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    Entrevista Artigos

    27Agricultura familiar edistribuio de terra naBahia: o que revelamos dados do CensoAgropecurio de 2006?

    Jrge Tadeu Dantas Caff

    47Exportaes baianassegundo intensidadetecnolgica: efeitoChina e a primarizaoda pauta

    Arthur Suza Cruz

    35Economia dos setorespopulares: basesconceituais parapolticas de fomento

    Garel Kraychete

    53Sobre poltica e sensocomum: discusso eaprovao do OramentoPblico Baiano noInterregno 2006-2010

    rc Rdrg MnerPerera

    Sumrio

    ExpedienteGOVERNO DO ESTADO DA BAHIAJAQUES WAGNER

    SECRETARIA DO PLANEJAMENTOZEZU RibEiRo

    SUPERINTENDNCIA DE ESTUDOSECONMICOS E SOCIAIS DA BAHIAJoS GERALDo DoS REiS SANToS

    CONSELHO EDITORIALAntn Pln Pres de Mura, CelesteMara Phlgret baptsta, Edmund Sbarret Fguera, Jacksn ornelasMendna, Jar Sampa Sares Junr,Js Rer Sares Gumares, LaumarNeves de Suza, Marcus Verhne, RertFrtuna Carner

    DIRETORIA DE INDICADORES EESTATSTICASGustav Casse Pesst

    COORDENAO GERALLuz Mr Rer Vera

    COORDENAO EDITORIALElssandra Alves de brttRsangela Ferrera Cnce

    EQUIPE TCNICAJrge CaffMara Margarete de C. Areu PerazzRafael August Fagundes Gumares(estagr)Garel Duran brt (estagr)

    COORDENAO DE BIBLIOTECAE DOCUMENTAO/ NORMALIZAORamund Perera Sants

    COORDENAO DE DISSEMINAODE INFORMAESAna Paula Prt

    EDITORIA-GERALElsaete Crstna Texera barrett

    REVISOLuz Fernand Sarn (Lnguagem)Dana Chagas (Padrnza e Estl)

    DESIGN GRFICO/EDITORAO/ILUSTRAESNand Crder

    FOTOSManu Das/Agecm, Stck XCHNG

    IMPRESSOEGbA Tragem: 1.000

    Carta do editor5

    7Desempenho daeconomia baiana em umcontexto inflacionrio

    Carla d Nascment,

    Jrge Tadeu Caff,

    Rsangela Cnce,

    Economia emdestaque

    18Incluso para odesenvolvimento

    Eva Mara Cella DalChavn

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    Av. Luz Vana Flh, 4 Avenda, 435, CAbSalvadr (bA) Cep: 41.745-002

    Tel.: (71) 3115 4822 Fax: (71) 3116 1781

    www.se.a.gv.r [email protected]

    Cnjuntura & Planejament / Superntendnca de EstudsEcnmcs e Scas da baha. n. 1 (jun. 1994 ) . Salvadr:SEi, 2011.n. 171TrmestralCntnua de: Sntese Executva. Perdcdade: Mensal at nmer 154.

    iSSN 1413-1536

    1. Planejament ecnmc baha. i. Superntendncade Estuds Ecnmcs e Scas da baha.

    CDU 338(813.8)

    Ponto de vista Indicadoresconjunturais

    Investimentosna Bahia

    68O estado da Bahiaespera investimentosindustriais de R$ 21,4bilhes at 2013

    Faana Karne Santsde Andrade

    Livros72

    Claru cm este nmer a jrnalsta LuzaLuna.

    os artgs pulcads s de ntera respn-saldade de seus autres. As pnes nelesemtdas n exprmem, necessaramente, pnt de vsta da Superntendnca de EstudsEcnmcs e Scas da baha (SEi). perm-tda a reprdu ttal u parcal ds textsdesta revsta, desde que seja ctada a fnte.Esta pulca est ndexada n UlrihInrnainal Pridial Dirry e n sstemaQuali da Capes.

    62A importncia dotrabalho decente nocombate pobreza

    Js Rer

    85Indicadores econmicos

    92Indicadores sociais

    102Finanas pblicas74Conjunturaeconmicabaiana

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    Carta do editorO comportamento da economia brasileira no primeiro trimestre de 2011 revela a manuteno docenrio altista da inflao, j observado no ltimo trimestre de 2010. Isso se d em meio a choquesde oferta domsticos e externos e a presso da demanda interna, fatores responsveis pelaelevao dos preos. Diante dessa realidade, o Banco Central e o Ministrio da Fazenda anun-ciaram um pacote de medidas macroprudenciais para restringir o crdito, tentando desaceleraro ritmo de crescimento da economia para controlar a inflao. Os impactos dessas medidassobre os principais indicadores econmicos esto analisados no artigo elaborado pela equipe deconjuntura Desempenho da economia baiana em um contexto inflacionrio, bem como na seoconjuntura econmica baiana, ressaltadas na edio 171 da revista Conjuntura & Planejamento.

    Enriquecendo a discusso, a secretria estadual da Casa Civil Eva Maria Cella Dal Chiavon

    presenteia os leitores dessa publicao concedendo uma entrevista sobre incluso para o desen-volvimento. Para ela, os rumos do processo de desenvolvimento para a Bahia passam por umareorientao do planejamento governamental em que se conjugue a promoo do crescimentoeconmico com reduo das desigualdades sociais. Na mesma linha de anlise, Jos Ribeiroapresenta o seu ponto de vista sobre a importncia do trabalho decente no combate pobreza.Na sua avaliao, a reduo da pobreza e da insegurana alimentar passa pelo aumento da rendae da melhoria das condies de vida da populao.

    Na seo artigos, tm-se trabalhos como o de Gabriel Kraychete, intitulado Economia dos setorespopulares: bases conceituais para polticas de fomento; e o de Jorge Tadeu Dantas Caff,Agriculturafamiliar e distribuio de terra na Bahia: o que revelam os dados do Censo Agropecurio de 2006. Em

    linhas gerais, a despeito das diferentes abordagens, esses textos apresentam uma similaridadeno que diz respeito ao aspecto social. Enquanto o primeiro chama a ateno para a necessidadeda formulao de polticas voltadas ao fomento de formas de trabalho economicamente viveis esocialmente justas, o segundo trabalha a agricultura familiar e a poltica agrria baseadas no mesmoprisma, defendendo, em razo da concentrao de terras e desigualdade social, o fortalecimentoda agricultura familiar como uma estratgia direcionada para o desenvolvimento do estado baiano.

    Como destaques, tm-se os textos conjunturais analisando o desempenho da economia baiana emum contexto inflacionrio. Na avaliao da equipe de conjuntura, os cenrios prospectivos para2011, no que diz respeito s economias brasileira e baiana, sugerem um ritmo de crescimento mais

    moderado do que o observado em 2010 para os trs setores da economia. Assim, a expectativapara a Superintendncia de Estudos Econmicos e Sociais da Bahia (SEI) que o PIB apresenteuma elevao em torno de 4% em 2011, tanto para o pas como para a Bahia.

    Assim, ao retratar a expectativa quanto ao desempenho das economias brasileira e baiana nosprimeiros trs meses do ano, a revista Conjuntura & Planejamento na sua edio 171 contribui paraelucidar os seus leitores sobre os percalos a serem enfrentados pelo pas em 2011. Os artigosapresentados no somente retratam essa realidade, como tambm remetem a questes de carterestrutural do funcionamento da prpria economia e algumas perspectivas para os prximos meses.

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    6 Cnj. & Planej., Salvadr, n.171, p.6-17, ar./jun. 2011

    Desempenh da ecnma aana em um cntext nflacnrECONOMIAEM DESTAQUE

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    Desempenho daeconomia baianaem um cntextnflacnr

    Carla d Nascment*Jrge Tadeu Caff**

    Rsangela Cnce***

    O comportamento geral dos preos mostrou-seascendente no primeiro trimestre de 2011, mantendo

    a trajetria altista da inflao observada no ltimotrimestre de 2010. Aps registrar alta de 1,06% entre

    setembro e dezembro, a inflao, medida pela

    variao mensal do ndice Nacional de Preos aoConsumidor Amplo (IPCA), atingiu entre dezembro

    e maro o patamar de 2,44%, 0,38 p.p. acima do

    registro no mesmo perodo de 2010. Com isso,

    a inflao acumulada nos ltimos doze meses

    alcanou 6,30%, 1,8 p.p. acima do centro da meta(de 4,5% a.a.). Segundo anlise do Copom (BANCO

    CENTRAL DO BRASIL, 2011), o conjunto de infor-

    maes disponveis sugere que a acelerao depreos observada em 2010, processo liderado pelos

    preos livres, mostra persistncia, em parte porque

    a inflao dos servios segue em patamar elevado.

    * Mestre pela Unversdade Federal da baha (UFbA); graduada em CncasEcnmcas pela Unversdade Estadual de Fera de Santana (UEFS). Tcn-ca da Superntendnca de Estuds Ecnmcs e Scas da baha (SEi)[email protected]

    ** Especalsta em planejament agrcla pela Sudene/UFPE; graduad emCncas Ecnmcas pela Unversdade Federal da baha (UFbA); analstatcnc da Secretara de Planejament da baha (Seplan); traalha na Dret-ra de indcadres e Estatstcas da Superntendnca de Estuds Ecnmcse Scas da baha (SEi). [email protected]

    *** Mestranda em Admnstra pela Unversdade Salvadr (Unfacs). espe-calsta em Audtra Fscal pela Unversdade d Estad da baha (Une);graduada em Matemtca pela Unversdade Catlca de brasla (UCb)e em em Ecnma pela Unversdade Catlca d Salvadr (UCSal). Tcn-ca da Superntendnca de Estuds Ecnmcs e Scas da baha (SEi)[email protected]

    Cnj. & Planej., Salvadr, n.171, p.6-17, ar./jun. 2011

    ECONOMIAEM DESTAQUE

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    Neste contexto, importante destacar que os dados doIPCA revelaram que o aumento dos preos dos alimentosin natura e os reajustes nas tarifas escolares e no trans-porte pblico influenciaram a elevao dos ndices de

    preo fatores sazonais internos e a elevao dos preosdas commodities, os fatores externos.

    Ainda segundo a Ata do Copom:

    A elevao recente nos preos dos alimentos tem

    mostrado persistncia elevada e reflete, em parte,

    choques de oferta, domsticos e externos, potenciali-

    zados pelo ambiente de elevada liquidez nos mercados

    financeiros internacionais e pelo aumento da demanda

    global (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2011, p. 1).

    Caracterizado como um dos fatores exgenos detransmisso inflacionria, o preo do petrleo apre-sentou alta no primeiro trimestre de 2011. A cotaodo petrleo tipo Brent voltou a patamares superioresa US$ 110 o barril. Esse aumento refletiu, em parte, ofortalecimento da demanda global e, por outro lado,a elevada instabilidade poltica de alguns pases doOriente Mdio e, especialmente, do norte da frica.Cabe notar que a influncia dos preos internacionaisdo petrleo sobre a inflao domstica no se trans-mite exclusivamente por intermdio do preo local dagasolina, mas tambm via cadeia produtiva do setorpetroqumico e pelo canal de expectativas (BANCOCENTRAL DO BRASIL, 2011, p. 86).

