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N o 81 – Julho de 2001 CONSELHOS DE SAÚDE E CONTROLE SOCIAL N a luta pela democratização do País, o Movimento Sanitário Brasileiro, representando a força de organização da soci- edade civil na área da saúde, teve pa- pel fundamental na construção do projeto de saúde pública que resultou na implantação de um sistema de saú- de – o SUS -, cujo objetivo é garantir a toda a população uma saúde de quali- dade em todos os seus níveis. Mais do que isso, o movimento garantiu a cria- ção dos Conselhos de Saúde, nos quais a população tem direito de fiscalizar as ações do Estado em relação à elabora- ção, controle e fiscalização das políti- cas de saúde. Entre a elaboração de um projeto e sua efetivação existe, no entanto, uma grande distância. Operacionalizar o SUS é ainda um grande desafio. Os Conse- lhos de Saúde ainda não estão implan- tados em todo o País e muitos dos que já existem têm encontrado dificuldades para exercerem satisfatoriamente seu papel. As maiores dificuldades estão re- lacionadas ao aprendizado necessário para o pleno exercício da democracia, da cidadania, da participação e do con- trole social. Se considerarmos o Conselho de Saúde como um importante espaço pú- blico de Controle Social, é necessário fortalecer a sociedade organizada, ex- pressa pelos Movimentos Sociais e Or- ganizações Não Governamentais (ONGs), para que, nos Conselhos, os Conselhei- ros representem de fato a sociedade que lhes dá sustentação. Para que isso ocor- ra, a palavra chave passa a ser capacitação. O tema desta Súmula Especial sur- giu durante a 11 a Conferência Nacional de Saúde, realizada em Brasília em de- zembro de 2000, quando a equipe do Radis visitou o espaço destinado à Se- cretaria Estadual de Saúde de Mato Gros- so (SES-MT) e percebeu a necessidade de dar um caráter nacional a uma inici- ativa desenvolvida naquele Estado: a publicação de duas cartilhas sobre os conceitos e a estrutura de funcionamen- to do Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil, instrumentos importantes para o treinamento de mais de 700 conse- lheiros, em 114 municípios do estado. A idéia ganhou corpo quando se viu, nos grupos de trabalho e na plená- ria da Conferência, que uma das princi- pais demandas dos delegados era justamente por mais informação e me- lhor capacitação, ferramentas indispen- sáveis para que conselheiros municipais e estaduais de saúde exerçam seu tra- balho com eficiência. Esta publicação do Radis tem como base o texto das cartilhas e pretende servir de subsídio para conselheiros e todos os que participam do processo de construção de uma saúde pública de qualidade. O essencial, no entanto, é que o leitor – conselheiro ou não – pos- sa refletir sobre cada uma das questões apresentadas, adaptando-as ao seu mu- nicípio, e compreender a importância de sua participação. ESPECIAL ESPECIAL ESPECIAL ESPECIAL ESPECIAL ESPECIAL ESPECIAL ESPECIAL ESPECIAL ESPECIAL

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No 81 – Julho de 2001

CONSELHOS DE SAÚDEE CONTROLE SOCIAL

Na luta pela democratização doPaís, o Movimento SanitárioBrasileiro, representando aforça de organização da soci-

edade civil na área da saúde, teve pa-pel fundamental na construção doprojeto de saúde pública que resultouna implantação de um sistema de saú-de – o SUS -, cujo objetivo é garantir atoda a população uma saúde de quali-dade em todos os seus níveis. Mais doque isso, o movimento garantiu a cria-ção dos Conselhos de Saúde, nos quaisa população tem direito de fiscalizar asações do Estado em relação à elabora-ção, controle e fiscalização das políti-cas de saúde.

Entre a elaboração de um projetoe sua efetivação existe, no entanto, umagrande distância. Operacionalizar o SUS

é ainda um grande desafio. Os Conse-lhos de Saúde ainda não estão implan-tados em todo o País e muitos dos quejá existem têm encontrado dificuldadespara exercerem satisfatoriamente seupapel. As maiores dificuldades estão re-lacionadas ao aprendizado necessáriopara o pleno exercício da democracia,da cidadania, da participação e do con-trole social.

Se considerarmos o Conselho deSaúde como um importante espaço pú-blico de Controle Social, é necessáriofortalecer a sociedade organizada, ex-pressa pelos Movimentos Sociais e Or-ganizações Não Governamentais (ONGs),para que, nos Conselhos, os Conselhei-ros representem de fato a sociedade quelhes dá sustentação. Para que isso ocor-ra, a palavra chave passa a sercapacitação.

O tema desta Súmula Especial sur-giu durante a 11a Conferência Nacionalde Saúde, realizada em Brasília em de-zembro de 2000, quando a equipe doRadis visitou o espaço destinado à Se-cretaria Estadual de Saúde de Mato Gros-so (SES-MT) e percebeu a necessidadede dar um caráter nacional a uma inici-ativa desenvolvida naquele Estado: apublicação de duas cartilhas sobre osconceitos e a estrutura de funcionamen-to do Sistema Único de Saúde (SUS) noBrasil, instrumentos importantes parao treinamento de mais de 700 conse-lheiros, em 114 municípios do estado.

A idéia ganhou corpo quando seviu, nos grupos de trabalho e na plená-ria da Conferência, que uma das princi-pais demandas dos delegados erajustamente por mais informação e me-lhor capacitação, ferramentas indispen-sáveis para que conselheiros municipaise estaduais de saúde exerçam seu tra-balho com eficiência.

Esta publicação do Radis tem comobase o texto das cartilhas e pretendeservir de subsídio para conselheiros etodos os que participam do processo deconstrução de uma saúde pública dequalidade. O essencial, no entanto, éque o leitor – conselheiro ou não – pos-sa refletir sobre cada uma das questõesapresentadas, adaptando-as ao seu mu-nicípio, e compreender a importânciade sua participação.

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Página 2 Julho de 2001 Súmula 81

INTRODUÇÃO

O SUS é a união de todasas ações e serviços de

saúde públicos e privadoscontratados para garantir atodos os cidadãos brasileiros(universalidade) acesso àpromoção da saúde, preven-ção de doenças e assistênciamédica (integralidade). Pre-visto na Constituição Fede-ral de 88 (art .196) eregulamentado pela Lei Orgâ-nica da Saúde (Lei nº8080/90 e Lei nº 8142/91),é uma rede hierar-quizada,regionalizada e descentrali-zada sob o comando únicoem cada nível de governo –federal, estadual e munici-pal. Gerido pelo poder pú-b l ico e f inanc iado comrecursos da união, estadose munic íp ios, incorporatambém o controle social,mediante a participação dapopulação nos Conselhos deSaúde e Conferências de Saú-de em seus diferentes níveisde organização. O SUS substi-tuiu, na área da saúde, o sis-tema do antigo Instituto deAssistência Médica e Previdên-cia Social, o direito à saúde em

todas as suas dimensões e oSistema Unificado e Descentra-lizado de Saúde – SUDS, criadoem 1987, foi implementadopelo antigo INAMPS em asso-ciação com o Ministério daSaúde para aumentar o repas-se de recursos para Estados eMunicípios.

COMO É ORGANIZADO?O SUS organiza-se de

modo a aproveitar ao máxi-mo os recursos existentes.Uma das iniciativas é o Con-sórcio Intermunicipal de Saú-de, onde diversos municípiosjuntos assumem a prestaçãode um serviço.

