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COOPEROESTE - Maio de 2013 Pág. 06 MST COMEMORA 28 ANOS Págs. 04 e 05 Pág. 03 Pág. 07 Primeiras ocupações ocorreram no dia 25 de maio de 1985 em São Miguel do Oeste e Abelardo Luz Governo Federal libera recursos para construção de 70 mil casas em assentamentos no Estado Coopertel promove a 10ª Feira Estadual da Moranga Assentamento Conquista na Fronteira realiza treinamento em qualidade no leite

COOPEROESTE - Maio de 2013 MST COMEMORA 28 ANOSterravivasc.com.br/jornais/00000000096.pdf · Foi um período de efervescência dos movimentos sociais, em que os trabalhadores e trabalhadoras

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COOPEROESTE - Maio de 2013

Pág. 06

MST COMEMORA 28 ANOS

Págs. 04 e 05

Pág. 03

Pág. 07

Primeiras ocupações ocorreram no dia 25 de maio de 1985 em São Miguel do Oeste e Abelardo Luz

Governo Federal libera recursos para construção de

70 mil casas em assentamentos no Estado

Coopertel promove a 10ª Feira Estadual da

Moranga

Assentamento Conquista na Fronteira realiza

treinamento em qualidade no leite

COOPEROESTE - Maio de 2013

28 ANOS DO MST DE SANTA CATARINA

Nada, absolutamente coisa alguma, foi conquistada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais (MST) sem lutas - algumas até sangrentas -. Muitos deveriam se espelhar nas ações do MST e não baixar a cabeça para os burgueses ambiciosos que sempre querem mais e não se importam com os pequenos que para eles são estorvos. A luta pelos seus direitos é uma das marcas registradas do movimento.

Mesmo ainda não tendo tudo que planejou aos longos dos anos, podemos afirmar que o MST é exemplo para o mundo, pois, se analisarmos, é um movimento novo. As primeiras ocupações aconteceram no dia 25 de maio de 1985, em São Miguel do Oeste e Abelardo Luz. Sem nada, apenas com muita vontade de produzir. E 28 anos após continua firme e forte.

O MST é simples. Apenas reivindica o que é de seu direito, assegurado pela Constituição. Gente que transforma a necessidade em desejo e com suor no rosto, bandeira na mão e um objetivo justo vão à luta.

Patricia DielRoger Brunetto

MATRIZ

9101 4700CNPJ: 01.435.328/0008-70

Insc.E

No hospício alguns internados resolvem planejar uma fuga. Depois de muitos debates decidem que o plano seria, à noite, pular o portão. Chega à noite, mas quando chegou na hora H um deles disse frustrado: “Não vai dar pra pular o portão. Esqueceram ele aberto”. E todos, então, voltam a seus quartos.

A maior prisão que podemos ter na vida é aquela quando a gente descobre que estamos sendo não aquilo que somos, mas o que o outro gostaria que fôssemos. Geralmente quando a gente começa a viver muito em torno do que o outro gostaria que a gente fosse, é que a gente está muito mais preocupado com o que o outro acha sobre nós, do que necessariamente nós sabemos sobre nós mesmos.

O que me seduz em Jesus é quando eu descubro que nele havia uma capacidade imensa de olhar dentro dos olhos e fazer que aquele que era olhado reconhecer-se plenamente e olhar-se com sinceridade.

Durante muito tempo eu fiquei preocupado com o que os outros achavam ao meu respeito. Mas hoje, o que os outros acham de mim muito pouco me importa (a não ser que sejam pessoas que me amam), pois a minha salvação não depende do que os outros acham de mim, mas do que Deus sabe ao meu respeito.

*Autor: Padre Fábio Melo.

PARA RIR

DEPOIMENTO

PARA REFLETIR

“Trabalho na Cooperoeste/Terra Viva há quatro anos e seis meses. Trabalhar aqui é

ter todo dia um novo conhecimento. Sinto-me uma pessoa realizada por todos

os aprendizados que adquiri e pelos outros que ainda terei”.

*Jocieli Persch Lizot.

Aconteceu nos dias 03, 04 e 05 de maio, no Assentamento Anita Garibaldi, em Ponte Alta, a 10ª Feira Estadual da Moranga. A festa reuniu um grande público e a programação foi diversificada, com exposição e venda de produtos da reforma agrária, atividades culturais, shows, exposição de máquinas agrícolas de pequeno porte, degustação de produtos derivados da moranga e culinária típica. Paralelamente aos festejos, acontece o 2º Seminário da Agricultura Familiar. Os expositores participantes vieram de varias partes do Estado.

