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Créditos - artenaescola.org.br · que entramos nas cenas urbanas, descobrindo os insetos, os pequenos objetos, presentes nas séries de seu trabalho. ... Por um jogo sutil de claros

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EVANDRO JARDIM: caderno de gravuras

Copyright: Instituto Arte na Escola

Autores deste material: Marilene de Lima Korting Schramm e Rozenei Cabral

Revisão de textos: Soletra Assessoria em Língua Portuguesa

Diagramação e arte final: Jorge Monge

Autorização de imagens: Ludmila Picosque Baltazar

Fotolito, impressão e acabamento: Indusplan Express

Tiragem: 200 exemplares

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

(William Okubo, CRB-8/6331, SP, Brasil)

INSTITUTO ARTE NA ESCOLA

Evandro Jardim: caderno de gravuras / Instituto Arte na Escola ; autoria de

Marilene de Lima Korting Schramm e Rozenei Cabral ; coordenação de Mirian

Celeste Martins e Gisa Picosque. – São Paulo : Instituto Arte na Escola, 2005.

(DVDteca Arte na Escola – Material educativo para professor-propositor ; 12)

Foco: FC-8/2005 Forma-Conteúdo

Contém: 1 DVD ; Glossário ; Bibliografia

ISBN 85-98009-13-X

1. Artes - Estudo e ensino 2. Artes - Forma 3. Gravura 4. Jardim, Evandro

Carlos I. Schramm, Marilene de Lima Korting II. Cabral, Rozenei III. Martins,

Mirian Celeste IV. Picosque, Gisa V. Título VI. Série

CDD-700.7

Créditos

MATERIAIS EDUCATIVOS DVDTECA ARTE NA ESCOLA

Organização: Instituto Arte na Escola

Coordenação: Mirian Celeste Martins

Gisa Picosque

Projeto gráfico e direção de arte: Oliva Teles Comunicação

MAPA RIZOMÁTICO

Copyright: Instituto Arte na Escola

Concepção: Mirian Celeste Martins

Gisa Picosque

Concepção gráfica: Bia Fioretti

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DVDEVANDRO JARDIM: caderno de gravuras

Ficha técnica

Gênero: Documentário sobre o artista em seu ateliê.

Palavras-chave: Linha; luz; vida cotidiana; tempo; geografia;gravura; observação.

Foco: Forma-Conteúdo.

Tema: A obra de Evandro Carlos Jardim: sua trajetória, seumodo singular de ver o desenho e a gravura em metal.

Artistas abordados: Evandro Jardim, Dürer, Rembrandt e Goya.

Indicação: 7ª e 8ª séries do Ensino Fundamental eEnsino Médio.

Direção: Maria Ester Rabello.

Realização/Produção: Rede SescSenac de Televisão, São Paulo.

Ano de produção: 2000.

Duração: 23’.

Coleção/Série: O mundo da arte.

SinopseO documentário traz Evandro Jardim em seu ateliê no bairro paulistade Santo Amaro, sua fala sobre sua produção artística intercaladacom a voz em off da narradora. No primeiro, dos três blocos, odesenho de observação aparece como registro de imagens, espé-cie de referência visual e indicações para sua gravura em metal,explicada por ele. O documentário segue com uma visão históricasobre a gravura em metal e seu processo de impressão é mostradopelo artista, que comenta as diferenças existentes entre a linha nagravura e a linha do desenho, e fala sobre seu modo particular dever a cidade onde sempre viveu. O último bloco focaliza as diferen-ças entre água-tinta e água-forte, os temas do artista, retomadosem séries e a sua sensível pesquisa do traço, do sulco e da luz.

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Trama inventivaOnde se vê a forma, lá está o conteúdo. Kandinsky discute essaquestão de modo certeiro. Para ele, “a forma é a expressão ex-terior do conteúdo interior”1 A forma visual – linhas, volumes,cores,... e suas relações compositivas – é o meio pelo qual o artistadá ressonância, nos materiais, à sua idéia/pensamento e à emo-ção que quer expressar. A forma conjuga-se com a matéria pormeio da qual se exprime, ligada aos significados que imprimemcada artista, período ou época. Forma e conteúdo são, assim,intimamente conectados, inseparáveis, imantados. Aproximaçãodeste documentário ao território Forma-Conteúdo da cartografiaoferece acesso a vias de compreensão para além do olhar ana-lítico que separa a forma estética do conteúdo tematizado.

O passeio da câmera

A câmera nos aproxima do artista paulistano Evandro Carlos Jar-dim. Nossos olhos podem andar pelo seu ateliê, presenciar o seufazer. Com olhar-aprendiz, vemos suas ferramentas, a prensaconstruída por ele e seu gesto que acarinha as placas de metal, oradesenhando, ora preparando, ora imprimindo. A cidade está à suaporta, é visível pela janela em sua casa-ateliê, que já foi casa deseus pais, no bairro de Santo Amaro, zona sul da grande metrópole.