A descentralização per-mite a divisão de responsa-bilidades entre os governosfederal, estadual e municipal,representado por níveis degestão distintos. Segundo aNorma Operacional Básica doSUS de1996 (NOB/SUS núme-ro 01/96), os estados podemestar em gestão Avançada ouPlena do Sistema de Saúde,e os municípios em gestãoPlena de Atenção Básica ouem Plena do Sistema Muni-cipal. A Atenção Básicaconstitui as ações que es-tão no primeiro nível nosistema de saúde e incluipromoção, prevenção, tra-tamento e reabilitação.

Há algumas exigênciaspara a habilitação nestasgestões: os municípios pre-cisam comprovar a existên-cia de um Plano Municipalde Saúde, um Fundo Muni-cipal de Saúde, capacidadepara gerir as ações, exercero controle dos serviços e pos-suir um Conselho Municipalde saúde atuante, entre ou-tras. Os estados precisamtambém que 80% de seus

Sistema Únicode Saúde

O que é? Como funciona?

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municípios estejam em algumtipo de enquadramento ou queos já enquadrados representem60% de sua população.

As ações e serviços abran-gidos pelo SUS vão desde a pro-moção da saúde, estimulandohábitos mais saudáveis, preven-ção de doenças, por meio de ati-vidade de educação em saúde,vacinação em massa até a pres-tação de assistência médica –consultas, exames, fornecimen-to de medicamentos básicos.

COMO É FINANCIADO?A maior parte do finan-

ciamento do SUS provém decontribuições sociais de em-pregados e empregadores,re cu r sos do Fundo deMobilização Social e, maisrecentemente, de recursosda Contribuição Provisóriasobre Movimentação Finan-ceira (CPMF), arrecadadospela União.

O total de recursos paraassistência à saúde é trans-ferido pela União a municí-pios diretamente do FundoNacional de Saúde para osFundos Municipais de saúde.A União também repassa re-cursos diretamente do Fun-do Nacional de Saúde para osFundos Estaduais. Todas es-sas transferências estão limi-tadas a tetos financeiroscalculados considerando-se apopulação de cada unidadeda Federação e, principal-mente, a extensão e comple-xidade da rede de serviços(leia mais na pág. 10).

COMO É GERENCIADO ?O comando único em

cada nível de governo servepara estabelecer a responsa-bilidade pelas ações em umadeterminada base territorialou hierarquia da atenção àsaúde, para que não hajasuperposição de esforços econflitos de poder. Para su-perar conflitos entre os di-

ferentes níveis de governo,o SUS prevê comissões entreestados e seus municípios (Co-missões Intergestoras Bipartite– CIB) e entre União, estadose municípios (ComissãoIntergestora Tripartite – CIT),que reúnem-se regularmente.

PROBLEMASO sucesso da implanta-

ção ainda encontra barreirasna cultura política brasilei-ra. Uma das conseqüênciasestá no percentual do PIBdestinado ao setor: apenas2,10%. O Conselho Nacionalde Saúde aponta que a arre-cadação da União cresceu80% entre 1995 e 1999. Se aproporcionalidade de distri-buição das receitas tivessesido mantida, o orçamento dasaúde teria chegado a 38 bi-lhões em 2000, em vez dos22 bilhões observados.

HISTÓRICO"Apesar de você, ama-

nhã há de ser outro dia." Foicom essas palavras que, nadécada de 70, Chico Buarqueburlou a severa 'lei do silên-cio' e mandou um recado àDitadura Militar. O regime foiresponsável por um modelode desenvolvimento no setorde saúde pública que benefi-ciava apenas as pessoasinseridas no mercado de tra-balho. O Movimento Sanitá-rio foi uma das iniciativas dasociedade em defesa da de-mocratização desse sistema,tendo um papel fundamentalna construção de um projetode saúde pública que resul-tou na implantação do SUS.O processo de descentra-lização do Sistema de SaúdeBrasileiro teve início na dé-cada de 80, sendo legitima-do pela Constituição Federalde 88, e seu sucesso depen-de diretamente da ação con-junta do Estado e dasociedade civil.

SUS: 85% CONSIDERAMATENDIMENTO BOM OU

EXCELENTEOs brasileiros estão mui-

to mais satisfeitos com oshospitais brasileiros do quese pode imaginar. Pesquisafeita pelo Ministério da Saú-de a partir da resposta de 110mil usuários do Sistema Úni-co de Saúde (SUS) mostra que85% dos entrevistados con-sideram excelente ou bom oatendimento oferecido peloshospitais vinculados ao SUS;11% classificaram como re-gular; 2% como ruim; e 2%como péssimo.

Os estados com maioresíndices de satisfação são, naordem decrescente de satis-fação: São Paulo, Rio Grandedo Sul, Minas gerais, Paranáe Goiás. Dentre as cidades,as mais satisfeitas são:Florianópolis, Porto Alegre,Curitiba, São Paulo e Belohorizonte.

A pesquisa mostra quepacientes estão satisfeitos

CONTROLE SOCIALA Constituição garante

em seu artigo 6º “a saúde, aeducação, o trabalho, o lazer,a segurança, a previdênciasocial, a proteção à mater-nidade, a assistência aos de-samparados”, como direitossociais. “Mas temos hoje ser-viços de rico para rico e ser-viços de pobres para pobres”,afirmou a Professora da UFRJ,Laura Tavares, durante a 11ªConferência Nacional de Saú-de, realizada em dezembro de2000.

A representante dos usu-ários, Maria Betânia Ávila, con-corda com este diagnóstico:"Ser usuário do SUS ainda estáassociado a uma desigualda-de de classe. Ainda está as-sociado à aspiração de possuiroutro meio de acesso à saú-de. Esse é um caminho peri-goso, já que o sistema desaúde privado não tem ofere-cido serviços para cidadãos,mas para consumidores".

O controle social – umdos fatores mais importantes

para o sucesso na implan-tação do SUS – é a ca-pacidade que asociedade civil temde interferir na ges-tão pública, colo-cando as ações doEstado na direção

dos interesses da comunida-de. Representando a CentralÚnica dos Trabalhadores(CUT), Mônica Valente, namesma Conferência, ressal-tando a importância da par-ticipação de todos os setoresda sociedade no processo,disse: ”O que temos acompa-nhado em inúmeras cidadesonde busca-se implantar oSUS é que, quanto menor ocontrole social, pior temsido sua implantação. E nãohá controle social – logonão há SUS – se ele nãoatingir os fundos e o orça-mento da saúde”.

principalmente com o aten-dimento médico. A equipemédica recebeu nota médiade 8,3 (numa escala de zeroa dez), nota média mais altaentre os ítens da pesquisa.;A mais baixa ficou com asinstalações físicas, 7,7.

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CONTROLE SOCIAL

O Conselho Nacional de Saúde – CNS – é um espaço de

participação social na adminis-tração do Sistema Público eatua no controle da execuçãoda política de saúde estabele-cendo estratégias de coorde-nação e gestão do SUS. É umaatividade não remune-rada e aberta à parti-cipação da sociedade.Baseado na Constitui-ção Federal, na Lei Or-gânica da Saúde (Leinº 8.080/90) e na Leinº 8.142/90, o Conselhoconsolida o controle so-cial, por intermédio dosConselhos Estaduais eMunicipais.