    Os combustveis registraram aumento no ms demaro, influenciados pelos preos do etanol. Oaumento no preo desse combustvel ocorreu pelolado da oferta por causa da entressafra da cana, umavez que a colheita s comearia em abril, e pelo lado

    da demanda em razo da grande frota de carros flex,que pressionou a subida dos preos. Puxados peloetanol, os preos da gasolina tambm subiram emrazo da mistura do etanol no produto. Assim, noacumulado do primeiro trimestre, o preo do etanolteve alta de 17,89%, enquanto no mesmo perodo doano passado havia sido de 4,55%. J a gasolina, dejaneiro a maro, teve alta de 3,13%, enquanto no anopassado havia sido de 0,32% (INDICE DE PREOS DOCONSUMIDOR AMPLIADO, 2011).

    Com intuito de combater a alta dos preos do etanol,a presidenta Dilma Rousseff determinou uma srie deaes, dentre as quais a transferncia Agncia Nacionaldo Petrleo (ANP) do controle da cadeia produtiva doetanol, que receber o mesmo tratamento do setor depetrleo; a reduo da mistura do lcool na gasolina;aumento dos recursos do governo, mediante crdito doBanco do Brasil e BNDES, para renovao dos canaviais,formao de estoques e, sobretudo, construo de novasusinas (DILMA..., 2011).

    Para as commodities agrcolas e metlicas verificou-se umamoderao dos preos internacionais nos meses de maroe abril, aps sucessivos meses com elevaes expres-sivas, que influenciaram a inflao domstica no incio de2011. De acordo com os dados do ndice de CommoditiesBrasil (IC-Br), que mede a variao dos preos no mercadoexterno, os preos das commodities apresentaram altade 9,7% nos primeiros trs meses de 2011. De maneiradesagregada, esse indicador, por meio do IC-Br Energia,que monitora os preos do petrleo Brent (negociado no

    mercado de balco), gs natural e carvo, acumulou 8,49%no trimestre. O IC-Br Agropecurio (carnes de boi e deporco; algodo, leo de soja, trigo, acar, caf e milho)aumentou 11,98% no perodo. E com menor impacto nainflao, o IC-Br Metal (alumnio, minrio de ferro, cobre,estanho, zinco, chumbo e nquel) apontou alta de 4,86%no ano (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2011).

    Considerando-se a inflao medida pela variao mensaldo ndice Geral de Preos Disponibilidade Interna

    Para as commodities agrcolas

    e metlicas vericou-se

    uma moderao dos preos

    internacionais nos meses de

    maro e abril, aps sucessivos

    meses com elevaes

    expressivas

    Cnj. & Planej., Salvadr, n.171, p.6-17, ar./jun. 2011

    Desempenh da ecnma aana em um cntext nflacnrECONOMIAEM DESTAQUE

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    (IGP-DI), nos primeiros trs meses de 2011 verificou-sealta de 2,57%, 0,19 p.p. abaixo do ndice observado nomesmo perodo de 2010. Segundo Loureno (2011),

    O IGP fortemente afetado pela elevao estruturaldas cotaes mundiais das matrias-primas, fruto da

    acentuao da integrao da China, ndia e naes do

    leste europeu dinmica global e, consequentemente,

    da multiplicao dos respectivos mercados domsticos,

    materializada na entrada de companhias europeias e

    americanas, que perseguem a sobrevivncia competi-

    tiva, aproveitando a disponibilidade do fator locacional

    e mo de obra abundante e barata.

    Para o Copom (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2011),

    Os efeitos do comportamento dos preos do atacado

    sobre os preos do consumidor dependero, entre

    outros fatores, das condies atuais e prospectivas da

    demanda, da exposio de cada setor competio

    externa e interna e das expectativas dos formadores

    de preos em relao trajetria futura da inflao.

    Para controlar a acelerao dos preos, o Banco Centrale o Ministrio da Fazenda decidiram conter o cresci-mento da demanda agregada e anunciaram, paulati-namente, um pacote de medidas macroprudenciaispara restringir o crdito. Com esse propsito foramimplementadas medidas como: aumento do montantede depsitos compulsrios; elevao do Fator de Ponde-rao de Risco; cobrana do Imposto sobre OperaesFinanceiras (IOF) de 6% para os emprstimos no exteriorcom durao inferior a dois anos; aumento de 2,38%para 6,38% no IOF sobre as compras realizadas comcartes de crditos no exterior; contingenciamentode gastos da ordem de R$ 50 bilhes; e, mais recen-

    temente, aumento do valor mnimo para o pagamentodo carto de crdito, entre outras.

    As expectativas do mercado, observadas em pesquisasemanalmente realizada pela Gerncia Executiva de Rela-cionamento com Investidores (Gerin) do Banco Centralcom analistas independentes, mostraram as proje-es para os principais indicadores macroeconmicosda economia brasileira sintetizados no Boletim Focus(BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2011). Nesse contexto,

    a mediana das projees coletadas1 para a variao doIPCA em 2011 de 6,27% e para 2012, 5,1%. A meta da

    taxa Selic em 2011 de 12,5% e em 2012, 12,25%. A taxade cmbio est estimada em 1,62% em 2011 e 1,67%em 2012. Para o desempenho da economia brasileira,os analistas projetam expanso de 4,0% em 2011 e de4,1% no prximo ano.

    Essas expectativas evidenciam a persistncia da altanos preos mesmo aps a implementao das medidasmacroprudenciais do governo federal e cujos resul-tados dos principais indicadores da economia brasileiramostraram-se favorveis para o primeiro trimestre do ano,uma vez que a economia domstica ainda encontrava-serelativamente aquecida.

    Tendo em vista o cenrio de acomodao no ritmo deatividade, mas com alguns focos altistas de preos, naltima reunio do Comit de Poltica Monetria (Copom),realizada nos dias 19 e 20 de abril, decidiu-se elevar ataxa Selic em 0,50 p.p., chegando a 12,0% a.a.

    Com base nos resultados das Contas Nacionais Trimes-

    trais (2011), divulgadas pelo IBGE, a estimativa do ProdutoInterno Bruto (PIB) no primeiro trimestre de 2011 apre-sentou aumento de 1,3% em relao ao quarto trimestrede 2010, portanto, dentro das expectativas do mercado,que esperava uma taxa entre 1,0% e 1,5%. Setorialmente,o maior destaque foi a Agropecuria, com elevao de3,3% no volume do Valor Adicionado. Indstria e Servios

    1 As expectativas do mercado no dia 20/05/11 comparadas s do dia20/04/2011.

    As expectativas do mercado

    [...] mostraram as projees

    para os principais indicadores

    macroeconmicos da economia

    brasileira sintetizados no

    Boletim Focus

    Cnj. & Planej., Salvadr, n.171, p.6-17, ar./jun. 2011

    ECONOMIAEM DESTAQUECarla d Nascment, Jrge Tadeu Caff, Rsangela Cnce

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    apresentaram crescimento de 2,2% e 1,1%, respecti-vamente. Em relao aos componentes da demandainterna, destaque para o crescimento da Formao Brutade Capital Fixo (FBKF), que acelerou 1,2% no primeiro

    trimestre de 2011. Aps apresentar sucessivos cresci-mentos de 1,1%, 1,7% e 2,3% nos ltimos trs trimestresde 2010, a Despesa de Consumo das Famlias desace-lerou e teve variao de 0,6% no primeiro trimestre de2011. De maneira inversa, a Despesa de Consumo daAdministrao Pblica teve aumento de 0,8% em igualperodo. Na comparao com o primeiro trimestre de2010, o PIB registrou acrscimo de 4,2%.

    Outro indicador que evidencia o ritmo de crescimentoda economia brasileira, denominado Indicador de Ativi-

    dade Econmica do Banco Central (IBC-Br), aumentou0,6% entre maro e fevereiro. No primeiro trimestre de2011, em comparao com o quarto trimestre de 2010, oIBC-Br registrou avano de 1,3%. De forma anualizada,o crescimento no primeiro trimestre na margem foi daordem de 5,2%. Em relao ao primeiro trimestre de 2010,o IBC-Br atingiu o patamar de 4,4% (BANCO CENTRALDO BRASIL, 2011).

    No mbito da produo agrcola brasileira, a de cereais,leguminosas e oleaginosas apresentou estimativas deacrscimo na safra de 2011 da ordem de 6,0%, vislum-brando um volume de 158,7 milhes de toneladas.Dentre os principais produtos, que representam 90,8%da produo de cereais, leguminosas e oleaginosas,registraram acrscimo: o arroz (18,4%), o milho (3,0%)e a soja (6,3%). Esses dados constam do LevantamentoSistemtico da Produo Agrcola (LSPA) do IBGE, deabril de 2011.

    A produo fsica industrial nacional acumulou no

    primeiro trimestre aumento de 2,3% em 2011, com basenos dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM) (2011).Considerando-se as categorias de uso, destacou-se osetor de bens de capital, que apresentou a maior variaopercentual, com taxa de 8,4%. A categoria bens deconsumo durveis tambm registrou taxa positiva, de5,0%, alm da produo de bens intermedirios, queconsignou acrscimo de 1,6%, e da produo de bensde consumo semi e no durveis, que aumentou 0,2%(PESQUISA INDUSTRIAL MENSAL, 2011).

    Nofront externo, as empresas brasileiras apresentaram

    bom desempenho, a despeito da depreciao do dlar,pois exportaram US$ 51,23 bilhes no primeiro trimestrede 2011, representando um aumento de 30,6% em relaoao ano anterior. J as importaes, com um volumede US$ 48,06 bilhes, registraram um acrscimo de25,3%. O maior incremento no percentual das expor-taes, comparativamente s importaes, motivou oaumento do supervit da balana comercial para US$3,13 bilhes, contra US$ 2,16 bilhes no mesmo perodode 2010. Nesse perodo, o comrcio exterior brasileiroregistrou corrente de comrcio de US$ 99,29 bilhes,com ampliao de 28,0% sobre 2010, quando atingiuUS$ 77,58 bilhes (BRASIL, 2011).

    No mbito do mercado interno, o comrcio varejistamanteve-se em crescimento durante os primeirosmeses de 2011, beneficiado por fatores como a manu-teno do nvel de renda e a elevao do nmerode empregos, associados relativa manuteno daconfiana dos consumidores quanto ao desempenhoda economia. No ano corrente foi registrado um cres-

    cimento de 6,9% no volume vendas do varejo, inferiorao resultado obtido no mesmo perodo de 2010 (quefoi de 12,8%), segundo os dados da Pesquisa Mensalde Comrcio (2011) do IBGE.

    O principal destaque no varejo ficou por conta dosegmento de bens durveis no caso o de mveise eletrodomsticos , que registrou acrscimo signi-ficativo de 16,8%. Na segunda posio, beneficiadopelo aumento da renda real dos ocupados, figurou o

    No front externo, as empresas

    brasileiras apresentaram bomdesempenho, a despeito da

    depreciao do dlar, pois

    exportaram US$ 51,23 bilhes

    no primeiro trimestre de 2011

    Cnj. & Planej., Salvadr, n.171, p.6-17, ar./jun. 2011

    Desempenh da ecnma aana em um cntext nflacnrECONOMIAEM DESTAQUE

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    segmento de hiper, supermercados, produtos aliment-cios, bebidas e fumo, que cresceu 2,8% no perodo. Noentanto, verificou-se desacelerao na trajetria do cres-cimento acumulado, uma vez que no primeiro trimestre

    de 2010 foi observado taxa de 12,4%. Vale ressaltar que,em parte, o arrefecimento desse segmento tem corre-lao com a alta da taxa de inflao. O aumento dospreos dos alimentos em 7,7% no perodo, conforme oIPCA do IBGE, para o grupo alimentao no domiclio,provocou retrao de demanda.

