81
UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Pós Graduação “Lato Sensu” em Fisioterapia do Trabalho Maria Viviane Marques Arruda Capelini IMPACTO DA GINÁSTICA LABORAL NO ÍNDICE DE QUEIXAS DOLOROSAS DOS TRABALHADORES DA INDÚSTRIA CALÇADISTA LINS - SP 2010

Curso de Pós Graduação “Lato Sensu” em Fisioterapia do ... · DOLOROSAS DOS TRABALHADORES DA INDÚSTRIA CALÇADISTA LINS - SP 2010 . 2 ... baseada no preenchimento de questionários

  • Upload
    lamnhi

  • View
    214

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

UNISALESIANO

Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium

Curso de Pós Graduação “Lato Sensu” em Fisioterapia do Trabalho

Maria Viviane Marques Arruda Capelini

IMPACTO DA GINÁSTICA LABORAL NO ÍNDICE DE QUEIXAS

DOLOROSAS DOS TRABALHADORES DA INDÚSTRIA CALÇADISTA

LINS - SP

2010

2

MARIA VIVIANE MARQUES ARRUDA CAPELINI

IMPACTO DA GINÁSTICA LABORAL NO ÍNDICE DE QUEIXAS

DOLOROSAS DOS TRABALHADORES DA INDÚSTRIA CALÇADISTA

Monografia apresentada à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, como requisito parcial para obtenção do título de especialista em Fisioterapia do Trabalho sob a orientação do Professor M. Sc. Evandro Emanoel Sauro e da Professora M. Sc. Heloisa Helena Rovery da Silva.

LINS – SP 2010

3

Capelini, Maria Viviane Marques Arruda

C241i

Impacto da Ginástica Laboral no Índice de Queixas Dolorosas dos Trabalhadores da Indústria Calçadista / Maria Viviane Marques Arruda Capelini. – – Lins, 2010.

75p. il. 31cm.

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – UNISALESIANO, Lins, SP para Pós-Graduação “Lato Sensu” em Fisioterapia do Trabalho, 2010.

Orientadores: Evandro Emanoel Sauro; Heloisa Helena Rovery da Silva

1. Ginástica Laboral. 2. Postura no Trabalho. 3. Indústria calçadista. I Título.

CDU 615.8

4

MARIA VIVIANE MARQUES ARRUDA CAPELINI

IMPACTO DA GINÁSTICA LABORAL NO ÍNDICE DE QUEIXAS

DOLOROSAS DOS TRABALHADORES DA INDÚSTRIA CALÇADISTA

Monografia apresentada à Banca Examinadora do Centro Universitário

Católico Salesiano Auxilium, para obtenção do título de especialista em

Fisioterapia do Trabalho.

Aprovada em: ____/_____/______ Banca Examinadora: Prof. M. SC. Evandro Emanoel Sauro Mestre em Medicina Experimental – UNIMAR - SP

Profª. Heloisa Helena Rovery da Silva Mestre em Administração pela CNEC/ FACECA - MG

Lins – SP 2010

5

À Deus pela sua infinita graça.

Aos meus pais, Geraldo e Luzia, pelo incansável apoio e dedicação.

Ao meu esposo, Junior, pela extrema compreensão e fiel companhia nas mais diversas situações, minha eterna gratidão.

E ao meu amado e precioso filho, Murilo, exemplo de amor e determinação, motivo de tudo em minha vida!

6

AGRADECIMENTOS Ao Prof. Evandro Emanoel Sauro pela orientação científica deste

trabalho, minha sincera gratidão.

Aos colegas de classe, Renato Durante e José Paulo Candido,

obrigada pelo incentivo, parceria e agradável companhia.

Aos demais colegas, que conheci nesta Pós Graduação, aprendi

admirar a todos; cada um com sua especial característica, sempre

estarão em minha memória!

À Prof.ª Heloisa Helena Rovery da Silva, que com sua “especial”

didática, conseguiu transformar minha concepção sobre a disciplina de

Metodologia da Pesquisa.

Ao Prof. Eduardo Ferro, coordenador desta Pós Graduação, minha

admiração, pela notável forma como consegue transpor as dificuldades e

obstáculos encontrados pelo caminho.

7

RESUMO Os benefícios da implantação de pausas com exercícios vêm sendo estudados e relatados por muitos autores. Estes estão relacionados à maior disposição para o trabalho, motivação para uma mudança no estilo de vida mais saudável, prevenção de doenças ocupacionais e até mesmo com uma maior produtividade. No entanto, a literatura existente contempla poucos estudos que avaliem o impacto da ginástica laboral no índice de queixas dolorosas dos trabalhadores. Este trabalho objetiva conhecer a existência das possíveis relações entre o índice de queixas dolorosas, os segmentos corporais mais atingidos e a relação com a postura de trabalho na indústria calçadista. E, através deste estudo identificar um melhor desempenho ou resultado da implantação de Programas de Ginástica Laboral nas empresas. Para tal, a metodologia proposta prevê a aplicação de questionários antes da implantação do programa de ginástica laboral e após três meses. O trabalho foi realizado em uma indústria de calçados femininos na cidade de Jaú (SP), que é considerada a capital do calçado feminino no Brasil. Foi estudado o setor de produção, dividindo o número total de funcionários em três grupos com aproximadamente quinze componentes cada. As atividades laborais do setor avaliado se caracterizam pela grande repetitividade de movimentos durante a maior parte da jornada de trabalho. As posturas de trabalho no setor estudado são sentadas, em pé, ou alternadas, dependendo da função do colaborador. A avaliação dos efeitos destas posturas de trabalho no índice de queixas dolorosas foi estudada antes e após a implantação do programa de ginástica laboral, baseada no preenchimento de questionários pelos colaboradores. Os resultados indicaram redução da queixas dolorosas em todas as posições de trabalho. As conclusões deste estudo apontam uma significativa redução no índice de queixas dolorosas nas diferentes posturas de trabalho após a implantação do programa de ginástica laboral. Porém, outras metodologias devem ser estudadas a fim de permitir o incremento dos benefícios a serem alcançados com a implantação de Programas de Ginástica Laboral nas empresas.

Palavras-Chave: Ginástica laboral. Postura de trabalho. Indústria

calçadista.

8

ABSTRACT

The benefits of deploying breaks with exercise have been studied and reported by many authors. These are related to greater willingness to work, motivation for change in a healthier lifestyle, prevention of occupational diseases and even greater productivity. However, the literature includes few studies that assess the impact of gym work in the index of pain complaints of workers. This study investigated the existence of possible relationships between the index of pain complaints, the body segments most affected and the relationship with the working posture in the shoe industry. And through this study to identify the best performance or result of the implementation of programs Labor Gymnastic in business. To this end, the proposed methodology provides for the use of questionnaires before deployment of the program of gym work and after three months. The study was conducted in a women's shoe industry in the city of Jau (SP), which is considered the capital of feminine footwear in Brazil. We studied the production sector, dividing the total number of employees in three groups with approximately fifteen individual components. The sector work activities assessed are characterized by high repeatability of movement for most of the work day. Work postures in the area studied are sitting, standing, or alternate, depending on the role of developer. The evaluation of the effects of work postures in the index of pain complaints was studied before and after the implementation of the program of gym work, based on the completion of questionnaires by the employees. The results showed reduction of pain complaints in all positions of employment. The findings of this study indicate a significant reduction in the incidence of pain complaints in different work postures after the fortification of gym work. However, other methods should be studied to allow the increase of benefits to be achieved with the implementation of programs Labor Gymnastic in business. Key Words: Labor gymnastics. Working posture. Footwear industry.

9

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CTD - Cumulative Trauma Disorders

DCO - Doença Cervicobraquial Ocupacional

DORT - Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho

FEEVALE – Federação de Ensino Superior do Vale dos Sinos

INSS – Instituto Nacional do Seguro Social

LER - Lesões por Esforços Repetitivo

LTC - Lesões por Traumas Cumulativos

MTb – Ministério do Trabalho

MUDES – Sistema MUDES do Esporte Não-Formal na Empresa

NIOSH - National Institute of Ocupational Safety and Health

NR – Norma Regulamentadora

OMS – Organização Mundial de Saúde

RT – Rotação de Trabalho

SER - Sociedade Esportiva e Recreativa

SSO - Síndrome de Sobrecarga Ocupacional

10

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Fatores de risco de LER 30

Quadro 2 – Evidências científicas entre os fatores biomecânicos e

as lesões

31

Quadro 3 – Escala de Holmes-Rahe de ajustamento social 35

Quadro 4 – Tempo de pausa por hora trabalhada de acordo com a

situação de trabalho

49

Quadro 5 – Indicação de pausas de acordo com a situação de

trabalho

51

Quadro 6 – Relação de funções na empresa estudada, número de

funcionários, postura de trabalho e segmentos corporais expostos à

sobrecarga muscular

57

11

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Posturas de trabalho encontradas no setor estudado. 60

Figura 2 – Porcentagem de freqüência na Ginástica Laboral. 60

Figura 3 – Índice de queixa dolorosa 61

Figura 4 – Incidência de localização das queixas dolorosas antes

da implantação da GL e após três meses.

61

Figura 5 – Prevalência de queixas dolorosas nas diferentes

posturas de trabalho após três meses de implantação da GL.

62

12

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

14

CAPITULO I – A GINÁSTICA LABORAL 17

1 HISTÓRICO 17

1.1 Ginástica laboral no mundo 17

1.2 Ginástica laboral nas empresas brasileiras 18

1.3 Conceitos e definições da ginástica laboral 18

1.3.1Modalidades de ginástica laboral 20

1.4 Benefícios da ginástica laboral 21

1.5 Modelos de implantação da Ginástica Laboral 22

1.6 Custos de programas de ginástica laboral 23

1.7 Ganhos e produtividade 24

CAPÍTULO II – A DOR E AS PATOLOGIAS RELACIONADAS 27

2. SAÚDE E TRABALHO 27

2.1 Doenças Ocupacionais 28

2.2 Segmentos corporais mais afetados 30

2.3 Fatores de risco associados 32

2.3.1 Estresse 32

2.3.2 Movimentos repetitivos 40

2.3.3 Posturas inadequadas 42

2.3.4 Força 43

2.3.5 Resistência muscular 44

2.3.6 Fadiga muscular 45

2.4 Sedentarismo 46

2.5 Pausas 49

2.5.1 Micropausas 52

2.6 Percepções da dor 54

CAPÍTULO III – A PESQUISA DE CAMPO 57

3. MÉTODOS E TÉCNICAS 57

13

3.1 Resultados 59

3.2 Discussão 62

CONCLUSÃO 65

REFERÊNCIAS 67

APÊNDICES 75

ANEXOS 80

14

INTRODUÇÃO

Muitas questões relacionadas aos recursos humanos das

empresas como a insatisfação, motivação e o desconforto muscular,

refletem diretamente no desempenho e produtividade das organizações.

Desta forma, as empresas buscam de diversas maneiras, medidas de

prevenção que amenizem tais aspectos.

Durante toda a fase produtiva, o corpo humano sofre alterações

decorrentes dos esforços os quais é submetido. Vale ressaltar que, além

destas alterações, todas as funções do corpo humano são fortemente

influenciadas pelo processo degenerativo do envelhecimento.

Segundo Meirelles (1997, p.28), “O envelhecimento não é um

processo unilateral, mas a soma de vários processos entre si, os quais

envolvem os aspectos biopsicossociais”.

De outra forma, para Leite (1996, p.18), “à medida que o indivíduo

declina fisicamente, pode haver uma deterioração concomitante na

sensação de bem-estar, resultando em auto-estima precária, ansiedade,

fadiga e depressão. Esses estão freqüentemente associados a pouca

motivação e uma redução adicional na atividade física.”

Neste sentido, a implantação de um programa de Ginástica Laboral

busca despertar nos trabalhadores a necessidade de mudanças do estilo

de vida, e não apenas de alteração nos momentos de ginástica orientada

dentro da empresa.

O mais convincente dos argumentos, que se pode utilizar para

demonstrar que a atividade física constitui um importante instrumento de

promoção da saúde e a produtividade, é que vale a pena praticar

exercícios físicos regularmente, em virtude dos benefícios comprovados

cientificamente (POLETTO; AMARAL, 2004).

Segundo Nahas (2001, p.148), a prática de atividade física regular

e orientada preserva a saúde nos seguintes níveis:

a) aumenta a resistência dos ossos;

b) retarda o processo de osteoporose;

c) aumenta o tônus muscular;

15

d) desenvolve a força e a resistência muscular;

e) preserva a saúde da coluna;

f) protege as articulações das degenerações comumente

encontradas entre os sedentários;

g) proporciona maior desempenho físico no trabalho e no lazer;

h) proporciona maior tolerância a sobrecarga;

i) propicia uma sensação permanente de bem-estar geral;

j) diminui a fadiga mental;

k) diminui o nível de ansiedade;

l) melhora o humor;

m) melhora a qualidade do sono;

n) gera maior integração social;

o) desperta no grupo a necessidade da aplicação de princípios

como espírito de equipe, método, disciplina e respeito.

O ritmo excessivo de trabalho, postura inadequada, esforço físico,

movimentos repetitivos e condições físicas inadequadas dos postos de

trabalho causam tensões no corpo. Estas condições desencadeiam

grandes males à saúde e podem ser responsáveis pelo afastamento

temporário ou até pela invalidez permanente dos trabalhadores. As

tensões ainda podem ocasionar falta de atenção no trabalho, caminho

direto para baixa produtividade e acidentes de trabalho.

Para combater ou prevenir tais problemas, observa-se que a

prática regular de atividade física vem apresentando bons resultados

quanto à prevenção de doenças ocupacionais como os DORT (Distúrbios

Osteomusculares Relacionados ao Trabalho). (POLITO, 2002).

Neste estudo foi implantado um Programa de Ginástica Laboral

para trabalhadores de uma indústria calçadista na cidade de Jaú – SP. O

Programa de GL foi desenvolvido no setor de produção da empresa,

escolhido por apresentar tarefas laborais com intensa repetitividade,

posturas e postos de trabalhos inadequados. O período de duração do

programa foi de três meses, aferindo-se o índice e a localização de

queixas dolorosas antes e após a sua implantação.

O principal objetivo deste estudo foi identificar os efeitos da

implantação de um programa de ginástica laboral, aferindo o índice de

16

queixa dolorosa existente, analisar os dados antes e após a implantação

e investigar a correlação entre a postura de trabalho e a incidência de

queixa dolorosa.