O CNS é uma ins-tância coletiva, compoder de decisão. Liga-do ao Poder executivo,é composto por 50% deusuários, 25% de tra-balhadores de saúde e25% de prestadores deserviços. Representan-tes do Governo, profis-s ionais de saúde eusuários estão entre osparticipantes e o nú-mero de conselheirosvaria entre 10 e 20membros. O presidente é elei-to entre os membros e a re-presentação depende darealidade existente em cadaárea, preservando-se o princí-pio da paridade em relação aosusuários, e começam com apresença mínima da metademais um de seus membros.Cada membro terá direito a umvoto. As resoluções serão ho-mologadas pelo Ministro deEstado da Saúde e publicadasno Diário Oficial da União(D.O.U.) no prazo máximo de

trinta dias após sua aprovaçãopelo Plenário. As votações sãoapuradas pela contagem devotos a favor, contra e absten-ções, mediante manifestaçãoexpressa de cada conselheiro,ficando excluída a possibilida-de de votação secreta. O Con-

selho conta ainda com o apoioadministrativo do Governo naestrutura e funcionamento, ga-rantindo-lhes a dotação orça-mentária.

O desenvolvimento do con-trole social no SUS através dosConselhos começa a transparecercom a implementação na NormaOperacional Básica, a NOB-93,que sistematiza melhor o pro-cesso de descentralização.Acelera-se a criação dos Con-selhos de Saúde, completando-os em todas as unidades

federadas, e os próprios conse-lhos apuram sua paridade, regu-laridade das reuniões e controlesocial. De acordo com o site doConselho Nacional de Saúde(http://www.saude.gov.br),estima-se hoje que existam cer-ca de 4 mil Conselhos Munici-

pais de Saúde, dos quaismil ainda com compo-sição e funcionamentoprecários, o que resultauma estimativa por vol-ta de 45 mil conselhei-ros de saúde nas trêsesferas do governo.

ESTRUTURAO Conselho Naci-

onal de Saúde é com-posto pelo Plenário,comissões e grupos detrabalho e SecretariaExecutiva. Os atos sãohomologados pelochefe do poder execu-tivo local ou por secre-tár ios Estaduais eMunicipais.

O Plenário é umfórum de deliberaçõesvotadas em reuniõesmensais. Baseado emum regimento interno, écomposto por conse-

lheiros com mandato de doisanos. São funções dos conselhei-ros: representação dos interes-ses específicos de seu segmentosocial ou governamental e deformulação e deliberação cole-tiva no órgão colegiado, pelo deposicionamento a favor dos in-teresses da população usuária doSistema Único de saúde.

As Comissões, constituí-das por força da lei 8080/90,têm por finalidade articularpolíticas e programas de interes-se para saúde cujas execuções

envolvam áreas como alimenta-ção, nutrição, saneamento emeio ambiente, entre outras.

Os grupos de trabalho sãocriados pelo Plenário com oobjetivo de articular progra-mas de saúde. Saneamento,meio ambiente, alimentação enutrição estão entre os temasabordados. As comissões e gru-pos de trabalho são dirigidospor um Coordenador designa-do pelo Plenário do ConselhoNacional de Saúde. A SecretariaExecutiva é a unidade de apoioao funcionamento do Conselhode Saúde. Subordinada ao Ple-nário do Conselho, sua função ésecretariar as reuniões, divulgaras deliberações e manter inter-câmbio com as unidades do Sis-tema Único de Saúde.

CONSELHOS ESTADUAISE MUNICIPAIS

Os Conselhos estaduais sãocompostos por representantes doGoverno Federal, (indicados peloMinistro de Estado da Saúde eoutros Ministérios), representan-tes da Secretaria de Saúde do Es-tado, das Secretarias Municipaisde Saúde, dos trabalhadores daárea de saúde e prestadores de

Conselhos de SaúdeEspaços de participação social

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serviço de saúde, sen-do 50% de entidadesfilantrópicas e 50%de entidades não fi-lantrópicas. A efetivaparticipação do usu-ário depende damobilização das enti-dades representativasda sociedade em de-fesa do SUS e da saú-de pública, propondocaminhos e soluções,qualificando-se paraelegerem seus repre-sentantes.

O Conselho Mu-nicipal de Saúde éum órgão colegiado,vinculado à Secreta-ria Municipal e fazparte dos mecanis-mos cr iados peloSUS para garantir ocontrole social doSistema de Saúdenos municípios. A formulaçãode estratégias para elaboraçãode planos de saúde e o con-trole das políticas definidasestão entre as atribuições maisimportantes do conselho. Paraque se possa cumprir o que alei determina, o Conselho deveexercer o controle social doSUS fiscalizando, planejando econtrolando os recursos desti-nados à área de Saúde no or-çamento do Município. OConselho deve ainda fiscalizaro Fundo Municipal de Saúde epropor o Plano Municipal deSaúde na Lei de Diretrizes Or-çamentárias.

Os Conselhos Municipaispossuem estrutura semelhante àdos Conselhos estaduais e osusuários têm representação se-melhante em ambos. Os usuári-os do Sistema são representadospor entidades congregadas desindicatos de trabalhadores ur-banos e rurais, movimentos co-munitários organizados naárea da saúde, conselhos co-munitários e associações demoradores, entre outras. Atu-almente, entende-se que acidadania não reside mais nasimples escolha de dirigentespelo voto e sim na possibilidadede colocar nos fóruns de deci-sões estes novos sujeitos.

Nota-se que essa partici-pação está sendo produzida na

esfera local. Recu-peramos uma visãocomunitária, ondepessoas e famíliaspassam a ser co-responsáveis porsua saúde e bemestar. Instituir umpoder local comosistema organizadode consensos dasociedade civi lnum espaço limita-do implica altera-ções no sistema deorganização da in-formação, reforçoda capacidade ad-ministrativa e umamplo trabalho deformação na comu-nidade sobre asleis e a participa-ção no Sistema Pú-blico de Saúde.

ATRIBUIÇÕES DOSCONSELHOS DE SAÚDE

! Estabelecer estratégias emecanismos de coordena-ção e gestão do SUS, ar-t icu l ando- se com osdemais colegiados em ní-vel nacional, estadual emunicipal.

! Traçar diretrizes de elabo-ração e aprovar os planosde saúde, adequando-seaos demais colegiados emnível nacional, estadual emunicipal.

! Propor a adoção de critéri-os que definam qualidadee melhor resolução do sis-tema de saúde.

! Examinar propostas e de-núncias, responder a con-sultas sobre assuntospertinentes a ações e ser-viços de saúde, bem comoapreciar recursos a respei-to de del iberações docolegiado.

! Fiscalizar a movimentaçãode recursos repassados aoFundo de Saúde.

! Estimular a participaçãosocial no controle da ad-ministração do SUS.

! Propor critérios para execu-ção financeira e orçamentá-

ria do fundo de Saúde, acom-panhando a movimentaçãodos recursos.

! Opinar sobre a criação denovos cursos superiores naárea de saúde, em articu-lação com o Ministério daEducação e do Desporto.

NA PONTA DA LÍNGUALeis e resoluções que todo

conselheiro deve conhecer:

! Lei 8080, de19/set/1990A lei regula as ações, a or-ganização e o funcionamen-to dos serviços de saúde emtodo país.

! Lei 8142, de dez/90A lei dispõe sobre a partici-pação da comunidade nagestão do SUS, a alocaçãode recursos financeiros naárea da saúde, a estruturados Conselhos e das Confe-rências de Saúde.

! Resolução do ConselhoNacional de Saúde nº 33,de 23/dez/92Sobre os Conselhos Estadu-ais e Municipais de Saúde.

! Resolução do ConselhoNacional de Saúde nº 52,de 6/ maio/93Sobre o fórum de negocia-ção entre empregadores etrabalhadores do SUS.

! Decreto nº 1232, de30/ago/94Trata das formas de repas-se de recursos do Fundo Na-cional de Saúde para osfundos de saúde dos esta-dos, municípios e DistritoFederal.

