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Cristiana Maria Valente Gonçalves
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade
Online dos Municípios Portugueses
Dissertação de Mestrado
Mestrado em Ciência Política
Trabalho efetuado sob a orientação de
Professor Doutor António Fernando Freitas Tavares
Professora Doutora Mariana Lameiras de Sousa
março de 2019
II
DECLARAÇÃO
Nome: Cristiana Maria Valente Gonçalves
Correio eletrónico: [email protected]
Telemóvel: 965289627
Número do Cartão de Cidadão: 14309416
Título da dissertação: Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios
Portugueses
Ano de conclusão: 2019
Orientador: Professor Doutor António Fernando Freitas Tavares e Professora Doutora Mariana
Lameiras de Sousa
Designação do Mestrado
Mestrado em Ciência Política
Escola: Economia e Gestão
É AUTORIZADA A REPRODUÇÃO INTEGRAL DESTA DISSERTAÇÃO APENAS PARA
EFEITOS DE INVESTIGAÇÃO, MEDIANTE DECLARAÇÃO ESCRITA DO INTERESSADO, QUE A TAL
SE COMPROMETE.
Braga, ___/___/_____
Assinatura: ______________________________________________________________
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
III
Agradecimentos
Aos meus orientadores, Professor António e Doutora Mariana, por toda a disponibilidade,
por toda a atenção, por toda a ajuda, por toda a partilha e orientação prestada ao longo de todo o
processo de realização da dissertação.
Aos meus pais, Rute e José, e ao meu irmão, Simão, por serem os alicerces da minha
vida.
Aos meus amigos que sempre me incentivaram, me deram força para continuar e às
amizades de todas as horas, Joana, Guida, Margarida, Bea, Diana, Rolo, Xana, Olga e Miguel. À
Alexandra, à Sónia, à Rita, ao Du e ao Diogo, também, por toda a ajuda e paciência. À Helena,
companheira nesta caminhada, por toda a disponibilidade, ajuda, apoio e paciência.
Aos meus avós, ainda que não estejam presentes fisicamente, estiveram sempre comigo
e ajudaram-me a que tudo fosse possível.
Obrigada!
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
IV
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
V
RESUMO
Este trabalho tem como tema a estratégia de comunicação e atividade online dos
municípios portugueses. A atual tendência para o investimento na comunicação e interação
através das plataformas digitais reveste-se de particular importância ao considerarmos a
proximidade dos cidadãos com os governos locais. A mudança pode ser necessária a vários níveis
e envolver processos de modernização da comunicação e interação entre os responsáveis dos
governos locais e os seus munícipes. Este foco na participação eletrónica tem o intuito de potenciar
a provisão mais eficiente de serviços e um maior envolvimento dos cidadãos através dos media
digitais.
Dadas as diferenças entre municípios em Portugal, propomo-nos identificar as práticas
internas dos governos locais portugueses para a gestão da sua presença nas redes sociais e
investigar em que medida as estratégias de comunicação digital dos municípios portugueses
condicionam e moldam a sua presença e gestão das redes sociais. Para isso, foram realizadas
entrevistas semiestruturadas a responsáveis pela comunicação dos nove municípios com níveis
de interação (relação entre número de gostos, comentários e partilhas) mais elevados nas páginas
institucionais de Facebook, que representam uma amostra de cinco municípios de grande
dimensão, que inclui a aplicação do município de pré-teste da aplicação do guião de entrevista, e
quatro municípios de pequena dimensão.
A análise dos dados recolhidos indica que o planeamento e implementação de uma
estratégia digital não foram determinantes para a presença dos municípios portugueses nas redes
sociais numa fase inicial. Em contrapartida, permitem constatar que, na generalidade dos
municípios, a existência de uma estratégia de comunicação digital influencia a gestão e atividade
regular dos municípios nas redes sociais.
Palavras-chave
Comunicação digital; Comunicação interna; Redes sociais; Municípios.
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
VI
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
VII
ABSTRACT
This work focuses on communication strategies and online activity of Portuguese local
governments. The current trend for the investment in communication and interaction through
digital platforms is particularly relevant when considering the proximity between citizens and local
governments. Change may be necessary at various levels and involve processes of modernization
of communication and interaction between local governments and citizens. The emphasis on
electronic participation is intended to foster more efficient services’ provision and greater
involvement of citizens through digital media.
Given the differences between Portuguese local governments, we propose to identify the
internal practices adopted with the aim of managing their social media presence, as well as to
investigate to what extent digital communication strategies shape their social media presence and
management. To this end, nine semi-structured interviews were conducted with those responsible
for communication of local governments with the highest interaction levels (ratio of likes, comments
and shares) in institutional Facebook accounts. This sample represents five large municipalities,
including the pre-test application of the interviews’ script, and four small municipalities.
The analysis of data collected points out that the planning and implementation of a digital
strategy were not pivotal for the social media presence of Portuguese local governments at an early
stage. On the other hand, it indicates that, in most local governments, the existence of a digital
communication strategy influences the management and regular activity in social media.
Keywords
Digital communication; Internal communication; Social Media; Local governments.
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
VIII
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
IX
ÍNDICE
Agradecimentos .............................................................................................................................III
RESUMO ....................................................................................................................................... V
ABSTRACT ................................................................................................................................... VII
Lista de Tabelas .............................................................................................................................XI
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................13
1.1. Definição do tema, o contexto e a sua relevância ...................................................................13
1.2. Objetivos do estudo ............................................................................................................14
1.3. Pergunta de investigação .....................................................................................................14
1.4. Estrutura da dissertação ......................................................................................................15
2. REVISÃO DA LITERATURA ......................................................................................................17
2.1. Processos de modernização nas administrações públicas ..................................................17
2.2. As ferramentas Web 2.0 e as suas potencialidades: o surgimento do e-government..............19
2.3. A adoção de social media ...............................................................................................21
2.4. O envolvimento dos cidadãos ao nível local ......................................................................23
2.5. Transparência e interatividade: o papel das redes sociais ..................................................24
2.6. Utilização de sites de redes sociais pelas instituições governamentais .................................27
2.7. Impacto de fatores organizacionais na adoção de medidas inovadoras ................................30
3. ABORDAGEM METODOLÓGICA ...............................................................................................34
3.1. Introdução ....................................................................................................................34
3.2. Instrumento de recolha de dados ....................................................................................34
3.3. O guião da entrevista .....................................................................................................37
3.4. Análise qualitativa de dados ............................................................................................38
4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .............................................................................40
4.1. Análise de conteúdo descritiva ........................................................................................40
4.1.1. Perfil do entrevistado..............................................................................................40
4.1.2. Características e dinâmicas organizacionais .............................................................42
4.1.2.1. Objetivos iniciais ....................................................................................................42
a) Objetivos da comunicação digital .....................................................................................42
b) Vantagens/Benefícios ....................................................................................................43
c) Desvantagens/Riscos/Desafios .......................................................................................45
4.1.2.2. Recursos...............................................................................................................45
a) Recursos humanos ........................................................................................................46
b) Recursos técnicos ..........................................................................................................48
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
X
c) Recursos financeiros ......................................................................................................49
4.1.2.3. Dinâmicas (internas) ..............................................................................................50
a) Processo de gestão das contas .......................................................................................51
b) Produção de conteúdos e tipo de conteúdos publicados ....................................................52
c) Estratégias de marketing para a publicação de conteúdos..................................................53
d) Abertura das páginas aos cidadãos/Comentários ..............................................................55
e) Moderação das páginas..................................................................................................56
f) Confirmação de existência de uma estratégia de comunicação ...........................................56
4.1.3. Liderança ..............................................................................................................57
4.1.3.1. Perfil do líder do Executivo ......................................................................................57
4.1.3.2. Atividade online do líder do Executivo .......................................................................59
4.1.4. Presença nas redes sociais .....................................................................................60
4.1.4.1. Plataformas em que o município tem conta oficial .....................................................60
4.1.4.2. Expectativas iniciais relativas à presença e utilização das plataformas digitais ..............62
4.2. Análise Inferencial .........................................................................................................62
5. LIMITAÇÕES E DIFICULDADES DO ESTUDO ............................................................................76
5.1. Pistas para investigações futuras .....................................................................................77
6. CONCLUSÕES ......................................................................................................................78
6.1. Análise descritiva ...........................................................................................................78
6.2. Análise Inferencial .........................................................................................................82
6.3. Notas finais ...................................................................................................................84
BIBLIOGRAFIA...............................................................................................................................85
APÊNDICE I ..................................................................................................................................87
a) Preparação da entrevista ....................................................................................................87
b) Guião da entrevista ............................................................................................................88
APÊNDICE II .................................................................................................................................96
Grelha de análise das entrevistas realizadas aos responsáveis pela comunicação dos municípios
portugueses ..............................................................................................................................96
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
XI
Lista de Tabelas
Tabela 1: Formação de base e nível de escolaridade dos entrevistados ………………………..……. 41
Tabela 2: Estratégias de marketing para a publicação de conteúdos …………………………….…… 54
Tabela 3: Plataformas em que os municípios têm conta oficial …………………………………………. 61
Tabela 4: Capacidade institucional (Recursos humanos) …………………………………………………. 63
Tabela 5: As características pessoais do Presidente da Câmara ……………………………….………. 67
Tabela 6: Tipo de estratégia ……………………………………………………………………….……………… 70
Tabela 7: Recursos financeiros …………………………………………………………………………………... 74
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
XII
13
1. INTRODUÇÃO
1.1. Definição do tema, o contexto e a sua relevância
Para além da necessidade que os governos têm de comunicar com os cidadãos, é também
importante a forma como comunicam e como a população encara essa comunicação, para que
esta seja uma comunicação bem-sucedida. A aposta na adoção de tecnologias de informação
emergentes tem potencial para aumentar a disseminação de informação, a participação dos
cidadãos nas atividades governamentais e a relação com as partes interessadas. Logo, o governo
eletrónico consiste numa forma de comunicação útil que cria condições para a participação dos
cidadãos em procedimentos administrativos e políticos, eliminando a fragmentação entre agentes
e cidadãos (Bonsón, Royo, & Katkai, 2015). Estes novos meios de comunicação permitem um
contato direto entre os cidadãos e os seus representantes, de forma simples e imediata.
Nos últimos anos, tem-se verificado um crescimento significativo de projetos de governo
eletrónico, de forma a apoiar os governos na disponibilização de informação online e na prestação
de serviços, através da utilização das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) (Guillamón,
Ríos, Gesuele, & Mettalo, 2016). Para estes autores, há três grupos de determinantes que têm a
capacidade para influenciar a divulgação eletrónica e, por conseguinte, a utilização de social
media: determinantes socioeconómicos, determinantes financeiros e determinantes políticos
(Guillamón et al., 2016). O primeiro conjunto abrange uma diversidade de variáveis, sendo elas:
a participação online dos cidadãos, o tamanho da população local, o multiculturalismo municipal,
o rendimento dos cidadãos, a taxa de penetração da Internet e o nível de educação dos cidadãos.
Os determinantes financeiros dizem respeito à autonomia financeira e ao nível de endividamento
do município. O último grupo, os determinantes políticos, prende-se com as características
pessoais do Presidente da Câmara e a sua ideologia política.
As iniciativas institucionais de participação dos cidadãos, inclusive aquelas que têm por
base as TIC, foram desenvolvidas com o intuito de difundir novas áreas de comunicação política,
aumentar a transparência na gestão pública e revitalizar a democracia (Borge, Colombo, & Welp,
2009). A Internet, os instrumentos da Web 2.0 e, mais concretamente, as ferramentas de social
media demonstram uma evolução contínua, o que leva à necessidade de validar resultados através
de investigação na área. Esta importância prende-se com a perceção de que a capacidade de
comunicação em sites de redes sociais aumentará. Bonsón et al. atribuíram, também, especial
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
14
destaque ao reforço de análises qualitativas relativamente às mudanças nas ações governamentais
que ocorrem devido à utilização da Web 2.0 e ao uso que as entidades locais fazem dos novos
meios de comunicação online.
Torna-se, então, crucial elaborar uma análise mais detalhada das estratégias internas de
comunicação que são adotadas pelos municípios e que moldam a sua atividade online, sendo este
o tema do presente estudo. Existe uma grande escassez de informação relativamente à
organização interna dos serviços de comunicação que servem de alicerce à gestão das redes
sociais e, mais concretamente, no que diz respeito a instituições da administração pública, como
é o caso das Câmaras Municipais. Este é considerado um ponto forte deste estudo, visto que é a
primeira abordagem a esta questão. Esta investigação contribui para perceber de que modo as
estratégias de organização interna de comunicação digital interferem e influenciam a gestão das
redes sociais por parte das entidades de governação local.
1.2. Objetivos do estudo
Este estudo comporta cinco objetivos específicos de análise. O primeiro objetivo consiste
na compreensão, de forma mais aprofundada, das dinâmicas organizacionais do município, que
podem conduzir a um foco na participação eletrónica e no envolvimento dos cidadãos através do
uso das redes sociais. Em segundo lugar, procura-se entender quais os fatores que influenciam
os processos de decisão interna dos municípios para adotar e implementar o uso de ferramentas
de social media. O terceiro consiste em compreender como as estratégias e políticas de social
media são formalizadas enquanto que o quarto é tentar comparar as expectativas em relação à
atividade das redes sociais com a concretização na prática dos objetivos destas apostas. Por fim,
o último objetivo do trabalho visa investigar o papel da liderança local nas estratégias de
comunicação digital e explorar se e como o perfil dos líderes influencia a sua implementação.
1.3. Pergunta de investigação
A participação eletrónica e o envolvimento dos cidadãos através da utilização das redes
sociais diferem de localidade para localidade, uma vez que cada município adota diferentes
estratégias organizacionais. Importa realçar as diferenças de dimensão dos municípios, bem como
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
15
as mais do que prováveis diferenças em termos de capacidade institucional ao nível dos recursos
humanos, financeiros e técnicos.
Neste sentido, este trabalho visa refletir sobre os procedimentos internos que sustentam
a aposta na comunicação online e questionar quais são as práticas internas dos governos locais
portugueses para a gestão da sua presença nas redes sociais. Esta é a pergunta de investigação
descritiva à qual nos propomos responder, porém, com este estudo, é nossa intenção ir mais
além. Deste modo, é igualmente importante perceber em que medida as estratégias de
comunicação digital dos municípios portugueses condicionam e moldam a sua presença e gestão
das redes sociais. Desta questão de investigação analítica derivam outras questões,
nomeadamente as seguintes: A dimensão do município releva para a planificação e
implementação da estratégia digital?; Qual o papel dos eleitos políticos na presença, gestão e
manutenção das redes sociais?; A existência de um gabinete ou responsável pela comunicação
influencia os objetivos traçados para as redes sociais?
1.4. Estrutura da dissertação
Esta dissertação de Mestrado encontra-se organizada em seis partes, para que seja
possível uma melhor abordagem ao tema e, por conseguinte, o estabelecimento de uma linha
orientadora no seu desenvolvimento.
Assim, na primeira parte, é realizada uma introdução ao conteúdo deste trabalho,
incluindo uma breve apresentação do tema em análise, bem como da sua relevância contextual.
Para além disso, descrevem-se os objetivos desta investigação e as perguntas de investigação a
que nos propomos responder, concluindo com a estrutura deste estudo.
Na segunda parte encontra-se a revisão de literatura científica da temática. Esta secção
inclui uma abordagem a diversos tópicos relacionados com a temática central da investigação, tais
como os processos de modernização na administração pública, as ferramentas Web 2.0 e as suas
potencialidades, bem como a adoção de social media. Além disso, este estudo aborda a relação
entre a transparência e envolvimento dos cidadãos nas redes sociais e a utilização das redes
sociais pelas instituições governamentais.
O terceiro capítulo é dedicado à apresentação da abordagem metodológica que serviu de
alicerce e de guia ao desenvolvimento de todo o trabalho. São descritas as opções relativamente
aos métodos de investigação, aos instrumentos de recolha de dados capazes de alcançar o objetivo
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
16
pretendido e ao procedimento para a condução da análise. É, também, nesta secção que são
apresentados os municípios portugueses foco da investigação, bem como os entrevistados.
No capítulo seguinte, é descrita a análise e discussão dos resultados obtidos. Numa
primeira instância, é feita uma análise de conteúdo das entrevistas realizadas e, posteriormente,
são cruzados alguns desses dados de modo a fazer contraste com aquele que é o desempenho
do município nas redes sociais realmente verificado.
Na quinta secção encontram-se expostas quer as limitações quer as dificuldades que
estiveram associadas à elaboração de toda a investigação, deixando também algumas pistas para
investigações futuras.
Para finalizar, o último capítulo sintetiza as conclusões retiradas da análise dos dados e
apresenta as respostas às perguntas de investigação a que nos propomos responder.
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
17
2. REVISÃO DA LITERATURA
Os municípios possuem um papel fundamental naquela que é a oferta de muitos serviços
centrais ao bom funcionamento do Estado moderno, sendo que muitos deles dependem do apoio
financeiro por parte do governo central para a realização de algumas tarefas. No entanto, diversos
municípios nas democracias ocidentais contemporâneas, como é o caso dos municípios
noruegueses, são pautados pelo declínio da participação na votação, pela elevada rotatividade de
políticos nas eleições e pela participação cada vez mais reduzida nos partidos políticos (Haug,
2008). Para além disso, verifica-se falta de confiança “em relação a instituições, autoridades e
representantes” (Borge et al., 2009, p. 900). Assim, nos últimos anos, os sistemas democráticos
têm vindo a apresentar dificuldades na sua interação com os cidadãos e em manter a sua
confiança no sistema (Borge et al., 2009). Estes parâmetros desafiam a legitimidade municipal e
impulsionam a necessidade de mudança na forma como os municípios prestam os serviços aos
seus munícipes (Haug, 2008). Deste modo, as administrações públicas procuram, através de
processos de modernização, oferecer serviços eficazes e melhorar as suas relações com os
cidadãos. Cada vez mais se acredita que a elaboração e implementação de políticas públicas não
pode ocorrer se não existir a integração dos atores sociais e dos cidadãos em questão (Borge et
al., 2009) e esta é uma oportunidade de integração direta, nas questões públicas que os afetam,
e que se impõem cada vez mais (Scott, 2006).
2.1. Processos de modernização nas administrações públicas
A Internet possibilita uma partilha mais eficiente de informação com os cidadãos e uma
comunicação mais “rápida, flexível e interativa” (Borge et al., 2009, p. 901). Assim, permite aos
diversos atores envolvidos no sistema de participação, a comunicação de valores e opiniões (Borge
et al., 2009). No decorrer dos últimos 20 anos, em muitos países industrializados, surgiram novas
formas de interação entre os governos e os cidadãos devido às inovações das Tecnologias de
Informação e Comunicação (Wohlers, 2009). Os mais céticos argumentam que a tecnologia não
tem condições para revitalizar a democracia (Haug, 2008). Margolis e Resnick (2000) consideram
que a extensão das Tecnologias de Informação e Comunicação a um novo meio, apenas reforça
o papel de atores já influentes no processo político. Shenk (1997) salienta a necessidade de os
cidadãos conhecerem e estarem comprometidos com o processo político, sob pena de serem
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
18
“engolidos” pela enorme quantidade de informação disponível (Shenk, 1997, cit. in Scott, 2006).
Por sua vez, existem autores que defendem que a evolução das Tecnologias de Informação e
Comunicação possibilitará a “revitalização da democracia” e, por conseguinte, terá “impactos
positivos nos processos democráticos” (Haug, 2008, p. 80). Haug considera que, para alcançar
oportunidades apropriadas para praticar a cidadania, é necessário que as pessoas tenham acesso
a “uma variedade de recursos de informação e comunicação” (Haug, 2008, p. 80). O
desenvolvimento das Tecnologias de Informação e Comunicação e da Internet possibilita uma
combinação de iniciativas e meios que constituem, assim, o “espaço de oportunidade” a que o
autor faz referência. Desta forma, o aprovisionamento de funcionalidades interativas na Web cria
condições à “interação do cidadão com as organizações cívicas”, bem como com os políticos
locais (Haug, 2008, pp. 82-83). Howard Rheingold (2000) e Steven Clift (2004) consideram que
a integração nas Tecnologias de Informação e Comunicação é fundamental para o futuro do
envolvimento público e da legitimidade das instituições governamentais (Rheingold, 2000 & Clift,
2004, cit. in Scott, 2006). Assim, o aumento do papel destas tecnologias sugere a sua influência
na promoção da participação dos cidadãos, bem como na melhoria da sua relação com os seus
representantes e, ainda, nas mudanças na administração pública (Borge et al., 2009).
Quanto à questão do envolvimento do público, Norris (2003) realça a importância da
especificidade teórica. Alguma literatura aponta para a presença de “pontos de referência
normativos alternativos” (benchmarks), envolvendo trade offs entre diferentes valores, como “a
importância relativa da transparência, responsabilização, equidade, participação e eficiência”
(Scott, 2006, p. 344). Na perspetiva de Norris, esses “pontos de referência normativos
alternativos” derivam de diferentes teorias sobre a democracia, comparando três tipos:
representativa, pluralista e direta (Norris, 2003, cit. in Scott, 2006).
De acordo com a teoria representativa da democracia, os cidadãos não possuem
conhecimento suficiente para, na prática, tomarem decisões efetivas. Através de eleições, os
cidadãos escolhem representantes qualificados para representar os seus interesses nessas
decisões, assegurando a “responsabilidade e a legitimidade do governo” (Scott, 2006, p. 344).
Para eleger os seus representantes, os cidadãos precisam de estar bem informados e de terem
oportunidades de interação com os eleitos para que as suas opiniões sejam consideradas. Nesta
perspetiva, os cidadãos que têm acesso a mais informação, podem contribuir para as propostas
políticas e avaliar o desempenho das autoridades governamentais locais através dos sites
municipais, sendo considerados recursos importantes para o envolvimento público informado
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
19
(Scott, 2006). Norris (2003) realça que, para a teoria pluralista, os princípios da teoria
representativa são necessários, mas considerados insuficientes para atingir uma democracia
efetiva e o envolvimento público (Norris, 2003, cit. in Scott, 2006). Do ponto de vista dos teóricos
pluralistas, os cidadãos têm a capacidade de responsabilizar o governo através das eleições
periódicas. Porém, a preservação da legitimidade democrática é assegurada, também, através da
negociação entre os representantes de distintos grupos de interesses, partidos políticos e
instituições. Os sites das agências governamentais que incluem todos os princípios da teoria
pluralista têm como objetivo melhorar a interação vertical, a eficiência administrativa e a prestação
efetiva de serviços (Scott, 2006). Desta forma, o ambiente é propício à existência de concorrência
e possibilita que os novos movimentos sociais, organizações cívicas e outros grupos se consigam
fazer ouvir, contribuindo para uma maior satisfação dos cidadãos (Scott, 2006). Quando se fala
de democracia e cidadania contemporâneas e, segundo os defensores da teoria da democracia
direta, as eleições periódicas são consideradas necessárias, porém insuficientes. Esta teoria
promove o compromisso dos cidadãos e o conhecimento coletivo como fatores integrantes das
políticas e programas governamentais (Scott, 2006). Novas formas de interação entre os cidadãos
e as autoridades governamentais podem surgir através dos seus sites oficiais. As novas tecnologias
permitem cativar a atenção de cidadãos desinteressados e/ou desiludidos com o processo político,
sem que haja intermediários e com a possibilidade de manterem o anonimato (Scott, 2006). Este
último fator permite uma participação mais inclusiva no diálogo político, uma vez que elimina os
diferenciais de género, classe, etnia, idade, sendo estes fatores que, muitas vezes, impedem a
sua participação (Scott, 2006). A democracia participativa salienta a utilidade dos princípios do
envolvimento público evidenciados pela teoria representativa e pluralista, porém sugere outros,
nomeadamente, a possibilidade de discutir políticas online (Scott, 2006).
