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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
“CRECHE: GESTÃO E SUA IMPORTÂNCIA NA SOCIEDADE”
Por: Sarita Tatagiba Villaverde
Orientador
Prof. Nelson Gonçalves
Rio de Janeiro Fevereiro / 2011
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
“CRECHE: GESTÃO E SUA IMPORTÂNCIA NA SOCIEDADE”
Apresentação de Monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em gestão de
Projetos.
Por: Sarita Tatagiba Villaverde
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao orientador Nelson Gonçalves
pelo apoio e encorajamento na pesquisa,
aos demais Mestres da casa, pelos
conhecimentos transmitidos, e à Diretoria do
curso de pós-graduação da Universidade
Candido Mendes pelo apoio institucional
oferecido.
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a todas as crianças de escolas públicas e particulares. Ficando aqui a esperança de uma sociedade mais justa, democrática e igual para todos. A Deus, sempre em primeiro lugar, por tudo e por todos. Sem ele, eu não estaria aqui neste lugar, nesta missão. Em especial, à minha mãe, Maria Antonia, pelo amor, dedicação e apoio nas horas mais difíceis, aos meus sobrinhos Rafael e Daniel. Aos amigos pelas palavras de ânimo e coragem, Aos professores pelo ensino que fortaleceram na construção da minha trajetória. E a todos que contribuem direta ou indiretamente se dedicando na área da educação.
5
RESUMO
As creches vêm servindo desde o sec. XIX, com a finalidade de abrigar crianças que
os pais iam para a guerra e as mães, por sua vez, tinham que trabalhar fora de casa
para sustentar a família. Nos anos 50, surgiu a lei que previa que as mães que
amamentavam poderiam sair de seus empregos por meia hora, duas vezes ao dia.
Com o passar dos anos as leis foram mudando defendendo as crianças e os
adolescentes. A creche não veio substituir a mãe. Veio ajudá-las enquanto estas
trabalham fora de casa. A educação principal quem dá são os pais.
A educação infantil tem se expandido nos últimos tempos, onde a sociedade está
mais consciente da importância das experiências na primeira infância, A creche é
uma instituição social, cujo objetivo é educar e formar a criança que passa a maior
parte do tempo sob cuidado dos educadores.
A creche nos auxilia a desenvolver capacidades e conhecimentos corporais, afetivos,
emocionais, estéticos e éticos. Compreender o que acontece com as famílias,
entender seus valores ligados a procedimentos disciplinares, a creche deve evitar
julgamentos moralistas, pessoais ou vinculados a preconceito para estabelecer uma
base para diálogo com as famílias.
Palavras-chave:
Creche - Gestão Escolar - Família - Educação Infantil
6
METODOLOGIA
O presente trabalho foi desenvolvido com levantamento através dos
métodos de coleta de informação da pesquisa bibliográfica, em que o principal
foco são informações de textos, artigos e livros que tratam do assunto de
implementação de Projetos. Tomando como base a metodologia de gestão de
Projetos do Project Management Institute (PMI), contextualizando através de
exemplos projetos semelhantes de Gestão de creche. Além da webgrafia, com
a coleta de informações históricas e atuais sobre o tema escolhido.
E análises das disciplinas contidas no curso de pós-graduação em
gestão de projetos do Instituto A vez do Mestre. Por se tratar de um curso
muito diversificado.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - A Creche 11
CAPÍTULO II - Organização e Funcionamento da Creche 23
CAPÍTULO III - A Importância do Envolvimento da Sociedade na Creche 33
CONCLUSÃO 47
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 51
ÍNDICE 52
FOLHA DE AVALIAÇÃO 53
8
INTRODUÇÃO
"O atendimento institucional à criança pequena, no Brasil e no Mundo apresenta ao longo de sua história concepções bastante divergentes sobre finalidade social. Grande parte destas instituições nasceu com o objetivo de atender exclusivamente crianças de baixa renda"
(Brasil, 1998)
O desenvolvimento infantil vem sendo cada vez mais estudado pelos
educadores, principalmente pelos profissionais que trabalham com a educação
infantil. A educação infantil tem se expandido nos últimos tempos, onde a sociedade
está mais consciente da importância das experiências na primeira infância, A creche
é uma instituição social, cujo objetivo é educar e formar a criança que passa a maior
parte do tempo sob cuidado dos educadores.
A educação infantil divide-se em duas etapas: as crianças de zero a três anos
(creche) e de quatro a seis anos (pré-escola); a criança que freqüenta a educação
infantil pode ter uma melhor integração aos níveis fundamentais e médios.
A história da creche liga-se as modificações do papel da mulher na sociedade e
suas repercussões no âmbito da família, no que diz respeito a educação dos filhos.
Inserindo-se no conjunto de fatores sociais, com características econômicas, políticas
e culturais.
As instituições de atendimento a crianças eram tidas como um orfanato ou
simplesmente um depósito de crianças. Com a implementação da Industrialização no
país, intensificado na segunda metade do século passado, provocou a necessidade
de incorporar grandes números de mulheres casadas ou solteiras ao trabalho nas
fábricas. As que eram mães tiveram então de enfrentar o problema do cuidado aos
seus filhos.
A questão de construir “creche” só começou a ter importância porque começou
chegar imigrantes no Brasil sendo absorvidos como mão-de-obra nas fábricas.
Começavam a se organizar nos centros urbanos mais industrializados em
movimento de protesto contra as condições a que se achavam submetidos e
reivindicavam, dentre outras coisas, creches para seus filhos. Assim sendo mais
satisfeitas, as mães operárias produziam melhor e ficavam mais tranqüilas e felizes.
Com objetivo de apontar a importância da creche na sociedade e analisar a
adequação do cuidado materno “substituto” oferecido pelas creches, mostrando que
9
a creche não enfraquece o vinculo familiar e não representa ameaça ao
desenvolvimento saudável da criança.
As primeiras iniciativas voltadas à criança tiveram um caráter higienista, cujo
trabalho era realizado por médicos e damas beneficentes, e se dirigiram contra o alto
índice de mortalidade infantil, que era atribuída aos nascimentos ilegítimos da união
entre escravas e senhores e a falta de educação física, moral e intelectual das mães.
Com a Abolição e a Proclamação da República, a sociedade abre portas para
uma nova sociedade, impregnada com idéias capitalista e urbano-industrial. Neste
período, o país era dominado pela intenção de determinados grupos de diminuir a
apatia que dominava as esferas governamentais quanto ao problema da criança.
Da década de 60 e meados de 70, tem-se um período de inovação de políticas
sociais nas áreas de educação, saúde, assistência social, previdência etc. Na
educação, o nível básico é obrigatório e gratuito, o que consta a Constituição.
Em 1970 existe uma crescente evasão escolar e repetência das crianças das
classes pobres no primeiro grau. Por causa disso, foi instituída a educação pré-
escolar (chamada educação compensatória) para crianças de quatro a seis anos
para suprir as carências culturais existentes na educação familiar da classe baixa.
As carências culturais existem porque as famílias pobres não conseguem
oferecer condições para um bom desenvolvimento escolar, o que faz com que seus
filhos repitam o ano. Faltam-lhes requisitos básicos que não foram transmitidos por
seu meio social e que seriam necessários para garantir seu sucesso escolar.
E a pré-escola irá suprir essas carências. Contudo, essas pré-escolas não
possuíam um caráter formal; não havia contratação de professores qualificados e
remuneração digna para a construção de um trabalho pedagógico sério.
A mão-de-obra, que constituía as pré-escolas, era muitas das vezes formada
por voluntários, que rapidamente desistiam desse trabalho.
Percebemos que a educação não era tratada por um órgão somente, era
fragmentada. A educação se queixava da falta de alimentação e das condições
difíceis das crianças.
Nesse quadro, a maioria das creches públicas prestava um atendimento de
caráter assistencialista, que consiste na oferta de alimentação, higiene e segurança
física, sendo muito vezes prestadas de forma precária e de baixa qualidade enquanto
10
as creches particulares desenvolviam atividades educativas, voltadas para aspectos
cognitivos, emocionais e sociais.
Consta-se um maior número de creches particulares, devido à privatização e à
transferência de recursos públicos para setores privados.
Concluindo, a educação infantil é muito nova, sendo aplicada realmente no
Brasil a partir dos anos 30, quando surge a necessidade de formar mão-de-obra
qualificada para a industrialização do país. E a educação infantil pública é muito
ineficiente devido à politicagem existente no governo brasileiro, que está favorecendo
a privatização da educação, como a de outros setores também.
11
CAPÍTULO I - Creche
1.1 A História da creche no Brasil
“A qualidade do atendimento em instituições de educação infantil no Brasil, devido à forma como se expandiu, sem os investimentos técnicos e financeiros necessários, apresenta, ainda, padrão bastante aquém dos desejados, especialmente na creche, que, historicamente, se caracterizou como um atendimento de guarda para crianças de famílias de renda mais baixa, mas também na pré-escola destinadas a essa faixa da população”
(Barreto,1998)
A creche surgiu no fim do século XIX no Brasil acompanhando a estruturação
do capitalismo, a crescente urbanização e a necessidade de reprodução da força de
trabalho composta por seres capazes, nutridos, higiênicos e sem doenças.
Durante muito tempo, a creche serviu à função de combate da pobreza e a
mortalidade infantil. A creche era, portanto, definida como uma instituição
assistencialista abrigando ao cuidado das crianças de mães que trabalhavam fora de
casa.
A necessidade de creche se deu em tempos de guerra, Contudo, os estudos
sobre o desenvolvimento infantil, sobre a evolução histórica das concepções acerca
da infância e sobre a educação de crianças pequenas têm apontado para um
profissional que, em contextos de creche, exerça funções de cuidar e educar, postas
de modo indissociável e integrado.
No governo de Getulio Vargas, em 1930. O crescimento da Mão de obra
importada fez com que as creches fossem recomendadas. Em 1942, surgiu a Legião
Brasileira de Assistência (LBA) criada para atender os envolvidos na Segunda
Guerra Mundial. “O estabelecimento em que trabalham pelo menos 30 mulheres com
mais de 16 anos de idade terá local apropriado onde seja permitido às empregadas
guardar sob vigilância e assistência seus filhos no período de amamentação”
(Campos, 1997).
A creche se expandiu nas décadas de 60 e 70, devido a discursos médicos que
passaram ver na creche a prevenção de doenças para as crianças pobres.
12
A creche, visando subsidiar a reflexão sobre as funções da creche, colocada em
pauta com as mudanças atuais devidas à inserção das creches na educação básica,
enquanto instituições de educação infantil.
Em 1990, dois anos após a Constituição Federal, como conseqüência da
aprovação do artigo 227 no qual a criança e o adolescente são valorizados como
prioridade nacional ocorre a promulgação do Estatuto da Criança e do adolescente
(ECA), onde estabilizou a situação da criança e do adolescente inserindo os
juridicialmente no mundo dos direito humanos. Ao consolidar-se como lei, o Estatuto
da criança e do adolescente (ECA), na tentativa de impedir os desvios de verbas
destinadas as instituições educacionais infantis, bem como a violação dos direitos
recém adquiridos, criou um sistema de elaboração e fiscalização das políticas
direcionadas à infância.
