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RUBENS MATUCK: a aquarela no Brasil

Copyright: Instituto Arte na Escola

Autor deste material: Silvia Sell Duarte Pillotto

Revisão de textos: Soletra Assessoria em Língua Portuguesa

Diagramação e arte final: Jorge Monge

Autorização de imagens: Ludmilla Picosque Baltazar

Fotolito, impressão e acabamento: Indusplan Express

Tiragem: 200 exemplares

Créditos

MATERIAIS EDUCATIVOS DVDTECA ARTE NA ESCOLA

Organização: Instituto Arte na Escola

Coordenação: Mirian Celeste Martins

Gisa Picosque

Projeto gráfico e direção de arte: Oliva Teles Comunicação

MAPA RIZOMÁTICO

Copyright: Instituto Arte na Escola

Concepção: Mirian Celeste Martins

Gisa Picosque

Concepção gráfica: Bia Fioretti

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

(William Okubo, CRB-8/6331, SP, Brasil)

INSTITUTO ARTE NA ESCOLA

Rubens Matuck: a aquarela no Brasil / Instituto Arte na Escola ; autoria de

Silvia Sell Duarte Pillotto ; coordenação de Mirian Celeste Martins e Gisa

Picosque. – São Paulo : Instituto Arte na Escola, 2006.

(DVDteca Arte na Escola – Material educativo para professor-propositor ; 108)

Foco: LA-A-5/2006 Linguagens Artísticas

Contém: 1 DVD ; Glossário ; Bibliografia

ISBN 85-98009-85-7

1. Artes - Estudo e ensino 2. Pintura 3. Aquarela 4. Matuck, Rubens I.

Pillotto, Silvia Sell Duarte II. Martins, Mirian Celeste III. Picosque, Gisa IV.

Título V. Série

CDD-700.7

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DVDRUBENS MATUCK: a aquarela no Brasil

Ficha técnica

Gênero: Documentário com depoimento do artista em seu ateliê.

Palavras-chave: Aquarela; cor; sobreposição; diálogo com amatéria; pensamento visual; sistema simbólico; estética orien-tal e ocidental; meio ambiente.

Foco: Linguagens Artísticas.

Tema: A obra e o processo de criação de Rubens Matuck, foca-lizando especialmente a aquarela, o desenho e a observaçãoda natureza.

Artistas abordados: Rubens Matuck, Claude Monet, AlbrechtDürer, Paul Klee, Paul Cézanne, Joseph Mallord William, RaffaelSanzio, egípcios e chineses.

Indicação: A partir da 1ª série do Ensino Fundamental.

Direção: Maria Ester Rabello.

Realização/Produção: Rede SescSenac de Televisão, São Paulo.

Ano de produção: 2000.

Duração: 23’.

Coleção/Série: O mundo da arte.

SinopseA trajetória artística do artista plástico Rubens Matuck é apre-sentada em três blocos. No primeiro, vemos os documentos deviagem do artista: a natureza como matéria fundamental na suaexperiência estética e artística. No segundo, as histórias ima-ginadas, suas ferramentas de trabalho como pesquisador dascoisas e uma breve história da cor e da aquarela, desde a pré-história. O artista nos mostra, no terceiro bloco, as diferençase semelhanças entre procedimentos da linguagem da aquarelaoriental e ocidental.

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Trama inventivaFalar sem palavras. Falar a si mesmo, ao outro. Arte, lingua-gem não-verbal de força estranha que ousa, se aventura atocar assuntos que podem ser muitos, vários, infinitos, domundo das coisas e das gentes. São invenções do persis-tente ato criador que elabora e experimenta códigosimantados na articulação de significados. Sua riqueza: ultra-passar limites processuais, técnicos, formais, temáticos,poéticos. Sua ressonância: provocar, incomodar, abrir fissurasna percepção, arranhar a sensibilidade. A obra, o artista, aépoca geram linguagens ou cruzamentos e hibridismo entreelas. Na cartografia, este documentário é impulsionado parao território das Linguagens Artísticas com o intuito dedesvendar como elas se produzem.

O passeio da câmera

Tinta escorrendo. Assim nos aproximamos da obra de RubensMatuck, de seus documentos de viagem, de suas históriasde vida. Elas nos são contadas por meio das linguagens daarte: desenhos, aquarelas, histórias em quadrinhos, como no-tações visuais, reportagens ilustradas do que é visto pelomundo, visto por quem o olha de muito perto e de muitoslugares diferentes.

