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COPPE/UFRJ COPPE/UFRJ ANÁLISE ACOPLADA DOS MOVIMENTOS DE UMA UNIDADE FLUTUANTE E DA DINÂMICA DOS SISTEMAS DE ANCORAGEM E RISERS Leonardo Almeida Brandão Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Engenharia Oceânica, COPPE, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Engenharia Oceânica. Orientador(es): Paulo de Tarso Themistocles Esperança Rio de Janeiro Setembro de 2008

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COPPE/UFRJCOPPE/UFRJ

ANÁLISE ACOPLADA DOS MOVIMENTOS DE UMA UNIDADE FLUTUANTE E

DA DINÂMICA DOS SISTEMAS DE ANCORAGEM E RISERS

Leonardo Almeida Brandão

Dissertação de Mestrado apresentada ao

Programa de Pós-graduação em Engenharia

Oceânica, COPPE, da Universidade Federal do

Rio de Janeiro, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do título de Mestre em

Engenharia Oceânica.

Orientador(es): Paulo de Tarso Themistocles

Esperança

Rio de Janeiro

Setembro de 2008

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ANÁLISE ACOPLADA DOS MOVIMENTOS DE UMA UNIDADE FLUTUANTE E

DA DINÂMICA DOS SISTEMAS DE ANCORGEM E RISERS

Leonardo Almeida Brandão

DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO INSTITUTO ALBERTO

LUIZ COIMBRA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DE ENGENHARIA

(COPPE) DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE

DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE

EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA OCEÂNICA.

Aprovada por:

________________________________________________

Prof. Paulo de Tarso Themistocles Esperança, D.Sc.

________________________________________________ Prof. Sergio Hamilton Sphaier, Dr.-Ing.

________________________________________________ Prof. Alexandre Teixeira de Pinho Alho, D.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

SETEMBRO DE 2008

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Brandão, Leonardo Almeida

Análise Acoplada dos Movimentos de uma Unidade

Flutuante e da Dinâmica dos Sistemas de Ancoragem e

Risers/ Leonardo Almeida Brandão. – Rio de Janeiro:

UFRJ/COPPE, 2008.

VI, 74 p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Paulo de Tarso Themistocles Esperança

Dissertação (mestrado) – UFRJ/ COPPE/ Programa de

Engenharia Oceânica, 2008.

Referencias Bibliográficas: p. 73-74.

1. Unidade Flutuante. 2. Sistema de Ancoragem. 3.

Sistema de Risers. 4. Análise Acoplada I. Esperança,

Paulo de Tarso Themistocles. II. Universidade Federal do

Rio de Janeiro, COPPE, Programa de Engenharia

Oceânica. III. Titulo.

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Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos

necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)

ANÁLISE ACOPLADA DOS MOVIMENTOS DE UMA UNIDADE FLUTUANTE E

DA DINÂMICA DOS SISTEMAS DE ANCORAGEM E RISERS

Leonardo Almeida Brandão

Setembro/2008

Orientadores: Paulo de Tarso Themistocles Esperança

Programa: Engenharia Oceânica

Tradicionalmente, os movimentos de uma unidade flutuante e seus efeitos nas

linhas de ancoragem / risers são analisados, separadamente, em duas etapas: 1)

Simulação dos movimentos da unidade flutuante; 2) Análise dinâmica das linhas de

ancoragem / risers aplicando-se os movimentos calculados na etapa 1 nos pontos de

conexão das linhas de ancoragem / risers.

As principais deficiências desta abordagem são: negligência ou simplificação

das cargas de correnteza nas linhas de ancoragem / risers e do efeito do amortecimento

das linhas de ancoragem / risers nos movimentos de baixa freqüência da unidade

flutuante.

Em águas profundas, a interação entre as linhas de ancoragem / risers e a

unidade flutuante é tão significativa que a abordagem tradicional pode se tornar

inadequada. Em uma abordagem acoplada, as cargas das linhas de ancoragem / risers

são transferidas como força (restauração, amortecimento e inercial) para o modelo da

unidade flutuante, contribuindo simultaneamente, no cálculo da posição média (resposta

estática) e nos movimentos (resposta dinâmica) da unidade flutuante.

Este trabalho tem como objetivo uma re-avaliação do sistema de ancoragem de

unidades flutuantes de produção, baseado em uma análise acoplada não-linear no

domínio do tempo, para determinação de um prazo seguro para substituição / reparo de

linha rompida em uma condição de acidente.

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Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfilment of the

requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)

COUPLED ANALYSIS OF VESSEL MOTIONS AND MOORING AND RISER

SYSTEM DYNAMICS

Leonardo Almeida Brandão

September/2008

Advisors: Paulo de Tarso Themistocles Esperança

Department: Oceanic Engineering

Traditionally, the motions of a floating vessel and the load effects in mooring

lines / risers have been analyzed by a separated two-step procedure: 1) Simulate

motions of the floater; 2) Dynamic response analysis of mooring / risers using vessel

motions from step 1 as top end excitation.

The main shortcomings of this separated approach are neglecting or

simplification of current forces and low-frequency damping contribution from mooring /

risers.

In deep water, the interaction between mooring lines / risers and the floater will

be pronounced and a separated analysis approach may be too inaccurate. In a coupled

approach the loads from mooring lines / risers model are transferred as a force

(restoring, damping and inertial) into the floater model. In this way, the full interaction

is taken account when calculating the floater mean position (static response) and

motions (dynamic response), simultaneously.

In this dissertation a re-evaluation of mooring systems of production units is

performed in order to define a safe time schedule for mooring line repair in an

accidental condition (failure of one mooring line) based on a non-linear time domain

coupled analysis.

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ÍNDICE

1 INTRODUÇÃO............................................................................................................. 1

1.1 Contexto................................................................................................................... 1

1.2 Objetivo e Motivação ............................................................................................... 3

2 SISTEMAS OFFSHORE.............................................................................................. 4

2.1 Unidades Flutuantes ................................................................................................. 4

2.2 Sistemas de Ancoragem............................................................................................ 8

2.3. Sistemas de Risers................................................................................................. 20

3. CARREGAMENTO AMBIENTAL.......................................................................... 23

3.1 Modelos de Representação de Estados de Mar........................................................23

3.2 Cálculo das Forças Geradas pelas Ondas ................................................................ 26

3.3 Correnteza.............................................................................................................. 37

3.4 Vento ..................................................................................................................... 37

4. ANÁLISE ACOPLADA............................................................................................. 39

4.1 Introdução .............................................................................................................. 39

4.2 Características de Sistemas Offshore ...................................................................... 42

4.3. Modelos para Unidades Flutuantes ........................................................................ 49

4.4. Modelos para Linhas de Ancoragem / Risers ......................................................... 52

4.5. Método de Análise ................................................................................................ 53

5. APLICAÇÃO PRÁTICA........................................................................................... 56

5.1 Descrição do Sistema ............................................................................................. 57

5.2 Condições Ambientais............................................................................................ 64

5.3. Resultados das Análises Acoplada e Desacoplada.................................................. 66

6. CONCLUSÕES.......................................................................................................... 71

7. REFERÊNCIAS......................................................................................................... 73

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Contexto

Com o avanço das atividades de exploração de petróleo para águas cada vez mais

profundas, tem sido requerido pela indústria do setor o uso de sofisticadas ferramentas

numéricas para análise do comportamento de sistemas offshore (unidade flutuante, sistema

de ancoragem e sistema de risers). Esta demanda torna-se necessária, a fim de viabilizar

novos empreendimentos, tanto do ponto de vista técnico, como do econômico.

Os movimentos de uma unidade flutuante e seus efeitos nas linhas de ancoragem /

risers vêm sendo tradicionalmente analisados em duas etapas:

1) Cálculo dos movimentos de freqüência de onda (wave-frequency - WF) e baixa

freqüência (low-frequency – LF) da unidade flutuante, sendo os efeitos das linhas

de ancoragem / risers considerados como forças não-lineares dependentes da

posição (restauração), assumindo-se que as forças dependentes da velocidade

(amortecimento) e aceleração (inercial) são desprezíveis para determinação dos

movimentos da unidade flutuante; e

2) Análise dinâmica das linhas de ancoragem / risers aplicando-se os movimentos

calculados na etapa 1 nos pontos de conexão das linhas de ancoragem / risers.

As principais deficiências desta abordagem são:

- As forças dependentes da velocidade (amortecimento) nas linhas de

ancoragem / risers, a qual para maioria dos sistemas offshore são de grande

importância para o cálculo dos movimentos de baixa freqüência, são

negligenciadas ou consideradas de forma simplista, geralmente, por meio de

forças lineares aplicadas diretamente na unidade flutuante;

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- As forças de correnteza nas linhas de ancoragem / risers, normalmente, não

são consideradas nesta abordagem. Particularmente em águas profundas,

com altos perfis de correnteza e um grande número de risers conectados, a

interação entre as forças de correnteza nos elementos submersos com a

posição média da unidade flutuante, assim como seus movimentos de baixa

freqüência são consideráveis.

- A dinâmica das linhas de ancoragem (ex.: tendões de uma Tension Leg

Platform) não é considerada nos movimentos de freqüência de onda da

unidade flutuante.

O efeito destes fatores aumenta consideravelmente com o aumento da profundidade.

Em águas profundas, a interação entre as linhas de ancoragem / risers e a unidade flutuante

é tão significativa que a abordagem tradicional pode se tornar inadequada.

A necessidade de aperfeiçoamento das ferramentas computacionais torna-se mais

evidente devido à dificuldade de realização de testes com modelos reduzidos para

verificação dos sistemas offshore (flutuante, linhas de ancoragem e risers) em lâminas

d’água de 1500m a 3000m, devido a limitações na profundidade (escala do modelo) dos

tanques de prova existentes.

Como conseqüência, o trabalho de verificação vem sendo cada vez mais realizado

por avançadas ferramentas de simulação (análises acopladas) em combinação com

resultados experimentais em profundidades reduzidas (método híbrido).

Em uma abordagem acoplada, todos os efeitos não-lineares dinâmicos do sistema

são incluídos implícita e automaticamente no esquema de análise. Assim, o equilíbrio é

obtido em cada instante de tempo, garantindo um tratamento consistente entre os

movimentos da unidade flutuante e a dinâmica das linhas de ancoragem / risers,

proporcionando ao profissional maior confiabilidade nos resultados.

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1.2 Objetivo e Motivação

Este trabalho teve como objetivo uma re-avaliação do sistema de ancoragem de

unidades flutuantes de produção, baseado em uma análise acoplada não-linear no domínio

do tempo, para determinação de um prazo seguro, relativo ao passeio da Unidade, tração

nas linhas de ancoragem e carga nas âncoras, para substituição / reparo de linha rompida.

A motivação do trabalho, extensão do prazo para reparo / substituição de linha

rompida em uma condição de acidente, teve como foco a redução de custos para o armador

/ operador da unidade flutuante em função dos seguintes aspectos:

- Evitar parada de produção devido à condição de classe por parte da

Sociedade Classificadora;

- Evitar compra, em regime de urgência, de linha substituta; e

- Evitar mobilização de um AHTS (Anchor Handling Tug Supply) fora de sua

programação de operação.

Como aplicações, foram realizadas análises para uma unidade semi-submersível

operando em águas profundas, sistema tipo spread mooring com oito linhas de ancoragem e

três configurações distintas para o sistema de risers.

Os resultados obtidos da análise acoplada foram comparados aos obtidos pelo

método tradicional (análises desacopladas). A partir desta comparação, foi proposta uma

estratégia eficiente, do ponto de vista de acurácia dos resultados e do tempo reduzido de

máquina, para a utilização de uma análise desacoplada na avaliação do sistema de

ancoragem de unidades semi-submersíveis de produção operando em águas profundas.

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2 SISTEMAS OFFSHORE

Este capítulo apresenta os conceitos básicos de sistemas offshore empregados pela

indústria para exploração de petróleo no mar. Os principais tipos de plataformas marítimas

adotados pelo setor são apresentados, assim como uma breve abordagem sobre os

principais aspectos dos sistemas de ancoragem e risers.

