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JORNAL DO SINDICATO DOS SERVIDORES PÚBLICOS MUNICIPAIS DE JOINVILLE E REGIÃO CORREIOS Pode ser aberto pela ECT DEVOLUÇÃO GARANTIDA Mudou-se Desconhecido Recusado Falecido End. Insuficiente Não existe n o indicado ____ / ____ / ____ ____ / ____ / ____ Reintegrado ao serviço postal em ________________________ RESPONSÁVEL FEVEREIRO DE 2019 | NÚMERO 58 | DISTRIBUIÇÃO GRATUITA| www.sinsej.org.br Jornal do SINSEJ 9912405031/2016 - DR/SC SIND SERV MUN JVE Mala Direta Básica PARTICIPE DA CAMPANHA SALARIAL Assembleias em Joinville, Garuva e Itapoá definirão as Pautas de Reivindicações 2019 pág. 3 Por que lutar pela reestatização da Vale? A entrega da Vale e das riquezas que estão no subsolo brasileiro provocaram o crime de Brumadinho – e também o de Mariana pág. 3 As proporções desta tragédia ainda são incalculáveis, mas os números que realmente contam para a aritmética capitalista são os do mercado financeiro Sergio Moraes/Reuters A proposta de Paulo Guedes para a Previdência é o modelo do Chile, primeiro país latino a privatizar totalmente seu sistema previdenciário, o que resultou em benefícios muito abaixo do salário mínimo nacional Nova PEC da Previdência ataca ainda mais os trabalhadores pág. 4 Andre Penner/AP Educação pública: privatizações e perseguição a professores prometem marcar novo governo Saúde em Joinville: aumento da demanda não é acompanhado de investimentos Aline Seitenfus Divulgação ENCARTE ESPECIAL ENCARTE ESPECIAL

CORREIOS RESPONSÁVEL Jornal do SINSEJ · Aline Seitenfus Divulgação ENCARTE ESPECIAL ENCARTE ESPECIAL . 2 Jornal do SINSEJ FEVEREIRO DE 2019 | NÚMERO 58| DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

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JORNAL DO SINDICATO DOS SERVIDORES PÚBLICOS MUNICIPAIS DE JOINVILLE E REGIÃO

CORREIOSPode ser aberto pela ECT

DEVOLUÇÃO GARANTIDA

Mudou-seDesconhecidoRecusadoFalecidoEnd. Insufi cienteNão existe no indicado

____ / ____ / ____

____ / ____ / ____

Reintegrado ao serviço postal em

________________________RESPONSÁVEL

FEVEREIRO DE 2019 | NÚMERO 58 | DISTRIBUIÇÃO GRATUITA| www.sinsej.org.br

Jornal do SINSEJ

9912405031/2016 - DR/SCSIND SERV MUN JVE

Mala DiretaBásica

PARTICIPE DA CAMPANHA SALARIAL Assembleias em Joinville, Garuva e Itapoá definirão as Pautas de Reivindicações 2019

pág. 3

Por que lutar pela reestatização da Vale? A entrega da Vale e das riquezas que estão no subsolo brasileiro provocaram o crime de Brumadinho – e também o de Mariana

pág. 3

As proporções desta tragédia ainda são incalculáveis, mas os números que realmente contam para a aritmética capitalista são os do mercado fi nanceiro

Sergio Moraes/Reuters

A proposta de Paulo Guedes para a Previdência é o modelo do Chile, primeiro país latino a privatizar totalmente seu sistema previdenciário, o que resultou em benefícios muito abaixo do salário mínimo nacional

Nova PEC da Previdência ataca ainda mais os trabalhadores

pág. 4

Andre Penner/AP

Educação pública: privatizações e perseguição a professores prometem marcar novo governo

Saúde em Joinville: aumento da demanda não é acompanhado de investimentos

Aline Seitenfus Divulgação

ENCARTE ESPECIAL ENCARTE ESPECIAL

2 FEVEREIRO DE 2019 | NÚMERO 58| DISTRIBUIÇÃO GRATUITA www.sinsej.org.br Jornal do SINSEJ

Estamos num daque-les momentos ímpares que a história nos apresenta e que nos permite partici-par diretamente da cons-trução do futuro. Tudo está acontecendo de forma rápi-da e intensa. Os capitalis-tas abandonaram qualquer perspectiva de concilia-ção de classes. Declararam uma verdadeira guerra con-tra a juventude e contra os trabalhadores. Para man-ter e ampliar suas riquezas, propõem destruir o serviço público e todos os direitos da classe trabalhadora.

Por isso, não há saída nas “instituições democráti-cas” da república. O Execu-tivo está decidido a levar a cabo a destruição da nossa aposentadoria, a venda das empresas e serviços públi-cos e mais reforma traba-lhista. Os membros do Le-gislativo, financiados por grandes empresas, bancos e latifundiários, estão pron-tos para aprovar qualquer ataque ao povo explorado. O Judiciário – esse já garan-tiu sua parte no bolo, com super-salários inimaginá-veis para um cidadão nor-mal.

Os pessimistas dirão que estamos perdidos, que tudo acabou. Os iludidos di-rão que é necessário fazer-

mos sacrifícios pelo bem do país. Os lúcidos sabem que é nesses momentos que se prova a disposição de defen-der os direitos e uma socie-dade mais justa para todos. Ao longo de toda a história humana, as pessoas melho-raram suas condições de vi-da e de trabalho porque se Uniram, se Organizaram e Lutaram por avanços. Ne-nhum governo, nenhum po-lítico deu nada à juventude e aos trabalhadores.