    Considerando-se o comrcio varejista ampliado, veri-ficou-se crescimento expressivo em material de cons-truo (13,6%) e veculos e motos (6,3%). Com relao aosegmento de veculos, o resultado pode ser ratificado com

    base nos dados disponibilizados pela Federao Nacionalda Distribuio de Veculos Automotores (Fenabrave),em que as vendas de caminhes e nibus foram maisintensivas no perodo, correspondendo a acrscimos de26,7% e 25,9%, respectivamente. Quanto s vendas dematerial de construo, elas cresceram em virtude daexpanso do crdito imobilirio.

    Referente expanso moderada do crdito, de acordocom dados do Banco Central, o saldo das operaesde crdito do sistema financeiro (recursos livres) tota-lizou R$ 1.145 bilhes no primeiro trimestre de 2011, dosquais R$ 576 bilhes corresponderam s operaes compessoas fsicas e R$ 569 bilhes s pessoas jurdicas,com esses saldos correspondendo a uma expansode 3,0% e 2,3%, respectivamente, na mesma base de

    comparao. Considerando-se os crditos direcionadosde R$ 608 bilhes, tem-se um total de saldo de crditodo sistema financeiro de R$ 1.753 bilhes.

    Conforme dispe a anlise do Copom (BANCO CENTRALDO BRASIL, 2011):

    A evoluo do crdito bancrio no primeiro trimestre do

    ano, em linha com a acomodao da atividade econ-

    mica, foi condicionada pelo relativo arrefecimento no

    ritmo de expanso das carteiras de recursos livres, o

    qual refletiu, entre outros fatores, as medidas macro-

    prudenciais adotadas recentemente, que afetaram a

    demanda por crdito das famlias, particularmente com

    relao aos financiamentos para aquisio de veculos.

    No obstante o arrefecimento dos financiamentosvoltados s famlias, vale ressaltar que aqueles desti-nados para habitaes, constitudos de recursos voltados construo e aquisio de moradias, continuaram emexpanso. Entre janeiro e maro foram disponibilizadosR$ 142,3 bilhes, o que representa um acrscimo de8,2%, nesse primeiro trimestre.

    O mercado de trabalho manteve-se dinmico no incio de2011, contribuindo para os bons resultados alcanadospela economia brasileira. Nesse perodo foram criados583.886 novos postos de trabalho2.

    As informaes apuradas pela Pesquisa Mensal doEmprego (2011), para as seis regies metropolitanaspesquisadas, indicaram reduo na taxa de desemprego,que registrou taxa de 6,5% no ms de maro ante 7,6% emmaro de 2010, indicando queda de 1,1 p.p. no decorrerde um ano. O emprego, medido pelo total de ocupadosnas regies metropolitanas, apresentou elevao de 2,3%

    em relao ao primeiro trimestre de 2010.

    A expanso da populao ocupada na sequncia dessesanos vem garantindo a manuteno do crescimento damassa salarial na economia brasileira. Aps obter altade 4,4% no ano de 2010, a massa salarial real habitual-mente recebida, considerando-se todos os rendimentos

    2 O acumulado no trimestre inclui as declaraes recebidas fora do prazo e osacertos no perodo de janeiro a maro de 2011.

    De acordo com dados do

    Banco Central, o saldo dasoperaes de crdito do

    sistema financeiro (recursos

    livres) totalizou R$ 1.145

    bilhes no primeiro trimestre

    de 2011

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    recebidos, registrou aumento de 4,0% nos dois primeirosmeses do ano (PESQUISA MENSAL DO EMPREGO, 2011).

    Aps o breve panorama sobre o comportamento

    da economia brasileira no primeiro trimestre de2011, as prximas sees apresentaro o cenrio daeconomia baiana no perodo e as perspectivas para osprximos meses.

    EXPANSo DA AGRiCULTURA CoMDESTAQUE PARA AS commoDItIes

    A quarta estimativa do Levantamento Sistemtico daProduo Agrcola (2011) divulgada pelo IBGE para a safra

    nacional de 2011 de cereais, leguminosas e oleaginosassinalizou uma produo 6,0% superior safra recordeobtida em 2010, que foi de 149,7 milhes de toneladas. Area a ser colhida no ano em tela apresentou acrscimode 4,3%, frente rea colhida em 2010, representando48,6 milhes de hectares.

    As estimativas de produo de gros do LSPA/IBGEindicaram uma trajetria de crescimento contnuo noestado da Bahia. De tal modo, espera-se colher em 2011um volume de produo 6,8% maior do que o de 2010,

    concretizado em 7,2 milhes de toneladas de gros.Devem contribuir para a configurao desse satisfatrioresultado, especialmente, a produo de soja e de algodo,alm da produo de feijo e sorgo. O milho, a despeito de

    sua expressiva importncia no rol dos gros no estado (2,06milhes de toneladas), figurou com decrscimo de produoda ordem de 18,7%, na passagem de 2010 para 2011.

    A produo das culturas tradicionais no estado comportou--se de forma positiva (mandioca, 7,7%; cana-de-acar,3,1%; e cacau, 1,8%), excetuando a cultura do caf (-18,7%),no ms em referncia. Entretanto, importante ressaltarque, com exceo da cana-de-acar, as reas colhidasdas demais culturas tradicionais foram reduzidas em 2011perante 2010. Assim, a causa para o bom desempenho

    produtivo do conjunto dessas culturas estaria ligada noao avano de rea colhida, mas ao incremento dosrendi-mentos fsicos ou da produtividade por hectare (Tabela 1).

    O calendrio agrcola da Bahia para a safra 2011, noms de abril, segundo a Companhia Nacional de Abas-tecimento (Conab), deparava-se com as colheitas emandamento de soja, sorgo e feijo (1 safra). O algodoencontrava-se em fase de tratos culturais e o cacau naentressafra. O caf, a cana-de-acar e o milho (1 safra)estavam se preparando para a colheita de maio/junho.

    Tabela 1Etimativa de pd fica, ea plantada e clhida e endiment d pincipai pdt agclaBahia 2010/2011

    Produtos/safras

    Produo fsca (ml t) rea plantada (ml ha) rea colhda (ml ha) Rendmento (kg/ha)

    2010(1)

    2011(2) Var. (%)

    2010(1)

    2011(2) Var. (%)

    2010(1)

    2011(2) Var. (%)

    2010(3)

    2011(3) Var. (%)

    Mandioca 3.211 3.459 7,7 514 427 -16,8 262 255 -2,5 12.256 13.543 10,5Cana-de-acar 4.976 5.129 3,1 91 91 -0,5 84 86 2,4 59.415 59.784 0,6Cacau 149 152 1,8 555 555 0,1 522 509 -2,4 286 298 4,3

    Caf 185 151 -18,7 175 154 -11,9 156 148 -4,6 1.191 1.015 -14,8Gros 6.732 7.191 6,8 2.790 2.854 2,3 2.648 2.817 6,4 2.542 2.553 0,4Algodo 996 1.428 43,4 271 369 36,1 270 369 36,5 3.687 3.873 5,0Feijo 307 356 15,9 607 573 -5,7 552 558 1,1 557 638 14,6Milho 2.223 2.058 -7,4 810 769 -5,0 724 746 3,0 3.070 2.759 -10,1Soja 3.113 3.157 1,4 1.017 1.035 1,7 1.017 1.035 1,7 3.060 3.050 -0,3Sorgo 92 192 108,7 85 109 29,1 84 109 29,3 1.092 1.762 61,4Total - - - 4.124 4.082 -1,0 3.672 3.816 3,9 - - -

    Fonte: IBGELSPA-BA.Elaborao: SEI/CAC.(1) IBGELSPA 2010.(2) IBGELSPA previso de safra 2011 (abril 2011).(3) Rendimento = produo fsica/rea colhida.

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    O mercado de produtos agrcolas no estado apresentouvariaes de preos correntes, no perodo de abril de2010 a abril de 2011, com cotaes crescentes paracaf em gro, cana-de-acar, algodo em pluma, sojae sorgo, e com valores declinantes para cacau, feijoe milho. J as cotaes de preos da mandioca manti-veram-se estveis no perodo considerado. Assim, exce-tuando a commodity cacau, os demais produtos expor-tveis figuraram com cotaes em alta. J os produtosde consumo domstico, como feijo, milho e mandioca,

    tiveram preos declinantes ou estveis no perodo emtela (Tabela 2 e Grfico 1).

    RECUo NA PRoDUo iNDUSTRiALE EXPANSo No SALDo DAbALANA CoMERCiAL

    Segundo dados da Pesquisa Industrial Mensal (2011) doIBGE, a produo fsica da indstria baiana (transformao e

    Tabela 2Cta de pe agcla Bahia ab. 2010-ab. 2011

    Ms Cacau(15kg)Caf em

    gro (60kg)

    Cana-de-aucar (1)

    (60kg)

    Algodoem pluma

    (15kg)

    Fejo(60kg)

    Mlho(60kg)

    Farnha demandoca

    (50kg)

    Soja emgro (60kg)

    Sorgo(60kg)

    Abr. 2010 85,00 263,95 72,15 49,79 113,95 34,04 80,00 30,10 13,24Maio 2010 87,00 262,86 64,43 50,54 112,25 33,04 80,00 31,00 13,00Jun. 2010 87,00 270,76 64,00 48,35 99,59 32,84 80,00 32,40 12,62Jul. 2010 87,00 288,41 55,70 51,65 95,86 30,72 85,00 34,82 12,41Ago. 2010 86,00 302,50 55,00 53,07 90,63 27,95 70,00 37,39 14,95Set. 2010 75,00 316,67 55,00 69,06 102,11 24,69 80,00 38,50 17,48Out. 2010 75,00 314,5 55,00 71,63 141,69 23,81 80,00 39,88 18,35Nov. 2010 78,00 320,00 66,20 76,26 123,99 24,05 80,00 44,55 16,60Dez. 2010 78,00 341,67 68,34 87,65 83,76 21,13 80,00 44,86 20,00Jan. 2011 85,00 374,76 69,05 96,40 81,01 20,59 80,00 46,74 31,00Fev. 2011 85,00 450,50 70,80 111,84 77,49 20,07 80,00 45,68 31,64Mar. 2011 84,00 497,45 72,00 127,06 66,80 18,50 80,00 42,75 23,67

    Abr. 2011 74,00 520,00 72,00 123,20 81,93 21,22 80,00 40,89 30,60Fontes: Agrolink (acar, caf, cana-de-aucar, algodo, feijo, milho, soja e sorgo); Seagri (cacau, farinha de mandioca).(1) Preo nacional do acar.

    Cacau (15kg)

    Algodo em pluma (15kg)

    Farinha de mandioca (50kg)

    Caf em gro (60kg)

    Feijo (60kg)

    Soja em gro (60kg)

    Cana-de-aucar (1) (60kg)

    Milho (60kg)

    Sorgo (60kg)

    600

    500

    400

    300

    200

    100

    0

    9080

    7060504030

    2010

    0

    (%)

    abr. 10 maio jun. jul. ago. set. out. nov. dez. jan. fev. mar. abr. 11

    Gfic 1Cta de pe agcla Bahia ab. 2010-ab. 2011

    Fontes: Agrolink (acar, caf, cana-de-aucar, algodo, feijo, milho, soja e sorgo); Seagri (cacau, farinha de mandioca).(1) Preo nacional do acar.

