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Introdução O crescimento economico moderno que remonta a evolucao industrial esta associada ao processo historico de desenvolvimento e mundializacao do capitalismo. Tendo esse processo como pano de fundo, interessa-nos iniciar a nossa analise por uma reflexao retrospectiva sobre modelos de desenvolvimento, entendendo estes como referencias normativas que, o nivel politico e ideologico, estao assumidos como projectos para orientacao e significacao do crescimento economico. O proposito neste trabalho e mostrar a trajectoria historica que conduz a presente relevancia do empresario turistico e da economia de mercado,nessa prespectiva normativa de modelos de desenvolvimento.

Cultura de Moçambique

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Introdução

O crescimento economico moderno que remonta a evolucao industrial esta associada ao processo historico de desenvolvimento e mundializacao do capitalismo. Tendo esse processo como pano de fundo, interessa-nos iniciar a nossa analise por uma reflexao retrospectiva sobre modelos de desenvolvimento, entendendo estes como referencias normativas que, o nivel politico e ideologico, estao assumidos como projectos para orientacao e significacao do crescimento economico.

O proposito neste trabalho e mostrar a trajectoria historica que conduz a presente relevancia do empresario turistico e da economia de mercado,nessa prespectiva normativa de modelos de desenvolvimento.

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Cultura de Moçambique

As lendárias minas do monomotapa, imortalizadas por Camões em Os Lusíadas, o marfim abundante e, mais tarde, o lucrativo comércio de escravos foram alguns dos elementos que transformaram Moçambique em atraente alvo de conquistas de vários países, que, ao longo dos séculos, configuraram o caráter da nação.

Moçambique situa-se na costa oriental da África. Ocupa uma superfície de 812.379km2 e limita-se ao norte com a Tanzânia, a oeste com Malaui, Zâmbia, Zimbábue e África do Sul, e a leste com o oceano Índico. A capital é Maputo (ex-Lourenço Marques).

O país pode ser dividido em duas grandes regiões, separadas pelo rio Zambeze, que corre para sudeste: as planícies do sul, com menos de 200m de altitude, e os planaltos do norte, com altitude entre 200m e 600m, no litoral, e entre 1.500m e 2.450m, nas regiões montanhosas. O ponto culminante do país é o monte Bingo, com 2.436m, no sul.

O país possui um clima tropical marítimo com duas estações bem definidas - chuvosa (de novembro a março) e seca (de abril a outubro). A temperatura média de janeiro na planície fica entre 26º e 30º C, enquanto a de julho é de 15º a 20º C. A precipitação média anual é mais elevada nos planaltos do noroeste do que nas planícies do sul.

Os numerosos rios de Moçambique correm, em sua maioria, para o oceano Índico. Os principais são: ao centro, o Zambeze, com 2.634km de extensão, dos quais 850km em território moçambicano; ao sul, o Limpopo, oriundo da África do Sul; e, ao norte, o Rovuma. Os rios Lúrio, Ligonha, Save, Changane e Komati (Incomáti) definem muitas das fronteiras políticas locais.

As regiões úmidas abrigam uma densa vegetação tropical (rica em pau-ferro, palmeiras e ébano), enquanto as planícies secas possuem vegetação de savana, com gramíneas e arbustos esparsos. Coqueiros e mangues são comuns no litoral, especialmente no delta do Zambeze. A rica fauna de Moçambique inclui zebras, búfalos, rinocerontes, elefantes, girafas, leões, hienas e crocodilos. A vida selvagem é protegida em reservas e parques nacionais, o maior dos quais é Gorongosa (5.670km2).

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A grande maioria da população é constituída de negros bantos. Grupos etnolinguísticos que vivem ao norte do rio Zambeze, entre os quais, principalmente, os macuas, praticam agricultura extensiva e sua descendência é contada pela linha materna. Os iaôs, no norte, são muçulmanos que intermediaram o comércio de escravos entre os árabes e as tribos do interior durante os séculos XVIII e XIX.

Ao sul do Zambeze residem grupos que traçam sua descendência patrilinearmente e se dedicam à criação de gado. O principal grupo do sul é o dos tsongas, que compõem a maior parte da força de trabalho de Moçambique. Outros grupos importantes são os carangas, chonas, chopis e ngunis. Embora o português seja a língua oficial, seu uso se limita praticamente às áreas urbanas. A grande maioria da população fala línguas do grupo nígero-congolês, da família banto, que predomina no centro e no sul da África. As línguas mais difundidas são o macua, o tsonga e o chona. As línguas européias e asiáticas estão praticamente limitadas às cidades portuárias de Maputo, Beira, Quelimane, Nacala e Pemba.

As populações tribais mantêm sua tradição animista, mas há também numerosos adeptos do islamismo, talvez a primeira religião exógena a penetrar o território. Entre os cristãos, a maioria é formada de católicos, seguidos de anglicanos e metodistas.

Moçambique tem uma economia planificada com base na agricultura, no comércio internacional e nas indústrias leves.