Saiba mais:

http://www.saude.rj.gov.br/

http://www.saude.gov.br/

http://www.conasems.com.br

http://www.mcanet.com.br/cmsf/index2.html

http://www.pms.ba.gov.br/smec

http://www.prodam.sp.gov.br/sms/instituc/c_conselho.htm

Formandoconselheiros

O Programa de Apoio aoFortalecimento do Controle So-cial no Sus foi criado a partirde uma parceria entre a Secre-taria de Gestão de Investimen-tos em Saúde do Ministério daSaúde (SIS/MS), o ConselhoNacional de Saúde (CSN) e oMinistério público (MP). Seuobjetivo é a capacitação decerca de 43 mil conselheirosde saúde em todo o país e aformação, em Direito Sanitá-rio, de aproximadamente 1300membros do Ministérios Públi-co. Para obter mais informa-ções sobre o programa,consulte:

CONSELHO NACIONALDE SAÚDE / MINISTÉRIO

DA SAÚDE

Esplanada dos MinistériosBloco G – Ed. Anexo – Ala B –1º andar Salas 130/ 13670058-900 – Brasília – DFFone: 61 – 315-2051Fax: 61 – 315-1472e-mail: [email protected]

MINISTÉRIO DA SAÚDE /SECRETARIA DE GESTÃO DEINVESTIMENTOS EM SAÚDE

Esplanada dos MinistériosBloco G – Ed. Sede – 8º andarSala 82370058-900 – Brasília – DFFone: 61 – 315-2574Fax: 61 – 223-0799

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INFORMAÇÃO EM SAÚDE

Além de acompanhar e ava-liar as ações que o Estado

executa na área da saúde, umConselho também tem o po-der de, identificando as carên-cias de seu município, definir,juntamente com a equipe degestão governamental, queações devem ser desenvolvi-das prioritariamente.

A INFORMAÇÃOCOMO RECURSO

Para que as decisões se-jam tomadas de forma consci-ente e o controle dessas açõesseja feito com eficácia, é ne-cessário que tanto as secreta-rias de saúde quanto osconselheiros tenham acesso àinformação de qualidade e ple-namente confiável.

Por essa razão, todo mu-nicípio deve ter um Sistema deInformação capaz de coletar,para depois organizar eredistribuir de forma clara, da-dos que permitam o melhor di-agnóstico possível da área desaúde. Os sistemas de informa-ção servem, portanto, de refe-rência para a SecretariaMunicipal de Saúde identificar

os principais problemas eplanejar as ações de saú-de, dizendo como, quan-

do, com quem, com que recursoselas serão realizadas e que me-canismos de controle e avalia-ção serão utilizados para saberse deram certo ou não.

Um Plano de Saúde, en-tão, nada mais é do que o re-sultado do planejamentodaquilo que foi feito num de-terminado período e, para sereficiente, deve estar o mais

próximo possível da realida-de do município.

O QUE É NECESSÁRIOSABER?

Através da consulta aosistema de informação de seumunicípio, uma pessoa deveser capaz de obter dados tan-to de caráter geral (populaçãoe como ela está constituídaquanto a idade, sexo, esco-laridade, renda e condiçõesde habitação, atividades eco-nômicas, se existe água tra-tada e rede de esgoto)quanto específicos da área desaúde (doenças mais fre-qüentes ou mais perigosas,recursos financeiros disponí-veis, quantidade de profissi-onais atuando na área,número de postos, centros desaúde, leitos e hospitais nomunicípio).

Pa rece d i f í c i l obte rtantas informações, masnão é, pois todas elas po-dem ser encontradas na Pre-f e i tu ra Mun ic ipa l , quereúne também dados ofere-cidos por vários outros ór-gãos, como o IBGE e oMinistério da Saúde. Exis-tem ainda vários sistemasdesenvolvidos pelo SUS,que também podem ser con-su l t ados pe l a Inte rne t(www.datasus.gov.br), bemcomo redes de informaçãode caráter nacional.

O que se deve ter sem-pre em mente é que, por se-rem importantes ferramentasde trabalho para a gestão dasaúde, os dados precisam re-fletir a realidade, precisam

estar corretos. Disparidadesou erros encontrados nos sis-temas de informação devemser comunicados e corrigidos,pois além de prejudicarem asações municipais afetam nega-tivamente as ações de âmbitoestadual. Os Conselhos tambémpodem enviar dados à Secre-taria de Saúde, que se encar-regará de investigá-los.

DA INFORMAÇÃO À AÇÃO– A ATENÇÃO BÁSICA –

Falar em Atenção Básica éfalar de ações cujo objetivo émelhorar a saúde das pessoas pelapromoção (condição de lazer, sa-neamento, educação), prevenção(vacinação, aleitamento mater-no), tratamento e reabilitação.Estas ações precisam ser plane-jadas em estreita sintonia coma realidade da população a quese destinam, para terem bonsresultados. Por esse motivo,com a descentra-lização da saú-de, o município, através do Sis-tema Municipal de Saúde – SMS,acaba sendo o principal res-ponsável pela organizaçãodeste nível de atenção.

A idéia por trás daAtenção Básica é que,em matéria de saúde,prevenir as doenças ésempre mais seguro e maiseconômico e é certo que, se aAtenção Básica estiver bem or-ganizada, cerca de 90% dos pro-blemas de saúde da populaçãoestarão resolvidos.

O PRIMEIRO PASSOObter informações que

possibilitem o conhecimen-to profundo do município é,

portanto, o primeiro passono planejamento das açõesde Atenção Básica. É precisobuscar nos sistemas de infor-mação o número de famílias,de moradores, como estãodistribuídos bairros e comu-nidades, onde ocorrem doen-ças específicas e como estãoorganizados os serviços deatenção à saúde no local.Além disso, é preciso conhe-cer as pessoas e o jeito deser da comunidade.

Dois programas, de ca-ráter municipal, foram cria-dos pelo Ministério daSaúde paraservirem

InformaçãoOnde buscar? Como utilizar?

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ALGUNS DOS SISTEMAS E REDESDE INFORMAÇÃO DISPONÍVEIS

Todos os sistemas e redes apresentados podem ser facil-mente acessados pelo site do Ministério da Saúde(www.saúde.gov.br), na seção ‘Informações em Saúde’. As in-formações também podem ser obtidas diretamente nas prefei-turas municipais, estando acessíveis a todo cidadão brasileiro.

! SINASC (Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos)Informa o número de nascidos vivos, as características da mãe, doparto e da criança ao nascer. Faz parte do cálculo da taxa de mor-talidade infantil, cujo denominador é o número de nascidos vivos.

! SINAN (Sistema Nacional de Agravos de Notificação)Informa quais as doenças de notificação (diarréias, dengue,malária, meningite etc) que estão ocorrendo, qual a idade e sexodas pessoas e em que localidade estão acontecendo.

! SISVAN (Sistema de Informações de Vigilância Alimentar eNutricional)Informa as características das crianças, na faixa etária de 0 a 5anos e das gestantes, identificando, inclusive, o número de ges-tantes desnutridas.

! SIAB (Sistema de Informações de Atenção Básica)Informa, na área dos programa ‘Agentes Comunitários de Saúde’e ‘Saúde da Família’, o número de nascidos vivos, número decrianças menores de dois anos pesadas e vacinadas, as gestantescadastradas, número de hipertensos, diabéticos, hansenianos etuberculosos, o número de visitas domiciliares, internações do-miciliares e o número de consultas realizadas por médicos e en-fermeiros.

! SIA/SUS (Sistema de Informações Ambulatoriais)Informa a capacidade instalada do seu município, isto é, o nú-meros de postos de saúde, policlínicas, maternidades, pronto-socorros, consultórios médicos e odontológicos, entre outros.Informa também a produção ambulatorial, ou seja, os procedi-mentos realizados.