É na rua que o artista convida à observação da cidade, nos fa-zendo ver a luz que anima a estrutura dos fios no poste, sob océu iluminado. Evandro Jardim diz: “escrevo a luz”. E é por elaque entramos nas cenas urbanas, descobrindo os insetos, ospequenos objetos, presentes nas séries de seu trabalho.

Como um professor, Evandro Jardim mostra a gravura em metale destaca as diferenças entre a linha do desenho, plana, emduas dimensões, e a linha gravada em água-forte, tridi-mensional, profunda, repleta de intensidades tonais. Conduzi-dos pelo artista, adentramos na alquimia dos processos degravação e impressão em metal, percebendo as diferenças dasproduções com as técnicas de água-forte e de água-tinta.

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EVANDRO JARDIM – CADERNO DE GRAVURAS

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Dürer, Rembrandt e Goya alicerçam seu projeto poético. O de-senho é uma indicação e referência visual indo além da simplesdescrição narrativa. O preto e o branco predominam em suagravura. A cor aparece sutilmente em tons discretos, fazendoparte da obra apenas quando é indispensável. A linha, as áreasde luz e sombra, elementos de pesquisa no seu trabalho, modi-ficam-se constantemente, conforme as imagens emergem desua memória.

O documentário provoca relações com vários focos. Linguagens

Artísticas: a gravura, seus conceitos, procedimentos, técnicase materiais utilizados por artistas gravadores, e as relações como desenho e a aquarela. Conexões Transdisciplinares: geogra-fia, estética do cotidiano; Processos de Criação: a observaçãosensível do fazer artístico. Há também caminhos para dialogarcom a história da arte, focalizando a gravura brasileira no sécu-lo 20 e o movimento expressionista.

Alocar este material em Forma-Conteúdo, oferece proposi-ções pedagógicas sobre os elementos da visualidade: a linha,a luz e o interesse do artista pela vida cotidiana e pelo tempo,em suas séries.

Sobre Evandro Carlos Jardim(São Paulo/SP, 1935)

Eu tenho a impressão de que comecei a desenhar justamente no

momento que eu percebi que existia essa luz e esse contorno, que

para mim sempre foi extremamente misterioso.

Evandro Jardim

Ver o mundo por meio do desenho e da gravura. Valorizar cadalinha traçada. Esse parece ser o percurso de Evandro CarlosJardim, gravador, desenhista e professor. Um percurso“permeado pelo gráfico. Por um jogo sutil de claros escuros, oupara ser mais preciso ainda, de passagens – de tempo, deluminosidade ou temperatura, de uma quieta e calma sucessãode estados emocionais”2 .

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Silencioso e contemplativo, o artista desenvolve seu tra-balho sozinho em seu ateliê, onde elabora pessoalmentecada etapa das técnicas de gravação. Em sua caminhadaartística, opta por produções figurativas com caracterís-ticas expressionistas. Em seu trabalho, registros visu-

ais extraídos diretamente da experiência da percep-

ção ou que emergem de sua memória preenchem gran-

des cadernos. Traços e sulcos, sombras e luminosidades

tecem novas paisagens, imaginadas, inventadas,

reinventadas.

Organizado e minucioso recria nas chapas de metal as pai-sagens urbanas de São Paulo: o bairro de Santo Amaro,onde reside e trabalha desde o início do seu percurso artís-tico, o Pico do Jaraguá, as margens dos rios Pinheiros eTamanduatei, bem como bichos, pássaros e árvores. ParaFrederico Morais3 , ele é “um criador fenomenológico. Eleage de modo a transmitir o momento mesmo de sua con-templação – alumbramento - age de modo a envolver oespectador ativamente na atmosfera de sua obra. Nas mo-tivações de sua obra. Deseja que o espectador seja umcúmplice, a obra encarada como uma espécie de autobio-grafia do olhar”.

O tempo é preso por seu olhar andarilho, que não lhe

trai, pois sua passagem implacável fica registrada em

suas séries, testemunho também da processualidade

do tempo. Chega, inclusive, a levar as grandes placas comas quais trabalha para gravar as variações da imagem. Aspalavras, muitas vezes, deslizam neste tempo congelado, in-corporadas como elementos estéticos.

Evandro Carlos Frascá Poyares Jardim possui brilho próprio nopanorama da gravura brasileira, embora também crie pinturase esculturas. Sua obra, seu modo singular de produzir naartesania cuidadosa que recusa os desvarios do mercado dearte, seu grafismo sensível, requintado e minucioso têm influ-enciado toda uma geração de artistas no país.

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material educativo para o professor-propositor

EVANDRO JARDIM – CADERNO DE GRAVURAS

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Os olhos da arteSe elas [as gravuras] não falarem por si, eu não vejo nenhuma razão

para, também, falar por elas.

Evandro Jardim

Como linguagem, as gravuras nos falam, sem interesse pornossas possíveis respostas, como diria Carlos Drummond deAndrade4 . Falam “por si”?

Evandro Jardim não fala por elas no documentário, mas nosinicia na alquimia da linguagem de suas gravuras em metal.“Escrevo luz”, diz ele. Pela luz, visível por linhas e man-

chas, o artista é hábil em fazer a passagem entre o que vê

e o que isso pode significar. Seu olhar cartógrafo faz incur-

sões poéticas por picos e vales, rios e margens, num mer-

gulho na mudança da paisagem e a permanência na me-

mória da geografia paulistana.

