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Curso de Tarot e o seu Uso Terapêutico

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Este livro propõe uma abordagem inovadora ao Tarot, que, em vez de adivinhar o futuro de seres humanos prisioneiros do destino, é aqui uma ferramenta de autoconhecimento que nos permite diagnosticar e superar os medos que nos impedem de ser nós próprios.

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VEET pRAMAD

CURSO DE TAROTE O SEU USO TERApêUTiCO

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© Veet Pramad e Dinalivro 2011Título: Curso de Tarot e o seu Uso TerapêuticoAutor: Veet Pramad

www.tarotterapeutico.info/pt [email protected]

Revisão e adaptação: Atlântida Lda. Filipa Parreira Taróloga Maria do Céu Lopes (consultora)

Capa: Nuno Rodrigues (www.nunorod.com)Paginação: Mário Félix – Artes Gráficas

ISBN: 978-972-576-593-7Depósito legal: 332 276/111.ª edição: Setembro de 2011Impressão e acabamento: Offsetmais, S. A.

Reservados todos os direitos para Portugal porDinalivroRua João Ortigão Ramos, 17-A1500-362 Lisboa Tel. 217 107 080 • Fax 217 153 [email protected] / [email protected]

A cópia ilegal viola os direitos dos autores.Os prejudicados somos todos nós.

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Índice

Introdução à Primeira Edição Brasileira ......................................................................... 17Introdução à Segunda Edição Brasileira ........................................................................ 19Introdução à Terceira Edição Brasileira ......................................................................... 23Introdução à Primeira Edição Portuguesa ...................................................................... 27

O USO TERAPÊUTICO DO TAROT ............................................................................... 29 Adivinhação e autoconhecimento: duas visões excludentes .................................. 29 Os cinco princípios do Tarot Terapêutico .......................................................... 29

A GRANDE VIAGEM ....................................................................................................... 35 O Caminho da Vida ................................................................................................... 35

O QUE É O TAROT? – ORIGENS E HISTÓRIA ............................................................. 53 Revirando as Páginas do Tempo .............................................................................. 53

RITUAL E SISTEMAS DE LEITURA ................................................................................. 69 Abrindo o Jogo .......................................................................................................... 69 O Baralho ................................................................................................................... 69 O Lugar ...................................................................................................................... 71 A Leitura ..................................................................................................................... 71 A Invocação ............................................................................................................... 73 A Magnetização .......................................................................................................... 73 Como Baralhar ........................................................................................................... 74 Sistemas de Leitura .................................................................................................... 75 A Leitura Terapêutica................................................................................................. 75 A Leitura do Mago ..................................................................................................... 80 A Leitura das Casas Astrológicas ............................................................................... 81 A Leitura da Árvore da Vida...................................................................................... 83

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A ESTRUTURA DO TAROT E AS SUAS ATRIBUIÇÕES ............................................... 85 Sistema Cabalístico .................................................................................................. 85 Sistema Numerológico de Base Sete ...................................................................... 90 Sistema Numerológico de Base Dez ....................................................................... 91

O LOUCO E O PRIMEIRO SEPTENÁRIO ..................................................................... 93 O Louco ................................................................................................................... 93 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 102 O Mago .................................................................................................................... 105 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 110 A Sacerdotisa (A Papisa) ......................................................................................... 112 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 120 A Imperatriz ............................................................................................................. 122 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 127 O Imperador ............................................................................................................ 130 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 135 O Hierofante (O Papa) ............................................................................................ 139 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 148 Os Amantes .............................................................................................................. 150 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 159 O Carro..................................................................................................................... 162 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 168

O SEGUNDO SEPTENÁRIO .......................................................................................... 171 O Ajustamento (A Justiça) ....................................................................................... 171 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 176 O Ermitão ................................................................................................................. 180 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 185 A Fortuna (A Roda da) ............................................................................................ 190 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 195 O Entusiasmo (A Força) .......................................................................................... 198 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 204 O Dependurado ....................................................................................................... 208 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 214 A Morte ..................................................................................................................... 218 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 226 A Arte (A Temperança) ........................................................................................... 230 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 237

O TERCEIRO SEPTENÁRIO .......................................................................................... 241 O Diabo .................................................................................................................... 241 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 248 A Torre ..................................................................................................................... 252

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11Índice

Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 256 A Estrela ................................................................................................................... 259 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 264 A Lua ........................................................................................................................ 268 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 274 O Sol ......................................................................................................................... 280 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 284 O Eão (O Julgamento) ............................................................................................ 288 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 293 O Universo (O Mundo) ........................................................................................... 296 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 300

AS FIGURAS DA CORTE ............................................................................................... 303 Os 16 Tipos de Personalidade ................................................................................ 303 Configuração Matriarcal e Patriarcal ....................................................................... 304 As Figuras da Corte como Combinação dos Quatro Elementos, Natureza Interna e Expressão Externa .............................................................. 304 Equilíbrio nas Personalidades ................................................................................. 307 Funcionalidade e Transcendência .......................................................................... 308 As Figuras da Corte e os Signos Astrológicos ........................................................ 310 As Figuras da Corte e a Carta do Consultante ....................................................... 311 As Figuras da Corte e a Árvore da Vida ................................................................. 312 As Figuras da Corte e o Tetragramaton .................................................................. 313 AS FIGURAS DE PAUS ............................................................................................. 313 O Cavaleiro de Paus ................................................................................................ 314 Natureza Interna e Expressão Externa Fogosas ............................................... 314 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 315 A Rainha de Paus ..................................................................................................... 317 Natureza Interna Fogosa e Expressão Emocional ............................................ 317 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 318 O Príncipe de Paus .................................................................................................. 320 Natureza Interna Fogosa e Expressão Mental .................................................. 320 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 321 A Princesa de Paus .................................................................................................. 324 Natureza Interna Fogosa e Expressão Prática .................................................. 324 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 325 AS FIGURAS DE COPAS .......................................................................................... 326 O Cavaleiro de Copas ............................................................................................. 327 Natureza Interna Emocional e Expressão Fogosa ............................................ 327 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 328 A Rainha de Copas .................................................................................................. 330 Natureza Interna e Expressão Emocionais ....................................................... 330 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 331

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12 Curso de Tarot

O Príncipe de Copas ............................................................................................... 333 Natureza Interna Emocional e Expressão Mental ............................................ 333 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 334 A Princesa de Copas ................................................................................................ 336 Natureza Interna Emocional e Expressão Prática ............................................ 336 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 338 AS FIGURAS DE ESPADAS ...................................................................................... 340 O Cavaleiro de Espadas .......................................................................................... 340 Natureza Interna Mental e Expressão Fogosa .................................................. 340 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 341 A Rainha de Espadas ............................................................................................... 344 Natureza Interna Mental e Expressão Emocional ............................................ 344 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 344 O Príncipe de Espadas ............................................................................................ 347 Natureza Interna e Expressão Mentais ............................................................. 347 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 348 A Princesa de Espadas ............................................................................................. 350 Natureza Interna Mental e Expressão Prática ................................................... 350 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 351 AS FIGURAS DE DISCOS ........................................................................................ 353 O Cavaleiro de Discos ............................................................................................. 353 Natureza Interna Prática e Expressão Fogosa .................................................. 353 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 354 A Rainha de Discos ................................................................................................. 357 Natureza Interna Prática e Expressão Emocional ............................................ 357 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 358 O Príncipe de Discos ............................................................................................... 359 Natureza Interna Prática e Expressão Mental ................................................... 359 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 360 A Princesa de Discos ............................................................................................... 362 Natureza Interna e Expressão Práticas.............................................................. 362 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 363 OS PRIMOS: OS MESMOS ELEMENTOS ................................................................ 365 Príncipe de Paus e Cavaleiro de Espadas .............................................................. 365 Rainha de Paus e Cavaleiro de Copas .................................................................... 366 Rainha de Espadas e Príncipe de Copas ................................................................ 367 Princesa de Espadas e Príncipe de Discos ............................................................. 368 Rainha de Discos e Princesa de Copas .................................................................. 368 Princesa de Paus e Cavaleiro de Discos ................................................................. 369 Relacionamentos entre as Figuras da Corte ........................................................... 370

OS ARCANOS MENORES E AS SUAS ATRIBUIÇÕES .................................................. 375 Os Quatro Naipes Numerados ................................................................................ 375

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13Índice

Atribuições Astrológicas .......................................................................................... 377 Correspondências com a Árvore da Vida ............................................................... 378 Correspondências com os Quatro Mundos Cabalísticos ....................................... 379

O NAIPE DE PAUS ........................................................................................................ 381 A Expressão Energética ........................................................................................... 381 Ás de Paus – A Raiz dos Poderes do Fogo ............................................................ 381 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 382 Dois de Paus – O Domínio – Marte em Carneiro .................................................. 383 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 384 Três de Paus – A Virtude – O Sol em Carneiro ..................................................... 386 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 386 Quatro de Paus – A Consumação – Vénus em Carneiro ...................................... 388 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 389 Cinco de Paus – A Luta – Saturno em Leão ........................................................... 391 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 392 Seis de Paus – A Vitória – Júpiter em Leão ............................................................ 394 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 394 Sete de Paus – A Coragem – Marte em Leão ......................................................... 397 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 398 Oito de Paus – A Rapidez – Mercúrio em Sagitário .............................................. 400 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 401 Nove de Paus – A Firmeza – A Lua em Sagitário .................................................. 402 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 403 Dez de Paus – A Opressão – Saturno em Sagitário ............................................... 405 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 406

