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CRDA – CENTRO DE REFERÊNCIA EM
DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM
Curso: Distúrbios de Aprendizagem
O Distúrbio do Processamento Auditivo e
o Trabalho com Jogos na Sala de Aula
Kenia de Curtis Sinckevicius
São Paulo
2010
CRDA – CENTRO DE REFERÊNCIA EM
DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM
Curso: Distúrbios de Aprendizagem
Kenia de Curtis Sinckevicius
O Distúrbio do Processamento Auditivo e o
Trabalho com Jogos na Sala de Aula
Monografia apresentada como parte dos
requisitos para aprovação no Curso de
Especialização Lato Sensu em
Distúrbios de Aprendizagem e
submetida ao Centro de Referência em
Distúrbios de Aprendizagem – CRDA,
sob orientação do Prof. Ms. Marco
Antonio Gomes Del’ Aquilla.
São Paulo
2010
Dedico este trabalho a meu amado
marido Renato Antônio Sinckevicius,
pelo apoio, compreensão e carinho
sempre demonstrados a mim.
Agradecimentos
Agradeço a meus queridos pais, que sempre estiveram ao meu
lado, em todos os momentos. Apesar da distância intransponível que
nos separa, sinto-os mais e mais.
“Não dar atenção às dificuldades e apelos
de uma criança que tem dificuldade de
aprendizado é o mesmo que dar às costas
a ela.”
N. A. Sinckevicius, K.C.
Resumo: O Distúrbio do Processamento Auditivo e o T rabalho com
Jogos na Sala de Aula
Este trabalho de cunho teórico tem como objetivo conhecer melhor o distúrbio
de aprendizagem conhecido como Distúrbio do Processamento Auditivo Central.
Este distúrbio de aprendizagem é encontrado em crianças com ou sem
comprometimento cognitivo ou mesmo com dificuldade em um ou mais processos de
fala, linguagem, percepção auditiva e comportamental, leitura, escrita e aritmética.
Distúrbio ou desordem no processamento auditivo central é uma alteração da
audição na qual há um impedimento da habilidade de analisar e/ou interpretar
padrões sonoros. Embora seja um assunto melhor estudado a bem pouco tempo, já
é possível encontrar, nas teorias pesquisadas características e pontos chaves que
muito podem ajudar no estímulo da aprendizagem dessas crianças. Percebe-se que
a crianças em idade escolar que apresenta esta distúrbio apresenta: problemas na
comunicação oral, alterações nas regras gramaticais, inversões de grafemas,
alterações de noção de direita e esquerda, disgrafias, dificuldade em compreender o
que lê. Além disso eles são distraídos, agitados, hiperativos ou apáticos,
desajustados ao ambiente entre outros sintomas. Estes conhecimentos contribuem
para o conhecimento de pais, professores e terapeutas, que trabalharão diretamente
com estas crianças para a melhoria da aprendizagem e uma maior interação social.
Com o objetivo de despertar o interesse de todos os envolvidos com uma crianças
que apresenta este distúrbio, incentivamos o uso dos jogos, como uma estratégia de
aprendizagem significativa e eficiente. Pela falta de informações, os professores
muitas vezes deixam de lado os alunos considerados problemas, rotulando-os de
incapazes, o que leva à desmotivação e à frustração, impedindo, muitas vezes um
desenvolvimento adequado e justo.
Palavras Chaves: Déficit de Atenção – Hiperatividade – Jogos - Aprendizagem
Abstract: The Disturbance of Auditory Processing an d Working with Games in the Classroom
Theoretical nature of this work aims to better the learning disorder known as
central auditory processing disorders. This is a learning disorder found in children
with or without cognitive impairment or difficulty with one or more processes of
speech, language, auditory perception and behavior, reading, writing and arithmetic.
Disorder or disorder of the central auditory processing is a modification of the hearing
in which there is an impediment on the ability to analyze and / or interpret sound
patterns. Although it is a subject best studied in very little time, we find, in the
theories surveyed characteristics and key points that may well help to stimulate the
learning of children. Realizes that the school-age children shows that this disorder
presents: problems in oral communication, changes in grammatical rules, graphemes
of investments, changes in concept of right and left, disgrafias, difficulty
understanding what you read. Furthermore they are distracted, agitated, hyperactive
or apathetic, wrong to the environment among other symptoms. This knowledge
contributes to the knowledge of parents, teachers and therapists, who work directly
with these children to improve learning and greater social interaction. Aiming to
attract the interest of all involved with a child who presents this disorder, we
encourage the use of games as a strategy for learning meaningful and efficient. The
lack of information, teachers often fail to hand problems as students, labeling them as
disabled, leading to demotivation and frustration, preventing, often developing an
appropriate and fair.
Key Words: Attention Deficit – Hyperactivity – Play - Apprenticeship
Índice
Introdução ............................................................................................................. 09
Objetivo Geral ..................................................................................................... 13
Objetivos específicos .......................................................................................... 13
Casuísticas e Métodos ..........................................................................................13
Resultado e Discussão
1 – O que é Dificuldade no Processamento Auditivo Central?........................... 15
O que é? .................................................................................................... 15
Como funciona? ........................................................................................ 15
O que acontece quando... ......................................................................... 17
O Processamento Auditivo Central .............................................................. 18
Dificuldade no Processamento Auditivo Central: O que é isso?............ 21
O que é Dificuldade de Aprendizagem?........................................................... 25
Atividades que ajudam o portador de distúrbio no Processamento
Central Auditivo.................................................................................................... 40
Alguns jogos que podem ser usados em sala de aula................................... 48
Jogo da Berlinda: Adaptado do jogo de Antunes (1999)......................... 48
Forme a frase corretamente: Atividade sugerida em
Antunes (2001) .......................................................................................... 48
Palavra Pulada ......................................................................................... 49
O que eu estou fazendo? Atividade adaptada do jogo “Ensaiando”
de Antunes (1998).................................................................................. 49
Qual é a ordem?........................................................................................ 50
Quantas bolinhas?...................................................................................... 50
Qual é o meu grupo?................................................................................... 50
Conclusão ........................................................................................................... 53
Referências bibliográficas .................................................................................... 55
Introdução
A trajetória da vida de cada indivíduo determina-se pela busca, a cada dia, de
novas construções e significações acerca dos conhecimentos, dimensionados sob a
ótica da vivência e permeados à luz dos atributos constitutivos da pessoa. Nesse
intuito, a existência procura estabelecer e mostrar a clareza das escolhas, preferidas
não só pela complexa contextualização dos conceitos construídos, mas também
pelos aspectos que motivam para evidenciá-las.
Os pensamentos humanos, alicerçados pelas percepções, impulsionam a
linguagem a uma relação interativa com o comportamento e estabelecem uma
relação dialética, com o meio. Vale ressaltar que dialética, segundo Konder (1997) é
a arte de, no diálogo, demonstrar uma tese por meio de uma argumentação capaz
de definir e distinguir claramente os conceitos envolvidos na discussão, sendo um
modo de se pensar as contradições da realidade em permanente transformação.
Pensamento e linguagem são elementos fundamentais para as ações
humanas, dão a elas singularidade, no caráter original, e pluralidade, no aspecto da
amplitude abarcada na generalização que se impõe socialmente.
Essa sincronia e a complexa rede de interação e intencionalidade
intensificaram, a busca pelo conhecimento tácito, relacionado à construção do saber
e ao conhecimento empírico, declarado no dia-a-dia das ações humanas.
Compreender o sujeito em sua complexidade parece pretensão, porém entender
alguns aspectos que fazem parte deste construir contribuiu para a concretização de
novos paradigmas.
Ao se trabalhar com crianças em uma escola, pode-se vislumbrar as
dificuldades específicas que se relacionam ao desenvolvimento humano e, mais
especificamente, aos problemas de aprendizagem e às implicações da função
auditiva central sobre esse processo.
Outro aspecto que amplia o referencial neste trabalho são os estudos
relacionados ao processamento da informação auditiva, mais especificamente ao
estudo do comportamento a partir da função auditiva, interpretada no cérebro -
Neuroaudiologia. Esta ciência estuda a implicação das habilidades auditivas no
desenvolvimento da pessoa e pesquisas atuais de Musiek; Lamb (2005), têm
mostrado as diversas implicações dos déficits do processamento auditivo (PA). Bellis
e Ferre (2002) apresentam estudos relacionados às implicações dos déficits do PA
no processo de aprendizagem e linguagem, no âmbito educacional.
Crianças em fase escolar, muitas vezes lidam com as dificuldades de
aprendizagem e inúmeras são as causas de sua existência. Muitas delas são
conhecidas e estudadas, como: deficiência visual, mental, perdas auditivas, déficits
de atenção e hiperatividade, fatores psicológicos e até metabólicos. Às vezes, esses
diversos fatores são investigados, mas mesmo assim a criança continua com a
dificuldade, não evolui. O que pode acontecer com uma criança que é inteligente em
determinadas áreas, mas vive “voando” na sala de aula?
Sabe-se que a audição vai além da simples percepção dos sons. Uma
audição saudável, capta, distingue, seleciona, memoriza, localiza e manipula os
sons. Estas são habilidades do processamento da informação auditiva e são
fundamentais para o sucesso na aprendizagem. Sem o funcionamento adequado de
cada uma destas habilidades, prejuízos serão notados no desenvolvimento escolar
da criança.
Hoje em dia, a literatura sobre a relação entre o processamento auditivo e as
dificuldades de aprendizagem, tem sido esclarecedora, mas muito ainda deve ser
investigado, para a melhoria da capacidade de aprendizagem de crianças que
apresentam este distúrbio.
Para vários autores como, como: Álvares; Caetano e Nastas (2000), Antoniuk
(2003), Azevedo e col. (1995) e Philips (1995) apud Frota (1995), fica claro que
apenas diagnosticar não é suficiente. Faz-se necessário ir além, unir conhecimentos
para ajudar e estimular corretamente estas crianças que, muitas vezes, são
incompreendidas em suas reais necessidades educacionais, recebendo rótulos de
incapazes, distraídos e preguiçosos, por profissionais da educação, que
despreparados, não sabem com o lidar com o problema. Sabe-se que a
aprendizagem acontece em ambientes favoráveis, observando o meio físico, social e
a interação do indivíduo com eles, portanto, quando estes ambientes estão em
harmonia e com nosso esquema corporal estruturado, pode-se entender que a
aprendizagem acontecerá de maneira tranqüila e natural.
Mas e quando algo não acontece como esperávamos?
Quantas vezes observam-se crianças inteligentes, que estão em ambientes
adequados à aprendizagem, mas que não aprendem. O que pode estar
acontecendo com elas?
A falta de um ambiente favorável, da interação da família, professores e todos
os que fazem parte da vida social da criança, que explorem atividades lúdicas que
levem o aluno a uma aprendizagem significativa, conduzem os alunos com distúrbios
no processamento auditivo a um caminho de fracasso e baixa auto-estima.
Os jogos podem ser mediadores das relações com o meio (outro, realidade,
conteúdos). A criança quando brinca interage com um grande número de pessoas,
permitindo um aprendizado significativo, de auto-descobertas, assimilando e
interagindo com o mundo por meio de relações e vivências.