Como nossos antepas-sados, nossa geração é cha-mada a cumprir sua parte na Luta de Classes e na his-tória da humanidade. Não é hora de rir ou lamentar. Não importa mais em quem você votou nas últimas eleições. Sempre reiteramos que era uma armadilha nos dividir entre “coxinhas e mortade-las”, “petralhas” e “bolso-minions”. Somos a classe trabalhadora. Nada funcio-na no Brasil e no mundo se não for por nossas mãos. Chega de ser explorados, de ser enganados.

Participe da vida da sua categoria. Agora teremos eleição para a nova dire-ção do sindicato. Discuta com seus colegas. Ajude a eleger o grupo mais prepa-rado para as batalhas que virão. Participe das assem-bleias. Eleja seu represen-tante no local de trabalho. Prepare-se para fazer parte da História. Que tenhamos, no futuro, o orgulho de con-tarmos aos nossos netos das batalhas que travamos e do mundo melhor que dei-xamos para eles.

A luta noschama!

CHARGE - LATUFF

Envie pautas para [email protected]

Nos dias 14 e 15 de março acontecem as eleições do Sinsej, para escolher a direção que es-tará à frente da entidade entre os anos de 2019 e 2021. O edital que deu abertura ao processo foi publicado em 29 de janeiro. Três chapas inscreveram-se para parti-cipar do processo:

• Chapa 1 – Unidade, Orga-nização e Luta, presidida por Ul-rich Beathalter, com 52 integran-tes.

• Chapa 2 – Servidor em Lu-ta, presidida por Jane Becker, com 31 integrantes.

• Chapa 3 – Novo Sinsej, pre-sidida por Leonardo Samuel de Oliveira Vaz, com 16 integrantes.

Todos os servidores fi liados ao Sinsej há mais de três meses estão aptos a votar. A Comissão Eleitoral é presidida por Luiz Gustavo Assad Rupp.

Nos dias da eleição do Sin-sej a coleta de votos será feita de forma itinerante, com urnas passando nos locais de trabalho de Joinville, Garuva e Itapoá. Servidores aposentados ou que não puderem votar nos seus lo-cais, têm a opção de compare-cer às urnas fi xas, nos seguintes locais:

• Sede do Sinsej, na Rua La-ges, 84.

• No prédio da Prefeitura de Joinville.

• No Hospital São José, das 8 às 18 horas.

Os servidores públicos mu-nicipais de São Paulo entraram em greve em 4 de fevereiro con-tra a reforma da previdência mu-nicipal, aprovada pela Câmara de Vereadores no fi nal de 2018. Eles também reivindicam o fi m da política de congelamento de salários. Cerca de 20 mil traba-lhadores protestaram e lotaram o Viaduto do Chá no primeiro dia do movimento, exigindo a re-vogação da lei. De acordo com o Sindicato dos Servidores Munici-pais de São Paulo (Sindsep), no fechamento desta edição do Jor-nal do Sinsej, 63% dos funcioná-rios públicos aderiam à paralisa-ção.

PrevidênciaO novo regime de previdên-

cia de São Paulo aumenta a con-tribuição dos servidores de 11% para 14%, o que é considerado pela categoria como um confi sco salarial. Também passa a valer o mesmo teto do Regime Geral de

Previdência Social (R$ 5.839,45). A lei possibilita ainda que a Pre-feitura crie um novo sistema pre-videnciário por capitalização para os servidores que ingressarem no funcionalismo – o Sampaprev.

ReajustesDesde 2004, o reajuste no sa-

lário dos servidores de SP foi de apenas 0,01% ao ano. Já a infl a-ção acumulada entre 2004 e 2018 é de 119,5%, de acordo com o IPCA. Os trabalhadores reivindi-cam o fi m do congelamento sa-larial, com um reajuste de 10%, além da chamada dos concursos realizados.

O Sinsej apoia a greve dos servidores de São Paulo e afi rma a importância de se estender o movimento para todo o Brasil, a fi m de barrar a Reforma da Pre-vidência anunciada pelo governo Bolsonaro (ver página 4). Ela in-cidirá na aposentadoria dos tra-balhadores dos setores público e privado de todo o país.

Eleições doSinsej 2019

Locais de votação

EDITORIAL ULRICH BEATHALTER

CURTASRomerito Pontes

Todo apoio à greve dos servidores de SP

IMAGEM DO MÊS

A única saída para a classe trabalhadora é o combate direto nas ruas, pressionando o governo com uma forte greve geral

Agência Brasil

[...] não há saída nas “instituições democráticas” da república

3DISTRIBUIÇÃO GRATUITA | NÚMERO 58 | FEVEREIRO DE 2019www.sinsej.org.br Jornal do SINSEJ

Vale sabia de problemas com sensores de barragem em Brumadinho dois dias antes da tragédia, apontam e-mails

Adriano Machado/Reuters

O crime ocorrido em 25 de janeiro com o rompimento de uma barragem da Vale em Brumadinho resultou em 150 mortos, 182 desaparecidos e a extensão do dano ambiental chega a 290,14 hectares até o fechamento dessa edição.