! SIH/SUS (Sistema de Informações Hospitalares)Informa o número de hospitais existentes, sua capacidade emnúmeros de leitos, o tempo médio de permanência do pacienteno hospital, quantos são públicos ou credenciados ao SUS. É osistema que processa as Autorizações de Internações Hospitalares(AIH´s), disponibilizando informações sobre os recursos destina-dos a cada hospital que integra o SUS, as principais causas deinternação (parto normal, insuficiência cardíaca, cesarianas etc).

! SIM (Sistema de Informações sobre Mortalidade)Informa o número de óbitos ocorridos no município e no Estado,a causa determinante da morte, por idade, sexo e localidade.Subsidia o cálculo da taxa de mortalidade infantil, mortalidadematerna, entre outros.

! RIPSA (Rede Interagencial de Informações para a Saúde)Disponibiliza dados básicos, indicadores e análises de situaçãosobre as condições de saúde e suas tendências no país, paramelhorar a capacidade de formulação, coordenação, gestão eoperacionalização de políticas e ações públicas dirigidas à quali-dade de saúde e de vida da população.

! RNIS (Rede Nacional de Informações em Saúde)Integrada na Internet, promove acesso e intercâmbio de infor-mações em Saúde para gestão, planejamento e pesquisa paragestores, agentes e usuários do SUS. (www.rnis.saude.gov.br)

de modelo de Atenção Bási-ca. O primeiro deles, surgidoem 1991, é o Programa deAgentes Comunitários deSaúde (PACS), no qual mora-dores das próprias comunida-des são selecionados etreinados para, através de vi-sitas domiciliares, levantardados sobre condições devida da população da áreaonde atuam e orientar sobrequestões relacionadas à saú-de. O segundo, cujas primei-ras equipes foram formadasem 1994, é o Programa Saú-de da Família (PSF).

UMA EXPERIÊNCIAPROMISSORA

O Programa de Saúde daFamília, considerado modelo

de Atenção Básica, surgiucom o propósito de

substituir o modelotradicional

de atenção à saúde e estásendo posto em prática porcerca de 1.300 dos 5.507 mu-nicípios do país.

No programa, equipesconstituídas por médicos,enfermeiros, auxiliares deenfermagem e agentes co-munitários de saúde, ficamresponsáveis por visitar re-gularmente entre 600 e 900famílias de uma determina-da comunidade. Durante asvisitas, é feito atendimen-to médico, quando necessá-rio, e levantamento de da-dos sociais, demográficos eepide-miológicos, Além dis-so, são identificadas doen-ças e situações de risco àsaúde às quais está expos-ta a população atendidapara que equipe e comuni-dade possam traçar, emconjunto, estratégias paraa solução dos problemas.Isso significa um trabalhoglobal, que trata a famíliacomo um todo e não de for-ma fragmentada (separandocrianças, idosos e gestan-tes) e observa atentamen-te o modo de vida dos mo-rado res da casa e suas

relações com o ambien-te para propor açõeseducativas que melho-rem as condições devida no local.

Existem muitas for-mas de os municípiostratarem a Atenção Bá-sica. O importante éque os Conselhos deSaúde têm o poder de

exigir dos gestores a cri-ação de programas que te-nham este objet ivo. Nocaso do PSF e do PACS, é pre-ciso entrar em contato coma Secretaria Estadual de Saú-de, lembrando que o Minis-tério da Saúde faz ainda umrepasse de recursos, a títu-lo de incentivo, para osmunicípios que implan-tam os programas.

Página 8 Julho de 2001 Súmula 81

A Legislação Federal e Estadual do SUS estabelece,

no Art. 196: “A saúde é direi-to de todos e dever do Estado,garantido mediante políticassociais e econômicas que vi-sem à redução do risco de do-ença e de outros agravos e aoacesso universal e igualitárioàs ações e serviços para suapromoção, proteção e recupe-ração”. Aos municípios cabe ocumprimento desta e de todasas leis aprovadas. Inseridos naproposta da Atenção Básica,todos os municípios devempromover condições de saúde,

lazer, saneamento, oferecertratamento médico e hospita-lar, organizar estratégias devacinação, aleitamento mater-no, entre outras medidas.

Cientes de que são de re-levância pública as ações e ser-viços de saúde, as cidades têma responsabilidade de atuarjunto aos grupos e fatores derisco comportamentais, ali-

mentares e ambientais a fimde prevenir o aparecimento dedoenças ou quaisquer outrosdanos à saúde. Para tal, con-tam com a atuação da Vigilân-cia Sanitária e Epidemiológicaem conjunto com outros ór-gãos governamentais comoSecretarias de Educação, MeioAmbiente e Fundação Nacionalde Saúde.

AS SECRETARIASSegundo a Legislação, é

da competência das Secretari-as de Vigilância Sanitária pla-nejar ações capazes deeliminar, diminuir ou prevenir

riscos à saúde e intervir nosproblemas sanitários de-

correntes do meio am-biente, da produção ecirculação de bens e

da prestação deserviços de interesseda saúde. Às Secretarias deVigi lância Epidemiológicacompetem atençãoe conhecimentopara deter ou pre-venir quaisquer mudançasnos fatores determinantes econdicionantes de saúde indi-vidual ou coletiva, com a fi-nalidade de recomendar eadotar medidas de prevençãoe controle das enfermidades.

Devidamente capacitadose organizados, os municípiosdevem ainda investigar os ca-sos de doenças de notificaçãocompulsória, como a dengue,e implementar procedimentosque venham interromper a ca-deia de transmissão. Outrosprocedimentos a serem im-plantados são o controle de

endemias e as açõeseducativas que visam contro-lar a qualidade de produtose serviços, especialmente dealimentos, de serviços desaúde e da água para consu-mo, proporcionando à popu-lação uma vida saudável elivre de doenças.

GESTÃO PLENAPara que o Município pos-

sa fazer a organização do Sis-tema de Saúde, precisahabilitar-se na Gestão Plena daAtenção Básica segundo a Nor-ma Operacional Básica –NOB 96. Esta vem tratar,entre vários itens re-ferentes à saúde,

das obrigações do gestor mu-nicipal, dos requisitos básicospara as modalidades de gestãoe das prerrogativas que facili-tam o seu desempenho. A par-tir daí, o gestor municipalpoderá, assim, prover a aten-ção à saúde, com a devida co-

AÇÕES E SERVIÇOS DE SAÚDE

Gestão do SUSResponsabilidade dos municípios

operação técnica e financeirada União e dos estados, carac-terizando um processo detransformação profunda noqual se desloca o poder – querepresenta a gestão, as atri-buições e decisões – para umnível mais local do Sistema.

EXIGÊNCIAS DA LEIA NOB 96 estabelece um

objetivo claramente definido:“Promover e consolidar o ple-no exercício, por parte do po-der público municipal e doDistrito Federal, da função degestor da atenção à saúde de

seus municípios”. Des-ta forma, um municí-pio encontra-sehabilitado quandoos compromi s sos

assumidos por partedo gestor perante os

outros gestores e peran-te a população são cumpri-

dos segundo as exigências dalei do SUS, ou seja, de criare fazer funcionar o Conselhoe o Fundo Municipal de Saú-de e de elaborar o Plano Mu-nicipal de Saúde.

