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Grupo de Estudos em Direito de Recursos Naturais
23/06/2012
Módulo I : História e Elementos Fundamentais
Módulo II : Cláusulas Introdutórias
Módulo III: Fase de Exploração
Módulo IV: Fase de Produção
Módulo V : Divisão dos Resultados da
Produção
Módulo VI : A Fase de
Descomissionamento e o
Destino dos Bens
Myller Kairo C. de Mesquita & Luiz Alberto C. Bustamante
Módulo I : História e Elementos Fundamentais
◦ O Surgimento do Contrato de Partilha e seu Contexto
Por: Luiz Alberto C. Bustamante
◦ Os Elementos Diferenciais Tradicionalmente Vinculados
ao Contrato de Partilha
Por: Myller Kairo C. de Mesquita
Myller Kairo Coelho de Mesquita
I. Origem. II. Objetivo primário. III. Natureza jurídica do PSC. IV. Os elementos tradicionalmente vinculados ao PSC. IV.I. Direitos reconhecidos à IOC e ao governo hospedeiro. IV. II. Cláusulas de obrigação de investimento e de trabalho. IV. III. Cláusulas relativas às rendas do governo e da IOC. V. Cláusulas chave do PSC. VI. Características básicas aplicáveis a todos os PSCs.
O PSC surgiu na Indonésia (1966) para se contrapor ao modelo da concessão: juridicamente permissiva e economicamente desequilibrada em favor da IOC.
Evolução histórica:
Descoberta de petróleo da Indonésia data de 1883.
A exploração era regulada por meio de acordos de licença exclusivos com participação da Royal Dutch Shell.
Em 1945, ocorre a independência da metrópole holandesa. Nesse período vigoravam contratos de concessão.
Em 1961, foram suspensas novas concessões.
Fonte: http://www.asia-turismo.com/mapas/indonesia.htm
Problema: como desenvolver e controlar os recursos
petrolíferos sem tecnologia e capital necessários?
Surgimento de contrato de serviços. Opção frustrada.
Solução: Surgimento dos production sharing contracts (PSC).
Origem funcional: contrato de meação agrícola.
O Estado passava a ser representado por uma empresa estatal
criada com esse fim.
“Inicialmente, eram três empresas: Permina, Indonesian Oil
Mining Company (Pertamin) e State Oil Company (PN
Permigan). Em 1965, a PN Permigan foi dissolvida, enquanto
as outras duas sofreram um processo de fusão, dando origem à
estatal Pertamina.” (TOLMASQUIM, Mauricio Tiomno; Marcos regulatórios da
indústria mundial de petróleo—Rio de Janeiro: Synergia: EPE, 2011, p. 135)
Objetivo: maior controle, participação, fiscalização do Estado sobre a atividade petrolífera.
Há possibilidade de contabilização de reservas de petróleo nas demonstrações financeiras da International Oil Company (IOC), apesar de a propriedade do óleo ser do país.
Estruturalmente, é parecido com um farmout agreement. Há divisão de lucro se forem recuperados os custos de perfuração e operação do poço.
Diferença: i) o PSC não garante titularidade de direito sobre o bem a ser explorado; ii) a IOC é considerada uma mera contratada.
INTERNETIONAL PETROLEUM TRANSACTIONS, THIRD EDITION (Rocky Mountain Mineral Law Foundation 2010, p. 471)
“A primary objective of a
PSC is to develop the host
country’s petroleum
reserves, using the capital
and technological
expertise of the IOC
while maintaining
sovereignty and control of
the reserves.”
“Um objetivo primário
de um PSC é
desenvolver as reservas
petrolíferas do país
hospedeiro, usando o
capital e a expertise
tecnológica da IOC de
modo a manter a
soberania e controle das
reservas.”