2.1 Unidades Flutuantes

Um conceito inicial de plataforma marítima, instaladas em profundidades de cerca

de 100m, surgiu por meio das plataformas fixas, figura 2.1.1. Tais estruturas podem ser

construídas em aço ou concreto, sendo fixadas ao fundo do mar. Devido a sua elevada

rigidez estrutural, os efeitos dinâmicos submetidos às condições ambientais extremas são

pouco significativos, tornando-se mais importantes para as condições operacionais (fadiga),

onde neste caso, podem ser tratados por métodos simplificados (análise no domínio da

freqüência). O comportamento não-linear da estrutura submetida às ações ambientais,

também não se apresenta de forma muito significativa, devido aos pequenos deslocamentos

que sofrem. Entretanto, nota-se que, a consideração de efeitos não-lineares deve ser

atribuída para avaliações relativas à interação solo-estrutura (solo-estaca).

Figura 2.1.1 – Plataforma fixa (Jaqueta)

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Com a necessidade de exploração de campos petrolíferos mais profundos,

alcançando profundidades de 2000m, a instalação de plataformas fixas deixou de ser uma

opção técnica e economicamente viável. Deste modo, outras concepções foram necessárias

para viabilizar a escala produtiva, surgindo assim, as unidades flutuantes.

As unidades flutuantes são estruturas ancoradas no fundo do mar por meio de

amarras e/ou cabos (aço ou sintéticos), de modo a comportar-se como um sistema

complacente quando submetido aos carregamentos ambientais de onda, vento e correnteza

marítima. Este conceito de estrutura complacente apresenta grandes deslocamentos como

resposta às ações ambientais, caracterizando seu comportamento dinâmico não-linear.

Dentre as unidades flutuantes, as seguintes embarcações podem ser citadas: FPSOs, semi-

submersíveis, TLPs e Spars.

Os FPSOs (Floating, Production, Storage and Offloading) são unidades de

produção, armazenamento e descarregamento, tradicionalmente em forma de navio. Na

maioria dos casos, navios-tanques (antigos petroleiros) são convertidos para operar como

unidades FPSO, figura 2.1.2.

Figura 2.1.2 – Navio FPSO

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Um novo conceito tecnológico de FPSO foi empregado recentemente pela

Petrobras, destacando-se por ser o primeiro do tipo construído no mundo, cuja principal

característica é possuir o casco em formato cilíndrico, o FPSO mono-coluna. A figura 2.1.3

ilustra a referida unidade de produção, localizada sobre uma embarcação de transporte.

Figura 2.1.3 –FPSO monocoluna

As plataformas semi-submersíveis são estruturas compostas em sua base por

grandes flutuadores denominados pontoons, nos quais se apóiam as colunas contraventadas

que dão sustentação aos conveses. Tais unidades flutuantes são amplamente empregadas

para produção, completação e perfuração de poços de petróleo. A figura 2.1.4 ilustra uma

plataforma semi-submersível do tipo ring-pontoon.

Figura 2.1.4 – Plataforma semi-submersível

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Outro tipo de unidade flutuante é a plataforma TLP (Tension Leg Platform), como

ilustra a figura 2.1.5. A concepção do casco apresenta semelhanças com as semi-

submersíveis, diferem-se basicamente em seus sistemas de ancoragem. Esta unidade

flutuante é mantida em posição por meio de tendões que estão submetidos a elevadas

trações provenientes da força resultante entre peso e empuxo.

Figura 2.1.5 – Plataforma TLP

Apresentou-se acima, de forma sucinta, quatro tipos diferentes de unidades

flutuantes empregadas para exploração de petróleo offshore. A figura 2.1.6 ilustra, além das

plataformas anteriormente descritas, outros tipos de unidades também utilizadas na

exploração de petróleo offshore, como por exemplo, as Spars.

Figura 2.1.6 – Unidades de exploração de petróleo offshore

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2.2 Sistemas de Ancoragem

Os sistemas de ancoragem para unidades flutuantes podem ser do tipo single point

mooring ou spread mooring. Sistemas single point mooring são frequentemente utilizados

em unidades flutuantes tipo navio, enquanto sistemas spread mooring em unidades

flutuantes tipo semi-submersível e Spar. Sistema de posicionamento dinâmico é um outro

tipo de sistema de ancoragem, podendo ser utilizado como fonte única para manutenção da

posição da unidade flutuante (dynamic positioning) ou auxiliando (thruster assisted

mooring) um dos dois sistemas descritos anteriormente. O sistema de posicionamento

dinâmico pode ser utilizado em unidades flutuantes tanto tipo navio como semi-

submersível.

Sistemas Tipo Spread Mooring

Em um sistema tipo spread mooring (SMS), grupos de linhas de ancoragem são

conectados a múltiplos pontos da unidade flutuante, geralmente nos cantos, mantendo fixo

(estável) o aproamento da unidade flutuante. A figura 2.2.1 apresenta uma unidade

flutuante tipo semi-submersível com um sistema spread mooring. Neste tipo de unidade

flutuante, a variação de carga ambiental em função da incidência é pequena, deste modo,

sistemas tipo spread mooring são utilizados para manter a posição destes tipos de unidades

flutuantes.

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Figura 2.2.1 - Semi-submersível em spread mooring

O sistema tipo spread mooring também pode ser utilizado em unidades flutuantes

tipo navio, apesar da maior sensibilidade destes à variação da incidência ambiental.

Exemplo deste sistema de ancoragem em unidades flutuantes tipo navio é o Differentiated

Compliance Anchoring System (DICAS), desenvolvido inicialmente pela Petrobras para

operação de FPSOs na costa brasileira. Este sistema apresenta rigidez diferenciada na proa

e popa, permitindo assim uma complacência parcial da unidade flutuante. Em função desta

característica, turrets e swivels não são necessários, reduzindo-se o custo de capital do

sistema de ancoragem. Em contrapartida, os maiores passeios da unidade flutuante, em

particular no movimento de yaw, exigirão sistemas de risers mais complexos e caros.

A figura 2.2.2 apresenta um sistema de ancoragem DICAS com quinze linhas de

ancoragem, divididas em três grupos de cinco, sendo dois grupos localizados na proa da

unidade flutuante e um grupo na popa. Outro exemplo de sistema de ancoragem DICAS, é

composto de dezoito linhas de ancoragem, distribuídas em quatro grupos, com dois grupos

de seis linhas de ancoragem localizados na proa e dois grupos de três linhas de ancoragem

na popa. Os grupos da proa são responsáveis pela maior parcela de restauração do sistema.

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Contudo, a rigidez do sistema também depende da rigidez das linhas de ancoragem

da popa. A complacência do navio é inversamente proporcional à rigidez das linhas de

ancoragem de popa.

Figura 2.2.2 – Differentiated compliance anchoring system (DICAS)

Sistemas Tipo Single Point Mooring

Sistemas tipo single point mooring (SPM) são utilizados principalmente em

unidades flutuantes tipo navio. Como este tipo de unidade flutuante é extremamente

sensível à variação da incidência ambiental, este tipo de sistema de ancoragem permite que

a unidade flutuante alinhe-se com a resultante das forças ambientais, minimizando, desta

forma, a carga ambiental sobre a unidade flutuante. Existe uma grande variedade deste tipo

de sistema de ancoragem. Os principais são apresentados a seguir:

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Sistema Turret

O sistema turret é definido como sendo qualquer sistema de ancoragem onde linhas

em catenária estão conectadas a um turret, que é parte integrante da unidade flutuante

ancorada. A estrutura do turret é composta de mancais e rótulas de maneira que a unidade

flutuante tenha liberdade para girar no seu plano de flutuação.

O turret pode ser instalado externamente a unidade flutuante, na popa ou proa, ou

internamente, conforme apresentado nas figuras 2.2.3 e 2.2.4. O chain table pode estar

posicionado acima ou abaixo do plano de flutuação. Além disto, o turret pode ser integrado

ao sistema de risers.

Figura 2.2.3 - Turret externo

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Figura 2.2.4 – Turret interno

Catenary Anchor Leg Mooring (CALM)

O sistema CALM consiste de uma bóia que suporta um determinado número de

linhas em catenária ancoradas no fundo do mar. Este sistema pode ainda suportar risers e

linhas de produção conectadas na parte inferior da bóia. Alguns destes sistemas conectam a

bóia a unidade flutuante por meio de cabos sintéticos conhecidos como hawsers, figura

2.2.5. Este tipo de conexão limita a capacidade do sistema em resistir a condições

ambientais mais severas, uma vez que a bóia apresenta uma resposta totalmente diferente

da unidade flutuante, sendo necessário em estados de mar adverso desconectar a unidade

flutuante da bóia.

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Figura 2.2.5 - CALM com hawser

Para minimizar este problema alguns sistemas CALM utilizam estruturas rígidas

conhecidas como yokes conectando a unidade flutuante a bóia, em substituição ao hawser,

eliminando desta maneira o deslocamento horizontal entre a bóia e a unidade flutuante,

figuras 2.2.6 e 2.2.7.

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Figura 2.2.6 - CALM com yoke

Figura 2.2.7 - CALM com yoke flexíve

Single Anchor Leg Mooring (SALM)

O sistema SALM emprega um tubo vertical com excesso de flutuação próximo à

superfície. Esta força de flutuação agindo na extremidade superior do tubo vertical funciona

como um pêndulo invertido. Quando o sistema é deslocado lateralmente, o pêndulo reage

no sentido de restaurar o tubo para posição vertical. Na extremidade inferior existe

normalmente uma junta universal. Tipicamente este sistema conecta a unidade flutuante ao

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tubo vertical através de uma estrutura rígida (yoke), figura 2.2.8. Também são encontrados

sistemas que substituem o tubo vertical por amarras com um hawser conectando a bóia a

unidade flutuante, Figura 2.2.9.

Figura 2.2.8 - SALM com tubo rígido

Figura 2.2.9 - SALM com amarra

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Sistemas Tipo Posicionamento Dinâmico

Posicionamento dinâmico (DP), figura 2.2.10, é uma técnica de manutenção

automática da posição da unidade flutuante, dentro de certas tolerâncias, por meio de

computadores a bordo que controlam uma série de thrusters (impelidores), gerando forças

reativas às forças ambientais (onda, vento e correnteza). Este tipo de sistema pode ser

utilizado sozinho para manter a posição da unidade flutuante (DP) ou como meio auxiliar

aos outros tipos de sistemas de ancoragem (thruster assisted mooring).

Figura 2.2.10 – Posicionamento dinâmico

Configuração das Linhas de Ancoragem

As linhas de ancoragem são compostas de amarras, cabos de aço, cabos sintéticos

ou uma combinação destes com terminação em âncoras de arrasto, de sucção, VLAs ou

estacas. As configurações adotadas usualmente para as linhas de ancoragem são: sistema

em catenária, sistema combinado e sistema taut.

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Sistema em Catenária

As linhas são constituídas basicamente de amarras, cabos de aço ou a combinação

de ambos. Esta configuração utiliza-se da força horizontal provocada pela catenária das

linhas de ancoragem para produzir uma força de restauração na unidade flutuante ancorada.

É considerado como um sistema complacente, pois possui baixa rigidez comparada

com os movimentos da unidade flutuante. Portanto são necessários relativamente grandes

deslocamentos da unidade flutuante para resistir às forças laterais.

Este tipo de ancoragem caracteriza-se por possuir um raio de ancoragem

relativamente grande, com valores geralmente em torno de três vezes a profundidade da

lâmina d’água.

Sistema Combinado

Utilizado em algumas unidades flutuantes do tipo Tension Leg Platform (TLP),

combinam tendões verticais (baixa rigidez horizontal e uma elevada rigidez vertical) com o

sistema em catenária que ajudam na restauração da unidade flutuante as forças laterais.

Possui configuração próxima ao do sistema de catenária, figura 2.2.11.

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Figura 2.2.11 – TLP com sistema combinado

Sistema em Taut

É um sistema que utiliza as linhas de ancoragem esticadas, figura 2.2.12, obtendo-se

ângulos maiores no fairlead entre a linha de ancoragem e a vertical, quando comparado ao

sistema em catenária. Esta característica possibilita uma projeção horizontal da tração da

linha de ancoragem maior no plano de flutuação da unidade flutuante, levando à pré-trações

menores para uma mesma força de restauração em comparação a um sistema em catenária

equivalente.

Outra característica deste sistema é a utilização de um ponto fixo no fundo do mar

com necessidade de resistir a cargas verticais, característica das âncoras de sucção, VLAs e

estacas torpedo.