No Estado do Rio de Ja-neiro, por exemplo, dos 91municípios, 79% estão habi-litados em uma das modali-dades de gestão, denominadaPlena da Atenção Básica —GPAB, e 21%, na Gestão Plenado Sistema — GPS, já preco-nizados pela NOB 96, sendoque 71% da população estáconcentrada em municípios ha-bilitados nesta última modali-dade de gestão, o quecorresponde a cerca de 10 mi-lhões de habitantes.

Súmula 81 Julho de 2001 Página 9

Os Conselhos de Saúde, sejam estaduais, municipais

ou do Distrito Federal, podematuar na formulação e contro-le da execução da política desaúde, incluídos seus aspectoseconômicos, financeiros e degerência, traçar diretrizes deelaboração e aprovar os pla-nos de saúde. Devem aindapropor a adoção de critériosque definam qualidade e me-lhor resolução do sistema desaúde, entre outras recomen-dações do Conselho Nacionalde Saúde, com base na Consti-tuição Federal, na Lei Orgâni-ca da Saúde (Lei nº 8.080/90)e na Lei nº 8.142/90. Paraque isso se cumpra, é neces-sário planejamento e análiseconstante.

Um bom planejamento re-quer preparação, interação en-tre grupos que tenhaminteresses diversos, organi-zação de ações e aspectos decomunicação e conhecimen-to da realidade de um oumais assuntos. Tendoestes pressupostos emmente, os conselheiros

devem se mantersempre informa-dos sobre como asaúde está sendoorganizada no seumunicípio.

É preciso, para isto, fa-zer um levantamento dos pla-nos de saúde que chegam aoConselho e identificar os pro-blemas apresentados e se es-tão relacionados com as causaspelas quais os indivíduos ado-ecem e morrem, com os locais

onde aparecem, com as pesso-as que estão sendo atingidas.É preciso também que se co-nheça quais são os recursos fi-nanceiros, humanos e físicosprevistos para combater deter-minados problemas.

No exercício de uma desuas atribuições, que é “fisca-lizar e acompanhar o desenvol-vimento das ações e serviçosde saúde”, os conselheiros pre-cisam visitar com freqüênciaos serviços de saúde, pois sóassim poderão atestar se es-tes funcionam ou não e se es-tão atendendo realmente àpopulação. Para completar suaação, é necessário que conhe-çam as lideranças e organiza-ções populares, aval iemperiodicamente os indicadores

da Atenção Básicaprior izados pelomunicípio, peçam à

Secretaria Municipalde Saúde dados refe-rentes às ações reali-zadas, uti l izem asinformações recebi-das que venham su-gerir modificações ealterações e apre-sentem idéias epropostas.

Em suma, agarantia da quali-dade no sistemade saúde requer,entre vários ou-tros fatores, aparticipação efe-tiva dos Conse-

lheiros de Saúde, que precisamdefinir:1. As prioridades da popula-

ção;2. Como e quando fazer um

planejamento;3. Como controlar e avaliar os

serviços de saúde.

O QUE UM CONSELHEIRO MUNICIPALDE SAÚDE PRECISA SABER?

Quem nunca precisou de uma simples consulta médica oumesmo de uma internação? Por isso, os Conselhos Municipaisde Saúde se organizam de forma a conferir e exigir dos municí-pios o cumprimento de suas responsabilidades, ou seja, de criarplanos de saúde que atendam às necessidades do indivíduo eda sua família. Desta forma, precisam tomar conhecimento so-bre o que está sendo feito ou planejado, garantindo a qualida-de no sistema. Todo Conselheiro de Saúde precisa saber:

1 – Se todos os bairros de seu município possuem serviço deAtenção Básica funcionando de forma satisfatória;

2 – Quais são as ações e serviços de Atenção Básica à saúdeque estão sendo desenvolvidos;

3 – Se existe Programa de Agentes Comunitários de Saúdeimplantado e que parcela da população abrange;

4 – Se existe o Programa de Saúde da Família implantado equal a cobertura;

5 – Se a população tem acesso aos exames necessários narotina da Atenção Básica;

4 – Quais são os serviços de urgência e emergência disponí-veis e as principais dificuldades de acesso aos serviçosmais complexos;

5 – O número de unidades de saúde e sua localização no mu-nicípio, sejam policlínicas, postos, centros de saúde, uni-dades de coleta de transfusão de sangue, unidades dereabilitação e fisioterapia, unidades de odontologia, hos-pitais ou laboratórios;

6 – O número de profissionais de saúde por especialização;

7 – O número de leitos por clínica, tanto médica, pediátrica,cirúrgica e obstétrica, que o município tem disponívelpara o Sistema Único de Saúde – SUS;

8 – Se os serviços estão devidamente organizados;

9 – Quem autoriza e controla as internações e se existe cen-tral de marcação de consultas, exames e internações;

10 – De que maneira está organizada a distribuição de medica-mentos no município;

11 – De que maneira a população avalia a qualidade dos servi-ços de saúde, tanto ambulatoriais quanto hospitalares;

12 – Se a Vigilância Sanitária está implantada e atuante;

13 – De que maneira o município encaminha a sua populaçãopara os municípios de referência quando necessita de al-gum serviço não disponível, seja rotineiro ou não;

14 – E se existe alguma ação diferenciada na região ou planode saúde criado pelo próprio município.

Em busca de um sistema eficiente, muitos municípios têmse organizado através de equipes especializadas na AtençãoBásica, implantando os programas modelos do Ministério daSaúde – “Saúde da Família” e “Agentes Comunitários da Saúde”.

Análise de planejamento na saúde

Página 10 Julho de 2001 Súmula 81

O orçamento municipal pre- tende mostrar de onde pro-

vêm e para onde serão designa-dos os recursos da saúde pormeio da participação de todosos segmentos da sociedade. Po-demos defini-lo como um proces-so pelo qual se elabora, seexpressa, se aprova, se executa ese avalia o nível de cumprimentodo programa do governo para cadaperíodo orçamentário.

Esta atuação tem comoobjetivo garantir o cumprimen-to das ações e serviços que aten-dam às necessidades dapopulação. Desta forma, qual-quer cidadão pode ter acesso aele e, se for preciso, questioná-lo junto aos órgãos responsáveis.

Para não deixar nenhumadúvida pairar no ar quanto aosgastos do município, sobretudoem relação à saúde, o prefeitode Icapuí, cidade localizada nolitoral de Aracati – CE, optou poruma alternativainusitada e

criativa: pintou oorçamento no muroda sua casa. Esta ação,possível em uma cidade queabriga quase 17 mil habitantes,onde a maioria circula pelo mes-mo espaço e passa quase sem-pre em frente à residência doprefeito, se tornaria inviável emmunicípios mais populosos. Noentanto, todos eles devem apre-sentar seus orçamentos e torná-los acessíveis à população.

Como toda ação pública, taliniciativa precisa de um detalha-do planejamento antes de serexecutado. Devem ser levanta-das questões como:

1. Em que, para que e por quese pretende gastar determi-nada quantia?

2. Que segmentos da saúde uti-lizarão o dinheiro disponível?

3. De que maneira o municípioobterá os devidos recursos?

Esta elaboração somentepode acontecer, desnecessáriodizer, mediante respaldo legal.

PLANOS E MEDIDASDE ORÇAMENTO

Segundo a ConstituiçãoBrasileira, o Poder Executivodeve elaborar leis para o PlanoPlurianual, as Diretrizes Orça-mentárias e os Orçamentos anu-ais, que são subsídios para queos municípios possam efetuar oplanejamento e execução do seuorçamento.

