158
INSTITUTO DE TECNOLOGIA PARA O DESENVOLVIMENTO CRISTIANO JOSÉ GOBER ANÁLISE DE FATORES HUMANOS, EFETIVIDADE DA APR E DESEMPENHO DE BARREIRAS DE SEGURANÇA EM OCORRÊNCIAS DE QUASE ACIDENTES Curitiba 2020

CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

  • Upload
    others

  • View
    2

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

INSTITUTO DE TECNOLOGIA PARA O DESENVOLVIMENTO

CRISTIANO JOSÉ GOBER

ANÁLISE DE FATORES HUMANOS, EFETIVIDADE DA APR E

DESEMPENHO DE BARREIRAS DE SEGURANÇA EM

OCORRÊNCIAS DE QUASE ACIDENTES

Curitiba

2020

Page 2: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

CRISTIANO JOSÉ GOBER

ANÁLISE DE FATORES HUMANOS, EFETIVIDADE DA APR E

DESEMPENHO DE BARREIRAS DE SEGURANÇA EM

OCORRÊNCIAS DE QUASE ACIDENTES

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

graduação em Desenvolvimento de Tecnologia,

Área de Concentração Sistemas Energéticos

Convencionais e Alternativos, do Instituto de

Tecnologia para o Desenvolvimento, em

parceria com o Instituto de Engenharia do

Paraná, como parte das exigências para a

obtenção do título de Mestre em

Desenvolvimento de Tecnologia.

Orientador: Prof. Dr. Cresencio Silvio Segura

Salas

Coorientador: Prof. Dr. Lúcio de Medeiros

Curitiba

2020

Page 3: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

CATALOGAÇÃO NA FONTE – SIBI/UFPR

G574a

Gober, Cristiano José

Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de

barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes [recurso

eletrônico]/ Cristiano José Gober, 2020.

Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em

Desenvolvimento de Tecnologia, Área de Concentração Sistemas

Energéticos Convencionais e Alternativos, do Instituto de Tecnologia

para o Desenvolvimento, em parceria com o Instituto de Engenharia do

Paraná.

Orientador: Prof. Dr. Cresencio Silvio Segura Salas

Coorientador: Prof. Dr. Lúcio de Medeiros

1. Segurança do trabalho em indústrias. 2. Acidentes. 3. Riscos com

pessoas. I. Salas, Cresencio Silvio Segura. II. Medeiros, Lúcio de. III.

Universidade Federal do Paraná. IV. Título. CDD363.11

Bibliotecária: Vilma Machado CRB9/1563

Page 4: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes
Page 5: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

Dedico este trabalho a:

A DEUS. Único DEUS, Criador, Pai,

Senhor e Salvador, sem o qual não teria

alcançado o tempo e as condições para a

conclusão deste trabalho. A Ele seja dada,

toda a honra e todo o louvor.

A minha família: Juliana de Lourenzi

Gober, esposa amada e Luiz Henrique de

Lourenzi Gober, filho, nascido no início da

jornada deste mestrado, que me

proporcionaram motivação e energia para

conclusão deste trabalho.

Page 6: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

“Você nunca sabe que

resultados virão da sua

ação. Mas se você não

fizer nada, não existirão

resultados.”

― Mahatma Gandhi

Page 7: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

AGRADECIMENTOS

Agradeço ao meu orientador, Cresencio Silvio Segura Salas, bem como ao

coorientador, Lúcio de Medeiros, por todos incentivos e apoio prestados durante a

elaboração desta dissertação.

A todos os colegas e professores da 13ª Turma do Metrado Profissional em

Desenvolvimento de Tecnologia, pelas trocas de experiências e aprendizados mútuos

durante o curso das disciplinas.

A todos os colegas da Copel Distribuição, pelo apoio, ajuda e incentivo no

desenvolvimento desta dissertação.

A todos os pesquisadores que permearam temas correlatos, propiciando

embasamento para realização deste trabalho.

Page 8: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

RESUMO

O elevado número de acidentes no setor elétrico, em especial no segmento de distribuição de energia elétrica, as características das redes de distribuição de energia elétrica, a responsabilidade solidária entre contratante e contratada, ratificam a obrigação da melhoria do desempenho da gestão da segurança do trabalho deste setor, que tem desafiado seus lideres e gestores, sendo objeto de estudos no meio cientifíco, cada qual com sua valiosa contribuição. Os quase acidentes constituem uma das mais relevantes, informações proativas na gestão da segurança e têm uma longa história como prática importante para a prevenção de acidentes, em vários setores da indústria. Sua consequência geralmente resulta em perda de tempo, não gerando lesões pessoais e pode ou não acarretar danos materiais não significativos (mínimos ou imperceptíveis). Estes fatores, danos pessoais e ou materiais são características de um acidente, sendo a principal diferença entre um quase acidente e o acidente. Aprender com os quase acidentes é uma maneira menos onerosa do que aprender com os acidentes. O trabalho se limita a utilizar dados secundários, resultante da sistemática de coleta de dados de quase acidentes, adotada pela empresa em estudo que possui uma prática consolidada em que os funcionários são incentivados a relatarem e registrarem ocorrências desta natureza. Neste contexto tem-se uma grande quantidade de informações relacionadas com o desempenho da gestão da segurança, geradas no final do processo, que é a execução das atividades operacionais. No entanto, são analisados de maneira individualizadas sem a utilização de metodologias padronizadas, de acordo com a percepção de indivíduos distintos. O método proposto consiste na análise dos registros, de quase acidentes ocorridos em atividades operacionais em redes distribuição de energia elétrica, visando a identificação dos fatores humanos, efetividade da análise preliminar dos riscos (APR) e do desempenho das barreiras de segurança. O resultado do método de análise proposto, para um estudo de caso, permitiu avaliar a efetividade da APR, identificando as etapas em que mais ocorreram os quase acidentes, quais são os principais componentes da atividade envolvidos, identificando os perigos e classificando-os em categorias, possibilitando contribuir com o aprimoramento das técnicas de APR em atividades operacionais em redes de distribuição de energia elétrica. Revelou os fatores humanos que contribuem para ocorrência dos quase acidentes e o desempenho das barreiras de segurança. Perante o resultado obtido com este trabalho, pode se afirmar que a análise agrupada de quase acidentes com a aplicação do método proposto, permite avaliar as falhas nas barreiras de segurança e os perigos envolvidos sendo uma importante ferramenta para prevenção ativa na segurança do trabalho, podendo ser aplicado a outros setores econômicos.

Palavras-chave: Quase acidentes; Análise Preliminar de Riscos; Fatores Humanos; Barreiras

de Segurança.

Page 9: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

ABSTRACT

The high number of accidents in the electricity sector, especially in the electricity distribution segment, the characteristics of the electricity distribution networks, the joint and several liability between contractor and outsourced, confirm the obligation to improve the performance of work safety management of this sector, which has challenged its leaders and managers, being the object of studies in the scientific environment, each one with its valuable contribution. Near miss are one of the most relevant, proactive information in safety management and have a long history as an important accident prevention practice in various sectors of the industry. Its consequence generally results in a loss of time, not generating personal injuries and may or may not cause non-significant material damage (minimal or imperceptible). These factors, personal injury and or material damage are characteristic of an accident, the main difference between a near accident and the accident. Learning from near accidents is a less costly way than learning from accidents. The work is limited to using secondary data, resulting from the systematic data collection of near accidents, adopted by the company under study, which has a consolidated practice in which employees are encouraged to report and record occurrences of this nature. In this context, there is a large amount of information related to the performance of safety management, generated at the end of the process, which is the execution of operational activities. However, they are analyzed individually without the use of standardized methodologies, according to the perception of different individuals. The proposed method consists of analyzing the records of near misses occurring in operational activities in electricity distribution networks, aiming at the identification of human factors, effectiveness of the preliminary risk analysis (PRA) and the performance of safety barriers. The result of the proposed analysis method, for a case study, allowed to evaluate the effectiveness of PRA, identifying the stages in which the most accidents occurred, which are the main components of the activity involved, identifying the hazards and classifying them in categories , making it possible to contribute to the improvement of PRA techniques in operational activities in electricity distribution networks. It revealed the human factors that contribute to the occurrence of near misses and the performance of safety barriers. In view of the result obtained with this work, it can be said that the grouped analysis of near misses with the application of the proposed method, allows to evaluate the failures in the safety barriers and the dangers involved being an important tool for active prevention in work safety, being able to be applied to other economic sectors. Keywords: Near misses; Preliminary Risk Analysis; Human factors; Security barriers.

Page 10: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - HIERARQUIA SST ................................................................................ 20

FIGURA 2 - PIRÂMIDE DE HEINRICH ..................................................................... 37

FIGURA 3 - PIRÂMIDE DE BIRD .............................................................................. 38

FIGURA 4 - PIRÂMIDE DEFINIDA POR DU PONT .................................................. 38

FIGURA 5 - CINCO PEDRAS DE DOMINÓ - TEORIA DE HEINRICH ..................... 41

FIGURA 6 - FATORES ORGANIZACIONAIS ........................................................... 43

FIGURA 7 - PRINCIPIOS GERENCIAMENTO DE RISCO ....................................... 45

FIGURA 8 - BANCO DE DADOS REGISTROS QUASE ACIDENTES ..................... 52

FIGURA 9 - ETAPAS DA ANÁLISE DOS REGISTROS DE QUASE ACIDENTES ... 52

FIGURA 10 - INFORMAÇÕES CARACTERÍSTICAS DO QUASE ACIDENTE ......... 53

FIGURA 11 - ETAPAS DA METODOLOGIA APLICADA .......................................... 54

FIGURA 12 - FLUXOGRAMA ETAPA 1 .................................................................... 55

FIGURA 13 - FLUXOGRAMA ETAPA 2 .................................................................... 59

FIGURA 14 - FLUXOGRAMA ETAPA 3 .................................................................... 61

FIGURA 15 - CATEGORIAS FATORES HUMANOS ................................................ 65

FIGURA 16 - FLUXOGRAMA ETAPA 4 .................................................................... 65

FIGURA 17 - FLUXOGRAMA ETAPA 5 .................................................................... 68

FIGURA 18 - FLUXOGRAMA ETAPA 6 .................................................................... 69

FIGURA 19 - EXEMPLO DE REGISTRO DO QUASE ACIDENTE ........................... 70

FIGURA 20 - EXEMPLO DE APLICAÇÃO DO MÉTODO DE ANÁLISE DO QUASE

ACIDENTE ................................................................................................................ 71

Page 11: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 - AS DEZ MAIORES CONCESSIONÁRIAS -POR UNIDADE

CONSUMIDORA ....................................................................................................... 26

GRÁFICO 2 - TAXA DE GRAVIDADE ACIDENTES EMPRESA OBJETO DE ESTUDO

.................................................................................................................................. 28

GRÁFICO 3 - TAXA DE FREQUENCIA ACIDENTES EMPRESA OBJETO DE

ESTUDO ................................................................................................................... 29

GRÁFICO 4 - TAXA DE GRAVIDADE E FREQUÊNCIA ANO 2017 - MAIORES

CONCESSIONÁRIAS ............................................................................................... 29

GRÁFICO 5 - NÚMERO DE MORTES EM ACIDENTES DO TRABALHO -

DISTRIBUIDORAS DE ENERGIA ELÉTRICA - BRASIL .......................................... 30

GRÁFICO 6 - NÚMERO DE MORTES EM ACIDENTES DO TRABALHO - EMPRESA

OBJETO DE ESTUDO .............................................................................................. 31

GRÁFICO 7 - CAT - SETORES DISTRIBUIÇÃO, TRANSMISSÃO E GERAÇÃO DE

ENERIGA ELÉTRICA ................................................................................................ 32

GRÁFICO 8 - COMUNICAÇÕES DE ACIDENTE DE TRABALHO -COM ÓBITO .... 33

GRÁFICO 9 - CAT COM ÓBITO - OCUPAÇÕES SETOR DISTRIBUIÇÃO DE

ENERGIA ELÉTRICA ................................................................................................ 34

GRÁFICO 10 - BENEFÍCIOS CONCEDIDOS - ACIDENTES DO TRABALHO OU

DOENÇAS OCUPACIONAIS - SETOR DISTRIBUIÇÃO DE ENERIGA ELÉTRICA . 35

GRÁFICO 11 - LESÕES OCUPACIONAIS FATAIS POR 100.000 TRABALHADORES

- PAÍSES ................................................................................................................... 36

GRÁFICO 12- TOTAL DE QUASE ACIDENTES EXTRAÍDOS DO BANCO DE DADOS

.................................................................................................................................. 72

GRÁFICO 13 - SELEÇÃO DOS REGISTROS PARA APLICAÇÃO DO MÉDOTO ... 72

GRÁFICO 14 - QUASE ACIDENTE POR TIPO DE EQUIPE .................................... 73

GRÁFICO 15 - RAZÃO ENTRE QUASE ACIDENTES POR TIPO DE EQUIPE ....... 74

GRÁFICO 16 - GRUPO DE TAREFAS PADRONIZADA ENVOLVIDAS NO QUASE

ACIDENTE ................................................................................................................ 75

GRÁFICO 17 - ANÁLISE DA APLICAÇÃO DO DIREITO DE RECUSA .................... 76

GRÁFICO 18 - ETAPA DA ATIVIDADE ENVOLVIDA NO QUASE ACIDENTE ........ 77

GRÁFICO 19 - COMPONENTE DA ATIVIDADE ENVOLVIDA NO QUASE ACIDENTE

.................................................................................................................................. 77

Page 12: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

GRÁFICO 20 - CATEGORIA DO PERIGO ENVOLVIDO NO QUASE ACIDENTE ... 78

GRÁFICO 21 - BARREIRAS ENVOLVIDA NO PERIGO CAUSADO ........................ 79

GRÁFICO 22 - IDENTIFICAÇÃO E BLOQUEIO PRÉVIO DO RISCO ...................... 79

GRÁFICO 23 - FATORES HUMANOS EVIDENCIADOS NOS QUASE ACIDENTES

.................................................................................................................................. 81

GRÁFICO 24 - CATEGORIA ERRO HUMANOS EVIDENCIADAS NOS QUASE

ACIDENTES .............................................................................................................. 82

GRÁFICO 25 - CATEGORIA VIOLAÇÕES EVIDENCIADAS NOS QUASE

ACIDENTES .............................................................................................................. 82

GRÁFICO 26 - FALHAS BARREIRAS DE SEGURANÇA NOS QUASE ACIDENTES

.................................................................................................................................. 83

GRÁFICO 27 - BARREIRAS QUE FALHARAM NOS QUASE ACIDENTES ............ 84

GRÁFICO 28 - BARREIRAS QUE FUNCIONARAM NOS QUASE ACIDENTES ..... 85

GRÁFICO 29 - TIPO DE RETORNO DOS QUASE ACIDENTES ............................. 86

GRÁFICO 30 - OCORRÊNCIA DE QUASE ACIDENTES NOS MESES DO ANO ... 87

GRÁFICO 31 - PORCENTAGEM DE QUASE ACIDENTES E SERVIÇOS .............. 88

GRÁFICO 32 - OCORRÊNCIA DE QUASE ACIDENTES POR HORÁRIO .............. 89

GRÁFICO 33 - OCORRÊNCIA DE QUASE ACIDENTES POR LOCALIDADE ........ 90

GRÁFICO 34 - CONDIÇÕES CLIMÁTICAS NA OCORRÊNCIA DE QUASE

ACIDENTES .............................................................................................................. 90

GRÁFICO 35 - TIPO DE REDE ELÉTRICA NA OCORRÊNCIA DE QUASE

ACIDENTES .............................................................................................................. 91

GRÁFICO 36 - FUNCIONÁRIO ENVOLVIDO NA OCORRÊNCIA DE QUASE

ACIDENTES .............................................................................................................. 91

Page 13: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 - PRINCIPAIS NORMAS REGULAMENTADORAS RELACIONADAS

COM O SETOR DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA ............................... 20

QUADRO 2 - PRINCIPAIS NORMAS ABNT NBR RELACIONADAS DISTRIBUIÇÃO

DE ENERGIA ELÉTRICA .......................................................................................... 23

QUADRO 3 - PADRÕES DE TAREFAS EMPRESA OBJETO DE ESTUDO- GSST 24

QUADRO 4 - ETAPA 2 - CATEGORIZAÇÃO DO QUASE ACIDENTE ..................... 56

QUADRO 5 - TREINAMENTO OBRIGATÓRIOS DE EQUIPES TERCEIRIZADAS . 58

QUADRO 6 - ANÁLISE DOS REGISTROS EFETIVIDADE APR .............................. 60

QUADRO 7 - FATORES RELACIONADOS AO MEIO AMBIENTE ........................... 63

QUADRO 8 - RISCOS EM RELAÇÃO AOS TIPOS DE ACIDENTES PESSOAIS .... 63

QUADRO 9 - NÍVEIS DE BARREIRAS DE SEGURANÇA EMPRESA OBJETO DE

ESTUDO ................................................................................................................... 66

Page 14: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - NÚMERO DE FUNCIONÁRIOS POR TIPO DE EQUIPE ...................... 73

TABELA 2 - CARACTERIZAÇÃO FATORES E RISCOS NBR 14280 ...................... 80

TABELA 3 - OCORRÊNCIA DE QUASE ACIDENTES POR DIA DA SEMANA ........ 88

TABELA 4 - AGENTE CAUSADOR DE QUASE ACIDENTE NO SETOR ELÉTRICO

.................................................................................................................................. 92

TABELA 5 - ARÉAS RESPOSÁVEIS PELO REGISTRO DE QUASE ACIDENTES . 93

Page 15: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

LISTA DE SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ACD Árvore de Causas

AMFE/FMEA Análise de Modos de Falha e Efeitos

ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica

APP Análise Preliminar de Perigo

APR Análise Preliminar de Risco

ART Análise Risco de Tarefa

CAT Comunicação de Acidentes de Trabalho

CIPA Comissão Interna de Prevenção de Acidente

CLT Consolidação das Leis do Trabalho

CNAE Classificação Nacional de Atividades Econômicas

EPI Equipamento de Proteção Individual

EPC Equipamento de Proteção Coletiva

GSST Gestão de Segurança e Saúde no Trabalho

HAZOP Hazard and Operability Studies

MTE Ministério do Trabalho e Emprego

MPT Ministério Público do Trabalho

NR Normas Regulamentadoras

OIT Organização Internacional do Trabalho

PCS Planejamento e Controle da Segurança

SEP Sistema Elétrico de Potência

SST Segurança e Saúde do Trabalho

Page 16: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................ ................................ ...... 14

1.1 CONTEXTO ................................................................................................. 14

1.2 OBJETIVOS ................................................................................................. 15

1.3 JUSTIFICATIVA ........................................................................................... 16

1.4 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ................................................................ 18

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................ ............... 19

2.1 ASPECTOS GERAIS ................................................................................... 19

2.2 NORMAS REGULAMENTADORAS ............................................................. 19

2.3 INDICADORES ANEEL ................................................................................ 25

2.4 ACIDENTES NO SETOR DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA ......... 32

2.5 QUASE ACIDENTES ................................................................................... 37

2.6 TEORIAS DE ANÁLISE DE ACIDENTES .................................................... 41

2.7 GERENCIAMENTO DE RISCOS ................................................................. 45

2.8 REVISÃO DA LITERATURA - QUASE ACIDENTES ................................... 47

3 MATERIAIS E MÉTODO ................................ ........................ 51

3.1 MATERIAIS .................................................................................................. 51

3.2 MÉTODO ..................................................................................................... 54

3.2.1 Coleta de Dados .................................................................................... 54

3.2.2 Categorização........................................................................................ 55

3.2.3 Análise dos Registros - APR ................................................................. 59

3.2.4 Análise dos Registros - Fatores Humanos ............................................ 64

3.2.5 Análise dos Registros - Barreiras .......................................................... 66

3.2.6 Análise das Informações Cadastrais ..................................................... 69

4 APLICAÇÃO DA METODOLOGIA E RESULTADOS ................. 70

4.1 APLICAÇÃO EM CASO REAL ..................................................................... 71

4.1.1 Categorização e Seleção dos Registros para Análise ........................... 72

Page 17: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

4.1.2 Análise dos Registros - APR ................................................................. 76

4.1.3 Análise dos Registros - Fatores Humanos ............................................ 81

4.1.4 Análise dos Registros - Barreiras de Segurança ................................... 83

4.1.5 Análise de Informações Cadastrais ....................................................... 87

4.2 RESULTADOS E ANÁLISE DA METODOLOGIA PROPOSTA ................... 93

4.2.1 Resultados - Análise APR ..................................................................... 94

4.2.2 Resultados - Análise Fatores Humanos e Barreiras de Segurança ....... 97

5 CONCLUSÕES E TRABALHOS FUTUROS ............................. 99

5.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS ....................................................................... 99

5.2 PROPOSIÇÃO DE AÇÕES .......................................................................... 99

5.3 SUGETÃO DE TRABALHOS FUTUROS ................................................... 100

REFERÊNCIAS ................................ ................................ ............ 102

APÊNDICE A - ANÁLISE ATIVIDADE MANUTENÇÃO ..................... 107

APÊNDICE B - ANÁLISE ATIVIDADES SERVIÇOS E OPERAÇÃO ... 123

APÊNDICE C - ANÁLISE ATIVIDADE OBRAS ................................ 135

APÊNDICE D - ANÁLISE ATIVIDADE SUBESTAÇÃO ...................... 145

Page 18: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

14

1 INTRODUÇÃO

1.1 CONTEXTO

A introdução de novas tecnologias, materiais e mudanças significativas no

processo e organização do trabalho, contribuiu com a elevação no número de

acidentes envolvendo o setor elétrico. Esta mudanças foram incentivadas através da

reestruturação do setor elétrico ocorridas nas últimas décadas, trazendo a livre

concorrência entre empresas deste setor (MARTINS, 2015). Sensível às

necessidades e gravidade da situação de segurança e saúde existentes nas

atividades do setor elétrico, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), promoveu a

atualização da Norma Regulamentadora (NR) nº10, através da Portaria MTE n.º 598

de 07/12/2004, publicada no Diário Oficial da União em 08/12/2004.

Esta Norma Regulamentadora, determina o dever de informar e garantir o

direito de informação e do saber do trabalhador, sobre os riscos e possíveis perigos a

segurança e à saúde, elétricos e não elétricos a que serão expostos no

desenvolvimento das atividades e a responsabilidade solidária entre contratante e

contratada quanto as obrigações no cumprimento dos requisitos referente à

segurança do trabalho. A identificação do perigo permite eliminar ou reduzir,

mantendo sobre controle, as incertezas e eventos indesejáveis.

O atual contrato de concessão do serviço público de distribuição de energia

elétrica, firmado entre a Agência Nacional de Energia Elétrica, (ANEEL) e a

distribuidora de energia elétrica do estado do Paraná, prevê metas rígidas

relacionadas à Qualidade de Energia Elétrica (QEE) e indicadores de sustentabilidade

financeira. O não cumprimento destas metas, tem como consequências, aplicação de

penalidades que variam de multas até a perda da concessão. Várias ações são

desenvolvidas onde as equipes operacionais possuem um papel de grande

importância no cumprimento destas metas.

Neste sentido, a distribuidora, definiu seu mapa estratégico, em consonância

com os principais desafios da organização, relacionadas as metas a serem atingidas,

definidas pela ANEEL, demostrando a importância de fatores relacionados, a

inovação, protagonismo e pessoas, neste processo. Dentre as prioridades

estabelecidas, a segurança do trabalho é definida como uma premissa, que não pode

Page 19: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

15

ser alterada, tendo prioridade em relação a todas as demais, evidenciando a grande

importância deste tema.

O risco de acidentes associado a serviços com distribuição de energia elétrica

e o elevado número de acidentes ocorridos na atividade operacional, tem levado estas

empresas a buscar ações para reduzir estes números. A segurança no trabalho torna-

se fator preponderante nas empresas, sendo uma das principais funções dos gestores

e lideres a de preservar a integridade e saúde dos seus subordinados (GOBER, 2014).

O segmento de distribuição de energia elétrica se caracteriza como o

segmento do setor elétrico dedicado à entrega de energia elétrica para um usuário

final. As estruturas são padronizadas por normas, porém existem variáveis

relacionadas ao local e meio ambiente de cada poste, que acaba dificultando a

identificação de todas as condições perigosas e avaliação dos riscos de acidentes

pelas equipes operacionais (GOBER, 2014).

De acordo com dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) tratados

pelo Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho - SMARTLAB, entre 2012 a

2018, ocorreram 424 mortes, ocorridas nos setores econômicos de geração de

energia elétrica - com 45 óbitos, transmissão de energia elétrica - com 23 óbitos,

distribuição de energia elétrica - com 64 óbitos e obras para geração e distribuição de

energia elétrica e para telecomunicações - com 292 óbitos.

Neste contexto, o elevado número de acidentes no setor elétrico, em especial

no segmento de distribuição de energia elétrica, as características das redes de

distribuição de energia elétrica, a responsabilidade solidária entre contratante e

contratada, ratificam a obrigação da melhoria do desempenho da gestão da segurança

do trabalho deste setor.

1.2 OBJETIVOS

1.1 Objetivo Geral

Avaliar a efetividade da análise preliminar dos riscos, identificando fatores

humanos e análise do desempenho das barreiras de segurança em atividade

operacionais em redes de distribuição de energia elétrica, através da análise de

registros de quase acidentes, com base em metodologias de análises de acidentes e

quase acidentes, existentes na literatura.

Page 20: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

16

1.2 Objetivos Específicos

Os objetivos específicos do trabalho são:

a) Analisar metodologias existentes na literatura aplicadas na análise de

acidentes e quase acidentes;

b) Aplicar um método para análise de quase acidentes ocorridos em

atividades operacionais em redes distribuição de energia elétrica, visando

a identificação dos fatores humanos, efetividade da análise preliminar dos

riscos e do desempenho das barreiras de segurança;

c) Analisar os resultados e identificar oportunidades de melhoria do

desempenho da segurança em atividades operacionais em redes de

distribuição de energia elétrica.

1.3 JUSTIFICATIVA

Segundo (SAURIN; FAMÁ; FORMOSO, 2013) um quase acidente não é

necessariamente um evento de maior relevância, para fins preventivos, do que outros,

tais como acidentes de pequena gravidade ou condições inseguras, porém os quase

acidentes, ou incidentes, representam um tipo de ocorrência mais comum que os

acidentes, sendo um indicativo da probabilidade da ocorrência de um acidente. O

conceito de quase acidente, utilizado neste trabalho pode ser definido conforme:

a) Evento não planejado, ocorrido por uma falha durante a execução de uma

atividade resultando em uma situação de risco de acidente;

b) Identificação de uma situação de risco, na etapa inicial da atividade,

impossibilitando a execução da atividade da maneira previamente

planejada.

Alguns quase acidentes, ocorridos em redes de distribuição de energia

elétrica, ocorrem e retornam a acontecer em função dos mesmos fatores e causas

(GOBER, 2014). Entender os fatores que influenciam o desempenho da segurança é

um ponto de partida para melhorá-lo, visando a diminuição dos acidentes de trabalho,

onde pesquisas recentes têm focado os antecedentes (SAMPSON; DEARMOND;

CHEN, 2014).

Page 21: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

17

A suposição que os colaboradores possuem conhecimento e habilidades para

identificar com sucesso não só os perigos óbvios, mas também os emergentes e

ocultos é um ponto fraco no gerenciamento de risco (BAHN, 2013). Segundo GOBER

(2014) em mais de 65% dos quase acidentes ocorridos na atividade de manutenção

de redes de distribuição de energia elétrica, não houve a identificação do perigo

previamente, onde em 81% dos registros analisados havia a possibilidade de

identificação de maneira prévia, através da APR, de acordo com as informações

destes registros. Considerando estes fatores, evidencia-se a necessidade da melhoria

no procedimento de identificação dos perigos de maneira prévia.

Em alguns casos estes eventos, tiveram consequências mais graves e

passaram de uma situação de “quase” para acidente (GOBER, 2014). Uma análise

mais profunda dos quase acidentes, pode ser utilizada como ferramenta para avaliar

as falhas nas barreiras de segurança e os perigos envolvidos em atividades em redes

de distribuição de energia elétrica, podendo prevenir a ocorrência de acidentes.

O estudo de caso, será desenvolvido em uma empresa classificada com o

código 35.14-0, conforme a Classificação Nacional de Atividades Econômicas

(CNAE), que corresponde à atividade de distribuição de energia elétrica com grau de

risco de nível 3 de acordo com critérios definidos na NR nº4. Nesta empresa, existem

padrões para execução de cada atividade em redes de distribuição de energia elétrica,

conforme critério estabelecido na NR nº10, porém uma mesma atividade possui

situações de perigos distintas, algumas destas são peculiares para uma mesma tarefa

em função de variáveis tais como: ambiente; condição climática; idade dos

componentes da estrutura; tipo de materiais da estrutura; dentre outros fatores

(GOBER, 2014). Estas situações em muitos casos não estão explícitas no padrão da

atividade. O mapeamento dos riscos considerando, gravidade e frequência em fatores

semelhantes permite a identificação de melhorias nos processos de avaliação de

riscos (AZADEH-FARD et al., 2015). O estudo sobre o processo de identificação dos

perigos no local de trabalho tem grande importância na compreensão das

necessidades de formação voltada para segurança do trabalho, sendo um dos pontos

problemáticos, a percepção do perigo, sob a ótica de indivíduos distintos que são

influenciados, de maneira positiva por experiências individuais (BAHN, 2013).