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Uma evolução neste sistema é incorporar nas linhas de ancoragem um grande

comprimento de cabos sintéticos (poliéster, kevlar, nylon, etc), utilizando-se a rigidez axial

do cabo sintético para produzir a força de restauração do sistema. Adicionalmente, torna o

sistema complacente aos movimentos próprios da embarcação.

Este sistema apresenta as vantagens de reduzir o raio de ancoragem e utilizar

menores pré-trações nas linhas de ancoragem comparadas ao sistema em catenária.

Figura 2.2.12 – Sistema de ancoragem taut leg.

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2.3. Sistemas de Risers

Os risers são estruturas tubulares que fazem a ligação entre o poço de petróleo e os

diversos tipos de unidades flutuantes. Sua principal função é o transporte de fluidos (óleo

e/ou gás) do poço (produtor) para a plataforma ou da plataforma para o poço (injetor).

Entretanto, sua função não se restringe apenas ao transporte de fluidos entre a plataforma e

o poço. Existem risers que são utilizados em operações de perfuração de poços, risers de

perfuração.

Conforme o tipo de material utilizado para a fabricação, o riser pode ser classificado

como rígido ou flexível. Os risers rígidos são constituídos de aço, formados por uma série

de juntas, de aproximadamente 12 metros de comprimento, unidas por solda. Os risers

flexíveis são compostos pela superposição de camadas plásticas que fornecem

estanqueidade interna e externa, e de camadas metálicas espiraladas responsáveis pela

resistência à ação dos diversos carregamentos mecânicos.

As Figuras 2.3.1 e 2.3.2 apresentam, respectivamente, os risers flexível e rígido.

Figura 2.3.1 – Riser flexível de produção

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Figura 2.3.2 – Riser rígido de perfuração

A configuração típica e mais adotada nos projetos de risers é a catenária livre.

Porém, são ainda empregadas para os risers flexíveis diferentes configurações em catenária.

A Figura 2.3.3 apresenta algumas das configurações que estes dutos flexíveis podem

assumir, como: lazy-S; lazy-wave, catenária livre, steep-S, steep-wave e a dupla catenária

livre.

Figura 2.3.3 – Configurações de risers flexíveis

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Sistemas híbridos, figura 2.3.4, formados por uma combinação de risers rígidos e

flexíveis também têm sido avaliados para utilização em atividades de produção. O sistema

híbrido objetiva eliminar desvantagens que os dois tipos de estruturas apresentam sob

condições operacionais, como por exemplo: necessidade de maiores diâmetros para linhas

flexíveis em águas profundas, o que implica em elevados custos, podendo inviabilizar a

implantação do sistema; e esforços concentrados que risers rígidos em catenária (SCR)

sofrem na região de topo.

Figura 2.3.4 – Configuração híbrida de Risers

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3. CARREGAMENTO AMBIENTAL

Este capítulo apresenta resumidamente alguns conceitos e formulações existentes

para determinação das forças induzidas pelos carregamentos ambientais (onda, vento e

correnteza) em sistemas offshore.

As forças externas que atuam em sistemas offshore são provenientes de fenômenos

ambientais descritos por variáveis físicas de natureza estatística. Os principais fenômenos

são os carregamentos de onda, vento e correnteza incidindo sobre o casco da unidade

flutuante e os carregamentos de onda e correnteza atuando sobre as linhas de ancoragem e

risers.

3.1 Modelos de Representação de Estados de Mar

Ondas do mar são descritas por sua altura, comprimento e velocidade de

propagação, sendo representadas por modelos determinísticos (mar regular) ou por modelos

aleatórios (mar irregular).

O estado de mar regular trata de apenas um trem de ondas, definido por sua altura H

e período T. O estado de mar irregular, uma representação mais realista, é composto pela

soma de inúmeras componentes de ondas harmônicas com amplitudes, freqüências e até

direções diferentes, ou seja, é composto por uma superposição de ondas regulares,

representado por um modelo espectral.

O modelo espectral representa a distribuição de energia para cada uma das

freqüências (componentes do mar), assumindo-se que a área sob a curva é equivalente à

energia total do mar.

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A energia por unidade de superfície de uma onda harmônica é definida como:

(3.1)

onde: ρ- massa específica da água do mar (1025 kg/m3)

g - aceleração da gravidade (9,81 m/s2)

H - altura da onda

Assim, a energia total por unidade de superfície de um mar irregular, composta por

n freqüências diferentes torna-se:

(3.2)

O ajuste do modelo espectral é feito em termos de parâmetros estatísticos, tais como

fatores de forma espectral, altura significativa de onda e período de pico ou zero

ascendente. Na estatística de curto prazo, estes parâmetros são considerados constantes e

cada conjunto deles caracteriza um dado estado de mar. A escolha do espectro de mar e

seus parâmetros característicos é baseada em medições realizadas na posição geográfica de

interesse.

Existem na literatura diversos espectros que descrevem um estado de mar. Os

espectros de mar usualmente adotados no Brasil são os espectros de Pierson-Moskowitz e

de Jonswap. A definição destes espectros é descrita a seguir.

Espectro de Pierson-Moskowitz

(3.3)

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onde: S(w) - função densidade espectral

w - freqüência angular (circular) da onda

HS - altura de onda significativa

Tz - Período de zero ascendente

Espectro de Jonswap

(3.4)

O parâmetro de forma σ é fixo, sendo determinado em função da relação entre a

freqüência w e a freqüência de pico wp:

(3.5)

Recentemente, a Petrobras propôs empregar uma expressão do espectro de Jonswap

ajustada para as condições de mar da Bacia de Campos. Em particular, para projetos de

fadiga estocástica, o espectro de onda de Jonswap pode ser usado na faixa de 4,0s ≤ Tp

≤17,7s e 0,47m ≤ Hs ≤6,51m, estabelecendo as seguintes relações para determinar os

parâmetros de forma α e γ (parâmetro de pico) a partir de Hs e Tp (período de pico = 2π/wp):

(3.6)

(3.7)

Têm-se a equivalência entre o espectro de Pierson-Moskowitz e Jonswap quando se

toma o parâmetro de pico γ=1.

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3.2 Cálculo das Forças Geradas pelas Ondas

Para o cálculo das forças geradas pelas ondas é preciso determinar as velocidades e

acelerações das partículas fluidas. Umas das formulações mais simples (e também mais

adequada à análise aleatória devido à superposição de efeitos) utilizada para a obtenção

dessas grandezas em projetos de sistemas offshore é a denominada teoria linear de Airy.

A teoria de Airy não considera a presença do corpo submerso no cálculo das forças

geradas pelas ondas. Esta consideração torna-se bastante complexa, na medida em que é

preciso considerar a interação entre a onda e a estrutura, ou seja, a interação fluido-

estrutura. Diversas teorias foram desenvolvidas para avaliação do problema, dentre elas

destacam-se as baseadas na formulação de Morison e as baseadas no modelo de difração /

radiação da teoria potencial.

A formulação de Morison é adequada para membros que possam ser representados

por elementos esbeltos, com diâmetros pequenos em relação ao comprimento das ondas, de

forma que a estrutura não perturbe a passagem das ondas incidentes. Esta formulação leva

em consideração os efeitos viscosos sobre o corpo.

O modelo mais geral que representa a interação das partículas do fluido com corpos

flutuantes ou imersos de grandes dimensões é a teoria da difração. A teoria da difração é

um modelo tridimensional que considera a influência da estrutura no fluxo do fluido e tem

por objetivo determinar as forças no corpo que resultam da movimentação do fluido gerado

pelas ondas.

Estas formulações, além da formulação de Froude-Krylov, têm se mostrado

adequadas para determinação das forças devido à ação do carregamento de onda sobre

sistemas offshore. A seguir, as formulações de Morison, Froude-Krylov e a teoria da

difração são apresentadas em mais detalhes.

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Equação de Morison

A fórmula de Morison é baseada no conceito de que a força exercida pelo fluido é

composta por uma parcela de arrasto e uma parcela inercial. Tais componentes são dadas

por coeficientes empíricos, como o coeficiente de arrasto associado a efeitos viscosos,

proporcional às velocidades do fluido e do corpo; e o coeficiente de inércia, proporcional às

acelerações do fluido e do corpo. Geralmente, considera-se que a fórmula de Morison é

mais aplicável quando a força de arrasto é significativa e os efeitos viscosos preponderam

sobre os inerciais, como é usualmente o caso de corpos esbeltos.

A aplicação da fórmula de Morison tem sido amplamente utilizada para estimar as

forças exercidas pela movimentação do fluido atuando em corpos esbeltos com dimensão

transversal característica D pequena em comparação com o comprimento de onda λ. Um

critério usualmente empregado para definir um corpo esbelto consiste em verificar se a

relação D/λ é menor que 1/5. A seguir, apresenta-se a equação de Morison:

(3.8)

Analisando o lado direito da equação (3.8), tem-se que o primeiro termo,

proporcional às velocidades, corresponde à parcela de arrasto; o segundo termo

proporcional às acelerações respectivamente do fluido e da estrutura, corresponde à parcela

de inércia.

O termo ρw representa a massa específica do fluido; D é uma dimensão transversal

característica do corpo; e xuxu &&&&&& ,,, são, respectivamente, as velocidades e acelerações do

fluido e do corpo.

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Usualmente são associados, em análises de sistemas de ancoragem e risers, valores

para Cd (arrasto) variando entre 0,7 e 1,2, e em torno de 2,0 para Cm (inércia). Já o

coeficiente Ca é tomado pela diferença Ca = Cm – 1 e está associado a efeitos de massa

adicional.

Cabe ressaltar que a equação de Morison, além de ser aplicada para membros

esbeltos como os de plataformas fixas, linhas de ancoragem e risers, também tem sido

considerada em plataformas flutuantes compostas por membros reticulados cilíndricos de

grandes dimensões, tais como as plataformas semi-submersíveis, TLPs e Spars.

Em casos onde os membros da plataforma se encontram muito próximos, podem

ocorrer situações em que uma porção da massa de fluido fique confinada, agindo como

parte da estrutura, e levando ao aumento da força de massa adicional. Assim, a utilização

pura e simples da equação de Morison equivaleria a assumir que os membros, além de

relativamente esbeltos, são razoavelmente espaçados entre si, de modo que o espaçamento

médio entre dois membros é grande quando comparado com as dimensões transversais da

seção.

Sendo assim, a presença de outros membros não afetaria no cálculo da força que o

fluido exerce em cada membro. Logo, a força total pode ser obtida somando-se as forças

calculadas individualmente para cada membro da plataforma. O efeito de confinamento do

fluido poderia ser modelado empiricamente, aumentando o valor do coeficiente Ca

(proporcional à aceleração do corpo), mas sem alterar o valor do coeficiente Cm que afeta

apenas a força de inércia proporcional à aceleração do fluido.

Cabe mencionar que é preciso efetuar algumas ressalvas quanto à aplicabilidade

deste conceito no cálculo de forças de ondas. Uma delas seria que tal formulação considera

que a resposta está alinhada com a direção do fluxo incidente. Portanto, omite forças de

sustentação e forças de arrasto devidas à vibrações induzidas por vórtices (VIV).

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Formulação de Froude-Krylov

Para determinadas estruturas em que as forças inerciais preponderam sobre as forças

viscosas, mas ainda, a estrutura é relativamente pequena de modo que a sua presença não

afete significativamente o fluxo das partículas fluidas, a formulação de Froude-Krilov é

recomendável.

Esta formulação baseia-se no conceito de que a força que incide sobre o corpo é

devido à pressão gerada pela passagem da onda atuante sobre a superfície do corpo. A força

total na estrutura numa determinada direção é então obtida pela integração da componente

de pressão naquela direção da parte submersa do corpo.

A seguir são apresentadas as expressões para as componentes de força horizontal e

vertical nas direções ortogonais x e y:

(3.9)

(3.10)

As expressões (3.9) e (3.10) representam, respectivamente, as componentes

horizontal e vertical da força resultante no corpo. Os termos nx e ny estão associados às

componentes horizontal e vertical do vetor normal à superfície do corpo.

É importante ressaltar que os termos CH e CV, coeficientes de força horizontal e

vertical, também são determinados empiricamente mas não devem ser confundidos com os

coeficientes de inércia da fórmula de Morison.

