva, pois constituía um fator decisivo para a redução dos cus-tos unitários do trabalho, que em Portugal têm vindo a aumentar mais do que na ge-neralidade dos países europeus.Quando tomou conhecimento que o Go-verno tinha aprovado em Conselho de Mi-nistros a medida de “expansão do horário de trabalho em meia hora”, a CIP conside-rou que a proposta poderia ter impactos relevantes se, por um lado, determinasse efeitos idênticos aos da descida da TSU e se, por outro lado, não ficasse depen-dente de fatores ou condicionantes que limitassem a sua implementação.A discussão destas matérias e o debate aberto na Comunicação Social fez crer que tais medidas são as únicas de que a economia, as empresas e os trabalha-dores necessitam para o crescimento, a competitividade e o emprego.A CIP entende que estas ou outras me-didas de efeito equivalente têm que ser

enquadradas numa agenda de compro-missos globais que envolvam o Governo, as empresas e os trabalhadores na defi-nição de estratégias e políticas concretas e exequíveis orientadas para o Imperativo do Crescimento.A redução da TSU, o aumento da duração do horário de trabalho, a diminuição das férias e dos feriados ou outras medidas de efeito equivalente são essenciais para ge-rar investimento, aumentar a produtividade,

criar riqueza e, por último mas de importân-cia decisiva, manter e criar emprego.São pontos importantes, mas não são os únicos.A agenda para o crescimento, competitivi-dade e emprego terá que contemplar to-das as matérias relacionadas com o cresci-mento, a competitividade e o emprego, tal como antes mencionei. Para a concretizar, a CIP continuará a apostar no diálogo so-cial e em todas as suas virtualidades.

Editorial

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Agenda para o crescimento, competitividade e emprego

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DirectorAntónio saraiva

Director AdjuntoDaniel soares de oliveira

Conselho EditorialAntónio Alfaiategregório rocha novoJaime BragaJoão Mendes de AlmeidaManuela gameironuno BiscayaPatrícia gonçalvesPedro CapuchoPedro Correiasofia Baião Horta

SecretariadoFilomena MendesFrancisco Carrera

Administração e PropriedadeCIP – Confederação empresarial de PortugalPraça das Indústrias1300-307 LisboaTel.: 213 164 700 Fax: 213 579 986e-mail: [email protected]: 500 835 934

n.º de registo na erCs - 108372Depósito Legal 0870 - 9602

Produção e Edição

Bleed - sociedade editorial e organização de eventosCampo grande, 30 - 9.º C1700-093 LisboaTel.: 21 795 70 45/6Fax: 21 795 70 [email protected]

Director EditorialMiguel [email protected]

Director ComercialMário [email protected]

Gestor de MeiosFrancisco dos reis Mesquita

Editor Fotográficosérgio saavedra

Design e PaginaçãoJosé santos

Impressãosocingrafrua de Campolide, 133 - 1.º Dto.1070-029 Lisboa

PeriodicidadeBimestral

Tiragem10.000 exemplares

Editorial

Conjuntura

Congresso CIPO Imperativo do Crescimento

Reabilitação UrbanaReforma do Regime Jurídico do Arrendamento Urbano

Legislação LaboralEmprego e Proteção Social

Dossiê Plano da Actividades de CIP para 2012

Comércio Mundial8ª Conferência de Ministros da OMC

Acções ExecutivasParticipação dos cidadãos e das empresas na comissão para a eficácia das execuções, por Paula Meira Lourenço, Presidente da Comissão para a Eficácia das Execuções

ComunicaçãoVeículos informativos da CIP

Notícias

OpiniãoSolidariedade, por Nuno Ferrão, Lions Clubs International

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índicE

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www.cip.org.pt

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conjuntura

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Conjuntura Económica MUNDONo dia 28 de novembro, foram divulgadas as previsões de Outono da OCDE, que es-pera um abrandamento do PIB mundial de uma variação real de 5% em 2010, para 3.8% em 2011 e 3.4% em 2012 (Gráfico 1), recuperando depois o ritmo de cres-cimento em 2013 com uma subida de 4.3%, isto assumindo que os líderes po-líticos atuam decisivamente para travar a crise de dívida e evitar uma forte contra-ção do crédito, falhas sistémicas na banca e excessiva consolidação fiscal. No caso do comércio mundial, a OCDE prevê que a taxa de crescimento passe de 12.6% em 2010 para 6.7% em 2011, 4.8% em 2012 e 7.1% em 2013. A OCDE considera a crise de dívida soberana europeia como o maior risco para estas previsões (pedin-do, por isso, medidas decisivas e rápidas por parte dos líderes europeus), seguido da falta de um acordo nos EUA para um plano de consolidação orçamental de mé-dio prazo.

EUANas previsões de Outono, a OCDE reduziu as perspetivas de crescimento em volume do PIB dos EUA para 1.7% em 2011 (3% em 2010), subindo depois de forma ligeira nos dois anos seguintes para 2% em 2012 e 2.5% em 2013.No terceiro trimestre, o PIB norte-america-no registou um crescimento homólogo real de 1.5%, após 1.6% no trimestre anterior (Gráfico 2). Dados mais recentes, relativos a outubro e novembro, mostraram um abran-damento do consumo privado (variações homólogas reais de 1.9% e 1.7%, respeti-vamente, após 2% no terceiro trimestre), a rubrica com maior peso no PIB.No dia 13 de dezembro, a Reserva Federal deixou a sua política monetária inalterada, jus-tificando a decisão com a expansão modera-da da economia norte-americana (apesar do abrandamento da economia global), que se deverá manter nos próximos trimestres.

DezeMBro 2012

O Instituto Conference Board confirmou a perspetiva económica positiva de curto prazo dos EUA no seu índice dos indicado-res avançados de Novembro. Contudo, o Instituto alerta que a melhoria de atividade sinalizada pelo indicador será facilmente re-vertida em caso de uma recessão acima do esperado na Europa.

EUROPA Em Novembro, a envolvente europeia continuou a ser dominada pela crise de dívida soberana na zona do euro. Na Gré-cia e na Itália, os respetivos primeiros--ministros demitiram-se para dar lugar a governos técnicos de transição antes da realização de novas eleições, de modo

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as variações em cadeia (0.3% na UE e 0.2% na zona do euro).Ao nível da política monetária, o Banco Central Europeu (BCE) reduziu as suas taxas de juro diretoras em 0.25 pontos percentuais no dia 8 de dezembro, pela segunda reunião consecutiva (passando para 1%, no caso da taxa aplicável às operações principais de refinanciamen-to), devido às tensões nos mercados financeiros, que continuam a penalizar a atividade económica da área do euro e colocam substanciais riscos descen-dentes às perspetivas da região. Com vista a aumentar a liquidez dos bancos da zona do euro, e complementando a ação coordenada entre bancos cen-trais a 30 de novembro para reforçar a liquidez do sistema financeiro global, o BCE decidiu ainda conduzir operações de financiamento a 3 anos, entre outras medidas. As decisões do BCE tiveram o efeito pretendido de redução das taxas Euribor, que têm sido pressionadas em alta devido à quebra da oferta de fun-dos dos bancos no mercado monetário, preferindo o seu depósito junto no BCE para evitar o risco de contraparte.No dia 19, o novo presidente do BCE, Mário Draghi, excluiu a possibilidade de uma operação massiva de compra de dí-vida soberana no futuro (por considerar não caber ao BCE o financiamento de governos), mas admitiu que os bancos poderão usar a nova linha de crédito a três anos para financiar a dívida dos estados em apuros, ainda que o grande objetivo da iniciativa expansionista seja evitar uma recessão induzida por uma nova crise de crédito em 2012. Draghi garantiu ainda que o projeto da moeda única é “irreversível”.

COTAÇÕES INTERNACIONAISA cotação média mensal do euro face ao dólar (Gráfico 3) recuou pelo terceiro mês consecutivo e de forma mais marca-da em novembro (1.1% face a outubro, para 1.3556 dólares por euro), em face do agravamento da crise de dívida soberana, primeiro com a hipótese de um referendo ao euro na Grécia e a instabilidade polí-tica em Itália, e depois com os sinais de contágio a alguns países do centro, como França e Áustria, e os rumores de resgate a Espanha e Itália no final do mês. A des-cida da cotação média acentuou-se em dezembro (2.8%, para 1.3179 dólares), a refletir a nova descida das taxas diretoras do BCE e as dúvidas quanto à efetivida-de da Cimeira Europeia (sobretudo após a

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a acalmar os receios dos mercados em torno dos dois países. Na Espanha, as eleições antecipadas de 20 de Novem-bro ditaram também uma mudança de Governo, com a vitória do Partido Popu-lar, seguindo-se um aumento das yields soberanas nos mercados de dívida e o desmentido de um pedido de ajuda ex-terna. Na segunda quinzena, o carácter sistémico da crise de dívida soberana da zona euro ganhou consistência com a subida dos prémios de risco de alguns países do centro, como a França. No dia 23, a Comissão Europeia apre-sentou um conjunto de propostas de-signado “uma nova ação para o cres-cimento, governação e estabilidade”, incluindo as prioridades económicas em 2012 para promoção do crescimento, dois novos regulamentos para reforçar a vigilância orçamental e a governação económica, e um Livro Verde para a in-trodução de obrigações de estabilidade, com 3 modalidades de eurobonds, que a Alemanha rejeita como solução para a crise.Já em dezembro, no dia 9 realizou-se mais um Conselho Europeu, onde ficou acordada a realização de um novo Trata-do Intergovernamental com regras mais rigorosas em matéria orçamental (“com-pacto fiscal”) e um reforço da coordena-ção económica, com vista a restaurar a confiança dos mercados. Entre as decisões do Conselho, salienta--se, a nível orçamental, o maior automa-tismo das sanções no procedimento de défices excessivos e a adoção de uma regra de equilíbrio orçamental a nível constitucional ou equivalente. Ao nível da estabilidade financeira, ficou decidido que o Mecanismo Europeu de Estabili-

dade (MEE) deverá entrar em vigor em julho de 2012, em vez de julho de 2013, que a participação do setor privado no MEE estará em conformidade com os princípios e práticas do FMI, e que as decisões urgentes serão tomadas por maioria qualificada de 85%. Em termos de recursos financeiros, a adequação do limiar conjunto para o FEEF (Fundo Europeu de Estabilização Financeira) e o MEE, no valor de 500 mil milhões de eu-ros, será reavaliada em março de 2012, mas entretanto será feito um reforço dos recursos do FMI por parte dos países da zona euro e outros Estados-Membros até 200 mil milhões de euros, para asse-gurar os recursos adequados para fazer face à crise.No dia 12 de dezembro, a agência de notação Moody’s anunciou que iria rever os ratings da dívida dos países da União Europeia, por considerar que a Cimeira não produziu “medidas políticas decisi-vas” para travar a crise da dívida.Quanto a previsões, os valores mais re-centes da Comissão Europeia, divulga-dos em Novembro, evidenciaram uma revisão em baixa das perspetivas de crescimento real do PIB da zona euro para 1.5% em 2011, 0.5% em 2012 e 1.3% em 2013, revelando menor otimis-mo nestes dois últimos anos do que a OCDE (previsões de 1.6%, 0.2% e 1.4%, respetivamente), que espera quebras homólogas do PIB da zona euro no 4º trimestre de 2011 e 1º de 2012, (-1% e -0.4%, respetivamente). Os dados mais recentes mostraram um abrandamento homólogo do PIB da UE e da zona do euro no 3º trimestre (de uma variação de 1.7% para 1.4%, nos dois casos), mantendo-se praticamente inalteradas

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ca da Troika sobre a segunda revisão do programa, destaca-se a abertura do FMI para adaptar o programa de ajuda em caso de um agravamento da conjuntura externa, incluindo uma suavização das metas do défice. Realça-se ainda a indi-cação de que o Governo não deve des-cartar despedimentos em caso de extin-ção de entidades públicas.No mesmo dia, o ministro das Finanças divulgou informação mais recente do que a disponível aquando do segundo exame regular, nomeadamente no que diz res-peito ao défice orçamental de 2011, que se situará próximo de 4% do PIB e não em 5.9% como previsto no programa de ajustamento, isto porque se registou uma melhoria da execução orçamental no ter-ceiro trimestre, mas sobretudo porque a transferência dos fundos de pensões da banca para o Estado rendeu mais de 6000 m.e.. Sem esta operação, que Vítor Gaspar classificou de “neutra do ponto de vista atuarial”, o défice ter-se-ia situ-ado em 7.5% do PIB (e em mais de 8% sem as medidas aprovadas no verão: so-bretaxa extraordinária em sede de IRS e antecipação da subida da taxa de IVA na energia). Quanto à gestão financeira das receitas da operação, Vítor Gaspar referiu que uma parte servirá para o pagamento de dívidas, o que afetará positivamente a liquidez e disponibilidade de crédito para as empresas privadas.No dia 22, o Governo anunciou que a empresa chinesa China Three Gorges foi escolhida para comprar a participação de 21.35% do Estado português no proces-so de reprivatização EDP. O Presidente da empresa, Cao Guangjing, considerou que a decisão poderá trazer mais investi-mento chinês a Portugal.No dia 29 de dezembro, o Conselho de Ministros aprovou Propostas de Lei para a revisão do arrendamento urbano e para a alteração de regras e procedimentos com vista a evitar pagamentos em atraso do Estado.As previsões económicas mais recentes, divulgadas a 10 de janeiro de 2012 pelo Banco de Portugal, apontam para uma contração do PIB real de 1.6% em 2011 e 3.1% em 2012 (descidas de 1.9% e 2.2% nas anteriores previsões, respetivamen-te), recuperando depois 0.3% em 2013. As variações em 2011 e 2012 coincidem ou estão próximas das últimas previsões da OCDE, e também das da Comissão Europeia e FMI (2ª avaliação do programa de ajustamento). Contudo, a recuperação em 2013 é menos significativa do que a

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conjuntura

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Moody’s ter ameaçado um corte geral de ratings nos países do euro).A cotação média do barril de brent (Gráfico 4) valorizou-se 0.9% em novembro (para 110.5 dólares), para o que contribuiu a expectativa de um novo programa de estí-mulo monetário da Reserva Federal, a re-cuperação da economia japonesa, alguns dados positivos nos EUA, e a perspetiva de medidas decisivas na Europa para im-pedir o colapso do euro. Já em dezembro, a cotação média do brent recuou 2.3% (para 107.97 dólares, o mínimo desde Fe-vereiro) com as tensões da crise de dívida europeia (não afastadas pela Cimeira eu-ropeia de dia 9), a apreciação do dólar e, sobretudo, o aumento das quotas oficiais de produção da OPEP na reunião de dia 14. Contudo, na parte final do mês a co-tação diária começou a registar uma forte recuperação por causa do agravamento das tensões em torno do Irão (devido à realização de exercícios militares e à con-tinuação do programa nuclear).

PORTUGALNo dia 30 de novembro, o Orçamento de Estado de 2012 recebeu a aprovação fi-nal na Assembleia da República, com a votação favorável dos partidos de coliga-ção e a abstenção do PS, o maior partido da oposição.No mesmo dia, em entrevista a um canal de televisão, o Primeiro-ministro admi-tiu que o Governo poderá ter de tomar medidas adicionais de austeridade caso a recessão em 2012 se revele mais pro-nunciada do que o esperado.Um dia depois, o Banco de Portugal di-vulgou os resultados da inspeção da Troika à banca nacional, que revelaram

necessidades de financiamento de 596 m.e. para fazer face a imparidades não cobertas (de um total de 838 m.e. de im-paridades identificado), um valor relativa-mente baixo e acessível de cobrir, não se confirmando os piores receios.No dia 20 de dezembro, o FMI completou o segundo exame regular do Programa de Assistência Financeira a Portugal e autorizou o desembolso imediato do fi-nanciamento previsto. Um dia depois, a Comissão Europeia divulgou um relatório sobre a segunda revisão do Programa. Nesse relatório, a Comissão destacou o bom progresso realizado pelo Governo português em várias áreas, mas salientou que permanecem desafios muito signifi-cativos, com destaque para o cumpri-mento da meta orçamental de 2012 (de 4.5% do PIB), com vista à recuperação do acesso aos mercados o mais rápido possível. Para limitar os riscos de in-cumprimento da meta (os riscos de de-terioração da procura externa não são controláveis), é necessária uma rápida implementação das reformas previstas de reforço do controlo orçamental. Em paralelo, e como não foi adotada a me-dida de desvalorização fiscal, deverão ser reforçadas e implementadas rapidamente medidas estruturais nos mercados labo-ral e do produto para reduzir os custos laborais, aumentar a flexibilidade, reduzir as barreiras à entrada e diminuir a pro-cura de rendas injustificadas, exigindo uma forte determinação do Governo para contrariar a forte oposição dos interesses instalados. A Comissão referiu ainda que o envelope financeiro do programa conti-nua a ser suficiente.Numa conferência de imprensa telefóni-

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projetada pela Comissão (0.7%), aproxi-mando-se mais da estimativa da OCDE (0.5%). Segundo o BdP, a contração sem pre-cedente da atividade económica no ho-rizonte de previsão traduz uma queda significativa da procura interna, tanto pública como privada, minorada por um crescimento significativo das exportações (variações reais de 7.2%, 4.1% e 5.8% em 2011, 2012 e 2013). Salientam-se as quebras agravadas e sem precedentes, em 2012, do consumo privado (6%) e do investimento (12.8%).Em termos de dados de conjuntura, sa-lienta-se o agravamento da quebra do PIB em volume no terceiro trimestre, tan-to em variação homóloga (-1.7%, após -1% no segundo trimestre), como em ca-

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deia (de -0.2% para -0.6%) – ver Gráfico 5. Por componentes de despesa, salien-tam-se as variações homólogas de -3.3% no consumo privado, -0.4% no consumo público, -13.7% na formação bruta de capital, 6.5% nas exportações e -2.8% nas importações (após -3.3%, -3.7%, -12.8%, 8.7% e -4.6% no segundo tri-mestre, respetivamente). Quanto à evo-lução do VAB em volume por sectores, registam-se as variações homólogas de -0.1% na indústria, energia, águas e sa-neamento (1.2% no segundo trimestre), 1.5% na Agricultura, silvicultura e pescas (1.6%), -11.6% na construção (-9.5%) e -1.1% nos serviços (-0.8%).Dados mais recentes, do indicador coin-cidente do Banco de Portugal e do in-dicador de clima do INE, sugerem uma

queda agravada da atividade económica no quarto trimestre e igual perspetiva no início de 2012.Quanto à atividade industrial (dados do INE), salienta-se, em novembro: (i) A variação homóloga de -2.3% da pro-dução industrial (0.2% em outubro; da-dos ajustados de efeitos de calendário) e de 1.4% do volume de negócios, que se repartiu entre 15.7% no mercado exter-no e -7% no nacional (2.6%, 14% e -4% em outubro, respetivamente, em termos nominais) – ver Gráfico 6; as variações médias anuais situaram-se em -0.8% no índice de produção e 6.2% no volume de negócios (1.5% no mercado nacional e 14.4% no mercado externo);(ii) As novas encomendas industriais regis-taram uma variação de -8.7% no trimestre até novembro de 2011 (4.7% no trimestre até outubro), em termos homólogos, in-cluindo variações de -7.2% no mercado nacional (-3.8%) e de -9.8% no mercado externo (12.9%). O INE alerta que a que-bra das encomendas decorre, pelo menos em parte, de um efeito de base (ocorrido principalmente no agrupamento de bens intermédios), dado o elevado crescimento verificado no trimestre até Novembro de 2010. Com efeito, as variações mensais das encomendas em Novembro foram positivas, especialmente no caso do mer-cado externo (9.8%, face a 5.8% no mer-cado nacional), que se espera continue a suportar a atividade industrial num futuro próximo, apesar de alguma perda de di-namismo associada ao abrandamento da procura externa relevante.No terceiro trimestre, a taxa de desempre-go nacional aumentou 0.3 pontos percen-tuais, para 12.4% (correspondendo a 690 mil desempregados), retomando o máxi-mo histórico registado no primeiro trimes-tre de 2011 (dados não corrigidos de sa-zonalidade; a comparação homóloga não é possível devido a uma quebra de série no primeiro trimestre de 2011).A taxa de inflação homóloga aferida pelo IPC diminuiu pelo segundo mês conse-cutivo em dezembro, para 3.6% (4% em novembro). Excluindo as componentes de energia e alimentação, a taxa de inflação homóloga desceu para 2.3% (2.1% em novembro). A variação média anual do IPC em 2011 foi de 3.7% (1.4% em 2010), um máximo de 10 anos. O IHPC registou uma evolução semelhante à do IPC (varia-ção homóloga de 3.5% e média anual de 3.6%).

CIP - DIreCção De Assuntos eConómICos (elaborado com informação até 11/01/2012)

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congrEsso ciP

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o IMPerATIVo Do CresCIMenTo

A procura de soluções e de um rumo

para Portugal

Enquanto os portugueses aguardam pelas medidas reformistas urgentes impostas pela “troika” ao Governo, ao abrigo do Programa de Ajuda Económica, a cúpula da Confederação Empresarial de Portugal (CIP) toma a dianteira no debate do futuro da economia portuguesa, reunindo mais de 700 empresários – num só dia e num só espaço – para analisarem a actual conjuntura económica e apresentarem soluções

Tempos de crise económica e financei-ra exigem medidas pragmáticas que ajudem os empresários a ultrapassar obstáculos ao sucesso dos seus investimentos. Num con-texto adverso que urge transpor, a CIP pro-pôs “O Imperativo do Crescimento” – para mudar Portugal para melhor. A situação do país não é fácil e os empresários não têm dúvidas de que a resposta para ultrapassar a crise passa pela iniciativa privada, pelos empreendedores, pelos que inovam, pelos que arriscam.Um dos temas mais críticos do Congresso da CIP era o do “Financiamento”. A Confe-deração sentou à mesma mesa cinco ban-queiros que vivem momentos de restrição financeira, presos em rácios de capitais e todo um conjunto de limitações impostas externamente à concessão de crédito. Que resposta terá a Banca para dar aos empre-

sários que necessitam de crédito para ex-portar, alavancar os seus investimentos ou simplesmente cobrir défices de tesouraria gerados por pagamentos em atraso, numa economia onde o Estado é dos intervenien-tes que mais demora a cumprir pagamentos ou a entregar verbas de financiamento?E será que a economia portuguesa conse-gue ser competitiva num cenário de aus-teridade absoluta? Será possível criar uma sociedade saudável, produtiva e empreen-dedora, com rumo e objectivos? Os empre-sários Belmiro de Azevedo e Joaquim de Aguiar sabem bem para onde querem ir e onde se deve investir (ou reinvestir). Disse-ram-no no Congresso. Uma coisa é certa. E esse ponto foi unânime para o espectro dos congressistas: Portugal tem que ter a aspiração de crescer, ganhar escala, inovar e captar todas as oportuni-

dades que lhe surjam de conquistar novos mercados. A conjugação das reformas em curso, com uma agenda ampliada do sec-tor privado e uma visão concertada de rumo para o país definida entre Estado e privados, será a poção que permitirá a Portugal con-correr de igual para igual com outros países economicamente vigorosos no campeonato das nações.Uma Europa acertada nos seus eixos – o que implica entendimento quanto às políti-cas comuns –, mais a salvação do euro e a criação de um bom ambiente de negócios e dinheiro injectado na economia produtiva poderão ser suficientes para alavancar as economias europeias, que estão a atraves-sar um mau momento económico, defende Philippe de Buck, o representante dos pa-trões europeus que foi escutado com inte-resse pelos congressistas.

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EConoMIA

SEM EMPrESAS

“sem as empresas

e sem o sector privado

não há emprego, não há

riqueza. A economia

simplesmente

não funciona”,

António saraiva,

Presidente da CIP

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Estratégias há muitas. E em tempos de crise toda a gente tem mais ou menos uma teoria que parece acertada, mas a CIP quis ouvir os empresários que estão no terreno e dão a cara pelos seus serviços e pelo que pro-duzem e vendem. Dos mais agressivos aos mais rápidos. Dos mais focados aos mais virados para o mercado mundial, pelo palco do Teatro Camões passaram bons exem-plos do que se pode fazer bem, sobreviver, e até crescer em tempos de recessão.Por outro lado, que o FMI diagnostica um cenário negro para Portugal, na Irlanda ou na Grécia, não é novidade. Se deram ajuda financeira foi porque as contas não batiam certo e eram precisas medidas urgentes. Talvez por isso não estranhe ler o Albert Jagger, o representante do Fundo a dizer à plateia de empresários coisas como: “a principal razão por que vai ser difícil chegar ao topo é que Portugal vai precisar de fazer reformas estruturais, reformas estruturais e reformas estruturais” ou disparar que nos espera “uma dura escalada com caminhos enviesados e obstáculos inesperados”, mas também que o programa de ajuda providen-cia “espaço para respirar” e “um suave ajus-te para conseguir um quadro sustentado”.No final chegaram as conclusões pelas quais todos ansiavam. Os empresários saíram do Parque das Nações, em Lisboa, com a sen-sação de que terão de ser eles os agentes da mudança. Sentem-se mais mobilizados, unidos, convergentes e sabem que não es-tão sozinhos. E para que essa mudança não seja um martírio, deixaram uma lista com as ferramentas que precisam para cumprir o objectivo de ajudar o Governo a sair da crise, inovar, investir, criar riqueza, emprego e assim fazer crescer a economia. E garan-

tem que vão apresentá-la aos governantes. A António Saraiva, presidente da CIP, coube a tarefa de lançar os dados, abrir a discus-são e dar voz aos associados. Na abertura do Congresso frisa a ideia de que é “neces-sário mudar Portugal para melhor”, que tal só será possível “com um papel determi-nante da iniciativa privada”, e reforçando o princípio de que “sem as empresas e sem o sector privado não há emprego, não há riqueza. A economia simplesmente não fun-ciona”.No encerramento, depois de oferecer uma mão cheia de conclusões com soluções, re-mata dizendo: “Quando houver obstáculos teremos que os remover. Os obstáculos não podem ser um impedimento”.

LIMITes à BAnCA TornA-A MAIs seLeCTIVAnum momento em que a escassez do financiamento ao sector produtivo constitui um sério constrangimento à recuperação da actividade económi-ca, a CIP convidou cinco responsáveis máximos da banca para revelarem so-luções para ultrapassar as dificuldades e o que, neste contexto, podem propor às empresas

Os dados disponíveis são preocupantes e não deixam margem para dúvidas quanto à redução do crédito às empresas do sector privado, maior restritividade ao nível dos cri-térios de concessão de empréstimos a este

segmento, atendendo às dificuldades de cortar no crédito à habitação e às empre-sas do sector empresarial do Estado”, lança José António Barros, presidente da AEP, em jeito de mote para abrir a discussão sobre o actual quadro de financiamento da Banca às empresas, nomeadamente às que apos-tam na exportação.Antes de passar a palavra aos banqueiros, José António Barros deixa o alerta, sinto-mático do aperto vivido pelos empresários nacionais: “não tenhamos dúvidas de que, sem crédito ao sector produtivo, sobretudo na área dos bens e serviços transaccioná-veis, que possam ser exportados ou que possam evitar importações, a recessão será, com elevada probabilidade, muito mais profunda”.Partindo destas duas premissas: escassez de financiamento e subsequente risco de recessão profunda, Ricardo Salgado, presi-dente do Banco Espírito Santo (BES) refere que a instituição a que preside desenvolveu “um conjunto alargado de soluções para continuar a segurar o apoio ao tecido em-presarial, à tesouraria, fundo de maneio, às empresas inovadoras e empreendedoras, e à sua internacionalização”, em resposta a um problema que o estudo da ACEGE sobre as dificuldades das empresas tinha revelado. “As empresas nacionais têm dificuldade em receber, devido aos atrasos de pagamentos. E aqui, em Portugal, metade dos pagamen-tos são feitos com atraso, os prazos degra-daram-se doze dias desde 2006 passando para oitenta dias, devo dizer que nas dívidas do Estado aos bancos, os prazos são muito superiores e que, no caso da saúde chegam a mais de quinhentos dias de atraso, o sec-tor público é o que mais paga atrasado, os

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o ESTADo DEvIA...

“libertar a Banca,

especialmente a privada,

das necessidades

de financiamento público”,

para que esta pudesse

“garantir investimentos

estratégicos”,

António ramalho,

Administrador do BCP

atrasos destroem mais de mil empregos por ano e, o número das empresas insolventes aumentou 23 por cento desde 2009. O im-pacto acumulado dos atrasos desde 2006 equivale a dois por cento do PIB”, recorda Ricardo Salgado citando as conclusões do trabalho da ACEGE.No sector das exportações, uma das pre-ocupações dos empreendedores nacio-nais, Ricardo Salgado refere que o BES tem “presença directa nos mercados-alvo, estruturas dedicadas a apoiar os exportado-res e a realização de missões empresariais sobre os diferentes mercados, com dois mil e trezentos bancos correspondentes” apoiando aqueles que são os sectores com maior peso nas exportações: “máquinas e aparelhos eléctricos e mecânicos, minerais e metais comuns, veículos e outro material de transporte e também no sector químico.Fernando Ulrich, presidente do BPI, destaca o facto inequívoco de que “neste momento o Estado português não se consegue finan-ciar no mercado através da emissão de títu-los de médio e longo prazo mesmo a estes níveis de taxas muito altas, como sabemos. Esta situação tem como consequência – não é a única, mas é uma das que tem como consequência – que os bancos tenham que pagar mais caro pelos depósitos do que aquilo que seria saudável, para eles próprios e para a economia portuguesa”, evidencia, lançando a crítica com um exemplo positi-vo: “o que seria bom para a economia – e que foi feito em Espanha durante anos – era um raciocínio anti-ciclo: quando a economia estava forte, os bancos terem que ter mais provisões para quando a economia estives-se fraca e não terem que constituir novas provisões na mesma escala”.O banqueiro sustenta não ter dúvidas de que este “é um problema muito grave para

a economia portuguesa. E que, a prolongar--se no tempo, vai asfixiando as empresas”. Deixa por isso uma questão para reflexão: “quais são os negócios, numa economia que não só não cresce como cai, que con-seguem pagar juros, por exemplo, acima de seis por cento?”.Falando dos constrangimentos impostos pelos rácios de capitais exigidos à banca e defendendo ser essa imposição, em si mesma, “um erro, porque deviam ser mais baixos em época de crise e mais altos em épocas de crescimento”, Fernando Ulrich revela que “o BPI já cumpre o rácio dos 120 por cento”, mas avisa: “não é por isso que vamos dar mais crédito”.Antes que alguém questionasse as razões dessa limitação, o banqueiro responde: “Temos muitos mais constrangimentos. O que eu mais quero é dar crédito. O nosso negócio, a nossa sobrevivência, a nossa vi-talidade, a nossa rentabilidade depende de fazer crédito e depende de trabalhar com as empresas e, em particular, com as boas. Portanto isto não é um problema de não ter vontade ou de não querer, é porque com este conjunto de camisas de sete varas em que estamos envolvidos, de facto, só pre-enchem todos os requisitos impostos um pequeno número de empresas”.Como pressupõe então que os empresários devam dar a volta à questão? “Em três anos dupliquem a relação entre os vossos capi-tais próprios e a dívida, seja porque aumen-ta o capital próprio, seja porque reduzem a dívida. Se fazem favor, supliquem o vosso rácio de autonomia financeira”, sugere.