No Brasil, o surgimento das creches foi um pouco diferente do restante do
mundo. Enquanto no mundo a creche servia para as mulheres terem condição de
trabalhar nas indústrias, no Brasil, as creches populares serviam para atender não
somente os filhos das mães que trabalhavam na indústria, mas também os filhos das
empregadas domésticas.
As creches populares atendiam somente o que se referia à alimentação,
higiene e segurança física. Eram chamadas de Casa dos Expostos ou Roda. A partir
dos anos 30, com o estado de bem-estar social e aceleração dos processos de
industrialização e urbanização, manifestam-se elevados graus de nacionalização das
políticas sociais assim como a centralização do poder.
Neste momento, a criança passa a ser valorizada como um adulto em
potencial, matriz do homem, não tendo vida social ativa. A partir dessa concepção,
surgiram vários órgãos de ampara assistencial e jurídico para a infância, como o
Departamento Nacional da Criança em 1940; Instituto Nacional de Alimentação e
Nutrição em 1972; SAM – 1941 e FUNABEM; Legião Brasileira de Assistência em
1942 e Projeto Casulo; UNICEF em 1946; Comitê Brasil da Organização Mundial de
Educação Pré-Escolar em 1953; CNAE em 1955; OMEP em 1969 e COEPRE em
1975.
O estado de bem-estar social não atingiu todos da população da mesma
forma, trazendo desenvolvimento e qualidade só para alguns. A teoria foi muito
13
trabalhada, mas pouco colocada em prática. Neste sentido, as políticas sociais
reproduzem o sistema de desigualdades existentes na sociedade.
Resumindo esse período, encontraremos um governo fortemente centralizado
política e financeiramente, acentuada fragmentação institucional, exclusão da
participação social e política nas decisões, privatizações e pelo uso do clientelismo.
Mais surpreendente ainda é o fato de que este desrespeito pela criança ainda
esteja presente em algumas sociedades de hoje. O descarte de assassinato ou
venda da filha mulher é amplamente aceito e realizado em várias partes do mundo
“moderno”, embora seja oficialmente considerado crime.
Educação Infantil no Brasil:
“Para cuidar é preciso antes de tudo estar comprometido com o outro, com sua singularidade, ser solidário com suas necessidades, confiando em suas capacidades. Disso depende a construção de um vínculo afetivo entre quem cuida e é cuidado”.
(Barreto, 1998)
Considerando os ditos, podemos notar que na visão geral da coordenadora ou
administrador escolar restringe-se apenas a um processo de execução e técnicas
especializadas, de registros de dados, confecção de orçamentos etc. e que o
administrador escolar esta preso a práticas burocráticas. Em decorrência desse tipo
de pensamento, difunde-se a idéia de que para lidar com criança pequena qualquer
pessoa serve. Se, no entanto, o direito a educação infantil tem se expandido nos
últimos tempos, onde a sociedade esta mais consciente da importância das
experiências na primeira infância, o que motiva demandas por uma educação
institucional para crianças de zero a seis anos.
O assistencialismo perdurou por quase um século e só perdeu força quando a
Constituição de 1988 tornou o segmento um dever do Estado e fortaleceu seu caráter
educativo. A biblioteca do escritor e professor Mário de Andrade, na segunda metade
da década de 1930, guardava uma coleção que pareceria estranha para quem
visitasse a casa do intelectual das letras naquela época: um acervo com mais de mil
desenhos produzidos por crianças.
“Mário de Andrade foi um dos primeiros pensadores da Educação Infantil no
país a acreditar na valorização das produções das crianças e a colocar a atividade
artística como um dos fundamentos desse segmento”, explica a professora da
14
Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), Márcia Gobbi. Apesar
do interesse e esforço isolados de educadores como Mário de Andrade, a Educação
Infantil levou muito tempo para se desvencilhar do caráter que a pontuou desde o
início: a assistência social. Essa demora foi de quase um século.
O primeiro jardim da infância foi inaugurado em 1895, em São Paulo.
Mudanças estruturais começaram somente na década de 1970, quando o processo
de urbanização e a inserção da mulher no mercado de trabalho levaram a um
aumento significativo na demanda por vagas em escolas para as crianças de 0 a 6
anos.
1.2 – Panorama Atual: Legislação
... elaborar leis que regulassem a vida e a saúde dos recém-
nascidos; regulamentar o serviço das amas de leite; velar pelos
menores trabalhadores e criminosos; atender às crianças
pobres, doentes, defeituosas, maltratadas e moralmente
abandonadas; criar maternidades, creches e jardins de infância.
(Oliveira, 1997)
É dever do Estado efetivar a educação infantil nas seguintes faixas etárias: de
zero a três anos em creches e de quatro a seis anos em pré-escolas. A educação
infantil tem o objetivo de oferecer à criança um desenvolvimento físico, psicológico e
intelectual.
As leis atribuem às crianças direitos de cidadania por meio da família, da
sociedade do poder público, com absoluta prioridade. Há necessidade crescente de
que as instituições de educação infantil incorporem de forma integrada o binômio
cuidar/educar.
A creche que ainda mantém um atendimento assistencialista organiza sua
rotina priorizando somente os cuidados básicos de guarda, alimentação, higiene e
sono. Esta idéia precisa ser ampliada. É preciso não apenas cuidar, mas também
educar.
O campo da formação de profissionais para a educação é extremamente vasto
e complexo e vem merecendo atenção privilegiada dos estudiosos e pesquisadores,
tanto na própria educação como em áreas afins. A partir da promulgação da Lei de
Diretrizes e Bases, em 1996 e da legislação daí decorrente, estes trabalhos se
15
intensificaram na direção dos aspectos políticos das questões educacionais postas
na Lei.
Com referência à educação infantil, a formação de seus profissionais tem sido
alvo de inúmeros trabalhos, embora a discussão desta temática não seja novidade
no âmbito acadêmico, estando em estudos desde a década de 70 no Brasil.
Entretanto, há um movimento muito peculiar que vem ocorrendo como uma das
implicações da legislação atual. Trata-se da exigência da formação de profissionais,
em nível superior, para atuarem na educação infantil, acarretando uma busca
desenfreada por cursos superiores, cuja instalação também foi favorecida pela
legislação.
Contudo, a literatura especializada vem demonstrando que os documentos
oficiais, norteadores de todas estas reformas, são bastante obscuros quanto ao perfil
de educador de crianças pequenas e às especificidades de sua formação,
principalmente no que tange às funções de cuidar/educar apropriadas para as
crianças de zero a três anos que freqüentam as creches.
O fato de que um número cada vez maior de crianças vem tendo acesso à
educação infantil tem gerado uma preocupação crescente com relação ao que,
efetivamente, este espaço coletivo representa de contribuição para o
desenvolvimento integral destas crianças. E, neste cenário, o adulto educador,
desempenha um papel fundamental.
Embora reconheçam como novidade posta na lei, o fato da creche estar
colocada no capítulo da educação, parecem não ter clareza quanto às funções
concretas deste espaço institucional, variando desde uma visão
assistencialista/filantrópica até uma visão compensatória, de estimulação e preparo
para a escola fundamental, visão esta de pré-escola muito comum nas décadas de
70 e 80 baseada nas teorias da privação cultural. Em 1975, o Ministério da Educação
começou a assumir responsabilidades ao criar a Coordenação de Educação Pré-
Escolar para atendimento de crianças de 4 a 6 anos.
Ainda assim, o governo continuou promovendo, em paralelo, políticas
públicas descoladas da Educação. Em 1977, foi criada, no Ministério da Previdência
e Assistência Social, a Legião Brasileira de Assistência (LBA), com o objetivo de
coordenar o serviço de diversas instituições independentes que historicamente eram
responsáveis pelo atendimento às crianças de 0 a 6 anos. Essas instituições eram
divididas em: comunitárias, localizadas e mantidas por associações e agremiações
16
de bairros; confessionais, mantidas por instituições religiosas; e filantrópicas
relacionadas a organizações beneficentes. A LBA foi extinta em 1995, mas o
Governo Federal continuou a repassar recursos para as creches por meio da
assistência social.
Nesse mesmo período, se intensificou uma separação entre o atendimento as
creches, de 0 a 3 anos, visto como algo destinado às camadas populares, e a pré-
escola, segmento voltado para as classes média e alta. “Essa é uma separação que
funda a Educação Infantil no país. As creches, totalmente financiadas pela
assistência social, eram vistas como uma alternativa de subsistência para crianças
mais pobres e estavam orientadas para cuidados em relação à saúde, higiene e
alimentação. Já a pré-escola passou a ser encarada como a porta de entrada das
crianças ricas na Educação”, analisa a ex-coordenadora de Educação Infantil do
MEC.
O marco que rompeu essa tradição no país foi a Constituição de 1988, que
determinou a Educação Infantil como dever do Estado brasileiro. “Foi a partir daí que
a Educação na creche e na pré-escola passou a ser vista como um direito da criança,
facultativo à família, e não como direito apenas da mãe trabalhadora. Com isso, os
profissionais de Educação Infantil ganharam mais legitimidade e a Educação Infantil
passou a ser objeto de planejamento, legislação e de políticas sociais e
educacionais”, explica a coordenadora pedagógica da Fundação Victor Civita, Sra.:
Regina Scarpa. Dois anos depois, em 1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente
(ECA) reafirmou os direitos constitucionais em relação à Educação Infantil. Em 1994,
o MEC publicou o documento Política Nacional de Educação Infantil que estabeleceu
metas como a expansão de vagas e políticas de melhoria da qualidade no
atendimento às crianças, entre elas a necessidade de qualificação dos profissionais,
que resultou no documento Por uma política de formação do profissional de
Educação Infantil.
Em 1996, com a promulgação da Emenda Constitucional que cria a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação (LDB), a Educação Infantil passou a ser a primeira
etapa da Educação Básica, integrando-se aos ensinos Fundamental e Médio. O
artigo 62 da LDB foi pioneiro ao estabelecer a necessidade de formação para o
profissional da Educação Infantil. Segundo a lei, a formação do educador desse
segmento deve ser “em nível superior, admitindo-se, como formação mínima, a
oferecida em nível médio, na modalidade Normal”. O texto reafirma, também, a
17
responsabilidade constitucional dos municípios na oferta de Educação Infantil,
contando com a assistência técnica e financeira da União e dos Estados.
Com o objetivo de oferecer parâmetros para a manutenção e a criação de
novas instituições de Educação Infantil, o MEC publicou, em 1998, o documento
Subsídios para credenciamento e o funcionamento das instituições de Educação
Infantil. No mesmo ano, visando a elaboração de currículos de Educação Infantil,
cuja responsabilidade foi delegada pela LDB a cada instituição e seus professores, o
ministério editou o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, como
parte dos Parâmetros Curriculares Nacionais. Um ano depois, em 1999, o Conselho
Nacional de Educação (CNE) publicou as Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Educação Infantil. Esses documentos são, hoje, os principais instrumentos para
elaboração e avaliação das propostas pedagógicas das instituições de Educação
Infantil do país.
