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Constl]ta Pro;.esso PROCESSO AUTOR Consulta Realizada : 09 de Novembro de 2016 (18:21h) Consulta Todas as Partes do Processo! 0003407-80.2013.4. 03.6000 ESPOLIO DE AFRANIO PEREIRA MARTINS REPTE DO ESPOLIO AFRANIO CELSO PEREIRA MARTINS 1 de 1 AUTOR AUTOR AUTOR AUTOR AUTOR ADVOGADO P ATIVO ADVOGADO P ATIVO REU REU ADVOGADO P PASSIVO CIRENE RIBEIRO DA COSTA VANNI AGROPECUARIA SER ROlE L TDA AGROPECUARIA ARCO !RIS LTDA LEDA CORREA FAGUNDES PALMERI RICARDO AUGUSTD BACHA MS002921 NEWLEY ALEXANDRE DA SILVA AMARILLA MS007460 GUSTAVO ROMANOWSKI PEREIRA FUNDACAO NACIONAL DO INDIO - FUNAI ASSOCIACAO INDIGENA TERENA DA ALDEIA BURITI MS999999 SEM ADVOGADO http://csp.jfsp.jus.br/csp/consulta/consinte-: __ tpr 1 · --- ne o e.c 0911 1!2016 18:20

Constl]ta Pro;. esso · ---ne e1 .c Consulta Todas as Parte ... · Consulta da Movimentação Número : 16 0003407-80. 2013.4.03.6000 Autos com (Conclusão) ao Juiz em 25/04/2013

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Constl]ta Pro;.esso

PROCESSO

AUTOR

Consulta Realizada : 09 de Novembro de 2016 (18:21h)

Consulta Todas as Partes do Processo!

0003407-80.2013.4.03.6000

ESPOLIO DE AFRANIO PEREIRA MARTINS

REPTE DO ESPOLIO AFRANIO CELSO PEREIRA MARTINS

1 de 1

AUTOR

AUTOR

AUTOR

AUTOR

AUTOR

ADVOGADO P

ATIVO

ADVOGADO P

ATIVO

REU

REU

ADVOGADO P

PASSIVO

CIRENE RIBEIRO DA COSTA VANNI

AGROPECUARIA SER ROlE L TDA

AGROPECUARIA ARCO !RIS LTDA

LEDA CORREA FAGUNDES PALMERI

RICARDO AUGUSTD BACHA

MS002921 NEWLEY ALEXANDRE DA SILVA AMARILLA

MS007460 GUSTAVO ROMANOWSKI PEREIRA

FUNDACAO NACIONAL DO INDIO - FUNAI

ASSOCIACAO INDIGENA TERENA DA ALDEIA BURITI

MS999999 SEM ADVOGADO

http: //csp.jfsp.jus.br/csp/consulta/consinte-: __ tpr 1 · --- ne o e.c

09111!2016 18:20

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PROCESSO

1 de 3

nrrp: II CSp.JISp.JUS.OrtCSpi CUflSUil(IJ CUIISllllt:lllt:LfJl U 1 U .O..: ;,;fl ! 111 VIII VV 1 . . .

Consulta da Movimentação Número : 16

0003407-80 .2013.4.03.6000

Autos com (Conclusão) ao Juiz em 25/04/2013 p/ Despacho/Decisão

*** Sentença/Despacho/Decisão/ Ato Ordinátorio

Trata-se de ação de interdito proibitório, com pedido de liminar,

proposta por Espólio de Afrânio Pereira Martins, e outros cinco autores,

contra a FUNAI e a Associação Indígena Terena da Aldeia Buriti, através

da qual busca-se provimento jurisdicional que preserve a posse dos

requerentes e impeça o grupo indígena requerido a levar a efeito

esbulho que se diz iminente . Para tanto, alegam os requerentes que,

após o resultado da ação declaratória no 0003866-05.2001.403.6000,

os índios Terena da Aldeia Buriti passaram a esbulhar e turbar a posse

de várias propriedades rurais na região de Sidrolând ia e Dois Irmãos do

Buriti, neste Estado, fato que lhes teria causado fundado receio de que,

se nada fizerem, também terão as posses dos seus imóveis rurais

turbadas/esbulhadas. Com a inicial vieram os documentos de fls.