A gravura, talvez, seja para o público uma linguagem artísticapouco conhecida. O próprio termo é empregado para qualquerilustração impressa, em qualquer meio. Pode ser desafiadoraprofundar o conhecimento sobre gravura por meio das obrasde artistas gravadores contemporâneos, como Maria Bonomi,Lívio Abramo, Marco Buti e Marcelo Grassmann, entre outros.Seria interessante buscar, na cartografia da DVDteca, outrosvídeos que falam sobre gravura.

Neste documentário, além da especificidade da gravura emmetal e das suas qualidades específicas, os olhos da arte nosroubam a atenção para algo singular: o que poderia ser o pontocomum entre Evandro Jardim e três artistas do passado: Dürer,Rembrandt e Goya? O primeiro, um renascentista (1471-1528),o segundo, um barroco (1606-1669) e o terceiro, vivendo apassagem entre o rococó e o romantismo (1746-1828).

Um forte elo com as obras desses artistas parece ser a luz, anatureza e o intimismo presentes na obra de Evandro Jardim.É, por exemplo, com uma gravura de Rembrandt que FaygaOstrower5 inicia uma aula ministrada para funcionários de uma

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grande gráfica, que tem como tema, um dos elementos davisualidade: a luz. Diz ela:

(...) é o contraste formal entre o claro e o escuro. Como elemento da

linguagem visual, a luz não deve ser confundida com a representação do

fenômeno natural luz. Nas pinturas renascentistas, por exemplo, a mai-

oria das imagens mostra a claridade difusa da luz do pleno dia; mas o

elemento visual que é elaborado formalmente nesses quadros é o volu-

me. Já no Impressionismo, os artistas descrevem a luminosidade atmos-

férica; mas quando examinamos a estrutura do espaço impressionista,

vemos que o elemento formal elaborado não é a luz e sim a cor.

Na gravura citada, assim como em outras obras de Rembrandt,a luz é mais do que volume, cria uma atmosfera em que aexpressividade se deixa aflorar por silêncios e pela luminosidade,em uma composição na qual valores claros e escuros criam con-trastes com intensidades diversas, na qual “os brancos mais al-vos se conjugam com os pretos mais aveludados, ele próprioparecendo irradiar luminosidade”6 . Nessas obras, Rembrandt nãoestá preocupado com a luz enquanto criadora de espaços ouvolumes, ou com representações fiéis à realidade, mas comoelemento carregado de significações expressivas. O objeto ou afigura não são iluminados, mas, sim, eles próprios fonte de luz.

Evandro Jardim - Jaraguá, sinais, manchas e sombras (série), 1979

Gravura em metal (água forte, água tinta) 46x59 cm.

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EVANDRO JARDIM – CADERNO DE GRAVURAS

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A visualidade da luz como sig-nificação também está pre-sente na gravura Melancolia

de Dürer. Segundo Arnheim7 ,em oposição à simbologia daépoca, que representa a me-lancolia com um rosto negro,um estado depressivo damente, Dürer subverte a or-dem realista, colocando amulher melancólica de costaspara a luz, por isso a obscuri-dade de seu rosto.

A famosa gravura O sonho

da razão engendra mons-

tros, da série Caprichos deGoya, desperta a interpre-tação de Huyghe8 para as“trevas do cérebro adorme-cido” que parecem mostrar os subterrâneos da mente. Maisuma vez a luz ganha a força expressiva, para além da des-crição de algo.

A percepção da luz por Evandro Jardim parece trazer uma

questão igualmente interessante: a passagem do tempo.

Sobre o Pico do Jaraguá, recorrente em suas gravuras, diz

ele no documentário: “em cada época, em cada ano, em

cada luz, porque a cada dia a luz se modifica muito, muito.

Você tem a luz e a sombra contidas nesta montanha”. Luze sombra produzidas pelo gesto que desenha no papel, na pla-ca coberta de breu ou de verniz, com linhas que ganham inten-sidades tonais diferentes.

A natureza sentida por olhares voltados para o mundo externosem perder o tom intimista é revelada pela luz, nesses quatroartistas, trazendo para esta análise, entre as múltiplas possí-veis, uma conexão carnal entre forma e conteúdo.

Evandro Jardim - As ilusões (série)

Gravura em metal (água forte, água tinta)

33,5 cm x 11,4 m.

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O passeio dos olhos do professor

Como você poderia explorar o documentário em sala de aula?O seu registro ao vê-lo, as anotações de suas impressões emum diário de bordo podem subsidiar uma reflexão pedagógica,que continuará durante o estudo realizado com os alunos.

Nesta caminhada pedagógica, sugerimos uma pauta do olhar, quepoderá ser acrescida ou modificada, utilizada na primeira exibi-ção ou somente após a apresentação de todo o documentário.

O que o documentário desperta em você?

As imagens apresentadas lhe remetem a algum lugar espe-cífico? Provocam a sua memória?

