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Créditos · Projeto gráfico e direção de arte: ... Escolhemos alocar este material no território das Linguagens ... car reflexões sobre a contaminação de linguagens

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VIDEOARTE: experimentos de imagem

Copyright: Instituto Arte na Escola

Autor deste material: Tarcísio Tatit Sapienza

Revisão de textos: Soletra Assessoria em Língua Portuguesa

Diagramação e arte final: Jorge Monge

Autorização de imagens: Ludmilla Picosque Baltazar

Fotolito, impressão e acabamento: Indusplan Express

Tiragem: 200 exemplares

Créditos

MATERIAIS EDUCATIVOS DVDTECA ARTE NA ESCOLA

Organização: Instituto Arte na Escola

Coordenação: Mirian Celeste Martins

Gisa Picosque

Projeto gráfico e direção de arte: Oliva Teles Comunicação

MAPA RIZOMÁTICO

Copyright: Instituto Arte na Escola

Concepção: Mirian Celeste Martins

Gisa Picosque

Concepção gráfica: Bia Fioretti

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

(William Okubo, CRB-8/6331, SP, Brasil)

INSTITUTO ARTE NA ESCOLA

Videoarte: experimentos de imagem / Instituto Arte na Escola ; autoria de Tarcísio

Tatit Sapienza ; coordenação de Mirian Celeste Martins e Gisa Picosque. – São

Paulo : Instituto Arte na Escola, 2006.

(DVDteca Arte na Escola – Material educativo para professor-propositor ; 62)

Foco: LA-12/2006 Linguagens Artísticas

Contém: 1 DVD ; Glossário ; Bibliografia

ISBN 85-98009-63-6

1. Artes - Estudo e ensino 2. Videoarte 3. Arte e Tecnologia I. Sapienza,

Tarcísio Tatit III. Martins, Mirian Celeste IV. Picosque, Gisa V. Título VI.

Série

CDD-700.7

DVDVIDEOARTE: experimentos de imagem

Ficha técnica

Gênero: Documentário a partir da 13ª edição do Videobrasil–Festival Internacional de Arte Eletrônica.

Palavras-chave: Videoarte; digitalização de imagens e sons;procedimentos técnicos inventivos; arte contemporânea; edu-cação do olhar.

Foco: Linguagens Artísticas.

Tema: O uso das tecnologias como meio de expressão criativa.

Artistas abordados: Gary Hill, Rafael França, Elka Andrello,Rica Mentex, Rania Stephan, Jacobo Sucari, Martin Mucha,Daniel Lopes, entre outros.

Indicação: 7a e 8a séries do Ensino Fundamental e Ensino Médio.

Direção: Cacá Vicalvi.

Realização/Produção: Rede SescSenac de Televisão, São Paulo.

Ano de produção: 2001

Duração: 22’.

Coleção/Série: O mundo da arte.

SinopseO documentário registra diversos momentos do 13° Videobrasil -Festival Internacional de Arte Eletrônica, realizado no SescPompéia/São Paulo em 2001, pela Associação CulturalVideobrasil. Solange Farkas, curadora da mostra e presidenteda Associação, aborda os principais conceitos da arte eletrôni-ca, apresentando um panorama sobre as obras e os artistasbrasileiros engajados nessa forma de arte. Comentários sobrealgumas das propostas exibidas no festival são ilustrados portrechos em vídeo, permitindo conceber uma visão geral damostra. Uma entrevista com os videoartistas Elka Andrello e

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Rica Mentex nos possibilita acompanhar algumas das etapasda produção de um videoclipe.

Trama inventivaFalar sem palavras. Falar a si mesmo, ao outro. Arte, lingua-gem não-verbal de força estranha que ousa, se aventura a to-car assuntos que podem ser muitos, vários, infinitos, do mundodas coisas e das gentes. São invenções do persistente ato cria-dor que elabora e experimenta códigos imantados na articula-ção de significados. Sua riqueza: ultrapassar limites processu-ais, técnicos, formais, temáticos, poéticos. Sua ressonância:provocar, incomodar, abrir fissuras na percepção, arranhar asensibilidade. A obra, o artista, a época geram linguagens oucruzamentos e hibridismo entre elas. Na cartografia, estedocumentário é impulsionado para o território das Linguagens

Artísticas como possibilidade de desvendar a videoarte.

O passeio da câmera

Imagens. Fluxos de imagens. “Uma câmera na mão, uma idéiana cabeça”1 . Em contrapartida, “Às vezes apenas uma câmerana mão e nenhuma idéia na cabeça. Na lógica da linguagemeletrônica, forma não é nada, imagem é tudo”. Esse é o motedeste documentário dado pela narração em off.

