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CONTRAVENÇÕES PENAIS – PROF. ADRIANO CLARO AULA 01 – NOÇÕES GERAIS Contravenção penal, o que é, como interfere na vida do cidadão, tendo mesma importância de um tempo atrás. A contravenção penal está no nosso dia-a-dia, e muitas vezes não sabemos que estamos praticando uma. Lembrando que no Brasil tem o Decreto-Lei N° 3688/1941, que é das contravenções; será que tem eficácia hoje, pois foi feita a muito tempo atrás? Sim, é antiga, mas está em vigor ainda, precisando analisar muitos aspectos dela junto com o panorama jurídico em vigor. Estrutura: se divide em duas partes (geral, todas as regras gerais que recaem sobre todas as contravenções; especial, são as previstas em espécie, exs: omissão na guarda de animal, etc). Porém há condutas que caracterizam contravenções, que estão previstas em leis especiais. O conceito de contravenções é difícil de estabelecer, pois a lei tem conceito formal, a lei de introdução do CP (LICP), estabelece em seu art. 1°, a diferença entre crime e contravenção penal: Art 1º Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas. alternativa ou cumulativamente. Assim: Crime : reclusão ou detenção, cumuladas com multa; Contravenção : prisão simples, cumulada com multa; São três as PPL: reclusão, detenção e prisão simples; A multa nunca será aplicada isoladamente, se tiver só multa no preceito secundário (pena), significa que estamos diante de uma contravenção, sendo a multa cominada em isolado abstratamente. Prof. Barros, crime não teria diferença para a

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CONTRAVENÇÕES PENAIS – PROF. ADRIANO CLARO

AULA 01 – NOÇÕES GERAIS

Contravenção penal, o que é, como interfere na vida do cidadão, tendo mesma importância de um tempo atrás. A contravenção penal está no nosso dia-a-dia, e muitas vezes não sabemos que estamos praticando uma. Lembrando que no Brasil tem o Decreto-Lei N° 3688/1941, que é das contravenções; será que tem eficácia hoje, pois foi feita a muito tempo atrás? Sim, é antiga, mas está em vigor ainda, precisando analisar muitos aspectos dela junto com o panorama jurídico em vigor.

Estrutura: se divide em duas partes (geral, todas as regras gerais que recaem sobre todas as contravenções; especial, são as previstas em espécie, exs: omissão na guarda de animal, etc). Porém há condutas que caracterizam contravenções, que estão previstas em leis especiais.

O conceito de contravenções é difícil de estabelecer, pois a lei tem conceito formal, a lei de introdução do CP (LICP), estabelece em seu art. 1°, a diferença entre crime e contravenção penal:

Art 1º Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas. alternativa ou cumulativamente.

Assim:

Crime: reclusão ou detenção, cumuladas com multa;

Contravenção: prisão simples, cumulada com multa;

São três as PPL: reclusão, detenção e prisão simples;

A multa nunca será aplicada isoladamente, se tiver só multa no preceito secundário (pena), significa que estamos diante de uma contravenção, sendo a multa cominada em isolado abstratamente. Prof. Barros, crime não teria diferença para a contravenção, tendo por conceito a teoria tripartida (fato típico, ilícito e culpável, este pressuposto da pena). Se não existe então uma diferença ontológica entre crime e contravenção, qual o critério estabelecido pelo legislador que uma determinada conduta seja crime, contravenção ou mera infração administrativa? Ex: dirigir embriagado, como eu sei se a conduta terá relevância enquanto crime, contravenção ou infração administrativamente? O critério é feito por política criminal, onde o legislador escolhe a conduta e diz o que é, conforme sua gravidade. Se tal conduta, embora tenha relevância penal, não seja passível administrativamente, fica na coluna do meio, sendo contravenção penal. Assim: infração administrativa – contravenção penal – crime. Até 1997, o porte ilegal de arma de fogo era contravenção penal, com o estatuto do desarmamento, virou crime! Ex: suponhamos que não baste aplicar a pena de multa à pessoa

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que não usa o cinto de segurança, assim, a infração administrativa pelo não uso do cinto não basta para as pessoas o utilizem para a ordem a segurança; pode ser que futuramente o legislador, por política criminal, transforme tal conduta em contravenção ou crime. Não existe um critério rigoroso para estabelecer se a conduta é contrav ou crime, inclusive, há tendência de colocar muita conduta que era infração adm em contrav ou crime, até mesmo hediondo. O legislador atualmente está abusando da tipificação de condutas, onde muitas poderiam ser resolvidas no campo administrativo – inflação penal. Um batom falsificado, por exemplo, pode ter pena de até 15 anos, pois a conduta foi transformada em crime hediondo! Muitas vezes a pessoa nem sabe que está cometendo um crime, o âmbito ambiental tem muito disso (colhimento da vitória-régia é crime ambiental de pesca ambiental, pois o vegetal hidro é comparado a peixe!!!). O professor acredita que muitas dessas condutas poderiam ficar no âmbito adm com a pena de multa, pois seriam mais eficazes.