Baixo risco e mercados apropriados ditam a concessão de créditoO presidente do Conselho de Administração da Caixa Geral de Depósitos (CGD), José de Matos, faz um enquadramento macroeco-nómico e classifica o problema do financia-mento como “grave” por existir “um excesso de endividamento das famílias e das empre-sas”. E acrescenta: “o que temos é um pro-blema de ajustamento da economia toda, do Estado, das empresas e das famílias”.Como concomitantemente os “credores privados internacionais deixaram de nos financiar” e neste momento “só temos cre-dores oficiais”, estamos perante uma situ-ação de “desequilíbrio” que obriga a uma “desalavancagem do sector bancário por-que é o intermediário neste processo”. E logo a Banca portuguesa que “não depen-dia do Banco Central europeu e sempre, praticamente até há pouco tempo, viveu sem recorrer ao Banco Central. Sempre considerámos uma questão de emergên-

cia financiarmo-nos junto do Banco Cen-tral”, justifica.Constatando a tendência de queda do “cré-dito bancário ao sector privado não finan-ceiro nos últimos meses” como “o prolon-gamento de uma tendência que já vinha a acontecer com os particulares”, e que se está a reflectir nas empresas não financeiras devido ao facto de o “risco da economia es-tar a aumentar”, José de Matos garante que da parte da CGD serão financiadas “empre-sas que sejam bons riscos e com mercados apropriados”.Durante a sua intervenção, António Rama-lho, administrador do Millennium BCP para a área financeira, mostra sinais de um pru-dente optimismo. “Dentro da crise soberana que se verificou, a banca portuguesa, quer ao nível dos particulares quer ao nível das empresas, demonstrou um nível de resi-liência significativa e um nível de apoio ao financiamento particularmente importante”. Partindo desta premissa, António Ramalho explica o grau em que os bancos portugue-ses continuam a apoiar os empresários: “a Banca portuguesa, ao contrário da euro-peia, aplica oitenta e um por cento da sua actividade, pura e simplesmente, a emprés-timos”, continuando “os bancos portugue-ses a ser chamados para manter a econo-mia viva”.António Ramalho defende que o Estado devia “libertar a Banca, especialmente a pri-vada, das necessidades de financiamento público”, para que esta pudesse “garantir investimentos estratégicos”.No contexto das medidas de credibilização juntos dos mercados e dos credores, de-veria ser acelerada “rapidamente a credibi-lidade interna, nomeadamente criando um modelo de pagamentos rápido, eficiente”, o que permitiria trazer a “Banca para o crédi-to por finalidade, não para a conta corrente, mas para o desconto do efeito, para o ‘trade finance’, para a exportação, para a importa-ção”, através de “um círculo virtuoso de pro-dutividade e de apoio à economia”, resume.Optando por uma apresentação mais sis-tematizada, Nuno Amado, presidente da comissão Executiva do Santander Totta, re-comenda ao Estado que aumente “as linhas de PME Invest, especialmente para o sector produtivo e para o sector exportador” pois a Banca, sozinha, “não pode continuar a aumentar os limites”. “Acho que não é bom pôr mais crédito em cima de mais crédito”, destaca, considerando ser este “um bom princípio de conversa, uma recomendação de que também haja uma pressão para pa-gamento a noventa dias ou a cento e oitenta dias com uma forma pragmática e clara”.

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Estando o Santander Totta a “afinar os pro-dutos de apoio à exportação” e a apostar na “internacionalização”, com contactos com os seus representantes internacionais, pede ao Estado que aprove, de forma rápida, cer-tificação para podermos financiar, como fa-zemos no PME Invest”, que antecipe e agi-lize os mecanismos do QREN, para que os bancos percebam quais os reais riscos dos financiamentos. O responsável pelo Santander/Totta aler-ta ainda para a necessidade de se poupar mais: “a taxa de depósitos é baixa. Até ago-ra a desalavancagem tem sido feito à custa dos depósitos, mas, no futuro, com esta taxa de poupança, há um risco de ter de se acelerar o crédito, e isso nós não que-remos”, salienta, sugerindo “mais incentivos do país à poupança”.O painel sobre o financiamento empresarial ficaria incompleto se não fossem escuta-das as empresas. Coube a Carlos Cardoso, vice-presidente da CIP, expor “as principais dificuldades” e “as principais preocupações” da Confederação. O responsável destaca o facto de as PME, as grandes empresas, to-dos os sectores industriais, sector primário e sector secundário economicamente viá-veis e que apresentam resultados operacio-nais positivos, não conseguirem sobreviver “sem o fundo de maneio, o capital circulante necessário para a sua actividade”. Carlos Cardoso avisa que, num cenário de degra-dação: “dentro de alguns meses estaremos numa situação muito pior e o sector finan-ceiro não terá também, obviamente, clien-tes”.Sugere então que se avance para “uma es-pécie de consórcio, um agrupamento de interesses entre todos os sectores. Quer do lado dos empresários, quer das empresas

financeiras, da Banca e, obviamente, do Estado, a assumir um papel, não de inter-ventor, mas, pelo menos, de tentar perceber qual é o dilema que vivemos. E, perdoem--me a expressão, não atrapalhar”, remata.

os DesAFIos DA CoMPeTITIVIDADeSaber qual o rumo a seguir em simultâ-neo com a implementação de medidas de austeridade. Perceber que se mudou de paradigma. Não ter medo de partir “o ovo de Colombo”. Descobrir como se pode criar uma sociedade saudável, produtiva e empreendedora. Estas fo-ram algumas das pistas deixadas neste painel

“Portugal não pode ser um país pobre. Não pode ser um país pequeno. Não é um país exíguo. Portugal tem a dimensão da criativi-dade dos seus cidadãos e, acrescento eu, da criatividade dos seus empresários. Ora, os empresários hoje, como em outras cir-cunstâncias de crise, sabem que a saúde do nosso país democrático depende da vi-talidade de um sector produtivo, moderno e competitivo e de uma política impulsionado-ra da criatividade e capacidade empreende-dora”. Esta frase de Jorge Rocha de Matos, Presidente do Conselho Geral da AIP, na qualidade de moderador do painel, mostra bem o enfoque que se pretendeu dar ao tema “A competitividade”, sempre direccio-nado para “uma trajectória de crescimento sustentado da economia portuguesa”.Enquanto Rocha de Matos enunciava a vi-talidade e a criatividade dos empreendedo-

res portugueses, muitos dos que estavam sentados na audiência questionavam-se sobre como tudo isto seria possível num cenário de taxas negativas de crescimento económico. O moderador esclarece que tal cenário de saúde e sucesso empresarial só é possível com “taxas de crescimento su-periores a três por cento do PIB, no menor período de tempo possível”.A receita? Simples, diz Jorge Rocha de Matos: aposta no “euro-atlantismo como mais-valia para essa opção europeia e a dinamização de projectos de recuperação económica fortaleçam o espaço da CPLP”. Tudo viável com base em uma “sábia mobili-zação de talentos” e na “conectividade inter-nacional”. Para o empresário, o importante é percebermos se “num contexto de gestão de crise é, ou não, possível conciliar o impe-rativo da consolidação das contas públicas com uma agenda de competitividade?”. Ou “se faz sentido falarmos na reindustrialização do país? Ou “qual o seu papel para a futu-ra competitividade da economia? Ou ainda se “nessa reindustrialização faz sentido falar numa estratégia e numa política de ‘clusters’ para a inovação e competitividade?” As per-guntas estão lançadas. Belmiro de Azevedo e Joaquim Aguiar tentarão dar as respostas.

É preciso saber para onde vamos!O empresário Belmiro de Azevedo, presiden-te do Grupo SONAE começa por frisar que Portugal entrou num novo ciclo “onde se per-cebe o esforço de austeridade e de controlo da dívida”, mas alerta para o facto de que “não se vislumbra uma estratégia que poten-cie o crescimento e a criação de condições para uma verdadeira competitividade”. Disposto a falar sobre o tema “Investir para Competir”, em vez de apenas “A Compe-titividade”, Belmiro de Azevedo sente que o Estado “defrauda expectativas” ao au-mentar a carga fiscal, com “decisões que acentuam o preconceito em relação às em-presas de sucesso e que apresentam lucro. As empresas que mais riqueza geram, mais inovam, mais impostos pagam e que mais empregos criam são, afinal, merecedoras de censura e punição. Esta ideia é um dos principais factores da baixa produtividade nacional porque se passa para os cidadãos a ideia de que não vale a pena ser empreen-dedor”, sustenta. Belmiro de Azevedo acredita que “o aumen-to da IRC parece ser um convite à relocali-zação das empresas noutros países - que não está quantificado - mais amigos dos investimentos e dos reinvestimentos”, car-ga fiscal pesada que, “aliada à dificuldade crescente de conseguir crédito bancário, le-

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vará a uma retracção, sem precedentes, no investimento das empresas”, um convite à deslocalizarão para países como “a Hungria, a República Checa, a Eslováquia, a Polónia e a Roménia, nossos concorrentes euro-peus directos no jogo global”.Somados aos problemas já diagnosticados, o empresário acrescenta outro: “o problema em Portugal não é um plano de austeridade. O problema é não saber para onde vamos a seguir. Este Governo pode ficar para a his-tória se estancar a hemorragia e criar condi-ções para haver investimento e crescimento económico”. O empresário do Grupo SONAE defende que “se não nos distanciarmos dos outros, se não oferecemos ao mercado produtos ou servi-ços em que os outros não pensaram, então teremos menos hipótese de crescer. Um pe-queno país precisa de muito mais do que um grande. Precisa de inventar novos produtos que depois possam ser descobertos por um mercado global ávido de novidades. Esta é a história do comércio, venceram sempre os mais inovadores. As nossas crianças, os nos-sos jovens, devem ser formadas numa ideia de empreendedorismo e inovação”, remata.

Ajustar a sociedade ao seu campo de possibilidadesJoaquim de Aguiar, administrador do Gru-po José de Mello, acredita que a culpa da explosão do nosso sistema económico e financeiro se ficou a dever à não intervenção dos reguladores. “Tentemos ver quais foram os erros que nos conduziram a uma crise de descontinuidade. Porque uma crise de des-continuidade é um fenómeno extremamente raro nestas sociedades. Quando há guerra, sobretudo guerras mundiais, como aconte-ceu em meados do século vinte, é o próprio acto da guerra que gera a descontinuidade”, afirma, admitindo terem ocorrido “erros por inconsciência”. “Não reconhecer a mudança natural que acontece nas sociedades quan-do elas passam da fase de vitalidade para a fase de maturidade, conduz a um desastre político”. “A crise financeira que se desenvolve na primeira década do século XXI tem, na sua origem, a necessidade de inventar produtos novos para acolher o dinheiro em excesso, que estava posto em circulação, a partir do momento em que os chineses passaram a ser acumuladores de excedentes que de-pois colocavam nos mercados ocidentais. É esse excesso que acaba por gerar o vício”, dispara, resumindo assim a génese da crise financeira mundial. “Nós temos enorme dificuldade em esque-cer os tempos em que fomos gloriosos e,

portanto, temos dificuldade em perceber que o mapa já é outro e que o nosso está desactualizado”, descreve. Para Joaquim Aguiar houve uma “alteração de padrão de crescimento económico” e passámos de um “regime de capitalização para regimes de endividamento”. E a maior prova de que a crise é de tipo global, mas não de tipo mundial é a de que “há uma parte do mundo que está a funcionar perfeitamente, com as regras certas das sociedades com vitalidade e com capacidade expansiva e a outra não”. Paralelamente, Joaquim Aguiar destaca os entraves ao crescimento e à competitivida-de: a forma como “os encargos financeiros crescem sempre, a dívida vai crescendo sempre até ao ponto em que o devedor já não pode pagar. E portanto, a tendência é querer matar o credor”, afiança.O empresário defende ainda que a agravar tudo isto está o facto de termos sido apa-nhados num “paradoxo das políticas públi-cas de direitos universais e sem custos para o utilizador” em que se criou “uma relação de parasitagem, em que a sociedade para-sita o Estado mas, como os recursos do Es-tado vêm da sociedade, é o Estado que tem de parasitar a sociedade. Ora, um parasita a viver de outro parasita não é futuro porque rapidamente tende para o zero. Tende para uma implosão. Por que é que isto aconte-ceu? Porque a rede dos sistemas de regu-lação ficaram a olhar para o lado”, reforça.E entretanto vivemos num “campo das pos-sibilidades”. E esse “campo de possibilida-des é o verdadeiro ‘ovo de Colombo’ da política portuguesa. Poucos o conhecem porque só se conhece o que é o ‘ovo de Colombo’ depois de o ter partido porque senão ele não segura. Ora bom, depois de se ter partido toda a gente pensa: ‘lá se foi o

ovo’. Não. É que para resolver o ‘ovo de Co-lombo’ tem de ser partido. O doutor Salazar sabia exactamente o que era isso. O que era ajustar a sociedade ao seu campo de possibilidades. Houve outros que souberam ao longo da História mas o que acontece normalmente é que é preciso partir o ovo.

TeMos que MosTrAr Ao MunDo AsPIrAção eM CresCerPortugal terá de mostrar que tem “as-piração de crescimento” e que vai cumprir esse desígnio como Nação. O desafio implica reformar o Estado, dar competências aos empresários, ganhar escala, inovar e capturar todas as opor-tunidades de mercado

Tema transversal e consensual para todos os intervenientes e assistentes do Congres-so da CIP, “O Imperativo do Crescimento” foi abordado e escalpelizado com maior pormenor num painel próprio, com uma especial intervenção de João Castelo Bran-co, sócio director da Mckinsey & Company. Este orador não quis falar de crescimento sem fazer uma breve abordagem às refor-mas estruturais em curso “condição impres-cindível para o crescimento”, acrescenta, a maioria delas inscritas no Programa de Ajustamento Económico estabelecidas en-tre o Governo português e os seus credores internacionais. Acreditando que “além destas reformas estruturais, é preciso mais”, João Castelo Branco argumenta que “Portugal precisa de

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BElMIro

DE AzEvEDo

sente que o estado

“defrauda expectativas”

ao aumentar a carga

fiscal, com “decisões que

acentuam o preconceito

em relação às empresas

de sucesso e que

apresentam lucro

ter uma visão e um plano de crescimento”.Numa análise rápida, o consultor fez uma breve resenha da caminhada económica nacional nos últimos 30 anos, diagnosticou problemas, como a fraca produtividade, crescimentos fracos ou negativos na últi-ma década, divergência do PIB per capita em relação aos parceiros europeus, perda de competitividade externa e elevado grau de endividamento. “Agora o problema es-sencial que temos em mãos para resolver é demonstrar ao mundo, e aos mercados em geral, que nós, como Nação, somos sol-ventes e somos capazes, digamos, de dar a volta a este tipo de trajectória de endivi-damento”.Essencialmente, Portugal terá de mostrar que tem “aspiração de crescimento” e que

a vai tentar cumprir como Nação. “Para que nós sejamos capazes de voltar a níveis de endividamento relativos, portanto em fun-ção de PIB adequados e próximos daqueles que são comparáveis com outras nações, o número que nos sai é que nós como país, teríamos de ser capazes num horizonte até 2020, e em média, obviamente, ser capazes de crescer a dois ou três por cento ao ano em termos reais. É portanto um desafio muito elevado, temos mesmo que crescer”, avisa.“Nesse contexto é claro para todos nós que o crescimento, pelo menos no imediato, não vai poder ser feito à custa de motores de crescimento de procura porque isso traz mais endividamento e ajustamento daquilo que temos de trabalhar e portanto terá de ser um crescimento, pelo menos em certa medida e numa fase inicial, muito induzido por procura externa”, aponta. E quanto te-riam as nossas exportações de crescer para cumprir essa meta de crescimento ideal? “Teríamos de ser capazes de fazer crescer as nossas exportações, em termos reais, entre cinco e seis por cento ao ano, em mé-dia e, portanto, entrando naquela faixa onde a trajectória de redução do endividamento relativo poderia ser sustentável”, anuncia João Castelo Branco.Ao atingirmos essa capacidade exportado-ra, na casa dos seis por cento, estaríamos a passar dos actuais 0,40 por cento de quota mundial de exportações para 0,50. “Basta conseguir esse aumento de quota para nós já estarmos a cumprir esse objectivo”, sus-tenta o consultor, avançando uma mensa-gem de optimismo: “não nos parece que seja impossível, a questão é saber o que fazer”.

Reformas, agenda ampliada e visão de paísE o que devemos então fazer? O director da Mckinsey responde: “temos que abordar um conjunto de causas estruturais, tais como um Estado que é pesado, pouco eficiente e isso retira competitividade; um sobrepeso dos sectores domésticos e a falta de produ-tividade relativa nesses sectores domésticos; um mercado de trabalho com leis laborais rígidas; a necessidade de reforço do nosso tecido industrial, com agentes económicos preparados e robustecidos, com capacida-des para ir para o exterior”, advoga.Neste processo de reformas inevitáveis em curso, sinteticamente, o consultor da Mckin-sey refere que o Governo terá de reestruturar o sector financeiro, o sector energético e al-guns outros sectores que são infra-estrutu-rais para o funcionamento da economia, mu-dar as leis laborais, a contratação colectiva, a protecção do desemprego, os rendimentos

mínimos, promover o sector judicial, avançar a reforma do sector empresarial do Estado, promover a competitividade do mercado do-méstico. “Há que começar por aqui e estes têm de ser os fundamentos do nosso cres-cimento económico. Mas a questão é saber se isto é suficiente. Do nosso ponto de vista, não é. Não é suficiente. Como dizia, pode-mos ter todas estas reformas perfeitamente estruturadas mas nós precisamos de acari-nhar, e ter a certeza que o tecido empresarial deste país está preparado para o desafio, em particular, o desafio de crescer com base na procura externa”, salienta.Propõe para atacar o atraso histórico que Portugal vivencia, uma “agenda ampliada”. “Essa agenda, do nosso ponto de vista, tem três elementos fundamentais: julgamos que Portugal tem oportunidades muito grandes de crescer em mercados externos, que não estão a ser abordadas e que requerem, di-gamos, uma visão para ‘como é que vamos capturar essas oportunidades’”, questiona.Para João Castelo Branco, “os protago-nistas deste crescimento vão ter de ser o sector privado, as suas associações empre-sariais, mas sobretudo o sector privado, as empresas e os empresários. É, dai, que vai vir o crescimento”, defende, sublinhado ser, contudo, necessário “que haja uma visão de país e que haja, digamos, algum apoio do lado do público para dinamizar ou cata-lisar certas questões que são importantes e estão em cima da mesa, nomeadamente a questão dos mercados, procurar crescer nos países onde a nossa quota é marginal”.Calçado, turismo, vinho, pescas, mobiliário, são alguns dos sectores tradicionais que o consultor acredita terem potencial de cres-cimento e nos quais valeria a pena investir fazendo criação de marcas e agregação no sentido de tornar viável a comercialização dos produtos. O consultor da Mckinsey não se esquece do peso exportador dos nossos serviços técnicos, de engenharia, de arqui-tectura, todo o tipo de serviços deste tipo, construção, retalho, comércio grosso. “Há capacidades neste país e há procura nou-tros mercados por atender”, diz, acrescen-tando: “Portugal tem condições para con-correr e julgamos que as há em sectores de ponta, modernos, na saúde, na educação, no conhecimento, na tecnologia”.“É imperativo e possível crescer, alavan-cando a procura externa – esta é a nossa mensagem - o desafio é grande, não esta-mos a dizer que são números fáceis aqueles que temos a acrescentar mas, fazendo todo este tipo de ‘bench march’ não me parece impossível, não há dúvida nenhuma que, se não arrumarmos a nossa casa do ponto de

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vista de reformas estruturais, não vale a pena estar a falar de mais nada portanto, façamos as reformas estruturais, nisso estamos e é importante que todos estejamos empenha-dos em que elas aconteçam, rapidamente e da melhor maneira”, argumenta, desafiando a que se faça “uma reflexão sobre quais os mercados em que não estamos e que de-veríamos estar”, e onde podemos “ganhar escala, ganhar inovação, ganhar talento. E ganhar financiamento, digamos assim, para capturar estas oportunidades”, sustenta.

“CresCer PArA MeTer A euroPA nos eIxos”Ideias concretas para salvar o euro e as economias da União Europeia preci-sam-se! Philippe de Buck, director-ge-ral da Business Europe acredita deter algumas das soluções: bom ambiente de negócios, acesso ao financiamento e aprofundamento do mercado único, o maior activo no sentido do crescimento

“Deixem-me partilhar convosco a visão da Business Europe: nunca antes a União Europeia, e o euro em particular, estiveram numa situação tão dramática. Estamos perante sérios problemas económicos e políticos que têm de ser resolvidos. É cru-cialmente importante que os intervenientes comunitários e institucionais encontrem, em conjunto, ideias concretas para fazer a Eu-ropa crescer”, refere na sua intervenção no Congresso da CIP Philippe de Buck, direc-

tor-geral da Business Europe, a organização representativa do empresariado europeu.Com Portugal a atravessar uma das suas piores crises de sempre, Philippe de Buck afiança estar “confiante” de que ultrapassa-remos as adversidades. “O título desta con-ferência: ‘O Imperativo do Crescimento’ não podia ser mais ajustado”, refere, explicando os porquês: “o crescimento é o elemento crucial deste remédio. Não só Portugal, mas a Europa no seu todo, precisam de cresci-mento para voltarem a acertar os eixos”.“Apostemos no crescimento”, assume o empresário europeu ser o ‘slogan’ da Bu-siness Europe e defende que tal máxima deveria “inspirar todas as decisões políticas” no velho continente. E explica a sua tese: “tanto a nível nacional como a nível europeu, o crescimento é a pré-condição essencial para criar emprego e para defender o pro-gresso da Europa”. Acérrimo defensor da moeda única, Philippe de Buck ressalva que esta “não só salvou as empresas, como permitiu que estas ne-gociassem com maior volume e estabele-cessem novos canais de comercialização de mercadorias”. Por esse motivo, clas-sifica o euro como sendo “uma âncora de estabilidade, uma força motriz para a com-petitividade, para a produtividade, para o crescimento, o que beneficiou a economia europeia no seu todo”, conclui, afastando-o do epicentro da crise europeia, que diz ser exclusivamente “de dívida soberana e um problema de confiança política”.

Orientar para investimento produtivoDestacando os desequilíbrios europeus e o desempenho diferenciado de cada Estado--membro, oscilando entre um crescimento

saudável e uma dura recessão, o director--geral do Business Europe alerta para a for-ma como, neste contexto, serão aplicadas as “medidas de ajustamento”. “É importan-te lembrar que nem todas as medidas têm que conduzir a uma recessão. A aborda-gem certa resolve as ineficiências e é uma aposta maior no crescimento. Não é só uma questão de diminuir o endividamento público mas também mudar recursos para utilizações mais produtivas tais como in-vestir em inovação, aptidões, tecnologia e infra-estruturas modernas”, avisa, deixando um recado: “devem continuar a lembrar aos vossos líderes políticos que é necessário ter um bom ambiente de negócios e que repor o acesso ao financiamento é importante para as empresas”. “Posso assegurar-vos que a comunidade empresarial europeia está ao vosso lado e disposta a dar-vos um empurrão”, promete.

AMBICIonAr A LIDerAnçASe ter dinheiro disponível é um factor importante para a vida das empresas e de um país, já a qualidade de gestão das mesmas e do país são essenciais para obter êxito. Foi a pensar em mo-delos inspiradores e motivadores do sucesso empresarial que o Congresso da CIP incluiu um painel com gestores e relatos dos seus casos de sucesso

O jornalista José Gomes Ferreira, director--adjunto da SIC Notícias, moderou as apre-sentações, e o debate que as sucedeu, e afirmou, em forma de introdução, que “o Es-tado tem de puxar pela imaginação e prote-ger quem são os agentes da mudança: são os nossos empresários, somos todos nós. Mas é preciso que haja alguma protecção, não no sentido da dependência, mas no de uma livre iniciativa, para deixar fazer quem quer fazer. Que a nossa polícia económica ajude a criar e a enquadrar quem quer inves-tir e não faça o contrário”.O primeiro caso de sucesso apresentado aos congressistas foi o da empresa Adicio-nal, um operador de logística que se dedica à área das telecomunicações, está a apos-tar no e-commerce e foi recentemente eleita “empresa gazela”, ou firma de crescimento rápido.Joaquim Paiva Chaves, o seu presidente, relata na primeira pessoa a experiência de sucesso da Adicional. “Como é que temos vindo a crescer? Temos alargado a nos-

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sa actividade, ao longo da cadeia de valor deste sector das logísticas da distribuição. Tentamos dar aos nossos clientes, uma solução de ponta a ponta, ‘end to end’, ou seja, recebemos o material em armazém e entregamos em casa do cliente e depois po-demos fazer logística inversa, também, da recolha. Permito-me fazer aqui uma analo-gia com as telecomunicações: nós somos o modelo mais tipo televisão, ou seja, somos ‘broadcast’”. Neste momento a Adicional está concen-trada na consolidação da sua operação, em tentar continuar a crescer em Portugal, mas de uma forma mais consolidada, e em crescer em Espanha através de parcerias e da rentabilização destes outros negócios como as televendas e o ‘trade marketing’. Joaquim Paiva Chaves diz ter percebido nesse movimento a real dimensão da em-presa: “quando saímos deste mercado e vamos para fora, percebemos que somos verdadeiramente pequenos. Falando como empresa gazela, que tem um crescimento significativo, esse crescimento não se faz, no caso das gazelas, sem haver as tais pas-tagens”, conclui o empresário. “Obviamente, na conjuntura actual, a optimi-zação das tecnologias dos processos e dos recursos é fundamental para a componente custos mas, mais importante que tudo isto é continuar a inovar. E nós não somos uma empresa de produtos, somos uma empresa de serviços, e a nossa inovação é nos ser-viços, ou seja, encontrar serviços diferentes que vão ao encontro das necessidades dos nossos clientes e que nos permita, de certa forma, reduzir os custos deles e ganhar di-nheiro do nosso lado”, relata Joaquim Paiva Chaves, como sendo uma das metas princi-pais da sua empresa.

A estratégia vencedora da Sociedade Central de Cervejas e BebidasAlberto da Ponte, CEO da Sociedade Cen-tral de Cervejas e Bebidas (SCC) apresenta--se ao Congresso com uma história de su-cesso e dinamismo para contar. “A nossa missão de ganhar é muito simples: é ba-ter. Ser melhor do que os nossos concor-rentes na preferência dos clientes alvo, do grupo alvo, ou qualquer que ele seja que tenhamos elegido e ter, claramente, me-lhor ‘performance’ financeira que os nossos concorrentes. Em cada momento temos de ser melhores nestas duas coisas”, dispara o gestor Alberto da Ponte perante uma plateia ávida de perceber a técnica.“Penso, modestamente, que a SCC tem vin-do a ganhar e vou dar dois indicadores im-portantes. Um, que tem que ver muito com esta definição, é a quota de mercado. A nos-sa marca Sagres, desde 2003 que estamos a ganhar neste mercado, nomeadamente, a partir do ano de 2008, onde alcançámos, de novo, uma liderança que nos tinha escapado há vinte anos”. O outro indicador foi “bater o concorrente na corrida pelo consumidor”. “Nós consideramos isto fundamental. Não há empresas ganhadoras sem recursos hu-manos motivados. Tentei sintetizar aquilo que nos levou a esta situação. Primeiro que tudo: ambição. Ninguém se lembra do número dois. Todos se lembram do número um. E portanto nós, na SCC queríamos voltar a ser o número um. Em segundo lugar, extremo foco. Não dispersão. Durante muito tempo nós tivemos duas marcas mas apenas de eleição. Sagres e Luso. Em terceiro lugar, equipa. O espírito ganhador mas, evidente-mente, recompensa também. Recompensa. Quando se é bom, ganha-se”.A este espírito vencedor e combativo pela

excelência, Alberto da Ponte soma “uma cultura de rede, através da transversalidade. Uma cultura de processos muito agilizada dentro da empresa” e “inovação”. “A inova-ção de produto, mas também a inovação de processos, com um programa de ‘cost management’, para atacar custos e baixá--los”, sintetiza. Quanto a 2012, o CEO da SCC avisa que vai “surfando a onda”, numa atitude pragmática para ver como pára o mercado. “O consumidor, o cliente, está a mudar com esta crise e vai continuar a mu-dar. Nós temos é que fazer aquilo que os ingleses chamam, e bem, o ‘insight’. Per-cebermos onde ele vai e aí anteciparmos a nossa capacidade de inovação”.

Efacec já é uma empresa do mundoCom uma política menos agressiva, mas a laborar num mercado muito mais vasto, João Bento, presidente executivo da mul-tinacional Efacec revela números que con-firmam o elevado sucesso da sua empresa fora de portas. “Se olharmos para a evolução de encomen-das e de vendas nos últimos cinco anos, elas são, de facto, bastante expressivas. Mais ainda se olharmos para aquilo que foi uma alteração enfim, profunda, entre aquilo que era o destino dos nossos produtos e serviços no mercado nacional e no mercado internacional. Nós, basicamente, passámos, quer em encomendas quer em vendas, para uma situação complementar em que estamos hoje, tão expostos ao mercado internacional, como estávamos ao mercado nacional há quatro anos atrás”, confessa, adiantando que “na verdade, em 2011, com aquilo que sabemos já sobre o fim do ano, vamos acentuar estes números e acabare-mos, muito provavelmente, com setenta por cento de vendas fora de Portugal”.O que é que aconteceu para garantir que este crescimento acelerado tivesse aconteci-do? “Na minha opinião, muitas coisas, tendo que escolher apenas algumas, escolhi o ha-ver uma visão estratégica bastante clara, que passava por acelerar o crescimento interna-cional, numa altura em que era já evidente que, ainda que não estivéssemos num qua-dro de crise com o que vivemos, Portugal se-ria demasiado pequeno para as ambições e a capacidade da Efacec. E obviamente fazê--lo com uma ênfase muito grande na inova-ção que, no nosso caso específico, tem uma incidência tecnológica muito grande”, relata. A empresa escolheu as geografias que lhe interessavam – todos os mercados onde querem que “a generalidade das competên-cias da Efacec venham a estar disponíveis” e um modelo organizacional, enfim, “bas-

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A PrInCIPAl rAzão

“por que vai ser difícil

chegar ao topo é que

Portugal vai precisar de fazer

três coisas importantes:

reformas estruturais,

reformas estruturais

e reformas estruturais,

Albert Jagger,

economista do FMI

tante óbvio”, “se era este o desejo matricial por um lado, mercados e, por outro lado, negócios e, no fundo é assim que funciona-mos - dez negócios, oito regiões – estamos neste momento a rever o perímetro de algu-mas destas regiões e a forma de organiza-ção dos negócios”, descreve.

