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SIMP.TCC/Sem.IC. 2019(15);1213-1225 CENTRO UNIVERSITÁRIO ICESP / ISSN: 2595-4210 1213 CURSO DE ENGENHARIA CIVIL PATOLOGIAS CONSTRUTIVAS MAIS RECORRENTES EM MUROS DE ARRIMO. MOST RECURRENT CONSTRUCTIVE PATOLOGIES IN ARRIMO WALLS. Mário Pereira de Castro Nilo Silvio C.Serpa Resumo Diante do grande crescimento populacional , da necessidade do avanço do perímetro urbano e de demandas por infra estruturas, cada vez mais surgem ocupações de terrenos íngremes, nesses e em outros casos os muros de arrimo mostram se como uma solução .Para este fim a estrutura de contenção é a principal alternativa , seja para vencer desníveis , para construir garagens subterrâneas , construção de barragens. Existem vários métodos construtivos e opções de materiais. Assim esse trabalho apresenta algumas técnicas e conceitos aplicados para construção de muros de arrimo, apontam alguns casos reais de patologias onde foram realizadas inspeções, fazendo registros de relatórios fotográficos que apresentam trincas fissuras e rompimento de paredes .O artigo também tem como objetivo abordar conceito de inspeção e vistorias periódicas, pré-qualificação de fornecedores , principalmente em relação aos produtos mais críticos a serem utilizados. Apresenta as principais patologias construtivas discorrendo sobre suas causas e forma de prevenção . Essas edificações necessitam de rígidos cuidados assim como qualquer outra estrutura , observando as normativas técnicas e preposições da ABNT . O conhecimento das causas que conduzem as anomalias também foi focado , utilizando se artigos, teses, tcc e revistas para o enriquecimento teórico e complementação ao tema . Palavras-Chave: Edificação; Patologia; Projeto, muro de arrimo. Abstract Faced with the great population growth, the need to advance the urban perimeter and demands for infrastructures, more and more occupations of steep terrain appear, in these and in other cases the retaining walls show themselves as a solution. To this end the structure of containment is the main alternative, either to overcome gaps, to build underground garages, construction of dams. There are several constructive methods and material choices. Thus, this work presents some techniques and concepts applied for the construction of retaining walls, point out some real cases of pathologies where inspections were carried out, making records of photographic reports that show broken cracks and rupture of walls. inspection and periodic surveys, pre-qualification of suppliers, mainly in relation to the most critical products to be used. It presents the main constructive pathologies discussing its causes and prevention. These buildings require strict care as well as any other structure, observing the technical norms and prepositions of ABNT. The knowledge of the causes that lead to the anomalies was also focused, using articles, theses, tcc and magazines for the theoretical enrichment and complementation to the theme. Keywords: Building; Pathology; Design, retaining wall. Contato: [email protected] Introdução A prática de realização própria de ensaios ou exigência de laudos dos materiais aos fabricantes faz parte da política de suprimentos de uma construtora. Tudo começa com a pré- qualificação dos fornecedores, principalmente em relação aos produtos mais críticos a serem utilizados. A partir do estudo das patologias é possível diminuí-las ou até mesmo eliminá-las, tendo como base que a maioria das patologias são ocasionadas por imperícia, negligencia e falhas de um modo geral, nos processos construtivos, e em poucos casos a patologia e resultado do tipo de materiais utilizados e a combinação dos materiais que foram utilizados nas várias edificações. (JUNGLES e SANTOS, 2008, p.12). Diante do que é exposto, é importante estabelecer critérios mínimos de especificação. Um dos grandes problemas na qualidade da obra é o baixo grau de detalhamento dessas especificações e por consequência o setor responsável pelas compras acaba adquirindo o material errado. Segundo Santos (2008), são recomendados alguns caminhos para que sejam adquiridos produtos de qualidade comprovada, destacando que o Brasil está bastante avançado na normatização de materiais. Devemos ressaltar que quase totalidade dos materiais utilizados na engenharia civil têm normas técnicas detalhadas, porém nem sempre atualizadas. Assim como na medicina, a identificação das origens das patologias é o primeiro e o principal passo para dar-se um tratamento adequado ao problema, pois permite ao construtor aplicar um método corretivo adequado às manifestações patológicas, propondo um resultado satisfatório na funcionalidade da estrutura, além de auxiliar peritos na determinação de laudos para fins judiciais, permitindo apontar corretamente a causa e o culpado pela falha. Através do planejamento que será iniciado com a inspeção predial, para a posterior implementação do plano de manutenção e reparo construtivo, plano este que garante a boa performance da edificação, segurança e conforto aos seus usuários, estes planejamento prolonga a vida útil e a durabilidade das construções, com o propósito de prevenir os acidentes, prejuízos financeiros e até mesmo mortes, em casos mais graves, decorrentes dessas falhas. A inspeção predial deve ser compreendida como uma vistoria para avaliar os estados de Como citar esse artigo: Castro MP, Serpa NSC. PATOLOGIAS CONSTRUTIVAS MAIS RECORRENTES EM MUROS DE ARRIMO. Anais do 15 Simpósio de TCC e 8 Seminário de IC do Centro Universitário ICESP. 2019(15); 1213-1225

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CURSO DE ENGENHARIA CIVIL PATOLOGIAS CONSTRUTIVAS MAIS RECORRENTES EM MUROS DE ARRIMO. MOST RECURRENT CONSTRUCTIVE PATOLOGIES IN ARRIMO WALLS.

Mário Pereira de Castro

Nilo Silvio C.Serpa Resumo Diante do grande crescimento populacional , da necessidade do avanço do perímetro urbano e de demandas por infra estruturas, cada vez mais surgem ocupações de terrenos íngremes, nesses e em outros casos os muros de arrimo mostram se como uma solução .Para este fim a estrutura de contenção é a principal alternativa , seja para vencer desníveis , para construir garagens subterrâneas , construção de barragens. Existem vários métodos construtivos e opções de materiais. Assim esse trabalho apresenta algumas técnicas e conceitos aplicados para construção de muros de arrimo, apontam alguns casos reais de patologias onde foram realizadas inspeções, fazendo registros de relatórios fotográficos que apresentam trincas fissuras e rompimento de paredes .O artigo também tem como objetivo abordar conceito de inspeção e vistorias periódicas, pré-qualificação de fornecedores , principalmente em relação aos produtos mais críticos a serem utilizados. Apresenta as principais patologias construtivas discorrendo sobre suas causas e forma de prevenção . Essas edificações necessitam de rígidos cuidados assim como qualquer outra estrutura , observando as normativas técnicas e preposições da ABNT . O conhecimento das causas que conduzem as anomalias também foi focado , utilizando se artigos, teses, tcc e revistas para o enriquecimento teórico e complementação ao tema . Palavras-Chave: Edificação; Patologia; Projeto, muro de arrimo. Abstract Faced with the great population growth, the need to advance the urban perimeter and demands for infrastructures, more and more occupations of steep terrain appear, in these and in other cases the retaining walls show themselves as a solution. To this end the structure of containment is the main alternative, either to overcome gaps, to build underground garages, construction of dams. There are several constructive methods and material choices. Thus, this work presents some techniques and concepts applied for the construction of retaining walls, point out some real cases of pathologies where inspections were carried out, making records of photographic reports that show broken cracks and rupture of walls. inspection and periodic surveys, pre-qualification of suppliers, mainly in relation to the most critical products to be used. It presents the main constructive pathologies discussing its causes and prevention. These buildings require strict care as well as any other structure, observing the technical norms and prepositions of ABNT. The knowledge of the causes that lead to the anomalies was also focused, using articles, theses, tcc and magazines for the theoretical enrichment and complementation to the theme. Keywords: Building; Pathology; Design, retaining wall. Contato: [email protected]

Introdução

A prática de realização própria de ensaios ou exigência de laudos dos materiais aos fabricantes faz parte da política de suprimentos de uma construtora. Tudo começa com a pré-qualificação dos fornecedores, principalmente em relação aos produtos mais críticos a serem utilizados.

A partir do estudo das patologias é possível diminuí-las ou até mesmo eliminá-las, tendo como base que a maioria das patologias são ocasionadas por imperícia, negligencia e falhas de um modo geral, nos processos construtivos, e em poucos casos a patologia e resultado do tipo de materiais utilizados e a combinação dos materiais que foram utilizados nas várias edificações. (JUNGLES e SANTOS, 2008, p.12).

Diante do que é exposto, é importante estabelecer critérios mínimos de especificação. Um dos grandes problemas na qualidade da obra é o baixo grau de detalhamento dessas especificações e por consequência o setor responsável pelas compras acaba adquirindo o material errado.

Segundo Santos (2008), são recomendados

alguns caminhos para que sejam adquiridos produtos de qualidade comprovada, destacando que o Brasil está bastante avançado na normatização de materiais. Devemos ressaltar que quase totalidade dos materiais utilizados na engenharia civil têm normas técnicas detalhadas, porém nem sempre atualizadas.

Assim como na medicina, a identificação das origens das patologias é o primeiro e o principal passo para dar-se um tratamento adequado ao problema, pois permite ao construtor aplicar um método corretivo adequado às manifestações patológicas, propondo um resultado satisfatório na funcionalidade da estrutura, além de auxiliar peritos na determinação de laudos para fins judiciais, permitindo apontar corretamente a causa e o culpado pela falha.

Através do planejamento que será iniciado com a inspeção predial, para a posterior implementação do plano de manutenção e reparo construtivo, plano este que garante a boa performance da edificação, segurança e conforto aos seus usuários, estes planejamento prolonga a vida útil e a durabilidade das construções, com o propósito de prevenir os acidentes, prejuízos financeiros e até mesmo mortes, em casos mais graves, decorrentes dessas falhas.

A inspeção predial deve ser compreendida como uma vistoria para avaliar os estados de

Como citar esse artigo:

Castro MP, Serpa NSC. PATOLOGIAS CONSTRUTIVAS MAIS RECORRENTES EM MUROS

DE ARRIMO. Anais do 15 Simpósio de TCC e 8 Seminário de IC do Centro Universitário

ICESP. 2019(15); 1213-1225

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segurança e a confiabilidade de uma edificação, mediante os aspectos de desempenho, vida útil, estado de conservação, desempenho, manutenção, exposição ambiental, operação e utilização, sempre levando em consideração as expectativas dos usuários.

Em diversos países desenvolvidos manter a edificação em boas condições é uma questão de cultura e rotina, pois a contratação dos serviços de inspeção predial é realizada regularmente, demonstrando maior preocupação e consolidação destas atividades.

Em países como EUA e Canadá, quando se faz uma transação imobiliária é obrigatória a existência de laudos em contratos, previamente estabelecidos. Em prédios públicos pode ser observado o registro de vistorias fixado em algum local visível, em prédios residenciais fixados atrás das portas, facilitando para que todos os usuários tenham acesso e possam se assegurar das condições da edificação.

Já no Brasil a venda de imóveis é realizada considerando apenas informações do proprietário . O comprador não tem acesso a informações como laudos e ficha de vistoria periódica , que deveria ser preenchida por um profissional qualificado e habilitado para referenciar a edificação com o laudo de inspeção. De posse do laudo, o comprador tem acesso a informações fundamentais, capazes de direcioná-lo em negociações e ajudá-lo melhor na decisão de compra. O certificado de vistoria é fundamental para identificação de vícios provenientes de mal execução e encontrar anomalias que levam ao comprometimento parcial ou total das edificações. Essas anomalias podem ser agravadas colocando em risco o funcionamento imediato ou futuro da edificação, comprometendo a estrutura e os usuários .

É na realização de inspeção, que as patologias são constatadas, podendo classificá-las quanto à sua gravidade. É possível também fornecer informações direcionando como devem ser feitas as correções em uma ordem cronológica. Frequentemente as inspeções são foco de estudo para os pesquisadores dos sistemas de infraestrutura civil, como: pontes, rodovias, túneis e viadutos, com objetivo de avaliar as condições de segurança e consequentemente a manutenção.

Segundo Balado et al. (2003), as inspeções envolvem desde a coleta de dados, as análises de informações, os documentos e os resultados, os quais serão interpretados posteriormente por profissionais qualificados, objetivando chegar a uma solução para os mais variados casos de falhas. A utilização de ensaios destrutivos e não destrutivos são um dos tipos de avaliação e análise que podem ser realizados.

1. Objetivo Geral

O objetivo geral deste trabalho é analisar e detalhar as condições da edificação relativa à um muro de arrimo situada no setor P Norte, a fim de comprovar as causas das patologias presentes.

2. Objetivos específicos

Detalhar as causas que afetam a integridade da estrutura, bem como apresentar soluções para que os problemas encontrados na edificação sejam corrigidos. Além disso, verificar o estado da edificação vizinha quanto à estrutura, segurança, e instalações físicas de ambientes internos e externos, visando o cumprimento das exigências previstas na Lei Distrital n° 5.547/2015 e na Lei n° 4.457/2009. Assim como descriminar os padrões mínimos relacionados a construções e instalações para o funcionamento da edificação de acordo com a Portaria nº321/98, do Ministério da Saúde.

Avaliar qualitativamente os critérios que dispõe a norma ABNT NBR 11682:2009. Esta norma fixa as exigíveis no estudo e no controle da estabilidade de taludes em solo, rocha ou mistos, componentes de encostas naturais ou resultantes de cortes. Esta norma abrange, também, as condições para o projeto, sua execução, o controle e a conservação de obras de estabilização NBR 11682:2009. Quanto à estabilidade de encostas, indica os fatores de segurança necessários para a estrutura de contenção e a relação entre os esforços estabilizantes (resistentes) e os esforços estabilizantes (atuantes) para determinado método de cálculo adotado.

Essa determinação, derivada do calculo adotado não é um fator de segurança realmente existente, devido a imprecisão das hipóteses, incerteza dos parâmetros do solo adotados, etc. NBR11682:2009.

. Ainda serão analisadas as condições da edificação quanto aos requisitos técnicos da norma de desempenho, ABNT NBR 15.575:2013.

Conforme a vistoria procedida no local, serão apresentadas, se necessário, sugestões para a adequação às normas pertinentes, tendo como resultado a plena utilização da edificação, para o fim a que se destina, a depender da análise geral conclusiva.

3. Caracterização do estudo

3.1 Informações preliminares

No dia 15 de fevereiro de 2019, foi realizada a primeira vistoria, quando foram registradas as fotos do local a ser estudado. Nesta data, foi realizada a inspeção das estruturas de concreto armado das lajes, vigas e pilares. Além disso, foram vistoriadas as condições da alvenaria, esquadrias, e dos revestimentos, bem como a influência da estrutura de contenção do muro de

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arrimo executado na obra em andamento no lote vizinho.

Foram verificados os serviços e estruturas que foram executados recentemente próximos à edificação, onde foi executada a compactação do solo com uso de equipamentos vibratórios. Dessa forma, observou-se que o solo compactado próximo à edificação estava encharcado, devido ao período de chuvas, e apresentava irregularidades devido à falta de drenagem.

É necessário observar as condições de a- clive e declive no terreno, para evitar acúmulo de água tanto na superfície como no subsolo. A elaboração de um projeto para implantação de um sistema de escoamento, é primordial. Com isso, pode se evitar alteração na resistência do solo .O sistema de escoamento de águas devem ser eficientes para canalizar toda água das áreas com pavimentação permeável como: cerâmicas, porcelanatos, concretos polidos ou semi polidos, granitina etc.

Normalmente são usados drenos subterrâneos, que conduzem as águas por uma canalização direto para galerias de águas pluviais.

No caso da edificação em análise, seria possível como solução para o problema a construção de um reservatório e posterior o bombeamento para suprir o desnível de aproximadamente 1,6 m, possibilitando o despejo das águas na rua à frente do terreno.

3.2 Dados da edificação

• Nome Fantasia: Paroquia São Marcos e São Lucas – Unidade Ceilândia.

• Endereço da edificação: SHSN Chácara 105 – Sol Nascente – Ceilândia DF

• Proprietário (Representante): Frei Hoslan Alencar Guedes Lima

3.3 Aspetos legais relacionados à atividade

Lei nº 2.105/98 08 de outubro de 1998 e suas alterações, regulamentada pelo Decreto nº 19.915/98 sancionado em 17 de dezembro de 1998 e suas alterações, que dispõe sobre o Código de Edificações do Distrito Federal.

3.4 Caracterizações gerais

A construção de muros de arrimo se faz necessária em terrenos de declive e aclive, pois quando há uma área de acomodação a área destinada a inclinação não possui o deslizamento necessário em cima do lote, ou há a possibilidade da terra deslizar para baixo levando o que estiver pela frente. Sua construção é executada de baixo para cima, com a inserção de reforços entre as camadas de solos compactadas, com isso, a obra pode ser concluída com a construção de paredes reforçadas.

Quando o solo é reforçado com tiras ou inserções extensíveis inicialmente é verificada a estabilidade externa do maciço, assim como, a aplicação do muro de arrimo. Devido ao campo ser bastante fértil, os engenheiros possuem a capacidade de projetar diversos tipos de contenções, necessitando apenas ter em mãos uma análise técnica do solo. Vale lembrar que o custo destinado a esta obra de contenção é por metro linear, sendo assim, as diferenças destes valores tendem a ser maiores se multiplicados por cada comprimento de execução. Portanto, quanto maior a obra, maior será a economia, ou o prejuízo.

Todos os materiais a serem utilizados em muros de arrimo devem atender aos critérios normativos da ABNT, variando de acordo com o dimensionamento de cada serviço que for realizado. O muro de arrimo foi um meio encontrado pelos engenheiros capaz de conter o maciço de solo, dando maior estabilidade às cargas atuantes, chegando mais próximo aos valores de empuxo, quando permanecido em repouso. A estabilidade contida do muro acaba sendo constituídas por paredes verticais ou quase, apoiadas em uma fundação profunda ou rasa.

Segundo Adão e Hemerly (2010), algumas vezes o muro de contenção acaba sendo apenas um detalhe quando pretende-se implantar um projeto, por isso existem muros ligados às estruturas. Entretanto, se o muro for a única obra a ser executada existem vários tipos que podem ser escolhidos, de acordo com a melhor adequação, sendo eles:

• Muros de arrimo por gravidade;

• Muro de arrimo de pneu;

• Muro de arrimo em Gabião;

• Muros de arrimo de flexão;

• Muros de arrimo com contrafortes;

• Cortinas de arrimo;

• Muros de arrimo atirantados;

Os muros de arrimo podem ser executados

a partir da utilização de tijolos ou pedras, sendo eles de alvenaria ou concreto, armado ou simples, ou ainda compostos por elementos especiais e variados. Os muros de arrimo são muito aplicados em áreas urbanas, estradas, e trazem estabilidade a encostas e pontes. Para a execução de um muro de contenção ou arrimo é preciso que o profissional possua conhecimento de cada caso. É necessário analisar cada particularidade, pois vários fatores serão importantes no processo, como: a capacidade de suporte do solo de fundação, as cargas atuantes presentes, a localização, a altura do muro e seu comprimento, dentre outros fatores que fazem um projeto padrão

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ser possível. Algumas orientações são importantes para guiar os profissionais responsáveis, como:

• Realizar um croqui do local a ser implantado o muro, em planta e corte, para os casos de muro de grande porte, e quando superior a 2 metros é necessária a realização de um levantamento topográfico;

• Verificar o lençol freático e as redes de esgoto superficiais é de extrema importância, para que estes não interferiram de forma prejudicial o projeto executado. Para isso, é necessária uma planta com indicações de possíveis pontos de água;

• Verificação através dos furos de sondagem com pás, picaretas ou cavadeiras, a qualidade do solo de fundação e Dos demais, para analisar o nível de água. As sondagens devem ser feitas até 1,5 metros no mínimo do nível da fundação do muro.;

• Analisar os materiais disponíveis para a obra no local da implantação, fazendo uma seleção do que será mais adequado, como concreto armado, alvenaria, gabiões, solo, cimento ensacado, pneus, blocos estruturais de concreto, etc;

• Analisar o tipo de drenagem profunda que será utilizada e prever a execução do projeto planejado, assim como a posição dos barbacãs, que são as tubulações de saída de água, as quais atravessam os muros de arrimo, quando necessário.

3.5 Classificações do imóvel

A edificação em análise é classificada como residencial constituída de um imóvel térreo destinado à educação religiosa. Existem no local indícios de umidade na parede a cerca de um metro acima do nível do solo, principalmente na parede que divide o lote vizinho. A mesma parede apresenta trincas e rachaduras presentes principalmente na alvenaria. Dessa forma, a estrutura de concreto não se apresenta comprometida ou condenada, sendo passível de reforma ou reforços para corrigir as patologias identificadas.

Considerando a obra em andamento ao lado da edificação, é possível verificar que foi executado um muro de arrimo de um metro com alvenaria estrutural, composto de vigas de amarração na parte inferior e superior, bem como pilares a cada 2,5m com fundação compostas de estacas de 1,5m. Tal estrutura de contenção encontra-se no limite entre os dois lotes e encosta na edificação em foco, de forma que não apresenta nenhuma estrutura para que seja feita a drenagem do solo. Tendo em vista que o lote se apresenta em desnível em relação a rua, o mesmo acumula água na parte posterior, o que diminui a resistência do solo e gera um carregamento no muro de arrimo. Isso devido aos acréscimos de tensões e ao aumento da opressão podendo

causar o tombamento do muro e afetar a edificação vizinha.

Outra questão importante no muro de arrimo é a impermeabilização, já que o solo vai transmitir umidade para o muro, causando infiltrações. Assim, a infiltração presente na edificação, principalmente na região em contato como o muro, comprova que ele não foi impermeabilizado, o que indica falhas construtivas e mau planejamento em sua execução. Um fator preponderante para a influencia do muro de arrimo na edificação em analise é que ao compactar o terreno não foi levado em consideração o bulbo de tensão ou os esforços induzidos pelo fluxo de maquinas de até 7,5 toneladas.

De acordo com o parágrafo único do artigo 84 da lei n° 5.194, de 24 DEZ/1966, o engenheiro deve cuidar da parte do planejamento e da execução, liderando e supervisionando, e dando as orientações necessárias aos profissionais da obra. Dessa forma percebe-se certa negligência por parte de tais profissionais, quando observa-se que os serviços de execução do muro não apresentam conformidade com as prescrições normativas apresentadas. Assim, além dos erros no projeto, ficam evidentes os erros construtivos e o descuido na administração da obra, que estão afetando a integridade da estrutura vizinha.

De acordo com a PINI (2010), tendo como finalidade evitar a fuga de finos no solo, é preciso utilizar filtros com materiais geotextil, pois este material possui uma textura porosa e permeável que permite a rápida percolação da água. É na inspeção da estrutura que constata-se que os muros de contenção podem ou não fazer uso destas mantas geotextil, apresentando problemas futuros e comprometendo a vida útil da estrutura, gerando deficiências no sistema construtivo, e posteriormente contribuindo para o surgimentos de patologias. A influência da água na estrutura é devida à estabilidade do arrimo, sendo que o acúmulo da água acaba causando deficiência de drenagem, podendo duplicar o empuxo presente. Esta falha no processo de drenagem do muro de contenção é acarretada devido ao escoamento de água a partir de materiais de fina espessura, o que acaba gerando a diminuição do índice de vazios e provocando a pressão hidrostática em taludes.

A pressão exercida pelo maciço de solo no muro, acarreta o rompimento das telas metálicas/gaiolas, permitindo a saída do material, inicialmente condicionado. É importante ressaltar que o material de granulometria fina que estava preenchendo o talude acaba entupindo os poros de drenagem do gabião, deixando espaços vazios no interior do talude e gerando a erosão. Outro indício de patologia está ligado a depredação pelos usuários, os quais acabam rompendo as caixas de contenção com objetos cortantes e com isso retirando suas pedras. Tal atitude afeta diretamente a durabilidade e a resistência do projeto de contenção.

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4. As principais patologias observadas em muros de Arrimo

a. Solo do aterro mal compactado

Observa-se que muitos terrenos baldios acabam servindo como bolsões de lixo para o restante da cidade, acumulando vários entulhos da construção civil. Em seguida estes matérias acabam sendo recobertos por camadas de solo, as vezes sendo compactados pelos próprios caminhões que levam os entulhos, ou ainda devido ao intemperismo.

b. Recalque do solo de fundação em edificação vizinha

Não é raro encontrar aterros em terrenos na cidade, os quais chegam a tingir cerca de 3 a 4 metros acima do nível natural do terreno. Muitas vezes esses aterros foram construídos junto a várias residências, que independente das fundações acabam comportando-se de forma satisfatória.

A Figura 1 apresenta um aterro que foi executado em um terreno anexado a uma construção vizinha já existente, sendo construído junto a divisa dos lotes. O recalque provocado nas paredes da residência e no piso foi tão grande que acabou gerando várias fissuras e trincas na alvenaria, refletindo em um mau funcionamento de portas e janelas da edificação.

Figura 1: Vista de aterro e muro de arrimo construído adjacente a construção existente.

Fonte: Autor, 2019

c. Escavação do terreno junto ao muro de arrimo existente

Depende do nível a ser vencido para que os muros de arrimo possam funcionar como muros de flexão, e para que sua estabilidade seja garantida com o desenvolvimento de tensões passivas pelo lado oposto, correspondendo em muitos casos ao terreno vizinho.

As tensões passivas atuam ao longo das estacas, as quais são utilizadas com a finalidade de resistir aos esforços de flexão.

É devido a retirada do maciço de solo, por meio de escavações que ocorrem o desabamento

das estruturas, o que em muitos casos acarreta danos materiais e nos casos mais graves até perda de vidas.

d. Falta de junta de movimentação entre o muro de arrimo e a edificação existente.

Outro fator bastante negligenciado na execução dos muros é a junta de movimentação, também conhecida como junta de dilatação. É importante que seja respeitada para corresponder a uma folga entre o muro de arrimo e a edificação existente, deixando-a com alguns centímetros de espaçamento. O que acaba sendo observado em muitas avaliações periciais é que tornou-se comum utilizar a parede da residência vizinha como forma de concretagem da estrutura do muro de arrimo, com vigas baldrames, e amarrações de pilares.

e. Má condição de drenagem

É comum que os muros de arrimo sejam dimensionados para resistir aos esforços provocados pelo empuxo ativo do solo, sendo considerado como hipótese o solo não saturado. São poucas as vezes em que é projetado com a finalidade de resistir ao empuxo hidrostático, com a hipótese de acumular água ao longo do muro, porque quando isso ocorre, acaba acrescendo o valor do empuxo resultante, chegando a ordem de 100% e encarecendo o projeto em execução.

A pressão hidrostática por sua vez é resultante do acúmulo de água no solo, o que acaba levando à ruptura da parede do muro, e com o solo encharcado.

f. Muros de Gravidade

São as estruturas que tem como finalidade suportar/conter o seu próprio peso, as pressões de empuxo de terra (pressões laterais), geradas por maciços de solo com eventuais sobrecargas, sendo utilizados para pequenas e médias alturas, o que viabiliza os desníveis que acabam sendo instáveis por taludes naturais. Estes muros de gravidade são bastante utilizados em projetos de barragens, com a finalidade de conter aterros juntos a estruturas de vertedouros e de tomada d’agua.

g. Muros de alvenaria

Os muros de alvenaria de pedra por sua vez são os mais numerosos e antigos. Hoje em dia, por causa do custo elevado para sua execução, o emprego de alvenaria de pedra tem caído, principalmente quando são necessários muros de maior altura.

h. Muros de gabião

As contenções em gabião são executadas com gaiolas metálicas preenchidas com pedras

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arrumadas manualmente e amarradas com fio de aço galvanizadas, com uma malha exagonal de dupla torção. Sendo que a principal característica para esse tipo de muro é a flexibilidade que permite que a estrutura consiga se acomodar a eventuais recalques diferencias e a permeabilidade.

5. Classificação de utilização do imóvel

• Uso do imóvel.

As tabelas 1e2 tem por objetivo demonstrar a função do imóvel. A edificação prejudicada pela estrutura do muro de arrimo tem função residencial , e devido as anomalias sofrida , seu estado de conservação é regular , sendo passível de recuperação.

Tabela 1: Comercial

Residencial X

Industrial

Misto

Fonte: Autor, 2019

• Estado de conservação do imóvel

Tabela 2: Novo

Excelente

Regular X

Ruim

Fonte: Autor, 2019

5.1 Relação das condições da edificação

• Estrutura

As rachaduras verificadas em diagonal e com rápido desenvolvimento indicam que as obras no lote vizinho estão danificando a estrutura, e que é necessário providenciar reparos.

Figura 2: Trincas diagonais na alvenaria.

Fonte: Autor, 2019

Fissuras são definidas atraves da complementação bibliografica de diversos autores como segue .

Manifestação patológica resultante de uma solicitação maior do que acapacidade de resistência da alvenaria, com aberturas lineares até a ordemde 1 mm de largura, que podem interferir nas suas características estéticas,funcionais ou estruturais. Lordsleen Jr. (1997, p. 10)

Segundo Lordsleen (1997, p. 10), qualquer dimensão acima de 1mm caracteriza-se como trinca ou rachadura, já as fissuras com abertura inferior à 0,1mm são consideradas microfissuras. O surgimento de fissuras constitui apenas uma reação exterior a um fenômeno que pode ter origem na própria base da alvenaria de vedação que provavelmente esta recebendo uma carga maior do que a que foi projetada para suportar. Diante desse fato é necessário realizar o diagnostico exato da patologia.

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Figura 3: Parede limite entre os dois lotes (úmida e com trinca)

Fonte: Autor, 2019

Toda a estrutura da edificação construída em concreto armado composta por lajes, vigas e pilares, e fechamento em alvenaria de tijolos cerâmicos, apresenta patologias como fissuras, trincas, umidade e eflorescências. Entretanto não há indício de desabamento, visto que as trincas estão presentes principalmente na alvenaria.

As infiltrações têm como causa principal a deficiência de impermeabilização no muro de arrimo. Em todo caso, a água penetra no concreto e pouco a pouco atinge a armadura de ferro provocando corrosão, aumentando a seção da ferragem, conforme a figura 4.

Caso o concreto esteja muito úmido, os óxidos serão gerados a uma velocidade constante e podem emigrar através da rede de poros, aparecendo na superfície sob a forma de manchas marrom-avermelhadas, não apresentando fissura. No entanto, é comum a ocorrência das duas situações concomitantemente: fissuras acompanhadas de manchas corrosivas (CASCUDO, 1997, p. 12).

De acordo com Gentil (1996), os

processos de corrosão são reações químicas heterogêneas ou reações eletroquímicas que geralmente se passam na superfície de separação entre o metal e o meio corrosivo. Ao sofrer a corrosão, a armadura de aço sofre perda de seção, o que resulta na perda de aderência do aço/concreto, por conseguinte a peça sofre redução na sua capacidade estrutural.

Isto tem o efeito de pressionar o concreto e causar o início das rachaduras.

Figura 4: Perda de seção da armadura.

Fonte: Gentil,1996

Com o passar tempo pedaços do concreto começarão a cair, deixando a ferragem exposta e acelerando o processo de corrosão. Este evento requer duas providências em caráter de urgência: reparos na parte afetada e estancamento da infiltração.

Figura 5: Umidade no muro a cerca de um metro.

Fonte: Autor, 2019

Segundo Péres(1985), a umidade nas edificações representa um dos maiores problemas a serem corrigidos na área da construção civil. Essa carência ainda é percebida mais de 30 anos após a elaboração da obra do autor citado.

A maior dificuldade encontra-se no momento inicial da construção devido à falta de cuidados por imperícia e negligência, não tomando os cuidados necessários de impermeabilização em bases e em fundações, e, no caso do muro de arrimo, não aplicando as normas para aterro e encostas. Dessa forma as patologias relacionadas à infiltração e à umidade presentes na estrutura tornam-se de fato um dos maiores problemas a serem corrigidos por não haver condições de agregar elementos impermeáveis entre a fundação e as alvenarias de vedação.

Nesse caso é possível que sejam aplicados materiais e produtos que amenizem e dificultam a escalada de umidade na estrutura.

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Figura 6: Trinca a 45° nas esquadrias

Fonte: Autor, 2019

Fissuras a 45 graus geralmente são resultantes de recalques diferenciados das fundações, mas podem também ocorrer por concentração de tensões (ao redor de vãos de portas ou janelas, por exemplo), encurtamentos localizados de trechos curtos de paredes (funcionando como pilares), retração ou dilatação térmica de lajes, deformações do sistema de escoramento de lajes etc. TÉCNE (2015, p. 2).

6. Falhas construtivas no muro de arrimo

Existem falhas construtivas na estrutura de contenção do muro de arrimo, que tem por objetivo prover a estabilidade contra a ruptura do solo compactado no lote vizinho. Dessa forma, tal estrutura atua como agente estabilizador, todavia, apresenta-se mal executada e mal dimensionada visto que quando houve um aumento de solicitação devido às chuvas, ela tombou empurrando a edificação em questão.

Figura 7: - Solo compactado contra a estrutura de contenção

Fonte: Autor, 2019

Solo conceitualmente se define como todo material presente na crosta terrestre, capaz de ser

escavado de forma mecânica com uso de ferramentas como; escavadeira, picareta, tratores, e demais equipamentos, não sendo capaz de oferecer resistência ao manejo mecânico. Sendo assim, conforme a visão técnica, o solo serve como suporte para as obras da construção civil.

Vargas (1977) descreve que os materiais reagem sofrendo deformações aos esforços atuantes, sendo capazes de influenciar as estruturas conforme as propriedades e comportamentos.

Segundo Massad (2010), a formação do solo é devida aos desgastes decomposições rochosas , as quais se encontram próximas à superfície da terra, fraturadas e fragmentadas pelos movimentos tectônicos, bastando uma umidade atípica como auto indice de precipitação para que algumas áreas se desestabilizem.

Um solo pode ser considerado estável quando a granulometria obedece uma curva, correspondente aos solos bem granulados (Talbot), ou seja, quando pertencente ao grupo GW e SW de Casagrande, bastante compactado. (VARGAS, 1977).

Para Vargas (op, cit.) os cálculos de qualquer projeto de engenharia que envolvam solos são baseados em propriedades específicas da classe e em uma escala de granulometria, a qual pertence o solo. Mas é preciso estabelecer uma escala granulométrica, ou seja, uma escala de grandezas entre os diâmetros das frações constituintes dos solos. Há diferentes escalas de granulometria, sendo que cada organização adota a sua.

A estabilidade dos solos depende do seu potencial de oferecer maior resistência estável às cargas, erosões, descargas, por causa de uma compactação, com a correção da sua granulometria e também do modo de plasticidade ou ainda da adição de substâncias as quais lhe conferem coesão, proveniente da cimentação e aglutinação das partículas. São bastante utilizado em reforços de fundações e melhorias na estabilidade e escavação de taludes.

Em 1916 a análise de estabilidade foi desenvolvida, na época ficou conhecida como método Sueco, é motivada pelo escorregamento do solo natural ocorrido no cais de Stigberg, e também no porto de Gotemburgo. Isso levou à análise sobre as considerações de massa do solo como um todo, ou subdividida por lâminas ou cunha. Esses métodos são capazes de analisar a linha de ruptura dos solos se eles se fragmentam por fatias, por ruptura não circular, ou por lâminas, apresentando fases verticais além de considerar solos estratificados.

De acordo com Massad (2010), os métodos para análise de estabilidade dos taludes são baseados no equilíbrio de uma massa de solo, tomada como corpo rígido-plástico, no processo de iminência ao entrar na fase de escorregamento, por isso a denominação de método de equilíbrio-

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limite. A compactação do solo refere-se à redução do volume, resultante da expulsão de água que ocorre pelo adensamento, e é um processo recorrente da manipulação intensiva por máquinas.

Segundo Koolen (1994), a pressão média aplicada ao solo por máquinas como tratores, retro escavadeiras e outras máquinas do mesmo porte situam-se entre 100e 200 Kpa. Segundo o manual de compactação de solo MQ,MULTIQUIPE (P.3), algumas razões para se fazer a compactação do solo são:

• Aumenta sua capacidade de resistência a cargas;

• Evita a deformação aumentando a estabilidade;

• Reduz infiltração de agua, dilatação e contração;

• Reduz sedimentação do solo.

Tipos de compactação:

• Vibração;

• Impacto;

• Amassamento;

• Pressão.

O objetivo da compactação do solo é melhorar suas propriedades. Ao ser transportado o solo está com pouca resistência e muita deformidade. A compactação atua na melhoria do aspecto heterogêneo e fofo do solo .O resultado dessa operação aumenta o peso específico , diminui os vazios e consequentemente a variação de umidade que impede o surgimento de erosão e ganha resistência ao cisalhamento.

A compactação por meio de pressão, impacto, amassamento, ou vibração, torna o solo mais homogêneo, como demostra a figura 8.

Figura 8 - Representação do solo antes e depois da compactação

Fonte: Koolen, 1994

Figura 9: Solo compactado contra a estrutura de contenção

Fonte: Autor, 2019

As causas verificadas para o tombamento do muro e o consequente comprometimento da estrutura vizinha, foram a falta de drenagem no talude formado, e o aumento das tensões no solo devido à umidade, e por fim a redução da resistência do solo devida ao aumento do poro pressão (Pressão da formação ou pressão de poros é a pressão que o fluido exerce no interior dos poros dos elementos porosos como os solos e as rochas), diminuindo as tensões de sucção.

Figura 10: Solo compactado e encharcado.

Fonte: Autor, 2019

Assim, para que haja o dimensionamento, os esforços atuantes determinam a inclinação do muro, bem como sua espessura, e as dimensões do paramento frontal. O muro de concreto armado em consideração aos contrafortes deve ser armado em duas direções. As armaduras horizontais possuem a função de limitar as deformações, além de fornecerem espessuras de muro menores. Já as armaduras verticais têm o objetivo de suportar os esforços decorrentes dos carregamentos que a estrutura estará sujeita. Tais critérios não foram totalmente observados para a construção desse muro.

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Figura 11 : Estrutura de contenção fora de prumo.

Fonte: Autor, 2019

A figura 11 acima mostra a ação do empuxo na estrutura analisada. Segundo GERCOVICH (2010). Entende-se por empuxo a ação produzida por uma carga horizontal em contato com a obra, a distribuição de tensões ao longo da estrutura de contenção, dependendo do contato solidário entre o elemento estrutural e o solo durante toda vida da estrutura.

O empuxo atua sobre o elemento estrutural, provocando deslocamentos horizontais e alterando a distribuição dos esforços ao longo das fases construtivas da obra. Por isso, os cálculos dos empuxos tornaram-se uma das maiores e mais antigas preocupações da engenharia. Datada do século XVII, temos a primeira contribuição para o tema, isso é, bem antes do nascimento da mecânica dos solos como ciência autônoma. Toda estrutura e edificação vertical e horizontal depende de um solo estável, principalmente as edificações na vertical, pois elas possuem maior concentração de carga em uma menor área relativa.

No estudo deste assunto é possível determinar forças e tensões com base apenas nas condições de equilíbrio. Para vencer esta dificuldade, as condições de compatibilidade entre os deslocamentos têm que ser consideradas, o que implica na necessidade de tomar conhecimento da variação das tensões com deformações, ou seja, a curva ∂ x є.

“Há, em síntese, duas linhas de conduta no estudo de empuxo de terra”. A primeira, de cunho teórico, apoia-se em tratamentos matemáticos elaborados a partir de modelos reológicos que tentam traduzir, o máximo possível, o comportamento preciso da relação: tensão x

deformação dos solos. Esse procedimento, em sua forma mais abrangente, considerando todos os aspectos do comportamento real dos solos, implica em dificuldades matemáticas insuperáveis. Isto leva à criação de hipóteses simplificadoras que acabam definindo uma situação que se distancia dos problemas práticos de interesse.

A segunda forma de abordagem é de caráter empírico-experimental. São recomendações colhidas em modelos de laboratórios e em obras instrumentadas. A automatização dos métodos numéricos (diferenças finitas, métodos dos elementos finitos) através de computadores e a evolução das técnicas de amostragens e ensaios têm propiciado, nos últimos anos, um desenvolvimento significativo dos processos de cunho teórico.

As análises advindas do método de elementos finitos apresentam a vantagem de calcular tanto os empuxos como as deformações do solo e da estrutura, na forma de abordagem da curva ∂ x є. O único ponto negativo do método é devido ás dificuldades que são enfrentadas para definir com precisão a curva ∂ x є do solo, e os parâmetros a ela relacionados, que são, juntamente com os dados de geometria, da massa específica, e as condições de contorno do problema”.

Várias são as causas que resultam no empuxo e sua atuação depende de:

• Do nível do aterro em referencia com a

estrutura; • Das características do solo; • Direção do nível da agua; • Deformação e propriedade sofrida pela

estrutura; • Quantidade e inclinação do aterro.

De acordo com Gerscovich (2010), existem o empuxo ativo, passivo e o empuxo em repouso.

Figura 12: Demonstração de empuxos.

Fonte: Gerscovich, 2010

• Ativo: É a pressão exercida entre o solo e o muro quando existe um deslocamento da estrutura no sentido horizontal, fazendo com que a parte projetada fora do aterro fique com inclinação menor que 90º;

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• Passiva: É a pressão exercida entre o solo e o muro quando existe um deslocamento da estrutura no sentido de comprimir o solo no sentido horizontalmente, deixando-a com angulo inferior à 90º;

• Repouso: É quando a estrutura projetada suporta toda carga horizontal fazendo com que fique exatamente com 90º;

7 Soluções proposta

Devido ao rápido progresso das fissuras e trincas apresentado nos revestimentos e alvenaria de vedação, propõe-se ações corretivas que devem ser executadas na estrutura do muro de arrimo na edificação vizinha.

Para correção do muro pode ser feito um reforço na fundação e na alvenaria, acrescentado estacas intermediárias a cada 2,5m com profundidade entre 5 a 7 metros, bem como acrescentar uma camada de material granular drenante na base do muro (geocinéticos, brita ou areia), canalizando a água para fora do maciço de solo. Dessa forma aumentaria a resistência da estrutura e diminuiria o peso do solo, empurrando o muro e a edificação vizinha.

Além disso, pode ser instalado um sistema de drenagem de águas pluviais superficiais que leve o excesso de água para um sumidouro, para evitar que o solo fique encharcado. E por último, é necessário que as correções e reforços sem feitos na estrutura para evitar que a mesma entre em colapso.

Pode-se constatar de acordo com as normas ABNT NBR 15575:2013, ABNT NBR 6118:2014 e ABNT NBR 11682, na aplicação e uso de pisos, vedações verticais. Estruturas de concreto, que o principal agente das anomalias e problemas encontrados diz respeito às falhas na execução da obra vizinha. Tais falhas afetaram a integridade da estrutura analisada.

7.1 Observações

Dessa forma fica evidente que não houve uma preocupação por parte do engenheiro ou mestre de obras com suas respectivas responsabilidades de organização, planejamento, e contratação de mão de obra qualificada para execução dos serviços. Tais constatações podem ser averiguadas quando observa-se a existência de umidade nas áreas internas da edificação, proveniente da infiltração da água da chuva, erros de execução e erros de projeto, como a falta de impermeabilização do muro. Assim, esses problemas provocam patologias, fissuras e instabilidade na estrutura como um todo, reforçando a premissa de que não foram respeitados os requisitos normativos apontados no levantamento. O processo de degradação da

estrutura será contínuo enquanto não houver interrupção das causas ou ação corretiva, aplicando as sugestões propostas no presente apontamento.

7.2 Declarações complementares sobre a edificação

• Não está localizada em área de risco; • Não está localizada em Áreas de Proteção

Ambiental, várzea ou Áreas de Preservação Permanente (APA);

●Está localizada em loteamento regular e liberado para construção;

• A atividade desenvolvida no local está de acordo com a lei de uso e ocupação do solo vigente (LC 728/06);

• Não se trata de área pública;

●Possui infraestrutura adequada para exercer as atividades a qual se destina, atendendo os padrões mínimos da Portaria-MS nº321/98.

8 Considerações finais

Com base na pesquisa bibliográfica do presente trabalho foi possível analisar a existência de vários métodos construtivos, assim como, as patologias mais recorrentes na construção de muro de arrimo.

Por mais que o custo para com a implantação de algumas estruturas de contenção seja determinante para a escolha da contenção e do material, é importante ressaltar que há critérios relevantes para inviabilizar certos materiais. Por isso, deve ser feito primeiramente um estudo minucioso da área e do solo de utilização para o projeto, com a finalidade de se adequar um bom planejamento, evitando possíveis problemas futuros.

Mediante esta realidade, os métodos de contenção tem se mostrado como de grande valia para o melhor entendimento sobre a aplicação de diversos materiais.

Vários são os casos de construções de muros de arrimo que prejudicam edificações vizinhas. O contato direto do aterro sem uma camada de materiais como brita ou areia leva o esforço da camada de aterro diretamente à estrutura, podendo refletir diretamente em qualquer edificação que esteja próxima ou na encosta.

O projeto e a execução de um muro de arrimo devem ser sempre realizados por um engenheiro civil ou profissional qualificado. O mau dimensionamento ou a má execução poderão ocasionar a ruptura do elemento, causando acidentes e gastos adicionais.

De acordo com a NBR 11682 – Estabilidade de encostas, alguns cuidados devem ser tomados para que a execução do muro de arrimo seja feita de forma segura e econômica.

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É necessário que alguns cálculos sejam feitos para um correto dimensionamento dos esforços. Neste caso avaliado, a compactação do solo com máquinas que pesam em média 12 toneladas fez com que o muro não suportasse as cargas horizontais e empurrasse a edificação vizinha.

Agradecimentos:

Ser engenheiro foi um sonho que nasceu em um dos momentos mais difícil da minha vida. Sempre pensei que as necessidades é que traz as responsabilidades , as grandes dificuldades que passei me fez valorizar cada patamar que alcancei . “Acredito na sorte, mas percebo que quanto mais me esforço em trabalhar mais sorte tenho”. Agradeço a Deus que abriu as portas e sem condições alguma estou concluindo não somente um curso superior mas também um sonho que está se concretizando em meio muitas forças contrárias . Agradeço minha esposa “Helcinéia” que no começo ficou receosa . porem com grande sensibilidade deu me apoio incondicional. Agradeço a todos os professores , em particular professor Nilo Serpa que de forma direta contribuiu para que tudo fosse possível .

Concluo esse curso sabendo que tudo que se realizou é fruto da bondade de Deus.

Referências:

1- ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS-- NBR 15.575 – Norma de Desempenho

das Edificações Habitacionais ,

2- ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS -- NBR15575:2013,_ ABNT NBR

6118:2014, ABNT NBR 11682:2009.

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cálculo prático e econômico. 2. ed. rev e atual. Rio de Janeiro, RJ: Interciência, 2010. xviii, 206 p.

4- ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – NBR 5674/99: Manutenção de

Edificações - Procedimento . Rio de Janeiro, 1999.

5- ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – NBR 13.752/96: Perícias de engenharia

na construção civil. Rio de Janeiro, 1997.

6- BARROS, P. L. de A. Obras de Contenção - Manual Técnico . Jundiaí: São Paulo. Maccaferri,

2011. Disponível em: http://www.maccaferri.com.br/downloadDe.php?idioma=0&download=81. Acesso em:

22 Abril de 2019.

7- CALISTO, Aline; KOWOSKI Regiane. Efeito do Recalque Diferencial de Fundações

8- CASCUDO, Osvaldo. O Controle da Corrosão de Armaduras em Concreto . 1ª ed.

Goiânia: PINI e UFG, 1997.

9- FILIPE marinho, Bulbo de tensões: Conceito e aplicações

10- GERSCOVICH, Denise M. S. Estruturas de Contenção: Muros de Arrimo . Rio de Janeiro:

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11- GENTIL, Vicente. Corrosão . 4ª ed. Rio de Janeiro: LTC Editora, 2003.

12- MASSAD, Faiçal. Obras de terra: curso básico de geotecnia . 2 ed. São Paulo: Oficina de Textos,

2010.

13- OLIVEIRA, Alexandre Magno. Fissuras e rachaduras causadas por recalque

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Universidade Anhembi Morumbi, São Paulo, 2003.

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Disponível em: <http://engenharia.anhembi.br/tcc-

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