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    extrativa mineral), no primeiro trimestre de 2011, apresentouretrao de 12,1%, comparada ao mesmo perodo de 2010.

    A performance da produo industrial baiana, nos

    primeiros trs meses de 2011, foi influenciada pelosresultados negativos apresentados pelos segmentosde produtos qumicos (-29,0%), seguido por refino depetrleo (-10,0%) e metalurgia bsica (-9,0%). Dentreos segmentos que influenciaram positivamente esseindicador destacaram-se: alimentos e bebidas (9,5%) ecelulose, papel e produtos de papel (6,1%).

    Mesmo com a retrao verificada na produo fsicada indstria no primeiro trimestre de 2011, o nvel deemprego registrou acrscimo na indstria geral de 4,2%

    no perodo, comparando-se com o mesmo perodo de2010, segundo a Pesquisa Industrial Mensal de Empregoe Salrios (2011) do IBGE.

    Dentre os segmentos que influenciaram positivamentepara o resultado do indicador trimestral (janeiro amaro de 2011) do emprego industrial destacaram-sealimentos e bebidas (6,0%), calados e couro (4,0%) eborracha e plstico (11,5%). Em contrapartida, os prin-cipais segmentos que contriburam negativamente nonmero de pessoas ocupadas nesse perodo foram fumo(-46,7%) e produtos qumicos (-5,0%).

    O frgil desempenho da produo industrial baiana podeser confirmado no exame dos dados de suas vendasexternas. O volume exportado (em toneladas) reduziu 15,7%no primeiro quadrimestre de 2011, ao mesmo tempo

    em que os valores das exportaes incrementaram-se5,5%, graas ao comportamento dos preos mdios dosprodutos exportados, que variou positivamente 25,2% noperodo. Os segmentos de produtos qumicos e refino de

    petrleo registraram queda de 40,4% e 31,2%, respecti-vamente, no perodo.

    No entanto, as exportaes baianas no quadrimestreatingiram valores de US$ 2,8 bilhes, com acrscimode 5,5% comparado ao mesmo perodo de 2010. O seudesempenho decorreu principalmente da expanso nossegmentos de papel e celulose (7,7%), metalrgicos(21,3%), automotivo (50,0%) e soja e derivados (53,6%).Juntos, esses setores foram responsveis por 42,0% dasreceitas de exportao no perodo.

    Por outro lado, as importaes registraram acrscimo deapenas 0,3%, com valores de US$ 2,1 bilhes, e a correntede comrcio (exportaes mais importaes) registrouexpanso de 3,2% no perodo considerado.

    A balana comercial da Bahia apresentou supervit deUS$ 716,2 milhes no primeiro quadrimestre ante o supe-rvit de US$ 575,1 milhes no mesmo perodo do anoanterior, de acordo com estatsticas do Ministrio doDesenvolvimento da Indstria e Comrcio divulgadas pelaSEI (BOLETIM DE COMRCIO EXTERIOR DA BAHIA, 2011).

    VENDAS No VAREJo CoNTiNUAMEM RiTMo DE CRESCiMENToPUXADAS PELA MASSA SALARiAL

    O volume de vendas no comrcio varejista baiano regis-trou, no primeiro trimestre de 2011, acrscimo de 7,2%,comparado com igual perodo do ano de 2010. Em relao

    aos segmentos analisados, as maiores contribuies emgrandezas relativas foram oriundas das atividades devendas de mveis e eletrodomsticos (25,7%), artigosfarmacuticos, mdicos, ortopdicos etc. (14,9%), livrose jornais (11,8%), tecidos, vesturio e calados (9,2%) ecombustveis e lubrificantes (6,6%). Dentre os segmentosque registraram queda nos negcios, tm-se equipa-mentos e materiais para escritrio, informtica e comuni-cao (-19,0%), hiper e supermercados, produtos alimen-tcios, bebida e fumo (-2,3%).

    A balana comercial da Bahiaapresentou supervit de US$

    716,2 milhes no primeiro

    quadrimestre ante o supervit

    de US$ 575,1 milhes no

    mesmo perodo do ano anterior

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    O comportamento positivo das vendas varejistas nocomrcio baiano ato reflexo, sobretudo, do aumentodo emprego formal, do rendimento mdio real e docrdito, que conduz ao incremento da massa salarial e

    elevao da propenso ao consumo. Essas evidnciasso constatadas nos dados divulgados pelo CadastroGeral dos Empregados e Desempregados (Caged),do MTE, que indicam que foi gerado, na Bahia, noprimeiro trimestre de 2011, saldo de 17.193 postos detrabalho, representando um acrscimo de 1,1%. Talresultado decorreu principalmente do aumento depostos nos setores de Servios (7.528), Agropecuria(4.466), Construo civil (2.613), Indstria de Transfor-mao (1.790) e outros (796).

    Espacialmente, a Regio Metropolitana de Salvador conta-bilizou, no trimestre, saldo positivo de empregos (4.663postos), representando aumento de 0,56% no estoque deemprego em relao ao perodo anterior, equivalendo a27,12% das vagas celetistas. Entre os municpios que maiscontriburam para as novas oportunidades de trabalho,destacaram-se Lauro de Freitas (2.507), Feira de Santana(2.313) e Camaari (1.775). Cabe salientar que em Laurode Freitas o setor de servios gerou 2.424 postos, e emFeira de Santana e Camaari foi a construo civil quedinamizou o mercado de trabalho com 1.584 e 1.012 novospostos, respectivamente.

    No que tange ao desemprego, os dados levantadospela Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED/SEI), naRegio Metropolitana de Salvador (RMS), apontaram, emcomparao ao ms de fevereiro, crescimento na taxade desemprego total de 1,4 p.p., em maro, para umataxa de 15,7%. Esse resultado decorreu do acrscimono desemprego aberto, passando de 9,6% para 10,0%,e no desemprego oculto, de 4,7% para 5,7%, no mesmo

    perodo. A despeito da expanso apresentada em marode 2011, vale ressaltar que neste ms, em 2010, a taxade desemprego era de 19,9%, indicando reduo de 4,2p.p. no perodo.

    CoNSiDERAES FiNAiS

    No primeiro trimestre de 2011, o Brasil registrou cresci-mento positivo incremento de 4,2% do PIB em relao

    o primeiro trimestre de 2010 , mas que foi acompanhadopor presses inflacionrias por causa, em grande parte,de choques de oferta interna e externa. Para combat--las, as autoridades monetrias Banco Central do Brasil

    (Bacen) e Ministrio da Fazenda (MF) implementaramuma srie de medidas restritivas ao crdito no mbitomacroeconmico, destinadas a impedir um crescimentomaior da taxa de inflao. No entanto, a inflao noperodo de janeiro a abril de 2011 atingiu 3,23% coma elevao geral dos preos, principalmente commodi-ties e servios , chegando a 6,51% no acumulado de 12meses, acima do centro da meta de 4,5%.

    As medidas contracionistas ento adotadas pela equipeeconmica do governo Dilma Rousseff mostraram relativo

    xito, uma vez que a inflao indicou trajetria de quedaentre maro (0,79%) e abril (0,57%). Ao mesmo tempo,observou-se desacelerao no consumo das famlias que passou de 2,3% no quarto trimestre para 0,6% entrejaneiro e maro de 2011. Por outro lado, a formao brutade capital fixo avanou de 0,4% para 1,2% na passagem doltimo trimestre de 2010 para o primeiro de 2011, puxandoa expanso econmica de 1,3%, em relao ao trimestreanterior. No obstante a adoo dessas medidas, o BancoCentral, por meio do Copom, manteve a poltica restritivaao crdito com a elevao da taxa Selic, de 12,0% para12,25%, na reunio de junho.

    A configurao resultante da atividade econmicanesse contexto foi de manuteno do crescimento, comexceo da indstria, favorecida pelo vigor do mercadode trabalho, que se refletiu em taxas de desempregohistoricamente baixas e em substancial crescimentodos salrios reais.

    Na Bahia, o PIB apresentou decrscimo de 0,6% na

    comparao entre o primeiro trimestre de 2011 e o quartotrimestre de 2010, levando em considerao a srie comajuste sazonal, de acordo com estimativas divulgadaspela Superintendncia de Estudos Econmicos e Sociaisda Bahia (SEI) (2011). Na comparao com igual perodode 2010, houve expanso do PIB de 2,5% no primeirotrimestre do ano. No acumulado dos quatro trimestres,finalizados no primeiro trimestre de 2011, o PIB baianoregistrou crescimento de 5,9% em relao aos quatrotrimestres imediatamente anteriores.

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    Os cenrios prospectivos para 2011, tanto para a economiabrasileira como para a economia baiana, nos setores deproduo agrcola, indstria, servios descortinam umdesempenho mais moderado do que o observado em

    2010. Assim, as expectativas da SEI vislumbram umcrescimento do PIB em torno de 4,0% para 2011, tantopara o pas como para a Bahia.

    Considerando-se o desempenho setorial, no caso daagricultura brasileira a previso de safra superior registrada em 2010. As estimativas de safra para cereais,leguminosas e oleaginosas registram acrscimo de 6,0%.

    Tambm na Bahia a expectativa de colher uma produode gros 6,8% superior de 2010. Os resultados do valoragregado para o primeiro trimestre confirmam essas

    expectativas, uma vez que a agropecuria apresentouacrscimo de 7,2%, em relao ao primeiro trimestre de2010 (SUPERINTENDNCIA DE ESTUDOS ECONMICOSE SOCIAIS DA BAHIA, 2011).

    O desempenho do setor industrial na Bahia dever apre-sentar resultado inferior ao observado no ano de 2010,quando registrou taxa significativa de 8,4%. No primeirotrimestre de 2011, segundo dados da SEI, o desempenhoda indstria baiana registrou queda de 0,5%, comparadoao mesmo perodo do ano anterior.

    O setor de servios dever se manter em ritmo equiva-lente ao observado em 2010, patrocinado principalmentepelos investimentos em infraestrutura, sobretudo aquelesdestinados Copa do Mundo de Futebol de 2014. Nocaso especfico do comrcio varejista, esse, mesmocom as medidas restritivas ao crdito, dever ser favo-recido pelo aumento no emprego e da massa salarial.Segundo estimativas da SEI, o setor de servios obteveincremento de 3,4% no primeiro trimestre de 2011. Em

    2010, este setor cresceu 6,9%, e no mesmo perodo(janeiro a maro de 2010), 7,7%.

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    SUPERINTENDNCIA DE ESTUDOS ECONMICOS ESOCIAIS DA BAHIA. Atividade econmica baiana cresce2,5% no primeiro trimestre de 2011. Salvador: SEI, 1tri/2011. Disponvel em: .Acesso em: 03 jun. 2011.