A prática adotada na empresa em estudo mostra que os acidentes ocorridos

são analisados através do método de árvore de causas por um grupo de trabalho que

Page 22: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

18

faz parte da Comissão Interna de Prevenção de Acidente (CIPA), identificando os

fatores, causas e recomendações de bloqueios. Não há metodologia para análise dos

quase acidentes, os quais. são analisados em reuniões setoriais de segurança, de

maneira individual sem metodologia definida e não existe um agrupamento para

compilação dos dados para uma análise mais profunda. Este trabalho irá contribuir

para o preenchimento desta lacuna, aplicação de metodologia na análise agrupada

destes quase acidentes, visando identificar fatores positivos e negativos na gestão da

segurança do trabalho, sendo de grande relevância ao setor de distribuição de energia

elétrica, justificando o seu desenvolvimento.

1.4 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

Com o intuito de alcançar os objetivos propostos, o presente trabalho está

dividido em 5 capítulos.

No primeiro capítulo, foram apresentadas o contexto, justificativa e os

objetivos.

No capítulo 2 é apresentada uma descrição da bibliográfia existente, sobre a

utilização de quase acidentes nos sistemas de gestão de segurança, contemplando a

legislação sobre a segurança e saúde no trabalho aplicada no setor de distribuição de

energia elétrica, acidentes ocorridos neste setor, metodologias utilizadas na análise

de acidentes e a utilização de registro de quase acidentes como ferramenta pró ativa

na gestão de segurança e saúde do trabalho.

No capítulo 3 são apresentados os materiais e métodos empregados no

desenvolvimento da pesquisa explicando os procedimentos para coleta e análise dos

dados.

No capítulo 4 são apresentados os resultados e as respectivas análises e

discussões da metodologia aplicada.

No capítulo 5 são descritas as conclusões e as sugestões de trabalhos futuros.

Page 23: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

19

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 ASPECTOS GERAIS

A melhoria no desempenho da gestão de segurança e saúde do trabalho, no

segmento de distribuição de energia elétrica é uma necessidade que tem desafiado

seus lideres e gestores, sendo objeto de estudos no meio cientifíco, cada qual com

sua valiosa contribuição. O conhecimento já produzido proporciona a oportunidade de

identificar melhorias para o aumento da segurança dos trabalhadores deste setor

econômico. Neste contexto visualiza-se um terreno fértil, a necessidade desta

melhoria, um banco de dados com um grande números de registros de quase

acidentes, com informações que permitem identificar pontos fortes e eventuais

fragilidades através da aplicação de conceitos presentes em estudos anteriores, em

outros segmentos, agregando valor a este.

O presente capítulo aborda os princípios básicos sobre o tema, tais como a

legistação pertinente a Segurança e Saúde do Trabalho (SST), principais aspectos

das Normas Regulamentadoras, indicadores de desempenho e os números de

acidentes de trabalho deste setor. São exploradas as principais metodologias de

análise de acidentes e a revisão da literatura sobre a utilização de registros de quase

acidentes aplicado como ferramenta para melhoria do desempenho da gestão de SST

as quais serão utilizadas como base para aplicação da metodologia proposta por este

trabalho.

2.2 NORMAS REGULAMENTADORAS

Na hierarquia em SST, esta à nossa Constituição Federal (CF) no topo da

pirâmide, referenciada no art. 7º,que estabelece os direitos dos traballhadores

urbanos e rurais , mais precisamente no inciso XXII, que versa sobre a redução dos

riscos inerentes ao tabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança. Na

hierarquia, conforme demostra a figura 1, está presente a Consolidação das Leis do

Trabalho (CLT) , através da Lei de número 6.514 de 22 de dezembro de 1977 que

altera o Capítulo V do Titulo II da Consolidação das Leis do Trabalho, relativo a

Page 24: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

20

segurança e medicina do trabalho e dá outras providências, através das normas

regulamentadoras , aprovadas conforme portaria 3.3.214/78.

FIGURA 1 - HIERARQUIA SST

Fonte: Autor, 2019.

As Normas Regulamentadoras, enquadradas na pirâmide como normas

técnicas, são mais abrangentes e remetem, em alguns casos, a outras normas

nacionais e internacionais, como por exemplo, a Associação Brasileira de Normas

Técnicas (ABNT). O Quadro 1 apresenta os tópicos das principais normas

regulamentadoras que estão relacionadas às atividades em redes de distribuição de

energia elétrica.

QUADRO 1 - PRINCIPAIS NORMAS REGULAMENTADORAS RELACIONADAS COM O SETOR DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

NR Assunto Comentário

4 Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho -SESMT

Estabelece a organização e dimensionamento do SESMT, com a finalidade de promover a saúde e proteger a integridade do trabalhador no local do trabalho.

5 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA

Representantes do empregador e empregados se reúnem com o objetivo de promover a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatível permanentemente o trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador.

CF

CLT

Decretos

Portarias

Normas Técnicas

Normas Internas

Page 25: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

21

Continuação - Quadro 1 NR Assunto Comentário

6 Equipamento de Proteção Individual

Estabelece as regras para fabricação, importação, utilização e ensaio de EPI, define responsabilidades para o empregador e empregados, bem como requisitos para restauração, lavagem e higienização de EPI.

7 Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional - PCMSO

Programa que trata de ações que visam à promoção de saúde e prevenção de doenças, além de tornar obrigatórios os exames médicos nas empresas.

9 Programa de Prevenção de Riscos Ambientais

Programa que visa à preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, através da antecipação, reconhecimento, avaliação e consequente controle da ocorrência de riscos ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho, tendo em consideração a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais.

10 Segurança em instalações e serviços em eletricidade.

Objetiva a implementação de medidas de controle e sistemas preventivos, a fim de garantir a segurança e saúde dos trabalhadores que, direta ou indiretamente, interajam em instalações elétricas e serviços com eletricidade.

12 Segurança no trabalho em máquinas e equipamentos

Define referências técnicas, princípios fundamentais e medidas de proteção para garantir a saúde e a integridade física dos trabalhadores e estabelece requisitos mínimos para a preservação de acidentes e doenças do trabalho nas fases de projeto e de utilização de máquinas e equipamentos de todos os tipos, e ainda à sua fabricação, importação, comercialização, exposição e cessão a qualquer título, em todas as atividades econômicas, sem prejuízo da observância do disposto nas demais Normas Regulamentadoras.

17 Ergonomia

Estabelece parâmetros que permitem a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, a fim de proporcionar-lhes o máximo conforto e segurança, além de condições de um desempenho eficiente.

33 Espaço confinado

Estabelece os requisitos mínimos para identificação de espaços confinados e o reconhecimento, avaliação, monitoramento e controle dos riscos existentes, de forma a garantir permanentemente a segurança e saúde dos trabalhadores que interagem direta ou indiretamente nestes espaços.

35 Trabalho em altura

Esta norma estabelece os requisitos mínimos e as medidas de proteção para o trabalho em altura, envolvendo o planejamento, a organização e a execução, de forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores envolvidos direta ou indiretamente com esta atividade.

Fonte: Adaptado Campos, 2013.

No setor elétrico, a NR nº10 é a mais expressiva e abrange todo o setor de

energia elétrica, desde a geração de energia elétrica até as etapas de projeto que

envolvam instalações elétricas e suas proximidades. A NR nº10 foi regulamentada em

1978 e teve sua atualização publicada no ano de 2004 com alterações significativas

visando adequação as mudanças no cenário energético no Brasil, impondo a

Page 26: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

22

obrigatoriedade de se planejar todas as fases do trabalho, visando uma maior

efetividade na segurança do trabalho neste segmento. As medidas de controle

prevista nesta NR, devem integrar-se às demais iniciativas da empresa. Destacam-se

as principias obrigações previstas nesta norma (NR 10, 2004):

• Os trabalhos na rede só podem ocorrer caso seja emitida ordem de

serviço específica para data e local, assinada por superior responsável

pela área;

• Todos os trabalhadores que interagem com as instalações elétricas

energizadas ou não energizadas devem receber treinamento de

segurança para trabalhos com instalações elétricas energizadas, com

currículo mínimo e carga horária estabelecida pela norma;

• A execução de serviços em instalações elétricas deve ser planejada e

realizada em conformidade com procedimentos de trabalho específicos,

padronizados, com descrição detalhada de cada tarefa, passo a passo,

assinados por profissional habilitado;

• Toda equipe deverá ter um de seus trabalhadores indicado e em

condições de exercer a supervisão e condução dos trabalhos;

• A alternância de atividades deve considerar a análise de riscos das tarefas

e a competência dos trabalhadores envolvidos, de forma a garantir a

segurança e a saúde no trabalho;

• A execução dos trabalhos deve ser precedida por APR;

• Obrigatoriedade de acompanhamento quando da realização de trabalhos

em instalações energizadas com alta tensão e todas aquelas

desenvolvidas no Sistema Elétrico de Potência (SEP).

A norma apresenta como a principal medida de proteção coletiva a

desenergização elétrica. Uma rede, somente é considerada desenergizada, quando

são seguidas as etapas conforme segue NR 10 (2004):

a) seccionamento;

b) impedimento de reenergização;

c) constatação da ausência de tensão;

d) instalação de aterramento temporário com equipotencialização dos

condutores dos circuitos;

Page 27: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

23

e) proteção dos elementos energizados existentes na zona controlada;

f) instalação da sinalização de impedimento de reenergização.

Em sua disposição final, a norma ratifica o direito de recusa ao trabalhador,

previsto no artigo 13º da Convenção 155 da OIT e promulgada pelo Decreto 1.254 de

29 de setembro de 1994 (MTE, 2010). O ato de recusar-se a expor sua saúde e

integridade física está condicionada a comunicar de imediato ao responsável pelos

serviços. Além de responsabilizar e envolver o superior, promove a análise da

realidade existente, possibilitando orientações e esclarecimento de dúvidas e pontos

controversos. Algumas normas regulamentadoras remetem a normas ABNT NBR, a

exemplo da NR nº10 e NR nº17 que citam em seus textos a ABNT NBR 5410,

conforme é exemplificado no quadro 2, que apresenta as principais normas ABNT

NBR, relacionadas com redes de distribuição de energia elétrica.

QUADRO 2 - PRINCIPAIS NORMAS ABNT NBR RELACIONADAS DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

ABNT NBR Objetivo

NBR 15992 - Redes de distribuição aérea de energia elétrica com cabos cobertos fixados em espaçadores para tensões até 36,2 kV

Padroniza as estruturas para redes trifásicas de distribuição aérea de energia elétrica com cabos cobertos fixados em espaçadores para tensões até 36,2 kV

NBR 15688 - Redes de distribuição aérea de energia elétrica com condutores nus

Padroniza as estruturas para redes de distribuição aérea com condutores nus de sistemas monofásicos e trifásicos de baixa e média tensão até 36,2 kV

NBR 5410 - Instalações elétricas de baixa tensão

Estabelece as condições a que devem satisfazer as instalações elétricas de baixa tensão, a fim de garantir a segurança de pessoas e animais, o funcionamento adequado da instalação e a conservação dos bens. Aplica-se principalmente às instalações elétricas de edificações, qualquer que seja seu uso (residencial, comercial, público, industrial, de serviços, agropecuário, hortigranjeiro), incluindo as pré-fabricadas.

NBR 15214 - Rede de distribuição de energia elétrica - Compartilhamento de infraestrutura com redes de telecomunicações

Estabelece os requisitos e condições técnicas mínimas para compartilhamento de infraestrutura das redes de distribuição aérea e subterrânea de energia elétrica, nas tensões nominais até 34,5 kV, com redes de telecomunicações.

NBR 14039 - Instalações elétricas de média tensão de 1,0 kV a 36,2 kV.

Estabelece um sistema para projeto execução de instalações elétricas de média tensão, de modo a garantir segurança e continuidade de serviço.

ABNT NBR 15751 Sistemas de aterramento de subestações - Requisitos.

Especifica os requisitos para dimensionamento do sistema de aterramento de subestações de energia elétrica, acima de 1 kV, quando sujeitos a solicitações em frequência industrial.

Fonte: O Autor, 2019.

Page 28: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

24

Respeitando hierarquia SST, as empresas desenvolvem normas internas.

A NR nº10 no item 10.11, estabelece que sejam elaborados procedimentos e

instruções técnicas e administrativas de segurança e saúde com a descrição das

medidas de controles existentes, contento as etapas do trabalho, responsabilidades,

observações quanto aos riscos existentes e as medidas de proteção a serem

observadas. Atendendo a estes requisitos estabelecidos , a empresa objeto de estudo,

desenvolveu um conjunto de documentos denominados, Gestão de Segurança e

Saúde no Trabalho (GSST) que são específicos e padronizados para cada tarefa,

contendo instruções passo a passo com a sequência lógica de sua execução, seu

objetivo, campo de aplicação, base técnica, competências, responsabilidades,

medidas de controle, disposições gerais e orientações finais, conforme apresenta o

quadro 3.

QUADRO 3 - PADRÕES DE TAREFAS EMPRESA OBJETO DE ESTUDO- GSST

Grupo de Tarefas - Padrão GSST

Segmento

1000- Preliminares

1-100 Preliminares de Rede Aérea 1-200 Preliminares em Rede Subterrânea 1-300 Preliminares em Subestações 1-400 Preliminares em Manutenção de LT 1-500 Preliminares para Tarefas Insulares 1-600 Preliminares para Construção de Linhas de Distribuição - AT

2000-Serviços 2-100 Serviços Comerciais 2-200 Serviços Emergenciais

3000-Medição 3-100 Medição

4000-Operação

4-100 Operação de Equipamentos de Rede 4-200 Operação de Redes Subterrâneas 4-300 Operação de Subestação MT 4-400 Operação de Subestação AT

5000-Manutenção

5-100 Manutenção e Construção de Redes com Linha Morta 5-200 Manutenção e Construção de Redes com Linha Viva 5-300 Manutenção Eletromecânica em Subestações com Linha Morta 5-400 Manutenção Eletromecânica em Subestações com Linha Viva 5-500 Manutenção e Construção de Redes Subterrâneas 5-600 Tarefas Insulares 5-700 Manutenção Eletroeletrônica 5-800 Manutenção em LT com Linha Morta 5-900 Manutenção em LT com Linha Viva

6000- Manutenção e construção de linhas e subestações

6-400 Construção de Linhas de Distribuição AT com LV 6-500 Construção Eletromecânica em Subestações

7000- Tarefas insulares e fotovoltaicos

7-100 Tarefas Insulares 7-200 Manutenção e Construção de Sistemas Fotovoltaicos

Fonte: Autor, com dados da Empresa objeto de estudo, 2019.

Page 29: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

25

Estes procedimentos constituem um conjunto de documentos técnico legal

interno, de relevante importância e responsabilidade, que devem ser adequados,

atualizados, assimilados e práticos de maneira a garantir o trabalho seguro e

saudável, por todos empregados próprios e terceirizados da empresa.

Um novo cenário, surgiu nos últimos anos com o aumento de ligações de

consumidores que possuem sistemas de microgeração. Visando a adequação dos

procedimentos de segurança, a concessionária objeto de estudo, elaborou

documentos internos para garantir a segurança das equipes operacionais diante dos

perigos emergentes destes sistemas. Na fase de projeto, os requisitos são

estabelecidos para pela NTC 905100, que versa sobre o acesso de geração

distribuída ao sistema da Copel. Para as atividades operacionais, foi estabelecido um

procedimento operacional, dentro do grupo de tarefas 2100 - Serviços comerciais,

contemplando a vistoria e ativação de microgeração distribuída fotovoltaica, com

medição direta até 100 Àmperes, através da tarefa padronizada 2-154. Um perigo

emergente que pode surgir, nestes sistemas se refere energização acidental, de redes

desenergizada, em decorrência de falhas de equipamentos que compõem estes

sistemas. Para este tipo de perigo, emergente, a barreira que garante a segurança

das equipes operacionais está condicionada a execução das tarefas do grupo 1100 -

Tarefas Preliminares de rede de distribuição aérea, referente ao teste de ausência de

tensão e da instalação do conjunto de aterramento temporário, tarefas 1-108 e 1-116

respectivamente.

2.3 INDICADORES ANEEL

De todos os segmentos da infra-estrutura, energia elétrica é o serviço mais

universalizado (ALVES DE SANTANA et al., 2008), estando presente em 99,8% dos

domicílios brasileiros (ABRADEE, 2019) e o percentual não atendidos estão

diretamente relacionadas à sua localização e às dificuldades físicas ou econômicas

para extensão da rede elétrica. Cada uma das cinco regiões geográficas em que se

divide o Brasil - Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste e Norte - tem características

bastante peculiares e diferenciadas das demais que determinaram a maior ou menor

facilidade de acesso da população local à rede elétrica (ALVES DE SANTANA et al.,

2008). As características das redes de distribuição de energia elétrica, somados a

Page 30: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

26

outros fatores corroboram com os elevados números de acidentes, neste setor

econômico. O Brasil possui 105 distribuidoras de energia elétrica, sendo 54

concessionárias e 38 permissionárias, além de 13 cooperativas de eletrização rural.

As 10 maiores concessionárias são responsáveis pelo fornecimento de energia

elétrica para 55% das unidades consumidoras do país, conforme apresenta o gráfico

1 (ANEEL, 2019).

GRÁFICO 1 - AS DEZ MAIORES CONCESSIONÁRIAS -POR UNIDADE CONSUMIDORA

Fonte: Autor com dados dos indicadores ANEEL (2019).

Visando acompanhar a gestão da segurança do trabalho das distribuidoras de

energia elétrica, a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), estabeleceu 6

indicadores que resumem os acidentes e às fatalidades relacionadas à gestão da

segurança do trabalho na distribuidora, que também sinaliza o nível de risco

relacionados aos ativos da distribuição de energia elétrica, que a população está

exposta, sendo:

• Taxa de gravidade e frequência de acidentes do trabalho;

• Número de mortes decorrentes de acidentes do trabalho (funcionários

próprios e terceirizados);

DEMAIS EMPRESAS45%

CEMIG10%

ELETROPAULO 8%

COELBA 7%

COPEL5%

CPFL5%

LIGHT 5%

CELPE 4%

ENEL CE 4%

CELG4%

CELESC3%

Page 31: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

27

• Número de acidentes com terceiros envolvendo a rede elétrica e demais

instalações; e

• Número de mortes decorrentes de acidentes com terceiros envolvendo a

rede elétrica.

A formulação das duas taxas (TXGRAC e TXFQAC) são baseadas na NBR 14280

(ABNT, 2001). A taxa de gravidade visa a exprimir, em relação a um milhão de horas-

homem de exposição ao risco, os dias perdidos por todos os acidentados vítimas de

incapacidade temporária total, mais os dias debitados relativos aos casos de morte ou

incapacidade permanente, em determinado período, conforme equação (1):

TXGRAV = T * 1.000.000 (1) H

onde:

TXGRAC - Tempo computado por milhão de horas-homem de exposição ao

risco, em determinado período.;

T - Tempo computado (dias perdidos ou dias debitados);

H - Horas-homem de exposição ao risco.

A taxa de freqüência de acidentes consiste no número de acidentes por milhão de

horas-homem de exposição ao risco, em determinado período conforme equação (2):

TXFQAC = N * 1.000.000 (2) H

onde:

TXFQAC - Número de acidentados com lesão com afastamento por milhão

de horas-homem de exposição ao risco, em determinado período

N - Número de acidentes;

H - Horas-homem de exposição ao risco.

O gráfico 2, apresenta a taxa de gravidade da empresa objeto de estudo, entre os

anos de 2015 a 2017 e a média entre as 10 maiores concessionárias, neste periódo.

Page 32: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

28

GRÁFICO 2 - TAXA DE GRAVIDADE ACIDENTES EMPRESA OBJETO DE ESTUDO

Fonte: Autor com dados dos indicadores ANEEL (2019).

A taxa de gravidade média entre 2015 a 2017, na empresa objeto de estudo, foi de

215. O ano de 2016 apresentou o pior desempenho, com uma taxa de gravidade

média de 247,9. O melhor desempenho, ocorreu no ano de 2015, com uma taxa de

gravidade média de 153,8 . A taxa de gravidade é uma ferramenta que permite a

avaliação da eficácia da gestão da segurança do trabalho, pois relaciona o número de

horas trabalhadas (homem-hora de exposição ao risco) com o números de dias

perdidos ou debitados, em decorrência de acidentes do trabalho. Caso o acidente

resulte em conseguências mais graves, como morte ou incapacidade permanente a

norma NBR 14280 (ABNT, 2001) indica a quantidade dias a debitar de ocordo com o

tipo de lesão. No caso de morte são debitados 6.000 dias para o cálcuo da taxa de

gravidade. O gráfico 3, apresenta a taxa de frequencia de acidentes da empresa objeto

de estudo, entre os anos de 2015 a 2017.

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

2015 12 55 82 128 199 310 215 242 229 266 220 223

2016 61 156 181 216 268 234 334 341 376 358 226 224

2017 87 212 200 245 330 321 252 179 116 154 188 285

Média -MaioresDistribuidoras

524 780 861 416 479 667 395 552 246 823 581 804

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000T

XG

RA

V -

Te

mpo c

om

puta

do p

or

milh

ão d

e h

ora

s-h

om

em

de

exposiç

ão a

o r

isco

Page 33: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

29

GRÁFICO 3 - TAXA DE FREQUENCIA ACIDENTES EMPRESA OBJETO DE ESTUDO

Fonte: Autor com dados dos indicadores ANEEL (2019).

A taxa de frequência média entre 2015 a 2017, na empresa objeto de estudo, foi de

10,2. O pior desempenho ocorreu no ano de 2016, ficando 51% acima da média deste

periodo com uma taxa de frequencia média de 15,41. O melhor desempenho, ocorreu

no ano de 2015, com uma taxa de frequencia média de 5,95 .O gráfico 4 apresenta a

taxa de gravidade e taxa de frequência do ano de 2017, das concessionárias de

energia elétrica com maoir quantidade de consumidores.

GRÁFICO 4 - TAXA DE GRAVIDADE E FREQUÊNCIA ANO 2017 - MAIORES CONCESSIONÁRIAS

Fonte: Autor com dados dos indicadores ANEEL (2019).

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

2015 1,2 6,4 7,2 7,8 7,7 6,5 5,2 8,5 5,3 5,1 6,3 4,5

2016 15,2 18,8 18,6 22,7 10,1 21,7 6,1 16,8 18,4 13,7 10,3 12,5

2017 10,2 18,4 4,7 17,9 1,5 6,0 13,1 12,3 3,8 7,9 11,9 2,6

Média -MaioresDistribuidoras

5,2 6,2 5,7 5,5 41,3 5,7 6,1 5,4 5,5 4,8 4,9 3,9

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

40,0

45,0T

XF

QA

C -

Núm

ero

de a

cid

enta

dos c

om

le

são c

om

afa

sta

mento

por

milh

ão d

e

hora

s-h

om

em

de

exposiç

ão a

o r

isco

19299

1621

980

670

377433

1855

214

716

3,97

5,1

3,05

1,282,03

3,7

12,49

6

10,03

5,29

0

2

4

6

8

10

12

14

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000T

axa d

e F

requência

Taxa d

e G

ravid

ade

Tx Gravidade Tx Frequência

Page 34: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

30

O gráfico 5, apresenta o número de mortes decorrentes de acidentes do trabalho no

setor de distribuição de energia elétrica, entre 2009 a 2018, conforme informações

disponibilizadas pelas distribuidoras de energia elétrica, para a ANEEL.

GRÁFICO 5 - NÚMERO DE MORTES EM ACIDENTES DO TRABALHO - DISTRIBUIDORAS DE ENERGIA ELÉTRICA - BRASIL

Fonte: Autor com dados dos indicadores ANEEL (2019).

No ano de 2010, houve o aumento de 27% em relação ao ano anterior, no

números de mortes (funcionários próprios e terceiros) decorrentes de acidentes do

trabalho no setor de distribuição de energia elétrica, sendo o ano com maior

quantidade de óbitos entre 2009 a 2018.

O ano de 2016, apresentou um dos menores números de mortes, desde 2009,

com 31 registros, representando um decrécimo de 61% em relação ao ano de 2010.

No ano seguinte, 2017, esta tendência de melhora não se manteve, havendo

um aumento de de 48% no numero de mortes em relação ao ano anterior, com 46

registros. O ano de 2018 apresentou o melhor desempenho deste período, com 22

registros representando um decrécimo de 52% em relação ao anterior e de 72% em

relação ao ano de 2010.

Entre 2009 a 2018 o números de mortes de funcionários terceirizados

correspondem a 84% dos casos, equivalente a um caso de óbito de funcionário próprio

para cada 5 mortes de funcionários terceirizados (ANEEL, 2019).

48

19

812

711

49

6

58

71

58

51

41

5055

27

37

16

0

10

20

30

40

50

60

70

80

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018

Nº Mortes Prórprios Nº Mortes Terceiros

Page 35: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

31

Na empresa objeto de estudo, entre 2009 a 2017 ocorreram 29 mortes em

decorrência de acidentes de trabalho, dos quais 83% foram com empregados

terceirizados , seguindo a mesma proporção do cenário nacional de aproximadamente

5 mortes de funcionários terceirizados para cada morte de funcionário próprio,

conforme apresenta o gráfico 6.

GRÁFICO 6 - NÚMERO DE MORTES EM ACIDENTES DO TRABALHO - EMPRESA OBJETO DE ESTUDO

Fonte: Autor com dados dos indicadores ANEEL (2019).

No setor elétrico, a terceirização se acentuou ao longo da década de 1990

incentivadas pela transferência do controle acionário das empresas do setor público

para o privado (DIEESE ,2010).

Diversos estudos buscam revelar os fatores e causas para o maior número de

acidentes fatais entre os trabalhadores terceirizados. Estes estudos apontam que os

principais fatores estão relacionados: diminuição de salários; redução de benefícios

sociais; diminuição da qualificação da força de trabalho; jornadas de trabalho mais

extensas; piora das condições de saúde e de segurança no ambiente laboral; e ainda,

desorganização da representação sindical (DIEESE ,2010).

Os efeitos da terceirização sobre as condições de trabalho , os baixos salarios

e a grande rotatividade se refletem na baixa qualificação da mão de obra que

contribuiem para o aumento do número de acidentes do trabalho (JORGE, 2011).

Outra hipótese esta relacionada com a terceirização das atividades de maior risco,

0 0

3

1 1

0 0 0 0

5

6

3

1

3

1

4

1

00

1

2

3

4

5

6

7

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017

Nº Mortes Prórprios Nº Mortes Terceiros

Page 36: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

32

como manutenção e execução de obras, ficando a cargo da mão de obra própria,

atividades de acompanhamento e fiscalização (BRITO, 2017).

2.4 ACIDENTES NO SETOR DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

Em 2017, o segmento de distribuição de energia com 196,3 mil empregados,

foi responsável pelo fornecimento de energia elétrica para 82,7 milhões de

consumidores, gerando uma receita bruta de R$ 243 milhões de reais, com

participação de 3,7% no PIB do país (ABRADEE, 2019).

De acordo com dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) tratados

pelo Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho - SMARTLAB, entre 2012 a

2018 os setores econômicos da distribuição, geração e transmissão de energia

elétrica foram responsáveis por 18.133 Comunicações de Acidentes de Trabalho

(CAT), considerado o universo de trabalhadores com vínculo de emprego a nível de

Brasil, dos quais 58% ocorreram no setor de distribuição de energia elétrica, conforme

apresenta o gráfico 7. O setor econômico de obras para geração e distribuição de

energia elétrica e para telecomunicações foi responsável por 32.844 notificações de

acidentes de trabalho, neste período.

GRÁFICO 7 - CAT - SETORES DISTRIBUIÇÃO, TRANSMISSÃO E GERAÇÃO DE ENERIGA ELÉTRICA

Fonte: Autor com dados Observatório Digital de Saúde e Segurança no Trabalho (MPT-OIT): 2018.

Distribuição de energia elétrica

58%

Geração de energia elétrica;

31%

Transmissão de energia elétrica11%

Page 37: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

33

Neste período foram registrados, 424 mortes , nos setores econômicos de

distribuição, transmissão, geração de energia elétrica e de obras para a geração e

distribuição de energia elétrica e para telecomunicações. O setor de obras para a

geração e distribuição de energia elétrica e para telecomunicações, ficou na 5º

posição, em relação a mortes em decorrência de acidentes do trabalho, entre todos

os setores econômicos do Brasil com 292 óbitos, conforme apresenta o gráfico 8.

GRÁFICO 8 - COMUNICAÇÕES DE ACIDENTE DE TRABALHO -COM ÓBITO

Fonte: Autor com dados Observatório Digital de Saúde e Segurança no Trabalho (MPT-OIT): 2018.

