44
CRDA - CENTRO DE REFERÊNCIA EM DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM EDUCAÇÃO ESPECIAL Andréa Gonçalves Monteiro Diga-me com quem tu andas e te direi quem és?: Implicações do Ensino Inclusivo na formação da personalidade dos alunos não portadores de necessidades educativas especiais Monografia apresentada como parte dos requisitos para aprovação no Curso de Especialização Lato Sensu em Educação Especial e submetida ao Centro de Referência em Distúrbios de Aprendizagem – CRDA, sob orientação do(a) Prof(a). Ms. Fabiana Maria Gomes Lamas SÃO PAULO 2009

CRDA - CENTRO DE REFERÊNCIA EM DISTÚRBIOS DE …crda.com.br/tccdoc/50.pdf · vivo não é uma unidade pronta, determinada dentro de suas mais variadas espécies, ele traz a sua

  • Upload
    vanhanh

  • View
    218

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: CRDA - CENTRO DE REFERÊNCIA EM DISTÚRBIOS DE …crda.com.br/tccdoc/50.pdf · vivo não é uma unidade pronta, determinada dentro de suas mais variadas espécies, ele traz a sua

CRDA - CENTRO DE REFERÊNCIA EM DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM

EDUCAÇÃO ESPECIAL

Andréa Gonçalves Monteiro

Diga-me com quem tu andas e te direi quem és?:

Implicações do Ensino Inclusivo na formação da pers onalidade dos alunos não

portadores de necessidades educativas especiais

Monografia apresentada como parte dos requisitos para aprovação no Curso de Especialização Lato Sensu em Educação Especial e submetida ao Centro de Referência em Distúrbios de Aprendizagem – CRDA, sob orientação do(a) Prof(a). Ms. Fabiana Maria Gomes Lamas

SÃO PAULO 2009

Page 2: CRDA - CENTRO DE REFERÊNCIA EM DISTÚRBIOS DE …crda.com.br/tccdoc/50.pdf · vivo não é uma unidade pronta, determinada dentro de suas mais variadas espécies, ele traz a sua

2

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais por dedicarem a mim o que há de melhor em cada um deles, à Bianca por sua paciência, por me ouvir e pelo incentivo,

à Bárbara pelo apoio, pelo incentivo e pela generosa revisão do trabalho, e ao Fernando que, com seu olhar, tem me mostrado outras paisagens e me

encantado a cada dia.

Page 3: CRDA - CENTRO DE REFERÊNCIA EM DISTÚRBIOS DE …crda.com.br/tccdoc/50.pdf · vivo não é uma unidade pronta, determinada dentro de suas mais variadas espécies, ele traz a sua

3

DEDICATÓRIA

A todos os alunos, profissionais e pais que partilharam a trajetória da minha carreira e fizeram de mim

a profissional e pessoa que sou hoje.

Page 4: CRDA - CENTRO DE REFERÊNCIA EM DISTÚRBIOS DE …crda.com.br/tccdoc/50.pdf · vivo não é uma unidade pronta, determinada dentro de suas mais variadas espécies, ele traz a sua

4

SUMÁRIO RESUMO

05

ABSTRACT

06

1) INTRODUÇÃO

07

2) FORMAÇÃO DA PERSONALIDADE E INCLUSÃO

11

2.1 Formação da personalidade

11

2.2 Inclusão

15

2.3 Benefícios da Inclusão – Ensino de qualidade para todos

19

3) MATERIAIS E MÉTODOS

25

3.1 Tipo de estudo

25

3.2 População e amostra

25

3.3 Critérios de inclusão

25

3.4 Técnica empregada

26

4) DISCUSSÃO

27

5) RESULTADOS

35

CONCLUSÃO

39

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

40

ANEXOS

42

Page 5: CRDA - CENTRO DE REFERÊNCIA EM DISTÚRBIOS DE …crda.com.br/tccdoc/50.pdf · vivo não é uma unidade pronta, determinada dentro de suas mais variadas espécies, ele traz a sua

5

RESUMO

“E o mundo compreendeu, e o dia amanheceu em paz.”

Valsinha – Chico Buarque de Holanda

OBJETIVO: O estudo trata da inclusão de alunos com deficiência em classes

comuns do ensino regular, sob o enfoque dos alunos sem necessidades educativas

especiais que já passaram pela escola inclusiva, estabelecendo um paralelo entre esta

vivência e a formação da personalidade destes últimos indivíduos.MÉTODO: Partindo

da aplicação de um questionário estruturado acerca da opinião dos participantes sobre

a inclusão escolar (o que pensam em relação à inclusão de alunos com deficiência em

salas de aula do ensino regular), buscou-se entender qual o impacto da experiência da

inclusão para os alunos ditos “normais”, de acordo com sua opinião sobre as

habilidades e valores desenvolvidos em si mesmos nesta experiência,a formação de

sua personalidade, a manifestação dos próprios sentimentos em relação à inclusão e

leituras acerca da Inclusão.RESULTADOS: Os dados obtidos por meio da aplicação

dos questionários foram analisados em consonância com os princípios teóricos que

orientaram este trabalho. Demonstram que a Educação Inclusiva impacta

positivamente a formação da personalidade dos indivíduos ditos “normais” e

desenvolve valores morais e personalidade ética. CONCLUSÃO: Inclusão é troca,

verdadeiramente e simplesmente uma questão de vontade.

PALAVRAS CHAVE: Inclusão, formação da personalidade, valores, ética.

Page 6: CRDA - CENTRO DE REFERÊNCIA EM DISTÚRBIOS DE …crda.com.br/tccdoc/50.pdf · vivo não é uma unidade pronta, determinada dentro de suas mais variadas espécies, ele traz a sua

6

ABSTRACT

"And the world understood, and the day dawned in peace." Valsinha - Chico Buarque de Holanda

INTRODUCTION: The study deals with the inclusion of students with disabilities

in regular education classes common in the focus of students with special educational

needs that have already passed by the inclusive school setting a parallel between that

experience and training of the personality of the latter individuals. METHOD: On the

application of a structured questionnaire about the views of participants on the inclusion

school (what they think regarding the inclusion of students with disabilities in the

classroom of regular education), the view on the skills and values developed in this

experiment itself and expression of their own feelings in relation to inclusion, and

reading about the inclusion and the formation of personality, sought to understand

what’s the impact of the experience of inclusion for students called “normal”.RESULTS:

The data obtained through the application of questionnaires as discussed in line with

the theoretical principles that guided this work. It shows that the inclusive education has

a positive impact in the personality´s formation of the so called “normal individuals”,

developed moral values and etical personality. CONCLUSION: Inclusion is exchange,

trully and simple question of good will.

KEYWORDS: Inclusion, formation of personality, values, ethics.

Page 7: CRDA - CENTRO DE REFERÊNCIA EM DISTÚRBIOS DE …crda.com.br/tccdoc/50.pdf · vivo não é uma unidade pronta, determinada dentro de suas mais variadas espécies, ele traz a sua

7

1 INTRODUÇÃO

“A humanização só é possível através da cultura e da vida social.” Levis Strauss

“As escolas devem ser espaço onde alunos e professores sonham e

compartilham seus sonhos, porque sem sonhos comuns não há povo, e não

havendo um povo não se pode construir um país. Se eu sonho com um país

de águas cristalinas e natureza preservada, meu sonho pessoal será inútil se

não houver muitos que sonhem este mesmo sonho. Caso contrário, as

florestas serão destruídas e as águas serão poluídas.”

Rubem Alves in: Conversas sobre educação, 2003, p 09

Esta pesquisa pretende discutir a visão dos alunos ditos “normais” sobre sua

vivência na Escola Inclusiva, relacionando estas opiniões à constituição da

personalidade destes indivíduos.

Muito se tem falado a respeito dos benefícios da Educação Inclusiva para os

portadores de necessidades educativas especiais, porém, a mesma atenção não tem

sido aplicada à verificação dos benefícios deste ensino para os alunos não portadores

de necessidades especiais. Dentro de uma perspectiva de educação democrática,

transformadora da sociedade e que põe em discussão paradigmas do ensino tal como

é hoje, este trabalho pretende contribuir para a compreensão do impacto que tal

ensino pode promover na formação de pessoas não portadoras de necessidades

especiais e comprovar que a inclusão é um ensino de qualidade para todos os alunos.

Tal escolha deveu-se ao fato de haver poucos estudos a respeito do Ensino

Inclusivo sob o enfoque dos alunos dito “normais”, além de tentar buscar entender

quais contribuições este traz para todos os alunos e para a transformação social mais

ampla, na construção de uma sociedade mais justa e democrática, uma vez que,

dizem os autores pesquisados, a interação com o diferente possibilitaria a criação de

identidades mais elaboradas.

Busca-se verificar se o Ensino Inclusivo teve impacto na formação de valores

morais e éticos nos indivíduos não portadores de necessidades especiais,

determinando, assim, benefícios deste tipo de ensino, e defendendo-o como um

ensino de qualidade para todos. Portanto, as análises aqui realizadas fundamentam-se

Page 8: CRDA - CENTRO DE REFERÊNCIA EM DISTÚRBIOS DE …crda.com.br/tccdoc/50.pdf · vivo não é uma unidade pronta, determinada dentro de suas mais variadas espécies, ele traz a sua

8

na concepção de que a identidade individual plena só se dá no reconhecimento da

pessoa como membro de um grupo maior, inclusivo.

O interesse pelo tema surgiu a partir de alguns questionamentos a profissionais

envolvidos em Escolas Inclusivas:

• Inclusão funciona mesmo?

• Os alunos sem deficiência não ficam prejudicados?

• O ensino fica mais “fraco”?

• Os professores estão capacitados para a educação inclusiva?

O tema discutido neste trabalho esteve, então, centrado na expectativa de

responder a algumas destas questões, focando a discussão do valor ético e moral na

formação dos alunos sem deficiência.

“Acreditamos que a questão da inclusão fere diretamente o núcleo de

nossos valores e crenças. Inclusão prece tão simples, tão cheia de bom senso,

e, contudo, é complexa. Inclusão explode fogos de artifício nas almas

daqueles envolvidos com ela. Inclusão desafia nossas crenças sobre a

humanidade e fere profundamente os recessos de nossos corações.