O pincel, a água, o papel se mostram diferentes nas mãos doartista, quando ele está frente à natureza e a utiliza para ano-tações ou quando, em seu ateliê, cria, cuidadosamente, cama-das e luz, ou, ainda, quando nos mostra os procedimentos ori-entais e ocidentais da linguagem da aquarela.

A aproximação ao território das Linguagens Artísticas amplianossa percepção de suas potencialidades. Além dele, outrosterritórios podem ser vistos no mapa potencial.

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material educativo para o professor-propositor

RUBENS MATUCK – A AQUARELA NO BRASIL

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Sobre Rubens Matuck(São Paulo/SP, 1952)

Quando você faz uma aquarela em viagem fora do ateliê, o tra-

balho se torna mais solto, a aquarela é muito mais de notação,

de memória. Quando você faz em casa, pensa nas camadas de

tinta, na luz...

Rubens Matuck

Rubens Matuck é um artista versátil. Aquarelista, pintor,gravador, escultor, desenhista, ilustrador, designer, traba-lha com várias linguagens da arte, “tanto em suas verten-tes mais próximas à arte figurativa em imagens do univer-so urbano de São Paulo, como em experimentações próxi-mas ao abstracionismo, como ocorre em trabalhos comsuporte de ouro folheado”1 .

Desde a sua formação como arquiteto, freqüenta ateliês comoo de Aldemir Martins2 e Flexor em pintura, o de Evandro Jar-dim e Renina Katz em gravura e o de Van Acker em escultura.Na pós-graduação, especializa-se em museologia e em barro-co e romantismo na pintura. Essa experiência lhe amplia o olhar,abrindo diferentes universos na sua construção poética e nodesenvolvimento de suas sensíveis pesquisas, inclusive sobrea arqueologia.

Expedições pelo Brasil, China, EUA e Itália se tornaminstigantes cadernos de viagens. São mais de quarenta, comimagens de animais das mais variadas espécies, de pessoas,de sementes, de constelações no espaço. Interessa-se, comoLeonardo da Vinci, por todas as áreas do conhecimento numaatitude sempre curiosa e aberta para novas descobertas. Cui-dadoso, valoriza não só a visão ocidental. Busca compreen-der também a visão oriental da China, Japão, Índia, entreoutras culturas e estéticas.

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Interagindo com a vida, aprende também com os índios que, aovê-lo desenhar, lhe trazem aranhas, grilos, babaçu, espinho depalmeira, abelha, flor, cogumelo. Sementes de todos os tipos etamanhos se transformam nos modelos preferidos do artista:marfim vegetal, sementes do cerrado, da Austrália, de muitoslugares do mundo. E sua imaginação vai longe. Sua ousadaexploração o faz criar um projeto inusitado com Walmir Cardo-so. Em Viagem ao Urupin: cinco visões de um planeta, comoFernando Pessoa, Matuck cria cinco artistas fictícios que re-gistram a viagem a um lugar imaginário.

Em suas viagens, não se separa do seu porta-pincel chinêse da sua “aquarelinha”, que consiste em pincel, godê e pe-quenas divisórias. Entre suas aquarelas, encontramos tam-bém temas, como: Monet e Roseli, Olho de gato, que con-tam um pouco das histórias de vida e do pensamentoimagético do artista.

A ilustração e a história em quadrinhos são suas outras pai-xões. Suas aquarelas viajam pelas tribos de índios brasilei-ros. Com lápis de cor, desenvolve uma fantasia inter-galáctica e as sementes inspiradoras de Santos Dumont.Uma pena de uma ave morta em um fio de alta tensão setorna matéria de pesquisa e estudo. Pela ilustração do li-vro infanto-juvenil O sapato furado, Matuck recebe o Prê-mio Jabuti, entre outros prêmios.

O primeiro trabalho, presente dedicado à filha Alice – Lem-

branças, uma declaração de amor, os livros-diários, as his-tórias, as sementes, as ferramentas do artista evidenciam oseu amor pelas cores e transparência, pelos povos da flo-resta e pela natureza. Também nos convidam a olhar o mun-do e a registrar nossas interpretações poéticas por meio daslinguagens da arte.

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material educativo para o professor-propositor

RUBENS MATUCK – A AQUARELA NO BRASIL

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Os olhos da arteA aquarela faz parte da alma do papel.

