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CURSONúcleo Comum

DISCIPLINAMetodologia da Ciência

DIREÇÃO ACADÊMICAProfessora Célia Jussani

DIREÇÃO GERALProfessor Florindo Corral

DIREÇÃO ADMINISTRATIVAGustavo Azzolini

AUTORAProfessor Sandra Regina Giraldelli Ulrich

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NÚCLEO DE PRODUÇÃO DE CONTEÚDO

COORDENADORA GERAL DE EADProfessora Silvia Regina Segato

DIAGRAMAÇÃO E ARTE FINALProfessor Reinado Silveira Carvalho

REVISÃO FINALProfessora Meire Teresinha Muller

Proibida a reprodução total ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma

idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma.

Americna, 2015.

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A Faculdade de Americana – FAM é mantida pela Associação Educacional Americanense, está situada Endereço: Av. Joaquim Boer, 733 – Americana-SP; CEP 13477-360 e foi Credenciada pela Portaria MEC nº 766/99 – DOU 18/05/1999. A história da IES começou quando os dirigentes do então Colégio Bandeirantes, atual Instituto Educacional de Americana, decidiram constituir uma nova entidade mantenedora, a Associação Educacional Americanense, que tem como mantida a Faculdade de Americana. O projeto de instalação da Faculdade de Americana – FAM foi resultado das condições econômico-educacionais que a região de Americana apresenta, além de experiência dos seus dirigentes como educadores atuantes. A Associação Educacional Americanense entende que o ensino, a pesquisa e a extensão não podem deixar de responder de forma dinâmica, eficiente e consequente aos problemas sociais que refletem as necessidades da comunidade local, regional e nacional. Para operacionalizar o projeto de criação dos cursos superiores, a entidade mantenedora consultou especialistas das diversas áreas do conhecimento. Assim, o projeto FAM foi idealizado com seriedade e acima de tudo com o compromisso de oferecer a universalidade do saber: caráter substancial das instituições que justificam suas funções na comunidade onde estão inseridas.

MISSÃO A missão da FAM é produzir e disseminar o conhecimento nos diversos campos do saber, contribuindo para o exercício pleno da cidadania mediante formação humanista, crítica e reflexiva, consequentemente preparando profissionais competentes e atualizados para o mundo do trabalho presente e futuro.

VISÃO "Tornar-se referência no ensino superior, promovendo o desenvolvimento da educação, cultura e conhecimento nas regiões do polo têxtil e metropolitana de Campinas".

VALORES• Ética, credibilidade e transparência; • Visão humanista entre ensino, pesquisa e extensão;• Compromisso social;• Comprometimento com a qualidade;• Gestão participativa;• Profissionalismo e valorização de recursos humanos;• Universalidade do conhecimento e fomento à interdisciplinaridade

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Prezado (a) Aluno (a),

Seja bem-vindo (a) à FAM – Faculdade de Americana!

Sentimo-nos orgulhosos em tê-lo fazendo parte da história que estamos construindo.

Aluno ingressante, que está dando início a esta fase tão importante, ou você que dá continuidade aos seus estudos, esteja certo de que o seu sonho é parte das nossas metas e que estaremos trabalhando, constantemente, para torná-lo um profissional capaz e um cidadão completo.

Uma equipe empenhada também está à sua disposição para esclarecer quaisquer dúvidas que permaneçam em relação ao curso.

Desejamos a todos bons estudos!

PROF. FLORINDO CORRALDireção GeralFAM I Faculdade de Americana

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Metodologia da Ciência

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Nesta unidade você estudará:• A importância do conhecimento em sua vida

acadêmica e profissional;• Os tipos de conhecimento que nos circunda e, em

especial, o conhecimento científico;• A relação entre o conhecimento científico e a

metodologia da ciência na vida acadêmica e profissional.

Ao final dessa unidade você deverá ser capaz de responder às seguintes questões:

• O que é conhecimento e como reconhecê-los?• O que é ciência e qual a sua relação com metodologia

científica?• Qual a importância da metodologia científica e qual a

sua utilidade na vida acadêmica e profissional?

Estes questionamentos são importantes nesse momento de sua vida, justamente porque o estudante do ensino superior se volta para ampliar sua visão de mundo, sair do que chamamos de senso comum para construir uma visão mais crítica e reflexiva sobre a sociedade à nossa volta. Para isso é necessário muito esforço e dedicação e, principalmente, com a busca incessante do conhecimento.

CIÊNCIA E CONHECIMENTO

Conteúdos e Habilidades

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A importância do conhecimento

Você já parou para pensar sobre tudo o que está a nossa volta? Olhamos ao nosso redor e verificamos o quanto nosso mundo está repleto de tecnologias, como é o caso do computador, da energia elétrica, dos veículos que nos auxiliam a nos locomover. Também verificamos que na faculdade nos deparamos com diversas disciplinas ao longo do semestre e do curso, que nos propõe conteúdos que tentamos nos apropriar. Mas, como esses conteúdos foram produzidos? Quem os produziu? Por que e para que tanto conhecimento?Pois é, o conhecimento se manifesta em nosso cotidiano tão naturalmente, que nós nem nos damos conta de tamanha a sua grandeza. Vejamos um exemplo: minha avó costumava ir para o quintal e lá ela apanhava um bocado de plantas e fazia um chá. Sua experiência de vida, os ensinamentos que ela aprendeu com sua mãe e avó, diziam a ela que aquelas plantas faziam bem para a saúde, curavam os resfriados, a dor de estômago etc. Meu primo se formou farmacêutico e, observando minha avó, resolveu se apropriar de suas “receitas” de chá. Levou as plantas para o laboratório, analisou-as minuciosamente, verificou suas propriedades, anotou seus experimentos e elaborou um xarope. Patenteou sua experiência e passou a comercializar o produto industrializado. O que podemos perceber nesse exemplo é que o meu primo, para produzir um remédio, aplicou um conhecimento

Fonte: Freepik

Leitura Obrigatória

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científico, apropriado e aprimorado a partir de seus estudos farmacêuticos. Após comprovar a eficácia do xarope, por meio de métodos sistemáticos, ele pode fazer uso comercial do produto. Antes disso, a experiência da minha avó, embora já tivesse curado diversas doenças na família, não havia passado por métodos criteriosos de análise e, portanto, não era válida a sua comprovação. Desse exemplo podemos concluir que ambos os conhecimentos são aceitáveis socialmente. Segundo Lakatos e Marconi (2007), o que diferencia o conhecimento popular do conhecimento científico é a maneira, a forma, o método e os instrumentos do “conhecer”. Os principais fatores para que o conhecimento ocorra são a curiosidade e a necessidade, ou seja, o conhecimento se dá quando ocorre um certo encantamento no ser humano ao contemplar a natureza, o universo, as coisas ou os fatos que os cercam ou quando a necessidade o obriga a buscar coisas novas. Ao longo da vida podemos utilizar nossas próprias experiências para produzir novos conhecimentos, utilizarmos de conhecimentos já existentes ou questionar conhecimentos já produzidos, levando-nos a revisões e novas descobertas. Vejamos como o homem produz conhecimento....

Tipos de conhecimento

No nosso cotidiano convivemos com vários tipos de conhecimento ao mesmo tempo. “São formas por meio das quais o ser humano vê – ou interpreta – a realidade, formas de que ele lança mão contínua e ininterruptamente como manifestação da própria vida” (VIEGAS, 2007, p. 23).

“O que diferencia o conhecimento

popular do conhecimento científico

é a maneira, a forma, o método e

os instrumentos do ‘conhecer’”.

Lakatos e Marconi (2007)

Fonte: Freepik

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Destacamos quatro tipos de conhecer: o conhecimento empírico (popular ou senso comum), o conhecimento mítico e religioso (ou teológico), o conhecimento filosófico e o conhecimento científico.

a) Conhecimento empíricoSegundo Cervo; Bervian e Da Silva (2007, p. 6) chamamos o conhecimento empírico erroneamente de vulgar, popular ou senso comum. Esse tipo de conhecimento é adquirido pela pessoa ao longo de sua vida, na relação com o mundo que a cerca. São as crenças e tradições, opiniões formadas a partir da experimentação, das experiências de vida. Surge do “ouvi falar”, pela observação do homem sobre o meio ambiente ou social. As características desse tipo de conhecimento é que não precisa de explicação lógica, percebe-se no contato cotidiano, ou seja, é superficial (não se aprofunda nas observações), assistemático (não tem um sistema de normas e regras anotadas que podem ser verificadas); acrítico (não questionado); inexato (impreciso e vago) e não está sujeito à comprovação, pois conforma-se com aquilo que se ouviu dizer. Podemos citar vários exemplos e, certamente, você terá outros para se lembrar. Na minha infância, sempre ouvi dizer que pasta de dente era bom para curar queimaduras; que “Deus ajuda quem cedo madruga” ou “Filho de peixe, peixinho é”!

Jonh Locke

Fonte: Wikipedia

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b) Conhecimento mítico e religioso (ou teológico)O conhecimento mítico baseia-se em narrativas e ritos tradicionais, integradas à vida de um povo, principalmente entre as sociedades antigas. Normalmente se utilizam elementos simbólicos para explicar a realidade e dar sentido à vida humana. Já o conhecimento religioso se assemelha ao mítico quando se trata da crença no sobrenatural, em um “poder superior inteligente”. A diferença está na crença, que se dá por meio de verdades reveladas pela fé. Não é preciso demonstrar, questionar nem comprovar, acredita-se e pronto! De acordo com Máttar Neto (2002, p.3), “as ‘verdades” religiosas estão registradas em livros sagrados ou são reveladas pelos deuses (ou seres espirituais) por meio de alguns iluminados, santos ou profetas”.São características desses conhecimentos: é valorativo, porque julga o que é certo e o que é errado, o que é bom e o que é mau; é inspiracional e infalível, mas também é sistemático, uma vez que explica o surgimento de tudo de forma ordenada, com princípio, meio e fim.Observe um exemplo de conhecimento mítico:

No princípio só havia Mavutsinim, que vivia sozinho na região do Morená.

Não tendo família nem parentes, possuía apenas para si o paraíso inteiro.

Um dia sentiu-se muito, muito só. Usou então seus

poderes sobrenaturais, transformando uma concha

da lagoa em uma linda mulher e casou-se com ela.

Tempos depois, nasceu seu filho. Mavutsinim, sem nada explicar, levou

a criança à mata, de onde não mais retornaram. A mãe, desconsolada,

voltou para a lagoa, transformando-se novamente em concha.

Apesar de ninguém ter visto a criança, os índios acreditam que do

filho de Mavutsinim tenham se originado todos os povos indígenas.

Foi também Mavutsinim quem criou, de um tronco de árvore,

a mãe dos gêmeos Sol- Kuát e Lua-Iaê, responsáveis por

vários acontecimentos importantes na vida dos xinguanos,

antes de se tornarem astros. (RODRÍGUEZ, 2004, p.12)

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E agora, um exemplo de conhecimento religioso:

c) Conhecimento filosóficoO saber filosófico aponta, desde a Grécia Antiga, para uma busca do uso metódico da razão, da investigação racional que pode ser desenvolvida pelo homem. Para os filósofos, o conhecimento surge da reflexão e não da experimentação e por isso não é verificável, isto porque a base de análise da filosofia são as ideias, os conceitos e as dúvidas, que não podem ser materializadas e não são passíveis de comprovação. É valorativo, ou seja, julga o que é certo ou o que é errado, por meio do pensamento e da reflexão e é altamente racional.Podemos dizer que a Filosofia é a mãe da ciência, porque já traz os fundamentos da racionalidade, mas aos poucos separaram-se os métodos e as formas de pensar, que se tornaram especializadas e independentes.

O conhecimento surge da reflexão

e não da experimentação e por

isso não é verificável, isto porque

a base de análise da filosofia

são as ideias, os conceitos e

as dúvidas, que não podem ser

materializadas e não são passíveis

de comprovação. É valorativo, ou

seja, julga o que é certo ou o que é

errado, por meio do pensamento e

da reflexão e é altamente racional.

Deus, colocando Abraão à prova, havia pedido a ele em sacrifício, seu

filho Isaac. Pede a ele que leve seu filho à terra de Moriá e o ofereça ali.

Abraão muito triste, porém, solícito, prontamente se preparou

para atender. Mas Deus, através de um anjo não deixou que ele

sacrificasse Isaac e, como recompensa, lhe diz: “...já que agiste

deste modo e não me recusaste teu filho, eu te abençoarei e

tornarei tua descendência tão numerosa como as estrelas do

céu e como as areias da praia do mar...”. (Gênesis. 22,16-17)

Cópia da Bíblia de Guttenberg.

Fonte: Wikipedia

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Antigamente, os filósofos questionavam sobre a ética, a moral, o universo. Hoje, formulam novas questões: É possível construir robôs que disponham de uma inteligência artificial tão boa como a humana? Como construir uma sociedade justa e pacífica? A eutanásia é um crime ou um direito à morte digna?

d) Conhecimento científicoO conhecimento científico, assim como o filosófico, advém da tentativa de explicar um fenômeno por meio da razão. A diferença está na experimentação, na necessidade de verificação e na comprovação dos fatos pesquisados.Na ciência busca-se os métodos mais adequados de pesquisa para o estudo desejado, que deve ser justificado e é sempre passível de revisão. Máttar Neto (2002, p. 4) aponta que na ciência ocorre um movimento circular, ou seja, o cientista parte da observação de uma realidade até atingir a abstração teórica, retorna à realidade e volta-se novamente à abstração, num fluxo constante entre experiência prática e teórica. O Conhecimento científico lida com fatos, com a realidade; busca a verdade,

O conhecimento científico,

assim como o filosófico, advém

da tentativa de explicar um

fenômeno por meio da razão. A

diferença está na experimentação,

na necessidade de verificação

e na comprovação dos fatos

pesquisados.

Aristóteles e Platão na escola de Atenas,

Afresco de Rafael Sanzio.

Fonte: Wikipedia

A diferença entre o cientista e o filósofo é, portanto, fácil de

perceber. O cientista se fixa sobre o objeto sem olhar a maneira

com que o atinge. [...] O filósofo centraliza sua atenção sobre o

sujeito que conhece e sobre as atividades do espírito, acionadas

para apreender seu objeto. Do cientista ao filósofo é completamente

diferente a atitude do espírito. A Filosofia é uma reflexão do espírito

sobre o trabalho do espírito. A ciência é uma flexão sobre o objeto

sobre o qual ele se debruça. (CHARBONNEAU, 1986, p. 15-16)

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mesmo que essa verdade possa ser questionada. É passível de ser verificado, podendo ter seus dados confirmados ou negados; é ordenado de forma lógica para formar um sistema de ideias (teoria). Por outro lado, pode apresentar falhas que serão revistas e corrigidas e também pode ser alterado após novas descobertas, tornando-o quase exato, já que novas proposições e desenvolvimentos tecnológicos podem reformular a teoria. Recentemente, as descobertas científicas intensificaram as discussões de ordem religiosa e ética: a inseminação artificial, a invenção da dinamite e da bomba atômica, as viagens interplanetárias, a guerra bacteriológica, o transplante de coração, a pílula contraceptiva e abortiva, a clonagem de animais etc. A ciência hoje é entendida como uma busca constante de explicações e soluções, de revisão e reavaliação de seus resultados, ou seja, é um processo em construção, em permanente elaboração.

Mas será que a ciência hoje é capaz de solucionar todos os problemas do homem?Concluindo, percebemos acima que as formas de conhecer variam de acordo com o momento histórico, mas são formas de entender o mundo, que convivem conjuntamente no nosso cotidiano. Algumas pessoas pensam que conhecimento é para poucos, que estudaram muito, que viajaram e fizeram muitos cursos. Nada disso! O conhecimento é muito mais que escolarização e cultura, é o que leva o ser humano a

O conhecimento é muito mais que

escolarização e cultura, é o que

leva o ser humano a ser o que é,

apropriando-se do seu meio de

acordo com suas necessidades.

Galileo ante o Santo Ofício,

de Cristiano Bante, 1857.Fonte: Wikipedia

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ser o que é, apropriando-se do seu meio de acordo com suas necessidades. Um indígena que desconhece a escrita, um analfabeto que não domina o uso de um computador, grupos que vivem em regiões distantes do mundo, todos possuem a mesma característica: têm o seu conhecimento, sobrevivem.Então, não podemos dizer que um conhecimento é maior ou menor, mais ou menos importante, todos fazem parte de nossa história de vida. Porém, ao pesquisar a cura do câncer ou uma vacina para a dengue, ao aprimorar um robô para que um médico possa operar a partir de câmeras minúsculas inseridas nas veias do paciente ou, ainda, ao escrever um texto para a faculdade, o estudante deve utilizar o conhecimento científico, já que no ensino superior estamos nos apropriando de ciência. Para desenvolver uma pesquisa acadêmica, o estudante deve seguir algumas normas, ou seja, pesquisar em livros, revistas, catálogos, livretos, internet o que existe sobre o tema. O trabalho deve ser escrito de forma correta, baseado na realidade, na leitura, sem inventar dados, sem “achismos” (eu acho que). As conclusões devem ser comprovadas por meio de provas e, sempre deve-se seguir as normas da ABNT, que conheceremos ao longo do semestre.

Conversando sobre ciência

Para iniciar nossa conversa sobre ciência e conhecimento, propomos que responda à seguinte pergunta:

Você conhece algum cientista? Descreva-o.

Normalmente acreditamos que nunca tivemos a oportunidade de conhecer um cientista pessoalmente, poucos têm esse privilégio. Habitualmente, quando falamos em ciência ou nos referimos aos cientistas ou pesquisadores, o que nos vem à mente são as imagens dos “cientistas malucos” dos filmes de ficção. Quem não se lembra do Dr. Emmett, o

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amalucado cientista protagonizado pelo ator Christopher Lloyd, em “De volta para o futuro” (1985)? Ou quem não se lembrou de Albert Einstein ou do Físico Stephen Hawking, o cientista físico tetraplégico que se comunica com o mundo através de se comunica com o mundo por meio de um dispositivo eletrônico de última geração, controlado pelos músculos do rosto e tenta explicar a física ao grande público. Bem, talvez carregamos uma imagem de um cientista que muitas vezes se parece com a imagem reproduzida abaixo:

Fonte: Pedro Miguel do Nascimento Veliça.

Disponível em: <http://anatomias.mediasmile.net/anatomias.htm>.

Acesso em: 13.abr.2014

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É assim que entendemos um cientista, não é mesmo? Parece que fazer ciência e pesquisar são para poucos iluminados, que vão descobrir algo novo, uma vacina, uma máquina ou uma tecnologia que mudará o rumo da humanidade... Não. Fazer ciência, pesquisar, construir conhecimentos é uma conquista que está ao alcance de todos nós. Inicialmente é preciso desconstruir essa ideia de cientista que temos na cabeça: de alguém muito inteligente, que trabalha com pesquisa de ponta, em laboratório, anota tudo o que vê, não gosta de pessoas. Esta figura é inatingível e, ainda, escreve tão bem....Você já percebeu que nesse momento da sua vida acadêmica, você já é um “aprendiz” de cientista? a) A postura científicaMesmo depois que verificamos que há diferentes formas de conhecer, de se posicionar e entender o mundo, é necessário entender que para se fazer ciência é preciso adquirir uma postura científica.Toda postura ou atitude deve ser cultivada, por isso que fazer ciência não é privilégio de poucos, mas é aprendida e desenvolvida a partir de critérios e “maneiras de fazer”.

A postura científica é, antes de tudo, uma atitude ou disposição subjetiva

do pesquisador que busca soluções sérias, com métodos adequados

para o problema que enfrenta. Essa postura não é inata na pessoa; ao

contrário, é forjada ao longo da vida, à custa de muito esforço e de uma

série de exercícios. Ela pode e deve ser aprendida.

A postura científica, na prática, é expressão de uma consciência crítica,

objetiva e racional.

(CERVO; BERVIAN; DA SILVA, 2007, p. 13)

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Apontamos algumas características dessa atitude perante a ciência:

- Criticidade: criticar é julgar, distinguir, discernir, analisar para que se possa avaliar todos os elementos em foco e tomar uma decisão. Crítica não significa julgamento sem comprovação, pelo contrário, só se admite a verdade quando há evidências, provas.

- Objetividade: condição básica da ciência, porque devemos deixar de lado nossas formas de pensar, presas a concepções do cotidiano, e estabelecer uma relação impessoal com o objeto de pesquisa. Ser objetivo é fugir do “eu acho”, “eu creio”, “eu penso”. Qualquer um pode repetir a experiência e comprovar os resultados, independente de subjetividades.

- Racionalidade: buscar as razões e soluções para o problema pautadas nas ações intelectuais.

No trabalho do cientista deve estar presente a observação aguçada, a precisão e a clareza, a adoção de critérios rígidos para a comprovação dos dados estudados. No entanto, o cientista deve cultivar uma atitude de humildade e reconhecer as suas limitações, das incertezas. Portanto, agir de forma científica é, antes de mais nada, assumir a atitude de honestidade, evitando o plágio; é ser corajoso para enfrentar os obstáculos e perseguir a verdade dos fatos que investiga e a liberdade de investigar, de maneira ética e profissional.

No trabalho do cientista deve

estar presente a observação

aguçada, a precisão e a clareza,

a adoção de critérios rígidos

para a comprovação dos dados

estudados.

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b) A divisão das ciênciasAs ciências podem ser classificadas em dois grupos: factuais e formais.Veja o quadro a seguir:

c) O método científicoNa ciência, o método é o caminho organizado e sistemático, utilizado para se atingir um fim, o resultado desejado. Ou melhor, o método representa os passos que serão dados na busca de um conhecimento.

É importante ainda destacar que há uma diferença entre método e técnica. Enquanto o método estabelece, de maneira geral, “o que fazer”, a corresponde à forma de executar, nos dá “o como fazer”.

O caminho que a ciência segue

é o da dúvida. Toda investigação

nasce de algum problema que

se deseja observar, entender.

Seleciona-se o que se deseja,

delimita-se o campo de análise. Daí o conjunto de processos ou etapas de que se serve o método

científico, tais como a observação e a coleta de todos os dados

possíveis, a hipótese que procura explicar provisoriamente todas as

observações de maneira simples e viável, a experimentação que dá ao

método científico também o nome de método experimental, a indução

da lei que fornece a explicação ou o resultado de todo o trabalho de

investigação e a teoria que insere o assunto tratado em um contexto

mais amplo.

(CERVO; BERVIAN; DA SILVA, 2007, p. 29)

Fonte: Própria Autora

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Pense que hoje é seu aniversário e você irá preparar um bolo para seus convidados. Inicialmente, para alcançar o seu objetivo (bolo), você precisará de uma receita (método / estratégia). Você verificará se possui todos os ingredientes e, após coloca-los todos em cima da mesa, seguirá cada passo da receita, quer dizer, colocará os ingredientes na ordem estabelecida, no modo indicado de fazer, observará a temperatura do forno e o tempo necessário para assar. Isto é técnica (tática). Entendeu?Vejamos, então, o esquema a seguir:

d) ParadigmaDepois de tudo o que explanamos sobre ciência, algumas questões ainda se colocam na atualidade: a verdade não é eterna! A ciência não é a única forma de entender o mundo a nossa volta, mas comumente nos vemos tratando desse tipo de conhecimento como aquele que detém “A” verdade. Entretanto, a verdade é algo relativo ao seu tempo, passageira, pois é aceita durante algum tempo e depois dá espaço a outras verdades. Lembra-se do período denominado Idade Média? Trata-se de um período bastante significativo na história do mundo ocidental, em que toda a “verdade” se concentrava nas mãos da igreja católica. Em nome dessa “verdade”, muitos estudiosos e pensadores que não a aceitava eram considerados hereges e morriam queimados na fogueira.

Para entender melhor esse assunto, sugerimos que você assista ao vídeo: Ciência e Método. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=oaMubfIbSPE

Fonte: BARROS, Legfeld. 2007

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O filósofo Thomas Kuhn (2010), acredita que as mudanças ocorrem de tempo em tempo e o progresso acontece mediante saltos. A revolução científica acontece mediante a crise que se estabelece, os padrões de conhecimento se modificam e altera-se a forma de entender o mundo. Segundo Kuhn (2010): “toda ciência repousa sobre um conjunto de teorias e pressupostos conceituais, metodológicos e metafísicos, que se incorporam dentro de um todo, que lhe serve de modelo ou padrão, chamado paradigma”.Na atualidade presenciamos um novo paradigma: tudo o que a ciência moderna construiu quase levou a destruição da vida na Terra e gerou a exclusão, a desigualdade, a exploração e a dominação por parte daqueles que, de certa forma, detém o conhecimento científico (COSTA; TONELO, 2012). E, então, a mudança de paradigmas pressupõe aceitar novas ideias, entender o mundo de outra forma, significa mudar de atitude, correr riscos, aceitar o desconhecido. De acordo com Costa e Tonelo (2012):

E você, está preparado para aceitar novas ideias? Qual é a sua postura diante do novo?

O conhecimento, no paradigma pós-moderno, passa a não ser visto

mais como especializado e a busca por um conhecimento total,

porém ao mesmo tempo local, é uma das suas características.

Ele valoriza, sobretudo, o critério e a imaginação pessoal do

cientista e processos de fusão de estilos. A transdisciplinaridade

dá lugar à dualidade entre ciências sociais e ciências naturais.

Thomas Kuhn

Paradigma é um termo com

origem no grego “paradeigma”

que significa modelo, padrão.

No sentido lato corresponde a

algo que vai servir de modelo

ou exemplo a ser seguido em

determinada situação. São as

normas orientadoras de um grupo

que estabelecem limites e que

determinam como um indivíduo

deve agir dentro desses limites.

Saiba Mais

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Metodologia da Ciência

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Considerações sobre a Metodologia científica

Depois de tudo o que apresentamos sobre o conhecimento, as formas de conhecer e a importância da ciência na sua vida, dá para entender por que a disciplina Metodologia da Ciência acontece nessa etapa de sua formação acadêmica?A disciplina Metodologia da Ciência (ou metodologia científica, como é também chamada) tem o principal objetivo de levar os alunos a conhecerem as normas estabelecidas pela ciência. Todos nós somos cientistas, basta seguir as regras contidas no método científico.

Metodologia da Ciência é uma disciplina teórica e prática, que estuda “os caminhos do saber”, uma vez que:

Método = caminho; Logia = estudo; Ciência = saber.

A Metodologia da Ciência é a disciplina que o preparará para o auto aprendizado, no qual você é o sujeito do processo, aquele que faz o seu caminho, aprendendo a pesquisar e a divulgar os resultados obtidos por você. Enfim, a metodologia científica procurará levar você a refletir sobre o saber universitário e, além disso, levá-lo a produzir esse saber. Para que a pesquisa científica aconteça, é necessário agir metodologicamente, ou seja, dentro de métodos e normas próprios. Para que os textos produzidos sejam considerados “científicos”, é necessário aprender a pensar, a refletir e assumir uma postura crítica diante dos textos que lê e da realidade que o envolve.Ao escrever um trabalho para o professor, ao elaborar o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) ou o Relatório de Estágio no final da graduação, ao elaborar uma monografia (em um curso de especialização), uma dissertação de mestrado ou uma tese de doutorado, estamos fazendo ciência e, portanto, sendo cientistas.

Os textos científicos são

importantes porque contribuem

para novas pesquisas sobre um

assunto desconhecido ou mesmo

para refletir ou aprofundar um

tema de interesse pessoal; serve

para provocar mudanças ou

melhorar um procedimento nas

empresas, por exemplo. Serve

ainda para buscar novas soluções

para velhos problemas.

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Para que um texto seja considerado “científico”, seu autor deve seguir determinadas regras, tais como cuidar da redação de acordo com a norma culta; atentar-se para a estruturação do trabalho no que se refere ao conteúdo (início, meio e fim, objetividade, clareza, resultados comprovados etc.) e, ainda, observar as regras para a apresentação do mesmo. O autor deve seguir determinadas normas, que vão desde o tamanho da fonte, a distância entre as linhas, o tamanho do parágrafo até o modo de apresentar ao leitor o resultado de sua pesquisa. Esse conjunto de normas é elaborado pela ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas e são essas normas que devemos conhecer e aplicar para que nosso trabalho seja aceito.

Fonte: Freepik.com