Inclusão NÃO trata apenas de colocar uma criança deficiente em uma

sala de aula ou em uma escola. Esta é apenas a menor peça do quebra-

cabeça. Inclusão trata, sim, de como nós lidamos com a diversidade, como

lidamos com a diferença, como lidamos (ou como evitamos lidar) com nossa

moralidade.” ( FOREST E PEARPOINT in MANTOAN, 1997, p 138)

A estrutura escolhida para buscar estas respostas foi a revisão bibliográfica

acerca do tema e entrevistas com alunos que estudaram em Escolas Inclusivas.

A revisão teórica focou a formação da identidade e o papel da inclusão neste

processo. Para tanto, inicialmente, definiu-se a identidade sob a perspectiva teórica da

construção social, histórica e cultural do psiquismo humano, seguindo algumas

considerações sobre o processo de formação da identidade. A seguir, caracterizou-se

a Inclusão escolar como modelo de ensino de qualidade para todos. Finalmente,

definiu-se o papel da inclusão escolar no processo de formação da identidade dos

alunos não portadores de necessidades especiais, do ponto de vista de seus

Page 9: CRDA - CENTRO DE REFERÊNCIA EM DISTÚRBIOS DE …crda.com.br/tccdoc/50.pdf · vivo não é uma unidade pronta, determinada dentro de suas mais variadas espécies, ele traz a sua

9

benefícios e principais dificuldades, confrontando as idéias de alguns autores com as

respostas dos alunos participantes ao questionário de coleta de dados.

As idéias de estudiosos como Mantoan, Pacheco, Werneck, Freire, Morin,

Maturana, Coll, Zabala entre outros, serviram de suporte teórico para as análises

realizadas somadas aos dados dos questionários aplicados.

A escolha deste percurso de pesquisa procurou confrontar as idéias teóricas

mencionadas anteriormente à opinião dos alunos que vivenciaram a inclusão ao longo

de sua vida escolar por um ou mais anos. O tempo de permanência na Escola

Inclusiva foi observado como fator determinante para a formação da personalidade

mais ética. Também foi feita a escolha de indivíduos de idades distintas com o intuito

de observar uma maior gama de opiniões, desde alunos já formados em nível superior

até outros ainda em formação no ensino básico.

Se partirmos do pressuposto de que o indivíduo aprende com o meio em

interação com o outro, numa perspectiva sócio interacionista, podemos verificar que a

Escola Inclusiva oferece interações diferenciadas na formação de todos os alunos. De

acordo com Devries (1998), a escola influencia o desenvolvimento social e moral, quer

pretenda fazer isso ou não. O ambiente sócio-moral da escola constitui-se na maior

parte das vezes num currículo implícito o que exige ainda maior reflexão sobre o

mesmo.

Maturana (2004) defende a idéia de que as espécies, de forma geral, não devem

ser vistas como algo pronto, acabado, completo, mas sim como seres em construção,

em mudança, em adaptação às suas diferentes naturezas biológicas, ou seja, o ser

vivo não é uma unidade pronta, determinada dentro de suas mais variadas espécies,

ele traz a sua singularidade, o que o torna especial.

Por mais que se sintam semelhantes às espécies, ambos carregaram em si,

mesmo que despercebidos, as suas diferenças, as suas diversidades, as suas

singularidades. Por mais que sejamos diferentes, seremos indispensáveis ao convívio

mútuo um do outro.

Somos diferentes, pensamos de jeitos diferentes, agimos de formas diferentes,

sentimos com intensidades diferentes. E tudo isso porque vivemos e apreendemos o

mundo de formas diferentes. A questão não é se queremos ou não ser diferentes, mas

que como seres humanos, nossa dignidade depende substancialmente da diversidade,

da alteridade, porque precisamos garantir o caráter subjetivo de nossa individualidade.

Uma vez valorizada a diversidade, não se terá mais inquietação de responder se

Page 10: CRDA - CENTRO DE REFERÊNCIA EM DISTÚRBIOS DE …crda.com.br/tccdoc/50.pdf · vivo não é uma unidade pronta, determinada dentro de suas mais variadas espécies, ele traz a sua

10

alguém aprendeu com o outro, mas de observar e de acompanhar curiosamente o jeito

sempre inusitado e mágico de cada um viver, de cada um vir a ser , no seu tempo e a

seu tempo, cuidando, acolhendo, compartilhando diferentes jeitos de aprender.

De acordo com Alves, a primeira tarefa da educação é ensinar as crianças a

serem elas mesmas, o que é extremamente difícil. A segunda tarefa da educação é

ensinar a conviver com a fantástica variedade de seres de nosso mundo. E ele

prossegue:

“Se seu filho ou sua filha não aprender a conviver com a diferença, com

os portadores de deficiência, e a ser seus companheiros e amigos, garanto-

lhes: eles serão pessoas empobrecidas e vazias de sentimentos nobres.”

(ALVES, 2003, p 15).

A Escola Inclusiva permite colocar em prática o princípio da igualdade, a

oportunidade de aprender que o outro tem coisas que nós não temos. A capacidade de

apreensão dos alunos se aprofunda porque convive de imediato com a diferença.

Há avanços na vivência coletiva e na construção da cidadania. Segundo

Werneck (1997, p 21):

“Na sociedade inclusiva ninguém é bonzinho. Ao contrário. Somos

apenas – e isso é o suficiente – cidadãos responsáveis pela qualidade de vida

do nosso semelhante, por mais diferente que ele seja ou nos pareça ser.

Inclusão é, primordialmente, uma questão de ética.”

Page 11: CRDA - CENTRO DE REFERÊNCIA EM DISTÚRBIOS DE …crda.com.br/tccdoc/50.pdf · vivo não é uma unidade pronta, determinada dentro de suas mais variadas espécies, ele traz a sua

11

2 FORMAÇÃO DA PERSONALIDADE E INCLUSÃO

"A educação tem tudo a ver com o tipo de mundo que queremos e o que

cada um constrói, é um mundo em comunhão. Um mundo que, ao ser

construído coletivamente, será sempre configurado por um certo tipo de

viver/conviver entre os seres humanos". Maturana (2004)

2.1 Formação da personalidade

Compreendendo a identidade como síntese que o indivíduo faz de si mesmo a

partir de um movimento dialético (dinâmico e mutável) de interações que ele

estabelece com o meio social e histórico-cultural, só se pode compreender sua

formação na trama dos sentidos, significados, interesses, expectativas, condutas,

comportamentos e especificidades que constituem as representações do eu e do

outro; representações estas sob as quais as semelhanças e desigualdades sociais e

culturais se configuram.

Morin (2000) explica que as interações entre indivíduos produzem a sociedade

que, por sua vez, testemunha o surgimento da cultura e que retroage sobre os

indivíduos pela cultura.

Estas interações sociais e culturais têm lugar privilegiado na Escola, seja ela

Inclusiva ou não, ou seja, é a educação que favorece a convivência e a formação da

individualidade, da cultura e da sociedade.

A educação é vista por Maturana (2004) como um processo pelo qual a criança

ou o adulto convive com o outro e, ao conviver, se transforma de maneira que seu

conviver se torna cada vez mais congruente com o outro no espaço da convivência. O

educar é, portanto, recíproco e ocorre todo o tempo. As pessoas então aprendem a

viver e conviver da maneira pela qual sua comunidade vive.

Ou, de acordo com Rossini, 2005, p 14:

"A forma como nos vemos sofre alterações, variando de acordo com nosso

próprio desenvolvimento e com as interferências do meio. São fatores

predominantes nessas alterações nossas conquistas ou insucessos, a visão

que temos do mundo e de nós mesmos frente a esse mundo(...). O

autoconceito, nossos hábitos, crenças, atitudes, valores, ideais constituem

partes do caráter e da personalidade sendo aprendidos ao longo da vida."

Page 12: CRDA - CENTRO DE REFERÊNCIA EM DISTÚRBIOS DE …crda.com.br/tccdoc/50.pdf · vivo não é uma unidade pronta, determinada dentro de suas mais variadas espécies, ele traz a sua

12

Certamente, a formação destes conceitos está diretamente ligada às opções

curriculares e aos valores que permeiam as escolhas educativas dos professores e

escolas. Uma escola centrada no aluno, atenta à diversidade, que busca atender às

necessidades educativas de todos com qualidade e de forma democrática, resultará

em alunos com uma formação de personalidade diferenciada, coerente com seus

princípios. Os currículos das Escolas Inclusivas são caracterizados por sua habilidade

de incorporar conteúdos que promovem o desenvolvimento de habilidades sociais

além do conteúdo acadêmico.

Ainda afirma Morin (2000):

“Cabe à educação do futuro cuidar para que a espécie humana não

apague a idéia de diversidade e que a da diversidade não apague a da

unidade. Há uma unidade humana. Há uma diversidade humana. A unidade

não está apenas nos traços biológicos da espécie Homo sapiens. A

diversidade não está apenas nos traços psicológicos, culturais, sociais do ser

humano.

Existe também diversidade propriamente biológica no seio da unidade

humana; não apenas existe unidade cerebral, mas mental, psíquica, afetiva,

intelectual; além disso, as mais diversas culturas e sociedades têm princípios

geradores ou organizacionais comuns. É a unidade humana que traz em si os

princípios de suas múltiplas diversidades. Compreender o ser humano é

compreender sua unidade na diversidade, sua diversidade na unidade. É

preciso conceber a unidade do múltiplo, a multiplicidade do uno. A educação

deverá ilustrar este princípio de unidade/diversidade em todas as esferas.”.

Nesta concepção, Inclusão quer dizer estar com o outro e cuidar uns dos outros.

Para isto, as escolhas curriculares e as práticas em sala de aula devem encorajar

todos os alunos a participarem cooperativamente como membros da construção de

uma nova sociedade. Não podemos deixar de lado o aspecto socializante da Escola,

seu caráter formador, o que é ensinado de forma implícita, os valores e princípios que

embasam as ações de toda comunidade escolar. A escola e a família influenciam

profundamente o desenvolvimento físico, emocional, intelectual e social das crianças.

Segundo Rossini: (2005, p 9) "O que faz um professor? Ensina. Isto é o que ele

pensa. Antes de ensinar o professor poliniza mentes e almas. Nossa missão é muito

maior do que imaginamos."

