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CURSO DE DIREITO ASPECTOS DO ISSQN E A LEI COMPLEMENTAR Nº 116/03 NANCY YOKO FUKUOKA NAKAZIMA RA: 453370-7 Orientador: FABRIZZIO MATTEUCCI VICENTE Trabalho de Curso apresentado ao Curso de Direito da Uni-Fmu como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Direito, sob a orientação do Prof. Fabrizzio Matteucci Vicente. SÃO PAULO - SP 2005

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CURSO DE DIREITO

ASPECTOS DO ISSQN E A LEI COMPLEMENTAR Nº 116/03

NANCY YOKO FUKUOKA NAKAZIMA RA: 453370-7

Orientador: FABRIZZIO MATTEUCCI VICENTE

Trabalho de Curso apresentado ao Curso de Direito da Uni-Fmu como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Direito, sob a orientação do Prof. Fabrizzio Matteucci Vicente.

SÃO PAULO - SP 2005

2

BANCA EXAMINADORA

Professor orientador: _______________________________ Fabrizzio Matteucci Vicente

Professor(a) Argüidor(a): ____________________________

Professor(a) Argüidor(a): ____________________________

RESULTADO:____________________________________

_______________________________________________

_____________ ( _______________________________ )

NOTA: ____________ ( ___________________________ )

3

À minha família,

especialmente ao meu marido e

minha filha, pela paciência e

compreensão, que me

possibilitaram chegar até o

final.

4

Agradeço aos colegas de

profissão que de alguma forma

colaboraram para a elaboração

desse trabalho.

Agradeço ao meu

orientador pela atenção, dedicação

e auxílio, que propiciaram o

resultado do presente.

Agradeço a Deus e a “Meus

Anjos”, que em diversos momentos

serviram de apoio, dando-me forças

para continuar e concluir mais esta

etapa.

5

SINOPSE

Com o advento da Lei Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003, publicada em

1º de agosto de 2003, em substituição às normas gerais do Imposto sobre Serviços

de Qualquer Natureza (ISSQN), de competência dos Municípios e Distrito Federal,

anteriormente regidas pelo Decreto-Lei nº 406/68, os aspectos da hipótese de

incidência tributária desse imposto, passaram a ter nova configuração.

Os cinco aspectos integrativos e informadores da hipótese de incidência do ISSQN,

denominados genericamente de fato gerador pela maioria doutrinária e

jurisprudencial são identificados como: Aspecto Material, Aspecto Espacial, Aspecto

Temporal, Aspecto Pessoal e Aspecto Quantitativo.

O ISSQN é tido como um imposto polêmico e complexo por envolver conflitos de

competências. Com o novo regramento do ISSQN, não foram sanadas as

controvérsias já existentes, que sempre giraram em torno desse imposto, e, não

bastando, foram trazidas novas discussões.

6

SUMÁRIO

Introdução....................................................................................................... 08

Capítulo I – O ISSQN

1.1 Considerações preliminares...................................................................... 10

1.2 O ISS na Constituição Federal.................................................................. 11

1.3 A lei complementar definidora dos serviços.............................................. 11

Capítulo II – HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA

2.1 A hipótese de incidência tributária............................................................. 13

2.2 Aspectos da hipótese de incidência tributária........................................... 14

Capítulo III – ASPECTO MATERIAL

3.1 Aspecto material da hipótese de incidência tributária............................... 15

3.2 Aspecto material da hipótese de incidência do ISSQN.............................. 16

Capítulo IV – ASPECTO ESPACIAL

4.1 Aspecto espacial da hipótese de incidência tributária.............................. 20

4.2 Aspecto espacial da hipótese de incidência do ISSQN............................ 21

Capítulo V – ASPECTO TEMPORAL

5.1 Aspecto temporal da hipótese de incidência tributária.............................. 26

5.2 Aspecto Temporal da hipótese de incidência do ISSQN........................... 27

Capítulo VI – ASPECTO PESSOAL

6.1 Aspecto pessoal da hipótese de incidência tributária................................ 30

6.2 Sujeito ativo da hipótese de incidência tributária....................................... 30

6.3 Sujeito ativo da hipótese de incidência do ISSQN..................................... 32

6.4 Sujeito passivo da hipótese de incidência tributária................................... 32

6.5 Sujeito passivo da hipótese de incidência do ISSQN................................. 33

7

Capítulo VII – ASPECTO QUANTITATIVO

7.1 Aspecto quantitativo da hipótese de incidência tributária............................ 36

7.2 Base de cálculo da hipótese de incidência do ISSQN................................. 37

7.3 Alíquota da hipótese de incidência do ISSQN............................................. 41

Considerações finais ......................................................................................... 43

Anexo I .............................................................................................................. 46

Anexo II ............................................................................................................. 64

Bibliografia ........................................................................................................ 69

8

INTRODUÇÃO

Atualmente vivemos em constante clima de reforma tributária, movida por

interesses políticos, econômicos e sociais.

No tocante ao Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN),

entrou em vigor o novo regramento, trazido pela LC nº 116, de 31 de julho de 2003,

publicada em 1º de agosto de 2003, substituindo as regras contempladas pelo

Decreto-Lei nº 406/68.

O presente trabalho visa estudar os diversos aspectos do ISSQN, que

sempre causaram grandes divergências de entendimento entre os doutrinadores e

magistrados, e que dificultam a sua compreensão e “aplicação”. Nesse meio,

permanecendo, como mero espectador, está o contribuinte, que é o destinatário da

carga tributária, como também, estão todos os consumidores finais dos serviços, que

indiretamente sofrerão o impacto da carga tributária.

A nova lei provocou mudanças significativas nos aspectos do Imposto

sobre Serviços de Qualquer Natureza, como, por exemplo, aumentou o rol dos

serviços tributáveis; destacou a figura do responsável tributário, definiu

“estabelecimento prestador”, fixou alíquotas máximas, etc.

A proposta desse trabalho é fazer uma abordagem dos aspectos da

hipótese de incidência tributária, focalizando os aspectos da hipótese de incidência

do ISSQN, à luz do novo diploma legal, bem como procurar mesclar a legislação

anterior com os novos dispositivos, verificando-se as inúmeras inovações

introduzidas pelas novas regras.

O estudo apresenta, inicialmente, breves considerações sobre o ISSQN,

e, posteriormente, são abordados os cinco aspectos integrativos da hipótese de

incidência tributária, quais sejam: Aspecto Material, Aspecto Espacial, Aspecto

Temporal, Aspecto Pessoal e Aspecto Quantitativo.

9

Para a elaboração do presente, pesquisou-se diversas doutrinas

existentes, consultou-se a legislação pertinente, bem como a jurisprudência formada.

Não é escopo do presente identificar todas as alterações, nem tão pouco

esmiuçar, detalhadamente, as inovações detectadas, mesmo porque, tratando-se de

lei nova, sobretudo que regula inteiramente matéria antiga, muitos são os tópicos,

assim como, sobre diversos pontos, já ocorrem divergências de entendimentos entre

os juristas, iniciando-se um longo caminho na tentativa de chegar à pacificação

desses conflitos, bem como, solucionar outros que estão por vir.

10

CAPÍTULO I – O ISSQN

1.1 Considerações Preliminares

Antes de adentrarmos especificamente em cada um dos aspectos da

hipótese de incidência do ISSQN, algumas breves considerações sobre o perfil

tributário desse tributo fazem-se necessárias.

O ISSQN é um tributo que pertence à espécie dos impostos.

Tributo, como conceituado no art. 3º, do Código Tributário Nacional

(CTN), “é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se

possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada

mediante atividade administrativa plenamente vinculada”.

José Eduardo Soares de Melo1 sintetiza o conceito de tributo, como sendo

a receita pública oriunda do patrimônio dos particulares, de caráter obrigatório e

instituído, consoante as materialidades e respectivas competências constitucionais.

Desta forma, tributo é um gênero que comporta espécies, dentre as quais

encontram-se os impostos, conforme previsto no art. 5º, do CTN.

Por sua vez, imposto, nos termos do art. 16, do CTN, “é o tributo cuja

obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade

estatal especifica, relativa ao contribuinte.”

1 Curso de Direito Tributário, p. 46.

11

1.2 O ISSQN na Constituição Federal

A Constituição Federal conferiu aos Municípios, em seu art. 145,

competência para instituir impostos, taxas e contribuição de melhoria.

Ao repartir a competência tributária, a Magna Carta, especificou,

taxativamente, quais os impostos que competem aos Municípios instituírem, sendo

que no art. 156, III, contempla os Municípios com o Imposto sobre Serviços de

Qualquer Natureza, in verbis:

“ art. 156. Compete aos Municípios instituir imposto sobre:

(...)

III – serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II,

definidos em lei complementar;”

Os serviços não abrangidos, referentes ao art. 155, II, acima

excepcionados, são os de “transporte interestadual e intermunicipal e de

comunicação”, que se submetem exclusivamente ao ICMS, de competência

estadual.

Determinou, ainda, a Constituição, que os serviços tributáveis devem

estar definidos em lei complementar.

1.3 A Lei Complementar Definidora dos Serviços

A definição de serviços em listas contidas em leis complementares tem

sido causa de grande questionamento no mundo jurídico.

Para muitos, há uma contradição no próprio texto constitucional quando

atribui competência aos Municípios para instituir Imposto sobre Serviços de

12

Qualquer Natureza, e, ao mesmo tempo, faz uma limitação: “definidos em lei

complementar”.

Nesse diapasão, para diversos juristas, dentre os quais Roque Antonio

Carrazza2, a competência municipal para tributar serviços não depende da edição de

lei complementar que os defina, haja vista que estaria sendo totalmente prejudicado

o princípio constitucional da autonomia municipal, insculpido no art. 30, da

Constituição Federal, de forma que consideram inconstitucionais as chamadas “listas

de serviços” que pretendem “orientar” a tributação do ISSQN. Entendem, desta

forma, que a lista de serviços veiculada por lei complementar é apenas sugestiva.

Já para outros, como Sergio Pinto Martins3, o fato do legislador

complementar definir os serviços não viola o principio da autonomia municipal, pois a

autonomia dos Municípios não é irrestrita, absoluta, mas sim relativa, porque é

limitada ao que estiver previsto na Constituição Federal.

A polêmica, entretanto, acabou perdendo o sentido, haja vista que o STF

inclinou-se em consagrar a legitimidade do rol da lista de serviços, baixada por lei

complementar, firmando diretriz concernente à taxatividade da lista de serviços,

anexa a lei complementar - a despeito do principio da autonomia municipal.4 Esse

entendimento permanece até hoje íntegro, embora admitindo-se, em relação a cada

item da lista, interpretação analógica.

Nessas circunstâncias, rendendo ao pragmatismo dessa firme

jurisprudência, é válido admitir a referida “lista de serviços”, como exaustiva, porém,

possibilitando a interpretação analógica em relação aos itens que admitam tal

interpretação, ou seja, serviços que embora não estejam previstos categoricamente

na lista, pertençam ao mesmo gênero e espécie, encontrados na atual LC nº 116/03,

normalmente, com a expressão “e congêneres”.

2 Curso de Direito Constitucional Brasileiro, passim. 3 Manual do ISS, p. 186. 4 RE 75.952-SP, Rel. Min. Thompson Flores, 2ª T. – j. 29.10.73, RTJ 68/198.

13

CAPÍTULO II – HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA

2.1 A Hipótese de Incidência Tributária

A hipótese de incidência tributária é a descrição legal, hipotética, abstrata,

de um fato, ou conjunto de fatos, que quando realizadas no mundo dos fenômenos

físicos dão origem ao “fato imponível” (fato gerador), que é a situação, o fato que

efetivamente ocorreu, em determinado tempo e lugar, o qual gera a obrigação

tributária.

Sintetizando, a hipótese é a mera descrição, simples previsão, enquanto

que o fato é a concretização da hipótese, é o acontecimento do que foi previsto.

Conforme define Bernardo Ribeiro de Moraes:5

“Hipótese de incidência vem a ser a situação material prevista em lei

(hipótese legal) que, uma vez ocorrida (concretizada), jurisdiciza-se, dando origem à

respectiva obrigação tributária.”

No mesmo sentido, Cassone6 diz que a hipótese de incidência tributária é

a descrição que a lei faz de um fato tributário que, quando realizado, faz nascer a

obrigação tributária, ou seja, obrigação do sujeito passivo ter de pagar ao sujeito

ativo o tributo correspondente.

Identificam-se, assim, duas situações distintas, em dois momentos

diferentes. No primeiro momento a hipótese (abstrata) e no segundo, a projeção no

mundo fático (concretização).

“Não basta a existência de lei para que a obrigação tributária se instaure.

Para o nascimento da obrigação necessário é que surja concretamente o fato ou

5Doutrina e Prática do Imposto Sobre Serviços, p. 89. 6 Vittorio Cassone, Direito Tributário, p. 148.

14

pressuposto que o legislador indica como sendo capaz de servir de fundamento à

ocorrência da relação jurídica tributaria.” 7

2.2 Aspectos da Hipótese de Incidência Tributária

A hipótese de incidência tributária possui diversos aspectos ou critérios

identificadores que a integram, de maneira que para que seja tido como ocorrido o

fato imponível ou fato gerador, é necessário a satisfação de todos os aspectos, pelo

denominado fenômeno da subsunção.8 Na ausência de quaisquer dos critérios, não

haverá tributo devido, por falta de subsunção do conceito do fato (concreto) ao

conceito da norma (hipótese).

Os critérios ou aspectos da hipótese de incidência tributária, no dizer de

Geraldo Ataliba 9, são “as qualidades que esta tem de determinar hipoteticamente os

sujeitos da obrigação tributária, bem como seu conteúdo substancial, local e

momento de nascimento.”

A doutrina costuma classificar os aspectos da hipótese de incidência

tributária em: a) aspecto material; b) aspecto espacial; c) aspecto temporal; d)

aspecto pessoal e; d) aspecto quantitativo.

7 Amílcar de Araújo Falcão, Fato Gerador da Obrigação Tributária, 1ª ed., Rio de Janeiro, Financeiras, 1964, p.12, apud Aires F. Barreto, ISS na Constituição e na Lei, p. 226. 8 “Subsunção é o fenômeno de um fato configurar rigorosamente a previsão hipotética da lei. Diz-se que um fato se subsumeà hipótese legal quando corresponde completa e rigorosamente à descrição que dele faz a lei.” (Geraldo Ataliba, Hipótese de Incidência Tributária, p. 69). 9 Hipótese de Incidência Tributária, p. 78.

15

CAPÍTULO III – ASPECTO MATERIAL

3.1 Aspecto Material da Hipótese de Incidência Tributária

O aspecto material da hipótese de incidência é o mais importante, do

ponto de vista funcional e operativo do conceito de hipótese de incidência, porque,

precisamente, revela sua essência, permitindo sua caracterização e individualização,

em função de todas as demais hipóteses de incidência. É o aspecto decisivo que

enseja fixar a espécie tributária a que o tributo pertence.10

No critério material há referência a um comportamento de pessoas, físicas

ou jurídicas, condicionado por circunstâncias de espaço e de tempo (critérios

espacial e temporal). Abstraindo-se o critério material liberado das coordenadas de

espaço e de tempo, emerge o encontro de expressões genéricas designativas de

comportamentos de pessoas, tais como aqueles que encerram um fazer, um dar ou,

simplesmente, um ser (estado). Tem-se, por exemplo, “vender mercadorias”,

“industrializar produtos”, “ser proprietário de bem imóvel”, “auferir rendas”,

“pavimentar ruas” etc.

O núcleo do aspecto material, será formado, por um verbo, seguido de

seu complemento. Verbos que exprimem ação: vender, prestar, industrializar, como

verbos de estado: ser, estar, permanecer, etc.11

Em suma, o aspecto material da hipótese de incidência, “consiste na

descrição que a lei faz do núcleo da HI. É o aspecto mais importante, pois determina

o tipo tributário, e é comumente representado por um verbo e complemento.

Exemplo: industrializar produtos, auferir rendas, exportar produtos nacionais,

importar produtos estrangeiros, prestar serviços, etc. É aspecto constitucional”.12

10 Geraldo Ataliba, Hipótese de Incidência Tributária, p. 106. 11 Paulo de Barros Carvalho, Curso de Direito Tributário, p. 251-252. 12 Vittorio Cassone, Direito Tributário, p. 149.

16

3.2 Aspecto Material da Hipótese de Incidência do ISSQN

A Constituição Federal determina que os fatos geradores dos impostos,

devem estar previstos em lei complementar (art. 146, III, “a”), não fugindo à regra o

ISSQN, que foi previsto no Decreto-Lei nº 406/68, com status de Lei Complementar,

e recentemente na Lei Complementar nº 116/03.

O art. 1º, da LC nº 116/03, estabelece a materialidade do ISSQN,

dispondo, que:

“Art. 1º O Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza, de competência

dos Municípios e do Distrito Federal, tem como fato gerador a prestação de serviços

constantes da lista anexa, ainda que esses não se constituam como atividade

preponderante do prestador.”

A essência do aspecto material da hipótese de incidência do ISSQN não

está no termo “serviço” isoladamente considerado, mas na atividade humana que

dele decorre, ou seja, prestar serviço (verbo e respectivo complemento). Assim, o

aspecto material da hipótese de incidência do ISSQN consiste em prestar serviços

constantes da lista anexa à LC nº 116/03.

Serviço é bem imaterial na etapa da circulação econômica. Prestação de

serviços é a operação pela qual uma pessoa, em troca do pagamento de um preço,

realiza em favor de outra a transmissão de um bem imaterial (serviço). Prestar

serviços é vender bem imaterial, onde se presume um vendedor (prestador de

serviço), um comprador (tomador do serviço) e um preço (preço do serviço).13

Prestar serviço, indica atividade em proveito alheio, pois a prestação de

atividade em proveito próprio não exterioriza riqueza, nem capacidade contributiva.

13 Sergio Pinto Martins, Manual do ISS, p. 40.

17

Deveras, foge à tributação do ISSQN o auto-serviço, isto é o serviço que a

pessoa (física ou jurídica) presta para si própria. Também não incide sobre serviços

sem conotação econômica, como o de mera cortesia, o filantrópico, o familiar, por

não terem base de cálculo, ou seja, preço do serviço.

Da mesma forma, e por expressa determinação legal (art. 2º, II, da LC nº

116/03), são inalcançáveis pelo ISSQN os serviços com relação de emprego, dos

trabalhadores avulsos, dos diretores e membros do conselho consultivo e fiscal de

sociedades e fundações, e dos sócios-gerentes e gerentes-delegados.

A razão para desenquadrar os referidos trabalhadores como contribuintes

consiste na circunstância de que, os serviços desempenhados sob vínculo funcional

ou trabalhista não são tributáveis pelo ISSQN, pois não estão no conceito

constitucional de serviços tributáveis. A presença de vínculo caracteriza prestação

de trabalho, e não de serviço, e, para efeitos jurídico-constitucionais, essa distinção

é capital. 14

A Constituição discerne prestação de trabalho de prestação de serviço.

No Direito, há nítida distinção entre o regime de Direito Civil e o regime da CLT. O

fulcro da distinção está na subordinação. 15

Para configurar a materialidade, além do serviço ser efetuado à terceiro,

há a necessidade de haver a efetiva prestação dos serviços, não bastando que haja

somente a possibilidade da prestação de serviços.

O ISSQN só pode alcançar o fato concretamente ocorrido no mundo

fenomênico e nunca aquele que está por ocorrer, ainda que a probabilidade dessa

ocorrência seja grande. Nenhuma materialidade do ISSQN se produz diante de uma

mera contratação de serviços, pois o fato de haver a contratação não significa que já

houve a prestação. O ISSQN incide quando da efetiva prestação do serviço.

14 Aires F. Barreto, ISS na Constituição e na Lei, p. 58. 15 Ibid, p. 58 – 59.

18

Convém acrescentar, que para configurar a prestação de serviços no

ISSQN é irrelevante a condição de o prestador possuir habilitação técnica para os

serviços que presta. Importa a atuação concretamente ocorrida e não a regularidade

da atuação do prestador, pois o imposto não incide sobre a habilitação, mas sobre a

prestação de serviços. Se assim não fosse, o ISSQN deixaria de ter por

materialidade a prestação de serviços, para incidir sobre a habilitação profissional. 16

O antigo Decreto-Lei nº 406/68, em seu art. 8º (revogado pelo art. 10 da

LC nº 116/03) mencionava expressamente que o imposto tinha como fato gerador a

prestação de serviço, por empresa ou profissional autônomo.

Em decorrência desta disposição criou-se um entendimento no meio

jurídico, que para se caracterizar a materialidade da hipótese de incidência do

ISSQN, há a necessidade de existir a habitualidade, como também, o intuito lucrativo

na prestação dos serviços, uma vez que esses elementos encontram-se assentados

na caracterização de uma empresa, bem como no profissional autônomo, de forma

que a prestação esporádica, acidental episódica, sem reiteração não expressaria a

realização da materialidade da hipótese de incidência do ISSQN.

Todavia, como se vê, a atual LC nº 116/03, suprimiu a obrigatoriedade do

serviço ser prestado por “empresa” ou “profissional autônomo”, concomitantemente,

prevê expressamente que o imposto incidirá mesmo que a atividade não se constitua

como preponderante do prestador (art. 1º).

Com efeito, esta nova norma produzirá inúmeros questionamentos,

ocasionando novos conflitos de entendimento. Por sua vez, considerando a regra

imposta pelo novo regramento, em que excluiu as referências qualificadoras e

delimitadoras do contribuinte, ou seja, não limitou a figura do contribuinte, à

empresa ou profissional autônomo, permite-se concluir que não são mais elementos

essenciais para a materialidade da hipótese de incidência do ISSQN, a habitualidade

16 Ibid., p. 244 – 245.

19

e a finalidade lucrativa da prestação de serviços, que sempre acompanharam o

conceito de empresa.

20

CAPITULO IV – ASPECTO ESPACIAL

4.1 Aspecto Espacial da Hipótese de Incidência Tributária

O aspecto espacial da hipótese de incidência é designado como “a

indicação de circunstâncias de lugar, contidas explicita ou implicitamente na h.i.,

relevantes para a configuração do fato imponível”. 17

Uma vez ocorrida a materialidade tributária, se faz necessário estabelecer

o local em que se considere devida a obrigação, pois a hipótese de incidência só

qualifica um fato, como hábil a determinar o nascimento de uma obrigação, quando

este fato ocorra no âmbito territorial de validade da lei, ou seja, na área espacial em

que se encontra a competência do legislador tributário. Isto é conseqüência do

princípio da territorialidade da lei, aplicável ao direito tributário.18

Arrematando, Cassone19 fala que o aspecto espacial “indica o lugar em

que terá que ocorrer o fato gerador, que deverá situar-se dentro dos limites

territoriais a que a Pessoa Política tem a competência tributária. Por exemplo, se for

tributo da União, o elemento espacial, isto é, o local onde terá que ocorrer o fato

gerador, será todo o território nacional. Se for tributo dos Estados, o fato gerador

deverá ocorrer no território do Estado. Se for tributo municipal, o fato gerador deverá

ocorrer nos limites do território do Município. Por exemplo, a Prefeitura de São Paulo

só poderá exigir o ISS quando o serviço for prestado dentro dos limites de seu

território, aspecto ligado ao Principio da Territorialidade tributaria.”

Resumindo, o aspecto espacial da hipótese de incidência tributária

compreende o lugar onde ocorre o fato gerador da obrigação tributária.

17 Geraldo Ataliba, Hipótese de Incidência Tributária, p. 104. 18 Ibid., mesma página. 19 Vittorio Cassone, op. cit., p. 149.

21

4.2 Aspecto Espacial da Hipótese de Incidência do ISSQN

O local da prestação de serviços talvez seja um dos pontos mais

controvertidos do ISSQN.

A Constituição não instituiu expressamente quanto ao local a ser

considerado como ocorrido o fato gerador, ou seja, o lugar da prestação de serviços,

de maneira que foi delegada à lei complementar a disposição da norma para a

prevenção do conflito (CF, art. 146, I).

A lei complementar torna-se relevante, no caso do ISSQN, tendo em vista

que o critério espacial concorre ao lado do critério material, para a identificação do

local da prestação do serviço, o qual permite que se saiba qual a lei aplicável, bem

como, qual o ente político-constitucional que, validamente, pode exigir o imposto.

Assim, pelo princípio da territorialidade, implícito na Constituição – que

deflui do texto constitucional em razão do tributo só poder ser exigido no espaço

geográfico da geração da riqueza – e que se expressa no art. 102, do CTN, em

havendo a prestação de serviço tributável, o ISSQN será devido ao Município em

cujo território ocorreu a prestação.

De acordo com o Decreto-Lei nº 406/68, que regrou inicialmente o ISSQN,

fora estabelecido o seguinte:

“Art. 12. Considera local da prestação do serviço:

a) o do estabelecimento prestador ou, na falta de estabelecimento, o do

domicílio do prestador;

b) no caso de construção civil, o local onde se efetuar a prestação;

c) no caso do serviço a que se refere o item 101 da Lista Anexa, o

Município em cujo território haja parcela da estrada explorada.” (acrescido pela LC

nº 100/99).

22

Considerando o principio da territorialidade, não havia o que se discutir

em relação aos casos dos incisos “b” e “c”, respectivamente à prestação de serviços

de construção civil e de exploração de rodovias.

Relativamente às outras espécies de serviços, observa-se que o comando

legal adotou como regra o local do estabelecimento prestador, que nem sempre

coincide com o local em que foi prestado o serviço. Portanto, a territorialidade não foi

prestigiada na regra contida no inciso “a”, do art. 12, do Decreto-Lei nº 406/68.

O princípio da territorialidade é extraído de disposição constitucional.

Assim, no entendimento de Cassone, 20 “é insubsistente a 1ª parte do art. 12, “a”, do

Decreto-lei 406/68, que considera fato gerador do ISS o local em que situado o

estabelecimento prestador do serviço, porque é sempre competente o Município em

que o serviço é efetivamente prestado, e não onde a prestadora está domiciliada ou

estabelecida.”

Pelo disposto na norma, a conceituação e a definição de “estabelecimento

prestador”, assumiu um papel imprescindível, visto que os Municípios, cada um a

sua maneira, passaram a “enxergar um estabelecimento prestador”, no seu território,

possibilitando a tributação para si.

Configura estabelecimento prestador o lugar no qual, de modo concreto,

se exercitem as funções de prestar serviços, independentemente do seu

tamanho, grau de autonomia, ou qualificação especifica, não importando tratar-se de

matriz, filial, agencia, loja, escritório, ou qualquer outra denominação dada, não

sendo suficiente a existência de um simples local.21

Segundo José Eduardo Soares de Melo,22 o estabelecimento deve

compreender todos os bens (equipamentos, mobiliários, etc.), e pessoas suficientes

20 Ibid., p. 129 21 Aires F. Barreto, ISS na Constituição e na Lei, p. 263. 22 ISS – Aspectos Teóricos e Práticos, p. 149.

23

que possibilitem a prestação de serviços, sendo que a efetiva existência dos

referidos elementos é que permitirão caracterizar um real estabelecimento prestador

de serviços, na forma engendrada pela norma complementar (DL nº 406/68).

Exemplificando, tem-se o típico caso, em que uma prestadora de serviços,

com sede no Município A, cuja alíquota é 5%, com a intenção de sujeitar-se à

incidência do ISSQN a uma alíquota menor, promove inscrição de estabelecimento

no Município B, no qual a alíquota é 1%. Consoante conclui o referido jurista,

“somente poderá ficar sujeita à alíquota menos gravosa, se efetivamente possuir de

modo concreto (e não apenas “caixa postal”) um estabelecimento no Município B.

Um simples local que nada possui (bens, pessoas, instalações) representará uma

mera simulação, cujos efeitos tributários podem ser desconsiderados.” 23

Enfim, a doutrina e a jurisprudência perfilharam duas vertentes distintas:

a primeira defendendo que o ISSQN é sempre devido no Município em que os

serviços fossem prestados, prestigiando a territorialidade, de maneira que não

reconhecia a validade do art. 12, “a” do Decreto-Lei nº 406/68, salvo nos casos em

que coincidissem o local da prestação do serviço e o do estabelecimento prestador.

A segunda, prestigiando o principio da legalidade, defendendo a clareza do preceito

do art. 12, “a”, do Decreto-Lei nº 406/68, que o ISSQN é devido no local que se

encontra o estabelecimento prestador, de sorte que é necessário identificar o

estabelecimento para delimitar qual o Município competente para a exigência fiscal.

Entretanto, o Superior Tribunal de Justiça, em diversas decisões, como

por exemplo, nos Embargos de Divergência nº 130.792/CE 24, entendeu que para

fins de incidência do ISSQN, importa o local onde foi concretizado o fato gerador,

como critério de fixação de competência do Município arrecadador e exigibilidade do

crédito tributário, ainda que se revele o teor do art. 12, alínea “a”’, do Decreto-Lei nº

406/68.

23 José Eduardo Soares de Melo, ISS – Aspectos Teóricos e Práticos, p. 150. 24 Em. Div. em Recurso Especial nº 130.792 - Ceará – Rel. p/ acórdão Min. Nancy Aldrighi, j. em 7.4.2000, DJU de 12.6.2000.

24

Sem adentrar na polêmica acerca da força vinculante das decisões dos

Tribunais Superiores, resta-nos investigar se a nova lei, contribuiu para dirimir os

conflitos.

A LC nº 116/03 revogou expressamente, o art. 12, do Decreto-Lei nº

406/68, modificando o âmbito espacial da incidência do ISSQN, adotando um critério

misto, podendo o imposto ser devido no local do estabelecimento prestador ou, na

falta do estabelecimento, no local do domicilio do prestador e para os casos

expressamente previstos, em seu art. 3º, o imposto será devido no local da

prestação do serviço, ou no local do estabelecimento do tomador ou do

intermediário.

Assim, a LC nº 116/03 manteve a regra geral de que o serviço considera-

se prestado e o imposto devido no local do estabelecimento prestador ou, na falta do

estabelecimento, no local do domicilio do prestador, no entanto, ampliou o universo

dos serviços, em que a incidência do imposto não obedecerá à regra geral,

devendo-se observar atentamente as hipóteses previstas nos incisos I a XXII do art.

3º, da LC nº 116/03.

Entre os incisos referidos, identifica-se que os serviços de construção

civil, como também, de exploração de rodovias, que pelo antigo Decreto-Lei nº

406/68, foram prestigiados pelo princípio da territorialidade (local da prestação),

tiveram o seu regramento mantido, haja vista que esses serviços encontram-se entre

os casos que excepcionam a regra, estando enquadrados nos incisos III, IV, V

(construção civil) e § 2º (exploração de rodovias), do art. 3º, da LC nº116/03.

Muitas outras atividades constantes da lista de serviços, também tiveram

o aspecto espacial da hipótese de incidência do ISSQN, em conformidade com o

principio da territorialidade, verificando-se que a LC nº 116/03 prestigiou bem mais o

princípio constitucional.

Em suma:

25

Dentre os serviços constantes da lista que terão a incidência no local da

prestação, encontram-se os enquadrados nos itens 3.04 (na parte correspondente

ao território), 3.05, 7.02, 7.04, 7.05, 7.09, 7.10, 7.11, 7.12, 7.16, 7.17, 7.18, 7.19,

11.01, 11.02, 11.04, 12.01 a 12.12, 12.14 a 12.17, 16.01, 17.10, 20.01 a 20.03 e

22.01 (na parte correspondente ao território).

Há também, os serviços que terão incidência no local onde estiver o

estabelecimento do tomador ou, na falta deste, no domicílio do tomador, que é o

serviço constante do item 17.05 (fornecimento de mão-de-obra), e os serviços

provenientes do exterior do País, ou cuja prestação se tenha iniciado no exterior do

País, sendo que neste caso específico, também é considerado o local do

estabelecimento ou domicílio do intermediário do serviço.

Para os demais serviços a incidência obedecerá a regra geral que é o

local do estabelecimento prestador.

Não houve radical mudança nos preceitos legais, face a manutenção do

local do estabelecimento prestador, ou do local do domicilio do prestador, de

maneira que continua a questão a respeito da constitucionalidade do preceito,

inquirindo-se se será mantida a diretriz jurisprudencial, anteriormente fixada,

relativamente ao principio da territorialidade, como elemento consagrador do local da

prestação do serviço. É válido supor que este impasse ficará para o STF solucionar.

Por outro prisma, a nova lei, nesse tópico, trouxe um aspecto positivo,

pois conceitua legalmente o que entende por “estabelecimento prestador”, dispondo

no art. 4º que, “considera-se estabelecimento prestador o local onde o contribuinte

desenvolva a atividade de prestar serviços, de modo permanente ou temporário, e

que configure unidade econômica ou profissional, sendo irrelevante para caracteriza-

lo as denominações de sede, filial, agencia, posto de atendimento, sucursal,

escritório de representação ou contato ou quaisquer outras que venham a ser

utilizadas.”

26

CAPÍTULO V – ASPECTO TEMPORAL

5.1 Aspecto Temporal da Hipótese de Incidência Tributária

Há a necessidade de que a norma tributária revele o momento em que se

dá por ocorrido o fato gerador, abrindo-se aos sujeitos da relação o exato

conhecimento da existência de seus direitos e de suas obrigações.

Geraldo Ataliba25 discorre sobre o assunto de maneira detalhada:

“Define-se o aspecto temporal da h. i. como a propriedade que esta tem

de designar (explícita ou implicitamente) o momento em que se deve reputar

consumado (acontecimento, realizado) um fato imponível.

Os modos mediante os quais o legislador se expressa são os mais

variados. Isto é relevante, para fins de exata apuração da lei aplicável (questões de

vigência e eficácia da lei), da observância da irretroatividade (art. 150, III, “a”) e

anterioridade (art. 150, III, “b”), além da contagem dos prazos de decadência e

prescrição.

(...)

Enfim, é o legislador que discricionariamente estabelece o momento que

deve ser levado em consideração para se reputar consumado um fato imponível. E

esta indicação legislativa (que pode ser, repita-se, explícita ou implícita) recebe a

designação de aspecto temporal da h.i.

Se o legislador se omitir, estará implicitamente dispondo que o momento a

ser considerado é aquele em que o fato material descrito ocorre (acontece). Deve-se

entender, pois, que sempre há aspecto temporal da h.i. Este é, em todos os casos,

disposto pelo legislador, ainda que nem sempre explicitamente.

25 Geraldo Ataliba, Hipótese de Incidência Tributária, p. 94-95.

27

Há um limite constitucional intransponível à discrição do legislador, na

fixação do aspecto temporal: não pode ser anterior à consumação (completo

acontecimento) do fato. Isto violaria o princípio da irretroatividade da lei (art. 150, III,

“a”). Daí a inconstitucionalidade das antecipações de tributos (algumas vezes

camufladas sob a capa da substituição tributária).”

O critério temporal da hipótese tributária representa o grupo de

indicações, contidas na regra, e que nos oferecem elementos para saber, com

exatidão, em que preciso instante acontece o fato descrito, passando a existir a

ligação jurídica que amarra o devedor e o credor, em função do pagamento de certa

prestação pecuniária.26

5.2 Aspecto Temporal da Hipótese de Incidência do ISSQN

De acordo com disposto no § 1º, do art. 113, do CTN, o nascimento da

obrigação tributária principal se dá com a ocorrência do fato gerador.

Conforme discorrido anteriormente, em se tratando de ISSQN, somente

com a efetiva realização dos serviços é que ocorre o respectivo fato gerador

tributário.

Assim, para a exigência do ISSQN, é indispensável a constatação do

respectivo fato gerador, tornando-se de essencial importância o momento desta

exteriorização, ou seja, a verificação no mundo fático.

A determinação do momento da exteriorização do ISSQN, nem sempre é

simples, a iniciar pelo fato de que este imposto é decorrente da venda de bens

imateriais, ou seja, não visíveis. Ocorre ainda, que o fato gerador do ISSQN pode

acontecer instantaneamente, configurando uma única prestação, como no caso, por

exemplo, de serviços de datilografia, de lavanderia, como também, pode ocorrer

demoradamente, dependendo de penoso e lento processo para se consumar, como

26 Paulo de Barros Carvalho, Curso de Direito Tributário, p. 258-259.

28

no caso de execução de obras de construção civil, que pode se prolongar por meses

ou anos.

Nessas condições, prescreve o art. 116, I, do CTN, in verbis:

“Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considera-se ocorrido o

fato gerador e existentes os seus efeitos:

I – tratando-se de situação de fato, desde o momento em que se

verifiquem as circunstancias materiais necessárias a que produza os efeitos que

normalmente lhe são próprios;”

Em relação ao ISSQN a exteriorização de seu fato gerador opera-se no

momento em que, na prática, sejam verificadas certas circunstâncias materiais

acusadoras dos efeitos de quem prestou serviços para terceiros ou de quem

recebeu serviços de terceiros. 27

Verifica-se que o art. 116, do Código Tributário Nacional, acima transcrito,

contém a ressalva “salvo disposição de lei em contrário”, admitindo, assim, que o

legislador ordinário determine uma data ou um momento como forma de

exteriorização do fato gerador do ISSQN.

Assim, nas hipóteses de serviços cuja prestação é complexa, deve o

legislador ordinário estabelecer claramente o momento em que se considera

efetivamente prestado o serviço. Não pode o legislador municipal deixar de lado o

principio jurídico de que o fato gerador do ISSQN não se refere a todo o exercício,

mas, sim, a efetiva prestação de serviços. 28

Portanto, a exteriorização do fato gerador do ISSQN (aspecto temporal), é

um problema complexo, que depende da natureza da atividade e da conduta do

legislador.

27 Bernardo Ribeiro de Moraes, Doutrina e Prática do Imposto sobre Serviços, p. 501. 28 Ibid., mesma página.

29

Nos casos de serviços instantâneos, o fato gerador de concretiza após a

efetiva prestação de serviço. Para os casos de execução continuada, compete à

legislação tributária optar por um momento como o de concretização do fato gerador

do ISSQN, podendo a legislação municipal optar por aguardar a prestação integral

do serviço ou admitir a concretização do mesmo por etapas, sem prejuízo do

contribuinte. 29

Convém destacar que não se há de confundir o momento da consumação

do serviço com o momento do pagamento do preço do serviço, uma vez que o

imposto é devido pela prestação do serviço. Ocorrida efetivamente a prestação,

nasce a obrigação tributária, sendo devido o imposto, independentemente de haver

ou não ocorrido o pagamento, pelos serviços realizados.

29 Ibid., p. 502.

30

CAPÍTULO VI - ASPECTO PESSOAL

6.1 Aspecto Pessoal da Hipótese de Incidência Tributária

O aspecto pessoal, ou subjetivo, é o atributo da hipótese de incidência

tributária que determina o sujeito ativo da obrigação tributária e estabelece os

critérios para determinação do sujeito passivo, que o fato gerador fará nascer.

Portanto, o aspecto pessoal abrange duas figuras, que são: o sujeito ativo

e o sujeito passivo.

6.2 Sujeito Ativo da Hipótese de Incidência Tributária

Estabelece o art. 119, do CTN, in verbis:

“Art. 119. Sujeito ativo da obrigação é a pessoa jurídica de direito público

titular da competência para exigir o seu cumprimento.”

Apesar da disposição legal, divergem os juristas na determinação do

sujeito ativo.

Para alguns como Geraldo Ataliba30 e Paulo de Barros Carvalho31, a

posição de sujeito ativo pode ser ocupada por pessoas jurídicas de direito público ou

privado, desde que exercitem funções de interesse para o desenvolvimento de

finalidades públicas.

Geraldo Ataliba ressalta que em regra, é a pessoa constitucional titular da

competência tributária (União, Estados, Distrito Federal e Municípios). Se,

entretanto, a lei atribuir a titularidade da exigência tributária a outra pessoa que não

30 Hipótese de Incidência Tributária, p. 84-85. 31 Curso de Direito Tributário, p. 294.

31

a competente para instituí-la, p. ex., INSS, DNER, OAB, CONFEA. CEF, SENAI,

SESC, SENAC, deverá designá-la explicitamente.

Indo mais longe, Paulo de Barros Carvalho sustenta a possibilidade

jurídica de uma pessoa física vir a ser sujeito ativo de obrigação tributária.

Para outros como Hugo de Brito Machado32 e Vittorio Cassone33, o art.

119, do CTN é cristalino, ao expressar claramente quem pode ocupar a posição de

sujeito ativo.

Defende Hugo que não sendo conforme determina o CTN, o mesmo

estaria revogado ou seria inconstitucional, não havendo que confundir a condição de

sujeito ativo com a de destinatário do produto da arrecadação ou fiscalização de

tributos, ou da execução de leis, serviços, atos ou decisões administrativas em

matéria tributária. Essas atribuições podem ser conferidas por uma pessoa jurídica

de direito publico a outra, mas não implica transferência da condição de sujeito ativo.

Às pessoas jurídicas de direito privado apenas podem ser atribuídas as funções ou

encargos de arrecadar, o que não constitui delegação de competência tributária

(CTN, art. 7º, § 3º), como é o caso da arrecadação de tributos realizada pelas

instituições financeiras.

Nesse contexto, verifica-se que o art. 119 deve ser interpretado em

consonância com os artigos 6º e 7º, todos do CTN. Assim, considerando que

“competência para exigir o cumprimento da obrigação tributária” significa

“competência para exigir o adimplemento da obrigação tributária”, permite-se

concluir, conseqüentemente, que significa ter competência para promover a

execução fiscal, que é o instrumento posto pela ordem jurídica à disposição do

sujeito ativo em busca do adimplemento da obrigação tributária.

Desta forma, visto que a competência tributária é indelegável, salvo a

atribuição das funções de arrecadar ou fiscalizar tributos, e sendo que, a execução

32 Curso de Direito Tributário, p. 119. 33 Direito Tributário, p. 148.

32

fiscal não se encontra inserida no âmbito dessas funções, portanto, permanecendo

indelegável, pode-se concluir que a pessoa que tem a competência para exigir o

cumprimento de uma obrigação tributária somente pode ser a mesma pessoa que

possui a competência para instituí-la. Desta feita, somente poderia ocupar a posição

de sujeito ativo as pessoas jurídicas de direito público, dotadas com capacidade

constitucional para legislar sobre o tributo, bem como, em instituí-lo.

6.3 Sujeito Ativo da Hipótese de Incidência do ISSQN

Consoante dispõe o art. 156, III, da Constituição Federal, a competência

para instituir o Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza, não compreendidos

no art. 155, II, e definidos em lei complementar, foi outorgada aos Municípios.

Sendo assim, depreende-se que o sujeito ativo do ISSQN é o Município,

ou o Distrito Federal, ou ainda, a União em Territórios Federais em que não for

dividido em Municípios (CF, art. 147).

6.4 Sujeito Passivo da Hipótese de Incidência Tributária

Sujeito passivo é o devedor da obrigação tributária. É a pessoa natural ou

jurídica obrigada ao cumprimento da obrigação tributária.

No dizer de Paulo de Barros Carvalho: 34

“A Constituição não aponta quem deva ser o sujeito passivo das exações

cuja competência legislativa faculta às pessoas políticas. Invariavelmente, o

constituinte se reporta a um evento (operações relativas a circulação de

mercadorias; transmissão de bens imóveis; importação; exportação; serviços de

qualquer natureza etc.) ou a bens (produtos industrializados; propriedade territorial

rural; propriedade predial e territorial urbana etc.), deixando a cargo do legislador

ordinário não só estabelecer o desenho estrutural da hipótese normativa, que deverá 34 Ibid., p. 315.

33

girar em torno daquela referencia constitucional, mas, além disso, escolher o sujeito

que arcará com o peso da incidência fiscal, fazendo as vezes de devedor da

prestação tributária.”

Nestas circunstâncias, estabelece o parágrafo único, do art. 121, do CTN,

que o sujeito passivo da obrigação principal denomina-se:

“I – contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação

que constitua o respectivo fato gerador;

II – responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua

obrigação decorra de disposição expressa de lei.”

O legislador, ao estruturar a norma jurídica, escolhe livremente o sujeito

passivo da relação jurídica tributária, que tanto pode ser a pessoa que esteja ligada

diretamente à hipótese de incidência ou outra, ligada indiretamente, ou seja, que

tenha alguma relação com a referida hipótese. Não é ele obrigado a escolher

somente a pessoa que tenha ligação direta com o fato gerador do imposto

(contribuinte). Pode escolher outra pessoa como sujeito passivo (devedor), na

qualidade de substituto legal tributário, desde que essa pessoa esteja ligada

indiretamente ao fato gerador do imposto, ou ao contribuinte, e que fique com o

direito de reembolso ou de retenção do valor do imposto contra o contribuinte.35

Assim sendo, contribuinte é a pessoa que provoca, desencadeia ou

produz a materialidade da hipótese de incidência tributária, devendo suportar a

carga tributária. De outra parte, quando o recolhimento do tributo é exigido de

pessoa diversa daquela que praticou o fato imponível, tem-se o responsável

tributário.

6.5 Sujeito Passivo da Hipótese de Incidência do ISSQN

35 Bernardo Ribeiro de Moraes, Doutrina e Prática do Imposto sobre Serviços, p. 438.

34

Em relação ao ISSQN, o sujeito passivo da relação jurídica é sempre uma

pessoa ligada, direta ou indiretamente, ao fato gerador do tributo. Tanto pode ser o

contribuinte, pessoa ligada diretamente ao fato gerador do ISSQN (devedor de

divida própria), como o responsável, pessoa que se acha ligada ao fato gerador do

ISSQN indiretamente (devedor de divida alheia).36

Observando-se a disposição de fato gerador determinado pelo art. 1º, da

LC nº 116/03, juntamente com a definição de contribuinte, que é o prestador do

serviço, estabelecido pelo art. 5º, do mesmo diploma legal, tem-se que, no ISSQN, o

contribuinte é a pessoa, física ou jurídica, que prestar os serviços constantes da lista

anexa à referida lei. Quem presta serviços, nas condições estabelecidas na lei

tributária específica, concretiza diretamente o fato imponível do ISSQN, investindo-

se, por imposição legal, na obrigação de pagar o respectivo imposto.

Verificou-se que a carga tributária também pode ser exigida de pessoa

diversa da que praticou o fato imponível do ISSQN, ou seja, do responsável

tributário.

Desta forma, a par do disposto nos artigos 121, parágrafo único, II e 128,

do CTN, foi estabelecido pela LC nº 116/03, em seu art. 6º, “caput”, o que segue:

“Art. 6º Os Municípios e o Distrito Federal, mediante lei, poderão atribuir

de modo expresso a responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa,

vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação, excluindo a responsabilidade do

contribuinte ou atribuindo-a a este em caráter supletivo do cumprimento total ou

parcial da referida obrigação, inclusive no que se refere à multa e aos acréscimos

legais.”

Com efeito, a sujeição passiva do ISSQN, pela nova disciplina,

sedimentou a figura do responsável tributário.

36 Ibid., p. 439.

35

Conforme visto, anteriormente, o art. 2º, II, da LC nº 116/03 exclui

expressamente algumas categorias de pessoas físicas da incidência do imposto,

dispondo que “o imposto não incide sobre a prestação de serviços em relação de

emprego, dos trabalhadores avulsos, dos diretores e membros do conselho

consultivo ou de conselho fiscal de sociedades e fundações, bem como dos sócios-

gerentes e dos gerentes-delegados”. Desta forma, conclui-se que estas pessoas não

se enquadram como contribuinte do imposto.

No entanto, a nova disciplina estabeleceu no § 2º, I, do art. 6º, que são

responsáveis “o tomador ou intermediário de serviço proveniente do exterior do País

ou cuja prestação tenha iniciado no exterior do País”, sendo que não limitou o

“tomador ou intermediário” à pessoa jurídica, de maneira que se inclui também a

pessoa física.

Portanto, as pessoas físicas, acima referidas, excluídas de serem

contribuintes (empregados, trabalhadores avulsos, gerentes...), não fogem à

sujeição passiva, pois podem, nesse caso, serem enquadradas na figura de

responsável tributário.

Convém lembrar que antes mesmo da publicação da LC nº 116/03, muitos

Municípios, com fundamento no art. 128, do CTN, já haviam instituído a figura do

responsável tributário, atribuindo aos tomadores de serviços o dever de fazer a

retenção e recolhimento do ISSQN.

36

CAPÍTULO VII – ASPECTO QUANTITATIVO

7.1 Aspecto Quantitativo da Hipótese de Incidência Tributária

O aspecto material da hipótese de incidência tributária é sempre

mensurável. A coisa posta na materialidade da hipótese de incidência é sempre

passível de medição. 37

A exata quantia devida a título de tributo é o que se denomina critério

quantitativo. A determinação do objeto prestacional, isto é, do valor que o sujeito

ativo pode exigir e que o sujeito passivo deve pagar reveste o chamado aspecto

quantitativo. Há de vir sempre explícito pela conjugação de duas entidades: base de

cálculo e alíquota. 38

A base de cálculo deve dimensionar a intensidade do comportamento

inserto no núcleo do fato imponível. Tem a função de confirmar, infirmar ou afirmar o

aspecto material da hipótese tributária, como também, medir as proporções reais do

fato e compor a específica determinação da dívida. 39

Na lição de Paulo de Barros Carvalho, 40 “uma das funções da base de

cálculo é medir a intensidade do núcleo factual descrito pelo legislador. Para tanto,

recebe a complementação de outro elemento que é a alíquota, e da combinação de

ambos resulta a definição do debitum tributário. Sendo a base de cálculo uma

exigência constitucionalmente obrigatória, a alíquota que com ela se conjuga, ganha,

também, foros de entidade indispensável. Carece de sentido a existência isolada de

uma ou de outra”.

37 Geraldo Ataliba, Hipótese de Incidência Tributária, p. 109. 38 Paulo de Barros Carvalho, Curso de Direito Tributário, p. 321-322. 39 Paulo de Barros Carvalho, Curso de Direito Tributário , p. 324-325. 40 Ibid., p. 322.

37

Etimologicamente, alíquota significa parte, parcela, por isso a doutrina

costuma considerá-la como a quota ou fração da base de cálculo, que o Estado

chama para si.

Bernardo Ribeiro de Moraes,41 lembra que se o imposto não for do tipo

variável, mas, sim, fixo, não haverá a alíquota e a base de cálculo, competindo ao

legislador fixar de antemão o quantum da obrigação tributária.

No mesmo sentido, corrobora essa idéia Hugo de Brito Machado, 42

expondo que “sendo o imposto fixo, é impróprio falar-se de alíquota e de base de

cálculo, pois não há o que calcular”.

7.2 Base de Cálculo da Hipótese de Incidência do ISSQN

A base de cálculo de qualquer imposto deve ser definida por Lei

Complementar, de acordo com o disposto na Constituição Federal (art. 146, III, “a”).

Portanto, somente a Lei Complementar pode definir a base cálculo do

ISSQN, sendo que a fixação da base de cálculo e da alíquota do ISSQN, deve ainda

ser especificada na lei ordinária municipal, conforme estabelece o art. 97, IV, do

CTN. Não pode, logicamente, a legislação tributária municipal deixar de observar a

base de cálculo pré-fixada pela Lei Complementar.

A Lei Complementar nº 116/03, reproduziu a mesma regra constante do

art. 9º, “caput”, do Decreto-Lei nº 406/68, em seu art. 7º, “caput”, a saber:

“Art. 7º A base de cálculo do imposto é o preço do serviço.”

A base de cálculo deve mensurar o fato “prestar serviço”. A expressão

“preço”, significa, no caso, a remuneração pela prestação de serviços, ou seja, é o

41 Ibid., p. 509. 42 Hugo de Brito Machado, Curso de Direito Tributário, p. 354.

38

numero de unidades monetárias que se paga para adquirir um bem imaterial: o

serviço.

O preço do serviço é a expressão monetária do valor auferido, pela

contraprestação relativa ao fornecimento do trabalho (serviço). Na prestação de

serviços, o bem imaterial e a respectiva remuneração estão ligados entre si por uma

relação de causa e efeito. Quem presta o serviço tem o direito de receber, de

outrem, o devido preço, denominado preço do serviço.

Convém citar Bernardo Ribeiro de Moraes43 que diz que “o legislador

utiliza a expressão ‘preço do serviço’, sem qualquer outro adjetivo e silenciando

quanto a deduções permitidas. Evidentemente o legislador está dispondo sobre o

preço bruto (sem dedução de qualquer parcela, mesmo a título de carreto ou

imposto), e não o líquido. O preço do serviço vem a ser, desta forma, a receita bruta

que lhe corresponda, auferida pelo prestador do bem imaterial”.

O preço do serviço alcança o valor auferido pela venda econômica do

bem imaterial, abrangendo tanto as entradas de valor imediatas (entradas em

dinheiro) como as diferidas (entradas como direito de receber posteriormente), de

maneira que o prestador pode não receber, no momento, o preço de seu serviço,

mas nem por isso o preço deixou de existir.44

Em um primeiro instante, não ofereceria nenhuma dificuldade para ser

apurado o preço do serviço. Entretanto, nem todos os valores auferidos pelo

prestador de serviço devem ser considerados para a quantificação do imposto.

A expressão “bruta” aplicada à receita abrange tão-somente as entradas

provenientes do preço do serviço, não qualquer outra entrada financeira.

Desta forma, “o preço do serviço não se confunde com faturamento ou

com entradas financeiras. No preço do serviço estão incluídos vários elementos,

43 Doutrina e Prática do Imposto Sobre Serviços, p. 519. 44 Ibid., p. 518-519.

39

como o custo do serviço, o lucro, frete, impostos devidos, despesas operacionais

etc. As entradas financeiras dizem respeito a valores que ingressam no caixa da

empresa, podendo se referir a receitas de aplicações financeiras, de alugueis etc. As

receitas financeiras e de alugueis não se incluem no preço do serviço, por não se

confundirem com este ultimo, pois estão incluídas na receita bruta da empresa.

Outras receitas que não decorrentes da prestação de serviços não são tributadas

pelo ISS”.45

Em regra não se admite qualquer dedução no preço do serviço, entretanto

no conceito de preço bruto do serviço deve ser ponderado que em havendo

descontos ou abatimentos, estes valores se forem concedidos sem qualquer

condição, ou seja, sem subordinação a qualquer evento, deverão ser excluídos da

base de cálculo, porque caracterizam um preço menor contratado, existindo

diminuição do preço dos serviços, e conseqüente redução da base de cálculo.

Assim, o preço efetivamente cobrado no momento da ocorrência do fato gerador é

que deverá servir como base de cálculo do ISSQN.

Por outro lado, os descontos ou abatimentos que estiverem

condicionados a evento futuro e incerto não poderão ser excluídos da base de

cálculo, uma vez que, neste caso, o fato gerador do imposto já ocorreu, sendo esses

descontos, na verdade, descontos financeiros, dados pela mera liberalidade do

prestador de serviços.

A regra geral estipulada pela LC nº 116/03, admitiu exceções, permitindo

deduções de certas parcelas, conforme se depreende do inciso I, § 2º, do art. 7º:

“Art. 7º (...)

§ 2º Não se incluem na base de cálculo do Imposto Sobre Serviços de

Qualquer Natureza:

45 Sergio Pinto Martins, Manual do ISS, p. 196.

40

I – o valor dos materiais fornecidos pelo prestador dos serviços previstos

nos itens 7.02 e 7.05 da lista de serviços anexa a esta Lei Complementar”

As atividades contempladas (itens 7.02 e 7.05) referem-se aos serviços

relacionados à construção civil, cujas parcelas dedutíveis também eram previstas no

antigo Decreto-Lei nº 406/68, em seu art. 9º, § 2º, “a”.

A atual lei não previu expressamente sobre a base de cálculo do ISSQN

em relação ao trabalho pessoal do próprio contribuinte - prevista anteriormente no §

1º do art. 9º do Decreto-Lei nº 406/68, por alíquotas fixas ou variáveis, como

também, em relação às sociedades de profissionais, prevista no § 3º, do art. 9º, do

Decreto-Lei nº 406/68.

Este fato, desde a publicação da nova disciplina, tem gerado grandes

controvérsias entre os mais respeitáveis juristas, haja vista que, não tendo sido o art.

9º do Decreto-Lei nº 406/68, objeto de revogação pelo legislador complementar (art.

10, da LC nº 116/03), tornou-se duvidosa a manutenção ou não do benefício, em

especial, por ter havido a revogação expressa de outros comandos legais (Decreto-

Lei nº 834/69 e LC nº 56/87), que atingem o § 3º, do art. 9º, do Decreto-Lei nº

406/68.

Assim, o ponto crucial das divergências referem-se às sociedades de

profissionais, ou seja, se estas continuam ou não tendo tratamento diferenciado

quanto à base de cálculo.

A discussão está prestes a terminar, tendo em vista que se encontra

tramitando o Projeto de Lei nº 183/2001,46 no qual se verifica a modificação do art. 7º

da LC nº 116/03, havendo a inclusão das sociedades de profissionais, tributadas

com base de cálculo diferenciada.

46 art. 1º, do Projeto de lei 183/2001 – vide anexo II.

41

7.3 A Alíquota da Hipótese de Incidência do ISSQN

O texto constitucional, com as modificações trazidas pela Emenda

Constitucional nº 37/2002, institui que cabe a lei complementar, em relação ao

ISSQN, fixar as suas alíquotas máximas e mínimas (art. 156, § 3º, I).

Referida EC 37/2002 acrescentou ao Ato das Disposições Constitucionais

Transitórias, o art. 88, que em seu inciso I, dispõe que:

“Art. 88. Enquanto lei complementar não disciplinar o disposto nos incisos

I e III do § 3º do art. 156 da Constituição federal, o imposto a que se refere o inciso

III do caput do mesmo artigo:

I – terá a alíquota mínima de dois por cento, exceto para os serviços a

que se refere os itens 32, 33 e 34 da Lista de Serviços anexa ao Decreto-lei 406, de

31 de dezembro de 1968;” ( acrescentado pela emenda nº 37/2002)

O ISSQN é um imposto que possui diversidade de alíquotas, cada qual

aplicável a determinada atividade. As alíquotas mínimas foram estabelecidas pela

norma constitucional com o objetivo de evitar a “guerra fiscal” entre os Municípios.

Nessas condições, foi estabelecido pelo art. 8º, da LC nº 116/03, que a

alíquota máxima do ISSQN é de 5% (cinco por cento), entretanto, nada dispondo

sobre a alíquota mínima.

Nesse diapasão, permite-se concluir que os Municípios devem observar a

alíquota mínima de 2%, estabelecida pela EC nº 37/02, observadas as suas

exceções, bem como, a alíquota máxima de 5%, estabelecida pela LC nº 116/03.

Em síntese, via de regra, quando a base de cálculo for o preço do serviço,

as alíquotas do ISSQN devem variar entre o limite mínimo de 2% (dois por cento) ao

limite máximo de 5% (cinco por cento). Quando a base de cálculo não for o preço do

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serviço, p. ex., nos casos de trabalho pessoal do próprio contribuinte, o ISSQN

poderá ser fixo e anual.

43

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A competência tributária dos Municípios para instituir o Imposto sobre

Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN), vem delimitada pelo art 156, III, da

Constituição Federal, que estabeleceu que os serviços tributáveis não compreendem

os da competência tributária estadual, bem como, devem estar definidos em lei

complementar.

As listas de serviços estabelecidas por lei complementar, sempre geraram

sérias polêmicas entre os tributaristas mais renomados. Sustentado uns o caráter

meramente exemplificativo da lista de serviços, respaldados no principio da

autonomia municipal, implícito na Constituição federal (art. 30), enquanto outros

asseveram o seu caráter taxativo, embasados na relatividade da autonomia

municipal, visto que, a própria Constituição limita, à lei complementar, as hipóteses

sujeitas ao ISSQN.

O STF manifestou-se no sentido de que a lista é taxativa, embora

admitindo a interpretação analógica. No novo regramento esta interpretação só é

cabível nos subitens encontrados, via de regra, com a expressão “e congêneres”.

A LC nº 116/03, em substituição às normas gerais do Imposto sobre

Serviços de Qualquer Natureza, contempladas pelo Decreto-Lei nº 406/68, alterou

praticamente todos os aspectos da hipótese de incidência do ISSQN. Em alguns

pontos, a nova lei é positiva, na medida em que atualiza a lista de serviços, já

desgastada pelo tempo, por meio da introdução de serviços que surgiram depois da

edição do Decreto-Lei nº 406/68. Noutros pontos, porém, ignora a própria

jurisprudência que se consolidou antes e depois da promulgação da atual

Constituição Federal a respeito dos aspectos essenciais do ISSQN.

Os aspectos da hipótese de incidência tributária do ISSQN são

classificados em: material, espacial, temporal, pessoal e quantitativo.

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O aspecto material da hipótese de incidência do ISSQN é a prestação dos

serviços, constantes na lista de serviços, anexa à lei complementar. É necessário

que haja a efetiva prestação e não apenas a sua potencialidade para que ocorra a

sua produção.

A LC nº 116/03 não reproduziu o teor do art. 8º, do Decreto-Lei nº 406/68,

no tocante a delimitação do contribuinte, em ser empresa ou profissional autônomo,

fato que possibilita concluir que não são mais essenciais para configurar a

materialidade do ISSQN, a habitualidade e o caráter lucrativo, implícitos na

conceituação de empresa, bem como, na de profissional autônomo.

Na competência outorgada pela Constituição Federal, verifica-se que o

sujeito ativo do ISSQN é o Município, ou, em conformidade com o art. 147, da

Constituição, o Distrito Federal, e ainda, a União em Territórios Federais em que não

for dividido em Municípios.

O sujeito passivo do ISSQN, comporta a figura do contribuinte e do

responsável tributário, identificados nos artigos 5º e 6º, da LC nº 116/03,

respectivamente.

A LC nº 116/03 modificou o âmbito espacial da incidência do ISSQN,

adotando um critério misto, podendo o imposto ser devido no local do

estabelecimento prestador, ou onde os serviços são prestados, ou ainda, no local do

estabelecimento do tomador, conforme os casos, previstos no art. 3º, da referida lei.

Manteve a regra de que o serviço considera-se prestado e o imposto devido no local

do estabelecimento, ou na falta do estabelecimento, no local do domicilio do

prestador, porém, ampliou o universo dos serviços, em que a incidência do imposto

não obedecerá à regra geral, de maneira que continua a questão a respeito da

constitucionalidade do preceito, face o princípio da territorialidade, consagrado na

jurisprudência.

O aspecto temporal do ISSQN, se concretiza, no momento em que se

materializa, se exterioriza no mundo fático a prestação do serviço. Portanto, no

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momento em que se efetua a prestação de serviço, se caracteriza o aspecto

temporal.

O aspecto quantitativo do ISSQN, é explicitado pela conjugação de dois

componentes: base de cálculo e alíquota.

A base de cálculo do ISSQN é o preço do serviço (art. 7º, da LC nº

116/03).

A alíquota, percentual fixado por lei ordinária municipal a ser aplicado

sobre a base de cálculo para obtenção do valor do imposto devido, pelo novo

regramento (art. 8º, II), deverá ser no máximo de 5% (cinco por cento), e pela

Emenda Constitucional nº 37/02, no mínimo de 2% (dois por cento).

A separação dos vários aspectos da hipótese de incidência tributária é

somente uma operação mental, lógica, para fins didáticos, pois a hipótese de

incidência possui um caráter unitário e indivisível. A integridade da hipótese de

incidência implica, necessariamente, a concomitância de todos os seus aspectos.

Todos os aspectos são igualmente importantes e indispensáveis à composição do

fato gerador e, conseqüentemente, ao surgimento da obrigação tributária. Na

ausência de qualquer um dos aspectos, não haverá ISSQN devido, por falta de

subsunção.

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ANEXO I

LEI COMPLEMENTAR Nº 116, DE 31 DE JULHO DE 2003

(D.O.U. 01/08/03)

Dispõe sobre o Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza, de competência dos Municípios e do Distrito Federal, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei Complementar:

Art. 1o O Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza, de competência dos Municípios e do Distrito Federal, tem como fato gerador a prestação de serviços constantes da lista anexa, ainda que esses não se constituam como atividade preponderante do prestador.

§ 1o O imposto incide também sobre o serviço proveniente do exterior do País ou cuja prestação se tenha iniciado no exterior do País.

§ 2o Ressalvadas as exceções expressas na lista anexa, os serviços nela mencionados não ficam sujeitos ao Imposto Sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação – ICMS, ainda que sua prestação envolva fornecimento de mercadorias.

§ 3o O imposto de que trata esta Lei Complementar incide ainda sobre os serviços prestados mediante a utilização de bens e serviços públicos explorados economicamente mediante autorização, permissão ou concessão, com o pagamento de tarifa, preço ou pedágio pelo usuário final do serviço.

§ 4o A incidência do imposto não depende da denominação dada ao serviço prestado.

Art. 2o O imposto não incide sobre:

I – as exportações de serviços para o exterior do País;

II – a prestação de serviços em relação de emprego, dos trabalhadores avulsos, dos diretores e membros de conselho consultivo ou de conselho fiscal de sociedades e fundações, bem como dos sócios-gerentes e dos gerentes-delegados;

III – o valor intermediado no mercado de títulos e valores mobiliários, o valor dos depósitos bancários, o principal, juros e acréscimos moratórios relativos a operações de crédito realizadas por instituições financeiras.

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Parágrafo único. Não se enquadram no disposto no inciso I os serviços desenvolvidos no Brasil, cujo resultado aqui se verifique, ainda que o pagamento seja feito por residente no exterior.

Art. 3o O serviço considera-se prestado e o imposto devido no local do estabelecimento prestador ou, na falta do estabelecimento, no local do domicílio do prestador, exceto nas hipóteses previstas nos incisos I a XXII, quando o imposto será devido no local:

I – do estabelecimento do tomador ou intermediário do serviço ou, na falta de estabelecimento, onde ele estiver domiciliado, na hipótese do § 1o do art. 1o desta Lei Complementar;

II – da instalação dos andaimes, palcos, coberturas e outras estruturas, no caso dos serviços descritos no subitem 3.05 da lista anexa;

III – da execução da obra, no caso dos serviços descritos no subitem 7.02 e 7.19 da lista anexa;

IV – da demolição, no caso dos serviços descritos no subitem 7.04 da lista anexa;

V – das edificações em geral, estradas, pontes, portos e congêneres, no caso dos serviços descritos no subitem 7.05 da lista anexa;

VI – da execução da varrição, coleta, remoção, incineração, tratamento, reciclagem, separação e destinação final de lixo, rejeitos e outros resíduos quaisquer, no caso dos serviços descritos no subitem 7.09 da lista anexa;

VII – da execução da limpeza, manutenção e conservação de vias e logradouros públicos, imóveis, chaminés, piscinas, parques, jardins e congêneres, no caso dos serviços descritos no subitem 7.10 da lista anexa;

VIII – da execução da decoração e jardinagem, do corte e poda de árvores, no caso dos serviços descritos no subitem 7.11 da lista anexa;

IX – do controle e tratamento do efluente de qualquer natureza e de agentes físicos, químicos e biológicos, no caso dos serviços descritos no subitem 7.12 da lista anexa;

X – (VETADO)

XI – (VETADO)

XII – do florestamento, reflorestamento, semeadura, adubação e congêneres, no caso dos serviços descritos no subitem 7.16 da lista anexa;

XIII – da execução dos serviços de escoramento, contenção de encostas e congêneres, no caso dos serviços descritos no subitem 7.17 da lista anexa;

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XIV – da limpeza e dragagem, no caso dos serviços descritos no subitem 7.18 da lista anexa;

XV – onde o bem estiver guardado ou estacionado, no caso dos serviços descritos no subitem 11.01 da lista anexa;

XVI – dos bens ou do domicílio das pessoas vigiados, segurados ou monitorados, no caso dos serviços descritos no subitem 11.02 da lista anexa;

XVII – do armazenamento, depósito, carga, descarga, arrumação e guarda do bem, no caso dos serviços descritos no subitem 11.04 da lista anexa;

XVIII – da execução dos serviços de diversão, lazer, entretenimento e congêneres, no caso dos serviços descritos nos subitens do item 12, exceto o 12.13, da lista anexa;

XIX – do Município onde está sendo executado o transporte, no caso dos serviços descritos pelo subitem 16.01 da lista anexa;

XX – do estabelecimento do tomador da mão-de-obra ou, na falta de estabelecimento, onde ele estiver domiciliado, no caso dos serviços descritos pelo subitem 17.05 da lista anexa;

XXI – da feira, exposição, congresso ou congênere a que se referir o planejamento, organização e administração, no caso dos serviços descritos pelo subitem 17.10 da lista anexa;

XXII – do porto, aeroporto, ferroporto, terminal rodoviário, ferroviário ou metroviário, no caso dos serviços descritos pelo item 20 da lista anexa.

§ 1o No caso dos serviços a que se refere o subitem 3.04 da lista anexa, considera-se ocorrido o fato gerador e devido o imposto em cada Município em cujo território haja extensão de ferrovia, rodovia, postes, cabos, dutos e condutos de qualquer natureza, objetos de locação, sublocação, arrendamento, direito de passagem ou permissão de uso, compartilhado ou não.

§ 2o No caso dos serviços a que se refere o subitem 22.01 da lista anexa, considera-se ocorrido o fato gerador e devido o imposto em cada Município em cujo território haja extensão de rodovia explorada.

§ 3o Considera-se ocorrido o fato gerador do imposto no local do estabelecimento prestador nos serviços executados em águas marítimas, excetuados os serviços descritos no subitem 20.01.

Art. 4o Considera-se estabelecimento prestador o local onde o contribuinte desenvolva a atividade de prestar serviços, de modo permanente ou temporário, e que configure unidade econômica ou profissional, sendo irrelevantes para caracterizá-lo as denominações de sede, filial, agência, posto de atendimento,

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sucursal, escritório de representação ou contato ou quaisquer outras que venham a ser utilizadas.

Art. 5o Contribuinte é o prestador do serviço.

Art. 6o Os Municípios e o Distrito Federal, mediante lei, poderão atribuir de modo expresso a responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa, vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação, excluindo a responsabilidade do contribuinte ou atribuindo-a a este em caráter supletivo do cumprimento total ou parcial da referida obrigação, inclusive no que se refere à multa e aos acréscimos legais.

§ 1o Os responsáveis a que se refere este artigo estão obrigados ao recolhimento integral do imposto devido, multa e acréscimos legais, independentemente de ter sido efetuada sua retenção na fonte.

§ 2o Sem prejuízo do disposto no caput e no § 1o deste artigo, são responsáveis:

I – o tomador ou intermediário de serviço proveniente do exterior do País ou cuja prestação se tenha iniciado no exterior do País;

II – a pessoa jurídica, ainda que imune ou isenta, tomadora ou intermediária dos serviços descritos nos subitens 3.05, 7.02, 7.04, 7.05, 7.09, 7.10, 7.12, 7.14, 7.15, 7.16, 7.17, 7.19, 11.02, 17.05 e 17.10 da lista anexa.

Art. 7o A base de cálculo do imposto é o preço do serviço.

§ 1o Quando os serviços descritos pelo subitem 3.04 da lista anexa forem prestados no território de mais de um Município, a base de cálculo será proporcional, conforme o caso, à extensão da ferrovia, rodovia, dutos e condutos de qualquer natureza, cabos de qualquer natureza, ou ao número de postes, existentes em cada Município.

§ 2o Não se incluem na base de cálculo do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza:

I - o valor dos materiais fornecidos pelo prestador dos serviços previstos nos itens 7.02 e 7.05 da lista de serviços anexa a esta Lei Complementar;

II - (VETADO)

§ 3o (VETADO)

Art. 8o As alíquotas máximas do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza são as seguintes:

I – (VETADO)

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II – demais serviços, 5% (cinco por cento).

Art. 9o Esta Lei Complementar entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 10. Ficam revogados os arts. 8o, 10, 11 e 12 do Decreto-Lei no 406, de 31 de dezembro de 1968; os incisos III, IV, V e VII do art. 3o do Decreto-Lei no 834, de 8 de setembro de 1969; a Lei Complementar no 22, de 9 de dezembro de 1974; a Lei no 7.192, de 5 de junho de 1984; a Lei Complementar no 56, de 15 de dezembro de 1987; e a Lei Complementar no 100, de 22 de dezembro de 1999.

Brasília, 31 de julho de 2003; 182o da Independência e 115o da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

Antonio Palocci Filho

Lista de serviços anexa à Lei Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003.

1 – Serviços de informática e congêneres.

1.01 – Análise e desenvolvimento de sistemas.

1.02 – Programação.

1.03 – Processamento de dados e congêneres.

1.04 – Elaboração de programas de computadores, inclusive de jogos eletrônicos.

1.05 – Licenciamento ou cessão de direito de uso de programas de computação.

1.06 – Assessoria e consultoria em informática.

1.07 – Suporte técnico em informática, inclusive instalação, configuração e manutenção de programas de computação e bancos de dados.

1.08 – Planejamento, confecção, manutenção e atualização de páginas eletrônicas.

2 – Serviços de pesquisas e desenvolvimento de qualquer natureza.

2.01 – Serviços de pesquisas e desenvolvimento de qualquer natureza.

3 – Serviços prestados mediante locação, cessão de direito de uso e congêneres.

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3.01 – (VETADO)

3.02 – Cessão de direito de uso de marcas e de sinais de propaganda.

3.03 – Exploração de salões de festas, centro de convenções, escritórios virtuais, stands, quadras esportivas, estádios, ginásios, auditórios, casas de espetáculos, parques de diversões, canchas e congêneres, para realização de eventos ou negócios de qualquer natureza.

3.04 – Locação, sublocação, arrendamento, direito de passagem ou permissão de uso, compartilhado ou não, de ferrovia, rodovia, postes, cabos, dutos e condutos de qualquer natureza.

3.05 – Cessão de andaimes, palcos, coberturas e outras estruturas de uso temporário.

4 – Serviços de saúde, assistência médica e congêneres.

4.01 – Medicina e biomedicina.

4.02 – Análises clínicas, patologia, eletricidade médica, radioterapia, quimioterapia, ultra-sonografia, ressonância magnética, radiologia, tomografia e congêneres.

4.03 – Hospitais, clínicas, laboratórios, sanatórios, manicômios, casas de saúde, prontos-socorros, ambulatórios e congêneres.

4.04 – Instrumentação cirúrgica.

4.05 – Acupuntura.

4.06 – Enfermagem, inclusive serviços auxiliares.

4.07 – Serviços farmacêuticos.

4.08 – Terapia ocupacional, fisioterapia e fonoaudiologia.

4.09 – Terapias de qualquer espécie destinadas ao tratamento físico, orgânico e mental.

4.10 – Nutrição.

4.11 – Obstetrícia.

4.12 – Odontologia.

4.13 – Ortóptica.

4.14 – Próteses sob encomenda.

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4.15 – Psicanálise.

4.16 – Psicologia.

4.17 – Casas de repouso e de recuperação, creches, asilos e congêneres.

4.18 – Inseminação artificial, fertilização in vitro e congêneres.

4.19 – Bancos de sangue, leite, pele, olhos, óvulos, sêmen e congêneres.

4.20 – Coleta de sangue, leite, tecidos, sêmen, órgãos e materiais biológicos de qualquer espécie.

4.21 – Unidade de atendimento, assistência ou tratamento móvel e congêneres.

4.22 – Planos de medicina de grupo ou individual e convênios para prestação de assistência médica, hospitalar, odontológica e congêneres.

4.23 – Outros planos de saúde que se cumpram através de serviços de terceiros contratados, credenciados, cooperados ou apenas pagos pelo operador do plano mediante indicação do beneficiário.

5 – Serviços de medicina e assistência veterinária e congêneres.

5.01 – Medicina veterinária e zootecnia.

5.02 – Hospitais, clínicas, ambulatórios, prontos-socorros e congêneres, na área veterinária.

5.03 – Laboratórios de análise na área veterinária.

5.04 – Inseminação artificial, fertilização in vitro e congêneres.

5.05 – Bancos de sangue e de órgãos e congêneres.

5.06 – Coleta de sangue, leite, tecidos, sêmen, órgãos e materiais biológicos de qualquer espécie.

5.07 – Unidade de atendimento, assistência ou tratamento móvel e congêneres.

5.08 – Guarda, tratamento, amestramento, embelezamento, alojamento e congêneres.

5.09 – Planos de atendimento e assistência médico-veterinária.

6 – Serviços de cuidados pessoais, estética, atividades físicas e congêneres.

6.01 – Barbearia, cabeleireiros, manicuros, pedicuros e congêneres.

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6.02 – Esteticistas, tratamento de pele, depilação e congêneres.

6.03 – Banhos, duchas, sauna, massagens e congêneres.

6.04 – Ginástica, dança, esportes, natação, artes marciais e demais atividades físicas.

6.05 – Centros de emagrecimento, spa e congêneres.

7 – Serviços relativos a engenharia, arquitetura, geologia, urbanismo, construção civil, manutenção, limpeza, meio ambiente, saneamento e congêneres.

7.01 – Engenharia, agronomia, agrimensura, arquitetura, geologia, urbanismo, paisagismo e congêneres.

7.02 – Execução, por administração, empreitada ou subempreitada, de obras de construção civil, hidráulica ou elétrica e de outras obras semelhantes, inclusive sondagem, perfuração de poços, escavação, drenagem e irrigação, terraplanagem, pavimentação, concretagem e a instalação e montagem de produtos, peças e equipamentos (exceto o fornecimento de mercadorias produzidas pelo prestador de serviços fora do local da prestação dos serviços, que fica sujeito ao ICMS).

7.03 – Elaboração de planos diretores, estudos de viabilidade, estudos organizacionais e outros, relacionados com obras e serviços de engenharia; elaboração de anteprojetos, projetos básicos e projetos executivos para trabalhos de engenharia.

7.04 – Demolição.

7.05 – Reparação, conservação e reforma de edifícios, estradas, pontes, portos e congêneres (exceto o fornecimento de mercadorias produzidas pelo prestador dos serviços, fora do local da prestação dos serviços, que fica sujeito ao ICMS).

7.06 – Colocação e instalação de tapetes, carpetes, assoalhos, cortinas, revestimentos de parede, vidros, divisórias, placas de gesso e congêneres, com material fornecido pelo tomador do serviço.

7.07 – Recuperação, raspagem, polimento e lustração de pisos e congêneres.

7.08 – Calafetação.

7.09 – Varrição, coleta, remoção, incineração, tratamento, reciclagem, separação e destinação final de lixo, rejeitos e outros resíduos quaisquer.

7.10 – Limpeza, manutenção e conservação de vias e logradouros públicos, imóveis, chaminés, piscinas, parques, jardins e congêneres.

7.11 – Decoração e jardinagem, inclusive corte e poda de árvores.

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7.12 – Controle e tratamento de efluentes de qualquer natureza e de agentes físicos, químicos e biológicos.

7.13 – Dedetização, desinfecção, desinsetização, imunização, higienização, desratização, pulverização e congêneres.

7.14 – (VETADO)

7.15 – (VETADO)

7.16 – Florestamento, reflorestamento, semeadura, adubação e congêneres.

7.17 – Escoramento, contenção de encostas e serviços congêneres.

7.18 – Limpeza e dragagem de rios, portos, canais, baías, lagos, lagoas, represas, açudes e congêneres.

7.19 – Acompanhamento e fiscalização da execução de obras de engenharia, arquitetura e urbanismo.

7.20 – Aerofotogrametria (inclusive interpretação), cartografia, mapeamento, levantamentos topográficos, batimétricos, geográficos, geodésicos, geológicos, geofísicos e congêneres.

7.21 – Pesquisa, perfuração, cimentação, mergulho, perfilagem, concretação, testemunhagem, pescaria, estimulação e outros serviços relacionados com a exploração e explotação de petróleo, gás natural e de outros recursos minerais.

7.22 – Nucleação e bombardeamento de nuvens e congêneres.

8 – Serviços de educação, ensino, orientação pedagógica e educacional, instrução, treinamento e avaliação pessoal de qualquer grau ou natureza.

8.01 – Ensino regular pré-escolar, fundamental, médio e superior.

8.02 – Instrução, treinamento, orientação pedagógica e educacional, avaliação de conhecimentos de qualquer natureza.

9 – Serviços relativos a hospedagem, turismo, viagens e congêneres.

9.01 – Hospedagem de qualquer natureza em hotéis, apart-service condominiais, flat, apart-hotéis, hotéis residência, residence-service, suite service, hotelaria marítima, motéis, pensões e congêneres; ocupação por temporada com fornecimento de serviço (o valor da alimentação e gorjeta, quando incluído no preço da diária, fica sujeito ao Imposto Sobre Serviços).

9.02 – Agenciamento, organização, promoção, intermediação e execução de programas de turismo, passeios, viagens, excursões, hospedagens e congêneres.

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9.03 – Guias de turismo.

10 – Serviços de intermediação e congêneres.

10.01 – Agenciamento, corretagem ou intermediação de câmbio, de seguros, de cartões de crédito, de planos de saúde e de planos de previdência privada.

10.02 – Agenciamento, corretagem ou intermediação de títulos em geral, valores mobiliários e contratos quaisquer.

10.03 – Agenciamento, corretagem ou intermediação de direitos de propriedade industrial, artística ou literária.

10.04 – Agenciamento, corretagem ou intermediação de contratos de arrendamento mercantil (leasing), de franquia (franchising) e de faturização (factoring).

10.05 – Agenciamento, corretagem ou intermediação de bens móveis ou imóveis, não abrangidos em outros itens ou subitens, inclusive aqueles realizados no âmbito de Bolsas de Mercadorias e Futuros, por quaisquer meios.

10.06 – Agenciamento marítimo.

10.07 – Agenciamento de notícias.

10.08 – Agenciamento de publicidade e propaganda, inclusive o agenciamento de veiculação por quaisquer meios.

10.09 – Representação de qualquer natureza, inclusive comercial.

10.10 – Distribuição de bens de terceiros.

11 – Serviços de guarda, estacionamento, armazenamento, vigilância e congêneres.

11.01 – Guarda e estacionamento de veículos terrestres automotores, de aeronaves e de embarcações.

11.02 – Vigilância, segurança ou monitoramento de bens e pessoas.

11.03 – Escolta, inclusive de veículos e cargas.

11.04 – Armazenamento, depósito, carga, descarga, arrumação e guarda de bens de qualquer espécie.

12 – Serviços de diversões, lazer, entretenimento e congêneres.

12.01 – Espetáculos teatrais.

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12.02 – Exibições cinematográficas.

12.03 – Espetáculos circenses.

12.04 – Programas de auditório.

12.05 – Parques de diversões, centros de lazer e congêneres.

12.06 – Boates, taxi-dancing e congêneres.

12.07 – Shows, ballet, danças, desfiles, bailes, óperas, concertos, recitais, festivais e congêneres.

12.08 – Feiras, exposições, congressos e congêneres.

12.09 – Bilhares, boliches e diversões eletrônicas ou não.

12.10 – Corridas e competições de animais.

12.11 – Competições esportivas ou de destreza física ou intelectual, com ou sem a participação do espectador.

12.12 – Execução de música.

12.13 – Produção, mediante ou sem encomenda prévia, de eventos, espetáculos, entrevistas, shows, ballet, danças, desfiles, bailes, teatros, óperas, concertos, recitais, festivais e congêneres.

12.14 – Fornecimento de música para ambientes fechados ou não, mediante transmissão por qualquer processo.

12.15 – Desfiles de blocos carnavalescos ou folclóricos, trios elétricos e congêneres.

12.16 – Exibição de filmes, entrevistas, musicais, espetáculos, shows, concertos, desfiles, óperas, competições esportivas, de destreza intelectual ou congêneres.

12.17 – Recreação e animação, inclusive em festas e eventos de qualquer natureza.

13 – Serviços relativos a fonografia, fotografia, cinematografia e reprografia.

13.01 – (VETADO)

13.02 – Fonografia ou gravação de sons, inclusive trucagem, dublagem, mixagem e congêneres.

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13.03 – Fotografia e cinematografia, inclusive revelação, ampliação, cópia, reprodução, trucagem e congêneres.

13.04 – Reprografia, microfilmagem e digitalização.

13.05 – Composição gráfica, fotocomposição, clicheria, zincografia, litografia, fotolitografia.

14 – Serviços relativos a bens de terceiros.

14.01 – Lubrificação, limpeza, lustração, revisão, carga e recarga, conserto, restauração, blindagem, manutenção e conservação de máquinas, veículos, aparelhos, equipamentos, motores, elevadores ou de qualquer objeto (exceto peças e partes empregadas, que ficam sujeitas ao ICMS).

14.02 – Assistência técnica.

14.03 – Recondicionamento de motores (exceto peças e partes empregadas, que ficam sujeitas ao ICMS).

14.04 – Recauchutagem ou regeneração de pneus.

14.05 – Restauração, recondicionamento, acondicionamento, pintura, beneficiamento, lavagem, secagem, tingimento, galvanoplastia, anodização, corte, recorte, polimento, plastificação e congêneres, de objetos quaisquer.

14.06 – Instalação e montagem de aparelhos, máquinas e equipamentos, inclusive montagem industrial, prestados ao usuário final, exclusivamente com material por ele fornecido.

14.07 – Colocação de molduras e congêneres.

14.08 – Encadernação, gravação e douração de livros, revistas e congêneres.

14.09 – Alfaiataria e costura, quando o material for fornecido pelo usuário final, exceto aviamento.

14.10 – Tinturaria e lavanderia.

14.11 – Tapeçaria e reforma de estofamentos em geral.

14.12 – Funilaria e lanternagem.

14.13 – Carpintaria e serralheria.

15 – Serviços relacionados ao setor bancário ou financeiro, inclusive aqueles prestados por instituições financeiras autorizadas a funcionar pela União ou por quem de direito.

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15.01 – Administração de fundos quaisquer, de consórcio, de cartão de crédito ou débito e congêneres, de carteira de clientes, de cheques pré-datados e congêneres.

15.02 – Abertura de contas em geral, inclusive conta-corrente, conta de investimentos e aplicação e caderneta de poupança, no País e no exterior, bem como a manutenção das referidas contas ativas e inativas.

15.03 – Locação e manutenção de cofres particulares, de terminais eletrônicos, de terminais de atendimento e de bens e equipamentos em geral.

15.04 – Fornecimento ou emissão de atestados em geral, inclusive atestado de idoneidade, atestado de capacidade financeira e congêneres.

15.05 – Cadastro, elaboração de ficha cadastral, renovação cadastral e congêneres, inclusão ou exclusão no Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fundos – CCF ou em quaisquer outros bancos cadastrais.

15.06 – Emissão, reemissão e fornecimento de avisos, comprovantes e documentos em geral; abono de firmas; coleta e entrega de documentos, bens e valores; comunicação com outra agência ou com a administração central; licenciamento eletrônico de veículos; transferência de veículos; agenciamento fiduciário ou depositário; devolução de bens em custódia.

15.07 – Acesso, movimentação, atendimento e consulta a contas em geral, por qualquer meio ou processo, inclusive por telefone, fac-símile, internet e telex, acesso a terminais de atendimento, inclusive vinte e quatro horas; acesso a outro banco e a rede compartilhada; fornecimento de saldo, extrato e demais informações relativas a contas em geral, por qualquer meio ou processo.

15.08 – Emissão, reemissão, alteração, cessão, substituição, cancelamento e registro de contrato de crédito; estudo, análise e avaliação de operações de crédito; emissão, concessão, alteração ou contratação de aval, fiança, anuência e congêneres; serviços relativos a abertura de crédito, para quaisquer fins.

15.09 – Arrendamento mercantil (leasing) de quaisquer bens, inclusive cessão de direitos e obrigações, substituição de garantia, alteração, cancelamento e registro de contrato, e demais serviços relacionados ao arrendamento mercantil (leasing).

15.10 – Serviços relacionados a cobranças, recebimentos ou pagamentos em geral, de títulos quaisquer, de contas ou carnês, de câmbio, de tributos e por conta de terceiros, inclusive os efetuados por meio eletrônico, automático ou por máquinas de atendimento; fornecimento de posição de cobrança, recebimento ou pagamento; emissão de carnês, fichas de compensação, impressos e documentos em geral.

15.11 – Devolução de títulos, protesto de títulos, sustação de protesto, manutenção de títulos, reapresentação de títulos, e demais serviços a eles relacionados.

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15.12 – Custódia em geral, inclusive de títulos e valores mobiliários.

15.13 – Serviços relacionados a operações de câmbio em geral, edição, alteração, prorrogação, cancelamento e baixa de contrato de câmbio; emissão de registro de exportação ou de crédito; cobrança ou depósito no exterior; emissão, fornecimento e cancelamento de cheques de viagem; fornecimento, transferência, cancelamento e demais serviços relativos a carta de crédito de importação, exportação e garantias recebidas; envio e recebimento de mensagens em geral relacionadas a operações de câmbio.

15.14 – Fornecimento, emissão, reemissão, renovação e manutenção de cartão magnético, cartão de crédito, cartão de débito, cartão salário e congêneres.

15.15 – Compensação de cheques e títulos quaisquer; serviços relacionados a depósito, inclusive depósito identificado, a saque de contas quaisquer, por qualquer meio ou processo, inclusive em terminais eletrônicos e de atendimento.

15.16 – Emissão, reemissão, liquidação, alteração, cancelamento e baixa de ordens de pagamento, ordens de crédito e similares, por qualquer meio ou processo; serviços relacionados à transferência de valores, dados, fundos, pagamentos e similares, inclusive entre contas em geral.

15.17 – Emissão, fornecimento, devolução, sustação, cancelamento e oposição de cheques quaisquer, avulso ou por talão.

15.18 – Serviços relacionados a crédito imobiliário, avaliação e vistoria de imóvel ou obra, análise técnica e jurídica, emissão, reemissão, alteração, transferência e renegociação de contrato, emissão e reemissão do termo de quitação e demais serviços relacionados a crédito imobiliário.

16 – Serviços de transporte de natureza municipal.

16.01 – Serviços de transporte de natureza municipal.

17 – Serviços de apoio técnico, administrativo, jurídico, contábil, comercial e congêneres.

17.01 – Assessoria ou consultoria de qualquer natureza, não contida em outros itens desta lista; análise, exame, pesquisa, coleta, compilação e fornecimento de dados e informações de qualquer natureza, inclusive cadastro e similares.

17.02 – Datilografia, digitação, estenografia, expediente, secretaria em geral, resposta audível, redação, edição, interpretação, revisão, tradução, apoio e infra-estrutura administrativa e congêneres.

17.03 – Planejamento, coordenação, programação ou organização técnica, financeira ou administrativa.

17.04 – Recrutamento, agenciamento, seleção e colocação de mão-de-obra.

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17.05 – Fornecimento de mão-de-obra, mesmo em caráter temporário, inclusive de empregados ou trabalhadores, avulsos ou temporários, contratados pelo prestador de serviço.

17.06 – Propaganda e publicidade, inclusive promoção de vendas, planejamento de campanhas ou sistemas de publicidade, elaboração de desenhos, textos e demais materiais publicitários.

17.07 – (VETADO)

17.08 – Franquia (franchising).

17.09 – Perícias, laudos, exames técnicos e análises técnicas.

17.10 – Planejamento, organização e administração de feiras, exposições, congressos e congêneres.

17.11 – Organização de festas e recepções; bufê (exceto o fornecimento de alimentação e bebidas, que fica sujeito ao ICMS).

17.12 – Administração em geral, inclusive de bens e negócios de terceiros.

17.13 – Leilão e congêneres.

17.14 – Advocacia.

17.15 – Arbitragem de qualquer espécie, inclusive jurídica.

17.16 – Auditoria.

17.17 – Análise de Organização e Métodos.

17.18 – Atuária e cálculos técnicos de qualquer natureza.

17.19 – Contabilidade, inclusive serviços técnicos e auxiliares.

17.20 – Consultoria e assessoria econômica ou financeira.

17.21 – Estatística.

17.22 – Cobrança em geral.

17.23 – Assessoria, análise, avaliação, atendimento, consulta, cadastro, seleção, gerenciamento de informações, administração de contas a receber ou a pagar e em geral, relacionados a operações de faturização (factoring).

17.24 – Apresentação de palestras, conferências, seminários e congêneres.

61

18 – Serviços de regulação de sinistros vinculados a contratos de seguros; inspeção e avaliação de riscos para cobertura de contratos de seguros; prevenção e gerência de riscos seguráveis e congêneres.

18.01 - Serviços de regulação de sinistros vinculados a contratos de seguros; inspeção e avaliação de riscos para cobertura de contratos de seguros; prevenção e gerência de riscos seguráveis e congêneres.

19 – Serviços de distribuição e venda de bilhetes e demais produtos de loteria, bingos, cartões, pules ou cupons de apostas, sorteios, prêmios, inclusive os decorrentes de títulos de capitalização e congêneres.

19.01 - Serviços de distribuição e venda de bilhetes e demais produtos de loteria, bingos, cartões, pules ou cupons de apostas, sorteios, prêmios, inclusive os decorrentes de títulos de capitalização e congêneres.

20 – Serviços portuários, aeroportuários, ferroportuários, de terminais rodoviários, ferroviários e metroviários.

20.01 – Serviços portuários, ferroportuários, utilização de porto, movimentação de passageiros, reboque de embarcações, rebocador escoteiro, atracação, desatracação, serviços de praticagem, capatazia, armazenagem de qualquer natureza, serviços acessórios, movimentação de mercadorias, serviços de apoio marítimo, de movimentação ao largo, serviços de armadores, estiva, conferência, logística e congêneres.

20.02 – Serviços aeroportuários, utilização de aeroporto, movimentação de passageiros, armazenagem de qualquer natureza, capatazia, movimentação de aeronaves, serviços de apoio aeroportuários, serviços acessórios, movimentação de mercadorias, logística e congêneres.

20.03 – Serviços de terminais rodoviários, ferroviários, metroviários, movimentação de passageiros, mercadorias, inclusive suas operações, logística e congêneres.

21 – Serviços de registros públicos, cartorários e notariais.

21.01 - Serviços de registros públicos, cartorários e notariais.

22 – Serviços de exploração de rodovia.

22.01 – Serviços de exploração de rodovia mediante cobrança de preço ou pedágio dos usuários, envolvendo execução de serviços de conservação, manutenção, melhoramentos para adequação de capacidade e segurança de trânsito, operação, monitoração, assistência aos usuários e outros serviços definidos em contratos, atos de concessão ou de permissão ou em normas oficiais.

23 – Serviços de programação e comunicação visual, desenho industrial e congêneres.

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23.01 – Serviços de programação e comunicação visual, desenho industrial e congêneres.

24 – Serviços de chaveiros, confecção de carimbos, placas, sinalização visual, banners, adesivos e congêneres.

24.01 - Serviços de chaveiros, confecção de carimbos, placas, sinalização visual, banners, adesivos e congêneres.

25 - Serviços funerários.

25.01 – Funerais, inclusive fornecimento de caixão, urna ou esquifes; aluguel de capela; transporte do corpo cadavérico; fornecimento de flores, coroas e outros paramentos; desembaraço de certidão de óbito; fornecimento de véu, essa e outros adornos; embalsamento, embelezamento, conservação ou restauração de cadáveres.

25.02 – Cremação de corpos e partes de corpos cadavéricos.

25.03 – Planos ou convênio funerários.

25.04 – Manutenção e conservação de jazigos e cemitérios.

26 – Serviços de coleta, remessa ou entrega de correspondências, documentos, objetos, bens ou valores, inclusive pelos correios e suas agências franqueadas; courrier e congêneres.

26.01 – Serviços de coleta, remessa ou entrega de correspondências, documentos, objetos, bens ou valores, inclusive pelos correios e suas agências franqueadas; courrier e congêneres.

27 – Serviços de assistência social.

27.01 – Serviços de assistência social.

28 – Serviços de avaliação de bens e serviços de qualquer natureza.

28.01 – Serviços de avaliação de bens e serviços de qualquer natureza.

29 – Serviços de biblioteconomia.

29.01 – Serviços de biblioteconomia.

30 – Serviços de biologia, biotecnologia e química.

30.01 – Serviços de biologia, biotecnologia e química.

31 – Serviços técnicos em edificações, eletrônica, eletrotécnica, mecânica, telecomunicações e congêneres.

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31.01 - Serviços técnicos em edificações, eletrônica, eletrotécnica, mecânica, telecomunicações e congêneres.

32 – Serviços de desenhos técnicos.

32.01 - Serviços de desenhos técnicos.

33 – Serviços de desembaraço aduaneiro, comissários, despachantes e congêneres.

33.01 - Serviços de desembaraço aduaneiro, comissários, despachantes e congêneres.

34 – Serviços de investigações particulares, detetives e congêneres.

34.01 - Serviços de investigações particulares, detetives e congêneres.

35 – Serviços de reportagem, assessoria de imprensa, jornalismo e relações públicas.

35.01 - Serviços de reportagem, assessoria de imprensa, jornalismo e relações públicas.

36 – Serviços de meteorologia.

36.01 – Serviços de meteorologia.

37 – Serviços de artistas, atletas, modelos e manequins.

37.01 - Serviços de artistas, atletas, modelos e manequins.

38 – Serviços de museologia.

38.01 – Serviços de museologia.

39 – Serviços de ourivesaria e lapidação.

39.01 - Serviços de ourivesaria e lapidação (quando o material for fornecido pelo tomador do serviço).

40 – Serviços relativos a obras de arte sob encomenda.

40.01 - Obras de arte sob encomenda.

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ANEXO II Substitutivo do Senado ao Projeto de Lei da Câmara nº 70, de 2002 - Complementar (PL nº 183, de 2001 - Complementar, na Casa de origem), que “altera a lista de serviços anexa do Decreto-Lei nº 406, de 31 de dezembro de 1968, com a redação dada pela Lei Complementar nº 56, de 15 de dezembro de 1987”. Substitua-se o Projeto pelo seguinte: Altera a Lei Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003, que dispõe sobre o Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza, de competência dos Municípios e do Distrito Federal, e dá outras providências.

O Congresso Nacional decreta:

Art. 1º Os arts. 3º, 7º e 8º da Lei Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003, passam a vigorar com as seguintes alterações:

“Art.3º ....................................................................................................

.............................................................................................................

§ 2º No caso dos serviços a que se refere o subitem 22.01 da lista anexa, considera-se ocorrido o fato gerador e devido o imposto em cada Município em cujo território haja extensão de rodovia explorada, observado os §§ 4º e 5º do art. 7º.

.............................................................................................................

§ 4º Na prestação de serviços de televisão por assinatura com área de abrangência de mais de um Município, como o Serviço MMDS e o Serviço DTH, o imposto é devido aos Municípios de domicílio dos respectivos assinantes.” (NR)

“Art.7º

.................................................................................................... .................................................................................................

............ §2º

.....................................................................................................

65

.............................................................................................................

III – o valor das sub-empreitadas, já tributadas pelo imposto, referente às obras constantes dos subitens 7.02 e 7.05 da lista de serviços anexa a esta Lei;

IV – os valores despendidos pelos prestadores dos serviços referidos nos subitens 4.22 e 4.23, em decorrência desses planos, com hospitais, clínicas, médicos, odontólogos, e demais atividades de que trata o item 4 da lista de serviços, já tributados pelo Imposto sobre Serviços.

.............................................................................................................

§ 4º A base de cálculo, na hipótese de que trata o § 2º do art. 3º:

I - é reduzida, nos Municípios onde não haja posto de cobrança de pedágio, para 60% (sessenta por cento) de seu valor;

II – é acrescida, nos Municípios onde haja posto de cobrança de pedágio, do complemento necessário à sua integralidade em relação à rodovia explorada.

§ 5º Para efeito do disposto no § 4º, considera-se rodovia explorada o trecho limitado pelos pontos eqüidistantes entre cada posto de cobrança de pedágio ou entre o mais próximo dele e o ponto inicial ou terminal da rodovia.

§ 6º Quando se tratar de prestação de serviços sob a forma de trabalho pessoal do próprio contribuinte, o imposto será calculado por meio de alíquotas fixas ou variáveis, em função da natureza do serviço ou de outros fatores pertinentes, nestes não compreendida a importância paga a título de remuneração do próprio trabalho.

§ 7º Quando os serviços a que se referem os itens 4.01, 4.02, 4.06, 4.08, 4.11, 4.12, 4.13, 4.14, 4.16, 5, 7.01, 10.03, 17.14, 17.16, 17.19, 17.20, da lista anexa forem prestados por sociedades, estas ficarão sujeitas ao imposto na forma do § 6º, calculado em relação a cada profissional habilitado, sócio, empregado ou não, que preste serviços em nome da sociedade, embora assumindo responsabilidade pessoal, nos termos da lei aplicável.” (NR)

“Art. 8º As alíquotas máximas do Imposto sobre Serviços de

Qualquer Natureza são as seguintes: I – (vetado); II – 2% (dois por cento) para os serviços constantes do item

9.04 e 10.02 da lista de serviços anexa a esta Lei; III – 10% (dez por cento) para os serviços constantes do

item 19.02 da lista de serviços anexa a esta Lei; IV – 5% (cinco por cento) para os demais serviços.” (NR)

Art. 2º A lista de serviços anexa à Lei Complementar nº 116, de 2003, passa a vigorar com as seguintes alterações:

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“3 - ..........................................................................................................

.............................................................................................................

3.06 – Locação empresarial de bens móveis. .................................................................................................

............ 7 -

....................................................................................................... .................................................................................................

............ 7.02 – Execução, por administração, empreitada ou

subempreitada, de obras de construção civil, hidráulica ou elétrica e de outras obras semelhantes, inclusive sondagem, perfuração de poços, escavação, drenagem e irrigação, terraplanagem, pavimentação, concretagem e a instalação e montagem de produtos, peças e equipamentos (exceto o fornecimento de mercadorias produzidas pelo prestador de serviços fora do local da prestação dos serviços, que fica sujeito ao ICMS, e a incorporação imobiliária a preço global ou direta, viabilizadora de negócio jurídico de compra e venda sobre o qual incide o ITBI).

.............................................................................................................

7.09 – Varrição, coleta, remoção, incineração, tratamento, reciclagem, separação e destinação final de lixo, rejeitos e outros resíduos quaisquer, exceto atividade de coleta de óleo usado ou contaminado, que fica sujeito ao ICMS.

.............................................................................................................

9 - .......................................................................................................

.............................................................................................................

9.04 – Parques nacionais, ecológicos, temáticos e congêneres, e demais empreendimentos de atração turística com cobrança de ingresso para visitação pública.

.............................................................................................................

10 - .....................................................................................................

10.02 – Agenciamento, corretagem ou intermediação de títulos em geral, valores mobiliários e contratos quaisquer, realizados no âmbito das Bolsas de Mercadorias e Futuros, por quaisquer meios.

.............................................................................................................

10.05 – Agenciamento, corretagem ou intermediação de bens móveis ou imóveis, não-abrangidos em outros itens ou

67

subitens, inclusive aqueles realizados no âmbito das Bolsas de Mercadorias, por quaisquer meios.

.............................................................................................................

12 - .....................................................................................................

.............................................................................................................

12.18 – Serviços de televisão por assinatura prestados na área do Município.

13 - .....................................................................................................

.............................................................................................................

13.05 – Composição gráfica, fotocomposição, clicheria, zincografia, litografia, fotolitografia e confecção de impressos gráficos, exceto se destinados a posterior operação de comercialização ou industrialização, ainda que incorporados, de qualquer forma, a outra mercadoria que deva ser objeto de posterior circulação, tais como bulas, rótulos, etiquetas, caixas, cartuchos e embalagens, manuais técnicos e de instrução, quando ficarão sujeitos ao ICMS.

13.06 – Gravação, edição, legendação e também distribuição (sem a transferência de propriedade) de filmes, videoteipes, disco-vídeo digital e congêneres, para videolocadoras, televisão e cinema.

14 -......................................................................................................

.............................................................................................................

14.05 – Restauração, recondicionamento, acondicionamento, pintura, beneficiamento, lavagem, secagem, tingimento, galvanoplastia, anodização, corte, recorte, polimento, plastificação e congêneres, de objetos não destinados à industrialização ou comercialização.

.............................................................................................................

15 - .....................................................................................................

15.01 – Administração de fundos, de consórcio, de cartão de crédito ou débito e congêneres, e de carteira de clientes, com exceção da administração de fundos públicos e programas sociais, tais como do Programa de Integração Social – PIS, do Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público – Pasep, do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS, do Fundo de Amparo ao Trabalhador – FAT e da Previdência Social.

.............................................................................................................

68

15.15 – Serviços de distribuição e venda de títulos de capitalização e congêneres, compensação de cheques e títulos quaisquer, exceto sua execução nos termos do art. 19, inciso IV, da Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964, e alterações; serviços relacionados a depósito, inclusive depósito identificado, a saque de contas quaisquer, por qualquer meio ou processo, inclusive em terminais eletrônicos e de atendimento.

.............................................................................................................

17 - .....................................................................................................

.............................................................................................................

17.25 – Veiculação e divulgação de textos, desenhos e outros materiais de propaganda e publicidade, por qualquer meio, exceto em jornais, periódicos, rádio e televisão.

.............................................................................................................

19 – Serviços de distribuição e venda de bilhetes e demais produtos de loteria, bingos, cartões, pules ou cupons de apostas, sorteios e prêmios.

19.01 – Serviços de distribuição e venda de bilhetes e demais produtos de loteria, cartões, pules ou cupons de apostas, sorteios, prêmios e congêneres.

19.02 – Serviços de distribuição e venda de bilhetes e demais produtos de bingos.

.............................................................................................................

26 – Serviços de coleta, remessa ou entrega de correspondências, documentos, objetos, bens ou valores, courrier e congêneres.

26.01 – Serviços de coleta, remessa ou entrega de correspondências, documentos, objetos, bens ou valores, courrier e congêneres, exceto os serviços postais explorados em regime de monopólio, nos termos do art. 9º da Lei nº 6.538, de 22 de junho de 1978, quando executadas pela empresa pública da União ou suas agências franqueadas.

..................................................................................................” (NR)

Art. 3º É revogado o art. 9º do Decreto-Lei nº 406, de 31 de dezembro de 1968. Art. 4º Esta Lei Complementar entra em vigor na data de sua publicação. Senado Federal, em 09 de dezembro de 2003 Senador José Sarney

Presidente do Senado

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BIBLIOGRAFIA

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BARRETO, Aires F. ISS na Constituição e na Lei. 1ª ed. São Paulo: Dialética, 2003.

CARRAZZA, Roque Antônio. Curso de Direito Constitucional Tributário. 17ª ed. São

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CASSONE, Vittorio. Direito Tributário. 15ª ed. São Paulo: Atlas, 2003.

GASPAR, Walter. ISS Teoria e Prática. 1ª ed. Rio de Janeiro: Editora Lúmen

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MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 20ª ed. São Paulo:

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MELO, José Eduardo Soares de. Curso de Direito Tributário. 4ª ed. São Paulo:

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MELO, José Eduardo Soares de. ISS – Aspectos Teóricos e Práticos. 3ª ed. São

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70

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