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CORTE ESPECIAL

CORTE ESPECIAL · 2019. 2. 6. · ADIn n9 493-DF. I - O Supremo Tribunal Fede ral, ao julgar a ADln n2 493-DF, deixou posto que: "A taxa referen cial (TR) não é índice de correção

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  • CORTE ESPECIAL

  • AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL N~ 36.229 - RS

    (Registro n~ 95.0043964-6)

    Relator: O Sr. Ministro Eduardo Ribeiro

    Agravantes: Banco do Brasil S/A e Télcio Cardoso da Porciúncula

    Agravado: O r. despacho de fls. 563/4 e 462

    Partes: Os mesmos

    Advogados: Drs. Pedro Afonso Bezerra de Oliveira e outros, e Ricardo Barbosa Alfonsin

    EMENTA: Embargos de divergência.

    Inexistência de dissídio, uma vez que o acórdão embargado apli-cou determinado índice, para correção, tendo em conta específica estipulação contratual, peculiaridade de que não cuidou o paradig-ma.

    Agravo regimental a que se nega provimento.

    Não se reconhece recurso cuja interposição se deu antes mesmo de proferida a decisão que se pretende impugnar.

    ACÓRDÃO

    Vistos, relatados e discutidos es-tes autos, acordam os Srs. Ministros da Corte Especial do Superior 'lli.bu-nal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas a se-guir, por unanimidade, negar provi-mento ao Agravo Regimental do Ban-co do Brasil S/A e não conhecer do

    Agravo Regimental de Télcio Cardo-so da Porciúncula.

    Votaram com o Relator os Srs. Mi-nistros José de Jesus Filho, Edson Vidigal, Luiz Vicente Cernicchiaro, Waldemar Zveiter, Fontes de Alencar, Hélio Mosimann, Peçanha Martins, Demócrito Reinaldo, Humberto Go-mes de Barros, José Dantas, William

    R. Sup. Trib. Just., Brasília, a. 8, (84): 15-27, agosto 1996. 17

  • Patterson, Antônio de Pádua Ribei-ro e Costa Leite.

    Ausentes, justificadamente, os Srs. Ministros Cid Flaquer Scartezzini, Assis 'Ibledo, Garcia Vieira e Sálvio de Figueiredo.

    Ausente, ocasionalmente, o Sr. Mi-nistro Nilson Naves.

    Brasília, 17 de abril de 1996 (da-ta do julgamento).

    Ministro AMÉRICO LUZ, Presi-dente. Ministro EDUARDO RIBEI-RO, Relator.

    Publicado no DJ de 13-05-96.

    RELATÓRIO

    O SR. MINISTRO EDUARDO RI-BEIRO: O Banco do Brasil S.A. apre-sentou embargos de divergência, vi-sando a reformar acórdão da egrégia Quarta 'lbrma, na parte relativa à correção monetária, quanto ao mês de março 1990, que entendeu deves-se ser de 41,28%. Sustentou que ha-veria dissídio com julgados da Corte Especial, bem como das Primeira e 'Thrceira 'lbrmas.

    Proferi, a propósito, a seguinte de-cisão:

    "Os paradigmas dizem com o índice a ser aplicado, genericamen-te, para correção, relativamente a março de 1990. O acórdão embar-gado refere-se a uma hipótese pe-culiar: débitos relativos a cédulas rurais, vinculadas à remuneração das cadernetas de poupança. Ine-xiste o dissídio.

    Não admito os embargos."

    Interpôs o embargante agravo re-gimental. Afirma que o entendimen-to da Quarta 'furma, quanto à aplica-ção do BTN, como índice de correção, está superado pelo da Corte Especial. Sendo a inflação fenômeno que a to-dos atinge, indistintamente, não po-deria haver disparidade quanto aos critérios para a correção. A decisão recorrida iria de encontro ao dispos-to no artigo 5!! da Constituição, acei-tando índices baseados em distintos percentuais. Salienta ter-se firmado o acórdão em que seria coerente a adoção do mesmo parâmetro adotado para a remuneração dos depósitos em cadernetas de poupança. Entretanto, os poupadores ajuizaram milhares de ações, pedindo a aplicação do IPC, pleito que por certo viria a ser aten-dido pelo STJ, à semelhança do que ocorreu a propósito de liquidações de sentença.