FEIRA É REALIZADA, NOVAMENTE NO ASSENTAMENTO“Mais uma vez a feira aconteceu dentro do assentamento. Isso demonstra a

confiança que conquistamos na cidade para representar a cultura da moranga", revelou o presidente da Cooperativa Regional Agropecuária Terra Livre (Coopertel), Juliano Heinle. A cooperativa comercializa os produtos do assentamento e de cerca de 500 outros assentados e agricultores familiares da região.

PARCEIRIOSEntre outros, a feira teve o apoio do Instituto Nacional de Colonização e Reforma

Agrária (Incra) em parceira com a Prefeitura, além de recursos oriundos de uma emenda parlamentar da deputada federal Luci Choinacki que, por intermédio do Programa Terra Sol do Incra, repassou aos organizadores R$ 98 mil, complementada pela contrapartida da Prefeitura no valor de R$ 2 mil, utilizados na contratação da estrutura e serviços para a realização do evento.

ELOGIOS DO PREFEITO O prefeito de Ponte Alta, Carlos Moraes, disse que o assentamento não somente

representa o cultivo da moranga, como produz outras variedades de hortifrúti e também o leite, que movimentam a economia e abastecem a cidade, sobretudo a merenda escolar. "Eles são um exemplo que os outros produtores acabam se espelhando", elogiou.

PRODUÇÃOUm dos destaques da produção no assentamento, a moranga é vendida in natura e

na forma de doce, farinha e em sementes saborizadas, após processamento na agroindústria da Coopertel, A cooperativa também comercializa conservas de pepino,

beterraba e cenoura, farinha de milho e feijão com a marca Terra Viva, que agrupa os produtos elaborados nas cooperativas da reforma agrária em Santa Catarina. "Trabalhamos em parceria entre as cooperativas. Assim, uma ajuda a outra para obter melhores resultados e aumentar a renda das famílias", menciona o presidente da Coopertel, Juliano Heinle.

PARTICIPANTES DA FEIRAPresentes nos stands da feira, cooperativas como a Cooperativa Regional de

Comercialização do Extremo Oeste (Cooperoeste), fabricante dos produtos lácteos Terra Viva; Cooperativa Regional de Industrialização e Comercialização do Meio-Oeste (Coopermoc) e Cooperativa dos Assentados da Região do Contestado (Coopercontestado).

Os assentados do projeto Dom José também levaram seus produtos, representando a produção de outras regiões do Estado. "Eventos como esse demonstram que a reforma agrária produz, gera renda, é viável e está sedimentada em Santa Catarina, tornando-se um exemplo para a sociedade brasileira", afirmou o superintendente-adjunto do Incra no Estado, Fernando Souza.

COOPEROESTE - Maio de 2013

Coopertel promove a 10ª Feira Estadual da Moranga

ATENÇÃO PRODUTOR PARA OS CONTATOS PARA ATENDIMENTOS VETERINÁRIOS

Atendimento veterinário para São Miguele região: horário comercial de segunda a sexta-feira: Agropecuária (49) 3622-1646ou 3621-1733.

Fora do horário comercial, sábados e do-mingos: Cooperoeste/Terra Viva pelonúmero (49) 3631-0229.

Atendimento veterinário para Abelardo Luz e região: horário comercial de segunda a sexta-feira:Mercado 9101 4700. Posto de resfriamento 9101 4647.

Fora do horário comercial, sábados e domingos, em sistema de plantão: Paulo 9142 3563 ou Osório 9142 3566

Produtores recebem premiação pela qualidade das morangas

Presidente da Coopertel fala durante abertura do evento

COOPEROESTE - Maio de 2013

O dia 25 de maio é carregado de histórias e conquistas para o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Neste ano, o movimento, em Santa Catarina, completou 28 anos reafirmando o compromisso de que enquanto houver um sem terra a luta não vai parar. Para lembrar a data aconteceu um jantar de confraternização, com místicas, na sede da Cooperoeste/Terra Viva, organizada pela Coordenação Regional do MST. “Nossa trajetória está envolvida em uma simbologia muito grande”, comentou a integrante Nacional do MST, Irma Bruneto.

