Cuidados de Enfermagem Ao Paciente Traqueostomizado

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Cuidados de Enfermagem ao Paciente TraqueostomizadoTrabalho por Renata Carvalho, estudante de Diversos @ , Em 20/10/2006 5 Tamanho da fonte: a- A+TRAQUEOSTOMIA

Introduo O termo traqueostomia refere-se operao que realiza uma abertura e exteriorizao da luz traqueal. A primeira descrio cirrgica com sucesso data de 1546, por um mdico italiano, Antonio Musa Brasavola, que operou um paciente com abscesso na garganta. Entretanto, a aceitao universal s veio com os trabalhos de Chevalier e Jackson, no incio do sculo XX, que descreveram pormenores da tcnica, suas indicaes e complicaes. Historicamente, a traqueostomia foi desenvolvida para promover a desobstruo das vias areas. Com os avanos tcnicos atuais, tais como laringoscopia e broncoscopia de fibra tica, as indicaes tradicionais da traqueostomia sofreram uma grande mudana. Hoje em dia a sua principal utilizao no manejo de pacientes que necessitam perodos prolongados de suporte ventilatrio mecnico. H, ainda, a utilizao da traqueostomia com o intuito de promover uma adequada limpeza das vias areas, mesmo na ausncia de necessidade de ventilao mecnica.

TRAQUEOSTOMIA O QUE ? Uma traqueostomia um procedimento cirrgico em que feita uma abertura para dentro da traquia. O tubo de demora inserido dentro da traquia chamado tubo de traqueostomia. Uma traqueostomia pode ser temporria ou permanente. Uma traqueostomia empregada para desviar de uma obstruo da via area superior, permitir a remoo das secrees traqueobrnquicas, permitir o uso da ventilao mecnica por longo prazo, evitar a aspirao de secrees orais ou gstricas no paciente inconsciente ou paralisado (atravs do fechamento da traquia a partir do esfago) e substituir um tubo endotraqueal. Existem muitos processos patolgicos e condies de emergncia que tornam necessria uma traqueostomia. PROCEDIMENTO O procedimento cirrgico normalmente realizado na sala de cirurgia ou em uma unidade de terapia intensiva, onde a ventilao do paciente pode ser bem controlada e a tcnica assptica tima pode ser mantida. feita uma abertura cirrgica no segundo e terceiro anis traqueais. Depois que a traquia exposta, insere-se um tubo de traqueostomia com balo de tamanho apropriado. O balo uma insero insuflvel no tubo de traqueostomia de se destina a ocluir o espao entre as paredes da traquia e o tubo, visando permitir a ventilao mecnica efetiva e minimizar o risco de aspirao. O tubo de traqueostomia mantido na posio atravs de fitas apertadas ao redor do pescoo do paciente. Em geral, uma compressa de gaze estril colocada entre o tubo e a pele para absorver a drenagem e evitar a infeco.

PRESCRIO DE ENFERMAGEM 1. Rena o equipamento necessrio, inclusive luvas esterilizadas, perxido de hidrognio, soro fisiolgico ou gua destilada, cotonetes, curativos e fitas entrelaadas (e o tipo de tubo prescrito, quando o tubo deve ser trocado). Um tubo com balo (ar injetado no balo) necessrio durante a ventilao mecnica. Um balo de baixa presso utilizado de maneira mais comum, Os pacientes que precisam do uso de um tubo de traqueostomia por longo prazo e que podem respirar espontaneamente usam, em geral, um tubo metlico, sem balo. 2. Fornea instruo ao paciente e a famlia sobre os pontos principais para o cuidado da traqueostomia, comeando sobre como inspecionar o curativo da traqueostomia para umidade e drenagem. 3. Realize a higiene das mos. 4. Explique o procedimento ao paciente e a famlia quando apropriado. 5. Calce luvas limpas, remova e jogue fora o curativo sujo em um recipiente de biossegurana. 6. Prepare os suprimentos esterilizados, inclusive o perxido de hidrognio, soro fisiolgico ou gua destilada, cotonetes, curativos e esparadrapo. 7. Calce luvas esterilizadas. (Alguns mdicos aprovam a tcnica limpa para pacientes de traqueostomia por longo prazo em casa.). 8. Limpe a ferida e a placa do tubo de traqueostomia com cotonetes umedecidos com perxido de hidrognio. Lave com soro fisiolgico esterilizado. 9. Embeba a cnula interna no perxido e lave com soro fisiolgico ou substitua por uma nova cnula interna descartvel. 10. Remova a fita entrelaada suja com esparadrapo limpo, depois que a nova fita estiver na posio. Coloque a fita entrelaada limpa na posio para fixar o tubo de traqueostomia ao introduzir uma extremidade da fita atravs da abertura lateral da cnula externa. Pegue a fita ao redor da parte posterior do pescoo do paciente e enfie atravs da abertura oposta da cnula externa. Junte ambas as pontas de modo que elas se encontrem de um lado do pescoo. Amarre a fita at que apenas dois dedos possam ser confortavelmente introduzidos sob ela. Fixe com um n. Para uma nova traqueostomia, duas pessoas devem assistir nas trocas da fita. 11. Remova as fitas antigas e descarte-as em um recipiente de biossegurana.

Cuidados de Enfermagem ao Paciente TraqueostomizadoTrabalho por Renata Carvalho, estudante de Diversos @ , Em 20/10/2006 5 Tamanho da fonte: a- A+TRAQUEOSTOMIA

Introduo O termo traqueostomia refere-se operao que realiza uma abertura e exteriorizao da luz traqueal. A primeira descrio cirrgica com sucesso data de 1546, por um mdico italiano, Antonio Musa Brasavola, que operou um paciente com abscesso na garganta. Entretanto, a aceitao universal s veio com os trabalhos de Chevalier e Jackson, no incio do sculo XX, que descreveram pormenores da tcnica, suas indicaes e complicaes. Historicamente, a traqueostomia foi desenvolvida para promover a desobstruo das vias areas. Com os avanos tcnicos atuais, tais como laringoscopia e broncoscopia de fibra tica, as indicaes tradicionais da traqueostomia sofreram uma grande mudana. Hoje em dia a sua principal utilizao no manejo de pacientes que necessitam perodos prolongados de suporte ventilatrio mecnico. H, ainda, a utilizao da traqueostomia com o intuito de promover uma adequada limpeza das vias areas, mesmo na ausncia de necessidade de ventilao mecnica.