Assim, pode-se dizer que o brincar é um dos processos facilitadores da
construção psicossocial. É preciso considerar que os jogos e as brincadeiras não
definem um saber pronto e acabado, mas que se alteram em função da cadeia
simbólica, imaginária e real.
Para Brougère (1990), “O jogo é brincadeira infantil e não tem conseqüências
em espaços sem riscos, pois se encontra fora de lógica do real”.
O jogo, quando usado nas séries iniciais pode ajudar de maneira significativa
na construção do conhecimento, sempre se utilizando do lúdico, do prazer, da
capacidade de iniciar algo e da ação, o que torna a criança ativa e motivada para a
aprendizagem.
O aluno, principalmente o das séries iniciais, ao perceber que apresenta dificuldades em sua
aprendizagem, muitas vezes começa a apresentar desinteresse, desatenção, irresponsabilidade,
agressividade etc. Para Bossa (2000), a dificuldade acarreta sofrimentos e nenhum aluno apresenta
baixo rendimento por vontade própria.
Observando as crianças com dificuldade de aprendizagem, e principalmente, no
processamento auditivo, deve-se ter a preocupação em quê e como se pode ajudar esse aluno, pois
mesmo diante de suas dificuldades ela pode aprender. Refletir sobre o papel da escola e da família,
e sua relação torna-se fator de extrema necessidade, para o benefício da criança com a dificuldade.
A escola deve desenvolver o potencial de cada criança, respeitando suas
características individuais e reforçando os pontos fortes, auxiliando na superação
dos pontos fracos, evitando dessa forma que as dificuldades que elas apresentam
sejam motivos de exclusão, rotulação ou mesmo discriminação no processo de
aprendizagem.
A família pode ser vista também, como o outro pilar de sustentação da criança
com dificuldade, pois juntamente com a escola, fará uma troca de experiências, em
benefício da criança e de sua aprendizagem.
Não existe criança que não aprenda. Algumas aprendem de modo mais
rápido, outras não, mas ambas, chegarão à aprendizagem. O sucesso escolar de
crianças com distúrbios de aprendizagem deve vir associado a fatores que envolvam
um ambiente adequado, o estímulo correto, a motivação certa, organismo saudável,
assim todos os envolvidos no processo de aprendizagem saberão lidar com as
adversidades, sabendo avaliar o grau de dificuldade, distinguir a dificuldade e
principalmente querer mudar sua postura frente à dificuldade, respeitando cada
criança em seu estágio de desenvolvimento e principalmente entendendo que ela é
um ser emocional, físico e intelectual e a dissociação destes fatores faz dela um ser
incompleto.
Objetivo Geral
O objetivo geral deste trabalho é efetuar um levantamento na literatura
disponível, livros, artigos científicos e revistas especializadas, sobre o que é o
Distúrbio do Processamento Auditivo (DPA) e a influência dos processos lúdicos
como fator de estimulação de aprendizagem para o aluno portador de DPA.
Objetivos específicos
Têm-se como objetivos específicos:
- compreender de forma detalhada o que é DPA e quais suas conseqüências na vida do
portador;
- compreender os mecanismos de reconhecimento da criança portadora de DPA, e relacionar
propostas de atividades lúdicas e de relacionamento interpessoal com a classe;
- refletir em como utilizar os jogos em sala de aula, tendo o professor como mediador,
estimulando a vida social e acadêmica de maneira a minimizar o preconceito.
Casuísticas e Métodos
O método utilizado na realização deste trabalho foi a de pesquisa
bibliográfica; para isso utilizou-se a leitura de livros, artigos científicos revistas
especializadas, artigos disponíveis em sites relacionados ao tema e documentação
de congressos e simpósios. Foi realizado um levantamento bibliográfico usando a
metodologia da Análise de Conteúdo, onde todo o material lido foi analisado
criticamente.
Na análise de conteúdo o ponto de partida é a mensagem, mas deve ser considerado as condições contextuais de seus produtores e assenta-se na concepção crítica e dinâmica da linguagem (PUGLISI e FRANCO, 2005: 13).
A validade desta técnica é pertinente ao que se
pretende apurar, uma vez que, segundo Gil (1999), a
principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside
no fato de permitir ao investigador a cobertura de
uma gama de fenômenos muito mais ampla do que
aquela que poderia pesquisar diretamente.
Resultado e Discussão
O que é Dificuldade no Processamento Auditivo Centr al?
Para o inicio deste trabalho, não se poderia deixar de lado o foco da pesquisa,
o processamento auditivo, o que é, como funciona e o que acontece quando existe
dificuldade no processamento auditivo central.
O que é?
A audição não é só a capacidade de perceber, reconhecer, entender e
identificar os sons. Ela é a responsável por: captar, distinguir, selecionar, memorizar,
localizar e manipular os sons ouvidos dentre os demais sons do ambiente, seja ele
externo ou interno.
Como funciona?
Quando um indivíduo tem deficiência em qualquer uma destas funções
auditivas poderá apresentas dificuldade de aprendizagem, pois na escola
encontram-se os mais diversos sons, misturados ao dia-a-dia da sala de aula, que
muitas vezes tornam-se problemas. A criança para aprender ou desenvolver suas
atividades pedagógicas precisa de um ambiente adequado, mas mesmo tendo
acesso a este ambiente, sons diversos enchem o espaço exterior e interior da sala
de aula. Esses sons são transformados em problemas para as crianças com
dificuldade no processamento auditivo, pois o mais simples deles torna-se um
grande ruído, que atrapalha a concentração e o entendimento.
Quando uma criança encontra dificuldade em adaptar-se ao ambiente social,
escolar ou a qualquer outro, por problemas como: atenção curta ou mesmo
desatenção, distração por causa de sons adversos, dificuldade de compreender o
que lhe é falado em locais ruidosos, certo incômodo com sons altos ou ruídos
secundários, normalmente ela necessita que a informação transmitida seja repetida.
Esta criança também poderá apresentar dificuldade em lembrar o que aprendeu
auditivamente, na fala, muitas vezes ouvem, mas não entendem e só ouvem quando
querem. Alguns desses sintomas podem ser confundindo com os sintomas de
hiperacusia, pois segundo KHALFA et al. (1999):
A hiperacusia ocorre em indivíduos com audição normal e representa uma sensibilidade anormal, ou seja, intolerância a sons de baixa ou moderada intensidade 5-10,17. É causada por uma alteração no processamento central dos sons, estando a cóclea geralmente preservada. Como manifestação, provoca sensação de desconforto a inúmeros sons do meio ambiente, mesmo de intensidade baixa ou moderada, independente da freqüência que os compõe, como por exemplo água corrente, ventilador, refrigerador, lava-louças, carro, telefone, campainha, portas fechando, etc. (KHALFA et al., 1999:128)
Segundo Alvarez; Caetano; Nastas (2000), quando se observa tais
comportamentos, deve-se ficar atento às atitudes que esta criança tomará frente às
dificuldades. Se levada à uma avaliação auditiva, apresentará respostas
inconscientes aos sons ouvidos nos exames audiométricos, apresentará uma
alteração na localização da fonte sonora e não conseguirá focar sua atenção. Terá
dificuldade em discriminar, reconhecer ou mesmo compreender as informações
recebidas auditivamente.
Todos estes sintomas e comportamentos facilmente observáveis representam
uma dificuldade ou alteração no processamento auditivo central. Mas, o que o
processamento auditivo central?
O que acontece quando...
Para Pereira (1996), muitas crianças das séries iniciais têm enfrentado este
problema, pois quando o processamento da informação auditiva não é feito
corretamente o bom desempenho escolar fica comprometido.
Apesar das muitas causas das dificuldades escolares encontradas atualmente
a dificuldade no processamento auditivo é uma das mais complexas, pois seus
sintomas ou sinais são muitas vezes confundidos com outras dificuldades, por causa
da falta de atenção e concentração, dificuldade de compreensão entre outros. São
sintomas difíceis de lidar, pois muito se tem estudado sobre o assunto sem ainda,
uma eficaz terapia de ajuda aos que sofrem com esta dificuldade.
As crianças que apresentam dificuldade de aprendizagem, mas têm
descartadas as possibilidades de deficiência visual, mental, perdas auditivas, déficit
de atenção, hiperatividade, dislexia, problemas psicológicos e até físicos, e ainda
assim não vão bem na aprendizagem escolar, parecem “voar” em sala de aula,
muitas vezes não entendendo o que é falado, merecem uma maior atenção com a
questão do processamento auditivo.
A conseqüência deste quadro é o baixo rendimento escolar, com dificuldade
em compreender palavras que têm duplo sentido. Podem ocorrer também problemas
de linguagem expressiva, dificuldade de compreender e interpretar o que leu,
inversão de letras na escrita e certo desajuste social, pois estas crianças podem ser
muito agitadas ou isoladas.
Tudo isso torna esta criança insegura e com a auto-estima abalada, pois sem
saber o que de verdade acontece, pode ser julgada e até mesmo considerada
desinteressada, desatenta e até desanimada.
O Processamento Auditivo Central
Processamento Auditivo Central é descrito pela American Speech-Language
Association – ASHA (1995) como:
Processos ou mecanismos auditivos centrais e processos do sistema auditivo são responsáveis pelos seguintes fenômenos comportamentais: localização e lateralização sonora; discriminação auditiva; reconhecimento de padrões auditivos; aspectos temporais da audição;desempenho auditivo na presença de sinais competitivos e desempenho auditivo com sinais acústicos degradados. (ASHA, 1995:41)
Alvarez; Caetano; Nastas (2000) definem processamento auditivo como: “...
um conjunto de habilidades específicas das quais o indivíduo depende para
interpretar o que ouve.” (ALVAREZ; CAETANO E NASTAS, 2000, p.34).
Já Philips (1995) afirmou que:
Processamento auditivo envolve a detecção de eventos acústicos ; a capacidade de descriminá-los quanto ao local, espectro, amplitude, tempo, a habilidade para agrupar componentes do sinal acústico em figura – fundo, como por exemplo separar o violino de um piano em uma música ou uma voz de outra voz; para identificá-los, isto é, denominá-los em termos verbais e ter acesso á sua associação semântica ( significado), além de presumivelmente também demonstrará a capacidade de introspecção consciente acerca de perceber a si mesmo. (PHILIPS, 1995:45)
A aquisição da linguagem falada e escrita está diretamente ligada ao
processamento auditivo, por isso, muitas crianças que têm alguma dificuldade ou
alteração nele apresentam dificuldades nesta área também.
Por isso, Parra et al. (2004) afirmam que:
A importância da ordenação e da sequenciação temporal no sistema auditivo, são funções básicas para a aquisição da linguagem e para o processo de aprendizagem. (PARRA, et al, 2004:518)
O Sistema de Processamento Auditivo Central representa uma série de operações auditivas,
realizadas para interpretar as vibrações sonoras por ele detectadas.