Enquanto as proporções desta tragédia ainda são incal-culáveis, os números que re-almente contam para a arit-mética capitalista são os do mercado fi nanceiro. Na im-prensa internacional, ela foi divulgada pela queda ou alta das ações na bolsa de valores da maior exportadora de mi-nérios do mundo.

Fundada em 1942, a então Companhia Vale do Rio Do-ce foi privatizada no gover-no FHC e comprada por um consórcio liderado pela Com-

panhia Siderúrgica Nacional (CSN) por RS 3,3 bilhões. Na época, somente as suas reser-vas minerais eram calculadas em mais de R$ 100 bilhões. Muito rapidamente, os lucros da mineradora superaram o valor pago no leilão, mostran-do que a privatização foi um péssimo negócio para o país.

Esta entrega da Vale e das riquezas que estão no subsolo brasileiro provocaram o crime de Brumadinho – e também o de Mariana. A iniciativa priva-da trabalha pelo lucro acima de tudo. Somente as estatais, controladas pelos trabalhado-res, podem priorizar as neces-sidades sociais e a segurança. Por isso, é preciso reivindicar a reestatização da Vale, sob controle operário. É hora de reabrir esse debate.

Por que reestatizar a Vale é necessário?

JOINVILLE - No dia 30 de ja-neiro, o Conselho Fiscal e Administrativo do Ipreville se reuniu para apreciar a últi-ma avaliação atuarial do Ins-tituto. Os dados divulgados, fechados em 31 de dezembro de 2018, apontam que hou-ve um superávit de 0,55%. Porém, um terço de todo o capital do Ipreville está nas mãos da Prefeitura.

O Instituto tem atual-mente um total de mais de R$ 3 bilhões. Destes, R$ 2.372.362.212,81 milhões es-tão em investimentos. Do res-tante, R$ 777.328.020,29 mi-lhões são parcelamentos dos défi cits atuariais da Câmara de Vereadores e da Prefeitu-ra e R$ 231.255.680,54 mi-lhões da cota patronal – par-celada a cada seis meses. Ou seja, mais de R$ 1 bilhão de todo o dinheiro que perten-ce aos servidores está sujei-to ao repasse do governo – e pode nunca ser entregue aos trabalhadores.

A falta de concurso com-promete ainda mais a situa-ção do Instituto. Atualmente, são 10.450 servidores na ati-va, contra 3.747 aposentados. Isso signifi ca que existem menos de três funcionários contribuindo para cada apo-sentado. Para garantir, mini-mamente, a manutenção de

qualquer sistema previdenci-ário é necessário que para ca-

da aposentado haja três ati-vos. O pico de concursados foi em 2015, com 10.841 tra-balhadores. De lá para cá, es-se número só diminuiu. Sem concurso, a situação tende a piorar.

Em até cinco anos, 17,2% dos servidores da ativa vão se aposentar. Serão mais 1.801 trabalhadores aposentados e a folha do Ipreville, que atu-almente está em R$ 15,8 mi-lhões mensais, vai aumentar.

Entre os dados que po-dem interferir no superávit apresentado na avaliação, es-tá a fi la de espera para aces-sar a aposentadoria. Atual-mente, o Instituto concede somente 30 benefícios por mês. Essa ação difi culta o acesso para quem já preen-che os requisitos. Em 2017, havia 710 trabalhadores na iminência de se aposentar e, em 2018, foram concedidos apenas 358 benefícios. Se to-

dos tivessem se aposentado, os dados da avaliação atua-rial seriam diferentes.

Cota patronalEm 16 de janeiro foi

aprovado o parcelamento de R$ 37 milhões da dívida patronal, em 60 vezes. Des-de que assumiu o governo, em 2013, Udo Döhler não pagou nenhuma contribui-ção em dia. Até o momen-to, foram realizados 11 par-celamentos. Destes, apenas um foi concluído no fi nal de 2018. Ou seja, existem 10 ainda em vigor.

O Ipreville é nossoTodos esses parcelamen-

tos representam um ris-co imediato à categoria. O governo federal pretende aprovar uma Reforma da Previdência que colocará fim a todos os direitos ad-quiridos (leia mais sobre na página 4). Entre eles, está a paridade do pagamento de déficits – como o atuarial – entre governo, trabalhado-res da ativa, pensionistas e aposentados.

É hora de a categoria lu-tar pelo pagamento imedia-to de todas as dívidas da Pre-feitura com o Ipreville e se preparar para o embate con-tra a reforma nacional.

Mais de R$ 1 bi do Ipreville está nas mãos da Prefeitura

Iniciado o ano e retoma-dos os trabalhos, é momento de pensar, de forma organiza-da, nas campanhas salariais dos servidores de Joinville, Garuva e Itapoá. Grandes ataques es-tão por vir. Em breve, os traba-lhadores precisarão combater a Reforma da Previdência, pre-parada para benefi ciar a bur-guesia e sacrifi car ainda mais a classe trabalhadora (ver página 4). Além disso, medidas como a Emenda Constitucional 95, que congelou investimentos públi-cos por 20 anos, serão usadas como justifi cativa para ainda mais arrocho salarial. Tentati-vas de terceirização dos serviços públicos alastram-se pelos mu-nicípios.