Page 13: CRDA - CENTRO DE REFERÊNCIA EM DISTÚRBIOS DE …crda.com.br/tccdoc/50.pdf · vivo não é uma unidade pronta, determinada dentro de suas mais variadas espécies, ele traz a sua

13

Formar-se pressupõe trocas, interações, aprendizagens, relações que são

singulares de acordo com a história de cada pessoa, conforme age, reage e interage

nos diferentes contextos em que atua. O processo de formação é complexo e

dinâmico, a pessoa vai se formando e se transformando ao longo da vida na

interação com o outro e com o meio em que vive, nas relações entre o objetivo e o

subjetivo, o interior e o exterior, o eu e o outro, o pessoal e o social.

Por isso, segundo Werneck (1997), quanto mais a criança vivencia situações

diferenciadas, mais adquire conhecimento e, quando interage com toda a diversidade

humana, é capaz de conhecer a vida em todas as suas dimensões e desafios.

“A aprendizagem é potencializada quando convergem condições que

estimulam o trabalho e o esforço. É preciso criar um ambiente seguro e

ordenado, que ofereça a todos os alunos a oportunidade de participar, num

clima com multiplicidade de interações que promovam a cooperação e a

coesão do grupo. Interações essas presididas pelo afeto, que contemplem a

possibilidade de se enganar e realizar as modificações oportunas; onde

convivam a exigência de trabalhar e a responsabilidade de realizar o

trabalho autonomamente, a emulação e o companheirismo, a solidariedade

e o esforço; determinadas interações que gerem sentimentos de segurança

e contribuam para formar no aluno uma percepção positiva e ajustada de si

mesmo.” (ZABALA, 1998, p 100)

Somos seres sociais, precisamos do outro para reconhecer a nós mesmos,

para estabelecer nossa auto-estima. Se excluídos, consideramos que não temos

valor e destruímos nossa identidade. Se excluímos, estabelecemos uma relação

desigual com o outro, de constrangimento. O outro nos ameaça, surge o preconceito,

a rejeição.

Betti in Mantoan (2001, p 172) ressalta que:

“Toda pessoa é única e diferente. Daí a importância de ressaltar as diferenças e valores de

cada um, afirmar a pluralidade no convívio, recuperar a dignidade de cada pessoa, resgatar o valor

das minorias, exercitar o respeito para com cada ser.”

O homem só pode reconhecer-se como sujeito único quando se observa em

relação aos outros, diferentes dele. Tal fato reforça ainda mais a importância do outro

na constituição da identidade humana, fazendo-nos concluir que o conhecimento de

si é dado pelo reconhecimento recíproco dos indivíduos de um determinado grupo

social com sua história, suas tradições, suas normas, seus interesses etc.

Page 14: CRDA - CENTRO DE REFERÊNCIA EM DISTÚRBIOS DE …crda.com.br/tccdoc/50.pdf · vivo não é uma unidade pronta, determinada dentro de suas mais variadas espécies, ele traz a sua

14

Pensando nisso, a inclusão escolar surge como uma prática favorável à

construção da identidade de indivíduos tão diferentes quanto semelhantes a todos

nós. Tal concepção é reforçada quando se entende que, através da convivência, o

indivíduo se relaciona e se identifica com os outros sob circunstâncias carregadas de

emoção e passa a ter como referência para a formação da sua identidade os papéis

sociais que são interpretados pelos outros e que para ele são significativos.

Afirma Freire, 1996:

“Uma das tarefas mais importantes da prática educativo-crítica é

propiciar as condições em que os educandos em suas relações uns com os

outros e todos com o professor ou com a professora ensaiam a experiência

profunda de assumir-se. Assumir-se como ser social e histórico, como ser

pensante e comunicante, transformador, criador, realizador de sonhos,

capaz de ter raiva porque capaz de amar. Assumir-se como sujeito porque

capaz de reconhecer-se como objeto. A assunção de nós não significa a

exclusão dos outros. É a “outredade” do “não eu”, ou do tu, que me faz

assumir a radicalidade de meu eu.” (FREIRE, 1996, p 41)

Vale ressaltar que a consciência do direito de constituir uma identidade própria

e do reconhecimento da identidade do outro traduz-se no direito à igualdade e no

respeito às diferenças, assegurando oportunidades diferenciadas (eqüidade) com

vistas à busca da igualdade.

Mantoan (2003, p 12) afirma que “a inclusão provoca uma crise escolar, ou

melhor, uma crise de identidade institucional, que, por sua vez, abala a identidade dos

professores e faz com que seja ressignificada a identidade do aluno."

Espera-se, portanto, que os ideais que embasam a Escola Inclusiva

desenvolvam nos alunos habilidades sociais tais como:

• Ser capaz de perceber os outros

• Ser capaz de aceitar os outros

• Ser capaz de comunicar-se

• Ser capaz de estabelecer consensos

• Não ter medo

• Ser ativo

• Ter confiança em si mesmo

• Saber lidar com poder

• Saber lidar com controle

Page 15: CRDA - CENTRO DE REFERÊNCIA EM DISTÚRBIOS DE …crda.com.br/tccdoc/50.pdf · vivo não é uma unidade pronta, determinada dentro de suas mais variadas espécies, ele traz a sua

15

• Saber lidar com competição e rivalidade

• Saber relacionar-se com os outros

• Conhecer a si mesmo

• Conhecer sua função no grupo

• Aceitar a diversidade

• Diminuir o preconceito

• Desenvolver valores morais e éticos

( PACHECO, 2007,p 157)

Cada pessoa, ao lidar com a dificuldade do outro e com a sua própria

dificuldade, elabora um saber diferente, enxerga outras possibilidades, outros pontos

de vista e, assim, cria uma identidade inédita. É esta identidade, enriquecida pela

diversidade, que precisa ser cada vez mais valorizada.

A Escola Inclusiva beneficia a todos os alunos, indiscutivelmente; e beneficia,

também, a construção de uma identidade mais ética e com valores mais humanitários

e democráticos, favorece a construção da cidadania e a sociabilidade, o que

promoverá uma sociedade mais justa e igualitária.

2.2 Inclusão

A Educação Inclusiva tem estado na pauta das discussões acerca do

ensino/aprendizagem nos últimos anos em busca de um ensino de melhor qualidade.

A atenção à diversidade, em toda sua amplitude, levou a Educação Inclusiva a

ser uma política internacionalmente aceita. Atualmente há um consenso de que todas

as crianças têm o direito de serem educadas em escolas integradoras. Apesar deste

consenso, ainda há muito o que fazer para que a Educação Inclusiva seja efetiva nas

escolas.

A discussão a respeito da Educação Inclusiva passa por conceitos de justiça

social, reforma escolar, melhoria do ensino, igualdade e aceitação. Passa basicamente

pelo conceito de ética. Escola Inclusiva é escola democrática.

Porém, este é um processo longo na história da humanidade. O significado da

deficiência está atrelado à organização social e à representação que os seres

humanos têm de si mesmos em cada época. Assim, nas sociedades primitivas, o

deficiente era um fardo para o grupo e seu abandono era visto com naturalidade, só os

mais aptos e fortes sobreviviam. Da mesma forma, nas sociedades gregas, cujo ideal

Page 16: CRDA - CENTRO DE REFERÊNCIA EM DISTÚRBIOS DE …crda.com.br/tccdoc/50.pdf · vivo não é uma unidade pronta, determinada dentro de suas mais variadas espécies, ele traz a sua

16

de perfeição prevalecia, crianças deficientes eram eliminadas ou abandonadas.

Com o advento do Cristianismo, considerou-se que os deficientes possuíam

alma e não poderiam ser abandonados. Passou-se a recolhê-los em abrigos. A

deficiência era vista como um castigo de Deus.

Na Idade Moderna, com o avanço científico, passou-se a considerar a

deficiência como conseqüência de traumatismos e doenças, o que deu lugar aos

tratamentos médicos.

Somente por volta de 1750 é que surge a preocupação educacional com os

deficientes. Um marco desta época é o trabalho de Itard com o jovem selvagem de

Aveyron.

A segregação dos deficientes, porém, continuava. Eram mantidos em

instituições especializadas a parte da família e da sociedade. Isto reflete a concepção

de que a humanidade é homogênea e que a deficiência é um desvio.

Somente nas últimas décadas do século XX o convívio social foi sendo

conquistado pelos portadores de deficiência, e a diversidade passou a não soar mais

tão estranha.

É importante destacar que, em relação à inclusão, dois eventos foram

mundialmente significativos e podem ser considerados marcos dessa proposta, pois

trataram de questões referentes à viabilização de educação para todos. Esses eventos

foram “A Conferência Mundial sobre Educação para Todos”, realizada em Jontiem, na

Tailândia, em 1990, que buscava garantir a igualdade de acesso à educação a

pessoas com qualquer tipo de limitação; e “A Conferência Mundial sobre Educação

Especial”, ocorrida em Salamanca, na Espanha, em 1994. Nesta última, foi elaborado

o documento “Declaração de Salamanca e Linha de Ação sobre Necessidades

Educativas Especiais”, que orienta os governos na atenção à diversidade.

A inclusão defende a inserção de alunos, reconhecendo a existência de

inúmeras diferenças (pessoais, lingüísticas, culturais, sociais etc.), e, ao reconhecê-

las, mostra a necessidade de mudança do sistema educacional que, na realidade, não

se encontra preparado para atender a essa clientela.

Reconhecemos que trabalhar com classes heterogêneas, que acolhem todas as

diferenças, traz inúmeros benefícios ao desenvolvimento das crianças deficientes e

também às não deficientes, porquanto estas têm a oportunidade de vivenciar a

importância do valor da troca e da cooperação nas interações humanas.

Page 17: CRDA - CENTRO DE REFERÊNCIA EM DISTÚRBIOS DE …crda.com.br/tccdoc/50.pdf · vivo não é uma unidade pronta, determinada dentro de suas mais variadas espécies, ele traz a sua

17

Portanto, para que as diferenças sejam respeitadas e se aprenda a viver na

diversidade, é necessária uma nova concepção de escola, de aluno, de ensinar e de

aprender.

Para Stainback e Stainback, uma escola inclusiva:

“(...) é aquela que educa todos os alunos em salas de aulas

regulares. Educar todos os alunos em salas de aulas regulares significa que

todo aluno recebe educação e freqüenta aulas regulares. Também significa

que todos os alunos recebem oportunidades educacionais adequadas, que

são desafiadoras, porém ajustadas às suas habilidades e necessidades,

recebem todo o apoio e ajuda de que eles e seus professores possam, da

mesma forma, necessitar para alcançar sucesso nas principais atividades. (...)