Segundo Azevedo e Col. (1995), os sistemas de processamentos auditivos centrais devem
manter a integridade anátomo–fisiológica de todo o sistema auditivo, pois esta constitui em um pré–
requisito para a aquisição e o desenvolvimento normal da linguagem.
O Sistema de Processamento Auditivo Central é constituído de processos que
precisam de um bom funcionamento de suas estruturas ligadas ao sistema nervoso
periférico e central. Um simples distúrbio ou falha pode fazer com que a criança não
consiga interpretar o som que ouviu, uma vez que a interpretação dos sons depende
de suas habilidades auditivas organizadas e estruturadas.
A interpretação realizada pelo processamento auditivo segue etapas, e são
elas: detecção, discriminação e compreensão do som; reconhecimento e localização
da fonte sonora. Todas estas etapas estão diretamente ligadas às funções cerebrais
da atenção e da memória.
O Sistema do Processamento Auditivo Central é desenvolvido nos primeiros
anos de vida, portanto é a partir das experiências que a criança concretizou do
mundo sonoro que vai aprender a ouvir.
Ele tem habilidades, chamadas de Habilidades Auditivas Centrais que
necessitam de um perfeito funcionamento para que a informação seja processada
corretamente. Segundo Souza (2001) apud Aquino (2002) são elas:
a) Síntese binaural: é a habilidade que integra os estímulos
incompletos apresentados simultaneamente ou alternados, para as
orelhas opostas;
b) Separação binaural: é a habilidade de escutar com uma orelha e
ignorar o que ouve a orelha oposta;
c) Localização sonora: é a habilidade de localizar auditivamente uma
ou diversas fontes sonoras;
d) Figura-fundo: é a habilidade que identifica a mensagem primária na
presença de sons competitivos.
e) Discriminação: é a habilidade que determina se dois estímulos
recebidos são iguais ou diferentes;
f) Associação: é a habilidade de estabelecer correspondência entre
um som não lingüístico e sua fonte.
g) Memória: é a habilidade de guardar e recuperar estímulos
recebidos;
h) Atenção: é a habilidade que demanda persistência em escutar um
som sobre um determinado período de tempo;
i) Fechamento: é a habilidade de perceber o todo quando partes são
omitidas;
Por ser o mecanismo do sistema auditivo responsável em interpretar a
informação sonora recebida, através do desenvolvimento das habilidades auditivas,
o Processamento Auditivo Central precisa ser estimulado e seu desenvolvimento
acontece através da exposição do indivíduo a estímulos sonoros que, ao chegarem
nas vias auditivas centrais são decodificados, acontecendo assim a comunicação ou
a compreensão do que foi dito.
Ele é importante na aquisição e no desenvolvimento da linguagem oral, como
já se disse anteriormente, pois para que a criança fale ou escreva o que foi falado,
ela deve ser capaz de ter atenção, de detectar, discriminar e localizar sons,
memorizar, reconhecer e compreender a fala.
Quando as habilidades auditivas não são desenvolvidas, por qualquer razão,
sejam elas físicas ou psicológicas, o indivíduo pode apresentar uma desordem ou
dificuldade no Processamento Auditivo Central, que muitas vezes acarretam em
dificuldades de aprendizagem na idade escolar.
Esta desordem ou dificuldade no processamento auditivo central pode ter
diversas origens. Pode ser genética, onde os filhos apresentam as características de
seus pais, na total ou parcialmente. Algumas crianças que apresentam crises
constantes de otites (inflamação de ouvido) nos primeiros anos de vida ou processos
alérgicos e inflamatórios nas vias aéreas superiores podem ser sérias candidatas a
uma desordem ou dificuldade no processamento auditivo central. Mas o que é uma
Dificuldade no Processamento Auditivo Central?
Dificuldade no Processamento Auditivo Central: O qu e é isso?
A Dificuldade no Processamento Auditivo Central é um distúrbio do indivíduo
em compreender as informações apresentadas a ele auditivamente, mesmo que ele
tenha uma inteligência e limiares auditivos normais.
Para Pereira (1996):
A Desordem de Processamento Auditivo Central é a quebra em uma ou mais etapas do processamento auditivo, gerando um distúrbio de audição, em que há um impedimento na habilidade de analisar ou interpretar padrões sonoros, podendo ser decorrentes de privações sensoriais, perdas auditivas, problemas neurológicos ou outros. (PEREIRA, 1996:47)
Pereira (1997) ainda afirma que: “A desordem do processamento auditivo é
um distúrbio da audição no qual há um impedimento da habilidade de analisar e/ou
interpretar estímulos auditivos”.
Quando uma ou mais etapas do processamento auditivo é rompida ou
quebrada, automaticamente um distúrbio de audição é gerado. A habilidade de
análise ou interpretação dos padrões sonoros torna-se deficitária, pois ela não
acontece como deveriam acontecer. Esta dificuldade pode ser causada por
ausências sensoriais, perdas auditivas, problemas neurológicos entre outros.
Alguns sinais ou sintomas podem ajudar o professor, a família e os demais
adultos, que convivem com crianças que apresentam dificuldade de aprendizagem,
por isso é importante conhecer. Segundo Alvarez (2000):
- A pessoa parece não ouvir bem?
- É uma pessoa muito distraída ou desatenta?
- Demora a escutar e/ou entender quando alguém chama sua atenção?
- Fala muitas vezes “Hã”?, “O quê?”, ou “Não entendi!”
- Tem dificuldade em lembrar o que lhe foi dito ou parece ter problemas de
memória?
- Fala de maneira diferente das outras crianças da mesma idade que a sua?
- Apresenta dificuldades para ler ou escrever ou até outras dificuldades
escolares?
- Apresenta dificuldade para entender o que está sendo falado quando está
em ambientes ruidosos ou em grupos?
- Não consegue acompanhar uma conversa quando muitas pessoas falam ao
mesmo tempo?
- Demonstra cansaço ou sua atenção é curta para sons em geral?
- O volume da televisão é sempre muito alto?
- Demonstra dificuldade de localizar um som?
- Demonstra dificuldades em seguir orientações?
- Apresenta dificuldade em contar um fato ou história?
- Demonstra dificuldades para transmitir um recado?
- Tem dificuldade em seguir uma seqüência de tarefas que lhe foi transmitida
oralmente?
- Demonstra dificuldade em entender piadas ou duplo sentido?
- Sente dificuldade ao interpretar problemas de matemática?
- Tem dificuldade em compreender uma informação abstrata?
Quando se consegue observar tais comportamentos, ou mesmo outros, pode-
se estar diante de sinais de uma dificuldade no processamento auditivo da
informação. Muitos desses sintomas ou sinais podem ser notados em outras
dificuldades também, como déficit de atenção, dislexia, diversos níveis de depressão
etc.
No decorrer desta pesquisa será apresentado como o professor pode ajudar a
criança com dificuldade no processamento auditivo. O cuidado com o aluno deve ir
além da simples observação desses sinais, pois é o professor quem deve buscar a
melhor maneira de ensinar este aluno, fazendo o que a lei de Diretrizes e Base da
Educação (LDB), realmente manda, respeitando as necessidades e a individualidade
de cada um.
Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber;
III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas;
IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância;
V - coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;
VI - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
VII - valorização do profissional da educação escolar;
VIII - gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino;
IX - garantia de padrão de qualidade;
X - valorização da experiência extra-escolar;
XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais. (BRASIL, LEIS DE DIRETRIZES E BASE DA EDUCAÇÃO, nº 9394/96)
Para Pereira (1993), sempre é bom lembrar que quanto mais cedo se detecta
uma dificuldade de aprendizagem, mas rápido e eficaz pode ser o tratamento, a
criança sofrerá menos com a baixa auto-estima e com a sensação de incapacidade
em aprender. A saúde emocional da criança é preservada e mais rápido ela
aprenderá como todas as outras ditas normais.
O que é Dificuldade de Aprendizagem?
Ao se falar em dificuldades de aprendizagem, percebe-se que ela têm se mostrado cada vez
mais comum em nossa sociedade, em nossas escolas. Como fatores principais dessas dificuldades,
encontram-se os fatores psicológicos, principalmente os fornecidos pelo sistema familiar e cultural,
que podem ser analisados através da sociedade globalizada, da vivência no dia-a-dia e
principalmente, no ambiente escolar. São esses fatores que também dão o embasamento da
formação da identidade de cada um de nós.
Através da educação devemos desenvolver um meio para a promoção e o
desenvolvimento do indivíduo, tanto nos níveis individuais como nos sociais, não
permitindo que ela se torne um instrumento de seleção e classificação que só
contempla aos mais capacitados.
De acordo com Schwartzman (1992), nas salas de aula, encontramos
alunos com as mais diferentes capacidades em conhecimento e em cultura. Todos
os que têm algum tipo de dificuldade de aprendizagem, precisam de atividades
diversificadas e mais tempo para construir os conceitos a serem aprendidos. Ao se
traçar o perfil das dificuldades que os alunos apresentam, criam subsídios para a
elaboração de planejamentos educativos que permitam um maior desenvolvimento
das capacidades e conhecimentos de todos, propiciando avanços cognitivos em
todas as áreas.
Segundo Bonilla (2002), para que a identidade de cada indivíduo seja formada é necessário
ser diferente, afinal cada indivíduo é único. É a diferença que formará essa identidade. Quando se é
diferente e ainda se tem dificuldade de aprendizagem ou qualquer outro problema, essa identidade
diferente trás uma carga muito pesada, pois atualmente, para quem a carrega o preço a ser pago é
ser colocado à margem desse mundo globalizado, pois aquele que é considerado diferente, por
qualquer aspecto, leva o estigma de ser alguém que não se enquadra nos padrões estabelecidos por
uma sociedade discriminatória.
Definindo a identidade de cada indivíduo, o que é, extremamente difícil, podem-se criar
mecanismos de ajuda e apoio aos diferentes. No dicionário Koogan (1985) identidade é definido
como: “..conjunto de caracteres próprios e exclusivos de uma pessoa (nome, idade, sexo, estado
civil, filiação etc.”
A identidade que é aqui abordada é aquela que vai além de uma descrição física do individuo.
Ela é relacional, carregada de símbolos adquiridos no decorrer de cada história de vida e está
vinculada a condições sociais e materiais de cada um.
Sabe-se que é no ambiente escolar que a criança sofre uma maior influência intelectual e
cidadã e esta influência afeta a formação de sua identidade. Segundo Gomes (2007):
Identidade a qual é definida pelos comportamentos, atitudes e costumes de um indivíduo e se modifica com a convivência entre sujeitos, ou seja, se constrói tendo o Outro como referência. Por conseguinte, o fato de o tema
da diversidade étnico-racial não ser abordado na sala de aula, acarreta na não-valorização da pessoa negra pela sociedade, contribuindo para que os alunos negros percebam as suas diferenças como aspectos negativos. (GOMES, 2007:85).
