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Construção de Taxonomia SIPAER
de Fatores Humanos
Rodolfo dos Santos Sampaio – MsC1
Instituto de Pesquisas e Ensaios em Voo
Palavras Chave: Fatores Humanos. Investigação Aeronáutica. Taxonomia. Teoria da Classificação Facetada.
BIOGRAFIA
1 - Capitão Aviador da Força Aérea Brasileira, piloto de
prova, piloto de asas rotativas. Mestre em Segurança de
Aviação e Aeronavegabilidade Continuada, pelo ITA.
Especialista em investigação e prevenção de acidentes
aeronáuticos. Atualmente, é chefe da seção de coordenação
de operações aéreas e da seção de investigação e prevenção
de acidentes aeronáuticos do IPEV.
RESUMO
O presente estudo tem o objetivo de analisar o impacto do
emprego do conhecimento científico direcionado à
elaboração de taxonomias de fatores humanos no âmbito do
Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes
Aeronáuticos (SIPAER), com fins à construção de
Recomendações de Segurança Operacional (RSO). A
pesquisa exploratória adota procedimentos metodológicos
estruturados por meio da dialética, com base nos princípios
normativos da Teoria da Classificação Facetada (TCF), do
autor Ranganathan. A interpretação analítica de conteúdo
da taxonomia SIPAER, atualmente em uso, indica os
seguintes resultados: construção de classes com pouca
presença de subcategorias e poucos níveis hierárquicos;
presença de fatores com significado semelhante; termos
com possibilidade de classificação em diferentes aspectos;
fatores contribuintes com foco na função e não no fato/erro;
naturezas distintas sob a mesma característica de divisão; e
fatores mal dispostos nas categorias. Adicionalmente, é
sugerida a inclusão de dezoito subcategorias intermediando
as nomenclaturas mais gerais e as mais particulares. A
conclusão indica um impacto positivo da aplicação da TCF
na elaboração de taxonomias no âmbito do SIPAER, por
evidenciar a possibilidade de aperfeiçoar esta classificação.
Por fim, é verificado que a introdução de diferentes
camadas da hierarquia tem o valor de prover um meio de
rastrear não apenas quais erros ocorrem, mas também qual
o contexto em que se inserem, propiciando condições de
elaborar RSO mais específicas, claras e objetivas.
INTRODUÇÃO
As investigações de acidentes aeronáuticos têm como
“única finalidade a prevenção de acidentes aeronáuticos”
(BRASIL, 2008a, p. 8). Essa meta, em conformidade com
regulamentos internacionais, é cumprida por meio do
levantamento dos fatores contribuintes presentes nos
acidentes.
Somente após essa etapa do processo sistêmico da
investigação, são emitidas medidas preventivas, chamadas de
Recomendações de Segurança Operacional (RSO). Com a
intenção de evitar a recorrência de acidentes, estas
Recomendações fornecem informações claras para tomada de
decisão, visando à eliminação e ao controle de uma condição
de risco.
Os ensinamentos do acidente, para cumprir sua finalidade de
prevenção, devem ser transformados em linguagem apropriada.
Nesse sentido, os especialistas de segurança de aviação fazem
uso da taxonomia de fatores contribuintes de acidentes para
auxiliar a organização e o compartilhamento da informação
com uma linguagem comum.
A taxonomia, acompanhada de um glossário padrão, torna-se
uma significativa representação do conhecimento. Ainda que
ela não explique o erro humano presente no acidente, essa
classificação provê um meio de rastrear os erros e o contexto
em que se inserem.
Além de classificar, uma taxonomia facilita o acesso à
informação, já que possui o intuito de representar conceitos
através de termos, agilizar a comunicação entre especialistas e
outros públicos, encontrar o consenso, propor formas de
controle da diversidade de significação e oferecer um mapa de
área que servirá como guia em processo de conhecimento
(Terra et al., 2005).
Sob esta ótica, surgiu a inquietação quanto à estrutura da
taxonomia de fatores contribuintes em acidentes aeronáuticos,
sendo, portanto, abordado um assunto relacionado à Gestão do
Conhecimento e aplicado à Segurança de Voo.
A delimitação conceitual do tema foi realizada com base nos
fatores contribuintes ligados ao erro humano, também
chamados de fatores humanos. Os fatores materiais foram
suprimidos em razão da grande disparidade de métodos para
investigação (raízes causais significativamente distintas) e da
pequena representatividade em relação à totalidade dos fatores
contribuintes de acidentes aeronáuticos.
Logo, diante da inquietação mencionada, a presente pesquisa
tem o propósito de investigar o seguinte problema:
a taxonomia de fatores humanos relacionados às ocorrências
aeronáuticas contempla orientações científicas para a
construção de um modelo de representação do conhecimento
apto à construção de medidas preventivas?
- - - - - - - - - - Anais do 5º Simpósio de Segurança de Voo (SSV 2012) – Direitos Reservados - Página 1042 de 1112 - - - - - - - - - -
Diante do exposto, define-se como oportuno obter respostas
que atendam, com critérios científicos, o problema
apresentado. Para tanto, são consideradas as seguintes
questões norteadoras (QN):
QN1) Como são caracterizados os princípios teóricos para
construção de taxonomias aplicadas à gestão do
conhecimento?
QN2) Como é definida a taxonomia de fatores humanos
aplicada à investigação de acidentes aeronáuticos?
QN3) Que aspectos indicam a aplicabilidade da taxonomia
de fatores humanos em acidentes aeronáuticos para a
emissão de medidas mitigadoras?
Este estudo tem o objetivo geral de analisar o impacto do
emprego de conhecimento científico direcionado à
elaboração de taxonomias para a classificação de acidentes
no âmbito do Sistema de Investigação e Prevenção de
Acidentes Aeronáuticos (SIPAER), com fins à construção
de estratégias mitigadoras.
A pesquisa é pretende visualizar cientificamente um
elemento básico para a atividade aérea e, por conseguinte,
para a Força Aérea Brasileira: o tratamento da informação
aplicada à investigação de acidentes aeronáuticos. No
aprimoramento dos níveis de segurança operacional, os
ensinamentos colhidos nas investigações são aplicados no
modo de operação das aeronaves. Os relatórios finais,
frutos de investigações dessa natureza, corroboram essa
relevância, já que assumem papel destacado no
direcionamento do comportamento humano da atividade
aérea, em vista de evitar a ocorrência de novos acidentes.
Ao abordar a análise técnico-científica de um acidente,
inserida no processo de investigação, a presente pesquisa
busca examinar como a presente taxonomia de fatores
contribuintes de acidentes aeronáuticos pode afetar a
construção das RSO, em função da literatura científica
selecionada.
Nesse contexto, essa classificação torna-se uma ferramenta
de representação voltada à codificação, à coordenação e à
transferência do conhecimento aeronáutico. No entanto, em
termos práticos, a taxonomia transcende esse conceito. Não
é apenas um vocabulário controlado de termos, mas uma
classificação sistemática, a qual segue “certos princípios
estruturais que ultrapassam em complexidade as normas de
um sistema de classificação” (BLOOM, 1972 apud
AGANETTE, 2010, p. 52).