Desde já, o Sinsej chama os servidores das três cidades a pensar a Campanha Salarial e elaborar a Pauta de Reivindi-

cações. É hora de avaliar a re-alidade de cada unidade e do serviço público como um todo, e defi nir quais são as priorida-des na construção de condições dignas de trabalho, na valoriza-ção do servidor e no bom aten-dimento à comunidade que uti-liza os serviços.

A data-base em Garuva é 1º de abril. Por isso, esta será a pri-meira cidade a iniciar as discus-sões. A assembleia que defi nirá a Pauta de Reivindicações acon-tecerá em 27 de fevereiro, às 19 horas, na sede do Sinsej.

Em Itapoá, a data-base é 1º de maio. Haverá reunião do Conselho de Representantes na tarde do dia 26 de fevereiro, na sede do Sinsej. O representante de cada unidade será dispensa-do do trabalho, conforme pre-visto no Estatuto do Servidor. A assembleia na cidade acontece-

rá em 26 de março, às 19 horas, em local a confi rmar.

Joinville, também tem data--base em 1º de maio. O Conse-lho de Representantes se reú-

ne na tarde de 28 de fevereiro, com liberação. A assembleia acontecerá no dia 21 de março, às 19 horas. As duas atividades serão no auditório da entidade.

Para barrar os cortes, man-ter os direitos do servidor e avançar nas conquistas é preci-so unidade, organização e luta da categoria. Participe!

Campanhas salariais 2019

Ano será de embate contra ataques nacionais, estaduais e municipais aos serviços públicos

Francine Hellmann

Participe das assembleias que decidirão as Pautas de Reivindicações de Joinville, Garuva e Itapoá

A falta de concurso compromete ainda mais a situação do Instituto

4 FEVEREIRO DE 2019 | NÚMERO 58| DISTRIBUIÇÃO GRATUITA www.sinsej.org.br Jornal do SINSEJ

[email protected]: Sinsej

ELABORAÇÃO

Francine HellmannJornalista - MTB 4946/SC

DIREÇÃO

Aline SeitenfusJornalista - MTB 6342/SCKályta Morgana de Lima

Joinville - Rua Lages, 84. Fone: (47) 3433 6966 | Garuva - Av. Celso Ramos, 1846, sala 1. Fone: (47) 3455 0967 | Itapoá - Rua Mariana Michel’s Borges, 271, sala 3. Fone: (47) 3443 2450

SINDICATO DOS SERVIDORES PÚBLICOSMUNICIPAIS DE JOINVILLE E REGIÃO

SINSEJ Ulrich Beathalter PresidenteMara Lúcia Tavares Secretária GeralFlávia Antunes Tesoureira

João Batista Verardo Secretário de Assuntos JurídicosMarcio Avelino do Nascimento Secretário de Formação Sindical Antonio Félix Mafra Secretário de Patrimônio

Edson Luiz Tavares Diretor SindicalNinon da Rosa Peres Diretora Sindical Deise Regina Pereira de Lima Diretora Sindical

Aline [email protected]

No dia 5 de fevereiro, o Gru-po Estado divulgou uma minuta preliminar de Proposta de Emen-da à Constituição (PEC) que trata da Reforma da Previdência. Mes-mo antes de assumir o governo, Bolsonaro e seu ministro da Eco-nomia, Paulo Guedes, já falavam sobre reformar o sistema previ-denciário brasileiro. Esse não é um ataque novo. Dilma já estuda-va a questão e o projeto de Temer só foi barrado pela mobilização dos trabalhadores. No entanto, a PEC divulgada agora é um retro-cesso ainda maior, que atinge de forma mais dura as mulheres.

As servidoras públicas e as professoras precisarão trabalhar 10 anos a mais – de 55 para 65 anos e de 50 para 60, respectiva-mente – para ter acesso à aposen-tadoria integral. Mas não é só isso. A idade mínima para aposenta-doria pelo INSS e para servidores públicos passa a ser de 65 anos pa-ra homens e mulheres. Professo-res e trabalhadores rurais se apo-sentam aos 60 anos e os militares aos 55 anos.

Além disso, os benefícios as-sistenciais serão desvinculados do salário mínimo e não pode-rá mais haver acumulação. Pesso-as com deficiência receberão um valor fixo de R$ 1 mil por mês. Já idosos de baixa renda com 55 anos ou mais terão direito a ape-nas R$ 500 mensais. Com 65 anos ou mais passam a ganhar R$ 750 e, caso tenham contribuído por 10 anos, podem receber, a partir dos 70 anos, um adicional de R$ 150.

Há ainda um período mí-nimo de contribuição. Servido-res públicos, incluindo professo-res, precisam atuar pelo menos 25 anos para ter direito a rece-ber 60%. Caso queiram ter acesso à aposentadoria integral, devem trabalhar 40 anos. Os militares também se encaixam nessa regra.

Para segurados do INSS e tra-balhadores rurais, o tempo míni-mo de contribuição é de 20 anos, mas ainda assim existe a idade mí-nima e, caso queiram receber o valor integral, devem completar 40 anos de trabalho. Neste caso, o valor integral¹ está submetido ao teto do INSS de R$ 5.839 mil.

Outro ponto da proposta é de

que os governos não serão mais responsáveis pelo pagamento dos déficits atuariais. Em vez do mo-delo atual, serão fixadas contri-buições extras e paritárias entre o ente federativo, os servidores ati-vos e os que recebem o benefício.