Grupo Jerónimo Martins encontrou um rumoLuís Palha da Silva, administrador do Grupo Jerónimo Martins (JM), contextualizou a dis-persão geográfica do grupo, justificando a sua presença na Polónia e anunciado novos investimentos na Colômbia. Isto depois de, desde 2000, se terem recentrado no sector alimentar. “Durante vários anos, e em várias actividades, mexemo-nos em direcções dife-rentes, com a vontade de seguir mercados de elevado crescimento, esquecendo-nos que, provavelmente, haveria muitos merca-dos onde o desenvolvimento tecnológico dos formatos poderia produzir ritmos de crescimento mais elevados. Portanto, a partir de 2000 foi o regresso ao alimentar, e foco permanente no alimentar, abandonando to-das as actividades que não tivessem uma fortíssima relação com essa área”, conta.“Um segundo ponto que considero impor-tante para o desenvolvimento desta es-tratégia, foi a ideia de que só valia a pena estarmos presentes em negócios onde es-tivéssemos, ou em primeiro ou em segundo lugar. Se é verdade que em muitos outros sectores, e muitos outros negócios, só com-pensa ser líder - nem que seja num nicho de mercado, nem que seja num segmento de mercado, porventura, não maior de uma determinada região ou de uma determinada indústria – mas ser líder nesse segmento de mercado parece-nos ser, na área da distri-buição alimentar, mais do que em todos os

outros negócios – ou tanto como em todos os outros negócios – uma condição funda-mental de crescimento saudável”, relata o administrador. Além destes factores-chave, o sucesso recente do grupo JM pauta-se pela di-versificação geográfica e pela imagem de empresa familiar sólida que criou junto do mercado. “À mulher de César não é preciso só ter ou ser o sucesso, é preciso também parecê-lo. E o facto de termos mantido uma presença grande no mercado de capitais – hoje alternamos entre terceiro e o quarto em capitalização bolsista de Lisboa – deu-nos uma visibilidade que, do ponto de vista de acesso a mercados do financiamento, nos parece relativamente interessante”, defende o responsável. Também no sector dos serviços, José Theo-tónio, director financeiro da cadeia hoteleira do Grupo Pestana, relata como o conjunto das empresas ligadas ao turismo e à constru-ção definiram uma estratégia vencedora no altamente competitivo mercado da oferta tu-rística. “Primeiro factor positivo: estamos num sector - e isso, felizmente, sente-se - que tem uma procura que aumenta. Portanto, é bom estar em sectores que estão em crescimento e não em sectores que estão em recessão”, anuncia o responsável, explicando os por-quês da sua afirmação: “há uma procura a nível mundial, a nível global, em que o sector do turismo está a aumentar. Está contudo, a aumentar sobretudo na Ásia, na América do Sul e no Médio Oriente”.

Tecnologias revolucionam turismoUma terceira tendência destacada por José Theotónio é o aparecimento do comércio electrónico que, no sector do turismo, em alguns segmentos, veio revolucionar toda a forma de comercialização no sector. “Isso veio abriu um novo canal. Se é uma nova oportu-nidade é também uma ruptura com os negó-cios tradicionais. Só para terem uma ideia, o crescimento do comércio electrónico, em seis anos foi uma subida de dez vezes. Foi isto que aconteceu num grupo como o nosso que tem uma componente grande de ‘resort’ e com al-guns sítios, como a Madeira, onde não existe muito transporte aéreo. Portanto, se fossemos analisar só aquilo que eram os hotéis de cida-de, e apenas em zonas como Lisboa ou o Al-garve, esta subida teria sido em alguns casos o dobro. Por outro lado, outra tendência que existe hoje, ao nível do mercado é, as preocu-pações sociais e ambientais que começaram a fazer parte do dia-a-dia dos consumidores. Isto aumentou muito a exigência e a sofistica-ção do consumidor”, sublinha o responsável pelas finanças do Grupo Pestana.

Uma outra tendência é o aumento do peso das marcas na oferta hoteleira. “Logicamente que o comércio electrónico também influen-ciou muito isso com a visibilidade que houve de toda a oferta hoteleira. Houve aqui, por-tanto, um significativo impacto ao nível das marcas e as marcas ganharam uma grande notoriedade e um peso muito grande na ca-deia de valor”, explica, avançando o modo como o grupo se internacionalizou saindo da sua zona de conforto: “entrarmos em mer-cados onde tivéssemos o confronto dessas grandes cadeias internacionais obrigou-nos a sermos mais produtivos e mais eficientes”, descreve José Teotónio. Por tudo isto, “o Grupo Pestana está hoje presente em dez países e três continentes”, remata o director.

PoLíTICAs PArA o CresCIMenTo eConóMICo, segunDo A “TroIkA”Albert Jaeger, o representante residen-te do FMI em Portugal, traçou um qua-dro negro do cenário macroeconómico nacional, diagnosticou os nossos pro-blemas de crescimento e explicou os passos do “tratamento” que teremos de seguir para curarmos as “doenças” estruturais da nossa economia

O economista do Fundo Monetário Interna-cional (FMI) alerta que Portugal tem de “con-seguir que o crescimento retome a base de sustentabilidade” e explica que tal objectivo equivale a “escalar uma montanha muito ín-greme”. Este membro da “troika” assegura--nos que a ‘terapia’ para os nossos males estruturais chegou em forma de um guia “flexível, compreensível e coerente” que nos explica os “pilares-chave do Programa” e nos ajudará nessa “dura escalada com caminhos enviesados e obstáculos inesperados”.“A principal razão por que vai ser difícil chegar ao topo é que Portugal vai precisar de fazer três coisas importantes: reformas estruturais, reformas estruturais e reformas estruturais”, afiança o representante residente da “troika”, acrescentando que “a consolidação fiscal e a desalavancagem do sistema financeiro do sector privado são também necessárias e muito importantes”.Os males estão à partida diagnosticados e o tratamento definido. Mas Albert Jagger tam-bém sabe que “mesmo uma consolidação fiscal bem calibrada e os esforços para a de-salavancagem financeira pouco alcançarão

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se a economia não puder sair da armadilha do crescimento através de um forte esforço de reformas estruturais”.Crescimento anémico na primeira década do século XXI, com uma média per capita, de crescimento positivo do PIB, mas na ordem de 1.4 por cento; problemas de baixa pro-dutividade; divergência dos níveis de cresci-mento dos países mais ricos (com melhores políticas e melhores práticas de produção), com inevitável “exclusão no clube de conver-gências” motivada por “políticas estruturais inadequadas”, conclui o economista.Para Albert Jaeger, a ocasião de ouro “per-dida de crescimento em Portugal” foi não ter explorado “a disponibilidade de fáceis e relativamente baratos fundos externos para financiar investimentos produtivos”. De facto, Portugal tirou vantagens deste financiamen-to, mas “o problema foi que os altos níveis de endividamento não ajudaram os investimen-tos produtivos e o crescimento a solidifica-rem-se”, remata.

É preciso restaurar a confiançaEntão o que terá falhado em todo este pro-cesso? Albert Jaeger esclarece: “a política fiscal, a principal ferramenta para assegurar a estabilidade macroeconómica ao nível da união monetária. Os sucessivos governos portugueses falharam na implementação dos seus planos de consolidação a médio prazo. De facto, a balança fiscal de Portugal, na última década, nunca atingiu uma posição excedente ou perto do equilíbrio como era exigido no Pacto de Crescimento e Estabili-dade da União Europeia”. Solução apresen-tada pela “troika”: “restaurar a confiança na sustentabilidade das contas públicas através de medidas de consolidação fiscal”.“Com o sector público muitas vezes a liderar este aumento de salários, acomodado por uma política fiscal frouxa, foi difícil manter os custos do trabalho no sector dos bens tran-saccionáveis e isso colocou as empresas portuguesas em desvantagem relativamen-te à competitividade”, frisa o economista do FMI, justificando os resultados: “competitivi-dade externa baixa”, “crescimento lento nas exportações” e “desequilíbrio a nível das trocas externas”. Associado a tudo isto, temos ainda de so-mar o facto de que “o mercado de trabalho português não preencheu os requisitos para uma convergência do crescimento económi-co, que precisa de flexibilidade para reafectar mão-de-obra” – num cenário de melhores práticas – temos traçado um quadro dramá-tico de “rigidez laboral” e “restrita competitivi-dade nos mercados de bens e serviços”.Resumindo, segundo economista: “não há

uma única política que cumpra nesta his-tória. As políticas fiscais foram constante-mente perdidas e fizeram muito pouco para incrementar a eficiência do sector público. A negociação salarial ignorou completamen-te o imperativo da competitividade externa de uma pequena economia. A rigidez do mercado de trabalho comprometeu o cres-cimento da produtividade. O protegido sec-tor dos não transaccionáveis desperdiçou recursos. E o sistema fiscal não fez um bom trabalho afectando financiamento a activida-des e investimentos produtivos”, sublinha.

Quais as soluções a seguir?“O sucesso do programa depende grande-mente da implementação de enormes refor-mas estruturais que removam a rigidez e a estagnação em que está o crescimento em Portugal” desde, pelo menos, o ano 2000, relembra Albert Jaeger. Em menos de três anos, o Governo terá de implementar reformas que melhorem “a competitividade dos custos laborais”; o sec-tor privado “deverá seguir as mesmas me-didas tomadas pelo sector público e imple-mentar as medidas de cortes (salariais)”; e a banca deverá resolver, mas não de forma abrupta, a “desalavancagem financeira e o acesso ao crédito por parte do sector pri-vado”, este último um dos temas basilares discutidos na reunião magna da CIP.“A implementação rápida e sólida de refor-mas estruturais - muitas das vezes contra interesses que escondem alguns privilégios - tem de ser o tema central do Programa. Só reformas estruturais trarão Portugal de volta ao clube de convergência da Europa”, desafia o economista, concluindo que “a economia portuguesa e os cidadãos enfren-tam, indubitavelmente, pesados e dolorosos desafios económicos”.

Apesar de tudo, o Programa providencia “espaço para respirar” permitindo “um suave ajuste, com tempo” e a sua agenda “fornece um quadro para conseguir um crescimento sustentado”, esclarece. “Cabe aos políticos e aos cidadãos fazerem do Programa um sucesso”, remata.

“PArA serMos DesenVoLVIDos TeMos que MuDAr De VIDA”Luís Mira Amaral, vice-presidente da CIP, recorda que dar o passo de cora-gem de pedir ajuda externa foi essen-cial para desviar Portugal de uma situa-ção dramática, mas que tal medida não chega. Pede mais gestores a tratar da macroeconomia, uma reengenharia do sector público e apela ao diálogo de to-dos com o ministro da Economia

O vice-presidente do Conselho Geral da CIP trouxe ao Congresso aquilo que intitulou de “a minha visão sobre a situação dramática, do ponto de vista económico/financeiro, em que o país está e as perspectivas que pode-mos ter para uma recuperação económica que vai levar tempo, vai custar sangue, suor e lágrimas. Não tenham quaisquer ilusões sobre essa matéria”. Recordando que desde há muitos anos tem chamado a atenção para o facto de que “a situação de festa ia acabar”, que “teríamos que mudar de vida” e de que “mesmo sem a crise financeira, a crise económica e a cri-se das finanças públicas estaríamos agora a falar nisto mas estaríamos, fatal e inevi-tavelmente, dentro de dois ou três anos”, acrescenta. Para traçar tal cenário “bastava calcular o ritmo de crescimento da dívida pública e da dívida externa para perceber-mos quando é que lá chegaríamos”.Temos então que encarar este desafio de frente: “temos um cenário impensável, de rupturas de pagamentos, saída do euro e décadas de atraso em termos de rendimen-tos dos cidadãos e de níveis de protecção social. Eu, quando oiço alguns debates na televisão, pasmo com o que muito pouca gente diz, que o problema era tão simples como isto: que podíamos não ter dinheiro para importar energia, alimentos ou medi-camentos. As razões para a situação actual são antigas e, agravaram-se muito, pela er-rada resposta governamental à crise inter-nacional. Se, em 2008 e em 2009, tivessem

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lUÍS MIrA AMArAl

“Temos um cenário

impensável, de rupturas

de pagamentos, saída

do euro e décadas de

atraso em termos de

rendimentos dos cidadãos

e de níveis de protecção

social”, Vice-Presidente

do Conselho geral

da CIP

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UMA DAS MAIS-vAlIAS

...obtidas com a reunião

magna dos cerca de 700

empresários portugueses

foi a de terem antecipado o

futuro e de terem partilhado,

não só os problemas, mas,

acima de tudo, as suas

soluções mais viáveis

começado a corrigir os profundos desequilí-brios existentes, não estaríamos certamente hoje na situação em que estamos”, descre-ve, anunciando como “primeiro passo realis-ta” o pedido de ajuda externa, no sentido de “inverter o caminho para o abismo”.Referindo o relatório de Jacques Delors, um reputado socialista que em 1989 avaliou o impacto do euro (unidade monetária ainda chamada Ecu) nas economias europeias e a previsibilidade de catástrofe caso as do sul não se re-industrializassem, Luís Mira Ama-ral reaviva a ideia de que é urgente Portugal “voltar a pensar nas actividades produtivas”. E como? “Reindustrializar o país num con-texto de políticas industriais que estimulem a competitividade, no quadro da economia aberta, com uma indústria para o século vin-te e um, centrado na economia do conheci-mento e não nos velhos modelos industriais do século passado”, remata. “A meu ver, temos várias coisas a fazer. Pri-meiro, temos que ultrapassar o desequilíbrio financeiro, reduzindo drasticamente a des-pesa pública. Aquilo que o Governo, ainda a procissão, a meu ver, está a começar. Não chega. Mesmo após o actual programa com a ‘troika’ continuaremos com a dívida supe-rior a cem por cento do PIB. Ora, as análises de conhecidos economistas mostram que, um país quando tem uma dívida pública su-perior a noventa por cento do PIB, não tem condições de crescer”, confirma.“Moral da história” – lança o também pre-sidente do BIC – “O problema da despesa pública de Portugal não se resolve com a máquina de economistas. O que é que é preciso fazer? É a reengenharia do sector público. Não é só cortar o décimo terceiro e o décimo quarto mês, aos funcionários pú-blicos e aos pensionistas, é preciso mudar o sistema. E mudar o sistema, fazer reagir esse sector público, infelizmente - e eu ando a ver isto há muitos anos - não se resolve com máquina de economistas. Resolve-se com gestores”, defende.As receitas são simples. Segundo Mira Amaral, “primeiro tem de se definir o papel do Estado na economia e depois, os gesto-res a actuarem em conformidade, redese-nhando, e fazendo a reengenharia do sector público. Sem isto nós não crescemos, por mais que apelemos ao ministro da Econo-mia para o país crescer. Há aqui uma mo-chila às costas, tremenda, que dificulta o nosso crescimento”, sublinha, justificando: “a economia não vai crescer por decreto--lei, nem há dinheiro do Estado para injec-tar mas empresas para as fazer crescer de forma artificial. Seria um disparate. Não era sustentável”.

O ex-ministro da Indústria questiona a eficá-cia das novas leis laborais e a coragem de as implementar, reflecte sobre o modelo de economia que se pretende implementar em Portugal, analisa ganhos e perdas energé-ticas, de implementação da ferrovia de alta velocidade, fala dos centros tecnológicos e de saber de muitos sectores tradicionais, da qualificação de quadros técnicos, da falta de preparação económica dos juízes que julgam processos de empresas e da desalavancagem do sector financeiro, tão importante para o financiamento do sector produtivo, refere sinteticamente.“Dizer que ainda mal começou ajustamento estrutural da economia portuguesa, o pro-blema não se resolve em finanças públicas, é essencial reduzir a dívida pública abaixo do valor do PIB, mas há toda uma agenda para o crescimento económico, com medi-das estruturais - e aí, acho que o ministro da Economia é muito útil, em diálogo com a CIP e com os empresários - para isto ser fei-to”, relembra Luís Mira Amaral, deixando um desafio final aos empresários: “recomendo que não tratem destes assuntos só com o ministro das Finanças. Têm de apoiar o ministro da Economia, que é uma figura es-sencial nesta matéria porque a agenda para o crescimento, sem ela, nós não pagamos o serviço da dívida. É necessário desmistifi-car. E, portanto, tudo isto mal começou. Se queremos ser um país desenvolvido dentro de quatro ou cinco anos temos mesmo de mudar de vida”.

CAMInHos ruMo A uM sóLIDo FuTuro Partindo da premissa de que é nas em-presas que se produz e se cria a rique-za, se gera emprego e que se exporta, os congressistas que participaram na grande reunião da CIP deixaram a pla-teia do Teatro Camões mais conscien-tes de qual será o seu papel no futuro: mais interveniente, mais reivindicativo e com maior responsabilidade. É sobre eles que recai a aposta para inverter a crise financeira e económica

Uma das mais-valias obtidas com a reunião magna dos cerca de 700 empresários por-tugueses foi a de terem antecipado o futuro e de terem partilhado, não só os problemas, mas, acima de tudo, as suas soluções mais viáveis. António Saraiva, presidente da CIP refere mesmo no final do encontro terem os empreendedores conseguido “antecipar os

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problemas” e “participar na procura de solu-ções”, dando “um novo passo na prepara-ção do futuro”.Ao partir para este Congresso, a CIP já em-punhava como suas grandes “bandeiras”, ou “desígnios estratégicos”, a promoção de um “amplo Acordo Social para o Desenvol-vimento”, a necessidade de “fazer aconte-cer a Regeneração Urbana”, sem contudo esquecer a urgência do financiamento ban-cário e dos apoios às exportações. Todos “imperativos do crescimento” e com objec-tivos de ultrapassar as medidas impostas pela “situação de verdadeira emergência na-cional” que, por ser tão extraordinária, exige “comportamentos excepcionais e medidas muito específicas e muito dirigidas para ata-car de frente os dramáticos problemas que enfrentamos”, relembra António Saraiva.As várias intervenções, ao longo dos vários painéis deste megaencontro empresarial permitiram concluir que existe uma “crise de financiamento da economia que se reflecte na redução do stock de crédito concedido às empresas do sector privado pelo sistema bancário e no seu custo, estrangulando as suas tesourarias e impossibilitando muitas delas de aceitar encomendas por insuficiên-cia do fundo de maneio para adquirir bens e serviços necessários ao seu funcionamento”.Além desse factor, “a crise económica, com raízes profundas, agravada pela presente situação financeira e pelo efeito recessi-vo da consolidação orçamental que tem a sua expressão mais dramática no número crescente de empresas que encerram dia-riamente e no consequente aumento do desemprego”. Neste quadro, as empresas confrontam-se com um mercado interno em recessão, escassez de financiamento e um aumento generalizado dos atrasos de pa-gamento que afectam as suas tesourarias

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ao ponto de não conseguirem aceitar enco-mendas e aproveitar as oportunidades que se lhes oferecem nos mercados externos”. Tudo isto, somado a um “enquadramento fiscal que, em 2012, ainda será mais adver-so ao investimento e à competitividade, es-cassos ou nenhuns progressos na remoção dos bloqueios à competitividade que contri-buíram para a presente situação, pesados encargos, financeiros e burocráticos, que a desajustada intervenção do Estado continua a determinar, mais os custos da energia e outras utilities, o sistema judicial lento e inefi-caz e a rigidez nas relações laborais”.

Adeus à crise, só com confiançaAs intervenções dos especialistas em gestão e finanças permitiram ao Congresso concluir que “a economia portuguesa só ultrapassará a presente crise quando for capaz de restau-rar a confiança dos mercados internacionais. Confiança relativamente à capacidade do Estado honrar os seus compromissos, mas também confiança na capacidade de gerar mais riqueza para crescer sustentadamente”.Esse “desígnio nacional” de consolidação orçamental é condição prévia para restau-rar esta confiança, “mas não poderá haver consolidação orçamental se a economia entrar em recessão prolongada, como não haverá confiança externa na economia sem perspectivas de crescimento”, concluem os responsáveis da CIP.Por esse motivo a CIP reafirma o “Impera-tivo do Crescimento” e frisa que o mesmo “depende das empresas. Das PME’s e das grandes empresas. De todos os sectores. São as empresas quem produz e quem exporta. É nas empresas que encontramos a possibilidade de gerar novos postos de trabalho. É nas empresas que reside o po-tencial de recuperação da economia portu-guesa, de desenvolvimento local e regional. Sem elas não há crescimento de produção, aumento de produtividade, investimento, emprego e receitas para o Estado.O “imperativo de crescimento” é, assim, um imperativo para as empresas. Há bons exemplos em Portugal, que têm que ser va-lorizados e replicados. Há oportunidades a explorar e essas oportunidades podem es-tar em qualquer sector, em qualquer região, em empresas mais ou menos novas, em empresas de menor ou maior dimensão”, defende a Confederação.

Medidas para a crise e pós-criseConscientes da urgência de apostar na ener-gia do tecido empresarial português, a CIP lança no final deste encontro aquelas que acredita serem as medidas de uma “aposta

para o pós-crise, que passará pela concen-tração dos apoios públicos à economia nos sectores dos bens e serviços transaccionáveis e por uma reforma fiscal orientada para a pro-moção do investimento e da dinamização do comércio internacional a partir de Portugal”.Em concomitância deve seguir uma cascata de alterações estruturais: “ultrapassar o nos-so mais sério handicap: o atraso na qualifi-cação dos recursos humanos, que refreia a produtividade das nossas empresas”; mas também “propostas que visem normalizar o financiamento das empresas, melhorar a sua competitividade através de reformas estrutu-rais, estimular a sua internacionalização atra-vés de uma agenda alargada para o cresci-mento e preparar o período pós-crise”.Medidas pragmáticas para encontrar so-luções também saíram deste Congresso e deverão ser atendidas: “será promovida a constituição de um grupo de trabalho, entre as confederações empresariais e a banca, que periodicamente se reúna na procura de soluções para o financiamento da econo-mia. Tendo em conta a conjuntura adversa de escassez de liquidez, as propostas do Congresso são as seguintes: É fundamental renegociar as condições da ajuda externa, de forma a permitir que a banca liberte uma parte significativa dos financiamentos às empresas do Sector Empresarial do Estado, no quadro dum acordo entre o Governo e os bancos envolvidos em que estes se com-prometam a canalizar esses recursos finan-ceiros para o financiamento das empresas produtoras de bens e serviços transaccio-náveis, nomeadamente das PME”.Estes encontros bilaterais deverão decorrer num cenário ideal de negociação da “flexi-bilização dos calendários intercalares para a desalavancagem do sistema financeiro português, para permitir um ajustamento

mais adequado da oferta de crédito às ne-cessidades das empresas, nomeadamente através de mecanismos de apoio ao finan-ciamento e à cobertura do risco de crédito baseados na experiência das linhas PME Investe e PME Segura”.Em simultâneo, o Estado tem de assumir “o cumprimento integral das suas dívidas às empresas fornecedoras, de modo a permitir satisfazer, em parte, as necessidades de te-souraria das empresas”. Isto, claro, com um “plano de pagamentos pré-estabelecido”. O Congresso dá exemplos: a situação extrema-mente preocupante na área da Saúde, espe-cialmente no que respeita aos medicamen-tos, meios complementares de diagnóstico e dispositivos médicos, onde o total da dívida é de cerca de 2.000 milhões de euros”.“Face à restritividade no acesso ao crédito bancário, deverão ser incentivadas outras for-mas de financiamento. No âmbito da repro-gramação do QREN, é necessário reafectar parte das verbas ainda não comprometidas para reforço das medidas de apoio à capitali-zação das empresas nacionais, com recurso a private equity, no âmbito do programa do Go-verno de criação de Fundos de Capitalização, garantindo a participação do sector financeiro (via reconversão de crédito em capital) e de outros investidores nacionais e internacionais”, sugere. “Ainda a nível da recapitalização das empresas privadas é necessário incentivar o recurso a business angels, que terão de con-templar algumas alterações de ordem fiscal, com uma correcta avaliação do seu custo/benefício”, argumenta.

Corrigir desvios e apostas estratégicasA CIP conclui igualmente que “os constran-gimentos das empresas não são, no entan-to, só de natureza financeira” e que “para ser competitivo Portugal precisa dramatica-

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mente de fazer reformas estruturais”. Nelas se inclui “reformar a Administração Pública, colocando-a ao serviço dos cidadãos e das empresas, tornando-a mais eficiente e re-duzindo o peso do Estado na economia”. Mas não se pode quedar por aqui: “a des-pesa corrente primária deverá ser reduzida, progressivamente, para o máximo de 30% do PIB, corrigida do ciclo económico; o pro-blema candente da administração da justiça económica deve ser resolvido, no sentido de celeridade e transparência, fomentando a concorrência e desmantelando proteccio-nismos sectoriais e profissionais; reformando o mercado do arrendamento e a política das cidades, condição fundamental para fazer acontecer a regeneração urbana. Trata-se de uma oportunidade essencial para revitalizar toda a fileira da construção, criando empre-go, gerando negócios, rentabilizando estru-turas existentes e viabilizando investimentos”.Agilizar o investimento produtivo é um im-perativo, mas Portugal necessita também de “flexibilizar muitos aspectos das suas relações de trabalho, em especial os que promovem, de facto, a adaptabilidade das empresas, potenciando o seu crescimento e, assim, a criação de mais e melhores em-pregos”. Nesse quadro e no actual contex-to, a CIP propõe que se defina “um regime legal para utilização do banco de horas, sem necessidade de previsão em contratação colectiva; que se faça a flexibilização do re-gime dos despedimentos por inadaptação e por extinção do posto de trabalho, a redu-ção para metade da retribuição por trabalho suplementar, a redução do montante das compensações por cessação do contrato de trabalho, nivelando-o à média europeia.Depois de arrumados os anacronismos le-gislativos em matéria laborar que coarctam a competitividade das empresas nacionais, há questões pertinentes que impõem uma agenda de mudança focada no crescimento económico. As mudanças para o futuro (que implicarão uma mudança de paradigma de vida pessoal e empresarial) obrigam-nos à “adopção de uma agenda alargada para o crescimento”. Agenda essa que integrará “um plano de acção externa nos merca-dos-chave, medidas sectoriais para captar oportunidades e procura de estimuladores do crescimento”. O Estado, a Banca e os empresários terão de trabalhar no sentido do “desenvolvimento de um plano de acção externa em mercados-chave, onde exista potencial de crescimento que permitirá ace-lerar a economia e aproximar Portugal de um ritmo de crescimento saudável”.A actuação nestes mercados-chave de-verá ser potenciada por um conjunto de

medidas focado na nova “Diplomacia Eco-nómica”, permitindo desenvolver, em arti-culação com as associações empresariais, um “plano de negócio” por mercado, para a promoção das exportações e a atracção de investimento.

Melhoria nos sectores tradicionais e procura de mercadosPor outro lado, deve proceder-se a “actua-ções sectoriais para a captura de oportuni-dades externas, com base nas capacidades existentes, quer em sectores exportadores com tradição, como em sectores domésti-cos onde existem capacidades diferenciadas para aplicar no exterior, como ainda em “no-vos sectores”, que possibilitem o alinhamento com as novas tendências mundiais (como é o caso da saúde, da educação e do conheci-mento e da tecnologia e do entretenimento).Entre os sectores exportadores com tradi-ção, o turismo deverá constituir-se como um dos principais clusters de desenvolvimento da economia e proporcionar um contributo decisivo para a melhoria da nossa balan-ça de pagamentos. É também necessário criar as condições adequadas ao desen-volvimento do sector primário, através de incentivos de natureza legal e fiscal. O país precisa de recuperar o seu sector primário, precisa de aumentar a sua competitividade em áreas em que possui vantagens: o mar, a agricultura e a floresta, que poderão ser um dos nossos trunfos decisivos em termos de competitividade, dentro de vinte anos”.Mais do que um interveniente no Congresso realçou o facto de ser urgente ter “um sector primário eficiente, sofisticado e competitivo” como condição indispensável ao lançamento de indústrias com potencial de exportação. Em suma, é necessário reforçar a estrutura produtiva do país - assumindo o que já temos e sabemos fazer - numa perspectiva inova-dora, moderna e competitiva – e valorizando as empresas que “acrescentam valor” na sua actividade – as exportadoras, mas também as que produzem bens e serviços para as em-presas exportadoras e as que produzem bens e serviços para o mercado interno e que subs-tituem importações.Finalmente, as intervenções foram apontan-do no sentido de coexistirem três vectores transversais capazes de catalisar maior cresci-mento: a reestruturação do tecido empresarial em particular através de movimentos de con-solidação; o fomento de uma cultura de em-preendedorismo e inovação; e a atracção de talento nacional e internacional nos sectores abertos à concorrência internacional.Num horizonte mais alargado de longo pra-zo, e já com a mente numa aposta para a

“fase pós-crise”, a CIP considera imprescin-dível “delinear um novo modelo de políticas económicas, que conjuguem as políticas públicas horizontais e estruturantes de toda a economia com uma política sectorial de apoio ao sector dos bens e serviços transac-cionáveis. É preciso reindustrializar Portugal, preparar uma nova política fiscal que com-bine a equidade no plano doméstico com a competitividade necessária numa economia global; que adeqúe as obrigações declara-tivas à dimensão das empresas, propicie a recapitalização das empresas e estimule a internacionalização e o investimento”.“Temos de melhorar drasticamente os siste-mas de educação e formação profissional, formando cidadãos conscientes e respon-sáveis e profissionais de que a economia e as empresas necessitem. Tal objectivo exigirá um pacto de regime para a educação que salvaguarde futuras mudanças no poder e torne possível mudar o paradigma da educa-ção, investir numa cultura de exigência que comece na primária e termine em universida-des mais viradas para o exterior e em con-tacto directo com as empresas e com o foco nas prioridades do país”, defendem vários oradores ao longo das suas intervenções.Em suma, “O Imperativo do Crescimento” é, acima de tudo, um imperativo para as em-presas, mas exige condições para que as empresas produzam, exportem, invistam e criem emprego. O financiamento é uma dessas condições: é preciso encontrar so-luções que o assegurem. As reformas es-truturais referidas, se conduzidas com de-terminação, responsabilidade e coragem, poderão libertar as empresas de muitos dos constrangimentos com que se defrontam. É preciso avançar decisiva e rapidamente”, relembra o presidente da CIP. Além das reformas urgentes, advoga a ne-cessidade de implementar “uma agenda ampliada de políticas dirigidas ao tecido empresarial, com especial enfoque na inter-nacionalização, estimulará as empresas na resposta a este imperativo”.António Saraiva deixa um aviso: “as opor-tunidades externas são reais: é preciso aproveitá-las. A crise não pode limitar as nossas preocupações ao curto prazo, há que começar a preparar, desde já, a aposta para o período pós-crise. Preservar o euro é uma prioridade absoluta para Portugal e para a Europa. A União Europeia terá de sa-ber vencer, colectivamente, os seus actuais desafios. Este é o caminho”.“Quando houver obstáculos, teremos que os remover. Os obstáculos não podem ser um impedimento”, desafia António Saraiva no encerramento da reunião empresarial.