    Prossegue o agravante, insistindo em que existente o dissídio, em rela-ção ao julgamento do REsp 47.215, da 'Thrceira 'lbrma, dizendo exata-mente com financiamento destinado a finalidades rurais.

    Conclui, asseverando que tanto existe a divergência que alguns em-bargos já foram admitidos pelos res-pectivos relatores.

    Ainda em curso o prazo do agravo, suas razões foram aditadas para ci-tar acórdão, relatado pelo Ministro Costa Lima, em que votei admitindo a existência de dissídio, a propósito de correção monetária, embora um dos julgados se referisse a caso de de-sapropriação e o outro não.

    18 R. Sup. Trib. Just., Brasília, a. 8, (84): 15-27, agosto 1996.

  • Reformei em parte a decisão agra-vada, pois havia acórdãos, indicados como paradigmas, proferidos por 'fur-ma integrante da mesma Seção de que faz parte aquela que prolatou o acórdão que se pretende rever. Em relação a esse ponto do recurso, com-petente a Segunda Seção e não a Corte Especial.

    Interpôs embargos de divergência também Télcio Cardoso da Porciún-cula. Insurge-se contra a aplicação da TR como índice de correção.

    Proferi decisão, não admitindo os embargos do Banco do Brasil e Tél-cio apresentou, desde logo, agravo re-gimental. Posteriormente, vim a não admitir os embargos desse último, não havendo recurso dessa decisão.

    É o relatório.

    VOTO

    O SR. MINISTRO EDUARDO RI-BEIRO (Relator): Em casos análogos, tem a Corte Especial decidido pela inexistência do dissídio, que realmen-te não se configura. Da ementa do acórdão embargado trancrevo o que importa para a questão ora em exa-me:

    "Mútuo rural. Correção monetá-ria. Vinculação ao critério de rea-juste dos depósitos em caderneta de poupança. Licitude. Inviabilida-de de modificação pelo Judiciário. Março / 90. Juros: Capitalização mensal .. Previsão de alteração dos "encargos financeiros" pactuados em caso de inadimplemento. Inva-lidade da estipulação. Prêmio do

    Proagro. Alegação de cobrança ex-cessiva. Ilegitimidade passiva do banco mutuante. Recurso parcial-mente conhecido e provido.

    I - Não havendo, à época da celebração do contrato de mútuo rural (30.1.90), qualquer vedação legal à estipulação de correção mo-netária vinculada ao critério de atualização dos depósitos em ca-derneta de poupança, inadmissível se mostra ao Judiciário, ao argu-mento de não ser tal sistema o mais adequado a refletir a real desvalorização monetária ocorrida no prazo de vigência do ajuste, de-terminar a adoção de um outro (correção pro rata tempore cal-culada com base na variação do valor do BTNF).

    H - A correção do valor emprestado procedida da mesma forma e corri emprego do mesmo indexador utilizado para reajuste dos depósitos em poupança é, nos casos em que custeado o fInancia-mento agropecuário com recursos oriundos das aplicações realizadas nessa modalidade de investimen-to, sistema que apresenta lógica e coerência, não se caracterizando como abusivo.

    IH - Se tal método encerra certa dose de álea, ora benefIcian-do o mutuário, ora o banco, depen-dendo .das vicissitudes da econo-mia nos meses seguintes à cele-bração do mútuo, isso decorre da vontade das partes, que não pode, salvo .quando manifestada com VÍ-cio. ou com. afronta à lei, ser des-considerada ou modifIcada pelo ór-gãà julgador.

    R Sup. Trib. Just., Brasília, a. 8, (84): 15-27, agosto 1996. 19

  • IV - Da prevalência de referi-da estipulação contratual relativa à correção monetária resulta de-vida a incidência do percentual de 41,28% para o mês de março/90 e da TR para os meses subseqüen-tes a fevereiro/91 (art. 13 da Lei 8.177/91)."