Sistema de capitalizaçãoO objetivo final é estabelecer

o modelo de capitalização. Paulo Guedes, um dos responsáveis pe-la implantação desse sistema no Chile, falou em 2018 que tinha como prioridade aplicar essa me-dida no Brasil. Conforme a minu-ta da PEC, a diferença entre os dois países é de que a gestão das aposentadorias será feita por em-presas públicas e privadas. Os tra-balhadores poderão escolher a qual entidade aderir e optar pe-la portabilidade a qualquer mo-mento, sem custo.

Esse modelo já existe no mun-do e deu errado. No dia 4 de feve-reiro, a BBC Brasil publicou a ma-téria “Reforma da Previdência: por que quatro países da Améri-ca Latina revisam modelo de ca-pitalização, prometido por Paulo Guedes”². Os países são Chile, Co-lômbia, México e Peru.

O Chile foi o primeiro pa-ís a adotar o regime de capitali-zação, durante a ditadura de Pi-nochet em 1983. Em outubro do ano passado, o governo propôs medidas para elevar o valor rece-bido pelos aposentados. De acor-do com dados da Fundação Sol, 90,9% dos aposentados recebem menos de 149.435 pesos (cerca de R$ 694,08). O salário mínimo no país é de 264 mil pesos (R$ 1.226,20).

No Peru, a reforma aconte-ceu em 1992 e o trabalhador po-de escolher se quer contribuir com o sistema público ou priva-do. O país tem estudado medidas semelhantes às do Chile, entre elas aumentar as contribuições, pois passa pela mesma situação.

Já na Colômbia e no México, o problema é a baixa cobertura do sistema de capitalização. Nos dois países, sete em cada 10 tra-balhadores podem ficar sem apo-sentadoria. Isso acontece devido ao alto índice de informalidade no mercado de trabalho, que faz com que muitos não consigam contribuir.

No México, o pesquisador Ga-briel Badilho, do Instituto de In-vestigaciones Económicas da Uni-versidade Nacional Autónoma de México, estima que cerca de 60% dos trabalhadores não têm cartei-ra assinada. A taxa de cobertura do sistema previdenciário no pa-ís está um pouco acima de 30. Ou seja, de cada 10 trabalhadores, três contribuem. Na Colômbia, conforme dados da Fedesarollo, apenas 35% dos trabalhadores re-colhem algum tipo de contribui-

ção. Sem uma reforma previden-ciária, a estimativa é que em 2050 somente 17% dos colombianos com mais de 60 anos consigam se aposentar.

Este é o futuro que Bolsonaro e Guedes planejam para os brasi-leiros.

O que fazer?Diante do cenário de ataques

e retirada de direitos com aprova-ção da Reforma Trabalhista, Re-forma do Ensino, lei das terceiri-zações, PEC de limite de gastos, a Central Única dos Trabalhado-res (CUT) e os dirigentes sindi-cais do país deveriam convocar os trabalhadores à luta. Porém, não é essa a realidade. Ao invés de convocar uma greve geral no pa-ís, contra a Reforma da Previdên-cia e pela revogação de todas as reformas, a central insiste na via da negociação com o governo e afirma que só vai começar a mo-bilizar quando a PEC chegar ao Congresso.

Como já explicamos, o déficit da previdência é uma mentira e se há alguém que deve ser pena-lizado não são os trabalhadores, mas os grandes empresários que deixam de contribuir com o siste-ma em benefício próprio.

¹ A integralidade se refere a 100% da média de todas as contribuições. Os servidores que ingressaram no ser-viço público até 2003 ainda têm di-reito à aposentadoria com base no úl-timo vencimento. Isso nunca ocorreu no regime geral (INSS).² https://www.bbc.com/portuguese/geral-47003508.

Contra a Reforma da PrevidênciaMinuta de nova PEC da Previdência é ainda pior que propostas anteriores e coloca em risco aposentadoria de todos

Fonte: Estadão

Chile, Colômbia, México e Peru já implementaram o modelo proposto pelo governo Bolsonaro e os resultados não foram bons

A Postagem

DESCASO COM A SAÚDE

Os ataques preparados para a educação pública

Mesmo com o aumento da demanda no Sistema Único de Saúde, governo de Joinville se recusa a investir nas unidades e contratar mais servidores

pág. 2 e 3

Privatizações, corte de investimentos e perseguição a professores estão na agenda do novo governo

pág. 4 Ricardo Vélez Rodríguez, novo Ministro da Educação, disse que “ideia de universidade para todos não existe”

Eduardo Anizelli/Folhapress

Francine Hellmann

Joinville é uma cidade que cresce e, com ela, eleva-se a demanda no SUS. Segundo o IBGE, a população que era de 515.588 habitantes em 2010, subiu para 583.144 em 2018. Além disso, 10 mil pessoas perderam seu plano de saúde entre 2015 e 2018.

Já o número de funcionários teve um crescimento quase inexistente, passando de 1.416, em 2015 para 1.445, em 2018. O último concurso público para a Prefeitura de Joinville foi realizado em 2014 e não há precisão para o próximo.

Enquanto isso, os investimentos não acompanham a demanda. O dinheiro destinado ao setor diminuiu no último ano. Em 2017, o município investiu 41,31% da receita na saúde e, em 2018, diminuiu para 38,94%.