2.2. As ferramentas Web 2.0 e as suas potencialidades: o surgimento do e-
government
O potencial da Internet é destacado por vários autores como promovendo o aumento da
interatividade, da transparência, da “abertura” das entidades do setor público e da promoção de
novos formatos de responsabilização. Estes elementos são considerados fatores chave de uma
boa governação e formas de amplificar a confiança nos governos por parte dos cidadãos (Bonsón,
Torres, Royo, & Flores, 2012). Praticamente todos os programas de modernização das
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
20
democracias ocidentais apresentam iniciativas de e-government. Este é entendido como um
mecanismo para renovar as administrações públicas através da utilização das Tecnologias de
Informação e Comunicação e, mais precisamente, da Internet (Bonsón et al., 2012). Vários níveis
de governo adotaram as novas tecnologias, o que originou o aparecimento do e-government que
permitiu a partilha de informações, a prestação de serviços, a existência de meios para que os
cidadãos interajam com o governo e sejam participativos (Wohlers, 2009). O aumento da
transparência e da responsabilização, bem como a ambição de alterar o papel passivo dos
cidadãos constitui uma das principais razões para a adoção do e-government (Bonsón et al.,
2012). Porém, depois de adotado, continuam a existir “barreiras técnicas e organizacionais” e
desafios étnicos capazes de afetar o seu desenvolvimento (Wohlers, 2009, p. 111). Para
compreender a divulgação eletrónica que os governos locais realizam, as bases teóricas que são
aplicadas mais frequentemente, de acordo com os autores, dizem respeito à teoria da agência e
a teoria institucional (Guillamón et al., 2016). A primeira tem por base a relação entre os políticos
e os cidadãos e a verificação da existência de interesses em ambas as partes, nomeadamente o
desejo de reeleição dos primeiros. A segunda teoria destaca as influências sociais e o papel das
pressões ambientais sobre os “comportamentos organizacionais”, sendo que as práticas de
divulgação online podem ser adotadas “em resposta a pressões externas” (Guillamón et al., 2016,
pp. 463-464). O tipo de governo local, a sua dimensão, o compromisso de liderança política e a
capacidade técnica dos funcionários locais em funções são os principais fatores que influenciam
o sucesso da implementação do e-government (Wohlers, 2009). Mais ainda, é imprescindível uma
estratégia que englobe todos os processos, custos e benefícios necessários para atingir as metas
traçadas, bem como a atribuição de responsabilidades (Wohlers, 2009).
O e-government tem a capacidade de sustentar a participação dos cidadãos no governo e
servir como alicerce da democracia participativa ou da e-democracy. Relativamente à e-democracy,
as opiniões dividem-se. Os defensores da e-democracy, como Steven Clift (2004), consideram que
os processos democráticos podem ser aperfeiçoados através da utilização da Internet e podem
surgir mais oportunidades para que a população interaja com o governo e, em simultâneo, pode
servir para o governo pedir a contribuição dos seus cidadãos (Clift, 2004, cit. in Wohlers, 2009).
Por sua vez, Johnson (2006) e outros críticos argumentam que a natureza participativa de um
sistema político democrático é prejudicada pelo diálogo impessoal que o e-government
proporciona, bem como pelos valores culturais que emergem das tecnologias que têm por base a
Internet (Johnson, 2006, cit. in Wohlers, 2009). No entanto, existem algumas barreiras
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
21
relativamente à e-democracy, nomeadamente o baixo nível de conhecimento das tecnologias de
informação, o acesso limitado ao e-government por parte de pessoas com recursos reduzidos e a
discrepância da disponibilização da rede de telecomunicações em diferentes zonas do país
(Wohlers, 2009).
Muitas foram as grandes comunidades metropolitanas que adotaram um vasto leque de
recursos online (Wohlers, 2009). Porém, nem todos os sites das instituições governamentais
dispõem da mesma capacidade para comunicar, disponibilizar serviços online, ajudar a
participação dos cidadãos e a deliberação dos mesmos, e isso diz respeito ao nível de sofisticação
do governo eletrónico local (Lev-On, 2015; Wohlers, 2009). Este é influenciado por alguns fatores,
quer internos quer externos ao e-government. Por exemplo, a gestão profissional e os recursos
disponíveis à equipa organizacional (internas ao e-government), como também as características
socioeconómicas e demográficas das comunidades relativamente à população, localização
regional, educação e riqueza (Wohlers, 2009).
2.3. A adoção de social media
Num curto espaço de tempo, e como resultado quer das expectativas dos cidadãos quer
da necessidade de inovar, as ferramentas de social media tornaram-se parte integrante
fundamental do e-government e, desta forma, pode ser oferecido um serviço de informação
personalizado, com o objetivo de ajudar a comunidade a tomar decisões informadas (Linders,
2012). Foi da primeira campanha presidencial de Barack Obama, em 2008 e, posteriormente, da
sua segunda candidatura ao cargo, em 2012, que derivou a maior parte da experiência de
utilização de social media (Mergel, 2016). A sua equipa de campanha usou as redes sociais para
aumentar a participação dos cidadãos e ajudou a influenciar o seu comportamento neste meio,
sendo que, e apesar de se tratar de uma evolução constante, cada instituição governamental
decide sobre como e quando integrar novos hábitos e institucionalizar as redes sociais na sua
estratégia de comunicação (Mergel, 2016). Contudo, a principal missão consiste em aumentar a
confiança nas atividades do governo, de modo a aumentar a transparência e a partilhar conteúdos
a que os cidadãos não conseguem aceder tão facilmente (Mergel, 2016).
Nas plataformas de redes sociais, como o Facebook e o Twitter, as interações online
podem ser observadas publicamente, mas importa também desvendar o processo de decisão
interno que origina a adoção de estratégias inovadoras de social media por parte do setor público
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
22
(Mergel, 2013). Segundo o artigo Social media adoption and resulting tactics in the U.S federal
government, existem alguns fatores que influenciam a decisão de adoção de práticas de social
media, nomeadamente: observação da utilização de social media pelos cidadãos; observação
passiva de instituições inovadoras; interação ativa com outros colegas; e orientação formal criada
por instituições líderes (Mergel, 2013). O primeiro fator indica que, cada vez mais, os cidadãos
utilizam as redes sociais para acederem a notícias e informações. Assim, as organizações
governamentais ao observarem estas alterações nas “necessidades de comunicação do seu
público online” veem as redes sociais como uma forma de interagir informalmente com a
comunidade e, atingir um grupo de partes interessadas, que não seria possível através dos
métodos de comunicação tradicionais (Mergel, 2013, pp. 125-126). Como acontece nos EUA,
muitas vezes, os diretores de redes sociais observam, de forma passiva, as táticas inovadoras
online e o comportamento de outros (no caso dos EUA, outros departamentos federais) e copiam
práticas que considerem benéficas para a sua própria estratégia (Mergel, 2013). Os diretores de
redes sociais são os responsáveis pela criação de políticas ou estratégias de redes sociais que
servem de orientação e apoio aos objetivos traçados pela organização (Mergel, 2013). Devido à
centralização geográfica de todas as instituições no poder executivo do governo federal dos EUA,
também é possível reunir vários diretores de redes sociais e promover a partilha de melhores
práticas e a troca de perguntas entre si, sem que seja seguida uma orientação formal (Mergel,
2013). Por último, para dar resposta a grandes erros foram elaboradas orientações formais que
definem a utilização das redes sociais. Por exemplo, o estabelecimento de uma nova posição para
os diretores de redes sociais, suportada por novas estruturas organizacionais, contribuiu para a
criação de outros padrões institucionais: contas de social media; políticas de social media que
permitam governar; estratégias de social media capazes de orientar a estratégia que permite
apoiar os objetivos da instituição (Mergel, 2013).
Segundo Tim O’Reilly, o poder das redes sociais pode impor uma “reinterpretação do
papel do governo” e, por conseguinte, das responsabilidades dos cidadãos (O’Reilly cit. in Linders,
2012, p. 451). Na sua opinião, o governo define regras, aprovisiona recursos e serve de mediador
de discussões, mas capacita os cidadãos, o setor privado e as organizações sem fins lucrativos
para executar grande parte do trabalho (Linders, 2012). Esta opção política desafia o paradigma
da Administração Pública vigente da Nova Gestão Pública, segundo a qual os governos atuais
tendem a tratar os cidadãos como “clientes” (ideia da capacidade de resposta dos cidadãos) ao
invés de “parceiros” (ideia de ação e participação dos cidadãos) (Linders, 2012, p. 451). Esta é
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23
uma visão fácil, uma vez que, antes do aparecimento das redes sociais, era preferível acreditar
numa ideia de acomodação por parte dos cidadãos do que aceitar e enfrentar todas as
consequências do envolvimento do público (Linders, 2012). No entanto, a inovação tecnológica
alterou esta visão e, de acordo com O’Reilly, mesmo continuando a ser um “mecanismo de ação
coletiva”, o governo deixa de ser o “primeiro motor da ação cívica” (O’Reilly cit. in Linders, 2012,
p. 452). Esta evolução é vista como uma forma de reduzir os custos do governo, mas também
promove o ativismo local (Ostrom, 1996); é uma forma de fortalecer a sociedade civil (Torres,
2007) e de envolver os desfavorecidos mais eficazmente (Bovaird, 2007) (Bovaird, 2007; Ostrom,
1996; Torres, 2007, cit. in Linders, 2012). Por sua vez, embora as tecnologias de social media
tenham um grande impacto no funcionamento do governo, elas acarretam algumas preocupações
relativamente ao desenvolvimento de políticas e ao envolvimento democrático (Linders, 2012).
Naturalmente, as vantagens da Internet não estão disponíveis, de igual forma, para todos e não
foram distribuídas de forma uniforme. Assim, acredita-se que grande parte da população não tenha
acesso às ferramentas disponibilizadas via social media ou que não se sinta confortável na sua
utilização. E, desta forma, habilita-se apenas a parte da população já com poder (Linders, 2012).
Um estudo realizado nas 5 maiores cidades dos primeiros 15 países da União Europeia (UE)
aponta para a existência de um nível elevado de heterogeneidade na utilização da Web 2.0 e dos
instrumentos de social media. Estas práticas são adotadas pela maioria dos governos com o
objetivo de aumentar a transparência, no entanto, na sua generalidade, a prática da Web 2.0 para
a promoção da participação e a noção de diálogo corporativo estão ainda numa fase embrionária
ao nível local (Bonsón et al., 2012). Os autores argumentam que as ferramentas da Web 2.0
representam “um passo em frente” por parte dos governos locais que utilizam as Tecnologias de
Informação e Comunicação para “fornecer informações e serviços ao público” (Bonsón et al.,
2012, p. 132).
2.4. O envolvimento dos cidadãos ao nível local
O diálogo entre os atores torna-se facilitado ao nível local, uma vez que consiste numa
cidadania mais próxima onde o espaço de participação é privilegiado e, também, onde se verifica
que o “compromisso dos cidadãos individuais com a agenda local é mais frequente” (Borge et al.,
2009, p. 900), com a possibilidade de um maior nível de interatividade e de capacidade de
resposta (Lev-On, 2015). Como argumentou Peters (2001), existe uma tendência maior de
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24
utilização de ferramentas que permitem o envolvimento direto dos cidadãos por parte dos governos
locais (Peters, 2001, cit. in Mossberger, Wu, & Crawford, 2013). Existem algumas razões que
evidenciam a importância de analisar a interação, que ocorre no Facebook, entre os governos
locais e os seus cidadãos (Lev-On, 2015). Nomeadamente, as decisões tomadas ao nível municipal
apresentam um impacto direto no dia-a-dia dos cidadãos (educação escolar, transportes públicos,
etc.). Também o número de cidadãos é significativamente menor ao nível local e, desta forma, é
um pequeno número que vota nas eleições municipais. Por exemplo, determinadas publicações
que prendam a atenção dos munícipes podem promover alterações significativas, especialmente
antes das eleições. E a utilização de sites municipais resulta numa maior interação com as
autoridades locais e pode gerar mais confiança nelas, mais do que no âmbito nacional (Lev-On,
2015). As páginas municipais do Facebook representam um grande potencial na melhoria da
comunicação entre os cidadãos e os seus representantes, porém são intrínsecas algumas
barreiras que podem impedir a utilização dita ideal dessas ferramentas de social media.
Nomeadamente, se existirem comentários críticos, conteúdo negativo e linguagem inadequada
nas páginas municipais, vão ser visualizados por toda a comunidade (Lev-On, 2015).
2.5. Transparência e interatividade: o papel das redes sociais
Com o decorrer do tempo, verificaram-se mudanças na forma como os cidadãos optam
por aceder a notícias e a informações governamentais, sendo que esta inovação no setor público
foi acompanhada pela inovação das aplicações de redes sociais (Mergel, 2013). Devido à natureza
pública das mesmas e para prevenir consequências não desejadas devido a uma maior atenção
às operações governamentais, é necessário que a comunicação por parte das instituições
governamentais seja confiável e consistente (Mergel, 2013). As redes sociais consistem em
aplicações que se baseiam na Internet e produzem novas formas que facilitam a interação social
e a difusão de informações através da sociedade, tendo como suporte muitos dos conceitos e
tecnologias da Web 2.0 (Kavanaugh et al., 2012). Proporcionam oportunidades inovadoras que
permitem aos representantes eleitos e autoridades governamentais informarem e serem
informados pelos cidadãos. Essa utilidade deve ser aproveitada pelos funcionários do governo para
promover serviços aperfeiçoados. Ainda assim, as informações devem ser filtradas, pois só deste
modo serão úteis e de confiança (Kavanaugh et al., 2012). Estes recursos podem fornecer
indicações sobre as perceções e o estado de espírito da comunidade mediante determinado
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
25
assunto, bem como melhorar a comunicação com segmentos da população que, anteriormente,
não estavam ao alcance das formas tradicionais (Kavanaugh et al., 2012). Os governos podem,
também, utilizar as redes sociais com o intuito de obter um maior nível de transparência, melhorar
a participação e a colaboração, através de um governo aberto (Hofmann, Beverungen, Rackers, &
Becker, 2013; Mergel, 2013). Lee e Kwak criaram um modelo de maturidade no qual as redes
sociais, para além de divulgarem comunicações governamentais também potenciam a
participação eletrónica, a exposição e discussão de assuntos políticos e um “diálogo corporativo”
com a população (Lee & Kwak, 2012, p. 494).
Os governos são responsáveis pela segurança dos interesses da sociedade em geral e, ao
utilizar a Internet e as redes sociais, permitem que um elevado nível de informações seja divulgado
com um custo reduzido. Pode-se dizer que a utilização das Tecnologias de Informação e
Comunicação pelo setor público representa uma forte capacidade para reformular a administração
em “todos os níveis de governo” (Bonsón et al., 2015, p. 52). Ao nível local, os autores concluíram
que as redes sociais se encontram na terceira posição entre a preferência das formas de
comunicação por parte dos “grupos de interesse identificados” (Bonsón et al., 2015, p. 52).
Em prol da legitimidade social, os governos locais deveriam apostar no fornecimento
voluntário de informações. Esta ação revela preferências pela transparência, que podem ser
reforçadas através das Tecnologias de Informação e Comunicação por um custo reduzido (Bonsón
et al., 2015).
Os autores referem-se à transparência como um elemento essencial para o exercício do
“controlo político efetivo e monitorização do setor público” e que a mesma, solicita a propagação
de todas as informações pertinentes de forma “oportuna e sistemática” (Guillamón et al., 2016,
p. 460). A transparência e a responsabilização são consideradas como os principais estímulos
para a existência de uma boa governação no setor público e a Internet tornou-se um instrumento
fundamental para impulsionar o seu aumento (Guillamón et al., 2016). A transparência
corresponde à “publicidade de todas as ações do governo e dos seus representantes para fornecer
informações relevantes à sociedade civil de uma forma completa, oportuna e acessível” (da Cruz,
Tavares, Marques, Jorge, & Sousa, 2016, p. 868). Estas informações devem ser disponibilizadas
aos cidadãos, dando-lhes a possibilidade de encontrar e reutilizar conteúdos do governo e permite-
lhes, desta forma, adquirir conhecimentos e informações (Tavares & da Cruz, 2017). No nível
local, mais concretamente, as práticas de transparência variam substancialmente entre os
municípios (Tavares & da Cruz, 2017). Para perceber os determinantes da transparência do
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
26
governo local, importa identificar o fornecimento de transparência pelas autoridades locais, como
também identificar a influência exercida pelos atores sociais como forma de exigir essa mesma
transparência (Tavares & da Cruz, 2017). Do lado da oferta, Wong e Welch (2004) atribuem a
definição de governo aberto ao processo pelo qual as organizações públicas dão a conhecer dados
sobre as suas atividades, procedimentos e processos de tomada de decisão (Wong & Welch, 2004,
cit. in Tavares & da Cruz, 2017). Armstrong (2005), do ponto de vista do lado da exigência,
considera a transparência como o acesso sem restrições a informações confiáveis sobre as
decisões e o desempenho no setor público, por parte do público (Armstrong, 2005, cit. in Tavares
& da Cruz, 2017). Ou seja, a existência de uma cultura de transparência no setor público depende
da capacidade de resposta dos representantes da instituição à exigência de informações por parte
dos cidadãos, bem como da sua divulgação proativa, nomeadamente através da utilização das
Tecnologias de Informação e Comunicação (da Cruz et al., 2016; Tavares & da Cruz, 2017). Em
Portugal, a transparência nos governos locais é mais condicionada por fatores endógenos e não
tanto pelo resultado de apelos por parte dos atores sociais (Tavares & da Cruz, 2017). O elemento
individual mais relevante que influencia o nível de transparência é o género, dado que os líderes
eleitos do sexo feminino estão associados, quando comparados com os líderes eleitos do sexo
masculino, a níveis superiores de transparência (Tavares & da Cruz, 2017). Por sua vez, a
transparência do governo local é bastante prejudicada pela permanência prolongada do mesmo
líder do executivo municipal e uma margem de vitória maior nos resultados eleitorais está
associada a níveis mais elevados de transparência (Tavares & da Cruz, 2017). O fator mais
importante na questão da transparência é reflexo da autonomia financeira do município, uma vez
que, os governos com maiores níveis de transparência são os mais capazes financeiramente
(Tavares & da Cruz, 2017). Por outro lado, os baixos níveis de transparência verificados nos
governos locais portugueses são condicionados pela sua escassa procura, devido a motivos
culturais e educacionais (Tavares & da Cruz, 2017). Ainda que sejam hipóteses suportadas
parcialmente, os municípios com maiores taxas de desemprego e com maiores proporções de
idosos apresentam níveis mais baixos de transparência (Tavares & da Cruz, 2017). A “prestação
de contas” do governo aos cidadãos é melhorada através de maiores níveis de transparência e
pela sua correta medição e, esses fatores são essenciais para melhorar, também, a qualidade da
governação (da Cruz et al., 2016, p. 870). Através do Índice de Transparência Municipal, a
medição dos níveis de transparência dos municípios é realizada adequadamente e a divulgação
pública dos resultados pressiona e incentiva a existência de uma cultura de transparência (da Cruz
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
27
et al., 2016). Do ponto de vista normativo, a transparência permite que os cidadãos informados
participem no discurso político e moldem caminhos futuros, visto que alcança o envolvimento dos
cidadãos através do governo eletrónico centrado nos mesmos (da Cruz et al., 2016).
2.6. Utilização de sites de redes sociais pelas instituições governamentais
Todas as aplicações da Web 2.0, e as redes sociais em particular, revelam o “último
passo” da utilização que o governo faz da Internet. As redes sociais têm-se apresentado como um
integrante fulcral do e-government num período de tempo reduzido, caracterizando-se pelo
fornecimento de métodos inovadores capazes de estabelecer uma “interação imediata entre
cidadãos e governos” (Guillamón et al., 2016, p. 460); assim, organizam-se mais facilmente e de
forma mais efetiva (Linders, 2012).
Nos últimos anos, muitos municípios iniciaram a utilização das diversas redes sociais
como um modo complementar de comunicação online e obtiveram alguns benefícios, como, por
exemplo, a partilha do conteúdo do site oficial mais facilitada e o diálogo aberto (Guillamón et al.,
2016). As redes sociais facilitam a atração de cidadãos com interesses compartilhados, a troca
de informações, a integração de contributos individuais, a tomada de decisões de grupo num
âmbito maior, a eliminação de barreiras de tempo, espaço e hierarquia (Linders, 2012). Verifica-
se, então, uma interação do governo com os cidadãos e estes podem envolver-se da forma que
pretenderem naquele que é o desenvolvimento das questões políticas (Mossberger et al., 2013).
Por estas razões, o envolvimento do público pode ser favorecido mediante os recursos que
permitem um maior nível de interatividade online, seja através da personalização de informações,
do feedback unidirecional ou da interação bidirecional (Mossberger et al., 2013). Cada vez mais
se verifica uma dependência das redes sociais, por parte dos políticos, para interagir com o seu
eleitorado, não só durante as campanhas eleitorais, como também durante o período do mandato
(Linders, 2012). Um exemplo disso, foi o site que Barack Obama lançou quando foi eleito, o
Change.gov, de modo a integrar os contributos dos seus cidadãos na definição da sua agenda
política (Linders, 2012).
Para além da adoção, existem três possíveis estratégias para o uso das redes sociais:
representação da instituição, envolvimento dos cidadãos e ligação em rede com o público (Mergel,
2013; Mossberger et al., 2013). As organizações governamentais anseiam alcançar os cidadãos
nos espaços sociais que eles utilizam diariamente, por isso estão representadas em todos os
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
28
canais de interação com potencial, coincidindo com canais de social media com um maior número
de utilizadores (Facebook, Twitter, Youtube) (Mergel, 2013). Esta estratégia de social media
disponibiliza poucos recursos adicionais, dado que torna o conteúdo já existente mais adequado
a várias audiências. Representa uma abordagem centralizada com reduzidas interações
inovadoras e não incentiva a participação da comunidade (Mergel, 2013; Mossberger et al., 2013).
Uma estratégia de envolvimento dos cidadãos reconhece a necessidade da existência de um
diálogo natural entre o governo e o público, incentivando este a criar e partilhar conteúdos e sugere
que o governo deve sim absorver comentários publicados pelos cidadãos e obter informações e
opiniões sobre questões importantes ou emergentes (Mergel, 2013). Por último, os governos que
estimulam a estratégia de rede, instituem regras básicas para a existência de um diálogo aberto
e, por vezes, podem expor tópicos para discussão. Encaram a utilização das redes sociais como
uma forma de discutir ideias e conseguir informações sobre os cidadãos (Mossberger et al., 2013).
A instituição tem noção da sua responsabilidade como “parceiro” na rede e acresce uma
responsabilidade de controlo sobre o conteúdo fornecido aos cidadãos (Mergel, 2013). As duas
últimas estratégias retratam abordagens participativas, porém enquanto que a abordagem de rede
prioriza o diálogo, o envolvimento incentiva à colaboração dos cidadãos, sem integrar
necessariamente os intervenientes no diálogo (Mossberger et al., 2013).
Os sites de redes sociais, como o Facebook e o Twitter, são consideradas um subgrupo
das redes sociais que se tornou crucial para a comunicação diária, trazendo benefícios não só às
estruturas do setor privado como também aos governos, permitindo a criação de relações mais
próximas com os cidadãos (Hofmann et al., 2013). Na sua maioria, os organismos públicos
criaram os seus próprios sites como plataformas que permitem prover informações ao público.
