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Constitucional - OAB 2 Fase Teoria e Modelos - Cristiano Lopes -2013

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ISBN 978-85-02-19763-3

Lopes, CristianoDireito constitucional / Cristiano Lopes – São Paulo : Saraiva, 2013. – (Coleção passe na OAB 2ª fase : teoria & modelos /

coordenação Marcelo Hugo da Rocha)1. Direito constitucional 2. Direito constitucional - Brasil I. Rocha, Marcelo Hugo da. II. Título. III. Série.

CDU-342(81)

Índices para catálogo sistemático:

1. Brasil : Direito constitucional 342(81)

Diretor editorial Luiz Roberto CuriaGerente de produção editorial Lígia Alves

Editor Roberto NavarroAssistente editorial Thiago Fraga

Produtora editorial Clarissa Boraschi MariaArte, diagramação e revisão Know-how Editorial

Serviços editoriais Elaine Cristina da Silva e Vinicius Asevedo VieiraCapa Guilherme P. Pinto

Produção gráfica Marli RampimProdução eletrônica Know-how Editorial

Data de fechamento da edição: 30-01-2013

Dúvidas?Acesse www.saraivajur.com.br

Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem aprévia autorização da Editora Saraiva. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido naLei n. 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.

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AGRADECIMENTOSSou mais um, entre outros sujeitos sociais, representando um conjunto de ideias, palmilhando

cada conquista. Como não deixar de agradecer a todas as vozes que contribuíram primária ousecundariamente na construção deste livro.

Agradeço, em primeiro lugar, aos meus queridos alunos, pelo carinho que demonstram pormim.

Às minhas queridas amigas Bianca Galindo e Maíra Kerstenetzky, que me ajudaram nestetrabalho; suas ideias e execuções foram fundamentais.

À Professora Estefânia Rocha, pelo afeto, amizade e incentivo, no decorrer desses últimosanos.

Ao Curso Cejus, de forma especial aos meus queridos Pedro Barreto, César Tavolieri eFabio Vasconcelos, pela amizade e confiança em mim depositadas.

Ao Curso Agora Eu Passo, em especial aos queridos Emerson Castelo Branco, RafaelSaldanha e Giuliano Menezes, pessoas probas, íntegras e éticas.

A todos os demais cursos onde leciono, em especial Núcleo Avançado de AperfeiçoamentoJurídico – NAAJ, Espaço Heber Vieira, Jus Decisum, Excelência Concursos, ATF CursosJurídicos, muito obrigado pela consideração, credibilidade, confiança e carinho.

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NOTA DO COORDENADORNossa experiência nos diz que a maior aflição do examinando, desde o momento em que

alcança a aprovação na 1ª fase e começa a se preparar para a 2ª fase do Exame de Ordem,é a questão profissional, à qual deverá responder com a redação de uma “peça”.

Infelizmente, esse problema já aparece quando da inscrição para o exame, na escolha dadisciplina para a 2ª fase da OAB. Pela falta de experiência forense ou pela ausência deconvicção a respeito dos conhecimentos jurídicos adquiridos até aquela ocasião, grande partedos examinandos procura selecionar a disciplina que tem “menos peças” ou as “peças maisfáceis”.

Busca-se neste trabalho, com a larga experiência dos autores, todos destacadosprofessores de conceituados cursos preparatórios, solucionar desde a dúvida inicial na escolhada disciplina até a preparação completa e adequada para alcançar a nota máxima na peçaprofissional.

A coleção Passe na OAB 2ª Fase Teoria & Modelos alcança, de forma didática, todos ospassos de cada peça profissional: a apresentação, as características e os requisitos, bemcomo a competência, os fundamentos mais comuns, a sua estrutura, como identificá-la,questões práticas para ilustrar e, finalmente, o modelo mais apropriado.

Assim, a compreensão está completa na preparação para a 2ª fase da OAB, com as duascoleções: Questões e Peças Comentadas e Teoria & Modelos. Sucesso na aprovação!

Marcelo Hugo da RochaCoordenador

Outras dicas no blog: www.passenaoab.com.br

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SUMÁRIOAGRADECIMENTOS

NOTA DO COORDENADOR

CAPÍTULO I HABEAS CORPUS (HC)1. Apresentação2. Características/Requisitos

2.1. Espécies de habeas corpus2.2. Partes no habeas corpus

3. Como identificar a peça4. Competência5. Fundamentos mais comuns6. Estrutura da peça7. Prova Prático-Profissional

CAPÍTULO II HABEAS DATA (HD)1. Apresentação2. Características/Requisitos3. Como identificar a peça4. Competência5. Fundamentos mais comuns6. Estrutura da peça7. Questão de prova anterior

CAPÍTULO III MANDADO DE SEGURANÇA (MS)1. Apresentação2. Características/Requisitos3. Como identificar a peça4. Competência5. Fundamentos mais comuns6. Estrutura da peça7. Questão de prova anterior

CAPÍTULO IV MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO (MSC)1. Apresentação2. Características/Requisitos

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3. Como identificar a peça4. Competência5. Fundamentos mais comuns6. Estrutura da peça7. Questão de prova anterior

CAPÍTULO V MANDADO DE INJUNÇÃO (MI)1. Apresentação2. Características/Requisitos3. Como identificar a peça4. Competência5. Fundamentos mais comuns6. Estrutura da peça7. Questão de prova anterior

CAPÍTULO VI AÇÃO POPULAR (AP)1. Apresentação2. Características/Requisitos3. Como identificar a peça4. Competência5. Fundamentos mais comuns6. Estrutura da peça7. Questões de provas anteriores

CAPÍTULO VII AÇÃO CIVIL PÚBLICA (ACP)1. Apresentação2. Características/Requisitos3. Como identificar a peça4. Competência5. Fundamentos mais comuns6. Estrutura da peça7. Questão de prova anterior

CAPÍTULO VIII RECLAMAÇÃO CONSTITUCIONAL (RCL)1. Apresentação2. Características/Requisitos

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3. Como identificar a peça4. Competência5. Fundamentos mais comuns6. Estrutura da peça7. Questão de prova anterior

CAPÍTULO IX AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE (ADI)1. Apresentação2. Características/Requisitos3. Como identificar a peça4. Competência5. Fundamentos mais comuns6. Estrutura da peça7. Questão de prova anterior

CAPÍTULO X AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO (ADO)1. Apresentação2. Características/Requisitos3. Como identificar a peça4. Competência5. Fundamentos mais comuns6. Estrutura da peça7. Questão SIMULADA

CAPÍTULO XI AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE (ADC)1. Apresentação2. Características/requisitos3. Como identificar a peça4. Competência5. Fundamentos mais comuns6. Estrutura da peça7. Questão SIMULADA

CAPÍTULO XII ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL (ADPF)1. Apresentação2. Características/requisitos

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3. Como identificar a peça4. Competência5. Fundamentos mais comuns6. Estrutura da peça7. Questão SIMULADA

CAPÍTULO XIII RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL (ROC)1. Apresentação2. Características e requisitos do RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL3. Como identificar um RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL4. Competência5. Fundamentos mais comuns6. Estrutura da peça7. Questão de prova Anterior

CAPÍTULO XIV RECURSO EXTRAORDINÁRIO (RE)1. Apresentação2. Características e requisitos do RECURSO EXTRAORDINÁRIO3. Como identificar um RECURSO Extraordinário4. Competência5. Fundamentos mais comuns6. Estrutura da peça7. QUESTÃO SIMULADA

CAPÍTULO XV RECURSO ESPECIAL (RESP)1. Apresentação2. Características e requisitos do RECURSO ESPECIAL3. Como identificar um RECURSO Especial4. Competência5. Fundamentos mais comuns6. Estrutura da peça7. Questão SIMULADA

CAPÍTULO XVI OUTRAS AÇÕES1. Contestação

1.1. Estrutura da peça

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2. Embargos de declaração2.1. Estrutura da peça

3. Agravo de instrumento3.1. Estrutura da peça

BIBLIOGRAFIA

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CAPÍTULO I HABEAS CORPUS (HC)1. APRESENTAÇÃO

Etimologicamente, a expressão latina habeas corpus deriva dos vocábulos habeas (dehabeo – ter, tomar, andar com) e corpus (corpo), os quais, literalmente, podem significar“tenha o corpo” ou “ande com o corpo”. Segundo Ferreira, “[...] ter corpo, ou tomar o corpo,é uma metáfora, que significa a liberdade de ir e vir, o poder de locomoção, o uso dessaliberdade de locomoção livremente, salvo restrições legais a todos impostasindistintamente”.[1]

O habeas corpus é o mais antigo de todos os remédios e, sem dúvida, o mais importante. Adoutrina apresenta como marco do surgimento desse instrumento, pelo menos nos moldessemelhantes aos da atualidade, a implementação do habeas corpus na Magna Carta de 1215,outorgada pelo rei João Sem Terra, na Inglaterra. No Brasil, tal instituto foi utilizado desde aépoca do império, porém, em nível constitucional, só veio constar explicitamente na CartaMagna de 1891. Em nível infralegal, surgiu no Código de Processo Criminal de 1832.

Conforme estabelece o art. 5º, LXVIII, da CRFB/88: “conceder-se-á habeas corpus sempreque alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdadede locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder”. De forma que o habeas corpus é oremédio constitucional utilizado para garantir o direito de ir, vir ou permanecer do indivíduo.

2. CARACTERÍSTICAS/REQUISITOSO habeas corpus é uma ação penal de conhecimento prevista na Constituição Federal[2] e

de natureza mandamental. A natureza mandamental pode ser ilustrada pela ordem urgente àautoridade, descrita no art. 660, §§ 5º e 6º, do Código de Processo Penal.

O habeas corpus é garantia constitucional que visa a tutelar a liberdade de locomoção. Éuma ação que pode ser impetrada por qualquer pessoa (até mesmo as analfabetas,estrangeiras ou incapazes) em proveito próprio ou de terceiros. Vale ressaltar que a pessoajurídica pode impetrá-la (em favor de pessoa natural). Não obstante, pessoa jurídica não podeconfigurar como paciente em uma ação de habeas corpus.

O Estatuto da OAB, em seu art. 1º, § 1º, dispõe que não se inclui na atividade privativa deadvocacia a impetração de habeas corpus em qualquer instância ou tribunal. Desse modo, nãose exige, do impetrante, capacidade postulatória. O paciente pode ser tanto pessoa maiorquanto menor de idade, pois os menores podem ser ilegalmente apreendidos (restrição aseu direito de locomoção).

2.1. Espécies de habeas corpusDuas são as espécies de habeas corpus garantidas pelo art. 5º, LXVIII da Constituição

Federal: habeas corpus repressivo e habeas corpus preventivo. O habeas corpus repressivoou liberatório tem o objetivo de afastar o constrangimento ilegal à liberdade de locomoção jáexistente, visando a eliminar a coação àquela pessoa que se encontra presa por ilegalidade ouabuso de poder. Quando prestado, expede-se um alvará de soltura e o preso é posto emliberdade, nos termos do art. 660, § 6º, do CPP. Já habeas corpus preventivo oususpensivo é a modalidade na qual não há uma ameaça atual e concreta à liberdade delocomoção do paciente, mas sim uma situação de iminência de sofrer uma violência ou coaçãona sua liberdade ambulatória por ilegalidade ou abuso de poder. Concedido o remédio,expede-se um salvo-conduto, nos termos do art. 660, § 4º, do CPP, e, por meio deste, o

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paciente recebedor do remédio fica impedido de ser privado de sua liberdade.

2.2. Partes no habeas corpusQualquer pessoa física que se achar ameaçada de sofrer lesão a seu direito de locomoção

tem direito de fazer um pedido de habeas corpus. Essa pessoa é chamada de “paciente” noprocesso. O acusado de ferir seu direito é denominado “coator”. O autor da açãoconstitucional de habeas corpus recebe o nome de impetrante; o indivíduo em favor do qualse impetra, paciente (podendo ser o próprio impetrante); e a autoridade que pratica ailegalidade ou abuso de poder, autoridade coatora ou impetrado.[3]

São partes no habeas corpus

Impetrante Quem “entra” com o habeas corpus.

Paciente Pessoa beneficiada pelo habeas corpus (pode ser o impetrante ou não).

Impetrado ou autoridadecoatora

Autoridade contra quem se impetra o habeas corpus (o responsável pela restrição aodireito de locomoção).

3. COMO IDENTIFICAR A PEÇAO habeas corpus pode atacar tanto ato administrativo quanto judicial que viole direito de

liberdade de locomoção (ir e vir). É importante destacar que o habeas corpus não comportadilação probatória, exame aprofundado de matéria fática ou nova valoração dos elementos deprova.[4] Um detalhe relevante, que pode nos auxiliar na identificação da peça, diz respeito àprisão civil ilegal; veja se o caso não se encarta na hipótese de súmula vinculante. Logo, serácabível habeas corpus.

4. COMPETÊNCIAO art. 102, I, d, da Constituição Federal, estabelece a competência originária do Supremo

Tribunal Federal para processar e julgar originariamente os habeas corpus por prerrogativade função, quando o paciente for uma das pessoas elencadas nas alíneas b e c deste mesmoinciso, a constar: o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do CongressoNacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República, os Ministros de Estado eos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, os membros dos TribunaisSuperiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes da missão diplomática de caráterpermanente.

Será de competência do Supremo Tribunal Federal, segundo determina o art. 102, I, i, daCF, o habeas corpus quando o coator for Tribunal Superior ou quando o coator ou paciente forautoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do SupremoTribunal Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma jurisdição em uma única instância.

A competência do Superior Tribunal de Justiça está igualmente listada na ConstituiçãoFederal, no art. 105, I, c. Neste sentido, compete ao Superior Tribunal de Justiça processar ejulgar, originariamente, os habeas corpus, quando o coator ou paciente forem Governadoresdos Estados e do Distrito Federal, e, nestes e nos de responsabilidade, os desembargadoresdos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, os membros dos Tribunais deContas dos Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais Federais, dos TribunaisRegionais Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dosMunicípios e os do Ministério Público da União que oficiem perante tribunais. Da mesma forma,

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compete ao Superior Tribunal de Justiça processar e julgar, originariamente, os habeascorpus, quando o coator for tribunal sujeito à sua jurisdição, Ministro de Estado ouComandante da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, ressalvada a competência da JustiçaEleitoral.

O s Tribunais Regionais Federais, por sua vez, têm competência originária para julgar ohabeas corpus quando a autoridade coatora for juiz federal, conforme estabelece o art. 108, I,d, da CRFB/88. Alude a Constituição Federal, no art. 109, VII, a que competirá ao JuizFederal processar e julgar o habeas corpus, em matéria criminal de sua competência ouquando o constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos aoutra jurisdição.

Por fim, os juízes de Primeiro Grau são competentes quando os coatores encontram-se emigual grau de hierarquia ou inferior ao seu, daí enquadrando-se o ato de particular e o ato deDelegado. Terá sua jurisdição delimitada pelos critérios territoriais de fixação de competência,sendo competente dentro de sua comarca ou circunscrição judiciária.

5. FUNDAMENTOS MAIS COMUNSAs principais fundamentações jurídicas do habeas corpus podem ser encontradas no art. 5º,

LXVII; art. 102, I, d e i; art. 105, I, c, e II, a; art. 108, I, d; art. 109, VII, art. 142, § 2º, todosda CRFB/88 e nos arts. 647 a 667 do CPP.

Além disso, sugerimos a leitura das seguintes súmulas do Supremo Tribunal Federal sobrehabeas corpus:

Súmula n. 395 – Não se conhece de recurso de habeas corpus cujo objeto seja resolversobre o ônus das custas, por não estar mais em causa a liberdade de locomoção.Súmula n. 431 – É nulo o julgamento de recurso criminal, na segunda instância, sem préviaintimação, ou publicação da pauta, salvo em habeas corpus.Súmula n. 690 – Compete originariamente ao Supremo Tribunal Federal o julgamento dehabeas corpus contra decisão de turma recursal de juizados especiais criminais.Súmula n. 691 – Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de habeas corpusimpetrado contra decisão do Relator que, em habeas corpus requerido a tribunal superior,indefere a liminar.Súmula n. 692 – Não se conhece de habeas corpus contra omissão de relator deextradição, se fundado em fato ou direito estrangeiro cuja prova não constava dos autos,nem foi ele provocado a respeito.Súmula n. 693 – Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de multa,ou relativo a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a únicacominada.Súmula n. 694 – Não cabe habeas corpus contra a imposição da pena de exclusão demilitar ou de perda de patente ou de função pública.Súmula n. 695 – Não cabe habeas corpus quando já extinta a pena privativa de liberdade.

FIQUE ATENTO!!!É cabível habeas corpus para apreciar toda e qualquer medida que possa, em tese,acarretar constrangimento à liberdade de locomoção ou, ainda, agravar as restrições aesse direito. Esse o entendimento da Segunda Turma ao deferir habeas corpus paraassegurar a detento em estabelecimento prisional o direito de receber visitas de seus filhose enteados. (...) De início, rememorou -se que a jurisprudência hodierna da Corte

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estabelece sérias ressalvas ao cabimento do writ, no sentido de que supõe violação, deforma mais direta, ao menos em exame superficial, à liberdade de ir e vir dos cidadãos.Afirmou-se que essa orientação, entretanto, não inviabilizaria, por completo, o processo deampliação progressiva que essa garantia pudesse vir a desempenhar no sistema jurídicobrasileiro, sobretudo para conferir força normativa mais robusta à Constituição. A respeito,ponderou-se que o Supremo tem alargado o campo de abrangência dessa açãoconstitucional, como no caso de impetrações contra instauração de inquérito criminal paratomada de depoimento, indiciamento de determinada pessoa, recebimento de denúncia,sentença de pronúncia no âmbito do processo do Júri e decisão condenatória, entre outras.Enfatizou-se que a Constituição teria o princípio da humanidade como norte e assegurariaaos presidiários o respeito à integridade física e moral [CF, art. 5º: “XLIX (...)”]. (...) Aludiu-se que a visitação seria desdobramento do direito de ir e vir, na medida em que seuempece agravaria a situação do apenado (HC 107.701, Rel. Min. Gilmar Mendes,julgamento em 13-9-2011, Segunda Turma, Informativo 640).O Supremo Tribunal Federal, por maioria, concedeu habeas corpus, impetrado em favor dedepositário judicial, e averbou expressamente a revogação da Súmula n. 619 do STF (“Aprisão do depositário judicial pode ser decretada no próprio processo em que se constituiu oencargo, independentemente da propositura de ação de depósito”). Vencido o Min.Menezes Direito que denegava a ordem por considerar que o depositário judicial teria outranatureza jurídica, apartada da prisão civil própria do regime dos contratos de depósitos, eque sua prisão não seria decretada com fundamento no descumprimento de uma obrigaçãocivil, mas no desrespeito ao múnus público (HC 92.566/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, 3-12-2008, Informativo 531).

6. ESTRUTURA DA PEÇAA regulamentação do habeas corpus invoca, no art. 654, § 1º, do CPP, que a petição de

habeas corpus conterá: a) o nome da pessoa que sofre ou está ameaçada de sofrer violênciaou coação e o de quem exercer a violência, coação ou ameaça; b) a declaração da espécie deconstrangimento ou, em caso de simples ameaça de coação, as razões em que funda o seutemor; c) a assinatura do impetrante, ou de alguém a seu rogo, quando não souber ou nãopuder escrever, e a designação das respectivas residências. Vejamos o modelo:

MODELO 1 – HABEAS CORPUS

ENDEREÇAMENTO* Ex.: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARACRIMINAL DA COMARCA DE ... .* Sugestão: Pular em média 5 linhas, para todas as petições iniciais.IMPETRANTE, nacionalidade, estado civil, advogado, inscrito na OAB sob o n. ...,portador da cédula de identidade n. ..., expedida por ..., em ..., inscrito no CPF/MFn. ..., residente e domiciliado na ..., conforme procuração anexa, com escritório àrua ..., nesta cidade, endereço que indica para os fins do art. 39, I, do CPC, vem,perante Vossa Excelência, com fundamento no art. 5º, LXVIII, da CRFB/88 e no art.647 do CPP, impetrar a presente ordem de

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HABEAS CORPUSem favor de ... (PACIENTE), em face de ... (IMPETRADO), pelos motivos que aseguir expõe:

DOS FATOS* Exposição dos fatos previstos na situação hipotética da questão. Não inventaroutros fatos nem trazer detalhes ausentes no problema.

DO DIREITO* Atente-se que a mera citação de artigos não pontua. Deve-se apontar osrequisitos do art. 5º, LVIII, da CRFB/88 e arts. 647 a 667 do CPP.

DOS PEDIDOS* Ante o exposto nos fatos, e tendo provado a procedência do seu justo receio,requeira que se defira a procedência do pedido e que se determine com urgência ocompetente salvo-conduto ou alvará de soltura, conforme o caso, nos termos doart. 660, § 4º ou § 6º, do CPP, cumpridas as exigências e formalidades legais efazendo-se as necessárias comunicações.

VALOR DA CAUSA* Dá-se à causa, para efeitos fiscais, o valor de R$ ... (Sugerimos dar à causa ovalor de R$ 1.000,00, guiados pelos espelhos de respostas cobradas em examespassados).

Nesses termos,Pede deferimento.

Local e dataAdvogado, OAB n. ...

7. PROVA PRÁTICO -PROFISSIONAL(OAB – CESPE, 2007.1) Maria adquiriu um veículo popular por meio de contrato de

arrendamento mercantil (leasing), em 60 prestações de R$ 800,00. A partir da 24ª prestação,Maria começou a ter dificuldades financeiras e resolveu vender o veículo a Pedro, o qual secomprometeu a pagar as prestações vincendas e vencidas. Tal fato não foi comunicado aoagente financeiro, já que havia o risco de o valor da prestação ser majorado. Pedro deixou depagar mais de cinco prestações, o que suscitaria rescisão contratual. O agente financeirohouve por bem propor ação de busca e apreensão do veículo, tentativa essa que restoufrustrada em face de Maria não possuir o veículo em seu poder, já que o alienara a Pedro.

O agente financeiro pediu a transformação, nos mesmos autos, da ação de busca eapreensão em ação de depósito e requereu a prisão de Maria, por ser depositária infiel doreferido veículo. O juiz competente determinou a prisão civil de Maria até que ela devolvesse oreferido veículo ou pagasse as prestações em atraso. Maria não tem mais o veículo em seupoder e perdeu o seu emprego em virtude da prisão civil.

Dois dias depois da efetivação da prisão, o advogado contratado interpôs, inicialmente,recurso de agravo de instrumento contra aquela decisão judicial, o qual não foi conhecido pelotribunal, diante da ausência de documento imprescindível ao seu processamento. Ingressoucom ação de rito ordinário contra Pedro, com pedido de tutela antecipada, visando receber as

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prestações em atraso, ação essa que foi extinta sem julgamento de mérito. Ingressou, ainda,com ação de rito ordinário contra o arrendador discutindo algumas cláusulas do contrato dearrendamento, ação essa que continua em curso, sem sentença.

Maria continua presa. Por ter perdido a confiança nesse advogado, ao qual pagou oshonorários devidos e do qual recebeu o devido substabelecimento, sem reservas de poderes,Maria resolveu contratar os serviços de outro advogado.

Diante da situação hipotética apresentada, na condição de atual advogado de Maria, redijaum texto que contenha a peça judicial mais apropriada ao caso, a ser apresentada ao órgãojudicial competente, com os argumentos que reputar pertinentes.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNALDE JUSTIÇA DO ESTADO ...IMPETRANTE, nacionalidade, estado civil, advogado, inscrito na OAB n. ...,portador da cédula de identidade n. ... e CPF/MF n. ..., residente e domiciliado na..., vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, com fundamento no art. 5º,LXVIII, da CRFB/88 e no art. 647 do CPP, impetrar a presente ordem deHABEAS CORPUS COM PEDIDO LIMINARem favor de MARIA, nacionalidade, estado civil, profissão, portadora da cédula deidentidade n. ..., expedida por ..., em ..., inscrita no CPF/MF n. ..., residente edomiciliada na ... . Em face de ato praticado pelo senhor Juiz de Direito da VaraCível da Comarca de ..., pelos motivos que a seguir expõe:

DOS FATOSMaria adquiriu um veículo popular por meio de contrato de arrendamento mercantil(leasing), em 60 prestações de R$ 800,00. A partir da 24ª prestação, Mariacomeçou a ter dificuldades financeiras e resolveu vender o veículo a Pedro, o qualse comprometeu a pagar as prestações vincendas e vencidas. Tal fato não foicomunicado ao agente financeiro, já que havia o risco de o valor da prestação sermajorado.Pedro deixou de pagar mais de cinco prestações, o que suscitaria rescisãocontratual. O agente financeiro houve por bem propor ação de busca e apreensãodo veículo, tentativa essa que restou frustrada em face de Maria não possuir oveículo em seu poder, já que o alienara a Pedro.O agente financeiro pediu a transformação, nos mesmos autos, da ação de busca eapreensão em ação de depósito e requereu a prisão de Maria, por ser depositáriainfiel do referido veículo. O juiz competente determinou a prisão civil de Maria atéque ela devolvesse o referido veículo ou pagasse as prestações em atraso. Marianão tem mais o veículo em seu poder e perdeu o seu emprego em virtude da prisãocivil.Dois dias depois da efetivação da prisão, o advogado contratado interpôs,inicialmente, recurso de agravo de instrumento contra aquela decisão judicial, o qualnão foi conhecido pelo tribunal, diante da ausência de documento imprescindível aoseu processamento. Ingressou com ação de rito ordinário contra Pedro, com pedidode tutela antecipada, visando receber as prestações em atraso, ação essa que foi

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extinta sem julgamento de mérito. Ingressou, ainda, com ação de rito ordináriocontra o arrendador, discutindo algumas cláusulas do contrato de arrendamento,ação essa que continua em curso, sem sentença.

DO DIREITOO art. 5º, § 2º, da CRFB/88, estabelece que os direitos e garantias expressos nestaConstituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por elaadotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasilseja parte.Neste sentido, Pacto internacional sobre direitos civis e políticos, aprovado peloDecreto n. 592, de 6 de julho de 1992, estabelece em seu art. 11 que ninguémpoderá ser preso apenas por não poder cumprir com uma obrigação contratual.Além disso, o art. 7º, 7 do Pacto de São José da Costa Rica, disciplina queninguém deve ser detido por dívidas. Este princípio não limita os mandados deautoridade judiciária competente expedidos em virtude de inadimplemento deobrigação alimentar.Não se pode olvidar a Súmula Vinculante n. 25, editada pelo Supremo TribunalFederal, em 16 de dezembro de 2009, que traduz: “É ilícita a prisão civil dedepositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito”.O Tribunal concedeu habeas corpus em que se questionava a legitimidade daordem de prisão, por 60 dias, decretada em desfavor do paciente que, intimado aentregar o bem do qual depositário, não adimplira a obrigação contratual.Entendeu-se que a circunstância de o Brasil haver subscrito o Pacto de São Joséda Costa Rica, que restringe a prisão civil por dívida ao descumprimentoinescusável de prestação alimentícia (art. 7º, 7), conduz à inexistência de balizasvisando à eficácia do que previsto no art. 5º, LXVII, da CF. Concluiu-se, assim, que,com a introdução do aludido Pacto no ordenamento jurídico nacional, restaramderrogadas as normas estritamente legais definidoras da custódia do depositárioinfiel, conforme Informativo 531 do Supremo Tribunal Federal.No mesmo sentido, o Superior Tribunal de Justiça assim se manifesta: não cabeprisão civil do devedor que descumpre contrato garantido por alienação fiduciária(Corte Especial, EREsp 149.518).Como se pode observar no caso em tela, há ausência de justa causa para amanutenção da prisão da paciente, amoldando-se à previsão legal do art. 648, I, doCPP.

DA MEDIDA LIMINARA demonstração do fumus boni iuris se faz necessária à concessão de qualquerliminar, sendo, no caso em tela, confirmado pela fática prisão ilícita, visto que emconsonância com o art. 7º, 7, do Pacto de São José da Costa Rica, ninguém deveser detido por dívidas, salvo em virtude de inadimplemento de obrigação alimentar.O periculum in mora, também requisito fundamental da concessão de liminares, ficaevidente, ao passo que a liberdade de locomoção da paciente foi cerceada deforma arbitrária, demonstrando-se verdadeira ilegalidade, justificando-seplenamente o pedido de liminar.

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DOS PEDIDOSAnte o exposto, requer:a) Concessão da liminar para determinar a expedição do alvará de soltura em favorda paciente.b) Notificação da autoridade coatora para prestar informações no prazo legal.c) Seja julgado o mérito e confirmado o pedido liminar, concedendo à paciente seudireito fundamental à liberdade de locomoção.Dá-se à causa, para efeitos fiscais, o valor de R$ 1.000,00 (mil reais).

Nesses termos,Pede deferimento.

Local e dataAdvogado, OAB n. ...

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1 FERREIRA, Pinto. Teoria e prática do habeas corpus. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 1988, p. 16.2 CC 6.979, 15-8-1991, Velloso, RTJ 111/794; HC 68.687, Segunda Turma, 20-8-1991, Velloso, DJ de 4-10-1991. HC 85.096,

Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 28-6-2005, Primeira Turma, DJ de 14-10-2005.3 LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 1.041.4 HC 93.291, Rel. Min. Menezes Direito, julgamento em 18-3-2008, Primeira Turma, DJe de 23-5-2008.

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CAPÍTULO II HABEAS DATA (HD)1. APRESENTAÇÃO

O habeas data é uma ação constitucional, de caráter civil, que tem por finalidade a proteçãodo direito líquido e certo do impetrante, para assegurar o conhecimento de informaçõesrelativas à sua pessoa e constantes de repartições públicas ou particulares acessíveis aopúblico e para eventual retificação de seus dados pessoais.

Trazemos à baila a lição do insigne José Afonso da Silva acerca da conceituação do writconstitucional. Para o autor, o “habeas data corresponde a uma garantia constitucional, tendocomo direitos protegidos, a intimidade e a incolumidade dos dados pessoais; direitos deacesso às informações registradas em banco de dados; direitos de retificação de dados”.[1]Para Diomar Ackel Filho, o “habeas data é ação mandamental, sumária e especial, destinada àtutela dos direitos de cidadão à frente dos bancos de dados, a fim de permitir o fornecimentodas informações registradas, bem como sua retificação, em caso de não corresponder àverdade”.[2]

Conforme estabelece o art. 5º, LXXII, da CRFB/88, conceder-se-á habeas data paraassegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes deregistros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público, e para aretificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ouadministrativo. Dessa forma, o habeas data é um remédio constitucional que visa à tutelados direitos e garantias à informação.

2. CARACTERÍSTICAS/REQUISITOSA petição inicial do habeas data deverá preencher os requisitos dos arts. 282 a 285 do

Código de Processo Civil e será apresentada em duas vias, e os documentos que instruírem aprimeira serão reproduzidos por cópia na segunda. O art. 8º, parágrafo único, da Lei n. 9.507,estabelece que a petição inicial deverá ser instruída com prova: a) da recusa ao acesso àsinformações ou do decurso de mais de dez dias sem decisão; b) da recusa em fazer-se aretificação ou do decurso de mais de quinze dias, sem decisão; ou c) da recusa em fazer-se aanotação, ainda que não se constate a inexatidão do dado, se o interessado apresentarexplicação ou contestação sobre ele, justificando possível pendência sobre o fato objeto dodado, tal explicação será anotada no cadastro do interessado ou do decurso de mais dequinze dias sem decisão.

Entre as principais características do habeas data, podemos destacar: a) o habeas data éuma ação, pois invoca uma tutela jurisdicional, devendo, por conseguinte, estar preenchidos osrequisitos e as condições de ação; b) o conteúdo é de natureza mandamental quando visa aassegurar o conhecimento de informações, pois nesse caso seu objetivo é a ordem judiciala órgãos governamentais ou de caráter público, sob pena de desobediência; c) é açãopersonalíssima, não se admitindo pedido de terceiros nem sucessão no direito de pedir; é denatureza constitutiva quando visa à retificação de dado, pois será criada uma nova situaçãocom o provimento jurisdicional; e) comprovação da recusa ou omissão da administração (oSTF decidiu que não cabe o habeas data se não houve recusa de informações por parte daautoridade administrativa).[3]

3. COMO IDENTIFICAR A PEÇAObserve que você irá atacar um ato administrativo. Esse ato violou seu direito personalíssimo

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de: a) conhecer informações relativas à pessoa do impetrante constantes de registro ou bancode dados de entidades governamentais ou de caráter público; b) retificar dados constantesdesses registros ou bancos de dados; c) anotar, nos assentamentos do interessado,contestação ou explicação de dado verdadeiro, mas justificável. Logo, cabível é o habeasdata.

4. COMPETÊNCIACom relação à competência, segue-se a regra esculpida na Constituição Federal,

dependendo de quem seja a autoridade impetrada, bem como do art. 20 da Lei n. 9.507/97,que será analisado infra. Portanto, com relação à competência, não há maiores problemas,como afirmam inúmeros doutrinadores. Neste sentido, segundo Calmon de Passos, a definiçãoda competência, no habeas data, “levou em consideração a pessoa ou órgão responsávelpelas informações a serem prestadas ou a quem se possa atribuir o inadimplemento dasinformações reclamadas. À semelhança do que se dispôs sobre o mandado de segurança,com o qual anda sempre ao par”.[4]

O art. 102, I, d, da Constituição Federal de 1988 elenca os casos de competência originárianas ações de habeas data com trâmite no Supremo Tribunal Federal. Já o art. 105, I, b,também da Lei Fundamental, enseja a competência originária quanto ao trâmite do writ noSuperior Tribunal de Justiça.

Também faz menção à competência originária para julgar o habeas data o art. 20, I, da Lei n.9.507/97. Destaque-se, que o julgamento do habeas data compete originariamente: aoSupremo Tribunal Federal, contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmarados Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral daRepública e do próprio Supremo Tribunal Federal; ao Superior Tribunal de Justiça, contraatos de Ministro de Estado ou do próprio Tribunal; aos Tribunais Regionais Federais, contraatos do próprio Tribunal ou de juiz federal; a juiz federal, contra ato de autoridade federal,excetuados os casos de competência dos tribunais federais; a tribunais estaduais, segundo odisposto na Constituição do Estado; e a juiz estadual, nos demais casos.

5. FUNDAMENTOS MAIS COMUNSAs principais fundamentações jurídicas do habeas data podem ser encontradas na

Constituição Federal, nos arts. 5º, LXXII e LXXVII; 102, I, d, e II a; 105, I, b; 108, I, c; 109,VII; e na Lei n. 9.507/97.

Segunda a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a ação de habeas data visa àproteção da privacidade do indivíduo contra abuso no registro e/ou revelação de dadospessoais falsos ou equivocados. O habeas data não se revela meio idôneo para se obter vistade processo administrativo.[5]

Além disso, sugerimos a leitura da Súmula n. 2 do Superior Tribunal de Justiça, queestabelece: Não cabe o habeas data (CRFB/88, art. 5º, LXXII, a) se não houve recusa deinformações por parte da autoridade administrativa. A referida súmula pode, e deve, ser usadaem todas as petições de habeas data.

FIQUE ATENTO!!!O habeas data configura remédio jurídico-processual, de natureza constitucional, que sedestina a garantir, em favor da pessoa interessada, o exercício de pretensão jurídicadiscernível em seu tríplice aspecto: (a) direito de acesso aos registros; (b) direito de

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retificação dos registros; e (c) direito de complementação dos registros. Trata-se derelevante instrumento de ativação da jurisdição constitucional das liberdades, a qualrepresenta, no plano institucional, a mais expressiva reação jurídica do Estado às situaçõesque lesem, efetiva ou potencialmente, os direitos fundamentais da pessoa, quaisquer quesejam as dimensões em que estes se projetem. O acesso ao habeas data pressupõe, entreoutras condições de admissibilidade, a existência do interesse de agir. Ausente o interesselegitimador da ação, torna-se inviável o exercício art. 5º, LXII a LXXIII, desse remédioconstitucional. A prova do anterior indeferimento do pedido de informação de dadospessoais, ou da omissão em atendê-lo, constitui requisito indispensável para que seconcretize o interesse de agir no habeas data. Sem que se configure situação prévia depretensão resistida, há carência da ação constitucional do habeas data (RHD 22, Rel. p/oac. Min. Celso de Mello, julgamento em 19-9-1991, Plenário, DJ de 1º-9-1995). No mesmosentido: HD 87-AgR, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 25-11-2009, Plenário, DJe de5-2-2010.

6. ESTRUTURA DA PEÇAA lei regulamentadora do habeas data invoca subsidiariamente o Código de Processo Civil,

sendo que a petição inicial deverá seguir a regra dos arts. 282 a 285 daquele diploma,consoante ao art. 8º da Lei n. 9.507/97. Todavia, será indeferida de plano se não estiverempresentes os requisitos do art. 10 da Lei n. 9.507/97. Vejamos o modelo:

MODELO 2 – HABEAS DATA

Endereçamento* Ex.: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR PRESIDENTE DO SUPREMOTRIBUNAL FEDERAL.* Sugestão: Média de 5 linhas, para todas as petições iniciais.

LEGITIMIDADE ATIVA* Qualificação do autor da ação (NOME, nacionalidade, estado civil, profissão,portador da cédula de identidade n. ..., expedida por ..., em ..., inscrito no CPF/MFn. ..., residente e domiciliado à rua ...) Impetrar

IDENTIFICAÇÃO DA AÇÃO* habeas data (COM/SEM PEDIDO DE LIMINAR)

LEGITIMIDADE PASSIVA* Em face de ...

DOS FATOS* Exposição dos fatos previstos na situação hipotética da questão. Não inventaroutros fatos nem trazer detalhes ausentes no problema.

DO DIREITO* Sugestão: Fundamente com o art. 7º, da Lei n. 9.507/97. Fundamente a recusa àinformação com o art. 8º, parágrafo único, da Lei n. 9.507/97 e Súmula n. 2 do STF.

DOS PEDIDOS* Diante de todo o exposto, deve-se requerer do magistrado a notificação da

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autoridade coatora para prestar informações que julgar necessárias, a intimação doRepresentante do Ministério Público e a procedência do pedido de habeas data,para que seja assegurado ao Impetrante o acesso às informações de seu interesse.