21/101, complementados às fls. 104/142.Às fls . 143/144 foi

determinada a oitiva da FUNAI, da União e do Ministério Público

Federal, acerca do pedido liminar. Determinou-se, ainda, que os

requerentes promovessem a citação da União.A União manifestou-se

pelo indeferimento da medida liminar, destacando que não é parte

legítima para figurar no pólo passivo da presente ação (fls. 152/153) .A

FUNAI (Comunidade Indígena Terena da Terra Indígena Buriti),

também pugnou pelo indeferimento da medida liminar ou pela

designação de audiência de justificação, em respeito aos princípios do

contraditório e da ampla defesa, eis que não teria tido acesso aos autos

no prazo estabelecido para manifestação (fls. 154/176). Parecer do

Ministério Público Federal às fls. 207/216, no sentido de que não estão

presentes os requisitos necessários para a concessão da medida liminar

pleiteada .Às fls . 240/242, os requerentes reiteram o pedido de

proteção possessória.Relatei para o ato. Decido. Reg istro, de início, que

o fato de a FUNAI não ter acesso aos autos no prazo concedido para

manifestação acerca do pedido liminar, não implicou em violação aos

princípios do contraditório e da ampla defesa. Conforme se infere de

sua manifestação (fls. 154/176), foi possível apresentar a defesa de

seus interesses, cujos argumentos serão analisados e sopesados a

seguir, para formação do convencimento do Ju!zo acerca da concessão,

ou não, da medida liminar pleiteada .Adema is, haverá ainda citação dos

requeridos para apresentação de resposta. Não vislumbro, pois,

qualquer prejuízo ou desrespeito àqueles princípios

constitucionais.Passo, então, à análise do pedido lim inar. Antes, porém,

registro que, ao contrário do sustentado pela Un ião, ela é parte legítima

para figurar no pólo passivo da presente demanda , razão pela qual

mantenho a decisão de fls. 143/144.Nos termos do art. 932 do Código

de Processo Civil , o interdito proibitório é ação de natureza possessória

com a peculiar característica da possibilidade de imposição de preceito

cominatório ao transgressor do comando judicial, desde que

expressamente postulado pela parte possuidora, sob fundamento de

j usto receio de turbação ou esbulho iminentes. Com efeito, tal remédio

é utilizado para corrigir ações que ameacem a posse e, por isso, tem

caráter preventivo e pode ser utilizado quando houver, realmente, justo

receio de turbação ou esbulho.Deflui-se, portanto, da legislação de

regência, que os requisitos para a concessão de mandado proibitório

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IILLtJ. IIV.:) .l-'·Jl-'tJ•JUo..J.u ~t"'"' ut' ' """'-" """" ..... "' ..... -~·· ~· · ·· --· · - - r-·

são : a existência da posse direta ou indireta; e o justo receio de que tal

posse esteja na iminência de ser molestada .No caso, tenho que esses

requisitos estão suficientemente demonstrados. Os requerentes,

através das matrículas juntadas aos autos, comprovaram ser

possuidores dos imóveis rurais denominados Fazenda Santa Terezinha

(nome atual Fazenda Vassoura - matrícula 1509, fls. 28/29), Fazenda

Água Clara (nome atual Fazenda Cambará para as matrículas n° 5648,

3502 e 4367, permanecendo Fazenda Água Clara para a matrícula 4368

- fls. 31/35), Fazenda São José (antiga Fazenda São Luiz, matrículas n°

5176, 5177 e 6411 - fls. 36/41), Fazenda Buriti (matrícula 4482 - fl.