Em nosso meio, é corrente a visão de que as creches são serviços para
crianças pobres, cuja qualidade de atendimento é precária, podendo constituir-se até
mesmo em risco ao desenvolvimento infantil. Tal visão justifica- se pelo histórico de
implantação desses serviços e pelas precárias condições em que grande parte deles
encontra-se, a despeito de todos os conhecimentos acumulados sobre as
necessidades e direitos infantis.
A crítica ao modelo assistencialista, que caracterizou o atendimento desde os
primórdios da creche, tem sido feita mediante ênfase na sua missão educativa. Sob a
justificativa de que a missão da creche ou pré- escola é educar, muitas instituições têm
chegado ao extremo de organizar sua programação em torno de atividades
pedagógicas exclusivamente, dando tarefas para a casa e afirmando que lugar de
brincar é em casa, não na escola.
Entendemos que as concepções elaboradas nesse formato excludente incorrem
em reducionismo, pois rejeitam funções inerentes à creche e culminam na atenção
parcializada, além de restringirem a possibilidade de utilizar as contribuições das
diferentes disciplinas para a construção de um projeto de atendimento integrado e
global à criança. Visando contribuir para a superação dessas questões, desenvolveu-
se esta investigação, cujo objetivo foi apreender e analisar as representações de
profissionais de creches acerca do cuidado da criança.
18
Nos anos 80, os problemas referentes à educação pré-escolar são: ausência
de uma política global e integrada; a falta de coordenação entre programas
educacionais e de saúde; predominância do enfoque preparatório para o primeiro
grau; insuficiência de docente qualificado, escassez de programas inovadores e falta
da participação familiar e da sociedade.
Com a Constituição de 1988 tem-se a construção de um regime de
cooperação entre estados e municípios, nos serviços de saúde e educação de
primeiro grau. Há a reafirmação da gratuidade do ensino público em todos os níveis,
além de reafirmar serem a creche e a pré-escola um direito da criança de zero a seis
anos, a ser garantido como parte do sistema de ensino básico. Neste período, o país
passa por um período muito difícil, pois se aumentam as demandas sociais e
diminuem-se os gastos públicos e privados com o social. O objetivo dessa redução é
o encaminhamento de dinheiro público para programas e público-alvo específico.
Com a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente, lei 8069/90, os
municípios são responsáveis pela infância e adolescência, criando as diretrizes
municipais de atendimento aos direitos da criança e do adolescente e do Conselho
Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, criando o Fundo Municipal e o
Conselho Tutelas dos Direitos da Criança e do Adolescente. Nos anos 90, o Estado
brasileiro vê na privatização das empresas estatais o caminho para resolver seu
problema de déficit público, não tentando resolver com um projeto mais amplo de
ampliação industrial. Com essa situação, na educação tem-se aumentado a
instituição de programas de tipo compensatório, dirigido para as classes carentes.
Esse programa requer implementação do sistema de parceria com outras
instituições, já que o Estado está se retirando de suas funções.
DIREITOS SOCIAIS:
Dentre os direitos também está incluída a licença-gestante para 120 dias, a
licença-paternidade e a “assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o
nascimento até os 6 anos de idade em creches e escolas” (artigo 7º, incisos XVIII,
XIX e XXV).
O item que se refere ao direito das presidiárias de amamentarem seus filhos
(título II, capítulo I, art. 5º, inciso I) reforça a intenção da Constituição de atender à
infância em destaque maior do que tinha a legislação anterior.
19
SEGURIDADE SOCIAL:
Um aspecto importante da inclusão do atendimento à infância na área de
Seguridade Social é que ela garante um suporte nos recursos que poderão ser
somados às verbas da área de educação para a implantação de políticas voltadas
para a criança.
No parágrafo 4º do art. 212 sobre os programas assistenciais inseridos no
sistema educacional, tais como os programas de alimentação e assistência à saúde,
podem ser estendidos a creches e pré-escolas. O parágrafo define que tais
programas serão financiados com recursos provenientes de contribuições sociais e
recursos orçamentários.
Grande parte dos programas existente da creche e da pré-escola funciona
através de repasses de verbas para entidades privadas. Portanto, a possibilidade de
repasse de verbas tem representado uma evasão considerável dos recursos públicos
disponíveis para a educação, desvalorizando a rede pública.
Grande parte dos programas existentes da creche e da pré-escola funciona
através de repasses de verbas para entidades privadas. Portanto, a possibilidade de
repasse de verbas tem representado uma evasão considerável dos recursos públicos
disponíveis para a educação, perdendo a importância da rede pública.
DIREITOS DA CRIANÇA:
O art. 227 define mais abrangentemente, os direitos da infância brasileira: “É
dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente,
com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao
lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e a
convivência familiar comunitária”.
À promulgação da nova Carta é verificada a tarefa de elaborar legislação
complementar, formular políticas sociais, estabelecer prioridades orçamentárias e
expandir o atendimento em creches e pré-escolas.
20
LEI DE DIRETRIZES E BASES:
A educação infantil foi conceituada, no art. 29 da L.D.B., como sendo
destinada às crianças de até 6 anos de idade, com a finalidade de complementar a
ação da família e da comunidade, objetivando o desenvolvimento integral da criança
nos aspectos físicos, psicológicos, intelectuais e sócias.
Aos sistemas municipais de ensino compete o cuidado necessário para a
institucionalização da educação infantil em seus respectivos territórios, para que as
creches e escolas se enquadrem, no prazo máximo de 3 anos (art. 89), nas normas
da L.D.B, isto é, componham o 1º nível da educação básica (exigência do inciso I,
art. 21), providenciando sua autorização e exigindo de seus professores a habilitação
legal em curso normal médio ou de nível superior (art. 62).
Pelo art. 30 da L.D.B., ficou clara a divisão da educação infantil em duas
etapas. A primeira destinada a crianças de até 3 anos de idade, poderá ser oferecida
em creches ou entidades equivalentes. A 2ª, para as crianças de 4 a 6 anos de
idade, a ser desenvolvida em pré-escolas.
A lei, em seu art. 31, determinou que, na fase de educação infantil, a avaliação verá
ser feita apenas mediante acompanhamento e registro do desenvolvimento da
criança e sem qualquer objetivo de promoção ou de classificação para acesso ao
ensino fundamental.
“A atividade espontânea, pessoal e produtiva, eis o ideal da escola ativa...
Partir da atividade espontânea das crianças; partir de suas atividades manuais e
construtivas; partir de suas atividades mentais, de suas afeições, de seus interesses,
de seus gostos predominantes; partir de suas manifestações morais e sócias tais
como se apresentam na vida livre e natural de todos os dias, segundo as
circunstâncias, os acontecimentos previstos ou imprevistos que sobrevêm, eis o
ponto inicial da educação”.
21
1.3 Algumas Considerações sobre creche e pré-escola
(Lei n. 9394/96), a Educação Infantil é uma etapa da educação básica que visa
o atendimento de crianças de 0 a 6 anos, buscando o desenvolvimento físico,
psicológico, social e intelectual destas. É oferecida em creches para crianças de 0 a
3 anos e pré-escolas, que incluem crianças de 4 a 6 anos. Geralmente a creche
funciona em horário integral e a pré-escola em “meio período”. Outra diferença entre
estas subdivisões é que, na maioria das vezes, a creche tem caráter assistencialista,
enquanto a pré-escola tem característica educativa.
Creche e pré-escola configuram-se dispositivos importantes na atualidade.
Para Casasanta, “as mudanças do mundo contemporâneo repercutem
profundamente na estrutura familiar e interferem na disponibilidade de tempo dos
pais para a convivência diária com os filhos”. E em se tratando de crianças menores
de 6 anos, a utilização das creches e pré-escola se torna um dispositivo social
irrelevante. Considerando o extrato social mais baixo, esta situação é ainda mais
agravada em nome do provimento / sustento do lar. As crianças em idade escolar
estão sujeitas a diversos agravos e morbidades decorrentes de fatores ambientais e
pessoais. Essa vulnerabilidade remete a necessidade de uma assistência que leve
em conta tanto o seu processo de crescimento e desenvolvimento quanto às
instituições responsáveis pelo seu cuidado.
Com o intuito de garantir essa assistência á saúde associada à educação,
torna-se cada dia mais explicita a necessidade de profissionais de saúde inseridos
nessas instituições juntamente com educadores e família / cuidadores.
A creche é uma instituição criada para oferecer condições ótimas, que
propiciem um crescimento e desenvolvimento integral e harmonioso à criança. Para
alcançar este objetivo é necessário que todos estejam voltados para sua
consecução. Nesse aspecto, o serviço da creche deve estar atento para prevenir e
intervir em qualquer situação que traga conseqüências desfavoráveis à saúde tanto
das crianças quanto dos funcionários.
A creche é uma instituição social, cujo objetivo é educar e formar a criança
que passa a maior parte do tempo sob cuidados dos educadores. A criança que
freqüenta a educação infantil pode ter uma melhor integração aos níveis
fundamentais e médio.
22
A educação infantil em creches e pré-escolas é um dever do Município e um
direito da criança, e é considerada a primeira etapa da educação básica, tendo como
finalidade o desenvolvimento integral da criança até os seis anos de idade.
A creche é um ambiente especialmente criado para oferecer condições ótimas
que propiciem e estimulem o desenvolvimento integral e harmonioso da criança. As
ações da creche, além de proteção e alimentação, de vem estar subordinadas ao
atendimento psicopedagógico permitindo que a criança seja segura emocionalmente.
Através da Constituição de 1988, a educação pré-escolar é vista como
necessária e de direito de todos, além de ser dever do Estado e deverá ser integrada
ao sistema de ensino (tanto creches como escolas).
A partir daí, tanto a creche quanto a pré-escola são incluídas na política
educacional, seguindo uma concepção pedagógica, complementando a ação familiar,
e não mais assistencialista, passando a ser um dever do Estado e direito da criança.
Esta perspectiva pedagógica vê a criança como um ser social, histórico, pertencente
a uma determinada classe social e cultural. Ela desmascara a educação
compensatória, que delega escola a responsabilidade de resolver os problemas da
miséria.
23
CAPÍTULO II - Organização e Funcionamento da Creche
2.1 – Gestão da Creche "Filhos da sensatez, justiça e muito amor Netos de boa herança, frutos da sã loucura Fortes, sadios, lindos, pretos brancos ou índios Os meninos do Brasil pedem para desfilar" "Os meninos do Brasil, têm a cara do Brasil, o jeitinho do Brasil"
(Gonzaguinha)
Gestão é uma expressão que ganhou corpo no contexto educacional, vindo a
substituir a expressão “administração educacional” para apresentar não apenas
novas idéias, mas sim um novo paradigma. A gestão abrange, portanto, a dinâmica
do seu trabalho, como pratica social, que passa a ser o enfoque orientador da ação
diretiva executada na creche.
O Empreendedor, proprietário da creche, é o maior responsável pela gestão
educacional, é ele quem dirige, tem visão de conjunto, supervisiona e inova. O
empreendedor sempre quer criar coisas novas e diferentes, para transformar em uma
empresa é preciso saber aonde se quer chegar e como chegar lá. É preciso, reunir
conhecimento, habilidade e atitude para fazer alguma coisa. Quando trabalhamos no
que gostamos temos mais chance de conquistar o sucesso.
