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Anais do XVII Encontro de Iniciação Científica – ISSN 1982-0178 Anais do II Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação – ISSN 2237-0420 25 e 26 de setembro de 2012 COOPERAÇÃO JURÍDICA INTERNACIONAL EM MATÉRIA DE SEQUESTRO INTERNACIONAL DE MENORES: ESPECIAL ÊNFASE ÀS CONVENÇÕES DE HAIA E ÀS CONVENÇÕES INTERAMERICANAS - ESTADO ATUAL DA QUESTÃO Guilherme Leitão Amaral Faculdade de Direito CCHSA [email protected] Renata Alvares Gaspar Relações Jurídicas e desenvolvimento social e eco- nômico, com ênfase em temas regionais, sub- regionais e internacionais (globais) / Direito CCHSA [email protected] Resumo: O presente trabalho teve por escopo a análise e a compreensão da Convenção de Haia so- bre o Sequestro Internacional de Crianças de 1980 e da Convenção Interamericana Sobre Restituição de Menores de 1989, verificando como estes instrumen- tos internacionais se relacionam com o ordenamento jurídico brasileiro e seus tribunais, além de se ater ao princípio do interesse superior do menor. Para che- gar a este fim, foi realizada uma pesquisa aplicada, objetivando uma aplicação prática, de caráter qualita- tivo, com abordagem a partir da dogmática herme- nêutica sobre os instrumentos jurídicos e com enfo- que zetético. Palavras-chave: Sequestro Internacional de Meno- res; Cooperação Jurídica Internacional; Interesse Superior do Menor. Área do Conhecimento: Grande Área do Conheci- mento- CNPq: Ciências Sociais Aplicadas - Sub-área do Conhecimento - CNPq: Direito 1. INTRODUÇÃO Num mundo cada vez mais globalizado e repleto de relacionamentos plurinacionais, os estudos jurídicos responsáveis pelas relações sociais que envolvem mais de um ordenamento jurídico tem se tornado indispensável para que a Justiça possa promover segurança jurídica às pessoas no âmbito do Direito Internacional. É neste cenário que o fenômeno do sequestro inter- nacional de menores se evidencia, e vem aumen- tando devido aos conflitos familiares. A globalização, ou internacionalização, que atualmente permeia mui- tas relações familiares, é o principal fator que motiva um dos pais a levar o filho para outro país. O sequestro internacional de menores, do qual trata este trabalho, refere-se a “remoção ou retenção ilíci- ta da criança por um de seus genitores para um país que não seja o de sua residência habitual” [1]. Importante distinção se faz entre o sequestro inter- nacional de menores e o tráfico internacional de me- nores, pois os aspectos civis do primeiro não se con- fundem com a conduta criminosa do segundo, vincu- lado ao interesse econômico através da escravidão e da exploração sexual de diversas formas. As principais vítimas destes conflitos são as crian- ças, que muitas vezes são privadas do convívio so- cial e familiar, impossibilitadas assim de criar víncu- los afetivos duradouros, sujeitas, portanto a danos para toda a vida. Diante desta situação, a cooperação entre os Esta- dos se faz imprescindível para que haja a solução dos conflitos sem a violação de direitos dos envolvi- dos. Direitos estes decorrentes das normas de direito interno e de direto internacional privado. O direito internacional é hoje, por meio da coopera- ção entre os Estados, o meio encontrado pra a solu- ção dos conflitos relativos ao sequestro internacional de menores. A Convenção de Haia de 1980 é pioneira na elabo- ração de normas de cooperação relativas à proteção aos direitos do menor. De importância equivalente é a Convenção Interamericana de 1989. Assim, atra- vés da adesão às Convenções pelos Estados, uma rede jurídica de cooperação é criada visando prote- ger os direitos do menor, privilegiando o principio do interesse superior do menor. Através da ilustração do emblemático caso Sean Goldman, é possível perceber a dificuldade da temá- tica, tanto no âmbito social, como no âmbito jurídico, o que nos remete à necessidade de uma maior a- proximação sobre o tema. O caso do menino Sean

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Anais do II Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação – ISSN 2237-0420

25 e 26 de setembro de 2012

COOPERAÇÃO JURÍDICA INTERNACIONAL EM MATÉRIA DE SEQUESTRO INTERNACIONAL DE MENORES: ESPECIAL ÊNFASE ÀS CONVENÇÕES DE HAIA E ÀS CONVENÇÕES

INTERAMERICANAS - ESTADO ATUAL DA QUESTÃO

Guilherme Leitão Amaral Faculdade de Direito

CCHSA [email protected]

Renata Alvares Gaspar Relações Jurídicas e desenvolvimento social e eco-

nômico, com ênfase em temas regionais, sub-regionais e internacionais (globais) / Direito

CCHSA [email protected]

Resumo: O presente trabalho teve por escopo a análise e a compreensão da Convenção de Haia so-bre o Sequestro Internacional de Crianças de 1980 e da Convenção Interamericana Sobre Restituição de Menores de 1989, verificando como estes instrumen-tos internacionais se relacionam com o ordenamento jurídico brasileiro e seus tribunais, além de se ater ao princípio do interesse superior do menor. Para che-gar a este fim, foi realizada uma pesquisa aplicada, objetivando uma aplicação prática, de caráter qualita-tivo, com abordagem a partir da dogmática herme-nêutica sobre os instrumentos jurídicos e com enfo-que zetético. Palavras-chave: Sequestro Internacional de Meno-res; Cooperação Jurídica Internacional; Interesse Superior do Menor. Área do Conhecimento: Grande Área do Conheci-mento- CNPq: Ciências Sociais Aplicadas - Sub-área do Conhecimento - CNPq: Direito 1. INTRODUÇÃO Num mundo cada vez mais globalizado e repleto de relacionamentos plurinacionais, os estudos jurídicos responsáveis pelas relações sociais que envolvem mais de um ordenamento jurídico tem se tornado indispensável para que a Justiça possa promover segurança jurídica às pessoas no âmbito do Direito Internacional. É neste cenário que o fenômeno do sequestro inter-nacional de menores se evidencia, e vem aumen-tando devido aos conflitos familiares. A globalização, ou internacionalização, que atualmente permeia mui-tas relações familiares, é o principal fator que motiva um dos pais a levar o filho para outro país.

O sequestro internacional de menores, do qual trata este trabalho, refere-se a “remoção ou retenção ilíci-ta da criança por um de seus genitores para um país que não seja o de sua residência habitual” [1]. Importante distinção se faz entre o sequestro inter-nacional de menores e o tráfico internacional de me-nores, pois os aspectos civis do primeiro não se con-fundem com a conduta criminosa do segundo, vincu-lado ao interesse econômico através da escravidão e da exploração sexual de diversas formas. As principais vítimas destes conflitos são as crian-ças, que muitas vezes são privadas do convívio so-cial e familiar, impossibilitadas assim de criar víncu-los afetivos duradouros, sujeitas, portanto a danos para toda a vida. Diante desta situação, a cooperação entre os Esta-dos se faz imprescindível para que haja a solução dos conflitos sem a violação de direitos dos envolvi-dos. Direitos estes decorrentes das normas de direito interno e de direto internacional privado. O direito internacional é hoje, por meio da coopera-ção entre os Estados, o meio encontrado pra a solu-ção dos conflitos relativos ao sequestro internacional de menores. A Convenção de Haia de 1980 é pioneira na elabo-ração de normas de cooperação relativas à proteção aos direitos do menor. De importância equivalente é a Convenção Interamericana de 1989. Assim, atra-vés da adesão às Convenções pelos Estados, uma rede jurídica de cooperação é criada visando prote-ger os direitos do menor, privilegiando o principio do interesse superior do menor. Através da ilustração do emblemático caso Sean Goldman, é possível perceber a dificuldade da temá-tica, tanto no âmbito social, como no âmbito jurídico, o que nos remete à necessidade de uma maior a-proximação sobre o tema. O caso do menino Sean

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foi utilizado no desenvolver deste trabalho como um caso paradigmático, em confronto com a teoria. 2. RESULTADOS O presente trabalho procurou trazer a análise e a descrição dos aspectos mais relevantes sobre o se-questro internacional de menores, tendo por base a Convenção de Haia de 1980 sobre os Aspectos Civis do Sequestro Internacional de Crianças e a Conven-ção Interamericana de 1989 sobre a Restituição In-ternacional de Menores, evidenciando a integração destes documentos internacionais com o ordena-mento jurídico brasileiro. Após descrever e analisar os pontos fundamentais, conclui-se que o fenômeno do sequestro internacio-nal de menores viola tanto os documentos interna-cionais, quanto o direito interno, além de afrontar diretamente os direitos fundamentais da criança, bem como sua dignidade enquanto ser humano. Assim, ao ratificar Convenções que buscam solucio-nar os conflitos decorrentes do sequestro internacio-nal de crianças, o Estado brasileiro busca mais uma vez proteger os direitos fundamentais da criança, reafirmado o que está disposto pelo ECA, pela Cons-tituição Federal e pela Declaração dos Direitos da Criança. O ECA dispõe o dever da sociedade, da família e do Estado em garantir à criança direitos como vida, e-ducação, lazer, esporte, saúde, dignidade e convi-vência com a família. A Constituição Federal, em seu art.227, privilegia a condição do menor. E a de-claração dos Direitos da Criança que também visa proteger os direitos fundamentais do menor. O Estado brasileiro, tanto na esfera jurídica quanto nas administrativa e legislativa, tem se estruturado, a fim de promover uma melhor resposta à comuni-dade internacional, buscando maior celeridade nos processos, se posicionando sobre questões conflitan-tes e criando mecanismos de difusão do conheci-mento e preparação dos profissionais do direito. Ao atender a um pedido de cooperação jurídica in-ternacional, com base nas convenções internacio-nais, privilegia-se o interesse superior do menor. Os casos atendidos pelo Estado brasileiro que se utili-zam das convenções sobre sequestro tem mostrado que as convenções têm sido instrumentos funda-mentais de cooperação jurídica e de solução de con-flitos, sendo assim, mecanismos eficazes na prote-ção às crianças que se encontram em situação de sequestro interparental. Desta forma, diante do questionamento – os tribu-nais brasileiros tem oferecido proteção suficiente ao interesse superior do menor? – a resposta é positiva.

Ao se atentar para o sequestro internacional de me-nores como uma violência aos direitos fundamentais da criança e uma violação ao direito internacional, toda ação que vise evitar que o sequestro se perpe-tue é uma proteção ao interesse superior do menor. 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente trabalho cumpriu com os objetivos pro-postos. Os resultados obtidos foram redigidos em formato de artigo, sob o título - Sequestro Interna-cional de Menores: Os tribunais brasileiros tem ofe-recido proteção suficiente ao interesse superior do menor? - e submetido à revista jurídica MERITUM. AGRADECIMENTOS À PUC-Campinas pela oportunidade de realização deste trabalho. À Professora Renata Alvares Gaspar pelo auxílio e cuidado na execução dessa pesquisa. REFERÊNCIAS [1] LOPES, Rosanne Christine da Silva Bastos. Se-questro Internacional de Crianças: Análise e estudo do caso do menino Sean. Brasília, 2010. 80f. Traba-lho de conclusão de curso (Bacharelado em Direito) – Centro Universitário UNICEUB, 2010, p.18. Dispo-nível em: <http://www.repositorio.uniceub.br/bitstream/123456789/903/1/20574964.pdf> Acessado em: 01 jan. 2011