42) e Fazenda São Sebastião da Serra (matrícula 9380 - fls . 43/44 ),

todas registradas no Cartório de Registro de Imóveis da Comarca de

Sidrolândia-MS.E, embora a presente demanda tenha caráter

possessório, é importante frisar que os requerentes obtiveram êxito,

em primeira e segunda instância, na ação declaratória de domínio em

que buscam o reconhecimento de que suas propriedades não são terras

tradicionalmente ocupadas pelos índios (ação n°

0003866-05.2001.403.6000). É certo que, conforme ressaltado pela

FUNAI, ainda não houve trânsito em julgado do decisum proferido

naqueles autos, e, de fato, o entendimento do E. TRF da 3a Região é no

sentido de que é necessário aguardar a estabilização das decisões que

alterarão a atual situação fática; ou seja, tal entendimento diz respeito

aos casos em que a propriedade rural esteja ocupada pelos índios há

anos, mostrando-se prudente aguardar o desfecho das respectivas

ações declaratórias para se evitar conflitos desnecessários. No entanto,

no caso específico dos autos, em que a posse está sendo exercida pelos

ora requerentes, não há que se permitir, em razão da não estabilização

da questão dominial, que os índios invadam as propriedades rurais dos

requerentes. Deve-se manter o status quo, em consonância, inclusive,

com aquele entendimento de manutenção da posse em favor daqueles

que a venham exercendo há anos. A respeito :AGRAVO DE

INSTRUMENTO. AÇÃO POSSESSÓRIA. IMINÊNCIA DE INVASÃO POR

SILVÍCOLAS DE TERRAS QUE SE ENCONTRAM NA POSSE DE

PARTICULAR. AUSÊNCIA DE ESTUDOS E PROVIDÊNCIAS CONCRETAS

PARA CARACTERIZAR A ÁREA COMO "TERRA TRADICIONALMENTE

OCUPADA POR ÍNDIOS". 1. A concessão do mandado proibitório

previsto no art. 932 do CPC pressupõe a comprovação da posse direta

ou indireta do autor e o justo receio de violência iminente à sua posse.

Caso em que tais requisitos se acham demonstrados nos autos. 2.

Incensurável a decisão que defere liminar em ação de interdito

proibitório, resguardando o direito de quem exerce pacificamente a

posse e está na iminência de tê-la turbada ou esbulhada de um

momento para outro. Medida que se impõe, i,nclusive, para garantir a

continuidade das atividades de economia rural exercidas no imóvel,

mantendo-se, assim, o status quo, enqu-anto se define a real situação

jurídica das terras objeto do litígio . 3. Agravo de instrumento da UNIÃO

e FUNAI desprovidos" (TRF da 1a Região- AG 200201000387990 - Rei.

Des. Federal FAGUNDES DE DEUS - e-DJFl DE 11/04/2008).Da mesma

forma, entendo estar demonstrado o justo receio de que a posse dos

imóveis descrito nos autos, exercida pelos requerentes, venha a ser

molestada pelo grupo indígena requerido . É certo que o justo receio de

turbação ou esbulho não deve ser aferido segundo a apreciação

subjetiva da parte autora, mas com base em elementos de fato, aptos

a caracterizar ou não uma agressão iminente à sua posse,

ressaltando-se que estes elementos, para uma conclusão positiva,

devem possuir a concretude necessária à formação de um juízo, no

sentido de que o ato turbativo ou espoliante esteja na iminência de

ocorrer, mostrando-se imprescindível a intervenção judicial para fazer

cessar a ameaça de lesão a direito .Com efeito, no caso em apreço, os

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relatórios apresentados pela própria FUNAI (fls. 177 /200), corroboram

as alegações de que propriedades rurais da mesma região foram

retomadas, recentemente, por indígenas da Aldeia Buriti. No mesmo

sentido, as notícias extraídas da mídia eletrônica (fls.