De que maneira o cotidiano influencia na obra gráfica do artista?

Para você, como o desenho é enfocado na obra de EvandroJardim? Que temática é explorada pelo artista?

Como o artista usa a luz e a linha em sua obra? Isto poderiadesencadear algum projeto na escola?

Que foco de pesquisa pode ser estimulado em sala de aulamediante observação do documentário?

Que contribuições o documentário proporciona para o seu co-nhecimento sobre a linguagem da gravura, vida e obra deEvandro Jardim?

As suas anotações e a reflexão de como instigar o olhar dos alu-nos durante a observação do documentário podem ajudar a de-finir o foco norteador. Este será seu ponto de partida.

Percursos com desafios estéticosO mapa proposto a partir do documentário, dentro do focoForma-Conteúdo pode conduzir para vários caminhos, depen-dendo da realidade da escola e do interesse dos seus alunos.Apresentamos, a seguir, alguns dos possíveis percursos de tra-balho, que percebemos potencialmente impulsionadores deprojetos para o aprender-ensinar arte. Os caminhos sugeridos

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EVANDRO JARDIM – CADERNO DE GRAVURAS

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não precisam ser seguidos linearmente. Escolha por onde co-meçar, aonde passear com seus alunos, em que partes perma-necer mais tempo, o que descartar.

O passeio dos olhos dos alunos

Estas sugestões, além de outras que podem ser geradas, são comochaves para abrir portas para a exibição do documentário, desper-tando a reflexão sobre as questões de forma e conteúdo e animan-do pelas ações expressivas a conversar e socializar a apreciação.

O início deste projeto pode ser marcado pela percepção dapaisagem da cidade, mais especificamente do bairro onde aescola está inserida - limite gráfico para o trabalho a ser desen-cadeado – alcançada por meio de um passeio para aproximaçãodos alunos com a realidade visível. Você pode propor aos alunoso registro gráfico e escrito de cenas significativas, observadasno decorrer do passeio. Em sala de aula, a reunião dos alunospara uma reflexão coletiva sobre a paisagem urbana registrada,o destaque das mudanças ocorridas no bairro, introduz para aexibição do segundo bloco do documentário, que pode ser esti-mulada com perguntas prévias: uma pauta do olhar.

O que Evandro Jardim comenta sobre o bairro em que vive?

De que maneira o cotidiano influencia na obra gráfica do artista?

Quais as diferenças e semelhanças entre os desenhosdo gravador e os dos alunos?

Que idéias são geradas ao ver este documentário?

Os registros desenvolvidos pelos alunos e os comentáriosrealizados pelo artista podem gerar uma problematizaçãoestimulante para prosseguir com este projeto.

Você teria condições de mostrar aos alunos matrizes degravura em metal como placas, ferramentas e originais im-pressos? Se não for possível, você poderia instigá-los apensar em como as revistas, capas de CD, os livros, etc sãoimpressos. Convidá-los para assistir o terceiro bloco dodocumentário, acompanhado de uma pauta do olhar paratorná-los mais atentos.

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Zarpand

buril, tinta tipográfica, ácidos,prensa, breu, ponta-seca

papel, chapa de metal,pesquisa de outrosmeios e suportes

suporteferramentas

Materialidade

ConexõesTransdisciplinares

arte e ciênciasda natureza

meio ambiente

geografia

arte e ciênciashumanas

qual FOCO?

qual CONTEÚDO?

o que PESQUISAR?

do

Forma - Conteúdo

elementos davisualidade

linha, luz e sombra (valor), superfície,mancha, ponto, retícula, textura, volume

relações entre elementosda visualidade

composição, proporção,bidimensionalidade,tridimensionalidade

temáticasfigurativa: vida cotidiana, tempo,paisagem, natureza, mundo animal

SaberesEstéticos eCulturais

história da arte gravura contemporânea, gravura expressionista

Linguagens Artísticas

artesvisuais

meiostradicionais

gravura em metal, água-tinta, água-forte,desenho, desenho de observação, aquarela

Processo deCriação

ação criadora

coleta sensorial, vigília criativa,observação sensível

potências criadoras

poética pessoal intimista, vigília criativa, anotações,percurso de experimentação, cadernos de desenho,gesto conduzido pela ferramenta, domínio técnico

organização, invenção de recursos,referências de artistas

ambiência do trabalho

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Qual o tratamento dado pelo artista à placa de metal?

Qual a diferença do processo de água forte e água tintada gravura em metal?

Que idéias são geradas ao ver este documentário?

Em duplas os alunos podem refletir sobre essas perguntas esocializar suas questões ao grupo, ampliando com as infor-mações já conhecidas sobre a xilogravura e serigrafia, porexemplo. A sua leitura desta ação, observando atentamenteas respostas dos alunos, pode motivá-los para o início de umprojeto, envolvendo atividades práticas de gravura.

A exibição do primeiro bloco do documentário pode ocorrerapós o pedido de registro das imagens que chamaram maisa atenção de cada aluno. É um bom início desafiá-los a iden-tificar no documentário a temática, a linguagem e o proces-so de gravação que é utilizado por Evandro Jardim.