TRAQUEOSTOMIA O QUE ? Uma traqueostomia um procedimento cirrgico em que feita uma abertura para dentro da traquia. O tubo de demora inserido dentro da traquia chamado tubo de traqueostomia. Uma traqueostomia pode ser temporria ou permanente. Uma traqueostomia empregada para desviar de uma obstruo da via area superior, permitir a remoo das secrees traqueobrnquicas, permitir o uso da ventilao mecnica por longo prazo, evitar a aspirao de secrees orais ou gstricas no paciente inconsciente ou paralisado (atravs do fechamento da traquia a partir do esfago) e substituir um tubo endotraqueal. Existem muitos processos patolgicos e condies de emergncia que tornam necessria uma traqueostomia. PROCEDIMENTO O procedimento cirrgico normalmente realizado na sala de cirurgia ou em uma unidade de terapia intensiva, onde a ventilao do paciente pode ser bem controlada e a tcnica assptica tima pode ser mantida. feita uma abertura cirrgica no segundo e terceiro anis traqueais. Depois que a traquia exposta, insere-se um tubo de traqueostomia com balo de tamanho apropriado. O balo uma insero insuflvel no tubo de traqueostomia de se destina a ocluir o espao entre as paredes da traquia e o tubo, visando permitir a ventilao mecnica efetiva e minimizar o risco de aspirao. O tubo de traqueostomia mantido na posio atravs de fitas apertadas ao redor do pescoo do paciente. Em geral, uma compressa de gaze estril colocada entre o tubo e a pele para absorver a drenagem e evitar a infeco. PRESCRIO DE ENFERMAGEM 1. Rena o equipamento necessrio, inclusive luvas esterilizadas, perxido de hidrognio, soro fisiolgico ou gua destilada, cotonetes, curativos e fitas entrelaadas (e o tipo de tubo prescrito, quando o tubo deve ser trocado). Um tubo com balo (ar injetado no balo) necessrio durante a ventilao mecnica. Um balo de baixa presso utilizado de maneira mais comum, Os pacientes que precisam do uso de um tubo de traqueostomia por longo prazo e que podem respirar espontaneamente usam, em geral, um tubo metlico, sem balo. 2. Fornea instruo ao paciente e a famlia sobre os pontos principais para o cuidado da traqueostomia, comeando sobre como inspecionar o curativo da traqueostomia para umidade e drenagem.

3. Realize a higiene das mos. 4. Explique o procedimento ao paciente e a famlia quando apropriado. 5. Calce luvas limpas, remova e jogue fora o curativo sujo em um recipiente de biossegurana. 6. Prepare os suprimentos esterilizados, inclusive o perxido de hidrognio, soro fisiolgico ou gua destilada, cotonetes, curativos e esparadrapo. 7. Calce luvas esterilizadas. (Alguns mdicos aprovam a tcnica limpa para pacientes de traqueostomia por longo prazo em casa.). 8. Limpe a ferida e a placa do tubo de traqueostomia com cotonetes umedecidos com perxido de hidrognio. Lave com soro fisiolgico esterilizado. 9. Embeba a cnula interna no perxido e lave com soro fisiolgico ou substitua por uma nova cnula interna descartvel. 10. Remova a fita entrelaada suja com esparadrapo limpo, depois que a nova fita estiver na posio. Coloque a fita entrelaada limpa na posio para fixar o tubo de traqueostomia ao introduzir uma extremidade da fita atravs da abertura lateral da cnula externa. Pegue a fita ao redor da parte posterior do pescoo do paciente e enfie atravs da abertura oposta da cnula externa. Junte ambas as pontas de modo que elas se encontrem de um lado do pescoo. Amarre a fita at que apenas dois dedos possam ser confortavelmente introduzidos sob ela. Fixe com um n. Para uma nova traqueostomia, duas pessoas devem assistir nas trocas da fita. 11. Remova as fitas antigas e descarte-as em um recipiente de biossegurana.

GABRIELLA MARIA RITA DANTAS RUOPPOLO

Guia de cuidados com criana traqueostomizadaFoto da capa: modificada de Aarons Tracheostomy Pag. disponvel: http://www.tracheostomy.com, acessado em agosto/2003.

Guia de cuidados foi resultado do Trabalho de Concluso de Curso apresentado Faculdade de Fisioterapia da Universidade de Santo Amaro, como requisito parcial obteno do ttulo de Bacharel em Fisioterapia, sob orientao da Profa. Ms. Dra. Dalva Maria de Almeida Marchese.SO PAULO 2003

2 3 GABRIELLA MARIA RITA DANTAS RUOPPOLO

GUIA DE CUIDADOS COM CRIANA TRAQUEOSTOMIZADA

Edio: Cpep-fisio Ilustraes: Dalva Maria de Almeida Marchese Edio Eletrnica 2005

CPEP - Centro de Pesquisa e Estudo de Fisioterapia em Pediatria UNISAFaculdade de Fisioterapia da Universidade de Santo Amaro

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Faculdade de Fisioterapia da UnisaDiretor Professor Sergio Mingrone CPEP - Centro de Pesquisa e Estudo de Fisioterapia em Pediatria UNISA Professor Responsvel Professora Dalva Maria de Almeida MarcheseRuoppolo, Gabriella Maria Rita Dantas, Guia de Cuidados com Criana Traqueostomizada / Gabriela Maria Rita Dantas So Paulo: Ed. Eletrnica-Cpep, 2005. 48 p. 1. Traqueostomia 2. Criana 3. Prestao de Cuidados de Sade 4. Cuidados Domiciliares de SadeCPEP - Centro de Pesquisa e Estudo de Fisioterapia em Pediatria UNISA Faculdade de Fisioterapia da Universidade de Santo Amaro So Paulo /SP Brasil www.cpep-fisio.com.br Correio Eletrnico: [email protected]

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1. Um pouco de histriaTracheostomia uma pequena abertura cirrgica (um estoma) feita na parte anterior do pescoo, ligando a traquia com a superfcie do corpo. O procedimento de traqueostomia foi descrito em 2000 a.C. por Rgveda, no Egito. Porm, a primeira descrio de cirurgia com sucesso data de 1546 e foi realizada pelo mdico italiano Antonio Musa Brasavola. Em 1718, Lorenz Heister criou o termo traqueostomia que substituiu os termos laringotomia e broncotomia.Fig. 1 Antonio Musa Brasavola (1490-1554) The National Library of Medicine. Modificado de Aarons Tracheostomy Pag., 2003.