O Plano Plurianual – PP –contém informações sobre obrase demais investimentos que se-rão realizados. Este tem durabi-lidade de quatro anos e deve serelaborado logo no primeiro anoda gestão, para ser executadonos três anos seguintes até o pri-meiro ano da nova gestão. A Lei

de Diretrizes Orçamentárias –LDO – contém regras para a ela-boração do orçamento que deveser produzido pelo Poder Execu-tivo a partir de abril do primeiroano e encaminhado até final dejunho ao Poder Legislativo paraque possa ser aprovado. Atravésda LDO, são garantidos os recur-sos necessários para o desenvol-vimento das ações de saúde. Jáos orçamentos anuais são ela-borados pelo Poder Executivo apartir de julho e encaminhadosao Poder Legislativo até o finaldo mês de setembro, que deveaprová-los até o final da primeiraquinzena de dezembro.

DE ONDE PROVÊMOS RECURSOS DA SAÚDE

Para atender a todas as ne-cessidades de saúde da popula-

ção e tentar cumprir comsuas obrigações, os mu-

nicípios recebem men-salmente do GovernoFederal uma quantia

fixa para a Atenção Bá-sica (o Piso da Aten-ção Básica – PAB),que representa emtorno de R$ 10,00

por habitante ao ano.O PAB fixo é pago por meio

do Fundo Municipal de Saúde.O PAB reúne todo o dinhei-

ro da saúde em um só lugar etem que estar previsto, sobre-tudo, no Plano de Saúde. Paragarantir ainda o uso adequadodo piso, a gestão municipal pre-cisa efetuar a prestação de con-tas e apresentar o relatório degestão com a aprovação do Con-selho de Saúde.

Há ainda um valor repas-sado pelo governo que varia se-gundo algumas necessidades domunicípio, denominado comoPAB variável. Em caso de ter nacidade agente comunitário con-tratado, o município recebe do

ORÇAMENTO MUNICIPAL

Ministério da Saúde aproximada-mente R$ 2.200,00 por agente/ano para que possa garantir osalário do funcionário designa-do para a função. Já para cadaequipe do Programa de Saúde daFamília, o município recebe maisou menos R$ 36.000,00 por ano.Para a compra de remédio, esterecebe R$ 2,00 por ano para cadaindivíduo. Se o município apre-sentar um plano para o combateà desnutrição, receberá em mé-dia R$ 180,00 por ano para cadacriança desnutrida. Por fim, parao incentivo à vigilância sanitá-ria básica, o município recebeR$ 0,25 por habitante/mês.

O Ministério destina, ain-da, verba para custear assis-tência especializada (comointernações em hospitais mu-nicipais próprios), exames delaboratório, de Raio X, Ultra-sonografia e consultas e tambémpara convênios voltados para in-vestimentos, reformas, constru-ções e combate às doenças maiscomuns na região – a exemploda dengue e da malária – ou mes-mo para acordos de cooperação,integração e intercâmbio cien-tífico e tecnológico.

Vale ressaltar que os recur-sos liberados aos municípiospara ações da saúde são retira-dos dos impostos que a popula-ção paga e das comprasefetuadas, já que em todos osprodutos e serviços são taxadosimpostos. Arrecada-se, porexemplo, dos impostos tributá-rios, como o Imposto Predial eTerritorial Urbano – IPTU, o Im-posto sobre Serviços – ISS, oImposto sobre a Propriedade deVeículos Automotores – IPVA eo Imposto sobre Circulação deMercadorias e Serviços – ICMS. Háainda a tributação sobre transfe-rências de fundos monetários epagamento de cotas únicas, en-tre outros similares.

RecursosDe onde vêm? Para onde vão?

Súmula 81 Julho de 2001 Página 11

11A CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE

Logo na apresentação destaSúmula, dissemos que existe

uma grande distância entre pro-jeto e realidade, distância estaque só pode ser vencida com mui-ta reflexão, com a participaçãode todos e com controle socialefetivo. O relatório final da 11a

Conferência Nacional de Saúde,realizada em dezembro de 2000,na qual estiveram presentes cer-ca de 2500 delegados de todo opaís, ressalta os avanços alcan-çados desde o início da implan-tação do SUS sem, no entanto,deixar de apontar as deficiênciasque ainda precisam ser superadas.

Diversas propostas foram fei-tas com o objetivo de melhorar aqualidade e ampliar a extensão docontrole social, tais como:

! Aumentar a representatividadedos conselheiros, criando me-canismos que garantam quesuas ações nos conselhos es-tejam de acordo com a vonta-de da coletividade que elesrepresentam;

! Criar Conselhos Municipais eEstaduais de Cidadania, inte-grados por representantes dosdiferentes conselhos que tra-tam de políticas sociais;

! Observar a obrigatoriedade daexistência de ConselhosGestores em todas as unidadese serviços de Saúde;

! Implantar efetivamente os Or-çamentos Participativos,como forma de au-mentar ad i scussãodas políticaspúblicas;

! Instaurar novos instrumentosde controle social do tipoouvidorias ou “Disque-SUS”,para receber e tratar de denún-cias de cidadãos sobre os ser-viços de saúde;

! Aperfeiçoar leis e regulamentosreferentes ao controle social.

Outro ponto importante foio reconhecimento da necessida-de de maior capacitação para osconselheiros e até mesmo parausuários do SUS, com ênfase nocontrole social e na participaçãocidadã. A idéia é que, a partir daarticulação entre a Universidade,os serviços de saúde, as Secreta-rias de Saúde e outros segmentossociais, e com o usodas TVs educativase da educação àdistância,

A sociedade e os ConselhosCríticas e Sugestões

sejam criados periodicamente cur-sos de formação de conselheiros.O esclarecimento da população,por meio de cartilhas e campa-nhas nacionais, sobre o papel, asfunções e as ações dos Conselhosde Saúde foi considerado funda-mental para seu fortalecimentoe para a possibilidade detransformá-los no elemento deligação ideal entre o cidadão e oMinistério Público, no que diz res-peito por um lado ao recebimentode denúncias dos usuários e por ou-tro ao encaminhamento de açõese serviços junto à sociedade.

Também ficou explícita ademanda nas áreas de comunica-ção e informação. Neste âmbito,

há três sugestõesprincipais:

1. Que cada conselho tenha seupróprio veículo de comunica-ção, com suporte técnico ga-rantido pelos gestores, e umcomputador ligado à Internet,para a constituição de umarede acessível a todos;

2. Que a mídia, inclusive a gran-de imprensa, seja usada inten-sivamente para a valorizaçãodo controle social junto à so-ciedade;

3. Que sejam criados canais per-manentes de comunicação en-tre os Conselhos e o MinistérioPúblico.

O relatório também mostraque é preciso fortalecer as ações eserviços de atenção básica para queeles sirvam de porta de entrada dosistema de saúde. A grande críticaé sobre a descontinuidade dessesprogramas em função da mudan-

ça de gestores, gerando conse-qüentemente a reivindicação

por mecanismos que garan-tam a continuidade deprojetos que tragam bene-fícios comprovados à popu-lação.

O relatório da 11a Con-ferência Nacional de Saúdeestá disponível na íntegra em:www.datasus.gov.br/cns.

Página 12 Julho de 2001 Súmula 81

EXPEDIENTEEXPEDIENTE

SÚMULA é um órgão oficial da Fun-dação Oswaldo Cruz, editado peloPrograma Radis (Reunião, Análise eDifusão de Informação sobre Saúde),da Escola Nacional de Saúde Pública(Ensp).