Outra possibilidade é apresentar imagens do trabalho de gra-vadores brasileiros que utilizam a paisagem urbana e a luz nainvenção de suas obras. O vocabulário utilizado nas justifica-tivas é revelador dos aspectos que os alunos consideram im-portantes nas obras. Apresentando, então, o primeiro blocodo documentário, o desafio pode ser identificar a temática, alinguagem e o processo de gravação que é utilizado por EvandroJardim, relacionando com os demais artistas estudados.

Com certeza, você também encontrará novas alternativas de traba-lho a partir da realidade de sua escola e de seus alunos. O que podeacontecer se você apresentar o documentário inteiro de uma só vez?

Ampliando o olharUm olhar que fotografa

A documentação fotográfica de cenas do cotidiano, do bairro, daescola, da sala de aula, focando paisagens, pessoas, animais, podeser uma boa referência para a percepção da luz, da composição,em relação à hora do dia em que a foto foi feita. Pode tambémgerar a produção de desenhos e gravuras. Como os alunos utili-

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EVANDRO JARDIM – CADERNO DE GRAVURAS

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zam a luz? Para dar volume, para melhor descrição do que vêemou a utilizam expressivamente, construindo uma atmosfera car-regada de significados para além das aparências?

O olhar que entrevista a gravura

O segundo bloco do documentário apresenta uma visão amplada gravura, do uso antes da imprensa ao uso da água-forte e asséries produzidas por Evandro Jardim. Observando atentamentea fala do artista e as imagens, os alunos podem perceber me-lhor as potencialidades da gravura, especialmente se você ini-ciou focalizando as questões da luz e do desenho. Que ques-tões você pode lançar para problematizar a linguagem da gra-vura em metal? Eles conhecem outras formas de gravação? Estaampliação do olhar pode gerar uma visita ao ateliê de artistasgravadores, curso de artes, museus, entre outros, para conhe-cer o espaço de criação e produção artística desta linguagem.

O olhar que brinca com a luz

Uma sala escura é sempre muito mágica. Com lanternas, espe-lhos e tecidos esvoaçantes pode ser ainda mais. Com música,então, cria um ambiente perfeito para a exploração da luz, ilumi-nando de baixo para cima, de cima para baixo, mais distante,mais próximo, com muita ou pouca potência. O retroprojetor,por exemplo, tem uma luz bastante potente para despertarimprovisações corporais, que podem ser desenhadas no ato. Amagia pode tomar conta da classe, assim como os lobisomens...

A geografia

Evandro Jardim tem um olhar-artista pesquisador da nature-za. Picos e vales, rios e fios, nos fazem ver a cidade de mododiverso. Poderíamos imaginar a geografia das cidades antesda ocupação humana. Como ela seria? Perceber o desenho doshorizontes, dos traçados de rios e lagos, pode ampliar o olharsobre a natureza e desencadear produções interessantes, sejaem forma de desenho, de gravuras, de contos ou poesias, oumesmo, videoclipes.

Dessas propostas apresentadas, sempre surgem novas questõese desafios a serem pesquisados pelos alunos juntamente com você.

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Desvelando a poética pessoalO desenho alimenta a produção artística de Evandro Carlos Jar-dim. O artista percebe o mundo por meio do desenho e da gravu-ra, produzindo ao ar livre diretamente em contato com o cotidi-ano, revendo a geografia de sua amada cidade, no desenho deseu contorno. Para ele, “vale tanto uma grandiosa vista da cida-de quanto o vidro de tinta para caneta tinteiro que está sobresua mesa de trabalho”.9 E faz isto de uma maneira muito pesso-al, muito intimista. Segundo Galvão10 , Jardim “consegue regis-trar a passagem do tempo – sua preocupação primordial. Paraconseguir isso ele, ao contrário da maioria dos artistas moder-nos que se recolhem aos estúdios, percorre permanentemente asua paisagem, chegando a levar até o local escolhido as grandesplacas de metal em que irá gravar as variações da imagem”.

Do mesmo modo, desenhos de observação podem alimentar aexperiência sensível dos alunos de sentirem-se frente a umarealidade visível, explorando a linha, as formas, as texturas, aluz e a sombra, criando uma nova realidade, na busca de seumodo singular e intimista de revelá-la.

Olhar pela janela do quarto, sair pelas ruas, desenhar dentro deônibus, buscar cenas do cotidiano transformam-se em referênciaspara a criação de uma poética pessoal. A observação atenta dapaisagem visitada, captando a realidade visível e invisível do entor-no onde se está inserido, com um olhar crítico ou idealista, minimalistaou rebuscado, pode proporcionar desafios interessantes.

Ao final do projeto, uma exposição destes desenhos, revela as po-éticas pessoais, as escolhas, as qualidades formais de cada aluno.

Conhecendo pela pesquisaPara o crítico Frederico Morais11 , Evandro Jardim:

Aprendeu a ver o mundo pela gravura, ou antes, pelo desenho ou

anotações que o antecederam. E este modo de ver o mundo grafica-

mente é como uma extensão de seu viver, do seu cotidiano, algo as-

sim como andar, ler o jornal, falar com um amigo, vestir-se ou deslo-

car-se entre seus pertences, objetos, paisagens, arquiteturas.