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congrEsso ciP

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O ImperatIvO dO CresCImentO

Conclusões do Congressoao longo de muiTos anos de polí-ticas orçamentais incapazes de combater o despesismo público e o gigantismo e ineficiência da máquina estatal e de polí-ticas económicas desajustadas, sem que fossem concretizadas reformas estruturais com vista a eliminar muitos dos bloqueios à competitividade empresarial, a economia portuguesa foi gerando desequilíbrios e acumulando um excessivo endividamento público e privado.A crise económica mundial provocou uma profunda perda de confiança por parte dos mercados financeiros internacionais, que está a afectar agora de forma particular-mente dura as economias mais frágeis da zona do euro.A insustentabilidade da situação portuguesa tornou-se, assim, evidente e Portugal viu-se numa situação de emergência nacional, de-corrente da justaposição de uma crise das finanças públicas, uma crise de financia-mento da economia e uma crise económica profunda.A crise nas finanças públicas tornou inevitá-vel o recurso à ajuda externa, condicionada pelo cumprimento das metas acordadas no memorando de entendimento. O financia-mento do sector público está agora total-mente dependente dessa ajuda.A crise de financiamento da economia re-flecte-se na redução do stock de crédito concedido às empresas do sector privado pelo sistema bancário e no seu custo, es-trangulando as suas tesourarias e impossi-bilitando muitas delas de aceitar encomen-das por insuficiência do fundo de maneio para adquirir bens e serviços necessários ao seu funcionamento.A crise económica, com raízes profundas, agravada pela presente situação financeira e pelo efeito recessivo da consolidação or-çamental, tem a sua expressão mais dramá-tica no número crescente de empresas que

encerram diariamente e no consequente aumento do desemprego.Neste quadro, as empresas confrontam-se com:• um mercado interno em recessão,• uma escassez de financiamento e um aumento generalizado dos atrasos de pa-gamento que afectam as suas tesourarias ao ponto de não conseguirem aceitar enco-mendas e aproveitar as oportunidades que se lhes oferecem nos mercados externos,• um enquadramento fiscal que, em 2012, ainda será mais adverso ao investimento e à competitividade,• escassos ou nenhuns progressos na re-moção dos bloqueios à competitividade que contribuíram para a presente situação:- pesados encargos, financeiros e burocráti-cos que a desajustada intervenção do Esta-do continua a determinar - custos da energia e outras utilities,- sistema judicial lento e ineficaz,- rigidez nas relações laborais.

A economia portuguesa só ultrapassará a presente crise quando for capaz de restau-rar a confiança dos mercados internacionais. Confiança relativamente à capacidade do Estado honrar os seus compromissos, mas também confiança na capacidade de gerar mais riqueza para crescer sustentadamente.A consolidação orçamental é condição pré-via para restaurar esta confiança, mas não poderá haver consolidação orçamental se a economia entrar em recessão prolongada, como não haverá confiança externa na eco-nomia sem perspectivas de crescimento.Por isso, a CIP reafirma neste Congresso O IMPERATIVO DO CRESCIMENTO.O crescimento económico depende das empresas. PME’s e grandes empresas, de todos os sectores. São as empresas quem produz e quem exporta. É nas empresas que encontramos a possibilidade de gerar novos postos de trabalho. É nas empresas que reside o potencial de recuperação da economia portuguesa, de desenvolvimento

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Há BonS ExEMPloS

o “imperativo de

crescimento” é, assim,

um imperativo para as

empresas. Há bons

exemplos em Portugal,

que têm que ser

valorizados

e replicados

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local e regional. Sem elas não há crescimen-to de produção, aumento de produtividade, investimento, emprego e receitas para o Es-tado.O “imperativo de crescimento” é, assim, um imperativo para as empresas. Há bons exemplos em Portugal, que têm que ser va-lorizados e replicados. Há oportunidades a explorar e essas oportunidades podem es-tar em qualquer sector, em qualquer região, em empresas mais ou menos novas, em empresas de menor ou maior dimensão.O aproveitamento dessas oportunidades é responsabilidade dos empresários e das empresas.Mas este esforço deverá ser estimulado através duma agenda ampliada de políticas transversais dirigidas ao tecido empresarial, com especial enfoque na internacionaliza-ção crescente das empresas portuguesas.A crise não pode limitar as nossas preocu-pações ao curto prazo.Há que começar a preparar, desde já, a aposta para o pós-crise, que passará pela concentração dos apoios públicos à eco-nomia nos sectores dos bens e serviços transaccionáveis e por uma reforma fiscal orientada para a promoção do investimento e da dinamização do comércio internacional a partir de Portugal.Concretizar o imperativo do crescimento, obriga ainda, no longo prazo, a ultrapassar o nosso mais sério handicap: o atraso na qua-lificação dos recursos humanos, que refreia a produtividade das nossas empresas.Neste domínio, Portugal precisa de actuar simultaneamente, e em força, em duas fren-tes: • a da qualificação inicial e, porque não nos podemos limitar a esperar pelas novas ge-rações, • a da formação dos activos.Neste contexto, resultam deste Congresso propostas que visam normalizar o financia-mento das empresas, melhorar a sua com-petitividade através de reformas estruturais, estimular a sua internacionalização através de uma agenda alargada para o crescimen-to e preparar o pós-crise.

PROPOSTAS:FinanciamentoSerá promovida a constituição de um grupo de trabalho, entre as confederações empre-sariais e a banca, que periodicamente se reúna na procura de soluções para o finan-ciamento da economia.Tendo em conta a conjuntura adversa de escassez de liquidez, as propostas do Con-gresso são as seguintes:• É fundamental renegociar as condições

da ajuda externa, de forma a permitir que a banca liberte uma parte significativa dos financiamentos às empresas do Sector Em-presarial do Estado, no quadro dum acordo entre o Governo e os bancos envolvidos em que estes se comprometam a canalizar esses recursos financeiros para o financia-mento das empresas produtoras de bens e serviços transaccionáveis, nomeadamente das PME.• É necessário também negociar a flexibi-lização dos calendários intercalares para a desalavancagem do sistema financeiro por-tuguês, para permitir um ajustamento mais adequado da oferta de crédito às necessi-dades das empresas.• Devem ser disponibilizados mecanismos de apoio ao financiamento e à cobertura do risco de crédito baseados na experiência das linhas PME Investe e PME Segura.• Paralelamente, o Estado deve urgente-mente assumir o cumprimento integral das suas dívidas às empresas fornecedoras, de modo a permitir satisfazer, em parte, as ne-cessidades de tesouraria das empresas.Não só não se está a dar cumprimento ao estabelecido no memorando de entendi-mento – calendarizar e concretizar um pla-no de pagamentos – como nem sequer se iniciou ainda o pagamento atempado dos fornecimentos actuais como é, também, preconizado. Neste âmbito, refira-se a situação extre-mamente preocupante na área da Saúde, especialmente no que respeita aos medi-camentos, meios complementares de diag-nóstico e dispositivos médicos. O total da dívida é de cerca de 2.000 milhões de Eu-ros, que corresponde praticamente a mais de um ano e um trimestre. Face à restritividade no acesso ao crédito bancário, deverão ser incentivadas outras formas de financiamento. • No âmbito da reprogramação do QREN, é necessário reafectar parte das verbas ainda não comprometidas para reforço das medidas de apoio à capitalização das empresas nacionais, com recurso a priva-te equity. A este respeito, a CIP lembra a intenção expressa no programa do Gover-no de criação de Fundos de Capitaliza-ção, garantindo a participação do sector financeiro (via reconversão de crédito em capital) e de outros investidores nacionais e internacionais.• Também no âmbito da reprogramação do QREN, importa retomar as medidas com vista a possibilitar o reajustamento de pro-jectos de investimento já aprovados no âm-bito dos actuais Sistemas de Incentivos e a complementar o apoio através de linhas de

crédito específicas (na sequência da Linha de Crédito QREN Investe).• É necessário reformular o capital de ris-co público, reorientando-o sobretudo para PME com potencial de inovação e de cria-ção de emprego, adaptando-o às diversas etapas da vida das empresas e concentran-do a sua actuação onde se verificarem fa-lhas por parte das sociedades de capital de risco privadas.• Ainda a nível da recapitalização das em-presas privadas é necessário incentivar o recurso a business angels, que terão de contemplar algumas alterações de ordem fiscal, com uma correcta avaliação do seu custo/benefício.• A CIP apela ainda à rápida implementação das medidas constantes do Memorando de Entendimento relativas ao enquadramento legal da reestruturação de dívidas de em-presas e de particulares, nomeadamente no que respeita às alterações ao Código de Insolvências (para facilitar a recuperação efectiva de empresas viáveis), bem como à definição de princípios gerais de reestrutura-ção voluntária extra judicial em conformida-de com boas práticas internacionais.

Reformas estruturaisOs constrangimentos das empresas não são, no entanto, só de natureza financeira.Para ser competitivo Portugal precisa dra-maticamente de fazer reformas estruturais:• reformar a Administração Pública, co-locando-a ao serviço dos cidadãos e das empresas, tornando-a mais eficiente e re-duzindo o peso do Estado na economia. A despesa corrente primária deverá ser redu-zida, progressivamente, para o máximo de 30% do PIB, corrigida do ciclo económico.• resolver o problema candente da adminis-tração da justiça económica, no sentido de celeridade e transparência,

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• fomentar a concorrência e desmantelar proteccionismos sectoriais e profissionais,• reformar o mercado do arrendamento e a política das cidades, condição fundamental para fazer acontecer a regeneração urbana. Trata-se de uma oportunidade essencial para revitalizar toda a fileira da construção, criando emprego, gerando negócios, renta-bilizando estruturas existentes e viabilizando investimentos.Portugal necessita também de flexibilizar muitos aspectos das suas relações de tra-balho, em especial os que promovem, de facto, a adaptabilidade das empresas, po-tenciando o seu crescimento e, assim, a criação de mais e melhores empregos.Propomos neste domínio:• a definição de um regime legal para utiliza-ção do banco de horas, sem necessidade de previsão em contratação colectiva,• a flexibilização do regime dos despedi-mentos por inadaptação e por extinção do posto de trabalho,• a redução para metade da retribuição por trabalho suplementar,• a redução do montante das compensa-ções por cessação do contrato de trabalho, nivelando-o à média europeia.Num quadro de profundas reformas a imple-mentar nos próximos anos, é fundamental ter em conta a importância da estabilidade e previsibilidade legislativa e, sobretudo, o impacto das alterações legislativas na com-petitividade das empresas.No que à Indústria Farmacêutica respeita, é imperioso que o diálogo entre a Economia e a Saúde permita abrir caminho à competiti-vidade das plataformas industriais na ordem externa, sob pena de, face à quantidade de alterações legislativas cujo impacto não foi minimamente estudado, se venha a pôr em

causa a sobrevivência das empresas indus-triais de base nacional, com um pesado im-pacto na balança comercial.

Uma agenda alargada para o crescimentoMas o debate sobre o futuro de Portugal deve ir além das reformas estruturais. Impli-ca a adopção de uma agenda alargada para o crescimento, que integre:• um plano de acção externa nos merca-dos-chave,• actuações sectoriais para capturar opor-tunidades,• catalizadores do crescimentoO desenvolvimento de um plano de acção externa em mercados-chave, onde exista potencial de crescimento, permitirá acele-rar a economia e aproximar Portugal de um ritmo de crescimento saudável. A actuação nestes mercados-chave deverá ser poten-ciada por um conjunto de medidas focado na “Diplomacia Económica”, permitindo de-senvolver, em articulação com as associa-ções empresariais, um “plano de negócio” por mercado, para a promoção das expor-tações e a atracção de investimento.Por outro lado, deve proceder-se a actua-ções sectoriais para a captura de oportuni-dades externas, com base nas capacidades existentes, quer em sectores exportadores com tradição, como em sectores domésti-cos onde existem capacidades diferencia-das para aplicar no exterior, como ainda em “novos sectores”, que possibilitem o alinha-mento com as novas tendências mundiais (como é o caso da saúde, da educação e do conhecimento e da tecnologia e do en-tretenimento).Entre os sectores exportadores com tradi-ção, o turismo deverá constituir-se como um dos principais clusters de desenvolvimento da economia e proporcionar um contributo decisivo para a melhoria da nossa balança de pagamentos.É também necessário criar as condições adequadas ao desenvolvimento do sector primário, através de incentivos de natureza legal e fiscal. O país precisa de recuperar o seu sector primário, precisa de aumentar a sua competitividade em áreas em que pos-sui vantagens: o mar, a agricultura e a flores-ta, que poderão ser um dos nossos trunfos decisivos em termos de competitividade, dentro de vinte anos.Um sector primário eficiente, sofisticado e competitivo é, também, condição indispen-sável ao lançamento de indústrias com po-tencial de exportação.Em suma, é necessário reforçar a estrutu-ra produtiva do país - assumindo o que já

temos e sabemos fazer - numa perspectiva inovadora, moderna e competitiva – e va-lorizando as empresas que «acrescentam valor» na sua actividade – as exportadoras, mas também as que produzem bens e ser-viços para as empresas exportadoras e as que produzem bens e serviços para o mer-cado interno e que substituem importações.É preciso redireccionar a estrutura produtiva do País para os sectores abertos à concor-rência internacional.Finalmente, foram apontados três vecto-res transversais capazes de catalisar maior crescimento:• reestruturação do tecido empresarial em particular através de movimentos de conso-lidação,• fomento de uma cultura de empreedendo-rismo e inovação,• atracção de talento nacional e internacio-nal nos sectores abertos à concorrência in-ternacional.

A aposta para o pós-criseNuma perspectiva de mais longo prazo, há que delinear um novo modelo de políticas económicas, que conjuguem as políticas públicas horizontais e estruturantes de toda a economia com uma política sectorial de apoio ao sector dos bens e serviços tran-saccionáveis. É preciso reindustrializar Por-tugal.Há que preparar uma nova política fiscal, que:• combine a equidade no plano doméstico com a competitividade necessária numa economia global, • Adeqúe as obrigações declarativas á di-mensão das empresas• propicie a recapitalização das empresas e • estimule a internacionalização e o inves-timento.Temos de melhorar drasticamente os siste-mas de educação e formação profissional, formando cidadãos conscientes e respon-sáveis e profissionais de que a economia e as empresas necessitem.Tal objectivo exigirá um pacto de regime para a educação que salvaguarde futuras mudan-ças no poder e torne possível mudar o para-digma da educação, investir numa cultura de exigência que comece na primária e termine em universidades mais viradas para o exterior e em contacto directo com as empresas e com o foco nas prioridades do país.

A EuropaO imperativo de crescimento que afirmamos neste Congresso poderá ser condicionado por múltiplos factores que nos escapam.Em particular, a Europa terá de saber vencer,

PóS-CrISE

A crise não pode

limitar as nossas

preocupações

ao curto prazo:

há que começar a

preparar, desde já,

a aposta para

o pós-crise

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colectivamente, os seus actuais desafios.Em plena consonância com a BusinessEu-rope, onde participa activamente, a CIP de-fende que preservar o euro é uma prioridade absoluta para a Europa e apela aos líderes europeus para agirem com urgência e de-terminação para pôr fim à instabilidade nos mercados financeiros.Também ao nível europeu o crescimento é um elemento crucial para vencer a presente crise. Não só Portugal, mas todos os Esta-dos-membros terão de actuar decisivamen-te para combinar uma consolidação inteli-gente das finanças públicas com reformas estruturais que visem criar condições para um maior crescimento: reformas dirigidas à melhoria das condições de concorrência nos mercados de bens e serviços; reformas dos mercados do trabalho, adaptadas às realidades nacionais, sob o quadro comum da flexissegurança.A CIP partilha com a BussinessEurope a ideia de que o reforço do mercado único eu-ropeu e o acesso aos mercados internacio-nais são factores essenciais ao crescimento económico da Europa.

CONCLUSÃOEm suma, o IMPERATIVO DO CRESCIMEN-TO é, acima de tudo, um imperativo para as empresas, mas exige condições para que as empresas produzam, exportem, invistam e criem emprego.O financiamento é uma dessas condições: é preciso encontrar soluções que o assegu-rem.As reformas estruturais referidas, se condu-zidas com determinação, responsabilidade e coragem, poderão libertar as empresas de muitos dos constrangimentos com que se defrontam. É preciso avançar decisiva e rapidamente.Uma agenda ampliada de políticas dirigidas ao tecido empresarial, com especial enfo-que na internacionalização, estimulará as empresas na resposta a este imperativo. As oportunidades externas são reais: é preciso aproveitá-las.A crise não pode limitar as nossas preocu-pações ao curto prazo: há que começar a preparar, desde já, a aposta para o pós--crise.Preservar o euro é uma prioridade absoluta para Portugal e para a Europa. A União Eu-ropeia terá de saber vencer, colectivamente, os seus actuais desafios.Este é o caminho.Quando houver obstáculos, teremos que os remover. Os obstáculos não podem ser um impedimento. A CIP trabalhará para que não o sejam.

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rEgEnEração urbana

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Desde há muito que a reforma do arrendamento urbano constitui uma prioridade em Portugal, no entanto, muito por falta de coragem política, foi sendo sucessivamente adiada

reforma do regime Jurídico doArrendamento Urbano

A REFORMA DE 2006 não foi suficiente para superar os desequilíbrios estruturais do mercado de arrendamento e os efeitos nefastos do congelamento de rendas e das limitações ao direito de propriedade.Estes factos impediram o desenvolvimento de um verdadeiro mercado do arrendamen-to no nosso País e conduziram à situação injusta e anti-económica que hoje se verifica.As consequências negativas que daqui re-sultaram são bem evidentes em diversos domínios.Desde logo, no forte estímulo ao endivida-mento das famílias para compra de habi-tação própria a que assistimos nos últimos anos. Face à escassez de oferta de arrenda-mento, registou-se um vertiginoso aumen-to da compra de casa própria, na grande maioria dos casos, com recurso a financia-mento bancário para toda a vida. Este facto tem constituído um forte constrangimento na mobilidade geográfica dos cidadãos, com consequências negativas ao nível do mercado de trabalho.Para além destes aspetos, o baixíssimo nível de rentabilidade associado aos arren-damentos antigos, o desperdício de recur-sos provocado por um vasto conjunto de habitações devolutas, que, dada a rigidez do regime em vigor, não foram colocadas no mercado de arrendamento, e o elevado número de litígios resultante das relações entre senhorios e arrendatários, derivam igualmente da inexistência de um mercado de arrendamento mais livre, racional e devi-damente regulado.Face a esta realidade temos vindo a afirmar que a criação de um verdadeiro mercado de arrendamento e o seu funcionamento eficiente são condição fundamental para a dinamização do setor imobiliário, para a tão necessária reabilitação urbana, para a mobilidade das pessoas e para o estabele-cimento de um ambiente de confiança que promova o investimento privado.Indo de encontro às nossas expectativas, no Conselho de Ministros de 29 de Dezembro

de 2011, o Governo aprovou uma proposta de lei que procede à revisão do regime jurí-dico do arrendamento urbano.A criação de um verdadeiro mercado de ar-rendamento, que, conjugado com o impulso à reabilitação urbana, proporcione soluções de habitação mais ajustadas às necessida-des e condições atuais dos portugueses, que fomente a sua mobilidade e assim per-mita mais facilmente encontrar emprego, constitui o objetivo principal desta reforma.As principais alterações que nos são pro-postas nesta reforma do regime jurídico do arrendamento urbano respeitam aos con-tratos de arrendamento para habitação e refletem três grandes linhas de intervenção:• Maior liberdade às partes, promovendo o aparecimento de contratos de duração va-riada, nomeadamente mais curtos;• Reforço do mecanismo de resolução do contrato de arrendamento quando o arren-datário se encontre em mora, permitindo uma mais rápida cessação do contrato e consequente desocupação do locado;• Agilização do procedimento de denúncia do contrato de arrendamento celebrado por duração indeterminada (tendo por objetivo promover a reabilitação dos edifícios).Estas alterações ao regime do arrendamen-to urbano vão de uma forma geral no bom sentido, ou seja, no sentido da liberalização do mercado e da introdução de medidas suscetíveis de dar mais confiança aos se-nhorios, medidas estas que deverão favo-recer a descida do valor das rendas, benefi-ciando também assim os arrendatários.As principais novidades desta proposta re-ferem-se:• Ao princípio de liberdade negocial (no res-peito pelos princípios jurídicos e de ética gerais) conferido às partes, em que assenta esta proposta de lei;• Ao reforço do mecanismo de resolução do contrato de arrendamento, permitindo uma mais rápida cessação do contrato e conse-quente desocupação do locado, através de um mecanismo extrajudicial de despejo do

arrendatário em caso de incumprimento do contrato de arrendamento.• A introdução de um mecanismo de atua-lização de rendas assente numa lógica de negociação direta e privada entre senhorio e arrendatário.Face à lentidão, complexidade e dificuldade de implementação de anteriores regimes de atualização de rendas, o mecanismo de atu-alização agora proposto parece aceitável no que se refere a encontro de contas e equi-líbrio de responsabilidades entre senhorio e arrendatário.• O regime de exceção previsto para as mi-croentidades. Considerando a importância que estas entidades assumem no tecido económico português e a crise por que es-tamos a passar, é extremamente relevante o estabelecimento de um período transitório de cinco anos durante o qual, para estas en-tidades, a atualização da renda deverá ser efetuada por referência ao valor locado, não se permitindo, quer a cessação quer a alte-ração do tipo de contrato.Não pode deixar de se fazer notar que desta proposta de reforma está ausente a ponderação de um enquadramento fiscal favorável ao robustecimento do mercado de arrendamento, ainda que se considerem as limitações impostas pelas medidas estabe-lecidas no Programa de Apoio Económico e Financeiro a Portugal, aspeto que é es-sencial para a dinamização do mercado de arrendamento.

A Intervenção do Estado nesta ReformaNo que se refere ao papel do Estado, espe-ra-se uma intervenção de equilíbrio entre a eficácia que se pretende incutir no mercado de arrendamento e a cautela no tratamento dos casos socialmente mais sensíveis, ten-do evidentemente em conta os atuais cons-trangimentos decorrentes da capacidade financeira do próprio Estado.Será desejável ponderar o estímulo ao ar-rendamento por parte dos jovens e a refor-

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ma do regime de renda apoiada, quer aper-feiçoando a respetiva fórmula de cálculo, como também, promovendo a sustentabi-lidade financeira dos bairros de habitação social.Nesta matéria, o Governo deverá ainda ponderar o acolhimento e implementação das recomendações que, neste âmbito, a Assembleia da República lhe tem apresen-tado no que se refere ao estímulo ao arren-damento por parte dos jovens, designada-mente, através da:• Simplificação dos processos administrati-vos inerentes à realização de obras em imó-veis a necessitar de intervenção;• Criação de uma bolsa de casas reabilita-das, facilitando a comunicação no mercado de oferta e procura neste sector;• Reformulação do programa de apoio ao Arrendamento jovem Porta 65;• Revisão do atual regime de renda apoiada;• Promoção da «reabilitação urbana low

cost», permitindo o alargamento da oferta de habitação reabilitada para os mais jo-vens, a preços mais acessíveis;• Estabelecimento de apoios com vista à emancipação dos jovens no que se refere à habitação.

A Reabilitação Urbana e a Reforma do ArrendamentoNo que se refere à reabilitação urbana, to-dos sabemos que uma das causas da de-gradação dos prédios e das cidades radica na lei do arrendamento.Em termos teóricos, esta proposta de re-forma prevê os elementos necessários para alavancar a reabilitação urbana. De facto, a implementação desta lei por certo criará no-vas oportunidades de negócio no mercado imobiliário, permitindo que possa reiniciar-se o desenvolvimento das cidades.No entanto, se a reforma do arrendamento, não for implementada com a urgência que

há muito se reclama, a reabilitação urbana continuará também adiada.Em matéria de concretização da reforma, esta proposta prevê diversos períodos de tempo, entre a publicação da lei, a sua entrada em vigor e a adequação a regimes complementa-res, de forma que, apenas passado meio ano da publicação teremos um quadro legal com-pleto que permita uma efetiva implementação das medidas que visam a reforma.Neste âmbito, registamos também o adia-mento da entrada em vigor das normas que preveem o novo mecanismo de atualização das rendas para 1 de Janeiro de 2013.Conscientes da necessidade desta reforma lamentamos que a mesma não tenha sido efetuada há mais tempo, com menores custos e menores sacrifícios do que os que agora são requeridos de todos.A verdade é que enquanto não existir uma verdadeira consciência da urgência desta reforma, ela continuará a não acontecer.

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lEgislação laboral

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LegIsLaçãO

Emprego e Proteção

Social

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entrou em vigor recentemente um conjunto de normativas importantes para o desenvolvimento da actividade laboral. neste artigo, damos conta de algumas das novas disposições legais e explicamos a sua aplicação

LEI N.º 3/2012, de 10 de Janeiro, que esta-belece um regime de renovação extraor-dinária dos contratos de trabalho a termo certo, bem como o regime e o modo de cálculo da compensação aplicável aos contratos objecto dessa renovação.

1. A Lei em referência visa permitir a renova-ção extraordinária dos contratos de traba-lho a termo certo que, até 30 de Junho de 2013, atinjam os limites máximos de dura-ção fixados na lei vigente, e estabelecer o regime e modo de cálculo da compensação que lhes é aplicável.Na “Exposição de Motivos” que consta da Proposta de Lei n.º 25/XII que, sobre o mesmo assunto foi apresentada pelo Go-verno ao Parlamento, o Executivo justifica a necessidade do regime na “adopção de medidas urgentes e indispensáveis à manu-tenção dos postos de trabalho e que podem contribuir para a redução da taxa de desem-prego”.A CIP subscreve essa justificação. Todavia, considera que se deve ir mais longe, face à actual dimensão do número de desempre-gados: cerca de 675 mil – a que correspon-de uma taxa de desemprego na ordem dos 12,1% –, mais de metade de longa duração, e onde se incluem dezenas de milhares de jovens licenciados.Nesse contexto, a CIP apresentou, em sede de Concertação Social, uma série de medi-das activas de emprego, entre as quais se destaca: Flexibilizar a contratação a termo, o trabalho temporário, a comissão de serviço e a prestação de serviços (nomeadamen-te, quanto aos fundamentos, à duração, às renovações e à sucessão de contratos), potenciando o emprego de mão-de-obra actualmente desempregada e o aproveita-mento, por parte das empresas, de todas as oportunidades que surjam nos mercados interno, europeu e internacional.Para além desses aspectos, o momento que atravessamos impõe a necessidade de con-vocar instrumentos pautados pelo pragma-tismo e operacionalidade, o que passa por criar formas mais flexíveis de contratação, quer através de uma maior flexibilização das formas de contratação já existentes quer pela identificação de outras forma de con-tratação, vigentes noutros países (na União Europeia ou fora desta), que, em qualquer

caso, se revelem mais expeditas e céleres na criação e extinção do vínculo laboral.Ora, com a Lei acima identificada, o Governo acolhe tão-só uma pequeníssima parte das preocupações que subjazem às propostas da CIP, não versando aspectos tão essen-ciais como os relativos à fundamentação e à sucessão de contratos e omitindo figuras tão relevantes como a comissão de serviço.Neste quadro, a Lei em apreço, embora útil, fica muito aquém das necessidades.2. Nos termos da Lei em referência, a reno-vação extraordinária aplica-se, tão só, aos contratos que, até 30 de Junho de 2013, não possam ser renovados devido aos limi-tes legais (v. n.º 1 do artigo 2.º).Ora, no “Acordo Tripartido para a Competiti-vidade e Emprego”, alcançado na Comissão Permanente de Concertação Social (CPCS), em de 22 de Março de 2011, ficou consen-sualizada a institucionalização de um regime transitório para os contratos a prazo, pelo qual, até 2013, estes pudessem ser objecto de mais duas renovações.Tal consensualização assentou na sustenta-da perspectiva de a crise se estender num horizonte temporal infelizmente bem alarga-do. Daí que se impusesse que a possibilida-de de renovação extraordinária, constante da Lei em apreço, pudesse ter lugar e, as-sim, aplicar-se a todos os contratos que, até ao final de 2013, não possam ser renovados devido aos limites legais.

Isto mesmo deixou a CIP bem expresso e vincado na apreciação que formulou à cita-da Proposta de Lei.3.O regime e modo de cálculo das compen-sações que, nos termos da Lei em apreço, se projecta aplicar aos contratos objecto da renovação extraordinária, revela-se credor do maior reparo crítico.Tal regime, que se encontra previsto no arti-go 4º do normativo em análise, não tem em linha de conta que a forma de cálculo das compensações aplicável às cessações de contrato de trabalho, entretanto aprovada pela Lei n.º 53/2011, de 14 de Outubro, que procede à segunda alteração ao Código do Trabalho, aprovado em anexo à Lei n.º 7/2009, de 12 de Fevereiro, estabelecendo um novo sistema de compensação em di-versas modalidades de cessação do contra-to de trabalho, aplicável apenas aos novos contratos de trabalho, deve ser objecto de alinhamento no sentido da sua aplicação aos actuais contratos “sem redução dos di-reitos adquiridos”.Ora, verifica-se que, nas alíneas a) e b) do n.º 1 do citado artigo 4º, se adopta como ponto de referência para a forma de cálculo da compensação, o momento da renova-ção extraordinária dos contratos a termo, o que, normalmente, na esmagadora maioria dos casos, terá lugar depois da entrada em vigor do regime consubstanciador daquele alinhamento.

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lEgislação laboral

Projecto de Decreto-Lei que estabelece um regime transitório e excepcional de apoio aos desempregados com filhos a cargo e procede à quarta alteração ao Decreto-Lei n.º 220/2006, de 3 de No-vembro, alterado pelo Decreto-Lei n.º 68/2009, de 20 de Março, pela Lei n.º 5/2010, de 5 de Maio e pelo Decreto-Lei n.º 72/2010, de 18 de Junho.

Com a apresentação do Projecto de diplo-ma em referência, o Governo pretende, em geral, cumprir os compromissos previstos no âmbito dos sub-pontos i. a iii. do ponto 4.1. do Memorando de Entendimento sobre as Condicionantes de Política Económica (MoU), os quais implicam proceder à reforma das prestações de desemprego nos seguin-tes termos: i) Redução para 18 meses, da duração máxima do período de atribuição do subsídio; ii) Redução do máximo do montan-te de 3 (€1.257,66) para 2,5 IAS (€1.048,05) e diminuição do montante quando a situação de desemprego se alongue no tempo (redu-ção mínima de 10% ao fim de 6 meses); iii) Redução do prazo de garantia para acesso às prestações de 15 para 12 meses.Para além desse aspecto, o Projecto con-templa, ainda, uma majoração temporária de 10% do montante do subsídio de de-semprego nas situações em que ambos os membros do casal sejam titulares de subsí-dio de desemprego e tenham filhos a cargo, na qual se abrangem, igualmente, as famí-lias monoparentais.Quanto aos aspectos focalizados no Projec-to em apreço e supra sintetizados, a CIP não tem, em geral, especiais reparos a formular, não obstante a implementação da mencio-nada majoração dever ser objecto de crite-riosa selecção e adequada fiscalização.

Todavia, a iniciativa governamental, pelos domínios a que restringe a sua focalização, revela-se credora da maior crítica.Encontramo-nos perante uma excelente oportunidade para introduzir medidas com verdadeiro significado na integração dos desempregados no mercado de trabalho, objectivo que se tem como fundamental na revisão em causa, tendo em conta a grave situação económica que o País atravessa e os reflexos que esta tem tido no aumento do desemprego.Nesse sentido, a CIP reiterou, entre outras, as seguintes propostas:• A eliminação da limitação do acesso ao subsídio de desemprego na sequência de revogação de contrato de trabalho por mú-tuo acordo;• A implementação da medida prevista no parágrafo final do ponto 7 do Capítulo II do “Acordo Tripartido para a Competitividade e Emprego”, de 22 de Março de 2011, al-cançado em sede de Concertação Social, a saber: A definição de medidas concretas, incluindo ao nível da gestão de recursos humanos e mantendo o volume de em-prego das empresas, que permitam refor-çar a qualificação e a capacidade técnica das empresas, nomeadamente através do alargamento nestes casos do acesso ao subsídio de desemprego por parte dos tra-balhadores substituídos por trabalhadores permanentes;• A eliminação do montante mínimo das prestações mensais de desemprego;• O reforço da cooperação entre os Centros de Emprego e as Associações Patronais/Empresariais, conferindo a estas um papel verdadeiramente activo no processo de aproximação entre a oferta e a procura de emprego.Em conclusão, se real e objectivamente se intenta potenciar o aumento da empregabi-lidade, devem ser implementadas e correc-tamente executadas medidas pragmáticas e operacionais, tendo em conta o contexto sócio-económico do País.

Projecto de Decreto-Lei que estabele-ce, no âmbito do sistema previdencial, o quadro legal da reparação da eventuali-dade de desemprego dos trabalhadores que se encontrem enquadrados no regi-me dos trabalhadores independentes e que prestam serviços maioritariamente a uma entidade contratante.

Com a apresentação do Projecto de diploma em referência, o Governo dá cumprimento ao compromisso previsto no sub-ponto iv. do pon-to 4.1. do Memorando de Entendimento so-bre as Condicionantes de Política Económica (MoU), o qual implica “apresentar uma proposta para alargar a elegibilidade ao subsídio de de-semprego a categorias claramente definidas de trabalhadores independentes, que prestam serviços regularmente a uma única empresa. Esta proposta terá em consideração os riscos de possíveis abusos e incluirá uma avaliação do impacto orçamental do alargamento das prestações em vários cenários, relativos aos critérios de elegibilidade (nomeadamente, o ca-rácter involuntário do desemprego) e os requi-sitos para o aumento das contribuições para a segurança social por parte das empresas, que utilizem estes procedimentos”.Todavia, a iniciativa governamental em análi-se, pelo âmbito a que se circunscreve, revela--se credora da maior crítica.De facto, em momento prévio à assumpção dos compromissos firmados no âmbito do MoU, havia já um outro compromisso, relacio-nado com este, previsto no “Acordo Tripartido para a Competitividade e Emprego”, de 22 de Março de 2011, alcançado em sede de Con-certação Social, que se encontra totalmente ausente do documento em análise, mas que deve ser imperativamente retomado.Trata-se do compromisso do Governo em “Aprovar, até ao final do primeiro semestre de 2011, uma proposta de regime de protecção, na eventualidade de deixarem de exercer invo-luntariamente a respectiva actividade, para os órgãos estatutários de pessoas colectivas e tra-balhadores independentes que exerçam activi-dade empresarial” - razões de justiça, equidade e cidadania, impõe-no incontornavelmente.Verifica-se, ainda, que o Projecto em apreço cria mais dúvidas e reservas do que certezas e segurança, numa matéria fundamental do sistema previdencial da segurança social.Entre as várias críticas formuladas, destaca--se a relativa ao conceito de “emprego con-veniente” e todos os reflexos que esta noção tem no regime que ora se intenta disciplinar.Em conclusão, face aos vários reparos críti-cos expressos, a CIP considera que o Pro-jecto de diploma carece de maior maturação e desenvolvimento.

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CIP apresenta programa de trabalho

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Dossiê

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O Plano de Atividades para 2012 que o Conselho Geral da CIP apresentou à Assembleia

Geral integra-se no Programa de trabalho para o triénio 2011-2013 e incorpora as conclusões

do Congresso das Empresas e da Atividade Económica – O Imperativo do Crescimento,

realizado em 17 de novembro de 2011. O Plano de Atividades para o triénio 2011-2013 contém

a visão estratégica da CIP e sustentará a ação corrente e as iniciativas que se torne necessário

desencadear para levar a efeito os desígnios da CIP. Por sua vez, o Plano de Atividades

para 2012 contempla as iniciativas que o Conselho Geral e a Direção se propõem desenvolver

durante o segundo ano do mandato

num momenTo particularmente difícil para a economia e as empresas, que en-frentam desafios dramáticos, a CIP conti-nuará a defender, com grande sentido de responsabilidade, as suas causas matriciais: o primado da iniciativa privada e da econo-mia de mercado, a aposta na produção de bens e serviços transacionáveis, a defesa das empresas, nomeadamente das PME, a promoção do empreendedorismo e a defe-sa dos empresários.A defesa desses valores assenta na convic-ção de que o diálogo social é essencial para a construção das soluções de que o País precisa para vencer as dificuldades atuais e retomar o crescimento.Por último, a CIP considera que deve pros-seguir, com determinação, os objetivos es-tratégicos essenciais resultantes do projeto de consolidação associativa iniciado com a constituição da Confederação Empresarial de Portugal, em 2010.

I. 3 PROJETOS PARA 2012Para o exercício de 2011, a CIP comprome-teu-se a realizar 3 projetos emblemáticos:1. Promover um Acordo social para o De-senvolvimento2. Fazer Acontecer a regeneração urbana3. realizar o Congresso das empresas e da Atividade económicaCircunstâncias conhecidas, designadamen-te o pedido de assistência financeira ao FMI, BCE e Comissão Europeia, a realização de eleições e a constituição de um novo Governo, em meados de 2011, determi-naram que não tenha sido possível realizar

completamente os dois primeiros projetos.Quanto ao Congresso das Empresas e da Atividade Económica, sobre o tema O Impe-rativo do Crescimento, realizou-se em 17 de Novembro e constituiu, todos o reconhece-mos, um assinalável sucesso.Criou para a CIP um compromisso: o de assumir o imperativo do crescimento como um dos primeiros desígnios estratégicos para 2012, cumprindo e levando a efeito as Conclusões do CongressoHá, também, que prosseguir os objetivos traçados quanto ao Acordo Social para o Desenvolvimento e ao projeto de Regene-ração Urbana.Assim, os 3 projetos emblemáticos da CIP para 2012 são os seguintes:

1. O Imperativo do CrescimentoA economia portuguesa só ultrapassará a presente crise quando for capaz de restau-rar a confiança dos mercados internacio-nais. Confiança relativamente à capacidade do Estado honrar os seus compromissos, mas também confiança na capacidade de gerar mais riqueza para crescer sustentada-mente.A consolidação orçamental é condição pré-via para restaurar esta confiança, mas não poderá haver consolidação orçamental se a economia entrar em recessão prolongada, como não haverá confiança externa na eco-nomia sem perspetivas de crescimento.Por isso, a CIP assumirá em 2012 O IM-PERATIVO DO CRESCIMENTO como um

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objetivo estratégico dominante, levando à prática as Conclusões do Congresso.

a. o papel das empresasO crescimento económico depende das empresas. PME’s e grandes empresas, de todos os sectores. São as empresas quem produz e quem exporta. É nas empresas que encontramos a possibilidade de gerar novos postos de trabalho. É nas empresas que reside o potencial de recuperação da economia portuguesa, de desenvolvimento local e regional. Sem elas não há crescimen-to de produção, aumento de produtividade, investimento, emprego e receitas para o Es-tado.O “imperativo de crescimento” é, assim, um imperativo para as empresas. Há bons exemplos em Portugal, que têm que ser va-lorizados e replicados. Há oportunidades a explorar e essas oportunidades podem es-tar em qualquer sector, em qualquer região, em empresas mais ou menos novas, em empresas de menor ou maior dimensão.O aproveitamento dessas oportunidades é responsabilidade dos empresários e das empresas.Mas este esforço deverá ser estimulado atra-vés de uma agenda ampliada de políticas transversais dirigidas ao tecido empresarial, com especial enfoque na internacionaliza-ção crescente das empresas portuguesas.

b. o FinanciamentoA dramática escassez de financiamento com que se confrontam as empresas man-tém-se o principal constrangimento de curto prazo ao crescimento. A CIP está conscien-te de que, sem um mínimo de condições de financiamento regular do sector produtivo, não haverá possibilidade de evitar o colapso da economia portuguesa e o agravamento do défice externo. Por isso, a CIP bater-se-á pela implementação das propostas cons-tantes das conclusões do seu Congresso neste domínio e promoverá a constituição de um grupo de trabalho, entre as confede-rações empresariais e a banca, que periodi-camente se reúna na procura de soluções para o financiamento da economia.A CIP manterá igualmente a defesa de pro-postas que visam melhorar a competitivida-de das empresas através de reformas estru-turais e estimular a sua internacionalização através de uma agenda alargada para o crescimento.Há também que começar a preparar, desde já, a aposta para o pós-crise, que passará pela concentração dos apoios públicos à economia nos sectores dos bens e serviços transacionáveis e por uma reforma fiscal

orientada para a promoção do investimento e da dinamização do comércio internacional a partir de Portugal.

c. ConcorrênciaA CIP continuará a pugnar pela promoção em Portugal de uma verdadeira cultura de concorrência.Ainda em 2011, destaca-se a contribuição da CIP no âmbito da consulta pública relati-va à proposta de um novo Regime Jurídico da Concorrência, com uma ampla participa-ção dos seus associados.Importa garantir a fundamental independên-cia das Autoridades da Concorrência e de Regulação Sectorial face ao poder econó-mico e ao poder político.Neste domínio da defesa da concorrência, são essenciais, por um lado, as ações pre-ventivas e, por outro, a celeridade dos pro-cessos, na medida em que, quanto maior a capacidade interventiva, maior será o poder dissuasor da lei.A CIP procurará contribuir para um saudável contexto de concorrência entre a produção e a distribuição. Acompanhará atentamente o efetivo funcionamento dos mecanismos que visam prevenir e corrigir, sempre que ocorram, situações de dependência econó-mica face à distribuição que possam colocar em risco a sustentabilidade da indústria de produtos de grande consumo.Neste âmbito, a CIP participará ativamente na Plataforma de Acompanhamento das Relações na Cadeia Agroalimentar (PARCA), constituída no passado mês de Novembro, que tem por missão promover a análise das relações entre os sectores de produção, transformação e distribuição de produtos agrícolas, com vista ao fomento da equida-de e do equilíbrio na cadeia alimentar. 2. Acordo Social para o DesenvolvimentoA CIP continua a considerar que a presen-ça do Estado Português deve ser reduzida, não só na economia como na sociedade e a redução progressiva da tutela do Estado na concertação social e na produção legislativa em matéria laboral, devendo os parceiros sociais tomar a iniciativa de chamar a si a negociação nas áreas fundamentais do Di-reito do trabalho.O Acordo Social para o Desenvolvimento, a celebrar entre os parceiros sociais, sem a participação do Governo, será também um importante instrumento para dinamizar e catalisar a contratação coletiva, para que esta seja verdadeiramente um estabilizador das relações laborais e da própria atividade empresarial.Em 2012, a CIP desenvolverá conversações

com os parceiros sociais no sentido de pro-mover um melhor e mais amplo diálogo so-cial e gerar as grandes bases de consenso nas áreas fundamentais do Direito do Tra-balho com vista à outorga do Acordo Social para o Desenvolvimento.

3. Fazer Acontecer a Regeneração urbanaExiste um amplo consenso na sociedade sobre a Regeneração Urbana e a urgente necessidade de reabilitar as cidades, requa-lificar os centros urbanos e recuperar os edi-fícios degradados.Durante o ano de 2012, a CIP concluirá o projeto no âmbito do COMPETE / SIAC, que se iniciou em Abril de 2011 e tem a duração de 18 meses.O projeto permite desenvolver ações da maior relevância para a CIP e, em especial, para a Regeneração Urbana.Serão concluídos 5 estudos de diagnóstico (mercado de arrendamento; legislação fiscal e licenciamento; políticas de solos, planos diretores e limitações de intervenção nas zo-nas históricas; financiamento e incentivos; e comércio de proximidade) e será constituído um cluster integrado por uma rede de em-presas da fileira de construção para atuar na área da regeneração urbana, entre outras iniciativas de grande importância.Nas últimas três décadas, o investimento no sector esteve concentrado na construção de edifícios novos, desapareceu o merca-do de arrendamento para habitação dan-do lugar a um novo mercado de habitação própria. Verificou-se um aumento de fogos devolutos, uma degradação dos prédios e um abandono das cidades.O Governo, no seu Programa, considera como fundamental a tomada de medidas que visem a promoção da Regeneração Ur-bana e o desenvolvimento das cidades, pelo

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que contempla um conjunto de medidas nestas áreas, com especial destaque para as que promovam um funcionamento mais eficiente do mercado do arrendamento.Por outro lado, no âmbito do Memorando de Entendimento (MoU) e do Documento de Estratégia Orçamental 2011-2015, o Gover-no comprometeu-se a implementar várias medidas na área da Reabilitação Urbana.A CIP tem chamado a atenção dos vários órgãos da nossa sociedade para a impor-tância que a Regeneração Urbana tem como elemento dinamizador da economia.A Regeneração Urbana, quando vista no âmbito de uma política integrada, é uma oportunidade de investimento multi-disci-plinar, envolvendo variadíssimos agentes e valências, que permite rentabilizar estruturas existentes que se encontram sub-aproveita-das e criar emprego.A CIP prevê que o impacto da Regeneração Urbana, no período de 18 a 20 anos, permi-tirá um crescimento anual do PIB de cerca de 900 milhões de euros, o que representará um valor acumulado entre 16.000 e 18.000 milhões de euros e a criação de mais de meio milhão de empregos.Em termos de receitas do Estado, permi-tirá uma cobrança na ordem dos 29.000 milhões de euros em impostos e cerca de 13.000 milhões de euros em contribuições para a Segurança Social.Por sua vez, o impacto no aumento da des-pesa pública e no agravamento do défice será zero.Assim, a CIP considera que não se pode perder mais tempo e que devem continuar a ser desenvolvidos todos os esforços ne-cessários - ao nível legislativo e outros - que permitam “Fazer Acontecer a Regeneração Urbana”.Nesse sentido, deveriam ser implementadas medidas orientadas para:I. Adotar Politicas de Incentivo ao Investi-mento na regeneração urbana e no Imobi-liárioII. Desenvolver uma nova política de cidadesIII. Dinamizar o mercado do arrendamentoA importância da Regeneração Urbana é de tal modo vital e decisiva para a econo-mia portuguesa e, em especial, para todas as empresas da vasta fileira da construção, que não poderemos fazer esperar mais tem-po a adoção das medidas legislativas e das políticas públicas necessárias para FAZER ACONTECER A REGENERAÇÃO URBANA.Só com a criação de condições objetivas favoráveis se incentivará os proprietários dos imóveis, os investidores, os agentes económicos da fileira da construção e ou-tros interessados a empenhar-se nesta im-

portante tarefa da regeneração das cidades, da requalificação de bairros e reabilitação de edifícios, no sentido de melhorar a qualidade de vida nas cidades e de, nomeadamente, melhorar o acesso das famílias à habitação, promover a mobilidade laboral, melhorar a qualidade das habitações e aproveitar me-lhor as habitações já existentes.Se não for assegurada a necessária e con-tinuada coordenação entre os organismos públicos envolvidos, nomeadamente ao nível dos vários instrumentos legislativos a aprovar e a publicar e da implementação das medidas no terreno, e se não houver possibilidade de um acompanhamento sis-temático que inclua os agentes privados, tendo em vista, caso se revele necessário, o ajustamento das soluções que vierem a ser aprovadas, dificilmente se conseguirá ter uma política de regeneração urbana que conduza ao repovoamento dos centros ur-banos e à melhoria da qualidade de vida.

III. ASSOCIATIVISMO (DA)Reforço e Dinamização do Associativismo EmpresarialA CIP – Confederação Empresarial de Por-tugal tem por objeto representar a atividade económica nacional, bem como apoiar as empresas de todas as dimensões e sectores.A necessidade de alargar a sua base de as-sociados, bem como de organizar e dinami-zar a sua participação num número signifi-cativo de Órgãos de Consulta previstos nos Estatutos (Conselho Coordenador Asso-ciativo, Conselho da Industria Portuguesa, Conselho do Comércio Português, Conse-lho dos Serviços de Portugal, Conselho do Turismo Português, Conselho Português da Construção e do Imobiliário, Conselho As-sociativo Regional, Conselho Empresarial, e, Conselho das Câmaras de Comércio e Indústria) constitui um meio decisivo para

alargar a base de representatividade e para envolver as organizações associativas, os seus dirigentes e os empresários de maior relevo na sociedade no processo abrangen-te de consolidação do processo associativo.Durante o ano de 2012, será concluída a constituição de todos os Conselhos previs-tos nos Estatutos e serão tomadas iniciati-vas com o objetivo de reforçar o movimento associativo em geral e alargar a base de re-presentatividade.A visão de uma CIP - Confederação Empre-sarial de Portugal enquanto estrutura asso-ciativa patronal forte, homogénea e abran-gente que possa defender mais eficazmente os interesses das empresas portuguesas, traz consigo responsabilidades acrescidas ao nível nacional e internacional.Num mundo global em que nos inserimos as decisões tomadas a nível nacional são cada vez mais determinadas por deliberações adotadas ao nível europeu e internacional. Enquanto representante nacional nos orga-nismos patronais de cúpula ao nível europeu e internacional, a BusinessEurope e a OIE, a CIP tem um papel determinante na defe-sa dos interesses das empresas nacionais perante as instâncias internacionais e na antecipação das consequências das deci-sões destas para a economia e empresas nacionais.O reforço da participação da CIP nestas duas organizações deverá ser feita em es-treita relação com a representação da CIP no Conselho Económico e Social Europeu que poderá assim ser potenciada, reforçan-do a atuação da CIP ao nível de tomada de posições atempadas e junto das entidades adequadas, o que permitirá, de facto, in-fluenciar o processo de decisão. Neste âm-bito, em 2012 a CIP estabelecerá ainda um contacto regular com os Deputados nacio-nais no Parlamento Europeu.

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Este é o quadro de referência da atuação do Departamento de Associativismo (DA).

deparTamenTo de associaTiVismo (DA) - OBJECTIVOSO Departamento tem por missão apoiar a Direcção da CIP – Confederação Empresa-rial de Portugal na consolidação da sua base de associados e no reforço do seu posicio-namento enquanto confederação empresa-rial mais representativa a nível nacional.É seu objetivo fomentar um relacionamento estreito com todos os associados da CIP, com vista a um melhor conhecimento das suas necessidades e pontos de vista, capa-citando desta forma a Direcção da CIP para uma defesa consistente e efetiva dos inte-resses das empresas representadas, junto das entidades nacionais e internacionais.

ATRIBUIÇÕES1. Estabelecer e manter relações com os as-sociados, garantindo-lhes a melhor atenção e resposta eficaz às suas propostas e ne-cessidade, tendo como objetivo um elevado grau de satisfação;2. Acompanhar as atividades do Movimento Associativo Empresarial Nacional e promo-ver a filiação de novos Associados.3. Apoiar o funcionamento dos Conselhos Sectoriais, Associativo Regional, Empresa-rial, das CCI e Coordenador Associativo;

aTiVidade1. GESTÃO DE INFORMAÇÃOA organização da informação constitui-se como um dos mecanismos fundamentais para uma crescente articulação da CIP com os seus Associados. É fundamental que o conhecimento acerca do universo de asso-ciados seja o mais profundo possível e par-tilhado por toda a organização. Da mesma forma, torna-se essencial co-

nhecer a fundo o movimento associativo português e perceber qual a sua dinâmica para podermos construir metas no âmbito da angariação de novos associados. A sis-tematização desta informação, em formato base de dados, revela-se fundamental para a organização da metodologia de trabalho do departamento.

Acções a desenvolver• Gerir a base de dados informatizada dos associados, mantendo-a devidamente atu-alizada.• Analisar e propor sistema de partilha de dados on-line. • Gerir a base de dados de potenciais as-sociados, definindo prioridades e traçando planos de atuação.• Identificar serviços de carácter informativo para a CIP e os associados.• Elaborar uma análise de benchmarking com organizações semelhantes à CIP, a ní-vel nacional e europeu, de modo a percecio-nar o seu posicionamento e as relações de-senvolvidas com os respetivos associados.

2. ANGARIAÇÃO de noVos associadosA angariação de novos associados é uma das prioridades do DA durante os próximos anos. A aposta na reorganização do Movi-mento Associativo Empresarial defendida pela CIP procura alinhar num só órgão de cúpula a representação das empresas por-tuguesas.No âmbito deste processo, cabe ao DA in-tervir na captação de novas Associações para o seio da CIP.A angariação de novos Associados deverá assentar em dois critérios: representativi-dade sectorial e representatividade regio-nal. Neste pressuposto, a aposta será a de trazer para o seio da CIP associações que

representem os sectores e os distritos onde ainda não se encontram representados.

Acções a desenvolver• Identificar as Associações que preenchem os critérios de seleção: representatividade sectorial e regional.• Preparar a abordagem às associações identificadas e propor um plano de aborda-gem.

3. COMUNICAÇÃO com os associadosO DA quer posicionar-se perante os asso-ciados como o canal de comunicação privi-legiado que estes têm com a CIP.Neste sentido pretendemos reforçar o con-tacto que a CIP já tem com os seus associa-dos e realizar atividades que cimentem essa proximidade.Paralelamente, apoiar o Departamento de Comunicação da CIP na produção de con-teúdos para os instrumentos de comunica-ção (Revista Indústria, Portal CIP e outros canais Web).

Acções a desenvolver• Delinear um plano de visitas de trabalho aos associados, onde participem o Presi-dente e/ou outros membros da Direcção e um técnico do DA, com o objetivo de aus-cultar os associados, ouvir sugestões e ter um contacto mais próximo com a sua re-alidade e com a das empresas que repre-sentam.• Promover a realização de três reuniões de Diretores-gerais/Secretários-Gerais das Associações e CCI´s filiadas na CIP. Uma reunião com as associações regionais, uma com as sectoriais e uma geral (Reunião de Verão).• Tornar visível a ligação da CIP às suas filia-das e vice-versa, permitindo assim um refor-ço de uma imagem patronal coesa e única. • Propor e desenvolver ações de proximida-de com os associados que permitam à CIP participar nos momentos importantes da vida dos seus associados: - Apoio na realização de ações dos asso-ciados, através da divulgação, sempre que possível, dentro dos suportes de comunica-ção;- Sempre que convidados, estar presente nas ações relevantes organizadas pelos as-sociados; - Envio de felicitações em casos de Aniver-sários, Tomadas de Posse, Distinções, etc.• Dinamizar o acesso dos associados às instalações da CIP, através da criação de espaços que possam ser utilizados pelos Associados

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• Identificar e propor novos suportes de co-municação que permitam facilitar a intera-ção com as Associações

4. EVENTOSA organização de eventos CIP é outra forma de desenvolvermos ações de proximidade com e entre os nossos associados. São momentos de trabalho mas, simultanea-mente, de convívio que permitem não só uma aprendizagem das diferentes realida-des associativas mas também a criação de laços em torno da identidade CIP.

Acções a desenvolver• Atribuição anual de um prémio que distin-ga um dirigente associativo e um empresá-rio pelas suas carreiras. Estes prémios serão atribuídos por um júri a constituir e entregues na data do Aniversário da CIP (7 de Maio) durante um jantar com os seus Associados. Este projeto será alvo de uma proposta mais detalhada a apresentar à Direcção.• Promover a 2ª Reunião de Verão da CIP.• Propor e desenvolver ações de oportuni-dade.

5. ÓRGÃOS CONSULTIVOSO Departamento de Associativismo da CIP irá apoiar os Presidentes e membros dos Conselhos consultivos, nomeadamente na mobilização e participação dos associados, na organização das reuniões e no desenvol-vimento do apoio técnico que os mesmos venham a considerar necessário.

6. REGENERAÇÃO URBANAApoiar e participar nas ações previstas no âmbito do projeto “Fazer Acontecer a Rege-neração Urbana”.

7. PADE – PROGRAMA DE PREVISÃO E apoio a dirigenTes empresariais e associaTiVosApoiar a realização do PADE – Programa de Previsão e Apoio a Dirigentes Empresariais e Associativos, designadamente na organiza-ção de dois ou três seminários, de um total de quatro, a realizar entre 2012 e 2013.Cada reunião abordará um tema regional e a um sectorial, realizando-se na região esco-lhida para o estudo. Os aspetos sectoriais ou temáticos serão tratados a nível nacional, devendo também ser convidado uma per-sonalidade do governo e/ou europeia para o efeito.Os trabalhos de cada seminário decorrerão durante o dia, terminando com um jantar--evento onde serão convidados várias en-tidades de referência ao nível europeu, na-cional e regional.

O financiamento deste projeto será alvo de candidatura ao POPH, na medida alarga-mento da representatividade e do diálogo social.O PADE é um instrumento de previsão, constituído por um conjunto alargado de estudos que permitem ter uma imagem cor-reta do país, regiões e sectores no contexto europeu e mundial, não apenas na pers-petiva da estatística referente ao passado, como também numa análise da atualidade e do futuro próximo.

IV. ASSUNTOS JURÍDICOS E SÓCIO-LABORAIS (DAJSL)Ao nível Nacional

1. Apoio à Direcção O apoio técnico-jurídico direto e regular à Direcção da CIP constituirá, como habitual-mente, um dos principais vetores da ativi-dade do Departamento, o qual se traduzirá quer em informação jurídica quer, especial-mente, na elaboração de documentos e in-tervenções e na preparação e acompanha-mento em reuniões com a Assembleia da República, o Governo, os Partidos Políticos, outros Parceiros Sociais e as mais diversas entidades e instituições, nacionais, comuni-tárias e internacionais.Realça-se, ainda, a participação, interven-ção e apoio direto, em sede de Comissão Permanente de Concertação Social (CPCS) e do Conselho Económico e Social (CES).Por outro lado, o Departamento prestará ainda o apoio técnico aos diversos Órgãos de Consulta da CIP, que lhe for solicitado ou de que for incumbido.

2. Relação com os AssociadosEm 2012, o Departamento continuará a pro-ceder à divulgação das iniciativas legislativas sócio-laborais de maior relevo para as em-

presas e articulará, com a estrutura associa-tiva da CIP, as posições sobre as matérias em que tem de se pronunciar. Como é habitual, a referida articulação irá desde a consulta formal à realização de reuniões ou mesmo troca e subsequente harmonização de documentos para o efei-to formulados – o que também se estende às iniciativas que a própria CIP empreende neste domínio. O Departamento continuará a responder às consultas jurídicas que lhe sejam endereça-das pelas Associações e Empresas através, designadamente, do Pólo de Atendimento.A promoção e desenvolvimento da contra-tação coletiva, pelo seu especial relevo e impacto, manter-se-á como objeto de par-ticular atenção.Nesse sentido, o DAJSL desenvolverá ini-ciativas neste domínio, propondo à estru-tura representada institutos e modo da sua operacionalização, dentro do legalmente consentido e correspondendo aos objetivos legais, procurando dinamizar e promover, ao nível de toda aquela estrutura, o referido mecanismo, o que fará quer por contac-to individual quer através de reuniões, em particular no contexto do Observatório do Desenvolvimento das Relações de Trabalho (ex-Observatório da Contratação Coletiva), em que se desenham orientações comuns.Ainda no que diz respeito ao Observatório do Desenvolvimento das Relações de Tra-balho, é expectável a análise e discussão, nesta sede, dos projetos de concretização das medidas previstas nos Memorandos de Entendimento celebrados entre o Governo português e o Fundo Monetário Interna-cional (FMI) e a União Europeia (Comissão Europeia e Banco Central Europeu) que têm influência na contratação coletiva.Com o objetivo de assegurar e reforçar um contínuo intercâmbio informativo com a es-

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trutura associativa representada, o DAJSL, no âmbito do novo projeto da CIP ao POPH, continuará a elaborar e publicar, trimestral-mente, a newsletter “CIP – Sócio-Laboral em Destaque”, a qual visa dar conhecimen-to acerca dos principais desenvolvimentos legislativos e factos ocorridos no domínio sócio-laboral e das posições assumidas pela CIP sobre os mesmos.Realça-se, também, que o DAJSL, em re-presentação da CIP, participará em sessões de esclarecimento organizadas pela sua es-trutura associativa para as quais seja con-vidada.