DAS PROVAS* O procedimento do habeas data não comporta dilação probatória. Assim, adocumentação acostada à inicial deverá comprovar, aplicando-se o princípio daprova pré-constituída do mandado de segurança.

VALOR DA CAUSA* Dá-se à causa, para efeitos fiscais, o valor de R$ ... (Sugerimos dar à causa ovalor de R$ 1.000,00, guiados pelos espelhos de respostas cobradas em examespassados).

Nesses termos,Pede deferimento.

Local e dataAdvogado, OAB n. ...

7. QUESTÃO DE PROVA ANTERIOR(OAB – FGV, 2010.03) Tício, brasileiro, casado, engenheiro, na década de setenta,

participou de movimentos políticos que faziam oposição ao Governo então instituído. Por forçade tais atividades, foi vigiado pelos agentes estatais e, em diversas ocasiões, preso paraaveriguações. Seus movimentos foram monitorados pelos órgãos de inteligência vinculadosaos órgãos de Segurança do Estado, organizados por agentes federais. Após longos anos, noano de 2010, Tício requereu acesso à sua ficha de informações pessoais, tendo seu pedidoindeferido, em todas as instâncias administrativas. Esse foi o último ato praticado pelo Ministrode Estado da Defesa, que lastreou seu ato decisório na necessidade de preservação do sigilodas atividades do Estado, uma vez que os arquivos públicos do período desejado estãoindisponíveis para todos os cidadãos. Tício, inconformado, procura aconselhamentos com seusobrinho Caio, advogado, que propõe apresentar ação judicial para acessar os dados do seutio.

Na qualidade de advogado contratado por Tício, redija a peça cabível ao tema, observando:a) competência do juízo; b) legitimidade ativa e passiva; c) fundamentos de méritoconstitucionais e legais vinculados; d) os requisitos formais da peça inaugural.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DO SUPERIORTRIBUNAL DE JUSTIÇATÍCIO, brasileiro, engenheiro, casado, portador do documento de identidadeRegistro Geral (RG) n. ..., inscrito no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) sob o n...., residente e domiciliado na ..., por seu advogado inscrito na OAB/ ... sob n. ...,que esta subscreve em instrumento de mandato incluso, e com endereço indicadona exordial, para onde receber intimações (art. 39, I, do CPC), vem,respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fundamento no art. 5º,LXXII, da Constituição Federal de 1988 e Lei n. 9.507/97, impetrar

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HABEAS DATAem face do ato do SENHOR MINISTRO DE ESTADO DA DEFESA, pelos motivosde fato e de direito a seguir aduzidos:

DOS FATOSTício, durante os chamados “anos de chumbo”, participou de movimentos políticosque faziam oposição ao Governo então instituído. Por força de tais atividades, foivigiado pelos agentes estatais e, em diversas ocasiões, preso para averiguações.Seus movimentos foram monitorados pelos órgãos de inteligência vinculados aosórgãos de Segurança do Estado, organizados por agentes federais.Após longos anos, no ano de 2010, o impetrante requereu acesso à sua ficha deinformações pessoais, tendo seu pedido indeferido, em todas as instânciasadministrativas. Esse foi o último ato praticado pelo Ministro de Estado da Defesa,que lastreou seu ato decisório na necessidade de preservação do sigilo dasatividades do Estado, uma vez que os arquivos públicos do período desejado estãoindisponíveis para todos os cidadãos. Como se verá, não deve prosperar talentendimento.

DO DIREITOA Constituição Federal de 1988, no art. 5º, LXXII, estabelece que o habeas datatem a finalidade específica de assegurar o conhecimento de informações relativas àpessoa do Impetrante, constantes de registros ou banco de dados de entidadesgovernamentais ou de caráter público, ou para a retificação de registros ou bancosde dados de entidades governamentais ou de caráter público, quando não se prefirafazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo.A Lei n. 9.507/97 regulamentou o direito de acesso a informações e disciplinou orito processual do habeas data, estabelecendo, igualmente, em seu art. 7º afinalidade de garantir, em favor da pessoa interessada, o exercício do direito deacesso, de retificação e de complementação das informações pessoais dosregistros de caráter público.É o habeas data um relevante remédio constitucional a ser utilizado nas situaçõesque lesam, de forma efetiva ou potencial, o acesso de dados pessoais doimpetrante e que são direitos fundamentais da pessoa.E, como restará provado, Tício teve seus direitos fundamentais efetivamenteviolados com a recusa, em todas as instâncias administrativas, de acesso à suaficha de informações pessoais. Fica, desse modo, legitimado o Impetrante a figurarno polo ativo da presente ação (art. 7º, I, da Lei n. 9.507/97).O legitimado passivo, ora Impetrado, é o Senhor Ministro de Estado da Defesa,pois foi a autoridade administrativa que negou o acesso às informações,embasando sua decisão na preservação do sigilo das atividades do Estado. E porser a autoridade coatora um Ministro de Estado, a competência para processar ejulgar este habeas data é do Superior Tribunal de Justiça, nos termos do art. 105, I,b, da Constituição Federal e do art. 20, I, b, da Lei n. 9.507/97.Fica, desde logo, nos termos do art. 8º, parágrafo único, da Lei n. 9.507/97,comprovado o interesse de agir do Impetrante, legitimador do presente habeasdata, pois junta-se cópia do anterior indeferimento do pedido de acesso à ficha das

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informações pessoais, no período em que Tício foi monitorado pelos órgãos deinteligência vinculados aos órgãos de Segurança do Estado.

DO PEDIDOPosto isso, requer o Impetrante que Vossa Excelência se digne:a) notificar o coator, o Senhor Ministro de Estado da Defesa, sobre os fatosnarrados a fim de prestar as informações que entender necessárias, nos termos doart. 9º da Lei n. 9.507/97;b) determinar a oitiva do representante do Ministério Público, para oferecer parecer,no prazo de cinco dias, conforme art. 12 da Lei n. 9.507/97;c) pedido de prioridade de julgamento conforme exposto no art. 19 da Lei n.9.507/97;d) julgar procedente o pedido, determinando ao Impetrado o fornecimento dasinformações pleiteadas, determinando o acesso à ficha de informações pessoais deTício, de acordo com o art. 13 da Lei n. 9.507/97.Na oportunidade, requer a juntada de documentos que instruem a presente inicial.Apesar de ser uma ação gratuita, nos termos do art. 5º, LXXVII, da CRFB/88, dá-se à causa, para efeitos de alçada, o valor de R$ 1.000,00 (mil reais).

Nesses termos,Pede deferimento.

Local e dataAdvogado/OAB n. ...

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1 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 13. ed. São Paulo: Malheiros, 1997, p. 174.2 ACKEL FILHO, Diomar. Writs constitucionais. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 1991, p. 140.3 CHIMENTI, Ricardo Cunha et al. Curso de direito constitucional. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 107-109.4 CALMON DE PASSOS, J. J. Mandado de segurança coletivo, mandado de injunção e habeas data – Constituição e processo.

Rio de Janeiro: Forense, 1989, p. 155.5 HD 90-AgR, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 18-2-2010, Plenário, DJe de 19-3-2010. No mesmo sentido: HD 92-AgR,

Rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 18-8-2010, Plenário, DJe de 3-9-2010.

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CAPÍTULO III MANDADO DE SEGURANÇA (MS)1. APRESENTAÇÃO

De acordo como art. 5º, LXIX, da CRFB/88, o mandado de segurança será concedido paraproteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando oresponsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoajurídica no exercício de atribuições do Poder Público. No mesmo sentido dispõe o art. 1º da Lein. 12.016/2009.

O mandado de segurança é uma ação de natureza civil, que segue o rito sumário especial. Éuma garantia constitucional utilizada para tutelar direito líquido, ou seja, aquele comprovado deplano, por meio de documento, já que não há dilação probatória. Neste sentido, o SupremoTribunal Federal entende que o mandado de segurança não comporta a possibilidade deinstauração incidental de uma fase de dilação probatória. A noção de direito líquido e certoajusta-se, em seu específico sentido jurídico, ao conceito de situação que deriva de fato certo,vale dizer, de fato passível de comprovação documental imediata e inequívoca.[1]

2. CARACTERÍSTICAS/REQUISITOSO mandado de segurança será concedido para proteger direito líquido e certo, não

amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso depoder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la porparte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça. Deacordo com o art. 1º, § 1º, da Lei n. 12.016/2009, equiparam-se às autoridades osrepresentantes ou órgãos de partidos políticos e os administradores de entidades autárquicas,bem como os dirigentes de pessoas jurídicas ou as pessoas naturais no exercício deatribuições do Poder Público, somente no que disser respeito a essas atribuições.

Assim, afiguram-se no polo passivo da ação autoridades públicas e agentes de pessoasjurídicas com atribuições de Poder Público. No entanto, cumpre destacar que não cabemandado de segurança contra os atos de gestão comercial, praticados pelos administradoresde empresas públicas, de sociedades de economia mista e de concessionárias de serviçopúblico.

Quanto ao polo ativo, somente o próprio titular do direito violado tem legitimidade paraimpetrar o mandado de segurança individual. Pode ser qualquer pessoa, física ou jurídica,desde que tenha capacidade de direito e seja titular do direito violado.[2]

Se o mandado de segurança for contra ato judicial, necessariamente você terá uma decisãoque não transitou em julgado e que é irrecorrível ou, pelo menos, que é atacável por umrecurso não dotado de efeito suspensivo. Se o mandado de segurança for contra atolegislativo, você terá um ato praticado no curso do processo legislativo e que viola o devidoprocesso legislativo de criação de um diploma legal. Já se o mandado de segurança for contraato administrativo, que é o mais comum na prova do exame de ordem, você terá queobservar o seguinte: a) é preciso que o ato gere ameaça ou lesão concreta ao impetrante eque o elemento fático do direito subjetivo do impetrante seja comprovável, exclusivamente, pormeio de prova documental; b) é preciso ter tido ciência do ato há, no máximo, 120 dias, nadata da impetração; esse prazo não se exaure quando temos ataque a ato omissivo oucontinuado e c) pode ser comissivo ou omissivo; d) ele pode já existir ou ainda não existir(mandado de segurança repressivo ou preventivo).

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O mandado de segurança não deve ser impetrado em face de pessoa jurídica de direitopúblico, mas contra a autoridade coatora. Neste sentido, Erival Oliveira ensina que aautoridade coatora será a pessoa física que concretiza a lesão a direito individual comodecorrência de sua vontade. Não se levam em consideração as pessoas que estabelecemregras e determinações genéricas, tampouco aquela que meramente executa a ordem. Infere-se que os atos normativos gerais não estão sujeitos a mandado de segurança. Além disso,não cabe mandado de segurança contra ato de particular e mérito de decisão impugnada.[3]

Cumpre destacar que inerente ao mandado de segurança está a liminar que se presta paraassegurar o direito, reparando, logo no início da demanda, ainda que provisoriamente, aviolação cometida. Sem a liminar, o mandado de segurança torna-se ineficaz, irreconhecível,fundamentalmente, porque seu uso pressupõe urgência e sua tramitação, sem a liminar, nãogarante a presteza conferida pela lei. Neste sentido, o art. 7º, III, da Lei n. 12.016/2009, aotratar do assunto, considera a obrigação de o juiz, ao despachar a inicial, suspender “o ato quedeu motivo ao pedido, quando houver fundamento relevante e do ato impugnado puder resultara ineficácia da medida, caso seja finalmente deferida”.

A participação do Ministério Público é indispensável, justificada na tutela do interesse público,tendo obrigatoriamente que oferecer seu parecer no prazo máximo de dez dias, de acordocom o art. 12 da Lei n. 12.016/2009.

Por fim, não se pode esquecer do disposto no art. 23 da Lei n. 12.016/2009. O mandado desegurança tem prazo fatal, decadencial e improrrogável, ou seja, o direito de requerermandado de segurança extinguir-se-á decorridos 120 (cento e vinte) dias, contados da ciência,pelo interessado, do ato impugnado.

3. COMO IDENTIFICAR A PEÇAO mandado de segurança é ação de natureza residual, subsidiária, pois no âmbito

constitucional protege direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeasdata. Contudo, não se pode olvidar de que o mandado de segurança não substitui a açãopopular, conforme estabelece a Súmula n. 101 do Supremo Tribunal Federal.

Assim, o âmbito do mandado de segurança é residual, chegando-se a ele por exclusão dosdemais remédios constitucionais. Se há direito líquido e certo não amparado por habeascorpus, habeas data, ação popular, logo cabível será o mandado de segurança.

4. COMPETÊNCIAA competência para processar e julgar o mandado de segurança é definida em função da

hierarquia da autoridade legitimada a praticar a conduta, comissiva ou omissiva, que possaresultar em lesão ao direito subjetivo da parte e não será alterada pela posterior elevaçãofuncional dela.

Assim, a Constituição Federal estabeleceu, em seu art. 102, I, d, a competência originária,a o Supremo Tribunal Federal, para julgamento do mandado de segurança contra atos doPresidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, doTribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio Supremo TribunalFederal.

Conforme estabelece o art. 105, I, b, da CRFB/88, compete ao Superior Tribunal deJustiça processar e julgar, originariamente, os mandados de segurança contra ato de Ministrode Estado, dos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica ou do próprio Tribunal.

A competência dos Tribunais Regionais Federais para processar e julgar, originariamente,

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os mandados de segurança contra ato do próprio Tribunal ou de juiz federal, tem previsãoconstitucional no art. 108, I, c.

Já a competência dos juízes federais para processar e julgar os mandados de segurançacontra ato de autoridade federal, excetuados os casos de competência dos tribunais federais,está estabelecida no art. 109, VIII, da CRFB/88.

A competência estadual no mandado de segurança é regulada pelas Constituições Estaduaise leis locais de organização judiciária.

5. FUNDAMENTOS MAIS COMUNSAs principais fundamentações jurídicas do mandado de segurança podem ser encontradas na

Constituição Federal, nos arts. 5º, LXIX e LXX; 102, I, d; 105, I, b; 108, I, c; 109, VIII; e na Lein. 12.016/2009.

Além disso, sugerimos a leitura das seguintes súmulas sobre mandado de segurança:SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

Súmula n. 101 – O mandado de segurança não substitui a ação popular.Súmula n. 248 – É competente, originariamente, o Supremo Tribunal Federal paramandado de segurança contra ato do Tribunal de Contas da União.Súmula n. 266 – Não cabe mandado de segurança contra lei em tese.Súmula n. 267 – Não cabe mandado de segurança contra ato judicial passível de recursoou correição.Súmula n. 268 – Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial com trânsito emjulgado.Súmula n. 269 – O mandado de segurança não é substitutivo de ação de cobrança.Súmula n. 270 – Não cabe mandado de segurança para impugnar enquadramento da Lei n.3.780, de 12-7-1960, que envolva exame de prova ou de situação funcional complexa.Súmula n. 271 – Concessão de mandado de segurança não produz efeitos patrimoniais emrelação a período pretérito, os quais devem ser reclamados administrativamente ou pela viajudicial própria.Súmula n. 272 – Não se admite como ordinário recurso extraordinário de decisãodenegatória de mandado de segurança.Súmula n. 294 – São inadmissíveis embargos infringentes contra decisão do SupremoTribunal Federal em mandado de segurança.Súmula n. 299 – O recurso ordinário e o extraordinário interpostos no mesmo processo demandado de segurança, ou de habeas corpus, serão julgados conjuntamente pelo TribunalPleno.Súmula n. 304 – Decisão denegatória de mandado de segurança, não fazendo coisajulgada contra o impetrante, não impede o uso da ação própria.Súmula n. 319 – O prazo do recurso ordinário para o Supremo Tribunal Federal, emhabeas corpus ou mandado de segurança, é de cinco dias.Súmula n. 330 – O Supremo Tribunal Federal não é competente para conhecer demandado de segurança contra atos dos Tribunais de Justiça dos Estados.Súmula n. 405 – Denegado o mandado de segurança pela sentença, ou no julgamento doagravo, dela interposto, fica sem efeito a liminar concedida, retroagindo os efeitos dadecisão contrária.Súmula n. 429 – A existência de recurso administrativo com efeito suspensivo não impede

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o uso do mandado de segurança contra omissão da autoridade.Súmula n. 433 – É competente o Tribunal Regional do Trabalho para julgar mandado desegurança contra ato de seu presidente em execução de sentença trabalhista.Súmula n. 474 – Não há direito líquido e certo, amparado pelo mandado de segurança,quando se escuda em lei cujos efeitos foram anulados por outra, declarada constitucionalpelo Supremo Tribunal Federal.Súmula n. 506 – O agravo a que se refere o art. 4º da Lei n. 4.348, de 26-6-1964, cabe,somente, do despacho do Presidente do Supremo Tribunal Federal que defere a suspensãoda liminar, em mandado de segurança, não do que a denega.Súmula n. 510 – Praticado o ato por autoridade, no exercício de competência delegada,contra ela cabe o mandado de segurança ou a medida judicial.Súmula n. 511 – Compete à Justiça Federal, em ambas as instâncias, processar e julgaras causas entre autarquias federais e entidades públicas locais, inclusive mandados desegurança, ressalvada a ação fiscal, nos termos da Constituição Federal de 1967, art. 119,§ 3º.Súmula n. 512 – Não cabe condenação em honorários de advogado na ação de mandadode segurança.

Súmula n. 597 – Não cabem embargos infringentes de acórdão que, em mandado desegurança, decidiu, por maioria de votos, a apelação.

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇASúmula n. 41 – O Superior Tribunal de Justiça não tem competência para processar ejulgar, originariamente, mandado de segurança contra ato de outros tribunais ou dosrespectivos órgãos.Súmula n. 105 – Na ação de mandado de segurança não se admite condenação emhonorários advocatícios.Súmula n. 169 – São inadmissíveis embargos infringentes no processo de mandado desegurança.Súmula n. 177 – O Superior Tribunal de Justiça é incompetente para processar e julgar,originariamente, mandado de segurança contra ato de órgão colegiado presidido porministro de Estado.Súmula n. 213 – O mandado de segurança constitui ação adequada para a declaração dodireito à compensação tributária.Súmula n. 217 – Não cabe agravo de decisão que indefere o pedido de suspensão daexecução da liminar, ou da sentença em mandado de segurança.

FIQUE ATENTO!!!O termo inicial para impetração de mandado de segurança a fim de impugnar critérios deaprovação e de classificação de concurso público conta-se do momento em que a cláusulado edital causar prejuízo ao candidato. Com base nesse entendimento, a Segunda Turma,ao superar preliminar de decadência, conheceu de recurso ordinário em mandado desegurança, mas o desproveu no mérito. Na espécie, o ora recorrente, apesar de aprovadona primeira fase de certame, não fora convocado para realizar as etapas conseguintes,porquanto não lograra classificação necessária para tanto. Obtivera, então, provimentojudicial cautelar, que lhe permitira participar das provas, de sorte que se classificara dentrodo número de vagas deduzidas no edital. Entretanto, posteriormente, a liminar fora cassada,

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ao fundamento de decadência da impetração, o que o excluíra do certame. (...) Aautoridade coatora, a seu turno, suscitava decadência do direito de impetração, uma vezque o prazo para questionar cláusula editalícia teria se dado com a publicação do edital deabertura do concurso na imprensa oficial, e não da data do ato lesivo ao candidato (RMS23.586, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 25-10-2011, Segunda Turma, Informativo646).

6. ESTRUTURA DA PEÇAA estrutura do mandado de segurança invoca subsidiariamente o Código de Processo Civil,

sendo que a petição inicial deverá seguir a regra do art. 39, I, e arts. 282 a 285 daquelediploma processual, bem como algumas peculiaridades trazidas pela Lei n. 12.016/2009.Vejamos o modelo:

MODELO 3 – MANDADO DE SEGURANÇA

Endereçamento* Ex.: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR PRESIDENTE DO SUPREMOTRIBUNAL FEDERAL.* Sugestão: Média de 5 linhas, para todas as petições iniciais.

LEGITIMIDADE ATIVA* Qualificação do autor da ação (NOME, nacionalidade, estado civil, profissão,portador da cédula de identidade n. ..., expedida por ..., em ..., inscrito no CPF/MFn. ..., residente e domiciliado à rua ...) Impetrar

IDENTIFICAÇÃO DA AÇÃO* MANDADO DE SEGURANÇA (COM PEDIDO DE LIMINAR)

LEGITIMIDADE PASSIVA* Em face do ato ...

DA TEMPESTIVIDADE* Mandado de segurança caduca (Súmula n. 632 do STF) no prazo de 120 dias acontar da ciência, pelo interessado, do ato impugnado, de acordo com o art. 23 daLei n. 12.016/2009. Não existe prazo para impetração do mandado de segurançapreventivo.

DOS FATOS* Exposição dos fatos previstos na situação hipotética da questão. Não inventaroutros fatos nem trazer detalhes ausentes no problema.

DO DIREITO* Atente-se que a mera citação de artigos não pontua. Deve-se apontar osrequisitos do art. 5º, LXIX, da CRFB/88 e os da Lei n. 12.016/2009.

DA MEDIDA LIMINAR* O art. 7º, III, da Lei n. 12.016/2009, dispõe que a liminar será concedida parasuspender o ato impugnado. Aqui é importante apontar os requisitos da liminar,

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quais sejam: o fumus boni iuris e o periculum in mora.DOS PEDIDOS

* Ante todo o exposto, você deverá requerer a concessão da medida liminar, anotificação da autoridade coatora no endereço fornecido na exordial, para que,querendo, preste as informações que entender pertinentes do caso, dar ciência aorepresentante legal da pessoa jurídica, a intimação do Representante do MinistérioPúblico, a condenação do impetrado em custas processuais e ao final seja julgadoprocedente o pedido.

VALOR DA CAUSA* Dá-se à causa, para efeitos fiscais, o valor de R$ ... (Sugerimos que, se a bancaexaminadora não estabelecer o valor da causa no enunciado da peça prático-profissional, dê à causa o valor de R$ 1.000,00 (mil reais), guiado pelos espelhosde respostas cobradas em exames passados).

Nesses termos,Pede deferimento.

Local e dataAdvogado, OAB n. ...

7. QUESTÃO DE PROVA ANTERIOR(FGV – 2010.2) Mévio de Tal, com quarenta e dois anos de idade, pretende candidatar-se a

cargo vago, mediante concurso público, organizado pelo Estado X, tendo, inclusive, sematriculado em escola preparatória. Com a publicação do edital, é surpreendido com alimitação, para inscrição, dos candidatos com idade de, no máximo, vinte e cinco anos.Inconformado, apresenta requerimento ao responsável pelo concurso, que aduz o interessepúblico, tendo em vista que, quando mais jovem, maior tempo permanecerá no serviço públicoo aprovado no certame, o que permitirá um menor déficit nas prestações previdenciárias, umdos problemas centrais do orçamento do Estado na contemporaneidade. O responsável peloconcurso é o Governador do Estado X. Não há previsão legal para o estabelecimento de idademínima, sendo norma constante do edital do concurso.

Não há necessidade de produção de provas e o prazo entre a publicação do edital e daimpetração da ação foi menor que 120 (cento e vinte) dias.

Na qualidade de advogado contratado por Mévio, redigir a peça cabível ao tema,observando: a) competência do Juízo; b) legitimidade ativa e passiva; c) fundamentos demérito constitucionais e legais vinculados; d) os requisitos formais da peça inaugural; e)necessidade de tutela de urgência.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DOTRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO XMÉVIO DE TAL, nacionalidade, estado civil, profissão, portador da cédula deidentidade n. ... e CPF/MF n. ..., residente e domiciliado à ..., por seu advogadoinscrito na OAB/ ... sob n. ..., que esta subscreve, em instrumento de mandato

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anexo, com endereço indicado para receber notificações e intimações, nos termosdo art. 39, I, do Código de Processo Civil, vem, mui respeitosamente, à presençade Vossa Excelência, com fulcro no art. 5º, LXIX, da CRFB/88 e no art. 1º da Lei n.12.016/2009, impetrar

MANDADO DE SEGURANÇA COM PEDIDO DE LIMINARem face do GOVERNADOR DO ESTADO X, pelos motivos abaixo aduzidos:

DOS FATOSO Impetrante, Mévio de Tal, atualmente com quarenta e dois anos de idade,pretendendo candidatar-se a cargo vago, mediante concurso público, foisurpreendido com a previsão do edital do concurso que estabelece para inscriçãodos candidatos a idade de, no máximo, vinte e cinco anos. Tal previsão impede queo ora Impetrante possa fazer a sua inscrição para se candidatar ao cargo vagomediante concurso público.Inconformado, apresentou requerimento ao responsável pelo concurso, que é oGovernador do Estado X, que aduziu o interesse público, tendo em vista que,quanto mais jovem for o candidato, maior tempo permanecerá no serviço público seaprovado no certame, o que permitirá um menor déficit nas prestaçõesprevidenciárias. Com fundamento na previsão editalícia do concurso, Mévio de Talestá sendo impedido de, sequer, inscrever-se no certame, caracterizando um atoinconstitucional e abusivo.

DO DIREITOEm conformidade com o art. 1º, III, da CRFB/88, que preceitua a dignidade dapessoa humana como um dos princípios norteadores da República Federativa doBrasil, devendo todos os entes federativos estar em consonância com talfundamento, respeitando os direitos e garantias da pessoa humana, conferindo atodos um mínimo existencial.Ademais, o art. 7º, em seu inciso XXX, da CRFB/88 proíbe a diferenciação desalários, exercício de funções, utilizando-se o sexo, a idade, a cor ou o estado civilcomo critérios de admissão.Não se pode olvidar a vedação imposta no art. 19, caput, III, da Carta Magna, àUnião, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, sobre a criação dedistinções entre brasileiros ou preferências entre si.Muito embora o art. 37, caput e inciso I, da CRFB/88, disponha que os princípios delegalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência devam serobedecidos pela administração pública direta e indireta de qualquer dos entesfederativos, inclusive os Estados-membros. E que são acessíveis aos brasileiros, oscargos, empregos e funções públicas, que preencham os requisitos estabelecidosem lei, da mesma forma que os estrangeiros, na forma da lei.Fica patente, no caso em tela, o irrestrito desrespeito ao que preceitua o textoconstitucional, em especial ao que assevera o art. 37, II, da Carta Maior, queestabelece a aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas etítulos como requisito para a investidura em cargo ou emprego público, salvo oscasos de nomeações para cargos em comissão declarados em lei de livre

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nomeação e exoneração. Uma vez que o Edital supracitado traz como requisito paraa inscrição no concurso a exigência de idade de, no máximo, vinte e cinco anos. Talvedação imposta pelo edital é um atentado ao que asseveram os mais diversosartigos constitucionais acima elencados, tornando os critérios de inscriçãorestritivos, uma vez que coíbe a inscrição de candidatos, tornando-se umaferramenta eficaz de eliminação na fase inicial do concurso, indo de encontro aoprincípio da isonomia, que constitui um dos vetores da administração pública.Diante do exposto, verificada e confirmada a quebra da isonomia e o caráterrestritivo do edital, ao impedir a inscrição no concurso, ficando patente a atitudedesrespeitosa ao direito líquido e certo do Impetrante pela Autoridade Coatora,atacando e ofendendo os dispositivos constitucionais previstos nos arts. 1º, incisoIII, 7º, XXX, 19, inciso III, e 37, incisos I e II, todos da CRFB/88, faz-se urgente enecessário utilizar o instrumento que visa garantir ao impetrante a proteção do seudireito líquido com base no art. 5º, LXIX, da CRFB/88 c/c o art. 1º da Lei n.12.016/2009.

DA LIMINAREm conformidade com o art. 7º, III, da Lei n. 12.016/2009, que disciplina oMandado de Segurança, assegurando a suspensão do ato que deu motivo aopedido, em havendo fundamento relevante do pedido e do ato impugnado puderresultar a ineficácia da medida. Não resta dúvida que na exordial constam ospressupostos do fumus boni juris diante da incontestável e manifesta violação dospreceitos e dispositivos constitucionais que asseveram que é defeso criar requisitosdiscriminatórios e restritivos ao ingresso em carreira pública. Destarte, verifica-se econfigura-se o periculum in mora, haja vista a relevância e urgência para que oimpetrante consiga realizar a sua inscrição, sob pena de exclusão definitiva doconcurso, o que justifica de forma plena o pedido da medida liminar.

DO PEDIDOAnte o exposto, requer:a) que se conceda, in limine, a segurança requerida, expedindo ofício à AutoridadeCoatora para suspender o ato abusivo previsto no edital do concurso e para que secumpram as determinações legais (art. 9º da Lei n. 12.016/2009), possibilitando aocandidato, ora Impetrante, inscrever -se no concurso;b) que se proceda à notificação da autoridade coatora, o Senhor Governador doEstado X, para prestar informações no prazo de dez dias, como de direito;c) que se dê ciência do feito ao representante judicial da autoridade coatora para semanifestar no prazo legal, em conformidade com art. 7º, III, da Lei n. 12.016/2009;d) que se determine a intimação do Ministério Público para oferecer parecer, nostermos do art. 12, da Lei n. 12.016/2009;e) fixar multa, nos termos do parágrafo único do art. 14 do Código de ProcessoCivil;f) acatar as provas que demonstram o direito líquido e certo do Impetrante queacompanham a presente petição inicial, confirmando a prova pré-constituída comoexigência no mandado de segurança;

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g) ao final, a concessão da segurança e que se confirme a concessão da liminar,para que seja permitida a inscrição do impetrante no concurso público e para que omesmo faça as provas.Dá-se à causa, para efeitos fiscais e de alçada, o valor de R$ 1.000,00 (mil reais).

Nesses termos,Pede deferimento.

Local e dataAdvogado, OAB n. ...

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1 MS 24.500, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 25-11-2010, Plenário, DJe de 13-12-2010; RMS 25.692, Rel. Min. CármenLúcia, julgamento em 8-6-2010, Primeira Turma, DJe de 1º-7-2010; MS 27.236 AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski,julgamento em 25-3-2010, Plenário, DJe de 30-4-2010.

2 OLIVEIRA, Erival da Silva. Prática constitucional. 4. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011, p. 193.3 OLIVEIRA, Erival da Silva. Prática constitucional. 4. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011, p. 193.

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CAPÍTULO IV MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVo (MSC)1. APRESENTAÇÃO

O mandado de segurança coletivo é uma ação constitucional que tutela direitos coletivos eindividuais homogêneos, direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ouhabeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade públicaou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.

Os princípios básicos que regem o mandado de segurança individual informam econdicionam, no plano jurídico-processual, a utilização do writ mandamental coletivo. Atos emtese acham-se pré-excluídos do âmbito de atuação e incidência do mandado de segurança,aplicando-se, em consequência, às ações mandamentais de caráter coletivo, conforme enunciaa Súmula n. 266 do Supremo Tribunal Federal.[1]

O mandado de segurança coletivo é uma ação de natureza civil, que segue o rito sumárioespecial. É uma garantia constitucional utilizada para tutelar direito líquido, ou seja, aquelecomprovado de plano, por meio de documento, já que não há dilação probatória. Nestesentido, o Supremo Tribunal Federal entende que o mandado de segurança coletivo nãocomporta a possibilidade de instauração incidental de uma fase de dilação probatória. Anoção de direito líquido e certo ajusta-se, em seu específico sentido jurídico, ao conceito desituação que deriva de fato certo, vale dizer, de fato passível de comprovação documentalimediata e inequívoca.[2]

De acordo como art. 5º, LXX, da CRFB/88, o mandado de segurança coletivo pode serimpetrado por partido político com representação no Congresso Nacional e pororganização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e emfuncionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ouassociados.

No mesmo sentido dispõe o art. 21, da Lei n. 12.016/2009, que o mandado de segurançacoletivo pode ser impetrado por partido político com representação no CongressoNacional, na defesa de seus interesses legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidadepartidária, ou por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmenteconstituída e em funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitoslíquidos e certos da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou associados, na forma dosseus estatutos e desde que pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto,autorização especial.

2. CARACTERÍSTICAS/REQUISITOSO parágrafo único, do art. 21. da Lei n. 12.016/2009, estabelece que os direitos protegidos

pelo mandado de segurança coletivo podem ser direitos coletivos, ou seja, ostransindividuais, de natureza indivisível, de que seja titular grupo ou categoria de pessoasligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica básica, e os direitosindividuais homogêneos, ou seja, os decorrentes de origem comum e da atividade ousituação específica da totalidade ou de parte dos associados ou membros do impetrante.

A legitimidade ativa para propositura do mandado de segurança coletivo pode serfundamentada nas alíneas a e b do art. 5º, LXX, da CRFB/88. Neste sentido, o RemédioConstitucional, ora estudado, pode ser impetrado por partido político com representação noCongresso Nacional e por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente

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constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seusmembros ou associados. Em se tratando de mandado de segurança, é imprescindível ademonstração de que o ato ilegal da autoridade prejudicou direito subjetivo, líquido e certo doimpetrante, ou de seus representados, no caso de mandado de segurança coletivo.[3]

Quanto à legitimidade passiva da ação, enumeramos as autoridades públicas e agentes depessoas jurídicas com atribuições de Poder Público. Cumpre destacar que o mandado desegurança coletivo não deve ser impetrado em face de pessoa jurídica de direito público, mascontra a autoridade coatora.

Inerente ao mandado de segurança está a liminar que se presta para assegurar o direito,reparando, logo no início da demanda, ainda que provisoriamente, a violação cometida. Sem aliminar, o mandado de segurança torna-se ineficaz, irreconhecível, fundamentalmente, porqueseu uso pressupõe urgência e sua tramitação, sem a liminar, não garante a presteza conferidapela lei. No entanto, cumpre destacar que, de acordo com § 2º do art. 22 da Lei n.12.016/2009, a liminar, no mandado de segurança coletivo, só poderá ser concedida após aaudiência do representante judicial da pessoa jurídica de direito público, que deverá sepronunciar no prazo de 72 (setenta e duas) horas.

No mandado de segurança coletivo, a sentença fará coisa julgada limitadamente aosmembros do grupo ou categoria substituídos pelo impetrante, conforme caput do art. 22, daLei n. 12.016/2009.

A participação do Ministério Público é indispensável, justificada na tutela do interesse público,tendo obrigatoriamente que oferecer seu parecer no prazo máximo de dez dias, de acordocom o art. 12 da Lei n. 12.016/2009.

Por fim, não se pode esquecer do disposto no art. 23 da Lei n. 12.016/2009. O mandado desegurança tem prazo fatal, decadencial e improrrogável, ou seja, o direito de requerermandado de segurança extinguir-se-á decorridos 120 (cento e vinte) dias, contados da ciência,pelo interessado, do ato impugnado.

3. COMO IDENTIFICAR A PEÇAVocê deverá ficar atento, para identificação desta ação, a algumas peculiaridades. No

mandado de segurança coletivo, você não atacará uma decisão judicial. Lembre-se de que odireito coletivo em discussão pode ser coletivo ou individual homogêneo e que o direitocoletivo que deve ser protegido está sendo violado ou ameaçado por um ato de feiçõespúblicas, podendo ser praticado tanto por ente público quanto por ente privado delegatário defunção pública.

Quem deve ajuizar a ação é uma das pessoas jurídicas descritas no art. 5º, LXX, a e b, daCRFB/88 e no art. 21 da Lei n. 12.016/2009.

É possível comprovar os fatos de onde surge o direito coletivo lesado somente por meio deprova documental. Além disso, a pessoa que teve seu direito lesado ou ameaçado teve ciênciahá pelo menos 120 dias do ato. Logo, cabível é o mandado de segurança coletivo.

4. COMPETÊNCIAA competência para processar e julgar o mandado de segurança é definida em função da

hierarquia da autoridade legitimada a praticar a conduta, comissiva ou omissiva, que possaresultar em lesão ao direito subjetivo da parte e não será alterada pela posterior elevaçãofuncional dela.

Assim, a Constituição Federal estabeleceu, em seu art. 102, I, d, a competência originária,

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a o Supremo Tribunal Federal, para julgamento do mandado de segurança contra atos doPresidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, doTribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio Supremo TribunalFederal.

Conforme estabelece o art. 105, I, b, da CRFB/88, compete ao Superior Tribunal deJustiça processar e julgar, originariamente, os mandados de segurança contra ato de Ministrode Estado, dos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica ou do próprio Tribunal.

A competência dos Tribunais Regionais Federais para processar e julgar, originariamente,os mandados de segurança contra ato do próprio Tribunal ou de juiz federal, tem previsãoconstitucional no art. 108, I, c.

Já a competência dos juízes federais para processar e julgar os mandados de segurançacontra ato de autoridade federal, excetuados os casos de competência dos tribunais federais,está estabelecida no art. 109, VIII, da CRFB/88.

A competência estadual no mandado de segurança é regulada pelas Constituições Estaduaise leis locais de organização judiciária.

5. FUNDAMENTOS MAIS COMUNSAs principais fundamentações jurídicas do mandado de segurança podem ser encontradas na

Constituição Federal, nos arts. 5º, LXX, a e b; 102, I, d; 105, I, b; 108, I, c; 109, VIII; e na Lein. 12.016/2009.

Além disso, sugerimos a leitura das seguintes súmulas do Supremo Tribunal Federal sobremandado de segurança coletivo:

Súmula n. 629 – A impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de classeem favor dos associados independe da autorização destes.Súmula n. 630 – A entidade de classe tem legitimação para o mandado de segurançaainda quando a pretensão veiculada interesse apenas a uma parte da respectiva categoria.

FIQUE ATENTO!!!Os princípios básicos que regem o mandado de segurança individual informam econdicionam, no plano jurídico-processual, a utilização do writ mandamental coletivo. Atosem tese acham-se pré-excluídos do âmbito de atuação e incidência do mandado desegurança, aplicando-se, em consequência, às ações mandamentais de caráter coletivo, aSúmula n. 266 do STF (MS 21.615, Rel. p/o ac. Min. Celso de Mello, julgamento em 10-2-1994, Plenário, DJ de 13-3-1998).O mandado de segurança coletivo – que constitui, ao lado do writ individual, mera espécieda ação mandamental instituída pela Constituição de 1934 – destina-se, em sua precípuafunção jurídico-processual, a viabilizar a tutela jurisdicional de direito líquido e certo nãoamparável pelos remédios constitucionais do habeas corpus e do habeas data. Simplesinteresses, que não configurem direitos, não legitimam a válida utilização do mandado desegurança coletivo (MS 21.291 AgR QO, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 12-4-1991, Plenário, DJ de 27-10-1995).