1.725

695

297 297 292 267 263 252 225 220

0

200

400

600

800

1.000

1.200

1.400

1.600

1.800

2.000

de M

ort

es e

ntr

e 2

012 a

2018

Setor Econômico

CAT com óbito

Page 38: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

34

No setor de distribuição de energia elétrica, ocorreram 64 mortes, neste

período das quais a maior quantidade esta relacionada com atividades operacionais,

conforme apresenta o gráfico 9 .

GRÁFICO 9 - CAT COM ÓBITO - OCUPAÇÕES SETOR DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

Fonte: Autor com dados Observatório Digital de Saúde e Segurança no Trabalho (MPT-OIT): 2018.

As atividade operacionais, (eletricistas e instaladores) estão expostas a riscos

e perigos relacionados a energia elétrica, trabalho em altura e demais fatores ligados

ao ambiente externo, local de serviços desta funções, corroborando com a maior

quantidade de óbitos em comparação as demais funções nas quais estes perigos e

riscos são mínimos ou nulos.

Neste mesmo período, o setor econômico da distribuição de energia elétrica,

também registrou a maior quantidades de benefícios acidentários concedido aos

trabalhadores que ficaram afastados de suas atividades laborativas, por mais de 15

dias, em função de algum tipo de acidente de trabalho ou doença ocupacional em

comparação com os setores de transmissão e geração de energia elétrica, com 10.549

casos que representa 59% dos registro, dos quais a maior quantidade também esta

relacionada com atividades operacionais, conforme apresenta o gráfico 10.

26

12

54

3 3

11

0

5

10

15

20

25

30

Instalador delinhas elétricas

AT e BT

Eletricista demanutenção delinhas elétricas

Técnicoeletricista

Leiturista Eletrotécnico Eletricista deinstalações

Outros

de C

AT

com

óbito e

ntr

e2012 a

2018

Ocupação

CAT - ÓBITO - SETOR DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

Page 39: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

35

GRÁFICO 10 - BENEFÍCIOS CONCEDIDOS - ACIDENTES DO TRABALHO OU DOENÇAS OCUPACIONAIS - SETOR DISTRIBUIÇÃO DE ENERIGA ELÉTRICA

FONTE: AUTOR COM DADOS OBSERVATÓRIO DIGITAL DE SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO (MPT-OIT): 2018.

Segundo dados da OIT, no ano de 2011 o Brasil ficou na 4º posição

considerando lesões ocupacionais fatais a cada 100.000 trabalhadores, nas

atividades econômicas relacionadas ao fornecimento de eletricidade, água e gás,

conforme apresenta o gráfico 11. Estes dados, gerado pela OIT, são extraídos de

fontes oficiais dos países analisados. O desempenho do Brasil, foi melhor apenas em

relação aos países do Egito, Zimbábue e China (Hong Kong), demostrando a

2.029

1.678

1.147

683

671

470

447

417

205

176

139

124

113

2250

0 500 1.000 1.500 2.000 2.500

Instalador de linhas elétricas AT/BT

Eletricista de manutenção

Assistente administrativo

Leiturista

Auxiliar de escritório

Técnico eletricista

Operador de telemarketing receptivo

Eletrotécnico

Técnico em administração

Administrador

Engenheiro eletricista

Operador de quadro de distribuição

Eletricista de instalações

Outros

Benefícios acidentários entre 2012 a 2018

Ocu

pa

çã

o

Page 40: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

36

necessidade da melhoria da gestão de segurança do trabalho, destas atividades

econômicas.

GRÁFICO 11 - LESÕES OCUPACIONAIS FATAIS POR 100.000 TRABALHADORES - PAÍSES

FONTE: AUTOR COM DADOS DA OIT( HTTPS://ILOSTAT.ILO.ORG/DATA/), 2019.

86,4

54,4

37

27,2

18,3

17,8

16,9

14,6

13,6

13,4

11,2

8,3

8

6,9

6,6

6,2

6

5,8

5,3

4,3

4,2

2,6

2,6

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Egito - (Pesquisa de estabelecimento)

Zimbábue - (Registros da Seguridade Social Nacional)

China - Hong Kong (Registros da inspeção do trabalho)

Brasil - (Registros de seguros)

Filipinas - (Pesquisa Integrada)

Dinamarca - (Registro de acidentes relatados notrabalho)

Letônia - (Relatório da Inspeção do Trabalho Stata sobreas atividades)

França - (Fundo Nacional de Seguro Saúde paraarquivos de trabalhadores assalariados)

Colômbia - (Registros do Ministério da Saúde e ProteçãoSocial)

Peru - (Relatórios da Instituição de Seguro Social)

Hungria - (Registros da inspeção do trabalho)

Suíça - (Arquivos de seguro obrigatório contra acidentesda LAA)

Malásia - (Registros de seguros)

Federação Russa - (Pesquisa dos empregados porocupação)

Bielorrússia - (Pesquisa de estabelecimento)

Polônia - (Ficha estatística sobre acidente de trabalho)

Croácia - (Instituto Croata de Saúde Pública)

Ucrânia - (Relatório sobre lesões ocupacionais)

Bulgária - (Registros de seguros)

Canadá - (Programa Nacional de Estatísticas de Lesõesno Trabalho)

Estados Unidos - (Censo de Lesões OcupacionaisFatais)

Espanha - (Acidentes de Trabalho)

Romênia - (Formulário para registro de acidentes detrabalho)

Lesões ocupacionais fatais por 100.000 trabalhadores - Atividades econômicas de eletricidade, água e gás

País

-F

onte

de d

ados

Page 41: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

37

2.5 QUASE ACIDENTES

No ano de 1926, Herbert William Heinrich, desenvolveu um estudo

relacionado a proporção de gravidades entre acidentes de trabalho onde constatou a

seguinte proporção: uma lesão incapacitante para vinte e nove lesões leves e

trezentos acidentes sem lesão, ficando conhecida como a pirâmide de Heinrich,

conforme figura 2 (NAVARRO, 2015).

FIGURA 2 - PIRÂMIDE DE HEINRICH

FONTE: Autor, adaptado de Navarro (2015).

Nesta mesma linha, no ano de 1966, Frank Bird Jr, buscou relacionar

quantitativamente o número de ocorrências de eventos sem consequências com

danos pessoais ou materiais, com os acidentes de maior gravidade. No ano de 1969

Bird, conclui um estudo ficando conhecido com Pirâmide de Bird, conforme apresenta

a figura 3.

1Lesão

Incapacitante

29

Lesão não Incapacitante

300

Sem Lesão

Page 42: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

38

FIGURA 3 - PIRÂMIDE DE BIRD

FONTE: Autor, adaptado de Navarro (2015).

A pirâmide de Bird é o resultado de uma análise completa de acidentes ocupacionais

desenvolvidas nos Estados Unidos da América, que se baseou em mais de 1.750.000

acidentes ocupacionais, que revelou a proporção de 1-10-30-600, de acidentes com

lesões graves, lesões leves, acidentes com dano a propriedade e quase acidentes

(NAVARRO, 2015). No final da década de 90, baseado nos estudos de Bird, a

empresa Dupont, com grande experiência na área de segurança do trabalho,

acrescentou mais um nível no conceito de Bird, conforme números apresentados na

figura 4. (NAVARRO, 2015).

FIGURA 4 - PIRÂMIDE DEFINIDA POR DU PONT

FONTE: Autor, adaptado de Navarro (2015).

1

Acidente

Grave

10

Acidente com Lesão Leve

30

Acidentes com Danos à Propriedade

600 Quase Acidentes

1

Grave

30

Acidente com Afastamento

300

Acidentes sem afastamento

3.000 Incidentes

30.000 Desvios

Page 43: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

39

Esses estudos revelam a importância de atuação na base da pirâmide,

considerando que estes são eventos mais comuns que eventos de maior gravidade.

Na literatura existe uma escassez de estudos sobre as características desses eventos

e de sua utilização na gestão de segurança (BORGES; TORRES; SAURIN, 1997), ao

mesmo tempo que têm uma longa história como prática importante para a prevenção

de acidentes, em vários setores da indústria e mais recentemente em setores de

transporte ferroviário e na medicina (VAN DER SCHAAF; KANSE, 2004).

Este trabalho, irá contribuir com o estudo de quase acidentes no setor de

distribuição de energia elétrica, que apresenta elevados números de acidentes do

trabalho e observa-se uma lacuna sobre estudos de quase acidentes. A utilização das

informações presentes nos quase acidentes, para se tornar uma amostra

representativa de eventos de maior gravidade continua a ser objeto de estudo de

pesquisadores (VAN DER SCHAAF; KANSE, 2004). Os quase acidentes constituem

uma das mais relevantes, informações proativa na gestão da segurança (CAMBRAIA;

FORMOSO; SAURIN, 2005). Os fatores para o sucesso das informações de registros

de quase acidentes são (LUCAS, 1991):

• Natureza da informação registrada;

• A utilização destas informações no banco de dados; (estatísticas e

estratégias de redução do erro)

• Metodologias na análise dos dados;

• Política da organização quanto ao registro dos dados; (obrigatório,

voluntário, centralizado ou local);

• Aceitação do esquema pelos colaboradores.

O registro de quase acidentes, estão condicionados aos indivíduos em relatar

e registrar o ocorrido. As razões que contribuem para que não haja o registro de uma

situação caracterizada como quase acidente pode estar relacionada a quatro fatores

(VAN DER SCHAAF; KANSE, 2004):

• Medo de ação disciplinar;

• Aceitação do risco; (quase acidentes são parte do trabalho, não podem

ser evitados);

• Sem utilidade;

• Razões de ordem prática; (facilidade de registro).

Page 44: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

40

O objetivo do registro é a possibilidade de ações proativas de gestão de

segurança do trabalho, tendo como premissa a análise do que falhou e não de quem

errou. Alguns estudos têm investigado como os dados de quase acidentes devem ser

utilizados na gestão da segurança.

Em estudos no contexto da indústria química é proposto um conjunto de

quatro passos para a utilização de dados dos quase acidentes. A partir do registro

geralmente por meio de comunicação voluntária pelos empregados é realizado a

seleção de eventos úteis para a prevenção, de acordo com a qualidade e profundidade

da informação disponível, os quais são analisados utilizando técnicas de análise

qualitativa causal e classificados de acordo com análise das causas, gerando uma

análise estatísticas dos dados a fim de apoiar a gestão de tomada de decisão e na

última etapa é avaliado a eficácia das ações implementadas.(VAN DER SCHAAF;

KANSE, 2004).

As categorias dos quase acidentes podem ser relacionadas quanto a

rastreabilidade, sua natureza em termos de suas características físicas, retorno

positivo ou negativo para o sistema de gestão da segurança e quanto ao risco com

base na probabilidade e gravidade associada com cada evento. Os quase acidentes

podem ocorrer pela falha em alguma barreira do processo da gestão de segurança,

neste caso tendo um retorno negativo, que exigem ação imediata na gestão de

segurança, ou ocorrer pela atuação efetiva de uma barreira de segurança,

evidenciando um retorno positivo onde as razões para o sucesso devem ser

investigadas contemplando estratégias para a divulgação de boas práticas . Na União

Europeia, as indústrias químicas são obrigadas a comunicar tais eventos para

instituições reguladoras governamentais, com o objetivo de transferir a experiência de

aprendizagem para outras organizações (CAMBRAIA; SAURIN; FORMOSO, 2010).

Organizações que utilizam informações com objetivo de aprender com os

incidentes e quase acidentes de maneira continua são retratadas como um tipo

notável de organização, marcada por uma forte cultura organizacional na gestão da

segurança (LAPORTE; CONSOLINI, 1991).

Aprender com os quase acidentes é menos oneroso do que aprender com os

acidentes, avaliando e priorizando suas implicações de risco, identificando o seu

fracasso, gerando mecanismos para orientar intervenções e melhorias de segurança

(GNONI; SALEH, 2017).

Page 45: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

41

2.6 TEORIAS DE ANÁLISE DE ACIDENTES

Na década de 30, Herberth Willian Heinrich, começou por destacar o problema

dos acidentes a partir dos atos e/ou condições inseguras cometidos pelos

trabalhadores (Heinrich et al., 1980 apud MARTINS, 2017). Este conceito ainda

prevalece em análise de acidentes no Brasil, com forte conotação com o chamado

erro humano, relacionados a erros, lapsos, violações e não cumprimento de normas

(MARTINS, 2017).

Esta teoria, faz uma analogia com cinco pedras de dominó, alinhados,

representado um conjunto de condições inseguras em que cada pedra representa um

fator relacionado ao acidente (ambiente social, falhas individuais, planejamento

inadequado, equipamentos inseguros e ambiente perigoso). Um evento indesejado ou

inesperado dá origem a eventos subsequentes que resulta no acidente (RODRIGUES,

2016). Desta maneira, os acidentes são atribuídos a uma única causa, porém existem

outros fatores que contribuem que são desencadeados por uma primeira ocorrência

indesejada, conhecido como sistema linear de eventos (MARTINS, 2017).

No Brasil existe a predominância entre os profissionais ligados a segurança e

saúde do trabalhador, em atribuir as falhas dos operadores ou falhas relacionadas ao

desrespeito às normas ou a recomendações de segurança, como sendo causas

principais na ocorrência de acidentes, representado neste sistema pela terceira pedra

de dominó, conforme apresenta a figura 5 (BOTELHO, 2014). Esta afirmação em uma

análise superficial é verdadeira, porém devem ser avaliados os motivos pelos quais

os operadores comentem estas falhas, os quais podem estar relacionados a fatores

de gestão de responsabilidades das organizações.

FIGURA 5 - CINCO PEDRAS DE DOMINÓ - TEORIA DE HEINRICH

FONTE: Autor, adaptado de Botelho (2014).

Page 46: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

42

Nas décadas seguintes, após o estudo de Heinrich, continuaram a

aparecerem diversos estudos e metodologias mais elaborados e explicativos, no

entanto à fundamentação da ocorrência de acidentes do trabalho em grande parte são

baseadas na teoria de Heinrich (MARTINS, 2017). A análise de acidentes é uma das

ferramentas capazes de contribuir nesse processo de aprendizagem (ALMEIDA;

FILHO, 2009). A história da segurança do trabalho é rica em teorias que tentam

explicar a casualidade dos acidentes, conforme exemplos seguintes (CORREA;

CARDOSO JUNIOR, 2007):

• A teoria do evento único, explicada por um simples evento tendo uma

causa definida, onde a forma de prevenção consiste em encontrar esta

causa e solucioná-la;

• A teoria das ramificações, baseia-se no fato que um acidente pode ocorrer

de acordo a probabilidade se uma série de eventos ocorrer, conhecida

como árvore de falhas, onde os eventos são desencadeados a partir de

uma série da origem até o acidente;

• A teoria do processo, define que os acidentes são uma segmentação da

continuação de atividades, na qual a atividade é interrompida por um dano

não intencional;

• A teoria dos sintomas versus causas, onde os atos inseguros e condições

inseguras são sintomas que se encontram próximos às consequências e

não as causas raízes do acidente.

Na década de 90, uma abordagem voltada para fatores organizacionais

proposta pelo estudo de James Reason, se torna bastante difundida entre os

profissionais de segurança e saúde do trabalho (BOTELHO, 2014). Este modelo

considera que os fatores organizacionais, ilustrados na figura 6, são transmitidos pela

organização para o ambiente de trabalho estando ligados com o início do processo

dos acidentes, sendo (REASON, 1997):

• Fatores organizacionais: decisões estratégicas, processos

organizacionais genéricos - previsão, orçamento, alocação de recursos,

planejamento, programação, comunicação, gerenciamento, auditoria;

• Ambientes de trabalho, tais como: pressão de tempo excessiva,

ferramentas e equipamentos inadequados, deficiência da interface

Page 47: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

43

homem-máquina, treinamento insuficiente, subdimensionamento do

quadro de pessoal, baixos salários e reconhecimento profissional,

procedimentos de trabalho impraticáveis ou ambíguos, deficiência na

comunicação e outras.

FIGURA 6 - FATORES ORGANIZACIONAIS

FONTE: Adaptado de Reason (1997, p. 17).

Estes fatores locais contribuem para a ocorrência de violações e erros

humanos - denominados “atos inseguros” - cometidos por indivíduos ou equipes de

linha de frente.

REASON, (1997) propõem um modelo sistêmico de análise de acidentes

considerando que as falhas nas barreiras que bloqueiam o acidente ocorrem em

função dos seguintes fatores:

a) Falhas ativas: Ações imediatas cometidas pelos indivíduos que estão

em contato com o sistema;

b) Condições latentes: Patologias intrínsecas do sistema, que surgem em

função de fatores organizacionais e gerenciais.

Estes fatores criam buracos ou fraquezas nas barreiras dos acidentes, que

podem não incidir em acidentes de imediato, porém ao se combinarem (falhas ativas

e condições latentes) geram uma condição propícia para ocorrência do acidente. Este

Page 48: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

44

modelo sistémico é denominado “Queijo Suíço”, onde as barreiras para evitar o

acidente são comparadas, analogamente a fatias de queijos suíços onde os buracos

representam as falhas e fraqueza das barreiras, sendo que o acidente acontece

quando os buracos estão alinhados, ou seja, a combinação das falhas.

SHAPPELL E WIEGMANN, (2000) propõem um modelo de análise e

classificação dos erros humanos, baseado modelo sistémico “Queijo Suíço”, que são

divididos em duas categorias, erros e violações. Os erros estão relacionados a

atividades mentais e físicas e são divididos conforme segue: (CORREA; CARDOSO

JUNIOR, 2007):

a) Decisão: Relacionados ao procedimento;

b) Habilidades: Falta de atenção, memória ou técnica;

c) Percepção: Falha na identificação de um risco.

As violações, estão relacionadas ao não cumprimento dos procedimentos de

segurança, que são divididas em habituais e excepcionais.

BINDER, ALMEIDA, MONTEAU (1996) propõem uma sistemática para

investigação do acidente utilizando diagramas que consideram a interação dos

componentes da atividade, indivíduo, tarefa, material e o meio de trabalho, onde a

uma variação de maior ou menor intensidade na interação destes componentes

contribuem para o desencadeamento de um evento indesejado. Esse modelo,

conhecido como árvore de causas, associa orientações dos princípios de análise de

mudanças e de barreiras sendo uma das ferramentas de apoio a busca do

aprendizado organizacional que surge com a notificação e a análise de eventos

adversos ou circunstâncias indesejadas, como os acidentes, (ALMEIDA; FILHO,

2009). O método de árvore de causas consiste em uma investigação do acidente

através de diagramas, considerando a interação de quatro componentes da atividade

(indivíduo, tarefa, material e meio ambiente), definida como uma unidade de análise.

O acidente definido nesta metodologia é um processo iniciado por uma primeira

perturbação de um elemento do sistema, passando por uma cadeia de incidentes

intermediários, evoluindo até a lesão de um indivíduo (Binder, Almeida, Monteau,

1996).

Page 49: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

45

2.7 GERENCIAMENTO DE RISCOS

A finalidade do gerenciamento de risco é de auxiliar as organizações no

estabelecimento de estratégias com objetivo de proteger um valor. A NBR ISO 31000,

auxilia as organizações no estabelecimento de estratégias, no alcance de objetivos e

na tomada de decisões fundamentadas, sendo parte de todas as atividades

associadas com uma organização e inclui interação com as partes interessadas,

considerando os contextos externo e interno da organização, incluindo o

comportamento humano e os fatores culturais. O gerenciamento de risco baseia-se

nos princípios e processos conforme apresenta a figura 7.

FIGURA 7 - PRINCIPIOS GERENCIAMENTO DE RISCO

FONTE: ABNT NBR ISO 31000 NBRISO31000 Gestão de riscos - Diretrizes”, 2018.

A gestão de risco é parte integrante de todas as atividades organizacionais,

através de uma abordagem estruturada e abrangente na gestão de riscos. O

comportamento humano e a cultura influenciam significativamente todos os aspectos

da gestão de risco em cada nível estágio (“ABNT NBR ISO 31000 NBRISO31000

Gestão de riscos - Diretrizes”, 2018).

No contexto de atividades operacionais da distribuidora de energia elétrica, o

risco é definido como a exposição do trabalhador ao perigo durante a execução de

Page 50: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

46

sua tarefa. O conceito de risco é definido como '' a possibilidade de que algo

desagradável ou indesejado possa acontecer, expondo (alguém ou algo valorizado)

ao perigo, dano ou perda '' (NORDLÖF et al., 2015).

O gerenciamento de risco, nesta etapa , é realizado pela própria equipe. As

principais metodologias para analise de risco são: análise preliminar de risco; análise

de modos de falha e efeitos - FMEA (AMFE); Hazard and Operability Studies - HAZOP;

Análise Risco de Tarefa - ART, Análise Preliminar de Perigo - APP, dentre outras. A

metodologia utilizada para análise de risco , em atividades operacionais da

distribuição de energia elétrica é a APR, que consiste em uma visão técnica realizada

no local do trabalho a ser executado, antes do início da atividade, identificando

eventos perigosos, causas e consequências afim de estabelecer medidas de controle

(CARDELA, 1999). É elaborada com a participação de todos envolvidos na tarefa,

através do estudo, questionamento, levantamento, detalhamento e análise crítica

estabelecendo técnicas para neutralizar todos os perigos existentes, permitindo a

realização da atividade de maneira segura (CPN, 2005). A análise dos riscos é uma

ferramenta que contribui significativamente no planejamento e execução da atividade

de forma segura. Esta ferramenta, é prevista na NR nº10 nos itens:

• 10.2.1 Determina adoção de medidas preventivas, em todas as

intervenções em instalações elétricas que devem ter controle do risco

elétrico ou de outros riscos adicionais, utilizando técnicas de análise de

risco, de forma a garantir a segurança e a saúde no trabalho;

• 10.7.8 Determina que o superior imediato e a equipe, responsáveis

pela execução do serviço, devem, realizar uma avaliação prévia, estudar

e planejar as atividades e ações a serem desenvolvidas de forma a

atender os princípios técnicos básicos e as melhores técnicas de

segurança em eletricidade aplicáveis ao serviço, antes de iniciar trabalhos

em circuitos energizados em AT.

A análise do risco é definida como uma combinação de probabilidade e

consequências de uma determinada ação considerando o seu risco, que é uma

combinação do conhecimento do sistema analisado e uma compreensão de seu

comportamento (ZHANG et al., 2015). A quantidade de conhecimento e o nível de

compreensão se reflete na descrição da incerteza.

Page 51: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

47

2.8 REVISÃO DA LITERATURA - QUASE ACIDENTES

Apesar da lacuna existente na literatura sobre a utilização de registros de

quase acidentes, (BORGES; TORRES; SAURIN, 1997) como ferramenta pró ativa na

gestão de segurança do trabalho é um tema abordado por diversos pesquisadores da

área, considerando que aprender com os quase acidentes é menos oneroso do que

aprender com os acidentes, dentro e entre organizações (GNONI; SALEH, 2017).

No Brasil, as principais pesquisas deste tema foram realizadas no âmbito da

indústria da construção civil. SAURIN (2002) propõem em sua tese de doutorado um

modelo de Planejamento e Controle da Segurança (PCS) para obras de construção

civil, o qual utiliza os registros de quase acidentes como umas das principais medidas

de desempenho para melhorias da segurança. CAMBRAIA, FORMOSO e SAURIN

(2005), apresentam um artigo sobre a utilização de registros de quase acidentes, na

gestão de segurança do trabalho, abordando o conceito e a classificação destes

eventos, no contexo da construção civil , analisando 122 registros de quase acidentes

ocorridos em um canteiro de obras, na construção de dois prédios (10 e 13

pavimentos) destinados a ampliação das dependências de um hospital, cujo

resultados indicaram que esses eventos podem ser usados, para identificação de

falhas de gestão no processo de segurança do trabalho e também para evidenciar

boas práticas (CAMBRAIA; FORMOSO; SAURIN, 2005). Neste mesmo segmento,

RAVIV, FISHBAIN e SHAPIRA (2017) apresentam um artigo implementando métodos

de análise qualitativa e quantitativa para uma investigação estruturada relacionado o

registros de quase acidentes e acidentes ocorridos com operação de guindastes na

construção civil de Israel.

No setor de distribuição de energia elétrica , o autor elaborou um trabalho de

conclusão de curso de engenharia de segurança do trabalho, sobre quase acidentes

ocorridos em atividades de manutenção de rede de distribuição de energia elétrica

aérea de média tensão, na região leste do estado do Paraná. O método utilizado neste

trabalho, utilizou a combinação do método de análise de árvore de causas com

álgebra booleana, para representação em diagrama lógico, dos tipos de riscos que

ocasionaram quase acidentes. Os resultados obtidos neste trabalho contribuíram para

a melhoria do desempendo da segurança do trabalho neste setor. Parte da

metodologia utilizada pelo autor, servirá de modelo para elaboração deste trabalho,

Page 52: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

48

que consiste em pesquisa e análise dos registros de quase acidentes, no banco de

dados da mesma empresa objeto de estudo, considerando todo o estado do Paraná

e demais atividades operacionais em redes de distribuição de energia elétrica

(GOBER, 2014). Além desta diferença, esta dissertação busca aplicar metodologias

de analise para avaliação da efetividade da APR, dos fatores humanos e do

desempenho das barreiras de segurança.

NÓBREGA (2013) apresenta em sua dissertação uma análise estatística dos

relatórios dos acidentes de trabalho ocorridos em uma empresa do setor elétrico,

identificando as variáveis que influenciam no custo destes acidentes. Foram utilizados

dados relativos a acidentes ocorridos no período de 2005 a 2012. A maior quantidade

de acidentes, esteve relacionado a setores operacionais da empresa. Evidenciou uma

redução nos números de acidentes a partir do ano de 2010, tendo como principal

motivo, uma mudança na conceituação incorporada pela empresa em relação a

acidente do trabalho. Sugere melhorias na sistemática de registro de acidentes, a fim

possibilitar uma análise mais detalhada e abrangente sobre os fatores que

contribuíram para sua ocorrência.

SILVA (2015) avalia em sua dissertação, a influência dos fatores

organizacionais do setor elétrico brasileiro, em relação a segurança do trabalho,

através da reanálise de acidentes de trabalho do setor de distribuição de energia

elétrica. Evidenciou a existência de falhas na gestão operacional, relacionadas com a

contratação de terceiros, para execução de atividades operacionais ligadas a

manutenção e operação do sistema elétrico. O trabalho apresenta elementos técnicos

e organizacionais do setor de maneira a contribuir com futuras investigações e

desenvolvimento de estratégias de controle e prevenção de acidentes. Sugere como

fator de grande relevância, na precarização da segurança a política de redução de

custos, incentivada pela agência reguladora do setor.

BRITO (2017) em sua dissertação aborda a relação das terceirizações do

setor elétrico e os acidentes fatais laborais. No desenvolvimento deste trabalho foi

evidenciado pelo autor a dificuldade de se abordar o tema sobre acidentes do trabalho,

devido à falta de acesso em se conseguir as informações e destaca que o segmento

de distribuição de energia elétrica apresentou a maior quantidade de óbitos de

trabalhadores, tendo o número de 541 mortes, no período avaliado, evidenciando a

Page 53: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

49

necessidade de melhorias no processo da gestão da segurança do trabalho, neste

segmento.

No âmbito internacional, a utilização de registros de quase acidentes é mais

abrangente , estando presente em pesquisas em diversos setores, desde plantas de

energia nuclear, industria química, aviação e medicina.

NASHEF (2003) apresenta um artigo que propõem uma classificação para

utilização de quase acidentes no contexto da medicina clínica, no Reino Unido. Na

primeira categoria, tipo 1, esses evento possuem menor gravidade, geralmente

relacionada uma primeira falha que é percebida antes de gerar uma situação de risco

ao paciente. Na segunda categoria, tipo 2, uma primeira falha do tipo 1, não é

percebida por um segundo profissional, porém o paciente não é exposto ao risco

devido algum evento que assim o evita. Na terceira categoria, tipo 3, o paciente é

exposto ao risco, não havendo um evento que evitasse a situação, levando o paciente

há um risco de vida, mas sobrevive. Relata que a maioria dos eventos de registro de

quase acidentes ocorridos em obstetrícia e cardiologia são do tipo 3, de acordo com

auditorias hospitalares, devido a hipótese que a grande maioria dos quase acidentes

do tipo 1, não são notificados sendo que estes registros poderiam ser utilizados para

identificação de falhas que poderiam ser utilizadas para evitar eventos de maior

gravidade.

VAN DER SCHAAF e KANSE (2004), apresentam um artigo contendo a visão

de pesquisadores sobre a utilização das informações presentes em registros de quase

acidentes, de maneira que represente uma amostra representativa de eventos reais,

através da revisão da literutura, sobre possíveis razões que levam os indivíduos a não

relatar quase acidentes , avaliando sua relevância na prevenção de acidentes,

aplicando métodos de estudos anteriores, em uma industria química da Holanda.

Neste mesmo seguimento, GNONI e LETTERA (2012) apresentam um artigo com a

comparação crítica entre duas metodologias que podem ser aplicadas para avaliação

de registro de quase acidente, aplicado em estudo de caso em uma fábrica de

produtos químicos da Itália, onde os resultados obtidos provaram que a utilização

destes métodos na análise de registro de quase acidentes são eficazes contribuindo

para o desempenho da gestão da segurança.