3. Concertação SocialComo habitualmente, a intervenção na Con-certação Social constituirá uma das ativida-des centrais do DAJSL.Assim, o Departamento assegurará o apoio técnico aos representantes da CIP no i) Conselho Económico e Social (CES), na ii) Comissão Permanente de Concertação So-cial (CPCS), na iii) Comissão Especializada de Política Económica e Social (CEPES) e na iv) Comissão Especializada Permanente do Desenvolvimento Regional e Ordenamento do Território (CDROT).No ano de 2012, irão continuar as discus-sões, em sede de CPCS, sobre a con-cretização das medidas consignadas no “Acordo Tripartido para a Competitividade e Emprego” – caso estas ainda não se en-contrem finalizadas – e nos Memorandos de Entendimento que foram celebrados entre o Governo Português e o FMI e a Comissão Europeia/Banco Central Europeu.De facto, de acordo com os Memorandos, as reformas do mercado de trabalho e da segurança social serão implementadas após consulta aos parceiros sociais, tendo em conta possíveis implicações constitucio-nais e o respeito pelas Diretivas Comunitá-rias e os Princípios Fundamentais no Traba-lho da OIT.Ainda neste âmbito, é de realçar a negocia-ção do “Compromisso para o Crescimento, Competitividade e Emprego”, caso a mes-ma ainda não se encontre finalizada, e a par-ticipação e intervenção nas discussões em torno da concretização do eventual citado Compromisso.

4. Acordo Social para o Desenvolvimento Face ao objetivo já anunciado de a CIP ne-gociar e outorgar com os outros Parceiros Sociais um Acordo Social para o Desenvol-vimento, o DAJSL apoiará a proposta da CIP e participará nas negociações do mes-mo, dentro da sua esfera de atuação.Tal atividade será avaliada e decidida no

contexto global das negociações para a concretização do “Acordo Tripartido para a Competitividade e Emprego” e dos Me-morandos de Entendimento e do eventual “Compromisso para o Crescimento, Com-petitividade e Emprego”.

5. Código do Trabalho e respetiva RegulamentaçãoSerá dedicada particular atenção ao acom-panhamento e intervenção no âmbito dos projetos de diploma que procederão à al-teração do Código do Trabalho, aprovado pela Lei n.º 7/2009, de 12 de Fevereiro, em resultado do “Acordo Tripartido para a Com-petitividade e Emprego” e dos Memorandos de Entendimento e do eventual “Compro-misso para o Crescimento, Competitividade e Emprego”.Nesta sede, cumpre conferir especial des-taque à prevista reforma da legislação labo-ral, a qual, entre outros aspetos, passa por rever institutos jurídicos da maior relevância, como sejam: o despedimento por inadapta-ção; o despedimento por extinção do posto de trabalho; o banco de horas; o “lay-off”; o trabalho suplementar; a redução do mon-tante das compensações e das indemniza-ções por cessação do contrato de trabalho, nivelando-o à média europeia; o mecanismo de garantia para pagamento parcial das compensações, etc.O Departamento acompanhará, ainda, a implementação prática do Código do Traba-lho, tendo em vista a melhor definição dos domínios e orientações que, oportunamen-te, possam sustentar a sua reformulação.Como vem sendo hábito, o DAJSL atuará também no sentido de potenciar o conhe-cimento, junto da sua estrutura associativa, de algumas virtualidades que o Código do Trabalho tem ínsitas ou que remete para a contratação coletiva, quer ao nível da flexibi-lidade externa (p. ex. no âmbito da contra-tação a termo) quer ao nível da flexibilidade interna (p. ex. na organização do tempo de trabalho ou na formação profissional).Por outro lado, em contraponto, o Departa-mento, em representação da CIP, continua-rá a ressaltar algumas das soluções conti-das no Código do Trabalho que atualmente se revelam como falhas de adequação.Assim, no quadro das desajustadas solu-ções, impõe-se: • Prever expressamente a existência de jus-tas causas subjetivas, juris et de jure;• Limitar a reintegração obrigatória aos ca-sos de despedimento ilícito fundados em violação de direitos fundamentais (motivos políticos, ideológicos, étnicos ou religiosos);• Deixar consagrado que, concluindo o Tri-

bunal pela existência de justa causa de des-pedimento, qualquer vício formal, ao nível do procedimento, apenas determina irregulari-dade e não ilicitude; • Definir que, como regra, todas as faltas, ainda que justificadas, determinam a perda de retribuição, e reduzir o elenco de faltas que, nos termos da lei, são consideradas justificadas;• Deixar expresso que a aferição do princí-pio “trabalho igual, salário igual”, tem como âmbito de aplicação, e pressuposto, a sub-sunção ao mesmo IRCT;• Definir critérios conducentes à não aplica-ção, em simultâneo, de mais de um IRCT, ao nível de Sector ou empresa.

6. EmpregoO DAJSL acompanhará a política de Em-prego, designadamente através da negocia-ção do “Compromisso para o Crescimento, Competitividade e Emprego”, caso a mes-ma ainda não se encontre finalizada, e a par-ticipação e intervenção nas discussões em torno da concretização do eventual citado Compromisso.O Departamento acompanhará ainda os efeitos no emprego resultantes da aplicação no “terreno” de todas as medidas que cor-porizarão os já supramencionados “Acordo Tripartido para a Competitividade e Empre-go”, os Memorandos de Entendimento e o eventual “Compromisso para o Crescimen-to, Competitividade e Emprego”.Entre essas medidas, cabe salientar a revi-são do regime jurídico do subsídio de de-semprego, norteado pelos seguintes veto-res, constantes dos já citados Memorandos, a saber:- Redução do máximo da duração do perío-do de atribuição do subsídio de desempre-go para 18 meses;- Consagração de que o montante máximo do subsídio de desemprego não poderá ser superior a duas vezes e meia o IAS e será progressivamente reduzido (pelo menos 10% após 6 meses de atribuição da pres-tação);- Redução do prazo de garantia para aces-so ao subsídio de desemprego de 15 para 12 meses.Todavia, dado que escalada da taxa de desemprego convoca a necessidade de introduzir medidas com verdadeiro signifi-cado na integração dos desempregados no mercado de trabalho, objetivo que se tem como fundamental para ultrapassar a grave situação de crise social que o País atravessa e os reflexos que esta tem tido na quebra de rendimentos das famílias e no aumento da pobreza, é necessário, ainda, desenvol-

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ver um conjunto de medidas que passam, designadamente, por:- Adotar um novo regime de contrato de trabalho. Temos, atualmente, uma prote-ção demasiado rígida ao nível do despedi-mento individual para os empregados com contrato sem termo, mormente no que diz respeito ao conceito de justa causa de des-pedimento, à reintegração obrigatória e aos montantes das indemnizações. É, portanto, necessário implementar um outro regime, bem mais flexível – nas componentes as-sinaladas e não só – nomeadamente para aqueles que, agora, pretendem ingressar no mercado de trabalho; - Flexibilizar a contratação a termo, o traba-lho temporário, a comissão de serviço e a prestação de serviços (quanto aos funda-mentos, à duração, às renovações, à su-cessão de contratos e às compensações), potenciando o emprego de mão-de-obra atualmente desempregada e o aproveita-mento, por parte das empresas, de todas e quaisquer oportunidades que surjam nos mercados interno, europeu e internacional;- Dinamizar a utilização do contrato de tra-balho a tempo parcial e do teletrabalho, através de uma TSU específica;- Assegurar que, em qualquer situação de desemprego, não seja compensador per-manecer nessa situação, suprimindo o limite mínimo do montante mensal do subsídio de desemprego;- Facilitar o enquadramento legal em que se processa a renovação do quadro de pesso-al das empresas, permitindo o acesso de recém-licenciados desempregados ao mer-cado de trabalho, e libertando, simultanea-mente, mão-de-obra desmotivada e pouco qualificada, partindo do que ficou consen-sualizado pelos Parceiros Sociais no citado Acordo Tripartido de Março de 2011.

7. Formação Profissional e EducaçãoA Formação Profissional assume-se como um importante instrumento de resposta às necessidades presentes e futuras do mer-cado de trabalho, bem como de apoio à transição/requalificação dos trabalhadores, dotando-os de competências mais moder-nas e adequadas às necessidades do teci-do produtivo.Face ao exposto, em 2012, o Departamento atuará no sentido de acompanhar o Siste-ma Nacional de Qualificações e procurará identificar os principais constrangimentos ao desenvolvimento da referida Formação Profissional.O Departamento intervirá nesta matéria no âmbito do Conselho Geral da Agência Na-cional para a Qualificação (ANQ). O DAJSL assegurará ainda a articulação entre a matéria da Educação e Formação Profissional por forma a ser garantida a co-erência de posições assumidas pela Confe-deração.

8. Segurança e Saúde no TrabalhoO Departamento continuará a participar ati-vamente nas principais iniciativas, designa-damente legislativas, que serão desenvolvi-das em matéria de Saúde e Segurança no Trabalho (SST), tendo em vista, designada-mente, a concretização da Estratégia Nacio-nal para a Segurança e Saúde no Trabalho 2008-2012, a qual termina em 2012.Por outro lado, o DAJSL assegurará a re-presentação da CIP no Conselho Consultivo para a Promoção da Segurança e Saúde no Trabalho da Autoridade para Condições de Trabalho (ACT) e participará nos vários even-tos organizados por esta entidade.O Departamento atuará ainda no sentido de desbloquear e operacionalizar o processo de promoção e vigilância da saúde através

do Serviço Nacional de Saúde (SNS), situ-ação que assume particular gravidade ao nível das micro empresas que não conse-guem suportar os encargos impostos por aquela obrigação legal.

9. Segurança SocialO Departamento participará ativamente na discussão das medidas que corporizarão o “Acordo Tripartido para a Competitividade e Emprego” e os Memorandos de Entendi-mento no campo da Segurança Social. Para além de acompanhar todos os desen-volvimentos relevantes que se verificarem no domínio da Segurança Social, prestará es-pecial atenção às seguintes matérias: 9.1 Proteção na eventualidade de desem-prego de membros dos órgãos estatutários de pessoas coletivas e trabalhadores inde-pendentes que exerçam atividade empre-sarialExistem situações, fruto de vicissitudes empresariais que deixam quem se dispôs a correr riscos empresariais e, assim, de-sempenhar uma função social relevante, totalmente desprotegidos quanto aos ren-dimentos que o exercício da atividade lhes proporcionava.Encontram-se, nesta situação, muitos em-presários e administradores, diretores e ge-rentes de empresas, sobretudo de micro e pequenas empresas.Apesar desta questão não se encontrar total-mente vertida nos Memorandos de Entendi-mento, o DAJSL atuará ativamente com vista a promover o cumprimento do estipulado no “Acordo Tripartido para a Competitividade e Emprego” sobre esta matéria.Como já reiteradamente se afirmou, a dignifi-cação dos empresários portugueses exige-o.

9.2 revogação de Contrato de trabalho por mútuo Acordo e Acesso ao subsídio de De-sempregoA Confederação tem, repetidamente, ressal-tado que a imposição de limites ao número de revogações de contratos de trabalho por mútuo acordo com acesso ao subsídio de desemprego, decorrente da publicação do Decreto-Lei n.º 220/2006, de 3 de Novem-bro, alterado e republicado pelo Decreto-Lei n.º 72/2010, de 18 de Junho, conduziu e conduz, inevitavelmente, ao despedimento coletivo (ou à extinção do posto de trabalho, para números pequenos), o qual tem ínsito um estigma fortemente negativo e com os maiores reflexos, quer ao nível da reputação junto do sistema bancário, quer ao nível do mercado.Tal situação cria um estigma que as empre-

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sas tudo farão para evitar num momento marcado por fortes dificuldades de acesso ao crédito.Neste contexto, o Departamento continuará a atuar no sentido promover a reformulação do regime legal nesta matéria. 9.3 Antecipação da idade de reforma O DAJSL, com o objetivo de reforçar o acesso de jovens ao mercado de trabalho, procurará incentivar, entre outras, as seguin-tes medidas:• Eliminação da penalização consubstancia-da na redução do montante da pensão de velhice em 3% por cada ano de antecipação da idade de reforma, entre os 62 e os 65 anos de idade, na cessação do contrato de trabalho por acordo;• Antecipação, para os 58 anos, da idade legal de acesso à pensão de velhice, sem aplicação de fator de redução no seu cálcu-lo, aos desempregados que preencham as seguintes condições cumulativas: i) tenham idade igual ou superior a 55 anos à data do desemprego; ii) tenham completado, aos 55 anos, 30 anos civis com registo de remune-rações; iii) tenham completado o período de concessão de subsídio de desemprego ou subsídio social de desemprego inicial;• Consagração da possibilidade de acesso à pensão de reforma por velhice, sem qual-quer penalização, de quem já tiver perfeito 40 anos de carreira contributiva.Esta problemática terá de ser enquadrada no contexto das já referidas negociações para a concretização do “Acordo Tripartido para a Competitividade e Emprego” e dos Memorandos de Entendimento.

9.4 Código ContributivoO Departamento dará especial atenção à aplicação prática do Código dos Regimes Contributivos do Sistema Previdencial de Segurança Social.Neste domínio e no que diz respeito às con-tribuições para a segurança social, com a entrada em vigor de algumas das disposi-ções do Código Contributivo, agravaram--se os custos não salariais associados ao trabalho, o que, aliado à fraca produtividade registada no nosso país, tornará ainda mais difícil alcançar o objetivo de tornar o trabalho compensador para todos. Neste contexto, pelos seus impactos diretos sobre o emprego e sobre a competitividade, o Departamento procurará promover a revi-são do Código Contributivo, no sentido do desagravamento dos custos que incidem sobre o fator trabalho, como, aliás, vem sen-do recomendado pela OCDE e pela União Europeia, como parte de uma estratégia de

“desvalorização fiscal” favorável ao reequilí-brio das contas externas.

10. Contratação ColetivaA Confederação pretende que a contrata-ção coletiva, em especial no difícil contexto socioeconómico que se avizinha, constitua um real estabilizador das relações laborais e, assim, potencie a atividade empresarial.Neste enquadramento, a contratação cole-tiva será objeto de particular atenção, pelo que o Departamento desenvolverá inicia-tivas neste domínio, propondo à estrutura representada institutos e modo da sua ope-racionalização, procurando dinamizar e pro-mover, ao nível de toda aquela estrutura, o referido mecanismo. O Departamento continuará a intensificar os seus esforços no acompanhamento da contratação coletiva e o incremento da ar-ticulação ao nível dos processos negociais desenvolvidos pela estrutura integrada.Assim, em 2012, o Departamento desenvol-verá e promoverá o Observatório do Desen-volvimento das Relações de Trabalho (ex. Observatório da Contratação Coletiva), que, entre outros objetivos, tem por fim identificar as principais tendências e cláusulas inovató-rias, de forma a criar sinergias nas negocia-ções coletivas levadas a cabo pelas Asso-ciadas da Confederação.Como habitual, o DAJSL procederá à análi-se global da negociação coletiva, mediante, nomeadamente, a apreciação de relatórios do ministério responsável pelos assuntos laborais sobre a contratação, conferindo especial atenção aos processos conflituais.Será ainda concedida especial atenção e prioridade à negociação, caso a mesma não se encontre finalizada, e à discussão da concretização das medidas estabelecidas, neste domínio, no “Acordo Tripartido para a Competitividade e Emprego” e nos Memo-randos de Entendimento.

11. Igualdade de géneroO DAJSL continuará a intervir nesta matéria, representando a CIP na Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego (CITE), onde são emitidos os pareceres prévios ao despedimento de trabalhadoras grávi-das, puérperas e lactantes, de trabalhador no gozo de licença parental ou, ainda, no caso de intenção de recusa, pela entidade empregadora, de autorização para trabalho a tempo parcial ou com flexibilidade de ho-rário a trabalhadores com filhos menores de 12 anos.O Departamento intervirá, igualmente, na apreciação tripartida da legalidade de dis-posições em matéria de igualdade e não

discriminação constantes de instrumento de regulamentação coletiva de trabalho nego-cial ou de decisão arbitral em processo de arbitragem obrigatória ou necessária.

12. ImigraçãoComo é habitual, o DAJSL prestará espe-cial atenção aos desenvolvimentos políti-cos e legislativos no domínio da imigração mediante a sua participação na CPCS e no Conselho Consultivo para os Assuntos da Imigração (COCAI).A representação da CIP no Núcleo Funda-dor da Plataforma sobre Políticas de Aco-lhimento e Integração de Imigrantes e na Comissão para a Igualdade e Contra a Dis-criminação Racial (CICDR) continuará a ser assegurada pelo Departamento.Particular atenção será concedida à elabo-ração do contributo da CIP para a Determi-nação do Contingente Global Indicativo de Oportunidades de Emprego no Continente para Trabalhadores Imigrantes de 2012.

13. JustiçaComo se sabe e a CIP tem, reiteradamente, ressaltado, as empresas deparam-se com graves problemas decorrentes do funciona-mento do sistema judicial.Entre os principais problemas há muito identificados, destacam-se os relativos à morosidade, aos custos, à tramitação e aos resultados das execuções, ao funcionamen-to dos tribunais de comércio, ao acesso à Justiça ou aos critérios de distribuição pro-cessual.A Justiça portuguesa é lenta, cara e impre-visível, condicionando, assim, as decisões e estratégias das empresas.Neste contexto, com o objetivo de credibi-lizar, operacionalizar e conferir a necessária eficácia ao sistema judicial português, o De-partamento acompanhará o desenvolvimen-to político e legislativo das matérias ligadas a esta temática, nomeadamente projetos e propostas de lei que visem a reforma da organização e funcionamento dos tribunais, em particular dos tribunais de comércio, dos registos, da desburocratização, da ação executiva, da recuperação de empresas e insolvência, bem como do acesso à Justiça.O Departamento procurará, ainda, impulsio-nar os meios alternativos de resolução de conflitos, como a arbitragem ou a mediação.

14. Outras Acções14.1. Com enfoque nacional14.1.1 Programa operacional Potencial Hu-mano (PoPH) – Alargamento da represen-tatividade e do Diálogo social

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No âmbito do novo projeto da CIP ao POPH, o DAJSL procurará implementar as atividades do seu domínio de intervenção e responsabilidade. 14.1.2. ComunicaçãoComo habitualmente, o Departamento cola-borará na elaboração de artigos e respostas a solicitações de revistas, jornais e outros meios de comunicação social, em matérias da sua competência ou com estas conexas.O desenvolvimento da atividade de comuni-cação será, ainda, efetivado pela transmis-são ao Departamento de Comunicação da CIP, de iniciativas, informações ou tomadas de posição relevantes, com vista a serem divulgadas pelos meios de comunicação adequados.

14.1.3. outras intervençõesO Departamento manterá a sua participa-ção ativa em diversas atividades e eventos, representando institucionalmente a CIP em conselhos gerais, grupos de trabalho, se-minários, conferências, reuniões com mi-nistérios, departamentos da Administração Pública, delegações de peritos e outras en-tidades.

14.2. Com enfoque internacional O DAJSL dará resposta às solicitações que se enquadrem na sua esfera de intervenção e provenientes de diversas entidades, entre as quais se realçam o Ministério da Econo-mia – Direcção Geral das Atividades Econó-micas, o Ministério dos Negócios Estrangei-ros e Embaixadas. O Departamento continuará a encetar con-sultas prévias à estrutura associativa no sentido de apurar dificuldades e sensibili-dades e a obter contributos e respostas a serem transmitidas às Autoridades Públicas Nacionais, às Instâncias Comunitárias e à

BUSINESSEUROPE, e a prestar o apoio necessário aos representantes da CIP nos diversos Comités e Grupos de Trabalho da BUSINESSEUROPE, que se encontrem na sua esfera de atuação.

II – Ao nível Internacional 1. União Europeia1.1. Diálogo socialNo âmbito do Diálogo Social, na sequência das manifestações de vontade dos Parcei-ros Sociais Europeus (BUSINESSEUROPE, CES, UEAPME e CEEP) em negociar um acordo sobre a revisão da Diretiva sobre a Organização do Tempo de Trabalho, o DA-JSL participará ativamente nas futuras ne-gociações.Por outro lado, acompanhará, em particular, as negociações com vista à celebração de um acordo sobre o Programa de Trabalho Plurianual dos Parceiros Sociais Europeus após 2011, caso o mesmo ainda não se en-contre finalizado.Acompanhará, ainda, a evolução de outras matérias como:• Consequências sociais e no emprego das alterações climáticas; • Nova geração da “Flexigurança”; • Mobilidade e migração económica.

1.2. Atividade LegislativaAo nível europeu, o Departamento assegu-rará uma participação ativa nas discussões sobre algumas questões de grande relevo, entre as quais se destacam as seguintes:• Eventual proposta de alteração da Diretiva sobre o Tempo de Trabalho;• Iniciativa da Comissão Europeia com vista à criação de um instrumento legal para re-forçar a implementação da Diretiva sobre o Destacamento de Trabalhadores;• Processo de consulta aos Parceiros So-ciais Europeus sobre as Reestruturações,

com vista à criação de um quadro europeu sobre a matéria. 1.3. outras atividadesO Departamento acompanhará estreita-mente, entre outras matérias, o desenvolvi-mento ao nível da UE: • da eventual ação da Comissão Europeia tendente a clarificar e simplificar a legislação relacionada com o emprego; • da iniciativa “Novas competências para novos empregos”;• da Comunicação sobre a Responsabilida-de Social das Empresas (RSE).• da Comunicação da Comissão Europeia “Um compromisso comum a favor do em-prego”.

1.4. Participação em instâncias da união europeiaComo é habitual, o Departamento continu-ará a representar institucionalmente a CIP num conjunto alargado de instâncias co-munitárias, entre as quais se destacam as seguintes:• Comité do Diálogo Social;• Comité do Programa de Aprendizagem ao Longo da Vida;• Comité Consultivo para a Formação Pro-fissional; • Comité Consultivo para a Segurança e Saúde no Local de Trabalho.

2. Ao nível da BUSINESSEUROPEAo nível da BUSINESSEUROPE, a CIP, através do Departamento, continuará a participar na elaboração das tomadas de posição da BUSINESSEUROPE e assumi-rá representação institucional nos principais órgãos e nos respetivos Grupos de Trabalho da área da sua competência, com particular destaque para a Comissão dos Assuntos Sociais (SAC).

3. Ao nível das Organizações Internacionais3.1. organização Internacional do trabalho (oIt)O DAJSL assegurará a participação e a co-ordenação da intervenção da CIP nas maté-rias sócio-laborais na 101ª sessão da Con-ferência Internacional do Trabalho (CIT), que se realizará entre os dias 30 de Maio e 15 de Junho de 2012, em Genebra.O DAJSL, como é habitual, elaborará pare-ceres e respostas aos diversos questioná-rios e relatórios da OIT.Por outro lado, o Departamento participa-rá ainda, em representação institucional da CIP, nas atividades desenvolvidas pelo Es-critório de Lisboa da OIT.

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3.2. organização Internacional de emprega-dores (oIe)O DAJSL assumirá a intervenção da CIP nas matérias sócio-laborais ao nível na OIE e colaborará nos trabalhos da Organização quanto a diversas tomadas de posição, designadamente sobre aquelas que forem apresentadas a discussão no âmbito da re-ferida 101ª Sessão da CIT.

V. ASSUNTOS ECONÓMICOS (DAE)Em 2012, o Departamento dos Assuntos Económicos continuará a desenvolver a sua atividade no âmbito dos assuntos Económi-co-Financeiros e Industriais.Nestas áreas apoiará a Direcção, os novos órgãos de consulta da CIP e os represen-tantes da Confederação, e responderá às solicitações dos Associados.

ao níVel nacional1. Assuntos Económico-FinanceirosA ação nesta área deverá ser exercida ten-do em vista auxiliar a atividade da Direcção sobre matérias de índole económica e fiscal: • Acompanhamento da evolução da eco-nomia, a nível nacional e internacional, e da conceção e execução da política económi-ca. Neste âmbito, continuará, à semelhança de 2011, a produção de documentos regu-lares de informação e análise económica, com a elaboração e divulgação de:- Uma nota mensal de conjuntura econó-mica, que acompanhará os dados mais recentes sobre a economia nacional e inter-nacional; - Um relatório trimestral de economia, mais abrangente e com maior componente de análise, dando conta da evolução do en-quadramento e das principais tendências económicas a nível nacional e internacional; - Um boletim anual da economia portugue-sa, que se pretende particularmente ajusta-do às necessidades da comunidade empre-sarial. O DAE procederá à elaboração de análises dos principais documentos de política eco-nómica, nomeadamente os relacionados com o Orçamento do Estado.O Departamento continuará a fazer o acompanhamento e avaliação do Progra-ma de Ajustamento Económico e Finan-ceiro (PAEF), que resulta do acordo, obtido em Maio de 2011, do Governo português com a Comissão Europeia, o Banco Cen-tral Europeu e o Fundo Monetário Interna-cional (instituições estas que constituem a denominada “Troika”) e das suas alterações. Neste âmbito, será dada particular atenção à evolução das condições de financiamento do sector produtivo, ao processo de priva-

tizações, às reformas com vista a reduzir a despesa corrente primária e aos mercados de bens e serviços, ao mercado da habita-ção e ao ambiente de negócios.Será prestado apoio ao grupo de trabalho a constituir, integrando confederações em-presariais e a banca, com o objetivo de pro-curar soluções para o problema do financia-mento da economia.Também será efetuado um acompanha-mento da execução do programa do XIX Governo Constitucional.• Apoio à intervenção da CIP na Comissão Permanente de Concertação Social, sobre matérias económicas e financeiras, nomea-damente no âmbito do Compromisso para o Crescimento, Competitividade e Emprego.• Acompanhamento das principais linhas de financiamento a que as empresas podem recorrer, e da alteração das medidas fiscais e parafiscais decorrentes do Orçamento do Estado para 2012.• Assegurar a participação da CIP, enquan-to representante das PME designado pela DGAE- Direcção-Geral das Atividades Eco-nómicas, no grupo de trabalho que, junta-mente com o IAPMEI, coordena a prepara-ção da campanha “Semana Europeia para o Empreendedorismo e as PME” a decorrer ao longo de 2012.• Acompanhamento da reprogramação do QREN e respetiva execução.• Participação nas reuniões das Comissões de Acompanhamento dos Programas Ope-racionais do QREN, em especial do POR LISBOA, COMPETE e PO Valorização do Território, e acompanhamento das medidas de apoio às empresas, sobretudo às PME, a nível nacional e europeu;No âmbito do Programa Operacional Poten-cial Humano (POPH) - Reforço da Capaci-tação Institucional dos Parceiros Sociais, o Departamento continuará a dar sequência às responsabilidades que lhe foram atribu-ídas para a realização do projeto, aprovado em Agosto de 2011, “Alargamento da repre-sentatividade e do diálogo social”.• Preparação de contributos para os Pare-ceres do Conselho Económico e Social so-bre matérias como a Conta Geral do Estado de 2010, o projeto de Grandes Opções do Plano para 2013 e a proposta de Orçamen-to do Estado para 2013 e, também, para os pareceres de iniciativa “Competitividade das Cidades, Coesão Territorial e Ordenamento do Território” e “Consequências Económi-cas, Sociais e Organizacionais decorrentes do aumento da população idosa”;• Apoio ao projeto CIP “ Fazer Acontecer a Regeneração Urbana” e participação no grupo de trabalho técnico.

• Apoio à participação da CIP na Plataforma de Acompanhamento das Relações na Ca-deia Agroalimentar (PARCA).• Acompanhamento da implementação da Estratégia Europa 2020.A atividade do DAE abrangerá também as seguintes áreas:- Produção de documentos técnicos para suporte da intervenção da CIP, nomeada-mente, tomadas de posição, pareceres, propostas, respostas à Comunicação So-cial, na área dos assuntos económicos; - Apoio à Direcção em eventos institucionais;- Acompanhamento das propostas legislati-vas e da legislação publicada com implica-ções nas empresas, e elaboração de uma síntese diária da legislação publicada, na-cional e comunitária, mais relevante para a atividade empresarial;- Acompanhamento e elaboração de notas relativas à informação estatística, nomeada-mente sobre previsões económicas, contas nacionais trimestrais e o mercado do em-prego; - Elaboração de Notas Informativas sobre outros assuntos relevantes;- Representação da CIP na Comissão de Acompanhamento 1 do Plano Nacional de Formação Financeira (PNFF), a qual visa contribuir para a disponibilização de recur-sos e para a dinamização de projetos na área da formação financeira, e que foi criada em 2011 no âmbito do Conselho Nacional de Supervisores Financeiros;- Participação nas reuniões plenárias do Conselho Superior de Estatística, nas reuni-ões das Secções Permanentes/Eventuais e nos Grupos de Trabalho;- Procurar-se-á participar em Seminários e Conferências sobre assuntos que contri-buam para o aprofundamento técnico das questões económico-financeiras acerca das quais o DAE é chamado a pronunciar-se.

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2. Assuntos industriaisA evolução nacional e internacional das polí-ticas energéticas e as políticas europeias co-muns no combate às alterações climáticas irão requerer a maior atenção e o recurso aos Grupos de Trabalho em funcionamento.Em particular, sabe-se que a evolução dos mercados e dos preços da energia, bem como a emergência de novos custos am-bientais ganharão, em 2012, maior impor-tância e vão requerer toda a atenção.Os contactos com os organismos oficiais das áreas da Economia e do Ambiente se-rão frequentes, continuando a CIP integrada nos vários Conselhos e Comissões perma-nentes e disponível para integrar Comissões ou Grupos de Trabalho temporários.Será dada particular importância à presença nos Conselhos da ERSE - Entidade Regu-ladora dos Serviços Energéticos e da ER-SAR - Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos, a qual se prevê bastante ativa em 2012.A preparação técnica dos pareceres da Con-federação e das audiências da CIP com res-ponsáveis governamentais continuará a ser uma das atividades com maior relevância.Será também garantida disponibilidade, quando solicitado, para o apoio aos Asso-ciados em ações específicas ou iniciativas por estes desenvolvidas.

2.1. AmbienteDurante 2012 providenciar-se-á o acompa-nhamento e avaliação das consequências relativamente aos seguintes temas:• Leis da Água, nomeadamente a imple-mentação do regime económico-financeiro da água e a postura que a nova estrutura da Administração Pública para a água irá adotar.• Implementação do Programa Nacional para o Uso Eficiente da Água.• Leis dos Resíduos, nomeadamente as al-terações à Lei-Quadro, onde é relevante a questão “Resíduo/Subproduto” e à legisla-ção sobre embalagens.• Legislação relativa à responsabilidade por danos ambientais, que ainda carece de re-gulamentação.• Preparação de pareceres, posições ou ações sobre:- Funcionamento dos fluxos específicos de resíduos, nomeadamente os resíduos de embalagens;- Evolução das políticas de resíduos indus-triais, nomeadamente o estabelecimento de regras e dos respetivos custos para a des-classificação de resíduos;- Constrangimentos e taxas sobre o uso da água;

- Garantias financeiras no âmbito da respon-sabilidade por danos ambientais, de modo a obter a exclusão das atividades de baixo risco, a simplificação dos procedimentos, e o acompanhamento da oferta de produtos adequados pelo Sector Segurador.