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2. Porque se faz uma traqueostomia?A razo mais comum para a realizao de uma traqueostomia a obstruo das vias areas superiores, o que no permite a chegada do ar oxigenado aos pulmes. uma maneira de restabelecer a passagem do ar e permitir uma respirao prxima da normal. A BFig. 2 Vias areas superiores e suas estruturas, funcionando normalmente (A) a nova passagem de ar aps a traqueostomia. Modificado de Portex, Tracheostomy care handbook, 1998, p.5.nariznariz

boca boca faringe faringe Cordas Cordas vocais laringe laringe traquia traqui a esfago esfago

7A traqueostomia uma abertura cirrgica na traquia atravs da qual um pequeno tubo (tubo de traqueostomia, cnula endotraqueal ou cnula traqueal) colocado para manter a respirao. O ar entra e sai diretamente por esse tubo e a boca e o nariz no so utilizados para a respirao. 2.a Indicaes A traqueostomia est indicada sempre que a ventilao pulmonar no estiver ocorrendo de maneira efetiva, por obstruo, anomalia congnita, trauma, edema, tumor ou infeco em vias areas superiores. Tambm so indicaes para traqueostomia, a insuficincia respiratria que leva a intubao orotraqueal (ventilao mecnica invasiva, respirao com aparelho) com durao de muitos dias; tempo prvio complementar a outras cirurgias, destacando-se as laringectomias, glossectomias amplas, resseco de tumores de soalho de boca e cirurgias buco-maxilo-faciais extensas; cirurgia da glndula tireide, quando houver leso bilateral inadvertida dos nervos larngeos recorrentes ou colapso da traquia aps retirada do bcio. Outras vezes, a traqueostomia visa preparar o paciente para uma cirurgia futura, a fim de evitar complicaes psoperatrias. Existe ainda indicao de traqueostomia em pacientes que apresentem distrbios musculares como a miastenias graves, poliomielite, entre outras.

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3. Como a traquia?O sistema respiratrio pode ser dividido em uma parte que funciona para a conduo do ar e outra parte que responsvel pela respirao propriamente dita, onde ocorrem as trocas gasosas. As vias areas superiores, constitudas pelo nariz, a boca, a faringe, a laringe e a traquia, mais os brnquios, so os rgos que funcionam apenas como condutores de ar no sistema respiratrio. A poro de respirao responsvel por trocar o ar com oxignio por gs carbnico, formada pelos bronquolos e alvolos.Fig. 3 Vias respiratrias. Modificado de Portex, Pediatric tracheostomy care handbook, p. 5.

9A traquia uma estrutura com forma de cilindro,

constituda por 12 anis de cartilagem incompletos, em forma de C, sobrepostos e ligados entre si por ligamentos, com fechamento posterior do tubo constitudo por msculo liso. revestida internamente por epitlio ciliado e clulas que formam muco, importantes na limpeza e proteo do sistema respiratrio. As cartilagens da traquia, tal como ocorre com outros rgos do sistema respiratrio, proporcionam-lhe rigidez suficiente para impedi-la de entrar em colapso (colabar, fechar); ao mesmo tempo, unidas por tecido elstico, asseguram a mobilidade e flexibilidade da estrutura que se desloca durante a respirao e com os movimentos da laringe. A traquia sofre um ligeiro desvio para a direita prximo a sua extremidade inferior, antes de dividir-se em dois brnquios principais, direito e esquerdo, que se dirigem para os pulmes; a regio de bifurcao denominada Carina e sensvel dor.

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4. Como feita a traqueostomia?Acessos rpidos s vias areas superiores so possveis, em menos de um minuto e com poucos equipamentos, por intubao via oral ou nasal. A traqueostomia, por outro lado, um procedimento que requer alguns cuidados, equipamentos especficos e equipe mdica especializada. O uso da traqueostomia para acesso rpido das vias areas superiores no freqente e raramente um procedimento de emergncia. A traqueostomia geralmente realizada no centro cirrgico e, com menos freqncia, na unidade de terapia intensiva (UTI), com anestesia local ou geral. Em crianas mais comumente utilizada a anestesia geral. O paciente posicionado em decbito dorsal horizontal (deitado com as costas na cama), com coxim sob os ombros para discreta hiperextenso do pescoo (posicionamento da cabea).Fig. 4 Esquema simplificado da traqueostomizao. Modificado de Aarons Tracheostomy Pag., 2003.

11A inciso feita sobre a segunda, a terceira e a quarta cartilagens da traquia. Logo a seguir, uma cnula de traqueostomia, com o dimetro correto e munida do respectivo mandril, introduzida com cuidado, observando-se sua curvatura. Aps a retirada do mandril o paciente ventilado com bolsa de ressuscitao (Ambu). Ento, com o posicionamento correto confirmado, o tubo fixado.

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5.Tipos de cnulas e acessriosExistem vrios tipos de cnulas traqueais, em diferentes tamanhos e com diversos acessrios. Porm, as partes mais comuns que elas apresentam so o suporte, a cnula e o mandril.Fig. 5 Partes da cnula de intubao tracheal: suporte (A), cnula (B) e mandril (C). Modificado de Aarons Tracheostomy Pag., 2003.

Algumas cnulas so equipadas com cuff (do ingls punho da manga, manguito), um balonete instalado por fora da cnula que insuflado e toma a forma da traquia, vedando a perda do ar inspirado pela cnula e impedindo a entrada de corpos estranhos por boca e nariz, ou por refluxo de contedo gstrico. Esse tipo de equipamento geralmente no utilizado em pediatria.Fig. 6 Cnula com Cuff desinsuflado e insuflado. Modificado de Aarons Tracheostomy pag., 2003.A B C

135a. Outros acessrios .Conector - parte da cnula interna que fica para fora da pele e serve para conectar o tubo do ventilador, a bolsa de ressuscitao ou a vlvula fonatria. .Cnula interna - um tubo localizado internamente na cnula de traqueostomia que pode ser usado na remoo de muco. Algumas cnulas traqueais possuem uma cnula interna reutilizvel que pode conter uma fenestrao. Essa cnula deve ser devidamente higienizada para nova utilizao. .Fenestrao - uma abertura na parte curva da cnula de traqueostomia, ou na cnula interna, permitindo que o ar chegue s cordas vocais, boca e ao nariz, e assim, que o paciente consiga falar.Fig. 7-8 Cnula fenestrada e esquema do posicionamento da fenestrao. Modificado de Aarons Tracheostomy Pag., 2003.

14.Vlvula fonatria - serve para eliminar a necessidade de utilizar o dedo para bloquear a entrada da cnula para poder falar. encaixada no conector e direciona o ar para as cordas vocais. Est contra-indicada para pacientes com estenose de laringe, paralisia das cordas vocais, estenose traqueal severa, obstrues areas, infeces respiratrias ou pacientes que secretem muco em excesso. .Tubo de inflao - um tubo estreito que conduz o ar diretamente para o cuff. .Balo piloto - um pequeno balo plstico, localizado ao final do tubo de inflao que serve para indicar se o cuff est insuflado. .Vlvula de escape - uma vlvula localizada aps o balo

piloto que serve para se conectar uma seringa e insuflar ou desinsuflar o cuff.Fig. 9 Partes e componentes da cnula traqueal. Modificado de Aarons Tracheostomy Pag., 2003.

15.Gorro - ajustado sobre o conector na cnula interna fenestrada quando o cuff est desinsuflado. Serve para direcionar o ar para boca, nariz e cordas vocais, permitindo a fala. .Tampo de decanulao - utilizado quando a cnula interna removida e o cuff desinsuflado, encaixado na abertura da cnula traqueal. Serve para direcionar o ar da fenestrao para nariz e boca. Informaes mais detalhadas sobre produtos especficos devem ser prestadas pelo fabricante.

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6. Complicaes ps-cirrgicasDesposicionamento da cnula. mais problemtico quando ocorre nos primeiros cinco a sete dias, pois ainda h um trajeto delimitado da pele at a luz traqueal. Fios de reparo deixados nos bordos da abertura traqueal, e exteriorizados, auxiliam no reposicionamento da cnula, especialmente nos pacientes obesos ou com pescoo curto. Disfagia. Alguns pacientes com traqueostomia apresentam queixa de sensao de "bolo na garganta". A disfagia propriamente dita (dificuldade ou deficincia na deglutio) tambm pode ocorrer, mas em uma proporo bem menor. Enfisema subcutneo. Aproximadamente 5% das traqueostomias desenvolvem enfisema subcutneo. Normalmente, regride em 48h, mas deve alertar o cirurgio para conferir o correto posicionamento da cnula, assim como excluir pneumotrax ou pneumomediastino com uma radiografia torcica. Estenose traqueal ou subgltica. A estenose traqueal relacionada com a isquemia mucosa causada pela presso do cuff, pela ponta da cnula ou no local de abertura traqueal. J a colocao da cnula traqueal prxima rea da glote, que ocorre na traqueostomia realizada no primeiro anel traqueal, pode levar ao edema e eventual estenose subgltica. Os sintomas iniciais so: dispnia aos esforos, tosse, incapacidade de limpar secrees e estridor inspiratrio ou expiratrio. Fstula traqueocutnea. Ocasionalmente, o estoma traqueal no fecha espontaneamente, fato que ocorre, principalmente, com a traqueostomia prolongada. Esta uma complicao benigna e pode ser tratada com a resseco do trato epitelial, permitindo, assim, uma cicatrizao secundria. Fstula traqueoesofgica. uma complicao que ocorre em menos de 1% das traqueostomias, porm causa contaminao

17da rvore traqueobrnquica e interfere na adequada nutrio. Normalmente devida excessiva presso do cuff. Fstula traqueoinominada. Ocorre em menos de 1% das traqueostomias. Um sangramento "sentinela" de sangue vivo ou a pulsao da cnula de traqueostomia so sinais que devem levar a suspeita desta complicao, e requerem tratamento cirrgico imediato. O controle temporrio da hemorragia pode ser feito com a hiperinsulflao do cuff, combinado ou no com a compresso digital direta Infeco da ferida. A traqueostomia uma ferida contaminada. Entretanto, abscessos periostmicos ou celulite so raros, considerando que a ferida deixada aberta. E, caso ocorram, so tratados com cuidados locais e antibioticoterapia sistmica. Obstruo da cnula. O correto posicionamento da cnula, umidificao dos gases ventilatrios, alm de irrigao e aspirao contnuas ajudam a prevenir esta complicao. As prteses que possuem cnula interna ajudam no manejo desta complicao, pois possibilitam sua retirada e limpeza. Sangramento. a maior causa de complicao no perodo ps-operatrio precoce. Normalmente, sangramentos pequenos podem ser controlados com a elevao da cabeceira do leito, troca dos curativos e compresso local. Mas sangramentos maiores devem ser tratados em ambiente cirrgico para uma adequada reviso da hemostasia, com ligadura dos vasos sangrantes. O sangramento vultoso raro, geralmente devido a uma leso inadvertida da artria inominada. Solicite informaes de complicaes especficas ao seu mdico. Ele a melhor pessoa para esclarecer suas dvidas. Siga sempre suas recomendaes.

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7. UmidificaoNs respiramos pelo nariz e pela boca, onde o ar filtrado, aquecido e umidificado antes de chegar traquia e aos pulmes. Com a traqueostomia o ar segue diretamente para a traquia e, a partir da, para os pulmes. A traquia se localiza abaixo da nasofaringe, portanto, abaixo da regio responsvel pelo aquecimento e pela umidificao do ar. Sendo assim, essa umidificao no ocorre de forma natural e se o paciente faz uso de ventilao mecnica, ou est recebendo oxignio suplementar, o ar inspirado ser ainda mais frio e seco. Ser necessrio corrigir a qualidade do ar: absolutamente essencial a realizao da umidificao artificial para a manuteno da umidade e da temperatura do ar inspirado. Quando a umidificao do ar no acontece corretamente, a secreo se torna mais espessa e ser mais

difcil elimin-la atravs da tosse. A correta umidificao exerce importante papel na fluidificao da secreo. O clima tambm pode alterar a fluidez da secreo, assim como o aquecimento dos ambientes no inverno e o ar condicionado no vero que tornam o ar mais seco e, conseqentemente, necessria umidificao mais freqente. importante tambm que se preste ateno quanto quantidade de lquido ingerida, pois quanto maior a quantidade, mais fluda ser a secreo. Durante o dia (e somente durante o dia) o paciente pode ser deixado sem umidificao por longo perodo de tempo. Faa isso gradualmente, iniciando com uma hora. Preste sempre ateno na viscosidade do muco e se h traos de sangue no mesmo. Oferea uma quantidade razovel de lquido para manter a fluidificao do muco. Se notar rolhas de

19secreo ser necessrio que se faa aspirao para retir-las. Se no conseguir retir-las, troque a cnula de traqueostomia. 7a. Instilando soro fisiolgico: Para a umidificao artificial pode ser utilizada a instilao de soro fisiolgico diretamente no orifcio da traqueostomia. Isso ir auxiliar na fluidificao da secreo. A instilao deve ser realizada sincronicamente com a respirao do paciente para prevenir que no seja instilada uma grande quantidade de uma s vez causando tosse excessiva. O soro fisiolgico pode ser encontrado nas farmcias, porm necessrio que se consulte um mdico ou fisioterapeuta para se certificar da quantidade necessria de lquido a ser instilada, bem como das condies de higiene e de conservao e guarda adequadas do produto. Ao adquirir soro fisiolgico, quando no se tratar de embalagem com dose nica (ampolas), d preferncia para as embalagens que podem ser tampadas adequadamente aps o uso; retire a quantidade necessria para uso imediato com uma seringa descartvel estril ou um recipiente higienizado especialmente para esse fim, e guarde o restante, bem tampado, em geladeira. NUNCA UTITLIZE O SORO FISIOLGICO AINDA GELADO: a temperatura ideal a temperatura do corpo. 7b. Nebulizao: O nebulizador simples de ser utilizado, porm necessrio, alm do nebulizador, uma mscara de traqueostomia, um tubo flexvel, soro fisiolgico ou gua destilada e soluo para limpeza, o que pode encarecer o procedimento. Deve-se tomar cuidado, pois o ar pode se resfriar em excesso e ainda pode ser instilado mais lquido do que o necessrio, predispondo o usurio a um broncoespasmo e sufocamento.

20 necessria a consulta a um mdico ou fisioterapeuta para maiores informaes sobre o uso do aparelho, mesmo

com a leitura obrigatria do manual do fabricante, sobre as quantidades de gua ou soro fisiolgico, bem como sobre o nmero de nebulizaes dirias.Fig. 10 O nebulizador facilmente encontrado nas farmcias e lojas de produtos mdico-hospitalares. Modificado de Aarons Tracheostomy Pag., 2003.

7c. Umidificador: um aparelho designado propriamente para a umidificao. E tambm a maneira mais eficaz de promover a correta umidificao. Esse aparelho capaz de controlar a temperatura e os nveis de umidade do ar inspirado. Porm deve ser utilizado com cuidado; o mau uso pode ocasionar queimaduras e choques eltricos. Outro inconveniente a quantidade de equipamentos que so necessrios para uma correta utilizao desse aparelho, o que torna esta forma mais cara de umidificao.

217d. Nariz artificial: uma pea que pode ser encontrada em revendas de materiais mdico-hospitalares e se encaixa no orifcio da traqueostomia. capaz de aquecer e umidificar o ar inspirado com eficcia. Seu custo no muito elevado. aconselhvel que seja utilizada alguma forma de umidificao durante perodos de sono e durante a noite para prevenir que a secreo venha a ocluir o orifcio da traqueostomia. Seja qual for o mtodo para umidificao escolhido, consulte o profissional mdico ou fisioterapeuta para orientaes e esclarecimentos. Siga sempre as orientaes de seu mdico.

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8. Mobilizao e aspirao de secreesA formao de muco nas paredes internas das vias respiratrias constante e faz parte dos meios que nosso organismo tem para higiene e defesa de nossos pulmes. Quando instalamos uma prtese como a cnula traqueal, esse mecanismo fica dificultado, j que no vamos poder eliminar o muco adequadamente. Chamamos de Manobras de Higiene Brnquica (MHB) aos mtodos que servem para ajudar nessa limpeza, promovendo a tosse ou retirando por aspirao o muco que no sai naturalmente. As MHB consistem, portanto, em manobras que favoream a fluidificao do muco (como a inalao) e sua subida para regies mais externas dos pulmes (como a drenagem postural), que acelerem o fluxo expiratrio promovendo a tosse (como vibraes e tapotagem), ou que retirem o muco por aspirao das vias respiratrias quando a tosse no for suficiente ou no ocorrer. Cada manobra de mobilizao de secrees tem uma

maneira correta de ser aplicada, assim como sua indicao e contra-indicao. O fisioterapeuta pode orient-lo quanto ao melhor procedimento para cada paciente e trein-lo para a tarefa. 8a. A aspirao de cnula traqueal A aspirao de secrees precedida de manobras de mobilizao que possam torn-la mais efetiva e mais rpida, reduzindo o desconforto, a possibilidade de leso mucosa e mesmo o nmero de vezes que ela necessria. de extrema importncia para a manuteno da respirao do paciente e se no for realizada com a freqncia necessria, podem ocorrer obstrues da cnula. Apesar de se tratar de um procedimento que causa reflexos fisiolgicos e psicolgicos na tentativa de proteo das

23vias areas, explicar claramente para o paciente sobre o procedimento, quando ele j tem essa compreenso, ir tranqiliz-lo e diminuir seu medo. O procedimento dever ser explicado com detalhes no hospital, uma vez que a manobra dever ser feita, no mnimo 2 vezes ao dia (pela manh e noite, por exemplo). Alm desse nmero, outras aspiraes esto indicadas quando se perceber que a secreo se tornou espessa ou no consegue ser expelida pela tosse. Percebendo-se a presena de secrees fluida, mas em quantidade, suficiente a aspirao com um aspirador manual do tipo bulbo de borracha, somente na altura do orifcio da cnula. O bulbo deve ser lavado e higienizado a cada uso, por dentro e por fora.Fig. 11 Aspirao de secreo fluida com bulbo no exclui a necessidade de no mnimo duas aspiraes a vcuo por dia. Modificado de Portex, Pediatric tracheostomy care handbook, 1998, p. 14.

Alguns sinais indicam que o paciente deve ser aspirado imediatamente:

24- tosse freqente e formao de bolhas de secreo no orifcio da cnula traqueal; - ansiedade, cansao ou choro demasiados; - sinais de respirao desconfortvel, com esforo (batimento de asa de nariz, tiragens de frcula, intercostal ou diafragmtica); - boca, lbios e ponta dos dedos plidos, azuis ou roxos (palidez/cianose); - dificuldade para comer (inapetncia); - dificuldade para tossir e/ou eliminar secrees. Relate ao seu mdico sempre que voc observar esses sinais e/ou necessitar de aspiraes mais urgentes e freqentes. Para a aspirao domiciliar sero necessrios: - um aspirador porttil com frasco para recolher a

secreo; - sondas de aspirao estreis do dimetro adequado, com ou sem vlvula; - fonte de oxignio e bolsa de ressuscitao (Ambu); - soro fisiolgico e gua destilada; gaze; - luvas estreis e de procedimento; - culos protetores para os olhos e mscara para proteo da pessoa que realizar o procedimento.

25Fig. 12 Durante a aspirao, entre com o vcuo desligado, at 0,5 cm abaixo da cnula (A) e retorne aspirando e girando suavemente a sonda. Modificado de Aarons Tracheostomy Pag., 2003.

importe lembrar de algumas coisas para realizar a aspirao de maneira correta e eficiente: - a traqueostomia um orifcio cirrgico; sendo assim, necessria higiene adequada e algumas precaues devem ser observadas; - o procedimento de aspirao no doloroso quando realizado corretamente, porm o paciente deve ficar posicionado e to imvel quanto possvel; quando a criana no tiver idade para compreender o que est ocorrendo,

26dever ser contida e mantida por um auxiliar durante o procedimento; - o posicionamento correto do paciente ajuda na maior rapidez e eficcia da aspirao; a criana deve ser posicionada deitada em decbito dorsal, com a cabea na linha mdia do corpo, em leve extenso; - uma ocluso parcial da traqueostomia pela sonda de aspirao, combinada com a aspirao do ar dos pulmes durante a aspirao das secrees, pode causar hipxia severa, arritmias cardacas e parada cardaca; para prevenir essas situaes, o tempo no deve exceder 15 segundos a cada entrada, mesmo se no forem notados sinais evidentes de estresse, e o dimetro da sonda de aspirao no deve exceder 50% do dimetro do orifcio da cnula traqueal, reduzindo a obstruo entrada de ar em volta da sonda durante a aspirao; - as vias areas superiores so revestidas por tecido delicado e cuidados precisam ser tomados para no les-lo durante a aspirao; por essa razo a aspirao deve ser realizada de forma intermitente e com rotao da sonda de aspirao, prevenindo assim o trauma da mucosa da traquia e dos brnquios; a descida da sonda deve ocorrer sempre com o vcuo desativado; a sonda de aspirao no deve ultrapassar o limite de 0,5 cm do final da cnula traqueal; essa medida pode ser obtida na embalagem da cnula e anotada para ser marcada na sonda de aspirao; ultrapassar esse limite traumatizar a Carina, que sensvel a dor, e invadir reas do prprio pulmo de maneira inadequada; chegando ao ponto desejado, acionar o vcuo e voltar aspirando.

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9. Higienizao do TuboO tubo e o obturador devem ser higienizados usando-se lcool, vinagre caseiro, soro fisiolgico estril ou gua com um pouco de detergente. A cnula metlica deve ser fervida. Depois de higienizar, lave com soro fisiolgico para remover toda a soluo utilizada na higienizao e permita que o ar seque o tubo. Se voc estiver utilizando um tubo com cuff, este deve ser enxaguado gentilmente com soro fisiolgico estril e no deve entrar em contato com lcool ou detergente. Recomendase a troca do tubo quando completar 29 dias de uso, independe do tipo de tubo. Cuidados: - no use solues que no foram mencionadas acima para higienizar o tubo ou o obturador; - no exponha o tubo ou o obturador a qualquer agente qumico que no esteja entre os citados acima, para no provocar danos prtese ou ao paciente; - importante verificar para que no exista lubrificante dentro do tubo para no causar problemas ventilao; - nunca utilize um tubo em mais de uma pessoa: o uso nico. Sempre siga as instrues do seu mdico.

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10. Cuidados com a cnula internaA cnula interna serve para que se possa retirar a secreo que normalmente adere nas paredes da prtese sem precisar extubar o paciente. instalada por dentro do suporte e fixada por um sistema de encaixe bastante simples (fig. 5 e 9). Para limpeza da cnula interna voc precisa de: - luvas de procedimento; - soro fisiolgico; - gua destilada; - escova pequena e macia ou escova de limpar cachimbo; - gaze estril. Como realizar o procedimento: - lave as mos e calce as luvas; - segure o pescoo da criana por trs com uma das mos e com a outra mo gire a cnula interna para solt-la de sua fixao; - puxe a cnula interna para fora do tubo; - coloque a cnula interna numa vasilha que contenha soro fisiolgico estril, gua destilada ou gua com um pouco de detergente; - use uma escova pequena e macia para gentilmente remover a secreo;

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- lave a cnula com soro fisiolgico certificando-se de que toda a sujeira e o detergente, por ventura utilizado, sejam retirados; - com gaze embebida em soro fisiolgico ou gua destilada, limpe a rea externa da prtese, com cuidado de no deixar qualquer corpo estranho (secreo ressecada, por exemplo) entrar pelo tubo; - segurando a cnula pela ponta que contm a rea de fixao, com a curva para baixo, recoloque-a gentilmente e gire para fix-la. necessrio que o entendimento deste procedimento tenha ficado claro antes dele ser iniciado. Siga sempre as recomendaes do seu mdico.

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11. Trocando a Fixao importante manter a rea em volta do orifcio limpa para prevenir infeces. Ento, deve-se trocar a fixao todos os dias ou sempre que estiver molhada ou suja. Durante a troca da fixao, uma pessoa deve segurar o tubo no lugar enquanto outra remove a fixao antiga e coloca uma nova. NUNCA amarre a fixao da traqueostomia com um n. A fixao deve ser amarrada com um lao, o que facilitar a sua retirada. Voc ir precisar de: - fita para fixao; - tesoura de ponta arredondada; - um rolo (pode ser uma toalha enrolada ou um travesseiro baixo) para apoiar sob os ombros da criana; - luvas de procedimento; - um lenol para envolver a criana. SE VOCE FOR REALIZAR A TROCA SOZINHO, envolva a criana restringindo suas mos sob o lenol e fixando de forma que ela no consiga soltar-se.

31Como realizar a troca: - todas as pessoas envolvidas na troca devem lavar as mos; - corte 2 pedaos da fita do tamanho suficiente para envolver o pescoo da criana; - uma pessoa envolve a criana com o lenol, enquanto a outra troca a fixao; - coloque o rolo sob os ombros da criana, posicionando a cabea de modo que a prtese fique acessvel, mas sem grande extenso para evitar extubao;Fig. 13-14 Substitua a fixao em quanto outra pessoa

mantm a criana contida, devidamente apoiada. Modificado de Portex, Pediatric tracheostomy care handbook, 1998, p. 11.

- retire a fixao antiga; coloque de um lado a nova fixao no orifcio lateral da cnula de traqueostomia; - puxe a fita formando uma laada; puxe a outra ponta atravs da laada enquanto a fita est segura na cnula; - faa a mesma coisa para a outra fita; - amarre uma fita na outra por trs do pescoo com um lao (NUNCA com um n);

32Lembre-se, troque sempre o local do lao para que no cause irritaes na pele. - corte a parte remanescente da fita deixando apenas uma pequena ponta; - coloque a proteo para a pele entre a prtese e o pescoo (veja captulo 13 Cuidados com a pele). Voc saber se a fixao foi bem colocada se couber exatamente o seu dedo indicador entre a fixao e o pescoo. Certifique-se de ter compreendido todos os passos antes de iniciar a troca; mantenha tudo o que for ser usado no procedimento prximo da criana e disposto de maneira a ser acessado com facilidade. Crie uma rotina para essa tarefa e ela ficar bem mais simples.

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12. Troca do tubo recomendada a troca do tubo de traqueostomia e seus acessrios rotineiramente para prevenir o acmulo gradual de muco que pode ocluir a cnula. Seu mdico informar com que freqncia cnula dever ser trocada (recomendamos que seja trocada no mximo a cada 29 dias de uso). A troca da cnula pode causar tosse e vmito e por isso recomendado que seja realizada pelo menos 1hora e 30 minutos aps a ltima refeio. O que voc ir precisar: - um novo tubo com a fixao j colocada; - tesoura de ponta arredondada; - um rolo (pode ser uma toalha enrolada ou um travesseiro baixo) para colocar sob os ombros da criana; - lubrificante; - um lenol para envolver a criana. Como realizar a troca de tubos sem cuff: - todas as pessoas envolvidas na troca devem lavar as mos; - coloque o obturador dentro do novo tubo; - coloque a fixao de acordo com o explicado em 11Trocando a fixao; faa isso antes de remover o tubo

antigo e deixe dentro da embalagem, prximo criana;

34- lubrifique a ponta do tubo com uma fina camada de lubrificante; o excesso de lubrificante pode ocluir a cnula; - restrinja a criana envolvendo-a com um lenol de forma que seus braos fiquem restritos; - coloque o rolo embaixo dos ombros da criana, posicionando a cabea com pouca extenso;Fig. 15 Retire o tubo antigo (A) e insira o novo tubo gentilmente (B); providencie o lao da fixao (C). Modificado de Aarons Tracheostomy Pag., 2003.

- corte a fixao e remova o tubo antigo; - gentilmente, coloque o novo tubo empurrando levemente para trs; - remova imediatamente o obturador enquanto ajeita o tubo no lugar com seu dedo; - amarre rapidamente a fixao com um lao; - jogue fora o tubo antigo com sua fixao.

35Provavelmente voc no ter problemas para trocar o tubo, mas se tiver, observe se o pescoo da criana est bem posicionado, em leve extenso. Se ainda tiver problemas, afaste a pele em volta do orifcio e insira o tubo enquanto a criana inspira. Tente um tamanho menor de tubo. Avise imediatamente seu mdico nesses casos. Como trocar tubos com cuff: - todas as pessoas envolvidas na troca devem lavar as mos; - retire o novo tubo da embalagem tomando cuidado para no avariar o cuff; - use uma seringa para insuflar o cuff no volume correto; as marcas na seringa iro mostrar o volume; - coloque o tubo dentro de uma vasilha com gua estril e verifique a existncia de bolhas de ar; - desinsufle o cuff usando a seringa; enquanto faz isso, gentilmente empurre o cuff para o final do tubo; esteja certo de ter removido todo o ar para facilitar a colocao do tubo; - coloque a fixao de acordo com o explicado em 11Trocando a fixao; - lubrifique o tubo com uma fina camada de lubrificante; - faa isso antes de remover o tubo antigo e deixe dentro da embalagem, prximo criana; - restrinja a criana envolvendo-a com o lenol de forma que seus braos tambm fiquem restritos; - coloque o rolo sob dos ombros da criana, posicionando a cabea com pouca extenso; - se necessrio, aspire a criana conforme explicado em 8 - Mobilizao e aspirao de secrees;

36- desinsufle o cuff, corte a fixao e remova o tubo antigo; - gentilmente, coloque o novo tubo empurrando levemente para trs; - remova imediatamente o obturador enquanto ajeita o tubo no lugar com seu dedo; - amarre rapidamente a fixao com um lao; - insufle o cuff com o volume apropriado usando a seringa (seu mdico ir lhe informar qual o volume apropriado); - jogue fora o tubo antigo com sua fixao. Se voc tiver problemas, siga as mesmas instrues dadas para o tubo sem cuff. Avise imediatamente seu mdico nesses casos. Siga sempre as instrues de seu mdico.

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13. Cuidados com a peleO cuidado com a pele em volta do orifcio pode ser considerado um dos procedimentos mais importantes no cuidado dos pacientes traqueostomizados. A limpeza da regio deve ser realizada sempre que estiver mida ou suja. A inciso ir cicatrizar com mais facilidade se a rea estiver sempre limpa. extremamente importante trocar a proteo da pele sempre que estiver suja ou mida; isso ir prevenir uma possvel infeco. Existem protees produzidas industrialmente; caso voc no tenha acesso a elas, utilize compressas de gaze estril dobradas ao meio, uma de cada lado do suporte e outra na parte inferior, trocando-as sempre que estiverem midas, da mesma maneira que a proteo industrializada. Voc ir precisar de: - uma proteo para a pele, limpa; - lcool e cotonetes; - uma toalha limpa. Como realizar a troca: - remova a proteo antiga, com cuidado para no mover a cnula de lugar; - limpe a regio em volta do orifcio com um cotonete embebido em lcool; - coloque a nova proteo, de baixo para cima, trocando a fixao se houver necessidade.

38OBSERVE SEMPRE SE A REGIO EM VOLTA DO ORIFCIO APRESENTA SINAIS DE IRRITAO OU INFECO. Ao perceber que a rea est irritada, reduza a umidificao ao redor do orifcio, usando apenas gua estril

para a limpeza. NOTIFIQUE IMEDIATAMENTE O SEU MDICO. No aplique vaselina ao redor do orifcio a menos que seja prescrita por seu mdico.

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14. Hora do banhoAs crianas em geral adoram tomar banho e as crianas com traqueostomia no so diferentes. O banho pode ocorrer normalmente desde que devidamente monitorado, devendo-se tomar alguns cuidados. Deve-se manter qualquer substncia (gua, sabonete, xampu e condicionadores) longe do orifcio da traqueostomia. Na hora do banho, por preveno, podem ser utilizadas as mscaras para traqueostomia ou o nariz artificial.Fig. 16 A mscara e o nariz artificial protegem na hora do banho. Modificado de Aarons Tracheostomy Pag., 2003.

Deve-se evitar tambm qualquer tipo de spray utilizado prximo ao orifcio, como fixadores de cabelo, por exemplo, j que qualquer substncia inalada ir diretamente para os pulmes. Os outros cuidados so os mesmos que se deve tomar com qualquer criana brincando na gua: principalmente quando se tratar de banheira ou bacia, assim como nas piscinas, as crianas no devem ficar nunca sem superviso.

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15. Que roupa usar?A criana pode ser vestida da maneira que se desejar, tomando-se unicamente o cuidado para que a roupa no bloqueie o orifcio da traqueostomia. A preferncia por roupas com gola em V ou com botes e zperes que permitam que a abertura da prtese fique desimpedida. Os babadores devem ser de algodo e no de plstico ou de tecidos sintticos. Deve-se tomar cuidado com roupas que soltem fibras que possam ser inaladas pela criana.

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16. Aprendendo a falarComunicao e alimentao so aspectos dos mais importantes e devem ser tratados por um fonoaudilogo. As metas a serem cumpridas so facilitar a comunicao vocal e a deglutio. E essas metas dependem do comprometimento das vias areas, do estado cognitivo da criana, do comprometimento pulmonar, do tamanho e do tipo de cnula de traqueostomia e do tipo de ventilao mecnica que a criana possa necessitar. Existem muitas opes para a comunicao de crianas com traqueostomia. Aquelas com complicaes severas no so candidatas a vlvulas fonatrias; devem utilizar a

linguagem de sinais, pranchas de linguagem ou uma laringe artificial. Tudo isso prov comunicao, porm menos funcional que a comunicao oral. De maneira geral, para alguns pacientes com traqueostomia possvel uma comunicao clara o suficiente para ser compreendida. Para uma comunicao eficiente a cnula no deve exceder dois teros do dimetro da traquia ou precisa ser do tipo fenestrada. Isso permitir que o ar chegue s cordas vocais e vias areas superiores. Cnulas sem ocluso externa com a traquia podem permitir escape de ar; nesse caso as palavras vo soar muito ofegantes e ser difcil coordenar a respirao com as palavras.

42Fig. 17 Vlvula fonatria. Modificado de Aarons Tracheostomy Pag., 2003.

A forma mais eficaz de ocluso a utilizao de uma vlvula fonatria. Os candidatos ao uso dessa vlvula devem ser cuidadosamente examinados de acordo com os seguintes critrios: - a cnula de traqueostomia no deve exceder dois teros do dimetro da traquia; - a criana deve ter quadro clnico estvel; - deve ser capaz de manter o cuff desinsuflado, sem aspirao; - deve ter alguma habilidade para vocalizar com a ocluso do tubo; - as secrees no devem ser espessas.

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17. Brincar e ir escolaA criana traqueostomizada deve brincar normalmente com outras crianas. Porm necessria superviso constante. No devem ser permitidos esportes que promovam movimentos bruscos e possam ferir ou extubar a criana; brincadeiras em piscinas, em caixas de areia ou locais que contenham pequenas partculas que possam ser inaladas devem ser evitadas. necessrio tambm observar o tamanho dos brinquedos, no permitindo brincadeiras com brinquedos que possam ser inalados ou encaixados no orifcio da prtese. Se chegou a idade de ir escola, importante escolher uma instituio que oferea servios de enfermagem. Ento, s explicar os cuidados a serem tomados e com que freqncia, que a escola tomar os devidos cuidados e sua criana estar segura. Em caso contrrio, os cuidados com a criana devero ser discutidos com a equipe escolar para que se possa providenciar condies de cuidados e segurana para a criana. Lembre-se de que o ECA (Estatuto da Criana e do Adolescente) prev direito escolaridade para todas as crianas.

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No permita que sua criana inspire ar muito frio diretamente pela traqueostomia; use um cachecol ou alguma proteo para o pescoo, lembrando sempre de no obstruir a passagem de ar, nem usar tecidos que soltem partculas que possam ser inaladas. Quando sair de casa no se esquea de levar: - dois tubos de traqueostomia munidos de seu obturador, um do tamanho usado pela criana e outro de dimetro inferior; - fitas de fixao; - tesoura com ponta arredondada; - aspirador porttil com cnulas de aspirao; - soro fisiolgico; - fraldas de pano; - seringas; - medicaes utilizadas pela criana, quando for o caso; - bolsa de ressuscitao (Ambu); - lista de telefones teis.

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18. Como agir em situaes de emergnciaAs situaes de emergncia so as que causam mais medo aos pais. Nem todas as situaes de emergncia iro causar risco vida de sua criana. E algumas vezes nem sero emergncias reais. muito importante lembrar: quando voc estiver em dvida, aja como se fosse uma situao real de emergncia. Inicie os cuidados de emergncia e, se no houver melhora, chame 193 (Resgate do Corpo de Bombeiros) e avise sempre o seu mdico. Procure manter a calma; se houver algum prximo, pea ajuda; verifique o que causou a emergncia. Voc deve ser treinado para esses procedimentos. Solicite a informao ao seu mdico sobre como realizar o treinamento ou consulte o Corpo de Bombeiros. O atendimento gil e adequado depende de voc ter o material necessrio para realiz-lo, do conhecimento que voc obteve sobre a condio de sua criana e, com algum treinamento, da certeza de que voc pode desempenhar muito bem essa tarefa. As situaes de emergncia mais comuns so a extubao acidental, a parada respiratria ou sufocamento, com ou sem obstruo constatada. No caso de extubao, prepare rapidamente o material e recoloque a cnula traqueal.

46No caso de parada respiratria ou sufocamento, observe se a cnula est posicionada e se o orifcio da cnula est livre; posicione-a corretamente ou retire o objeto que est obstruindo a passagem, se for o caso. Observe se a quantidade de secreo muito alta, aspirando, se for o caso.

Se a cnula no puder ser desobstruda, troque-a rapidamente. O Ambu deve ser usado sempre que por algum motivo houver falta de ar ou no houver respirao espontnea. Verifique antes se no h obstruo da cnula. Voc ir precisar de um AMBU, uma mscara e oxignio. Ele ir prover a respirao adequada at que haja socorro efetivo. Conecte o oxignio ao Ambu e coloque o fluxo entre 610 litros/minuto. Conecte o Ambu cnula traqueal, ou utilize a mscara, e aperte a bolsa do Ambu enquanto sua criana precisar, sem muita fora e respeitando uma freqncia aproximada de respirao de 15 a 25 respiraes por minuto (aperta, dois, trs; aperta, dois, trs...). Deve tambm ser realizada a massagem cardaca se voc no conseguir sentir a pulsao. Para essa manobra o treinamento obrigatrio. Se ocorrer falta de energia eltrica em sua regio notifique imediatamente a empresa responsvel e avise sobre o uso de traqueostomia de sua criana. O socorro diferenciado um direito das pessoas que dependem de tecnologia para a manuteno da vida. Mantenha uma lista atualiza de telefones e endereos teis junto aos pertences da criana e outra em seu poder. Telefones teis: Minha casa

47Mame Papai Mdico Dr................................ Corpo de Bombeiros Ambulncia Polcia Militar

48E por agora s isto! Mas pode contar com a gente! Tchaaau!