Dividido em três blocos, com duração de 8’, 7’, e 7’, odocumentário nos move para o espaço da 13a edição doVideobrasil - Festival Internacional de Arte Eletrônica (2001),no Sesc Pompéia em São Paulo. O festival tem no seu centroo conceito curatorial: Fluxos, fusões e assimilações, apresen-tando uma amostra das investidas artísticas em meios comoCD-ROMs, internet e trabalhos híbridos.

O primeiro bloco oferece uma introdução ao material exibidono festival, com destaque para a mostra de trechos de obrasdo videoartista americano Gary Hill. Solange Farkas, curadorada mostra e presidente da Associação Cultural Videobrasil, falaum pouco do histórico e do significado da videoarte. No segun-

material educativo para o professor-propositor

VIDEOARTE – EXPERIMENTOS DE IMAGEM

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do, Elka Andrello e Rica Mentex, videoartistas, dizem como seiniciaram neste meio e Solange Farkas fala da postura dos ar-tistas num mundo globalizado. No terceiro, Elka Andrello e RicaMentex comentam algumas etapas da produção do seuvideoclipe Funqueada, inscrito no festival. Além disso, PríamoLozada, curador e diretor do Centro de la Imagen (México),caracteriza a videoarte. São exibidos pequenos trechos dasobras premiadas neste festival e daquelas incluídas na salaespecial dedicada ao videoartista brasileiro Rafael França, pio-neiro da videoarte no Brasil.

Escolhemos alocar este material no território das Linguagens

Artísticas, por focalizar, especialmente, a videoarte e provo-car reflexões sobre a contaminação de linguagens. Outros ter-ritórios podem ser visualizados no mapa potencial.

Sobre o Videobrasil - FestivalInternacional de Arte Eletrônica

(São Paulo/SP, desde 1983)

O Videobrasil – Festival Internacional de Arte Eletrônica nasce juntocom a produção de vídeo no país. Em 1983, sua primeira ediçãosurge da necessidade de identificar e mapear a produção de novosartistas no Brasil. Até o começo dos anos 90, o festival cumpreeste papel: lançar as pessoas no circuito de vídeo e alavancar aprodução nacional. Porém, por se tratar de uma mídia eletrônicaque, como tal, acompanha o desenvolvimento da tecnologia, oVideobrasil sofre adaptações para que não perca seu carátervanguardista. No site da Associação Cultural Videobrasil, pode-mos conhecer um pouco mais deste percurso.

Falar em Videobrasil é fazer referência a um dos principais fes-tivais de arte eletrônica do mundo. Embora tenha curta dura-ção e só aconteça a cada 2 anos, o festival tem o interesse deconquistar espaços na mídia, em galerias, formar um públicoque absorva a linguagem audiovisual e, ainda, servir de ponteentre os artistas brasileiros e o resto do mundo, entre a produ-ção nacional e o mercado internacional.

Para isso, a organização do evento cuida para que o corpo dofestival seja composto por pessoas que tenham papel funda-

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mental no circuito mundial de vídeo: programadores de tv,curadores de museu, diretores de escolas, enfim, pessoas aquem dificilmente os artistas teriam acesso e que podem dis-tribuir a produção nacional para o mundo.

No 13o Videobrasil, focalizado no documentário, as inscrições sãodivididas em dois segmentos: videoarte (aberto a países do hemis-fério sul) e novas mídias (aberto a todas as nacionalidades). Dezcuradores internacionais traçam um panorama da produção de seuspaíses e, a partir de seiscentas inscrições, selecionam cento e trin-ta e cinco trabalhos para participar da mostra competitiva.

Aproximadamente trezentos trabalhos são apresentados, inclu-indo uma intensa programação de instalações e performances.Os destaques são a homenagem ao artista multimídia brasilei-ro Rafael França, incluindo o lançamento do documentárioRafael França: obra como testamento2 e a seleção de obras donorte-americano Gary Hill, um dos pais da videoarte e convi-dado de honra do 13O Videobrasil, que utiliza imagens de vídeointegradas aos recursos do computador para criar video-instalações que interagem com os espectadores.

Durante a edição do festival de 2001, a Associação CulturalVideobrasil, em parceria com o Paço das Artes (São Paulo), inau-gura um espaço permanente para o acesso do público ao acervoda videoteca organizada pela organização do festival em seus 18anos de existência, com cerca de três mil e quinhentos títulos.

Sobre Solange Farkas (curadora)(Mundo Novo/BA, 1955)

O fluxo e a fusão entre linguagens e conceitos são questões quecolocam a produção audiovisual contemporânea de forma cada vezmais explícita, rompendo assim as fronteiras de classificações ecategorias vigentes. Videoarte, arte em CD-ROM, arte paraInternet ou na Internet se misturam e se fundem, criando novasconexões e renovando as linguagens e conceitos.

Solange Farkas3

À frente do Festival Internacional de Arte Eletrônica Videobrasil,a vocação de Solange Farkas, curadora geral da mostra e pre-

material educativo para o professor-propositor

VIDEOARTE – EXPERIMENTOS DE IMAGEM

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sidente da Associação Cultural Videobrasil, parece ser a de darvisibilidade ao invisível. Farkas é pioneira no mapeamento daprodução de arte eletrônica no Brasil e na sua difusão em âm-bito internacional, depois de travar uma batalha que se iniciouhá 22 anos no circuito das artes. Enfrentando silenciosamenteos percalços e as dificuldades para implantar e difundir a lin-guagem de vídeo entre nós, resiste ao desconhecimento e aodescaso, principalmente nos espaços da arte – museus e gale-rias – até presenciar a transformação dessa mentalidade.

No 13o Videobrasil, Farkas utiliza em sua curadoria o tema Flu-

xos, fusões e assimilações, como reflexo da crescente conta-

minação de linguagens e convergência de plataformas para

a criação de novas, varrendo as fronteiras entre videoarte,

internet, CD-ROM e outras plataformas eletrônicas.

Entre os temas explorados pelos artistas em suas produções,predominam discussões sobre a relação do homem com seupróprio corpo, com o outro, e reflexões sobre os efeitos daglobalização. Para Solange Farkas, a interatividade e a neces-sidade manifesta pelos artistas de refletir sobre a própria ques-tão da narrativa, independente dos meios utilizados, são o fiocondutor que une produções tão distintas.

Sobre o território indefinido e difuso em que reside a experiên-cia artística da videoarte, Solange Farkas, diz: “Esta é a artedo começo de um novo século. As pessoas estão se aproprian-do de todas as linguagens. As fronteiras é que desabam”.

Os olhos da arteA Videoarte tem como característica flertar de maneira intensa comoutras linguagens. É essa certa promiscuidade, criticada pelos con-servadores, que lhe dá essa força.

Solange Farkas 4

Videoarte, animação, ficção, documentário, CD-Rom, internet,novas mídias, festival de arte eletrônica? Aos resistentes à eratecnológica esses nomes ainda causam certo estranhamento.O que não acontece aos artistas que se embrenham por esses

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caminhos buscando a experimentação de novas ferramentas,esfacelando as barreiras de seu próprio percurso poético.

A videoarte, título do documentário, realiza experimentos de

imagem, em suporte eletrônico; ou seja, em todo e qualquer

instrumento tecnológico usado pelo artista para imprimir um

trabalho pessoal. O avanço tecnológico, gerador de novas

modalidades de veículos visuais como foi com a televisão, e

mais recentemente com a mídia informática, oferece novos

meios e linguagens com os quais o videoartista dialoga.

Se o aparecimento da fotografia e do cinema modifica nossoolhar e nossa forma de ver e perceber, é a televisão, implanta-da nos anos 50 e expandida na década de 60, que se torna umimportante meio de transformação do nosso modo de ver eperceber imagens.

Nessa perspectiva, a noção de fluxo é uma das chaves que nosajudam a desvendar a organização da percepção e da sensibi-lidade da vida contemporânea. O conceito de fluxo é desenvol-vido por Raymond Williams5 a partir da experiência de assistirà televisão nos Estados Unidos na década de 70. O conceitoremete a uma sucessão contínua de imagens que jorram semconexão entre elas, sem ponto de partida nem de chegada. Nofluxo televisivo, temos a mescla aleatória de noticiários, pro-gramas de auditório, filmes de todos os tipos, telenovelas, tudoentrecortado por uma avalanche de comerciais, dissociados,numa invasão sem fim da vida doméstica.

O fluxo das imagens televisivas nos anos 60, somado aos inú-meros desdobramentos da arte nesse período, trouxe impor-tantes contribuições para a posterior transformação do siste-ma de representação em sistema de imagens.

Na videoarte, como um sistema de imagens, cada artista, fun-dado numa visão diferenciada do fluxo de imagens, constrói sualinguagem, reunindo referências que lhe parecerem mais signi-ficativas, articulando-as segundo sua concepção pessoal. Dessemodo, os videoartistas “operam por meio do que poderíamosdesignar como contrafluxos. Ou seja, criando uma nova rela-

material educativo para o professor-propositor

VIDEOARTE – EXPERIMENTOS DE IMAGEM

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ção temporal que obriga o espectador a romper momentanea-mente com a vertigem do fluxo”6 caótico de imagens que nosenvolve cotidianamente.