Para a autora:
O processo de construção da identidade é um dos fatores determinantes da visão de mundo, da representação de si mesmo e do outro. Além disso, ocorre que a identidade da criança está, continuamente, em construção, podendo ser afetada por nosso meio social, ou seja, é formada ao longo do tempo e não algo inato, existente na consciência desde o momento do nascimento. Assim, ela permanece sempre incompleta, está sempre sendo formada, numa interação entre o eu e a sociedade e modificada num diálogo contínuo com os mundos culturais "exteriores" e as identidades que esses mundos oferecem. (GOMES, 2007: 88)
Já Silva (2002), afirma que:
As representações observadas no cotidiano de crianças constituem-se no seu senso comum, elaborado a partir de imagens, crenças, mitos e ideologias, vindo a formar, então, a identidade cultural.(SILVA, 2002:67)
Segundo Gomes (1996), para se falar em identidade precisa-se falar também de
diferença e do diferente. A identidade de cada indivíduo é, muitas vezes, descrita a partir do que ela
não é. São essas diferenças e observações, muitas vezes errôneas que são utilizadas para promover
classificações ou agrupamentos, que possibilitam divisões e formação de grupos que excluem os
diferentes ou os que não combinam com o grupo formado. Assim, identidade e diferença não são
conceitos contrários, mas interligados, partilham uma importante característica, a de serem o
resultado de uma atividade lingüística. Por isso, não são essenciais, nem são elementos naturais que
estão à espera de se revelar ou serem descobertos, pois ambos, para existir, precisam ser
ativamente criados ou produzidos.
Cada indivíduo cria identidades e diferenças em suas relações sociais e culturais e é sob
essas influências e diferenças, que se assumirá papéis com os quais, subjetivamente serão
identificados.
Smith e Strick (2001, p. 14) definem dificuldades de aprendizagem como:
São problemas neurológicos que afetam a capacidade do cérebro para entender, recordar ou comunicar informações.
Refere-se não a um único distúrbio, mas a uma ampla gama de problemas que podem afetar qualquer área do desempenho acadêmico. Dessa forma, os alunos que apresentam essas dificuldades necessitam de uma atenção
especial, de um trabalho diferenciado e o professor deve se preocupar com a sua metodologia de ensino. (SMITH E STRICK, 2001:14)
A aprendizagem e a construção do conhecimento são processos naturais e espontâneos do
ser humano, pois desde bem pequeno, o indivíduo aprende coisas novas, observando,
experimentando, construindo, como: mamar, falar, andar, pensar etc. Ele garante assim, a sua
sobrevivência. Aos três anos, aproximadamente o indivíduo é capaz de construir suas primeiras
hipóteses e já começa a questionar sobre a existência, impondo suas vontades e desejos.
Sabe-se que a aprendizagem é o processo de internalização dos conteúdos
historicamente construídos e socialmente disponíveis. Vygotsky (1998) nos diz que:
Esse processo se torna possível pela mediação, visto que as funções do desenvolvimento humano se manifestam primeiro num plano social e depois individual. (VIGOTSKY, 1998:29).
A aprendizagem escolar, apesar de estar em um contexto isolado e específico, também é
considerada um processo social, que resulta em uma atividade mental complexa, onde o
pensamento, a percepção, as emoções, a memória, a motricidade e os conhecimentos prévios estão
envolvidos. É na escola que a criança deve sentir o prazer em aprender, como nos outros lugares em
que a aprendizagem está presente.
Ao se estudar o processo de aprendizagem e suas dificuldades, desenvolveu-se uma nova
ciência, a Psicopedagogia e outras especializações, que estudam estes processos e procuram
encontrar a melhor maneira de resolvê-los ou amenizá-los. O estudo se dá através da análise de
fatos reais e observações, levando-se em consideração as realidades interna e externa de cada
indivíduo, sempre se utilizando de vários campos do conhecimento integrados e sintetizados, para um
mesmo objetivo. Compreender de forma global e integrada os processos cognitivos, emocionais,
orgânicos, familiares, sociais e pedagógicos que determinam a condição do indivíduo e interferem no
processo de aprendizagem, possibilitando situações que resgatem a aprendizagem em sua totalidade
de maneira prazerosa. Para uma melhor qualidade das interações é necessário que se tenha uma
melhor qualidade de aprendizagem.
Segundo Weiss (2000):
A aprendizagem normal dá-se de forma integrada no aluno (aprendente), no seu pensar, sentir, falar e agir. Quando começam a aparecer “dissociações de campo” e sabe-se que o sujeito não tem danos orgânicos, pode-se pensar que estão se instalando dificuldades na aprendizagem: algo vai mal no pensar, na sua expressão, no agir sobre o mundo. (WEISS, 2000: 56)
No processo ensino-aprendizagem, onde os alunos apresentam dificuldades
de aprendizagem, a qualidade das interações lingüísticas deve ser planejada e
pensada, para que seu resultado seja positivo e de efetiva ajuda. As diferentes
dificuldades de aprendizagem que o indivíduo pode apresentar, sejam elas
relacionadas à linguagem escrita ou à matemática, podem ser superadas, mas para
que isso aconteça é necessário comprometimento, da família e de todos os que
cercam esta criança.
A linguagem escrita, no período de alfabetização, por exemplo, muitas vezes
pode revelar distúrbios de aprendizagem, dependendo do método adotado para
alfabetizar, pois este deve levar em conta a capacidade do indivíduo enquanto
sujeito ativo do processo. Ferreiro e Teberosky (1994) afirmam que:
[...]no lugar de uma criança que espera passivamente o reforço externo de uma resposta produzida pouco menos que ao acaso, aparece uma criança que procura ativamente compreender a natureza da linguagem que se fala à sua volta, e que tratando de compreendê-la, formula hipóteses, busca regularidades, coloca à prova suas antecipações e cria sua própria gramática [...]. No lugar de uma criança que recebe pouco a pouco uma linguagem inteiramente fabricada por outros, aparece uma criança que reconstrói por si mesma a linguagem, tomando seletivamente a informação que lhe provê o meio. (FERREIRO; TEBEROSKY, 1994: 24).
A criança, ao entrar em contato com o mundo das letras, da escrita e da leitura, descobre que
pode ter outras maneiras de se comunicar, não descartando as que já utilizavam (desenhos, gestos,
sons, sinais). Ela entra assim na linguagem que o mundo entende, começa a fazer parte deste
mundo, o mundo globalizado.
O mundo globalizado em que se vive hoje em dia, vem destruindo as velhas estruturas das
comunidades, suas culturas, impondo uma cultura e uma economia mundiais. A imposição desses
fatores causa modificações nos padrões de produção e consumo que, por sua vez, produzem
identidades globalizadas, descompromissadas com a história de vida de cada indivíduo, onde o que
importa é ser visto como normal, igual.
Modelos são pré-estabelecidos para os indivíduos, independente de sua cultura, etnia ou
profissão. Neste contexto, a formação da identidade se dá pela aceitação de modelos definidos como
corretos, sem questionamento, ou por uma resistência a esses de forma a fortalecer identidades
nacionais ou regionais. De qualquer forma, as identidades são produtos de movimentos sociais em
momentos históricos particulares. Mas onde se enquadra o diferente neste contexto? Como ele pode
reduzir esta diferença se a cada dia é cada vez mais colocado de lado, por causa dessa diferença?
Voltar no tempo, nesse momento é essencial, pois quando, no fim do século XIX, a
escolaridade se tornou obrigatória, ela começou a fazer parte das preocupações daquela época.
No início, a escolarização obrigatória era a meta para acabar com o abismo existente entre
classes sociais, entre os ricos e os pobres. Apesar desse intuito, isso nem de longe, aconteceu, pois
durante muito tempo, era ainda a condição social do aluno que ditava como seria sua trajetória
escolar, seu futuro.
A escolaridade primária (hoje chamada de Fundamental) era reconhecida como obrigatória e
as crianças de baixa renda tinham acesso apenas a esse nível de escolaridade (primária), o que lhes
conferia apenas o direito de acesso ao mundo letrado. Já as crianças da classe média tinham o
acesso garantido à instrução elementar e superior, dando-lhes assim a oportunidade de serem
executivos de nível médio, professores primários etc.
Apenas as crianças advindas das famílias ricas, pertencentes à burguesia, freqüentavam os
Liceus, que eram pagos e permitia o ingresso nas profissões liberais como o Direito e a Medicina.
Hoje, graças aos direitos humanos e à busca de uma igualdade social e justa, as crianças de
todas as classes sociais têm, como obrigatório, prosseguir com sua escolaridade até os catorze anos
de idade. Nossa sociedade mudou muito desde o século XIX e não é apenas o fator econômico que
interfere quando a meta é atingir o nível de escolaridade exigido pelo competitivo mercado de
trabalho, mas também o político e o social.
Para Paín (1992):
A transmissão da herança cultural não mais obedece aos velhos esquemas. O processo de aprendizagem se inscreve na dinâmica da transmissão da cultura, que constitui a definição mais ampla da palavra educação. (PAÍN, 1992: 11).
Nota-se que a tradição familiar e novos modos de vida se chocam a gerando conflitos entre
gerações e se tornando ponto de partida de dificuldades e fracassos escolares. É assim, nesse
contexto de mudanças sociais que é produzida a dificuldade de aprendizagem enquanto patologia.
Vive-se numa sociedade onde dificuldade e fracasso na aprendizagem são sinônimos de
dificuldade e fracasso na vida. Não é uma surpresa que o sucesso de uma criança, que tenha uma
origem economicamente desfavorecida, seja visto como algo anormal, podendo provocar rejeição e
desprezo.
Nessa sociedade contemporânea, prima-se por uma situação financeira privilegiada que
garanta acesso ao consumo de bens. O sucesso na vida escolar torna-se a porta de entrada para
essa situação e aquele que apresenta dificuldades é marginalizado, mesmo que tenha poder
aquisitivo elevado.
A dificuldade de aprendizagem exime o sujeito da possibilidade de “ser alguém” nesta
sociedade reconhecida como a do consumo desenfreado. Não o consumo do necessário, mas do
novo, do maior, do que faz sucesso.
Como se pode perceber, paradoxalmente, à necessidade de sucesso que a nossa sociedade impõe,
torna-se, ela mesma, fonte de dificuldades e fracassos.
A política educacional atual, dá prioridade à educação voltada para todos e a inclusão de
alunos que antes eram excluídos do sistema escolar, por apresentarem deficiências físicas ou
cognitivas. Um grande número de crianças e adolescentes, que apresentaram dificuldades de
aprendizagem e que estavam com o destino traçado: o fracasso escolar. Com a criação de leis de
proteção e inclusão escolar, elas puderam freqüentar as escolas, mas mesmo com as leis que as
protegem, foram rotulados como alunos difíceis.
