5

convite_marco_maggi_080825_1219715871

Embed Size (px)

DESCRIPTION

de perceber, por exemplo, os detalhes de ornamentação de olhos. A velocidade também encontra ímpeto networks, landscapes, maps or grids, whether they be real, architectural design and an urban planning might appear that to the invention and disseminated use of the contemporary art. Notwithstanding the unbridled multiplication velocidade. Ela transforma radicalmente a paisagem, a cidade, Façade and landscape must be simplified so they a arte insiste em demandar uma desaceleração,

Citation preview

Page 1: convite_marco_maggi_080825_1219715871
Page 2: convite_marco_maggi_080825_1219715871

marco maggi hipo real

slow politicsAdriano Pedrosa

“Examining a ream of the best-quality white

paper proves that it is impossible to find a

single absolutely white, silent sheet in 500

examples.” (Marco Maggi)

The great movement of the 20th century is

velocity. Speed radically transforms landscape,

city, architecture, and things; and, if it does not

banalize them, it visually simplifies them. Thanks

to the invention and disseminated use of the

automobile, people travel rapidly across the city

and their gazes scan streets and highways at high

speed. Their visual and perceptive experience is

completely transformed. On account of the swift

motion, the individual can no longer perceive the

finishing and decorative details on façades of pre-

modern houses and other buildings, for example.

Façade and landscape must be simplified so they

can be captured by the gaze that fleetingly scans

them. The modernist architecture and landscape

design of straight lines and flat surfaces are

to a great extent a response to acceleration.

Within this scenario, the swiftness and the banalization of gaze

and visuality pose a threat to aesthetic decadence. The risk: an

architectural design and an urban planning might appear that

will introduce large cartoon- or caricature-like façades which

can be understood and appreciated at a single glance. Speed

is also given a compelling impetus in such media as television,

the Internet, and other globalized networks. The amount

of events must also supply the media’s daily consumption,

thereby spawning news production rather than reports. Going

against the grain, in this case, we have ancient, modern or

contemporary art. Notwithstanding the unbridled multiplication

of art works, shows, fairs, collections, museums, and biennial

and triennial exhibitions, art insists in demanding a slowdown,

a pause. (Possibly the exception is Andy Warhol, who to a certain

extent incorporated multiplication and acceleration in his work;

but one needs time and dedication to fully understand this).

The work of Marco Maggi (Montevideo, 1957) opens trenches

in this clash with speed. “Paper is my purpose. Time, plus focus,

is my preferred medium,” the artist stated. His work consists of

finely traced, accurate, delicate and subtle drawings (at times

rendered without graphite or ink) of intricate patterns that albeit

being abstract and geometric, relate to architectural designs,

networks, landscapes, maps or grids, whether they be real,

imaginary, fabulous or idealized. Maggi’s drawing resorts

to different media that include graphite on paper and graphite

on the passe-partout of the picture frame (such as in San

Andreas Fault, 2008); dry point on aluminum foil, which in turn

slow politicsAdriano Pedrosa

“O exame de uma resma da melhor qualidade de papel

branco prova que é impossível encontrar uma folha

absolutamente branca e silenciosa dentre 500 exemplares.”

(Marco Maggi)

O grande movimento visual do século 20 é o da

velocidade. Ela transforma radicalmente a paisagem, a cidade,

a arquitetura e as coisas; se não as banaliza, ao menos as

simplifica visualmente. Com a invenção e a popularização

do automóvel, o sujeito pode deslocar-se rapidamente

pela cidade e seu olhar percorre as ruas e estradas em alta

velocidade. Sua experiência visual e perceptiva transforma-se

completamente. A partir de então, o sujeito não é mais capaz

de perceber, por exemplo, os detalhes de ornamentação

e acabamento das casas e dos edifícios típicos da era pré-

moderna. A fachada e a paisagem precisam simplificar-se

para serem percebidas pelos olhos que passam por ela com

rapidez. A arquitetura e o paisagismo modernistas, com suas

linhas retas e superfícies planas, são, em grande medida,

uma resposta à aceleração. Nesse panorama, a rapidez

e a banalização do olhar e da visualidade se tornam uma

ameaça para a decadência estética. O risco: a arquitetura

e o urbanismo de grandes fachadas como

cartoon ou caricatura, que podem ser

compreendidos e apreciados com um só lance

de olhos. A velocidade também encontra ímpeto

avassalador na mídia -- na televisão, na internet,

na globalização. A ocorrência de notícias deve

ser adequada a seu consumo diário e mediático,

o que dá lugar ao fenômeno da produção (em

oposição ao relato) de notícias. Na contramão

desse movimento encontra-se a arte -- antiga,

moderna ou contemporânea. A despeito da

multiplicação desenfreada de obras, exposições,

feiras, coleções, museus, bienais e trienais,

a arte insiste em demandar uma desaceleração,

uma pausa (a exceção talvez seja Andy Warhol,

Slow shadow 2008 -- recortes em plexiglas/cuts on plexiglas -- 71 × 55,8 cm

Page 3: convite_marco_maggi_080825_1219715871

is framed (such as in Slow Foil, 2008), or framed

in slide mounts (such as in Sliding, 2008) or yet

framed on the foil roll itself; making incisions on

acrylic (such as in Slow Shadow, 2008, in which

the light shining on lines incised on the transparent

plexiglas frame casts fine shadow lines on the blank

paper), or on piles of paper. By and large, Maggi’s

works are small (even the large installations that

he creates are made up of numerous piles of paper

that can hardly be distinguished from the distance);

