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FACULDADE METROPOLITANA DE GUARAMIRIM FACULDADE DO GRUPO UNIASSELVI Crítica ao texto "O Cansaço da Modernidade" extraída da Palestra ministrada por Frei Betto 1 , no Conselho de Economia, Sociologia e Política - da Federação do Comércio de São Paulo no dia 20 de novembro de 1997. Alunos Suelen Tomelin Denis Fritzke Professor Responsável Mara Isa Battisti Raulino 2 Disciplina: Filosofia Curso: Administração / Finanças Turma: Terceiro semestre 11/05/2012 INTRODUÇÃO Vivemos em um mundo onde as mudanças são permanentes. Nota-se que os costumes instaurados na sociedade tradicional e os adotados nessa nova ‘era moderna’ já não servem para as novas gerações. O moderno, obviamente, se 1 Carlos Alberto Libânio Christo, Frei Betto, (Belo Horizonte, 25 de agosto de 1944) é um escritor e religioso dominicano brasileiro. Adepto da Teologia da Libertação é militante de movimentos pastorais e sociais, tendo ocupado a função de assessor especial de Luiz Inácio Lula da Silva, ex- Presidente da República, entre 2003 e 2010. Frei Betto, foi coordenador de Mobilização Social do programa Fome Zero. 2 Professora responsável. Possui graduação em Direito pela Fundação Universidade Regional de Blumenau (2000), Pós Graduação em Serviço Social e Políticas Públicas pela PUC/PR (2003) e Mestrado em Gestão de Políticas Públicas pela UNIVALLI (2006).

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FACULDADE METROPOLITANA DE GUARAMIRIMFACULDADE DO GRUPO UNIASSELVI

Crítica ao texto "O Cansaço da Modernidade" extraída da Palestra ministrada por Frei Betto1, no Conselho de Economia, Sociologia e Política - da Federação do

Comércio de São Paulo no dia 20 de novembro de 1997.

AlunosSuelen TomelinDenis Fritzke

Professor ResponsávelMara Isa Battisti Raulino2

Disciplina: FilosofiaCurso: Administração / Finanças

Turma: Terceiro semestre11/05/2012

INTRODUÇÃO

Vivemos em um mundo onde as mudanças são permanentes. Nota-se que os

costumes instaurados na sociedade tradicional e os adotados nessa nova ‘era moderna’

já não servem para as novas gerações. O moderno, obviamente, se impõe, porém sem

indagações, também entra em crise. Seja qual for a “era”, o certo é que vivemos num

vazio. As crenças, os valores religiosos e espirituais e os valores morais e culturais, nos

últimos séculos, tomaram os mais diferentes caminhos. A sociedade atual se mostra

preocupada com uma nova busca de identidade, pois percebe a ausência de sentido e de

normas e o aumento de um individualismo desmedido. Frei Betto nos mostra em seu

texto O Cansaço da Modernidade, pontos interessantes acerca do desenvolvimento

cultural em diferentes épocas sob diferentes prismas.

1 Carlos Alberto Libânio Christo, Frei Betto, (Belo Horizonte, 25 de agosto de 1944) é um escritor e religioso dominicano brasileiro. Adepto da Teologia da Libertação é militante de movimentos pastorais e sociais, tendo ocupado a função de assessor especial de Luiz Inácio Lula da Silva, ex- Presidente da República, entre 2003 e 2010. Frei Betto, foi coordenador de Mobilização Social do programa Fome Zero. 2 Professora responsável. Possui graduação em Direito pela Fundação Universidade Regional de Blumenau (2000), Pós Graduação em Serviço Social e Políticas Públicas pela PUC/PR (2003) e Mestrado em Gestão de Políticas Públicas pela UNIVALLI (2006).

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DESENVOLVIMENTO

A modernidade está presente nos grandes desafios que hoje se apresentam nas

áreas tanto da educação como da própria fé cristã. Vivemos em um mundo de

incertezas, onde os avanços tecnológicos produzem diariamente novos caminhos

evolutivos ao homem. A preparação intelectual, espiritual e mesmo afetiva, não pode

ignorar os últimos séculos, durante os quais a modernidade modificou o pensamento e a

ação do ser humano. Analisando o texto O Cansaço da Modernidade, de Frei Betto,

buscar-se-á entender o seu sentido, bem como identificar suas conquistas e de seus

valores, suas mudanças e reflexos na sociedade. Notadamente é hora de recriar os

referenciais que possam orientar o nosso ser (principalmente no núcleo jovem da nossa

sociedade) e o nosso agir, ou seja, tendo como eixo a dinâmica de paradigmas,

buscando uma construção o ser humano como ser sujeito, ser afetivo, ser espiritual

atuante em uma sociedade imediatista e plural analisando o papel da ciência, da

educação e da religiosidade no mundo moderno.