Para Bossa (2000):
Os alunos difíceis que apresentavam dificuldades de aprendizagem, mas que não tinha origens em quadros neurológicos, numa linguagem psicanalítica, não estruturam uma psicose ou neurose grave, que não podiam ser considerados portadores de deficiência mental, oscilavam na conduta e no humor e até dificuldades nos processos simbólicos, que dificultam a organização do pensamento, que consequentemente interferem na alfabetização e no aprendizado dos processos lógico-matemáticos, demonstram potencial cognitivo, podendo ser resgatados na sua aprendizagem. (BOSSA, 2000: 67)
As dificuldades de aprendizagem não têm origens apenas cognitivas, podendo envolver
outros fatores mais importantes. Muitos educadores atribuem ao próprio aluno o seu fracasso, ao
considerar que ele tem algum comprometimento em seu desenvolvimento psicomotor, cognitivo,
lingüístico ou emocional. Apenas por conversar muito, ser mais lento que os demais, não fazer a lição
de casa, não ter assimilação, entre outros fatores, analisados isoladamente, coloca-se um rótulo de
dificuldade de aprendizagem. A desestruturação familiar, as condições de aprendizagem que a escola
oferece a este aluno, e os outros fatores intra-escolares que favorecem a não aprendizagem, podem
ser responsáveis por uma dificuldade permanente (distúrbio) ou temporária.
É a família, entretanto, quem pode criar um ambiente adequado à aprendizagem. Ela é
responsável pela garantia de ensino, ao se conseguir nas escolas uma maior participação das
mesmas, a educação de qualidade acontece, e se promove da individualização do sujeito, que é de
vital importância no processo de aprendizagem.
Toda a aprendizagem realizada no contexto familiar faz com que cada criança, pertença a um
grupo, pois as descobertas são compartilhadas com todo o grupo familiar e cria uma necessidade de
autonomia e individualidade, que definirão como e quando se vai utilizar o que foi aprendido. Essa
criação de autonomia e individualidade será a base da elaboração de nossa própria identidade.
Para Souza (1995):
As crianças com mau desenvolvimento escolar encontram-se impedidas de um desempenho intelectual satisfatório, devido a problemáticas emocionais, muitas vezes relacionadas a conflitos familiares não explicitados (SOUZA, 1995: 02)
Nesses casos, como diz Fernandez (1991:40): “Há crianças que apresentam um mal
rendimento escolar para ganhar certa legitimidade”.
A família é o componente básico da formação do individuo, determinando aspectos da sua
dinâmica que devem ser observados na formação ou na manutenção de uma dificuldade de
aprendizagem.
O movimento gerado no sistema familiar fará parte de um ciclo vital, que somado ao padrão
de aprendizagem desse grupo, vai originar as narrativas sobre os projetos de vida, a carreira, o
sucesso ou o insucesso.
A dificuldade de um indivíduo em avançar, satisfatoriamente, através dos eventos de
desenvolvimento psicológico e intelectual cria uma tendência, por parte da família, onde um
superinvestimento psicológico e financeiro, vai transformá-lo em foco, muitas vezes, camuflando os
sintomas. Esse indivíduo, preso neste processo sem fim, terá alguns lucros, mas ele e todo o grupo
familiar ficam impedidos de se desenvolverem, pois por ele, pela própria dificuldade e pela família, ele
não consegue focalizar sua participação nesse processo.
Essa relação entre indivíduo e grupo familiar nos leva a um segundo aspecto a se observar: o
das alianças e lealdades. Antes de nascer, a criança já é reforçada por todas as expectativas da
família e, quando nasce, essas expectativas se transformam em missões ditadas por este mesmo
sistema. Crescer contrariando as expectativas e anseios da família podem ser perigoso, pois ela acha
que esta situação é ameaçadora ou desleal. Seguindo esse raciocínio, lemos em Polity (2001): “Toda
criança precisa ter o consentimento dos pais, ainda que inconsciente, para crescer.” (POLITY, 2001:
41).
Da mesma maneira que os valores éticos, morais e culturais têm relação com o saber, a
aprendizagem é inscrita na história familiar, determinando a dificuldade ou não de aprender, pois
cada família tem sua maneira de se aproximar ou afastar do saber, que é chamada de modalidade de
aprendizagem. A modalidade é transmitida de geração a geração definindo como será a sua relação
com a aprendizagem. A modalidade de aprendizagem familiar é formada a partir da união entre a
história, os mitos, as lealdades etc, no ciclo de vida deste sistema familiar. Assim, a capacidade de
criar um ambiente seguro para o desenvolvimento intelectual está ligada à habilidade das gerações
anteriores em separar os conflitos dos mais velhos dos conflitos dos mais novos.
Muitas vezes, um segredo familiar pode ser um aspecto a ser considerado, nem sempre um
segredo se refere ao desconhecido, às vezes ele diz respeito a algo que não se pode ou se deve
comentar. Segundo Polity (2001):
Um segredo pode estar relacionado ao surgimento da dificuldade de aprendizagem da seguinte forma: uma criança vê algo que era proibido, a família nega o fato afirmando que foi imaginação, que a criança não viu aquilo. (POLITY, 2001: 42)
Há aqui o que Polity (2001), utilizando-se da psicanálise chamou de desmentido:
Uma parte do eu reconhece e aceita o que viu enquanto a outra desmente; é uma cisão do eu. Neste caso, a criança por não poder confirmar o que viu – e sabe que viu – estende essa atitude para toda sua relação com o conhecimento e assim, não mais pode aprender. É como se a criança se tornasse cega, surda e muda com relação às informações de todo o tipo e, como conseqüência, inapta para o processo de aprendizagem formal. (POLITY, 2001:42)
A não explicação dos fatos e sua origem pode, muitas vezes, dificultar ou comprometer o
estabelecimento da identidade, como no caso de uma criança adotada, por exemplo, que não lhe foi
dado o direito de saber sua origem ou de ver um rosto semelhante ao seu para que possa construir
sua história. Ao expressar sua curiosidade sobre suas origens, a criança pode ser entendida ou
interpretada como desleal e ser tolhida em sua intenção de saber a verdade. Torna-se compreensível
a dificuldade desta criança em estar disponível para o conhecimento quando sua curiosidade é
interpretada como ameaçadora. Ela vai entender que tudo o que ela precisa saber, conhecer será
ameaçador.
A criança precisa encontrar no ambiente familiar, formas facilitadoras de aprendizagem, com
uma disponibilidade de brinquedos e jogos compatíveis com o nível de desenvolvimento da criança e
que estimulem as habilidades cognitivas e a aprendizagem de conteúdos relevantes. A presença de
livros ou outros materiais de leitura e consulta também são de extrema importância. Espaços próprios
onde a criança possa realizar adequadamente essas atividades, com tranqüilidade e liberdade, são
essenciais. No entanto, apenas a presença desses recursos materiais não é o suficiente para
promover um bom relacionamento com a aprendizagem, é necessário investir tempo e atenção a ela.
Um ambiente familiar que contribui positivamente no processo de aprendizagem de seus
membros, com recursos materiais, que oferece segurança, calma, e inclui os adultos com
disponibilidade para interagir com as crianças, ou sejam, capazes de funcionar como mediadores
entre elas e os estímulos.
Segundo Maturano (1999):
É através de seu envolvimento que os pais fornecem recursos emocionais essenciais ao desenvolvimento de um senso de competência. Esse envolvimento se traduz em atitudes de assistência ao desenvolvimento da
criança, de encorajamento e reconhecimento aos seus esforços de autonomia – exigindo que esta resolva seus problemas, mas mantendo-se disponíveis para dar assistência, caso precise – e a promoção de atividades sociais e culturais enriquecedoras. De uma forma mais simples, é praticar atividades como ler para a criança, brincar, passear, conversar com ela, ajudar em suas tarefas e interessar-se por seu mundo. (MATURANO, 1999:25)
O conceito de dificuldades de aprendizagem apresenta diversas definições e
ainda pode ser um pouco ambíguo e é necessário que se tente determinar a que
fazemos referência com tal expressão ou rótulo diagnóstico, de modo que se possa
reduzir a confusão com outros termos tais como “necessidades educativas
especiais”, “inadaptações por déficit socioambiental” e outras denominações ligadas
às dificuldades de aprendizagem.
Aproximadamente 20% das crianças apresentam dificuldades de
aprendizagem em idade escolar. (CDC - Centers for Disease Control and Prevention,
2004) Muitas vezes, o médico é o mais procurado para se buscar a causa da
dificuldade na criança, porém devemos lembrar de que muitos fatores interferem na
aprendizagem ou na ausência dela. A família, a escola e sua metodologia, o
professor, a sociedade em que a criança está inserida, envolvem aspectos sócio-
culturais importantes para o aprender de uma criança. Para Mery (1985):
O professor desempenha um papel importante na identificação da dificuldade. Aquelas crianças que não adquirem conhecimentos como os colegas devem ser identificados e acompanhados de perto. Após alguns meses de trabalho dentro da sala de aula sem um progresso na aprendizagem o aluno merece uma atenção especial e deverá ser encaminhado à orientação pedagógica da escola que já deve estar ciente do caso. São crianças muitas vezes consideradas como imaturas que não evoluíram satisfatoriamente. Cuidado! Esta criança que não “clica” pode ter uma dificuldade mais importante que necessita de atendimento e avaliação especializada. (MERY, 1985: 12)
Segundo Louro (2003):
A própria escola produz diferenças. Desde o início da sua história a escola exerceu uma ação distintiva fora e dentro dela. Fora, separando os que tinham dos que, a ela, não tinha acesso; e dentro, através de classificações e hierarquizações. A escola que nos foi legada pela sociedade ocidental moderna começou por separar adultos de crianças, católicos de protestantes. Ela também se fez diferente para os ricos e para os pobres e ela imediatamente separou os meninos das meninas. (LOURO, 2003. p.57).
Uns dos principais elementos para a identificação das dificuldades de
aprendizagem são os profissionais da escola: professores, coordenadores,
orientadores pedagógicos etc, que exercerão um importante papel na formação da
criança. Com a identificação de um baixo rendimento escolar em uma criança, deve-
se verificar os diferentes níveis de dificuldade existentes.
As dificuldades de aprendizagem podem ser transitórias ou permanentes. As
transitórias são aquelas em que uma situação passageira, um momento da vida da
criança com alguma turbulência, por exemplo, onde a criança não consegue realizar
uma determinada tarefa.
As dificuldades globais são causadas por diversos fatores conjuntos ou
isolados e podem ser temporárias ou tornarem-se permanentes. Podem ser
causadas por diversas razões como: a escola, a família, remédios, culturas
diferentes da original e mesmo doenças.
Outras dificuldades podem ser causadas por uma imaturidade funcional da
criança, onde ela apresenta um atraso que pode ser neurológico, emocional,
psicológico, motor ou mesmo social. Respeitar o tempo e o desenvolvimento da
criança pode ser uma solução para o problema ou a facilitação da aprendizagem.
Quando uma criança apresenta uma dificuldade da disfunção cerebral, a
dificuldade é permanente, onde a dificuldade pode ser única ou um grupo delas, que
pode afetar áreas específicas relacionadas à linguagem, leitura, escrita, cálculo,
motricidade, raciocínio, memória, atenção etc.
Antoniuk (2003) classifica as principais disfunções na área da linguagem em:
disfasia, dislexia , disgrafia, disortografia e discalculia.
Outra dificuldade de aprendizagem relacionada à disfunção cerebral são as
dificuldades relacionadas ao Déficit de atenção com ou sem Hiperatividade, que hoje
em dia tem afetado diversas crianças, adolescentes e adultos, que a descobrem
tardiamente. Antes chamados de indisciplinados, sem limites, elétricos e agressivos,
hoje adultos agitados, descobrem a dificuldade e até podem ser tratados, tendo os
sintomas amenizados.