RASMUSSEN, DRUPSTEEN e DYREBORG (2013) apresentam um artigo

sobre a utilização de relátorios de quase acidentes em instalações da indústria de

Page 54: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

50

petróleo e gás dinamarquesa , suas contribuições para redução das taxas de

acidentes e os recursos que são destinados para o registro e analises destes eventos,

examinando o que a indústria aprende e como esses registros podem ser utilizados

na prevenção de acidentes. Nesta mesma linha, melhoria do desempenho da

segurança do trabalho, VASTVEIT, BOIN e NJÅ (2015) apresentam um artigo sobre

práticas utilizadas para melhorar o desempenho através do aprendizado obtidos com

relatos de quase acidentes em uma refinaria escandinavo.

GNONI e SALEH (2017) apresentam um artigo com a revisão atualizada e

síntese de ideias e desafios sobre o registros de quase acidentes, analisando e

propondo a interação necessária entre os principios fundamentais de segurança

adotadas na gestão de riscos. Nesta mesma linha STEMN , BOFINGER , CLIFF e

HASSALL (2018), apresentam um artigo abordando os fatores determinantes para

efetividade e eficiência no aprendizado de incidentes de segurança, que exigem

passos e sistemáticas, buscando entender onde ocorrem falhas neste processo, no

qual foi utilizado um método conhecido como gravata borboleta, agrupando as

questões identificadas na literatura sobre aprendizagem a partir de incidentes de

segurança, segmentados em ameaças, incapacidade de aprender e suas

consequências e medidas para superar o fracasso deste aprendizado.

O método proposto por esta dissertação de análise de quase acientes,

aplicado no caso real de uma distribuidora de energia elétrica, pode ser aplicado a

outros setores economicos. O terreno fértil é a existência de um banco de dados de

registros de quase acidentes. Essas informações são geradas através do incentivo do

relato e registro de quase acidentes e do fortalecimento desta cultura na organização.

As etapas iniciais e de grande importância, consistem na definição dos itens a serem

identificados na descrição do quase acidentes e na identificação das barrerias de

segurança, existentes na organização da aplicação do método.

Page 55: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

51

3 MATERIAIS E MÉTODO

O trabalho se limita a utilizar dados secundários, resultante da sistemática de

coleta de dados de quase acidentes, adotada pela empresa em estudo que possui

uma prática consolidada em que os funcionários são incentivados a relatarem

ocorrências desta natureza.

Neste contexto, tem-se uma grande quantidade de informações relacionadas

com o desempenho da gestão da segurança, geradas no final do processo, que é a

execução das atividades operacionais, que, no entanto, são analisados de maneira

individualizada sem a utilização de metodologias padronizadas, de acordo com a

percepção de indivíduos distintos.

O método consiste na análise dos registros, tendo como referência

metodologias de análises de acidentes e quase acidentes, existentes na literatura e

em pesquisas e estudos anteriores, realizados em outros setores econômicos, com

adaptação para o setor de distribuição de energia elétrica, de maneira atender os

objetivos específicos deste trabalho.

3.1 MATERIAIS

O material desta pesquisa, consiste na utilização de registros de quase

acidentes, presentes no banco de dados da empresa objeto de estudo, extraídos e

tratados em planilha eletrônica.

A partir do ano de 2006, na empresa objeto de estudo, os registros de quase

acidentes começaram a ser inseridos no banco de dados, conforme figura 8, sendo

utilizado inicialmente apenas pelas áreas operacionais da região leste do estado do

Paraná, se expandindo para as demais regiões a partir do ano de 2014.

Os registros são inseridos no banco de dados, através de um aplicativo

desenvolvido dentro do software, Lotus Notes, que é um sistema cliente-servidor de

trabalho colaborativo e e-mail, concebido pela Lotus Software, do grupo IBM Software

Group. O relato e registro dos quase acidentes ocorrem das seguintes maneirais:

a) Relatados pelas equipes operacionais, ao superior responsável que

registra estas informações no banco de dados;

Page 56: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

52

b) Relatados pelas equipes durante reuniões de segurança e posteriormente

inseridos no banco de dados;

c) Registrado pelo funcionário, podendo ser anônimo, diretamente no banco

de dados;

d) Desde o ano de 2019, podendo ser enviado através de aplicativo mobile,

que gera um arquivo eletrônico com as informações, que são enviadas

para o e-mail do responsável pela equipe, que registra as informações no

banco de dados.

FIGURA 8 - BANCO DE DADOS REGISTROS QUASE ACIDENTES

FONTE: Autor, adaptado da empresa objeto de estudo (2019).

O processo consiste no registro, análise e conclusão, conforme apresenta a figura 9.

FIGURA 9 - ETAPAS DA ANÁLISE DOS REGISTROS DE QUASE ACIDENTES

FONTE: Autor (2019).

Registro no banco de dados.

Análise individualizada do registro em reuniões

setorizadas de segurança do trabalho.

Conclusão do registro com informações dos fatores que

contribuíram e recomendações de bloqueio.

Page 57: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

53

O processo de entrada, consiste no registro das informações no banco de

dados. Na segunda etapa é realizada a análise dos registros, durante reuniões

setorizadas de segurança do trabalho, onde são identificados os fatores que

contribuíram e recomendações para bloqueio da referida situação, com a participação

de todos os presentes da reunião. Conforme procedimentos da empresa, para

encerramento do processo, é necessário a inserção no banco de dados das

informações da análise do quase acidente que deve ocorrer até a reunião

subsequente de sua análise.

As informações existentes nestes registros são:

a) Dados cadastrais: autor, lotação, CIPA, setorial de segurança, município

onde aconteceu o quase-acidente, data e hora do ocorrido e data e hora

do registro;

b) Características do quase acidente: área, natureza, ambiente, agente,

condição climática, envolvido;

c) Relato da ocorrência: o que, quem, quando, onde, como, por que e

informações adicionais;

d) Análise da setorial de segurança: fatores que contribuíram,

recomendações e boqueio do quase-acidente.

A figura 10, apresenta parte das informações relacionadas com as

características do quase acidente.

FIGURA 10 - INFORMAÇÕES CARACTERÍSTICAS DO QUASE ACIDENTE

FONTE: Autor, adaptado da empresa objeto de estudo (2019).

Page 58: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

54

3.2 MÉTODO

A metodologia deste trabalho utiliza os registros de quase acidentes presentes

no banco de dados da empresa objeto de estudo, classificada com o código CNAE

35.14-0, que corresponde à atividade de distribuição de energia elétrica e a aplicação

da metodologia de análise, estruturada em 7 etapas, conforme figura 11.

FIGURA 11 - ETAPAS DA METODOLOGIA APLICADA

FONTE: Autor (2019).

3.2.1 Coleta de Dados

A etapa inicial, consiste no acesso ao banco de dados, selecionando os

registros de acordo com o período definido no trabalho, onde estes dados são

exportados em arquivo eletrônico em formato de texto (bloco de notas) que

posteriormente é convertido em planilha eletrônica, para seleção dos registros

aderentes aos critérios da pesquisa, conforme apresenta a figura 12, sendo:

a) Ocorridos entre janeiro de 2016 a dezembro de 2018;

• Coleta de dados

2 • Categorização

3 • Análise dos registros – APR

4 • Análise dos registros – Fatores Humanos

5 • Análise das registros – Barrerias

6 • Análise das informações originais de cadastro

7 • Análise e conclusões dos resultados

Análise dos

resultados e

conclusões

Aplicação da

metodologia

Coleta de

dados

Page 59: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

55

b) Registrado com a natureza “Atividade”, que são aqueles que ocorreram

durante a realização de atividades operacionais em redes de distribuição

de energia elétrica.

FIGURA 12 - FLUXOGRAMA ETAPA 1

FONTE: Autor (2019).

3.2.2 Categorização

Uma preocupação da análise qualitativa é encontrar a resposta ao

questionamento inicial, onde busca-se identificar o dado que contribui para uma

compreensão e análise do contexto estudado (GIBBS, 2009). Os itens são analisados

e caracterizados a partir de um critério estabelecido procurando-se circunstâncias que

a confirmem ou expurgue (GIBBS, 2009).

Esta técnica, caracterizada como análise de conteúdo, busca diminuir a

subjetividade da pesquisa qualitativa, onde seu objetivo deve influenciar na condução

da análise de conteúdo, a fim de obter o melhor resultado possível na análise dos

dados da pesquisa (DRESCH et al., 2015).

São selecionados os registros cujo as informações cadastrais permitam

identificar e categorizar o tipo de atividade, tarefa, equipe e a etapa da atividade

envolvida no quase acidente.

Esta etapa é de fundamental importância para aplicação da metodologia.

Devem ser observados as características da organização objeto de estudo e quais

Page 60: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

56

são as informações, desta, que permitem avaliar o desempenho da gestão de

segurança, dentro de um registro de quase acidentes.

Baseado nas informações presentes nos registros, são inseridas novas

informações nos registros, conforme critérios apresentados no quadro 4, com objetivo

de possibilitar o atendimento aos objetivos específicos desta pesquisa.

QUADRO 4 - ETAPA 2 - CATEGORIZAÇÃO DO QUASE ACIDENTE

Item Variável

Atividade

Serviços

Manutenção

Operação - Manobras na rede

Obras

Subestações

Outros (trânsito, atividades administrativas)

Tarefa Grupo e número do padrão da tarefa GSST

Equipe

Poda e roçada

Linha morta

Linha viva

NR 10 - Agência FONTE: Autor (2019).

A caracterização da atividade e tipo de equipe é realizada de acordo com as

informações dos registros, que geralmente já apresenta qual é o tipo da atividade e

equipe envolvida no quase acidente. As atividades são caraterizadas, conforme as

seguintes definições:

a) Serviços: Atividade relacionadas de atendimento ao consumidor tais como

ligações novas, suspenção do fornecimento de energia e pequenos

reparos na rede de distribuição até a entrada de serviço do consumidor;

b) Manutenção: Atividades relacionadas a manutenção preventiva e

corretiva em redes de distribuição e subestação, tais como substituição

de componentes, podas e roçadas;

c) Operação: Consiste na realização de manobras programadas ou

emergenciais no sistema de distribuição incluído a operação de

equipamentos existentes nas redes de distribuição e subestações;

d) Obras: Consiste em atividades de construção para melhoria ou ampliação

do sistema de distribuição.

Page 61: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

57

Os tipos de equipes são caraterizados, conforme as seguintes definições:

a) Poda e roçada: Equipe composta de 5 ou 9 elementos, que executam

atividade relacionadas a manutenção preventiva de poda, corte e limpeza

de faixa de servidão (vegetação), no sistema de distribuição de energia

elétrica;

b) NR 10 Agência: Equipe composta por dois elementos, que executam

atividade de manutenção preventiva e corretiva, atendimento a serviços

comerciais e emergências no sistema de distribuição de emergia elétrica;

c) Linha morta: Equipe composta por dois ou mais elementos, que executam

atividade de manutenção preventiva e corretiva, com rede desenergizada,

em redes de distribuição de emergia elétrica;

d) Linha viva: Equipe composta por três ou mais elementos, que executam

atividade de manutenção preventiva e corretiva, com rede energizada em

redes de distribuição de energia elétrica;

e) Manutenção de subestações: Equipe composta por mais de um elemento,

com formação técnica em eletrotécnica, eletrônica e eletromecânica, ou

eletricistas, que executam atividades de manutenção preventiva e

corretiva em equipamentos e instrumentos em subestações de energia

elétrica até 138 kV.

As equipes que atuam em manutenção de subestação, se diferenciam das

demais equipes, quanto a formação, pois é necessário a formação de nível técnico e

os demais cursos de formações específicas a estas atividades, ao passo que a

formação das demais equipes, se restringem a cursos de formações específicos as

suas atividades. Os empregados que compõem as equipes de manutenção de

subestação, são 100 % empregados próprios, com baixa rotatividade de empregados,

em relação as demais equipes.

As equipes de linha morta, linha viva e NR 10 agência, são compostas por

empregados próprios terceirizados enquanto as equipes de poda e roçadas são

compostas apenas por empregados terceirizados. As equipes terceirizadas de linha

viva possuem a maior quantidade de horas de treinamentos totalizando 784 horas de

cursos obrigatórios. As equipes terceirizadas de poda e roçada possuem a menor

quantidade de horas de treinamento com um total de 140 horas de cursos obrigatórios.

O quadro 5, apresenta os cursos obrigatórios das equipes terceirizadas.

Page 62: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

58

QUADRO 5 - TREINAMENTO OBRIGATÓRIOS DE EQUIPES TERCEIRIZADAS

Equipe Curso Horas

Poda e Roçada

Poda de árvores e roçada 40

Trabalho em altura - NR35 16

Padrão de tarefas da Copel, módulos 1-100, 5-161, 5-162 e 5-172 32

NR10 40

Curso para encarregados de roçada 12

Total de horas de treinamento 140

Linha Viva

Instaladores em linha de média e baixa tensão 200

Manutenção com linha viva em 13,8kV 200

Manutenção com linha viva em 34,5kV 80

Curso de poda de árvores e roçada 40

Operação de guindauto 32

Trabalho em altura - NR35 16

Padrões de tarefas da Copel, módulos 1-100, 4-100, 5-100 e 5-200 32

Manutenção em rede compacta método ao contato 80

NR10 40

NR10 SEP 40

Segurança para encarregados terceirizados 24

Total de horas de treinamento 784

Linha Morta

Instaladores em linha de média e baixa tensão 200

Curso de poda de árvores e roçada 40

Operação de guindauto 32

Trabalho em altura - NR35 16

Padrões de tarefas da Copel, módulos 1-100, 4-100 e 5-100 24

Cesto acoplado -NR12 8

Manutenção em rede compacta 80

NR10 40

NR10 SEP 40

Segurança para encarregados terceirizados 24

Total de horas de treinamento 504

NR 10 Agência

Instaladores em linha de média e baixa tensão 200

Curso de poda de árvores e roçada 40

Trabalho em altura - NR35 16

Padrões tarefas módulos 1-100, 2-100, 2-200, 4-100, 4300 e 5-100 48

NR10 40

NR10 SEP 40

Total de horas de treinamento 384 FONTE: MIT 163002 (2019).

Page 63: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

59

Esta etapa é realizada com a leitura do registro, porém com foco na

identificação e classificação de seus respectivos itens. A figura 13 apresenta o

fluxograma desta etapa.

FIGURA 13 - FLUXOGRAMA ETAPA 2

FONTE: Autor (2019).

3.2.3 Análise dos Registros - APR

Na etapa 3, são aplicadas as metodologias baseadas nos métodos descritos

no capítulo 2, conforme apresenta o quadro 6. A aplicação desta etapa, conforme

apresenta a figura 14, visa o atendimento aos objetivos específicos relacionados a

identificação dos pontos fortes e oportunidade de melhorias da APR, de acordo com

as informações presentes nos registros analisados.

Page 64: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

60

QUADRO 6 - ANÁLISE DOS REGISTROS EFETIVIDADE APR

Fator analisado Variável

Direito de recusa (Convenção 155 da OIT)

Evidenciado / Não evidenciado

Não se aplica

Etapa da atividade (método autor)

Preparação

Início

Execução

Finalização

Componente da atividade (adaptado método Árvore de

causas)

Individuo

Tarefa

Material

Meio ambiente

Riscos / causas - relacionados (adaptado MELO et al., 2003)

Adaptação dos critérios previstos na NBR 14280

Categoria do perigo (adaptado BAHN, 2013)

Visíveis

Emergentes

Ocultos

Causados

Identificação prévia do perigo (adaptado GOBER, 2014)

Possibilidade de identificação do perigo, na APR

Identificação do risco na realização da APR

FONTE: Autor (2019).

O direito de recusa é um instrumento do trabalhador, garantido pela OIT,

também previsto na CLT e amplamente mencionado nas normas regulamentadoras,

onde ao evidenciar um grave e iminente risco para sua segurança e saúde ou de

outras pessoas é assegurado o seu direito de interromper a atividade. É uma

importante ferramenta na prevenção de acidentes, que é exercida quando o

trabalhador, equipe ou colaborador, ao realizar sua APR, percebe que não há

condições de executar a tarefa, conforme previamente planejamento, pois não são

garantidas as condições de segurança necessárias. Nessa situação, se faz necessário

um novo planejamento, de maneira a bloquear todos os perigos existente, assim

permitindo a execução da tarefa com total segurança a todos os envolvidos, o qual

pode ser realizado com a participação de um superior hierárquico ou sendo

redefinindo em conjunto com os responsáveis e membros da equipe. Este é um

comportamento proativo e desejado pelos gestores de equipe operacionais.

Conhecer as etapas em que ocorrem a maior quantidade de falhas, permitem

identificar pontos fortes e oportunidades de melhorias para um direcionamento focado

Page 65: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

61

de ações que visam a diminuição destas falhas. As etapas da atividade podem ser

divididas em:

1) Preparação: São atividades como separação e carregamentos de

materiais necessários para execução da tarefa, locação destes nos locais

de trabalho, ou a análise prévia de ordens de manobras, ordens de

serviços, ordens de manutenção ou de projetos a serem executados pelas

equipes;

2) Inicial: Execução da APR e em algumas atividades onde ocorre o

processo de desenergização, previsto na NR nº10;

3) Execução: Consiste no desenvolvimento da atividade;

4) Finalização: São executados os procedimentos de energização e

recolhimento de materiais e ferramentais utilizados na atividade.

FIGURA 14 - FLUXOGRAMA ETAPA 3

FONTE: Autor (2019).

Page 66: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

62

Em cada uma destas etapas, existem processos críticos relacionados a

segurança do trabalho. Torna-se importante conhecer o momento em que ocorreu o

quase acidente, permitindo identificar a barreira a qual esta falha está relacionada.

Para definição do componente da atividade será utilizada como referência o

método de análise de acidente árvore de causas, onde o evento é definido em função

da variação em maior ou menor intensidade de quatro componentes, conforme segue

(BINDER, 1996):

a) Indivíduo: Designa a pessoa física trabalhando em seu meio profissional

e trazendo consigo o efeito de fatores extraprofissionais, podendo

também ser pessoas cujas atividades estejam em relação mais ou menos

direta com a da vítima;

b) Tarefa: Designa de maneira geral as ações do indivíduo que participa da

produção parcial ou total de um bem ou de um serviço;

c) Material: Compreende todos dos meios técnicos, a matéria-prima e os

produtos colocados à disposição do indivíduo para executar sua tarefa;

d) Meio ambiente: Designa o local da execução da atividade, o ambiente

físico e social no qual o indivíduo executa sua tarefa.

A norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) NBR 14280,

que trata sobre cadastro de acidente do trabalho, procedimento e classificação, será

utilizada como referência para a definição dos riscos envolvidos, considerando as

informações presentes no registro analisado. O fator relacionado aos riscos e causas

tem objetivo de identificar as principais condições perigosas que causaram os quase

acidentes. A maioria das atividades, são executadas em ambiente externo, onde os

fatores relacionados ao meio ambiente do trabalho, possuem elevada contribuição nos

perigos envolvidos e consequentemente no planejamento da atividade. Além dos

fatores relacionados ao entorno do local, as equipes também estão expostas as

condições climáticas. Esta metodologia foi aplicada em um estudo desenvolvido em

uma empresa concessionária de energia elétrica do estado do Rio de Janeiro,

conforme apresentam os quadros 7 e 8 (MELO et al., 2003).

Page 67: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

63

QUADRO 7 - FATORES RELACIONADOS AO MEIO AMBIENTE

Fator Ambiental Condição Ambiente de Insegurança - NBR 14280

Pouca iluminação Iluminação inadequada

Chuva / tempestade/ ventania Exposição aos fenômenos da natureza

Irregularidade ou instabilidade do terreno

Riscos da natureza

Dependências inseguras de terceiros Riscos inerentes às dependências inseguras de terceiros

Poste na beira de valas e rios Riscos da natureza/ mal projetado

Poste congestionado por estruturas e outros objetos estranhos às redes elétricas

Problema de espaço e circulação/mal projetado

Trânsito intenso Riscos relacionados com o trânsito

Ações agressivas da comunidade Riscos relacionados com o ambiente público

Presença e ações de animais Presença de animais

Sol quente/ forte calor Exposição aos fenômenos da natureza

Postes e estruturas fora do padrão Mal projetado/mal construído Fonte: Adaptado Melo et al, 2003

QUADRO 8 - RISCOS EM RELAÇÃO AOS TIPOS DE ACIDENTES PESSOAIS

Riscos de Acidentes Tipos de Acidentes Pessoais (NBR 14280)

Abalroamento; Colisão Atropelamento. Impacto sofrido por pessoa

Ataque de insetos/ animais Provenientes de Animais

Piso irregular; Piso escorregadio. Queda no mesmo nível

Hostilidade Agressão humana

Planejamento incorreto; Acidentes com terceiros/ bens.

Correlato a vários tipos

Queda do poste; Quebra do poste; Queda do eletricista durante a subida e descida; Queda do eletricista durante a realização da tarefa

Queda com diferença de nível

Lesão nas mãos; Lesão nos pés. Aprisionamento, atrito, abrasão, corte

Lesão na cabeça; Queda do bastão ou do elo fusível

Impacto sofrido por objeto que cai

Entorse muscular Esforço excessivo

Torção lombar Reação do corpo a seus movimentos

Impacto da escada Impacto sofrido por pessoa

Equipamento inadequado Correlato a vários tipos

Informações incorretas Correlato a vários tipos

Abertura de arco voltaico; Choque elétrico Classe de tensão das luvas incompatível

Exposição à energia elétrica

Fonte: Adaptado Melo et al, 2003

Page 68: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

64

A categoria do perigo, visa classificar as condições perigosas evidenciadas

nos quase acidentes analisados, em função do grau de dificuldade em sua

identificação prévia e contribuir com o aprimoramento das técnicas de APR, sendo

classificadas em quatro categorias, tendo como referência os critérios proposto por

(BAHN, 2013), adaptados, considerando as características que envolvem este estudo:

1) Riscos visíveis: Característicos da atividade executada, considerando o

ambiente. Possuem como característica a facilidade em sua percepção,

(choque elétrico, quedas, animais e inseto etc.);

2) Riscos emergentes: Surgem em consequência de fatores ocorridos no

decorrer da atividade, resultando em uma nova situação de risco não

evidenciada anteriormente, sendo que a identificação somente é possível

considerando a possibilidade de algo ocorrer, que pode ocasionar este

risco;

3) Riscos ocultos: Peculiares para uma mesma tarefa em função de variáveis

tais como: ambiente; condição climática; idade dos componentes da

estrutura; tipo de materiais da estrutura; dentre outros fatores. Difícil

percepção, que geralmente ocorre em função da experiência dos

trabalhadores envolvidos na atividade;

4) Riscos causados: Surgem em função da falha de outro componente

envolvido direta ou indiretamente na atividade, podendo ser um indivíduo

ou uma etapa do processo, que ensejou um risco não existente

anteriormente. Pode estar relacionado a etapa de planejamento,

comunicação ou durante a execução da atividade.

3.2.4 Análise dos Registros - Fatores Humanos

A avaliação dos fatores humanos visa identificar e classificar suas

contribuições na ocorrência do quase acidente os quais são categorizados em erros

e violações, conforme apresenta a figura 15.

Page 69: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

65

FIGURA 15 - CATEGORIAS FATORES HUMANOS

Fonte: Adaptado de Shappel & Wiegmann, 2000.

O comportamento humano é fator determinante na execução de uma

atividade com segurança. A análise dos registros também sobre esta visão, conforme

apresenta a figura 16, possibilitará identificar aspectos positivos e pontos de atenção

para redução do chamado erro humano.

FIGURA 16 - FLUXOGRAMA ETAPA 4

FONTE: Autor (2019).

Atos Inseguros

Erros

Decisão Habilidade Percepção

Violações

Rotina Excepcional

Page 70: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

66

3.2.5 Análise dos Registros - Barreiras

De acordo com o modelo proposto por Reason (1997), as falhas nas barreiras

de segurança permitem identificar aspectos relacionados a organização que

contribuem no desempenho da gestão de segurança sendo classificadas em falhas

ativas e condições latentes. Os níveis de barreiras são identificados nos registros

considerando dois aspectos:

1) Barreira que falhou: Se houver evidências de falha na respectiva barreira

contribuindo para a ocorrência do quase acidente;

2) Barreira que atuou: Se houver evidências da atuação de uma barreira de

segurança que evitou uma maior gravidade da situação, no registro

analisado.

Os níveis de barreiras foram adaptados para o contexto da empresa objeto de

estudo, conforme apresenta o quadro 9.

QUADRO 9 - NÍVEIS DE BARREIRAS DE SEGURANÇA EMPRESA OBJETO DE ESTUDO

Nível Barreira Referência

1 Engenharia Elaboração de normas e procedimentos, especificação de ferramentas e equipamentos, elaboração de editais de contratação

2 Gestão Operacional Ação dos gerentes, supervisores e técnicos responsáveis pela gestão da equipe

3 Programação / Planejamento da Atividade

Técnicos e responsáveis pela programação dos serviços

4 Comunicação Centro de operação e demais envolvidos na comunicação com a equipe

5 Procedimentos de outras equipes

Equipes responsáveis pela execução de etapas anteriores a execução da atividade

6 Procedimentos da equipe executora

Procedimentos padronizados executados pela equipe que executa a atividade

7 Análise Preliminar de Riscos

Procedimento obrigatório nas tarefas executadas no SEP

8 Funcionamento adequado do equipamento

Funcionamento do equipamento que está sendo utilizado na execução da tarefa

9 Utilização de EPI e/ou EPC

Utilização dos equipamentos de segurança, necessários para execução da tarefa, conforme definido no padrão da tarefa executada FONTE: Autor (2019).

As barreiras são caracterizadas quando houver evidência de falha ou sucesso

relacionados aos processos, conforme segue:

Page 71: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

67

1) Engenharia : Áreas responsáveis pela elaboração e publicação de

normas, manuais procedimentos de trabalhos, especificação de materiais,

ferramentas equipamentos. Elaboração de editais de contração de

serviços de engenharia e suprimentos. Não possui contato direto com as

equipes;

2) Gestão operacional : Área responsável pelos treinamentos obrigatórios da

equipe, pelo fornecimento de equipamentos de segurança, materiais e

ferramentais adequados para execução da tarefa. Possui característica

de contato direto com as equipes;

3) Programação / Planejamento da Atividade : Áreas responsaveis pela

solicitação e elaboração das manobras para intervenção no sistema

elétrico de potência e no planejamento das atividades a serem executadas

pela equipe. Não necessariamente tem contato direto com a equipe;

4) Comunicação : Atividade diretamente relacionada com a equipe executora

da atividade e outro envolvido que pode ser o tecnico ou supervisor

responsável pela equipe, ou outra equipe envolvida na atividade e o centro

de operação da distribuição. A comunicação com o centro de operações

da distribuição é um procedimento obrigatório em toda intervenção no

SEP da empresa;

5) Procedimentos de outras equipes : Em algumas atividades a equipe

executora dará sequencia na tarefa onde já houveram a realização de

procedimentos de outras equipes que devem executar os procedimento

de acordo com a respectiva norma interna ou padrão que a tarefa enseja,

de modo a evitar que sejam deixadas situação de riscos para equipe que

dará prosseguimento na tarefa. A relação desta barreira é evidenciada

com descrição do quase acidente e o respectivo padrão da atividade;

6) Procedimento da equipe executora : Situações em que o quase acidente

foi causado por falha na execução do padrão da tarefa. A relação desta

barreira é evidenciada com descrição do quase acidente e o respectivo

padrão da atividade;

7) Análise preliminar de risco : Atividade da equipe executora, na qual são

evidenciados os perigos existente de maneira a bloquea-lós e permitir a

executação da tarefa com total segurança. Será carcterizado quando o

Page 72: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

68

procedimento em alguma das etapas da atividade, não foi suficiente para

bloquear determinado risco, vindo a ocorrer o quase acidente;

8) Utilização de EPI e/ou EPC : O procedimento padronizado de cada tarefa

determina os EPI e EPC que são necessários para sua execução. Será

carcacterizado esta barreira quando nas informações do registro houver

indicativos da falta da utilização de EPI e ou EPC, ou no caso de sua

utilização que evitou o agravamento da situação. É uma das ultimas

barrerias para evitar o acidente.

A aplicação desta etapa é ilustrada na figura 17.

FIGURA 17 - FLUXOGRAMA ETAPA 5

FONTE: Autor (2019).

Reason (1997) propõem uma classificação dos quase acidentes de acordo

com tipo de retorno de informação proporcionado, conforme segue:

Page 73: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

69

a) Positivo: As medidas preventivas atuaram adequadamente ou o

trabalhador em função do procedimento executado, manteve a situação

dentro de um nível de segurança adequado;

b) Negativo: As medidas de prevenção não funcionaram ou não existiram,

expondo o funcionário a um nível de segurança muito baixo.

3.2.6 Análise das Informações Cadastrais

Nesta etapa são analisadas as informações das caracterizações originais de

cadastro, conforme apresenta a figura 18.

FIGURA 18 - FLUXOGRAMA ETAPA 6

FONTE: Autor (2019)

Page 74: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

70

4 APLICAÇÃO DA METODOLOGIA E RESULTADOS

A metodologia consiste na leitura do registro de quase acidente e

categorização dos critérios, conforme proposto na pesquisa.