HISTÓRIAO dia 25 de maio, segundo pessoas que participaram das primeiras ocupações, foi

o momento da retomada das lutas camponesas e por direitos sociais em todo o Brasil. No início dos anos 1980 havia uma crise econômica mundial e a ditadura militar perdia suas forças por ser um regime que nunca atendeu os interesses dos trabalhadores, mas, sim, os interesses das grandes multinacionais, aliadas a burguesia brasileira. Foi um período de efervescência dos movimentos sociais, em que os trabalhadores e trabalhadoras tinham um anseio de participação, de democracia e, por isso, foram sendo construídas diversas formas de lutas como as Diretas Já, pelo fim da carestia, as greves dos petroleiros e dos metalúrgicos do ABC.

Nesse processo de mobilização surge também a necessidade da construção de instrumentos políticos da classe trabalhadora e disso foi construído a Central Única dos Trabalhadores (CUT), e as pastorais sociais.

SURGIMENTO DO MST No campo já estavam acontecendo as lutas dos poceiros, das mulheres

agricultoras e a luta contra as barragens. Foi no auge dessas mobilizações que os camponeses se organizam em torno da luta pela terra. Um exemplo, no Extremo Oeste, foi a ocupação da Fazenda Burro Branco em Campo Erê (1980). Esses acontecimentos motivaram debates de se construir um movimento social a nível nacional. Nesse contexto, em janeiro de 1984, aconteceu o I Encontro Nacional do MST, aonde foram definidos os objetivos e princípios que norteiam as lutas do movimento no Brasil.

Nesse período, por conta da intensificação das lutas, as ideias propostas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra eram aceitas e todos se ajudavam. Em Santa Catarina o MST foi sendo construído por todas as forças sociais unificadas. Pastorais sociais, igreja, CUT e, sindicatos, em conjunto com os militantes, fizeram o trabalho de articulação com a base. As primeiras ocupações de 25 de maio foram o impulso para a criação do MST, mas, também, foi o fruto dessa união, desse acúmulo das classes trabalhadoras que ajudou a construir essa mobilização. E por ter sido uma ação coletiva é que teve um grande impacto, reunindo 1.500 famílias de 30 municípios, que ocuparam áreas em Abelardo Luz e no Extremo Oeste.

As ocupações de 25 de maio resultaram em mais de 20 assentamentos espalhados em aproximadamente oito municípios do Estado.

ORGANIZAÇÃO E APRENDIZADOAo longo de sua história, o MST foi aprendendo e construindo as formas de

organicidade, de fazer as negociações, a trabalhar coletivamente construindo experiências de uma nova sociedade. Muitas ocupações se realizaram, muitas lutas em torno da educação, saúde, créditos continuam sendo feitas.

O MST tem mostrado para toda a sociedade a capacidade de mobilização e o resgate de pessoas que estavam excluídas de todos os direitos sociais. Através deste legado faz que estas pessoas sejam os próprios sujeitos na construção da sua própria dignidade. Ao longo dos anos inúmeros assentamentos foram conquistados, beneficiando mais de 350 mil famílias que, certamente, se não fosse o MST hoje estariam morando em favelas ou trabalhando de agregados, trabalhando muito e recebendo pouco.

A LUTA CONTINUAMotivação para promover a justiça social não falta aos integrantes do MST. Por

isso, a cada comemoração, as conquistas são lembradas e os compromissos reafirmados. Um dos principais lemas do MST é de enquanto houver um sem terra a luta não vai parar. Até chegar a vitória definitiva em que todas as famílias tenham terra, trabalho, casa, cultura, lazer, enfim, uma vida digna.

CONFRATERNIZAÇÃO Para comemorar os 28 anos do MST, aconteceu, na sede da Cooperoeste/Terra

Viva, no dia 25 de maio, um jantar de confraternização. Ocorreu uma mística lembrando as primeiras ocupações e a união dos envolvidos com o movimento. Também ocorreram

pronunciamentos. Em sua manifestação, o presidente da Cooperoeste, Celestino Persch, lembrou várias passagens ao longo destes 28 anos. Também rcordou os que participaram das primeiras ocupações e já morreram.