Por outro lado, a videoarte brasileira entra no século 21 reno-vando o cenário do vídeo. Seja pelo uso cada vez mais freqüen-te de mídias interativas, que têm o uso da internet como prin-cipal característica; seja pela descompartimentação das lingua-gens artísticas, atraindo para a seara do vídeo um número cadavez maior de artistas de outras mídias, notadamente das artesplásticas, como Alexandre da Cunha, Rosângela Rennó, CaoGuimarães e Rivane Neuenschwander, entre os autores parti-cipantes do 13o Videobrasil.

Para Solange Farkas, a descompartimentação acontece porqueo vídeo, quando surgiu no Brasil, tinha muito mais referênciasdo cinema novo, de Glauber Rocha principalmente. Hoje ele sevoltou para o espaço das artes plásticas, que é sua origem in-ternacional, como o Fluxus7 , por exemplo.

Outro aspecto é a presença de obras em vídeo, CD-ROM,webart e performances refletindo a enorme influência da

Marcelo Vidal - Roubada

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digitalizacão do som e da imagem nas práticas artísticas con-temporâneas, como uma contaminação entre as linguagens.Mais do que mero recurso de produção, essas mídias produ-

zem uma alteração na forma de percepção das imagens,

gerando trabalhos absolutamente inquietos e híbridos.

Como referência histórica para a videoarte, o artista america-no Gary Hill é mestre na fusão da arte e tecnologia. Nos anos70, criou esculturas de som, e no documentário vemos duas desuas obras: Remembering paralinguay e Wall piece . Assim comoRafael França, pioneiro da videoarte brasileira, que se dedicouseriamente à pesquisa dos meios expressivos do vídeo e aapontar caminhos criativos para a organização das idéias plás-ticas e acústicas em termos de adequação ao meio.

Fluxos, fusões e assimilações. Tudo ao mesmo tempo agora.Como fruto da globalização e de suas conseqüências no mun-do da informação e da arte, as referências se fundem e se trans-formam. E se o uso das tecnologias é um meio de expressãocriativa individual e sua utilização é um instrumento poético,mais do que nunca os videoartistas nos brindam com diferen-tes tipos de recursos utilizados com muita criatividade, sensi-bilidade e técnica.

O passeio dos olhos do professorConvidamos você a “ler” este documentário antes de planejarsua utilização.

A proposta é iniciar um diário de bordo, um instrumento deregistro dos rumos trilhados por seu pensar pedagógico, a serretomado e desenvolvido durante todo o processo de trabalhojunto aos alunos. Sugerimos, a partir da exibição, que você anotesuas impressões utilizando os meios com que tiver mais afini-dade: escrita, desenho, colagem...

Assistir ao documentário mais de uma vez é um procedimentorecomendado. A pauta do olhar que apresentamos a seguir podeajudá-lo no registro inicial. Fica a seu critério consultá-la antesda primeira observação ou não.

material educativo para o professor-propositor

VIDEOARTE – EXPERIMENTOS DE IMAGEM

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O documentário faz perguntas a você? Quais?

Quais contribuições o documentário traz na ampliação de seuconhecimento e percepção sobre o processo de criação nalinguagem da arte?

O que o documentário desperta em você?

Quais aspectos do trabalho dos videoartistas atraem maissua atenção?

Os comentários da curadora Solange Farkas impulsionamvocê a pesquisar sobre algo?

O que você imagina que os alunos gostariam de ver nodocumentário? O que causaria atração ou estranhamento?

Você já trabalhou com seus alunos algum aspecto da lingua-gem da videoarte?

Qual foco você daria ao trabalho em sala de aula a partir destedocumentário?

Como imagina aproveitar em aula os blocos do documentárioe os pequenos trechos dos trabalhos mostrados?

Ao rever as anotações, o seu modo singular de percepção eanálise se revelará. A partir dos registros e da escolha dofoco de trabalho, quais questões você incluiria numa pautado olhar para o passeio dos olhos dos seus alunos por estedocumentário?

Percursos com desafios estéticos

Conforme destacamos no mapa, consideramos Linguagens

Artísticas um enfoque relevante no documentário, a ser re-tomado em suas proposições pedagógicas. Como o nomedo próprio foco sugere, o desenvolvimento das propostaspode ter um sentido maior se inserido num projeto em par-ceria com professores interessados de outras disciplinas daárea de humanas.

qual FOCO?

qual CONTEÚDO?

o que PESQUISAR?