De cada 100 empresas abertas no País, 35 não chegam ao final do primeiro
ano de vida; 46 não sobrevivem ao segundo; e 56 desaparecem até o terceiro ano.
Uma pesquisa do Sebrae, SP, mostrou que, ao contrario do que muita gente pensa,
o que leva uma empresa ao fechamento não são os impostos ou a necessidade de
crédito, mas, principalmente a falta de preparo, informação, planejamento e
conhecimento especifico sobre o negocio. O brasileiro é empreendedor, mas precisa
se prepara melhor, se qualificar melhor.
“O que a escola precisa é de gestores da educação que entendesse
profundamente de educação; mas é necessário entender de administração, porque
não entendendo de administração falta certo institucionalismo e certas marcas de
conexão que impediria a impressionante burocracia que há no sistema educativo”
(MERISSE, 1999).
24
A educação infantil no Brasil tem um futuro muito promissor, conquistando a
cada dia novos espaços e reconhecimento. As creches estão cada vez mais
especializadas para atender às necessidades das crianças com um planejamento
bem estruturado e voltado para a formação cidadã das crianças. Para os pais, cada
vez mais ocupados com os compromissos da vida moderna, um motivo a mais para
confiar na educação oferecida aos seus filhos.
Outro grande motivo foi o avanço nas pesquisas no campo da neurologia, a
notícia de que ter um filho inteligente não depende só de sorte ou herança genética,
e sim da educação a que é submetido.
Na Gestão Educacional, o bom empreendedor de uma creche deve ter
atitudes inovadoras, percebendo as mudanças de comportamento da sociedade, hoje
mais critica e criteriosa com o destino do seu dinheiro.
Trata das relações entre a creche e os desafios impostos pela indisciplina nos
dias que correm. Buscando amparo Que fornecessem subsídios para uma ação
corretiva por parte dos gestores. Desta forma, buscou-se uma contextualização do
problema Mediação de conflitos como alternativa de ação proposta Para lidar com as
dificuldades cotidianas Pretendo mostrar que a exigência da sociedade, demonstra
um novo caminho na gestão educacional.
... a adaptação mais fácil ou mais difícil de um bebê, depende fundamentalmente da
maneira como a mãe (ou pessoa a quem o bebê está fundido) está interpretando e
reagindo ao processo de inserção do bebê na creche, do relacionamento que
estabelece com a educadora de seu filho e com a creche em geral.
(Rossetti-Ferreira 1996)
25
2.2 - Bases para sua elaboração :
A creche se constrói e reconstrói, a partir dos elementos humanos, espaciais,
sociais, culturais e econômicos que se dispõe.
O atendimento é constituído de pessoal qualificado e especializado para auxiliar em
um desenvolvimento infantil adequado, onde sua organização é planejada de acordo
coma s necessidades das crianças.
A programação diária deve contemplar momentos livres, além da higiene e da
alimentação. A creche deve cria r condições para o desenvolvimento integral da
criança, procurando desenvolver estruturas básicas ao progresso destes pequenos
sem acelerar as etapas de cada um. O objetivo da creche te que estar alicerçados
em teorias de desenvolvimento que oriente a sua proposta pedagógica, a prática, o
material e a maneira de lidar com as crianças.
É preciso propor às crianças atividades que possibilitem o desenvolvimento da
fala, do corpo, das artes, da dança, da leitura, da escrita e da tecnologia.
A documentação geral existente na creche é a seguinte:
v Dossiê individual de cada membro da equipe, incluindo as entrevistas de
seleção;
v Dossiê de inscrição das crianças de cada sala
v Dossiê de prestação de conta com cada entidade parceira (ONG, serviços
municipais ou do estado etc.)
v Dossiê contendo relatórios mensais
v Dossiê contendo fichas de avaliação pedagógica das crianças
v Dossiê contendo correspondências enviadas.
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Funções da creche
Todas as coordenadoras apontaram como funções da creche educar e cuidar,
apresentando, porém, diferentes ênfases. A maioria definiu a creche como instituição
de educação, conceituando educação como um pro- cesso amplo que engloba a
transmissão de conhecimentos, cultura, valores e regras sociais. Para elas, tal
processo inclui não só atividades pedagógicas como também o cuida- do, o qual foi
definido enquanto promotor do bem-estar e das interações na creche.
O Regulamento interno da creche
O Regulamento interno é a base duma boa organização. Esse é elaborado de
forma conjunta com os pais e a equipa da Creche, as vezes mesmo antes da
construção e do inicio do trabalho. Ela vai permitir a cada um (Equipe, pais) tomar
consciência do papel que ela deverá jogar, e estimular um trabalho de qualidade. Ele
só tem valor se for conhecido e aplicado por todos.
Principais Aspectos:
• Direitos e Deveres dos Pais
• Direitos e Deveres da Equipe
• Direitos das Crianças
• Funcionamento: Horários
• Condições de acolhimento (progressivo, respeitando o tempo necessário a uma
socialização perfeita) Dias de funcionamento, Critérios de ingresso na creche
(idade, livro de vacinação em dia etc.) Participação da família.
Funcionamento
Em geral, a creche acolhe as crianças todos os dias úteis das 7 horas às 17 horas.
27
A inscrição
A inscrição é um momento “chave” do trabalho da creche. Ela permite trocar
com os pais sobre as condições de vida em casa e a personalidade da criança.
Essas informações serão depois transmitidas às monitoras. A coordenadora informa
os pais das normas da creche: horários, participação financeira e / ou permanência,
reuniões, necessidade de trabalhar. Nessa ocasião, a ficha de inscrição é
preenchida.
É importante incitar os pais a vir visitar várias vezes a creche com sua criança
em diferentes momentos do dia. É bom que a criança seja apresentada a pessoa
que cuida dela (monitora). Incitar os pais a falar com a criança do seu próximo
ingresso na creche, da razão dessa escolha (trabalho da mãe). Durante a visita falar
diretamente para a criança para lhe apresentar as pessoas e os locais. A criança
poderá trazer para a creche um objeto dito “de transição” (brinquedo, pano, etc..)
Documentos necessários para a inscrição
• Certidão de nascimento da criança
• Caderno de vacinação (ocasião de colocá-lo em dia)
• Pagamento da taxa simbólica do 1° mês " Certidão de trabalho da mãe
preenchido e assinado pelo empregador.
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2.3 - A equipe da Creche e Atribuições:
“O problema fundamental em relação aos direitos humanos, hoje, não é tanto o de justificá-los, mas de protegê-los. Trata-se não de um problema filosófico, mas político”. (FELIX, 1996)
Papel e responsabilidades A equipe da creche é constituída por uma coordenadora, monitoras de
crianças, por uma cozinheira e por uma pessoa para a limpeza apoiada por mães
voluntárias. Todas as pessoas trabalhando na creche são originarias do bairro.
A razão de ser do seu trabalho é a criança é, portanto indispensável que elas
apresentem desde o inicio um bom grau de afinidade com a infância e com a filosofia
do projeto (prazo limitado, voluntariado, etc). Tudo é feito para que elas se sintam
verdadeiramente ao serviço das crianças e dos pais.
a) Papel e responsabilidades do (da) Coordenador (a)
A coordenadora tem um papel essencial na creche. Ela é a referente tanto
para os pais assim como para as crianças e os serviços públicos. Além duma boa
organização e das capacidades em relações humanas, ela deve apresentar um bom
grau de afinidade com as crianças.
O coordenador (a) engaja-se a: a) Dar conta do funcionamento da creche aos organismos financiadores também à Diretoria da Associação b) Supervisar todos os trabalhados relativos à creche. c) Visitar se necessário a família beneficiaria. d) Conhecer bem as famílias beneficiárias. f) Encarregar-se do aprovisionamento material e alimentar da creche. Alistar e cuidar do aprovisionamento em função das necessidades para cada sector (alimentos, material didático...). g) Encarregar-se das convocações às reuniões previstas pela creche. h) Proceder aos recrutamentos e substituir o pessoal que sai. i) Acolher e cuidar da permanência da criança no seio da creche; j) Assegurar e promover boas relações no seio da equipe; l) Favorecer um ambiente agradável e estimulante para a criança e a equipe; m) Assegurar a boa gestão dos recursos humanos e materiais; n) Cuidar da elaboração do regulamento interno e a sua divulgação; o) Realizar contactos exteriores, conseguir recursos financeiros e favorecer a autonomia futura; p) Manter boas relações entre a Creche e a Comunidade em geral.
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Papel e responsabilidade do (da) Monitor (a)
A função de monitora é essencial no seio da creche. É ela que passa mais tempo
com a criança. Ela deve estimular o bem estar e a autonomia da criança no respeito
da sua pessoa e da sua historia. Seria bom que ela estivesse alegre e que gostasse
de brincar!
As monitoras e os Professores engajam-se a: a) Cumprir com precisão as suas tarefas respectivas de acordo com o planejamento mensal. b) Com o coordenador (a), alistar o material didático necessário. c) Participar na elaboração do planejamento mensal que será depois transmitido ao (a) coordenador(a). d) Acolher seu grupo de crianças respeitando os horários. Ser responsável dos efeitos pessoais das crianças e do material de sala. e) Estar presente durante as atividades realizadas com as crianças. Não deixar uma criança sozinha. f) O professor, assim como o (a) coordenador (a) devem velar para que as crianças sejam inscritas na escola publica ao sair da creche (7 anos).
Critérios de seleção:
• Nível de escolaridade: primário completo
• Idade: mínimo 18 anos
• Experiência com crianças
• Afinidade com as crianças
• Afinidade com o trabalho pedagógico
• Sentido comunitário
Processo de Seleção:
a) Inscrição: Divulgação pela associação do bairro. Afixação nos lugares públicos.
b) Analise das fichas de inscrição: os representantes da associação do bairro, a
coordenadora da creche e a Pedagoga da ONG analisam todas as fichas de
inscrição observando a lógica das respostas, a escritura as noções de pedagogia.
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c) Entrevista: é realizada pela coordenadora e por um membro da associação.
Ela permite perceber a coerência entre a ficha de inscrição e as propostas feitas
durante a entrevista. Os pontos a observar são: a linguagem, o aspecto exterior, o
comportamento, a seriedade, as motivações, etc. Depois da entrevista, é procedido
de uma análise e a decisão final do recrutamento.
d) Formação: Essa favorece a boa adaptação da nova monitora. Uma ficha de
avaliação de estagio será preenchida pela coordenadora da creche de acolhimento e
transmitida a associação.
e) Seleção Final: antes do recrutamento, cada etapa realizada deverá ser analisada.
Da inscrição a avaliação, a escolha final será depois discutida entre a coordenadora
e a associação.
f) Papel e responsabilidades da Cozinheira
Como todos os outros membros do pessoal, a cozinheira tem um papel essencial.
Para além do seu trabalho, ela deve ter um comportamento aberto com todas as
crianças.
A cozinheira engaja-se a:
a) Respeitar a lista onde é prevista também a hora do almoço. b) Cuidar da boa higiene na cozinha. c) Estabelecer com o coordenador (a) a lista dos alimentos a comprar. d) Economizar a comida. e) Variar as refeições. g) Papel e responsabilidades do (da) agente de limpeza ou manutenção.