    Vê-se que a decisão se fundou na existência de específica disposição contratual relativa à correção mone-tária. Essa peculiaridade não se en-contra no paradigma, da Corte Espe-cial, que tratou da correção de modo geral. A hipótese não guarda simili-

    tude com o precedente, em que votei, invocado pelo agravante. Naquele caso entendeu-se que a correção mo-netária, tratando-se de desapropria-ção, não seria distinta da que have-ria de ser aplicada de um modo ge-ral. Aqui se tem em conta a. citada particularidade.

    Nego provimento ao agravo do Banco do Brasil.

    Não conheço do que foi apresenta-do por Télcio Cardoso da Porciúncu-la, pois interposto antes de proferi-da a decisão que pretendeu impug-nar.

    EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL N~ 64.712 - SP

    (Registro n~ 95.0043887-9)

    Relator: O Sr. Ministro William Patterson

    Embargante: Instituto Nacional do Seguro Social - INSS

    Advogados: Drs. Ayres Lourenço de Almeida Filho e outros

    Embargada: Mathilde da Silva Tomiassi

    Advogados: Drs. João Carlos Rosetti Riva e outros

    EMENTA: Processual Civil. Cálculo de liquidação. Correção mo-netária. TR. lnaplicabilidade.

    - Não constituindo a TR índice de correção monetária, a teor do entendimento manifestado pelo STF (ADln n 2 493-DF) descabe uti-lizá-la nos cálculos de liquidação.

    - Embargos de Divergência recebidos.

    20 R. Sup. Trib. Just., Brasília, a. 8, (84): 15-27, agosto 1996.

  • ACÓRDÃO

    Vistos, relatados e discutidos es-tes autos, acordam os Ministros da Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos vo-tos e das notas taquigráficas a se-guir, por unanimidade, conhecer dos embargos de divergência e os rece-ber, nos termos do voto do Sr. Minis-tro-Relator. Os Srs. Ministros Amé-rico Luz, Costa Leite, Nilson Naves, Eduardo Ribeiro, José de Jesus Fi-lho, Luiz Vicente Cernicchiaro, Wal-demar Zveiter, Fontes de Alencar, Cláudio Santos, Hélio Mosimann, Peçanha Martins e José Dantas vo-taram com o Sr. Ministro-Relator. Ausente, justificadamente, o Sr. Mi-nistro Edson Vidigal. Ausentes, oca-sionalmente, os Srs. Ministros Antô-nio de Pádua Ribeiro, Cid Flaquer Scartezzini, Assis 'Ibledo, Garcia Vieira, Demócrito Reinaldo e Hum-berto Gomes de Barros.

    Brasília, 09 de novembro de 1995 (data do julgamento).

    Ministro BUENO DE SOUZA, Presidente. Ministro WILLIAM PAT-TERSON, Relator.

    Publicado no DJ de 26-02-96.

    RELATÓRIO

    O SR. MINISTRO WILLIAM PATTERSON: A Egrégia 5!! 'furma, ao julgar o recurso especial, resolveu a questão nos termos refletidos na respectiva ementa, da lavra do Mi-nistro José Dantas, verbis:

    uPrevidenciário. Débito resul-tante de decisão judicial. Thxa re-ferencial.

    - Aplicação. No lapsus legis, a TR pode ser aplicada para cor-rigir débitos decorrentes de deci-são judicial e de natureza alimen-tar, tais como os benefícios previ-denciários."

    Inconformado, o INSS manifesta embargos de divergência, invocando, como paradigmas, arestos da I!! e 6!! 'furmas, assim ementados:

    uProcessual Civil. Liquidação de sentença. Correção monetária. TR. Imprestabilidade.

    - A taxa referencial de juros - TR - não é índice de correção monetária, e, portanto, como tal não pode ser utilizada.

    - Recurso provido, sem prejuí-zo da aplicação do índice legal." (Acórdão da Primeira 'furma do STJ no REsp n2 57.802-7, publica-do no DJU de 13.02.95, tendo co-mo Relator o Exmo. Ministro Ce-sar Asfor Rocha).