O NAIPE DE COPAS ...................................................................................................... 409 A Expressão Emocional ........................................................................................... 409 Ás de Copas – A Raiz dos Poderes da Água .......................................................... 409 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 410 Dois de Copas – O Amor – Vénus em Caranguejo ............................................... 412 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 413 Três de Copas – A Abundância – Mercúrio em Caranguejo ................................. 415 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 416 Quatro de Copas – O Luxo – A Lua em Caranguejo ............................................. 417 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 418 Cinco de Copas – A Frustração – Marte em Escorpião ......................................... 420 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 421 Seis de Copas – O Prazer – O Sol em Escorpião................................................... 423 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 424 Sete de Copas – A Corrupção – Vénus em Escorpião ........................................... 426 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 427

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Oito de Copas – A Indolência – Saturno em Peixes ............................................. 430 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 431 Nove de Copas – A Felicidade – Júpiter em Peixes .............................................. 433 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 435 Dez de Copas – A Saciedade – Marte em Peixes .................................................. 436 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 438

O NAIPE DE ESPADAS .................................................................................................. 441 A Expressão Mental ................................................................................................. 441 Ás de Espadas – A Raiz dos Poderes do Ar ........................................................... 442 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 443 Dois de Espadas – A Paz – A Lua em Balança ...................................................... 445 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 446 Três de Espadas – A Aflição – Saturno em Balança .............................................. 448 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 449 Quatro de Espadas – A Trégua – Júpiter em Balança ........................................... 452 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 453 Cinco de Espadas – A Derrota – Vénus em Aquário ............................................. 455 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 456 Seis de Espadas – A Ciência – Mercúrio em Aquário ............................................ 459 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 460 Sete de Espadas – A Futilidade – A Lua em Aquário ............................................ 463 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 463 Oito de Espadas – A Interferência – Júpiter em Gémeos ..................................... 466 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 467 Nove de Espadas – A Crueldade – Marte em Gémeos .......................................... 469 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 470 Dez de Espadas – A Ruína – O Sol em Gémeos ................................................... 472 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 473

O NAIPE DE DISCOS .................................................................................................... 475 O Lado Corporal e Prático ...................................................................................... 475 Ás de Discos – A Raiz dos Poderes da Terra ......................................................... 475 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 476 Dois de Discos – A Mudança – Júpiter em Capricórnio ........................................ 478 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 479 Três de Discos – Os Trabalhos – Marte em Capricórnio ....................................... 481 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 482 Quatro de Discos – O Poder – O Sol em Capricórnio .......................................... 484 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 485 Cinco de Discos – O Sofrimento – Mercúrio em Touro ........................................ 487 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 488 Seis de Discos – O Sucesso – A Lua em Touro ..................................................... 491

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15Índice

Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 492 Sete de Discos – O Fracasso – Saturno em Touro ................................................. 494 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 495 Oito de Discos – A Prudência – O Sol em Virgem ................................................ 497 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 498 Nove de Discos – O Lucro – Vénus em Virgem .................................................... 500 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 501 Dez de Discos – A Prosperidade – Mercúrio em Virgem ...................................... 502 Na Leitura Terapêutica ............................................................................................ 504

Apêndice 1. EXEMPLOS DE LEITURA.......................................................................... 507 Primeira Leitura ........................................................................................................ 507 Segunda Leitura ....................................................................................................... 515 Terceira Leitura ........................................................................................................ 524

Apêndice 2. RESUMO DE SIGNIFICADOS .................................................................. 533

Apêndice 3. QUADROS ................................................................................................ 553

Apêndice 4. INTRODUÇÃO À ÁRVORE DA VIDA ...................................................... 593

Bibliografia ..................................................................................................................... 603

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introdução à primeira Edição Brasileira

A maior dificuldade que tive como amante, e depois como profissional do Tarot, foi a inexistência de trabalhos profundos, científicos e práticos com os quais pudesse pes-quisar a base teórica necessária para o voo da imaginação e da intuição.

Durante a década de 1980, percorri livrarias europeias e latino-americanas, encon-trando apenas trabalhos fragmentários e superficiais. Extremamente moralistas e disso-ciativos, com pouca ou nenhuma referência aos Arcanos Menores, esses textos foram, enfim, dignos representantes de um tempo que já passou.

Em 1984, chegou às minhas mãos O Livro de Thoth, de Aleister Crowley, cujo bara-lho tinha-me seduzido profundamente e já trabalhava com ele desde que o achei na Livraria Argentina de Madrid, em 1981. Este texto abriu-me os olhos a todo um funda-mento científico, firmemente estruturado acima da cabala hebraica e dos Quatro Ele-mentos, e para uma proposta realmente aquariana, que casava perfeitamente comigo, especialmente no que se refere a: Fazer o que tu queres é a Lei.

Os meus problemas, no entanto, não estavam totalmente resolvidos, já que Crow-ley nunca descia aos significados concretos das cartas. Assim, na maioria dos casos, além de faltar o fio condutor entre as ideias gerais e a interpretação prática da carta, os significados particulares que encontrava nos textos disponíveis nada tinham a ver ou eram contraditórios com as formulações arquetípicas do mago inglês. Durante alguns anos, baseando-me na minha intuição e na necessidade óbvia de concretizar os signifi-cados das cartas nas leituras, fui descendo das fundamentações científicas de Crowley e elaborando uma relação de significados concretos que se distanciavam das interpre-tações tradicionais, especialmente no que diz respeito aos Arcanos Menores e aos Maio-res que Crowley reformulou.

Em 1987, impulsionado pela vontade de dar um manual aos meus alunos de Brasília, comecei a escrever e a melhorar o texto em cada curso. Aos poucos este livro foi ganhando forma. Tenho a certeza de que, apesar das suas deficiências, será de grande utilidade e gratificação para os interessados no Tarot, especialmente para os que trabalham com o baralho de Crowley, com uma abordagem de autoconhecimento e transformação.

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Teria ficado muito feliz se, em 1980, quando comecei a percorrer este caminho maravilhoso, tivesse algo semelhante a este manual de Tarot à minha disposição. Dis-tingo nesta obra três partes, em função do meu grau de paternidade: ao falar em nume-rologia, cabala, mitologia, astrologia e símbolos, a minha função foi de compilar e peneirar os dados de toda uma série de textos que relaciono na bibliografia; no momento de passar os significados gerais das cartas, baseado nos conceitos clássicos actualizados por Crowley e nos dados anteriores, incluí novas ideias e paralelismos, inéditos num manual de Tarot; o terceiro nível são as interpretações para as diferentes posições da Leitura Terapêutica, fruto de anos de leituras realizadas com todo o tipo de pessoas de três continentes: funcionários públicos, monges tibetanos, diplomatas, hippies, artistas, polícias, ladrões, agricultores e outros andarilhos do caminho real.

É importante dizer que os significados nas dez posições não devem ser aplicados literalmente nas leituras, mas estudados com cuidado por enriquecerem consideravel-mente o significado geral de cada carta. São uma boa pista de descolagem para a intui-ção do leitor. Ao mesmo tempo, ajudam o tarólogo a familiarizar-se com os mecanismos de interpretação das cartas, em função da sua posição e aspectos.

Não vou dizer que este livro ou algumas das suas passagens foram recebidos de mentores ou entidades espirituais. Mas tenho a certeza de que a Existência conspirou para ajudar-me a ter hoje, 16 de Maio de 1990, este ensaio pronto para vós. Espero que gostem e que tirem proveito.

Veet Pramad

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introdução à Segunda Edição Brasileira

Desde que escrevi a primeira edição já se passaram mais de seis anos. Meia dúzia de revoluções solares e o mundo muda cada vez mais rapidamente. Embora estejamos longe da humanidade amorosa, meditativa, consciente e espiritual dos profetas da Era de Aquário, podemos ver tremendas transformações que indicam que os tempos muda-ram e uma Nova Era se aproxima, queiramos ou não.

Se desde a Idade da Pedra até 1940 a maior parte da população se dedicava a plan-tar e pastorear rebanhos, isto é, a produzir comida, depois de um breve período de predominância dos operários industriais, hoje é o sector terciário quem preenche mais folhas de pagamentos.

O espaço e o tempo mudaram. A revolução das comunicações acabou com o tempo, e a dos transportes com as distâncias – o espaço.

A população multiplicou-se três vezes de 1914 a 1990, já chegando a seis mil milhões de habitantes que a cada ano vão arrasando as florestas, os recursos hídricos e energéticos, a terra fértil, milhares de espécies, a pesca, enfim, ameaçando transformar o Planeta azul num imenso deserto.

Jamais nós, humanos, nos matámos desta forma. Nos primeiros 93 anos do século xx foram massacradas 187 milhões de pessoas. Este genocídio sistemático e ininterrupto mostra que estamos a regredir para padrões de barbárie e selvajaria nunca antes alcan-çados.