O embasamento teórico utilizado como referencial para a
adoção de critérios de análise é fruto do estudo do autor
Ranganathan, chamado Teoria da Classificação Facetada
(TCF), a qual é abordada em seção específica do artigo. Na
sequência, são estabelecidos os procedimentos
metodológicos e a classificação da pesquisa,
proporcionando meios de discutir o assunto proposto. Por
fim, após a análise, são observadas conclusões acerca da
influência das teorias científicas na elaboração de
taxonomias voltadas à classificação de acidentes no âmbito
do SIPAER.
REFERENCIAL TEÓRICO: TEORIA DA
CLASSIFICAÇÃO FACETADA
Dado que o ato de classificar é intrínseco aos processos
intelectuais humanos, torna-se natural a criação e o
aperfeiçoamento de ferramentas de organização do
conhecimento. Pela ordenação de ideias afins, emerge o
conceito de taxonomia como resultado de um longo processo
histórico, por meio de estudos e investigações, que culminaram
em uma construção teórica (AGANETTE et al., 2010).
No papel de marco teórico do artigo, a TCF tem sua origem
nos métodos científicos de classificação do matemático indiano
Shialy Ranganathan. A TCF baseia-se na idéia de dividir os
assuntos em categorias ou facetas, isto é, em grupos de classes
reunidos por um mesmo princípio de divisão (SALES;
MOTTA, 2010).
As facetas podem ser vistas como “a totalidade das subdivisões
resultantes da aplicação de uma única característica”
(PIEDADE, 1977, p. 22). Para se representar uma taxonomia
de fato, é preciso que cada termo dentro da hierarquia seja algo
da relação gênero/espécie (VOGEL, 2012).
Com o desenvolvimento deste novo sistema de classificação,
Ranganathan buscava maior flexibilidade que “permitisse a
síntese, o agrupamento de vários componentes para a
especificação do assunto” (ARAÚJO, 2006, p. 126).
A perspectiva da teoria de Ranganathan permite classificar o
domínio por meio de várias categorias, possibilitando a
organização dos conceitos (NOVO, 2010). Para o autor da
Teoria, a taxonomia é um sistema de conceitos relacionados
que necessita de princípios classificatórios para ser organizado
(SALES; MOTTA, 2010). A TCF pressupõe a organização das
facetas, ordem fundamental para a apresentação de taxonomias
e da formulação de relações.
Da TCF, têm-se usado, como orientação metodológica para
construção de taxonomias, três princípios de Ranganathan:
categorização; cânones para a construção das classes; e
princípios para ordenação de classes e seus elementos.
Categorização
Consiste na escolha de categorias para a posterior
sistematização dos conceitos de uma área. Segundo Campos e
Gomes (2008 apud SALES; MOTTA, 2010), categorização é
um processo que visa determinar as classes de maior
abrangência dentro da temática escolhida.
Cânones para Construção das Classes
A taxonomia é formada por grupos de facetas reunidos por um
mesmo princípio de divisão. Cada categoria se subdivide em
classes e esta divisão deve estar apoiada em princípios
normativos (cânones), os quais minimizam a subjetividade
inerente a qualquer processo classificatório e permitem o
estabelecimento de uma conduta uniforme na formação dos
renques e cadeias.
O Quadro 01 apresenta a descrição dos cânones, em função das
classes de conceitos descritas por Gomes et al. (2006).
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Quadro 01 – Tipos de Cânones por Classe de Conceito.
Classe de Conceito Tipo de Cânone Descrição
Cadeia
Extensão decrescente Maior número de características específicas.
Modulação
Ordem de uma classe de conceitos deve ter uma sequência
explícita que respeite cada elo da cadeia por meio de um
conceito único.
Renques
Exaustividade As classes devem esgotar todos os conceitos daquela classe.
Exclusividade Os elementos de uma classe não devem constituir outra classe.
Sequência útil
A sequência dos elementos em uma classe deve ser útil ao
propósito daqueles a quem ela se destina, antes mesmo de ser
lógica.
Sequência consistente Sempre que existirem classes semelhantes, a sequência de seus
elementos deve ser paralela em todas aquelas classes.
Característica de
divisão
Diferenciação Uma característica deve dar origem a pelo menos duas classes.
Relevância A característica deve ser relevante para o propósito da
classificação.
Verificabilidade Determina que a característica deve ser definitiva e verificável.
Permanência A característica deve ser mantida enquanto não houver mudança
no propósito da classificação.
Sucessão das
características de
divisão
Concomitância Duas características não devem dar origem ao mesmo renque de
conceitos.
Sucessão Relevante A sucessão de características deve ser relevante para o propósito
da classificação.
Sucessão Consistente A sucessão de características deve ser seguida de forma
consistente, enquanto não mudar o propósito da classificação.
Fonte: Gomes et al., 2006.
Neste item, estão evidenciadas as relações hierárquicas e
partitivas dos fatores humanos constituintes da taxonomia
SIPAER. A conceituação das classes compreende as
seguintes definições:
a) cadeias - são séries verticais de conceitos, em que
cada conceito tem uma característica a mais ou a
menos;
b) renques - são séries horizontais de conceito, com
classes formadas a partir de uma única
característica de divisão; e
c) características de divisão – atributos que têm a
função de agrupar os conceitos existentes na
natureza, de acordo com a semelhança de
determinadas características.
Princípios para Ordenação de Classes e seus Elementos
Formada por princípios de divisão, ou seja, normas que
orientam a divisão dos conceitos em uma mesma faceta,
segundo determinadas características.
Estes princípios se referem à ordenação dos vários
elementos nas classes e subclasses. A sequência em que os
elementos de um assunto são citados é comumente
chamada de ordem de citação das características de divisão.
Embora estas sequências sejam estabelecidas, não existe
uma ordem padrão estabelecida ou um princípio primário.
Entretanto, a TCF indica ser importante manter a coerência
na aplicação das ordens eleitas para cada caso.
Os oito princípios listados por Ranganathan para ordenação
são:
a) ordem crescente ou da medida quantitativa;
b) ordem cronológica ou posterior no tempo;
c) ordem evolucionária ou posterior na evolução;
d) proximidade de espaço ou contiguidade espacial;
e) ordem de complexidade crescente;
f) ordem convencional ou da sequência canônica;
g) ordem da categoria favorecida ou da garantia literária;
h) ordem alfabética.
A Teoria apresentada, além de responder à QN1, torna-se
aplicável ao contexto da presente pesquisa por permitir uma
análise ampla do problema, tornando possível a
“simultaneidade dos critérios classificatórios” (ARAÚJO,
2006, p. 127), o que representa uma característica própria da
taxonomia estudada.
Ranganathan, cujo papel na evolução das classificações do
conhecimento tornou-se evidente (GOMES et al., 2006),
possibilita analisar a taxonomia SIPAER ao propor bases
teóricas que estabelecem conceitos construídos com critérios
firmemente estabelecidos e princípios científicos de
classificação reconhecidos.
METODOLOGIA
São apresentados a seguir a classificação da pesquisa e os
procedimentos metodológicos utilizados, em vista à validação
científica deste trabalho.
Classificação
Para atingir os objetivos propostos, foi realizada pesquisa
exploratória, no intuito de ampliar o conhecimento sobre a
estrutura, as definições e as orientações científicas de
construção de taxonomias para análise deste item no contexto
da Força Aérea Brasileira. Como tal, proporciona “maior
familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais
explícito” (GIL, 2007, p. 41).
A metodologia é classificada ainda, quanto aos procedimentos
técnicos, como pesquisa bibliográfica, com fontes do estudo
desenvolvidas a partir de material já elaborado, principalmente
aquelas publicadas em livros, teses, revistas, relatórios e
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artigos científicos. A pesquisa se dedica à compreensão dos
significados e conceitos existentes na literatura acerca da
construção de taxonomia aplicada à investigação de
acidentes, com o objetivo de realizar inferências e sem a
necessidade de apoiar-se em informações estatísticas. Tais
características revelam o cunho qualitativo do estudo.
Procedimentos Metodológicos
As bases metodológicas do estudo estão estruturadas por
meio da dialética, a qual se caracteriza como método de
interpretação dinâmica e totalizante da realidade,
considerando os fatos dentro de um contexto determinado
(LAKATOS; MARCONI, 1993).
O método permite compreender a realidade como processo
racional, desenvolvido com base na contradição. Da união
incessante de contrários (tese e antítese), surge uma
categoria superior: a síntese. Logo, o processo dialético
consta desses três momentos: tese, antítese e síntese. Uma
antítese opõe-se a uma tese e o conflito destas vai organizar
uma síntese.
A tese é representada pelas definições da taxonomia
SIPAER atualmente em uso. A antítese é formulada a partir
da interpretação analítica dos pontos negativos da tese,
evidenciando sua contradição: princípios da construção de
taxonomias não aplicados ou fracamente aplicados, de
acordo com os critérios observados no referencial teórico.
A síntese é uma proposição superior que, em princípio,
consiste na fusão dos pontos positivos da tese e das
propostas de melhoria dos pontos negativos apontados na
antítese. Nesse sentido, é elaborada uma nova taxonomia,
utilizando etapas definidas e preestabelecidas para
construção de taxonomia em consonância com os princípios
da TCF.
A síntese, portando, atende ao objetivo da pesquisa,
definido como a análise da influência da variável A em B,
onde A é caracterizado pelo conhecimento científico
baseado na Teoria da Classificação Facetada e B é
identificado como a taxonomia SIPAER de fatores
humanos contribuintes para ocorrência de acidentes.
Para o alcance dessa proposta, é empregada uma sequência de
análises qualitativas de conteúdo. Esse tipo de exame consiste
na verificação do material com controle metodológico, na
divisão do contexto em unidades e no desenvolvimento em
sistema de categorias guiadas por teoria. Essa categorização
determina os aspectos que devem ser filtrados do material. A
análise qualitativa de conteúdo é apropriada ainda para
tratamento de texto de maneira sistemática, mesmo lidando
com grande quantidade de texto.
Seguindo as definições de Mayring (2000), são utilizadas duas
formas básicas de análise qualitativa de conteúdo, explicativa e
estruturativa, as quais estão especificadas no Quadro 02,
juntamente com os tópicos relevantes da pesquisa que serão
objeto dessas análises.
Dentro da lógica da análise de conteúdo, define-se, de
antemão, as dimensões de categorização. São, portanto, fixados
critérios de seleção para a criação de categorias, em função do
objeto da análise e da literatura especializada.
Inicialmente, é analisada a taxonomia de fatores contribuintes
ligados aos fatores humanos em uso no SIPAER. Visando à
compreensão do assunto, a base da literatura é formada pelo
Manual de Comando da Aeronáutica (MCA 3-6) e pela Norma
de Sistema do Comando da Aeronáutica (NSCA 3-6) que
tratam da investigação de acidentes aeronáuticos.
A seguir, são apontados os critérios para discussão da
construção de taxonomias, com fins à indicação dos princípios
não observados na atual taxonomia SIPAER à luz da Teoria da
Classificação Facetada (TCF).
Por fim, para fornecer consistência à análise, empregam-se os
critérios estabelecidos na construção de uma nova taxonomia
de fatores humanos, resultando em uma estrutura classificatória
hierárquica por facetas, em conformidade com o referencial
teórico. Nesse intuito, são utilizadas as cinco etapas para
construção de modelos de representação do conhecimento
indicadas no estudo de Vital e Café (2007), respeitando os
critérios anteriormente estabelecidos.
A literatura base das análises e a descrição dos critérios para
seleção e criação de categorias estão indicadas no Quadro 03.
Quadro 02 - Tipos de Análise.
Tipo de Análise Descrição da Análise Dialética
analisada Objeto de análise
Explicativa
Objetiva acrescentar material a
determinados segmentos do texto,
para aumentar a compreensão, para
esclarecer, explicar e interpretar um
determinado segmento.
Tese
Aspectos ligados à atual
taxonomia SIPAER de fatores
humanos.
Antítese
Princípios da construção de
taxonomias não observados ou
fracamente aplicados pelo objeto
da Tese.
Estruturativa
Objetiva filtrar determinados
aspectos do material; estabelecer
um recorte do material na base de
critérios preestabelecidos; ou de
avaliar o material na base de
determinados critérios.
Síntese
Construção de taxonomia de
fatores humanos seguindo
modelos de representação do
conhecimento, combinando
aspectos analisados pelos objetos
da tese e antítese.
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Quadro 03 – Literatura Base e Descrição dos Critérios.
Objeto de análise Literatura Base Critérios/ Descrição
Taxonomia SIPAER de
fatores humanos
MCA 3-6 (BRASIL,
2011) e NSCA 3-6
(BRASIL, 2008a).
Taxonomia de fatores contribuintes ligados aos fatores
humanos.
Princípios da
construção de
taxonomias
Teoria da Classificação
Facetada – TCF
(RANGANATHAN,
1967)
1. Categorização;
2. Cânones para a construção das classes:
cadeia e renque;
característica de divisão;
sucessão das características de divisão;
3. Princípios para ordenação de classes e seus elementos.
Construção de
taxonomia de fatores
humanos
Práticas de elaboração de
taxonomia
(VITAL; CAFÉ, 2007).
1. Estabelecimento das categorias gerais;
2. Coleta dos termos;
3. Análise dos termos selecionados;
4. Controle da diversidade de significação; e
5. Construção dos relacionamentos semânticos.
DISCUSSÕES E ANÁLISES
Em seguida à apresentação das metodologias e critérios da
pesquisa, são realizadas discussões e análises, organizadas
nas fases da dialética.
Tese - Taxonomia SIPAER de Fatores Humanos
Poderia ser questionado: se o acidente já ocorreu, por que
classificar os erros? Segundo Dekker (2001), a classificação
dos fenômenos observados é fundamental para a ciência.
Ela serve para ordenar a realidade empírica e cria uma
estrutura causal que apoia a compreensão. Assim também
ocorre com a dinâmica de um acidente aeronáutico, cujo
entendimento é realizado pelo levantamento dos fatores
contribuintes para o evento e determinado por meio de um
processo investigativo.
Para responder à QN2, essa parte do trabalho aborda a
taxonomia aplicada à investigação aeronáutica. Esta é uma
atividade, no Brasil, de responsabilidade do Estado e
delegada ao Comando da Aeronáutica, conforme
preceituam os artigos 12, 25 e 86 do Código Brasileiro de
Aeronáutica e o Anexo 13 à Convenção de Chicago, este
último intitulado Investigação de Acidentes e Incidentes
Aeronáuticos (SOUZA, 2009).
O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes
Aeronáuticos (CENIPA) é órgão central do SIPAER, o qual
representa um modelo sistêmico único no mundo, por
abranger a investigação de acidentes, tanto no âmbito da
aviação civil como da aviação militar.
O aprendizado da análise de um acidente é traduzido em
ações de segurança específicas e objetivas, por meio da
emissão das RSO. Estas são redigidas após o
estabelecimento dos fatores presentes no acidente, ou seja,
da correlação dos acontecimentos do evento catastrófico
com a taxonomia de fatores contribuintes, contida no
Manual de Investigação do SIPAER (MCA 3-6) e descrita
em Anexo nesse artigo.
De acordo com a área de abordagem, os fatores são divididos
em materiais e humanos. Os últimos constituem o erro mais
comum na aviação. Segundo o National Transportation Safety
Board (2010), a falha humana foi citada como fator
contribuinte em 70 a 80% das ocorrências pesquisadas. Outra
pesquisa, da Federal Aviation Administration, indica que três
em cada quatro acidentes resultam do erro humano (ESTADOS
UNIDOS, 2009).
Os fatores humanos da taxonomia SIPAER estão divididos em
Aspecto Médico, Psicológico e Operacional (BRASIL, 2011).
Desses, apenas o Aspecto Psicológico tem subdivisões
intermediárias (variáveis individuais, psicossociais e
organizacionais) em relação às categorias mais específicas. No
caso do Aspecto Operacional, há um agrupamento segundo
uma condição: estar ou não relacionado ao Sistema de Tráfego
Aéreo (ATS). Na MCA 3-6, um glossário padrão acompanha a
taxonomia SIPAER para a codificação textual dos dados,
incluindo setenta e sete fatores que formam as classes mais
específicas.
Em seguida à apresentação do escopo da Tese e, por
conseguinte, da resposta à QN2, delimitada pela taxonomia
SIPAER de fatores humanos, é realizada a análise explicativa
da Antítese.
Antítese – Crítica à Taxonomia SIPAER de Fatores
Humanos
O exame da taxonomia SIPAER, por meio dos critérios
estabelecidos na TCF, requer que sejam especificados os
aspectos que indicam a aplicabilidade da taxonomia de fatores
humanos para a emissão de medidas mitigadoras. Esse tópico é
o teor da QN3, a qual é atendida pelas informações contidas na
NSCA 3-9.
Segundo essa Norma (BRASIL, 2008b), são emitidas RSO no
intuito de possibilitar a ação direta ou a tomada de decisões
para eliminar os fatores contribuintes ou a minimizar as suas
consequências. Para a elaboração dessas recomendações, as
taxonomias devem observar alguns aspectos (BRASIL, 2008b),
tais como:
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a) texto claro e objetivo na forma e no conteúdo, de
modo que a interpretação conduza ao seu
cumprimento eficaz;
b) direcionamento a um perigo específico;
c) possibilidade de indicar uma ação que aponte
mecanismos capazes de eliminar ou diminuir a
potencialidade do desvio identificado;
d) emissão de uma recomendação para cada fator
contribuinte indicado;
e) indicação dos fatores sem quantificação do grau de
contribuição.
Depois de evidenciadas quais características são relevantes
à emissão de RSO, inicia-se a apresentação da Antítese.
Nessa fase do método dialético, são expostas as críticas à
classificação sistemática de fatores humanos, com foco nos
princípios da construção de taxonomias não observados ou
fracamente aplicados.
A apresentação dos dados está disposta em Quadros, sendo
mencionados no texto à medida que são analisados.
Categorização
Aplicar a categorização é analisar o domínio por meio das
categorias de maior abrangência (CAMPOS; GOMES,
2008), indicados dentro da temática escolhida, observa-se
que os Aspectos Médico e Operacional compreendem uma
estrutura de suporte com apenas uma subdivisão. A pouca
presença de subcategorias restringe a rastreabilidade dos
erros por não evidenciar o contexto em que se inserem.
Logo, a emissão de RSO torna-se muito pouco indutiva,
dado que fatores com poucas semelhanças compartilham
mesma categoria.
Cânones para a Construção das Classes - Cadeia e Renque
Entre os princípios para a construção de classes relacionados
ao conceito de cadeia e renque, indicados no Quadro 04, é
verificado que o cânone da Modulação é fracamente
observado. Esse princípio prescreve que as seguidas divisões
devem ficar explícitas por meio de um conceito único
(GOMES et al., 2006). Constata-se que a cadeia de classes da
taxonomia SIPAER, por vezes, não compreende uma classe em
cada etapa de subdivisão. Nesse caso, o estabelecimento da
cadeia é realizado por subdivisão tácita.
Os fatores não ligados aos órgãos ATS, relacionados ao
Aspecto Operacional, por exemplo, estabelecem conceitos com
poucos níveis hierárquicos e com categorias moderadamente
afins. Indicar com clareza as relações hierárquicas é de suma
importância, pois a base da taxonomia é a ordenação de
conceitos interligados em uma sucessão lógica (NOVO, 2010).
Estes devem, no entanto, apresentar texto claro e objetivo
(BRASIL, 2008b), em contrapartida às divisões implícitas
verificadas.
Cânones para a construção das classes - característica de
divisão
Entre os cânones para a construção de classes relacionados ao
conceito de característica de divisão, apresentados nos
Quadros 05 a 08, verifica-se que os preceitos de Relevância,
Verificabilidade e Permanência não são atendidos.
Para exercer o cânone da Relevância, a taxonomia deve ser
relevante e servir ao propósito da classificação (GOMES et al.,
2006) e direcionar a um perigo específico (BRASIL, 2008b),
para possibilitar a classificação do erro e permitir a emissão de
RSO. Todavia, há fatores com significado semelhante, cuja
classificação poderia gerar recomendações iguais, tal como
“Ressaca” e “Álcool”.
Quadro 04 – Análise dos Cânones Ligados às Cadeias e aos Renques.
Tipo de Cânone
Cumprimento da
Taxonomia
SIPAER
Observação/ Justificativa
Extensão
decrescente Cumpre
As categorias mais gerais (denominados aspectos) são compostas por
poucas características, sendo assim bastante abrangente. À medida
que as características aumentam, o conceito se torna mais específico.
Modulação Cumpre em Parte
A sequência de cadeia de classes da taxonomia SIPAER, por vezes,
não compreende uma classe em cada passo da subdivisão.
Estabelecimento da cadeia de classes é realizado por subdivisão
tácita. Exemplo: o Aspecto Operacional, nos fatores não ligados aos
órgãos ATS compreende apenas dois níveis, ou seja, os conceitos são
pouco hierarquizados e as categorias são moderadamente afins.
Exaustividade Não aplicável
A taxonomia SIPAER mapeia o universo de fatores mais recorrentes
na base de dados de acidentes aeronáuticos. O número de fatores
ligados ao Aspecto Médico, por exemplo, é demasiadamente grande,
por isso, somente os mais significativos são listados e não todos.
Exclusividade Cumpre
As classes dos renques são mutuamente exclusivas, ou seja, nenhuma
entidade pertence a mais de uma classe. Não há repetição de termos,
por isso o cânone é cumprido.
Sequência útil Cumpre
A sequência das classes nos renques pode ser considerada útil aos
propósitos da classificação, dado que a ordenação dos elementos não
implica em sequência horizontal compatível.
Sequência
consistente Não aplicável
Não é aplicável por não haver classes semelhantes em diferentes
renques, o que justificaria a existência de sequências paralelas.
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Quadro 05 – Análise dos Cânones Ligados à Característica de Divisão.
Tipo de Cânone
Cumprimento da
Taxonomia
SIPAER
Observação/ Justificativa
Diferenciação Cumpre
Como a característica usada como base para classificação da
taxonomia SIPAER diferencia suas entidades, isto é, dá origem a
mais de uma classe, este cânone é cumprido.
Relevância Não Cumpre
Torna-se irrelevante informar, no estabelecimento da taxonomia,
que a contribuição de um fator está ligada à função do agente da
ação, sob pena de condicionar aquele fator a apenas uma
atividade. Os fatores contribuintes devem ter foco no fato (erro) e
não na pessoa que concorreu para a ação. Ver Quadro 06.
Verificabilidade Não Cumpre
A análise das definições indica fatores genéricos, os quais
poderiam ser classificados em diferentes aspectos ou variáveis.
Além disso, um fator indica causa imediata e aparente do erro.
Nestes casos, é dificultada a emissão de ação corretiva. Ver
Quadro 07.
Permanência Não Cumpre
As classes derivadas de seu universo imediato possuem bases
com características distintas, sendo indicadas diferentes
recomendações para cada caso. Ver Quadro 08.
Torna-se também irrelevante informar, no estabelecimento
da taxonomia, que a contribuição de um fator é específica
de uma função, pois o agente de uma falha pode ser o
piloto, o mecânico, o despachante, o controlador de voo ou
inúmeros outros contribuintes da aviação. A etapa de
indicar a função do atuante de determinado fator humano é
posterior à elaboração da taxonomia. Caso contrário, o
número de fatores contribuintes seria muito extenso.
Condicionar um fato à função do agente pode gerar ainda
uma limitação de classificar aquele fator em apenas uma
atividade. Os fatores contribuintes, portanto, devem ter foco
no fato (erro) e não na pessoa que concorreu para a ação. O
fator “Manutenção da Aeronave”, por exemplo, informa o
local de trabalho ou a atividade (manutenção), mas não o
tipo de erro, como supervisão, falha cognitiva, erros de
execução, erros de julgamento ou tomada de decisão
equivocada.
Atender ao cânone da Verificabilidade consiste em
observar se a taxonomia é definitiva (GOMES et al., 2006),
ainda que não possa ser verificada. Para tanto, a
nomenclatura da taxonomia deve se referir a um perigo
específico e possibilitar uma proposta de ação (BRASIL,
2008b).
Logo, o fator deve ser passível de definições precisas. Ou
seja, a seleção de características deve ser útil à construção
de RSO, cujo texto “deve ser claro e objetivo, de modo que
a interpretação conduza ao seu cumprimento eficaz”
(BRASIL, 2008b, p. 11). A análise das definições, no entanto,
indica três fatores genéricos. Os itens “Atitude” e
“Característica da Tarefa” poderiam ser classificados em
diferentes aspectos ou variáveis. Já o fator “Substituição na
Posição” refere-se a um local ou uma oportunidade, mas não
indica causa imediata e aparente do erro. Em todos estes casos,
a emissão de ação corretiva é dificultada pelos argumentos
apontados.
Para cumprir o princípio da Permanência, uma característica
deve permanecer imutável enquanto não houver mudança na
finalidade da classificação (CAMPOS; GOMES, 2008). É
ainda necessário que as classes devam ser derivadas de "seu
universo imediato, com base em uma e única característica"
(GOMES et al., 2006, p. 3). O termo “Sobrecarga de Tarefas”,
no entanto, pode se referir à saturação física de atividades
(Aspecto Médico) ou ainda à elevada carga cognitiva imposta a
um indivíduo (Aspecto Psicológico). Nesses casos, diferentes
recomendações acerca do acúmulo de tarefas seriam indicadas.
Alguns termos são derivados de bases únicas, porém são tão
abrangentes que poderiam gerar outros, como é o caso de
“Indisciplina de Voo” e “Julgamento de Pilotagem”. Com
efeito, este último foi indicado como o fator contribuinte mais
presente nos acidentes da aviação civil no período de 2000 a
2009, com taxa de incidência de 64,9% das ocorrências
(BRASIL, 2010). A presença recorrente deste fator poderia
corroborar a necessidade de detalhar o fator em outros termos
relacionados, facilitando o direcionamento e a personalização
da redação das RSO.
Quadro 06 – Análise quanto ao Cânone da Relevância.
Fator Contribuinte Motivo da Irrelevância Sugestão
- Ressaca Repetido: mesmo emprego do fator
contribuinte Álcool.
Suprimir
- Fraseologia da Tripulação e
Fraseologia do Órgão ATS
Repetido: muda-se apenas a função, é
desnecessário informar a função.
Criar apenas um fator
contribuinte sem função
- Carga de trabalho (ATS) Já existe “Sobrecarga de Tarefas”, é
desnecessário informar a função.
Suprimir
- Esquecimento do Piloto É desnecessário informar a função. Mudar a nomenclatura
- Manutenção da aeronave É desnecessário informar a função. Suprimir
- - - - - - - - - - Anais do 5º Simpósio de Segurança de Voo (SSV 2012) – Direitos Reservados - Página 1048 de 1112 - - - - - - - - - -
Quadro 07 – Análise quanto ao Cânone da Verificabilidade.
Fator Contribuinte Motivo da Não Verificabilidade Sugestão
- Atitude Fator Genérico: pode se referir a cognições ou
psicocomportamentos. Dificulta a emissão de
ação corretiva.
Suprimir
- Característica da Tarefa Fator Genérico: pode se referir a desempenho,
carga de trabalho, fatores ambientais, etc.
Dificulta a emissão de ação corretiva, pois
toda tarefa tem uma característica.
Suprimir
- Substituição na posição (ATS) Refere-se a local ou momento, mas sem causa
imediata aparente (não indica qual a falha ou o
erro durante a substituição).
Suprimir
Quadro 08 – Análise quanto ao Cânone da Permanência.
Fator Contribuinte Motivo da Não Permanência Sugestão
- Sobrecarga de Tarefas Pode ser gerado de diferentes causas (físicas
ou cognitivas).
Criar dois fatores a partir
do original.
- Motivação Pode ser gerado de diferentes causas
(motivação excessiva ou motivação
inadequada).
Criar dois fatores
contribuintes a partir do
original.
- Julgamento de pilotagem Pode dar origem a outros fatores mais
específicos: ações necessárias não realizadas e
priorização de tarefas.
Criar outros dois fatores
contribuintes.
- Indisciplina de voo Pode dar origem a outros fatores mais
específicos: violação rotineira e desrespeito a
avaliação de riscos.
Criar outros dois fatores
contribuintes.
Cânones para a Construção das Classes - Sucessão das
Características de Divisão
Entre os cânones para a construção de classes relacionados
ao conceito de sucessão das características de divisão, nota-
se que os princípios de Sucessão Relevante e Sucessão
Consistente, apontados nos Quadros 09 a 11, não são
atendidos.
Para cumprir o cânone da Sucessão Relevante, é ponderado
se a sucessão de características é relevante para o propósito
da classificação (GOMES et al., 2006). Alguns fatores
contribuintes possuem respectivas definições que
direcionam estes termos a outras posições, ou seja, estão
mal dispostos. É o caso de “Ansiedade”, “Desorientação” e
“Ilusões Visuais”, os quais, apesar de posicionados nos
Aspectos Médicos, têm estreita afinidade com fatores
cognitivos ou perceptivos, ou seja, com Variáveis
Individuais dos Aspectos Psicológicos.
O fator “Vestimenta Inadequada” está hierarquizado aos
Aspectos Médicos, porém não reúne características para
essa sucessão. Este termo, se associado a uma subclasse
relacionada a fatores ambientais ou tecnológicos, forneceria
a rastreabilidade necessária para apontar mecanismos
capazes de eliminar ou diminuir a potencialidade do risco
(BRASIL, 2008b).
Para apreciação ao cânone da Sucessão Consistente, é
examinada a constância das sucessivas categorias em relação à
finalidade das características de divisão da taxonomia e a
existência de termos com variabilidade do propósito das
hierarquias (CAMPOS; GOMES, 2008). O Aspecto Médico
aborda fatores com pelo menos duas características distintas:
práticas impróprias do próprio agente do erro (consumo de
álcool, dieta inadequada, etc.) e reações adversas do organismo
humano (disbarismo, hipóxia, etc.).
Pela análise dos termos do Aspecto Operacional, as
características e a origem do erro poderiam originar o
agrupamento harmônico de fatores com quatro categorias
afins: fatores ambientais (meteorológicos, físicos, tecnológicos
e meios para desenvolver a atividade aérea); supervisão e
planejamento; falhas (erros de execução e de julgamento); e
violação. Mesmo o Aspecto Psicológico, com três subdivisões,
poderia reunir termos com propósitos consistentes mais
específicos. Por exemplo, é significativamente diferente o erro
provocado por percepção equivocada e do comportamento
inadequado intencional motivado por alterações psicológicas.
Quadro 09 – Análise dos Cânones Ligados à Sucessão das Características de Divisão.
Tipo de Cânone
Cumprimento da
Taxonomia
SIPAER
Observação
Concomitância Cumpre
Como a taxonomia SIPAER não menciona características que
produzam o mesmo renque, o princípio da concomitância é
atendido.
Sucessão Relevante Não Cumpre
Alguns fatores contribuintes estão distribuídos em determinados
aspectos, mas as respectivas definições direcionam estes termos a
outras posições, ou seja, estão mal dispostos. Ver Quadro 10.
Sucessão Consistente Não Cumpre
Há termos com inconstância do propósito das hierarquias ou
fatores com pelo menos duas características distintas reunidos em
um mesmo aspecto. Ver Quadro 11.
- - - - - - - - - - Anais do 5º Simpósio de Segurança de Voo (SSV 2012) – Direitos Reservados - Página 1049 de 1112 - - - - - - - - - -
Quadro 10 - Análise quanto ao Cânone da Sucessão Relevante.
Fatores Contribuintes Motivo da Sucessão Irrelevante Sugestão
- Ansiedade
- Desorientação
- Ilusões visuais
Estão hierarquizados aos Aspectos Médicos,
porém tem maior relação com fatores
cognitivos e/ou perceptivos, ou seja, com
Variáveis Individuais dos Aspectos
Psicológicos.
Modificar posição para
Aspecto Psicológico.
- Vestimenta inadequada
Está hierarquizado aos Aspectos Médicos,
porém não reúne características para essa
sucessão.
Associar este fator a uma
subclasse relacionada a
fatores ambientais ou
tecnológicos.
- Influências externas Está hierarquizado às Variáveis Psicossociais,
porém sua definição indica indícios de
estresse por acontecimentos na vida pessoal,
caracterizando um fator ligado às Variáveis
Individuais.
Modificar posição para
Aspecto Psicológico -
Variáveis Individuais.
- Processo decisório À semelhança de outras falhas de
gerenciamento de recursos (Liderança,
Dinâmica da Equipe, etc.), está relacionado às
Variáveis Psicossociais e não às Variáveis
Individuais.
Modificar posição para
Aspecto Psicológico -
Variáveis Psicossociais.
Quadro 11 - Análise quanto ao Cânone da Sucessão Consistente.
Aspecto Características Distintas Sugestão
Médico
- Agentes estressores autoimpostos: práticas impróprias do
operador.
- Estados fisiológicos adversos: reações do organismo
humano.
Criar subclasses
para organizar
características
afins.
Psicológico - Variáveis
Individuais
- Cognitivos/ perceptivos: percepção equivocada.
- Psicocomportamental: comportamento intencional
motivado por alterações psicológicas.
Psicológico - Variáveis
Psicossociais
- Falha no gerenciamento de recursos.
- Características do Grupo de Trabalho: dificuldade em
gerenciar problemas conhecidos.
Psicológico – Variáveis
Organizacionais
- Características da Organização: Clima e Cultura
organizacional.
- Processos organizacionais, gestão e alocação de recursos.
Operacional
- Fatores ambientais, meteorológicos, físicos e
tecnológicos.
- Meios e apoios para desenvolver a atividade aérea.
- Supervisão e planejamento.
- Erros de execução e de julgamento.
- Violação: indisciplina pontual ou rotineira.
Princípios para Ordenação de Classes e seus Elementos
Os Aspectos Médico e Operacional estão organizados em
ordem alfabética. Aparentemente, o Aspecto Psicológico
não apresenta padrão de ordenação dos vários elementos
nas classes e subclasses. Segundo a TCF, quando não for
encontrada outra ordem que melhor satisfaça um
agrupamento, poderá ser usada a ordem alfabética (SALES;
MOTTA, 2010).
Síntese – Taxonomia SIPAER de Fatores Humanos
Resultante
Combinando aspectos analisados pelos objetos da Tese e da
Antítese, obtém-se a Síntese, representada pela elaboração
de nova taxonomia de fatores humanos e resultante das
considerações abordadas nas fases anteriores.
Com base em critérios preestabelecidos e propostos por Vital e
Café (2007), o emprego da análise estruturativa tem objetivo
de estabelecer um recorte do material para elaboração da nova
taxonomia, incluída nos Quadros 12 a 14.
As primeiras duas etapas, estabelecimento das categorias gerais
e coleta dos termos, foram observadas na Tese, visto que foi
respeitada a estrutura e as nomenclaturas da MCA 3-6. Dessa
maneira, a indicação de nova taxonomia terá apenas mudanças
pontuais resultantes das críticas. Os próximos dois passos,
análise dos termos selecionados e controle da diversidade de
significação, estão incluídas na Antítese, por meio das
verificações dos critérios da TCF.
A construção dos relacionamentos semânticos, última etapa, é
o resultado das recomendações para aperfeiçoamento dos
aspectos negativos verificados na análise da taxonomia
SIPAER. Estas indicações de melhoramentos estão incluídas
- - - - - - - - - - Anais do 5º Simpósio de Segurança de Voo (SSV 2012) – Direitos Reservados - Página 1050 de 1112 - - - - - - - - - -
nas colunas intituladas “Sugestão” dos Quadros 06 a 11.
O resultado dessa etapa é uma nova taxonomia de fatores
humanos com praticamente o mesmo número de classes
mais específicas: setenta e seis. Foram sete fatores
incluídos e oito excluídos, como indica o Quadro A15.
Outros quatorze termos foram levemente modificados
quanto ao título para aumentar a clareza.
A alteração mais significativa é a inserção de dezoito
subcategorias intermediando as nomenclaturas mais gerais
e as mais particulares (Quadro A16). As diferentes camadas
da hierarquia têm o valor de prover um meio de rastrear não
apenas quais erros ocorrem, mas também qual o contexto
em que se inserem. Esta constatação corrobora a validade
da análise do estudo, por indicar impacto positivo da
aplicação de conhecimento científico direcionado à elaboração
de taxonomias de acidentes no âmbito do SIPAER. Além de
responder ao problema de pesquisa proposto, a apresentação da
taxonomia, resultante da análise, possibilita uma comparação
conceitual e imediata com o status atual.
Por fim, as mudanças resultantes da Síntese evidenciam a
concepção de taxonomia como processo e não como um
produto final estático. Na visão de Santos e Corrêa (2011,
p. 11), este é um instrumento de organização da informação, o
qual pode sofrer atualização para “acompanhar o
desenvolvimento terminológico da área”. A taxonomia,
entendida como representação do conhecimento, torna-se
também fruto de um “processo de análise de domínio para
refletir uma visão consensual sobre a realidade que se pretende
representar” (NOVO, 2010, p. 138).
Quadro 12 - Síntese: Produto da Análise da Taxonomia SIPAER - Aspecto Operacional.
Aspecto
Operacional
Fatores Ambientais
Fatores Físicos e
Tecnológicos
Condições físicas do trabalho
Condições meteorológicas adversas
Equipamento – características ergonômicas
Influência do meio-ambiente
Vestimenta inadequada
Meios e Apoios
Emprego de meios (ATS)
Equipamento de apoio (ATS)
Infraestrutura aeroportuária
Pessoal de apoio
Sistemas de apoio
Supervisão
Operações
Inapropriadamente
Planejadas
Conhecimento de normas ATS
Planejamento gerencial
Supervisão Inadequada Supervisão ATS
Supervisão gerencial
Erros
Erros de Execução
Aplicação dos comandos
Desvio de navegação
Erro de procedimento durante execução
(inclui esquecimento)
Fraseologia do Órgão ATS
Habilidade de controle ATS
Instrução
Limite de autorização (ATS)
Erros de Julgamento e
Tomada de Decisão
Ação necessária não realizada
Coordenação de cabine
Julgamento de pilotagem e percepção das
condições operacionais
Planejamento de tráfego
Planejamento de voo
Pouca experiência do piloto
Priorização de tarefas
Violação --
Desrespeito à avaliação de riscos
Indisciplina de voo
Violação rotineira/ generalizada
- - - - - - - - - - Anais do 5º Simpósio de Segurança de Voo (SSV 2012) – Direitos Reservados - Página 1051 de 1112 - - - - - - - - - -
Quadro 13 - Síntese: Produto da Análise da Taxonomia SIPAER - Aspecto Médico.
Aspecto
Médico --
Agentes Autoimpostos
Álcool
Dieta inadequada
Uso ilícito de drogas
Estados Fisiológicos
Adversos
Disbarismo
Dor
Enfermidade
Enjoo aéreo
Fadiga
Gravidez
Hiperventilação
Hipóxia
Inconsciência
Insônia
Intoxicação alimentar
Intoxicação por CO
Medicamento (prescrito)
Obesidade
Próteses
Saturação física de tarefas
Vertigem
Quadro 14 - Síntese: Produto da Análise da Taxonomia SIPAER - Aspecto Psicológico.
Aspecto
Psicológico
Variáveis
Individuais
Cognitivos e
Perceptivos
Atenção (Desatenção, atenção canalizada
ou distração)
Desorientação (percepção)
Ilusões visuais, sinestésicas e vestibulares
Memória
Percepção (Confusão e transferência
negativa)
Saturação de tarefas cognitivas
Psico
Comportamentais
Ansiedade e/ou expectativa
Estado emocional e/ou estilo de
personalidade
Indícios de Estresse e/ou pressão
Influências externas
Motivação excessiva e/ou excesso de
confiança
Motivação inadequada ou deslocada
Variáveis
Psicossociais
Características do
Grupo de Trabalho
Cultura do grupo de trabalho
Gestão de pessoas e de operações
Gerenciamento de
Recursos
Comunicação: assertividade, comunicar
informações críticas, fraseologia, feedback
(inclui ATS)
Coordenação de tráfego
Dinâmica da equipe e monitoramento do
desempenho
Liderança e/ou delegação de tarefas
Relações interpessoais e/ou diferença de
autoridade/ patente
Variáveis
Organizacionais
Características da
Organização
Clima organizacional
Cultura organizacional
Processos
Organizacionais,
Gestão e Alocação de
Recursos
Formação, Capacitação e Treinamento
Organização do trabalho
Processos Organizacionais
Publicações ATS
- - - - - - - - - - Anais do 5º Simpósio de Segurança de Voo (SSV 2012) – Direitos Reservados - Página 1052 de 1112 - - - - - - - - - -
CONCLUSÃO
O problema de pesquisa investigado aborda a aplicação do
conhecimento científico, representado pelos princípios
normativos da TCF, na taxonomia SIPAER de fatores
humanos, respeitando a finalidade de permitir a emissão de
RSO.
Como resposta ao problema mencionado, o estudo indicou
o impacto positivo no emprego de conhecimento científico
direcionado à elaboração de taxonomias no âmbito do
SIPAER, dado que a introdução de diferentes camadas da
hierarquia tem o valor de prover um meio de rastrear não
apenas quais erros ocorrem, mas também qual o contexto
em que se inserem. Nesse sentido, os resultados apontam
para a inclusão de dezoito subcategorias intermediando as
nomenclaturas mais gerais e as mais particulares.
Como implicação direta dos resultados da pesquisa para a
Força Aérea Brasileira e, indiretamente, para o campo
acadêmico, há a apresentação de uma nova taxonomia,
resultante da análise, que possibilita uma comparação
conceitual e imediata com o status atual.
As significativas contribuições do artigo sugerem a
possibilidade de redigir RSO mais específicas, claras e
objetivas, de modo que a interpretação conduza ao seu
cumprimento eficaz. Futuras pesquisas devem focar o
levantamento estatístico de RSO, no intuito de indicar o
estabelecimento novas categorias e aprimorar a taxonomia
como instrumento de organização da informação do
SIPAER.
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APÊNDICE - Produto da Análise da Taxonomia SIPAER
Quadro A15 - Fatores Contribuintes da MCA 3-6 Incluídos, Excluídos e Modificados.
Aspectos da
MCA 3-6
Fatores Contribuintes
Incluídos Excluídos Modificados
Médico (-)
(1)
- Ressaca
(2)
- Medicamento (prescrito)
- Saturação física de tarefas
Psicológico
(3)
- Saturação de tarefas
cognitivas
- Motivação inadequada ou
deslocada
- Gestão de pessoas e de
operações
(2)
- Atitude
- Característica da Tarefa
(12)
- Atenção (Desatenção, atenção
canalizada ou distração)
- Desorientação (percepção)
- Ilusões visuais, sinestésicas e
vestibulares
- Percepção (Confusão e
transferência negativa)
- Ansiedade e/ou expectativa
- Estado emocional e/ou estilo de
personalidade
- Indícios de Estresse e/ou pressão
- Motivação excessiva e/ou excesso
de confiança
- Comunicação: assertividade,
comunicar informações críticas,
fraseologia, feedback (inclui ATS)
- Dinâmica da equipe e
monitoramento do desempenho
- Liderança e/ou delegação de
tarefas
- Relações interpessoais e/ou
diferença de autoridade/ patente
Operacional
(4)
- Erro de procedimento
durante execução
(esquecimento incluído)
- Ação necessária não
realizada
- Priorização de tarefas
- Desrespeito à avaliação
de riscos
- Violação rotineira/
generalizada
(5)
- Carga de trabalho (ATS)
- Manutenção da aeronave
- Substituição na posição
(ATS)
- Fraseologia da
Tripulação
- Fraseologia do Órgão
ATS
(1)
- Julgamento de pilotagem e
percepção das condições
operacionais
- - - - - - - - - - Anais do 5º Simpósio de Segurança de Voo (SSV 2012) – Direitos Reservados - Página 1054 de 1112 - - - - - - - - - -
Quadro A16 - Subclasses Criadas na Nova Taxonomia SIPAER.
Aspectos da
MCA 3-6
Subclasses Criadas
1ª Ordem 2ª Ordem
Médico
(2)
- Agentes Autoimpostos
- Estados Fisiológicos Adversos
(-)
Psicológico (-)
(6)
- Cognitivos/ Perceptivos
- Psico Comportamentais
- Características do Grupo de Trabalho
- Gerenciamento de Recursos
- Características da Organização
- Processos Organizacionais, Gestão/
Alocação de Recursos
Operacional
(4)
- Fatores Ambientais
- Supervisão
- Erros
- Violação
(6)
- Fatores Físicos e Tecnológicos
- Meios e Apoios
- Operações Inapropriadamente Planejadas
- Supervisão Inadequada
- Erros de Execução
- Erros de Julgamento e Tomada de Decisão
ANEXO - Fatores Humanos Contribuintes da MCA 3-6
Quadro A17 - Aspecto Médico.
Aspecto Médico --
A3.1Álcool
A3.2 Ansiedade
A3.3 Desorientação
A3.4 Dieta inadequada
A3.5 Disbarismo
A3.6 Dor
A3.7 Enfermidade
A3.8 Enjoo aéreo
A3.9 Fadiga
A3.10 Gravidez
A3.11 Hiperventilação
A3.12 Hipóxia
A3.13 Ilusões visuais
A3.14 Inconsciência
A3.15 Insônia
A3.16 Intoxicação alimentar
A3.17 Intoxicação por CO
A3.18 Medicamento
A3.19 Obesidade
A3.20 Próteses
A3.21 Ressaca
A3.22 Sobrecarga de tarefas
A3.23 Uso ilícito de drogas
A3.24 Vertigem
A3.25 Vestimenta inadequada
Fonte: Brasil, 2011.
- - - - - - - - - - Anais do 5º Simpósio de Segurança de Voo (SSV 2012) – Direitos Reservados - Página 1055 de 1112 - - - - - - - - - -
Quadro A18 - Aspecto Psicológico.
Aspecto
psicológico
Variáveis Individuais
A3.26 Atitude
A3.27 Estado emocional
A3.28 Motivação
A3.29 Atenção
A3.30 Percepção
A3.31 Memória
A3.32 Processo decisório
A3.33 Indícios de Estresse
Variáveis Psicossociais
A3.34 Comunicação
A3.35 Liderança
A3.36 Relações interpessoais
A3.37 Dinâmica da equipe
A3.38 Influências externas
A3.39 Cultura do grupo de trabalho
Variáveis Organizacionais
A3.40 Características da tarefa
A3.41 Organização do trabalho
A3.42 Formação, Capacitação e Treinamento
A3.43 Condições físicas do trabalho
A3.44 Equipamento – características ergonômicas
A3.45 Sistemas de apoio
A3.46 Processos Organizacionais
A3.47 Clima organizacional -
A3.48 Cultura organizacional -
Fonte: Brasil, 2011.
Quadro A19 - Aspecto Operacional.
Aspecto
Operacional
--
A3.49 Aplicação dos comandos
A3.50 Condições meteorológicas adversas
A3.51 Coordenação de cabine
A3.52 Desvio de navegação
A3.53 Esquecimento do piloto
A3.54 Indisciplina de voo
A3.55 Influência do meio-ambiente
A3.56 Infraestrutura aeroportuária
A3.57 Instrução
A3.58 Julgamento de pilotagem
A3.59 Manutenção da aeronave
A3.60 Pessoal de apoio
A3.61 Planejamento gerencial
A3.62 Planejamento de voo
A3.63 Pouca experiência do piloto
A3.64 Supervisão gerencial
Fatores Concernentes aos Órgãos
ATS
A3.65 Carga de trabalho
A3.66 Conhecimento de normas ATS
A3.67 Coordenação de tráfego
A3.68 Emprego de meios (ATS)
A3.69 Equipamento de apoio
A3.70 Fraseologia da tripulação
A3.71 Fraseologia do Órgão ATS
A3.72 Habilidade de controle
A3.73 Limite de autorização
A3.74 Planejamento de tráfego
A3.75 Publicações ATS
A3.76 Substituição na posição
A3.77 Supervisão ATS
Fonte: Brasil, 2011.
- - - - - - - - - - Anais do 5º Simpósio de Segurança de Voo (SSV 2012) – Direitos Reservados - Página 1056 de 1112 - - - - - - - - - -