Poucas aplicações práticas atendem a estas hipóteses. Em casos onde os efeitos de

difração sejam aplicáveis, mas ainda pequenos, é possível considerá-los na forma de um

termo de correção nos coeficientes de força. Em casos mais gerais onde os efeitos de

difração são mais importantes, isso não é possível.

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Adicionalmente, a proximidade do corpo com o fundo ou a superfície livre pode

gerar efeitos não facilmente quantificáveis nos coeficientes. Nestes casos, deveria então ser

aplicada a formulação completa da teoria da difração.

Teoria da Difração

A formulação baseada no modelo de difração / radiação, para análise hidrodinâmica

de sistemas offshore, estabelece que a presença do corpo altera de forma significativa o

fluxo do fluido incidente. Esta aplicação se faz necessária para corpos de grandes volumes,

quando comparados com o comprimento de onda, os quais a formulação de Morison já não

mais se aplica.

Neste caso, para a interação fluido-estrutura são observados efeitos como difração e

radiação do campo de ondas geradas no entorno do corpo. Conseqüentemente, a velocidade

do fluido deverá considerar além da parcela da velocidade potencial das ondas incidentes,

também a parcela da velocidade potencial das ondas devido à difração / radiação.

O modelo de difração / radiação associado à teoria potencial, compondo um modelo

matemático em termos de um problema de valor de contorno (PVC), composto pela

equação de Laplace tridimensional e com as condições de contorno associadas, pressupõe a

desconsideração da viscosidade do fluido.

Um modelo mais rigoroso que levasse em conta o efeito da viscosidade deveria ser

baseado nas equações de Navier-Stokes compondo, portanto, um modelo matemático ainda

mais complexo.

O modelo de difração calcula as cargas de primeira e segunda ordem resultantes da

movimentação do fluido induzida pelas ondas, assim como o amortecimento do sistema

flutuante. As forças de primeira ordem atuam numa mesma faixa de freqüência da onda

incidente (wave frequency) e são resultantes da aplicação da teoria potencial linearizada.

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Demonstra-se que em soluções de segunda ordem, parcelas de carga atuando em

diferentes faixas de freqüência são observadas. Dentre estas, consideram-se os efeitos de

deriva média (mean drift) e lenta (slow drift) e termos de alta freqüência como springing.

A força de deriva média, proveniente de um estado de mar regular, consiste numa

parcela estática obtida numericamente a partir de coeficientes conhecidos como funções de

transferência quadrática (QTF - quadratic transfer functions). Sua magnitude é dependente

da freqüência e proporcional ao quadrado da amplitude da onda.

Em estados de mar irregular, com espectro representado por uma superposição de

várias componentes de ondas lineares de Airy, com amplitudes aj e freqüências ωj, além

das cargas de deriva média resultante da ação de cada uma das componentes de onda,

surgem outras cargas que variam no tempo oscilando em diferentes freqüências.

As forças que atuam em freqüências mais baixas, correspondentes à diferença das

freqüências das ondas que representam o espectro, são denominadas força de deriva lenta

(slow drift). Já as freqüências mais altas, correspondentes à soma das freqüências das

ondas, podem excitar movimentos usualmente referidos como springing ou ringing, como

no caso de TLPs.

O cálculo das forças de segunda ordem associadas a estados de mar irregular pode

ser efetuado integrando-se a expressão da pressão do fluido atuando no casco, mantendo-se

os termos de segunda ordem. Também podem ser expressas como funções do quadrado da

amplitude de cada componente de onda. Com isto, é possível deduzir expressões para

coeficientes de transferência (QTF) semelhantes aos já mencionados acima no caso das

cargas de deriva média.

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Tomando-se para expressão da elevação da superfície livre, resultado da soma de

componentes de ondas regulares que representam um mar irregular:

(3.11)

onde: ai é amplitude

ωi é a freqüência

t é o tempo

εi é a fase, randomicamente, distribuída no intervalo [0, 2π]

A parcela da força de deriva média ou estática é dada por:

(3.12)

onde: Dii é a função de transferência da força de deriva da onda regular com freqüência

ωi.

Recorda-se a expressão geral da parcela de força de deriva lenta ou de baixa

freqüência:

(3.13)

Considerando-se a aproximação de Newman, assume-se que Dij = Dkk, onde Dkk é

a função de transferência da força de deriva média da onda regular com freqüência igual à

média entre ωi e ωj. Com isto, obtém-se a seguinte expressão:

(3.14)

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A parcela FD correspondente às forças de deriva média e lenta é então dada pela

soma das equações (3.12) e (3.14):

FD = F0 + Fs (3.15)

Ressalta-se ainda que, devido à oscilação do corpo próximo a superfície livre, os

efeitos de amortecimento associados à teoria potencial, usualmente denominado de

amortecimento potencial, devem ser considerados.

O movimento do corpo próximo à superfície livre gera perturbações na elevação das

ondas, de modo que a força de reação deixa de estar em fase com as acelerações, o que

equivale à consideração de efeitos de perda de energia ou amortecimento. Desta forma, a

partir de resultados da teoria potencial é possível determinar coeficientes de amortecimento

em função da freqüência.

Para incluir as forças de amortecimento potencial (dependentes da freqüência) em

uma simulação no domínio do tempo, toma-se a matriz de coeficientes de amortecimento

em função da freqüência e então se calcula as respostas impulso ou função de memória no

tempo através da transformada de Fourier.

(3.16)

Por meio de uma integral de convolução da função de memória sobre a história no

tempo dos movimentos, obtém-se o valor da força de amortecimento em um dado instante

de tempo.

(3.17)

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Modelo Híbrido

O modelo híbrido combina as características das formulações de Morison, Froude-

Krylov e teoria da difração, numa tentativa de representar o modelo numérico mais

realístico quanto possível. Sob este aspecto, a aplicação das diferentes formulações

complementa deficiências e reforça as vantagens de cada uma delas.

Pode-se mencionar que somente a utilização da fórmula de Morison para o cálculo

das cargas no casco de uma unidade flutuante composta por membros cilíndricos,

implicaria em assumir algumas simplificações. O mesmo também ocorre para aplicação

somente da teoria da difração.

No modelo híbrido são combinadas as forças de primeira ordem da fórmula de

Morison, particularmente as forças viscosas de arrasto; as forças de Froude-Krylov; e as

forças de segunda ordem oriundas da teoria potencial.

Cabe ressaltar que o modelo híbrido apresentado nesta seção descreve apenas as

forças geradas pela movimentação do fluido devido às ondas e correnteza. A parcela de

força devida ao vento, como será descrita no item 3.4, deve ser somada às parcelas de onda

e correnteza no vetor de cargas ambientais, para a solução dos sistemas de equações.

Como mencionado anteriormente, uma das premissas da aplicação da fórmula de

Morison é estabelecer que os membros reticulados de uma unidade flutuante não possuam

dimensões suficientes para afetar o fluxo do fluido incidente, com isso, ignora-se a

perturbação da onda causada pela presença do corpo.

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Outra consideração, a força em um membro individual não sofre interferência pela

presença de outros membros. Logo, assume-se que o espaçamento médio entre dois

membros da unidade flutuante é grande em comparação com as dimensões da seção

transversal. Neste caso, a força total no casco pode ser calculada como a soma das forças

dos membros individuais. Em um modelo mais rigoroso, a interação entre os membros

deveria ser estimada, gerando efeitos de cancelamento ou sobreposição de ondas sobre o

sistema.

A teoria potencial é empregada para membros relativamente grandes, de modo a

perturbar a passagem da onda incidente sobre a unidade flutuante, gerando efeitos de

difração e radiação. Neste caso são consideradas parcelas de segunda ordem como o

amortecimento potencial (irradiação de ondas) e forças de deriva (difração e reflexão de

ondas), as quais não são avaliadas por Morison.

Avaliando-se as hipóteses destas formulações, é importante ressaltar que enquanto

as forças de primeira e segunda ordem são determinadas pela teoria potencial e válida para

pequenas amplitudes de onda e movimento, a fórmula de Morison avalia as forças de

primeira ordem, sendo válidas para grandes amplitudes de onda e movimentos.

Com isso, a fórmula de Morison considera os efeitos não-lineares, considerando-se

a superfície livre instantânea e determinando as cargas nos trechos efetivamente imersos

dos membros, em cada instante de tempo.

A formulação da teoria potencial não incorpora efeitos devidos à viscosidade do

fluido. Desta forma, o amortecimento viscoso do sistema é negligenciado. Em casos em que

as propriedades inerciais preponderam sobre as viscosas, tal fato é irrelevante. Entretanto,

para os casos em que a unidade flutuante possua membros cilíndricos, onde o diâmetro

pode não ser tão grande quando comparado com o comprimento da onda, a aplicação da

teoria potencial pode vir a ser insuficiente.

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36

Em relação às forças de segunda ordem, é interessante mencionar que existe um tipo

de força de deriva que é fornecido pela equação de Morison. Esta parcela é devida à

diferença na força de arrasto da onda em membros cortados pela superfície da água, que

resulta da diferença do comprimento molhado do membro, da crista para o cavado, ao

longo da passagem da onda pelo membro.

Desta forma, o modelo híbrido para o cálculo das forças correspondentes à

movimentação do fluido, que neste caso são devidas às ações ambientais de onda e

correnteza, composta pelas parcelas atribuídas às formulações anteriormente apresentadas,

é representada por:

FWC = fFK + fMm + fMd + fD + fPD (3.18)

onde:

fFK: parcela de força de Froude-Krylov;

fMm e fMd: termos de inércia e arrasto da fórmula de Morison, normais e axiais ao

eixo do membro;

fD: forças de deriva média e lenta;

fPD: forças de amortecimento potencial.

É importante notar que, para que seja válida a superposição da parcela de inércia

contida na expressão de Morison com o termo de Froude-Krylov (que também representa

um termo de inércia, porém considerando somente as acelerações do fluido), não se deve

fornecer o coeficiente de inércia Cm, mas sim, o coeficiente de massa adicional Ca (que

afeta somente as acelerações do corpo) para equação (3.8).

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37

3.3 Correnteza

As forças de correnteza marítima são consideradas por meio de perfis poligonais de

velocidades, medidas desde o fundo do mar até a superfície. Em geral, adota-se uma tabela

que consiste da velocidade de correnteza, com suas respectivas direções de incidência em

função da profundidade. Este tipo de carregamento geralmente é considerado como uma

solicitação constante. A determinação da força de correnteza atuante sobre sistemas

offshore é baseada na formulação de Morison equação (3.8).

3.4 Vento

Existem dois métodos para se considerar os efeitos do vento na parte emersa de

unidades flutuantes. O primeiro seria considerar a força de vento como uma parcela

estática, constante no tempo, e o segundo como uma parcela dinâmica, variável no tempo,

obtida a partir de um espectro de vento.

O cálculo da parcela estática da carga de vento é efetuado determinando-se forças e

momentos, através de expressões (3.19), que se relacionam diretamente com os coeficientes

aerodinâmicos dados na forma adimensional como:

(3.19)

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onde: ρar: massa específica do ar

Vw: velocidade do vento (função da altura de referência e período de tempo)

Ats: área exposta frontal da unidade flutuante

Als: área exposta lateral da unidade

L: comprimento da unidade

Cvfx(ψ), Cvfy(ψ), Cvmz(ψ): coeficientes aerodinâmicos de força e momento

Tendo em vista as expressões (3.19) para o cálculo de Fx, Fy e Mz, observa-se que

os coeficientes aerodinâmicos (tabelados para diferentes direções ψ de atuação do vento, e

geralmente obtidos através de ensaios em túneis de vento) podem ser fornecidos

envolvendo o produto de outros termos que aparecem nas expressões.

A partir dos coeficientes Dvfx(ψ), Dvfy(ψ), Dvfmz(ψ) já dimensionalizados

([Força]/[Velocidade]2), a força resultante devido ao vento pode ser obtida por meio da

equação (3.20) a seguir:

(3.20)

O cálculo da força de vento depende também da determinação da parcela dinâmica

(denominada também como força de vento de baixa freqüência), que de modo similar às

ondas geram forças variáveis no tempo. Um espectro, que representa a parcela dinâmica do

carregamento de vento atuante em plataformas, bastante aplicado em projetos é o proposto

pela norma API RP 2A.

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4. ANÁLISE ACOPLADA Este capítulo apresenta os principais efeitos considerados em uma abordagem

acoplada para análise de sistemas offshore (unidade flutuante, linhas de ancoragem / risers)

e a teoria básica utilizada em seus métodos e formulações.

4.1 Introdução Terminologias e Definições

Escalas de Tempo

Uma unidade flutuante ancorada pode responder aos carregamentos ambientais

(onda, vento e correnteza) com movimentos em três escalas de tempo diferentes: freqüência

de onda (wave frequency - WF), baixa freqüência (low frequency - LF) e alta freqüência

(high frequency - HF). As maiores cargas de ondas em estruturas offshore ocorrem na

mesma freqüência das ondas, gerando os movimentos de freqüência de onda da unidade

flutuante. A fim de se evitar os efeitos de ressonância, estruturas offshore e seus sistemas

de ancoragem são frequentemente projetados de forma tal que seus períodos naturais

estejam afastados da faixa de períodos das ondas incidentes. Períodos naturais de surge,

sway e yaw são tipicamente maiores que 100s. Períodos naturais de heave, roll e pitch de

unidades semi-submersíveis são geralmente maiores que 20s. Por outro lado, para unidades

do tipo Tension Leg Platform (TLP), estes períodos naturais são menores que 5s, onde a

energia do mar também é pequena.

Devido a efeitos não-lineares, algumas respostas sempre aparecem nas freqüências

naturais. Cargas de onda e vento de baixa freqüência contribuem para os movimentos

ressonantes horizontais chamados de movimentos de deriva lenta (slowdrift motions).

Cargas de ondas de alta freqüência geram movimentos verticais ressonantes, springing and

ringing, em plataformas do tipo TLP.

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Efeitos Acoplados

Efeitos acoplados referem-se à influência das forças de restauração, amortecimento

e inercial das linhas de ancoragem / risers na posição média e na resposta dinâmica da

unidade flutuante. As principais fontes destas forças são apresentadas a seguir:

Restauração

1) Forca de restauração das linhas de ancoragem / risers dependentes da posição da

unidade flutuante;

2) Carga de correnteza e seus efeitos nas forças de restauração das linhas de

ancoragem / risers; e

3) Força de atrito no solo marinho (caso linha de ancoragem em contato com o leito

marinho).

Amortecimento

4) Amortecimento das linhas de ancoragem / risers (devido à dinâmica, correnteza

etc.); e

5) Forças de atrito entre casco / risers.

Inerciais

6) Forças inerciais adicionais devido às linhas de ancoragem / risers.

Em uma análise tradicional (desacoplada), o item 1 pode ser bem representado. Os

itens 2, 4 e 6 podem ser aproximados. E, geralmente, os itens 3 e 5 não são considerados.

Uma análise acoplada apresenta um tratamento consistente para todos estes efeitos.

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Análise Desacoplada

Em uma análise desacoplada, os movimentos da unidade flutuante e seus efeitos nas

linhas de ancoragem / risers são analisados, separadamente, em duas etapas, conforme

figura 4.1.1:

1) Simulação dos movimentos da unidade flutuante;

2) Análise dinâmica das linhas de ancoragem / risers aplicando-se os movimentos

calculados na etapa 1 nos pontos de conexão das linhas de ancoragem / risers.

Em uma análise desacoplada os efeitos das linhas de ancoragem / risers são

considerados quase-estaticamente por meio de molas não-lineares, isto é, forças de

restauração quase-estáticas nas equações de movimento da unidade flutuante. Todos os

outros efeitos acoplados, como a contribuição do amortecimento e cargas de correnteza nas

linhas de ancoragem / risers, são considerados na análise baseados em avaliações separadas.

Figura 4.1.1: Análise desacoplada

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Análise Acoplada

Em uma análise acoplada o sistema completo de equações da unidade flutuante,

assim como das linhas de ancoragem / risers é resolvido simultaneamente por meio de uma

análise não-linear no domínio do tempo. O equilíbrio dinâmico é calculado para cada

instante de tempo garantindo assim um tratamento consistente dos efeitos acoplados

(unidade flutuante, linhas de ancoragem / risers), conforme figura 4.1.2:

Figura 4.1.2: Análise acoplada

4.2 Características de Sistemas Offshore

Introdução

Os seguintes subsistemas contribuem para as respostas dos sistemas offshore:

- Condições ambientais (onda, vento e correnteza);

- Unidades flutuantes (corpos de grande volume);

- Linhas de ancoragem / risers (corpos esbeltos); e

- Bóias e pesos (corpos de pequenos volumes).

As seções seguintes descrevem os diferentes subsistemas.

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Características das Unidades Flutuantes

Uma característica comum de todos os tipos de unidades flutuantes é a utilização da

flutuação (empuxo) para suportar a carga no convés e gerar tração nas linhas de ancoragem/

risers. Dependendo da locação e seus respectivos estados de mar, as ondas concentram sua

energia na faixa de períodos de 5s a 25s. Para unidades flutuantes, os períodos naturais dos

movimentos são características importantes e, em muitos casos, refletem a filosofia do

projeto. Os períodos naturais de diferentes tipos de unidades flutuantes são apresentados na

tabela 4.2.1:

Tabela 4.2.1 - Períodos naturais de unidades flutuantes

Outra característica comum de todos os tipos de unidades flutuantes é a falta de

rigidez no plano horizontal, com períodos naturais de surge, sway e yaw, geralmente,

maiores que 100s. A diferença fundamental entre os diferentes tipos de unidades flutuantes

está relacionada aos seus movimentos no plano vertical, isto é, heave, roll e pitch. Os

movimentos da unidade flutuante no plano vertical são decisivos para escolha das linhas de

ancoragem / risers.

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Características das Linhas de Ancoragem / Risers

Sistemas de Ancoragem

Sistemas de ancoragem são sistemas complacentes. Eles geram forças de

restauração, em reação ao carregamento ambiental, por meio de sua deformação. Sistemas

de ancoragem trabalham como molas onde o deslocamento da unidade flutuante da sua

posição de equilíbrio, devido a um carregamento aplicado, gera forças de restauração. O

efeito de mola das linhas de ancoragem tem duas origens:

- Efeito geométrico: ação da gravidade agindo verticalmente na linha; e

- Efeito elástico: ação da deformação elástica ao longo do comprimento da linha.

Sistemas de ancoragem com estes dois tipos de mecanismo são conhecidos como:

sistemas em catenária e sistemas em taut, respectivamente.

Sistemas em catenária

Sistemas em catenária são definidos pelas formulações clássicas de catenária que

relacionam os seguintes parâmetros: peso submerso do comprimento suspenso, cargas

horizontais, tração na linha e ângulo da linha no fairlead. A complacência aos movimentos

da unidade flutuante, devido a ação ambiental, é garantida pela combinação das

deformações geométrica, predominante, e elástica das linhas. As grandes deformações

geométricas das linhas em catenária geram significativos efeitos dinâmicos devido às forças

de arrasto transversais. As linhas de ancoragem em catenária são normalmente compostas

de amarras e cabos de aço, podendo ser utilizados pesos ou bóias para atingir a

configuração desejada para linha.

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Sistemas em taut

Em sistemas em taut, as linhas de ancoragem estão praticamente esticadas entre o

fairlead e a âncora. A complacência aos movimentos da unidade, sob ação ambiental, é

garantida, principalmente, pela elasticidade da linha. As variações geométricas transversais

das linhas de ancoragem em sistemas em taut não são tão elevadas como nos sistemas em

catenária, assim os efeitos dinâmicos devido às forças de arrasto transversal são moderadas.

Cabos sintéticos vêm sendo utilizados nas linhas de ancoragem em sistemas em taut, em

função de sua boa elasticidade e baixo peso. Comparado ao aço, cabos sintéticos

apresentam características de rigidez mais complexas (ex. histerese) que podem gerar

efeitos dinâmicos importantes.

Tendões

Tendões de Tension Leg Platform (TLP) apresentam características semelhantes aos

das linhas de ancoragem de sistemas em taut. Contudo, a diferença fundamental é que

tendões são, usualmente, tubos de aço de grandes dimensões e excessiva rigidez axial.

Tension Leg Platforms trabalham como um pêndulo invertido. As forças de restauração são

governadas pelo comprimento dos tendões e pré-trações. Tendões fabricados com materiais

compósitos vêm sendo testados para viabilizar o uso de TLPs em lâminas d’águas cada vez

mais profundas.

Sistemas de Risers

Dependendo do mecanismo para absorção dos movimentos da unidade flutuante, os

risers podem ser divididos em 3 (três) categorias:

- Top tensioned risers;

- Risers em catenária; e

- Risers híbridos.

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Top tensioned risers

Top Tensioned Risers (TTRs) possuem um sistema de tracionamento na superfície

que junto com outras condições de contorno permitem o movimento vertical relativo entre

o riser e a unidade flutuante, conhecido como stroke. TTRs são, normalmente, restringidos

aos movimentos horizontais da unidade flutuante em um ou mais pontos. Teoricamente, a

tração aplicada no topo do riser deve permanecer constante, independentemente dos

movimentos da unidade flutuante. Por conseguinte, a distribuição de tração ao longo do

riser é governada, principalmente, pela carga funcional devido à tração aplicada na

superfície e seu peso efetivo. A tração no topo e o stroke são parâmetros de projeto

essências que governam o comportamento mecânico de TTRs, assim como sua faixa de

aplicação.

Risers em catenária

Risers em catenária são projetados para absorver os movimentos da unidade

flutuante por meio da variação de sua geometria sem o uso de sistemas de compensação de

heave. A flexibilidade do sistema é obtida pelo arranjo de tubos flexíveis em uma das

configurações clássicas: steep S, lazy S, steep wave, lazy wave ou catenária livre.

Risers híbridos

Risers híbridos combinam top tensioned risers (auto-suportados) com risers

flexíveis na parte superior do conjunto para conexão com a unidade flutuante.

Normalmente os TTRs são formados por um conjunto de risers rígidos (Steel Catenary

Risers - SCRs). Umbilicais de controle também podem ser integrados ao conjunto. Um

módulo de flutuação na parte superior dos SCRs promove a tração necessária ao TTRs. A

conexão entre o módulo de flutuação e a unidade flutuante é feita por um conjunto de risers

flexíveis. A principal vantagem desse sistema é que os efeitos dinâmicos provenientes dos

movimentos da unidade flutuante não afetam significativamente os SCRs, uma vez que a

conexão com a unidade flutuante é realizada por risers flexíveis.

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Fluid Transfer Lines

Dutos flutuantes / submersos utilizados para o transporte de fluidos entre duas

unidades flutuantes são conhecidos como Fluid Transfer Lines (FTLs). FTLs são

normalmente dutos flexíveis de baixa-pressão ou mangotes, podendo ainda ser fabricado

em aço. Módulos de flutuação podem ser utilizados para obtenção da configuração desejada

dos FTLs, tanto flutuantes como submersos. Verificações para garantir a integridade de

FTLs em condições normais de operação, assim como para condições ambientais extremas,

desconectados, sem sofrer danos significativos, são necessárias. Para operar

permanentemente, os FTLs precisam cumprir os requisitos de projeto dos risers.

Umbilicais

Umbilicais, normalmente, apresentam projetos de seções transversais complexas,

caracterizando sua rigidez não-linear, como por exemplo, histerese de momento / curvatura.

Umbilicais podem ter configurações de risers em catenária simples ou serem conectados a

um riser em catenária ou top tensioned riser. A última configuração é denominada piggy-

back e requer considerações especiais de modelação em uma análise global, como por

exemplo, avaliação de coeficientes hidrodinâmicos e propriedades de rigidez para uma

seção transversal duplamente simétrica. Caso contrário, o tratamento de umbilicais é

similar ao dos risers em catenária.

Não-Linearidades de Estruturas Esbeltas

Apesar das diferenças de projetos, funções e áreas de aplicação das estruturas

esbeltas (slender structures) apresentadas anteriormente (top tensioned riser, riser em

catenária, fluid transfer lines, linhas de ancoragem etc.), seus comportamentos físicos e os

parâmetros que governam seus coeficientes hidrodinâmicos são bastante semelhantes. Tais

estruturas também são comumente denominadas de estruturas tracionadas (tensioned

structures) para refletir que a tração é o parâmetro governante de sua configuração global,

isto é, geometria e rigidez transversal. Em geral, as seguintes considerações podem ser

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aplicadas na análise deste tipo de estrutura: linhas de ancoragem possuem resistência a

flexão (bending stiffness) desprezível, enquanto nas outras estruturas esta característica é

significativa e deve ser considerada na análise.