6. ESTRUTURA DA PEÇAA estrutura do mandado de segurança invoca subsidiariamente o Código de Processo Civil,

sendo que a petição inicial deverá seguir a regra do art. 39, I, e dos arts. 282 a 285 daquelediploma processual, bem com algumas peculiaridades trazidas pela Lei n. 12.016/2009.

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Vejamos o modelo:

MODELO 4 – MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO

Endereçamento* Ex.: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR PRESIDENTE DO SUPREMOTRIBUNAL FEDERAL.* Sugestão: Média de 5 linhas, para todas as petições iniciais.

LEGITIMIDADE ATIVA* Qualificação do autor da ação (NOME, nacionalidade, estado civil, profissão,portador da cédula de identidade n. ..., expedida por ..., em ..., inscrito no CPF/MFn. ..., residente e domiciliado à rua ...) Impetrar

IDENTIFICAÇÃO DA AÇÃO* MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO (COM PEDIDO DE LIMINAR)

LEGITIMIDADE PASSIVA* Em face do ato ...

DA TEMPESTIVIDADE* Mandado de segurança caduca (Súmula n. 632 do STF) no prazo de 120 dias acontar da ciência, pelo interessado, do ato impugnado, de acordo com o art. 23 daLei n. 12.016/2009. Não existe prazo para impetração do Mandado de Segurançapreventivo.

DOS FATOS* Exposição dos fatos previstos na situação hipotética da questão. Não inventaroutros fatos nem trazer detalhes ausentes no problema.

DO DIREITO* Atente-se que a mera citação de artigos não pontua. Deve-se apontar osrequisitos do art. 5º, LXX, a e b, da CRFB/88 e os da Lei n. 12.016/2009.

DA MEDIDA LIMINAR* O art. 22, § 2º, da Lei n. 12.016/2009, dispõe que a liminar será concedida, parasuspender o ato impugnado. Aqui é importante apontar os requisitos da liminar,quais sejam: o fumus boni iuris e o periculum in mora.

DOS PEDIDOS* Ante todo o exposto, você deverá requerer a concessão da medida liminar, anotificação da autoridade coatora no endereço fornecido na exordial, para que,querendo, preste as informações que entender pertinentes do caso, dar ciência aorepresentante legal da pessoa jurídica, a intimação do Representante do MinistérioPúblico, a condenação do impetrado em custas processuais e ao final seja julgadoprocedente o pedido.

VALOR DA CAUSA

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* Dá-se à causa, para efeitos fiscais, o valor de R$ ... (Sugerimos que, se a bancaexaminadora não estabelecer o valor da causa no enunciado da peça prático-profissional, dê à causa o valor de R$ 1.000,00, guiado pelos espelhos derespostas cobradas em exames passados).

Nesses termos,Pede deferimento.

Local e dataAdvogado, OAB n. ...

7. QUESTÃO DE PROVA ANTERIOR(CESPE – 2010.1) O secretário de administração do estado-membro Y, com a finalidade de

incentivar o aprimoramento profissional de certa categoria de servidores públicos, criou, pormeio de lei específica, tabela de referências salariais com incremento de 10% entre uma eoutra, estando a mudança de referência baseada em critérios de antiguidade e merecimento.O pagamento do mencionado percentual seria feito em seis parcelas mensais e sucessivas.Os servidores que adquiriram todas as condições para o posicionamento na referência salarialjá haviam recebido o pagamento de três parcelas quando sobreveio a edição de medidaprovisória revogando a sistemática estabelecida na lei. Assim, no mês seguinte à edição dessamedida, o valor correspondente à quarta parcela foi excluído da folha de pagamento. Emdecorrência dessa exclusão, os servidores requereram à Secretaria Estadual de Planejamentoe Gestão a respectiva inserção na folha de pagamento, sob pena de submeter a questão aoPoder Judiciário.

Em resposta, o secretário indeferiu o pedido, fundado nos seguintes argumentos:a) em razão da revogação da lei, promovida pela medida provisória, os servidores não mais

teriam direito ao recebimento do percentual;b) seria possível a alteração do regime remuneratório, em face da ausência de direito

adquirido a regime jurídico, conforme já reconhecido pelo Supremo Tribunal Federal;c) os servidores teriam, na hipótese, mera expectativa de direito, e não, direito adquirido;d) não cabe ao Poder Judiciário atuar em área própria do Poder Executivo e conceder o

reajuste pleiteado, sob pena de ofensa ao princípio constitucional da separação dospoderes.

Em face da situação hipotética apresentada, na qualidade de advogado(a) contratado(a) pelosindicato dos servidores, redija a medida judicial cabível para impugnação do ato daautoridade que determinou a exclusão do pagamento dos servidores dos percentuais previstosem lei, destacando os argumentos necessários à adequada defesa dos interesses de seusclientes.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARA CÍVEL DACOMARCA DE ... DO ESTADO-MEMBRO YSINDICATO DOS SERVIDORES, pessoa jurídica de direito privado, inscrita noCNPJ n. ..., registrada no Ministério do Trabalho sob o n. ..., com sede à ..., porseu advogado abaixo assinado, com instrumento procuratório anexo, no qual consta

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o respectivo endereço profissional, para o qual devem ser remetidas as intimaçõese notificações de praxe, conforme art. 39, I, do CPC, vem, respeitosamente, àpresença de Vossa Excelência, com fulcro no art. 5º, LXX, b, da CRFB e na Lei n.12.016/2009, impetrarMANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO com PEDIDO DE LIMINAREm face de ato praticado pelo SECRETÁRIO DE ADMINISTRAÇÃO DO ESTADO-MEMBRO Y, vinculado à Secretaria Estadual de Planejamento e Gestão, pelosmotivos de fato e de direito a seguir aduzidos:DOS FATOSO Secretário de Administração do Estado-Membro Y, com a finalidade de incentivaro aprimoramento profissional de certa categoria de servidorespúblicos, criou, por meio de lei específica, tabela de referências salariais comincremento de 10% entre uma e outra, estando a mudança de referência baseadaem critérios de antiguidade e merecimento. O pagamento do mencionado percentualseria feito em seis parcelas mensais e sucessivas. Os servidores que adquiriramtodas as condições para o posicionamento na referência salarial já haviam recebidoo pagamento de três parcelas quando sobreveio a edição de medida provisória,revogando a sistemática estabelecida na lei. Assim, no mês seguinte à ediçãodessa medida, o valor correspondente à quarta parcela foi excluído da folha depagamento. Em decorrência dessa exclusão, os servidores requereram à SecretariaEstadual de Planejamento e Gestão a respectiva inserção na folha de pagamento,sob pena de submeter a questão ao Poder Judiciário. Em resposta, o secretárioindeferiu o pedido, fundado nos seguintes argumentos:a) em razão da revogação da lei, promovida pela medida provisória, os servidoresnão mais teriam direito ao recebimento do percentual;b) seria possível a alteração do regime remuneratório, em face da ausência dedireito adquirido a regime jurídico, conforme já reconhecido pelo Supremo TribunalFederal;c) os servidores teriam, na hipótese, mera expectativa de direito, e não direitoadquirido;d) não cabe ao Poder Judiciário atuar em área própria do Poder Executivo econceder o reajuste pleiteado, sob pena de ofensa ao princípio constitucional daseparação dos poderes.DO DIREITOInicialmente, tem-se que, mesmo ocorrendo a revogação da lei, promovida pelamedida provisória, os servidores que já haviam preenchido todas as condições parao posicionamento na referência salarial continuam possuindo direito ao recebimentodo percentual, tendo em vista que possuem direito adquirido, conforme estabelece oart. 5º, XXXVI, da CRFB/88, muito embora a implementação esteja sendo feita demodo parcelado.Além de violar o princípio do direito adquirido, o ato que determinou exclusão dopagamento dos servidores dos percentuais previstos em lei desobedeceu oprincípio da irredutibilidade dos subsídios, previsto no art. 37, XI, da CRFB/88.

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Ademais, apesar de ser constitucional a alteração do regime remuneratório dosservidores, tal alteração não pode ocorrer sem que sejam observados os preceitosconstitucionais, em especial da vedação de minoração remuneratória.Por fim, poderá o Poder Judiciário conceder o reajuste pleiteado, pois, o art. 5º,XXXVI, da CRFB/88, afirma que “a lei não excluirá da apreciação do PoderJudiciário, lesão ou ameaça a direito”.DA MEDIDA LIMINARDiante disso, verifica-se a presença dos requisitos indispensáveis à concessão daliminar, quais sejam, o fumus boni iuris, em razão da violação aosprincípios constitucionais do direito adquirido (art. 5º, XXXVI, da CRFB/88), e opericulum in mora, concretização de grave risco de ocorrência de dano irreparável.Requer-se, assim, a concessão de medida liminar, nos termos do art. 7º, III, da Lein. 12.016/2009, com o intuito de suspender ato da autoridade que determinou aexclusão do pagamento dos servidores dos percentuais previstos em lei e,consequentemente, garantir o pagamento da quarta, quinta e sexta parcelasdevidas.DO PEDIDOAnte o exposto, requer:a) a concessão da medida liminar para suspender ato da autoridade que determinoua exclusão do pagamento dos servidores dos percentuais previstos em lei e,consequentemente, garantir o pagamento da quarta, quinta e sexta parcelasdevidas, nos termos do art. 7º, III, da Lei n. 12.016/2009;b) a notificação do Secretário de Administração do Estado-Membro Y, a fim de que,no prazo de 10 (dez) dias, preste as informações que julgar necessárias, conformeart. 7º, I, da Lei n. 12.016/2009;c) que se dê ciência do feito ao órgão de representação judicial do Secretário deAdministração do Estado-Membro Y, para que, querendo, ingresse no feito, noprazo legal, de acordo com o art. 7º, II, da Lei n. 12.016/2009;d) a determinação da oitiva do representante do Ministério Público, dentro do prazoimprorrogável de 10 (dez) dias, nos moldes do art. 12 da Lei n. 12.016/2009;e) a procedência da presente impetração com a confirmação da liminar, declarandoa nulidade do ato que determinou a exclusão da parcela do reajuste na folha depagamento, a fim de que seja assegurada aos servidores públicos a implementaçãodo reajuste.Provas pré-constituídas anexadas.Dá-se à causa do valor de R$ 1.000,00 (mil reais) para efeitos fiscais e de alçada.

Nesses termos,Pede e espera deferimento.

Local e dataAdvogado, OAB n. ...

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1 MS 21.615, Rel. p/o ac. Min. Celso de Mello, julgamento em 10-2-1994, Plenário, DJ de 13-3-1998.2 MS 24.500, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 25-11-2010, Plenário, DJe de 13-12-2010; RMS 25.692, Rel. Min. Cármen

Lúcia, julgamento em 8-6-2010, Primeira Turma, DJe de 1º-7-2010; MS 27.236 AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski,julgamento em 25-3-2010, Plenário, DJe de 30-4-2010.

3 RMS 22.350, Rel. Min. Sydney Sanches, julgamento em 3-9-1996, Primeira Turma, DJ de 8-11-1996.

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CAPÍTULO V MANDADO DE INJUNÇÃO (MI)1. APRESENTAÇÃO

O mandado de injunção é o remédio constitucional utilizado quando a falta de normaregulamentadora inviabiliza o exercício de direito previsto na Constituição Federal.

Quanto a sua origem, existem algumas divergências. Para alguns, ele teria nascido nosEstados Unidos (writ of injunction); para outros, suas raízes apontam para o Direito português.Certo é que o mandado de injunção é uma inovação da Constituição de 1988, uma vez quenenhuma Constituição brasileira anterior trazia essa garantia.

O art. 5º, LXXI, da CRFB/88, afirma que o mandado de injunção será concedido sempre quea falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdadesconstitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania.Entendemos que este rol é exemplificativo, e não taxativo, ou seja, o mandado de injunçãopoderia ser proposto em face de qualquer direito e garantia constitucionais. Esta é ainterpretação do Ministro Moreira Alves no julgamento do MI 107-3/DF:

[…] não vê razão suficiente para restringir os termos literais do inciso LXXI do art. 5º da Constituição – “direitos eliberdades constitucionais” –, certo como é que a mesma razão que justifica a concessão do mandado de injunção aosdireitos e garantias previstos neste art. 5º existe em relação aos demais direitos e garantias constitucionais (inclusive ossociais), cujo exercício seja inviabilizado pela falta de norma regulamentadora.[1]

O mandado de injunção tem como objetivo combater síndrome da inefetividade das normasconstitucionais de eficácia limitada. Na verdade, esse fenômeno ocorre quando há odescumprimento da norma constitucional mandamental que determina o exercício de certosdireitos à edição de lei, a qual, no entanto, simplesmente não é efetivada, a exemplo do quenarra a Constituição Federal, no art. 37, VII, sobre o direito de greve dos servidores públicosque será exercido nos termos e nos limites de lei específica, ou do art. 40, § 4º, II, dodispositivo constitucional, que cuida da aposentadoria especial para aqueles que exerçamatividades de risco.

Segundo Padilha, somente será cabível o mandado de injunção quando presentes osseguintes pressupostos:

a) previsão de um direito não autoaplicável pela Constituição;b) falta de norma implementadora de regulamentação;c) inviabilização referente aos direitos e liberdades constitucionais;d) nexo de causalidade entre a omissão e a inviabilidade;e) que o impetrante seja o beneficiário direto do direito, liberdade ou prerrogativa. Pois, se

não for, baldio estará o interesse de agir.[2]Para ser cabível o mandado de injunção, não basta que haja eventual obstáculo ao exercício

de direito ou liberdade constitucional em razão de omissão legislativa, mas concretainviabilidade de sua plena fruição pelo seu titular. Daí por que há de ser comprovada, de plano,a titularidade do direito e a sua inviabilidade decorrente da ausência de normaregulamentadora do direito constitucional.[3]

2. CARACTERÍSTICAS/REQUISITOSO mandado de injunção tem efeito inter partes, ou seja, em relação ao caso concreto. Antes

da decisão judicial, o direito individual não é exercido em virtude da ausência da norma. Ajurisprudência vem entendendo que o referido preceito é insuscetível de liminar, nasce com a

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sentença, cuja eficácia é ex nunc, não pode retroagir.[4]Tem legitimidade ativa para impetrar mandado de injunção qualquer pessoa, física ou

jurídica, interessada na questão. Já a ação deve ser proposta em face de órgão ou poderincumbido de elaborar a norma.

Quanto ao procedimento, serão observadas, no que couber, as normas do mandado desegurança, já que não existe lei que estabeleça rito específico para a ação de mandado deinjunção, conforme estabelece o art. 24, parágrafo único, da Lei n. 8.038/90. Desta forma,temos indicação de prova pré-constituída (não havendo produção de provas); o pedido departicipação de representante do Ministério Público, assim como a fixação da competência emrazão da categoria funcional da autoridade coatora.[5] Porém, o entendimento do SupremoTribunal Federal é no sentido de que não cabe concessão de liminar em mandado deinjunção.[6]

Não se pode olvidar que o mandado de injunção é ação constitutiva; não é açãocondenatória, não se presta a condenar o Congresso ao cumprimento de obrigação de fazer.Não cabe a cominação de pena pecuniária pela continuidade da omissão legislativa.[7]

3. COMO IDENTIFICAR A PEÇAObserve que você irá atacar a inércia do Poder Legislativo ou Executivo, este último, quando

responsável pela propositura do projeto-lei, que deveria ter proposto e não o fez. É digno deregistro que o mandado de injunção só é cabível quando os direitos subjetivos sãopreexistentes, e não para criá-los ou abrangê-los. A esse entendimento, filia-se Celso RibeiroBastos,[8] junto com a conclusiva jurisprudência do STF de que é necessária, pois, a existênciade um direito subjetivo concedido em concreto pela Constituição, cuja fruição está a dependerde norma regulamentadora.[9]

O mandado de injunção visa a combater a falta da norma regulamentadora. Trata-se decontrole de constitucionalidade ao caso concreto, difuso e incidental. Portanto, sugerimos que,no caso apresentado, sempre seja feita uma conexão com a norma constitucional de eficácialimitada. Logo, cabível é o mandado de injunção.

4. COMPETÊNCIAA competência para o julgamento do mandado de injunção se estabelece de acordo com a

autoridade responsável pela elaboração da norma regulamentadora, ou seja, a competênciaserá definida conforme a autoridade responsável pela edição da norma faltosa.[10]

A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 estabelece algumas regras decompetência para julgamento e processamento do mandado de injunção. Em seu art. 102, I, q,afirma competir ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição,cabendo, originariamente, processar e julgar o mandado de injunção, quando a elaboração danorma regulamentadora for atribuição do Presidente da República, do Congresso Nacional, daCâmara dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma dessas Casas Legislativas,do Tribunal de Contas da União, de um dos Tribunais Superiores, ou do próprio SupremoTribunal Federal.

Por sua vez, estabelece no art. 105, I, h, a competência do Superior Tribunal de Justiçapara processar e julgar, originariamente, o mandado de injunção, quando a elaboração danorma regulamentadora for atribuição de órgão, entidade ou autoridade federal, daadministração direta ou indireta, excetuados os casos de competência do Supremo TribunalFederal e dos órgãos da Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da

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Justiça Federal. Não esqueça de endereçar a petição ao Presidente do Tribunal.

5. FUNDAMENTOS MAIS COMUNSAs principais fundamentações jurídicas do mandado de injunção podem ser encontradas no

art. 5º, LXXI, art. 102, I, q, e II, a, art. 105, I, h, da CRFB/88; Lei n. 8.038/90, art. 24,parágrafo único; e Lei n. 12.016/2009.

Vale salientar que não existe lei que estabeleça rito específico para a ação de mandado deinjunção, de modo que, por analogia, conforme art. 24, parágrafo único, da Lei n. 8.038/90,serão observadas, no que couber, as normas do mandado de segurança, enquanto nãoeditada legislação específica.

FIQUE ATENTO!!!Para ser cabível o mandado de injunção, não basta que haja eventual obstáculo ao exercíciode direito ou liberdade constitucional em razão de omissão legislativa, mas concretainviabilidade de sua plena fruição pelo seu titular. Daí por que há de ser comprovada, deplano, a titularidade do direito (...) e a sua inviabilidade decorrente da ausência de normaregulamentadora do direito constitucional (MI 2.195-AgR, voto da Rel. Min. Cármen Lúcia,julgamento em 23-2-2011, Plenário, DJe de 18-3-2011). No mesmo sentido: MI 624, Rel.Min. Menezes Direito, julgamento em 21-11-2007, Plenário, DJe de 28-3-2008.O mandado de injunção é ação constitutiva; não é ação condenatória, não se presta acondenar o Congresso ao cumprimento de obrigação de fazer. Não cabe a cominação depena pecuniária pela continuidade da omissão legislativa (MI 689, Rel. Min. Eros Grau,julgamento em 7-6-2006, Plenário, DJ de 18-8-2006).O mandado de injunção não é o meio próprio a ver-se declarada inconstitucionalidade poromissão, considerado ato administrativo do Presidente da República criando determinadoconselho e deixando de contemplar participação possivelmente assegurada, a entidadesindical, pelo texto constitucional (MI 498, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 6-2-1997,Plenário, DJ de 4-4-1997).

6. ESTRUTURA DA PEÇAA estrutura da ação de mandado de injunção invoca subsidiariamente o Código de Processo

Civil, sendo que a petição inicial deverá seguir a regra do art. 39, I, e arts. 282 a 285 daquelediploma processual, consoante o art. 7º da Lei n. 12.016/2009. Vejamos o modelo:

MODELO 5 – MANDADO DE INJUNÇÃO

Endereçamento* Ex.: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR PRESIDENTE DO SUPREMOTRIBUNAL FEDERAL.* Sugestão: Média de 5 linhas, para todas as petições iniciais.

LEGITIMIDADE ATIVA* Qualificação do autor da ação (NOME, nacionalidade, estado civil, profissão,portador da cédula de identidade n. ..., expedida por ..., em ..., inscrito no CPF/MFn. ..., residente e domiciliado à rua ...) Impetrar

IDENTIFICAÇÃO DA AÇÃO

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* MANDADO DE INJUNÇÃOLEGITIMIDADE PASSIVA

* Em face de ...DOS FATOS

* Exposição dos fatos previstos na situação hipotética da questão. Não inventaroutros fatos nem trazer detalhes ausentes no problema.

DO DIREITO* Atente-se que a mera citação de artigos não pontua. Deve-se apontar osrequisitos do art. 5º, LXXI, art. 102, I, q e II, a, art. 105, I, h, da CRFB/88; Lei n.8.038/90, art. 24, parágrafo único; e Lei n. 12.016/2009.

DOS PEDIDOS* Ante todo o exposto, você deverá requerer a notificação da autoridade coatora noendereço fornecido na exordial, para que, querendo, preste as informações queentender pertinentes do caso, a intimação do Representante do Ministério Público ea procedência do pedido para que a omissão normativa seja sanada.

VALOR DA CAUSA* Dá-se à causa, para efeitos fiscais, o valor de R$ ... (Sugerimos dar à causa ovalor de R$ 1.000,00, guiados pelos espelhos de respostas cobradas em examespassados).Nesses termos,Pede deferimento.Local e dataAdvogado, OAB n. ...

7. QUESTÃO DE PROVA ANTERIOR(CESPE – 2008.3) Joana Augusta laborou, durante vinte e seis anos, como enfermeira do

quadro do hospital universitário ligado a determinada universidade federal, mantendo, nodesempenho de suas tarefas, em grande parte de sua carga horária de trabalho, contato comagentes nocivos causadores de moléstias humanas, bem como materiais e objetoscontaminados. Em conversa com uma colega, Joana obteve informação de que, em razão dasatividades que ela desempenhava, poderia requerer a aposentadoria especial, com base no §4º do art. 40 da Constituição Federal de 1988. A enfermeira, então, requereuadministrativamente a sua aposentadoria especial, invocando como fundamento do seu direitoo referido dispositivo constitucional. No dia 30 de novembro de 2008, Joana recebeunotificação de que seu pedido havia sido indeferido, tendo a administração pública justificado oindeferimento com base na ausência de lei que regulamente a contagem diferenciada de tempode serviço dos servidores públicos para fins de aposentadoria especial, ou seja, sem uma leique estabeleça os critérios para a contagem do tempo de serviço em atividades que possamser prejudiciais à saúde dos servidores públicos, a aposentadoria especial não poderia serconcedida. Nessa linha de entendimento, Joana deveria continuar em atividade até quecompletasse o tempo necessário para a aposentadoria por tempo de serviço. Inconformada,

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Joana procurou escritório de advocacia, objetivando ingressar com ação para obter suaaposentadoria especial.

Em face desta situação hipotética, na qualidade de advogado(a) contratado(a) por Joana,redija a petição inicial da ação cabível para a defesa dos interesses de sua cliente, atentando,necessariamente, para os seguintes aspectos:

a) competência do órgão julgador;b) legitimidade ativa e passiva;c) argumentos de mérito constitucionais e legais;d) os requisitos formais da peça judicial proposta.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO PRESIDENTE DO SUPREMOTRIBUNAL FEDERALJOANA AUGUSTA, nacionalidade, estado civil, profissão, portadora da cédula deidentidade n. ..., inscrita no CPF/MF n. ..., residente e domiciliada ..., nesta cidade,por seu advogado infra-assinado, conforme procuração anexa, com escritório à rua..., endereço para onde devem ser remetidas notificações e intimações conformeestabelece o art. 39, I, do CPC, vem respeitosamente, perante Vossa Excelência,com fulcro nos termos do art. 5º, LXXI, da CRFB/88 e do art. 24, parágrafo único,da Lei n. 8.038/90, impetrar

MANDADO DE INJUNÇÃOEm face da ausência de regulamentação, que torna inviável o exercício de direitoconstitucional de aposentadoria especial previsto no art. 40, § 4º, II, da CRFB/88,por inércia do PRESIDENTE DA REPÚBLICA, pelos fatos e fundamentos a seguirexpostos:

DOS FATOSJoana Augusta trabalhou, durante vinte e seis anos, como enfermeira do quadro dohospital universitário ligado a determinada universidade federal, mantendo, nodesempenho de suas tarefas, em grande parte de sua carga horária de trabalho,contato com agentes nocivos causadores de moléstias humanas, bem comomateriais e objetos contaminados. Em conversa com uma colega, Joana obteveinformação de que, em razão das atividades que ela desempenhava, poderiarequerer a aposentadoria especial, com base no § 4º do art. 40 da ConstituiçãoFederal de 1988.A enfermeira, então, requereu administrativamente a sua aposentadoria especial,invocando como fundamento do seu direito o referido dispositivo constitucional. Nodia 30 de novembro de 2008, Joana recebeu notificação de que seu pedido haviasido indeferido, tendo a administraçãopública justificado o indeferimento com base na ausência de lei que regulamente acontagem diferenciada de tempo de serviço dos servidores públicos para fins deaposentadoria especial, ou seja, sem uma lei que estabeleça os critérios para acontagem do tempo de serviço em atividades que possam ser prejudiciais à saúdedos servidores públicos, a aposentadoria especial não poderia ser concedida.

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Nessa linha de entendimento, Joana deveria continuar em atividade até quecompletasse o tempo necessário para a aposentadoria por tempo de serviço.

DO DIREITOConforme estabelece o § 4º do art. 40 da Constituição Federal de 1988, cabe aadoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoriade servidores públicos, cujas atividades sejam exercidas sob condições especiaisque prejudiquem a saúde ou a integridade física.Ocorre que estes critérios não foram definidos em lei, sendo, conforme estabeleceo art. 61, § 1º, II, c, da CRFB/88, de iniciativa privativa do Presidente da Repúblicaas leis que disponham sobre servidores públicos da União e Territórios, seu regimejurídico, provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria.A omissão do Presidente da República é injustificável, pois mais de vinte anos sepassaram, desde a promulgação da Constituição da República Federativa do Brasil,e até hoje não houve envio do referido projeto de lei ao Congresso Nacional comoprenuncia o art. 48 da CRFB/88.Ressalte-se que, se a impetrante fosse enfermeira em um hospital particular, nãohaveria qualquer óbice ao exercício do seu direito fundamental, já que o RegimeGeral da Previdência Social, na forma do art. 57, § 1º, da Lei n. 8.213/91,estabelece:Art. 57. A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigidanesta Lei, ao segurado que tiver trabalhado sujeito a condições especiais queprejudiquem a saúde ou a integridade física, durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25(vinte e cinco) anos, conforme dispuser a lei.§ 1º A aposentadoria especial, observado o disposto no art. 33 desta Lei, consistiránuma renda mensal equivalente a 100% (cem por cento) do salário de benefício.É patente que, no presente caso, a impetrante, que já trabalhou vinte e seis anosem condições especiais, tem direito à aposentadoria especial estabelecida no § 4ºdo art. 40 da CRFB/88 e já preencheu os requisitos legais para o requerimento daaposentadoria, conforme preconiza o art. 57 da Lei n. 8.213/91.

DOS PEDIDOSAnte todo o exposto, a impetrante requer que Vossa Excelência:a) determine a notificação da autoridade coatora, o senhor Presidente daRepública, para que preste as informações que entender pertinentes, de acordocom o art. 7º, III, da Lei n. 12.016/2009;b) determine a intimação do representante judicial, o Advogado-Geral da União,enviando-lhe cópias para que, querendo, ingresse no feito, de acordo com o art. 7º,II, da Lei n. 12.016/2009;c) determine a oitiva do Representante do Procurador-Geral da República para semanifestar;d) que seja reconhecida a omissão constitucional do Presidente da República eminiciar o processo legislativo, na forma do art. 61, § 1º, I, c, da CRFB/88, para queseja suprida a lacuna legislativa de forma a assegurar à impetrante o direito àaposentadoria especial.

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As provas estão pré-constituídas e acostadas à exordial, à luz do art. 6º da Lei n.12.016/2009.Dá-se à causa, para efeitos fiscais, o valor de R$ 1.000,00 (mil reais).

Nesses termos,Pede deferimento.

Local e dataAdvogado, OAB n. ...

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1 MI 107-3/DF, Rel. Min. Moreira Alves, Diário da Justiça da União de 21-9-1990.2 PADILHA, Rodrigo. Direito constitucional sistematizado. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2012, p. 285.3 MI 2.195-AgR, voto da Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 23-2-2011, Plenário, DJe de 18-3-2011. No mesmo sentido: MI

624, Rel. Min. Menezes Direito, julgamento em 21-11-2007, Plenário, DJe de 28-3-2008.4 MI 369-6/DFM, Rel. Min. Néri da Silveira, DJ de 26-2-1993.5 ARAS, José. Prática profissional de direito administrativo. 3. ed. Salvador: JusPodivm, 2012, p. 225.6 MI 342/SP, Rel. Min. Celso de Mello, DJ 1, de 1º-8-1991.7 MI 689, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 7-6-2006, Plenário, DJ de 18-8-2006.8 BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de direito constitucional. 20. ed. São Paulo: Saraiva, 1999, p. 243.9 MI 494, Rel. Min. Sydney Sanches, DJU de 12-12-1997.10 HENRIQUES, Cristina Giudice B. A nova interpretação do mandado de injunção pelo Supremo Tribunal Federal. Revista CEJ,

Brasília, Ano XIV, n. 48, p. 14-25, jan./mar. 2010, p. 16.

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CAPÍTULO VI AÇÃO POPULAR (AP)1. APRESENTAÇÃO

A ação popular é a ação constitucional de natureza civil, conferida a todos os cidadãospara a impugnação e a anulação dos atos administrativos comissivos e omissivos que sejamlesivos ao patrimônio público em geral, à moralidade administrativa, ao meio ambiente ea o patrimônio histórico e cultural, com a imediata condenação dos administradores, dosagentes administrativos e, também, dos beneficiados pelos atos lesivos ao ressarcimento doscofres públicos, em prol da pessoa jurídica lesada.

A ação popular é admissível não só quando os atos administrativos são lesivos às pessoasjurídicas de direito público interno, mas, também, quando a lesão atinge as entidades daadministração indireta (como as empresas públicas e as sociedades de economia mista) e atémesmo outras pessoas jurídicas, desde que subvencionadas pelos cofres públicos, de acordocom o art. 5º, inciso LXXIII, da Constituição Federal, e art. 1º da Lei n. 4.717, de 1965.

A expressão constitucional “patrimônio público” tem amplo significado, abarcando não só opatrimônio econômico, os cofres públicos, mas, também, os patrimônios histórico, cultural,artístico, turístico, estético, paisagístico, ambiental, natural e moral, bens caros à coletividade,passíveis de proteção mediante uma ação popular, segundo estabelece o art. 1º, § 1º, da Lein. 4.717/65.

2. CARACTERÍSTICAS/REQUISITOSA ação popular obedecerá ao procedimento comum ordinário, previsto no Código de

Processo Civil, com algumas peculiaridades trazidas pela Lei n. 4.717/65. Assim, aodespachar a petição inicial, o juiz ordenará: a citação dos réus, a intimação do representantedo Ministério Público e a requisição, às entidades indicadas na petição inicial, dos documentosque tiverem sido referidos pelo autor, de acordo o art. 1º, § 6º, da referida lei, bem como a deoutros que se lhe afigurem necessários ao esclarecimento dos fatos, fixando prazos de 15(quinze) a 30 (trinta) dias para o atendimento.

A legitimidade ativa da ação parte do disposto na Carta Magna, art. 5º, LXXIII, queassegura, em seu texto, que qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popularcontra atos lesivos ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, àmoralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural. Neste sentido,para ajuizar ação popular se requer, antes de mais nada, que o autor seja cidadão brasileirono exercício de seus direitos cívicos e políticos. Para tanto, a prova de cidadania, segundo o §3º do art. 1º da Lei n. 4.717/65, será feita com o título eleitoral, ou com documento que a elecorresponda. Excluem-se, portanto, aqueles que tiverem suspensos ou declarados perdidosseus direitos políticos, de acordo com o art. 15 da CRFB/88; estrangeiros (excetuando-se osportugueses, desde que haja reciprocidade – situação de quase nacionalidade), apátridas,inalistáveis, inalistados, partidos políticos, organizações sindicais e quaisquer outras pessoasjurídicas.[1]

Quanto aos sujeitos passivos da ação, em conformidade com o art. 6º, § 2º, da Lei n.4.717/65, podem-se enumerar as pessoas públicas ou privadas, os autores e participantes doato e os beneficiários do ato ou contrato lesivo ao patrimônio público.

O Ministério Público deve funcionar como fiscal da lei, entretanto, observa o art. 9º da Lei n.4.717/65 que, se o autor desistir da ação ou der motivo à absolvição da instância, serão

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publicados editais nos prazos e condições previstos no art. 7º, inciso II, ficando assegurado aqualquer cidadão, bem como ao representante do Ministério Público, dentro do prazo de 90(noventa) dias da última publicação feita, promover o prosseguimento da ação, exercendoneste caso a legitimidade extraordinária.

É possível a concessão de liminar na defesa do patrimônio público para que se suspenda oato lesivo impugnado, de acordo com o art. 5º, § 4º, da Lei n. 4.717/65.

3. COMO IDENTIFICAR A PEÇAObserve que você irá atacar o ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o

Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico ecultural. Você não deverá atacar uma decisão judicial. Além disso, o problema envolve direitode coletividades. É o direito que a coletividade tem de decretar a nulidade ou anular um atolesivo ao patrimônio público, indenizando o poder público caso seja necessário. Fique atento aoenunciado da questão, pois só pode propor ação popular a pessoa física em dia com suasobrigações eleitorais, portanto o cidadão. Logo, cabível é a ação popular.

4. COMPETÊNCIAÀ vista do art. 5º da Lei n. 4.717/65, a ação popular tem competência conforme a origem do

ato impugnado, sendo competente para conhecer da ação, processá-la e julgá-la o juiz que, deacordo com a organização judiciária de cada Estado, seja competente para as causas queinteressem à União, ao Distrito Federal, ao Estado ou ao Município. Assim, a ação popular éda competência de juízo de primeiro grau de jurisdição, e não da competência origináriade tribunal.

Conforme a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a competência do juízo de primeirograu subsiste até mesmo quando a ação popular tem como ré autoridade pública com foroprivilegiado, como o Presidente da República. Assim, a ação popular é da competência dojuízo local de primeiro grau. Não obstante, compete ao juízo federal processar e julgar a açãopopular movida contra alguma das pessoas arroladas no art. 109, I, da Constituição Federal.

Segundo Erival Oliveira, “o endereçamento da ação popular depende da autoridade quepoderá desfazer o ato impugnado”.[2] Assim, se a autoridade coatora for autoridade estadualou municipal, será competente o juiz de direito, mas se a autoridade coatora for autoridadefederal será competente o juiz federal, tal como se vê abaixo:

Autoridade coatora Autoridade competente

Autoridade estadual ou municipal Juiz de direito

Autoridade federal Juiz federal

As únicas exceções, no tocante à competência da ação popular, são as hipóteses previstasno art. 102, I, f, já que nas causas e nos conflitos entre a União e os Estados, a União e oDistrito Federal, ou entre uns e outros, inclusive as respectivas entidades da administraçãoindireta, a competência será do Supremo Tribunal Federal.

Por fim, a distribuição da ação popular ocasiona a prevenção do juízo para todas as demaisações populares contra as mesmas partes e sob a mesma causa de pedir, de acordo com art.5º, § 3º, da Lei n. 4.717/65.

5. FUNDAMENTOS MAIS COMUNS

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As principais fundamentações jurídicas da ação popular podem ser encontradas no art. 5º,LXXIII, da CRFB/88 e na Lei n. 4.717/65.

Além disso, sugerimos a leitura das seguintes súmulas do Supremo Tribunal Federal sobreação popular:

Súmula n. 365 – Pessoa jurídica não tem legitimidade para propor ação popular.Súmula n. 101 – O mandado de segurança não substitui a ação popular.

FIQUE ATENTO!!!Legitimidade dos cidadãos para a propositura de ação popular na defesa de interessesdifusos (art. 5º, LXXIII, CF/1988), na qual o autor não visa à proteção de direito próprio,mas de toda a comunidade (...). O mandado de segurança não pode ser usado comosucedâneo de ação popular (Súmula n. 101/STF) (MS 25.743-ED, Rel. Min. Dias Toffoli,julgamento em 4-10-2011, Primeira Turma, DJe de 20-10-2011).A competência para julgar ação popular contra ato de qualquer autoridade, até mesmo doPresidente da República, é, via de regra, do juízo competente de primeiro grau.Precedentes. Julgado o feito na primeira instância, se ficar configurado o impedimento demais da metade dos desembargadores para apreciar o recurso voluntário ou a remessaobrigatória, ocorrerá a competência do STF, com base na letra n do inciso I, segunda parte,do art. 102 da CF (AO 859-QO, Rel. p/o ac. Min. Maurício Corrêa, julgamento em 11-10-2001, Plenário, DJ de 1º-8-2003).

6. ESTRUTURA DA PEÇAA estrutura da ação popular invoca subsidiariamente o Código de Processo Civil, sendo que a

petição inicial deverá seguir a regra do art. 39, I, e arts. 282 a 285 daquele diploma, bemcomo algumas peculiaridades trazidas pela Lei n. 4.717/65. Vejamos o modelo:

MODELO 6 – AÇÃO POPULAR

Endereçamento* Ex.: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR PRESIDENTE DO SUPREMOTRIBUNAL FEDERAL.* Sugestão: Média de 5 linhas, para todas as petições iniciais.

LEGITIMIDADE ATIVA* Qualificação do autor da ação (NOME, nacionalidade, estado civil, profissão,portador da cédula de identidade n. ..., expedida por ..., em ..., inscrito no CPF/MFn. ..., residente e domiciliado à rua ...) Impetrar

IDENTIFICAÇÃO DA AÇÃO* AÇÃO POPULAR (COM/SEM PEDIDO DE LIMINAR)

LEGITIMIDADE PASSIVA* Em face do ato ...

DOS FATOS* Exposição dos fatos previstos na situação hipotética da questão. Não inventar

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outros fatos nem trazer detalhes ausentes no problema.DO DIREITO

* Atente-se que a mera citação de artigos não pontua. Deve-se apontar osrequisitos do art. 5º, LXXIII, da CRFB/88 e os da Lei n. 4.717/65.