Porém, as plataformas Web 2.0 fornecem um leque mais diversificado de recursos interativos na
divulgação das atividades das instituições governamentais (Hofmann et al., 2013). Com o
aparecimento dos sites de redes sociais, como o Facebook, os governos conseguem alcançar um
público mais amplo e onde quer que ele se encontre. Os sites de redes sociais possuem diversos
recursos que as organizações podem utilizar de forma a fortalecer a “estrutura e a aparência das
suas comunicações externas” (Hofmann et al., 2013, p. 388). Estes possibilitam a existência de
uma comunicação “quase em tempo real”, através da disponibilização de informações atualizadas
e podem ser vistos como um “canal de marketing”, tendo condições de dar a conhecer os seus
serviços e simplificar a acessibilidade aos mesmos (Hofmann et al., 2013, p. 388). Mais ainda,
as redes sociais permitem a possibilidade de envolver a população na “criação de novos produtos
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
29
e serviços” e possuem a capacidade de incluir muitas formas de conteúdo (texto, imagens, vídeos,
entre outros), chamando a atenção dos cidadãos (Hofmann et al., 2013, p. 389).
Na prática, a Web 2.0 é considerada a plataforma técnica que suporta as aplicações de
redes sociais, onde é possível “criar e trocar conteúdo gerado pelos utilizadores” (Guillamón et al.,
2016, p. 461). Atualmente, subsistem diversas plataformas de redes sociais diferentes que variam
nas suas intenções. Por exemplo, o Facebook, o Twitter e o YouTube são social media que
permitem a expressão das pessoas através da partilha de textos, fotos, vídeos, música; enquanto
que a Wiki e o Google Docs permitem o trabalho conjunto de pessoas com objetivos comuns
(Guillamón et al., 2016). Muitas são as oportunidades, apontadas por autores, oferecidas pela
rápida difusão das aplicações da Web 2.0 para o governo, como a melhoria da transparência e da
responsabilização, a melhoria da formulação de políticas ou a melhoria dos serviços públicos
(Guillamón et al., 2016). Porém, outros estudos revelam algumas desvantagens na adoção de
redes sociais pelo governo, nomeadamente: carência de controlo devido à “transparência
excessiva”, problemas de privacidade e segurança, o baixo nível de participação ou o
“comportamento destrutivo dos utilizadores”, a falta de cultura centrada no cidadão e os riscos
relativos aos estilos de comunicação (Guillamón et al., 2016, p. 462).
Alguns autores revelam que a adoção de redes sociais apresenta custos relacionados com
a “capacitação dos funcionários que as utilizarão” (Kavanaugh et al., 2012, p. 486). Além disso,
os resultados espelham alguns desafios técnicos, como por exemplo: a dificuldade no
reconhecimento das informações que são realmente relevantes, de “forma precisa e atempada”;
a necessidade de os funcionários do governo realizarem uma análise rápida de todas as
informações recolhidas e, consequentemente, tomar decisões; e os dados deverem ser
apresentados de acordo com uma visualização “simples e informativa” (Kavanaugh et al., 2012,
p. 489).
Os investigadores argumentam que, no futuro, os governos e os cidadãos utilizarão uma
combinação de ferramentas de comunicação tradicional (jornal, rádio, televisão) e de tecnologias
emergentes (smartphones e redes sociais), de forma a alcançar diversos públicos com diversas
necessidades (Kavanaugh et al., 2012). No entanto, a utilização de vários tipos de media exige a
necessidade de formação dos funcionários responsáveis ou, então, carece de um custo adicional
para a contratação de pessoas especializadas e capazes de gerir, também, os media emergentes
(Kavanaugh et al., 2012). Posto isto, Picazo-Vela et al. (2012) afirmam que, para beneficiar das
redes sociais, é necessária a existência de uma boa estratégia de implementação por parte do
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
30
governo e a existência de “mudanças na cultura do governo e nas práticas organizacionais” através
da atualização de leis e regulamentos (Picazo-Vela et al., 2012, cit. in Guillamón et al., 2016, pp.
461-462).
2.7. Impacto de fatores organizacionais na adoção de medidas inovadoras
Os objetivos principais dos municípios no que diz respeito à sua modernização centram-
se na forma como informam e prestam serviços com base na adoção de Tecnologias de
Informação e Comunicação (Nasi, Frosini, & Cristofoli, 2011). Os efeitos pretendidos com esta
adoção só são alcançados através da sua implementação sistemática, combinada com uma
“mudança organizacional consistente” (Nasi et al., 2011, p. 822).
A adoção de Tecnologias de Informação e Comunicação por parte de organismos do setor
público é afetada por muitos fatores internos e externos, agrupando-se em duas grandes
categorias, nomeadamente: fatores ambientais e fatores organizacionais (Nasi et al., 2011). Na
categoria dos fatores ambientais mais comuns inclui-se o tamanho da população e a localização
geográfica. Por outro lado, os fatores organizacionais podem influenciar a facilidade com que cada
município adota inovações tecnológicas, uma vez que estas estão articuladas com mudanças nas
Tecnologias de Informação e Comunicação. Estes últimos fatores integram características
estruturais, designadamente a adoção de planos estratégicos para a atividade online das
instituições, a posição e nível de profissionalismo dos colaboradores dedicados às Tecnologias de
Informação e Comunicação atingido através de políticas de recrutamento e formação e o nível de
autonomia e responsabilidade verificados (Nasi et al., 2011).
À medida que o meio externo se altera, também as organizações precisam estabelecer
alterações, de modo a fazer a sua adaptação a um novo contexto (Damanpour, 1987). As
inovações facilitam o processo de adaptação, visto que são uma forma de inserir mudanças “nos
resultados, na estrutura ou nos processos de uma organização” (Damanpour, 1987, p. 676). O
conceito de inovação aplica-se à implementação de uma ideia nova para a organização no
momento da sua adoção, ou seja, quando essa ideia é efetivamente usada (Damanpour, 1987).
A adoção do planeamento estratégico é considerada uma inovação adotada pelos
governos locais e pelos líderes do setor público, de forma a enaltecer as características específicas
das organizações do setor público (Berry, 1994). O plano estratégico de governo eletrónico
evidencia uma ligação positiva relativamente à adoção de Tecnologias de Informação e
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
31
Comunicação, visto que serve como apoio aos objetivos definidos pela instituição (Nasi et al.,
2011). A existência de um processo de planeamento estratégico contínuo ambiciona dar a
conhecer a missão e os valores da organização, através de uma gestão com capacidade de
resposta aos cidadãos, com funcionários especializados no local de trabalho e capaz de fornecer
serviços de qualidade, mais distante das organizações tradicionais e nas quais a sua gestão é mais
hierárquica (Berry, 1994). O planeamento estratégico espelha uma forma de trabalhar disciplinada
com o objetivo de “produzir decisões e ações fundamentais que definem o que é uma organização,
o que ela faz e porque o faz” (Berry, 1994, p. 323). A inovação tecnológica também é influenciada
pela posição do gabinete de comunicação, o papel que possui, o seu nível de independência e
responsabilidade; deste modo, é verificada a importância atribuída a este departamento e a sua
influência nos processos de tomada de decisão (Nasi et al., 2011). Além disso, o tamanho da
organização e, mais concretamente, o número de funcionários afetos à comunicação em conjunto
com o nível de profissionalismo dos colaboradores tendem a influenciar a adoção de mudanças
inovadoras e a utilização de tecnologia (Nasi et al., 2011).
Com base em investigações sobre inovação organizacional, é fundamental distinguir
inovação tecnológica e inovação administrativa (Damanpour, 1987). A inovação tecnológica
apresenta mudanças nas organizações através da introdução de modificações na tecnologia, ou
seja, devido à ocorrência de alterações em produtos, serviços ou na forma como se verifica a
criação desses produtos ou a prestação desses serviços (Damanpour, 1987). Por sua vez, a
inovação administrativa implica modificações na estrutura de uma organização ou nos seus
processos administrativos (Damanpour, 1987). Alguns fatores relativos a diferentes categorias
podem influenciar a adoção de inovações, por exemplo, ao nível individual, os valores, o papel e a
personalidade dos líderes organizacionais podem afetar as inovações, como também as
características ambientais de uma organização e a sua política organizacional (Damanpour, 1987).
Com mais incidência nos fatores organizacionais, a diferenciação funcional, a especialização e o
profissionalismo, que integram a “complexidade técnica de uma organização”, estão mais
relacionados com as inovações tecnológicas do que com as inovações administrativas
(Damanpour, 1987, p. 678). Como as inovações tecnológicas são trabalhadas, principalmente,
pelos técnicos que desempenham funções nessas unidades, quanto mais funcionalmente dividida
em diferentes unidades estiver a organização, “maior a taxa de adoção de inovações tecnológicas”
(Damanpour, 1987, p. 679).
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
32
A variável especialização é relativa aos membros organizacionais especializados em
diferentes áreas e com competências distintas. Desta forma, quanto maior a variedade de
especialistas mais diversificada é a base de conhecimento tecnológico disponível e, por
conseguinte, existe uma maior abertura para introduzir inovações tecnológicas (Damanpour,
1987). O impacto e aumento da diferenciação funcional e da especialização faz com que as
decisões de adoção por parte dos dirigentes sejam dependentes do conhecimento dos
especialistas que possuem e, indiretamente, as organizações que apresentam muitas unidades
orgânicas e especialistas diferentes têm uma maior propensão a serem mais descentralizadas
(Damanpour, 1987).
O fator referente ao profissionalismo é reflexo dos conhecimentos profissionais que os
membros da organização possuem, através da sua formação e experiência. O profissionalismo faz
com que a organização desenvolva “atividades mais abrangentes, um sentido de autoconfiança e
o compromisso de ir além do status quo”, conduzindo a uma maior tendência de adoção de
inovações (Damanpour, 1987, p. 679). Por outro lado, o impacto da intensidade administrativa,
isto é, a “liderança, apoio e coordenação” providos pelos líderes, deverá ser mais vigoroso na
adoção de inovações administrativas (Damanpour, 1987, p. 679). Realçar, aqui, a importância do
líder de uma organização no papel de promover a mudança organizacional, sendo que é reflexo
da sua liderança pessoal o iniciar um plano estratégico (Berry, 1994).
Também se verifica que organizações com maiores dimensões adotam mais inovações e
tal está relacionado de forma positiva com a adoção de inovações, quer tecnológicas, quer
administrativas (Damanpour, 1987). Também a “folga organizacional”, ou seja, a diferença
estabelecida entre os recursos disponíveis numa organização e o mínimo que a mesma exige para
manter as intervenções, está positivamente relacionada com a capacidade de adoção de
inovações, mas mais com as inovações tecnológicas (Damanpour, 1987, p. 680). Sendo os tipos
de inovação complementares e, dado que existem diferenças entre os fatores organizacionais que
afetam a adoção de inovações tecnológicas ou administrativas, é fundamental a adoção conjunta
dos dois tipos de inovações para resultar na eficácia pretendida pela organização (Damanpour,
1987).
Ainda que tenham existido investigações sobre as características inovadoras das
organizações, não foi desenvolvida nenhuma teoria completamente confiável sobre a adoção de
inovação organizacional (Damanpour, 1987). Isto porque existem algumas razões para uma certa
instabilidade do processo, por exemplo, a incapacidade na distinção dos vários tipos de inovações
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
33
e as fases da sua adoção (Damanpour, 1987). É necessário fazer uma distinção entre estes fatores
para o desenvolvimento de teorias de inovação organizacional, uma vez que cada tipo de inovação
possui as suas próprias características e, deste modo, o seu processo de iniciação ou
implementação não é, obrigatoriamente, idêntico e não se relacionam, igualmente, com os
mesmos fatores organizacionais (Damanpour, 1987). Porém, é mais provável ocorrer o sucesso
na reinvenção do governo caso se verifique “a rápida difusão de boas práticas inovadoras” (Berry,
1994, p. 328).
A adoção de Tecnologias de Informação e Comunicação pelos governos locais não
representa um processo linear, visto que depende do seu nível de sofisticação, do tipo de
implementação e, também, pode ser avaliada através de diversos pontos de vista (Nasi et al.,
2011). Além disso, existe uma escassez de estudos empíricos relativamente à adoção de
Tecnologias de Informação e Comunicação em países europeus e a sua relação com o
desempenho dos governos locais, bem como sobre o impacto das suas inovações tecnológicas
(Nasi et al., 2011).
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
34
3. ABORDAGEM METODOLÓGICA
3.1. Introdução
Aquando de um trabalho de investigação, é necessário adotar o método mais adequado
capaz de auxiliar a busca pelo objeto a ser estudado. O objeto de estudo constrói a realidade da
investigação, pelo que é o grande responsável pela escolha do método. A investigação qualitativa
dispõe de uma grande diversidade de abordagens teóricas e respetivos métodos, onde cada um
deles parte de diferentes princípios, anseia diferentes objetivos e suporta a fundamentação dos
resultados obtidos (Flick, 2013). Este tipo de investigação, diferente da investigação quantitativa,
reconhece e faz uma análise de diferentes ângulos de visão, considerando as diferentes
perspetivas dos participantes e do seu contexto social. Além disso, integra no desenvolvimento de
todo o processo o envolvimento que o investigador estabelece no terreno e com os sujeitos
intervenientes, bem como a sua reflexão relativamente ao estudo (Flick, 2013).
Tendo em consideração os fatores tempo e espaço, que definem contextos próprios, a
investigação qualitativa direciona o seu foco para a análise de casos concretos, através da
observação das atividades dos sujeitos. A recolha de dados para análise pode ser realizada através
de alguns instrumentos, nomeadamente entrevistas ou observações e, posteriormente, os
métodos adotados que fazem a respetiva interpretação baseiam-se nos textos produzidos por meio
da sua transcrição e registo. Pode-se dizer, assim, que a “investigação qualitativa trabalha sobre
textos” (Flick, 2013, p. 11), que, na perspetiva do autor, são o alicerce que serve de suporte a
toda a pesquisa.
3.2. Instrumento de recolha de dados
No âmbito deste trabalho e prosseguindo o objetivo de investigar as estratégias de
comunicação e a atividade online dos municípios portugueses, optamos pelas entrevistas
semiestruturadas como instrumento de recolha de dados. Assim, procurou compreender-se de
forma mais completa as informações sobre o assunto em análise, atribuindo especial destaque ao
entrevistado, visto que pode exprimir mais livremente as suas ações e crenças (Albarello et al.,
2005).
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
35
As entrevistas semiestruturadas permitem dar ao entrevistado a “máxima abertura” para
exteriorizar os seus pontos de vista (Flick, 2013, p. 77 e 82) e permite reformular questões,
esclarecer as respostas no local, possibilitando ainda que os entrevistados abordem outros tópicos
que considerem relevantes. A entrevista assenta em duas condições metodológicas. Por um lado,
exige uma relação verbal entre as duas partes, quer seja pessoalmente (relação direta), quer seja
por telefone ou por outro meio (relação indireta) (Albarello et al., 2005). Por outro lado, tem por
base um guião da entrevista. Este atua como forma de estruturar o pensamento do entrevistador
no decorrer da mesma, concretizar os pontos que são desejáveis alcançar e, assim, perseguir a
pertinência do objeto de estudo. Além disso, também pretende conseguir que o entrevistado se
exprima mais confortavelmente (Albarello et al., 2005). A entrevista requer uma “transcrição
precisa e contínua dos dados”, quer vise a descrição dos factos, a contextualização das afirmações
ou a apreensão do modo de pensamento do sujeito (Albarello et al., 2005, p. 103 e 111). Para
que isto aconteça, e para que o investigador possa estar mais focado no fluir natural da conversa
com o entrevistado, é frequente a utilização de aparelhos de gravação, tornando o registo da
entrevista independente das perspetivas de ambas as partes (Flick, 2013). Depois desse registo,
é necessário proceder à transcrição daquilo que foi dito e, só depois, é possível iniciar a análise
dos dados, um processo crucial na investigação qualitativa (Flick, 2013).
Numa investigação que recorre a entrevistas, o princípio fundamental da seleção da
amostra prende-se com a sua relevância para o assunto e não com a sua representatividade (Flick,
2013). Para a realização desta dissertação, o objetivo foi selecionar os municípios com níveis
médios de interação1 em social media mais elevados e criar variação considerando a dimensão
dos municípios. Para que as diferenças fossem mais pronunciadas, excluíram-se da análise os
municípios de média dimensão.
Mediante isto, foram selecionados onze municípios com os níveis de interação mais
elevados na rede social Facebook, considerando o período analisado, seis municípios de grande
dimensão e cinco municípios de pequena dimensão. Para o primeiro grupo de municípios foram
selecionados: Lisboa (1º), Vila Nova de Gaia (2º), Sintra (3º), Porto (4º), Maia (6º) e Cascais (7º).
Ou seja, três municípios de grande dimensão da região de Lisboa e três municípios de grande
dimensão da região Norte. Para o segundo grupo de municípios foram selecionados: Murtosa (9º),
1 Os níveis médios de interação foram calculados com base na relação entre gostos, comentários e partilhas verificados nos municípios em setembro, outubro e novembro de 2016.
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
36
Valpaços (10º), Penedono (23º), Mesão Frio (26º) e Castro Daire (28º). Estes são três municípios
de pequena dimensão da região Norte e dois municípios de pequena dimensão da região Centro.
A quantidade de municípios de grande dimensão para estudo é superior à quantidade de
municípios de pequena dimensão, uma vez que selecionámos também um município de grande
dimensão para a realização de um pré-teste. O objetivo do pré-teste foi analisar a aplicabilidade,
pertinência e adequação do guião de entrevista face aos objetivos. Inicialmente, a ideia seria
realizar o pré-teste no município de Cascais (em sexto lugar nos de grande dimensão). No entanto,
devido à imediata disponibilidade do responsável pela comunicação do município da Maia para a
realização da entrevista e em prol da gestão do tempo, o pré-teste foi realizado no norte do país.
Para além do pré-teste e para proceder à análise, foram concretizadas quatro entrevistas a
municípios de grande dimensão (Vila Nova de Gaia, Sintra, Porto e Cascais) e quatro entrevistas a
municípios de pequena dimensão (Murtosa, Valpaços, Mesão Frio e Castro Daire). Tendo em conta
a seleção inicial, não se concretizaram as entrevistas em dois municípios. No caso de Lisboa,
apesar de agendado o encontro presencial, foi desmarcado pela instituição devido à súbita saída
da dirigente responsável pelo Departamento de Comunicação e não foi possível remarcar devido
a toda a incerteza quanto a uma possível data para nova marcação. No caso de Penedono, não
foi obtida resposta ao e-mail enviado com o pedido para a realização da entrevista. Mais tarde,
quando tentamos chegar à fala por chamada diretamente com o responsável pela comunicação,
sugerimos realizar a entrevista por Skype, dada a dificuldade/impossibilidade de fazer a viagem
de ida e volta no mesmo dia em transporte público. Perante a sugestão não foi apresentada grande
disponibilidade por parte do entrevistado, que sugeriu que lhe enviássemos as questões por e-
mail, evidenciando a falta de tempo naquele momento para proceder ao envio das respostas.
Assim, e ainda hoje, não foi dada qualquer resposta por parte do município.
Em cada um dos municípios mencionados, o entrevistado foi o responsável pela área da
comunicação por considerarmos que é quem detém o conhecimento e a experiência necessários
sobre a temática em apreço. O local para a realização da entrevista deve facilitar a fluidez da
conversa por parte do entrevistado, deve ser apropriado ao objeto de estudo e deve apresentar os
requisitos para que o sujeito se sinta confortável no ambiente em questão (Albarello et al., 2005).
As entrevistas decorreram no gabinete do entrevistado e tiveram a duração de entre 40 a 90
minutos, aproximadamente.
Para efeitos da análise e discussão dos resultados e de forma a existir uma conversa mais
fluída e atenta, foi pedida autorização, no início, para o registo áudio a cada entrevistado, que foi
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
37
concedida por todos. Além disso, no corpo de texto da posterior análise não serão citados nem os
entrevistados nem referenciadas as entidades respetivas. Desta forma, a identificação segue a
ordem do alfabeto, neste caso de A a I, mediante a ordem cronológica com que foram realizadas.
Assim, os municípios de grande dimensão são representados pelas letras A, C, D, H e I e as letras
B, E, F e G representam os municípios de pequena dimensão.
3.3. O guião da entrevista
Na perspetiva de Flick (2013), a elaboração prévia de um guião de entrevista auxilia o
investigador a ter uma maior sensibilidade relativamente ao modo como a entrevista decorre e ao
entrevistado, explorando livremente o seu pensamento, sem que se perca a “problemática que é
objeto de investigação” (Albarello et al., 2005, p. 217). É de acordo com a problemática em estudo
e sobre a necessidade de recolher informações sobre práticas envolvidas na mesma que é definido
e elaborado o guião. Este é pensado para que os temas a abordar sejam estrategicamente
enunciados, de forma a que o entrevistado aprofunde e fale espontaneamente dos mesmos
(Albarello et al., 2005), sem que a entrevista seja encaminhada para temas irrelevantes no
momento (Flick, 2013).
A elaboração do guião da entrevista consiste num momento fundamental de todo o
processo, uma vez que ele servirá de orientação à recolha de dados. Neste estudo, o guião
elaborado começa com um campo dedicado à identificação, área de formação e experiência do
entrevistado. De seguida, encontra-se dividido em cinco dimensões, sendo elas evidenciadas por
esta ordem: estrutura organizacional, processo de decisão interna, formalização de políticas e
estratégias, perfil do líder e reflexão. Estas dimensões subdividem-se em indicadores, que foram
definidos para, de forma mais simples e lógica, confinar as perguntas a serem feitas. Como
resultado final, foi selecionado um conjunto de 20 questões centrais, sendo que algumas delas se
ramificaram noutras questões, resultando em 38 questões na sua totalidade. O guião de entrevista
deste estudo encontra-se no Apêndice I (b).
Porém, é importante salientar que o guião pode ser “afinado” com o decorrer da
investigação, podendo existir a necessidade de adaptar determinadas questões em função da
pessoa a ser entrevistada (Albarello et al., 2005, p. 217). É importante advertir que não se trata
de um questionário. Embora se recorra a ele no sentido de orientar a conversa, o investigador
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
38
deve ter sempre em consideração a ordem com que o entrevistado exprime o seu pensamento e
deve respeitá-la (Albarello et al., 2005).
3.4. Análise qualitativa de dados
Inicialmente, e para identificar quais as práticas internas dos governos locais portugueses
para a gestão da sua presença nas redes sociais, foi realizada uma análise de conteúdo às nove
entrevistas realizadas. A análise de conteúdo
“constitui uma metodologia de pesquisa usada para descrever e interpretar o conteúdo de toda uma
classe de documentos e textos. Essa análise, conduzindo a descrições sistemáticas, qualitativas ou
quantitativas, ajuda a reinterpretar as mensagens e a atingir uma compreensão dos seus significados
num nível que vai além de uma leitura comum” (Moraes, 1999).
Para uma melhor organização do conteúdo de todas as entrevistas e para, posteriormente,
proceder à análise dos dados recolhidos, foi elaborada uma grelha de análise e adicionada a
informação a uma base de dados em Excel. A grelha de análise (constante do Apêndice II) foi
dividida nas seguintes quatro grandes dimensões: perfil do entrevistado, características e
dinâmicas organizacionais, liderança e presença nas redes sociais. Estas dimensões chave estão
divididas em indicadores e em subindicadores. Esta é uma forma de clarificar e agrupar, de uma
maneira mais organizada, toda a informação recolhida para depois poder ser realizada a análise
de conteúdo e conseguir dar resposta à primeira pergunta de investigação.