Rubens Matuck

Pesquisador, Matuck passa horas estudando cores: “você vai afi-nando seu olho e entendendo como é o processo de transparên-cia. Um processo de qualidade da cor”, diz ele no documentário.

Entre as linguagens da arte – sistemas simbólicos inventadospara expressar e comunicar pensamentos, idéias, sensações,sentimentos –, interessadas ou não no que podemos ler pormeio delas, a linguagem da aquarela exige um olhar refinado,de quem faz e de quem observa. A transparência das cores, ainteração com a materialidade nos efeitos do papel e dos di-ferentes pincéis, o tempo para secagens, entre superposiçõese velaturas, falam tanto sobre o processo de criação e os pro-cedimentos do artista, como sobre o modo como ele nos apre-senta novas realidades, ressonâncias de sua percepção, me-mória e imaginação.

Como um ser simbólico, e não apenas um ser racional, o serhumano inventou as linguagens. Há milhões de anos, o homempré-histórico, com sangue de animais e resina de plantas, criaum tipo de tinta para criar figuras nas rochas. Estava, então,inventado o princípio da aquarela, recriado nos afrescos gre-gos, nas têmperas egípcias, nos delicados painéis chinesesda antiguidade.

Como um pensamento visual que se estrutura por formas, co-res e composições, a linguagem da aquarela reflete as diferen-ças entre o pensamento oriental e ocidental, modos diversosde interpretar e relacionar a vida e a arte, uma linguagem quevai além da aparência.

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Essas diferenças do pensar marcam o “respeito pela matéria”,o segredo da água e a invenção de papéis e de ferramentas.Cheio de água-cor, water-color, o pincel que marca o gesto notraço, tanto desenha finas linhas, como faz manchas espalha-das de cor. Os papéis também são especiais para receber umagrande quantidade de água. Os chineses são mais finos, pró-prios para as caligrafias e as leves pinturas. Alguns deles sãopintados por trás do papel para serem vistos pela frente emontados sobre outro papel, para não perder a luz. Quando opapel veio da China, teve de adequar-se às necessidades dosocidentais, recebendo uma cola para que a tinta se fixasse.

A aquarela atravessa o tempo e chega ao ocidente com os tra-balhos de Raffael e Dürer. Expande-se pela Europa com o in-glês Turner e com o suíço Paul Klee3 . Mas qual seriam as dife-renças e semelhanças entre as linguagens da aquarela vistaspelo olhar do oriental e do ocidental?

Para tornar as diferenças visíveis, o amarelo brinca com o ver-melho no ágil pincel de Matuck que nos explica: “quando o chi-nês quer que tenha mais fronteiras na tinta, ele faz diversascamadas fininhas e depois trabalha em cima. A pincelada éseca, o que o chinês adora e controla. A parte seca para ele éimportantíssima”. A quantidade de água e pigmento determi-na qualidades também no nanquim. Quanto menor a quanti-dade de tinta, mais ela será absorvida pelo papel. O pincelnão escorrega porque tem cola. Então, o papel vibra. A aqua-rela oriental compõe quase uma trama tridimensional – as coresse misturam e permanecem misturadas até o final da seca-gem e ficam definitivas.

Na aquarela ocidental, a água espalha-se de outro modo, deixaoutras cicatrizes. O papel encorpado pode receber água antesdo pigmento, mas a pincelada, o traço solto e livre, é herançado movimento impressionista, que, por sua vez, tinha influên-cia japonesa.

Na linguagem da arte, há muitos alfabetos de cores e formas,matérias e relações. Como ampliar a sua potencialidade em nós,como produtores e leitores?

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material educativo para o professor-propositor

RUBENS MATUCK – A AQUARELA NO BRASIL

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O passeio dos olhos do professorPara ampliar sua percepção sobre o documentário, você podeassisti-lo escrevendo ou desenhando. Assim, você inicia seu diá-rio de bordo. Uma pauta do olhar pode ajudá-lo nesse registro inicial,sendo consultada antes ou depois de assistir ao documentário.

O que o documentário desperta em você?

Os cadernos de memórias de Rubens Matuck levam você apensar sobre quais aspectos?

O que é possível perceber da relação de Matuck com a natureza?

A aquarela é uma das linguagens da arte. O que seus alunospodem estudar sobre as diferenças entre as linguagens daarte a partir do documentário?

Seus alunos terão interesse por esse documentário? O quechamará mais a atenção deles?

Quais aspectos poderiam gerar projetos?