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material educativo para o professor-propositor

EVANDRO JARDIM – CADERNO DE GRAVURAS

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Ver o mundo graficamente pode gerar uma pesquisa sobrea gravura, incentivando a busca de mais informações sobreessa linguagem. Nesse estudo, é importante considerar oselementos constitutivos da gravura como matriz/gravaçãoe impressão/cópia.

Você pode mediar uma pesquisa com materiais não conven-cionais que sirvam à criação de matrizes e impressão de gra-vuras: por exemplo, oferecendo para a criação de matrizespratinhos planos de isopor (como os utilizados nos super-mercados) ou a parte prateada das embalagens tetraplacde leite, chapas de raio X, etc. Utilizando como goivas pa-litos, pregos, agulhas de crochê, tampas de caneta esfero-gráficas, é possível fazer sulcos que receberão tinta tipo-gráfica ou guache, nanquim, cola com pigmento, PVA12 , etc.

A pesquisa pode ser complementada com outras técnicasde gravura, como a xilogravura, a litografia, a serigrafia, e autilização do computador. A entrevista com artistas e pro-fessores que trabalham com gravura pode ampliar os co-nhecimentos técnicos desta linguagem.

A pesquisa pode ser iniciada pela linguagem do cinema, jáque utiliza com grande força a luz como mediadora de emo-ções, de suspense, em fim, de expressão. Quais trechos defilmes os alunos, em grupo, podem trazer para a classe ana-lisar? Cada grupo pode elaborar uma pauta para o olhar dosoutros grupos, para ampliar a percepção da luz e suas resso-nâncias no corpo de cada aluno. Como sugestão, A mulher

com o brinco de pérolas (que aborda o artista holandêsVermer) e Goya. Você lembra de algum outro filme da atua-lidade, de suspense, por exemplo?

Destes filmes, a investigação poderia voltar para Evandro Jar-dim, que considera a linha condutora de luz (veja a próximasugestão). Apaixonado pelo Pico do Jaraguá, Jardim estudaas possibilidades de luz e sombra nesta montanha e as trans-forma também em manchas. Com quais materiais os alunospoderiam pesquisar as manchas? Sobre quais suportes? Con-vencionais ou não?

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Qual o comentário feito por Evandro Jardim, no documen-tário, sobre as diferenças no efeito visual existente no resul-tado de uma linha feita com a técnica em água forte e da li-nha normal de um desenho plano? Você pode exibir odocumentário privilegiando esse momento e iniciar uma pes-quisa sobre as qualidades da linha. Verificar as diferençasentre os traços feitos com ferramentas diferentes (convenci-onais ou não, como um prego, uma agulha, o dedo, o cotove-lo, etc),sobre suportes (convencionais como o papel, ou ou-sados como uma folha de bananeira, uma placa de isopor oude argila, talco espalhado sobre uma mesa, ou tinta, etc...).Que outros artistas também trabalharam com a linha e coma luz? Além dos já citados, há outros artistas presentes naDVDteca que têm esses termos como palavras-chave.

No último bloco do documentário, Evandro fala das miniaturasde objetos que usa como referência para seus desenhos e gra-vuras. As maquetes fazem parte de nossa cultura visual, es-pecialmente para quem vive em cidades onde a expansão imo-biliária as utiliza para a venda de prédios de apartamentos ouescritórios. Há também muitas pessoas que colecionam mini-aturas, seja de móveis, de louças, de bonecas, de carros. Comosão feitas? Artistas também criaram com miniaturas13 ? Dapesquisa de cenas do cotidiano e miniaturas de objetos paraserem observadas e analisadas, servindo de referência paradesenhos e gravuras, o que os alunos podem inventar?

Que relações podem ser identificadas entre as pinturas e asgravuras expressionistas?

Amarração de sentidos: portfólioA organização e a valorização dos estudos e das produções reali-zadas são importantes no fechamento de um projeto. A constru-ção de um portfólio, contendo registros escritos, gráficos e foto-gráficos, personalizado, com estética e característica próprias,poderá dar aos alunos novos sentidos ao processo vivenciado.

Um modo de elaborar o portfólio pode ser a criação de uma proposta

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material educativo para o professor-propositor

EVANDRO JARDIM – CADERNO DE GRAVURAS

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visual como a de Evandro Jardim naquele trabalho que traz as partesunidas numa única folha e que se abre como um zigue-zague, permi-tindo a composição de diferentes modos. Se for necessário, apresen-te esta idéia de Jardim, mostrando o documentário novamente.

Valorizando a processualidade

Onde houve avanço? O que os alunos puderam conhecer?

A socialização do processo e a apresentação da produção de-senvolvida pelos alunos no decorrer das aulas são fundamen-tais. O portfólio pode ter uma importância significativa comoregistro deste estudo, servindo de reflexão para a avaliação dosalunos e para a de seu próprio trabalho. Para vivenciar estemomento, um seminário de socialização dos portfólios pode serproveitoso para impulsionar os alunos à percepção dos avan-ços e daquilo que poderia ter sido feito.