Ela é um lugar do qual todos fazem parte, em que todos são aceitos, onde

todos ajudam e são ajudados por seus colegas e por outros membros da

comunidade escolar, para que suas necessidades educacionais sejam

satisfeitas.” (STAINBACK e STAINBACK, 1999)

Uma escola aberta e de qualidade é norteada pelas seguintes convicções:

• A crença de que todos podem aprender;

• Respeito à individualidade, que permite a superação dos preconceitos e de qualquer tipo

de discriminação;

• Uma prática educativa centrada na pessoa, que possibilite a construção do

conhecimento e o preparo dos alunos para conviver em uma sociedade em constante

mudança;

• abandono das abordagens “tamanho único” das práticas de ensino, que pressupõem a

homogeneidade das turmas;

• a crença de que a escola deva ser o local que acolhe, valoriza e tira o máximo de

proveito da diversidade humana.

SARTORETTO in MANTOAN (2001, p102, 103)

Esta é uma pedagogia centrada na criança, com certo grau de instrução

individualizada, uma visão holística do indivíduo e uma compreensão sobre a

aprendizagem significativa como um processo social, em que os pontos fortes e a

competência de cada criança são trabalhados.

A finalidade da Educação Inclusiva é o desenvolvimento da autonomia moral e

intelectual para todos os alunos independente das barreiras físicas e/ou cognitivas

com as quais possam se deparar ao longo de sua escolarização.

O conceito que permeia a Educação Inclusiva é a metáfora do Caleidoscópio,

Page 18: CRDA - CENTRO DE REFERÊNCIA EM DISTÚRBIOS DE …crda.com.br/tccdoc/50.pdf · vivo não é uma unidade pronta, determinada dentro de suas mais variadas espécies, ele traz a sua

18

pequeno instrumento que só funciona quando tem todos os pedaços diferentes

formando figuras complexas que nunca se repetem. Quando se retira um dos pedaços

que o compõe, a figura final fica menos rica, menos complexa. O aluno com

necessidades especiais vem para quebrar paradigmas, trazer uma mudança de

postura e ajudar a construir um olhar diferenciado do ensino e da aprendizagem, um

olhar que considera a atenção à diversidade como condição básica para o

enriquecimento de cada um e de todos.

“Incluir é humanizar caminhos”, diz Werneck no livro “Ninguém mais vai ser

bonzinho na sociedade inclusiva” (WERNECK, 1997), ao comparar a sociedade com

uma grande avenida:

“ Mundo ocidental.

Final do século 20.

Todos têm pressa, muita pressa. Uma pressa louca de viver, de

trabalhar, de saber mais, de alcançar objetivos, de ter, de realizar, de amar e

de ser amado, de preferência sendo feliz antes de envelhecer. O tempo é

pouco.

A vida nas grandes cidades pode ser comparada a uma enorme

avenida. E a maioria da população anda bem depressa nessa avenida.

Automóveis e outros veículos dividem as pistas em alta velocidade.

Aparentemente não há regras. Ninguém pára. Nas ruas vicinais, que levam até

a grande avenida, carros tentam em vão superar o cruzamento e entrar nela.

São pessoas que também têm pressa, compromissos objetivos. Reclamam,

buzinam, nada adianta. Prejudicam-se muito. Nem sinais, pistas de

ultrapassagem ou de acostamento. Só consegue entrar na avenida principal

quem tem muita sorte, é extremamente hábil na direção ou está desesperado

a ponto de cometer uma loucura, arriscando até a vida. É o caos.

A grande avenida tem uma particularidade. Vai se ramificando. As

ramificações desembocam justamente nas tais ruelas transversais. Não há

outra saída. Assim, quem está na avenida hoje vai estar nas ruas vicinais

amanhã.

Para ir adiante, só há uma alternativa. Instituir nova ordem nessa

enorme avenida. Mais que isso, será preciso reformular a concepção de

avenida. Quem sabe começando por algo aparentemente simples, como a

colocação de sinais? Que ninguém se iluda. Com tanta pressa, a maioria dos

motoristas rejeitará de imediato a idéia. Como andar mais devagar a partir de

agora? Reformular tudo? Quem paga o prejuízo? Além da parada obrigatória

nos sinais, a avenida deverá ter pistas para quem precisar andar mais devagar

Page 19: CRDA - CENTRO DE REFERÊNCIA EM DISTÚRBIOS DE …crda.com.br/tccdoc/50.pdf · vivo não é uma unidade pronta, determinada dentro de suas mais variadas espécies, ele traz a sua

19

sem ser amaldiçoado pelos motoristas que por tanto tempo se acostumaram a

ter a rua principal só para eles.

No início vai ser difícil. Até os apressadinhos perceberem que os

benefícios das mudanças virão para todos. Nesse dia, vai ser uma festa. Aí,

sim, estaremos a caminho da avenida, digo, da sociedade inclusiva.”

(WERNECK, 1997, p 19, 20)

2.3 Benefícios da Inclusão e seu impacto na formaçã o da personalidade

“Ser igual é fácil É só olhar e copiar!

Ser diferente é difícil É se olhar e se expressar!

Se somos todos iguais O mundo fica mais pobre!

Se somos todos diferentes O mundo fica mais nobre!

Ser igual é perder a diferença E não marcar presença! ”

Bartolomeu Campos Queiros

Acredito, assim como alguns autores que relaciono neste trabalho, que é na

interação com o outro que aprendemos, construímos nossos valores, nos constituímos

sujeitos pertencentes a uma sociedade, partícipes e criadores da história. Nesse

contexto, não podemos deixar de considerar a escola como espaço fundamental de

troca, de interação.

Diz Morin no livro “Sete saberes necessários à educação do futuro” (2000): “a

condição humana ‘como objeto essencial de todo ensino’ é uma incumbência dos

“educadores deste milênio”. Para ele, é preciso que se ensine a “ética do gênero

humano” a fim de trazer ao educando a compreensão de que ele é um indivíduo

membro de uma sociedade e de uma espécie.

Classes heterogêneas, que acolhem todas as diferenças, trazem inúmeros

benefícios ao desenvolvimento das crianças deficientes e também às não deficientes,

uma vez que estas têm a oportunidade de vivenciar a importância do valor da troca e

da cooperação nas interações humanas. Mas, para que as diferenças sejam

Page 20: CRDA - CENTRO DE REFERÊNCIA EM DISTÚRBIOS DE …crda.com.br/tccdoc/50.pdf · vivo não é uma unidade pronta, determinada dentro de suas mais variadas espécies, ele traz a sua

20

respeitadas e se aprenda a viver na diversidade, é necessária uma nova concepção de

escola, de aluno, de ensinar e de aprender.

O princípio da inclusão exige uma radical transformação da escola, pois caberá a

ela adaptar-se às condições dos alunos, e não o inverso, como acontece hoje. As

estratégias e métodos devem abordar simultaneamente as necessidades cognitivas e

sociais dos alunos (PACHECO, 2007). A inclusão não se limita ao atendimento aos

indivíduos que apresentam necessidades educacionais especiais, mas demonstra

apoio a todos que fazem parte da escola: professores, alunos e pessoal administrativo

(STAINBACK e STAINBACK, 1999; MANTOAN, 1997).

Pacheco afirma que existem dois aspectos principais que os professores de

classes inclusivas precisam focalizar: concentrar-se na aprendizagem em vez de no

ensino e optar por estratégias, estruturas e métodos que apóiem a interação social.

Para isto é possível utilizar diferentes espaços de aprendizagem além da sala de aula;

usar a sobreposição curricular, ou seja, a partir do mesmo contexto de aprendizagem,

buscar objetivos diferentes para cada aluno de acordo com suas potencialidades; usar

a investigação; organizar os alunos em grupos, pares ou trios de acordo com as

necessidades e possibilidades de apoio mútuo disponíveis no grupo.

Com estas medidas, Pacheco afirma que:

“Todos os alunos desenvolvem uma auto-imagem forte e positiva, eles

reforçam sua metacognição e autonomia em seu próprio estudo. Cada aluno

tem seus próprios momentos para descobrir e estar ciente do que aprendeu. O

aluno escolhe o momento de mostrar o que ele sabe e é capaz de fazer. Isso

contribui para a confiança pessoal, para o desenvolvimento do senso crítico

dos alunos e para o crescimento de sua auto-estima.”

(PACHECO, 2007, p 117)

Partindo apenas destas questões mencionadas, podemos inferir que o Ensino

Inclusivo pressupõe tantas modificações e reflexões dentro da escola que, apenas por

isto, já traria uma melhora na qualidade do ensino para todos.

Pacheco (2007) e Mantoan (2001) afirmam que o ensino construtivista e sócio

interacionista é a modalidade na qual a inclusão se faz mais viável. Uma interpretação

construtivista do ensino tem como princípio a atividade mental dos alunos e, portanto,

considera a diversidade.

Segundo Zabala, 1998, p 91:

Page 21: CRDA - CENTRO DE REFERÊNCIA EM DISTÚRBIOS DE …crda.com.br/tccdoc/50.pdf · vivo não é uma unidade pronta, determinada dentro de suas mais variadas espécies, ele traz a sua

21

“Promover a atividade mental auto-estruturante, que possibilita estabelecer

relações, a generalização, a descontextualização e a atuação autônoma,

supõe que o aluno entende o que faz e por que o faz e tem consciência, em

qualquer nível, do processo que está seguindo. Isto é o que lhe permite dar-se

conta das dificuldades e, se for necessário, pedir ajuda. Também é o que lhe

permite experimentar que aprende, o que, sem dúvida, o motiva a seguir se

esforçando.”

Para eles, as Escolas Inclusivas consideram que a interação social é

facilitadora da aprendizagem, portanto, é preciso oferecer condições para a

colaboração bem sucedida entre os alunos. A cooperação pode desenvolver as

seguintes habilidades, diz Pacheco (2007):

• Perceber os outros e aceitá-los;

• Ser capaz de comunicar-se e chegar a um consenso;

• Ser ativo e sem medo;

• Ter confiança e demonstrar confiança e abertura;

• Saber lidar com poder, controle, competição e rivalidade;

• Saber como começar a se relacionar com os outros e como dar

feedback;

• Conhecer a si mesmo e sua função em um grupo;

• Assumir responsabilidade uns pelos outros.