2.2. energia/ClimaAcompanhamento e intervenção, sempre que necessário ou solicitado, nos vários te-mas relativos a energia:• A estratégia europeia e o Roadmap UE2050.• A estratégia nacional da energia e a orga-nização do sector energético em Portugal.• A regulação e os preços da energia.• A liberalização do gás natural e o estabele-cimento de concorrência neste sector.• Os compromissos de Quioto e os modos como serão operacionalizados:- PNAC (Programa Nacional para as Altera-ções Climáticas);- PNALE (Programa Nacional de Atribuição de Licenças de Emissão).• A eficiência energética e o acompanha-mento das ações de implementação do PNAEE (Plano Nacional de Ação para a Efi-ciência Energética).• A cogeração e outros regimes especiais e seus encargos.As posições da Confederação em matéria de concorrência entre sectores energéticos e de prioridade à eficiência energética na indústria exigirão a preparação de posições frequentes sobre a estrutura do mercado, preços, programas de investimento público e programas nacionais de modernização das empresas nestas matérias.A estratégia do Governo em matéria de po-lítica energética será objeto de um acom-panhamento rigoroso, daí resultando que a CIP deverá estar disponível para integrar Conselhos, Comissões ou Grupos de Tra-balho que forem criados e que tratem de matérias de interesse relevante. A CIP estará muito atenta à evolução do “mix energético” e à competitividade dos preços internos da energia, através da representação no Con-selho Consultivo e no Conselho Tarifário da ERSE e da constituição de um grupo téc-nico interno para acompanhamento deste assunto.

2.3. transportes e LogísticaNeste âmbito o DAE dará apoio ao desen-volvimento da tomada de posição da CIP sobre a forma mais eficaz de assegurar o transporte de mercadorias entre os portos nacionais e a Europa Ocidental, através de uma rede ferroviária mista de bitola euro-peia.

2.4. LicenciamentoA implementação da legislação sobre o licenciamento tem demonstrado a per-sistência de muitos tipos de bloqueio ao cumprimento dos prazos e das sequências processuais.A CIP continuará a acompanhar este assun-to e a identificar e procurar minorar as cau-sas dos bloqueios institucionais e o excesso de burocracia, intervindo junto do Governo e da Administração Pública, produzindo po-sições sobre este tema e comentando ou propondo alterações a projetos de legisla-ção.A CIP integra a Comissão Consultiva para a Prevenção e Controlo Integrados da Polui-ção e continuará a participar nos trabalhos desta Comissão, onde mais eficazmente poderá defender a contenção da burocra-cia, incluindo distorções ao carácter global envolvente dos processos de licença am-biental e o seu acompanhamento posterior; e verificar a evolução das licenças ambien-tais concedidas, nos planos global e secto-rial, do ponto de vista quantitativo e da com-plexidade dos seus conteúdos.

2.5. Desenvolvimento sustentávelA CIP acompanhará a evolução da Estraté-gia Nacional de Desenvolvimento Susten-tável e do seu anunciado Plano de Imple-mentação, tomando as posições públicas e institucionais que forem adequadas.

2.6. Política europeia de QuímicosPelo seu carácter transversal e notória im-portância, continuará a haver um acompa-nhamento estrito do estabelecimento da nova Política Europeia de Químicos, através da sua participação na Comissão Consul-tiva REACH e acompanhando as posições assumidas pela BusinessEurope, dando es-pecial atenção aos aspetos quer configurem desvantagem concorrencial das empresas nacionais face a produtos de terceiros.

2.7. órgãos e ComissõesParticipação nos seguintes Conselhos e Co-missões:• CNADS - Conselho Nacional do Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável;• CNA – Conselho Nacional da Água;• CCPCIP - Comissão Consultiva para a Prevenção e Controlo Integrados da Polui-ção;• CCRA – Conselho Consultivo para a Res-ponsabilidade Ambiental;• CCERSAR – Conselho Consultivo da En-tidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos;• CCERSE – Conselho Consultivo da Enti-

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dade Reguladora dos Serviços Energéticos;• CTERSE – Conselho Tarifário da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos.

ao níVel europeuO DAE acompanhará a evolução da situ-ação económica a nível europeu e a con-ceção e execução da política económica, intervindo através de tomadas de posição, pareceres e propostas no âmbito das ativi-dades da BusinessEurope.O Departamento representará a CIP nas Comissões ECOFIN, Assuntos Industriais, Empreendedorismo e PME e Mercado Inter-no da BusinessEurope, e acompanhará os assuntos que têm especiais implicações na atividade das empresas portuguesas. Parti-cipará, ainda, nos trabalhos de elaboração do European Reform Barometer e dos Eco-nomic Outlook da Primavera e do Outono, da BusinessEurope.Na Comissão ECOFIN será dada particular atenção à reforma da governação econó-mica da União Europeia e ao quadro finan-ceiro plurianual da UE para 2014/2020, em especial no que diz respeito à evolução da Política de Coesão.No contexto da Comissão Empreendedoris-mo e PME da BusinessEurope, a participa-ção da CIP incidirá sobre a política comu-nitária das PME que se consubstancia no Small Business Act, recentemente revisto. O foco principal será a área do financiamento das empresas, que também consta como prioridade da BusinessEurope para 2012.Na Comissão dos Assuntos Industriais será dada prioridade ao acompanhamento das matérias relacionadas com a eficiência ener-gética.O DAE assegura a articulação com a RECET (Associação dos Centros Tecnológicos de Portugal) que continuará a representar a CIP no Research and Technological Innovation Working Group da BusinessEurope.Na Comissão Mercado Interno tem especial relevo o ato para o mercado único e a imple-mentação da diretiva relativa aos serviços no mercado interno, onde se inclui o funciona-mento do balcão único. VI. RELAÇÕES INTERNACIONAIS (DRI)De acordo com as suas competências, o Departamento de Relações Internacionais (DRI) assegurará o apoio técnico à coorde-nação da representação institucional junto da BUSINESSEUROPE. Ao nível dos Co-mités, o DRI é especificamente responsável pelo Comité das Relações Internacionais. Será prosseguida a estratégia de reforço da presença da CIP na Europa, a qual passará em 2012 pelo desenvolvimento de iniciati-

vas que terão por base a participação dos associados da CIP no acompanhamento de determinados assuntos europeus, e que poderão incluir, designadamente, a partici-pação em grupos de trabalho da BUSINES-SEUROPE. A Newsletter mensal EUROP@CIP, cujo nº0 foi lançado na reunião dos Diretores-gerais da CIP de 25 de Outubro, passará, ao longo de 2012, por um processo de sistemática melhoria e de progressiva consolidação.

POLÍTICA DE INTERNACIONALIZAÇÃO Em 2012, o DRI assegurará o apoio téc-nico à representação da CIP no Conselho Estratégico da Internacionalização da Eco-nomia (CEIE) recentemente criado (Reso-lução de Conselho de Ministros nº44/2011 de 25 de Outubro) e que “tem por missão a avaliação das políticas públicas e das iniciativas privadas, e respetiva articula-ção, em matéria de internacionalização da economia portuguesa, da promoção e captação de investimento estrangeiro e de cooperação para o desenvolvimento”. Neste contexto acompanhará o processo de reestruturação, em curso, dos organis-mos e instrumentos do Estado implicados nestas matérias. Neste contexto, o DRI irá proceder a uma compilação dos serviços/medidas de apoio à internacionalização das empre-sas, disponíveis tanto localmente como em mercados terceiros, caracterizando várias componentes e incluindo elementos de benchmarking e de avaliação. Para tal, contará com a participação nos trabalhos do Comité “PME & Empreendedorismo” da BUSINESSEUROPE que acompanha esta temática a nível comunitário. mercados No apoio à internacionalização das em-presas portuguesas é importante proceder a uma seleção dos mercados alvo de pa-íses terceiros a promover tendo em conta a necessidade de concentrar os recursos, sempre escassos, num conjunto restrito de objetos, visando uma maior eficácia.Tal como concluído pelo estudo “Portugal: Um plano de crescimento” apresentado pela Mckinsey no Congresso da CIP em Novembro 2011, o maior potencial de cres-cimento de exportações verifica-se em mer-cados onde Portugal tem uma relativamente baixa quota de penetração. Foram identifi-cados mercados que, pela sua dimensão significativa e pelas expectativas de elevado crescimento, encerram um maior potencial. Deste conjunto, a CIP irá concentrar a sua atuação nos mercados que considera priori-

tários - o Brasil, os Estados Unidos da Amé-rica, a China e a Índia.Para além destes mercados, a CIP conside-ra como prioritários os países de língua por-tuguesa e os países do Magreb, que cons-tam também dos objetivos da Política de Internacionalização do Governo, tal como consta do seu Programa.A organização/participação em iniciativas/eventos relativamente a estes mercados de-correrá, em parte, em função de iniciativas das associadas da CIP e dos eventos políti-cos a nível nacional e comunitário, donde se destaca a organização das Cimeiras bilaterais Empresariais em paralelo com as Cimeiras políticas UE-Brasil, em Junho/Julho 2012, no Brasil e as cimeiras UE-China e UE-Índia, no último trimestre de 2012, em Bruxelas. Cumpre também salientar a organização em Março 2012 de uma reunião em Washington que poderá dar início a negociações de um Acordo de Comércio Livre entre a UE e os Estados Unidos.Prevê-se também o reinício em Maio / Ju-nho das negociações entre a UE e o Mer-cosul sobre o Acordo de Associação que inclui, designadamente, um Acordo de Co-mércio Livre.

QUESTÕES TRANSVERSAIS DO COMÉRCIO INTERNACIONALConsiderando os atuais processos em cur-so a nível comunitário, assim como o Pro-grama de trabalho da Comissão Europeia para 2012, o DRI seleciona um conjunto de questões transversais do Comércio Interna-cional que importa acompanhar neste ano. 1. A CIP, na sequência da sua tomada de posição junto da DGAE e da BUSINESSEU-ROPE sobre a revisão do Sistema de Prefe-rências Generalizadas, irá acompanhar este processo, atualmente em desenvolvimento no Parlamento Europeu, e que terminará com a adoção definitiva em 2012.2. De acordo com o Programa de trabalho da Comissão Europeia, o funcionamento da União Aduaneira será avaliado em 2012, iniciativa que o DRI acompanhará de perto, não só em termos de identificação de pro-blemas e necessidades, como também na proposta de melhorias. 3. A questão dos Instrumentos de Defesa Comercial estará também na agenda do dia pois em 2012 irá iniciar-se a discussão sobre as alterações aos regulamentos anti--dumping e anti-subvenção previstas serem adotadas pela Comissão Europeia em 2013.4. O DRI acompanhará as discussões sobre a proposta legislativa da Comissão Europeia relativa aos Mercados Públicos visando o estabelecimento de reciprocidade em rela-

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ção aos parceiros comerciais da União Euro-peia em termos de grau de abertura. 5. A evolução do enquadramento das rela-ções multilaterais no contexto da Organiza-ção Mundial do Comércio será acompanha-do pelo DRI, designadamente se o processo de Doha não progredir de uma forma efetiva, caso em que a BUSINESSEUROPE prevê organizar uma conferência internacional so-bre o futuro das relações multilaterais.Será organizado no final do 1º semestre de 2012, em conjunto com a Direcção Geral das Atividades Económicas (DGAE), um Se-minário sobre a Política Comercial Europeia que focará especialmente as questões do Acesso aos Mercados e os Instrumentos de Política Comercial, incluindo também o tema do funcionamento da União Aduaneira.

VII. DELEGAÇÃO DE BRUXELAS1. Prossecução da missão e objetivosA Delegação de Bruxelas continuará ao lon-go de 2012 a assegurar a sua missão prin-cipal de representação permanente da CIP e AIP junto da BusinessEurope e das Insti-tuições Europeias com o objetivo de promo-ver e defender os interesses das empresas Portuguesas no âmbito do processo de inte-gração europeia, sobretudo através da par-ticipação nos trabalhos da BusinessEurope com vista a assegurar que os pareceres emitidos por esta confederação Europeia te-nham em conta aqueles interesses. Para além da participação nas atividades da BusinessEurope, a Delegação continuará a aprofundar a rede de contactos com as Instituições Comunitárias – em especial com o Parlamento Europeu - com a Representa-ção Permanente de Portugal junto da União Europeia (REPER) e com outras entidades relevantes, nacionais e estrangeiras, princi-palmente com as outras organizações em-presariais filiadas na BusinessEurope. Por outro lado, continuará a prestar apoio à Direcção e Departamentos da CIP e AIP bem como aos respetivos associados.

2. Atividades regularesAs principais atividades regulares da Dele-gação - que continuarão a ser exercidas ao longo de 2012 - poderão ser descritas da forma seguinte:• Participação nos trabalhos e nas várias redes de contactos da BusinessEurope; • Colaboração nas contribuições da CIP e AIP para os pareceres emitidos pela Busi-nessEurope;• Desenvolvimento de uma rede autónoma de contactos com as Instituições Comuni-tárias, REPER e outras representações em-presariais;

• Acompanhamento das atividades do Par-lamento Europeu, nomeadamente através da rede criada pela BusinessEurope com este objetivo (Rede B-NEP); • Acompanhamento do representante ofi-cialmente designado pela CIP e AIP em reuniões e encontros ou respetiva substi-tuição em caso de impossibilidade do mes-mo; • Recolha, tratamento e divulgação de in-formação sobre assuntos comunitários;• Acompanhamento das políticas comuni-tárias mais relevantes para a indústria Por-tuguesa;• Elaboração de notas informativas e rela-tórios sobre programas e concursos comu-nitários;• Identificação de eventuais ações elegíveis a financiamento comunitário; auscultação da recetividade da Comissão quanto a pro-jetos que pretendamos desenvolver; reco-lha da informação relevante; colaboração na preparação dos respetivos dossiers de candidatura e posterior acompanhamento junto da Comissão;• Angariação da participação da CIP e AIP em projetos da iniciativa de terceiras enti-dades;• Resposta a solicitações feitas pela Direc-ção e departamentos da CIP e AIP;• Resposta a solicitações de terceiros diri-gidas à Delegação quer diretamente quer através das Sedes da CIP e AIP;• Participação em encontros, seminários e conferências sobre assuntos europeus, principalmente nos eventos organizados pela Comissão e pelo Parlamento Europeu;

3. Newsletter EUROP@CIPTal como aconteceu com o nº0, a Delega-ção continuará a ser responsável pelo con-teúdo da Newsletter respeitante à Comis-são, Conselho e Parlamento Europeu bem como ao Conselho de Presidentes, Comité Executivo e Reunião de Delegados Perma-nentes da BusinessEurope.

4. Participação nas atividades da Busi-nessEuropeNo âmbito da função de representação permanente da AIP e CIP junto da Busines-sEurope, a Delegação de Bruxelas continu-ará a participar ativamente nas atividades desta organização, sendo de destacar a participação nas reuniões das Comissões bem como dos respetivos Grupos de Tra-balho mais relevantes para as empresas Portuguesas, para além da participação nas reuniões de Delegados Permanentes, do Comité Executivo e do Conselho de Presidentes.

5. Apoios da Delegação às empresas PortuguesasAo longo de 2012, a Delegação continuará a responder às solicitações que lhe forem dirigidas por empresas e associações em-presariais.A este propósito, interessa realçar o valor acrescentado que a Delegação pode apor-tar face às outras entidades nacionais que prestam graciosamente apoio às empresas na área dos assuntos comunitários. O facto de a AIP ser membro associado do “En-terprise Europe Network” e dispor de uma representação permanente em Bruxelas potencia a qualidade e a eficácia do apoio prestado em resposta a solicitações das empresas que ultrapassem o mero pedido rotineiro de informações sobre assuntos comunitários.A Delegação dispõe de um conhecimento in loco e de uma rede de contactos que se podem revelar decisivos para encontrar a resposta para solicitações e questões de natureza mais complexa colocadas por empresas Portuguesas, solicitações e questões essas que por vezes aguardam longamente resposta por dificuldade em identificar o interlocutor em Bruxelas do qual depende a respetiva resolução.É na identificação deste interlocutor e, se for caso disso, na colocação em contacto direto do responsável da empresa com o interlocutor em questão que a Delegação poderá dar um contributo decisivo.

6. Associação UE/BrasilA Associação UE/Brasil é uma associação sem fins lucrativos que tem por missão pro-mover as relações entre a UE e o Brasil. A partir de Setembro de 2011, o Delega-do passou a ser membro do “Board” des-ta Associação em representação da AIP. Nessa qualidade, continuará a participar nas reuniões e restantes atividades da As-sociação UE/Brasil e a fazer a articulação com a BusinessEurope.

VIII. COMUNICAÇÃO1. VISÃO E OBJECTIVOSO Plano de Atividades para o triénio impõe, na área da comunicação institucional e associativa, a definição de uma estratégia que valorize a imagem pública da organiza-ção e dos seus dirigentes, que promova o associativismo empresarial, que contribua para o desenvolvimento associativo e que, em geral, defenda os interesses da econo-mia e das empresas.A política de comunicação deverá permitir à Confederação Empresarial de Portugal valorizar- junto da opinião pública, dos di-

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ferentes poderes políticos e institucionais e, em especial, das Associações e empre-sas - o trabalho que a CIP desenvolve, as propostas que apresenta e, de um maneira geral, as suas causas matriciais na defesa sistemática e consistente das Associações e empresas filiadas.A estratégia de comunicação institucional da CIP pretende, por isso:• a promoção do associativismo empresa-rial• o desenvolvimento associativo - quer das Associações e empresas filiadas quer da-quelas que ainda não se encontram repre-sentadas na Confederação Empresarial de Portugal.• a divulgação das posições da CIP junto da sociedade em geralPara tanto, com o objetivo de conferir maior proatividade à intervenção da Con-federação, deverão ser prosseguidas as seguintes ações: • apoiar na formação e na divulgação das posições e do discurso estratégico e cor-rente da CIP;• desenvolver a comunicação institucional e o relacionamento corporativo, para o que é necessário:- incentivar a aproximação com as Asso-ciações, quer para conhecer as suas opi-niões quer para lhes transmitir as posições da CIP, - promover e apoiar uma real dinamização associativa, de forma a alargar a base de representatividade da Confederação; • manter os Órgãos Sociais e, em espe-cial, o Presidente da Direcção e os demais membros da Direcção informados sobre todas as matérias que envolvam a respon-sabilidade da CIP.

2. REFORÇAR A COMUNICAÇÃOCom o objetivo de apoiar a produção de informação e o reforço de comunicação da CIP, interna e externamente, utilizando os meios e os suportes adequados a esses fins, serão realizados os seguintes progra-mas:• Desenvolver um novo Portal informativo e documental, assente numa plataforma evoluída, para facilitar a sua acessibilidade e leitura, tornando-se um meio de consulta mais acessível e rápido;• Produzir newsletter´s eletrónicas, cujos conteúdos alimentam e são alimentados pelo Portal;• Constituir uma base de dados que permi-ta aos associados e participantes nas ativi-dades da CIP a consulta dos documentos produzidos pela Confederação;• Criar um Centro Documental da CIP, que

concentre todo o amplo espólio de position papers e documentos relevantes da CIP;• Desenvolver um sistema de gestão do-cumental, que assegure, com base numa plataforma fiável e segura, o tratamento da correspondência entrada e saída, qualquer que seja a sua forma.

3. MELHORAR A COMUNICAÇÃOOs instrumentos de comunicação da CIP vão ser melhorados – objetivo que não foi possível concretizar em 2011 -, para sus-tentarem com mais eficácia a nova dinâ-mica da CIP e as iniciativas de valorização do seu papel junto dos parceiros atuais e daqueles que queremos chamar, seja em termos afetivos seja na sensibilização de outras Associações que nunca estiveram filiadas ou que deixaram de estar.A comunicação institucional da CIP tem sido estabelecida, no que diz respeito aos instrumentos internos, através do Portal, da Revista Indústria, das redes sociais (blo-gue, FaceBook e Twitter) e das newsletters “Sócio Laboral em Destaque” e “europ@news”.Estes veículos, a par das mensagens por e-mail para assuntos que exigem informa-ção urgente, exercem a maior parte da for-ça informativa da Confederação.O quadro atual vai ser melhorado.A CIP criará em 2012 um novo Portal, as-sente numa plataforma evoluída.O Portal integrará e articulará os diferen-tes instrumentos de comunicação da CIP (newsletters, Sócio-Laboral em Destaque, Europ@news, Conjuntura Económica, co-municação corrente por e-mail, redes so-ciais e Revista) e assegurará a ligação a microsites a desenvolver, incluindo o Portal da Regeneração Urbana.

De igual modo, a Revista Indústria manterá a sua periocidade (6 edições anuais) e dis-tribuição a todos os Associados, órgãos de soberania, administração pública e esta-belecimentos de ensino e formação, entre outros, e passará a ter uma edição digital, a integrar no Portal.A informação económica da CIP assumirá a publicação regular de 3 documentos: uma nota mensal (com os dados mais recentes sobre a economia nacional e internacional), um relatório trimestral de economia (dan-do conta da evolução do enquadramento e das principais tendências) e um boletim anual da economia portuguesa. Todos estes instrumentos de comunicação terão uma linguagem e um tratamento grá-fico integrado, de acordo com a imagem da CIP.Por outro lado, os instrumentos institucio-nais de comunicação da CIP (brochuras e folhetos em papel e comunicação digital) se-rão atualizados e, sempre que necessário, produzidos em língua inglesa. É necessário investir na nova imagem, de forma a criar da CIP uma boa primeira impressão, quer aos que já nos conhecem quer àqueles a quem pretendemos dar-nos a conhecer.O serviço de clipping da CIP, assente numa seleção de notícias publicadas nos prin-cipais jornais e revistas e nas plataformas internet, tem sido distribuído aos Órgãos Sociais e aos colaboradores da CIP. A partir do início de 2012, passa a ser disponibili-zado às Associações e empresas filiadas.Por último, o Departamento de Comunica-ção apoiará a CIP na realização de confe-rências, colóquios, seminários, encontros com a Comunicação Social e, de uma ma-neira geral, em todas as iniciativas que a CIP promova ou em que participe.

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comércio mundial

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o MunDo

encontra-se,

hoje, PerAnTe

uMA desaceleração

no comércio

8ª ConFerênCIA De MInIsTros DA oMC

Multilateralismo no comércio mundialEm 15, 16 e 17 de Dezembro de 2011, realizou-se, em Genebra, a 8ª Conferência Ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC). A organização foi criada em 1 de Janeiro de 1995, mas a sua génese remonta a 1948 quando foi assinado o Acordo Geral sobre Comércio e Tarifas, conhecido por GATT (General Agreement on Tariffs and Trade)

cios da OMC, têm procurado manter-se e re-ger-se pelo respeito destes princípios, tendo culminado em 2001 no Qatar, na 4ª Confe-rência Ministerial de Doha, onde se acordou o que se denomina, hoje, de a Agenda de Doha para o Desenvolvimento (DDA).Ora, a DDA determinava que as negociações futuras abrangeriam os temas seguintes - Acesso ao Mercado para os Produtos Não Agrícolas (Non Agricultural Market Access - NAMA), Serviços, Agricultura, Indicações Geográficas, Facilitação do Comércio, Re-gras e Desenvolvimento – tudo isto a adoptar na base de um compromisso único “ o single undertaking”, segundo o qual nenhum tema negocial pode ser fechado enquanto a nego-ciação não for concluída no seu todo. A conclusão desta Agenda de Doha, como se sabe, não tem sido possível por falta de consenso entre os membros da OMC. Para além disso, a sua não conclusão tem origi-

os acordos sob a égide da OMC, muito embora abarquem um vasto leque de maté-rias, regem-se por um conjunto simples de princípios fundamentais que assentam, na sua essência, no multilateralismo.

São estes os princípios: 1- Comércio sem discriminação – de onde emergem os princípios da Nação mais des-favorecida (Most Favored Nation – MFN) e o princípio do Tratamento Nacional;2- Liberalização do Comércio – efectuada gradualmente e através de negociações;3- Previsibilidade – tornada possível através da obrigatoriedade de cumprimento o que origina transparência de actuação;4- Promoção de concorrência leal;5- Encorajar o desenvolvimento e a reforma económica. Até ao momento presente, todas as Confe-rências Ministeriais, realizadas sob os auspí-

nado, junto de alguns membros, um descré-dito da organização e dos princípios que a enformam.

8ª Conferência MinisterialNeste contexto, o Presidente da 8ª Confe-rência Ministerial – o Ministro do Comércio e Investimento da Nigéria – nas suas de-clarações de abertura do evento, enfatizou a importância da existência de um sistema comercial multilateral forte, leal, transparente, credível e baseado em regras que garantam previsibilidade e segurança que permitam cumprir os seus objectivos económicos e de desenvolvimento e reformas das Nações.Referiu que o mundo se encontra, hoje, pe-rante uma desaceleração no comércio, uma queda nos fluxos de investimento estrangeiro directo, uma volatilidade nos preços dos ali-mentos e de combustível e, ainda, agravado por elevados níveis de desemprego.

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nA 8ª reunião

MInIsTerIAL

não se desistisse

dos objectivos

esTABeLeCIDos

em doha

que passa, no seu entender, pela excessiva concentração de esforços na conclusão das negociação do acesso ao mercado para os produtos não agrícolas (NAMA) e incapaci-dade política, por parte de alguns dos maio-res parceiros comerciais, de assumirem um compromisso.• Identificação dos riscos que o sistema mul-tilateral de comércio enfrenta actualmente, tais como: o desgaste da sua eficácia em face da dificuldade de actualização do paco-te de regras/normas e da crescente tentação de prosseguir fora do sistema multilateral, dos objectivos de liberalização e de estabe-lecimento de regras.• Apelo para que os Ministros expressassem as suas ideias sobre o que consideravam como progressos desejáveis do sistema mul-tilateral de comércio e respectivo pacote de regras, assim como sobre o que entendiam como áreas chave e desbloqueadoras dos trabalhos da OMC.• Defendeu a operacionalização do manda-to de Doha avançando para acordos, pelo menos, com os Países Menos Avançados (PMA) e em tópicos “win-win”, tais como a Facilitação do Comércio e as Barreiras Não Pautais (BNP). • Em resposta ao Director-Geral do Comércio da OMC, Pascal Lamy, concluiu que a DDA exige compromissos de acesso ao mercado que evoluam para uma maior reciprocidade, mas não para uma plena harmonização, en-tre Países Desenvolvidos e Países Mais Avan-çados e os Países em Desenvolvimento.• Realçou a necessidade de discutir a me-lhor forma de conciliar o desafio da interface entre o sistema de comércio multilateral e a crescente proliferação do regionalismo, as-sim como de acautelar os riscos da tendên-

Enfatizou que a crise económica actual é agravada pela percepção de que as respos-tas políticas dos governos, até agora, têm sido insuficientes para convencer os merca-dos da credibilidade das estratégias de saída da crise. Segundo o orador, há que reconhecer que o ambiente socioeconómico e político de 2011 não é mais o de 2001, quando Doha foi lan-çada.Acrescentou que um ambiente económico como o actual desencadeia, naturalmente, uma maior pressão política para parar, ou mesmo inverter, o processo de reforma eco-nómica e de liberalização comercial, e que a tendência de ceder à pressão não ajuda a evitar uma espiral proteccionista semelhante à experimentada em resultado da crise na década de 1930. Neste enquadramento, apelou, por um lado, a que na 8ª reunião Ministerial não se desis-tisse dos objectivos estabelecidos em Doha e, por outro lado, relembrou que a OMC é mais do que a Ronda Doha.Nesta linha de pensamento, defendeu a permanência da OMC no centro do sistema internacional de comércio tendo por base a orientação política apontado pelo Conselho Geral da OMC, de 31 de Novembro de 2011, que abrange três grandes temas: a importân-cia do sistema multilateral de comércio e da OMC, o comércio e o desenvolvimento e a DDA.

Posições assumidas pelas diversas partes/membros presentes na ConferênciaA posição assumida pela União Europeia pugnou pelas seguintes ideias:• Análise das razões do impasse do DDA

cia proteccionista através do incremento das funções de transparência e monitorização da OMC.• Salientou a importância do sistema de re-gras multilateral analisando os desafios glo-bais emergentes: energia, investimento e concorrência, simultaneamente com a con-clusão do DDA.• Por fim apelou à restituição do sistema de cooperação construtivo rejeitando o aumen-to da polarização “Norte-Sul”.A posição assumida pelos restantes mem-bros nesta Conferência Ministerial não se revelou diferente da anteriormente assumida no Conselho Geral da OMC em Novembro de 2011. Os Estados Unidos da América defenderam a necessidade de concessões adicionais no NAMA pelas economias emergentes, em es-pecial o Brasil, a China e a Índia.As economias emergentes consideraram que a abertura adicional dos seus mercados implicaria concessões adicionais em outras áreas da negociação DDA, nomeadamente no NAMA. Acresce que alguns destes paí-ses – Argentina e África do Sul - visavam um acesso melhorado aos mercados agrícolas dos Países Desenvolvidos (PD).Confrontaram—se, portanto, posições cris-talizadas dos EUA, por um lado, com as dos emergentes – Brasil, China, Índia, Japão e Austrália, por outro.

Participação da BUSINESSEUROPEA BUSINESSEUROPE, enquanto Confe-deração Empresarial Europeia, a qual a CIP integra, defendeu a posição da indústria Eu-ropeia junto das instâncias comunitárias que iriam negociar em nome da União Europeia.No que respeita à OMC defendeu como as-

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intErnacionalização

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DIVersos MeMBros

apelaram Ao não

proteccionismo,

à não introdução

De novas barreiras

Ao CoMérCIo De

Bens e serVIços

suntos prioritários a serem tratados:• O Apoio à adesão da Rússia à OMC;• A defesa da missão da OMC de liberaliza-ção do comércio;• A Conclusão da revisão do Acordo sobre os Contratos Públicos;• O fim da moratória do artigo 64.2 do Acor-do relativo aos Aspectos do Direito da Pro-priedade Intelectual relacionados com o Co-mércio (TRIPS).No que respeita ao ciclo das negociações de Doha (Doha Round) em conjunto o futuro da OMC, realçou o apoio:• Ao sistema de comércio multilateral;• À necessidade de uma abordagem reno-vada da liberalização do comércio na qual a OMC se foque nas suas funções principais;• À abordagem caso a caso de forma a permitir um desenvolvimento de novas re-gras de comércio e o recomeço de nego-ciações abrangentes relativas a um acesso aos mercados no que respeita a: facilitação do comércio, barreiras não tarifárias, (BNT), acordos sectoriais, coerência entre o bilate-ralismo/plurilateralismo/multilateralismo e ou-tros assuntos tais como concorrência, inves-timento, energia e matérias-primas.A delegação da BUSINESSEUROPE, que se encontrou presente na Conferência, efectuou um breve relatório no qual comenta os resul-tados da mesma.Em termos de apreciação geral revelou que a divergência das várias intervenções no âm-bito das discussões sobre a Agenda de De-senvolvimento de Doha (DDA), em virtude da sua previsibilidade, não originaram conflitos.Os dois principais resultados foram:• A revisão do Acordo sobre os Contratos Públicos – o acordo revisto que vincula 42 dos actuais membros da OMC (incluídos os 27 Estados da UE) -prevê a liberalização de

mais cerca de 100 biliões de USD/ano em contratos públicos, para além dos actuais 500 bilhões;• Adesão da Rússia à OMC - A adesão defi-nitiva será efectuada até 31 de Julho de 2012.Os resultados previstos e não controversos:• A adesão à OMC da República de Mon-tenegro, de Samoa e Vanuatu (este último já aprovado anteriormente);• A extensão do período transitório para a im-plementação do acordo sobre TRIPS para os Países Menos Desenvolvidos (PMD);• A extensão do período de moratória relativa aos direitos sobre o comércio electrónico;• A extensão do período de moratória relativa às queixas de não-violação dos TRIPS (não obstante a oposição da BUSINESSEUROPE assumida em diversas ocasiões);• Renúncia no sector dos serviços permitin-do aos membros da OMC a concessão de tratamento preferencial aos serviços e forne-cedores de serviços dos PMD, sem a con-cessão de tratamento idêntico aos serviços e fornecedores de serviços semelhantes dos restantes membros da OMC. No que respeita aos vários temas discutidos a BUSINESSEUROPE reporta:• Proteccionismo - Diversos membros ape-laram ao não proteccionismo, à não introdu-ção de novas barreiras ao comércio de bens e serviços, de novas medidas restritivas das exportações, de implementação de novas medidas inconsistentes com as regras da OMC. Recentemente, têm-se registado prá-ticas proteccionistas preocupantes por parte de países tais como Indonésia e Brasil. • Doha Round – Registaram-se as seguintes principais posições: • EUA – defendem a necessidade de uma nova abordagem na medida em que a estra-tégia negocial que tem sido utilizada no Doha

Round - “single undertaking” – tem estagna-do o progresso das negociações. Para além disso os países emergentes têm de assumir mais responsabilidade.• UE – defendeu a necessidade de uma ac-ção política decisiva, tendo apontado as ma-térias nas quais poderia haver progresso nas negociações entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento (facilitação do comércio e BNT) e defendeu o multilateralismo. Para além disso, argumentou que os acordos re-gionais deviam sustentar o multilateralismo.• China – colocam o “single undertaking” como pré-condição de progresso nas ne-gociações, consideram o desenvolvimento como prioridade máxima e que o plurilatera-lismo ameaça o multilateralismo.• Índia - defendem o desenvolvimento como prioridade máxima, o “single undertaking” enquanto parte do mandato de Doha, pelo que não deve ser abandonado e opõem-se ao plurilateralismo. • Negociações Plurilaterais - Revelaram-se discrepantes as opiniões sobre a possibilida-de de se iniciarem negociações plurilaterais. Não obstante, constatou-se uma percepção generalizada da necessidade de maior clare-za e de monitorização das relações entre os Acordos de Comércio Livre bilaterais e pluri-laterais e a abordagem multilateral.• Monitorização – A OMC lançará, brevemen-te, uma base de dados com informações so-bre volume do comércio, sobre tarifas e BNTs e relativas a bens e serviços dos membros da OMC.• Grupo de estudo composto por partes in-teressadas - A OMC pretende criar um grupo que integre políticos, empresários, ONG e académicos com a finalidade de discutir uma solução para o actual impasse das negocia-ções.

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acçõEs ExEcutivas

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A rElEvÂnCIA DA PArTICIPAÇão DoS CIDADãoS E DAS EMPrESAS

COMISSÃO PARA A EFICÁCIA DAS EXECUÇÕES COMPOSIÇÃO DA CPEE A Comissão para a Eficácia das Execuções (CPEE) é um órgão público a funcionar des-de 31/03/2009, criado no seio de um amplo consenso político-parlamentar para melho-rar a cobrança de dívidas, e funciona em:• PLENÁRIO:− Constituído pela Presidente da CPEE, pe-los operadores judiciários (Juízes, Agentes de Execução, Advogados e Solicitadores), pelos responsáveis políticos (Vogais designados pelos Ministros da Justiça, das Finanças, e da Solidariedade e Segurança Social), e pe-los cidadãos e pelas empresas, representa-dos pelas associações representativas dos consumidores ou de utentes de serviços de justiça e pelas confederações com assento na Comissão Permanente de Concertação Social do Conselho Económico e Social: a CIP - Confederação Empresarial de Portugal, a CAP, a CCP, a CTP, a CGTP-IN e a UGT, reunindo bimensalmente (21 reuniões).− É o elo de cooperação entre todos na re-solução dos problemas da acção executiva: emite recomendações sobre a eficácia e a formação dos agentes de execução; fixa o n.º necessário de agentes de execução (é preciso mais 850), permitindo o acesso aos advogados a estas funções (até 2009 só era exercida por solicitadores), concorrên-cia que assegura um aumento da qualidade de prestação do serviço público; escolhe a entidade que será responsável pelo exa-me inicial de acesso ao estágio de agente de execução, e pelo exame final; analisa as reinscrições como agente de execução; decide pedidos de agentes de execução de não recepção de processos judiciais e atra-vés de Grupos de Trabalho tem permitido a implementação prática de várias medidas legais.• GRUPO DE GESTÃO− Composto pela Presidente da CPEE, pe-los 3 Membros escolhidos pela Presidente e votados favoravelmente pelo Plenário (em exclusividade de funções), e pelo Presidente do Colégio dos Agentes de Execução, reu-nindo semanalmente (108 reuniões).− Assegura a efectiva disciplina e fiscaliza-

Paula Meira Lourenço Presidente da Comissão Para a efiCáCia das exeCuções

ção dos agentes de execução, e decide questões de impedimentos legais e suspei-ções.

RESULTADOS 1. Lançamento dos alicerces da CPEE:− Criação de um logótipo e de um sítio na Internet, de divulgação ao público de infor-mação relevante acerca da cobrança de dí-vidas e da actividade da CPEE - http://www.cpee.pt.− Elaboração de 8 Regulamentos Internos e Manuais;− Recrutamento de 9 Agentes de Execução

para as funções de Fiscalizador da CPEE (de entre 30 candidatos).2. Elaboração de um MANUAL DE PER-GUNTAS E RESPOSTAS SOBRE A ACÇÃO EXECUTIVA E COMPILAÇÃO DA LEGIS-LAÇÃO, em cooperação com a Direcção--Geral da Política de Justiça do Ministério da Justiça, tendo em vista tornar a legislação mais acessível aos cidadãos e às empresas - disponível nos sítios na Internet da CPEE e da DGPJ.3. Promoção do debate público: organiza-ção de 2 Conferências Internacionais e par-ticipação em 70 eventos.

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4. Participação em Grupos de Trabalho e em procedimentos legislativos.5. Emissão de 105 Recomendações para colocar a acção executiva a funcionar, em Novembro de 2011 (em Julho de 2010 emi-tira 93 recomendações) - http://www.cpee.pt/Recomendacoes/.6. Entrada de mais 530 novos agentes de execução no mercado.7. Análise acerca de 2006 participações sobre a actividade de agentes de execu-ção.8. Instauração de 258 processos disciplina-res e expulsão de 3 agentes de execução.9. Suspensão preventiva e bloqueio das contas-clientes de 21 agentes de execução.10. Fiscalização de 731 agentes de execu-ção – é a 1.ª vez em Portugal que todos os agentes de execução são fiscalizados;11. Atribuição a 9 agentes de execução de uma distinção pública pela boa prestação de serviço público: http://www.cpee.pt/ae_distinguidos/. ACÇÕES A DESENVOLVER1. Promover a divulgação e a execução prática das 105 Recomendações da CPEE para colocar a acção executiva a funcionar.2. Publicar o Manual de Boas Práticas do Agente de Execução.3. Publicar o Código de Ética dos Agentes de Execução.

4. Publicar um conjunto de artigos dedica-dos às execuções e à actividade da CPEE.5. Lançar o Prémio “Boas Práticas na activi-dade exercida pelos Agentes de Execução”.6. Organizar Seminários, Workshops e a 3.ª Conferência Internacional da CPEE.Parece-me da maior importância assegurar:1. A extinção dos processos quando o de-vedor não tem bens, e o seu registo na Lista Pública de Execuções.2. A divulgação das vantagens da Lista Pú-blica de Execuções – a consulta deste re-gisto disponível em http://www.citius.mj.pt/portal/execucoes/ListaPublicaExecucoes.aspx, contendo o nome das pessoas que não têm bens para pagar as suas dívidas (actualmente 17.000), pode evitar a celebra-ção de negócios ruinosos ou, se o contrato já tiver sido celebrado, a recuperação do IVA pago relativo a contratos até 8.000€.3. A recuperação do IVA pago pelas em-presas relativo a contratos até 8.000€, mediante a simples apresentação no Fisco da impressão da Lista Pública de Execu-ções.4. A publicitação de que em http://www.cpee.pt/listas_publicas/ se concentrou o acesso às 3 listas de devedores: a Lista Pú-blica de Execuções, Lista de Devedores do Ministério das Finanças e Lista de Pessoas e Empresas Insolventes.5. A criação de centros de arbitragem.

6. A execução das medidas de apoio ao so-breendividamento das famílias de 2009.7. A dinamização do mercado do arrenda-mento urbano e da reabilitação urbana, atra-vés da agilização dos respectivos regimes jurídicos e da criação de apoios fiscais. Nesta matéria, aproveito para expressar o meu total apoio à importante iniciativa RE-GENERAÇÃO URBANA promovida pela CIP - Confederação Empresarial de Portu-gal, como forma de incentivar o crescimento económico.Uma eficaz cobrança de dívidas é essencial ao crescimento económico, à captação de investimento e à produção de riqueza e em-prego – estão em causa 1.200.000 acções e 1.8 mil milhões de euros. O futuro da actividade da CPEE e da acção executiva passa pelo reforço da capacida-de de promover a eficácia da cobrança de dívidas e da fiscalização dos agentes de execução, beneficiando da experiência e da activa participação da sociedade civil, dos cidadãos e das empresas que utilizam os serviços de Justiça, tendo em vista poten-ciar os bons resultados já obtidos. Termino convidando os empresários a lerem o MANUAL DE PERGUNTAS E RESPOS-TAS SOBRE A ACÇÃO EXECUTIVA, porque tem uma linguagem acessível, e se o solici-tarem à CPEE por email, será de imediato enviado um exemplar.

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comunicação

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veículos informativos da CIP

A informação constitui um dos pilares da atuação de uma organização moderna, com uma importância acrescida para aquelas que comungam de uma missão e objetivos como os da CIP – Confederação Empresarial de Portugal

posicionando-se como uma entidade que defende os interesses das empresas portuguesas, e obrigando-se a uma atua-ção constante e a um estado de permanen-te atenção à realidade que envolve a ativi-dade político-económica do País, a CIP tem apostado na melhoria contínua da informa-ção que produz, quer nos conteúdos que disponibiliza quer na forma como ela chega ao seu público. Neste domínio, a preocupação da CIP é dotar os seus associados de informação útil e rigorosa nas áreas em que intervém mais diretamente, disponibilizando, de forma atempada, análises e pareceres, sinalizando notícias sobre temas de manifesto interesse para a comunidade empresarial portuguesa. Desde sempre tem utilizado um conjunto de veículos de informação que lhe permitem divulgar as suas posições, adaptando-se às tendências no domínio da comunicação, com especial relevância, nos tempos mais recentes, para a comunicação através da world wide web, sem dúvida um dos canais com maior crescimento e alvo de inovação permanente. No entanto, a proliferação de suportes di-gitais não “apagou” a publicação da revista Indústria, que com a presente edição atinge o número 90. Trata-se de uma revista que ilustra a atividade desenvolvida pela Confe-deração e aborda os temas mais relevantes da atualidade empresarial, contando tam-bém com a colaboração dos Associados e de artigos assinados por reconhecidos es-pecialistas. Com o aparecimento da internet, a CIP cedo criou o seu espaço na web que serve, para além da clássica informação sobre a organização, como base da divulgação e da alimentação de outros suportes informativos na área das redes sociais. Através do site da CIP – www.cip.org.pt – o visitante poderá

aceder a informação institucional bem como a notícias, comunicados, a um acervo do-cumental, aceder aos nossos suportes em formato digital, que inclui uma versão da re-vista Indústria.A aposta em veículos de comunicação de base digital é inevitável numa sociedade cada vez mais dependente da celeridade da informação e da diversidade de platafor-mas onde é disponibilizada. São evidentes as vantagens, quer em custos, quer no forte aumento da capacidade de edição da infor-mação, que a inovação tecnológica neste domínio possibilita tornando incontornável a atenção dada a suportes nesta área.

No domínio da informação económica, a CIP, em 2011, através do seu Departamento de Assuntos Económicos, desenvolveu um conjunto de serviços de informação eco-nómica, publicando duas publicações em formato digital, que podem ser acedidas através do portal:− Uma nota mensal de Conjuntura Económi-ca, divulgada nos últimos dias de cada mês, à exceção de agosto, que acompanha os acontecimentos mais relevantes e os dados mais recentes sobre a economia nacional e internacional.Esta nota deu continuidade, em moldes se-melhantes, à informação anteriormente di-

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vulgada pela CIP neste domínio com carác-ter regular, apenas se tendo desenvolvido o seu âmbito. Foram introduzidos novos pon-tos, como por exemplo as cotações interna-cionais de matérias-primas, procurando-se também detalhar um pouco mais a informa-ção veiculada. − O Relatório Trimestral de Economia, di-vulgado nos últimos dias dos meses de fe-vereiro, maio, setembro e dezembro, mais abrangente e com maior componente de análise, dando conta da evolução do en-quadramento e das principais tendências económicas a nível nacional e internacional.Com a integração na CIP de recursos pro-venientes da AEP, procurou-se através des-ta publicação dar sequência ao modelo do Relatório Mensal de Economia, editado por aquela associação desde 1989. Este relató-rio aparece agora remodelado, passando a ter periodicidade trimestral.Concluindo este trabalho de reformulação dos veículos de informação económica da CIP, passaremos a editar, este ano, um Bo-letim Anual da Economia Portuguesa, que se pretende particularmente ajustado às necessidades da comunidade empresarial.Mais recentemente, e com o intuito de apro-fundar a sua presença na abordagem e aná-lise nos assuntos europeus, a CIP, através do seu Departamento de Relações Interna-cionais, decidiu editar uma newsletter men-sal - Europ@CIP - com o objetivo de reforçar o envolvimento dos seus associados nos processos de decisão europeus, nomeada-

mente no contexto da BUSINESSEUROPE. Com esta Newsletter pretende transmitir in-formação sobre os trabalhos mais relevan-tes desenvolvidos na BUSINESSEUROPE, incluindo aqueles em que a CIP participa diretamente. Pretende-se também divulgar informação direta dos principais organis-mos comunitários sobre os assuntos mais relevantes para as empresas portuguesas. Contempla também uma resenha da legisla-ção comunitária mais importante. Sendo a área sócio-laboral uma das mais relevantes atividades da CIP, foi constituída em 2009 a CIP – Sócio-Laboral em Desta-que, uma newsletter de periodicidade tri-mestral onde se pretende dar a conhecer alguns dos principais desenvolvimentos le-gislativos e factos ocorridos neste domínio e das posições assumidas pela Confederação sobre os mesmos. Esta newsletter constitui um instrumento de grande utilidade para to-dos aqueles que se interessam pelas maté-rias sócio-laborais em Portugal.Ainda no domínio da informação jurídica, a CIP envia diariamente aos seus associa-dos, através de correio eletrónico, a Sínte-se de Legislação Nacional e Comunitária, resultado do acompanhamento, resumo e

divulgação da legislação referente a diver-sas áreas temáticas com interesse para o universo empresarial representado pela CIP. Atenção especial para Fiscalidade; Direito Comercial, Industrial e Financeiro; Trabalho e Segurança Social; Ambiente, Urbanismo e Ordenamento do Território; Justiça; Apoios e Incentivos; Qualidade; Administração Pú-blica e temas de interesse geral.Com o crescimento rápido e a crescente importância que as redes sociais obtiveram nos últimos anos, a informação da CIP não poderia deixar de ficar disponível nestes no-vos suportes comunicacionais. Assim, a CIP está hoje acessível através do seu Blog, no Facebook, no Twitter ou no Youtube.Com todas estas publicações, a CIP preten-de contribuir para que os seus associados, e através deles a comunidade empresarial na-cional, mais facilmente acompanhem a evolu-ção da economia, a nível nacional e interna-cional, dispondo de informação que constitua uma mais-valia na respetiva atuação.

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notícias

breves

Estudo de previsões de tráfegoJorge Lopes é o primeiro doutora-do na área de transportes pelo MIT Portugal. o trabalho apresentado por este investigador da Brisa Inovação e Tecnologia propõe uma plataforma de serviços capazes de gerar previsões de tráfego de curto-prazo para redes de auto-estradas em condições de tráfego recorrente e não recorrente, quando afectados por eventos não planeados ou incidentes.os resultados apresentados no âmbito deste trabalho foram acompanhados por casos de estudo, confirmando o bom desempenho da solução propos-ta com dados de tráfego e incidentes reais obtidos na A5 – Auto-estrada da Costa do estoril.

Fusão do Grupo Lena o grupo Lena continua com o seu pro-cesso de reestruturação e reorganização interna na sua subholding de engenharia e Construção. este processo irá concen-trar numa só empresa, através de uma operação de fusão, a actividade que tem vindo a ser desenvolvida pelas empresas Lena engenharia e Construções, s.A; Civilena – obras de Arte e empreendi-mentos gerais, s.A; Lena Construções Atlântico, s.A. e Lena engenharia e Construções (Madeira), s.A. nesse sentido e no seguimento deste processo de fusão, estas empresas (Civilena, que registou um volume de negócios em 2011 de 16 milhões de euros, a Lena Construções Atlântico com um volume de negócios de 24, 5 milhões de euros e a Lena engenharia e Construções Madeira, com facturação global de 3, 5 milhões de euros), serão incorporadas na empresa Lena engenharia e Constru-ções, s.A, representando um volume de negócios total agregado de cerca de 350 Milhões de euros.

Bysteel opera na Jamaica A portuguesa Bysteel vai fabricar três coberturas metálicas a serem insta-ladas na Jamaica, em ‘May Pen’ e em ‘Vineyard’, equipando infra-estruturas de apoio na auto-estrada 1B em construção naquele país, num projecto liderado pela MeCAP, do grupo francês Bouygues.A Bysteel entra assim num mercado novo, com o objectivo de explorar e conquistar novos segmentos.

siemens

LAnçA sistema De combate A incêndios

solvay e hovione

distinguem inovação

A Siemens acaba de lançar no merca-do um novo sistema de combate a in-cêndios em ambiente industrial, com tecnologia de nebulização de água capaz de extinguir incêndios até oito metros de distância. O Sinorix H2O Jet pode ser utilizado em turbinas, li-nhas de pintura ou equipamentos de produção, e arrecadou recentemente o prémio de inovação na categoria de extinção de incêndios na feira indus-trial “Expoprotection”, em ParisO Sinorix H2O Jet foi desenvolvido pela divisão Building Technologies, do sector Infrastructure & Cities da Siemens, com o objectivo de proteger bens físicos e o ambiente em que es-tes se encontram. Contém tecnologia de duas fases, que utiliza uma mistu-ra de água e nitrogénio capaz de ge-rar um efeito de arrefecimento muito elevado – com uma pressão inferior a 16 bar e gotículas de água de 150 a 200 micrómetros de diâmetro. Ao planear o sistema Sinorix H2O Jet, os peritos da Siemens calcularam o tamanho ideal das gotículas tendo em conta a propriedade ou equipa-mento a proteger. O sistema funcio-na com dois tipos de bocal diferentes, um protege os objectos – é um bocal

patenteado que funciona de acordo com o Princípio de Laval e extingue incêndios até oito metros - e o outro protege os objectos, bem como o meio em que estão integrados e controla o fogo. (IN 2011.08.)Os bocais especiais do sistema de ne-bulização de água do Sinorix H2O Jet, que geram uma névoa fina de gotícu-las minúsculas, têm várias vantagens sobre os sprinklers, espuma ou siste-mas gasosos para extinção de incên-dios. Estes evitam os danos causados pela água no mobiliário e equipamen-tos e não deixam resíduos de sal ou de agentes surfactantes da espuma.

A Solvay Portugal e a Hovione encerraram a 2ª edição do concurso Solvay & Hovione Innovation Challenge (SHIC’11) com a atribuição de dois prémios no domínio da inovação e do empreendedorismo. Direccionada a docentes, investi-gadores e estudantes universitários em Portugal, a iniciativa pretendeu diferen-ciar e apoiar ideias e projectos na área da investigação científica.O prémio monetário atribuído às duas ideias vencedoras, num total de 20 mil euros, tem por objectivo ajudar a financiar os projectos. A este estímulo acresce o fato de os candidatos ao concurso beneficiarem da oportunidade de concre-tizarem contactos privilegiados com a comunidade empresarial, potenciando a sua visibilidade e a angariação de interessados na concretização destas ideias.As duas equipas premiadas foram seleccionadas entre 44 ideias candidatas, que resultam do envolvimento de investigadores, docentes e estudantes universitá-rios. A forte adesão a este desafio resulta também do esforço iniciado em 2008, aquando do lançamento da primeira edição deste concurso. O SHIC’11 implicou a realização de um road-show de contacto, que visitou, ao longo de seis meses, 14 instituições de ensino universitário, com equipas das duas empresas a pro-moverem sessões de divulgação e a visitarem os laboratórios.

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1 - Gustaf de Laval foi um inventor sueco que desenvolveu, em 1888, um bocal para utilização em turbinas a vapor. este bocal consiste num tubo apertado ao meio, que forma uma ampulheta cuidadosamente equilibrada e assimétrica. 2 - Deriva da contracção da expressão “surface active agent”. o surfactante (ou tensoativo) é um composto caracterizado pela capacidade de alterar as propriedades superficiais e interfaciais de um líquido.

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produção automóvel

crescimento de 21,1% em 2011 De acordo com a ACAP, em termos acumulados, no período de Janeiro a De-zembro de 2011, saíram das linhas de fabrico nacionais 192.242 veículos o que corresponde a um aumento da produção de 21,1%, face ao ano anterior. É de salientar que, pela primeira vez desde que temos produção em Portugal, se re-gistou um valor da produção superior ao das vendas.No mês de Dezembro de 2011 a produção automóvel baixou, quando compara-da com o mês homólogo do ano anterior, tendo sido produzidos 11.552 veículos automóveis, ou seja, um decréscimo de 18,1% que foi determinado, exclusiva-mente, pela queda da produção de veículos ligeiros de passageiros (-34,5%).Do total dos 192.242 veículos produzidos em Portugal em 2011, verificou-se que 98,3% se destinaram ao mercado externo e, apenas, os restantes 1,7% se desti-naram ao mercado nacional.Quanto às exportações por locais de destino, verificou-se que 78,7% dos veícu-los foram para a UE-27, com a França e a Alemanha a ocuparem os primeiros lugares com 31,9% e 20,7% da produção exportada, respectivamente. O total da Europa absorveu 82,3% das nossas exportações, a Ásia absorveu 11,1% e a América absorveu 5,3%.Estes números continuam a confirmar o importante contributo positivo do sec-tor da indústria automóvel para a balança comercial do país. E isto num mo-mento em que é fundamental para a recuperação da nossa economia aumen-tarmos as nossas exportações.

notícias

breves

Insolvências judiciais no quarto trimestre de 2011, os níveis de insolvência superaram pela primeira vez, desde o início da crise, a barreira dos 3.000 processos trimestrais. os sectores com a maior taxa de crescimento de insolvências estão directamente relacionados com a queda do consumo, como serviços e elec-trodomésticos.Durante o ano de 2011, registaram-se em Portugal quase 10.800 novos processos de insolvência, o que traduz um crescimento de 65% em relação a 2010. esta é uma das conclusões do Departamento de gestão de risco da Crédito y Caución, que acompa-nha de perto os processos de insolvência publicados no Diário da república.quatro em cada dez processos são relativos a empresas, o que totaliza cerca de 4.731 casos de insolvência. neste domínio, o cres-cimento em 2011 (+14%) foi muito seme-lhante ao registado em 2010. os restantes cerca de 6.065 processos são relativos a pessoas físicas, um crescimento de 154% em relação a 2009.

Grupo IKEA cresce As vendas totais do grupo IkeA cresceram 6,9% para 24,7 mil milhões de euros, no período compreendido entre 1 de setem-bro de 2010 e 31 de Agosto de 2011, o ano fiscal IkeA (FY11). os dividendos, incluindo vendas e proveitos imobiliários, ascendem a 25,2 mil milhões de euros. o lucro líquido, a nível global, aumentou em cerca de 10,3% para os 2,97 mil milhões de euros, graças ao aumento das vendas e a uma estrutura de custos mais eficiente. Apesar do aumen-to do custo das matérias-primas, a IkeA continuou a reduzir os seus preços a favor dos clientes em 2,6%, ao mesmo tempo que melhorou a qualidade dos produtos.

Sines cresce 25% nas mercadorias o Porto de sines fechou o ano de 2011 com um novo recorde no movimento de conten-tores ao atingir 447.495 Teu, corresponden-do a um crescimento de 17% nesta unidade de carga e a um crescimento de 25% na tonelagem de mercadorias movimentadas por contentor face a 2010, totalizando 5,5 milhões de toneladas.este crescimento decorreu da consolidação da rede de serviços globais durante o ano passado no terminal de contentores, sendo os principais países de origem e destino das mercadorias movimentadas por contentor os estados unidos, a China, a espanha, o Brasil, o Canadá, o México e singapura.

transportes Freitas

APosTA no MerCADo InTernACIonALCom décadas de experiência na dis-tribuição de combustíveis Galp, a em-presa Transportes Freitas, Lda está diversificar os seus negócios, apos-tando nos transportes internacionais de mercadorias. A esta nova área, a empresa começou por afectar mais de uma dezena de camiões de longo curso, cujos destinos incluem Espa-nha, França, Itália, Alemanha, Polónia e Reino Unido, além do mercado do-méstico.Fundada em 1967, e sediada em Vila das Aves, concelho de Santo Tirso, a empresa tem uma gestão partilhada por António Freitas e João Freitas, pai e filho, que são respectivamente a se-gunda e terceira geração da família.João Freitas diz que «o crescimento sustentado da empresa ao longo dos anos e a manutenção da posição de liderança destacada no sector é tam-bém fruto de uma preparação con-tínua. Por exemplo, além das demais certificações, fomos, em 2009, a pri-meira empresa nacional certificada pela norma ERS 3006-I Transporte Ro-doviário de Mercadorias, tendo já em vista esta nova aposta de entrar nos transportes internacionais de mer-cadorias. Isto permite-nos, por isso,

encarar o futuro, mesmo em anos de crise, com muito segurança».Com 113 colaboradores, a Transportes Freitas distribuiu, em 2010, 211,911 milhões de litros de combustíveis brancos o que representaram uma facturação de 218,405 milhões de eu-ros.Nesta área de negócio da distribuição, a empresa tem mais de 2.000 clientes, dos quais 120 são postos de abaste-cimento, 97 são co-branded (Freitas/Galp), 10 dos quais são geridos direc-tamente pela empresa participada TF Gest, e os restantes 87 em parceria com revendedores locais.Por seu lado, na área de negócio do transporte de outras mercadorias de-rivadas do petróleo, produtos pretos (fuel, alcatrão, thin e burner), a empre-sa facturou, em 2010, 4,630 milhões de euros.

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oPinião

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SOLIDARIEDADE

o país atravessa uma situação difícil o que tem motivado dificuldades acrescidas a muitas pessoas e instituições, um pouco por este país fora. O Estado tem cada vez uma menor capacidade de resposta, pois também ele se vê asfixiado em termos fi-nanceiros e de tesouraria. A cultura domi-nante no nosso país, nas últimas décadas, passava por frequentes solicitações à admi-nistração pública, nacional, regional ou local, para a concessão dos mais variados apoios financeiros. Com as exigências actuais que incidem sobre o controlo da despesa públi-ca, este tipo de apoios do Estado às institui-ções tende a sofrer significativas reduções. Neste cenário, urge dotar as organizações da sociedade civil de meios humanos e ma-teriais para reforçarem a sua capacidade de intervenção, compensando, mesmo que só parcialmente, os apoios anteriormente con-cedidos pelo Estado. Os portugueses foram sempre um povo generoso, que se sente fe-liz em ajudar o seu próximo. Por isso, o país tem muitas organizações de excelência, tais como, entre outras, as Misericórdias e o Banco Alimentar Contra a Fome, tão conhe-cidas de todos os portugueses. Mas exis-tem também os Clubes Lions, presentes em Portugal desde 1953. São constituídos por pessoas de boa reputação, bem integradas nas suas localidades. Muitos deles são em-

Nuno Ferrão Governador do Lyons CLubs

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Povo GEnEroSo

“urge dotar

as organizações da

sociedade civil de meios

humanos e materiais

para reforçarem

a sua

capacidade

de intervenção”

presários, como sucedeu com as primeiras pessoas que se reuniram, no longínquo ano de 1917, para formar o primeiro Clube Lion nos Estados Unidos. De uma forma orga-nizada dinamizam inúmeras actividades de serviço e efectuam parcerias com outras instituições para mais facilmente se alcan-çarem os objectivos pretendidos. Algumas destas iniciativas são de angariação de fun-dos, que revertem sempre, e na íntegra, para instituições locais, tipo Bombeiros, Cercis, Misericórdias, etc.. Os Lions realizam tam-bém projectos de natureza cívica, tais como rastreios, muitas vezes nas escolas locais, concursos de desenho para jovens ou ac-tividades ambienteis, incluindo a plantação de árvores em diversos locais. A promoção de debates sobre temas de relevante inte-resse público é outro dos objectivos da or-ganização. Os Lions são um movimento de voluntários, onde as pessoas se sentem feli-zes em Servir e em que o ambiente nos Clu-bes é de franca amizade, pois o espírito de serviço une os associados como se de uma família se tratasse. Estão presentes em mais de cem clubes, espalhados pelo continente, Açores e Madeira. Muitas pessoas e asso-

ciações, por este país fora, permanecem à espera de uma pequena ajuda. Contudo, para satisfazer essas necessidades são pre-cisos mais voluntários com espírito de Servir. Mas temos esperança na generosidade do povo português e dos seus empresários!

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Povo GEnEroSo

“urge dotar

as organizações da

sociedade civil de meios

humanos e materiais

para reforçarem

a sua

capacidade

de intervenção”

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