Periodicidade: bimestralTiragem: 42 mil exemplaresAssinatura: Grátis, em conjunto com

as revistas TEMA e DADOS.Presidente da Fiocruz: Paulo BussDiretor da Ensp: Jorge Bermudez

PROGRAMA RADISCoordenador: Rogério Lannes RochaEditor: Caco XavierRedação: Ana Beatriz de Noronha,

Daniela Sophia e Katia Machado(reportagem e redação), AristidesDutra (projeto gráfico) e ValériaMonteiro

Administração: Teresa Oliveira, LuisOtávio e Vanessa Santos

Endereço: Av. Brasil, 4036 / sala 515– CEP 21040-361 – Manguinhos– Rio de Janeiro. Telefax (021)260-7979

E-Mail: [email protected]

Esta SÚMULA Especial foi produzidabaseada nos textos das duas Cartilhasde Conselheiros(as) de Saúde,publicadas pela Secretaria de Esta-do de Saúde de Mato Grosso/Con-selho Estadual de Saúde, comoparte do Projeto de Capacitação deConselheiros(as) de Saúde e Soci-edade Civil Organizada. O projetofoi realizado em conjunto com o Gru-po de Saúde Popular (GSP) e com oapoio do Instituto de Saúde Coletiva(ISC-UFMT); Instituto Pastoral deEducação e Saúde Popular (IPESP);Fundação de Saúde de Cuiabá (FUSC);Conselhos de Secretários Municipaisde Saúde - MT (COSEMS). Secretáriode Saúde de Mato Grosso: JúlioMuller; Presidente do Grupo de Saú-de Popular (GSP): Erivã GarciaVelasco.

TEMA ASSEMBLÉIAMUNDIAL DE SAÚDE

A próxima publicação temática do Programa Radis, prevista

para o mês de setembro, reporta-rá as discussões e propostas da 54a

Assembléia Mundial de Saúde, pro-movida pela Organização Mundialde Saúde (OMS) e realizada emmaio deste ano. Partindo dos gran-des eixos temáticos da Assembléia(alimentação de lactantes, desnu-trição, combate à aids e outras do-enças sexualmente transmissíveis,luta contra o tabagismo, alertamundial acerca de epidemias,acesso a medicamentos e outros),a Tema delineará as relações coma realidade nacional, atendendo àcrescente necessidade de uma vi-são panorâmica, precisa e críticaacerca da qualidade de vida e saú-de dos brasileiros.

Esta edição especial daSúmula marca uma mudança pro-funda no Radis, na sua forma deorganização interna, na sua ca-pacidade de traduzir as iniciati-vas e demandas vinculadas aosistema de saúde e às crescentesnecessidades da população. Mu-danças que trarão ganhos enor-mes para seus leitores.

Em 19 anos de existência,o Radis passou por importan-tes transformações, que busca-vam acompanhar a conjunturado País e do setor saúde emparticular. Como instituiçõesumbilicalmente ligadas à saúdee à melhoria das condições devida de nossa população, a Esco-la Nacional de Saúde Pública e aFiocruz procuraram sempre fazerdo Radis um veículo não apenasde criação de consciência paramudanças, mas fundamentalmen-te um instrumento capaz de re-conhecer e dar voz à sociedadeorganizada e aos atores sociaisque passaram a gerenciar o sis-tema de saúde do País.

É com um sentimento deorgulho por ter conseguido con-tribuir com todo este processo quepela primeira vez nestas páginasme permito escrever na primeirapessoa do singular, na medida emque vivo esta mudança no mes-mo momento em que deixo de serum membro desta equipe. Estoudeixando a Coordenação e a Edi-ção do Radis para assumir novastarefas na Vice-Presidência de De-senvolvimento Institucional, In-formação e Comunicação da Fun-dação Oswaldo Cruz, convocadopara contribuir no conjunto deatividades da Fiocruz na área dainformação e da comunicação.Sair do Radis é uma decisão mui-to difícil de ser tomada.

Para quem passa 14 anoscomo repórter, redator, editor eCoordenador deste Programa émais difícil ainda. Nestes anos,o Radis alterou sua linguagem,redesenhou sua equipe para darconta do desafio de traduzir paraa sociedade as especificidades dasquestões que cercam o setor saú-de, informatizou suas instalações,cresceu em credibilidade e respei-

to junto às mais variadas áreas,além de dinamizar a coberturados eventos que elegia como im-portantes para seus leitores.

Agradeço profundamente aoconjunto de dirigentes da Ensp eda Fiocruz que confiaram a mima coordenação desta equipe portantos anos, aos amigos e com-panheiros da Fiocruz que nuncafaltaram com seu estímulo, críti-cas e sugestões; aos nossos lei-tores que em tantas oportunida-des e embates nos fizeram respi-rar fundo e continuar este traba-lho e à equipe que tive a oportu-nidade de coordenar, sem a qualnada disso teria sido realizado.

Estou descobrindo agoraque mais difícil que decidir sairdo Radis está sendo conseguir medespedir. Há uma parábola quefala da existência de pessoas quese encontram em determinadomomento da vida, se identificamprofundamente e depois se sepa-ram. Quando há esta grande iden-tificação, entretanto, diz a pará-bola que estas pessoas estão se-paradas só aparentemente. Aintegração entre elas, o carinho,o respeito, a admiração, a trocade valores de um e de outro, en-fim, o que um aprende com ooutro, acaba fazendo com queparte de cada um siga com o ou-tro para sempre. Logo, a separa-ção é apenas aparente, pois osdois estão um com o outro parao resto de suas vidas, levandoconsigo justamente o que o ou-tro tem de melhor.

Esta parábola me serve deconsolo e alivia a perda de sair doRadis e deixar o convívio diáriocom quem fica. Saio com a sensa-ção de estar deixando um poucode mim por aqui e carregando co-migo o que vivi e aprendi no Radis,representado por tudo o que cons-truímos como equipe, como pro-fissionais, como servidores públi-cos e, mais que tudo, como cida-dãos. Precisa falar mais?

Álvaro Nascimento

EX-COORDENADOR E EDITOR

DO PROGRAMA RADIS/ENSP/FIOCRUZ

(alvaro@presidência.fiocruz.br)

MESTRADO E DOUTORADOMESTRADO E DOUTORADOMESTRADO E DOUTORADOMESTRADO E DOUTORADOMESTRADO E DOUTORADOEM SAÚDE PÚBLICAEM SAÚDE PÚBLICAEM SAÚDE PÚBLICAEM SAÚDE PÚBLICAEM SAÚDE PÚBLICA

Ligação gratuita: 0800-230085Tel.: (21) 2598-2557; Fax: (21) 2598-2727E-mail: [email protected] page: http://www.ensp.fiocruz.br

A Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp) já está divulgandoseus programas de mestrado e doutorado em Saúde Pública para oano que vem. As inscrições poderão ser efetuadas de 20 de agostoa 5 de outubro de 2001. Mais informações sobre os cursos: Secre-taria Acadêmica da Ensp/Fiocruz, rua Leopoldo Bulhões, 1480,sala 317, Rio de Janeiro, RJ. CEP 21041-210.

FIOCRUZ

ENCONTRO NACIONALDE EDUCAÇÃO POPULAR

E SAÚDE

A Rede de Educação Popular e Saúde (Elos/Fiocruz) está pla-

nejando com muito carinho o IIEncontro Nacional, que se realizaem Brasília, de 6 a 9 de agosto. OEncontro, que acontece em con-junto com o II Seminário sobreEducação e Saúde no Contexto daPromoção da Saúde, tem comoobjetivos mapear os caminhos eperspectivas para o campo da edu-cação e saúde, discutindo práti-cas e teorias nos movimentos po-pulares e nos espaços da saúde .

O Radis estará lá, participan-do do Encontro e realizando co-bertura jornalística.

Mais informações sobre o En-contro pelo fax: (61)2747022 oupor e-mail: [email protected].

Aos leitores