Na segunda parte, os dados recolhidos na análise de conteúdo realizada foram utilizados
para fazer tabelas de contraste com aquele que é o real desempenho nas redes sociais dos
municípios em análise. Para contrastar com os dados obtidos na análise de conteúdo das
entrevistas, utilizámos o número de habitantes de cada município disponível no Portal de
Transparência Municipal2 e, da mesma fonte, o número de funcionários municipais referentes ao
ano de 2017. Além disso, foi utilizada uma base de dados relativa às publicações no Facebook
dos municípios incluídos neste estudo, na qual é identificado o número de publicações, de gostos,
de comentários e de partilhas realizados em setembro, outubro e novembro de 20163. Assim,
2 Mais informação disponível em https://www.portalmunicipal.gov.pt/home?locale=pt# [acedido em 25/02/2019]. 3 Esta base de dados foi elaborada no âmbito do projeto de investigação “Digital Media and Technologies for Civic Engagement”, conduzido na United Nations University Operating Unit on Policy-Driven Electronic Governance (UNU-EGOV), que se enquadra no projeto “SmartEGOV: Harnessing EGOV for Smart Governance (Foundations, methods, Tools)/NORTE-01-0145-FEDER-000037”, cofinanciado pelo Programa Operacional Regional do Norte (NORTE 2020), através do PORTUGAL 2020 e do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER). Mais informação disponível em https://egov.unu.edu/research/digital-media-and-technologies-for-civic-engagement.html#outline [acedido em 18/02/2019].
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
39
foram construídas quatro tabelas de contraste referentes a quatro temas, designadamente, a
capacidade institucional ao nível dos recursos humanos, as características pessoais do Presidente
da Câmara, o tipo de estratégia seguida (ou seja, se é utilizada uma estratégia mais ou menos
profissional) e a disponibilidade de recursos financeiros. Cada um dos temas decorreu do
agrupamento dos dados considerados mais interessantes para cruzar, de modo a perceber em
que medida as estratégias de comunicação digital dos municípios portugueses condicionam e
moldam a sua presença e gestão das redes sociais.
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
40
4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Na primeira parte deste capítulo, procedemos à análise descritiva das entrevistas com
base na grelha de análise elaborada, com o objetivo de identificar as práticas internas dos governos
locais portugueses para a gestão da sua presença nas redes sociais.
A segunda parte é dedicada ao cruzamento de alguns dados constantes da análise
descritiva com dados observáveis e registados da prática dos municípios no Facebook, de forma a
analisar de que forma as estratégias de comunicação digital dos municípios portugueses
condicionam e moldam a sua presença e gestão das redes sociais.
4.1. Análise de conteúdo descritiva
4.1.1. Perfil do entrevistado
A primeira dimensão da grelha de análise aborda o perfil do entrevistado, neste caso, o
perfil do responsável pela criação/gestão das redes sociais. Dois dos subindicadores que fazem
parte desta dimensão dizem respeito aos anos de experiência na respetiva Câmara Municipal e
aos anos de experiência no cargo que desempenham.
Os entrevistados dos Municípios A, B e F iniciaram o seu percurso nas respetivas Câmaras
Municipais como estagiários e atualmente assumem funções de assessoria de imprensa há mais
de 5 anos. O responsável pela coordenação do Gabinete de Comunicação do Município C apresenta
um historial de já 30 anos na Câmara Municipal e no próprio gabinete, inicialmente como designer
e, desde 2014, com o cargo de chefia. A entrevistada do Município D está há 8 anos na instituição;
começou como diretora do Departamento de Comunicação e, ao longo dos anos, foi assumindo
novas responsabilidades. No caso do Município E, a representante começou a exercer funções na
área da comunicação em 2009, a tempo parcial, e desde a entrada do novo executivo em 2013
passou a fazer parte de uma nova equipa a tempo inteiro. O entrevistado do Município G, para
além, de ter as responsabilidades de comunicação desde 2005 é também Vice-Presidente desde
essa altura, integrando o Executivo a tempo inteiro. De forma diferente, e há um período de tempo
inferior, o responsável pelo Gabinete de Comunicação do Município H começou a exercer as suas
funções em 2016, altura em que entrou para a Câmara Municipal. Por fim, a entrevistada do
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
41
Município I entrou para a instituição em 2013 e, desde o início, entrou como adjunta do Presidente
da Câmara Municipal e faz a gestão da rede social do universo Câmara.
Conforme se pode verificar na sistematização dos dados constantes da Tabela 1, todos os
entrevistados têm formação ao nível do Ensino Superior e, na maioria dos casos, investimento ao
nível da Pós-Graduação e Mestrado. Da mesma forma, verifica-se que a maioria dos entrevistados
não possui formação académica na área da comunicação e os que detém a formação na área são,
maioritariamente, representantes de municípios de pequena dimensão.
Identificando a questão do género como outro subindicador, cinco dos municípios têm uma
pessoa do sexo masculino como responsáveis pela área da comunicação (A, C, F, G e H) e quatro
municípios têm uma pessoa do sexo feminino (B, D, E e I).
Um outro subindicador pretende aferir se os responsáveis pela comunicação dos
municípios possuem um cargo administrativo ou um cargo político. Sete dos nove entrevistados
ocupam um cargo administrativo e dois um cargo político.
Município Formação de base Nível de escolaridade
ALicenciatura - Ciências da Comunicação; Mestrado -
Marketing e Publicidade (falta a tese)Pós-Graduação
BLicenciatura - Ciências da Comunicação; Mestrado -
JornalismoMestrado
CLicenciatura - História da Arte; Mestrado - Novos
Media e Prática de InternetMestrado
D Licenciatura - História da Arte LicenciaturaE Licenciatura - Ciências da Comunicação Licenciatura
FLicenciatura - Comunicação Social; Pós-Graduação -
Gestão dos Recursos HumanosPós-Graduação
GLicenciatura - Engenharia Eletrónica e
TelecomunicaçõesLicenciatura
H Licenciatura - Gestão de Empresas Licenciatura
ILicenciatura - Gestão do Património; Pós-Graduação -
Turismo e Hotelaria; Mestrado - TurismoMestrado
Tabela 1 - Formação de base e nível de escolaridade dos entrevistados
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
42
4.1.2. Características e dinâmicas organizacionais
A segunda dimensão da grelha de análise abrange as características e dinâmicas
organizacionais, que foram aferidas com recurso aos três indicadores seguintes: objetivos iniciais,
recursos e dinâmicas (internas).
4.1.2.1. Objetivos iniciais
Os objetivos iniciais subdividem-se em três subindicadores, sendo eles os objetivos da
comunicação digital, as vantagens/benefícios e as desvantagens/riscos/desafios.
a) Objetivos da comunicação digital
Os objetivos da comunicação digital que surgiram de forma transversal em todas as
entrevistas dizem respeito à intencionalidade de uma maior proximidade com os cidadãos. Mais
concretamente, tentar manter o contacto com os seus munícipes, comunicar com eles e fazer
chegar informação foi evidenciada em cinco entrevistas (Municípios A, C, F, G e I). Um dos objetivos
referidos por mais do que um entrevistado (Municípios A, F e I) assenta na “divulgação e promoção
das potencialidades” do município e da sua “ação diária na parte municipal” (excertos do
entrevistado do Município F, 7 de junho), ou seja, dar a conhecer as atividades e iniciativas que a
Câmara Municipal faz e promove. A questão da transparência também é focada por dois
entrevistados, sendo que o Município C tinha como objetivo estar entre os dez primeiros no Índice
de Transparência Municipal e foi bem-sucedido e o Município D realça a importância de ser
transparente com responsabilidade. A entrevistada do Município I invoca, também, a promoção do
município. A promoção do próprio território, no sentido da “fruição do turismo” (excerto do
entrevistado do Município G, 14 de junho) é também referida, assim como o elo de ligação com
as comunidades, com os seus emigrantes. O Município D pretende prestar um melhor serviço, um
serviço personalizado direcionado a cada pessoa em específico. Por sua vez, o Município E aposta
na imagem e na divulgação dos eventos que promovem os produtos de excelência do concelho e,
também, potenciando as possibilidades de exportação. O objetivo referido como primordial pelo
Município H é que a comunicação digital seja identificada como sendo da cidade e nunca como
sendo um portal de notícias da Câmara Municipal. Para terminar, a responsável pelo Município B
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
43
considera que trabalham sempre “numa perspetiva de crescimento” (excerto da entrevistada do
Município B, 22 de maio), quanto mais pessoas alcançarem melhor, mas não têm objetivos
definidos.
b) Vantagens/Benefícios
Este subindicador visa aferir quais as maiores vantagens que consideravam para o
município relativamente à utilização de plataformas de comunicação digital.
Considerando a abrangência e diversidade das vantagens que poderiam ser apontadas
pelos entrevistados, a estratégia seguida foi a de apresentar um conjunto de 21
vantagens/benefícios aos entrevistados, de entre os quais foram escolhidas as três que
consideravam mais importantes. Sete desses indicadores não foram escolhidos por nenhum dos
entrevistados, oito foram escolhidos apenas uma vez e a maior incidência ocorreu em seis
vantagens, dado que cada uma foi selecionada, pelo menos, duas vezes.
Assim, estimular a participação do cidadão em assuntos do seu interesse foi uma das
vantagens mais relevantes, uma vez que foi selecionada por cinco municípios (A, D, E, H e I). A
entrevistada do Município I justificou que, desta forma, conseguem “perceber, através da
participação dos cidadãos, aquilo que está a correr melhor e aquilo que não está a correr tão bem”;
além disso, conseguem “perceber que tipo de notícias é que os cidadãos gostam de ver” e
consideram “importante perceber o que é que o público nos segue para ver” (excertos da
entrevistada do Município I, 21 de junho). Preferida também por cinco municípios (B, C, E, G e I),
foi a capacidade de fornecer informação sobre atividades da Câmara, pois consideram que a
comunicação digital ajuda a disseminar a informação de forma mais direta e mais fácil. A terceira
vantagem que teve mais incidência foi a divulgação de iniciativas para tornar o concelho mais
atrativo, selecionada pelos Municípios F, G e H. Os argumentos são centrados na divulgação dos
recursos e atividades do município, com efeitos promocionais e de aumentar a sua atratividade.
Os Municípios A e B realçaram a importância de divulgar eventos organizados pela Câmara, sendo
fundamental porque “a Câmara Municipal faz um investimento para criar eventos, para dar
dinâmica à cidade e para a população ter qualidade de vida e, portanto, é muito importante que
as pessoas tenham conhecimento dessas atividades” (excerto do entrevistado do Município A, 4
de maio).
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
44
Traçar planos estratégicos ou políticas com o público também é uma opção, pelo menos
para os Municípios C e F. O entrevistado do Município F acredita que, enquanto uma entidade
pública e que presta serviços públicos, todos os contributos podem ser importantes e as pessoas
podem ser não só o “foco daquilo que é o objetivo enquanto prestador de serviços, mas também
um ativo no sentido de dar contributos” aos próprios dirigentes, o que faz parte do “plano
estratégico de desenvolvimento do concelho” (excertos do entrevistado do Município F, 7 de junho).
Dois dos entrevistados (Municípios B e G) salientaram a relevância de permitir que a
população reutilize conteúdo partilhado pelo município. Para o entrevistado do Município G
“pressupõe uma participação muito ativa do cidadão enquanto agente divulgador da sua terra” e
considera importante “fomentar o sentimento de pertença das pessoas” (excertos do entrevistado
do Município G, 14 de junho). Por sua vez, a representante do Município B salientou que a partilha
é uma forma de aumentar o alcance e de legitimação do conteúdo veiculado.
Apresentar medidas políticas é importante para o Município A, porque é possível
comunicar diretamente com as pessoas e é “importante para não haver uma distorção da
mensagem” a transmitir. Mais ainda, o entrevistado mencionou ser importante as pessoas
saberem, por exemplo, acerca dos “grandes investimentos que estão a ser feitos” (excertos do
entrevistado do Município A, 4 de maio). O Facebook é referido pela entrevistada do Município I
como uma ferramenta “muito importante” pelo efeito de proximidade com as pessoas e é, então,
imprescindível a representação da instituição nas plataformas digitais com potencial. Para o
Município C, releva incentivar o uso da comunicação digital para a resolução de problemas locais,
dado que também possui aplicações próprias diretamente para estas questões. O responsável pela
comunicação do Município H afirmou a relevância de incentivar o público a compartilhar conteúdos
em diferentes formas com a instituição municipal. Aliás, incluem, no seu portal, uma área para
que “as instituições da cidade partilhem conhecimento e ações e que possam utilizar a plataforma
para as divulgar” (excerto do entrevistado do Município H, 18 de junho). A representante do
Município D considera importante a divulgação de serviços da Câmara e incentivar o uso de formas
alternativas para a comunicação de problemas, isto porque o município tem apostado na
comunicação com os cidadãos através de aplicações e do telefone e as pessoas têm aderido
porque têm resposta naquele momento.
A entrevistada do Município E considera importante atrair públicos mais jovens na
interação com a Câmara através da comunicação digital com base no argumento de que “há
bastante público jovem a querer investir e até regressar à terra com novas ideias” (excerto da
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
45
entrevistada do Município E, 29 de maio). Por fim, e escolhida pelo entrevistado do Município F,
foi a vantagem que possibilita gerar feedback recíproco porque considera “ser um canal
bidirecional” e é necessário ter a “capacidade de transmitir, mas também, ao mesmo tempo, estar
abertos para receber por parte do público e por parte dos munícipes aquilo que é perceção da
[sua] ação” (excertos do entrevistado do Município F, 7 de junho).
c) Desvantagens/Riscos/Desafios
A questão das desvantagens, riscos e/ou desafios que as plataformas de comunicação digital
acarretam não foi alvo de atenção na realização da entrevista por parte dos entrevistados. Sendo
que todos eles incidiram realmente naquelas que são as grandes vantagens e os benefícios para
os municípios, aquilo que lhes é possível fazer e de que forma.
4.1.2.2. Recursos
Os recursos subdividem-se em três subindicadores: recursos humanos, recursos técnicos
e recursos financeiros. A intenção subjacente a este indicador era identificar, por ordem de
relevância, os três subindicadores apresentados, com base na sua importância para a
comunicação online, ou seja, para criar e manter uma conta nas plataformas digitais (como o
Facebook, por exemplo). Em relação aos recursos humanos, englobava-se o número de
colaboradores no departamento de comunicação, a sua dedicação exclusiva e a sua respetiva
formação. Os recursos técnicos diziam respeito ao manuseamento de determinado software para
tratamento de som, imagem, vídeo, com a disponibilidade desse software no próprio local de
trabalho, o hardware disponível, bem como a qualidade das infraestruturas. No caso dos recursos
financeiros, seriam úteis para promoção da página oficial da Câmara Municipal e para as
estratégias de marketing das publicações.
Nas respostas obtidas foi evidenciada, por esmagadora maioria, uma certa ordem de
relevância. Os entrevistados dos Municípios B, C, D, E, G, H e I consideraram que os recursos
humanos são imprescindíveis e “o mais difícil de encontrar” (excerto da entrevistada do Município
D, 23 de maio). Em segundo lugar estão os recursos técnicos, visto que “é preciso criar conteúdos,
fotografar, filmar” (excerto do entrevistado do Município G, 14 de junho) e a menção à
interdependência entre estes e os recursos humanos. Os recursos financeiros foram identificados
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
46
como o terceiro grupo na ordem de relevância, dado que a presença nas redes sociais é
caracterizada por ser “um meio de promoção de baixo custo” e de “presença gratuita” (excertos
do entrevistado do Município G, 14 de junho). O entrevistado do Município F inverteu a segunda e
a terceira posição identificadas, ao ter considerado que é necessário ter recursos humanos
“eficazes e qualificados”, mas também ter recursos financeiros que permitam possuir recursos
técnicos para “fazer face àquilo que são as necessidades” (excertos do entrevistado do Município
F, 7 de junho). Já o entrevistado do Município A divergiu completamente das restantes respostas,
uma vez que salientou a extrema importância dos recursos financeiros, colocando-os em primeiro,
segundo e terceiro lugar, sendo a base que possibilita obter recursos humanos e recursos técnicos.
a) Recursos humanos
De forma mais pormenorizada, iniciamos a descrição das respostas no âmbito dos
recursos humanos, integrando o número de colaboradores no departamento de comunicação, a
sua dedicação exclusiva, a sua formação e se possuem ou não funções diárias.
O Município B possui dois funcionários afetos à gestão da comunicação online do
município, porém nenhum dos dois desempenha funções em total exclusividade à parte da
comunicação online. Existem algumas funções diárias que os dois membros desempenham,
nomeadamente “acompanhar o Presidente nas atividades internas e externas em que ele se faz
representar” (excerto da entrevistada do Município B, 22 de maio). A entrevistada tem formação
em Ciências da Comunicação e Jornalismo e o outro colaborador, ainda que não tivesse terminado
o curso em Engenharia Informática, o seu percurso profissional incluiu trabalho em empresas que,
de certa forma, já tinham algum nível de comunicação. Ao nível de formação, a entrevistada
realizou apenas estágios curriculares e profissionais que lhe permitiram adquirir mais
conhecimento nesta área. Contudo, consideram que existem formações especializadas que seriam
uma mais-valia.
À semelhança deste, o Município G tem dois colaboradores, o que é apontado como
insuficiente, já que nenhum assume dedicação exclusiva e acumula funções de outra índole
(sejam, num caso, tarefas associadas aos pelouros como Vice-Presidente e, no outro caso, funções
de secretariado e apoio a outras áreas). O representante que nos concedeu a entrevista possui
formação em Engenharia Eletrónica e Telecomunicações e considera que, embora não tenha mais
formação do ponto de vista académico, todas as experiências que desenvolveu ao longo da sua
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
47
vida (rádio, escrita e fotografia) foram muito úteis, ainda que de modo informal. Porém, tem noção
da existência de ações de formação que seriam proveitosas para as suas funções diárias.
O número de colaboradores no Departamento de Comunicação do Município A é o mesmo
que os anteriores dois, um deles com dedicação exclusiva. O entrevistado deste município de
grande dimensão é responsável pelo Facebook, onde têm a grande parte da comunicação e o outro
membro está mais dedicado ao Instagram. Este representante, para além da sua área de formação
em Ciências da Comunicação, tem também alguma formação na área financeira. Relativamente
às funções que desempenha, afirmou não sentir necessidade de realizar outro tipo de formações
especializadas.
A instituição F dispõe de três pessoas afetas à comunicação, sendo que dois deles têm
dedicação exclusiva. O entrevistado afirmou que os recursos que têm são poucos para o Gabinete
de Comunicação e suprimem essas lacunas pela interação com técnicos das outras áreas que vão
dando contributos. O entrevistado refere que os dois elementos exclusivos estão a desempenhar
funções há muito pouco tempo e, embora não tenham tantos conhecimentos a nível teórico,
possuem mais conhecimentos na prática e são ótimos profissionais, sendo que fazem a divisão
das funções mediante as necessidades diárias. O representante do gabinete tem formação em
Comunicação Social e, apesar de fazer a coordenação dos dois técnicos, agora também
desempenha funções em outras áreas. Além disso, é da opinião de que existem várias ações de
formação que nos vão “enriquecendo e dando um background cada vez maior na área” (excerto
do entrevistado do Município F, 7 de junho).
Cinco é o número de colaboradores afetos à comunicação online do Município C e, embora
a equipa dê ao representante boas condições para fazer um trabalho que considera bom “e, muitas
vezes, muito mais que bom”, realçou que existem sempre algumas lacunas. De forma mais
concreta, afirmou que a existência de um web designer e de quatro pessoas para a comunicação
escrita, uma delas só para a imprensa e relacionamento com os jornalistas e as outras três fazem
a informação estática. Mas, apenas dois da comunicação escrita e um técnico desempenham
funções em exclusividade e os outros dois acumulam outras tarefas. No fundo, esta instituição de
grande dimensão possui técnicos qualificados que permitem fazer diversas funções. Para além de
ter a formação em História da Arte e especialização em Novos Media e Prática de Internet, o
entrevistado tem também “formação média na questão do design” (excerto do entrevistado do
Município C, 23 de maio).
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
48
Por sua vez, o Município E tem seis pessoas ligadas de alguma forma à comunicação,
quatro afetas de forma exclusiva e duas ligadas à informática, que, quando é preciso, dão
contributos nesta área. A representante da instituição tem formação em Ciências da Comunicação
está na parte do texto e depois têm os outros elementos ligados ao registo fotográfico e à elaboração
de cartazes, flyers e vídeos. Considera que existem ações de formação que podem auxiliar nas
funções diárias e sublinha a sua importância nesta área, dado que é necessário acompanhar a
sua evolução constante.
Um outro município de grande dimensão, H, refere que sete pessoas estão envolvidas na
sua comunicação online e todas estão em exclusividade. Três delas são responsáveis pela produção
dos conteúdos, dois são fotógrafos que suportam a questão visual e dois formam uma equipa de
vídeo. O entrevistado é formado em Gestão de Empresas e tirou MBA em Marketing. Realça a
especificidade da comunicação de um organismo público e, deste modo, é preciso ter técnicos e
recursos humanos que consigam perceber a política de comunicação e interpretá-la de forma ideal.
No caso do Município I, são dez os membros que desempenham funções no Gabinete de
Comunicação, e em exclusivo. A entrevistada deste município de grande dimensão, para além da
sua formação em Gestão do Património e posterior especialização em Turismo, afirmou não ter
sentido necessidade de outro tipo de ações de formação especializadas e adiantou que a sua
aprendizagem resulta da sua orientação natural e de pesquisas que realiza.
Por último, o Gabinete de Comunicação do Município D é composto por vinte e cinco
pessoas com funções diárias diferentes com resultados na comunicação interna, embora a sua
exclusividade dependa da área e dos recursos disponíveis. A equipa é constituída por técnicos
especializados e formados e também por pessoas que tinham perfil e apetências para algumas
áreas e que foram escolhidas para integrar a equipa de comunicação, proporcionando-lhes
formação específica. Ainda que a área de formação da entrevistada seja História da Arte, todo o
seu percurso profissional esteve ligado à comunicação e, atualmente, gere 300 pessoas de áreas
diferentes. Ao longo dos anos e, de forma pontual, tem realizado formações por iniciativa própria,
porém considera que as suas competências foram adquiridas com a prática e com pesquisas.
b) Recursos técnicos
Os recursos técnicos são globalmente tidos como importantes pelos entrevistados por
constituírem a condição primeira para a produção de conteúdos e o que possibilita o trabalho dos
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
49
recursos humanos, que por sua vez permite múltiplas partilhas entre diferentes plataformas. São
os recursos que permitem a produção de conteúdos que precisam de “ter no site para também
partilhar na página do Facebook” (excerto da entrevistada do Município I, 21 de junho). Por
exemplo, a entrevistada do Município D refere a aposta que faz ao nível dos equipamentos, para
tudo o que é conteúdo multimédia, a questão das redes, da ligação à Internet e, também, do
software, dado que têm subscrição de modo a terem acesso às últimas versões. Por outro lado, o
entrevistado do Município G considera que o software é o menos importante pela facilidade em
obtê-lo sem grandes custos associados. A entrevistada do Município E salientou que este novo
Executivo fez uma grande aposta nesta área e, neste momento, têm à disposição os meios
adequados à dimensão do município e ao tipo de eventos que realizam. E acredita que existe
disponibilidade, por parte de quem gere, em aceder a determinada necessidade evidenciada. Por
sua vez, também existem municípios, como é o caso do Município B, que não fazem uma grande
aposta em mais e melhores equipamentos. Tudo pode depender, e muito, daquilo que
financeiramente cada instituição consegue dispor. Por exemplo, o Município F esforça-se no sentido
disponibilizar serviços e os meios técnicos necessários, porém gostariam de possuir outros
recursos que lhe permitissem ter “uma maior amplitude e uma maior rapidez no tratamento dos
conteúdos” (excerto do entrevistado do Município F, 7 de junho). Quer o entrevistado do Município
C, quer o do Município H realçam que nunca têm tudo o necessário dado o permanente surgimento
de novos projetos e ideias, caso contrário seria sinal de acomodação.
c) Recursos financeiros
Os recursos financeiros foram selecionados pelo Município A como de extrema
importância, talvez porque, como refere o entrevistado, os seus recursos financeiros “são muitos
baixos” (excerto do entrevistado do Município A, 4 de maio). Também a representante do Município
B salienta que se tivessem recursos financeiros disponíveis recorreriam a empresas para a
produção de serviços de vídeo especializados, com o objetivo de despertar o interesse para o
município. O Município C privilegia muito a expressão “Prata da Casa”, ou seja, reúnem esforços
e tentam fazer o máximo possível internamente, resultando disso uma “estratégia de 80 a 90%”
(excertos do entrevistado do Município C, 23 de maio), embora haja situações que não possuem
tecnologias específicas porque não têm recursos técnicos e humanos para isso e necessitam de
recorrer a empresas externas.
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
50
A entrevistada do Município D salientou o investimento realizado nas subscrições para
terem acesso às últimas versões de software, bem como em todo o equipamento que é necessário
à criação de conteúdo multimédia. Embora haja uma pessoa responsável paga para produzir a
informação que é disponibilizada online, “não é preciso muito dinheiro para comunicar e bem”
(excerto da entrevistada do Município E, 29 de maio). Ou seja, a comunicação online “é mais
acessível e gratuita no sentido de quem a recebe e do veículo de informação” (excerto da
entrevistada do Município E, 29 de maio), como também salienta o entrevistado do Município G.
A entrevistada do Município D considerou, também, que “fazer campanhas no Facebook é barato”
(excerto da entrevistada do Município D, 23 de maio), visto que não é um veículo de comunicação
que necessite de um grande investimento e a existência de um grande leque de canais disponíveis
e de parcerias proporciona uma projeção maior. Desta forma, existem “retornos de outra forma”
(excerto da entrevistada do Município D, 23 de maio), não sendo possível contabilizar
financeiramente todo o processo.
Também o representante do Município H identifica a utilidade dos recursos financeiros,
com o objetivo de “despertar interesse na comunicação social e nas entidades que também
comunicam e fazer com que os conteúdos sejam para eles importantes e que divulguem e
exponenciem o alcance” (excerto do entrevistado do Município H, 18 de junho). Grande parte dos
custos está também associada à evolução informática e de multimédia e, deste modo, é necessária
uma atualização constante, diz o entrevistado do Município F. Nomeadamente, “os equipamentos
vão ficando obsoletos, há sempre novas áreas, novas tecnologias que vão aparecendo (...) e o
aparecimento das novas ferramentas é sempre oneroso” (excerto do entrevistado do Município F,
7 de junho). Por sua vez, a entrevistada do Município I não atribuiu grande destaque a estes
recursos porque raramente fazem publicidade, só em certos eventos que pretendem divulgar e
alcançar o público-alvo.
4.1.2.3. Dinâmicas (internas)
Este indicador divide-se em seis subindicadores, designadamente: processo de gestão das
contas, produção de conteúdos e tipos de conteúdos publicados, estratégias de marketing para a
publicação de conteúdos, abertura das páginas aos cidadãos/comentários, moderação das
páginas e confirmação de existência de uma estratégia de comunicação.
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
51
a) Processo de gestão das contas
Este subindicador pretende evidenciar o processo que ocorre e as pessoas pelas quais
passa até efetivamente existir a publicação de conteúdos online. Existem alguns municípios em
que os responsáveis pela comunicação, e/ou a sua equipa em geral, assumem completa
autonomia no que diz respeito ao processo de validação prévia dos conteúdos.
Um exemplo disso é o Município H, que tem um “sistema de gestão interna, que é uma
agenda partilhada por todos, carregada pelos vários pelouros com todas as atividades”, mas “é a
comunicação que filtra aquilo que tem interesse e aquilo que não tem interesse” (excertos do
entrevistado do Município H, 18 de junho). Também é a responsável pela comunicação do
Município I que faz a seleção dos conteúdos que são partilhados, confirmando não existir um
processo de validação prévia antes de serem disponibilizados. Afirma que é “uma questão muito
orgânica, não é formal, não há uma diretriz” (excerto da entrevistada do Município I, 21 de junho)
a seguir. No Município A ocorrem, por vezes, reuniões entre o departamento que promove a
iniciativa e o entrevistado, mas também é este último quem define o critério de seleção e de
validação dos conteúdos que são disponibilizados, visto que participa na reunião e decide qual o
tipo de estratégia de comunicação que se pode aplicar. Os procedimentos no Município G são
semelhantes, dado que a validação é feita pelo responsável pela comunicação, considerando que
é, também, o Vice-Presidente da Câmara Municipal. No caso do Município D, a entrevistada
afirmou não existir um processo de validação prévia e formal, podendo ser necessária em caso de
dúvida em como responder a determinada questão mais sensível, nomeadamente com possível
impacto político. Na reunião semanal de comunicação com o Vice-Presidente, a agenda inclui o
planeamento da semana seguinte, a identificação dos “momentos chave de comunicação”
(excerto da entrevistada do Município D, 23 de maio) e a apresentação dos planos de
comunicação. No Município C, foi referida a necessidade de “triagem” para a seleção do “mais
relevante” (excertos do entrevistado do Município C, 23 de maio) para publicar, havendo uma
espécie de validação prévia em contexto de reunião. Relativamente ao Município B, eventualmente,
a informação pode ser fornecida ao Gabinete de Comunicação por algum assessor e depois, de
um modo geral, a validação é feita pelos dois membros da comunicação e pelo Presidente do
Município, que indica sempre o caminho. No Município F acontece que todas as iniciativas são
enviadas através dos diversos setores até ao Gabinete de Comunicação, posteriormente os
conteúdos são tratados por estes e validados superiormente por um dos Vereadores ou pelo
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
52
Presidente da Câmara. Só após validação é que os conteúdos são publicados, podendo ser quer
pelo entrevistado quer pelos dois colaboradores do departamento. No mesmo sentido, existe
também um processo de validação prévia antes da disponibilização da informação no Município E.
Esta não está dependente de nenhum Vereador, mas sim do Presidente, que está sempre a par do
que vai ser publicado, embora queira “uma equipa pró-ativa e que dê sugestões” (excerto da
entrevistada do Município E, 29 de maio). Há pequenas reuniões informais e quem está
responsável por produzir aquela informação, consulta a chefe de gabinete, a presidência e depois
é que é colocado online.
b) Produção de conteúdos e tipo de conteúdos publicados
Este subindicador teve como objetivo apurar quais os principais conteúdos disponibilizados
e o responsável pela sua produção.
No Município A são as diferentes unidades orgânicas da Câmara Municipal que produzem
o conteúdo, ou seja, produzem a iniciativa e o principal conteúdo assenta nas atividades e
iniciativas que ocorrem. A entrevistada do Município B refere que a publicação de conteúdos
“acaba por ser um ciclo”, mas fazem sempre “uma publicação com um cartaz de uma atividade
que depois vai originar uma notícia quando se realizar o evento” (excertos da entrevistada do
Município B, 22 de maio). Ocasionalmente, também, fazem avisos de meteorologia ou sobre
questões que afetem a segurança e a mobilidade das pessoas. A produção destes conteúdos fica
à responsabilidade dos dois membros do gabinete, que, todavia, contactam sempre o Presidente.
Por sua vez, o responsável pela comunicação do Município C refere que os responsáveis
pela produção dos conteúdos são os técnicos da comunicação escrita que estão no gabinete e,
principalmente, os dois que estão a tempo inteiro. Neste caso, “90% das notícias são sobre a
atividade municipal, das Juntas de Freguesia e de instituições do concelho” (excerto do
entrevistado do Município C, 23 de maio). Relativamente ao Município D, é comunicado tudo aquilo
que acontece no concelho, nomeadamente: promoção de serviços e eventos, informação lúdica e
prática, interrupções de trânsito, avisos de condições meteorológicas extremas, as questões da
eletricidade, notícias sobre o concelho, entre outras. Por detrás destas publicações está uma equipa
interna de conteúdos que produz para várias plataformas, por exemplo o Facebook, em conjunto
com pessoas de cada área que tratam os seus conteúdos e fazem essa “ponte”.
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
53
O Município E aposta também na divulgação dos eventos e dos produtos do concelho,
toda a atividade autárquica, tudo aquilo que é notícia suscetível de sair na imprensa e também
avisos à população. É o Gabinete de Comunicação quem produz e leva à aprovação da Chefe de
Gabinete e do Presidente da Câmara. No que diz respeito ao Município F é o Gabinete de
Comunicação o responsável pela produção do conteúdo e este é, em grande escala, a promoção
e divulgação dos eventos e das capacidades que têm enquanto destino turístico. No Município G
os conteúdos publicados são, essencialmente, a promoção de eventos e é o entrevistado, quase
exclusivamente, o responsável pela sua produção. Quando muito, por vezes, a questão é partilhada
com o Presidente da Câmara em matérias com uma componente mais política ou com os colegas
de Executivo quando se tratam de publicações sobre matérias que estão sob a sua alçada.
O representante do Município H dispõe de uma equipa responsável por esta função,
composta por três pessoas. Porém, indica que não têm um conteúdo principal, pois é da opinião
que estariam a “condicionar a informação à partida” (excerto do entrevistado do Município H, 18
de junho). Existe então uma agenda partilhada por todos e é a comunicação que filtra aquilo que
tem interesse, de acordo com aquele que é o interesse do munícipe e o interesse de quem consulta
o portal. Por fim, nem tudo o que é publicado pelo Município I são conteúdos promovidos pela
Câmara Municipal, já que alguns conteúdos prendem-se com o que está “diretamente relacionado
com o dia-a-dia dos cidadãos” (excerto da entrevistada do Município I, 21 de junho). Contudo, a
maioria é relacionada com a atividade do município: eventos, notícias, notícias de imprensa e a
responsável pela produção, na totalidade na página do Facebook, é a entrevistada, mas, muitas
vezes, existe a partilha de tarefas entre os membros da equipa.
c) Estratégias de marketing para a publicação de conteúdos
A intenção deste subindicador é clarificar a existência e o tipo de estratégias de marketing
para a produção de conteúdos. Para isso, as questões colocadas consideram: a frequência das
publicações, o horário das publicações, se existe algum timing pensado e apropriado a certos
conteúdos e/ou públicos. Além disso, e mais especificamente direcionado para o conteúdo, era
intenção verificar se existem critérios para a publicação de conteúdos com base na conjugação
dos recursos visuais, a existência de partilhas de ligações, o recurso a outra língua, o recurso à
transmissão em direto e disponibilização das Assembleias Municipais e, também, o recurso a
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
54
hashtags. E, para finalizar, tentar perceber se existe alguma preocupação em trabalhar a
informação de forma a atrair mais facilmente a atenção do público.
Através dos dados evidenciados na Tabela 2, é possível verificar que a maioria dos
municípios publica todos os dias, pelo menos uma vez, e salientam os horários das publicações e
o tempo como fatores importantes na eficácia da comunicação. A opinião é unânime quanto à
utilização de recursos visuais nas publicações, uma vez que, todos eles destacam as imagens,
qualquer que seja, como sendo o conteúdo que resulta melhor. De forma geral, os municípios
também utilizam outras formas de conteúdo (recurso a outra língua, transmissão em direto e
hashtags). Sendo que a maioria dos municípios que não utilizam com tanta regularidade ou rigor
essas ferramentas têm como grande fator limitador a falta de recursos técnicos disponíveis ou
tratam-se de ferramentas recentes que ainda não desenvolveram.
Município Publicações: características e frequênciaRecursos para a publicação de
conteúdosExcertos visuais: importância e utilização Excertos relevantes
A
Não existe um nº definido de publicações; A sua publicação é
espaçada; A forma como as pessoas utilizam o Facebook (durante a semana/
fim-de-semana) é conjugada com a mensagem que pretendem passar
Não recorre à transmissão em diretoA imagem funciona melhor que o vídeo; Existe um link no sentido de dar mais
informação
"arranjar imagens e um título apelativos para prender a pessoa
à informação"
BNão publica todos os dias; Utiliza o
horário mais próximo do almoço e ao fim da tarde
Não faz recurso a outra língua; Não recorre à transmissão em direto; Não
utilizam hashtags
Resulta melhor fotografia com um pequeno texto; Existe partilha de ligações para dar
mais informação ou se organismos intermunicipais lhe pedirem colaboração
"acaba por ser a parte brilhante da publicação, tem cor e, apesar
de não ter movimento, revela ação" (a qualidade fotográfica)
CPublica todos os dias; A sua publicação é espaçada; Tentam aproximá-las da hora
de almoço ou fim da tarde
Conteúdos estáticos e produção escrita de conteúdos em inglês;
Recorre à transmissão em direto; Não utiliza diariamente hashtags
Escolhem a fotografia ou o vídeo que melhor se adequa ao tema (privilegiam muito a
fotografia para memória futura e o vídeo para um registo mais trabalhado)
"O critério é o que seja mais adequado à informação escrita" (sobre a utilização de recursos
visuais)
DPublica todos os dias e várias vezes por dia; Utilizam o horário mais próximo do
almoço e ao fim da tarde
Conteúdo em inglês feito por pessoas estrangeiras; Recorre à transmissão em direto; Utiliza sempre hashtags
Conteúdos curtos, giros, com ritmo e com bom grafismo; Conteúdos que precisam ser aprodundados estão num dos seus sites e fazem partilha de ligações de parcerias ou
notícias interessantes
"Estamos cada vez mais a ser mais simples e mais sintéticos"
ETenta publicar todos os dias; O horário
tem a ver com a disponibilidade da produção e da aprovação
Conteúdo traduzido em nove línguas; Não recorre à transmissão em direto;
Não é frequente a utilização de hashtags
Os critérios são definidos de acordo com a importância do evento, mas, no geral, a
imagem resulta melhor; A partilha de ligações é feita apenas para questões que precisem de
mais informação
"mais moderna e eficaz" (a sua apresentação)
FPublica no mínimo uma vez por dia e no máximo três; A sua publicação é sempre
espaçada
Faz recurso a outra língua; Recorre esporadicamente à transmissão em
direto; Recorre aos hashtags mais na questão dos eventos
A imagem é mais apelativa do que o texto; A partilha de ligações é utilizada em algumas
situações
"o mais simples possível e, ao mesmo tempo, eficazes"
(recursos visuais utilizados)
GPublica no mínimo uma vez por dia e no máximo três; Utilizam mais o período
entre as 16h e as 18h
Não recorre a outra língua; A transmissão em direto é limitada a
um único espaço; Recorre aos hashtags recentemente
Conjugação entre a história do texto e a escolha cuidada da imagem; A partilha de ligações são direcionadas para o site para uma maior informação ou relativamente a
"espécie de autoimposição" (em relação à frequência das
publicações)
HPublica em média 10 notícias por dia;
Pode utilizar como horário prime , perto do almoço, final da tarde e à noite
Conteúdos diários produzidos em inglês; Recorre ao streaming ; Não recorre muitas vezes a hashtags
Segue uma linha editorial de fotografia; Faz partilha interna de ligações e com algumas
entidades
"existe uma linha editorial de fotografia"
IPublica todos os dias; Não tem horários definidos (exceto para os vídeos de 30s)
Vídeo institucional com legenda em inglês; Reccoa muitas vezes à
transmissão em direto; O hashtag utilizado é o respetivo à marca do
concelho
A imagem é muito importante (qualquer que seja), mas os vídeos funcionam melhor;
Existe partilha de ligações próprias e outras relacionadas com notícias digitais
"as publicações são feitas no sentido de tornar a informação o
mais percetível e atrativa possível"
Tabela 2 - Estratégias de marketing para a publicação de conteúdos
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
55
Todos os representantes entrevistados confirmam a existência de alguma preocupação na
elaboração das publicações de forma a atrair mais facilmente a atenção do público. Ainda que de
maneiras diferentes, a sua generalidade pretende criar a imagem do seu município de forma cada
vez mais apelativa, simples e eficaz.
d) Abertura das páginas aos cidadãos/Comentários
Com este subindicador, a intenção é apurar o posicionamento das Câmaras Municipais
relativamente à interação e comunicação com os cidadãos através das redes sociais, verificando a
abertura das páginas oficiais à publicação pelos cidadãos, a reação a essas iniciativas (comentários
e/ou pedidos de esclarecimentos) e o modo como esse processo decorre internamente
(designadamente para verificar se existe algum processo interno para lidar com esses comentários
e perceber se é permitido questionar o município através de mensagens privadas e, quando isso
acontece, quem responde).
Relativamente à possibilidade de o cidadão publicar nas páginas oficiais dos municípios,
nenhum dos nove municípios em análise dá essa permissão. Por exemplo, quando deparado com
esta questão, o entrevistado do Município A afirma que a comunicação é unidirecional e remete
para o e-mail a possibilidade de o cidadão se manifestar. No Município C, considera-se esta
possibilidade, mas apenas quando se tratam de eventos partilhados, nomeadamente quando são
criados grupos públicos de trabalho no Facebook.
Todas as páginas dos municípios são utilizadas também para solicitar esclarecimentos
através de comentários públicos e todas permitem a possibilidade de os questionar de forma
privada.
Ainda que de formas distintas, a maior parte dos municípios (B, C, D, F, G, H e I) costuma
responder às solicitações públicas e/ou privadas. Na sua generalidade, quando se tratam de
questões mais simples, objetivas e que os responsáveis pelas redes sociais tenham capacidade
e/ou estejam autorizados a responder, essa resposta é fornecida no momento. Quando se tratam
de assuntos mais complexos, encaminham os esclarecimentos para os serviços respetivos. Por
vezes, existem municípios que, quando deparados com questões mais profundas, fazem o convite
para exporem as mesmas presencialmente (como é o caso do Município G, de pequena dimensão),
ou quando inadequadas ao meio de comunicação pedem para enviar e-mail para o endereço
referido (caso do Município H, de grande dimensão).
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
56
Por outro lado, os Municípios A e E apresentam uma resposta nesta questão um pouco
diferente. Sendo que, através das redes sociais, não costumam responder a comentários públicos,
visto que, segundo o entrevistado do Município A, a comunicação é unidirecional e existem canais
próprios para pedir esses esclarecimentos. Relativamente ao nível de solicitações em privado,
podem fornecer o horário de atendimento presencial do Presidente da Câmara ou respondem com
mensagem automática a referir para enviarem um e-mail.
e) Moderação das páginas
No que diz respeito à moderação das páginas, o enfoque é no uso de linguagem menos
adequada e nas medidas tomadas para lidar com situações em que isso acontece, uma vez que
esta foi a questão mais referida pelos entrevistados. A generalidade dos entrevistados refere não
tolerar linguagem imprópria (palavrões, insultos) que ofenda pessoas em concreto ou que
desrespeite o que é mais elementar, nomeadamente, atos de xenofobia e de racismo. Realçam
que esse é o único critério que pode decretar a eliminação de comentários ou até mesmo
bloquearem as pessoas e fecharem o seu acesso às páginas oficiais das Câmaras Municipais.
f) Confirmação de existência de uma estratégia de comunicação
No decorrer das entrevistas, verificou-se que a maioria dos entrevistados não confirmaram
a existência de um plano de comunicação estratégica para as plataformas online.
No caso dos Municípios A e B, não foi explicitamente referida a existência de uma
estratégia de comunicação. Por outro lado, os representantes dos Municípios C, D, F e H inserem
no seu discurso a existência de estratégias de comunicação. Há três casos em que se refere a
necessidade de adaptação das estratégias de comunicação ao contexto digital, designadamente
os municípios C, D e F. Já, no caso do Município H, a criação do portal de notícias e da própria
marca da cidade representam duas grandes opções políticas que o Executivo atual tomou como
sendo fatores muito importantes da estratégia política. Por sua vez, a entrevistada do Município I
refere a importância de adaptar a comunicação paulatinamente às necessidades e expetativas dos
próprios munícipes, bem como ao impacto das medidas tomadas.
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
57
4.1.3. Liderança
A terceira dimensão da grelha de análise diz respeito à liderança local e esta divide-se em dois
indicadores, designadamente o perfil do líder do Executivo e a sua atividade online.
4.1.3.1. Perfil do líder do Executivo
Este indicador tem por base três subindicadores, que visam aferir se o líder do Executivo
interfere nas decisões relativamente à comunicação digital, se teve algum papel na tomada de
decisão quanto à criação da(s) conta(s) oficiais do município e se está presente nas reuniões, caso
existam, de discussão da agenda de social media. Esta é uma dimensão muito importante e
interessante para a análise, tendo como ambição verificar se existe um maior ou menor controlo
por parte do Presidente da Câmara relativamente à comunicação online, ou seja, se o processo
de comunicação é centralizado ou descentralizado, respetivamente.
Relativamente à tomada de decisão quanto à criação da(s) contas(s) oficiais do município,
em todos os municípios referidos verifica-se um papel por parte do Presidente das instituições,
ainda que não com a mesma participação e ainda que nem todos os entrevistados tenham referido,
de forma completamente explícita, o líder do Executivo como membro neste processo. Por
exemplo, no caso do Município A, o entrevistado refere que o líder do Executivo deu o aval para o
responsável pela comunicação avançar. O entrevistado do Município C expressa que a iniciativa
partiu “da presidência na altura” (excerto do entrevistado do Município C, 23 de maio) e, da
mesma forma, o do Município F disse que a criação das páginas que têm atualmente “foi uma
decisão do Executivo anterior” (excerto do entrevistado do Município F, 7 de junho). Por sua vez, a
entrevistada do Município D como membro do Executivo que participa nestas questões, só acabou
por referir o Vice-Presidente, uma vez que é a pessoa do Executivo que tem a área da comunicação.
Todos os outros, três municípios de pequena dimensão (B, E e G) e dois de grande dimensão (H
e I) realçam, claramente, o papel que o Presidente da Câmara Municipal deteve nesta tomada de
decisão.
O subindicador acima mencionado apresenta respostas positivas relativamente à presença
do líder na tomada de decisão inicial na totalidade das instituições, dado que aqueles que não o
referiram diretamente deram enfoque à presidência ou a outros elementos do Executivo e, desse
modo, o Presidente está intimamente ligado e envolvido no processo. Considerando os resultados
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
58
apresentados neste subindicador e em conjunto com os outros dois subindicadores relativos a esta
questão, tomamos por opção agrupar em duas dimensões distintas de acordo com as
características do Presidente da Câmara. Uma das dimensões envolve a centralização das
decisões, devido a um maior controlo por parte do líder do Executivo, ao passo que a outra
dimensão assenta na descentralização das decisões, verificando-se um menor controlo por parte
do Presidente da Câmara Municipal. Na primeira destas dimensões insere-se o Município B uma
vez que todas as decisões são tomadas com a anuência do Presidente e este participa sempre na
validação dos conteúdos antes de serem disponibilizados. A este assemelha-se o Município E, dado
que a tomada de decisão passa pelo Presidente ao mínimo pormenor, desde as cores e o tipo de
letra usado, “passa tudo por ele esmiuçado” (excerto da entrevistada do Município E, 29 de maio).
Aliado a isso, através de pequenas reuniões mais informais o Presidente “está sempre a par do
que vai ser disponibilizado” (excerto da entrevistada do Município E, 29 de maio) e participa no
processo de validação prévia. O Município F também se insere neste grupo, ainda que de forma
ligeiramente diferente dos anteriores. Neste caso, existe sempre um processo de decisão e
validação dos conteúdos publicados que tem de ser realizado superiormente ao Gabinete de
Comunicação (pelo Vereador do pelouro respetivo ou, caso isso não aconteça, pelo Presidente).
Os restantes municípios são agrupados na segunda dimensão, ainda que demonstrem raras
diferenças e/ou os entrevistados evidenciem determinadas ressalvas, o líder do Executivo
apresenta um menor controlo e interferência nas decisões tomadas neste âmbito. No caso do
Município C, e naquela que é a atividade regular da comunicação, o líder do Executivo não
intervém, a menos que sejam questões estratégicas em que existe um plano e “inputs que têm de
ser dados pela própria Presidência” (excerto do entrevistado do Município C, 23 de maio). Neste
caso, o papel do Presidente é de cariz orientador sobre as publicações e de participante ativo ao
fazer comentários às mesmas.
No que diz respeito à comunicação online do Município G, todas as decisões são tomadas
e validadas pelo representante do gabinete (simultaneamente Vice-Presidente da instituição e
membro do Executivo). Porém, quando se trata de matérias mais sensíveis, por exemplo, a nível
político, “há um processo de validação ao mais alto nível com o Presidente” (excerto do
entrevistado do Município G, 14 de junho). De forma semelhante acontece no Município H, dado
que o Presidente não valida os conteúdos antes de serem disponibilizados, apenas tem uma
intervenção em “questões políticas ou quando é preciso reagir a uma notícia” (excerto do
entrevistado do Município H, 18 de junho). Do mesmo modo, no Município D, o Presidente não
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
59
tem um papel na validação dos conteúdos que são disponibilizados, nem costuma ser informado.
A validação é apenas relativamente à forma como vão responder se forem questões que “podem
ter algum impacto político” (excerto da entrevistada do Município D, 23 de maio). Mas, até mesmo
a forma de comunicação entre o Gabinete de Comunicação e o Executivo, acontece através de
uma reunião semanal com o Vice-Presidente. Para finalizar, nos Municípios A e I é evidente o
menor controlo do Presidente em relação a estas questões. No Município A, o Presidente não
interfere nos conteúdos a serem disponibilizados
e nem nas decisões, visto que não está presente nas reuniões pontuais que ocorrem. O
entrevistado refere que as reuniões com o Presidente são “mais estratégia política” (excerto do
entrevistado do Município A, 4 de maio). O mesmo acontece com o Município I, uma vez que o
Presidente não tem qualquer participação nem interferência no processo de tomada de decisões
e de validação.
4.1.3.2. Atividade online do líder do Executivo
A atividade online do líder do Executivo inclui a verificação de página oficial do Presidente
da Câmara nas redes sociais, o apoio na sua gestão e a existência de algum tipo de articulação
entre a sua página e a página oficial da Câmara Municipal.
Na maior parte dos casos analisados, o líder do Executivo possui pelo menos uma página
oficial. Cinco deles, referentes aos Municípios B, C, E, F e H, possuem uma única página oficial
no Facebook. O Presidente do Município D tem duas páginas oficiais no Facebook, uma pessoal e
uma política. Já o líder do Município I tem duas páginas oficiais no Facebook, sendo uma página
pessoal de “amigos e uma página de gostos” (excerto da entrevistada do Município I, 21 de junho),
e uma no Instagram. Por outro lado, os Presidentes dos Municípios A e G não possuem página
oficial em nenhuma rede social.
Relativamente ao apoio na sua gestão, os entrevistados de quatro dos municípios em que
os Presidentes possuem páginas oficiais (C, E, F e I) afirmam e/ou consideram que os líderes não
têm nenhum apoio na forma como atualmente gerem as suas páginas pessoais ou, até mesmo,
no conteúdo. Por outro lado, a representante do Município D considera que o Presidente teve apoio
do assessor na forma como geria a sua página, porque era uma novidade, mas sugere que
atualmente esse apoio já não existe. Por seu lado, o responsável pela comunicação do Município
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
60
H afirma que a gestão da página oficial que o Presidente possui no Facebook é feita pelo próprio
e pela sua equipa de assessores.
A maior parte dos entrevistados dos municípios cujos líderes marcam presença nas redes
sociais afirma não existir articulação entre a página oficial do líder e a página oficial da Câmara
Municipal. Por articulação entende-se partilhas de conteúdos nos dois sentidos, isto é, o Presidente
publicar conteúdos da página do município e vice-versa. Assim, os entrevistados dos Municípios
C, E e F referem não existir qualquer articulação entre as páginas oficiais referidas. No caso dos
Municípios H e I, o Presidente da Câmara através da sua página oficial partilha informação da
instituição, mas o inverso não acontece. A entrevistada do Município D afirma existir “uma
articulação sem ser pré-combinada” (excerto da entrevistada do Município D, 23 de maio), isto é,
o Presidente da Câmara publica conteúdos na página oficial do município, porém o contrário não
se verifica. Por sua vez, no caso do Município B, a entrevistada afirma a existência de articulação
no sentido da republicação dos conteúdos.
4.1.4. Presença nas redes sociais
Por último, a quarta dimensão da grelha de análise diz respeito à presença nas redes sociais
por parte da instituição e esta divide-se em dois indicadores, nomeadamente as plataformas em
que o município tem conta oficial e as suas expectativas iniciais relativas à presença e utilização
das plataformas digitais.
4.1.4.1. Plataformas em que o município tem conta oficial
Este indicador integra os seguintes cinco subindicadores: as plataformas em que o
município tem conta oficial, a existência de estudos e análises de mercado sobre o potencial
alcance das mesmas, a plataforma que consideram mais ativa, os critérios de publicação em cada
uma e a verificação da criação de outras páginas mais específicas.
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
61
Realçando que todos os municípios possuem um website municipal, este não vai ser
inserido na contagem das plataformas. Assim, e como se verifica nos dados sistematizados na
Tabela 3, de momento, o Facebook é a única plataforma em que todos os municípios possuem
conta oficial. De todas as plataformas presentes na tabela, todos afirmam ser o Facebook a mais
ativa atualmente, dado que para além de ser uma plataforma versátil, é a rede social “com maior
difusão, amplitude e, portanto, com maior destaque” (excerto do entrevistado do Município G, 14
de junho). Outra evidência referida por todos os entrevistados é a ausência de qualquer estudo
para perceber o funcionamento e o potencial alcance das plataformas de comunicação digital,
sendo realçada a incontornabilidade e importância da presença nas redes sociais como meio de
divulgação e interação com os cidadãos. Tendo sido um processo artesanal (para ilustrar as
expressões utilizadas pelos entrevistados dos Municípios A e I), os dados recolhidos apontam que
nem os municípios de maior dimensão apostaram em estudos de auscultação e projeção de
mercado aquando da aposta na comunicação digital.
De maneira geral, os entrevistados referem a existência de critérios para a publicação em
cada uma delas ou, pelo menos, de uma triagem de determinados tipos de conteúdos que são
mais adequados a certa plataforma. Porém, estes critérios verificados são ao nível da distinção dos
MunicípioPlataformas com
contas oficiais
Existência de estudo para saber o seu potencial alcance
Plataforma mais ativa
Critérios de publicaçãoCriação de páginas
mais específicas
AFacebook e Instagram
Não. Foi muito "amador"
FacebookFacebook - imagem apelativa, breve legenda e link ; Website - informação
mais detalhada-
B Facebook Não Facebook - Sim
CFacebook, Instagram,
Youtube e Twitter
Não. Foi uma "questão empírica"
FacebookFacebook - reflexo do website ; Website -
imagem das atividades autárquicasSim
DFacebook, Instagram,
Youtube e TwitterNão Facebook
Facebook - publicação de avisos com rápida resolução; Website - informações
institucionais e não imediatasSim
E Facebook Não FacebookFacebook - mensagem mediática e simples; Website - informação mais
completa e estática-
F Facebook Não Facebook
Facebook - promoção e valorização de iniciativas; Website - reflete ações enquanto prestadores de serviços e
questões mais legais
Sim
GFacebook e Instagram
Não FacebookFacebook - publicação curta, direta e incisiva; Website - informações mais
formais e detalhadasSim
H Facebook Não Facebook Facebook - partilha das notícias do portal Sim
IFacebook,
Instagram e Youtube
Não. Foi uma "questão caseira"
FacebookFacebook - questões mais gerais;
Website - questões gerais e institucionaisSim
Tabela 3 – Plataformas em que os municípios têm conta oficial
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
62
conteúdos publicados no Facebook e no website institucional. A maioria dos municípios optaram
também por criar algumas páginas mais específicas para divulgar determinadas valências do
concelho ou outros canais verticais, considerados como áreas estratégicas que as Câmaras
Municipais decidiram dar visibilidade em termos eletrónicos na web.
4.1.4.2. Expectativas iniciais relativas à presença e utilização das plataformas digitais
Este indicador tem como intenção averiguar a existência de contraste entre as expectativas
inicialmente traçadas em relação à presença e utilização das plataformas de comunicação digital
e as práticas efetivas.
Todos os responsáveis pela comunicação dos municípios em análise enaltecem a
confirmação das expectativas iniciais ao adotarem este meio de comunicação e, alguns adiantam
que essas mesmas expectativas têm vindo a ser superadas. Não obstante, referem que é um
processo contínuo e em constante evolução e mudança. Mais concretamente, no conjunto de
municípios de grande dimensão, a maioria afirma a concretização das expectativas iniciais e
sublinha o facto de se tratar de uma aprendizagem contínua (ou, nas palavras do entrevistado do
Município H, 18 de junho, de um “trabalho em plena construção”). Além disso, em dois casos
(dos Municípios A e I), os entrevistados afirmam a superação dessas mesmas expectativas
relativamente à presença e utilização das plataformas de comunicação digital. Por sua vez,
também dois dos municípios de pequena dimensão (B e G) realçam que as expectativas
inicialmente traçadas foram “devidamente atingidas e até com um nível de superação, em algumas
delas, que até nos deixa particularmente satisfeitos” (excerto do entrevistado do Município G, 14
de junho). No entanto, e para além da confirmação das expectativas iniciais, o Município E,
também de pequena dimensão, realça o facto da constante necessidade de mudança e
aperfeiçoamento na área da comunicação.
4.2. Análise Inferencial
Nesta parte da análise, alguns dados obtidos na análise descritiva e aquele que é o real
desempenho nas redes sociais (designadamente no Facebook) dos municípios em estudo foram
usados para a elaboração de quatro tabelas de contraste. Cada uma das tabelas de contraste
representa um tema, nomeadamente: a capacidade institucional ao nível dos recursos humanos,
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
63
as características pessoais do Presidente da Câmara, o tipo de estratégia seguida (ou seja, se é
utilizada uma estratégia mais ou menos profissional) e a disponibilidade de recursos financeiros.
Deste modo, pretende-se responder à questão analítica que visa perceber em que medida as
estratégias de comunicação digital dos municípios portugueses condicionam e moldam e sua
presença e gestão das redes sociais.
Como se pode verificar através dos dados recolhidos e sistematizados na Tabela 4, não é
possível concluir que há uma relação direta entre o número de colaboradores afetos à
Tabela 4 - Capacidade institucional (Recursos Humanos); Dados obtidos nas entrevistas vs. Nº de habitantes e Nº de funcionários municipais disponíveis no Portal de Transparência Municipal referentes a 2017 e Nº de publicações, gostos, comentários e partilhas da base de dados das publicações no Facebook verificadas em setembro, outubro e novembro de 2016.
Município
Existência de
gabinete ou
responsável
pela
comunicação
Nº de
colaboradores
Dedicação
exclusiva
Formação dos
colaboradores
Formação
especializada
Nº de
habitantes
Nº de
funcionários
municipais
Nº de
publicações
Nº de
gostos
Nº de
comentários
Nº de
partilhas
A Sim 2 1
Ciências da Comunicação,
com formação
complementar na área
financeira; Fotografia (o
outro elemento)
Não. Para as
funções que
desempenha não
sente essa
necessidade.
136,017 1000 45 5283 193 2580
B Sim 2 0
Ciências da Comunicação e
Jornalismo; Engenharia
Informática (o outro
elemento não terminou o
curso, mas tem experiência
profissional na área).
Não. Mas considera
que seria uma mais-
valia.
4,311 104 34 2044 48 735
C Sim 5 3
História da Arte, com
especialização em Novos
Media e Prática de Internet
e formação média no
design; Técnicos
qualificados para diferentes
funções.
Não 379,963 3065 432 77049 2561 25561
D Sim 25
Depende
da área e
dos
recursos
disponíveis.
História da Arte, com a sua
experiência profissional na
área de comunicação;
Técnicos especializados e
formados.
Sim. Por exemplo,
nas questões das
novas formas de
comunicação.
208,321 1959 695 75797 2773 24692
E Sim 6 4
Ciências da Comunicação;
Técnicos capazes de
elaborar diversos
conteúdos.
Sim. E realça a
vontade de fazer
mais.
16,407 171 23 1919 36 1314
F Sim 3 2
Comunicação Social, com
pôs-graduação em Gestão
dos Recursos Humanos e
na questão do SIADAP;
Técnicos com mais
conhecimentos na prática.
Sim. Por exemplo, a
nível protocolar e na
questão da imagem.
14,976 289 102 5880 333 2146
G Sim 2 0
Engenharia Eletrónica e
Telecomunicações, com
experiências na rádio,
escrita e fotografia.
Não. Mas considera
que seri proveitosa.10,488 66 67 7023 241 2544
H Sim 7 7
Gestão de Empresas;
Técnicos qualificados e
capazes.
Sim. MBA em
Marketing.227,535 2994 281 51694 1347 9138
I Sim 10 10Gestão do Património, com
especialização em Turismo.
Não. Sempre
funcionou e não
sentiu essa
necessidade.
303,149 1903 283 51284 1858 40186
DADOS OBTIDOS NAS ENTREVISTAS OUTPUT VERIFICADO
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
64
Comunicação nos municípios analisados e o número de habitantes. De forma detalhada, o
Município D é o que apresenta o maior número de colaboradores, porém é o quarto concelho com
o maior número de habitantes. Por sua vez, os Municípios I e H demonstram uma relação direta
nesta questão, visto que o primeiro é o segundo município com mais colaboradores e o segundo
com mais população, e o Município H é o terceiro com mais membros no gabinete e o terceiro em
que a quantidade de habitantes é mais elevada. Já o Município C, que tem o maior número de
habitantes, apresenta-se como o quinto município com mais colaboradores no Gabinete de
Comunicação, sendo que um dos municípios de pequena dimensão, com um número de
habitantes imensamente inferior, dispõe de mais colaboradores. O Município E apresenta-se como
o quarto com mais membros disponíveis no gabinete, supera dois municípios de grande dimensão
e tem quase tantos como o município acima posicionado, e apresenta um número de habitantes
inferior ao dos municípios de grande dimensão referidos. No caso do Município A, ainda que na
quinta posição dos concelhos com mais habitantes, é dos municípios com o número mais baixo
de colaboradores, no mesmo patamar que dois municípios bem mais pequenos em termos de
população. O Município F é o segundo dos concelhos mais pequenos com mais colaboradores,
mais do que o Município A, e é, também, o segundo dos municípios de pequena dimensão. Os
Municípios B e G têm a mesma quantidade de membros no gabinete, tal como o Município A, e
ainda que apresentem entre si uma diferença significativa no número de habitantes, são os dois
concelhos em que esse número é o menor.
No que diz respeito ao contraste entre o número de colaboradores e o número de
funcionários municipais também não se verifica uma relação direta. O Município C é o que
apresenta o maior número de funcionários e está na quinta posição dos municípios com mais
colaboradores. Por sua vez, o Município D ocupa a terceira posição dos municípios com mais
funcionários e a primeira no que toca à quantidade de colaboradores no gabinete. Também o
Município I está na posição logo abaixo no número de membros no gabinete e é o quarto município
em que o número de funcionários é maior. De seguida, encontra-se o Município H localizado como
o terceiro com mais colaboradores e o segundo maior concelho em termos de número de
funcionários. Já o Município A é o quinto com maior quantidade de funcionários, mas, de todos os
casos analisados, é dos que dispõe de um menor número de membros afetos ao Gabinete de
Comunicação. Também o Município E não evidencia uma relação direta entre estes dois
indicadores, ao passo que está na quarta posição dos municípios com mais colaboradores e é o
terceiro com menor número de funcionários. Este é um número substancialmente inferior quando
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
65
comparado, por exemplo com o Município C, mas tem mais colaboradores dedicados à
comunicação do município. O Município F é o município de pequena dimensão com maior número
de funcionários e é o segundo de pequena dimensão que apresenta uma quantidade maior de
membros referentes à comunicação. Os Municípios B e G são os que possuem um menor número
de funcionários e são os que têm também menos membros no Gabinete de Comunicação.
Poder-se-ia constatar que o número de colaboradores influencia o número de publicações
e a capacidade de gerar interação com a população, ao nível dos gostos, comentários e partilhas.
Além disso, esta também pode ser uma questão influenciada quer pela formação dos
colaboradores, quer pela visão dos entrevistados quanto à realização de ações de formação mais
especializadas que prestem auxílio nas funções que executam diariamente4.
Neste âmbito, o Município D confirma esta constatação, pois destaca-se pelo elevado
número de colaboradores e pela quantidade de publicações. Concomitantemente, está entre os
primeiros três lugares no ranking dos municípios com mais gostos, comentários e partilhas.
Embora a responsável pela comunicação não tenha formação académica na área, todo o seu
percurso profissional esteve ligado à comunicação e realiza ações de formação por iniciativa
própria, nomeadamente sobre as novas formas de comunicação. Além disso, dispõe de uma
equipa de técnicos especializados e formados em diferentes áreas. Com um posicionamento
inverso, o Município B também confirma esta constatação, dado que apresenta um baixo número
de colaboradores e uma reduzida quantidade de publicações. Ao passo que, está entre os últimos
dois lugares dos municípios com mais gostos, comentários e partilhas. A entrevistada desta
instituição é formada em Ciências da Comunicação e não desenvolveu outras formações
especializadas e o seu colega de gabinete, embora não tenha terminado o curso de Engenharia
Informática, tem experiência na área proveniente do seu percurso profissional.
A par do Município B, no que diz respeito ao número de colaboradores, estão os Municípios
A e G. Apresentam posições seguidas relativamente à quantidade de publicações, ainda que
apresentem ligeiras diferenças entre si. Porém, é de realçar a grande dimensão do Município A,
que, apesar de ocupar o quinto lugar nos municípios com maior número de partilhas, surge como
o terceiro município com menor número de gostos e de comentários. Já o Município I, apesar de
apresentar uma diferença significativa no número de colaboradores em relação ao Município D, é
o segundo em que esse número é maior e ocupa a terceira posição dos municípios com maior
4 Neste parâmetro, além da quantidade de colaboradores seria também interessante verificar se a quantidade de dedicados exclusivamente apresenta interferências, mas como existe em todos os casos uma relação direta entre esses dois indicadores, só será feita referência ao número de colaboradores.
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
66
número de publicações. Este município está nos primeiros três nos comentários e nas partilhas e
perto do terceiro lugar na quantidade de gostos. Este posicionamento contrasta com o facto de a
responsável pela Comunicação não ter formação, de base, complementar e/ou especializada, em
Comunicação ou áreas relacionadas.
Por sua vez, o Município C que, sendo o quinto município com mais colaboradores e
apresentando uma grande diferença em relação ao primeiro lugar, é o segundo município com
mais publicações realizadas, com uma grande diferença relativamente à primeira posição, mas
também com uma diferença bastante significativa sobre os municípios que surgem abaixo. É
revelado um grande nível de interação com a população, dado que está nas duas primeiras
posições nos gostos, comentários e partilhas. Embora o entrevistado não tenha a sua formação de
base na área da comunicação e não tenha desenvolvido ações de formação especializadas, é
especializado em Novos Média e Prática na Internet. Além disso, possui formação média na
questão do design e a sua equipa é composta por técnicos qualificados para diferentes funções.
Por outro lado, o Município E que, sendo o quarto município com mais membros afetos ao Gabinete
de Comunicação e acima até de municípios de grande dimensão, designadamente o Município C,
apresenta o último lugar na quantidade de publicações realizadas. Ao nível da interação com a
população, este município reúne a última posição dos municípios com menos gostos e comentários
e é o segundo com o número mais baixo de partilhas verificadas. A entrevistada tem formação em
Ciências da Comunicação, possui ações de formação especializadas e, para além disso, a equipa
é constituída por técnicos capazes de elaborar diversos conteúdos.
A Tabela de contraste número 5 cruza dados relativos ao perfil do Presidente de Câmara
dos municípios analisados com duas variáveis adjacentes à dimensão do município e da própria
Câmara. Neste sentido, tal como mencionado no ponto 1.3. (Pergunta de investigação) deste
trabalho, o intuito é procurar perceber o papel dos eleitos políticos na gestão e presença dos
municípios nas redes sociais.
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
67
Os resultados obtidos nas entrevistas relativamente ao papel do Presidente da Câmara no
processo de tomada de decisão de criação da conta oficial, a sua interferência nas decisões e a
sua presença na discussão da agenda são indicadores de um líder do Executivo que exerce um
maior ou menor controlo, ou seja, se as decisões são mais ou menos centralizadas na sua figura.
Para esta análise, é interessante cruzar com outros dados, também das entrevistas,
nomeadamente se o próprio Presidente da Câmara marca ou não presença nas redes sociais e o
tipo de cargo que possui o responsável pela comunicação, de forma a identificar se se verifica
alguma influência a este nível. Além disso, verificar se existe algum padrão na relação destes
indicadores quer com o número de habitantes de cada município quer com a quantidade dos seus
funcionários.
Segundo os resultados da análise das entrevistas, os municípios em análise foram
aglomerados nos seguintes dois grupos relativamente ao controlo do Presidente da Câmara sobre
as atividades do gabinete de comunicação: grupo 1, com maior controlo por parte do líder do
Executivo (B, E, F); grupo 2, com menor controlo das atividades do gabinete de comunicação (C,
G, H, D, A e I).
Desta forma, verifica-se que o primeiro grupo é composto por três municípios de pequena
dimensão, em específico três dos quatro concelhos que possuem o menor número de habitantes
Município Interfere nas decisões
Teve um papel na tomada de decisão
de criação da conta
Presente nas reuniões de
discussão da agenda
Presença oficial nas
redes sociais
Tipo de cargo
do entrevistado
Nº de
habitantes
Nº de funcionários municipais
B Sim Sim Sim Sim Administrativo 4,311 104E Sim Sim Sim Sim Administrativo 16,407 171
F
Sim. Caso não seja o vereador do pelouro passa sempre pelo
Presidente da Câmara.
SimSim. Caso não seja o
Presidente da Câmara é
em vereador.
Sim Administrativo 14,976 289
CNão. A menos que sejam
questões estratégicas.Sim
Não. Pode é dar orientações para publicar.
Sim Administrativo 379,963 3065
G
Não. A menos que sejam
questões mais sensíveis, por exemplo, a nível
político.
Sim
Não. A menos que sejam
questões mais sensíveis, por exemplo, a nível
político.
Não Político 10,488 66
HNão. A menos que sejam
questões políticas.Sim Não Sim Administrativo 227,535 2994
D Não SimNão. Refere apenas a
presença do vice-presidente.
Sim Administrativo 208,321 1959
A Não Sim Não Não Administrativo 136,017 1000I Não Sim Não Sim Político 303,149 1903
DADOS OBTIDOS NAS ENTREVISTAS OUTPUT VERIFICADO
Maior
controlo do Presidente da
Câmara
Menor controlo do
Presidente da Câmara
Tabela 5 – As características pessoais do Presidente da Câmara; Dados obtidos nas entrevistas vs. Nº de habitantes e Nº de funcionários municipais disponível no Portal de Transparência Municipal referentes a 2017.
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
68
e, igualmente, três dos municípios com um menor número de funcionários. Este número é
indicativo do controlo exercido, uma vez que equipas pequenas podem permitir maior proximidade
e interação. Importa realçar também que o Presidente da Câmara destes três municípios marca
presença oficial nas redes sociais e, por conseguinte, tem, à partida, um melhor conhecimento
das ferramentas e processos comunicacionais e, como tal, pode ter mais à vontade em expressar
a sua opinião e participação nas questões referentes à comunicação digital. Além disso, os
entrevistados correspondentes exercem cargos administrativos, podendo ser este um indicador
que pode influenciar, como abordaremos adiante.
No grupo em que as decisões são menos centralizadas na figura do Presidente da Câmara
estão os restantes seis municípios em análise, sendo um deles de pequena dimensão. Assim, o
Município G, tendo um número semelhante de habitantes ao dos outros três municípios de
pequena dimensão e ainda um número de funcionários inferior em relação aos mesmos, aparenta
ser uma exceção e insere-se num outro grupo. Isto pode dever-se ao facto de o entrevistado
desempenhar um cargo político, uma vez que é Vice-Presidente e ocupa a função de responsável
pela comunicação, sendo que faz a sua própria validação, a menos que sejam questões mais
sensíveis a nível político e seja necessária uma validação superior. Para além disso, a questão do
Presidente da Câmara não ter presença oficial nas redes sociais pode influenciar no sentido de se
verificar um menor controlo da sua parte. Os outros cinco municípios inseridos neste grupo são
os que apresentam um maior número de habitantes e a maior quantidade de funcionários. Os
Municípios C e H, apesar de estarem no grupo 2 (do menor controlo das atividades do gabinete
de comunicação pelo Presidente da Câmara), referem que o líder do Executivo não interfere nas
decisões a menos que se tratem de questões estratégias ou mais sensíveis, por exemplo, a nível
político, respetivamente. E também a entrevistada do Município D não sublinha a presença do
Presidente nas reuniões na discussão da agenda, mas sim do Vice-Presidente. No caso dos
Municípios A e I, os entrevistados afirmam convictamente que o líder do Executivo não interfere
nas decisões e não participa na discussão da agenda relativamente à comunicação digital. Nestes
casos, em cada uma das respostas há indícios justificativos. No caso do Município A, ainda que o
cargo do entrevistado seja administrativo, o Presidente não marca qualquer presença oficial nas
redes sociais, o que pode demonstrar uma falta de à vontade na questão da comunicação digital
e delega essas funções ao responsável pela comunicação do município. Por outro lado, no caso
do Município I, embora o Presidente apresente presença oficial nas redes sociais, a entrevistada
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
69
possui um cargo político e, consequentemente, terá autonomia e confiança por parte do líder do
Executivo naquelas que são as suas funções como responsável pela comunicação.
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
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Tem
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Exis
te p
artil
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açõe
s
próp
rias
para
dar
mai
s in
form
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Tabela 6 - Tipo de estratégia; Dados obtidos nas entrevistas vs. Nº de habitantes disponível no Portal de Transparência Municipal referente a 2017 e Nº de publicações, gostos, comentários e partilhas da base de dados das publicações no Facebook verificadas em setembro, outubro e novembro de 2016.
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
71
Para identificar qual o tipo de estratégia utilizada por cada município, ou seja, se é utilizada
uma estratégia mais ou menos profissional, é interessante cruzar alguns dados obtidos nas
entrevistas quanto à dimensão das estratégias utilizadas com o output verificado. Mais
concretamente, verificar se existe alguma relação ou influência premeditada entre a frequência
das publicações com o número de publicações efetuadas. E se a existência ou não de um horário
mais utilizado e de um timing pensado, os critérios na conjugação de recursos visuais, recorrer a
determinadas ferramentas e até mesmo a existência de uma preocupação em trabalhar a
publicação de forma a ser mais atrativa é visível naqueles que são os resultados reais ao nível da
quantidade de gostos, comentários e partilhas. Como também perceber o nível de formalização no
qual decorreu o processo de tomada de decisão de criação da conta e o nível de profissionalização
com base também na existência de algum estudo para saber o potencial alcance das plataformas
digitais e na existência de tarefas diárias afetas aos colaboradores do gabinete. E, se nestes casos
se verifica algum padrão com a quantidade de habitantes e de publicações realizadas.
Quanto à relação entre as afirmações dos entrevistados sobre a frequência das
publicações e o número efetivamente apresentado, no topo do ranking dos municípios com maior
número de publicações está o Município D e esse resultado corresponde à frequência das
publicações referida pela entrevistada. Aqui é possível observar que são os municípios de grande
dimensão aqueles que têm o maior número de habitantes, que realçam a existência de publicações
todos os dias e até mesmo várias vezes por dia e, realmente, essa quantidade verifica-se e
aproximam-se entre eles, com exceção do Município A. Os quatro municípios que apresentam
menos habitantes, B, E, F e G e também o Município A, têm um menor número de publicações e
os dados obtidos correspondem com a frequência de publicações que os entrevistados
mencionaram.
Argumenta-se que a interação com os munícipes pode ser avaliada através da quantidade
de gostos, comentários e partilhas verificados e é nesse sentido e com esse desejo que todos os
entrevistados afirmam, de forma mais estratégica ou não, existir alguma preocupação na
preparação das publicações para que estas possam atrair mais facilmente a atenção do público.
Por sua vez, cada um deles faz apostas diferentes e usa certas ferramentas que podem gerar mais
ou menos interação e isso é realçado pelo output verificado. Deste modo e, mediante os dados
agrupados na Tabela 6, é possível identificar que são os municípios de grande dimensão, com
exceção do Município A, que ocupam as primeiras posições relativamente à quantidade de
publicações. Além disso, são estes municípios que estão nos primeiros lugares quanto ao nível da
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
72
interação com os cidadãos, que definem com maior pormenor as suas publicações e que utilizam
com maior regularidade ou rigor as ferramentas em análise. O caso do Município D, nos dados
auferidos de acordo com o output, ocupa sempre uma das três primeiras posições ao nível da
quantidade de gostos, comentários e partilhas, sendo considerado assim um dos municípios em
análise com mais interação verificada com a população, visto que também é o que mais
publicações realiza. A entrevistada acredita que se querem ter mais pessoas a ver, publicam em
horários mais dedicados, mais especificamente, próximo da hora de almoço e ao final da tarde.
Relativamente a ligações externas apenas partilham conteúdos de parcerias ou notícias que achem
interessantes. No que diz respeito a algumas ferramentas, fazem muito recurso a transmissões
em direto e utilizam sempre hashtags nas suas publicações. Também o recurso a outra língua é
recorrente e atribuída a importância da produção efetiva em inglês. Deste modo, o Município D
confirma a observação acima mencionada. O Município A, ainda que seja o que possui um número
inferior de habitantes, é o único dos municípios de grande dimensão que integra a lista dos que
publicam menos vezes e que geram menor interação com a população. O entrevistado reflete que
pode existir uma conjugação do horário com a mensagem que pretende transmitir, ao passo que
o horário das publicações varia muito das pessoas que estão no Facebook. Porém, quanto ao
recurso a outra língua e a hashtags não é feita referência e afirma não utilizar a ferramenta dos
diretos. Este município e os restantes municípios de pequena dimensão são os que apresentam
menor quantidade de publicações e também têm quantidades inferiores de gostos, comentários e
partilhas. Na sua generalidade, estas instituições recorrem menos vezes, também pela falta de
recursos, a ferramentas disponíveis para a comunicação digital e não apresentam diretrizes
previamente traçadas na forma como realizam as suas publicações. Para confirmar esta
constatação surge o Município B. Esta instituição mesmo apresentando critérios quanto aos
horários das publicações, não recorre a nenhuma das ferramentas em análise, ou seja, a outro
idioma, a transmissão em direto e a hashtags, como forma de enriquecer e diversificar as suas
publicações.
O nível de formalização e de profissionalização das estratégias e processos internos é
analisado mediante o processo de tomada de decisão de criação da conta, pela existência de
tarefas diárias por parte dos colaboradores e pela utilização por parte dos gabinetes de
comunicação de algumas ferramentas, aquelas que fizeram parte da entrevista, designadamente
recurso a outra língua, a transmissão em direto e a utilização de hashtags. Um outro fator relevante
para incluir nesta análise é a existência de um estudo para perceber o funcionamento e o potencial
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
73
alcance das plataformas digitais de comunicação, porém todos os entrevistados referiram não
existir. Desta forma, são três dos municípios de grande dimensão (C, D e H) que apresentam um
nível mais elevado de formalização no processo de tomada de decisão para a criação das contas
e apresentam também os maiores níveis de profissionalização. Estes devem-se ao facto de
existirem tarefas diárias, e distinção das mesmas, afetas aos membros dos gabinetes de
comunicação e estas três instituições utilizam, ainda que algumas delas com intensidade
ligeiramente diferente, todas as ferramentas em análise. Sendo que, uma das particularidades
destes municípios quanto ao recurso a outra língua é que eles dispõem de conteúdo efetivamente
produzido em inglês. Por outro lado, três dos municípios de pequena dimensão (B, F e G) e um
dos municípios de grande dimensão (A) apresentam estratégias e procedimentos mais informais e
menos profissionalizados. Estas instituições revelam processos informais quanto ao processo de
tomada de decisão das suas contas oficiais e ao nível da sua profissionalização salientam a
ausência de tarefas diárias dos membros do gabinete de comunicação ou a sua definição mediante
as necessidades do momento, por vezes, devido à acumulação com outras funções. Além disso,
os baixos níveis de profissionalização são verificados pela recente ou esporádica utilização das
ferramentas em análise, pela limitação dessa mesma utilização ou, até mesmo, pela sua ausência.
É possível verificar que os quatro municípios com maior formalização no processo em conjugação
com maior nível de profissionalização são os que possuem, também, um maior número de
habitantes e um maior número de publicações realizadas. Posto isto, os cinco municípios com
processos mais informais e menores níveis de profissionalização ocupam as cinco posições dos
municípios com menor número de habitantes e com menos publicações feitas.
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
74
O cruzamento dos dados apurados e expostos na Tabela 7 visam apurar a relação entre
os recursos financeiros disponibilizados ao gabinete de comunicação com a dimensão de cada
concelho quanto ao número de habitantes, o número de funcionários municipais, a quantidade de
publicações efetuadas e a capacidade de gerar interação com a população.
Relativamente à dimensão do município, de acordo com o número de habitantes, não
existe uma relação com a importância que conferem aos recursos financeiros. Tanto os
entrevistados do município com maior número de habitantes (C) como do município com menor
número (B), referem que os recursos financeiros são aqueles com menor importância dos recursos
apresentados na entrevista, nomeadamente humanos, técnicos e financeiros. Todos partilham da
mesma opinião, à exceção de um município com grande número de habitantes (A), que afirma
Tabela 7 - Recursos financeiros; Dados obtidos nas entrevistas vs. Nº de habitantes e Nº de funcionários municipais disponível no Portal de Transparência Municipal referente a 2017 e Nº de publicações, gostos, comentários e partilhas da base de dados das publicações no Facebook verificadas em setembro, outubro e novembro de 2016.
MunicípioImportância dos
recursos financeiros
São suficientes? Tem? Onde investe?Não tem? Onde
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colaboradoresNº de
habitantes
Nº de funcionários municipais
Nº de publicações
Nº de gostos
Nº de comentários
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AExtremamente
importantesSão muito
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BCom menor
importância dos três recursos
São muito baixos
---Serviços de
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2 4,311 104 34 2044 48 735
CCom menor
importância dos três recursos
---
Salários; Equipamentos;
Prestações anuais de software
Implicitamente, mais recursos
técnicos e humanos
5 379,963 3065 432 77049 2561 25561
DCom menor
importância dos três recursos
Têm alguma flexibilidade
Subscrições para o acesso a software;
Equipamentos--- 25 208,321 1959 695 75797 2773 24692
ECom menor
importância dos três recursos
Existe disponibilidade de quem está a gerir caso seja
necessário
Equipamentos técnicos; Salários
--- 6 16,407 171 23 1919 36 1314
FSão muito
importantes---
Evolução informática e da
multimédia – Equipamento e ferramentas;
Salários
Implicitamente, mais recursos
técnicos e humanos
3 14,976 289 102 5880 333 2146
GCom menor
importância dos três recursos
--- ---
Implicitamente, mais recursos
humanos até do que recursos
técnicos
2 10,488 66 67 7023 241 2544
HCom menor
importância dos três recursos
Têm alguma flexibilidade
Equipamentos; Softwares
--- 7 227,535 2994 281 51694 1347 9138
ICom menor
importância dos três recursos
---Publicidade em certos eventos
--- 10 303,149 1903 283 51284 1858 40186
DADOS OBTIDOS NAS ENTREVISTAS OUTPUT VERIFICADO
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
75
serem os recursos mais importantes e um município com um número bastante inferior de
habitantes (F) referi-los como o segundo recurso mais importante.
Apenas cinco dos municípios em análise referiram se os recursos financeiros de que
dispõem são ou não suficientes. O grau de satisfação com a quantidade dos recursos financeiros
disponíveis pode estar interligado com a quantidade de publicações que cada município apresenta,
com a sua capacidade de interação com a população e com o número de funcionários municipais
de que dispõe, se bem que não apresenta uma regra. No caso dos Municípios A e B, ambos
referem que os recursos financeiros de que dispõem são muito baixos e indicam onde investiriam
caso existissem em maior quantidade. Embora o Município A seja o quinto com maior número de
funcionários municipais, o Município B é o segundo com menor número, e ambos os casos
apresentam repercussões ao nível da quantidade de publicações e ao nível de interação com a
população, de acordo com o número de gostos, comentários e partilhas, visto que apresentam das
posições com menores quantidades. Em contraste, os Municípios D e H afirmam ter alguma
flexibilidade no que diz respeito aos recursos financeiros disponíveis e referem onde mais investem
esses mesmo recursos. Estes municípios, para além de serem das três instituições com maior
número de funcionários municipais, encontram-se sempre nas primeiras quatro posições dos
rankings onde os municípios apresentam maior número de publicações realizadas e com maior
capacidade de interação. Por sua vez, a exceção à regra surge com o Município E, que refere existir
disponibilidade financeira por parte de quem gere caso existam necessidades sentidas pelos
colaboradores do gabinete. Porém, este município apresenta-se quase sempre em último lugar na
lista dos municípios com maior quantidade de publicações, com menor interação com os seus
seguidores e também é dos municípios que possui menor quantidade de funcionários municipais.
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
76
5. LIMITAÇÕES E DIFICULDADES DO ESTUDO
Neste capítulo, são identificadas as limitações e dificuldades encontradas ao longo da
realização deste estudo. A maior limitação verificada foi a dependência face aos entrevistados para
a concretização das entrevistas aos responsáveis pela comunicação nos municípios inicialmente
definidos para a análise. Desta forma, regista-se a condicionante dependência na disponibilidade
dos entrevistados. Em consequência, não foi possível a execução de duas das entrevistas previstas
inicialmente.
Relativamente às dificuldades sentidas, o facto de querer expressar e clarificar da mesma
forma, em todos os casos, as perguntas a colocar foi a mais evidente e que era alvo de maior
preocupação para não haver um entendimento distinto por parte dos entrevistados e, por
conseguinte, não condicionar ou enviesar as respostas obtidas. A gestão dos tempos no decorrer
de todo o processo também se revelou uma dificuldade, visto que foi necessário organizar de uma
forma mais detalhada todas as informações, para assim conseguir concluir a análise de todos os
dados obtidos nas entrevistas. Nesta mesma organização do conteúdo das entrevistas e
subsequente análise dos dados recolhidos, tornou-se um pouco difícil fazer essa compilação e
interpretar da melhor forma o que os entrevistados transmitiram. Uma vez que as entrevistas
aconteceram também com o fluir de uma conversa e, assim, os entrevistados foram abordando
os temas de diferentes formas e em fases diferentes. A nível pessoal, este estudo foi um desafio,
não só pela interação com os entrevistados, mas também pelo facto de ser a primeira experiência
como entrevistadora.
Seria extremamente importante e produtivo alargar o estudo a um maior número de redes
sociais (o Facebook será a mais representativa em Portugal, mas excluímos outras plataformas do
mesmo género – Twitter, Instagram, Linkedin). E, além disso, estamos cientes de que também
excluímos outras formas de comunicação digital (que também fazem parte de uma estratégia de
comunicação digital), como é o caso do e-mail, dos websites, dos fóruns de discussão, das
plataformas de esclarecimento de dúvidas e de gestão de ocorrências nos municípios – como “A
Minha Rua”). Muito relevante seria dilatar o número de municípios do estudo e, idealmente,
abranger todas as Câmaras Municipais do país. Estas duas questões constituem limitações deste
estudo, mas são simultaneamente pistas para prosseguir em investigações futuras.
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
77
5.1. Pistas para investigações futuras
Ao proceder à análise de conteúdo descritiva das entrevistas, foi notório que duas questões
poderiam ter sido aprofundadas no decorrer das conversas, nomeadamente as desvantagens e os
riscos sentidos pelos entrevistados dos diferentes municípios com a adoção das plataformas
digitais como meio de comunicação e as questões relativas aos recursos financeiros. Neste
sentido, estas duas dimensões constituem, a nosso ver, boas pistas para eventuais pesquisas
nesta área. Por um lado, tentar perceber quais são os maiores riscos, desafios e vantagens com
que os municípios se deparam na comunicação através das plataformas digitais, mais
concretamente, nas redes sociais, e questionar de que formas isso afeta a configuração e a gestão
permanente das contas institucionais. Por outro lado, intensificar a pesquisa ao nível dos recursos
financeiros, por exemplo, em comparação com os meios tradicionais de comunicação
(nomeadamente os investimentos que fariam para a melhor concretização das suas estratégias e
de que forma) e investigar as consequências do enquadramento financeiro na gestão da
comunicação digital na prossecução do governo eletrónico.
Além disso, poderia alargar-se esta análise e esta entrevista ao Presidente da Câmara
como forma de explorar a sua perceção em relação aos mesmos assuntos. Mais ainda, comparar
os resultados obtidos com a opinião dos próprios munícipes face à sua perceção sobre o tema,
sendo que existem certas questões em que os entrevistados deste estudo diferem muito nas suas
opiniões.
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
78
6. CONCLUSÕES
6.1. Análise descritiva
As primeiras conclusões têm por base os dados obtidos pela análise de conteúdo
descritiva feita às entrevistas realizadas e informam, também, acerca das práticas internas dos
governos locais portugueses para a gestão da sua presença e atividade nas redes sociais.
Os municípios em análise adotam as plataformas digitais como meio de comunicação
para estabelecer uma maior proximidade com os cidadãos, definir um canal de comunicação com
os cidadãos e fazer-lhes chegar informação, assim como dar a conhecer as atividades e iniciativas
que a Câmara Municipal promove e realiza. Porém, nenhum dos municípios realizou um estudo
prévio para perceber o funcionamento e o potencial alcance das plataformas de comunicação
digital. As suas escolhas recaem sobretudo em três vantagens principais da utilização que fazem
das plataformas de comunicação digital, nomeadamente conseguir estimular a participação do
cidadão em assuntos do seu interesse, fornecer informações sobre atividades da Câmara e
divulgar iniciativas regionais para tornar o concelho mais atrativo.
Na maioria dos casos analisados, os entrevistados partilham da mesma opinião
relativamente à importância que conferem aos recursos, uma vez que consideram os recursos
humanos os mais importantes, seguidos dos recursos técnicos e, por último, os recursos
financeiros. Embora os recursos financeiros sejam considerados, por quase todos, os menos
importantes dos recursos apresentados, a sua ausência é apontada como limitadora. Caso
houvesse maior disponibilidade de recursos financeiros, muitos dos entrevistados mencionam que
investiriam em mais recursos humanos e técnicos e, desta forma, apresentariam uma maior
autonomia quanto à criação dos conteúdos, sem ser necessário recorrer a empresas externas.
Dado que a comunicação através de plataformas digitais é mais acessível e menos
dispendiosa, os investimentos financeiros que os municípios fazem recaem com maior intensidade
nos salários, em equipamentos e ferramentas para acompanhar a evolução informática e de
multimédia e, também, no software. A disponibilidade de recursos técnicos depende daquilo que
financeiramente cada município consegue suportar, mas a maioria considera que precisa de mais,
seja por observar que possui poucos equipamentos, seja por serem da opinião de que nunca têm
tudo o necessário.
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
79
Muitos dos entrevistados, tanto de municípios de grande como de pequena dimensão,
salientam que os recursos humanos disponíveis no gabinete são insuficientes e, desta forma, não
existe a possibilidade de ter todos os colaboradores a trabalhar em exclusivo. Essas lacunas vão
sendo preenchidas pelos contributos de outros técnicos, que acumulam outras funções e até de
outras áreas. Consequentemente, existem gabinetes de comunicação com colaboradores que não
desempenham tarefas diárias, sendo estas divididas mediante o que é preciso realizar. Grande
parte destes colaboradores são qualificados para as tarefas que desenvolvem, quer seja através
de formação académica ou através da experiência adquirida do seu percurso profissional. Isso é
refletido no próprio perfil dos entrevistados, já que quatro deles têm formação de base na área e,
embora não se verifique o mesmo nos restantes, alguns fizeram formação académica na área
posteriormente ou desenvolveram as suas competências com base nas suas experiências
profissionais. Além disso, houve quem realizasse ações de formação especializadas por iniciativa
própria.
A maior parte dos municípios analisados, os cinco de grande dimensão e um de pequena
dimensão (município em que o responsável pela comunicação é também o Vice-Presidente), refere
que o responsável pela comunicação e/ou a sua equipa têm completa autonomia na validação
dos conteúdos disponibilizados. Normalmente, e depois de identificadas as iniciativas que os
diferentes departamentos querem promover, é o gabinete de comunicação que faz a seleção do
que é ou não importante divulgar e os moldes em que isso acontece. Alguns referem que só existe
uma partilha ou um processo de validação superior ao gabinete, por exemplo com o Presidente
da Câmara, quando são assuntos mais sensíveis ou que tenham uma componente mais política.
Os restantes três municípios de pequena dimensão assumem existir sempre uma participação de
representantes superiores a este nível. Relativamente ao responsável pela produção de conteúdos,
apontam o próprio responsável pela comunicação, os membros do seu gabinete e, também, as
diferentes unidades orgânicas da instituição, que produzem as suas iniciativas e isso gera
conteúdo. Os principais conteúdos recaem com maior frequência na divulgação de toda a atividade
autárquica como informações, avisos ou questões que afetem o dia-a-dia da população.
Além disso, de forma mais ou menos explícita, muitos deles referem a existência de uma
estratégia de comunicação, podendo não se tratar de uma definição linear. A maioria dos
municípios publica todos os dias, pelo menos uma vez. Alguns deles não têm um horário que seja
mais utilizado para publicar, visto que, ou publicam várias vezes ou o horário da publicação
depende da disponibilidade da produção e, às vezes, de quem aprova. Porém, muitos salientam a
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
80
necessidade de realizar publicações espaçadas umas das outras e referem o horário próximo do
almoço ou o final da tarde como melhores opções para publicar, com o intuito de obter um maior
alcance. Raros são os municípios que afirmam não existir um timing pensado, na sua generalidade.
Ainda que de formas diferentes, os horários das publicações e o tempo são os fatores indicados
como mais relevantes e nos quais depositam atenção relativamente a esta questão.
O conteúdo de cada publicação ou a forma como vão divulgar varia de acordo com a
relevância do tema. Além disso, em alguns casos existem limitações quanto ao conteúdo porque,
por exemplo, embora possam considerar que os vídeos resultam bem, a falta de recursos humanos
qualificados nessa área condiciona a concretização dos mesmos. Contudo, é inegável a aposta em
imagens cuidadas e bem escolhidas, consideradas por todos os municípios como sendo aquilo
que utilizam mais e o que resulta melhor.
A existência de partilha de ligações maioritariamente internas é apontada pela maioria
como a forma de direcionar as pessoas para informações mais detalhadas. De forma geral,
também, a partilha de ligações externas recai para aquelas em que o município é parceiro de
alguma forma ou, então, aquelas relacionadas com notícias digitais que considerem interessantes.
Quase todos referem utilizar o recurso a outra língua, mas apenas três deles, e de grande
dimensão, realçam a existência de conteúdos efetivamente produzidos em inglês e não
publicações com base em traduções.
A maioria dos municípios em análise aposta em transmissões em direto, ainda que dois
dos municípios de pequena dimensão utilizem este formato de modo esporádico ou com limitação
a um único espaço. As limitações e a não utilização por parte de outros deve-se à ausência de
meios técnicos para realizar um trabalho com qualidade, sendo que também existem dúvidas
quanto ao interesse por parte das pessoas nesta forma de divulgação de conteúdo. Não existe
uma grande aposta no recurso a hashtags, excetuando um município de grande dimensão que
usa bastante. Os restantes não apresentam um uso frequente ou é uma ferramenta recente que
ainda não desenvolveram. Todos referiram uma preocupação em trabalhar as suas publicações
de forma a atrair mais facilmente a atenção do público, ainda que de formas diferentes e com o
objetivo de torná-la visualmente mais apelativa. Muitos deles estão a trabalhar no sentido de tornar
a imagem do município mais moderna e eficaz. Principalmente no caso dos municípios de grande
dimensão, é mencionada a intenção de procurar centralizar tudo o que possuem a nível digital
num único local, simplificando a forma como as pessoas podem encontrar informações sobre os
mais variados temas e querendo transmitir informação com uma única voz.
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
81
De forma unânime, nenhum município permite que o cidadão publique nas suas páginas
oficiais, mas todos permitem que os cidadãos solicitem esclarecimentos através de comentários
públicos e por mensagens privadas. Nos comentários, as pessoas pedem esclarecimentos mais
simples, onde é possível a obtenção de uma resposta mais imediata por parte do gabinete de
comunicação, e à exceção de dois, todos os municípios respondem. Através de mensagens
privadas, geralmente, são questões um pouco mais complexas e, todos eles, mesmo não tendo
condições para responder no momento dão sempre um rumo a todas as questões. Por outras
palavras, podem perguntar aos serviços e fazem eles próprios a validação, podem reencaminhar
para o Presidente para verificar a melhor resposta a ser dada, podem enviar mensagem automática
de forma a encaminhar a informação para o serviço respetivo, pedir para enviar e-mail para um
determinado endereço ou pedir para comparecer presencialmente de modo a fazer uma melhor
contextualização do assunto. Todos eles afirmaram existir uma completa abertura das páginas aos
cidadãos, a menos que utilizem linguagem ofensiva ou imprópria. Caso isso aconteça, há
procedimentos estabelecidos de ação (os comentários são eliminados e as pessoas podem ser
bloqueadas).
O líder do Executivo apresenta, em todos os casos analisados, um papel na tomada de
decisão quanto à criação das contas oficiais do município, ainda que não apresente o mesmo tipo
de participação em todos eles. É possível verificar duas dimensões relativamente às características
pessoais do Presidente da Câmara. Na primeira, o Presidente da Câmara exerce um maior controlo
sobre as decisões tomadas ao nível da comunicação digital, existe uma maior centralização na
figura do líder do Executivo em três dos municípios de pequena dimensão. Por outro lado, a outra
dimensão integra todos os municípios de grande dimensão e um de pequena dimensão, visto que
existe uma descentralização das decisões por parte do Presidente, ou seja, ele exerce um menor
controlo sobre as mesmas. Quanto à atividade online da principal figura eleita, apenas dois deles
não possuem presença em nenhuma rede social e nenhum deles, no momento, tem apoio do
gabinete de comunicação para a gestão ou criação de conteúdo das suas páginas pessoais. A
articulação entre as suas páginas pessoais e as páginas dos municípios, no sentido de partilha de
conteúdos nos dois sentidos, é negada pela maior parte dos casos cujos líderes têm presença
online.
Para além de todos os municípios terem um website oficial, grande parte dos municípios
tem apenas conta oficial no Facebook. O Instagram surge como a segunda plataforma mais
utilizada, ainda que de forma incipiente em certos casos. Também se verifica a presença oficial
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
82
no Youtube e dois municípios também apresentam conta no Twitter. Assim, e excluindo o website,
todos afirmam ser o Facebook a plataforma mais ativa. Alguns deles têm, também, páginas mais
específicas ou outros canais verticais, mas tal verifica-se principalmente (ou em maior número)
nos municípios de grande dimensão. De maneira geral, todos referem existirem critérios para a
publicação em cada plataforma ou, pelo menos, fazem uma triagem de determinados conteúdos
mais adequados a cada plataforma em específico.
Na sua generalidade, todos afirmam que as expectativas iniciais que tinham em relação à
utilização das plataformas de comunicação se têm vindo a concretizar e, alguns, referem mesmo
que têm vindo a ser superadas. Não obstante, salientam que este é um processo em constante
evolução.
6.2. Análise Inferencial
O segundo conjunto de conclusões assenta no contraste verificado entre alguns dados
obtidos pela análise de conteúdo descritiva feita às entrevistas com alguns indicadores que podem
influenciar esses mesmos dados e que dão pistas sobre o desempenho dos municípios ao nível
da comunicação digital.
Não se verifica uma relação direta entre o número de colaboradores do gabinete de
comunicação e o número de habitantes nos municípios analisados. Ou seja, o facto de um
município possuir um maior número de habitantes não significa que possua um maior número de
colaboradores na área da comunicação digital. Do mesmo modo, não existe uma relação direta
entre o número de colaboradores e o número de funcionários municipais. Assim, não quer dizer
que um município com mais funcionários vai ter, necessariamente, mais membros dedicados ao
gabinete de comunicação. Também não existe um padrão quanto à relação entre o número de
colaboradores e o número de publicações realizadas, podendo ou não acontecer que quantos mais
membros dedicados à comunicação evidencie uma maior quantidade de publicações. Verifica-se
um padrão entre o número de publicações e a capacidade de gerar interação através da
quantidade verificada de gostos, comentários e partilhas por cada município, mas essa interação
também não apresenta uma relação direta com a quantidade de colaboradores dedicados.
À semelhança destas evidências, também não se verifica um padrão quanto à formação
de base na área com a capacidade quer de publicar em maior quantidade, quer de gerar maior
interação com as pessoas. Tal ideia é suportada pelo facto dos responsáveis pela comunicação
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
83
dos quatro municípios que apresentam maior quantidade de publicações e interação não
apresentarem a sua formação de base na área da Comunicação. Em contraste, na maioria dos
casos em que se verificaram ações de formação especializadas realizadas pelo entrevistado em
conjunto com técnicos especializados em diferentes áreas no gabinete de comunicação
apresentam uma relação positiva com a capacidade que esses municípios têm de gerar interação.
Verifica-se um padrão relativamente ao controlo exercido pelo Presidente da Câmara nas
decisões sobre comunicação digital com o número de habitantes e o número de funcionários
municipais. O Presidente possui um maior controlo nos municípios com menor número de
habitantes e com menos funcionários e exerce um controlo menor nos municípios com mais
habitantes e com maior número de funcionários. Verificamos uma exceção à regra, mas essa pode
ser justificada pela presença oficial do líder do Executivo nas redes sociais e pelo tipo de cargo
que o entrevistado apresenta. Mais concretamente, um dos municípios com menor número de
habitantes opta por uma descentralização das suas decisões da figura do Presidente e, neste caso,
coincide com a ausência verificada pelo líder do Executivo nas redes sociais e pelo cargo político
que o responsável pela comunicação possui.
Também constatamos uma relação direta entre a frequência de publicações descrita pelos
entrevistados e o número efetivo de publicações. De facto, são os municípios com maior número
de habitantes que afirmam publicar todos os dias e até várias vezes por dia, com exceção de um
município de grande dimensão que apresenta uma quantidade baixa de publicações. De forma
geral, os municípios que apresentam níveis mais elevados de formalização e de profissionalização
são aqueles que apresentam maior número de habitantes, maior quantidade de publicações e
também maior capacidade de interação com a população. Os cinco municípios com menor
número de habitantes e com menos publicações feitas e, por conseguinte, menor interação
verificada são os que apresentam processos mais informais e menores níveis de
profissionalização. Além disso, estes últimos são os que usam menos ferramentas, com menor
frequência e com um nível menor de desenvolvimento, mais recente e mais limitado.
Não existe uma relação entre a dimensão dos municípios e a importância atribuída aos
recursos financeiros. A quantidade de publicações, a capacidade de gerar interação e o número
de funcionários municipais de que dispõe podem estar interligados com o seu grau de satisfação.
Os municípios que referenciam a sua maior aposta nos recursos humanos caso tivessem mais
recursos financeiros disponíveis são aqueles que apresentam um número mais baixo de
colaboradores afetos ao gabinete de comunicação.
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
84
6.3. Notas finais
Em jeito de nota final, constatamos que a dimensão do município releva para a
planificação e implementação da estratégia digital, pelo menos em algumas dimensões. Esta ideia
é suportada pelo facto de ter sido identificada uma relação direta entre a dimensão do município
e os níveis de formalização e de profissionalização, com a frequência das publicações e com o
nível de controlo exercido pelo Presidente da Câmara. É visível a presença dos eleitos políticos na
decisão dos municípios quanto à sua presença das redes sociais. Porém, o papel dos eleitos na
maioria dos casos analisados é relativamente baixo na gestão e manutenção das redes sociais,
apresentando um papel de supervisão apenas quando se tratam de questões mais sensíveis.
Por sua vez, a existência de um gabinete ou responsável pela comunicação não influencia,
de forma significativa, os objetivos traçados para as redes sociais. Todos os municípios em análise
possuem um gabinete de comunicação, ainda que as suas dimensões possam ser distintas, e o
responsável pela comunicação de cada um deles possa ter diferentes objetivos e diferentes
intensidades traçadas para as redes sociais. Em suma, é possível apurar que a presença dos
municípios portugueses não foi condicionada por qualquer estratégia de comunicação previamente
pensada. Na prática, esta presença deriva apenas da perceção que os membros de cada
instituição têm a nível pessoal da importância das redes sociais e da sua abrangência enquanto
meio de divulgação e de interação com as pessoas. E, como era visível a sua ausência, a aposta
na plataforma digital tornou-se uma necessidade incontornável.
Por sua vez, as estratégias de comunicação digital dos municípios condicionam e moldam
a gestão que fazem das suas redes sociais, ainda que isso seja mais visível em determinados
municípios. É identificada esta distinção uma vez que existe uma minoria de municípios em que
se verifica uma maior formalização nos seus processos e um nível maior de profissionalização nas
suas políticas, na sua organização interna e na definição das suas estratégias e, por conseguinte,
uma maior concretização nos resultados verificados. Os restantes distinguem-se dos anteriormente
referidos devido à sua maior informalidade nos processos, por não seguirem diretrizes de
comportamentos e estratégias e agindo, algumas vezes, de acordo com a sua intuição e com
aquilo que acontece e como acontece no dia-a-dia. Desta forma, mesmo com níveis mais baixos
de profissionalização, também os processos e/ou estratégias que seguem moldam a gestão que
fazem das redes sociais. Porém, apenas a minoria referida define previamente o modo como as
estratégias adotadas vão condicionar e moldar a gestão das suas redes sociais.
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
85
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Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
87
APÊNDICE I
a) Preparação da entrevista
- Enquadramento da entrevista - As entrevistas realizadas pretendem dar resposta ao
seguinte problema de estudo:
“Será mais uma questão de preparação técnica e
profissionalismo dos quadros camarários ou uma
preferência dos eleitos políticos por este tipo de
ferramenta de comunicação direta com os cidadãos?
Quais os determinantes dos processos de decisão
interna dos municípios relativamente à estratégia de
comunicação e à sua atividade online?”
- Definição dos objetivos da entrevista 1. Compreender, de forma mais aprofundada, as
dinâmicas organizacionais do município, que podem
conduzir a um foco na participação eletrónica e no
envolvimento dos cidadãos através do uso das redes
sociais.
2. Entender quais os fatores que influenciam os
processos de decisão interna dos municípios para
adotar e implementar o uso de ferramentas de social
media.
3. Compreender como as estratégias e políticas de
social media são formalizadas.
4. Comparar as expetativas em relação à atividade das
redes sociais com a concretização na prática dos
objetivos dessas apostas.
5. Investigar o papel da liderança local nas estratégias
de comunicação digital e explorar se e como o perfil
dos líderes influencia a sua implementação.
- Entrevistado - Responsável pela comunicação do município.
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
88
- Duração da entrevista - 45/60 minutos
- Local da entrevista - Câmara Municipal
b) Guião da entrevista
Município: ______________________________________________________________
Nome do entrevistado: _____________________________________________________
Idade: _________________________________________________________________
Área de formação: ________________________________________________________
Função que desempenha: ___________________________________________________
Dimensão Indicadores Questões
- Estrutura
Organizacional
- Dinâmica
organizacional
- Recursos financeiros
- Recursos técnicos
- Recursos humanos
1. Como é que o município se organiza em termos
de estratégias de comunicação digital e quais são
os objetivos?
2. Na sua perspetiva, que recursos são necessários
para a comunicação online, isto é, para criar e
manter uma conta nas plataformas digitais (como o
Facebook ou o Twitter)?
Peço que ordene do mais relevante para o menos
relevante os seguintes recursos e justifique as suas
opções:
- Recursos humanos – Por exemplo: em relação ao
número de funcionários por departamento; a
respetiva formação; entre outros.
- Recursos técnicos – Por exemplo: manuseamento
de determinados softwares para tratamento de som,
imagem, vídeo (Adobe, Audition, Photoshop,
Indesign, etc.) com a disponibilidade desses
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
89
softwares no próprio local de trabalho; qualidade
das infraestruturas; ferramentas úteis que considere
importantes (câmara de filmar); entre outros.
- Recursos financeiros – Por exemplo: para
promoção da página oficial da Câmara Municipal;
para a promoção das publicações disponibilizadas
na página oficial da Câmara Municipal; salários dos
funcionários afetos ao departamento; entre outros.
3. Há algum funcionário afeto à gestão da
comunicação do município online?
3.1. É uma dedicação exclusiva?
3.2. Quais as funções que desempenha?
3.3. E qual a sua formação?
- Processo de
decisão interna
- Objetivos de utilização
4. Quais os objetivos da utilização de plataformas de
comunicação digital?
4.1. Quais são, do seu ponto de vista, as grandes
vantagens para o município?
Peço que indique, de entre os indicadores abaixo,
os que considera serem mais importantes e
fundamente as suas opções.
- Traçar planos estratégicos ou políticas com o
público;
- Representação da instituição nas plataformas
digitais com potencial;
- Fornecer informação sobre atividades da Câmara;
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
90
- Permitir que a população reutilize conteúdo
partilhado pelo município;
- Adaptar conteúdos existentes online às
plataformas digitais com potencial;
- Apresentar medidas políticas e incentivar o debate
sobre as mesmas;
- Adaptar conteúdos existentes mais apropriados
para várias audiências;
- Incentivar o uso da comunicação digital para a
resolução de problemas locais;
- Divulgar iniciativas regionais para tornar o concelho
mais atrativo;
- Estimular a intervenção do cidadão;
- Gerar feedback recíproco;
- Permitir que os cidadãos comentem abertamente
nas plataformas digitais da instituição municipal;
- Divulgar serviços da Câmara;
- Servir de fonte de informação para os media locais
e/ou nacionais;
- Atrair públicos mais jovens na interação com a
Câmara;
- Incentivar o público a compartilhar conteúdos em
diferentes formas com a instituição municipal;
- Obter informações sobre assuntos relevantes ao
município através dos comentários dos cidadãos;
- Estimular o uso de formas alternativas para a
comunicação de problemas;
- Apresentar medias políticas;
- Estimular a participação do cidadão em assuntos
do seu interesse;
- Divulgar eventos organizados pela Câmara.
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
91
- Fatores que
influenciam o
investimento em
plataformas de
comunicação digital
5. Houve um processo de tomada de decisão
quanto à criação de contas do município em
plataformas digitais? Como decorreu?
5.1. O executivo esteve envolvido na decisão? De
que forma?
5.2. Foi feito algum estudo (um inquérito e/ou
consultas de opinião) para perceber o
funcionamento e o potencial alcance das
plataformas digitais de comunicação em que este
município tem página?
5.3. No seu entender, qual é a plataforma de
comunicação digital em que o município é mais
ativo? Por que razões?
- Formalização de
políticas e
estratégias
- Produção do conteúdo
das publicações
- Validação dos
conteúdos
6. De modo geral, qual é o principal conteúdo das
publicações nas plataformas de comunicação
digital?
7. Quem é a pessoa responsável (ou quem são as
pessoas responsáveis) pela produção dos
conteúdos?
8. Existe algum processo de validação prévia dos
conteúdos (antes de estes serem disponibilizados
online)? Se sim, quem participa nessa validação?
8.1. Em que consiste a validação? Há reuniões? Se
sim, quem está presente nas reuniões?
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
92
- Liderança local
- Estratégias adotadas
8.2. O Sr. Presidente costuma participar do
processo de validação prévia dos conteúdos?
O Sr. Presidente costuma ser informado
relativamente aos conteúdos que serão
disponibilizados? Ou relativamente aos conteúdos
que foram disponibilizados?
9. Algumas plataformas de comunicação digital
permitem que o cidadão possa publicar nas páginas
oficiais das entidades. A Câmara Municipal de XXX
permite isso em alguma das suas páginas? Se sim,
porquê? Se não, porquê?
9.1. Em caso de resposta afirmativa e indicação de
haver uma validação interna prévia antes de ser
tornado público, quem é o responsável por essa
validação interna?
10. Com que frequência há publicações nas
plataformas de comunicação digital? Todos os dias?
10.1. E há algum horário que tenha sido mais
utilizado?
10.2. As publicações são realizadas de acordo com
um timing do dia mais apropriado a determinado
tipo de conteúdos ou públicos?
10.3. Há critérios para publicar numa em
detrimento de outra? Se sim, quais são?
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
93
11. Há situações em que os cidadãos utilizam estas
plataformas para solicitar esclarecimentos ou
comentar as publicações da câmara. Em geral, a
câmara procura responder a estes comentários?
12. Algumas plataformas permitem que o cidadão
questione a câmara em privado. Isso tem
acontecido? Se sim, quem responde?
13. A publicação de conteúdos nestas plataformas
permite a conjugação de recursos visuais (como
fotografias ou vídeos). Há algum critério para esta
escolha?
14. Por vezes, a publicação de conteúdos nestas
plataformas passa muito pela partilha de ligações
(do site da Câmara ou de outras entidades). Há
algum critério para esta escolha?
15. Às vezes, as publicações têm também uma
versão noutra língua. Porque é que algumas estão
também escritas em inglês?
16. Com frequência, são realizadas publicações
através de outras formas de conteúdo. Porque é que
algumas possibilitam a transmissão em direto de
determinados conteúdos?
16.1. E, no caso das Assembleias Municipais, são
disponibilizadas em direto nas plataformas de
comunicação digital (por exemplo, no Facebook ou
no Youtube)? Qual o motivo?
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
94
17. Alguns conteúdos são publicados com recurso
a hashtags. A publicação de conteúdos nestas
plataformas permite a conjugação de recursos
visuais (como fotografias ou vídeos). Há algum
critério para esta escolha?
18. No seu entender, existe alguma preocupação
por parte do município na preparação das
publicações para que estas possam atrair mais
facilmente a atenção do público? Se sim, que
estratégia têm sido utilizadas?
- Perfil do líder - Atividade online do
responsável eleito
19. O Sr. Presidente tem página pessoal em alguma
plataforma digital? Em qual/quais?
19.1. O Sr. Presidente tem apoio na gestão das suas
páginas pessoais? Se sim, que tipo de apoio tem?
19.2. Há alguma articulação entre as publicações
nas páginas da Câmara Municipal e na página do
Sr. Presidente? Que tipo de articulação é? (re-
publicação. Re-twitt, tagging…)
19.3. Em caso de o Sr. Presidente não apresentar
página pessoal em alguma plataforma digital, qual
a sua opinião em relação a isso?
- Reflexão - Concretizações na
prática
20. As expectativas em relação aos objetivos da
utilização de plataformas de comunicação digital
confirmaram-se?
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
95
20.1. Indique quais pensa terem sido concretizadas
e de que modo.
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
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APÊNDICE II
Grelha de análise das entrevistas realizadas aos responsáveis pela
comunicação dos municípios portugueses
DIMENSÃO 1 INDICADOR (ES)
D1
PERFIL DO
ENTREVISTADO
D1. i1. Perfil do
responsável pela
criação/gestão das
redes sociais
a) Anos de experiência
b) Anos de experiência na CM
c) Anos de experiência no cargo
d) Formação de base
e) Nível de escolaridade
f) Idade
g) Sexo
h) Cargo político/cargo administrativo
DIMENSÃO 2 INDICADOR (ES)
D2
CARACTERÍSTICAS
E DINÂMICAS
ORGANIZACIONAIS
D2. i1. Objetivos iniciais
a) Objetivos da comunicação digital
b) Vantagens/Benefícios
c) Desvantagens/Riscos/Desafios
D2. i2. Recursos
a) Recursos humanos
b) Recursos técnicos
c) Recursos financeiros
D2. i3. Dinâmicas
(internas)
a) Processo de gestão das contas
b) Produção de conteúdos e tipos de conteúdos
publicados
c) Estratégias de marketing para a publicação de
conteúdos
d) Abertura das páginas aos
cidadãos/Comentários
e) Moderação das páginas
Análise da Estratégia de Comunicação e Atividade Online dos Municípios Portugueses
97
f) Confirmação de existência de uma estratégia de
comunicação
DIMENSÃO 3 INDICADOR (ES)
D3
LIDERANÇA
D3. i1. Perfil do líder do
Executivo
a) Interfere nas decisões
b) Teve algum papel na tomada de decisão de
criação da conta
c) Está presente nas reuniões, se existirem, de
discussão da agenda de social media
D3. i2. Atividade online
do líder do Executivo
a) Página oficial nas redes sociais
b) Apoio na sua gestão (da página oficial)
c) Articulação entre a sua página e a página da
CM
DIMENSÃO 4 INDICADOR (ES)
D4
PRESENÇA NAS
REDES SOCIAIS
D4. i1. Plataformas em
que o município tem
conta oficial
a) Quais as plataformas em que o município tem
conta oficial
b) Se existiu algum estudo para saber o potencial
alcance
c) Qual é a plataforma mais ativa
d) Critérios de publicação em cada plataforma
e) Criação de outras páginas mais específicas
D4. i2. Expectativas a) Confirmação das expectativas iniciais