Para análise da efetividade da APR, foi escolhido o método de árvore de

causas, devido a já ser aplicado na empresa objeto de estudo na análise de acidentes.

A avaliação do direito de recusa visa identificar a utilização desta ferramenta na

empresa objeto de estudo. A evidência da identificação prévia do risco e a

classificação dos riscos em categorias, foram escolhidos, visando uma avaliação do

desempenho da APR no contexto do estudo deste caso.

Para análise dos fatores humanos, o método escolhido é baseado no método

de análise das barreiras de segurança, proposto por Reason (1997) o qual foi utilizado

para análise das barreiras de segurança, nesta metodologia. A figura 19, apresenta o

registro de um quase acidente no banco de dados.

FIGURA 19 - EXEMPLO DE REGISTRO DO QUASE ACIDENTE

FONTE: Autor (2019)

Page 75: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

71

A figura 20 apresenta a aplicação da metodologia do registro de quase

acidente apresentado na figura 19.

FIGURA 20 - EXEMPLO DE APLICAÇÃO DO MÉTODO DE ANÁLISE DO QUASE ACIDENTE

FONTE: Autor (2019)

4.1 APLICAÇÃO EM CASO REAL

Na coleta dos dados, de uma distribuidora de energia elétrica local, foram

extraídos no banco de dados 3.115 registros, ocorridos entre janeiro de 2016 a

dezembro de 2018. Desde total, 2.666 foram caracterizados como ocorridos na

atividade, conforme apresenta o gráfico 12.

Page 76: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

72

GRÁFICO 12- TOTAL DE QUASE ACIDENTES EXTRAÍDOS DO BANCO DE DADOS

FONTE: Autor (2019).

4.1.1 Categorização e Seleção dos Registros para Análise

Foram selecionados 844 registros cujas informações cadastrais permitam

identificar e categorizar o tipo de atividade, tarefa, equipe e a etapa da atividade

envolvida no quase acidente, conforme apresenta o gráfico 13.

GRÁFICO 13 - SELEÇÃO DOS REGISTROS PARA APLICAÇÃO DO MÉDOTO

FONTE: Autor (2019)

Para descrever os resultados das variáveis analisadas será utilizado a

porcentagem dos registros de quase acidente, por atividade e geral, possibilitando

2666

351

46

52

0 500 1000 1500 2000 2500 3000

Atividade

Outros

Percurso

Trajeto

Quantidade de registros

385

208

171

69

11

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450

Manutenção

Serviços

Operação

Obras

Manutenção SE

Registros de quase acidentes

Page 77: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

73

uma comparação do desempenho de cada equipe em relação a performance das

demais equipes e geral.

Uma determinada equipe apesar de possuir a característica de atuação em

uma atividade específica, pode atuar em outras atividades, limitado ao treinamento

específico desta. O gráfico 14 apresenta a porcentagem dos quase acidentes

selecionados por tipo de equipe.

GRÁFICO 14 - QUASE ACIDENTE POR TIPO DE EQUIPE

FONTE: Autor (2019)

A tabela 1 apresenta a quantidade de trabalhadores, próprios e terceirizados,

por tipo de equipe, relativo ao ano de 2018, na empresa do estudo de caso.

TABELA 1 - NÚMERO DE FUNCIONÁRIOS POR TIPO DE EQUIPE

Equipe Próprio Terceirizado Total

Linha morta 215 1657 1872

Linha viva 137 175 312

Manutenção subestação 189 32 221

NR 10 Agência 987 678 1665

Poda e roçada 0 732 732

Total Geral 1528 3274 4802

FONTE: Empresa Estudo de Caso (2019)

O gráfico 15 apresenta a razão da quantidade de quase acidentes por número

de trabalhadores.

42%

40%

9%

7%

1%

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45%

NR 10 Agência

Linha morta

Poda e roçada

Linha viva

Manutenção subestações

Registros de quase acidentes

Page 78: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

74

GRÁFICO 15 - RAZÃO ENTRE QUASE ACIDENTES POR TIPO DE EQUIPE

FONTE: Autor (2019)

As equipes de NR 10 Agência apresentam a maior quantidade de quase

acidentes por empregado e a maior quantidade de registros de quase acidentes

analisados. Os trabalhadores das equipes de podas e roçada, são 100% terceirizados,

com uma proporção de um quase acidente a cada 9 trabalhadores. As equipes de

manutenção em subestações, apresentam a menor quantidade de quase acidentes,

com 11 registros, tendo uma proporção de um quase acidente a cada 20 empregados,

com a menor razão entre números de quase acidentes por empregado, entre as

equipes operacionais.

A atividade de serviços, operação e manutenção é sinérgica a todas equipes,

porém possuem maior predominação a um tipo de equipe. Atividades de serviços e

operação são em sua maior parte executadas com equipes NR 10 agência. As equipes

de linha morta e linha viva, executam atividades de manutenção e obras. As tarefas

de manutenção com equipe de linha viva, são exclusivas a este tipo de equipe em

função do treinamento específico, para execução destas tarefas.

As tarefas padronizadas são divididas por tipo de atividade, não sendo

específicas para um tipo de equipe, cuja restrição encontra-se no treinamento

0,00

0,05

0,10

0,15

0,20

0,25

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

Linha morta Linha viva Manutençãosubestação

NR 10 Agência Poda e roçada

Razão e

ntr

e Q

uase A

cid

ente

s e

Em

pre

gados

Quantidade d

e E

mpre

gados e

Quase A

cid

ente

s

Quantidade trabalhadores Nº de Quase acidentes QT Quase acidentes / QT Empregados

Page 79: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

75

necessário para execução da tarefa. O gráfico 16 apresenta as informações das

tarefas caracterizadas nos registros selecionados, de acordo suas informações

relacionadas ao grupo de tarefa padronizada.

GRÁFICO 16 - GRUPO DE TAREFAS PADRONIZADA ENVOLVIDAS NO QUASE ACIDENTE

FONTE: Autor (2019)

O procedimento escrito deve ser o mais próximo da maneira de execução em

campo. Quando há um distanciamento entre o procedimento escrito e o procedimento

executado pelas equipes operacionais, se faz necessário avaliar os motivos desta

diferença, que podem estar relacionados apenas com a maneira como escrito ou na

forma que foi idealizado pelos responsáveis pela definição do procedimento.

Conhecer quais são as tarefas nas quais ocorrem os quase acidentes, permite

avaliar o procedimento, demostrando a necessidade de alteração em sua definição ou

de reciclagem e treinamento de sua execução pelas equipes operacionais, de modo

que o procedimento escrito seja o mais próximo possível de como é executado em

campo e vice e versa.

41%

60%

29%

4%

100%

28%

9%

2%

51%

19%

26%

20%

14%

9%

6%

8%

12% 17%

3%

41%

2%

54% 46%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Total Geral

Linha morta

Linha viva

NR 10Agência

Poda eroçada

Man. SE

Identificação e boqueio do risco na realização da APR

5-100-Manutenção e Construção de Redes - Linha Morta

4-100-Operação de equipamentos de Rede

1-100-Preliminares de Rede de distribuição aérea 2-200-Serviços Emergenciais

2-100-Serviços Comerciais 5-200-Manutenção e Construção de Redes - Linha Viva

4-300-Operação de Subestações 13,8 kV e 34,5 kV 5-300-Man. Eletromecânica de Subestações

Page 80: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

76

4.1.2 Análise dos Registros - APR

Nesta etapa são analisados aspectos relacionados com os procedimentos da

equipe na realização da análise preliminar dos riscos envolvidos e planejamento da

atividade.

O direito de recusa, na análise dos registros está relacionado com o

procedimento da equipe em alterar o planejamento inicial de sua atividade em função

da identificação de um risco, conforme evidências nas informações e se for pertinente

a situação analisada. O gráfico 17, apresenta as informações desta análise.

GRÁFICO 17 - ANÁLISE DA APLICAÇÃO DO DIREITO DE RECUSA

FONTE: Autor (2019)

O direito de recusa é uma ferramenta do trabalhador e o comportamento ideal

é sua aplicação, quando pertinente, sendo uma importante barreira de segurança na

gestão de segurança. Sua aplicação, na prática significa que as equipes, em função

de uma situação de risco, alteraram os procedimentos definidos previamente, de

maneira a permitir a execução com total segurança. Nos registros analisados, em 33%

não houve evidência nas informações de sua aplicação, mesmo podendo ser aplicado

a situação analisada.

27%

27%

33%

41%

38%

14%

33%

40%

18%

25%

15%

31%

40%

34%

49%

34%

46%

55%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Geral

Manutenção

Obras

Operação

Subestação

Serviços

Caracterização do direito de recusa no quase acidente

1 - Evidenciado 2 - Não evidenciado 3 - Não se aplica

Page 81: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

77

A identificação da etapa da atividade onde ocorreram a maior quantidade de

quase acidentes é apresentada no gráfico 18.

GRÁFICO 18 - ETAPA DA ATIVIDADE ENVOLVIDA NO QUASE ACIDENTE

FONTE: Autor (2019)

Os quase acidente ocorridos nas etapas de preparação e início da atividade

indicam que a equipe envolvida não se expôs a uma situação crítica de risco de

acidente, pois houve a identificação de algo que pudesse influenciar na segurança da

tarefa, antes da etapa de execução, onde ocorreram a maioria dos quase acidentes

analisados. O gráfico 19 apresenta a identificação da componente da atividade, nos

quase acidentes analisados.

GRÁFICO 19 - COMPONENTE DA ATIVIDADE ENVOLVIDA NO QUASE ACIDENTE

FONTE: Autor (2019)

2%

2%

3%

2%

8%

2%

21%

25%

25%

27%

23%

9%

74%

71%

67%

69%

69%

88%

2%

2%

4%

2%

1%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Geral

Manutenção

Obras

Operação

Subestação

Serviços

Caracterização etapa da atividade nos quase acidentes

1 - Preparação 2 - Início 3 - Execução 4 - Finalização

1%

32%

25%

48%

43%

8%

30%

24%

29%

10%

6%

31%

34%

44%

45%

42%

50%

62%

35%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Geral

Manutenção

Obras

Operação

Subestação

Serviços

Caracterização da componente da atividade no quase acidente

1 - Indivíduo 2 - Material 3 - Meio ambiente 4 - Tarefa

Page 82: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

78

O principal componente da atividade, foi atribuído a tarefa, presente em 44%

dos quase acidentes. Em 32% dos registros, o material foi evidenciado como

componente da atividade. Em 24% o componente da atividade foi relacionado ao meio

ambiente.

O gráfico 20 apresenta a categoria dos perigos, onde a maior quantidade foi

evidenciada na categoria de perigos causados.

GRÁFICO 20 - CATEGORIA DO PERIGO ENVOLVIDO NO QUASE ACIDENTE

FONTE: Autor (2019)

A classificação dos riscos em categorias, permite avaliar a influência destes

na realização da APR. Os riscos visíveis, de modo geral são mais fáceis de serem

identificação em relação aos perigos ocultos e emergentes. Os perigos causados, são

relacionados a procedimentos da equipe executora ou procedimentos de outras

equipes ou profissionais envolvidos indiretamente na tarefa. Em 44% dos quase

acidentes, foram categorizados como perigos causados. São necessárias estratégias

visando a diminuição dos riscos causados, assim aumentando o nível de segurança

das equipes operacionais.

O gráfico 21 apresenta as barreiras de segurança relacionada com o perigo

causado. Mais de 40% dos perigos causados estão relacionados com barreiras

diretamente relacionadas aos procedimentos da equipe executora.

17%

17%

10%

10%

23%

26%

20%

18%

9%

16%

15%

30%

19%

17%

18%

23%

8%

19%

44%

47%

63%

51%

54%

25%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Geral

Manutenção

Obras

Operação

Subestação

Serviços

Caracterização dos perigos envolvidos nos quase acidentes

1 - Visível 2 - Oculto 3 - Emergente 4 - Causado

Page 83: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

79

GRÁFICO 21 - BARREIRAS ENVOLVIDA NO PERIGO CAUSADO

FONTE: Autor (2019)

Com objetivo de mensurar a possibilidade de identificação e bloqueio do risco,

na realização da APR, foi conjecturado esta hipótese, considerando apenas as

informações contidas nos registros onde em 92% dos registros havia esta

possibilidade. Outro questionamento é relacionado a identificação prévia e bloqueio

do risco, conforme apresenta o gráfico 22.

GRÁFICO 22 - IDENTIFICAÇÃO E BLOQUEIO PRÉVIO DO RISCO

FONTE: Autor (2019)

2%

19%

24%

21%

2%

43%

25%

17%

4%

55%

35%

2%

24%

27%

2%

39%

14%

8%

40%

45%

21%

24%

63%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Geral

Manutenção

Obras

Operação

Subestação

Serviços

Barreira envolvida na categoria do perigo causado

1 - Gestãooperacional

2 - Comunicação 3 - Programação / planejamento da atividade

4 - Procedimentos de outrasequipes

6 - Procedimento da equipeexecutora

31%

32%

33%

43%

31%

17%

64%

63%

58%

51%

69%

76%

5%

4%

9%

5%

6%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Geral

Manutenção

Obras

Operação

Subestação

Serviços

Identificação e boqueio do risco na realização da APR

1 - Sim 2 - Não 3- Dificuldade elevada de identificação

Page 84: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

80

Em 64% dos quase acidente não houve a identificação prévia do risco,

demostrando que para estes casos a realização da APR não foi efetiva. Em apenas

5% dos quase acidentes os riscos foram categorizados com dificuldade elevada de

identificação. Esses dados revelam a necessidade de ações e estratégias para

melhoria do desempenho na realização da APR.

A caracterização dos riscos, conforme critérios da NBR 14280, é apresentada

na tabela 2.

TABELA 2 - CARACTERIZAÇÃO FATORES E RISCOS NBR 14280

Tipos de Acidentes Pessoais NBR 14280 Quantidade Quantidade%

Exposição à energia elétrica 557 65,8%

Presença de animais 89 10,5%

Impacto sofrido por objeto que cai 73 8,6%

Queda no mesmo nível 52 6,1%

Aprisionamento, atrito, abrasão, corte 26 3,1%

Queda com diferença de nível 22 2,6%

Riscos da natureza 9 1,1%

Exposição aos fenômenos da natureza 4 0,5%

Riscos relacionados com o trânsito 3 0,4%

Agressão humana 3 0,4%

Esforço excessivo 2 0,2%

Riscos relacionados com o ambiente público 1 0,1%

Riscos inerentes às dependências inseguras de terceiros

1 0,1%

Mal projetado/mal construído 1 0,1%

Queimadura 1 0,1%

Riscos da natureza/ mal projetado 1 0,1%

Problema de espaço e circulação/mal projetado 1 0,1%

Total 846 100,0%

FONTE: Autor (2019)

A exposição à energia elétrica, foi evidenciada em 65% dos casos, seguido

pela presença de animais, com 10%, impacto sofrido por objeto que cai, com 8% e

queda no mesmo nível, com 6% dos registros, que representam 83% dos quase

acidentes.

Page 85: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

81

4.1.3 Análise dos Registros - Fatores Humanos

De acordo com as informações dos registros e o método apresentado no

capítulo 2, foram relacionados os fatores humanos que contribuíram para a ocorrência

do quase acidente. Estes fatores são divididos em duas categorias, erros e violações,

conforme apresenta o gráfico 23.

GRÁFICO 23 - FATORES HUMANOS EVIDENCIADOS NOS QUASE ACIDENTES

FONTE: Autor (2019)

Em 24% dos quase acidentes, não foram identificadas evidências de fatores

humanos. Em 13% dos quase acidentes, foram identificadas evidências relacionadas

a violações de procedimentos existentes na empresa objeto de estudo. A maioria dos

quase acidentes, 63%, foram evidenciados fatores relacionados a categoria de erros.

Na categoria erro, os fatores humanos foram caracterizados como: decisão,

percepção e habilidade, conforme apresenta o gráfico 24.

13%

17%

24%

4%

31%

9%

63%

59%

57%

75%

46%

63%

24%

23%

19%

22%

23%

28%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Geral

Manutenção

Obras

Operação

Subestação

Serviços

Contribuição de fatores humanos no quase acidente

1 - Violação 2 - Erro 3 - Não se aplica

Page 86: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

82

GRÁFICO 24 - CATEGORIA ERRO HUMANOS EVIDENCIADAS NOS QUASE ACIDENTES

FONTE: Autor (2019)

Na categoria erros, a percepção foi caracterizada em 47%, sendo diretamente

relacionada com APR da equipe. A habilidade foi evidenciada em 38%, podendo ser

relacionada a aspectos de treinamento e ou experiências das equipes envolvidas. A

decisão foi evidenciada em 16% dos registros, podendo ser relacionada ao

comportamento dos indivíduos e equipes.

Na categoria violação, 88% dos fatores humanos foram relacionados a

violações excepcionas e 12% dos registros foram relacionados a violações habituais,

todos envolvendo equipes de poda e roçada, com falhas relacionadas ao

procedimento de comunicação, conforme apresenta o gráfico 25.

GRÁFICO 25 - CATEGORIA VIOLAÇÕES EVIDENCIADAS NOS QUASE ACIDENTES

FONTE: Autor (2019)

47%

52%

43%

30%

33%

57%

38%

26%

51%

57%

67%

33%

16%

23%

5%

13%

9%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Geral

Manutenção

Obras

Operação

Subestação

Serviços

Caracterização da categoria de fatores humanos no quase acidente

1 - Percepção 2 - Habilidade 3 - Decisão

12%

19%

88%

81%

100%

100%

100%

100%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Geral

Manutenção

Obras

Operação

Subestação

Serviços

Identificação e boqueio do risco na realização da APR

1 - Habitual 2 - Excepcionais

Page 87: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

83

4.1.4 Análise dos Registros - Barreiras de Segurança

Os quase acidentes ocorrem em função da falha de uma ou mais barreiras de

segurança que devido a atuação efetiva de uma ou mais barreiras de segurança, não

permitiu o agravamento da situação, evitando o acidente. Em alguns casos existe a

falha de uma barreira, porém não existe a atuação eficaz de uma barreira de

segurança, no entanto não chegou a ocorrer o acidente. Na análise dos registros,

estas falhas foram caracterizadas, conforme informações relacionadas ao

comportamento e ações dos indivíduos ou a condições relacionadas ao processo da

organização, caracterizadas como falhas ativas e condições latentes, conforme

apresenta o gráfico 26.

GRÁFICO 26 - FALHAS BARREIRAS DE SEGURANÇA NOS QUASE ACIDENTES

FONTE: Autor (2019)

Em 94% dos quase acidentes foram evidenciadas falhas ativas, definidas com

sendo ações imediatas cometidas pelos indivíduos que estão em contato com o

sistema. Em 3% dos quase acidentes as falhas foram relacionadas a condições

latentes, definidas como patologias intrínsecas do sistema, que surgem em função de

fatores organizacionais e gerenciais. Em 3% dos quase acidentes não foram

identificadas falhas relacionadas a barreiras de segurança, conforme critérios

definidos neste trabalho.

94%

93%

96%

98%

85%

93%

3%

4%

1%

1%

15%

2%

3%

3%

3%

2%

5%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Geral

Manutenção

Obras

Operação

Subestação

Serviços

Caracterização do tipo de Barreira no quase acidente

1 - Ativa 2 - Latente 3 - Não se aplica

Page 88: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

84

A gestão da segurança do trabalho neste contexto é definida com a interação

de um conjunto de processos e atividades específicas da organização e ações dos

indivíduos ligados direta ou indiretamente a atividade, que são responsáveis por uma

determinada barreira de segurança, as quais foram caracterizadas, na análise dos

registros, de acordo aderência aos critérios relacionados as barreiras definidas no

capítulo 3 . O gráfico 27 apresenta as informações referente as barreiras que falharam

causando o quase acidente.

GRÁFICO 27 - BARREIRAS QUE FALHARAM NOS QUASE ACIDENTES

FONTE: Autor (2019)

Em apenas 1% dos quase acidentes, foram evidenciadas falhas relacionadas

a processos de engenharia, em função de problemas relacionados a características

de novos equipamentos adquiridos e o procedimento operacional existente. Em

apenas 1% dos quase acidentes foram evidenciadas falhas relacionadas a gestão

operacional, relacionadas a treinamentos obrigatórios para execução de uma tarefa

específica, autorização de acesso a subestações e a realização de teste periódicos

de ferramentais. Em 11%, foram evidenciadas falhas com o procedimento de

comunicação, sendo essas falhas relacionadas aos equipamentos de comunicação e

3%

1%

1%

8%

2%

11%

14%

15%

25%

10%

4%

3%

2%

6%

4%

11%

5%

38%

25%

2%

29%

33%

13%

16%

17%

38%

24%

22%

17%

21%

33%

30%

15%

18%

7%

25%

8%

4%

6%

4%

3%

5%

8%

10%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Geral

Manutenção

Obras

Operação

Subestação

Serviços

Barreira envolvida

1 - Engenharia 2 - Gestão operacional

3 - Comunicação 4 - Funcionamento adequado do equipamento

5 - Programação / planejamento da atividade 6 - Análise preliminar de risco

7- Procedimentos da equipe executora 8 - Procedimento de outras equipes

10 - Não evidenciado

Page 89: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

85

procedimentos das equipes ou operadores do centro de operações. Em 4% foram

evidenciadas falhas relacionadas ao funcionamento dos equipamentos, tais como

hidroelvadores, guindauto e interruptores de carga. Em 11% dos quase acidentes,

foram evidenciadas falhas na programação e planejamento das atividades

relacionadas a elaboração de ordens de manobras para desligamentos programados,

visando a realização de obras ou manutenções preventivas. Em 29% dos quase

acidentes, foram evidenciadas falhas relacionadas a APR. Em 24% dos quase

acidentes foram relacionadas falhas relacionadas com o procedimento da equipe

executora em relação a descrição do quase acidente e o procedimento padronizado

da tarefa relacionada. Em 15% dos quase acidentes foram evidenciadas falhas de

outras equipes, que realizaram procedimentos que antecederam a tarefa da equipe

que sofreu o quase acidente, sendo que a causa do quase acidente está relacionado

a esta falha. Em 6% dos quase acidentes, não foram evidencias falhas nas barreiras

de segurança, de acordo com os critérios definidos neste trabalho.

O gráfico 28 apresenta as informações referente as barreiras que atuaram

efetivamente evitando o agravamento da situação.

GRÁFICO 28 - BARREIRAS QUE FUNCIONARAM NOS QUASE ACIDENTES

FONTE: Autor (2019)

1%

1%

18%

24%

12%

15%

27%

10%

25%

20%

35%

40%

9%

20%

2%

2%

11%

1%

9%

3%

9%

3%

5%

15%

17%

45%

50%

38%

29%

55%

51%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Geral

Manutenção

Obras

Operação

Subestação

Serviços

Barreira envolvida

1 - Engenharia 2 - Gestão operacional

3 - Comunicação 4 - Funcionamento adequado do equipamento

5 - Programação / planejamento da atividade 6 - Análise preliminar de risco

7- Procedimentos da equipe executora 8 - Procedimento de outras equipes

9 - Utilização de EPI/EPC 10 - Não evidenciado

Page 90: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

86

A análise preliminar de risco é uma importante ferramenta para segurança nas

atividades operacionais e foi evidenciada em 18% dos quase acidentes sendo a

barreira que evitou uma maior gravidade da situação. O procedimento padronizado

contempla a sequência lógica na execução da tarefa de maneira que a tarefa seja

executada bloqueando os riscos relacionados a tarefa. Em 25% dos quase acidentes,

houve evidências que o procedimento executado pela equipe, de acordo com a padrão

da tarefa, foi a barreira que evitou uma maior gravidade da situação. Em 2% dos quase

acidentes o procedimento de outras equipes, foram evidenciados, como sendo a

barreira que evitou uma maior gravidade da situação. A utilização dos EPI e/ou EPC,

de acordo com os critérios deste trabalho é uma das últimas barreiras para evitar um

acidente, cuja atuação foi evidenciada em 9% dos quase acidentes. Em 45% dos

quase acidentes não foram evidenciadas barreiras que evitaram uma maior gravidade

da situação.

O gráfico 29, apresenta o resultado da classificação do tipo de retorno dos

quase acidentes, analisados.

GRÁFICO 29 - TIPO DE RETORNO DOS QUASE ACIDENTES

FONTE: Autor (2019)

Conforme classificação dos quase acidentes de acordo com tipo de retorno

de informação proporcionado, em 30% dos quase acidentes as medidas preventivas

30%

30%

33%

44%

31%

16%

70%

70%

67%

56%

69%

84%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Geral

Manutenção

Obras

Operação

Subestação

Serviços

Caracterização do retorno do quase acidente

1 - Positivo 2 - Negativo

Page 91: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

87

atuaram adequadamente ou o trabalhador em função do procedimento executado,

manteve a situação dentro de um nível de segurança adequado, no entanto para os

demais, as medidas de prevenção não funcionaram ou não existiram, expondo o

funcionário a um nível de segurança muito baixo.

4.1.5 Análise de Informações Cadastrais

Nesta etapa é apresentado a análise das informações que são inseridas

quando do cadastro do quase acidente, as quais não foram caracterizadas pela

metodologia da pesquisa. O gráfico 30, apresenta a quantidade de ocorrência de

quase acidentes analisados por meses do ano.

GRÁFICO 30 - OCORRÊNCIA DE QUASE ACIDENTES NOS MESES DO ANO

FONTE: Autor (2019)

Não houve variação significativa na quantidade de ocorrência dos quase

acidentes ao longo dos meses do ano. A média de ocorrência foi de 23 quase

acidentes por mês, considerando os anos analisados.

A tabela 3, apresenta a quantidade de ocorrência de quase acidentes por dia

da semana.

20 2334

2318 17 18

23 24 2517

24

29

38

30

25 3429

18

34 30 27

27

25

26

17 15

22

29

11

19

1328

1520

19

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Quantidade d

e r

egis

tro

s

Meses

2016 2017 2018

Page 92: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

88

TABELA 3 - OCORRÊNCIA DE QUASE ACIDENTES POR DIA DA SEMANA

Dia da semana Quantidade Quantidade%

Domingo 71 8,4%

Segunda-feira 96 11,3%

Terça-feira 154 18,2%

Quarta-feira 166 19,6%

Quinta-feira 153 18,1%

Sexta-feira 115 13,6%

Sábado 91 10,8%

Total geral 846 100,0%

FONTE: Autor (2019)

O gráfico 31, apresenta a porcentagem de quase acidentes e a porcentagem de

serviços (comerciais, emergenciais e manutenção) entre os anos de 2016 a 2018, por

dia da semana.

GRÁFICO 31 - PORCENTAGEM DE QUASE ACIDENTES E SERVIÇOS

FONTE: Autor (2019)

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

0%

5%

10%

15%

20%

25%

Qu

an

tida

de

de s

erv

iço

s

% d

e Q

uase

acid

en

tes e

Se

rviç

os

% Quase Acidentes % Serviços Proporção de Quase acidentes por Serviços

Page 93: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

89

A proporção da ocorrência de quase acidentes em relação a quantidade de

serviços foi menor no final de semana, demostrando um pior desempenho, em relação

aos dias úteis, com uma proporção de um quase acidente a cada 2.372 serviços no

sábado e um quase acidente a cada 2.512 serviços no domingo. O melhor

desempenho ocorreu na segunda-feira com uma proporção de 1 quase acidente a

cada 4.253 serviços.

O gráfico 32, apresenta a quantidade de ocorrência de quase acidentes por

intervalo de horário.

GRÁFICO 32 - OCORRÊNCIA DE QUASE ACIDENTES POR HORÁRIO

FONTE: Autor (2019)

A jornada da maioria das equipes é realizada entre 08:00 às 17:00 horas,

consequentemente sendo executado a maioria dos serviços operacionais, tais como

atendimento a solicitação de consumidores, manobras programadas, manutenções

preventivas dentre outras atividades. Observa-se que a maior quantidade ocorreu no

horário entre 10 e 11 horas da manhã com 130 registros. No período da tarde, a maior

quantidade ocorreu entre 13 e 14 horas com 101 quase acidentes.

Os critérios de localidades para o cadastro do quase acidente, são divididos

em urbanas, rurais e marítimas. Os procedimentos de trabalho são os mesmos, porém

há variação dos fatores relacionados ao meio ambiente e às características distintas

destas. O gráfico 33 apresenta as informações das localidades nos registros

analisados.

5 2 4 1 2 314

46

117

130

66

28

101

58

98

64

35 31

13 10 513

0

20

40

60

80

100

120

140

Quantidade d

e r

egis

tros

Intervalo hora

Page 94: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

90

GRÁFICO 33 - OCORRÊNCIA DE QUASE ACIDENTES POR LOCALIDADE

FONTE: Autor (2019)

Os quase acidentes registrados como localidade marítima estão relacionadas

as atividades executadas nas ilhas do estado do Paraná. As áreas urbanas e rurais

são relacionadas as características destes locais.

A maioria dos quase acidentes analisados, foram cadastrados com a

informação de condições climáticas normal, representando 82% dos registros,

conforme apresenta o gráfico 34.