Outra idéia interessante pode ser uma simulação de programasde tv ou rádio como telejornais, noticiários, documentários. Osalunos podem participar como repórteres, entrevistados, audi-tório, personalidades que tratarão de falar dos portfólios.

O professor pode também usar o recurso do vídeo, gravandoas falas e apresentações da produção dos alunos.

É também o momento para avaliar o que você, como professor,conheceu e ampliou a partir deste projeto. Que desafios foramvencidos? Que novas possibilidades se apresentam para esteestudo? Ele se esgotou ou pode abrir novas frentes de interes-se para a pesquisa? O que você percebe que ampliou na suaação pedagógica? Este projeto proporcionou mudanças namaneira de iniciar um trabalho com conteúdos de arte? Queoutros vídeos podem ser buscados na DVDteca?

GlossárioÁgua-forte – processo de gravação indireta sobre matriz de metal, cujasuperfície é isolada com verniz próprio. A gravação se faz a partir do dese-nho com uma ponta metálica que permite a remoção do verniz, expondo ometal e mergulhando a matriz numa solução de ácido nítrico ou percloretode ferro, sendo este menos nocivo à saúde ou meio ambiente. Fonte:

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CATAFAL, Jordi e OLIVA, Clara. A gravura. A técnica e os procedimentosem relevo, em cavado e por adição. Lisboa: Estampa, 2003, p.156.

Água-tinta – processo de gravura em metal, com a aplicação de breu empó sobre superfície da chapa a fim de se obter tons variados. Fonte:CATAFAL, Jordi e OLIVA, Clara. A gravura. A técnica e os procedimen-tos em relevo, em cavado e por adição. Lisboa: Estampa, 2003, p.156.

Buril – principal instrumento do gravador. Trata-se de uma pequena barrade aço temperado, cortada obliquamente na extremidade de modo a tor-nar-se pontiaguda, com diferentes pontas que cortam a chapa de cobre,abrindo linhas profundas e delgadas. Seu cabo curto e arredondado éempurrado pela palma da mão, enquanto os dedos guiam a ponta. O mes-mo nome é aplicado às pedras lascadas usadas pelo homem paleolíticopara gravar ossos, pedras, etc. Fonte: CHILVERS, Ian. Dicionário Oxford

de arte. São Paulo: Martins Fontes, 1996, p. 85-86

Gravura – arte de formar matrizes por meio de incisões e talhos, ou fixar pormeios químicos, em metal, madeira, pedra, material sintético, etc. imagens e ele-mentos gráficos para reprodução e multiplicação por entintamento e estampagem,manual ou mecanicamente.

(Explicação dos autores do texto; veja também CATAFAL, Jordi e OLIVA,Clara. A gravura. A técnica e os procedimentos em relevo, em cavado epor adição. Lisboa: Editorial Estampa, 2003, p.157.)

Gravura em metal – o mesmo que calcogravura. A gravura em metal surgiunos ateliês de ourivesaria e de armaduras, no século 15, onde era usual aimpressão de desenhos das jóias e brasões em papel para melhor visualizaçãodas imagens. É uma técnica refinada que permite grande liberdade ao artista,podendo ser realizada em diferentes técnicas, sendo as principais: buril e pontaseca, água-forte, água-tinta. Fonte: <http://www.cantogravura.com.br/index.html>. Acesso em 5 mar. 2005.

Goivas – ferramenta de seção côncavo-convexa, com o corte do ladocôncavo, utilizada por artesãos e artistas para talhar os contornos de peçasde madeira, metal ou pedra. Fonte: Dicionário eletrônico Houaiss da lín-

gua portuguesa.

Linha – elemento da visualidade que podemos considerar como o espelho dogesto no espaço do papel. O ponto sai do repouso, passeia pelo papel vislum-brando, dele mesmo, uma memória do trajeto; eis a linha. A linha é o depósitográfico da pulsão, do ritmo, do movimento, da ação motora e energética, revelan-do no papel pontos, traços, manchas, resultantes da interação mão/gesto/ins-trumento. Desta interação nascem as qualidades expressivas da linha: a intensi-dade, a duração, a espessura, a dimensão, o ritmo, a tensão, a tipologia. Fonte:DERDYK, Edith. Formas de pensar o desenho. São Paulo: Scipione, 1988.

Luz – é o elemento da visualidade que se identifica no contraste formalentre o claro e o escuro (valor). Possibilita uma vibração espacial, possi-

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bilitando efeitos de avanço e recuo, de expansão e contração, criandovolume e profundidade, pausas e ritmos intensificados. Apresenta tam-bém qualidades expressivas e simbólicas. Fonte: OSTROWER, Fayga.Universos da arte. Rio de Janeiro: Campus, 2004.

BibliografiaCABRAL, Rozenei Maria Wilvert. A desmistificação do ensino da gravura:

uma experiência com a prática de ensino. Dissertação (Mestrado em Edu-cação e Cultura) - Centro de Ciências da Educação, - Universidade doEstado de Santa Catarina, Florianópolis, 2003.