    "Processual Civil. Recurso espe-cial. Cálculo de liquidação. Bene-fício previdenciário. Inclusão da taxa referencial - TR como fator de correção monetária. Vedação. ADIn n 9 493-DF.

    I - O Supremo Tribunal Fede-ral, ao julgar a ADln n2 493-DF, deixou posto que: "A taxa referen-cial (TR) não é índice de correção monetária, pois refletindo as va-riações do custo primário da cap-tação dos depósitos a prazo fixo,

    R. Sup. Trib. Just., Brasília, a. 8, (84): 15-27, agosto 1996. 21

  • não constitui índice que reflita a variação do poder aquisitivo da moeda."

    II - Recurso especial conheci-do e provido." (Acórdão da 6~ 'fur-ma no REsp 38.498-2/RJ, publica-do no DJU de 14.11.1994, tendo como Relator o Exmo. Ministro Pedro Acioli).

    Admitidos os embargos, por sufi-cientemente comprovado o dissídio, transcorreu in albis o prazo para impugnação.

    É o. relatório.

    VOTO

    O SR. MINISTRO WILLIAM PATTERSON (Relator): A competên-cia desta Corte Especial resulta da indicação de precedente de 'furma de Seção diversà do acórdão embarga-do, no caso a Colenda 1~ 'furma, por meio da decisão relatadá pelo Minis-tro Cesar Rocha.

    Também divergem no tema cen-tral da questão ao dizer uma que a TR presta-se para corrigir débitos de decisão judicial e a outra negando a finalidade, por não constituir índice de correção monetária, a teor da orientação emanada no Supremo 'lh-bunal Federal naADIn n~ 493-6.

    É certo que, recentemente, as 'fur-mas da Terceira Seção já. convergi-ram no sentido do entendimento aco-lhido no paradigma. Todavia, na oportunidade da interposição dos em-bargos subsistia a divergência, moti-vo pelo qual merece ser dirimida.

    Sobre o mérito, invoco como ra-zões de decidir o voto (vista) que pJ;oferi perante a 'Ierceira Seção, nos ED no REsp n~ 60.326/SP, que leio e faço juntar aos presentes autos.

    Ante o exposto, conheço dos em-bargos e os recebo, para determinar que a atualização seja feita pelo INPC.

    "ANEXO

    EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL

    N~ 60..326 - SP

    (Registro n~ 95.0.0.20.993-4)

    VOTO (VISTA)

    O SR. MINISTRO WILLIAM PATTERSON: Trata-se de embargos de divergência manifestados pelo INSS com o objetivo de desconstituir decisão que determinou a aplicação da Taxa Referencial para a correção dos débitos previdenciários.

    A divergência restou, a meu juízo, plenamente demonstrada, motivo pe-lo· qual devem ser conhecidos os em-bargos.

    No mérito, entendo que deve pre-valecer a tese sustentada no para-digma, da Egrégia 6~ 'furma, da la-vra do Ministro Pedro Acioli, resu-mida na seguinte ementa:

    "Processual Civil. Recurso espe-cial. Cálculo de liquidação. Bene-fício previdenciário. Inclusã,o da taxa referencial - TR como fator

    22 R. Sup. Trib. Just., Brasília, a. 8, (84): .15-27, agosto 1996.

  • de correção monetária. Vedação. ADln n g 493-DF

    I - O Supremo Tribunal Fede-ral, ao julgar a ADln n~ 493-DF, deixou posto que: "A taxa referen-cial (TR) não é índice de correção monetária, pois, refletindo as va-riações do custo primário da cap-tação dos depósitos a prazo fixo, não constitui índice que reflita a variação do poder aquisitivo da moeda."

    II - Recurso especial conheci-do e provido."

    É certo que algumas restrições são colocadas ao alcance do julgado da Suprema Corte, por estar baliza-da em particularidades do caso exa-minado, circunstância ql.le não auto-riza a estendê-la a outras hipóteses.