DOS PEDIDOS* Ante todo o exposto, você deverá requerer a antecipação dos efeitos da tutela, acitação do Réu no endereço acima indicado, a intimação do Representante doMinistério Público (federal ou estadual, conforme o caso), a procedência do pedidopara invalidar ato/contrato administrativo, a condenação do Réu em custas e emhonorários advocatícios e a produção de todos os meios de prova em direitoadmitidos.

VALOR DA CAUSA* Dá-se à causa, para efeitos fiscais, o valor de R$ ... (Sugerimos que, se a bancaexaminadora não estabelecer o valor da causa no enunciado da peça prático-profissional, dê à causa o valor de R$ 1.000,00 (mil reais), guiado pelos espelhosde respostas cobradas em exames passados).

Nesses termos,Pede deferimento.

Local e data

7. QUESTÕES DE PROVAS ANTERIORES(CESPE – 2009.02) João, nascido e domiciliado em Florianópolis – SC, indignou-se ao

saber, em abril de 2009, por meio da imprensa, que o senador que merecera seu voto nasúltimas eleições havia determinado a reforma total de seu gabinete, orçada em mais de R$1.000.000,00, a qual seria custeada pelo Senado Federal. A referida reforma incluíaaquecimento e resfriamento com controle individualizado para o ambiente e instalação deambiente físico para projeção de filmes em DVD, melhorias que João considera suntuosas,incompatíveis com a realidade brasileira. O senador declarara, em entrevistas, que os gastoscom a reforma seriam necessários para a manutenção da representação adequada ao cargoque exerce.

Tendo tomado conhecimento de que o processo de licitação já se encerrara e que a obranão havia sido iniciada, João, temendo que nenhum ente público tomasse qualquer atitude paraimpedir o início da referida reforma, dirigiu-se a uma delegacia de polícia civil, onde foiorientado a que procurasse a Polícia Federal. Supondo tratar-se de um “jogo de empurra-empurra”, João preferiu procurar ajuda de profissional da advocacia para aconselhar-se arespeito da providência legal que poderia ser tomada no caso.

Em face dessa situação hipotética, na qualidade de advogado(a) constituído(a) por João,redija a medida judicial mais apropriada para impedir que a reforma do gabinete do referidosenador da República onere os cofres públicos.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA VARA FEDERAL DE

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FLORIANÓPOLIS DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE SANTA CATARINAJOÃO, brasileiro, estado civil, profissão, portador da cédula de identidade n. ...,inscrito no CPF/MF n. ..., portador do título de eleitor n. ..., residente e domiciliado..., nesta cidade, por seu advogado infra-assinado, conforme procuração anexa,com escritório à rua ..., endereço para onde devem ser remetidas notificações eintimações conforme estabelece o art. 39, I, do CPC, vem respeitosamente,perante Vossa Excelência, com fulcro nos termos do art. 5º, LXXIII, da CRFB/88 eda Lei n. 4.717/65, ajuizar a presente

AÇÃO POPULAR COM PEDIDO DE LIMINAREm face de ato praticado pelo senhor SENADOR DA REPÚBLICA, com domicílioprofissional no prédio do Senado Federal, na esplanada dos Ministérios, emBrasília, com base nas razões de fato e de direito a seguir expostas:

DOS FATOSJoão, nascido e domiciliado em Florianópolis – SC, indignou-se ao saber, em abrilde 2009, por meio da imprensa, que o senador que merecera seu voto nas últimaseleições havia determinado a reforma total de seu gabinete, orçada em mais de R$1.000.000,00, a qual seria custeada pelo Senado Federal.A referida reforma incluía aquecimento e resfriamento com controle individualizadopara o ambiente e instalação de ambiente físico para projeção de filmes em DVD,melhorias que João considera suntuosas, incompatíveis com a realidade brasileira.O senador declarara, em entrevistas, que os gastos com a reforma seriamnecessários para a manutenção da representação adequada ao cargo que exerce.Tendo tomado conhecimento de que o processo de licitação já se encerrara e que aobra não havia sido iniciada, João, temendo que nenhum ente público tomassequalquer atitude para impedir o início da referida reforma, dirigiu-se a umadelegacia de polícia civil, onde foi orientado a que procurasse a Polícia Federal.

DO DIREITOA ação popular é a ação constitucional de natureza civil, conferida a todos oscidadãos para a impugnação e a anulação dos atos administrativos comissivos eomissivos que sejam lesivos ao patrimônio público em geral, à moralidadeadministrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, com a imediatacondenação dos administradores, dos agentes administrativos e, também, dosbeneficiados pelos atos lesivos ao ressarcimento dos cofres públicos, em prol dapessoa jurídica lesada, conforme estabelece o art. 5º, LXXIII, da CRFB/88, onde selê:qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular atolesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidadeadministrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando oautor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus dasucumbência.Assim, para ser legitimado ativo da ação popular segundo o mandamentoconstitucional do art. 5º, LXXIII, combinado com o art. 1º da Lei n. 4.717/65, énecessário ser cidadão na forma do art. 12 da CRFB/88, desde que em pleno gozo

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dos seus direitos políticos, o que o impetrante comprova juntando Título de Eleitor ea certidão de regularidade da Justiça Eleitoral, anexos na inicial.A exigência de ser cidadão também está expressamente prevista no art. 1º da Lein. 4.717/65, abaixo transcrito:Qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a anulação ou a declaração denulidade de atos lesivos ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados,dos Municípios, de entidades autárquicas, de sociedades de economia mista, desociedades mútuas de seguro nas quais a União represente os segurados ausentes,de empresaspúblicas, de serviços sociais autônomos, de instituições ou fundações para cujacriação ou custeio o tesouro público haja concorrido ou concorra com mais decinquenta por cento do patrimônio ou da receita ânua, de empresas incorporadas aopatrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios, e dequaisquer pessoas jurídicas ou entidades subvencionadas pelos cofres públicos.Além disso, para a propositura da Ação Popular, há ainda os requisitos legaisprevistos no art. 2º da Lei n. 4.717/65, onde se lê:Art. 2º São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas noartigo anterior, nos casos de:a) incompetência;b) vício de forma;c) ilegalidade do objeto;d) inexistência dos motivos;e) desvio de finalidade.Cumpre destacar que houve lesão ao patrimônio público, pois foi utilizado dinheirodo Senado Federal para beneficiar um agente político em suas pretensõespessoais, em termos de melhorias do seu próprio gabinete, o que de formaexpressa é vedado pela Constituição, nos termos do art. 37, caput, já que aadministração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dosEstados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios delegalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.Havendo, portanto, expressa violação ao princípio da moralidade, uma vez que odinheiro público e a máquina pública foram gastos para atender fins pessoais.Também pode ser aplicado ao caso em tela o disposto no art. 4º, I, da Lei n.4.717/65, que estabelece que são também nulos os atos ou contratos, praticadosou celebrados por quaisquer das pessoas ou entidades referidas no art. 1º da Lei n.4.717/65, como por exemplo a admissão ao serviço público remunerado, comdesobediência, quanto às condições de habilitação, das normas legais,regulamentares ou constantes de instruções gerais.Destaque-se que, em regra, a competência para julgar ação popular contra ato dequalquer autoridade, até mesmo do Senado Federal, é, via de regra, do juízocompetente de primeiro grau. Sendo para tanto competente o Juiz Federal, e, nocaso, no domicílio do autor.Diante de todo o exposto e da gravidade dos fatos, a presente ação deve ser

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julgada procedente.DA MEDIDA LIMINAR

Conforme estabelece o art. 5º, § 4º, da Lei n. 4.717/65, na defesa do patrimôniopúblico caberá a suspensão liminar do ato lesivo impugnado. Observa-se que, nocaso em tela, a situação atenta contra a moralidadeadministrativa, princípio expresso no caput do art. 37 da Constituição Federal, o quedemonstra inequivocamente o fumus boni iuris.Já o periculum in mora faz-se presente, visto que o processo licitatório já seencerrou. Embora as obras ainda não tenham se iniciado, necessário se faz evitarque os gastos sejam efetuados, tendo em vista a enorme dificuldade de reembolsoou ressarcimento futuro do Erário por parte do Político.Assim, presentes os requisitos do fumus boni iuris e do periculum in mora, écabível e necessária a concessão da liminar.

DOS PEDIDOSAnte o exposto, requer o impetrante que Vossa Excelência:a) conceda a medida liminar para suspender imediatamente o contrato de reformado gabinete do senador, bem como a sustação de qualquer ato que digne a pagartais despesas com recursos públicos.b) cite o impetrado, por precatória, para que responda à presente ação no prazolegal;c) intime o representante do Ministério Público Federal para intervir no feito até ofinal, nos termos do art. 7º, I, a, da Lei n. 4.717/65;d) ao final julgue procedente o pedido, confirme a liminar e determine a anulação docontrato firmado para reforma do gabinete do senador, com base nos arts. 3º e 4ºda Lei n. 4.717/65.Pretende-se produzir todos os meios de prova em direito admitidos, principalmentea prova documental, prova testemunhal e pericial.Dá-se à causa, para efeitos fiscais, o valor de R$ R$ 1.000.000,00 (Um milhão dereais).

Nesses termos,Pede deferimento.

Local e dataAdvogado, OAB n. ...

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1 A Súmula n. 365 do Supremo Tribunal Federal entende que a pessoa jurídica não tem legitimidade para propor ação popular.2 OLIVEIRA, Erival da Silva. Prática constitucional. 4. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011, p. 200.

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CAPÍTULO VII AÇÃO CIVIL PÚBLICA (ACP)1. APRESENTAÇÃO

A ação civil pública, disciplinada pela Lei n. 7.347/85, é conceituada por Hely Lopes Meirellescomo:

“(...) instrumento processual adequado para reprimir ou impedir danos ao meio ambiente, ao consumidor, a bens edireitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico, protegendo os interesses difusos da sociedade. Nãose presta a amparar direitos individuais, nem se destina à reparação de prejuízos causados por particulares pela conduta,comissiva ou omissiva, do réu”.[1]

Para Gianpaolo Poggio Smanio, ação civil pública “é aquela que tem por objeto os interessestransindividuais ou metaindividuais”.[2] De acordo com o art. 81, parágrafo único, incisos I e II,do Código de Defesa do Consumidor, temos as seguintes definições: interesses ou direitosdifusos, assim entendidos como os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejamtitulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato. Já os interesses oudireitos coletivos, assim entendidos como os transindividuais, de natureza indivisível de queseja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária poruma relação jurídica base.

A ação civil pública é o instrumento judicial adequado à proteção dos interesses coletivos edifusos e tem por objetivo responsabilizar por danos morais e patrimoniais causados ao meioambiente, ao consumidor, à ordem urbanística, a bens e direitos de valor artístico, estético,histórico, turístico e paisagístico, a interesse difuso ou coletivo, por infração da ordemeconômica e da economia popular.

2. CARACTERÍSTICAS/REQUISITOSA ação civil pública guarda similitude com a ação popular quanto à tutela da proteção dos

interesses coletivos. No entanto, a distinção mostra-se bastante clara e evidente, poisenquanto a ação popular só pode ser proposta por um cidadão, a ação civil pública somentepode ser proposta por determinados legitimados, indicados no art. 5º da Lei n. 7.347/85.

Dentre os legitimados ativos estão o Ministério Público, a Defensoria Pública, a União, osEstados, o Distrito Federal e os Municípios, a Autarquia, empresa pública, fundação ousociedade de economia mista e a Associação que, concomitantemente, esteja constituída hápelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil e que inclua, entre suas finalidades institucionais,a proteção ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência ou aopatrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.

É relevante destacar que o requisito da pré-constituição poderá ser dispensado pelo juiz,quando haja manifesto interesse social evidenciado pela dimensão ou característica do dano,ou pela relevância do bem jurídico a ser protegido. Além disso, em caso de desistênciainfundada ou abandono da ação por associação legitimada, o Ministério Público ou outrolegitimado assumirá a titularidade ativa, conforme estabelecem os §§ 3º e 4º do art. 5º da Lein. 7.347/85.

A ação será proposta em face da administração pública ou de particular, seja pessoa físicaou jurídica, responsável pelo dano ou ameaça de dano a interesses difusos ou coletivos.

Vale salientar que não há necessidade de comprovação de dolo ou culpa do agente, apenasa comprovação do dano ambiental. E mais, quando a ação é proposta em caso de lesão ouameaça de lesão, cabe o pedido de liminar a ser formulado na petição inicial da demanda,

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conforme art. 12 da Lei n. 7.347/85.

3. COMO IDENTIFICAR A PEÇAObserve que você irá atacar o ato lesivo ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos

de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico, a qualquer outro interesse difusoou coletivo, a infração da ordem econômica e à ordem urbanística. Você não deverá atacaruma decisão judicial. O direito coletivo em discussão pode ser difuso, coletivo ou individualhomogêneo, desde que não esteja enquadrado em uma das hipóteses do art. 1º, parágrafoúnico, da Lei n. 7.347/85.

Outro aspecto importantíssimo, que o auxiliará, quanto à identificação da peça, diz respeitoao legitimado ativo, já que só pode propor a ação uma das pessoas jurídicas descritas no art.5º da Lei n. 7.347/85 e no art. 82 do Código de Defesa do Consumidor.

4. COMPETÊNCIADe acordo com o art. 2º da Lei n. 7.347/85, as ações deverão ser propostas no foro do

local onde ocorrer o dano, cujo juízo terá competência funcional para processar e julgar acausa. Ademais, a propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas as açõesposteriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto.

Segundo a doutrina, este critério utilizado pela legislação é justificado pelo princípio dointeresse coletivo e também pela facilidade que oferece na obtenção das provas.

5. FUNDAMENTOS MAIS COMUNSAs principais fundamentações jurídicas da ação civil pública podem ser encontradas no art.

129, III, da CRFB/88 e na Lei n. 7.347/85.Além disso, sugerimos a leitura das seguintes súmulas sobre ação civil pública:

Súmula n. 329 do STJ – O Ministério Público tem legitimidade para propor ação civilpública em defesa do patrimônio público.

Súmula n. 643 do STF – O Ministério Público tem legitimidade para promover ação civilpública cujo fundamento seja a ilegalidade de reajuste de mensalidades escolares.

FIQUE ATENTO!!!A ação civil pública presta-se à defesa de direitos individuais homogêneos, legitimado oMinistério Público para aforá-la, quando os titulares daqueles interesses ou direitosestiverem na situação ou na condição de consumidores, ou quando houver uma relação deconsumo. Lei n. 7.347/85, art. 1º, II, e art. 21, com a redação do art. 117 da Lei n. 8.078/90(Código do Consumidor); Lei n. 8.625, de 1993, art. 25. Certos direitos individuaishomogêneos podem ser classificados como interesses ou direitos coletivos, ou identificar-secom interesses sociais e individuais indisponíveis. Nesses casos, a ação civil públicapresta-se à defesa dos mesmos, legitimado o Ministério Público para a causa. CF, art. 127,caput, e art. 129, III. O Ministério Público não tem legitimidade para aforar ação civil públicapara o fim de impugnar a cobrança e pleitear a restituição de imposto – no caso o IPTU –pago indevidamente, nem essa ação seria cabível, dado que, tratando-se de tributos, nãohá, entre o sujeito ativo (Poder Público) e o sujeito passivo (contribuinte) uma relação deconsumo (Lei n. 7.347/85, art. 1º, II, art. 21, redação do art. 117 da Lei n. 8.078/90 (Códigodo Consumidor); Lei n. 8.625/93, art. 25, IV; CF, art. 129, III), nem seria possível identificaro direito do contribuinte com “interesses sociais e individuais indisponíveis” (CF, art. 127,

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caput) (RE 195.056, Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento em 9-12-1999, Plenário, DJ de30-5-2003). No mesmo sentido: AI 613.465-AgR, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em18-5-2010, Primeira Turma, DJe de 4-6-2010; AI 327.013-AgR, Rel. Min. Joaquim Barbosa,julgamento em 6-4-2010, Segunda Turma, DJe de 30-4-2010; AI 618.240-AgR, Rel. Min.Gilmar Mendes, julgamento em 1º-4-2008, Segunda Turma, DJe de 18-4-2008; RE559.985-AgR, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 4-12-2007, Segunda Turma, DJe de 1º-2-2008.

6. ESTRUTURA DA PEÇAMODELO 7 – AÇÃO CIVIL PÚBLICA

Endereçamento* Ex.: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR PRESIDENTE DO SUPREMOTRIBUNAL FEDERAL.* Sugestão: Média de 5 linhas, para todas as petições iniciais.

LEGITIMIDADE ATIVA* Qualificação do autor da ação

IDENTIFICAÇÃO DA AÇÃO* AÇÃO CIVIL PÚBLICA

LEGITIMIDADE PASSIVA* Em face do ato ...

DOS FATOS* Exposição dos fatos previstos na situação hipotética da questão. Não inventaroutros fatos nem trazer detalhes ausentes no problema.

DO DIREITO* Atente-se que a mera citação de artigos não pontua. Deve-se apontar osrequisitos do art. 129, III, da CRFB/88 e os da Lei n. 7.347/85.

DOS PEDIDOS* Ante todo o exposto, você deverá requerer a citação do Réu no endereço acimaindicado, a intimação do Representante do Ministério Público (federal ou estadual,conforme o caso), a procedência do pedido para condenar o Réu a pagarindenização pelos danos causados ao patrimônio público, a condenação do Réu emônus de sucumbência e a produção de todos os meios de prova em direitoadmitidos.

VALOR DA CAUSA* Dá-se à causa, para efeitos fiscais, o valor de R$ ... (Sugerimos que, se a bancaexaminadora não estabelecer o valor da causa no enunciado da peça prático-profissional, dê à causa o valor de R$ 1.000,00 (mil reais), guiado pelos espelhosde respostas cobradas em exames passados).

Nesses termos,

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Pede deferimento.Local e data

Advogado, OAB n. ...

7. QUESTÃO DE PROVA ANTERIOR(OAB/GO – 2005.2) A “Ambiental do Brasil”, associação civil de direito privado e interesse

público, organização não governamental, sem fins lucrativos, políticos ou religiosos, de caráterambientalista e de proteção ao patrimônio público, com duração indeterminada, fundada aos09 dias do mês de agosto de 2004, sediada na Capital deste Estado, cujo estatuto prevê adefesa de bens e direitos sociais, coletivos e difusos relativos ao meio ambiente e aopatrimônio público, contratou seu escritório profissional de advocacia, munida de laudostécnicos pertinentes, para adoção de medida cabível em face de dano causado ao patrimôniopúblico cultural da Capital do Estado.

A “Ambiental do Brasil” assevera que o dano haveria sido causado por empresa privadaconcessionária de serviço público estadual durante a restauração, prevista na concessão, deobras sacras e de templos religiosos. Diante dessa suposta situação, como advogado(a) da“Ambiental do Brasil”, apresente a peça prático-profissional que o caso reclama.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CIVIL DACOMARCA ... DO ESTADO ...AMBIENTAL DO BRASIL, pessoa jurídica de direito privado, associação civil semfins lucrativos, inscrita no CNPJ sob n. ..., com sede em ..., vem por seu advogadoinfra-assinado, conforme procuração anexa, com escritório na rua ..., nesta cidade,endereço que indica para os fins do art. 39, I, do CPC, com fundamento nos termosda Lei n. 7.347/85, propor a presente

AÇÃO CIVIL PÚBLICAEm face da empresa, pessoa jurídica de direito privado, concessionária de serviçopúblico estadual, com sede na ..., pelas razões de fato e de direito a seguirexpostas:

DOS FATOSA associação “Ambiental do Brasil”, é organização não governamental, sem finslucrativos, políticos ou religiosos, de caráter ambientalista e de proteção aopatrimônio público, com duração indeterminada, fundada aos 09 dias do mês deagosto de 2004, sediada na Capital deste Estado, cujo estatuto prevê a defesa debens e direitos sociais, coletivos e difusos relativos ao meio ambiente e aopatrimônio público.A “Ambiental do Brasil” assevera que o dano haveria sido causado por empresaprivada concessionária de serviço público estadual durante a restauração, previstana concessão, de obras sacras e de templos religiosos.Assim, verificada a concretização de lesão, cabe a sua responsabilização porperdas e danos, na forma da lei.

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DO DIREITOA ação civil pública é o instrumento judicial adequado à proteção dos interessescoletivos e difusos e tem por objetivo responsabilizar por danos morais epatrimoniais causados ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem urbanística, abens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico, ainteresse difuso ou coletivo, por infração da ordem econômica e da economiapopular, conforme estabelece o art. 1º da Lei n. 7.347/85.Para tanto, o ordenamento jurídico pátrio estabelece a responsabilidade dasconcessionárias de serviços públicos pelos prejuízos causados quando da execuçãodos serviços delegados. É o que prevê o art. 25 da Lei n. 8.987/95, in verbis:Art. 25. Incumbe à concessionária a execução do serviço concedido, cabendo-lheresponder por todos os prejuízos causados ao poder concedente, aos usuários ou aterceiros, sem que a fiscalização exercida pelo órgão competente exclua ou atenueessa responsabilidade.A associação “Ambiental do Brasil”, organização não governamental, sem finslucrativos, políticos ou religiosos, de caráter ambientalista e de proteção aopatrimônio público, com duração indeterminada, fundada aos 09 dias do mês deagosto de 2004, sediada na Capital deste Estado, tem por objetivo, a condenaçãoda Ré em razão dos danos causados ao patrimônio público.Patente, destarte, o nexo de causalidade entre a conduta da Ré e os danosobservados, a implicar no dever de ressarci-los.

DO PEDIDOEm face do exposto, requer a Vossa Excelência:a) a citação da Empresa privada concessionária de serviço público estadual, paraque no prazo legal, querendo, conteste a ação, sob pena da aplicação dos efeitosda revelia;b) a intimação do representante do Ministério Público para intervir no feito até ofinal;c) a condenação da Ré nos ônus de sucumbência;d) a procedência dos pedidos, para condenar a Ré a pagar indenização pelosdanos causados ao patrimônio público.Pretende-se produzir todos os meios de prova em direito admitidos, principalmentea prova documental, prova testemunhal e pericial.Dá-se à causa, para efeitos fiscais, o valor de R$ 1.000,00 (mil reais).

Nesses termos,Pede deferimento.

Local e dataAdvogado, OAB n. ...

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1 MEIRELLES, Hely Lopes. Mandado de segurança, ação popular, ação civil pública, mandado de injunção, habeas data. 17. ed.São Paulo: Malheiros, 1996, p. 152.

2 SMANIO, Gianpaolo Poggio. Interesses difusos e coletivos. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1999, p. 110.

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CAPÍTULO VIII RECLAMAÇÃO CONSTITUCIONAL (RCL)1. APRESENTAÇÃO

A reclamação constitucional é o instituto processual pelo qual se busca preservar acompetência do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça, assim comogarantir a autoridade das decisões emanadas por estes e, por fim, proteger a devidaaplicação das Súmulas Vinculantes.

De acordo com o art. 13 da Lei n. 8.038/90, a reclamação constitucional tem por objetivopreservar a competência do Tribunal ou garantir a autoridade das suas decisões; admitindo-se,também, contra ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou queindevidamente a aplicar, conforme art. 103-A, § 3º, da CRFB/88 e art. 7º, da Lei n.11.417/2006.

O Supremo Tribunal Federal entende que a natureza jurídica da reclamação não é a de umrecurso, de uma ação e nem de um incidente processual. Situa-se ela no âmbito do direitoconstitucional de petição previsto no art. 5º, inciso XXXIV, da Constituição Federal. [1]Portanto, a reclamação constitucional é uma ação autônoma de impugnação dotada de perfilconstitucional.

É importante destacar que não cabe reclamação quando já houver transitado em julgado oato judicial que se alega tenha desrespeitado decisão do Supremo Tribunal Federal, segundoenunciado da Súmula n. 734 do Supremo Tribunal Federal.

2. CARACTERÍSTICAS/REQUISITOSO art. 13 da Lei n. 8.038/90 estabelece que, para preservar a competência do Tribunal ou

garantir a autoridade das suas decisões, caberá reclamação da parte interessada ou doMinistério Público. Assim, a parte interessada (reclamante) ou o Ministério Público sãolegitimados para propor reclamação constitucional. Interessante observar que qualquerinteressado poderá impugnar o pedido do reclamante, nos termos do art. 15 da Lei n.8.038/90.

No polo passivo da ação, está a autoridade reclamada a quem for impugnada a prática deato conforme art. 14, I, da Lei n. 8.038/90, podendo ser pessoa, órgão ou ente de qualquerórgão que descumpra decisão ou usurpe competência do Supremo Tribunal Federal ou doSuperior Tribunal de Justiça, bem como contrarie ou indevidamente aplique súmula vinculantedo Supremo Tribunal Federal.

O art. 14, II, da Lei n. 8.038/90, dispõe que a liminar será concedida para evitar danoirreparável, ordenando-se a suspensão do processo ou do ato impugnado. Nesse caso, deve-se demonstrar o fumus boni iuris e o periculum in mora.

Conforme art. 16 da Lei n. 8.038/90, o Ministério Público, nas reclamações que não houverformulado, terá vista do processo, por cinco dias, após o decurso do prazo para informações.

3. COMO IDENTIFICAR A PEÇAA reclamação constitucional é uma peça de fácil identificação. Observe se é uma decisão

que viola o teor de uma súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal; ou se é uma decisãoque viola pronunciamento do Supremo Tribunal Federal proferido nos autos de ADI, ADC ouADPF; ou se uma decisão que viola outra proferida nos mesmos autos, pelo Supremo TribunalFederal ou Superior Tribunal de Justiça ou, ainda, se é uma decisão que usurpa a competênciado Superior Tribunal de Justiça ou do Supremo Tribunal Federal para realizar certo julgamento.

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Se o caso se enquadrar em qualquer um desses, a pessoa que sofrer qualquer prejuízodecorrente das atitudes narradas terá como ação cabível a reclamação constitucional.4. COMPETÊNCIA

A reclamação, dirigida ao Presidente do Tribunal, instruída com prova documental, seráautuada e distribuída ao relator da causa principal, sempre que possível.

Conforme art. 102, I, l, da CRFB/88, compete ao Supremo Tribunal Federal,precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe processar e julgar, originariamente, areclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suasdecisões.

De acordo com o art. 103-A, § 3º, da CRFB/88, do ato administrativo ou decisão judicial quecontrariar a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar, caberá reclamação aoSupremo Tribunal Federal que, julgando-a procedente, anulará o ato administrativo oucassará a decisão judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou sem aaplicação da súmula, conforme o caso. No mesmo sentido, observa o art. 7º da Lei n.11.417/2006, ao estabelecer que da decisão judicial ou do ato administrativo que contrariarenunciado de súmula vinculante, negar-lhe vigência ou aplicá-lo indevidamente caberáreclamação ao Supremo Tribunal Federal, sem prejuízo dos recursos ou outros meiosadmissíveis de impugnação.

Conforme art. 105, I, f, da CRFB/88, compete ao Superior Tribunal de Justiça processar ejulgar, originariamente, a reclamação para a preservação de sua competência e garantia daautoridade de suas decisões.

5. FUNDAMENTOS MAIS COMUNSAs principais fundamentações jurídicas da reclamação constitucional podem ser encontradas

na Constituição Federal, nos arts. 102, I, l; 103-A, § 3º; 105, I, f; Lei n. 8.038/90, arts. 13 a18; e Lei n. 11.417/2006.

Além disso, sugerimos a leitura das seguintes Súmulas Vinculantes do Supremo TribunalFederal:

Súmula Vinculante n. 1 – Ofende a garantia constitucional do ato jurídico perfeito adecisão que, sem ponderar as circunstâncias do caso concreto, desconsidera a validez e aeficácia de acordo constante de termo de adesão instituído pela Lei Complementar n.110/2001.Súmula Vinculante n. 2 – É inconstitucional a lei ou ato normativo estadual ou distrital quedisponha sobre sistemas de consórcios e sorteios, inclusive bingos e loterias.Súmula Vinculante n. 3 – Nos processos perante o Tribunal de Contas da Uniãoasseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulaçãoou revogação de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação dalegalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão.Súmula Vinculante n. 4 – Salvo nos casos previstos na Constituição, o salário mínimo nãopode ser usado como indexador de base de cálculo de vantagem de servidor público ou deempregado, nem ser substituído por decisão judicial.Súmula Vinculante n. 5 – A falta de defesa técnica por advogado no processoadministrativo disciplinar não ofende a Constituição.Súmula Vinculante n. 6 – Não viola a Constituição o estabelecimento de remuneração

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inferior ao salário mínimo para as praças prestadoras de serviço militar inicial.Súmula Vinculante n. 7 – A norma do § 3º do art. 192 da Constituição, revogada pelaEmenda Constitucional n. 40/2003, que limitava a taxa de juros reais a 12% ao ano, tinhasua aplicação condicionada à edição de lei complementar.Súmula Vinculante n. 8 – São inconstitucionais o parágrafo único do art. 5º do Decreto-Lein. 1.569/77 e os arts. 45 e 46 da Lei n. 8.212/91, que tratam de prescrição e decadênciade crédito tributário.Súmula Vinculante n. 9 – O disposto no art. 127 da Lei n. 7.210/84 (Lei de ExecuçãoPenal) foi recebido pela ordem constitucional vigente, e não se lhe aplica o limite temporalprevisto no caput do art. 58.Súmula Vinculante n. 10 – Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, art. 97) a decisãode órgão fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente ainconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público, afasta sua incidência, notodo ou em parte.Súmula Vinculante n. 11 – Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e defundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte dopreso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena deresponsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade daprisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil doEstado.Súmula Vinculante n. 12 – A cobrança de taxa de matrícula nas universidades públicasviola o disposto no art. 206, IV, da Constituição Federal.Súmula Vinculante n. 13 – A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linhareta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou deservidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ouassessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, defunção gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos poderes daUnião, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediantedesignações recíprocas, viola a Constituição Federal.Súmula Vinculante n. 14 – É direito do defensor, no interesse do representado, teracesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimentoinvestigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito aoexercício do direito de defesa.Súmula Vinculante n. 15 – O cálculo de gratificações e outras vantagens do servidorpúblico não incide sobre o abono utilizado para se atingir o salário mínimo.Súmula Vinculante n. 16 – Os arts. 7º, IV, e 39, § 3º (redação da EC 19/98), daConstituição, referem-se ao total da remuneração percebida pelo servidor público.Súmula Vinculante n. 17 – Durante o período previsto no parágrafo 1º do art. 100 daConstituição, não incidem juros de mora sobre os precatórios que nele sejam pagos.Súmula Vinculante n. 18 – A dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal, no curso domandato, não afasta a inelegibilidade prevista no § 7º do art. 14 da Constituição Federal.Súmula Vinculante n. 19 – A taxa cobrada exclusivamente em razão dos serviços públicosde coleta, remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes deimóveis, não viola o art. 145, II, da Constituição Federal.Súmula Vinculante n. 20 – A Gratificação de Desempenho de Atividade Técnico-

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Administrativa – GDATA, instituída pela Lei n. 10.404/2002, deve ser deferida aos inativosnos valores correspondentes a 37,5 (trinta e sete vírgula cinco) pontos no período defevereiro a maio de 2002 e, nos termos do art. 5º, parágrafo único, da Lei n. 10.404/2002,no período de junho de 2002 até a conclusão dos efeitos do último ciclo de avaliação a quese refere o art. 1º da Medida Provisória n. 198/2004, a partir da qual passa a ser de 60(sessenta) pontos.Súmula Vinculante n. 21 – É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamentoprévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo.Súmula Vinculante n. 22 – A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar asações de indenização por danos morais e patrimoniais decorrentes de acidente de trabalhopropostas por empregado contra empregador, inclusive aquelas que ainda não possuíamsentença de mérito em primeiro grau quando da promulgação da Emenda Constitucional n.45/04.Súmula Vinculante n. 23 – A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgaração possessória ajuizada em decorrência do exercício do direito de greve pelostrabalhadores da iniciativa privada.Súmula Vinculante n. 24 – Não se tipifica crime material contra a ordem tributária, previstono art. 1º, incisos I a IV, da Lei n. 8.137/90, antes do lançamento definitivo do tributo.Súmula Vinculante n. 25 – É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja amodalidade do depósito.Súmula Vinculante n. 26 – Para efeito de progressão de regime no cumprimento de penapor crime hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidadedo art. 2º da Lei n. 8.072, de 25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenadopreenche, ou não, os requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar,para tal fim, de modo fundamentado, a realização de exame criminológico.Súmula Vinculante n. 27 – Compete à Justiça estadual julgar causas entre consumidor econcessionária de serviço público de telefonia, quando a ANATEL não seja litisconsortepassiva necessária, assistente, nem opoente.Súmula Vinculante n. 28 – É inconstitucional a exigência de depósito prévio como requisitode admissibilidade de ação judicial na qual se pretenda discutir a exigibilidade de créditotributário.Súmula Vinculante n. 29 – É constitucional a adoção, no cálculo do valor de taxa, de umou mais elementos da base de cálculo própria de determinado imposto, desde que não hajaintegral identidade entre uma base e outra.Súmula Vinculante n. 31 – É inconstitucional a incidência do Imposto sobre Serviços deQualquer Natureza – ISS sobre operações de locação de bens móveis.Súmula Vinculante n. 32 – O ICMS não incide sobre alienação de salvados de sinistropelas seguradoras.

FIQUE ATENTO!!!A reclamação tem como objeto a preservação da competência do Supremo ou daautoridade de pronunciamento por si formalizado. (...) Define-se a competência segundo asArt. 102, I, l balizas objetivas e subjetivas da petição inicial (Rcl 6.255-AgR, Rel. Min. MarcoAurélio, julgamento em 2-8-2010, Plenário, DJe de 20-8-2010).Não cabe reclamação constitucional para questionar violação à súmula do STF destituída de

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efeito vinculante. Precedentes. As atuais súmulas singelas do STF somente produzirãoefeito vinculante após sua confirmação por 2/3 dos ministros da Corte e publicação naimprensa oficial (art. 8º da EC 45/2004) (Rcl 3.284-AgR, Rel. Min. Ayres Britto, julgamentoem 1º-7-2009, Plenário, DJe de 28-8-2009).

6. ESTRUTURA DA PEÇAA estrutura da reclamação constitucional invoca subsidiariamente o Código de Processo Civil,

sendo que a petição inicial deverá seguir a regra do art. 39, I, e arts. 282 a 285 daquelediploma processual, bem como algumas peculiaridades trazidas pelos arts. 13 a 18 da Lei n.8.038/90. Vejamos o modelo:

MODELO 8 – RECLAMAÇÃO CONSTITUCIONAL

Endereçamento* Ex.: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR PRESIDENTE DO SUPREMOTRIBUNAL FEDERAL.* Sugestão: Média de 5 linhas, para todas as petições iniciais.

LEGITIMIDADE ATIVA* Qualificação do autor da ação (NOME, nacionalidade, estado civil, profissão,portador da cédula de identidade n. ..., expedida por ..., em ..., inscrito no CPF/MFn. ..., residente e domiciliado à rua ...) Impetrar

IDENTIFICAÇÃO DA AÇÃO* RECLAMAÇÃO CONSTITUCIONAL (COM PEDIDO DE LIMINAR)

LEGITIMIDADE PASSIVA* Em face ...

DOS FATOS* Exposição dos fatos previstos na situação hipotética da questão. Não inventaroutros fatos nem trazer detalhes ausentes no problema.

DO DIREITO* Atente-se que a mera citação de artigos não pontua. Deve-se apontar osrequisitos da Constituição Federal nos arts. 102, I, l; 103-A, § 3º; 105, I, f; Lei n.8.038/90, arts. 13 a 18; e Lei n. 11.417/2006.

DA MEDIDA LIMINAR* O art. 14, II, da Lei n. 8.038/90, dispõe que a liminar será concedida para evitardano irreparável, ordenando-se a suspensão do processo ou do ato impugnado.Aqui é importante apontar os requisitos da liminar, quais sejam: o fumus boni iuris eo periculum in mora.

DOS PEDIDOS* Ante todo o exposto, você deverá requerer a concessão da liminar para, nostermos do art. 14, II, da Lei n. 8.038/90, suspender o ato impugnado, anotificação da autoridade reclamada, para que preste informações nos termos do

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art. 14, I, da Lei n. 8.038/90, vista ao Ministério Público nos termos do art. 16 daLei n. 8.038/90 e por fim a procedência do pedido.

VALOR DA CAUSA* Dá-se à causa, para efeitos fiscais, o valor de R$ ... (Sugerimos que, se a bancaexaminadora não estabelecer o valor da causa no enunciado da peça prático-profissional, dê à causa o valor de R$ 1.000,00, guiado pelos espelhos derespostas cobradas em exames passados).

Nesses termos,Pede deferimento.

Local e dataAdvogado, OAB n. ...

7. QUESTÃO DE PROVA ANTERIOR(CESPE – 2006.3) João Lima ingressou com ação contra a Caixa Econômica Federal no

juizado especial federal, pleiteando a correção dos depósitos do seu fundo de garantia portempo de serviço (FGTS), em decorrência dos expurgos inflacionários dos planos Collor eVerão 1.

Julgada improcedente a ação, João recorreu à Turma Recursal, sustentando, entre outrasrazões, precedentes do Supremo Tribunal Federal (STF) reconhecendo esse direito. Noentanto, o recurso foi desprovido, contrariando decisões do STF, apesar de ter sidoprequestionada a matéria constitucional invocada. Dessa forma, João interpôs recursoextraordinário, fundado na violação ao dispositivo da Constituição, que, contudo, não foiadmitido. Interposto agravo de instrumento, o presidente da Turma Recursal negou-lheseguimento, tendo como fundamento o descabimento do recurso extraordinário nos juizadosespeciais.