Falta de pessoal, macas, medicamentos e estrutura levam à superlotação em toda a rede pública da cidade

FEVEREIRO DE 2019 | ENCARTE ESPECIAL | DISTRIBUIÇÃO GRATUITA| www.sinsej.org.br

Enquanto a Reforma do Ensino é aplicada, precarizando a educação com o fechamento de escolas e a flexibilização de conteúdos, problemas centrais e bem conhecidos dos que atuam na área são desviados. O reajuste do Piso Nacional do Magistério foi de 4,17%. Muito inferior ao aumento concedido ao Judiciário, de mais de 16%.

2 FEVEREIRO DE 2019 | ENCARTE| DISTRIBUIÇÃO GRATUITA www.sinsej.org.br Jornal do SINSEJ

Francine [email protected]

A saúde pública de Joinville enfrenta uma grave situação de superlotação. A estrutura e número de profissionais não acompanham o crescimento das necessidades da cidade. Em especial desde dezembro de 2018, pacientes e servidores relatam que a situação está ainda pior. Enquanto isso, o valor investido na saúde da cidade e a quantidade de servidores diminuíram.

Aumento da demanda xnúmero de servidores

Joinville é uma cidade que cresce e, com ela, eleva-se a de-manda no Sistema Único de Saú-de (SUS). Segundo dados do IB-GE, a população do município era de 515.588 habitantes em 2010. Em 2018, a estimativa para este número era de 583.144, um aumento de 13,10%.

Outro fator que influencia na ampliação da demanda da re-de pública é a diminuição de pes-soas que possuem planos de saú-de na cidade. Entre 2015 e 2018, mais de 10 mil joinvilenses per-deram este benefício em decor-rência do desemprego. Os da-

dos são da Agência Nacional de Saúde Suplementar. Além disso, é preciso considerar o aumento populacional de toda a região, já

que pacientes de diversos muni-cípios são atendidos em Joinville.

Enquanto isso, os investi-mentos não acompanham a demanda. O último concur-so público para a Prefeitura de Joinville foi realizado em 2014 e, desde então, o número de pro-fissionais efetivos diminui todos os anos. De acordo com estatís-ticas do Instituto de Previdência

dos Servidores de Joinville, en-tre 2015 e 2018, a cidade perdeu quase 400 funcionários concur-sados, passando de 10.841 para 10.450 trabalhadores na ativa. O número de contratados tempo-rários, por sua vez, não dá conta de suprir esta diferença e o au-mento da demanda.

O dinheiro destinado ao se-tor também diminuiu no último

ano. Em 2017, o município in-vestiu 41,31% da receita na saú-de e, em 2018, diminuiu para 38,94%.

No São José, a situação é alar-mante. No Relatório de Indica-dores do Hospital de junho de 2018¹ verifica-se um aumento da demanda em todos os setores. Só no Pronto Socorro, a média é de 1,2 mil pacientes a mais por mês do que em 2015.

Ano após ano, a taxa de ocu-

pação do hospital está sempre aci-ma da capacidade suportada.

Já o número de funcionários teve um crescimento quase ine-xistente, passando de 1.416, em 2015 para 1.445, em 2018.

Esse descaso gera situações perigosas para usuários e servido-res. O Conselho Federal de En-

fermagem possui uma resolução determinando quantos pacientes podem ficar sob a responsabilida-de de um profissional concomi-tantemente. Essa regra varia con-forme a complexidade de cada caso, mas, no São José, um técni-co que deveria cuidar de no máxi-mo sete pessoas chega a atender dez ao mesmo tempo.

Outro fator onde é possível perceber a falta de investimen-tos é no número de leitos do hos-

pital, que em 2015 era de 255 e, em junho de 2018, diminuiu pa-ra 252.

Denúncias de servidores² dão conta de que há uma grande pressão dentro do São José para que pacientes recebam alta antes de realmente estarem em condi-ções e, assim, liberarem macas. Esta situação gera o agravamento de quadros clínicos, a reincidên-cia e pode levar a mortes.

Os funcionários também de-

nunciam que recorrentemente há falta de medicamentos e mate-rias no hospital. “Neste momen-to, está faltando soro fisiológico de 500 e de 1000 ml, mas sema-na passada eram de 250 e 500 ml, muitos tipos de medicação tam-bém estão faltando e agulhas de insulina por alguns dias”, denun-cia funcionário que não quer ser identificado. “Sempre tem pro-dutos faltando, o que dificulta muito o nosso trabalho”.

Caos na saúde públicade Joinville

Aumento da demanda não é acompanhado de investimentos e contratações

A POPULAÇÃO DE JOINVILLE CRESCEU 13,10% ENTRE 2010 E 2018

10 MIL PESSOAS PERDERAM O PLANO DE SAÚDE ENTRE 2015 E 2018

400 SERVIDORES EFETIVOS A MENOS ENTRE 2015 E 2018

MENOS 2,37% DA RECEITA PARA A SAÚDE ENTRE 2017 E 2018

Taxa de ocupação do Hospital São José está sempre acima da capacidade máxima suportada

Aline Seitenfus

Hospital São José

Relatório de Indicadores do HMSJ - 6/18 Relatório de Indicadores do HMSJ - 6/18 Relatório de Indicadores do HMSJ - 6/18

3DISTRIBUIÇÃO GRATUITA | ENCARTE | FEVEREIRO DE 2019www.sinsej.org.br Jornal do SINSEJ

Joinville precisa de aber-tura urgente de um novo con-curso, de mais unidades de saúde e de um novo hospital público. No entanto, todos os prefeitos que se sucedem afir-mam que não há dinheiro.