Em propriedades coletivizadas, a gestão agrícola segue os modelos cubano e chinês. Cultiva-se algodão (em torno de Beira, em Quelimane e Niassa), sisal (nas imediações de Quelimane e em Nampula e nos distritos de Cabo Delgado, Inhambane, Manica e Sofala), cana-de-açúcar (no vale do Zambeze, Buzi e Komati), arroz (nas zonas alagadas da costa), além de milho, trigo, mandioca, chá, café, fumo e frutas tropicais. Entre os produtos do extrativismo florestal estão as oleaginosas (coco, castanha de caju, amendoim, rícino, gergelim e girassol), copra, borracha e madeira.

A pecuária é pouco desenvolvida, e os principais rebanhos são o bovino e o caprino. A pesca industrial é praticada nas águas costeiras, enquanto nas ramificações e alagados do delta do Zambeze as tribos locais pescam para consumo

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próprio.

A principal riqueza do solo é o carvão de Moatize, no vale do Zambeze, perto da ferrovia que acompanha o Limpopo e na bacia do Niassa. O país dispõe da maior reserva mundial de tantalita e registra-se ainda em solo moçambicano a existência de minério de ferro, grafita e minerais radioativos. Ouro, prata e diamantes são extraídos em pouca quantidade.

Em meados da década de 1970, o setor industrial de Moçambique correspondia ao da maioria das colônias africanas: amplamente baseado em matérias-primas minimamente beneficiadas para a exportação (camarão, chá, açúcar, castanha de caju, frutas cítricas, copra, carvão e algodão) associadas a produtos para consumo local (grãos moídos, cerveja, fumo, sabão, materiais de construção, óleos vegetais e, em menor escala, tecidos e calçados).

Castanha de caju, camarão, algodão em fibras, açúcar, frutas cítricas, copra, madeira, chá e carvão são os produtos mais importantes exportados por Moçambique, principalmente para as nações da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), os Estados Unidos e o Japão. O país importa alimentos, equipamentos, peças de reposição e petróleo de parceiros como os Estados Unidos, Portugal, Itália, além de outras nações africanas.

Transportes e comunicações. Um sistema rodoviário e ferroviário percorre Moçambique de leste a oeste e liga os excelentes portos do país com as principais áreas mineradoras e industriais da África do Sul, Zimbábue e Malaui. Seus três portos internacionais - Maputo, Beira e Nacala - estão entre os melhores do continente. Moçambique tem dois aeroportos internacionais. A partir da década de 1970, o tráfego aéreo de passageiros sofreu uma expansão inversamente proporcional à das ferrovias e rodovias.

O território de Moçambique apresenta vestígios de povoamento humano que datam do paleolítico inferior. Foram encontrados sítios líticos e concheiras no litoral, além de ruínas de recintos amuralhados atribuídas a negros bantos ou pré-bantos, sob possíveis influências exógenas, talvez indianas. Entre os sítios de arte rupestre, de data desconhecida, estão os de Xitumbazi, Xicolone e Xabombo.

A educação é gratuita para todos os níveis de escolaridade e

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obrigatória entre 7 e 14 anos. O sistema de ensino, nacionalizado em 1975, prevê que o estudante curse durante quatro anos a escola primária e durante sete a secundária, mas apenas um terço da população em idade escolar matricula-se nas escolas.

Moçambique apresenta ampla diversidade cultural e linguística. Em meio à variedade de línguas, relações sociais, tradições artísticas, vestuário e padrões de ornamentação há uma expressão cultural criativa e dinâmica na música, na poesia oral, na dança e no teatro.

A partir do início do século XX, escritores e jornalistas africanos publicaram seu próprio jornal na capital. Apesar dos problemas de censura colonial, a publicação atuou como um fórum para escritores e intelectuais africanos ao longo do século. O Arquivo Histórico de Moçambique, o Museu da Revolução, o Museu Geológico e o Museu de História Natural são algumas das principais instituições culturais do país.

A cultura Moçambicana, como a cultura africana em geral, continua a ser apenas associada à arte tradicional. Trata-se de uma falsa ideia que muito tem contribuído para desvalorizar os seus criadores e intérpretes contemporâneos.

Ninguém fica indiferente aos nomes de Bertina Lopes, Malangatana, José Craveirinha e de Mia Couto. Reconhecidos internacionalmente levam a cultura moçambicana aos quatro cantos do mundo .

Moçambique sempre se afirmou como pólo cultural com intervenções marcantes, de nível internacional, no campo da arquitectura, pintura, música, literatura e poesia.

Nomes como Malangatana, Chichorro, Mia Couto e José Craveirinha entre outros, já há muito ultrapassaram as fronteiras nacionais.

Importante também e representativo do espírito artístico e criativo

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do povo moçambicano é o artesanato que se manifesta em várias áreas, destacando-se as esculturas dos Macondes do Norte de Moçambique.

Também na área do desporto se tem destacado em várias modalidades, como a Lurdes Mutola no atletismo.

Etnias

Moçambique é um mosaico cultural constituído por várias etnias, destacando-se as seguintes a norte do Zambeze: os Suahílis, os Macuas-Lomués, os Macuas e os Ajauas; e a sul do Zambeze: os Chonas, os Angonis, os Tsongas, os Chopes e os Bitongas.

Línguas

A diversidade linguística de Moçambique é uma das suas principais características culturais. Para a maioria da população (principalmente no campo), estes idiomas nacionais constituem a sua língua materna e a mais utilizada diariamente.

As diversas línguas nacionais, são todas de origem bantu, sendo as principais: cicopi, cinyanja, cinyungwe, cisena, cisenga, cishona, ciyao, echuwabo, ekoti, elomwe, gitonga, maconde (ou shimakonde), kimwani, macua (ou emakhuwa), memane, suaíli (ou kiswahili), suazi (ou swazi), xichangana, xironga, xitswa e zulu.

A língua oficial é o Português.

CulturaContemporânea.

Arquitectos 

Moçambique, sobretudo no período colonial, produziu excelentes obras de arquitectura, acompanhando o que melhor se fazia no mundo. Entre esses arquitectos, destacam-se Amâncio de Alpoim Guedes, Guerizo do Carmo, Quirino da Fonseca, Miranda Guedes e outros.

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Pintores

Malangata, tornou-se a partir dos anos 60, um nome de projecção internacional. É dos mais reconhecidos artistas moçambicanos e já experimentou várias áreas, como pintura, desenho, aguarela, gravura, cerâmica, tapeçaria, escultura, mural. Mas a pintura moçambicana não se fica por aqui. A título de exemplo, destaquemos Ângelo de Sousa, Bertina Lopes,João Aires, João de Paulo, Sérgio Guerra, Rui Calçada Bastos entre muitos outros.

Bertina Lopes já expôs na Fundação Gulbenkian, em Portugal, no Luxemburgo, Espanha, Moçambique, Angola e Cabo Verde.

Escritores

Mia Couto é hoje o nome mais sonante das literatura moçambicana. Entre outros nomes, lembremos Rodrigues Júnior, Guilherme de Melo, Luís Bernardo Honwana, Correia de Matos, Orlando Mendes, Ungulani Ba Ka Klosa e muitos outros.

Poetas

José Craveirinha e Rui Knopfli são incontestavelmente os mais conhecidos, mas não nos podemos esquecer de Alberto Lacerda, Reinaldo Ferreira.

Moçambique é reconhecido pelos seus artistas plásticos: escultores (principalmente da etnia Maconde) e pintores (inclusive em tecido, técnica batik). A música vocal moçambicana também impressiona os visitantes. Em 2005, a Unesco reconheceu a timbila chope como um instrumento do património da humanidade. A timbila é um instrumento de percussão utilizado pela etnia chope, da província de Gaza, sul de Moçambique.A escultura dos macondes, no norte de Moçambique é uma das artes tradicionais mais conhecidas. São de origem ética bantu e habitam uma vasta região da África Oriental. O vale do Rio Rovuma, corta o planalto maconde que se estende do norte de Moçambique ao sul da Tanzânia. Os macondes são um povo de agricultores instalados numa região árida, os seus escultores

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trabalham a madeira desde tempos remotos. O ébano é o material mais utilizado.

O que podemos saber sobre os nomes mais conhecidos do cenário cultural moçambicano:

Mia Couto nasceu na cidade da Beira, em 1955. António Emílio Leite Couto ganhou o nome Mia do irmãozinho que não conseguia dizer "Emílio". Segundo o próprio autor a utilização deste apelido tem a ver com a sua paixão pelos gatos e desde pequeno dizia à sua família que queria ser um deles.

Uma vez disse que não tinha uma "terra-mãe" , mas uma "água-mãe", referindo-se à tendência da cidade baixa (Beira) e localizada à beira do Oceano Índico para ficar inundada.

Iniciou o curso de Medicina ao mesmo tempo que se iniciava no jornalismo e abandonou aquele curso para se dedicar a tempo inteiro à segunda ocupação. Foi director da Agência de Informação de Moçambique e mais tarde tirou o curso de Biologia, profissão que exerce até agora.

Estreou-se no prelo com um livro de Poesia - "Raiz de Orvalho", publicado em 1983. Mas já antes tinha tido uma antologia feita para si por outro dos grandes poetas moçambicanos, Orlando Mendes (outro biólogo), em 1980, numa edição do Instituto Nacional do Livro e do Disco, resultante duma palestra na Organização Nacional dos Jornalistas (actual Sindicato), intitulada "Sobre Literatura Moçambicana".

Em 1999, a Editorial Caminho (que publica em Portugal as obras de Mia) relançou "Raiz de Orvalho" e outros poemas que, em 2001 teve sua 3ª edição.

Entre contos, romances e crónicas o escritor tem muitas obras traduzidas em alemão, francês, inglês e italiano. Em 1999, Mia Couto recebeu o Prémio Vergílio Ferreira, pelo conjunto da sua obra. Em 2007 recebeu o Prémio União Latina de Literaturas Românicas.

Sobre Bertina Lopes podemos citar um texto da jornalista italiana Paola Rolleta: "Na história da pintura, muitas vezes o seu nome é posto ao lado da mexicana e grande artista, Frida Khalo. Duas

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vidas certamente diferentes, mas com traços comuns muito fortes, e sobretudo com qualidades pictóricas e humanas muito peculiares".

"A artista luso-moçambicana que vive há quarenta anos em Roma, com Franco, seu marido italiano proibiu-nos de chamá-la apenas moçambicana. Não quer. ‘Nas minhas veias corre sangue português, do meu pai, e sangue africano, da minha mãe. Desde sempre queria que todos me chamassem luso-moçambicana, só nos últimos anos consegui ter reconhecido esse meu direito', afirma com um brilho malandro nos olhos negros marcados com uma linha de kajal".

Os amigos chamam-lhe Mama B, "porque nela está corporizado o mito e a essência do nosso ser colectivo, o modelo e exemplo a seguir pelas novas gerações, a fonte inesgotável de inspiração nos nossos esforços de reconstrução e desenvolvimento nacional, de consolidação da tolerância e reconciliação, de trabalho árduo por um futuro melhor, em que estejam garantidos o pão, a paz, a harmonia e o bem-estar para todos."  Palavras de Joaquim Chissano, antigo presidente de Moçambique. A senhora natural de Maputo é, segundo Malangatana, mãe e pai das artes plásticas moçambicanas. Estudou Belas Artes em Lisboa e deu aulas de desenho no tempo de José Craveirinha.

In Savana, 27.01.2006

 

Valente Nguenha ou melhor Malangatana nasceu em Matalana, Maputo, em 1936. Frequentou a Escola Primária em Matalana e posteriormente, em Maputo, os primeirosanos da Escola Comercial.  Foi pastor de gado, aprendiz de nyamussoro ( médico tradicional), criado de meninos, apanhador de bolas e criado no clube da elite colonial de Lourenço Marques.

Tornou-se artista profissional em 1960, graças ao apoio do arquitecto português Miranda Guedes ( Pancho) que lhe cedeu a garagem para atelier.Acusado de ligações à FRELIMO, foi preso pela polícia colonial juntamente com os poetas José Craveirinha e Rui Nogar.

Contrariamente aos seus companheiros, não se provou tal

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envolvimento pelo que acabou absolvido, após quase 2 anos de prisão. Mas nas suas obras sempre esteve patente a denúncia à opressão e após a Independência teve vários envolvimentos na área política, tendo sido deputado pelo Partido Frelimo de 1990 até 1994 e hoje é um dos membros da Frelimo na Assembleia Municipal de Maputo.

Foi um dos criadores do Movimento para a Paz e pertence à Direcção da Liga de Escuteiros de Moçambique. Fundou o Museu Nacional de Arte e procurou manter e dinamizar o Núcleo de Arte ( associação que agrupa os artistas plásticos).Muito ligado à criança, tem colaborado intensamente com a UNICEF e durante alguns anos fez funcionar a escola dominical "Vamos Brincar", uma escola de bairro.

Desde 1959 que participa em exposições colectivas em várias partes do mundo para além de Moçambique nomeadamente África do Sul, Angola, Brasil, Bulgária, Checoslováquia, Cuba, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, Finlândia, França, Grã-Bretanha, Holanda, índia, Islândia, Nigéria, Noruega, Paquistão, Portugal, RDA, Rodésia, Suécia, URSS e Zimbabué.

Malangatana foi membro do Júri do Primeiro Prémio Unesco para a Promoção das artes; é membro permanente do Júri " Heritage", do Zimbabué; foi membro do Júri da II Bienal de Havana; da Exposição Internacional de Arte Infantil de Moscovo; de vários eventos plásticos em Moçambique e Vice-Comissário Nacional para área da Cultura de Moçambique para a Expo ‘98.

José João Craveirinha, nasceu em Maputo, antiga Lourenço Marques, em Maio de 1922 e faleceu em 6 de Fevereiro de 2003, na sua cidade natal. É considerado o poeta maior de Moçambique. Em 1991, tornou-se o primeiro autor africano galardoado com o Prémio Camões, o mais importante prémio literário da língua portuguesa.

Como jornalista, colaborou nos periódicos moçambicanos O Brado Africano, Notícias, Tribuna, Notícias da Tarde, Voz de Moçambique, Notícias da Beira, Diário de Moçambique e Voz Africana.

Utilizou os seguintes pseudónimos: Mário Vieira, J.C., J. Cravo, José Cravo, Jesuíno Cravo e Abílio Cossa. Foi presidente da

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Associação Africana na década de 1950.

Esteve preso entre 1965 e 1969 por fazer parte de uma célula da 4ª Região Político-Miltar da Frelimo. Primeiro Presidente da Mesa da Assembleia Geral da AEMO (Associação dos Escritores de Moçambique) entre 1982 e 1987.

Na sua autobiografia escreveu: "Nasci a primeira vez em 28 de Maio de 1922. Isto num domingo. Chamaram-me Sontinho, diminutivo de Sonto. Isto por parte da minha mãe, claro. Por parte do meu pai, fiquei José. Aonde? Na Av. Do Zihlahla, entre o Alto Maé e como quem vai para o Xipamanine. Bairros de quem? Bairros de pobres.

Nasci a segunda vez quando me fizeram descobrir que era mulato.

A seguir, fui nascendo à medida das circunstâncias impostas pelos outros. Quando o meu pai foi de vez, tive outro pai: seu irmão.

E a partir de cada nascimento, eu tinha a felicidade de ver um problema a menos e um dilema a mais. Por isso, muito cedo, a terra natal em termos de Pátria e de opção. Quando a minha mãe foi de vez, outra mãe: Moçambique".

Feriados Data Nome em português Observações 1 de Janeiro

Dia da Fraternidade Universal

3 de Fevereiro

Dia dos Heróis Moçambicanos

Em homenagem a Eduardo Mondlane

7 de Abril Dia da Mulher Moçambicana

Em homenagem a Josina Machel

1º de Maio Dia Internacional dos Trabalhadores

25 de Junho

Dia da Independência Nacional

Pela proclamação da independência pelo antigo Presidente da República Samora Moisés Machel (1975)

7 de Dia da Vitória Em homenagem à assinatura

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Setembro dos Acordos de Lusaka

25 de Setembro

Dia das Forças Armadas de Libertação Nacional

Em homenagem ao início da Luta Armada de Libertação Nacional

4 de Outubro

Dia da Paz e Reconciliação

Em homenagem ao Acordo Geral de Paz

25 de Dezembro

Dia da Família Natal

Turismo/Cultura

A nível cultural, Moçambique oferece um leque muito variado que vai desde a pintura, escultura, música até às danças tradicionais, teatro, desporto, literatura etc.

Na literatura podemos falar nomeadamente de José Craveirinha, Mia Couto, Noémia De Sousa, Sebastião Alba.

Na pintura faz-se representar mundialmente por Malangatana, Idasse, Bertina, Dana e Naguib.

Na escultura temos o já falecido Alberto Chissano, Chikane entre outros.

Na música tradicional existe entre outros o famoso grupo Timbilas de Zavala. As danças tradicionais também fazem parte da cultura, a makuaela, mapico, marrabenta, semangemange são algumas deças danças.

O turismo é talvez um dos maiores rendimentos do país, apesar dos numerosos problemas.

Nos últimos anos, e depois da assinatura dos acordos de paz, que puseram fim a 16 anos de guerra cívil, o turismo desenvolveu-se muito, principalmente com os investimentos de muitos estrangeiros, nomeadamente dos Sul Africanos e Portugueses.

Por um lado foi positivo, pois houveram áreas isoladas devido à

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guerra que foram desenvolvidas. Por outro lado, e devida à não existência de leis, esta afluência de investimento estrangeiro levou a desflorestação de algumas áreas e à poluição. Moçambique não estava preparado para receber a quantidade de pessoas que foram entrando no país. Hoje em dia as coisas estão mais controladas.

Existem áreas espectaculares por todo o país, que contribuem para o sucesso do turismo em Moçambique.

Começando pela capital Maputo, existem alguns pontos essenciais para quem a visita, começando pelo artesanato local até à gastronomia. Podem-se visitar os museus da Moeda, História Natural, Revolução entre outros. Existe também o Bazar Central, um dos símbolos de Maputo. Existem hoteis muito bons em Maputo, Polana(links), Cardoso, Avenida, Rovuma, Terminus são alguns que vão com certeza deixar os turistas bem servidos.

Saindo de Maputo rumo ao Sul e junto à fronteira com a África do Sul, encontramos a Praia da Ponta do Ouro, uma praia que mais parece um paraíso que agradará os olhos dos turistas. Existem aí Hoteis (link) e parques de campismo que oferecem boa acomodação e preços aceitáveis para que se possa ter umas férias maravilhosas. Existem também cursos de mergulho e muitos outros devertimentos para os turistas ocuparem o seu tempo.

Para o norte da cidade de Maputo passamos pelas praias do Bilene, Xai-Xai e chegamos à cidade de Inhambane a aproximadamente 500 Km de Maputo. Em Inhambane podemos visitar as praias que são espetaculares. Existem também Hoteis e parques de campismo. A cidade de Inhambane é muito interessante de visitar com uma arquitectura colonial bastante peculiar. O principal símbolo da cidade são os potes de barro e a fruta tropical.

Mais para norte, encontramos a localidade do Inhassoro, que vive essencialmente da pesca. Em frente a Inhassoro, temos o Arquipélago do Bazaruto, uma reserva natural que é procurada por muitos turistas.

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Numa das ilhas encontramos o grupo hoteleiro português Pestana que promove férias de sonho.

De seguida e continuando rumo ao norte, encontramos a cidade da Beira, a segunda maior cidade do país. Esta cidade vive da exportação do peixe, do camarão, da lagosta e outros mariscos. Para os turistas, a Beira oferece praias, a própria cidade e muito interessante e a cima de tudo existe o turismo rural, principalmente a caça.

Na província mais a norte de Moçambique, Cabo Delgado, encontra-se a cidade de Pemba, uma das mais pelas do país. Em Pemba existem praias lindissimas, ricas em marisco, principalmente lagosta. Existem também Hoteis para os turistas. Á frente de Pemba, encontra-se a Ilha de Moçambique, considerada pela UNESCO património mundial. O simbolo da Ilha é o forte.

Moçambique têm também reservas de animais, mas são zonas menos exploradas por agora. Com o desenvolvimento do país, essas zonas serão mais exploradas.

A Gastronomia Mocambicana

Na gastronomia Moçambique também é muito rico.A província mais rica na gastronomia é a Zambézia no centro do país. A cozinha zambeziana é à base do côco, tendo como prato principal a Galinha à Zambeziana.Moçambique por se encontrar virado para o oceano Índico, têm muitas influências Indianas, Goesas e Chinesas na alimentação. O caril é muito usado em toda a cozinha do norte ao sul do país.A base da alimentação moçambicana é o milho. A partir deste cereal faz-se uma massa que no sul é chamada de ushwa, no centro e norte chima. Esta massa é acompanhada por molhos de vegetais, tais como a cacana e a mboa, e também por mariscos, principalmente o camarão. O peixe seco também é muito usado.Moçambique é muito rico em mariscos. O camarão, a lagosta, o carangueijo, o cava-cava, ameijoa e as lulas, são alguns dos

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mariscos que Moçambique exporta para o ocidente.

Os produtos típicos são o piri-piri, gergelim, amendoim, caju, côco etc. Nas bebidas existem as aguardentes destiladas, como a nipa e a katchulima, entre outras. Também se fazem cervejas de milho, mapira, palmeira etc. Existem ainda os sumos de caju, e canho.

O CANTOEm todo o território de Moçambique encontramos o canto como forma musical. Cantos de pessoas a solo, em geral só de «profissionais», ou sejam «bardos», frequentemente cegos ou aleijados, que se especializaram em entreter os outros, cantando histórias, literatura de cordel, ou episódios e lamentações pessoais, andando de terra em terra, sendo chamados, às vezes, para longe. Têm bastante fama e são recompensados por umas moedas ou ovos, etc., que os ouvintes lhes dão.Fora destes, raramente se encontra em Moçambique homem ou mulher que cante publicamente sozinho. Só quando não são observados cantarolam durante os seus afazeres ou nos caminhos longos; ou ainda, sentados sozinhos, cantam baixinho para si próprios, acompanhados por um dos seus instrumentos individuais.A forma de cantar realiza-se em duetos ou em coro. Em ambos os casos, é uma parte executante que começa, e a outra entra um pouco mais tarde e segue depois com a primeira. Nos coros surge também frequentemente a forma de solista que começa, e a seguir o grupo todo entra com o responsório ou estribilho. Mas nem sempre se apresenta esta separação em dois contra-elementos antifonais. Muitas vezes só o leader levanta a voz, e poucas notas depois entram os outros, e as linhas entrelaçam-se e unem-se; e o leader possivelmente acaba um verso mais cedo para respirar e entrará outra vez no próprio momento em que o grupo, ou o parceiro, acaba. Não gostam de paragens totais, gostam de ouvir sempre a corrente musical, como a água, que também não pode parar sequer por momentos Talvez possa aqui ser incluído, como exemplo, o canto de uma cerimónia dos Makonde: o pedido de chuva a Nnungu (Deus).Os vizinhos de várias aldeias, homens, mulheres e crianças, juntam-se e dirigem-se, em fila indiana, a um lugar distanciado na floresta, escolhido previamente.

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Depois de uma refeição, cada chefe de aldeia faz o chamamento: Chonde! (Perdoa-nos!) e, em seguida, toda a população entra com a oração, o canto para pedir chuva.As palavras são com ligeiras variações, estas: Toda a cerimónia tem um carácter de grande solenidade.Excluindo os duetos ou coros de influência europeia, onde cantam a segunda voz em terceiras e sextas, e considerando os cânticos mais autênticos, parece-nos existir uma certa limitação do elemento harmónico da música. Quer dizer, o que surge como harmonia não é sempre intencional. Temos tido muitas vezes a impressão de casualidade, o que também se pode aplicar à música instrumental. Julgamos ter reparado nisso nas composições para xilofones ou lamelofones, instrumentos com um âmbito maior de tons, mas também nos cantos a 2 vozes.O que para o Moçambicano será também mais importante é o movimento, a linha, o entrançar de duas linhas. As harmonias surgem assim como encontro sem preocupação especial. Contradiz esta impressão, contudo, a nítida aceitação e o uso frequente do intervalo de segunda maior (quando menor, então em direcção descendente), em certos pontos de gravidade e, — quando há duas vozes — até em movimento paralelo de segunda maior ou como intervalo final, por exemplo nos Makonde.Encontramos esta segunda maior como característica também na construção de melodias, no fim, em lugar da nossa sensível («Leitton»), insistentemente repetida. Facto que se podia tomar como influência dos antigos modos gregos, que realmente deve ter existido, visto a preferência das escalas pentatónicas em muitas partes da África.Na construção de melodias é também muito notória a preferência do trítono, grupo de 3 tons inteiros, que encontramos também nas melodias gregas.Nota-se ainda o facto de que as demais linhas da melodia e o movimento geral serem construídos em direcção descendente, o que se explica facilmente pela tendência natural da lei do menor esforço (embora isto não queira dizer que não possam ter um ou dois passos outra vez ganhando altura pelo meio).Não devemos também esquecer a relação entre língua e canto.O canto de um povo iletrado, povo que vive isolado no ambiente natural, tem facilmente muitos traços de um canto falado, recitado, da mesma maneira que, em contrapartida, usa muitas vezes a língua quase como canto. Ao contarem histórias, ouvimos os africanos imitarem extraordinariamente as vozes de animais por intermédio de palavras.

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As línguas africanas são em grande parte línguas tonais. Há palavras que têm um significado totalmente diferente de outras palavras iguais, simplesmente por as sílabas serem pronunciadas em tons diferentes.Não temos conhecimento se haverá nas línguas tonais africanas a distinção de ainda mais de 3 níveis de altura: médio, mais agudo e mais grave. Em todo o caso, pelo menos estas três diferenças relativas existem na língua.Muitos dos povos africanos, especialmente os iletrados, não têm consciência disso, e portanto não nos explicam o que para eles é tão natural como respirar, e só se repara quando — por qualquer circunstância — falha. O carácter da música não tem muitas vezes nada que ver com o sentido do texto em certas melodias ou cantos africanos, mas sim com a melódica linguística das palavras ou frases. A melodia da língua falada relaciona-se com a melodia musical sem associação ao sentido das palavras, ou à expressão musical.Portanto, certos textos da música moçambicana (não queremos dizer que sejam todos) são principalmente associações que servem de fixação das músicas na memória, ou, alguns, de título para reconhecimento ou designação das peças.É talvez necessário que compreendamos que para a língua tonal tem importância a direcção do movimento dos intervalos, mas não tanto o tamanho do intervalo. Este é mais uma coisa relativa. As repetições estróficas são repetições maleáveis, diferentes para nós, mas não para o Africano, uma vez que a direcção do movimento esteja certa.Como ideal de sonoridade, surpreendeu-nos a acentuada suavidade da voz — sem pressão na laringe —, quando o canto é a solo ou em dueto e quando é cantado perante ouvidos de estranhos. Contudo, em coro ou em grupos não se observa nada disso. Pelo contrário: a vitalidade e o êxtase levam as vozes dos grupos às vezes ao padrão estridente, com muita pressão na laringe.Mas é possível que seja a expressa atitude de respeito, resultado da educação tradicional, que origina este padrão de voz suave e baixa, o que se observa da mesma maneira quando falam connosco ou com pessoas do seu povo a quem devem respeito (sejam homens ou mulheres), se não lhes é mesmo proibido, como sinal de respeito, dirigir-lhes a palavra.Ouvimos num único sítio em Moçambique, na Gorongosa, uma maneira de cantar que lembrava o que os Tiroleses chamam «jodeln» (os Ingleses adoptaram «yodel»).São toadas sem palavras e com uma alternância entre a voz normal (voz de peito) e

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a voz de falsete, e vice-versa, da qual resulta um efeito muito típico e que realmente não está limitado aos países alpinos.Kirby observou-o também nos Boschimanes do deserto de Kalahari e além disso nos Karanga de Fort Victoria, no Zimbabwe, o que prova que a nossa observação não é apenas um caso esporádico.Quando o canto é acompanhado por um dos instrumentos individuais, ou, melhor, quando o canto acompanha o tocar de um destes instrumentos género lamelofone, rabeca, citara tubular, ou arcos musicais, o padrão de sonoridade é também baixo e como que falando a si próprio. Isso porém muda quando quem canta são «bardos» ou pessoas com a vontade de exibição. A voz pode tornar-se afiada e penetrante e com uma vitalidade veemente e dominadora.Observamos que, no conceito dos Moçambicanos, aos instrumentos individuais compete sempre o canto. Raramente tocam sem, pelo menos baixinho, murmurar umas palavras meio cantadas.

A DANÇANão é fácil dar em poucas palavras uma ideia geral da dança moçambicana, se tal mesmo fosse possível. Tentamos só situá-la, compreendê-la no que significa para os seus criadores e descrever alguns traços que nos parecem típicos.A dança, cremos, foi desde os princípios remotos uma necessidade espontânea, seja como expressão natural da vibração física, seja como meio de exteriorizar estas forças interiores da vida e impressionar ou influenciar o ambiente. Este influenciar estendia-se sobre o ambiente visível, como confirmação da própria existência, por meio de ruído, como meio de defesa (dança de guerreiros, defesa contra os perigos do mato), assim como sobre o ambiente invisível que teria sido a «força suprema» e todo o mundo dos antepassados e espíritos de todas as espécies. Por isso a dança pode ter em muitas destas culturas um carácter sagrado, e em África ainda o tem, embora o conceito do «sagrado» difira do conceito europeu, que é cunhado por uma outra religião. Dançar, pôr o corpo em movimento, em vibração, significa uma espécie de comunhão com as forças vitais, com tudo o que adoram, e o que temem; e, além disso, une e reforça neste intuito a comunidade. Dançar é uma

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necessidade que liga até os vivos aos espíritos dos antepassados mortos e que facilita a comunhão com eles.A dança tem lugar em todas as cerimónias, como nos ritos da puberdade — as danças dos vanalombo, mestres da circuncisão e a dança do mapiko de investidura de iniciados em poderes superiores — a dança dos vahumu (figs. 180 a 188) —, em ritos de passagem — a dança por ocasião de um casamento, e sobretudo em todas as cerimónias de exorcismo, onde o curandeiro precisa de chamar à superfície as grandes forças vitais, que ele, por meio de vibração prolongada e simpática, procura influenciar; objectivo em que, sem dúvida, às vezes é bem sucedido.O centro importante dos movimentos da dança moçambicana é o tronco e a vibração ágil de todos os músculos da bacia e dos rins. Os movimentos das pernas servem ao transporte do corpo numa maneira rítmica de passos e saltos, mas com menos significado. Ainda menos importância têm os movimentos dos braços e das mãos, quesimplesmente funcionam como contrabalanço do equilíbrio. Nisso existe um contrasteenorme com as danças dos povos orientais (Índia, Indonésia, etc.), onde as posições de pernas e especialmente de braços, de mãos, e até de dedos formam uma linguagem intencional.A dança moçambicana está profundamente enraizada na terra, não procura gestos que abstraiam da vida natural e exprimam formas abstractas, estáticas e estéticas.Nas danças de mulheres, como consequência natural da sua construção e função, os movimentos são muito mais restritos, e muitas vezes elas satisfazem-se com passos pequenos, inclinações de cabeça rítmicas e bater de palmas; com excepção das danças dos ritos de puberdade feminina, onde também as mulheres, ocultas dos olhares dos homens, dão largas à exuberância física. Como posição típica encontramos, aqui também, sempre esta linha diagonal do tronco em relação ao solo e a importância do movimento dos ombros e da bacia, tudo sustentado por passos pequenos, com uma enorme sensibilidade e leveza rítmica dos pés. Estes passos são guiados coreograficamente em forma de roda, ou em bicha ou fila, ou de duas filas enfrentandose.Queremos ainda mencionar uma forma de dança que se destaca da forma grupal: a de solistas, entre os quais temos de contar especialmente os dançarinos rituais e dançarinos de máscaras, que estão inteiramente integrados na função social do grupo, através da máscara que os despersonaliza, embora a sua arte sobressaia da do grupo.

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Também dentro desta forma de dança funcional existe espaço para personalidades que desenvolveram a dança em direcção a uma forma mais individual; permitem-se gestos ou representações de ideias que ultrapassam o âmbito descrito e formam com isso quase uma primeira célula do que se pode chamar teatro. Como exemplo podemos invocar os mestres dos ritos da circuncisão dos rapazes makonde, que dançam sem máscaras e incluem nas suas danças tradicionais (que se limitam aos movimentos descritos) cenas dramáticas ou cómicas da vida, representadas com gestos de dança e às vezes com acrobacias.Uma outra forma de dança acrobática representam também as danças com andas, que conhecemos em Moçambique só nos Makonde, como dança nocturna, shilo, cercada de grande mistério e medo por parte das mulheres e crianças não iniciadas perante o Espírito do Mal, Nandenga, e ligada às iniciações. A figura do Nandenga é quase invisível, por a dança se realizar somente em noites de lua-nova.Além dessa, aparecem também os dançarinos em andas, ao som dos tambores, no extremo Nordeste de Moçambique, em Nangade, Palma e Quionga, mas aí já influenciados pelos dançarinos da vizinha Tanzânia, onde se realizam as danças durante o dia e principalmente em acontecimentos festivos, e só ligeiramente ainda ligadas às cerimónias da puberdade. Os movimentos acrobáticos, a vestimenta de panos coloridos, e a máscara facial em frente da cara, geralmente com um feixe de cabelos imitados saindo por baixo do lenço que cobre a parte de trás da cabeça e segura a máscara, provocam um ambiente de festa alegre.No interior da Tanzânia do Sul, onde, em 1959, existia entre os Makonde ainda uma maior tradição tribal, as danças conservaram mais o seu significado inicial do que nas festas da costa.As danças dos Chope, junto com a orquestra das marimbas, são uma das formas de dança mais espectaculares de Moçambique, que, tendo um certo aspecto de dança guerreira (talvez proveniente dos tempos da guerra com os invasores Zulu, nos quais se inspiraram quanto ao uso do trajo, da azagaia e do escudo, que nas danças é usado até como instrumento rítmico, batendo com ele no chão), são danças de grupo, que incluem todas as outras formas: a dos solistas, que se destacam com estranhos saltos e vibrações do corpo, e a das mulheres, que surgem com ligeiros passos pelo meio dos bailarinos. Não é necessário afirmar que a dança moçambicana, na sua espontaneidade, é inseparável da música que tem geralmente como núcleo instrumental um ou mais tambores, senão mesmo — como nos Chope — uma base orquestral de xilofones, tambores e

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idiofones (maracas e o barulho dos escudos batendo no chão), e ainda o canto. Mas os tambores são em alguns casos substituídos pelo bater de palmas, pelo canto, ou por outros instrumentos de ritmo. Em alguns sítios a dança está também ligado a um coro de flautas ou de mirlitons, como vimos.Além desta função mágica que cumpre a dança e que temos acentuado nestas linhas, existe hoje em muitas sociedades negras a dança como puro divertimento, empares, principalmente depois de ter começado a destribalização, segundo a influência da civilização ocidental. Contudo, a influência foi recíproca. Não podemos negar em seguida a influência da dança negra nas formas de dança nas sociedades ocidentais, depois de estas terem tido um melhor conhecimento do poder mágico da expressão das forças vitais na dança dos Negros.

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Conclusao:

A cultura Moçambicana, como a cultura africana em geral, continua a ser apenas associada à arte tradicional. Trata-se de uma falsa ideia que muito tem contribuído para desvalorizar os seus criadores e interpretes contemporâneos.

Certo nacionalismo africano, levando ao exagero a defesa das raízes negras, tem igualmente contribuído para limitar o desenvolvimento da própria cultura africana contemporânea na sua enorme diversidade. Fenómeno em tudo idêntico ao que aconteceu na Europa no século XIX e 1ª.metade do século XX, quando cada país procurou criar uma espécie de arte nacional.

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Referencias bibliograficas:

Angola e Moçambique: experiência colonial e territórios literáriosPor Rita de Cássia Natal Chaves.

www.mitur.co.mz

www.visitmozambique.net/pt