Diante dessa situação hipotética, como advogado de João Lima, proponha a medida judicialque entender cabível, para se preservar a competência do STF e se viabilizar o trânsito doagravo dirigido a esse tribunal contra a inadmissão do recurso extraordinário.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO PRESIDENTE DO SUPREMOTRIBUNAL FEDERALJOÃO LIMA, nacionalidade, estado civil, profissão, portador da cédula deidentidade n. ... e CPF/MF n. ..., residente e domiciliado à ..., neste atorepresentado por seu advogado, inscrito na OAB/ ... sob o n. ..., com procuraçãoanexa e endereço profissional à ..., para onde devem ser remetidas notificaçõese intimações, de acordo com o art. 39, I, do CPC, vem, mui respeitosamente,perante Vossa Excelência, com fulcro no art. 103-A, § 3º, da CRFB/88, e arts. 13 a18 da Lei n. 8.038/90, ajuizar a presente

RECLAMAÇÃO CONSTITUCIONAL COM PEDIDO LIMINARem face do ato administrativo do SENHOR PRESIDENTE DA TURMA RECURSAL ,por contrariar decisões desse Supremo Tribunal Federal pelos fatos e fundamentos

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a seguir aduzidos:DOS FATOS

João Lima ingressou com ação contra a Caixa Econômica Federal no juizadoespecial federal, pleiteando a correção dos depósitos do seu fundo de garantia portempo de serviço (FGTS), em decorrência dos expurgos inflacionários dos planosCollor e Verão 1.Julgada improcedente a ação, João recorreu à Turma Recursal, sustentando, entreoutras razões, precedentes do Supremo Tribunal Federal (STF) reconhecendo essedireito. No entanto, o recurso foi desprovido, contrariando decisões do STF, apesarde ter sido prequestionada a matéria constitucional invocada. Dessa forma, Joãointerpôs recurso extraordinário, fundado na violação a dispositivo da Constituição,que, contudo, não foi admitido. Interposto agravo de instrumento, o presidente daTurma Recursal negou-lhe seguimento, tendo como fundamento o descabimento dorecurso extraordinário nos juizados especiais.

DO DIREITONos termos do art. 102, I, l da CRFB/88, que define a competência do SupremoTribunal Federal para processar e julgar, originariamente, a reclamação para apreservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões.Confirmado pelo art. 13 da Lei n. 8.038/90, que versa que caberá reclamação daparte interessada ou do Ministério Público para a preservação da competência doTribunal ou garantia da autoridade das suas decisões.De acordo com o art. 103-A, § 3º, da CRFB/88, caberá reclamação ao SupremoTribunal Federal do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmulaaplicável ou que indevidamente a aplicar; em sendo julgada procedente peloSupremo Tribunal Federal, anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicialreclamada e determinará que outra seja proferida com ou sem a aplicação dasúmula, de acordo com o caso.No tocante à negativa de admissão proferida pelo presidente da Turma Recursal aorecurso extraordinário interposto pelo reclamante, cuja fundamentação se baseavana violação ao dispositivo da Constituição. Preceitua a Súmula n. 640 desse egrégioTribunal o cabimento do recurso extraordinário contra decisão proferida por juiz deprimeiro grau nas causas de alçada, ou por turma recursal de juizado especial cívele criminal.É válido ressaltar que, mesmo ante a imperiosidade do texto sumulado, que dálegitimidade ao agravo extraordinário interposto e diante da iminênciada perda do direito, foi interposto, desta feita, o agravo de instrumento, sendo maisuma vez negado sob o argumento de descabimento do recurso extraordinário nosjuizados especiais. Percebe-se que, novamente, o direito sumulado pelo SupremoTribunal Federal foi desconsiderado, haja vista preceituar a Súmula n. 727 dessedouto Tribunal que é defeso ao magistrado deixar de encaminhar ao SupremoTribunal Federal o agravo de instrumento interposto da decisão que não admiterecurso extraordinário, ainda que referente a causa instaurada no âmbito dosjuizados especiais.

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DA MEDIDA LIMINARÉ cediça, no caso em tela, a possibilidade de Medida Liminar nos termos do art. 14da Lei n. 8.038/90, por serem identificáveis os requisitos do fumus boni juris e dopericulum in mora.Uma vez que resta claro o descumprimento do texto sumulado pelo SupremoTribunal Federal, no mais das vezes a negativa descabida de admissão dosrecursos interpostos, bem como o desvio da competência originária por parte doreclamado, que caracteriza nesse contexto a fumaça do bom direito.E, quanto ao periculum in mora, poderemos verificar o cumprimento de tal requisitona possibilidade identificada de dano irreparável ao reclamante, caso a decisãovenha a ser proferida ao final da ação, haja vista provocar a perda do direito doreclamado perante as ações que versam sobre a matéria na Turma Recursal,inclusive acarretando, com a demora, a perda da fumaça do bom direito.

DOS PEDIDOSAnte o exposto, requer:a) A concessão da medida liminar para que se suspenda o ato impugnado,determinando que Agravo de Instrumento seja avocado pelo Supremo TribunalFederal e determine remessa do mesmo para julgá-lo, de acordo com o art. 14, II,da Lei n. 8.038/90.b) A notificação da autoridade reclamada, a Turma Recursal, para prestarinformações no prazo de dez dias, conforme o art. 14, I, da Lei n. 8.038/90.c) Que seja dada vista do processo ao Ministério Público no prazo de cinco dias,nos termos do art. 16 da Lei n. 8.038/90.d) Que seja confirmada a liminar e se reconheça a ilegalidade da decisão proferidapela Turma Recursal, em conformidade com o texto do art. 17 da Lei n. 8.038/90,determinando a medida adequada à preservação de sua competência para oSupremo Tribunal Federal. E que se julgue o Recurso Extraordinário, nos termos doart. 18 da Lei n. 8.038/90, determinando-se o imediato cumprimento da decisão,lavrando-se posteriormente o acórdão.Atribui-se à causa, para efeitos fiscais, o valor de R$ 1.000,00 (mil reais).

Nesses termos,Pede deferimento.

Local e dataAdvogado, OAB n. ...

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1 ADI 2.212/CE, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 2-10-2003, DJ de 14-11-2003.

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CAPÍTULO IX AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE(ADI)

1. APRESENTAÇÃOA ação direta de inconstitucionalidade é uma ação de controle abstrato, de competência do

Supremo Tribunal Federal, que tem por finalidade retirar do ordenamento jurídico lei ou atonormativo federal, estadual e distrital no exercício de competência legislativa estadualincompatível com a ordem constitucional. Por lei ou atos normativos, entendem-se todas asespécies normativas previstas no art. 59 da CRFB/88, inclusive resoluções administrativas dostribunais e emendas constitucionais.

Na lição de Alexandre de Moraes,[...] cabe ação direta de inconstitucionalidade para declarar a desconformidade com a Carta Magna de lei ou ato

normativo federal, estadual ou distrital (este último desde que produzido no exercício de competência equivalente à dosEstados -membros), editados posteriormente à promulgação da Constituição Federal, e que ainda estejam em vigor.[1]

Segundo Marcelo Novelino, a ação direta de inconstitucionalidade é um processoconstitucional de índole objetiva, “sem partes formais, podendo ser instauradaindependentemente de um interesse jurídico específico. Esta espécie também costuma serdenominada controle por via de ação, por via direta ou por via principal”.[2]

A ação direta de inconstitucionalidade aprecia a inconstitucionalidade de lei ou ato normativoe sua função se resume a declarar a inconstitucionalidade de certa lei que está causandodesordem no ordenamento jurídico. Seria como um pedido ao Supremo Tribunal Federal; nãose leva uma causa específica, mas uma lei que tem vício que gera inconstitucionalidade.[3]

2. CARACTERÍSTICAS/REQUISITOSA legitimidade ativa está disposta no art. 103, I a IX, da CRFB/88 e art. 2º da Lei n.

9.868/99. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade: o Presidente da República; aMesa do Senado Federal; a Mesa da Câmara dos Deputados; a Mesa de AssembleiaLegislativa ou a Mesa da Câmara Legislativa do Distrito Federal; o Governador de Estado ou oGovernador do Distrito Federal; o Procurador-Geral da República; o Conselho Federal daOrdem dos Advogados do Brasil; partido político com representação no Congresso Nacional econfederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.

Aprofundando um pouco mais a matéria, de acordo com a jurisprudência do SupremoTribunal Federal, os legitimados acima expostos estão divididos em legitimados universais elegitimados especiais. Os legitimados universais são os que não precisam demonstrarpertinência temática; são eles: o Presidente da República; a Mesa do Senado Federal; a Mesada Câmara dos Deputados; o Procurador-Geral da República; o Conselho Federal da Ordemdos Advogados do Brasil e partido político com representação no Congresso Nacional. Emcontrapartida, os legitimados especiais são aqueles que, necessariamente, deverãodemonstrar a pertinência temática, isto é, deve haver um liame subjetivo entre a matériaimpugnada e os objetivos no estatuto. Vejamos o quadro abaixo:

Legitimados universais Legitimados especiais

• Presidente da República;• Mesa do Senado Federal;• Mesa da Câmara dos Deputados;

• Mesa de Assembleia Legislativa ou a Mesa da Câmara Legislativado Distrito Federal;• Governador de Estado ou o Governador do Distrito Federal;

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• Procurador -Geral da República;• Conselho Federal da Ordem dos Advogadosdo Brasil;• Partido político com representação noCongresso Nacional.

• Confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.

Quanto à legitimidade passiva, afigura-se o órgão ou a autoridade que editou o ato que sepretende impugnar.

Cumpre destacar que o Supremo Tribunal Federal entende que entidades referidas no art.103, incisos I a VII, da Constituição Federal, além de ativamente legitimadas à instauração docontrole concentrado de constitucionalidade das leis e atos normativos, federais e estaduais,mediante ajuizamento da ação direta perante o Supremo Tribunal Federal, possuemcapacidade processual plena e dispõem, ex vi da própria norma constitucional, de capacidadepostulatória. Podem, em consequência, enquanto ostentarem aquela condição, praticar, noprocesso de ação direta de inconstitucionalidade, quaisquer atos ordinariamente privativos deadvogado.[4] Neste sentido, apenas partido político com representação no CongressoNacional e confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional precisam deadvogados para propor uma ação direta de inconstitucionalidade.

Conforme estabelece o art. 7º da Lei n. 9.868/99, não se admitirá intervenção deterceiros no processo de ação direta de inconstitucionalidade. Contudo, o Supremo TribunalFederal passou a permitir a manifestação do amicus curiae, por meio de despachoirrecorrível do relator, quando este verificar relevância da matéria e a representatividade dospostulantes. Assim, a regra é não se admitir intervenção de terceiros no processo de açãodireta de inconstitucionalidade, iniludivelmente objetivo. A exceção corre à conta de parâmetrosreveladores da relevância da matéria e da representatividade do terceiro, quando, então, pordecisão irrecorrível, é possível a manifestação de órgãos ou entidades.[5]

É relevante destacar a atuação processual do Advogado-Geral da União e do Procurador-Geral da República. O Procurador-Geral da República, conforme estabelece o art. 103, §1º, da CRFB/88, atua como órgão interveniente ou, como ainda preferem alguns, custos legis.Exerce o papel de advogado da Constituição, imparcialmente, interessado exclusivamente nadefesa da ordem constitucional. Já o Advogado-Geral da União, segundo o Supremo TribunalFederal, atua como curador da presunção de constitucionalidade da norma impugnada –defensor legis. O Advogado-Geral da União defende as normas, federais ou estaduais, cujainconstitucionalidade é arguida, de acordo com o art. 103, § 3º, da CRFB/88.

Cabe medida cautelar nos termos do art. 10 da Lei n. 9.868/99. Segundo entendimento doSupremo Tribunal Federal, as medidas cautelares deferidas em controle concentrado deconstitucionalidade são decisões provisórias de urgência, proferidas em juízo de cogniçãosumária. São, portanto, decisões temporárias, necessariamente substituídas pela decisão finale definitiva nos autos.[6]

A decisão sobre a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade da lei ou do ato normativosomente será tomada se presentes na sessão pelo menos oito Ministros (quórum deinstalação). Efetuado o julgamento, proclamar-se-á a constitucionalidade ou ainconstitucionalidade da disposição ou da norma impugnada se num ou noutro sentido setiverem manifestado pelo menos seis Ministros (quórum de aprovação), quer se trate de açãodireta de inconstitucionalidade ou de ação declaratória de constitucionalidade, conformeestabelece o art. 23, caput, da Lei n. 9.868/99.

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A declaração de inconstitucionalidade na ação direta produz efeito erga omnes, ex tunc evinculante. Segundo Alexandre de Moraes, declarada a inconstitucionalidade da lei ou atonormativo federal ou estadual, a decisão terá efeito ex tunc (retroativo) e erga omnes (paratodos), desfazendo, desde sua origem, o ato declarado inconstitucional, juntamente com todasas consequências dele derivadas, uma vez que os atos inconstitucionais são nulos.[7] Hátambém o efeito vinculante, por meio do qual ficam submetidos à decisão proferida em ADINos demais órgãos do Poder Judiciário e as Administrações Públicas Federal, Estadual, Distritale Municipal, conforme dispositivo expresso no parágrafo único, art. 28, Lei n. 9.868/99.

3. COMO IDENTIFICAR A PEÇAA primeira observação a ser feita é identificar se estamos diante de uma ação de controle

concentrado. Para tanto, fique atento ao enunciado da questão da peça prático-profissional eveja se você encontra algumas das seguintes expressões-chave: “erga omnes”, “efeitosvinculantes”, “análise em abstrato”, “ação de controle concentrado”, “efeitos para todos osindivíduos no território brasileiro”.

Superada esta etapa, outro aspecto importante, e que o ajudará a identificar a ação diretade inconstitucionalidade, diz respeito ao objeto. Portanto, observe se se trata de lei ou atonormativo federal ou estadual incompatível com a ordem constitucional. Logo, cabível é a açãodireta de inconstitucionalidade.

4. COMPETÊNCIADe acordo com o art. 102, I, a, da CRFB/88, compete ao Supremo Tribunal Federal

processar e julgar, originariamente, a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou atonormativo federal ou estadual. Assim, deve o autor da ação elaborar pedido ao SupremoTribunal Federal para que este examine lei ou ato normativo federal ou estadual, visando ainvalidá-los por ofender a legislação constitucional.

5. FUNDAMENTOS MAIS COMUNSAs principais fundamentações jurídicas da ação direta de inconstitucionalidade podem ser

encontradas na Constituição Federal, nos arts. 102, I, a; 102, § 2º; 103, I a IX; e na Lei n.9.868/99.

Além disso, sugerimos a leitura das seguintes súmulas do Supremo Tribunal Federal sobre aação direta de inconstitucionalidade:

Súmula n. 360 – Não há prazo de decadência para a representação deinconstitucionalidade prevista no art. 8º, parágrafo único, da CF.Súmula n. 642 – Não cabe ação direta de inconstitucionalidade de lei do Distrito Federalderivada da sua competência legislativa municipal.

FIQUE ATENTO!!!Partido político. Legitimidade ativa. Aferição no momento da sua propositura. Perdasuperveniente de representação parlamentar. Não desqualificação para permanecer no poloativo da relação processual. Objetividade e indisponibilidade da ação (ADI 2.618-AgR-AgR,Rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 12-8-2004, Plenário, DJ de 313-2006).Ação direta de inconstitucionalidade. Ausência de legitimidade ativa de Central Sindical(CUT) (ADI 1.442, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 3-11-2004, Plenário, DJ de 29-4-2005).

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Ação direta de inconstitucionalidade: legitimação ativa: ‘entidade de classe de âmbitonacional’: compreensão da ‘associação de associações’ de classe: revisão da jurisprudênciado Supremo Tribunal. O conceito de entidade de classe é dado pelo objetivo institucionalclassista, pouco importando que a eles diretamente se filiem os membros da respectivacategoria social ou agremiações que os congreguem, com a mesma finalidade, em âmbitoterritorial mais restrito. É entidade de classe de âmbito nacional – como tal legitimada àpropositura da ação direta de inconstitucionalidade (CF, art. 103, IX) – aquela na qual secongregam associações Art. 103, IX regionais correspondentes a cada unidade daFederação, a fim de perseguirem, em todo o País, o mesmo objetivo institucional de defesados interesses de uma determinada classe. Nesse sentido, altera o Supremo Tribunal suajurisprudência, de modo a admitir a legitimação das ‘associações de associações declasse’, de âmbito nacional, para a ação direta de inconstitucionalidade (ADI 3.153-AgR,Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 12-8-2004, Plenário, DJ de 9-9-2005). Nomesmo sentido: ADI 2.797 e ADI 2.860, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 15-9-2005, Plenário, DJ de 19-12-2006. Em sentido contrário: ADI 23, Rel. Min. Moreira Alves,julgamento em 2-4-1998, Plenário, DJ de 18-5-2001.

6. ESTRUTURA DA PEÇAA estrutura da ação direta de inconstitucionalidade invoca subsidiariamente o Código de

Processo Civil, sendo que a petição inicial deverá seguir a regra do art. 39, I, e arts. 282 a 285daquele diploma processual, bem como algumas peculiaridades trazidas pela Lei n. 9.868/99.Vejamos o modelo:

MODELO 9 – AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE

ENDEREÇAMENTO* Ex.: EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO PRESIDENTE DO SUPREMOTRIBUNAL FEDERAL.* Sugestão: Média de 5 linhas, para todas as petições iniciais.

LEGITIMIDADE ATIVA* Sugestão: A CONFEDERAÇÃO NACIONAL ..., entidade sindical de âmbitonacional, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob n. ... e noMinistério do Trabalho sob o n. ..., com sede em ..., vem por seu advogado infra-assinado, conforme procuração anexa, com escritório na rua ..., nesta cidade,endereço que indica para os fins do art. 39, I, do CPC, perante Vossa Excelência,com fundamento no art. 102, I, a, da CRFB/88 e na Lei n. 9.868/99, propor apresente

IDENTIFICAÇÃO DA AÇÃO* AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE (COM pedido cautelar)

LEGITIMIDADE PASSIVA* Sugestão: Em face do art. ... da Lei n. ..., conforme especificará ao longo destapetição, nos termos e motivos que passa a expor.

DA LEGITIMIDADE ATIVA ou DA PERTINÊNCIA TEMÁTICA

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* Indicar se o legitimado ativo, para a propositura da ação, é legitimado universal oulegitimado especial. Caso seja legitimado especial deve-se demonstrar a pertinênciatemática.

DA LEGITIMIDADE PASSIVA* Aqui deve-se demonstrar que a autoridade indicada no polo passivo é responsávelpela omissão na edição da norma, e tal omissão leva à inconstitucionalidade.

DA INCONSTITUCIONALIDADE DA NORMA* A ADI por omissão cabe tanto em caso de inércia federal como estadual. Nestesentido, sugerimos fundamentar este tópico com o art. 102, I, a, da CRFB/88.

DA MEDIDA LIMINAR* Os arts. 10 a 12 da Lei n. 9.868/99 dispõem sobre a medida cautelar na ADIn.Aqui é importante apontar os requisitos da liminar, quais sejam: o fumus boni iuris eo periculum in mora.

DO PEDIDO* Ante o exposto, você deve requerer a concessão de medida cautelar parasuspender os processos judiciais ou procedimentos administrativos em curso; aintimação da (autoridade ou órgão), para que se manifeste sobre o mérito dapresente ação, no prazo legal; a intimação do Advogado-Geral da União, para quese manifeste sobre o mérito da presente ação, no prazo legal; a intimação doProcurador-Geral da República, para emitir seu parecer no prazo legal eprocedência do pedido, para que seja declarada a inconstitucionalidade, a fim dedar ciência ao poder competente para adoção das providências necessárias.

VALOR DA CAUSA* Dá-se à causa, para efeitos fiscais, o valor de R$ ... (Sugerimos que, se a bancaexaminadora não estabelecer o valor da causa no enunciado da peça prático-profissional, dê à causa o valor de R$ 1.000,00, guiado pelos espelhos derespostas cobradas em exames passados).

Nesses termos,Pede deferimento.

Local e dataAdvogado, OAB n. ...

7. QUESTÃO DE PROVA ANTERIOR(FGV – VII Exame unificado) O Estado KWY editou norma determinando a gratuidade dos

estacionamentos privados vinculados a estabelecimentos comerciais, como supermercados,hipermercados, shopping centers, estabelecendo multas pelo descumprimento e gradação naspunições administrativas, além de delegar ao PROCON local a responsabilidade pelafiscalização dos estabelecimentos relacionados no instrumento normativo. Tício, contratadocomo advogado Júnior da Confederação Nacional do Comércio, é consultado sobre apossibilidade de ajuizamento de medida judicial, apresentando seu parecer positivo quanto àmatéria, pois a referida lei afrontaria a CRFB. Em seguida, diante desse pronunciamento, a

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Diretoria autoriza a propositura da ação judicial constante do parecer.Na qualidade de advogado, elabore a peça cabível, observando: a) competência do Juízo; b)

legitimidade ativa e passiva; c) fundamentos de mérito constitucionais e legais vinculados; d)requisitos formais da peça; e) tutela de urgência.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DO SUPREMOTRIBUNAL FEDERALCONFEDERAÇÃO NACIONAL DO COMÉRCIO, pessoa jurídica de direito privado,por meio de seu presidente, com inscrição no Ministério do Trabalho n. ..., inscritano CNPJ n. ..., com sede à ..., por seu advogado que esta subscreve, conformeprocuração anexa, com endereço profissional à ..., para onde devem ser remetidasas notificações e intimações, nos termos do art. 39, I, do CPC, vem muirespeitosamente, perante Vossa Excelência, com fundamento no art. 102, I, a, daCRFB/88 e na Lei n. 9.868/99, propor a presente

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE COM PEDIDO CAUTELAREm face da Lei Estadual editada pelo Estado KWY, elaborada pelo Governador doEstado e a Assembleia Legislativa estadual.

DA COMPETÊNCIA DO ÓRGÃO JULGADORO art. 102, I, alínea a, da CRFB/88 estabelece que compete ao Supremo TribunalFederal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe processar e julgar,originariamente, a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativofederal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou atonormativo federal.Desse modo, verifica-se que a competência para processamento e julgamento dapresente ação direta de inconstitucionalidade é originária do Supremo TribunalFederal.

DA LEGITIMIDADE ATIVA/PERTINÊNCIA TEMÁTICAO art. 103, IX, da CRFB/88 estabelece o rol dos legitimados para propor uma açãodireta de inconstitucionalidade, dentre os quais, verificam-se as confederaçõessindicais ou entidades de classe de âmbito nacional. Corroborando com essaassertiva, o art. 2º, IX, da Lei n. 9.868/99 discorre sobre o mesmo tema.É sabido que se faz necessária no caso em tela a comprovação da pertinênciatemática como requisito para a propositura da ação direta de inconstitucionalidade.No entanto, não resta dúvida de que a confederação nacional de comércio possuiclaro interesse na presente ação, haja vista a atividade ser extremamente afetadapela norma que deu finalidade à propositura da presente ação.

DA LEGITIMIDADE PASSIVAA legitimidade passiva da ação direta de inconstitucionalidade em referência é doGovernador do Estado e da Assembleia Legislativa estadual que criaram a normaestadual inconstitucional.

DA INCONSTITUCIONALIDADE DA NORMA

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Nos termos do art. 22, I, da CRFB/88, confirma-se a competência privativa porparte da União para legislar sobre direito civil, comercial, penal processual, eleitoral,agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho. Diante de tal assertiva,configura-se a inconstitucionalidade formal da norma objeto da presente ação, hajavista não haver competência do Estado para legislar sobre matéria afeta à União deforma privativa.Não se pode olvidar que a norma que deu finalidade à ação fere o fundamento dalivre iniciativa constante do art. 1º, IV, da CRFB/88. Além da garantia ao direito depropriedade previsto no art. 5º, XXII, da Carta Magna.Verifica-se, ainda, o total desacordo com o que preconizam os princípios gerais daatividade econômica, da propriedade privada e da livre concorrência, dispostos noart. 170, caput, I e IV, da CRFB/88.Ante o exposto, fica fundamentada a violação dos ditames constitucionais,caracterizando-se tanto na inconstitucionalidade formal quanto nainconstitucionalidade material da norma ora impugnada.

DA MEDIDA CAUTELARÉ cediça, no caso em tela, a possibilidade de Medida Cautelar nos termos do art.102, I, p, da Carta Magna, corroborada pelos arts. 10 e 12 da Lei n. 9.868/99, porserem identificáveis os requisitos do fumus boni juris e do periculum in mora.O requisito do fumus boni juris fica patente na violação do texto constitucional,quanto a livre iniciativa, propriedade privada e livre concorrência. Além de ferir acompetência da União no que diz respeito ao art. 22, I, da CRFB/88.E, quanto ao periculum in mora, poderemos verificar o cumprimento de tal requisitona possibilidade identificada de dano irreparável ao reclamante, em face darelevância da matéria e segurança jurídica, evitando, desta forma, danos e prejuízosadvindos da norma ora vigente, de acordo com o art. 12 da Lei n. 9.868/99.

DOS PEDIDOSAnte o exposto, requer:a) A concessão da medida cautelar para suspender a norma impugnada até asentença definitiva com fulcro nos arts. 10 a 12 da Lei n. 9.868/99.b) A notificação da autoridade coatora, na pessoa do Governador do Estado KWY,para prestar informações no prazo legal, com fundamento no art. 6º da Lei n.9.868/99.c) A intimação do Procurador-Geral da República para que se manifeste no prazode quinze dias, conforme o art. 8º da Lei n. 9.868/99.d) A intimação do Advogado-Geral da União para prestar informações no prazo dequinze dias, em conformidade com art. 8º da Lei n. 9.868/99.e) Procedência do pedido, com a ratificação da cautelar, para que seja declarada ainconstitucionalidade com efeitos erga omnes.Atribui-se à causa, para efeitos fiscais e de alçada, o valor de R$ 1.000,00 (milreais).

Nesses termos,

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Pede deferimento.Local e data

Advogado, OAB n. ...

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1 MORAES, Alexandre. Constituição do Brasil interpretada e legislação constitucional. São Paulo: Atlas, 2002, p. 2293.2 NOVELINO, Marcelo. Direito constitucional. 2. ed. São Paulo: Método, 2008, p. 120.3 DALVI, Luciano. Direito constitucional esquematizado. Santa Catarina: Conceito editorial, 2008, p. 225.4 ADI 127-MC -QO, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 20-11-1989, DJ de 4-12-1992.5 ADI 3.620, Rel. Min. Marco Aurélio, decisão monocrática, julgamento em 27-4-2007, DJ de 8-5-2007.6 ADI 2.381-AgR, voto da Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 24-3-2011, Plenário, DJe de 11-4-2011.7 MORAES, Alexandre. Direito constitucional. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2007, p. 734.

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CAPÍTULO X AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADEPOR OMISSÃO (ADO)

1. APRESENTAÇÃOA ação direta de inconstitucionalidade por omissão encontra-se prevista no art. 103, § 2º, da

CRFB/88, o qual estabelece que: “Declarada a inconstitucionalidade por omissão de medidapara tornar efetiva norma constitucional, será dada ciência ao Poder competente para aadoção das providências necessárias e, em se tratando de órgão administrativo, para fazê-loem trinta dias”.

Para realizar o estudo da ação de inconstitucionalidade por omissão, é importante deixarclaro que a inconstitucionalidade pode ser por ação ou por omissão do poder público. De talmodo que a conceituação do que vem a ser ação direta de inconstitucionalidade por omissãoencontra respaldo na jurisprudência da Suprema Corte, que bem traduz o julgado da lavra doMinistro Celso de Mello:

O desrespeito à Constituição tanto pode ocorrer mediante ação estatal quanto mediante inércia governamental. Asituação de inconstitucionalidade pode derivar de um comportamento ativo do Poder Público, que age ou edita normas emdesacordo com o que dispõe a Constituição, ofendendo-lhe, assim, os preceitos e os princípios que nela se achamconsignados. Essa conduta estatal, que importa em um facere (atuação positiva), gera a inconstitucionalidade por ação.Se o Estado deixar de adotar as medidas necessárias à realização concreta dos preceitos da Constituição, emordem a torná-los efetivos, operantes e exequíveis, abstendo-se, em consequência, de cumprir o dever de prestação quea Constituição lhe impôs, incidirá em violação negativa do texto constitucional. Desse non facere ou non praestare,resultará a inconstitucionalidade por omissão, que pode ser total, quando é nenhuma a providência adotada, ou parcial,quando é insuficiente a medida efetivada pelo Poder Público.[1]

Para Bárbara Brasil, a omissão ensejadora da Ação de Inconstitucionalidade por Omissão emesmo do mandado de injunção pode ser absoluta, quando o legislador não empreende aprovidência legislativa reclamada, ou parcial, nos casos em que existe um ato normativo, masque atende parcialmente à vontade constitucional. A omissão parcial envolve a execuçãoparcial ou incompleta de um dever constitucional de legislar, que se manifesta em razão doatendimento incompleto do estabelecido na norma constitucional.[2]

2. CARACTERÍSTICAS/REQUISITOSNa ação direta de inconstitucionalidade por omissão, temos que o objeto é um pouco

diferente, já que a ADI por omissão tem como objeto não apenas atos normativos primáriosem que a inovação seja referida ao texto constitucional, mas também atos secundários (ex.:decretos, regulamentos etc.).[3] Aqui não pretendemos atacar a atuação, mas sim a omissãodo Poder Público que deveria ter editado lei ou ato normativo para tornar a normaconstitucional plenamente eficaz.

Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade por omissão os legitimados àpropositura da ação direta de inconstitucionalidade e da ação declaratória deconstitucionalidade: o Presidente da República; a Mesa do Senado Federal; a Mesa daCâmara dos Deputados; a Mesa de Assembleia Legislativa ou a Mesa da Câmara Legislativado Distrito Federal; o Governador de Estado ou o Governador do Distrito Federal; oProcurador-Geral da República; o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;partido político com representação no Congresso Nacional e confederação sindical ou entidadede classe de âmbito nacional.

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Aprofundando um pouco mais a matéria, de acordo com a jurisprudência do SupremoTribunal Federal, os legitimados acima expostos estão divididos em legitimados universais elegitimados especiais. Os legitimados universais são os que não precisam demonstrarpertinência temática; são eles: o Presidente da República; a Mesa do Senado Federal; a Mesada Câmara dos Deputados; o Procurador-Geral da República; o Conselho Federal da Ordemdos Advogados do Brasil e partido político com representação no Congresso Nacional. Emcontrapartida, os legitimados especiais são aqueles que, necessariamente, deverãodemonstrar a pertinência temática, isto é, deve haver um liame subjetivo entre a matériaimpugnada e os objetivos no estatuto.

Quanto à legitimidade passiva, afigura-se o órgão ou a autoridade responsável pela nãoedição do ato normativo necessário à efetivação da norma constitucional.

A decisão sobre a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade da lei ou do ato normativosomente será tomada se presentes na sessão pelo menos oito Ministros (quórum deinstalação). Efetuado o julgamento, proclamar-se-á a constitucionalidade ou ainconstitucionalidade da disposição ou da norma impugnada se num ou noutro sentido setiverem manifestado pelo menos seis Ministros (quórum de aprovação), quer se trate de açãodireta de inconstitucionalidade ou de ação declaratória de constitucionalidade, conformeestabelece o art. 23, caput, da Lei n. 9.868/99.

A Lei n. 12.063, de 27 de outubro de 2009, alterou a Lei n. 9.868/99, incluindo apossibilidade de medida cautelar em ação direta de inconstitucionalidade por omissão, econforme o art. 12-F, em caso de excepcional urgência e relevância da matéria, o Tribunal, pordecisão da maioria absoluta de seus membros, poderá conceder medida cautelar, após aaudiência dos órgãos ou autoridades responsáveis pela omissão inconstitucional, que deverãopronunciar-se no prazo de cinco dias. A medida cautelar poderá consistir na suspensão daaplicação da lei ou do ato normativo questionado, no caso de omissão parcial, bem como nasuspensão de processos judiciais ou de procedimentos administrativos, ou ainda em outraprovidência a ser fixada pelo Tribunal.

O relator, julgando indispensável, ouvirá o Procurador-Geral da República, no prazo detrês dias, conforme estabelece o art. 12-F, § 2º, da Lei n. 9.868/99. Nas ações em que nãofor autor, o Procurador-Geral da República terá vista do processo, por quinze dias, após odecurso do prazo para informações. Segundo entendimento do Supremo Tribunal Federal, nãoé necessária, obrigatória, a manifestação do Advogado-Geral da União, art. 103, § 3º, daConstituição, em ação direta de inconstitucionalidade por omissão.[4] No entanto, o relatorpoderá solicitar a manifestação do Advogado-Geral da União, que deverá ser encaminhada noprazo de quinze dias; tal inovação foi incluída pela Lei n. 12.063, de 27 de outubro de 2009.

Além disso, no julgamento do pedido de medida cautelar, será facultada sustentação oral aosrepresentantes judiciais do requerente e das autoridades ou órgãos responsáveis pela omissãoinconstitucional, na forma estabelecida no Regimento do Tribunal.

Cumpre observar que o art. 12-B da Lei n. 9.868/99 estabelece que a petição indicará aomissão inconstitucional total ou parcial quanto ao cumprimento de dever constitucional delegislar ou quanto à adoção de providência de índole administrativa e o pedido, com suasespecificações, devendo, necessariamente, ser acompanhada de instrumento de procuração,se for o caso, será apresentada em duas vias, devendo conter cópias dos documentosnecessários para comprovar a alegação de omissão.

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3. COMO IDENTIFICAR A PEÇAA primeira observação a ser feita é identificar se estamos diante de uma ação de controle

concentrado. Para tanto, fique atento ao enunciado da questão da peça prático-profissional, eveja se você encontra algumas das seguintes expressões-chave: “erga omnes”, “efeitosvinculantes”, “análise em abstrato”, “ação de controle concentrado”, “efeitos para todos osindivíduos no território brasileiro”.

Superada esta etapa, outro aspecto importante, e que o ajudará a identificar a ação diretade inconstitucionalidade por omissão, diz respeito ao objeto. Verifica-se que a ação direta deinconstitucionalidade por omissão é um instrumento que tem por finalidade conferir efetividadeà s normas constitucionais de eficácia limitada. Tratando-se de controle deconstitucionalidade abstrata, concentrada e principal. Logo, cabível é a ação direta deinconstitucionalidade por omissão.

4. COMPETÊNCIADe acordo com o art. 102, I, a, da CRFB/88, compete ao Supremo Tribunal Federal

processar e julgar, originariamente, a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou atonormativo federal ou estadual. Assim, deve o autor da ação elaborar pedido ao SupremoTribunal Federal para que este examine lei ou ato normativo federal ou estadual, visando àdeclaração de inconstitucionalidade por omissão, a fim de dar ciência ao poder competentepara adoção das providências necessárias.

5. FUNDAMENTOS MAIS COMUNSAs principais fundamentações jurídicas da ação direta de inconstitucionalidade por

omissão podem ser encontradas na Constituição Federal, nos arts. 102, I, a; 102, § 2º; 103, Ia IX; e na Lei n. 9.868/99.

FIQUE ATENTO!!!Desrespeito à Constituição. Modalidades de comportamentos inconstitucionais do PoderPúblico. (...) Salário mínimo. Satisfação das necessidades vitais básicas. Garantia depreservação de seu poder aquisitivo. (...) Salário mínimo. Valor insuficiente. Situação deinconstitucionalidade por omissão parcial. (...) Inconstitucionalidade por omissão –Descabimento de medida cautelar. A jurisprudência do STF firmou-se no sentido deproclamar incabível a medida liminar nos casos de ação direta de inconstitucionalidade poromissão (RTJ 133/569, Rel. Min. Marco Aurélio; ADI 267/DF, Rel. Min. Celso de Mello), eisque não se pode pretender que mero provimento cautelar antecipe efeitos positivosinalcançáveis pela própria decisão final emanada do STF. A procedência da ação direta deinconstitucionalidade por omissão, importando em reconhecimento judicial do estado deinércia do Poder Público, confere ao art. 103, § 2º e § 3º STF, unicamente, o poder decientificar o legislador inadimplente, para que este adote as medidas necessárias àconcretização do texto constitucional. Não assiste ao STF, contudo, em face dos próprioslimites fixados pela Carta Política em tema de inconstitucionalidade por omissão (CF, art.103, § 2º), a prerrogativa de expedir provimentos normativos com o objetivo de suprir ainatividade do órgão legislativo inadimplente. Impossibilidade de conversão da ação diretade inconstitucionalidade, por violação positiva da Constituição, em ação deinconstitucionalidade por omissão (violação negativa da Constituição) (ADI 1.439-MC, Rel.Min. Celso de Mello, julgamento em 22-5-1996, Plenário, DJ de 30-5-2003).

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6. ESTRUTURA DA PEÇAA estrutura da ação direta de inconstitucionalidade invoca subsidiariamente o Código de

Processo Civil, sendo que a petição inicial deverá seguir a regra do art. 39, I, e arts. 282 a 285daquele diploma processual, bem como algumas peculiaridades trazidas pela Lei n. 9.868/99.Vejamos o modelo:

MODELO 10 – AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO

ENDEREÇAMENTO* Ex.: EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO PRESIDENTE DO SUPREMOTRIBUNAL FEDERAL.* Sugestão: Média de 5 linhas, para todas as petições iniciais.

LEGITIMIDADE ATIVA* Sugestão: A CONFEDERAÇÃO NACIONAL ..., entidade sindical de âmbitonacional, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob n. ... e noMinistério do Trabalho sob o n. ..., com sede em ..., vem por seu advogado infra-assinado, conforme procuração anexa, com escritório na rua ..., nesta cidade,endereço que indica para os fins do art. 39, I, do CPC, perante Vossa Excelência,com fundamento no art. 102, I, a, da CRFB/88 e na Lei n. 9.868/99, propor apresente

IDENTIFICAÇÃO DA AÇÃO* AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO (COM pedidocautelar)

LEGITIMIDADE PASSIVA* Sugestão: Em face do art. ... da Lei n. ..., conforme especificará ao longo destapetição, nos termos e motivos que passa a expor.

DA NORMA CONSTITUCIONAL DE EFICÁCIA LIMITADA* Explicar o que é a Norma Constitucional de Eficácia Limitada.

DA LEGITIMIDADE ATIVA ou DA PERTINÊNCIA TEMÁTICA* Indicar se o legitimado ativo, para a propositura da ação, é legitimado universal oulegitimado especial. Caso seja legitimado especial, deve-se demonstrar apertinência temática.

DA LEGITIMIDADE PASSIVA* Aqui deve-se demonstrar que a autoridade indicada no polo passivo é responsávelpela omissão na edição da norma, e tal omissão leva à inconstitucionalidade.

DA INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO* A ADI por omissão cabe tanto em caso de inércia federal como estadual. Nestesentido, sugerimos fundamentar este tópico com o art. 103, § 2º, da CRFB/88.

DA MEDIDA LIMINAR* O art. 12-F, § 1º, da Lei n. 9.868/99, dispõe sobre a medida cautelar. Aqui é

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importante apontar os requisitos da liminar, quais sejam: o fumus boni iuris e opericulum in mora.

DO PEDIDO* Ante o exposto, você deve requerer a concessão de medida cautelar conformeart. 12-F, § 1º, da Lei n. 9.868/99, a intimação da autoridade ou órgão, para que semanifeste sobre o mérito da presente ação, no prazo legal, a intimação doProcurador-Geral da República, para emitir seu parecer no prazo legal, a intimaçãodo Advogado-Geral da União (caso a inconstitucionalidade por omissão seja parcial)e a procedência do pedido, para que seja declarada a inconstitucionalidade poromissão, a fim de dar ciência ao poder competente para adoção das providênciasnecessárias.

VALOR DA CAUSA* Dá-se à causa, para efeitos fiscais, o valor de R$ ... (Sugerimos que, se a bancaexaminadora não estabelecer o valor da causa no enunciado da peça prático-profissional, dê à causa o valor de R$ 1.000,00, guiado pelos espelhos derespostas cobradas em exames passados).

Nesses termos,Pede deferimento.

Local e dataAdvogado, OAB n. ...

7. QUESTÃO SIMULADAApós ter sido declarada revogada a lei de imprensa, o governador do Estado X preocupou-

se com a possibilidade de uso da prerrogativa constitucional do direito de resposta,estabelecido no art. 5º, V, da CRFB/88, uma vez que o Plenário do Supremo Tribunal Federal,no julgamento da ADPF 130, declarou como não recepcionado pela Constituição de 1988 todoo conjunto de dispositivos da Lei de Imprensa.

Ante tal omissão legislativa, o governador, preocupado com os cidadãos que pudessem seencontrar na situação de estarem impedidos do seu direito de resposta quando agravadosinjustamente, procurou você, advogado(a), para que proponha a medida cabível a fim de sanara referida problemática.

Na qualidade de advogado(a) contratado(a) pelo Governador do Estado X e mencionadonessa situação hipotética, redija a peça jurídica mais adequada ao caso, de acordo com ajurisprudência majoritária do Supremo Tribunal Federal, atentando, necessariamente, para osseguintes aspectos: a) competência do órgão julgador; b) legitimidade ativa e passiva; c)argumentos a favor da inconstitucionalidade; d) requisitos formais da peça judicial proposta.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO PRESIDENTE DO SUPREMOTRIBUNAL FEDERALO GOVERNADOR DO ESTADO X vem, por seu advogado infra-assinado,conforme procuração anexa, com escritório na rua ..., nesta cidade, endereço que

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indica para os fins do art. 39, I, do CPC, perante Vossa Excelência, comfundamento no art. 102, I, a, da CRFB/88 e na Lei n. 9.868/99, propor a presente

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO COM PEDIDOCAUTELAR

Em face do CONGRESSO NACIONAL e PRESIDENTE DA REPÚBLICA, pelasrazões de fato e de direito a seguir esposadas:

DA NORMA CONSTITUCIONAL DE EFICÁCIA LIMITADAAs normas constitucionais de eficácia limitada são normas cuja aplicabilidade émediata, indireta e reduzida. Dependem da emissão de uma normatividade futura,em que o legislador, integrando-lhes a eficácia mediante lei, dê-lhes capacidade deexecução dos interesses visados.Este é o caso do art. 5º, V, da CRFB/88, que garante a todos o direito de respostaproporcional ao agravo, por não haver regulamentação pátria, após a revogação daLei n. 9.868/99, impossibilitando concreto exercício do direito ora pleiteado.

DA LEGITIMIDADE ATIVAÉ inequívoca e pacífica a legitimidade ativa do Governador do Estado X para agirem sede de controle constitucional concentrado, em consonância com o art. 103, V,da CRFB/88, e seu correspondente no art. 2º, V, da Lei n. 9.868/99.Em que pese ser considerado pela jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, ogovernador do estado é legitimado especial, ou seja, não universal, portanto precisacomprovar pertinência temática.

DA LEGITIMIDADE PASSIVASão partes legítimas para configurar no polo passivo de uma Ação Direta deInconstitucionalidade por Omissão o Congresso Nacional – Câmara dos Deputadose Senado Federal – e o Presidente da República, pois a matéria é de legislaçãoconcorrente, como exposto no art. 61 da CRFB/88, já que a iniciativa das leiscomplementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da Câmara dosDeputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente daRepública, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos na ConstituiçãoFederal.

DA INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃOO objetivo do legislador Constituinte de 1988, ao prever a possibilidade deajuizamento de ação direta de inconstitucionalidade por omissão, foi a plena eficáciadas normas constitucionais que dependem de complementação infraconstitucional.O exercício de direito fundamental à resposta proporcional ao agravo foihistoricamente regulamentado pela lei de imprensa. Ocorre que o plenário doSupremo Tribunal Federal, no julgamento da ADPF 130, declarou como nãorecepcionado pela Constituição de 1988 todo o conjunto de dispositivos da Lei n.5.250/67.Neste sentido, desde o acórdão proferido pela Egrégia Corte, não há no Brasilregulamentação a tão caro direito, pilar da democracia e óbice ao abuso de direito

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de manifestação de pensamento.O art. 30 da Lei n. 5.250/67, declarada inconstitucional, estabelecia que o direito deresposta consiste:I – na publicação da resposta ou retificação do ofendido, no mesmo jornal ouperiódico, no mesmo lugar, em caracteres tipográficos idênticos ao escrito que lhedeu causa, e em edição e dia normais;II – na transmissão da resposta ou retificação escrita do ofendido, na mesmaemissora e no mesmo programa e horário em que foi divulgada a transmissão quelhe deu causa; ouIII – a transmissão da resposta ou da retificação do ofendido, pela agência denotícias, a todos os meios de informação e divulgação a que foi transmitida anotícia que lhe deu causa.Cumpre ressaltar que, ainda que insipiente, a lei revogada previa mecanismosobjetivos de proteção ao direito fundamental tutelado.Ora, se a liberdade de expressão e o direito de informação são pilares dademocracia e de um Estado democrático de Direito, o Direito de Resposta égarantia de efetivação dos princípios da isonomia, igualdade, proporcionalidade,ampla defesa e do contraditório quando alguém tem sua honra ou sua dignidadeofendida.

DA MEDIDA CAUTELAREm ação dessa natureza, pode o Supremo Tribunal Federal conceder a MedidaCautelar que assegure a suspensão da aplicação da lei ou ato normativoquestionado, no caso de omissão parcial, bem como suspender os processosjudiciais ou de procedimentos administrativos nos termos do art. 102, I, p, da CartaMagna, corroborada pelo art. 12-F da Lei n. 9.868/99, por serem identificáveis osrequisitos do fumus boni juris e do periculum in mora.Ficam, portanto, evidenciados o fumus boni juris e o periculum in mora, a partir domomento em que um direito fundamental tutelado pela Constituição Federal daRepública não é regulamentado por norma infraconstitucional, obstando, dessaforma, sua eficácia.

DO PEDIDOAnte o exposto, requer:a) a concessão de medida liminar para suspender os processos judiciais ouprocedimentos administrativos em curso;b) a intimação do Congresso Nacional e da Presidência da República, na pessoados seus respectivos responsáveis legais, para que, querendo, manifestem-sesobre o mérito da presente Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão, noprazo legal;c) seja ouvido o Procurador-Geral da República, nos exatos termos do § 1º do art.103 da Carta Magna, para, segundo se espera, opinar favoravelmente à pretensãoora deduzida;d) ao final, seja declarada a inconstitucionalidade por omissão, a fim de dar ciênciaao poder competente para adoção das providências necessárias.

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Dá-se à causa o valor de R$ 1.000,00 (mil reais).Nesses termos,

Pede deferimento.Local e data

Advogado, OAB n. ...

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1 ADI 1.458-MC, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 23-5-1996, DJ de 299-1996). No mesmo sentido: ADI 1.439-MC, Rel.Min. Celso de Mello, julgamento em 22-5-1996, DJ de 30-5-2003.

2 BRASIL, Bárbara França. Paralelo entre mandado de injunção, ação de inconstitucionalidade por omissão e mandado desegurança impetrado ante a omissão da administração. Disponível em: <http://www.lfg.com.br>. Acesso em: 10 out. 2012.

3 DALVI, Luciano. Direito constitucional esquematizado. Santa Catarina: Conceito editorial, 2008, p. 241.4 ADI 480, Rel. Min. Paulo Brossard, julgamento em 13-10-1994, DJ de 25-11-1994.

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CAPÍTULO XI AÇÃO DECLARATÓRIA DECONSTITUCIONALIDADE (ADC)

1. APRESENTAÇÃOIntroduzida pelo ordenamento constitucional pela Emenda Constitucional n. 3, de 17-3-1993,

o art. 102, I, a, in fine, da CRFB/88, passou a estabelecer como uma das competências doSupremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe processar ejulgar, originariamente, a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativofederal. Contudo, insta salientar que a Lei n. 9.868/99 regulamenta o processo e o julgamentoda Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC).

A ação declaratória de constitucionalidade pode ser entendida como a ação do controleconcentrado que visa a declarar a constitucionalidade de lei ou ato normativo federal,objeto de controvérsia judicial relevante sobre sua aplicação. Tornando a presunção deconstitucionalidade da lei ou do ato normativo de relativa para absoluta. Assim, o objeto daação declaratória de constitucionalidade será somente lei ou ato normativo federalcomprovando controvérsia judicial.

Nessa linha de raciocínio, preleciona Luís Roberto Barroso o seguinte:A finalidade da medida é muito clara: afastar a incerteza jurídica e estabelecer uma orientação homogênea na matéria.

É certo que todos os operadores jurídicos lidam, ordinariamente, com a circunstância de que textos normativos sesujeitam a interpretações diversas e contrastantes. Por vezes, até câmaras ou turmas de um mesmo tribunal firmamlinhas jurisprudenciais divergentes. Porém, em determinadas situações, pelo número de pessoas envolvidas ou pelasensibilidade social ou política da matéria, impõe-se, em nome da segurança jurídica, da isonomia ou de outras razões deinteresse público primário, a pronta pacificação da controvérsia.[1]

Conforme art. 102, § 2º, da CRFB/88, as decisões definitivas de mérito, proferidas peloSupremo Tribunal Federal, nas ações declaratórias de constitucionalidade produzirãoeficácia contra todos e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do PoderJudiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal.

2. CARACTERÍSTICAS/REQUISITOSA ação declaratória de constitucionalidade pode ser entendida como a ação do controle

concentrado que visa a declarar a constitucionalidade de lei ou ato normativo federal,objeto de controvérsia judicial relevante sobre sua aplicação.

De acordo com o art. 103 da CRFB/88, podem propor ação declaratória deconstitucionalidade os legitimados à propositura da ação direta de inconstitucionalidade: oPresidente da República; a Mesa do Senado Federal; a Mesa da Câmara dos Deputados; aMesa de Assembleia Legislativa ou a Mesa da Câmara Legislativa do Distrito Federal; oGovernador de Estado ou o Governador do Distrito Federal; o Procurador-Geral da República;o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; partido político com representação noCongresso Nacional e confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.

Aprofundando um pouco mais a matéria, de acordo com a jurisprudência do SupremoTribunal Federal, os legitimados acima expostos estão divididos em legitimados universais elegitimados especiais. Os legitimados universais são os que não precisam demonstrarpertinência temática; são eles: o Presidente da República; a Mesa do Senado Federal; a Mesada Câmara dos Deputados; o Procurador-Geral da República; o Conselho Federal da Ordemdos Advogados do Brasil e partido político com representação no Congresso Nacional. Em

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contrapartida, os legitimados especiais são aqueles que, necessariamente, deverãodemonstrar a pertinência temática, isto é, deve haver um liame subjetivo entre a matériaimpugnada e os objetivos no estatuto.

A decisão sobre a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade da lei ou do ato normativosomente será tomada se presentes na sessão pelo menos oito Ministros (quórum deinstalação). Efetuado o julgamento, proclamar-se-á a constitucionalidade ou ainconstitucionalidade da disposição ou da norma impugnada se num ou noutro sentido setiverem manifestado pelo menos seis Ministros (quórum de aprovação), quer se trate de açãodireta de inconstitucionalidade ou de ação declaratória de constitucionalidade, conformeestabelece o art. 23, caput, da Lei n. 9.868/99.

A petição inicial indicará o dispositivo da lei ou do ato normativo questionado e osfundamentos jurídicos do pedido, o pedido, com suas especificações, e a existência decontrovérsia judicial relevante sobre a aplicação da disposição objeto da açãodeclaratória, conforme propõe o art. 14 da Lei n. 9.868/99. Além disso, a petição inicial,acompanhada de instrumento de procuração, quando subscrita por advogado, seráapresentada em duas vias, devendo conter cópias do ato normativo questionado e dosdocumentos necessários para comprovar a procedência do pedido de declaração deconstitucionalidade.

Cumpre destacar que, uma vez proposta ação declaratória de constitucionalidade, emnenhuma hipótese será admitida a sua desistência, conforme estabelece o art. 16 da Lei n.9.868/99; bem como não se admitirá intervenção de terceiros no processo de açãodeclaratória de constitucionalidade. No entanto, admite-se a participação do amicus curiae,nos termos do art. 20, § 1º, da Lei n. 9.868/99; assim, em caso de necessidade deesclarecimento de matéria ou circunstância de fato ou de notória insuficiência das informaçõesexistentes nos autos, poderá o relator requisitar informações adicionais, designar perito oucomissão de peritos para que emita parecer sobre a questão ou fixar data para, em audiênciapública, ouvir depoimentos de pessoas com experiência e autoridade na matéria.

O procedimento da ação declaratória de constitucionalidade é a emissão do parecer doProcurador-Geral da República, que deverá pronunciar-se no prazo de 15 dias, conformeestabelece o art. 19 da Lei n. 9.868/99. No tocante à citação do Advogado-Geral da União,não haverá lógica e possibilidade desta, posto que inexiste ato ou texto impugnado.

Quanto à medida cautelar em ação declaratória de constitucionalidade, o art. 21 da Lei n.9.868/99 estabelece que o Supremo Tribunal Federal, por decisão da maioria absoluta deseus membros, poderá deferir pedido de medida cautelar na ação declaratória deconstitucionalidade, consistente na determinação de que os juízes e os Tribunais suspendamo julgamento dos processos que envolvam a aplicação da lei ou do ato normativo objetoda ação até seu julgamento definitivo. De tal modo que, concedida a medida cautelar, oSupremo Tribunal Federal fará publicar em seção especial do Diário Oficial da União a partedispositiva da decisão, no prazo de dez dias, devendo o Tribunal proceder ao julgamento daação no prazo de cento e oitenta dias, sob pena de perda de sua eficácia.

3. COMO IDENTIFICAR A PEÇAA primeira observação a ser feita é identificar se estamos diante de uma ação de controle

concentrado. Para tanto, fique atento ao enunciado da questão da peça prático-profissional eveja se você encontra algumas das seguintes expressões-chave: “erga omnes”, “efeitos

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vinculantes”, “análise em abstrato”, “ação de controle concentrado”, “efeitos para todos osindivíduos no território brasileiro”.

Superada esta etapa, outro aspecto importante, e que o ajudará a identificar a AçãoDeclaratória de Constitucionalidade, diz respeito ao objeto. Verifique se o enunciado daquestão traz como componente da ação lei federal ou ato normativo federal que está sendoobjeto de controvérsia judicial. Logo, cabível é a ação declaratória deconstitucionalidade.

4. COMPETÊNCIADe acordo com o art. 102, I, a, da CRFB/88, compete ao Supremo Tribunal Federal

processar e julgar, originariamente, a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou atonormativo federal ou estadual. Assim, deve o autor da ação elaborar pedido ao SupremoTribunal Federal para que este examine lei ou ato normativo federal, visando à declaração daconstitucionalidade do dispositivo objeto da presente ação, produzindo tal decisão eficáciaerga omnes, efeito vinculante e ex tunc.

5. FUNDAMENTOS MAIS COMUNSAs principais fundamentações jurídicas da ação declaratória de constitucionalidade podem

ser encontradas na Constituição Federal, nos arts. 102, I, a; 102, § 2º; 103, I a IX; e na Lei n.9.868/99.

FIQUE ATENTO!!!O ajuizamento da ação declaratória de constitucionalidade, que faz instaurar processoobjetivo de controle normativo abstrato, supõe a existência de efetiva controvérsia judicialem torno da legitimidade constitucional de determinada lei ou ato normativo federal. Sem aobservância desse pressuposto de admissibilidade, torna-se inviável a instauração doprocesso de fiscalização normativa in abstracto, pois a inexistência de pronunciamentosjudiciais antagônicos culminaria por converter a ação declaratória de constitucionalidade emum inadmissível instrumento de consulta sobre a validade constitucional de determinada leiou ato normativo federal, descaracterizando, por completo, a própria natureza jurisdicionalque qualifica a atividade desenvolvida pelo STF (...). O provimento cautelar deferido, peloSTF, Art. 102, § 2º em sede de ação declaratória de constitucionalidade, além de produzireficácia erga omnes, reveste-se de efeito vinculante, relativamente ao Poder Executivo eaos demais órgãos do Poder Judiciário. Precedente. A eficácia vinculante, que qualifica taldecisão – precisamente por derivar do vínculo subordinante que lhe é inerente –, legitima ouso da reclamação, se e quando a integridade e a autoridade desse julgamento foremdesrespeitadas (ADC 8-MC, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 13-10-1999, Plenário,DJ de 4-4-2003).

6. ESTRUTURA DA PEÇAA estrutura da ação declaratória de inconstitucionalidade invoca subsidiariamente o Código

de Processo Civil, sendo que a petição inicial deverá seguir a regra do art. 39, I, e arts. 282 a285 daquele diploma processual, bem como algumas peculiaridades trazidas pela Lei n.9.868/99. Vejamos o modelo:

MODELO 11 – AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE

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ENDEREÇAMENTO* Ex.: EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO PRESIDENTE DO SUPREMOTRI BUNAL FEDERAL.* Sugestão: Média de 5 linhas, para todas as petições iniciais.

LEGITIMIDADE ATIVA* Sugestão: PARTIDO POLÍTICO, pessoa jurídica de direito privado, inscrito noCNPJ sob o n. ... e no TSE sob o n. ..., por seu Diretório Nacional, com sede em ...,vem, por seu advogado infra-assinado, conforme procuração anexa, com escritóriona rua ..., nesta cidade, endereço que indica para os fins do art. 39, I, do CPC,perante Vossa Excelência, com fundamento no art. 102, I, a, da CRFB/88 e na Lein. 9.868/99, propor a presente

IDENTIFICAÇÃO DA AÇÃO* AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE (COM pedido cautelar)* Sugestão: em defesa da Lei Federal n. ... conforme especificará ao longo destapetição, nos termos e motivos que passa a expor.

DA LEGITIMIDADE ATIVA ou DA PERTINÊNCIA TEMÁTICA* Indicar se o legitimado ativo, para a propositura da ação, é legitimado universal oulegitimado especial. Caso seja legitimado especial, deve-se demonstrar apertinência temática.

DA RELEVANTE CONTROVÉRSIA JUDICIAL* Sugerimos a seguinte fundamentação: art. 14, III, da Lei n. 9.868/99.

DA CONSTITUCIONALIDADE DA NORMA* Sustentar a constitucionalidade da norma, valendo-se de artigos da Constituição,princípios e súmulas.

DA MEDIDA LIMINAR* O art. 21, da Lei n. 9.868/99, dispõe sobre a medida cautelar. Aqui é importanteapontar os requisitos da liminar, quais sejam: o fumus boni iuris e o periculum inmora.DO PEDIDO* Ante o exposto, você deve requerer a concessão de medida cautelar nos termosdo art. 21, da Lei n. 9.868/99, a intimação do Procurador-Geral da República, paraemitir seu parecer no prazo legal e a procedência do pedido, para se declarar aconstitucionalidade do dispositivo objeto da presente ação, produzindo tal decisãoeficácia erga omnes, efeito vinculante e ex tunc.

VALOR DA CAUSA* Dá-se à causa, para efeitos fiscais, o valor de R$ ... (Sugerimos que, se a bancaexaminadora não estabelecer o valor da causa no enunciado da peça prático-profissional, dê à causa o valor de R$ 1.000,00 (mil reais), guiado pelos espelhosde respostas cobradas em exames passados).

Nesses termos,

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Pede deferimento.Local e data

Advogado, OAB n. ...

7. QUESTÃO SIMULADAA lei Y, que mudou a lei dos partidos políticos, atribuindo responsabilidade, inclusive civil e

trabalhista, exclusivamente ao órgão partidário municipal, estadual ou nacional que tiver dadocausa ao não cumprimento da obrigação, a violação de direito, a dano a outrem ou a qualquerato ilícito, excluída a solidariedade de outros órgãos de direção partidária com base no caráternacional, gerou várias decisões controversas sobre o tema aludido.

Vários juízos deixaram de aplicar o referido artigo da lei, com base no disposto no art. 17, I,da CRFB – que concede caráter Nacional aos partidos políticos. Assim, esses juízos têmreconhecido a responsabilidade solidária das esferas superiores pelas obrigações contraídaspelas inferiores.

Entretanto, outros julgados conferiam validade à presente norma e a aplicaram em diversoscasos concretos, não fazendo com que a responsabilidade adquirida por um ente interferissena esfera jurídica de outro.

O partido Político do Bem-Estar Nacional, com representação no Congresso Nacional,procurou você, advogado, para que redigisse a medida judicial cabível, a fim de dirimir acontrovérsia em tela.[2]

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DO SUPREMOTRIBUNAL FEDERALPartido Político do Bem-Estar Nacional, pessoa jurídica de Direito Privado,regularmente registrado no Tribunal Superior Eleitoral, inscrito sob o CNPJ n. ..., porseu Diretório Nacional, vem, por meio de seu advogado que esta subscreve, cominstrumento de mandato anexo e endereço constante à ..., para onde devem serremetidas as intimações, nos moldes do art. 39, I, do CPC, respeitosamente,perante Vossa Excelência, nos termos do art. 102, I, a, da CRFB/88 e da Lei n.9.868/99, propor a presente

AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE COM PEDIDO DE CAUTELARTendo como objeto Lei Federal Y, em razão dos fatos e fundamentos que passa aexpor:

DA LEGITIMIDADE ATIVAÉ uníssona na jurisprudência e na doutrina a posição de que Partido Políticodevidamente registrado no Tribunal Superior Eleitoral e com representação noCongresso Nacional é um dos legitimados universais à propositura da presenteAção Declaratória de Constitucionalidade. A legitimidade tratada é esculpida peloart. 103, VIII, da CRFB/88 c/c o art. 2º, VIII, da Lei n. 9.868/99.

DA CONTROVÉRSIA CONSTITUCIONALO cerne da dissidência se dá, uma vez que parte dos julgadores entende ser

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inconstitucional a norma objeto da presente, pois compreende que os partidospolíticos, por força do art. 17, I, da CRFB, são nacionais, tendo sua separação emdiretórios estaduais e municipais apenas como forma de divisão administrativa, masnão política, estando, dessa forma, todas as instâncias interligadas.Este preceito é o que garante a uniformidade de linha de pensamentoprincipiológica, filosófica e política, que possui apenas a administraçãodescentralizada, mas toda sua estrutura interligada. Assim, em havendo solvênciade instância inferior, se dá, obrigatoriamente, a responsabilidade das instânciasimediatamente superiores, a fim de manter todo esse organismo vivo e atuante.Desta feita, pelo caráter nacional do partido, sendo sua divisão apenas para atingiro requisito de presença no território nacional, ficaria obrigada a instância superior aarcar com a má gestão ou insolvência das inferiores.Doutro modo, sustenta-se a validade da norma supracitada, pois os partidospolíticos, ainda que ideologicamente e politicamente alinhados – por isso seucaráter nacional –, têm, em seus diretórios, rotinas administrativas e financeirascompletamente autônomas.A centralidade partidária faz-se presente objetivamente, no que tange à esferapolítico-ideológica, e não administrativa. O caráter nacional – de estar presente namaior parte dos territórios da nação – não pode ser confundido com centralidade degestão e finanças, sendo, portanto, cada esfera de organização partidáriaresponsável pelas obrigações adquiridas.Desta forma, colaciona a presente inicial cópia das decisões que ensejaram apresente ação, como determina o art. 14, III, da Lei n. 9.868/99.

DA CONSTITUCIONALIDADE DA NORMAA presente norma se encontra em perfeita harmonia constitucional. Não se nega ocaráter nacional dos partidos políticos, contudo não há de se confundir a unidadepolítica e ideológica com as searas financeiras e administrativas.A lei maior, quando declara o caráter nacional das agremiações partidárias, obriga-as a caminharem ideologicamente harmônicas na propagação de seus ideáriospolíticos. Todavia, não faz com que as gestões financeira e administrativa sejamcentralizadas também.Nesse compasso, a Lei n. 9.096/95, que dispõe sobre partidos políticos, em seuart. 37, § 2º, traz o seguinte mandamento:Art. 37. A falta de prestação de contas ou sua desaprovação total ou parcial implicaa suspensão de novas cotas do Fundo Partidário e sujeita os responsáveis àspenas da lei.(...)§ 2º A sanção a que se refere o caput será aplicada exclusivamente à esferapartidária responsável pela irregularidade.Desta forma, pois, percebe-se que a própria legislação eleitoral já conhece daresponsabilidade estrita ás esferas descentralizadas do partido. É flagrante, pelotexto extraído da lei, que a responsabilidade da gestão administrativa e financeirade cada esfera partidária é de seus administradores, não havendo solidariedade

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entre as esferas.Assim, não há de confundir o que se entende por caráter nacional dos partidospolíticos, que é exatamente a tentativa de impedir e coibir partidos de âmbitosregionais e locais, que não se preocupam com o caráter nacional, como já ocorreuno país outrora, com ser uma estrutura estritamente nacionalizada, e compará-locom a descentralização dos órgãos da administração pública direta, em que ofinanceiro e o administrativo pertencem ao chefe da administração, que osimplementa nos órgãos descentralizados.

DA MEDIDA CAUTELARDiante da argumentação até aqui sustentada, fica evidenciado o fumus boni jurisnecessário à concessão da presente cautela. O periculum in mora repousa napossibilidade ou não da concessão das cautelares em face da Fazenda Pública, oque poderia causar um verdadeiro pandemônio jurisdicional.

DO PEDIDOAnte o exposto, requer:a) A concessão de medida cautelar, para que sejam sobrestados os julgamentosdos processos que envolvam a aplicação do preceito normativo objeto desta ação.b) A intimação do Procurador-Geral da República, para emitir seu parecer no prazolegal.c) A procedência do pedido, assim sendo declarada a constitucionalidade dodispositivo objeto da presente ação, produzindo tal decisão eficácia erga omnes,efeito vinculante e ex tunc.Atribui à causa o valor de R$ 1.000,00 (mil reais).

Nesses termos,Pede deferimento.

Local e dataAdvogado, OAB n. ...

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1 BARROSO, Luís Roberto. O controle de constitucionalidade no direito brasileiro. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 203.2 Proposta de texto para o cabimento de Recurso Especial extraída de PADILHA, Rodrigo. Como se preparar para a 2ª fase –

Constitucional. São Paulo: Método, 2012, p. 63, com modificações.

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CAPÍTULO XII ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DEPRECEITO FUNDAMENTAL (ADPF)

1. APRESENTAÇÃOA arguição de descumprimento de preceito fundamental é uma ação autônoma de controle

concentrado e principal de constitucionalidade com o objetivo de defesa de preceitosfundamentais ameaçados ou lesados por qualquer ato do poder público.

Nos termos do art. 1º, parágrafo único, da Lei n. 9.882/99, cabe a arguição dedescumprimento de preceito fundamental para evitar ou reparar lesão a preceito fundamental,resultante de ato do Poder Público, também, quando for relevante o fundamento dacontrovérsia constitucional sobre lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal,inclusive anteriores à Constituição, ou seja, as normas pré-constitucionais.

Segundo entendimento jurisprudencial, preceito fundamental compreende as seguintesmatérias: os princípios fundamentais (arts. 1º ao 4º da CRFB/88); os direitosfundamentais (arts. 5º ao 14 da CRFB/88); os princípios da Administração Pública (art.37, caput, da CRFB/88); as cláusulas pétreas (art. 60, § 4º, da CRFB/88) e os princípiosconstitucionais sensíveis (art. 34, VII, da CRFB/88).

A arguição de descumprimento de preceito fundamental configura instrumento de controleabstrato de constitucionalidade de normas, nos termos do art. 102, § 1º, da CRFB/88,combinado com o disposto na Lei n. 9.882/99; não pode ser utilizada para a solução de casosconcretos, tampouco para desbordar os caminhos recursais ordinários ou outras medidasprocessuais para afrontar atos tidos como ilegais ou abusivos.[1]

Cumpre destacar que a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental é a açãosubsidiária das demais ações de controle concentrado, já que não será admitida quandohouver qualquer outro meio eficaz de sanar a lesividade, conforme estabelece o art. 4º, § 1º,da Lei n. 9.882/99.

2. CARACTERÍSTICAS/REQUISITOSEstabelece o art. 1º da Lei n. 9.882/99 que a arguição de descumprimento de preceito

fundamental, prevista no § 1º do art. 102 da Constituição Federal, será proposta perante oSupremo Tribunal Federal, e terá por objeto evitar ou reparar lesão a preceito fundamental,resultante de ato do Poder Público. Bem como caberá também arguição de descumprimentode preceito fundamental quando for relevante o fundamento da controvérsia constitucionalsobre lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal, incluídos os anteriores àConstituição. Observe que a arguição de descumprimento de preceito fundamental poderá serpreventiva ou repressiva, vejamos:

Arguição de descumprimento de preceito fundamental

ADPF Preventiva Para se evitar lesão a preceito fundamental

ADPF Repressiva Para se reparar lesão a preceito fundamental

De acordo com o art. 2º, I, da Lei n. 9.882/99, combinado com o art. 103 da CRFB/88,podem propor arguição de descumprimento de preceito fundamental os mesmos legitimados àpropositura da ação direta de inconstitucionalidade e da ação declaratória de

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constitucionalidade: o Presidente da República; a Mesa do Senado Federal; a Mesa daCâmara dos Deputados; a Mesa de Assembleia Legislativa ou a Mesa da Câmara Legislativado Distrito Federal; o Governador de Estado ou o Governador do Distrito Federal; oProcurador-Geral da República; o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;partido político com representação no Congresso Nacional e confederação sindical ou entidadede classe de âmbito nacional.

Aprofundando um pouco mais a matéria, de acordo com a jurisprudência do SupremoTribunal Federal, os legitimados acima expostos estão divididos em legitimados universais elegitimados especiais. Os legitimados universais são os que não precisam demonstrarpertinência temática; são eles: o Presidente da República; a Mesa do Senado Federal; a Mesada Câmara dos Deputados; o Procurador-Geral da República; o Conselho Federal da Ordemdos Advogados do Brasil e partido político com representação no Congresso Nacional. Emcontrapartida, os legitimados especiais são aqueles que, necessariamente, deverãodemonstrar a pertinência temática, isto é, deve haver um liame subjetivo entre a matériaimpugnada e os objetivos no estatuto.

Quanto à legitimidade passiva, afigura-se o órgão ou a autoridade que violou preceitofundamental.

A decisão sobre a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade da lei ou do ato normativosomente será tomada se presentes na sessão pelo menos oito Ministros (quórum deinstalação), conforme estabelece o art. 8º da Lei n. 9.882/99. Efetuado o julgamento,proclamar-se-á a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade da disposição ou da normaimpugnada se num ou noutro sentido se tiverem manifestado pelo menos seis Ministros(quórum de aprovação), quer se trate de ação direta de inconstitucionalidade ou de açãodeclaratória de constitucionalidade, conforme estabelece o art. 97 da CRFB/88.

A petição inicial deverá conter a indicação do preceito fundamental que se consideraviolado; a indicação do ato questionado; a prova da violação do preceito fundamental; opedido, com suas especificações e, se for o caso, a comprovação da existência decontrovérsia judicial relevante sobre a aplicação do preceito fundamental que se consideraviolado, conforme estabelece o art. 3º da Lei n. 9.882/99. Cumpre destacar que a petiçãoinicial, acompanhada de instrumento de mandato, se for o caso, será apresentada em duasvias, devendo conter cópias do ato questionado e dos documentos necessários paracomprovar a impugnação.

Nos termos do art. 5º, § 2º, da Lei n. 9.882/99, o relator poderá ouvir os órgãos ouautoridades responsáveis pelo ato questionado, bem como o Advogado-Geral da União ou oProcurador -Geral da República, no prazo comum de cinco dias.

Quanto à medida liminar, o art. 5º da Lei n. 9.882/99 estabelece que o Supremo TribunalFederal, por decisão da maioria absoluta de seus membros, poderá deferir pedido de medidaliminar na arguição de descumprimento de preceito fundamental. Em caso de extrema urgênciaou perigo de lesão grave, ou, ainda, em período de recesso, poderá o relator conceder aliminar, ad referendum do Tribunal Pleno. Não se pode olvidar do disposto no § 3º do art. 5º daLei n. 9.882/99, visto que a liminar poderá consistir na determinação de que juízes e tribunaissuspendam o andamento de processo ou os efeitos de decisões judiciais, ou dequalquer outra medida que apresente relação com a matéria objeto da arguição dedescumprimento de preceito fundamental, salvo se decorrentes da coisa julgada.

Cumpre observar que, julgada a ação, far-se-á comunicação às autoridades ou órgãos

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responsáveis pela prática dos atos questionados, fixando-se as condições e o modo deinterpretação e aplicação do preceito fundamental. A decisão é imediatamente autoaplicável,antes mesmo da lavratura do acórdão, nos termos do art. 10, § 1º, da Lei n. 9.882/99. Adecisão tem efeito vinculante e eficácia contra todos. Então, transitada em julgado, a partedispositiva da decisão, em razão de seus efeitos erga omnes e vinculantes, deverá serpublicada no Diário Oficial, conforme estabelece o § 2º do art. 10 da Lei n. 9.882/99.

A decisão que julgar procedente ou improcedente o pedido em arguição de descumprimentode preceito fundamental é irrecorrível, não podendo ser objeto de ação rescisória,conforme art. 12 da Lei n. 9.882/99.

3. COMO IDENTIFICAR A PEÇAA primeira observação a ser feita é identificar se estamos diante de uma ação de controle

concentrado. Para tanto, fique atento ao enunciado da questão da peça prático-profissional eveja se você encontra algumas das seguintes expressões-chave: “erga omnes”, “efeitosvinculantes”, “análise em abstrato”, “ação de controle concentrado”, “efeitos para todos osindivíduos no território brasileiro”.

Superada esta etapa, outro aspecto importante, e que o ajudará a identificar a arguição dedescumprimento de preceito fundamental, é o seu caráter subsidiário das demais ações decontrole concentrado, já que não será admitida quando houver qualquer outro meio eficaz desanar a lesividade. Observe que a arguição de descumprimento de preceito fundamental é aúnica que tem por objeto lei ou ato normativo municipal e é a única que analisa normaspré-constitucionais.

4. COMPETÊNCIADe acordo com o art. 102, § 1º, da CRFB/88, combinado com o art. 1º da Lei n. 9.882/99, a

arguição de descumprimento de preceito fundamental será apreciada pelo Supremo TribunalFederal. Não esqueça de endereçar a petição ao Presidente do Tribunal.

5. FUNDAMENTOS MAIS COMUNSAs principais fundamentações jurídicas da Arguição de Descumprimento de Preceito

Fundamental podem ser encontradas na Constituição Federal, nos arts. 102, § 1º; 103, I a IX;e na Lei n. 9.882/99.

FIQUE ATENTO!!!Arguição de descumprimento de preceito fundamental: distinção da ação direta deinconstitucionalidade e da ação declaratória de constitucionalidade. O objeto da arguição dedescumprimento de preceito fundamental há de ser “ato do Poder Público” federal,estadual, distrital ou municipal, normativo ou não, sendo, também, cabível a medida judicial“quando for relevante o fundamento da controvérsia sobre lei ou ato normativo federal,estadual ou municipal, incluídos os anteriores à Constituição” (ADPF 1-QO, Rel. Min. Nérida Silveira, julgamento em 3-2-2000, Plenário, DJ de 7-11-2003).A arguição de descumprimento de preceito fundamental não é a via adequada para se obtera interpretação, a revisão ou o cancelamento de súmula vinculante (ADPF 147-AgR, Rel.Min. Cármen Lúcia, julgamento em 24-3-2011, Plenário, DJe de 8-4-2011). Vide ADPF 80-AgR, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 12-6-2006, Plenário, DJ de 10-8-2006.

6. ESTRUTURA DA PEÇA

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A estrutura da arguição de descumprimento de preceito fundamental invoca subsidiariamenteo Código de Processo Civil, sendo que a petição inicial deverá seguir a regra do art. 39, I, earts. 282 a 285 daquele diploma processual, bem como algumas peculiaridades trazidas pelaLei n. 9.882/99. Vejamos o modelo:

MODELO 12 – ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL

ENDEREÇAMENTO* Ex.: EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO PRESIDENTE DO SUPREMOTRI BUNAL FEDERAL.* Sugestão: Média de 5 linhas, para todas as petições iniciais.

LEGITIMIDADE ATIVA* Sugestão: PARTIDO POLÍTICO, pessoa jurídica de direito privado, inscrito noCNPJ sob o n. ... e no TSE sob o n. ..., por seu Diretório Nacional, com sede em ...,vem, por seu advogado infra-assinado, conforme procuração anexa, com escritóriona rua ..., nesta cidade, endereço que indica para os fins do art. 39, I, do CPC,perante Vossa Excelência, com fundamento no art. 102, § 1º, da CRFB/88 e na Lein. 9.882/99, propor a presente

IDENTIFICAÇÃO DA AÇÃO* Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (COM pedido DELIMINAR)

LEGITIMIDADE PASSIVA* em face de ... (indicando como preceitos vulnerados o art. ..., o art. ... e os arts...., todos da CRFB/88, e como ato do Poder Público causador da lesão o conjuntonormativo representado pelos arts. .... e ... da Lei n. ....).