    Cnj. & Planej., Salvadr, n.171, p.6-17, ar./jun. 2011

    ECONOMIAEM DESTAQUECarla d Nascment, Jrge Tadeu Caff, Rsangela Cnce

    http://www.ibge.gov.br/http://www.ibge.gov.br/http://www.sei.ba.gov.br/http://www.sei.ba.gov.br/http://www.ibge.gov.br/http://www.ibge.gov.br/
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    Eva Mara Cella Dal Chavn

    Incluso para desenvlvment

    Uma matriz articulada de programas e investimentos a aposta da atual

    gesto do governo do estado para fazer a Bahia avanar com melhoriasocial. Em entrevista concedida revista Conjuntura & Planejamento,

    a secretria estadual da Casa Civil, Eva Maria Cella Dal Chiavon,

    destrinchou os projetos em andamento e as estratgias para consolidar

    um projeto de governo que compatibiliza o desenvolvimento econmico,

    numa rota de expanso e modernizao das atividades produtivas,

    com um aprofundamento das melhorias sociais e econmicas voltadas

    para a incluso socioprodutiva e armao de direitos, sobretudo juntos populaes mais carentes e, historicamente, destitudas de direitos

    e garantias cidads, armou a chefe da Casa Civil. Nesta entrevista,

    Chiavon mantm o tom rme ao apresentar um panorama dessas aes,

    citando o andamento das obras do PAC, os programas Vida Melhor,

    Pacto pela Vida e as aes de combate pobreza.

    Cnj. & Planej., Salvadr, n.171, p.18-25, ar./jun. 2011

    ENTREVISTA

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    de Parceria Pblico-Privada (PPP),uma das primeiras do pas na rea desaneamento, e vai beneficiar, numaprimeira fase, mais de 1,9 milho dehabitantes da capital e do municpiode Lauro de Freitas. Na poltica habi-tacional, os nmeros nos enchemde entusiasmo, superando nossasexpectativas iniciais: desde 2007 atdezembro de 2010, foram aproxima-damente 145 mil novas moradiasconcludas, em execuo ou contra-

    tadas pelo Programa Minha CasaMinha Vida e programas estaduaisde moradia destinados oferta deunidades habitacionais de interessesocial. Neste aspecto, destacamosque a Bahia foi, dentre os estadosbrasileiros, aquele que mais contratou

    junto ao Minha Casa Minha Vida aconstruo de unidades habitacio-nais destinadas s famlias com renda

    avanaram na Bahia, a exemplo daVia Expressa Baa de Todos os Santos,que permitir o transporte seguroe rpido de cargas entre o Portode Salvador e a BR-324, e da FIOL(Ferrovia de Integrao OesteLeste),que possibilitar a criao de novoseixos de integrao logstica entrea Bahia e o restante do pas, almda integrao com a dinmica dofluxo de intercmbio e comrcio doMercosul. Contribui, tambm para

    modernizar a infraestrutura do nossoestado, ampliando o potencial compe-titivo da economia baiana. Cabedestacar a principal obra de sane-amento bsico dos ltimos 25 anosem Salvador, o Sistema de Dispo-sio Ocenica Jaguaribe (SDO), naBoca do Rio. Com investimento daordem de R$ 259 milhes, o SDOJaguaribe foi construdo por meio

    C&P Esto sob a coordenao

    da Casa Civil os programas e asobras do PAC. Qual a situao

    geral dessas obras?Eva Mara Chavn O governo doestado, exercitando um pensar estra-tgico sobre os rumos do processode desenvolvimento que se quer paraa Bahia, buscou reorientar a aode planejamento governamental nadireo de um modelo de desenvol-vimento que conjugasse a promoo

    do crescimento econmico com areduo das desigualdades sociaisque se acumularam no estado aolongo de dcadas. Uma estratgiaque persiga o desenvolvimento, viaincluso de parcelas amplas da popu-lao baiana ao mercado de consumoe emancipao cidad. Assim, vriosinvestimentos no bojo do Programade Acelerao do Crescimento (PAC)

    Cnj. & Planej., Salvadr, n.171, p.18-25, ar./jun. 2011

    ENTREVISTAEva Mara Cella Dal Chavn

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    entre zero e trs salrios mnimos,extrato da populao que concentragrande parte do dficit habitacionalna Bahia e no Brasil. Foram aproxima-

    damente 76 mil novas moradias paraas unidades familiares nesse patamarde rendimento, distribudos espacial-mente entre 72 municpios baianos.Os recursos totais projetados para aBahia, para os prximos anos, pormeio do PAC, esto estimados emR$ 70,7 bilhes, tendo como eixo prin-cipal os investimentos na ampliaoda infraestrutura (logstica, energ-tica, social e urbana), distribudos

    espacialmente em todo o estado.Deste total, a includas as aesdo PAC Copa, R$ 3,96 bilhes estosob responsabilidade de execuodo governo da Bahia. Com relaoaos investimentos a serem alocadospelo PAC 2, estes ainda esto sendoplanejados e quantificados, uma vezque algumas etapas precisam sercumpridas, como a da apresentaodos pleitos para o estado, seleo ehierarquizao de projetos, dentrode um olhar estratgico e crono-grama definido. J se encontramselecionados R$ 1,4 bilho, para apli-cao em diversas reas como habi-tao, saneamento ambiental, queenvolve resduos slidos, drenagem,encostas, sendo R$ 585 milhes deexecuo do governo do Estado.

    C&P O governo acaba de lanaro programa de incluso produtiva

    Vida Melhor. Quais so os obje-

    tivos desse programa? Trata-se de

    uma estratgia de emancipao

    das famlias beneficiadas pelos

    programas de transferncia de

    renda do governo federal?EMC Estamos realizando impor-tantes transformaes sociais, num

    estado historicamente marcado pordesigualdades extremas. No perodode 2006 a 2009, a Bahia reduziuem 10,6% os ndices de pobreza,

    acima da mdia nacional, que foide 7,0%. Neste mesmo perodo, 1,3milho de baianos ascenderam sclasses A, B e C. Desta forma, aforte parceria que firmamos com ogoverno federal, alm de favorecera reduo dos ndices de exclusosocial na Bahia, tem contribudosobremaneira para a formaode um mercado de consumo demassas capaz de sustentar de forma

    endgena o processo de desen-volvimento sobretudo junto aossegmentos vinculados s cadeiasprodutivas que articulam as redesurbanas de pequenas e mdiascidades do territrio baiano no inte-gradas s chamadas economias deaglomerao, ou seja, a economiasolidria e de urbanizao vinculada oferta e comercializao de bens eservios de consumo popular. Agora,nos defrontamos com o desafio deaprofundar e avanar nas conquistassociais obtidas no primeiro mandato. neste contexto que se insere oprograma de incluso produtivaVida Melhor, que o governo JacquesWagner acaba de lanar, e que temcomo propsito a execuo de umconjunto articulado de medidas quepossibilitem incluir produtivamente,

    de forma sustentvel e digna, o maiornmero de cidados baianos emsituao de pobreza e com poten-cial para o trabalho. Trata-se de umprograma de emancipao econ-mica de carter complementar svrias aes sociais j em execuo.Portanto, temos uma combinaopotencial para a emancipao doindivduo, com incluso produtiva e

    transferncia de renda, garantindomecanismos de produo, distri-buio e comercializao, e dispo-nibilidade de renda canalizada parao consumo dos bens e serviosofertados. A agricultura familiarser um dos principais pilares doprograma, tendo como diretriz estra-tgica o fortalecimento das cadeias

    produtivas vinculadas produode alimentos. Neste aspecto cabedestacar que a produo familiarresponde por mais de 60% dosalimentos consumidos pelas famliasbrasileiras. Outro foco do programaest no fomento s atividades novinculadas produo agrcola,que cada vez mais vm se estru-turando nas redes de cidades da

    Programa deincluso produtivaVida Melhor, que

    o governo JacquesWagner acaba delanar, [...] temcomo propsitoa execuo de umconjunto articuladode medidas quepossibilitem incluir

    produtivamente,de forma sustentvele digna, o maiornmero de cidadosbaianos em situaode pobreza e compotencial para

    o trabalho

    Cnj. & Planej., Salvadr, n.171, p.18-25, ar./jun. 2011

    inclus para desenvlvmentENTREVISTA

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    Bahia. Nesta direo, sublinhamosas aes voltadas para o fortaleci-mento do pequeno empreendedorindividual e familiar vinculados

    economia solidria e popular, pelopotencial que possuem na geraode oportunidades de trabalho erenda, sobretudo por se tratar deatividades intensivas em mo deobra. Essas iniciativas envolvemestmulo ao empreendedorismo,capacitao gerencial, qualificaopara o trabalho, assistncia tcnica,creditcia e apoio comercializao,fomento ao associativismo e coope-

    rativismo, infraestrutura para aproduo e mobilizaro vrias secre-tarias estaduais, atuando de formatransversal e coordenada, almde outros parceiros e instituiespblicas e privadas. Esse conjunto

    de aes estratgicas propiciarque a Bahia continue caminhandoclere na direo do aprofunda-mento das conquistas e transfor-

    maes socioeconmicas.

    C&P Em um perodo de contin-genciamento de gastos, como o

    governo alocar recursos para o

    programa? H estratgias com

    as fontes oficiais de financia-

    mentos para obteno de recursos

    no reembolsveis destinados a

    projetos de incluso produtiva?EMC Construmos o programa

    por meio de um trabalho cuidadosode planejamento, articulando todasas secretarias e demais rgos queestaro envolvidos com a sua imple-mentao. Estamos executando umprograma concebido de forma trans-versal e sinrgica por meio de umaampla rede de parceiros que nospermitiro otimizar o uso dos recursosalocados, j que no padeceremosde problemas relacionados ao custode incrementalismo, que envolve olanamento de novas aes governa-mentais, que se traduz em replicaode esforos e sombreamento. O outrofator importante que cada rgo vaiatuar dentro da sua expertise. Quantoao financiamento, estamos negociandocom o BNDES, BNB, BB, Fundao BBe com diversos ministrios e outrasinstituies para garantir a proviso de

    recursos necessrios para o programa.

    C&P Alm do programa de

    incluso produtiva, o governo estar

    lanando outros dois programas Pacto pela Vida (na rea de segu-rana pblica) e o Programa de

    Combate Extrema Misria. Como

    estes dois programas se relacionam

    com o Vida Melhor?

    EMC O Pacto pela Vida, anunciadopelo governador Jacques Wagner,tem como objetivo reduzir de maneiraimportante os ndices de violncia no

    estado. Ele uma convocao paraos outros poderes e tambm paraamplos setores da sociedade civil igrejas, sindicatos, lideranas debairros , para debater a problem-tica da violncia, questo que aflige,em menor ou maior grau, a todasas sociedades contemporneas. Asaes envolvem desde a rea de segu-rana propriamente dita, at as ativi-dades voltadas para o acesso a bens,

    servios e equipamentos pblicosdestinados incluso social e cidad,para que possamos fazer uma Bahiade paz e solidariedade e com maissegurana para todos os baianos.J tivemos duas iniciativas impor-tantes neste setor, com a criaodo Departamento de Homicdios eProteo Pessoa (DHPP) e a insta-lao da Unidade de Polcia Pacifica-dora (UPP) no Calabar (e em breveno Nordeste de Amaralina), alm daoferta de servios pblicos nos bairrosocupados, como o SAC Mvel, Sadeem Movimento, entre outros servios.Ora, em um ambiente pacificado, emque as pessoas tenham assegurado odireito de ir e vir com segurana, almde outras garantias cidads, mediantea oferta de servios pelo Estado, acomunidade se sente mais encora-

    jada a buscar melhores oportuni-dades de educao, sade, empregoe lazer. Assim, com as oportunidadesque devemos gerar com a inclusoprodutiva, as pessoas deixaro de serrefns do crime e podero se inserirno mercado de trabalho de formadigna. No que diz respeito ao combate extrema pobreza, entendemos que opilar dessa luta garantir a cidadania

    Em um ambientepacicado, em que

    as pessoas tenhamassegurado o direitode ir e vir comsegurana, almde outras garantiascidads, mediantea oferta de serviospelo Estado,a comunidadese sente maisencorajadaa buscar melhoresoportunidades deeducao, sade,emprego e lazer

    Cnj. & Planej., Salvadr, n.171, p.18-25, ar./jun. 2011

    ENTREVISTAEva Mara Cella Dal Chavn

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    plena a quem se encontra nestasituao, seja no campo ou na cidade.Ou seja, precisamos saber quemso, onde esto e depois garantir a

    estas pessoas o direito ao acesso abens e servios pblicos. Ao mesmotempo desenvolver aes nas reasde qualificao profissional, capaci-tao produtiva, fomento economiasolidria, microcrdito, como formade gerar ocupao e renda.