Zarpando

imagens videográficas,criações multimídias, poéticas da imaterialidade

computador,digitalização deimagens e sons,internet,CD-ROM,câmera de vídeo

natureza da matéria

poéticas da materialidade

procedimentos

ferramentasimagens analógicas,imagens digitais

Materialidade

procedimentos técnicosinventivos, experimentação

formação de público

espaços sociais do saber

agentes

relação público e obra,educação do olhar

festival, exposição

artista, curador

MediaçãoCultural

Forma - Conteúdo

elementos davisualidade cor, planos, enquadramento,

movimento da câmera

relações entre elementosda visualidade

tempo, ritmo lento,fluxo, contraste

temática

contemporânea: memória, narrativa ficcional,subjetividade, diário pessoal, política, corpo

SaberesEstéticos eCulturais

história da arte arte contemporânea,arte e tecnologia, artemídia

Linguagens Artísticas

videoarte, webart, videoclipe,contaminação de linguagens

artesvisuais

meiosnovos

Processo deCriação

ação criadora

ambiência de trabalho

potências criadoras

produtor-artista-pesquisador

poética pessoal, percurso de experimentação,montagem, storyboard

filiação a grupos de artistas, locação interna ilha de edição, locação externa

leitura de mundo, repertório pessoal e cultural

projeto poético, a pesquisa em arte,dispersão da autoria

ConexõesTransdisciplinares

arte, ciênciae tecnologia

informática, eletrônica

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A seguir, apresentamos alguns possíveis percursos de traba-lho. Os caminhos sugeridos não precisam ser seguidos linear-mente. Você está convidado a traçar a sua própria rota: esco-lha por onde começar, por onde passear, em que partes perma-necer mais tempo, o que descartar.

O passeio dos olhos dos alunosEstes caminhos têm a intenção de sugerir modos de convo-car os alunos para assistirem ao documentário. Buscamprovocá-los para a reflexão, para a pesquisa em arte, e animá-los pelas ações expressivas, para a conversa e socializaçãode sua apreciação.

Escolha um trecho de 5 a 10 minuto que possa ser interes-sante ao ser visto diversas vezes, como um desenho anima-do, por exemplo. Após uma primeira exibição, faça-os assis-tir novamente propondo que identifiquem os momentos emque há uma transição de cena, registrando numa linha detempo essas mudanças. Proponha uma conversa sobre comoacontecem essas transições e quais as principais caracterís-ticas visuais de cada cena. Por exemplo: se nas diversas cenasidentificadas a câmera está fixa ou não; em que direção semove; se há o uso do zoom; de que ângulo aparenta ser fil-mada; como é o enquadramento; como a trilha sonora se in-tegra com a imagem, acompanhando ou não essas mudan-ças; como é a iluminação de cada segmento. Após essa con-versa, exiba o documentário. Como os alunos percebem omovimento da câmera no próprio documentário e em trechosdas obras mostradas?

Organizando os alunos em grupos, proponha que estruturemo registro da discussão proposta em Decifrar um trecho de

videoarte como um storyboard. Cada grupo pode fazer de-senhos representando as principais cenas identificadas esequenciá-los de acordo com a linha de tempo que a classeregistrou. Se decidirem que algum aspecto, como a trilhasonora ou um diálogo, precisa ser indicado de outra forma,podem também escrever sobre os desenhos das cenas.

material educativo para o professor-propositor

VIDEOARTE – EXPERIMENTOS DE IMAGEM

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Provoque uma discussão sobre os storyboards após rever ovídeo mais uma vez. Depois, exiba o documentário. Emseguida, provoque uma conversa sobre o que viram. Comoos alunos percebem a trilha sonora do documentário?

Selecione para exibir e discutir com seus alunos dois outrês vídeos que explorem, de modo diverso, a linguagemdeste meio. Por exemplo: uma animação; uma propostainterativa da internet; um videoclipe. Você pode conseguirvídeos como esses em videotecas de sua cidade, em sitesda internet, organizando visitas a mostras de arte contem-porânea, ou mesmo gravando programas de tv dedicadosà esta linguagem, como o programa Zoom, transmitido pelaTV Cultura em São Paulo, ou similares disponíveis nas ou-tras tvs educativas do país. Exibindo o documentário emseguida, o que os alunos encontram de semelhança e dife-rença entre os vídeos exibidos?

Assistir a esses vídeos e realizar essas propostas, antes de vero documentário sobre o festival Videobrasil, pode dar um sen-tido maior à discussão dos fragmentos de propostas apresen-tados no registro do festival.