O Déficit de Atenção, acompanhado ou não de hiperatividade é uma
dificuldade em que os impulsos cerebrais se dão numa velocidade muito acima do
normal. As conseqüências podem ser diversas como: falta de atenção, impulsividade
e agressividade. O indivíduo portador desse distúrbio tende a ser desorganizado,
desleixado e desastrado. Muitas vezes, recebe repreensões freqüentes, por causa
de sua dificuldade em socializar-se adequadamente. Estas repreensões podem
prejudicar sua auto-imagem e sua auto-estima. Reforçar as atitudes positivas e
incentivar sua capacidade de aprendizagem, respeitando seu tempo e sua
dificuldade, pode tornar o indivíduo mais auto-confiante, fazendo com que aprenda e
modifique suas relações sociais.
Segundo o DECS – Descritores de Ciência da Saúde da BIREME:
Lesões agudas e crônicas ao encéfalo, incluindo os hemisférios cerebrais, CEREBELO e TRONCO CEREBRAL. As manifestações clínicas dependem da natureza da lesão. O trauma difuso ao encéfalo é frequentemente associado com LESÃO AXONAL DIFUSA ou coma PÓS-TRAUMÁTICO.
As lesões localizadas podem estar associadas com MANIFESTAÇÕES NEUROCOMPORTAMENTAIS; HEMIPARESIA ou outras deficiências neurológicas focais.
Nota de Indexação Português: geral ou não especificado; com partes específicas do encéfalo; UP CONTUSÃO ENCEFÁLICA: não coordenada com contusões; não confunda com TRAUMA CRANIOCEREBRAL
A Lesão Cerebral pode levar a um distúrbio de aprendizagem que poderá
afetar a criança como um todo. Pode ser: sensorial, afetando o sistema auditivo ou o
visual e mental, com rebaixamento da capacidade intelectual ou ainda dificuldades
emocionais graves. Entre os distúrbios de lesão cerebral mais conhecidos temos o
autismo e a psicose.
Para Rotta (2006):
Dois aspectos envolvem os distúrbios da audição: o primeiro é um impedimento da capacidade de detectar a energia sonora, ou seja, uma perda auditiva; o segundo é o transtorno do processamento auditivo. Tal transtorno se refere a um distúrbio da audição no qual ocorre um impedimento da capacidade de analisar e/ou interpretar padrões sonoros. (ROTTA, 2006:118)
De acordo com Alvarez; Caetano e Nastas (2000), as disfunções centrais
podem ocorrer por disfunção neuromorfológica, que é o atraso de maturação do
sistema nervoso auditivo central e por distúrbios como: doenças ou lesões
neurológicas e otológicas.
Em todas essas dificuldades ou distúrbios de aprendizagem, o indivíduo pode
ser trabalhado e estimulado para sanar ou amenizar sua deficiência. A deficiência
mental leve, também pode ser trabalhada em sala de aula regular, através da
inclusão do aluno, mas ele precisa de acompanhamento paralelo. Em se falando da
deficiência mental moderada ou um problema emocional sério, o indivíduo deve ser
encaminhado a uma classe especial ou a uma escola especializada para um melhor
aproveitamento.
Para Schwartzman (1992):
Um dos grandes objetivos da educação é fazer com que a criança seja mais autônoma na sala de aula. Adquirir autonomia é interiorizar regras da vida social para que se possa conduzir sem incomodar o restante do grupo. E essa adequação social é condição sine qua non, sem a qual não há para que seja integrada. (SCHWARTZMAN, 1992: 20).
Continua afirmando que:
... o fato de a criança não ter desenvolvido uma habilidade ou demonstrar conduta imatura em determinada idade, comparativamente a outras com idêntica condição genética, não significa impedimento para adquiri-la mais tarde.
Quando discutimos problemas referentes à crianças que apresentam dificuldades escolares temos que nos lembrar que não estaremos discutindo um grupo homogêneo de indivíduos de tal forma que afirmações do tipo “eu trato de crianças com dificuldades escolares desta forma”ou “tenho tido bons resultados com esta ou aquela técnica”devem ser encaradas com cuidado. Na verdade, sob o rótulo de “crianças com dificuldades escolares” podemos estar frente a problemas muito diversos e quando não fazemos um diagnóstico diferencial cuidadoso corremos o risco de tratar de conseqüências ou de aspectos periféricos e não da causa básica, primária ,das dificuldades. Desta forma gostaria que ficasse clara esta posição qual seja a de que o primeiro passo e, talvez o mais importante frente à criança que está fracassando na escola seja o de se tentar, na medida das nossas possibilidades, identificar a causa básica das dificuldades. (SCHWARTZMAN, 1992: 20-21).
O autor afirma ainda que se pode listar, algumas das razões, freqüentes,
pelas quais uma determinada criança pode ir mal na escola. O prejuízo intelectual é,
obviamente, uma delas e que deve ser identificada. Embora esta afirmação deva
parecer muito óbvia, é comum que crianças que estão sendo tratadas e vem sendo
cuidadas no sentido de melhorar o rendimento escolar não tenham nunca sido
submetidas à um teste formal de inteligência. (Schwartzman, 1992).
Concluiu dizendo que:
Uma vez feito o diagnóstico “causal” das dificuldades escolares caberá propor algum tipo de solução. Esta pode ser muito variável dependendo de cada caso. Em certas crianças será necessário colocar-se a criança em um outro tipo de escola; em outras, bastará sugerir que se aguarde um pouco mais, antes de insistir no processo de alfabetização, tratando-se de uma criança “imatura”ou “lenta”. Outras vezes deveremos propor a colocação da criança em escolas especiais, tamanha a dificuldade presente. Naquelas com Distúrbios Específicos o tratamento deverá ser centralizado em métodos pedagógicos que tentarão suprir as necessidades especiais e desenvolver, eventualmente, estratégias alternativas para o aprendizado. Caberá ao pedagogo, também, optar, quando necessário pelo uso de datilografia, computadores,etc. (SCHWARTZMAN, 1992: 23).
Sabe-se que cada criança, seja portadora de Dificuldade no
Processamento Auditivo ou qualquer outro distúrbio, possui alguma dificuldade que
se destaca em relação ao outro. Por esta razão, acredita-se que a melhor forma de
trabalhar com o aluno com dificuldade de aprendizagem, é dentro da sala de aula,
com toda a turma, pois é através de uma atividade adaptada às necessidades
especiais deste aluno, que ele terá chances de se destacar frente aos demais, ser
respeitado e visto como alguém capaz de participar e, porque não dizer, de superar
suas dificuldades.
Atividades que ajudam o portador de distúrbio no Processamento Central Auditivo
A maioria das crianças que apresentam alguma dificuldade, ou mesmo
problemas temporários de aprendizagem chegam às escolas rotuladas. Rótulos que
os impedem de caminhar. Segundo os pais ou as entidades responsáveis por seu
encaminhamento, elas têm dificuldade de aprender, são desatentas, lentas, vivem
no mundo da lua, não prestam atenção a nada.
Muitas vezes os pais, os professores, os colegas de classe e de seu convívio
social, não entendem o que está acontecendo. O adulto que está ao lado dela deve
ter a sensibilidade de ajudá-la observando-a, analisando suas atitudes e suas
respostas a estímulos, para que possa criar condições de ajudá-la em suas
dificuldades, resolvendo-as ou mesmo fazendo com que ela entenda como melhorá-
la.
O jogo entra em cena nas situações de dificuldade como um recurso facilitador,
pois através dele a criança é livre para expressar seus sentimentos, suas angústias,
sem medo de ser reconhecido. O psicopedagogo deve utilizar-se desta estratégia
como um artifício de aproximação com a criança, criando um elo de amizade entre
eles. É através deste elo de amizade e confiança que a criança poderá juntar as
peças do quebra-cabeça de sua vida, para que possa reconstruí-la de maneira
saudável e completa.
Os jogos devem conter atrativos às crianças, coisas que chamem suas
atenções e que possam trazer um elo de ligação com o seu mundo real, o que
possibilitará uma abertura, uma aproximação. Mesmo utilizando diversos jogos, não
podemos deixar de citar que a participação da família é de extrema necessidade,
reforçando o vínculo de amizade e confiança, para que a criança consiga superar
sua dificuldade, aceitando-se e colaborando para as possíveis mudanças que
ocorrerão.
A aprendizagem é algo complexo, que não tem receitas prontas. Estimular e
desenvolver as habilidades de cada criança é importante para sua aprendizagem,
tornando-a assim, mais natural e alegre.
Alguns conceitos, muitas vezes, necessitam ser mais elaborados tais como
imagem corporal, lateralidade, orientação temporal. Por isso, é necessário que o
educador e os demais envolvidos com a criança, possam criar maneiras de abordar
o problema através do lúdico. Considera-se uma técnica importante, no tratamento
destas e de outras questões relacionadas à aprendizagem, porque permite perceber
as dificuldades e conversar sobre elas de modo a estabelecer caminhos para
superá-las. Para Froebel (1912: 54-55):
Brincar é a fase mais importante da infância - do desenvolvimento humano neste período - por ser a auto-ativa representação do interno - a representação de necessidades e impulsos internos....
A brincadeira é a atividade espiritual mais pura do homem neste estágio e, ao mesmo tempo, típica da vida humana enquanto um todo - da vida natural interna no homem e de todas as coisas. Ela dá alegria, liberdade, contentamento, descanso externo e interno, paz com o mundo... A criança que brinca sempre, com determinação auto-ativa, perseverando, esquecendo sua fadiga física, pode certamente tornar-se um homem determinado, capaz de auto-sacrifício para a promoção do seu bem e de outros...
Como sempre indicamos, o brincar em qualquer tempo não é trivial, é altamente sério e de profunda significação. (FROEBEL, 1912: 54-55)
Através de intervenções lúdicas, a criança e o ser humano em geral têm a
possibilidade de desenvolver o seu lado afetivo, motor, cognitivo, social, moral e
ajuda na aprendizagem de conceitos que serão importantes para a vida futura. É de
extrema importância ver o jogo, sob o aspecto educativo, como uma ajuda para a
elucidação de problemas, mas ele nunca pode ser um substituto da realidade.
No dicionário Larousse (1982) encontrou-se a seguinte definição: “ Jogo é uma
atividade física ou mental organizada que por um sistema de regras definem quem
perde ou ganha. Brincadeira: passatempo, entretenimento.”
Para Freud (1907), o jogo funcionaria como um agente de inspiração para a
criança, pois através dele, ela poderia tornar-se um poeta, criando seu próprio
mundo, que fosse agradável e conveniente para ela.
Piaget (1979), em sua teoria da psicologia genética, compartilhava de algumas
idéias de Freud (1907):
...o brincar representa uma atividade por meio da qual a realidade é incorporada pela criança e transformada quer em função dos hábitos motores (jogos de exercícios) quer em função das necessidades do seu eu (jogo simbólico) ou em função das exigências de reciprocidade social (jogos de regras). (PIAGET, 1979:56)
Para Winnicott (1985), no brincar a criança se torna mais criativa e mostra sua
personalidade integralmente. Para ele somente assim é que o indivíduo pode
descobrir o seu verdadeiro eu.