    C&P Como articular esses

    programas com o Programa

    Nacional de Acesso Escola

    Tcnica (Pronatec), do governofederal, que tem no seu pblico--alvo as famlias cadastradas noBolsa Famlia?EMC Um dos grandes objetivos doPronatec ampliar e democratizar aoferta de cursos de Educao Profis-sional e Tcnica e de nvel mdio darede federal e estadual. So aesque incluem ampliao de vagasna rede de educao profissional,oferta de bolsas-formao, expansoda modalidade de ensino distncia,alm de fomento ampliao da redefsica de atendimento dos ServiosNacionais de Aprendizagem. Temcomo pblico beneficirio estudantese egressos do ensino mdio da redepblica, inclusive do programa deeducao de jovens e adultos; traba-lhadores e populaes beneficirias

    dos programas federais de transfe-rncia da renda. Um dos objetivosdo Pronatec exatamente a qualifi-cao profissional dos beneficiriosdo Programa Bolsa Famlia. Portantoso aes que se somam e se comple-mentam para que possamos criar ascondies bsicas para despertar ashabilidades, vocaes e aptides dosbaianos em todo o seu territrio. Ou

    seja, s vem a somar com as polticasque o governo estadual vem reali-zando por meio do Programa VidaMelhor e do Programa de Combate Extrema Misria. Desta forma, pormeio de alinhamento e slida parceriacom o governo federal, iremos iden-tificar os cursos a serem oferecidos,considerando a oferta e a demandade mo de obra no nosso estado.Com este fim, elaboramos um mapade oportunidades que nos permitiu

    identificar nichos de negcios paraa produo e oferta de produtos eservios de empreendimentos daeconomia popular. Alm destes,novas oportunidades de trabalhonas reas de influncia dos grandesprojetos de infraestrutura e equipa-mentos voltados para o fortaleci-mento das potencialidades econ-micas da Bahia e negcios atrelados

    Copa do Mundo. Estamos atentospara evitar a sobreposio e o parale-lismo de aes. Canalizaremos todosos esforos para ampliarmos a capa-

    cidade de atendimento do governo,com o propsito de potencializarmosos resultados dos programas, nombito do territrio baiano. Cabeainda destacar que estamos emfase final de formatao do programaBom Trabalho, que cuidar especifi-camente da qualificao dos traba-lhadores e da intermediao de mode obra tanto para o mercado formal,por meio do SineBahia, quanto para

    trabalhadores autnomos, por meiodo Programa de Apoio ao TrabalhadorAutnomo (Patra).

    C&P Existe uma expectativa

    bastante favorvel com relao

    aos novos investimentos privados

    que esto sendo implantados ouem fase de negociao com o

    governo estadual. Como estes

    investimentos e aqueles relacio-nados ao PAC podem contribuir

    com o programa Vida Melhor?EMC O nosso governo criou umambiente jurdico-institucional comregras claras e estveis para atrairinvestimentos privados em todo o terri-trio baiano, tendo como premissa adesconcentrao espacial das ativi-dades produtivas em nosso estado.Ao mesmo tempo, ampliou os inves-

    timentos pblicos em infraestruturasocial para dinamizar a economia,principalmente as atividades inten-sivas em trabalho. Preocupado emfomentar os pequenos negcios, ogoverno estadual sancionou lei queregulamenta tratamento diferen-ciado s micro e pequenas empresas,permitindo a realizao de processolicitatrio destinado exclusivamente

    Estamos em fasenal de formataodo programa

    Bom Trabalho,que cuidarespecicamenteda qualicaodos trabalhadorese da intermediaode mo de obratanto para

    o mercado formal,por meio doSineBahia, quantopara trabalhadoresautnomos, pormeio do Patra

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    aos pequenos negcios nas contra-taes governamentais e a possibili-dade de exigncia de subcontrataodestas empresas. Em paralelo, viabi-

    lizou investimentos estruturantes, jem execuo ou em fase de contra-tao, que fortalecero sobremaneirao potencial competitivo da economiabaiana, criando um ambiente maisfavorvel realizao de negciosque tm estimulado a expanso ediversificao de investimentosprodutivos em nosso estado. Desta-camos os investimentos destinadosao fortalecimento da infraestrutura

    logstica, via integrao multimodaldos meios de transporte rodovias,ferrovias, portos, aeroportos e hidro-vias , j em curso, que em muitocontribuiro para que a Bahia marcheclere na direo da diversificao emodernizao de sua matriz produ-tiva, garantindo a sustentabilidade dociclo de desenvolvimento j iniciadoem todo o seu territrio, reduzindoas disparidades regionais. Podemoscitar algumas importantes obras doPAC no estado da Bahia, algumas

    j concludas, dentre elas a pontesobre o Rio So Francisco (trechoCarinhanhaMalhada), dragagem dosportos de Salvador e Aratu, alm daconcesso da BR-324 e BR-116. Emandamento, a Ferrovia de IntegraoOesteLeste e o Porto-Sul, a dupli-cao da BR-101, trecho na divisa

    entre Sergipe e Bahia. Sublinhamosainda a garantia de recursos, peloPAC 2, para duplicao das BR-101,em Eunpolis, e BR-415, no trechoIlhusItabuna. Essas intervenesestabeleceram um cenrio mais favo-rvel ao processo de desenvolvimentoeconmico, que potencializar asaes de Incluso Produtiva a seremimplementadas. Os investimentos

    do PAC tm contribudo para esti-mular segmentos importantes damatriz produtiva baiana, em que sedestaca a cadeia da construo civil,

    que muito tem contribudo para agerao de novos postos de trabalho,seja na indstria da construo, sejaem outros setores inter-relacionados,impactados pelos investimentosgovernamentais. Estes se somampara criar um ciclo virtuoso de cresci-mento e prosperidade, possibilitandoa insero de expressivas parcelas dapopulao no sistema de produo,circulao e consumo das riquezas

    em todas as regies do nosso estado.

    C&P O governo do estado

    adotou um contingenciamento

    de recursos da ordem de R$ 1,1

    bilho. Diante das carncias

    sociais da Bahia, os programas

    voltados para esse segmento dapopulao sero afetados?EMC No. Na verdade esse contin-genciamento foi apenas uma medida

    acautelatria adotada de maneiraprudente e responsvel pelo governo,em face a um cenrio de recrudes-cimento do processo inflacionrio

    no Brasil e um ambiente interna-cional de instabilidade, em razo dacrise fiscal dos EUA e pases da zonado Euro. Contudo essa cautela foiapenas para novos investimentos,no afetando em nada os projetose os programas e obras j em anda-mento. Os recursos, sobretudo paraas polticas e programas sociaisdestinados aos mais necessitados,no foram afetados. O social conti-

    nuou e continuar como prioridadedo nosso governo.

    C&P O governo federal lanourecentemente o programa Brasilsem Misria, que pretende atingir

    8,6% da populao brasileira com

    renda per capita de at R$ 70,00. A

    Bahia detm o maior contingente

    nessa situao, com 2,4 milhesde pessoas. Estamos preparadospara esse desafio de erradicar a

    misria extrema at 2014?EMC O estado da Bahia caminharalinhado com o governo federal, afim de focar seus esforos no apoios aes formatadas no programaBrasil sem Misria, o qual ter trsdiretrizes: transferncia de renda,acesso a bens e servios pblicose incluso produtiva. O objetivo de

    elevar a renda per capita das famliasem condies de extrema pobreza uma diretriz encampada pelo governofederal, mas que requer uma articu-lao com as outras duas diretrizes,com as quais o governo da Bahia seenvolver diretamente. Elas j vmsendo foco de atuao do governoJaques Wagner, e sero aperfeio-adas e ampliadas na segunda gesto.

    O estado da Bahiacaminhar alinhadocom o governofederal, a m defocar seus esforosno apoio s aesformatadas noprograma Brasilsem Misria, o qualter trs diretrizes:transferncia derenda, acesso a bense servios pblicose incluso produtiva

    Cnj. & Planej., Salvadr, n.171, p.18-25, ar./jun. 2011

    ENTREVISTAEva Mara Cella Dal Chavn

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    Tm como foco garantir acesso aosbens e servios pblicos de quali-dade, incluindo aqui aes de afir-mao de direitos e emancipao

    cidad. Estas so metas que seroperseguidas incansavelmente pelonosso governo nos prximos quatroanos. Com este propsito, contri-buindo diretamente com o objetivoda erradicao da pobreza extrema,fortaleceremos os Centros de Refe-rncia da Assistncia Social (CRAS),o que significa robustecer a rede deproteo social para aqueles que maisnecessitam. Destacamos ainda as

    polticas pblicas voltadas garantiade acesso a bens e servios bsicos,tais como gua, energia, habitao,sade e educao, com nfase naformao para o trabalho. O conjuntodestas aes e iniciativas nos permi-tir reduzir a chaga social da pobrezaextrema, que secularmente marcoua realidade da Bahia.

    C&P Sabemos que o cresci-

    mento econmico no significa

    necessariamente um processo de

    distribuio de renda ou de mobi-

    lidade social, porm nos ltimosoito anos houve um avano consi-

    dervel na reduo da pobreza no

    Brasil e na Bahia.EMC Aprendemos com os ensina-mentos legados pelo ilustre brasi-leiro Celso Furtado, que crescimento

    e desenvolvimento so conceitosdistintos. O conceito de crescimentoenvolve uma apreciao exclusiva doprocesso de expanso da produo deriqueza, medida pelo PIB, num deter-minado estado ou regio. No consi-dera aspectos relacionados apro-priao desta riqueza pelo conjuntoda sociedade, que vo se refletir nos

    indicadores socioeconmicos quetraduzem as condies de vida deamplas parcelas da populao. J oconceito de desenvolvimento pres-

    supe um processo de transformaodas estruturas produtivas de cartermais amplo e sua realizao consideraaspectos como reduo do nvel depobreza, desemprego e desigualdade,possibilitando a melhoria das condi-es de vida da populao. Assim, aBahia experimentou, historicamente,um processo de expanso e moder-nizao de sua estrutura produtiva,mantendo ndices alarmantes de

    concentrao da renda e da riqueza.A ideia de que preciso crescer o bolopara depois reparti-lo foi superada pelasociedade brasileira a partir da eleiodo presidente Lula. Crescer repartindoo bolo foi o compromisso assumidopelo governo Jaques Wagner para como povo baiano, garantido oportunidadepara todos. Os nmeros que obti-vemos nos primeiros quatro anos degoverno nos enchem de esperana deque caminhamos na direo correta.Conforme j assinalado por meio davigorosa rede de proteo social queestruturamos no estado, 1,3 milho debaianos ascenderam s classes A, B C.Alm disso, a Bahia apresentou signifi-cativa reduo nos ndices de pobreza,10,6%, acima da mdia nacional, quefoi de 7,0%, no perodo de 2006 a 2009.Creditamos tais nmeros s polticas

    pblicas implementadas pelo governoda Bahia, em parceria como o governofederal, que tem contribudo para anova dinmica de mobilidade socialna Bahia. Outro caminho de reduoda misria est no acesso moradia.Neste aspecto destacamos a contra-tao de 145 mil novas unidades habi-tacionais. Ressalto as operaes de

    financiamento imobilirio destinadass famlias com renda entre zero atrs salrios mnimos. Neste extratode renda a Bahia foi campe nacional,

    permitindo que essas famlias tenhamacesso s condies de moradiadigna e cidadania. Destaco ainda afala da presidenta Dilma, que assumiucomo meta central do seu governo ocombate misria extrema, traduzidana mensagem dirigida a todos os brasi-leiros: pas rico pas sem misria.