    Nada teria a objetar quanto à aplicação da TR, na espécie, mesmo porque entendo que a variedade de índices de atualização dos débitos passou a constituir verdadeira ficção jurídica, pois a complexidade em que se transformou o assunto, fruto da massificação da doutrina econômica, não mais permite saber o que é e o que não é certo. 'Ibdos os índices são fixados, supostamente, sobre a mes-ma base teódca, isto é, a recomposi-ção do valor, desgastado pela infla-ção. Acontece, porém, que os crité-rios de apuração obedecem disformes padrões conduzindo a resultados es-tranhos. Portanto, diante da Torre de Babel que constitui este assunto, o melhor para o aplicador da lei é, sem imiscuir-se nesses aspectos téc-nicos da economia, observar os dita-

    mes do ordenamento jurídico, vigo-rante na oportunidade.

    Assim, não teria pejo em adotar a TR como indexador, a partir da ex-tinção do BTN. Acontece, todavia, que, a meu sentir, o STF condenou a Thxa Referencial como padrão cor-retivo das dívidas, inclusive as de valor, caso dos autos, ao declarar não ser ela índice de correção mone-tária, pois reflete, apenas, as varia-ções do custo primário da captação dos depósitos a prazo fixo, não cons-tituindo reflexo do poder aquisitivo da moeda.

    No particular, a atualização bus-ca, sem sombra de dúvida, superar a perda de valores com a defasagem do custo da moeda. Com isto, não se-rá a TR, dentro do conceito que lhe deu o Pretório Excelso, o índice apli-cável.

    A propósito do tema, vale lembrar este recente acórdão lavrado pelo Ministro Torreão Braz (REsp n~ 57.272-0/SP), verbis:

    "- Correção monetária .. Conta de liquidação.

    - A partir do advento da Lei n~ 8.177/91, a correção monetária do débito deve ser feita não pela TR, mas pelos índices do INPC.

    - Recurso conhecido e provido."

    Diante do exposto, conheço dos embargos e dou-lhe provimento pa-ra determinar que a atualização se faça pelo INPC."

    VOTO

    O SR. MINISTRO JOSÉ DE JE-SUS FILHO: Sr. Presidente. Votan-

    R. Sup. 'frib. Just., Brasília, a. 8, (84): 15-27, agosto 1996. 23

  • do como integrante da Primeira Se-ção, devo lembrar que adotamos também o critério variável. No caso, por exemplo, de desapropriação, re-forma agrária, temos aplicado o IPC, que é o índice de maior incidência para atender exatamente o disposto no art. 184 da Constituição. Agora, dependendo da circunstância, ajus-tamos a causa ao índice.

    N esse caso que foi colocado pelo Ministro-Relator, não tenho dúvida que tem que aplicar o INPC.

    Por isso, ressalvando meu ponto de vista nesse particular, que é o da Primeira Seção, acredito, acompanho o Ministro-Relator.

    VOTO

    O SR. MINISTRO JOSÉ DANTAS: Senhor Presidente, o acórdão é de mi-nha lavra, pelo que tenho que justi-ficar a posição que a Quinta 'Ibrma tinha a propósito do assunto.

    Na falta da indicação legal de um Úldice para correção das condenações judiciais da previdência (obrigação alimentar, por natureza) podia-se aplicar a TR, porque nenhuma lei o impedia. Tiramos da decisão da ADIn do Supremo Tribunal Federal a conclusão única de que não podia ser adotada apenas contratualmen-te, como índice de correção.

    Daí que seguimos a orientação ge-ral desta própria Corte de que, na falta de índice específico, deve-se aplicar o Úldice que melhor compen-se a dívida. De forma que a posição da Quinta 'Ibrma sempre foi esta: que a decisão do Supremo Tribunal Federal - a respeito de que a TR não podia ser adotada como índice contratual - não se impedia, porém, que fosse aplicada como o melhor ín-dice de correção.

    Quando se uniformiza a jurispru-dência das duas 'furmas da 3~ Seção, estamos sempre com um voto a me-nos. A Quinta 'furma perde todas as sumulações por causa disso.