Em meados de 2018, o en-tão governador do estado pro-meteu o repasse de seis par-celas de R$ 3 milhões para ajudar no custeio da folha do São José, mas em seguida os valores começaram a ser atra-sados. Udo Döhler vangloria--se de destinar para a saúde

mais do que o percentual mí-nimo estipulado na Constitui-ção. Porém, este valor ainda é claramente insuficiente e – como explicado acima, dimi-nuiu no último ano.

No jogo de empurra entre município, estado e União, quem morre é o povo pobre. A classe trabalhadora e suas organizações devem colocar como suas lutas prioritárias o estabelecimento de um Siste-ma Universal de Saúde Públi-ca federal, gratuito e de quali-dade para todos os cidadãos.

Dinheiro existe, mas para isso é preciso que o governo federal e o Congresso Nacio-nal destinem os recursos pú-blicos para a saúde e não para os banqueiros. Todos os anos, quase metade do orçamento da União vai para pagar a dívi-da pública – que não foi o po-vo que fez e que já foi paga há muito tempo. Enquanto isso, a saúde recebe cerca de 4% do orçamento. Além disso, mecanismos como a Desvincu-lação de Receitas da União e a Lei de Responsabilidade Fis-cal – que limita a contratação de servidores e condiciona o orçamento de estados e muni-cípios ao pagamento da dívida

com a Federação – diminuem ainda mais os recursos. A situ-ação se agravou com a Emen-da Constitucional 95, do go-verno Temer, que congelou investimentos públicos por 20 anos.

O Sinsej está ao lado dos servidores e da população de Joinville para ajudar a organi-zar a luta pela saúde pública, gratuita e para todos na cida-de. Também chama a catego-ria a se integrar nas questões nacionais que impactam dire-

tamente a vida de cada cida-dão.

¹ Os dados mais atualizados sobre a situação do São José não podem ser consultados porque a Prefeitu-ra retirou os Relatórios de Indica-dores do hospital do site em 27 de novembro de 2018 “para atuali-zação” e ainda não os republicou.

² O nome dos servidores entrevis-tados não será revelado para evi-tar retaliações nos locais de tra-balho. O São José é conhecido por transferir e prejudicar trabalha-dores que se envolvem nos movi-mentos reivindicatórios e denun-ciam a situação no interior do hospital.

No que se refere às demais áreas da saúde pública munici-pal (que compreende unida-des básicas de saúde, Pronto Atendimentos, laboratório, es-tratégias, entre outros), o nú-mero de profissionais também não acompanha o crescimento das necessidades da cidade. O Relatório de Gestão em Saúde do Município referente a 2015 informava a existência de 3.174 trabalhadores (excetuando-se os funcionários do São José). Já o último relatório divulgado

em 2017, indicava 3.147, uma diminuição de 27 profissionais. Essa tendência é confirmada pelas estatísticas do Ipreville, que, considerando apenas os servidores efetivos, mostram a diminuição de 52 pessoas na ativa entre 2015 e 2018.

Estes números demonstram que as notícias alardeadas pela Prefeitura sobre a expansão da cobertura da Estratégia Saúde da Família (ESF) no município não significam um aumento real na capacidade de atendi-

mento, mas apenas redistribui-ção dos mesmos profissionais e a manipulação das informa-ções para enganar a popula-ção. Outra evidência disso é que existem hoje em Joinville 49 Agentes Comunitários de Saúde a menos que em janeiro de 2016. Este dado está dispo-nível no Portal Transparência do município.

A maquiagem também es-tá no aumento do horário de atendimento nas unidades de saúde, onde equipes já desfal-

cadas se dividem para man-ter o local aberto sem poder atender realmente o número maior de usuários.

Além disso:• A UBSF Leonardo Schli-

ckmann, no Iririú, está fecha-da para reforma e a população da área está tendo que se des-locar até a UBS do Saguaçu, onde as equipes das duas uni-dades dividem um local insufi-ciente.

• A UBSF Jardim Iririú foi reinaugurada recentemente,

mas com falta grave de pessoal.• Em muitos locais, ACSs

estão fazendo o trabalho in-terno por falta de profissionais nas unidades, o que diminui a possibilidade de atendimento na comunidade.

A falta de investimentos nas unidades básicas de saú-de e na Estratégia Saúde da Fa-mília impacta diretamente no número de pessoas que che-gam aos PAs e hospitais já gra-vemente doentes. Isso porque são elas que realizam a preven-ção, diagnóstico, tratamento, reabilitação, redução de danos e manutenção da saúde da po-pulação.

49 ACSS A MENOS ENTRE 2016 E 2019

Problemas em toda a rede

Pelo que lutamos

Aline Seitenfus

O papel de um ACS é visitar as famílias e ajudar na saúde preventiva. Porém, com a falta de pessoal, muitas vezes esses profissionais precisam cobrir outras funções e têm seu trabalho comprometido

TODOS OS ANOS, QUASE METADE DO ORÇAMENTO DA UNIÃO VAI PARA PAGAR A DÍVIDA PÚBLICA

4 FEVEREIRO DE 2019 | ENCARTE| DISTRIBUIÇÃO GRATUITA www.sinsej.org.br Jornal do SINSEJ

Edson Luiz [email protected]

Ocuparam as mídias, nos últimos dias, propostas para a área de educação que, por mais desprezíveis que pareçam, na-da têm de inocentes e por isso não podem ser ignoradas. Pri-meiro, porque são defendidas por representantes do primeiro escalão do governo; segundo, porque afetam, de uma manei-ra ou de outra, discussões já su-peradas, conhecimentos coleti-vamente construídos e avanços conquistados com muita luta, dando brecha até para que se acentuem na escola práticas de assédio, de intolerância, de pre-conceito e de cerceamento da liberdade de ensinar, de apren-der e se expressar.