A compreensão da importância da não-lineariedade de estruturas esbeltas é

fundamental para a modelação do sistema, assim como para a escolha do método de análise

adequado. As não-linearidades também serão decisivas para as respostas estatísticas de

sistemas expostos a carregamentos irregulares. Uma questão essencial é como as

propriedades não-lineares das estruturas esbeltas e seus mecanismos de carregamentos

hidrodinâmicos transformam a excitação Gaussiana de freqüência de onda, ondas e

movimentos de 1ª ordem da unidade flutuante, em respostas de sistemas não-Gaussianos.

As importantes não-linearidades que devem ser cuidadosamente consideradas são:

1) Rigidez Geométrica, isto é, a contribuição da tração para rigidez transversal. A

variação da tração é, consequentemente, um efeito não-linear para estruturas

esbeltas;

2) Carregamento Hidrodinâmico. As não-linearidades são introduzidas pelo termo

quadrático da parcela de arrasto da equação de Morison, expresso pela velocidade

relativa entre a estrutura e o fluido, e pela integração do carregamento

hidrodinâmico para a elevação real da superfície livre;

3) Grandes rotações no espaço. Esta característica é relevante para estruturas

submetidas à flexão sobre dois eixos;

4) Não-linearidades de materiais e componentes; e

5) Problemas de contato com o solo e contato casco / estrutura esbelta, variando-se a

localização do ponto de contato e forças de atrito.

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A importância relativa dessas não-lineariedades é fortemente dependente do sistema

e da excitação. Não-linearidades devido aos itens 1 e 2, pelo menos em uma extensão do

sistema, estarão sempre presentes. O item 3 é relevante para estruturas submetidas à flexão

no plano e fora do plano. Enquanto os itens 4 e 5 são específicos para determinados tipos de

sistemas. As não-linearidades dos materiais são importantes para risers flexíveis, umbilicais

e linhas de ancoragem (cabos sintéticos).

4.3. Modelos para Unidades Flutuantes

Introdução

Os movimentos de unidades de flutuantes são normalmente divididos nas seguintes

componentes: freqüência de onda (wave frequency - WF), baixa freqüência (low frequency

- LF) e alta freqüência (high frequency - HF). Os movimentos de freqüência de onda (WF)

e alta freqüência (HF) são governados, principalmente, por efeitos não-viscosos, enquanto

que, para os movimentos de baixa freqüência, os efeitos viscosos são de relativa

importância. Os efeitos hidrodinâmicos relevantes para cada tipo de unidade flutuante

devem ser considerados em suas análises e projetos. A importância destes efeitos em

função do tipo de unidade flutuante é apresentada na tabela 4.3.

Alguns destes efeitos podem ser linearizados e considerados de forma aproximada

em uma análise no domínio da freqüência, enquanto outros são altamente não-lineares e só

podem ser considerados no domínio do tempo. Em comparação com uma análise no

domínio da freqüência, a vantagem da análise no domínio do tempo é poder capturar os

efeitos de ordem superior. Adicionalmente, uma análise no domínio do tempo pode obter a

resposta máxima sem fazer considerações sobre o tipo de distribuição da resposta.

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Tabela 4.3.1 - Efeitos de Carregamento

Corpos de Grande Volume

Corpos de grande volume são representados por um modelo de movimentos (corpo

rígido) com 6 (seis) graus de liberdade. A interação entre a onda e o corpo é descrita por

um conjunto de coeficientes de forças (inércia, amortecimento e excitação) dependentes da

freqüência. Estes coeficientes são determinados por um programa de análise potencial

(radiação / difração), ref. [8]. Forças de primeira e segunda ordem são consideradas.

Para incluir as forças de massa adicional e amortecimento potencial em uma

simulação no domínio do tempo, toma-se a matriz de coeficientes de massa adicional e

amortecimento em função da freqüência e calculam-se as respostas impulso ou função de

memória no tempo através da transformada de Fourier. Por meio de uma integral de

convolução da função de memória sobre a história no tempo dos movimentos, obtém-se o

valor da força de massa adicional e amortecimento em um dado instante de tempo, ref. [4].

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As forças de excitação de onda de segunda ordem, alta freqüência – HF (soma das

freqüências) e baixa freqüência – LF (diferença das freqüências), devem ser incluídas com

maior ou menor grau de simplificação dependendo da sua relevância para análise.

Efeitos da interação onda (deriva) – correnteza são considerados pela especificação

de coeficientes de deriva dependentes da velocidade. Introduz-se, assim, o amortecimento

de deriva de onda (wave drift damping), bem como, um aumento na força de deriva média

(mean drift force) e na força de baixa freqüência (low frequency force) devido a correnteza.

As forças de onda são computadas para o aproamento médio (inicial) e para uma

faixa de outros ângulos para permitir grandes movimentos de yaw da unidade flutuante.

Forças de vento e correnteza são computadas por uma série de coeficientes

dependentes da direção, determinando-se forças lineares e quadráticas em função da

direção do vento e da correnteza relativa à unidade flutuante.

Forças hidrodinâmicas adicionais podem ser incluídas através da utilização de um

modelo de faixas, fornecendo um modelo de forças de arrasto distribuídas, baseada na

formulação de Morison. O mesmo modelo pode ser utilizado para computar as forças de

restauração hidrostáticas do corpo até a elevação instantânea da superfície livre. Isto pode

ser usado para investigar, por exemplo, instabilidades de Mathieu, grandes movimentos de

jogo ou outras situações onde os movimentos da embarcação influenciam as forças de

restauração.

O sistema de Posicionamento Dinâmico (DP) é considerado por meio da

especificação de uma série de thrusters (impelidores), um controlador DP, compreendendo

um controlador PID ou um controlador filtro Kalman, e a localização relativa dos thrusters

na unidade flutuante.

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Corpos de Pequeno Volume

Forças hidrodinâmicas dependentes da posição e forças geo-dinâmicas são

consideradas por meio de um modelo estrutural com os 3 graus de liberdade de translação,

incluindo forças lineares e não-lineares que podem ser dependentes da posição. Estes

modelos são utilizados para modelar efeitos especiais de força na zona de ondas para

problemas de lançamento e no solo para problemas de instalação.

Nos sistemas de ancoragem e risers, corpos de pequenos volume são utilizados para

modelar massas concentradas como bóias e pesos.

4.4. Modelos para Linhas de Ancoragem / Risers

Estruturas esbeltas são modeladas por meio de elementos finitos: elementos de barra

(seis graus de liberdade) para representar as linhas de ancoragem e outras estruturas com

resistência a flexão desprezível; e elementos de viga (doze graus de liberdade) para

representação dos risers e outros elementos com resistência a flexão significativa, ref. [6].

A cinemática do fluido pode gerar um carregamento dinâmico significativo na parte

superior de sistemas de risers em águas profundas. O carregamento direto de ondas nas

linhas de ancoragem é normalmente de menor importância, exceto se bóias perto da

superfície forem utilizadas para obter a configuração desejada da linha de ancoragem.

O carregamento hidrodinâmico em estruturas esbeltas é determinado pela equação

de Morison, especificando coeficientes de massa adicional e amortecimento para cada

elemento, em termos das velocidades e acelerações relativas fluido-estrutura. Os vetores de

velocidade e aceleração do fluido são calculados considerando-se contribuições da

cinemática de onda e correnteza.

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53

O carregamento hidrodinâmico nas direções normal e tangencial dos elementos é

computado independentemente de acordo com o chamado princípio de escoamento

transversal (ou de independência).

4.5. Método de Análise

Introdução

Todos os componentes do sistema estão representados por modelos de elementos

finitos. O método de elementos finitos utilizado é a formulação do deslocamento que

permite grandes deslocamentos e rotações da estrutura no espaço, entretanto as

deformações são assumidas moderadas.

Equações de Movimento Acopladas

A equação de equilíbrio dinâmico do sistema discretizado no espaço é expressa por:

(4.1)

Onde RI, RD e RS representam os vetores das forças inercial, de amortecimento e de

reação interna, respectivamente. RE é o vetor de carga externa rrr &&&,, representam os vetores

aceleração, velocidade e deslocamento, respectivamente.

O vetor da força inercial é representado por:

(4.2)

Onde M é a matriz de massa do sistema que inclui as seguintes parcelas: massa

estrutural; massa de fluido interno aos risers; e massa hidrodinâmica.

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O vetor da força de amortecimento é representado por:

(4.3)

Onde C é a matriz de amortecimento do sistema que inclui as seguintes

contribuições: amortecimento estrutural interno (modelo de Rayleigh) e amortecimento

hidrodinâmico.

O vetor da força de reação interna, RS(r,t), é calculado baseado no estado

instantâneo de tensão nos elementos. O vetor de carga externa, RE, considera as seguintes

forças: peso, empuxo, forças e deslocamentos prescritos e forças ambientais.

A Eq. (4.1) apresenta um sistema não-linear de equações diferenciais. Não-

linearidades podem estar associadas a dependência das forças inercias e de amortecimento

ao deslocamento e devido ao acoplamento entre o vetor de carregamento externo e

deslocamentos e velocidades. Adicionalmente, pode haver uma relação não-linear entre as

forças inerciais e deformações.

A solução numérica da Eq. (4.1) é baseada num procedimento de solução por

incremento usando o esquema dinâmico de integração no tempo de acordo com os métodos

de Newmark (família- β). O método de iteração de Newton-Raphson é usado para assegurar

o equilíbrio entre as forças internas e externas em todos os instantes de tempo.

Introduzindo as matrizes tangenciais de massa, amortecimento e restauração no

começo do incremento (tempo) e implementando o vetor de força residual do passo

anterior, a equação linearizada de movimento é dada por:

(4.4)

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Onde rrr &&& ∇∇∇ ,, são os incrementos nodais de aceleração, velocidade e

deslocamento, respectivamente. Todos os vetores de forças e matrizes do sistema são

estabelecidos pela combinação das contribuições dos elementos e nós em relação a um

sistema de referência comum a todos.

Numa análise acoplada, a unidade flutuante é tratada como uma componente nodal

no modelo de elementos finitos, assumindo-se o comportamento da unidade flutuante como

um corpo rígido. As forças na unidade flutuante, representada por um corpo de grande

volume, são computadas separadamente a cada instante de tempo e incluídas no vetor de

carregamento externo, RE, ver Eq.(4.1) e (4.4). A exceção são forças de inércia da unidade

flutuantes, representadas pela massa da unidade flutuante e a parte independente da

freqüência da massa adicional, que são incluídas na matriz de massa do sistema, Eq. (4.2).

Na implantação prática de uma análise no domínio do tempo com excitação de

vento e onda irregular, as séries temporais são pré-geradas por meio da transformada rápida

de Fourier (Fast Fourier Transform). Séries temporais da cinemática das ondas, incluindo

forças de onda de segunda ordem, e velocidades do vento são armazenadas para uma

duração suficiente e um conjunto de possíveis posições a serem utilizadas na análise.

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56

5. APLICAÇÃO PRÁTICA

Este capítulo apresenta os resultados, trações nas linhas de ancoragem, da análise

acoplada para uma unidade semi-submersível operando em 910m de profundidade, sistema

tipo spread mooring com oito linhas de ancoragem e três configurações distintas para o

sistema de risers: 73 (setenta e três), 49 (quarenta e nove) e 25 (vinte e cinco) risers

flexíveis, todas as configurações compostas de 1 (um) riser rígido (SCR).

Os resultados obtidos da análise acoplada foram comparados aos de duas análises

desacopladas. Inicialmente, desprezando-se os efeitos dos risers e posteriormente

considerando-se a carga de correnteza (força externa) atuante nos risers e a força de

restauração (força interna) devido ao sistema de risers.

A análise acoplada não-linear no domínio do tempo foi realizada com o auxílio do

programa DeepC (integração dos programas Simo e Riflex), desenvolvido pelo Marintek,

enquanto as análises desacopladas lineares no domínio da freqüência com o auxílio do

programa Mimosa, também desenvolvido pelo Marintek.