DA COMPETÊNCIA DO ÓRGÃO JULGADOR* Fundamentar com o art. 102, § 1º, da CRFB/88 e art. 1º da Lei n. 9.882/99.

DA LEGITIMIDADE ATIVA ou DA PERTINÊNCIA TEMÁTICA* Fundamentar com o art. 103, I a IX, da CRFB/88, e art. 2º, I, da Lei n. 9.882/99.* Indicar se o legitimado ativo, para a propositura da ação, é legitimado universal oulegitimado especial. Caso seja legitimado especial, deve-se demonstrar apertinência temática.DA IDENTIFICAÇÃO E ANÁLISE DOS PRECEITOS FUNDAMENTAIS VIOLADOS* Os preceitos fundamentais compreendem cinco matérias: os princípiosfundamentais (arts. 1º a 4º da CRFB/88); os direitos fundamentais (arts. 5º a 14 daCRFB/88); os princípios da Administração Pública (art. 37, caput, da CRFB/88); ascláusulas pétreas (art. 60, § 4º, da CRFB/88) e os princípios constitucionaissensíveis (art. 34, VII, da CRFB/88).

DA SUBSIDIARIEDADE* A ADPF é subsidiária, isto é, só cabe quando não houver outro meio eficaz de

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sanar a lesividade. Sugerimos fundamentar o tópico com o art. 4º, § 1º, da Lei n.9.882/99.

DA MEDIDA LIMINAR* O art. 5º, da Lei n. 9.882/99, dispõe sobre a medida liminar. Aqui é importanteapontar os requisitos da liminar, quais sejam: o fumus boni iuris e o periculum inmora.

DO PEDIDO* Ante o exposto, você deve requerer a concessão da medida liminar para que sesuspenda o andamento de processos ou decisões judiciais que envolvam aaplicação da norma em análise; a intimação da autoridade responsável pela práticado ato questionado, para se manifestar no prazo legal de dez dias, de acordo como art. 5º, § 3º, da Lei n. 9.882/99; a intimação do Advogado-Geral da União, nostermos do art. 103, § 3º, da CRFB/88; a intimação do Procurador-Geral daRepública, nos termos da Lei n. 9.882/99, e a procedência do pedido,reconhecendo assim a violação do preceito fundamental, fixando-se condições deaplicação do preceito fundamental.

VALOR DA CAUSA* Dá-se à causa, para efeitos fiscais, o valor de R$ ... (Sugerimos que, se a bancaexaminadora não estabelecer o valor da causa no enunciado da peça prático-profissional, dê à causa o valor de R$ 1.000,00, guiado pelos espelhos derespostas cobradas em exames passados).

Nesses termos,Pede deferimento.

Local e dataAdvogado, OAB n. ...

7. QUESTÃO SIMULADADeterminada EC em 2011 modifica o contido no art. 201, § 3º, da CRFB/88, diminuindo a

idade para aposentadoria de homens de 65 (sessenta e cinco) para 60 (sessenta) e dasmulheres de 60 (sessenta) para 55 (cinquenta e cinco) anos; entretanto, a Lei Municipal Y, quedisciplina o regime dos Servidores do Município de Carmela Dutra, em vigor desde 1998, nãofoi modificada, ficando todos os servidores daquele município cerceados do seu direito àaposentadoria na nova redação do texto constitucional.

Tomando conhecimento do impasse, o Diretório Nacional do Partido dos AposentadosBrasileiros – PDAB –, partido político com representação no Congresso Nacional, procuravocê, advogado, para que tome a medida judicial mais adequada a assegurar aos servidoresde todo o país em mesma situação o direito à aposentadoria pelas novas regras.[2]

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DO SUPREMOTRIBUNAL FEDERALPARTIDO DOS APOSENTADOS BRASILEIROS – PDAB –, pessoa jurídica de

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direito privado, inscrito no CNPJ sob o n. ... e no TSE sob o n. ..., comrepresentação no Congresso Nacional, por seu Diretório Nacional, com sede em ...,vem, por seu advogado infra-assinado, conforme procuração anexa, com escritóriona rua ..., nesta cidade, endereço que indica para os fins do art. 39, I, do CPC,perante Vossa Excelência, com fundamento no art. 102, § 1º, da CRFB/88 e na Lein. 9.882/99, propor a presente

ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL COM PEDIDOCAUTELAR

Em face da Lei Municipal Y, do município de Carmela Dutra, pelas razões fáticas ejurídicas a seguir descritas:

DA COMPETÊNCIA DO ÓRGÃO JULGADORO art. 102, § 1º, da CRFB/88 estabelece que “a arguição de descumprimento depreceito fundamental, decorrente desta Constituição, será apreciada pelo SupremoTribunal Federal”. No mesmo sentido, determina o art. 1º da Lei n. 9.882/99, inverbis: “A arguição prevista no § 1º do art. 102 da Constituição Federal seráproposta perante o Supremo Tribunal Federal, e terá por objeto evitar ou repararlesão a preceito fundamental, resultante de ato do Poder Público”.Desse modo, verifica-se que a competência para processamento e julgamento dapresente Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental é originária doSupremo Tribunal Federal.

DA LEGITIMIDADE ATIVADe acordo com o art. 2º, I, da Lei n. 9.882/99, podem propor arguição dedescumprimento de preceito fundamental os legitimados para a ação direta deinconstitucionalidade. Ressalte-se que o partido político com representação noCongresso Nacional é um dos legitimados para propor uma ação direta deinconstitucionalidade, conforme estabelece o art. 103, VIII, da CRFB/88. E como setrata de um legitimado universal ou neutro não necessita demonstrar pertinênciatemática.

DA SUBSIDIARIEDADEA Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental é ação subsidiária, isto é,só cabe quando não houver outro meio eficaz de sanar a lesividade, nos termos doart. 4º, § 1º, da Lei n. 9.882/99. Além disso, cumpre destacar que o objeto emanálise é uma lei municipal, não sendo, portanto, objeto de qualquer outro controleconcentrado, se não da Ação de Arguição de Descumprimento de PreceitoFundamental, como inclusive prevê o art. 1º, I, da Lei n. 9.882/99.DA IDENTIFICAÇÃO E ANÁLISE DOS PRECEITOS FUNDAMENTAIS VIOLADOSA Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental é uma ação autônoma decontrole concentrado e principal de constitucionalidade com o objetivo de defesa depreceitos fundamentais ameaçados ou lesados por qualquer ato do poder público.Nos termos do art. 1º, parágrafo único, da Lei n. 9.882/99, cabe a Arguição deDescumprimento de Preceito Fundamental para evitar ou reparar lesão a preceitofundamental, resultante de ato do Poder Público, também, quando for relevante o

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fundamento da controvérsia constitucional sobre lei ou ato normativo federal,estadual ou municipal, inclusive anteriores à Constituição, ou seja, as normas pré-constitucionais.O caso em tela se enquadra na modalidade contida na Lei n. 9.882/99, para ahipótese da propositura da presente Arguição de Descumprimento de PreceitoFundamental. Assim, por se tratar de norma anterior à Emenda Constitucional de2011 e por ser lei municipal não cabe Ação Direta de Inconstitucionalidade, bemcomo não é possível a propositura de uma Ação Declaratória deConstitucionalidade, sendo unicamente possível a Arguição de Descumprimento dePreceito Fundamental, ação subsidiária, já que esta só é cabível quando não houveroutro meio eficaz de sanar a lesividade, nos termos do art. 4º, § 1º, da Lei n.9.882/99.Cumpre destacar que, conforme estabelece o art. 201, § 7º, II, da CRFB/88, éassegurada aposentadoria no regime geral de previdência social, nos seguintestermos: “sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos de idade, semulher, reduzido em cinco anos o limite para os trabalhadores rurais de ambos ossexos e para os que exerçam suas atividades em regime de economia familiar,nestes incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o pescador artesanal”.A alteração constitucional atinge a todos, celetistas, servidores, funcionários,portanto não havendo distinções quanto à profissão ou regime de trabalho,ressalvados os trabalhadores em condições especiais, como no caso daaposentadoria especial assegurada ao trabalhador sujeito a condições especiaisque prejudiquem a saúde ou a integridade física, uma vez cumprida a carência, quepoderá ser de 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, conformeestabelece o art. 57 da Lei n. 8.213/91.A quebra do preceito fundamental da isonomia é, antes de tudo, quebra daconfiança na própria democracia e no próprio Estado. Não sendo razoável quebrasileiros em mesma situação fática se encontrem juridicamente desigualados peloEstado.

DA MEDIDA CAUTELARDiante das decisões conflitantes e da flagrante incongruência entre a normamunicipal e da Constituição Federal, ficam mais que evidenciados os requisitos damedida cautelar, quais sejam, o fumus boni iuris e o periculum in mora.O requisito do fumus boni juris fica patente na violação do texto constitucional, jáque a lei municipal deveria se guiar pelo art. 201, § 7º, II, da CRFB/88. E, quanto aopericulum in mora, poderemos verificar o cumprimento de tal requisito napossibilidade identificada de dano irreparável, em face da relevância da matéria esegurança jurídica, evitando, desta forma, danos e prejuízos advindos da norma oravigente.

DOS PEDIDOSAnte o exposto, requer:a) A concessão da medida cautelar para suspender o andamento de processos oudecisões judiciais que envolvam a aplicação da norma em análise.

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b) A notificação da autoridade coatora, a prefeitura de Carmela Dutra e a Câmarade Vereadores, para prestar informações no prazo legal, com fundamento no art.5º, § 3º, da Lei n. 9.882/99.c) A intimação do Procurador-Geral da República para emitir parecer no prazolegal, nos termos da Lei n. 9.882/99.d) A intimação do Advogado-Geral da União para prestar informações conforme oart. 103, § 3º, da CRFB/88.e) A procedência do pedido e a confirmação da liminar, para que se reconheça arevogação da Lei Municipal Y, uma vez que vai de encontro ao texto constitucional,sendo incontestavelmente contrária à narrativa da Carta Magna.Atribui-se à causa, para efeitos fiscais e de alçada, o valor de R$ 1.000,00 (milreais).

Nesses termos,Pede deferimento.

Local e dataAdvogado, OAB n. ...

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1 ADPF 145, Min. Ricardo Lewandowski, decisão monocrática, julgamento em 2-2-2009, DJe de 9-2-2009.2 Proposta de texto para o cabimento de Recurso Especial extraída de PADILHA, Rodrigo. Como se preparar para a 2ª fase –

Constitucional. São Paulo: Método, 2012, p. 90, com modificações.

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CAPÍTULO XIII RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL(ROC)

1. APRESENTAÇÃOO recurso ordinário constitucional é um recurso assegurado constitucionalmente, que tem por

objetivo levar ao Supremo Tribunal Federal ou ao Superior Tribunal de Justiça matéria fática ejurídica nas hipóteses estritamente selecionadas no art. 102, II, e art. 105, II, da ConstituiçãoFederal e reproduzidas no art. 539, I e II, do Código de Processo Civil. Nesse sentido,esclarece Aderbal Torres de Amorim que:

Ordinário é o recurso interponível para o Supremo Tribunal Federal ou para o Superior Tribunal de Justiça, por trêsdiferentes formas. Nessa medida, a espécie constitucional do recurso transmuta-se em gênero, ou subgênero; daí as trêssubespécies: (a) recurso ordinário para o STF, na improcedência de algumas ações julgadas em instância única emtribunais superiores (Constituição, art. 102, inc. II, alínea a); (b) recurso ordinário para o STJ de certos acórdãos detribunais regionais federais e tribunais estaduais aí julgados originariamente, se improcedente a ação (Constituição, art.105, inc. II, alínea b), ou também em última instância, se denegado o ‘habeas corpus’ (idem, idem, alínea a); (c) recursocom idêntica denominação para o STJ de decisões interlocutórias e sentenças prolatadas por juiz federal nas causas emque forem partes, de um lado, Município ou pessoa residente ou domiciliada no país, e, de outro, Estado estrangeiro ouorganismo internacional (Constituição, art. 105, inc. II, alínea c). Neste último caso, procedente ou improcedente a ação.[1]

Cabe observar que, para que o Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiçapossam exercer a respectiva competência recursal constitucional, faz-se necessário que adecisão proferida na origem tenha sido dada em única instância.

2. CARACTERÍSTICAS E REQUISITOS DO RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONALConforme estabelece o art. 508 do CPC, o prazo para interpor e para responder, no recurso

ordinário, é de quinze dias. Contudo, o prazo do recurso ordinário para o Supremo TribunalFederal, em habeas corpus ou mandado de segurança, é de cinco dias, de acordo comenunciado da Súmula n. 319 do Supremo Tribunal Federal.

No ato de interposição do recurso ordinário constitucional, o recorrente comprovará, quandoexigido pela legislação pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte de remessa e deretorno, sob pena de deserção, nos termos do art. 511 do CPC.

A petição de interposição do recurso ordinário constitucional deve ter os seguinteselementos: endereçamento ao presidente do tribunal recorrido; nomes e qualificações dorecorrente e do recorrido; indicação de que preenche os pressupostos de admissibilidade;requerimento para que seja o recorrido intimado para apresentar contrarrazões no prazo legal;requerimento para que o recurso seja devidamente processado, já que foram preenchidos ospressupostos de admissibilidade, remetendo-se os autos ao Supremo Tribunal Federal ou aoSuperior Tribunal de Justiça, requerimento de juntada das guias de custas de preparo, portede remessa e de retorno dos autos, nos termos do art. 511 do CPC.[2]

Nos termos dos arts. 539 e 540 do CPC, as razões do recurso ordinário constitucionaldevem conter os seguintes requisitos: um breve resumo dos fatos; a demonstração docabimento do recurso, que sugerimos fundamentar no art. 102, II, a ou b, e art. 105, II, a, b ec, da CRFB/88, a depender do caso, e a ratificação da tese sustentada no instrumentoprocessual recorrido.

3. COMO IDENTIFICAR UM RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONALObserve que você irá atacar uma decisão judicial. Assim, tente encontrar uma das seguintes

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decisões: a) acórdão proferido por um tribunal superior (ex. STJ) no exercício de competênciaoriginária, ao julgar o habeas corpus, o mandado de segurança, o habeas data e o mandadode injunção, denegando o pleito formulado, ou b) acórdão proferido pelo Tribunal de Justiça oupelos Tribunais Regionais Federais, que julgou de forma definitiva habeas corpus ou mandadode segurança, denegando o writ, ou seja, extinguindo-se sem resolução de mérito ou porimprocedência. Se você conseguiu identificar uma destas hipóteses, previstas no art. 102, II, ae b, e art. 105, II, a, b e c, da CRFB/88, cabível é o recurso ordinário constitucional.4. COMPETÊNCIA

Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição,cabendo-lhe julgar, em recurso ordinário, o habeas corpus, o mandado de segurança, ohabeas data e o mandado de injunção decididos em única instância pelos Tribunais Superiores,se denegatória a decisão e o crime político, conforme art. 102, II, a e b, da CRFB/88.

Nos termos do art. 105, II, a, b e c, da CRFB/88, compete ao Superior Tribunal de Justiçajulgar, em recurso ordinário, os habeas corpus decididos em única ou última instância pelosTribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios,quando a decisão for denegatória; os mandados de segurança decididos em única instânciapelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal eTerritórios, quando denegatória a decisão; e as causas em que forem partes Estadoestrangeiro ou organismo internacional, de um lado, e, do outro, Município ou pessoa residenteou domiciliada no País.

5. FUNDAMENTOS MAIS COMUNSAs principais fundamentações jurídicas para o recurso ordinário constitucional podem ser

encontradas na Constituição Federal, nos arts. 102, II, a e b; 105, II, a, b e c; Lei n. 8.038/90,arts. 30 a 35; e CPC, arts. 539 e 540.

Além disso, sugerimos a leitura das seguintes Súmulas do Supremo Tribunal Federal:Súmula n. 272 – Não se admite como ordinário recurso extraordinário de decisãodenegatória de mandado de segurança.Súmula n. 319 – O prazo do recurso ordinário para o Supremo Tribunal Federal, emhabeas corpus ou mandado de segurança, é de cinco dias.

FIQUE ATENTO!!!“O prazo de interposição do recurso ordinário constitucional suspende-se ante asuperveniência das férias forenses. Findas estas num sábado, o que sobejar desse prazorecursal recomeçará a correr a partir do primeiro dia útil imediatamente subsequente aotermo final das férias (CPC, art. 179)” (RMS 21.476, Rel. Min. Celso de Mello, julgamentoem 16-6-1992, Segunda Turma, DJ de 4-9-1992). Vide HC 100.344, Rel. Min. Eros Grau,julgamento em 8-9-2009, Segunda Turma, DJe de 6-11-2009.“Mandado de segurança: recurso ordinário constitucional (CF, art. 102, II, a): devolução aoSTF, a exemplo da apelação (CPC, 515 e parágrafos), do conhecimento de toda a matériaimpugnada, que pode abranger todas as questões suscitadas e discutidas no processo denatureza constitucional ou não e ainda que a sentença não as tenha julgado por inteiro”(RMS 20.976, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 7-12-1989, Plenário, DJ de 6-2-1990).

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6. ESTRUTURA DA PEÇAMODELO 13 – RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL

1ª página(Peça de interposição)EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNALDE JUSTIÇA DO ESTADO ...* O Recurso será endereçado ao Presidente do Tribunal que proferiu a decisãorecorrida, conforme art. 540, CPC.* Sugestão: Média de 5 linhas, para todas as petições iniciais.Processo n. ...Recorrente: ...Recorrido: ...NOME, nacionalidade, estado civil, profissão, portador da cédula de identidade n...., inscrito no CPF/MF n. ..., residente e domiciliado na rua ... n. ..., Bairro ..., nestacidade, por seu advogado infra-assinado, conforme procuração anexa, comescritório na rua ..., n. ..., Bairro ..., nesta cidade, endereço que indica para os finsdo art. 39, I, do CPC, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, comfundamento no art. 105, II, b, da CRFB/88 e na Lei n. 8.038/90, tempestivamenteinterpor o presente

RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONALem face do acórdão que negou provimento ..., esperando que seja recebido eadmitido, intimando-se o Recorrido para apresentar suas contrarrazões, juntada aguia de recolhimento e, depois de cumpridas as formalidades processuaisnecessárias, sejam os autos remetidos ao Supremo Tribunal Federal (ou SuperiorTribunal de Justiça, conforme o caso).

Nesses termos,Espera deferimento.

Local e dataAdvogado, OAB n. ...

2ª página(Razões do Recurso Ordinário Constitucional)Processo n. ...Recorrente: ...Recorrido: ...EGRÉGIO SUPREMO TRIBUNAL FEDERALouEGRÉGIO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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Colenda TurmaDouto relatorI. DO CABIMENTO E DA ADMISSIBILIDADE DO RECURSO* O cabimento do Recurso Ordinário Constitucional está previsto no art. 102, II, a eb, e no art. 105, II, a, b e c, da CRFB/88.

DA TEMPESTIVIDADE* Todos os recursos analisados possuem prazo de 15 dias fixados no art. 508 doCPC.

DO PREPARO* Alegar que as custas foram recolhidas de acordo com a tabela de custas e a taxade porte de remessa e retorno, conforme art. 511 do CPC.II. DOS FATOS* Exposição dos fatos previstos na situação hipotética da questão. Não inventaroutros fatos nem trazer detalhes ausentes no problema.III. DO DIREITO* Sustentar a tese jurídica, fundamentando na legislação vigente.IV. DO PEDIDO* Sugestão: Ante o exposto, requer o conhecimento e provimento do presenterecurso, reformando (ou anulando) a decisão proferida no acórdão enfrentado,como medida de efetivação da justiça.

Nesses termos,Espera deferimento.

Local e dataAdvogado, OAB n. ...

7. QUESTÃO DE PROVA ANTERIOR(FGV – 2011.1) Tício, brasileiro, divorciado, empresário, domiciliado no município M,

inconformado com ato praticado pelo Governador do seu Estado de origem, que negou acessoa elementos que permitissem a certificação de situações capazes de gerar ação popular,impetrou mandado de segurança perante o Tribunal de Justiça local, órgão competente deforma originária, para conhecer e julgar a questão.

A segurança foi denegada, pretendendo o impetrante interpor recurso alegando a violação depreceitos constitucionais, como o direito de petição, o acesso à Justiça e os atinentes àAdministração Pública. Não houve deferimento da gratuidade de Justiça.

Na qualidade de advogado, elabore a peça cabível, contra a decisão que denegou asegurança, observando: a) competência do Juízo; b) legitimidade ativa e passiva; c)fundamentos de mérito constitucionais e legais vinculados; d) os requisitos formais da peça; e)adequação do recurso.

Excelentíssimo Senhor Doutor Desembargador Presidente do Tribunal de

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Justiça do Estado ...Mandado de Segurança n. ...Recorrente: TícioRecorrido: Governador do EstadoTício, brasileiro, divorciado, empresário, portador da cédula de identidade n. ...,inscrito no CPF/MF n. ..., residente e domiciliado na rua ..., n. ..., Bairro ..., nestacidade, por seu advogado infra-assinado, conforme procuração anexa, comescritório na rua ..., n. ..., Bairro ..., nesta cidade, endereço que indica para os finsdo art. 39, I, do CPC, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, comfundamento no art. 105, II, b, da CRFB/88 e na Lei n. 8.038/90, tempestivamenteinterpor o presente

RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONALem face do acórdão proferido pelo Tribunal de Justiça do Estado ..., requerendo aVossa Excelência intime o Recorrido, abrindo-se-lhe vista pelo prazo de 15 dias,para apresentar suas contrarrazões, juntada a guia de recolhimento e, depois decumpridas as formalidades processuais necessárias, sejam os autos remetidos aoEgrégio Superior Tribunal de Justiça.Por fim, requer a juntada das custas de preparo e porte de remessa e retorno.

Nestes termos,Pede deferimento.

Local e dataAdvogado, OAB n. ...

Mandado de Segurança n. ...Recorrente: TícioRecorrido: Governador do EstadoEGRÉGIO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇAColenda TurmaDouto relatorI. DO CABIMENTO E DA ADMISSIBILIDADE DO RECURSONão pode prosperar a respeitável decisão que denegou o mandado de segurança,por encontrar -se desprovida de respaldo constitucional e legal.O cabimento do presente Recurso Ordinário Constitucional está previsto no art.105, II, b, da CRFB/88, que estabelece que compete ao Superior Tribunal deJustiça julgar, em recurso ordinário, os mandados de segurança decididos em únicainstância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, doDistrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão. Semelhante previsãopode ser encontrada no art. 33 da Lei n. 8.038/90.No caso em questão, a impetração do mandado de segurança era cabível, nãohavendo razão jurídica plausível para ter sido negado pelo Tribunal de Justiça.

DA TEMPESTIVIDADEO Presente recurso foi interposto dentro do prazo de 15 dias fixado no art. 508 doCódigo de Processo Civil.

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DO PREPAROAs custas foram recolhidas de acordo com a tabela de custas e a taxa de porte deremessa e retorno, conforme art. 511 do Código de Processo Civil.II. DOS FATOSO recorrente, inconformado com ato praticado pelo Governador do seu Estado deorigem, que negou acesso a elementos que permitissem a certificação de situaçõescapazes de gerar ação popular, impetrou Mandado de Segurança perante oTribunal de Justiça local, órgão competente de forma originária para conhecer ejulgar a questão.A segurança foi denegada, pretendendo o impetrante interpor recurso alegando aviolação de preceitos constitucionais, como o direito de petição, o acesso à Justiçae os atinentes à Administração Pública.Assim, não houve alternativa ao recorrente senão procurar este Egrégio Tribunal,como último órgão jurisdicional possível de socorrê-lo das violações cometidas peloGovernador, por meio do presente Recurso Ordinário Constitucional.III. DO DIREITOO mandado de segurança é remédio constitucional, previsto no art. 5º, inciso LXIX,da CRFB/88 e que visa proteger direito líquido e certo, nãoamparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pelailegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídicano exercício de atribuições do Poder Público.Além disso, estabelece, o art. 5º, inciso XXXIII, da CRFB/88, que todos têm direitoa receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou deinteresse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena deresponsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurançada sociedade e do Estado.Saliente-se que para viabilizar o acesso às informações assevera a Constituiçãoque são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: o direitode petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ouabuso de poder, bem como possibilita-se a obtenção de certidões em repartiçõespúblicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interessepessoal, conforme dispõe o art. 5º, XXXIV, a e b, da CRFB/88.Por fim, dispõe o art. 37, § 3º, inciso II, da CRFB/88 que a lei disciplinará as formasde participação do usuário na administração pública direta e indireta, regulando,especialmente, o acesso dos usuários a registros administrativos e a informaçõessobre atos de governo, observado o disposto no art. 5º, X e XXXIII.No caso em questão, a impetração do mandado de segurança era cabível, nãohavendo razão jurídica plausível para ter sido negado pelo Tribunal de Justiça.Infere-se de todo o exposto que o direito de obter certificações para possibilitar apropositura da ação popular tem respaldo constitucional e legal. No mesmo sentido,caminham a doutrina e a jurisprudência.Assim, o Governador do Estado, que negou acesso a elementos que permitissem acertificação de situações capazes de gerar ação popular, incorreu em ato

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inconstitucional e ilegal.IV. DO PEDIDODiante do exposto, o Recorrente requer o conhecimento e o provimento do presenterecurso, reformando-se a respeitável decisão proferida no acórdão enfrentado,possibilitando o acesso a elementos que permitam a certificação de situaçõescapazes de gerar a ação popular, concedendo-se a ordem para fornecimento dosdocumentos necessários ao Recorrente.

Nesses termos,Espera deferimento.

Local e dataAdvogado, OAB n. ...

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1 AMORIM, Aderbal Torres de. Recursos cíveis ordinários. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005, p. 194.2 OLIVEIRA, Erival da Silva. Prática constitucional. 4. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011, p. 238.

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CAPÍTULO XIV RECURSO EXTRAORDINÁRIO (RE)1. APRESENTAÇÃO

Recurso Extraordinário (RE), no direito processual brasileiro, é o meio pelo qual se impugnaperante o Supremo Tribunal Federal uma decisão judicial proferida por um tribunal estadual oufederal, ou por uma Turma recursal de um juizado especial, sob a alegação de contrariedadedireta e frontal ao sistema normativo estabelecido na Constituição da República.[1]

O objetivo precípuo do recurso extraordinário é a uniformidade da interpretação das normasconstitucionais objetivas, e não a defesa do interesse subjetivo dos litigantes.

Outro requisito de admissibilidade do recurso extraordinário é a Repercussão Geraldemonstrada no art. 543-A do CPC, em que, para ser admitido o RE, a parte deverádemonstrar a relevância jurídica, política, social ou econômica que ultrapasse os interessessubjetivos da causa. No mesmo sentido, estabelece o art. 102, III, § 3º, da CRFB/88, que norecurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das questõesconstitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine aadmissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seusmembros.

2. CARACTERÍSTICAS E REQUISITOS DO RECURSO EXTRAORDINÁRIONo ato de interposição do recurso extraordinário, o recorrente comprovará, quando exigido

pela legislação pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno,sob pena de deserção, nos termos do art. 511 do CPC. Conforme estabelece o art. 508 doCPC, o prazo para interpor e para responder, no recurso extraordinário, é de quinze dias.

A petição de interposição do recurso extraordinário deve ter os seguintes elementos:endereçamento ao presidente do tribunal recorrido; nomes e qualificações do recorrente e dorecorrido; indicação de que preenche os pressupostos de admissibilidade; indicação de que setrata de recurso extraordinário; requerimento para que seja o recorrido intimado paraapresentar contrarrazões no prazo legal; requerimento para que o recurso seja devidamenteprocessado, já que foram preenchidos os pressupostos de admissibilidade, remetendo-se osautos ao Superior Tribunal de Justiça, requerimento de juntada das guias de custas depreparo, porte de remessa e de retorno dos autos, nos termos do art. 511 do CPC.[2]Destaque que o recurso extraordinário, quando interposto contra decisão interlocutória emprocesso de conhecimento, cautelar, ou embargos à execução, ficará retido nos autos esomente será processado se o reiterar a parte, no prazo para a interposição do recurso contraa decisão final, ou para as contrarrazões, de acordo com o art. 542, § 3º, do CPC.

Nos termos do art. 541 do CPC, as razões do recurso extraordinário devem conter osseguintes requisitos: uma breve exposição dos fatos; a demonstração do cabimento dorecurso, que sugerimos fundamentar no art. 102, III, da CRFB/88; demonstração da existênciade repercussão geral, nos termos do art. 543-A, § 2º, do CPC, e as razões jurídicas do pedidode reforma da decisão recorrida.

O recurso extraordinário possui apenas o efeito devolutivo, naturalmente. Em casosexcepcionais, para se agregar o efeito suspensivo, que faz sustar a execução definitiva, énecessário o ajuizamento de uma ação cautelar no Supremo. Dessa forma, considerandoprecisamente o recurso, este apenas devolve ao Poder Judiciário a apreciação da matériarecorrida, mas não suspende a execução da decisão contestada, conforme o art. 542, § 2º, do

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Código de Processo Civil brasileiro.Cumpre destacar que, não admitido o recurso extraordinário, caberá agravo nos próprios

autos, no prazo de 10 (dez) dias, nos termos do art. 544 do CPC.

3. COMO IDENTIFICAR UM RECURSO EXTRAORDINÁRIOObserve que você irá atacar uma decisão judicial. Assim, tente encontrar uma das seguintes

hipóteses: a) contrariar dispositivo desta Constituição; b) declarar a inconstitucionalidade detratado ou lei federal; c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face destaConstituição; e d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal. Se você conseguiuidentificar uma destas hipóteses, previstas no art. 102, II, da CRFB/88, cabível é o recursoextraordinário.

4. COMPETÊNCIANos termos do art. 102, III, da CRFB/88, compete ao Supremo Tribunal Federal julgar,

mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando adecisão recorrida contrariar dispositivo desta Constituição; declarar a inconstitucionalidade detratado ou lei federal; julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face destaConstituição; ou julgar válida lei local contestada em face de lei federal.

5. FUNDAMENTOS MAIS COMUNSAs principais fundamentações jurídicas para o recurso extraordinário podem ser

encontradas no art. 102, III, da CRFB/88; Lei n. 8.038/90, arts. 26 a 29, e CPC, arts. 541 a546.

Além disso, sugerimos a leitura das seguintes Súmulas do Supremo Tribunal Federal sobre oRecurso Extraordinário:

Súmula n. 279 – Para simples reexame de prova não cabe recurso extraordinário.Súmula n. 280 – Por ofensa a direito local não cabe recurso extraordinário.Súmula n. 281 – É inadmissível o recurso extraordinário, quando couber na justiça deorigem, recurso ordinário da decisão impugnada.Súmula n. 282 – É inadmissível o recurso extraordinário, quando não ventilada, na decisãorecorrida, a questão federal suscitada.Súmula n. 283 – É inadmissível o recurso extraordinário, quando a decisão recorridaassenta em mais de um fundamento suficiente e o recurso não abrange todos eles.Súmula n. 284 – É inadmissível o recurso extraordinário, quando a deficiência na suafundamentação não permitir a exata compreensão da controvérsia.Súmula n. 285 – Não sendo razoável a arguição de inconstitucionalidade, não se conhecedo recurso extraordinário fundado na letra c do art. 101, III, da Constituição Federal.Súmula n. 287 – Nega-se provimento ao agravo, quando a deficiência na suafundamentação, ou na do recurso extraordinário, não permitir a exata compreensão dacontrovérsia.Súmula n. 292 – Interposto o recurso extraordinário por mais de um dos fundamentosindicados no art. 101, III, da Constituição, a admissão apenas por um deles não prejudica oseu conhecimento por qualquer dos outros.Súmula n. 356 – O ponto omisso da decisão, sobre o qual não foram opostos embargosdeclaratórios, não pode ser objeto de recurso extraordinário, por faltar o requisito doprequestionamento.

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Súmula n. 369 – Julgados do mesmo tribunal não servem para fundamentar o recursoextraordinário por divergência jurisprudencial.Súmula n. 400 – Decisão que deu razoável interpretação à lei, ainda que não seja amelhor, não autoriza recurso extraordinário pela letra a do art. 101, III, da ConstituiçãoFederal.Súmula n. 454 – Simples interpretação de cláusulas contratuais não dá lugar a recursoextraordinário.Súmula n. 456 – O Supremo Tribunal Federal, conhecendo do recurso extraordinário,julgará a causa, aplicando o direito à espécie.Súmula n. 513 – A decisão que enseja a interposição de recurso ordinário ou extraordinárionão é a do plenário, que resolve o incidente de inconstitucionalidade, mas a do órgão(câmaras, grupos ou turmas) que completa o julgamento do feito.Súmula n. 528 – Se a decisão contiver partes autônomas, a admissão parcial, pelopresidente do tribunal a quo, de recurso extraordinário que, sobre qualquer delas semanifestar, não limitará a apreciação de todas pelo Supremo Tribunal Federal,independentemente de interposição de agravo de instrumento.Súmula n. 634 – Não compete ao Supremo Tribunal Federal conceder medida cautelarpara dar efeito suspensivo a recurso extraordinário que ainda não foi objeto de juízo deadmissibilidade na origem.Súmula n. 635 – Cabe ao presidente do tribunal de origem decidir o pedido de medidacautelar em recurso extraordinário ainda pendente do seu juízo de admissibilidade.Súmula n. 636 – Não cabe recurso extraordinário por contrariedade ao princípioconstitucional da legalidade, quando a sua verificação pressuponha rever a interpretaçãodada a normas infraconstitucionais pela decisão recorrida.Súmula n. 637 – Não cabe recurso extraordinário contra acórdão de tribunal de justiça quedefere pedido de intervenção estadual em município.Súmula n. 639 – Aplica-se a Súmula n. 288 quando não constarem do traslado do agravode instrumento as cópias das peças necessárias à verificação da tempestividade dorecurso extraordinário não admitido pela decisão agravada.Súmula n. 640 – É cabível recurso extraordinário contra decisão proferida por juiz deprimeiro grau nas causas de alçada, ou por turma recursal de juizado especial cível ecriminal.Súmula n. 727 – Não pode o magistrado deixar de encaminhar ao Supremo TribunalFederal o agravo de instrumento interposto da decisão que não admite recursoextraordinário, ainda que referente a causa instaurada no âmbito dos juizados especiais.Súmula n. 728 – É de três dias o prazo para a interposição de recurso extraordináriocontra decisão do Tribunal Superior Eleitoral, contado, quando for o caso, a partir dapublicação do acórdão, na própria sessão de julgamento, nos termos do art. 12 da Lei n.6.055/74, que não foi revogado pela Lei n. 8.950/94.Súmula n. 733 – Não cabe recurso extraordinário contra decisão proferida noprocessamento de precatórios.

Súmula n. 735 – Não cabe recurso extraordinário contra acórdão que defere medida liminar.

FIQUE ATENTO!!!O reconhecimento de repercussão geral no recurso extraordinário (...) não significa que o

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STJ está impedido de julgar, observando os limites de sua competência, o recurso especialinterposto simultaneamente ao recurso extraordinário (Rcl 6.882-AgR, Rel. Min. CármenLúcia, julgamento em 24-3-2011, Plenário, DJe de 12-4-2011).É inaplicável o princípio da fungibilidade recursal, porquanto o que ficou caracterizado, nocaso, foi a deficiência na fundamentação do agravo de instrumento, o qual deveria terimpugnado a decisão que inadmitiu o recurso extraordinário. Em outras palavras, orecorrente interpôs o recurso cabível, porém refutou fundamentos diversos daqueles que lheincumbia afastar (AI 612.322-AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 19-10-2010, Primeira Turma, DJe de 10-11-2010).A comprovação da tempestividade do recurso extraordinário é requisito essencial à suaadmissibilidade, cabendo ao STF a decisão definitiva sobre o ponto, devendo a referidatempestividade ser demonstrada no traslado do agravo, mesmo que não haja controvérsia arespeito do tema no tribunal de origem (AI 778.432-AgR, Rel. Min. Dias Toffoli, julgamentoem 17-8-2010, Primeira Turma, DJe de 9-112010). Vide RE 216.660-AgR, Rel. Min.Sepúlveda Pertence, julgamento em 3-10-2000, Primeira Turma, DJ de 10-11-2000.A desistência do recurso é ato do recorrente, não cabendo o agasalho de condiçãovislumbrada pelo recorrido. (...) O recorrido não detém interesse em opor-se à desistênciado recurso (AI 653.846-AgR, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 3-2-2009, PrimeiraTurma, DJe de 24-4-2009).A competência do STF para a concessão de efeito suspensivo a recurso extraordinário emmedidas cautelares restringe-se aos casos urgentes em que o recurso, devidamenteadmitido, encontrar-se fisicamente nesta Corte, ainda que sobrestado (AC 2.206-AgR, Rel.Min. Eros Grau, julgamento em 4-8-2009, Segunda Turma, DJe de 25-9-2009).Revela-se inadmissível o recurso extraordinário, quando a alegação de ofensa resumir-seao plano do direito meramente local (ordenamento positivo do Estado-membro ou doMunicípio), sem qualquer repercussão direta sobre o âmbito normativo da CR (RE 605.977-AgR, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 6-4-2010, Segunda Turma, DJe de 14-5-2010).

6. ESTRUTURA DA PEÇAMODELO 14 – RECURSO EXTRAORDINÁRIO

1ª página(Peça de interposição)EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DOTRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO ...ouEXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ PRESIDENTE DO TRIBUNALREGIONAL FEDERAL DA ... REGIÃO (Se o tribunal que analisou a apelação for oTRF)* O Recurso será endereçado ao Presidente do Tribunal.* Sugestão: Média de 5 linhas, para todas as petições iniciais.Processo n. ...