Macedo (1999) compreende os jogos de regra como uma possibilidade de
observação dos processos do pensar, pois a criança pode construir seu
conhecimento de acordo com a fase em que se encontra.
Segundo os Referenciais Curriculares Para a Educação Infantil (1998) vemos
que nas brincadeiras o conhecimento pode ser transformado em conceitos que ela já
possuía anteriormente:
Nas brincadeiras, as crianças transformam os conhecimentos que já possuíam anteriormente em conceitos gerais com os quais brinca. Por exemplo, para assumir um determinado papel numa brincadeira, a criança deve conhecer alguma de suas características. Seus conhecimentos provêm da imitação de alguém ou de algo conhecido, de uma experiência vivida na família ou em outros ambientes, do relato de um colega ou de um adulto, de cenas assistidas na televisão, no cinema ou narradas em livros etc. A fonte de seus conhecimentos é múltipla, mas estes se encontram, ainda, fragmentados. É no ato de brincar que a criança estabelece os diferentes vínculos entre as características do papel assumido, suas competências e as relações que possuem com outros papéis, tomando consciência disto e generalizando para outras situações. REFERENCIAIS CURRICULARES PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL (1998:27)
É importante conhecer o jogo e tudo o que ele pode proporcionar à criança que
se utiliza dele, pois ele pode tomar diversas formas, com diversos objetivos. Pode
ser educativo quando é usado com o objetivo intencional de educar. Pode ser
apenas brincadeira, desde que o objetivo seja este.
Estudando a teoria de Piaget (1998), entende-se que o jogo está ligado ao
funcionamento da inteligência, pois quando a criança joga, constrói uma série de
assimilações e acomodações que serão levadas para o restante de sua vida. Pelo
fato do cérebro ser um sistema aberto e mutável, a criança terá estruturas de
funcionamento moldadas até o fim de sua vida, onde cada indivíduo terá o seu
desenvolvimento pessoal.
Enquanto a criança vai crescendo, aos poucos consegue distinguir os
diferentes tipos de jogos. Consegue notar que para jogar alguns jogos ela
necessitará de um maior esforço de concentração, e isso não torna o jogo menos
prazeroso.
Ao jogar, a criança desenvolve suas habilidades motoras, físicas, emocionais e
intelectuais, mas necessita de um mediador, que observará todo o processo e fará a
intervenção, quando necessária.
A aprendizagem é mediada por processos sócio-culturais. O professor, de
acordo com Fonseca (1995), pode agir como um mediador, dando aos alunos a
oportunidade da produção cotidiana dos conflitos cognitivos. É um incentivo às
várias capacidades, através da análise e da comparação.
A escola, onde reside a instrução formal, mediada pelo professor, mobiliza e
altera o desenvolvimento da estrutura cognitiva, ao atuar através de uma proposta
pedagógica de atuação ativa, pautada no potencial do aluno. Essa base
paradigmática, conforme apresenta Gomes (2002), reside, principalmente, nas
teorias de Vygotsky. Luria (1987) diz que a instrução formal atua sobre o processo
cognitivo, facilitando a transição de operações práticas para teóricas.
Partindo-se dessa premissa, as idéias de Gardner, Korvhaber e Wake (1998)
explicitam a relação direta da Ciência Cognitiva com a Educação, levando em conta
a aprendizagem do sujeito:
Os indivíduos que se saem bem na escola são aqueles que conseguem pensar sobre ações, eventos e fenômenos, mesmo quando essas entidades não sejam acessíveis à percepção e ao contato-direto - isto é, eles pensam bem na ausência das deixas contextuais comuns. (GARDNER, KORVHABER E WAKE, 1998: 263)
Ao se fazer um paralelo entre as idéias da Educação para o novo século e as
aprendizagens a partir das potencialidades do sujeito, entende-se a aproximação do
sujeito aprendente e do professor mediador, na proposta das Ciências Cognitivas:
“Se não formos capazes de ensinar, será impossível aprender” (GOMES, 2002:
261).
Vygostsky (1998) postulou a teoria acerca do processo de aprendizagem
humana, propondo articular o estudo do funcionamento cognitivo aos processos de
interação social. Trouxe o pressuposto de que:
“A estrutura cognitiva e aprendizagem são impulsionadas pelos instrumentos culturais, mais especificamente, os instrumentos psicológicos”. (VYGOSTSKY, 1998: 55)
Tanto as inter-relações quanto os contextos institucionais mais amplos
fornecem campo para a formação dos processos mediados e para o auxílio na
compreensão da função dos instrumentos e ampliam a significação dos conceitos
aprendidos, a partir da própria experiência e da relação com os outros.
De acordo com Vygotsky (1998), o sujeito, ao integrar-se com o meio escolar,
aplica sobre esse ambiente um conjunto de valores, atitudes, competências
perpassadas pelo processamento perceptivo-lingüístico, elaborando e comunicando
informações que incidem sobre o desenvolvimento potencial.
Nesta abordagem, Fonseca (1995), traduzindo as idéias do referido autor,
descreve que face à informação recebida, com base na atenção seletiva (auditiva):
O indivíduo em situação de aprendizagem terá de processá-la em unidades, integrando-as em seqüência temporal que caracteriza a informação ordenada. (FONSECA, 1995: 59),
A estrutura de todo o processamento auditivo pode ser explicada pelas
palavras de Phillips (1995):
Processamento implica a diferenciação entre a entrada e a saída da estrutura. Sua representação implica simplesmente, que a informação acerca da dimensão do estímulo está presente na estrutura cerebral e está disponível para que qualquer processamento possa ocorrer. (PHILLIPS, 1995: 342)
O processo de aprendizagem desenvolve-se ao longo da vida dos sujeitos e é
sistematizado formalmente durante os anos de escolarização, através da instrução
formal. Para Vygotsky (1998), o incremento dos processos psicológicos superiores
encontra subsídio para realizar-se nas inter-relações sócio-culturais, sendo esse
meio um forte mediador para a construção de conhecimento.
A partir da identificação e do conhecimento do distúrbio do processamento
auditivo, várias sugestões podem ser encaminhadas para a (re)significação de
conceitos e (re)planejamento pedagógico junto aos professores. De acordo com
cada dificuldade, com particularidades apresentadas nos exames comportamentais
do processamento auditivo e características motivacionais de cada sujeito, é
possível auxiliar diretamente a aproximação da construção de conhecimentos e o
processo educacional de cada aluno.
O sucesso do processo de aprendizagem está intimamente ligado às
manifestações de progresso no desenvolvimento da construção de conhecimentos.
Estratégias individualizadas contribuem enormemente para esse sucesso. Poucos
estudos têm tentado abarcar essa temática, tornando-se insuficientes as
considerações acerca dessa proposição.
Bellis e Ferre (2002) propõem aspectos específicos quanto a modificações
comportamentais e ambientais, referentes a mudanças no espaço escolar, no
planejamento pedagógico e na orientação e rotina familiar, para que a criança possa
usufruir de um espaço de verdadeira aprendizagem.
Na sala de aula do portador de distúrbio do processamento auditivo, o
professor deve estar atento a ruídos e estímulos que podem ser negativos ao aluno.
Segundo Jardim (2001), algumas estratégias devem ser usadas para melhorar a
sala de aula:
As crianças com Distúrbio do Processamento Auditivo, quando são
detectadas precocemente, podem ser tratadas de maneira adequada, com a
orientação aos pais, facilitando o trabalho dos professores no processo de
aprendizagem.
- Entrada visual simultânea a mensagem auditiva podem ajudar na
memorização;
- Lista do vocabulário chave: escrever na lousa palavras-chave do novo
material e as instruções (a criança com PAC necessita de anotações
organizadas e lembretes);
- Vocabulário e mensagem controlados em termos de complexidade e
extensão;
- Monitorar a compreensão e o progresso da criança;
- Avaliação da compreensão: perguntas relativas a matéria devem ser feitas
periodicamente, avaliando sua compreensão;
- Preparação: preparar a criança anteriormente com novos conceitos e
vocabulários que serão utilizados em sala de aula;
- Métodos para prender a atenção da criança;
- Antes de ensinar, chamar a criança pelo nome ou por toques gentis;
- Ajudar individualmente;
- Fazer intervalos mais freqüentes;
- Usar de instruções curtas;
- Tampão monoaural (tampando-se apenas uma orelha), como um auxílio de
audição: considerando que a orelha pior não contribui para o proveito
binaural (tampando-se as duas orelhas) e pode alterar o desempenho da
orelha melhor , mantém–se a orelha ruim ocluída nos momentos em que a
criança necessita de maior concentração. Em terapia , estimula-se mais o
lado ruim, até se chegar próximo a um equilíbrio;
- Assistência quanto à memória, fala e linguagem valorizando as pistas de
linguagem e os aspectos cognitivos;
- Sequencialização com sons verbais e não-verbais;
- Trabalhar a memória auditiva;
- Discriminação auditiva e associação fonema (unidade formal inferior da
Fonética e está relacionado ao som das letras) – grafema (unidade formal
mínima da escrita, relacionado ao fonema);
- Treinamento auditivo: dessensibilização da fala em presença de ruído e
estimulação mono e binaural com e sem competição com ruído;
Através do jogo as crianças podem ter contatos sociais, podem utilizar-se da
cooperação, tomam consciência de que podem atingir objetivos, reconhecem a parte
e o todo, entendem as relações de ordem, de antecipação e de retroação, além de
serem estimuladas a aprender e a entender o que aprenderam, pois através dos
jogos, as crianças compreendem com mais facilidade o abstrato, o que elas não
podem tocar.
Depois de conhecer todos os benefícios que o jogo pode proporcionar à
criança, com dificuldade ou não, vimos que sua utilização faz-se imprescindível nas
escolas, consultórios e no dia-a-dia das crianças, desde que seja respeitada a fase
de aprendizagem em que cada criança se encontra.
É preciso saber qual habilidade precisa ser desenvolvida ou estimulada na
criança antes de escolher o jogo. Existem jogos para estimular a leitura e a escrita, a
coordenação motora, a memória, a concentração e a atenção. Escolher o jogo
apropriado a cada idade e necessidade é, antes de qualquer coisa, planejar a
atuação do profissional que trabalhará com a criança.
É através da aprendizagem lúdica e do processo cognitivo estimulado por esta
aprendizagem que a criança estará se preparando para o futuro, pois jogando ou
brincando, ela pode desenvolver habilidades que a ajudarão no trabalho, nos
relacionamentos interpessoais e nas demais relações de seu dia-a-dia.
Alguns jogos que podem ser usados em sala de aula
Jogo da Berlinda: Adaptado do jogo de Antunes (1999)
Com os olhos fechados, uma criança fica sentada numa cadeira. As outras que
estão em volta dela vão, uma a uma, até ela e fazem uma pergunta, em voz baixa,
sobre coisas de sua dia-a-dia. A que está sentada deve responder a pergunta em
voz alta e os demais participantes devem descobri, qual foi a pergunta feita. Todos
os participantes devem passar pelas duas situações, ora perguntam, ora respondem.