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57

5.1 Descrição do Sistema

As características principais da unidade flutuante são apresentadas na tabela 5.1.1:

Tabela 5.1.1: Características principais da Unidade

Comprimento total 101,00m

Comprimento entre colunas maiores 54,72,m

Boca total 88,10m

Boca entre colunas 54,72m

Pontoon (2) 89,68 x 16,00 x 9,1m

Seção horizontal das colunas (4):

- no convés dos submarinos 13,68 x 14,50m

- 21,93 m acima da quilha 12,95 x 13,77m

Altura do centro dos bracings 13,10m

Diâmetro dos bracings (2) 2,00m

Elevação do box bottom 35,90m

Elevação do lower deck 37,10m

Elevação do tween deck 40,40m

Elevação do upper deck 43,90m

Calado de Operação 23,10m

Deslocamento (calado de operação) 36193,0t

A figura 5.1.1 apresenta o modelo hidrodinâmico da unidade flutuante:

Figura 5.1.1: Modelo hidrodinâmico

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58

O sistema de ancoragem é composto por 8 linhas em catenária, formadas por

segmentos alternados de amarra e cabo de aço, como mostrado na figura 5.1.2:

Figura 5.1.2: Composição das linhas de ancoragem

A tabela 5.1.2 apresenta os dados dos segmentos (composição) de cada uma das

linhas de ancoragem:

Tabela 5.1.2: Propriedades das linhas de ancoragem

Comprimento dos Segmentos (m)

Segmento 1 2 3 4 5 6 7 8

Stud Chain NVK 4 461 255 373 267 218 200 198 240

Six Strand Wire Rope 1250 1250 1250 1250 1250 1250 1250 1250

Stud Chain ORQ - - 80 - 80 160 - -

Stud Chain NVK 4 415 495 495 495 495 495 495 100

Stud Chain ORQ 825 825 825 825 825 825 825 1635

Comprimento total 2951 2825 3023 2837 2868 2930 2768 3225

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59

As propriedades das linhas de ancoragem: diâmetro, carga de ruptura, rigidez axial,

peso imerso e emerso, são apresentadas na tabela 5.1.3:

Tabela 5.1.3: Propriedades das linhas de ancoragem

Tipo D (mm) MBL(kN) EA (x105kN) Wsub (kN/m) Wsub / War

Stud Chain NVK 4 84 7208 6,3974 1,314 0,87

Six Strand Wire Rope 109 7160 6,5319 0,421 0,81

Stud Chain NVK 4 95 9001 7,7304 1,687 0,87

Stud Chain ORQ 95 6993 9,9136 1,687 0,87

As coordenadas dos fairleads, os azimutes e as pré-trações das linhas de ancoragem

são apresentados na tabela 5.1.4:

Tabela 5.1.4: Propriedades das linhas de ancoragem

Fairlead [m]

Linha X (+ Vante) Y (+ BB) Z (+acima LA) Pré-Tração (kN) Azimute (º)

1 30,8 37,4 -4,6 1628,46 355

2 25,5 37,4 -4,6 1177,20 326

3 -25,5 37,4 -4,6 1314,54 266

4 -30,8 37,4 -4,6 1461,69 227

5 -30,8 -37,4 -4,6 1697,13 174

6 -25,5 -37,4 -4,6 1157,58 132

7 25,5 -37,4 -4,6 1216,44 76

8 30,8 -37,4 -4,6 1236,06 46

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Os diâmetros, rigidezes axiais e pesos submersos dos risers são apresentados na

tabela 5.1.5:

Tabela 5.1.5: Características dos risers

Estrutura Diâmetro (pol) EA (x106N) Peso submerso com fluido interno (N/m) 002.5014 4,50 180,00 137,34

003.5035 4,50 80,00 137,34

0004.5001 4,50 50,00 147,15

012.0201 6,00 360,00 543,47

062.5005 2,40 90,91 164,81

101.5002 4,00 131,58 280,76

101.5015 4,00 121,95 291,36

101.5024 4,00 125,00 314,51

101.5026 4,00 135,14 305,29

152.50201 6,00 357,14 277,13

152.5093 6,00 360,00 543,47

203.5016 8,00 312,50 477,35

233.5001 9,20 416,67 588,60

281.50033 11,06 880,00 1319,25

SL100SA 1,00 4,00 164,81

C60008/18 4,50 50,00 147,15

297.9022 4,50 50,00 137,34

ETP 357 4,50 50,00 137,34

M 1000 9F 4,50 50,00 137,34

MFX(9x3/8”) 4,50 50,00 137,34

MFX-9F 4,50 50,00 137,34

MFX9FH 4,50 50,00 137,34

PI0009+1 4,50 50,00 137,34

PI10009+1 4,50 50,00 137,34

2979.0230 4,50 50,00 127,53

Umbilical 4,50 50,00 127,53

A00022/OW 4,50 50,00 127,53

A0022/OW 4,50 50,00 127,53

M 1000 5F 4,50 50,00 127,53

062.5017 2,40 90,91 162,16

API5LX-60(1CPP3) 10,75 300,00 637,65

2979.023 4,5 50 127,53

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As coordenadas dos fairleads, azimutes e ângulos de topo dos risers são

apresentados na tabela 5.1.6:

Tabela 5.1.6: Características dos risers

Fairlead

+Vante + BB + acima

LA Azimute

Ângulo de Topo Riser Estrutura

X (m) Y (m) Z (m) (º) (º) 1 101.5015 46,34 28,09 -12,50 11,0 7,0 2 M 1000 5F 46,34 27,04 -12,50 10,0 7,0 3 101.5002 46,34 23,89 -12,50 16,0 7,0 4 PI0009+1 46,34 24,94 -12,50 15,0 7,0 5 062.5005 46,34 25,99 -12,50 14,0 7,0 6 101.5015 46,34 25,79 -12,50 22,0 7,0 7 M 1000 5F 46,34 26,84 -12,50 20,0 7,0 8 0004.5001 40,26 -7,83 14,00 18,0 7,0 9 203.5016 46,34 -26,71 -12,50 24,0 7,0 10 101.5002 46,34 -29,99 -12,50 30,7 7,0 11 MFX-9F 46,34 -28,94 -12,50 30,0 7,0 12 062.5005 46,34 -27,89 -12,50 29,0 7,0 13 101.5015 46,34 -32,09 -12,50 37,0 7,0 14 2979.023 46,30 -31,04 -12,50 35,0 7,0 15 101.5002 9,62 -36,92 -12,50 87,0 7,0 16 PI10009+1 10,64 -36,92 -12,50 85,0 7,0 17 062.5005 11,65 -36,92 -12,50 83,0 7,0 18 101.5002 7,60 -36,92 -12,50 93,0 7,0 19 Umbilical 8,61 -36,92 -12,50 91,0 7,0 20 101.5026 4,56 -36,92 -12,50 109,0 7,0 21 002.5014 5,57 -36,92 -12,50 104,0 7,0 22 062.5005 6,58 -36,92 -12,50 104,0 7,0 23 101.5002 1,52 -36,92 -12,50 110,0 7,0 24 MFX9FH 2,53 -36,92 -12,50 111,0 7,0 25 062.5005 3,55 -36,92 -12,50 106,0 7,0 26 101.5015 -0,51 -36,92 -12,50 116,0 7,0 27 Umbilical 0,51 -36,92 -12,50 114,0 7,0 28 012.0201 -5,57 -36,92 -12,50 122,0 7,0 29 A00022/OW -4,56 -36,92 -12,50 120,0 7,0 30 062.5005 -3,54 -36,92 -12,50 118,0 7,0 31 101,5002 -8,61 -36,92 -12,50 132,0 7,0 32 Umbilical -8,10 -36,92 -12,50 128,0 7,0 33 101.5002 -46,34 32,09 -12,50 218,0 7,0 34 Umbilical -46,34 31,04 -12,50 217,0 7,0 35 101.5002 -46,34 29,99 -12,50 210,0 7,0 36 003.5035 -46,34 28,94 -12,50 209,0 7,0 37 062.5005 -46,34 27,89 -12,50 208,0 7,0 38 152.50201 -46,34 26,84 -12,50 201,0 7,0 39 A0022/OW -46,34 25,79 -12,50 201,0 7,0 40 062.5005 -46,34 24,74 -12,50 199,0 7,0 41 101.5002 -46,34 -24,29 -12,50 199,0 7,0

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Tabela 5.1.6: Características dos risers (continuação)

Fairlead

+ Vante + BB + acima

LA Azimute

Riser Estrutura X (m) Y (m) Z (m) (º)

Ângulo de Topo

(º) 42 M 1000 9F -46,34 -23,59 -12,50 197,0 7,0 43 62.5005 -46,34 -22,64 -12,50 200,0 7,0 44 101.5002 -46,34 -21,59 -12,50 205,0 7,0 45 ETP 357 -46.34 -20,54 -12,50 206,0 7,0 46 62.5005 -46,34 -27,89 -12,50 195,0 7,0 47 101.5002 -46,34 -28,94 -12,50 181,0 7,0 48 M 1000 9F -46,34 -29,99 -12,50 180,0 7,0 49 62.5005 -46,34 -31,04 -12,50 179,0 7,0 50 101.5024 14,43 36,92 -12,50 325,0 7,0 51 Umbilical 13,41 36,92 -12,50 321,0 7,0 52 101.5002 12,40 36,92 -12,50 321,0 7,0 53 2.5014 11,39 36,92 -12,50 323,0 7,0 54 62.5005 10,37 36,92 -12,50 320,0 7,0 55 101.5024 9,36 36,92 -12,50 325,0 7,0 56 Umbilical 8,35 36,92 -12,50 317,0 7,0 57 101.5002 7,33 36,92 -12,50 312,0 7,0 58 MFX(9x3/8”) 6,32 36,92 -12,50 311,0 7,0 59 62.5005 5,31 36,92 -12,50 311,0 7,0 60 101.5002 4,30 36,92 -12,50 315,0 7,0 61 PI10009+1 3,28 36,92 -12,50 310,0 7,0 62 62.5005 2,27 36,92 -12,50 307,0 7,0 63 281.50033 0,00 36,92 -12,50 296,0 7,0 64 281.50033 -3,04 36,92 -12,50 296,0 7,0 65 233.5001 -6,08 36,92 -12,50 297,0 7,0 66 101.5002 -6,59 36,92 -12,50 297,0 7,0 67 297.9022 -7,60 36,92 -12,50 295,0 7,0 68 62.5005 -8,61 36,92 -12,50 296,0 7,0 69 152.5093 -9,63 36,92 -12,50 281,0 7,0 70 C60008/18 -10,64 36,92 -12,50 280,0 7,0 71 SL100SA 1,26 36,92 -12,50 302,0 7,0 72 API5LX_60 -37,88 5,35 14,00 220,6 20,0 73 62.5017 -13,73 7,00 14,00 200,0 7,0

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63

A figura 5.1.3 apresenta o modelo da unidade flutuante, do sistema de ancoragem e

do sistema de risers completo (73 risers flexíveis e 1 SCR) utilizado na análise acoplada no

programa DeepC:

Figura 5.1.3: Modelo do sistema offshore

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64

5.2 Condições Ambientais

As seguintes condições ambientais, onda, vento e correnteza, foram consideradas

nas análises:

Onda

A Tabela 5.2.1 apresenta os valores de altura de onda significativa (Hs) e de período

de zeros ascendentes (Tz):

Tabela 5.2.1: Estados de mar

C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8 Hs (m) 5,01 5,17 4,87 6,53 7,1 7,84 3,88 3,88 Tz (s) 7,07 7,22 7,67 8,55 10,5 11,33 6,32 6,32

Vento

A Tabela 5.2.2 apresenta os valores de velocidade de vento:

Tabela 5.2.2: Velocidade de vento

Velocidade (m/s) C1 28,54 C2 29,11 C3 25,57 C4 28,05 C5 31,24 C6 31,58 C7 31,88 C8 25,00

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Correnteza

A tabela 5.2.3 apresenta as velocidades da correnteza utilizadas na análise:

Tabela 5.2.3: Velocidade de correnteza

Velocidade (m/s) C1 1,80 C2 1,70 C3 1,22 C4 1,18 C5 1,15 C6 1,22 C7 1,15 C8 1,60

As cargas ambientais foram consideradas co-lineares, sendo as incidências

analisadas apresentadas na figura 5.2.1:

Figura 5.2.1 – Direções dos carregamentos ambientais

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66

5.3. Resultados das Análises Acoplada e Desacoplada

Nesta seção são apresentadas as trações nas linhas de ancoragem para cada condição

de carregamento ambiental, para os seguintes métodos de análise:

- Análise acoplada: Caso A;

- Análise desacoplada desprezando-se os efeitos dos risers: Caso D1; e

- Análise desacoplada considerando-se os seguintes efeitos dos risers: carga

de correnteza e efeitos nas forças de restauração: Caso D2

Os resultados destacados em negrito representam a tração máxima para cada

condição de carregamento.