GRÁFICO 34 - CONDIÇÕES CLIMÁTICAS NA OCORRÊNCIA DE QUASE ACIDENTES

FONTE: Autor (2019)

As condições climáticas chuvoso, nublado, temporal e neblina, podem

influenciar na segurança para a execução da tarefa. Esses fatores devem ser

analisados na APR das equipes operacionais, que em alguns casos são impeditivos

52%

47%

1%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60%

Rural

Urbana

Marítima

Localidade dos quase acidentes

82%

10%

7%

0,7%

0,3%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90%

Normal

Chuvoso

Nublado

Temporal

Neblina

Condições climáticas dos quase acidentes

Page 95: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

91

para a execução da tarefa. No entanto 82% dos quase acidentes ocorreram em

situações climáticas normais, que na maioria das situações não influenciam

diretamente na segurança para execução da tarefa, em comparação com as demais

condições climáticas.

Em 64% dos quase acidentes analisados aconteceram em redes elétricas de

13,8 kV e 34,5 kV, conforme apresenta o gráfico 35.

GRÁFICO 35 - TIPO DE REDE ELÉTRICA NA OCORRÊNCIA DE QUASE ACIDENTES

FONTE: Autor (2019)

O conceito AT (alta tensão), para os níveis de tensão de 13,8kV e 34,5kV,

está relacionado a NR nº10, que estabelece como alta tensão em corrente alternada,

tensões acima de 1kV.

A maior quantidade de quase acidentes aconteceu com empregados próprios,

com 59% dos registros analisados, conforme apresenta o gráfico 36.

GRÁFICO 36 - FUNCIONÁRIO ENVOLVIDO NA OCORRÊNCIA DE QUASE ACIDENTES

FONTE: Autor (2019)

Este fato pode ser relacionado a duas questões:

a) Facilidade que os empregados próprios possuem em registrar o quase

acidente, devido ao acesso direto ao sistema informatizado de registro,

64%

14%

13%

6%

3%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%

Rede Elétrica - AT

Rede Elétrica - BT

Outros

Unidade Consumidora

Subestação

Rede elétrica envolvida no quase acidente

59%

41%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60%

Próprio

Terceirizado

Funcionário envolvido no quase acidente

Page 96: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

92

sendo que empregados contratados, não possuem acesso direto,

dependendo de um empregado próprio para registrar o quase acidente;

b) Medo de algum tipo de sanção contratual, por parte dos empregados

contratados.

A tabela 4, apresenta a caracterização do agente causador do quase acidente,

conforme caracterizações disponíveis no banco de dados, quando do cadastro do

quase acidente.

TABELA 4 - AGENTE CAUSADOR DE QUASE ACIDENTE NO SETOR ELÉTRICO

Agente Quantidade Quantidade%

Equipamento elétrico 461 54,5%

Outros 213 24,9%

Animal outros 77 9,1%

Equipamento de guindar 17 2,0%

Vegetal 12 1,4%

Veículo 8 0,9%

Ferramenta manual sem força motriz 7 0,8%

Vara telescópica 6 0,7%

Vegetação 6 0,7%

Dispositivo de transmissão de energia mecânica 5 0,6%

Ferramenta manual ou força motriz ou aquecimento 5 0,6%

Madeira 4 0,5%

Área ou ambiente de trabalho 4 0,5%

Sucata; entulho; resíduo 4 0,5%

Agressão física 3 0,4%

Escavação; fossa; túnel 3 0,4%

Área ou ambiente de trabalho (fita adesiva - sinalização) 3 0,4%

Violência urbana 2 0,2%

Edifício ou estrutura (exceto piso; superfície de Sustentação ou área)

2 0,2%

Agente infeccioso ou parasitário 2 0,2%

Superfície de sustentação (de pessoas) 2 0,2%

Total Geral 844 100,0%

FONTE: Autor (2019)

A tabela 5, apresenta as áreas dos funcionários que realizaram o cadastro no

sistema. O sistema permite o cadastro do quase acidente sem que seja identificado o

Page 97: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

93

autor, visando não expor o funcionário. Este aspecto é positivo, considerando que uma

das finalidades da análise do quase acidente é avaliar os pontos fortes e

oportunidades de melhoria nas barreiras de segurança.

TABELA 5 - ARÉAS RESPOSÁVEIS PELO REGISTRO DE QUASE ACIDENTES

Área do responsável pelo cadastro Quantidade Quantidade%

Agência 287 33,9%

Centro de operações 224 26,5%

Manutenção redes 202 23,9%

Projeto e obras 47 5,6%

Registro anônimo 33 3,9%

Manutenção SE 28 3,3%

Segurança e saúde do trabalho 10 1,2%

Controle de qualidade 7 0,8%

Inspeção/procedimento irregular 3 0,4%

Geo-cadastro 3 0,4%

Medição 2 0,2%

Total Geral 844 100,0%

FONTE: Autor (2019)

4.2 RESULTADOS E ANÁLISE DA METODOLOGIA PROPOSTA

Na metodologia aplicada os registros foram analisados visando avaliar os

fatores humanos, efetividade da APR e desempenho das barreiras de segurança nos

registros de quase acidentes. Os resultados são analisados em duas etapas:

a) Geral: contemplados todos os registros;

b) Por atividade: Análise dos registros de acordo com a classificação da

atividade, realizada na etapa de categorização.

A segmentação por atividade e equipe visa o entendimento específicos dos

fatores que influenciam na ocorrência dos quase acidentes destas.

A ferramenta APR é uma das principais barreiras de segurança, com maior

contribuição na segurança da atividade, sendo de responsabilidade direta da equipe.

A análise da APR nos registros de quase acidentes, visa conhecer o desempenho

desta ferramenta na prática e como as categorias de perigos existente influenciam em

sua efetividade.

O objetivo da análise dos fatores humanos, visa conhecer quais são os tipos

de falhas relacionado a este aspecto que contribuem na ocorrência do quase acidente.

Page 98: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

94

A análise das barreiras, visa conhecer o desempenho destas. Para melhorar

o desempenho é necessário conhecer em quais barreiras ocorreram as principais

falhas, quais são estas falhas e os fatores contribuem para suas ocorrências bem

como entender os pontos fortes da atuação ativa destas barreiras que evitam o

agravamento da situação. A identificação do tipo de retorno do quase acidente,

possibilita um indicador para a gestão da segurança, possibilitando a definição de

ações, metas e objetivos relacionados ao desempenho desta.

4.2.1 Resultados - Análise APR

Em 60% dos registros, seria possível aplicar a ferramenta direito de recusa.

Destes, conforme critérios definidos nesta análise, houve evidência de sua aplicação

em 45% dos quase acidentes, demonstrando a postura esperada das equipes em

relação a segurança e saúde do trabalho. A atividade de operação foi a atividade em

que mais houve a evidência de sua aplicação, onde em 66% dos registros seria

possível aplicar o direito de recusa, sendo evidenciado em 62% destes quase

acidentes, conforme informações disponíveis no gráfico 9 do apêndice B.

Considerando apenas as informações dos registros, seria possível a

identificação e bloqueio do risco durante a realização da APR, em 92% dos quase

acidentes analisados. Destes houve a identificação e bloqueio do risco, na realização

da APR em 31% dos quase acidentes e em apenas 5% foi caracterizado com grau

elevado de identificação e bloqueio prévio. A atividade de serviços, realizada pela

equipe de NR 10 Agência, apresentou o pior desempenho, em apenas 17% dos quase

acidentes houve a identificação e bloqueio prévio, porém, esta mesma equipe, na

realização da atividade de operação obteve o melhor desempenho, sendo identificado

e bloqueado previamente o risco em 45% dos quase acidentes, conforme informações

disponíveis no gráfico 10 do apêndice B.

A etapa de execução da atividade apresentou a maior quantidade de quase

acidentes, caracterizado em 74% dos registros. Na atividade de serviços, 88% dos

quase acidentes ocorreram durante a etapa de execução, conforme informações

disponíveis no gráfico 3 do apêndice B.

A tarefa foi o principal componente da atividade caracterizado nos quase

acidentes, evidenciado em 44% dos casos. Nos registros de quase acidentes de

Page 99: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

95

equipes de poda e roçada, da atividade de manutenção, 74% dos quase acidentes

foram categorizados ao componente da atividade, tarefa, conforme informações

disponíveis no gráfico 7 do apêndice A.

As principais condições perigosas e os principais fatores de riscos, foram

identificados, sendo distintos entres as atividades e equipes. No apêndice A, constam

as informações das análises dos quase acidentes ocorridos na atividade de

manutenção, que serão abordadas nos próximos parágrafos.

Na atividade de manutenção, com equipe de linha morta, o principal fator de

risco, está relacionado a situações emergenciais, tais como rompimento de condutor,

abalroamento de poste, queda de galhos e árvores sobre a rede de energia elétrica,

onde um condutor energizado, ocasionou uma situação de risco a equipe de

manutenção. A maioria destes casos foi relacionado ao perigo causado, em

decorrência de procedimentos de outras equipes. O segundo fator de risco está

relacionado a comunicação como o centro de operações. Esse fator foi caracterizado

como perigo causado estando relacionado diretamente ao procedimento da equipe

executora. O terceiro fator de risco está relacionado ao meio ambiente, devido a

presença de animais peçonhentos, tendo como bloqueio a realização da APR da

equipe.

Na atividade de manutenção, com equipe de poda e roçada, o principal fator

de risco está relacionado as tarefas de corte de árvores e galhos, que devido a falha

no procedimento, atinge a rede de energia elétrica, ocasionando rompimento de

condutores e ou quebra de estruturas. Este é um perigo causado e está ligado

diretamente ao procedimento da equipe executora. O segundo fator de risco, está

relacionado com a falha de comunicação com o centro de operação, todas as

situações causadas. O terceiro fator de risco está relacionado ao meio ambiente,

devido a presença de cobra, abelhas ou vespas.

Na atividade de manutenção com equipe de linha viva o principal fator de risco

está relacionado com a tarefa de substituição de cruzeta de madeira em estado

deteriorado. Este tipo de perigo, em todos os casos analisados, foi categorizado como

visível, que facilita sua identificação e bloqueio na realização da APR da equipe. O

segundo fator de risco, está relacionado a falha no comando do hidroelevador,

caracterizados como perigos ocultos e emergentes, sendo seu bloqueio condicionado

a inspeção operativa do equipamento por parte da equipe e a realização de

Page 100: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

96

manutenção preventiva efetivamente. O terceiro fator de risco está relacionado a

tarefa de corte de galhos, que devido a falha no procedimento, atinge a rede de

energia elétrica, ocasionando rompimento de condutores e ou quebra de estruturas.

Este é um perigo causado e está ligado diretamente ao procedimento da equipe

executora.

Em 47% dos quase acidentes na atividade de manutenção a categoria do

perigo está relacionado a situações causadas, sendo a principal categoria de perigos

nesta atividade.

No apêndice B, constam as informações das análises dos quase acidentes,

ocorridos nas atividades de serviços e operação, que serão abordadas nos próximos

parágrafos.

Nas atividades de serviços e operação, o principal fator de risco está

relacionado ao arco elétrico na operação da chave, sendo um perigo emergente na

maioria dos casos. O segundo fator de risco, na atividade de serviços, está

relacionado a presença de buraco no solo, sendo um perigo categorizado como oculto

na maioria dos casos. O terceiro fator de risco na atividade de serviços está

relacionados ao meio ambiente, devido a presença de cobra, abelhas ou vespas,

ligado a APR da equipe.

Para a atividade de operação, outros principais fatores de riscos, estão

relacionados a erros na programação de manobras e nas informações destas, ligados

ao procedimento de outras equipes, sendo categorizados como perigos causados. Em

30% dos quase acidentes na atividade de serviços a categoria do perigo está

relacionado a perigos ocultos, que possuem maior dificuldade de identificação prévia,

sendo a principal categoria de perigos nesta atividade. Em 51% dos quase acidentes

na atividade de operações a categoria do perigo está relacionado a situações

causadas, sendo a principal categoria de perigos nesta atividade.

No apêndice C, constam as informações das análises dos quase acidentes,

ocorridos nas atividades de obras, que serão abordadas nos próximos parágrafos.

Na atividade de obras, com equipes de linha morta e linha viva, o principal

fator de risco está relacionado a erros na programação de manobras e nas

informações destas, ligados ao procedimento de outras equipes, sendo categorizados

como perigos causados. O segundo fator de risco, está relacionado com a falha de

comunicação com o centro de operação, todas as situações causadas. O terceiro fator

Page 101: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

97

de risco está relacionado com a energização acidental, sendo emergente e seu

bloqueio condicionado as tarefas de testar e aterrar a rede, conforme tarefas

padronizadas do GSST. Em 63% dos quase acidentes na atividade de obras a

categoria do perigo está relacionado a situações causadas, sendo a principal

categoria de perigos nesta atividade.

No apêndice D, constam as informações das análises dos quase acidentes,

ocorridos nas atividades de manutenção de subestação, que serão abordadas nos

próximos parágrafos.

Na atividade de manutenção de subestação, o principal fator de risco, está

relacionado ao meio ambiente, devido a presença de animais peçonhentos, todas as

situações categorizadas como perigo oculto. O segundo fator de risco está

relacionado com a queda de objeto de cima da estrutura, sendo categorizado como

um perigo causado, ligado diretamente ao procedimento da equipe executora. O

terceiro fator de risco está relacionado a erros na programação de manobras e nas

informações destas, ligados ao procedimento de outras equipes. Cabe ressaltar que

os quase acidentes analisados nesta atividade, representam pouco mais de 1% dos

registros analisados. Em 54% dos quase acidentes na atividade de subestações a

categoria do perigo está relacionado a situações causadas, sendo a principal

categoria de perigos nesta atividade.

As condições perigosas evidenciadas nos quase acidentes analisados, foram

classificadas em função do grau de dificuldade em sua identificação prévia. No geral,

44% dos perigos foram causados, 20% ocultos, 19% emergentes e 17% visíveis. Os

perigos visíveis, de acordo com os critérios da pesquisa possuem maior facilidade em

sua identificação. Os perigos causados estão relacionados aos procedimentos das

equipes e na maioria dos casos foram gerados por equipes ligadas indiretamente na

atividade.

4.2.2 Resultados - Análise Fatores Humanos e Barreiras de Segurança

Em 97% dos quase acidentes analisados, houve a evidência de falha nas

barreiras de segurança, sendo a maioria relacionada a falhas ativas, presente em 94%

dos registros.

Page 102: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

98

Em 76%, foram caracterizados a contribuição de fatores humanos para

ocorrência dos quase acidentes. Na categoria erros, a percepção foi caracterizada em

47%, habilidade em 38% e decisão em 16%. Na categoria violação, 88% dos fatores

humanos foram relacionados a violações excepcionas e 12% dos registros foram

relacionados a violações habituais, todos envolvendo equipes de poda e roçada, com

falhas relacionadas ao procedimento de comunicação.

A principal barreira de segurança que falhou, está relacionada a APR,

evidenciada em 29% dos casos, seguida pelas barreiras relacionadas ao

procedimento da equipe executora - com 24%, procedimento de outras equipes - com

15% e comunicação - com 11%. A barreira que mais falhou na atividade de obras foi

a programação e planejamento da atividade - com 38%. Na atividade de operação foi

a barreira do procedimento de outras equipes, evidenciada em 25% dos registros. A

barreira que mais falhou na atividade de manutenção de subestação foi o

procedimento da equipe executora, evidenciada em 33% dos registros.

A principal barreira que atuou efetivamente evitando o agravamento da

situação está relacionada ao procedimento da equipe executora, evidenciada em 25%

dos casos, seguida pelas barreiras relacionadas a APR - com 18%, utilização de

EPI/EPC - com 9% e procedimentos de outras equipes - com 2%. Em 45% dos quase

acidentes não houve evidência de atuação de uma barreira que evitou o agravamento

da situação.

Page 103: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

99

5 CONCLUSÕES E TRABALHOS FUTUROS

5.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS

A aplicação do método proposto permitiu avaliar a efetividade da APR,

identificando as etapas em que mais ocorreram os quase acidentes, quais são os

principais componentes da atividade envolvidos, identificando os perigos e

classificando-os em categorias, possibilitando contribuir com o aprimoramento das

técnicas de APR em atividades operacionais em redes de distribuição de energia

elétrica. Revelou os fatores humanos que contribuem para ocorrência dos quase

acidentes e o desempenho das barreiras de segurança.

Entender o contexto da empresa objeto de estudo, de maneira a segmentar a

aplicação do método permitiu uma leitura específica de cada atividade sendo um fator

determinante para os resultados obtidos. No estudo realizado, um mesmo tipo de

equipe, (NR 10 Agência) apresentou resultados distintos quando da realização de

atividades diferentes, (serviços e operação), em função das características de cada

uma.

Perante o resultado obtido com este trabalho, pode se afirmar que a análise

agrupada de quase acidentes com a aplicação de métodos de análise, permite avaliar

as falhas nas barreiras de segurança e os perigos envolvidos sendo uma importante

ferramenta para prevenção ativa na segurança do trabalho, podendo ser aplicado a

outros setores econômicos.

A classificação das barreiras de segurança, pode ser definida para qualquer

organização. A partir desta classificação e da definição das informações a serem

analisadas nos registros de quase acidentes é possível a aplicação da metodologia

proposta por este trabalho, a outros setores econômico, com sucesso.

5.2 PROPOSIÇÃO DE AÇÕES

Considerando que o acidente ocorre devido a falhas nas barreiras de

segurança, quanto mais forte e consistente for a barreira menor será a probabilidade

de sua falha. Neste sentido é de fundamental importância atuar para a melhoria no

desempenho destas barreiras, conforme sugestões:

Page 104: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

100

• Melhorar a metodologia da realização da APR, com a utilização de novas

ferramentas (aplicativo) e treinamentos segmentados, focando nos

principais perigos inerentes a cada equipe e atividade;

• Criar metodologia para identificação de falhas de procedimentos, que são

antecedentes (procedimentos de outras equipes) a execução de uma

atividade subsequente, visando mitigar a geração dos perigos causados,

permitindo a oportunidade de aprendizagem a equipe ou responsável pela

falha de seu procedimento, de maneira similar a metodologia já existente

na empresa objeto de estudo, de avaliação dos procedimento da equipe

executora;

• A atividade de podas e roçadas em redes de distribuição tem grande

importância no processo de manutenção de redes. No entanto, em função

das características da atividade a mão de obra, em grande parte,

apresenta baixa qualificação, sendo 100% terceirizada, ensejando uma

abordagem diferenciada quanto aos treinamentos e instruções de

trabalhos. Neste estudo, na análise dos quase acidentes envolvendo

estas equipes, em apenas 9% houve a identificação e bloqueio

previamente dos riscos e em 77% não foram evidenciados a atuação

efetiva de uma barreira de segurança. Estes fatores, evidenciam a

necessidade da criação de um grupo de trabalho, a fim de avaliar os

pontos fracos e sugerir melhorias no processo da gestão de segurança do

trabalho, em todas as etapas envolvidas, considerando possíveis

melhorias no edital de aquisição, procedimentos operacionais e

fiscalização;

• Desenvolvimento de um novo banco de dados para registros dos quase

acidentes, contemplando as metodologias proposta por este estudo e

adequando ao atual contexto dos procedimentos operacionais.

5.3 SUGETÃO DE TRABALHOS FUTUROS

O conhecimento já produzido nos proporciona a oportunidade de identificar

possíveis melhorias para o aumento da segurança dos trabalhadores, bem como

questionar-se, sobre novas perspectivas, visando novas descobertas, conclusões e

Page 105: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

101

outros questionamentos de maneira a perpetuar esse ciclo. Baseado no resultado

obtido neste trabalho, sugerem-se as seguintes propostas de trabalhos futuros:

• Pesquisa e Desenvolvimento de uma ferramenta mobile (aplicativo a ser

utilizado no tablet) para realização da análise preliminar dos riscos,

utilizando inteligência artificial, permitindo interação com os usuários,

considerando aspectos e especificidades da tarefa, utilizando

metodologias de confiabilidade humana, com objetivo de auxiliar as

equipes operacionais na tomada de decisão, para bloqueio dos riscos

inerentes a tarefa em campo;

• Aplicação da metodologia proposta neste trabalho, na análise de

acidentes ocorridos na empresa objeto de estudo, correlacionando com a

ocorrência de quase acidentes e os resultados deste trabalho;

• Realização de um estudo focado em equipes de podas e roçada, com

objetivo de avaliar os pontos fracos e oportunidade de melhorias nesta

atividade, através de análises de quase acidentes, acidentes e inspeções

de segurança;

• Realização de um estudo, visando definição de metodologias de

indicadores para avaliação do desempenho de barreiras de segurança,

fatores humanos e da ocorrência dos quase acidentes;

• Realização de um estudo, visando identificar os fatores que influenciam

no desempenho da gestão de segurança que contribuem na ocorrência

de acidentes entre os trabalhadores próprios e terceirizados.

Page 106: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

102

REFERÊNCIAS

ABRADEE. ABRADEE. Disponível em: <http://www.abradee.org.br/abradee-institucional/distribuicao-em-destaque/>. Acesso em: 5 jul. 2019. AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA [ANEEL], (2012). PRODIST - Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional. Brasília, 2012. ALMEIDA, I. M. DE; FILHO, A. P. G. Análise de acidentes do trabalho, gestão de segurança do trabalho e gestão de produção. [s.l: s.n.]. ALVES DE SANTANA, E. et al. Atlas de energia elétrica do Brasil / Agência Nacional de Energia Elétrica. Brasília : Aneel, 2008. 3. ed. ed. Brasília : Aneel, 2008.: 2008, 2008. ANEEL. ANEEL. Disponível em: <http://www.aneel.gov.br/regulacao-da-distribuicao/-/asset_publisher/nHNpDfkNeRpN/content/regulacao-dos-servicos-de-distribuicao/656827?inheritRedirect=false&redirect=http%3A%2F%2Fwww.aneel.gov.br%2Fregulacao-da-distribuicao%3Fp_p_id%3D101_INSTANCE_nHNpDfk>. Acesso em: 5 jul. 2019. ANEEL. Atlas de energia elétrica do Brasil. Agência Nacional de Energia Elétrica. 3. ed. Brasília: Aneel, 2008. ANTONIO MELO, L. et al. Safety in the emergency services in the electric lines: the environmental factors Revista. [s.l: s.n.]. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/prod/v13n2/v13n2a09.pdf>. Acesso em: 5 ago. 2019. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5410: Instalações Elétricas de Baixa Tensão. Rio de Janeiro, set. 2004. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14280: Cadastro de acidente do trabalho - Procedimento e classificação. Rio de Janeiro, fev. 2001. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14039: Instalações elétricas de média tensão de 1,0 kV a 36,2 kV. Rio de Janeiro, dez. 2003. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15214: - Rede de distribuição de energia elétrica - Compartilhamento de infraestrutura com redes de telecomunicações. Rio de Janeiro, dez. 2005. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15688: Redes de distribuição aérea de energia elétrica com condutores nus. Rio de Janeiro, abr 2012. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15992: Redes de distribuição aérea de energia elétrica com cabos cobertos fixados em espaçadores para tensões até 36,2 kV. Rio de Janeiro, dez. 2011.

Page 107: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

103

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS NBR ISO 31000 Gestão de riscos - diretrizes. de riscos. Rio de Janeiro, mar. 2018. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS NBR 15751 Sistemas de aterramento de subestações - Requisitos. Rio de Janeiro, jul. 2013. AZADEH-FARD, N. et al. Risk assessment of occupational injuries using Accident Severity Grade. Safety Science, v. 76, p. 160-167, jul. 2015. BAHN, S. Safety Scien ce Workplace hazard identification and management : The case of an underground mining operation. Elsevier, v. 57, p. 129-137, 2013. BINDER, M. C. P. Árvore de Causas - Método de Investigação de Acidentes de Trabalho - 4a Ed. 1. ed. São Paulo: [s.n.]. BORGES, F.; TORRES, C.; SAURIN, T. A. Ambiente construído : revista da Associacao Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído. [s.l.] Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído, 1997. BOTELHO, M. R. Investigação de acidentes de trabalho e prevenção: análise das práticas da Auditoria Fiscal do Trabalho. [s.l.] Fundacentro, 2014. BRASIL. Consolidação das leis do trabalho. Decreto-lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Aprova a consolidação das leis do trabalho. 104.ed. São Paulo: Atlas, 2000. Coletânea de Legislação. BRASIL. (29 de set de 1994). Decreto n. 1.254 de 29 setembro de 1994. Convenção nº 155, da Organização Internacional do Trabalho. BRASIL. (08 de jul de 1978). PORTARIA N.º 3.214 , DE 08 DE JUNHO DE 1978. Acesso em 10 de 05 de 2019, disponível em MTE: http://www.trtsp.jus.br/geral/tribunal2/ORGAOS/MTE/Portaria/P3214_78.html BRASIL. NR 04 - Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho omissão Interna de Prevenção de Acidentes. In: SEGURANÇA e medicina do trabalho: Aprovada pela portaria n. 3.214, de jun. de 1978, Brasília, 2019. BRASIL. NR 05 - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes. In: SEGURANÇA e medicina do trabalho: Aprovada pela portaria n. 3.214, de jun. de 1978, Brasília, 2011. BRASIL. NR 06 - Equipamento de Proteção Individual. In: SEGURANÇA e medicina do trabalho: Aprovada pela portaria n. 3.214, de jun. de 1978, Brasília, 2010. BRASIL. NR 07 - Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional. In: SEGURANÇA e medicina do trabalho: Aprovada pela portaria n. 3.214, de jun. de 1978, Brasília, 2011. BRASIL. NR 09 - Programa de Prevenção de Riscos Ambientais. In: SEGURANÇA e

Page 108: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

104

medicina do trabalho: Aprovada pela portaria n. 3.214, de jun. de 1978, Brasília, 1994. BRASIL. NR 10 - Segurança em instalações e Serviços em Eletricidade. In: SEGURANÇA e medicina do trabalho: Aprovada pela portaria n. 3.214, de jun. de 1978. BRASIL. NR 17 - Ergonomia. In: SEGURANÇA e medicina do trabalho: Aprovada pela portaria n. 3.214, de jun. de 1978, Brasília, 2011. BRASIL. NR 35 - Trabalho em Altura. In: SEGURANÇA e medicina do trabalho: Aprovada pela portaria SIT n. 313, de Março de 2012, Brasília, 2012. BRITO, P. S. DOS S. Análise comparativa de acidentes do trabalho fatais entre funcionários próprios e terceirizados no setor elétrico brasileiro. [s.l.] 93 f.Dissertação (mestrado) Institutos Lactec, Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento de Tecnologia, .Curitiba-PR, 2017. CAMBRAIA, F. B.; FORMOSO, C. T.; SAURIN, T. A. Quase acidentes: conceito, classificação e seu papel na gestão da segurança. Porto Alegre 2005. CAMBRAIA, F. B.; SAURIN, T. A.; FORMOSO, C. T. Identification, analysis and dissemination of information on near misses: A case study in the construction industry. Safety Science, v. 48, n. 1, p. 91-99, 1 jan. 2010. B. Cardella, Segurança no Trabalho e Prevenção de Acidentes (Atlas, São Paulo, 1a Edição., 1999). CORREA, C. R. P.; CARDOSO JUNIOR, M. M. Análise e classificação dos fatores humanos nos acidentes industriais. Produção, v. 17, n. 1, p. 186-198, 2007. CPN. COMISSÃO TRIPARTE PERMANENTE DE NEGOCIAÇÃO DO SETOR ELÉTRICO NO ESTADO DE SÃO PAULO. [s.l: s.n.]. DEPARTAMENTO INTERSINDICAL DE ESTATÍSTICA E ESTUDOS SOCIOECONÔMICOS. Terceirização e morte no trabalho: um olhar sobre o setor elétrico brasileiro. DRESCH, A. et al. Design Science Research: Método de Pesquisa para Avanço da Ciência e Tecnologia. [s.l.] Bookman, 2015. GIBBS, G. Analise de dados qualitativos - Coleção Pesquisa Qualitativa. 2009. ed. [s.l.] Bookman, 2009. GNONI, M. G.; SALEH, J. H. Near-miss management systems and observability-in-depth: Handling safety incidents and accident precursors in light of safety principles. Safety Science, v. 91, p. 154-167, 1 jan. 2017. GNONI, M. G.; LETTERA, G. Near-miss management systems: A methodological comparison. Journal of Loss Prevention in the Process Industries, v. 25, n. 3, p.