A partir de seus registros e da escolha do foco de trabalho, quaisquestões você incluiria numa pauta do olhar para o passeio dosolhos dos seus alunos por este documentário? Você chamariaoutros professores para participar? Envolveria outras áreas doconhecimento?

Percursos com desafios estéticosNo mapa potencial, você pode visualizar diferentes trilhas. Pelasbrechas do documentário, sugerimos possíveis percursos detrabalho, impulsionadores de projetos para o aprender-ensinararte, para você recriar, transformar e inventar.

O passeio dos olhos dos alunosAlgumas possibilidades:

A leitura de algumas obras de Rubens Matuck ou de outros

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qual FOCO?

qual CONTEÚDO?

o que PESQUISAR?

Zarpandoprocedimentos

suporte

natureza da matéria

poéticas da materialidade

diferentes tipos de papéis,tecido (linho)

procedimentos tradicionais, velatura

dimensão simbólica da matéria,segredo da água

Materialidade

ferramentas

diferentes tipos de pincéis

água, pigmento, goma arábica,cola, nanquim, lápis de cor

Forma - Conteúdo

elementos davisualidade

cor, transparência, superfície,linha, forma, cor, luz

temáticas

relações entre elementosda visualidade

figurativa: natureza, mundo animal,imaginário fantástico

sobreposição, composição,equilíbrio, relação cheio/vazio

SaberesEstéticos eCulturais

estética e filosofia da arte estética ocidental, estética oriental

história da artehistória dos procedimentos e técnicasartísticas, artistas viajantes

sistema simbólico linguagem, ser simbólico,para além da aparência

Linguagens Artísticas

meios tradicionais

aquarela,desenho

artesvisuais

ilustração, ilustração científica,história em quadrinhos

linguagensconvergentes

Processo deCriação

ação criadoradiálogo com a matéria, poética pessoal, interpretação poética,percurso de experimentação, anotações, cadernos de desenho,arte como experiência de vida, gesto no traço

ateliê, viagens de estudo,estudos em ateliês de outros artistas

artista-pesquisador, pesquisa em arte,pesquisa sobre arte

ambiência de trabalho

produtor-artista-pesquisador

percepção, pensamento visual, repertório pessoal e cultural memória visual, imaginação criadora, vigília criativa

potências criadoras

ConexõesTransdisciplinares

arte e ciênciasda natureza

ecologia, meio ambiente, botânica

arte e ciênciashumanas

história do Brasil, filosofia,cultura oriental, cultura ocidental

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aquarelistas ocidentais e orientais pode iniciar uma discus-são a respeito das linguagens da arte e da aquarela, emparticular. A pintura a óleo é, provavelmente, a que os alu-nos mais conhecem, mas eles nem sempre foram instiga-dos a perceber as diferenças entre as linguagens. Essa in-trodução prepara para apresentar o terceiro bloco dodocumentário. O que ele provocará em seus alunos?

Uma coleta de objetos trazidos de viagens, álbuns defamília, diários e agendas antigas pode iniciar um deba-te sobre o registro poético da memória individual ou co-letiva. Pensar possíveis categorias para a análise podeajudá-los a dividir o que trouxeram, por exemplo, emelementos da natureza, elementos culturais, elementosafetivos, elementos históricos, etc. O primeiro bloco dodocumentário pode ampliar a discussão e dar continui-dade a projetos singulares.

Uma pesquisa sobre suportes e pigmentos conhecidos eexplorados na natureza pode iniciar o mergulho no universoda aquarela, preparando os alunos para verem o segundobloco do documentário.

Outras idéias podem ser criadas para que a experiência esté-tica e a curiosidade possam ser instigadas por meio dodocumentário, incentivando a continuidade de um projeto.

Ampliando o olhar

A continuidade da pesquisa de pigmentos pode levar os alu-nos a explorar também o pó de pintor (usado na constru-ção), pó de café, chás ou suco de beterraba, por exemplo.O aglutinante, que dará consistência, pode ser a goma ará-bica (clareada e purificada), a gema do ovo (que produz atêmpera), a cola branca, o acrílico (de pintar parede), e atéa clara do ovo, que pode impermeabilizar o papel. Todosesses aglutinantes podem ter a água como solvente.