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Recorrente: ...Recorrido: ...NOME, nacionalidade, estado civil, profissão, portador da cédula de identidade n...., inscrito no CPF/MF n. ..., residente e domiciliado na rua ..., n. ..., Bairro ...,nesta cidade, por seu advogado infra-assinado, conforme procuração anexa, comescritório na rua ..., n. ..., Bairro ..., nesta cidade, endereço que indica para os finsdo art. 39, I, do CPC, nos autos da Ação ...,vem respeitosamente, perante Vossa Excelência, com fulcro no art. 102, III, daCRFB/88 e arts. 541, e seguintes, do CPC, que move em face de ..., interporRECURSO EXTRAORDINÁRIOem face do acórdão que negou provimento ..., esperando que seja recebido eadmitido, intimando-se o Recorrido para apresentar suas contrarrazões, juntada aguia de recolhimento e, depois de cumpridas as formalidades processuaisnecessárias, sejam os autos remetidos ao Supremo Tribunal Federal.Por fim, requer juntada das custas de preparo e porte de remessa e retorno.Nesses termos,Espera deferimento.Local e dataAdvogado, OAB n. ...2ª página(Razões do Recurso Extraordinário)EGRÉGIO SUPREMO TRIBUNAL FEDERALColenda TurmaDouto relatorProcesso n. ...Recorrente: ...Recorrido: ...I. DO CABIMENTO E DA ADMISSIBILIDADE DO RECURSO* O Cabimento do Recurso Extraordinário está previsto no art. 102, III, daCRFB/88.

DA TEMPESTIVIDADE* Todos os recursos analisados possuem prazo de 15 dias fixado no art. 508 doCPC.

DO PREPARO* Alegar que as custas foram recolhidas de acordo com a tabela de custas e a taxade porte de remessa e retorno, conforme art. 511 do CPC.

DA REPERCUSSÃO GERAL* Demonstrar que há repercussão geral, fundamentando no art. 543-A, § 2º, doCPC.II. DOS FATOS* Exposição dos fatos previstos na situação hipotética da questão. Não inventar

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outros fatos nem trazer detalhes ausentes no problema.III. DO DIREITO* Sustentar a tese jurídica, fundamentando na legislação vigente.IV. DO PEDIDO* Sugestão: Ante o exposto, requer o conhecimento e provimento do presenterecurso extraordinário, reformando (ou anulando) a decisão proferida no acórdãoenfrentado, como medida de efetivação da justiça.

Nesses termos,Espera deferimento.

Local e dataAdvogado, OAB n. ...

7. QUESTÃO SIMULADAO Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA, entidade autárquica

vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Agrário, por meio de sua SuperintendênciaRegional em Goiás, com a finalidade de expropriar imóvel rural localizado nesta Capital,mediante declaração de interesse social, para fins de reforma agrária, propôs ação dedesapropriação em face do proprietário do bem de raiz, senhor José da Silva. O consequenteprocesso judicial foi distribuído à Primeira Vara Federal da Seção Judiciária de Goiás. OINCRA, necessitando urgentemente utilizar-se do imóvel declarado de interesse social, parafins de reforma agrária, na inicial, pediu a pronta imissão provisória na posse do bem de raiz.Para tanto, a Autarquia ofereceu em depósito a quantia prévia de R$ 330.000,00. Após aimissão provisória na posse do bem, apesar de citado, o expropriado não ofereceucontestação. O Juiz Federal, então, proferiu sentença julgando procedente o pedido inicial emdecorrência da ausência de contestação do expropriado, reputando como verdadeiro o preçoda indenização ofertado unilateralmente pelo INCRA.

INCONFORMADO, o expropriado interpôs recurso de apelação, tendo o Tribunal RegionalFederal competente negado provimento ao apelo, por entender correta a sentença de primeirograu, afastando a alegação de violação do art. 184 da Constituição Federal. Agora, aindainconformado com o acórdão proferido pelo Tribunal Regional Federal da ... Região, o senhorJosé da Silva contratou seu escritório de advocacia, a fim de ser adotada a medida cabível.Diante da suposta situação fática, na qualidade de advogado(a) do expropriado,apresente a peça prático-profissional que o caso reclama.[3]

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DOEGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA ... REGIÃOProcesso n. ...Recorrente: ...Recorrido: ...José da Silva, nacionalidade, estado civil, profissão, portador da cédula deidentidade n. ..., inscrito no CPF/MF n. ..., residente e domiciliado na rua ..., n. ...,

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Bairro ..., nesta cidade, por seu advogado infra-assinado, conforme procuraçãoanexa, com escritório na rua ..., n. ..., Bairro ..., nesta cidade, endereço que indicapara os fins do art. 39, I, do CPC, nos autos da Ação ..., vem respeitosamente,perante Vossa Excelência, com fulcro no art. 102, III, da CRFB/88 e arts. 541 e ss.do CPC, que move em face de ..., interporRECURSO EXTRAORDINÁRIOem face do acórdão proferido nos autos do processo em que litiga com o INCRA –INSTITUTO NACIONAL DE COLONIZAÇÃO E REFORMA AGRÁRIA, pessoajurídica de direito público interno, com sede na ..., cujas razões seguem em anexo,a fim de que sejam os autos remetidos ao Supremo Tribunal Federal.Por fim, requer juntada das custas de preparo e porte de remessa e retorno.

Nesses termos,Espera deferimento.

Local e dataAdvogado, OAB n. ...

EGRÉGIO Supremo Tribunal FederalColenda TurmaDouto relatorProcesso n. ...Recorrente: ...Recorrido: ...I. DO CABIMENTO E DA ADMISSIBILIDADE DO RECURSOO cabimento do presente Recurso Extraordinário encontra amparo no art. 102, III,a, da CRFB/88, que estabelece a competência do Supremo TribunalFederal de julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ouúltima instância, quando a decisão recorrida contrariar dispositivo destaConstituição. Cumpre ressaltar o prequestionamento da norma pelo acórdão doEgrégio Tribunal a quo, que violou, frontalmente, o art. 184 da Constituição Federal.

DA TEMPESTIVIDADEO presente recurso extraordinário foi interposto dentro do prazo de 15 dias fixadono art. 508 do Código de Processo Civil.

DO PREPAROAs custas foram recolhidas de acordo com a tabela de custas e a taxa de porte deremessa e retorno, conforme art. 511 do Código de Processo Civil.

DA REPERCUSSÃO GERALTambém se faz patente a repercussão geral da matéria enfrentada, notadamentedo ponto de vista social e jurídico, uma vez que o acórdão, ao desprezar o textoconstitucional, possibilitou ao Recorrido efetivar desapropriações e pagarindenizações de acordo com seu talante, demonstrando, assim, o cabimento dopresente recurso, na forma do art. 543-A, § 1º, do Código de Processo Civil.II. DOS FATOS

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O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA, entidadeautárquica vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Agrário, por meio de suaSuperintendência Regional em Goiás, com a finalidade de expropriar imóvel rurallocalizado naquela capital, mediante declaração de interesse social, para fins dereforma agrária, propôs ação de desapropriação em face do Recorrente.O consequente processo judicial foi distribuído à Primeira Vara Federal da SeçãoJudiciária de Goiás, sendo que o Recorrente não ofereceu contestação.O Juiz Federal, então, proferiu sentença julgando procedente o pedido inicial emdecorrência da ausência da contestação do Recorrente, reputando como verdadeiroo preço da indenização ofertado unilateralmente pelo INCRA.Ocorre que o Egrégio Tribunal Regional Federal competente negou provimento aoapelo, por entender correta a sentença de primeiro grau, afastando a alegação deviolação do art. 184 da Constituição Federal.Merece reforma o acórdão, consoante razões abaixo elencadas.III. DO DIREITOO ordenamento jurídico pátrio estabelece que a propriedade deve cumprir a suafunção social, estando sujeita, destarte, a intervenção do estado, inclusive peloinstituto da desapropriação.Não obstante, conquanto seja possível expropriação do bem para fins de reformaagrária, como na hipótese dos autos, esta deve ser efetivada como pagamento de justa indenização, ainda que em forma de títulos da dívida agrária.Tal valor, contudo, não pode ser indicado ao alvedrio do desapropriante, sendonecessária a efetivação de perícia a fim de apurar o valor da justa indenização emfavor do expropriado, ora recorrente.Nesse diapasão, o art. 184 da CRFB/88, in verbis:Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, oimóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justaindenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real,resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, ecuja utilização será definida em lei.No caso dos autos, como se vê, o acórdão malferiu o dispositivo da ConstituiçãoFederal acima transcrito, tendo em vista o acolhimento do valor unilateralmenteapresentado pelo desapropriante, o que não haverá de encontrar a guarida desseEgrégio Tribunal, modificando-se, destarte, o julgado recorrido.IV. DO PEDIDOEm face do exposto, requer seja conhecido e provido o presente recurso, paraanular o acórdão recorrido e determinando o retorno dos autos para que sejaefetivada a prova pericial, na forma e para fins de Direito.Requer, ainda, a condenação do Recorrido nos ônus da sucumbência.

Nesses termos,Espera deferimento.

Local e dataAdvogado, OAB n. ...

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1 Melo, José Tarcízio de Almeida. Direito constitucional do Brasil. Belo Horizonte: Del Rey, 2008, p. 1.358.2 OLIVEIRA, Erival da Silva. Prática constitucional. 4. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011, p. 231.3 Proposta de texto para o cabimento de Recurso Especial extraída de ARAS, José. Prática profissional de direito administrativo.

3. ed. Salvador: JusPodivm, 2012, p. 340, com adaptações.

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CAPÍTULO XV RECURSO ESPECIAL (REsp)1. APRESENTAÇÃO

O Recurso Especial (REsp) é um recurso direcionado exclusivamente para o SuperiorTribunal de Justiça. Seu cabimento está previsto no art. 105, III, da Constituição Federal. Já oprocedimento que deve ser seguido você encontra nos arts. 26 a 29 da Lei n. 8.038/90 e arts.541 a 546 do CPC.

Cabe recurso especial quando a decisão contra a qual se recorre: contrariar tratado ou leifederal, ou negar-lhes vigência; julgar válido ato de governo local contestado em face de leifederal ou der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal.

Um requisito essencial do recurso especial é o prequestionamento. Na linha do entendimentodo Superior Tribunal de Justiça, para preenchimento do requisito do prequestionamento énecessário que as matérias trazidas ao exame desta corte tenham sido efetivamenteapreciadas pelo acórdão recorrido, não havendo falar na necessidade de expressa mençãoaos dispositivos legais tidos por violados.[1]

2. CARACTERÍSTICAS E REQUISITOS DO RECURSO ESPECIALNo ato de interposição do recurso especial, o recorrente comprovará, quando exigido pela

legislação pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, sobpena de deserção, nos termos do art. 511 do CPC. Conforme estabelece o art. 508 do CPC,o prazo para interpor e para responder, no recurso especial, é de quinze dias.

A petição de interposição do recurso especial deve ter os seguintes elementos:endereçamento ao presidente do tribunal recorrido; nomes e qualificações do recorrente e dorecorrido; indicação de que preenche os pressupostos de admissibilidade; indicação de que setrata de recurso especial; requerimento para que seja o recorrido intimado para apresentarcontrarrazões no prazo legal; requerimento para que o recurso seja devidamente processado,já que foram preenchidos os pressupostos de admissibilidade, remetendo-se os autos aoSuperior Tribunal de Justiça; requerimento de juntada das guias de custas de preparo, portede remessa e de retorno dos autos, nos termos do art. 511 do CPC.[2] Destaque que orecurso especial, quando interposto contra decisão interlocutória em processo deconhecimento, cautelar, ou embargos à execução, ficará retido nos autos e somente seráprocessado se o reiterar a parte, no prazo para a interposição do recurso contra a decisãofinal, ou para as contrarrazões, de acordo com o art. 542, § 3º, do CPC.

Nos termos do art. 541 do CPC, as razões do recurso especial devem conter os seguintesrequisitos: uma breve exposição dos fatos; a demonstração do cabimento do recurso, quesugerimos fundamentar no art. 105, III, da CRFB/88; demonstração da existência deprequestionamento da matéria e as razões jurídicas do pedido de reforma da decisãorecorrida.

Incluído pela Lei n. 11.672/2008, o art. 543-C, do Código de Processo Civil, passou aestabelecer que, quando houver multiplicidade de recursos com fundamento em idênticaquestão de direito, o recurso especial será processado nos termos deste artigo. Assim,caberá ao presidente do tribunal de origem admitir um ou mais recursos representativosda controvérsia, os quais serão encaminhados ao Superior Tribunal de Justiça, ficandosuspensos os demais recursos especiais até o pronunciamento definitivo do Superior Tribunalde Justiça.

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O relator poderá solicitar informações, a serem prestadas no prazo de quinze dias, aostribunais federais ou estaduais a respeito da controvérsia, conforme art. 543-C, § 3º, do CPC.Além disso, o relator, conforme dispuser o regimento interno do Superior Tribunal de Justiça econsiderando a relevância da matéria, poderá admitir manifestação de pessoas, órgãosou entidades com interesse na controvérsia, nos termos do art. 543-C, § 4º, do CPC.

De acordo com o art. 543-C, § 5º, do CPC, recebidas as informações, e, se for o caso, terávista o Ministério Público pelo prazo de quinze dias. Transcorrido o prazo para o MinistérioPúblico e remetida cópia do relatório aos demais Ministros, o processo será incluído em pautana seção ou na Corte Especial, devendo ser julgado com preferência sobre os demais feitos,ressalvados os que envolvam réu preso e os pedidos de habeas corpus, nos termos do art.543-C, § 6º, do CPC.

Cumpre destacar que, publicado o acórdão do Superior Tribunal de Justiça, nos termos doart. 543-C, § 7º, do CPC, os recursos especiais sobrestados na origem: terão seguimentodenegado na hipótese de o acórdão recorrido coincidir com a orientação do Superior Tribunalde Justiça; ou serão novamente examinados pelo tribunal de origem na hipótese de oacórdão recorrido divergir da orientação do Superior Tribunal de Justiça.

3. COMO IDENTIFICAR UM RECURSO ESPECIALObserve que você irá atacar uma decisão judicial. Assim, tente encontrar uma das seguintes

hipóteses: a) causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais RegionaisFederais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisãorecorrida contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência; b) julgar válido ato degoverno local contestado em face de lei federal; ou c) der a lei federal interpretação divergenteda que lhe haja atribuído outro tribunal. Se você conseguiu identificar uma destas hipóteses,previstas no art. 105, III, da CRFB/88, cabível é o recurso especial.4. COMPETÊNCIA

Nos termos do art. 105, III, da CRFB/88, compete ao Superior Tribunal de Justiça julgar,em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos TribunaisRegionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando adecisão recorrida contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência; julgar válido ato degoverno local contestado em face de lei federal; ou der a lei federal interpretação divergenteda que lhe haja atribuído outro tribunal.

5. FUNDAMENTOS MAIS COMUNSAs principais fundamentações jurídicas para o recurso especial podem ser encontradas no

art. 105, III, da CRFB/88; Lei n. 8.038/90, arts. 26 a 29; e CPC, arts. 541 a 546.Além disso, sugerimos a leitura das seguintes Súmulas do Superior Tribunal de Justiça sobre

o recurso especial:Súmula n. 5 – A simples interpretação de cláusula contratual não enseja recurso especial.Súmula n. 7 – A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial.Súmula n. 83 – Não se conhece do recurso especial pela divergência, quando a orientaçãodo tribunal se firmou no mesmo sentido da decisão recorrida.Súmula n. 86 – Cabe recurso especial contra acórdão proferido no julgamento de agravode instrumento.Súmula n. 123 – A decisão que admite, ou não, o recurso especial deve ser fundamentada,

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com o exame dos seus pressupostos gerais e constitucionais.Súmula n. 126 – É inadmissível recurso especial, quando o acórdão recorrido assenta emfundamentos constitucional e infraconstitucional, qualquer deles suficiente, por si só, paramantê-lo, e a parte vencida não manifesta recurso extraordinário.Súmula n. 203 – Não cabe recurso especial contra decisão proferida por órgão desegundo grau dos Juizados Especiais.Súmula n. 207 – É inadmissível recurso especial quando cabíveis embargos infringentescontra o acórdão proferido no tribunal de origem.Súmula n. 211 – Inadmissível recurso especial quanto à questão que, a despeito daoposição de embargos declaratórios, não foi apreciada pelo Tribunal a quo.Súmula n. 315 – Não cabem embargos de divergência no âmbito do agravo de instrumentoque não admite recurso especial.

Súmula n. 316 – Cabem embargos de divergência contra acórdão que, em agravoregimental, decide recurso especial.

FIQUE ATENTO!!!O reconhecimento de repercussão geral no recurso extraordinário (...) não significa que oSTJ está impedido de julgar, observando os limites de sua competência, o recurso especialinterposto simultaneamente ao recurso extraordinário (Rcl 6.882-AgR, Rel. Min. CármenLúcia, julgamento em 24-3-2011, Plenário, DJe de 12-4-2011).Interposição simultânea de recurso especial e extraordinário: desnecessidade de aguardar ojulgamento do recurso especial quando não são admitidos ambos os recursos. Precedente(AI 584.364-ED, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 7-4-2009, Primeira Turma, DJe de15-5-2009).Limites do recurso extraordinário, para o STF, contra acórdão em recurso especial, do STJ,em face do sistema da CF (arts. 102, III, a, b e c, e 105, III, a, b e c). Definida a área decompetência de ambas as Cortes, certo está que o STF, pela competência excepcional eincontrastável prevista no caput do art. 102 da Lei Magna, enquanto guarda da Constituição,pode, em princípio, conhecer de recurso extraordinário também de decisão proferida peloSTJ, quer no exercício da competência originária, quer de competência recursal ordinária,quer em recurso especial (CF, art. 105, I, II e III), desde que o julgado contrarie dispositivoda Constituição, inclusive o art. 105 e seus incisos. Assim, ad exemplum, se o STJ julgar,em recurso especial, causa não enquadrável nas hipóteses a, b e c do inciso III do art. 105aludido, pode, eventualmente, configurar-se espécie submetida a recurso extraordinário, utart. 102, III, a, da Constituição, precisamente, por ofensa ao art. 105, III, da Lei Maior.Decerto, não há de caber recurso extraordinário, desde logo, como instrumento revisionaldo acerto ou não da decisão de mérito do STJ, quando confere, em recurso especial,determinada interpretação a norma infraconstitucional, ao decidir se o acórdão localrecorrido, em aplicando a mesma norma, fê-lo corretamente, ou se lhe negou vigência,deixando de fazê-la incidir em Art. 105, III e III, a situação onde seria aplicável, ou por tê-lafeito disciplinar hipótese em que não devia fazê-lo. Nesses casos, tudo ocorre no planoinfraconstitucional e segundo a competência prevista no art. 105, III, da Lei Magna (RE190.104, Rel. Min. Néri da Silveira, julgamento em 25-6-1996, Segunda Turma, DJ de 14-11-1997).

6. ESTRUTURA DA PEÇA

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MODELO 15 – RECURSO ESPECIAL

1ª página(Peça de interposição)EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DOTRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO ...ouEXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ PRESIDENTE DO TRIBUNALREGIONAL FEDERAL DA ... REGIÃO (Se o tribunal que analisou a apelação for oTRF)* O Recurso será endereçado ao Presidente do Tribunal.* Sugestão: Média de 5 linhas, para todas as petições iniciais.Processo n. ...Recorrente: ...Recorrido: ...NOME, nacionalidade, estado civil, profissão, portador da cédula de identidade n...., inscrito no CPF/MF n. ..., residente e domiciliado na rua ..., n. ..., Bairro ...,nesta cidade, por seu advogado infra-assinado, conforme procuração anexa, comescritório na rua ..., n. ..., Bairro ..., nesta cidade, endereço que indica para os finsdo art. 39, I, do CPC, nos autos da Ação ...,vem respeitosamente, perante Vossa Excelência, com fulcro no art. 105, III, daCRFB/88 e nos arts. 541 e ss. do CPC, que move em face de ..., interpor

RECURSO ESPECIALem face do acórdão que negou provimento ..., esperando que seja recebido eadmitido, intimando-se o Recorrido para apresentar suas contrarrazões, juntada aguia de recolhimento e, depois de cumpridas as formalidades processuaisnecessárias, sejam os autos remetidos ao Superior Tribunal de Justiça.Por fim, requer juntada das custas de preparo e porte de remessa e retorno.

Nesses termos,Espera deferimento.

Local e dataAdvogado, OAB/ ... n. ...

2ª página(Razões do Recurso Especial)EGRÉGIO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇAColenda TurmaDouto relatorProcesso n. ...Recorrente: ...Recorrido: ...

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I. DO CABIMENTO E DA ADMISSIBILIDADE DO RECURSO* O Cabimento do Recurso Especial está previsto no art. 105, III, da CRFB/88.

DA TEMPESTIVIDADE* Todos os recursos analisados possuem prazo de 15 dias fixado no art. 508 doCPC.

DO PREPARO* Alegar que as custas foram recolhidas de acordo com a tabela de custas e a taxade porte de remessa e retorno, conforme art. 511 do CPC.

DO PREQUESTIONAMENTO* Aqui, você deverá salientar que a matéria já foi devidamente questionada nainstância inferior, demonstrando que houve efetiva apreciação da questão por partedo julgador.II. DOS FATOS* Exposição dos fatos previstos na situação hipotética da questão. Não inventaroutros fatos nem trazer detalhes ausentes no problema.III. DO DIREITO* Sustentar a tese jurídica, fundamentando na legislação vigente.IV. DO PEDIDO* Sugestão: Ante o exposto, requer o conhecimento e provimento do presenterecurso, reformando (ou anulando) a decisão proferida no acórdão enfrentado,como medida de efetivação da justiça.

Nesses termos,Espera deferimento.

Local e dataAdvogado, OAB/ ... n. ...

7. QUESTÃO SIMULADAO Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA, entidade autárquica

vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Agrário, por meio de sua SuperintendênciaRegional em Goiás, com a finalidade de expropriar imóvel rural localizado nesta Capital,mediante declaração de interesse social, para fins de reforma agrária, propôs ação dedesapropriação em face do proprietário do bem de raiz, senhor José da Silva. O consequenteprocesso judicial foi distribuído à Primeira Vara Federal da Seção Judiciária de Goiás. OINCRA, necessitando urgentemente utilizar-se do imóvel declarado de interesse social, parafins de reforma agrária, na inicial, pediu a pronta imissão provisória na posse do bem de raiz.Para tanto, a Autarquia ofereceu em depósito a quantia prévia de R$ 330.000,00. Após aimissão provisória na posse do bem, apesar de citado, o expropriado não ofereceucontestação. O Juiz Federal, então, proferiu sentença julgando procedente o pedido inicial emdecorrência da ausência de contestação do expropriado, reputando como verdadeiro o preçoda indenização ofertado unilateralmente pelo INCRA.

INCONFORMADO, o expropriado interpôs recurso de apelação, tendo o Tribunal Regional

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Federal competente negado provimento ao apelo, por entender correta a sentença de primeirograu, afastando a alegação de violação do art. 130 da Lei Federal n. 5.869/73 (Código deProcesso Civil). Agora, ainda inconformado com o acórdão proferido pelo Tribunal RegionalFederal da ... Região, o senhor José da Silva contratou seu escritório de advocacia, a fim deser adotada a medida cabível. Diante da suposta situação fática, na qualidade deadvogado(a) do expropriado, apresente a peça prático-profissional que o casoreclama.[3]

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DOEGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA ... REGIÃOProcesso n. ...Recorrente: ...Recorrido: ...José da Silva, nacionalidade, estado civil, profissão, portador da cédula deidentidade n. ..., inscrito no CPF/MF n. ..., residente e domiciliado na rua ..., n. ...,Bairro ..., nesta cidade, por seu advogado infra-assinado, conforme procuraçãoanexa, com escritório na rua ..., n. ..., Bairro ..., nesta cidade, endereço que indicapara os fins do art. 39, I, do CPC, nos autos da Ação ..., vem respeitosamente,perante Vossa Excelência, com fulcro no art. 105, III, da CRFB/88 e nos arts. 541 ess. do CPC, que move em face de ..., interpor

RECURSO ESPECIALem face do acórdão proferido nos autos do processo em que litiga com o INCRA –INSTITUTO NACIONAL DE COLONIZAÇÃO E REFORMA AGRÁRIA, pessoajurídica de direito público interno, com sede na ..., cujas razões seguem em anexo,a fim de que sejam os autos remetidos ao Superior Tribunal de Justiça.Por fim, requer juntada das custas de preparo e porte de remessa e retorno.

Nesses termos,Espera deferimento.

Local e dataAdvogado, OAB/ ... n. ...

EGRÉGIO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇAColenda TurmaDouto relatorProcesso n. ...Recorrente: ...Recorrido: ...I. DO CABIMENTO E DA ADMISSIBILIDADE DO RECURSOO cabimento do presente Recurso Especial encontra amparo no art. 105, III, a, daCRFB/88, que estabelece a competência do Superior Tribunal deJustiça em julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou últimainstância, pelos Tribunais Regionais Federais quando a decisão recorrida contrariar

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tratado ou lei federal, ou negar -lhes vigência.DA TEMPESTIVIDADE

O presente recurso especial foi interposto dentro do prazo de 15 dias fixado no art.508 do Código de Processo Civil.

DO PREPAROAs custas foram recolhidas de acordo com a tabela de custas e a taxa de porte deremessa e retorno, conforme art. 511 do Código de Processo Civil.

DO PREQUESTIONAMENTOCumpre ressaltar o prequestionamento da norma pelo acórdão do Egrégio Tribunala quo, que violou, frontalmente, o art. 130 do Código de Processo Civil.II. DOS FATOSO Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA, entidadeautárquica vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Agrário, por meio de suaSuperintendência Regional em Goiás, com a finalidade de expropriar imóvel rurallocalizado naquela capital, mediante declaração de interesse social, para fins dereforma agrária, propôs ação de desapropriação em face do Recorrente.O consequente processo judicial foi distribuído à Primeira Vara Federal da SeçãoJudiciária de Goiás, sendo que o Recorrente não ofereceu contestação.O Juiz Federal, então, proferiu sentença julgando procedente o pedido inicial emdecorrência da ausência da contestação do Recorrente, reputando como verdadeiroo preço da indenização ofertado unilateralmente pelo INCRA.Ocorre que o Egrégio Tribunal Regional Federal competente negou provimento aoapelo, por entender correta a sentença de primeiro grau, afastando a alegação deviolação do art. 130 do Código de Processo Civil.Merece reforma o acórdão, consoante razões abaixo elencadas.III. DO DIREITOO ordenamento jurídico pátrio estabelece que a propriedade deve cumprir a suafunção social, estando sujeita, destarte, a intervenção do estado, inclusive peloinstituto da desapropriação.Não obstante, conquanto seja possível expropriação do bem para fins de reformaagrária, como na hipótese dos autos, esta deve ser efetivada com o pagamento dejusta indenização, ainda que em forma de títulos da dívida agrária.Tal valor, contudo, não pode ser indicado ao alvedrio do desapropriante, sendonecessária a efetivação de perícia a fim de apurar o valor da justa indenização emfavor do expropriado, ora recorrente.Nesse diapasão, o Código de Processo Civil é de clareza solar ao dispor quecompete ao juiz determinar, inclusive de ofício, a produção das provas necessáriasà instrução do feito, consoante se vê do seu art. 130, in verbis: “Caberá ao juiz, deofício ou requerimento da parte, determinar as provas necessárias à instrução doprocesso...”.No caso dos autos, como se vê, o acórdão malferiu o dispositivo da lei federalacima transcrito, tendo em vista o acolhimento do valor unilateralmente apresentado

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pelo desapropriante, o que não haverá de encontrar a guarida desse EgrégioColegiado, modificando-se, destarte, o julgado recorrido.IV. DO PEDIDOEm face do exposto, requer seja conhecido e provido o presente recurso, paraanular o acórdão recorrido e determinando o retorno dos autos para que sejaefetivada a prova pericial, na forma e para fins de Direito.Requer, ainda, a condenação do Recorrido nos ônus da sucumbência.

Nesses termos,Espera deferimento.

Local e dataAdvogado, OAB/ ... n. ...

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1 AgRg no REsp 365.079/SP, Rel. Ministro paulo gallotti, Sexta Turma, julgado em 18-11-2004, DJ de 2-10-2006, p. 317.2 OLIVEIRA, Erival da Silva. Prática constitucional. 4. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011, p. 238.3 Proposta de texto para o cabimento de Recurso Especial extraída de ARAS, José. Prática profissional de direito administrativo.

3. ed. Salvador: JusPodivm, 2012, p. 340, com adaptações.

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CAPÍTULO XVI OUTRAS AÇÕES1. CONTESTAÇÃO

A contestação é a peça de defesa mais importante do réu, assim como a petição inicial,porque é o primeiro momento em que o réu expõe todos os argumentos de defesa que secontrapõem às pretensões que o autor aduz na petição inicial.

Aqui, nosso constituinte não é mais aquele que pede, mas aquele contra quem se pede, e,por isso, deveremos defender seus interesses por meio dessa peça.

A rigor, a elaboração da petição de contestação segue o mesmo parâmetro e a estruturadas petições iniciais, notadamente quanto ao endereçamento, aos fatos e à fundamentaçãojurídica, nesse caso, defendendo a tese de que a postulação do autor não encontra respaldono ordenamento jurídico, razão pela qual postulamos ao juiz que julgue improcedente ospedidos do autor.[1]

Em conformidade com o art. 300 do CPC, compete ao réu alegar, na contestação, toda amatéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito, com que impugna o pedido doautor, e especificando as provas que pretende produzir. Como se deduz do próprio dispositivo,separaremos a petição em tópicos: Dos Fatos, Do Direito e Conclusão. Cumpre ressaltar quetecnicamente o réu não “pede”, razão pela qual utilizaremos, no modelo abaixo, a expressão“Conclusão”no lugar de “Dos Pedidos”.

De acordo com o art. 301 do CPC, compete-lhe, porém, antes de discutir o mérito, alegarinexistência ou nulidade da citação; incompetência absoluta; inépcia da petição inicial;perempção; litispendência; coisa julgada; conexão; incapacidade da parte, defeito derepresentação ou falta de autorização; convenção de arbitragem; carência de ação; falta decaução ou de outra prestação, que a lei exige como preliminar.

Cabe também ao réu, conforme o art. 302 do CPC, manifestar-se precisamente sobre osfatos narrados na petição inicial. Presumem-se verdadeiros os fatos não impugnados, salvo senão for admissível, a seu respeito, a confissão ou se a petição inicial não estiver acompanhadado instrumento público que a lei considerar da substância do ato ou, ainda, se estiverem emcontradição com a defesa, considerada em seu conjunto.

1.1. Estrutura da peçaMODELO 16 – CONTESTAÇÃO

* EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARA CÍVELDA COMARCA DE ...* Sugestão: Média de 5 linhas.Processo autuado sob o n. ...NOME DO RÉU, nacionalidade, estado civil, profissão, portador da cédula deidentidade n. ... , inscrito no CPF/MF n. ..., residente e domiciliado ..., nesta cidade,por seu advogado infra-assinado, conforme procuração anexa, com escritório à rua..., endereço para onde devem ser remetidas notificações e intimações conformeestabelece o art. 39, I, do CPC, vem mui respeitosamente à preclara presença deVossa Excelência, nos termos dos arts. 278 e 300 do Código de Processo Civil,apresentar

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CONTESTAÇÃOà ação (especificar o nome da ação que o enunciado deve indicar), proposta por(NOME DO AUTOR), já qualificada nos autos em epígrafe, pelos motivos e razõesa seguir expostas:I. DOS FATOS* Exposição dos fatos previstos na situação hipotética da questão. Não inventaroutros fatos, nem trazer detalhes ausentes no problema.II. DO DIREITO* Sugerimos subdividir o item “DO DIREITO” em: Preliminares processuais e demérito.

PRELIMINARES PROCESSUAIS* Desenvolva a partir dos requisitos estabelecidos nos arts. 267 e 301 do CPC.

DO MÉRITO* Desenvolva a tese a ser defendida, fundamentando na legislação e jurisprudência,se for o caso.III. CONCLUSÃODiante de todos esses argumentos de fato e de direito supramencionados, requerque seja:a) Acolhida preliminarmente a extinção do feito sem resolução de mérito, porcarência de ação, em função da ilegitimidade passiva, a teor do disposto no art.267, VI, do CPC.b) Declarada a improcedência do pedido do autor, ante a ausência de culpa do réuno evento danoso.c) Condenado o autor ao pagamento das custas, despesas processuais ehonorários advocatícios.Protesta provar o alegado por todos os meios admissíveis no direito, em especial aprova testemunhal adiante arrolada, a prova pericial, depoimento pessoal,reservando-se o direito de usar os demais recursos probatórios que se fizeremnecessários ao deslinde da ação.

Nesses termos,Pede deferimento.

Local e dataAdvogado, OAB n. ...

2. EMBARGOS DE DECLARAÇÃOOs embargos de declaração se apresentam como expediente utilizado pelas partes, com o

fim de esclarecer obscuridade, contradição e omissão na sentença ou no acórdão, nos termosdo art. 535 do CPC, que diz, in verbis:

Art. 535. Cabem embargos de declaração quando:I – houver, na sentença ou no acórdão, obscuridade ou contradição;II – for omitido ponto sobre o qual devia pronunciar -se o juiz ou tribunal.

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Os embargos serão opostos, no prazo de cinco dias, em petição dirigida ao juiz ou relator,com indicação do ponto obscuro, contraditório ou omisso, não estando sujeitos a preparo,conforme art. 356 do CPP.

No Direito Constitucional, embargos declaratórios poderão ser opostos quando se configuraruma das hipóteses do art. 535 do CPC, principalmente nas ações de controle deconstitucionalidade, pois da decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal não caberárecurso, salvo os embargos de declaração. Assim, de acordo com o art. 26 da Lei n.9.868/99, a decisão que declara a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade da lei ou doato normativo em ação direta ou em ação declaratória é irrecorrível, ressalvada a interposiçãode embargos declaratórios, não podendo, igualmente, ser objeto de ação rescisória.

2.1. Estrutura da peçaMODELO 17 – EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR RELATOR DOTRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO ...* Sugestão: Média de 5 linhasProcesso n. ...NOME DO EMGARGANTE, nacionalidade, estado civil, profissão, portador dacédula de identidade n. ..., inscrito no CPF/MF n. ..., residente e domiciliado ...,nesta cidade, por seu advogado infra-assinado, conforme procuração anexa, comescritório à rua ..., endereço para onde devem ser remetidas notificações eintimações conforme estabelece o art. 39, I, do CPC, vem mui respeitosamente àpreclara presença de Vossa Excelência, nos termos do art. 535 do Código deProcesso Civil, opor

EMBARGOS DE DECLARAÇÃOEm face do acórdão ( ou sentença) de fls..., pelos motivos e razões a seguirexpostas:

DO OBJETIVO RECURSAL* Desenvolver a partir do cabimento dos embargos de declaração, que podem sedar quando houver, na sentença ou no acórdão, obscuridade ou contradição ou sefor omitido ponto sobre o qual devia pronunciar-se o juiz ou tribunal, conformedispõe o art. 535 do CPC.

DO PEDIDOEm razão do exposto, requer a Vossa Excelência que se digne de dar provimento aestes Embargos Declaratórios para o fim de que seja sanada a obscuridade(contradição ou omissão, a depender do caso) apontada, como consequência ...(especificar o pedido).

Nesses termos,Pede deferimento.

Local e dataAdvogado, OAB n. ...

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3. AGRAVO DE INSTRUMENTODe acordo com o art. 524 do CPC, o agravo de instrumento será dirigido diretamente ao

tribunal competente, por meio de petição, com os seguintes requisitos: a) a exposição do fatoe do direito; b) as razões do pedido de reforma da decisão; e c) o nome e o endereçocompleto dos advogados, constantes do processo.

A petição de agravo de instrumento será instruída, obrigatoriamente, com cópias da decisãoagravada, da certidão da respectiva intimação e das procurações outorgadas aos advogadosdo agravante e do agravado e, facultativamente, com outras peças que o agravante entenderúteis, nos termos do art. 525 do CPC.

Cumpre destacar que, conforme o art. 525, § 1º, do CPC, deverá ser acompanhado dapetição o comprovante do pagamento das respectivas custas e do porte de retorno, quandodevidos, conforme tabela que será publicada pelos tribunais.

3.1. Estrutura da peçaMODELO 18 – RECURSO ESPECIAL

1ª página(Peça de interposição)EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DOTRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO...* Sugestão: Espaço de 5 linhas.NOME DO AGRAVANTE , nacionalidade, estado civil, profissão, portador da cédulade identidade n. ..., inscrito no CPF/MF n. ..., residente e domiciliado na Rua ... n...., Bairro ..., nesta cidade, por seu advogado infra-assinado, conforme procuraçãoanexa, com escritório na rua..., n. ..., Bairro ..., nesta cidade, endereço que indicapara os fins do art. 39, I, do CPC, nos autos da Ação ..., vem respeitosamente,perante Vossa Excelência, com fulcro no art. 522 e ss. do CPC, interpor

AGRAVO DE INSTRUMENTO COM PEDIDO DE EFEITO SUSPENSIVOem face da decisão interlocutória proferida pelo juízo da ... nos autos da ação...movida por NOME DO AGRAVADO , processo n. ..., o que acarretou noinconformismo do agravante pelos motivos de fato e de direito aduzidos na minutaanexa.Requer-se, portanto, o regular processamento do presente Agravo, que se encontradevidamente instruído com as cópias obrigatórias do feito originário, as quais opatrono que assina o presente recurso declara serem autênticas, juntando as guiasdestinadas ao preparo e ao porte de retorno.

Nesses termos,Espera deferimento.

Local e dataAdvogado, OAB n. ...

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2ª página(Razões do Recurso)EGRÉGIO TRIBUNALColenda TurmaDoutos julgadoresProcesso n. ...Agravante: ...Agravado: ...

DA TEMPESTIVIDADE* Todos os recursos analisados possuem prazo de 15 dias fixados no art. 508 doCPC.

BREVE RESUMO DOS FATOS* Exposição dos fatos previstos na situação hipotética da questão. Não inventaroutros fatos, nem trazer detalhes ausentes no problema.

DO DIREITO* Sustentar a tese jurídica, fundamentando-se na legislação vigente.

DO PEDIDOAnte o exposto, requer-se o conhecimento e o provimento do presente recurso parao fim de se acolher o pedido de ...Nesses termos,Espera deferimento.Local e dataAdvogado, OAB n. ...

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1 ARAS, José. Prática profissional de direito administrativo. 3. ed. Salvador: JusPodivm, 2012, p. 265.

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