Enquanto a Reforma do En-sino é aplicada, precarizando a

educação com o fechamento de escolas e a flexibilização de con-teúdos, problemas centrais e bem conhecidos dos que atuam na área são desviados. O reajus-te do piso nacional do magisté-rio foi de 4,17%, e o piso sala-rial passou a ser de R$ 2.557,74 para todos os docentes do país com jornada de 40 horas/aula semanais. Muito inferior ao re-cente aumento concedido ao Judiciário, de mais de 16%.

Não é à toa que no ranking sobre o prestígio do professor, realizado pela instituição bene-ficente Varkey Foundation em 2018, o Brasil ocupou a última colocação em comparação a ou-

tros 35 países. Uma das razões que explicam esse resultado é a remuneração. Em média, um professor ganha 40% menos em relação a outro profissio-nal com o mesmo nível de for-mação. Se a sociedade enten-de que a educação é prioritária e que professores devem ser va-lorizados, é importante aprimo-rar as regras de financiamento do setor.

Mas, como isso não é priori-dade para os governos, os ocu-pantes de cargos dirigentes se travestem de guardiões da mo-ral e da justiça e, com ideias es-tarrecedoras, vão criando corti-nas de fumaça com objetivo de desviar a atenção dos principais problemas e eximir o Estado do papel de investir adequadamen-te na educação.

Recém-empossado, Bolso-naro diz que vai governar sem

o viés ideológico e afirma com todas as letras que quer extirpar o marxismo da educação. Junto com ele, eliminará o pensamen-to crítico, as bases científicas e as fontes históricas. Um edital do MEC de 2 de janeiro chegou a tirar a obrigatoriedade de in-cluir nos livros didáticos as refe-rências bibliográficas. Também deixou de exigir que os livros abordassem temas como a di-versidade étnica, a pluralidade social e cultural do país e a vio-lência contra a mulher. Com a repercussão negativa, o MEC te-ve que voltar atrás.

O Ministro da Educação, Vélez Rodríguez, escancara que a “ideia de universidade para todos não existe”. Universidade só para as elites! Para os filhos dos trabalhadores, ensino de segunda ou profissionalizante. Educação à distância para man-ter os filhos de trabalhadores à distância (do conhecimento, do poder, dos direitos, dos mo-vimentos estudantis, da organi-zação da luta por terra, pão, tra-balho, saúde, cidadania).

A deputada catarinense, Ana Caroline Campagnolo, que se elegeu pelo PSL, acusando a proposta curricular de seu es-tado de ter “viés esquerdista, marxista e materialista”, incita os alunos a usarem os celulares em sala de aula para denuncia-rem seus professores. Desneces-sário dizer que a Constituição

Federal e a Lei de Diretrizes e Bases asseguram a liberdade de ensino e aprendizagem e que é proibido o uso de celulares em escolas públicas e privadas do estado.

Ou seja, de símbolo de he-roísmo, paciência e resistên-cia o professor virou um crimi-noso; um suspeito no mínimo, responsável pelo fracasso da educação e até das políticas pú-blicas. Professor não trabalha mais por amor, pensa até em sa-lário e aposentadoria! A solu-ção para a educação pode estar então na educação domiciliar (em substituição à educação em ambiente escolar), como defende a Ministra Damares Al-ves, responsável pela pasta da Mulher, Família e Direitos Hu-manos, criada pelo governo Bolsonaro. Na escola, segundo a ministra, o professor perde muito tempo só para manter a disciplina (isso quando não es-tá doutrinando).

Contra todas estas provoca-ções, ideias arcaicas e rasas, o professor não pode se apeque-nar. Não pode dar espaço pa-ra o medo ou desânimo. Deve responder com sua experiên-cia, com suas práticas exitosas e com seu conhecimento. Contra o obscurantismo, o retrocesso e às ameaças a direitos nossa res-posta deve ser sempre a unida-de, a organização e a luta, por todo serviço público.

Educação sob a mira de BolsonaroPara o novo governo, ao invés de símbolo de heroísmo, paciência e resistência, o professor virou um criminoso

Valter Campanato/Agência Brasil

Presidente Jair Bolsonaro em sua cerimônia de posse, ao lado do novo ministro da educação, Ricardo Vélez Rodríguez

Ranking sobre o prestígio do professor, realizado pela instituição beneficente Varkey Foundation em 2018

REAJUSTE DO PISO NACIONAL DO MAGISTÉRIO: 4,17%

REAJUSTE DO JUDICIÁRIO: 16%

PARA MINISTRO DA EDUCAÇÃO, “IDEIA DE UNIVERSIDADE PARA TODOS NÃO EXISTE”

PROFESSOR VIROU UM CRIMINOSO, RESPONSÁVEL PELO FRACASSO NA EDUCAÇÃO E DAS POLÍTICAS PÚBLICAS