Page 109: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

105

609-616, 1 maio 2012. GOBER, C. J. Análise de quase acidentes em atividades de manutenção de redes de distribuição aérea de média tensão. [s.l.] 110 f.Trabalho de conclusão de curso.Pontifícia Universidade Católica do Paraná.Pós graduação em Engenharia de segurança do trabalho. Curitiba -PR., 2014. JORGE, Heber Rebouças Terceirizar, flexibilizar, precarizar: um estudo crítico sobre a terceirização do trabalho. Dissertação de mestrado (mestrado em Sociologia) - Universidade Estadual de Campinas, Campinas,2011. Disponível em < http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=000795087> Acesso em 05 mai.2018. LAPORTE, T. R.; CONSOLINI, P. M. Working in Practice but Not in Theory: Theoretical Challenges of &quot;High-Reliability Organizations&quot;Journal of Public Administration Research and Theory: J-PART. [s.l: s.n.]. Disponível em: <http://www.jstor.org/about/terms.html.>. Acesso em: 16 mar. 2019. LUCAS, D. Organisational aspects of near miss reporting. Elsevier, 1991. MARTINS, R. Desenvolvimento de isolador polimérico inteligente. [s.l.] 91 f.Tese (doutorado) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Tecnologia, Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Ciência dos Materiais - PIPE. Defesa: Curitiba, 17/07/2015, 2015. MARTINS, R. M. M. Investigação de incidentes e acidentes de trabalho num terminal portuário. 2017. NAVARRO, A. F. A (im)previsibilidade da ocorrência de desvios, quase acidentes e acidentes. [s.l: s.n.]. Disponível em: <http://www.ilo.org/global/topics/safety-and-health-at-work/lang--es/index.htm,>. Acesso em: 4 mar. 2019. NASHEF, S. A. M. What is a near miss? Lancet (London, England), v. 361, n. 9352, p. 180-1, 11 jan. 2003. NÓBREGA, D. G. Um panorama sobre os acidentes do trabalho de uma empresa no setor eletrico. [s.l.] Recife, 2013. 97 f. Dissertação (mestrado) - UFPE, Centro de Tecnologia e Geociências, Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção, 2013. NORDLÖF, H. et al. Safety culture and reasons for risk-taking at a large steel-manufacturing company: Investigating the worker perspective. Safety Science, v. 73, p. 126-135, mar. 2015. OIT - https://www.ilo.org/global/statistics-and-databases/lang--en/index.htm. (05 de 12 de 2019).https://www.ilo.org/shinyapps/bulkexplorer47/?lang=en&segment=indicator&id=INJ_FATL_ECO_NB_A

Page 110: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

106

RASMUSSEN, H. B.; DRUPSTEEN, L.; DYREBORG, J. Can we use near-miss reports for accident prevention? A study in the oil and gas industry in Denmark. publications.tno.nl, 2013. RAVIV, G.; FISHBAIN, B.; SHAPIRA, A. Analyzing risk factors in crane-related near-miss and accident reports. Safety Science, v. 91, p. 192-205, 1 jan. 2017. REASON, J. Managing the Risks of Organizational Activities. 1. ed. London: Publisher: Routledge, 1997. RODRIGUES, P. Investigação de Acidentes de Trabalho num Armazém. 2016. SAMPSON, J. M.; DEARMOND, S.; CHEN, P. Y. Role of safety stressors and social support on safety performance. Safety Science, v. 64, p. 137-145, abr. 2014. SAMPSON, J. M.; DEARMOND, S.; CHEN, P. Y. Role of safety stressors and social support on safety performance. Safety Science, v. 64, p. 137-145, abr. 2014. SAURIN, T.; FAMÁ, C.; FORMOSO, C. T. Principles for designing health and safety performance measurement systems: Insights from resilience engineering | Princípios para o projeto de sistemas de medição de desempenho em segurança e saúde no trabalho: A perspectiva da engenharia de resiliência. Producao, v. 23, n. 2, 2013. SAURIN, T. A. Segurança e Produção: um modelo para o planejamento e controle integrado. 2002. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) - Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2002. SHAPPELL, S. A.; WIEGMANN, D. A. The Human Factors Analysis and Classification System - HFACS. Security, p. 19, 2000. SILVA, A. J. N. Análise organizacional de acidentes de trabalho no setor de distribuição de energia elétrica.Dissertação. Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Faculdade de Medicina de Botucatu.SP. 201 f., 7 jul. 2015 STEMN, E. et al. Failure to learn from safety incidents: Status, challenges and opportunities. Safety Science, v. 101, p. 313-325, 1 jan. 2018. VAN DER SCHAAF, T.; KANSE, L. Biases in incident reporting databases: an empirical study in the chemical process industry. Safety Science, v. 42, n. 1, p. 57-67, jan. 2004. VASTVEIT, R. K.; BOIN, A.; NJÅ, O. Learning from incidents: Practices at a Scandinavian refinery. Safety Science, v. 79, p. 80-87, 1 nov. 2015. ZHANG, W. et al. A method for detecting possible near miss ship collisions from AIS data. Ocean Engineering, v. 107, p. 60-69, out. 2015.

Page 111: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

107

APÊNDICE A - ANÁLISE ATIVIDADE MANUTENÇÃO

A atividade de manutenção apresentou a maior quantidade de registros

presente em 46% dos registros analisados. Foram analisadas as equipes de linha

morta, poda e roçada e linha viva, por representarem a maior amostra desta atividade

conforme apresenta o gráfico 1.

GRÁFICO 1 - EQUIPES - ATIVIDADE MANUTENÇÃO

FONTE: Autor (2019)

A tabela 1, apresenta as tarefas correspondente a maioria das atividades das equipes

de linha morta evidenciadas nos registros destas equipes.

TABELA 1 - TAREFAS - EQUIPE LINHA MORTA

Tarefa %

5-162 - Emenda de condutor 21%

5-157 - Substituição de poste com guindauto 11%

5-164 - Poda de arvore em RDA MT/ BT 11%

5-159 - Substituição de transformador convencional 5%

2-206 - Inspeção visual e regularização de falha em circuitos 34,5 e 13,8 kV 5%

1-108 - Teste de ausência de tensão MT/BT 4%

1-123 - Deslocamento em solo 3%

5-160 - Tracionamento de cabos e cordoalhas 3%

Page 112: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

108

1-118 - Operação e utilização meios comunicação 3%

5-161 - Corte de arvore próxima da MT/BT 3%

5-157 - Substituição de poste com guindauto 3%

5-171 - Limpeza de faixa de servidão (roçada) 3%

5-103 - Aprumar poste existente equipado 2%

1-112 - Utilização de guindauto para mov. de cargas e pessoas no SEP 2%

2-201 - Abertura ou fechamento de jumper em RDA atendida em MT 2%

4-106 - Abertura de chave fusível/seccionadora unipolar 2% FONTE: Autor (2019)

As atividades de equipes de poda e roçada, estão relacionadas exclusivamente aos

padrões conforme apresenta a tabela 2.

TABELA 2 - TAREFAS - EQUIPE PODA E ROÇADA

Tarefa PODA E ROÇADA

5-171 - Limpeza de faixa de servidão (roçada) 88%

5-164 - Poda de arvore em RDA MT/ BT 12% FONTE: Autor (2019)

A tabela 3, apresenta as tarefas correspondente a maioria das atividades das equipes

de linha viva evidenciadas nos registros destas equipes.

TABELA 3 - TAREFAS - ATIVIDADE EQUIPE LINHA VIVA

Tarefa %

5-164 - Poda de arvore em RDA MT/ BT 16%

5-209 - Substituição de cruzeta dupla em final de linha 12%

5-107 - Cruzamento aéreo 9%

2-201 - Abertura ou fechamento de jumper em RDA atendida em MT 7%

1-119 - Utilização de hidroelevador 5%

5-208 - Substituição de cruzeta 5%

5-219 - Instalação e retirada de by-pass 5%

5-106 - Conexões em cabos 5%

5-154 - Substituição de isolador pino/pilar 5%

5-214 - Substituição de chave tripolar 2%

5-211 - Substituição de isolador de pino ou pilar 2%

5-242 - Retirada de chave tripolar 2%

5-246 - Instalação de RAU 2%

5-212 - Substituição de para-raios na rede 2%

4-106 - Abertura de chave fusível/seccionadora unipolar 2% FONTE: Autor (2019)

Page 113: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

109

A tabela 4 apresenta a quantidade de ocorrências, destas equipes por dia da semana.

TABELA 4 - OCORRÊNCIAS POR DIA DA SEMANA - MANUTENÇÃO

Dia da semana Linha morta Poda e roçada Linha viva Total %

domingo 20 2 1 23 6%

segunda-feira 28 11 3 42 11%

terça-feira 38 17 9 64 17%

quarta-feira 52 17 10 79 21%

quinta-feira 48 9 7 64 17%

sexta-feira 39 12 9 60 16%

sábado 33 7 4 44 12%

Total 258 75 43 376 100%

FONTE: Autor (2019)

O gráfico 2 apresenta a quantidade de ocorrências por meses do ano, considerando

os anos de 2016, 2017 e 2018.

GRÁFICO 2 - OCORRENCIA POR MESES DO ANO - MANUTENÇÃO

FONTE: Autor (2019)

Os horários que tiveram a maior incidência de quase acidentes, foram semelhantes

entre as equipes analisadas. As maiores quantidade de quase acidentes foram

registradas no intervalo das 10 horas no período da manhã e no intervalo das 14 horas

no período da tarde, conforme apresenta o gráfico 3.

29 2832

2328

1216

1916

31

915

4 61

8

9

4

6

1212

1

7

5

45 5

4

4

2

4

4

3

4

4

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Quantidade d

e r

egis

tro

s

Meses

Linha Morta Poda e roçada Linha Viva

Page 114: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

110

GRÁFICO 3 - OCORRÊNCIA POR INTERVALO DE HORÁRIO - MANUTENÇAO

FONTE: Autor (2019)

A etapa da atividade caracterizada como execução, apresentou a maior quantidade

de quase acidentes, evidenciada em 71% dos casos, conforme apresenta o gráfico 4.

GRÁFICO 4 - ETAPA DA ATIVIDADE - MANUTENÇÃO

FONTE: Autor (2019)

O gráfico 5 apresenta a categoria dos perigos, onde a maior quantidade foi

evidenciada na categoria de perigos causados.

2 3 1 26

33 3426

513

38

2819

158

4 7 61

72

13

6

14

4

7

8

8

9

21

1

8

10

4

13

6

2

1

0

10

20

30

40

50

60

70

1 3 4 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23

Quantidade d

e r

egis

tro

s

Intervalo horário

Linha Morta Poda e roçada Linha Viva

2%

3%

2%

25%

30%

12%

23%

71%

66%

84%

75%

2%

1%

4%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Geral

Linha Morta

Poda e roçada

Linha viva

1 - Preparação 2 - Início 3 - Execução 4 - Finalização

Page 115: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

111

GRÁFICO 5 - CATEGORIA DOS PERIGOS - MANUTENÇÃO

FONTE: Autor (2019)

O risco de acidente, relacionado a exposição à energia elétrica, conforme critérios

baseados na NRB 14280 foi evidenciado em mais de 60% dos registros desta

atividade, sendo o principal risco para as três equipes analisadas, conforme apresenta

o gráfico 6.

O componente da atividade “Tarefa”, conforme critérios baseados no método

árvore de causas foi evidenciado em 44% dos registros desta atividade, sendo o

principal componente para as três equipes analisadas, conforme apresenta o gráfico

7.

GRÁFICO 6 - RISCOS RELACIONADOS NBR 14280

FONTE: Autor (2019)

17%

17%

12%

25%

18%

19%

15%

16%

17%

19%

4%

27%

48%

45%

69%

32%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Geral

Linha Morta

Poda e roçada

Linha viva

Caracterização dos perigos envolvidos nos quase acidentes

1 - Visível 2 - Oculto 3 - Emergente 4 - Causado

141

31

39

17

14

11

3

1

1

57

13

1

2

1

1

31

2

5

3

1

1

0 20 40 60 80 100120140160180200220240

Exposição à energia elétrica

Presença de animais

Impacto sofrido por objeto que cai

Queda no mesmo nível

Aprisionamento, atrito, abrasão, corte

Queda com diferença de nível

Riscos da natureza

Esforço excessivo

Riscos relacionados com o trânsito

Riscos relacionados com o ambiente público

Linha morta Poda e roçada Linha viva

Page 116: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

112

GRÁFICO 7 - COMPONENTE DA TAREFA - MANUTENÇÃO

FONTE: Autor (2019)

Os fatores e perigos inerentes a cada componente da atividade foram estratificados

por equipe e categoria do perigo de acordo informações dos registros analisados. A

figura 1, apresenta a estratificação nos quase acidentes com equipes de linha morta.

FIGURA 1 - COMPONENTE DA TAREFA X CATEGORIA DO PERIGO - LINHA MORTA

FONTE: Autor (2019)

1%

25%

28%

52%

29%

33%

26%

9%

46%

38%

74%

39%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Geral

Linha Morta

Poda e roçada

Linha viva

Caracterização dos perigos envolvidos nos quase acidentes

1 - Indivíduo 2 - Material 3 - Meio ambiente 4 - Tarefa

Page 117: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

113

O gráfico 8 apresenta os principais fatores nos registros analisados na atividade de

manutenção com equipe de linha morta.

GRÁFICO 8 - PRINCIPAIS FATORES - LINHA MORTA

FONTE: Autor (2019)

A figura 2, apresenta a estratificação da componente da atividade e categoria do

perigo, nos quase acidentes com equipes de poda e roçada.

0% 1% 2% 3% 4% 5% 6% 7% 8% 9% 10% 11% 12%

Cabo energizado, ocasionando situação de…

Falha de comunicação equipe COD

Cobra

Energização acidental

Erro manobra emergencial

Vespa/abelha

Cabo rompeu

Galho derrubado em cima da rede

Buraco no solo

Galho quase caiu no funcionário

Erro manobra programada

Abertura de jumper divergente ao padrão

Falha mecânica equipamento

Queda de objeto de cima da estrutura

Poste de concreto quebrou

Erro de informação na NDS

Terreno irregular

% Quase acidentes

Fato

res /

Causas

Visível Ocultos Emergentes Causados

Page 118: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

114

FIGURA 2 - COMPONENTE DA TAREFA X CATEGORIA DO PERIGO - PODA E ROÇADA

FONTE: Autor (2019)

O gráfico 9 apresenta os fatores e causas que foram coincidentes nos registros

analisados na atividade de manutenção com equipe de poda e roçada.

GRÁFICO 9 - PRINCIPAIS FATORES - PODA E ROÇADA

FONTE: Autor (2019)

0% 20% 40% 60%

Galho derrubado em cima da rede

Falha de comunicação equipe COD

Cobra

Vespa/abelha

Galho que enroscou em outro

Galho tocando na rede

Cipó enroscado no galho

Tranco coice motosserra

Terreno irregular

Cerca elétrica

Buraco no solo

Cabo energizado, ocasionando situação de risco

Violência urbana

Galho quase caiu no funcionário

% Quase acidentes

Fa

tore

s /

Causas

Visível Ocultos Emergentes Causados

Page 119: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

115

A figura 3, apresenta a estratificação da componente da atividade e categoria do

perigo, nos quase acidentes com equipes de linha viva.

FIGURA 3 - COMPONENTE DA TAREFA X CATEGORIA DO PERIGO -LINHA VIVA

FONTE: Autor (2019)

O gráfico 11 apresenta os principais fatores que coincidentes em mais de um registro

na atividade de manutenção com equipe de linha viva.

GRÁFICO 11 - PRINCIPAIS FATORES - LINHA VIVA

FONTE: Autor (2019)

0% 5% 10% 15%

Cruzeta madeira podre

Falha do comando do hidroelevador

Galho derrubado em cima da rede

Conexão avariada

Poste quebrado/danificado

Galho tocando na rede

Chave SU fechada incorretamente

Arco elétrico na operação da chave

Queda de objeto de cima da estrutura

Falha mecânica equipamento

% Quase acidentes

Fato

res /

Causas

Visível Ocultos Emergentes Causados

Page 120: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

116

O direito de recusa foi evidenciado 27% dos registros na atividade de

manutenção, que corresponde a 40% dos registros que foi caracterizado a

possibilidade de sua aplicação.

GRÁFICO 12 - DIREITO DE RECUSA - MANUTENÇÃO

FONTE: Autor (2019)

As equipes de linha morta, demostraram um melhor desempenho na

realização da APR, onde foram identificados e bloqueados os riscos da tarefa em 42%

dos casos. Em apenas 9% dos registros analisado houve a identificação e bloqueio

previamente dos riscos nos registros envolvendo as equipes de poda e roçada,

conforme apresenta o gráfico 13.

GRÁFICO 13 - IDENTIFICAÇÃO E BLOQUEIO DO RISCO - MANUTENÇÃO

FONTE: Autor (2019)

27%

33%

8%

25%

40%

28%

82%

39%

33%

39%

9%

36%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Geral

Linha Morta

Poda e roçada

Linha viva

Caracterização do direito de recusa no quase acidente

1 - Evidenciado 2 - Não evidenciado 3 - Não se aplica

33%

40%

9%

30%

63%

56%

89%

61%

4%

4%

1%

9%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Geral

Linha Morta

Poda e roçada

Linha viva

Identificação e boqueio do risco na realização da APR

1 - Sim 2 - Não 3- Dificuldade elevada de identificação

Page 121: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

117

Os fatores humanos, foram evidenciados em 74% dos registros da atividade de

manutenção de redes, relacionados as categorias de Erro e Violação, conforme

apresenta o gráfico 14. Foram considerados os procedimentos da equipe executora e

de outras equipes que tiveram contribuição para a ocorrência do quase acidente.

GRÁFICO 14 - FATORES HUMANOS -MANUTENÇÃO

FONTE: Autor (2019)

Na categoria de erro, a percepção foi evidenciada em 51% dos registros desta

atividade, conforme apresenta o gráfico 15.

GRÁFICO 15 - CATEGORIA ERRO - MANUTENÇÃO

FONTE: Autor (2019)

51%

19%

18%

11%

23%

57%

74%

45%

26%

24%

8%

43%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Geral

Linha Morta

Poda e roçada

Linha viva

Contribuição de fatores humanos no quase acidente

1 - Violação 2 - Erro 3 - Não se aplica

51%

56%

38%

50%

26%

21%

33%

40%

23%

23%

29%

10%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Geral

Linha Morta

Poda e roçada

Linha viva

Caracterização da categoria de fatores humanos no quase acidente

1 - Percepção 2 - Habilidade 3 - Decisão

Page 122: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

118

Os fatores humanos, relacionados a violações habituais foram evidenciados apenas

nos quase acidentes envolvendo equipes de poda e roçada, devido a falhas recorrente

no procedimento de comunicação ao centro de operações, conforme apresenta o

gráfico 16.

GRÁFICO 16 - CATEGORIA VIOLOAÇÕES - MANUTENÇÃO

FONTE: Autor (2019)

As falhas nas barreiras de segurança, foram evidenciados em 97% dos registros da

atividade de manutenção de redes, relacionados as categorias de Falhas Ativas e

Condições Latentes, conforme apresenta o gráfico 17.

GRÁFICO 17 - FALHAS BARREIRA DE SEGURANÇA - MANUTENÇÃO

FONTE: Autor (2019)

81%

100%

100%

19%

100%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Geral

Linha Morta

Poda e roçada

Linha viva

Identificação e boqueio do risco na realização da APR

1 - Habitual 2 - Excepcionais

93%

97%

81%

89%

4%

18%

5%

3%

2%

1%

7%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Geral

Linha Morta

Poda e roçada

Linha viva

Caracterização do tipo de Barreira no quase acidente

1 - Ativa 2 - Latente 3 - Não se aplica

Page 123: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

119

A análise preliminar de risco foi a barreira em que mais houve falhas, contribuindo

para a ocorrência dos quase acidentes desta atividade, conforme apresenta o gráfico

18.

GRÁFICO 18 - BARREIRAS QUE FALHARAM - MANUTENÇÃO

FONTE: Autor (2019)

Os fatores e causas que contribuíram com as falhas de procedimentos de outras

equipes são apresentados no gráfico 19 e gráfico 20.

GRÁFICO 19 - FALHAS DE PROCEDIMENTO OUTRAS EQUIPES - LINHA MORTA

FONTE: Autor (2019)

1%

1%

6%

15%

14%

6%

19%

3%

3%

15%

5%

7%

32%

27%

41%

47%

22%

18%

21%

34%

18%

25%

12%

4%

6%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Geral

Linha morta

Linha viva

Poda e roçada

Caracterização dos perigos envolvidos nos quase acidentes1 - Engenharia 3 - Comunicação

4 - Funcionamento adequado do equipamento 5 - Programação / planejamento da atividade

6 - Análise preliminar de risco 7- Procedimentos da equipe executora

8 - Procedimento de outras equipes 10 - Não evidenciado

46%

12%

9%

4%

4%

4%

4%

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40%

Primeiro atendimento -isolar defeito

Jumper aberto,incorretamente

Erro manobraemergencial

Padrão construtivo

Baixa tensão interligada

Emenda fora do padrão

Erro cadastro

% Quase acidentesLinha morta

Page 124: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

120

GRÁFICO 20 - FALHAS DE PROCEDIMENTO OUTRAS EQUIPES - LINHA VIVA

FONTE: Autor (2019)

Esses fatores e causas, com base nas informações presentes nos registros, foram

relacionados as equipes ou setores responsáveis, que falharam em seus

procedimentos, para cada quase acidente analisado, conforme apresenta o gráfico

21.

GRÁFICO 21 - EQUIPES QUE FALHARAM

FONTE: Autor (2019)

Em 50% dos registros analisados houve a evidência da atuação de uma barreira de

segurança que evitou uma maior gravidade da situação, conforme apresenta o gráfico

22.

29%

14%

14%

14%

14%

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30%

Primeiro atendimento -isolar defeito

Chave SU - Fechadaincorretamente

Não evidênciado

Religador automático com retorno de tensão

Aplicação de conector cunha

% Quase acidentesLinha viva

63%

18%

13%

4%

2%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%

NR 10 Agência

Outras

Centro de operações

Projetos e obras

Programação de desligamentos

Áreas - falhas procedimentos

Page 125: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

121

GRÁFICO 22 - BARREIRAS QUE ATUARAM - MANUTENÇÃO

FONTE: Autor (2019)

Em 77% dos quase acidentes envolvendo equipes de poda e roçada, não foram

evidenciados a atuação efetiva de uma barreira de segurança. A realização da APR e

a correta execução do procedimento por parte da equipe, barreiras de segurança,

diretamente relacionadas com procedimentos destas, foram evidenciados em 44%

dos registros analisados, ressaltando a importância destas barreiras.

O gráfico 23 apresenta o tipo de retorno dos quase acidentes, por tipo de

equipe, ocorridos na atividade de manutenção.

GRÁFICO 23 - TIPO DE RETORNO QUASE ACIDENTE - MANUTENÇÃO

FONTE: Autor (2019)

24%

28%

26%

9%

20%

21%

33%

8%

2%

2%

5%

3%

3%

6%

50%

45%

36%

77%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Geral

Linha morta

Linha viva

Poda e roçada

Caracterização dos perigos envolvidos nos quase acidentes

6 - Análise preliminar de risco 7- Procedimentos da equipe executora

8 - Procedimento de outras equipes 9 - Utilização de EPI/EPC

10 - Não evidenciado

30%

36%

8%

30%

70%

64%

92%

70%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Geral

Linha Morta

Poda e roçada

Linha viva

Caracterização do retorno do quase acidente

1 - Positivo 2 - Negativo

Page 126: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

122

As equipes de poda e roçada, apresentaram o pior desempenho em relação ao tipo

de retorno, apenas 6 quase acidentes foram caracterizados positivamente, no entanto

69 registros foram caracterizados com retorno negativo evidenciando a necessidade

do fortalecimento das barreiras de segurança para estas equipes.

Page 127: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

123

APÊNDICE B - ANÁLISE ATIVIDADES SERVIÇOS E OPERAÇÃO

A atividade de serviços e operação estiveram presentes em 46% dos registros

analisados, onde 92% dos registros destas atividades ocorreram com equipe de NR

10 Agência. A tabela 1, apresenta as tarefas correspondente a maioria das tarefas

evidenciadas nos registros relacionados as atividades de serviços.

TABELA 1 - TAREFAS - ATIVIDADE SERVIÇOS

Tarefa %

2-206 - Inspeção visual e regularização de falha em circuitos 34,5 e 13,8 kV 20%

2-104 - Ligação de es grupo B com ramal de ancoragem em RDBT 16%

1-123 - Deslocamento em solo 11%

4-106 - Abertura de chave fusível/seccionadora unipolar 10%

2-101 - Vistoria de es do grupo B com medição direta em BT 9%

4-123 - Substituição de elo fusível ou chave com uso de by-pass 7%

4-108 - Fechamento de chave fusível/seccionadora unipolar 5%

5-164 - Poda de arvore em RDA MT/ BT 3% FONTE: Autor (2019)

A tabela 2, apresenta as tarefas correspondente a maioria das tarefas evidenciadas

nos registros relacionados as atividades de operações.

TABELA 2 - TAREFAS - ATIVIDADE OPERAÇÃO

Tarefa %

4-106 - Abertura de chave fusível/seccionadora unipolar 64%

4-108 - Fechamento de chave fusível/seccionadora unipolar 11%

4-117 - Operação de chave tripolar mecânica sob carga 7%

1-123 - Deslocamento em solo 3%

4-321 - Operação de religador automático 2%

4-101 - Abertura e fechamento de grampo de linha viva 2% FONTE: Autor (2019)

A tabela 3 apresenta a quantidade de ocorrências destas atividades, por dia da

semana.

Page 128: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

124

TABELA 3 - OCORRÊNCIAS POR DIA DA SEMANA - SERVIÇOS E OPERAÇÃO

Dia da semana Total %

Domingo 31 9%

Segunda-feira 42 12%

Terça-feira 69 20%

Quarta-feira 63 18%

Quinta-feira 74 21%

Sexta-feira 36 10%

Sábado 35 10%

Total 350 100%

FONTE: Autor (2019)

O gráfico 1 apresenta a quantidade de ocorrências por meses do ano, considerando

os anos de 2016, 2017 e 2018.

GRÁFICO 1 - OCORRÊNCIAS POR MESES DO ANO - SERVIÇOS E OPERAÇÃO

FONTE: Autor (2019)

As maiores quantidade de quase acidentes foram registradas no intervalo das 10

horas no período da manhã e no intervalo das 15 horas no período da tarde, conforme

apresenta o gráfico 2.

18 19 18 1916 18

12 1217

13

1923

8

12 14 10 14 9

5

16

20

9

19 10

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Quantidade d

e r

egis

tros

Meses

Serviços Operação

Page 129: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

125

GRÁFICO 2 - OCORRÊNCIAS POR INTERVALO DE HORÁRIO - SERVIÇOS E OPERAÇÃO

FONTE: Autor (2019)

A etapa da atividade caracterizada como execução, apresentou a maior quantidade

de quase acidentes, evidenciada em 80% dos casos, conforme apresenta o gráfico 3.

GRÁFICO 3 - ETAPA DA ATIVIDADE - SERVIÇOS E OPERAÇÃO

FONTE: Autor (2019)

A categoria de perigos causados, foi caracterizada em 37% dos registros, conforme

apresenta o gráfico 4.

1 1 2 47

21

30

17

59

2631

1713

25 4 3 3 32

6

10

24

24

7

8

20

10

8

10

6

32

1 1 1 3

0

10

20

30

40

50

60

1 2 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23

Quantidade d

e r

egis

tro

s

Intervalo horário

Serviços Operação

2%

2%

2%

27%

9%

29%

69%

88%

68%

2%

1%

1%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Geral

Serviços

Operação

1 - Preparação 2 - Início 3 - Execução 4 - Finalização

Page 130: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

126

GRÁFICO 4 - CATEGORIA DO PERIGO - SERVIÇOS E OPERAÇÃO

FONTE: Autor (2019)

O risco de acidente, relacionado a exposição à energia elétrica, conforme critérios

baseados na NRB 14280 foi o principal risco evidenciado nos quase acidentes destas

atividades, conforme apresenta o gráfico 5.

GRÁFICO 5 - RISCOS RELACIONADOS NBR 14280 - SERVIÇOS E OPERAÇÃO

FONTE: Autor (2019)

19%

26%

10%

24%

30%

16%

21%

19%

23%

37%

25%

51%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Geral

Serviços

Operação

Caracterização dos perigos envolvidos nos quase acidentes

1 - Visível 2 - Oculto 3 - Emergente 4 - Causado

0 50 100 150 200 250

Exposição à energia elétrica

Presença de animais

Queda no mesmo nível

Impacto sofrido por objeto que cai

Queda com diferença de nível

Aprisionamento, atrito, abrasão, corte

Riscos da natureza

Exposição aos fenômenos da natureza

Agressão humana

Riscos relacionados com o trânsito

Outros

Quantidade de incidências

Serviços Operação

Page 131: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

127

O principal componente da atividade foi a relacionado a tarefa, evidenciado em 43%

dos registros, conforme apresenta o gráfico 6.

GRÁFICO 6 - COMPONENTE DA TAREFA - SERVIÇOS E OPERAÇÃO

FONTE: Autor (2019)

Os fatores e perigos inerentes a cada componente foram estratificados por atividade

e categoria do perigo de acordo informações dos registros analisados. A figura 1,

apresenta a estratificação dos quase acidentes na atividade de serviços.

FIGURA 1 - COMPONENTE DA TAREFA X CATEGORIA DO PERIGO - SERVIÇOS

FONTE: Autor (2019)

34%

30%

39%

23%

34%

7%

43%

35%

54%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Geral

Serviços

Operação

Caracterização dos perigos envolvidos nos quase acidentes

1 - Indivíduo 2 - Material 3 - Meio ambiente 4 - Tarefa

Page 132: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

128

O gráfico 7 apresenta os principais fatores e causas que contribuíram para ocorrência

do quase acidente, que foram comuns nos registros analisados na atividade de

serviços.