A mulher quebrou o padrão machista milenar que a deixava a cuidar da família, presa ao lar, e foi à luta. Já em 1980, mais de metade das mulheres casadas norte--americanas trabalhava fora de casa representando também metade dos estudantes uni-versitários, dos empregados em bancos, vendedores de imóveis, 35% dos professores universitários e 30% dos especialistas em informática. As mulheres do Primeiro Mundo estão mais interessadas na realização profissional do que no casamento e em ter filhos. Em 1991, 58% das famílias negras norte-americanas eram comandadas por mulheres. Se o fundamentalismo islâmico, constituído em governo, regrediu esse processo nos países árabes, na Europa as igrejas estão a ficar vazias. E quem se interessa pela espiritualidade

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20 Curso de Tarot

procura interlocutores mais sintonizados com o Oriente e os seus caminhos individuais e meditativos e não rebanhos que esperam o Paraíso como prémio para a sua obediên-cia e autocontrolo.

A economia mundial accionada pelos interesses das multinacionais, inspirada desde 1970, na teologia do «livre mercado», pretende colocar no olho da rua mais de metade da força de trabalho, acabar com a soberania nacional dos países devedores e desmo-ronar os seus estados para, sem qualquer controlo, abocanhar o resto do bolo.

Temos de aceitar que num futuro próximo não poderemos continuar na nossa área de conforto.

Se tudo isto tivesse um propósito, bem poderia ser o de estimular-nos a mudar em profundidade assumindo plena responsabilidade com nossas vidas.

Hoje em dia tarólogos, astrólogos e outros «ólogos» temos uma grande responsabi-lidade. Trata-se de ajudar a transformar os espectadores em actores. Não podemos continuar a alimentar a ideia de que somos brinquedos nas mãos do destino, com o qual os experts têm linha directa, mas sim de que cada um é capaz de criar a sua própria realidade.

É muito importante, especialmente para o iniciante, usar um baralho actual, isto é, que corresponda ao tempo em que estamos a viver, em que velhas ideias, dogmas e preconceitos já desmascarados tenham sido eliminados. Ainda existem baralhos que nos mostram O Diabo como um monstro antinatural que aprisiona a humanidade, ou a Força como uma mulher muito elegante que fecha a boca de um leão, isto é, que domina as «baixas paixões», ou o Arcano XX, intitulado «O Julgamento», a mostrar o mistério cristão da ressurreição dos mortos. Cuidado com eles porque estão a passar por baixo do pano uma visão falsa, dissociativa e absolutamente disfuncional, quando não, contraproducente da realidade e com a qual é impossível realizar um trabalho terapêutico. Também é certo que para quem já estudou com um Tarot «limpo» pode usar qualquer baralho.

De todos os Tarots que conheço (e não conheço todos os existentes, a maioria dos quais são cópias de cópias), o que mais gosto é o Tarot de Thoth, de Aleister Crowley e Frieda Harris. O Osho Zen Tarot também é um excelente instrumento de autoconhe-cimento. Este ensaio está ilustrado com as cartas do Tarot de Crowley, de Marselha e de Waite, servindo igualmente o propósito de mostrar a evolução de cada carta.

Facilitará muito o nosso trabalho os Arcanos Menores estarem estruturados em quatro naipes, cada um fazendo referência aos aspectos energético, emocional, mental e físico do ser humano.

Também é fundamental usar um sistema de leitura adequado, isto é, que corres-ponda ao nosso propósito de esclarecer os factores que prendem, aqui e agora, a pes-soa no seu caminho, que revele os anseios mais profundos do ser e que dê uma orien-tação concreta a respeito do que se pode fazer para eliminar os primeiros e dar apoio aos segundos.

Esta segunda edição é fruto de toda uma reelaboração de dados que significa: • o estudo de símbolos que não foram contemplados na primeira edição; • a inclusão de elementos de mitologia grega e egípcia;

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21Introdução à Segunda Edição Brasileira

• a apresentação de meditações e trabalhos práticos relacionados com as cartas; • a relação explícita de cada carta com as Essências Florais que considero de grande

ajuda no processo de cura e transformação. Foram usadas as de Bach e as Califor-nianas. Para diferenciá-las, coloquei um asterisco nas Californianas, deixando as de Bach sem asterisco;

• o maior número de ilustrações.

Hoje, quinta-feira, 15 de Agosto de 1996, estou a concluir este ensaio que entrego de coração aos meus companheiros de viagem, amantes e profissionais do Tarot.

Veet Pramad

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CAPÍTULO 1

O Uso Terapêutico do Tarot

Quem olha para fora sonha; quem olha para dentro acorda.Carl Jung

Adivinhação e Autoconhecimento: duas visões excludentes

Actualmente, o Tarot é usado a partir de duas visões radicalmente diferentes e excludentes que são a divinatória ou futurológica e a de autoconhecimento. Enquanto o Tarot divinatório pretende conhecer o futuro, o Tarot de autoconhecimento procura a transformação do ser humano. O Tarot divinatório pretende conhecer factos, o Tarot de autoconhecimento pretende compreender os factos conhecidos. Existem diferentes modalidades de Tarot de autoconhecimento. A que eu desenvolvi e que a partir de 1987 chamo de Tarot Terapêutico tem como objectivo sintonizar o indivíduo com a sua essência e identificar e ajudar a resolver bloqueios, medos e padrões de comporta-mento que dificultam a sua realização plena. Para o Tarot Terapêutico, o centro não está nos factos e circunstâncias, mas no indivíduo que os vive.

Os cinco princípios do Tarot Terapêutico

1. As nossas vidas não são o produto das circunstâncias, mas sim das nossas deci-sões, somos plenamente responsáveis pela vida que temos.

2. Tomamos as nossas decisões a partir das nossas crenças e padrões de compor-tamento, construímos a nossa vida a partir das nossas crenças.

3. O principal obstáculo para atingir a realização em qualquer aspecto da vida somos nós mesmos, isto é, as nossas resistências a mudar as crenças e os padrões de comportamento que não funcionam.

4. Atraímos o que precisamos para crescer. 5. Cada um de nós tem dentro de si os potenciais necessários para realizar-se em

todos os aspectos e ser feliz.

A visão divinatória e a de autoconhecimento diferem em três questões fundamen-tais que devem ficar bem claras:

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1. A Questão do DestinoPara quem faz futurologia, o Tarot é um intermediário entre o Todo-Poderoso des-

tino e os simples mortais. Assim, estes são reduzidos a espectadores das suas próprias vidas.

Para o Tarot Terapêutico, somos os cozinheiros do nosso destino, continuamente estamos a criá-lo a partir das nossas escolhas e em qualquer momento podemos mudá--lo. O destino é o retorno da inconsciência. Quando precisamos, para evoluir, de per-ceber alguma coisa interior, então atraímos repetidamente circunstâncias que nos obri-gam a acordar para aquela coisa. Quando percebemos e tomamos consciência de algo que não percebíamos, mudamos o nosso destino. Quando existe consciência existe livre arbítrio. Quando não existe consciência existe destino. É claro que a nossa capa-cidade de transformarmos as nossas vidas, isto é, de criarmos o nosso futuro segundo os nossos desejos será proporcional à nossa consciência. O Tarot bem usado é uma ferramenta para mudar o destino, pois ajuda-nos a tomar consciência do que realmente está a atrapalhar a nossa realização e mostra que atitudes são necessárias para nos liber-tarmos.

2. A Questão da ResponsabilidadePara o Tarot divinatório, o ser humano é um perfeito irresponsável. Que responsa-

bilidade pode ter alguém cuja vida está amarrada ao destino, até ao ponto de poder conhecer o seu futuro? Liberdade e responsabilidade caminham juntas. Se insistirmos em mostrar aos nossos consultantes que as suas vidas são o produto de estranhas e imprevisíveis forças como sorte, azar, vontade divina, quando não de trabalhos de magia onde intervêm entidades não encarnadas, estamos a despromover seres huma-nos à categoria de escravos que nunca poderão libertar-se por si mesmos. E então chegam os salvadores...

Segundo a visão terapêutica, somos totalmente responsáveis pela vida que leva-mos. Parar de colocar a responsabilidade (ou a culpa) da nossa situação nos outros, no companheiro(a), nos pais, no chefe, no governo, no destino... é o primeiro passo para mudar.

3. A Questão do Bem e do Mal O bem e o mal não são verdades absolutas. O que é bom para uma pessoa hoje,

pode não sê-lo amanhã. O que é bom para mim pode não ser para si. Quem pretende ajudar a curar a alma não pode trabalhar com verdades absolutas ou doutrinas, pois não existem doenças e sim doentes. No entanto, considerar que existe um aspecto nosso, particularmente íntimo, que não foi atingido pelas manipulações e chantagens da pro-gramação familiar, na qual repousa a essência do ser humano, o Ser Superior ou Supra-consciência, pode ajudar-nos muito no nosso trabalho. Estas considerações são alheias ao Tarot divinatório que geralmente pede emprestado os conceitos de bem e de mal às religiões oficiais, doutrinando ainda mais os seus consultantes e dificultando que eles sejam eles mesmos.

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A Grande Viagem

O Caminho da Vida

Abordar os Arcanos Maiores é uma grande aventura. Encará-los como um método sistemático, estudando cada carta por meio dos seus símbolos e correspondências caba-lísticas, astrológicas e numerológicas, poderia parecer, aos não iniciados, uma leitura árida, enquanto fornecer uma lista de significados práticos deixaria o leitor com a dúvida: mas de onde vem tudo isto?

