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CURSO AVANÇADO DE DIREITO BANCÁRIO CURSO AVANÇADO DE DIREITO BANCÁRIO Prof. Alberto Bezerra Prof. Alberto Bezerra Capítulo I Capítulo I 1. Direito Bancário 1. Direito Bancário 1.1. Conceito 1.1. Conceito 1.1. Definição – 1.1. Definição – É uma disciplina agregada ao É uma disciplina agregada ao direito direito comercial comercial , destinada a regular as , destinada a regular as operações bancárias operações bancárias , bem , bem como a atividade daqueles que as exercem de forma como a atividade daqueles que as exercem de forma profissional profissional . ( . ( aguarda comentário palestrante aguarda comentário palestrante) ) >> >> Nélson Abraão – Direito Bancário Nélson Abraão – Direito Bancário – “Para o professor – “Para o professor Nélson Abraão, para melhor compreender o que seja o conceito Nélson Abraão, para melhor compreender o que seja o conceito de Direito Bancário, faz-se necessário, primeiro, entender o de Direito Bancário, faz-se necessário, primeiro, entender o significado da palavra ‘banco’. Para ele, banco é significado da palavra ‘banco’. Para ele, banco é espécie espécie do do gênero gênero instituição financeira, sendo esta, por definição instituição financeira, sendo esta, por definição legal, a pessoa jurídica pública ou privada que tenha, “ legal, a pessoa jurídica pública ou privada que tenha, “ como como atividade principal ou acessória a coleta, intermediação ou aplicação de atividade principal ou acessória a coleta, intermediação ou aplicação de recursos financeiros próprios ou de terceiros, em moeda nacional ou recursos financeiros próprios ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custódia de valor de propriedade de terceiros.”(Lei 4.595, de estrangeira, e a custódia de valor de propriedade de terceiros.”(Lei 4.595, de 31-12-64, art. 17). Pelo dispositivo legal não há qualquer diferença entre 31-12-64, art. 17). Pelo dispositivo legal não há qualquer diferença entre banco e instituição financeira. Contudo o mesmo autor acredita que haja banco e instituição financeira. Contudo o mesmo autor acredita que haja imprecisões no citado art 17 da lei em referência, onde há distinção entre a imprecisões no citado art 17 da lei em referência, onde há distinção entre a espécie banco do gênero instituição financeira. Tem o mesmo que é pacífico espécie banco do gênero instituição financeira. Tem o mesmo que é pacífico na doutrina que a na doutrina que a distinção entre banco e instituição financeira distinção entre banco e instituição financeira ‘se opera se opera segundo os fundos de que dispõem esses dois tipos de organismos segundo os fundos de que dispõem esses dois tipos de organismos , e não , e não segundo as operações executadas para fazer frutificar os fundos. Banco segundo as operações executadas para fazer frutificar os fundos. Banco seria, então, a empresa que, com fundos próprios ou de terceiros, faz da seria, então, a empresa que, com fundos próprios ou de terceiros, faz da negociação de créditos sua atividade principal. negociação de créditos sua atividade principal. Somente os bancos Somente os bancos podem podem

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CURSO AVANÇADO DE DIREITO BANCÁRIOCURSO AVANÇADO DE DIREITO BANCÁRIOProf. Alberto BezerraProf. Alberto Bezerra

Capítulo I Capítulo I

1. Direito Bancário1. Direito Bancário

1.1. Conceito1.1. Conceito

1.1. Definição – 1.1. Definição – É uma disciplina agregada ao É uma disciplina agregada ao direito comercialdireito comercial, destinada a, destinada a

regular as regular as operações bancáriasoperações bancárias, bem como a atividade daqueles que as, bem como a atividade daqueles que as

exercem de forma profissionalexercem de forma profissional. (. (aguarda comentário palestranteaguarda comentário palestrante) )

>>>> Nélson Abraão – Direito BancárioNélson Abraão – Direito Bancário – “Para o professor Nélson Abraão, para melhor – “Para o professor Nélson Abraão, para melhor

compreender o que seja o conceito de Direito Bancário, faz-se necessário, primeiro, entendercompreender o que seja o conceito de Direito Bancário, faz-se necessário, primeiro, entender

o significado da palavra ‘banco’. Para ele, banco é o significado da palavra ‘banco’. Para ele, banco é espécie espécie do do gênerogênero instituição financeira, instituição financeira,

sendo esta, por definição legal, a pessoa jurídica pública ou privada que tenha, “sendo esta, por definição legal, a pessoa jurídica pública ou privada que tenha, “comocomo

atividade principal ou acessória a coleta, intermediação ou aplicação de recursos financeirosatividade principal ou acessória a coleta, intermediação ou aplicação de recursos financeiros

próprios ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custódia de valor depróprios ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custódia de valor de

propriedade de terceiros.”(Lei 4.595, de 31-12-64, art. 17). Pelo dispositivo legal não hápropriedade de terceiros.”(Lei 4.595, de 31-12-64, art. 17). Pelo dispositivo legal não há

qualquer diferença entre banco e instituição financeira. Contudo o mesmo autor acredita quequalquer diferença entre banco e instituição financeira. Contudo o mesmo autor acredita que

haja imprecisões no citado art 17 da lei em referência, onde há distinção entre a espéciehaja imprecisões no citado art 17 da lei em referência, onde há distinção entre a espécie

banco do gênero instituição financeira. Tem o mesmo que é pacífico na doutrina que abanco do gênero instituição financeira. Tem o mesmo que é pacífico na doutrina que a

distinção entre banco e instituição financeiradistinção entre banco e instituição financeira ‘ ‘se opera segundo os fundos de que dispõemse opera segundo os fundos de que dispõem

esses dois tipos de organismosesses dois tipos de organismos, e não segundo as operações executadas para fazer frutificar, e não segundo as operações executadas para fazer frutificar

os fundos. Banco seria, então, a empresa que, com fundos próprios ou de terceiros, faz daos fundos. Banco seria, então, a empresa que, com fundos próprios ou de terceiros, faz da

negociação de créditos sua atividade principal. negociação de créditos sua atividade principal. Somente os bancosSomente os bancos podem receber, então, depodem receber, então, de

forma habitual, fundos do público forma habitual, fundos do público e utiliza-los por conta própriae utiliza-los por conta própria. Já . Já as instituiçõesas instituições

financeirasfinanceiras só podem utilizar seus próprios capitais ou fundossó podem utilizar seus próprios capitais ou fundos que profissionalmente que profissionalmente nãonão

recebem do públicorecebem do público sob forma de depósito ou outra. sob forma de depósito ou outra.

>>>> Seria considerado um ramo do Direito Comercial em face do que preceitua o art. 119 doSeria considerado um ramo do Direito Comercial em face do que preceitua o art. 119 do

Código Comercial: “São considerados banqueiros os comerciantes que têm por profissãoCódigo Comercial: “São considerados banqueiros os comerciantes que têm por profissão

habitual do seu comércio as operações chamadas de Banco.” Numa visão mais amplahabitual do seu comércio as operações chamadas de Banco.” Numa visão mais ampla

comerciante significa, como de maior interesse, aquele que exerce a profissão comcomerciante significa, como de maior interesse, aquele que exerce a profissão com

habitualidade e com o fito de lucrohabitualidade e com o fito de lucro, o que dá o seu traço característico. , o que dá o seu traço característico.

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>>>> Aramy Dornelles da Luz – Negócio Jurídico BancárioAramy Dornelles da Luz – Negócio Jurídico Bancário – (Pág. 26) “Para este autor o Direito – (Pág. 26) “Para este autor o Direito

bancário é um bancário é um ramo do direito comercialramo do direito comercial, não porque a organização bancária se tenha feito, não porque a organização bancária se tenha feito

através de pessoas jurídicas, através de pessoas jurídicas, mas porque a empresa bancária vive da mercanciamas porque a empresa bancária vive da mercancia. . Qual seja,Qual seja,

compra e vende créditos, toma e concede empréstimoscompra e vende créditos, toma e concede empréstimos. . O direito comercial serve-lhe deO direito comercial serve-lhe de

base no tocante aos negócios jurídicosbase no tocante aos negócios jurídicos. São exemplos disto, a compra e venda, o mútuo, o. São exemplos disto, a compra e venda, o mútuo, o

mandato, o depósito, a comissão, o escambo(mandato, o depósito, a comissão, o escambo(é empregado no sentido de troca ou permutaé empregado no sentido de troca ou permuta),),

a locação, a fiança, o penhor e a hipoteca mercantis, entre outros. a locação, a fiança, o penhor e a hipoteca mercantis, entre outros.

1.2. Operações Bancárias1.2. Operações Bancárias

1.2.1 1.2.1 Definição – Definição – É toda e qualquer atividade jurídica a qualÉ toda e qualquer atividade jurídica a qual

estejam vinculados negócios realizados por estejam vinculados negócios realizados por um bancoum banco e seus clientes, e seus clientes,

restando como objeto a finalidade comercial do banqueiro.restando como objeto a finalidade comercial do banqueiro.((aguardaaguarda

comentário palestrantecomentário palestrante))

>>>> Nélson Abraão – Direito BancárioNélson Abraão – Direito Bancário – (Pág. 44 - 46) “ – (Pág. 44 - 46) “As atividades negociais realizadas porAs atividades negociais realizadas por

um banco são chamadas de operações bancáriasum banco são chamadas de operações bancárias. Para . Para Orlando GomesOrlando Gomes, somente se a, somente se a

função é creditícia. No Direito Comercial, presenciamos em seu art. 119 que a expressãofunção é creditícia. No Direito Comercial, presenciamos em seu art. 119 que a expressão

‘operação bancária’ é simplesmente chamada de ‘operações chamada banco’. ‘operação bancária’ é simplesmente chamada de ‘operações chamada banco’.

Para Para Fran MartinsFran Martins ‘para cumprir as suas finalidades econômicas, ‘para cumprir as suas finalidades econômicas, os bancosos bancos realizam realizam

operações várias que se diversificam com as especialidades de cada empresa.’operações várias que se diversificam com as especialidades de cada empresa.’

No entender de No entender de Sérgio CovelloSérgio Covello ‘No âmbito bancário, entende-se por operação bancária a ‘No âmbito bancário, entende-se por operação bancária a

série de atos série de atos realizados pelo Bancorealizados pelo Banco para a consecução de sua finalidade econômica.’ para a consecução de sua finalidade econômica.’

Dois, são, portanto, os aspectos da operação bancáriaDois, são, portanto, os aspectos da operação bancária: : o econômico e o jurídicoo econômico e o jurídico. .

No sentido econômicoNo sentido econômico, deve-se considerar como operação bancária a prestação de serviços,, deve-se considerar como operação bancária a prestação de serviços,

porque redunda em proveito para o banco e para o cliente. Já porque redunda em proveito para o banco e para o cliente. Já no sentido jurídicono sentido jurídico, a, a

‘operação bancária’ para assim ser considerada, depende de um acordo de vontades entre‘operação bancária’ para assim ser considerada, depende de um acordo de vontades entre

cliente e o banco, razão pela qual se diz que se insere no campo contratual, conforme, aliás,cliente e o banco, razão pela qual se diz que se insere no campo contratual, conforme, aliás,

prescrição da própria lei: “prescrição da própria lei: “as operações de Banco serão decididas e julgadas pelas regrasas operações de Banco serão decididas e julgadas pelas regras

gerais dos contratos estabelecidos neste códigogerais dos contratos estabelecidos neste código...’(CCom, art. 120) ...’(CCom, art. 120)

Das duas expressões, a econômica(operação) e a jurídica(contrato), a primeira é a maisDas duas expressões, a econômica(operação) e a jurídica(contrato), a primeira é a mais

usual, dado não só seu caráter dinâmico, como também o fato de os contratos bancáriosusual, dado não só seu caráter dinâmico, como também o fato de os contratos bancários

serem por adesão. serem por adesão.

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>>>> Sérgio Carlos Covello – Contratos BancáriosSérgio Carlos Covello – Contratos Bancários – (Pág. 35 – 37) “ – (Pág. 35 – 37) “Operação, em seuOperação, em seu

significado próprio, é o ato de operar, de agir, conotando a idéia de processo de trabalho ousignificado próprio, é o ato de operar, de agir, conotando a idéia de processo de trabalho ou

série coordenada de atos dirigidos a um determinado escopo e, mais especificamente, umsérie coordenada de atos dirigidos a um determinado escopo e, mais especificamente, um

escopo comercial ou financeiro(cf. Pedro Nunes, Dicionário de tecnologia jurídica, v. 2)’escopo comercial ou financeiro(cf. Pedro Nunes, Dicionário de tecnologia jurídica, v. 2)’

No âmbito bancárioNo âmbito bancário, entende-se por operação a série de atos realizados pelo Banco para a, entende-se por operação a série de atos realizados pelo Banco para a

consecução de sua finalidade econômica.’ Tais operações são atos de intermediaçãoconsecução de sua finalidade econômica.’ Tais operações são atos de intermediação

profissional do crédito e profissional do crédito e oferecem dois aspectos fundamentaisoferecem dois aspectos fundamentais: um, : um, técnico-econômicotécnico-econômico, e, e

outro, outro, jurídicojurídico. O aspecto . O aspecto técnico-econômicotécnico-econômico diz respeito diz respeito principalmente à representaçãoprincipalmente à representação

numéricanumérica da relação jurídica que se estabelece entre Banco e cliente. Na prática bancária, o da relação jurídica que se estabelece entre Banco e cliente. Na prática bancária, o

aspecto técnico-econômica não raro se sobrepõe ao aspecto jurídico. A própria palavraaspecto técnico-econômica não raro se sobrepõe ao aspecto jurídico. A própria palavra

operaçãooperação pertence à economiapertence à economia, não ao direito. Tanto é verdade que dificilmente alguém fala, não ao direito. Tanto é verdade que dificilmente alguém fala

que contrata com o banco, e sim que que contrata com o banco, e sim que operaopera com determinado banco com determinado banco. Ademais, na estrutura. Ademais, na estrutura

de um banco, os seus gerentes são chamados de de um banco, os seus gerentes são chamados de funcionários operacionaisfuncionários operacionais. Todavia, o. Todavia, o

aspecto jurídico dessas operações é inegável, pois que elas aspecto jurídico dessas operações é inegável, pois que elas se baseiam sempre em umse baseiam sempre em um

consentimento, ou acordo das partesconsentimento, ou acordo das partes para regular seu objeto, dando, assim, origem a vínculo para regular seu objeto, dando, assim, origem a vínculo

jurídico de que emanam direitos e obrigações, vale dizer, dão origem a um jurídico de que emanam direitos e obrigações, vale dizer, dão origem a um contratocontrato. .

1.2.1. Classificação das operações bancárias.1.2.1. Classificação das operações bancárias.

>>>> Sérgio Carlos CovelloSérgio Carlos Covello – Contratos Bancários – (Pág. 38-40) “ – Contratos Bancários – (Pág. 38-40) “A doutrina tem usadoA doutrina tem usado

diversos critériosdiversos critérios para classificar as operações de banco. para classificar as operações de banco. A classificação tradicionalA classificação tradicional e, ao e, ao

mesmo tempo, mesmo tempo, mais acolhida na prática bancáriamais acolhida na prática bancária é aquela que divide as operações de Banco,é aquela que divide as operações de Banco,

de conformidade com o crédito, de conformidade com o crédito, em fundamentais(típicas) e acessórias(neutras)em fundamentais(típicas) e acessórias(neutras). As. As

operações fundamentaisoperações fundamentais, , ou típicasou típicas, , são as que implicam na intermediação do créditosão as que implicam na intermediação do crédito,,

função precípua dos Bancos, que, como vimos, recolhem dinheiro de uns para concedê-losfunção precípua dos Bancos, que, como vimos, recolhem dinheiro de uns para concedê-los

a outros. Estas, por sua vez, dividem-se em a outros. Estas, por sua vez, dividem-se em passivaspassivas(as que têm por objeto a procura ou(as que têm por objeto a procura ou

provisão de fundos, sendo assim denominadas por importarem em ônus e obrigações para o provisão de fundos, sendo assim denominadas por importarem em ônus e obrigações para o

Banco, que, na relação jurídica, se torna devedor) e Banco, que, na relação jurídica, se torna devedor) e ativasativas ( as que visam à colocação e ao ( as que visam à colocação e ao

emprego desses fundos; por meio dessas operações, o Banco se torna credor do cliente).emprego desses fundos; por meio dessas operações, o Banco se torna credor do cliente).

São exemplos de São exemplos de operações passivasoperações passivas os os depósitosdepósitos, , as conta correntesas conta correntes, , os redescontosos redescontos,,

enquanto as principais enquanto as principais operações ativasoperações ativas são os são os empréstimosempréstimos, os , os financiamentosfinanciamentos, as , as aberturaabertura

de créditode crédito, os , os descontosdescontos, os , os créditos documentárioscréditos documentários, as , as antecipaçõesantecipações, etc. , etc.

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As As operações acessórias ou neutrasoperações acessórias ou neutras(assim chamadas por não implicarem nem a concessão(assim chamadas por não implicarem nem a concessão

nem o recebimento do crédito) possuem significação menor para os Bancos, nem o recebimento do crédito) possuem significação menor para os Bancos, que só asque só as

realizam com o fito de atrair a clientelarealizam com o fito de atrair a clientela. Definem-se como verdadeiras prestação de serviços:. Definem-se como verdadeiras prestação de serviços:

custódia de valores, caixa de segurança, cobrança de títulos e outras.custódia de valores, caixa de segurança, cobrança de títulos e outras.

>>>> Aramy Dornelles da LuzAramy Dornelles da Luz – Negócios Jurídicos Bancários – (Págs. 33-35) – – Negócios Jurídicos Bancários – (Págs. 33-35) – Os estudiososOs estudiosos

costumam classificar essas operações de duas maneiras: a) Levando em consideração ocostumam classificar essas operações de duas maneiras: a) Levando em consideração o

sujeito Banco são divididas em ativas e passivas; b) Mas se o móvel da classificação é osujeito Banco são divididas em ativas e passivas; b) Mas se o móvel da classificação é o

objeto, temos então a distribuição entre principais e acessórias. objeto, temos então a distribuição entre principais e acessórias. A primeira classificação temA primeira classificação tem

sido muito criticadasido muito criticada, , sob a alegação de que nos negócios jurídicos bilaterais elas seriamsob a alegação de que nos negócios jurídicos bilaterais elas seriam

simultaneamente ativas e passivas ao mesmo temposimultaneamente ativas e passivas ao mesmo tempo e, mesmo nos unilaterais, pode de e, mesmo nos unilaterais, pode de

repente haver inversão de pólo, como v. g. nos casos de inadimplemento. Ambas asrepente haver inversão de pólo, como v. g. nos casos de inadimplemento. Ambas as

classificações são válidas. classificações são válidas. A primeira é irrecusávelA primeira é irrecusável e nenhum argumento produzido contra e nenhum argumento produzido contra

foi capaz de invalidá-la. Ela encontra sustentação no universo do Direito Comercial. foi capaz de invalidá-la. Ela encontra sustentação no universo do Direito Comercial. AA

segunda também é válidasegunda também é válida porque separa dois momentos históricos da vida dos Bancos. A porque separa dois momentos históricos da vida dos Bancos. A

instituição financeira antiga, dos primórdios até o século passado, com seus negóciosinstituição financeira antiga, dos primórdios até o século passado, com seus negócios

nucleares e os modernos estabelecimentos de crédito com toda a sua gama de operações,nucleares e os modernos estabelecimentos de crédito com toda a sua gama de operações,

muitas delas adotadas recentemente e destinadas mais a atrair clientes, prestando-lhemuitas delas adotadas recentemente e destinadas mais a atrair clientes, prestando-lhe

serviço de baixo retorno financeiro direto, cujo único interesse é a aproximação do clienteserviço de baixo retorno financeiro direto, cujo único interesse é a aproximação do cliente

para com ele realizar alguns outros bons negócios. para com ele realizar alguns outros bons negócios. PrincipaisPrincipais são denominadas as são denominadas as

operações nucleares, operações nucleares, aquelas que são de índole plenamente financeira e bancária eaquelas que são de índole plenamente financeira e bancária e

constituem negócios típicos dos bancos, constituem negócios típicos dos bancos, como depósitos e empréstimoscomo depósitos e empréstimos. E . E acessóriasacessórias

seriam aquelas que beneficiam mais o clienteseriam aquelas que beneficiam mais o cliente, , como cobrança e pagamentos por conta decomo cobrança e pagamentos por conta de

terceiros, cofres de aluguel, transferências,terceiros, cofres de aluguel, transferências, etc. etc.

1.3. Características 1.3. Características

>>>> Nélson AbraãoNélson Abraão – Direito Bancário – (Pág. 01-02) – – Direito Bancário – (Pág. 01-02) – A primeira característicaA primeira característica seria a de que seria a de que

o direito bancário é submisso às normas do Direito Privado e, também, do Direito Públicoo direito bancário é submisso às normas do Direito Privado e, também, do Direito Público ,,

representado pelo Direito Econômico. representado pelo Direito Econômico. Em segundo lugarEm segundo lugar, a de que , a de que o Direito Bancário tem poro Direito Bancário tem por

escopo disciplinar que suas operações façam-se em série, em massaescopo disciplinar que suas operações façam-se em série, em massa. . Por fimPor fim, a de que , a de que oo

direito bancário alinha-se por regras extraídas da prática do comércio internacionaldireito bancário alinha-se por regras extraídas da prática do comércio internacional ,,

refletindo uma tendência que se revela no próprio Direito Comercial, graças ao fato de teremrefletindo uma tendência que se revela no próprio Direito Comercial, graças ao fato de terem

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as atividades mercantis transposto fronteiras para se inserirem hoje num plano universal,as atividades mercantis transposto fronteiras para se inserirem hoje num plano universal,

por força da facilidade dos meios de comunicação e transporte. por força da facilidade dos meios de comunicação e transporte.

1.4. Conceito de Banco1.4. Conceito de Banco

1.4. Conceito de Banco – 1.4. Conceito de Banco – É o estabelecimento comercial, cujaÉ o estabelecimento comercial, cuja

finalidade precípua é a captação de recursos de terceiros, sobretudo porfinalidade precípua é a captação de recursos de terceiros, sobretudo por

meio de recebimento de depósitos, e, em contrapartida, em nome próprio,meio de recebimento de depósitos, e, em contrapartida, em nome próprio,

empresta-los àqueles que buscam o capitalempresta-los àqueles que buscam o capital.(.(aguarda comentárioaguarda comentário

palestrantepalestrante) )

>>>> Nélson AbraãoNélson Abraão – Direito Bancário – (Pág. 15-18) – – Direito Bancário – (Pág. 15-18) – Citando Citando J. X. de Carvalho de MendonçaJ. X. de Carvalho de Mendonça,,

o mesmo definiu banco como sendo ‘empresas comerciais, cujo objetivo principal consisteo mesmo definiu banco como sendo ‘empresas comerciais, cujo objetivo principal consiste

na intromissão entre os que dispõem de capitais e os que precisam obtê-los, isto é, emna intromissão entre os que dispõem de capitais e os que precisam obtê-los, isto é, em

receber e concentrar capitais para, sistematicamente, distribuí-los por meio de operações dereceber e concentrar capitais para, sistematicamente, distribuí-los por meio de operações de

crédito.’ Para crédito.’ Para Fran MartinsFran Martins, seriam ‘, seriam ‘empresas( empresas( ****** na definição de DE PLÁCIDO E SILVA, na definição de DE PLÁCIDO E SILVA,

empresaempresa ‘no sentido do Direito Civil e do Direito Comercial, significa empresa organização ‘no sentido do Direito Civil e do Direito Comercial, significa empresa organização

econômica, civil ou comercial, instituída para a exploração de um determinado ramo deeconômica, civil ou comercial, instituída para a exploração de um determinado ramo de

negócionegócio) comerciais que têm por finalidade realizar a mobilização do crédito) comerciais que têm por finalidade realizar a mobilização do crédito, principalmente, principalmente

mediante o recebimento, em depósito, de capitais de terceiros, e o empréstimo demediante o recebimento, em depósito, de capitais de terceiros, e o empréstimo de

importâncias, em seu próprio nome, aos que necessitam de capital.’ Na terminologia doimportâncias, em seu próprio nome, aos que necessitam de capital.’ Na terminologia do

moderno Direito Comercial, os bancos são empresa(organização harmônica de capital emoderno Direito Comercial, os bancos são empresa(organização harmônica de capital e

trabalho para o exercício de uma atividade econômica de produção ou de troca de bens outrabalho para o exercício de uma atividade econômica de produção ou de troca de bens ou

serviços), e não mero estabelecimento(complexo de bens, materiais e imateriais, de queserviços), e não mero estabelecimento(complexo de bens, materiais e imateriais, de que

dispõe o empresário para o exercício de sua atividade). Define, então, banco como sendo dispõe o empresário para o exercício de sua atividade). Define, então, banco como sendo aa

empresa que, com fundos próprios ou de terceiros, empresa que, com fundos próprios ou de terceiros, faz negociação de crédito sua atividadefaz negociação de crédito sua atividade

principalprincipal..

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>>>> Sérgio Carlos CovelloSérgio Carlos Covello – Contratos Bancários – (Pág. 15) – – Contratos Bancários – (Pág. 15) – Podemos conceituar bancoPodemos conceituar banco

como empresa que se tem por escopo principal a intermediação do crédito mediantecomo empresa que se tem por escopo principal a intermediação do crédito mediante

operações típicas que envolvem aqueles que dão o dinheiro e aqueles que o recebem. operações típicas que envolvem aqueles que dão o dinheiro e aqueles que o recebem.

No conceito encontram-se três elementos básicos:No conceito encontram-se três elementos básicos: i) a mediação ou interposição no crédito; i) a mediação ou interposição no crédito;

ii) a pluralidade dos atos interponentes e ; iii) o exercício profissional.ii) a pluralidade dos atos interponentes e ; iii) o exercício profissional.

A pluralidade de atosA pluralidade de atos é da essência da atividade bancária: é da essência da atividade bancária: não basta a intermediaçãonão basta a intermediação; é; é

preciso que esta atue em certo modo para caracterizar o comércio do Banco: preciso que esta atue em certo modo para caracterizar o comércio do Banco: umauma

intermediação isolada não teria sentido como operação bancáriaintermediação isolada não teria sentido como operação bancária, porque empresa bancária, porque empresa bancária

pressupõe atividade em pressupõe atividade em massamassa. Nesta ordem de idéias, . Nesta ordem de idéias, nãonão seria banqueiro alguém que seria banqueiro alguém que

tomasse por empréstimo dinheiro de outrem e o colocasse por empréstimo, ou o aplicassetomasse por empréstimo dinheiro de outrem e o colocasse por empréstimo, ou o aplicasse

no desconto de letras, porque nesse caso faltaria a pluralidade ou multiplicidade de atos. Ano desconto de letras, porque nesse caso faltaria a pluralidade ou multiplicidade de atos. A

profissionalidade é profissionalidade é outro traço necessário para caracterizar o Bancooutro traço necessário para caracterizar o Banco, pois este é empresa, pois este é empresa

especializada no comércio de créditoespecializada no comércio de crédito e como tal e como tal aufere lucros das operações realizadasaufere lucros das operações realizadas. .

Capítulo IICapítulo II

2. Noções Históricas do Direito Bancário2. Noções Históricas do Direito Bancário

2.1. Origem da palavra ‘banco’2.1. Origem da palavra ‘banco’

>>>> Sérgio Carlos CovelloSérgio Carlos Covello – Contratos Bancários – (Págs. 13-15) – – Contratos Bancários – (Págs. 13-15) – É de origem controvertidaÉ de origem controvertida..

No entanto a maioria dos autores sustenta que o vocábulo procede do germânico No entanto a maioria dos autores sustenta que o vocábulo procede do germânico bankbank,,

através do italiano através do italiano bancabanca, e conota a idéia de suspensão, elevação, monte. A , e conota a idéia de suspensão, elevação, monte. A bancabanca nasceu nasceu

do hábito de exporem os cambistas o seu dinheiro em bancos, à vista do público, citado hábito de exporem os cambistas o seu dinheiro em bancos, à vista do público, cita

Genésio de Almeida Moura. Com o prestígio da terminologia italiana na vida comercial, aGenésio de Almeida Moura. Com o prestígio da terminologia italiana na vida comercial, a

forma se espalhou rapidamente pelos países cultos. O italiano banco, banca, anca, deo oforma se espalhou rapidamente pelos países cultos. O italiano banco, banca, anca, deo o

francês banc, banque; o português banco e assim por diante, bem como o alemão Bank(diefrancês banc, banque; o português banco e assim por diante, bem como o alemão Bank(die

Bank, plural die Banken), Bank, plural die Banken), significando casa onde se negocia dinheirosignificando casa onde se negocia dinheiro. Na idade média, . Na idade média, bancobanco

era designação que se dava à mesa onde os cambistas expunham as moedas, objeto de seuera designação que se dava à mesa onde os cambistas expunham as moedas, objeto de seu

comércio. Quando um cambista, ou banqueiro, não honrava seus compromissos, seuscomércio. Quando um cambista, ou banqueiro, não honrava seus compromissos, seus

credores, revoltados, quebravam a mesa, o banco, em sinal de protesto, provindo daí acredores, revoltados, quebravam a mesa, o banco, em sinal de protesto, provindo daí a

palavra palavra bancarrotabancarrota(banco rotto, de bank rott), termo que até hoje se usa para exprimir a(banco rotto, de bank rott), termo que até hoje se usa para exprimir a

insolvência ou falência do devedor. insolvência ou falência do devedor.

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2.2. Evolução da atividade bancária2.2. Evolução da atividade bancária

>>>> Nélson AbraãoNélson Abraão – Direito Bancário – (Pág. 10-12) – – Direito Bancário – (Pág. 10-12) – ANTIGUIDADEANTIGUIDADE - - Certas práticasCertas práticas

bancárias já eram conhecidas na Antiguidade. Assim é que o empréstimo de dinheirobancárias já eram conhecidas na Antiguidade. Assim é que o empréstimo de dinheiro

realizava-se com freqüência na Babilônia, Egito e Fenícia, a partir do século VI a.C. Foi porémrealizava-se com freqüência na Babilônia, Egito e Fenícia, a partir do século VI a.C. Foi porém

no mundo greco-romano que se ‘tornou conhecida grande parte das operações em uso nono mundo greco-romano que se ‘tornou conhecida grande parte das operações em uso no

banco moderno, como aceitar depósitos de moeda ou de valores; fazer empréstimos a juros,banco moderno, como aceitar depósitos de moeda ou de valores; fazer empréstimos a juros,

garantidos ou a descoberto; interpor-se nos pagamentos também sobre praças distantes;garantidos ou a descoberto; interpor-se nos pagamentos também sobre praças distantes;

assumir obrigações por conta de clientes, etc. embora tais obrigações não fossem praticadasassumir obrigações por conta de clientes, etc. embora tais obrigações não fossem praticadas

em série, devido às condições econômicas de um mundo no qual a poupança decorria dosem série, devido às condições econômicas de um mundo no qual a poupança decorria dos

investimentos dos proprietários de terras e modesto era o por industrial, tendo sido osinvestimentos dos proprietários de terras e modesto era o por industrial, tendo sido os

templos dos deuses o verdadeiro berço das operações bancárias, como o atestam ostemplos dos deuses o verdadeiro berço das operações bancárias, como o atestam os

negócios em Delos, Delfos e Artêmis.’ Essas atividades foram próprias, na Grécia, dosnegócios em Delos, Delfos e Artêmis.’ Essas atividades foram próprias, na Grécia, dos

‘trapezistas’ e, em Roma, dos ‘trapezistas’ e, em Roma, dos argentariiargentarii, que ganharam fabulosas fortunas e se tornaram, que ganharam fabulosas fortunas e se tornaram

árbitros na circulação do dinheiro, por suas funções de trocadores, depositários eárbitros na circulação do dinheiro, por suas funções de trocadores, depositários e

emprestadores de moeda. emprestadores de moeda.

IDADE MÉDIAIDADE MÉDIA – – Ainda na Itália, foi marcante o papel desempenhado pelos ‘montes’,Ainda na Itália, foi marcante o papel desempenhado pelos ‘montes’,

encarregados de receber contribuições compulsórias em favor dos órgãosencarregados de receber contribuições compulsórias em favor dos órgãos

públicos(empréstimos forçados), os quais reaplicavam com juros, fazendo-os frutificar. Opúblicos(empréstimos forçados), os quais reaplicavam com juros, fazendo-os frutificar. O

mais antigo deles foi o Banco de Veneza, que, fundado em 1171, funcionou até 1797. mais antigo deles foi o Banco de Veneza, que, fundado em 1171, funcionou até 1797.

Também na Idade Média foi notória a original atuação dos templários, que financiavam asTambém na Idade Média foi notória a original atuação dos templários, que financiavam as

Cruzadas e ‘sua célebres cisões em relação a Felipe, o Belo(rei de França, que, sucedendo aCruzadas e ‘sua célebres cisões em relação a Felipe, o Belo(rei de França, que, sucedendo a

seu pai, Filipe III, em 1285, com o título de Filipe IV, ficou famoso por seus atritos com aseu pai, Filipe III, em 1285, com o título de Filipe IV, ficou famoso por seus atritos com a

Igreja) não tiveram outras causas, senão as de ordem financeira. Igreja) não tiveram outras causas, senão as de ordem financeira.

IDADE MODERNAIDADE MODERNA – – A descoberta de novas terras pelas expedições marítimas, e com ela aA descoberta de novas terras pelas expedições marítimas, e com ela a

intensificação do tráfico mercantil, a multiplicação das feiras, a abundância de metaisintensificação do tráfico mercantil, a multiplicação das feiras, a abundância de metais

preciosos e o aumento do apelo dos Estados ao crédito fizeram com que se alterasse apreciosos e o aumento do apelo dos Estados ao crédito fizeram com que se alterasse a

função dos bancos, passando de mera ‘cobrança’, pagamento e câmbio para intermediária defunção dos bancos, passando de mera ‘cobrança’, pagamento e câmbio para intermediária de

crédito, chegando-se assim ao banco moderno, cuja função essencial é de tomar crédito doscrédito, chegando-se assim ao banco moderno, cuja função essencial é de tomar crédito dos

depositantes os fundos monetários por esses poupados para distribuí-los a crédito aos seusdepositantes os fundos monetários por esses poupados para distribuí-los a crédito aos seus

clientes. Multiplicou-se o número de bancos na Itália, França e Alemanha. Com advento daclientes. Multiplicou-se o número de bancos na Itália, França e Alemanha. Com advento da

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revolução industrial, consolidou-se o capitalismo liberal, fazendo com que os bancosrevolução industrial, consolidou-se o capitalismo liberal, fazendo com que os bancos

atingissem a era de seu pleno desenvolvimento no século XIX, marcado pelo aparecimentoatingissem a era de seu pleno desenvolvimento no século XIX, marcado pelo aparecimento

de grande banqueiros e pela extensão de seus serviços ao nível internacional. de grande banqueiros e pela extensão de seus serviços ao nível internacional.

COMÉRCIO BANCÁRIO NO BRASILCOMÉRCIO BANCÁRIO NO BRASIL – – Entre nós, o primeiro banco foi fundado, ainda na faseEntre nós, o primeiro banco foi fundado, ainda na fase

colonial, aos 12 de outubro de 1808, com o nome de Banco do Brasil. Havendo prestadocolonial, aos 12 de outubro de 1808, com o nome de Banco do Brasil. Havendo prestado

relevantes serviços ao Governo e propiciado razoáveis dividendos a seus acionistas, teve arelevantes serviços ao Governo e propiciado razoáveis dividendos a seus acionistas, teve a

sua liquidação aprovada pela assembléia geral de 11 de abril de 1835. sua liquidação aprovada pela assembléia geral de 11 de abril de 1835.

Capítulo IIICapítulo III

3. O Sistema Financeiro Nacional3. O Sistema Financeiro Nacional

>>>> Nélson AbraãoNélson Abraão – Direito Bancário – (Pág. 32-42) – – Direito Bancário – (Pág. 32-42) – Sujeitam-se os bancos a um regime de Sujeitam-se os bancos a um regime de

controle estatalcontrole estatal. O sistema intervencionista em matéria de bancos data de 1921, tendo sido . O sistema intervencionista em matéria de bancos data de 1921, tendo sido

implantado pelo Decreto nº 14.728, de 16 de março. Sucedeu-se o Decreto-Lei nº 7.923, de 02 implantado pelo Decreto nº 14.728, de 16 de março. Sucedeu-se o Decreto-Lei nº 7.923, de 02

de fevereiro de 1945, que criou a Superintendência da Moeda e do Crédito(SUMOC), alterado de fevereiro de 1945, que criou a Superintendência da Moeda e do Crédito(SUMOC), alterado

pelo Decreto-lei nº 9.140, de 05 de abril de 1946, até chegar-se à atual Lei nº 4.595, de 31 de pelo Decreto-lei nº 9.140, de 05 de abril de 1946, até chegar-se à atual Lei nº 4.595, de 31 de

dezembro de 1964, que ‘dispõe sobre a Política e as Instituições Monetárias, Bancárias e dezembro de 1964, que ‘dispõe sobre a Política e as Instituições Monetárias, Bancárias e

creditícias, cria o Conselho Monetário Nacional’. Transformou a antiga Superintendência da creditícias, cria o Conselho Monetário Nacional’. Transformou a antiga Superintendência da

Moeda e do Crédito em autarquia federal, sob a denominação de Banco Central do Brasil. Moeda e do Crédito em autarquia federal, sob a denominação de Banco Central do Brasil.

ATRIBUÇÕES DO CONSELHO MONETÁRIO NACIONAL E DO BANCO CENTRAL.ATRIBUÇÕES DO CONSELHO MONETÁRIO NACIONAL E DO BANCO CENTRAL.

a) a) Conselho Monetário NacionalConselho Monetário Nacional

É um órgão integrado pelos: ministro do Estado da Fazenda, na qualidade de presidente,É um órgão integrado pelos: ministro do Estado da Fazenda, na qualidade de presidente,

ministro de Estado do Planejamento e Orçamento e presidente do Banco Central do Brasil.ministro de Estado do Planejamento e Orçamento e presidente do Banco Central do Brasil.

Cabe ao Conselho Monetário Nacional ‘formular a política da moeda e do crédito (...)Cabe ao Conselho Monetário Nacional ‘formular a política da moeda e do crédito (...)

objetivando o progresso econômico e social do País(art. 2º, da Lei 4.595/64). Ao mesmoobjetivando o progresso econômico e social do País(art. 2º, da Lei 4.595/64). Ao mesmo

órgão é dado outras competências, as quais previstas no art. 4º da Lei Federal nº 4595/64. órgão é dado outras competências, as quais previstas no art. 4º da Lei Federal nº 4595/64.

b) b) Banco Central Banco Central

O Banco Central do Brasil é uma autarquia federal, com personalidade jurídica e patrimônioO Banco Central do Brasil é uma autarquia federal, com personalidade jurídica e patrimônio

próprios, administrado por uma diretoria de cinco membros, sendo um presidente,próprios, administrado por uma diretoria de cinco membros, sendo um presidente,

escolhidos pelo Conselho Monetário Nacional. De um modo geral, cabe ao Banco Centralescolhidos pelo Conselho Monetário Nacional. De um modo geral, cabe ao Banco Central

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cumprir as prescrições legais e as normas expedidas pelo Conselho Monetário Nacional nocumprir as prescrições legais e as normas expedidas pelo Conselho Monetário Nacional no

que diz respeito à política financeira. Privativamente, compete-lhe emitir papel moeda eque diz respeito à política financeira. Privativamente, compete-lhe emitir papel moeda e

moeda metálica, nas condições e limites autorizados pelo Conselho Monetário Nacional;moeda metálica, nas condições e limites autorizados pelo Conselho Monetário Nacional;

executara o serviços do meio circulante; determinar o recolhimento de 100% do total dosexecutara o serviços do meio circulante; determinar o recolhimento de 100% do total dos

depósitos à vista e de até 60% de outros títulos contábeis das instituições financeiras, sejadepósitos à vista e de até 60% de outros títulos contábeis das instituições financeiras, seja

na forma de subscrição de Letras ou Obrigações do Tesouro Nacional ou compra de títulosna forma de subscrição de Letras ou Obrigações do Tesouro Nacional ou compra de títulos

da dívida pública federal, seja através de recolhimento em espécie, em ambos os casosda dívida pública federal, seja através de recolhimento em espécie, em ambos os casos

entregues ao Banco Central do Brasil, a forma e condições por ele determinadas, podendoentregues ao Banco Central do Brasil, a forma e condições por ele determinadas, podendo

adotar percentagens em função das regiões geoconômicas, das prioridades que atribuir àsadotar percentagens em função das regiões geoconômicas, das prioridades que atribuir às

aplicações ou da natureza das instituições financeiras e determinar percentuais que nãoaplicações ou da natureza das instituições financeiras e determinar percentuais que não

serão recolhidos, desde que tenham sido reaplicados em financiamentos à agricultura, sobserão recolhidos, desde que tenham sido reaplicados em financiamentos à agricultura, sob

juros favorecidos e outras condições por ele fixadas; receber os recolhimentos compulsóriosjuros favorecidos e outras condições por ele fixadas; receber os recolhimentos compulsórios

dos depósitos à vista das instituições financeiras(MP nº 32, de 15.01.1989, atual lei nº 7.730,dos depósitos à vista das instituições financeiras(MP nº 32, de 15.01.1989, atual lei nº 7.730,

de 31-01-1989)de 31-01-1989)

O relacionamento do Banco Central se dá exclusivamente com as instituições financeiras,O relacionamento do Banco Central se dá exclusivamente com as instituições financeiras,

públicas ou privadas, não operando com o público em geral, salvo com pessoas jurídicaspúblicas ou privadas, não operando com o público em geral, salvo com pessoas jurídicas

expressamente autorizadas por lei. expressamente autorizadas por lei.

Conseqüência disso, o Banco Central também exerce o controle de atividades e dasConseqüência disso, o Banco Central também exerce o controle de atividades e das

operações bancárias como um todo, prestando informações, regulando entrada e saída dooperações bancárias como um todo, prestando informações, regulando entrada e saída do

capital, a presença de instituições financeiras, suscitando metodologia de calibre preventivocapital, a presença de instituições financeiras, suscitando metodologia de calibre preventivo

na situação de crise, higienizando o mercado e sociedades desprovidas do bomna situação de crise, higienizando o mercado e sociedades desprovidas do bom

funcionamento na administração de recursos. funcionamento na administração de recursos.

b) b) Banco do Brasil Banco do Brasil

A lei que implantou o Sistema Financeiro Nacional introduziu importantes modificações naA lei que implantou o Sistema Financeiro Nacional introduziu importantes modificações na

estrutura e na atuação do Banco do Brasil. A função precípua que lhe é cometida é a deestrutura e na atuação do Banco do Brasil. A função precípua que lhe é cometida é a de

agente financeiro do Tesouro Nacional, competindo-lhe, nesse caráter: receber, a crédito doagente financeiro do Tesouro Nacional, competindo-lhe, nesse caráter: receber, a crédito do

Tesouro Nacional, as importâncias provenientes de arrecadação de tributos ou rendasTesouro Nacional, as importâncias provenientes de arrecadação de tributos ou rendas

federais e o produto das operações de crédito da União por antecipação da receitafederais e o produto das operações de crédito da União por antecipação da receita

orçamentária ou a qualquer outro título....orçamentária ou a qualquer outro título....

Cabe-lhe, também, como principal executor dos serviços bancários de interesse do GovernoCabe-lhe, também, como principal executor dos serviços bancários de interesse do Governo

Federal, inclusive suas autarquias, receber em depósito, com exclusividade, asFederal, inclusive suas autarquias, receber em depósito, com exclusividade, as

disponibilidades de quaisquer entidades federais, compreendendo as repartições de todo osdisponibilidades de quaisquer entidades federais, compreendendo as repartições de todo os

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ministérios civis e militares, instituições de previdência e outras autarquias, comissões,ministérios civis e militares, instituições de previdência e outras autarquias, comissões,

departamentos, entidades em regime especial de administração e quaisquer pessoas físicasdepartamentos, entidades em regime especial de administração e quaisquer pessoas físicas

ou jurídicas responsáveis por adiantamentos, os quais podem entretanto, ser depositados naou jurídicas responsáveis por adiantamentos, os quais podem entretanto, ser depositados na

Caixa Econômica Federal, nos limites e condições fixados pelo Conselho MonetárioCaixa Econômica Federal, nos limites e condições fixados pelo Conselho Monetário

Nacional, dentre outras atribuições. Nacional, dentre outras atribuições.

Capítulo IVCapítulo IV

4. O Contrato Bancário4. O Contrato Bancário

4.1. Definição4.1. Definição

4.1. Definição – 4.1. Definição – A doutrina vem de desdobrar a definição de contratoA doutrina vem de desdobrar a definição de contrato

bancário, na medida de dois critérios:bancário, na medida de dois critérios: o critério subjetivo e o objetivoo critério subjetivo e o objetivo..

4.1.1. 4.1.1. Critério SubjetivoCritério Subjetivo – – Leva-se em conta, tão-somente, se emLeva-se em conta, tão-somente, se em

um dos pólos do contrato figure um banco.um dos pólos do contrato figure um banco.

4.1.2. 4.1.2. Critério Objetivo Critério Objetivo – – Por este critério, observa-se, ao revés,Por este critério, observa-se, ao revés,

não a figura presente do banco, mais sim uma atividade de não a figura presente do banco, mais sim uma atividade de intermediação deintermediação de

créditocrédito..

4.1.3. 4.1.3. Uma visão mais abrangenteUma visão mais abrangente – – Banco(um dos pólos) + atoBanco(um dos pólos) + ato

de intermediação bancáriade intermediação bancária..

>>>> Aramy Dornelles da LuzAramy Dornelles da Luz – Negócio Jurídicos Bancários – (Pág. 36-37) – – Negócio Jurídicos Bancários – (Pág. 36-37) – Para definir o quePara definir o que

seja um contrato bancário apelamos para o conceito firmado por Garrigues, segundo o qual éseja um contrato bancário apelamos para o conceito firmado por Garrigues, segundo o qual é

um negócio jurídico ‘concluído por um Banco no desenvolvimento de sua atividadeum negócio jurídico ‘concluído por um Banco no desenvolvimento de sua atividade

profissional e para consecução de seus próprios fins econômicos.’. profissional e para consecução de seus próprios fins econômicos.’.

Precisamos, todavia, lembrar que de seus fins econômicos e de sua atividade profissionalPrecisamos, todavia, lembrar que de seus fins econômicos e de sua atividade profissional

consta só o crédito como também os serviçosconsta só o crédito como também os serviços. Não se questiona que o crédito seja a. Não se questiona que o crédito seja a

atividade preponderante, fundamental. Mas também, nessa mesma linha, é inquestionável aatividade preponderante, fundamental. Mas também, nessa mesma linha, é inquestionável a

existência numerosa de contratos de prestação de serviços, onde a impossibilidade deexistência numerosa de contratos de prestação de serviços, onde a impossibilidade de

desprezá-los , omitindo essa atividade. Não faltará que argumente, com toda razão, que odesprezá-los , omitindo essa atividade. Não faltará que argumente, com toda razão, que o

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negócio jurídico creditício é que é verdadeiramente a atividade-fim dos Bancos, é o quenegócio jurídico creditício é que é verdadeiramente a atividade-fim dos Bancos, é o que

caracteriza como instituições financeiras, e não as operações acessórias. Todavia Bancocaracteriza como instituições financeiras, e não as operações acessórias. Todavia Banco

Múltiplo não pode ser confundido com Banco Comercial. Conserva em comum apenas o fatoMúltiplo não pode ser confundido com Banco Comercial. Conserva em comum apenas o fato

de lidar primacialmente com o crédito em grande escala e de mantê-lo como atividade-fimde lidar primacialmente com o crédito em grande escala e de mantê-lo como atividade-fim

por excelência.por excelência.

>>>> Sergio Carlos CovelloSergio Carlos Covello – Contratos Bancários – (Pág. 45-47) – – Contratos Bancários – (Pág. 45-47) – As operações bancáriasAs operações bancárias

realizam-se mediante realizam-se mediante contratoscontratos, que são o seu esquema jurídico, produzindo direitos e, que são o seu esquema jurídico, produzindo direitos e

obrigações para os sujeitos que delas participam. Na doutrina moderna, os contratosobrigações para os sujeitos que delas participam. Na doutrina moderna, os contratos

bancários soem ser concebidos sob dois critérios: um subjetivo e outro, objetivo. Debancários soem ser concebidos sob dois critérios: um subjetivo e outro, objetivo. De

conformidade com o primeiro critério, entende-se por contrato bancário conformidade com o primeiro critério, entende-se por contrato bancário aquele praticado poraquele praticado por

um Banco,um Banco, de sorte que não se pode falar em contrato dessa natureza se ao menos um dos de sorte que não se pode falar em contrato dessa natureza se ao menos um dos

contraentes não for Banco ou banqueiro. No direito pátrio, contraentes não for Banco ou banqueiro. No direito pátrio, Orlando GomesOrlando Gomes perfilha esse perfilha esse

entendimento: ‘como a expressão entendimento: ‘como a expressão contratos bancárioscontratos bancários designam-se os negócios jurídicos designam-se os negócios jurídicos

que têm como uma das partes uma empresa autorizada a exercer atividade próprias dosque têm como uma das partes uma empresa autorizada a exercer atividade próprias dos

bancos.’ O critério subjetivo, no entanto, não é suficiente para conceituar o contratobancos.’ O critério subjetivo, no entanto, não é suficiente para conceituar o contrato

bancário, pois não é só a participação do Banco na relação jurídica contratual que detrmina abancário, pois não é só a participação do Banco na relação jurídica contratual que detrmina a

bancariedade do negócio. Ademais, o Banco, no desempenho de suas funções, celebrabancariedade do negócio. Ademais, o Banco, no desempenho de suas funções, celebra

vários contratos que, por natureza, não são bancários: contrato de locação, de prestação devários contratos que, por natureza, não são bancários: contrato de locação, de prestação de

serviço de trabalho, de compra e venda. O sujeito Banco, embora importante, não basta paraserviço de trabalho, de compra e venda. O sujeito Banco, embora importante, não basta para

definir e configurar o contrato bancário. definir e configurar o contrato bancário. Em contraposição ao critério subjetivoEm contraposição ao critério subjetivo, , o critérioo critério

objetivo põe de lado o sujeito-Banco e encara o contrato bancário como aquele que tem porobjetivo põe de lado o sujeito-Banco e encara o contrato bancário como aquele que tem por

objeto uma atividade creditícia, ou melhor, uma atividade de intermediação do crédito. Nesteobjeto uma atividade creditícia, ou melhor, uma atividade de intermediação do crédito. Neste

linha de raciocínio, Messineo afirma: ‘É bancário aquele contrato que, ainda que selinha de raciocínio, Messineo afirma: ‘É bancário aquele contrato que, ainda que se

aperfeiçoe entre particulares, tenha por função (causa) receber um crédito para concederaperfeiçoe entre particulares, tenha por função (causa) receber um crédito para conceder

créditocrédito.’.’

Na verdade, Na verdade, não é possível tomarmos por base apenas um dos critérios supra estudadosnão é possível tomarmos por base apenas um dos critérios supra estudados,,

para atingir definição adequada de contrato bancário. Preferimos adotar uma concepçãopara atingir definição adequada de contrato bancário. Preferimos adotar uma concepção

sincrética que recorra ao sincrética que recorra ao duplo elemento subjetivo(participação do Banco) eduplo elemento subjetivo(participação do Banco) e

objetivo(intermediação creditícia) para caracteriza o contrato bancárioobjetivo(intermediação creditícia) para caracteriza o contrato bancário. Destarte, o contrato. Destarte, o contrato

bancário tem de ser realizado por um Banco e bancário tem de ser realizado por um Banco e ter como objeto um ato de intermediação deter como objeto um ato de intermediação de

créditocrédito. . Nem todo contrato realizado pelo Banco é bancário, como, também, nem todo ato deNem todo contrato realizado pelo Banco é bancário, como, também, nem todo ato de

intermediação creditícia configura contrato de Bancointermediação creditícia configura contrato de Banco. .

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Com base nessa concepção definimos o contrato bancário como o acordo entre Banco eCom base nessa concepção definimos o contrato bancário como o acordo entre Banco e

cliente para criar, regular ou extinguir uma relação que tenha por objeto a intermediação decliente para criar, regular ou extinguir uma relação que tenha por objeto a intermediação de

crédito. crédito.

4.2. Disciplinamento legal dos contratos bancários4.2. Disciplinamento legal dos contratos bancários

4.2.1. A lei4.2.1. A lei

4.2.2. Os costumes4.2.2. Os costumes

4.2.3 A doutrina4.2.3 A doutrina

4.2.4 A jurisprudência4.2.4 A jurisprudência

>>>> Sergio Carlos CovelloSergio Carlos Covello – Contratos Bancários – (Pág. 59-62) – – Contratos Bancários – (Pág. 59-62) –

A LEIA LEI - - Como sói de acontecer em todo campo jurídico, Como sói de acontecer em todo campo jurídico, a lei é a forma fundamental dea lei é a forma fundamental de

expressão do direito contratual bancário.expressão do direito contratual bancário. No entanto, as legislações bancárias, segundo No entanto, as legislações bancárias, segundo

observa Luiz Alberto Delfino Cazet, caracterizam-se por sua fragmentalidade(observa Luiz Alberto Delfino Cazet, caracterizam-se por sua fragmentalidade(fazer-se emfazer-se em

fragmentos; quebrar-sefragmentos; quebrar-se) e por serem muito incompletas. Poucos são os Códigos que contêm) e por serem muito incompletas. Poucos são os Códigos que contêm

normas especiais sobre os contratos bancários. Nosso legislador seguiu normas especiais sobre os contratos bancários. Nosso legislador seguiu pari passupari passu a a

tradição dos código do comércio do século XIX, limitando-se apenas a considerartradição dos código do comércio do século XIX, limitando-se apenas a considerar

comerciantes os banqueiros(CCom 119) e a determinar que as operações bancárias serãocomerciantes os banqueiros(CCom 119) e a determinar que as operações bancárias serão

decididas e julgadas pelas regras gerais dos contratos estabelecidos nesse Código, quedecididas e julgadas pelas regras gerais dos contratos estabelecidos nesse Código, que

forem aplicáveis segundo natureza de cada uma das transações que se operam(art. 120).forem aplicáveis segundo natureza de cada uma das transações que se operam(art. 120).

Nada mais. Coube a leis extravagantes dispor sobre os Bancos e suas operações. Com oNada mais. Coube a leis extravagantes dispor sobre os Bancos e suas operações. Com o

advento da advento da Lei 4.595Lei 4.595, de 31 de dezembro de 1964, que reestruturou a organização bancária, de 31 de dezembro de 1964, que reestruturou a organização bancária

brasileira, tais leis esparsas ficaram revogadas, brasileira, tais leis esparsas ficaram revogadas, passado o novo diploma legal a regrar a vidapassado o novo diploma legal a regrar a vida

dos Bancos em nosso paísdos Bancos em nosso país. Além desse Estatuto existem outras leis que, pelo entrosamento. Além desse Estatuto existem outras leis que, pelo entrosamento

do seu assunto com os Bancos, são atinentes também à matéria bancária, como as leis quedo seu assunto com os Bancos, são atinentes também à matéria bancária, como as leis que

regulam os títulos de crédito e a que disciplina o mercado de capitais. regulam os títulos de crédito e a que disciplina o mercado de capitais. As circulares eAs circulares e

resoluções do Banco Central do Brasil elecam-se, também, no rol das leis bancárias, emboraresoluções do Banco Central do Brasil elecam-se, também, no rol das leis bancárias, embora

sejam leis apenas no sentido impróprio, visto que não promanam do Poder Legislativosejam leis apenas no sentido impróprio, visto que não promanam do Poder Legislativo ..

Todavia, essa normas não oferecem uma regulamentação(esquema normativa) para osTodavia, essa normas não oferecem uma regulamentação(esquema normativa) para os

contratos bancários em si mesmos considerados. Daí recorrer-se ao direito comercial e aocontratos bancários em si mesmos considerados. Daí recorrer-se ao direito comercial e ao

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CURSO AVANÇADO DE DIREITO BANCÁRIOCURSO AVANÇADO DE DIREITO BANCÁRIOProf. Alberto BezerraProf. Alberto Bezerra

direito civil para resolução de inúmeros problemas que surgem da matéria contratualdireito civil para resolução de inúmeros problemas que surgem da matéria contratual

bancária. bancária. Destarte, o Código Comercial, o Código Civil e, por disposição expressa, o CódigoDestarte, o Código Comercial, o Código Civil e, por disposição expressa, o Código

do Consumidor(Lei nº 8.078/90, art. 3º, § 2º) constituem fontes básicas de disciplinação dosdo Consumidor(Lei nº 8.078/90, art. 3º, § 2º) constituem fontes básicas de disciplinação dos

contratos em estudocontratos em estudo. .

OS CONTUMES - OS CONTUMES - Embora Embora o costumeo costume seja forma complementar de expressão do direito, seja forma complementar de expressão do direito,

assume grande importância no âmbito bancárioassume grande importância no âmbito bancário, visto que, , visto que, em nosso ordenamento, poucasem nosso ordenamento, poucas

são as normas legislativas que firmam critérios sólidos e pontos fixos a respeito dossão as normas legislativas que firmam critérios sólidos e pontos fixos a respeito dos

contratos de Bancocontratos de Banco. E, ademais, . E, ademais, o direito bancário é eminentementeo direito bancário é eminentemente

consuetudinário(consuetudinário(fundado nos costumesfundado nos costumes)). O Código Comercial, em seu art. 131, n. 4, estatui. O Código Comercial, em seu art. 131, n. 4, estatui

que ‘o uso e a prática observada no comércio nos casos da mesma natureza, eque ‘o uso e a prática observada no comércio nos casos da mesma natureza, e

especialmente especialmente o costumeo costume do lugar onde o contrato deva ter execução, prevalecerá qualquer do lugar onde o contrato deva ter execução, prevalecerá qualquer

inteligência em contrário que se pretenda dar às palavras.’ E o Código Civil, em sua lei deinteligência em contrário que se pretenda dar às palavras.’ E o Código Civil, em sua lei de

introdução, reza ‘Quando a Lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia,introdução, reza ‘Quando a Lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia,

os costumesos costumes e os princípios gerais de direito.’ Há, no entanto, regras especiais para que os e os princípios gerais de direito.’ Há, no entanto, regras especiais para que os

costumes sejam revestidos de legitimidade. costumes sejam revestidos de legitimidade. Devem: a) ser praticados de maneira uniforme eDevem: a) ser praticados de maneira uniforme e

reiterada pelos Bancos; b) ter duração relativamente longa, o suficiente para que sereiterada pelos Bancos; b) ter duração relativamente longa, o suficiente para que se

evidencie a sua tácita aceitação pela coletividade; c) guardar conformidade com osevidencie a sua tácita aceitação pela coletividade; c) guardar conformidade com os

princípios de boa fé e máximas comerciais; d) ser compatíveis com a legislação vigenteprincípios de boa fé e máximas comerciais; d) ser compatíveis com a legislação vigente. .

JURISPRUDÊNCIA -JURISPRUDÊNCIA - A jurisprudência oferece, também, relevante subsídio para o direitoA jurisprudência oferece, também, relevante subsídio para o direito

bancário. Os julgados reiterados, constantes e uniformes dos tribunais dão origem a umbancário. Os julgados reiterados, constantes e uniformes dos tribunais dão origem a um

verdadeiro costume judiciário capaz de influenciar, assim, todo e qualquer ramo do direito,verdadeiro costume judiciário capaz de influenciar, assim, todo e qualquer ramo do direito,

mesmo o bancário. mesmo o bancário.

A DOUTRINA -A DOUTRINA - Tanto quanto o costume, a doutrina representa importante forma deTanto quanto o costume, a doutrina representa importante forma de

expressão do direito contratual bancário. Definida singelamente como a opinião comum dosexpressão do direito contratual bancário. Definida singelamente como a opinião comum dos

jurisconsultos sobre determinada matéria jurídica, a doutrina presta um grande serviço aojurisconsultos sobre determinada matéria jurídica, a doutrina presta um grande serviço ao

estudo e à interpretação dos contratos de Banco, haja vista que a natureza jurídica e aestudo e à interpretação dos contratos de Banco, haja vista que a natureza jurídica e a

configuração das operações bancárias constituem trabalho dos doutrinadores, que não sóconfiguração das operações bancárias constituem trabalho dos doutrinadores, que não só

têm ajudado a suprir as lacunas da lei e do costume, como também contribuído para atêm ajudado a suprir as lacunas da lei e do costume, como também contribuído para a

formação da lei e construção da jurisprudência. A doutrina é resultado do laborformação da lei e construção da jurisprudência. A doutrina é resultado do labor

sistematizado dos tratadistas, dos escritores que militam no direito bancário, dossistematizado dos tratadistas, dos escritores que militam no direito bancário, dos

especialistas em Banco que, interpretando os textos legais e as situações fáticas, emitemespecialistas em Banco que, interpretando os textos legais e as situações fáticas, emitem

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argumentos e juízos sobre a atividade bancária, produzindo a verdade científica. Entre nósargumentos e juízos sobre a atividade bancária, produzindo a verdade científica. Entre nós

distinguem-se Carvalho de Mendonça, que no seu distinguem-se Carvalho de Mendonça, que no seu TratadoTratado dedicou um volume dedicou um volume

exclusivamente aos Bancos, Waldemar Ferreira, com sua preciosas lições sobre operaçõesexclusivamente aos Bancos, Waldemar Ferreira, com sua preciosas lições sobre operações

bancárias, Pontes de Miranda, com seu rigorismo científico, Caio Maria da Silva Pereira,bancárias, Pontes de Miranda, com seu rigorismo científico, Caio Maria da Silva Pereira,

Orlando Gomes e Lauro Muniz Barreto, este com sua experiência de advogado de Banco,Orlando Gomes e Lauro Muniz Barreto, este com sua experiência de advogado de Banco,

para só citarmos alguns dos juristas pátrios que se ocupam da matéria. para só citarmos alguns dos juristas pátrios que se ocupam da matéria.

4.3. Características4.3. Características

4.3.1. Ausência do caráter formal do contrato como regra4.3.1. Ausência do caráter formal do contrato como regra

>>>> Aramy Dornelles da LuzAramy Dornelles da Luz – Contratos Bancários – (Pág. 39) – – Contratos Bancários – (Pág. 39) – O contrato bancário não éO contrato bancário não é

formal no sentido de exigir que a forma integre necessariamente a substância do atoformal no sentido de exigir que a forma integre necessariamente a substância do ato..

Todavia, Todavia, a escritura pública reveste essencialmente os contratos constitutivos de garantiaa escritura pública reveste essencialmente os contratos constitutivos de garantia

hipotecária, não por causa de sua bancariedade, hipotecária, não por causa de sua bancariedade, mas pela realidade imobiliáriamas pela realidade imobiliária. Aliás, . Aliás, aa

informalidade crescente dos contratos do mercado financeiro informalidade crescente dos contratos do mercado financeiro é uma das características daé uma das características da

atualidadeatualidade, a maior parte dos quais materializam-se em sumárias fichas gráficas. A, a maior parte dos quais materializam-se em sumárias fichas gráficas. A

informatização e o uso do telefone têm propiciado movimentações de contas, aplicações eminformatização e o uso do telefone têm propiciado movimentações de contas, aplicações em

papéis, compra e venda de cotas de fundos de renda, compra e venda de ativos reais, dentrepapéis, compra e venda de cotas de fundos de renda, compra e venda de ativos reais, dentre

outros negócios, de maneira totalmente informal. A agilidade do mercado financeiro e o altooutros negócios, de maneira totalmente informal. A agilidade do mercado financeiro e o alto

grau de concorrência têm produzido essa inovação. grau de concorrência têm produzido essa inovação.

4.3.2. Sigiloso4.3.2. Sigiloso

>>>> Sergio Carlos CovelloSergio Carlos Covello – Contratos Bancários – (Pág. 56-58) – – Contratos Bancários – (Pág. 56-58) – No trato com seus clientes, No trato com seus clientes,

o Banco torna-se detentor de informações confidenciais que, naturalmente, lhe impõem oo Banco torna-se detentor de informações confidenciais que, naturalmente, lhe impõem o

dever de descriçãodever de descrição. Em nosso direito, os contratos bancários, assim os típicos como os. Em nosso direito, os contratos bancários, assim os típicos como os

acessórios, revestem-se desse caráter sigiloso, consoante acessórios, revestem-se desse caráter sigiloso, consoante o art. 38 da Lei nº 4.595/64o art. 38 da Lei nº 4.595/64, que, que

reza: “reza: “As instituições financeiras conservarão sigilo em sua operações ativas e passivas eAs instituições financeiras conservarão sigilo em sua operações ativas e passivas e

serviços prestadosserviços prestados.’ .’ A quebra do sigilo de que trata esse dispositivo constitui crime e sujeitaA quebra do sigilo de que trata esse dispositivo constitui crime e sujeita

os responsáveis à pena de reclusão, de um a quatro anos, sem prejuízo de outras sançõesos responsáveis à pena de reclusão, de um a quatro anos, sem prejuízo de outras sanções

cabíveiscabíveis. A doutrina apóia-se em várias teorias para explicar o caráter sigiloso dos contratos. A doutrina apóia-se em várias teorias para explicar o caráter sigiloso dos contratos

de Banco. Uma das mais antigas é a teoria contratual, pela qual o dever de segredo surge dode Banco. Uma das mais antigas é a teoria contratual, pela qual o dever de segredo surge do

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contrato estipulado entre Banco e se cliente. Embora não haja disposições expressascontrato estipulado entre Banco e se cliente. Embora não haja disposições expressas

concernentes a essa obrigação nos contratos bancários, tais disposições se pressupõem,concernentes a essa obrigação nos contratos bancários, tais disposições se pressupõem,

subentendendo-se que, à vista da estrutura da operação bancária, há um consentimentosubentendendo-se que, à vista da estrutura da operação bancária, há um consentimento

tácito entre as partes contratantes acerca do sigilo bancário. Tal teoria é bastante aceita,tácito entre as partes contratantes acerca do sigilo bancário. Tal teoria é bastante aceita,

visto poder aplicar-se a todos os regimes jurídicos, mesmo àqueles que não regulamentemvisto poder aplicar-se a todos os regimes jurídicos, mesmo àqueles que não regulamentem

de forma específica o dever de sigilo por parte do Banco. Em reforço desta tese, argumenta-de forma específica o dever de sigilo por parte do Banco. Em reforço desta tese, argumenta-

se que em cada operação bancária estão presentes os elementos principais do contrato dese que em cada operação bancária estão presentes os elementos principais do contrato de

mandato ou da mandato ou da negotiorum gestionegotiorum gestio e, assim, o Banco, como mandatário ou gestor de e, assim, o Banco, como mandatário ou gestor de

negócios, deve aplicar toda diligência possível no cumprimento do encargo, até quanto ànegócios, deve aplicar toda diligência possível no cumprimento do encargo, até quanto à

discrição que o próprio mandante – o cliente - manteria com relação aos negóciosdiscrição que o próprio mandante – o cliente - manteria com relação aos negócios

realizados. Outra teoria é a do direito comercial. Segundo este modo de ver, as operaçõesrealizados. Outra teoria é a do direito comercial. Segundo este modo de ver, as operações

bancárias são atos de comércio e desta feita, na interpretação do contrato respectivo, há quebancárias são atos de comércio e desta feita, na interpretação do contrato respectivo, há que

levar em conta os usos e costumes geralmente observados no comércio, os quais por sualevar em conta os usos e costumes geralmente observados no comércio, os quais por sua

vez impõe o dever do sigilo. vez impõe o dever do sigilo.

Neste particular, Lauro Muniz Barreto busca a gênese do sigilo bancário no caráter quaseNeste particular, Lauro Muniz Barreto busca a gênese do sigilo bancário no caráter quase

religioso com que eram realizadas as operações de Banco, na mais remota Antiguidade:religioso com que eram realizadas as operações de Banco, na mais remota Antiguidade:

‘Sabe-se , também, -- diz o autor – que ‘Sabe-se , também, -- diz o autor – que a atividade bancária nasceu sob o crisma da religião ea atividade bancária nasceu sob o crisma da religião e

que, na Antiguidade, os templos eram não o local para as cerimônias religiosas comoque, na Antiguidade, os templos eram não o local para as cerimônias religiosas como

também par a guarda do dinheiro e da prática das atividades bancárias..também par a guarda do dinheiro e da prática das atividades bancárias... Aponta-se o. Aponta-se o

Templo de Delfos como o grande Banco do período clássico helênico, recebendo depósitos,Templo de Delfos como o grande Banco do período clássico helênico, recebendo depósitos,

praticando mútuo, o câmbio manual e trajectício, e finalmente um grande número depraticando mútuo, o câmbio manual e trajectício, e finalmente um grande número de

operações ainda hoje exercidas pelos Bancos... Praticava aquele templo grego operações emoperações ainda hoje exercidas pelos Bancos... Praticava aquele templo grego operações em

larga escala e teve sob sua guarda depósitos de notável valor... larga escala e teve sob sua guarda depósitos de notável valor... CostumeCostume, , portanto, bastanteportanto, bastante

antigoantigo. No direito privado, ressalta-se, ainda, a teoria do ato ilícito, pela qual a quebra do. No direito privado, ressalta-se, ainda, a teoria do ato ilícito, pela qual a quebra do

sigilo pode ocasionar danos para o cliente, ficando, assim, o Banco obrigado à reparar osigilo pode ocasionar danos para o cliente, ficando, assim, o Banco obrigado à reparar o

prejuízo. prejuízo.

Há, também, teorias do direito penal para explicar o dever de segredo por parte do Banco.Há, também, teorias do direito penal para explicar o dever de segredo por parte do Banco.

Uma destas, por exemplo, afirma que a raiz da disciplina jurídica do sigilo bancário deveUma destas, por exemplo, afirma que a raiz da disciplina jurídica do sigilo bancário deve

buscar-se na proteção do sigilo profissional em geral, pois o Banco, em razão de seu ofício,buscar-se na proteção do sigilo profissional em geral, pois o Banco, em razão de seu ofício,

toma conhecimento de segredos, cuja virtude da lei penal, que toma conhecimento de segredos, cuja virtude da lei penal, que considera crime contra oconsidera crime contra o

Sistema Financeiro Nacional a violação do sigilo(Lei nº 7.492/86, art. 18)Sistema Financeiro Nacional a violação do sigilo(Lei nº 7.492/86, art. 18). .

Em nossa sistemática jurídica, a quebra de sigilo bancário enseja não só implicações deEm nossa sistemática jurídica, a quebra de sigilo bancário enseja não só implicações de

ordem civil(v. g. o dever de reparação de dano), como de ordem administrativa(punição peloordem civil(v. g. o dever de reparação de dano), como de ordem administrativa(punição pelo

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Banco Central), como, ainda, de ordem penal, visto que o legislador de 64 a configurouBanco Central), como, ainda, de ordem penal, visto que o legislador de 64 a configurou

expressamente como crime, no § 7º, do art. 38.expressamente como crime, no § 7º, do art. 38.

O sigilo bancário, no entanto, não é absolutoO sigilo bancário, no entanto, não é absoluto. . Ele contraria limites naturais e legaisEle contraria limites naturais e legais. No. No

primeiro caso, figuram o direito de o Banco levar a protesto um título representativo de umprimeiro caso, figuram o direito de o Banco levar a protesto um título representativo de um

empréstimo, o de acionar judicialmente o cliente em virtude de uma operação realizada eempréstimo, o de acionar judicialmente o cliente em virtude de uma operação realizada e

fornecer dados a respeito da operação quando o cliente solicite, sem que incorra no crime defornecer dados a respeito da operação quando o cliente solicite, sem que incorra no crime de

violação de sigilo. violação de sigilo.

Por seu turno, Por seu turno, os limites legais se encontram no próprio art. 38 da Lei nº 4.595os limites legais se encontram no próprio art. 38 da Lei nº 4.595..

Primeiramente, o Banco tem obrigação de prestar informações e esclarecimentos aos JuízesPrimeiramente, o Banco tem obrigação de prestar informações e esclarecimentos aos Juízes

e tribunais, porque, neste caso, há um interesse mais importante para proteger que é o bome tribunais, porque, neste caso, há um interesse mais importante para proteger que é o bom

funcionamento da justiça. Também as comissões parlamentares de inquérito no exercício dafuncionamento da justiça. Também as comissões parlamentares de inquérito no exercício da

competência constitucional e legal de ampla investigação poderão obter as informações quecompetência constitucional e legal de ampla investigação poderão obter as informações que

necessitarem as informações financeiras, sem que estas incorram no crime de violação.necessitarem as informações financeiras, sem que estas incorram no crime de violação.

Ainda, as autoridades fiscais poderão exigir dos Bancos as informações sobre documentos,Ainda, as autoridades fiscais poderão exigir dos Bancos as informações sobre documentos,

livros e registros de contas de depósito e de outras operações, quando consideradaslivros e registros de contas de depósito e de outras operações, quando consideradas

indispensáveis pela autoridade competente. Subtende-se que em todos esse casos oindispensáveis pela autoridade competente. Subtende-se que em todos esse casos o

interesse de ordem pública(referente à Justiça e à economia nacional) está acima deinteresse de ordem pública(referente à Justiça e à economia nacional) está acima de

qualquer outro interesse. qualquer outro interesse.

>>>> Nelson AbrãoNelson Abrão – Direito Bancário – (Pág. 53-74) – – Direito Bancário – (Pág. 53-74) – Constitui consenso que a atividade Constitui consenso que a atividade

bancária, como profissão especializada, surgiu na Grécia. Mas, ainda assim, não inteiramentebancária, como profissão especializada, surgiu na Grécia. Mas, ainda assim, não inteiramente

desligada dos umbrais dos templos, seus berços: os de Delfos, Samos e Éfeso foram osdesligada dos umbrais dos templos, seus berços: os de Delfos, Samos e Éfeso foram os

principais. Os banqueiros, além de propiciarem guarda segura aos valores de seus clientes,principais. Os banqueiros, além de propiciarem guarda segura aos valores de seus clientes,

redigiam instrumentos negociais e orientavam a respeito de negócios, graças aosredigiam instrumentos negociais e orientavam a respeito de negócios, graças aos

conhecimentos que tinham dos textos legais. conhecimentos que tinham dos textos legais.

A moeda teria surgido aos 268 a.c. segundo Tito Lívio, cunhada que fora no templo Juno, aA moeda teria surgido aos 268 a.c. segundo Tito Lívio, cunhada que fora no templo Juno, a

Conselheira(Moneta). O banqueiro romano – Conselheira(Moneta). O banqueiro romano – argentariusargentarius – deveria possuir um livro secreto – deveria possuir um livro secreto

de ‘deve e haver’, o de ‘deve e haver’, o CodexCodex, conservado em segredo e só exibível na Justiça em caso de, conservado em segredo e só exibível na Justiça em caso de

litígio com o próprio cliente. litígio com o próprio cliente.

Impregnada que fora de profundo misticismo nas suas origens, a atividade bancária, surgidaImpregnada que fora de profundo misticismo nas suas origens, a atividade bancária, surgida

dentro do próprio templo, deveria revestir-se de um caráter sagrado. É por isso que se chegadentro do próprio templo, deveria revestir-se de um caráter sagrado. É por isso que se chega

a assemelhar as expressões léxica e ontologicamente: sagrado e segredo. a assemelhar as expressões léxica e ontologicamente: sagrado e segredo.

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Em se tratando de depósitos de fundos provenientes do estrangeiro, o sigilo bancárioEm se tratando de depósitos de fundos provenientes do estrangeiro, o sigilo bancário

passaria a identificar-se com os do próprio Estado. Nesse particular, aponta-se comopassaria a identificar-se com os do próprio Estado. Nesse particular, aponta-se como

paradigma a atitude tomada pelos banqueiros suíços na contingência da Segunda Grandeparadigma a atitude tomada pelos banqueiros suíços na contingência da Segunda Grande

Guerra Mundial, que resistiram aos vários artifícios adotados pelas autoridades do III ReichGuerra Mundial, que resistiram aos vários artifícios adotados pelas autoridades do III Reich

para descobrirem os capitais depositados por seus jurisdicionados. Ao fina da guerra, apara descobrirem os capitais depositados por seus jurisdicionados. Ao fina da guerra, a

mesma atitude foi adotada para com as autoridades dos países aliados, que pressionavammesma atitude foi adotada para com as autoridades dos países aliados, que pressionavam

no sentido de saber o montante do capital alemão depositado nos bancos suíços. Só que aíno sentido de saber o montante do capital alemão depositado nos bancos suíços. Só que aí

houve revide: os fundos suíços foram bloqueados em Londres e Nova Iorque e congelado ohouve revide: os fundos suíços foram bloqueados em Londres e Nova Iorque e congelado o

transporte de matéria-prima e de inflamáveis para a Confederação Helvética. transporte de matéria-prima e de inflamáveis para a Confederação Helvética.

EXTENSÃO E OPONIBILIDADE - Cumpre-, sob esse aspecto, examinar três elementos : EXTENSÃO E OPONIBILIDADE - Cumpre-, sob esse aspecto, examinar três elementos : I – osI – os

fatos objeto de segredo; II – as pessoas a ele sujeitas; III – os que dele podem compartilharfatos objeto de segredo; II – as pessoas a ele sujeitas; III – os que dele podem compartilhar..

I – I – Os fatos objeto de segredoOs fatos objeto de segredo – – Já para o sistema continental europeu, objeto de segredoJá para o sistema continental europeu, objeto de segredo

são apenas as informações consideradas de caráter confidencial, tais como: conteúdo dosão apenas as informações consideradas de caráter confidencial, tais como: conteúdo do

balanço e movimento da conta corrente, excluindo-se os dados sobre pagamentos regulares,balanço e movimento da conta corrente, excluindo-se os dados sobre pagamentos regulares,

vencimentos difíceis, protestos, cheques não pagos; mesmo assim o banco terá que agirvencimentos difíceis, protestos, cheques não pagos; mesmo assim o banco terá que agir

com a necessária discrição, sem quebrar as regras usuais da profissão. Ainda de acordocom a necessária discrição, sem quebrar as regras usuais da profissão. Ainda de acordo

com a doutrina suíça, sob o prisma subjetivo, os fatos que o segredo deve abranger ficam nacom a doutrina suíça, sob o prisma subjetivo, os fatos que o segredo deve abranger ficam na

dependência da manifestação da vontade do cliente. O Banco é obrigado a guardar secretosdependência da manifestação da vontade do cliente. O Banco é obrigado a guardar secretos

os nomes dos correntistas e as cifras por eles mantidas em haver, mas a revelação destesos nomes dos correntistas e as cifras por eles mantidas em haver, mas a revelação destes

dados sem a identidade do titular não constitui violação de sigilo. dados sem a identidade do titular não constitui violação de sigilo.

II – II – Pessoas sujeitas ao sigiloPessoas sujeitas ao sigilo – Neste particular, tanto o sistema do sigilo reforçado(Suíça e – Neste particular, tanto o sistema do sigilo reforçado(Suíça e

Líbano) como o continental europeu são unânimes em admitir queLíbano) como o continental europeu são unânimes em admitir que todos os funcionários do todos os funcionários do

banco, desde o mais categorizado diretor até o mais simples empregado, estão adstritos abanco, desde o mais categorizado diretor até o mais simples empregado, estão adstritos a

guardar segredo( a matéria se encontra bem explicitada no art. 2º da lei libanesa de 3-9-1956guardar segredo( a matéria se encontra bem explicitada no art. 2º da lei libanesa de 3-9-1956

acerca do sigilo bancário)acerca do sigilo bancário)

III – III – Os que podem compartilhar o segredoOs que podem compartilhar o segredo – Em princípio, – Em princípio, só o banco por todos os seussó o banco por todos os seus

dirigentes e funcionários ligados às operações do cliente e este próprio podem do sigilodirigentes e funcionários ligados às operações do cliente e este próprio podem do sigilo

compartilharcompartilhar. Deste modo, mesmo os familiares mais íntimos – pais, filhos e cônjuge – a ele. Deste modo, mesmo os familiares mais íntimos – pais, filhos e cônjuge – a ele

não têm acesso, a menos que expressamente autorizados pelo cliente ou que fundadas asnão têm acesso, a menos que expressamente autorizados pelo cliente ou que fundadas as

razões façam presumir que eles integram sua ‘esfera de discrição’. É óbvio que osrazões façam presumir que eles integram sua ‘esfera de discrição’. É óbvio que os

representantes legais(dirigentes de pessoas jurídicas, tutores, curadores e pais de menores)representantes legais(dirigentes de pessoas jurídicas, tutores, curadores e pais de menores)

compartilham do sigilo. Em se tratando de pessoa de cliente pessoa jurídica, o sigilo nãocompartilham do sigilo. Em se tratando de pessoa de cliente pessoa jurídica, o sigilo não

pode ser oposto a seus representantes legais e administradores; quanto aos sócios, empode ser oposto a seus representantes legais e administradores; quanto aos sócios, em

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princípio, não têm eles acesso ao segredo bancário; seu direito de informação é exercidoprincípio, não têm eles acesso ao segredo bancário; seu direito de informação é exercido

segundo os princípios legais que regem a segundo os princípios legais que regem a disclosuredisclosure (entre nós, os arts. 19 CCom e 105 das (entre nós, os arts. 19 CCom e 105 das

Lei de Sociedades por Ações)Lei de Sociedades por Ações)

4.3.3. Contrato de adesão4.3.3. Contrato de adesão

>>>> Sergio Carlos CovelloSergio Carlos Covello – Contratos Bancários – (Pág. 54-55) – – Contratos Bancários – (Pág. 54-55) – A característica marcanteA característica marcante

dos contratos bancários é que se realizam em grande massados contratos bancários é que se realizam em grande massa. No desenvolvimento de sua. No desenvolvimento de sua

atividade, os Bancos contraem com grande número de pessoas uma série infinita deatividade, os Bancos contraem com grande número de pessoas uma série infinita de

operações idênticas. É dessa circunstância, por sinal, que resulta o lucro do Banco. Poroperações idênticas. É dessa circunstância, por sinal, que resulta o lucro do Banco. Por

exigência prática, a contratação bancária, no decorrer dos tempos, passou a ser feita porexigência prática, a contratação bancária, no decorrer dos tempos, passou a ser feita por

meio de formulário com cláusulas gerais e uniformes para todos os contratos de igualmeio de formulário com cláusulas gerais e uniformes para todos os contratos de igual

natureza. Assim, as condições contratuais passaram a ser previamente fixadas pelo Banco,natureza. Assim, as condições contratuais passaram a ser previamente fixadas pelo Banco,

não admitindo contrapropostas. não admitindo contrapropostas.

Os contratos bancários enquadram-se, desta feita, no rol dos chamados contratos deOs contratos bancários enquadram-se, desta feita, no rol dos chamados contratos de

adesãoadesão, pelos quais a participação de um dos sujeitos se dá pela aceitação , pelos quais a participação de um dos sujeitos se dá pela aceitação in totumin totum das das

condições pré-fixadas pela outra parte para constituir o conteúdo normativo-obrigacional dacondições pré-fixadas pela outra parte para constituir o conteúdo normativo-obrigacional da

futura relação concreta. ...futura relação concreta. ...Quem contrata com um Banco só tem a possibilidade de aceitar emQuem contrata com um Banco só tem a possibilidade de aceitar em

bloco as condições impostas ou recusá-las em sua totalidade, deixando de celebrar obloco as condições impostas ou recusá-las em sua totalidade, deixando de celebrar o

contrato.contrato. Digamos: ou adere às condições, ou não contrata. Não pode, entretanto, modificá- Digamos: ou adere às condições, ou não contrata. Não pode, entretanto, modificá-

las ou pretender discuti-las com o Banco. Os Bancos reunidos em sua associaçõeslas ou pretender discuti-las com o Banco. Os Bancos reunidos em sua associações

profissionais elaboram as condições e se obrigam a respeitá-las nos negócios com seusprofissionais elaboram as condições e se obrigam a respeitá-las nos negócios com seus

clientes. De tal modo que as condições adquiriram caráter inamovível em sumo grau, pois,clientes. De tal modo que as condições adquiriram caráter inamovível em sumo grau, pois,

ante as eventuais exigências do cliente, o Banco se tinha às convenções ante as eventuais exigências do cliente, o Banco se tinha às convenções entabuladas comentabuladas com

outros Bancosoutros Bancos. .

No Brasil, como de resto na maioria dos países cultos, a padronização dos contratosNo Brasil, como de resto na maioria dos países cultos, a padronização dos contratos

bancários deve-se não só às razões acima expostas como a intervenção do Estado, por meiobancários deve-se não só às razões acima expostas como a intervenção do Estado, por meio

do Banco Central, na vida dos Bancos. Com efeito, as circulares e resoluções do Bancodo Banco Central, na vida dos Bancos. Com efeito, as circulares e resoluções do Banco

Central fazem com que as operações bancárias sejam praticadas com uniformidade,Central fazem com que as operações bancárias sejam praticadas com uniformidade,

chegando, muitas vezes, a determinar a própria minuta. chegando, muitas vezes, a determinar a própria minuta.

4.3.4. Intervenção estatal4.3.4. Intervenção estatal

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>>>> Sergio Carlos CovelloSergio Carlos Covello – Contratos Bancários – (Pág. 55 - 56) – – Contratos Bancários – (Pág. 55 - 56) – Todo contrato pressupõe a Todo contrato pressupõe a

autonomia e a igualdade das partes contratantes que, pelos menos em tese, são livres paraautonomia e a igualdade das partes contratantes que, pelos menos em tese, são livres para

avençar o que lhes aprouver, dentro dos limites da licitude jurídica. avençar o que lhes aprouver, dentro dos limites da licitude jurídica.

Todavia, autonomia de vontade é, em inúmeras oportunidades, apenas teórica, e leva àTodavia, autonomia de vontade é, em inúmeras oportunidades, apenas teórica, e leva à

espoliação do mais fraco pelo mais forte, do pobre pelo rico. espoliação do mais fraco pelo mais forte, do pobre pelo rico.

Para evitar ou, ao menos, diminuir a desigualdade, surge a intervenção estatal, protegendo ePara evitar ou, ao menos, diminuir a desigualdade, surge a intervenção estatal, protegendo e

amparando os menos favorecidosamparando os menos favorecidos. . É o que se chama É o que se chama dirigismo contratualdirigismo contratual, expressão que se, expressão que se

deve a Josserand deve a Josserand para significar que o Estado pode intervir nos contratospara significar que o Estado pode intervir nos contratos. Ora, na. Ora, na

contratação bancária, contratação bancária, o Banco é sempre o mais forteo Banco é sempre o mais forte, já por solidez econômica, já pela, já por solidez econômica, já pela

própria natureza da atividade que exerce. própria natureza da atividade que exerce. Deixar o Banco agir livremente, como se pretendeuDeixar o Banco agir livremente, como se pretendeu

sob o liberalismo econômico é o mesmo que permitir a exploração do mais fracosob o liberalismo econômico é o mesmo que permitir a exploração do mais fraco. A simples. A simples

leitura dos formulários do contrato bancário revela a existência de condições leoninasleitura dos formulários do contrato bancário revela a existência de condições leoninas

acobertadas pelo manto da legalidade, como a conhecida cláusula de outorga de procuraçãoacobertadas pelo manto da legalidade, como a conhecida cláusula de outorga de procuração

do cliente ao próprio Banco para que este possa emitir cambial a fim de cobrar dívida dedo cliente ao próprio Banco para que este possa emitir cambial a fim de cobrar dívida de

maneira mais rápida e eficaz mediante execução. Por isso se faz necessária a intervenção domaneira mais rápida e eficaz mediante execução. Por isso se faz necessária a intervenção do

Estado na contratação bancária, intervenção esta que entre nós se dá por intermédio doEstado na contratação bancária, intervenção esta que entre nós se dá por intermédio do

Conselho Monetário Nacional, disciplinando o crédito num verdadeiro dirigismo contratual. Conselho Monetário Nacional, disciplinando o crédito num verdadeiro dirigismo contratual.

4.4. Interpretação dos contratos bancários4.4. Interpretação dos contratos bancários

>>>> Sergio Carlos CovelloSergio Carlos Covello – Contratos Bancários – (Pág. 62-65) – – Contratos Bancários – (Pág. 62-65) – Nem sempre o contrato éNem sempre o contrato é

realizado de modo que traduza fielmente essa realizado de modo que traduza fielmente essa intenção comum dos contratantesintenção comum dos contratantes,,

especialmente dos contratos bancários cujas disposições são prefixadas pelo Banco. Daí aespecialmente dos contratos bancários cujas disposições são prefixadas pelo Banco. Daí a

necessidade de indagar o conteúdo do contrato e o alcance de seus termos.necessidade de indagar o conteúdo do contrato e o alcance de seus termos.

O legislador brasileiro, ao contrário do legislador de outros povos, não dedicou senãoO legislador brasileiro, ao contrário do legislador de outros povos, não dedicou senão

poucas disposições sobre a interpretação dos contratospoucas disposições sobre a interpretação dos contratos. No Código Comercial, art. 130,. No Código Comercial, art. 130,

consagrou o princípio hermenêutico de que ‘as palavras dos contratos e convençõesconsagrou o princípio hermenêutico de que ‘as palavras dos contratos e convenções

mercantis devem inteiramente entender-se segundo o costume e uso recebido do comércio,mercantis devem inteiramente entender-se segundo o costume e uso recebido do comércio,

e pelo mesmo modo e sentido por que os negociantes costumam explicar, posto quee pelo mesmo modo e sentido por que os negociantes costumam explicar, posto que

entendidas de outra sorte possa significar coisa diversa.’ Ver artigo 131 Cód. Comercial.entendidas de outra sorte possa significar coisa diversa.’ Ver artigo 131 Cód. Comercial.

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Observa-se que o Código Comercial dá ênfase à boa fé dos contratantes, à comum intençãoObserva-se que o Código Comercial dá ênfase à boa fé dos contratantes, à comum intenção

das partes, aos costumes e à conduta dos contratantes posterior ao contrato, conforme osdas partes, aos costumes e à conduta dos contratantes posterior ao contrato, conforme os

princípios adotados pela doutrina moderna. princípios adotados pela doutrina moderna.

O nosso O nosso Código CivilCódigo Civil estatui uma regra geral, no seu estatui uma regra geral, no seu art. 85art. 85: : ‘nas declarações de vontade,‘nas declarações de vontade,

atender-se-á mais à sua intenção que ao sentido literal da linguagematender-se-á mais à sua intenção que ao sentido literal da linguagem.’. Isto quer dizer que o.’. Isto quer dizer que o

intérprete não deve limitar-se ao sentido literal das palavras, mas procurar atingir ointérprete não deve limitar-se ao sentido literal das palavras, mas procurar atingir o

verdadeiro desiderato dos contratantes. Por exemplo, o contrato diz ‘mútuo’, quando naverdadeiro desiderato dos contratantes. Por exemplo, o contrato diz ‘mútuo’, quando na

verdade as partes pretenderam contratar um comodato. verdade as partes pretenderam contratar um comodato.

Entre nós, a doutrina e a jurisprudência têm campo livre para o preenchimento da lacunaEntre nós, a doutrina e a jurisprudência têm campo livre para o preenchimento da lacuna

legislativa. legislativa.

O Prof. Orlando Gomes, após enfatizar que o juiz não deve verificar a vontade das partes àO Prof. Orlando Gomes, após enfatizar que o juiz não deve verificar a vontade das partes à

luz dos critérios mais usados no plano da concepção voluntarista do negócio jurídico e simluz dos critérios mais usados no plano da concepção voluntarista do negócio jurídico e sim

de conceitos flexíveis que lhe abram horizonte mais dilatado no sentido de evitar abusos porde conceitos flexíveis que lhe abram horizonte mais dilatado no sentido de evitar abusos por

parte do estipulante, refere as seguintes regras: a) interpretação contra o estipulante; b)parte do estipulante, refere as seguintes regras: a) interpretação contra o estipulante; b)

interpretação restritiva das cláusulas que favorecem o predisponente; c) prevalecimento dasinterpretação restritiva das cláusulas que favorecem o predisponente; c) prevalecimento das

cláusulas especiais sobre as gerais, das manuscritas sobre as impressas; d) interpretaçãocláusulas especiais sobre as gerais, das manuscritas sobre as impressas; d) interpretação

invariável das cláusulas gerais, sem se atentar para aspectos particulares de cada casoinvariável das cláusulas gerais, sem se atentar para aspectos particulares de cada caso

concreto.concreto.

Assim, Assim, as cláusulas vexatórias ou de especial gravidade devem ser consideradas nulasas cláusulas vexatórias ou de especial gravidade devem ser consideradas nulas, e as, e as

de conteúdo duvidoso devem interpretar-se em favor do aderente, regra hoje em diade conteúdo duvidoso devem interpretar-se em favor do aderente, regra hoje em dia

prestigiada pela lei de proteção e defesa do consumidor(art. 51 e 54). prestigiada pela lei de proteção e defesa do consumidor(art. 51 e 54).

Ademais o Código do Consumidor em seu art. 47 preceitua que ‘As cláusulas contratuaisAdemais o Código do Consumidor em seu art. 47 preceitua que ‘As cláusulas contratuais

serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor.’serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor.’

4.5. Contratos bancários à luz do Código de Defesa do Consumidor4.5. Contratos bancários à luz do Código de Defesa do Consumidor

i) Tese contrária à aplicação do CDC(i) Tese contrária à aplicação do CDC(vencidavencida) = Art. 2º - ) = Art. 2º -

Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou

utiliza produto ou serviçoutiliza produto ou serviço como destinatário finalcomo destinatário final. .

2020

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ii) ii) Tese favorável à aplicação do CDC(Tese favorável à aplicação do CDC(orientação que prevalece orientação que prevalece

atualmenteatualmente) – “Art. 3º - Fornecedor...) – “Art. 3º - Fornecedor...

§ 2º - Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de § 2º - Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de

consumo, mediante remuneração, consumo, mediante remuneração, inclusive as de atividade inclusive as de atividade

bancária, financeira, de crédito e securitáriabancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as , salvo as

decorrentes das relações trabalhistas.decorrentes das relações trabalhistas.

4.5.1. 4.5.1. ParticularidadesParticularidades = = a) multa contratual(CDC, art. 52, § 1º); b) foro dea) multa contratual(CDC, art. 52, § 1º); b) foro de

eleição(CDC, art. 51, IV); c) cláusulas de restrições(CDC, art. 54, § 4º); d)eleição(CDC, art. 51, IV); c) cláusulas de restrições(CDC, art. 54, § 4º); d)

nulidade de cláusulas abusivas(CDC, art. 39); e) defesa do consumidor nanulidade de cláusulas abusivas(CDC, art. 39); e) defesa do consumidor na

cobrança de dívidas(CDC, art. 42); f) proteção contratual(CDC, art. 46 e segs);cobrança de dívidas(CDC, art. 42); f) proteção contratual(CDC, art. 46 e segs);

g) inversão do ônus da prova(CDC, art. 6º, VIII); dentre outras normasg) inversão do ônus da prova(CDC, art. 6º, VIII); dentre outras normas..

============================= +++++++++++++ ============================================================ +++++++++++++ ===============================

4.6. Encargos Contratuais4.6. Encargos Contratuais

4.6.1. 4.6.1. Breve Noção de JurosBreve Noção de Juros – –

>>>> Sílvio de Salvo VenosaSílvio de Salvo Venosa – Direito Civil – Vol. II - (Pág. 157-160 – – Direito Civil – Vol. II - (Pág. 157-160 – O conceito O conceito

de juros não se apresenta na lei. Juros são a remuneração que o credor podede juros não se apresenta na lei. Juros são a remuneração que o credor pode

exigir do devedor por se privar de uma quantia em dinheiro. Os jurosexigir do devedor por se privar de uma quantia em dinheiro. Os juros

retribuem o capital paulatinamente, dependendo do prazo de duração daretribuem o capital paulatinamente, dependendo do prazo de duração da

obrigação. Representam os chamados frutos civis do capital e são, portanto,obrigação. Representam os chamados frutos civis do capital e são, portanto,

acessórios(art. 60). Os juros(ou interesses) são, pois, uma obrigaçãoacessórios(art. 60). Os juros(ou interesses) são, pois, uma obrigação

acessória da dívida principal. Seguem a sorte desta. Deve ser lembrado que aacessória da dívida principal. Seguem a sorte desta. Deve ser lembrado que a

relação de dependência dos juros surge quando do relação de dependência dos juros surge quando do nascimentonascimento da dívida. Isto da dívida. Isto

porque, excepcionalmente, após o surgimento da dívida os juros podemporque, excepcionalmente, após o surgimento da dívida os juros podem

autonomizar. É possível acontecer que a obrigação de juros destaque-se daautonomizar. É possível acontecer que a obrigação de juros destaque-se da

obrigação principal e tenha vida autônoma, mas seu nascimento é sempreobrigação principal e tenha vida autônoma, mas seu nascimento é sempre

acessório e assim será sua natureza. Tanto que se presumem pagos, quandoacessório e assim será sua natureza. Tanto que se presumem pagos, quando

na quitação de capital a eles não se faz ressalva(art. 944; novo 323) .na quitação de capital a eles não se faz ressalva(art. 944; novo 323) .

Ordinariamente, os juros são fixados em porcentagem. É da tradição. Podem,Ordinariamente, os juros são fixados em porcentagem. É da tradição. Podem,

porém, ser fixados em outra proporção. porém, ser fixados em outra proporção.

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>>>> De Plácido e SilvaDe Plácido e Silva – Vocabulário Jurídico – (Pág. 469) – – Vocabulário Jurídico – (Pág. 469) – Derivado deDerivado de jus jus,,

jurisjuris, originalmente era empregado na acepção do direito. Aplicado, originalmente era empregado na acepção do direito. Aplicado

notadamente no plural, juros quer exprimir propriamente os notadamente no plural, juros quer exprimir propriamente os interessesinteresses ou ou

lucroslucros que a pessoa tira da inversão de seus capitais ou dinheiro, ou que que a pessoa tira da inversão de seus capitais ou dinheiro, ou que

recebe do devedor, como paga ou compensação, pela demora no pagamentorecebe do devedor, como paga ou compensação, pela demora no pagamento

do que lhe é devido. Nesse sentido, pois, possui significado equivalente ado que lhe é devido. Nesse sentido, pois, possui significado equivalente a

ganhosganhos, , usurasusuras, , interessesinteresses, , lucroslucros.. Tecnicamente dizem-se dos Tecnicamente dizem-se dos frutos dofrutos do

capitalcapital, representando pelos, representando pelos proventos proventos ou ou resultadosresultados, que , que renderende ou ou produzproduz..

Os juros provêm de convenção ou são determinados por lei. E, assim, seOs juros provêm de convenção ou são determinados por lei. E, assim, se

dizem dizem convencionaisconvencionais ou ou legaislegais. . Na técnica do Direito, por vezes, os jurosNa técnica do Direito, por vezes, os juros

integram no sentido do dano, não para ser tido em seu conceito, mas para serintegram no sentido do dano, não para ser tido em seu conceito, mas para ser

parte dele. O dano se constitui, também pelo parte dele. O dano se constitui, também pelo prejuízoprejuízo decorrente da falta de decorrente da falta de

rendimento ou de frutos produzidos pelos bens ou pelos capitaisrendimento ou de frutos produzidos pelos bens ou pelos capitais. .

>>>> Feijó Coimbra Feijó Coimbra – Crédito Bancário – (Pág. 135) – – Crédito Bancário – (Pág. 135) – A atividade do banqueiroA atividade do banqueiro

é comercial, perseguindo o lucro. O proveito recolhido de seué comercial, perseguindo o lucro. O proveito recolhido de seu

empreendimentos lhe é assegurado pelos juros e as comissões que cobra,empreendimentos lhe é assegurado pelos juros e as comissões que cobra,

nas operações que realiza, segundo os serviços que presta(comissões) e osnas operações que realiza, segundo os serviços que presta(comissões) e os

contratos de concessão de crédito que celebra(JUROS). A diferença entrecontratos de concessão de crédito que celebra(JUROS). A diferença entre

juros e comissões é bem marcada pela índole das operações realizadas pelojuros e comissões é bem marcada pela índole das operações realizadas pelo

banqueiro, opondo-se a lei a que se cobrem, como comissões, aquilo que abanqueiro, opondo-se a lei a que se cobrem, como comissões, aquilo que a

uma prestação de serviço não corresponda. De fato, no art. 2º do Decretouma prestação de serviço não corresponda. De fato, no art. 2º do Decreto

22.626, de 1933, proíbe-se que, a pretexto de comissões, se exijam juros, em22.626, de 1933, proíbe-se que, a pretexto de comissões, se exijam juros, em

taxas superiores às que a lei admite, esclarecendo Pontes de Miranda: ‘O quetaxas superiores às que a lei admite, esclarecendo Pontes de Miranda: ‘O que

se veda é a dissimulação dos juros, que de ordinário se opera por meio dase veda é a dissimulação dos juros, que de ordinário se opera por meio da

exigência de prestação ao credor, prévia ou posterior, a título de serviçosexigência de prestação ao credor, prévia ou posterior, a título de serviços

prestados, pelo próprio credor, ou pela empresa, ou empregados ouprestados, pelo próprio credor, ou pela empresa, ou empregados ou

advogado.’advogado.’

4.6.2. Juros moratórios, Juros Compensatórios, Juros Contratuais e Juros Legais.4.6.2. Juros moratórios, Juros Compensatórios, Juros Contratuais e Juros Legais.

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i) i) juros contratuaisjuros contratuais – – representa a remuneração da obrigação representa a remuneração da obrigação

contratada, durante o tempo de vigência do contratocontratada, durante o tempo de vigência do contrato. (. (aguarda aguarda

comentário palestrantecomentário palestrante))

São os juros convencionados a título de remuneração pelo capitalSão os juros convencionados a título de remuneração pelo capital

emprestado. No sentido mais amplo é entendido como os juros instituídos ouemprestado. No sentido mais amplo é entendido como os juros instituídos ou

estabelecidos em um contrato, não somente enquanto vigente a obrigação,estabelecidos em um contrato, não somente enquanto vigente a obrigação,

como pelo não cumprimento dela, isto é, pelo seu retardamento. Dessacomo pelo não cumprimento dela, isto é, pelo seu retardamento. Dessa

forma, os juros moratórios, em regra legais, podem ser tambémforma, os juros moratórios, em regra legais, podem ser também

convencionados. Assim, o caráter dos juros convencionais está em viremconvencionados. Assim, o caráter dos juros convencionais está em virem

estipulados em contrato. E nesse particular, é que se usa expressõesestipulados em contrato. E nesse particular, é que se usa expressões

compensatórioscompensatórios e e moratóriosmoratórios para distingui-los: os primeiros, os que se para distingui-los: os primeiros, os que se

originam originam naturalmentenaturalmente como frutos do capital, pela decorrência do contrato; como frutos do capital, pela decorrência do contrato;

os segundos, devidos pelo retardamento no cumprimento da obrigação. Mas,os segundos, devidos pelo retardamento no cumprimento da obrigação. Mas,

o sentido de juros convencionais também não exclui a idéia de o sentido de juros convencionais também não exclui a idéia de legaislegais,,

determinada ou instituída por lei. Neste caso, os juros convencionais devr serdeterminada ou instituída por lei. Neste caso, os juros convencionais devr ser

estabelecidos segundo as regras legais para sua estipulação, pois que aestabelecidos segundo as regras legais para sua estipulação, pois que a

ninguém é lícito cobrar juros além da ninguém é lícito cobrar juros além da taxa legaltaxa legal. .

ii) ii) juros moratóriosjuros moratórios - É a penalidade pecuniária em face do não - É a penalidade pecuniária em face do não

cumprimento da obrigação na data aprazada.cumprimento da obrigação na data aprazada.

>>>> Sílvio de Salvo VenosaSílvio de Salvo Venosa – Direito Civil – Vol. II - (Pág. 160) – – Direito Civil – Vol. II - (Pág. 160) – Pelo art. 1062 Pelo art. 1062

do Código Civil de 1916, os juros de mora foram fixados em 6% ao ano, querdo Código Civil de 1916, os juros de mora foram fixados em 6% ao ano, quer

sejam moratórios, quer sejam compensatórios, sendo os primeiros devidossejam moratórios, quer sejam compensatórios, sendo os primeiros devidos

independentemente da prova de prejuízo do credor. Os juros convencionadosindependentemente da prova de prejuízo do credor. Os juros convencionados

podem ser de 12%. O novo Código Civil, em seu art. 406 verificamos que:podem ser de 12%. O novo Código Civil, em seu art. 406 verificamos que:

‘Quando os juros moratórios não forem‘Quando os juros moratórios não forem

convencionados, ou o forem sem taxa estipulada, ouconvencionados, ou o forem sem taxa estipulada, ou

quando provierem de determinação de lei, serãoquando provierem de determinação de lei, serão

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fixados segundo a taxa que estiver em vigor para afixados segundo a taxa que estiver em vigor para a

mora do pagamento de impostos devidos à Fazendamora do pagamento de impostos devidos à Fazenda

Nacional. ‘Nacional. ‘

>>>> Romualdo Wílson Cançado Romualdo Wílson Cançado – Juros, correção monetária - (Pág. 62) – – Juros, correção monetária - (Pág. 62) – 3.1. 3.1.

Enquanto os juros contratuais representam a contraprestação remuneratóriaEnquanto os juros contratuais representam a contraprestação remuneratória

da obrigação contratada, os juros compensatórios e os juros moratórios sãoda obrigação contratada, os juros compensatórios e os juros moratórios são

efeitos da obrigação. Dispõe o Código Civil, no art. 956 que ‘...responde oefeitos da obrigação. Dispõe o Código Civil, no art. 956 que ‘...responde o

devedor pelos prejuízos a que sua mora der causa...’, sem prejuízo das perdasdevedor pelos prejuízos a que sua mora der causa...’, sem prejuízo das perdas

e danos(art. 1056), correspondendo essas perdas e danos, nas obrigações dee danos(art. 1056), correspondendo essas perdas e danos, nas obrigações de

pagamento em dinheiro, aos juros de mora e custas, afora a penapagamento em dinheiro, aos juros de mora e custas, afora a pena

convencional(art. 1061). Os juros moratórios foram fixados em seis por centoconvencional(art. 1061). Os juros moratórios foram fixados em seis por cento

ao ano(art. 1061), quando não convencionados(art. 1062). Têm o mesmoao ano(art. 1061), quando não convencionados(art. 1062). Têm o mesmo

percentual os devidos por força de Lei, ou quando as partes ospercentual os devidos por força de Lei, ou quando as partes os

convencionarem sem taxa estipulada(art. 1063). Os juros de mora são sempreconvencionarem sem taxa estipulada(art. 1063). Os juros de mora são sempre

contados, mesmo que não se alegue prejuízo(art. 1064), não havendocontados, mesmo que não se alegue prejuízo(art. 1064), não havendo

distinção matemática entre juros compensatórios e moratórios, no que dizdistinção matemática entre juros compensatórios e moratórios, no que diz

respeito à periodicidade de capitalização. 3.2. A chamada Lei derespeito à periodicidade de capitalização. 3.2. A chamada Lei de

Usura(Decreto nº 22.626, de 07/04/33), dispondo “...Usura(Decreto nº 22.626, de 07/04/33), dispondo “...sobre juros nossobre juros nos

contratoscontratos...’ vedou a estipulação de juros superiores ao dobro da taxa...’ vedou a estipulação de juros superiores ao dobro da taxa

legal(art. 1º), prevalecendo a taxa legal se não ajustados(art. 3º), proibindo-selegal(art. 1º), prevalecendo a taxa legal se não ajustados(art. 3º), proibindo-se

“...“...contar juros dos juroscontar juros dos juros” salvo ‘...” salvo ‘...a acumulação de juros vencidos aosa acumulação de juros vencidos aos

saldos líquidos em conta corrente de ano a anosaldos líquidos em conta corrente de ano a ano.” Admitiu contudo que, pela.” Admitiu contudo que, pela

mora dos juros contratados, fossem eles elevados de 1% e não mais(art. 5º).mora dos juros contratados, fossem eles elevados de 1% e não mais(art. 5º).

Após a Lei da Usura, veio a Lei da Reforma Bancária(Lei nº 4.595, de 31/12/64),Após a Lei da Usura, veio a Lei da Reforma Bancária(Lei nº 4.595, de 31/12/64),

determinando que as taxas de juros e encargos cobrados pelas instituiçõesdeterminando que as taxas de juros e encargos cobrados pelas instituições

financeiras fossem fixadas pelo Conselho Monetário Nacional(arts. 4º, VI, IX efinanceiras fossem fixadas pelo Conselho Monetário Nacional(arts. 4º, VI, IX e

XVII, c/c arts. 17 e 18 da referida Lei). Com isso, na prática ficou revogada aXVII, c/c arts. 17 e 18 da referida Lei). Com isso, na prática ficou revogada a

Lei da Usura para as instituições financeiras. Passou a ser da competência doLei da Usura para as instituições financeiras. Passou a ser da competência do

Conselho Monetário Nacional qualquer deliberação sobre contingenciamentoConselho Monetário Nacional qualquer deliberação sobre contingenciamento

ou liberação das taxas de juros praticadas pelo sistema financeiro nacional,ou liberação das taxas de juros praticadas pelo sistema financeiro nacional,

assim como sobre extensão e amplitude dos encargos aludidos nos arts. 956assim como sobre extensão e amplitude dos encargos aludidos nos arts. 956

e 1056 do Código Civil. Esses dispositivos responsabilizam o devedor morose 1056 do Código Civil. Esses dispositivos responsabilizam o devedor moros

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pelos prejuízos a que sua mora der causa, e o inadimplente por perdas epelos prejuízos a que sua mora der causa, e o inadimplente por perdas e

danos, sendo tais encargos habitualmente representados pelos jurosdanos, sendo tais encargos habitualmente representados pelos juros

compensatórios e moratórios. Enquanto isso, os demais agentes econômicoscompensatórios e moratórios. Enquanto isso, os demais agentes econômicos

continuaram restringidos pela Lei da Usura. continuaram restringidos pela Lei da Usura.

>>>> Celso Marcelo de OliveiraCelso Marcelo de Oliveira – Limite Constitucional dos Juros Bancários – – Limite Constitucional dos Juros Bancários –

(Pág. 217) – (Pág. 217) – Os juros moratórios podem ser legais ou convencionais. Os juros moratórios podem ser legais ou convencionais.

>>>> Romualdo Wílson Cançado Romualdo Wílson Cançado – Juros, correção monetária - (Pág. 66) – – Juros, correção monetária - (Pág. 66) – 4.10. 4.10.

Em termos jurisprudenciais, desse conjunto de fatores nasceu a súmula nºEm termos jurisprudenciais, desse conjunto de fatores nasceu a súmula nº

596/STF, a qual, em face das disposições já mencionadas da Lei 4.595/64,596/STF, a qual, em face das disposições já mencionadas da Lei 4.595/64,

reconheceu que: ‘As disposições do Decreto nº 22.626/33 não se aplicam àsreconheceu que: ‘As disposições do Decreto nº 22.626/33 não se aplicam às

taxas de juros e aos outros encargos cobrados nas operações realizadas portaxas de juros e aos outros encargos cobrados nas operações realizadas por

instituições públicas ou privadas que integram o sistema financeiro nacional.’instituições públicas ou privadas que integram o sistema financeiro nacional.’

Nessas condições, a Lei de Usura continuou incidindo onde não deveriaNessas condições, a Lei de Usura continuou incidindo onde não deveria

incidir, se tivesse sido atendida a vontade do legislador. Continuou sendoincidir, se tivesse sido atendida a vontade do legislador. Continuou sendo

aplicada só nos contratos celebrados entre os não-destinatários dasaplicada só nos contratos celebrados entre os não-destinatários das

restrições contidas na referida lei, perpetuando um privilégio e uma injustiça,restrições contidas na referida lei, perpetuando um privilégio e uma injustiça,

e isso tanto para os juros contratuais como para os juros compensatórios ee isso tanto para os juros contratuais como para os juros compensatórios e

moratórios. moratórios.

SÚMULA 188 do STJ – “Os juros moratórios, na repetição de indébito, sãoSÚMULA 188 do STJ – “Os juros moratórios, na repetição de indébito, são

devidos a partir do trânsito em julgado da sentença.”devidos a partir do trânsito em julgado da sentença.”

“Não é nula a cláusula contratual, em mútuo bancário, que determina a“Não é nula a cláusula contratual, em mútuo bancário, que determina a

cobrança de comissão de permanência em substituição aos encargoscobrança de comissão de permanência em substituição aos encargos

contratuais do período de ´normalidade´, desde que não cumulada, durante ocontratuais do período de ´normalidade´, desde que não cumulada, durante o

período de sua incidência, com a correção monetária, nos termos da Súmulaperíodo de sua incidência, com a correção monetária, nos termos da Súmula

n. 30/STJ. Ainda, segundo a interativa Jurisprudência desta Corten. 30/STJ. Ainda, segundo a interativa Jurisprudência desta Corte

Superior(AGA 296.516, Rel. Ministra Nancy Andrigui, DJ de 05-02-2001, REspSuperior(AGA 296.516, Rel. Ministra Nancy Andrigui, DJ de 05-02-2001, REsp

176833/MG, Rel Min. Aldir Passarinho Júnior, DJ 22/05/2000; REsp 248691/RS,176833/MG, Rel Min. Aldir Passarinho Júnior, DJ 22/05/2000; REsp 248691/RS,

idem, DJ 11/09/2000; REsp 174181/MG, Rel. Min. Sálvio de Figueiredoidem, DJ 11/09/2000; REsp 174181/MG, Rel. Min. Sálvio de Figueiredo

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Teixeira, DJ 15/03/1999; REsp 200252/SP, Rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar, DJTeixeira, DJ 15/03/1999; REsp 200252/SP, Rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar, DJ

24/05/1999; REsp 263567, idem, DJ de 07/05/2001, são inacumuláveis a24/05/1999; REsp 263567, idem, DJ de 07/05/2001, são inacumuláveis a

comissão de permanência, correção monetária e a multa contratual(esta porcomissão de permanência, correção monetária e a multa contratual(esta por

disposição da disposição da Resolução nº 1.129/86Resolução nº 1.129/86, do CMN: “, do CMN: “II – Além dos encargosII – Além dos encargos

previstos no item anterior – juros de mora e comissão de permanência -, nãoprevistos no item anterior – juros de mora e comissão de permanência -, não

será permitida a cobrança de quaisquer outras quantias pelo atraso noserá permitida a cobrança de quaisquer outras quantias pelo atraso no

pagamento dos débitos vencidos.pagamento dos débitos vencidos. “ “

iii) iii) juros compensatóriosjuros compensatórios – – também denominado pelotambém denominado pelo

mercado financeiro de mercado financeiro de comissão de permanênciacomissão de permanência, que se, que se

traduz pela faculdade concedida ao banco, de cobrar umatraduz pela faculdade concedida ao banco, de cobrar uma

remuneração pelo capital retido pelo mutuário remuneração pelo capital retido pelo mutuário após oapós o

vencimento da obrigaçãovencimento da obrigação, tendo como base a taxa, tendo como base a taxa

contratual avençada ou a taxa do dia marcado para ocontratual avençada ou a taxa do dia marcado para o

pagamento(pagamento(Resolução nº 1.129 do BACEN e art. 4º, IX daResolução nº 1.129 do BACEN e art. 4º, IX da

Lei nº 4.595/64Lei nº 4.595/64))

>>>> Romualdo Wílson Cançado Romualdo Wílson Cançado – Juros, correção monetária - (Pág. 68-70) – – Juros, correção monetária - (Pág. 68-70) – É É

certo que, nas dívidas de dinheiro, as perdas e danos consistem nos juros decerto que, nas dívidas de dinheiro, as perdas e danos consistem nos juros de

mora(CC, art. 1061). Isso, porém, não exclui o dever de manter a rentabilidademora(CC, art. 1061). Isso, porém, não exclui o dever de manter a rentabilidade

convencional a par da indenização moratória. Ou seja, a incidência dos jurosconvencional a par da indenização moratória. Ou seja, a incidência dos juros

da mora representa a sanção pelo retardamento culposo no reembolso dada mora representa a sanção pelo retardamento culposo no reembolso da

soma mutuada, o que não impede a exigibilidade, durante o mesmo lapso, dasoma mutuada, o que não impede a exigibilidade, durante o mesmo lapso, da

taxa remuneratória que se ajustou para o mútuo. Do contrário, ter-se-ia umtaxa remuneratória que se ajustou para o mútuo. Do contrário, ter-se-ia um

verdadeiro locuplemento ilícito, toda vez que a taxa remuneratória fosse maiorverdadeiro locuplemento ilícito, toda vez que a taxa remuneratória fosse maior

que a taxa legal da mora. Todo mutuário se prevaleceria do descumprimentoque a taxa legal da mora. Todo mutuário se prevaleceria do descumprimento

pontual da obrigação para continuar a usufruir do capital do mutuantepontual da obrigação para continuar a usufruir do capital do mutuante

mediante a taxa de juros inferior à pactuada negocialmente. Foi justamentemediante a taxa de juros inferior à pactuada negocialmente. Foi justamente

por isso que a praxe bancária criou, em favor da instituições financeiras, apor isso que a praxe bancária criou, em favor da instituições financeiras, a

chamada ‘comissão de permanência’, que nada mais é do que a manutençãochamada ‘comissão de permanência’, que nada mais é do que a manutenção

2626

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da taxa convencional de juros, mesmo após o vencimento da operação deda taxa convencional de juros, mesmo após o vencimento da operação de

desconto ou de mútuo, tudo sem prejuízo da sanção específica da mora(jurosdesconto ou de mútuo, tudo sem prejuízo da sanção específica da mora(juros

moratórios). (...) Daí que os juros moratórios não sunstituem nem excluem osmoratórios). (...) Daí que os juros moratórios não sunstituem nem excluem os

juros compensatórios. Ao contrário, a eles se somam. É, ainda, o magistériojuros compensatórios. Ao contrário, a eles se somam. É, ainda, o magistério

de Pontes de Miranda que coloca as coisas em seus devidos lugares: ‘... Osde Pontes de Miranda que coloca as coisas em seus devidos lugares: ‘... Os

juros compensatórios, esses, são juros que independem da mora e decorremjuros compensatórios, esses, são juros que independem da mora e decorrem

antes dela, ou depois dela, sem que a mora os altere.antes dela, ou depois dela, sem que a mora os altere.

Os juros compensatórios do mútuo em dinheiro, portanto, continuam a correrOs juros compensatórios do mútuo em dinheiro, portanto, continuam a correr

contra o mutuário, enquanto não cessar seu inadimplemento, poucocontra o mutuário, enquanto não cessar seu inadimplemento, pouco

importando que, pelo retardamento, esteja sujeito também aos jurosimportando que, pelo retardamento, esteja sujeito também aos juros

específicos da mora. específicos da mora.

Os juros que ele continuará pagando são os Os juros que ele continuará pagando são os convencionaisconvencionais, oriundos do, oriundos do

contrato, e não os contrato, e não os moratóriosmoratórios, provenientes da infração. E se ele continua a, provenientes da infração. E se ele continua a

dever os juros convencionais, isso não se deve à sua mora, e sim à dever os juros convencionais, isso não se deve à sua mora, e sim à retençãoretenção

do capital alheiodo capital alheio. Por isso o art. 976 usa da locução juros da dívida. . Por isso o art. 976 usa da locução juros da dívida.

(...) Por outro lado, o pagamento desse saldo de capital haverá de incluir não(...) Por outro lado, o pagamento desse saldo de capital haverá de incluir não

apenas os juros moratórios, mas também os juros compensatórios queapenas os juros moratórios, mas também os juros compensatórios que

representam a remuneração do uso do capital mutuado, pelo devedor, duranterepresentam a remuneração do uso do capital mutuado, pelo devedor, durante

o tempo da retenção indevida da questionada parcela. o tempo da retenção indevida da questionada parcela.

(...) Se os juros correntes não devessem ser pagos, o devedor ficaria, depois(...) Se os juros correntes não devessem ser pagos, o devedor ficaria, depois

de vencida a dívida, em melhor posição do que estava antes do vencimento, ode vencida a dívida, em melhor posição do que estava antes do vencimento, o

que não é compreensível. Desde que há estipulação de juros, os jurosque não é compreensível. Desde que há estipulação de juros, os juros

estipulados correm até o efetivo reembolso. estipulados correm até o efetivo reembolso.

A precisão desse conceito presta-se à aplicação analógica, pois qualquerA precisão desse conceito presta-se à aplicação analógica, pois qualquer

usuário que esteja se utilizando remuneradamente do bem alheio(caso, porusuário que esteja se utilizando remuneradamente do bem alheio(caso, por

exemplo, de aluguel de imóvel ou de veículo), e que dele continue a usufruirexemplo, de aluguel de imóvel ou de veículo), e que dele continue a usufruir

ilicitamente, após vencido o prazo contratual, sem pagar a remuneraçãoilicitamente, após vencido o prazo contratual, sem pagar a remuneração

convencionada(o preço da locação, em ambos os exemplos), estará emconvencionada(o preço da locação, em ambos os exemplos), estará em

melhor posição do que estava quando legitimamente se utilizava do mesmomelhor posição do que estava quando legitimamente se utilizava do mesmo

bem(pois então pagava alugueres) e isso não é compreensível. bem(pois então pagava alugueres) e isso não é compreensível.

(..) Já fizemos sentir que a obrigação de pagamento de juros só cessa com a(..) Já fizemos sentir que a obrigação de pagamento de juros só cessa com a

extinção da obrigação principal, de forma que, vencida a dívida, embora nãoextinção da obrigação principal, de forma que, vencida a dívida, embora não

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exigida, continua o devedor obrigado a pagar os juros convencionados. Essaexigida, continua o devedor obrigado a pagar os juros convencionados. Essa

sua obrigação não se extingue com o vencimento da obrigação. sua obrigação não se extingue com o vencimento da obrigação.

=>=> =>=> ENTRETANTO ENCONTRAMOS JULGADOS EM SENTIDO CONTRÁRIO =ENTRETANTO ENCONTRAMOS JULGADOS EM SENTIDO CONTRÁRIO =

a) O que é comissão: A Lei Federal nº 4.595, de 31.12.64 não criou ‘comissãoa) O que é comissão: A Lei Federal nº 4.595, de 31.12.64 não criou ‘comissão

de permanência’(art. 4º, IX). O Conselho Monetário Nacional podia limitarde permanência’(art. 4º, IX). O Conselho Monetário Nacional podia limitar

juros, descontos, juros, descontos, comissõescomissões e outras formas de remuneração de operações e e outras formas de remuneração de operações e

serviços bancários. É oportuno aqui, pela matéria discutida, examinar-se oserviços bancários. É oportuno aqui, pela matéria discutida, examinar-se o

que seja o posto em lei: ‘comissão’.que seja o posto em lei: ‘comissão’.

Não foi criação da lei. Comissão é o pagamento que sempre se fez aoNão foi criação da lei. Comissão é o pagamento que sempre se fez ao

comissionário(termo melhor que ‘comissário’ como Pontes de Mirandacomissionário(termo melhor que ‘comissário’ como Pontes de Miranda

demonstra em dados históricos), no contrato de comissão mercantil, ou civil.demonstra em dados históricos), no contrato de comissão mercantil, ou civil.

Na espécie Na espécie teríamosteríamos contrato de comissão mercantil porque ao menos o contrato de comissão mercantil porque ao menos o

comissionário é comerciante(comércio bancário) – CCom, art. 165. O objetocomissionário é comerciante(comércio bancário) – CCom, art. 165. O objeto

econômico desse contrato pode ser fundos(art. 180), inclusive quandoeconômico desse contrato pode ser fundos(art. 180), inclusive quando

celebrado com bancos: por vezes eles recebem dinheiro do cliente parcelebrado com bancos: por vezes eles recebem dinheiro do cliente par

formação de fundos comuns, ou para compra de ouro, ou para aplicação emformação de fundos comuns, ou para compra de ouro, ou para aplicação em

overnight. Trabalha com bens do comitente e tem então direito a umaovernight. Trabalha com bens do comitente e tem então direito a uma

porcentagem – a comissão. (..) O comissionário recebe bens doporcentagem – a comissão. (..) O comissionário recebe bens do

cliente(comitente) para negociar em próprio nome com eles. Tal é o caso decliente(comitente) para negociar em próprio nome com eles. Tal é o caso de

aplicação de dinheiro em fundo de ações, ou empréstimo overnight. aplicação de dinheiro em fundo de ações, ou empréstimo overnight.

b) o que é comissão de permanência? = Diz-se que a sede legal dela seria ab) o que é comissão de permanência? = Diz-se que a sede legal dela seria a

mesma regra do art. 4º, IX da Lei nº 4.595/64, além do art. 9º dessa mesma lei.mesma regra do art. 4º, IX da Lei nº 4.595/64, além do art. 9º dessa mesma lei.

(..) Ora, se a lei não fala em ‘comissão de permanência’, mas em (..) Ora, se a lei não fala em ‘comissão de permanência’, mas em comissãocomissão..

Somente pode ser, portanto, o sentido do direito tradicional. Somente pode ser, portanto, o sentido do direito tradicional.

Em nenhum caso se vê na doutrina justificação de paga ou remuneração porEm nenhum caso se vê na doutrina justificação de paga ou remuneração por

Banco estar à espera do cliente inadimplente, enquanto não solve o devidoBanco estar à espera do cliente inadimplente, enquanto não solve o devido

por contrato de mútuo. (..) Cobra-se a chamada ‘comissão de permanência’por contrato de mútuo. (..) Cobra-se a chamada ‘comissão de permanência’

porque o banco credor está esperando que o mutuário devedor lhe pague !porque o banco credor está esperando que o mutuário devedor lhe pague !

Ora, pelo passar do tempo tem ele a seu favor a correção monetária plena eOra, pelo passar do tempo tem ele a seu favor a correção monetária plena e

juros. Pela inadimplência(e os cuidados necessários a preparação dajuros. Pela inadimplência(e os cuidados necessários a preparação da

cobrança judicial), já há a estipulação de multa. De outro lado – como dito –cobrança judicial), já há a estipulação de multa. De outro lado – como dito –

nada recebeu o banco do mutuário para fim de alienação, ou outro tipo denada recebeu o banco do mutuário para fim de alienação, ou outro tipo de

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aplicação ou investimento, que justifique o pagamento de ‘comissão’. Pelaaplicação ou investimento, que justifique o pagamento de ‘comissão’. Pela

permanênciapermanência do dinheiro com o cliente, sem paga do título correspondente, já do dinheiro com o cliente, sem paga do título correspondente, já

se estipularam verbas a que correspondem causas econômicas reais: multa ese estipularam verbas a que correspondem causas econômicas reais: multa e

juros. Contra inflação já há a correção monetária. Logo, o que se denominoujuros. Contra inflação já há a correção monetária. Logo, o que se denominou

‘comissão de permanência’ não tem causa. (..) Já então regra jurídica nova‘comissão de permanência’ não tem causa. (..) Já então regra jurídica nova

sobre direito comercial somente a podia editar a União. Instituição somentesobre direito comercial somente a podia editar a União. Instituição somente

por meio de lei(legislar sobre...). por meio de lei(legislar sobre...).

iv) iv) Juros legaisJuros legais - - Tem a conotação dos juros que, embora nãoTem a conotação dos juros que, embora não

fixados contratualmente, podem ser exigidos por força legalfixados contratualmente, podem ser exigidos por força legal..

((aguarda comentário palestranteaguarda comentário palestrante))

>>>> De Plácido e SilvaDe Plácido e Silva – Vocabulário Jurídico – (Pág. 469) – – Vocabulário Jurídico – (Pág. 469) – Em regra, os Em regra, os jurosjuros

moratóriosmoratórios são legais, pois que a exigência deles decorre de norma jurídica. são legais, pois que a exigência deles decorre de norma jurídica.

Restritamente, no entanto, é a denominação aplicada para designar a Restritamente, no entanto, é a denominação aplicada para designar a taxa detaxa de

jurosjuros autorizada por lei. Assim sendo, em sentido amplo, juros legais autorizada por lei. Assim sendo, em sentido amplo, juros legais

entendem-se os que possam ser exigidos legalmente, seja a respeito doentendem-se os que possam ser exigidos legalmente, seja a respeito do

direito que assiste ao credor para exigi-los, seja relativamente à taxa, que osdireito que assiste ao credor para exigi-los, seja relativamente à taxa, que os

deve determinar. deve determinar.

4.6.2.1. Prescrição na cobrança dos juros(CC, art. 178, § 10, III)4.6.2.1. Prescrição na cobrança dos juros(CC, art. 178, § 10, III)

>>>> Celso Marcelo de OliveiraCelso Marcelo de Oliveira – Limite Constitucional... – (Pág. 292) – – Limite Constitucional... – (Pág. 292) – As pretensões de jurosAs pretensões de juros

prescrevem no prazo de cinco anos, conforme o art. 178, § 10, III do Código Civil ... III – Osprescrevem no prazo de cinco anos, conforme o art. 178, § 10, III do Código Civil ... III – Os

juros, ou quais outras prestações acessórias pagáveis anualmente, ou em períodos maisjuros, ou quais outras prestações acessórias pagáveis anualmente, ou em períodos mais

curtos.” A não ser que em virtude do disposto no art. 167 daquele mesmo diploma legal elascurtos.” A não ser que em virtude do disposto no art. 167 daquele mesmo diploma legal elas

já se encontrem prescritas, pois: ‘Com o principal prescrevem os direitos acessórios.’(art.já se encontrem prescritas, pois: ‘Com o principal prescrevem os direitos acessórios.’(art.

167 do Código Civil). Neste sentido, temos o art. 1062 do Código Civil brasileiro em que ‘a167 do Código Civil). Neste sentido, temos o art. 1062 do Código Civil brasileiro em que ‘a

taxa de juros moratórios, quando não convencionada(art. 1262), será de seis por cento aotaxa de juros moratórios, quando não convencionada(art. 1262), será de seis por cento ao

ano.’ Segundo Câmara Legal, são as seguintes condições para a prescrição qüinqüenal deano.’ Segundo Câmara Legal, são as seguintes condições para a prescrição qüinqüenal de

juros: ‘a) que a dívida seja proveniente de juros ou de outra obrigação acessória da principal;juros: ‘a) que a dívida seja proveniente de juros ou de outra obrigação acessória da principal;

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b) que seja pagável em prestações periódicas; c) que o período de cada prestação seja igualb) que seja pagável em prestações periódicas; c) que o período de cada prestação seja igual

ou inferior a um ano; d) que a prestação esteja vencida.’ou inferior a um ano; d) que a prestação esteja vencida.’

4.6.3. Correção Monetária4.6.3. Correção Monetária

Definição – Definição – É a recomposição do valor, o qual aviltadoÉ a recomposição do valor, o qual aviltado

pela inflação, traduzindo-se por uma nova expressão monetária, a qualpela inflação, traduzindo-se por uma nova expressão monetária, a qual

medida por índices de preços. Nada se acrescenta, pois, mas tão-somentemedida por índices de preços. Nada se acrescenta, pois, mas tão-somente

recebe-se o que é devido, em forma atualizada.recebe-se o que é devido, em forma atualizada.

Vejam, também, Lei Federal nº 6.205, de 29.04.75 e nº 6.899, deVejam, também, Lei Federal nº 6.205, de 29.04.75 e nº 6.899, de

08.04.81(débitos judicias)08.04.81(débitos judicias)

>>>> Celso Marcelo de OliveiraCelso Marcelo de Oliveira – Limite Constitucional... – (Pág. 198) – – Limite Constitucional... – (Pág. 198) – A correção monetária éA correção monetária é

um instituto que visa a preservar o valor do dinheiro. Este mecanismo opera através daum instituto que visa a preservar o valor do dinheiro. Este mecanismo opera através da

incidência do índice de desvalorização sobre o montante anterior, de maneira sucessiva,incidência do índice de desvalorização sobre o montante anterior, de maneira sucessiva,

mantendo-se desta forma, o poder aquisitivo da moeda. Será sobre o montante atualizadomantendo-se desta forma, o poder aquisitivo da moeda. Será sobre o montante atualizado

pelo índice de correção monetária como uma norma de ordem pública incidente e que opelo índice de correção monetária como uma norma de ordem pública incidente e que o

Ministro Ruy Rosado de Aguiar delimita, tendo em substituição do indexador financeiro daMinistro Ruy Rosado de Aguiar delimita, tendo em substituição do indexador financeiro da

taxa referencial pelo INPC. taxa referencial pelo INPC.

Seguindo conceituação adotada pelo Ministro Moreira Alves do Supremo Tribunal Federal, aSeguindo conceituação adotada pelo Ministro Moreira Alves do Supremo Tribunal Federal, a

correção monetária ‘é um número índice que traduz, o mais aproximadamente possível, acorreção monetária ‘é um número índice que traduz, o mais aproximadamente possível, a

perda do valor de troca da moeda, mediante a comparação, entre os extremos deperda do valor de troca da moeda, mediante a comparação, entre os extremos de

determinado período, da variação do preço de certo bens(mercadorias, serviços, salários,determinado período, da variação do preço de certo bens(mercadorias, serviços, salários,

etc) para revisão do pagamento das obrigações que deverá ser feita na medida dessaetc) para revisão do pagamento das obrigações que deverá ser feita na medida dessa

variação. (...)variação. (...)

Chegamos à percepção literal de que o reajuste periódico em que se elementiza a correçãoChegamos à percepção literal de que o reajuste periódico em que se elementiza a correção

monetária(no plano das normas constitucionais permanentes) é instrumento de preservaçãomonetária(no plano das normas constitucionais permanentes) é instrumento de preservação

do valor real de um determinado bem... Esse valor real a preservar é sinônimo de poder dedo valor real de um determinado bem... Esse valor real a preservar é sinônimo de poder de

compra ou ‘poder aquisitivo’, tal como visto na redação do inciso IV do art. 7º dacompra ou ‘poder aquisitivo’, tal como visto na redação do inciso IV do art. 7º da

Constituição Federal, atinente ao instituto do salário mínimo. E se se coloca assim na tela daConstituição Federal, atinente ao instituto do salário mínimo. E se se coloca assim na tela da

Constituição a imagem de poder aquisitivo a resguardar, é porque a expressão fianceira doConstituição a imagem de poder aquisitivo a resguardar, é porque a expressão fianceira do

bem juridiciamente protegido passa a experimentar, com o tempo, uma deteriorização oubem juridiciamente protegido passa a experimentar, com o tempo, uma deteriorização ou

perda de substância, por efeito, obviamente, do fato econômico genérico a que se dá o nomeperda de substância, por efeito, obviamente, do fato econômico genérico a que se dá o nome

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de inflação. De fato, a ocorrência da inflação é coisa que se faz sentir, ao menos no cotidianode inflação. De fato, a ocorrência da inflação é coisa que se faz sentir, ao menos no cotidiano

brasileiro, pela desvalorização da moeda. E com tal desvalorização, os credores dasbrasileiro, pela desvalorização da moeda. E com tal desvalorização, os credores das

prestações obrigacionais em dinheiro(são o alvo deste escrito) já não podem adquirir o queprestações obrigacionais em dinheiro(são o alvo deste escrito) já não podem adquirir o que

antes adquiriam. O valor nominal, ou valor impresso da moeda já corresponde ao originárioantes adquiriam. O valor nominal, ou valor impresso da moeda já corresponde ao originário

valor real que ela possuía, e para a eliminação desse descompasso(defasagem) entre umvalor real que ela possuía, e para a eliminação desse descompasso(defasagem) entre um

valor nominal que se mantém inalterado e um valor real que se deprecia (...) é que temvalor nominal que se mantém inalterado e um valor real que se deprecia (...) é que tem

específica prestimosidade a correção monetária. Nota-se que a correção monetária seespecífica prestimosidade a correção monetária. Nota-se que a correção monetária se

caracteriza, operacionalmente, pela citada aptidão para manter um equilíbrio econômico-caracteriza, operacionalmente, pela citada aptidão para manter um equilíbrio econômico-

financeiro entre sujeitos jurídicos. E falar de equilíbrio econômico-financeiro entre partesfinanceiro entre sujeitos jurídicos. E falar de equilíbrio econômico-financeiro entre partes

jurídicas é, simplesmente, manter as respectivas pretensões ou os respectivos interesses dojurídicas é, simplesmente, manter as respectivas pretensões ou os respectivos interesses do

estado em que primitivamente se encontravam.’estado em que primitivamente se encontravam.’

3.3. LEGISLAÇAO APLICÁVEL – Foi a Lei nº 4.357/64 que introduziu o mecanismo da3.3. LEGISLAÇAO APLICÁVEL – Foi a Lei nº 4.357/64 que introduziu o mecanismo da

correção monetária, criando a Obrigação Reajustável do Tesouro Nacional – ORTN, com acorreção monetária, criando a Obrigação Reajustável do Tesouro Nacional – ORTN, com a

incumbência de manter o valor monetário das dívidas fiscais e previdenciárias para que oincumbência de manter o valor monetário das dívidas fiscais e previdenciárias para que o

devedor não retardasse, propositadamente, o pagamento de suas dívidas, com a intenção dedevedor não retardasse, propositadamente, o pagamento de suas dívidas, com a intenção de

vê-las consumidas pela infração. A partir da Lei 4.357/64, o ordenamento jurídico abarcouvê-las consumidas pela infração. A partir da Lei 4.357/64, o ordenamento jurídico abarcou

vários dispositivos legais que se dispunham a tratar da correção monetária de valores devários dispositivos legais que se dispunham a tratar da correção monetária de valores de

diversas naturezas, 31 entre eles a Lei nº 5.670/71, que dispôs sobre o cálculo da correçãodiversas naturezas, 31 entre eles a Lei nº 5.670/71, que dispôs sobre o cálculo da correção

monetária, e a Lei nº 6.423/77, que estabelecia base para correção monetária. monetária, e a Lei nº 6.423/77, que estabelecia base para correção monetária.

4.6.3.1. Não possibilidade de cumulação de correção monetária e comissão4.6.3.1. Não possibilidade de cumulação de correção monetária e comissão

de permanência(Súmula 30 do STJ)de permanência(Súmula 30 do STJ)

“A COMISSÃO DE PERMANENCIA E A CORREÇÃO MONETARIA SÃO INACUMULAVEIS”“A COMISSÃO DE PERMANENCIA E A CORREÇÃO MONETARIA SÃO INACUMULAVEIS”

“O acórdão, na apelação, reconheceu a aplicação da multa contratual, estabelecida no pacto“O acórdão, na apelação, reconheceu a aplicação da multa contratual, estabelecida no pacto

adjeto, mas não admitiu a cobrança de comissão de permanência, juntamente coma correçãoadjeto, mas não admitiu a cobrança de comissão de permanência, juntamente coma correção

monetária, ainda que também pactuada, sob o fundamento de que são inacumuláveis, pormonetária, ainda que também pactuada, sob o fundamento de que são inacumuláveis, por

destinadas à mesma atualização dos valores mutuados.destinadas à mesma atualização dos valores mutuados.

Tenho que as instituições financeiras são livres dos limites da velha Lei de Usura, que,Tenho que as instituições financeiras são livres dos limites da velha Lei de Usura, que,

segundo Súmula 596 do Supremo Tribunal Federal se acha revogada, pela superveniência dasegundo Súmula 596 do Supremo Tribunal Federal se acha revogada, pela superveniência da

Lei 4.595, de 31 de dezembro de 1964, restando ao Conselho Monetário Nacional, Lei 4.595, de 31 de dezembro de 1964, restando ao Conselho Monetário Nacional, porpor

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delegação da mesma leidelegação da mesma lei, fixar as taxas de juros máximas incidentes nas operações, tendo em, fixar as taxas de juros máximas incidentes nas operações, tendo em

vista a necessidade de manter o equilíbrio entre os figurantes. vista a necessidade de manter o equilíbrio entre os figurantes.

No caso em exame, cobrando-se dívida representada por nota promissória, tenho que asNo caso em exame, cobrando-se dívida representada por nota promissória, tenho que as

taxas de juros fixadas pelo Conselho Monetário Nacional incidem, cumulativamente, com ataxas de juros fixadas pelo Conselho Monetário Nacional incidem, cumulativamente, com a

correção monetária da 6.599, de 08 de abril de 1981, por que têm fundamento diversos,correção monetária da 6.599, de 08 de abril de 1981, por que têm fundamento diversos,

remuneratória, a primeira, e atualizatória, a segunda. remuneratória, a primeira, e atualizatória, a segunda.

Apresenta-se, deste modo, a meu sentir, Apresenta-se, deste modo, a meu sentir, como irrelevante de que na taxa de juros fixada pelocomo irrelevante de que na taxa de juros fixada pelo

Conselho Monetário Nacional estaria embutida correção monetáriaConselho Monetário Nacional estaria embutida correção monetária, ..., ...

Sustenta o relator a acumulabilidade da comissão de permanência, que entende de ‘caráterSustenta o relator a acumulabilidade da comissão de permanência, que entende de ‘caráter

remuneratório do capital mutuado, com a correção monetária, que apenas expressa emremuneratório do capital mutuado, com a correção monetária, que apenas expressa em

números atuais o mesmo valor contratado. ‘números atuais o mesmo valor contratado. ‘

Todavia, não menos certo que Todavia, não menos certo que com freqüênciacom freqüência os estabelecimentos creditícios, no cálculo da os estabelecimentos creditícios, no cálculo da

comissão de permanência já incluem as variações das ORTNs, OTNs, ou qualquer doscomissão de permanência já incluem as variações das ORTNs, OTNs, ou qualquer dos

sucessivos índices indexadores vinculados à espiral inflacionária; e, em assim procedendo,sucessivos índices indexadores vinculados à espiral inflacionária; e, em assim procedendo,

incluemincluem a correção monetária na própria comissão de permanência. Em tais condições, a correção monetária na própria comissão de permanência. Em tais condições,

cumular a comissão de permanência e a correção monetária será propiciar uma cumular a comissão de permanência e a correção monetária será propiciar uma dupladupla

atualização da moeda, uma bis in idem inadmissível e sem causa. atualização da moeda, uma bis in idem inadmissível e sem causa. Portanto, não admissível aPortanto, não admissível a

cumulação da correção monetária com a comissão de permanência, quando está já incluacumulação da correção monetária com a comissão de permanência, quando está já inclua

parcela compensatória da desvalorização da moeda, como soe a acontecer. parcela compensatória da desvalorização da moeda, como soe a acontecer. O ônus deO ônus de

comprovar, caso a caso, que é possível a cumulação, deve recair sobre o estabelecimentocomprovar, caso a caso, que é possível a cumulação, deve recair sobre o estabelecimento

credor, que tem à mãos os elementos contábeis e a própria experiência para efetivar oscredor, que tem à mãos os elementos contábeis e a própria experiência para efetivar os

respectivos cálculos, e assim demonstrar a não ocorrência do condenado respectivos cálculos, e assim demonstrar a não ocorrência do condenado bis in idembis in idem. .

‘A criação da chamada ‘comissão de permanência’, cobrada pelas instituições financeiras em‘A criação da chamada ‘comissão de permanência’, cobrada pelas instituições financeiras em

suas operações ativas, antecede ao surgimento da correção monetária que se pode denminarsuas operações ativas, antecede ao surgimento da correção monetária que se pode denminar

de correção processual,....’ de correção processual,....’ Com efeito, a Lei nº 6.899 é de 08.04.81, e a ‘comissão deCom efeito, a Lei nº 6.899 é de 08.04.81, e a ‘comissão de

permanência’ é de 28.01.66, disciplinada que foi na Resolução nº 15 do Conselho Monetáriopermanência’ é de 28.01.66, disciplinada que foi na Resolução nº 15 do Conselho Monetário

NacionalNacional. .

Dispunha aquela resolução, Dispunha aquela resolução, ordenamento maior do sistema financeiro ao qual estãoordenamento maior do sistema financeiro ao qual estão

subordinadas as circulares e outros expedientes menores expedidos pelo Banco Central dosubordinadas as circulares e outros expedientes menores expedidos pelo Banco Central do

BrasilBrasil, em seu inciso XIV, o seguinte:, em seu inciso XIV, o seguinte:

““Aos títulos descontados ou caucionados e aos em cobrança simplesAos títulos descontados ou caucionados e aos em cobrança simples

liquidados após o vencimento é permitido aos bancos cobrar do sacado, ouliquidados após o vencimento é permitido aos bancos cobrar do sacado, ou

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de quem o substituir, ‘comissão de permanência’, calculada sobre os dias dede quem o substituir, ‘comissão de permanência’, calculada sobre os dias de

atraso e nas mesmas bases proporcionais de juros e comissões cobrados aoatraso e nas mesmas bases proporcionais de juros e comissões cobrados ao

cedente na operação primitiva. ‘cedente na operação primitiva. ‘

Posteriormente, a Resolução nº 27, de 28/02/66, extendeu aquela faculdade às cooperativas Posteriormente, a Resolução nº 27, de 28/02/66, extendeu aquela faculdade às cooperativas

ou seções de crédito de cooperativas mistas(inciso VII)ou seções de crédito de cooperativas mistas(inciso VII)

É esta a primeira fase da existência da comissão da dita comissão,...É esta a primeira fase da existência da comissão da dita comissão,...

Com a entrada em vigor da lei que instituiu a Com a entrada em vigor da lei que instituiu a correção monetária processualcorreção monetária processual, a estabelecer, a estabelecer

sua incidência sobre qualquer débito resultante de decisão judicial, e diante do silêncio dosua incidência sobre qualquer débito resultante de decisão judicial, e diante do silêncio do

Conselho Monetário, passou a ocorrer o seguinte: a) se o título era pago no banco, antes daConselho Monetário, passou a ocorrer o seguinte: a) se o título era pago no banco, antes da

execução, o devedor pagaria o principal e a ‘comissão de permanência’, de acordo com aexecução, o devedor pagaria o principal e a ‘comissão de permanência’, de acordo com a

Resolução 15/66; b) se o título fosse pago em juízo, o banqueiro exigiria o principal, aResolução 15/66; b) se o título fosse pago em juízo, o banqueiro exigiria o principal, a

‘comissão de permanência, a correção monetária processual e ainda, os juros legais. ‘comissão de permanência, a correção monetária processual e ainda, os juros legais.

Uma segunda fase registro coma relação à normatividade da ‘comissão de permanência’.Uma segunda fase registro coma relação à normatividade da ‘comissão de permanência’.

Reporto-me à Reporto-me à Resolução nº 1.129, de 15/03/86Resolução nº 1.129, de 15/03/86, pós ‘Plano Cruzado’. Em seu art. 1º lê-se: , pós ‘Plano Cruzado’. Em seu art. 1º lê-se:

‘‘I – I – FacultarFacultar aos bancos comerciais, bancos de desenvolvimento, bancos de aos bancos comerciais, bancos de desenvolvimento, bancos de

investimento, caixas econômicas, cooperativas de crédito, sociedade deinvestimento, caixas econômicas, cooperativas de crédito, sociedade de

crédito, financiamento e investimento e crédito, financiamento e investimento e sociedades de arrendamentosociedades de arrendamento

mercantilmercantil cobrar de seus devedores por dia de atraso no pagamento ou na cobrar de seus devedores por dia de atraso no pagamento ou na

liquidação de seu débitos, além de juros de mora na forma da legislação emliquidação de seu débitos, além de juros de mora na forma da legislação em

vigor, ‘vigor, ‘comissão de permanênciacomissão de permanência’ que será calculada as mesmas taxas’ que será calculada as mesmas taxas

pactuadas no contrato original ou à taxa de mercado do dia do pagamento.’pactuadas no contrato original ou à taxa de mercado do dia do pagamento.’

As resoluções posteriores a versar sobre o assunto são as seguintes:As resoluções posteriores a versar sobre o assunto são as seguintes:

Res. 1.276, de 20/03/97; Res. 1.284, de 20/03/87; Res. 1.340, de 15/06/87; Res. 1.572 deRes. 1.276, de 20/03/97; Res. 1.284, de 20/03/87; Res. 1.340, de 15/06/87; Res. 1.572 de

18/01/8918/01/89

CONTRATOS BANCÁRIOS. TAXA PREFIXADA, EM QUE ENGLOBADOS JUROS ECONTRATOS BANCÁRIOS. TAXA PREFIXADA, EM QUE ENGLOBADOS JUROS E

CORREÇÃO MONETÁRIA. CONTRATOS DE CURTO PRAZO. CAPITALIZAÇÃO MENSAL DECORREÇÃO MONETÁRIA. CONTRATOS DE CURTO PRAZO. CAPITALIZAÇÃO MENSAL DE

JUROS.JUROS.

3333

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CURSO AVANÇADO DE DIREITO BANCÁRIOCURSO AVANÇADO DE DIREITO BANCÁRIOProf. Alberto BezerraProf. Alberto Bezerra

Previstos encargos a taxa prefixada, onde englobados os juros reais e a Previstos encargos a taxa prefixada, onde englobados os juros reais e a inflaçãoinflação

esperadaesperada, não há como reduzi-los mediante o cotejo de norma constitucional ou, não há como reduzi-los mediante o cotejo de norma constitucional ou

infraconstitucional relativa a limitação dos juros. O componente de risco que encerra ainfraconstitucional relativa a limitação dos juros. O componente de risco que encerra a

prefixação dos encargos impede a conclusão de que previsto juros excessivos, desde que,prefixação dos encargos impede a conclusão de que previsto juros excessivos, desde que,

em tempos de desordenada inflação, a flutuação de índices de reposição do poder aquisitivoem tempos de desordenada inflação, a flutuação de índices de reposição do poder aquisitivo

da moeda podem influir na alteração dos juros propriamente ditos, embutidos encargos, parada moeda podem influir na alteração dos juros propriamente ditos, embutidos encargos, para

mais ou para menos. Impossibilidade, ainda, de decomposição dessas rubricas, a vista damais ou para menos. Impossibilidade, ainda, de decomposição dessas rubricas, a vista da

diversidade de indexadores existentes, com índices diferenciados. A impossibilidade dadiversidade de indexadores existentes, com índices diferenciados. A impossibilidade da

separação do que corresponderia aos juros reais obsta, na prática, o impedimento aseparação do que corresponderia aos juros reais obsta, na prática, o impedimento a

capitalização já que a correção monetária, certamente o componente de maior peso na taxacapitalização já que a correção monetária, certamente o componente de maior peso na taxa

pactuada, não prescinde dessa prática, exigindo, ao revés, a incidência dos índices própriospactuada, não prescinde dessa prática, exigindo, ao revés, a incidência dos índices próprios

sempre que o capital já corrigido. Capitalização, ainda, inexistente, desde que, firmados ossempre que o capital já corrigido. Capitalização, ainda, inexistente, desde que, firmados os

contratos a curto prazo, inferior a dois meses, os juros incluídos tinham lugar, face aocontratos a curto prazo, inferior a dois meses, os juros incluídos tinham lugar, face ao

vencimento do prazo da obrigação, não se havendo como mantê-los em destaque para finsvencimento do prazo da obrigação, não se havendo como mantê-los em destaque para fins

de cálculo do contrato representativo de renegociação. (AP 195139670 – 19/10/95 – 6ª Câmde cálculo do contrato representativo de renegociação. (AP 195139670 – 19/10/95 – 6ª Câm

Cível – TJ RS – Rel Marcelo Bandeira Pereira). Cível – TJ RS – Rel Marcelo Bandeira Pereira).

4.64. Multa contratual4.64. Multa contratual

Também resulta da impontualidade no cumprimento da Também resulta da impontualidade no cumprimento da

obrigação. Difere-se, entretanto, da obrigação. Difere-se, entretanto, da multa compensatóriamulta compensatória, posto que esta é, posto que esta é

uma multa que é aplicada pelo uma multa que é aplicada pelo descumprimento total da obrigaçãodescumprimento total da obrigação, e aquela, e aquela

é aplicada em face também do descumprimento da obrigação, é aplicada em face também do descumprimento da obrigação, mas o pactomas o pacto

ainda é considerado como útil ao credorainda é considerado como útil ao credor, e ainda prevalece., e ainda prevalece.

Arnaldo Rizzardo – Contratos de Crédito Bancário – (pág. 372)Arnaldo Rizzardo – Contratos de Crédito Bancário – (pág. 372) – Encerra o art. 8º do Dc. – Encerra o art. 8º do Dc.

22.626: ‘22.626: ‘

“As multas ou cláusulas penais, quando convencionadas, reputam-se“As multas ou cláusulas penais, quando convencionadas, reputam-se

estabelecidas para atender a despesas judiciais e honorários de advogados, eestabelecidas para atender a despesas judiciais e honorários de advogados, e

não poderão ser exigidas quando não for intentada ação judicial paranão poderão ser exigidas quando não for intentada ação judicial para

cobrança da respectiva obrigação.”cobrança da respectiva obrigação.”

3434

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Duas questões merecem exame: Duas questões merecem exame: a possibilidade de acumulação de multa com honoráriosa possibilidade de acumulação de multa com honorários; e; e

a exigibilidade da multa se não intentada ação judiciala exigibilidade da multa se não intentada ação judicial. .

Quanto à acumulação de multa e honorários, o entendimento é bastante unânime em permiti-Quanto à acumulação de multa e honorários, o entendimento é bastante unânime em permiti-

la, embora, até certa época assentava-se que, estipulada aquela, no contrato de mútuo oula, embora, até certa época assentava-se que, estipulada aquela, no contrato de mútuo ou

financiamento, incabível a condenação ao pagamento de verba advocatícia. A finalidade dafinanciamento, incabível a condenação ao pagamento de verba advocatícia. A finalidade da

multa era satisfazer tal obrigação e as despesas judiciais. multa era satisfazer tal obrigação e as despesas judiciais.

A inteligência pretoriana é esta: “A inteligência pretoriana é esta: “Multa contratual e honorários advocatícios. É admissível aMulta contratual e honorários advocatícios. É admissível a

acumulação, em relação aos contratos celebrados na vigência do Código de Processo Civilacumulação, em relação aos contratos celebrados na vigência do Código de Processo Civil

de 1973, porque seu art. 20 e respectivos parágrafos revogam o art. 8º do Dec. 22.626/33de 1973, porque seu art. 20 e respectivos parágrafos revogam o art. 8º do Dec. 22.626/33´́

Yussef Said Cahali destaca que a multa é simplesmente contratual, com caráter meramenteYussef Said Cahali destaca que a multa é simplesmente contratual, com caráter meramente

moratório, sem prejuízo da condenação do vencido em honorários advocatícios. Consideramoratório, sem prejuízo da condenação do vencido em honorários advocatícios. Considera

tacitamente derrogado o art. 8º do Dec. 22.626 pelo art. 20 do vigente estatuto processualtacitamente derrogado o art. 8º do Dec. 22.626 pelo art. 20 do vigente estatuto processual

civil. O STF segue idêntica orientação, consubstanciada na Súmula 616. Os julgadoscivil. O STF segue idêntica orientação, consubstanciada na Súmula 616. Os julgados

envolvem estabelecimentos de crédito e entidades que operam pelo Sistema Financeiroenvolvem estabelecimentos de crédito e entidades que operam pelo Sistema Financeiro

Nacional. A multa considera-se uma simples cláusula penal nos contratos de mútuo. Nacional. A multa considera-se uma simples cláusula penal nos contratos de mútuo.

Outro aspecto controvertido é o referente à exigibilidade da multa se não ajuizada a cobrançaOutro aspecto controvertido é o referente à exigibilidade da multa se não ajuizada a cobrança

da dívida, em vista da segunda parte do já mencionado art. 8º. Na forma deste dispositivo,da dívida, em vista da segunda parte do já mencionado art. 8º. Na forma deste dispositivo,

não caberia a imposição de honorários de advogado nas atividades extrajudiciais, o que énão caberia a imposição de honorários de advogado nas atividades extrajudiciais, o que é

inadmissível, pois a remuneração não se restringe às causas ingressas em juízo. Mais queinadmissível, pois a remuneração não se restringe às causas ingressas em juízo. Mais que

isto, porém, pela própria inserção dentro do Código Civil, impõe-se concluir pelo cabimentoisto, porém, pela própria inserção dentro do Código Civil, impõe-se concluir pelo cabimento

da exigência. Está a cláusula penal capitulada entre as modalidades das obrigações, gerandoda exigência. Está a cláusula penal capitulada entre as modalidades das obrigações, gerando

a respectiva obrigação na hipótese do inadimplemento de outra. a respectiva obrigação na hipótese do inadimplemento de outra.

4.6.5. Usura4.6.5. Usura

Definição – Definição – É a celebração excessiva dos juros, vindo a ultrapassar oÉ a celebração excessiva dos juros, vindo a ultrapassar o

limite máximo da taxa legallimite máximo da taxa legal((Lei da Usura – Dec 22.626, de 07.04.33, art. 1º eLei da Usura – Dec 22.626, de 07.04.33, art. 1º e

CC, art. 1062) – Súmula 596/STFCC, art. 1062) – Súmula 596/STF) )

De Plácido e Silva – Vocabulário Jurídico – (Pág. 846) – De Plácido e Silva – Vocabulário Jurídico – (Pág. 846) – Usura. No conceito atual,Usura. No conceito atual,

usura não significa simplesmente o interesse devido pelo uso de alguma coisa. É ousura não significa simplesmente o interesse devido pelo uso de alguma coisa. É o

interesse excessivointeresse excessivo, isto é, a , isto é, a estipulação exagerada de um juroestipulação exagerada de um juro, que ultrapasse ao, que ultrapasse ao

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máximo da taxa legal, ou a máximo da taxa legal, ou a estipulação de lucro excessivoestipulação de lucro excessivo, ou excedente do lucro, ou excedente do lucro

normal e razoável. Desse modo, a usura, que constitui crime contra a economianormal e razoável. Desse modo, a usura, que constitui crime contra a economia

popular, não somente toma o aspecto de popular, não somente toma o aspecto de usura de interesseusura de interesse, ou , ou usura pecuniáriausura pecuniária,,

como o de como o de usura realusura real, ou , ou usura de lucrousura de lucro. A . A usura pecuniáriausura pecuniária configura-se pela configura-se pela

cobrança excessiva de juros, ou de juros que ultrapassem ao máximo facultado porcobrança excessiva de juros, ou de juros que ultrapassem ao máximo facultado por

lei. A lei. A usura realusura real é a estipulação contratual de é a estipulação contratual de vantagemvantagem, que ultrapasse determinado, que ultrapasse determinado

valor da prestação feita, ou prometida. valor da prestação feita, ou prometida.

Desse modo, a estipulação contratual que, em prejuízo da outra parte, estabeleçaDesse modo, a estipulação contratual que, em prejuízo da outra parte, estabeleça

vantagens leoninasvantagens leoninas, ou , ou lucros excessivos somente a unslucros excessivos somente a uns, configura-se em , configura-se em usurausura

realreal, ou , ou usura de lucrosusura de lucros. .

Celso Marcelo de Oliveira – Limite Constitucional dos ... – (Pág. 243-245) – Celso Marcelo de Oliveira – Limite Constitucional dos ... – (Pág. 243-245) – ComCom

relação à questão há que se desconsiderar o disposto na Súmula 596 do STF,relação à questão há que se desconsiderar o disposto na Súmula 596 do STF,

continuando em vigor a Lei de Usura, cuja aplicação às instituições financeirascontinuando em vigor a Lei de Usura, cuja aplicação às instituições financeiras

sempre foi reconhecida na doutrina e na jurisprudência com base na observação desempre foi reconhecida na doutrina e na jurisprudência com base na observação de

que a questão referente à percepção de juros sobre juros não foi objeto deque a questão referente à percepção de juros sobre juros não foi objeto de

disposição da Lei de Reforma Bancária, submetendo-se assim essas entidades,disposição da Lei de Reforma Bancária, submetendo-se assim essas entidades,

quanto à disciplina da capitalização, às disposições do Decreto nº 22.626/33, mesmoquanto à disciplina da capitalização, às disposições do Decreto nº 22.626/33, mesmo

antes da Carta de 1988, ressalvada, apenas, a possibilidade da forma capitalizada deantes da Carta de 1988, ressalvada, apenas, a possibilidade da forma capitalizada de

juros, quando permitida sua incidência expressamente por meio de legislaçãojuros, quando permitida sua incidência expressamente por meio de legislação

específica que afaste a aplicação da Lei de Usura. específica que afaste a aplicação da Lei de Usura.

No entanto, a Lei nº 4.595/64, no inciso IX do artigo 4º, atribuiu ao CMN a competênciaNo entanto, a Lei nº 4.595/64, no inciso IX do artigo 4º, atribuiu ao CMN a competência

para ‘limitar, sempre que necessário as taxas de juros, descontos, comissões epara ‘limitar, sempre que necessário as taxas de juros, descontos, comissões e

qualquer outra forma de remuneração de operações e serviços bancários.qualquer outra forma de remuneração de operações e serviços bancários.

A jurisprudência é unânime no sentido de estar em vigor a Lei de Usura e aA jurisprudência é unânime no sentido de estar em vigor a Lei de Usura e a

revogação expressa da Súmula 596 pela Promulgação da Constituição Federal derevogação expressa da Súmula 596 pela Promulgação da Constituição Federal de

1988. 1988.

Importante também o entendimento esposado pelo eminente Des. Jorge Luís Dall’Importante também o entendimento esposado pelo eminente Des. Jorge Luís Dall’

Agnol, cujo excerto se impõe reproduzir: ‘Limitação dos juros de 12% para todos osAgnol, cujo excerto se impõe reproduzir: ‘Limitação dos juros de 12% para todos os

empréstimos. O Constituinte de 1988, sensível à idéia de que os juros não podemempréstimos. O Constituinte de 1988, sensível à idéia de que os juros não podem

asfixiar a iniciativa honesta, viu por bem limita-los a 12% ao ano. Esta regra,asfixiar a iniciativa honesta, viu por bem limita-los a 12% ao ano. Esta regra,

encerrada no art. 192, § 3º, da Constituição Federal, envolveu polêmica a respeito daencerrada no art. 192, § 3º, da Constituição Federal, envolveu polêmica a respeito da

auto-aplicabilidade até que o Supremo Tribunal Federal por ocasião da Adin nº 04 queauto-aplicabilidade até que o Supremo Tribunal Federal por ocasião da Adin nº 04 que

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CURSO AVANÇADO DE DIREITO BANCÁRIOCURSO AVANÇADO DE DIREITO BANCÁRIOProf. Alberto BezerraProf. Alberto Bezerra

a norma era de eficácia contidaa norma era de eficácia contida, logo, dependia de lei complementar. , logo, dependia de lei complementar. AqueleAquele

julgamento vinculou as demais instâncias inferiores(art. 102, § 2º, da Constituiçãojulgamento vinculou as demais instâncias inferiores(art. 102, § 2º, da Constituição

Federal)Federal). Sob esse fundamento, corretas estão as alegações. . Sob esse fundamento, corretas estão as alegações.

O inc. IX do art. 4º da Lei de Reforma Bancária concede poderes ao ConselhoO inc. IX do art. 4º da Lei de Reforma Bancária concede poderes ao Conselho

Monetário Nacional para Monetário Nacional para limitarlimitar a taxa de juros a ser praticada no mercado financeiro. a taxa de juros a ser praticada no mercado financeiro.

Acontece que o verbo limitar deste diploma passou a ser lido como se fosse Acontece que o verbo limitar deste diploma passou a ser lido como se fosse liberarliberar, o, o

que é inadmissível. A interpretação correta é de que limitar significa ordenarque é inadmissível. A interpretação correta é de que limitar significa ordenar

obediência a um limite da Lei previsto na Lei de Usura: 1% ao mês. obediência a um limite da Lei previsto na Lei de Usura: 1% ao mês.

Também não cabe o argumento de que estaria livre do limite da Lei de Usura porTambém não cabe o argumento de que estaria livre do limite da Lei de Usura por

força da Súmula 596 do Supremo Tribunal Federal. força da Súmula 596 do Supremo Tribunal Federal.

Como se vê em julgamentos desta Corte, tal Súmula não pode ter aplicação, segundoComo se vê em julgamentos desta Corte, tal Súmula não pode ter aplicação, segundo

seus fundamentos. Estes julgados dizem equivocada a Súmula 596 do Supremoseus fundamentos. Estes julgados dizem equivocada a Súmula 596 do Supremo

Tribunal Federal porque Tribunal Federal porque feriu o princípio da isonomiaferiu o princípio da isonomia ao reconhecer o odioso ao reconhecer o odioso

privilégio em favor dos detentores da moeda nacional ao estabelecer, sem umaprivilégio em favor dos detentores da moeda nacional ao estabelecer, sem uma

relevante razão, diferenças entre pessoas. relevante razão, diferenças entre pessoas. Outros argumentam que a SúmulaOutros argumentam que a Súmula

encontra-se desatualizadaencontra-se desatualizada. Nesse sentido as palavras do Juiz Márcio Puggina: ‘Por. Nesse sentido as palavras do Juiz Márcio Puggina: ‘Por

ambas as motivações, chega-se à mesma conclusão: inaplicabilidade da súmula nºambas as motivações, chega-se à mesma conclusão: inaplicabilidade da súmula nº

596 do STF. 596 do STF.

Romualdo Wilson Cançado – Juros – Correção Monetários.. – (Pág. 63) – Romualdo Wilson Cançado – Juros – Correção Monetários.. – (Pág. 63) – 4.1. Após a4.1. Após a

Lei de Usura, veio a Lei de Reforma Bancária( Lei nº 4.595, de 31/12/64), determinandoLei de Usura, veio a Lei de Reforma Bancária( Lei nº 4.595, de 31/12/64), determinando

que as que as taxas de juros e encargos taxas de juros e encargos cobrados pelas instituições financeiras fossemcobrados pelas instituições financeiras fossem

fixados pelo Conselho Monetário Nacional(arts. 4º, VI, IX e XVII, c/c arts. 17 e 18 dafixados pelo Conselho Monetário Nacional(arts. 4º, VI, IX e XVII, c/c arts. 17 e 18 da

referida Lei). Com isso, na prática ficou revogada a Lei de Usura para as instituiçõesreferida Lei). Com isso, na prática ficou revogada a Lei de Usura para as instituições

financeiras. Passou a ser da competência do Conselho Monetário Nacional qualquerfinanceiras. Passou a ser da competência do Conselho Monetário Nacional qualquer

deliberação sobre contingenciamento ou liberação das taxas de juros praticadas pelodeliberação sobre contingenciamento ou liberação das taxas de juros praticadas pelo

sistema financeiro, assim como sobre a extensão e amplitude dos encargos aludidossistema financeiro, assim como sobre a extensão e amplitude dos encargos aludidos

nos arts. 956 e 1056 do Código Civil. Esses dispositivos responsabilizam o devedornos arts. 956 e 1056 do Código Civil. Esses dispositivos responsabilizam o devedor

moroso pelos prejuízos a que sua mora der causa, e o inadimplemento por perdas emoroso pelos prejuízos a que sua mora der causa, e o inadimplemento por perdas e

danos, sendo tais encargos habitualmente representados pelos juros compensatóriosdanos, sendo tais encargos habitualmente representados pelos juros compensatórios

e moratórios. Enquanto isso, os demais agentes econômicos continuam restringidose moratórios. Enquanto isso, os demais agentes econômicos continuam restringidos

pela Lei de Usura. pela Lei de Usura.

3737

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CURSO AVANÇADO DE DIREITO BANCÁRIOCURSO AVANÇADO DE DIREITO BANCÁRIOProf. Alberto BezerraProf. Alberto Bezerra

SÚMULA 596 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERALSÚMULA 596 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL == “ == “As disposições do Dec.As disposições do Dec.

22.626/33 não se aplicam às 22.626/33 não se aplicam às taxas de juros e aos outros encargostaxas de juros e aos outros encargos cobrados nas cobrados nas

operações realizadas por instituições públicas ou privadas que integram o Sistemaoperações realizadas por instituições públicas ou privadas que integram o Sistema

Financeiro NacionalFinanceiro Nacional.”.”

Arnaldo Rizzardo – Contratos de Crédito Bancário – (Pág. 374-376) – Arnaldo Rizzardo – Contratos de Crédito Bancário – (Pág. 374-376) – Depreende-seDepreende-se

que duas as espécies de estipulações proibidas e nulas, consoante tipo de contrato:que duas as espécies de estipulações proibidas e nulas, consoante tipo de contrato:

a) a) Nos contratos civis de mútuo, são usuárias as taxas de juros superiores àquelasNos contratos civis de mútuo, são usuárias as taxas de juros superiores àquelas

legalmente permitidas, ou seja, as taxas que extrapolam o disposto nos artigos 1.262legalmente permitidas, ou seja, as taxas que extrapolam o disposto nos artigos 1.262

e 1062 do CC, em combinação com o art. 1º do Decreto nº 22.626, de 1933. Admitindo-e 1062 do CC, em combinação com o art. 1º do Decreto nº 22.626, de 1933. Admitindo-

se a fixação de juros no mútuo, a sua convenção limitar-se-á ao dobro da legalmentese a fixação de juros no mútuo, a sua convenção limitar-se-á ao dobro da legalmente

prevista.prevista.

b) b) Nos negócios jurídicos não disciplinados pela legislação comercial e de defesa doNos negócios jurídicos não disciplinados pela legislação comercial e de defesa do

consumidor, consideram-se usuários consumidor, consideram-se usuários os lucros e vantagens patrimoniaisos lucros e vantagens patrimoniais excessivos, excessivos,

sempre quando uma das partes tem posição inferior à outra. Embora aparentementesempre quando uma das partes tem posição inferior à outra. Embora aparentemente

vaga a previsão, tem enorme aplicação nas múltiplas relações e atividades devaga a previsão, tem enorme aplicação nas múltiplas relações e atividades de

natureza econômica, que não se enquadram numa relação tipicamente comercial enatureza econômica, que não se enquadram numa relação tipicamente comercial e

não se encontram abrangidas pelo Código de Defesa do Consumidor. não se encontram abrangidas pelo Código de Defesa do Consumidor. Apontam-seApontam-se

como exemplos os contratos de prestação de serviços, de factoringcomo exemplos os contratos de prestação de serviços, de factoring ou de compra ou de compra

venda de títulos de crédito, de promessa de compra e venda, e inclusive locação,venda de títulos de crédito, de promessa de compra e venda, e inclusive locação,

podendo incluir-se todas aquelas relações não claramente tipificadas como depodendo incluir-se todas aquelas relações não claramente tipificadas como de

consumo, que gravitam numa zona de controvérsia sobre a aplicação ou não doconsumo, que gravitam numa zona de controvérsia sobre a aplicação ou não do

Código de Defesa do Consumidor. Código de Defesa do Consumidor.

Vide MEDIDA PROVISÓRIA 1.965-12 de 02/03/2000Vide MEDIDA PROVISÓRIA 1.965-12 de 02/03/2000. .

4.6.6. Anatocismo4.6.6. Anatocismo

É a cobrança de juros sobre juros já incluídos noÉ a cobrança de juros sobre juros já incluídos no

capital, ou seja, agregar os juros ao valor original do débito, continuando acapital, ou seja, agregar os juros ao valor original do débito, continuando a

cobrá-los sobre novos montantes da dívida, dívida esta que já incluem juroscobrá-los sobre novos montantes da dívida, dívida esta que já incluem juros

anteriores. Opõem-se aos juros simples.anteriores. Opõem-se aos juros simples.

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CURSO AVANÇADO DE DIREITO BANCÁRIOCURSO AVANÇADO DE DIREITO BANCÁRIOProf. Alberto BezerraProf. Alberto Bezerra

De Plácido e Silva – Vocabulário Jurídico – (Pág. 62) – De Plácido e Silva – Vocabulário Jurídico – (Pág. 62) – ANATOCISMO – ÉANATOCISMO – É

vocábulo que nos vem do latim vocábulo que nos vem do latim anatocismusanatocismus, de origem grega, significando, de origem grega, significando

usurausura, , prêmio compostoprêmio composto ou ou capitalizadocapitalizado. Desse modo, vem siginificar a. Desse modo, vem siginificar a

contagem ou cobrança de juros sobre juros. contagem ou cobrança de juros sobre juros.

A cobrança de juros sobre acumulados não é admitida, desde que,A cobrança de juros sobre acumulados não é admitida, desde que,

resultante de contrato, não existe estipulação que a permita. Quer dizer issoresultante de contrato, não existe estipulação que a permita. Quer dizer isso

que a capitalização de juros, isto é, a incorporação dos juros vencidos aoque a capitalização de juros, isto é, a incorporação dos juros vencidos ao

capital e a cobrança de juros sobre o capital assim capitalizado, somentecapital e a cobrança de juros sobre o capital assim capitalizado, somente

tem apoio legal quando há estipulação que a autorize. tem apoio legal quando há estipulação que a autorize.

Desde que não haja estipulação, os juros não se capitalizam e, emDesde que não haja estipulação, os juros não se capitalizam e, em

conseqüência, não renderão para o credor juros contados sobre eles,conseqüência, não renderão para o credor juros contados sobre eles,

mesmo vencidos e escriturados na conta do devedor. mesmo vencidos e escriturados na conta do devedor.

Quando se trata, porém, de juros contados em conta corrente, o próprioQuando se trata, porém, de juros contados em conta corrente, o próprio

direito comercial(art. 253) permite a acumulação de juros vencidos aosdireito comercial(art. 253) permite a acumulação de juros vencidos aos

saldos liquidados de ano em ano, e, em tal caso, se permite a contagemsaldos liquidados de ano em ano, e, em tal caso, se permite a contagem

posterior, dos juros sobre os saldos então apurados. posterior, dos juros sobre os saldos então apurados.

O próprio Cód. Civil brasileiro, em seu art. 1.262, permitiu a capitalização.O próprio Cód. Civil brasileiro, em seu art. 1.262, permitiu a capitalização.

Havendo convenção, embora o código fale em capitalização anual, aHavendo convenção, embora o código fale em capitalização anual, a

contagem de juros sobre os juros acumulados pode ser admitidacontagem de juros sobre os juros acumulados pode ser admitida

semestralmente. semestralmente.

Celso Marcelo de Oliveira – Limite Constitucional .... (Pág. 252) – A SúmulaCelso Marcelo de Oliveira – Limite Constitucional .... (Pág. 252) – A Súmula

nº 121 do STF que veda a contagem de juros sobre os juros em períodosnº 121 do STF que veda a contagem de juros sobre os juros em períodos

inferiores a um ano, que é aplicada às instituições financeiras. Exemploinferiores a um ano, que é aplicada às instituições financeiras. Exemplo

dessa orientação é o Acórdão da 4ª Turma do STJ no RESp nº 1.285-GO,dessa orientação é o Acórdão da 4ª Turma do STJ no RESp nº 1.285-GO,

julgado recentemente, de que foi relator o eminente Ministro Sávio dejulgado recentemente, de que foi relator o eminente Ministro Sávio de

Figueiredo, cuja ementa reza que: ‘A capitalização de juros(juros sobreFigueiredo, cuja ementa reza que: ‘A capitalização de juros(juros sobre

juros) é vedada em nosso direito, mesmo quando expressamentejuros) é vedada em nosso direito, mesmo quando expressamente

convencionada, não tendo sido revogada a regra do art. 4º do Dec. nºconvencionada, não tendo sido revogada a regra do art. 4º do Dec. nº

22.626/33 pela Lei nº 4.595/64. O anatocismo, repudiado pelo verbete 121 da22.626/33 pela Lei nº 4.595/64. O anatocismo, repudiado pelo verbete 121 da

3939

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Súmula do STF não guarda relação com o enunciado nº 596 da mesmaSúmula do STF não guarda relação com o enunciado nº 596 da mesma

súmula. súmula.

Destarte, a visão do Magistrado José Wilson Gonçalves, realmente a lei vedaDestarte, a visão do Magistrado José Wilson Gonçalves, realmente a lei veda

a sua prática, ao impedir a contagem de juros dos juros, mesmo em sea sua prática, ao impedir a contagem de juros dos juros, mesmo em se

tratando de instituição financeira, pois tratando de instituição financeira, pois a previsão do art. 4º, do Dec. nºa previsão do art. 4º, do Dec. nº

22.626, de 07/04/3322.626, de 07/04/33 – Lei da Usura, é extensiva aos bancos, visto que não foi – Lei da Usura, é extensiva aos bancos, visto que não foi

revogada pela Lei nº 4595/64. A capitalização de juros somente é possívelrevogada pela Lei nº 4595/64. A capitalização de juros somente é possível

em caso de expressa previsão legal. Uma hipótese permitida, de juros dosem caso de expressa previsão legal. Uma hipótese permitida, de juros dos

juros, estipulada no próprio art. 4º supra, segunda parte: ‘esta proibição nãojuros, estipulada no próprio art. 4º supra, segunda parte: ‘esta proibição não

compreende a acumulação de juros vencidos aos saldos líquidos em contacompreende a acumulação de juros vencidos aos saldos líquidos em conta

corrente de ano a ano.’corrente de ano a ano.’

Também autoriza a lei a capitalização de juros no caso de títulos de créditoTambém autoriza a lei a capitalização de juros no caso de títulos de crédito

à à exportação(Lei nº 6.313, deexportação(Lei nº 6.313, de 16/12/7516/12/75, , comercial(Lei nº 6.840, de comercial(Lei nº 6.840, de 03/11/8003/11/80)),,

industrial(Dec. Lei nº 413, de industrial(Dec. Lei nº 413, de 09/01/6909/01/69)) e e rural(Dec. Lei 167, de rural(Dec. Lei 167, de 14/02/6714/02/67). ).

SÚMULA 93 DO STJ = ‘A legislação sobre cédulas de crédito rural, comercialSÚMULA 93 DO STJ = ‘A legislação sobre cédulas de crédito rural, comercial

e industrial admite o pacto de capitalização de juros.’e industrial admite o pacto de capitalização de juros.’

>>>> Feijó Coimbra Feijó Coimbra – Crédito Bancário – (Pág. 135) – – Crédito Bancário – (Pág. 135) – Entre os Romanos, a Lei das DozeEntre os Romanos, a Lei das Doze

Tábuas, na Tábula Tércia, nº 02, prescrevia: .. ‘na tradução abonada por Sílvio Meira temos:Tábuas, na Tábula Tércia, nº 02, prescrevia: .. ‘na tradução abonada por Sílvio Meira temos:

Se alguém coloca o seu dinheiro a juros superiores a um por cento ao ano, que sejaSe alguém coloca o seu dinheiro a juros superiores a um por cento ao ano, que seja

condenado a devolver o quádruplo.’condenado a devolver o quádruplo.’

4.6.7. Limitação constitucional dos juros4.6.7. Limitação constitucional dos juros

Constituição FederalConstituição Federal

‘Art. 192 – (...)‘Art. 192 – (...)

4040

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§ 3º - As § 3º - As taxas de juros reaistaxas de juros reais, nelas incluídas comissões e, nelas incluídas comissões e

quais outras remunerações direta ou indiretamentequais outras remunerações direta ou indiretamente

referidas à concessão de crédito, não poderão serreferidas à concessão de crédito, não poderão ser

superiores a doze por cento ao ano; a cobrança acimasuperiores a doze por cento ao ano; a cobrança acima

deste limite será conceituada como deste limite será conceituada como crime de usuracrime de usura,,

punido, em todas as suas modalidades, punido, em todas as suas modalidades, nos termos que anos termos que a

lei determinarlei determinar.’(Legislação infraconstitucional – Decreto.’(Legislação infraconstitucional – Decreto

nº 22.626/33 – Lei da Usura nº 22.626/33 – Lei da Usura ** ** Lei nº 1.521/51 – CrimesLei nº 1.521/51 – Crimes

contra a economia popular contra a economia popular ** ** Lei nº 8.078/90 – art. 52, §Lei nº 8.078/90 – art. 52, §

1º - Código de Defesa do Consumidor)1º - Código de Defesa do Consumidor)

Celso Marcelo de Oliveira – Limite Constitucional.... (Pág. 313) – Celso Marcelo de Oliveira – Limite Constitucional.... (Pág. 313) – A limitação de juros é temaA limitação de juros é tema

principal de nossa obra e desde o início defendemos a tese de aplicabilidade imediata doprincipal de nossa obra e desde o início defendemos a tese de aplicabilidade imediata do

disposto no art. 192, parágrafo 3º da Constituição Federal que limita os juros no percentualdisposto no art. 192, parágrafo 3º da Constituição Federal que limita os juros no percentual

de doze por cento ao ano. de doze por cento ao ano.

Não se deve olvidar, contudo, que o Supremo Tribunal Federal, por maioria de votos, aoNão se deve olvidar, contudo, que o Supremo Tribunal Federal, por maioria de votos, ao

julgar a ação direta de inconstitucionalidade nº 4-7/600(Adin nº 04), assentou em 1988 ajulgar a ação direta de inconstitucionalidade nº 4-7/600(Adin nº 04), assentou em 1988 a

inaplicabilidade da norma regulamentadora, do art. 192, § 3º da Constituição Federal. inaplicabilidade da norma regulamentadora, do art. 192, § 3º da Constituição Federal.

Deveras, a ordem de que os juros reais não podem ser superiores a 12% ao ano Deveras, a ordem de que os juros reais não podem ser superiores a 12% ao ano torna clarotorna claro

demais que ela não depende de legislação outra qualquer(infraconstitucional) para serdemais que ela não depende de legislação outra qualquer(infraconstitucional) para ser

aplicada, exatamente porque o legislador constituinte a impregnou de normatividadeaplicada, exatamente porque o legislador constituinte a impregnou de normatividade

suficiente para derramar sua incidência sobre as realidades tangíveissuficiente para derramar sua incidência sobre as realidades tangíveis..

A mais moderna e escorreita doutrina brasileira oferece a seguinte divisão das normasA mais moderna e escorreita doutrina brasileira oferece a seguinte divisão das normas

constitucionais, quanto à eficácia e aplicabilidade: a) normas de eficácia plena econstitucionais, quanto à eficácia e aplicabilidade: a) normas de eficácia plena e

aplicabilidade direta, imediata e integral; b) normas de eficácia contida e aplicabilidade diretaaplicabilidade direta, imediata e integral; b) normas de eficácia contida e aplicabilidade direta

e imediata, mas possivelmente não integral; c) normas de eficácia limitada, que se divide eme imediata, mas possivelmente não integral; c) normas de eficácia limitada, que se divide em

declaratórios de princípios institutivos ou organizativos e em declaratórios de princípiodeclaratórios de princípios institutivos ou organizativos e em declaratórios de princípio

programático. programático.

4141

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(...) O segundo grupo(eficácia contida) também se constitui de normas que incidem(...) O segundo grupo(eficácia contida) também se constitui de normas que incidem

imediatamente e produzem(ou podem produzir) todos os efeitos queridos, mas prevêemimediatamente e produzem(ou podem produzir) todos os efeitos queridos, mas prevêem

meios e conceitos que permitem sua eficácia contida em certos limites, das certasmeios e conceitos que permitem sua eficácia contida em certos limites, das certas

circunstâncias. circunstâncias.

Juros reais não carecem de definição em lei complementar, porque todos sabem do que seJuros reais não carecem de definição em lei complementar, porque todos sabem do que se

trata e porque a Carta Maior já regulou sua cobrança. trata e porque a Carta Maior já regulou sua cobrança.

J. FRANKLIN ALVES FELIPE – Contratos Bancários em Juízo – (Pág. 26) – J. FRANKLIN ALVES FELIPE – Contratos Bancários em Juízo – (Pág. 26) – Há contudo,Há contudo,

acórdãos, em caso de acórdãos, em caso de cédula de crédito industrialcédula de crédito industrial, que, ausência de fixação no contrato pelo, que, ausência de fixação no contrato pelo

Conselho Monetário Nacional, deferiram juros de 12% ao ano. Vejamos:Conselho Monetário Nacional, deferiram juros de 12% ao ano. Vejamos:

“O Decreto-Lei nº 413/69, art. 5º, posterior à Lei nº 4.595/64 e específico para“O Decreto-Lei nº 413/69, art. 5º, posterior à Lei nº 4.595/64 e específico para

cédulas de crédito industrial, confere ao Conselho Monetário Nacional o devercédulas de crédito industrial, confere ao Conselho Monetário Nacional o dever

de fixar os juros a serem praticados. Ante a eventual omissão desse órgãode fixar os juros a serem praticados. Ante a eventual omissão desse órgão

governamental, incide a limitação de 12% ao ano prevista na Lei degovernamental, incide a limitação de 12% ao ano prevista na Lei de

Usura(Dec. Nº 22.626/33), não alcançando a cédula de crédito industrial oUsura(Dec. Nº 22.626/33), não alcançando a cédula de crédito industrial o

entendimento jurisprudencial consolidado na Súmula 596-STF. Recursoentendimento jurisprudencial consolidado na Súmula 596-STF. Recurso

Especial conhecido parcialmente e, nessa parte, provido.”(Recurso EspecialEspecial conhecido parcialmente e, nessa parte, provido.”(Recurso Especial

nº 71.604-MG, Rel. Min. Carlos Alberto M. Direito, DJU de 16/03/1998)nº 71.604-MG, Rel. Min. Carlos Alberto M. Direito, DJU de 16/03/1998)

Dispõe o art. 5º, caput, do Decreto-Lei nº 413:Dispõe o art. 5º, caput, do Decreto-Lei nº 413:

“As importâncias fornecidas pelo financiador vencerão juros e poderão sofrer“As importâncias fornecidas pelo financiador vencerão juros e poderão sofrer

correção monetária às taxas e aos índices que o Conselho Monetário Nacionalcorreção monetária às taxas e aos índices que o Conselho Monetário Nacional

fixar, calculados sobre os saldos devedores de conta vinculada à operação efixar, calculados sobre os saldos devedores de conta vinculada à operação e

serão exigíveis em 30 de junho, 31 de dezembro, no vencimento, na liquidaçãoserão exigíveis em 30 de junho, 31 de dezembro, no vencimento, na liquidação

da cédula ou, também, em outras datas convencionadas no título ouda cédula ou, também, em outras datas convencionadas no título ou

admitidas pelo referido Conselho.”admitidas pelo referido Conselho.”

4.6.8. Taxa Referencial(TR)4.6.8. Taxa Referencial(TR)

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Celso Mello de Oliveira – Limite Constitucional.... (Pág. 201) – Celso Mello de Oliveira – Limite Constitucional.... (Pág. 201) – A taxa referencial não pode serA taxa referencial não pode ser

considerada indexador monetário, conforme decisão do Supremo Tribunal Federal. Foi dianteconsiderada indexador monetário, conforme decisão do Supremo Tribunal Federal. Foi diante

desse entendimento que o Supremo Tribunal Federal, em julgmento da ADIN 493-0/DF, emdesse entendimento que o Supremo Tribunal Federal, em julgmento da ADIN 493-0/DF, em

25/06/92, assim proclamou; ‘não constitui índice que reflita a variação do poder aquisitivo da25/06/92, assim proclamou; ‘não constitui índice que reflita a variação do poder aquisitivo da

moeda.’moeda.’

O Sr. Ministro Celso de Mello, ao proferir o seu voto nesse julgamento, salientou: ‘daO Sr. Ministro Celso de Mello, ao proferir o seu voto nesse julgamento, salientou: ‘da

qualificação jurídica da Taxa Referencial, como indexador do mercado financeiro de títulos equalificação jurídica da Taxa Referencial, como indexador do mercado financeiro de títulos e

valores mobiliários – que se identifica, desse modo, como padrão referencial que expressa avalores mobiliários – que se identifica, desse modo, como padrão referencial que expressa a

taxa média ponderada do custo da captação da moeda por instituição financeira para efeitotaxa média ponderada do custo da captação da moeda por instituição financeira para efeito

de sua aplicação, e que não constitui, por isso mesmo, índice que exprima a variação dode sua aplicação, e que não constitui, por isso mesmo, índice que exprima a variação do

poder aquisitivo da moeda deriva a conseqüência necessária de que a TR não é índice depoder aquisitivo da moeda deriva a conseqüência necessária de que a TR não é índice de

determinação do valor de troca de moeda. determinação do valor de troca de moeda.

Não sendo incide neutro, de mera atualização monetária, não poderá a taxa referencial serNão sendo incide neutro, de mera atualização monetária, não poderá a taxa referencial ser

utilizada como índice vetor de reajustes dos saldos dos valores de contratos. utilizada como índice vetor de reajustes dos saldos dos valores de contratos.

Finalmente, a respeito da impossibilidade jurídica da utilização da taxa referencial comoFinalmente, a respeito da impossibilidade jurídica da utilização da taxa referencial como

indexador financeiro sob o pretexto de corrigir monetariamente o valor do saldo devedorindexador financeiro sob o pretexto de corrigir monetariamente o valor do saldo devedor

configura atitude afrontosa ao princípio da transparência que deve nortear toda relação deconfigura atitude afrontosa ao princípio da transparência que deve nortear toda relação de

consumo, expressamente no art. 4º do Código de Defesa do Consumidor, bem como aoconsumo, expressamente no art. 4º do Código de Defesa do Consumidor, bem como ao

direito à informação adequada, clara e precisa do conteúdo do contrato, consagrado no art.direito à informação adequada, clara e precisa do conteúdo do contrato, consagrado no art.

6º, III. 6º, III.

IV - IV - TRTR COMO ÍNDICE DE ‘ATUALIZAÇÃO’. COMO ÍNDICE DE ‘ATUALIZAÇÃO’.

IV.01.IV.01. De outro compasso, a Embargante declina o entendimento deDe outro compasso, a Embargante declina o entendimento de que a TR reflete a idéia de Juros Compensatórios. Tal fato, argumentam, com base no textoque a TR reflete a idéia de Juros Compensatórios. Tal fato, argumentam, com base no texto da Lei Federal nº 8.177/91, redunda em excesso de execução. da Lei Federal nº 8.177/91, redunda em excesso de execução.

IV.02.IV.02. Discrepamos deste entendimento, também fundamentado noDiscrepamos deste entendimento, também fundamentado no próprio texto da Lei trazido à baila.próprio texto da Lei trazido à baila.

IV.03.IV.03. Indistintamente temos que as Leis, salvo IndistintamenteIndistintamente temos que as Leis, salvo Indistintamente exceções, trazem consigo dubiedades extremas em suas conclusões. Para não variar, a Leiexceções, trazem consigo dubiedades extremas em suas conclusões. Para não variar, a Lei 8.177/91, ora em discussão, trouxe dispositivos cuja interpretação merece rigorosa atenção.8.177/91, ora em discussão, trouxe dispositivos cuja interpretação merece rigorosa atenção.

IV.04.IV.04. Referida Lei, impende destacar, empresta à TR a aparente idéiaReferida Lei, impende destacar, empresta à TR a aparente idéia de dar a mesma denominação a dois instrumentos diversos: remuneração e atualização.de dar a mesma denominação a dois instrumentos diversos: remuneração e atualização.

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IV.05.IV.05. Impõe-se indagar, de primeiro plano, da interpretação razoávelImpõe-se indagar, de primeiro plano, da interpretação razoável que unifique os significados na Lei 8.177/91, e distancie de pretensas análises conflitantes. que unifique os significados na Lei 8.177/91, e distancie de pretensas análises conflitantes.

IV.06.IV.06. Neste diapasão, mister que evidenciemos a redação deNeste diapasão, mister que evidenciemos a redação de determinados artigos da Lei em tela, os quais, nesta ocasião, tratam a TR comodeterminados artigos da Lei em tela, os quais, nesta ocasião, tratam a TR como remuneração, advertindo, de outra sorte, que as expressões em negrito são de nossa alçada.remuneração, advertindo, de outra sorte, que as expressões em negrito são de nossa alçada. Vejamos:Vejamos:

““Art. 7º - Os saldos dos cruzados novosArt. 7º - Os saldos dos cruzados novos transferidos ao Banco Central dotransferidos ao Banco Central do Brasil, na forma da Lei nº 8024, de 12Brasil, na forma da Lei nº 8024, de 12 de abril de 1990, de abril de 1990, serão remunerados, serão remunerados, aa partir...”partir...”

“Art. 8º - O art. 5º da Lei nº 7862, de“Art. 8º - O art. 5º da Lei nº 7862, de 30 de outubro de 1989, passa a vigorar30 de outubro de 1989, passa a vigorar com a seguinte redação: ‘Art. 5º - Ocom a seguinte redação: ‘Art. 5º - O Banco Central do Brasil e asBanco Central do Brasil e as instituições financeiras a que seinstituições financeiras a que se refere o § 2º deste artigo recolherãorefere o § 2º deste artigo recolherão ao Tesouro Nacional, no último dia útilao Tesouro Nacional, no último dia útil de cada decêndio, de cada decêndio, remuneraçãoremuneração incidente incidente sobre os saldos...”sobre os saldos...”

“Art. 11 - É Admitida a utilização da“Art. 11 - É Admitida a utilização da Taxa Referencial -TR como base deTaxa Referencial -TR como base de remuneraçãoremuneração de contratos somente...” de contratos somente...”

“Art. 12 - Em cada período de“Art. 12 - Em cada período de rendimento, os depósitos de poupançasrendimento, os depósitos de poupanças serão serão remunerados;remunerados;I - como I - como remuneração remuneração básica, por taxabásica, por taxa correspondente à acumulação dascorrespondente à acumulação das TRD,...”TRD,...”II - ...II - ...§ 1º - A § 1º - A remuneraçãoremuneração será calculada será calculada sobre o menor saldo apresentado em cadasobre o menor saldo apresentado em cada período de rendimento.período de rendimento.

“Art. 14 - O Conselho Monetário“Art. 14 - O Conselho Monetário Nacional poderá instituir e disciplinarNacional poderá instituir e disciplinar novas modalidades de caderneta denovas modalidades de caderneta de poupança, observada periodicidade depoupança, observada periodicidade de crédito de rendimento igual ou superiorcrédito de rendimento igual ou superior a trinta dias e a trinta dias e remuneração remuneração básica pelabásica pela TRD.”TRD.”

“Art. 17 - A partir de fevereiro de“Art. 17 - A partir de fevereiro de 1991, os saldos das contas do Fundo de1991, os saldos das contas do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço - FGTSGarantia por Tempo de Serviço - FGTS

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passam a ser passam a ser remuneradosremunerados pela taxa pela taxa aplicável...”aplicável...”Parágrafo único - As taxas de jurosParágrafo único - As taxas de juros previstas na legislação em vigor doprevistas na legislação em vigor do FGTS são mantidas e consideradas comoFGTS são mantidas e consideradas como adicionais à adicionais à remuneração remuneração prevista nesteprevista neste artigo.”artigo.”

“Art. 19 - Os contratos celebrados a“Art. 19 - Os contratos celebrados a partir de 1º de fevereiro de 1991,partir de 1º de fevereiro de 1991, relativo a operações realizadas porrelativo a operações realizadas por empresas construtoras e incorporadorasempresas construtoras e incorporadoras com adquirentes de imóveis residenciaiscom adquirentes de imóveis residenciais e comerciais, poderão manter cláusulae comerciais, poderão manter cláusula de de remuneração remuneração pela taxa básica...”pela taxa básica...”

IV.07.IV.07. Todos estes artigos delineados, divulgam que a TR funcionaTodos estes artigos delineados, divulgam que a TR funciona como objeto de como objeto de remuneraçãoremuneração de créditos, com natureza de juros. de créditos, com natureza de juros.

IV.08.IV.08. Agora, de outra sorte, ratificando nossa tese expositada emAgora, de outra sorte, ratificando nossa tese expositada em linhas inaugurais, este mesmo Diploma Legal projeta utilização da TR, desta feita comolinhas inaugurais, este mesmo Diploma Legal projeta utilização da TR, desta feita como índice de atualizaçãoíndice de atualização, destacando, outrossim, que atualizar em nada repercute como, destacando, outrossim, que atualizar em nada repercute como acréscimo.acréscimo.

IV.09.IV.09. Reproduzimos, a propósito, as considerações legais,Reproduzimos, a propósito, as considerações legais, pertinente a este aspecto:pertinente a este aspecto:

“Art 6º - Para “Art 6º - Para atualização atualização de de obrigações com cláusula de correçãoobrigações com cláusula de correção monetária...”monetária...”§ único - Para § único - Para atualizaçãoatualização, no mês de, no mês de fevereiro de 1991, dos contratosfevereiro de 1991, dos contratos referentes ao BTN, a unidade dereferentes ao BTN, a unidade de conta...”conta...”

“Art. 15 - Para os contratos já“Art. 15 - Para os contratos já existentes, contendo cláusula expressaexistentes, contendo cláusula expressa de utilização da Unidade-Padrão dede utilização da Unidade-Padrão de Capital - UPC como fator deCapital - UPC como fator de atualizaçãoatualização, esta passa a ser, esta passa a ser atualizadaatualizada mediante a aplicação do mediante a aplicação do índice de remuneração básica dosíndice de remuneração básica dos depósitos de poupança com data dedepósitos de poupança com data de aniversário no dia primeiro.”aniversário no dia primeiro.”

“Art. 16 - O disposto no artigo“Art. 16 - O disposto no artigo anterior aplica-se à anterior aplica-se à atualização atualização da da UPC a ser realizada em 1º de abril deUPC a ser realizada em 1º de abril de 1991.”1991.”

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“Art. 20 - O Resultado apurado pela“Art. 20 - O Resultado apurado pela aplicação do critério de cálculo deaplicação do critério de cálculo de atualizaçãoatualização das operações de que trata das operações de que trata o artigo 18, lastreadas com recursos deo artigo 18, lastreadas com recursos de Depósitos de Poupança e da Depósitos de Poupança e da atualizaçãoatualização desses depósitos, na forma...”desses depósitos, na forma...”

“Art. 21 - Os saldos dos contratos de“Art. 21 - Os saldos dos contratos de financiamento celebrados até o dia 31financiamento celebrados até o dia 31 de janeiro de 1991, realizados comde janeiro de 1991, realizados com recursos dos depósitos de poupançarecursos dos depósitos de poupança rural, serão rural, serão atualizados, atualizados, no mês deno mês de fevereiro de 1991, por índice composto:fevereiro de 1991, por índice composto:

§ único - A partir do mês de março de§ único - A partir do mês de março de 1991, os saldos dos contratos1991, os saldos dos contratos mencionados neste artigo serãomencionados neste artigo serão atualizados atualizados pela remuneração básicapela remuneração básica aplicada aos depósitos...”aplicada aos depósitos...”

“Art. 26 - As operações de crédito“Art. 26 - As operações de crédito rural contratadas junto às instituiçõesrural contratadas junto às instituições financeiras, com recursos oriundos definanceiras, com recursos oriundos de depósitos à vista e com cláusula dedepósitos à vista e com cláusula de atualizaçãoatualização pelo índice de preços ao pelo índice de preços ao consumidor - IPC, passam a serconsumidor - IPC, passam a ser atualizados atualizados pela TR, observado opela TR, observado o disposto no art. 6º desta Lei.”disposto no art. 6º desta Lei.”

IV.10.IV.10. Inarredável, pois, o entendimento que a Lei trouxe consigoInarredável, pois, o entendimento que a Lei trouxe consigo duplo significado às TR’s: ora como taxas de juros remuneratórios, e, outras vezes, comoduplo significado às TR’s: ora como taxas de juros remuneratórios, e, outras vezes, como índices de atualização. índices de atualização.

IV.11.IV.11. Se fossemos atender o entendimento da Autora, com certeza aSe fossemos atender o entendimento da Autora, com certeza a Lei traria abrigo de que a TR seria um duplo instrumento, muito embora com uma sóLei traria abrigo de que a TR seria um duplo instrumento, muito embora com uma só denominação, o que não é o caso, lógico.denominação, o que não é o caso, lógico.

IV.12.IV.12. Sem qualquer hesitação, devemos seguir à interpretaçãoSem qualquer hesitação, devemos seguir à interpretação sistemática da Lei, a qual faculta conciliar os dois diferentes conjuntos de dispositivos,sistemática da Lei, a qual faculta conciliar os dois diferentes conjuntos de dispositivos, eliminando a contradição aparente.eliminando a contradição aparente.

IV.13.IV.13. Os únicos fundamentos de distinção efetiva da Lei 8177/91,Os únicos fundamentos de distinção efetiva da Lei 8177/91, levando-se em consideração que ora identifica a TR como remuneração, e, ora comolevando-se em consideração que ora identifica a TR como remuneração, e, ora como atualização, são, nitidamente, de natureza e finalidade meramente tributária. A União, pois,atualização, são, nitidamente, de natureza e finalidade meramente tributária. A União, pois, pretende tributar, como meras rendas, os valores resultantes das TR’s, quando as chamapretende tributar, como meras rendas, os valores resultantes das TR’s, quando as chama ‘remuneração’, e pretende, de outra parte, quando as chama ‘atualizações’, tratá-las pelos‘remuneração’, e pretende, de outra parte, quando as chama ‘atualizações’, tratá-las pelos métodos com que tributa atos de correção monetária.métodos com que tributa atos de correção monetária.

IV.14.IV.14. Um outro aspecto relevante, dado a prevalecer a TR como fatorUm outro aspecto relevante, dado a prevalecer a TR como fator de atualização, é o que preceitua o art. 11 da Lei 8177/91. de atualização, é o que preceitua o art. 11 da Lei 8177/91. Vejamos, in litteris:Vejamos, in litteris:

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“Art. 11 - “Art. 11 - É admitida a utilização daÉ admitida a utilização da Taxa Referencial - TR como base deTaxa Referencial - TR como base de remuneração dos contratosremuneração dos contratos somente somente quando tenham prazo ou período dequando tenham prazo ou período de repactuação igual ou superior a trêsrepactuação igual ou superior a três meses.”(destacamos)meses.”(destacamos)

IV.15.IV.15. Verificamos neste artigo, claramente, em arremate, umaVerificamos neste artigo, claramente, em arremate, uma faculdade à utilização da TR. Estabelecida, assim, como simples faculdade(É admitida...),faculdade à utilização da TR. Estabelecida, assim, como simples faculdade(É admitida...), nada opõe-se à fixação de juros adicionais, seja por Lei, seja por disciplina contratual entrenada opõe-se à fixação de juros adicionais, seja por Lei, seja por disciplina contratual entre as partes. O erro aparente que repousa no texto da Lei, portanto, não deve prevalecer. A TR,as partes. O erro aparente que repousa no texto da Lei, portanto, não deve prevalecer. A TR, em verdade, tem validade inatacável como índice de ‘atualização’, não, ao revés, como taxaem verdade, tem validade inatacável como índice de ‘atualização’, não, ao revés, como taxa de juros. de juros.

IV.16.IV.16. Ainda que não fosse este o entendimento, ad argumentandumAinda que não fosse este o entendimento, ad argumentandum tantum, a Embargante não evidencia qual seria, na ótica desta, o indexador correto paratantum, a Embargante não evidencia qual seria, na ótica desta, o indexador correto para atualizar o débito. atualizar o débito.

IV.17.IV.17. Em verdade, a todo débito judicial deve ser aplicado correçãoEm verdade, a todo débito judicial deve ser aplicado correção monetária, restando saber qual o índice e indexador corretos, pois que:monetária, restando saber qual o índice e indexador corretos, pois que:

“A correção monetária é extensiva a todos“A correção monetária é extensiva a todos os débito resultantes de decisãoos débito resultantes de decisão judicial(RSTJ 31/318)”judicial(RSTJ 31/318)”

“Consoante reiteradamente afirmado pela“Consoante reiteradamente afirmado pela Corte, não constituindo um ‘plus’ masCorte, não constituindo um ‘plus’ mas mera atualização da moeda aviltada pelamera atualização da moeda aviltada pela inflação, a correção monetária se impõeinflação, a correção monetária se impõe como imperativo econômico, jurídico ecomo imperativo econômico, jurídico e ético, para coibir o enriquecimento semético, para coibir o enriquecimento sem causa.(RSTJ 23/307, 38/125, STJ-RTcausa.(RSTJ 23/307, 38/125, STJ-RT 673/178)”673/178)”

“A sistemática da correção monetária dos“A sistemática da correção monetária dos débitos resultantes de decisão judicial -débitos resultantes de decisão judicial - positivada pela Lei nº 6.899, de 08.4.81positivada pela Lei nº 6.899, de 08.4.81 - constitui vero princípio jurídico,- constitui vero princípio jurídico, aplicável a relações jurídicas de todasaplicável a relações jurídicas de todas as espécies e de todos os ramos doas espécies e de todos os ramos do direito(STJ-1ª Turma, REsp 20.924-2-SP,direito(STJ-1ª Turma, REsp 20.924-2-SP, rel. rel. Min. Demócrito Reinaldo, j.Min. Demócrito Reinaldo, j. 20.5.92)”20.5.92)”

ADI-493/DFADI-493/DF

4747

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CURSO AVANÇADO DE DIREITO BANCÁRIOCURSO AVANÇADO DE DIREITO BANCÁRIOProf. Alberto BezerraProf. Alberto Bezerra

Ação Direta de Inconstitucionalidade - STFAção Direta de Inconstitucionalidade - STF

Relator Min. Moreira Alves – Publ DJ 04/09/92 – Julgamento 25/06/92 – Trib PlenoRelator Min. Moreira Alves – Publ DJ 04/09/92 – Julgamento 25/06/92 – Trib Pleno

EMENTAEMENTA

Ação direta de inconstitucionalidade – Se a lei alcançar os efeitos futuros de contratosAção direta de inconstitucionalidade – Se a lei alcançar os efeitos futuros de contratos

celebrados anteriormente a ela, sera essa lei retroativa(retroatividade mínima) porque vaicelebrados anteriormente a ela, sera essa lei retroativa(retroatividade mínima) porque vai

interferir na causa, que e um ato ou fato ocorrido no passado. – O disposto no art. 5º, XXXVI,interferir na causa, que e um ato ou fato ocorrido no passado. – O disposto no art. 5º, XXXVI,

da Constituição Federal se aplica a toda e qualquer lei infraconstitucional, sem qualquerda Constituição Federal se aplica a toda e qualquer lei infraconstitucional, sem qualquer

distinção entre lei de direito público e lei de direito privado, ou entre lei de ordem pública edistinção entre lei de direito público e lei de direito privado, ou entre lei de ordem pública e

lei dispositiva. Precedente do S.T.F. – Ocorrência, no caso, de violação de direito adquirido.lei dispositiva. Precedente do S.T.F. – Ocorrência, no caso, de violação de direito adquirido.

A Taxa Referencial (TR) não é índice de correção monetária, pois, refletindo as variações doA Taxa Referencial (TR) não é índice de correção monetária, pois, refletindo as variações do

custo primário da captação dos depósitos a prazo fixo, não constitui índice que reflita acusto primário da captação dos depósitos a prazo fixo, não constitui índice que reflita a

variação do poder aquisitivo da moedavariação do poder aquisitivo da moeda. Por isso, não há necessidade de se examinar a. Por isso, não há necessidade de se examinar a

questão de saber se as normas que alteram índice de correção monetária se aplicamquestão de saber se as normas que alteram índice de correção monetária se aplicam

imediatamente, alcançando, pois, as prestações futuras de contratos celebrados no passado,imediatamente, alcançando, pois, as prestações futuras de contratos celebrados no passado,

sem violarem o disposto no art. 5º, XXXVI, da Carta Magna. – Também ofendem o ato jurídicosem violarem o disposto no art. 5º, XXXVI, da Carta Magna. – Também ofendem o ato jurídico

perfeito os dispositivos impugnados que alteram o critério de reajuste das prestações nosperfeito os dispositivos impugnados que alteram o critério de reajuste das prestações nos

contratos já celebrados pelo sistema de Plano de Equivalência Salarial por Categoriacontratos já celebrados pelo sistema de Plano de Equivalência Salarial por Categoria

Profissional(PES/CP). Ação direta de inconstitucionalidade julgada procedente, para declararProfissional(PES/CP). Ação direta de inconstitucionalidade julgada procedente, para declarar

a inconstitucionalidade dos artigos 18, ‘caput’ e parágrafos 1 e 4; 20; 21 e parágrafo único; 23a inconstitucionalidade dos artigos 18, ‘caput’ e parágrafos 1 e 4; 20; 21 e parágrafo único; 23

e parágrafos; e 24 e parágrafos, todos da Lei nº 8.177, de 01 de maio de 1991. (VOTAÇÃOe parágrafos; e 24 e parágrafos, todos da Lei nº 8.177, de 01 de maio de 1991. (VOTAÇÃO

POR MAIORIA). POR MAIORIA).

STF - RE-175678 / MGSTF - RE-175678 / MG

Recurso ExtraordinárioRecurso Extraordinário

Relator Min. Carlos VellosoRelator Min. Carlos Velloso

Julgamento 29/11/94 – Segunda Turma. Julgamento 29/11/94 – Segunda Turma.

EMENTAEMENTA

CONSTITUCIONAL – CORREÇÃO MONETÁRIA. UTILIZAÇÃO DA TR COMO ÍNDICE DE CONSTITUCIONAL – CORREÇÃO MONETÁRIA. UTILIZAÇÃO DA TR COMO ÍNDICE DE

INDEXAÇÃO. INDEXAÇÃO.

4848

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CURSO AVANÇADO DE DIREITO BANCÁRIOCURSO AVANÇADO DE DIREITO BANCÁRIOProf. Alberto BezerraProf. Alberto Bezerra

I – I – O Supremo Tribunal Federal, no julgamento das Adins 493, Relator o Sr. Ministro MoreiraO Supremo Tribunal Federal, no julgamento das Adins 493, Relator o Sr. Ministro Moreira

Alves, 768, Relator Min. Sr. Marco Aurélio e 959-DF, Relator o Sr. Min. Sidney Sanches, nãoAlves, 768, Relator Min. Sr. Marco Aurélio e 959-DF, Relator o Sr. Min. Sidney Sanches, não

excluiu do universo jurídico a taxa referencial, TR, vale dizer, não decidiu no sentido de que aexcluiu do universo jurídico a taxa referencial, TR, vale dizer, não decidiu no sentido de que a

TR não pode ser utilizada como índice de indexaçãoTR não pode ser utilizada como índice de indexação. O que o Supremo Tribunal Federal. O que o Supremo Tribunal Federal

decidiu, nas referidas ADins, é que a TR não pode ser imposta como índice de indexação emdecidiu, nas referidas ADins, é que a TR não pode ser imposta como índice de indexação em

substituição a índices estipulados em contratos firmados anteriormente a Lei nº 8.177, desubstituição a índices estipulados em contratos firmados anteriormente a Lei nº 8.177, de

01/03/91. Essa imposição violaria os princípios constitucionais do ato jurídico perfeito e do01/03/91. Essa imposição violaria os princípios constitucionais do ato jurídico perfeito e do

direito adquirido. direito adquirido. CF, art. 5º, XXXVI. CF, art. 5º, XXXVI. II – No caso, não há falar em contrato em que ficariaII – No caso, não há falar em contrato em que ficaria

ajustado um certo índice de indexação e que estivesse esse índice sendo substituído pelaajustado um certo índice de indexação e que estivesse esse índice sendo substituído pela

TR. E dizer, não há nenhum contrato a impedir a aplicação da TR. III – R.E. não conhecido.TR. E dizer, não há nenhum contrato a impedir a aplicação da TR. III – R.E. não conhecido.

(VOTAÇÃO UNÂNIME). (VOTAÇÃO UNÂNIME).

4.7. Contratos Bancários em moeda estrangeira4.7. Contratos Bancários em moeda estrangeira

Lutero de Paiva Pereira – Contratos Bancários em Moeda Estrangeira – (Pág. 36) – Lutero de Paiva Pereira – Contratos Bancários em Moeda Estrangeira – (Pág. 36) – Com aCom a

entrada em vigor em 11/11/69 do Dec. Lei nº 857/69, diploma legal vigente até os dias atuais,entrada em vigor em 11/11/69 do Dec. Lei nº 857/69, diploma legal vigente até os dias atuais,

crivou-se de NULOS os contratos, os títulos e quaisquer outros documentos, e não maiscrivou-se de NULOS os contratos, os títulos e quaisquer outros documentos, e não mais

somente as estipulações, como anteriormente havia tratado o Dec. 23.501/33, quando dossomente as estipulações, como anteriormente havia tratado o Dec. 23.501/33, quando dos

mesmos constasse vinculação de pagamento em ouro ou moeda estrangeira. mesmos constasse vinculação de pagamento em ouro ou moeda estrangeira.

O art. 1º do Dec. 857/69 dispõe, in verbis:O art. 1º do Dec. 857/69 dispõe, in verbis:

“Art. 1º - São nulos de pleno direito os contratos, títulos e quaisquer“Art. 1º - São nulos de pleno direito os contratos, títulos e quaisquer

outros documentos, bem como obrigações que, exeqüíveis no Brasil,outros documentos, bem como obrigações que, exeqüíveis no Brasil,

estipulem pagamento em ouro, em moeda estrangeira, ou, por algumaestipulem pagamento em ouro, em moeda estrangeira, ou, por alguma

forma, restrinjam ou recusem, nos seus efeitos, o curso legal doforma, restrinjam ou recusem, nos seus efeitos, o curso legal do

cruzeiro. cruzeiro.

Porém o art. 2º do mesmo Dec. Lei bº 867/69 acolheu cinco exceções das quais a estipulaçãoPorém o art. 2º do mesmo Dec. Lei bº 867/69 acolheu cinco exceções das quais a estipulação

de pagamento em moeda estrangeira nenhuma mácula traz ao contrato, ao título ou aode pagamento em moeda estrangeira nenhuma mácula traz ao contrato, ao título ou ao

documento. documento.

Diz o texto legal em pauta, in verbis:Diz o texto legal em pauta, in verbis:

“Art. 2º - Não se aplicam as disposições do artigo anterior:“Art. 2º - Não se aplicam as disposições do artigo anterior:

i – às obrigações de importação e exportação de mercadorias;i – às obrigações de importação e exportação de mercadorias;

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CURSO AVANÇADO DE DIREITO BANCÁRIOCURSO AVANÇADO DE DIREITO BANCÁRIOProf. Alberto BezerraProf. Alberto Bezerra

ii – aos contratos de financiamento ou de prestação de garantias,ii – aos contratos de financiamento ou de prestação de garantias,

relativos a exportação de bens de produção nacional, vendidos arelativos a exportação de bens de produção nacional, vendidos a

crédito para o exterior;crédito para o exterior;

iii – aos contratos de compra e venda de câmbio em geral;iii – aos contratos de compra e venda de câmbio em geral;

iv – aos empréstimos e quaisquer outras obrigações cujo credor ouiv – aos empréstimos e quaisquer outras obrigações cujo credor ou

devedor seja pessoa residente ou domiciliada no exterior, excetodevedor seja pessoa residente ou domiciliada no exterior, exceto

contratos de locação de imóveis situados no território nacional;contratos de locação de imóveis situados no território nacional;

v – aos contratos que tenham por objeto a cessão, transferência,v – aos contratos que tenham por objeto a cessão, transferência,

delegação, assunção ou modificação das obrigações referidas no itemdelegação, assunção ou modificação das obrigações referidas no item

anterior, ainda que ambas as partes contratantes sejam pessoasanterior, ainda que ambas as partes contratantes sejam pessoas

residentes ou domiciliadas no país.’residentes ou domiciliadas no país.’

Assim, sob a disciplina lançada com a entrada em vigor do Dec. Lei 867/69, os contratos emAssim, sob a disciplina lançada com a entrada em vigor do Dec. Lei 867/69, os contratos em

moeda estrangeira validamente constituídos não poderão ser outros senão exclusivamentemoeda estrangeira validamente constituídos não poderão ser outros senão exclusivamente

aqueles que se encaixem nas exceções acolhidas por seu indigitado art. 2º.aqueles que se encaixem nas exceções acolhidas por seu indigitado art. 2º.

Mais recentemente, já em plena vigência do conhecido Plano de Estabilização Econômica –Mais recentemente, já em plena vigência do conhecido Plano de Estabilização Econômica –

Plano Real -, cujo início legal busca sustento na Lei 8.880, de 27/05/94, diploma legal quePlano Real -, cujo início legal busca sustento na Lei 8.880, de 27/05/94, diploma legal que

Instituiu a Unidade Real de Valor(URV), ficou assegurada por seu art. 6º a NULIDADE deInstituiu a Unidade Real de Valor(URV), ficou assegurada por seu art. 6º a NULIDADE de

qualquer estipulação prevendo a incidência da qualquer estipulação prevendo a incidência da variação cambialvariação cambial. .

São estes os termos do sobredito dispositivo da Lei 8.880/94, in verbis:São estes os termos do sobredito dispositivo da Lei 8.880/94, in verbis:

“Art. 6º - É nula de pleno direito a contratação de “Art. 6º - É nula de pleno direito a contratação de reajustes vinculadosreajustes vinculados

à variação cambialà variação cambial, exceto quando expressamente autorizado por lei, exceto quando expressamente autorizado por lei

federal, e nos contratos de arrendamento mercantil celebrados entrefederal, e nos contratos de arrendamento mercantil celebrados entre

pessoas residentes e domiciliadas no País, com base em captação depessoas residentes e domiciliadas no País, com base em captação de

recursos provenientes do exterior.”recursos provenientes do exterior.”

4.8. As garantias nos contratos bancários4.8. As garantias nos contratos bancários

Sérgio Carlos Covello – Contratos Bancários – (Pág. 277-278) – Sérgio Carlos Covello – Contratos Bancários – (Pág. 277-278) – Na luta contra o risco oNa luta contra o risco o

Banco toma todas as precauções necessárias no sentido de garantir o cumprimento daBanco toma todas as precauções necessárias no sentido de garantir o cumprimento da

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CURSO AVANÇADO DE DIREITO BANCÁRIOCURSO AVANÇADO DE DIREITO BANCÁRIOProf. Alberto BezerraProf. Alberto Bezerra

obrigação assumida pelo cliente. Antes de aprovar um crédito, o banqueiro leva em contaobrigação assumida pelo cliente. Antes de aprovar um crédito, o banqueiro leva em conta

não só a situação própria do cliente, como, também, a natureza da operação solicitada e asnão só a situação própria do cliente, como, também, a natureza da operação solicitada e as

condições atuais da economia. Destarte a apreciação do risco determina a exigência decondições atuais da economia. Destarte a apreciação do risco determina a exigência de

garantias que se tornaram praxe na contratação bancária.garantias que se tornaram praxe na contratação bancária.

‘Não seria justo ver nesta preocupação – Diz Garruigues – uma atividade opressora ou‘Não seria justo ver nesta preocupação – Diz Garruigues – uma atividade opressora ou

persecutória do Banco frente aos clientes, porque o dinheiro que os Bancos dão a crédito é opersecutória do Banco frente aos clientes, porque o dinheiro que os Bancos dão a crédito é o

mesmo que eles receberem a crédito e que, portanto, as garantias que adotam nas operaçõesmesmo que eles receberem a crédito e que, portanto, as garantias que adotam nas operações

ativas asseguram o bom fim das operações passivas. Em última instância, o Banco, ao seativas asseguram o bom fim das operações passivas. Em última instância, o Banco, ao se

garantir da devolução dos créditos que concede, está automaticamente assegurando aosgarantir da devolução dos créditos que concede, está automaticamente assegurando aos

seus depositantes a restituição de seus capitais. seus depositantes a restituição de seus capitais.

Os meios de garantias de que o banco pode lançar mão são de duas naturezas: Os meios de garantias de que o banco pode lançar mão são de duas naturezas: geraisgerais e e

especiaisespeciais. . As primeiras fundam-se na boa qualidade do clienteAs primeiras fundam-se na boa qualidade do cliente,criando confiança em que ele,criando confiança em que ele

solverá o seu débito, como, também, na natureza da operação, na sua finalidade, no seusolverá o seu débito, como, também, na natureza da operação, na sua finalidade, no seu

montante, etc. Têm sobretudo caráter moral, pois que evidenciam a idoneidade moral,montante, etc. Têm sobretudo caráter moral, pois que evidenciam a idoneidade moral,

financeira e econômica do solicitante do crédito. financeira e econômica do solicitante do crédito.

A primeira coisa que o Banco faz antes de conceder o crédito é promover a coleta deA primeira coisa que o Banco faz antes de conceder o crédito é promover a coleta de

informações, o ‘levantamento cadastral’, para usarmos expressão fluente, que nada mais éinformações, o ‘levantamento cadastral’, para usarmos expressão fluente, que nada mais é

do que análise objetiva do cliente com o propósito de verificar se este inspira ou nãodo que análise objetiva do cliente com o propósito de verificar se este inspira ou não

confiança. As fontes de informações podem ser: a) o próprio cliente; b) os seusconfiança. As fontes de informações podem ser: a) o próprio cliente; b) os seus

fornecedores; c) as agências de informações; d) os próprios bancos; e) os cartórios defornecedores; c) as agências de informações; d) os próprios bancos; e) os cartórios de

protesto.protesto.

Feito o levantamento cadastral, o Banco procederá à análise do crédito solicitado, levandoFeito o levantamento cadastral, o Banco procederá à análise do crédito solicitado, levando

em conta os seguintes aspectos:em conta os seguintes aspectos:

a) Fim a que se destina; b) prazo de duração do crédito; c) montante do crédito.a) Fim a que se destina; b) prazo de duração do crédito; c) montante do crédito.

Garantias EspeciaisGarantias Especiais - Nem sempre, no entanto, os Bancos se contentam com as garantias - Nem sempre, no entanto, os Bancos se contentam com as garantias

gerais oferecidas pelo cliente. As crises econômicas, as oscilações dos preços, agerais oferecidas pelo cliente. As crises econômicas, as oscilações dos preços, a

instabilidade da moeda, a inflação e a própria queda dos padrões de moralidade nosinstabilidade da moeda, a inflação e a própria queda dos padrões de moralidade nos

negócios fazem com que os bancos exijam garantias especiais, de ordem jurídica, paranegócios fazem com que os bancos exijam garantias especiais, de ordem jurídica, para

lastrear o contrato bancário. É, assim, comum – para não dizer imperioso – os Bancoslastrear o contrato bancário. É, assim, comum – para não dizer imperioso – os Bancos

buscarem a intervenção de um terceiro que subscreva o contrato solidariamente com obuscarem a intervenção de um terceiro que subscreva o contrato solidariamente com o

devedor, ou então uma garantia real que vincule um bem ao contrato para assegurar a fieldevedor, ou então uma garantia real que vincule um bem ao contrato para assegurar a fiel

satisfação da obrigação assumida pelo cliente. A garantia real desfruta de tanta importânciasatisfação da obrigação assumida pelo cliente. A garantia real desfruta de tanta importância

na contratação bancária que Hamel é levado a dizer que o crédito real é a regra dona contratação bancária que Hamel é levado a dizer que o crédito real é a regra do

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CURSO AVANÇADO DE DIREITO BANCÁRIOCURSO AVANÇADO DE DIREITO BANCÁRIOProf. Alberto BezerraProf. Alberto Bezerra

bancqueiro, pois este só se sente plenamente seguro quando tem a sua disposição umbancqueiro, pois este só se sente plenamente seguro quando tem a sua disposição um

penhor ou uma hipoteca sob bens de seu devedor ou de um terceiro interveniente. penhor ou uma hipoteca sob bens de seu devedor ou de um terceiro interveniente.

Garantias pessoaisGarantias pessoais – As garantias pessoais ou fidejussórias dividem-se tradicionalmente em – As garantias pessoais ou fidejussórias dividem-se tradicionalmente em

fiança e aval, às quais se acresce, hoje em dia, a figura do seguro de crédito.fiança e aval, às quais se acresce, hoje em dia, a figura do seguro de crédito.

Garantias reaisGarantias reais – As garantias reais que mais comumente acompanham o contrato bancário – As garantias reais que mais comumente acompanham o contrato bancário

são hipoteca, o penhor, a caução de títulos, o warrant e o conhecimento de depósito e asão hipoteca, o penhor, a caução de títulos, o warrant e o conhecimento de depósito e a

alienação fiduciária. alienação fiduciária.

Sílvio de Salvo Venosa – Vol V – Pág. 20 – Sílvio de Salvo Venosa – Vol V – Pág. 20 – A idéia básica é que o direito pessoal une dois ouA idéia básica é que o direito pessoal une dois ou

mais sujeitos, enquanto os direitos reais traduzem relação entre uma coisa ou conjunto demais sujeitos, enquanto os direitos reais traduzem relação entre uma coisa ou conjunto de

coisas, e um ou mais sujeitos, pessoas naturais ou jurídicas. O exemplo perfeito de direitocoisas, e um ou mais sujeitos, pessoas naturais ou jurídicas. O exemplo perfeito de direito

pessoal é a obrigação, e o exemplo perfeito e acabado de direito real é a propriedade. pessoal é a obrigação, e o exemplo perfeito e acabado de direito real é a propriedade.

Diferenças mais marcantes entre os direitos reais e os direitos pessoais:Diferenças mais marcantes entre os direitos reais e os direitos pessoais:

a) o direito real é exercido e recai diretamente sobre a coisa, sobre um objeto basicamentea) o direito real é exercido e recai diretamente sobre a coisa, sobre um objeto basicamente

corpóreo, embora não se afaste a noção de realidade sobre bens imateriais, enquanto ocorpóreo, embora não se afaste a noção de realidade sobre bens imateriais, enquanto o

direito obrigacional tem como objeto relações humanas. direito obrigacional tem como objeto relações humanas.

b) questão fundamental, muito debatida pela doutrina mais antiga, diz respeito ao númerob) questão fundamental, muito debatida pela doutrina mais antiga, diz respeito ao número

limitado de direitos reais. Os direitos reais não são numerosos, são finitos, porque, emlimitado de direitos reais. Os direitos reais não são numerosos, são finitos, porque, em

síntese, são finitos os bens disponíveis e apropriáveis pelo homem. A regra enunciada é quesíntese, são finitos os bens disponíveis e apropriáveis pelo homem. A regra enunciada é que

os direitos reais inserem-se em os direitos reais inserem-se em numerus claususnumerus clausus, isto é, somente podem ser considerados, isto é, somente podem ser considerados

direitos reais, mormente em nosso ordenamento, aqueles assim considerados pela lei. Pordireitos reais, mormente em nosso ordenamento, aqueles assim considerados pela lei. Por

outro lado, os direitos obrigacionais são em número limitado, porque as facetas dooutro lado, os direitos obrigacionais são em número limitado, porque as facetas do

relacionamento pessoal são finitas. Os direitos pessoais apresentam-se, destarte, comorelacionamento pessoal são finitas. Os direitos pessoais apresentam-se, destarte, como

número indeterminado. número indeterminado.

Capítulo VCapítulo V

5. Operações Bancárias5. Operações Bancárias

5.1. Definição5.1. Definição

5.2. Classificação5.2. Classificação

5.3. Características5.3. Características

Capítulo VICapítulo VI

6. Agiotagem6. Agiotagem

5252

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CURSO AVANÇADO DE DIREITO BANCÁRIOCURSO AVANÇADO DE DIREITO BANCÁRIOProf. Alberto BezerraProf. Alberto Bezerra

Seria o comércio ou especulação fundada em empréstimos a juros excessivos. Seria o comércio ou especulação fundada em empréstimos a juros excessivos.

Celso Marcelo de Oliveira – Limite Constitucional... – (Pág. 246) – Celso Marcelo de Oliveira – Limite Constitucional... – (Pág. 246) – É agiota e viola a lei todoÉ agiota e viola a lei todo

aquele que empresta dinheiro e cobra renda acima de 12% ao ano, se não for integrante doaquele que empresta dinheiro e cobra renda acima de 12% ao ano, se não for integrante do

Sistema Financeiro Nacional. Ensina o mestre Aurélio Buarque de Holanda: agiota significaSistema Financeiro Nacional. Ensina o mestre Aurélio Buarque de Holanda: agiota significa

usuário, interesseiro. O mestre Rui Stoco nos ensina: ‘a usura pecuniária, no direito penalusuário, interesseiro. O mestre Rui Stoco nos ensina: ‘a usura pecuniária, no direito penal

brasileiro, é a cobrança, exigência ou percepção de um exorbitante prêmio em dinheiro, embrasileiro, é a cobrança, exigência ou percepção de um exorbitante prêmio em dinheiro, em

juros, comissões, descontos percentuais ou ágio de câmbio, como contraprestação dojuros, comissões, descontos percentuais ou ágio de câmbio, como contraprestação do

mútuo e de sua prorrogação, ou de permuta de moeda nacional por moeda estrangeira, ou omútuo e de sua prorrogação, ou de permuta de moeda nacional por moeda estrangeira, ou o

simples empréstimo sob penhor de institutos oficiais. simples empréstimo sob penhor de institutos oficiais.

Destacamos os enunciados do antigo Tribunal de Alçada do Rio Grande do Sul a respeito daDestacamos os enunciados do antigo Tribunal de Alçada do Rio Grande do Sul a respeito da

prática de agiotagem:prática de agiotagem:

a) Decisão do Magistrado Márcio de Oliveira Puggina em AC ....a) Decisão do Magistrado Márcio de Oliveira Puggina em AC ....

‘Agiotagem. A prática de atividade reservada às instituições financeiras autorizadas é ilícito‘Agiotagem. A prática de atividade reservada às instituições financeiras autorizadas é ilícito

civil(arts. 17 e 18 da Lei 4.595) e penal(art. 44, § 7º, do mesmo diploma legal). A obrigaçãocivil(arts. 17 e 18 da Lei 4.595) e penal(art. 44, § 7º, do mesmo diploma legal). A obrigação

derivada deste tipo de atividade é ilícita, sendo insuscetível de cobrança judicial. ‘derivada deste tipo de atividade é ilícita, sendo insuscetível de cobrança judicial. ‘

b) Decisão do magistrado Arnaldo Rizzardo em AC ....: b) Decisão do magistrado Arnaldo Rizzardo em AC ....:

‘Empréstimo de dinheiro por pessoa física. Reiteração da atividade de mútuo, vedada por lei,‘Empréstimo de dinheiro por pessoa física. Reiteração da atividade de mútuo, vedada por lei,

visto que adstrita às instituições financeiras autorizadas(arts. 17 e 18 da Lei 4.595, de 1964, ovisto que adstrita às instituições financeiras autorizadas(arts. 17 e 18 da Lei 4.595, de 1964, o

que torna a obrigação derivada deste tipo de atividade ilícita, e impede a cobrança judicial.que torna a obrigação derivada deste tipo de atividade ilícita, e impede a cobrança judicial.

Evidenciada a cobrança de juros onzenários se o mutuante retira dinheiro de aplicaçãoEvidenciada a cobrança de juros onzenários se o mutuante retira dinheiro de aplicação

bancárias e embute nos encargos cobrados mais os juros de 12% ao ano, pis, só nabancárias e embute nos encargos cobrados mais os juros de 12% ao ano, pis, só na

poupança, os juros equivalem a meio por cento ao mês. Aplicação dos arts. 1062 do Códigopoupança, os juros equivalem a meio por cento ao mês. Aplicação dos arts. 1062 do Código

Civil e 1º do Decreto nº 22.626, de 1933.’Civil e 1º do Decreto nº 22.626, de 1933.’

Capítulo VIICapítulo VII

7. Contrato de Conta Corrente7. Contrato de Conta Corrente

7.1. Definição7.1. Definição

5.1. Definição – 5.1. Definição – É um contrato celebrado entre um banco e umÉ um contrato celebrado entre um banco e um

cliente(correntista), onde o primeiro se obriga a acatar valores recebidoscliente(correntista), onde o primeiro se obriga a acatar valores recebidos

deste ou de terceiros, sendo a instituição instada, por força do pacto, adeste ou de terceiros, sendo a instituição instada, por força do pacto, a

acatar ordens para pagamentos do cliente, até o limite dos valores aliacatar ordens para pagamentos do cliente, até o limite dos valores ali

depositados.depositados.

5353

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CURSO AVANÇADO DE DIREITO BANCÁRIOCURSO AVANÇADO DE DIREITO BANCÁRIOProf. Alberto BezerraProf. Alberto Bezerra

Nélson Abrão – Direito Bancário – (Pág. 167) – Nélson Abrão – Direito Bancário – (Pág. 167) – Portanto, em vez de procedrem a um acerto aPortanto, em vez de procedrem a um acerto a

cada operação negocial, os empresários lançam o crédito e o débito dela decorrentes emcada operação negocial, os empresários lançam o crédito e o débito dela decorrentes em

forma contábil, verificando-se o saldo no encerramento, que pode ocorrer no prazoforma contábil, verificando-se o saldo no encerramento, que pode ocorrer no prazo

convencionado ou no fixado ou no fixado em lei.convencionado ou no fixado ou no fixado em lei.

É, pois, um contrato pelo qual dois empresários resolvem lançar sobre representaçãoÉ, pois, um contrato pelo qual dois empresários resolvem lançar sobre representação

contábil os créditos dos valores em que presta ao outro, em decorrência dos atos negociais,contábil os créditos dos valores em que presta ao outro, em decorrência dos atos negociais,

no seu todo, ou em parte, sejam eles bens ou serviços, verificando-se o saldo nono seu todo, ou em parte, sejam eles bens ou serviços, verificando-se o saldo no

encerramento convencional, ou legal, o qual, só a partir daí, se torna exigível. encerramento convencional, ou legal, o qual, só a partir daí, se torna exigível.

Daí resulta que: a) se as partes não convencionarem colocar todas as operações deDaí resulta que: a) se as partes não convencionarem colocar todas as operações de

conteúdo econômico que praticam entre si em uma conta, podem levar certos valores,conteúdo econômico que praticam entre si em uma conta, podem levar certos valores,

oriundos das operações, particulares, a contas separadas; b) as partes podem estipular umoriundos das operações, particulares, a contas separadas; b) as partes podem estipular um

prazo de duração do contrato, ou então que ele finde após abranger operaçõesprazo de duração do contrato, ou então que ele finde após abranger operações

predeterminadas; c) é lícito convencionar oo limite máximo de obrigações que uma daspredeterminadas; c) é lícito convencionar oo limite máximo de obrigações que uma das

partes assume perante à outra, mas não que uma opere com vantagem em relação a outra,partes assume perante à outra, mas não que uma opere com vantagem em relação a outra,

porque, então, ‘não surgiria a conta corrente’; d) na vigência da outra, nenhuma das partesporque, então, ‘não surgiria a conta corrente’; d) na vigência da outra, nenhuma das partes

pode considerar-se credora da outra.pode considerar-se credora da outra.

Finalmente, no contrato as partes podem convencionar os juros a incidir durante a fluênciaFinalmente, no contrato as partes podem convencionar os juros a incidir durante a fluência

da conta e sobre o saldo a ser apurado no encerramento. da conta e sobre o saldo a ser apurado no encerramento.

Sérgio Carlos Covello – Contratos bancários – (pág. 97) – Sérgio Carlos Covello – Contratos bancários – (pág. 97) – Na prática bancária, a expressãoNa prática bancária, a expressão

conta corrente designa, em sentido amplo, o registro contábil, em partidas de débito econta corrente designa, em sentido amplo, o registro contábil, em partidas de débito e

crédito, das operações realizadas pelo Banco com seus clientes ou terceiros,e, em sentidocrédito, das operações realizadas pelo Banco com seus clientes ou terceiros,e, em sentido

específico restrito, a própria relação contratual do Banco com o cliente, resultante deespecífico restrito, a própria relação contratual do Banco com o cliente, resultante de

cláusula ou pacto. cláusula ou pacto.

Interessa-nos, obviamente, a última acepção por dar nome ao mais corriqueiro contrato deInteressa-nos, obviamente, a última acepção por dar nome ao mais corriqueiro contrato de

Banco. Banco.

Escrevendo sobre a matéria, Fiorentino dá o seguinte conceito: ‘E o contrato pelo qual oEscrevendo sobre a matéria, Fiorentino dá o seguinte conceito: ‘E o contrato pelo qual o

Banco se obriga a cumprir todos os encargos e operações que os limites contratuais, ou deBanco se obriga a cumprir todos os encargos e operações que os limites contratuais, ou de

uso, lhe forem solicitadas pelo cliente.’uso, lhe forem solicitadas pelo cliente.’

Por outras palavras, Molle diz: ‘E o contrato em virtude do qual o Banco contra a prestaçãoPor outras palavras, Molle diz: ‘E o contrato em virtude do qual o Banco contra a prestação

de fundos necessários, assume o serviço de caixa do cliente, obrigando-se a cumprir, node fundos necessários, assume o serviço de caixa do cliente, obrigando-se a cumprir, no

interesse deste último, pagamentos e cobranças por caixa ou por giro dentro do marco deinteresse deste último, pagamentos e cobranças por caixa ou por giro dentro do marco de

sua obrigação. sua obrigação.

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Para nós, a conta corrente bancária é o contrato em virtude do qual o Banco se obriga aPara nós, a conta corrente bancária é o contrato em virtude do qual o Banco se obriga a

receber os valores que lhe são remetidos pelo cliente(correntista) ou por terceiros, bemreceber os valores que lhe são remetidos pelo cliente(correntista) ou por terceiros, bem

como a cumprir ordens de pagamento do cliente até o limite de dinheiro nela depositado oucomo a cumprir ordens de pagamento do cliente até o limite de dinheiro nela depositado ou

do crédito que se haja estipulado. do crédito que se haja estipulado.

Como se observa, o conteúdo do contrato de conta corrente resume-se na obrigaçãoComo se observa, o conteúdo do contrato de conta corrente resume-se na obrigação

contraída pelo Banco de realizar uma série de negócios por conta do cliente, desenvolvendocontraída pelo Banco de realizar uma série de negócios por conta do cliente, desenvolvendo

um verdadeiro serviço de caixa: honrar ordens de pagamento que o cliente lhe transmite porum verdadeiro serviço de caixa: honrar ordens de pagamento que o cliente lhe transmite por

meio de cheques, pagar letras de câmbio, faturas, conta de luz, de água e esgoto, de telefone,meio de cheques, pagar letras de câmbio, faturas, conta de luz, de água e esgoto, de telefone,

bem como arrecadar fundos do cliente ou de terceiros. bem como arrecadar fundos do cliente ou de terceiros.

Por meio da conta corrente, o Banco regula contabilmente as entradas e saídas de dinheiro,Por meio da conta corrente, o Banco regula contabilmente as entradas e saídas de dinheiro,

de tal sorte que propicia ao correntista um controle exato de seu numerário. Por embasar-sede tal sorte que propicia ao correntista um controle exato de seu numerário. Por embasar-se

em esquema contábil, a conta corrente reflete em partidas de débito e crédito os ingressosem esquema contábil, a conta corrente reflete em partidas de débito e crédito os ingressos

que o cliente(ou terceiro) realize e os saques que efetue. que o cliente(ou terceiro) realize e os saques que efetue.

Arnaldo Rizzardo – Contratos de Crédito Bancário – (Pág. 69) – Arnaldo Rizzardo – Contratos de Crédito Bancário – (Pág. 69) – Há de se destacar,Há de se destacar,

inicialmente, dois significados da conta corrente. inicialmente, dois significados da conta corrente.

O primeiro equivale aos registros de débito e crédito que o banco faz nas contas correntesO primeiro equivale aos registros de débito e crédito que o banco faz nas contas correntes

dos clientes, referentes aos depósitos e retiradas. dos clientes, referentes aos depósitos e retiradas.

A locução A locução conta correnteconta corrente envolve, segundo Eduardo de Menezes Filho, ‘referência a um envolve, segundo Eduardo de Menezes Filho, ‘referência a um

registro de importâncias pecuniárias percebidas e despendidas por alguém e com o qual seregistro de importâncias pecuniárias percebidas e despendidas por alguém e com o qual se

constata a todo momento o líquido restante de um negócio ou de alguns negócios reunidos. constata a todo momento o líquido restante de um negócio ou de alguns negócios reunidos.

Este o de conta corrente de que trata Orlando Gomes: ‘A conta corrente bancária é o contratoEste o de conta corrente de que trata Orlando Gomes: ‘A conta corrente bancária é o contrato

pelo qual intercorrem relações continuadas de débito de crédito entre banco e cliente.pelo qual intercorrem relações continuadas de débito de crédito entre banco e cliente.

Obriga-se o banco a inscrever em partida de débito e crédito os valores monetários retiradosObriga-se o banco a inscrever em partida de débito e crédito os valores monetários retirados

ou remetidos ao cliente. Crédito do banco e débito do cliente poderiam ser liquidados àou remetidos ao cliente. Crédito do banco e débito do cliente poderiam ser liquidados à

medida que se constituíssem, cumprindo o devedor a obrigação de saldar a dívida, mas, pelomedida que se constituíssem, cumprindo o devedor a obrigação de saldar a dívida, mas, pelo

mecanismo da conta corrente, estipula-se a liquidação por diferença, mediante compensaçãomecanismo da conta corrente, estipula-se a liquidação por diferença, mediante compensação

de direito contrapostos. Permite-se, desse modo, que o cliente, no curso do contrato,de direito contrapostos. Permite-se, desse modo, que o cliente, no curso do contrato,

aumente ou reduza o montante da dívida. As remessas são anotadas na conta, tornando-seaumente ou reduza o montante da dívida. As remessas são anotadas na conta, tornando-se

inexigíveis até ser a mesma fechada. Por outras palavras, os valores inscritos na containexigíveis até ser a mesma fechada. Por outras palavras, os valores inscritos na conta

corrente perdem sua exigibilidade autônoma. O banco somente pode reclamar o saldo dacorrente perdem sua exigibilidade autônoma. O banco somente pode reclamar o saldo da

conta no seu vencimento. Tanto são autônomas as relações de crédito que os juros, emboraconta no seu vencimento. Tanto são autônomas as relações de crédito que os juros, embora

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computados periodicamente, se calculam de cada partida, ‘aumentando ou diminuindo’,computados periodicamente, se calculam de cada partida, ‘aumentando ou diminuindo’,

conforme o cliente retire ou deposite qualquer importância. conforme o cliente retire ou deposite qualquer importância.

A seguir, procura dizer a distinção entre este tipo de conta corrente e a contábil: ‘Não seA seguir, procura dizer a distinção entre este tipo de conta corrente e a contábil: ‘Não se

confunda o contrato de conta corrente com a conta de ‘deve’ e ‘haver’, especialmente usadaconfunda o contrato de conta corrente com a conta de ‘deve’ e ‘haver’, especialmente usada

entre banqueiro e cliente, comitente e comissionário, sociedade e sócio, para demonstrar oentre banqueiro e cliente, comitente e comissionário, sociedade e sócio, para demonstrar o

movimento das entradas e saídas de dinheiro, das operações de abertura de crédito simplesmovimento das entradas e saídas de dinheiro, das operações de abertura de crédito simples

ou de depósito irregular, mero registro de operações singulares entre dois comerciantes, taisou de depósito irregular, mero registro de operações singulares entre dois comerciantes, tais

quais foram realizadas, compreendendo juros e outros elementos acessórios, como câmbios,quais foram realizadas, compreendendo juros e outros elementos acessórios, como câmbios,

comissões, etc. e destinada a indicar qualquer momento o estado em que se acha um delescomissões, etc. e destinada a indicar qualquer momento o estado em que se acha um deles

relativamente ao outro. Existe, aí, uma expressão de contabilidade, sem construção jurídica,relativamente ao outro. Existe, aí, uma expressão de contabilidade, sem construção jurídica,

e, portanto, despida de qualquer outro efeito além do assinalado. e, portanto, despida de qualquer outro efeito além do assinalado.

7.2. Características7.2. Características

a) Bilateral; b) Consensual; c) execução continuada; d) onerosoa) Bilateral; b) Consensual; c) execução continuada; d) oneroso

Sérgio Carlos Covello – Contratos Bancários – (Pág. 106) Sérgio Carlos Covello – Contratos Bancários – (Pág. 106) - - a) Bilateral a) Bilateral – É bilateral, porque– É bilateral, porque

envolve obrigações para ambas as partes, Banco e cliente. O Banco tem como obrigaçãoenvolve obrigações para ambas as partes, Banco e cliente. O Banco tem como obrigação

prestar serviço de caixa e, muitas vezes, pagar interesses ao cliente, bem como registrar osprestar serviço de caixa e, muitas vezes, pagar interesses ao cliente, bem como registrar os

ingressos e egressos de numerário, enquanto, por sua vez, o cliente assume a obrigação nãoingressos e egressos de numerário, enquanto, por sua vez, o cliente assume a obrigação não

só de pagar só de pagar comissõescomissões, e reembolsar despesas(v. g., talonário de cheques, telefonemas,, e reembolsar despesas(v. g., talonário de cheques, telefonemas,

despesas postais, etc) e despesas postais, etc) e observar certas normas quanto uso adequando do chequeobservar certas normas quanto uso adequando do cheque, como, como

também também obrigação de alimentar a conta com depósitos pecuniários se quiser que o bancoobrigação de alimentar a conta com depósitos pecuniários se quiser que o banco

honre ordens de pagamentohonre ordens de pagamento..

b) Consensual b) Consensual – O contrato de conta corrente é consensual, porque se aperfeiçoa com a só– O contrato de conta corrente é consensual, porque se aperfeiçoa com a só

vontade das partes, ao contrário do depósito bancário que só se concretiza com a tradiçãovontade das partes, ao contrário do depósito bancário que só se concretiza com a tradição

do dinheiro. Na prática, o cliente, no ato da contratação, faz ingresso, mas tão-só em razãodo dinheiro. Na prática, o cliente, no ato da contratação, faz ingresso, mas tão-só em razão

de alimentar a conta para que o Banco possa atender às ordens de pagamento. Ade alimentar a conta para que o Banco possa atender às ordens de pagamento. A

contratação é feita mesmo antes do cliente entregar numerário ao Banco. É o que ocorre, porcontratação é feita mesmo antes do cliente entregar numerário ao Banco. É o que ocorre, por

exemplo, quando certas empresas ou associações e mesmo órgãos públicos convencionamexemplo, quando certas empresas ou associações e mesmo órgãos públicos convencionam

com o Banco e o contrato de conta corrente com fim de promover a arrecadação de tributoscom o Banco e o contrato de conta corrente com fim de promover a arrecadação de tributos

e mensalidades, ratifas: o cliente de regra, não entrega soma alguma ao Banco, pois a contae mensalidades, ratifas: o cliente de regra, não entrega soma alguma ao Banco, pois a conta

será alimentada com a própria cobrança que a instituição bancária se propõe a realizar. será alimentada com a própria cobrança que a instituição bancária se propõe a realizar.

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c) Execução Continuadac) Execução Continuada - Diz-se de execução continuada, porque as obrigações das partes - Diz-se de execução continuada, porque as obrigações das partes

não se cumprem em um só ato, de uma só vez, mas por meio de prestações periódicas ounão se cumprem em um só ato, de uma só vez, mas por meio de prestações periódicas ou

sucessivas que se prolongam no tempo. Por este contrato, o Banco se obriga a cumprirsucessivas que se prolongam no tempo. Por este contrato, o Banco se obriga a cumprir

sucessivas ordens de pagamento e de cobrança, não se extinguindo, portanto, a relaçãosucessivas ordens de pagamento e de cobrança, não se extinguindo, portanto, a relação

contratual com a execução de um só ato. contratual com a execução de um só ato.

d) Onerosod) Oneroso – É oneroso, porque o Banco costuma abonar juros sobre o montante – É oneroso, porque o Banco costuma abonar juros sobre o montante

consignado em conta, com especial vantagem para o cliente. Mas ainda que não se abonemconsignado em conta, com especial vantagem para o cliente. Mas ainda que não se abonem

juros, a onerosidade do contrato subsiste, porque a vantagem do cliente está justamente nojuros, a onerosidade do contrato subsiste, porque a vantagem do cliente está justamente no

serviço de caixa que o Banco lhe presta. serviço de caixa que o Banco lhe presta.

7.3. Espécies7.3. Espécies

a) conta corrente com provisão; b) conta corrente a descoberto; c) conta unipessoal; d) contaa) conta corrente com provisão; b) conta corrente a descoberto; c) conta unipessoal; d) conta

corrente conjunta; e) conta conjunta fragmentária; f) conta conjunta solidáriacorrente conjunta; e) conta conjunta fragmentária; f) conta conjunta solidária

A conta corrente bancária pode obedecer às modalidades A conta corrente bancária pode obedecer às modalidades quanto à provisãoquanto à provisão e e quanto àquanto à

titularidadetitularidade. No primeiro caso, temos dois tipos de conta: . No primeiro caso, temos dois tipos de conta: com provisão de fundoscom provisão de fundos e e aa

descobertodescoberto. No segundo caso, temos a . No segundo caso, temos a conta corrente unipessoalconta corrente unipessoal, , a conjunta simplesa conjunta simples, , aa

fragmentáriafragmentária e e a conjunta solidáriaa conjunta solidária. .

a) a) conta corrente com provisãoconta corrente com provisão – – Esta modalidade tem como antecedente um depósito. OEsta modalidade tem como antecedente um depósito. O

cliente, ao subscrever o contrato, faz um depósito em dinheiro, continuando a alimentar acliente, ao subscrever o contrato, faz um depósito em dinheiro, continuando a alimentar a

conta, durante a vigência da relação jurídica. A falta de provisão, no caso, acarreta ou podeconta, durante a vigência da relação jurídica. A falta de provisão, no caso, acarreta ou pode

acarretar a extinção do contrato. acarretar a extinção do contrato.

É o tipo comum de conta corrente bancária. É o tipo comum de conta corrente bancária.

b) Conta corrente a descobertob) Conta corrente a descoberto - - A conta corrente a descoberto tem como pressuposto um A conta corrente a descoberto tem como pressuposto um

contrato de abertura de crédito pelo qual o Banco se obriga a pôr à disposição do correntistacontrato de abertura de crédito pelo qual o Banco se obriga a pôr à disposição do correntista

uma determinada soma em dinheiro, tal como ocorre coma conta de cheque especial ou,uma determinada soma em dinheiro, tal como ocorre coma conta de cheque especial ou,

melhor dizendo, cheque garantido. O cliente pode, sem fazem nenhuma entrada em dinheiro,melhor dizendo, cheque garantido. O cliente pode, sem fazem nenhuma entrada em dinheiro,

realizar quantos saques deseje até o montante do crédito que lhe foi concedido. O dinheirorealizar quantos saques deseje até o montante do crédito que lhe foi concedido. O dinheiro

que ele usa, portanto, é o dinheiro do próprio Banco. que ele usa, portanto, é o dinheiro do próprio Banco.

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Na vigência do contrato, pode ocorrer que a conta com provisão se torne a descoberto eNa vigência do contrato, pode ocorrer que a conta com provisão se torne a descoberto e

vice-versa. Exemplo da primeira hipótese: o cliente mantém regularmente saldo em suavice-versa. Exemplo da primeira hipótese: o cliente mantém regularmente saldo em sua

conta, mas, em determinado momento, emite um cheque cujo valor ultrapassa a sua provisãoconta, mas, em determinado momento, emite um cheque cujo valor ultrapassa a sua provisão

e o Banco, em atenção à probidade do cliente, efetua o pagamento, concedendo-lhe, assim,e o Banco, em atenção à probidade do cliente, efetua o pagamento, concedendo-lhe, assim,

um crédito. Na segunda hipótese, o cliente tem uma conta a descoberto, mas expirado oum crédito. Na segunda hipótese, o cliente tem uma conta a descoberto, mas expirado o

prazo, alimenta-a com depósitos sucessivos a fim de continuar valendo-se do serviço deprazo, alimenta-a com depósitos sucessivos a fim de continuar valendo-se do serviço de

caixa. caixa.

c) conta unipessoalc) conta unipessoal - - Esta espécie da conta não oferece dificuldades visto que seu titular éEsta espécie da conta não oferece dificuldades visto que seu titular é

uma única pessoa. Assim, somente poderá ser movimentada pelo titular ou por seuuma única pessoa. Assim, somente poderá ser movimentada pelo titular ou por seu

procurador devidamente constituído. procurador devidamente constituído.

d) Conta corrente conjuntad) Conta corrente conjunta – – Também chamada de “conta corrente simplesTambém chamada de “conta corrente simples “ e “conta“ e “conta

corrente tipo ‘corrente tipo ‘ee’” é aquela que possui mais de um titular e cuja representação fica’” é aquela que possui mais de um titular e cuja representação fica

subordinada a condições previamente pactuadas, sendo de notar que, na ausência desubordinada a condições previamente pactuadas, sendo de notar que, na ausência de

estipulação, a conta somente poderá ser movimentada por todos os titulares em conjunto. estipulação, a conta somente poderá ser movimentada por todos os titulares em conjunto.

e) Conta conjunta fragmentáriae) Conta conjunta fragmentária – – Por esta modalidade, dois ou mais indivíduos abrem aPor esta modalidade, dois ou mais indivíduos abrem a

conta no Banco, reservando-se cada qual o direito de sacar isoladamente até umconta no Banco, reservando-se cada qual o direito de sacar isoladamente até um

determinado limite. O que exceder a esse limite – ou cota – só pode ser levantado mediantedeterminado limite. O que exceder a esse limite – ou cota – só pode ser levantado mediante

ordem ou cheque firmado por todos os titulares. ordem ou cheque firmado por todos os titulares.

A conta fragmentária é rara, em nossas usanças bancárias, pela pouca vantagem queA conta fragmentária é rara, em nossas usanças bancárias, pela pouca vantagem que

propicia. Reveste-se, no entanto, de utilidade para, no caso de morte de um dos correntistas,propicia. Reveste-se, no entanto, de utilidade para, no caso de morte de um dos correntistas,

determinar-se a conta que pertence ao espólio. determinar-se a conta que pertence ao espólio.

f) Conta conjunta solidáriaf) Conta conjunta solidária - - Conta corrente conjunta solidária – conhecida nos meios Conta corrente conjunta solidária – conhecida nos meios

bancários como conta conjunta “bancários como conta conjunta “e/oue/ou” – e mais propriamente denominada de ” – e mais propriamente denominada de conta conjuntaconta conjunta

indistintaindistinta é a conta aberta em nome de duas ou mais pessoas, podendo cada uma delas, por é a conta aberta em nome de duas ou mais pessoas, podendo cada uma delas, por

si só, sem intervenção de outras titulares, exercitar a totalidade dos direito emanados dasi só, sem intervenção de outras titulares, exercitar a totalidade dos direito emanados da

relação contratual com o Banco. relação contratual com o Banco.

Tem este tipo de conta uma característica especial que é a solidariedade disciplinada nosTem este tipo de conta uma característica especial que é a solidariedade disciplinada nos

arts. 896 a 915 do Código Civil. Tal solidariedade tanto é ativa como passiva. arts. 896 a 915 do Código Civil. Tal solidariedade tanto é ativa como passiva.

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Em virtude da solidariedade passiva, o Banco tem o direito de exigir e receber de um ouEm virtude da solidariedade passiva, o Banco tem o direito de exigir e receber de um ou

alguns dos correntistas solidários, parcial ou totalmente, a dívida comum, v. g., comissõesalguns dos correntistas solidários, parcial ou totalmente, a dívida comum, v. g., comissões

pelos serviços prestados a qualquer dos titulares, o saldo devedor da conta, etc. É o art. 904pelos serviços prestados a qualquer dos titulares, o saldo devedor da conta, etc. É o art. 904

do Código Civil que outorga ao credor a faculdade de escolher qualquer dos devedoresdo Código Civil que outorga ao credor a faculdade de escolher qualquer dos devedores

solidários para exigir a prestação devida: ‘O credor tem o direito de exigir e receber de unssolidários para exigir a prestação devida: ‘O credor tem o direito de exigir e receber de uns

ou de alguns devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum. ‘ou de alguns devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum. ‘

A conta corrente conjunta solidária, portanto, implica que qualquer dos titulares estáA conta corrente conjunta solidária, portanto, implica que qualquer dos titulares está

legitimado para emitir ordens de pagamento, fazer requisições de talonários, aprovarlegitimado para emitir ordens de pagamento, fazer requisições de talonários, aprovar

extratos, etc. podendo mesmo retirar total ou parcialmente os fundos disponíveis queextratos, etc. podendo mesmo retirar total ou parcialmente os fundos disponíveis que

constituem a base econômica do contrato. Em síntese, cada titular pode livremente fazerconstituem a base econômica do contrato. Em síntese, cada titular pode livremente fazer

funcionar a conta com sua assinatura apenas. funcionar a conta com sua assinatura apenas.

No caso de embargo judicial e de quebra de um dos titulares, toda a conta fica bloqueada,No caso de embargo judicial e de quebra de um dos titulares, toda a conta fica bloqueada,

pois o Banco não tem condições de saber que parte do capital depositado cabe a cada titular,pois o Banco não tem condições de saber que parte do capital depositado cabe a cada titular,

visto que a conta é indistinta. visto que a conta é indistinta.

A morte de um dos titulares não extingue a relação contratualA morte de um dos titulares não extingue a relação contratual; os correntistas sobreviventes; os correntistas sobreviventes

continuam a manter a conta, conservando todos os direitos inerentes e se desejarem retirarcontinuam a manter a conta, conservando todos os direitos inerentes e se desejarem retirar

todos os fundos, sem nenhum impedimento. Não assiste ao herdeiro do correntista falecidotodos os fundos, sem nenhum impedimento. Não assiste ao herdeiro do correntista falecido

o direito de sucedê-lo na co-titularidade da conta. o direito de sucedê-lo na co-titularidade da conta.

Se por ocasião da morte de um dos correntistas solidários a conta apresenta saldo devedor,Se por ocasião da morte de um dos correntistas solidários a conta apresenta saldo devedor,

pode o Banco cobrar, indistintamente, o que lhe é devido ao correntista supérstite ou aospode o Banco cobrar, indistintamente, o que lhe é devido ao correntista supérstite ou aos

herdeiros do defunto. herdeiros do defunto.

E de se indagar, se a emissão de cheque sem provisão de fundos por um dos titulares daE de se indagar, se a emissão de cheque sem provisão de fundos por um dos titulares da

conta solidária faz estender a responsabilidade a todos os outros titulares. De nossa parte,conta solidária faz estender a responsabilidade a todos os outros titulares. De nossa parte,

entendemos que não, pois o fato de o cheque corresponder a uma conta bancária solidáriaentendemos que não, pois o fato de o cheque corresponder a uma conta bancária solidária

não produz efeito de converter todos os titulares em devedores solidários da cártula. Emnão produz efeito de converter todos os titulares em devedores solidários da cártula. Em

recente julgado, o 1º Tribunal de Alçada Civil acolheu esse entendimento: ‘A solidariedaderecente julgado, o 1º Tribunal de Alçada Civil acolheu esse entendimento: ‘A solidariedade

que decorre da abertura de conta conjunta bancária é ativa, isto é, cada um dos titulares estáque decorre da abertura de conta conjunta bancária é ativa, isto é, cada um dos titulares está

autorizado a movimentar livremente a conta fazendo retiradas parciais ou levantamentoautorizado a movimentar livremente a conta fazendo retiradas parciais ou levantamento

integral do depósito(Whashington de Barros Monteiro, Curso de Direito Civil; direito dasintegral do depósito(Whashington de Barros Monteiro, Curso de Direito Civil; direito das

obrigações, 1, pt, v. 4, p. 180; Caio Mário da Silva Pereira, Instituições de Direito Civil, v. 3, p.obrigações, 1, pt, v. 4, p. 180; Caio Mário da Silva Pereira, Instituições de Direito Civil, v. 3, p.

350; Pontes de Miranda, Tratado de Direito Privado, v. 22, p. 324). 350; Pontes de Miranda, Tratado de Direito Privado, v. 22, p. 324).

‘Isto não significa, porém, que haja solidariedade passiva entre os co-titulares da conta‘Isto não significa, porém, que haja solidariedade passiva entre os co-titulares da conta

conjunta, em relação aos cheques emitidos e porventura não resgatados por insufiência deconjunta, em relação aos cheques emitidos e porventura não resgatados por insufiência de

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fundos ou contraordem ao Banco sacado. Nesses casos, responde pelo não-pagamentofundos ou contraordem ao Banco sacado. Nesses casos, responde pelo não-pagamento

somente o correntista que subscreveu o cheque ou deu a contraordem, sem vincular o outrosomente o correntista que subscreveu o cheque ou deu a contraordem, sem vincular o outro

participante da conta conjunta. participante da conta conjunta.

7.4. Extinção do contrato7.4. Extinção do contrato

a) Resolução unilateral do contrato; b) Por mau uso do cheque; c) retirada total dos fundos a) Resolução unilateral do contrato; b) Por mau uso do cheque; c) retirada total dos fundos

disponíveis; d) falência do correntista; e) falta de movimentação; f) morte do correntistadisponíveis; d) falência do correntista; e) falta de movimentação; f) morte do correntista

Néson Abrão – Direito Bancário – Néson Abrão – Direito Bancário – A exemplo do que ocorre na conta corrente ordinária, naA exemplo do que ocorre na conta corrente ordinária, na

bancária dá-se o encerramento no prazo convencionado, ou no termo legal, para apurar-se obancária dá-se o encerramento no prazo convencionado, ou no termo legal, para apurar-se o

saldo. Quanto à extinção, isto é, a ruptura do liame contratual, além de pelos mesmossaldo. Quanto à extinção, isto é, a ruptura do liame contratual, além de pelos mesmos

motivos da conta ordinária, a bancária se extingue pelo uso indevido do cheque(emissãomotivos da conta ordinária, a bancária se extingue pelo uso indevido do cheque(emissão

sem suficiente provisão), nos termos da Circular nº 559, do Banco Central, de 29 de julho desem suficiente provisão), nos termos da Circular nº 559, do Banco Central, de 29 de julho de

1980. 1980.

A respeito, o Bacen, no seu poder disciplinar, procura estabelecer por meio de padrãoA respeito, o Bacen, no seu poder disciplinar, procura estabelecer por meio de padrão

criterioso o mecanismo de extinção na tipologia do cheque desprovido de fundos, cujacriterioso o mecanismo de extinção na tipologia do cheque desprovido de fundos, cuja

tessitura significa proteção ao crédito e um tempo durante o qual o cliente não poderá abrirtessitura significa proteção ao crédito e um tempo durante o qual o cliente não poderá abrir

contas, medida que tem conotação moralizadora e de soerguer a estrutura repousando nocontas, medida que tem conotação moralizadora e de soerguer a estrutura repousando no

mercado, em face da liquidez. mercado, em face da liquidez.

Sérgio Carlos Covello – Contratos Bancários – (Pág. 115) – Sérgio Carlos Covello – Contratos Bancários – (Pág. 115) – A conta corrente bancária seA conta corrente bancária se

extingue pelas seguintes causas:extingue pelas seguintes causas:

a) Resolução unilateral do contratoa) Resolução unilateral do contrato – Em vista de sr um contrato intuitu personae, e de não – Em vista de sr um contrato intuitu personae, e de não

possuir termo final prefixado, a conta corrente bancária faculta a qualquer das partes opossuir termo final prefixado, a conta corrente bancária faculta a qualquer das partes o

direito de extingui-la unilateralmente, a qualquer momento ou mediante prévio aviso, casodireito de extingui-la unilateralmente, a qualquer momento ou mediante prévio aviso, caso

esta condição tenha sido avençada esta condição tenha sido avençada

b) Por mau uso do chequeb) Por mau uso do cheque – A Circular nº 162, de 26 de agosto de 1971, do Banco Central, – A Circular nº 162, de 26 de agosto de 1971, do Banco Central,

determinava o encerramento da conta corrente quando o seu titular fizesse uso indevido dodeterminava o encerramento da conta corrente quando o seu titular fizesse uso indevido do

cheque. Tal uso se caracteriza pela segunda apresentação do cheque, feita após o mínimo decheque. Tal uso se caracteriza pela segunda apresentação do cheque, feita após o mínimo de

dois dias úteis da primeira apresentação, sem que a conta tenha sido suprida de fundosdois dias úteis da primeira apresentação, sem que a conta tenha sido suprida de fundos

suficientes. suficientes.

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CURSO AVANÇADO DE DIREITO BANCÁRIOCURSO AVANÇADO DE DIREITO BANCÁRIOProf. Alberto BezerraProf. Alberto Bezerra

Hoje em dia, a matéria acha-se disciplinada pela Resolução nº 1.631, de 24 de agosto de 1989,Hoje em dia, a matéria acha-se disciplinada pela Resolução nº 1.631, de 24 de agosto de 1989,

do Banco Central, que prevê o Cadastramento de Emitentes de Cheques sem fundos no qualdo Banco Central, que prevê o Cadastramento de Emitentes de Cheques sem fundos no qual

deve ser incluído o nome daqueles correntistas que façam mau uso do cheque. O art. 4ºdeve ser incluído o nome daqueles correntistas que façam mau uso do cheque. O art. 4º

dessa Resolução deixa a critério do Banco ‘a abertura, manutenção ou encerramento dedessa Resolução deixa a critério do Banco ‘a abertura, manutenção ou encerramento de

conta de depósitos à vista cujo titular figure ou tenha figurado no Cadastro de Emitentes deconta de depósitos à vista cujo titular figure ou tenha figurado no Cadastro de Emitentes de

Cheques sem Fundos(CCF), observando-se as disposições do art. 3º, podendo o BancoCheques sem Fundos(CCF), observando-se as disposições do art. 3º, podendo o Banco

Central do Brasil determinar o seu encerramento.’Central do Brasil determinar o seu encerramento.’

A principal obrigação do correntista é, com efeito, manter numerário suficiente em sua contaA principal obrigação do correntista é, com efeito, manter numerário suficiente em sua conta

para que o Banco acolha as ordens de pagamento que lhe são dirigidas. para que o Banco acolha as ordens de pagamento que lhe são dirigidas.

c) retirada total dos fundos disponíveis c) retirada total dos fundos disponíveis – É o encerramento prático da conta pelo cliente e,– É o encerramento prático da conta pelo cliente e,

diga-se, o mais típico e usual. Uma vez que o correntista retire os fundos disponíveis, a contadiga-se, o mais típico e usual. Uma vez que o correntista retire os fundos disponíveis, a conta

fica sem possibilidade de ser movimentada e, portanto, extinta relação jurídica entre asfica sem possibilidade de ser movimentada e, portanto, extinta relação jurídica entre as

partes, salvo pacto em contrário. partes, salvo pacto em contrário.

d) falência do correntistad) falência do correntista – A falência põe termo à relação contratual entre o cliente e o – A falência põe termo à relação contratual entre o cliente e o

Banco, porque com a decretação da falência os bens do correntista(entre os quais as somasBanco, porque com a decretação da falência os bens do correntista(entre os quais as somas

depositadas em Banco) já não mais lhe pertencem, mas à massa, ficando à disposição dodepositadas em Banco) já não mais lhe pertencem, mas à massa, ficando à disposição do

juízo processante de falência. juízo processante de falência.

e) falta de movimentaçãoe) falta de movimentação – A inatividade da conta também põe fim ao contrato. Nos termos – A inatividade da conta também põe fim ao contrato. Nos termos

da Lei nº 370, de 03 de janeiro de 1937(regulamentada pelo Dec. nº 1.508, de 17-03-38), osda Lei nº 370, de 03 de janeiro de 1937(regulamentada pelo Dec. nº 1.508, de 17-03-38), os

depósitos em dinheiro ou em valores em poder dos Bancos que não forem reclamadosdepósitos em dinheiro ou em valores em poder dos Bancos que não forem reclamados

dentro de trinta anos, a contar da última movimentação, são considerados abandonados,dentro de trinta anos, a contar da última movimentação, são considerados abandonados,

podendo e devendo os Bancos recolhê-los ao Tesouro Nacional. podendo e devendo os Bancos recolhê-los ao Tesouro Nacional.

f) morte do correntistaf) morte do correntista – O falecimento do titular implica o encerramento automático da – O falecimento do titular implica o encerramento automático da

conta. O saldo disponível somente poderá ser retirado mediante alvará judicial, visto que,conta. O saldo disponível somente poderá ser retirado mediante alvará judicial, visto que,

coma morte do correntista, o saldo passou a integrar o espólio até que ser realize a partilha. coma morte do correntista, o saldo passou a integrar o espólio até que ser realize a partilha.

Arnaldo Rizzardo – Contratos de Crédito Bancário – (Pág. 79) – Arnaldo Rizzardo – Contratos de Crédito Bancário – (Pág. 79) – A conta corrente constituiA conta corrente constitui

uma avenca firmada instuito personae. Não há obrigação do banco abrir a conta, nem parauma avenca firmada instuito personae. Não há obrigação do banco abrir a conta, nem para

continuar indefinidamente a relação firmada. continuar indefinidamente a relação firmada.

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CURSO AVANÇADO DE DIREITO BANCÁRIOCURSO AVANÇADO DE DIREITO BANCÁRIOProf. Alberto BezerraProf. Alberto Bezerra

De modo geral os contratos são por tempo indeterminado. De modo geral os contratos são por tempo indeterminado.

Ao banco assiste o direito de interromper ou extinguir a qualquer momento a conta corrente,Ao banco assiste o direito de interromper ou extinguir a qualquer momento a conta corrente,

sem a necessidade de um ato de denúncia que estabeleça um prazo para o encerramento. sem a necessidade de um ato de denúncia que estabeleça um prazo para o encerramento.

Na prática, tal atitude é suscetível de ocorrer em casos de conduta comprometedora doNa prática, tal atitude é suscetível de ocorrer em casos de conduta comprometedora do

cliente, como mau uso do cheque, a sua falência ou insolvência civil, a falta decliente, como mau uso do cheque, a sua falência ou insolvência civil, a falta de

movimentação durante um determinado prazo regulado por instruções do Banco Central, amovimentação durante um determinado prazo regulado por instruções do Banco Central, a

morte do correntista, a retirada total dos valores disponíveis sem realização de novosmorte do correntista, a retirada total dos valores disponíveis sem realização de novos

depósitos, etc. depósitos, etc.

No caso de morte, o saldo disponível é retirável unicamente mediante apresentação de alvaráNo caso de morte, o saldo disponível é retirável unicamente mediante apresentação de alvará

judicial, a menos que se trate de conta conjunta solidária. judicial, a menos que se trate de conta conjunta solidária.

Capítulo VIIICapítulo VIII

8. Depósito Bancário8. Depósito Bancário

8.1. Definição8.1. Definição

É o contrato pelo qual o cliente(correntista) É o contrato pelo qual o cliente(correntista) transfere a propriedade do quetransfere a propriedade do que

se depositouse depositou ao banco, ficando este na obrigação de restituir a importância ao banco, ficando este na obrigação de restituir a importância

na mesma quantidade e espécie, nas condições avençadas. na mesma quantidade e espécie, nas condições avençadas.

Sérgio Carlos Covello – Contratos Bancários – (Pág. 68) – Sérgio Carlos Covello – Contratos Bancários – (Pág. 68) – As atividades mais típicas doAs atividades mais típicas do

comércio bancário são, sem dúvida, comércio bancário são, sem dúvida, o depósito e a conta correnteo depósito e a conta corrente, pelas quais os Bancos, pelas quais os Bancos

recolhem a maior parte do capital necessário ao desempenho de sua função econômica. recolhem a maior parte do capital necessário ao desempenho de sua função econômica.

O O depósito bancáriodepósito bancário, objeto desse capítulo, encontra na doutrina várias definições. , objeto desse capítulo, encontra na doutrina várias definições.

Giacomo Molle assim o preceitua: ‘O depósito bancário é um contrato sui generis, pelo qual éGiacomo Molle assim o preceitua: ‘O depósito bancário é um contrato sui generis, pelo qual é

normativa a intervenção do banco e se caracteriza pela obrigação deste último de estar ànormativa a intervenção do banco e se caracteriza pela obrigação deste último de estar à

disposição do depositante para restituir, nos termos convencionados, a soma em dinheiro adisposição do depositante para restituir, nos termos convencionados, a soma em dinheiro a

ele confiada e da qual adquiriu a propriedade. ‘ele confiada e da qual adquiriu a propriedade. ‘

Mossineo preleciona: ‘É o contrato em virtude do qual o Banco pode srvir-se do dinheiro queMossineo preleciona: ‘É o contrato em virtude do qual o Banco pode srvir-se do dinheiro que

recebe da clientela, mas o poder de uso é somente conseqüência do fato de o mesmorecebe da clientela, mas o poder de uso é somente conseqüência do fato de o mesmo

converter-se em proprietário do dinheiro com o a obrigação de restituir o tantundem. ‘converter-se em proprietário do dinheiro com o a obrigação de restituir o tantundem. ‘

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CURSO AVANÇADO DE DIREITO BANCÁRIOCURSO AVANÇADO DE DIREITO BANCÁRIOProf. Alberto BezerraProf. Alberto Bezerra

Riper define-o como ‘contrato pelo qual uma pessoa entrega certa soma em dinheiro a umRiper define-o como ‘contrato pelo qual uma pessoa entrega certa soma em dinheiro a um

banqueiro que se obriga a restituí-la quando solicitado. ‘banqueiro que se obriga a restituí-la quando solicitado. ‘

Desse conceito depreende-se que: 1º) o depósito bancário tem sempre por objeto uma somaDesse conceito depreende-se que: 1º) o depósito bancário tem sempre por objeto uma soma

em dinheiro; 2º) o Banco assume a obrigação de devolver a importância monetária na mesmaem dinheiro; 2º) o Banco assume a obrigação de devolver a importância monetária na mesma

quantidade e qualidade; 3º) ao Banco assiste o direito de usar o dinheiro depositado comoquantidade e qualidade; 3º) ao Banco assiste o direito de usar o dinheiro depositado como

bem lhe aprouver, sem a necessidade de consulta ao depositante; 4º) constitui negócio debem lhe aprouver, sem a necessidade de consulta ao depositante; 4º) constitui negócio de

crédito, pois o cliente transfere a propriedade da soma pecuniária ao Banc, para receber,crédito, pois o cliente transfere a propriedade da soma pecuniária ao Banc, para receber,

mais tarde, o tantundem; 5º) o contrato de depósito bancário pressupõe sempre comomais tarde, o tantundem; 5º) o contrato de depósito bancário pressupõe sempre como

depositário um estabelecimento bancário de crédito autorizado(Banco, Casa Bancária, Caixadepositário um estabelecimento bancário de crédito autorizado(Banco, Casa Bancária, Caixa

Econômica, etc). Econômica, etc).

Como claramente se vê, a expressão ‘depósito bancário’ é imprópria para essa figuraComo claramente se vê, a expressão ‘depósito bancário’ é imprópria para essa figura

contratual, uma vez que o instituto em exame nada tgem que ver com o depósito comum(CC,contratual, uma vez que o instituto em exame nada tgem que ver com o depósito comum(CC,

art. 1265) que se reveste de aspectos nitidamente diferentes. No entanto, tão arraigada está aart. 1265) que se reveste de aspectos nitidamente diferentes. No entanto, tão arraigada está a

expressão na prática bancária, e mesmo na lei, na doutrina e na jurisprudência, que se fornaexpressão na prática bancária, e mesmo na lei, na doutrina e na jurisprudência, que se forna

inútil qualquer tentativa de substituí-la por outra que melhor caracterize o contrato. inútil qualquer tentativa de substituí-la por outra que melhor caracterize o contrato.

Arnaldo Rizzardo – Contratos de Crédito Bancário – (Pág. 28) – Arnaldo Rizzardo – Contratos de Crédito Bancário – (Pág. 28) – Não se trata o depósitoNão se trata o depósito

bancário de uma operação ativa dos bancos, ou de uma concessão de crédito. Enquadra-sebancário de uma operação ativa dos bancos, ou de uma concessão de crédito. Enquadra-se

entre as operações passivas, porquanto representa um ônus, uma obrigação para aentre as operações passivas, porquanto representa um ônus, uma obrigação para a

instituição financeira, que deverá restituir os bens depositados quando a parte depositanteinstituição financeira, que deverá restituir os bens depositados quando a parte depositante

manifestar-se a vontade neste sentido. manifestar-se a vontade neste sentido.

Conceituando Conceituando no campo do Direito Civilno campo do Direito Civil, define-se o contrato segundo o qual uma pessoa, define-se o contrato segundo o qual uma pessoa

confia a outra a guarda de objeto móvel, obrigando-se a segunda à restituição, quandoconfia a outra a guarda de objeto móvel, obrigando-se a segunda à restituição, quando

reclamado. Na síntese de Clóvis Beviláqua, é o contrato pelo qual ‘uma pessoa recebe umreclamado. Na síntese de Clóvis Beviláqua, é o contrato pelo qual ‘uma pessoa recebe um

objeto móvel alheio, com a obrigação de guardá-lo e restituí-lo em seguida. ‘objeto móvel alheio, com a obrigação de guardá-lo e restituí-lo em seguida. ‘

A pessoa que entrega a coisa para guardar denomina-se A pessoa que entrega a coisa para guardar denomina-se depositantedepositante; quem a recebe e; quem a recebe e

incumbe-se de restituí-la, chama-se incumbe-se de restituí-la, chama-se depositáriodepositário. E a palavra . E a palavra depósitodepósito expressa não apenas o expressa não apenas o

contrato propriamente dito, mas igualmente a própria coisa depositada, ou o objeto docontrato propriamente dito, mas igualmente a própria coisa depositada, ou o objeto do

contrato. contrato.

Presta-se o depósito bancário a confusões com a conta corrente, designada popularmentePresta-se o depósito bancário a confusões com a conta corrente, designada popularmente

para expressar custódia de dinheiro pelo banco, que fará lançamentos mediante anotaçõespara expressar custódia de dinheiro pelo banco, que fará lançamentos mediante anotações

constantes e sucessivas. Acontece, no entanto, que depósito envolve custódia, guarda,constantes e sucessivas. Acontece, no entanto, que depósito envolve custódia, guarda,

proteção, enquanto conta corrente nada mais representa que os lançamentos de todas asproteção, enquanto conta corrente nada mais representa que os lançamentos de todas as

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CURSO AVANÇADO DE DIREITO BANCÁRIOCURSO AVANÇADO DE DIREITO BANCÁRIOProf. Alberto BezerraProf. Alberto Bezerra

movimentações, ou o extrato das movimentações, desde as retiradas até as novas entradas,movimentações, ou o extrato das movimentações, desde as retiradas até as novas entradas,

ordens de pagamentos, transferências, etc. Através desta, executa o banco o mero papel deordens de pagamentos, transferências, etc. Através desta, executa o banco o mero papel de

registrador de lançamentos, recebendo dinheiro ou pagando dentro das disponibilidades daregistrador de lançamentos, recebendo dinheiro ou pagando dentro das disponibilidades da

conta. Cuida-se de uma atividade secundária, que se insere dentro de outra relação jurídicaconta. Cuida-se de uma atividade secundária, que se insere dentro de outra relação jurídica

negocial. Considera-se uma cláusula de um outro contrato, pela qual se representamnegocial. Considera-se uma cláusula de um outro contrato, pela qual se representam

graficamente as operações de registros efetuadas pela instituição onde há um segundograficamente as operações de registros efetuadas pela instituição onde há um segundo

contrato. Os registros ou anotações se inserem em um contrato de depósito, ou em umcontrato. Os registros ou anotações se inserem em um contrato de depósito, ou em um

contrato de abertura de crédito, ou em um de cobrança, ou de desconto bancário, ou decontrato de abertura de crédito, ou em um de cobrança, ou de desconto bancário, ou de

empréstimos, dentre outras espécies, para que se tenha um levantamento de todos os lancesempréstimos, dentre outras espécies, para que se tenha um levantamento de todos os lances

e movimentos, e assim resulte numa prestação de conta da vida do contrato consideradoe movimentos, e assim resulte numa prestação de conta da vida do contrato considerado

principal. principal.

Já no contrato de depósito, geralmente denominado de Já no contrato de depósito, geralmente denominado de abertura de conta de depósitoabertura de conta de depósito ou de ou de

depósito em conta correntedepósito em conta corrente, compromete-se a instituição financeira a acolher depósitos,, compromete-se a instituição financeira a acolher depósitos,

retiradas e débitos autorizados pelo cliente ou depositante, sendo que os valoresretiradas e débitos autorizados pelo cliente ou depositante, sendo que os valores

depositados em dinheiro estarão imediatamente disponíveis para a retirada na própriadepositados em dinheiro estarão imediatamente disponíveis para a retirada na própria

agência que celebrou o contrato, ou na rede de agências autorizadas. Mas, se efetuados osagência que celebrou o contrato, ou na rede de agências autorizadas. Mas, se efetuados os

depósitos em agências diferentes daquela da retirada, os saques se darão após a devidadepósitos em agências diferentes daquela da retirada, os saques se darão após a devida

conferência de que correspondem os saldos existentes. E quando procedidos também emconferência de que correspondem os saldos existentes. E quando procedidos também em

agência distinta daquela do depósito, os saques mediante cheques estão disponíveis apósagência distinta daquela do depósito, os saques mediante cheques estão disponíveis após

um prazo necessário para o registro de seu lançamento naquela agência. Relativamente aosum prazo necessário para o registro de seu lançamento naquela agência. Relativamente aos

depósitos por meio de cheques, a disponibilidade não será imediata, dependendo sempre dodepósitos por meio de cheques, a disponibilidade não será imediata, dependendo sempre do

prazo necessário para a compensação. prazo necessário para a compensação.

2.4. – Natureza do depósito bancário 2.4. – Natureza do depósito bancário

Profunda as discussões quanto à natureza do contrato de depósito bancárioProfunda as discussões quanto à natureza do contrato de depósito bancário. Deve-se,. Deve-se,

primeiramente, levar em conta que o dinheiro depositado num banco é coisa fungível, com oprimeiramente, levar em conta que o dinheiro depositado num banco é coisa fungível, com o

inerente compromisso de restituir o valor equivalente, ou de restituir a coisa do mesmoinerente compromisso de restituir o valor equivalente, ou de restituir a coisa do mesmo

gênero, qualidade e quantidade, segundo conceituação do depósito irregular. É evidente quegênero, qualidade e quantidade, segundo conceituação do depósito irregular. É evidente que

não se desenvolvem as mesmas cédulas entregues, ou as idênticas moedas que foramnão se desenvolvem as mesmas cédulas entregues, ou as idênticas moedas que foram

depositadas. Restituem-se outras cédulas ou moedas de igual valor e curso admitido nodepositadas. Restituem-se outras cédulas ou moedas de igual valor e curso admitido no

País. Deve-se considerar, também, País. Deve-se considerar, também, embora as teorias existentes procurando considerar oembora as teorias existentes procurando considerar o

depósito bancário como um mútuodepósito bancário como um mútuo, ou como transferência da propriedade do dinheiro, que a, ou como transferência da propriedade do dinheiro, que a

finalidade inegável situa-se na entrega de um objeto móvel, ou de coisas móveis, para afinalidade inegável situa-se na entrega de um objeto móvel, ou de coisas móveis, para a

guarda pelo depositário durante certo tempo, efetuando-se a restituição final. guarda pelo depositário durante certo tempo, efetuando-se a restituição final.

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CURSO AVANÇADO DE DIREITO BANCÁRIOCURSO AVANÇADO DE DIREITO BANCÁRIOProf. Alberto BezerraProf. Alberto Bezerra

Observa Aramy Dornelles da Luz, em excelente livro que envolve a matéria, os fundamentosObserva Aramy Dornelles da Luz, em excelente livro que envolve a matéria, os fundamentos

que levam a ver o mútuo ou uma transferência de propriedade do depósito: ‘O fato de oque levam a ver o mútuo ou uma transferência de propriedade do depósito: ‘O fato de o

dinheiro ser coisa fungível e consumível e o seu depósito propiciar ao depositário uso edinheiro ser coisa fungível e consumível e o seu depósito propiciar ao depositário uso e

consumo – justamente por ser depositário um banqueiro e coincidentemente ser a coisaconsumo – justamente por ser depositário um banqueiro e coincidentemente ser a coisa

depositada sua mercadoria --- depositada sua mercadoria --- induziu juristas a enxergar no depósito bancário uminduziu juristas a enxergar no depósito bancário um

verdadeiro mútuoverdadeiro mútuo. ‘. ‘

Logo adiante: ‘Pontes de Miranda assinala que o ‘dinheiro, feito no banco, faz o bancoLogo adiante: ‘Pontes de Miranda assinala que o ‘dinheiro, feito no banco, faz o banco

adquirir a propriedade do que se depositou’. O fundamento dessa concepção encontra-se noadquirir a propriedade do que se depositou’. O fundamento dessa concepção encontra-se no

art. 1280 do Código Civil, atrelador do depósito irregular à disciplina do mútuo, o qual tem noart. 1280 do Código Civil, atrelador do depósito irregular à disciplina do mútuo, o qual tem no

preceito do art. 1257, que é específico, a definição do efeito transferência do domínio. preceito do art. 1257, que é específico, a definição do efeito transferência do domínio.

Acentua-se o caráter de transferência de propriedade porque, na exposição do mesmo autor,Acentua-se o caráter de transferência de propriedade porque, na exposição do mesmo autor,

‘se há um contrato de conta corrente vinculado ao depósito, o lançamento, na coluna ‘haver’,‘se há um contrato de conta corrente vinculado ao depósito, o lançamento, na coluna ‘haver’,

do valor depositado apaga sua identidade, entra no jogo de compensação com créditos edo valor depositado apaga sua identidade, entra no jogo de compensação com créditos e

débitos e não subsiste mais que uma só massa patrimonial que tem a representá-la o saldodébitos e não subsiste mais que uma só massa patrimonial que tem a representá-la o saldo

disponível. Perde, por esta forma, sua característica de coisa autônoma, individuada, para sedisponível. Perde, por esta forma, sua característica de coisa autônoma, individuada, para se

transformar num entidade abstrata chamada crédito. Desaparece o depósito, dele setransformar num entidade abstrata chamada crédito. Desaparece o depósito, dele se

originando o crédito. Nessa desfiguração ou configuração nova é que se pode consideraroriginando o crédito. Nessa desfiguração ou configuração nova é que se pode considerar

que o valor depositado passa à propriedade do depositário e, isso mesmo, é precisoque o valor depositado passa à propriedade do depositário e, isso mesmo, é preciso

aprofundar a compreensão de como se dá esta aquisição. ‘aprofundar a compreensão de como se dá esta aquisição. ‘

No entanto, se subsiste a obrigação de restituir, de devolverNo entanto, se subsiste a obrigação de restituir, de devolver , a posse e a disponibilidade que, a posse e a disponibilidade que

se têm com a entrega do dinheiro são alieno júris. Opera-se a transferência da posse direta,se têm com a entrega do dinheiro são alieno júris. Opera-se a transferência da posse direta,

mas não a transferência do domínio direto. mas não a transferência do domínio direto. Sendo inerente ao depósito a obrigação deSendo inerente ao depósito a obrigação de

restituir, é porque não se adquire o domínio sobre o bem depositadorestituir, é porque não se adquire o domínio sobre o bem depositado. .

E mais: em vista de a qualquer momento tornar-se suscetível o pedido de resgate, o usoE mais: em vista de a qualquer momento tornar-se suscetível o pedido de resgate, o uso

concedido ou implicitamente autorizado é precário, desvestido da plena disponibilidade. concedido ou implicitamente autorizado é precário, desvestido da plena disponibilidade.

2.5. O tratamento jurídico dado ao depósito bancário 2.5. O tratamento jurídico dado ao depósito bancário

Apesar de não se desfigurar a natureza do depósito, o tratamento que se deve dar envolve aApesar de não se desfigurar a natureza do depósito, o tratamento que se deve dar envolve a

aplicação de regras do mútuo e da transferência. aplicação de regras do mútuo e da transferência.

Observa-se do art. 1266 da Lei Civil como se efetua a restituição: ‘O depositário é obrigado aObserva-se do art. 1266 da Lei Civil como se efetua a restituição: ‘O depositário é obrigado a

ter a guarda e conservação da coisa depositada o cuidado e diligência que costuma com oter a guarda e conservação da coisa depositada o cuidado e diligência que costuma com o

que lhe pertence, bem como a restituí-la, com todos os frutos e acrescidos, quando lhe exijaque lhe pertence, bem como a restituí-la, com todos os frutos e acrescidos, quando lhe exija

o depositante. ‘o depositante. ‘

Ressalta a obrigação de restituir Ressalta a obrigação de restituir com todos os frutos e acrescidoscom todos os frutos e acrescidos. .

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CURSO AVANÇADO DE DIREITO BANCÁRIOCURSO AVANÇADO DE DIREITO BANCÁRIOProf. Alberto BezerraProf. Alberto Bezerra

Já o art. 1280 acrescenta a incidência das regras estabelecidas para o mútuo, envolvendo oJá o art. 1280 acrescenta a incidência das regras estabelecidas para o mútuo, envolvendo o

depósito de coisas fungíveis: ‘o depósito de coisas fungíveis, em que o depositário sedepósito de coisas fungíveis: ‘o depósito de coisas fungíveis, em que o depositário se

obrigue a restituir objetos do mesmo gênero, qualidade e quantidade, regular-se-á peloobrigue a restituir objetos do mesmo gênero, qualidade e quantidade, regular-se-á pelo

disposto acerca do mútuo(arts. 1256 e 1264)’disposto acerca do mútuo(arts. 1256 e 1264)’

Portanto, incidem no depósito, as normas quanto à remuneração prevista no mútuo, que é aPortanto, incidem no depósito, as normas quanto à remuneração prevista no mútuo, que é a

possibilidade de se exigirem juros. Tem importância especialmente o art. 1256, com estapossibilidade de se exigirem juros. Tem importância especialmente o art. 1256, com esta

redação: ‘O mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis. O mutuário é obrigado a restituir aoredação: ‘O mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis. O mutuário é obrigado a restituir ao

mutuante o que dele recebeu em coisas do mesmo gênero, qualidade e quantidade. ‘mutuante o que dele recebeu em coisas do mesmo gênero, qualidade e quantidade. ‘

É que, embora as linhas inconfundíveis de se contratar com o banco a custódia, na verdade,É que, embora as linhas inconfundíveis de se contratar com o banco a custódia, na verdade,

há regras aplicáveis de outros institutoshá regras aplicáveis de outros institutos. .

No plano fático, sabe-se que a instituição financeira sabe-se que a instituição financeiraNo plano fático, sabe-se que a instituição financeira sabe-se que a instituição financeira

aplica o dinheiro, o qual constitui a matéria-prima de sua atividade. Todos os ingressos noaplica o dinheiro, o qual constitui a matéria-prima de sua atividade. Todos os ingressos no

banco formam o montante que, calculado numa média periódica de tempo, servem parabanco formam o montante que, calculado numa média periódica de tempo, servem para

estabelecer o quantitativo das aplicações a serem realizadas. O dinheiro depositado nãoestabelecer o quantitativo das aplicações a serem realizadas. O dinheiro depositado não

permanece inerte, parado, ou guardado em compartimento ou cofre. É investido, aplicado,permanece inerte, parado, ou guardado em compartimento ou cofre. É investido, aplicado,

emprestado, trazendo retorno ou o acréscimo dos juros cobrados. Quanto maiores asemprestado, trazendo retorno ou o acréscimo dos juros cobrados. Quanto maiores as

movimentações, maior o lastro do banco para investir ou emprestar dinheiro, e, assim,movimentações, maior o lastro do banco para investir ou emprestar dinheiro, e, assim,

realizar seus negócios característicos. O banco, ao receber importância, incorpora-a aorealizar seus negócios característicos. O banco, ao receber importância, incorpora-a ao

volume de depósitos disponíveis, dele se apossando como se fosse seu próprio dinheiro, avolume de depósitos disponíveis, dele se apossando como se fosse seu próprio dinheiro, a

qual entra nas disponibilidades dos investimentos ou aplicações que realiza. qual entra nas disponibilidades dos investimentos ou aplicações que realiza.

Esta realidade fática. Os depósitos trazem resultados ou rendimentos aos bancos. Se assimEsta realidade fática. Os depósitos trazem resultados ou rendimentos aos bancos. Se assim

ocorre, e em vista especialmente dos arts. 1256 e 1266, a rigor é de exigir-se a restituiçãoocorre, e em vista especialmente dos arts. 1256 e 1266, a rigor é de exigir-se a restituição

com juros. com juros.

Como, no entanto, a instituição realiza a atividade de captação e aplicação dando e exigindoComo, no entanto, a instituição realiza a atividade de captação e aplicação dando e exigindo

remuneração, há de se considerar os frutos e acrescidos na forma dos rendimentos queremuneração, há de se considerar os frutos e acrescidos na forma dos rendimentos que

paga. paga. Jamais se justifica a tese de que deveria manter em disponibilidade contínua o valor,Jamais se justifica a tese de que deveria manter em disponibilidade contínua o valor,

eis que possível a exigibilidade a qualquer momentoeis que possível a exigibilidade a qualquer momento. É que, segundo as técnicas de previsão. É que, segundo as técnicas de previsão

das aplicações, fundam-se estas na do montante disponível para as concessões de crédito.das aplicações, fundam-se estas na do montante disponível para as concessões de crédito.

Neste monte incluem-se todos os ingressos, não se destacando unicamente aquelesNeste monte incluem-se todos os ingressos, não se destacando unicamente aqueles

originados de aplicações feitas por clientes. originados de aplicações feitas por clientes.

Existe o argumento de que nem todo o dinheiro arrecadado vem a ser usado pelasExiste o argumento de que nem todo o dinheiro arrecadado vem a ser usado pelas

instituições para as atividades próprias. Parte dos recursos ficam em reserva para garantir ainstituições para as atividades próprias. Parte dos recursos ficam em reserva para garantir a

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CURSO AVANÇADO DE DIREITO BANCÁRIOCURSO AVANÇADO DE DIREITO BANCÁRIOProf. Alberto BezerraProf. Alberto Bezerra

satisfação de obrigações e saldar compromissos. Ou destina-se para atender os saques ousatisfação de obrigações e saldar compromissos. Ou destina-se para atender os saques ou

levantamentos pelos próprios depositantes. levantamentos pelos próprios depositantes.

Mas, leva-se em conta a estrutura e o funcionamento da atividade, ou o fato de que o dinheiroMas, leva-se em conta a estrutura e o funcionamento da atividade, ou o fato de que o dinheiro

gira constantemente. Os compromissos de hoje são saldados, em grande parte, com osgira constantemente. Os compromissos de hoje são saldados, em grande parte, com os

valores hoje ou ontem depositados ou aplicados. valores hoje ou ontem depositados ou aplicados.

Embora, pois, o direito em se reclamar os valores com o rendimentos, e mantendo-se menosEmbora, pois, o direito em se reclamar os valores com o rendimentos, e mantendo-se menos

a integridade da força aquisitiva, tem maior aplicação a exigência da restituição coma integridade da força aquisitiva, tem maior aplicação a exigência da restituição com

rendimentos quando os depósitos são longos e em montantes altos. rendimentos quando os depósitos são longos e em montantes altos.

Nelson Abrão – Direito Bancário – (Pág. 88) – Nelson Abrão – Direito Bancário – (Pág. 88) – Controvertem os autores acerca da naturezaControvertem os autores acerca da natureza

jurídica do depósito bancário, alinhando, pelo menos, três teorias: jurídica do depósito bancário, alinhando, pelo menos, três teorias: a do depósito irregular, aa do depósito irregular, a

do mútuo e a do contrato inominado original ou sui generis.do mútuo e a do contrato inominado original ou sui generis.

Depósito irregular não se trataDepósito irregular não se trata, porquanto nele o elemento essencial é a guarda da coisa, porquanto nele o elemento essencial é a guarda da coisa

fungível(CC, art. 1280), e, no bancário, o propósito do depositante não é tanto a custódia dofungível(CC, art. 1280), e, no bancário, o propósito do depositante não é tanto a custódia do

dinheiro, mas o de estabelecer uma relação creditícia com o banco, donde haver interessedinheiro, mas o de estabelecer uma relação creditícia com o banco, donde haver interesse

deste, na qualidade de depositário. deste, na qualidade de depositário.

E a diferenciação com o mútuo se estabeleceE a diferenciação com o mútuo se estabelece, porquanto neste a fixação de prazo em favor, porquanto neste a fixação de prazo em favor

do mutuário é essencial, enquanto no depósito bancário o depositante pode sacar total edo mutuário é essencial, enquanto no depósito bancário o depositante pode sacar total e

imediatamente(salvo nas modalidades pré-aviso e a prazo fixo), ‘sendo o uso, que doimediatamente(salvo nas modalidades pré-aviso e a prazo fixo), ‘sendo o uso, que do

dinheiro depositado pode fazer o banco, puramente conexo à transferência de propriedadedinheiro depositado pode fazer o banco, puramente conexo à transferência de propriedade

do próprio dinheiro. ‘ Ademais, no mútuo o interesse é do mutuário e, no depósito bancário,do próprio dinheiro. ‘ Ademais, no mútuo o interesse é do mutuário e, no depósito bancário,

do depositante. do depositante.

Entretanto, como veremos adiante, essa controvérsia acerca da natureza jurídica do depósitoEntretanto, como veremos adiante, essa controvérsia acerca da natureza jurídica do depósito

pecuniário é puramente acadêmica: ‘pecuniário é puramente acadêmica: ‘Esta controvérsia nada apresenta de interesse práticoEsta controvérsia nada apresenta de interesse prático::

os usos bancários precisaram o conteúdo do contrato não é útil prosseguir no debate.os usos bancários precisaram o conteúdo do contrato não é útil prosseguir no debate.

Ademais, pode frisar-se que a análise do contrato em um depósito se aproxima da psicologiaAdemais, pode frisar-se que a análise do contrato em um depósito se aproxima da psicologia

das partes e do espírito do serviço de caixa: o cliente se desonera da guarda dos fundos e odas partes e do espírito do serviço de caixa: o cliente se desonera da guarda dos fundos e o

banco sustenta a caixa do cliente.”banco sustenta a caixa do cliente.”

Repelidas as teses do depósito irregular e do mútuoRepelidas as teses do depósito irregular e do mútuo, convergem os autores a do contrato, convergem os autores a do contrato

inominado original ou sui generis. inominado original ou sui generis.

‘Como já assinalamos alhures, o que caracteriza o depósito bancário e o distingue‘Como já assinalamos alhures, o que caracteriza o depósito bancário e o distingue

claramente do depósito irregular e do mútuo é a intervenção do banco, na qualidade declaramente do depósito irregular e do mútuo é a intervenção do banco, na qualidade de

depositário. depositário.

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É a própria natureza da relação que solicita a intervenção do banco. O depósito bancário,É a própria natureza da relação que solicita a intervenção do banco. O depósito bancário,

com efeito, para que possa alcançar o feito conexo com a possibilidade e uso do dinheiro decom efeito, para que possa alcançar o feito conexo com a possibilidade e uso do dinheiro de

parte do banco, de conceder crédito, pressupõe um sujeito organizado em empresa, tem oparte do banco, de conceder crédito, pressupõe um sujeito organizado em empresa, tem o

caráter da operação de massa, cuja disciplina, como dissemos, é denominada pelo conceitocaráter da operação de massa, cuja disciplina, como dissemos, é denominada pelo conceito

de que cada uma dessas é ligada a uma série infinita de outras. ‘de que cada uma dessas é ligada a uma série infinita de outras. ‘

8.2. Classificação8.2. Classificação

a) objetivo econômico(à vista, a prazo e de poupança); b) quanto à forma(simples ou dea) objetivo econômico(à vista, a prazo e de poupança); b) quanto à forma(simples ou de

movimento); c) quanto à titularidade(individual ou conjunto = simples e solidário)movimento); c) quanto à titularidade(individual ou conjunto = simples e solidário)

Nélson Abrão – Direito Bancário – (pág. 94) – Nélson Abrão – Direito Bancário – (pág. 94) – Podemos classificar as várias modalidades dePodemos classificar as várias modalidades de

depósito bancário conforme depósito bancário conforme o objetivo “econômico”o objetivo “econômico”, , a formaa forma e e a titularidadea titularidade. .

I – Quanto ao objetivoI – Quanto ao objetivo, ou seja, o escopo econômico visado pelo depositante, o depósito, ou seja, o escopo econômico visado pelo depositante, o depósito

pode ser pode ser à vistaà vista, , a prazoa prazo e e de poupançade poupança. .

Depósito a vistaDepósito a vista é aquele que fica à disposição do depositante é aquele que fica à disposição do depositante para ser sacado a qualquerpara ser sacado a qualquer

momentomomento. .

Depósito a prazoDepósito a prazo é o suscetível de retirada só depois de decorrido um certo termo prefixado é o suscetível de retirada só depois de decorrido um certo termo prefixado

no contrato(a prazo fixo) ou estabelecido posteriormente pelo depositante em umano contrato(a prazo fixo) ou estabelecido posteriormente pelo depositante em uma

notificação ao banco(aviso prévio), que, conforme o item 10 da Resolução nº 15, do Banconotificação ao banco(aviso prévio), que, conforme o item 10 da Resolução nº 15, do Banco

Central, de 28 de janeiro de 1966, é de 30 a 120 dias. Nas duas formas de depósito a prazo, oCentral, de 28 de janeiro de 1966, é de 30 a 120 dias. Nas duas formas de depósito a prazo, o

depositante tem direito a juros, e à correção monetária no de prazo fixo, levando-se em contadepositante tem direito a juros, e à correção monetária no de prazo fixo, levando-se em conta

a certeza que o banco tem acerca do lapso de que pode dispor das quantias para as suasa certeza que o banco tem acerca do lapso de que pode dispor das quantias para as suas

aplicações. aplicações.

Os Os depósitos a prazo fixodepósitos a prazo fixo são feitos contra simples recibo ou emissão de certificado de são feitos contra simples recibo ou emissão de certificado de

depósito bancário(art. 30 da Lei nº 4.728, de 14/07/1965), título de crédito equiparado à notadepósito bancário(art. 30 da Lei nº 4.728, de 14/07/1965), título de crédito equiparado à nota

promissória(art. 30, § 5º), negociável, transferível por endosso(§ 2º). promissória(art. 30, § 5º), negociável, transferível por endosso(§ 2º).

O depósito de poupançaO depósito de poupança é um sistema de captação de recursos popularesé um sistema de captação de recursos populares, incentivado pelo, incentivado pelo

Governo, com a finalidade de possibilitar o financiamento de bens móveis de uso durável ouGoverno, com a finalidade de possibilitar o financiamento de bens móveis de uso durável ou

de imóveis. A esse tipo de depósito se creditam, a cada 30 dias, juros e correção monetária,de imóveis. A esse tipo de depósito se creditam, a cada 30 dias, juros e correção monetária,

computada esta de acordo com a variação do valor da Taxa Referencial(TR)computada esta de acordo com a variação do valor da Taxa Referencial(TR). .

Os depósitos de poupança também são beneficiados por dedução no imposto de renda. Os depósitos de poupança também são beneficiados por dedução no imposto de renda.

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II – Quanto à formaII – Quanto à forma, pode o depósito ser: , pode o depósito ser: simplessimples ou ou de movimentode movimento. O simples, atualmente. O simples, atualmente

superado pela realidade econômica, é aquele em que é única a operação de ingresso esuperado pela realidade econômica, é aquele em que é única a operação de ingresso e

retirada e apenas se coaduna com o depósito a prazo fixo. retirada e apenas se coaduna com o depósito a prazo fixo.

O depósito de movimento é o que permite um fluxo contínuo de ingressos e retiradas, peloO depósito de movimento é o que permite um fluxo contínuo de ingressos e retiradas, pelo

que se diz que o cliente movimenta a conta, daí o seu nome. As retiradas são feitas porque se diz que o cliente movimenta a conta, daí o seu nome. As retiradas são feitas por

ordem de pagamento ou cheques. ordem de pagamento ou cheques.

III – Quanto à titularidadeIII – Quanto à titularidade, levando-se em consideração a pessoa do titular, o depósito pode, levando-se em consideração a pessoa do titular, o depósito pode

ser: ser: individualindividual e e conjuntoconjunto. . Depósito conjuntoDepósito conjunto é aquele constituído a benefício de várias é aquele constituído a benefício de várias

pessoas, pessoas, podendo ser simples e solidáriopodendo ser simples e solidário. .

SimplesSimples é aquele em que o beneficiário pode retirar sozinho apenas o correspondente à sua é aquele em que o beneficiário pode retirar sozinho apenas o correspondente à sua

quota, sendo que o total do depósito só pode ser levantado por todos os titulares. Maisquota, sendo que o total do depósito só pode ser levantado por todos os titulares. Mais

usual, porém, é o usual, porém, é o depósito conjunto solidáriodepósito conjunto solidário, em que cada titular pode, sozinho, fazer, em que cada titular pode, sozinho, fazer

retiradas, tendo o direito de exigir do banco a importância total, e esse, a entregando, seretiradas, tendo o direito de exigir do banco a importância total, e esse, a entregando, se

libera em relação a todos.libera em relação a todos.

Interessante examinar alguns efeitos jurídicos do depósito conjunto solidário: ‘Essa forma deInteressante examinar alguns efeitos jurídicos do depósito conjunto solidário: ‘Essa forma de

co-titularidade é naturalmente preferida àquela simples, porque confere a cada titular umco-titularidade é naturalmente preferida àquela simples, porque confere a cada titular um

direito que não é limitado em seu exercício pelo igual direito dos outros, e que sobrevive àdireito que não é limitado em seu exercício pelo igual direito dos outros, e que sobrevive à

morte ou à superveniente incapacidade de agir de um dos co-beneficiários. Qualquer quemorte ou à superveniente incapacidade de agir de um dos co-beneficiários. Qualquer que

seja a natureza da obrigação solidária ativa, é certo que a morte de um dos co-credores nãoseja a natureza da obrigação solidária ativa, é certo que a morte de um dos co-credores não

faz desaparecer a solidariedade(do lado ativo) em relação aos co-credores supérstites comofaz desaparecer a solidariedade(do lado ativo) em relação aos co-credores supérstites como

dos herdeiros, tomados unilateralmente. De fato, apenas quando os herdeiros ajamdos herdeiros, tomados unilateralmente. De fato, apenas quando os herdeiros ajam

singularmente, o crédito solidário se divide em partes iguais entre esses herdeiros. singularmente, o crédito solidário se divide em partes iguais entre esses herdeiros.

No caso de penhora de parte do credor de um dos titulares de um depósito desta natureza, aNo caso de penhora de parte do credor de um dos titulares de um depósito desta natureza, a

medida atinge não a inteira soma do depósito, mas apenas a quota atribuível a seu devedor,medida atinge não a inteira soma do depósito, mas apenas a quota atribuível a seu devedor,

porque a solidariedade do lado ativo, que vem a se constituir entre os vários beneficiários doporque a solidariedade do lado ativo, que vem a se constituir entre os vários beneficiários do

depósito, não dá lugar a um único crédito, de que sejam contemporaneamente titulares osdepósito, não dá lugar a um único crédito, de que sejam contemporaneamente titulares os

mesmos beneficiários, mas a uma série de relações obrigatórias claramente distintas. Ora, omesmos beneficiários, mas a uma série de relações obrigatórias claramente distintas. Ora, o

credor de um dos beneficiários, pela conexão que vem a estabelecer-se entre o seu direito ecredor de um dos beneficiários, pela conexão que vem a estabelecer-se entre o seu direito e

aquele dos outros beneficiários, não pode referir-se a aquele dos outros beneficiários, não pode referir-se a facultas exigendifacultas exigendi atribuível a seu atribuível a seu

devedor, para pretender alcançar junto ao banco o inteiro importe de prestação devida adevedor, para pretender alcançar junto ao banco o inteiro importe de prestação devida a

todos os co-beneficiários solidários: mas pode atingir apenas a quota atribuível a seutodos os co-beneficiários solidários: mas pode atingir apenas a quota atribuível a seu

devedor.”devedor.”

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8.3. Conteúdo e forma8.3. Conteúdo e forma

Sérgio Carlos Covello – Contratos Bancários – (Pág. 83) – Sérgio Carlos Covello – Contratos Bancários – (Pág. 83) – 7. 7. Conteúdo do ContratoConteúdo do Contrato – O – O

contrato de depósito bancário tem como elementos caracterizadores a entrega do dinheiro, acontrato de depósito bancário tem como elementos caracterizadores a entrega do dinheiro, a

aquisição, pelo Banco, do dinheiro depositado e a obrigação da restituição. aquisição, pelo Banco, do dinheiro depositado e a obrigação da restituição.

O Banco fica obrigado a restituir a soma depositada no prazo e nas condiçõesO Banco fica obrigado a restituir a soma depositada no prazo e nas condições

convencionadas. convencionadas.

O contrato, pois, gera obrigações apenas para o Banco. O cliente depositante nada se obriga.O contrato, pois, gera obrigações apenas para o Banco. O cliente depositante nada se obriga.

Nos depósitos a prazo, a espera de seu vencimento pelo depositante não é, em si mesma,Nos depósitos a prazo, a espera de seu vencimento pelo depositante não é, em si mesma,

uma obrigação, segundo ensina Luiz Alberto Delfino Cazet. Na prática bancária, ainda que ouma obrigação, segundo ensina Luiz Alberto Delfino Cazet. Na prática bancária, ainda que o

depósito se subordine a termo, o cliente pode solicitar a restituição a qualquer momento, edepósito se subordine a termo, o cliente pode solicitar a restituição a qualquer momento, e

os Bancos costumam efetua-la, deixando, obviamente, de abonar juros avençados. os Bancos costumam efetua-la, deixando, obviamente, de abonar juros avençados.

Nos depósitos em conta corrente, o Banco fica obrigado a prestar, em certo sentido, umNos depósitos em conta corrente, o Banco fica obrigado a prestar, em certo sentido, um

serviço de caixa, visto que se compromete a aceitar cheques que o cliente emite. serviço de caixa, visto que se compromete a aceitar cheques que o cliente emite.

8. 8. FormaForma – O contrato de depósito bancário celebra-se por escrito. Sua formalização dá-se – O contrato de depósito bancário celebra-se por escrito. Sua formalização dá-se

quer pelo recibo, quer pelo Certificado de Depósito Bancário, pela caderneta de poupança,quer pelo recibo, quer pelo Certificado de Depósito Bancário, pela caderneta de poupança,

ou simplesmente por mero comprovante autenticado pelo caixa. ou simplesmente por mero comprovante autenticado pelo caixa.

A prova do contrato é feita por todos os meios permitidos por lei, especialmente peloA prova do contrato é feita por todos os meios permitidos por lei, especialmente pelo

comprovante de depósito expedido pelo Banco. comprovante de depósito expedido pelo Banco.

8.4. Capacidade contratual8.4. Capacidade contratual

a) Menor não antecipado; b) falido; c) analfabeto; d) cegosa) Menor não antecipado; b) falido; c) analfabeto; d) cegos

Sérgio Carlos Covello – Contratos Bancários – (Pág. 86) – Sérgio Carlos Covello – Contratos Bancários – (Pág. 86) – Como todo contrato, Como todo contrato, o depósitoo depósito

bancário pressupõe a capacidade das partesbancário pressupõe a capacidade das partes. .

O depositário, conforme sói a ocorrer com todos os contratos bancários, tem sempre de serO depositário, conforme sói a ocorrer com todos os contratos bancários, tem sempre de ser

uma instituição financeira(Banco, Casa Bancária, Caixa Econômica, etc) devidamenteuma instituição financeira(Banco, Casa Bancária, Caixa Econômica, etc) devidamente

autorizada a receber numerário(Lei nº 4.595, de 31/12/64). autorizada a receber numerário(Lei nº 4.595, de 31/12/64).

Em se tratando de depósito de poupança, não basta ao depositário a condição de banco; éEm se tratando de depósito de poupança, não basta ao depositário a condição de banco; é

mister autorização específica para o recolhimento de fundos da economia popular, segundomister autorização específica para o recolhimento de fundos da economia popular, segundo

normas próprias. normas próprias.

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O depositante tanto pode ser pessoa física como pessoa jurídica, não se admitindoO depositante tanto pode ser pessoa física como pessoa jurídica, não se admitindo

depósitos em nome de ‘programas’, ‘campanhas’, ‘movimentos’, sem personalidade jurídica,depósitos em nome de ‘programas’, ‘campanhas’, ‘movimentos’, sem personalidade jurídica,

embora, na prática, tais depósitos sejam bastante disseminados. Os estatutos das pessoasembora, na prática, tais depósitos sejam bastante disseminados. Os estatutos das pessoas

jurídicas devem estar devidamente registrados para que a sociedade possa efetuar ejurídicas devem estar devidamente registrados para que a sociedade possa efetuar e

movimentar depósitos. movimentar depósitos.

Em se tratando de pessoa físicaEm se tratando de pessoa física, devem ser observadas as regras gerais atinentes às, devem ser observadas as regras gerais atinentes às

condições de capacidade prevista no Código Civil e complementadas pelas normascondições de capacidade prevista no Código Civil e complementadas pelas normas

comerciais.comerciais.

a) a) Menor não antecipadoMenor não antecipado - - O depósito em nome de menores oferece azo a várias indagações O depósito em nome de menores oferece azo a várias indagações

de ordem jurídica, porque cada dia que passa, a operação se familiariza entre os escolares ede ordem jurídica, porque cada dia que passa, a operação se familiariza entre os escolares e

entre os menores que trabalham, não raro impúberes e não emancipados. entre os menores que trabalham, não raro impúberes e não emancipados.

O menor impúbere, isto é, menor de 16 anos, é, à luz de nosso direito, absolutamente incapazO menor impúbere, isto é, menor de 16 anos, é, à luz de nosso direito, absolutamente incapaz

e tem de ser representado por seus pais em todos os atos da vida civil. Assim, os depósitose tem de ser representado por seus pais em todos os atos da vida civil. Assim, os depósitos

constituídos em seu nome só podem ser movimentados por seus genitores ou responsáveis.constituídos em seu nome só podem ser movimentados por seus genitores ou responsáveis.

A propósito, aconselha Gilberto Nóbrega que a própria conta de depósito deve ser aberta deA propósito, aconselha Gilberto Nóbrega que a própria conta de depósito deve ser aberta de

maneira que clara a situação: “F..., menor imp’;uberemaneira que clara a situação: “F..., menor imp’;ubere

Capítulo IXCapítulo IX

9. Contrato de mútuo(Empréstimo Bancário)9. Contrato de mútuo(Empréstimo Bancário)

9.1. 9.1. ConceitoConceito

É um É um contrato unilateralcontrato unilateral, onde se dá a entrega de coisa fungível a outrem,, onde se dá a entrega de coisa fungível a outrem,

onde este se obriga a restituir, com os acréscimos remuneratórios, em dataonde este se obriga a restituir, com os acréscimos remuneratórios, em data

previamente aprazada, coisa do mesmo gênero. previamente aprazada, coisa do mesmo gênero.

Arnaldo Rizzardo – Contratos de Crédito Bancário – (Pág. 36) - Arnaldo Rizzardo – Contratos de Crédito Bancário – (Pág. 36) - Dentre asDentre as

múltiplas operações atinentes à atividade bancária, destaca-se omúltiplas operações atinentes à atividade bancária, destaca-se o

empréstimo bancário. empréstimo bancário. Iguala-se o empréstimo bancário praticamente aoIguala-se o empréstimo bancário praticamente ao

mútuo comum, regrada pelo Código Civilmútuo comum, regrada pelo Código Civil. Há mútuo sempre que alguém. Há mútuo sempre que alguém

entrega a outrem uma certa quantidade de coisas, para que a consuma,entrega a outrem uma certa quantidade de coisas, para que a consuma,

comprometendo-se este a devolver, na forma e no prazo avençados, não ascomprometendo-se este a devolver, na forma e no prazo avençados, não as

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próprias coisas recebidas, mas as coisas ou bens equivalentes empróprias coisas recebidas, mas as coisas ou bens equivalentes em

quantidade, qualidade e gêenero. quantidade, qualidade e gêenero.

Em outros termos, no mútuo o que se restitui não é o que se deu e sim oEm outros termos, no mútuo o que se restitui não é o que se deu e sim o

que corresponde ao que se deu. É o que encontramos no art. 1256 do CC:que corresponde ao que se deu. É o que encontramos no art. 1256 do CC:

“O mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis. O mutuário é obrigado a“O mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis. O mutuário é obrigado a

restituir ao mutuante o que dele recebeu e coisa do mesmo gênero,restituir ao mutuante o que dele recebeu e coisa do mesmo gênero,

qualidade e quantidade.”qualidade e quantidade.”

O empréstimo bancário constitui um mútuo, com a especialidade de serO empréstimo bancário constitui um mútuo, com a especialidade de ser

concedido por uma entidade creditícia submetida à disciplina da Lei nºconcedido por uma entidade creditícia submetida à disciplina da Lei nº

4.595, de 31.12.19644.595, de 31.12.1964. Basicamente, vem a ser um contrato que expressa o. Basicamente, vem a ser um contrato que expressa o

fornecimento de crédito aos interesses. fornecimento de crédito aos interesses.

É o empréstimo bancário um dos contratos mais antigos. É, ainda, aÉ o empréstimo bancário um dos contratos mais antigos. É, ainda, a

operação bancária que mais sobressai e corriqueira, e que precedeu asoperação bancária que mais sobressai e corriqueira, e que precedeu as

outras forma de operações. outras forma de operações.

Fábio Ulhoa Coelho – Curso de Direito Comercial – (pág. 119) – Fábio Ulhoa Coelho – Curso de Direito Comercial – (pág. 119) – O mútuoO mútuo

bancário é o mais importante contrato relacionado às operações ativas dosbancário é o mais importante contrato relacionado às operações ativas dos

bancos. Nestas, como definitivo, ao oferecerem recursos às unidades debancos. Nestas, como definitivo, ao oferecerem recursos às unidades de

dispêndio deficitárias, assumem os bancos a posição de dispêndio deficitárias, assumem os bancos a posição de credorcredor. Como, em. Como, em

geral, banco e cliente entabulam, no decorrer de suas relações, uma série degeral, banco e cliente entabulam, no decorrer de suas relações, uma série de

negócios conjugados ou sobrepostos, tornam-se credor e devedor um donegócios conjugados ou sobrepostos, tornam-se credor e devedor um do

outro. Assim, somente cabe adotar o critério aqui referido, considerando-seoutro. Assim, somente cabe adotar o critério aqui referido, considerando-se

a posição ativa ou passiva do banco no tocante à a posição ativa ou passiva do banco no tocante à obrigação principalobrigação principal. Dessa. Dessa

forma, por exemplo, na abertura de crédito, o banco credor, na hipótese de oforma, por exemplo, na abertura de crédito, o banco credor, na hipótese de o

cliente utilizar-se dos recursos disponibilizados, mas tem o dever de pôr àcliente utilizar-se dos recursos disponibilizados, mas tem o dever de pôr à

disposição o dinheiro no valor do crédito contratado. disposição o dinheiro no valor do crédito contratado.

O mútuo bancário é o contrato pelo qual o banco empresta certa quantia deO mútuo bancário é o contrato pelo qual o banco empresta certa quantia de

dinheiro ao cliente, que se obriga a restituí-la, com os acréscimosdinheiro ao cliente, que se obriga a restituí-la, com os acréscimos

remuneratórios, no prazo contratado. remuneratórios, no prazo contratado. A matriz dessa figura contratual,A matriz dessa figura contratual,

evidentemente, é o mútuo civil, empréstimo de coisa fungível(CC, art. 1.256)evidentemente, é o mútuo civil, empréstimo de coisa fungível(CC, art. 1.256) ..

Ganha, no entanto, o contrato alguns contornos próprios quando oGanha, no entanto, o contrato alguns contornos próprios quando o

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mutuante é instituição financeira. mutuante é instituição financeira. A particularidade do mútuo bancárioA particularidade do mútuo bancário,,

relativamente ao civil, relativamente ao civil, diz respeito aos jurosdiz respeito aos juros. Desde a era pré-cristã, o custo. Desde a era pré-cristã, o custo

do crédito(juros) preocupa a organização da economia. Já no Antigodo crédito(juros) preocupa a organização da economia. Já no Antigo

Testamento, encontra-se referência ao tema(Deuteronômio, 23:19-20) ´nãoTestamento, encontra-se referência ao tema(Deuteronômio, 23:19-20) ´não

emprestarás com usura a teu irmão nem dinheiro, nem grão, nem outraemprestarás com usura a teu irmão nem dinheiro, nem grão, nem outra

coisa qualquer, mas somente ao estrangeiro. Ao teu irmão, porém,coisa qualquer, mas somente ao estrangeiro. Ao teu irmão, porém,

emprestarás aquilo de que ele precisar sem juro, para que o Senhor teuemprestarás aquilo de que ele precisar sem juro, para que o Senhor teu

Deus te abençoe em todas as tuas obras na terra em que entrarás paraDeus te abençoe em todas as tuas obras na terra em que entrarás para

possuir”). possuir”).

A diferença entre o mútuo civil e o bancário não é, assim, pertinente àA diferença entre o mútuo civil e o bancário não é, assim, pertinente à

natureza do contrato ou aos direitos e deveres que as partes titularizaram.natureza do contrato ou aos direitos e deveres que as partes titularizaram.

Diz respeito exclusivamente ao regime de juros: limitados a 12% ao ano noDiz respeito exclusivamente ao regime de juros: limitados a 12% ao ano no

mútuo civil e não limitados no bancário. Quanto aos demais aspectos, asmútuo civil e não limitados no bancário. Quanto aos demais aspectos, as

duas espécies de mútuo submetem-se às mesmas regras. duas espécies de mútuo submetem-se às mesmas regras.

O mutuário assume, no mútuo bancário, as seguintes obrigações: a)O mutuário assume, no mútuo bancário, as seguintes obrigações: a)

restituir o valor emprestado no prazo; b) pagar juros, encargos, comissões erestituir o valor emprestado no prazo; b) pagar juros, encargos, comissões e

demais taxas constantes do instrumento de contrato, bem como correçãodemais taxas constantes do instrumento de contrato, bem como correção

monetária, se prevista; c) proceder amortizações do valor emprestado, semonetária, se prevista; c) proceder amortizações do valor emprestado, se

assim acordado entre as partes.assim acordado entre as partes. A seu turno, feita a entrega do dinheiro e A seu turno, feita a entrega do dinheiro e

constituído o contrato, o banco não assume nenhuma obrigação perante oconstituído o contrato, o banco não assume nenhuma obrigação perante o

cliente. Assim sendo, cliente. Assim sendo, o contrato de mútuo bancário é unilateralo contrato de mútuo bancário é unilateral, já que um, já que um

dos contratantes – o mutuáro – tem obrigações. dos contratantes – o mutuáro – tem obrigações.

As operações ativas de banco apresentam-se, de modo direto ou indireto,As operações ativas de banco apresentam-se, de modo direto ou indireto,

como mútuo, e cabe, ao finalizar este item, breve referência a duas dascomo mútuo, e cabe, ao finalizar este item, breve referência a duas das

muitas e sempre renovadas espécies de operação bancária ligadas a essemuitas e sempre renovadas espécies de operação bancária ligadas a esse

gênero contratual: gênero contratual: o financiamento e a abertura de créditoo financiamento e a abertura de crédito..

Defino financiamento como sendo o Defino financiamento como sendo o mútuo bancáriomútuo bancário em que o mutuário temem que o mutuário tem

a obrigação de conferir ao dinheiro emprestado uma determinada finalidade.a obrigação de conferir ao dinheiro emprestado uma determinada finalidade.

Por exemplo, investir no desenvolvimento de atividadePor exemplo, investir no desenvolvimento de atividade

econômica(industrial, comercial, exportação, rural, etc) ou adquirir casaeconômica(industrial, comercial, exportação, rural, etc) ou adquirir casa

própria. O mutuário, no financiamento, não é inteiramente livre para destinarprópria. O mutuário, no financiamento, não é inteiramente livre para destinar

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os recursos tomados, sujeitando-se aos balizamentos da operação. Emos recursos tomados, sujeitando-se aos balizamentos da operação. Em

decorrência, o banco por vezes tem o direito contratual de proceder adecorrência, o banco por vezes tem o direito contratual de proceder a

vistorias que confirmem o emprego adequado do dinheiro ou de entregar ovistorias que confirmem o emprego adequado do dinheiro ou de entregar o

valor emprestado diretamente a terceiros(p. ex.: a incorporadora do imóvelvalor emprestado diretamente a terceiros(p. ex.: a incorporadora do imóvel

adquirido com financiamento). adquirido com financiamento).

No contrato de abertura de créditoNo contrato de abertura de crédito, por fim, , por fim, o banco põe certa quantia deo banco põe certa quantia de

dinheiro à disposição do cliente, que pode ou não utilizar esses recursosdinheiro à disposição do cliente, que pode ou não utilizar esses recursos..

Quando o cliente é consumidor, esse contrato costuma-se chamar Quando o cliente é consumidor, esse contrato costuma-se chamar CHEQUECHEQUE

ESPECIALESPECIAL. Se empresário, . Se empresário, CONTA GARANTIDACONTA GARANTIDA. Em geral, o cliente. Em geral, o cliente

somente paga juros e encargos se e quando lança mão do crédito aberto emsomente paga juros e encargos se e quando lança mão do crédito aberto em

seu favor. Distingue a doutrina seu favor. Distingue a doutrina duas modalidades de contrato de abertura deduas modalidades de contrato de abertura de

créditocrédito. De um lado, a SIMPLES, em que o cliente, uma vez utilizado o. De um lado, a SIMPLES, em que o cliente, uma vez utilizado o

crédito, não tem a faculdade de reduzir o montante do devido antes decrédito, não tem a faculdade de reduzir o montante do devido antes de

determinado prazo, garantido-se ao banco remuneração mínima; e, de outro,determinado prazo, garantido-se ao banco remuneração mínima; e, de outro,

a abertura em conta corrente, mais comum, em que o cliente pode, mediantea abertura em conta corrente, mais comum, em que o cliente pode, mediante

entradas, reduzir o débito nos prazos que considerar oportunos(Gomes,entradas, reduzir o débito nos prazos que considerar oportunos(Gomes,

1959:398). 1959:398).

Sergio Carlos Covello – Contratos Bancários – (Pág. 151) – Sergio Carlos Covello – Contratos Bancários – (Pág. 151) – a principala principal

operação ativa operação ativa dos bancos é, sem dúvida, o dos bancos é, sem dúvida, o EMPRÉSTIMOEMPRÉSTIMO, que juntamente, que juntamente

com o com o DEPÓSITODEPÓSITO – forma o binômio que tipifica a atividade intermediadora – forma o binômio que tipifica a atividade intermediadora

da empresa bancária. da empresa bancária.

Ambas as espécies de empréstimo são consagradas pela dinâmicaAmbas as espécies de empréstimo são consagradas pela dinâmica

bancária. Contudo, a figura do mútuo é mais comum, em virtude do Bancobancária. Contudo, a figura do mútuo é mais comum, em virtude do Banco

emprestar dinheiro, de maneira habitual e profissional, obtendo dessaemprestar dinheiro, de maneira habitual e profissional, obtendo dessa

operação grande parte de seu lucro e juros e comissões. operação grande parte de seu lucro e juros e comissões.

Na prática bancária, a coisa emprestada pode ser Na prática bancária, a coisa emprestada pode ser DINHEIRODINHEIRO, , TÍTULO-TÍTULO-

VALORVALOR ou ou FIRMA DO BANCOFIRMA DO BANCO, dando origem, assim, às mais variegadas, dando origem, assim, às mais variegadas

formas contratuais, como adiante veremos. formas contratuais, como adiante veremos.

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DE PLÁCIDO E SILVA – Vocabulário Jurídico – (Pág. 545) – DE PLÁCIDO E SILVA – Vocabulário Jurídico – (Pág. 545) – Quando o mútuoQuando o mútuo

é feito a comerciante e destinado a uso comercial, diz-se é feito a comerciante e destinado a uso comercial, diz-se mercantilmercantil. .

E se diz E se diz FENERÁTICOFENERÁTICO, quando se trata de empréstimo de dinheiro a juros. , quando se trata de empréstimo de dinheiro a juros.

O mútuo O mútuo FENERATÍCIOFENERATÍCIO pode ser garantido por anticrese, hipoteca ou pode ser garantido por anticrese, hipoteca ou

penhor, que serão, então, contratos acessórios dele. penhor, que serão, então, contratos acessórios dele.

Sílvio de Salvo Venosa – DIREITO CIVIL – Contratos em Espécie – (Pág. 231)Sílvio de Salvo Venosa – DIREITO CIVIL – Contratos em Espécie – (Pág. 231)

– – Examinado o comodato, quanto ao mútuo, podemos afirmar que suaExaminado o comodato, quanto ao mútuo, podemos afirmar que sua

estrutura não se altera como contrato de empréstimo. Uma vez que seuestrutura não se altera como contrato de empréstimo. Uma vez que seu

objeto é constituído de coisas fungíveis, seu regime jurídico exigeobjeto é constituído de coisas fungíveis, seu regime jurídico exige

variações. Sob tal prisma, diz-se que o variações. Sob tal prisma, diz-se que o mútuo é empréstimo de consumomútuo é empréstimo de consumo,,

em paralelo ao em paralelo ao comodato, empréstimo para usocomodato, empréstimo para uso. .

Em razão do objeto desse empréstimo, o mutuante transfere o domínio daEm razão do objeto desse empréstimo, o mutuante transfere o domínio da

coisa emprestada ao mutuário(art. 1257; novo, art. 587). Destarte, tornando-coisa emprestada ao mutuário(art. 1257; novo, art. 587). Destarte, tornando-

se o tomado proprietário da coisa mutuada, pode dar-lhe o destino que lhese o tomado proprietário da coisa mutuada, pode dar-lhe o destino que lhe

aprouver. Findo o empréstimo, devolverá em coisas do mesmo gênero,aprouver. Findo o empréstimo, devolverá em coisas do mesmo gênero,

qualidade e quantidade. Assim, ao contrário do que sucede no comodato, oqualidade e quantidade. Assim, ao contrário do que sucede no comodato, o

mutuário há de ser necessariamente o dono da coisa entregue, doutro modomutuário há de ser necessariamente o dono da coisa entregue, doutro modo

não poderia transferir o domínio. não poderia transferir o domínio.

EMPRÉSTIMO DE DINHEIRO. JUROS.EMPRÉSTIMO DE DINHEIRO. JUROS.

O mútuo que estabelece pagamento de juros é denominado O mútuo que estabelece pagamento de juros é denominado FENERATÍCIOFENERATÍCIO,,

porque em Roma se rotulava de porque em Roma se rotulava de foenusfoenus esse negócio. A estipulação de esse negócio. A estipulação de

juros depende de expressa convenção no Código de 1916, conforme o art.juros depende de expressa convenção no Código de 1916, conforme o art.

1.262. No sistema do 1.262. No sistema do Novo CódigoNovo Código, como vimos, os juros presumem-se, como vimos, os juros presumem-se

devidos se o mútuo tiver destinação para finalidade econômica. Os jurosdevidos se o mútuo tiver destinação para finalidade econômica. Os juros

podem referir-se a empréstimo de dinheiro ou de outras coisas fungíveis. Apodem referir-se a empréstimo de dinheiro ou de outras coisas fungíveis. A

segunda parte do artigo de 1916 requer maior digressão, pois estabelecesegunda parte do artigo de 1916 requer maior digressão, pois estabelece

que esses juros podem fixar-se abaixo ou acima da taxa legal do art. 1062,que esses juros podem fixar-se abaixo ou acima da taxa legal do art. 1062,

com ou sem capitalização. Como apontamos, o limite legal dos juros nocom ou sem capitalização. Como apontamos, o limite legal dos juros no

novo sistema é o estabelecido no art. 406 do novo sistema é o estabelecido no art. 406 do novo Códigonovo Código. O . O novel estatutonovel estatuto

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assume, portanto, uma nova perspectiva econômica nessa matéria, deassume, portanto, uma nova perspectiva econômica nessa matéria, de

acordo as mais recentes leis econômico. acordo as mais recentes leis econômico.

NELSON ABRÃO – Direito Bancário – (Pág. 84) NELSON ABRÃO – Direito Bancário – (Pág. 84)

38.38. VEDAÇÕES LEGAIS AO MÚTUO BANCÁRIOVEDAÇÕES LEGAIS AO MÚTUO BANCÁRIO - - A fim de evitarA fim de evitar

favorecimento de pessoas ligadas, por vínculo de parentesco oufavorecimento de pessoas ligadas, por vínculo de parentesco ou

econômico, às instituições financeiras, proíbe a lei o mútuo ou qualquereconômico, às instituições financeiras, proíbe a lei o mútuo ou qualquer

modalidade de concessão de crédito em seu prol. Assim, não podem ela darmodalidade de concessão de crédito em seu prol. Assim, não podem ela dar

em mútuo:em mútuo:

“i – a seus diretores e membros dos conselhos consultivo ou“i – a seus diretores e membros dos conselhos consultivo ou

administrativo, fiscais e semelhantes, bem como aos respectivos cônjuges; administrativo, fiscais e semelhantes, bem como aos respectivos cônjuges;

ii – aos parentes, até segundo grau, das pessoas a que se refere o incisoii – aos parentes, até segundo grau, das pessoas a que se refere o inciso

anterior;anterior;

iii – às pessoas físicas ou jurídicas que participem de seu capital, com maisiii – às pessoas físicas ou jurídicas que participem de seu capital, com mais

de 10%, salvo autorização ....”(Art. 34 da Lei nº 4.595/64)de 10%, salvo autorização ....”(Art. 34 da Lei nº 4.595/64)

Compreende-se perfeitamente a circunstância transplantada para aCompreende-se perfeitamente a circunstância transplantada para a

realidade, no visualizar atividades incompatíveis com o exercício dasrealidade, no visualizar atividades incompatíveis com o exercício das

operações bancárias, podendo configurar delitos contra o sistema e ooperações bancárias, podendo configurar delitos contra o sistema e o

enquadramento na legislação do colarinho branco, razão pela qual no mútuoenquadramento na legislação do colarinho branco, razão pela qual no mútuo

bancário são indispensáveis a mantença da moralidade e o distanciamentobancário são indispensáveis a mantença da moralidade e o distanciamento

no trato da moeda, sob pena de incidirem diretores e responsáveis emno trato da moeda, sob pena de incidirem diretores e responsáveis em

sanções e punições, sem prejuízo da culpabilidade a ser comprovada. sanções e punições, sem prejuízo da culpabilidade a ser comprovada.

9.2. 9.2. CaracterísticasCaracterísticas

Sérgio Carlos Covello - Contratos Bancários – (Pág. 154) – Sérgio Carlos Covello - Contratos Bancários – (Pág. 154) –

a) COMERCIALa) COMERCIAL – A primeira indagação que se faz a respeito do presente negócio jurídico é– A primeira indagação que se faz a respeito do presente negócio jurídico é

esta: esta: o empréstimo bancário é comercial ou civil? o empréstimo bancário é comercial ou civil?

Como se sabe tanto o Código Comercial como o Civil tratam do empréstimo, cada qualComo se sabe tanto o Código Comercial como o Civil tratam do empréstimo, cada qual

dedicando-lhe nove artigos(CCom, 247 a 255, e CC, arts. 1256 a 1264). dedicando-lhe nove artigos(CCom, 247 a 255, e CC, arts. 1256 a 1264).

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Hamel ensina que a índole civil ou comercial do contrato se determina pela pessoa daqueleHamel ensina que a índole civil ou comercial do contrato se determina pela pessoa daquele

que toma emprestado. E Rodiere e Rives-Lange doutrinam que feito a pessoa que toma emprestado. E Rodiere e Rives-Lange doutrinam que feito a pessoa nãonão

comerciantecomerciante, o contrato de empréstimo bancário tem natureza mista. Comercial para o Banco, o contrato de empréstimo bancário tem natureza mista. Comercial para o Banco

dador do crédito; civil para o tomador. dador do crédito; civil para o tomador.

No direito pátrio, há uma regra parecida, que se estampa no art. 247 do Código Comercial “No direito pátrio, há uma regra parecida, que se estampa no art. 247 do Código Comercial “ OO

mútuo é empréstimo mercantil, quando a coisa emprestada pode ser considerada gêneromútuo é empréstimo mercantil, quando a coisa emprestada pode ser considerada gênero

comercial e pelo menos o mutuário é comerciantecomercial e pelo menos o mutuário é comerciante. “. “

Na lição de Carvalho de Mendonça, “ o ato é comercial e sujeito às disposições do CódigoNa lição de Carvalho de Mendonça, “ o ato é comercial e sujeito às disposições do Código

Comercial desde que se dá a intervenção unilateral de comerciante. O ato passado entre oComercial desde que se dá a intervenção unilateral de comerciante. O ato passado entre o

comerciante e o não-comerciante, assumindo o colorido comercial pelo fato da intervençãocomerciante e o não-comerciante, assumindo o colorido comercial pelo fato da intervenção

do primeiro, permanece disciplinado, para ambos, pela legislação comercial. O nosso direitodo primeiro, permanece disciplinado, para ambos, pela legislação comercial. O nosso direito

estabeleceu o princípio da integridade do ato de comércio, repudiando a inexplicável eestabeleceu o princípio da integridade do ato de comércio, repudiando a inexplicável e

injustificável anomalia de o mesmo ato ser comercial para uma e civil para outra parte, atoinjustificável anomalia de o mesmo ato ser comercial para uma e civil para outra parte, ato

bifronte, ato anfíbio(Tratado, 1910, v. 1)bifronte, ato anfíbio(Tratado, 1910, v. 1)

Assim, os empréstimos feitos pelo Banco serão sempre comerciais, ainda que o mutuárioAssim, os empréstimos feitos pelo Banco serão sempre comerciais, ainda que o mutuário

não seja comerciante, da não seja comerciante, da a comercialidade das operações bancáriasa comercialidade das operações bancárias, , visto que concedervisto que conceder

empréstimos constitui atividade habitual do comércio de Bancosempréstimos constitui atividade habitual do comércio de Bancos. .

b) UNILATERALb) UNILATERAL - - Quanto aos efeitos, o empréstimo é unilateral, visto que, uma vezQuanto aos efeitos, o empréstimo é unilateral, visto que, uma vez

aperfeiçoado o contrato, aperfeiçoado o contrato, produz obrigaçõesproduz obrigações apenas para o prestatário. apenas para o prestatário. O Banco, uma vez O Banco, uma vez

prestado o dinheiro(ou qualquer outro bem), nenhuma obrigação assume. O prestário, sim.prestado o dinheiro(ou qualquer outro bem), nenhuma obrigação assume. O prestário, sim.

/este obriga-se a devolver o /este obriga-se a devolver o tantundemtantundem prestado(no mesmo gênero, quantidade e qualidade), prestado(no mesmo gênero, quantidade e qualidade),

mais os juros e comissões avençados. O mutuante nada se obriga porque já cumpriu suamais os juros e comissões avençados. O mutuante nada se obriga porque já cumpriu sua

prestação. prestação.

c) ONEROSOc) ONEROSO - - O empréstimo bancário é, em princípio, O empréstimo bancário é, em princípio, onerosooneroso, , pois a gratuidade, existentepois a gratuidade, existente

no mútuo civilno mútuo civil, não ocorre na esfera comercial – e especialmente no ramo bancário – onde o, não ocorre na esfera comercial – e especialmente no ramo bancário – onde o

móvel é o lucro. móvel é o lucro.

Cazet, a propósito do direito uruguaio, perlustra: ‘ a gratuidade do empréstimo bancário nãoCazet, a propósito do direito uruguaio, perlustra: ‘ a gratuidade do empréstimo bancário não

concorda em absoluto com a realidade. concorda em absoluto com a realidade. Todas as leis que se referem, ainda que sejaTodas as leis que se referem, ainda que seja

incidentalmente, a esta operação sempre mencionam expressamente os interessesincidentalmente, a esta operação sempre mencionam expressamente os interesses

compensatórioscompensatórios.... concluindo, podemos dizer, considerando não nos equivocarmos, que,.... concluindo, podemos dizer, considerando não nos equivocarmos, que,

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em todos os casos, o empréstimo bancário pode caracterizar-se juridicamente como umem todos os casos, o empréstimo bancário pode caracterizar-se juridicamente como um

contrato oneroso. contrato oneroso.

Se por hipótese cerebrina, o banco concede empréstimo a título gratuito, Se por hipótese cerebrina, o banco concede empréstimo a título gratuito, o negócio entra noo negócio entra no

rol dos contratos civisrol dos contratos civis. .

9.3.9.3. formaforma

Sergio Carlos Covello - Contratos Bancários – (Pág. 162) – Sergio Carlos Covello - Contratos Bancários – (Pág. 162) – Embora não seja contrato celene,Embora não seja contrato celene,

o empréstimo bancário realiza-se sempre sob forma escritao empréstimo bancário realiza-se sempre sob forma escrita, quer mediante instrumento, quer mediante instrumento

público, quer por instrumento particular. Em regra, prevalece esta última forma contratual,público, quer por instrumento particular. Em regra, prevalece esta última forma contratual,

pois os Bancos só recorrerem ao instrumento público quando empréstimo vempois os Bancos só recorrerem ao instrumento público quando empréstimo vem

acompanhado de garantias reais, especialmente hipoteca. acompanhado de garantias reais, especialmente hipoteca.

Além do instrumento de contrato, com a estipulação dos juros, das comissões, do prazo eAlém do instrumento de contrato, com a estipulação dos juros, das comissões, do prazo e

das garantias, o empréstimo pecuniário envolve, quase sempre, um título cambiário.das garantias, o empréstimo pecuniário envolve, quase sempre, um título cambiário.

Digamos com mais precisão que os mútuos bancários se incorporam ou se materializam emDigamos com mais precisão que os mútuos bancários se incorporam ou se materializam em

título cambiário, como, a nota promissória. Razão dessa prática é a executoriedade etítulo cambiário, como, a nota promissória. Razão dessa prática é a executoriedade e

facilidade acionária do título. Como observa Orlando Gomes, ´os títulos de créditofacilidade acionária do título. Como observa Orlando Gomes, ´os títulos de crédito

desempenham na economia importante função por serem meios práticos e prontos dedesempenham na economia importante função por serem meios práticos e prontos de

realização do direito do credor, além de serem facilmente alienáveis, documentando o créditorealização do direito do credor, além de serem facilmente alienáveis, documentando o crédito

e provando integralmente a existência do direito que neles se incorpora.”. Acrescente-se quee provando integralmente a existência do direito que neles se incorpora.”. Acrescente-se que

o título de crédito traz ínsita a idéia de garantia e, conseqüentemente, de segurança para oo título de crédito traz ínsita a idéia de garantia e, conseqüentemente, de segurança para o

Banco, pois dele participam intervenientes-avalistas, que vêm assegurar o pagamento daBanco, pois dele participam intervenientes-avalistas, que vêm assegurar o pagamento da

dívida. dívida.

Capítulo XCapítulo X

10. Contrato de Abertura de Crédito10. Contrato de Abertura de Crédito

10.1. 10.1. ConceitoConceito

É um contrato pelo qual o banco obriga-se a dispor, em favor do cliente,É um contrato pelo qual o banco obriga-se a dispor, em favor do cliente,

certa quantia monetária previamente delimitada, e por um prazo definido,certa quantia monetária previamente delimitada, e por um prazo definido,

quantia esta que poderá ser utilizada mediante saque único ou repetido,quantia esta que poderá ser utilizada mediante saque único ou repetido,

incumbindo-se ao cliente a devolver a quantia utilizada, acrescida dos jurosincumbindo-se ao cliente a devolver a quantia utilizada, acrescida dos juros

previamente pactuados, quando do vencimento contratual.previamente pactuados, quando do vencimento contratual.

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Sergio Carlos Covello - Contratos Bancários – (Pág. 181) – Sergio Carlos Covello - Contratos Bancários – (Pág. 181) – Entre os contratos bancários, aEntre os contratos bancários, a

ABERTURA DE CRÉDITOABERTURA DE CRÉDITO distingue-se não só pelas vantagens que oferece como pela distingue-se não só pelas vantagens que oferece como pela

complexidadecomplexidade de sua natureza jurídica. , de sua natureza jurídica. ,

Na prática bancária, a expressão “Na prática bancária, a expressão “ABRIR CRÉDITOABRIR CRÉDITO” tornou-se sinônima de “” tornou-se sinônima de “CONCEDERCONCEDER

CRÉDITOCRÉDITO” . é muito comum dizer que o Banco “abre um crédito ao cliente” toda vez que se” . é muito comum dizer que o Banco “abre um crédito ao cliente” toda vez que se

obriga a cumprir uma determinada operação que implique concessão de crédito, v. g.,obriga a cumprir uma determinada operação que implique concessão de crédito, v. g.,

quando o Banco assume a obrigação de aceitar um desconto, de antecipar um valor de umquando o Banco assume a obrigação de aceitar um desconto, de antecipar um valor de um

crédito ou de financiar um empreendimento. Todavia, consoante bem observa Giacomocrédito ou de financiar um empreendimento. Todavia, consoante bem observa Giacomo

Molle, no sentido técnico stricto sensu, só existe realmente abertura de crédito quando oMolle, no sentido técnico stricto sensu, só existe realmente abertura de crédito quando o

Banco se obriga a pôr à disposição do cliente, ou de terceiros, certa soma de dinheiro queBanco se obriga a pôr à disposição do cliente, ou de terceiros, certa soma de dinheiro que

poderá usada conforme conveniência deste último: “.....”poderá usada conforme conveniência deste último: “.....”

No direito pátrio, como sói acontecer com a quase-totalidade dos contratos bancários,No direito pátrio, como sói acontecer com a quase-totalidade dos contratos bancários,

inexiste o conceito legal de abertura de crédito. A doutrina, no entanto, supre a lacuna da lei,inexiste o conceito legal de abertura de crédito. A doutrina, no entanto, supre a lacuna da lei,

oferecendo-nos várias definições. oferecendo-nos várias definições.

Caio Mário da Silva Pereira diz-nos que ´abertura de crédito é o contrato pelo qual o banco seCaio Mário da Silva Pereira diz-nos que ´abertura de crédito é o contrato pelo qual o banco se

obriga a pôr à disposição do cliente soma dentro de um dado limite quantitativo, e por umobriga a pôr à disposição do cliente soma dentro de um dado limite quantitativo, e por um

certo prazo, acatando-lhe os saques ou acolhendo ordens.”certo prazo, acatando-lhe os saques ou acolhendo ordens.”

Orlando Gomes define-a como: “contrato por via do qual se obriga um Banco a colocar àOrlando Gomes define-a como: “contrato por via do qual se obriga um Banco a colocar à

disposição do cliente determinada soma para ser utilizada mediante saque único ou repetido.disposição do cliente determinada soma para ser utilizada mediante saque único ou repetido.

“, acrescentando que a prestação do Banco pode, ‘ consistir, também, em aceite, fiança ou“, acrescentando que a prestação do Banco pode, ‘ consistir, também, em aceite, fiança ou

aval.’ aval.’

O emérito Pontes de Miranda, acompanhando o pensamento do ilustre comercialista pátrio,O emérito Pontes de Miranda, acompanhando o pensamento do ilustre comercialista pátrio,

ressalta que ´a abertura de crédito pode ser feita por Banco ou outro estabelecimentoressalta que ´a abertura de crédito pode ser feita por Banco ou outro estabelecimento

comercial, ou por entidade de direito público ou de direito privado ou por pessoa física. comercial, ou por entidade de direito público ou de direito privado ou por pessoa física. AA

abertura de crédito bancário é espécieabertura de crédito bancário é espécie””

A A espécieespécie, todavia, tornou-se a prática mais comum no comércio moderno, porque os, todavia, tornou-se a prática mais comum no comércio moderno, porque os

Bancos, como potência econômica de liquidez certa, têm muito mais condições de avençarBancos, como potência econômica de liquidez certa, têm muito mais condições de avençar

as abertura de crédito, propiciando ao público uma operação altamente útil, motivo pelo qualas abertura de crédito, propiciando ao público uma operação altamente útil, motivo pelo qual

algumas legislações, como a italiana, incluírem-na entre os contratos bancários. algumas legislações, como a italiana, incluírem-na entre os contratos bancários.

De nossa parte, preferimos defini-la como: De nossa parte, preferimos defini-la como: contrato pelo qual o Banco(creditador) se obriga acontrato pelo qual o Banco(creditador) se obriga a

colocar à disposição do cliente ou de terceiro(creditado) certa importância pecuniária,colocar à disposição do cliente ou de terceiro(creditado) certa importância pecuniária,

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facultando-lhe a utilização dessa soma, no todo ou em parte, quer por meio de saque, defacultando-lhe a utilização dessa soma, no todo ou em parte, quer por meio de saque, de

aceite, de aval ou de fiança, até o montante convencionadoaceite, de aval ou de fiança, até o montante convencionado. .

NELSON ABRÃO - Direito Bancário – (Pág. 122) – NELSON ABRÃO - Direito Bancário – (Pág. 122) – 62. Natureza Jurídica – 62. Natureza Jurídica – Das assemelhaçõesDas assemelhações

que se faz da abertura de crédito aos vários contratos típicos, sem dúvida a que ofereceque se faz da abertura de crédito aos vários contratos típicos, sem dúvida a que oferece

maior analogia é o mútuo, não se confundindo, entretanto, por ele, por possuir sua essênciamaior analogia é o mútuo, não se confundindo, entretanto, por ele, por possuir sua essência

própriaprópria: :

´De outro parte, se se quisesse admitir em nosso ordenamento a figura do´De outro parte, se se quisesse admitir em nosso ordenamento a figura do

mútuo consensual, a esta não poderia jamais reportar-se a abertura demútuo consensual, a esta não poderia jamais reportar-se a abertura de

crédito, porque diversa é a causa em um e em outro negócio; enquanto quecrédito, porque diversa é a causa em um e em outro negócio; enquanto que

na abertura de crédito a falta de utilização da soma creditada não temna abertura de crédito a falta de utilização da soma creditada não tem

significado de inadimplemento contratual, o mesmo não se pode dizer se osignificado de inadimplemento contratual, o mesmo não se pode dizer se o

mutuário omitisse de fazer próprias as somas mutuadas, porque o contratomutuário omitisse de fazer próprias as somas mutuadas, porque o contrato

faltaria à sua função.”faltaria à sua função.”

Também não tem procedência a doutrina do mútuo seguindo deTambém não tem procedência a doutrina do mútuo seguindo de

depósito porquanto: ´Esta construção que, proposta anteriormente por algunsdepósito porquanto: ´Esta construção que, proposta anteriormente por alguns

autores, no século passado por Bonelli havia definido ´artificiosa´ , se chocaautores, no século passado por Bonelli havia definido ´artificiosa´ , se choca

contra a noção de contrato que dá o art. 1842, o qual considera a abertura decontra a noção de contrato que dá o art. 1842, o qual considera a abertura de

crédito um contrato único e não um contrato complexo, resultante dacrédito um contrato único e não um contrato complexo, resultante da

combinação de diversos negócios unitariamente considerados com base emcombinação de diversos negócios unitariamente considerados com base em

única causa e finalidade objetiva. Ademais, isso colide com o disposto no art.única causa e finalidade objetiva. Ademais, isso colide com o disposto no art.

1844, o qual, no caso em que a garantia se torna insuficiente ao valor1844, o qual, no caso em que a garantia se torna insuficiente ao valor

diminuído da garantia; como se choca contra o disposto no art. 1845 pelo qualdiminuído da garantia; como se choca contra o disposto no art. 1845 pelo qual

a rescisão da parte do banco, do contrato, suspende imediatamente aa rescisão da parte do banco, do contrato, suspende imediatamente a

utilização do crédito: normas todas essas que pressupõem que a somautilização do crédito: normas todas essas que pressupõem que a soma

creditada permaneça, enquanto não seja utilizada, de propriedade do banco ecreditada permaneça, enquanto não seja utilizada, de propriedade do banco e

não passe ao creditado etc.não passe ao creditado etc.

Na realidade, a essência da abertura de crédito repousa no fato de oNa realidade, a essência da abertura de crédito repousa no fato de o

banco manter a soma à disposição do creditado, que poderá dela utilizar, oubanco manter a soma à disposição do creditado, que poderá dela utilizar, ou

não. Trata-se, pois, de contrato não. Trata-se, pois, de contrato sui generissui generis: ´Para estabelecer qual seja a: ´Para estabelecer qual seja a

natureza jurídica da abertura de crédito, isto é, sua essência, é preciso ir ànatureza jurídica da abertura de crédito, isto é, sua essência, é preciso ir à

definição da outra prte uma sma de dinheiro por um dado período de tempodefinição da outra prte uma sma de dinheiro por um dado período de tempo

ou por tempo indeterminado. ´ Como se põe em relevo, falta em tal definiçãoou por tempo indeterminado. ´ Como se põe em relevo, falta em tal definição

8080

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CURSO AVANÇADO DE DIREITO BANCÁRIOCURSO AVANÇADO DE DIREITO BANCÁRIOProf. Alberto BezerraProf. Alberto Bezerra

qualquer ligação entre o colocar à disposição a soma e a utilização daqualquer ligação entre o colocar à disposição a soma e a utilização da

mesma.”mesma.”

10.2.10.2. ModalidadesModalidades

NELSON ABRÃO - Direito Bancário – (Pág. 126) – NELSON ABRÃO - Direito Bancário – (Pág. 126) – A abertura de crédito pode ser qualificadaA abertura de crédito pode ser qualificada

levando em conta levando em conta dois critériosdois critérios: o da : o da movimentação contábilmovimentação contábil e o e o da garantiada garantia. Sob o . Sob o primeiroprimeiro

aspectoaspecto, ele pode ser , ele pode ser simples simples ou em ou em conta correnteconta corrente. .

I – Na I – Na simplessimples, , o creditado se limita a retirar as importâncias à sua disposição, em uma ouo creditado se limita a retirar as importâncias à sua disposição, em uma ou

várias vezes, sem, contudo, fazer qualquer cobertura ou reposiçãovárias vezes, sem, contudo, fazer qualquer cobertura ou reposição: ´Na abertura de crédito: ´Na abertura de crédito

simples, o creditado tem a faculdade de retirar fundos até o limite concedido. O creditadorsimples, o creditado tem a faculdade de retirar fundos até o limite concedido. O creditador

não é obrigado a receber reembolso total ou reembolsos parciais antes do vencimento donão é obrigado a receber reembolso total ou reembolsos parciais antes do vencimento do

contrato. “contrato. “

“Na “Na abertura simplesabertura simples, tem o creditado direito a utilizar o crédito sem possibilidade de reduzir, tem o creditado direito a utilizar o crédito sem possibilidade de reduzir

parcialmente, com entradas, o montante da dívida. “parcialmente, com entradas, o montante da dívida. “

Na Na abertura de crédito em conta correnteabertura de crédito em conta corrente, a par das retiradas que faz, pode o creditado, a par das retiradas que faz, pode o creditado

efetuar reposições, de molde a restabelecer a disponibilidade em seu favor: “a abertura deefetuar reposições, de molde a restabelecer a disponibilidade em seu favor: “a abertura de

crédito é em conta corrente quando o creditado pode utilizar várias vezes o crédito e, comcrédito é em conta corrente quando o creditado pode utilizar várias vezes o crédito e, com

sucessivas reposições, repristinar a disponibilidade. “sucessivas reposições, repristinar a disponibilidade. “

“Mas, se abertura de crédito é acompanhada de conta corrente, o creditado goza da“Mas, se abertura de crédito é acompanhada de conta corrente, o creditado goza da

faculdade de efetuar entradas parciais, quer em espécie, quer em títulos comerciaisfaculdade de efetuar entradas parciais, quer em espécie, quer em títulos comerciais

circulantes, como de letras de cãmbio, notas promissórias, cheques, etc., endossando-os aocirculantes, como de letras de cãmbio, notas promissórias, cheques, etc., endossando-os ao

banco creditador, sendo definitivamente apurados quando cobrados, e pode, na vigência dobanco creditador, sendo definitivamente apurados quando cobrados, e pode, na vigência do

contrato, reclamar novos adiantamentos até o valor do crédito aberto. Terá ao mesmo tempocontrato, reclamar novos adiantamentos até o valor do crédito aberto. Terá ao mesmo tempo

conseguido o serviço de caixa e diminuído o encargo de juros, se dispuser de valores paraconseguido o serviço de caixa e diminuído o encargo de juros, se dispuser de valores para

levar a seu crédito. “levar a seu crédito. “

“Na abertura de crédito conjugada á conta corrente, o creditado tem o direito de efetuar“Na abertura de crédito conjugada á conta corrente, o creditado tem o direito de efetuar

reembolso, utilizando novamente o crédito reintegrado.”reembolso, utilizando novamente o crédito reintegrado.”

II – II – Quanto à garantiaQuanto à garantia, a abertura de crédito pode ser: , a abertura de crédito pode ser: a descobertoa descoberto e e garantidagarantida. .

Na abertura de crédito a descoberto, por caixa ou em branco, Na abertura de crédito a descoberto, por caixa ou em branco, o banco se louvao banco se louva

exclusivamente na confiança que o creditado lhe inspiraexclusivamente na confiança que o creditado lhe inspira. “Neste caso, a base do negócio é a. “Neste caso, a base do negócio é a

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confiança entendida como ponderada valoração da situação objetiva e subjetiva doconfiança entendida como ponderada valoração da situação objetiva e subjetiva do

creditado, enquanto o banco confia nas suas solvabilidade e correção, sendo a únicacreditado, enquanto o banco confia nas suas solvabilidade e correção, sendo a única

garantia, em concurso com os outros credores, o seu patrimônio. O garantia, em concurso com os outros credores, o seu patrimônio. O crédito a descobertocrédito a descoberto é é

concedido normalmente a comerciantes que vendem sob fatura, cujo preço é realizado emconcedido normalmente a comerciantes que vendem sob fatura, cujo preço é realizado em

dia, ou a industriais que têm necessidade de capitais, para aquisição das matérias-primas e adia, ou a industriais que têm necessidade de capitais, para aquisição das matérias-primas e a

manipulação de produtos.manipulação de produtos.

É verdade que, freqüentemente, o banco exige promissórias para a recuperação ouÉ verdade que, freqüentemente, o banco exige promissórias para a recuperação ou

desmobilização de seu eventual crédito; mas, como bem assinalou Giacomo Molle, elas nãodesmobilização de seu eventual crédito; mas, como bem assinalou Giacomo Molle, elas não

representam nenhuma ulterior garantia àquela pessoal do próprio creditado, único signatáriorepresentam nenhuma ulterior garantia àquela pessoal do próprio creditado, único signatário

dos títulos, porém permitem ao banco viabilizar a recuperação das somas entregues oudos títulos, porém permitem ao banco viabilizar a recuperação das somas entregues ou

desmobilizar o seu crédito. desmobilizar o seu crédito.

Abertura de crédito garantidaAbertura de crédito garantida é aquela acompanhada de garantias reais(hipoteca, penhor) ou é aquela acompanhada de garantias reais(hipoteca, penhor) ou

fidejussória(aval, fiança). As garantias podem ser oferecidas tanto pelo próprio creditado,fidejussória(aval, fiança). As garantias podem ser oferecidas tanto pelo próprio creditado,

como por terceiro a favor dele, podendo ser isoladas ou cumulativas. como por terceiro a favor dele, podendo ser isoladas ou cumulativas.

(...)(...)

O Superior Tribunal de Justiça, analisando o assunto, teve a oportunidade de ferir um pontoO Superior Tribunal de Justiça, analisando o assunto, teve a oportunidade de ferir um ponto

de suma finalidade prática, da maneira contida na dicção da ementa oficial disposta:de suma finalidade prática, da maneira contida na dicção da ementa oficial disposta:

“A doutrina firmou-se no sentido de que a autonomia do título de crédito não“A doutrina firmou-se no sentido de que a autonomia do título de crédito não

se abala pelo fato de estar preso a contrato. Assim, não se teria inexecutável ase abala pelo fato de estar preso a contrato. Assim, não se teria inexecutável a

cambial ao argumento de que esta esteja presa a contrato de abertura decambial ao argumento de que esta esteja presa a contrato de abertura de

crédito, eis que também o entendimento pretoriano realça a sua autonomia ecrédito, eis que também o entendimento pretoriano realça a sua autonomia e

executoriedade, ostentando sua eficácia material que regula quanto a suaexecutoriedade, ostentando sua eficácia material que regula quanto a sua

constituição e formalidades extrínsecas”(3ª T., REsp 77.115-PE, Rel. Min.constituição e formalidades extrínsecas”(3ª T., REsp 77.115-PE, Rel. Min.

Waldemar Zveiter, RT, 739:227-8)”Waldemar Zveiter, RT, 739:227-8)”

10.3.10.3. Prorrogação e extinção do contratoProrrogação e extinção do contrato

Sergio Carlos Covello – Contratos Bancários – (pág. 201) Sergio Carlos Covello – Contratos Bancários – (pág. 201)

EXTINÇÃO DO CONTRATOEXTINÇÃO DO CONTRATO

O contrato de abertura de crédito extingue-se por várias maneiras:O contrato de abertura de crédito extingue-se por várias maneiras:

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a) PELO TERMOa) PELO TERMO – Com o advento do termo prefixado no contrato, a relação jurídica entre as – Com o advento do termo prefixado no contrato, a relação jurídica entre as

partes se desfaz, e o saldo passa a ser exigível caso o creditado tenha utilizado o crédito,partes se desfaz, e o saldo passa a ser exigível caso o creditado tenha utilizado o crédito,

pois a faculdade que o creditado adquire por força do contrato consiste em socorrer-se dopois a faculdade que o creditado adquire por força do contrato consiste em socorrer-se do

numerário do Banco dentro dos limites ajustados, numerário do Banco dentro dos limites ajustados, e um desses limites é o tempoe um desses limites é o tempo. Se, por. Se, por

hipótese cerebrina, não se avençou o prazo, deve-se observar a regra geral no sentido dehipótese cerebrina, não se avençou o prazo, deve-se observar a regra geral no sentido de

poder a abertura ser denunciada pelo Banco ou renunciada pelo próprio creditado, apoder a abertura ser denunciada pelo Banco ou renunciada pelo próprio creditado, a

qualquer momento.qualquer momento.

b) FALÊNCIA OU INSOLVÊNCIA DO CREDITADO b) FALÊNCIA OU INSOLVÊNCIA DO CREDITADO – A falência ou insolvência do creditado– A falência ou insolvência do creditado

põe fim à abertura de crédito, em vista de um motivo muito óbvio: esta modalidade depõe fim à abertura de crédito, em vista de um motivo muito óbvio: esta modalidade de

contrato é contrato é intuitu personae intuitu personae e, pois, mudada a situação do creditado, como no caso dae, pois, mudada a situação do creditado, como no caso da

falência ou de insolvência, cessará a relação contratual. Por outro lado, o falido ou insolventefalência ou de insolvência, cessará a relação contratual. Por outro lado, o falido ou insolvente

não tem sequer motivos válidos para continuar a utilizar o crédito aberto em seu favor, já quenão tem sequer motivos válidos para continuar a utilizar o crédito aberto em seu favor, já que

ele não terá condições de honrar o compromisso, uma vez que fica destituído daele não terá condições de honrar o compromisso, uma vez que fica destituído da

administração de seus bens. Altera-se, assim, o estado do creditado, e o Banco ficaadministração de seus bens. Altera-se, assim, o estado do creditado, e o Banco fica

desobrigado de conceder-lhe o crédito. desobrigado de conceder-lhe o crédito.

c) INCAPACIDADE DO CREDITADO - c) INCAPACIDADE DO CREDITADO - É outra forma de extinção da relação contratual entre É outra forma de extinção da relação contratual entre

Banco e cliente, aliás comum a outros contratos. Paulo de Lacerda ensina que o contrato sóBanco e cliente, aliás comum a outros contratos. Paulo de Lacerda ensina que o contrato só

perdura, diante da incapacidade da parte, se os seus representantes legais convierem,perdura, diante da incapacidade da parte, se os seus representantes legais convierem,

mediante as cautelas devidas, na continuação do exercício do contrato, o que, é bemmediante as cautelas devidas, na continuação do exercício do contrato, o que, é bem

verdade, vai depender da concordância do Banco. verdade, vai depender da concordância do Banco.

d) A MORTE DO CREDITADO – d) A MORTE DO CREDITADO – Salvo convenção em contrárioSalvo convenção em contrário, a morte do creditado põe fim à, a morte do creditado põe fim à

relação contratual, dada a natureza personalíssima da abertura de crédito. relação contratual, dada a natureza personalíssima da abertura de crédito.

Capítulo XICapítulo XI

11. Desconto Bancário11. Desconto Bancário

11.1.11.1. DefiniçãoDefinição

É o contrato onde o banco antecipa certa quantia ao cliente, resultado deÉ o contrato onde o banco antecipa certa quantia ao cliente, resultado de

um título de crédito não vencido de terceiro, deduzindo-se,um título de crédito não vencido de terceiro, deduzindo-se,

antecipadamenteantecipadamente, os juros contratados e demais despesas operacionais., os juros contratados e demais despesas operacionais.

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Bomfim Viana – Desconto Bancário – (Pág. 45) – Bomfim Viana – Desconto Bancário – (Pág. 45) – A discrepância funcional entre os aspectosA discrepância funcional entre os aspectos

técnicos e econômicos revela-se mais profunda na definição do objeto do desconto. Atécnicos e econômicos revela-se mais profunda na definição do objeto do desconto. A

estrutura técnica demonstra sua neutralidade instrumental e o econômico comprova seuestrutura técnica demonstra sua neutralidade instrumental e o econômico comprova seu

poder de determinar o elemento finalístico do negócio.poder de determinar o elemento finalístico do negócio.

As funções creditícia e monetária dos bancos comerciais habilitam-nos ao exercício de umaAs funções creditícia e monetária dos bancos comerciais habilitam-nos ao exercício de uma

complexa gama de operações econômicas. Os clientes apresentam-lhes títulos diversos,complexa gama de operações econômicas. Os clientes apresentam-lhes títulos diversos,

com a finalidade de obter adiantamento ou segurança dos valores imobilizados. com a finalidade de obter adiantamento ou segurança dos valores imobilizados.

Os documentos Os documentos cambiárioscambiários e e cambiariformescambiariformes surgem nas mais variadas vestes jurídicas: surgem nas mais variadas vestes jurídicas:

letra de câmbio, nota promissória, duplicata mercantil e de serviço, cédula rurais eletra de câmbio, nota promissória, duplicata mercantil e de serviço, cédula rurais e

industriais, notas promissórias rurais, títulos representativos de mercadoria, warrants, etc. industriais, notas promissórias rurais, títulos representativos de mercadoria, warrants, etc.

A técnica bancária classifica-se em A técnica bancária classifica-se em bancáveisbancáveis e e não-bancáveisnão-bancáveis. Os primeiros seriam aqueles. Os primeiros seriam aqueles

que satisfazem as exigências do Banco Central para efeito de redesconto. Os segundosque satisfazem as exigências do Banco Central para efeito de redesconto. Os segundos

caracterizam-se por não satisfazerem tais exigências. caracterizam-se por não satisfazerem tais exigências.

Os requisitos dos bancáveis compreendem a origem e natureza, o número de assinaturas, oOs requisitos dos bancáveis compreendem a origem e natureza, o número de assinaturas, o

prazo de vencimento, o lugar de pagamento, a entidade da soma cambial. Elementos técnico-prazo de vencimento, o lugar de pagamento, a entidade da soma cambial. Elementos técnico-

econômicos de que se utilizam as Autoridades Monetárias na execução da política seletivaeconômicos de que se utilizam as Autoridades Monetárias na execução da política seletiva

de crédito.de crédito.

O índice de assinaturas tem estreita ligação com o grau de solvabilidade do documento.O índice de assinaturas tem estreita ligação com o grau de solvabilidade do documento.

Quanto mais coobrigados existirem, maior será a segurança de resgate que o documentoQuanto mais coobrigados existirem, maior será a segurança de resgate que o documento

oferecerá. oferecerá.

Os títulos com as cláusulas “não a ordem” ou “sem despesa”, vencimento à vista ou a certoOs títulos com as cláusulas “não a ordem” ou “sem despesa”, vencimento à vista ou a certo

termo da vista, não são recomendáveis a desconto. A boa técnica bancária pune-os com otermo da vista, não são recomendáveis a desconto. A boa técnica bancária pune-os com o

desfavor, em face das restrições impostas ao exercício dos direitos do portador. desfavor, em face das restrições impostas ao exercício dos direitos do portador.

O lugar de pagamento é crucial em virtude da facilidade ou dificuldade de apresentação aO lugar de pagamento é crucial em virtude da facilidade ou dificuldade de apresentação a

aceite e pagamento são recusados os documentos que tiverem lugar de pagamento. Osaceite e pagamento são recusados os documentos que tiverem lugar de pagamento. Os

documentos que tiverem lugar de pagamento fora da área de jurisdição do banco em geraldocumentos que tiverem lugar de pagamento fora da área de jurisdição do banco em geral

são recusados. são recusados.

A discriminação do prazo de vencimento repousa no fato de que a operação é de curto prazo.A discriminação do prazo de vencimento repousa no fato de que a operação é de curto prazo.

Em alguns casos alcançará um ano. O ajuste de prazo maior propiciaria a imobilizaçãoEm alguns casos alcançará um ano. O ajuste de prazo maior propiciaria a imobilização

financeira prejudicial aos índices de liquidez. financeira prejudicial aos índices de liquidez.

As singularidades do negócio emprestam importância decisiva ao valor do documentoAs singularidades do negócio emprestam importância decisiva ao valor do documento

descontado. A boa técnica indica que não deverá atingir valor muito pequeno ou elevado. descontado. A boa técnica indica que não deverá atingir valor muito pequeno ou elevado.

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O acolhimento de títulos de valor módico dificultará a realização da operação. O dispêndioO acolhimento de títulos de valor módico dificultará a realização da operação. O dispêndio

com mão-de-obra especializada e os custos financeiros torna-la-ão onerosa. O inversocom mão-de-obra especializada e os custos financeiros torna-la-ão onerosa. O inverso

ocorrerá com as operações de grande valor. ocorrerá com as operações de grande valor.

Os custos financeiros relativos serão menores. Os riscos se agravarão. O princípio doOs custos financeiros relativos serão menores. Os riscos se agravarão. O princípio do

fracionamento do risco impedirá a concentração exagerada de responsabilidade em númerofracionamento do risco impedirá a concentração exagerada de responsabilidade em número

reduzido de clientes. reduzido de clientes.

A experiência aconselha que os documentos descontados devam ter maior número deA experiência aconselha que os documentos descontados devam ter maior número de

sginarários. O grau de solvabilidade depende disso. A prática demonstra que se tornasginarários. O grau de solvabilidade depende disso. A prática demonstra que se torna

dispendiosa a busca de informações completas e atualizadas sobre cada um. dispendiosa a busca de informações completas e atualizadas sobre cada um.

Os bancos concedem o crédito louvados no conceito, tradição e solvabilidade do cliente-Os bancos concedem o crédito louvados no conceito, tradição e solvabilidade do cliente-

descontário. Interessado direto na manutenção do seu crédito, terá o máximo empenho emdescontário. Interessado direto na manutenção do seu crédito, terá o máximo empenho em

assegurar seu resgaste normal. Essa a razão de se admitir o acolhimento de documentos nãoassegurar seu resgaste normal. Essa a razão de se admitir o acolhimento de documentos não

aceitos. aceitos.

A existência de pluralidade de obrigados terá importância decisiva em situações anormais. AA existência de pluralidade de obrigados terá importância decisiva em situações anormais. A

eventual falência ou concordata do cliente-descontatário. A falência ou concordata de um oueventual falência ou concordata do cliente-descontatário. A falência ou concordata de um ou

mais coobrigados.mais coobrigados.

Na sua origem os documentos cambiários e cambiariformes classificam-se em Na sua origem os documentos cambiários e cambiariformes classificam-se em comerciaiscomerciais e e

financeirosfinanceiros. Os últimos subdividem-se em espécies distintas, cujo denominador comum. Os últimos subdividem-se em espécies distintas, cujo denominador comum

reside nos seus requisitos formais. reside nos seus requisitos formais.

Os comerciais advém de negócios mercantisOs comerciais advém de negócios mercantis. Representarão ou incorporarão crédito. Representarão ou incorporarão crédito

oriundos de transações realizadas. Em termos mais precisos, regulamentarão transaçõesoriundos de transações realizadas. Em termos mais precisos, regulamentarão transações

anteriores concluídas. anteriores concluídas.

Os autores destacam a dupla segurança de sua solvabilidade. A garantia da existência doOs autores destacam a dupla segurança de sua solvabilidade. A garantia da existência do

negócio concluído e a possibilidade de sua satisfatória. A perspectiva de resgate normal donegócio concluído e a possibilidade de sua satisfatória. A perspectiva de resgate normal do

título no vencimento. título no vencimento.

De outra espécie classificam-se os documentos financeiros. Denunciam origens diversas eDe outra espécie classificam-se os documentos financeiros. Denunciam origens diversas e

instrumentalizam o escopo único de obtenção de crédito. No gênero documento financeiroinstrumentalizam o escopo único de obtenção de crédito. No gênero documento financeiro

incluem-se os isolados e os de grupo. incluem-se os isolados e os de grupo.

Os financeiros não são legítimos efeitos comerciais. Nascem com a finalidade de possibilitarOs financeiros não são legítimos efeitos comerciais. Nascem com a finalidade de possibilitar

a obtenção de crédito, mediante realização de operações impropriamente denominadasa obtenção de crédito, mediante realização de operações impropriamente denominadas

desconto. Qualificam-se autênticos empréstimos cambiários ou antecipações. desconto. Qualificam-se autênticos empréstimos cambiários ou antecipações.

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CURSO AVANÇADO DE DIREITO BANCÁRIOCURSO AVANÇADO DE DIREITO BANCÁRIOProf. Alberto BezerraProf. Alberto Bezerra

A emissão de nota promissória em favor de banco de investimento alterará a natureza daA emissão de nota promissória em favor de banco de investimento alterará a natureza da

operação. Economicamente será um financiamento. O documento cambiário desempenhará aoperação. Economicamente será um financiamento. O documento cambiário desempenhará a

função de garantia do negócio concluído. função de garantia do negócio concluído.

A letra de câmbio acompanhada dos documentos comprova sua nítida origem comercial. AsA letra de câmbio acompanhada dos documentos comprova sua nítida origem comercial. As

vendas internacionais atingem grandes valores, expressos em moeda nacional ouvendas internacionais atingem grandes valores, expressos em moeda nacional ou

estrangeira. estrangeira.

NÉLSON ABRÃO – Direito Bancário – (Pág. 110) – NÉLSON ABRÃO – Direito Bancário – (Pág. 110) – Parte tal conceituação do pressuposto deParte tal conceituação do pressuposto de

que todo e qualquer crédito possa ser cedido em troca do adiantamento pecuniário que oque todo e qualquer crédito possa ser cedido em troca do adiantamento pecuniário que o

banco faz ao cliente. A prática bancária revela, contudo, que o desconto é feito contra títulosbanco faz ao cliente. A prática bancária revela, contudo, que o desconto é feito contra títulos

de crédito, representando soma líquida e certa, portanto de fácil recuperação pelo Banco:de crédito, representando soma líquida e certa, portanto de fácil recuperação pelo Banco:

“segundo a prática bancária usual, o portador de um efeito de comércio(títulos que“segundo a prática bancária usual, o portador de um efeito de comércio(títulos que

representem obrigações comerciais vencíveis a curto prazo) o endossa a título derepresentem obrigações comerciais vencíveis a curto prazo) o endossa a título de

propriedade a seu banqueiro, que lhe entrega imediatamente o montante nominal sob reservapropriedade a seu banqueiro, que lhe entrega imediatamente o montante nominal sob reserva

de recebimento no vencimento. Em teoria, senão na prática, a operação de desconto pode terde recebimento no vencimento. Em teoria, senão na prática, a operação de desconto pode ter

um outro objeto que não o efeito de comércio(bônus do Tesouro, cupões, por exemplo) ouum outro objeto que não o efeito de comércio(bônus do Tesouro, cupões, por exemplo) ou

simples crédito. Deixaremos de lado estas hipóteses excepcionais para tratarmos dosimples crédito. Deixaremos de lado estas hipóteses excepcionais para tratarmos do

desconto dos efeitos de comércio. desconto dos efeitos de comércio.

“Qualquer crédito em dinheiro, contando que ainda não vencido, pode ser objeto de“Qualquer crédito em dinheiro, contando que ainda não vencido, pode ser objeto de

desconto, na prática, porém não é assimdesconto, na prática, porém não é assim. . O Banco, pela própria organização de seusO Banco, pela própria organização de seus

serviços, e pela necessidade de premunir-se contra o perigo de que o devedor cedido nãoserviços, e pela necessidade de premunir-se contra o perigo de que o devedor cedido não

satisfaça o débito no vencimento, normalmente não desconta senão os assim chamadossatisfaça o débito no vencimento, normalmente não desconta senão os assim chamados

créditos cartularescréditos cartulares, aqueles incorporados a um documento, cuja posse atribui, de maneira, aqueles incorporados a um documento, cuja posse atribui, de maneira

exclusiva, o direito de crédito, no sentido de que somente quem tem a posso do documentoexclusiva, o direito de crédito, no sentido de que somente quem tem a posso do documento

pode fazer o direito de crédito. Na realidade, de todos os créditos que possam ser objeto depode fazer o direito de crédito. Na realidade, de todos os créditos que possam ser objeto de

desconto, só aqueles resultantes de efeitos cambiários dão verdadeiramente matéria àdesconto, só aqueles resultantes de efeitos cambiários dão verdadeiramente matéria à

atividade bancária. atividade bancária.

Com a implementação dos meios magnéticos, o aperfeiçoamento da cibernética e o campoCom a implementação dos meios magnéticos, o aperfeiçoamento da cibernética e o campo

de serventia da informática, passa-se à fase de emissão de títulos que não se corporificamde serventia da informática, passa-se à fase de emissão de títulos que não se corporificam

nos documentos cartulares, a exemplo da conceituação ditada por Vivante e retomada pornos documentos cartulares, a exemplo da conceituação ditada por Vivante e retomada por

Tullio Ascarelli. Tullio Ascarelli.

De fato, o trabalho se concentra na imediata feitura da ordem magnética, que transfere aoDe fato, o trabalho se concentra na imediata feitura da ordem magnética, que transfere ao

banco, na qualidade de cessionário, a possibilidade de cobrança, ficando o descontatáriobanco, na qualidade de cessionário, a possibilidade de cobrança, ficando o descontatário

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creditado na sua conta corrente da importância que emblematicamente desenvolve o negóciocreditado na sua conta corrente da importância que emblematicamente desenvolve o negócio

empresarial. empresarial.

Paralelamente se delineia a faturização, que tem conotação própria e dimana umaParalelamente se delineia a faturização, que tem conotação própria e dimana uma

especificidade ímpar, na venda de produção, de modo antecipado, quando o faturizadorespecificidade ímpar, na venda de produção, de modo antecipado, quando o faturizador

libera a favor do faturizado, feitos os descontos da operação, a importância correspondente,libera a favor do faturizado, feitos os descontos da operação, a importância correspondente,

sem deslembrar eventual risco que poderá suscitar perante a falta de adimplemento dosem deslembrar eventual risco que poderá suscitar perante a falta de adimplemento do

sacado. sacado.

No pomo de discussão, portanto, o desconto bancário apresenta semelhanças com outrasNo pomo de discussão, portanto, o desconto bancário apresenta semelhanças com outras

operações que identificam a forma singular pela qual a instituição financeira catalisa recursooperações que identificam a forma singular pela qual a instituição financeira catalisa recurso

destinado à atividade empresarial, tanto na sua produção como na venda, antecipando aquilodestinado à atividade empresarial, tanto na sua produção como na venda, antecipando aquilo

que fora alienado que fora alienado pro solvendopro solvendo. .

´O banco antecipa ao credor importância de um título de crédito de soma líquida e´O banco antecipa ao credor importância de um título de crédito de soma líquida e

vencimento breve, recebendo em transferência e deduzindo do valor nominal os juros pelovencimento breve, recebendo em transferência e deduzindo do valor nominal os juros pelo

espaço de tempo intercorrente desde a data da antecipação até à data do vencimento.´espaço de tempo intercorrente desde a data da antecipação até à data do vencimento.´

´Uma outra operação ativa nos bancos é o desconto bancário, contrato pelo qual uma pessoa´Uma outra operação ativa nos bancos é o desconto bancário, contrato pelo qual uma pessoa

recebe do banco determinada importância, para isso transferindo ao mesmo um título derecebe do banco determinada importância, para isso transferindo ao mesmo um título de

crédito de terceiro.´crédito de terceiro.´

Do exposto, podemos concluir que, num sentido estrito, que é aquele seguido pela práticaDo exposto, podemos concluir que, num sentido estrito, que é aquele seguido pela prática

bancária, o desconto é o contrato pelo qual o banco, com prévia dedução do juro, comissãobancária, o desconto é o contrato pelo qual o banco, com prévia dedução do juro, comissão

e despesas, antecipa ao cliente a importância representada por um título de crédito, nãoe despesas, antecipa ao cliente a importância representada por um título de crédito, não

vencido, contra terceiro, mediante endosso do próprio título.vencido, contra terceiro, mediante endosso do próprio título.

O termos “desconto” tem, pois, um duplo sentidoO termos “desconto” tem, pois, um duplo sentido: designa a : designa a operação bancáriaoperação bancária(contrato no(contrato no

plano jurídico), bem como a plano jurídico), bem como a deduçãodedução feita sobre o valor representado pelo título feita sobre o valor representado pelo título. .

Arnaldo Rizzardo – CONTRATOS DE CRÉDITO BANCÁRIO – (Pág. 84) – Arnaldo Rizzardo – CONTRATOS DE CRÉDITO BANCÁRIO – (Pág. 84) – De modo geral,De modo geral,

todos os créditos podem ser objeto de desconto, desde que estejam incorporados emtodos os créditos podem ser objeto de desconto, desde que estejam incorporados em

documentos classificados como títulos de crédito. São títulos de crédito os documentosdocumentos classificados como títulos de crédito. São títulos de crédito os documentos

necessários para exercer o direito que eles representam, destacando-se a nota promissória,necessários para exercer o direito que eles representam, destacando-se a nota promissória,

a letra de câmbio, a duplicata, o cheque, os certificados de depósito a prazo fixo, osa letra de câmbio, a duplicata, o cheque, os certificados de depósito a prazo fixo, os

warrants, as debêntures, as lestras do tesouro e mesmo os títulos cambiais não aceitos. warrants, as debêntures, as lestras do tesouro e mesmo os títulos cambiais não aceitos.

Quanto aos cheques, por conterem ordem de pagamento à vista é possível admitir-se oQuanto aos cheques, por conterem ordem de pagamento à vista é possível admitir-se o

desconto, desde que sejam apresentados no prazo de lei. desconto, desde que sejam apresentados no prazo de lei.

O Prof. Cearense Bonfim Viana, em obra específica sobre o assunto, relaciona ...O Prof. Cearense Bonfim Viana, em obra específica sobre o assunto, relaciona ...

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11.2.11.2. CaracterísticasCaracterísticas

a) CONTRATO REALa) CONTRATO REAL – – Conforme a maioria dos autores. Conforme a maioria dos autores. Realiza-se com a efetiva entrega doRealiza-se com a efetiva entrega do

dinheiro ao descontatáriodinheiro ao descontatário. Assim pensa Giacomo Molle, para quem o consentimento dos. Assim pensa Giacomo Molle, para quem o consentimento dos

contraentes não é suficiente para dar vida ao contrato, se não acompanha a consignação docontraentes não é suficiente para dar vida ao contrato, se não acompanha a consignação do

valor adiantado por conta dos títulos. Segundo J. X. Carvalho de Mendonça, o desconto évalor adiantado por conta dos títulos. Segundo J. X. Carvalho de Mendonça, o desconto é

uma variedade do mútuo, completando-se desde que a soma descontada seja entregue aouma variedade do mútuo, completando-se desde que a soma descontada seja entregue ao

descontatário, lançado o crédito na conta corrente. Efetua-se a passagem da soma dodescontatário, lançado o crédito na conta corrente. Efetua-se a passagem da soma do

descontador para a conta do descontatário, eis que fica à plena disposição deste último. descontador para a conta do descontatário, eis que fica à plena disposição deste último.

Autores há que defendem a consensualidade, como Bonfim Viana, por ser a transferênciaAutores há que defendem a consensualidade, como Bonfim Viana, por ser a transferência

mero expediente prático. mero expediente prático.

DE PLÁCIDO E SILVA – Vocabulário Jurídico – (pág. 675) – DE PLÁCIDO E SILVA – Vocabulário Jurídico – (pág. 675) – REALREAL – Do latim – Do latim regalisregalis (real) de (real) de

rexrex (rei), é o vocabulário empregado, na linguagem jurídica, em referência aos atos ou fatos (rei), é o vocabulário empregado, na linguagem jurídica, em referência aos atos ou fatos

jurídicos para exprimir os que são jurídicos para exprimir os que são efetivosefetivos, , materiaismateriais, , positivospositivos, , presentespresentes.. Uma Uma entrega realentrega real

ou uma tradição real, assim, é a que se cumpre ou uma tradição real, assim, é a que se cumpre materialmentematerialmente, , positivamentepositivamente. Desse modo,. Desse modo,

opõe-se, em sentido, à significação do opõe-se, em sentido, à significação do simbólicosimbólico ou ou negativonegativo. .

b) ONEROSOb) ONEROSO – – pois pois cada umcada um dos contraentes obtém do outro um evidente benefício dos contraentes obtém do outro um evidente benefício

patrimonialpatrimonial. Conforme explana Luiz Alberto Delfino Cazet, o descontatário consegue a. Conforme explana Luiz Alberto Delfino Cazet, o descontatário consegue a

disponibilidade imediata de certa quantidade de dinheiro, enquanto o descontante receberá odisponibilidade imediata de certa quantidade de dinheiro, enquanto o descontante receberá o

pagamento correspondente ao tempo que falta para o vencimento, além de outras taxas. Nopagamento correspondente ao tempo que falta para o vencimento, além de outras taxas. No

mesmo sentido Nelson Abrão: ´a onerosidade do desconto reside em que redunda ele emmesmo sentido Nelson Abrão: ´a onerosidade do desconto reside em que redunda ele em

proveito econômico para ambas as partes: para o cliente, em possuir a disponibilidade deproveito econômico para ambas as partes: para o cliente, em possuir a disponibilidade de

quantias correspondentes a créditos ainda não vencidos; para o banco, a percepção de jurosquantias correspondentes a créditos ainda não vencidos; para o banco, a percepção de juros

e comissões”.e comissões”.

DE PLÁCIDO E SILVA – Vocabulário Jurídico – (pág. 573) – DE PLÁCIDO E SILVA – Vocabulário Jurídico – (pág. 573) – ONEROSO ONEROSO - - Do latim onerosus, Do latim onerosus,

de ônus, geralmente qualifica tudo que está sujeito a ônus ou encargo. É a qualidade oude ônus, geralmente qualifica tudo que está sujeito a ônus ou encargo. É a qualidade ou

condição de estar onerado ou ter ônus. condição de estar onerado ou ter ônus.

Exprime, também, o que sobrecarrega ou vem agravar encargos ou ônus existentes. ÉExprime, também, o que sobrecarrega ou vem agravar encargos ou ônus existentes. É

gravoso ou excessivo. gravoso ou excessivo.

ONEROSO – ONEROSO – Na técnica dos contratos, em oposição ao que é gratuitoNa técnica dos contratos, em oposição ao que é gratuito exprime o que se faz exprime o que se faz

com reciprocidade ou se regula por prestações e contraprestações. Todos os contratoscom reciprocidade ou se regula por prestações e contraprestações. Todos os contratos

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comerciais são onerosos. Os civis tanto se mostram onerosos, como se podem apresentarcomerciais são onerosos. Os civis tanto se mostram onerosos, como se podem apresentar

na condição de gratuitos, tal como a doação. na condição de gratuitos, tal como a doação.

c) BILATERALc) BILATERAL – – No sentido de ambos os estipulantes devem suportar obrigações. Ao bancoNo sentido de ambos os estipulantes devem suportar obrigações. Ao banco

compete concretizar efetivamente o desconto dos títulos, conforme se comprometeu, bemcompete concretizar efetivamente o desconto dos títulos, conforme se comprometeu, bem

como apresentar em cobrança, no momento aprazado, os títulos de crédito em seu poder. Aocomo apresentar em cobrança, no momento aprazado, os títulos de crédito em seu poder. Ao

cliente cabe satisfazer o preço da operação, com os interesses ajustados e o reembolso doscliente cabe satisfazer o preço da operação, com os interesses ajustados e o reembolso dos

gastos exigidos. Cumpre-lhe, outrossim, a restituição ao descontante do importe dos títulosgastos exigidos. Cumpre-lhe, outrossim, a restituição ao descontante do importe dos títulos

desatendidos pelos devedores principais. desatendidos pelos devedores principais.

11.3.11.3. Meio processual para sua cobrançaMeio processual para sua cobrança

ARNALDO RIZZARDO – Contratos de Crédito Bancário – (Pág. 88) – ARNALDO RIZZARDO – Contratos de Crédito Bancário – (Pág. 88) – O desconto tem comoO desconto tem como

elementos essenciais o adiantamento de certo valor ao cliente e a transferência de títuloselementos essenciais o adiantamento de certo valor ao cliente e a transferência de títulos

cambiários ou cambiaformes ao banco. cambiários ou cambiaformes ao banco.

Não satisfazendo o devedor a cifra representada no documento, ao descontante assisteNão satisfazendo o devedor a cifra representada no documento, ao descontante assiste

promover a execução junto do valor junto ao descontatáriopromover a execução junto do valor junto ao descontatário. .

Para dirigir-se contra o descontatário, é necessário o anterior protesto do títuloPara dirigir-se contra o descontatário, é necessário o anterior protesto do título . . Tal ato éTal ato é

elemento imprescindível para comprovar a inadimplência do devedor cedidoelemento imprescindível para comprovar a inadimplência do devedor cedido. Sem esta. Sem esta

providência, terá o banco dificuldades em comprovar a mora do devedor cedido. E o protestoprovidência, terá o banco dificuldades em comprovar a mora do devedor cedido. E o protesto

impõe-se na falta ou recusa de aceite, e na mora no pagamento,impõe-se na falta ou recusa de aceite, e na mora no pagamento, a menos que fique a menos que fique

consignado, no contrato, cláusula dispensando tal atoconsignado, no contrato, cláusula dispensando tal ato. Sem a medida, fica impossibilitado o. Sem a medida, fica impossibilitado o

direito de regresso, pois não provada a mora do devedor. direito de regresso, pois não provada a mora do devedor.

Quanto às duplicatas, o prazo para levar o título a protesto é de 30 dias, na forma do art. 13, §Quanto às duplicatas, o prazo para levar o título a protesto é de 30 dias, na forma do art. 13, §

4º, da Lei nº 5.474, de 18/07/1968: ´o portador que não tirar o protesto da duplicata, em forma4º, da Lei nº 5.474, de 18/07/1968: ´o portador que não tirar o protesto da duplicata, em forma

regular e dentro do prazo de 30 (trinta) dias, contado da data de seu vencimento, perderá oregular e dentro do prazo de 30 (trinta) dias, contado da data de seu vencimento, perderá o

direito de regresso contra os endossantes e respectivos avalistas”. A jurisprudência temdireito de regresso contra os endossantes e respectivos avalistas”. A jurisprudência tem

exigido o protesto para efeito de regresso. exigido o protesto para efeito de regresso.

De modo que a inadimplência conduz ao direito de uma ação patrocinada pelo descontante, aDe modo que a inadimplência conduz ao direito de uma ação patrocinada pelo descontante, a

cambiária, cambiária, fundada no documento descontadofundada no documento descontado. .

O banco ingressará em juízo contra o descontatário e os demais coobrigados. Ou emO banco ingressará em juízo contra o descontatário e os demais coobrigados. Ou em

regresso contra os últimos, se, acionado o devedor, não conseguiu receber o valor constanteregresso contra os últimos, se, acionado o devedor, não conseguiu receber o valor constante

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do título. do título. Ao propor a demanda, promoverá a restituição do título, o que fará junto com aAo propor a demanda, promoverá a restituição do título, o que fará junto com a

petição inicialpetição inicial. .

Existe, também, Existe, também, uma segunda açãouma segunda ação , através da qual o descontante tentará receber a, através da qual o descontante tentará receber a

devolução do montante adiantado, o que se fará por meio do rito comum , por faltarem osdevolução do montante adiantado, o que se fará por meio do rito comum , por faltarem os

requisitos para o processo de execuçãorequisitos para o processo de execução. .

Há, igualmente, Há, igualmente, a possibilidade de uma terceira açãoa possibilidade de uma terceira ação, dirigida contra o garante ou fidejussor,, dirigida contra o garante ou fidejussor,

ao qual se reserva o direito de regresso contra o descontatário. ao qual se reserva o direito de regresso contra o descontatário.

Mas conforme expressa Sérgo Carlos Covello, não está o descontante obrigado a ajuizar aMas conforme expressa Sérgo Carlos Covello, não está o descontante obrigado a ajuizar a

cobrança contra o aceitante e coobrigados. Cabe-lhe devolver o título ao descontatário ecobrança contra o aceitante e coobrigados. Cabe-lhe devolver o título ao descontatário e

exigir-lhe a restituição do dinheiro entregue. exigir-lhe a restituição do dinheiro entregue.

NELSON ABRAO – Direito Bancário – (Pág. 117) – NELSON ABRAO – Direito Bancário – (Pág. 117) – Operando-se o desconto, geralmente,Operando-se o desconto, geralmente,

mediante a cessão de títulos cambiários ou cambiaformes(na prática bancária brasileira, elemediante a cessão de títulos cambiários ou cambiaformes(na prática bancária brasileira, ele

se faz mais freqüentemente sobre duplicatas) , conseqüentemente o banco se tornase faz mais freqüentemente sobre duplicatas) , conseqüentemente o banco se torna

endossatário, legitima-se pelo protesto, cuja disciplina vem dada pelo diploma normativo nºendossatário, legitima-se pelo protesto, cuja disciplina vem dada pelo diploma normativo nº

9..492, de 10 de setembro de 1997, 9..492, de 10 de setembro de 1997, ao exercício da ação cambialao exercício da ação cambial, que é mais conveniente na, que é mais conveniente na

espécie, por estar dotada de caráter de execução, contra o devedor cedido, o cedente eespécie, por estar dotada de caráter de execução, contra o devedor cedido, o cedente e

qualquer outro coobrigado, para a formatação da relação dos devedores solidáriosqualquer outro coobrigado, para a formatação da relação dos devedores solidários

inadimplentes. inadimplentes.

Além da ação cambial, Além da ação cambial, forrada no títuloforrada no título, , fazem os autores menção à ação nascida dofazem os autores menção à ação nascida do

contrato de desconto ou causalcontrato de desconto ou causal. .

Tratar-se-ia de ação de direito comum e dirigida somente contra o descontatário e Tratar-se-ia de ação de direito comum e dirigida somente contra o descontatário e destituídadestituída

do rito executivodo rito executivo. Destarte teria lugar apenas no caso de prescrição da ação cambial,. Destarte teria lugar apenas no caso de prescrição da ação cambial,

invalidade da obrigação cambial do devedor principal ou nulidade do título. invalidade da obrigação cambial do devedor principal ou nulidade do título. Tem, pois, comoTem, pois, como

se vê, maior amplitude que a ação de locupletamento ilícitose vê, maior amplitude que a ação de locupletamento ilícito , exercitável em conseqüência da, exercitável em conseqüência da

prescrição da ação cambiária. prescrição da ação cambiária.

Interessante se faz mencionar que o contrato e a obrigação cartular têm relativaInteressante se faz mencionar que o contrato e a obrigação cartular têm relativa

interdependência, sem óbice no que diz respeito à possibilidade de firmar a executoriedadeinterdependência, sem óbice no que diz respeito à possibilidade de firmar a executoriedade

isolada, dado o contexto da operação bancária. isolada, dado o contexto da operação bancária.

Uma coisa é a obrigação que tem lastro na situação específica gerada a partir da garantiaUma coisa é a obrigação que tem lastro na situação específica gerada a partir da garantia

fornecida, outra é o fundamento que se assenta o contrato, que, se estiver dotado dosfornecida, outra é o fundamento que se assenta o contrato, que, se estiver dotado dos

requisitos de forma e de fundo, suscitará a via comum e não o caminho da execução. requisitos de forma e de fundo, suscitará a via comum e não o caminho da execução.

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SERGIO CARLOS COVELLO - Contratos Bancários – (Pág. 253) – SERGIO CARLOS COVELLO - Contratos Bancários – (Pág. 253) – Para o Banco, o contratoPara o Banco, o contrato

de desconto dá margem de desconto dá margem a dois tipos de açãoa dois tipos de ação : : A ação causal e a ação nascida do créditoA ação causal e a ação nascida do crédito

descontado, ou melhor dizendo, do documento representativo desse créditodescontado, ou melhor dizendo, do documento representativo desse crédito. .

Ação causalAção causal, ou , ou ex causaex causa, é aquela fundada na relação contratual entre descontatário e, é aquela fundada na relação contratual entre descontatário e

Banco. O pressuposto da ação causal é o não-pagamento pelo terceiro devedor do crédito,Banco. O pressuposto da ação causal é o não-pagamento pelo terceiro devedor do crédito,

no vencimento deste. É necessário que o Banco proteste o título, caso se trate de descontono vencimento deste. É necessário que o Banco proteste o título, caso se trate de desconto

cambiáro, para poder valer-se da ação causal, pois o protesto é a maior prova de que ocambiáro, para poder valer-se da ação causal, pois o protesto é a maior prova de que o

Banco diligenciou no sentido de receber o crédito e que o devedor cambiário não o saldou. Banco diligenciou no sentido de receber o crédito e que o devedor cambiário não o saldou.

O objeto da ação causal é a restituição da soma correspondente ao crédito transferido aoO objeto da ação causal é a restituição da soma correspondente ao crédito transferido ao

Banco. Esta ação tem como único destinatário o descontatário Banco. Esta ação tem como único destinatário o descontatário e se rege pelo direito comume se rege pelo direito comum..

Trata-se de ação que independe da ação que nasce do crédito. É autônoma, razão pela qualTrata-se de ação que independe da ação que nasce do crédito. É autônoma, razão pela qual

sobrevive mesmo após a prescrição desta última ou, ainda, à nulidade do créditosobrevive mesmo após a prescrição desta última ou, ainda, à nulidade do crédito

descontado. descontado.

A ação derivada do documento representativo do créditoA ação derivada do documento representativo do crédito, objeto do desconto, tanto pode ser, objeto do desconto, tanto pode ser

cambiária como ordináriacambiária como ordinária, conforme se trate de crédito incorporado a um título ou não. , conforme se trate de crédito incorporado a um título ou não.

Se o documento consiste em título de crédito, o Banco tem contra os coobrigados Se o documento consiste em título de crédito, o Banco tem contra os coobrigados

11.5.11.5. Extinção do contratoExtinção do contrato

SERGIO CARLOS COVELLO - Contratos Bancários – (Pág. 253) – SERGIO CARLOS COVELLO - Contratos Bancários – (Pág. 253) – A extinção do contrato deA extinção do contrato de

desconto dá-se pelo pagamento do quantum devido ao Banco, Istoé, a importância que estedesconto dá-se pelo pagamento do quantum devido ao Banco, Istoé, a importância que este

antecipou ao cliente sobre um crédito a vender. antecipou ao cliente sobre um crédito a vender.

Se é o terceiro devedor que paga ao BancoSe é o terceiro devedor que paga ao Banco, o contrato se extingue, porque tal pagamento, o contrato se extingue, porque tal pagamento

desobriga o descontatário, pondo fim à relação contratual que unia entre o Banco. desobriga o descontatário, pondo fim à relação contratual que unia entre o Banco.

Se o terceiro devedor não paga na data do vencimento, verifica-se a condição pela qual seSe o terceiro devedor não paga na data do vencimento, verifica-se a condição pela qual se

torna atual a obrigação do descontatário de suportar a dívida. Nesta hipótese, se otorna atual a obrigação do descontatário de suportar a dívida. Nesta hipótese, se o

descontatário paga, resolve, também, o contrato. descontatário paga, resolve, também, o contrato.

Se o terceiro devedor se declara falidoSe o terceiro devedor se declara falido, , o contrato não se extingueo contrato não se extingue, pois o Banco tem o, pois o Banco tem o

direito de reclamar o pagamento ao descontatário. O Banco é obrigado a apresentar odireito de reclamar o pagamento ao descontatário. O Banco é obrigado a apresentar o

documento representativo do crédito, mas não é obrigado a promover as ações contra odocumento representativo do crédito, mas não é obrigado a promover as ações contra o

terceiro devedor. terceiro devedor.

Na hipótese de o descontatário quedar falidoNa hipótese de o descontatário quedar falido, dá-se a antecipação do vencimento da, dá-se a antecipação do vencimento da

obrigação de restitir, ficando, porém facultado ao Banco o direito de acionar o terceiroobrigação de restitir, ficando, porém facultado ao Banco o direito de acionar o terceiro

devedor. devedor.

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Com a morte do descontatário, a obrigação se transmite aos herdeirosCom a morte do descontatário, a obrigação se transmite aos herdeiros. .

BOMFIM VIANA - Desconto Bancário – (pág. 147) – BOMFIM VIANA - Desconto Bancário – (pág. 147) – A extinção do contrato é contingência daA extinção do contrato é contingência da

vida negocial. vida negocial. Os direitos e obrigações nascem, modificam-se e extinguem-se emOs direitos e obrigações nascem, modificam-se e extinguem-se em

conseqüências de causas jurídicas variadasconseqüências de causas jurídicas variadas. .

Examinar-se-ão as extinções ordinária( I ) e extraordinária ( II ) com seus reflexos nos títulosExaminar-se-ão as extinções ordinária( I ) e extraordinária ( II ) com seus reflexos nos títulos

descontados. descontados.

EXTINÇÃO ORDINÁRIA EXTINÇÃO ORDINÁRIA

O desconto é uma operação de crédito, instrumentalizada o intento da anrtecipação de umO desconto é uma operação de crédito, instrumentalizada o intento da anrtecipação de um

valor monetário e possibilita a fruição de um crédito antes de seu vencimento. A restituiçãovalor monetário e possibilita a fruição de um crédito antes de seu vencimento. A restituição

da soma antecipada fica sujeita à condição suspensiva de inadimplência do devedor cedido.da soma antecipada fica sujeita à condição suspensiva de inadimplência do devedor cedido.

O resgate do sacado/aceitante extinguirá o contrato e a obrigação do descontatário. O resgate do sacado/aceitante extinguirá o contrato e a obrigação do descontatário.

O descontatário recebeu a antecipação do seu crédito. O banco se pagou da concessão doO descontatário recebeu a antecipação do seu crédito. O banco se pagou da concessão do

crédito com a prévia dedução de sua remuneração e demais encargos(vide custoscrédito com a prévia dedução de sua remuneração e demais encargos(vide custos

financeiros).financeiros).

O aceitante adimpliu a obrigação contraída no plano cambiário. Pressupõe a existência deO aceitante adimpliu a obrigação contraída no plano cambiário. Pressupõe a existência de

provisão. Se inexistir, terá pretensão extracambiária de ressarcimento contra o sacador. provisão. Se inexistir, terá pretensão extracambiária de ressarcimento contra o sacador.

O pagamento do devedor cedido não transforma a transferência O pagamento do devedor cedido não transforma a transferência pro solvendopro solvendo do título do título propro

solutosoluto. A obrigação do descontatário é principal em termos contratuais e subsidiária no. A obrigação do descontatário é principal em termos contratuais e subsidiária no

plano cambiário. plano cambiário.

Há evidente confusão entre transferência da propriedade documental e a natureza Há evidente confusão entre transferência da propriedade documental e a natureza propro

solvendosolvendo da função econômica do título cambial no negócio de desconto. da função econômica do título cambial no negócio de desconto.

A transferência de propriedade do documento(endosso) é definitiva. A vontade das partes éA transferência de propriedade do documento(endosso) é definitiva. A vontade das partes é

de aliena-lo. A condição suspensiva prende-se à função negocial desempenhada por elede aliena-lo. A condição suspensiva prende-se à função negocial desempenhada por ele

como instrumento de crédito. como instrumento de crédito.

O devedor cedido solve a obrigação em nome próprio. A singularidade do negócio bancárioO devedor cedido solve a obrigação em nome próprio. A singularidade do negócio bancário

emerge em toda sua evidência. O pagamento extinguirá a obrigação contratual (principal) eemerge em toda sua evidência. O pagamento extinguirá a obrigação contratual (principal) e

cambiária (indireta) do descontatário. cambiária (indireta) do descontatário.

A condição suspensiva de ambas obrigações desaparece do mundo jurídico. Essa a razãoA condição suspensiva de ambas obrigações desaparece do mundo jurídico. Essa a razão

técnico-jurídica da liberação obrigacional. Inadmissível a esdrúxula tese da transmutação datécnico-jurídica da liberação obrigacional. Inadmissível a esdrúxula tese da transmutação da

cessão cessão pro solvendopro solvendo em em pro solutopro soluto. .

EXTINÇÃO EXTRAORDINÁRIA EXTINÇÃO EXTRAORDINÁRIA

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CURSO AVANÇADO DE DIREITO BANCÁRIOCURSO AVANÇADO DE DIREITO BANCÁRIOProf. Alberto BezerraProf. Alberto Bezerra

A vida negocial está sujeita às áleas inerentes a toda atividade humana. A atividade bancáriaA vida negocial está sujeita às áleas inerentes a toda atividade humana. A atividade bancária

é sensível aos riscos. Os bancos procuram minimiza-los(vide Risco Bancário). é sensível aos riscos. Os bancos procuram minimiza-los(vide Risco Bancário).

A operação de desconto é A operação de desconto é descontituíveldescontituível em virtude da extinção do contrato. As causas em virtude da extinção do contrato. As causas

serão as mais diversas e serão as mais diversas e classificam-se em diretas e indiretasclassificam-se em diretas e indiretas. .

Entre as causas diretas incluem-se os vícios que afetam sua validade e eficácia e sãoEntre as causas diretas incluem-se os vícios que afetam sua validade e eficácia e são

decorrentes do desatendimento de pressupostos ou requisitos. As conseqüências jurídicasdecorrentes do desatendimento de pressupostos ou requisitos. As conseqüências jurídicas

desses vícios variam de caso a caso. desses vícios variam de caso a caso.

Os pressupostos relacionam-se ao sujeito, ao objeto e à posição do sujeito em relação aoOs pressupostos relacionam-se ao sujeito, ao objeto e à posição do sujeito em relação ao

objeto. Apuram-se os vícios oriundos da incapacidade relativa ou absoluta, da violação deobjeto. Apuram-se os vícios oriundos da incapacidade relativa ou absoluta, da violação de

regra geral proibitiva, etc. regra geral proibitiva, etc.

Os requisitos prendem-se à declaração da vontade estará contaminada de vícios psíquicosOs requisitos prendem-se à declaração da vontade estará contaminada de vícios psíquicos

(erro, dolo, coação) e sociais(fraude contra credores e simulação fraudulenta). (erro, dolo, coação) e sociais(fraude contra credores e simulação fraudulenta).

Os contratos sujeitar-se-ão aos efeitos da nulidade, anulabilidade e ineficácia. Os doisOs contratos sujeitar-se-ão aos efeitos da nulidade, anulabilidade e ineficácia. Os dois

primeiros regulados segundo as regras do direito civil e o último de acordo com as regras doprimeiros regulados segundo as regras do direito civil e o último de acordo com as regras do

Direito Falimentar. Direito Falimentar.

Efeitos diretos sobre o contrato surgem na falência do descontatário. O síndico julga doEfeitos diretos sobre o contrato surgem na falência do descontatário. O síndico julga do

interesse da massa “resolve-lo”(resili-lo). Ou o descontatário realizou o negócio após ainteresse da massa “resolve-lo”(resili-lo). Ou o descontatário realizou o negócio após a

declaração de sua falência. declaração de sua falência.

Examinem-se os efeitos Examinem-se os efeitos indiretosindiretos. O título foi sacado depois da falência do sacador. A boa-fé. O título foi sacado depois da falência do sacador. A boa-fé

dos sucessivos portadores não os protegerá. A regra falimentar é princípio de ordemdos sucessivos portadores não os protegerá. A regra falimentar é princípio de ordem

pública(DL nº 7661, § 1º, art. 40). pública(DL nº 7661, § 1º, art. 40).

Haverá nítida prevalência do interesse coletivo sobre o privado. A regra do Direito falimentarHaverá nítida prevalência do interesse coletivo sobre o privado. A regra do Direito falimentar

exclui a aplicação da cambiária. Comprovada a inexistência cambial, o descontante promoveexclui a aplicação da cambiária. Comprovada a inexistência cambial, o descontante promove

a resilição contratual e pleiteia a rstituição de soma antecipada. a resilição contratual e pleiteia a rstituição de soma antecipada.

A inexistência do crédito cambiário desconstituirá o contrato. Inexeqüível sua convolação emA inexistência do crédito cambiário desconstituirá o contrato. Inexeqüível sua convolação em

empréstimo. O descontante resili-lo-á e terá a pretensão de restituibilidade da somaempréstimo. O descontante resili-lo-á e terá a pretensão de restituibilidade da soma

descontada. descontada.

O elenco de situações enunciadas autoriza-nos a formular dois princípios gerais. A extinçãoO elenco de situações enunciadas autoriza-nos a formular dois princípios gerais. A extinção

contratual extraordinária não ocasionará o vencimento cambial antecipado. A inexistência oucontratual extraordinária não ocasionará o vencimento cambial antecipado. A inexistência ou

a nulidade do crédito cambiário terá efeitos contratuais descontitutivos. a nulidade do crédito cambiário terá efeitos contratuais descontitutivos.

11.6.11.6. RedescontoRedesconto

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ARNALDO RIZARDO - Contratos de Crédito Bancário – (pág. 93) – ARNALDO RIZARDO - Contratos de Crédito Bancário – (pág. 93) – A operação de redescontoA operação de redesconto

equivale ao desconto entre bancos. Um banco, que possui determinado número de títulos equivale ao desconto entre bancos. Um banco, que possui determinado número de títulos

recebidos em operações de desconto, os apresenta em um segundo banco, onde lhe são recebidos em operações de desconto, os apresenta em um segundo banco, onde lhe são

creditados os valores, aceitando os títulos para reembolsar-se das quantias adiantadas. creditados os valores, aceitando os títulos para reembolsar-se das quantias adiantadas.

Nélson Abrão fornece o conceito exato: ´O redesconto é a operação pala qual o banco, nãoNélson Abrão fornece o conceito exato: ´O redesconto é a operação pala qual o banco, não

desejando aguardar o vencimento do título sobre o qual operou o desconto, para encaixar odesejando aguardar o vencimento do título sobre o qual operou o desconto, para encaixar o

seu montante, por sua vez, desconta-o junto a outro banco, recuperando o próprio capital. “seu montante, por sua vez, desconta-o junto a outro banco, recuperando o próprio capital. “

Resumindo: trata o redesconto de um desconto que se superpõe a outro precedente – oResumindo: trata o redesconto de um desconto que se superpõe a outro precedente – o

banco que fora cessionário de um crédito de seu cliente torna-se cedente do mesmo créditobanco que fora cessionário de um crédito de seu cliente torna-se cedente do mesmo crédito

em benefício de outro banco. em benefício de outro banco.

Em geral, as operações de redesconto envolvem uma relação entre o banco que concedeu oEm geral, as operações de redesconto envolvem uma relação entre o banco que concedeu o

desconto e um banco oficial, ou de economia mista. Esta forma de adiantar o recebimento dodesconto e um banco oficial, ou de economia mista. Esta forma de adiantar o recebimento do

valor creditado retrata a política econômica e bancária do governo, que autoriza certosvalor creditado retrata a política econômica e bancária do governo, que autoriza certos

bancos a atuarem no redesconto, especialmente em setores onde é necessário o apoiobancos a atuarem no redesconto, especialmente em setores onde é necessário o apoio

econômico para atentar a produção. econômico para atentar a produção.

NÉSON ABRÃO – Direito Bancário – (Pág. 118) – NÉSON ABRÃO – Direito Bancário – (Pág. 118) – O redesconto é a operação pela qual oO redesconto é a operação pela qual o

banco, não desejando aguardar o vencimento do título o qual operou o desconto, parabanco, não desejando aguardar o vencimento do título o qual operou o desconto, para

encaixar o seu montante, por sua vez, desconta-o junto a outro banco, recuperando o próprioencaixar o seu montante, por sua vez, desconta-o junto a outro banco, recuperando o próprio

capital. Tem a mesma natureza que o desconto, sendo realizável apenas entre bancos, razãocapital. Tem a mesma natureza que o desconto, sendo realizável apenas entre bancos, razão

pela qual os juros e comissões são menores, dada a melhor garantia que oferece opela qual os juros e comissões são menores, dada a melhor garantia que oferece o

descontador redescontário. descontador redescontário. Por força do dispositivo legal expresso (Lei 4.595/64), art. 10, IV),Por força do dispositivo legal expresso (Lei 4.595/64), art. 10, IV),

compete privativamente ao Banco Central realizar operações de redescontocompete privativamente ao Banco Central realizar operações de redesconto. .

O redesconto representa a possibilidade do banco se desvencilhar do título que possui naO redesconto representa a possibilidade do banco se desvencilhar do título que possui na

sua carteira sem esperar o respectivo vencimento, valendo-se doutra instituição para efeitosua carteira sem esperar o respectivo vencimento, valendo-se doutra instituição para efeito

de liberar o numerário. de liberar o numerário.

Típica operação interbancária que pode situar a circunstância envolvendo banco particular eTípica operação interbancária que pode situar a circunstância envolvendo banco particular e

outro oficial ou de economia mista, mas é preciso dimencionar o horizonte no intuito deoutro oficial ou de economia mista, mas é preciso dimencionar o horizonte no intuito de

sublinhar a necessidade do exame de fundo da atividade, posto que, se desenvolvida com osublinhar a necessidade do exame de fundo da atividade, posto que, se desenvolvida com o

intuito desviado e contrário à finalidade legal, responde o administrador pelo prejuízointuito desviado e contrário à finalidade legal, responde o administrador pelo prejuízo

causado à instituição financeira. causado à instituição financeira.

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CURSO AVANÇADO DE DIREITO BANCÁRIOCURSO AVANÇADO DE DIREITO BANCÁRIOProf. Alberto BezerraProf. Alberto Bezerra

Conquanto seja uma operação bastante conhecida e antiga, o redesconto permite umaConquanto seja uma operação bastante conhecida e antiga, o redesconto permite uma

confusão que merece maior análise, no sentido de aparar arestas e frutificar o consenso emconfusão que merece maior análise, no sentido de aparar arestas e frutificar o consenso em

torno do denominador comum, haja vista a respectiva classificação. torno do denominador comum, haja vista a respectiva classificação.

De fato, o redesconto pode ser denominado seletivo, e de modo distinto conceituado deDe fato, o redesconto pode ser denominado seletivo, e de modo distinto conceituado de

liquidez ou assistência, conforme a operação e a inerente modalidade que o disciplina. liquidez ou assistência, conforme a operação e a inerente modalidade que o disciplina.

As operações de redesconto obedecem ao trato normativo do Banco Central e delas não seAs operações de redesconto obedecem ao trato normativo do Banco Central e delas não se

aproveitam as instituições financeiras em estado de iliquidez ou sujeitas ao procedimento deaproveitam as instituições financeiras em estado de iliquidez ou sujeitas ao procedimento de

saneamento, posto que contam com patrimônio líquido negativo e não fazem jus à categoriasaneamento, posto que contam com patrimônio líquido negativo e não fazem jus à categoria

específica de negociação. específica de negociação.

Concernente aos redesconto de assistência financeira ou igualmente conhecido porConcernente aos redesconto de assistência financeira ou igualmente conhecido por

redesconto de liquidez, a regulamentação tem respaldo no diploma normativo nº 4.595;64,redesconto de liquidez, a regulamentação tem respaldo no diploma normativo nº 4.595;64,

Resolução nº 2.308/96 e Circulares 2.712/96, 2.727/96 e 2.869/99, do BACENResolução nº 2.308/96 e Circulares 2.712/96, 2.727/96 e 2.869/99, do BACEN. .

Normal, forçoso destacar, que as instituições financeiras que utilizam o sistema deNormal, forçoso destacar, que as instituições financeiras que utilizam o sistema de

redesconto de liquidez ou assistência mantêm um contrato com o Banco Central de créditoredesconto de liquidez ou assistência mantêm um contrato com o Banco Central de crédito

rotativo, que implica a tipificação como devedora, sendo por prazo indeterminado, havendorotativo, que implica a tipificação como devedora, sendo por prazo indeterminado, havendo

uma taxa de juros que é fixada. uma taxa de juros que é fixada.

Diretamente, as taxas de juros fundam-se na média dos ajustes dos financiamentos comDiretamente, as taxas de juros fundam-se na média dos ajustes dos financiamentos com

fomento na avaliação feita pelo SELIC(Sistema Especial de Liquidação e de Custódia) com afomento na avaliação feita pelo SELIC(Sistema Especial de Liquidação e de Custódia) com a

definição do COPOM(Comitê de Política Econômica). definição do COPOM(Comitê de Política Econômica).

As instituições financeiras em crise que não operam o redesconto comum ficam adstritas aoAs instituições financeiras em crise que não operam o redesconto comum ficam adstritas ao

programa de estímulo à reestruturação e fortalecimento do sistema financeiroprograma de estímulo à reestruturação e fortalecimento do sistema financeiro

nacional(PROER), tendo como diretriz as taxas de juros, que se comportam bem superiores ànacional(PROER), tendo como diretriz as taxas de juros, que se comportam bem superiores à

previsão regular operacional. previsão regular operacional.

SERGIO CARLOS COVELLO - Contratos Bancários – (Pág. 254) – SERGIO CARLOS COVELLO - Contratos Bancários – (Pág. 254) – Na terminologia bancária, oNa terminologia bancária, o

redesconto ( de re = novo + desconto = desconto que se repete) é a operação pela qual oredesconto ( de re = novo + desconto = desconto que se repete) é a operação pela qual o

Banco, que é cessionário dos títulos descontados, desconta-os por sua vez, junto a outroBanco, que é cessionário dos títulos descontados, desconta-os por sua vez, junto a outro

Banco, recebendo os valores correspondentes em antecipado. Daí Cazet afirmar que aBanco, recebendo os valores correspondentes em antecipado. Daí Cazet afirmar que a

operação de desconto não é outra coisa que um desconto entre Bancos. operação de desconto não é outra coisa que um desconto entre Bancos.

Trata-se de operação passiva do ponto de vista do primeiro Banco(o que descontou o créditoTrata-se de operação passiva do ponto de vista do primeiro Banco(o que descontou o crédito

de seu cliente) e ativa sob o ângulo do segundo que redesconta esse crédito apresentadode seu cliente) e ativa sob o ângulo do segundo que redesconta esse crédito apresentado

pelo Banco. pelo Banco.

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CURSO AVANÇADO DE DIREITO BANCÁRIOCURSO AVANÇADO DE DIREITO BANCÁRIOProf. Alberto BezerraProf. Alberto Bezerra

Assim , o redesconto pode ser definido como desconto em sentido passivo de um créditoAssim , o redesconto pode ser definido como desconto em sentido passivo de um crédito

adquirido por um anterior desconto em sentido ativo. adquirido por um anterior desconto em sentido ativo.

Por evidente, este contrato não oferece nenhuma diferença jurídica do desconto. Desconto ePor evidente, este contrato não oferece nenhuma diferença jurídica do desconto. Desconto e

redesconto são contratos de regulação jurídica idêntica. A sua finalidade econômica éredesconto são contratos de regulação jurídica idêntica. A sua finalidade econômica é

mobilizar os créditos que os Bancos concedem por meio dos descontos e regular a liquidezmobilizar os créditos que os Bancos concedem por meio dos descontos e regular a liquidez

do mercado monetário em geral, razão por que, em regra, do mercado monetário em geral, razão por que, em regra, só se permite redescontar emsó se permite redescontar em

determinados Bancos públicosdeterminados Bancos públicos. Nossa Lei de Reforma Bancária prevê, em seu art. 10, que. Nossa Lei de Reforma Bancária prevê, em seu art. 10, que

compete privativamente ao Banco Central do Brasil realizar operações de redesconto ecompete privativamente ao Banco Central do Brasil realizar operações de redesconto e

empréstimo a instituições financeiras bancáriasempréstimo a instituições financeiras bancárias. .

Capítulo XIICapítulo XII

12. Antecipação bancária12. Antecipação bancária

12.1. Conceito12.1. Conceito

É uma operação bancária, a qual muito aproximada do desconto e doÉ uma operação bancária, a qual muito aproximada do desconto e do

empréstimo, empréstimo, onde o Banco antecipa ao cliente recursos para que esteonde o Banco antecipa ao cliente recursos para que este

utilize-o em um empreendimentoutilize-o em um empreendimento, , proporcional ao valor de um bemproporcional ao valor de um bem, que é, que é

concedido pelo cliente, com uma garantia uma ao pagamento da obrigaçãoconcedido pelo cliente, com uma garantia uma ao pagamento da obrigação

firmada.firmada.

SÉRGIO CARLOS COVELLO - Contrato Bancários – (pág. 259) – SÉRGIO CARLOS COVELLO - Contrato Bancários – (pág. 259) – A palavra antecipação, doA palavra antecipação, do

verbo latino antecipare(adiantar), comporta vários significados jurídicos. verbo latino antecipare(adiantar), comporta vários significados jurídicos.

Em primeira acepçãoEm primeira acepção, conota a idéia de tudo que se executa antes de atingido o seu, conota a idéia de tudo que se executa antes de atingido o seu

vencimento ou o momento em que deveria ser executado, quer seja o pagamento de umvencimento ou o momento em que deveria ser executado, quer seja o pagamento de um

débito(CC, art. 954, 762, 1092 e 1261), que a execução de um ato(CC, art. 1.171). débito(CC, art. 954, 762, 1092 e 1261), que a execução de um ato(CC, art. 1.171).

No segundo significadoNo segundo significado, pode traduzir a idéia de princípio de pagamento, v. g., as arras, pode traduzir a idéia de princípio de pagamento, v. g., as arras

previstas no art. 1094 do Código Civil, que constituem a entrega preventiva de uma somaprevistas no art. 1094 do Código Civil, que constituem a entrega preventiva de uma soma

pecunária a título de cautela ou sinal para o ressarcimento de danos, no caso de eventualpecunária a título de cautela ou sinal para o ressarcimento de danos, no caso de eventual

descumprimento de uma avenca qualquer. descumprimento de uma avenca qualquer.

Também significaTambém significa a entrega de certa soma que uma pessoa faz a outra com a condição de a entrega de certa soma que uma pessoa faz a outra com a condição de

que tal será compensada até a concorrência de um crédito a favor do recebedor. que tal será compensada até a concorrência de um crédito a favor do recebedor.

Conota, aindaConota, ainda, a idéia de fornecimento de numerário por conta de um empréstimo ou, a idéia de fornecimento de numerário por conta de um empréstimo ou

qualquer outra operação. qualquer outra operação.

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Antecipação, também, é o núcleo da operação de descontoAntecipação, também, é o núcleo da operação de desconto, visto que o descontador nessa, visto que o descontador nessa

figura paga ao descontatáro, antes do vencimento do crédito, uma determinada soma. figura paga ao descontatáro, antes do vencimento do crédito, uma determinada soma.

“Há, na verdade, uma t~eneu distinção entre antecipação(gênero) e financiamento(espécie).“Há, na verdade, uma t~eneu distinção entre antecipação(gênero) e financiamento(espécie).

No primeiro caso, o adiantador de fundos não se interessa em saber o destino dos capitaisNo primeiro caso, o adiantador de fundos não se interessa em saber o destino dos capitais

que lhe são solicitados. De posse do dinheiro, o antecipado pode dar-lhe o uso que lheque lhe são solicitados. De posse do dinheiro, o antecipado pode dar-lhe o uso que lhe

convier. No financiamento, o capitalista verifica qual o escopo do solicitador do crédito e lheconvier. No financiamento, o capitalista verifica qual o escopo do solicitador do crédito e lhe

concede fundos para determinado fim, assumindo muitas vezes a fiscalização do emprego deconcede fundos para determinado fim, assumindo muitas vezes a fiscalização do emprego de

tais fundos pelo tomador. O financiamento, pois, traz, em si, a idéia de custeio de certotais fundos pelo tomador. O financiamento, pois, traz, em si, a idéia de custeio de certo

empreendimento. empreendimento.

Molle define-a: “ A antecipação bancária importa na dação ao antecipado de uma somaMolle define-a: “ A antecipação bancária importa na dação ao antecipado de uma soma

proporcional ao valor de determinadas coisas(mercadorias ou títulos) dadas em garantia. proporcional ao valor de determinadas coisas(mercadorias ou títulos) dadas em garantia.

Messineo diz: “A palavra antecipação adquire o sentido especial que designa essencialmenteMessineo diz: “A palavra antecipação adquire o sentido especial que designa essencialmente

uma operação de crédito, garantida por uma cobertura; mais concretamente: a concessão –uma operação de crédito, garantida por uma cobertura; mais concretamente: a concessão –

que uma pessoa(antecipante, facilitador) faz ‘a outra(antecipado) – de uma quantidadeque uma pessoa(antecipante, facilitador) faz ‘a outra(antecipado) – de uma quantidade

proporcional ao valor de uma coisa, pelo segundo constituída em garantia.”proporcional ao valor de uma coisa, pelo segundo constituída em garantia.”

Entre nós, Fran Martins expende este conceito: “antecipações são operações bancáriasEntre nós, Fran Martins expende este conceito: “antecipações são operações bancárias

bastante aproximadas do desconto e dos empréstimosbastante aproximadas do desconto e dos empréstimos,, mas que se caracterizam pelo fato de mas que se caracterizam pelo fato de

alguém receber do banco determinada importância, dando garantia real para o pagamento daalguém receber do banco determinada importância, dando garantia real para o pagamento da

importância adiantadaimportância adiantada. . Essa garantia pode consistir em mercadorias ou títulosEssa garantia pode consistir em mercadorias ou títulos

representativos das mesmasrepresentativos das mesmas, tais como conhecimentos de depósitos, warrants ou, tais como conhecimentos de depósitos, warrants ou

conhecimento de transporte. Podem, igualmente, consistir em títulos de crédito cotados econhecimento de transporte. Podem, igualmente, consistir em títulos de crédito cotados e

Bolsas. “Bolsas. “

Em nosso entender, antecipação é o contrato de crédito Em nosso entender, antecipação é o contrato de crédito realreal pelo qual o Banco (antecipante) pelo qual o Banco (antecipante)

concede ao cliente(antecipado) concede ao cliente(antecipado) certa soma pecuniária proporcional ao valor de uma coisacerta soma pecuniária proporcional ao valor de uma coisa

que, ao mesmo tempo, é dada pelo cliente, que, ao mesmo tempo, é dada pelo cliente, em penhorem penhor, ao Banco a fim de garantir a, ao Banco a fim de garantir a

obrigação. obrigação.

A característica essencial deste contratoA característica essencial deste contrato é o vínculo entre negócio de crédito e negócio deé o vínculo entre negócio de crédito e negócio de

garantiagarantia, que implica uma relação de proporcionalidade entre o valor da coisa empenhada e o, que implica uma relação de proporcionalidade entre o valor da coisa empenhada e o

montante da importância pecuniária posta à disposição do cliente. montante da importância pecuniária posta à disposição do cliente.

Como se depreende, Como se depreende, o contrato muito se aproxima do empréstimo pignoratício e doo contrato muito se aproxima do empréstimo pignoratício e do

descontodesconto. Todavia, conforme ressalta Pontes de Miranda, o que lhe dá autonomia é que nele,. Todavia, conforme ressalta Pontes de Miranda, o que lhe dá autonomia é que nele,

o penhor em vez de meramente acessórioo penhor em vez de meramente acessório, como ocorre no empréstimo, , como ocorre no empréstimo, é elementoé elemento

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essencial do negócio jurídicoessencial do negócio jurídico, havendo assim garantia intrínseca. , havendo assim garantia intrínseca. Do desconto se distancia,Do desconto se distancia,

porque o título entregue em garantia se torna propriedade do Bancoporque o título entregue em garantia se torna propriedade do Banco. .

12.2. Modalidades12.2. Modalidades

NELSON ABRÃO – Direito Bancário – (Pág. 104) – NELSON ABRÃO – Direito Bancário – (Pág. 104) –

MODALIDADESMODALIDADES

As formas de antecipações bancária estão As formas de antecipações bancária estão em função dos objetos sobre osem função dos objetos sobre os

quais recaem as garantiasquais recaem as garantias. Assim, pode incidir: . Assim, pode incidir: I – sobre mercadorias;I – sobre mercadorias; II –II –

sobre títulos de crédito em geral;sobre títulos de crédito em geral; III – sobre títulos representativos deIII – sobre títulos representativos de

mercadorias;mercadorias; IV – sobre direitosIV – sobre direitos. .

I – ANTECIPAÇÃO SOBRE MERCADORIASI – ANTECIPAÇÃO SOBRE MERCADORIAS – – Não é forma mais usada, pelos óbviosNão é forma mais usada, pelos óbvios

inconvenientes que oferece com o ônus de guarda e onservação, que refoge à atividadeinconvenientes que oferece com o ônus de guarda e onservação, que refoge à atividade

específica dos bancos, que, por isso, teriam que confia-las a terceiros especializados,específica dos bancos, que, por isso, teriam que confia-las a terceiros especializados,

aumentando, assim, os custos da operação. Quando ocorre, porém, recai sobre mercadoriasaumentando, assim, os custos da operação. Quando ocorre, porém, recai sobre mercadorias

que tenham um preço facilmente apurável, por serem cotadas em Bolsa. Refere-se a doutrinaque tenham um preço facilmente apurável, por serem cotadas em Bolsa. Refere-se a doutrina

à possibilidade de serem oferecidas coisas fungíveis, com o poder do banco delas disporà possibilidade de serem oferecidas coisas fungíveis, com o poder do banco delas dispor

livremente, constituindo o chamado penhor irregular; reconhece-se que não é, porém,livremente, constituindo o chamado penhor irregular; reconhece-se que não é, porém,

freqüente na prática. freqüente na prática.

O contrato descreverá minuciosamente as mercadorias dadas em garantia, suas condições eO contrato descreverá minuciosamente as mercadorias dadas em garantia, suas condições e

especificidades e, se possível, conterá um perfil acerca do valor de mercado, ademais oespecificidades e, se possível, conterá um perfil acerca do valor de mercado, ademais o

crédito concedido, o prazo de reembolso, juros, comissões e formas de pagamento, nadacrédito concedido, o prazo de reembolso, juros, comissões e formas de pagamento, nada

impedindo sua renegociação e o realinhamento das cláusulas originais pactuadasimpedindo sua renegociação e o realinhamento das cláusulas originais pactuadas. .

II – ANTECIPAÇÃO SOBRE TÍTULOS DE CRÉDITO EM GERAL II – ANTECIPAÇÃO SOBRE TÍTULOS DE CRÉDITO EM GERAL – – Trata-se,Trata-se,

evidentemente, de títulos de fácil negociabilidade, como os valores mobiliários, isto é,evidentemente, de títulos de fácil negociabilidade, como os valores mobiliários, isto é,

representativos de direitos de sócios ou de emprestadores de longo prazo, chamados de emrepresentativos de direitos de sócios ou de emprestadores de longo prazo, chamados de em

massa ou em série, facilmente negociáveis em Bolsa, como as ações e debêntures dasmassa ou em série, facilmente negociáveis em Bolsa, como as ações e debêntures das

sociedades anônimas, títulos da dívida pública, etc. É claro que o prazo de vencimento dossociedades anônimas, títulos da dívida pública, etc. É claro que o prazo de vencimento dos

títulos dados em garantia deve ser superior àquele para o reembolso da antecipação. títulos dados em garantia deve ser superior àquele para o reembolso da antecipação.

No contrato celebrado entre as partes, além das cláusulas usuais relativas a todas asNo contrato celebrado entre as partes, além das cláusulas usuais relativas a todas as

modalidades de antecipação, deverá constar a individualização dos títulos dados em garantiamodalidades de antecipação, deverá constar a individualização dos títulos dados em garantia

e seus respectivos valores. e seus respectivos valores.

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Fácil entender a vantagem que os títulos oferecem para os bancos em relação à garantiaFácil entender a vantagem que os títulos oferecem para os bancos em relação à garantia

consistente em mercadorias: sua guarda e conservação, bem como eventual alienação, seconsistente em mercadorias: sua guarda e conservação, bem como eventual alienação, se

coadunam muito mais com a atividade profissional das instituições financeiras. coadunam muito mais com a atividade profissional das instituições financeiras.

III – ANTECIPAÇÃO SOBRE TÍTULOS REPRESENTATIVOS DASIII – ANTECIPAÇÃO SOBRE TÍTULOS REPRESENTATIVOS DAS

MERCADORIASMERCADORIAS – – Formalmente, esse tipo de garantia não difere daquele representadoFormalmente, esse tipo de garantia não difere daquele representado

pela própria mercadoria, porquanto esta, depois de armazenada, ou entregue aopela própria mercadoria, porquanto esta, depois de armazenada, ou entregue ao

transportador, passa a ser representada pelo título, sobre o qual recai o penhor, produzindotransportador, passa a ser representada pelo título, sobre o qual recai o penhor, produzindo

efeitos em relação à própria coisa:efeitos em relação à própria coisa:

“Na categoria das mercadorias é compreendida aquela dos“Na categoria das mercadorias é compreendida aquela dos

títulos representativos das mercadorias, porque o penhor sobretítulos representativos das mercadorias, porque o penhor sobre

esses é, como resulta é do art. 2.786, penhor não dos títulos deesses é, como resulta é do art. 2.786, penhor não dos títulos de

crédito, mas da coisa representada. Títulos representativos sãocrédito, mas da coisa representada. Títulos representativos são

aqueles que, emitidos por transportadores ou depositáriosaqueles que, emitidos por transportadores ou depositários

públicos em relação a mercadorias a eles confiadas para opúblicos em relação a mercadorias a eles confiadas para o

transporte ou guarda, atribuem a seus possuidores o direito àtransporte ou guarda, atribuem a seus possuidores o direito à

entrega das mercadorias neles especificadas, a posse dosentrega das mercadorias neles especificadas, a posse dos

mesmos e o poder de delas dispor mediante a transferência domesmos e o poder de delas dispor mediante a transferência do

título.”título.”

Os títulos representativos de mercadorias mais freqüentemente oferecidos em garantia àOs títulos representativos de mercadorias mais freqüentemente oferecidos em garantia à

antecipação bancária são os chamados ´armazeneiros´, isto é, sobre mercadorias levadasantecipação bancária são os chamados ´armazeneiros´, isto é, sobre mercadorias levadas

aos armazéns-gerais: aos armazéns-gerais: warrantwarrant e conhecimento de depósito. Pode também o conhecimento de e conhecimento de depósito. Pode também o conhecimento de

transporte marítimo, cujo tempo útil de representatividade da mercadoria é suficiente, servirtransporte marítimo, cujo tempo útil de representatividade da mercadoria é suficiente, servir

de objeto de penhor na antecipação bancária. de objeto de penhor na antecipação bancária.

IV – ANTECIPAÇÃO SOBRE DIREITOS IV – ANTECIPAÇÃO SOBRE DIREITOS – – Trata-se, agora, de garantia, não maisTrata-se, agora, de garantia, não mais

representada por mercadorias ou título, mas sobre créditos líquidos e certos do cliente, taisrepresentada por mercadorias ou título, mas sobre créditos líquidos e certos do cliente, tais

como o direito à devolução do imposto de renda e a cessão dos créditos relativos aoscomo o direito à devolução do imposto de renda e a cessão dos créditos relativos aos

contratos de financiamento imobiliários(Lei nº 4.864, de 29/11/1965). É claro que este tipo decontratos de financiamento imobiliários(Lei nº 4.864, de 29/11/1965). É claro que este tipo de

antecipação recebe em contrapartida mais do que uma garantia: trata-se de um verdadeiroantecipação recebe em contrapartida mais do que uma garantia: trata-se de um verdadeiro

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pagamento sujeito a termo, pelo que consideramos esse tipo de operação mais semelhantepagamento sujeito a termo, pelo que consideramos esse tipo de operação mais semelhante

ao desconto bancário. ao desconto bancário.

12.3. Características Jurídicas12.3. Características Jurídicas

SERGIO CARLOS COVELLO – Contratos Bancários – (pág. 265) - SERGIO CARLOS COVELLO – Contratos Bancários – (pág. 265) - A A

antecipação bancária obedece à seguinte categoria jurídica:antecipação bancária obedece à seguinte categoria jurídica:

a) CONTRATO REAL a) CONTRATO REAL - - É contrato real, É contrato real, porque só se forma pela dação deporque só se forma pela dação de

certa soma ao antecipado, mediante prévia constituição por este último decerta soma ao antecipado, mediante prévia constituição por este último de

penhor de mercadorias ou de títulospenhor de mercadorias ou de títulos. A . A traditiotraditio é tão essencial ao contrato é tão essencial ao contrato

que muitos autores, como Molle, não admitem que a operação possa serque muitos autores, como Molle, não admitem que a operação possa ser

regulada em conta corrente: “A operação que na prática toma o nome deregulada em conta corrente: “A operação que na prática toma o nome de

antecipação em conta corrente, e como tal prevista pelas Normas Bancáriasantecipação em conta corrente, e como tal prevista pelas Normas Bancárias

Uniformes, não é mais que uma abertura de crédito, garantida por títulos ouUniformes, não é mais que uma abertura de crédito, garantida por títulos ou

por mercadorias, à qual se aplicam algumas regras próprias da antecipaçãopor mercadorias, à qual se aplicam algumas regras próprias da antecipação

bancária. “bancária. “

b) CONTRATO BILATERAL b) CONTRATO BILATERAL – – É bilateral porque implica obrigações paraÉ bilateral porque implica obrigações para

ambas as partes, Banco e cliente. Ao contrário do empréstimo, que sóambas as partes, Banco e cliente. Ao contrário do empréstimo, que só

produz obrigações para o cliente, a antecipação impõe ao Banco o dever deproduz obrigações para o cliente, a antecipação impõe ao Banco o dever de

restituir restituir in idem corpusin idem corpus a coisa a coisa dada e, garantia, o que quer dizer que devedada e, garantia, o que quer dizer que deve

exercer a custódia sobre ela, respondendo pelas obrigações de depositário,exercer a custódia sobre ela, respondendo pelas obrigações de depositário,

que se resumem em ter na guarda a conservação da coisa depositada oque se resumem em ter na guarda a conservação da coisa depositada o

cuidado e diligência que costuma ter com o que lhe pertence, bem como acuidado e diligência que costuma ter com o que lhe pertence, bem como a

restituí-la com todos os frutos e acrescidos(CC, art. 1.266). restituí-la com todos os frutos e acrescidos(CC, art. 1.266).

c) ONEROSO c) ONEROSO – – É É onerosooneroso, porque pelo contrato ambas , porque pelo contrato ambas as partes seas partes se

beneficiambeneficiam. O cliente se beneficia com o dinheiro que lhe é emprestado, e o. O cliente se beneficia com o dinheiro que lhe é emprestado, e o

Banco se beneficia com os juros e comissões que o cliente lhe paga. Banco se beneficia com os juros e comissões que o cliente lhe paga.

100100

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12.4. Obrigações das partes12.4. Obrigações das partes

NELSON ABRÃO – Direito Bancário – (Pág. 106) – NELSON ABRÃO – Direito Bancário – (Pág. 106) –

a) OBRIGAÇÃO DO BANCOa) OBRIGAÇÃO DO BANCO – – A principal obrigação do banco consiste eA principal obrigação do banco consiste e

entregar ao cliente a quantia em antecipação, proporcional ao valor dasentregar ao cliente a quantia em antecipação, proporcional ao valor das

mercadorias ou títulos dados em garantiamercadorias ou títulos dados em garantia. Em relação a estes, deve zelar. Em relação a estes, deve zelar

pela sua guarda e conservação até o momento de sua devolução ao cliente:pela sua guarda e conservação até o momento de sua devolução ao cliente:

“Tratando-se de títulos de crédito, a custódia devida pelo banco“Tratando-se de títulos de crédito, a custódia devida pelo banco

implica que este tem a obrigação( e o direito) de receber juros,implica que este tem a obrigação( e o direito) de receber juros,

dividendos e outras prestações periódicas produzidas pelodividendos e outras prestações periódicas produzidas pelo

título.”título.”

b) OBRIGAÇÕES DO DEVEDORb) OBRIGAÇÕES DO DEVEDOR – – Ao devedor, cliente ou antecipado, Ao devedor, cliente ou antecipado,

cumpre, preliminarmente, entregar os bens objetos da garantia. Na vigênciacumpre, preliminarmente, entregar os bens objetos da garantia. Na vigência

do contrato, cumprir-lhe-á, eventualmente, complementar a garantia, se osdo contrato, cumprir-lhe-á, eventualmente, complementar a garantia, se os

bens inicialmente ofertados diminuírem de valor. Expirado o prazo dobens inicialmente ofertados diminuírem de valor. Expirado o prazo do

contrato, incumbe-lhe restituir ao banco o principal, juros, comissões econtrato, incumbe-lhe restituir ao banco o principal, juros, comissões e

despesas com a custódia das coisas ofertadas em penhor, inclusive as dodespesas com a custódia das coisas ofertadas em penhor, inclusive as do

seguro. seguro.

Bastante relevante realçar que, na sua especificidade, a coisa poderáBastante relevante realçar que, na sua especificidade, a coisa poderá

permanecer na posse direta do devedor, numa modalidade de constitutopermanecer na posse direta do devedor, numa modalidade de constituto

possessório, ou depósito impróprio, haja vista a necessidade imperativa depossessório, ou depósito impróprio, haja vista a necessidade imperativa de

operacionalizar sua atividade com aquele patrimônio, sem óbice àoperacionalizar sua atividade com aquele patrimônio, sem óbice à

conservação, manutenção e guarda condizentes com a natureza contratual. conservação, manutenção e guarda condizentes com a natureza contratual.

Concretamente, o credor não interessado em onerar mais o devedor com eleConcretamente, o credor não interessado em onerar mais o devedor com ele

consente no predicado de viabilizar a mantença do penhor em mãos doconsente no predicado de viabilizar a mantença do penhor em mãos do

obrigado, na consecução de hauri meios imprescindíveis ao próprio negócioobrigado, na consecução de hauri meios imprescindíveis ao próprio negócio

e lucratividade compatível com a remuneração tendente a pagar ase lucratividade compatível com a remuneração tendente a pagar as

importâncias devidas. importâncias devidas.

101101

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12.5. Extinção do contrato12.5. Extinção do contrato

NELSON ABRÃO – Direito Bancário – (Pág. 107) – NELSON ABRÃO – Direito Bancário – (Pág. 107) – Em matéria deEm matéria de

antecipação bancária, o prazo se presume convencionado em favor doantecipação bancária, o prazo se presume convencionado em favor do

cliente devedor(CC, art. 126), interessado que está em desembaraçar decliente devedor(CC, art. 126), interessado que está em desembaraçar de

ônus, o quanto antes, o bens ofertados em penhor. Por isso, não precisa eleônus, o quanto antes, o bens ofertados em penhor. Por isso, não precisa ele

aguardar o advento o termo originariamente convencionado para pagar oaguardar o advento o termo originariamente convencionado para pagar o

que deve, podendo efetua antes. Extingue-se o contrato, também, peloque deve, podendo efetua antes. Extingue-se o contrato, também, pelo

perecimento ou diminuição do valor da coisa, em reposição, em tempoperecimento ou diminuição do valor da coisa, em reposição, em tempo

oportuno, pelo devedor. A falta de pagamento de juros, comissões eoportuno, pelo devedor. A falta de pagamento de juros, comissões e

despesas, quando convencionados para terem lugar durante a vigência dodespesas, quando convencionados para terem lugar durante a vigência do

contrato, e a falência do devedor(Lei de Falências, ar. 25) provocam,contrato, e a falência do devedor(Lei de Falências, ar. 25) provocam,

igualmente, a extinção prematura do contrato, o mesmo ocorrendo com aigualmente, a extinção prematura do contrato, o mesmo ocorrendo com a

sujeição do banco a liquidação extrajudicial ou falência. sujeição do banco a liquidação extrajudicial ou falência. Pela inexistência dePela inexistência de

previsão legal expressa e por ser a antecipação contrato de natureza real, aprevisão legal expressa e por ser a antecipação contrato de natureza real, a

morte do devedor não lhe provoca a extinçãomorte do devedor não lhe provoca a extinção. .

SERGIO CARLO COVELLO - Contratos Bancários – (Pág. 271) – SERGIO CARLO COVELLO - Contratos Bancários – (Pág. 271) –

As principais causas de extinção da antecipação bancária, além do advento do termo, são asAs principais causas de extinção da antecipação bancária, além do advento do termo, são as

seguintes:seguintes:

a) POR VONTADE DO ANTECIPADOa) POR VONTADE DO ANTECIPADO - -

Capítulo XIIICapítulo XIII

13. Caixa de Segurança13. Caixa de Segurança

13.1. Conceito13.1. Conceito

13.2. Características13.2. Características

13.3. Responsabilidade contratual13.3. Responsabilidade contratual

13.4. Abertura compulsória do caixa13.4. Abertura compulsória do caixa

13.5. Extinção do contrato13.5. Extinção do contrato

Capítulo XIVCapítulo XIV

14. Cartões de Crédito14. Cartões de Crédito

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14.1. Conceito14.1. Conceito

CARTÃO DE CRÉDITOCARTÃO DE CRÉDITO – –

Nélson Abrão – Direito Bancário – (Pág. 150) – Nélson Abrão – Direito Bancário – (Pág. 150) – O sistema de cartão deO sistema de cartão de

crédito compreende o emissor, o titular do cartão de crédito ou aderente e ocrédito compreende o emissor, o titular do cartão de crédito ou aderente e o

fornecedor.fornecedor.

O emissor, geralmente uma instituição financeira lato senso, ou banco, éO emissor, geralmente uma instituição financeira lato senso, ou banco, é

intermediário entre o titular do cartão e o fornecedor de bens e serviços,intermediário entre o titular do cartão e o fornecedor de bens e serviços,

possibilitando a aquisição destes por aquele. O emissor, em troca de umpossibilitando a aquisição destes por aquele. O emissor, em troca de um

determinado percentual, se compromete a efetuar os pagamentos pelodeterminado percentual, se compromete a efetuar os pagamentos pelo

titular do cartão. titular do cartão.

O titular, beneficiário ou aderente é aquele habilitado pelo emissor a utilizarO titular, beneficiário ou aderente é aquele habilitado pelo emissor a utilizar

do cartão para suas aquisições de bens ou serviços. Sendo individualizadado cartão para suas aquisições de bens ou serviços. Sendo individualizada

essa habilitação, torna-se inviável a emissão em nome de pessoa jurídica, aessa habilitação, torna-se inviável a emissão em nome de pessoa jurídica, a

não ser que esta designe uma pessoa física para utilizar-se do cartão, o que,não ser que esta designe uma pessoa física para utilizar-se do cartão, o que,

evidentemente, faz desaparecer o interesse na emissão em tais moldes.evidentemente, faz desaparecer o interesse na emissão em tais moldes.

Ademais, o uso do cartão de crédito veio ao encontro de necessidadesAdemais, o uso do cartão de crédito veio ao encontro de necessidades

eminentemente pessoais do titular: ‘O titular deve usar o cartão apenas paraeminentemente pessoais do titular: ‘O titular deve usar o cartão apenas para

suas necessidades pessoais e dos membros de sua família.’suas necessidades pessoais e dos membros de sua família.’

Terceiro integrante do sistema de cartão de crédito é o fornecedor ou oTerceiro integrante do sistema de cartão de crédito é o fornecedor ou o

vendedor de bens ou serviços., ‘que se obriga a não recusar, honrar ovendedor de bens ou serviços., ‘que se obriga a não recusar, honrar o

cartão de crédito e a conceder o mesmo preço ao portador do cartão. Entrecartão de crédito e a conceder o mesmo preço ao portador do cartão. Entre

o fornecedor e o titular do cartão desenrola-se uma operação comum deo fornecedor e o titular do cartão desenrola-se uma operação comum de

compra de venda ou prestação de serviços, com a diferença apenas de quecompra de venda ou prestação de serviços, com a diferença apenas de que

a remuneração não é feita diretamente pelo adquirente, mas pelo emissor doa remuneração não é feita diretamente pelo adquirente, mas pelo emissor do

cartão, que mantém um contrato com o fornecedor, nesse sentido. Ocartão, que mantém um contrato com o fornecedor, nesse sentido. O

adquirente, por sua vez, deve pagar ao emissor, e não ao fornecedor, peloadquirente, por sua vez, deve pagar ao emissor, e não ao fornecedor, pelo

que ele não é considerado devedor deste, não podendo opor ao bancoque ele não é considerado devedor deste, não podendo opor ao banco

eventuais exceções que tenha contra o vendedor. eventuais exceções que tenha contra o vendedor.

MecanismoMecanismo. .

Para obtenção do cartão de crédito, o pretendente formula um pedidoPara obtenção do cartão de crédito, o pretendente formula um pedido

escrito ao emissor, no qual transcreve uma série de informações de caráterescrito ao emissor, no qual transcreve uma série de informações de caráter

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pessoal e patrimonial, vindo, no verso da fórmula impressa, as cláusulaspessoal e patrimonial, vindo, no verso da fórmula impressa, as cláusulas

contratuais que deverão vigorar entre as partes. contratuais que deverão vigorar entre as partes.

Constituindo-se o sistema de cartão de crédito num feixe de contratos,Constituindo-se o sistema de cartão de crédito num feixe de contratos,

cumpre examinar as diversas relações jurídicas entre as partes:cumpre examinar as diversas relações jurídicas entre as partes:

I – I – Entre o banco emissor e o titularEntre o banco emissor e o titular – O emissor se obriga a pagar as – O emissor se obriga a pagar as

despesas feitas pelo titular com o uso do cartão, até um certo limite, ficandodespesas feitas pelo titular com o uso do cartão, até um certo limite, ficando

com direito de ser reembolsado por esse. Daí decorrem duascom direito de ser reembolsado por esse. Daí decorrem duas

conseqüências: a) o portador não pode se opor a que o emissor pague aoconseqüências: a) o portador não pode se opor a que o emissor pague ao

fornecedor; b) ele não pode se recusar a reembolsar o emissor alegando asfornecedor; b) ele não pode se recusar a reembolsar o emissor alegando as

exceções que teria contra o fornecedor. exceções que teria contra o fornecedor.

Não é da essência do mecanismo do cartão de crédito que o emissor pagueNão é da essência do mecanismo do cartão de crédito que o emissor pague

as despesas do portador, além do convencionado, entendendo-se que talas despesas do portador, além do convencionado, entendendo-se que tal

atitude configura um mandato. Pelo encargo de pagar as despesasatitude configura um mandato. Pelo encargo de pagar as despesas

efetuadas pelo titular, o emissor tem direito de receber deste umaefetuadas pelo titular, o emissor tem direito de receber deste uma

retribuição anual. retribuição anual.

Pode também o emissor obrigar-se a abrir um crédito ao titular do cartão,Pode também o emissor obrigar-se a abrir um crédito ao titular do cartão,

ou seja, em vez de pagar-lhe as despesas, fornece-lhe dinheiro em espécie,ou seja, em vez de pagar-lhe as despesas, fornece-lhe dinheiro em espécie,

o que proporciona certa comodidade, principalmente quando se tratar deo que proporciona certa comodidade, principalmente quando se tratar de

suprimentos em outras cidades ou agências que não a sua. ‘Trata-se de umsuprimentos em outras cidades ou agências que não a sua. ‘Trata-se de um

crédito crédito resolvingresolving, que não ultrapassa geralmente o triplo dos ganhos, que não ultrapassa geralmente o triplo dos ganhos

mensais, e é reembolsável por frações mensais iguais, no mínimo, a dez pormensais, e é reembolsável por frações mensais iguais, no mínimo, a dez por

cento do débito em aberto. cento do débito em aberto.

I – I – Entre o emissor e o fornecedorEntre o emissor e o fornecedor – O emissor assina um contrato com o – O emissor assina um contrato com o

fornecedor, pelo qual se obriga a pagar as despesas efetuadas pelofornecedor, pelo qual se obriga a pagar as despesas efetuadas pelo

portador, até um certo montante, independentemente de falta de provisão,portador, até um certo montante, independentemente de falta de provisão,

insolvência ou oposição do titular do cartão. Como o uso deste só pode serinsolvência ou oposição do titular do cartão. Como o uso deste só pode ser

feito perante um rol de fornecedor selecionados, incumbe ao emissorfeito perante um rol de fornecedor selecionados, incumbe ao emissor

indicá-los aos futuros compradores. Esse contrato entre o emissor e oindicá-los aos futuros compradores. Esse contrato entre o emissor e o

fornecedor tem uma duração determinada, sendo, entretanto, admissível afornecedor tem uma duração determinada, sendo, entretanto, admissível a

renovação por recondução tácita. Cede seu crédito ao emissor, que orenovação por recondução tácita. Cede seu crédito ao emissor, que o

recebe do portado do cartão. Pelos serviços prestados pelo emissor, taisrecebe do portado do cartão. Pelos serviços prestados pelo emissor, tais

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como indicação de fregueses e pagamento dos débitos do titular do cartão,como indicação de fregueses e pagamento dos débitos do titular do cartão,

o fornecedor lhe paga uma comissão. Cumpre ao fornecedor verificar ao fornecedor lhe paga uma comissão. Cumpre ao fornecedor verificar a

validade e autenticidade do cartão. validade e autenticidade do cartão.

I – I – Entre o titular do cartão e o fornecedor Entre o titular do cartão e o fornecedor – Vinculam-se eles por um– Vinculam-se eles por um

contrato normal de compra e venda ou de prestação de serviços,contrato normal de compra e venda ou de prestação de serviços,

modificado, no que tange ao pagamento, pelo uso do cartão. Vimos que omodificado, no que tange ao pagamento, pelo uso do cartão. Vimos que o

fornecedor cede o crédito que tem para com o portador do cartão aofornecedor cede o crédito que tem para com o portador do cartão ao

emissor, em troca de promessa que este lhe faz de pagar os débitosemissor, em troca de promessa que este lhe faz de pagar os débitos

daquele. Trata-se, pois de uma cessão condicionada, pelo que entendemosdaquele. Trata-se, pois de uma cessão condicionada, pelo que entendemos

assistir razão a quem sustenta que ‘se por qualquer razão o emissor seassistir razão a quem sustenta que ‘se por qualquer razão o emissor se

recusa a pagar ao fornecedor, este poderá agir diretamente contra o titularrecusa a pagar ao fornecedor, este poderá agir diretamente contra o titular

do cartão para se fazer pagar. do cartão para se fazer pagar.

EspéciesEspécies – Os cartões de crédito são de credenciamento ou de bom – Os cartões de crédito são de credenciamento ou de bom

pagador e verdadeiros ou pagador e verdadeiros ou stricto sensustricto sensu. Estes, por sua vez, se dividem em. Estes, por sua vez, se dividem em

não bancários e bancários. Os bancários podem ser: de pagamento e denão bancários e bancários. Os bancários podem ser: de pagamento e de

crédito real. crédito real.

I – Os de credenciamento não são propriamente cartões de crédito, naI – Os de credenciamento não são propriamente cartões de crédito, na

acepção que tem hoje o instituto, de vez que habilitam seu titular aacepção que tem hoje o instituto, de vez que habilitam seu titular a

aquisições a prazo apenas em determinada empresa, que é a própriaaquisições a prazo apenas em determinada empresa, que é a própria

emissora. emissora.

II – Os cartões de crédito verdadeiros ou stricto sensu credenciam seuII – Os cartões de crédito verdadeiros ou stricto sensu credenciam seu

portador à compra de bens e serviços numa pluralidade de empresasportador à compra de bens e serviços numa pluralidade de empresas

filiadas aos sistema. filiadas aos sistema.

Os cartões de crédito não bancários são os emitidos por organizaçõesOs cartões de crédito não bancários são os emitidos por organizações

outras que não os bancos(Diners Club, etc), outras que não os bancos(Diners Club, etc), mas que não deixam de sermas que não deixam de ser

financeiras, porquanto fazem do crédito sua negociação principalfinanceiras, porquanto fazem do crédito sua negociação principal. .

Gerson Luiz Carlos Branco – O sistema contratual.... – (pág – 70) – Gerson Luiz Carlos Branco – O sistema contratual.... – (pág – 70) – 1.3. A1.3. A

regulamentação do cartão de crédito regulamentação do cartão de crédito

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CURSO AVANÇADO DE DIREITO BANCÁRIOCURSO AVANÇADO DE DIREITO BANCÁRIOProf. Alberto BezerraProf. Alberto Bezerra

Introduzido no Brasil pelo Diner’s Club, hoje existem várias empresas doIntroduzido no Brasil pelo Diner’s Club, hoje existem várias empresas do

ramo, quase todas ligadas a conglomerados financeiros do setor bancário,ramo, quase todas ligadas a conglomerados financeiros do setor bancário,

sem que haja uma regulamentação específica sobre essa atividade, quesem que haja uma regulamentação específica sobre essa atividade, que

alterou significativamente o perfil do cartão de crédito. alterou significativamente o perfil do cartão de crédito.

Porém no que tange ao crédito e a outros aspectos circunvizinhos, existemPorém no que tange ao crédito e a outros aspectos circunvizinhos, existem

algumas normas, circulares e portarias do Banco Central e do Conselhoalgumas normas, circulares e portarias do Banco Central e do Conselho

Monetário Nacional que lhe referem, sem porém estabelecer deveres,Monetário Nacional que lhe referem, sem porém estabelecer deveres,

responsabilidades, e muito menos uma caracterização geral e conceituação.responsabilidades, e muito menos uma caracterização geral e conceituação.

São regras que disciplinam as atividades das instituições financeiras naSão regras que disciplinam as atividades das instituições financeiras na

concessão de crédito, e não propriamente cartão de crédito, como, porconcessão de crédito, e não propriamente cartão de crédito, como, por

exemplo, o Ato Declaratório Normativo nº 43, de 29 de dezembro de 1995, daexemplo, o Ato Declaratório Normativo nº 43, de 29 de dezembro de 1995, da

Secretaria da Receita Federal sobre incidência de imposto sobre operaçõesSecretaria da Receita Federal sobre incidência de imposto sobre operações

financeirasfinanceiras

‘Em caráter normativo, às Superintendências Regionais‘Em caráter normativo, às Superintendências Regionais

da Receita Federal e as demais interessados que, nosda Receita Federal e as demais interessados que, nos

termos do Regulamento do IOF, aprovado pela Resoluçãotermos do Regulamento do IOF, aprovado pela Resolução

nº 1.301, de 06 de abril de 1987, do Conselho Monetárionº 1.301, de 06 de abril de 1987, do Conselho Monetário

Nacional:Nacional:

i – as operações de financiamento destinadas à coberturai – as operações de financiamento destinadas à cobertura

de saldos devedores de créditos concedidos a titularesde saldos devedores de créditos concedidos a titulares

de contas de depósitos a vista, bem como de saldosde contas de depósitos a vista, bem como de saldos

devedores vencidos mediante utilização de cartão dedevedores vencidos mediante utilização de cartão de

crédito, nos termos autorizados na Carta-Circular nºcrédito, nos termos autorizados na Carta-Circular nº

2.581, de 21 de junho de 1995, do Banco Central do Brasil,2.581, de 21 de junho de 1995, do Banco Central do Brasil,

são operações de crédito novas e, como tal, sãosão operações de crédito novas e, como tal, são

tributáveis: ...”tributáveis: ...”

14.2. Amplitude obrigacional14.2. Amplitude obrigacional

14.3. Espécies14.3. Espécies

14.4. Natureza jurídica14.4. Natureza jurídica

14.5. Extinção14.5. Extinção

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CURSO AVANÇADO DE DIREITO BANCÁRIOCURSO AVANÇADO DE DIREITO BANCÁRIOProf. Alberto BezerraProf. Alberto Bezerra

Capítulo XVCapítulo XV

15. Leasing Bancário15. Leasing Bancário

15.1. Conceito e natureza jurídica15.1. Conceito e natureza jurídica

15.2. Características15.2. Características

15.3. Conteúdo e forma do contrato15.3. Conteúdo e forma do contrato

15.4. Encargos contratuais no leasing15.4. Encargos contratuais no leasing

15.5. Rescisão do contrato: causas e efeitos15.5. Rescisão do contrato: causas e efeitos

15.6. Aspectos jurídico-processuais do leasing15.6. Aspectos jurídico-processuais do leasing

Capítulo XVICapítulo XVI

16. Alienação Fiduciária em Garantia16. Alienação Fiduciária em Garantia

16.1. Conceituação16.1. Conceituação

16.2. Sujeitos do contrato16.2. Sujeitos do contrato

16.3. Forma e conteúdo do contrato16.3. Forma e conteúdo do contrato

16.4. Responsabilidades dos contratantes16.4. Responsabilidades dos contratantes

16.5. Registro do contrato16.5. Registro do contrato

16.6. Aspectos processuais16.6. Aspectos processuais

16.7. Extinção do contrato16.7. Extinção do contrato

Capítulo XVIICapítulo XVII

17. Operações Bancárias e os Meios Eletrônicos17. Operações Bancárias e os Meios Eletrônicos

17.1.17.1. A internet e os reflexos nas contratações bancáriasA internet e os reflexos nas contratações bancárias

17.2.17.2. Outros meios eletrônicosOutros meios eletrônicos

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