O RELATO DE QUEM PARTICIPOU DA PRIMEIRA OCUPAÇÃOAloísio Dresch, 73 anos de idade, morador do Assentamento 25 de Maio, em Barra

Bonita, foi um dos inúmeros participantes da primeira ocupação na gelada madrugada do dia 25 de Maio de 1985. Ele lembra que nada foi fácil. A ocupação aconteceu onde ele mora hoje que, à época, era denominado Rabo de Galo que nos anos 1980 pertencia a São Miguel do Oeste. “Ficamos aqui por um tempo. Após fomos transferidos para o atual Assentamento Bandeirante. Passado alguns meses alguns ficaram lá e outros foram transferidos para cá, onde moro até hoje”, conta.

MORADIA E ALIMENTAÇÃO Seu Aloísio diz que os ocupantes tinham o básico para se alimentar. A comida era

repassada, por meio de cestas básicas, pelo Instituto Nacional da Reforma Agrária (Incra). O maior problema eram as moradias. “Ficamos muito tempo morando embaixo de lonas com chão batido. No meu caso, era eu, a esposa e um filho, mas tinham casais com até cinco filhos”, enfatiza. Ele relata que, devido às precárias condições, muitos ficaram doentes, principalmente as crianças. Algumas morreram e outras até hoje estão com sequelas. As doenças mais comuns eram as respiratórias devido à umidade.

Dresch aderiu ao MST, pois era agregado e a renda que obtinha mal dava para comprar a comida. Segundo ele, além do pouco dinheiro que se ganhava, não havia estabilidade. “Era uma vida muito sacrificada. Naquele tempo se pagava a renda a dinheiro ou era feito um acordo denominado 'terça parte' onde a cada 100 sacas colhidas 33 ficavam

*MST COMEMORA 28 ANOS

Primeiras ocupações ocorreram no dia 25 de maio de 1985 em São Miguel do Oeste e Abelardo Luz

Mística lembrou as primeiras ocupações e o compromisso dos sem terra

Aloísio Dresch com a companheira Eva Souza de Azevedo

COOPEROESTE - Maio de 2013

com o dono da área. Se trabalhava muito e se ganhava pouco”, recorda, acrescentando que, naquele tempo, não havia negociação.

“SE NÃO FOSSE O MST, MUITA GENTE NÃO ESTARIA VIVA”Conforme o assentado, o MST foi a salvação de inúmeras famílias, mesmo que foram

deslocados para áreas acidentadas e pouco produtivas. Dresch diz, de forma categórica, que se não fosse o MST, muita gente não estaria viva. “Nossa união foi fundamental. Se cada um trabalhasse por conta ninguém teria nada”, complementa.

Conforme o agricultor, com o passar dos anos a vida foi melhorando graças aos recursos, assistência técnica e outros tipos de auxílio conseguidos graças às reinvindicações do MST. “Nenhum membro do movimento decidia sozinho. Todos eram ouvidos, decidíamos as ações em conjunto, nos organizavamos e íamos à luta”, menciona.

INFORTÚNIOS E A FÉ EM DEUS Durante os 28 anos, seu Aloísio perdeu a esposa e um filho que sofreu um acidente

quando cortava uma árvore. Ainda teve de enfrentar mais um infortúnio: foi acometido de um câncer de esôfago que, por um tempo, impedia-o até de tomar água. Os médicos disseram que não havia o que fazer. “Quem me salvou foi a fé em Deus”, garante. Hoje ele está muito bem de saúde. A enfermidade não deixou sequelas. Vive numa casa de alvenaria com a companheira Eva Souza de Azevedo. “Sou muito feliz aqui e não troco este lugar por dinheiro algum”, comenta.

RECADO PARA OS COMPANHEIROSSeu Aloísio se emociona ao lembrar os companheiros que participaram da primeira

ocupação e que já morreram. Por outro lado, fica feliz quando encontra algum daquela época. “Sempre quando isso acontece, falamos de muitos assuntos, mas sempre terminamos a 'prosa' lembrando os velhos tempos”, salienta.

Os assassinatos de trabalhadores rurais cresceram 24% em 2012, em comparação a 2011. Os dados foram publicados pelo relatório Conflitos do Campo — Brasil 2012, da Comissão Pastoral da terra (CPT), organismo ligado à Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

A CPT chamou a atenção para o agravamento da violência na zona rural. Foram 36 mortes e 77 tentativas de assassinatos, em 2012, 102% a mais do que no ano anterior. O levantamento da CPT destaca os casos das mortes pela disputa por terras nas regiões Norte (17), Nordeste (11), Sudeste (7) e Centro-Oeste (1).