Eis a razão deste capítulo: suscitar, com cada Arcano Maior, determinadas reverbe-rações internas que facilitem uma visão pessoal das cartas. Vendo como estas reflectem as nossas vidas e que aspectos e atitudes de nós mesmos aparecem nelas, passaremos a conhecê-las mais facilmente e teremos um referencial mais vivo quando, a partir do capítulo 6, iniciarmos o estudo sistemático.

Consideraremos a sequência dos Arcanos Maiores como a Grande Viagem do ser humano à procura de si mesmo e da sua realização pessoal, e cada uma das 22 cartas como um determinado estado de consciência que vai desde a absoluta potencialidade do Louco até à realização pessoal, plena consciência ou síntese final do Universo.

Esta abordagem estaria muito dificultada se, como em muitos baralhos antigos e alguns modernos, colocássemos O Louco no final da sequência como Arcano XXII e não no início como Arcano Zero. Nesta posição, O Louco entrará em contacto com cada uma das 21 cartas restantes, que serão desafios e provas por meio dos quais ele se irá transformando. O Louco é o recém-nascido, puro, espontâneo e inocente. Representa o estado potencial das coisas.

Alguns autores atribuem-lhe o significado de inconsciência. Nada mais falso. O bebé sabe muito bem o que quer e o que não quer (melhor do que muitos adultos), do que gosta e do que não gosta; ele não duvida, age a partir de referenciais internos profundos, tais como os seus instintos, que, salvo graves problemas intra-uterinos, conservam-se intactos. A sua memória corporal, que ainda não foi bloqueada por ten-sões psicofísicas, engloba as lembranças de toda a sua evolução. Estaremos, então, mais

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perto da verdade se dissermos que o bebé age a partir do inconsciente e é potencial-mente consciente, em vez de afirmar que é inconsciente. Como veremos neste capítulo, esta diferença de abordagem é muito importante. É óbvio que o bebé desconhece o mundo tão complexo ao qual chegou, a mente dos adultos e as suas neuroses. Ainda não sabe nada da opressão e violência com os mais fracos, da falta de amor e das guer-ras. Está desinformado sobre os gastos militares que em 1987 consumiram 1,3 milhões de dólares por minuto, enquanto no mesmo minuto, 30 crianças morriam de fome. Também não sabe que o preço do desenvolvimento de um míssil balístico interconti-nental poderia alimentar 50 milhões de crianças, permitiria a construção de 160 mil escolas e a abertura de 340 mil centros de saúde.

Realmente, o bebé, que acabou de encarnar neste nível de evolução chamado pla-neta Terra, não precisa de saber nada disso para crescer saudável e feliz. O que precisa é de amor e apoio.

Da mesma maneira que uma semente tem em si todos os elementos para transfor-mar-se numa grande árvore, precisando apenas de água e terra fértil, o recém-nascido é um ser perfeito, integrado e completo, que se desenvolve a partir de uma estrutura energética central nos aspectos físico, emocional e mental e de um átomo divino no plano espiritual. Nada está a faltar. A verdadeira sabedoria está dentro do bebé. Não é preciso embuti-la e não é necessário educá-lo. A escola e a universidade são apenas detalhes informativos, face ao amor insubstituível, para afirmar-se, para desenvolver os seus potenciais, para desabrochar, para lembrar o que já sabe.

Assim, como mostra a carta, o bebé-Louco chega a sorrir, maravilhado diante do desconhecido, livre de medos, preconceitos e bloqueios emocionais, vivendo a eterni-dade em cada momento. A partir dessa absoluta potencialidade, O Louco começa a entrar em contacto e a desenvolver em si mesmo uma primeira polaridade, começa a expressar-se de duas maneiras fundamentais que correspondem aos dois princípios básicos que operam no Cosmos: o Princípio Masculino ou Yang e o Princípio Feminino ou Yin que, no Tarot, recebem os nomes de: «O Mago» e «A Sacerdotisa», respectiva-mente. A primeira expressão Yang do recém-nascido é o choro ou o riso, no momento do nascimento. Um ou outro dependerão, fundamentalmente, se são conhecidas e respeitadas as leis da natureza. Se for o bebé que nasce, e a sua mãe, devidamente auxiliada, que dá à luz, ou se é o doutor que faz mais um parto.

Depois, o recém-nascido vai mamar, relacionar-se e comunicar, gritar de alegria, de fome ou de frio, descobrir pouco a pouco o que o rodeia, concretizar encantos da sua imaginação, vai criar, transformar uma lata num tambor, vai descobrir os seus limites e tentar superá-los; isto é, vai sair do seu espaço interior para agir no mundo exterior. Tudo isto é expressão do Mago, Arcano I.

A Sacerdotisa, Arcano II, está relacionada com as forças que levam o bebé à inte-riorização. São aqueles momentos em que este fica quieto, tranquilo e silencioso; às vezes, com os olhos bem abertos como se contemplasse através do que vê um mundo que está para além da visão dos adultos, talvez noutro tempo, talvez interior; ou então chuchando no dedo, totalmente receptivo e conectado consigo mesmo, talvez compre-endendo intuitivamente tudo o que acontece. Nesses momentos, a criança surpreende-nos

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O que é o Tarot? Origens e História

Revirando as páginas do Tempo

A maneira mais fácil de responder a esta pergunta é fazendo uma descrição: o Tarot é um baralho de 78 cartas, também chamadas Arcanos ou Mistérios, integrado por três grupos:

1.º – 22 Arcanos Maiores2.º – 16 Figuras da Corte3.º – 40 Arcanos Menores

Os Arcanos Maiores são maravilhosos quadros de alto valor simbólico, expressão das forças que operam no nível Macrocósmico, permeando simultaneamente o Uni-verso, o Sistema Solar, o nosso planeta, a sociedade, o ser humano e cada partícula da existência.

As Figuras da Corte são 16 tipos de personalidade obtidos através da combinação dos quatro elementos: Fogo, Água, Ar e Terra, e estruturados em quatro famílias: Paus, Copas, Espadas e Discos. São o Cavaleiro, a Rainha, o Príncipe e a Princesa na disposi-ção matriarcal do Tarot de Crowley, e Rei, Rainha, Cavaleiro e Valete, na patriarcal da maioria dos baralhos.

Os 40 Arcanos Menores, ou cartas numeradas do Ás até ao 10, estão também estru-turados em quatro naipes: Paus, Copas, Espadas e Discos e representam aspectos do comportamento humano.

A descrição pode servir, mas a pergunta continua no ar: o que é o Tarot?Muitas respostas têm sido dadas:

• É uma arte de adivinhação. • É uma visão simbólica do Cosmos. • É um compêndio de conhecimentos esotéricos.

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• É um caminho de crescimento espiritual. • É um legado de outras civilizações. • É uma representação simbólica da Árvore da Vida. • É uma ilustração das forças da Natureza. • É um instrumento de autoconhecimento.

Todas estas respostas podem ser verdadeiras, algumas até se complementam, no entanto limitam a resposta que estamos à procura, que parece abranger algumas delas e provavelmente muitas mais. A própria necessidade de resposta obriga-nos a fazer uma mudança de abordagem, já que nos acontece o mesmo que ocorreu com os físicos do início do século xx: quanto mais reduzimos o campo ocular procurando precisão, o Tarot esvanece-se, como uma partícula subatómica ante o microscópio electrónico.

O Zé Lógico tem de descer do burro Cartesius, abrir bem os olhos para ver e a sensibilidade para sentir, lembrando as palavras de Don Juan:

Tentar reduzir esta maravilha que nos rodeia a uma realidade mensurável é uma grande asneira.

Na Idade Média era: Isto é dogma de fé, acredita ou morre. Depois, com a viragem do pêndulo e entrada no século das luzes passou a ser: Só é verdade, só é objecto do conhecimento aquilo que pode ser quantificado e demonstrado cientificamente.

De maneira que os fenómenos cujas propriedades não se conseguiam medir foram considerados meras projecções subjectivas que deveriam ser excluídas do domínio da ciência. Assim, o riquíssimo mundo da Astrologia, talvez a cosmovisão melhor elabo-rada do mundo antigo ocidental, foi reduzido pela nova ciência newtoniana a três insípidas leis matemáticas1.

A humanidade foi-se habituando, com os seus cientistas na cabeça, a ver o mundo como um conjunto de objectos ilhados e neutros que cumprem mecanicamente certas leis matemáticas, até ao ponto de olhar o próximo e a nós mesmos como se fôssemos seres previsíveis e programados, sem amor, sem originalidade, sem iniciativas nem espontaneidade, sem beleza, sem sensibilidade nem sentimentos, sem prazer nem pos-sibilidade de transcendência. Uma pena, não é? E o pior é que qualquer um que fique fora destes parâmetros é considerado perigoso. É melhor desistir de conceituar o Tarot e aproximar-se dele usando os símbolos como pontes. Assim, encontraremos um con-junto de paralelismos entre as cartas e as ideias fundamentais, mitos e lendas das cultu-ras antigas como da Índia védica, o Egipto faraónico, a Grécia clássica, o taoísmo chi-nês, a Cabala hebraica, o gnosticismo, etc.

O Tarot é frequentemente chamado O Livro de Thoth. Alguns autores acreditam que Thoth introduziu o Tarot no Egipto. Este foi um personagem mítico, a quem os antigos

1 Leis de Kepler: 1.ª – Os planetas descrevem órbitas elípticas, sendo o sol um dos seus focos. 2.ª – Em

tempos iguais um planeta percorre territórios iguais. 3.ª – Os quadrados dos tempos das revoluções pla-

netárias são proporcionais ao cubo dos grandes eixos das órbitas.