Os olhos dos alunos realimentam-se de imagens. Sair comeles para uma expedição nos arredores da escola, com o

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material educativo para o professor-propositor

RUBENS MATUCK – A AQUARELA NO BRASIL

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mesmo cuidado de Rubens Matuck, pode gerar pequenasnotações que, depois, serão retrabalhadas seguindo os pro-cedimentos dos artistas-viajantes e do próprio Matuck. Esseestudo do meio pode ser ampliado pelas possíveis conexõescom a geografia e a história de sua região.

Os objetos e diários trazidos para classe podem ser organi-zados em cantinhos de memórias na sala de aula ou foradela, exercitando o conceito de curadoria. Olhar com vagartudo o que foi recolhido, socializando as pesquisas, estudose descobertas com a comunidade pode ser uma atividadeplanejada como uma mediação cultural, sendo os alunos osmonitores/mediadores.

O documentário pode ser retomado no momento em queMatuck apresenta a aquarela chinesa e o equilíbrio de suacomposição. Começa na pesada massa rochosa (terra, pe-dra, escuro, maciço) e se desvanece na horizontalidade, atéque vinga, virando eterna, característica tipicamente chine-sa. A partir de uma nova leitura dessa imagem, os alunospodem criar suas próprias composições, lidando com asmassas pesadas e com o ar. Suportes como meia folha depapel A2 ou A3, cortadas ao meio no sentido horizontal, po-dem facilitar a experiência.

A água conecta-se com a mística do dragão na aquarelachinesa e aparece como rio, cachoeira, como nuvem e ne-blina. “A neblina é um não-pintar” que já é usado pelos chi-neses no século 9 d.C. e que os europeus, depois, usam comose fosse uma grande novidade. Como os alunos podemperceber o vazio em seus trabalhos? É apenas um fundo quenão foi pintado ou tem significado, nos move para o silên-cio, ou para outras sensações?

É interessante rever como Matuck interpreta um copo pormeio da linguagem da aquarela. Começa com o fundo, paraque as transparências se tornem claras para o leitor. Osalunos podem pintar muitos potes, garrafas e copos trans-parentes, criar velaturas pela superposição de tons e mes-mo brincar com líquidos coloridos. Um pirex com água, con-

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ta-gotas com tinta transparente e pedaços de papel celofa-ne podem gerar também efeitos interessantes quandoprojetados na parede por meio de um retroprojetor.

A semente de uma exótica árvore inspira Santos Dumont a criaro famoso ultraleve. É o menino Matuck quem conta essa histó-ria. “A árvore tinha mandado sua humanidade para que SantosDumont visse a estrutura da semente e fizesse o primeiroultraleve da história”. Sementes e pedras podem incentivar osalunos a criar suas próprias histórias, contadas por meio da his-tória em quadrinhos, de pinturas, desenhos ou esculturas.

Conhecendo pela pesquisa

Os pincéis chineses são considerados por Matuck os melho-res do mundo: “você molha e 10 anos depois o pincel aindaestá no ponto”. Nenhum pincel ocidental faz isso. Ele é umpêndulo e é trabalhado em pé pelos chineses. O pêlo externoé o mais mole, de pêlo de cabra, e o pêlo mais duro, por dentro,é de texugo. Outro pincel mostrado por Matuck é feito compêlo de cavalo, possibilitando outros efeitos. Como pesquisa-dores, os alunos podem descobrir e inventar outros pincéis,aproveitando a escova de dentes ou outros tipos de cerdas.

Os papéis também são especiais. Os chineses são mais fi-nos, próprios para as caligrafias e as leves pinturas. Algunsdeles são pintados por trás para serem vistos pela frente emontados sobre outro papel, para não perder a luz. Quandoo papel veio da China, teve de adequar-se às necessidadesdos ocidentais, recebendo uma cola para que a tinta se fi-xasse. A qualidade do linho, também com base de cola, éum suporte experimentado por Matuck. Que papéis os alu-nos conhecem? O que podem pesquisar sobre eles4?

Para Matuck, o artista Paul Klee vai além da aparência,criando uma linguagem que se utiliza da qualidade das co-res e da transparência da aquarela. Klee movimentou-se comtotal liberdade entre figuração e abstração, absorvendoincontáveis influências e transformando-as com seu incom-

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material educativo para o professor-propositor

RUBENS MATUCK – A AQUARELA NO BRASIL

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parável talento imaginativo. O que os alunos podempesquisar sobre ele e outros artistas brasileiros como FaygaOstrower, Alberto Kaplan, entre outros?