    Mas o certo é que, no caso, a Se-ção já pacificou a matéria, sem sen-tido contrário à 5~ 'Ibrma; por isso que estes dados constituem apenas registros históricos, porque, na ver-dade, tenho feito ressalva no meu ponto de vista, a partir dessa unifor-mização, e tenho acompanhado, obe-diente, a nova orientação. Daí que voto com o Sr. Ministro-Relator.

    VOTO

    O SENHOR MINISTRO WALDE-MAR ZVEITER: Sr. Presidente, também estou de acordo com as ob-servações feitas pelos Eminentes Mi-nistros Costa Leite e Eduardo Ribei-ro, que é o pensamento da Segunda Seção, por isso que os acompanho.

    24 R. Sup. Trib. Just., Brasília, a. 8, (84): 15-27, agosto 1996.

  • RECLAMAÇÃO N~ 341 - AM

    (Registro n~ 95.0045015-1)

    Relator: O Sr. Ministro Costa Leite

    Reclamantes: Companhia Amazonense Agro Industrial e Agro Industrial Manacapuru S/A

    Reclamado: Juiz Relator do Mandado de Segurança nO! 95.0121111-8 do Tribunal Regional Federal da 1:! Região

    Interessada: Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia - SU-DAM

    Advogado: Dr. Alfredo Antônio Goulart Sade

    Sustentação Oral: Dr. Alfredo Antônio Goulart Sade

    EMENTA: Reclamação. Competência. Cautelar. Mandado de Se-gurança.

    No processo cautelar, toda decisão interlocutória é recorrível, pe-la via do agravo de instrumento, amoldando-se perfeitamente à lei processual o agravo regimental no âmbito dos Tribunais para ata-car decisões monocráticas de igual natureza, não usurpando, as-sim, a cometida ao Presidente do Tribunal pelo art. 4~, da Lei 8.437/92, o deferimento de medida liminar em mandado de seguran-ça, para o fim de conferir efeito suspensivo ao recurso. Reclama-ção julgada improcedente.

    ACÓRDÃO

    Vistos, relatados e discutidos es-tes autos, acordam os Ministros da Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos vo-tos e das notas taquigráficas a se-guir, por unanimidade, julgar impro-cedente a reclamação. Participaram do julgamento os Srs. Ministros Nil-son Naves, Eduardo Ribeiro, José de Jesus Filho, Waldemar Zveiter, Cláudio Santos, Hélio Mosimann, Demócrito Reinaldo, Humberto Go-

    mes de Barros, José Dantas e Wil-liam Patterson.

    Ausentes, justificadamente, os Srs. Ministros Assis 'Ibledo, Edson Vidigal e Luiz Vicente Cernicchiaro.

    Ausentes, ocasionalmente, os Srs. Ministros Bueno de Souza (Presiden-te), Antônio de Pádua Ribeiro, Cid Flaquer Scartezzini, Garcia Vieira, Fontes de Alencar e Peçanha Mar-tins.

    Brasília, 30 de novembro de 1995 (data do julgamento).

    R. Sup. Trib. Just., Brasília, a. 8, (84): 15-27, agosto 1996. 25

  • Ministro AMÉRICO LUZ, Presi-dente. Ministro COSTA LEITE, Re-lator.

    Publicado no DJ de 24-06-96.

    RELATÓRIO

    O SR. MINISTRO COSTA LEITE: Companhia Amazonense Agro Industrial e Agro Industrial Manaca-puru S/A requereram medida caute-lar perante o e. Tribunal Regional Federal da 1~ Região. Concedida limi-nar, a Superintendência do Desenvol-vimento da Amazônia-SUDAM inter-pôs agravo regimental e, para o fim de que lhe fosse imprimido efeito suspensivo, impetrou mandado de segurança, com pedido de liminar, que veio a ser deferido, motivando a presente reclamação, fundada na alegação de usurpação de competên-cia, pois, a teor do disposto no art. 4~ da Lei n~ 8.437/92, não haveria lugar para tal provisão jurisdicional, por incumbir ao Presidente deste Tribu-nal suspender a execução daquela li-minar concedida na medida caute-lar.