O agente de limpeza é muitas vezes uma mãe, de vez em quando a creche funciona
com rotatividade de voluntárias. Essa pessoa é importante para as crianças. Ela é
convidada à formação anual agrupando todos os profissionais de creches. Ela
gostará de falar para as crianças e fazer intercâmbios com elas sobre o seu trabalho
Responsabilidades
• Assegurar um ambiente limpo e são; • Participar em todos os eventos da creche • Manter boas relações com as mães e com a equipe • Assegurar a boa utilização dos produtos de limpeza, cuidar da segurança das
crianças. • Velar para que os filtros estejam limpos e cheios. • Apoiar à cozinha ou nas salas quando for necessário • Cuidar das camas, colchões, etc.
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O vigia da creche deve: a) Vigiar as instalações de noite. b) Realizar seu trabalho de maneira rigorosa. c) Colaborar, quando for necessário, com o coordenador (a).
Freqüência:
A freqüência regular das crianças é procurada desde o inicio e facilita a sua
integração no grupo e também as novas aquisições (autonomia, etc..)
As ausências tornam de fato difíceis a evolução e os benefícios do trabalho
pedagógico realizado. Elas afastam também do objetivo principal que é de permitir a
mãe aumentar as suas rendas trabalhando regularmente no exterior.
Cada monitora põe quotidianamente em dia um caderno de freqüência para sua sala.
É um material de avaliação para a equipe. Um grande número de ausências aponta
muitas vezes certas dificuldades inerentes à equipe ou outra. Em caso de ausência,
as visitas domiciliares realizadas pela coordenadora ou a monitora permitem limitar e
entender melhor as causas. Com o quadro de freqüência, é fácil avaliar mensalmente
o grau de assiduidade e tomar medidas em caso de falta.
Planejamento de atividades
Durante as formações mensais no exterior, cada monitora é formada para
elaborar e acompanhar um planejamento mensal de atividades que se inscreve ele
mesmo num passo anual.
A Coordenadora
O Planejamento de atividades da Coordenadora tem como objetivo organizar
melhor o seu tempo e as suas tarefas que serão repartidas em interno e externo.
As monitoras
É importante que a coordenação tenha conhecimento do planejamento
pedagógico das monitoras, dessa forma, ela pode estimular a sua aplicação a mais
criativa possível.
Esse planejamento pedagógico, realizado durante as formações mensais que
juntam as monitoras de todas as creches, é o da creche e das crianças.
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Tem de estar disponível na sala para uma utilização quotidiana e à disposição
de qualquer pessoa que deseja dar uma vista.
O planejamento pedagógico é realizado cada mês. A participação das
monitoras a essas formações é essencial porque esse material orienta todo o
trabalho do mês com as crianças.
Os profissionais estranham e necessitam lidar tanto com os valores e as
práticas das famílias mais pobres como daquelas consideradas “diferenciadas”. As
maiores dificuldades de compartilhar cuidados encontram-se nos extremos da
hierarquia social.
Embora a creche venha tentando superar o estigma de instituição para
crianças pobres existem muitas contradições nesta prática, evidenciadas, por
exemplo, na fala da coordenadora pedagógica que expressa achar “engraçado” que,
“não precisando”, algumas famílias sejam usuárias da creche.
Sua atitude reflete a ambigüidade quanto ao reconhecimento do cuidado e da
educação da criança pequena como funções que requerem serviços de qualidade,
para além das funções maternas e paternas desempenhadas no âmbito privado.
33
CAPÍTULO III - A Importância do Envolvimento da Sociedade na Creche
3.1 – A Creche em parceria com as Famílias
ESCOLHER A CRECHE
Quando os pais decidem compartilhar o cuidado e a educação de um filho com
profissionais de uma creche partem do conhecimento que possuem sobre a
instituição, seja pelo contato direto com esse tipo de serviço, seja com base no que
ouviram das pessoas que compõem sua rede de sociabilidade.
Os dois sentidos da creche – espaço assistencial que tem sido ressignificado
como espaço educativo – co-existem e podem ser identificados nas falas e
expectativas dos pais e mães, ao falarem de desconfiança e de preconceito a
respeito de uma creche genérica, de insegurança e medo de partilhar o cuidado das
crianças com pessoas relativamente desconhecidas, da “sensação de abandono” ao
deixar o filho pela primeira vez na instituição, mas, ao mesmo tempo, da dificuldade e
do alívio da conquista da vaga e das vantagens de poder contar com profissionais
preparados: “A gente sente pena porque acha que está abandonando lá, e não,
depois que eu vi, não é nada disso não. É um preconceito, que nem minha prima
falava muito: ‘Dá um dó de deixar...’ Eu falo: ‘Não dá dó, porque elas cuidam muito
melhor que a gente’ ” (Mãe do Cláudio, dois anos, e de Carina, três anos).
Não se trata apenas da superação do preconceito em relação à instituição em
si, mas também de uma ideologia que defende a socialização primária como tarefa
exclusiva dos membros da família, sobretudo, da mãe. Para Chodorow (1990) as
capacidades e aptidões das mulheres para maternagem e para obter satisfação nela
estão fortemente internalizadas e psicologicamente reforçadas, e são construídas, ao
longo do processo de desenvolvimento, no interior da estrutura psíquica feminina.
Sendo assim, conforme Campos (1997), as mulheres podem sentir um gozo e
uma possibilidade de transcendência na maternidade. Várias mães entrevistadas
revelam uma ambigüidade, fruto do desejo de cuidar diretamente dos filhos e, ao
mesmo tempo, da necessidade de dar continuidade ao projeto de vida pessoal ou de
aumentar a renda da família.
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“Tentei voltar a trabalhar, mas, ela mamava o peito, ela não queria saber de
outra coisa era só o peito. Eu queria curtir ela um pouco, as outras não tinham
mamado no peito, ela tava mamando e era tudo o que eu queria, só que a gente
precisa trabalhar”. (Mãe de Sara, cinco anos). O modelo tradicional de pai provedor e
mãe dedicada exclusivamente aos cuidados e educação dos filhos é um desejo
acalentado por alguns casais, como explica um pai: Eu não gostaria que a minha
mulher trabalhasse, gostaria que ela cuidasse da minha filha, desse estrutura
emocional, afetiva, seria muito bom. Mas, infelizmente, a situação do país acaba
pressionando a mulher a pensar assim: Você não pode ficar em casa o dia inteiro,
enquanto o seu marido rala, ou coisa desse tipo, então, a mulher se sente, às vezes,
coagida pela situação econômica do país a lutar (Pai de Juliana, dois anos).
Rosemberg, 2001 citam que os motivos que levam os pais a colocarem os
filhos na creche são diversos e contraditórios. Confirmam o que se observa nas
atitudes e na fala dos familiares e profissionais, sujeitos desta pesquisa, quanto às
suas diferentes concepções e sentimentos, refletidos na forma como se posicionam
diante da necessidade de compartilhar os cuidados e a educação de crianças
pequenas.
Antes de procurar uma creche, os pais ponderam, de um lado, as
necessidades econômicas, as mudanças no contexto familiar, as carências da
infância, os limites dos avôs em dar conta da tarefa de compartilhar com os pais a
educação e o cuidado dos netos e, de outro, as informações veiculadas na mídia
sobre maus tratos de crianças em instituições ou sob a guarda de babás. A
argumentação de parentes e ou amigos sobre os riscos das diferentes opções que
cada família tem para cuidar e educar os pequenos interfere na decisão de pais e
mães em favor da creche, embora isso, de início, não exclua a insegurança, pois a
creche ainda é percebida, por algumas famílias, como um lugar inferior à “escolinha”
ou aos cuidados da “babá”. Eu achava que a gente ia colocar em uma escolinha,
sabe, mais conhecida, ou então, pegar uma babá pra ficar com ela, mas aí a minha
sogra falou: - Não! Vamos colocar ela na creche, porque uma babá, ela vai estar
sozinha com a menina, e ninguém vai poder falar o que ela fez e o que ela não fez.
Na creche não, se alguém fizer alguma coisa errada, alguém vai comentar e
todo mundo vai ficar sabendo. Então, é mais seguro. E ela falou sobre esta creche
onde já tinha um sobrinho, o Davi. Aí, eu falei: Ah, coitada. Ela é muito pequenininha,
ela nem anda, nem fala, vai sofrer muito. (Mãe da Lícia, um ano).
35
O preconceito não incide apenas sobre a creche como instituição de cuidado
infantil, mas sobre seu caráter de serviço público, percebido como de pouco crédito,
pelo atendimento de baixa resolutividade e massificado, no qual o usuário se sente
“mais um” como disse outra mãe.
Mesmo tendo as creches sendo uma importante conquista política para as
famílias e crianças, há ainda uma série de questões relativas à educação de crianças
pequenas fora do lar que precisam ser discutidas. Uma delas é a relação pais-
criança que toma novo formato a partir da vivência da separação, hoje em dia, ainda
mais cedo do que há algumas décadas atrás. De acordo com Mantovani, 2002.
O período da entrada da criança em uma creche é um momento crítico para
todos os envolvidos. No que se refere à dia de mãe-bebê, há a passagem de um
ambiente doméstico e íntimo, para um coletivo com ampliação de hábitos e relações
sociais. Trata-se na realidade da primeira transição, de casa para o ambiente escolar
com todas as repercussões de um grande evento na vida dos indivíduos. Os pais,
então, começam a experimentar sentimentos que os confundem e amedrontam.
Barreto apresenta sua obra onde valoriza a relação cuidador/criança por meio
dos processos de apego e de separação. Estes processos ocorrem em etapas,
sendo que a criança no primeiro ano de idade inicialmente reage ao ser colocada no
berço e posteriormente, reage quando a mãe ‘desaparece’ de sua vista. Num outro
momento, estando entretido em uma atividade, o bebê percebe após algum tempo
que sua mãe saiu e então protesta. A partir de então, o bebê parece ficar bastante
atento à possibilidade de ausência da mãe, vigiando-a. Por volta dos doze meses, o
bebê torna-se capaz de prever a partida da mãe a partir de alguns comportamentos
dela.
Considerando esta teoria Para Chodorow, 1990 antes do terceiro ano, a
criança ainda não adquiriu a maturidade para enfrentar a ausência da mãe, mesmo
que temporária, e isto a aterroriza. Apesar de Bowlby defender que a separação do
cuidador principal deva ser a partir dos três anos de idade, a literatura atual,
especialmente a de inserção Mantovani & Terzi, 2002 nos indica maneiras de
superar as dificuldades que ambos, crianças e pais – possam vir a vivenciar no
processo de separação ao entrar para a educação infantil. É importante, senão
essencial, que se construa uma parceria entre a família e a escola, para que juntos
possam realizar esta transição.
