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1 Contagens de Ciclistas Recomendações técnicas e monitoramento

Contagens de Ciclistasitdpbrasil.org/wp-content/uploads/2018/10/Contagens-de-ciclistas... · Roselene Paulino Vieira FICHA TÉCNICA Contagens de ciclistas: recomendações técnicas

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Contagens de CiclistasRecomendações técnicas e monitoramento

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ITDP BRASIL

Direção executivaClarisse Cunha Linke

Equipe de programasAna NassarBernardo SerraDanielle HoppeDiego Mateus da SilvaGabriel T. de OliveiraIuri MouraJoão Pedro M. RochaLetícia BortolonThiago Benicchio

Equipe de comunicaçãoMariana BritoRafaela Marques

Equipe administrativa e financeiraCélia Regina Alves de SouzaRoselene Paulino Vieira

FICHA TÉCNICA

Contagens de ciclistas: recomendações técnicas e monitoramento

CoordenaçãoThiago Benicchio

Equipe Glaucia PereiraThiago Benicchio

ImagensThiago Benicchio

RevisãoClarisse Cunha Linke

Diagramação e arte finalCaio Carneiro

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ÍNDICE

1. APRESENTAÇÃO

2. COMO MONITORAR A MOBILIDADE: VOLUMES, DIVISÃO MODAL E PADRÕES DE VIAGEM 3. FINALIDADES DAS CONTAGENS

3.1. Demonstrar a demanda existente para implantação ou ampliação de infraestrutura cicloviária3.2. Avaliar efeitos "antes e depois" da implantação de projetos3.3 Estabelecer comparativos para priorização de projetos3.4. Caracterização dos usuários e avaliação de comportamento3.5. Calcular a divisão modal3.6. Monitorar tendências de uso e adequação a metas

4. TECNOLOGIAS DE CONTAGEM

5. ATRIBUTOS ESPACIAIS: LOCALIZAÇÃO

6. ATRIBUTOS TEMPORAIS: PERIODICIDADE, DURAÇÃO, DIAS TÍPICOS E INTERVALO

7. SUGESTÕES ADICIONAIS PARA CONTAGENS MANUAIS 8. REFERÊNCIAS ÚTEIS E BIBLIOGRAFIA

8.1. Referências úteis8.2. Bibliografiaadicional

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APRESENTAÇÃO

Medir o quanto e como são feitos os deslocamentos de pessoas nas cidades é sempre um desafiometodológicoeprático,maséumatarefafundamentalparaplanejaremonitoraramobilidade urbana. Cada modo de transporte é descrito de forma distinta: os sistemas de transporte coletivo são muitas vezes caracterizados pela extensão da rede e por passageiros transportados; aos modos individuais motorizados (carros e motocicletas) atribui-se o volume dafrotaouataxademotorização.Alémdisso,consideramosimportantefalarsobrenúmerodeviagensoudeusuários,númerodelinhasefrequênciadosveículos(nocasodotransportepúblicocoletivo),áreadeatendimento,idadedafrota,quilômetrospercorridoseoutrascaracterísticasprópriasdecadamodo.

Descreverousodebicicletasaindaéumdesafio:alémdascaracterísticasparticularesdestemodo(maiorvariabilidadedosvolumesnosterritóriosehoráriosdodia,motivosmaisdiversosdasviagensedeslocamentosmaiscurtosqueosmodosmotorizados),tambéméprecisosuperarapoucaexperiênciaeacúmulodeconhecimentoporpartedetécnicos,ativistas,gestoreseacadêmicossobreotemaeacondiçãoaindasecundáriadestemododetransporte nas políticas de mobilidade.

Nascidadesbrasileiras,aprincipalformadedescreverabicicletaéaextensãodaredecicloviária,umainformaçãogeralmenteconhecidapelasprefeituras.Algumascidadeseregiões metropolitanas também utilizam pesquisas Origem/Destino para estabelecer a divisão modal e indicar um percentual médio de viagens diárias para o principal destino realizadasporcadamodo,incluindoabicicleta.Alémdisso,algumascidadesregistramonúmerodeciclistasmortosacadaano.Estasinformaçõessãoimportantes,masinsuficientespara o trabalho de planejamento e monitoramento da ciclomobilidade.

Hámaisdeumadécada,algumascidadespassaramaadotartambémumaoutraformademediçãodousodebicicletas:ascontagensdeciclistas.Estascontagenssão,emmuitoscasos,iniciativasdeorganizaçõesdasociedadecivil.NoBrasil,ascontagenssãorealizadasgeralmente com pesquisadores in loco,quecontamtodososciclistasquepassamporumadeterminadavia.Maisrecentemente,algumastecnologiasdecontagemautomáticacomeçaramaserutilizadas,permitindoomonitoramentoemumaescalamaiordetempo,inclusive ao longo de 24 horas.

As contagens de ciclistas são úteis para o planejamento e monitoramento da ciclomobilidade. Trata-sedeumaferramentadebaixocusto,commúltiplasfinalidadesequepermiteobservaro uso de bicicletas e os efeitos resultantes de políticas cicloviárias e da implementação de infraestrutura em escalas temporais menores e mais adequadas do que outras formas de pesquisa.

Umprogramademonitoramentobaseadoemcontagensécapazdeidentificarvariaçõesnovolumedeusodebicicletasemumavia,territóriooucidade,alémdetrazeroutrasinformações úteis para uma descrição mais precisa do modo bicicleta.

Esterelatóriobuscaapresentarasvantagenselimitaçõesdascontagensdeciclistasespelhando-senasboaspráticasinternacionais,contextualizandosuautilizaçãoparaarealidade das cidades brasileiras. O conjunto de recomendações e exemplos tem como objetivosubsidiartécnicosegestorespúblicos,alémdeintegrantesdeorganizaçõesdasociedade civil e da academia. Vale destacar que a experiência mundial com contagens ainda é relativamente recente se comparada às formas de monitoramento de outros modos de transporte.Portanto,nãoexistempadrõesoudiretrizesconsolidadosparaalgunsdosaspectosrelativosàscontagens,massimexperiênciasmaisduradourasquepermitemapontarcaminhosparaquecadamunicípioouentidadeconstruaasuaprópriatrajetória.

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COMO MONITORAR A MOBILIDADE: Volumes, divisão modal e padrões de viagemNaáreadeplanejamentodetransportes,aformamaistradicionaldeseestudarpadrõesdemobilidadeemumaregiãoérealizarumapesquisacomfamílias,registrandoosdeslocamentosdaspessoas,geralmenteemumperíodode24horasaodiaanteriordaentrevista. Este tipo de pesquisa é conhecido no Brasil como Pesquisa Origem-Destino (OD). É uma pesquisa amostral domiciliar,ouseja,aamostraécompostapordomicíliosesuasfamílias. A razão para se coletar dados de pessoas da família é que os deslocamentos dessas pessoas são relacionados e as decisões podem ser tomadas em conjunto. Por exemplo: a decisãodeumafamíliaquepossuiumautomóvelsobrequemvaiutilizá-lonodiaseguintepodedependerdasnecessidadesehoráriosdeatividadesdeoutrosmembrosdafamília,assimcomoadecisãodecomolevarcriançasàescoladependedadisponibilidadedeônibusescolar,valordopasse-escolar,localizaçãodaescola,edapossibilidadedascriançascaminharem ou pedalarem sozinhas. Os registros de deslocamento devem ser feitos para todasaspessoasdafamília,inclusivecrianças.Assim,aoseanalisardadosdapesquisaOD,épossívelagregarosdeslocamentosdecadapessoa,esaberquantasviagenssãorealizadasecomo as pessoas da região se deslocam.

Para realizar suas atividades,aspessoasrealizamviagens.Viagem é o deslocamento feito por uma pessoaentredoislocais-umaorigemeumdestino,comumpropósito(trabalhar,estudar,compraretc).Umaviagemérealizadaporumoumaismodos de transporte(apé,bicicleta,automóvel,metrôetc).

Exemplificando:i)umapessoaquesaidesuacasaevaiparaotrabalhousandoumabicicletae,apóssuajornadadetrabalho(atividaderealizada)voltaparacasadebicicleta,fazduasviagens no dia: casa-trabalho e trabalho-casa; ii) duas pessoas da mesma família saem de carroparairaorestaurante;depoisdaatividaderealizada,voltamparacasa:sãoduaspessoas,quatroviagens,sendoduasviagensdemodo"dirigindoumautomóvel"eoutrasduascomo"passageirodeautomóvel". Parte crucial do planejamento da pesquisa OD é determinar em qual área a pesquisa vai ser realizada,eadivisãodoterritórioemáreasmenores,aschamadaszonas OD. Conceitualmente,apesquisaODdeveserrealizadaemconurbaçõesondeosdeslocamentosocorrem.Conurbaçãoéaunificaçãodamanchaurbanadeduasoumaiscidades,emconsequênciadeseucrescimentogeográfico.Seaáreadepesquisaformenorqueaconurbação,éprovávelqueoslocaisdeorigemedestinofiquemdefora,nãopertencendoanenhumazonaOD,deixandoosresultadosincompletos.ÉporissoqueaspesquisaODsãorealizadas em regiões metropolitanas.

Mesmoassim,hápessoasqueentramesaemdaáreadeestudo,eéimportanteestudá-losparacompreensãogeraldasviagens.Pararealizarestaanálise,incluindodeslocamentosdelongadistância,sãorealizadaspesquisasdotipolinhadecontorno.AspesquisasODde linha de contorno consistem em entrevistas em locais estratégicos de entrada e saída de uma região,geralmenteondeháconcentraçãodotrânsitodeveículosepessoas,comopontes,pedágios,rodoviáriaseaeroportos.Alémdasentrevistas,sãofeitascontagens da quantidade de pessoas entrando e saindo da região.

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As zonas OD também são fundamentais para a amostragemdapesquisa,queéfeitapordomicíliosoufamílias,tendocomofontealgumabasededados,comooCenso,porexemplo.O cálculo do tamanho da amostra é realizado para cada zona OD.Assim,apesquisatemconfiabilidadeestatísticaparaoníveldezona.Outrastécnicasdeamostragemestratificadaspodemserusadasparaaumentaraconfiabilidade,tendotamanhosdeamostrasmínimosparacaracterísticassocioeconômicasdafamíliaoudapessoa,porexemplo.

Porém,não há amostra mínima para características das viagens.Sendoassim,nemsempreéconfiávelanalisarasestatísticasisoladasdemodosdetransportecompoucasviagens.Éoqueaconteceemestudosderegiõescombaixousodabicicleta,poisnãohácoletadedadossuficienteparasefazerestudosdediversasorigensedestinosporestemododetransporte.Ouseja,análisesisoladasdeumúnicomododetransportecompoucasviagensdevemserfeitascomcautela.Nestecaso,estudoscomparativosemnívelmaismacroeentremodosdetransporte são mais recomendados. Uma métrica frequente analisada em estudos sobre viagens é a divisão modal: trata-se da distribuição do percentual de viagens feitas por cada modo de transporte (em uma determinadaregião,quepodeserumacidade,Estadoououtraáreaespecífica).Comoaviagempodeserrealizadapormaisdeummododetransporte,épossívelfazeragrupamentos(hierarquização)deacordocomalgumcritério:capacidadedosistema,maiortempodedeslocamento,maiorpreçodatarifaetc,eassimterummodopredominante(modoprincipal)em cada viagem. Assim,adivisãomodaloriundadapesquisaODpermitesaberospercentuais de viagens diárias por cada modo de transporte e dizem respeito a uma região,respondendoquestõescomo“qualopercentualdeviagensqueéfeitaportransportepúbliconacidade?”.Édestaanálisequesabe-seque,emSãoPaulo(2007),⅓dasviagenssãodemodosativos,⅓demodosindividuaise⅓demodoscoletivos. Éimportanteressaltarquenaspesquisasemmobilidadeurbana,emgeral,o modo de transporte não é atribuído a uma pessoa.Épossívelfazertabulaçõesespecíficasparasedeterminar“quantaspessoasusarambicicletaemumdia”,masestatabulaçãonãorespondeapergunta“quantosciclistasexistem”,poisnãoénecessáriousarabicicletatododiaparaserciclista. A pesquisa OD responde qual é a quantidade de viagens realizadas por cada modo de transporte,eporquantaspessoas,emumdiamédio,masnãodesignaummododetransporte para uma pessoa. Outrofatorquemerecedestaqueécomoasviagensapésãoconsideradas,poisomodoapééparteintegrantedasdemaisformasdedeslocamento,masnaspesquisasODrealizadasnoBrasil,estemododetransportesóéregistradoparaviagensexclusivamenteapé.Poroutrolado,sãoanotadosostemposcaminhandonaorigemenodestinoatéosmeiosdetransporte.Comomelhoriadométodo,seriapossívelregistrarotempoandandoentrebaldeações,porexemplo,mastaldetalhamentogeralmentenãoéfeito. A divisão dos percentuais dos modos de transporte também pode ser obtida por outros tipos depesquisa,nãonecessariamenteemrelaçãoaviagens.

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Éimportantenãoconfundirdivisãomodalcomfrota.Frotaéaquantidadedeveículos,comoautomóvel,motocicleta,bicicletaecaminhão.Éumdadodaposse,edáumindicativodopotencialdeusodecadaveículo,masnãoindica,narealidade,seoveículoéusado.Podem-seobterdadosdefrotaem:pesquisasdomiciliares,quandoseperguntaquantossãoosveículosparausodafamília;registrosdogoverno,nocasooDetranparamotocicletaseautomóveis;pesquisasespecíficas,comolevantamentosdebicicletasemestabelecimentoscomerciaisemdeterminadaregião.Éprecisoatençãotambémparaolocaldecirculação:afrotadeveículosdeummunicípiopodecircularemoutraslocalidades,nãonecessariamentesomente onde está registrada. EnquantopesquisasODsãodispendiosasemtermosdetempoedinheiro,contagensdeveículosepessoassãomaisrápidasdeseremexecutadas.Alémdisso,nocontextodaengenhariadetráfego,épráticamensurardesempenhoeadequar/construirinfraestruturascombasenosfluxosdeveículos. Sendoassim,fazercontagensdeveículosepessoasfazsentidoparacaracterizaremonitorarum local de tráfego. Uma dúvida recorrente é se um método simples pode fornecer robustez suficienteparaomonitoramentoeaavaliaçãodepolíticaspúblicasemmobilidadeurbana.Defato,contarpessoaseveículosébastantesimples,masépreciso considerar critérios para a que contagem seja válida.

Apesardasimplicidadedaexecução,ascontagensmanuaissãodispendiosasemrecursoshumanos.Porisso,atendênciaempaísesecidadesondeaspolíticaspúblicasvoltadasparabicicletasestãomaismaduraséusartecnologiasparacontagensautomáticas.OrelatórioMethods and Technologies for Pedestrian and Bicycle Volume Data Collection1,publicadoem2016pelaNationalCooperativeHighwayResearchProgram,apresentaumapesquisasobreastecnologiasusadasemdiversascidadesnorte-americanas,comoinfravermelho,tubospneumáticos,espirasindutivaseoutras.Paraaavaliaçãodaprecisãodastecnologiassãousadascontagensmanuaiscomauxíliodevídeo(oslocaissãofilmadoseéfeitacontagemmanual). Quantoàprecisão,osdadosgeradosnascontagensmanuaissãoconfiáveis.Alémdisso,acontagemmanualapresentaflexibilidade,poishápossibilidadesdeadequarométodoaoperíododepesquisa(duraçãoeintervalo),horáriosdodia,diadasemana,épocadoano,característicasqualitativasdaspessoaseveículos(ex:gênero,com/semcapacete,bicicletaelétrica,nacontramãoetc). Aquestãoemtornodacontagemmanualnãoésuaprecisãoouflexibilidadedeaplicação,quena prática são fatores vantajosos. A discussão principal se refere ao uso dos dados das contagens para monitorar políticas públicas para bicicletas. Por isso é importante comparar as práticas usadas em diversas cidades.

Disponível em http://www.trb.org/Main/Blurbs/175860.aspx

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3FINALIDADES DAS CONTAGENS

As contagens de ciclistas são uma ferramenta que pode ser utilizada para diversas finalidades.Dependendodatecnologiaescolhida,podeservirparaobjetivospontuaiscomo:demonstrar a demanda existente; conduzir uma análise "antes e depois" da implantação de projetos; auxiliar na decisão sobre a priorização de implantação de infraestrutura ou desenhar estratégias de monitoramento de longo prazo.

3.1. DEMONSTRAR A DEMANDA EXISTENTEArealizaçãodecontagensemumaviapodeserumaformaeficientededemonstrarademandaexistente de viagens por bicicleta e auxiliar na reivindicação da implantação de infraestrutura cicloviária e,comisso,melhorarascondiçõesdesegurançaeconfortoparaessesdeslocamentos. A maior parte das contagens realizadas por organizações da sociedade civil no Brasil até hoje tiveram este como seu objetivo principal. Emgeral,estascontagenssãorealizadasapenasemumdia,noperíodode12ou14horas,privilegiando os locais de atuação das organizações ou grupos de ciclistas e/ou regiões onde empiricamenteéconhecidaaexistênciadeumgrandefluxodebicicletas. NacidadedeSãoPaulo,porexemplo,arealizaçãodecontagensanuaiséumapráticadaCiclocidade (associação local de ciclistas) desde 2009. Um exemplo bem sucedido de realizaçãodecontagenscomafinalidadededemonstrarademandaereivindicaraimplantaçãodeinfraestruturaéodaAvenidaEliseudeAlmeida,naZonaOestedacapital:em2010aCiclocidaderealizouaprimeiracontagemnavia,identificandocercade40ciclistasporhora.Nosanosseguintes,aassociaçãorepetiuamedição,apontandoumatendênciadecrescimento:em2014,eram63ciclistas/hora.Ascontagensforamutilizadascomopartedeuma estratégia mais ampla2,queenvolveuaçõesdecomunicaçãoedearticulaçãopolítica,resultandofinalmentenaimplantaçãodacicloviaem2015.Apósaobra,onúmerocontinuoucrescendo,chegandoàmédiade129ciclistas/hora.

Mais informações sobre a estratégia de incidência pela ciclovia da Av. Eliseu de Almeida estão disponíves no seguinte endereço: https://www.ciclocidade.org.br/acoes/eliseu-de-almeida

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Comparativo do volume de ciclistas na avenida Eliseu de Almeida. Fonte: Ciclocidade

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80

60

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40.07 41.13

COMPARATIVO: CICLISTAS POR HORA NA AVENIDA ELISEU DE ALMEIDA, SÃO PAULO

63.43

88.93

129.29

2010 2012 2014 2015 2016

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Alémdeservirparareivindicarinfraestrutura,contagensdeciclistaspodemserutilizadaspara avaliar a ampliaçãodacapacidadedecicloviaseciclofaixas.Naengenhariadetráfego,estespadrõessãochamadosde“níveisdeserviço”,ouseja,acapacidadedeumadeterminadavia em comportar um determinado volume de veículos.

Autilizaçãodeníveisdeserviçoparaotráfegomotorizadotemsidobastantequestionada,poispressupõequeaofertadeespaçoviárioéinfinita:ouseja,demonstrarqueumaviaestácheiadecarrose,apartirdisso,proporaampliaçãodacapacidade.Comojáfoicomprovadoemdiversosestudos,oresultadotendeaserocontráriodoesperado:comoaumentodainfraestrutura,háinduçãodedemanda.Amelhoriadascondiçõesdetráfegomotorizadonoiníciotendeaatrairmaisviagensporautomóveleaumentarocongestionamentoamédioelongo prazo.

Pensaremníveisdeserviçoparaaciclomobilidade,poroutrolado,éumaestratégiaimportanteparaconstruirumaredecicloviáriaatrativaeadequada,afinalosprincípiosdamobilidade sustentável em todo o mundo indicam que é necessário desestimular o uso de automóveiseestimularaadoçãodemodosmaiseficientescomoabicicletaouotransportepúblico. NoBrasilaindanãosãoadotadosníveisdeserviçoparaainfraestruturacicloviária:emgeral,obedece-se a largura mínima exigida por lei. A realização de contagens pode auxiliar na criação destes padrões. Ciclovias ou ciclofaixas3 congestionadas tendem a se tornar locais menos atrativos e às vezes até perigosos para quem usa a bicicleta.

NaHolanda,amediçãodevolumesdebicicletastambéméumdoscritériosutilizadosparadeterminar a possibilidade de compartilhamento de uma via com veículos motorizados: além doslimitesdevelocidadeem30km/h,omanualholandêsdeplanejamentocicloviáriorecomenda que as ciclorrotas sejam adotadas em ruas com um volume máximo de 2500 carros pordiaeummínimode5milbicicletasnomesmoperíodo.Comisso,busca-segarantirasegurançadosciclistas,tendoosveículosmotorizadoscomo“convidados”noespaçoviáriocompartilhado.Emsituaçõesondeestenúmeronãoétãogrande,osmunicípiosimplantamestruturasexclusivas(ciclofaixaseciclovias)ealarguratambémédefinidaapartirdademanda existente e prevista.

A infraestrutura dedicada à circulação de bicicletas compreende faixas exclusivas (ciclovias e ciclofaixas) ou compartilhadas com outros veículos (ciclorrotas). As infraestruturas exclusivas são destinadas apenas à circulação de bicicletas, e podem ser ou não segregadas do tráfego comum: ciclovias são faixas exclusivas e segregadas fisicamente do tráfego geral; ciclofaixas são faixas exclusivas, mas não segregadas. Cada tipologia cicloviária é adequada a uma determinada situação. Para mais informações, consulte o capítulo 4 do Guia de Planejamento Cicloinclusivo, publicado pelo ITDP Brasil e disponível neste endereço: <http://itdpbrasil.org/guia-cicloinclusivo/>

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3.2. AVALIAR EFEITOS "ANTES E DEPOIS" DA IMPLANTAÇÃO DE PROJETOSAs contagens são úteis para avaliar os efeitos da implantação de uma determinada infraestruturaouprojeto.Destaforma,épossívelidentificar,porexemplo,seumanovacicloviapossibilitouoaumentodousodebicicletasemumadeterminadaviaouterritório.Ousodecontagenstambémpermiteverificarastendênciasdevariaçãovolumétricamotivadasporoutrosprojetos,taiscomoaimplementaçãodeestaçõesdebicicletascompartilhadasoua implantação de polos geradores de viagens.

Algumas observações importantes ao utilizar contagens para avaliar os efeitos “antes e depois”:

• Novas infraestruturas como ciclovias e ciclofaixas levam um tempo até serem “assimiladas” eutilizadaspelapopulação.Ouseja,aimplantaçãodeinfraestruturacicloviáriaàsvezesnãoapresentaimpactoimediatonovolumedebicicletasdeumadeterminadavia,masseusefeitossãosentidosapósalgumtempo.Recomenda-sequehajaumplanodemédioprazoparaarealizaçãodecontagensposterioresàinauguraçãodainfraestrutura,porexemplo,com medições de 6 meses a 1 ano a partir do início do uso.

• Comoboapráticademonitoramento,recomenda-sequeaimplantaçãodequalquerprojeto cicloviário seja precedida e sucedida por contagens de ciclistas.

• Outrasmudançasnoterritórioqueafetemacirculaçãodebicicletasterãoimpactonofluxodebicicletasdeumadeterminadavia.Ouseja,aconstruçãodeinfraestruturasemviasalimentadoras,areduçãodevelocidaderegulamentada,ainstalaçãodeestaçõesdebicicletas compartilhadas ou a abertura de polos geradores de viagem na região podem afetarofluxodebicicletas,mesmoqueestasmudançasnãoaconteçamnaviaescolhidaparaacontagem.Paraumacorretaavaliaçãodo"antesedepois",recomenda-seisolarestes fatores ou considerá-los na análise.

• A implantação de ciclovias e ciclofaixas em eixos estruturais (vias que conectam territóriosdistintos)tendeaatrairviagensqueeramrealizadasanteriormenteporoutrasvias.EstudorealizadopeloITDPBrasilem2016identificouquecercade9%dasviagensdebicicletarealizadasnaAvenidaBerrini,emSãoPaulo,eramrealizadasporoutrasvias4 antesdaimplantaçãodainfraestrutura.Paraavaliarestesefeitosépossívelrealizar,alémdecontagens,entrevistasamostraiscomosciclistasnavia,perguntandocomoeram feitas as viagens antes da implantação da infraestrutura cicloviária.

O estudo Implantação de infraestrutura cicloviária e seus efeitos: o caso da Av. Berrini em São Paulo está disponível em <http://itdpbrasil.org/implementacao-cicloviaria-sp/>

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3.3 ESTABELECER COMPARATIVOS PARA PRIORIZAÇÃO DE PROJETOSA implantação de infraestrutura cicloviária deve buscar atender as linhas de desejo de viagens eobservarcritériosdelinearidade,segurança,coerência,atratividadeeconforto5. Em alguns casos,viascomcaracterísticasepercursossemelhantesemumdeterminadoterritóriopodemsercogitadasparareceberinfraestruturacicloviária.Nestescaso,ascontagensdeciclistaspodem ser utilizadas como um dos critérios para a escolha da via onde será implantada a infraestrutura:emgeral,asviascommaiorfluxodeciclistasdevemreceberacicloviaouciclofaixa.Noentanto,éimportantedestacarqueestenãodeveseroúnicocritério–éfundamentalobservartambémcaracterísticascomotopografia,custodaobraerecursosdisponíveis,pontosdeinteressenoentornoeexistênciadeamenidadescomosombreamentoou áreas verdes nas duas ou mais opções.

3.4. CARACTERIZAÇÃO DOS USUÁRIOS E AVALIAÇÃO DE COMPORTAMENTOAlémdeaferirovolumedebicicletas,algumastecnologiasdecontagemtambémpermitemcaracterizar os usuários e observar o comportamento na via.

Ascontagenschamadasde"manuais"(ondeaaçãodecontaréfeitaporpessoas,sejapresencialmente ou por meio de análises de vídeo) permitem observar características básicas dosusuários:gênero,faixaetária,utilizaçãodeequipamentosdesegurança(iluminaçãooucapacete),usodeacessórios(cadeirinhasdebebê,cestas,mochilas)etipodebicicleta(incluindobicicletascompartilhadas),alémdepermitiraidentificaçãodeoutrosmodosdetransporteativocomoskates,patinsoupatinetesquegeralmenteutilizamacicloviaouciclofaixa.

A realização de contagens manuais para a caracterização foi uma estratégia bem sucedida em BeloHorizonte,ondeaassociaçãoBHemCiclorealizoucontagensperiódicasemdiversospontosdacidadeeidentificouumcrescimentoimportantenonúmerodemulherespedalandoaolongodosanos:de2,3%em2010para7,9%em20176.

Comportamento-Ascontagensmanuaistambémpodemserúteisparaidentificarocomportamentodosciclistasnasvias.Comissoépossívelavaliar,porexemplo,orespeitoaosemáforoouovolumedeciclistasquenãoutilizaascicloviaseciclofaixas,preferindopedalarna via (isto pode ser útil para avaliar se o desenho das faixas para bicicleta atende as demandas dos ciclistas).

EmBuenosAires(Argentina),aSecretariadeMobilidaderealizacontagensmanuaisperiódicasdesde 2012. A metodologia é diferente da encontrada na maior parte das cidades brasileiras: as contagenssãorealizadasemturnosde45minutosem793interseçõesdacidade.Assim,aestratégia privilegia um grande número de pontos de contagem durante curtos intervalos. Alémdeanotarosvolumes,ospesquisadoresobservamorespeitoaosemáforoemdiversostipos de interseções. Os resultados auxiliaram a Secretaria a fortalecer a política de promoção dousodabicicleta,quesofriaataquesnamídiaacusandoosciclistasdeserem"imprudentes"e"provocaremocaos"nasruas.Aocontráriodasnotícias,observou-sequeapenas8%dosciclistasnocentroexpandido("macrocentro")e7%norestodacidadenãorespeitamosemáforovermelho;ouseja:maisde90%dosusuáriosdebicicletasrespeitamosemáforovermelho.

Para saber mais sobre os critérios de qualidade e boas práticas no desenho de redes cicloviárias, consulte o Guia de Planejamento Cicloinclusivo, publicado pelo ITDP Brasil e disponível em <http://itdpbrasil.org.br/guia-cicloinclusivo/> Contagens de Ciclistas em Belo Horizonte, BH em Ciclo, 2017. Disponível em <http://bhemciclo.org/contagem-de-ciclistas/contagem-2017/>

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3.5. CALCULAR A DIVISÃO MODALNamaiorpartedascidades,adivisãomodaléestabelecidaapartirdepesquisasamostrais:escolhem-se amostras de cidadãos e pergunta-se sobre os hábitos de locomoção (em geral os modosutilizadosnasviagensrealizadasnoúltimodiaousemana),sejaatravésdeentrevistaspresenciaisnaruaouemdomicílios,portelefoneouinternet.

Noentanto,tambémépossívelutilizarcontagensdosfluxosemgeral(enãoapenasdebicicletas)para estabelecer a divisão modal. Alguns aspectos devem ser considerados neste caso: há veículosquenãosãoparatransportedepessoas,esimparatransportedecarga;ataxadepessoasédiferenteparacadatipodeveículo,principalmenteparadiferenteslinhasdeônibus;ascondiçõesdefluidezdotráfegopodeminfluenciarconsideravelmenteosresultados,jáquealgunsveículospodemestarparados(automóveis)eoutrosandando(motocicletasebicicletas). A divisão modal obtida a partir da contagem informa o percentual de veículos e pedestres que passamemdeterminadavia,eserveparaplanejamentodeestudosdolocaldecontagem,comoporexemploocálculodeníveldeserviço,confortoouaglomeraçãodepessoas,edimensionamentodotemposemafórico.Adicionalmente,épossívelestimaraquantidadedepessoasportipodeveículos,ponderandocadatipodeveículoporumnúmeroestimadodetaxade ocupação.

Londres conduz a “Pesquisa de composição de tráfego” ("Traffic in the City")7 a cada dois anos desde1999.Trata-sedecontagensdeautomóveis,táxis,motocicletas,bicicletas,pequenoscaminhõesevans,caminhões,ônibusepedestres.Ascontagenssãorealizadasemseçõesdetráfegoem15pontosdeacessoaocentrodacidade.Até2015,ascontagenseramfeitaspor12horas(7hàs19h),eapartirde2016sãofeitaspor24horas.Norelatóriodapesquisa2017,sãodestacadasanálisescomparativasemrelaçãoaoiníciodasériehistórica,porexemplo,mostrandoque,percentualmente,abicicletafoioúnicomododetransporteateraumentoexpressivonousodesde1999(umaumentode292%nonúmerodebicicletasnesteperíodo).

A edição mais recente do relatório Traffic in the City está disponível em <http://democracy.cityoflondon.gov.uk/documents/s91800/Appendix%201%20-%20Traffic%20in%20the%20City%202018.pdf>

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3.6. MONITORAR TENDÊNCIAS DE USO E ADEQUAÇÃO A METASArealizaçãodecontagensperiódicasdeciclistaspermiteobservarastendênciasvolumétricasdeusodabicicletaedecaracterizaçãodosusuáriosaolongodotempoe,comisso,acompanharaevoluçãodousoeaefetividadedaspolíticascicloviárias.Ouseja,arealizaçãodecontagenspermite saber se o uso da bicicleta está aumentando ou diminuindo em uma determinada via ou território,alémdedetectarmudançasnoperfildosusuários.

Um programa de monitoramento através contagens que consiga capturar de forma amostral os fluxosemboapartedosterritóriosdacidadepoderáapresentarresultadosexpressivosemtermosmunicipais,servindotambémparaoacompanhamentodemetasdecrescimentodousoda bicicleta.

EmNovaIorque,porexemplo,orelatórioCyclingintheCity,publicadoanualmentepeloDepartamentodeTransportes(DOT),combinadadosdetrêsfontesprincipais:oACS(AmericanCommunitySurvey,umapesquisaamostralrealizadaemtodoopaíssobrediversostemas),umapesquisa do Departamento de Saúde e as contagens de ciclistas em Midtown e nas pontes do East River (além de alguns números do Citibike). Cada fonte de dados é utilizada para um tipo de análise.Ascontagensdeciclistassãorealizadasdesde1986esãoutilizadasparaidentificarasvariaçõesvolumétricasdeusodebicicletasnoacessoàcidade,ouseja,paraavaliarseousodebicicletas está aumentando ou diminuindo a cada ano.

Portland (Oregon) é outra cidade norte-americana que utiliza contagens de ciclistas para identificartendênciasdeusodesde1991.Acidaderealizacontagensautomáticas24pordiadurante todo o ano em 4 pontes de acesso ao centro da cidade e contagens manuais de 2 horas deduração,realizadasem284interseções.Apartirdestesdados,acidadepodeidentificarumcrescimentode322%nonúmerodeviagensporbicicletaentre1991e2017.

EmBerlim,oprimeiroplanoestratégicoparaaumentodousodebicicletasfoiadotadoem2004,como parte do plano de desenvolvimento de transporte sustentável da cidade. Em 2011 as estratégiasparabicicletaforamrevistas,eametaatualéaumentaropercentualdeviagensdebicicletaem2008,de13%,para18/%-20%em2025.Oresultadooficialdametaéobtidoporentrevistascomapopulaçãoemgeral,masacompanhadaconstantementeporcontagensdetráfego,analisandoatendênciadeaumentodousodebicicletas.Ointervalodeanáliseparaomonitoramentodasmetasédeaproximadamentedoisanos,etambémincluidadosqualitativosdainfraestruturaeintegraçãocomtransportepúblico.Oplano,implementaçãoemonitoramentoé de responsabilidade do Departamento de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente de Berlim.

Cycling in the City, NYC DOT, disponível em http://www.nyc.gov/html/dot/html/bicyclists/cyclinginthecity.shtmlPortland Summer Bike Counts, Portland Bureau of Transportation, disponível em <https://www.portlandoregon.gov/Transportation/44671> e <https://www.portlandoregon.gov/TRANSPORTATION/article/490280>New Cycling Strategy for Berlim, Senate Department for Urban Development and the Environment, disponível em <https://www.berlin.de/senuvk/verkehr/politik_planung/rad/strategie/download/radverkehrsstrategie_senatsbeschluss_en.pdf>

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4TECNOLOGIAS DE CONTAGEM

Atualmenteexistemdiversastecnologiasparaacontagemdeciclistasedotráfegoemgeral,mas é possível separá-las em dois grandes grupos: contagens manuais e contagens automáticas.Ascontagensmanuaisenvolvempesquisadorescoletandodadosemcampo,enquanto as automáticas envolvem equipamentos que detectam e contabilizam a passagem de ciclistas.

Entreastecnologiasmaiscomunsdecontagem,destacam-seasseguintes: Automáticas:

• Tubos pneumáticos: tubos instalados sobre o pavimento detectam a passagem de ciclistas através da pressão das rodas das bicicletas;

• Laços indutivos: sensores magnéticos instalados sob o pavimento detectam a passagem de bicicletas;

• Infravermelho: sensores posicionados na lateral de uma determinada infraestrutura cicloviária detectam a passagem de bicicletas;

• Vídeo-detecção: softwares de análise de imagem captadas por câmeras de vídeo detectam a passagem de bicicletas;

Manuais:

• Pesquisadores in loco: equipes posicionadas na via contam ciclistas e registram em planilhasoudispositivoseletrônicos;

• Contagem posterior através de vídeo: pesquisadores contam ciclistas a partir de um vídeo gravado em uma via.

Equipamento de contagem automática de tubos

pneumáticos instalado em ciclovia e ciclofaixa

em São Paulo

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Imagem 1 e 2: Contagem manual de ciclistas com pesquisadores in loco no Rio de Janeiro

Imagem 3: Instalação de contador de laço indutivo com display (totem) em São Paulo

Imagem 4: Contador de laço indutivo com display (totem) em funcionamento em São Francisco (EUA)

2

1

3

4

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Aindaqueodesenvolvimentotecnológicotenhaaprimoradoosequipamentosdecontagemautomática,ascontagensmanuaiscontinuamaseramplamenteutilizadaseoferecemalgunsbenefícios em relação aos equipamentos automáticos.

Deumaformageral,ascontagensautomáticaspermitemrealizarmediçõesdeformaininterruptaporlongosperíodos(dias,mesesouatéanos).Estacaracterísticapodeserútilpara:

• Coletardadosrobustossobreofluxodeciclistasemumadeterminadavia,incluindoospadrõesdedeslocamentoemdiferentesdiasdasemana,horáriosecondiçõesclimáticas;

• Aferir o volume anual de ciclistas em uma determinada via e permitir uma comparação precisa das tendências volumétricas a cada ano nesta via. Um conjunto de contagens automáticasbemdistribuídonoterritóriopodeserumaformaefetivadeterumavisãogeralsobreoimpactodaspolíticasdeciclomobilidadeemumdeterminadoterritório;

• Estabelecer referências numéricas para a extrapolação de contagens de curta duração em vias semelhantes à via com contagens automáticas. Esta técnica permite calcular o volume anual de ciclistas em vias com características e função viária semelhantes utilizando contagens de curta duração.

Noentanto,ascontagensmanuaisoferecemcomoprincipalbenefícioapossibilidadedecaracterização dos usuários e de avaliação do comportamento dos ciclistas na via. Apenas a observação in locodeumapessoapodeidentificar,porexemplo,otipodebicicletautilizada,ogêneroefaixaetáriadociclista,autilizaçãodeequipamentosdesegurançaouacessórios.Alémdisso,ascontagensmanuaistambémsãoaformamaisfácildeobservarocomportamentodeciclistascomrelaçãoaorespeitoaosemáforoeàslinhasdedesejo,contabilizando as viagens que são feitas fora da infraestrutura cicloviária.

Contagensautomáticasemanuaistambémpossuemdesvantagens:oprimeirotiposópodeserrealizadoporequipamentosqueaindapossuemcustoelevadodecompra,implantaçãoeutilização (às vezes envolvendo licenças de software e custos de manutenção e treinamento deoperadores).Poroutrolado,aoutilizarrecursoshumanosenãotecnologiaautomática,ascontagensmanuaispossuemlimitaçõesquantoàsuaduração:emgeral,édifícilmobilizarequipes para contar por vários dias ou mesmo durante as 24 horas de um dia.

A combinação de contagens manuais realizadas durante algumas horas do dia com contagens automáticasporlongosperíodos(diasousemanas)podeserumaótimaestratégiaparagarantiraferiçãomaisprecisadosvolumese,aomesmotempo,acaracterizaçãodosusuários.Com esta estratégia é possível saber não apenas "quantos" ciclistas passam por uma determinadavia,mastambém"quemsão"estesciclistas.

Vale destacar que cada tipo de contagem (incluindo as contagens manuais) exige um tempo de preparação,estudo,testeseajustesnosprocedimentos.Cadatecnologiaapresentalimitações,benefícios,falhasefontesdeerropróprias.Dedicartempoaoplanejamentodeumprogramadecontagenséfundamentalparaosucessodainiciativa.Alémdisso,éimportanteestar ciente que boa parte das tecnologias automáticas segue em processo de aperfeiçoamento.

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5ATRIBUTOS ESPACIAIS: Localização

Umgrandedesafioparaoestabelecimentodeumprogramadecontagenséescolheroslocaisdeaferição.Naescalamacro,deve-seprimeiramentedeterminaroterritóriodacontagem.Oterritórioéaregiãodeestudonaqualsedesejaentenderemonitorarousodabicicleta,podeserumbairro,umdistritoouregiãocomcaracterísticassocioculturais,econômicaseurbanasque fornecem certa unidade territorial.

Aescolhadoterritórionãoprecisanecessariamenteserolocalondemaisseutilizaabicicletanacidade.Épossívelescolherumterritóriocombaixonúmerodeciclistasnomomento,mascom potencial de crescimento de uso.

Emcidadesmédiasegrandes,gruposouassociaçõesdeciclistassãoatoresrelevantesparaidentificarterritóriosimportantesparaestudosdousodabicicletanacidade.

Apósaescolhadoterritório,énecessárioescolheraviaondeserárealizadaacontagem.Adependerdafinalidadedoestudo,aviapodeterumaoumaiscaracterísticasqueadestacamdas demais:

• Altaconcentraçãodeciclistasemrelaçãoaoterritório;

• Grande potencial de atração de pessoas e viagens (vias comerciais ou centros de emprego,porexemplo);

• Númeroexpressivodeocorrênciasdetrânsitoenvolvendociclistas,principalmenteocorrências com mortes;

• Viasplanasemumterritórioacidentado,comgrandepotencialdeusodabicicleta;

• Viasqueserãoalvodemodificaçõesporcontadeobrasouoperaçõesurbanas;

• Vias onde existe resistência de setores da comunidade à implantação de infraestrutura cicloviária para demonstração de demanda

• Viasdeconexãocomoutrasregiõesouquedemarcaentradaesaídadoterritório.

Naescalamicro,aposiçãoexatadaseçãodecontagemédeterminadapelolocalcommaiorconcentraçãodeciclistas,ouseja,ospontosdeconfluênciadasviagensrealizadasnointeriordoterritório.

Recomenda-seanotarofluxodeciclistasporsecçãodevia,enãoemcruzamentos,registrandoo volume por sentido. A contagem por seção tende a não superestimar o uso. Caso se deseje fazercontagememcruzamentos,éindicadoplanejarumacontagememcadaviadocruzamento.

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Dadaadinâmicamaislivredabicicletaemrelaçãoaosveículosmotorizados,énecessáriodelimitarvisualmenteolocaldepassagem.Aseçãovisualdeveserpróximaparacaracterizaçãodociclistaedabicicleta,elivredeinterferênciasfixas(árvores,bancasdejornal)oumóveis(ônibus,caminhões).

Posicionamento sugerido para pesquisadores durante contagem manual em avenida de duplo sentido

Posicionamento sugerido para pesquisadores durante contagem manual em avenida de duplo sentido com canteiro central

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6ATRIBUTOS TEMPORAIS:Periodicidade, duração, dias típicos e intervalo de marcação

Definidoolocal,énecessáriodefinirosatributostemporaisdacontagem:periodicidade (quantasvezesporanorepetir),dias típicos(emquaismesesediasdasemanacontar),duração (em quais horas ou dias contar) e o intervalo de marcação (de quanto em quanto tempo o registro será feito).

O intervalo de marcaçãoéimportanteparaanálisededados,poisquantomaismarcaçõesduranteapesquisa,maisdetalhadoseráográficodeflutuaçãoporhora.Poroutrolado,intervalos muito curtos podem confundir pesquisadores em campo e resultar em trabalho adicional para a tabulação.

Recomenda-se que as contagens manuais observem o intervalo de marcação de 30 minutos. As contagensautomáticaspermitemrelatóriospelahoraexata(precisãodeminutos),masumintervalodemarcaçãode5minutosésuficiente.

Para a duraçãodacontagemmanual,operíododeumdiaéomínimoindicadoparaomonitoramento.Énecessárioperceberqueaduraçãodapesquisapodeseradaptadaàscaracterísticasdolocal.Comoregrageral,oshoráriosextremosdamanhãedanoitedevemterbaixíssimacontagemdeciclistas.Ohoráriodeiníciooudefimpodemseralteradosparacontemplarfluxosespecíficos,comoporexemplo,oturnodeumafábricaouasaídadeumafaculdade.

Recomenda-se que não haja interrupção da pesquisa ao longo do dia. Por mais difícil que seja terequipedepesquisadoresparaumdiatodo,acurvacompletaaolongododiaéimportanteparaservirdereferência,analisartendências,entenderademandanahoradoalmoço,etc.

Poroutrolado,paragarantiraqualidadedacontagem,éindicadoqueaequipedepesquisasedividaemturnosdeduashoras,enuncafiquemaisdetrêshorasconsecutivassemnenhumdescanso.Sempreéprecisopreverparadasparaalimentação,idaaobanheiroedescansosmental e visual.

Recomenda-sequeascontagensmanuaispossuam,pelomenos,12horasdeduração.Idealmentedeve-setrabalharcomumhorizontede15horas,das6hàs21h.

Paraascontagensautomáticasutilizandocontadoresmóveis,recomenda-sequepermaneçamnolocaldecontagempor,pelomenos,umasemanacompleta.Casoainstalaçãoaconteçaapenasemdiasúteisporcontadealgumalimitaçãodeequipe,érecomendadodeixarocontador por 10 dias.

Sugestão para permanência decontadoresmóveisem

ponto de contagemSabSex

Instalação Retirada

Dom Seg Ter Qua Qui Sex Sab Dom Seg

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O dia típico dacontagemdevelevaremconsideraçãoousodabicicletanacidade,afinalidadeda pesquisa e as condições climáticas. As considerações da escolha do dia típico devem constar dorelatóriodapesquisa,assimcomoasdemaiscaracterísticasmetodológicasdapesquisa.

Casonãohajanenhumainformaçãosobrecomoousodabicicletavariaaolongodasemana,sugere-sefazerapesquisaemterças,quartasouquintas-feira,paraevitarpossíveisinterferênciasdamudançadepadrãodeviagensdosfinaisdesemana.

Ascontagensnãodevemserrealizadasemdiaschuvososoucomprevisãodechuva,tantoporqueaquedanonúmerodeviagensdebicicletapodeprovocardistorçõesnaamostra,quantopeladificuldadevisualeparaexecutarapesquisa(manuseiodomaterialeconfortodaequipeda pesquisa). Recomenda-se evitar também dias de muito calor ou muito frio. Uma contagem feita em dia típico tem mais qualidade e poderá ser efetivamente usada como referência futura.

Aescolhadomêsgeralmenteestáligadaàfinalidadedapesquisa,ouàprimeiravezqueapesquisafoirealizadanolocal(paramanterapossibilidadedecomparaçãoemsériehistórica).Éimportantecompreenderseecomoomêsteminfluêncianousodebicicletasnacidade.

Anãoserqueafinalidadedapesquisasejaacomparação,deve-seevitarperíodosdefériasescolaresoudegrandeseventosnacidade,sempretendoemmenteafinalidadedapesquisa.

Casoafinalidadedacontagemsejaestabelecerumprogramademonitoramentodousodebicicletas,éimportantemanteralgumaperiodicidade entre as contagens. Em cidades médias e grandes,ondemudançassãofrequentes,recomenda-seescolheralgunslocaiserealizarcontagensmanuaisdeumdia,pelomenosumavezporano.Alémdisso,épossívelrealizaraferiçõesemhoráriosdepicodeciclistasemoutroslocaisdacidade.Éfundamentalqueascontagenssejamrepetidasnamesmalocalizaçãoecomosmesmosatributostemporais,paraqueosdadossejamcomparáveis,produzindosérieshistóricas.Contagenscomduraçõesdiferentestambémsãocomparáveisepodemserutilizadasemsérieshistóricasperiódicas,masesteprocedimentopodeafetaraconfiabilidadedosresultadoscasonãosejamadotadasverificaçõesestatísticaspararealizaraextrapolaçãodosdados.

Emcidadespequenas,casonãohajaalteraçõessignificativasnascondiçõesdemobilidadeurbana,recomenda-serealizarcontagensdediatodoacada2ou3anos.Alémdisso,éimportante realizar contagens de aferição quando possível. Estas contagens podem ser realizadasemperíodosmenoresdoqueacontagemdediatodo,paraavaliaraprecisãodosresultados obtidos inicialmente. Recomenda-se que as contagens de aferição aconteçam no períododemaiorvolumedeciclistas(horáriosdepico,emgeral2a3horasnoperíododamanhã e 2 a 3 horas no período da tarde).

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7NoBrasil,ascontagensmanuaisaindasãopredominantesentreastecnologiasutilizadas.Oinvestimentonaaquisiçãoemanutençãodeequipamentosautomáticosdificultaautilizaçãodeoutrastecnologias,aindaquealgumascidadeseorganizaçõestenhamcomeçadoaenxergarpossibilidades de utilização destes equipamentos.

Mesmocomaslimitaçõesdeduração,ascontagensmanuaissãoumaimportanteferramentapara iniciar um programa de monitoramento baseado em contagens. Uma contagem é melhor que nenhuma: planejar contagens de ciclistas e empreender esforços para realizá-las periodicamente pode fazer a diferença para o futuro da mobilidade na cidade.

Utilizar contagens manuais para demonstrar a demanda existente em uma determinada via podeserumaformaeficientedechamaraatençãoparaaciclomobilidadeemcidadesaindarefratárias à bicicleta ou para reivindicar a implementação de uma determinada infraestrutura cicloviária. As contagens são um poderoso instrumento de comunicação para se discutir o uso do espaço viário.

Emcidadescompolíticascicloviáriasumpoucomaisavançadas,ascontagensmanuaissãoumaferramentacomótimocusto-benefícioparainiciaromonitoramentodastendênciasdeusodabicicleta.Realizarcontagensperiódicasempontosestratégicosdacidadepermiteconstruiruma base de informações que poderá ser aprimorada e complementada ao longo dos anos.

Os programas de monitoramento do uso de bicicletas ainda estão em desenvolvimento e não existemrecomendaçõesdefinitivaspararesultadosótimos.

Alémdasrecomendaçõesanteriores,podeserimportanteobservaroutrosaspectosdascontagens manuais:

• Apósarealizaçãodapesquisa,éfundamentalelaborarrelatóriopararegistroedivulgação dos resultados e experiências vividas. Este trabalho pode ser acompanhado de um esforço decomunicaçãoquebusqueenvolverorganizações,profissionaisoucidadãosqueatuamoutêminteressenaciclomobilidadedoterritório-alvo.

• O relatório deve conter contextualização sobre a mobilidade urbana da cidade e do territórioescolhido,alémdecaracterizaçãodaviaedescriçãodametodologiautilizada. Emlongoprazo,osmotivosdeescolhadoterritórioeasfinalidadesdapesquisaajudamnoplanejamento e compreensão das dinâmicas da cidade.

• Éimportantedescrever as condições climáticas,incluindoumregistroporfoto.

• Oprocessodetreinamentodospesquisadorestambémdeveserregistrado,assimcomoumdiário sobre o que correu bem em campo e ou que poderia ser melhorado. Estes aprendizadosauxiliamnoaprimoramentodoprocessodecontagensdaprópriaorganizaçãoedeoutrosórgãosoucidades.

• Alémdorelatóriodescritivo,comgráficoseinformaçõesdescritivasedecontexto,éimportante divulgar os dados brutos das contagens (com os volumes contabilizados a cada intervalodemarcação)emformatoaberto,ouseja,atravésdeumarquivodigitalquepossaserlidoporoutrosprogramasdecomputador,comoporexemplo.TXTou.CSV.

• Casonãohajaapossibilidadededisponibilizarosdadosabertosseparadamente,éimportanteterumatabelasimplesnoarquivoPDF,semmuitaformatação,paraqueoutrosinteressados possam utilizar recursos de copiar e colar.

• Deve-se dedicar atenção e tempo ao treinamento das equipes de pesquisadores antes das contagens:duranteotrabalhodecampo,ospesquisadoresnãopodemterdúvidassobreaformaderegistronasplanilhasoudispositivoseletrônicos.

• Éimportantedesignar um(a) coordenador(a) para a pesquisa,quetambémficaráresponsável por visitas prévias ao local de contagemparaidentificarosmelhorespontosde observação.

SUGESTÕES ADICIONAIS PARA CONTAGENS MANUAIS

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8.1. REFERÊNCIAS ÚTEIS:

Segue abaixo uma lista de documentos e sites complementares que trazeminformaçõescomplementaresaesterelatório.

Guias e manuais:• LOBO,José;BERTULIS,Tom.Manual de contagem fotográfica de

ciclistas. Associação Transporte Ativo. Disponível em: <http://ta.org.br/contagens/manual_contagem_fotografica.pdf>

• LANDTRANSPORTNZ.Cycle counting in New Zealand. 2008. Disponível em: <https://www.nzta.govt.nz/resources/sustainable-transport/cycle-counting-in-nz/>

Tecnologias de contagem:• LOUCH,Hugh;DAVIS,Brad;VOROS,Kim;O'TOOLE,Kristen;PIPER,Sam.

Innovation in Bicycle and Pedestrian Counts: A Review of Emerging Technology.AltaPlanning+Design,2016.Disponívelem:<https://altaplanning.com/resources/innovative-counting-technologies/>;

• NationalAcademiesofSciences,Engineering,andMedicine.2017.Methods and Technologies for Pedestrian and Bicycle Volume Data Collection: Phase 2.Washington,DC:TheNationalAcademiesPress.2014. Disponível em <https://doi.org/10.17226/24732>;

Páginas de referência:• American Community Survey. Página do censo anual realizado nos EUA.

Disponível em <https://www.census.gov/programs-surveys/acs/>

• Bicycle Counts - Portland Bureau of Transportation. Página da prefeitura de Portland (EUA) com informações sobre contagens de ciclistas. Disponível em <https://www.portlandoregon.gov/Transportation/44671>

• Bike Counters - Seattle Department of Transportation. Informações sobre as contagens de ciclistas em Seattle (EUA). Disponível em <https://www.seattle.gov/transportation/projects-and-programs/programs/bike-program/bike-counters>

• Contagens de Ciclistas - Associação Transporte Ativo. Coletânea de relatóriosdecontagemdeciclistasnoBrasilemodelosdedocumentos para contagens. Disponível em <http://transporteativo.org.br/ta/?page_id=11178>

• CityofVancouver:Trafficcountdata.PáginadaprefeituradeVancouver(Canadá)cominformaçõesmetodológicaseresultadosdascontagens de veículos na cidade. Disponível em <https://vancouver.ca/streets-transportation/traffic-count-data.aspx>

• Cycling in The City. Pesquisa anual realizada pelo DOT de NY. Disponível em <http://www.nyc.gov/html/dot/html/bicyclists/cyclinginthecity.shtml>

• The Danish National Travel Survey. Informações sobre medições de tráfego na Dinamarca. Disponível em <http://www.cta.man.dtu.dk/english/tvu>

8REFERÊNCIAS ÚTEIS E BIBLIOGRAFIA

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8.2. BIBLIOGRAFIA ADICIONAL

Segue abaixo uma lista de documentos e sites complementares que trazeminformaçõescomplementaresaesterelatório.

• ÁREA METROPOLITANA DEL VALLE DE ABURRÁ. Plan Maestro Metropolitano de la Bicicleta del Valle de Aburrá (PMB2030). Tranvías S.A.S.Transporteyvías,2015.Disponívelem <http://www.encicla.gov.co/wp-content/uploads/5PMB2030.pdf>

• CICLOCIUDADES. Conteos ciclistas - México. Disponível em <http://ciclociudades.mx/conteos-ciclistas/>

• MINISTERIEVANVERKEERENWATERSTAAT;FIETSBERAAD.Cycling in the Netherlands. 2009.MinistryofTransport,PublicWorksandWaterManagement. Disponível em <http://www.fietsberaad.nl/library/repository/bestanden/CyclingintheNetherlands2009.pdf>

• NATIONAL COOPERATIVE HIGHWAY RESEARCH PROGRAM. Methods and Technologies for Pedestrian and Bicycle Volume Data Collection: Phase 2.TransportationResearchBoard,2016.Disponívelem: <http://www.trb.org/Main/Blurbs/175860.aspx>

• RYUS,Paul;FERGUSON,Erin;LAUSTSEN,KellyM.;SCHNEIDER,RobertJ;PROULX,FrankR;HULL,Tony;MIRANDA-MORENO,Luis.Guidebook on Pedestrian and Bicycle Volume Data Collection - NCHRP Report 797. NationalAcademiesofSciences,Engineering,andMedicine,2014.Disponível em <https://doi.org/10.17226/22223>;

• SENATE DEPARTMENT FOR URBAN DEVELOPMENT AND THE ENVIRONMENT - CITY OF BERLIM. Cycling Strategy for Berlim. Disponível em <https://www.berlin.de/senuvk/verkehr/politik_planung/rad/strategie/download/radverkehrsstrategie_senatsbeschluss_en.pdf>

• SWOV, LEIDSCHENDAM. Factsheet - Mobility on Dutch Roads. SWOV: InstituteforRoadSafety,2013.DIsponívelem <https://www.swov.nl/sites/default/files/publicaties/gearchiveerde-factsheet/uk/fs_mobility_archived.pdf>

• TRANSPORT FOR LONDON. Travel in London - Report 8. Transport for London,2015.Disponívelem <http://content.tfl.gov.uk/travel-in-london-report-8.pdf>

• U.S. Department of Transportation - Federal Highway Administration. Traffic Monitoring Guide. 2016. Disponível em <https://www.fhwa.dot.gov/policyinformation/tmguide/>

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