Desvelando a poética pessoalNeste momento, o desafio é motivar o aluno a criar séries detrabalhos em que desenvolva uma atitude de pesquisa sobreseu modo próprio de expressão na linguagem visual. Duas idéi-as são aqui expostas:

Em duas etapas:

Planejar a criação em vídeo: divididos em grupos, os alu-nos podem levantar possíveis temas, desde vídeos experi-mentais a assuntos interligados com a sua comunidade, po-dendo envolver professores das áreas com afinidades comos temas escolhidos. A criação de uma seqüência de ima-gens que expresse a temática deve ser registrada por meiode desenhos ou colagens, organizada na forma de umstoryboard. Na apreciação dos storyboards, você pode

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problematizar sobre as imagens e as questões que trouxe-ram em face da real possibilidade de execução de um vídeo.Pode ser proveitoso convidar um profissional de vídeo e umjornalista da cidade para participarem desta discussão.

Realizar um vídeo: a partir da discussão sobre os storyboards

e sobre os recursos existentes, tanto em termos de equipa-mento quanto de conhecimento para realizá-los, é possívelchegar a adaptações e, se necessário, à reestruturação dostoryboard. Por exemplo, se o computador de sua escolativer um escâner, as imagens criadas para os storyboards

podem ser digitalizadas, retrabalhadas pelos alunos nos pro-gramas de tratamento de imagem disponíveis no computa-dor da escola, e organizadas como uma apresentação deslides no computador, como um desenho animado ou umfilme. Outra alternativa é procurar o patrocínio de umaempresa de sua cidade para garantir a seus alunos acessoao equipamento necessário para que cada grupo faça umvídeo a partir de seu storyboard. O equipamento mínimo in-dicado seria uma câmera de vídeo, um videocassete, e umatv, além de um estoque de fitas para gravação.

A partir da discussão sobre a visão geral do festival ofere-cida pelo documentário, também pode ser interessante tra-balhar com seus alunos a importância da organização deeventos culturais, as relações entre artista e curador, e aimportância da ativação cultural de obras e artistas. Inspi-rados por essa discussão, proponha aos alunos que imagi-nem como organizar uma mostra aberta para sua comuni-dade, apresentando os trabalhos em vídeo criados por elese alguns dos vídeos que tenham reunido na videoteca daescola durante a realização deste projeto. Se você escolherseguir a sugestão dada em Amarrações de sentidos:

portfólio, esta proposta pode ser uma forma de avaliaçãointegral do percurso.

Considere o tempo necessário para a realização desses traba-lhos, pois o conhecimento e a experimentação do uso destesequipamentos ou a organização e realização de uma mostra de

material educativo para o professor-propositor

VIDEOARTE – EXPERIMENTOS DE IMAGEM

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vídeos demanda tempo. A apreciação e discussão dos resulta-dos é um ponto importante para os alunos perceberem os pro-cessos de criação vividos e a singularidade da linguagem do vídeo.

Ampliando o olharUma visita dos alunos a um estúdio de tv ou a uma pequenaprodutora de vídeos, como por exemplo, uma produtora devídeos de casamentos, onde possam conhecer as diversasetapas da produção de um vídeo. Os alunos podem prepa-rar um roteiro com perguntas para entrevistar os profissio-nais do estúdio ou produtora. No retorno à sala de aula, osalunos podem organizar um texto coletivo alinhavando asimpressões sobre a visita.

Trabalhos de animação podem ser selecionados por vocêpara exibição e discussão com a classe. Além da grande di-versidade de exemplos que podemos encontrar na tv a caboe por satélite, há sites de animação na internet que podemser buscados. Peça aos alunos que registrem com desenhosos aspectos das obras que mais os tocarem.

A exibição dos documentários: [art.digital] e Rafael França:

obra como testamento, disponíveis na DVDteca Arte naEscola, entre outros possíveis, oferece uma ampliação doestudo sobre a presença das imagens eletrônicas na arte eos desdobramentos com as novas tecnologias.

A identidade visual de projetos como o Videobrasil, oumesmo das várias partes que compõem o documentário, ouainda das emissoras e da programação de tv, é reconhecidapelo receptor por meio das vinhetas. O estudo sobre asvinhetas pode enfocar aquelas de chamada/fechamento,vinhetas de programas, vinhetas institucionais, levando àcomparação da estética criada pelos grafismos e cores.

Os videoartistas Elka Andrello e Rica Mentex apresentamuma animação em que há uma versão oriental e ocidental.Que outras oposições poderiam impulsionar a criação destoryboards?

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Conhecendo pela pesquisaA câmera de vídeo já é um equipamento mais acessível, comchances de ser emprestada por alguém ligado à comunida-de escolar ou patrocinada por uma empresa local. Mesmoque não disponha de uma câmera de vídeo, dois vídeos cas-setes interligados podem permitir o exercício de edição dematerial novo a partir de fitas já gravadas. Escondidos nocomputador da escola podem estar os recursos que preci-sa, programas que permitem trabalhar a criação de dese-nhos animados e a edição de pequenos vídeos. Peça ajudaao técnico de sua escola: os programas Windows milenium

e Windows XP trazem entre seus acessórios o programaWindows movie maker, que permite realizar diversas expe-riências de edição de vídeo; o conjunto de programas incluí-dos no Office da Microsoft traz o Power point, que permitecriar apresentações audiovisuais; programas de tratamen-to de imagens como o Photoshop e o Paint shop pro sãoacompanhados por softwares para criar animações, como oImage ready e o Animation shop.