    C&P Quais as polticas que esto

    sendo implementadas para que a

    Bahia continue com uma trajetriade crescimento mdio de 5% nosprximos anos e promovendo a

    incluso social?EMC A matriz articulada deprogramas e os investimentos gover-namentais por ns apresentados,dentro de uma viso estratgica esistmica, nos do a segurana deque estamos caminhando na direocorreta. Ou seja, consolidando umprojeto de governo que compatibi-lize o desenvolvimento econmico,mantendo a Bahia numa rota de

    Destaco a falada presidenta Dilma,que assumiu comometa central do seu

    governo o combate misria extrema,traduzida namensagem dirigidaa todos os brasileiros:pas rico passem misria

    Cnj. & Planej., Salvadr, n.171, p.18-25, ar./jun. 2011

    inclus para desenvlvmentENTREVISTA

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    expanso e modernizao de suasatividades produtivas, com um apro-fundamento das melhorias sociais eeconmicas voltadas para a incluso

    socioprodutiva e afirmao dedireitos, sobretudo com as popula-es mais carentes e, historicamente,destitudas de direitos e garantiascidads. Quando buscamos incluirpessoas no mundo do trabalho, deforma digna e sustentvel, cadafamlia includa vai comprar maisfeijo, vai reformar a casa, enfim, vaiconsumir mais produtos e servios.Dessa forma promove-se um ciclo

    virtuoso que capaz de se autossus-tentar. Vale lembrar que esta pers-pectiva comeou com a poltica detransferncia de renda do governoLula, e na Bahia com a determinaodo governador Jaques Wagner emdescentralizar a economia baiana e osinvestimentos do Estado, permitindoque a Bahia cresa com oportuni-dades para todos os baianos.

    C&P Quais so as grandes

    prioridades do governo para os

    prximos quatro anos?EMC As prioridades recaem sobrea continuidade dos investimentos emaes estratgicas, estruturadorasde um modelo de desenvolvimentoequnime em toda a Bahia, reduzindoas fortes disparidades estruturais eregionais do estado. Neste escopo

    de projetos, sublinhamos a FIOL e oPorto-Sul. Com base nessa diretriz,atuaremos em vrias frentes, como propsito de garantir infraestru-tura logstica, hdrica, habitacional,turstica e urbana, com nfase namobilidade para a Regio Metropoli-tana de Salvador. Sublinhe-se ainda a

    janela de oportunidades geradas pelaCopa do Mundo de 2014, no fomentoaos pequenos, mdios e grandesnegcios em vrios ramos de ativi-

    dades. Neste aspecto o governo j temassegurado recursos do PAC Copapara prover investimentos em infra-estrutura e equipamentos urbanos afim de preparar nossa capital para arealizao exitosa deste importanteevento desportivo. Destacamos aconstruo da nova Arena da FonteNova, dentre vrios investimentos aserem realizados em Salvador. Outroeixo de ao envolve a execuo de

    um conjunto de polticas pblicasvoltadas para a incluso sociopro-dutiva e afirmao de direitos. Nestadireo, antes com o presidente Lulae, agora, com a presidenta Dilma,seguiremos investindo na inclusoprodutiva para o combate pobreza,com o objetivo de alavancar e agregarvalor aos produtos de cadeias estrat-gicas, gerando renda para as famlias,bem como possibilitar iniciativas deemprego e renda no campo e na reaurbana. Fortaleceremos as aes deformao para o trabalho de jovense adultos, o empreendedor indivi-dual e os empreendimentos solid-rios. Alm disso, no perodo 2011-2014, devemos dar continuidade melhoria e ampliao da rede deservios sociais bsicos nas reasde sade, educao e assistncia

    social em todo o territrio. Por fim,destacamos as aes de melhoriada gesto pblica, consolidando ummodelo de administrao baseado nodilogo e transparncia entre governoe movimentos sociais organizados,com foco numa melhor entrega deservios aos cidados. Outra iniciativa

    caminha na direo de uma aode monitoramento e avaliao dosresultados das polticas governa-mentais, mediante a utilizao deindicadores de desempenho, com opropsito de melhorar a eficcia daspolticas pblicas. Fundamentamosnossas convices inspirados no

    pensamento de Celso Furtado, cujaviso conflua para o entendimentodo papel central a ser desempenhadopelo Estado, como elemento fomen-tador, aglutinador e mobilizador dasvontades individuais e coletivas, naconstruo de um futuro melhor paratodos os baianos e baianas.

    Fundamentamosnossas convicesinspirados

    no pensamentode Celso Furtado,cuja viso conuapara o entendimentodo papel centrala ser desempenhadopelo Estado,como elemento

    fomentador,aglutinadore mobilizador dasvontades individuaise coletivas, naconstruo deum futuro melhor

    para todos osbaianos e baianas

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    ENTREVISTAEva Mara Cella Dal Chavn

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    Agrcultura famlar e dstru de terra na baha: que revelam s dads d CensAgrpecur de 2006?

    ARTIGOS

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    Agricultura familiare distribuiode terra na Bahia: que revelams dads d CensAgrpecurde 2006?

    FuipassearnaroaencontreiMadalenasentadanuMapedracoMendoFarinhasecaolhandoaproduoagrcolaeapecuria

    MadalenachoravasuaMeconsolavadizendoassiMpobrenoteMvalorpobresoFredor

    e queMajuda senhordo bonFiMIsIdoro

    Jrge Tadeu Dantas Caff*

    Agricultura familiar e poltica agrria so termos que

    deveriam manter simetria. Inclusive o modelo de organi-zao da produo agrcola com base no trabalho familiar preconizado para os assentamentos de reforma agrriacomo o mais adequado realidade socioeconmica dosbeneficirios. No entanto, por longe passa a perspectivada poltica agrria suprir a demanda de terras dos agri-cultores familiares, detentores de minifndios ou mesmosem terras por meio da desapropriao de latifndios

    improdutivos. Isso certamente no uma impossibili-dade econmica (princpio da escassez), mas parece seruma dificuldade institucional que tambm poltica, a

    despeito das alianas da maioria das representaes dosagricultores com o estado.

    * Especalsta em Planejament Agrcla. Ecnmsta pela Unversdade Federal da baha(UFbA). Analsta tcnc da Seplan/SEi. [email protected]

    Cnj. & Planej., Salvadr, n.171, p.26-33, ar./jun. 2011

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    mailto:[email protected]:[email protected]
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    Deste modo, o mercado concentrado (ou monopolizado)de terras, operado sob o domnio de grandes extenses,modela e organiza seu acesso. Dentro dessa estrutura impe-rante no mercado, a alocao da maior poro de terras na

    agricultura familiar decorre da compra de particulares e dapartilha por herana do patrimnio familiar, fazendo comque o valor de troca se imponha ao valor de uso, alm depromover a fragmentao das pequenas propriedades. Amaioria dos agricultores familiares formada de pequenosproprietrios, com rea equivalente a at quatro mdulosfiscais1, e de agricultores com domnio precrio da terra,envolvendo assentados sem titulao definitiva, arrendat-rios, parceiros, ocupantes, produtores sem rea, que so asminorias numricas e sociais dentro do segmento familiar.

    De maneira geral, a restrio fundiria um fator queobstaculiza a reproduo social da unidade produtivafamiliar, que, para se manter e se reproduzir, lana mode outros mecanismos para obteno de rendimentos,como recursos de aposentadorias ou penses, receitasprovenientes de programas especiais do governo, salriosrecebidos fora da unidade familiar, doaes ou ajudasvoluntrias de parentes e amigos.

    Entretanto, no obstante a importncia desses mecanismoscoadjuvantes dos rendimentos agrcolas, a agriculturafamiliar ainda se sustenta, principalmente, da receita prove-niente das atividades agropecurias, sejam de produtosvegetais, sejam de produtos animais ou da agroindstria.Portanto, pode-se afirmar que a premissa principal aquelaque profere ser a terra o sustentculo do trabalho e o lastroeconmico da agricultura familiar. Logo, a hiptese bsicadeste artigo que a poltica agrria, enquanto instrumentodistribuidor de fundamental meio de produo, continuasendo uma questo no resolvida para a agricultura familiar.

    Antes de desenvolver o argumento central deste artigo,com base em dados selecionados do Censo Agropecu-rio/IBGE, necessrio registrar alguns conceitos consa-grados de campons e/ou agricultor familiar, de modo aevitar controvrsias em relao aos termos no desenvol-vimento deste texto, j que no propsito envolver-senesse tipo de contencioso terico.

    1 Os mdulos rurais e fiscais so qualificados por meio de hectares, variandode acordo com as diversas regies do pas.

    Neste sentido, Marques (2008, p. 58) afirma que o uso do

    [...] conceito de campons permite apreender a comple-

    xidade do sujeito histrico que designa, diferentemente

    do que ocorre com outros conceitos como os de pequena

    produo e agricultura familiar, pois enquanto o campo

    brasileiro tiver a marca da extrema desigualdade social

    e a figura do latifndio se mantiver no centro do poder

    poltico e econmico - esteja ele associado ou no ao

    capital industrial e financeiro -, o campesinato permanece

    como conceito-chave para decifrar os processos sociais e

    polticos que ocorrem neste espao e suas contradies.

    Contrariamente, Abromovay (apud MARQUES, 2008, p. 62)afirma que o conceito de

    [...] agricultor familiar corresponde a uma profisso,

    diferentemente do campons, que constitui um modo

    de vida. Enquanto o campons tem como caracterstica

    bsica a integrao parcial a mercados incompletos, o

    agricultor familiar representa um tipo de produo total-

    mente integrada ao mercado, sem apresentar qualquercontradio em relao ao desenvolvimento capitalista.

    Adotando o conceito legal (BRASIL, 2006) de agricultorfamiliar, o Censo Agropecurio 2006, do IBGE, o definiucomo aquele que pratica atividades no meio rural, aten-dendo, concomitantemente, aos seguintes critrios:

    I. no detenha rea maior do que quatro (4) mdulosfiscais;

    A poltica agrria, enquanto

    instrumento distribuidorde fundamental meio de

    produo, continua sendo uma

    questo no resolvida para a

    agricultura familiar.