Esta atividade estimula a atenção, a concentração e o raciocínio lógico.
Forme a frase corretamente: Atividade sugerida em Antunes (2001)
O professor distribui a três crianças palavras, e estas lêem suas palavras em
voz alta. Uma quarta criança deverá ouvir as três palavras e formar uma frase que
tenha sentido. As palavras a serem utilizadas devem fazer parte do dia-a-dia das
crianças, para que elas entendam o que elas significam.
Exemplo:
Janela Fechou Papai
João Triste Ficou
Mateus Camila Namorados
Esta atividade estimula a Inteligência lingüística e verbal.
Palavra Pulada
O professor apresenta às crianças uma lista de palavras que contenham
palavras: mono, di, tri e polissílabas. Cada aluno escolhe uma palavra, mas não
conta aos colegas qual foi esta palavra. Quando solicitado pelo professor, a criança
vai dizer sua palavra com saltos, um salto para cada sílaba e uma palma no lugar da
sílaba tônica. Os demais alunos deverão descobrir qual é esta palavra:
Exemplo:
Pão: pulo e palma
Uva: pulo e palma – pulo
Cavalo: pulo – pulo e palma – pulo
Hipopótamo: pulo – pulo – pulo e palma – pulo – pulo
Esta atividade estimula a atenção, concentração, raciocínio lógico,
conhecimento de português, separação de sílabas, sílabas tônicas, quantificação e
sequência numérica.
O que eu estou fazendo? Atividade adaptada do jogo “Ensaiando” de Antunes
(1998).
O professor diz no ouvido do aluno o que ele deve fazer, como: Varrer a casa;
comprar pão; andar de bicicleta etc. Os demais participantes deverão descobrir o
que ele está fazendo.
Qual é a ordem?
O professor estipula um grupo de palavras que se relacionem como: frutas,
alimentos quentes, materiais escolares etc., devem ser formados grupos de quatro
crianças onde três dirão, sussurrando ao ouvido de uma delas, a palavra escolhida
por ele. Depois que as crianças falaram suas palavras, a criança que ouviu as
palavras deve dizê-la em voz alta e na sequência em que foi ouvida.
Este jogo estimula a memória auditiva seqüencial.
Quantas bolinhas?
O jogo consiste em picotar e fazer bolinhas de papel ao som de diferentes
instrumentos. Enquanto uma criança faz o som com o instrumento as outras devem
fazer bolinhas de papel, com as pontas dos dedos, não muito grandes nem muito
pequenas e com apenas uma mão . Se o instrumento é trocado deve-se trocar a
mão que faz as bolinhas. Uma variação seria tocar dois instrumentos ao mesmo
tempo, onde as crianças deveriam fazer bolinhas com as duas mãos, ao mesmo
tempo. Quando o instrumento parar, todos devem contar suas bolinhas. Ganha
quem fizer mais bolinhas.
Esta atividade estimula a coordenação motora, a memória auditiva e a
discriminação de sons.
Qual é o meu grupo?
O professor separa previamente potinhos com diversos grãos. Cada criança
recebe um potinho e ao sinal, todos começam a chacoalhar os potinhos, que
emitirão sons diferentes. O jogo consiste em cada criança achar os potinhos que
fazem o mesmo som que o potinho dela. Elas devem estar separadas por uma
distância de 4 metros umas das outras.
Esta atividade estimula a percepção auditiva, discriminação de sons.
No atendimento à criança com distúrbio do processamento auditivo, a atividade lúdica pode seu
um excelente instrumento de investigação e observação, pois através dela ele pode conhecer a
verdadeira personalidade da criança, estabelecer vínculos significativos e proporcionar à criança
momentos de alegria e descontração. Através destas observações poderá formular hipóteses e
diagnósticos para que possa intervir corretamente na resolução da dificuldade.
Como foi visto anteriormente, através da leitura de Antunes (1998), Brougere
(1990), Macedo (1999), entre outros, a capacidade de brincar faz parte do processo
de desenvolvimento da criança e é importantíssima para a sobrevivência psíquica e
o avanço social dela. É através das brincadeiras que o indivíduo pode desfrutar que
teremos conhecimento de suas estruturas mentais, de seus pensamentos, de seus
sentimentos, de seu desenvolvimento cognitivo, afetivo, social e motor.
Faz-se então a seguinte reflexão: “O que acontece com o brincar; pois ora é tão
valioso ora é tão desvalorizado?”
O brincar e o jogar da criança ao adulto. A origem das palavras é:
Jogar: do latim “jocare”: entregar-se ao; ou tomar parte no jogo de; executar as diversas combinações de um jogo; aventurar-se ou arriscar-se ao jogo; perder no jogo; dizer ou fazer brincadeira; harmonizar-se.
Brincar: “de brinco+ar”; divertir-se infantilmente; entreter-se em jogos de criança; recrear-se; distrair-se;saltar; pular; dançar, (...) (DICIONÁRIO DA LÍNGUA PORTUGUESA LAROUSSE, 1982:286-98)
O brincar é algo tão espontâneo, tão natural, tão próprio da criança, que não haveria como
entender sua vida sem brinquedo, pois o brincar faz parte da vida do ser humano desde as
sociedades mais primitivas, entre os indígenas e os relatos mais antigos. É preciso ressaltar, no
entanto, que não é apenas uma atividade natural. É, sobretudo, uma atividade social e cultural.
Desde o começo, o brinquedo é uma forma de relacionar-se, de estar com, de encontrar o mundo
físico e social.
Para Didonet (2003):
É uma verdade que o brinquedo é apenas o suporte do jogo, do brincar, e que é possível brincar com a imaginação. Mas é verdade, também, que sem brinquedo é muito mais difícil realizar a atividade lúdica, porque é ele que permite simular situações (...) Se criança gosta de brincar, gosta também de brinquedo. Porque as duas coisas estão intrinsecamente ligadas.(DIDONET, 2003:54)
Didonet (2003) salienta que é necessário passar as informações e conhecimentos sobre a
importância do brinquedo para a criança e o significado para o seu desenvolvimento afetivo, social,
cognitivo e físico.
Para Winnicott (1975) apud Outeiral (1998), a brincadeira é universal e própria da saúde: o
brincar facilita o crescimento e, portanto, a saúde. O brincar conduz aos relacionamentos grupais,
podendo ser uma forma de comunicação na psicoterapia. Portanto, a brincadeira traz a oportunidade
para o exercício da simbolização e é também uma característica humana.
Conforme Outeiral (1998), o trabalho de Winnicott (1942), "Por que brincam as crianças?",
apresenta algumas motivações da atividade lúdica: para buscar prazer, para expressar agressão,
para controlar a ansiedade, para estabelecer contatos sociais, para realizar a integração da
personalidade e, por fim, para comunicar-se com as pessoas. Sua contribuição mais original ao tema,
entretanto, é o desenvolvimento dos aspectos dos objetos transicionais e fenômenos transicionais,
para descrever a experiência de viver em uma área de transição da experiência, isto é, transição com
respeito à realidade interna e externa.Embasando-se nas pesquisas feitas, entende-se que a criança
constrói seu conhecimento através do ato de brincar. Através do jogo ela adquire confiança na sua
capacidade de encontrar soluções para os problemas de seu dia-a-dia, chegando a conclusões
pessoais com autonomia.
Através das brincadeiras e do ato de brincar a criança se comunica com o mundo, pois
verbaliza seus pensamentos e cria novos canais de comunicação, pois a linguagem cultural da
criança é o lúdico. O brincar será o instrumento usado pela criança para comunicar-se e para tronar-
se agente transformador de sua realidade, colaborando de maneira integral para seu
desenvolvimento.
Conclusão
O desenvolvimento e a aprendizagem da criança estão presentes através da
interação com o meio físico e social, no seu cotidiano, observando, experimentando,
imitando e recebendo instruções de pessoas que atuarão junto à ela. A criança
aprende a fazer perguntas e a obter respostas, que satisfaçam suas necessidades.
A atividade lúdica deve ser vista com muita seriedade, pois brincando a criança
vive experiências, aprende a cultura do local em que vive através dos conceitos,
valores, idéias e objetos concretos, utilizados por ela e desenvolve os conceitos
sobre o mundo e tudo o que o cerca.
É função da escola estimular experiências que devem ser vivenciadas em um
espaço socializado, onde a criança seja vista como um ser único, cheio de emoções
e de energia, que necessitam ser extravasadas, socializadas, experimentadas para
que se tornem realmente significativas, tanto para ela quanto para a pessoa que
mediará a ação.
Repensar o conteúdo e a prática pedagógica, nas escolas, trocando a rigidez e
a passividade pela vida, pela alegria, pelo entusiasmo de aprender, por uma nova
maneira de ver, pensar, compreender e reconstruir o conhecimento é de extrema
importância.
Os jogos, os brinquedos e as brincadeiras fazem parte do ato de educar, por
isso devem tornar-se um compromisso consciente, intencional e modificador da
sociedade.
A escola é um espaço social privilegiado de construção do conhecimento.
Portanto, é necessário ao psicopedagogo ajudar esta instituição a entender melhor
as crianças e suas necessidades, fazendo-as crescer na área cognitiva, pois sem
crescimento no relacionamento dele com os outros e consigo mesmo, não é possível
uma aprendizagem que seja realmente significativa.
Ao nos depararmos com quadros de crianças com distúrbios do processamento
auditivo, surge a preocupação de que os professores podem contribuir para que
essa criança, mesmo diante de suas dificuldades possa aprender, através de jogos e
brincadeiras.
Ao considerarmos que o papel da escola é o de desenvolver o potencial de
cada um, respeitando as características individuais do aluno e sempre procurando
reforçar os pontos fracos e auxiliando na superação dos pontos fracos, evitando
dessa forma que as dificuldades que as crianças possuem não sejam estes motivos
para exclusão no processo de aprendizagem, estaremos ajudando esta instituição a
formar alunos sadios, que não possam ser rotulados ou discriminados.
A família não pode ser deixada de lado neste momento, pois através dela a
troca de experiências é essencial. Integração entre escola e a família é importante
para se conhecer a criança de maneira integral.
Trabalhar com crianças com dificuldades do processamento auditivo é buscar
constantemente o prazer de encontrar, nas diversas oportunidades de interação e de
vínculo, a explicação científica para o entendimento de nossa prática profissional,
principalmente quando é colocada a importância da construção de um “eu” que
precisa ter sua auto-estima elevada para a aprendizagem e construtor de seu
conhecimento e de sua própria história.
Faz-se necessário a todos os profissionais, buscar conhecer mais, a
importância que o brincar tem na vida de crianças que, passam ou passaram por
momentos difíceis, emocionais, intelectuais, sociais e até mesmo culturais.
Brincando ou jogando podemos desfrutar de momentos de descontração, onde o
que nos oprime pode ser colocado para fora e até mesmo pode ser jogado no lixo,
que é onde todo tipo de preconceito deve ser colocado.
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