36
O que se busca através dos processos de inserção é lidar com possíveis
sofrimentos, tornando o novo ambiente o mais familiar possível para todos e
possibilitando que as crianças possam escolher figuras de apego substitutas na
creche, favorecendo sua segurança. Segundo Campos (1997) a entrada de uma
criança para uma creche representa, na realidade, a inserção de toda uma família. A
literatura nos mostra que o primeiro ano de vida é uma época crítica para a entrada
em creches quando comparado a outros períodos
Apesar de ser este um período delicado para a família, investigações sobre
possíveis efeitos negativos da entrada precoce de crianças em creches têm
demonstrado que, quando o atendimento dado à criança é de boa qualidade, não
existe uma diferença significativa no ingresso de crianças pequenas nem de maiores,
não havendo, portanto, implicações negativas no desenvolvimento infantil (Mantovani
& Terzi, 2002)
A creche é o lugar que dá apoio à família e aos cidadãos de um novo século,
de um novo futuro. A nossa geração pode ajudar a determinar o futuro de nossas
crianças. Esta é a razão pela qual não somente devemos trabalhar juntos a fim de
entender o que devemos fazer pelas crianças, mas também pedir a elas que se
tornem bons pais e bons professores e que formem uma boa sociedade (Brasil,
1998)
Partindo da importância da relação inicial entre a criança e um cuidador,
podemos refletir sobre formas de inserir a criança com menos de três anos de idade
na escola, de modo que ela possa construir relações positivas que não gerem
prejuízo para a relação com sua figura de apego principal. Estender as relações da
criança pequena para além dos limites do lar e desta relação de um para um (mãe e
bebê) é um desafio para as instituições de educação infantil. O desafio se traduz na
construção de relações positivas durante as fases em que as crianças atravessam
entre 4 meses e 3 anos.
37
3.2 - A Relação Creche – Família
“A estimulação retira a criança da inércia, pelo convite à brincadeira
afetivo-social com o adulto; e essa relação, necessariamente
envolvida de linguagem, amplia o mundo intelectual da criança
dando acesso a um universo de imagens auditivas (a palavra, a
fala) associadas às situações concretas
proporcionadas pela brincadeira” (RIZZO, 2002)
Vivemos atualmente mudanças significativas no que diz respeito ao
funcionamento e estruturas familiares. Em decorrência destas mudanças,
principalmente no que diz respeito à educação de crianças pequenas, nossa
sociedade tem se organizado de maneira a atender estas novas demandas. Neste
cenário, considera-se a importância de creches e pré-escolas não só como parte da
educação básica (LDB, 1996), mas também como uma política que atua como apoio
às famílias. É fato que muitas famílias, hoje, compartilham com a Educação Infantil
(EI) a educação de seus filhos, no entanto não é possível retomar o assistencialismo
como resposta a estas novas demandas.
Mantovani (2002) chama atenção para o fato de as creches terem sido o
primeiro grande serviço oferecido às famílias com crianças. No Brasil, Rossetti-
Ferreira aponta para a diminuição da rede social de apoio como parentes e vizinhos
e do número de pessoas por família como pontos importantes para a busca por
creches.
A parceria escola-família amplia a relação entre as duas instâncias,
contribuindo para o desenvolvimento saudável das crianças. Campos (1997) propõe
a compreensão do desenvolvimento humano a partir de sistemas complexos (micro,
meso, eixo e macro-sistema) que interagem com o indivíduo ao longo do curso de
vida. O desenvolvimento se dá na interação das pessoas em seus ambientes
imediatos e remotos, de forma que a pessoa afeta o ambiente e vice-versa formando
uma cadeia de interações. Compartilhar a educação dos filhos significa ampliar estes
ambientes e, essencialmente, participar daqueles que não lhes são imediatos, tal
como as creches que são um espaço importante para crianças.
A relação pais-filhos-escola precisa ser estudada de forma a considerar as
repercussões sobre o nível de bem-estar das crianças na creche, mas também o dos
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pais e professores. Campos (1997) enfatiza a que a educação infantil é um serviço
integrado à família e por isso nossas ações precisam estar conectadas para que o
atendimento às crianças atenda as demandas, entenda e acolha as vivências da
família no momento da inserção. No mundo ocidental, a família parece sentir-se
solitária desde o momento em que a criança nasce.
Chodorow (1990) chama a atenção para o fato de que estas novas iniciativas
têm impacto na vida das pessoas envolvidas, criando assim novos desafios e
crescentes oportunidades de desenvolvimento. A trajetória de desenvolvimento é
muito importante e o cuidado na preparação dos ambientes (como espaço subjetivo
também) o centro da questão.
O momento da entrada de uma criança em uma creche é acompanhado de
diversos sentimentos. É, na maioria das vezes, o primeiro momento em que os pais
compartilham de fato os cuidados de seus filhos com pessoas não familiares. Os pais
costumam experimentar sentimentos de alegria, pelo fato de poderem retomar suas
vidas profissionais, mas por outro lado, vivem sentimentos de culpa, medo e
insegurança, por estarem delegando ao outro o que gostariam de alguma maneira
fazer por seus filhos.
De acordo com Oliveira et. al. (1997), a dificuldade dos pais no que se refere
a colocar seu filho na creche está relacionada com a idéia de que cabe a família os
cuidados e a educação de crianças pequenas. Estes valores ainda estão muito
presentes na sociedade atual.
Quanto menor a criança, maior a probabilidade de os pais vivenciarem uma
desestruturação emocional, mesmo que temporariamente. É comum ouvir em
escolas de EI que os pais têm dificuldades em compartilhar os cuidados dos filhos e
que eles atrapalham a criança no momento da inserção. Tensões na relação
professor-pais nascem nesta altura e não favorecem a construção nem a
compreensão de parceria. Mantovani e Terzi (2002) enfatizam que é preciso que os
pais sintam-se seguros e satisfeitos, evitando assim a construção de mensagens de
“duplo laço”, que prejudicam a construção de novas relações por parte da criança.
A escola, neste momento, se responsabilizará pelo processo de inserção que
considera a manutenção (ou criação) de uma relação segura e confiável. A
construção da parceria tem como base a confiança e o respeito mútuo, possibilitando
trocas de informações, sobretudo no que diz respeito ao interesse das
39
crianças. De acordo com Felix 1996, partilhando informações e participando
conjuntamente de atividades, a família e a escola podem criar um ambiente de apoio
para o desenvolvimento infantil. Pontuam ainda que o objetivo maior de uma escola
de EIo é fortalecer as relações entre professores e pais, apoiando-as. A abordagem
High/Scope defende que a prática de uma comunicação aberta, a tomada de
decisões construída com os pais e o planejamento de ações que possam apoiar cada
criança são estratégias que colaboram para uma educação de qualidade. Mantovani
e Terzi (2002) citam a importância da presença dos pais em sala durante o período
de inserção.
Ressaltam que neste momento as trocas elucidam sobre os hábitos de cada
instância individualmente. De acordo com Oliveira et. al. (1997), quando a creche se
fecha à participação dos pais, as desconfianças e as culpas tendem a aumentar e as
relações passam a ser tensas e desgastantes com conseqüências para as crianças.
A entrada de uma criança na creche é um momento delicado e vivenciado pelos
pais de maneira diferente, portanto o modelo de Hornby nos ajuda a ampliar o
conceito de parceria. Para o acolhimento das crianças e seus pais, a escola deve
observar e reconhecer as possíveis contribuições e vivências de cada família. A partir
daí, é possível traçar a parceria Mantovani & Terzi, 2002 defendem que este é o
caminho para o envolvimento de pais, tendo como meta reconhecer que os
sentimentos de desconfiança e culpa percebidos pelos professores fazem parte de
uma etapa do processo de construção da parceria.
Felix, 1996 parece corroborar com a idéia: O principal indicador de
acolhimento que os pais podem receber é o fato de serem convidados a passar o
maior tempo possível na creche. À medida que os pais e o professor vão
familiarizando-se entre si, também vão criando vínculos, e a criança se beneficiará
desses vínculos cada vez mais estreitos entre professores e pais. Não há dúvidas,
nem na literatura nacional e internacional, nem nos documentos oficiais brasileiros de
que a parceria com os pais só tende a facilitar o trabalho tanto da escola como da
família. A verificação de que há impedimentos iniciais para o desenvolvimento desta
parceria nos força a rever práticas tradicionais em que pais não são permitidos em
sala ou nas premissas da escola e que eles devem se contentar em conhecer suas
normas e regras (cabendo a eles apenas segui-las).
40
O que ainda nos falta refletir é sobre a questão do impacto destas entradas na
creche e da inclusão de novos adultos na educação de crianças pequenas. Já
admitimos que uma desestabilização emocional aconteça e que algo deve ser feito
para acolher os sentimentos das pessoas envolvidas, e neste caso, os dos
professores também é de extrema importância. Reflexões como esta a que se
propõe este artigo deve ter impacto para políticas públicas, principalmente porque a
literatura ainda é incipiente sobre o impacto da ampliação das relações das crianças
nesta etapa da vida. O que se sabe e admite é sobre a necessidade deste
atendimento em decorrência do que as mudanças sociais têm provocado.
A CONFIANÇA
Os primeiros contatos entre as famílias e os profissionais são decisivos na
construção do relacionamento entre ambos. As primeiras impressões dos pais
podem ser confirmadas ou modificadas nos primeiros dias como usuários, ainda
vulneráveis por estarem no início de uma relação com os profissionais. Pelos relatos
das mães a respeito dessa fase, observam-se preocupações relativas à separação
temporária do filho, à continuidade dos cuidados com a alimentação, conforto e
segurança da criança.
A mãe receia que as necessidades do filho não sejam percebidas no coletivo;
que os cuidados sejam diferentes de casa, que sinta fome ou seja agredido pelos
outros. Os comportamentos e as falas das mães, sobre esta fase, revelam uma luta
interna entre usufruir a vaga, arduamente conquistada, e confiar que o filho ficará
bem na creche. A sensibilidade da equipe da creche, em relação ao comportamento
materno, na fase de adaptação, pode dar pistas importantes sobre a forma de ajudar
ambas, mãe e criança, a começar bem a vida no novo ambiente.
A mãe avalia a atenção do profissional com seu filho e com o grupo, assim
como a reação da criança ao novo ambiente: “Porque no começo, aqui, eu vi a
atenção da tia. Dava uma atenção! Eu achava que ela não ia ter muita atenção, igual
à que a mãe dá.
“As tias cuidam muito bem das crianças, nossa! é assim, uma creche muito
boa” (Mãe de Tânia, três anos). O uso da palavra “tia”, para denominar o
profissional, pode ser interpretado como uma expectativa da mãe de que a relação
do educador com sua filha sejam permeadas pela afetividade, semelhante àquela de
41
um membro da família, como a irmã da mãe ou do pai teria, uma atenção
individualizada à criança, “igual à que a mãe dá”.
Para Rosemberg 2001, pode significar uma desvalorização do educador, ao
qual bastaria o afeto e o conhecimento do senso comum, por serem o cuidado e
educação infantil naturalizados pelas relações de gênero e parentesco.
A referência sendo sempre a família, a mãe pode confundir seu papel com o
do educador e competir com ele, assim como imaginar que o cuidado é realizado na
creche da mesma forma que o é em casa. Provavelmente, derive daí a fantasia de
que as necessidades individuais não sejam atendidas, os educadores não sejam
bastante atenciosos e cuidadosos, o filho não se alimente e adoeça.