Na indústria calçadista onde se desenvolveu o estudo não havia

qualquer intervenção ergonômica. Sendo assim, previamente a

implantação do Programa de GL, foi realizada uma visita pela

fisioterapeuta responsável pelo estudo, a fim de identificar as

necessidades da empresa, assim como, analisar biomecanicamente as

tarefas dos trabalhadores e prescrever os exercícios adequados a cada

função. Após a visita foi realizada uma palestra de sensibilização para os

funcionários, explicando sobre a importância do Programa de GL.

Foi solicitado aos funcionários participantes do estudo o

preenchimento de um questionário antes e após três meses da

implantação.

Através deste estudo buscou-se identificar se a implantação de um

programa de ginástica laboral proporciona redução no índice de queixa

dolorosa dos trabalhadores de uma indústria calçadista.

Este estudo foi estruturado em capítulos visando melhor

entendimento.

O capitulo I trata de todo histórico envolvendo a ginástica laboral,

seus benefícios e modalidades existentes. No capitulo II são abordadas

as patologias relacionadas ao trabalho e no capitulo III está descrito como

se desenvolveu este estudo.

17

CAPÍTULO I

A GINASTICA LABORAL

1 HISTÓRICO

Os primeiros registros da prática da Ginástica Laboral (GL) são de

1925. Neste ano, na Polônia, operários se exercitavam com uma pausa

adaptada a cada ocupação em particular.

Alguns anos depois, esta ginástica foi adotada também na Holanda

e na Rússia. No inicio da década de 60, começou a ser praticada na

Alemanha, Suécia, Bélgica, e no Japão. Os Estados Unidos adotaram a

GL em 1968 (LIMA apud FIGUEREDO; MONT’ALVÃO, 2005).

No Brasil surgem as primeiras manifestações de atividades físicas

entre funcionários em 1901, mas a GL teve sua proposta inicial publicada

somente em 1973.

1. 1 Ginástica laboral no mundo

Sobre a Ginástica Laboral, a primeira notícia que se encontra é

uma pequena brochura editada na Polônia em 1925, onde foi chamada

também de Ginástica de Pausa. Era destinada a operários, alguns anos

depois surgiu também na Holanda e Rússia. Na Noruega ela também foi

identificada através do Serviço Social dos Marinheiros. Estes foram

valorizados com atividades físicas, realizadas nos próprios barcos ou nos

portos durante as escalas. No início dos anos 60 a Bulgária, Alemanha,

Suécia e Bélgica adotaram também estes procedimentos. (CAÑETE,

1996).

Apesar de ter iniciado na Polônia, a Ginástica Laboral se

desenvolveu realmente no Japão, iniciando em 1928 com os funcionários

dos Correios. Após a II Guerra Mundial foi difundida em todo o país,

18

sendo que atualmente dois terços dos trabalhadores japoneses

exercitam-se diariamente. O resultado obtido, divulgado em 1960 é a

conseqüente redução de acidentes, o aumento da produtividade e a

melhoria do bem-estar dos trabalhadores. (CAÑETE, 1996).

A difusão da Ginástica Laboral entre os japoneses aconteceu

devido a um programa da Radio Taissô, que consistia em ginástica

rítmica, com exercícios específicos, transmitidos diariamente de manhã

por pessoas preparadas e que era acompanhado e executado não

somente nas fábricas, mas por toda a população. O programa

apresentava ainda informações gerais sobre saúde e trabalho. (POLITO,

2002).

Um estudo na Bélgica, em 1966, mostrou que a capacidade de

atenção depois de um tempo de atividades físicas melhorava em 80,5%,

enquanto que depois de um tempo de repouso esta melhora era de

apenas de 30,5%. (BRASIL, 1991).

Na França a introdução da Ginástica Laboral, se deu inicialmente

através dos alunos das escolas profissionalizantes. Após foi adotada por

outros tipos de empresas como a Companhia de Energia, Ferrovia,

Fundição, Mineradoras, Construção Naval e outras. (MASCELANI, 2001).

Nos Estados Unidos, muitas empresas têm investido em

programas de Ginástica Laboral. Os programas são implantados não

somente para melhorar e manter o condicionamento físico dos

funcionários, mas também para promover o bem-estar psicológico e a

produtividade, reduzindo desta forma o absenteísmo e o estresse. Em

recente pesquisa realizada ficou comprovado que a implantação de

programas de Ginástica Laboral reduz os índices de absenteísmo,

satisfação com o trabalho e custos com tratamentos de saúde. (RODIN;

PLANTE apud CAÑETE, 1996).

1.2 Ginástica laboral em empresas brasileiras

No Brasil as primeiras informações que se tem conhecimento

datam das décadas de 70 e 80. Um exemplo disto foi a proposta

19

elaborada pela FEEVALE – Federação de Ensino Superior do Vale dos

Sinos, que desenvolveu o Projeto Ginástica Laboral Compensatória,

iniciando sua implantação em 1978 em cinco empresas do Vale dos

Sinos. (CAÑETE, 1996).

A experiência desenvolveu-se no Vale dos Sinos e caiu no

esquecimento por um longo período, devido ao seu objetivo direcionado a

estudos e a mentalidade da época voltada para a implantação em outras

empresas. Na década de 80 a Ginástica Laboral é retomada, voltando

com força total nos anos 90 devido ao enfoque das empresas para a

qualidade de vida, prevenção do estresse e das doenças relacionadas

com lesões por esforços repetitivos. (POLITO, 2002).

1.3 Conceitos e definições da ginástica laboral

A Ginástica Laboral é um programa implantado em empresas, que

consiste em pausas com exercícios programados previamente, que levam

em consideração as atividades e demandas físicas existentes nos mais

diversos setores. Os exercícios são aplicados no próprio ambiente de

trabalho durante o expediente. Ela é também conhecida como ginástica

de pausa, ginástica do trabalho, compensatória e atividade física na

empresa (MASCELANI, 2001).

Quando avaliada de forma superficial, a pausa com exercícios

aparentemente atende apenas aos interesses da empresa, enquanto

busca a redução de queixas, afastamentos, acidentes e doenças do

trabalho. Porém, o programa busca não somente um melhor desempenho

no trabalho, mas promover uma mudança no estilo de vida, motivando a

prática de atividade física regular. Se não atingir este objetivo o programa

poderá cair na monotonia, reduzindo seus efeitos e desmotivando os

participantes (MASCELANI, 2001).

Para Polito (2002), a Ginástica Laboral constitui-se de uma série de

exercícios diários, realizados no local de trabalho e durante a sua jornada,

prevenindo lesões ocasionadas pelo trabalho, normalizando as funções

20

corporais, e proporcionando momentos de descontração e socialização

entre os funcionários das empresas.

Sharcow et al. (apud CAÑETE 1996) entendem que a Ginástica

Laboral também como um espaço onde as pessoas podem exercer

exercícios físicos, por livre e espontânea vontade, que vai além do

movimento mecânico, mas promove o auto-conhecimento, a auto-estima

e um melhor relacionamento consigo mesmo e com as outras pessoas.

Trata-se de um conjunto de práticas elaboradas a partir da

atividade profissional exercida. As diversas modalidades de Ginástica

Laboral procuram compensar as estruturas do corpo mais utilizadas

durante o trabalho e ativar as que não são requeridas, aquecendo,

relaxando e tonificando-as. (COSTA FILHO, 2001).

1.3.1 Modalidades de ginástica laboral (GL)

Parte integrante do programa de qualidade de vida que envolve

toda a organização, a adoção de um programa de desenvolvimento de

atividades físicas é algo novo no âmbito das organizações brasileiras. Ele

representa um avanço não somente para a prevenção de doenças

ocupacionais, mas como um agente motivador da mudança de estilo de

vida mais saudável.

As modalidades de Ginástica Laboral são classificadas pelo

objetivo a que se destinam e também de acordo com o horário a serem

aplicadas. Há também situações em que as modalidades são aplicadas

simultaneamente ou de forma mista.

A GL compreende exercícios específicos de alongamento,

fortalecimento, coordenação motora e de relaxamento, realizados em

diferentes setores da empresa, tendo como principal objetivo prevenir a

instalação de doenças ocupacionais. (OLIVEIRA, 2006).

Segundo Martins (2001) são exercícios efetuados no próprio local

de trabalho, com sessões de cinco, dez ou quinze minutos.

Para Figueredo e Mont’Alvão (2005), a GL é uma atividade física

realizada durante a jornada de trabalho, com exercícios de compensação

21

aos movimentos repetitivos, a ausência de movimentos ou a postura

desconfortável assumidas durante o período de trabalho.

A GL tem sido classificada, por diversos autores, em quatro tipos:

preparatória, compensatória, de relaxamento e corretiva.

a) Ginástica Laboral Preparatória: atividade física realizada antes

de se iniciar a jornada de trabalho, aquecendo e despertando o

organismo, com o objetivo de prevenir acidentes, distensões

musculares e doenças ocupacionais (DIAS, 1994).

b) Ginástica Laboral Compensatória: definida por Kolling (1980),

um dos precursores da GL no Brasil, como a ginástica que tem

por objetivo trabalhar músculos inativos e relaxar os que estão

em contração constante durante a maior parte da jornada de

trabalho. Proporcionando desta forma, compensação dos

músculos agonistas para com os antagonistas, de forma

equilibrada. Assim, sendo, esses exercícios realizados durante

ou após a jornada de trabalho atuam de forma terapêutica.

(MARTINS, 2001).

c) Ginástica Laboral de Relaxamento: são atividades praticadas ao

final de expediente de trabalho com objetivo de relaxar o corpo

e aliviar tensões, proporcionando relaxamento muscular e

mental aos trabalhadores. (OLIVEIRA, 2006).

d) Ginástica Laboral Corretiva: tem como finalidade estabelecer o

antagonismo muscular, utilizando exercícios para fortalecer

músculos fracos e alongar os músculos encurtados,

destinando-se aos trabalhadores com déficits morfológicos.

(TARGA apud CAÑETE, 2001).

1.4 Benefícios da ginástica laboral

A Ginástica Laboral proporciona benefícios tanto para o

trabalhador, quanto para a empresa. Além de prevenir as LER/DORT, ela

tem apresentado resultados mais rápidos e diretos com a melhora do

22

relacionamento interpessoal e o alívio das dores corporais (OLIVEIRA,

2006; GUERRA, 1995; MENDES, 2000).

Partindo deste pressuposto, evidencias tem demonstrado que a GL

em média, após três meses a um ano de sua implantação, em uma

empresa, tem apresentado benefícios, tais como: diminuição dos casos

de LER/DORT, menores custos com assistência medica, alívio das dores

corporais, diminuição das faltas, mudanças de estilo de vida, e o que mais

interessa para as empresas, aumento da produtividade.

Outro dado importante a ser observado, é o retorno financeiro que

esta ginástica tem representado para as empresas. Pesquisas realizadas

nos Estados Unidos indicam que, para cada dólar investido em

programas de qualidade de vida, são economizados três dólares incluindo

assistência medica, queda de faltas no trabalho, na rotatividade, além de

um aumento da produtividade (JIMENES, 2002).

Seguindo a mesma idéia, Ferreira (1998) exemplifica: na Du Ponte

do Brasil, para cada dólar investido no programa, a empresa economiza

US$ 4,00 com a redução do número de licenças e despesas médicas,

além de relatar um aumento da produtividade.

Um estudo de caso descritivo, com 42 trabalhadores,

desenvolvido por Mendes (2000), analisou a repercussão de um

programa de Ginástica Laboral na qualidade de vida de trabalhadores de

escritório, verificando que estes programas repercutiram positivamente na

qualidade de vida dos trabalhadores, influenciando, inclusive, em suas

comunidades.

No Brasil, há poucas estatísticas com relação ao retorno financeiro

para as empresas que implantam programas de qualidade de vida, pois

alguns empresários evitam revelar dados, talvez por receio dos sindicatos

tornarem essa prática obrigatória.

Os resultados parecem indicar a importância de se desenvolver

programas de GL na prevenção e na redução de doenças ocupacionais,

trazendo grandes benefícios para as empresas e trabalhadores.

1.5 Modelos de implantação da ginástica laboral

23

Os problemas principais encontrados para a implantação de um

programa de ginástica laboral, segundo Polito (2002) são:

a) convencer a direção da empresa que a pausa de 10 a 15

minutos para a ginástica não prejudica a produtividade;

b) desconhecimento dos participantes quanto à importância da

ginástica interferindo em sua adesão ao programa;

c) o descrédito quanto aos resultados da ginástica, considerando

que são aulas de apenas 10minutos (pausa-ativa);

d) dificuldade em encontrar um local adequado para as aulas,

considerando que a empresa não é uma academia e que os

recursos existentes no local de trabalho devem ser explorados.

1.6 Custos de programas de ginástica laboral

Os ganhos com a implantação de um programa de Ginástica

Laboral apresentam muitos benefícios, tanto para as empresas quanto

para os funcionários. Porém, uma organização frente a uma proposta de

implantação ou não de programas que envolvam custos, avalia os seus

benefícios e ganhos em contrapartida destes.

Há ainda uma questão que envolve a aparente perda de tempo

relacionada às pausas para ginástica, questionada pelos gerentes e

empresários, uma vez que a ginástica laboral é realizada durante o

horário de trabalho.

Mencionar os benefícios obtidos com a implantação da Ginástica

Laboral, principalmente no que se refere à produtividade, não é evidente,

pois está relacionada a vários fatores como o número de atividades,

condições de máquinas, sistema de produção. Portanto, implantar um

programa em empresas onde o empresário, ou a gerência, preocupa-se

somente em ganhos diretos com produtividade é difícil.

Um estudo realizado por Paffemberger (apud POLITO 2002)

buscou mostrar os lucros obtidos com a Ginástica Laboral e concluiu que,

para cada dólar investido, retornam para a empresa dois dólares.

24

Os custos diretos com a implantação do programa de Ginástica

Laboral estão relacionados diretamente com o número de profissionais

envolvidos com a elaboração, coordenação e implantação dos mesmos.

Para a implementação do programa é indispensável que a

empresa contrate um profissional especializado, que poderá ser um

professor de Educação Física ou Fisioterapeuta. Este profissional,

capacitado e habilitado, executará os exercícios junto à equipe de

trabalhadores dos diferentes setores. O custo do profissional dependerá

do tempo e da freqüência de permanência na empresa.