    Cnj. & Planej., Salvadr, n.171, p.26-33, ar./jun. 2011

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    II. utiliza predominantemente mo de obra daprpria famlia nas atividades econmicas do seuempreendimento;

    III. apresenta renda familiar principalmente originada

    de atividades econmicas vinculadas ao prprioempreendimento;IV. administra seu empreendimento com sua famlia.

    Tambm se incluem na categoria agricultura familiar ossilvicultores, aquicultores, extrativistas e pescadores quese enquadrem ao mesmo tempo nos requisitos contidosnos incisos I, II, III e IV precedentes.

    Ao abraar a conceituao legal usada pelo IBGE em suapesquisa censitria sobre agricultura familiar no pas2,

    este artigo consequentemente emoldura suas infern-cias s revelaes permitidas pelos dados estatsticosdo Censo Agropecurio para a Bahia, expostos em umconjunto de tabelas que municia a anlise e a argumen-tao da hiptese bsica, anteriormente enunciada.

    AGRiCULTURA FAMiLiAR SobA LENTE FUNDiRiA

    A agricultura familiar na Bahia portadora de caracters-ticas decorrentes de uma estrutura fundiria altamenteconcentrada e ligada a situaes de pobrezas regionaisque no podem ser ignoradas. Nesse sentido, a economiasubnacional e suas regies internas integram-se aoprocesso de acumulao de capital de mbito nacional,que incorpora esses espaos no processo, em termos demercado e de produo, dentro da tendncia de expansodo capitalismo brasileiro.

    Deste modo, no que se refere concentrao de terra

    na Bahia, os dados da Tabela 1 mostram que 87,4% dosestabelecimentos da agricultura familiar se apropriamde 34,1% das reas, enquanto apenas 12,6% dos esta-belecimentos no familiares dominam 65,9% das terras,

    2 At ento, o que havia para dar visibilidade ao universo da agricultura fa-miliar era o dimensionamento do pblico potencial do Pronaf e do pbli-co potencial beneficirio rural da previdncia social, e o estudo realizadopor uma equipe de pesquisadores vinculados ao projeto FAO/INCRA, combase nas estatsticas oficiais do Censo de 1995/96 (FRANA; DEL GROSSI;MARQUES, 2009).

    equivalendo a mais de 19 milhes de hectares. Constata--se dessa forma a existncia de umgap, em termos derea mdia, entre estabelecimentos familiares e no fami-liares, pois enquanto estes apresentam um valor em tornode apenas 15 hectares, aqueles ostentam 200 hectares.

    Os dados contidos na Tabela 2, por sua vez, demons-traram que a maior parte das terras rurais na Bahia, napassagem de 1995 para 2006, continuou concentrada nos

    A agricultura familiar na Bahia

    portadora de caractersticas

    decorrentes de uma estruturafundiria altamente concentrada

    e ligada a situaes de pobrezas

    regionais

    Tabela 1Nme e ea d etabeleciment agpeci,ttal, agiclta familia e n familiaBahia 2006

    Tpo deestabelecmento

    Nmero deestabelecmentos

    (un.)(%)

    rea dosestabelecmentos

    (ha)(%)

    Total 761.528 100,0 29.180.559 100,0Agriculturafamiliar 665.831 87,4 9.955.563 34,1No familiar 95.697 12,6 19.224.996 65,9

    Fonte: IBGE Censo Agropecurio, 2006.

    Tabela 2ea d etabeleciment agpeci p

    gp de ea ttal Bahia 1995/2006

    Grupos de rea total

    rea dosestabelecmentos

    agropecuros (ha)(%)

    1995 2006 1995 2006

    Total 29.842.901 29.180.559 100,0 100,0Menos de 10 ha 1.373.887 1.369.883 4,6 4,710 a menos de 100 ha 7.534.252 7.802.582 25,3 26,7100 a menos de 1000 ha 10.627.611 9.617.562 35,6 33,01000 ha e mais 10.307.151 10.390.532 34,5 35,6

    Fonte: IBGE Censo Agropecurio, 2006.

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    ARTIGOSJrge Tadeu Dantas Caff

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    estabelecimentos de mais de 100 hectares (68,6%). E omais dramtico dessa situao fundiria foi expansode latifndios (1.000 ha e mais), os quais, representandoapenas 0,5% do conjunto dos estabelecimentos, apro-

    priaram mais de 35% da rea total do estado.

    Em termos espaciais, os estabelecimentos da agricul-tura familiar esto concentrados principalmente emtrs mesorregies que abarcam fraes significativasdo semirido (Figura 1), na seguinte ordem de impor-tncia: Centro Sul Baiano (27,2%), Nordeste Baiano(23,4%) e Centro Norte Baiano (20,9%). Estas mesor-regies perfazem 71,5% do total dos estabelecimentosfamiliares do estado. A vinculao histrica da economiabaiana nessas mesorregies em apreo estruturou-se

    por meio de uma ocupao baseada na pecuria bovinaextensiva, associada agricultura de subsistncia.

    A principal condio do agricultor familiar a de proprie-trio, em torno da qual se renem mais de 580 mil esta-belecimentos (87,4%), seguido de longe pela condio de

    ocupante (5,9%), produtor sem terra (2,7%), assentadosem titulao definitiva (2,1%), parceiro (1,1%) e arrenda-trio (0,8%) (Tabela 3). Excetuando os assentados, todasas outras condies do produtor elencadas na Tabela 3os tornam beneficirios potenciais de uma efetiva polticade distribuio de terras.

    A despeito das sucessivas execues de programasnacionais de distribuio de terras na Bahia, 89,3% dosestabelecimentos familiares pertencentes ao produtorproprietrio tiveram acesso terra mediante os meca-nismos de compra de particular (50,2%) e herana(39,1%). A obteno das terras por meio da reformaagrria somou apenas 3,5%, o que denota baixo desem-penho desse instrumento de poltica agrria frente aoutras formas de aquisio de terras. A compra de terrasmediante acesso ao crdito fundirio, outro importanteinstrumento de poltica agrria, tambm mostrou resul-tado irrelevante de apenas 0,5%. Em termos compa-rativos, a doao particular de terras (4,5%) foi umpouco maior que a soma da arrecadao de terras via

    programa de reforma agrria e crdito fundirio (cdulada terra, banco da terra etc). O usucapio, por sua vez,representou apenas 1,1% da modalidade de obtenode terras; embora modesta em seus resultados, essamodalidade representou mais que o dobro do crditofundirio (Tabela 4).

    A maior poro dos estabelecimentos familiares perten-centes a proprietrios (50,2%) teve sua gnese com aaquisio de terras no mercado, denominada compra

    Tabela 3Cndi d pdt da agiclta familiaBahia 2006

    Condo do

    produtor

    N de

    estabelecmentos(un.) (%)

    rea dos

    estabelecmentos(ha) (%)

    Proprietrio 581.759 87,4 9.271.739 93,1Assentadosem titulaodefinitiva 14.097 2,1 352.639 3,5Arrendatrio 5.001 0,8 42.494 0,4Parceiro 7.587 1,1 44.636 0,4Ocupante 39.237 5,9 244.055 2,5Produtor semrea 18.150 2,7 - -

    Total 665.831 100,0 9.955.563 100,0Fonte: IBGE Censo Agropecurio, 2006.

    1-Centro Norte Baiano 2-Centro Sul Baiano

    3-Extremo Oeste Baiano 4-Metropolitana de Salvador

    5-Nordeste Baiano 6-Extremo Sul Baiano

    7-Vale S. Francisco da Bahia

    Figa 1Mapa da meegie da Bahia

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    de particular. Por sua vez, importante ressaltar quequase 40% dos estabelecimentos de proprietrios daagricultura familiar na Bahia foram frutos da partilhade herana. O que poderia significar uma forte pressona diviso de um patrimnio familiar, naturalmentej pequeno em sua dimenso fsica e limitado para areproduo social. Nesse par ticular, os dados do CensoAgropecurio revelaram que a rea mdia dos estabe-lecimentos de proprietrios gravitava em torno de 15hectares, o que se torna pouco para uma diviso efetivada terra com a prole familiar.

    Acerca da herana entre agricultores familiares, Carneiro(2001, p. 25) afirma que:

    [...] As lgicas de transmisso da propriedade pelo

    sistema de herana se ar ticulam com os sistemas de

    reproduo social aos quais essas lgicas esto refe-

    ridas, e sofrem influncias dos valores da sociedadeabrangente. Provocam-se assim crises e mudanas

    tambm nas relaes intrafamiliares, sobretudo

    no que se refere desigualdade dos direitos entre

    homens e mulheres.

    Retomando-se a premissa principal deste artigo, queafirma ser a terra o sustentculo do trabalho e do rendi-mento da agricultura familiar, os dados do Censo Agro-pecurio parecem confirmar essa assertiva. Assim,

    a anlise que se segue, baseada na focalizao dos

    dados contidos na Tabela 5, lanou luz sobre quem quem na gerao de valor das receitas da agriculturafamiliar na Bahia.

    Referente a este aspecto, Abramovay (2005) afirma ser adistribuio de terras um importante meio de combate pobreza, alm de um imperativo de justia, que poderabsorver a capacidade de trabalho familiar e gerar rendasustentvel, no obstante a necessidade das condi-es de acesso a mercados, a crdito, a informaes, aeducao e a tecnologias.

    As receitas de natureza agropecuria atingiram 2,8bilhes de reais, representando 71,6% do total. Por seuturno, as outras receitas, compostas de aposentadoriase penses, programas especiais de governo, salriosrecebidos fora do estabelecimento e outros (doaesou ajudas voluntrias de parentes ou amigos, desinves-timentos e pescado capturado) atingiram o valor de 1,1bilho de reais ou 28,4%.

    Dentro da rubrica outras receitas da agricultura familiar(Tabela 5), aquelas decorrentes dos recursos das aposen-tadorias e penses consistiram de longe nas mais signi-ficativas e somaram aproximadamente 820 milhes dereais, seguidas das receitas de salrios recebidos forado estabelecimento, que foram da ordem de 186 milhesde reais, dos recursos oriundos dos programas espe-ciais dos governos, que atingiram 96 milhes de reais,e outros rendimentos, que figuraram com apenas 19,7milhes de reais.

    Tabela 4Fma de bten da tea d pdtppieti da agiclta familiaBahia 2006

    Formas de obteno das terras

    N de estabelecmentos

    com produtorpropretro (un.) (%)

    Compra de particular 326.705 50,2Herana 254.683 39,1Compra via crdito fundirio (cdulada terra, banco da terra etc.) 2.968 0,5Titulao via reforma agrria,programa de reassentamento ouaguardando titulao 22.540 3,5Doao particular 29.258 4,5Usucapio 7.369 1,1Outra forma 5.310 0,8No sabe 1.898 0,3

    Total 650.731 100,0Fonte: IBGE Censo Agropecurio, 2006.

    As receitas de natureza

    agropecuria atingiram 2,8

    bilhes de reais, representando71,6% do total. Por seu

    turno, as outras receitas [...]

    atingiram o valor de 1,1 bilho

    de reais ou 28,4%

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    ARTIGOSJrge Tadeu Dantas Caff

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    Assim, merecem destaque as receitas provenientes dasaposentadorias e penses que compuseram mais de 1/5do total do valor das receitas obtidas pela agriculturafamiliar na Bahia. Esses recursos desembolsados pela

    previdncia social atingiram mais de 159 mil estabeleci-mentos. A importncia que os benefcios da previdnciasocial exercem nas comunidades ru