Frei Betto afirma em seus estudos que “não estamos vivendo uma época de

mudanças, estamos vivendo, hoje, uma mudança de época”. É possível observar que é

chegado o momento de reflexão acerca dos valores éticos e morais, científicos e

religiosos, pois há uma complexidade de fatores que impedem a humanidade a

concatenar todos esses referenciais que nos acompanham a séculos, e sem sombra de

dúvidas, tomaram os mais diversos rumos em cada período de transformação de ideais

mundiais.

O teólogo enfatiza que a ‘rainha das ciências’, durante mil anos, no período

medieval, foi a teologia. A rainha das ciências, da modernidade é a física. O período

medieval se baseava na fé; o moderno, na razão. Houve, nesse processo, vários choques

de identidade, diversas buscas a diferentes perguntas. A modernidade tem como

elemento central a afirmação de que o ser humano é autônomo, sujeito de si e da

história. Mas não há como desvincular o presente do passado. E um fator preponderante

e que se faz imprescindível à nossa análise é a questão da fé, pois desde a época

Medieval é possível observar que ela se adequa às visões sociais e circunstanciais.

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A globalização, tão comentada nas últimas décadas, sendo observada pela visão

de Frei Betto, toma novas proporções, pois

Falamos hoje em globalização como se fosse novidade. Mas, na Escola de Sagres, já se falava em globalização, com outras palavras. E tanto globalizaram que conseguiram abarcar outras regiões do planeta, embora Colombo tenha morrido sem saber que havia chegado à América. Morreu convencido de que tinha alcançado Cipango, nome que se dava ao Japão. As descobertas marítimas, a criação das universidades, principalmente da Sorbonne, que é do século 12, e da Universidade de Bolonha, e as corporações marítimas, que são as matrizes dos sindicatos, foram três fatores que, de certa forma, prepararam o advento da modernidade. Todos nós somos filhos da modernidade. Nossa estrutura de pensamento é moderna, mas nem sempre foi assim, e nem em toda parte do mundo é assim. (Fei Betto, 1997).

Um ponto primordial é, sem dúvida, a emergência do “indivíduo” como

elemento chave da modernidade. Na sociedade tradicional, o indivíduo tinha o seu lugar

no conjunto social (religioso, científico e cultural). Na sociedade moderna, cabe ao

indivíduo encontrar o seu lugar contextual, já que não é mais esta que lhe fixa um lugar,

que o emprega, que o engaja num esquema de pensamento. Cabe ao indivíduo captar,

escolher, decidir-se e “virar-se” diante de uma gama muito grande de saberes e de

capacidades exigidas. Frei Betto, inteligentemente faz um parâmetro entre ideais

históricos difundidos por René Descartes, que observou a questão da globalização e do

posicionamento da fé tendo enfoque filosófico, diferentemente de Isaac Newton, que

utilizando-se de conceitos da física e basicamente científicos também com bases sólidas

contextualizam fatores reais que emergem pensamentos cada vez mais subjetivos. Do

teocentrismo ao antropocentrismo, muitas foram as mudanças e as discrepâncias

notadas, e coube à população, optar pelos meios aos quais atribuir relevância nos

campos da fé, da espiritualidade e da razão.

Sabiamente, Frei Betto nos remete a fatos históricos que nos fazem compreender

todas as mudanças de pensamento, assim como dezenas de correntes filosóficas ou

teorias científicas que confrontaram leis naturais como fenômenos sociais, como

situações ligadas diretamente à modernidade. Não há como desvincular o processo de

modernização a tantos elementos negativos que surgiram a partir do século XX. Muitos

confrontos, advindos dessa subjetividade humana já citada anteriormente são

mencionados pelo teólogo:

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[...] a modernidade está em crise porque as quatro grandes instituições, nas quais ela se apoiou, estão em crise: família, Igreja, escola e Estado. Sabemos que os modelos antigos não estão vigorando mais. Alguns, numa atitude saudosista, querem ainda manter ou trazer à atualidade aquilo que foi bom no passado. Não é fácil, porque há novos paradigmas sendo forjados nisso que hoje os filósofos já chamam de pós-modernidade. (Frei Betto, 1997).