105/113).Portanto, tenho que, de fato, os requerentes passaram a

experimentar sensação de insegurança, apta a sustentar o manejo

desta ação preventiva .Ante o exposto, defiro o pedido liminar para

determinar que a comunidade indígena requerida se abstenha de

praticar atos tendentes a turbar ou esbulhar a posse dos requerentes

sobre os imóveis rurais tratados nestes autos - Fazenda Santa

Terezinha (nome atual Fazenda Vassoura - matrícula 1509, fls. 28/29),

Fazenda Água Clara (nome atual Fazenda Cambará para as matrículas

n° 5648, 3502 e 4367, permanecendo Fazenda Água Clara para a

matrícula 4368 - fls. 31/35), Fazenda São José (antiga Fazenda São

Luiz, matrículas no 5176, 5177 e 6411 - fls. 36/41), Fazenda Buriti

(matrícula 4482 - fi. 42) e Fazenda São Sebastião da Serra (matrícula

9380 - fls. 43/44) - . Para a hipótese de descumprimento, fixo multa

diária no valor de R$ 500,00 (quinhentos reais) para a Comunidade

Indígena Terena da Aldeia Buriti, e, de R$ 1.000,00 (mil reais) por dia

de descumprimento para a FUNAI.Expeça-se o competente mandado

proibitório.Nos termos da decisão de fls. 143/144, promovam os

requerentes a citação da União.Citem-se. Intimem-se. Ciência ao MPF.

Ato Ordinatório (Registro Terminal) em : 15/05/2013

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Consl!lta Proçesso

PROCESSO

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Consulta da Movimentação Número : 82

0003407-80.2013.4.03.6000

Autos com (Conclusão) ao Juiz em 03/06/2013 p/ Despacho/Decisão

*** Sentença/Despacho/Decisão/ Ato Ordinátorio

Processo apreciado no PLANTÃO :!) Fls . 448/450. Defiro a alteração do valor da causa para R$ 25.000.000,00 (vinte e cinco milhões de reais) .

2) Trata -se de Ação de Interdito Possessório, com pedido de liminar, ajuizada pelo Espólio de Afrânio Pereira Martins e outros cinco autores,

em desfavor da FUNAI e Associação Indígena Terena da Aldeia Buriti.Sustentam os Autores que são proprietários e legítimos

possuidores de diversos imóveis rurais de distintos tamanhos, todos

situados na região do Buriti, nos municípios de Sidrolândia e Dois

Irmãos do Buriti . Relatam que em 1999 a FUNAI editou uma Portaria

criando Grupo de Trabalho para reexaminar os limites da Terra indígena Terena, localizada às margens do Córrego Buriti, na região.Na ocasião,

os proprietários ingressaram na justiça, pleiteando que houvesse pronunciamento judicial sobre a questão. A demanda chegou ao

Tribunal Reg ional Federal da Terceira Região que julgou o caso, em Embargos Infringentes, confirmando o voto vencido favorável aos

Requerentes, com o seguinte teor: "no caso presente, a prova dos

autos revela que, em 5 de outubro de 1988, marco temporal a ser

considerado para o deslinde da causa, já não havia ocupação indígena e

a posse dos não-índios era exercida pacificamente.". Deste julgamento pende Recurso sem efeito suspensivo . Diante da ameaça de esbulho, os

Autores ingressaram com a presente demanda, com pedido limiar de

mandado proibitório para assegurar-lhes a preservação da posse.Após o cumprimento da intimação da FUNAI, da União e da Comunidade

Indígena, o juízo da Primeira Vara Federal da Subseção de Campo

Grande-MS deferiu, em 10 de ma io de 2013, a medida liminar

determinando que a Comunidade Indígena se abstivesse de atos

tendentes ao esbulho e turbação da posse dos Requerentes. Não

obstante, a decisão proferida às fls . 255/259, os Requeridos invadiram as propriedades, cuja posse já havia sido tutelada na presente

demanda.Em decisão proferida às fls.270/271, no dia 15 de maio de

2013, este juízo determinou a expedição e mandado de reintegração de posse e requis itou forças policiais para o cumprimento a ordem.Em 17

de maio de 2013, este juízo designou audiência de conciliação para do dia 29 de ma io de 2013, às 14:00 horas . Realizada a audiência, a

tentativa de conciliação restou infrutífera.Em seguida, foi determinado

o cumprimento do mandado de reintegração de posse da Fazenda Buriti, o que foi feito . Em 31 de maio de 2013, os Requerentes apresentaram petição, informando que os Indígenas haviam retornado

para Fazenda Buriti, descumprindo a ordem judicial de reintegração.A juíza de plantão, Dra. Monique Marchioli Leite, entendendo se tratar de

novo pedido de reintegração, determinou, nos termos do art. 63, da Lei n. 6.001/73 , a intimação da União, FUNAI e MPF, para se manifestarem em 36 horas.Em 02 de junho de 2013, o MPF apresentou petição

pleiteando ao juízo o deslocamento de fo rça policial para o local, a fim de resguardar a integridade dos Indígenas, proprietários e funcionários que estão no local do conflito.Em 01 de junho e 2013, os Requerentes

peticionaram requerendo que este juízo, com base no poder geral de cautela, adotasse as medidas necessárias para resguardar a integridade

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Con~tdta Proçesso

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física dos índios e não índios no locai.É o relatório. D E C I D

O: Preliminarmente, cumpre observar que o retorno dos indígenas à Fazenda Buriti caracteriza mero descumprimento da decisão judicial de

reintegração já proferida nestes autos. Não se trata, portanto, de novo esbulho, que desafie nova ordem de reintegração. Conforme o relatado,

o caso demonstra-se gravíssimos, não só pela vida já perdida no loca l do conflito, mas também, pela aberta DECLARAÇÃO DE RUPTURA COM

ORDENAMENTO JURÍDICO por parte dos Requeridos . Vejamos:O

documento de fls. 412/413 que, consubstancia uma Cara endereçada ao Juiz, revela que os Requeridos resolveram autotutelar os seus

supostos direitos, efetivando, mediante violência, o que chamam de

"autodemarcação" .Alegam que, desde 1993, aguardam a demarcação

de suas terra e que devido ao fato de não ter tido êxito neste intento, resolveram fazer a "autodemarcação" . Ocorre que a demarcação não foi

concluída porque o Poder Judiciário entendeu que as terras em conflito

não eram ocupadas tradicionalmente na data de promulgação da Constituição da República, tendo sido proferida decisão nesse sentido

pelo egrégio Tribunal Regional Federal da 3a. Região, da qual pende recurso recebido apenas no efeito devolutivo. Em que pese o Poder

Judiciário ter proferido decisão sobre o caso, observando todos as regras processuais vigentes no Estado Democrático de Direito, os

Requeridos entenderam por bem romper com a inteireza do ordenamento, para fazer valer o que acreditam ser o justo, segundo

sua ótica .A verdade é que os fatos noticiados nos autos pelos próprios

Requeridos, pelos Requerentes, pelas Autoridades policiais e também

pela imprensa local, demonstram que os Requeridos se insurgiram não só contra o Poder Judiciário, mas também contra o Poder Executivo,

mais precisamente contra o Ministério da Justiça, uma vez que, durante as medidas de reintegração de posse enfrentaram os Agentes da Polícia

Federal, em campo aberto, usando armamento letal, tanto que se tem notícia, na mídia local, de que um policial foi atingido no tórax, tendo

sido salvo pelo colete que usava. Qualquer insurgência ao Estado

Democrático de Direito que não esteja amparada pelo direito de resistência, configura atentado à inteireza do Ordenamento e merece

ser rechaçada com vigor pelo Poder Constituído, sob pena de se

esgarçar o ordenamento jurídico, o que gera o risco de instabilidade

jurídica e caos social. O Direito das Gentes reconhece a legitimidade da

Desobediência Civil em casos excepcionais. Todavia, é característica da

Desobediência Civil a insurgência de um grupo de pessoas frente a uma

lei injusta, ilegítima ou inválida, sendo que essa resistência deve ser NÃO VIOLENTA, sob pena de descaracterizar o conceito de direito de

resistência.Norberto Bobbio em seu clássico Dicionário de Política preleciona sobre a desobediência civil nos seguintes termos: "Para

compreender o que se entende por "Desobediência Civil" é necessário partir da consideração de que o dever fundamental de cada pessoa

obrigada a um ordenamento jurídico é dever de obedecer as leis. Esse

dever é chamado de obrigação política. A observância da obrigação política por parte da grande maioria dos indivíduos, ou seja a

obediência geral e constantes às leis é, ao mesmo tempo, a condição e a prova da legitimidade do ordenamento, se weberianamente

entendermos por "poder legítimo" aquele poder cujas ordens são obedecidas enquanto tais, independentemente de seu conteúdo. Pela

mesma razão que um poder que pretende ser legítimo encoraja a obediência e desencoraja a desobediência, enquanto que a obediência às leis é uma obrigação e a desobediência um coisa ilícita, punida de

várias maneiras, como tal. A desobediência civil é uma forma particular de desobediência, na medida em que é executada com o fim imediato de mostrar publicamente a injustiça da lei e com o fim mediato de induzir o legislador a mudá-la . ( .. . ) Enquanto a desobediência comum é

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Con:;;l,llta Pro~esso

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um ato que desintegra o ordenamento e deve ser impedida ou

eliminada a fim de que o ordenamento seja reintegrado em estado origina l, a Desobediência Civil é um ato que tem em mira, em última

instância, mudar o ordenamento, sendo, no final das contas, mais um

ato inovador que destruidor. ( ... )As circunstâncias defendidas pelos

fautores da Desobediência Civil e que favorecem mais a obrigação da desobediência do que a obediência são substancialmente três: o caso

da lei injusta, o caso da lei ilegítima (isto é, emanada de quem não tem o direito de legislar), o caso da lei inválida (ou inconstitucional).

( ... )Com a finalidade de distinguir a Desobediência Civil de todas as outras situações que entram historicamente na vasta categoria do

direito a resistência, as duas características mais relevantes entre as

que acima foram citadas são ação de grupo e não violência. ( .. . )A não

violência serve para distinguir a Desobediência Civil da maior parte das formas de resistência de grupo, que diferentemente das individuais

(geralmente não violentas) deram lugar a manifestações de violência

onde quer que foram realizadas (desde o motim à rebelião, e desde a

evolução à guerrilha)." (grifas nossos) No caso dos autos, verifica-se que os Requeridos não estão acobertados pelo conceito de

Desobediência Civil: em primeiro lugar, porque não se insurgem contra

uma lei injusta, ilegítima ou inválida. Ao revés, a norma concreta e individual que disciplinou a legitimidade e legalidade da propriedade e

posse dos Requerentes, veiculada na decisão proferida pelo Tribunal Regional Federal da 3a Região, tem seus fundamentos de validade

formal e material na Constituição da República .Por outro lado, como

assevera Norberto Bobbio, a "Desobediência Civil", para caracterizar-se

como tal, deve ocorrer de forma não violenta. No caso dos autos resta

público e notório que a ação praticada pelos Requeridos é eivada de forte violência contra pessoas e contra o patrimônio dos Requerentes,

na medida em que incendiaram benfeitorias .Nessa esteira, os atos

violentos de resistência dos Requeridos ao cumprimento das normas individuais e concretas, veiculadas na decisão proferida no processo n.

2001.60 .003866-3MS (fl.48) pelo TRF3 e também nas decisões

prolatadas pelo Poder Judiciário Federal de Primeira Instância nesta demanda, não encontram amparo no conceito de Desobediência Civil.

Em verdade, trata-se de desobediência comum, de mera ruptura com o

ordenamento Jurídico e, de conseguinte, deve ser desencorajada pelo

Estado Democrático de Direito, sob pena de se comprometer a inteireza

do ordenamento.Não se pode olvidar que o endosso pelo Estado de atitudes desse jaez estará incentivando outros setores da sociedade

civil - até mesmo os proprietários das terras esbulhadas - a

empreender a autotutela de seus supostos direitos, diante da insatisfação com a tutela jurisdicional. Num cenário tal, o conceito de

jurisdição caminhará para a falência, instalando-se a guerra privada de todos contra todos. A interpretação sistemática da Constituição da

República demonstra a relevância que o Estado Brasileiro confere ao

cumprimento das normas emanadas do Poder Judiciário, quando autoriza no art. 34, inciso VI, a intervenção da União nos estados­

membros para garantir o cumprimento de ordem e decisão judiciai.Ora, essa regra diz muito e pede reflexão! Se o pacto federativo é

relatividazado pela regra do art. 34, inciso VI, da CR88, a fim de

assegurar o cumprimento das decisões judiciais pelos entes federados, isso deixa evidente a importância que o Poder Constituinte Originário

deu ao cumprimento das normas emanadas do Poder Judiciário, opção esta que é um mero corolário do art. 2o, da Carta Magna, ou seja, da tripartição dos poderes.Indica também a mencionada regra

constitucional que o Poder Constituinte Originário optou por tratar com rigor os atos de desobediência e ruptura com o ordena menta jurídico, mesmo quando eventualmente praticados por pessoas jurídicas de

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Consl,ll~a Proçesso

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direito publico interno. Nessa ordem de ideias, a República Federativa do Brasil reconhece a força vinculativa das normas jurídicas emanadas do Poder Judiciário, inclusive, sem fazer distinção, se trata de decisão

de primeira instância, segunda instância ou de tribunal superior. Com

efeito, a regra do art. 34, VI, da CR88 fala em ordem e decisão judicial, sem fazer qualquer distinção. Nessa ótica, considerando os reiterados

descumprimentos da decisão proferida neste processo às fls.255/259,

por intermédio de resistência violenta aos agentes policiais, conforme relatórios de fls. 397/400, e notícias veiculadas nas mídias locais, a

conduta dos Requeridos afronta a integridade do ordenamento jurídico,

e, assim, não encontra legitimidade perante o direito das gentes e,

tampouco, respaldo jurídico na Constituição da República de 1988. No que concerne ao aventado risco para integridade dos índios e

não-índios levantado pelo Ministério Público Federal, por óbvio, o risco

existe, e os Requeridos tem culpa concorrente na sua criação. O cidadão - seja índio ou não-índio - não pode ser eximido da

responsabilidade pelo risco que consciente e livremente cria . Considerando todas as notícias veiculadas sobre o confronto entre os

Requeridos e as forças policiais no cumprimento do mandado de

reintegração de posse, resultando na morte de um indígena e no

alvejamento de um policial, considero que o deslocamento de força

policial para a fazenda invadida, resultará em prejuízo ainda maior. Pois bem. Vejamos: Como noticiado na imprensa e nos autos, durante o

cumprimento do mandado houve enfrentamento por parte dos índios aos policiais. Ao que parece os índios estão portando armas letais. Além

disso, o enfrentamento já resultou na morte de um indígena, cuja causa ainda está em apuração. Tal incidente criou, à evidencia, mais

animosidade entre os envolvidos, sendo que depois disso os índios tem incendiado benfeitorias, de modo a expor toda região a perigo. Após a

aparente reintegração, tão logo a polícia deixou o local, os índios retornaram, fato que demonstra a ineficácia concreta da utilização da

força policiai.Por outro lado, considerando a grande quantidade de

índios na região e que as regras de segurança pública para contenção

de distúrbio civil recomenda superioridade numérica de policias, e que a

Polícia Federal no Mato Grosso do Sul não dispõe de efetivo suficiente,

seria demasiadamente arriscado enviar policiais para o local neste momento. Seguramente, a presença de forças policias na região neste

momento de grave tensão ensejará a perda de mais vidas! Há que se

considerar, ainda, que, além da superioridade numérica dos indígenas, estes conhecem muito bem o terreno e se escondem em capões de

mato, o que expõe os policiais a grave risco de morte, até porque os policiais entrarão na fazenda portando armamento não letal, o que os

coloca também em desvantagem.Nesse contexto, tendo em vista que

nos termos do art. 231, caput, da Constituição, incumbe à União a proteção dos interesses dos indígenas, norma regulamentada pelo

Estatuto do Índio e pela Lei n. 5.371/67, entendo que á União, por

intermédio da FUNAI, incumbe a retirada pacífica dos índios da área

invadida, valendo-se do diálogo franco, responsável com o devido esclarecimento dos aspectos jurídicos do caso, mormente sobre o dever de cumprir as leis pelo cidadão, seja índio ou não índio.O modus

operandi de concretização dessa medida deve ser empreendido pela União e FUNAI utilizando-se de seus recursos humanos, pela via do

diálogo, de modo a conscientizar os índios sobre a grave ilicitude de sua atual conduta, e do dever de respeitar o ordenamento jurídico,

principalmente a norma concreta e individual produzida pelo Poder Judiciário no âmbito do julgamento da demarcação pelo egrégio

TRF3.Para a garantia do cumprimento da medida, entendo razoável a fixação de multa coercitiva com base nas seguintes balizas: i) compatível com a gravidade da situação, que transcende o direito de

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Con&tüta Proc esso

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propriedade e posse dos envolvidos, de modo a caracterizar flagrante atentado à inteireza do ordenamento jurídico brasileiro, haja vista a

resistência dos Requeridos em cumprir ordem judicial; ii) levando em

conta ainda o valor do conteúdo econõmico da demanda, avaliado em

R$ 25.000.000,00 (vinte e cinco milhões); iii) a preservação do caráter coercitivo da multa em face da capacidade econômica da pessoa jurídica obrigada ao cumprimento da medida . Nessa linha, tendo em

vista, a gravidade da situação, a afronta à integridade do ordenamento jurídico, o risco à integridade física dos índios e não índios, determino à União e a FUNAI que no prazo de 48 (quarenta e oito) horas promovam

a retirada pacífica dos índios da propriedade denominada Fazenda

Buriti, para assegurar o cumprimento da medida, fixo com base no art .

461, 4o e So, do CPC, multa diária no valor de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais) por dia de descumprimento, a ser suportada pela

União.Sem prejuízo, fixo a multa prevista no art. 14, parágrafo único

do CPC, no patamar de 1% (um por cento) sobre o valor da causa a ser suportada pelo patrimônio pessoal das autoridades e pessoas

responsáveis pelo cumprimento desta decisão, isto é, líder da

Comunidade Indígena Terena da Terra indígena Buriti e o Coordenador

Local da FUNAI.Na hipótese de incidência da multa a ser suportada pela União, desde já, determino seja oficiado ao Tribunal de Contas da

União, dando ciência do prejuízo causado ao erário. Intimem-se, com URGÊNCIA, para cumprimento em 48 horas . Esteja ciente o senhor

Oficial de Justiça que as intimações deverão ser ultimadas hoje,

02/06/2013, e que a intimação da Comunidade indígena deve ser feita

na pessoa do Procurador Federal que a representa. P. R.ICampo Grande-MS, 02 de junho e 2013.Raquel Domingues do AmaraiJuíza

Federal Substituta- EM PLANTÃO

Disponibilização D.Eietrônico de despacho em 05/06/2013 ,pag

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