A investigação sobre o trabalho de videoartistas diversos éum modo de estudar os diferentes temas e as formas decriação na linguagem da videoarte. Um ponto de partida éa pesquisa de alguns dos artistas citados no documentário:Nam June Paik, Gary Hill, Rafael França, Elka Andrello, RicaMentex, Rania Stephan, Jacobo Sucari, Martin Mucha, DanielLopes. A internet é a melhor fonte para iniciar a pesquisa.

A pesquisa sobre a criação do cinema e da televisão, inves-tigando o seu histórico, o processo de criação das imagensque exibem, e os usos dados a estas imagens traz uma opor-tunidade para retomar e discutir a terceira parte dodocumentário, na qual há o depoimento de Príamo Lozadaa respeito da videoarte.

Qual é a história do cinema e da tv no Brasil? Como é umprocesso relativamente recente, sugerimos que a fonte dapesquisa seja o depoimento de pais, avós e outros familia-

material educativo para o professor-propositor

VIDEOARTE – EXPERIMENTOS DE IMAGEM

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res, compondo um registro de como esta história interagecom sua comunidade. A coleta do maior número de imagenspossível sobre diversos períodos pode oferecer um panora-ma dessa nossa história.

O computador é cada vez mais utilizado como instrumentona criação de animações tradicionais bidimensionais, de ani-mações em 3D e de animações utilizadas em jogosinterativos. O que os alunos podem descobrir sobre essesdiferentes processos de criação? O professor do laborató-rio de informática da escola pode ajudar?

Amarrações de sentidos: portfólioO portfólio pode ser um apoio para que o aluno perceba o sen-tido do que estudou, reveja os conteúdos trabalhados e reflitasobre seu processo de aprendizagem. A proposta é pedir aosalunos que, desde o início do percurso, organizem o conjuntode imagens e textos produzidos ao longo do trabalho (nas dife-rentes disciplinas) como um projeto a ser realizado em vídeo.

Para garantir uma especial atenção à contribuição que a artepode dar à estruturação deste material, é interessante obser-var com os alunos diferentes propostas realizadas em vídeo.Assim, será possível investigar as soluções que mais os agra-dam e criar adaptações para as suas condições técnicas. De-pois, procurem organizar uma exibição do material produzidona escola, ou mesmo em alguma rede de televisão local, ampli-ando seu reconhecimento na comunidade.

Valorizando a processualidadeHouve transformações? O que os alunos percebem que conheceram?

Como esses indícios podem não ser aparentes a todos, cabe avocê retomar nos portfólios o percurso de cada aluno e da clas-se. Concluindo esta etapa de sua viagem e iniciando o planeja-mento de novas explorações com seus alunos, você pode re-gistrar em seu diário de bordo uma reflexão de seu percursocomo professor-propositor: o que você percebe que aprendeu

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com este projeto? Descobriu novos caminhos para sua açãopedagógica nesta experiência? Seu diário de bordo aponta pararumos inexplorados? O projeto germinou novas idéias em você?

GlossárioEnquadramento – “Toda fotografia, seja qual for o referente que a moti-va, é sempre um retângulo que recorta o visível. O primeiro papel da foto-grafia é selecionar e destacar um campo significante (...) O quadro dacâmera é uma espécie de tesoura que recorta aquilo que deve ser valori-zado, que separa o que é importante para os interesses da enunciação doque é acessório, que estabelece logo de início uma primeira organizaçãodas coisas visíveis.” Fonte: MACHADO, Arlindo. A ilusão especular: intro-dução à fotografia. São Paulo: Brasiliense, 1984, p. 76.

Storyboard – “É o roteiro transformado em estória em quadrinhos, con-tendo as principais etapas de todas as cenas do filme”. Fonte: MORENO,Antonio. A experiência brasileira no cinema de animação. Rio de Janeiro:Artenova, 1978, p. 14.

Vídeo – “O termo vídeo corresponde ao latim ‘eu vejo’. Especificamente,no entanto, diz respeito às imagens eletrônicas reconstruídas ou codifica-das na forma de linhas sucessivas de retículas luminosas, destinadas amonitores ou aparelhos receptores de televisão (em circuitos aberto, semi-aberto ou fechado), a computadores e mesmo a videodiscos”. Fonte: CU-NHA, Newton. Dicionário Sesc: a linguagem da cultura. São Paulo: Pers-pectiva: Sesc São Paulo, 2003, p. 669.