1.7 Ganhos e produtividade

Os ganhos com a implantação da ginástica laboral são estudados

há muito tempo. Entre 1984 e 1985, a Fundação MUDES (Sistema

MUDES do Esporte Não-Formal na Empresa), sediada no Rio de Janeiro,

publicou uma síntese de pesquisas realizadas no exterior, que

relacionava os critérios de relações de trabalho com as cifras que mais se

repetiram no estudo:

a) Produtividade: aumento de 2 a 5%;

b) Acidentes: redução de 20 a 25%;

c) Rotatividade: redução de 10 a 15%;

d) Absenteísmo: redução de 15 a 20%.

A validação destes dados varia não só entre tipos de empresa,

mas também entre países. A variação de resultados mostra uma

característica positiva entre os resultados, geralmente relacionada à

mudança de hábitos de saúde e convivência social. (BRASIL, 1991).

Segundo Gaelzer (1985 apud PULCINELLI, 1994), não se pode

afirmar que há um aumento de produtividade individual com a prática de

exercícios físicos, pois esta depende de fatores externos.

No entanto, um trabalho realizado por Pereira e Freitas (2002),

com cirurgiões dentistas, mostrou que os profissionais que adotam a

Ginástica Laboral como rotina no consultório, apresentam um aumento na

produtividade e redução de problemas álgicos.

25

Um estudo realizado para avaliar o melhor horário para os efeitos

positivos em relação à evolução dos DORT, com 208 funcionários de uma

empresa, mostrou os diferentes efeitos da aplicação da ginástica

preparatória e da compensatória. O grupo de funcionários no qual a

Ginástica Laboral é realizada no início da jornada de trabalho

(preparatória) apresentou uma redução de 73% das dores musculares.

Já, o grupo de funcionários em que a ginástica laboral é realizada durante

a jornada de trabalho (compensatória), reduziu em 48% as dores

musculares. Ainda observou-se que no geral 69% dos funcionários

sentem-se mais dispostos para o trabalho, após a implantação da

Ginástica Laboral (MACHADO, 2002).

Perossi e Oliveira (2002) realizaram um estudo dos efeitos da

implantação da Ginástica Laboral em uma indústria metalúrgica. As

pausas com exercícios são de 5 minutos, duas vezes por dia, uma no

início e outra no meio da jornada de trabalho. Após 10 meses de

implantação foram avaliados os seguintes resultados:

a) redução das dores musculares em vários segmentos;

b) melhora significativa na flexibilidade;

c) uma ótima aceitação do programa de Ginástica Laboral pelas

chefias da empresa;

d) não foi identificada melhora significativa na postura.

De outra forma, Simões e Barruffi (2002), avaliaram os benefícios

alcançados com a implantação de Programas de Ginástica Laboral em

uma empresa metal mecânica. Após seis meses, um dos benefícios

observados foi a redução em 60% da procura ambulatorial, relacionada

às dores musculares. Observou-se ainda uma melhora do bem-estar

geral do trabalhador em 100% e conseqüente melhora da fadiga

muscular.

Para o aumento da produtividade a Ginástica Laboral pode

contribuir, desde que associada a outras medidas que melhorem as

condições do posto de trabalho. Neste sentido, as intervenções

ergonômicas contribuem para a melhoria de qualidade de vida no

trabalho, reduzindo os acidentes de trabalho e incidência de lesões,

melhorando a produtividade relacionada à redução de afastamentos do

26

trabalho. Já, a Ginástica Laboral melhora a qualidade de vida, quando

promove a quebra do ritmo, rigidez e monotonia no trabalho (COSTA

FILHO, 2001).

Os ganhos em produtividade relacionados à Ginástica Laboral

referem-se mais aos efeitos alcançados com a melhoria da qualidade de

vida através da promoção da saúde das pessoas envolvidas com os

programas de exercícios. O bem-estar geral que se estabelece com as

pausas com exercícios podem se refletir nos ganhos com produtividade,

quando reduz as faltas no trabalho, aumenta a disposição e motivação

dos trabalhadores.

27

CAPÍTULO II

A DOR E AS PATOLOGIAS RELACIONADAS AO TRABALHO

2 SAÚDE E TRABALHO

As condições de trabalho atuais refletem as tensões a que estão

submetidos os indivíduos no seu dia-a dia. Desta forma, aparecem

pressões internas que são impostas, quando estes lutam pela

sobrevivência no mercado de trabalho. A competividade e as exigências

de qualidade deste mercado, tais como: eficiência e velocidade na

realização das atividades são uma constante.

De outra forma, as pressões externas provocadas pelo mercado,

de exigências e de modificações constantes, implicam em adequação dos

sistemas de produção à realidade e flexibilidade de atendimento aos

clientes.

Portanto, os indivíduos que trabalham são submetidos a tensões

que, somadas às exigências normais da sua atividade, podem provocar o

surgimento de doenças e/ou queixas relacionadas ao trabalho.

Assim, o trabalho excessivo, a postura inadequada, as forças

excessivas, as repetições constantes de mesmos movimentos e as

condições críticas de materiais, equipamentos e instalações nas

empresas, também contribuem para as tensões no corpo. Originam males

que são responsáveis pelo surgimento de doenças e que podem provocar

afastamentos temporários e até permanentes do trabalho.

Portanto, reconhecer as situações de trabalho, que possam

provocar danos à saúde do trabalhador, desperta o interesse das

organizações, na busca de medidas preventivas. As situações de trabalho

nas empresas em geral, que merecem atenção são aquelas nas quais as

atividades exigem movimentos repetitivos, posturas inadequadas,

esforços e situações causadoras de estresse e fadiga. (COSTA FILHO,

2001).

28

2.1 Doenças ocupacionais

Dentre as doenças ocupacionais, as afecções músculo-

esqueléticas aparecem no primeiro lugar nas estatísticas, recebendo

assim, a atenção especial do NIOSH (National Institute of Ocupational

and Health) (MENDES, 1995). Ainda aponta o autor, que a entidade

considerou como prioritário, dentro dos distúrbios músculo-esqueleticos,

estudar as afecções da coluna vertebral, principalmente as lombalgias e

as alterações orgânicas relacionadas aos movimentos repetitivos e as

vibrações.

As doenças ocupacionais relacionadas a demandas musculares

necessárias para a realização de atividades laborais seguem uma

nomenclatura oficial no Brasil, as mais usadas são:

a) DORT: Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho;

b) LER: Lesões por Esforços Repetitivos;

c) LTC: Lesões por Traumas Cumulativos;

d) DCO: Doença Cervicobraquial Ocupacional;

e) CTD: Cumulative Trauma Disorders;

f) SSO: Síndrome de Sobrecarga Ocupacional.

As primeiras anotações sobre doenças ocupacionais ocorreram há

mais de 250 anos atrás pelo médico Bernardino Ramazzini, que observou

as doenças desenvolvidas no trabalho dos Escribas e Notários

(RAMAZZINI, 1992).

Segundo Welsh (apud PULCINELLI 1994), a primeira doença

descrita na literatura relacionada a movimentos repetitivos é a

tenossinovite. Mendes (1995) descreve a tenossinovite como um

processo inflamatório da bainha dos tendões, causado por traumatismos

agudos de esforços repetitivos, doenças sistêmicas, reumáticas e não

reumáticas.

Já em 1891, segundo Seda (apud PULCINELLI 1994), Fritz De

Quervain descreveu a doença como entorse das lavadeiras, quando

identificou um desgaste nos tendões dos músculos adutor longo e

extensor curto do polegar. Esta enfermidade mais tarde ficou denominada

de tenossinovite de De Quervain. São produzidas por estresse mecânico

29

prolongado, resultando inflamação por atrito e espessamento

compressivo da bainha tendinosa.

Com o aumento da mecanização industrial aparecem novas

patologias ocupacionais que receberam diferentes denominações de

acordo com o país:

a) no Japão - a partir de 1958 foram descritos casos de

Occupational Cervicobrachial Disorders em perfuradores de

cartão, operadores de caixa registradora e datilografia;

b) na Austrália e Inglaterra – na década de 70, denominada

Occupacional Overuse Injuries, mudando o termo em 1980 para

Repetitive Strain Injuries;

c) nos Estados Unidos - em 1986 Cumulative Trauma Disorders;

d) no Brasil - a partir da Portaria 4062 do INSS no ano1987,

recebem a denominação de Lesões por Esforço Repetitivo -

Ordem de Serviço 606, e 1998 adota a terminologia DORT

(Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho).

Segundo, Smith (1996) há oito fatores de risco que interferem na

ocorrência de distúrbios osteomusculares:

a) a freqüência de movimentos do membro superior (índice de

repetições);

b) a postura das articulações do membro superior e pescoço;

c) a força necessária para realizar a tarefa;

d) as vibrações;

e) as condições do ambiente de trabalho;

f) as características da organização do trabalho;

g) as condições psicossociológicas;

h) fatores de risco de ordem pessoal (sexo, idade, traumas

anteriores, nível de condicionamento físico).

Para Polito (2002) são três tipos de fatores que podem causar a

DORT ou LER, conforme apresentado no Quadro 1.

Fatores de Risco LER

Fatores

Biomecânicos

Movimentos repetitivos

Uso de força

30

Postura inadequada

Uso de ferramentas manuais

Fatores

Administrativos

Ineficácia da empresa em eliminar riscos

potenciais

Método de trabalho inadequado

Uso de equipamentos e ferramentas

impróprios

Fatores

psicossociais

Pressões no trabalho

Inexistência de autonomia e controle sobre

o trabalho

Pouca variabilidade no conteúdo da

atividade

Fonte: POLITTO, 2002, p.44

Quadro 1 – Fatores de risco de LER/DORT.

2.2 Segmentos corporais mais afetados pela LER/DORT

A) Coluna vertebral

Os discos e articulações da coluna vertebral são sensíveis a

pressões e movimentos exagerados ou abruptos, podendo causar lesões

que provocam dores. Estas lesões podem ser resultantes de posturas

inadequadas e/ou esforços físicos exagerados. (JOST, 2000).

A lombalgia está entre os problemas clínicos mais comuns

observados nos trabalhadores independentemente da faixa etária, classe

social ou ocupação. Os distúrbios da força e desequilíbrios musculares

geralmente são encontrados em indivíduos que sofrem de problemas

lombares, apresentam pouca flexibilidade nos músculos flexores do

quadril, musculatura abdominal e lombar enfraquecidas. Este fato é

corroborado por Medley (apud POLLOCK; WILMORE 1993), afirmando

que aproximadamente 80% dos problemas lombares são de origem

muscular.

31

B) Membros superiores

Quase tão comum quanto os problemas lombares, estão às dores

nos membros superiores, pescoço e ombros. Quando os braços e mãos

são mantidos em posição não relaxada, sem apoio ou em posição

forçada, os efeitos podem ser sentidos não somente nestes segmentos,

mas também no pescoço e ao longo das costas.

Em um estudo realizado por Bernard (1997 apud COUTO 1998)

para o NIOSH (National Institute of Ocupational Safety and Health)

evidenciou cientificamente a relação entre alguns fatores de risco e as

lesões por segmento muscular. As evidencias são classificadas em forte,

razoável e suficiente. Este estudo confirmou os fatores de risco

relacionados às lesões.

Fator de

Risco

Pescoço

e cintura

escapular

Ombro

cotovelo

Punho / mão

S. Túnel

do Carpo

Tendinite

Repetitividade ++ ++ +/- ++ ++

Força ++ +/- ++ ++ ++

Postura +++ ++ +/- +/- ++

Vibração +/- +/- ++

Combinação +++ +++ +++

Legenda: +++ evidência forte ++ evidência razoável +/- evidência suficiente

Fonte: BERNARD (apud COUTO, 1998, p. 81).

Quadro 2 – Evidências científicas entre os fatores biomecânicos e as

lesões

Para os membros superiores, um dos aspectos do trabalho que

apresenta maior prevalência, são as atividades com exigência de

movimentos repetitivos. Para Yassi (1997), os movimentos repetitivos são

os causadores de grande número de doenças que afetam os membros

superiores.

32

2.3 Fatores de risco associados

Os problemas músculo-esqueléticos são atribuídos a fatores

associados, chamados por Ayoub e Wittels (apud MALCHAIRE, 1998) de

fatores de risco:

a) fatores individuais: hábitos, doenças anteriores, capacidade

funcional,

b) fatores ligados às condições de trabalho: esforços,

repetitividade, postura,

c) fatores organizacionais: clima social, organização da empresa,

etc.

Cnockaert e Claudon (apud MALCHAIRE, 1998) definem o risco

como o resultado do desequilíbrio entre a capacidade do indivíduo e o

que se exige do mesmo. Relacionam ainda os danos fundamentais

ocasionados pelos esforços, repetitividade e posturas inadequadas, que

depende então de sua duração.

A capacidade funcional do indivíduo depende do seu

condicionamento físico, envelhecimento, do nível de estresse e da

equação pessoal que é definida pelo estado geral de saúde e doenças

anteriores e genéticas (CNOCKAERT; CLAUDON apud MALCHAIRE,

1998, p.20).

Aptel (apud MALCHAIRE, 1998) propõe outro modelo que divide os

fatores diretos e indiretos (co-fatores) relacionados aos problemas

músculo-esqueléticos. Os fatores diretos são aqueles relacionados

diretamente ao indivíduo como: características pessoais do indivíduo e

fatores biomecânicos. Os fatores indiretos ou co-fatores estão

relacionados à organização da empresa e ao estresse. (APTEL apud

MALCHAIRE, 1998).

2.3.1 Estresse

A preocupação com o estresse iniciou na década de 80, com o

estudo dos efeitos deste no rendimento no trabalho. Os estudos mostram

33

um aumento de afastamentos do trabalho por doenças ocupacionais,

rotatividade precoce com grande troca de trabalhadores e redução da

produtividade (ACEVEDO ALVAREZ, 2002).

O estresse no trabalho é conceituado por muitos autores e em

geral a sua definição é dada conforme a formulação de Grandjean (1998,

p.165): “O estado emocional, causado por uma discrepância entre o grau

de exigência do trabalho e os recursos disponíveis para gerenciá-lo,

define o estresse no trabalho.”

No entanto, Acevedo Alvarez (2002) define o estresse como uma

resposta de alerta do organismo diante de um estímulo de ameaça, ao

qual responde mediante a liberação de substâncias bioquímicas com

efeitos a longo prazo, principalmente a adrenalina. Esta produção de

estímulos se manifesta de forma física e psíquica. Os sentidos físicos são

manifestados como a aceleração de batimentos cardíacos, aceleração da

respiração, contrações musculares, liberação de glicose, dilatação da

pupila entre outros. Os sentidos psicológicos se manifestam através da

ansiedade, diminuição da auto-estima, medo, dificuldade para tomar

decisões e aumento das tensões.

Para Grandjean (1998) as sobrecargas de estresse no ambiente de

trabalho estão relacionadas à:

a) sobrecarga emocional causada pela falta de supervisão e

vigilância no trabalho;

b) carga excessiva de trabalho;

c) grau de tensão necessário ao desenvolvimento do trabalho;

d) segurança de emprego;

e) a responsabilidade pela vida e com o bem-estar dos outros;

f) condições físicas ambientais: ruído, iluminação, ventilação,

espaço físico e layout;

g) grau de complexidade do trabalho;

h) nível de apoio e reconhecimento dos supervisores.

Ainda, segundo Acevedo Alvarez (2002), os primeiros sintomas do

estresse aparecem através da mudança de comportamento da pessoa,

manifestando-se em forma de atitudes negativas, despreocupação com o

34

trabalho, maior consumo de álcool e fumo, abandono de hábitos

saudáveis como a atividade física e alimentação balanceada.

Após as manifestações na mudança do comportamento, o estresse

como doença aparece como:

a) alterações do sono;

b) alterações do ânimo;

c) problemas digestivos;

d) conflitos familiares, conjugais e de amizade;

e) lombalgias;

f) alterações cardíacas: palpitações, taquicardia e alterações na

pressão arterial;

g) problemas neurológicos;

h) problemas psíquicos: ansiedade, medo.

O estresse no trabalho, segundo Grandjean (1998), é um estado

emocional causado pela discrepância entre o grau de exigência no

trabalho e os recursos disponíveis para gerenciá-lo, sendo que é

subjetivo, na medida em que depende da compreensão individual.

Portanto, o grau de adaptação de um indivíduo com seu ambiente de

trabalho é que vai determinar seu bem-estar e sua capacidade de

produção.

Grandjean (1998) ainda relaciona algumas situações de trabalho

que podem representar sobrecargas no sentido do estresse:

a) falta de supervisão e vigilância causando sobrecarga

emocional, sem o conhecimento do grau de participação dos

trabalhadores na produção;

b) falta de apoio e reconhecimento dos superiores;

c) insatisfação causada pela carga de trabalho;

d) exigências de trabalho, determinadas pela carga e prazo de

realização de tarefas;

e) falta de estabilidade no emprego;

f) sobrecarga mental causada pela responsabilidade pela vida e

pelo bem-estar dos outros;

g) ambiente físico com ruído, iluminação deficiente, espaço físico,

clima;

35

h) grau de complexidade do trabalho, muito baixo tornando-se

monótono ou muito alto com exigência excessiva.

Nieman (1999) define estresse como qualquer ação ou situação

que submeta uma pessoa a demandas físicas ou psicológicas especiais,

de modo a causar desequilíbrio. Para ele, existem dois tipos de estresse

o bom e o ruim. O primeiro inspira e motiva e o segundo pode ser agudo,

neste caso é intenso por breve período, ou ainda crônico que não é tão

intenso, porém ocorre constantemente.

Segundo Nieman (1999) os níveis elevados de estresse

desencadeiam doenças como ansiedade, depressão, doenças cardíacas,

lombalgias, fadiga crônica problemas gastrointestinais, cefaléias e

insônia. Assim, as pessoas que praticam atividade física regularmente

administram melhor o estresse protegendo o corpo dos seus efeitos

perniciosos.

Segundo Nahas (2001) pessoas estressadas são mais suscetíveis

a problemas físicos e psíquicos. Quando fora de controle, o estresse

reduz a produtividade, afeta nosso sistema imunológico, reduzindo as

defesas do organismo. Nahas (2001) relaciona ainda os sintomas

associados ao estresse como: dores de cabeça, dores musculares,

insônia, ansiedade, cansaço, irritabilidade, sensação de incapacidade e

perda da memória.

Qualquer tipo de mudança na rotina diária, independentemente de

ser positiva ou negativa, causa estresse. A escala de impacto mais

comum é a de Holmes e Rahe (Quadro 3), que atribui valores aos

impactos de acontecimentos estressantes durante a vida. (LIMONGI

FRANÇA; RODRIGUES, 1996).

(continua)

Escala de Holmes – Rahe de Ajustamento Social

Eventos Escala de

impacto

Morte do cônjuge 100

Divórcio 75

Separação conjugal 65

36

(conclusão)

Pena de prisão 63

Morte de familiar próximo 63

Doença pessoal ou acidente 53

Casamento 50

Demissão do emprego 47

Reconciliação conjugal 45

Aposentadoria 45

Comprometimento de saúde de membro da família 44

Gravidez 40

Dificuldades sexuais 39

Aumento da família 39

Mudança importante no trabalho 39

Mudança da condição financeira 38

Morte de amigo íntimo 37

Mudança no esquema, ritmo ou área de trabalho 36

Aumento nas discussões com o cônjuge 35

Aquisição de casa ou dívida de valor alto 31

Alteração de responsabilidade profissional 29

Cônjuge inicia ou pára de trabalhar 26

Começo ou abandono de estudo 26

Aumento ou diminuição de pessoas moradoras na casa 25

Mudanças de hábitos pessoais, exemplo: parar de fumar 24

Problemas com o chefe 23

Mudança no horário de trabalho 20

Mudança de residência 20

Mudança de escola 20

Mudança de atividade recreativa 19

Mudança de atividade religiosa 19

Mudança de atividade social 18

Compra à crédito de valor médio 17

Mudança no hábito de dormir 16

Mudança nas freqüências de reuniões familiares 15

37

(conclusão)

Mudança no hábito de alimentação 15

Férias 13

Natal ou outra festa de tradição importante 12

Recebimento de pequenas infrações para pagar 11

Fonte: LEVY (apud LIMONGI FRANÇA e RODRIGUES, 1996, p.33).

Quadro 3 – Escala de Holmes-Rahe de ajustamento social

Muitos fatores determinam o estresse, a combinação deles é que

indica a resposta individual, que serve como base para o gerenciamento

do mesmo (LIMONGI FRANÇA; RODRIGUES, 1996).

Para Limongi França e Rodrigues (1996) há ainda os estressores

psicossociais, aqueles relacionados ao tipo de vida que as pessoas levam

em seu meio social. Conforme as características de comportamento e

personalidade, um determinado grupo social valoriza o indivíduo da

mesma forma que o descarta, assim que este não corresponder aos

padrões estabelecidos. Quando o indivíduo não consegue satisfazer, pelo

menos parte de suas necessidades pessoais, ele se torna mais

desgastado.

Outros fatores que causam estresse no trabalho, segundo o

mesmo autor, são:

a) liderança do tipo autoritária;

b) execução de tarefa sob pressão;

c) falta de conhecimento dos processo de promoção;

d) carência de autoridade e orientação;

e) excesso de trabalho;

f) grau de interferência na vida particular que o trabalhador pode

ter;

g) incerteza na manutenção do emprego e salário.

Limongi França e Rodrigues (1996) mencionam ainda um conceito

desenvolvido por Delvaux em 1980, o chamado Burnout. Trata-se de um

tipo de desgaste tanto físico, como mental, devido à exaustão provocada

por seguidas solicitações de energia. Este problema vem sendo

38

considerado uma das mais importantes conseqüências do estresse no

trabalho. O Burnout emocional pode se caracterizar por:

a) exaustão emocional: sintomas de cansaço, irritabilidade, sinais

de depressão, ansiedade, uso abusivo de álcool, cigarros ou

outras drogas;

b) despersonalização: atitude negativa e insensível em relação

aos colegas de trabalho;

c) diminuição da realização e produtividade profissional;

d) depressão: desequilíbrio de comportamento social e familiar,

ausência de prazer de viver, tristeza que afeta os pensamentos.

Para Weimberg e Gould (2001), o Burnout é uma resposta

psicofisiológica de esgotamento tanto físico como emocional,

despersonalização e sentimentos de baixa realização pessoal, baixa auto-

estima, fracasso e depressão. Em atletas, o Burnout difere de outros

estados de estresse, principalmente por envolver não somente o estado

físico, mas também o emocional.

Outra condição relacionada ao estresse e ao trabalho é conhecida

universalmente como workaholics, termo em inglês, que é utilizado para

denominar as pessoas viciadas ou dependentes do trabalho. Estas não

conseguem fazer outra coisa na vida e têm dificuldade em conviver com a

família, lazer e vida social. Elas apresentam muita ansiedade e estão

habituadas a conviver com o estresse, fazem um esforço crônico e

incessante de melhorar cada vez mais em pequenos períodos de tempo,

mesmo encontrando obstáculos no ambiente e nas pessoas. Estas

pessoas estão mais propensas ao estresse devido ao seu

comportamento, reagindo fortemente nas situações estressantes, porém

são mais vulneráveis quando ocorrem situações adversas. É comum o

desenvolvimento de doenças coronárias para os workaholics (LIMONGI

FRANÇA; RODRIGUES, 1996).

Os fatores psicossociais associados ao indivíduo, segundo Patkin

(apud MALCHAIRE, 1998) mostram que os sintomas de problemas

músculo-esqueléticos, atribuídos ao trabalho são, na verdade, uma

expressão de problemas pessoais. Estes problemas são em geral

psicológicos, familiares e de ordem social.

39

No que concerne aos fatores psicossociais associados à empresa

estes são: a elevada tensão psicológica no trabalho, a monotonia, falta de

tempo, a carga mental, a falta de autonomia, problemas de

relacionamento com os colegas e chefias. Estes fatores parecem estar

associados aos problemas de desconforto muscular na nuca (BORGERS

et al. 1996 apud MALCHAIRE, 1998).

Outros fatores psicossociais atribuídos a sintomas músculo-

esqueléticos são citados por Kilböm (1990 apud MALCHAIRE, 1998), que

relaciona a elevada tensão psicológica com as tensões no pescoço.

Também Toomingas et al. (1991 apud MALCHAIRE, 1998),

observam uma possível relação entre as exigências psicológicas no

trabalho e as tensões na nuca.

São reconhecidos alguns fatores de risco relacionados ao estresse:

a) estressores do posto de trabalho: sobrecarga de trabalho,

jornada prolongada, trabalho com troca de turno, exigência de

trabalho fora do habitual e de responsabilidade do trabalhador,

b) falta de clareza ou comunicação quanto aos requisitos

necessários para a realização da tarefa,

c) falta de controle do processo pelo trabalhador,

d) falta de retorno sobre o resultado da tarefa,

e) trabalho monótono e repetitivo,

f) trabalho em condições periculosas,

g) baixo nível de apoio da chefia direta,

h) excesso de responsabilidade sobre a tarefa, pessoas ou

dinheiro;

i) estressores de relacionamentos: interpessoais, em grupo, com

clientes, com subordinados ou supervisores;

j) estressores organizacionais: clima e estrutura organizacional,

perspectiva de desenvolvimento de carreira, promoções,

estabilidade no emprego;

k) estressores físicos: ruído, temperaturas extremas, iluminação

deficiente, vibrações,m exposições a produtos tóxicos;

l) outros estressores: conflitos familiares e conjugais.

40

Os fatores de risco, que podem causar estresse, podem ser

identificados através de uma auditoria de estresse. O Professor Michiel

Kompier da Universidade de Nijmegen, Holanda, observa que ao realizar

uma auditoria de estresse, admite-se que o posto de trabalho pode ser

uma das causas (ACEVEDO ALVAREZ, 2002). A auditoria considera os

seguintes fatores:

a) entorno laboral;

b) condições materiais do trabalho;

c) relacionamento entre colegas de trabalho e chefias;

d) estilo de gestão empresarial;

e) horários de trabalho.

Os aspectos sócio-culturais devem ser levados em consideração

para avaliação dos resultados. Neste sentido, as soluções encontradas

devem levar em consideração também os aspectos ergonômicos, de

gestão de pessoal e os horários de trabalho e descanso.

As empresas também devem considerar alguns aspectos

organizacionais importantes como fatores de proteção do estresse, tais

como:

a) políticas explícitas de reconhecimento do trabalho;

b) políticas de produção e administração de recursos humanos

que possibilitem o desenvolvimento da carreira;

c) cultura organizacional que valorize o trabalhador como

indivíduo;

d) administração que as ações e decisões sejam coerentes com

os valores organizacionais declarados.

2.3.2 Movimentos Repetitivos

Os movimentos repetitivos estão entre os fatores de risco

relacionados com o tempo e o conteúdo em que uma atividade é

realizada. Com a busca em torno da produtividade, cada vez mais as

empresas estão fragmentando e simplificando as tarefas, tornando-as de

curta duração e, portanto repetitivas. (GUIMARÃES, 2001).

41

A repetitividade, conforme define Codo (1998) é o número de

movimentos em um determinado período ou o tempo necessário para

completar o ciclo de trabalho.

A noção de repetitividade é intuitiva, embora alguns autores

definam critérios para o trabalho ser considerado repetitivo. Silverstein et

al. (1987 apud MALCHAIRE 1998) e Keyserling et al. (1993) classificam a

repetitividade em baixa e alta. O trabalho com baixa repetitividade é o que

possui um ciclo maior que 30 segundos com menos de 50% do tempo do

ciclo correspondente ao mesmo tipo de ciclo fundamental. Como alta

repetitividade é o trabalho que possui um ciclo menor do que 30

segundos ou com mais de 50% do tempo do ciclo correspondente ao

mesmo tipo de ciclo fundamental.

Para Smith (1996), as pesquisas existentes são insuficientes para

estabelecer o número de movimentos ou o tempo de exposição suficiente

para produzir um dano à saúde. De acordo com o autor, quanto maior o

número de movimentos, maior o risco potencial de desenvolver uma

doença. Ainda o autor observa que a exposição contínua, diária, sem

pausas, a movimentos repetitivos, pode produzir fadiga muscular

localizada, fadiga geral sistêmica e, prováveis lesões nos músculos,

tendões e ligamentos.

Malchaire (1998) observa que a noção de repetitividade é de difícil

definição. Para as pessoas em geral o trabalho repetitivo é sinônimo de

monotonia, no qual se mantém a mesma postura e esforço de forma

estática.

Já para o campo da saúde, a repetitividade é sinônimo de

demanda variável, porém repetida dos mesmos tecidos, com diferentes

movimentos e esforços. O autor define ainda a repetitividade como o

número de movimentos, a partir de uma posição neutra até uma situação

extrema, por unidade de tempo.

Para Yassi (1997), os movimentos repetitivos causam danos à

saúde, que geralmente estão relacionados aos músculos, tendões,

articulações e circulação. Estes danos também afetam a coluna, pescoço

e membros superiores.

42

Os problemas relacionados aos movimentos repetitivos podem

ocorrer em atividades ocupacionais, recreativas e esportivas. As doenças

desencadeadas estão relacionadas a uma combinação de esforços,

movimentos repetitivos e posturas incorretas, além de outras condições

ergonômicas inadequadas.

2.3.3 Posturas Inadequadas

A definição de postura corporal é o arranjo relativo das partes do

corpo, a atitude ou posição do corpo. A postura é o equilíbrio somático,

sendo o corpo a estrutura que incorpora o ser em seus diversos aspectos:

psicomotor, biológico e psicossocial (SALVE et al., 1999).

Para Silva e Marchi (1997) mesmo com a postura adequada, há

fadiga muscular quando se permanece um longo período em imobilidade.

As pessoas reclamam de maior cansaço quando permanecem muito

tempo na mesma postura, isso ocorre devido a constante permanência

em postura estática.

Os movimentos extremos para alcançar objetos ou para evitar

deslocamentos, provocam desconforto postural. Segundo Brandimiller

(1999), os movimentos extremos devem ser evitados, porque fazem as

articulações trabalharem em seu limite com os músculos ou muito

contraídos ou estirados. A situação se agrava quando alguns músculos

ou tendões já estão sobrecarregados, ou quando os movimentos são

realizados com pressa, executados de forma brusca. Podem resultar em

fortes dores no pescoço, ombro e até mesmo na coluna lombar.

Para Smith (1996), quanto mais os indivíduos se desviam da

postura natural ou neutra, maior é o risco de desenvolvimento de danos à

saúde. No entanto, segundo o autor, ainda não existe uma quantificação

específica da extensão ou desvio das articulações ou dos segmentos

musculares, que pode acarretar problemas para a saúde.

43

2.3.4 Força

Presença constante no trabalho, a força em forma de puxar,

empurrar ou erguer é muito exigida, havendo ainda uma grande

preocupação com o reconhecimento das limitações dos trabalhadores na

sua utilização. O freqüente surgimento de lesões musculares entre

trabalhadores, causando afastamentos do trabalho e o desencadeamento

de doenças relacionadas a estas lesões (DORT) sugere o estudo e

reconhecimento dos fatores relacionados aos efeitos ocasionados.

A definição de força do ponto de vista físico é o produto de uma

massa por sua aceleração e sua unidade é o Newton (N). Já a definição

de força, enquanto qualidade de aptidão física, segundo Ghorayeb at al.

(1999) é a capacidade de gerar tensão nos músculos esqueléticos. Ela é

diretamente proporcional à capacidade contrátil das fibras musculares e

da capacidade de recrutamento das unidades motoras.

Para Sharkey (1998), os componentes básicos que interferem no

desempenho de uma melhor capacidade muscular estão relacionados

com a força, resistência muscular e flexibilidade. Esta opinião é

compartilhada por Chaffin, Andersson, Martin (2001); Mcardle, Katch,

Katch (1998) e Grandjean (1998).

Os fatores que influenciam a força são:

a) idade: aos 20 anos encontra-se o auge da força, que

lentamente declina até os 60 anos. A partir daí o declínio é

acelerado, porém a utilização da força e o treinamento podem

melhorar e manter a força.

b) tipos de fibra muscular: fibras maiores e de contração mais

rápida são capazes de exercer mais força do que fibras de

contração lenta, o tamanho das fibras pode ser atribuído à

hereditariedade e ao treinamento.

c) sexo: meninas de 12 a 14 anos são mais fortes que meninos.

Após esta idade, os meninos ganham uma vantagem que

persiste pelo resto da vida, devido a diferenças a maior

concentração hormonal de testosterona nos homens que

estimula o crescimento dos músculos. O tamanho do músculo e

44

a força andam juntos e no homem médio é maior do que na

mulher (SHARKEY, 1998). Chaffin, Andersson, Martin (2001),

considera que a força muscular feminina corresponde

aproximadamente a dois terços da masculina. Já Mcardle,

Katch, Katch (1998) considera que as diferenças na força

muscular entre homens e mulheres estão em todos os grupos

musculares, tanto nos segmentos inferiores quanto nos

superiores do corpo. Nos segmentos superiores as mulheres

são mais fracas do que os homens em 50% e para os

segmentos inferiores o valor percentual cai para 30%. Podem

ocorrer exceções quando a análise for realizada entre atletas do

sexo feminino, sendo que as mesmas aumentam sua força

muscular através de treinamento.

Segundo Hettinger (1996 apud GRANDJEAN 1998) a força

máxima para homens e mulheres ocorre entre 25 e 35 anos e que os

trabalhadores mais velhos entre 50 e 60 anos dispõem somente de 75 a

85% de sua força máxima.

2.3.5 Resistência Muscular

A resistência muscular é completamente diferente da força, em

termos fisiológicos (SHARKEY, 1998). Quando um indivíduo tem força

para desempenhar uma atividade, a melhora de seu desempenho

dependerá da resistência muscular, ou seja, de sua capacidade para

persistir. Os limites da capacidade para o trabalho, segundo o autor,

dependem da força, resistência muscular e capacidade aeróbica. Neste

sentido, a maioria das atividades laborais requerem mais resistência

muscular do que força.

Segundo Nahas (2001), a resistência muscular é a capacidade de

contração muscular, que permite os movimentos do corpo, levantar,

empurrar e puxar cargas. De acordo com o autor, o uso freqüente dos

músculos, aumenta a sua resistência e flexibilidade. Os músculos inativos

se tornam flácidos e com menos elasticidade. Para evitar tal situação, os

45

exercícios físicos regulares aumentam a resistência muscular. Aplica-se

então o princípio da sobrecarga, na qual há uma exigência de adaptação

fisiológica, estimulando o processo de desenvolvimento muscular.

Nahas (2001) destaca a importância da resistência muscular para a

saúde. A boa condição muscular melhora o desempenho e reduz a

fadiga. Músculos fortes protegem mais as articulações, evitando lesões,

de ligamentos e problemas de dores musculares em geral e lombalgias.

Assim, manter um bom nível de resistência muscular com o avanço

da idade pode auxiliar na prevenção de osteoporose e de quedas.

Já, a baixa aptidão muscular, pode ocasionar algumas implicações

para a saúde como:

a) maior freqüência de problemas articulares;

b) problemas posturais;

c) lesões musculares mais freqüentes;

d) dores lombares;

e) maior risco de quedas em idosos.

2.3.6 Fadiga Muscular

A fadiga, diferente da resistência muscular, está relacionada com

as alterações no organismo decorrentes da atividade física ou mental com

uma sensação de cansaço generalizada (NAHAS, 2001).

Zilli (2002) define fadiga muscular como resultado do trabalho

muscular prolongado. Também, para o mesmo autor, é a incapacidade de

sustentar o desenvolvimento de uma tarefa específica com a mesma

intensidade, ou ponto de exaustão. A fadiga muscular no trabalho pode

ocasionar movimentos errados, com a diminuição da coordenação

motora. Assim, podem ocorrer quedas, lesões, acidentes e distúrbios

osteomusculares.

Desta forma, como conseqüência da fadiga aparece a redução da

capacidade para o trabalho, a diminuição da motivação, percepção e

atenção, menor capacidade de raciocínio e redução do desempenho

físico, também são os sintomas de fadiga.

46

A fadiga muscular é o resultado do estresse físico, ocasionado por

atividade física intensa ou executada por longo período de tempo, que

levam a uma sensação generalizada de cansaço, perda da eficiência e

diminuição da capacidade para o trabalho.

A fadiga associada a outros fatores como longos períodos de

trabalho, repouso insuficiente, nutrição inadequada, excessiva

preocupação e outros problemas de saúde, desencadeia outros sintomas

como: irritabilidade, insônia, perda de peso e estado de exaustão

(NAHAS, 2001).

Para Donkin (1996), é difícil mensurar a fadiga, ela apresenta-se

como uma sensação de falta de energia, falta de entusiasmo ou fraqueza.

O autor indica que as principais causas da fadiga são: posturas

incorretas, apoios ou disposições de equipamentos de trabalho, altos

níveis de estresse, falta de exercícios físicos, qualidade de sono e

repouso inadequados.

Diferente da fadiga, o estresse, para o autor é de uma reação do

corpo à mudança, que pode causar efeitos físicos e emocionais.

2.4 Sedentarismo

Um dos fatores de maior contribuição para o surgimento de

doenças ocupacionais é a falta da prática de atividade física, ou

inatividade física. O indivíduo que não pratica atividade física de modo

regular e também aquele que não faz qualquer tipo de atividade é

considerado uma pessoa sedentária (BARROS NETO, 1997).

Atualmente, as atividades mais comuns mesmo entre as crianças

são aquelas sedentárias, que não exigem grandes esforços, oferecidas

pelos videogames, televisão e computadores. Estas atividades são

também fortemente difundidas devido a restrição dos espaços para

prática de atividades físicas, observadas principalmente em grandes

centros. Esta cultura ao sedentarismo que inicia na infância, estende-se à

vida adulta, induzindo as pessoas a hábitos extremamente sedentários

(BARROS NETO, 1997).

47

A inatividade física pode levar à regressão progressiva da

capacidade funcional de diversos órgãos e sistemas do corpo humano.

Quando o trabalho, não exige do indivíduo deslocamentos ou

movimentação do corpo, podem ocorrer alterações em seu metabolismo e

a conseqüência mais comum é a obesidade.

Estima-se que no Brasil, nos centros urbanos, 80 a 85% da

população com mais de 30 anos, mantenha um estilo de vida sedentária

(BRASIL, 1991). Segundo o Censo 2000, apenas 1,2 % da população

brasileira pratica exercícios regularmente. A partir dos 30 anos a

capacidade física das pessoas começa a decrescer. Ghorayeb e Barros

Neto (1999, p. 249) relacionam o sedentarismo ao desencadeamento de

doenças: “O sedentarismo passou a ser considerado pela American Heart

Foundation da A.H.A no ano de 1996 um dos quatro principais fatores de

risco para aterosclerose e doença isquêmica coronária.”

Sedentarismo, por definição, não diz respeito somente ao indivíduo

que nunca faz qualquer tipo de exercício, mas também àquele que não

pratica atividade física de forma regular e freqüente. Segundo Silva e

Marchi (1997), a falta da atividade física de forma regular, inferior a três

vezes por semana pelo tempo mínimo de 30 minutos, também é

considerada como sedentarismo.

Portanto, a prática de atividade física, para que surta efeito, deverá

ocorrer com uma freqüência maior do que três vezes por semana, com

duração mínima de 30 minutos.

A inatividade é marca registrada entre a grande maioria dos

indivíduos entre 30 e 60 anos. Mais do que 50% dos funcionários da

maioria das empresas não praticam atividade física, sendo que o

sedentarismo é um dos maiores fatores de risco cardiovascular.

Conforme estudo desenvolvido por Paffembarger (apud SILVA;

MARCHI 1997), o número de calorias gasto por semana tem um impacto

significativo na saúde cardiovascular. Sugere o estudo que um gasto de

2.000 calorias semanais por meio de exercícios adequados, pode

acrescentar até 2 anos na expectativa de vida das pessoas. Pode parecer

pouco, porém quando se imagina um fumante, obeso, hipertenso ou com

48

histórico familiar de morte prematura por câncer ou outra doença, um

acréscimo de 2 anos é significativo.

Outro estudo apresentado por Petty e Harrington em artigo do New

England Journal of Medicine, calculou que para cada degrau de escada

subido, ao invés do uso de elevador, pode-se acrescentar 0,4 segundos

na vida de uma pessoa (SILVA; MARCHI, 1997).

Mancilha (1990) define sabiamente a situação atual do homem

frente ao sedentarismo:

O homem não é um ser sedentário, a falta de exercícios regulares é hábito relativamente recente em termos de evolução biológica. As pessoas que se exercitam regularmente são menos sujeitas aos ataques cardíacos e estes, são menos graves do que nas pessoas sedentárias. (p. 46).

Para os indivíduos sedentários que estão procurando mudar seus

hábitos para uma vida mais ativa, devem ser alertados os riscos que

poderão estar correndo, quando esta mudança ocorre sem uma avaliação

médica adequada e prescrição de exercícios físicos adequados.

A atividade física deve ser incluída às atividades diárias do

indivíduo sem esforços excessivos e desgastes extremos (JOST, 2000).

Para Salve et al. (1999), o sedentarismo é um dos principais

causadores das doenças crônico-degenerativas como a hipertensão,

diabetes, lombalgias entre outras. Entre os fatores que levam os

indivíduos a não realizar atividades físicas, estão o excesso de trabalho, a

alimentação inadequada, falta de tempo, desinteresse, a falta de

conhecimento dos benefícios da atividade física, envolvimento com

drogas, fumo, bebidas, problemas corporais como a obesidade e a

osteoporose.

As mudanças de estilo de vida sedentária para ativa, em relação à

atividade física, podem ocorrer na medida em que as pessoas

conhecerem os benefícios para acreditarem que a decisão está na

consciência de cada um (CAÑETE, 1996, p. 34). “A saúde é

responsabilidade de todos, mas só se responsabiliza e compromete

aquele que é livre para pensar e agir, sendo consciente de si mesmo e da

realidade.”

49

A aptidão e a capacidade para o trabalho estão relacionadas com o

condicionamento físico (SHARKEY, 1998). Trabalhadores aptos

fisicamente são mais produtivos que seus colegas sedentários, faltam

menos ao trabalho e têm muito menos chances de sofrer invalidez

decorrente do trabalho ou de se aposentarem precocemente devido a

doenças cardíacas ou outras doenças degenerativas.

Aidman e Woollard (2002) mostram em seu estudo o efeito do

sedentarismo ao contrário. Os efeitos da falta de atividade física em

atletas, habituados com a sua prática, refletem a sua importância no

desempenho de suas atividades diárias. Os sintomas são os seguintes:

a) redução do vigor, aumento da fadiga;

b) aumento da tensão, raiva;

c) aumento da freqüência cardíaca;

d) depressão.

2.5 Pausas

As pausas são intervalos de tempo entre as atividades diárias, que

são adotadas de acordo com a necessidade de recuperação ou repouso

do indivíduo. A pausa mais usual, adotada pelas empresas, é aquela

utilizada para lanches e refeições. As pausas são sempre necessárias,

porém, segundo Couto, Nicoletti, Lech (1998) as pausas se fazem mais

necessárias quando não é possível adotar rodízio de tarefas e têm a

função de equilibrar a biomecânica do organismo e a lubrificação dos

tendões pelo líquido sinovial. O autor apresenta uma regra geral a ser

utilizada para as pausas, sendo que a mesma é relacionada à

repetitividade e à força ou desvios posturais.

Pausa por hora

trabalhada

Situação de Trabalho

5 minutos Repetitividade, sem possibilidade de rodízio.

10 minutos

Repetitividade e alta intensidade de força ou

desvios posturais.

50

15 minutos

Repetitividade, alta intensidade de força e

desvios postuzrais.

Fonte: COUTO, NICOLETTI, LECH 1998, p. 334.

Quadro 4 – Tempo de pausa por hora trabalhada de acordo com a

situação de trabalho

Grandjean (1998) apresenta um significado biológico para a pausa

no trabalho. A troca rítmica entre gastos de energia e reposição de força,

resume-se em trabalho e descanso. O autor considera a pausa no

trabalho indispensável, sendo uma condição fisiológica de interesse para

a manutenção da capacidade de produção. A pausa é necessária não

somente em trabalhos que exigem força, mas naqueles de exigência

mental.

Grandjean (1998) classifica as pausas em quatro diferentes tipos:

a) pausas voluntárias: aquelas declaradas, visíveis que o

trabalhador utiliza para descansar – em geral são curtas.

b) pausas mascaradas ou trabalhos colaterais: atividades que não

são necessárias naquele momento, mas servem como

descanso, por exemplo: organizar a mesa, limpar uma peça.

c) pausa necessária do trabalho: causada por todo o tipo de

espera, troca de ferramenta, organização e andamento do

trabalho.

d) pausas obrigatórias do trabalho: aquelas determinadas pela

empresa para alimentação e outras pausas curtas.

Os mecanismos naturais de recuperação muscular são ativados

durante as pausas. Segundo Couto; Nicoletti; Lech (1998) há três

mecanismos que durante as pausas ajudam a prevenir lesões por

esforço:

a) na pausa há um fluxo normal de sangue que retira o ácido lático

do músculo, evitando possíveis lesões;

b) dar um tempo para que os tendões voltem a sua estrutura

normal, durante atividades com alta repetitividade;

c) lubrificação durante a pausa dos tendões com líquido sinovial,

evitando o atrito entre as duas estruturas.

51

Quanto ao rendimento no trabalho, Grandjean (1998) compara os

resultados da introdução de pausas durante a jornada de trabalho e o

aumento da produtividade. As pausas marcadas aceleram a produção,

uma vez que as pausas mascaradas e voluntárias desaparecem.

Em trabalhos mais cansativos, observa-se uma queda na

produtividade próxima ao final do expediente, nestes casos a introdução

de pausas adia o surgimento da fadiga e a queda na produção. De acordo

com o tipo de trabalho algumas recomendações são indicadas pelo autor

em relação às pausas:

Situação de Trabalho Indicação de Pausas

Trabalho com

movimentos repetitivos

Pausas curtas de 3 a 5 minutos por hora

trabalhada, reduzindo a fadiga e

aumentando o potencial de atenção

prolongada.

Trabalho pesado ou

em ambientes quentes

ou frios

Pausas dosadas para que a carga horária

máxima suportável não seja ultrapassada.

Trabalho físico ou

mental médio

Pausa de 10 a 15 minutos durante a

manhã e outra à tarde.

Trabalhos com

elevada exigência

mental

Além das pausas maiores de 10 a 15

minutos prever uma a duas pausas curtas

por turno, de 3 a 5 minutos.

No aprendizado de

habilidades ou trabalho

de aprendizes

Dosar as pausas conforme a dificuldade

das habilidades a serem aprendidas.

Fonte: GRANDJEAN, 1998.p.176

Quadro 5 – Indicação de pausas de acordo com a situação de

trabalho.

Quanto ao melhor período para realização das pausas, Couto,

Nicoletti, Lech (1998) esclarece que o melhor resultado acontece quando

a mesma é instituída no final de cada período de trabalho. No entanto, as

pausas mais curtas, já embutidas no ciclo de trabalho correm o risco de

52

não serem respeitadas em períodos de aumento da velocidade do

processo.

Além disso, de acordo com a situação do ambiente físico, são

recomendadas pausas, relacionadas aos danos provocados por estes

agentes, como: frio, calor, pressões anormais.

Quanto às pausas relacionadas ao trabalho exposto a calor, a

Portaria nº. 3214 de 8 de junho de 1978 em sua NR-15 anexo nº. 3, prevê

os limites de tolerância para exposição ao calor, determinando o tempo

de trabalho e o tempo de descanso recomendado (pausa). Devem ser

medidos os níveis de exposição ao calor na área de trabalho e também

na área de descanso, bem como deverá ser calculada a taxa de

metabolismo média ponderada para uma hora de trabalho. Desta forma,

pode ser conhecido o limite de tolerância para a salubridade da atividade.

Nos trabalhos em ambientes de baixas temperaturas também é

recomendado o repouso ou pausa de acordo com a temperatura

(SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO, 2002).

2.5.1 Micro-pausas

As micro-pausas são pequenas pausas de segundos ou alguns

minutos adotados principalmente em atividades de alta repetitividade.

Uma atividade característica é a dos digitadores ou operadores de

terminais de microcomputador.

A NR-17 em seu item 17.6.3, prevê que devem ser incluídas

pausas para descanso nas atividades que exijam sobrecarga muscular

estática ou dinâmica no pescoço, ombros, dorso e membros superiores e

inferiores.

Sugere ainda em seu item 17.6.4 especificamente para as

atividades de processamento eletrônico - digitadores, uma pausa de 10

minutos para cada 50 minutos trabalhados e ainda o número de toques

não ultrapassar a 8.000 por hora (SEGURANÇA E MEDICINA DO

TRABALHO, 2002).

53

Segundo Mclean et al. (2001), as micropausas são horários de

pausa para descanso, utilizadas como medida preventiva da progressão

de traumas cumulativos encontrados em postos de trabalho com

computadores. Os autores examinaram os benefícios das micropausas

através de investigação, sinais microelétricos e percepção de desconforto

em trabalhadores enquanto estão em seus postos de trabalho. São

comparados os resultados de respostas de três grupos escolhidos

aleatoriamente:

a) Grupo 1 – sem pausas;

b) Grupo 2 – micro-pausas de 30 segundos à cada 20 minutos;

c) Grupo 3 – micro-pausas de 30 segundos à cada 40 minutos.

Quatro segmentos musculares foram monitorados: extensão

cervical, coluna lombar e trapézio, pulso e dedos. O estudo concluiu que

os Grupos 2 e 3, que inserem as micro-pausas, apresentam melhora do

conforto muscular em todos os segmentos musculares, principalmente no

pescoço. Quanto à produtividade não há indicadores de aumento com a

adoção de micro-pausas.

Existem alguns programas de computador (softwares específicos),

que controlam automaticamente o tempo ideal de micro-pausa de

usuários de computador. Lançado nos estados Unidos pela Mind Your

Own Body, o programa Take Break, instalado em um microcomputador

provoca micro-pausas de 10 a 30 segundos durante todo o dia. Os efeitos

esperados com a instalação deste programa são a redução de estresse,

fadiga e rigidez muscular, melhora o bem estar geral e a produtividade.

(PRESS, 1999).

Outro estudo, relacionado à implantação de pausas no trabalho,

realizado por Henning et al. (1996), trata dos efeitos da implantação de

micro-pausas de 30 segundos a cada 10 minutos de trabalho em

terminais de computador. Concluiu-se que os benefícios obtidos

comparando os operadores que realizaram as pausas e os que não

realizaram, foram a redução de queixas em segmentos musculares e a

melhora do autocontrole, bem estar e relacionamento interpessoal.

Um outro estudo realizado por Henning et al. (1996) mostrou a

comparação entre pausas no trabalho com exercícios e sem exercícios.

54

Neste caso, foram aplicadas pausas com exercícios de 30 segundos e de

3 minutos a cada hora, com digitadores em terminais de computador.

Alguns digitadores fizeram as pausas convencionais e outros

acrescentaram exercícios durante as pausas. O estado de humor e o

desconforto muscular foram testados durante 2 a 3 semanas. Também

foram avaliados quanto à produtividade. A conclusão do estudo mostrou

que somente os digitadores que adotaram as pausas com exercícios

apresentaram pequenos aumentos na produtividade, sentiram maior

conforto visual, das pernas, pés e uma sensação de bem-estar.

Portanto, as pausas ou micro-pausas no trabalho, apresentam um

melhor resultado de recuperação dos segmentos musculares, motivação

e até produtividade, quando são realizados exercícios físicos durante as

mesmas. Estas pausas associadas com exercícios são conhecidas por

Ginástica Laboral.

2.6 Percepções da dor

A dor associa-se à lesão, geralmente, mas nem sempre. São

muitas as histórias de heróis que passaram por uma situação perigosa e

cheia de emoção com uma fratura estável de membro inferior, sem ter

naquele momento a sensação dolorosa (HELME e cols, 1990 apud

RANNEY, 2000).

A dor tem sido comparada à campainha de um despertador soando

na mente consciente, alertando-nos da probabilidade de lesão. Sua

relação com a lesão é uma relação indireta. Quando tocamos um fogão

quente, sentimos dor, mas só depois da mão ter sido afastada do perigo.

A lesão tecidual e as respostas reflexas dos músculos à lesão

operam em um nível. Em um nível maior, a dor é percebida quando este

estímulo de baixo nível chega á consciência. Ali, é modificado por

influências, conscientes e inconscientes, de alto nível.

Em 1986, Merskey definiu a dor como “uma experiência sensorial e

emocional desagradável associada à dano real ou potencial ao tecido, ou

que é descrita em termos desse dano”. Essa definição tem sido aceita

55

atualmente pela International Association for Study of Pain (MERSKEY e

BOGDUK, 1994 apud RANNEY, 2000).

Durante as cinco décadas passadas, viemos a compreender que a

percepção da dor é um fenômeno bastante complexo. Devido à inúmeras

interações neuroanatômicas e neuroquímicas envolvidas, não se pode

relacionar diretamente a intensidade da dor, sentida por um indivíduo,

com o grau de dano ocorrido. O que é dor para uma pessoa pode ser

apenas desconforto com a mesma lesão para outra. (RANNEY, 2000).

Essas questões, no entanto, permanecem podendo ser

amplamente discutidas com os seguintes títulos: exagero consciente dos

sintomas, intensificação inconsciente dos sintomas e efeitos psicológicos

gerais da dor persistente.

A percepção da dor é naturalmente um fenômeno subjetivo. Esta

percepção não revela a causa da dor. (RANNEY, 2000).

Os distúrbios do sistema locomotor são encontrados em ampla

gama de ocupações e ocorrem em conexão com o trabalho físico pesado

e monótono. Entretanto, estudos epidemiológicos não documentam

diretamente qual a forma especifica de exposição ou demanda do

trabalho que é a causa do desenvolvimento do distúrbio. O conhecimento

da patogênese e da importância dos vários estados fisiológicos no

desenvolvimento dos distúrbios osteomusculares é crucial à prevenção

dirigida ao alvo. Tanto a dor como a fadiga são fenômenos essenciais em

estudos referentes aos mecanismos de desenvolvimento dos distúrbios

do sistema locomotor. (RANNEY, 2000).

Um assunto que vale a pena debater é até que ponto ocorre lesão

física no local de trabalho, e mais particularmente, se esta se encontra

presente em um determinado indivíduo. Está sendo cada vez mais

reconhecido que o estresse psicológico, tédio, ambiente de trabalho

hostil, insatisfação com a atividade ocupacional, sensação de perda de

controle e coisas semelhantes desempenham importante papel no índice

de relatos e até mesmo no desenvolvimento desses problemas. Ao

determinar a capacidade de uma atividade repetitiva lesionar os tecidos,

não se deve esquecer a psique e o cenário social do indivíduo. (RANNEY,

2000).

56

A determinação quanto à possibilidade de ocorrer ou não uma

lesão física no local de trabalho, através de atividade repetitiva, tem

colocado obstáculos ao uso de termos que geralmente não apresentam

concordância com a definição, por se basear as conclusões apenas em

sintomas, por não reconhecer o papel dos fatores psicológicos e

influências sociais na gravidade da dor, e por não se ter um diagnóstico

preciso e completo em casos individuais. Não devemos basear nossas

conclusões apenas em sintomas, assim como fizeram muitos estudos

epidemiológicos falhos. Para tanto, dê-se abertura à possibilidade de que,

em alguns casos, influências psicológicas e sociais possam ser

responsáveis por esses sintomas. (RANNEY, 2000).

57

CAPITULO III

A PESQUISA DE CAMPO

3 MÉTODOS E TÉCNICAS

Para estudar os impactos de um programa de Ginástica Laboral no

setor de produção de uma indústria calçadista, foram desenvolvidas

atividades físicas supervisionadas e orientadas por uma fisioterapeuta no

período de Novembro de 2007 a Fevereiro de 2008.

O programa de GL implantado foi desenvolvido dividindo-se o setor

de produção em três turmas, cada uma composta por em média por 15

funcionários.

O setor alvo deste estudo foi o Setor de Produção, composto por

cerca de 55 funcionários, dispostos em diferentes postos de trabalho.

As funções existentes na indústria calçadista estudada estão

dispostas no quadro abaixo (Quadro 7), onde consta o número de

funcionários em cada função, a postura de trabalho e os segmentos

corporais expostos a maior sobrecarga muscular.

(continua)

Função Número de

funcionários

Postura de

trabalho

Segmentos corporais

em sobrecarga

muscular

Cortador 07 Em pé Membros inferiores

Auxiliar de

montagem

07 Sentado Membros superiores

Coluna vertebral

Pespontador 05 Sentado Membros superiores

Coluna vertebral

Armadeira 05 Em pé Membros inferiores

Coluna vertebral

Dobradeira 05 Sentado Membros superiores

Coluna vertebral

58

(conclusão)

Pranchadeira 03 Sentado Membros superiores

Coluna vertebral

Refiladeira 02 Em pé Membros inferiores

Membros superiores

Auxiliar de

distribuição

02 Alternada Membros superiores

Modelista 02 Alternada Membros superiores

Ajudante de

mesa

04 Em pé Membros inferiores

Membros superiores

Passador de

cola

03 Em pé Membros inferiores

Membros superiores

Lixador 02 Em pé Membros inferiores

Membros superiores

Pregador de

salto

02 Em pé Membros inferiores

Membros superiores

Escarnideira 04 Sentada Membros superiores

Coluna vertebral

Revisor 02 Alternada Membros superiores e

inferiores

Fonte: dados da pesquisa.

Quadro 7 – Relação de funções na empresa estudada, número de

funcionários, postura de trabalho e segmentos corporais expostos à

sobrecarga muscular.

A partir desta relação, foram divididos os grupos de colaboradores

a fim de realizar exercícios específicos de compensação aos esforços

repetitivos e às posturas inadequadas impostas nos postos operacionais.

As atividades de ginástica laboral compensatória foram ministradas

por um professor de Educação Física, sob a supervisão de uma

Fisioterapeuta.

Os exercícios eram realizados uma vez ao dia (no meio da jornada

de trabalho) no período da manhã, três vezes por semana.

59

Foram elaborados exercícios de acordo com as atividades

desenvolvidas pelos trabalhadores, sendo a maior parte composta por

exercícios de alongamento muscular, visando à recuperação dos grupos

musculares mais exigidos na função do colaborador.

Com a finalidade de avaliar os efeitos de um programa de GL na

indústria calçadista foram elaborados dois questionários. Um respondido

pelos colaboradores na avaliação inicial (apêndice A), e outro respondido

após três meses da implantação do programa de GL (apêndice B). Ambos

contendo questões sobre as atividades físicas desenvolvidas, postura no

trabalho, queixas e localização de dor.

O questionário de avaliação inicial foi composto de 4 questões

abertas e 14 questões fechadas, e após três meses o questionário

controle (apêndice B) foi composto de 1 questão aberta e 15 questões

fechadas.

Foi solicitado aos colaboradores da indústria de calçados estudada

que assinalassem a região corporal no Diagrama de Corlett que

apresentasse dor durante a jornada de trabalho. Este diagrama foi

preenchido antes da implantação do programa de GL e após três meses.

3.1 Resultados

Na avaliação inicial 50 colaboradores responderam o questionário.

Apresentavam idade média de 30,2 anos, sendo 35 do sexo feminino e 15

do sexo masculino. Destes, 26 trabalhavam sentados, 20 em pé e 04 em

posturas alternadas.

Após três meses da implantação da GL, foi aplicado novo

questionário, sendo respondido por 55 colaboradores, com idade média

de 30,7 anos, sendo 38 do sexo feminino e 17 do sexo masculino.

Quanto a postura de trabalho 24 trabalhavam sentados, 25 em pé e 6 em

posições alternadas.

60

Fonte: dados da pesquisa

Figura1 – Número de colaboradores e posturas de trabalho

existentes no setor de produção.

A aderência dos colaboradores do setor de produção às aulas de

GL três vezes por semana teve uma freqüência de 78%.

Fonte: dados da pesquisa

Figura 2 – Porcentagem de freqüência na Ginástica Laboral

Dos colaboradores estudados na avaliação inicial, 70%

apresentaram queixa de dor em algum segmento corporal nos últimos

três meses. Esta porcentagem passou para 78% após três meses.

Participação na Ginástica Laboral

78%

21%

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

sim não

POSTURA DE TRABALHO

24 20

25

4 6

26

0 5

10 15 20 25 30 35 40

Número de

funcionários

sentada em pé alternada

Avaliação Inicial

Avaliação 3 meses

61

Queixa de Dor

70%

78%

66

68

70

72

74

76

78

80

po

rcen

tag

em

de c

ola

bo

rad

ore

s

com dor inicio

com dor 3 meses

Fonte: dados da pesquisa

Figura 3 – Índice de queixa dolorosa nos segmentos corporais.

O segmento corporal com maior índice de queixa dolorosa

encontrado na avaliação inicial foi a coluna vertebral, seguida pelos

membros superiores e membros inferiores. Após três meses de GL, ainda

permanece a coluna vertebral como o segmento corporal com maior

queixa dolorosa, aumentando em 7% a incidência de queixa em relação

ao estudo inicial. Foram identificadas mais de uma queixa por

colaborador.

Localização das queixas antes e após implantação

da Ginástica Laboral

48%

36% 36%

55%

33%36%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

coluna MMSS MMII

Av. Inicial

Após 3 meses GL

Fonte: dados da pesquisa

Figura 4 – Incidência de localização das queixas dolorosas

antes e após três meses da implantação da GL.

62

Na avaliação inicial dos colaboradores que trabalhavam sentados,

77% apresentavam queixas dolorosas em algum segmento corporal, e

após três meses de GL, esse índice foi a 75%. Enquanto na postura de

trabalho em pé e alternada, houve aumento no índice de queixa, de 60%

para 80% na postura em pé e de 75% para 84% na postura alternada.

Prevalência de dor em diferentes posturas de

trabalho após 3 meses de Ginástica Laboral

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

sentado em pé alternada

AV. Inicial

Após 3meses G.L.

Fonte: dados da pesquisa

Figura 5 – Incidência de queixa dolorosa nas diferentes

posturas de trabalho.

3.2 Discussão

A Ginástica Laboral proporciona benefícios, tanto para o

trabalhador, quanto para a empresa. Além de prevenir as LER/DORT, ela

tem apresentado resultados mais rápidos e diretos com melhora do

relacionamento interpessoal e o alívio das dores corporais (OLIVEIRA,

2006; GUERRA, 1995; MENDES, 2000).

No Brasil, existem alguns estudos que afirmam que a GL pode

diminuir a incidência de dores e demais sintomas relacionados a LER/

DORT e aumentar o bem-estar dos trabalhadores. Um deles, afirma que a

Ginástica Laboral adaptada para as necessidades impostas pelo tipo de

trabalho, realizada sem sair do posto, em breves períodos de tempo, ao

63

longo de todo o dia de trabalho, pode produzir resultados positivos para

os funcionários e para a empresa (PINTO; SOUZA, 2004).

Neste estudo foi implantada a ginástica laboral em grupo, por

aproximadamente 15 minutos, três vezes por semana, no meio da jornada

de trabalho. Foram divididos três grupos de em média 15 colaboradores

com variadas funções dentro da empresa, todos do setor de produção.

Assim, este trabalho buscou aferir a incidência de queixa dolorosa

através de avaliações baseadas na percepção do trabalhador, com a

aplicação de questionário prévio a implantação do programa de GL e

após três meses.

As variáveis de interesse observadas no presente trabalho foram a

incidência de queixa dolorosa nas posturas de trabalho existente na

empresa, os segmentos corporais mais afetados e se a implantação

isolada de GL por três meses pode influenciar os resultados.

A empresa nunca realizou análise ou qualquer outra intervenção

ergonômica. Portanto, as condições de trabalho eram muito inadequadas.

Não haviam dimensionamento dos postos de trabalho, pausas ou

rodízios.

Martins e Martins (2000) realizaram um estudo com 90 funcionários

da Justiça Federal de Santa Catarina. Após 27 sessões da GL, os

participantes responderam a um questionário auto-administrado. A

conclusão foi que os dados sugerem que houve uma boa aceitação do

programa pelos funcionários e que a GL parece ter sido eficaz na

prevenção de LER/DORT.

Também foi demonstrado em nosso estudo, boa aceitação à

implantação da GL, pois encontramos uma freqüência às aulas de 75%

dos colaboradores.

Evidências têm demonstrado que a Ginástica Laboral, após três

meses a um ano, em média, de sua implantação, em uma empresa, tem

apresentado benefícios, tais como: diminuição dos casos de LER/DORT,

menores custos com assistência médica, alívio das dores corporais,

diminuição das faltas, mudança de estilo de vida e, o que mais interessa

para as empresas, aumento da produtividade (JIMENES, 2002;

FERREIRA, 1998).

64

É interessante, entretanto, notar que a ginástica, por si só, não terá

resultados significativos se não houver uma elaborada política de

benefícios sociais, além de estudos ergonômicos, da colaboração dos

gerentes, dos técnicos de segurança do trabalho, dos médicos

ocupacionais e dos profissionais de recursos humanos. (ALVES; VALE,

1999; MARTINS; DUARTE, 2001; JIMENES, 2002; OLIVEIRA, 2006).

Corrobora-se assim com o resultado encontrado em nosso estudo.

Não foi encontrada redução de queixa dolorosa com a implantação de

três meses de GL. Há outras possíveis variáveis, não incluídas neste

estudo, que podem interferir nos resultados.

Para tanto, são necessários novos estudos, a fim de comparar os

resultados da GL isolada e associada a outras intervenções ergonômicas.

65

CONCLUSÃO

As condições de trabalho e a produtividade das empresas são o

reflexo do estado de saúde de seus trabalhadores. Logo, a saúde e o

trabalho precisam andar juntos.

Assim, busca-se reconhecer as condições de trabalho que possam

desencadear doenças profissionais, para que medidas preventivas sejam

implantadas pelas organizações. Estas condições de trabalho podem

estar relacionadas às características físicas dos postos de trabalho, à

organização do trabalho, como: jornada de trabalho, revezamentos,

pausas e também às demandas físicas do indivíduo, como: exigência de

postura inadequada, repetitividade e esforços físicos.

Os problemas musculoesqueléticos são atribuídos a fatores:

individuais (sexo, idade, antecedentes) e biomecânicos (esforços,

posturas inadequadas, movimentos repetitivos). Além dos fatores de risco

associados diretos, existem os fatores correlacionados, considerados

indiretos, que são o estresse e a organização da empresa.

A implantação de pausas durante a jornada de trabalho é uma

medida importante permitindo o descanso e a recuperação muscular. A

rotação dos postos de trabalho também contribui, permitindo que o

trabalhador faça revezamento de atividades durante a jornada, evitando

sobrecarga muscular sobre um mesmo segmento corporal.

Atualmente, a Ginástica Laboral vem sendo implantada nas

organizações com um sentido mais amplo do que prevenir doenças

ocupacionais. Surge como um programa de melhoria da qualidade de

vida no trabalho e como agente motivador para mudanças no estilo de

vida.

Desta forma, espera-se que as pessoas deixem de ser sedentárias

e consigam prevenir as perdas decorrentes do envelhecimento,

garantindo uma melhor qualidade de vida.

A forma atual como vem sendo encarada a Ginástica Laboral,

como uma forma isolada de prevenção às doenças ocupacionais, deve

ser cuidadosamente analisada, já que, diversas variáveis podem estar

correlacionadas. Faz-se necessária uma metodologia de avaliação

66

ergonômica eficiente e uma adequada prescrição de atividades para um

melhor desempenho dos Programas de Ginástica Laboral.

Acrescenta-se ainda, uma conscientização por parte da empresa

quanto à importância em agregar à Ginástica Laboral, investimentos em

adequações ergonômicas, e assim, incrementar os resultados preventivos

esperados.

Em nosso estudo não foi encontrada redução no índice de queixas

dolorosas dos trabalhadores da indústria calçadista após a implantação

de três meses de GL. Detectou-se alto índice de queixa dolorosa no setor

de produção desta indústria e o principal segmento corporal de queixa

dolorosa foi a coluna vertebral.

Não foi possível determinar correlação entre a postura de trabalho

e a incidência de queixa dolorosa, pois não houve diferença significativa

entre as posturas: sentada, em pé e alternada.

O presente trabalho analisou a implantação da GL prescrita no

meio da jornada e realizada somente uma vez ao dia. Esta modalidade de

aplicação mostrou-se insatisfatória no que diz respeito à redução de

desconforto nos segmentos corporais analisados.

Estudos futuros poderão aprofundar tais considerações em outras

formas de aplicação da GL.

67

REFERÊNCIAS

ACEVEDO ALVAREZ, Miguel E. Estrés y Productividad, una mirada integradora. Disponível em: http://www.mundomed.net/cibergo/ac. shtml. Acesso em 07 de junho de 2002. ADDLEY, K; McQUILLAN, P; RUDDLE, M. Creating Healthy workplaces in Northern Ireland: evaluation of a lifestyle and physical activity assessment programme. Occupational Medicine vol 51, Issue 7, pages 439-449, 2001. AIDMAN, E. V., WOOLLARD, S. The influence of self-reporter exercises addiction on acute emotional and physiological responses to brief exercise deprivation. Disponível em : http://www.elsevier.com/locate/psychsport. Acesso em 7 de janeiro de 2002. ALLSEN, P. E; HARRISON, J. M.; VENCE, B. Tradução Sonia Regina de Castro Bidutte. Exercício e Qualidade de Vida - uma abordagem personalizada. Barueri: Manole Ltda., 2001. ALVES S, VALE A. Ginástica Laboral: caminho para uma vida mais saudável no trabalho. Revista CIPA: 30-43, 1999. AMARAL, Fernando Gonçalves; MOURA, Paulo Roberto Cidade. Rotação de postos de trabalho, uma abordagem ergonômica. In: ABEPRO; Curitiba, 2002. ANDRADE, A.L. LER: uma visão da doença. Fenacon: 54, p 17, 2000. BARROS NETO, T. L. Exercício, saúde e desempenho físico. São Paulo: Atheneu, 1997. BRANDMILLER, P. A. O Corpo no Trabalho. São Paulo: SENAC, 1999. BRASIL, Ministério da Educação, Secretaria de Educação Física e Desportos. Esporte e Lazer na Empresa. Brasília: 1991.

68

CAÑETE, Ingrid. Humanização – Desafio da Empresa Moderna – a ginástica laboral como um caminho. Porto Alegre: Artes e Ofícios, 1996. CODO, Wanderlei. LER – Diagnóstico, Tratamento. Petrópolis: Vozes, 1998. COSTA FILHO, I. Ginástica Laboral. Disponível em: http://pessoal.onda.com.br/kikopers. Acesso em 07 de novembro de 2001. COUTO, H. A., NICOLETTI, S. J., LECH, O. Como Gerenciar a Questão das LER/DORT. Belo Horizonte: Ergo Ltda., 1998. CHAFFIN, D.; ANDERSSON G. B. J.; MARTIN B. J. Biomecânica Ocupacional. Belo Horizonte: Ergo Ltda., 2001. DIAS, M. F. M. G. Ginástica laboral: empresas gaúchas tem bons resultados com a ginástica antes do trabalho. Proteção. São Paulo, v.6, n. 29, p. 24-5, 1994. DONKIN, S. W. Sente-se Bem, Sinta-se Melhor, Guia Prático Contra as Tensões do Trabalho Sedentário. São Paulo: Harbra Ltda, 1996. DUNN, A L; TRIVEDI, M H; O’NEAL, H A. physical activity dose-response effectsa on outcomes of depression ans anxiety Medicine and Science in Sports and Exercices vol 33, Issue 6, Supplement pages S587-S597, 2001. FARINA JUNIOR, Educação Física no mundo do trabalho: ginástica de pausa, em busca de uma metodologia. Artigo in Saúde e Exercício físico: uma atividade empresarial. Brasília: Ministério da Saúde, Secretaria Nacional de Assistência à Saúde, 1990. FIGUEREDO, F.; MONT’ALVÃO, C. Ginástica laboral e ergonomia. Rio de Janeiro. Sprint, 2005.

FERREIRA, E. A. Proposta de Programa de Ginástica Laboral. Londrina, PR: Universidade Estadual de Londrina Monografia de conclusão do curso de especialização em Educação Física, 1998. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Aurélio – Século XXI. São Paulo: Nova Fronteira e Lexikon Informática, 1999.

69

FORNASARI, C. A.; SILVA, G.A.; NISHIDE, C.; VIEIRA, E.R. Postura Viciosa. Proteção: 51, 2000. GHORAYEB, N., BARROS NETO, T. L. O Exercício: preparação fisiológica, avaliação médica, aspectos especiais e preventivos. São Paulo: Atheneu, 1999. GRANDJEAN, E. Manual de Ergonomia: adaptando o trabalho ao homem. Porto Alegre: Bookman, 1998. GUERRA, M. K. Ginástica na empresa: corporate & fitness. Âmbito Medicina Desportiva 10: 19-22, 1995. GUIMARÃES, L. Ergonomia de Produto. Vol. 2. Porto Alegre: FEENG/ UFRGS/ EE/ PPGEP, 2001. HENNING, R. A.; CALLAGHAN, E. A.; ORTEGA, A. M.; KISSEL, G. V.; GUTTMAN, J. I.; BRAUN, H. A. Continuous feedback to promote selfmanagementof rest breaks during computer use. International Journal of Industrial Ergonomics 18, 1996. HENNING, R. A.; JACQUES, P.; SULLIVAN, A. B.; ALTERAS-WEBB, S. M. Frequent short rest breaks from computer work: effects on productivity and wellbeing at two field sites. Ergonomics vol 40, Issue 1, pg 78-91, 1997. JIMENES, P. Ginástica laboral: bem-estar do trabalhador traz resultados surpreendentes. CIPA. São Paulo, n. 171, p. 70-81, 2002. JOST, L. Implantação de Programa de Atividade Física na Empresa. Concórdia, SC: Universidade do Contestado Concórdia Monografia de Graduação em Educação Física, 2000. KEYSERLING, W.M., STETSON, D.S., SILVERSTEIN, B., BROWER, M.L. A checklist for evaluating ergonomic risk factors associated with upper extremity cumulative trauma disorders. Ergonomics, 36/n. 7; 807-831, 1993. KOLLING, A. Estudo sobre os efeitos da Ginástica Laboral Compensatória em grupos de Operários de Empresas Industriais.

70

Porto Alegre, 1982. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. KOLLING, Aloysio. Ginástica Laboral Compensatória: uma experiência vitoriosa da FEEVALE. R. Est. Novo Hamburgo v3, n2, p.47-52, 1980. Porto Alegre, 1982. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

LEITE, P. F. Exercício, envelhecimento e promoção da saúde. Belo Horizonte. Health, 1996. LIMONGI FRANÇA, A. C.; RODRIGUES, A. L. Stress e Trabalho. São Paulo: Atlas, 1996. MACHADO, L. C. L.. Ginástica laboral no inicio ou no meio do turno? Qual optar? In: FISIOTRAB Congresso Brasileiro de Fisoterapia do Trabalho, Curitiba. Anais Curitiba: 2002. P.14. MALCHAIRE, Jacques. Lesões dos Membros Superiores por Trauma Cumulativo – Estratégia de Prevenção. Bélgica: INRCT, 1998. MANCILHA, J. Você e seu coração. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1990. MARTINS, Caroline de Oliveira. Efeitos da Ginástica Laboral a Curto Prazo. In: Simpósio de Produção e Veiculação do Conhecimento em Educação Física, 3.; 2000, Florianópolis. Anais Florianópolis: UFSC, 2000. p.38. MARTINS, C.O.; DUARTE, M.F.S. Efeitos da ginástica laboral em serviços da Reitoria UFSC. Revista Brasileira de Ciência e Movimento: 8(4), 2001, p. 7-13. MARTINS, C.O.; MARTINS, M.O. Eficácia da ginástica na prevenção aos DORT e sua aceitação por funcionários públicos de Florianópolis, SC. Anais do XXIII Simpósio Internacional de Ciências do Esporte – Atividade Física, Fitness e Esporte: 173. São Paulo, 2000. MASCELANI, R. F. Curso de Ginástica Laboral. Universidade do Contestado Concórdia SC, 2001.

71

McARDLE, W. D.; KATCH, F.; KATCH, V. L. Fisiologia do Exercício, Energia, Nutrição e Desempenho Humano. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S.A., 1998. McGREGOR, D. O Lado Humano da Empresa. São Paulo: Martins Fontes, 1980. McLEAN, L.; et al. Computer terminal work and the benefit of microbreaks. Applied Ergonomics, vol 32 Issue 3 pg 225-237, 2001. MEIRELLES, M. A. E. Atividade Física na 3a. Idade: uma abordagem sistêmica. Rio de Janeiro: Sprint, 1997. MENDES, R. Patologia do Trabalho. Rio de Janeiro: Atheneu. 1995. MENDES, L.F.; CASAROTTO, R. A. Tratamento fisioterápico em distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho: um estudo de caso. Revista de Fisioterapia da USP 5(2), São Paulo,1998, p. 127-32. MENDES, R. A. Ginástica laboral (GL): Implantação e Benefícios nas Indústrias da Cidade Industrial de Curitiba (CIC). Curitiba, 2000. Dissertação (Mestrado em Tecnologia) – Programa de Pós-Graduação em Tecnologia – Universidade Federal do Paraná. NAHAS, Markus Vinícius. Atividade física, saúde e qualidade de vida: conceitos e estudos e sugestões para um estilo de vida ativo. Londrina: Midiograf, 2001. NIEMAN, D. Exercício e Saúde. São Paulo: Manole Ltda., 1999.

OLIVEIRA, JR G. O. A prática da ginástica laboral. 3 ed. Rio de Janeiro: Sprint, 2006. PEREIRA, E.R.; FREITAS, V.R.P. Fisioterapia do trabalho e ergonomia aplicadas à saúde do Cirurgião Dentista. In: FISIOTRAB Congresso Brasileiro de Fisoterapia do Trabalho, Curitiba. Anais. Curitiba: 2002. P.13.

72

PEROSSI, S.C.; OLIVEIRA, J. I. A influência do programa de ginástica laboral na prevenção dos DORT. In: FISIOTRAB Congresso Brasileiro de Fisoterapia do Trabalho, Curitiba. Anais... Curitiba: 2002. P.16.

PINTO, A. C. C. S; SOUZA, R. C. P. A Ginástica Laboral como ferramenta para a melhoria da qualidade de vida no setor de cozinha em restaurantes. Disponível em: www.eps.ufsc.br. Acesso em: Out 2004. POLITO, E. Ginástica Laboral: teoria e prática. Rio de Janeiro: Sprint, 2002. POLLOCK, M. L.; WILMORE, J. H. Exercícios na saúde e na doença: avaliação e prescrição para prevenção e reabilitação. Rio de Janeiro: Medsi, 1993. PRESS, J. Take a Break. IDEA Health & Fitness Source, vol 17, i9, p13, 1999. Disponivel em: www.ideafit.com Acesso em 12 de março de 2002. PULCINELLI, Adauto João. A visão das empresas gaúchas sobre as atividades físicodesportivas na empresa. Santa Maria, 1994. Dissertação de (Mestrado em Educação Física). Universidade Federal de Santa Maria. RAMAZZINI, Bernardino. As Doenças dos Trabalhadores. Tradução brasileira do “De Morbis Articulum Diatriba”. São Paulo: Fundacentro, 1992. RANNEY, D. Distúrbios Osteomusculares Crônicos Relacionados ao Trabalho. São Paulo: Roca, 2000. RODRIGUES, M. V. C. Qualidade de Vida no Trabalho. Petrópolis: Vozes, 1994. SALTZMAN, A. Computer user perception of the effectiveness of exercise minibreaks. Disponível em: http://www.tifaq.com/articles/exercise_minibreaksmay98arthur_saltzman.html. Acesso em 19 de abril de 2002.

73

SALVE, M.G.C.; et al. Estudo dos efeitos do sedentarismo sobre o Sistema Locomotor. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, Fundacentro no. 95/96 vol 25,1999. SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO. Manuais de Legislação Atlas – vol 16. 49a. ed. São Paulo, Atlas: 2002. SHARKEY, B. J. Condicionamento Físico e Saúde. 4ª ed. Porto Alegre: Artes Médicas Sul Ltda., 1998. SILVA, M.; MARCHI, R. Saúde e Qualidade de Vida no Trabalho. São Paulo: Círculo do Livro, 1997. SIMÕES, A. M.; BARRUFI, C. Implantação de exercícios compensatórios uma opção eficiente.In: FISIOTRAB Congresso Brasileiro de Fisoterapia do Trabalho, Curitiba. Anais... Curitiba: 2002. P.20. SMITH, M. J. Considerações Psicosociais sobre os distúrbios ósteo musculares relacionados ao trabalho (DORT) nos membros superiores. Proceedings of the Human Factors and Ergonomics Society 40th. Annual Meeting, p 776-780, 1996. TARGA, J. F. Teoria da Educação Físico-desportiva-recreativa. Porto Alegre: ESEF-IPA, 1973. WEERDMEESTER, J. D. B. Ergonomia Prática. São Paulo: Edgar Blücher Ltda., 1998. WEINBERG, R. S.; GOULD, D. Tradução Maria Cristina Monteiro. Fundamentos da Psicologia do Esporte e do Exercício. 2. ed. – Porto Alegre: Artmed, 2001. YASSI, A. Repetitive strain injuries. Occupational Medicine: vol 349, p.943-947, 1997. ZILLI, C. M. Pausa Para Ginástica. (Monografia), Universidade Tuiutí do Paraná, Curitiba PR, 2000.

74

______ZILLI, C. M. Ginástica laboral e Cinesiologia, uma tarefa interdisciplinar com ação multiprofissional. Curitiba: Lovise Ltda., 2002.

75

APÊNDICES

76

Apêndice A - Avaliação Inicial: Questionário de sintomas e de aspectos da organização do trabalho 1. Nome___________________________________________________ 2. Sexo: ( )masculino ( ) feminino 3. Idade ________Peso________Altura___________ 4. Você pratica alguma atividade física? ( ) sim ( ) não Qual?

Quantas vezes por semana ( ) 1 vez ( )2X ( ) 3X ou mais

5. Há quanto tempo trabalha como funcionário desta empresa? ________________________________________________________

6. Tem outra atividade fora da empresa?

Qual?______________________________ 7. Já trabalhou em outras empresas nesta mesma função? ( ) Sim ( )

Não Caso sim, durante quanto tempo?_________________________

8. Existe uma produtividade mínima determinada pela empresa?

( ) Sim ( ) Não Qual?________________________________________________

9. Você realiza horas extras? ( ) Sim ( ) Não

Quantas por mês? ___________________________________________________

10. Você pode interromper o trabalho para ir ao banheiro ou beber água

sempre que necessite? ( ) Sim ( ) Não ( ) Às vezes 11. Qual é sua postura para dormir? ( ) de lado ( )barriga para cima ( )barriga para baixo 12. Você sente dormência, formigamento ou queimação?

( ) Sim ( ) Não Em que parte do corpo?

_______________________________________________ 13. Você tem varizes? ( ) Sim ( ) Não.

Há quanto tempo?_______________ 14. Usa meias elásticas? ( ) Sim ( ) Não ( ) Às vezes 15. Você sentiu dores nos últimos 4 meses? ( ) Sim ( ) Não

Caso afirmativo assinale na figura abaixo os locais onde sentiu dor. 16. Você já consultou um médico devido a essas dores?

77

( ) Sim ( ) Não

17. Você já ficou afastado do trabalho por este problema?

( ) Sim( ) Não 18. Como você trabalha? ( ) De pé ( ) Sentado ( ) Ou alternando essas posturas 18. Descreva como você se sente ao final de um dia de trabalho: 19.Você tem alguma sugestão para melhorar o seu trabalho?

78

Apêndice B – Avaliação após 3 meses: Questionário de opinião do trabalhador Data: ____/_____/______ Sexo: M ( ) F ( ) Idade: Destro ( ) Canhoto ( ) Setor:________________________Função: _________________ Qual sua postura para dormir: de lado ( ) barriga para baixo ( ) barriga para cima ( ) Qualidade do sono: de 6 a 8 horas ( ) menos de 6 horas ( ) acorda muito ( ) Você faz Ginástica Laboral: 3 vezes/ sem ( ) 2 vezes/ sem ( ) 1 vez/ sem ( ) não faz ( ) O que você achou da empresa oferecer a Ginástica Laboral ? excelente ( ) muito bom ( ) bom ( ) ruim ( ) Os exercícios da Ginástica contribuíram para você trabalhar melhor ? ( ) sim ( ) não Você acha que a empresa deve continuar com Ginástica Laboral ? ( ) sim ( ) não Você tem alguma sugestão para as aulas de Ginástica Laboral ? Durante seu trabalho, você permanece na posição: sentado ( ) em pé ( ) em pé inclinado ( ) sentado inclinado ( ) outra ( ) Como você se sente nesta posição? Muito confortável ( ) Confortável ( ) Indiferente ( ) Desconfortável ( ) Muito desconfortável ( ) Seu trabalho é em média: Leve ( ) Pesado ( ) Você tem que realizar esforços de empurrar, levantar, puxar objeto com mais de 3 KG? Nunca ( ) Um pouco ( ) De vez em quando ( ) Com freqüência ( ) Continuamente ( ) Como é seu trabalho do ponto de vista físico? Repousante ( ) Um pouco cansativo ( ) Cansativo ( ) Muito cansativo ( ) Você acha seu trabalho:

79

bastante variado ( ) variado ( ) pouco variado ( ) nada variado ( ) Você acha seu trabalho? Apaixonante ( ) Interessante ( ) Médio ( ) Pouco interessante ( ) Desinteressante ( ) Você sentiu dores no corpo nos últimos 3 meses? ( ) Sim ( ) Não. Em caso afirmativo assinale na figura abaixo os locais onde sentiu dor.

80

ANEXOS

81

ANEXO A: Diagrama indicativo para localização da região corporal que apresenta dores.