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71Ritual e Sistemas de Leitura

O pano participa da mesma energia das cartas e deve ser tratado com o mesmo cuidado. É preferível guardar o baralho envolvido no pano, dentro de uma bolsa ou uma caixa de madeira (de preferência artesanais) ou embrulhado num cobertor de lã que abriremos juntamente com o pano.

O lugar

Embora possamos ler o Tarot em qualquer lugar que tenha um astral limpo, é reco-mendável dispor de um lugar específico. A energia que geramos quando realizamos uma consulta também carrega o local. Podemos criar um pequeno templo cuja energia favorecerá as leituras subsequentes. Sempre que for possível, é importante ter um quarto dedicado exclusivamente à leitura do Tarot ou actividades afins. Nesse espaço procuraremos o nosso lugar de poder. Para isso, é preferível tirar todos os móveis e depois deitar no chão, rodar e arrastar-se até acharmos o local onde nos sentimos melhor. Sentados nele, giraremos 360 graus para encontrar a orientação ideal. Definida a posição da leitura, colocaremos nela uma mesa redonda, sem esquinas, para que a energia circule melhor, e baixa, pois assim tem-se a opção de sentar no chão ou numa cadeira; em cima da mesa abriremos o pano de seda. Também pode ser no chão, em cima de um tapete ou de cobertor.

Na natureza, existem locais que possuem uma vibração especialmente favorável para estes propósitos: cascatas, rios, grandes árvores, rochas, lagos, etc. Entretanto, é importante pedir permissão e ajuda aos elementais ou guardiões espirituais do lugar. Quando colocamos Tarot nesses lugares, ao domicílio ou em qualquer lugar que não seja aquele que tínhamos preparado para isso, é conveniente colocar um cobertor debaixo do pano.

Não acho adequado transformar o nosso consultório numa tenda cigana ou de pai--de-santo. Determinadas imagens de deuses, santos, profetas, mestres espirituais ou sím-bolos esotéricos podem causar projecções nos nossos clientes que atrapalham a compre-ensão da leitura. Sugiro ter apenas plantas, imagens da natureza ou uma fonte que gere prana, limpe a energia do local e proporcione um agradável e relaxante rumor de água a circular. Não vejo inconveniente em usar os quatro elementos sob diferentes formas, como velas, copos com água, cristais ou até uma adaga, sempre que seja um de cada e sejam colocados de uma maneira discreta. Quantos mais objectos colocamos num lugar mais difícil se torna a circulação da energia, e é importante que o nosso consultório esteja sempre bem ventilado. Também não me parece interessante usar incensos ou aromatera-pia, pois não sabemos se os nossos clientes gostam ou se são alérgicos a eles.

A leitura

Uma consulta de Tarot é um assunto de duas pessoas: o leitor e o consultante. Não é conveniente a presença de terceiros, especialmente de pessoas próximas do consul-

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tante, já que a sua energia pode interferir na magnetização do baralho e, algumas vezes também, na receptividade deste durante a leitura. Um intérprete pode ser aceite, mas permanecerá fora da sala durante a magnetização. Uma vez iniciada a sessão, leitor e consultante devem abster-se de qualquer outra actividade, como fumar, beber, comer, atender telefonemas, etc., para colocarem toda a atenção na leitura. Antes de cada con-sulta, o leitor deve preparar-se interiormente, deixando fluir o seu amor, aceitando todas as situações da sua vida, colocando de lado os seus problemas particulares e os seus desejos, com excepção de ajudar o consultante.

Qualquer leitura deve começar com um bom relaxamento, que pode ser obtido com uns minutos de respiração profunda. Não adianta começar uma leitura com o con-sultante inquieto e ansioso; é preferível ajudá-lo primeiro a serenar e a centrar-se. Nenhum objecto, como chaves, óculos, carteira, telemóvel, etc., devem ser colocados sobre o pano de seda. Também é melhor que o consultante e o leitor deixem os sapatos fora da sala de leitura. O leitor deve evitar que o consultante fale compulsivamente, dando informações que podem alterar a abordagem, essencialmente intuitiva que a leitura deve ter. Isto não quer dizer que o leitor deva fechar os olhos às mensagens corporais e energéticas que o consultante passa e que deveriam complementar o que as cartas revelam.

Uma vez criado o ambiente propício para a leitura, e nunca antes, o leitor abrirá o pano e escolherá uma carta para representar o consultante. Se o consultante estiver interessado em estudar apenas um assunto específico, a carta representará tal assunto. Porém, é sempre melhor fazer antes uma leitura geral, para colocar as coisas no seu devido lugar, isto é, dar a cada assunto a importância que realmente tem, dentro de um contexto em que o centro é o consultante.

A carta que representa o consultante é uma ponte entre as cartas e o assunto estu-dado, que a partir de agora consideraremos que é o próprio consultante. Existem dife-rentes sistemas para escolhê-la. Há tarólogos que usam A Sacerdotisa se o consultante for uma mulher e O Mago se for um homem. Este sistema é demasiado simplista e deixa fora do jogo cartas importantíssimas. Particularmente prefiro não usar Arcanos Maiores senão uma das 16 Figuras da Corte, que com oito personagens masculinos e oito femi-ninos, representam tipos de personalidade, tal como vemos no capítulo 9 na secção: Figuras da Corte e a Carta do Consultante. Se não tivermos a hora de nascimento, usa-remos o signo solar e, se nem a data tivermos, escolheremos intuitivamente.

Enquanto o consultante relaxa colocando a sua atenção na respiração, o tarólogo baralha seis vezes as cartas para que estas percam os restos de magnetizações anteriores e, quando acabamos, entre uma consulta e outra, baralhamos outras seis vezes1. Se sentirmos que o baralho está muito carregado damos-lhe uns sopros frios, isto é, fazendo bico com a boca por onde sopramos do menor tamanho possível.

Assim já estamos prontos para invocar, isto é, para nos conectarmos com o mundo espiritual. Agora o tarólogo deve deixar-se ir sem que os seus problemas, crenças e/ou projecções distorçam a leitura.

1 Assim são 12 as vezes que baralhamos, o número da totalidade e do completo.

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87A Estrutura do Tarot e as suas Atribuições

Juntando as três:

A Árvore da Vida e o Tarot.

Atribuições astrológicas dos Arcanos Maiores – A partir desta primeira relação dos Arcanos Maiores com os Caminhos Cabalísticos e as Letras Hebraicas deduziremos as suas atribuições astrológicas. Nas duas primeiras colunas da tabela a seguir, colocamos os 22 Arcanos Maiores na sua sequência tradicional, isto é, sem trocar a Força e a Justiça

A Árvore da Vida e os Arcanos Maiores.

A Árvore da Vida e os Arcanos Menores.

A Árvore da Vida e as Figuras da Corte.

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CAPÍTULO 6

O louco e o primeiro Septenário

O lOUCO

Títulos Númeroletra

hebraicaCaminho

cabalísticoAtribuição astrológica

Mar

selh

a, W

aite

, Cro

wle

y, O

sho

Zen

O Louco Zero א Kether – Chokmah

Ar: o Prana, a mente.

– Urano: A originalidade, o imprevisível.

A Potencialidadede onde

tudo surge Aleph – Boi

Out

ros

O RetornoO Ser

Humano Universal

Esot

éric

o

O Espírito do Éter

muda

1

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Títulos – No baralho medieval francês, o título desta carta é Le Mat, tradução de Il Matto, dos Tarots italianos, que significa «O Bobo» ou «O Louco». Crowley insinua, baseando-se na forte influência egípcia que vê no Tarot, que Mat poderia muito bem proceder de Maat1, a deusa-abutre que, segundo essa tradição, tem o pescoço espira-lado e, fecundada pelo vento, gera todas as espécies animais. O título esotérico do Louco é «O Espírito do Éter».

Número – O Louco é o Arcano n.º Zero. Esta palavra procede do árabe Cifa ou Sifr, que significa «Vazio». Dela derivam as palavras esfera e cifra e, em francês, cifre, cujo significado é «número». O vazio é a fonte e a condição da Existência, como o silêncio é a fonte e a condição do som. A ideia do vazio foi trabalhada por diferentes tradições. Na China, foi chamado de Tao, os cabalistas chamaram-na de Ain Shoph, e os físicos contemporâneos, de vácuo.

E na verdade a Realidade Suprema é Silêncio e Vazio. Arnaud Desjardin.

No Tao Te King, presumivelmente ditado por Lao Tse a um funcionário de frontei-ras chinês, no século vii a.C., está escrito:

O Tao é um vazio insondável em movimento incessante que nunca se esgota. O Tao que pode expressar-se não é o Tao eterno. O Tao que pode ser nomeado não é o verdadeiro Tao. Sem nome é o Princípio do Universo. Sem nome é a origem do céu e da terra. Com nome é a mãe de todas as coisas. Os dois Taos são o mesmo, diferenciando-se só no nome. A vida é emanação do

1 Maat ou Mut, esposa de Amon, cujo nome significa literalmente «mãe», não deve ser confundida com Ma’at

a deusa, também egípcia, da Justiça e da Verdade.

O Louco de Crowley. O Louco de Marselha. O Louco de Waite.