Videoinstalações ou videoesculturas – “Obras tridimensionais, pertencen-tes ou não a um cenário, que combinam, usualmente, diversos monitoresagrupados em certa ordem ou disposição, e cujas imagens, distintas, comple-mentares ou seqüenciais, conduzem a um ‘complexo visual’ de tipo pictóricoou mesmo dramático”. Fonte: CUNHA, Newton. Dicionário Sesc: a lingua-gem da cultura. São Paulo: Perspectiva: Sesc São Paulo, 2003, p. 671.

Videoclipe – “É uma conjunção rítmica entre imagem e música. (...). Um con-junto em que predominam sensações visuais e auditivas livremente concebidase de atenção difusa”. Fonte: CUNHA, Newton. Dicionário Sesc: a linguagemda cultura. São Paulo: Perspectiva: Sesc São Paulo, 2003, p. 671-672.

BibliografiaBARBOSA JÚNIOR, Alberto Lucena. Arte da animação: técnica e estéti-

ca através da história. São Paulo: Ed. Senac São Paulo, 2002.

COSTA, Helouise (org.). Sem medo da vertigem: Rafael França. São Pau-lo: Marca d’Água, 1997.

material educativo para o professor-propositor

VIDEOARTE – EXPERIMENTOS DE IMAGEM

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ca. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1979.

MACHADO, Arlindo. A arte do vídeo. São Paulo: Brasiliense, 1988.

MORENO, Antonio. A experiência brasileira no cinema de animação. Riode Janeiro: Artenova, 1978.

PLAZA, Julio; TAVARES, Monica. Processos criativos com os meios ele-

trônicos: poéticas digitais. São Paulo: Hucitec, 1998.

SANTAELLA, Lucia. Culturas e artes do pós-humano: da cultura das mídiasà cibercultura. São Paulo: Paulus, 2003.

SQUIRES, Malcolm. O manual da Camcorder: curso prático para a cria-ção e a gravação de vídeos. São Paulo: Melhoramentos, 1993.

VENTURELLI, Suzete. Arte: espaço_tempo_imagem. Brasília: Ed.UnB, 2004.

Seleção de endereços sobre arte na rede internet

Os sites abaixo foram acessados em 17 set. 2005.

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FRANÇA, Rafael. Disponível em: <www.mre.gov.br/cdbrasil/itamaraty/web/port/comunica/video/pioneiro/rfranca/>.

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GUIMARÃES, Cao e NEUENSCHWANDER, Rivane. Dsiponível em:<www.zetafilmes.com.br/brasildigital/vencedores.asp>.

HILL, Gary. Disponível em: <www.djdesign.com/artists/ghill1.html>.

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PAIK, Nam June. Disponível em: <www.artcyclopedia.com/artists/paik_nam_june.html>.

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VIOLA, Bill. Disponível em: <www.secrel.com.br/jpoesia/ag47viola.htm>.

Notas1 A frase “Uma câmera na mão, uma idéia na cabeça” é creditada ao baianoGlauber Rocha que liderou o cinema novo e abriu o mercado internacional paraos filmes nacionais. Terra em transe e Deus e o diabo na terra do sol foram seusmaiores êxitos. Para saber mais, visite o site <www.tempoglauber.com.br/>.2 O documentário Rafael França: obra como testamento está disponívelna DVDteca Arte na Escola.

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3 FARKAS, Solange. 13º Videobrasil tem 644 trabalhos inscritos. Dispo-nível em: <www.novomilenio.inf.br>.4 FARKAS, Solange. In: HIRSZMAN, Maria. Começa amanhã o 13o

Videobrasil. Disponível em: <www.estadao.com.br/divirtase/ noticias/2001/set/18/216.htm>.5 Para saber mais: PAULA, Maria Lúcia Bueno Coelho de. Artes plásti-cas, fluxo visual globalizado e mudança na percepção. In: MOREIRA,Alberto da Silva (org.). Sociedade global: cultura e religião. Petrópolis:Vozes; São Paulo: Universidade São Francisco, 1998.6 PAULA, Maria Lúcia Bueno Coelho de. Fluxo e contrafluxos. In.: REDE

de tensão. Curadoria de Vitória Daniela Bousso. São Paulo: Imprensa Ofi-cial: Paço das Artes, 2001. Catálogo.7 O Fluxus foi um grupo de artistas de várias nacionalidades que colabo-ravam entre si na Europa, EUA e Japão durante a década de 60. Fonte:<www.mac.usp.br/projetos/arteconceitual/fluxus.htm>. Acesso em 17set. 2005.