As tabelas 5.3.1 a 5.3.3 apresentam os resultados da análise acoplada (Caso A) para

as três configurações distintas do sistema de risers (73, 49 e 25 risers flexíveis):

Tabela 5.3.1: Caso A – 73 risers flexíveis

Tração nas linhas (kN) Linha \ Condição C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8

1 3619 2692 1666 1529 1494 1558 1817 2625 2 2306 1388 1123 1105 1169 1378 1762 2536 3 1458 1252 1283 1293 1633 2606 2555 2488 4 1368 1334 1454 1708 2894 4366 2682 2003 5 1538 1601 2241 3231 4147 3642 1739 1622 6 1101 1305 1979 2252 1819 1320 1102 1076 7 1423 2412 2308 1765 1266 1113 1114 1136 8 2133 2706 1842 1390 1162 1122 1150 1198

Tabela 5.3.2: Caso A – 49 risers flexíveis

Tração nas linhas (kN) Linha \ Condição C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8

1 3498 2663 1714 1570 1521 1618 1867 2667 2 2256 1396 1146 1140 1192 1397 1777 2501 3 1461 1291 1289 1306 1635 2487 2462 2373 4 1384 1427 1443 1675 2721 3967 2545 1921 5 1582 1711 2075 3079 3810 3448 1718 1606 6 1113 1307 1888 2148 1790 1308 1098 1073 7 1443 2367 2261 1793 1323 1132 1130 1151 8 2130 2616 1842 1424 1204 1151 1165 1212.

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67

Tabela 5.3.3: Caso A – 25 risers flexíveis

Tração nas linhas (kN) Linha \ Condição C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8

1 3427 2598 1741 1601 1547 1688 1930 2744 2 2233 1393 1139 1156 1218 1435 1835 2536 3 1480 1300 1264 1305 1628 2376 2450 2332 4 1430 1438 1405 1642 2539 3575 2481 1881 5 1654 1700 2032 2972 3550 3170 1703 1598 6 1133 1321 1859 2134 1758 1301 1097 1074 7 1427 2300 2248 1846 1356 1152 1132 1155 8 2080 2532 1854 1466 1243 1178 1169 1221

A tabela 5.3.4 apresenta os resultados da análise desacoplada desprezando-se os efeitos dos

risers (Caso D1):

Tabela 5.3.4: CasoD1

Tração nas linhas (kN) Linha \ Condição C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8

1 3173 2455 1787 1657 1616 1858 2004 2789 2 1994 1314 1106 1130 1259 1557 1791 2402 3 1385 1195 1176 1265 1542 2187 2378 2144 4 1242 1142 1285 1769 2455 3291 2577 1848 5 1191 1411 2126 3183 3321 2986 1685 1215 6 1044 1356 1887 2271 1815 1430 961 897 7 1446 2332 2301 1929 1464 1271 959 996 8 1967 2484 2028 1722 1379 1285 1089 1265

As tabelas 5.3.5 a 5.3.7 apresentam os resultados da análise desacoplada considerando-se as

cargas de correnteza nos risers e os efeitos de restauração do sistema de risers (Caso D2)

para as três configurações distintas do sistema de risers (73, 49 e 25 risers flexíveis):

Tabela 5.3.5: Caso D2 – 73 risers flexíveis

Tração nas linhas (kN) Linha \ Condição C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8

1 3572 2684 1714 1600 1530 1723 1937 2618 2 2256 1370 1077 1115 1217 1536 1758 2446 3 1425 1184 1170 1290 1620 2522 2468 2471 4 1223 1104 1304 1911 2849 4002 2736 2140 5 1123 1321 2284 3429 3814 3353 1766 1268 6 996 1319 2012 2304 1872 1397 964 885 7 1411 2460 2328 1813 1366 1153 943 938 8 2033 2713 1983 1607 1266 1163 1060 1149

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68

Tabela 5.3.6: Caso D2 – 49 risers flexíveis

Tração nas linhas (kN) Linha \ Condição C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8

1 3411 2562 1630 1507 1486 1645 1826 2655 2 1995 1253 1025 1054 1126 1392 1642 2356 3 1288 1131 1116 1200 1429 2150 2167 2040 4 1158 1081 1218 1594 2387 3319 2297 1736 5 1225 1441 2205 3061 3489 3151 1730 1296 6 1107 1444 2043 2326 1992 1542 1035 950 7 1617 2652 2579 2105 1572 1306 1018 1042 8 2227 2882 2074 1603 1346 1232 1096 1262

Tabela 5.3.7: Caso D2 – 25 risers flexíveis

Tração nas linhas (kN) Linha \ Condição C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8

1 3301 2497 1657 1529 1528 1724 1888 2670 2 1951 1246 1036 1060 1147 1433 1697 2333 3 1293 1139 1118 1191 1407 2043 2148 1994 4 1172 1096 1211 1544 2247 3013 2222 1702 5 1244 1462 2148 2963 3283 2939 1666 1291 6 1169 1442 1996 2305 1952 1528 1023 955. 7 1597 2578 2567 2154 1616 1362 1025 1068 8 2169 2781 2098 1649 1406 1296 1113 1281

A comparação dos resultados para os casos críticos (tração máxima) para cada

condição ambiental, obtidos para os três casos de análise descritos acima, são apresentados

nas tabelas 5.3.8 a 5.3.10:

Tabela 5.3.8: Sistema com 73 risers flexíveis

Condição C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8 A 3619 2706 2308 3231 4147 4366 2682 2625 D1 3173 2484 2301 3183 3321 3291 2577 2789 Diferença 12% 8% 0% 1% 20% 25% 4% -6% Condição C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8 A 3619 2706 2308 3231 4147 4366 2682 2625 D2 3572 2713 2328 3429 3814 4002 2736 2618 Diferença 1% 0% -1% -6% 8% 8% -2% 0%

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69

Tabela 5.3.9: Sistema com 49 risers flexíveis

Condição C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8 A 3498 2663 2261 3079 3810 3967 2545 2667 D1 3173 2484 2301 3183 3321 3291 2577 2789 Diferença 9% 7% -2% -3% 13% 17% -1% -5% Condição C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8 A 3498 2663 2261 3079 3810 3967 2545 2667 D2 3411 2882 2579 3061 3489 3319 2297 2655 Diferença 2% -8% -14% 1% 8% 16% 10% 0%

Tabela 5.3.10: Sistema com 25 risers flexíveis

Condição C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8 A 3427 2598 2248 2972 3550 3575 2481 2744 D1 3173 2484 2301 3183 3321 3291 2577 2789 Diferença 7% 4% -2% -7% 6% 8% -4% -2% Condição C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8 A 3427 2598 2248 2972 3550 3575 2481 2744 D2 3301 2781 2567 2963 3283 3013 2222 2670 Diferença 4% -7% -14% 0% 8% 16% 10% 3% As maiores diferenças encontradas referem-se à condição de carregamento C6. As

tabelas 5.3.11 a 5.3.14 apresentam as trações máximas divididas nas seguintes parcelas:

- Componente estática: associada às forças médias de onda, vento e

correnteza;

- Componente de baixa freqüência: associada aos movimentos de 2ª ordem

(deriva lenta); e

- Componente de freqüência de onda – associada aos movimentos de 1ª

ordem.

Tabela 5.3.11: Caso D1

Estática Baixa freqüência Freqüência de onda Total 2336 222 733 3291 71% 7% 22% 100%

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70

Tabela 5.3.12: Caso D2 – 73 risers flexíveis

Estática Baixa freqüência Freqüência de onda Total 2962 262 777 4002 74% 7% 19% 100%

Tabela 5.3.13: Caso D2 – 49 risers flexíveis

Estática Baixa freqüência Freqüência de onda Total 2446 140 733 3319 74% 4% 22% 100%

Tabela 5.3.14: Caso D2 –25 risers flexíveis

Estática Baixa freqüência Freqüência de onda Total 2184 127 702 3013 72% 4% 23% 100%

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71

6. CONCLUSÕES

Este trabalho teve como objetivo uma re-avaliação do sistema de ancoragem de

unidades flutuantes de produção, baseado em uma análise acoplada não-linear no domínio

do tempo, para extensão do prazo para substituição / reparo de linha rompida em uma

condição de acidente.

Como aplicações práticas, foram realizadas análises em uma unidade semi-

submersível operando em 910m de profundidade, sistema tipo spread mooring com oito

linhas de ancoragem e três configurações distintas para o sistema de risers: 73 (setenta e

três), 49 (quarenta e nove) e 25 (vinte e cinco) risers flexíveis, todas as configurações

compostas de 1 (um) riser rígido (SCR).

Entretanto, os resultados encontrados para o caso prático demonstraram que as

máximas trações nas linhas de ancoragem obtidas a partir da análise acoplada são maiores

que as obtidas para as duas estratégias de análise desacoplada: desprezando-se os efeitos

dos risers e considerando-se a carga de correnteza e a força de restauração devido ao

sistema de risers.

Nota-se também a importância da consideração dos efeitos dos risers em uma

análise desacoplada para avaliação do sistema de ancoragem de unidades semi-

submersíveis de produção em águas profundas. Os seguintes efeitos foram verificados:

- Carga de correnteza e seus efeitos nas forças de restauração dos risers

prevalecem sobre a força de restauração dos risers dependentes da posição

da unidade flutuante com o aumento do número de risers; e

- Baixa influência das forças de amortecimento e inercial dos risers

independentemente do número de risers.

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72

Por fim, propõe-se uma estratégia eficiente, do ponto de vista de acurácia dos

resultados e do tempo reduzido de máquina (vinte vezes menor quando comparada a uma

análise acoplada), para a avaliação do sistema de ancoragem de unidades semi-

submersíveis de produção em águas profundas: análise desacoplada, considerando-se

apenas os seguintes efeitos dos risers:

- Carga de correnteza (força externa); e

- Força de restauração (força interna).

Como sugestão para trabalhos futuros, propõe-se tanto a comparação de resultados

entre uma análise acoplada e análises desacopladas como a investigação da influência do

sistema de risers em unidades semi-submersíveis de produção operando em águas rasas,

assim como para outros tipos de unidades flutuantes: FPSOs, TLPs e Spars.

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73

7. REFERÊNCIAS

[1] DeepC – Deep Water Coupled Floater Motion Analysis – Theory Manual, DNV

Software, Norway, 2005

[2] DeepC – Deep Water Couple Analysis Tool – A White Paper, DNV Software,

Norway, 2004

[3] DeepC – Deep Water Coupled Floater Motion Analysis – User Manual, DNV

Software, Norway, 2005

[4] SIMO – Simulation of Complex Marine Operations – Theory Manual, MARINTEK,

Norway, 2004

[5] SIMO – Simulation of Complex Marine Operations – User’s Manual, MARINTEK,

Norway, 2002

[6] RIFLEX – Theory Manual, MARINTEK, Norway, 2005

[7] RIFLEX – User’s Manual , MARINTEK, Norway, 2005

[8] Wadam – Wave Analysis by Diffraction and Morison Theory – User Manual, DNV

Software, Norway, 2004

[9] API RP 2SK, Recommended Practice for Design and Analysis of Stationkeeping

Systems for Floating Structures. American Petroleum Institute, Third Edition, 2005.

[10] ORMBERG, H, LARSEN, K., “Coupled Analysis of Floater and Mooring Dynamics

for a Turret-Moored Tanker”. Applied Ocean Research, 20, pp. 55-67, 1998.

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74

[11] ORMBERG, H., FYLLING, I. J., LARSEN, K., et al., “Coupled Analysis of Vessel

Motions and Mooring and Riser System Dynamics”. OMAE, v I-A , Offshore

Technology, pp. 91-100, 1997.

[12] ORMBERG, H., SODAHL, N., STEINKJER, O., “Efficient Analysis of Mooring

Systems using De-Coupled and Coupled Analysis”, OMAE, 1998.

[13] ASTRUP, O. C., “Deep Water Exploration – Facing New Computational Challenges”

INTSOK, 2005.

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