GRÁFICO 7 - PRINCIPAIS FATORES - SERVIÇOS

FONTE: Autor (2019)

A figura 2, apresenta a estratificação da componente da atividade e categoria do

perigo, nos quase acidentes na atividade de operações.

FIGURA 2 - COMPONENTE DA TAREFA X CATEGORIA DO PERIGO - OPERAÇÃO

FONTE: Autor (2019)

0% 2% 4% 6% 8% 10% 12% 14% 16%

Arco elétrico na operação da chave

Buraco no solo

Vespa/abelha

Cobra

Cabo energizado, ocasionando situação de risco

Ocasionou curto circuito gerado na execução das…

Chave avariada/trincada

Falha de comunicação equipe COD

Terreno irregular

Queda de objeto de cima da estrutura

Falha de comunicação - erro sistema

% Quase acidentes

Fato

res /

Causas

Visível Ocultos Emergentes Causados

Page 133: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

129

O gráfico 8 apresenta os principais fatores e causas que contribuíram para ocorrência

do quase acidente, que foram comuns nos registros analisados na atividade de

operação.

GRÁFICO 8 - PRINCIPAIS FATORES - OPERAÇÃO

FONTE: Autor (2019)

O direito de recusa foi evidenciado em 26% dos registros nestas atividades que

corresponde a 47% dos registros que foi caracterizado a possibilidade de sua

aplicação.

GRÁFICO 9 - DIREITO DE RECUSA - SERVIÇOS E OPERAÇÃO

FONTE: Autor (2019)

0% 10% 20% 30%

Arco elétrico na operação da chave

Erro manobra programada

Erro de informação na ordem de manobra

Erro na execução da sequência da OMB

Chave avariada/trincada

Erro manobra emergencial

Falha mecânica equipamento

Terreno irregular

Jumper danificado

% Quase acidentes

Fato

res /

Causas

Visível Ocultos Emergentes Causados

26%

14%

41%

28%

31%

25%

45%

55%

34%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Geral

Serviços

Operação

Caracterização do direito de recusa no quase acidente

1 - Evidenciado 2 - Não evidenciado 3 - Não se aplica

Page 134: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

130

As equipes de NR 10 Agência, demostraram um melhor desempenho na realização

da APR nas atividades de operação, onde foram identificados e bloqueados os riscos

da tarefa em 45% dos casos, conforme apresenta o gráfico 10.

GRÁFICO 10 - IDENTIFICAÇÃO E BLOQUEIO DO RISCO - SERVIÇOS E OPERAÇÃO

FONTE: Autor (2019)

Os fatores humanos, foram evidenciados em 74% dos registros das atividades de

serviços e operação, relacionados as categorias de Erro e Violação, conforme

apresenta o gráfico 11. Foram considerados os procedimentos da equipe executora e

de outras equipes que tiveram contribuição para a ocorrência do quase acidente.

GRÁFICO 11 - FATORES HUMANOS - SERVIÇOS E OPERAÇÃO

FONTE: Autor (2019)

29%

17%

45%

65%

76%

50%

6%

6%

5%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Geral

Serviços

Operação

Identificação e boqueio do risco na realização da APR

1 - Sim 2 - Não 3- Dificuldade elevada de identificação

7%

9%

4%

67%

63%

73%

26%

28%

22%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Geral

Serviços

Operação

Contribuição de fatores humanos no quase acidente

1 - Violação 2 - Erro 3 - Não se aplica

Page 135: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

131

Os fatores humanos, relacionados a categoria de violações, foram 100%

caracterizados como excepcionais de acordo as informações dos registros. Na

categoria de erro, a habilidade foi o principal erro caracterizado nos registros das

atividades de operação, presentes em 60% dos quase acidentes.

Nas atividades de serviços, o principal erro foi caracterizado a percepção,

conforme apresenta o gráfico 12. As falhas nas barreiras de segurança, foram

evidenciados em 97% dos registros das atividades de serviços e operação, destas

95% foram caracterizados como falhas ativas, conforme apresenta o gráfico 13.

GRÁFICO 12 - CATEGORIA ERRO - SERVIÇOS E OPERAÇÃO

FONTE: Autor (2019)

GRÁFICO 13 - FALHAS BARREIRAS DE SEGURANÇA - SERVIÇOS E OPERAÇÃO

FONTE: Autor (2019)

44%

58%

27%

45%

33%

60%

11%

10%

13%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Geral

Serviços

Operação

Caracterização da categoria de fatores humanos no quase acidente

1 - Percepção 2 - Habilidade 3 - Decisão

95%

93%

97%

2%

2%

1%

4%

5%

2%

88% 90% 92% 94% 96% 98% 100%

Geral

Serviços

Operação

Caracterização do tipo de Barreira no quase acidente

1 - Ativa 2 - Latente 3 - Não se aplica

Page 136: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

132

Os procedimentos da equipe executora foi a barreira em que mais houve falhas,

contribuindo para a ocorrência dos quase acidentes destas atividades, conforme

apresenta o gráfico 14.

GRÁFICO 14 - BARREIRAS QUE FALHARAM - SERVIÇOS E OPERAÇÃO

FONTE: Autor (2019)

Os fatores e causas que contribuíram com as falhas de procedimentos de outras

equipes na atividade de operação é apresentado no gráfico 15.

GRÁFICO 15 - FALHAS DE PROCEDIMENTOS DE OUTRAS EQUIPES - OPERAÇÃO

FONTE: Autor (2019)

1%

1%

1%

1%

2%

7%

2%

10%

5%

6%

4%

1%

25%

2%

27%

16%

38%

27%

21%

30%

13%

25%

4%

8%

5%

10%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Geral

Operação

Serviços

Caracterização dos perigos envolvidos nos quase acidentes

1 - Engenharia 2 - Gestão operacional

3 - Comunicação 4 - Funcionamento adequado do equipamento

5 - Programação / planejamento da atividade 6 - Análise preliminar de risco

69%

11%

3%

3%

3%

3%

3%

3%

3%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%

Elaboração da manobra programada

Divergência cadastro

Faseamento errônea chave tripolar NA

Abertura de SU

Não abertura de by pass - chave tripolar

Não sinalização de chave aberta

Padrão construtivo

Aberttura de chave com carga

Erro manobra emergencial

Operação

Page 137: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

133

Esses fatores e causas, com base nas informações presentes nos registros, foram

relacionados as equipes ou setores responsáveis, para cada quase acidente

analisado, conforme apresenta o gráfico 16.

GRÁFICO 16 - EQUIPES QUE FALHARAM - SERVIÇOS E OPERAÇÕES

FONTE: Autor (2019)

Em 58% dos registros destas atividades, houve a evidência da atuação de uma

barreira de segurança que evitou uma maior gravidade da situação, conforme

apresenta o gráfico 17.

GRÁFICO 17 - BARREIRAS QUE ATUARAM - SERVIÇOS E OPERAÇÃO

FONTE: Autor (2019)

75%

12%

6%

3%

3%

3%

0% 20% 40% 60% 80%

Programação dedesligamentos

Projetos e obras

NR 10 Agência

Manutenção de redes

Centro de operações

Centro de operações

-

1%

1%

12%

15%

10%

28%

40%

20%

2%

1%

3%

15%

15%

17%

42%

29%

50%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Geral

Operação

Serviços

Caracterização dos perigos envolvidos nos quase acidentes

3 - Comunicação 5 - Programação / planejamento da atividade

6 - Análise preliminar de risco 7- Procedimentos da equipe executora

8 - Procedimento de outras equipes 9 - Utilização de EPI/EPC

10 - Não evidenciado

Page 138: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

134

O gráfico 18 apresenta o tipo de retorno dos quase acidentes, nas atividades de

serviço e operação.

GRÁFICO 18 - TIPO DE RETORNO QUASE ACIDENTE - SERVIÇOS E OPERAÇÃO

FONTE: Autor (2019)

29%

16%

29%

71%

84%

71%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Geral

Serviços

Operação

Caracterização do retorno do quase acidente

1 - Positivo 2 - Negativo

Page 139: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

135

APÊNDICE C - ANÁLISE ATIVIDADE OBRAS

A atividade de obras esteve presente em 8% dos registros analisados, onde

78% dos registros desta atividade ocorreram com equipe de linha morta e 22% com

equipes de linha viva. A tabela 1, apresenta as tarefas correspondente a maioria das

tarefas evidenciadas nos registros relacionados nessa atividade.

TABELA 1 - TAREFAS - OBRAS

Tarefa Linha morta

Linha viva

1-108 - Teste de ausência de tensão MT/BT 39% 0%

1-118 - Operação e utilização meios comunicação 14% 53%

5-113 - Instalação de condutor MT 12% 0%

5-122 - Instalação de poste 6% 0%

2-201 - Abertura ou fechamento de jumper em RDA 2% 7%

1-116 - Instalação de aterramento temporário (tipo sela 4% 0%

5-128 - Retirada de condutor MT 2% 7%

5-157 - Substituição de poste com guindauto 4% 0%

5-243 - Instalação de chave fusível ou seccionadora 0% 13%

Outros (somatória de vários itens menores que 1%) 14% 20%

Total geral 100% 100%

FONTE: Autor (2019)

O gráfico 1 apresenta a quantidade de ocorrências por meses do ano, considerando

os anos de 2016, 2017 e 2018.

GRÁFICO 1 - OCORRÊNCIA POR MESES DO ANO - OBRAS

FONTE: Autor (2019)

4 5 4 4 36 7

1

5 5 5 5

3 12

3

1

1 1 1 2

0

2

4

6

8

10

12

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Quantidade d

e r

egis

tros

Meses

Linha morta Linha viva

Page 140: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

136

A tabela 2 apresenta a quantidade de ocorrências destas atividades, por dia da

semana.

TABELA 2 - OCORRÊNCIA POR DIA DA SEMANA - OBRAS

Dia da semana Total %

Domingo 9 13%

Segunda-feira 5 7%

Terça-feira 14 20%

Quarta-feira 15 22%

Quinta-feira 7 10%

Sexta-feira 13 19%

Sábado 6 9%

Total 69 100%

FONTE: Autor (2019)

As maiores quantidade de quase acidentes foram registradas no intervalo das 9 horas

no período da manhã e no intervalo das 15 horas no período da tarde, conforme

apresenta o gráfico 2.

GRÁFICO 2 - OCORRÊNCIA POR INTERVALO DE HORÁRIO - OBRAS

FONTE: Autor (2019)

A etapa de execução, apresentou a maior quantidade de quase acidentes, com 68%

dos casos, conforme apresenta o gráfico 3.

7

17

10

3 24 3

53

4

2

11 3

2

2

0

5

10

15

20

25

8 9 10 11 12 13 14 15 16

Quantidade d

e r

egis

tro

s

Intervalo horário

Linha morta Linha viva

Page 141: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

137

GRÁFICO 3 - ETAPA DA ATIVIDADE - OBRAS

FONTE: Autor (2019)

A categoria de perigos causados, foi caracterizada em 64% dos registros, conforme

apresenta o gráfico 4.

GRÁFICO 4 - CATEGORIA DO PERIGO - OBRAS

FONTE: Autor (2019)

3%

2%

25%

25%

27%

68%

63%

69%

3%

13%

2%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Geral

Linha morta

Linha viva

Caraterização etapa da atividade quase acidentes

1 - Preparação 2 - Início 3 - Execução 4 - Finalização

10%

12%

9%

7%

25%

18%

17%

25%

63%

64%

50%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Geral

Linha morta

Linha viva

Caracterização dos perigos envolvidos nos quase acidentes

1 - Visível 2 - Oculto 3 - Emergente 4 - Causado

Page 142: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

138

O risco de acidente, relacionado a exposição à energia elétrica, conforme critérios

baseados na NRB 14280 foi o principal risco evidenciado nos quase acidentes destas

atividades, conforme apresenta o gráfico 5.

GRÁFICO 5 - RISCOS RELACIONADOS NBR 14280

FONTE: Autor (2019)

O principal componente da atividade foi o material, evidenciado em 46% dos registros,

conforme apresenta o gráfico 6.

GRÁFICO 6 - COMPONENTE DA TAREFA - OBRAS

FONTE: Autor (2019)

41

4

3

3

1

1

1

14

1

0 20 40 60

Exposição à energia elétrica

Impacto sofrido por objeto que cai

Presença de animais

Queda no mesmo nível

Queda com diferença de nível

Riscos da natureza

Aprisionamento, atrito,…

Mal projetado/mal construído

Quantidade de incidências

Linha morta Linha viva

48%

46%

63%

10%

12%

42%

42%

38%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Geral

Linha morta

Linha viva

Caracterização da componente da atividade no quase acidente

1 - Indivíduo 2 - Material 3 - Meio ambiente 4 - Tarefa

Page 143: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

139

Os fatores e perigos inerentes a cada componente foram estratificados por atividade

e categoria do perigo de acordo informações dos registros analisados. A figura 1,

apresenta a estratificação dos quase acidentes na atividade de obras com equipes de

linha morta.

FIGURA 1 - COMPONENTE DA TAREFA X CATEGORIA DO PERIGO - OBRAS - LINHA MORTA

FONTE: Autor (2019)

A figura 2, apresenta a estratificação da componente da atividade e categoria do

perigo, nos quase acidentes com equipes de linha viva.

FIGURA 2 - COMPONENTE DA TAREFA X CATEGORIA DO PERIGO - OBRAS -LINHA VIVA

FONTE: Autor (2019)

Page 144: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

140

O gráfico 7 apresenta os principais fatores e causas que contribuíram para ocorrência

do quase acidente, na atividade de obras.

GRÁFICO 7 - PRINCIPAIS FATORES - OBRAS

FONTE: Autor (2019)

O direito de recusa foi evidenciado em 33% dos registros nestas atividades que

corresponde a 64% dos registros que foi caracterizado a possibilidade de sua

aplicação.

GRÁFICO 8 - DIREITO DE RECUSA - OBRAS

FONTE: Autor (2019)

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40%

Erro manobra programada

Falha de comunicação equipe COD

Buraco no solo

Defeito projeto equipamento-tensão de retorno

Ocasionou curto circuito na execução datarefa

Energização acidental

Vespa / Abelha

% Quase acidentesVisível Ocultos Emergentes Causados

33%

32%

38%

18%

20%

49%

47%

63%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Geral

Linha morta

Linha viva

Caracterização do direito de recusa no quase acidente

1 - Evidenciado 2 - Não evidenciado 3 - Não se aplica

Page 145: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

141

As equipes de linha viva, demostraram um melhor desempenho na realização da APR,

onde foram identificados e bloqueados os riscos da tarefa em 38%, conforme

apresenta o gráfico 9.

GRÁFICO 9 - IDENTIFICAÇÃO E BLOQUEIO DO RISCO - OBRAS

FONTE: Autor (2019)

Os fatores humanos, foram evidenciados em 81% dos registros das atividades de

serviços e operação, relacionados as categorias de Erro e Violação, conforme

apresenta o gráfico 10. Foram considerados os procedimentos da equipe executora e

de outras equipes que tiveram contribuição para a ocorrência do quase acidente. Os

fatores humanos, relacionados a categoria de violações, foram 100% caracterizados

como excepcionais de acordo as informações dos registros. Na categoria de erro, a

habilidade foi o principal erro caracterizado nos registros das atividades de obras,

presentes em 51% dos quase acidentes, conforme apresenta o gráfico 11.

GRÁFICO 10 - FATORES HUMANOS - OBRAS

FONTE: Autor (2019)

33%

32%

38%

58%

59%

50%

9%

8%

13%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Geral

Linha morta

Linha viva

Identificação e boqueio do risco na realização da APR

1 - Sim 2 - Não 3- Dificuldade elevada de identificação

24%

25%

13%

57%

59%

38%

19%

15%

50%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Geral

Linha morta

Linha viva

Contribuição de fatores humanos no quase acidente

1 - Violação 2 - Erro 3 - Não se aplica

Page 146: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

142

GRÁFICO 11 - CATEGORIA ERRO - OBRAS

FONTE: Autor (2019)

As falhas nas barreiras de segurança, foram evidenciados em 97% dos registros das

atividades de serviços e operação, destas 96% foram caracterizados como falhas

ativas, conforme apresenta o gráfico 12. As condições latentes, foram evidenciadas

nos quase acidentes com equipes de linha viva, relacionado a instalação de

equipamentos novos, com uma característica específica gerou uma situação de perigo

a estas equipes.

GRÁFICO 12 - FALHAS BARREIRAS DE SEGURANÇA - OBRAS

FONTE: Autor (2019)

43%

47%

51%

47%

100%

5%

6%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Geral

Linha morta

Linha viva

Caracterização da categoria de fatores humanos no quase acidente

1 - Percepção 2 - Habilidade 3 - Decisão

96%

97%

88%

1%

13%

3%

3%

80% 85% 90% 95% 100%

Geral

Linha morta

Linha viva

Caracterização do tipo de Barreira no quase acidente

1 - Ativa 2 - Latente 3 - Não se aplica

Page 147: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

143

A barreira relacionada a programação e planejamento, apresentou o maior números

de falhas, contribuindo para a ocorrência dos quase acidentes desta atividade,

conforme apresenta o gráfico 13.

GRÁFICO 13 - BARREIRAS QUE FALHARAM - OBRAS

FONTE: Autor (2019)

Os fatores e causas que contribuíram com as falhas de procedimentos de outras

equipes na atividade de operação é apresentado no gráfico 14.

GRÁFICO 14 - FALHAS DE PROCEDIMENTOS OUTRAS EQUIPES - OBRAS

FONTE: Autor (2019)

3%

29%

17%

6%

14%

2%

2%

38%

47%

14%

13%

14%

14%

18%

20%

14%

6%

6%

14%

3%

4%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Geral

Linha morta

Linha viva

Caracterização dos perigos envolvidos nos quase acidentes

1 - Engenharia 3 - Comunicação4 - Funcionamento adequado do equipamento 5 - Programação / planejamento da atividade6 - Análise preliminar de risco 7- Procedimentos da equipe executora8 - Procedimento de outras equipes 10 - Não evidenciado

0% 10% 20% 30%

Aplicação de conector cunha

Religador automático com retorno de tensão

Abertura de dijuntor do cliente com gerador detensão

Início do retorno da manobra sem liberação daequipe de obras

Fornecimento de chave tripolar parainstalação com defeito

% Quase acidentesLinha morta Linha viva

Page 148: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

144

Em 62% dos registros destas atividades, houve a evidência da atuação de uma

barreira de segurança que evitou uma maior gravidade da situação, conforme

apresenta o gráfico 15.

GRÁFICO 15 - BARREIRAS QUE ATUARAM - OBRAS

FONTE: Autor (2019)

O gráfico 16 apresenta o tipo de retorno dos quase acidentes, nas atividades

de serviço e operação.

GRÁFICO 16 - TIPO DE RETORNO QUASE ACIDENTE - OBRAS

FONTE: Autor (2019)

12%

13%

7%

35%

33%

43%

11%

13%

5%

6%

38%

35%

50%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Geral

Linha morta

Linha viva

Caracterização dos perigos envolvidos nos quase acidentes

6 - Análise preliminar de risco 7- Procedimentos da equipe executora

8 - Procedimento de outras equipes 9 - Utilização de EPI/EPC

10 - Não evidenciado

33%

31%

50%

67%

69%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Geral

Linha morta

Linha viva

Caracterização do retorno do quase acidente

1 - Positivo 2 - Negativo

Page 149: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

145

APÊNDICE D - ANÁLISE ATIVIDADE SUBESTAÇÃO

A atividade de manutenção em subestações apresentou a menor quantidade

de registros presente em 1% dos registros analisados. As equipes de manutenção de

subestações, possuem um perfil de qualificação com formação técnica em eletrônica,

mecânica, eletrotécnica e eletricista com formação específica para atuação nesta

área. A atividade em subestações, se diferencia das demais atividades,

principalmente em relação ao ambiente, que possuem menos variantes de perigos,

em comparação as demais atividades, no entanto com alto grau de risco. A tabela 1,

apresenta as tarefas correspondente a maioria das nos registros envolvendo

manutenção de subestação.

TABELA 1 - TAREFAS - SUBESTAÇÃO

Tarefa Manutenção SE

4-312 - Retirar de operação religador automático 29%

4-327 - Intervenção na automação 14%

4-106 - Abertura de chave fusível/seccionadora unipolar 14%

5-301 - Substituição de transformador para instrumentos 14%

1-118 - Operação e utilização meios comunicação 14%

4-320 - Operação de religador automático 14%

Total 100%

FONTE: Autor (2019)

O gráfico 1 apresenta a quantidade de ocorrências por meses do ano, considerando

os anos de 2016, 2017 e 2018.

GRÁFICO 1 - OCORRÊNCIAS POR MESES DO ANO - SUBESTAÇÃO

FONTE: Autor (2019)

12

1 1

3

12

0

1

2

3

4

Fev Abr Mai Jul Ago Set Dez

Quantidade d

e r

egis

tros

Meses

Manutenção SE

Page 150: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

146

A tabela 2 apresenta a quantidade de ocorrências, destas equipes por dia da semana.

O dia da semana que apresentou a maior quantidade de quase acidentes, foi o

domingo, onde acontecem uma grande parte das intervenções programadas, em

função de restrições de desligamentos em dias úteis.

TABELA 2 - OCORRÊNCIAS DIA DA SEMANA - SUBESTAÇÃO

Dia da semana Total %

Domingo 3 27%

Segunda-feira 1 9%

Terça-feira 2 18%

Quarta-feira 2 18%

Quinta-feira 1 9%

Sexta-feira 1 9%

Sábado 1 9%

Total 11 100%

FONTE: Autor (2019)

As maiores quantidade de quase acidentes foram registradas no intervalo das 15

horas no período da tarde, conforme apresenta o gráfico 2.

GRÁFICO 2 - OCORRÊNCIA POR INTERVALO DE HORÁRIO - SUBESTAÇÃO

FONTE: Autor (2019)

A etapa de execução, apresentou a maior quantidade de quase acidentes,

evidenciada em 68% dos casos, conforme apresenta o gráfico 3.

1

2 2 2

1

3

0

1

2

3

8 9 10 11 12 15

Quantidade d

e r

egis

tro

s

Intervalo horário

Manutenção SE

Page 151: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

147

GRÁFICO 3 - ETAPA DA ATIVIDADE - SUBESTAÇÃO

FONTE: Autor (2019)

O gráfico 4 apresenta a categoria dos perigos, onde a maior quantidade foi

evidenciada na categoria de perigos causados, em 54% dos registros analisados.

GRÁFICO 4 - CATEGORIA DO PERIGO - SUBESTAÇÃO

FONTE: Autor (2019)

O risco de acidente, relacionado a exposição à energia elétrica, conforme critérios

baseados na NRB 14280 foi evidenciado 62% dos registros desta atividade, conforme

apresenta o gráfico 5.

8% 23% 69%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Geral

Caraterização etapa da atividade quase acidentes

1 - Preparação 2 - Início 3 - Execução 4 - Finalização

23% 15% 8% 54%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Geral

Caracterização dos perigos envolvidos nos quase acidentes

1 - Visível 2 - Oculto 3 - Emergente 4 - Causado

Page 152: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

148

GRÁFICO 5 - RISCOS RELACIONADOS NBR 14280 - SUBESTAÇÃO

FONTE: Autor (2019)

O componente da atividade relacionado a tarefa, conforme critérios baseados no

método árvore de causas foi evidenciado em 62% dos registros desta atividade,

conforme apresenta o gráfico 6.

GRÁFICO 6 - COMPONENTE DA TAREFA - SUBESTAÇÃO

FONTE: Autor (2019)

Os fatores e perigos inerentes a cada componente da atividade foram estratificados

por categoria do perigo de acordo informações dos registros analisados, conforme

apresenta a figura 1.

62%

23%

15%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%

Exposição à energia elétrica

Presença de animais

Impacto sofrido por objeto que cai

Quantidade de incidências

Manutenção SE

8% 31% 62%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Geral

Caracterização dos perigos envolvidos nos quase acidentes

1 - Indivíduo 2 - Material 3 - Meio ambiente 4 - Tarefa

Page 153: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

149

FIGURA 1 - COMPONENTE DA TAREFA X CATEGORIA DO PERIGO - SUBESTAÇÃO

FONTE: Autor (2019)

O gráfico 7 apresenta os principais fatores que foram comuns nos registros analisados

na atividade de manutenção em subestações.

GRÁFICO 7 - PRINCIPAIS FATORES - SUBESTAÇÃO

FONTE: Autor (2019)

O direito de recusa foi evidenciado 38% dos registros na atividade de

manutenção de subestações, que corresponde a 71% dos registros que foi

caracterizado a possibilidade de sua aplicação, conforme apresenta o gráfico 8.

9%

9%

18%

18%

18%

9%

9%

0% 5% 10% 15% 20%

Cobra

Queda de objeto de cima da estrutura

Erro manobra programada

Erro de informação na ordem de manobra

Chave aberta erroneamente

Vespa/abelha

Falha de comunicação equipe COD

% Quase acidentes

Fato

res /

Causas

Visível Ocultos Emergentes Causados

Page 154: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

150

GRÁFICO 8 - DIREITO DE RECUSA - SUBESTAÇÃO

FONTE: Autor (2019)

Em 36% dos registros analisados houve a identificação e bloqueio previamente dos

riscos conforme apresenta o gráfico 9.

GRÁFICO 9 - IDENTIFICAÇÃO E BLOQUEIO DO RISCO - SUBESTAÇÃO

FONTE: Autor (2019)

Os fatores humanos, foram evidenciados em 77% dos registros da atividade

relacionados as categorias de erro e violação, conforme apresenta o gráfico 10. Foram

considerados os procedimentos da equipe executora e de outras equipes que tiveram

contribuição para a ocorrência do quase acidente.

38% 15% 47%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Geral

Caracterização do direito de recusa no quase acidente

1 - Evidenciado 2 - Não evidenciado 3 - Não se aplica

31% 69%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Geral

Caracterização do retorno do quase acidente

1 - Sim 2 - Não

Page 155: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

151

GRÁFICO 10 - FATORES HUMANOS - SUBESTAÇÃO

FONTE: Autor (2019)

Na categoria de erro, a habilidade foi evidenciada em 67% dos registros desta

atividade, conforme apresenta o gráfico 11.

GRÁFICO 11 - CATEGORIA DO ERRO - SUBESTAÇÃO

FONTE: Autor (2019)

Os fatores humanos, relacionados a categoria de violações, foram 100%

caracterizados como excepcionais de acordo as informações dos registros. As falhas

nas barreiras de segurança, foram evidenciados em 100% dos registros das

atividades de manutenção em subestações, destas 85% foram caracterizados como

falhas ativas, conforme apresenta o gráfico 12.

31% 46% 23%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Geral

Caracterização da categoria de fatores humanos no quase acidente

1 - Violação 2 - Erro 3 - Não se aplica

33% 67%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Geral

Caracterização da categoria de fatores humanos no quase acidente

1 - Percepção 2 - Habilidade 3 - Decisão

Page 156: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

152

GRÁFICO 12 - FALHAS BARREIRAS DE SEGURANÇA - SUBESTAÇÃO

FONTE: Autor (2019)

Os procedimentos da equipe executora foi a barreira em que mais houve falhas,

contribuindo para a ocorrência dos quase acidentes desta atividade, conforme

apresenta o gráfico 13.

GRÁFICO 13 - BARREIRAS QUE FALHARAM

FONTE: Autor (2019)

Em 45% dos registros destas atividades, houve a evidência da atuação de uma

barreira de segurança que evitou uma maior gravidade da situação, conforme

apresenta o gráfico 14.

85% 15%

75% 80% 85% 90% 95% 100%

Geral

Caracterização do tipo de Barreira no quase acidente

1 - Ativa 2 - Latente 3 - Não se aplica

8% 25% 17% 34% 8% 8%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Geral

Caracterização dos perigos envolvidos nos quase acidentes

2 - Gestão operacional 3 - Comunicação6 - Análise preliminar de risco 7- Procedimentos da equipe executora8 - Procedimento de outras equipes 10 - Não evidenciado

Page 157: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

153

GRÁFICO 14 - BARREIRAS QUE ATUARAM

FONTE: Autor (2019)

O gráfico 15 apresenta o tipo de retorno dos quase acidentes, nas atividades de

manutenção em subestações.

GRÁFICO 15 - TIPO DE RETORNO QUASE ACIDENTE

FONTE: Autor (2019)

27% 9% 9% 55%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Geral

Caracterização dos perigos envolvidos nos quase acidentes

6 - Análise preliminar de risco 7- Procedimentos da equipe executora

8 - Procedimento de outras equipes 10 - Não evidenciado

31% 69%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Geral

Caracterização do retorno do quase acidente

1 - Positivo 2 - Negativo

Page 158: CRISTIANO JOSÉ GOBER · 2021. 1. 19. · Gober, Cristiano José Análise de fatores humanos, efetividade da APR e desempenho de barreiras de segurança em ocorrências de quase acidentes

154