    Requisitadas as informações, pres-tou-as a ilustre autoridade reclama-da, reportando-se aos termos do des-pacho impugnado (fls. 16/17)

    O parecer do Ministério Público Federal opinou no sentido de que se julgue improcedente a reclamação.

    É o relatório, Senhor Presidente.

    VOTO

    O SR. MINISTRO COSTA LEITE (Relator): Escorreito o parecer do

    Ministério Público Federal, ao afir-mar que o remédio da suspensão da liminar, nos termos do art. 4~ da Lei n~ 8.437/92, é medida de caráter ex-cepcional, cingida às hipóteses ali arroladas, não impedindo a utiliza-ção de outros instrumentos proces-suais que permitam obter a cassação da liminar deferida em hipótese que não requeira o uso de medida extre-ma.

    Isso, em verdade, bastaria a arre-dar a alegada usurpação de compe-tência, mas é bom que se agreguem outros fundamentos, em vista, prin-cipalmente, da jurisprudência do Su-premo Tribunal Federal, orientada no sentido de que não cabe agravo regimental contra despacho conces-sivo de liminar em mandado de se-gurança, mas pedido de suspensão, com base no art. 4~ da Lei n~ 4.348/ 64.

    Sem posicionar-me a respeito des-sa construção, por isso que não rele-va, cuido apenas de salientar impor-tante traço distintivo, que evidencia a sua inadequação ao processo cau-telar.

    Não se nega que as normas inser-tas nos citados dispositivos têm pra-ticamente o mesmo conteúdo, mas os campos de incidência determinam a distinção.

    Aquele entendimento jurispruden-cial, firmado relativamente ao man-dado de segurança, não se justifica quando se trata de medida cautelar. Isso porque apresenta-se atrelado à interpretação da Lei n~ 1.533/51. Com efeito, foi em razão desse diplo-ma legal não prever recurso para a

    26 R. Sup. Trib. Just., Brasília, a. 8, (84): 15-27, agosto 1996.

  • decisão relativa à medida liminar em mandado de segurança que se erigiu a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. É bem elucidativo este trecho do voto proferido pelo eminente Ministro Moreira Alves:

    "Concedida, ou denegada, a li-minar contra autoridade tida co-mo coatora, não previa a legisla-ção pátria, até o advento da Lei n'? 4.348, de 26.6.64, qualquer remé-dio legál contra essa concessão ou denegação. Por isso, às vezes, as partes se valiam para atacar a decisão do relator, concessiva, ou não, de agravo regimental. E es-ta Corte, mais de uma vez, firmou o entendimento de que, quer pe-rante ela, quer perante outro Tri-bunal era incabível o agravo regi-mental do despacho que defere ou denega o pedido de liminar. As-sim, ao julgar o agravo do art. 47 de seu Regimento Interno, que, na época - setembro/61 - não ti-nha força de lei, e que admitia ge-nericamente a interposição de agravo regimental (contra decisão do Relator) o plenário deste Tribu-nal, no MS 9.146 (RTJ 20/94 e segs.), assim se pronunciou:

    'Mandado de Segurança im-petrado ao STF - Medida Li-minar. Do despacho do relator que a defere, não cabe agravo com apoio no art. 47 do Regi-mento Interno. Essa decisão é definitiva e a Lei n'? 1.533 não prevê recurso algum para esse caso.' "

    No processo cautelar, toda decisão interlocutória é recorrível pela via do agravo de instrumento, amoldando-se perfeitamente à lei processual o agravo regimental no âmbito dos Tribunais para atacar decisões mo-nocráticas de igual natureza.

    Cabível o agravo regimental, não há dizer incabível o mandado de se-gurança voltado a imprimir-lhe efei-to suspensivo. A construção jurispru-dencial assim admite, uma vez aten-didos determinados pressupostos. De qualquer modo, isso já refoge do pla-no competencial em que situada a reclamação.

    Certo é que não houve invasão de competência, tendo a liminar no mandado de segurança sido deferida no âmbito da competência do Rela-tor, pelo que julgo improcedente a reclamação. É como voto, Senhor Presidente.

    R. Sup. Trib. Just., Brasília, a. 8, (84): 15-27, agosto 1996. 27