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O ERMiTãO

Títulos Númeroletra

hebraicaCaminho

cabalísticoAtribuição astrológica

Mar

selh

a, W

aite

e C

row

ley

O Ermitão 9 – Tiphareth יChesed

Virgem

Eu discrimino.

O Absoluto e o elevado.

A Plenitude.

Yod – Mão

Osh

o Ze

n

A Solidão

O Princípio Masculino no

Tetragramaton.O início,

a semente.

Out

ros

O Encapuzado 9 = 0A manifestação

potencial

Esot

éric

o O Profeta do Eterno.

O Mago da Voz do Poder.

I

10

O Ermitão de Crowley. O Ermitão de Marselha. O Ermitão de Waite.

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181O Segundo Septenário

Títulos – Esta carta é chamada na maioria dos Tarots de «O Ermitão» ou «O Eremita». No Tarot de Besançon do início do século xix aparece como «Le Capucin», «O Encapu-zado», e no Osho Zen, «A Solidão». Os seus títulos esotéricos são «O Profeta do Eterno» e também «O Mago da Voz do Poder».

Número – O Nove, que é a manifestação do Três (n.º do Espírito) nos três planos cabalísticos da existência: Neshamah ou espiritual, Ruash ou psíquico e Nephesh ou biológico, é o número atribuído ao Ermitão.

O Nove.

Em muitas tradições (asteca, maia, taoísta e budista) existem nove céus. Como o filósofo grego, Parménides (515-414 a.C.), podemos dizer que o Nove faz referência às coisas absolutas. Para os taoístas, é o número da plenitude. O Tao Te King contém 81 (9 × 9) capítulos. Também podemos considerar o Nove como o Cinco (n.º do ser humano) sobreposto ao quatro (n.º da matéria), representando assim o aspecto mais espiritual e elevado do ser humano. A nossa numeração decimal está baseada no Nove, que é o Zero num ciclo superior de numeração, assim como o Dez (10 = 1 + 0 = 1) é o Um num novo ciclo. A raiz latina de Nove significa «novo».

A grafia árabe deste número lembra uma espiral aberta, enquanto o Zero pode ser considerado uma espiral fechada. Matematicamente, existe um forte parentesco entre estes dois números:

a) Qualquer número somado a Nove ou a Zero e reduzido, acaba por dar o mesmo número. Exemplo: 5 + 9 = 14 = 1 + 4 = 5; 5 + 0 = 5

b) Qualquer número multiplicado por Nove e reduzido dá Nove, do mesmo modo que qualquer número multiplicado por Zero dá Zero. Exemplo: 5 × 9 = 45 = 5 + 4 = 9; 5 × 0 = 0

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O Nove é também o número da inspiração, das relações harmoniosas e das artes clássicas, pois nove são as musas que na mitologia grega representam o total do conhe-cimento humano.

letra hebraica: י A Golden Dawn e também Crowley atribuem a letra Yod ao Ermitão. É simples, branca

e feminina e, no entanto, representa o Princípio Masculino no Tetragramaton. O seu valor numérico é dez e como o Um, na matemática, Yod é a base da construção do alfabeto hebraico. Significa mão e simboliza o início, a semente, o Princípio Masculino fecundante. Hieroglificamente, representa a manifestação potencial. Tem o som do I.

Caminho cabalístico – O caminho de Yod une Tiphareth (a Beleza) com Chesed (a Misericórdia, o Arquitecto da Manifes-tação). Neste caminho, estão os inícios da manifestação. O sen-tido humano associado é o tacto.

No Sefer Yetzirah, está escrito: O 20.º caminho é A Cons-ciência da Vontade (Sekhel HaRatzon). É chamado assim por-que é a estrutura de tudo o que está formado. Mediante este estado de consciência pode conhecer-se a essência da Sabedo-ria Original.

Atribuição astrológica: O signo atribuído a este Arcano é Virgem. Trata-se de um

signo de Terra, mutável, regido por Mercúrio. Dos três signos de Terra é o mais femi-nino e receptivo, vinculado especialmente ao cereal, alimento fundamental das grandes civilizações de todos os tempos, e a Deméter2.

Virgem governa os intestinos, o sistema nervoso e em geral o abdómen. A função destes nativos é conservar a pureza dos princípios que facilitam a reprodução dos seres e das coisas e fazem com que os esforços sejam proveitosos. Adoram analisar, catalogar, discriminar e observam os menores detalhes, apontando o que lhes parece errado. Pensam que a sua missão é ordenar o mundo. Geralmente, expressam melhor os seus talentos como subalternos e não como líderes. Tímidos, reservados e lógicos têm um sentido crítico perigosamente desenvolvido. São ordenados, metódicos, precisos e mui-tas vezes insuportavelmente perfeccionistas. Não gostam de precipitar-se nem se dei-xam levar com facilidade pelos impulsos. As suas paixões são moderadas e preferem a diplomacia e a conciliação à guerra e à disputa. Preocupam-se muito com a alimenta-ção, saúde e segurança material. São eternos aprendizes. Têm notável tendência para adoecer do aparelho digestivo, a intoxicar-se e a sofrer de distúrbios do sistema ner-

2 Deméter na Grécia, Ceres em Roma, deusa da fertilidade, da terra e dos cereais, foi quem conservou uma maior proximidade com a Deusa, que com a chegada do patriarcado viu desmembrados os seus atributos entre as diferentes deusas. Na Escola de Mistérios de Eleusis, dedicada a Deméter, mantiveram-se vivos rituais neolíticos dedicados originalmente à Deusa.

O 20.º caminho.

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304 Curso de Tarot

Configuração Matriarcal e patriarcal

Na maioria dos Tarots, as Figuras da Corte estão dispostas numa configuração patriarcal, sendo a figura principal o Rei, ao redor do qual as outras cartas se articulam: a sua esposa, a Rainha, o seu filho e herdeiro, o Cavaleiro e o Valete. No tarot de Crow-ley, de carácter matriarcal, a figura central é a Rainha, dona do trono e da terra, e a sua filha, a Princesa, é a herdeira. O Cavaleiro é o esposo da Rainha, aquele que demons-trou, em torneios e outras provas, ser o mais capaz de comandar os exércitos dela. Em cerimónias mais íntimas, devia também mostrar a sua virilidade para cumprir a sua segunda e última função: dar uma herdeira ao reino. Quando a Princesa herdeira casa, passa a ser Rainha, e o Cavaleiro torna-se Rei. Segundo as lendas mais antigas, este teria que matar o seu sogro, o velho Rei, com as suas próprias mãos, como uma prova adi-cional das suas capacidades. Que será do gamo rei quando o jovem gamo crescer? Marion Zimmer Bradley, As Brumas de Avalon. Esta morte foi-se tornando cada vez mais simbólica, sendo suficiente que o velho Rei, muitas vezes acompanhado da sua esposa, abandonasse as suas funções, retirando-se do castelo.

Vejamos as correspondências entre as Figuras da Corte de diferentes tarots:

CROWLEY MARSELHA WAITE COSMIC EXPERIMENTAL OSHO ZEN

Cavaleiro Rei Rei Rei Pai Rei

Rainha Rainha Rainha Rainha Mãe Rainha

Príncipe Cavaleiro Cavaleiro Príncipe Filho Cavaleiro

Princesa Valete Pagem Princesa Filha Pagem

As figuras da Corte como combinação dos Quatro Elementos, Natureza interna e Expressão Externa

As dezasseis figuras resultam das combinações dos quatro elementos: Fogo, Água, Ar e Terra, com ele mesmo e com os três restantes. Relacionam-se os quatro elementos com as quatro séries ou naipes, as quatro figuras e os aspectos da quaternidade humana conforme a seguinte tabela:

FOGO Paus Energia Cavaleiros

ÁGUA Copas Emoção Rainhas

AR Espadas Intelecto Príncipes

TERRA Discos Corpo físico Princesas

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314 Curso de Tarot

O CAVAlEiRO DE pAUS Natureza interna e Expressão Externa fogosas

O Cavaleiro de Paus (duas vezes Fogo), na Natureza, é o resplendor e a luz do fogo e também as manifestações mais destrutivas deste elemento, como os incêndios, as secas e as explosões nucleares. O cavaleiro está dentro de uma armadura completa. A sua mão esquerda segura uma tocha: o Ás de Paus. O seu cavalo negro salta agil-mente entre as chamas. A capa do cavaleiro é de fogo.

Esta carta encarna a impulsividade, a impetuosidade, a ferocidade e a veloci-dade. Tal como disse Crowley: Não está capacitado para dar continuidade às suas acções. Entre as suas qualidades não está a perseverança nem a capacidade de adaptação; se fracassa no primeiro impulso não terá reservas para continuar. O Livro de Thoth.

A ausência dos elementos femininos Terra e Água faz com que o processo de trans-formação ocorra aqui da forma mais violenta: uma explosão. Sem consistência nem profundidade, podemos dizer que o Cavaleiro de Paus é um fogo de palha.

No entanto, um Cavaleiro de Paus pode atingir a transcendência indo fundo nos seus impulsos; sem mente, emoções ou considerações práticas pode tornar-se a expres-são mais pura da espontaneidade, como uma criança ou um mestre Zen. Contaram-me por aí: Um monge chegou a um mosteiro zen proveniente de outro mosteiro. Na hora do ‘satsang’ o monge interpelou o mestre: – Meu mestre fala de um lado do rio e as suas palavras aparecem escritas imediatamente nas folhas de bananeira do outro lado. E você, mestre, que milagres faz?

O mestre zen respondeu com um sorriso: – Quando tenho fome como, quando estou cansado descanso, quando tenho sono durmo, quando tenho sede bebo, estes são os meus milagres.

O Cavaleiro de Paus de Crowley. O Rei de Paus de Marselha. O Rei de Paus de Waite.

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315As Figuras da Corte

Na leitura Terapêutica

Momento actual – O consultante está a sentir um forte impulso interno para tomar uma iniciativa de origem instintiva. Provavelmente, conteve-se durante muito tempo, até à saturação. A segunda carta pode mostrar factores que travam esta iniciativa ou de que maneira ela se manifesta. Pode ser uma libertação de tudo aquilo que sufocava o seu lado instintivo ou uma explosão, brusca, violenta e/ou auto-destrutiva, no pior dos casos, embora represente sempre uma intensa libertação. A energia expansiva do fogo determina um movimento centrífugo. Duas vezes Fogo indicará um explosivo movi-mento do centro para a periferia. Muitas coisas são deixadas para trás. Pode indicar o início de uma viagem, de uma fuga ou a ruptura de vínculos matrimoniais, de trabalho ou financeiros.

Âncora – Mostra uma dificuldade crónica para administrar os seus impulsos instin-tivos. Se tiver muito fogo no seu mapa, mais de 50%, provavelmente não conseguirá acalmar-se, correndo sempre compulsivamente. Se parar, poderia entrar em contacto com as causas da sua agitação e com os seus verdadeiros impulsos, porém sentir-se-ia ameaçado, de maneira que prefere retomar a sua cega carreira em direcção a lugar algum, e a ansiedade aumenta. Explode por qualquer coisa, no trânsito discute com os semáforos. É incapaz de conectar-se com as suas emoções e de manter uma visão objectiva da realidade que o circunda, de maneira que pode ter acidentes e destruir-se com facilidade. A sua maneira de agir é muito impulsiva, de forma que dificilmente consegue realizar ou concretizar alguma coisa, embora possa começar muitas. No mundo prático, seja relacionamentos, trabalho, saúde, costuma ser um desastre. Pode sofrer de paranóia obsessiva. Sugeriremos o floral de Impatiens.

Se tiver menos de 10% de Fogo no seu mapa astrológico nem consegue expressar os seus impulsos instintivos nem dirigir essa energia acumulada para outras coisas. Permanece num estado de sufoco e irritação latente.

Necessidade interna – Há muito tempo que o lado instintivo do consultante está preso, almejando tomar uma iniciativa radical. O ser interno está prestes a explodir. Precisa de sair da prisão dos seus hábitos repressivos e compromissos para dar vazão aos seus impulsos mais autênticos, expressando-os sem reprimir os seus ins-tintos.

Relacionamentos – a) O relacionamento está a ajudar o consultante a resgatar a espontaneidade especialmente no que se refere à sua expressão instintiva, tomando iniciativas para se libertar de situações que o sufocam instintivamente. Se for o relacio-namento que sufoca a pessoa, sinalizado pela Torre ou o Quatro de Copas (o Luxo) ou de Discos (o Poder) como 2.ª carta nesta mesma posição, podemos ter uma separação num ambiente explosivo. O floral de Bleeding Heart* ajudará a aliviar a dor da separa-ção, permitindo que esta seja mais consciente e amistosa. b) O consultante relaciona-se sem se envolver, pula de uma aventura para outra, movido só pela atracção física e sem

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CAPÍTULO 10

Os Arcanos Menores e as suas Atribuições

Os Quatro Naipes Numerados

Os Arcanos Menores numerados expressam momentos particulares do ser humano. Como vimos no Primeiro Capítulo, temos quatro naipes: Paus, Copas, Espadas e Dis-cos. São os quatro instrumentos básicos da magia, ritual que podemos atribuir aos quatro elementos, que segundo os gregos compõem a matéria: Fogo, Água, Ar e Terra. Referem-se aos quatro aspectos da natureza humana: energia, emoção, mente e corpo físico.

Os Paus crescem na natureza e fornecem o combustível para alimentar o fogo. Correspondem-se com o elemento Fogo, masculino/activo. Representam a nossa ener-gia, que podemos investir a subir montanhas, trabalhar, criar, fazer sexo, etc. É a nossa potência criativa e sexual. Da mesma forma que podemos trabalhar a madeira, mas não fabricá-la, podemos canalizar a nossa energia, mas não inventá-la. A energia do Fogo é algo autónomo, que surge de nós independentemente da nossa vontade e, assim como a madeira procede da terra e da escuridão, a nossa energia procede do corpo e do inconsciente. As dez cartas de Paus representam dez maneiras de viver e/ou expressar a nossa energia. Conectada com a essência em direcção ao novo no Ás, dividida no Dois, como uma expressão da nossa individualidade no Três, de um modo ordenado, estruturado e estável no Quatro, insistente no Sete, como uma explosão no Oito, etc. Na nossa sociedade, geralmente, colocamos más energias no trabalho, de maneira que estas cartas mostram também como estamos a trabalhar, isto é, de que maneira expres-samos a nossa energia no trabalho.

Usamos as taças no quotidiano como recipiente de líquidos. As Copas são instru-mentos receptivos vinculados ao elemento Água, feminino/receptivo. Assim como um artesão se esmera no fabrico de um cálice, nós podemos esmerar-nos na compreensão e polimento das emoções. As dez cartas de Copas representam diferentes estados emo-cionais: o desabrochar emocional no Ás, a auto-estima no Dois, a estabilidade emocio-nal no Quatro, a alegria no Seis, a tristeza no Oito, o sufoco no Dez, etc.

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376 Curso de Tarot

As espadas são forjadas no fogo e temperadas na água, assim como o elemento Ar, masculino/activo, ao qual correspondem, é filho dos elementos primordiais masculino e feminino, Fogo e Água. As Espadas correspondem à mente. Assim como estas se temperam e amolam, a mente agudiza-se e amplia-se. As espadas têm dois gumes, com um destroem, mas com o outro podem construir (por exemplo, um estado de direito onde impera a lei), e a mente pode negar ou afirmar e mover-se sempre no âmbito da polaridade. No naipe de Espadas, temos o mundo da mente, das ideias, dos projectos, da informação e da linguagem, da actividade mental, etc. As dez cartas de Espadas mostram então dez estados ou mecanismos mentais: a mente silenciosa ou não-mente no Ás, a mente conciliadora no Dois, arrasada pela dor no Três, destrutiva no Cinco, objectiva no Seis, esponja no Sete, cruel no Nove, etc.

Finalmente, os Discos, matéria-prima dada pela natureza e depois trabalhada para ser cunhada, são atribuídos ao elemento Terra, feminino/receptivo, o mais saturado dos quatro elementos, correspondem em primeiro lugar ao nosso corpo, que inicialmente nos é dado pelos nossos pais, mas que vamos construindo ou destruindo com as nossas acções. Em segundo lugar, com o mundo material. Os temas dos Discos são o corpo e as suas necessidades, a saúde, o dinheiro, a casa, as fontes de rendimento... As dez cartas de Discos expressam dez maneiras diferentes de nos relacionarmos com o corpo e com o mundo material: despertando a nossa consciência corporal e/ou iniciando um empreendimento material no Ás, construindo uma estrutura estável no Quatro, des-truindo o corpo e/ou as finanças no Cinco, melhorando a saúde e a beleza corporal e/ou atingindo um estado financeiro de harmonia e equilíbrio no Seis, etc.

Resumindo:

Paus Aspecto EnergéticoA vitalidade, a energia criativa, os instintos, o trabalho, as iniciativas, a acção.

Copas Aspecto EmocionalAs emoções, a sensibilidade, a devoção, a auto-estima, os relacionamentos afectivos.

Espadas Aspecto IntelectualA mente, as ideias, os projectos, a comunicação, a informação, a ciência, a linguagem.

Discos Aspecto FísicoO corpo, a saúde, a aparência física, os bens materiais, a casa, as finanças.

Não somos compartimentos estanques, é claro que uma carta de Copas (emoções) pode afectar-nos energeticamente. Por exemplo, o Oito de Copas (a Indolência), que mostra um estado emocional de tristeza com tendência para a depressão, atingir-nos-á no plano energético causando uma baixa na vitalidade; uma carta de Espadas (inte-lecto) pode mexer com o nosso lado material, por exemplo, o Seis de Espadas (a Ciên-cia), que mostra uma mente objectiva e realista, que pode ajudar-nos a melhorar a nossa situação económica. No entanto, estaríamos a extrapolar se ligássemos os Paus ao optimismo ou a negócios materiais. Dizer que as Copas são reflexões, experiências tranquilas, alegria ou passividade, também não me parece correcto. Já com as Espadas, provavelmente pela influência do Tarot divinatório, existem autores que, mesmo pro-

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469O Naipe de Espadas

NOVE DE ESpADAS – A CRUElDADE – MARTE EM GéMEOS

Corresponde ao aspecto aéreo de Yesod, a chamada Casa dos Tesouros de Ima-gens ou o Éter reflector da esfera da Terra. É a esfera da maia e corresponde ao inconsciente e à Lua. Sabemos que o Éter Astral tem duas propriedades fundamentais: pode ser modelado pela mente e é capaz de sustentar moléculas de matéria densa, como numa rede. Estas qualidades são muito importantes para trabalhar com magia. No entanto, as chaves que permitem abrir e fechar a Casa do Tesouro e dirigir os seus habitantes estão em Hod. A experiência espiritual de Yesod é «A Visão do Mecanismo do Universo».

Nesta carta aérea e lunar, a mente sente-se perdida e incapaz de entregar-se à vida, e o lado instintivo é negado. O seu título é «A Crueldade» e também «O Deses-pero». Nove espadas tingidas e a pingar sangue apontam para o chão, enferrujadas e lascadas. O fundo da carta mostra lágrimas lunares, indicando o sofrimento do lado feminino. Se na carta anterior o racionalismo de Gémeos dificultava o desejo de expansão e crescimento, aqui castra as manifestações instintivas, acabando com a vitalidade. A energia de Marte, o planeta da sobrevivência animal, da nossa força instintiva, está preso à mente geminiana. Esta carta então mostra um estado mental autodestrutivo e antinatural. Esta mente leva ao suicídio, a acidentes perigosos, a doenças e graves somatizações. Esta bárbara repressão da natureza animal degenera a pessoa, cujas expressões instintivas são cada vez mais compulsivas, raivosas, incons-cientes e perigosas. A mente sente cada vez mais terror de soltar tais monstros e reprime-os com maior força.

O resultado deste círculo vicioso é uma maior compulsão destrutiva que, como um veneno, vai acidificando o sangue e os órgãos, queimando por dentro e acabando com a vitalidade e a saúde da pessoa.

O Nove de Espadas de Crowley. O Nove de Espadas de Marselha.

O Nove de Espadas de Waite.

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APÊNDICE 1

Exemplos de leitura

As duas primeiras leituras são transcrições de várias aulas do Módulo Prático Básico da Formação em Tarot Terapêutico, onde são analisadas e comentadas leituras dos arquivos do autor.

A terceira leitura é a transcrição de uma consulta.

primeira leitura

Francine. Nascida a 28 de Fevereiro de 1984 – DF México às 2 horas e 50 min

Fogo Água Ar TerraSol Peixes 16Lua Aquário 15Asc Capricórnio 14

Merc Peixes 12Vén Aquário 11Mar Escorpião 11Júp Capricórnio 06Sat Escorpião 06Ura Sagitário 03Nep Capricórnio 03Plu Escorpião 03

03 48 26/45 23/29

Carta da Corte:Esta pessoa quase não tem Fogo 03, tem muita Água 48, e o Ar 26 e a Terra 29,

empatados. Vamos desempatar: em casas de Ar temos 45 e nas de Terra 29. O primeiro elemento é a Água e o segundo elemento é o Ar. A Figura da Corte que mais se parece com ela é o Príncipe de Copas.

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APÊNDICE 2

Resumo de Significados

0 ou 22 – O loucoÉ a Potencialidade Absoluta prestes a manifestar-se. Representa a criança com as suas características de espontaneidade, pureza, alegria,

inocência, amorosidade e potencialidade. Vive o aqui e o agora, instintivamente, brinca e entusiasma-se. A sua mente perceptiva, não programada, sem conhecimentos prévios, não julga. O inconsciente a desabrochar em desejos, anseios e impulsos dos seus talen-tos a quererem manifestar-se. Mostra o resgate dos melhores aspectos infantis.

Sugere levar a vida menos a sério e descobrir novos potenciais internos que o levam a dar um salto para o desconhecido.

(-) Síndrome do Peter Pan. A eterna criança/adolescente cuja prioridade é achar alguém que tome conta dela. Com dificuldade em extrair lições das próprias experiên-cias, procura o amor incondicional e estabelece relacionamentos filiais.

01 – O MagoÉ o Princípio Masculino Universal, o Yang. A acção, o uso dos conhecimentos e a habilidade. A vontade, a mente analítica e

perceptiva, a comunicação, o dinamismo, a capacidade de elaboração criativa e as rea-lizações no plano mental. O consciente. A atenção.

Atenção e energia dirigidas para objectivos externos. Agilidade mental para elabo-rar projectos, convencer aos outros; viagens e novos contactos geralmente profissionais.

Sugere partir para a acção, usar e abusar da criatividade mental, vender o seu peixe, saber cobrar, comunicar e aproveitar as oportunidades.

(-) Comportamento agitado e ansioso, dificuldade em parar, calar e observar-se. Desconectado das suas emoções, representa os perigos de uma excessiva racionaliza-ção.

02 – A Sacerdotisa (A papisa*)É o Princípio Feminino Universal, o Yin. A receptividade, a conexão com o interior e com a fonte das emoções, a calma, a

ausência de ansiedade e de qualquer tipo de tensão. A meditação, a sabedoria interior,

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APÊNDICE 3

Quadros

lOUCO MAGO SACERDOTiSA

Sign

ifica

-do

Ger

al

A Potencialidade absoluta. O salto do não-manifestado para o manifestado. A criança não-programada.

O Masculino universal. A acção, a comunicação a criatividade intelectual.

O Feminino Universal. A Receptividade. A Meditação.

Mom

ento

A

ctua

l

Impulso para uma nova fase. Salto para o desconhecido.Contacto com a criança espontânea.

Impulso de agitar, criar intelectualmente.

Impulso de recolher-se.

Ânc

ora Personalidade fixada na

infância. Estrutura de carácter oral.

Incapacidade de parar, de conectar-se com o lado interno.

Incapacidade de agir. Sem objectivos.

infâ

ncia

Sem infância. Exigência de ser activo e inteligente.

Invalidação de iniciativas e da inteligência. Timidez, fantasias, solidão.

Rel

acio

nam

ento

s

a) O relacionamento ajuda a contactar e desenvolver as características da criança espontânea. b) À procura de mãe/pai.Relacionamento paterno/filial.

a) O relacionamento ajuda a tomar iniciativas, desenvolver projectos, comunicar. b) Troca ideias, mas não se envolve. Máscara de ocupado e importante.

a) O relacionamento ajuda a ficar quieta, receptiva a escutar a voz interior. b) Pode sentir amor mas é incapaz de tomar iniciativas. Solidão. Ilusões. Virgindade. Máscara de puritana.

Nec

essi

dade

inte

rna

e

Mét

odo

Levar a vida menos a sério, desfrutando mais do momento. Iniciar uma nova fase, rompendo a trajectória.Trabalhar o lado infantil. Desenvolver novos potenciais.

Partir para a acção. Usar os conhecimentos e habilidades. Criar intelectualmente. Vender o peixe. Comunicar. Saber cobrar e fazer negócios. Aproveitar as oportunidades.

Parar, entrar em contacto com o lado interior, ser mais receptiva com o mundo interno e com o mundo externo. Conectar-se com a respiração, silenciar a mente, meditar, contemplar a natureza.

Cam

inho

de

Cre

scim

ento

Inicia uma nova fase, a desenvolver características da criança espontânea, a manifestar novos potenciais.

Começa a desenvolver ideias, projectos, faz contactos, em agitação.

Sai do corre-corre, começa a ir para dentro.

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APêNDICE 4

introdução à Árvore da Vida

Tudo o que existe na superfície da Terra possui a sua duplicata espiritual no alto, e não existe nada neste mundo que não esteja associado a algo e que não dependa de algo. Assim escrevem os doutores da Cabala.

Segundo os cabalistas, o Princípio Criador não pode ser percebido, pensado, ima-ginado nem descrito pelo ser humano. Foi provavelmente Isaac o cego, francês, consi-derado o pai da Cabala, que de 1160 a 1180 ensinou na Provença, que designou essa dimensão infinita e impensável com o nome de Ain Soph. Ele é a origem não criada do Universo.

Ain Soph (O Vazio sem limites, A Nada ilimitada)

É um estado indiferenciado que, por não ter limites, nada existe fora dele, escon-dido é a raiz da polaridade. É o Princípio Criador, que anterior à manifestação, permeia a manifestação. Ain Soph não é isto ou aquilo. Não é um ser, mas um não-ser. Isto não implica numa ausência de existência infinita não manifestada. Três níveis ou véus for-mam os graus intrínsecos de Ain Soph: Ain Soph Aur, a Luz Vazia e Ilimitada. É vazio, luminoso, imóvel, inodoro e sem som. Ain Soph, propriamente dito, imaginado como um círculo de circunferência incálculável cujo centro está em todo o lugar. Ain, a Nada. «O Horror sem nome» frente ao qual a mente humana é derrubada. Ain, retirando-se «de si mesmo em si mesmo» gerou no seu seio um espaço para o universo. Espaço que do ponto de vista do absoluto é infinitesimal, mas do ponto de vista da criação representa todo o espaço cósmico. Neste retirar-se é gerado Ain Soph. No último limite do não--criado, Ain Soph Aur, a Luz Vazia e Ilimitada, tomou a forma de um raio que, cruzando o espaço cósmico, deu lugar a dez emanações de si mesma, chamadas sephiroth (esfe-ras), umas após as outras, e, em consequência, o nosso universo. Assim, o caminho percorrido pelo raio representa o próprio processo da manifestação que aparece inicial-mente através de um ponto ou 1.ª esfera: Kether (a Coroa), o lugar de condensação que

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