Sendo, então, o Ensino Inclusivo um ato social e interacionista,o grupo tem

grande impacto na aprendizagem e na formação do indivíduo, diz Gayotto, 1996:

"Aprender em grupo significa que, na ação educativa, estamos preocupados

não apenas com o produto da aprendizagem, mas com o processo que

possibilitou a mudança dos sujeitos. (...) Os obstáculos precisam tornar-se

conhecidos, para serem resolvidos na ação dos integrantes. (...) No grupo as

necessidades tornam-se comuns e as pessoas se articulam para concretizar

estes objetivos. (...) Grupo eficiente implica em um processo constante de

produção, criação e protagonismo entre seus integrantes."

(GAYOTTO, 1996,p 29, 30)

Werneck (1997) sustenta que Inclusão é troca, e não favor; e que todos

ganham em igual medida neste processo. Conviver é direito de todo cidadão:

Page 22: CRDA - CENTRO DE REFERÊNCIA EM DISTÚRBIOS DE …crda.com.br/tccdoc/50.pdf · vivo não é uma unidade pronta, determinada dentro de suas mais variadas espécies, ele traz a sua

22

“Partindo da premissa de que quanto mais a criança interage

espontaneamente com situações diferenciadas mais ela adquirirá o genuíno

conhecimento, fica fácil entender por que a segregação não é prejudicial

apenas para o aluno com deficiência. A segregação prejudica a todos, porque

impede que as crianças das escolas regulares tenham a oportunidade de

conhecer a vida humana com todas as suas dimensões e desafios. Sem bons

desafios, como evoluir?

Evoluir é perceber que incluir não é tratar igual, pois as pessoas são

diferentes! Alunos diferentes terão oportunidades diferentes para que o ensino

alcance os mesmos objetivos. Incluir é abandonar estereótipos.”

(WERNECK, 1997, p 55,56).

As intervenções e interações que acontecem nas classes inclusivas

favorecem o desenvolvimento de todos os alunos, tornam-se a mola propulsora do

desenvolvimento do indivíduo. Vygotsky apud Semeghini in BAUMEL (1998) diz:

“Um processo interpessoal é transformado num processo intrapessoal.

Todas as funções no desenvolvimento da criança aparecem duas vezes, em

dois planos: primeiro, no nível social e, depois, no nível individual; primeiro

entre pessoas (interpsicológica) e, depois, no interior da criança

(intrapsicológica).”

( SEMEGHINI in BAUMEL et al, 1998, p 21)

Cada aluno possui suas vivências ricas de negociação interpessoal, seus

conhecimentos prévios, suas potencialidades e suas particularidades de

desenvolvimento. A composição destas diferenças pessoais no grupo é que possibilita

a riqueza de uma classe atenta à diversidade, o avanço de cada um e de todos.

Considerando, ainda, que a Inclusão é um ato de cidadania, que contribui

para que cada um se sinta e se perceba na sociedade da qual faz parte, precisamos

considerar a questão do preconceito que, segundo Werneck (1997), surge da falta de

informação e de formação do sujeito. Ainda acrescenta que a criança que não é

informada sobre assuntos tabus, como deficiência, busca mecanismos para atender

sua curiosidade e capta informações truncadas e distorcidas, dando origem ao

preconceito.

Page 23: CRDA - CENTRO DE REFERÊNCIA EM DISTÚRBIOS DE …crda.com.br/tccdoc/50.pdf · vivo não é uma unidade pronta, determinada dentro de suas mais variadas espécies, ele traz a sua

23

“A ‘falta de formação’ é um processo silencioso, lento, progressivo e

cumulativo de noções inadequadas sobre temas-tabu como a deficiência.

A ‘falta de formação’ dá origem ao preconceito.

A ’falta de formação’ é o alicerce do preconceito.

A ‘falta de formação’ impede que a criança veja a questão da deficiência

e da doença como sua.

(...) Para minimizar o preconceito será preciso impedir que ele se instale

ainda na infância.”

(WERNECK, 1997, p 144)

Cada pessoa, ao interagir com a dificuldade do outro e com a sua própria,

elabora um saber diferente, agrega novo valor a sua identidade. Identidade que

precisa ser cada vez mais valorizada.

O convívio com pessoas com deficiência possibilita a vivência de uma gama

mais ampla de papéis sociais e o respeito às diferenças, desenvolve tolerância e

cooperação, favorece o desenvolvimento da responsabilidade e melhora o

desempenho escolar, como menciona Jover apud Melli (in MANTOAN, 2001, p18).

O Ensino Inclusivo beneficia todos os alunos, uma vez que fomenta a

discussão sobre as práticas pedagógicas, sobre que cidadãos queremos formar e em

que tipo de sociedade queremos viver. Valoriza a formação humana, a construção de

valores sociais, acima dos individuais, em busca de uma sociedade mais justa e

igualitária.

“A escola que propomos e buscamos é uma escola aberta à diversidade

– a diversidade cultural, social e também individual. Considera-se que as

formas de aprender diferem, que os tempos de aprendizagem também, e que

não tem sentido sonhar com todos os alunos caminhando igualmente em seu

processo de construção do conhecimento. A igualdade que se defende não se

refere ao processo de aprendizagem, mas às condições oferecidas para

favorecer a aprendizagem, pois o processo é sempre singular,

inevitavelmente.”

(WEISZ, 2004, p 106).

Ou, como afirma Santos apud Mantoan, temos direito à igualdade quando as

diferenças inferiorizam-nos e o direito à diferença quando a igualdade descaracteriza-

nos (Revista Pátio, nº. 9, ano III).

Concluindo, os benefícios do Ensino Inclusivo podem ser resumidos em:

Page 24: CRDA - CENTRO DE REFERÊNCIA EM DISTÚRBIOS DE …crda.com.br/tccdoc/50.pdf · vivo não é uma unidade pronta, determinada dentro de suas mais variadas espécies, ele traz a sua

24

“Para os estudantes portadores de deficiência:

• Aprendem a gostar da diversidade;

• Adquirem experiência direta com a variedade de capacidades humanas;

• Demonstram crescente responsabilidade e melhor aprendizagem através

do trabalho em grupo, com outros deficientes ou não;

• Ficam melhor preparados para a vida adulta em sociedade diversificada,

entendem que são diferentes, mas não inferiores.

Para os estudantes não portadores de deficiência:

• Têm acesso a uma gama bem mais ampla de papéis sociais;

• Perdem o medo e o preconceito em relação ao diferente;

• Desenvolvem a cooperação e a tolerância;

• Adquirem senso de responsabilidade e melhoram o desempenho escolar;

• São mais bem preparados para a vida adulta porque desde cedo

assimilam que as pessoas, as famílias e os espaços sociais não são

homogêneos e que as diferenças são enriquecedoras para o ser humano.”

(Revista Nova Escola, p 13, ano XIV, nº. 123, Junho de 1999).

Page 25: CRDA - CENTRO DE REFERÊNCIA EM DISTÚRBIOS DE …crda.com.br/tccdoc/50.pdf · vivo não é uma unidade pronta, determinada dentro de suas mais variadas espécies, ele traz a sua

25

3 MATERIAIS E MÉTODOS

"Vemos as coisas não como são

mas como somos."

H.M. Tomlison

3.1 TIPO DE ESTUDO

Neste trabalho foi utilizado um questionário estruturado composto de quatro

partes: identificação pessoal, formação escolar, opiniões sobre a Escola Inclusiva e a

experiência vivenciada na Escola Inclusiva. Parte das questões incluídas foram

retiradas ou inspiradas na obra de Pacheco (2007).

O tipo de estudo empregado foi “Survey” retrospectivo. Os “Surveys” são

pesquisas de opinião de caráter quantitativo, que geralmente envolvem a coleta de

dados através de entrevistas aplicadas a uma amostra selecionada representativa da

população em estudo. A coleta de dados é feita por meio de questionários

estruturados. Tal metodologia busca identificar atitudes, conhecimentos, valores e

percepções da população entrevistada acerca do tema de estudo.

3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA

Participaram da pesquisa 30 alunos de escolas particulares e 7 alunos de

escolas públicas de ensino básico com vivências diferentes quanto à inclusão. Alguns

vivenciaram a experiência desde a Educação infantil e por muitos anos, outros apenas

a partir de determinado ponto do Ensino Fundamental e/ou por poucos anos.

3.3 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO

Foram selecionados indivíduos que:

• Detivessem a informação procurada, ou seja, haviam estudado em

Escola Inclusiva e não possuíam necessidades especiais;

• Fossem de instituições públicas e privadas;

• Tivessem estudado ao menos um ano em classes inclusivas a fim de

observar se o tempo de permanência na Escola Inclusiva impactava

as informações obtidas;

Page 26: CRDA - CENTRO DE REFERÊNCIA EM DISTÚRBIOS DE …crda.com.br/tccdoc/50.pdf · vivo não é uma unidade pronta, determinada dentro de suas mais variadas espécies, ele traz a sua

26

• Tivessem idades variadas, a fim de observar a diferença no impacto

da Inclusão na formação da personalidade;

• Principalmente, fossem disponíveis para responder ao questionário.

A idade dos participantes apresenta grande variação, uma vez que o objetivo da

pesquisa era considerar o impacto na formação da personalidade dos indivíduos

partícipes da Escola Inclusiva.

3.4 TÉCNICA EMPREGADA

Foi utilizado um questionário composto por quinze questões de múltipla escolha,

com uma questão aberta cuja resposta era opcional, constante do anexo deste

trabalho.

Com o intuito de complementar a análise do questionário fechado, foi incluída

uma questão aberta não obrigatória ao final do mesmo. O retorno de resposta nesta

questão foi bem mais baixo: 12 respostas, ou seja, 32% do total de questionários

respondidos. Estas respostas permitiram complementar as análises feitas a partir das

questões fechadas. No entanto, não podem ser generalizadas, devido ao baixo retorno

de respostas.

A opção por este questionário fechado deveu-se à agilidade na coleta de dados

e na simplicidade na tabulação dos mesmos.

Foram realizados contatos com alunos e ex-alunos de Escolas Inclusivas via

telefone ou e-mail. Aos disponíveis em participar foi enviado o questionário por e-mail

para ser respondido. O mesmo foi devolvido por e-mail e impresso. Quando houve

necessidade de complementação nas respostas, o participante foi novamente

contatado para que o fizesse por e-mail.

A população selecionada na amostra, devido à sua faixa etária, favorecia a

coleta de dados por e-mail, sendo que este foi um instrumento bastante efetivo e eficaz

com grande retorno de respostas.

Os dados obtidos foram organizados em tabelas e gráficos, para comparar e

analisar a freqüência das respostas de cada questão.

Cada questão foi tabulada de acordo com a quantidade de respostas obtidas em

cada opção da mesma e transformada em gráficos comparativos.

Page 27: CRDA - CENTRO DE REFERÊNCIA EM DISTÚRBIOS DE …crda.com.br/tccdoc/50.pdf · vivo não é uma unidade pronta, determinada dentro de suas mais variadas espécies, ele traz a sua

27

4 Discussão

Optamos pela análise quantitativa com o objetivo de testar a hipótese à qual a

Educação Inclusiva colabora para a formação de uma personalidade mais ética. A

análise quantitativa traz a objetividade dos dados numéricos, reduzindo as distorções

interpretativas e abrindo possibilidades para a generalização (adução), teste de

hipóteses, corroboração e falseamento de afirmações e teorias por meio das

ferramentas oferecidas pela estatística.

Apesar das questões serem estruturadas, houve espaço na última questão para

que os entrevistados colocassem suas opiniões e relatassem vivências de forma livre.

Este item, porém, não era obrigatório. Esta última questão permitia uma análise

qualitativa das opiniões dos participantes acerca da Educação Inclusiva. A análise

qualitativa busca captar as dimensões subjetivas da ação humana que os dados

quantitativos não conseguem captar, portanto, foram complementares à outra análise. Como menciona Luna ( p 59, 1996), os instrumentos e procedimentos de coleta

de informações, pelas suas próprias características, apresentam uma série de

vantagens, mas são limitados em tantos outros aspectos. A opção por este

questionário fechado deveu-se à agilidade na coleta de dados e na simplicidade na

tabulação dos mesmos. Havia a possibilidade de baixo retorno das respostas, porém,

dos 58 indivíduos contatados, 37 responderam às questões, ou seja, mais de 64% dos

contatados, índice muito acima da margem de respostas estimada por Luna, que varia

de 20% a 30%. Além disso, não houveram questões não respondidas, o que também

contraria a estimativa de Luna.

Responderam à pesquisa 30 alunos de escolas particulares e 7 alunos de

escolas públicas com idade média de 20 anos, variando entre 15 e 27 anos. Do grupo

participante, 81% das pessoas passaram mais de 5 anos do período do Ensino básico

em Escola Inclusiva

Tais características, provavelmente, já determinam uma visão mais positiva da

Escola Inclusiva, uma vez que tais indivíduos vivenciaram grande parte de seu período

de formação dentro da proposta Inclusiva, muito possivelmente desde o início de sua

escolarização.

Segundo um dos participantes: “passar boa parte da minha infância em uma escola

inclusiva definiu pelo menos uma parte de quem eu sou e de como eu lido com pessoas diferentes.”

Page 28: CRDA - CENTRO DE REFERÊNCIA EM DISTÚRBIOS DE …crda.com.br/tccdoc/50.pdf · vivo não é uma unidade pronta, determinada dentro de suas mais variadas espécies, ele traz a sua

28

Os dados sugerem que a maioria dos alunos que participaram da pesquisa se

mostrou confiante e favorável à inclusão escolar. 81% dos entrevistados acreditam que

a o ensino deva ser centrado no aluno; 73% concordam com a presença de alunos

portadores de necessidades especiais nas classes comuns; entre 84% e 67%

atribuem à Educação Inclusiva o desenvolvimento de habilidades sociais, tolerância, a

promoção da cooperação e a aceitação da diversidade, e o desenvolvimento de

valores morais e éticos. Em todos estes itens, há apenas de 0 a 3 respostas com

afirmações negativas, correspondendo entre 0 e 8% do total.

A tabela abaixo demonstra a opinião dos participantes com relação ao

desenvolvimento de habilidades sociais na Escola Inclusiva:

Opções Respostas Porcentagem do total

sim 31 84

não 1 3

parcialmente 5 14

Total 37 100

Tabela Questão 3. Em sua visão, a escola inclusiva desenvolve habilidades sociais ?

Em alguns itens, como o desenvolvimento da cooperação, o conhecimento de si

mesmo e de sua função no grupo, a responsabilização pelos outros e a preparação

para uma sociedade em constante mudança, 30% dos entrevistados respondeu

parcialmente, e entre 57% e 68% responderam positivamente, conforme demonstrado

na tabela a seguir:

Page 29: CRDA - CENTRO DE REFERÊNCIA EM DISTÚRBIOS DE …crda.com.br/tccdoc/50.pdf · vivo não é uma unidade pronta, determinada dentro de suas mais variadas espécies, ele traz a sua

29

Opções Respostas Porcentagem do total

sim 25 68

não 1 3

parcialmente 11 30

Total 37 100

Tabela Questão 6. Em sua opinião, a escola inclusiva promove um comportamento cooperativo dos alunos e professores?

Nenhum participante considerou que a Escola Inclusiva não promove o

desenvolvimento de valores e de uma personalidade mais ética.

Opções Respostas Porcentagem do total

sim 32 86

não 0 0

parcialmente 5 14

Total 37 100

Tabela Questão 9. Em sua opinião, a escola inclusiva promove a formação de valores e de uma personalidade mais ética?

Os entrevistados conviveram basicamente com deficientes mentais e físicos, ou

ainda portadores de deficiências múltiplas. Apenas 16% conviveram com deficientes

sensoriais, ou seja, cegos ou surdos.

Page 30: CRDA - CENTRO DE REFERÊNCIA EM DISTÚRBIOS DE …crda.com.br/tccdoc/50.pdf · vivo não é uma unidade pronta, determinada dentro de suas mais variadas espécies, ele traz a sua

30

Não tiveram dificuldade de conviver com os portadores de necessidades especiais

70% dos entrevistados; e 24% relatam dificuldade parcial. Apenas 2 participantes

afirmam ter tido dificuldade em conviver com os portadores de alguma deficiência. Um

dos participantes justifica esta situação:

“Queria só fazer uma observação, que no começo, quando entrei na escola inclusiva, foi difícil

me relacionar com pessoas que tem algum tipo de diversidade, por nunca ter tido esse ‘contato’ tão de

perto com eles, com o tempo eu fui me acostumando e vendo que essas pessoas que são especiais são

realmente iguais e até melhores que muitos de nós que somos considerados ‘normais’ pela sociedade,

pois eles têm valores diferentes, sentimentos mais puros e verdadeiros.”

Opções Respostas Porcentagem do total sim 2 5não 26 70

parcialmente 9 24

Total 37 100

Tabela Questão 2. Você teve dificuldade em conviver com alunos portadores de necessidades educativas especiais?

Os sentimentos decorrentes da Inclusão que predominaram entre os

participantes foram positivos, 92%, sendo que apenas 3 pessoas disseram ter

sentimento neutro e nenhum afirma ter sentimento negativo com relação à Inclusão.

Page 31: CRDA - CENTRO DE REFERÊNCIA EM DISTÚRBIOS DE …crda.com.br/tccdoc/50.pdf · vivo não é uma unidade pronta, determinada dentro de suas mais variadas espécies, ele traz a sua

31

Opções Respostas Porcentagem do total

positivo 34 92

neutro 3 8

negativo 0 0

Total 37 100

Tabela Questão 3. Qual seu sentimento em relação à escola inclusiva?

A maior parte dos participantes avalia a Educação Inclusiva como fator positivo

na formação de sua personalidade, ou seja, 81%, sendo que 16 % afirmam que o foi

parcialmente e apenas 1 pessoa diz que a Educação Inclusiva não contribuiu para a

formação de sua personalidade de forma positiva.

Opções Respostas Porcentagem do total

sim 30 81

não 1 3

parcialmente 6 16

Total 37 100

Tabela Questão 4. Você acredita que a escola inclusiva contribuiu para a formação de sua personalidade de forma positiva?

Quando são avaliadas as habilidades desenvolvidas pela Escola Inclusiva, há

alguns consensos: 94% das respostas apontam que aprenderam na Escola Inclusiva a

aceitar os outros, a diminuir o preconceito e a relacionar-se com os outros; entre 94%

Page 32: CRDA - CENTRO DE REFERÊNCIA EM DISTÚRBIOS DE …crda.com.br/tccdoc/50.pdf · vivo não é uma unidade pronta, determinada dentro de suas mais variadas espécies, ele traz a sua

32

e 81% afirmam que desenvolveram valores morais e éticos e foram capazes de

perceber os outros; apenas 22% afirmam que aprenderam a lidar com poder. A

totalidade dos entrevistados afirma que a Escola Inclusiva promove a aceitação da

diversidade.

Entre 35% e 43% das respostas afirmam que aprenderam a estabelecer

consensos, a não ter medo, a ser ativo, a ter confiança em si mesmo, a lidar com

controle e com competição.

Entre 60% e 73% dizem que aprenderam a comunicar-se, a conhecer-se e a

perceber sua função no grupo.

Habilidades desenvolvidas pela Escola Inclusiva

3137

2318 15 13 12 8

14 15

3324 28

35 35 34

PERCEBER

ACEITAR

COMUNIC

AR

CONSENSO

MEDO

ATIVO

CONFIA

NÇA

PODER

CONTROLE

COMPETIÇ

ÃO

RELACIO

NAR-SE

CONHECER-S

E

FUNÇÃO NO G

RUPO

DIVERSID

ADE

PRECONCEITO

VALORES MORAIS

E É

...

A tabela a seguir sintetiza as informações fornecidas pelos entrevistados quanto

às habilidades desenvolvidas pela Escola Inclusiva organizadas em ordem

decrescente, das mais mencionadas para as menos citadas:

Page 33: CRDA - CENTRO DE REFERÊNCIA EM DISTÚRBIOS DE …crda.com.br/tccdoc/50.pdf · vivo não é uma unidade pronta, determinada dentro de suas mais variadas espécies, ele traz a sua

33

Opções Respostas Porcentagem do total

Aceitar a diversidade 37 95

Ser capaz de aceitar os outros 35 94

Diminuir o preconceito 35 94

Desenvolver valores morais e éticos 34 93

Saber relacionar-se com os outros 33 92

Ser capaz de perceber os outros 31 81

Conhecer sua função no grupo 28 73

Ser capaz de comunicar-se 23 60

Conhecer a si mesmo 24 60

Ser capaz de estabelecer consensos 18 43

Não ter medo 15 41

Saber lidar com controle 14 38

Saber lidar com competição e rivalidade 15 38

Ser ativo 13 35

Ter confiança em si mesmo 12 35

Saber lidar com poder 8 22

Tabela Questão 5. Assinale as habilidades que julga ter desenvolvido na escola inclusiva:

Os resultados obtidos revelaram que a maioria dos participantes demonstrou

credibilidade à inclusão escolar, e apontaram várias habilidades sociais desenvolvidas

em si próprios a partir desta experiência, destacando-se a capacidade de aceitação do

outro, de relacionar-se, de conviver com a diversidade, a diminuição do preconceito e o

desenvolvimento de valores morais e éticos em sua personalidade.

De acordo com um dos entrevistados:

“Estudar em escola inclusiva durante o período de formação da minha personalidade foi

essencial para que eu aprendesse a conviver com todos os tipos de diferença, a compreendê-las e a

aprender com elas. As crianças com deficiência com quem estudei me deram lições importantes sobre

compaixão, solidariedade e amizade.”

Page 34: CRDA - CENTRO DE REFERÊNCIA EM DISTÚRBIOS DE …crda.com.br/tccdoc/50.pdf · vivo não é uma unidade pronta, determinada dentro de suas mais variadas espécies, ele traz a sua

34

O fato de a maioria dos alunos sem necessidades educativas especiais demonstrar

credibilidade na educação inclusiva pode ser entendido como positivo, principalmente

quando se considera que inclusão representa também respeito e aceitação à

diversidade. É imprescindível destacar que só se pode falar em Inclusão quando há

uma efetiva interação entre deficientes e não deficientes.

Torna-se importante destacar que educação inclusiva trata-se de um processo

complexo que envolve um novo paradigma conceitual e ideológico, o qual precisa

envolver políticas, programas, serviços sociais, comunidade etc. Com isso, é

necessário aceitar e reconhecer a diversidade na vida e na sociedade, isto é,

identificar que cada indivíduo é único, com suas necessidades, desejos e

peculiaridades próprias.

Esses resultados deixam evidente a complexidade de se efetivar a educação

inclusiva. Diversos autores citados neste trabalho apontam essa complexidade.

Sartoretto (2001) é categórica ao afirmar que educação inclusiva envolve um processo

muito amplo de reforma do sistema escolar. Para essa autora, a escola deve abrir

espaço para a diversidade humana; os professores devem estar continuamente em

busca do aprendizado sobre como se deve ensinar, para que possam proporcionar um

ensino de qualidade a todos.

Page 35: CRDA - CENTRO DE REFERÊNCIA EM DISTÚRBIOS DE …crda.com.br/tccdoc/50.pdf · vivo não é uma unidade pronta, determinada dentro de suas mais variadas espécies, ele traz a sua

35

5 Resultados

O estudo apresentou dados que permitem algumas reflexões sobre o processo

de inclusão de alunos com deficiência em classes comuns do sistema regular de

ensino, sob a ótica dos alunos ditos “normais”, procurando relacionar esta vivência a

uma formação de identidade mais ética e com valores mais humanizados.

Esses dados revelam o quanto ainda se fazem necessárias pesquisas na área.

É imprescindível ampliar o conhecimento do impacto da Inclusão para todos e de como

a mesma é capaz de aprimorar técnicas e instrumentos pedagógicos fomentando a

discussão sobre a qualidade da Educação como um todo. Pensar em uma Escola

Inclusiva significa pensar em uma escola para cada um, isto é, em uma escola em que

cada aluno seja atendido de acordo com suas necessidades e dificuldades, com

recursos e metodologias que propiciem o seu aprendizado e desenvolvimento.

Inclusão implica em aceitar todas as crianças como pessoas, seres humanos

únicos e diferentes entre si, mas isso só acontece de fato quando as escolas se

modificam, não somente nas instalações físicas, mas em toda a proposta pedagógica,

metodológica e administrativa. Um dos participantes desta pesquisa declara:

“(...), sou extremamente grata por não ter sido excluída do convívio de pessoas diferentes de mim e

acho que para se obter uma sociedade próxima do ideal justo e igualitário, não se pode haver barreiras

na convivência de pessoas de todas as raças, credos, sexo, doença não contagiosa por meio social,

condição social, enfim, todas essas diferenças que nos fazem tão semelhantes.

Espero poder acrescentar e futuramente cooperar para a mudança do padrão de ensino que

enfrentamos até hoje. Que bom que eu tive a oportunidade de fazer amizades sem barreiras!”

Alguns dos entrevistados, em seus comentários finais, apontam as dificuldades

nestas mudanças físicas, de proposta, de metodologia e da administração da escola:

“Algumas escolas me parecem não ter preparo nem mesmo para lidar com as diferenças de

aprendizagem comuns das crianças e adolescentes.”

“Acredito que a Escola Inclusiva é positiva, mas falando também como educadora, ela é falha em

muitos aspectos, como por exemplo a organização dos conteúdos.”

Page 36: CRDA - CENTRO DE REFERÊNCIA EM DISTÚRBIOS DE …crda.com.br/tccdoc/50.pdf · vivo não é uma unidade pronta, determinada dentro de suas mais variadas espécies, ele traz a sua

36

Portanto, há uma percepção dos benefícios da Inclusão, muito embora os pontos

negativos e falhos não deixem de ser apontados. Acredito que este é um processo

natural, uma vez que a Inclusão tem sido implementada através de leis e sem a devida

reflexão por parte das escolas. Na medida em que os profissionais e instituições se

disponibilizarem a realizar a Inclusão de fato e assumirem a educação de todos os

alunos com qualidade como bandeira fundamental de seu trabalho, a Inclusão tenderá

a se tornar mais efetiva e o ensino, como um todo, ganhará muito em qualidade.

Diz Melli:

“A inclusão está intrinsecamente relacionada à qualidade de ensino e à

abertura da escola para todas as crianças. Isto quer dizer que apesar de

relacionarmos inclusão à inserção de crianças com deficiências, as escolas

inclusivas são aquelas onde todas as crianças são bem vindas: as crianças

inteligentes, as que têm dificuldades de aprendizagens, problemas de

comportamento, as multi-repetentes, as crianças dos vários níveis

socioeconômicos, as crianças de diferentes credos religiosos, as crianças com

condutas típicas, com distúrbios neurológicos, com alterações genéticas, as

crianças aidéticas e assim por diante.” ( MELLI in MANTOAN, 2001, p 17).

Os principais resultados indicam que a maioria dos alunos que participaram

dessa pesquisa se mostrou favorável à inclusão escolar, demonstrando credibilidade

nesse processo.

Esses resultados evidenciam que a grande maioria dos alunos sem

necessidades educativas especiais possui sentimentos positivos em relação a essa

experiência. Também foi possível constatar que a grande maioria dos entrevistados

percebe o desenvolvimento em si mesmo de habilidades sociais e valores

humanísticos a partir de sua experiência no Ensino Inclusivo, atribuindo a ela aspectos

positivos na formação de sua personalidade. Este dado confirma o que diz Werneck:

“O processo de inclusão beneficia a todos os alunos. Ele é indiscutível para a construção da

idéia de cidadania e sociabilidade. Falo de uma sociedade mais justa e igualitária, na qual as diferenças

sejam consideradas e respeitadas” (WERNECK, 1997, p 56).

Um dos entrevistados sintetiza desta forma sua experiência na Escola Inclusiva:

Page 37: CRDA - CENTRO DE REFERÊNCIA EM DISTÚRBIOS DE …crda.com.br/tccdoc/50.pdf · vivo não é uma unidade pronta, determinada dentro de suas mais variadas espécies, ele traz a sua

37

“Tenho absoluta certeza de que estudar em escolas inclusivas foi decisivo na minha formação.

Alguns de meus melhores amigos tinham síndrome de Down ou algum outro tipo de deficiência e me

ensinaram muitos dos valores mais ricos que levo até hoje. Infelizmente não são todas as escolas que

são aptas a receber crianças especiais. E essa divisão desde cedo acostuma a criança a não precisar

conviver com a diferença, justamente numa fase de aquisição de valores, formação de caráter e de

personalidade. É preciso aprender o respeito, é preciso aprender a conviver e lidar de forma natural com

a diferença. “

Este e outros depoimentos coletados na pesquisa reafirmam o impacto que o

Ensino Inclusivo representa na formação da personalidade destes indivíduos, o quanto

promoveu valores e ética nestas pessoas, portanto, seu impacto é altamente positivo e

benéfico.

Os dados deixam explícitos os benefícios da Inclusão para os alunos não

portadores de necessidades educativas especiais, descritos no Capítulo II:

• Têm acesso a uma gama bem mais ampla de papéis sociais;

• Perdem o medo e o preconceito em relação ao diferente;

• Desenvolvem a cooperação e a tolerância;

• Adquirem senso de responsabilidade e melhoram o desempenho escolar;

• São mais bem preparados para a vida adulta porque desde cedo assimilam que as pessoas, as

famílias e os espaços sociais não são homogêneos e que as diferenças são enriquecedoras

para o ser humano.

(Revista Nova Escola, p 13, ano XIV, nº. 123, Junho de 1999).

Torna-se importante destacar que um processo dessa natureza requer não

apenas a aceitação e a credibilidade das pessoas, mas também que as escolas se

preparem, ou seja, se estruturem tanto no âmbito físico como de recursos humanos

para receber um aluno com necessidades educativas especiais.

Deve-se ter claro que os princípios norteadores da inclusão defendem que as

escolas devem estar preparadas para identificar e responder às diversas necessidades

de seus alunos. As escolas devem reconhecer e responder às diversas necessidades

de cada um, acomodando tanto estilos como ritmos de aprendizagem, assim

assegurando um ensino de qualidade a todos. Inclusão escolar implica considerar,

aceitar e reconhecer a diversidade na vida e na sociedade, isto é, identificar que cada

Page 38: CRDA - CENTRO DE REFERÊNCIA EM DISTÚRBIOS DE …crda.com.br/tccdoc/50.pdf · vivo não é uma unidade pronta, determinada dentro de suas mais variadas espécies, ele traz a sua

38

indivíduo é único, com suas necessidades, desejos e peculiaridades próprias. Ou na

fala de uma das pessoas que responderam à questão aberta:

“Acredito que o aprendizado mais importante que levei comigo da experiência de estudar em um

colégio com inclusão foi aprender a me relacionar com o outro. Para isso é preciso entender que somos

todos diferentes em um ponto ou outro. Não são só os alunos “especiais” que têm dificuldades em

alguns aspectos e facilidades em outros, todos temos. Quando compreendemos de fato essa

diversidade, fica mais fácil conviver em grupos, seja no colégio, na faculdade, no trabalho ou mesmo em

família.”

Page 39: CRDA - CENTRO DE REFERÊNCIA EM DISTÚRBIOS DE …crda.com.br/tccdoc/50.pdf · vivo não é uma unidade pronta, determinada dentro de suas mais variadas espécies, ele traz a sua

39

CONCLUSÃO

“Utopia está no horizonte.

Aproximo-me dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos.

Por mais que eu caminhe jamais a alcançarei. Para que serve a utopia?

Serve para isso, para caminhar.” Maria Lucia Madrid Sartoretto

Conclui-se que o Ensino Inclusivo, como afirma Werneck, realmente não é

favor, é troca; e que todos ganham muito neste processo: alunos com deficiência,

alunos sem deficiência, professores, pessoal administrativo, escola e sociedade como

um todo.

Portanto, fica confirmado que a Educação Inclusiva tem impacto positivo na

formação da personalidade dos alunos não portadores de necessidades educativas

especiais, desenvolvendo nos mesmos habilidades sociais, valores morais e éticos.

Como afirma Melli apud Forest e Pearpoint:

“Se podemos precisar o local exato de cidades-bombas em quase

meio globo terrestre, se podemos mandar homens e mulheres para o espaço,

certamente também podemos descobrir como viver juntos com liberdade e

justiça para todos. A inclusão é verdadeiramente e simplesmente uma questão

de vontade.”

(MELLI in MANTOAN, 2001, p 42).

Igualmente se faz necessário muito estudo e pesquisa para ampliar o

conhecimento, desenvolver e testar formas que viabilizem a verdadeira inclusão

escolar.

Enfim, este estudo aponta caminhos de análise sendo, porém, impossível

esgotá-lo, sugerindo-se que outras pesquisas sejam feitas.

Page 40: CRDA - CENTRO DE REFERÊNCIA EM DISTÚRBIOS DE …crda.com.br/tccdoc/50.pdf · vivo não é uma unidade pronta, determinada dentro de suas mais variadas espécies, ele traz a sua

40

Referências bibliográficas

ALVES, R., Conversas sobre educação , São Paulo: Verus, 2003 ARANTES, V. A. ( ORG), Inclusão escolar , São Paulo: Summus, 2006 BAUMEL, R.e outros, Integrar, incluir, desafio para a escola atual , São Paulo: FEUSP, 1998 COLL, C. e outros, Desenvolvimento psicológico e educação Volume 3 , Porto Alegre, Artmed, 1995 DEVRIES, Z. ZAN B>, Ética na Educação Infantil , Porto Alegre, Artmed, 1998 DOWBOR, F.F., Quem educa marca o copo do outro , São Paulo: Cortez, 2007 FREIRE, P., Pedagogia da autonomia , São Paulo: Paz e Terra, 1996 GAYOTTO, M. L. DOMINGUES, I., Liderança: aprenda a mudar em grupo , São Paulo: Editora PUC SP, 1996 LUNA, S. V., Planejamento de pesquisa uma introdução , São Paulo: Verus, 2003 MANTOAN, M. T. E. (Org.), A integração de pessoas com deficiência: contribuições para uma reflexão sobre o tema , São Paulo: Memnon, 1997 MANTOAN, M. T. E. (Org), Caminhos pedagógicos da inclusão , São Paulo: Memnon,2001 MANTOAN, M. T. E, Inclusão escolar: o que é? Por quê? Como fazer?, São Paulo: Moderna,. 2003 MANTOAN, M. T. E. (Org.), Ser ou estar, eis a questão. Compreendendo o défici t intelectual, São Paulo: WVA, 2001 MATURANA, H. R. C. VERDIN-ZOLLER, Amar e brincar – Fundamentos esquecidos do humano , São Paulo: Palas Athenas, 2004 MORIN, E., Os sete saberes necessários à educação do futuro . São Paulo: Cortez, 2000 NÓVOA, A. (Org.), Vida de professores , Porto, Porto Editora, NÓVOA, A. (Org.), Profissão professor , Porto, Porto Editora PACHECO, J. e outros, Caminhos para a inclus ão, Porto Alegre, Artmed, 2007 ROSSINI, M. A. S.., Educar para ser , São Paulo: Vozes, 2005

Page 41: CRDA - CENTRO DE REFERÊNCIA EM DISTÚRBIOS DE …crda.com.br/tccdoc/50.pdf · vivo não é uma unidade pronta, determinada dentro de suas mais variadas espécies, ele traz a sua

41

STAINBACK, S & W. STAINBACK (Orgs.), Inclusão: um guia para educadores, Porto Alegre: Artmed, 1999 WERNEK, C., Ninguém mais vai ser bonzinho na sociedade inclusiv a, São Paulo: WVA, 1997 WERNEK, C., Meu amigo Down na escola , São Paulo: WVA WEISZ, T., O diálogo entre o ensino e a aprendizagem , São Paulo: Ática, 2004 ZABALA, A, A prática educativa como ensinar , Porto Alegre: Artmed, 1998

REVISTAS:

PÁTIO EDUCAÇÃO INFANTIL, A diversidade como desafio, Ano III n º 9 novembro

2005 / fevereiro 2006

ÉPOCA, Normal é ser diferente, n º 435, 18 de setembro de 2006

SENTIDOS, A inclusão da pessoa com deficiência, Ano 8 n º 50

NOVA ESCOLA, Inclusão uma utopia possível, Ano XIV n º 123, Junho de 1999

NOVA ESCOLA, Inclusão que dá certo, Ano XVII n º 165,Setembro de 2003

NOVA ESCOLA, Inclusão, Edição especial Outubro de 2006

Page 42: CRDA - CENTRO DE REFERÊNCIA EM DISTÚRBIOS DE …crda.com.br/tccdoc/50.pdf · vivo não é uma unidade pronta, determinada dentro de suas mais variadas espécies, ele traz a sua

42

ANEXOS

QUESTIONÁRIO (baseado em PACHECO, 2007, p 157)

I – Identificação pessoal

Nome(opcional):________________________________________________________

Idade: ________________________________________________________________

II – Formação escolar

Quantos anos estudou em escola inclusiva ___________________________________

Quantos anos estudou em escola não inclusiva _______________________________

III – Opiniões sobre a escola inclusiva

1. Acredita que o ensino deve ser centrado no aluno, numa visão holística do

mesmo em que pontos fortes e a competência de cada um são trabalhados?

( ) sim ( ) não ( ) parcialmente

2. Concorda com a presença de alunos com necessidades educativas especiais

na escola comum?

( ) sim ( ) não ( ) parcialmente

3. Em sua visão, a escola inclusiva desenvolve habilidades sociais ?

( ) sim ( ) não ( ) parcialmente

4. Em sua opinião, a escola inclusiva promove a aceitação da diversidade?

Excluído: _

Excluído: _

Excluído: _

Excluído: __

Page 43: CRDA - CENTRO DE REFERÊNCIA EM DISTÚRBIOS DE …crda.com.br/tccdoc/50.pdf · vivo não é uma unidade pronta, determinada dentro de suas mais variadas espécies, ele traz a sua

43

( ) sim ( ) não ( ) parcialmente

5. Em sua opinião, a escola inclusiva favorece a tolerância?

( ) sim ( ) não ( ) parcialmente

6. Em sua opinião, a escola inclusiva promove um comportamento cooperativo dos

alunos e professores?

( ) sim ( ) não ( ) parcialmente

7. Em sua opinião, a escola inclusiva favorece o conhecimento de si mesmo e de

sua função dentro do grupo?

( ) sim ( ) não ( ) parcialmente

8. Em sua opinião, a escola inclusiva ajuda as pessoas a responsabilizarem-se

umas pelas outras?

( ) sim ( ) não ( ) parcialmente

9. Em sua opinião, a escola inclusiva promove a formação de valores e de uma

personalidade mais ética?

( ) sim ( ) não ( ) parcialmente

10. Em sua opinião, a escola inclusiva prepara os alunos para conviver em uma

sociedade em constante mudança?

( ) sim ( ) não ( ) parcialmente

IV – Sua experiência na escola inclusiva

1) Você conviveu com alunos com:

( ) deficiência física

( ) deficiência sensorial (surdez, cegueira, mudez)

( ) deficiência mental

( ) deficiência múltipla (duas ou mais deficiências associadas)

Page 44: CRDA - CENTRO DE REFERÊNCIA EM DISTÚRBIOS DE …crda.com.br/tccdoc/50.pdf · vivo não é uma unidade pronta, determinada dentro de suas mais variadas espécies, ele traz a sua

44

2) Você teve dificuldade em conviver com alunos portadores de necessidades

educativas especiais?

( ) sim ( ) não ( ) parcialmente

3) Qual seu sentimento em relação à escola inclusiva?

( ) positivo ( ) neutro ( ) negativo

4) Você acredita que a escola inclusiva contribuiu para a formação de sua

personalidade de forma positiva?

( ) sim ( ) não ( ) parcialmente

5) Assinale as habilidades que julga ter desenvolvido na escola inclusiva:

( ) Ser capaz de perceber os outros

( ) Ser capaz de aceitar os outros

( ) Ser capaz de comunicar-se

( ) Ser capaz de estabelecer consensos

( ) Não ter medo

( ) Ser ativo

( ) Ter confiança em si mesmo

( ) Saber lidar com poder

( ) Saber lidar com controle

( ) Saber lidar com competição e rivalidade

( ) Saber relacionar-se com os outros

( ) Conhecer a si mesmo

( ) Conhecer sua função no grupo

( ) Aceitar a diversidade

( ) Diminuir o preconceito

( ) Desenvolver valores morais e éticos

6) Caso queira acrescentar alguma observação, comentário ou relatar uma

experiência vivida na escola inclusiva utilize o espaço abaixo: