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FURG Dissertação de Mestrado PdCl 2 SUPORTADO EM FIBRA DE COCO CALCINADA: SÍNTESE, CARACTERIZAÇÃO E AVALIAÇÃO CATALÍTICA EM REAÇÕES DE SUZUKI-MIYAURA E HECK-MIZOROKI ___________________________________ Cristiane Renata Schmitt PPGQTA Santo Antônio da Patrulha, RS - Brasil 2017

Cristiane Renata Schmitt PPGQTA Santo Antônio da Patrulha ... · ocorreu devido a reatividade dos haletos envolvidos. Enfim, o precursor catalítico Pd/FCC mostra-se uma alternativa

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FURG

Dissertação de Mestrado

PdCl2 SUPORTADO EM FIBRA DE COCO CALCINADA: SÍNTESE,

CARACTERIZAÇÃO E AVALIAÇÃO CATALÍTICA EM REAÇÕES DE

SUZUKI-MIYAURA E HECK-MIZOROKI

___________________________________

Cristiane Renata Schmitt

PPGQTA

Santo Antônio da Patrulha, RS - Brasil

2017

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PdCl2 SUPORTADO EM FIBRA DE COCO CALCINADA:

SÍNTESE, CARACTERIZAÇÃO E AVALIAÇÃO CATALÍTICA

EM REAÇÕES DE SUZUKI-MIYAURA E HECK-MIZOROKI

por

CRISTIANE RENATA SCHMITT

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Química Tecnológica e Ambiental da

Universidade Federal do Rio Grande (RS), como

requisito parcial para obtenção do título de MESTRE EM

QUÍMICA.

PPGQTA

Santo Antônio da Patrulha, RS – Brasil

2017

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Universidade Federal do Rio Grande

Escola de Química e Alimentos Programa de Pós-Graduação em Química

Tecnológica e Ambiental

A Comissão Examinadora abaixo assinada aprova a Qualificação de Mestrado

PdCl2 SUPORTADO EM FIBRA DE COCO CALCINADA:

SÍNTESE, CARACTERIZAÇÃO E AVALIAÇÃO CATALÍTICA

EM REAÇÕES DE SUZUKI-MIYAURA E HECK-MIZOROKI

elaborada por

CRISTIANE RENATA SCHMITT

Como requisito parcial para a obtenção do título de

Mestre em Química

COMISSÃO EXAMINADORA

Prof. Dr. Gilber Ricardo Rosa (Orientador – FURG)

Prof. Dr. Marcelo de Godoi (FURG - RS)

Prof a. Dra. Carla Weber Scheeren (FURG – RS)

Prof. Dr. Aloir Antonio Merlo (UFRGS – RS)

Santo Antônio da Patrulha, julho de 2017.

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AGRADECIMENTOS

.

Durante o processo de formação desta dissertação, consagro esse sentimento

a muitas pessoas.

A Deus, pela vida, saúde, oportunidade de formação e de crescimento pessoal.

A minha família, pai e mãe, por serem grandes incentivadores de minha

educação e por nunca terem medido esforços para a realização de minha formação

ética e intelectual durante todos esses anos. Por entenderem os meu momentos de

ausência e sempre me apoiarem nas minhas decisões. Vocês dão sentido a minha

vida e são o combustível para minhas realizações.

À diretoria, funcionários e colegas da FURG, pela colaboração, atenção e

respeito dedicados a minha pessoa.

Aos colegas do grupo de pesquisa dos laboratórios LSO[Cat], Labsov e Larco

pela paciência, dedicação e colaboração. Em especial, à Clarissa Rosa, Márcia

Silveira, Bruna Vargas, Deyvid Oliveira, Glademir Alvarenga, Diego Rosa, Daiane

Blank e Andrieli Nunes.

À professora Carla Weber Scheeren, ao professor Marcelo de Godoi, à

professora Fernanda Trombetta e ao professor Manoel Martins, pela importante

contribuição e auxílio nos projetos.

Um agradecimento especial ao meu orientador, professor Gilber Ricardo Rosa,

por me apresentar ao programa de Pós-Graduação em Química Tecnológica e

Ambiental (PPGQTA) da FURG, e me dar a oportunidade de fazer parte deste grupo

de pesquisa. Sem ele, nada disso seria possível. Obrigada por todos os momentos de

aprendizagem, companheirismo e amizade, além da incansável vontade de me

ensinar. Obrigada, também, pela confiança depositada em mim, isso fez com que eu

melhorasse profissionalmente e pessoalmente.

Aos órgãos de fomento FAPERGS, CNPq e CAPES pelas bolsas e auxílios.

Não se trata de onde você está, e sim onde queres chegar.

Autor desconhecido

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RESUMO

Título: PdCl2 Suportado em fibra de coco calcinada: síntese, caracterização e

avaliação catalítica em reações de Suzuki-Miyaura e Heck-Mizoroki.

Autora: Cristiane Renata Schmitt

Orientador: Prof.Dr. Gilber Ricardo Rosa

Os acoplamentos cruzados de Suzuki-Miyaura e Heck-Mizoroki são de extrema

importância devido a sua aplicabilidade industrial, especialmente, na indústria

farmacêutica. Com isso a produção de um catalisador ambientalmente adequado e

eficiente para estas reações são sempre almejados, por isso, produziu-se um novo

catalisador suportando PdCl2 em fibra de coco calcinada (FCC). Assim, o precursor

catalítico Pd/FCC foi caracterizado através de microscopia eletrônica de varredura

(SEM) e espectrometria de emissão óptica com plasma indutivamente acoplado (ICP-

OES). O sistema catalítico para as reações de Suzuki-Miyaura e Heck-Mizoroki,

fazendo uso de Pd/FCC, foi otimizado em condições ambientalmente adequadas: livre

de fosfina; etanol e DMF como solventes; baixa quantidade de paládio (0,5 mol % de

Pd). O catalisador Pd/FCC mostrou-se eficiente para iodetos e brometos tolerando

diversos grupos substituintes no anel aromático em ambos acoplamentos catalíticos.

Para a reação envolvendo cloretos de arila, a reação não mostrou-se interessante. Na

reação de Suzuki-Miyaura foi avaliada a reciclabilidade do Pd/FCC partindo de uma

reação entre o ácido fenilborônico com 4-iodoanilina. Constatou-se atividade catalítica

até o oitavo reciclo, sendo a mesma, reduzida gradativamente por lixiviação do metal.

Esta lixiviação foi observada pela técnica de Espectrometria de absorção atômica de

chama (FAAS), onde preparou-se duas reações, ambas partindo do ácido

fenilborônico, porém uma reagindo com 4-iodoanisol e outra com bromoanisol.

Observou-se uma lixiviação do Pd de 54,64% para a reação envolvendo 4-iodoanisol

e 31,93% para a reação envolvendo o 4-bromoanisol. Constatou-que esta diferença

ocorreu devido a reatividade dos haletos envolvidos. Enfim, o precursor catalítico

Pd/FCC mostra-se uma alternativa de baixo custo, eficiente, sustentável (isento de

ligantes auxiliares tóxicos) e reciclável.

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ABSTRACT

Title: PdCl2 Supported in calcined coconut shell fiber: synthesis, characterization and catalytic evaluation in Suzuki-Miyaura and Heck-Mizoroki

reactions.

Author: Cristiane Renata Schmitt

Advisor: Prof. Dr. Gilber Ricardo Rosa

Suzuki-Miyaura and Heck-Mizoroki cross-couplings are of extreme importance due to

their industrial applicability, especially in the pharmaceutical industry. Thus, the

production of an eco-friendly and efficient catalyst for these reactions is always

desired, so a new catalyst was produced by PdCl2 supported on calcined coconut shell

fiber (FCC) was produced. Thus, the catalytic precursor Pd/FCC was fully

characterized by Scanning Electron Microscopy (SEM), and Inductively Coupled

Plasma Optical Emission Spectrometry (ICP-OES). The catalytic systems for the

Suzuki-Miyaura and Heck-Mizoroki reactions, using Pd/FCC, was optimized under

eco-friendly conditions: phosphine-free; ethanol and DMF as solvents; low amount of

palladium (0.5 mol% of Pd). The Pd/FCC catalyst proved to be efficient for aryl iodides

and bromides tolerating various substituent groups on the aromatic ring in both

catalytic cross-couplings. For the reaction involving aryl chlorides, the reaction did not

appear interesting. In the Suzuki-Miyaura, reaction the recyclability of the Pd/FCC was

evaluated starting from a reaction between phenylboronic acid and 4-iodoaniline.

Catalytic activity up to the eighth recycle was observed, being it gradually reduced by

leaching of the metal. This leaching was observed by the Atomic Flame Absorption

Spectrometry (FAAS) technique, where two reactions were prepared, both starting

from phenylboronic acid, but one reacting with 4-iodoanisole and one with 4-

bromoanisole. Pd leaching of 54.64% was observed for the reaction involving 4-

iodoanisole and 31.93% for the reaction involving 4-bromoanisole. It was observed that

this difference occurred due to the reactivity of the halides involved. Finally, the

catalytic precursor Pd/FCC is a low-cost, efficient, eco-friendly (ligand-free) and

recyclable.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 Estrutura do coco.

Figura 2.2 Estrutura do Valsartan e do Boscalid.

Figura 2.3 Estrutura da Diazonamida A.

Figura 2.4 Estrutura do diariltiofeno.

Figura 2.5 Estrutura da fosfina catiônica sintetizada por Marset e colaboradores.

Figura 2.6 Ciclopaladato tridentado contendo os metais paládio, ferro e selênio

proposto por Sinhg.

Figura 2.7 Síntese do catalisador utilizando PdCl2 na esfera de sílica impregnada com

sensor fluorescente.

Figura 2.8 trans-3,5,4-trihidroxiestilbeno (resveratrol).

Figura 2.9 Molécula do eletriptan.

Figura 2.10 Ciclopaladato C1 sintetizado por Rosa e colaboradores.

Figura 2.11 Estrutura do catalisador suportado em sílica Pd-Box-Si sintetizado por Ali

e colaboradores.

Figura 2.12 Gráfico com resultados obtidos por Ali e colaboradores a respeito do

reciclo do catalisador

Figura 3.1 Reator de Schlenk com selo de teflon utilizado.

Figura 4.1 Fibra de coco calcinada em processo de impregnação do PdCl2.

Figura 4.2 SEM do sólido Pd/FCC obtido.

Figura 4.3 EDS do catalisador Pd/FCC.

Figura 4.4 Avaliação do reciclo do Pd/FCC.

Figura 4.5 Ciclo catalítico proposto para a reação de Suzuki-Miyaura utilizando

Pd/FCC.

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LISTA DE ESQUEMAS

Esquema 1.1 Acoplamento catalítico de Suzuki-Miyaura

Esquema 1.2 Acoplamento catalítico de Heck-Mizoroki.

Esquema 2.1 Reação de Suzuki-Miyaura para obtenção da 4-aminoquinolina para o

combate à malária.

Esquema 2.2 Reação geral do acoplamento catalítico de Suzuki-Miyaura.

Esquema 2.3 Ciclo catalítico de reação de acoplamento de Suzuki-Miyaura.

Esquema 2.4 Reação de Buchwald entre o ácido fenilborônico e um cloreto

desativado.

Esquema 2.5 Sistema proposto por Zora e colaboradores.

Esquema.2.6 Reação utilizada por Marset e colaboradores.

Esquema 2.7 Sistema desenvolvido por Hermman e colaboradores utilizando carbeno

N-heterocíclico.

Esquema 2.8 Sistema proposto por Hamed e colaboradores utilizando carbeno

binuclear de platina e paládio.

Esquema.2.9 Complexo de paládio carboxiamido-carbeno proposto por Bhargava,via

reação de Suzuki-Miyaura.

Esquema.2.10 Sistema proposto por Rosa e colaboradores utilizando ciclopaladato

C1 tipo pinça NCP.

Esquema 2.11 Reação de Acoplamento de Suzuki-Miyaura proposta por Jackson e

colaboradores para a síntese de um antifúngico.

Esquema 2.12 Reação de acoplamento de Suzuki-Miyaura utilizando

tetrabutilamoônio como aditivo.

Esquema 2.13 Reação de acoplamento de Suzuki-Miyaura proposto por Liu e

colaboradores utilizando água como solvente e sem ligantes auxiliares.

Esquema 2.14 Reação proposta por Rosa e colaboradores utilizando nanopartícula

de paládio suportado em filme polimérico de acetato de celulose.

Esquema 2.15 Modificação do intermediário Lapatinib utilizando Pd@PANI como

catalisador.

Esquema 2.16 Reação proposta por Jansa e colaboradores utilizando Pd/C.

Esquema 2.17 Reação de Heck intermediária na síntese de perfumes na indústria

farmacêutica.

Esquema 2.18 Primeira reação elaborada por Heck-Mizoroki em 1968.

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Esquema 2.19 Primeira reação de Heck-Mizoroki utilizando haleto de arila.

Esquema 2.20 Ciclo catalítico da reação de acoplamento de Heck-Mizoroki.

Esquema 2.21 Reação de Heck e Dicke utilizando trifenilfosfina.

Esquema 2.22 Reação de Thiel e Sun utilizando uma fosfina volumosa (L3).

Esquema 2.23 Reação de Heck-Mizoroki com a fosfina catiônica sintetizada por

Marset e colaboradores.

Esquema 2.24 Sistema catalítico desenvolvido por Kunz e colaboradores para o

acoplamento de acrilato de n-butila e bromobenzeno.

Esquema 2.25 Sistema catalítico desenvolvido por Bahgat e colaboradores para o

acoplamento de acrilato de n-butila e bromobenzeno.

Esquema 2.26 Sistema proposto por Gruber e colaboradores utilizando um

paladaciclo com enxofre em sua estrutura.

Esquema 2.27 Reação ente estireno e bromobenzeno utilizando o ciclopaladato e o

uso de micro-ondas.

Esquema 2.28 Reação entre o iodobenzeno e acrilato de metila proposto por Jeffery

utilizando sal de amônio quartenário como pré-catalisador.

Esquema 2.29 Reação entre acrilato de n-butila e bromobenzeno sem a utilização de

base.

Esquema 2.30 Sistema proposto por Salem e colaboradores permanecendo o haleto

no produto.

Esquema 2.31 Sistema proposto por Balan e colaboradores utilizando nanopartículas

suportada em filme polimérico de acrilato.

Esquema 3.1 Sistema catalítico utilizado na otimização de Suzuki-Miyaura.

Esquema 3.2 Sistema catalítico utilizado na otimização da reação de Heck -Mizoroki.

Esquema 4.1 Reação utilizada na otimização da Reação de Suzuki-Miyaura

Esquema 4.2 Reação de otimização do sistema catalítico com Pd/FCC para a reação

de Heck-Mizoroki

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LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 Resultados obtidos na reação proposta por Marset e colaboradores.

Tabela 2.2 Resultados obtidos por Rosa e colaboradores utilizando ciclopaladato C1

tipo pinça NCP.

Tabela 2.3 Resultados obtidos para os cloretos de arila reagindo com ácido

fenilborônico por Sinhg.

Tabela 2.4 Resultados obtidos por Rosa e colaboradores utilizando nanopartícula de

paládio em filme de acetato de celulose.

Tabela 2.5 Resultados obtidos por Alvarenga e colaboradores.

Tabela 2.6 Resultados obtidos por Qian e colaboradores utilizando o catalisador

fluorescente.

Tabela 2.7 Resultados dos acoplamentos entre acrilato-n butila e cloretos de arila

utilizando o ciclopaladato C1.

Tabela 2.8 Alguns resultados obtidos por Zahng e colaboradores.

Tabela 2.9 Resultados envolvendo iodetos e brometos de arila utilizando o catalisador

suportado em sílica Pd-Box-Si.

Tabela 4.1 Otimização de base e solvente para a reação de Suzuki-Miyaura avaliada.

Tabela 4.2 Reação do ácido fenilborônico com diferentes haletos de arila catalisada

com Pd/FCCa.

Tabela 4.3. Otimização do sistema catalítico no acoplamento de Heck-Mizoroki entre

o estireno com bromobenzeno utilizado-se o catalisador Pd/FCCa.

Tabela 4.4 Reação do estireno com diferentes haletos de arila catalisada com Pd/FCC

utilizando-se o catalisador Pd/FCCa.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS

1. PdCl2 - cloreto de paládio II

2. FCC – fibra de coco calcinada

3. Pd/FCC– fibra de coco calcinada impregnada com PdCl2

4. MEV-EDS - Microscopia eletrônica de varredura acoplada com detector de

Energia Dispersiva de Raios-X, (EDS) energy dispersive x-ray detector

5. EDS -Energia Dispersiva de Raios-X, do inglês energy dispersive x-ray detector

6. ICP-OES - Espectrometria de emissão óptica com plasma indutivamente acoplado

7. FTIR - espectroscopia de infravermelho com transformada de Fourier

8. RMN 1H - ressonância magnética nuclear de Hidrogênio

9. MHz - mega hertz

10. CDCl3 - clorofórmio deuterado

11. RMN 13C - ressonância magnética nuclear de carbono-13

14. CG-MS - cromatógrafo a gás acoplado em espectrômetro de massas, gas

chromatography–massspectrometry

15. FID - detector por ionização de chama, do inglês flame ionization detector

16. ChCl – cloreto de colina

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 13

2 REVISÃO DA LITERATURA .................................................................................. 15

2.1 COCO, UMA VISÃO GERAL ................................................................................................. 15

2.1.1 Coqueiro .......................................................................................................... 15

2.1.2 Fibra de coco .................................................................................................. 15

2.1.3 Fibra de coco na cidade de Santo Antônio da Patrulha .............................. 16

2.2 PALÁDIO ................................................................................................................................... 17

2.3 REAÇÃO DE ACOPLAMENTO DE SUZUKI-MIYAURA ................................................... 18

2.3.1 Importância, aplicações e usos .................................................................... 18

2.3.2 A clássica reação de Suzuki-Miyaura ........................................................... 20

2.3.3 Sistemas catalíticos para acoplamento de Suzuki-Miyaura com paládio . 21

2.3.3.1 Paládio com fosfinas ................................................................................................. 22

2.3.3.2 Paládio com carbenos .............................................................................................. 26

2.3.3.3 Paládio com ciclopaladatos ..................................................................................... 28

2.3.3.4 Paládio sem ligantes auxiliares ............................................................................... 31

2.3.3.5 Nanopartículas de Pd(0) suportadas ..................................................................... 32

2.3.3.6 Sais de paládio suportado ....................................................................................... 35

2.4 REAÇÃO DE ACOPLAMENTO DE HECK-MIZOROKI ..................................................... 39

2.4.1 Importância, aplicações e usos .................................................................... 39

2.4.2 A clássica reação de Heck-Mizoroki ............................................................. 40

2.4.3 Sistemas catalíticos para acoplamento de Heck-Mizoroki com paládio ... 42

2.4.3.1 Paládio com fosfinas ................................................................................................. 42

2.4.3.2 Paládio com carbenos .............................................................................................. 44

2.4.3.3 Paládio com ciclopaladatos ..................................................................................... 45

2.4.3.4 Paládio sem ligantes auxiliares ............................................................................... 47

2.4.3.5 Nanopartículas de Pd(0) suportadas ..................................................................... 48

2.4.3.6 Sais de Pd suportado ............................................................................................... 50

3 MATERIAIS E MÉTODOS...................................................................................... 54

3.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS ................................................................................................. 54

3.2 PREPARO E CARACTERIZAÇÃO DO PRECURSOR CATALÍTICO PD/FCC ............. 54

3.2.1 Técnicas de caracterização do catalisador empregadas ............................ 55

3.2.1.1 Espectrometria de Emissão Óptica (ICP-OES) .................................................... 55

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3.2.1.2 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) acoplada com Energia Dispersiva

de Raios-X (EDS) ................................................................................................................... 55

3.3 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE CATALÍTICA DO PD/FCC NA REAÇÃO DE SUZUKI-

MIYAURA......................................................................................................................................... 56

3.3.1 Otimização do sistema catalítico .................................................................. 56

3.3.2 Síntese de bifenilas a partir de haletos de arila catalisada por Pd/FCC via

acoplamento de Suzuki-Miyaura ............................................................................ 57

3.3.3 Caracterização dos produtos de acoplamento de Suzuki-Miyaura............ 57

3.3.4 Avaliação do reciclo do precursor catalítico Pd/FCC na Reação de Suzuki-

Miyaura ..................................................................................................................... 59

3.4 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE CATALÍTICA DO PD/FCC NA REAÇÃO DE HECK-

MIZOROKI ....................................................................................................................................... 59

3.4.1 Otimização do sistema catalítico para reação de Heck – Mizoroki ............ 59

3.4.2 Arilação feita a partir de haletos de arila catalisada por Pd/FCC via

acoplamento de Heck-Mizoroki .............................................................................. 60

3.4.3 Caracterização dos produtos de acoplamento de Heck-Mizoroki ............. 60

4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS....................................... 63

4.1 O PRECURSOR CATALÍTICO PD/FCC .............................................................................. 63

4.2 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE CATALÍTICA DO PD/FCC ................................................. 64

4.2.1 Otimização do sistema para a reação de Suzuki-Miyaura e síntese de

bifenilas .................................................................................................................... 64

4.3 AVALIAÇÃO DO RECICLO DO CATALISADOR PD/FCC NA REAÇÃO DE SUZUKI-

MIYAURA......................................................................................................................................... 68

4.4 AVALIAÇÃO DO PD/FCC NA REAÇÃO DE HECK-MIZOROKI ...................................... 70

4.4.1 Otimização do sistema para a reação de Heck-Mizoroki e síntese dos

produtos ................................................................................................................... 70

4 CONCLUSÕES ...................................................................................................... 74

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 75

ANEXO ...................................................................................................................... 78

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13

1 INTRODUÇÃO

As reações de acoplamento cruzado constituem uma classe de reações de

grande interesse em química orgânica por possibilitarem a formação de novas

ligações. Em especial, as do tipo carbono-carbono, que até então eram difíceis de

serem obtidas por outros meios1. Essas reações começaram a receber maior atenção

no meio acadêmico na década de 70, com a publicação dos trabalhos de Suzuki2,

Heck3 e Sonogashira4, entre outros pesquisadores, os quais descreveram o uso de

metais de transição como catalisadores para este tipo de reação1.

Desde a publicação destes trabalhos, a importância destas reações são

reconhecidas no mundo inteiro, sendo que, em 2010, os pesquisadores anteriormente

citados, foram contemplados com o Prêmio Nobel de Química, por suas contribuições

nas reações de acoplamento cruzado catalisadas por paládio5.

Os sistemas catalíticos clássicos para a reação de Suzuki-Miyaura (Esquema

1.1) e Heck-Mizoroki (Esquema 1.2) operam com metal paládio coordenado às

ligantes básicas como fosfinas ou carbenos. As fosfinas apresentam um desempenho

superior nos seus produtos de acoplamento, contudo, possuem alta toxicidade e

dificuldade de uso baseado em suas propriedades pirofóricas.

Esquema 1.1 Acoplamento catalítico de Suzuki-Miyaura.

Esquema 1.2 Acoplamento catalítico de Heck-Mizoroki.

Um levantamento das publicações mais recentes sobre reações de

acoplamento cruzado permite identificar a busca por novos catalisadores aplicáveis a

tais reações, ou seja, observa-se uma busca contínua por novos sistemas catalíticos

que possam se sobrepor a algumas características desvantajosas relacionadas aos

primeiros catalisadores utilizados, como a contaminação ambiental por metais

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pesados e ligantes fosfina6. Além desta busca por catalisadores isentos de fosfinas, a

procura por um catalisador que possa ser reutilizado é almejado, já que os princípios

da química verde falam em reações que agridam menos o meio ambiente e que

utilizem menos reagentes possíveis.

Por esta razão, catalisadores eficientes, sem ligantes auxiliares e de baixo

custo, que consigam participar efetivamente em mais de uma reação de acoplamento

sem perder a sua atividade catalítica e atendendo aos requisitos mínimos da química

verde, estão sendo o foco das pesquisas atuais. Partindo dessa premissa, nessa

dissertação é mostrado o desenvolvimento de um sistema catalítico para o

acoplamento C-C de Suzuki-Miyaura e para o acoplamento sp2 – sp2 de Heck-

Mizoroki, baseado em Pd(II) suportado em fibra de coco calcinada (Pd/FCC) sem

ligantes auxiliares. Assim, a ideia de utilizar um resíduo agroindustrial abundante na

cidade de Santo Antônio da Patrulha para a formação de um novo catalisador para as

ligações de acoplamento foi o foco desta pesquisa.

O capítulo 2 desse trabalho faz um breve histórico da reação de Suzuki-

Miyaura e reação de Heck-Mizoroki nos diferentes sistemas catalíticos, dando ênfase

às publicações mais atuais. As publicações mencionadas servirão como parâmetros

comparativos extremamente importantes para comprovação da eficiência do

catalisador Pd/FCC produzido nos estudos aqui relatados.

No capítulo 3, serão abordados a síntese e as caracterizações do precursor

catalítico Pd/FCC produzido, a avaliação da atividade catalítica e a caracterização dos

produtos obtidos.

Já no capítulo 4, serão discutidos os resultados e as análises realizadas

avaliando-se as aplicações nas reações de Suzuki-Miyaura e Heck-Mizoroki, bem

como a investigação das potencialidades e limitações do método, como por exemplo,

o número de reciclos do catalisador.

O capítulo 5 por sua vez, tratará das conclusões sobre o escopo desenvolvido

fazendo considerações finais sobre os resultados obtidos, discutindo as vantagens e

desvantagens do método quando comparado a outros sistemas catalíticos clássicos

a base de paládio descritos na literatura.

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15

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 COCO, UMA VISÃO GERAL

2.1.1 Coqueiro

O coqueiro, de nome científico Cocos nucifera, da família Arecaceae (família

das palmeiras) é uma planta que pode crescer até 30 m de altura, com folhas de 4 até

6 m de comprimento, com frutos chamados coco7. O coqueiro é nativo da Nova

Zelândia, porém, no Brasil, não se sabe quando começou exatamente o seu cultivo,

já que os frutos provavelmente vieram pelas correntes marítimas de outros países,

pois o coco é uma fruta pouco densa e cultivada em localizações litorâneas. Todavia,

acredita-se que a produção de coco no Brasil começou pela década de 1950

começando pelo estado da Bahia. Em 1990, a produção de coco começou a se

disseminar pelas outras regiões litorâneas do Brasil. O Brasil, atualmente, possui

cerca de 280 mil hectares cultivados com coqueiro em quase todo o território

nacional.8

Atualmente, o Brasil é um dos maiores consumidores de coco do mundo, além

de produzir cerca de 3 milhões de toneladas por ano, isto representa cerca de 80%

da produção da América do Sul. O Brasil também importa cerca de 18000 kg de cocos,

principalmente da Indonésia, líder mundial de produção de coco juntamente com a

China e Vietnã. A produção de coco atual já chega a um milhão e setecentos mil frutos

até o mês de abril deste ano, podendo, provavelmente, bater as estatísticas de maior

produção de coco da história brasileira.9

2.1.2 Fibra de coco

O coco, fruto proveniente do coqueiro, é formado por partes morfológicas

diferentes. A copra, ou mais conhecida como a polpa, é a parte mais interna do coco

depois da água de coco, é a estrutura comestível da fruta que é, muitas vezes,

utilizada nas indústrias alimentícias. Depois da camada um pouco mais externa da

polpa, existe o endocarpo, que protege a polpa e que contém o embrião da fruta, que

pode se considerar como uma semente para a disseminação de novos cocos. Após,

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16

há a camada intermediária da fruta chamada de mesocarpo, onde encontra-se a parte

fibrosa, esta parte é a maior do fruto, corresponde a 70%. E, por fim, há a casca

chamada de epicarpo, que é a parte mais externa do coco.10

Figura 2.1 Estrutura do coco10.

A fibra de coco é constituída principalmente por celulose e lignina, o que torna

a fibra mais maleável para seu uso em diversas áreas industriais. A fibra de coco,

parte de interesse deste trabalho, é utilizada em indústrias de embalagens, como

carga para o Poli Tereftalato de Etila (PET), gerando materiais plásticos

ambientalmente amigáveis, pois contribuem para a diminuição do tempo de

deterioração do plástico após o seu descarte. É utilizada, também, como material

adsorvente para alguns agrotóxicos em água e em indústria de borrachas para a

produção de calçados e encostos de bancos de carros, além de sua utilização para

confecções de vasos, placas e bastões para diversos tipos de espécies de vegetais.10

2.1.3 Fibra de coco na cidade de Santo Antônio da Patrulha

Mesmo sendo útil para diversas utilizações ambientalmente amigáveis, em

alguns locais, como a cidade de Santo Antônio da Patrulha-RS, ainda não foram

encontradas alternativas ecológicas para o descarte da fibra de coco. A cidade de

Santo Antônio da Patrulha é conhecida por ser a cidade da rapadura e da cachaça,

com isso, muitas indústrias rapadureiras lá se encontram, e as mesmas fazem uma

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17

larga utilização do coco em seus doces. Contudo, após a utilização do coco nos doces,

a fibra de coco é descartada em aterros sanitários sem nenhum reaproveitamento,

aumentando consideravelmente a quantidade de lixo.

Em decorrência, nosso grupo de pesquisa resolveu investigar esta matéria

prima como um novo suporte catalítico do metal Pd aplicado nas reações de

acoplamento de Suzuki-Miyaura e Heck-Mizoroki.

2.2 PALÁDIO

Paládio é um elemento químico de símbolo Pd encontrado na tabela periódica,

no grupo dos metais, na coluna 10B, e com número atômico 46. É um metal de cor

branca prateada que possui números de oxidações 1+, 2+, 4+ e 6+, sendo o 2+ e o

4+ os mais observados. Sua configuração eletrônica é 4p6 4d10, sendo um metal com

orbital d em sua configuração. Foi descoberto no ano de 1800, por dois químicos

britânicos chamados William Hyde Wollaston e Smithson Tennant, quando foram

refinar a platina.

O processo de purificação da platina começava com a adição de água régia

ao mineral bruto, o que gerava um precipitado preto e uma solução. Antes, essa

solução era desprezada, porém, Wollaston resolveu analisar a solução e descobriu o

paládio e o ródio. Para realizar a separação destes dois metais da solução, Wollaston

fez uma neutralização e adicionava cianeto de mercúrio Hg(CN)2 o que gerava um

precipitado amarelo. Posteriormente, outros processos foram utilizados até obter o

paládio em sua forma pura. Wollaston colocou o nome deste metal de paládio devido

a descoberta de um planeta chamado “Pallas” no mesmo ano da descoberta do seu

metal, entretanto, o planeta, na verdade, era um asteroide. Outro químico, chamado

Richard Chenevix, quase roubou sua ideia quando mostrou ao mundo a descoberta

do paládio, dizendo que o paládio era um metal formado com ligas de mercúrio e

platina. Ele só não ficou conhecido como o descobridor do paládio porque não

conseguiu chegar ao produto puro.11

Atualmente, o paládio participa de muitas reações orgânicas como

catalisador. Entre alguns exemplos pode-se citar a reação de Sabatier-Senderens,

responsável pela adição de átomos de hidrogênio aos carbonos de uma ligação dupla;

a reação de Wacker, na obtenção de etanol; e as reações de acoplamento,

responsáveis pelas ligações C-C e sp2-sp2, entre outras. Para as reações de

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18

acoplamento de Suzuki e de Heck, o paládio é extremamente importante, pois sem

ele como catalisador, as reações de acoplamento não ocorreriam.11

2.3 REAÇÃO DE ACOPLAMENTO DE SUZUKI-MIYAURA

2.3.1 Importância, aplicações e usos

A busca constante de novas substâncias químicas para a qualidade de vida

do ser humano sempre incentivaram a inovação nas reações químicas. A reação de

Suzuki-Miyaura trouxe uma evolução à indústria, principalmente, às indústrias

farmacêuticas, propiciando a formação de ligações C-C de maneira mais

simplificada.12

Uma das substâncias mais populares na indústria farmacêutica que utiliza a

reação de acoplamento de Suzuki-Miyaura é o antidepressivo Valsartan, da empresa

Novartis, que só pôde ser sintetizado após a descoberta das reações de acoplamento.

(Figura 2.2) Também de grande importância na área industrial é o fungicida

agroquímico Boscalid, que tem como peça chave de sua reação um acoplamento de

Suzuki-Miyaura.1

Figura 2.2 Estrutura do Valsartan e do Boscalid.

Uma das reações de Suzuki-Miyaura que ficou mundialmente conhecida e lhe

trouxe o prêmio Nobel de Química em 2010, foi a criação da estrutura da Diazonamida

A, eficaz contra células cancerígenas no colo do útero (Figura 2.3).6

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19

Figura 2.3 Estrutura da Diazonamida A.

A reação de Suzuki-Miyaura também tem relevante importância na obtenção

de moléculas biotivas utilizadas na indústria de fármacos e agroquímica. Pode-se

destacar as moléculas derivadas da 4-aminoquinolina sintetizada por Melnyk e

colaboradores no ano de 2004. Este composto é utilizado ao combate à malária.12

Esquema 2.1 Reação de Suzuki-Miyaura para obtenção da 4-aminoquinolina para o combate à malária.

Também no ano de 2004, Massui e colaboradores desenvolveram o

diariltiofeno, uma molécula com propriedades luminescentes com aplicação como

contraste na área médica, via acoplamento de Suzuki-Miyaura (Figura 2.4).13

Figura 2.4 Estrutura do Diariltiofeno.

A partir dos exemplos citados anteriormente, podemos concluir que a reação

de Suzuki-Miyaura é de grande importância na área farmacêutica como na área

industrial. Ou seja, as reações de acoplamento estão em todas as áreas e são alvo

das pesquisas atuais.

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20

2.3.2 A clássica reação de Suzuki-Miyaura

Akira Suzuki fez sua descoberta juntamente com Norio Miyaura, no ano de

1979.2 Cronologicamente, foi o último acoplamento cruzado descoberto envolvendo o

catalisador de paládio e, desde então, muitos compostos foram sintetizados a partir

desta descoberta.

O acoplamento cruzado obtido por Suzuki-Miyaura tem diversas vantagens

frente a outros tipos de acoplamento. Uma delas advém do emprego de alquilboranos

ou boronatos, facilmente obtidos em grande variedade estrutural em condições

moderadamente básicas. Isto se deve à ativação do alquilborano ou boronato para

que a etapa de transmetalação proceda com velocidades razoáveis.14

Esta reação empregava brometos (ou iodetos) de arila e ácidos arilborônicos

usando Pd (PPh3)4 (3 mol %) como catalisador, levando à formação de compostos do

tipo bifenilas com rendimentos entre 85% e 98%, dependendo dos substituintes

utilizados no acoplamento desejado. (Esquema 2.2).15

Esquema 2.2 Reação geral do acoplamento catalítico de Suzuki-Miyaura.

Esta reação faz uso do benzeno como solvente, substância cancerígena e

extremamente tóxica, além de utilizar 3 mol% de catalisador sem a possibilidade de

reciclabilidade. Outro ponto desfavorável para esta reação, é que o acoplamento não

ocorre quanto utilizado substituintes contendo cloroarenos.

O ciclo catalítico da reação de Suzuki-Miyaura inicia com uma adição oxidativa

do haleto de arila ao centro metálico (paládio), o qual tem seu estado de oxidação

elevado em duas unidades (de Pd(0) para Pd(II)). Após, ocorre a transmetalação, na

qual um nucleófilo transfere um fragmento carbônico para o complexo metálico e

captura o haleto. O ácido de Lewis, formado da união do haleto com o nucleófilo é

neutralizado por uma base presente no meio, enquanto que o complexo

organometálico de paládio segue o ciclo. A última etapa é uma eliminação redutiva na

qual se forma a nova ligação C-C. Nessa etapa, o metal de transição volta ao estado

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21

de oxidação original (de Pd(II) para Pd(0)) e pode sofrer nova adição oxidativa que

dará início a um novo ciclo (Esquema 2.3).16

No ciclo catalítico da reação de acoplamento de Suzuki-Miyaura, é importante

destacar o papel da base na neutralização do ácido de Lewis, oriundo da união entre

o haleto e o nucleófilo, durante a etapa de transmetalação. Outra função de extrema

relevância promovida pela presença de base, durante o ciclo catalítico, é a promoção

da eliminação redutiva do intermediário organometálico. Nessa etapa, conhecida

como eliminação redutiva, o Pd(II) é reduzido a Pd(0), regenerando, assim, a espécie

ativa do catalisador.17

Esquema 2.3 Ciclo catalítico da reação de acoplamento de Suzuki-Miyaura

2.3.3 Sistemas catalíticos para acoplamento de Suzuki -Miyaura com

paládio

Um dos metais mais utilizados para as reações de acoplamento de Suzuki-

Miyaura é o paládio. Mesmo sendo um metal com o custo um pouco elevado, nas

reações de acoplamento, o paládio não gera reações secundárias e, com isso,

aumenta o rendimento do produto de interesse.

Entretanto, a produção de produtos como as bifenilas, uma das maiores

aplicações da reação de Suzuki-Miyaura, são associados a sistemas de paládio com

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22

ligantes contendo fósforo e nitrogênio. Esses ligantes oferecem altos rendimentos em

seus produtos, porém, por suas propriedades pirofóricas e sua alta toxicidade,

atualmente, estão ficando em desuso. Outro ponto de extrema importância na reação

de Suzuki-Miyaura, é a escolha do substrato. Um sistema considerado eficiente é

aquele que obtém melhor rendimento nas condições mais brandas de reação para

uma grande gama de substratos, nesse caso, a escolha do substrato é etapa

fundamental na avaliação de um sistema catalítico.18

A reatividade para a etapa de adição oxidativa segue a ordem abaixo,

dificultando o acoplamento para os cloretos de arila. A ordem de reatividade é: Ar-I >

Ar-OTf > Ar-Br >> Ar-Cl. Embora iodetos de arila e brometos de arila sejam substratos

mais reativos, quando comparados a cloretos de arila, o custo é mais elevado e torna

a utilização menos interessante. Devido ao baixo custo e à fácil obtenção, o emprego

de cloretos de arila para produção em larga escala é o mais recomendado.

Logo, depois da descoberta do acoplamento de Suzuki-Miyaura, novos tipos

de catalisadores foram testados, dentre eles, paládio com fosfinas volumosas, paládio

em carbenos, nanopartículas de Pd(0), e paládio suportado em filmes poliméricos,

entre outros tipos que serão descritos a seguir nesta revisão.

2.3.3.1 Paládio com fosfinas

Para os ligantes fosforados, o grande avanço foi a descoberta de que fosfinas

mais básicas e volumosas propiciavam melhores rendimentos nas reações de

acoplamento de Suzuki-Miyaura. O aumento da basicidade da fosfina faz com que

haja um aumento da densidade eletrônica no centro metálico, facilitando a adição

oxidativa. Já o aumento do volume da base facilita a etapa da eliminação redutiva.

Em 2005, Buchwald19 e colaboradores resolveram utilizar bases volumosas

juntamente com acetato de paládio por serem menos sensíveis à reação de oxidação.

Estes foram eficientes no acoplamento dos ácidos arilborônicos juntos aos cloretos

desativados e/ou com grande impedimento estérico. Muitas destas reações, utilizando

as bases promovidas por Buchwald, ocorreram em condições brandas de reação,

chegando a serem feitas até em temperatura ambiente. Buchwald e colaboradores

conseguiram um rendimento de 98% no seu produto para cloroarenos, utilizando uma

quantia bem baixa de 0,2 mol% de Pd(OAc)2 junto com 0,57 mol% de

PCy2(Ph)2(OMe)2. Esquema 2.4.

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23

Esquema 2.4 Reação de Buchwald entre o ácido fenilborônico e um cloreto desativado.

Zora e colaboradores, desenvolveram um sistema catalítico a base de fosfinas

para a síntese de arilpiridinas, a partir das reações de acoplamento entre ácidos

arilborônicos e 5-iodopiridina, via reação de Suzuki-Miyaura. A reação ocorre em

presença de PdCl2(PPh3)2 a 5 mol%, KHCO3 como base, em solução DFM/H2O na

proporção de 4:1, a 110 ºC e durante um período de 8 h (Esquema 2.5). Esse sistema

catalítico apresentou rendimentos que foram considerados de bons a excelentes por

seus autores mas, infelizmente este resultado não é muito promissor, já que a

quantidade de paládio utilizada no sistema é alta ( 5 mol %) para uma reação de

acoplamento utilizando como haleto de harila o iodo que é bem reativo e fácil de

ocorrer o acoplamento.20

Esquema 2.5 Sistema proposto por Zora e colaboradores.

Em 2017, Marset e colaboradores sintetizaram uma fosfina catiônica contendo

ânion cloreto (Figura 2.5) para compor com PdCl2 a dupla catalisador/ligante no

acoplamento de Suzuki-Miyaura. Este sistema também utilizou como solvente, o

solvente eutético profundo (do inglês: deep eutectic solvent) considerado um solvente

similar a um solvente iônico, porém com o ponto de fusão menor, cerca de 18 O.C e

como exemplo temos o cloreto de colina citado neste trabalho, onde fez-se o uso de

uma mistura entre o glicerol e o cloreto de colina (ChCl/glicerol). Este foi considerado

mais verde do que os solventes orgânicos voláteis por ser considerado não tóxico,

reciclável, biodegradável e de baixo custo. Marset e colaborados utilizaram 1 mol %

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24

de PdCl2 e conseguiram resultados de 46% para os cloretos de arila e 98% para

brometos.21 Lembrando que este sistema utilizou fosfina como ligante auxiliar, que é

extremamente tóxica ao meio ambiente, porém, utilizou também um solvente menos

tóxico que os anteriormente citados.

Figura 2.5 Estrutura da fosfina catiônica sintetizada por Marset e colaboradores.

A Tabela 2.1 apresenta alguns resultados obtidos por Marset e colaboradores,

variando grupos substituintes e/ou haletos de arila conforme a reação que está

ilustrada no Esquema 2.6. Pode-se notar que, para os iodetos e brometos de arila, o

sistema proposto por Marset e colaboradores obteve rendimentos superiores a 80%,

já que são mais reativos e mais fáceis de reagir. Para grupos doadores de elétrons

ligados ao anel aromático (ex. MeO), os rendimentos foram bons, também acima de

80%. Já para os grupos retiradores de elétrons (ex. NO2), considerados ativadores do

haleto de harila, pois facilitam a etapa associativa da reação de Suzuki-Miyaura, os

rendimentos foram mais promissores, chegando a um rendimento próximo dos 100%.

Porém, na reação 5 (tabela 2.1), a reação foi feita com cloreto de arila e o rendimento

foi menor, 46%. Este sistema obteve excelentes rendimentos, pois fez a utilização de

fosfina como ligante auxiliar, além da utilização de um solvente melhor do que os

anteriormente citados.

Esquema.2.6 Reação utilizada por Marset e colaboradores

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25

Tabela 2.1 Resultados obtidos na reação proposta por Marset e colaboradores.

a Condições reacionais conforme Esquema 2.6

Todos os sistemas catalíticos anteriormente citados, apresentam algum tipo de

inconveniente. Alguns foram sintetizados com fosfina, que não é um bom ligante

auxiliar, pois, após a reação o catalisador, não pode ser reciclado e utilizado

novamente. A utilização da fosfina também é prejudicial ao meio ambiente quando

descartada, porque acelera o processo eutrofização nas águas por apresentar fósforo

em sua estrutura. Outro inconveniente visto nos sistemas catalíticos anteriormente

citados é a utilização de solventes tóxicos, que não condizem com as premissas de

um sistema catalítico verde. Entretanto, o sistema proposto por Marset e

colaboradores, se preocupou com as condições ambientalmente favoráveis, pois fez

a utilização de um solvente menos tóxico do que os demais.

O sistema proposto por Zora e colaboradores, utilizou além da fosfina, uma

quantidade elevada de paládio, porém obteve um rendimento alto de 94% no seu

produto final e utilizando como solvente uma mistura de DMF/H2O, ou seja, um pouco

menos tóxico que os outros sistemas citados como o de Buchwald que fez uso do

tolueno como solvente.

Reação R X Rendimento

1 MeCo I 98

2 MeCo Br 95

3 NO2 I 97

4 NO2 Br 98

5 NO2 Cl 46

6 H I 94

7 H Br 93

8 tBu I 89

9 tBu Br 90

10 CH2OPh I 95

11 CH2OPh Br 96

12 MeO I 81

13 MeO Br 80

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26

2.3.3.2 Paládio com carbenos

Carbeno é uma espécie neutra na qual um dos átomos de carbono está

associado a seis elétrons de valência.22 Vários pesquisadores mostraram que o

paládio associado aos carbenos são ótimos precursores catalíticos para a reação de

acoplamento de Suzuki-Miyaura. Os N-heterociclos estão na principal classe de

carbenos utilizados para atividade catalítica. Eles são produzidos a partir de sais

imidazólicos e agem como os ligantes fosforados na complexação do metal de

transição.

Em 2000, Hermman22 e colaboradores desenvolveram um sistema catalítico

utilizando complexo de paládio-carbeno N-heterocíclico. Este sistema obteve

resultados modestos para a reação entre ácido fenilborônico e 4-clorotolueno

(Esquema 2.7).

Esquema 2.7 Sistema desenvolvido por Hermman e colaboradores utilizando carbeno N-heterocíclico.

Em 2015, Hamed23 e colaboradores desenvolveram um complexo binuclear de

platina e paládio (Esquema 2.8). Este catalisador desenvolvido mostrou-se eficiente

para reações de acoplamento entre haletos de arila e ácidos arilborônicos. Este

sistema catalítico obteve resultados bons para iodetos, brometos e cloretos de arila,

em condições reacionais interessantes. Este sistema também utilizou a água como

solvente, temperatura reacional ambiente, e pouca quantidade de paládio na reação.

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Esquema 2.8 Sistema proposto por Hamed e colaboradores utilizando carbeno binuclear de platina e

paládio.

Já em 2016, Bhargava24 e colaboradores desenvolveram um sistema

catalítico utilizando o complexo de paládio carboxiamido-carbeno (Esquema 2.9) para

reações envolvendo brometos de arila utilizando a mistura etanol/água como solvente.

Esquema 2.9 Complexo de paládio carboxiamido-carbeno proposto por Bhargava,via reação de

Suzuki-Miyaura.

O inconveniente, em termos do reciclo do catalisador, da utilização de

carbenos para acoplamentos de Suzuki-Miyaura é que a catálise é homogênea. Esse

fator contribui negativamente, pois não permite a recuperação do catalisador e a

separação dos produtos obtidos. Em escala industrial, este é um grande ponto

negativo para a sua utilização.

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28

2.3.3.3 Paládio com ciclopaladatos

Ciclopaladatos são compostos cíclicos obtidos a partir de um ligante orgânico

com sais de paládio, com pelo menos uma ligação sigma entre o metal e o carbono.

São, de uma maneira geral, uma ligação Pd-heteroátomo (P,N, S, O).25

Em 2003, Rosa26 e colaboradores sintetizaram um ciclopaladato tipo pinça

NCP, chamado de C1 que foi eficaz para o acoplamento de ácidos fenilborônicos e

cloretos de arila. Foram obtidos rendimentos excelentes para cloretos de arila e para

a síntese de bifenilas o-impedidas. O Esquema 2.10 e a Tabela 2.2 mostram os

resultados destas reações utilizando o ciclopaladato sintetizado.

Esquema.2.10 Sistema proposto por Rosa e colaboradores utilizando ciclopaladato C1 tipo pinça NCP.

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Tabela 2.2 Resultados obtidos utilizando o ciclopaladato C1 sintetizado.

Reação Ar-B(OH)2 Ar-Cl Rend. (%)

1

90

2

85b

3

98

4

80

5

89b

95

6

73

7

77

8

98

a Condições reacionais: CiclopaladatoC1(1 mol%), Ar-Cl (1 mmol), Ar-B(OH)2 (1,5 mmol), CsF(2 mmol), 1,4-dioxano seco (5 mL), 130 ºC, 27 h (tempo não-otimizado), rendimento isolado. bCiclopaladato C1(0,5 mol%).

Sinhg27 e colaboradores desenvolveram atualmente um ciclopaladato

tridentado, contendo como metal o paládio, o ferro e o selênio em sua estrutura (Figura

2.6). Eles obtiveram bons rendimentos em seus acoplamentos de Suzuki-Miyaura

para a formação das bifenilas nas reações envolvendo cloretos de arila e ácido

fenilborônico (Tabela 2.3). Essas reações foram otimizadas e os melhores

rendimentos nos produtos foram aqueles em que utilizaram K2CO3 como base,

DMF/H2O 3:1 como solvente, e temperatura de reação de 90 oC.

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Figura 2.6 Ciclopaladato tridentado contendo os metais paládio, ferro e selênio proposto por Sinhg.

Tabela 2.3 Resultados obtidos para os cloretos de arila reagindo com ácido fenilborônico por Sinhg

a Condições reacionais: 1mmol de ArCl, 1,5mmol de ácido fenilborônico, 2 mmol de K2CO3, 0,1 mol % do ciclopaladato tridentado, 4 mL de DMF:H2O 3:1, 90 oC, tempo de 6h. Rendimentos isolados.

Reação Ar-Cl Produto Rend. (%)

1

90

2

92

3

90

4

86

5

88

6

81

7

87

8

82

9

82

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Pode-se observar que todos os rendimentos para este sistema, envolvendo

os cloroarenos, obtiveram um rendimento excelente variando entre 81% e 92%.

Sistemas efetuados com cloroarenos são menos reativos e mais difíceis de obter o

acoplamento entre as moléculas. Por isso, deve-se considerar este sistema muito

interessante, apesar da utilização do ciclopaladato que não pode ser reciclado para

uma posterior reação.

2.3.3.4 Paládio sem ligantes auxiliares

Na literatura, há vários trabalhos que não fazem uso de ligantes auxiliares.

Jackson e colaboradores produziram um antifúngico através da reação entre um

brometo de arila e um ácido arilborônico, utilizando 4 mol% de acetato de paládio,

etanol como solvente, e hidróxido de bário como base.28

Esquema 2.11 Reação de Acoplamento de Suzuki-Miyaura proposta por Jackson e colaboradores para

a síntese de um antifúngico.

Zim e colaboradores utilizaram o acetato de paládio juntamente com um aditivo

que, neste caso, foi o brometo de tetrabutilamônio, para processar a reação de

acoplamento de Suzuki-Miyaura. Esse acoplamento proposto por Zim e colaboradores

mostrou-se pouco eficiente para tri-o-substituídos e para cloretos de arila com

substituintes eletrodoadores e grande impedimento estérico. Esse sistema, além de

utilizar o tetrabutilamônio como aditivo, ainda ocorre com DMF como solvente.29

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Esquema 2.12 Reação de acoplamento de Suzuki-Miyaura utilizando tetrabutilamônio como aditivo.

Em 2015, Liu30 e colaboradores desenvolveram um sistema catalítico a base

de paládio, este catalisava reações de acoplamento cruzado entre ariltrifluorboratos

de potássio e (hetero) haletos de arila, em presença de água e sem ligantes auxiliares.

Liu e colaboradores obtiveram bons resultados para um grande variedade de bifenilas

e hetero-bifenilas.

Esquema 2.13 Reação de acoplamento de Suzuki-Miyaura proposto por Liu e colaboradores utilizando

água como solvente e sem ligantes auxiliares.

2.3.3.5 Nanopartículas de Pd(0) suportadas

O uso das nanopartículas de paládio suportadas em polímeros, resíduos de

biomassa, entre outros materiais, estão ganhando um enorme espaço na área

acadêmica. Em 2014, Rosa e colaboradores desenvolveram um sistema catalítico

utilizando filmes poliméricos de acetato de celulose (CA), impregnado com

nanopartículas metálicas de Pd(0) como catalisador para a reação de acoplamento de

Suzuki-Miyaura. As nanopartículas de Pd(0) foram sintetizadas pela decomposição do

Pd(acac)2 dispersas em líquido iônico 1-n-butil-3-metil-imidazólio tetrafluoroborato

(BMI.BF4), a 75 °C de temperatura, e sob 4 atm de hidrogênio. O sistema catalítico

proposto por Rosa e colaboradores usou água como solvente e obteve bons

resultados para iodetos e brometos de arila. Para os cloroarenos, os resultados foram

mais modestos.31-32

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Esquema 2.14 Reação proposta por Rosa e colaboradores utilizando nanopartículas de paládio

suportado em filme polimérico de acetato de celulose.

Alguns destes resultados podem ser observados na Tabela 2.4.

Tabela 2.4 Resultados obtidos por Rosa e colaboradores utilizando nanopartícula de paládio em filme

de acetato de celulose.

Reação ArX [Pd] (mol%) Produto Tempo (h) Rend. (%)

1

0.5

2 94

2

0.5

3 95

3

0.5

3 97

4

0.5

12

24

51

89

5

1.0

12

24

67

99

6

1.0

24 92

7

1.0

24 95

8

1.0

24 45b, 37b,c

9

1.0

2.0

24

48

38b, 23b,c

31b, 19b,c

10

1.0

24 36b, 10b,c

a Condições reacionais: ArX (1 mmol), ácido fenilborônico (1,5 mmol), CA/Pd(0) (0,5-2,0 mol%), K2CO3

(2 mmol), água (10 mL), 100 °C, rendimento isolado após duas corridas. bRendimento via CG após

duas corridas. cCom 0,2 mmol de brometo de tetrabutilamônio.

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34

Yu e colaboradores, desenvolveram um novo catalisador utilizando

nanopartículas de paládio impregnadas em Polianilina (PANI). Seus resultados foram

tão promissores que uma das etapas da síntese da Lapatinib (medicamento utilizado

para tratamento para pessoas com câncer de mama) foi modificada após a descoberta

deste trabalho. Além de ter sido ótimo em seus rendimentos, o processo utiliza etanol

como solvente e não utiliza nenhum tipo de ligante auxiliar. Outro ponto importante é

que este catalisador é estável em temperatura ambiente e não perde a sua atividade

catalítica podendo ser utilizado posteriormente.33

Esquema 2.15 Modificação do intermediário Lapatinib utilizando Pd@PANI como catalisador.

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35

2.3.3.6 Sais de paládio suportado

Sais de paládio também podem ser utilizados para a formação de um

catalisador. Isso acontece quando os sais de paládio são impregnados em um

suporte, seja ele um polímero, carvão, sílica, resíduos de biomassa, entre outros.

Em 2015, Alvarenga e colaboradores utilizaram a poliacrilamida, cujo nome

IUPAC é poli (2-propenamida), impregnada com PdCl2. A poliacrilamida é um polímero

e é da classe dos hidrogéis que possuem alta porosidade e baixa toxicidade. A reação

de acoplamento de Suzuki-Miyaura foi feita utilizando 0,3 mol% de catalisador

Pd/PAAM (paládio/poliacrilamida), 1,5 mmol de haletos de arila, 1 mmol de ácido

fenilborônico, K2CO3 como base, durante 4h na temperatura de 100 oC e utilizando o

etanol como solvente. Esse sistema obteve resultados ótimos para os iodetos e

brometos de arila e modestos para os cloretos de arila.34 Pode-se observar os

resultados na tabela 2.5.

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36

Tabela 2.5 Resultados obtidos por Alvarenga e colaboradores.

Condições reacionais: ArX (1 mmol), PhB(OH)2 (1,5 mmol), Pd/PAAM (120 mg; 0,3 mol%), K2CO3 (2 mmol), etanol (3 mL), 100 °C, rendimento isolado após duas corridas.

Analisando a tabela 2.5, pode-se constatar que o sistema proposto obteve

ótimos resultados para diversos grupos funcionais, tanto para iodetos de arila, quanto

para brometos de arila. Para cloretos de arila, evidenciou-se uma modesta eficiência

do sistema catalítico proposto. Em algumas reações com grupamentos retiradores de

elétrons no anel aromático (ex. CF3, NO2, CHO e CN), observou-se um rendimento

maior do que as reações com grupamentos doadores de elétrons no anel aromático

(ex. NH2, Me e OMe). Isto ocorreu pelo fato de que grupamentos retiradores de

elétrons são considerados ativadores do haleto de arila e facilitam a ação associativa,

aumentando a velocidade da reação e, como consequência, há o aumento do

Reação Ar-Cl Produto Tempo (h) Rend. (%)

1

2 99

2

4 98

3

15 98

4

15 95

5

24

15

85

78

6

15 73

7

15 75

8

24 45

9

24 32

10

24 25

11

36 0

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37

rendimento. Já grupamentos doadores de elétrons facilitam a ação dissociativa,

diminuindo a velocidade da reação e, como consequência, diminuem o rendimento do

produto formado.

Também no ano de 2015, Qian e colaboradores utilizaram microesferas de

sílica como suporte catalítico e impregnaram com um sensor fluorescente capaz de

detectar metais como Hg(II), Pb(II), Pd(II) e Cu(II). Esta microesfera de sílica com

sensor fluorescente (FSM), foi coberta por PdCl2 para desenvolver um catalisador para

as reações de acoplamento (Figura 2.7). Este grupo fez uso de materiais fluorescentes

para detectar o catalisador após a reação ser realizada e poder reutilizá-lo

novamente.35

Figura 2.7 Síntese do catalisador utilizando PdCl2 na esfera de sílica impregnada com sensor

fluorescente.35

Qian e colaboradores obtiveram resultados ótimos para acoplamentos

utilizando iodetos e brometos de arila. Verificou-se, neste trabalho, somente um

substrato com cloreto de arila e este resultado foi modesto, de 41%. Este sistema

utilizou 0,05 mol% de Pd, 1 mmol de haleto de arila, 1,5 mmol de ácido fenilborônico,

água como solvente, carbonato de potássio como base e temperatura de 80 oC por

10 h. Na tabela 2.6 podemos verificar os resultados obtidos por Qian e colaboradores,

utilizando o ácido fenilborônico reagindo com os diversos haletos de arila.

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38

Tabela 2.6 Resultados obtidos por Qian e colaboradores utilizando o catalisador fluorescente.

Reação Ar-X Rend. (%)

1

41

2

91

3

87

4

97

5

91

6

81

7

81

8

91

9

94

10

84

11

86

aCondições reacionais: ArX (1 mmol), PhB(OH)2 (1,5 mmol), Pd@FSM (0,05 mol%), K2CO3 (2 mmol), água (5 mL), 80 °C, rendimento isolado após duas corridas.

A reação 2 (Tabela 2.6) com bromobenzeno obteve um rendimento maior que

na reação 3 (Tabela 2.6) com iodobenzeno. Isso deveria ser ao contrário, devido aos

iodetos serem mais reativos que os brometos e, com isso, os resultados envolvendo

os iodetos deveriam apresentar um rendimento maior. Para os grupamentos

retiradores de elétrons (ex. NO2 e CN), que são considerados ativadores do haleto de

arila, os rendimentos foram maiores. Para grupamentos doadores de elétrons (ex. Me

e MeO), que são considerados desativadores do haleto de arila, os rendimentos foram

menores.

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39

Outro ponto interessante deste trabalho foi a utilização da substância

fluorescente que ajudou para a reciclabilidade do catalisador. Neste trabalho, fez-se o

uso deste mesmo catalisador, já utilizado, depois de três meses guardado. O resultado

foi que o catalisador não obteve perdas significativas de sua fluorescência, além de

continuar sendo um catalisador ativo para as reações de acoplamento.

Outro tipo de suporte catalítico muito utilizado em reações de acoplamento é

o carvão. Jansa e colaboradores utilizaram o carvão como suporte para o Pd. O

diferencial deste trabalho é a síntese de moléculas com três fenilas em sua estrutura.

Neste trabalho, fez-se o uso de 0,05 mol% de Pd, Na2CO3 como base, 1 mmol de

haleto de arila, 1,5 mmol de ácido fenilborônico, MeOH/H2O 4:1 como solvente durante

24 horas e temperatura de 85 oC.36 Pode-se observar uma das reações proposta por

Jansa e colaboradores no Esquema 2.16.

Esquema 2.16 Reação proposta por Jansa e colaboradores utilizando Pd/C.

Jansa e colaboradores obtiveram um rendimento de 93% para a terc-fenila

utilizando o brometo de arila como reagente.

2.4 REAÇÃO DE ACOPLAMENTO DE HECK-MIZOROKI

2.4.1 Importância, aplicações e usos

As reações de Heck-Mizoroki estão presentes em diversas moléculas

sintetizadas para indústrias farmacêuticas. Uma das mais conhecidas moléculas

formadas a partir de uma reação de Heck é o resveratrol. Este composto era

encontrado naturalmente somente em uvas, agora com a utilização da reação de

Heck, é possível sintetizá-lo em laboratório. Este composto é utilizado

preventivamente contra o câncer.37 (Figura 2.8)

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40

Figura 2.8 trans-3,5,4-trihidroxiestilbeno (resveratrol).

Outra substância bastante conhecida é o eletriptan, de nome comercial relpax.

Ele é produzido pela indústria farmacêutica Pfizer, para o tratamento da enxaqueca.

Este composto só pode ser sintetizado por uma etapa intermediária de Heck-Mizoroki

(Figura 2.9).38

Figura 2.9 Molécula do eletriptan.

A reação de Heck também é encontrada na produção de intermediários na

síntese de perfumes (Esquema 2.17).39

Esquema 2.17 Reação de Heck intermediária na síntese de perfumes na indústria farmacêutica.

2.4.2 A clássica reação de Heck-Mizoroki

A primeira reação de Heck ocorreu em 1968 enquanto era pesquisador de

uma empresa chamada Hercules. Na primeira reação, ele utilizou organomercúrio

com olefinas para o acoplamento carbono-carbono, utilizando o Pd como

catalisador.40 (Esquema 2.18)

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41

Esquema 2.18 Primeira reação elaborada por Heck-Mizoroki em 1968.

Essa reação tem o problema do mercúrio em sua estrutura, que é tóxico ao

meio ambiente e tem abolido o seu uso atualmente. Depois, em 1972, Heck resolveu

trocar o agente arilante organomercúrio por haleto de arila acoplando com olefinas.

Aumentou a temperatura da reação para 100 0C, utilizou o Pd(OAc)2 como fonte de

paládio (1 mol % de Pd), tri-n-butilamina como base e não utilizou nenhum solvente.

Além de não fazer o uso do mercúrio, o rendimento aumentou de 63% para 81%

(Esquema 2.19).3

Esquema 2.19 Primeira reação de Heck-Mizoroki utilizando haleto de arila.

O ciclo catalítico da reação de Heck, de uma maneira simplificada, apresenta

quatro etapas: adição oxidativa, inserção migratória ou carbopaladação, β- eliminação

syn e eliminação redutiva. A etapa da adição oxidativa é a etapa em que o paládio se

insere na ligação Ar-X e o número de oxidação do paládio passa de zero para 2+. A

segunda etapa de inserção migratória ou carbopaladação é a etapa em que ocorre

transferência do grupamento harila para a olefina formando uma nova ligação C-C de

maneira concertada. Após esta ligação, em sistemas acíclicos, temos o giro da ligação

C-C posicionando um hidrogênio syn ao paládio. Desta forma, ocorre a eliminação syn

do hidropaládio e a formação do aduto de Heck. A última etapa de eliminação redutiva

é feita utilizando uma base para promover a abstração de um próton da espécie

HPdXL2, levando a redução do paládio 2+ para zero novamente. Com isso,

regenerando a espécie ativa do paládio (Esquema 2.20).3

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42

Esquema 2.20 Ciclo catalítico da reação de Heck-Mizoroki

2.4.3 Sistemas catalíticos para acoplamento de Heck-Mizoroki com

paládio

Assim como as reações de acoplamento de Suzuki-Miyaura, a busca por

novos catalisadores sempre são estimadas para este tipo de reação. Em decorrência,

serão descritos alguns trabalhos utilizando o paládio com o uso de fosfinas, carbenos,

paladaciclos, paládio suportado, nanopartículas de Pd, entre outros.

2.4.3.1 Paládio com fosfinas

O uso de fosfinas nas reações de Heck começaram no ano de 1974, onde

Dicke e Heck conseguiram aumentar os rendimentos dos seus produtos. Para iodetos

e brometos de arila, o rendimento foi satisfatório com essa nova tentativa, porém, para

ArXPd(0)

Pré-ativação

Adição oxidativa

R

Ar

baseHX

ArPdX

PdX

RH

ArHPdX

R

Deslocamento 1,2

-eliminação

base

Eliminação redutiva

PrecursorPd (II) ou Pd (0)

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43

cloroarenos desativados, a utilização da trifenilfosfina não fez diferença, a reação não

ocorreu do mesmo jeito.41

Esquema 2.21 Reação de Heck e Dicke utilizando trifenilfosfina.

Em 2006, Thiel e Sun, realizaram a reação de acoplamento de Heck utilizando

uma fosfina volumosa (L3). A reação ocorreu entre 4-cloroacetofenona e estireno.

Este sistema proposto obteve resultado modesto para cloroarenos. Também fez-se o

uso de uma grande quantidade de Pd para que a reação ocorresse.42

Esquema 2.22 Reação de Thiel e Sun utilizando uma fosfina volumosa (L3).

Marset e colaboradores que testaram a fosfina catiônica (Figura 2.5) para a

reação de Suzuki, também testaram para as reações de acoplamento de Heck. Este

sistema utilizou o solvente cloreto/etileno glicerol, 0,5 mol % de PdCl2 e 1 mol % da

fosfina catiônica. Os resultados foram promissores para acoplamentos envolvendo

iodetos de arila, porém, para os demais haletos, a reação não ocorreu.21

Esquema 2.23 Reação de Heck-Mizoroki com a fosfina catiônica sintetizada por Marset e

colaboradores.

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44

2.4.3.2 Paládio com carbenos

Os carbenos compõe uma classe de precurssores catalíticos utilizada

fortemente nas reações de Heck e Suzuki, isso se deve ao caráter σ-doador e à

modulação do efeito estérico em relação aos substituintes assemelhando-se ao uso

das fosfinas.

Em 2007, Kunz e colaboradores fizeram a síntese de complexos de Pd(II) com

carbenos N-heterociclos pirido-anelados e aplicaram nas reações de acoplamento de

Heck e Suzuki.43 O sistema proposto por Kunz e colaboradores funcionou para

brometos de arila utilizando quantidade de 1 mol % de Pd, dioxano como solvente e

carbonato de césio como base em um tempo reacional de 16 h (Esquema 2.24).

Esquema 2.24 Sistema catalítico desenvolvido por Kunz e colaboradores para o acoplamento de

acrilato de n-butila e bromobenzeno.

Já em 2017, Bhagat e colaboradores também sintetizaram um carbeno N-

heterocíclico utilizando o Pd(II) como metal. Eles verificaram a sua eficiência em uma

reação de Heck utilizando um brometo de arila com acrilato de n-butila.44 O que

diferencia este trabalho do anteriormente citado é a menor quantidade de paládio

utilizada, o solvente que é utilizado, que é a dimetilacetamida, e o tempo de reação

um pouco menor, além do carbeno que é diferente.

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45

Esquema 2.25 Sistema catalítico desenvolvido por Bahgat e colaboradores para o acoplamento de

acrilato de n-butila e bromobenzeno.

2.4.3.3 Paládio com ciclopaladatos

Outro sistema catalítico importante nas reações de Heck-Mizoroki são os

ciclopaladatos. Isso se deve à estabilidade térmica do catalisador e ao uso de baixas

concentrações entre Pd/substrato. Gruber e colaboradores sintetizaram um

ciclopaladato contendo enxofre na sua estrutura. Este catalisador mostrou-se

extremamente eficiente para reações de Heck utilizando Acrilato de metila e haletos

de arila como reagentes de partida. Um dos pontos mais importantes deste trabalho é

a utilização de apenas 0,002 mol % de Pd.45

Esquema 2.26 Sistema proposto por Gruber e colaboradores utilizando um ciclopaladato com enxofre

em sua estrutura.

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46

Rosa e colaboradores também sintetizaram um ciclopaladato capaz de ter

atividade catalítica nas reações de Heck-Mizoroki. Este sistema foi eficiente para

iodetos, brometo e cloretos de arila.18

Figura 2.10 Ciclopaladato C1 sintetizado por Rosa e colaboradores.

Alguns resultados do acoplamento entre acrilato n-butila com cloretos de arila

utilizando o ciclopaladato C1 sintetizado por Rosa e colaboradores pode ser visto na

Tabela 2.7.

Tabela 2.7 Resultados dos acoplamentos entre acrilato-n butila e cloretos de arila utilizando o

ciclopaladato C1.

a Condições reacionais: ArCl (1mmol), acrilato de n-butila (1,2mmol), ciclopaladato C1 (1,0mol%), Na2CO3 (1,4mmol), brometo de tetrabutilamônio (0,05mmol), DMF (4 mL), 130ºC, rendimento isolado. b Rendimento cromatográfico. c Ciclopaladato C1 (0,5mol%).

Pode-se concluir que o ciclopaladato C1 sintetizado por Rosa e colaboradores

obteve resultados promissores para alguns cloroarenos, chegando a um rendimento

de 94%. Lembrando que os cloretos de arila são os mais difíceis de reagir devido à

ordem de reatividade de ArI>>ArBr>>ArCl.

Reação Ar-Cl Tempo (h) Rend. (%)

1

68

23

40b,c

44

2

23 94

3

68 0

4

68 0

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47

Em 2017, Rave e colaboradores sintetizaram um ciclopaladato tipo pinça para

as reações de acoplamento de Suzuki e Heck.46 O diferencial deste trabalho, é a

utilização de micro-ondas nas reações, contudo, há uma desvantagem, que é a

utilização de uma fosfina na estrutura do ciclopaladato. Este trabalho obteve

rendimentos promissores para brometos e iodetos de arila, já para os cloretos de arila

o sistema não foi eficiente.

Esquema 2.27 Reação ente estireno e bromobenzeno utilizando o ciclopaladato e o uso de micro-

ondas.

2.4.3.4 Paládio sem ligantes auxiliares

Em 1984, Jeffery e colaboradores realizaram o primeiro sistema para as

reações de acoplamento de Heck-Mizoroki sem a utilização de fosfinas.47 Este sistema

teve como catalisador o Pd(OAc)2 e um pré-catalisador (sal de amônio quaternário)

utilizado no auxílio da regeneração do Pd(0) dentro do ciclo catalítico da reação. Este

sal foi capaz de aumentar consideravelmente os rendimentos dos produtos formados.

Esquema 2.28 Reação entre o iodobenzeno e acrilato de metila proposto por Jeffery utilizando sal de

amônio quartenário como pré-catalisador.

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48

Trzeciak e colaboradores utilizaram uma concentração de paládio baixa (0,09

mol%) em seu sistema e tiveram como reagentes de partida brometos de arila

acoplando com acrilato de n-butila.48 Neste sistema o percursor catalítico

PdCl2(PhCN)2 é estabilizado por NBu4Br sem a presença de uma base.

Esquema 2.29 Reação entre acrilato de n-butila e bromobenzeno sem a utilização de base.

Em 2016, Salem e colaboradores utilizaram o Pd(OAc)2 como catalisador (5

mol%) para as reações de acoplamento de Heck. O sistema proposto utilizou como

base o Li2CO3 e o 1,4-dioxano como solvente. Este trabalho apresentou resultados

em que o haleto permanece na estrutura do produto.49

Esquema 2.30 Sistema proposto por Salem e colaboradores permanecendo o haleto no produto.

2.4.3.5 Nanopartículas de Pd(0) suportadas

Em 2016, Balan e colaboradores utilizaram nanopartículas de paládio

suportadas em um filme polimérico de acrilato para efetuar as reações de

acoplamento de Heck-Mizoroki.50 O sistema utilizou tolueno: DMF 2:1 como solvente,

Et3N como base e 0,9 mol % de Pd presente no polímero utilizado. Este sistema

obteve um rendimento excelente e pôde ser reciclado após o uso. Houve um

rendimento de 99% para a primeira reação efetuada e 98% para a segunda, portanto,

a atividade do catalisador permaneceu após a reciclagem.

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49

Esquema 2.31 Sistema proposto por Balan e colaboradores utilizando nanopartículas suportada em

filme polimérico de acrilato.

Zahng e colaboradores utilizaram o grafite como suporte para as

nanopartículas de paládio.51 Esse trabalho apresentou resultados excelentes para os

acoplamentos envolvendo iodetos e brometos de arila e resultados modestos para os

cloretos de arila. O diferencial deste trabalho é que o reciclo do catalisador pôde ser

feito por sete vezes sem perda da atividade do Pd/grafite, chegando ao rendimento

na última reação reciclada de 80%.

Alguns resultados obtidos por Zahng e colaboradores podem ser vistos na

Tabela 2.8.

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50

Tabela 2.8 Alguns resultados obtidos por Zahng e colaboradores.

___________________________________________________________________

Reação R X Substrato

Vinílico Tempo (h)

Rendimento

(%)

1 NO2 I Acrilato de n-

butila 1 100

2 NO2 I estireno 3 100

3 H I Acrilato de n-

butila 1,5 100

4 H I estireno 2,5 100

5 NO2 Br Acrilato de n-

butila 1,5 100

6 NO2 Br estireno 2 100

7 H Br Acrilato de n-

butila 3 96

8 H Br estireno 3 93

9 H Cl Acrilato de n-

butila 24 37

10 H Cl estireno 24 26

a Condições reacionais: ArX (20mmol), acrilato de n-butila ou estireno (20mmol), Pd/Grafite 0,05 mol% de Pd, K2CO3 (24mmol), NMP (2 mL).

Pode-se observar na tabela 2.8 que os iodetos e brometos de arila obtiveram

rendimentos de 100% para este sistema.

2.4.3.6 Sais de Pd suportado

Ali e colaboradores sintetizaram um catalisador partindo do complexo de

paládio bis-oxazolina suportado em sílica (Pd-BOX-Si).52 Este sistema obteve

rendimentos bons para as reações de acoplamento de Heck-Mizoroki entre acrilatos

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51

e haletos de arila. Pode-se observar a estrutura do catalisador (Pd-Box-Si) na Figura

2.11.

Figura 2.11 Estrutura do catalisador suportado em sílica Pd-Box-Si sintetizado por Ali e colaboradores.

Alguns resultados envolvendo iodetos e brometos de arila podem ser

observados na Tabela 2.9.

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52

Tabela 2.9 Resultados envolvendo iodetos e brometos de arila utilizando o catalisador suportado em

sílica Pd-Box-Si.

Reação Ar-X Alceno Produto Rendimento

(%)

1

91

2

96

3

91

4

94

5

80

6

84

7

88

aCondições reacinais: Pd-Box-Si 0,0050 mmol, 1,5 mmol de alceno, 1 mmol de Ar-X, 2 mmol de KOH, 3 mL DMF, 3 mL H2O, 80 oC, 6h.

Pode-se observar na Tabela 2.9 que as reações envolvendo os iodetos de arila

obtiveram um rendimento de 90% e para os brometos de arila de 80%. Reações

envolvendo cloretos de arila não foram citados no trabalho. Porém, o reciclo do

catalisador foi estudado e obteve bons rendimentos até o último reciclo, que pode ser

observado na Figura 2.12. A avaliação do reciclo foi feita utilizando, como materiais

de partida, iodobenzeno e metil-acrilamida. Utilizou-se 0,0050 mmol Pd-Box-Si,

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53

1,5mmol de metil-acrilamida, 1 mmol iodobenzeno, 2mmol de KOH, 3 mL DMF, 3 mL

H2O, 80 oC por um período de 6 h.

Figura 2.12 Gráfico com resultados obtidos por Ali e colaboradores a respeito do reciclo do catalisador.

Pode-se observar na Figura 2.12 que não houve perda da atividade catalítica

no sistema mesmo após 10 utilizações consecutivas.

Em suma, tanto na reação de Suzuki-Miyaura, quanto na reação de Heck-

Mizoroki, procura-se o desenvolvimento de novos sistemas catalíticos e catalisadores

eficientes, que operem com condições brandas e que sejam capazes de realizar as

reações de acoplamento. Alguns dos sistemas demonstrados no início deste capítulo

atendem a estes requisitos, no entanto, utilizam ligantes auxiliares em sua estrutura

ou são de alto custo.

Na busca por um catalisador sem ligantes auxiliares, que não agrida ao meio

ambiente e que seja de baixo custo, esta dissertação visa mostrar um novo sistema

catalítico capaz de atingir todas as expectativas utilizando a fibra de coco calcinada

impregnada com PdCl2 para as reações de acoplamento de Suzuki-Miyaura e Heck

Mizoroki.

70

75

80

85

90

95

100

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Re

nd

ime

nto

(%

)

Número de corridas

Avaliação do reciclo para o sistema proposto por Ali e colaboradores

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54

3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS

Todas as reações foram realizadas em reatores de Schlenk e linhas de vácuo-

argônio, em atmosfera inerte. Todos os produtos químicos utilizados nas reações não

sofreram nenhum tipo de tratamento prévio, sendo utilizados conforme recebido. Os

solventes utilizados nas reações foram da marca Nuclear, já os haletos de arila, o

ácido fenilborônico e as bases foram utilizadas da marca Sigma-Aldrich.

Os Espectros de RMN de 1H e 13C para a verificação da pureza dos produtos

sintetizados foram realizados no espectrômetro de campo alto Bruker modelo Ascend,

operando em 400 MHz (Centro Integrado de Análises - FURG/Rio Grande) com

solvente deuterado apropriado.

As análises de cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas

foram realizadas em um cromatógrafo PerkinElmer Clarus 600 T equipado com coluna

de DB-1 (dimetilsiloxano) 30 m, diâmetro 0,25 mm. Gás vetor: He (1,5 mL/min)

acoplado a um espectrômetro de massas operando no modo de impacto eletrônico

(70 eV). A programação de temperatura, por sua vez, teve início em 100 ºC durante 1

min; aquecimento de 15 ºC/min até 250 ºC e permanência nessa temperatura por 9

min.

As análises de cromatografia gasosa foram realizadas em um cromatógrafo

gasoso PerkinElmer Clarus 400 com detector FID e uma coluna capilar DB-1 de 30 m,

diâmetro de 0,2 mm. Gás vetor: N2 (2,7 mL/min); Phidrogênio: 2 bar; Par: 3 bar;

temperatura do injetor: 250 ºC, temperatura do detector: 250 ºC. Programação de

temperatura: início 100 ºC durante 1 min; aquecimento de 15 ºC/min até 250 ºC e

permanência nessa temperatura por 9 min. Padrão interno: undecano.

3.2 PREPARO E CARACTERIZAÇÃO DO PRECURSOR CATALÍTICO Pd/FCC

A fibra de coco foi lavada com água e secada em estufa (105 ºC, 24 h).

Posteriormente, pesou-se 7g da amostra e calcinou-se em forno mufla (400 ºC, 4 h).

Adicionou-se 0,607g do calcinado para a impregnação em 10mL de solução de PdCl2

em acetona (0,1 g/L). Agitou-se por 24h, filtrou-se e secou-se em estufa (2 h, 80 ºC).

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55

O sólido, Pd/FCC, ao final desse processo, passou pelas devidas caracterizações

descritas abaixo.

3.2.1 Técnicas de caracterização do catalisador empregadas

3.2.1.1 Espectrometria de Emissão Óptica (ICP-OES)

A determinação do teor de paládio no Pd/FCC foi realizada através de

Espectrometria de Emissão Óptica com Plasma Indutivamente Acoplado (ICP- OES).

O equipamento utilizado nesta análise foi o ICP-OES, modelo OptimaDv 4300 da

PerkinElmer (EUA) que permite a observação do plasma no modo de configuração

axial e radial, proporcionando um modo de observação mais sensível para o elemento

analisado. As condições operacionais foram: linha de emissão Pd, 340 nm – 458 nm,

nebulizador concêntrico, câmara de nebulização ciclônica, gás de nebulização 0,7

L.min-1, gás auxiliar 0,2 L.min-1, gás do plasma15 L.min-1 e vazão da bomba 1,2

mL.min-1.

3.2.1.2 Microscopia Eletrônica de Varredura (SEM) acoplada com Energia Dispersiva

de Raios-X (EDS)

Para o precursor catalítico Pd/FCC, a técnica empregada (SEM) forneceu a

análise morfológica do catalisador através de imagens, assim, juntamente com o EDS,

verificou-se a impregnação de PdCl2 no suporte, além da identificação dos elementos

que compõem esse material.

A análise morfológica do precursor catalítico Pd/FCC sólido foi realizada

através de Microscopia Eletrônica de Varredura. O equipamento utilizado foi um JEOL

modelo JSM 6610, operando em 20 kV e 500, 1000 e 1500 valores de ampliação. O

mesmo instrumento foi utilizado para análise com um detector de energia dispersiva

de raios-X (EDS Noran 20 kV com tempo de aquisição de 100 s e 1500 de ampliação).

A amostra para análise foi revestida de ouro.

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56

3.3 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE CATALÍTICA DO PD/FCC NA REAÇÃO DE

SUZUKI-MIYAURA

3.3.1 Otimização do sistema catalítico

Os testes foram realizados em reator tipo Schlenk, com selo de teflon, sob

atmosfera de nitrogênio. A reação escolhida foi o acoplamento entre o ácido

fenilborônico e 4-Iodotolueno (Esquema 3.1). Ao reator (Figura 3.1) com atmosfera de

nitrogênio, foram adicionados, primeiramente, os reagentes sólidos ácido

fenilborônico (1,5 mmol); Iodotolueno (1 mmol); base (2 mmol); catalisador Pd/FCC

(279 mg; 0,5 mol% de Pd). Em seguida, foram adicionados os líquidos através de uma

seringa:solvente (3 mL) e undecano (10 L)]. Deixou-se reagir à temperatura de 100

°C, sob agitação e, ao final de 4 h de reação, foi possível calcular o rendimento do

produto desejado via cromatografia gasosa.

Esquema 3.1 Sistema catalítico utilizado na otimização.

Figura 3.1 Reator de Schlenk com selo de teflon utilizado.

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57

3.3.2 Síntese de bifenilas a partir de haletos de arila catalisada por

Pd/FCC via acoplamento de Suzuki-Miyaura

A síntese de moléculas do tipo bifenila foi realizada em condições otimizadas

de reação, via acoplamento de Suzuki-Miyaura. Utilizou-se vidraria tipo Schlenk, com

selo de teflon, sob atmosfera de nitrogênio. Ao reator com atmosfera de nitrogênio,

foram adicionados, primeiramente, os reagentes sólidos [ácido fenilborônico (1,5

mmol); K2CO3 (2 mmol); catalisador Pd/FCC (279 mg; 0,5 mol% de Pd) e haleto de

arila (1 mmol) quando sólido]. Em seguida, foram adicionados os líquidos através de

uma microsseringa [haleto de arila (1 mmol), quando líquido e etanol (3 mL)]. Deixou-

se reagir a 100 ºC, sob agitação e, após o tempo reacional descrito, foi possível

calcular o rendimento do produto de acoplamento.

Os produtos de reação foram isolados com o seguinte procedimento: retirou-

se o conteúdo do reator com 20 mL de éter etílico, lavou-se com 5 mL de solução

aquosa de NaOH 1M e duas vezes com 5 mL de solução saturada de NaCl. A fase

etérea foi seca com MgSO4 anidro, o éter foi evaporado sob vácuo, resultando o

produto desejado. As caracterizações foram feitas por RMN 1H, RMN 13C e CG-MS.

3.3.3 Caracterização dos produtos de acoplamento de Suzuki -Miyaura

Os espectros de ressonância magnética nuclear de 1H e 13C foram obtidos

utilizando-se o espectrômetro de campo alto Bruker modelo Ascend, operando em 400

MHz (Centro Integrado de Análises – FURG Rio Grande). As amostras foram

dissolvidas em clorofórmio deuterado, empregando-se tetrametilsilano (TMS) como

referência. Os deslocamentos químicos () foram registrados em valores

adimensionais, a constante de acoplamento J em Hz foi calculada pelo software

ACD/NMR Processor e a multiplicidade dos sinais foi indicada como s = singleto, d =

dubleto, dd = duplo dubleto, t = tripleto e m = multipleto

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4-metilbifenila

Rend: 98%, Sólido branco, P.F. 45 oC, 1H RMN (400 MHz, CDCl3) = 7,57 ( d, J= 8Hz,

2H); 7,48 ( d, J= 8Hz, 2H); 7,40 ( t, J= 7,8Hz, 2H); 7,32-7,28 (m, 1H); 7,23 (d, J= 4Hz,

2H); 2,38 (s, 3H) 13C RMN (100 MHz, CDCl3) = 141,1; 138,3; 136,9; 129,4; 129,4;

128,7; 128,7; 127,0; 127,0; 126,9; 126,9; 126,9; 21,1. CG-MS (IE, 70 eV) m/z (%): 168

(100, M+), 167 (58), 82(38), 165 (25), 152 (24), 153 (18), 169 (14), 166 (9).

4-aminobifenila

Rend: 97%, Sólido alaranjado, P.F. 66 0C 1H RMN (400 MHz, CDCl3) = 7,54-7,51 (m,

2H); 7,42-7,36 (m, 4H); 7,27-7,23(m, 1H); 6,74-6,71(m, 2H); 3,66 (s, 2H) 13C RMN (100

MHz, CDCl3) = 145,8; 141,1; 131,5; 128,6; 128,6; 127,9; 127,9; 126,3; 126,3; 126,2;

115,3; 115,3.

4-metoxibifenila

Rend: 99% Sólido branco, P.F. 81 oC. 1H RMN (400 MHz, CDCl3) = 7,56-7,51 (m,

4H); 7,43-7,39 (m, 2H); 7,31-7,28 (m, 1H); 6,99-6,95 (m, 2H); 3,84 (s, 3H) 13C RMN

(100 MHz, CDCl3) = 159,1; 140,8; 133,8; 128,7; 128,7; 128,1; 128,1; 126,7; 126,7;

126,6; 114,2; 114,2; 55,3. CG-MS (IE, 70 eV) m/z (%): 184 (100, M+), 169 (55), 141

(47), 115 (34), 185 (13), 63 (11), 139 (10), 76 (10).

4-cianobifenila

Rend: 99 %, Sólido,P.F. 92 ºC. 1H RMN (400 MHz, CDCl3) = 7,72-7,66 (m, 4H); 7,59-

7,56 (m, 2H); 7,50-7,39 (m, 3H) 13C RMN (100 MHz, CDCl3) = 145,6; 139,1; 132,5;

132,5; 129,1; 129,1; 128,6; 127,6; 127,6; 127,1; 127,1; 118,9; 110,8. CG-MS (IE, 70

eV) m/Z: 179 (M+), 178, 151, 89, 76, 63, 51.

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Bifenila

Rend: 28 %sólido branco, P.F: 71 oC, RMN 1H (CDCl3, 400 MHz): δ = 7,59-7,57 (m,

4H); 7,42 (t, J= 8Hz, 4 H); 7,34-7,31 (m,2H) RMN 13C (CDCl3, 100 MHz): δ =141,2;

141,2; 128,7; 128,7; 128,7; 128,7; 127,2; 127,1; 127,1; 127,1 127,1.

3.3.4 Avaliação do reciclo do precursor catalítico Pd/FCC na Reação de

Suzuki-Miyaura

Para avaliação do reciclo, foi escolhida a reação do ácido fenilborônico com

4-iodoanilina, nas mesmas condições já otimizadas (ver item 3.3.2). Após o término

da primeira corrida da reação, o reator foi lavado com 20 mL de éter etílico para

extração de reagentes remanescentes e produto formado. A base (K2CO3) e o

catalisador (Pd/FCC) remanescentes no Schlenk foram secos sob vácuo. O reator foi

novamente carregado com os reagentes em atmosfera de nitrogênio, selado e

aquecido a 100°C por um período de 2 horas. O procedimento foi repetido até verificar-

se uma considerável queda na atividade catalítica através do isolamento do produto

de reação.

Para estudar o processo de lixiviação do Pd no meio reacional utilizou-se a

técnica de Espectrometria de absorção atômica em chama. As reações utilizadas para

este estudo foram: (i) ácido fenilborônico e iodoanisol e (ii) ácido fenilborônico e

bromoanisol, nas mesmas condições otimizadas (ver item 3.3.2).

3.4 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE CATALÍTICA DO PD/FCC NA REAÇÃO DE

HECK- MIZOROKI

3.4.1 Otimização do sistema catalítico para reação de Heck – Mizoroki

Os testes foram realizados em reator tipo Schlenk, com selo de teflon, sob

atmosfera de nitrogênio. A reação escolhida foi o acoplamento entre o estireno e o

bromobenzeno (Esquema 3.2). Ao reator (Figura 3.1.) com atmosfera de nitrogênio,

foram adicionados estireno (1,5 mmol); Bromobenzeno (1 mmol); base (2 mmol);

catalisador Pd/FCC (279 mg; 0,5 mol% de Pd)]. Em seguida, foram adicionados

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através de uma microsseringa [solvente (3 mL); undecano (10 µL)]. Deixou-se reagir

à temperatura de 100 °C, sob agitação e, ao final de 24 h de reação, foi possível

calcular o rendimento do produto desejado via cromatografia gasosa.

Esquema 3.2 Sistema catalítico utilizado na otimização da reação de Heck-Mizoroki

3.4.2 Arilação feita a partir de haletos de arila catalisada por Pd/FCC

via acoplamento de Heck-Mizoroki

A reação foi realizada em condições otimizadas via acoplamento de Heck-

Mizoroki. Utilizou-se vidraria tipo Schlenk, com selo de teflon, sob atmosfera de

nitrogênio. Ao reator com atmosfera de nitrogênio, foram adicionados o estireno (1,5

mmol); K2CO3 (2 mmol); catalisador Pd/FCC (279 mg; 0,5 mol% de Pd) e haleto de

arila (1 mmol). Em seguida, foram adicionados através de uma microsseringa [haleto

de arila (1 mmol), quando líquido] e 3 mL de DMF. Deixou-se reagir a 100 ºC, sob

agitação e, após o tempo reacional descrito, foi possível determinar o rendimento do

produto de acoplamento.

Os produtos de reação foram isolados com o seguinte procedimento: retirou-

se o conteúdo do reator com 20 mL de éter etílico, transferindo-se para um funil de

decantação, lavou-se com 10 mL de solução aquosa de HCl 10% separando-se a fase

orgânica, secou-se com MgSO4 anidro, filtrou-se e, posteriormente, o éter foi

evaporado sob vácuo, resultando o produto desejado. As caracterizações foram feitas

por RMN 1H, RMN 13C e CG-MS.

3.4.3 Caracterização dos produtos de acoplamento de Heck-Mizoroki

Os espectros de ressonância magnética nuclear de 1H e 13C foram obtidos

utilizando-se o espectrômetro de campo alto Bruker modelo Ascend, operando em 400

MHz (Centro Integrado de Análises – FURG Rio Grande). As amostras foram

dissolvidas em clorofórmio deuterado, empregando-se tetrametilsilano (TMS) como

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61

referência. Os deslocamentos químicos () foram registrados em valores

adimensionais, a constante de acoplamento J em Hz foi calculada pelo software

ACD/NMR Processor e a multiplicidade dos sinais foi indicada como s = singleto, d =

dubleto, dd = duplo dubleto, t = tripleto e m = multipleto.

(E)-1-metil-4-estirenobenzeno

Rend: 98 %, sólido amarelo, RMN 1H (CDCl3, 400 MHz): δ = 7,48 (d, J=8Hz, 2H); 7,40

(d, J= 8Hz, 2H); 7,33 (t, J= 8Hz, 2H); 7,24-7,20 (m, 1H); 7,15 (d, J= 8Hz, 2 H); 7,05 (d,

J1= 20 Hz, J2= 16Hz, 2 H); 2,34 (s, 3H) RMN 13C (CDCl3, 400 MHz): δ = 137,5; 137,4;

134,5; 129,4; 129,4; 129,4; 128,6; 128,6; 128,6; 127,7; 127,3; 126,4; 126,4; 126,3;

21,1. CG-MS (IE, 70 eV) m/z (%): 167 (100, M+), 152 (80), 83 (50), 169 (45), 115 (10),

84 (9), 151 (6), 102 (3).

(E)-estilbeno

CG-MS (IE, 70 eV) m/z (%): 179 (100, M+), 178 (60), 89 (30), 76 (27), 181 (15), 152

(14), 102 (10), 63 (5).

(E)-1-metóxi-4-estilbenzeno

Rend: 90 %, sólido amarelo, RMN 1H (CDCl3, 400 MHz): δ = 7,49–7,43 (dd, J1= 8Hz,

J2= 8Hz 4H); 7,35-7,32 (t, J= 8Hz, 2H); 7,28-7,21 (m,1H); 7,24-7,20 (m, 1H) 7,08-6,94

(dd, J1= 16 Hz, J2= 20Hz, 2 H); 3,81 (s, 3H). RMN 13C (CDCl3, 400 MHz): δ = 159,3;

137,6; 128,6; 128,6; 128,1; 127,7; 127,7; 127,7; 126,1; 126,1; 126,2; 126,2;126,2;

114,1; 55,3. CG-MS (IE, 70 eV) m/z (%): 210 (100, M+), 165 (42), 152 (25), 195 (24),

211 (18), 89 (6), 82 (4), 128 (3).

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(E)-1-amino-4-estilbeno

CG-MS (IE, 70 eV) m/z (%): 200 (100, M+), 172 (43), 152 (32), 82 (14), 126 (9), 65 (5),

127 (3), 76 (2).

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63

4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

4.1 O PRECURSOR CATALÍTICO PD/FCC

A fibra de coco foi previamente calcinada e posteriormente impregnada com

solução de PdCl2 em acetona (0,1 g/L) (Figura 4.1). Após a impregnação com a

solução, o sólido apresentou uma mudança de coloração.

Figura 4.1 Fibra de coco calcinada em processo de impregnação do PdCl2.

Na análise de microscopia eletrônica de varredura (SEM), observa-se um

sólido amorfo (Figura 4.2).

Figura 4.2 SEM do sólido Pd/FCC obtido.

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Enquanto que a SEM forneceu a análise morfológica do catalisador, o EDS

permitiu a identificação dos elementos que compõem esse material. Assim, o EDS foi

utilizado para fornecer a composição química do precursor catalítico produzido, a

partir da impregnação do suporte de Pd/FCC por PdCl2, o que é evidenciado na Figura

4.3.

Figura 4.3 EDS do catalisador Pd/FCC.

Nos resultados da análise do SEM com EDS, evidenciou-se a presença de Pd

e cloro confirmando a impregnação do PdCl2 no suporte de FCC. A técnica de ICP-

OES foi utilizada para determinação quantitativa de Pd no catalisador Pd/FCC. Assim,

o teor de Pd obtido foi 4772 ppm na amostra.

4.2 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE CATALÍTICA DO Pd/FCC

4.2.1 Otimização do sistema para a reação de Suzuki -Miyaura e síntese

de bifenilas

Primeiramente, a atividade catalítica foi avaliada frente à reação de Suzuki-

Miyaura e, posteriormente, para a reação de Heck-Mizoroki. Escolheu-se a reação do

ácido fenilborônico com 4-iodotolueno para otimizar o sistema catalítico (Esquema 4.1,

Tabela 4.1).

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65

Esquema 4.1 Reação utilizada na otimização do sistema catalítico de Suzuki-Miyaura

Para a reação de Suzuki-Miyaura foi feito a variação do solvente e a variação

da base do sistema.

Tabela 4.1. Otimização de base e solvente para a reação de Suzuki-Miyaura avaliada.a

Reação Solvente Base Rendimento (%)

1 Dioxano CsF 19

2 Dioxano NaOAc 22

3 Dioxano K2CO3 25

4 DMF CsF 47

5 DMF NaOAc 59

6 DMF K2CO3 86

7 Etanol CsF 57

8 Etanol NaOAc 69

9 Etanol K2CO3

99

49b

0c

aCondições reacionais: ácido fenilborônico (1,5 mmol), 4-iodotolueno (1 mmol), base (2 mmol), solvente (3 mL), Pd/FCC (279mg, 0,5 mol%), undecano (10 µL), 4 h (tempo não-otimizado), 100 ºC, rendimentos via CG após duas corridas. bPdCl2 (0,5 mol%) isento de FCC. cFCC isenta de PdCl2.

A Tabela 4.1 mostra que o melhor desempenho do sistema catalítico (Reação

9a) é obtido quando se usa etanol como solvente e K2CO3 como base. Por outro lado,

o emprego de solventes menos polares como DMF só mostra resultados aceitáveis

com K2CO3 (reações 4-6). Já o emprego de um solvente apolar como dioxano, propicia

rendimentos em 4-metilbifenila na casa dos 20% em todas as bases testadas (reações

1-3). Focando-se nas bases, o CsF rendeu os piores resultados com ambos solventes

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testados (reações 1, 4 e 7), dessa forma, elegeu-se o K2CO3 como melhor base por

sua eficiência, seu custo reduzido e sua baixa higroscopicidade. A confirmação da

atividade catalítica do Pd/FCC é dada quando se avalia o acoplamento cruzado

somente com PdCl2 (Reação 9b) e o rendimento reduz-se cerca de 50%. Obviamente,

só a presença da FCC no sistema, isenta de Pd, não promove a formação do produto

de acoplamento.

Assim, a dupla etanol/K2CO3 foi eleita como condição ideal para o emprego

do Pd/FCC e o escopo do sistema catalítico desenvolvido foi ampliado para outros

haletos de arila (Tabela 4.2).

Tabela 4.2 Reação do ácido fenilborônico com diferentes haletos de arila catalisada com Pd/FCCa

Reação ArX Produto Tempo

(h)

Rendimento

(%)

1

4 98

2

2 97

3

3 99

4

18 99

5

24 28

6

24 15

7

36 NR

8

36 NR

9

36 NR

a Condições reacionais: ácido fenilborônico (1,5 mmol), haleto de arila (1 mmol), K2CO3 (2 mmol), 3 mL etanol, Pd/FCC (279mg, 0,5 mol%), 100 ºC, rendimentos isolados.

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67

Na Tabela 4.2 podemos observar, a influência dos haletos de arila perante à

ordem de reatividade para a etapa de adição oxidativa. Essa ordem, bastante descrita

na literatura, diz que, na etapa de adição oxidativa, há um aumento do grau de

dificuldade para os cloretos de arila. Isso porque, a reatividade diminui com o aumento

da energia de ligação carbono-haleto. A ordem de reatividade é a seguinte: Ar-I>Ar-

OTf>Ar-Br>>Ar-Cl. Logo, isso explica a dificuldade encontrada para as reações de

entrada 7, 8 e 9 que não apresentaram o produto formado, já que elas eram

provenientes de um cloreto de arila. Devido a esta ordem de reatividade, podemos

observar também que as reações de entradas 1, 2 e 3, provenientes de reagente de

partida com iodetos de arila, comprovam que são mais reativos devido ao seu alto

rendimento. E os brometos de arila, tendo a reatividade mediana em comparação aos

iodetos de arila e os cloretos de arila, demonstram também resultados medianos,

obedecendo a ordem de reatividade.

Com isso, pode-se observar que os resultados envolvendo iodetos de arila

foram muito promissores (Reações 1-3), todos com rendimentos maiores que 97%. Já

os brometos de arila apresentaram resultados insatisfatórios quando o substituinte em

para era H ou OMe (Reações 5 e 6), contudo, na reação 4, envolvendo 4-

bromobenzoninitrila, o grupo substituinte CN ativou a adição oxidativa do ArBr,

propiciando um excelente rendimento (99%). Para os cloretos de arila, não obteve-se

o produto de acoplamento, mesmo com grande tempo reacional e usando grupos

eletro-retiradores em para (Reações 7-9).

Pode-se observar também na Tabela 4.2, a influência dos grupos retiradores

e doadores de elétrons nos rendimentos dos produtos. Quando utilizado grupamentos

retiradores de elétrons, que facilitam a adição oxidativa, os rendimentos foram

maiores. (Reação 4) Porém, quando utilizado um grupamento doador de elétrons (ex.

Me, NH2, OMe) a adição oxidativa é prejudicada e o rendimento da reação é menor.

As entradas 4, 5 e 6 mostram claramente a influência dos grupos ligados ao

anel aromático dos brometos de arila. A entrada 4 com maior rendimento, apresenta

um grupamento CN (retirador de elétrons), que facilita a ação oxidativa e apresenta

um resultado de 99% no produto formado. A entrada 5 não tem nenhum grupamento

retirador ou doador de elétrons na sua estrutura, dependendo, assim, somente da

estabilidade do anel aromático, apresentando resultados menores que a entrada 4,

porém maiores que a entrada 6. A entrada 6, por sua vez, apresenta um grupamento

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doador de elétrons (MeO), este grupamento dificulta a adição oxidativa e, com isso, o

seu rendimento foi o menor de todos (15%).

4.3 AVALIAÇÃO DO RECICLO DO CATALISADOR PD/FCC NA REAÇÃO

DE SUZUKI-MIYAURA

Para avaliar a eficiência da atividade catalítica do catalisador, observou-se o

número de reciclos para uma mesma reação utilizando o catalisador de Pd/FCC. A

reação de Suzuki-Miyaura escolhida foi a do ácido fenilborônico, com 4-iodoanilina

(Reação 2, Tabela 4.2). Após análise, conforme descrito no item 3.3.4, obteve-se o

gráfico representado na figura 4.4, o qual expõem o rendimento obtido durante cada

corrida, totalizando ao final, 8 corridas de reações.

Figura 4.4 Avaliação do reciclo do Pd/FCC.

De acordo com os rendimentos obtidos, pode-se inferir que até a oitava reação

(sétimo reciclo), o catalisador Pd/FCC apresentou atividade catalítica para a síntese

de bifenilas, via acoplamento de Suzuki-Miyaura. Para tentar elucidar o decréscimo

na atividade catalítica, foi avaliado a lixiviação de Pd do Pd/FCC através da técnica

de espectrometria de absorção atômica chama (FAAS, do inglês Flame Atomic

Absorption Spectroscopy) em duas reações: (i) iodoanisol (Reação 3, Tabela 4.2) e;

0

20

40

60

80

100

120

1 2 3 4 5 6 7 8 9

Re

nd

ime

nto

(%

)

Número de corridas

Avaliação do reciclo para a Pd/FCC na reação de Suzuki-Miyaura

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(ii) bromoanisol (Reação 6, Tabela 4.2). Tal processo visou avaliar diferentes

mecanismos da ação catalítica quando variado o tipo de haleto de arila.

Fazendo uma analogia entre a quantidade de Pd (determinada por ICP-OES)

presente, inicialmente, no precursor catalítico Pd/FCC, antes da sua utilização

(1,331mg de Pd por reação), com a quantidade de metal restante após a reação,

houve uma variação de resultados quando variado o haleto de arila. Para a reação,

utiliza-se o 4-iodoanisol na quantidade de Pd lixiviada de 54,64%, enquanto que para

a reação utilizando o 4-bromoanisol, a quantidade de Pd lixiviada foi de 31,93%.

Acredita-se que esta variação de Pd lixiviada ocorre devido à reatividade dos

haletos envolvidos na reação. O 4-iodoanisol, como é mais reativo, apresenta uma

maior quantidade de Pd lixiviada no meio reacional, já que haleto participa mais vezes

da etapa de adição oxidativa, capturando o Pd(0), ou seja, o ciclo ocorre mais vezes.

Porém, na etapa de eliminação redutiva, o Pd(II) não retorna a ser novamente Pd(0),

e este Pd não retornando ao início do ciclo para tornar-se ativo novamente, fica

lixiviado no meio reacional.

Quando utilizado o 4-bromoanisol, o bromo é menos reativo que o iodo, então,

a adição oxidativa ocorre menos vezes e, com isso, a perda de Pd(II) no meio

reacional na etapa de eliminação redutiva é menor. Isso explica os resultados de

54,64% de Pd lixiviado para a reação envolvendo o 4-iodoanisol e 31,93% para o 4-

bromoanisol.

Propondo um ciclo catalítico para a reação de Suzuki-Miyaura, para o

catalisador Pd/FCC a partir dos resultados anteriormente citados, conclui-se que o

ciclo, muitas vezes, não se completa totalmente. (Figura 4.5).

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70

Figura 4.5 Ciclo catalítico proposto para a reação de Suzuki-Miyaura utilizando o Pd/FCC.

4.4 AVALIAÇÃO DO Pd/FCC NA REAÇÃO DE HECK-MIZOROKI

4.4.1 Otimização do sistema para a reação de Heck-Mizoroki e síntese

dos produtos

A atividade catalítica do Pd/FCC foi avaliada também frente à reação de Heck-

Mizoroki. Escolheu-se a reação sonda do estireno com bromobenzeno para otimizar

o sistema catalítico (Esquema 4.2, Tabela 4.3).

Esquema 4.2 Reação de otimização do sistema catalítico com Pd/FCC para a reação de Heck-Mizoroki.

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71

Tabela 4.3 Otimização do sistema catalítico no acoplamento de Heck-Mizoroki entre o estireno com

bromobenzeno utilizado-se o catalisador Pd/FCC.a

Reação Solvente Base Rendimento (%)

1 DMF K2CO3 50

2 DMF NaOAc 4

3 DMF CsF NR

4 Etanol K2CO3 5

5 Etanol NaOAc 12

6 Etanol CsF 11

7 Dioxano K2CO3 NR

8 Dioxano NaOAc 4

9 Dioxano CsF NR

aCondições reacionais: bromobenzeno (1 mmol), estireno (1,5 mmol), Pd/FCC (279 mg; 0,5 mol% de

Pd), base (2 mmol), solvente (2 mL), 24 h (tempo não otimizado), 100 °C, rendimentos via CG após

duas corridas.

De acordo com os resultados obtidos, o melhor rendimento para a reação de

Heck-Mizoroki foi a reação 1(Tabela 4.3), que obteve um resultado de 50% no produto

de acoplamento. Tal rendimento ilustra uma atividade catalítica modesta, contudo,

cabe ressaltar que o acoplamento de Heck-Mizoroki, normalmente, exibe rendimentos

inferiores quando comparado ao de Suzuki-Miyaura, usando o mesmo catalisador.31

Novamente, a base K2CO3 mostrou-se ativa com o catalisador Pd/FCC e, tratando-se

de solvente, uma polaridade mediana foi a mais efetiva (DMF).

No intuito de aumentar o escopo do sitema catalítico para a reação de Heck-

Mizoroki, variou-se haletos arila com diferentes grupos funcionais ligados ao anel

aromático (Tabela 4.4).

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72

Tabela 4.4 Reação do estireno com diferentes haletos de arila catalisada com Pd/FCC.a

Reação ArX Produto Tempo

(h)

Rendimento

(%)

1

24 98

2

24 99

3

24 90

4

24 92

5

36 36

6

24 40

7

36 30

Condições reacionais: ArX (1 mmol), estireno (1,5 mmol), Pd/FCC (279 mg; 0,5 mol%), K2CO3 (2 mmol), DMF (2 mL), 100 °C, rendimento isolado após duas corridas.

A tabela 4.4 mostra que o sistema catalítico, formado para a reação de Heck-

Mizoroki, tolera diferentes grupos ligados ao anel aromático de iodetos de arila

(reações 1-4). Grupos eletrodoadores na posição para do anel aromático como Me,

OMe e NH2 (reações 1, 3 e 4), que tendem a dificultar a etapa da adição oxidativa do

haleto de arila, mostraram rendimento similar ao iodobenzeno (reação 2) que não

apresenta influência de grupo substituinte. Quando emprega-se brometos de arila, os

resultados são inferiores (reações 5-7). O melhor resultado encontrado foi para

bromobenzeno na otimização do sistema catalítico para a reação de Heck-Mizoroki

(50%). Empregando-se grupos eletrodoadores em para no brometo de arila, os

resultados foram menores e exigiram também um acréscimo no tempo reacional

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(reações 5 e 7). Dessa forma, os estudos foram encerrados visto que esperava-se

rendimentos melhores.

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74

4 CONCLUSÕES

A fibra de coco mostrou-se interessante suporte catalítico pois trata-se do

reaproveitamento de um resíduo agroindustrial, o que acarretou na diminuição da

quantidade de paládio utilizada na reação (paládio é um metal de custo elevado). Tal

estudo contribui para a diminuição de rejeitos de fibra de coco que seriam dispostos

em aterros sanitários. Pode-se concluir que o precursor catalítico Pd/FCC

desenvolvido apresentou atividade catalítica para as reações de Suzuki-Miyaura e

Heck-Mizoroki. Ambas reações, empregando iodetos de arila, mostraram excelentes

rendimentos. O emprego de brometos de arila, por sua vez, apresentou resultados

inferiores, mantendo bom resultado somente quando o ArBr apresenta grupo eletro-

retirador em para (CN).

Os sistemas catalíticos produzidos para as reações de Suzuki-Miyaura e

Heck-Mizoroki atenderam às expectativas em se tratando e ArI: altos rendimentos nos

produtos de acoplamento, baixo tempo reacional, condições reacionais brandas, baixo

custo do catalisador e ambientalmente adequadas (isento de ligantes auxiliares). Além

disso, a valorização de um resíduo agroindustrial local (fibra de coco) como suporte

catalítico eleva o caráter de sustentabilidade na síntese orgânica proposta.

Na reação de Suzuki-Miyaura, foi avaliado o reciclo do percursor catalítico

Pd/FCC, sendo que a atividade catalítica persistiu por 8 reações sequenciais. Durante

o reciclo, ficou evidenciada uma esperada redução da atividade catalítica comprovada

pela lixiviação do Pd(II) do suporte. Para reação envolvendo iodeto de arila, a

lixiviação foi de 54,64% e para brometo de arila 31,93%, acredita-se que isto ocorreu

devido à reatividade dos haletos envolvidos e à presença de Pd(II) que não retornou

para o início do ciclo catalítico como Pd(0).

Já na reação de Heck-Mizoroki, os resultados foram mais modestos, tendo o

sistema catalítico mostrado excelente desempenho apenas com iodetos de arila. No

entanto, esse resultado já era esperado visto que precursores catalíticos testados para

ambas as reações já citadas, mostram sempre resultados superiores para as reações

de Suzuki-Miyaura.

Nosso grupo continua os estudos com o precursor catalítico Pd/FCC no

intuito de evidenciar a real espécie ativa do catalisador. Dentre os quais pode-se citar

os testes de filtração à quente e envenenamento com Hg(0).

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ANEXO

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Figura 1 - Espectro de RMN 1H em CDCl3 a 400 MHz.

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80

Figura 2 - Espectro de RMN 13C em CDCl3 a 100 MHz.

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81 Figura 3 - Espectro de RMN 1H em CDCl3 a 400 MHz.

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82 Figura 4 - Espectro de RMN 13C em CDCl3 a 100 MHz.

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83 Figura 5 - Espectro de RMN 1H em CDCl3 a 400 MHz.

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84 Figura 6 - Espectro de RMN 13C em CDCl3 a 100 MHz.

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85 Figura 7 - Espectro de RMN 1H em CDCl3 a 400 MHz.

3

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86 Figura 8 - Espectro de RMN 13C em CDCl3 a 100 MHz.

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87 Figura 9 - Espectro de RMN 1H em CDCl3 a 400MHz.

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88 Figura 10 - Espectro de RMN 13C em CDCl3 a 100 MHz.

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89 Figura 11 - Espectro de RMN 1H em CDCl3 a 400 MHz.

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90 Figura 12 - Espectro de RMN 1C em CDCl3 a 100 MHz.

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Figura 13 - Espectro de RMN 1H em CDCl3 a 400 MH

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Figura 14 - Espectro de RMN 13C em CDCl3 a 100 MHz.

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XXII Encontro de Química da Região Sul Joinville, 11 a 13 de novembro de 2015 XXII Encontro de Química da Região Sul Joinville, 11 a 13 de novembro de 2015

Paládio suportado em resíduos de biomassa: síntese, caracterização e

potencial emprego em reações de acoplamento catalítico

Cristiane Renata Schmitt (PG),* Clarissa Helena Rosa (PG), Diego da Silva Rosa (PG), Fernanda

Trombetta da Silva (PQ), Carla Weber Scheeren (PQ) e Gilber Ricardo Rosa (PQ). *[email protected]

Escola de Química e Alimentos, Universidade Federal do Rio Grande - FURG, Campus Santo Antônio da Patrulha, Rua

Barão do Cahy, 125, Cidade Alta, CEP 95.500-000, Santo Antônio da Patrulha - RS, Brasil.

Área: FQ

Palavras Chave: Resíduos de biomassa, carvão, Nanopartículas de Pd(0)

Introdução

A heterogeneização de nanopartículas (NP’s) de metais em suportes “verdes” entrou em evidência nos últimos anos em função do desenvolvimento de uma química organometálica mais sustentável.1 Dentre as NP’s usadas, as de Pd(0) merecem maior atenção visto que catalisam uma vasta gama de reações de acoplamento cruzado, tais como Suzuki-Miyaura2 e Heck-Mizoroki.3 Contudo, ainda é escasso o uso de NP’s de Pd(0) suportadas em resíduos de biomassa como catalisadores de reações de acoplamento cruzado. Tal fato é devido à sua indisponibilidade comercial e na preferência pelo uso de catalisadores clássicos contendo, normalmente, ligantes auxiliares tóxicos. Assim, nosso grupo relata aqui a produção de carvões com os resíduos de biomassa casca de arroz, casca de banana, fibra de coco, caule de milho e bagaço de cana-de-açúcar; a produção, impregnação e caracterização de NP’s de Pd(0) nos referidos suportes e sua possível aplicação como catalisador heterogêneo em reações de acoplamento cruzado.

Resultados e Discussão

Os resíduos de biomassa foram previamente lavados com água e secados em estufa (105 ºC, 24 h). Posteriormente, pesou-se 7 g de cada amostra (na amostra de banana usou-se 10 g) e calcinou-se em forno mufla (300 ºC, 20 min). A área superficial do carvão resultante foi avaliada e, na sequência, as amostras foram impregnadas com NP’s de Pd(0) via NaBH4 (25 mg de PdCl2, 135 mg de carvão, 10 mL de i-PrOH/H2O 50%, ultrassom por 15 min, 27 mg de NaBH4, agitação por 2 h, filtração, e secagem em 80 ºC por 2 h). Os catalisadores foram caracterizados por difração de Raio-X (Figura 1), onde verificou-se a formação de NP’s policristalinas de Pd(0) e carbono. Utilizando a equação de Scherrer, os tamanhos de cristalitos (Ø) foram calculados e representados na Tabela 1. O teor de Pd existente nas amostras foi determinado por ICP-OES.

Figura 1. Difratogramas das NP’s Pd(0) suportadas em resíduos da biomassa.

Tabela 1. Resultados obtidos na produção dos carvões impregnados com NP’s de Pd(0).

Carvão Massa

(g) A. S. (m2/g)

Teor de Pd (ppm)

Ø das NP’s (nm)

arroz 3,068 22,57 64732 3,8

banana 8,978 2,65 26265 2,8

milho 2,588 6,26 106476 2,4

cana 1,976 1,11 98577 4,6

coco 1,778 70,80 107319 2,8

Conforme mostra a Tabela 1, as NP’s de Pd(0) obtidas apresentam baixo diâmetro sugerindo uma potencial aplicação catalítica. Os carvões oriundos de caule de milho, bagaço de cana e fibra de coco apresentaram maior teor de Pd suportado.

Conclusões

Nosso grupo continua a avaliação das NP’s de Pd(0) suportadas em resíduos de biomassa em reações de acoplamento catalítico.

Agradecimentos

Ao CNPq, Capes e FAPERGS. ___________________ 1 Yin, L.; Liebscher, J. Chem. Rev. 2006, 107, 133. 2 Faria, V. W.; Oliveira, D. G. M.; Kurz, M. H. S.; Gonçalves, F. F.;

Scheeren, C. W.; Rosa, G. R. RSC Adv. 2014, 4, 13446. 3 Taladriz-Blanco, P.; Hervés, P.; Pérez-Juste, J. Top. Catal. 2013, 56,

1154.

20 30 40 50 60 70 80 90

Pd/CocoIn

ten

sid

ade

(u.a

.)

2 (graus)

Pd/ArrozPd/BananaPd/CanaPd/Milho

Pd(111)

CPd(200)

Pd(220)Pd(311)

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XXIII Encontro de Química da Região Sul Santa Maria, 24 a 26 de outubro de 2016

XXIII Encontro de Química da Região Sul Santa Maria, 24 a 26 de outubro de 2016

PdCl2 suportado em fibra de coco calcinada: síntese, caracterização e

potencial emprego em reações de Heck-Mizoroki

Cristiane Renata Schmitt (PG),* Clarissa Helena Rosa (PG), Diego da Silva Rosa (PG), Carla Weber

Scheeren (PQ) e Gilber Ricardo Rosa (PQ). *[email protected]

Escola de Química e Alimentos, Universidade Federal do Rio Grande - FURG, Campus Santo Antônio da Patrulha, Rua

Barão do Cahy, 125, Cidade Alta, CEP 95.500-000, Santo Antônio da Patrulha - RS, Brasil.

Área: FQ

Palavras Chave: PdCl2, fibra de coco calcinada, reação de Heck-Mizoroki

Introdução

O suporte de paládio em substratos “verdes” entrou em evidência nos últimos anos em função do desenvolvimento de uma química organometálica mais sustentável.1 Sais de Pd disponíveis comercialmente, quando suportados em resíduos de biomassa, podem atuar como catalisadores de baixo custo em reações de acoplamento cruzado, tais como Suzuki-Miyaura2 e Heck-Mizoroki.3 Contudo, ainda é escasso os relatos de tal aplicação justificados na tendência de emprego de catalisadores clássicos contendo, normalmente, ligantes auxiliares tóxicos. Assim, nosso grupo relata aqui a produção de um potencial catalisador pelo suporte de PdCl2 em fibra de coco calcinada (PdCl2/FCC) e seus testes preliminares no acoplamento cruzado de Heck-Mizoroki.

Resultados e Discussão

A fibra de coco foi lavada com água e secada em estufa (105 ºC, 24 h). Posteriormente, pesou-se 7 g da amostra e calcinou-se em forno mufla (300 ºC, 20 min). Adicionou-se, em 10 mL de solução de PdCl2

em acetona 0,1g/L, 0,607g do calcinado para a impregnação. Agitou-se por 24 h, filtrou-se e secou-se em estufa (2 h, 80 ºC). O sólido, PdCl2/FCC, foi caracterizado por microscopia eletrônica de varredura (Figura 1) e por ICP-MS indicando a presença 4772 ppm de Pd suportado.

Figura 1. MEV do PdCl2/FCC

A atividade catalítica do sólido PdCl2/FCC foi avaliada na reação de Heck-Mizoroki. Assim, reagiu-se estireno (1,5 mmol); K2CO3 (2 mmol); iodobenzeno (1 mmol); DMF (5 mL); PdCl2/FCC (0,5 mol%) por 24 h à 100 ºC (Esquema 1). A análise de cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas foi realizada confirmando a formação do produto de acoplamento (Figura 2). Esquema 1. Reação de Heck partindo dos reagentes estireno e iodobenzeno.

I

Figura 2. Cromatograma confirmando a formação do produto de acoplamento.

Observa-se que o catalisador desenvolvido foi ativo na reação de Heck-Mizoroki, formando o produto esperado com 50% de rendimento.

Conclusões A otimização do sistema catalítico que emprega o PdCl2/FCC na reação de Heck-Mizoroki é necessária. Nosso grupo continua nesse processo variando bases e solventes.

Agradecimentos

Ao CNPq, Capes e FAPERGS. ___________________ 1 Yin, L.; Liebscher, J. Chem. Rev. 2006, 107, 133. 2 Alvarenga, G.; Ruas, C. P.; Vicenti, J. R. M.; Duarte, F. A.; Gelesky, M.

A.; Rosa, G. R. J. Braz. Chem. Soc. 2016, 27, 787. 3 Rosa, G. R.; Rosa, D. S. R. RSC Adv. 2012, 2, 5080.

DMF

24h, 100 °C

Cis-Estilbeno

Trans-Estilbeno