Lei 11705/2008, a Lei Seca, estabelece que quem estiver dirigindo embriagado se sujeitará à multa e terá o veículo apreendido, ficando proibida de dirigir por um ano (cassação da habilitação). São 3 providências de caráter administrativo, se não forem suficientes, há o crime de embriaguez ao volante no CP. Essa lei tornou inviável a caracterização do crime, sendo necessário que a pessoa apresente como elementar do tipo quantidade igual ou maior que 6 decigramas de álcool por litro de sangue, constatados por bafômetro ou exame de sangue. A lei seca foi eficaz porque no campo administrativo está sendo boa, porque contém tal conduta no campo adm, não aplicando lei penal.

Pergunta: fumar maconha é crime ou é contravenção penal? A Lei de Drogas (11343/2006) trouxe uma grande novidade, o art. 28, no qual estabelece duas condutas criminosas (1ª: portar, trazer consigo, guardar, transportar, adquirir droga para consumo pessoal – portador) e (2ª: plantio de droga para consumo pessoal). Hoje não há discussão sobre o fato de o plantio de droga caracterizar tipificação. Essas duas condutas são genericamente tratadas como portar para consumo pessoal. No entanto, o verbo “usar” não está tipificado, a outra discussão é que o art. 28 estabeleceu um problema: o art. 1° da LICP estabelece uma distinção entre crime e contravenção, onde crime é punível com reclusão e detenção e contravenção é com prisão simples; ocorre que o art. 28 estabelece a PRD (prestação de serviços à comunidade, freqüência a cursos e programas e advertência sobre uso das drogas), ao invés das PPL’s. Nós temos 3 PRD as quais se não cumpridas aplicar a admoestação verbal e a multa, não havendo previsão das PPL’s. Se a pessoa não se enquadra em nenhuma das 3 PPL’s, a conduta do art. 28, não é crime nem contravenção penal, mas sim mera infração administrativa. MENTIRA! O STF, em RExt 430105, disse que houve a despenalização da conduta descrita no art. 28, mas não a sua descriminalização! Não é mais punida com cadeia, no entanto, continua sendo crime. A distinção do art. 1° da LICP é distinção meramente formal, de 1941, onde havia toda aquela formalidade por causa da dinâmica do mundo; hoje, não há mais o apego rigoroso à separação formal, sendo meramente didática. Continua sendo crime por vários motivos de ordem social: fazer sapato é crime? Não, a lei permite que tenhamos fábricas de sapato, usara sapato não é crime assim, se partir para o entendimento de que portar maconha é crime, o STF acha que o próximo passo é o de o traficante querer legalizar sua atividade (guardar, plantar, etc) e isso não pode ser admitido, continuando sendo crime.

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Hoje, o operador do direito não pode dispensar a análise da contravenção o direito penal fora do contexto do JECrim, está previsto na Lei 9099/1995, e mais tarde a Lei 10259/2001, estendeu para o âmbito federal. Porque temos que analisar o JECrim para entender o direito penal? Você é delegado, etc, e chegou na sua delegacia um cara que desacatou um funcionário público, primeira coisa é analisar se a conduta dele está na competência do Jecrim, com medidas despenalizadoras, ou se tem que fazer boletim de ocorrência etc, pois a CF/88 estabeleceu uma qualidade às infrações penais devem passar por um outro juízo, podendo ser de menor potencial ofensivo ou podem ser comuns (médio e grave). Sendo de menor potencial ofensivo, será competente para sua análise e julgamento o juizado especial criminal, assim, preciso identificar primeiro se é de menor potencial ofensivo, sob pena de tomar o caminho errado.

O art. 61, da lei 9099 traz um conceito unificado de infração penal de menor potencial ofensivo:

Art. 61.  Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa. (Redação dada pela Lei nº 11.313, de 2006)

As conseqüências que recaem sobre um crime comum são diferentes das que recaem sobre um crime de menor potencial ofensivo. Ex: uma discussão de vizinhas, para onde vai? Ver o art. 61, pena máxima cominada em abstrato ... todas as contravenções penais são infrações penais de menor potencial ofensivo e vão para o JECrim, e os crimes também serão de menor potencial ofensivo, quando pena máxima cominada em abstrato não for superior a dois anos. Ex: o jogo do bixo é uma contravenção; o desacato, porque pena é de 6 meses – 2 anos, e multa, também é de menor potencial ofensivo. Qual é a importância disso caracterizar menor potencial ofensivo? 1. Na polícia, o delegado vai formular um termo circunstanciado (ex: soltaram um rojão na minha porta; fui apalpada no ônibus, etc, e pegaram a pessoa, que é conduzida à delegacia). Está-se diante de uma contravenção penal, havendo o termo circunstanciado e não o boletim de ocorrência, na verdade é, mas é resumido, sem todas aquelas formalidades. Mas o mais importante é a não lavratura do ato de prisão em flagrante (prisão em flagrante, condução à autoridade, lavratura de ato de prisão em flagrante, e a posterior nota de culpa). Na contravenção, tendo sido presa e conduzido o agente, não haverá lavratura do ato, e pode acontecer duas situações: 1. Condução imediata ao JECrim (Em Brasília há o móvel); 2. Agente assume o compromisso de ir ao JECRim no dia e horário. Nesses dois casos, não há a lavratura do ato de prisão em flagrante.