CAIXA de Cultura. Gravura: história e técnica. São Paulo: Itaú Cultural, 2002.

CATAFAL, Jordi e OLIVA, Clara. A gravura. A técnica e os procedimentosem relevo, em cavado e por adição. Lisboa: Estampa, 2003.

MACAMBIRA, Yvoty. Evandro Carlos Jardim. São Paulo: Edusp, 1998. (Artis-tas brasileiros).

MARTINS, Itajahy. Gravura: arte e técnica. São Paulo. FundaçãoNestlé,1996.

OSTROWER, Fayga. Luz. In: Universos da arte. Rio de janeiro: Campus, 1991, p.96-97e 223-233.

KOSSOVITCH, Leon; LAUDANNA, Mayra, RESENDE, Ricardo. Gravura

brasileira. São Paulo: Cosac & Naify/ Itaú Cultural, 2000.

Seleção de endereços sobre gravura e arte na rede internet

Os endereços eletrônicos abaixo foram acessados em 14 mar. 2005.

DÜRER. Disponível em: <www.portalartes.com.br/portal/article_read.asp?id=461>.

___. Sobre a obra Melancolia, disponível em: <www.artewebbrasil.com.br/espaco/mariahelena5.htm>.

GRAVURA. Disponível em: <www.gravura.art.br/>.

___. Disponível em: <www.cantogravura.com.br/>.

___. Disponível em: <www.moma.org/exhibitions/2001/whatisaprint/print.html>.

GOYA. Disponível em: <www.bne.es/Goya/hall_estampas.html>.

GOYA. Direção: Carlos Saura. Espanha,1999. filme. (Site Oficial). Dispo-nível em: <www.spe.sony.com/classics/goyainbordeaux>.

JARDIM, Evandro. Disponível em: <www2.uol.com.br/evandrojardim/>

___. Disponível em: <http://mac.mac.usp.br/exposicoes/98/herancas2/jardim.html>.

___. Disponível em: <www.pucsp.br/artecidade/site97_99/ac3/artist/evandro_jardim.html>.

REMBRANDT. Disponível em: <www.nga.gov/cgi-bin/>.

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Notas1 KANDINSKY, Wassily. Sobre a questão da forma. In: Olhar sobre o pas-

sado. São Paulo: Martins Fontes, 1991, p. 118.2 MORAIS, Frederico. Evandro Carlos Jardim. In: Leon KOSSOVITCH, et al , p.196.3 Op cit., Frederico MORAIS, p. 196.4 Disse o poeta “Chega mais perto e contempla as palavras. Cada uma temmil faces secretas sob a face neutra e te pergunta, sem interesse pela respos-ta, pobre ou terrível, que lhe deres: Trouxeste a chave?” (ANDRADE. CarlosDrummond de. Antologia poética. Rio de Janeiro: Record, 1985, p.187).5 As aulas ministradas por Fayga para operários de uma fábrica originaram seulivro Universos da arte, com primeira edição em 1983. A citação encontra-se nap. 96. A obra de Rembrandt está disponível em: <http://www.rijksmuseum.nl/images/aria/rp/z/rp-p-ob-601.z>. Acesso em: 24 fev. 2004.6 Op cit., Fayga OSTROWER, p.223.7 Arnheim (2002, p.315) comenta: “Representava-se tradicionalmente a melan-colia com o rosto negro, porque se supunha que um escurecimento do sangue –a palavra “melancolia“ significa literalmente “bile preta”- fosse a causa do estadodepressivo da mente. Dürer coloca a mulher melancólica com as costas voltadaspara a luz, de modo que seu rosto fique na sombra. Deste modo, a obscuridadede seu rosto e, pelo menos em parte, justificada pela ausência da luz.” É precisolembrar que nesta época teorizava-se sobre os quatro humores humanos:sangüíneo, fleumático, colérico e melancólico. Pode-se saber mais sobre esta obraem: <http://www.artewebbrasil.com.br/espaco/mariahelena5.htm>. Acessoem: 24 fev. 2005.8 Veja a gravura em: <http://www.bne.es/Goya/es_home_caprichos.html>,lista de obras – p.3, gravura 43. Acesso em: 24 fev. 2005. Há uma interessan-te leitura desta obra em: HUYGHE, René. O poder da imagem. Lisboa, Edi-ções 70, 1986.9 GALVÃO, João Candido. 1986 - Gravura arte brasileira do século XX.

In: Leon KOSSOVITCH, et al, p.196.10 Ibidem.

11 MORAIS, Frederico. In: Brazilianart III. Livro de arte brasileira. São Paulo: JC,2003, p. 196-7.12 Pode-se utilizar tinta de parede látex (PVA) branca, acrescendo pig-mentos para colorir. É preciso tomar cuidado com alunos que podem teralergia, pois o cheiro é um pouco forte. Procure trabalhar em ambientesbem arejados.13 A artista paulista Jeanette Musatti cria mundos fantásticos com suasminiaturas. Você pode conhecê-la na DVDteca Arte na Escola.

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