Segundo Mantovani & Terzi, 2002 os temores de que a creche cause traumas
da separação entre crianças e familiares não possuem fundamentos científicos. A
literatura sobre o tema fala em separações totais e a creche é uma separação parcial
e temporária, que introduz ou deveria introduzir a criança num ambiente acolhedor,
acompanhada de adultos familiares que vão se distanciando à medida que a criança
adquire outra referência.
42
3.3 - O Serviço Social garantindo direitos
O papel social na educação infantil
No Brasil, creche e pré-escola são diferenciadas ora pela idade das crianças -
(a creche atenderia crianças de 0 a 3 anos e a pré-escola de 4 a 6); ora pelo modo
de funcionamento (a creche teria atuação em horário integral e a pré-escola meio
período); ora pela instância administrativa a que se vincula (a creche se subordinaria
às instituições médicas ou assistenciais, a pré-escola à educação). Hoje, no Brasil,
diversas instituições se referem à creche ou pré-escola usando um ou outro critério,
de modo que esta é uma denominação ainda pouco uniforme para os que atuam na
área e para a população em geral.
A partir de meados dos anos 80, os movimentos em defesa das populações
infantis com vistas à Constituinte e à nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional, vêm usando a expressão "educação da criança de 0 a 6 anos" ou
"educação infantil" para designar o trabalho em creches e pré-escolas, expressões
que se consolidaram em documentos oficiais.
Creches e pré-escolas são modalidades de educação infantil. O trabalho
realizado no seu interior tem caráter educativo e visa garantir assistência,
alimentação, saúde e segurança com condições materiais e humanas que tragam
benefícios sociais e culturais para as crianças. Hoje, apesar da ambigüidade dos
nomes, entendemos como creche o espaço para crianças de 0 a 3 anos e pré-escola
para crianças de 4 a 6 anos, de meio período ou horário integral, cuja
responsabilidade é ou deveria ser assumida pela instância educacional pública.
Creches e pré-escolas são instituições de educação infantil a que todas as crianças
de 0 a 6 anos têm direito.
Para Campos, 1997
“Outro fator relevante é o fato de que as demandas da população findam por
definir a prática do Serviço Social. As demandas da população vão definindo também
esta prática profissional como pedido de recursos, capacitação, encaminhamentos,
informações, orientação, organização”.
43
Importância da educação da criança de 0 a 6 anos - seu papel social
A educação infantil tem papel social importante no desenvolvimento humano e
social. A prioridade é a escola fundamental, com acesso e permanência das crianças
e aquisição dos conhecimentos, mas a luta pela escola fundamental não contraria a
importância da educação infantil – primeira etapa da educação básica – para todos.
Em trabalho recente, Campos,1997 sintetizou os principais resultados de pesquisas
feitas na Grã-Bretanha, Estados Unidos e América Latina, que avaliaram os efeitos
da freqüência a programas de educação infantil sobre o desenvolvimento e a
escolaridade posterior de crianças de diversas origens sociais, étnicas e culturais.
Concluiu que a freqüência à pré-escola favorece resultados de testes
realizados no início da escolaridade formal; as crianças mais pobres parecem se
beneficiar mais dessa experiência, sendo a qualidade da pré-escola e da escola
essencial. Embora as posições dos países sobre a educação da criança variem com
a conjuntura política, para Campos a educação infantil se configura como uma das
áreas educacionais que mais retribui à sociedade os recursos nela investidos,
contribuindo para o desempenho posterior. Mas os argumentos mais fortes e
contundentes sobre sua importância.
Infância e educação: desafios e possibilidades hoje
Muitos são os desafios das políticas sociais para a infância. Questões relativas
à situação política e econômica e à pobreza das nossas populações, questões
urbanas e sociais, problemas educacionais específicos assumem proporções graves
e exige respostas firmes e rápidas, nunca fáceis. Muitas são também as
possibilidades de enfrentar a questão.
Hoje, vivemos o paradoxo de ter um conhecimento teórico avançado sobre a
infância, enquanto assistimos com horror a incapacidade da nossa geração de lidar
com as populações infantis e juvenis.
44
De que modo as pessoas percebem as crianças? Qual é o papel social da
infância na sociedade moderna? Que valor é atribuído à criança por pessoas de
diferentes classes e grupos sociais? O que significa ser criança em diferentes
culturas? Como trabalhar com crianças pequenas, considerando seu contexto de
origem, seu desenvolvimento e os conhecimentos, direito social de todos? Como
assegurar que, diante da diversidade das populações infantis e das contradições da
sociedade contemporânea, a educação cumpra seu papel social? Este texto não
responde a essas questões, mas se sente comprometido com elas e com uma
sociedade fundada no reconhecimento do outro, nas diferenças (de cultura, etnia,
religião, gênero, classe, idade) e na superação da desigualdade.
A população brasileira, a partir da progressiva consciência de seus direitos e
da participação em movimentos sociais, teve papel central numa das maiores
conquistas da educação infantil no Brasil: o reconhecimento, na Constituição de
1988, do direito à educação de todas as crianças de 0 a 6 anos e do dever do Estado
de oferecer creches e pré-escolas para tornar fato este direito.
Movimentos sociais e instâncias públicas (municipais e estaduais) vêm se
esforçando no sentido de expandir com qualidade a educação infantil e enfrentar os
desafios que se colocam. Pela primeira vez na história da educação brasileira, 1994,
foi formulada uma política nacional de educação infantil, com diretrizes para a
formação dos profissionais.
Mas, a fim de que a educação infantil de qualidade seja de fato direito de
todos coloca-se como desafio urgente, a formação profissional de todos os
professores: formação como direito à educação, de todos (crianças, jovens, adultos e
dentre eles os professores); formação nas áreas básicas do conhecimento (língua,
matemática, ciências naturais e ciências sociais); e formação cultural, com
oportunidade de se discutir valores, preconceitos, experiências e a própria história.
Formação entendida como qualificação, na melhoria da qualidade do trabalho
pedagógico, e de profissionalização, garantindo avanço na escolaridade, carreira e
salário.
45
Formação que implica em constituir identidades, ponto crucial frente à
crescente evasão de professores. Formação que – seja continuada (com novas
propostas pedagógicas), seja inicial (em escolas de formação de magistério e na
universidade) - garanta espaço para a pluralidade e para que professores narrem
suas experiências, reflitam sobre práticas e trajetórias vividas, compreendam a sua
própria história, redimensionem o passado e o presente, ampliem seu saber e seu
saber fazer.
Atribuições do Assistente Social
1. Colher elementos para estudo social da família da criança.
2. Promover a integração família-creche através de contatos individuais e
atividades de grupo.
3. Encaminhar a família aos serviços da Comunidade quando necessário.
4. Atuar junto às famílias no sentido de formar espírito comunitário.
Como objetivo, este estudo buscou identificar a aproximação teórica e prática
do profissional Assistente Social ao campo educacional. Mediante as propostas
acima mencionadas, supõe-se que os problemas socioeducacionais podem ser
atenuados por meio da atuação interdisciplinar do profissional do Serviço Social, em
conjunto com os demais agentes escolares da rede pública. Acredita-se que a
atuação do Assistente Social nas escolas públicas poderá contribuir para a
ampliação da política educacional, uma vez que em muitos momentos as questões
sociais mais pertinentes não são trabalhadas pela escola.
O impulso inicial que norteou a reflexão da atuação do assistente social na
escola pública foi a proposição dos Projetos de Lei nº 3.688 de 2000, que dispõem
sobre a introdução de Assistente Social no quadro de profissionais da educação, e o
Projeto de Lei nº 837 de julho de 2005, que dispõe sobre a introdução de Assistentes
Sociais e Psicólogos nas escolas. Salienta-se que os referidos projetos encontram-se
ainda em processo de aprovação na Câmara dos Deputados.
46
Tratou-se também de uma possível inserção do Assistente Social no sistema
educacional, tendo como referencial legal o histórico dos Projetos de Lei n.º 3.688 de
2000 e n.º 837 de 2005, que garantem o Assistente Social no quadro de profissionais
das escolas da rede pública.
Salienta-se que tendo em vista que a educação é uma política pública de
direito constitucional, este, portanto, deve ser garantido não somente com a
democratização do acesso do sujeito à educação, mas sobretudo à qualidade do
ensino, a fim de promover o crescimento cultural do indivíduo enquanto cidadão.
Nesse contexto cabe ao profissional Assistente Social, por meio de sua prática,
ampliar e contribuir para a sua garantia.
“Durkheim, define o papel da escola: “a escola desempenha, então, uma ruptura no mundo da criança porque através dela, a criança ingressa numa outra esfera da vida social”. A escola desempenha essa função, pois por meio da ação do educador a criança passará por um processo de transformação de um ser individual e insocial, em um ser social, com um sentimento de dever para com a sociedade e as regras que orientam sua conduta. Logo, a criança passará a se ajustar a esta sociedade, pois será integrante dela. Dessa maneira, Durkheim acreditava que seria necessário imprimir às crianças os elementos morais e intelectuais de acordo com a estrutura social, por meio de ação sócio-pedagógica. Assim sendo e por esse processo, assegura-se a reprodução, a conformação e o funcionalismo numa sociedade marcada pela desigualdade e exclusão”.
A constatação, por meio de um estudo bibliográfico preliminar, levou à
confirmação da hipótese deste estudo, pois há realmente a necessidade e relevância
da presença do Assistente Social nas escolas. Isto vem sendo confirmado através da
pesquisa de campo, na qual se percebe que a escola, enquanto transmissora de
conhecimento e cultura, vem perdendo essa identidade, incumbindo-se de trabalhar
as problemáticas sociais apresentadas pelas famílias. Portanto, faz-se necessária a
aprovação da última versão do Projeto de Lei 837, de 05 de Julho de 2005, que
dispõe sobre a Introdução de Assistentes Sociais e Psicólogos em cada Escola
Pública. Assim, mostra-se a necessidade do reconhecimento dessa emergência
pela categoria que também deve reivindicar a sua atuação na área da educação,
proporcionando que se abra um novo campo de atuação para o Assistente Social.
47
CONCLUSÃO
Observando minuciosamente a trajetória do processo de avaliação no dia-a-
dia da Educação Infantil. O presente estudo permitiu-nos que adentrássemos a um
novo campo de trabalho para o Serviço Social, propiciando-nos muitos
conhecimentos, e conseqüentemente o levantamento de muitas indagações. A priori
foi necessário compreender que a prática profissional do Educador e Gestor de
Creche, e assim, aceitar–se colocar diante de desafios que não são simples de
serem enfrentados.
A relação entre profissionais e famílias constitui-se gradativamente, permeada
por afinidades e contradições, na lida cotidiana com as crianças. A complexidade
dessa relação foi confirmada pelas evidências de que por ela perpassam questões
de várias ordens: gênero, direitos sociais, organização e integração de serviços para
a infância, desigualdade socioeconômica, diversidade cultural dos usuários,
formação dos profissionais de educação infantil e de saúde.