Contrato de Prestação de
serviço “A OC opera com o status de
contratada em face do detentor dos
direitos de mineração e proprietário
dos hidrocarbonetos, que é o próprio
Estado hospedeiro ou uma NOC para
que, em seguida, uma parte da
produção seja recebida pela OC sob
o PSC como um pagamento ou
compensação pelos serviços
prestados. “ (BNDES, Contrato de partilha.
http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/export/site
s/default/bndes_pt/Galerias/Arquivos/empresa/p
esquisa/chamada1/Relat_I-4de8.pdf, p. 235)
Contrato de características
puramente associativas
“Argumentos que corroboram esta
segunda tese são: (i) o fato de que, no
PSC, a OC detém a
responsabilidade sobre as
operações, o que não seria plausível
caso ela figurasse como
mera prestadora de serviços; (ii) a
propriedade ao óleo (tanto o cost oil
como o profit oil) já ser assegurada
de plano, embora apenas se
aperfeiçoe com a tradição do
hidrocarboneto produzido, após
procedimentos operacionais de
separação, tratamento e medição,
dentro de uma periodicidade ajustada
no instrumento, e (iii) o fato de as
OCs poderem computar as reservas
em suas demonstrações financeiras.”
(idem, p. 235)
Não existe amparo legal ao interesse ou titularidade do óleo pela IOC, à exceção do que for devidamente convencionado no PSC.
O contrato pode ocorrer entre a IOC e o Estado ou a National Oil Company (NOC), que por sua vez vai gerenciar o contrato e absorver conhecimento a fim de continuar a produção no término do PSC.
Estado
National Oil Company International Oil Company
A IOC é obrigada a prover todo o material, tecnologia, capital e trabalho para adimplir os objetivos do PSC.
Todo o material e infraestrutura, exceto os arrendados, serão transferidos ao Estado ou à NOC.
A titularidade do petróleo permanece sobre a soberania do Estado que contrata a IOC por meio de PSC.
Em contrapartida, “cost oil” e “profit oil” são devidos à IOC.
INTERNETIONAL PETROLEUM TRANSACTIONS, THIRD EDITION (Rocky Mountain Mineral Law Foundation 2010, p. 464-471)
(Petróleo e Gás Natural: como produzir e a que custo. Coordenação: Edmilson Moutinho dos Santos. Rio de Janeiro, Synergia, 2011, p.254-255.)
Petróleo Custo (cost oil)
“Em um contrato de partilha da
produção, o contratado tem direito a
recuperar seus custos, apropriando-se
de uma parcela não excedente a certa
porcentagem da produção anual do
contrato. Essa parcela é conhecida
como petróleo custo. O saldo ainda não
recuperado é transportado para ser
recuperado no(s) ano(s) seguinte(s),
com base no mesmo princípio. O
petróleo custo é valorado usando-se o
preço de mercado do petróleo antes de
ser confrontado com os custos
recuperáveis.”
Petróleo Lucro (profit oil)
“A parcela da receita de
petróleo remanescente
após a dedução do petróleo
custo é conhecida como
petróleo lucro.”
“A maioria das grandes empresas de petróleo (majors), inicialmente, não se interessou muito pelo regime de partilha, uma vez que elas teriam que investir capital em um empreendimento do qual não poderiam se apoderar, nem mesmo gerenciar. Assim, as primeiras firmas a adotarem o regime de partilha de produção foram empresas independentes de petróleo (como a Independent Indonesian American Petroleum Company-IIAPCO, em 1966, e a Phillips Petroleum Co, em 1968)” (Bindemann, 1999 apud TOLMASQUIM, Mauricio Tiomno;
Marcos regulatórios da indústria mundial de petróleo—Rio de Janeiro: Synergia: EPE, 2011, p. 134)
INTERNETIONAL PETROLEUM TRANSACTIONS, THIRD EDITION (Rocky Mountain Mineral Law Foundation 2010, p. 467)
Excesso de poder administrativo nas mãos da
NOC
Receio: i) aplicação das novas regras a outros contratos internacionais; ii) perda do capital investido no país hospedeiro.
Self restraint
a) A fiscalização mais incisiva ocorrerá quando houver óleo.
b) Não há interesse em reduzir ou impedir a produção da OC, pois isso desmotivaria novos investimentos no país.
c) Há deficiência tecnológica e de conhecimento específico por parte do Estado.
INTERNETIONAL PETROLEUM TRANSACTIONS, THIRD EDITION (Rocky Mountain Mineral Law Foundation 2010, p. 472-473)
Uma vez que o PSC
permite que o IOC recupere
os custos do
desenvolvimento da reserva
mineral, ele deve apontar:
i) a existência de um
programa de trabalho ou
uma contribuição financeira
mínima no que diz respeito
ao desenvolvimento;
ii) a duração das fases de
desenvolvimento e
exploração;
iii) a divisão de benefícios
da produção entre a IOC e a
NOC se a produção for
atingida.
Após a descoberta de óleo, o plano de desenvolvimento da IOC deve ser aprovado pelo país, uma vez que tem impacto sobre a determinação dos custos do empreendimento.
Quando houver o desenvolvimento completo e a produção comercial ocorrer, será necessário determinar: i) quais custos podem ser recuperados?; ii) como a recuperação do custo do capital se diferencia da recuperação do custo de operação?; iii) como esses custos serão reembolsados?
INTERNETIONAL PETROLEUM TRANSACTIONS, THIRD EDITION (Rocky Mountain Mineral Law Foundation 2010, p. 464-471)
i) os custos de desenvolvimento são
recuperáveis. Os custos de
exploração são frequentemente, mas
não universalmente recuperáveis.
Geralmente, bônus de assinatura e
de renda não são recuperáveis.
ii) Custos de operação são
recuperáveis na forma de cost oil e
tem prioridade sobre recuperação de
custo de capital. Este, por sua vez, é
recuperado em um período de anos
assim como se calcula a recuperação
da depreciação por taxa sobre renda.
iii) modernamente, existe um limite
sobre o cost oil calculado por uma
porcentagem sobre o total da
produção em determinado período e
em determinado local de exploração.
“Há grandes variações na divisão do petróleo lucro entre diferentes países e contratos. Elas refletem as diferenças nas estimativas do potencial de petróleo e dos custos, estes últimos diretamente vinculados às características e à localização das descobertas.” (Petróleo e Gás Natural: como produzir e a que custo. Coordenação: Edmilson Moutinho dos Santos. Rio de Janeiro, Synergia, 2011, p.255.)
“Os contratos de partilha de produção, geralmente, não incluem o pagamento de um royalty sobre o valor da produção, mas naqueles casos que contemplam o pagamento de royalty, o limite para recuperação de custo é calculado sobre a produção remanescente após a dedução do royalty.” (Petróleo e Gás Natural: como produzir e a que custo. Coordenação: Edmilson Moutinho dos Santos. Rio de Janeiro, Synergia, 2011, p.255.)
Gerência e controle.
Programa de trabalho mínimo obrigatório.
Possibilidade de renúncia.
Descoberta comercial.
Recuperação de custo.
Bônus e tributos.
Conteúdo local.
Mecanismos de estabilização de contratos.
Regulação do fim do contrato. (Production Sharing Contracts: Implications for Pre-Salt
Development in Brazil, p. 29. Baker & Mckenzie)
(BNDES, Contrato de partilha. http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/export/sites/default/bndes_pt/Galerias/Arquivos/empresa/pesquisa/chamada1/Relat_I-4de8.pdf, p. 235-236)
“(i) a OC é apontada pelo Estado
hospedeiro (ou pela NOC) como
contratada em determinada região e
por determinado tempo;
(ii) a OC operará sob suas expensas e
risco, sob supervisão do Estado
hospedeiro;
(iii) a OC deverá fornecer todo o
material, equipamento e pessoal
necessário à condução das operações;
(iv) a produção, existindo, pertencerá
ao Estado hospedeiro;
(v) a OC terá direito de recuperar
seus investimentos a partir da
produção da área contratualmente
estipulada;
(vi) após a recuperação dos custos,
o restante da produção será
partilhado entre a OC e o Estado
hospedeiro em proporções
previamente estabelecidas no PSC;
(vii) as receitas da OC estão sujeitas
a taxação e
(viii) a propriedade dos
equipamentos e das instalações é
transferida ao Estado hospedeiro ao
final do contrato ou
progressivamente, de acordo com o
cronograma de amortizações.”