they are patiently made with precision and careful

attention to detail. There are no sudden, violent,

expansive, or expressive gestures. Although there

is excess. In this context, one needs to view the

works from up close to understand the small and

vast micro-universe that they contain. Not by

chance, Maggi’s works are difficult to reproduce or

record in photography. One should strive to view

them live and to inspect their surface, line, cut,

shadow, relief and transparency.

Maggi asks us to slow down. The reference

comes up more obviously in two of his titles shown

in São Paulo: Slow Foil, and Slow Shadow. It also

comes up in Sliding, a work made up of photo

slide mounts, thus evoking a photogram or still, i.e.,

the suspension of the cinematic movement. The

slowdown also appears in a more oblique, though

penetrating manner in a series that the artist has

been developing since 2005 named The Ted Turner

Collection -- From CNN to the DNA. The title is

an ironic reference to celebrated U.S. media tycoon

Ted Turner, the highly influential developer of the

television news station Cable News Network (CNN)

that revolutionized the market of news fabrication,

broadcasting, and consumption. With this series,

Marco Maggi intersects different speeds in life, in

que, em certa medida, incorporou a multiplicação e a

aceleração em sua obra, embora sejam necessários tempo

e dedicação para compreender isso).

A obra de Marco Maggi (Montevidéu, 1957) finca

trincheiras nesse embate com a velocidade. “O papel é

meu propósito. O tempo, assim como o foco, é meu meio

predileto”, afirmou o artista. Seu trabalho consiste em

finos, precisos, delicados e sutis desenhos (às vezes feitos

mesmo sem grafite ou tinta) de intrincados padrões,

em geral abstratos e geométricos, mas que remetem

a arquiteturas, grades, teias, paisagens, mapas ou

diagramas -- reais, imaginários, fabulosos ou idealizados.

O desenho de Maggi assume diferentes meios: em grafite

sobre papel ou sobre o passe partout da própria moldura

(como em San Andreas Fault, 2008); feito com ponta

seca em papel alumínio, que por sua vez é apresentado

emoldurado (como em Slow Foil, 2008), enquadrado por

molduras de slides (como em Sliding, 2008) ou no próprio

rolo do laminado; em incisões sobre acrílico (como em

Slow Shadow, 2008, no qual, sob a luz, os riscos no

acrílico transparente que emoldura o quadro geram finas

linhas de sombra no papel em branco), ou sobre pilhas de

papel. As obras são, em geral, de pequenas dimensões

e, no caso de grandes instalações, são compostas por um

conjunto de várias pilhas de papéis que dificilmente são

percebidas de longe, feitas com paciência, concentração,

atenção ao detalhe e precisão. Aqui, não há gestos

bruscos, violentos, grandiosos e expressivos. Embora haja

excesso. Nesse contexto, é preciso se aproximar das obras

para compreender o microuniverso, pequeno e vasto, que

elas contêm. Não por acaso, os trabalhos de Maggi são

difíceis de ser reproduzidos e registrados em fotografia; é

preciso vê-los ao vivo, inspecionar sua superfície, sua linha,

seu corte, sua sombra, seu relevo, sua transparência.

Desacelerar, demanda-nos Maggi. A referência surge

mais obviamente em dois de seus títulos, em São Paulo:

Complete coverage on Richter 2008 --

recortes em papel/cuts on paper -- 92 × 61 cm

Page 4: convite_marco_maggi_080825_1219715871

structure for the works brings to mind a few reliefs

of Pape’s “Grupo Frente” series (1954-56).

The game that Maggi proposes is replete with

great concealments and strategic revelations. The

viewer must take the time for careful observation.

The reward may relate to Jorge Luiz Borges’ Aleph,

the small, brilliant and pulsating sphere that

contains the entire universe. However, this is a

silent, delicate and slow game. In this sense, here

we have a subtle political vein, even if masked

by the beauty and dazzle of the works. The

slowdown is anti-modern, anti-progressive, anti-

capitalist, anti-urban, and anti-globalization. Much

like a contemporary Faust, the artist seems to

say “This passing instant may stop”, but his wish

will hardly come true. It is precisely this trace of

resistance that makes art so fundamental for

our daily life.

cortes na superfície, criando pequenos relevos em papel

e revelando, aqui e ali, filamentos e fragmentos das obras-

prima ocultas. O resultado, em geral, assume características

de uma grade minimalista quase que completamente branca

-- com exceção dos pequenos fragmentos e filamentos

coloridos das obras apropriadas. O título individual de

cada um dos trabalhos faz outra referência ao perverso

mundo da mídia, no qual muito se mostra e pouco se vê:

Complete Coverage (Cobertura Completa). Para São Paulo

Maggi trouxe “coberturas completas” de obras de Gerhard

Richter e de Warhol, bem como de figuras fundamentais do

modernismo latino-americano, como Lygia Clark, Jesus Soto,

Hélio Oiticica, Lygia Pape e Mira Schendel. Nesse contexto

específico, a estrutura de grade branca dos trabalhos lembra

alguns relevos de Pape da série Grupo Frente (1954-56).

O jogo que Maggi nos propõe é repleto de grandes

ocultamentos e estratégicas revelações. É preciso olhar

com tempo. A recompensa pode recordar o aleph,

de Jorge Luis Borges, aquela pequena esfera brilhante

em movimento pulsante que encerra nela todo um universo.

Contudo, trata-se de um jogo silencioso, delicado, vagaroso.

Nesse sentido, encontramos aqui um sutil viés político,

ainda que mascarado pela beleza e pelo deslumbramento

das obras. A desaceleração é antimoderna, antiprogressista,

anticapitalista, antiurbana e antiglobalização. Como uma

espécie de Fausto contemporâneo, o artista parece nos dizer:

“Pára, instante que passa”. Seu pedido dificilmente será

atendido, e é justamente por esse seu traço de resistência

que a arte se torna tão fundamental em nosso cotidiano.

Slow Foil (Papel Alumínio Vagaroso) e Slow Shadow

(Sombra Vagarosa). Surge também em Sliding (Deslizando,

que, no original em inglês, remete ao objeto slide, cuja

moldura é utilizada na obra), onde o slide evoca o still

ou o fotograma, a suspensão do movimento cinemático.

A desaceleração surge também, de forma mais oblíqua,

porém penetrante, em uma série que o artista desenvolve

desde 2005 denominada The Ted Turner Collection --

from CNN to the DNA (A Coleção Ted Turner -- da CNN ao

DNA). O título refere-se, ironicamente, ao norte-americano

Ted Turner, um dos mais celebrados magnatas da mídia,

conhecido por ser o fundador da rede de televisão a cabo

CNN, que revolucionou o mercado de consumo, distribuição e

fabricação de notícias. Com essa série, Maggi cruza diferentes

velocidades -- da vida, da mídia, da globalização, da arte.

Nas palavras do artista: “Em Da CNN ao DNA, eu foco

minha atenção na leitura de superfícies sem que eu tenha a

menor esperança de me informar sobre elas. Todos os dias

estamos condenados a saber mais e compreender menos.”

Nos trabalhos da série, Maggi se apropria de reproduções

de obras de grandes artistas modernos -- como Jasper

Johns, Sol Lewitt, Lucio Fontana, Kasimir Malevich, Piet

Mondrian e Robert Ryman --, vira a imagem de costas para

o espectador, adiciona pilhas de papéis a ela e então realiza

the media and in the globalization of art. In his own

words, “From CNN to the DNA, I focus my attention

on reading surfaces without the minor hope to get

informed. Every day, we are condemned to know

more and understand less.” In the works of this

series, Maggi appropriates reproductions of works

by modern masters Jasper Johns, Sol Lewitt, Lucio

Fontana, Kasimir Malevich, Piet Mondrian and Robert

Ryman --, turns the work with its back to the viewer,

adds piles of paper to it, and then slits its surface,

creating small paper reliefs and sparsely revealing

filaments and fragments of hidden masterpieces.

The overall result boasts characteristics of a nearly

all-white minimalist grid, except for the small

color fragments and filaments of the appropriated

works. The title of each individual work relates to

the perverse realm of the media, in which much

is shown but little is actually seen: Complete

Coverage. Maggi has brought to São Paulo,

“complete coverages” of works by Gerhard Richter

and Warhol, as well as foundational characters of

the Latin-American modernism that include Lygia

Clark, Jesus Soto, Helio Oiticica, Lygia Pape and Mira

Schendel. In this specific context, the white grid

DDD drawing 2008 -- recortes em papel

/cuts on paper -- 92 × 61 cm

Sliding 2008 -- lápis sobre alumínio e molduras de slide

/pencil on aluminum and slide holders -- 71,7 × 56,5 cm

Page 5: convite_marco_maggi_080825_1219715871

texto/text

adriano pedrosa

fotografia/photography

ding musa

produção/production

teresa halfin

projeto gráfico/graphic design

tecnopop

assessoria de imprensa/press agent

marcy junqueira

tradução/translation

izabel burbridge

revisão/revision

paulo brito

patrocínio/sponsorshipavenida europa 655

são paulo sp brasil

01449-001

t 55 (11) 3063 2344

f 55 (11) 3088 0593

[email protected]

www.nararoesler.com.br

[capa/cover] detalhe de

/detail from Slow Foil 2008

-- lápis sobre alumínio/pencil on

aluminum -- 71 × 55,8 cm

abertura/opening

21.08.2008

encontro com o artista

/meeting with the artist 19h

abertura/opening 20 > 23h

exposição/exhibition

22.08 > 13.09.2008

seg/mon > sex/fri 10 > 19h

sáb/sat 11 > 15h

apoio/support