Pergunta: uma pessoa que comete contravenção será presa? O ato de prisão existirá de qualquer forma, o que não há é a lavratura do ato de prisão em flagrante mediante aquelas duas condições, as quais se não feitas pelo agente aí sim tem a lavratura do ato de prisão e a prisão em si. Lei de Drogas (11343/2006, art. 28), a conduta hoje não estabelece nenhuma PPL’s, mas sim RDP, depois de lavrado o termo circunstanciado e a apreensão formal da droga, o agente deverá ser colocada em liberdade, não cabendo detenção nem reclusão, mesmo que ela não assuma o compromisso de ir ao JECrim. O JECrim também estabelece outras medidas

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que beneficiam o autor de um fato penal (crime ou contravenção), após o termo circunstanciado é encaminhado ao JECrim, em uma fase preliminar ao processo, em uma tentativa de conciliação (civil: composição; penal: transação), MP estabelece pena alternativa ao autor do fato, e a pessoa não será processada, recebendo imediatamente uma pena alternativa (PRD), com o arquivamento do termo circunstanciado; somente não havendo acordo é que haverá processo no rito sumaríssimo. Por isso é importante identificar de plano um de menor potencial ofensivo; a competência é da justiça comum estadual – JECrim Estadual, conforme a CF, art. 109, IV - para julgar a contravenção penal, nem mesmo se afetar bem, serviço de entidade da União – Sumula 38 STF;

AULA 02 – PARTE GERAL DA LEI DAS CONTRAVENÇÕES PENAIS

Contravenção penal: prisão simples e multa. Relação das contravenções ambientais com demais ramos do direito penal. As contravenções penais fazem parte de nosso dia-a-dia e são analisadas pelos JECrins – crime anão, delicti nanni.

A parte geral da lei das contravenções penais (Decreto-Lei 3688/1941) tem como 1ª questão que a CF coloca “não há crime, não há pena, sem prévia lei” – princípio da reserva legal deverá ser interpretado. A CF e o CP falam em lei, é pacificado que a CF deu tratamento genérico à palavra “crime”, englobando também a contravenção penal, mesma coisa pra a pena, foi dado sentido amplo a ela. Diante da reserva legal, veio a questão de que a lei das contravenções é um decreto-lei, será que a nossa CF que estabelece “sem prévia lei”, ou seja, lei ordinária, poderá englobar o decreto-lei, ou seja, decreto-lei pode criar crime. Essa questão foi pacificada no STF, o CP, inclusive é um decreto-lei; naquela ocasião (1941), o decreto-lei podia criar lei (válido naquela época – requisitos de validade e eficácia), de forma que foi recepcionado pela CF (Ag 201483/MG, rel. Sidnei Sanches).

Pergunta: um adolescente pode ser processado por contravenção penal? O adolescente tem tratamento no ECA (8069/1990), o qual trouxe o ato infracional, sujeito a medidas socioeducativas. Como funciona o ato infracional diante da reserva legal (art. 103 – ato infracional é conduta prevista como crime ou contravenção penal em lei comum), assim, o adolescente, se praticar crime/contravenção previstas em lei comum, estará cometendo ato infracional e estará sujeito a medidas socioeducativas.

Todos os aspectos relacionados aos crimes (princípios, etc), recaem sobre as contravenções penais. Art. 1°, lei das contravenções: aplicação subsidiária do CP e da legislação penal, naquilo que não for distinto da lei das contravenções penais – princípio da especificidade genérica. Dessa forma, aplica-se o CP/Leg Penal às contravenções. Em decorrência da CF, se eu quiser criar uma contravenção penal hoje, só posso fazê-la mediante lei ordinária – LO.

1. Reserva Legal: se aplica;

2. Anterioridade: aplica-se tanto à irretroatividade maléfica (reformatio pejus) quanto à retroatividade benéfica (abolitio e reformatio mellius); a lei não retroagirá para prejudicar (reformatio pejus – tempus regit actum, tempo rege o ato), com exceção

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para beneficiar (abolitio, art. 5°, inciso 40, CF; reformatio mellius). Dessa forma, se o fato era crime antes e agora é contravenção, aplica-se a retroatividade, no entanto, se antes era contravenção e hoje é crime, não se aplica a retroatividade, salvo continuado e permanentes – ultratividade. Ex hipotético: portar arma de fogo, ontem era crime e hoje é contravenção, serei processada por contravenção, pois a lei é mais benéfica – reformatio mellius. Até 1997, o porte ilegal de arma de fogo era contravenção, a partir de 1997 e hoje com o Estatuto do Desarmamento, é crime! Ex2: soltar balão, também era contravenção e hoje é crime ambiental. O mais comum é as condutas serem transformadas em crimes. Se o balão foi solto em 98, quando era contravenção e serei processada hoje, em que a conduta é crime, serei processada por contravenção, dada a irretroatividade maléfica.

3. Menoridade Penal: art. 27, CP, inimputável, critério biológico, também aplicável à contravenção, o menor não será processado pela justiça comum, mas responderá perante a justiça da infância e juventude por ato infracional, cujas conseqüências são diferentes das da justiça comum.

4. Causas de exclusão da ilicitude: estado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento do dever legal, exercício regular de direito, são todos aplicáveis às contravenções penais. Ex: prisão de um agente que resiste e preciso aplicar a força, é causa de exclusão aplicável à contravenção penal.

5. Concurso de crimes: com uma única ação, duas ou mais contravenções, o que fazer? Concurso formal e material: aplica-se o disposto no CP. Contravenção continuada e permanente, também.

6. Prescrição: afeta a ppp e a ppe nas contravenções penais, é aplicável cfe CP (regra geral). De regra as contravenções são prisão simples de 15,30 dias até 6 meses e raramente até 1 ano, a pena de até 2 anos, prescreve em 4; a pena de multa em regra prescreve em 2 anos, se for a única cominada em abstrato, prescreverá em 2 anos. O menor de 21 anos, no dia da infração penal, e o maior de 70 anos, no dia da sentença, tem a contagem prescricional reduzida pela metade. Ex: pena de 2 anos, prescreve em 4, para o menor em 2; pena de multa, prescreve em 2 anos, para o menor, em 1.

Hoje não se encontra quase nenhum julgado sobre contravenção penal, pois no JECRim se aplica as medidas despenalizantes (ex: transação penal). É difícil encontrar, pois resolvido na fase preliminar do JECrim, se não tiver um processamento ou execução muito rápidas, acabam prescrevendo! (Ver aplicação da pena). No dia a dia também, pois a autoridade policial não se ocupa com situação pequena, que não acaba sendo encaminhada.

Pergunta: ao visitar um amigo, tenho que deixar a identidade na portaria? Ex: um entregador de comida. Nos últimos tempos, os prédios tiram foto da pessoa e isso é permitido, muitos não têm, e acabam pedindo para deixar a identidade na portaria. Aparecerão contravenções em leis especiais também, uma delas é retenção de documento pessoal (identidade, CPF, etc – inclusive cópia autenticada), L. 5553/1968. Isso é o dia a dia, que é

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marcado por situações assim e muitas vezes as pessoas nem reclamam. Nessa situação recaem todas as regras gerais da lei das contravenções e do CP, bem como leis esparsas.

Aspectos da parte geral: além dos princípios que são aplicados subsidiariamente, há também a territorialidade da lei das contravenções, a lei (das contravenções e esparsas) tem aplicação aos fatos praticados no território nacional. Não prevê a extraterritorialidade (fatos praticados fora do território nacional), ao contrário do CP. Ex: jogo do bicho fora do Brasil, ainda que isso seja tratado como crime fora do Brasil, não aplicamos a extraterritorialidade!

1. Voluntariedade: precisamos ver a época em que a lei das coantravençõe foi feita; em 1941, o dolo e a culpa estavam em outro lugar, eram elementos da culpabilidade; a partir dos anos 30, com o finalismo, o dolo e a culpa foram transferidos para outro lugar, para a conduta (dentro do fato típico), assim, hoje não basta a mera voluntariedade, mas sim a constatação do dolo e da culpa. Enquanto os crimes culposos respeitam ao princípio da reserva legal (excepcionalidade do crime culposo), as contravenções culposas não tem isso. O crime é culposo somente quando expressamente previsto como tal na lei, ex: o homicídio culposo (tem que ter previsão), enquanto que a contravenção culposa é admissível mesmo não prevista (ex: omissão na guarda de animal poderá ser dolosa ou culposa conforme for verificado no caso concreto);

2. Tentativa: por previsão expressa na lei de contravenções não se admite a tentativa, art. 4°, não sendo punível. A contravenção penal é chamada de crime-anão, imagina uma tentativa de crime-anão, de forma que por questão de política criminal o art. 4° diz que não se pune a tentativa de contravenção. Ex: boto a mão no bolso para jogar no bixo, respondo pela tentativa, claro que não.

3. Prisão simples: o que é afinal e qual a diferença para a reclusão e a detenção. A lei de contravenções prevê como penas a prisão simples e a multa; prisão simples: sem rigor penitenciário e em local separados dos presos comuns, começando sempre no regime semiaberto ou aberto, ninguém começa no fechado. Além disso, a prisão simples estabelece que o trabalho é facultativo quando a sua duração (da prisão) não ultrapassa 15 dias. Ex: o art. 200, LEP, crime político, diz que o trabalho é facultativo. Esse trabalho não se confunde com a pena de trabalhos forçados, vedada pela CF; o trabalho prisional (no cumprimento da PPL é obrigatório e caracteriza dever do preso, sob pena de falta grave! Somente nas contravenções com pena de 15 dias no máximo e nos crimes políticos é facultativo. ). Art. 75, CP, Brasil tem PPL no máximo de 30 anos. Ex: fui condenada a 500 anos, só cumpro 30. S 715 STF: os benefícios são calculados sobre a pena total, ou seja, período mínimo para progredir (1/6) é sobre a pena total – 500 anos. Agora, nas contravenções penais, é 5 anos o limite!!!***

4. Pena de multa: segue o mesmo modelo e as mesmas regras do CP. Tem uma previsão na lei das contravenções que está ultrapassada. Arts. 49 CP e SS: aplicáveis na lei das contravenções. A previsão ultrapassada é do art. 9° das contravenções que foi revogada pela lei 9298/1996, onde estabelecia que o não

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cumprimento da pena de multa era convertida em PPL, desde 1996 que não tem mais isso.

5. Reincidência: é possível ser reincidente em contravenção? Sim, quando depois de definitivamente condenada em crime ou contravenção no Brasil, ou condenada definitivamente por crime no estrangeiro, ela cometer contravenção penal.

6. Ação Penal: art. 17, Lei contrav, sempre pública incondicionada!

AULA 03 – AS CONTRAVENÇÕES EM ESPÉCIE (parte especial da lei das contravenções)

Infrações penais puníveis com prisão simples, com multa ou prisão simples e multa. As contravenções penais são no JECRim. São de menor potencial ofensivo por política criminal, tendo tratamento diferenciado no JECRim, através das medidas despenalizadoras. Âmbito civil: composição; âmbito penal: transação com o MP, pela pena alternativa – PRD ou multa.

Parte Geral, arts. 1° a 17°, regras aplicáveis a todas as contravenções, sejam da lei de contravenções, sejam as previstas em leis especiais. Ex: retenção indevida de documento pessoal (Lei esparsa).

Na parte especial, as contravenções estão separadas em 8 capítulos (grupos), pois levam em consideração o bem jurídico que é protegido pela norma penal: pessoa, patrimônio, incolumidade pública, admi pública, etc.

1. 1° capítulo: referentes à pessoa. A vida, integridade física, incolumidade da pessoa, bens jurídicos da pessoa. A análise da LCP é interessante, pois ao estudá-la, vemos que já nos aconteceu aquilo, bem como será que ainda é contravenção não é mais nada ou hoje á crime. Por isso é importante relacionar com o CP.

1.1 – à arma: porte ilegal de arma, art. 19 ; fabricação ilegal de arma, art. 18. Não é somente arma de fogo, mas qualquer uma. O estatuto do desarmamento é a lei 10826/2003 derrogou o art. 19 e fulminou o art. 18 no que diz respeito às armas de fogo, munição e acessórios de armas de fogo (carregador, mira telescopia, mira a laser, etc), tem tratamento jurídico no estatuto do desarmamento. Aqui temos um caso clássico onde a conduta que era contravenção passou a ser crime. O estatuto do desarmamento permite a entrega a qualquer tempo da arma de fogo à polícia federal, art. 32, não faz mais a determinação do prazo, seja a arma registrada ou não. Se tiver boa-fé, cabe indenização, mediante 2 requisitos: entrega espontânea e obter previamente uma guia de tráfico para entregar em tal dia, em tal horário e em tais condições, para que não venha a caracterizar porte ilegal. Por outro lado, o estatuto do desarmamento, cuida nos arts. 14 e 16, do porte

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ilegal da arma de fogo, bem como de seus acessórios e munição. Se for de uso restrito, é crime conforme art. 16 (pena de reclusão 3-6 anos e multa); se for de uso permitido, crime do art. 14 (pena de reclusão 2-4 anos e multa). Lembrar que hoje, portar ilegal arma de fogo é crime, os arts 14 e 16 não trazem somente o verbo portar arma de fogo, mas sim, 14 condutas: “ceder”, adquirir, etc, se eu ceder minha arma ilegal para outra pessoa, ambas serão processadas por porte ilegal de arma de fogo. Art 19, porte de arma branca própria (aquela destinada à defesa ou ao ataque pessoal e que são armas que não se enquadram nas de fogo: punhal, espada, lança, etc), é preciso ter autorização para portar sim, mesmo que seja uma faca. Ex: uma pessoa está num baile portando um facão. Não pode. Em SP, existe um decreto estabelecendo autorização para porte de arma branca com lâmina de mais de 15 cm. Se a pessoa não tiver uma justificativa razoável (ex: é cortador de cana), estará cometendo uma contravenção art 19 se não pedir autorização. Fabricar arma sem autorização também é contravenção: art. 18; o art. 19 traz condutas subsidiárias ao porte de arma, as quais estão revogadas tacitamente pelo estatuto do desarmamento (ex: omissão de cautela na guarda de arma: criança que traz arma do pai para a escola sem ele saber, é crime culposo, art. 13 caput, a lei não fala nada da negligência sobre a munição, sendo esta última atípica; ex2: no ECA, art. 242, há o crime de entrega – vender, entregar ou fornecer intencionalmente - de arma a uma criança/adolescente, este continua sendo aplicado a armas brancas, munição, acessório ou explosivo, isto está sendo cuidado pelo art. 16, par uni, IV, Estatuto desarmamento, não sendo mais contravenção penal).

1.2 - Anúncio de meio abortivo: art. 20, anunciar processo, substancia, objeto destinado a provocar o aborto. O aborto é crime doloso contra a vida, não sendo possível admitir conduta que prestigie esta prática criminosa. Lembrando que há o crime hediondo de venda de medicamento ou produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais, previsto no art. 273 e par, do CP. Quando sai do anúncio de aborto e parte para o anúncio de produtos para este fim, está-se diante de um crime hediondo, cuja pena é de no mínimo 15 anos de reclusão.

1.3 – Vias de fato: art. 21, qualquer contato físico, bruto em que o agente não provoca ferimentos e nos quais o agente não tem ânimo de ferir (animus vulnerandi), se tiver vontade de ferir e não conseguir, está-se diante de tentativa de lesão corporal. Ex: puxar cabelo, empurrar, beliscar, tapa na cara, etc, desde que não exista o ânimo de machucar e sem deixar ferimentos. A questão é a da ação penal, 1ª forma: órgão do MP, inde de manifestação oferece denúncia, ação penal pública incondicionada; 2ª forma: representação da vítima ou de seu representante legal, ação penal pública condicionada à representação

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da vítima ou de requisição do ministro da justiça; 3ª forma: a vítima ou seu representante podem entrar com a ação penal, ação penal privada – queixa crime. O crime de lesão corporal culposa e o crime de lesão corporal leve exigem representação da vítima ou de seu representante para que o MP ofereça denúncia – 6 meses do conhecimento do fato. Ex: bati no meu vizinho, para que eu seja processado, ele tem que levar ao conhecimento da autoridade; bati o carro com meu amigo dentro e ele ficou ferido, para que eu seja processada, meu vizinho tem que representar perante a autoridade; a questão é, a lesão corporal leve deixa ferimentos e as vias de fato não deixam, em tese, a lesão corporal é mais grave que as vias de fato, então se a lesão corporal leve exige representação, as vias de fato também exige? São dois posicionamentos, o STF no art. 17 da lcp, diz que, toda contravenção penal é de ação pública incondicionada, assim, as vias de fato, que é menos grave que a lesão corporal leve exige representação. Na doutrina, se entende de modo diverso, mas é assim no STF. Pergunta: a lei Maria da penha prevê alguma contravenção penal? (lembrar que hoje 2012 é pública incondicionada) Algumas pessoas dizem que a lei seria inconstitucional por tirar a isonomia entre homens e mulheres, a vítima seria somente do sexo feminino. Em um primeiro momento pareceria quebra da isonomia, mas no dia-a-dia, em nosso contexto social é a mulher quem sofre maior violência doméstica – posição de igualdade material na constituição - em que pese o art. 5°, CF – igualdade formal. Nesse mesmo ínterim estão o ECA, o Estatuto do Idoso, etc, dando maior proteção a quem precisa, a criança/adolescente e ao idoso. A Maria da penha cuida de uma categoria criminosa/contravenções, trazendo aspectos que procuram resguardar a mulher que está envolvida em um quadro de violência doméstica familiar: ameaça, constrangimento ilegal, contra a honra, agressão, etc, têm incidência das medidas previstas na Maria da penha – conseqüências, pena. Art. 41, lei Maria da penha: não se aplicam aos crimes praticados no âmbito da violência doméstica e familiar, as medidas previstas na lei 9099 (JECrim)!!!! A doutrina, criticando essa solução, estabeleceu que em se tratando de contravenção penal, não podemos ampliar a interpretação extensiva (ampliativa) annalogia em mala parten. As contravenções, mesmo praticadas em âmbito familiar, têm incidência do jecrim; o art. 17 proíbe que sejam aplicadas sestas básicas, prestação pecuniária e multa isoladamente. A idéia é a de que o agente sinta o caráter ilícito do que praticou, não adianta somente machucar no bolso, evita-se um ciclo vicioso, a vítima de um crime praticado no âmbito familiar é quem trabalha no lar, quem acaba pagando essa pena pecuniária é a própria vítima, a aplicação de uma pena pecuniária, que estabelece que fulano tem que dar x cestas básicas e fica sem dinheiro para a cervejinha e o futebol e acaba batendo na mulher. Nesse contexto, o art. 17 da Lei Maria da Penha,

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proíbe a aplicação de cestas básicas, prestação pecuniária e multa isolada, nos crimes no âmbito doméstico e familiar.

2. 2° capítulo: patrimônio, recebe uma crítica da doutrina e da jurisprudência, a primeira é a posse não justificada de instrumento usado em furto, depois que foi condenado por furto ou roubo, ou considerado vadio ou mendigo, não pode ter o pé de cabra ou chave falsa, porque incide no art. 25, que tem relação com a fabricação desses instrumentos do art. 24. Será que a Constituição por um crime patrimonial pode dizer que essa pessoa não pode andar com instrumento apto à prática de um furto – repercussão geral perante o STF, pois quebraria a isonomia. Violação de lugar ou objeto, contravenção própria, pois só pode ser cometida por determinadas pessoas: serralheiro, chaveiro, etc. Essas pessoas devem se certificar de que a pessoa que pede para abrir determinado lugar é a dona daquele lugar/objeto resguardado pela tranca, toda vez que o profissional não toma essas precauções (culpa), pratica a conduta do art. 26 – contravenção violação. Pergunta: pessoa que foi levada na casa do telespectador, que esqueceu chave no restaurante;

3. 3° capítulo: incolumidade pública, por muitos anos foi o que mais incomodou o judiciário, até o surgimento do JEC, do Código de Trânsito e do Estatuto do Desarmamento. Grande parte dessas contravenções foram transformadas em crimes. Ex: art. 28, disparo de arma de fogo – crime previsto no art. 15, Estatuto de Desarmamento; par un art. 28, soltar balão aceso, transportar, vender, etc – crime ambiental, art. 42, lei dos crimes ambientais 9605/1998; condutas direção veículo automotor, art. 34, direção perigosa de veículo em via pública – restrita e singularmente subsidiária, antes do código de transito brasileiro, corrida e competição, art. 34, não autorizada, era contravenção. Com o código de transito 9503/1997, que teve a sua redação alterada pela lei seca 11705/2008, houve a retirada de algumas condutas que antes eram contravenção penal de direção perigosa e as transformou em crime de trânsito. O que não se encaixar nessas três condutas é contravenção, art. 34, direção perigosa.

3.1 – embriaguez ao volante: art. 306, Código de Trânsito Brasileiro;

3.2 – competição não autorizada: art. 308, Código de Trânsito Brasileiro, é o pega ou o racha;

3.3 – abuso de velocidade, nas proximidades de escolas, de hospitais, de embarque/desembarque de passageiros, etc: art. 311;

3.4 – omissão de cautela na conduta ou na guarda de animais: culposa, art. 31, contravenções penais, pessoa que deixa em liberdade ou confia a guarda de animal a pessoa inexperiente ou que não cuida com a devida cautela.

Page 11: CONTRAVENÇÕES PENAIS

AULA 04 – CONTRAVENÇÕES EM ESPÉCIE II

Várias contravenções tem tratamento diferenciado pois revogam expressa ou

tacitamente p leis? Seja deixando de consid contrav, seja consider crime (tendencia

leg). Isso eh cham inflação legisl, transfo em crime ou hediondo. ex: uso do cinto, atté

um tempo todo mundo achava absurdo, hoje é sancao adm com a multa bastando;

falar ao celu dirigindo, n esta bastando, podendo virar crime. Segundo grupo contrav

penais especiais:

1 - contra paz publica art 39 e ss:

1.1 - associacao secreta: art 39, grupo com mim 6 pess que se reúne periodica e

consta, buscando ocultar a sua org finalidade existência ou administr! irma mais jovem

do crime de quadrilha ou bando. Prof critica o num minimo de crimes e de agentes p

caracterizar. na ass o grupo busca ocultar p final ilicita de contrav. ex: nos semáforos,

existem grupos que usam crianças p mendicancia, essa assoc esta apta a caracterizar

mendicancia. agora se a finalidade eh licita pode haver perdao jud e juiz n aplica pena.

1.2 - prov tmulto ou compor inconveniente: em locais publicos c alvoroco, art 40;

1.3 - em isolado, art 41 falso alarma, divulgando sit de perigo q n existe ou pratica ato

q leve a acharem q ha perigo. ex: alarme falso de incendio.

1.4 - art 42 perturbacao do trabalho ou sossego alheios, deve visar um numero

indeterm de pessoas. se o vizinho faz barulho só p uma única pessoa, nao caracteriza

"alheios", pois é uma só pessoa. 4 condutas: gritaria (c vozes); algazarra (c coisas);

profissao incoveniente, ruidosa: em desacordo c prescricoes legais; abuso instrum

sonoros ou sinais acusticos! ex: prox hospital, filho c banda rock, vizinho c animal

barulhento, etc!

pergunta: como tipif poluicao sonora? a lei crimes amb art 54 o crime poluicao, estabel

que ha poluicao dentre outras, eh poluicao generica, grande maioria: hidrica, ar, solo,

etc, especif à polu sonora, art 59 havia essa previsao, mas qdo foi a sancao pres

muitos arts foram vetados p pressao da bancada evangelica p causa cultos. Assim a

polu sonora n esta no art 54, podendo ser 42!

2 - fe publica:

Page 12: CONTRAVENÇÕES PENAIS

2.1 recusa de moeda no comercio: dinheiro velho recusado é contravencao?

comerciante n pode recusar moeda corrente, contudo, a lei n estabelece prazo p

conferir esse dinheiro! mas n pode recusar art 43! imitacao de dinheiro usado como

propaganda: deve colocar expressao imitacao modelo propaganda p evitar q alguem

aceite como dinheiro verdad;

2.2 art 45 simulacao func publico: essa cond eh subsidiaria, se essa fraude tiver fim de

vantagem, ou prejuizo de outro, caracteriz crime falsa identidade; se vantagem patrim,

eh estelionato; se fim for de exercer funcoes daquele cargo q finge ter, e crime de

usurpacao de funcao publica!

2.4 - uso ilegitimo de uniforme/distintivo: eh contrav art 46.

3 - organiz do trabalho:

pergunta: posso exercer funcao taxista c meu carro, art 47, exerc ilegal profissao sem

observ, ou anunciar o seu exerc. ex: taxista, o falso medico incorre aqui? n o exerc

medicina, farmac, dentista, eh crime cfe art 282 CP. CAIR NA MAO DE FALSO MED

TEM CONS MAIORES.

Pergunta: advogar sem oab, por previsao expressa, eh exerc ilegal profissao, assim

como aquelas q dependem autoriz poder publico, eh CONTRAVENCAO! assim como

quem teve direito suspenso de advogar, tb eh advoc ilegal.

4 - policia de costumes: era a encarregada da conv social, se conduta violasse tais

regras era contrav.

  4.1 - jogos de azar:  art 50, estabelecer ou explorar em local publico ou acess,

mediante pgto entrada. Mas o que eh jogo azar? Dif entre jogo azar e muito azar q

carac outro crime, eh onde o ganho e perda dependem exclusiv da sorte! Se tiver

chance de ganho de 50%, eh jogo de azar, as maq caca niqueis, nesse contexto, deve

ser periciada p ver se tem chance de ganho - exame pericial - se tem met para mais

de ganho, ej jogo azar, se chance eh menos 50%, eh crime de estelionato. Ex: o jogo

da tampinha, onde a bolinha some, eh estelionato, pois chance de ganho é  menor q

50%!

Page 13: CONTRAVENÇÕES PENAIS

AULA 05 – CONTRAVENÇÕES EM ESPÉCIE III

Polícia de costumes e administração pública.

Lembrando que são 8 grupos separados conforme o bem jurídico tutelado.

As contravenções penais não prevêem a tentativa, a qual não é punível, art.

14, CP, diminuída de 1/3 a 2/3, mas não aplicada nas Contravenções. Dois grupos

faltantes:

1. Polícia de costumes: vimos a contravenção dos jogos de azar, art. 50, o

jogo do bixo é uma contravenção penal, muitas pessoas estranham pois

sempre tem uma pessoa fazendo aposta, tolerância pelo costume, mas

costumes não revogam a lei. Somente uma lei pode. Na lei das

contravenções penais, art. 58, o jogo do bixo, aplico esta contravenção se

for fazer uma defesa? Não, há uma peculiaridade, no dl 6259/44, tivemos

toda a matéria, ref aos jogos de azar, revogada tacitamente, dos arts. 51-

58. Curiosamente este decreto-lei estabeleceu em seus artigos o jogo do

bixo, no art. 58. O jogo do bixo está previsto em lei especial, o decreto-lei

6259/44, não estando previsto na lei das contravenções. Tentativa de

contravenção não é punível, se a pessoa está para jogar, não será punida,

mas o banqueiro tem pena diferenciada em relação ao apostador, bem

como o intermediário, a pessoa que recolhe, que faz e que distribui as

apostas (auxiliares); súmula 51 STJ: para a punição do intermediário não é

necessário identificar o banqueiro! Esta contravenção tem procedimento

especial, lei 1508/1951, perante JECrim, especialmente deslocada essa

competência mediante rito especial. Se a infração penal deixa vestígios, é

importante fazer perícia, o laudo pericial vai determinar se aquelas

anotações estão relacionadas ao jogo do bixo. Pergunta: quem não gosta

de trabalhar, é crime? Há a vadiagem, art. 59, da Lei das Contravenções, é

a entrega de forma habitual á ociosidade, sendo válido para o trabalho,

mediante peculiaridades: manutenção da subsistência por ocupação ilícita

(ex: flanelinha com cobrança excessiva); a vadiagem busca evitar que a

pessoa que é entregue ao ócio ou atividades ilícitas se aproxime dos crimes

contra o patrimônio. Note aqui que existe um aspecto considerado

inconstitucional, a aquisição superveniente de renda para subsistência

extingue a sua pena (herança, megassena, arrumou trabalho), a pessoa

deixa de cumprir a pena. Caso o agente esteja sendo processado, a pena

Page 14: CONTRAVENÇÕES PENAIS

também será extinta se arrumar trabalho. Onde está a

inconstitucionalidade? Está no fato de que a pessoa rica de nascença pode

ficar o dia inteiro na ociosidade (sendo válido) sem caracterizar vadiagem,

enquanto que o pobre não, quebra da isonomia. A vadiagem é

caracterizada não somente pela falta do que fazer, mas também pela

atividade ilícita, a prostituição é ilícita? Não é infração penal, em que pese

seja imoral (não confundir com o rufianismo – gigolô);

1.2 - Importunação ofensiva ao pudor: art. 61, importunar alguém em

local público, ou acessível ao público, de forma ofensiva ao pudor.

Ex: apalpadelas no metrô; não é mostrar as partes em particular

(atentado violento ao pudor),