Embora não se possa negar totalmente que o modelo disciplinador, no sentido
foucaultiano, permeie de alguma maneira, a prática dos profissionais, a evidência dos
conflitos pode ser a expressão de que as famílias e os profissionais encontram
espaço para expor suas insatisfações e negociar as regras, limites e acordos
necessários ao processo de compartilhar educação e cuida do infantil. Os conflitos
são inerentes à vida social e psíquica e sua ausência pode significar apatia e
submissão de uma das partes e sua não explicitação pode resultar em violência
(Oliveira, 1997).
Compartilhar cuidados implica o encontro de famílias e profissionais que
podem ter perspectivas diferentes sobre desenvolvimento e necessidades infantis, o
que demanda uma constante negociação entre as partes. No entanto, é preciso
considerar, sobretudo, a perspectiva da criança, foco do cuidado e, ao mesmo
tempo, participante ativa da relação entre sua família e os profissionais de educação
infantil. O trabalho ora apresentado constitui-se num esforço de compreender o perfil
do gestor que atua nas Unidade de Educação Infantil, tendo como referência a
realidade de sua atuação.
48
No entanto a educação infantil constitui-se numa etapa considerada por muitos
como necessária, como função social definida na constituição do sujeito como ser
pensante, racional, comprometida com o projeto de autonomia intelectual dos
sujeitos e por extensão de sua autonomia moral.
De fato são, sobretudo, as crianças provenientes das camadas mais populares
que mais precisam de uma educação com base sólida sobre o qual a criança vai se
desenvolver futuramente. Por isso faz-se necessário que os governos assumam mais
responsabilidade por este segmento de ensino, que ambos se integrem, pois a
integração efetiva entre eles em todos os níveis educacionais poderá ser fator para
um equilibrado desenvolvimento, político, social e econômico do país. Um outro
assunto desenvolvido por este estudo diz respeito ao perfil do gestor que trabalha
com educação infantil.
Ao investigarmos o assunto constatamos que os gestores da UEIs estão
realmente preocupado em desenvolver um trabalho voltado para superação dos
problemas educacionais, entretanto ainda existem problemas de ordem técnico
pedagógica que precisam ser superados como o fato dos gestores não poderem
contar com o auxilio de uma equipe técnica, ficando sobrecarregados fazendo com
que ocorra um trabalho frenético, emergência e, portanto pouco criativo com a
responsabilidade de defesa da concepção da creche e pré-escola, comunicação e
defesa dos direitos de deveres funcionais. Portanto o gestor deve propor a adoção de
uma linha integrada de ação na perspectiva pela qual se pode promover o
desenvolvimento da escola como um todo e não apenas a resolução de problemas
imediatos de acordo com o seu surgimento.
Com isso é necessário que o gestor faça um contrato pedagógico com cada
segmento da escola. Nesse contrato apresentarão os princípios de cuidado e
educação, de organização dos espaços e objetos das linguagens e os temas que a
instituição deve desenvolver para cada faixa etária. Ao mesmo tempo em nosso
estudo nos levou a perceber que a escola precisa ser dirigida por gestores
adequados, consciente do fenômeno educacional que se manifesta ali dentro, mais
ao mesmo tempo consciente das responsabilidades sociais desenvolvidas na idéia
de administrar. É necessário entender de administração porque administrar em
educacionalmente tem que haver um sentido educativo naquele processo de
administrar não é simplesmente dar ordens tem que produzir modificações.
49
Educação Infantil
A passagem pela creche e pré-escola é uma fase muito importante para o bom
desenvolvimento infantil. É nos primeiros anos de vida que se definem o potencial de
aprendizado, a estabilidade emocional, valores e diversas habilidades. Vários
estudos mostram que quanto mais cedo a criança começa a freqüentar a escola,
maior a possibilidade de que tenha um bom futuro, inclusive financeiro. Vale lembrar
que a creche e a pré-escola também colaboram com as mães: com o filho na escola
desde cedo, elas podem trabalhar e garantir um aumento de renda (além de que,
muitas vezes, a mãe é solteira e, portanto, a única fonte de renda da família).
Mas, até pouco tempo, essa fase do ensino não era considerada parte do
processo de Educação. Em 1996, uma lei finalmente reconheceu a pré-escola e as
creches como direitos da criança e as incorporaram à Educação Básica. Essa lei
também exigiu mudanças na forma como esses estabelecimentos funcionavam: a
partir daí, deixariam de ser apenas locais de assistência e recreação para realmente
realizar atividades educacionais. Para crianças com até três anos, creches e, para os
maiores, dos quatro aos seis anos, pré-escolas.
Mas isso está demorando a virar realidade: entre 2003 e 2004, apenas uma
entre dez crianças de até três anos estava na creche, e metade das que tinham entre
quatro e seis anos ia à pré-escola. De todas as crianças até seis anos, há muita
diferença entre as mais ricas e as mais pobres.
O fato é que as escolas públicas de Educação Infantil não têm salas nem
qualidade suficiente para atender todas as crianças. Para você ter uma idéia,
metades de todas as escolas para crianças pequenas do país são particulares.
Também há muita desigualdade entre crianças de diferentes etnias, ao menos
nas creches. As de origem asiática são as mais bem incluídas, seguidas pelas
brancas, negras e pardas (há pouca diferença entre essas três últimas), e apenas
quatro de cada cem crianças indígenas freqüentam creches. Nas cidades,
aproximadamente metade das crianças está em creches.
No campo, essa proporção é de apenas três em cada dez. Não é difícil de
entender: há menos de uma creche por município na zona rural. Apesar da lei
50
garantir que crianças portadoras de deficiências possam freqüentar a escola regular,
apenas duas em cada dez têm esse destino. As outras vão todas para as chamadas
“escolas especiais”. Na maior parte dessas instituições, o foco do trabalho é a saúde,
e são poucas as que estimulam a socialização.
A meta brasileira definida no Plano Nacional de Educação é fazer com que até
o ano de 2011 metades das crianças de até três anos esteja em creches, e 80%
daquelas entre quatro e seis anos, nas pré-escolas. Números da Campanha Nacional
pelo Direito à Educação mostram que, apesar de ter havido progressos nos últimos
anos, a meta é ousada. Para isso acontecer, será preciso criar cinco vezes mais
vagas nas creches. Além de aumentar o número de crianças com acesso à
Educação Infantil, é preciso melhorar a qualidade das escolas, e isso só é possível
com investimento maciço. Uma pesquisa da Campanha Nacional pelo Direito à
Educação mostra que o valor atualmente investido por aluno no Brasil (R$ 924,00 por
ano, em média) é pouco. A diferença entre regiões é gritante: no Nordeste, é de
apenas R$ 560,00 e, no Sul, mais de R$ 1.200,00.
Outro problema nas escolas para os pequenos é a falta de infra-estrutura. Dá
para imaginar que, de acordo com o último censo da Educação Infantil, apenas uma
em cada cinco escolas tinha fraldário? No Nordeste, apenas três em cada cem (cem,
isso mesmo!) têm o espaço para trocar fraldas. Só metade das escolas do País tem
banheiros adequados ao tamanho da criançada, e quatro em cada cinco possui jogos
didáticos (todas deveriam ter, não acha?). Mais uma vez, o Nordeste tem uma
situação ainda pior: só metade tem.
Espero que esta pesquisa venha contribuir de alguma forma para a
conscientização da importância de (re) vermos nossa concepção, a cerca da
avaliação e gestão na Educação infantil.
Concluímos, portanto, que este é um trabalho que se inicia...
51
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARRETO, A.M.R.F. ”Situação atual da Educação Infantil no Brasil” - Subsídios para Credenciamento e Funcionamento de Instituições de Educação Infantil, 1998. BRASIL, R. “O Brincar & a Realidade”. Rio de Janeiro: Imago, 2ª edição – 1998. CAMPOS, M.M. Pré Escola: entre a educação e o assistencialismo In Cadernos de Pesquisa, São Paulo, 1997. Código de Ética do Serviço Social. Coletânea de Leis e Resoluções. 4ª edição - CRESS 7ª Região; Rio de Janeiro: 2006
CHODOROW, Nancy. Psicanálise da maternidade, Rio de Janeiro, Rosa dos Tempos, 1990.
FELIX, Maria de Fátima Costa. Administração Escolar : Um Problema Educativo ou Empresarial. São Paulo: Cortez. 1996. FIEL, Luciana. Creche: Gestão e Prática Pedagógica, Aprenda fácil editora; Viçosa/MG, 2002. Lei Nº 10.741, de 1.º de outubro de 2003. Estatuto do Idoso. Disponível em: <www.senado.gov.br> Acesso em: 22/04/2008. LOROSA, Marco Antonio e AYRES Fernando Arduini – “Como Produzir uma monografia”- Passo a passo, Universidade Candido Mendes – Rio de Janeiro: wak editora, 2008 MANTOVANI, Susana & TERZI, Nice. Manual de Educação Infantil: de 0 a 3 anos – uma Abordagem reflexiva. Porto Alegre. Artes Médicas, 2002.
MELLO, Ana Maria de Araújo e colaboradores. O dia a dia nas creches e pré-escolas: crô-nicas brasileiras. Porto Alegre: Artmed, 2009
MERISSE, A. “Origens das Instituições de Atendimento à criança pequena: o Caso das Creches” In: MERISSE,A. (et al.) Lugares da Infância: reflexões sobre a história da criança na fábrica, creche e orfanato SP: Arte & Ciência, 1999. OLIVEIRA, Dalila Andrade (Org). Gestão Democrática da Educação : Desafios Contemporâneos. Rio de Janeiro: Vozes, 1997. RIZZO, Gilda. Creche:organização, currículo, montagem e funcionamento/ 2ª Ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002
ROSEMBERG, Fúlvia; CAMPOS, Maria Malta; FERREIRA, I. M. Creches e pré-escolas no Brasil. 3. ed. São Paulo: Cortez Editora, 2001.
52
ÍNDICE FOLHA DE ROSTO 02 AGRADECIMENTO 03 DEDICATÓRIA 04 RESUMO 05 METODOLOGIA 06 SUMÁRIO 07
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - A Creche 11
1.1 A História da creche no Brasil 11
1.2 Panorama Atual: Legislação (marco Legal) 14
1.3 Algumas Considerações sobre creche e pré-escola 21
CAPÍTULO II - Organização e Funcionamento da Creche 23
2.1 Gestão da Creche 23
2.2 Bases para sua elaboração e Infra-estrutura 25
2.3 Equipe de Funcionários e Atribuições 28
CAPÍTULO III - A Importância do Envolvimento da Sociedade na Creche 33
3.1 A Creche em parceria com as Famílias 33
3.2 A Relação Creche e Família 37
3.3 O Serviço Social garantindo direitos 42
CONCLUSÃO 47
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 51
ÍNDICE 52
FOLHA DE AVALIAÇÃO 53
53
FOLHA DE AVALIAÇÃO
NOME DA INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
TITULO DA MONOGRAFIA: “CRECHE: GESTÃO E SUA IMPORTÂNCIA NA SOCIEDADE”
AUTOR: SARITA TATAGIBA VILLAVERDE
DATA DA ENTREGA: 18/01/2011
AVALIADO POR: NELSON GONÇALVES CONCEITO: