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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO IMOBILIÁRIO
MBA 14 – 2018
1º questão) Publicada, em 31/08/2015, a Súmula 543 do STJ, pretendeu tratar
de critérios para restituição de valores, pela incorporadora imobiliária ao
promitente comprador de imóvel, quando da extinção do compromisso de
compra e venda submetido às diretrizes do Código de Defesa do Consumidor.
Súmula 543-STJ: Na hipótese de resolução de contrato de promessa
de compra e venda de imóvel submetido ao Código de Defesa do
Consumidor, deve ocorrer a imediata restituição das parcelas pagas
pelo promitente comprador - integralmente, em caso de culpa
exclusiva do promitente vendedor/construtor, ou parcialmente, caso
tenha sido o comprador quem deu causa ao desfazimento. STJ. 2ª
Seção. Aprovada em 26/8/2015, DJe 31/8/2015 (Info 567).
Em 31/01/2014, Diego celebra contrato de promessa de compra e venda de um
apartamento com determinada incorporadora o qual estava estabelecido as
seguintes cláusulas:
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Pergunta-se: O ADQUIRENTE, tornou-se inadimplente tendo em vista sua
recusa no Financiamento Imobiliário. Nesse passo a construtora efetuou
a notificação prevista na cláusula 6.3, alínea “a” do contrato. Como
advogado do adquirente, qual seu parecer?
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2ª questão) Por instrumento particular, Antonio vendeu para João fração ideal
do seu imóvel, sendo que o valor da transação foi inferior a trinta salários
mínimos. A forma do título encontra-se adequada? Explique.
3ª questão) Antonio vendeu um lote a João, por meio de contrato particular de
compra e venda, pelo preço de R$20.000,00. Consta no IPTU que o terreno
está lançado por R$18.000,00. Consta, ainda, no IPTU, que há uma edificação
lançada no valor de R$70.000,00, a qual não está averbada no registro de
imóveis. O valor do negócio jurídico está correto? A forma da transação
imobiliária está correta? Explique.
4º questão) Processo 00000000000 – Pedido de Providências – Registro Civil
das Pessoas Naturais – L.G.F.C. – Vistos. Cuida-se de pedido de providencias
instaurado a partir de representação formulada por KKK relacionado à recusa
da Oficial de Registro Civil das Pessoas Naturais, da Capital, em processar
pedido de habitação para casamento, posto que ambos os pretendentes,
utilizando-se de uma única procuração, constituíram o mesmo mandatário para
realização do ato (a fls. 02). A Oficial manifestou-se, sustentando que o
processamento da habilitação de casamento por meio de procurador impõe
que cada nubente seja representado por um procurador, tendo em vista o
conflito de interesses dos contraentes (fls. 04/06). A representante do Ministério
Público ofertou parecer (fls. 05-verso). É o relatório DECIDO. Trata-se de
pedido de providências instaurado pelo interessado que se insurge contra a
recusa da Oficial de Registro Civil das Pessoas Naturais em processar pedido
de habitação para casamento em que ambos os nubentes são representados
por um mesmo procurador. Acertada a recusa da Oficial em proceder à
habilitação de casamento tal como postulada. Isso porque, resta evidente o
conflito de interesses entre as pessoas dos nubentes no ato de manifestação
das vontades, seja no que tange à mudança de nome, ao pacto antenupcial, ao
regime de bens e à própria celebração do casamento. Assim, na
impossibilidade de comparecimento pelos nubentes, deverão nomear
procuradores diversos. Como é cediço, a procuração é outorgada para o
mandatário receber, em nome do outorgante, o outro contraente, inferindo-se
daí que ambos não podem nomear o mesmo procurador, até porque há a
obrigação legal de cada procurador atuar em prol dos interesses de seu
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constituinte, podendo emergir potencial conflito de interesses. Na precisa lição
de Silvio de Salvo Venosa: “Também não deve ser admitido que os dois
nubentes confiram poderes à mesma pessoa, porque desvirtuaria a natureza
do consentimento. A lei não o diz expressamente, mas dela se infere quando
menciona no texto “o outro contraente” (Gomes, 1983:102), expressão que é
mantida no § 1º do artigo do vigente Código. Se os dois se casarem por
procuração, deverão ser dois procuradores”. (Venosa, Sílvio de Salvo, Direito
civil: direito de família / Silvio de Salvo Venosa. 9. Ed. São Paulo: Atlas, 2009. –
( Coleção direito civil; v. 6), p. 92). Destarte, e na linha do artigo 1525 do
Código Civil e Item 57, Capítulo XVII das Normas de Serviço da Corregedoria
Geral da Justiça, não há dúvida da possibilidade de habilitação de casamento
por procurador com poderes especiais conferidos por instrumento público ou
particular, com firma reconhecida. Entretanto, em vista dos efeitos do
casamento, aliados à prevalência da segurança jurídica, impõem-se que cada
nubente outorgue procuração ao seu próprio procurador, de modo que cada
procurador defenda os interesses de seu constituinte. Diante do exposto e por
tudo mais que nos autos consta, a recusa apresentada pela Oficial do Registro
Civil, afigura-se correta, no âmbito da representação dos nubentes. Por
conseguinte, determino o arquivamento do feito. Ciência ao interessado, à
Oficial e ao Ministério Público. Comunique-se a decisão à Egrégia Corregedoria
Geral da Justiça. R.I
Os nubentes comparecem em seu escritório e solicitam a sua opinião.
Como advogado dos nubentes, qual seu parecer?
5ª questão) A incorporadora MVK pretende adquirir um imóvel de Y. Porém, no
início da negociação, Y esclarece que não quer apenas vender o imóvel, mas
tornar-se sócio no futuro empreendimento imobiliário. A incorporadora MVK
concorda com a proposta de Y e estabelecem então realizar o
empreendimento. Contudo, para evitar custos desnecessários, MVK e Y devem
ajustar um contrato deste vínculo. Nesse passo MVK exige que Y outorgue
uma procuração pública, nos termos do art. 31, §1º da Lei 4.591/64.
Art. 31. A iniciativa e a responsabilidade das incorporações
imobiliárias caberão ao incorporador, que somente poderá ser:
a) o proprietário do terreno, o promitente comprador, o
cessionário dêste ou promitente cessionário com título que
satisfaça os requisitos da alínea a do art. 32;
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b) o construtor ou corretor de imóveis.
§ 1º No caso da alínea “b”, o incorporador será investido, pelo
proprietário de terreno, o promitente comprador e cessionário
deste ou o promitente cessionário, de mandato outorgado por
instrumento público, onde se faça menção expressa desta Lei e
se transcreva o disposto no § 4º, do art. 35, para concluir todos
os negócios tendentes à alienação das frações ideais de
terreno, mas se obrigará pessoalmente pelos atos que praticar
na qualidade de incorporador
Art. 35. O incorporador terá o prazo máximo de 60 dias, a
contar do termo final do prazo de carência, se houver, para
promover a celebração do competente contrato relativo à
fração ideal de terreno, e, bem assim, do contrato de
construção e da Convenção do condomínio, de acordo com
discriminação constante da alínea "i", do art. 32.
§ 4º Descumprida pelo incorporador e pelo mandante de que
trata o § 1º do art. 31 a obrigação da outorga dos contratos
referidos no caput deste artigo, nos prazos ora fixados, a carta-
proposta ou o documento de ajuste preliminar poderão ser
averbados no Registro de Imóveis, averbação que conferirá
direito real oponível a terceiros, com o conseqüente direito à
obtenção compulsória do contrato correspondente.
No entanto, após o lançamento do empreendimento, a incorporadora MVK não
cumpriu diversas obrigações com o proprietário do terreno Y. Como retaliação,
Y dirigiu-se até o tabelionato de notas em que foi lavrada a procuração e a
revogou.
I) Após a entrega do empreendimento, a incorporadora MVK iniciou os
repasses com o Banco X, o qual suspendeu todos os processos por causa da
revogação da procuração.
II) A incorporadora MVK está sendo notificada para cumprir a obrigação de
outorga de escritura de várias unidades.
III) O Tabelionato de Notas afirmou que não tinha como não revogar a
procuração haja vista a previsão do art. 684, CC, pois na procuração revogada
não havia a previsão de sua irrevogabilidade.
Art. 684. Quando a cláusula de irrevogabilidade for condição de
um negócio bilateral, ou tiver sido estipulada no exclusivo
interesse do mandatário, a revogação do mandato será
ineficaz.
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Como advogado da incorporadora MVK, qual seu parecer para continuar
os processos de repasse?
Resposta:
6ª questão) Foi apresentado ao Tabelião de Notas uma procuração pública
lavrada pelo Sr. Pablo, viúvo, com 69 anos de idade, em 2012, com poderes
para qualquer imóvel na cidade de São Paulo.
I) O procurador, filho do Sr. Pablo, conseguiu um comprador para o imóvel
situado na Praça da Liberdade, 300, apto. 81.
II) Ajustaram que o preço seria feito no momento da lavratura da escritura
definitiva de compra e venda.
III) Agendaram a escritura para o dia 21/09/2015.
IV) No momento em que chegaram ao Tabelionato de Notas, o escrevente
informou que o Tabelião de Notas, negou a lavratura da escritura, exigindo a
presença do proprietário do imóvel ou a lavratura de nova procuração, haja
vista ter sido outorgada à época por um idoso e não foi estipulado prazo, nos
termos do item 131 do Capítulo XIV, Tomo II, do Provimento 58/89 do Tribunal
de Justiça de São Paulo (Normas de serviço da Corregedoria Geral da Justiça).
“131. Nas procurações outorgadas por pessoas idosas, recomenda-
se aos Tabeliães de Notas, especialmente quando insinuado risco
concreto de comprometimento patrimonial do idoso, que as lavrem
com prazo de validade não superior a 01 (um) ano, com atribuição de
poderes para prática de negócios jurídicos específicos e
determinados e sem previsão de cláusula de irrevogabilidade,
ressalvadas as hipóteses em que esta for condição de um negócio
jurídico bilateral ou tiver sido estipulada no exclusivo interesse do
outorgante.”
Pergunta-se: O procurador o consulta que caminho seguir, pois o proprietário
está internado sem possibilidades de comparecer para outorgar a escritura ou
lavrar nova procuração.
7ª questão) Quais as diferenças entre o contrato consigo mesmo, previsto no
art. 117 do Código Civil, da procuração em causa própria e do mandato em
causa própria, ambos do art. 685 do Código Civil.
8ª questão) No dia 08/03/2015, o casal João e Maria foi conhecer um empreendimento imobiliário denominado Quintas do Barão, situado no bairro de Moema, em São Paulo. Chegando ao plantão de vendas, o casal foi atendido pela consultora imobiliária chamada Gina, a qual imediatamente cadastrou o casal no sistema da imobiliária e apresentou o apartamento decorado de 413,00m², pelo preço de R$ 4.956.000,00 (quatro milhões, novecentos e cinquenta e seis mil reais). Porém, como o mercado imobiliário está em baixa, o apartamento estava em oferta pelo preço de R$ 4.100.000,00 (quatro milhões e cem mil reais) para quem adquirisse o imóvel naquele final de semana. O casal, empolgado com a liquidação, celebrou uma ESCRITURA PÚBLICA DE COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA DE IMÓVEL NA PLANTA PELO
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SISTEMA DE PREÇO FECHADO, pelo valor de R$ 3.854.000,00 (três milhões oitocentos e cinquenta e quatro mil reais), sendo que a forma de pagamento ficou ajustada da seguinte forma:
a) R$ 854.000,00 de entrada; b) R$ 3.000.000,00 divididos em 24 parcelas mensais de R$ 125.000,00;
O casal pagou ainda o valor de R$ 246.000,00 diretamente para a imobiliária e R$ 36.080,00 como Assessoria Técnica Imobiliária prestada pela imobiliária. Passados 30 dias da data da celebração do negócio, o Sr. João procurou a corretora de imóveis e afirmou que teria que cancelar o contrato, pois foi descoberto uma doença rara em seu filho e o tratamento necessariamente deverá ser feito nos Estados Unidos, cujas despesas médicas certamente comprometerão a aquisição imobiliária. O caso foi passado para o jurídico da incorporadora, e foi dado o seguinte parecer: I) Tendo em vista que o contrato celebrado entre a VENDEDORA e os COMPRADORES se deu com a cláusula de IRRETRATABILIDADE, o não cumprimento das cláusulas contratuais (PAGAMENTO DAS PARCELAS) gerará a multa contratual de 10% (dez por cento) do preço do imóvel, no valor de R$ 385.400,00 (trezentos e oitenta e cinco mil e quatrocentos reais), além do pagamento dos honorários advocatícios de 20% (vinte por cento) do valor da multa, nos termos do art. 389 do Código Civil. II) Outra hipótese, seria os COMPRADORES realizarem uma CESSÃO DOS DIREITOS DO COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA para um terceiro interessado, devendo os compradores arcar com a TAXA DE ANUÊNCIA, no importe de 3% (três por cento) do valor do imóvel, ou seja, o valor de R$ 115.620,00 (Cento e quinze mil seiscentos e vinte reais) e pagamento do ITBI da CESSÃO DOS DIREITOS, no valor de R$ 115.620,00 (Cento e quinze mil seiscentos e vinte reais), conforme lei tributária do Município. III) Outrossim, caso os COMPRADORES optem pelo distrato, nos termos da cláusula XXXIX, a VENDEDORA por mera liberalidade pagará aos COMPRADORES o valor de R$ 256.000,00 (duzentos e cinquenta e seis mil reais), cujo prazo para pagamento após a assinatura do termo de extinção do contrato será de no máximo 60 (sessenta) dias úteis, diretamente na conta corrente indicada pelos COMPRADORES. IV) Ressaltamos que os valores pagos a título de comissão de corretagem não serão devolvidos, haja vista, o pagamento ter sido diretamente à imobiliária. Nesse passo, os COMPRADORES se dirigem até vosso escritório para consultar se não há outro meio para resolver a questão, pois as soluções sugeridas pela VENDEDORA não parecem ser as mais justas. Questiona-se: a) Qual a solução menos onerosa ao seu cliente? Justifique. Resposta:
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9ª questão) Foi realizado entre o terrenista (proprietário do terreno) e o
incorporador imobiliário um negócio imobiliário de permuta do terreno com
futuras unidades autônomas. O incorporador imobiliário, para poder garantir a
viabilidade econômica, celebrou um contrato de mútuo com a instituição
financeira PAN.
Considerando a operação acima, foram ajustadas as seguintes condições:
a) A instituição financeira PAN exigiu, para garantia da operação, a hipoteca de todo o empreendimento.
b) O incorporador imobiliário se comprometeu a transmitir as futuras unidades autônomas ao terrenista, em até 48 meses da data da contratação.
c) O terrenista, titular do direito de aquisição de 8 unidades autônomas no futuro empreendimento, celebrou uma cessão de direitos pelo valor de R$ 200.000,00 com Sr. Girafales.
d) O cessionário Sr. Girafales quitou a cessão de direitos no momento da entrega do empreendimento.
Ademais, após a regularização da construção do empreendimento, temos as
seguintes situações:
e) O cessionário Girafales exigiu a outorga da escritura definitiva, pois vendeu o imóvel para Sr. Madruga, que irá financiar o imóvel com uma instituição financeira concorrente daquela que financiou a construção.
f) O Tabelionato de Notas nega a lavratura da escritura definitiva, tendo em vista a hipoteca em favor da instituição financeira PAN.
g) Em consulta verbal ao registro de imóveis competente, também afirmou-se que é obrigatório o cancelamento da hipoteca para a aquisição da propriedade.
h) Em consulta verbal com a instituição financeira que irá financiar o imóvel para o Sr. Madruga, enquanto não houver o cancelamento da hipoteca com o Banco Pan, não será possível o financiamento.
Pergunta-se:
1º) É possível a lavratura da escritura definitiva entre o terrenista (proprietário
do terreno) e o adquirente Sr. Madruga (cessionário). Justifique.
2º) Qual é o procedimento para cancelamento da hipoteca registrada na
matrícula-mãe? Seria possível a incidência da Súmula 308 STJ1?
1 STJ - Súmula 308 – “A HIPOTECA FIRMADA ENTRE A CONSTRUTORA E O AGENTE
FINANCEIRO, ANTERIOR OU POSTERIOR À CELEBRAÇÃO DA PROMESSA DE COMPRA E
VENDA, NÃO TEM EFICÁCIA PERANTE OS ADQUIRENTES DO IMÓVEL.”