A sociedade - mais especificamente a juventude é particularmente atingida por

essa crise - devido à peculiaridade do momento vivida nessa sua fase da vida. Constitui-

se numa fase de opções e de definição. Como definir fé e religiosidade em um mundo

mecanizado e arbitrário? Desenvolver-se pessoalmente ante a configuração familiar e

econômico-social e buscar sua realização dentro de um emaranhado ideológico e de

interesses múltiplos, eis o desafio desse grupo. O desejo que a empurra para a realização

pessoal deverá superar os processos autodestrutivos e a simples satisfação imediata de

seus desejos. A modernização, então, e todo processo tecnológico, de certa forma,

deixam a fé e a espiritualidade em situação delicada, tendo-se em vista tantas mutações

emergentes.

Outro fator de relevância citado por Frei Betto é a influência das mídias, mais

especificamente da televisão, que cega aos olhos da sociedade e os torna dependentes de

um círculo vicioso tecnológico e meramente degradante.

Vivemos uma esquizofrenia social. De um lado, queremos defender os nossos valores religiosos, morais etc., e, de outro, temos, dentro de casa, uma pessoa da família, eletrônica – a telinha –, que não foi convidada, não pede licença, não dialoga e nos impõe valores que nem sempre conferem com os nossos. É a história da minha cunhada, que me disse: "Betto, fui aluna de colégio de freira, por isso paguei muitos anos de análise para me livrar da ideia de que tudo é pecado. Espero que meus filhos, quando adultos, escolham se querem ou não ter uma religião, mas não pretendo ensinar-lhes nenhuma religião". Eu lhe disse: "Você, como mãe, tem todo o direito de fazer essa opção. Mas, como pessoa, não tem o direito de ser ingênua. Ou você educa ou a Xuxa educa. Não pense que existe neutralidade. Se você não educar, a televisão vai ensinar a seus filhos o que é bem, o que é mal, o que é certo, o que é errado, o que é justo, o que é injusto". É uma questão de opção. 

Nesta citação do palestrante se torna nítida sua vontade de alertar quanto aos

sérios problemas (que a sociedade pode vir a enfrentar se continuar embalada pelos

avanços frenéticos da tecnologia e dos estragos causados ao seio familiar caso não haja

um rigor na busca por uma educação mais saudável e menos atormentadora), como o

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exemplo da televisão e sua grade de programação falida e marqueteira. “As pessoas

malham o corpo, e esquecem de malhar o espírito”, afirmou Frei Betto. E isso pode

acarretar em problemas mais desoladores assim como os exemplos que já temos

acompanhado.

Houve uma perda de valores muito grande, os conflitos de ideias, de grupos das

mais variadas correntes religiosas, da televisão como meio influenciador e ditador de

condutas. O consumismo vem tomando conta da maior parte da população mundial e há

a necessidade de uma busca pela espiritualidade. Nota-se que há uma busca pela fé, pois

um grande grupo social está saturado de tanta racionalidade. Frei Betto afirma que não

estamos falando da questão da fé cristã em si ou de outras instituições religiosas, mas da

reflexão de valores subjetivos, familiares, do resgate de valores morais, éticos,

degradados pelo tempo e pela avalanche de informação advinda nos últimos séculos.

É necessário um novo posicionamento diante das transformações que já não

podem ser freadas, uma análise do papel da ciência, da educação e da religiosidade no

mundo moderno, para que sejam empregados a favor de mudanças significativas e que

tragam novas perspectivas de futuro.

CONCLUSÃO

A história do povo não pode ser perdida, degradada e esquecida. A sociedade

não pode esquecer que foi formada diante de valores sólidos, ricos em cultura e anseios.

Há uma necessidade de resgate da humanidade, da espiritualidade, para que os

indivíduos não se percam dentro de suas próprias indagações. Sim, a sociedade moderna

está cansada do processo de globalização desenfreado e precisa se reencontrar, buscar

um novo sentido para a vida e despertar para a consciência da complexidade do real,

para a necessidade de abordagens diferenciadas sem cair no materialismo mecanicista e

midiático.

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Referências Auxiliares

Christo, Carlos Alberto Libânio. Disponível em: http://www.skoob.com.br/autor/4553-

carlos-alberto-libanio-christo Pesquisa em: 25/04/2012

_____________________. O Cansaço da Modernidade. Palestra do Conselho de

Economia, Sociologia e Política - da Federação do Comércio de São Paulo no dia 20 de

novembro de 1997.

Jornal Livre.Com. A história de Carlos Alberto Libânio Christo. Disponível em:

http://www.jornallivre.com.br/152139/a-historia-de-carlos-alberto-libanio-

christo.html Pesquisa em: 25/04/2012