IMPUNIDADERondônia lidera a lista de assassinatos no campo, com um total de oito; seguido pelo

Pará (6); Rio de Janeiro (4); e, com três mortes, cada, os estados do Maranhão, Paraíba, Pernambuco e Minas Gerais. “Dos assassinados, 50% eram lideranças em suas comunidades e 20% já tinham sofrido ameaças”, revela Antônio Canuto, da Coordenação Nacional da CPT. A entidade entregou à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH-PR), em 2011, um dossiê onde chamou atenção para a concretização das ameaças de morte. “Matar trabalhador sem terra é igual a matar bicho do mato: fica por isso mesmo. A impunidade alimenta a violência que está por aí”, critica Canuto. Entre 1985 e 2012, os 1.645 assassinatos registrados pela CPT foram reunidos em 1.239 processos no Judiciário. Entretanto, apenas 101 dos casos foram julgados (8,1%). E apenas 22 mandantes e 79 executores foram condenados.

MANDANTE É ABSOLVIDONo mês passado, o julgamento dos acusados do assassinato do casal de extrativistas

Maria do Espírito Santo e José Cláudio Ribeiro acabou por condenar dois executores do crime, Lindonjonson Silva Rocha e Alberto Lopes do Nascimento, mas inocentou o acusado de ser o mandante, José Rodrigues Moreira. A decisão revoltou a comunidade rural de Nova Ipixuna (PA), onde viviam as vítimas.

ÍNDIOS, QUILOMBOLAS, POSSEIROS E RIBEIRINHOS TAMBÉM SÃO ALVOS DA VIOLÊNCIA

Em sua 28ª edição, o relatório mostra que 58,3% das mortes e 84,4% das tentativas de assassinato contabilizados em 2012 ocorreram na Amazônia Legal. “Até 2005, os grupos atingidos pela violência eram os sem terra e os assentados. A partir de 2006, passaram a ser as populações tradicionais, como os índios, quilombolas, posseiros e ribeirinhos”, analisa Carlos Walter Porto, professor de geografia da Universidade Federal Fluminense. Ao analisar os dados da CPT, o geógrafo chama a atenção para o crescimento da violência.

“O ESPÍRITO DAQUELES QUE REIVINDICAM O DIREITO ÀTERRA É DE PAZ”Segundo Porto, o avanço da soja e da cana-de-açúcar sobre áreas de pastagens obrigou

os pecuaristas a procurarem novas áreas, e as vítimas deste processo são as comunidades tradicionais. “As terras ocupadas por populações tradicionais são as mais cobiçadas pelo agro e hidro negócios, por serem as mais fáceis de serem tomadas. Embora ocupem os espaços há décadas, não possuem documentos que comprovem a posse e propriedade”, explica Dom Tomás Balduino, um dos fundadores da CPT.

Para Balduino, o espírito daqueles que reivindicam o direito à terra é de paz. “O pessoal não quer brigar, quer terra para viver e conviver. Do outro lado, do agro e hidro negócios, acho que o negócio vai se complicar cada vez mais”, alerta. Em 2012, 60% das mortes causadas por conflitos foram de membros de comunidades tradicionais, como índios ou quilombolas.

AVANÇO DO AGRONEGÓCIO O deputado federal Padre Ton critica o avanço do agronegócio não só sobre as terras,

mas sobre a política nacional. “Essas forças conservadoras crescem nos três poderes, sobretudo

no Legislativo, onde têm 214 deputados. Corremos o risco de vermos mudanças na calada da noite para retirar direitos de trabalhadores. A bancada ruralista pressiona o governo, que é de esquerda, mas que se acovarda.”

MEDO E ANSIEDADE Outro que participou da primeira ocupação foi Alfonso Persch, do Assentamento 26 de

Outubro, em São Miguel do Oeste. Segundo ele, foi uma noite e madrugada apreensiva. “Minha mulher estava grávida de cinco meses e não sabíamos o que poderia acontecer. Por isso muitos deixaram alguns filhos na casa dos avós. Erámos corajosos, nossa luta era por uma causa justa, mesmo assim não tinha como não sentir, pelo menos, um pouco de medo e de ansiedade”, comenta.

Na época, Persch era arrendatário e, a exemplo de seu Aloísio Dresch, trabalhava muito e recebia pouco. Para piorar, não tinha residência fixa. “Ficávamos um tempo num lugar. Depois em outro. Não havia segurança, pois depois de colhermos à safra não sabíamos se continuaríamos no lugar. Nossa vida era uma constante incerteza”, conta.

DISCRIMINAÇÃO, PERSEGUIÇÃO, HUMILHAÇÃO E TIROS Persch recorda com tristeza os primeiros anos da ocupação. “Só mesmo quem

vivenciou sabe o que passamos. Erámos discriminados, perseguidos e humilhados. A sociedade nos desprezava”, relata. Como se não bastasse, havia os pistoleiros. “Certa vez eu e minha esposa nos escondemos atrás de uma árvore”, lembra. “Os tiros eram constantes. Graças a Deus ninguém morreu”, completa. Quando se deslocavam a outros lugares eram alvos de piadas maldosas. “Passamos muita vergonha”, resume.

A AÇÃO DO MST FOI FUNDAMENTAL Para Alfonso Persch, o MST foi fundamental para melhorar a qualidade de vida das

famílias acampadas. Ele lamenta o fato de vários companheiros, por medo ou falta de confiança, terem abandonado os acampamentos e hoje vivem em favelas ou em péssimas condições.

“MUITOS QUE CONDENAVAM O MST HOJE OBTÊM GANHOS GRAÇAS AO MOVIMENTO”

Consciente e, principalmente, convicto de que o tempo é o senhor da razão, Persch afirma que muitos que, no passado, condenavam o MST hoje obtêm lucros graças ao movimento por meio das inúmeras agroindústrias que surgiram através da reforma agrária que é uma das principais bandeiras de luta do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Ele cita como exemplo a Associação 25 de Maio, no Assentamento 26 de Outubro, a Cooperunião, no Assentamento Conquista na Fronteira, em Dionísio Cerqueira e a Cooperoeste/Terra Viva, em São Miguel do Oeste, além de outras em várias partes do Estado e do Brasil. “Basta analisar o valor que estas cooperativas e associações proporcionam em retorno de impostos que são rateados entre a União, o Estado e o município, além dos inúmeros empregos diretos e indiretos”, destaca, acrescentando, ainda, a grande colaboração para frear o êxodo rural e a qualidade dos produtos fabricados.

Ele cita como exemplo o Assentamento 26 de Outubro. “Quando chegamos lá não havia nada. Só capoeira, mato e pedras. Hoje, naquele local, há uma indústria que produz 20 mil litros de leite tipo C por dia, além de queijo mussarela e bebidas lácteas nos sabores cocô, morango e frutas vermelhas”, expõe.

BURGUESIA DEVE SENTIR VERGONHA Humilde, Alfonso Persch, diz que, apesar de ter passado por tanto sofrimento,

preconceito e situações constrangedoras não guarda rancor. Porém, ele acredita que os burgueses que condenavam o MST hoje devem sentir vergonha, principalmente aqueles que atualmente são beneficiados direta ou indiretamente. “Provamos que queríamos um pedaço de chão para plantar e não para promover baderna como diziam”, enfatiza, acrescentando que a luta para provar a boa intenção gerou muito sofrimento e sequelas irreversíveis.

A LUTA NÃO ACABOU O que impressiona no MST é a dignidade e a solidariedade. Conforme Persch, os que

hoje estão numa condição digna não se esquecem dos que estão acampados. “Somos unidos e

lutamos por aqueles que, a exemplo de nós, no passado, lutam por uma área para produzir alimentos”, finaliza.

Alfonso Persch "O MST foi fundamental para melhorar a qualidade de vida das famílias acampadas»

COOPEROESTE - Maio de 2013

Recursos também poderão ser utilizados para reformas e ampliação de moradias

Governo Federal libera recursos para construção de 70 mil casas em assentamentos e para pequenos agricultores no Estado

O Governo Federal vai liberar recursos para construção de 70 mil moradias em assentamentos e pequenas propriedades rurais em Santa Catarina. O anúncio é do coordenador regional e integrante estadual do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Sebastião Vilanova. Segundo ele, foi firmado um convênio entre a Cooperativa Central dos Assentamentos (CCA) e a Caixa Econômica Federal (CEF). Serão disponibilizados R$ 28,5 mil para a construção de casas novas e R$ 17,2 mil para reforma ou ampliação. “Esta foi uma das grandes lutas do MST”, destaca, acrescentando que os que acessarem o crédito de R$ 28,5 mil terão que devolver R$ 1,1 mil pagáveis em quatro anos. O mesmo prazo vale para os que optarem em sacar R$ 17,2. O que muda é o valor a ser devolvido: R$ 688,00. “Evidente que teremos alguns custos extras como a do engenheiro, mas o aumento será insignificante”, ressalta o coordenador regional do MST.

NOVIDADEUma das novidades, segundo Vilanova, é que o programa

também abrange os filhos dos agricultores assentados. Desta forma a família poderá requisitar os recursos para construir uma casa para o filho. Ele ressalta, porém, que cada família só terá direito a recursos a uma casa ou reforma/ampliação. “Ou seja: o beneficiado terá que escolher se quer para ele ou para seu filho. Dois acessos não são permitidos”, explica, acrescentando que a intenção é fazer com que os filhos permaneçam na propriedade “Ou os que estão na cidade voltem”, acrescenta.

ACESSO Vilanova menciona que foram realizadas reuniões nos

assentamentos para explicar como o interessado deve proceder para acessar à linha de crédito. De acordo com ele, o primeiro passo é providenciar todos os documentos pessoais (os da esposa também). Além disso, terá que solicitar à carta anuência ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). “Para fazê-la o assentado tem que comparecer na Secretaria do MST”, avisa, acrescentado que, posteriormente, também será necessária a Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP). Depois de tudo regularizado, a documentação será

enviada à CCA que vai elaborar o projeto junto ao engenheiro e a assistência social e encaminhá-lo à Caixa Econômica Federal que terá 30 dias para se pronunciar se tudo está correto ou falta algo. “Solicitamos agilidade as famílias para que possamos enviar os pedidos o mais rápido possível”, enfatiza.

INÍCIO DOS TRABALHOS Em relação ao modelo das residências, Vilanova explica que

serão oferecidos quatro. “Mais tarde, se o assentado resolver ampliá-la, o custo será pago por ele”, assinala. O integrante do MST acredita que, pelo planejamento, os trabalhos de construção das primeiras casas, reformas e ampliação devem começar no início de julho.

VALOR DO LEITEValores do leite projetados para maio, cujo pagamento acontece em meados de junho, conforme o Conseleite:

-Leite acima do padrão: 0,9367- Leite padrão: 0,8145-Leite abaixo do padrão: 0,7405*Valores em reais para o leite na propriedade, com o Funrural incluso e sem o frete.

Na foto, Sebastião Vilanova

COOPEROESTE - Maio de 2013

Assentamento Conquista na Fronteira realiza treinamento em qualidade no leite

Aconteceu no Assentamento Conquista na Fronteira, em Dionísio Cerqueira, um treinamento sobre qualidade no leite. Três profissionais repassaram dicas para que se obtenha mais quantidade com qualidade, além de responder dúvidas dos 60 participantes. Também foi abordado o manejo de ordenha.

De acordo com o coordenador de produção de leite do assentamento, Leonir Rodrigues, o treinamento foi muito proveitoso. “O curso trouxe novas dicas e lembrou outras que alguns esqueceram ou não praticavam mais e que são importantes”, comentou. Ele acredita que os resultados do aprendizado comecem a aparecer neste mês.

PASTAGENS Rodrigues adiantou que já ficou acertado que o próximo

treinamento será sobre pastagens. “Nós, enquanto assentamento, temos uma dificuldade muito grande. Têm épocas em que há abundância de pastagens e em outros momentos há falta”, revela, observando que isso ocorre nas chamadas transições das pastagens como nesta época do ano.

PRODUÇÃOAtualmente o assentamento conta com 168 vacas em lactação e

produz 2.300 litros/dia. A quantidade, por causa da transição das pastagens, é considerada baixa, pois já chegou a 3.600 litros/dia. O objetivo, até julho, é de atingir uma produção entre 96 mil e 100 mil litros/mês.

CONVÊNIOO veterinário, Luiz Alves, explica que o treinamento faz parte do

recente convênio entre o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e a Cooperativa de Trabalho e Extensão Rural Terra Viva (Cooptrasc). “O Assentamento Conquista na Fronteira solicitou dois treinamentos: o de qualidade de leite e o de pastagens que será realizado nos próximos meses”, diz.

CUIDADOS PARA PRODUZIR MAIS E COM QUALIDADEDe acordo com Alves, o trabalho tem de ser contínuo. Ele enfatiza

que, de uma ou outra forma, todos os moradores do assentamento estão envolvidos na atividade leiteira, por isso a importância de se adquirir conhecimentos e se aperfeiçoar.

Para Alves, toda a cadeia produtiva do leite é formada por detalhes. Segundo ele, para se conseguir uma boa produção de leite com qualidade é essencial se atentar às pastagens, à ordenha, entre outros. “Ainda há vários cuidados como na hora da ordenha, com o teto, a questão hormonal, o manejo, a importância da higienização dos equipamentos, enfim são várias situações”, destaca. O veterinário alerta que quem não se ater aos detalhes, de uma forma geral, terá vários problemas e, consequentemente, mais gastos.

CURSOS E TREINAMENTOS SÃO FUNDAMENTAIS A coordenadora de qualidade do leite da Cooperoeste/Terra Viva,

Leine Romio, foi uma das palestrantes. Ela disse que os acompanhamentos, treinamentos e cursos são fundamentais para aumentar e melhorar a qualidade do leite. “Inclusive temos dados que comprovam isso”, assinala, citando o monitoramento que a Cooperoeste faz no Assentamento Conquista da Fronteira. Leine alerta, no entanto, que as informações têm que ser repassadas por profissionais que dominam o assunto.

EXIGÊNCIAS SERÃO MAIS RÍGIDASLeine acrescenta que a Cooperoeste trabalha com um sistema de

melhoria de qualidade continuada. “Prezamos por um leite de excelente qualidade, já pensando no consumidor”, salienta. Por isso, de acordo com ela, a participação dos produtores nestes encontros é fundamental para se adequarem aos padrões estabelecidos pela Normativa 62. “A cada ano as exigências serão mais rígidas. Daí a importância de o produtor começar a se adaptar as novas normas o quanto antes”, recomenda.

Leonir Rodrigues: “O treinamento foi muito proveitoso. Trouxe novas dicas e lembrou outras que alguns esqueceram ou não praticavam mais e que são importantes”

Luiz Alves: “Toda a cadeia produtiva do leite é formada por detalhes”.

COOPEROESTE - Maio de 2013

Ofertas da Casa Agropecuária da Cooperoeste para o mês de junho que continua com uma super promoção na linha de ordenhadeiras!

Promoção válida até 15 de junho ou enquanto durarem os estoques. Faça seu pedido pelo fone 3622-1646 ou pelo leiteiro.

O pagamento poderá ser efetuado através da conta leite. As mercadorias serão entregues no roteiro.

GRITO DA TERRA NO RÁDIO

Ouça todos os sábados o programa Grito da Terra, da Cooperoeste/Terra Viva, nas seguintes rádios e horários:-Rádio Cedro FM, de São José do Cedro( 90,7): 13h00-Rádio Peperi AM, de São Miguel do Oeste (1370) : 13h25-Rádio Atalaia AM, de Campo Erê (850): 13h35

*Obs: esporadicamente os programas podem começar alguns minutos antes ou depois do horário previsto.

ORDENHADEIRA COM UM CONJUNTO R$ ou 10 X 2.300,00de 249,50

E ainda temos à disposição sementes de trevo branco e trevo vermelho, adubo, uréia, ração,

farelos, ração para peixe, sal mineral Cooperoeste, Tanque de expansão para leite, ordenhadeira

canalizada, lonas, roçadeiras, trituradores, gerador de energia, materiais elétricos, caixas da água, bebedouros padrão ambiental, ferramentas e

ferragens em geral.

GRÁTIS TARRO!

BOTA BRANCA VULCABRAS CANO CURTO R$ 28,00

CAPA DE CHUVA FORRADA R$ 20,00

MACHADO COM CABO R$ 35,00

PÓ DE BASALTO OU PÓ DE ROCHA SC 33 KG (fertilizante para agricultura,

fruticultura e horticultura) R$ 13,50

JOGO DE FERRAMENTAS R$ 96,00 ARAME LISO 16 MM KG R$ 8,00