As diferenças entre a cultura e a estética oriental e ociden-tal podem gerar interessantes pesquisas. Entrevistas, es-pecialmente com descendentes de orientais, podem trazeralgumas informações sobre a sua filosofia de vida, seushábitos e cultura.

A botânica é, para o artista, puro prazer. Quais os artistas quese dedicaram à ilustração científica? Os alunos podem pesquisaros artistas-viajantes e Margareth Mee, por exemplo. Outro viésinteressante é a investigação do solo, plantas, vegetais e ani-mais de sua e de outras regiões. Esboços, fotografias, entrevis-tas são algumas das possibilidades de registro.

Um passeio pelo zoológico, sítio ou chácara também teráum papel fundamental no aprendizado dos alunos, pois láeles poderão experienciar pela observação, tato, olfato, umuniverso de sensações e impressões, talvez novas para eles.Nessa expedição, poderão pesquisar o solo, a vegetação,observar a paisagem como um todo, a textura dos minerais,vegetais e animais e construir conexões transdisciplinares.

A história em quadrinhos pode ser um campo fértil de pes-quisa se olhada como linguagem, como um sistema simbó-lico que tem seus próprios códigos.

A literatura infanto-juvenil, inclusive os livros de Matuck,oferece ótimas oportunidades de ampliar as temáticasintroduzidas pelo documentário, como: natureza, cultura in-dígena, animais, etc. Olhar a ilustração como uma lingua-gem pode ampliar a possibilidade de leitura, assim comoperceber a própria fonte do texto (o tipo de letra). Matuckchegou a criar uma fonte que nomeou de Leonardo da Vinci -desenhada em aquarela sobre papel, destinada a ser usadacomo capitular no projeto gráfico de um livro5 .

A organização de uma exposição na escola é uma excelenteoportunidade para a socialização dos conhecimentos e das

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experiências desenvolvidas. Os alunos poderão organizarmonitorias contando as descobertas sobre a linguagem daaquarela, as diferenças e semelhanças entre a estética oci-dental e a oriental, as interpretações poéticas da realidade.

Desvelando a poética pessoal

A exploração das linguagens artísticas, por meio de uma sérieindividual de trabalhos, pode desvelar uma nascente poéticapessoal, relacionada com um modo singular de perceber omundo. A criação é fruto dessa visão, uma vez que cada pes-soa constrói os seus conhecimentos a partir da sua história devida, das culturas, do contexto e das relações humanas que vãosendo alimentadas dia a dia.

Amarrações de sentidos: portfólioO portfólio, como os cadernos de memórias de Matuck, poderáregistrar todas as ações expressivas e de pesquisa que foramvivenciadas, inclusive com comentários sobre a exposição e todoo processo, marcando o que foi mais significativo e o que pode-ria ter sido realizado de outro modo, ou, ainda, outras idéiaspara o futuro. O caderno de memórias será para você uma re-ferência de como seus alunos estão aprendendo, quais as suasdificuldades, quais as suas impressões sobre as questões de-senvolvidas, além de ser um ótimo exercício para ampliar suavisão de mundo e seu autoconhecimento.

Seu diário de bordo foi iniciado no momento de ver o docu-mentário pela primeira vez? O que você registrou nele?Bilhetinhos especiais, dicas importantes, acontecimentos sig-nificativos, fotografias?

Valorizando a processualidadeMatuck gosta de folhear seus cadernos de viagens. Neles,encontra muito do que aprendeu nesses anos todos de traba-lho. E você, pode também folhear o seu caderno de memóriase os dos alunos? O que você descobriu com este projeto? O

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material educativo para o professor-propositor

RUBENS MATUCK – A AQUARELA NO BRASIL

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que pode inventar e ousar? A partir de sua reflexão, o que vocêfaria de modo diferente, partindo do mesmo documentário?

Se as experiências com o documentário Rubens Matuck: a aqua-

rela no Brasil e as proposições pedagógicas, a partir deste mate-rial educativo, foram interessantes e significativas, convidamosvocê a buscar outros documentários na DVDteca Arte na Escola.

GlossárioArtistas viajantes – as primeiras imagens do Brasil foram criadas pelosartistas-viajantes que contribuíram para “a representação e difusão da ima-gem do país [durante] parte dos séculos 15 e 16, chegando ao século 19,que assiste à visita de muitos pintores que integraram expedições artísticase científicas que percorreram o território brasileiro.” Dentre eles, podemoscitar: Frans Post, Albert Eckhout, a Missão Artística Francesa, a MissãoAustríaca/Viagem de Spix e Martius, Expedição Langsdorff. Fonte: Enci-clopédia Itaú Cultural de Artes Visuais <www.itaucultural.org.br>.

Pigmento – extraídos de plantas, de animais ou de minerais, esses póscoloridos são misturados a um líquido que serve de liga: água, óleo, cera,ovo... Desde a pré-história, as terras naturais ou queimadas permitem aobtenção de amarelos, vermelhos e marrons. O azul a ultra-mar vem deuma pedra preciosa (o lápis-azul); o azinhavre, do cobre; o preto, de ossosou galhos carbonizados; o carmim, de um inseto esmagado (a cochonilha);a sépia, de tinta de siba, um molusco. Em sua origem, o amarelo indianoera fabricado na Índia com folhas de mangueira maceradas na urina devaca! A partir do século 18, a gama de pigmentos multiplicou-se com aajuda da química. Fonte: MARCHAND, Pierre (org.). A criação da pintura:

tintas, pincéis e superfícies: a história do material artístico. São Paulo:Melhoramentos, 1994. (As origens do saber).

Velatura – “Camada transparente de tinta aplicada sobre alguma outracor ou sobre a base, de modo que a luz incidente seja refletida pela super-fície coberta e modificada pela própria velatura. O efeito da combinaçãode uma velatura com uma cor é diferente daquele resultante da mistura dedois pigmentos na pintura direta, pois a velatura confere uma profundida-de e uma luz especiais.” Diz-se também veladura. Fonte: CHILVERS, Ian.Dicionário Oxford de arte. São Paulo: Martins Fontes, 1996, p. 545.

BibliografiaKAPLAN, Alberto. Aquarela brasileira. Rio de Janeiro: Centro Cultural Light, 2001.

MARTINS, Mirian Celeste; PICOSQUE, Gisa; GUERRA, M. Terezinha

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Telles. A língua do mundo: poetizar, fruir e conhecer arte. São Paulo:FTD, 1998.

MAYER, Ralph. Manual do artista. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

OSTROWER, Fayga. Universos da arte. Rio de Janeiro: Campos, 1996.

Bibliografia de arte para crianças

MATUCK, Rubens. Plantando uma amizade. São Paulo: Studio Nobel,1996.

___. Portinari: vou pintar aquela gente. São Paulo: Callis, 1997.

___; MOULIN, Nilson. Aldemir Martins: no lápis da vida não tem borra-cha. São Paulo: Callis, 1998.

___ . Cadernos de viagem. São Paulo: Terceiro Nome, 2003.

ROCHA, Ruth; ROTH, Otávio. O livro das tintas. São Paulo: Melhoramen-tos, 1992. (O homem e a comunicação).

Seleção de endereços sobre arte na rede internet

Os sites abaixo foram acessados em 18 jan. 2006.

AQUARELA. Disponível em: < http://geocities.yahoo.com.br/anacanella/aquarela.html>.

KAPLAN, Alberto. Disponível em: <www.victor.brecheret.nom.br/index-1.htm>.

MATUCK, Rubens. Disponível em: <www.artcanal.com.br/oscardambrosio/rubensmatuck.htp>.

Notas1 D’AMBROSIO, Oscar. O olhar atento. Disponível em: <www.artcanal.com.br/oscardambrosio/rubensmatuck.htm>. Acesso em 18 de jan 2006.2 Veja, na DVDteca Arte na Escola, documentários sobre Aldemir Martinse Evandro Jardim.3 Veja também o documentário Aquarela: técnica em evolução, que foca-liza a história da aquarela.4 Hoje, há uma grande variedade de papéis, mas os mais indicados são osque possuem gramatura maior e que são mais porosos. Também é recomen-dável prender a folha com fita gomada ou usar álbuns especiais, em que asfolhas ficam presas umas às outras e a água em abundância não deforma osuporte. Entre os papéis, são recomendados: Acqua 290 gr. (semi-rugoso),Arches Satiné, 300 gr. (liso), Montval 300 gr. (semi-rugoso), Arches Torchon,300 gr. (rugoso). Fonte: <http://geocities.yahoo.com.br/anacanella/aquarela.html>. Acesso em 15 ago. 2005.5 Para saber mais, consulte o site: <http://arcoweb.com.br/design/design7.asp>. Acesso em 18 jan. 2006.

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